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Aluno: Antonio Edson Oliveira Honorato

Disciplina: Epistemologia das Ciências Humanas

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa:


DIFEL, 1990. p. 13-67.

De acordo com o texto, nos anos 60 e 70 a história era institucionalmente dominante e


encontrava-se intelectualmente ameaçada. Isso porque as novas disciplinas estavam a
desafiá-la. As ciências sociais, por exemplo, iam minando o domínio da história nos
campos universitário e intelectual.
Como resposta os historiadores, segundo Chartier, puseram em prática uma estratégia de
captação. Sob a designação de história das mentalidades delimitava-se um novo campo.
A história das mentalidades é, segundo Febvre, uma nova camada do desenvolvimento
histórico da humanidade que não sofria transformações rápidas e nítidas como outras,
são, assim, formas duradouras de pensamentos que caracterizam longos espaços de
tempo.
A história cultural, tal como entendemos, tem como principal objeto identificar o modo
como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída.
As representações do mundo social embora aspirem a universalidade de um diagnóstico
fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses do grupo. As lutas de
representações têm, segundo o autor, tanta importância quanto as lutas econômicas para
compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe a sua concepção de mundo
social, seus valores e seu domínio.
O texto traz ao leitor o entendimento de que a distinção entre representação e
representado, entre signo e significado, é pervertida pelas formas de teatralização da vida
social de Antigo Regime. Tendo em vista fazer com que a identidade não seja outra coisa
senão a aparência da representação, isto é, que a coisa não exista a não ser no signo que
a exibe. A relação da representação é confundida pela ação da imaginação, que faz tomar
logro pela verdade, apresentando signos visíveis como provas de uma realidade que não
o é.
Apesar da historiografia americana conhecer as concepções da intelectual history e
history of ideas, nenhuma destas designações se impôs, de fato, nos diferentes países
europeus.
De acordo com o texto, tem-se uma dupla crítica contra a história intelectual da época:
porque isola as ideias das condições que permitiram a sua produção e porque os separa
radicalmente das formas de vida social.
Segundo Febvre a cada época de uma mesma civilização, a cada progresso, tem-se uma
utensilagem mental renovada, um pouco mais desenvolvida para certas utilizações, um
pouco menos para outras. A utensilagem mental vale pela civilização, pela época, mas
não vale pela eternidade, nem pela humanidade.
Isso equivale a afirmar três coisas:
1) As categorias do pensamento não são, de modo algum, universais;
2) As maneiras de pensar dependem, acima de tudo, dos instrumentos mentais ou
conceituais que os tornam possíveis;
3) Não existe um progresso contínuo e necessário na sucessão das diferentes
utensilagens mentais.
De acordo com Chartier, é a partir dos anos 60 que a noção de mentalidade se impõe na
historiografia francesa para qualificar uma história que não escolhe como objeto nem as
ideias, nem os fundamentos socioeconômicos das sociedades.
Como conclusão o texto traz que a única definição atualmente válida da história
intelectual ou cultural é a que diz que o “historiador procura localizar e interpretar
temporalmente o artefato num campo em que se intersectam duas linhas”.

CHARTIER, Roger. Cap. I: Escutar os mortos com os olhos. In: A mão do autor e a
mente do editor. São Paulo: Ed. UNESP, 2014, p. 19-52.

“Escutar os mortos com nossos olhos” é um texto que foi apresentado na aula inaugural
da cadeira “Escrita e Culturas no Inicio da Europa Moderna”, sendo esta, a primeira a ser
dedicada ao estudo das práticas da escrita, na história do Collège de France.
De acordo com o texto, foi a partir do rompimento entre textos e objetos, e entre discursos
e sua forma material, que a revolução digital introduziu uma revisão radical dos gestos e
das noções que associamos com a palavra escrita. “[...] o livro eletrônico não se destaca
mais pela sua forma material evidente dos outros tipos de textos escritos” (p. 22).
A descontinuidade e a fragmentação da leitura, para o autor, não têm o mesmo significado
quando são acompanhadas por uma percepção da totalidade textual contida pelo objeto
escrito e quando a tela do computador (para Chartier, os fragmentos de textos que
aparecem na tela do nosso computador não são páginas, mas composições singulares e
efêmeras) que nos permite ler fragmentos de escritos não mais exibe os limites e a
coerência do corpus do qual são extraídos.
Segundo Chartier, o sonho da biblioteca universal parece hoje estar mais próximo de se
tornar realidade. Isso porque a digitalização das coleções existentes promete a construção
de uma biblioteca sem paredes na qual todas as obras já publicadas estarão acessíveis a
todos.
Nossa obrigação, aponta Chartier, não é mais reconstruir a história, como exigia um
mundo duas vezes deixado em ruínas, e sim entender e aceitar melhor que os historiadores
de hoje não possuem mais o monopólio das representações do passado.
As exigências da memória, individual ou coletiva, pessoalmente vivenciadas ou
institucionalizadas, também têm atacado as alegações do conhecimento histórico,
julgadas frias e inertes pelo padrão da vívida relação que nos faz reconhecer o passado
nas imediações de sua recordação. “A história precisa respeitar as exigências da memória,
que são necessárias para curar infinitas feridas, mas, ao mesmo tempo, ela deve reafirmar
a especificidade do regime de conhecimento que comanda.
Em seu entender, Chartier observa que talvez seja um tanto paradoxal evocar, no início
de um curso de estudos históricos dedicados à palavra escrita, uma aula como a de Febvre,
cujo o objetivo seria o de libertar a História da tirania dos textos e da sua ligação exclusiva
com o escrever. Segundo ele, Febvre ria dos historiadores que pare ele eram como
“camponeses que, quando se trata de terra fértil, pareciam apenas lavrar velhos
cartulários”. Chartier adverte então para que não cometamos o mesmo erro esquecendo
que a palavra escrita é transmitida aos seus leitores ou ouvintes por objetos ou vozes, a
lógica material e prática que precisamos compreender.
Chartier diz ser verdade que os detentores do poder não confiavam na escrita e que,
tentaram das mais diversas formas censurá-la e controla-la.
Dentre as diversas definições da palavra “cultura”, Chartier reflete que escolheu um
sentido provisório, sentido este, que articula produções simbólicas e experiências
estéticas, removidas das urgências da vida cotidiana, com as linguagens, os rituais e as
condutas, graças às quais a comunidade vive e reflete sua relação com o mundo, com os
outros e consigo mesma.
Em “O que é o autor?”, o texto afirma que em todos os casos, existe supostamente uma
relação original e indestrutível entre uma obra e seu autor. “A construção de um autor
com base na reunião de suas obras, ou dando-lhes uma encadernação para formar um
volume ou um corpus, opõe-se ao processo de disseminar obras sob a forma de citações
ou extratos.
Mais adiante (em Cultura escrita e literatura), Chartier diz que o primeiro pecado capital
de um historiador é esquecer diferenças ao longo do tempo.
Em 1619, Gonzalo de Ayala, que era ele próprio um revisor de provas de prelo, afirmou
que o revisor “deve saber gramática, ortografia, etimologias, pontuação e a disposição
dos acentos”. Em 1675, Melchor de Cabrera ressaltou que o compositor deve saber como
“colocar pontos de interrogação, pontos de exclamação e parênteses, porque
frequentemente a intenção dos escritores fica pouco clara se esses elementos, necessários
e importantes para a inteligibilidade e compreensão do que está escrito ou impresso, estão
ausentes, porque um ou outro está faltando, o significado é alterado, invertido ou
transformado”.
Alguns anos depois, Alonso Víctor de Parede afirmou que o revisor deve “compreender
a intenção do Autor naquilo que ele envia para a gráfica, não só para introduzir pontuação
adequada, mas também para ver se o autor não cometeu negligências, de modo a
aconselhá-lo acerca delas”. A forma e o aspecto do texto não dependiam então do autor,
esta função era delegada aqueles que preparavam a cópia ou compunham as páginas.
Devido a série de correções e modificações feitas pelos revisores ou compositores,
Chartier diz que, “Decididamente, os autores não escreviam seus livros, mesmo que
alguns deles de fato interviessem em algumas edições de duas obras e tivessem total
consciência dos efeitos das formas materiais de seus textos”.
Ele pergunta “Será que essa situação é diferente agora que os livros são geralmente
impressos com base num texto redigido e corrigido pelo autor na tela do seu
computador?”, e responde, “talvez”.
Princípios de análise: o primeiro situa a construção do significado de textos entre
restrições transgredidas e liberdades refreadas. O segundo, um estudo de textos nos
conduz de volta para o conceito de representação na dimensão dual reconhecida por Louis
Marin. O terceiro princípio consiste em colocar obras singulares ou os corpos de textos
que são objeto de estudo no ponto de intersecção dos dois eixos que organizam toda
investigação de história cultural ou sociologia cultural.
Nas ciências mais extas, a presença do passado geralmente se refere a intervalos de tempo
breves, ocasionalmente muito breves. O mesmo não é verdade para a literatura ou para as
humanidades, para as quais a maioria dos passados antigos é sempre, de algum modo
ainda um presente vivo, do qual novas criações tiram inspiração ou se desligam.

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