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A Política é um meio;
a cultura é que é o fim.
Georg Lukács.
Introdução
A Herança Colonial
Para se ter uma idéia de como nossos colonizadores tratavam as novas terras
conquistadas, basta nos reportarmos a um documento que o regente do Trono
Português, Marquês de Pombal, remeteu ao Governador Geral do Brasil em 1750,
na mesma época do Tratado de Madri, - que resolvia as questões dos limites
territoriais entre Portugal e Espanha: “encarregue Vossa Senhoria os portugueses
de tudo o que pertencer à substância do negócio, qual é a demarcação de que se
vai tratar, e encarregue aos estrangeiros o que pertencer à curiosidade e à
erudição, como são a história natural do país e as observações físicas e
astronômicas, que respeitam ao adiantamento das ciências”.
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Antes da vinda da família real para o Brasil a edição de livros, revistas ou jornais
era proibida na colônia, e a marca dessa política cultural está no fato de que a
iconografia, os estudos de flora, fauna e das etnias foram realizados por autores
estrangeiros.
A vinda da Corte Portuguesa, para o Brasil em 1808 – depois de trezentos anos de
colonização - traz, além da liberdade de publicação, um incremento na
aparelhagem cultural do Rio de Janeiro. O aparelho de estado Português é
reorganizado no Brasil e a colônia ganha um impulso cultural sem precedentes em
sua história. No período do império foram criaram aportes culturais para o Brasil,
muitos artistas receberam bolsas de estudos para o exterior, instituições de
pesquisas foram criadas, mas sem se desvincular da premissa básica de se
privilegiar os estrangeiros quando se tratava do desenvolvimento da cultura e da
pesquisa. Assim, a Princesa Leopoldina, que se casou com D.Pedro I, trouxe em
sua comitiva um grande numero de pesquisadores, engenheiros e artistas, da corte
austríaca. D.Pedro II trouxe uma “missão francesa”, encarregada de remodelar a
cidade do Rio de Janeiro.
A proclamação da República em 1889, além da ruptura com a Igreja, no que diz
respeito à educação, não mudou substancialmente a visão no que tange à cultura.
A visão patrimonial, herança portuguesa que nos remete à famosa Torre do Tombo,
onde se guardavam os livros com os “saberes” e o segredo de estado, contamina as
premissas da legislação relativa ao patrimônio histórico brasileiro. O tombamento
como instrumento básico da preservação, na maioria das vezes, como ficou
provado, impede o usufruto do bem tombado e a exigüidade de recursos dificulta a
sua restauração e manutenção. Nesse dilema vive até hoje o atual IPHAN, com
uma estrutura e orçamento aquém de suas atribuições legais, mas com a postura
arquetipal dos velhos tempos a sobreviver tal e qual o castigo que os Deuses
impuseram a Sísifo.
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O Império da Lei
O Sentido da Instituição
O termo economia, que vem do grego, significa em sua origem “aquele que
administra o lar”, mas para nosso entendimento das relações entre economia e
cultura vamos utilizar a definição proposta por N. Gregory Mankiw: “Economia é
o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos”, Isso
deveria compreender todos os recursos, mas na verdade, quando se apresenta o
indicador básico PIB-Produto Interno Bruto, o valor da cultura é excluído.
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Por fim quero congratular-me com os organizadores deste Congresso por terem
inserido a economia e desenvolvimento como eixo dos encontros e me permitirem
apresentar o tema que espero, citando o brilhante artigo de Cristina Padilla Dieste,
encontre “nuestro espacio común” “do pensar la utopia”, e pela persistência e a
prática, tornar realidade nossos sonhos.
(*) Texto publicado em Patrimonio Cultura Y Turismo, Cuadernos 5 – Congresso
Iberoamericano sobre Patrimonio Cultural, Desarrolo y Turismo. (pg. 89-101)
Morelia, Michoacán. 2003. – CONACULTA – México – DF.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Callado Antonio. Entre o Deus e a Vasilha. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.
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Crawhall Nigel. Written in the Sand – Auditing and Managing Cultural Resources
whith Displaced Indigenous Peoples – South African San Institute in co-operation
with UNESCO.
Geertz Clifford. The Interpretation of Cultures, Basic Books, Inc – N.Y., 1973.