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- Cassação dos direitos políticos de opositores;

Em abril de 1964, um golpe militar depôs o presidente João Goulart (1961-1964), instituindo
um período ditatorial no Brasil com o objetivo de resolver a crise econômica e afastar da
política os opositores à nova ordem. Um sentimento comum também unia os diferentes
militares que formavam as Forças Armadas brasileiras: o anticomunismo. O temor de o Brasil
se tornar um país comunista existia em alguns círculos militares e em parte da sociedade
brasileira antes mesmo de 1964, como demonstrou a manifestação de caráter anticomunista
formada por cerca de meio milhão de pessoas que foram às ruas da cidade de São Paulo
protestar contra a "baderna e a corrupção", conhecida como Marcha da Família com Deus
pela Liberdade, ocorrida em 19 de março de 1964.

No dia seguinte à publicação do primeiro Ato Institucional, decretado em 9 de abril de 1964,


foi divulgada a primeira lista de cassados: entre os 102 nomes, estavam os dos ex- presidentes
João Goulart e Jânio Quadros, de Luís Carlos Prestes, Leonel Brizola e Celso Furtado, assim
como de 29 líderes sindicais e alguns oficiais das Forças Armadas. No mês seguinte, seria a
vez do ex-presidente Juscelino Kubitschek ser cassado. Os resultados dessas primeiras
medidas atingiram cerca de três mil civis e militares que foram punidos por subversão ou
corrupção. Os diversos atos institucionais possibilitaram a cassação de direitos políticos e de
mandatos parlamentares, extinção dos partidos políticos, estabelecimento de foro militar para
civis acusados de crimes contra a segurança nacional, suspensão da garantia do habeas
corpus para os acusados de crimes contra a segurança nacional, entre outras medidas
repressivas.

A partir de 1964, os sindicatos foram totalmente desorganizados. O movimento estudantil foi


posto na ilegalidade e passaria a ser alvo de inúmeras medidas arbitrárias e violentas. A
ditadura brasileira surgida bastante antes das suas congêneres do Cone Sul, como a da
Argentina, do Chile e do Uruguai, atingiu em 1971 seu apogeu repressivo, assassinando,
torturando ou fazendo desaparecer os opositores ao regime. Segundo o historiador Jacob
Gorender, nessa época a esquerda já tinha muito menos militantes, o que explicaria, ao menos
em parte, o menor número de mortos e desaparecidos ocorrido no Brasil, em termos relativos
e absolutos. Existem estimativas de que cerca de 50 mil pessoas tiveram, durante os governos
militares, a experiência da passagem pelas prisões e, destas, cerca de 20 mil foram submetidas
à tortura. Durante o período ditatorial, a Justiça Militar recebeu 800 processos por crimes
contra a segurança nacional, nos quais foram indiciados 11 mil pessoas, 8 mil acusados,
resultando em milhares de condenações.

- Repressão aos movimentos sociais e manifestações de oposição


O movimento estudantil dispunha de várias organizações representativas: os DCEs (Diretórios
Centrais Estudantis), as UEEs (Uniões Estaduais dos Estudantes) e a UNE (União Nacional
dos Estudantes), entre outras. Com suas reivindicações, protestos e manifestações, o
movimento influenciou significativamente os rumos da política nacional. As constantes
tentativas das lideranças estudantis de retomarem o controle das organizações foi o principal
fator a desencadear novas ondas de repressão política. O que parecia ser uma breve
intervenção militar na política acabou se transformando em uma ditadura que reprimiu
violentamente grupos e movimentos de oposição. De 1969 a 1973, a coerção política atingiu o
seu ápice. Neste período, o movimento estudantil foi completamente desarticulado. Parte dos
militantes e líderes estudantis ingressou em organizações de luta armada para tentar derrubar
o governo.
Em 1973, os militares derrotaram todas as organizações que pegaram em armas. Somente em
1974 começaram a surgir os primeiros sinais da recuperação do movimento estudantil. A nova
geração de estudantes, que militaram e lideraram as frentes universitárias da década de 1970,
teve pela frente o árduo trabalho de reconstruir as organizações estudantis.
O ápice da retomada se deu em 1977, ano marcado pela saída dos estudantes para as ruas.
Grandes manifestações de protesto e passeatas públicas mobilizaram os estudantes em defesa
da democracia. Foram as reivindicações de caráter político (defesa das liberdades
democráticas, fim das prisões e torturas e anistia ampla, geral e irrestrita) que se tornaram a
grande força motivacional a mobilizar os estudantes.
- Censura aos meios de comunicação;- Censura aos artistas (músicos, atores, artistas
plásticos);
Um grupo que se destacou na luta contra a opressão foi o dos artistas: atores, músicos,
cineastas, artistas plásticos, poetas, escritores... Cada um contribuía com o que melhor sabia
fazer, questionando os fatos e informando a população, apesar de censurados pelos órgãos
opressores. E, como bons artistas, os músicos populares brasileiros descreveram os horrores
da ditadura nos mínimos detalhes. Descrições que perpetuam até os dias atuais, trazendo à
tona toda a covardia aplicada contra nosso povo, e que não nos deixam esquecer todas as
atrocidades cometidas contra nosso país.
Na década de 60, a censura tentou calar quem tinha algo a falar. Mas alguns músicos acharam
uma brecha e deixaram para a posteridade seu pesar. Um dos mais ilustres artistas militantes
foi Chico Buarque. Junto com outro grande músico, Gilberto Gil, compuseram uma música
que reflete bem a situação da época. “Cálice” traz referências ao Santo Cálice de Cristo e a
uma passagem bíblica (Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue), mas é uma
metáfora com o verbo “calar”. Foi a forma que os músicos acharam de dizer ao mundo que a
liberdade de expressão estava caçada no Brasil.

Outro grande expoente do período foi o músico Geraldo Vandré. Geraldo compôs “Pra não
dizer que não falei das flores”, um hino contra a ditadura. Nessa canção, Geraldo enfatizava
as injustiças (pelos campos há fome em grandes plantações), destacava a presença do exército
nas ruas (Há soldados armados, amados ou não) e convocava as pessoas para se unirem na
luta contra a ditadura (Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer). Geraldo foi preso, torturado e exilado, mas “Caminhando” (como ficou
popularmente conhecida) é um clássico da música popular brasileira e, com certeza, deve
incomodar até hoje. A “flor” da canção é uma referência ao movimento “Flower Power” que
surgiu nos Estados Unidos. Pregava a não violência contra os povos e foi teorizado depois da
Guerra do Vietnã em 1959.

Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que fala sobre
os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com mães chorando
(Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os “Carlitos” tentando sobreviver
(alusão a um personagem de Charles Chaplin. Representa a população que, mesmo oprimida,
ainda consegue manter o bom humor) e a equilibrista (nossa esperança, se equilibrando e
sobrevivendo).

Várias outras músicas também confrontaram o regime militar. “Apesar de você” (Chico
Buarque) e “Cartomante” (de Ivan Lins e Victor Martins).

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