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Bem de família voluntário e legal: semelhanças e

diferenças

Anna Paulsen
Estagiária do escritório Bastos, Mendonça e Tovar, Advogados Associados.
Inserido em 1/1/2009
Parte integrante da Edição no 505
Código da publicação: 1966

1 INTRODUÇÃO

O objetivo do presente artigo é uma exposição simples e sumária acerca


do conceito de Bem de Família, as suas classificações e principais
semelhanças e diferenças entre estas. Para introduzir o assunto,
entendemos por bem comparar alguns dos conceitos trazidos pelos
principais doutrinadores vez que o nosso Código Civil atual não o
conceitua de forma clara.

Na seqüência analisaremos as duas categorias em que é dividido o bem


de família apontado as semelhanças entre cada um. Por fim,
encerraremos o presente trabalho, apontando as principais diferenças
em quadro comparativo à luz do Código Civil de 2002 e a Lei nº 8.009/90

2 CONCEITO DE BEM DE FAMÍLIA


O bem de família é um instituto de origem norte-americana, tendo
surgido no começo do século XIX. Em virtude de uma grave crise
econômica o Estado do Texas promulgou uma Lei em que o governo
cedia a todo chefe de família, maior de 21 anos de idade, uma
propriedade rurícola com a finalidade de torná-la produtiva, dando, em
conseqüência, proteção a sua família, e criando um abrigo seguro.
Surgiu, assim, o instituto do homestead (home: casa, e stead: lugar), o
que quer dizer "uma residência de família".1

Inicialmente, o Bem de Família estava introduzido na Parte Geral do


Código Civil de 1916 sendo, porém, introduzido no título referente ao
direito patrimonial da família em 2002 pelo novo Código Civil.

O atual Código conceitua o instituto de uma forma bem genérica em seu


art 1711, in verbis:
Art. 1.711- Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante
escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para
instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do
patrimônio líquido existente ao tempo da instituição mantidas as regras
sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei
especial (...).
O bem de família pode ter sua importância justificada pelo Princípio da
Dignidade da pessoa humana, que determina que toda pessoa deve ter
o mínimo necessário para viver dignamente. A moradia, sem dúvida,
deve ser incluída neste mínimo, passando a ser direito fundamental pela
EC 45/2004.

Pela grande importância do instituto na sociedade, o bem de família,


além de ser direito fundamental, reveste-se pelas garantias da
impenhorabilidade e inalienabilidade. Em relação ao primeiro garante-se
que o bem não possa ser penhorado em virtude de eventuais dívidas
empreendidas pelo instituidor e o segundo proporciona ao bem a
qualidade de um asilo seguro à família que estabelece sua moradia
neste não podendo um dos cônjuges alienar o bem sem a anuência do
outro e dos interessados, que são os filhos. Cabe evidenciar, entretanto,
que nenhum dos institutos é absoluto, mas tal não é relevante à
discussão ora depreendida.

A lei brasileira, como já foi visto, não traz uma definição certa do que é o
bem de família. Entretanto, são oferecidos todos os elementos para a
configuração do instituto, permitindo a nós a compreensão do que vem
a ser o bem de família e sua conceituação.

Para Caio Mário da Silva Pereira (Instituições de Direito Civil. Vol IV.
Direito de Família. 2004. P. 557) o bem de família

é uma forma de afetação de bens a um destino especial, que é ser a


residência da família e, enquanto for, é impenhorável por dívidas
posteriores à sua constituição, salvo as provenientes de impostos
devidos pelo próprio prédio.

A professora Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, 5º vol:


Direito de Família, p. 192.), por sua vez, define como:
Um instituto originário dos Estados Unidos, que tem por escopo
assegurar um lar à família ou meios para o seu sustento, pondo-a ao
abrigo de penhoras por débitos posteriores à instituição, salvo as que
provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas condominiais.

Já segundo o mestre Álvaro Villaça Azevedo (Bem de família. São Paulo.


revista dos tribunais, 1999.) podemos conceituar o bem de família como

um patrimônio especial, que se institui por um ato jurídico de natureza


especial, pelo qual o proprietário de determinado imóvel, nos termos da
lei, cria um benefício de natureza econômica, com o escopo de garantir
a sobrevivência da família, em seu mínimo existencial, como realização
da justiça social.

3 ESPÉCIES DE BEM DE FAMÍLIA

O bem de família, hoje em dia, está classificado em duas grandes


categorias: voluntário ou decorrente da vontade dos interessados,
regrado pelo Código Civil, e o legal que não depende de manifestação
da vontade do instituidor, regrado pela Lei n. 8.009/90.

3.1 BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO

O bem de família voluntário foi regrado pelo Código Civil de 1916, nos
arts. 70 a 73, e pelo Código Civil de 2002, nos arts. 1.711 a 1.722,
dividindo-se em móveis e imóveis. Tal bem se constitui por atitude
voluntária do proprietário, devendo ser instituído por escritura pública
devidamente registrada.

Para que haja a sua constituição o bem de família voluntário deve


apresentar os seguintes requisitos: propriedade do bem por parte do
instituidor, destinação específica de moradia da família e a solvabilidade
do instituidor. Cabe destacar, que ausente qualquer dos requisitos não
teremos a constituição do bem de família, podendo o mesmo sofrer
penhora ou ser alienado.

Em relação ao primeiro requisito o Código de 2002 é expresso ao


estabelecer, no art. 1.711, que se deve tratar de patrimônio próprio do
instituidor. Em relação ao segundo, os arts. 1.712 e 1.717 são expressos
em determinar que a destinação do bem de família deve ser o domicílio
da família e assim também entende a maioria dos doutrinadores.

O terceiro requisito, por sua vez, foi exigido pelo Código Civil com a
intenção de evitar que o instituidor do bem de família constitua tal bem
na tentativa de fraudar os seus credores, visto que o mesmo se reveste
de impenhorabilidade e inalienabilidade.

Foi estabelecido pelo Código Civil em seu art Art. 1.711 um limite a tal
categoria não devendo o valor de tal bem ultrapassar 1/3 do patrimônio
liquido existente na data da liquidação.

De acordo com o art. 70, do CC/16, e art. 1.722, do CC/2002, o bem de


família se extingue com a morte de ambos os cônjuges e com a
maioridade dos filhos.

3.2 BEM DE FAMÍLIA LEGAL

O bem de família legal ou também denominado por alguns autores como


involuntário constitui-se independentemente da iniciativa do proprietário
do bem, ou seja, a constituição é involuntária.

Tal instituto surgiu como uma forma de proteger as famílias que não
possuem condições ou mesmo não tem acesso à informações suficientes
para que estas possam proteger a sua moradia. Deste modo, criou-se o
bem de família legal visando uma proteção automática destas famílias
por parte do Estado.

Neste sentindo, cabe evidenciar entendimento de Álvaro Villaça de


Azevedo (Bem de família internacional . Jus Navigandi, Teresina, ano 5,
n. 51, out. 2001. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2257>. Acesso em: 26
fev. 2008):

(...)o instituidor é o próprio Estado, que impõe o bem de família, por


norma pública, em defesa da célula familiar. Nessa lei emergencial, não
fica a família à mercê de proteção, por seus integrantes, mas é
defendida pelo próprio estado, de que é fundamento

Cabe evidenciar, que por tal instituto ser voltado para as classes menos
favorecidas o mesmo não goza da garantia de inalienabilidade, posto
que muitas vezes a moradia destas famílias é o único bem de valor que
possam vender para uma eventual necessidade de dinheiro.

O bem de família legal está regulamentado pelos dispositivos da Lei


Especial 8.009/90, específica para bem de família involuntário e, assim
como o bem de família voluntário, se subdivide em móveis e imóveis.

Para configuração deste bem de família é preciso que se observe os


seguintes requisitos: propriedade do bem e a destinação específica.
Podemos observar, que em relação ao primeiro requisito o bem de
família involuntário se assemelha ao bem de família voluntário, sendo a
propriedade do bem requisito essencial para sua constituição

O art. 1º e parágrafo único da lei especial, estabelecem que o imóvel


deve ser próprio e os móveis devem estar quitados. Os arts. 1º e 5º, por
sua vez, são expressos ao afirmar que a destinação do imóvel deve ser a
moradia da família, assim como também ocorre no bem de família
voluntário.

Diferentemente da limitação prevista pelo Código Civil de 2002 ao bem


de família voluntário, que o valor do mesmo não pode ultrapassar um
terço do patrimônio líquido total do proprietário para que possa se
transformar em bem de família, na lei 8.009/90 não há qualquer
limitação em relação ao valor ou extensão do bem de família
involuntário, devendo ser apenas a moradia da família para que haja
isenção por execução de dívidas sobre o imóvel.

Cabe destacar que a lei 8.009/90 não especifica uma forma de extinção
do bem de família involuntário. Alguns autores entendem que ele cessa
automaticamente quando cessar a moradia permanente no imóvel
instituído.

4 QUADRO COMPARATIVO

Para uma melhor compreensão das principais dessemelhanças entre tais


institutos achamos por bem evidenciá-las em um quadro comparativo
possibilitando uma visão ampla e sistemática das principais diferenças:

INVOLUNTÁRI VOLUNTÁRIO
O
Goza de Depende de um ato de vontade do instituidor
proteção por
força da lei, ou
seja, independe
de qualquer ato
jurídico
institucional.

Os seus efeitos Os efeitos somente operam após o respectivo registro no


operam-se de Cartório de Imóveis.
imediato, pelo
simples fato do
imóvel servir
de residência
da família

Não há limite O valor do bem não pode exceder a um terço do


de valor, patrimônio líquido existente ao tempo da instituição
exceto em face
da
multiplicidade
de bens
imóveis,
quando então
somente o de
menor valor
estará sob a
proteção da lei.

Não se
Cessa automaticamente quando cessar a moradia
extingue com a
permanente no imóvel instituído.
dissolução da
sociedade
conjugal

Tem como Além da proteção impenhorabilidade, há também a


proteção cláusula de inalienabilidade do bem
somente a
impenhorabilid
ade do bem;

Não admite Admite a troca, podendo a instituição recair sobre o


sub-rogação – imóvel que melhor aprouver a entidade familiar.
deve ser tido
como bem de
família sempre
o imóvel de
menor valor,
quando dois ou
mais imóveis
vierem também
a servir de
moradia para o
proprietário ou
sua família;

Não admite Seus efeitos podem ser cancelados a qualquer tempo,


renúncia; caso o instituidor não tenha filhos incapazes;

REFERENCIAS
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Bem de família internacional . Jus
Navigandi, Teresina, ano 5, n. 51, out. 2001. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2257>. Acesso em: 26
fev. 2008
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Bem de família. São Paulo. revista dos
tribunais, 1999
BUSSO, Sérgio. Bem de família. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60,
nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=3443>. Acesso em: 26 fev. 2008.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 5º vol: Direito
de Família, p. 192.
PEREIRA, Caio Mário. Instituições de Direito Civil. Vol IV. Direito de
Família. 2004. P. 557

SANTIAGO, Mariana Ribeiro. Bem de família . Jus Navigandi, Teresina,


ano 8, n. 369, 11 jul. 2004. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5428>. Acesso em: 26
fev. 2008.

1 BUSSO, Sérgio. Bem de família. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60,


nov. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=3443>. Acesso em: 26 fev. 2008.

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