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COMPETIÇÃO
5 de Maio de 2019
INDICE
1) Introdução – 3
1.1) Detecção, selecção, identificação e desenvolvimento – 4
1.2) Indivíduo talentoso e indivíduo dotado – 4
2) Pré-requisitos de recrutamento – 6
2.1) Índices físicos e fisiológicos – 6
2.2) Índices psicológicos, perceptual-cognitivos, sociológicos – 6
2.3) Índices técnico-táticos – 6
3) Etapas de preparação desportiva – 7
3.1) Petizes – 7
3.2) Traquinas – 7
3.3) Benjamins – 8
3.4) Infantis – 8
4) Conclusão – 9
5) Referências - 10
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1) INTRODUÇÃO
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constrangimentos organísmicos, tentando compreender a tomada de decisão como um
processo racional normativo.” (Araújo, 2006).
No entanto, esta perspectiva tradicional tem vindo a ser substituída por perspectivas
ecológicas da tomada de decisão. Nesta visão ecológica, o comportamento decisional no
jogo resulta duma adaptação aos constrangimentos impostos pelo ambiente do mesmo.
(Araújo, 2006). Como refere Araújo (2006, página 44): “Os padrões racionais e os
modelos formais de tomada de decisão podem ser apropriados para o desempenho de
condições específicas, mas falham ao não terem em atenção os efeitos dos
constrangimentos da tarefa e do ambiente que influenciam a tomada de decisão em
tarefas naturais, nem conseguem modelar adequadamente as características
adaptativas no contexto natural”.
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indivíduo, está condicionada pelo que o contexto permite fazer. Desta forma, tomar
decisões é permitir e desencadear mudanças num curso de interação com contexto,
visando um objectivo.
A associação destes dois conceitos fica ainda mais explícita quando Pérez (2012)
refere o papel intuitivo que está por trás da tomada de decisão. Ao questionar-se “como
seria a vida quotidiana se cada pessoa tivesse constantemente de reflectir antes de tomar
uma decisão?”, o autor afirma que o rendimento da tomada de decisão dos desportistas
de nível de expertise está dependente de complexas operações cognitivas num curto
espaço de tempo, o que incita a concluir, com elevada probabilidade, que estes não
reflectem no que estão a fazer, mas sim, que simplesmente actuam de forma intuitiva. O
autor afirma, ainda, que a competência para levar a cabo decisões em contexto desportivo
se prende com conceitos de “Inteligência Prática” ou “Inteligência Contextual
Desportiva”.
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capacidades, tratando-se [...] duma conjugação de capacidades de compreensão,
atenção, velocidade e memorização que relacionadas permitem ao sujeito desempenhar
determinadas tarefas com maior precisão e acuidade”. Os autores referem que apesar de
factores como a inteligência geral serem importantes na performance do desportista, não
é directa a relação entre o coeficiente de inteligência dum jogador e o seu êxito desportivo.
Inclusivé, na sua investigação, os autores concluem que os jogadores que demonstraram
níveis mais elevados de conhecimento específico do jogo não são os que apresentaram
maiores níveis de inteligência geral, pelo que fundamentam a ideia de Pérez (2012) de
que a inteligência do Futebol é específica e contextual. Os autores concluem, ainda, que
jogadores com maior experiência e nível competitivo mais elevado apresentam maiores
índices de conhecimento específico do jogo, o que, novamente, relaciona a ideia de que
a inteligência do jogo é específica e depende do contexto competitivo do atleta.
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Futebol, há uma discordância com a argumentação dos modelos tradicionais, tal como
estes são descritos na parte introdutória do presente trabalho. Segundo Araújo (2006),
estes fundamentam-se em teorias de processamento de informação e focam-se
unicamente nos “constrangimentos organísmicos” do indivíduo. No entanto, o mesmo
autor, na linha de raciocínio apresentado no ponto anterior do presente trabalho, afirma
que “a noção de tempo e contexto são fundamentais para a compreensão de como o
desportista resolve, pela sua acção, a situação com que se depara [...] onde os diferentes
componentes em interacção fazem emergir uma solução. Este emergir de soluções deve-
se à exploração das propriedades do ambiente, bem como às características
morfológicas e funcionais do praticante.” (Araújo, 2006, página 4). Existem algumas
limitações nos modelos tradicionais, referidas pelo autor: “Cognição e acção podem ser
descritos em termos de atractores, estabilidade, transições, acoplamentos, bifurcações,
etc. Na abordagem tradicional, os conceitos básicos são as representações simbólicas e
as suas manipulações algorítmicas. Contudo, percepção, cognição e acção formam um
processo singular, sem distinguir o que as pessoas “sabem” daquilo que elas “fazem”.
A abordagem dinâmica enfatiza também que qualquer acto é sempre emergente num
dado contexto, está sempre embutido num ambiente e encarnado num corpo.” (Araújo,
2006, página 5).
- Teoria da percepção directa de Gibson: modelo que as ciências do desporto mais têm
seguido. Numa altura em que muitas teorias da percepção defendiam que os indivíduos
são incapazes de ter uma percepção directa dos seus ambientes, percepcionando-os,
apenas, através de representações mentais, Gibson propõe uma relação directa entre a
estrutura distal e proximal. O autor afirma que a percepção pode ser directa “se houver
uma relação de um para um (directa) entre uma invariante e um proporcionador [...] Se
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o praticante seguir visualmente a bola, correndo de modo a que anule a aceleração da
bola na sua retina, ele poderá agarrá-la. Isto acontece porque o praticante estava
afinado a manter ou aumentar o focus de expansão da bola na retina, sendo esta uma
invariante” (Araújo, 2006, página 52).
Araújo (2009) propõe, naquele que é um processo cíclico e contínuo, 3 fases para
o desenvolvimento da tomada de decisaõ no desporto:
3) Potenciação dos graus de liberdade: “quando o jogador está a usar a informaç ão
que é relevante para atingir o objectivo, pode haver situaç ões em que objectivo não é
atingido. Isto acontece devido a pequenas variaç ões no sistema de acç ão [...]” Assim, o
autor defende que nesta fase de desenvolvimento do processo decisional é fundamental
uma “calibraç ão” do sistema perceptivo-motor, desenvolvendo os acoplamentos
informação-acção já existentes, permitindo “muito mais flexibilidade e criatividade na
resolução de problemas particulares que emergem durante o jogo”.
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surgem na evolução da aprendizagem duma modalidade desportiva, e que se revelam a
um nível intra-indíviduo, entre o executante e um objecto externo (como uma bola, por
exemplo) ou entre dois ou mais executantes (coordenação intra-equipa, por exemplo).
Esta abordagem supõe o surgimento da coordenação de movimentos através de
constrangimentos, podendo estes ser de três tipos – praticante, ambiente e tarefa - que
organizam os graus de liberdade do corpo formando, assim, a aprendizagem. “Pela ABC,
a aquisição de habilidades pode ser vista como o processo de agrupar uma paisagem de
atractores funcionalmente ligados e onde o sistema de movimento estabilize durante o
desempenho de uma dada tarefa. [...] Normalmente, os atletas desenvolvem um
repertório ou paisagem de atractores funcionais estáveis para satisfazer os
constrangimentos dos ambientes complexos.” (Araújo, 2006, página 305).
Desta forma, o autor propõe que o treino decisional seja estruturado em cinco passos:
Vickers (2000) desenha um modelo de treino decisional assente em três acções principais:
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aprendizagem dentro desse mesmo exercício (p.e. demonstração de filmagens
da própria performance; exemplificação prática da acção desejada).
MÉTODO
Participantes
Instrumento
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que responderam “Falso” a 3 ou menos questões foram considerados treinadores que
quase nunca utilizavam técnicas de decisão durante os seus treinos.
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Figura 2 – 5 últimas perguntas do questionário
RESULTADOS
Por seu turno, 11 dos inquiridos (35,4%), responderam “Falso” a 7 ou mais questões,
enquadrando-se assim num tipo de treinadores que usa com regularidade técnicas decisão
nos seus treinos.
Por último, apenas 1 dos treinadores (3,2%), respondeu “Falso” a 3 ou menos questões.
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Assim sendo, este treinador foi considerado um treinador que raramente utiliza técnicas
de decisão nas suas sessões de treino.
3%
36%
61%
DISCUSSÃO
Analisando os resultados obtidos, podemos verificar que a maioria dos treinadores que
responderam ao inquérito (61,3%) responderam “Falso” entre 4 a 6 perguntas do nosso
questionário. De acordo com a nossa avaliação e como já referido, estes treinadores usam
por vezes técnicas de decisão durante o seu processo de treino, ou seja, são treinadores
que se encontram algo “divididos” entre a abordagem a adoptar nas suas sessões de treino.
Por um lado colocam-se do lado da visão “tradicional” do processo da tomada de decisão,
em que, tal como referido na revisão de literatura, afirma que este é um processo
resultante das representações mentais baseadas nas memórias armazenadas, mas por outro
lado também defendem as perspetivas ecológicas da tomada de decisão, onde se afirma
que o jogo resulta de uma adaptação aos constrangimentos impostos pelo ambiente do
mesmo (Araújo, 2006).
Por seu turno, 11 dos inquiridos, (35,4%), responderam “Falso” a 7 ou mais questões, o
que os coloca no patamar dos treinadores que utilizam técnicas de decisão no treino com
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regularidade. Estes treinadores têm grande inclinação para o “lado” das perspetivas
ecológicas da tomada de decisão, onde a aprendizagem e coordenação de movimentos,
de acordo com Araújo (2006), surgem através de constrangimentos, sendo eles de três
tipos: praticantes, ambientes e tarefa. Nesta perspetiva, o desenvolvimento da tomada de
decisão do desporto deve ter 3 fases: exploração dos graus de liberdade; descobrir
soluções e estabilizá-las; potenciação dos graus de liberdade (Araújo, 2006). Este tipo de
treino faz uso não só das capacidades motoras e memórias armazenadas do atleta, mas
apela também, constantemente, à capacidade de cognição do atleta de forma a realizar a
sua ação e decisão de acordo com o ambiente que o envolve. Neste tipo de treino é
essencial a realização de ações de reavaliação e controlo de treino, para que este possa
ser constantemente refinado, de forma a alcançar o constante progresso e evolução.
Conclusão
Este trabalho teve como objetivo avaliar a importância atribuída ao treino decisional , por
parte dos treinadores de escalões de formação, entre os sub-13 e sub-19, no contexto
distrital de Lisboa e Setúbal. Depois da revisão de literatura efetuada e de analisados os
resultados obtidos, podemos concluir que estes treinadores pendem mais para uma visão
ecológica da tomada de decisão, em detrimento de uma perspetiva tradicional da mesma.
Estes treinadores “acreditam” que para além das representações mentais baseadas nas
memórias armazenadas, é importante também ter em conta o contexto em que a decisão
está inserido, contexto esse que pode ser muito diferente de jogo para jogo, de treino para
treino, o que levará a serem tomadas decisões diferentes. Como tal, as sessões de treino
e os exercícios de treino devem ser estruturados de forma a melhorar a capacidade
decisional dos atletas, tendo como base uma abordagem baseada nos constrangimentos.
Em investigações futuras seria interessante fazer este questionário a treinadores de
contexto de campeonato nacional ou até mesmo seniores.
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Referencias:
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Araújo, D. (2006) Tomada de decisão no desporto. FMH edições
Araújo, D. (2009) O desenvolvimento da competência táctica no desporto: o papel dos
constragimentos no comportamento decisional. Motriz, Rio Claro 15(3):537-540
Araújo, D., Hritovski, R., Seifert, L., Carvalho, J., Davids, K. (2017) Ecological
cognition: expert decision-making behaviour in sport. International Review of Sport and
Exercise Psychology. 10:1-25
Costa, J.C., Garganta, J., Fonseca, A., Botelho, M. (2002) Inteligência e conhecimento
específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa
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Perez, L.M.R. (2012) Si quieres decidir bien, no pienses, actua. El papel de los procesos
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Sport & Exercise Psychology, 35:144-155
Vickers, J. (2000) Decision Training: A New Approach to Coaching. Coaches
Association of British Columbia.
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