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DIGNIDADE À FILOSOFIA
Diego Lopes
GUARAPUAVA
2019
Dignidade à Filosofia
1
Heoceidades: individuações sem sujeito.
em potência, pois participa do devir, enxerga o acontecimento, cria planos de
imanência para não perder o seu pensamento, que tem movimento infinito.
Sendo a filosofia, essa maquina criadora, um conceito e o filosofo, o amigo do
conceito e seu criador, um conceito em potência, o que é o conceito? E o múltiplo
autor inicia sua resposta com uma frase de força, que é: “Não há conceito simples”
(1997, p. 23). Porém, por que não há conceito simples? Não há porque ele é formado
de componentes, por isso se distancia de definições básicas e fracas, é singular,
irregular e múltiplo.
O conceito tem um número finito de componente, pois necessita de uma
consistência e ordem para dar conta da velocidade infinita, sem perder este infinito,
do movimento que é o acontecimento e de seu próprio pensamento. Ele remete a
outros conceitos, e tem conceitos como componentes, é múltiplo e singular. É
incorporal e intenso, pois não é criado para se adequar a um estado de coisa. O seu
objetivo é pensar o acontecimento, que gera as perguntas que o filosofo busca
responder. Ele também não é proposição, pois o seu referencial não é o estado de
coisas nem preocupação com valores de verdade, tais coisas cabem a ciência e não
a filosofia.
Mas o que seria esse acontecimento? Como citado acima, não é mero estado
de coisa, mesmo que estes o incorporem, ele é obstáculo que pode conter história,
porém é também devir infinito, pois o tempo da filosofia é a superposição. Ele traz
sentido e levanta questões, que o filosofo tenta responder criando conceitos que são
pensados em um plano de imanência, que corta o caos e baliza o pensamento sem
perder a seu infinitude.
E o que seria esse plano de imanência? É a imagem do pensamento, que
abarca dentro de si conceitos, que os filtra com um sistema de seleção, com o objetivo
de dizer quais podem ou não serem incluídos. É como um rio sem represas, que deixa
suas águas correrem, mesmo que cheio de afluentes, sem perder o infinito do
pensamento.
O transcendente é seu inimigo, pois ao tornar o conceito um Universal, na
tentativa de estancar a sangria, transforma a sua imanência em um atributo, o que
acaba por matar o movimento infinito do pensamento.
Ele é um corte no caos, sem restringir a sua força caotizadora. O que seria esse
caos que o plano de imanência corta? Ele é movimento, um acaso infinito. Ele está
em uma constante luta com o pensamento, o que leva a muitos a tenta capturá-lo, o
fechando em um invólucro, porém, ele continua caotizar, produzindo novos acasos
não pensados. A boa filosofia é aquela sabe domá-lo, a que mergulha nesse turbilhão
caótico sem forçar o seu enquadramento, pois nenhum plano lhe abarca como um
todo, é a que não foge dele, mas a que o corta preservando infinitude.
Para mergulhar nesse caos, o filosofo precisa de um heterônimo, que não é ele
nem seu representante, pois precisa ser outro, para transitar entre a dimensão pré-
filosófico, adentrando nos conceitos e em seus planos de imanência, onde vive, esse
alguém é o personagem conceitual.
Sua função é tripla, a de manifestar territorialidade, desterritorialização e
reterritorialização absoluta do pensamento, que nada mais é do que ser um
estrangeiro, que busca em sua primeira função se ambientar, para depois modificar e
ciar um novo terreno, resolvendo os problemas que o plano lhe apresenta.
Seu número não é certo, já que podem haver muitos em um plano, e sua
existência está atrelada a este, de forma reciproca, seja precedendo o plano, em um
estágio pré-filosófico, seja o acompanhado. e suas relações são importantes para a
criação de conceitos e resoluções dos problemas. A relação destes personagens,
dentro de um plano de imanência, é muito importante, pois é nestas que eles criam
conceitos e resolvem os problemas. Conceitos consistentes são de seu agrado, pois
estes mantem a imanência, e, com isso, o movimento infinito.
Por fim, o personagem conceitual é a conexão entre os conceitos e os planos
de imanência, e juntos formam a trindade da filosofia. A obra é muito mais que um
livro técnico, pois apresenta testes desse múltiplo autor, e a maior delas é qual o papel
da filosofia, como a disciplina criadora de conceitos que, de forma magistral, trazem e
garantem a dignidade dessa velha senhora de enorme importância para o
pensamento humano.
REFERENCIAS