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Recebido: 27/03/2013 Emitido parece: 26/04/2013 Artigo original

PRÁTICA PEDAGÓGICA DIFERENCIADA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA:


A GINÁSTICA NA ESCOLA PÚBLICA
Daniel Teixeira Maldonado1,2, Daniel Bocchini1,2

RESUMO

Esse estudo descreve a experiência de um projeto nas aulas de Educação Física cujo assunto
tematizado foi a ginástica. Realizado durante o 1º semestre de 2012 para alunos do 3º ano do ensino
fundamental de uma escola municipal localizada na zona leste do município de São Paulo, a pesquisa
teve como enfoque as três dimensões do conteúdo. Na dimensão procedimental os alunos vivenciaram
os aparelhos da ginástica rítmica, os fundamentos da ginástica artística, alguns movimentos da ginástica
acrobática e criaram coreografias. Na dimensão conceitual foram realizadas aulas expositivas, análise de
filmes retirados da internet, utilização de desenhos que envolviam os três tipos de ginástica e pesquisa.
Na dimensão atitudinal foram realizadas discussões envolvendo a relação de gênero e as questões étnicas
na ginástica. Após a realização do projeto, os alunos construíram uma visão diferenciada da ginástica e
compreenderam a importância de vivenciar outras manifestações da cultura corporal de movimento na
escola pública.
Palavras-chave: Relato de Experiência. Educação Física Escolar. Ginástica.

DIFFERENT PEDAGOGICAL PRACTICE IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES:


GYMNASTICS IN PUBLIC SCHOOL

ABSTRACT

This study describes the experience of a project in Physical Education classes whose subject was
themed gymnastics. Held during the 1st half of 2012 for the 3rd year students of elementary education at
a public school located on the east side of São Paulo, the research was to focus the three dimensions of
content. In procedural dimension students experienced the rhythmic gymnastics apparatus, the fundamentals
of gymnastics, acrobatic gymnastics of some movements and created choreographies. In the conceptual
dimension lectures were performed, analysis of films from the internet, using drawings involving the three
types of gymnastics and research. In attitudinal dimension discussions were held involving the relationship
of gender and ethnic issues in gymnastics. After completion of the project, students built a differentiated
vision of gymnastics and understood the importance of experiencing other manifestations of the culture of
body movement in public school.
Keywords: Experience Report. Physical Education. Gymnastics.

Coleção Pesquisa em Educação Física - Vol.12, n.1, 2013 - ISSN: 1981-4313 165
INTRODUÇÃO

A disciplina de Educação Física compõe o currículo escolar desde o século XIX. Desde a sua
inserção na escola até os dias atuais, a forma de se pensar esse componente curricular se alterou muitas
vezes, desde propostas no plano teórico que ganharam força dentro da escola e se efetivaram em práticas
pedagógicas, até teorias que nunca saíram do papel.
Independentemente da forma de se pensar a matriz curricular, os professores de Educação Física,
ao longo da história dessa disciplina, priorizaram os conteúdos quase em uma dimensão exclusivamente
procedimental. Portanto, a discussão sobre a inclusão dos conteúdos conceituais e atitudinais é muito
recente e existem dificuldades na seleção e implementação desses conteúdos na realidade escolar. Além
disso, muitas vezes, os professores que pretendem realizar um trabalho contemplando as três dimensões
do conteúdo não encontram respaldo para trabalharem de acordo com essa proposta, além da resistência
dos próprios alunos que não estão acostumados com estratégias diferentes de aula (DARIDO, 2008).
Em uma visão contemporânea de educação considera-se que os conceitos são somente um tipo
de conteúdo. Juntamente com os aspectos conceituais devem ser levados em consideração os outros tipos
de conteúdos (procedimental e atitudinal). Todos os saberes que serão desenvolvidos dentro do contexto
escolar podem pertencer a qualquer uma dessas dimensões dos conteúdos (COLL et al., 1998).
Após o lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, começa-se a discutir com mais
ênfase as três dimensões dos conteúdos nas aulas de Educação Física na escola. Sendo assim, o papel desse
componente curricular ultrapassou o ensino dos temas da cultura corporal como apenas seus fundamentos
e técnicas (dimensão procedimental). O professor também necessita pensar nos conceitos que estão ligados
aos procedimentos selecionados (dimensão conceitual) e nos valores e atitudes (dimensão atitudinal) que
os alunos devem ter nas práticas corporais ensinadas (DARIDO et al., 2001).
No século XXI, surgem as propostas curriculares de Educação Física do Estado e da Prefeitura de
São Paulo. Em 2007, o estado de São Paulo elaborou uma proposta chamada Movimento é Vida: Ensinar
e Aprender. Nessa forma de estruturar as aulas de Educação Física na escola, os professores teriam a tarefa
de construir práticas pedagógicas que proporcionem a aprendizagem de conhecimentos relacionados a
fatos, princípios, valores e normas sobre o movimento humano, tendo como objetivo principal levar o aluno
a ser autônomo para se movimentar de forma intencional e harmoniosa (MOVIMENTO É VIDA, 2007).
Em 2008 o estado de São Paulo elaborou a proposta curricular que vigora em suas escolas. Nessa
proposta as aulas de Educação Física Escolar devem apresentar um enfoque cultural em sua prática, por levar
em conta as diferenças manifestadas pelos alunos em variados contextos. Portanto, as aulas de Educação
Física na escola devem tratar de maneira pedagógica os conteúdos relacionados ao se – movimentar humano,
que se resume nos jogos, na ginástica, nas danças, nas atividades rítmicas, nas lutas e nos esportes, sempre
considerando os processos de significado que dá sentido a realização desses movimentos corporais (SÃO
PAULO, 2008).
Na proposta curricular elaborada pela Prefeitura de São Paulo as aulas de Educação Física
Escolar devem estar pautadas na metáfora do corpo cidadão, ou seja, os movimentos nas aulas devem
ser realizados enquanto expressão de intencionalidade e a maneira de compreender o mundo. Nesse
contexto, a motricidade humana esta pautada como forma de produção e comunicação cultural, impedindo
qualquer forma de sistematizar a realização de movimentos certos ou errados. As aulas de Educação Física
devem garantir aos alunos acesso ao patrimônio da cultura corporal historicamente acumulado por meio
da experimentação das variadas formas que esses movimentos estão inseridos na sociedade, analisar os
motivos que levaram determinados conhecimentos serem mais requisitados pela sociedade, refletir sobre os
conhecimentos mencionados pelos meios de comunicação de massa e os saberes da motricidade humana
reproduzidos pelos grupos culturais desprivilegiados na escola (SÃO PAULO, 2007).
Portanto, mesmo com diferentes concepções epistemológicas, os Parâmetros Curriculares Nacionais
e as Propostas Curriculares de Educação Física do Estado e da Prefeitura de São Paulo, sugerem que o
professor não se preocupe apenas com os aspectos procedimentais durante as suas aulas na escola.
A questão crucial é que apesar da divulgação do campo acadêmico de uma nova forma de lidar
com os conteúdos nas aulas, que prioriza a formação humana e, portanto, as questões de valores, atitudes,
conceitos e procedimentos, a apropriação de novos referenciais por parte dos professores, ainda se confronta
com a dificuldade de operacionalização no contexto escolar.

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Nesse sentido, tivemos como objetivo relatar uma experiência, numa escola pública, sobre um
projeto de ginástica, que é uma das manifestações da cultura corporal de movimento, pautada nas três
dimensões do conteúdo.

Procedimentos Metodológicos
Trata-se de um estudo descritivo, no qual decidimos relatar uma experiência sobre a tematização
da ginástica nas aulas de Educação Física com ênfase nas três dimensões dos conteúdos, em uma escola
do município de São Paulo, localizada na zona leste, no bairro Vila Matilde, com os alunos do 3º ano
do ensino fundamental. As aulas foram ministradas durante o 1º semestre do ano de 2012. Apresentamos
nesse relato os pontos positivos do projeto e as dificuldades enfrentadas para implementar essa proposta
na escola pública. Durante as aulas, o docente utilizou um diário de campo para realizar anotações, tirou
fotos e realizou gravações com os alunos nas dinâmicas propostas.
Relatos de práticas docentes são registros de atividades realizadas com os alunos, com o objetivo
de construir conhecimentos. Neles deve transparecer a intenção do professor em cada atividade planejada,
suas reflexões e observações ao longo do desenvolvimento da experiência. O caminho para alcançar cada
objetivo precisa estar claramente expresso, para que os leitores, provavelmente outros professores, possam
compreender o trabalho por inteiro. Os resultados alcançados e o modo como cada procedimento foi
avaliado, retomado, revisto, refeito também precisam estar explícitos, de modo a propiciar elementos de
análise para posterior reflexão e busca de caminhos, na perspectiva da melhoria contínua da educação
oferecida na escola. (DELMANTO e FAUSTINONI, 2009, p. 9)

Relatando a Experiência
Escolhemos trabalhar com ginástica na escola por diversos motivos. Primeiramente, percebemos
que na nossa escola poucos professores de Educação Física tiveram o interesse de desenvolver um projeto
com os alunos que abordasse esse conteúdo. Realizamos um levantamento com a diretora da escola e
com os professores mais antigos e todos relataram que esse tema não tinha sido proposto nos últimos anos.
Outro motivo que nos levou a propor o projeto foi porque alguns alunos nos perguntavam sobre a prática
de ginástica rítmica e artística, pois eles viram algumas apresentações na televisão e tinham curiosidade
de saber mais sobre o tema.
Na intenção de trabalhar com enfoque nas três dimensões dos conteúdos traçamos os seguintes
objetivos para as aulas: vivenciar movimentos da ginástica artística, rítmica e acrobática; criar coreografias
envolvendo os três tipos de ginástica; compreender a história e a dinâmica básica desses tipos de ginástica;
e debater sobre o preconceito étnico e de gênero existentes na realização dessas ginásticas no alto nível.
A seguir, explicaremos as dinâmicas propostas para os alunos durante as aulas de Educação Física.
Primeiramente descreveremos as experiências que estiveram relacionadas com a dimensão procedimental,
logo após com a dimensão conceitual e para finalizar com a dimensão atitudinal dos conteúdos. Importante
ressaltar que essa separação das experiências obtidas em aula foram sistematizadas apenas para melhor
compreensão do leitor. No complexo do cotidiano escolar, esses aprendizados ocorreram ao mesmo tempo,
de acordo com cada dinâmica que estava sendo realizada.

Dimensão Procedimental
Iniciamos as aulas propondo vivencias com os aparelhos da ginástica rítmica (bola, fita, maça,
corda e arco). Nesses momentos, os alunos vivenciavam movimentos criados por eles com cada um dos
aparelhos. Montamos grupos contendo meninos e meninas, realizamos alguns aparelhos com materiais
alternativos, sendo que a bola foi feita de jornal, a fita com palito de sorvete e papel crepom, e deixamos
os alunos criarem movimentos de acordo com a sua criatividade. Os alunos montaram coreografias com
todos os aparelhos contendo parte inicial, parte principal e parte final.

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Figura 1. Alunos realizando coreografia de ginástica rítmica com o aparelho fita.

Quando iniciamos as aulas de ginástica artística sabíamos que dificilmente conseguiríamos vivenciar
os aparelhos específicos dessa modalidade, então decidimos realizar vivencias dos fundamentos desse tipo
de ginástica. Utilizamos algumas aulas para realizar movimentos básicos (rolamentos, estrela, parada de
mão, ponte e equilíbrios). A nossa escola conta com uma sala de tatame e conseguimos manter a segurança
dos alunos para realizar esses movimentos.
Em todas as aulas de ginástica artística propomos que os alunos vivenciassem os fundamentos dessa
modalidade com a ajuda do professor. Como tínhamos trinta alunos em média nas turmas, realizamos a
seguinte dinâmica: os alunos que possuíam mais facilidade para realizar os movimentos ficavam de um lado
e os que tinham dificuldade ficavam próximos do professor. Também propomos que os alunos ajudassem
os colegas quando necessário. Na aula que envolveu a parada de mão, montamos grupos e enquanto uma
criança fazia o movimento, as outras o ajudavam.
Figura 2. Alunos realizando a parada de mão durante as aulas de ginástica artística.

Também foram realizados movimentos da ginástica acrobática. Encontramos na internet possíveis


movimentações dessa modalidade em forma de desenho. Mostramos as ilustrações para os alunos e eles
tentavam realizar esses movimentos a partir do que compreendiam. Ao final da aula, propomos que as
crianças criassem movimentos parecidos com aqueles vivenciados anteriormente e todos os grupos usaram
a criatividade para realizar a tarefa.

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Figura 3. Alunos realizando movimentos de ginástica acrobática.

Após vivenciar movimentos dos diferentes tipos de ginástica propomos que os alunos criassem uma
coreografia com elementos dos três tipos de ginástica (rítmica, artística e acrobática). Montamos grupos e
as crianças escolheram dois aparelhos da ginástica rítmica, dois fundamentos da ginástica artística e dois
movimentos da ginástica acrobática para criar a sua coreografia. Os alunos também tiveram a oportunidade
de escolher uma música para acompanhar a apresentação que estava sendo criada. No final do projeto, os
grupos apresentaram as suas coreografias em uma festa organizada pela escola.

Dimensão Conceitual
Realizamos algumas aulas expositivas com os alunos. Colocamos pequenos textos na lousa contendo
a história desses três tipos de ginástica e algumas regras básicas dessas modalidades. Durante as explicações,
deixamos os alunos muito a vontade para falar das suas experiências e o que eles já sabiam do que estavam
aprendendo. Aproveitamos também para abordar alguns conceitos simples sobre capacidades físicas e a
relação da ginástica com a saúde, enfatizando principalmente a quantidade de treinamento que os atletas
de alto nível precisam realizar para se tornarem profissionais.
Ainda em sala de aula, os alunos criaram desenhos relacionados com as coreografias de ginástica
rítmica e os movimentos de ginástica acrobática. Desse modo, conseguimos compreender se as crianças
haviam entendido o que estavam realizando nas aulas práticas. Deixamos os alunos livres para se
comunicarem e para perguntar ao professor as suas dúvidas e comentar as suas lembranças.
Figura 4. Desenhos realizados pelos alunos para mostrar o que foi compreendido durante as aulas de
ginástica acrobática.

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Para conhecer os aparelhos da ginástica artística (solo, salto sobre a mesa, cavalo com alças, argolas,
barras paralelas, barra fixa, trave de equilíbrio e barras assimétricas), utilizamos um desenho da turma da
Monica, retirado da internet, que demonstra todos esses aparelhos. Os alunos completaram as palavras que
faltavam no desenho, pintaram os aparelhos masculinos de uma cor, os aparelhos femininos de outra cor
e os aparelhos que homens e mulheres fazem de outra cor, para posteriormente colar no caderno.
Figura 5. Desenhos dos aparelhos da ginástica artística.

Retiramos vídeos do youtube desses três tipos de ginástica e no momento em que abordamos cada
uma delas nas aulas, mostramos esses vídeos para os alunos compreenderem como os atletas de alto nível
realizam essas modalidades ginásticas e como eles conseguiam realizar nas aulas. Discutimos nesse momento
a dificuldade e a quantidade de treinamento necessário para se tornar um atleta profissional de ginástica.
Os alunos também realizaram uma pequena pesquisa, onde tinham que encontrar uma reportagem
de jornal, revista ou internet que falasse de algum tipo de ginástica que estava sendo realizadas na aula.
No dia de entregar o trabalho, as crianças contaram para os colegas o que tinham compreendido daquela
reportagem.
Para finalizar, os alunos realizaram uma avaliação onde eles tinham que olhar para algumas fotos
e apontar qual tipo de ginástica estava sendo realizado, completar os nomes dos aparelhos com letras que
estavam faltando, assinalar quais eram os fundamentos da ginástica artística, relacionar algumas capacidades
físicas com os aparelhos das ginásticas e assinalar se a ginástica realizada no alto nível é saudável.

Dimensão Atitudinal
Ao assistirmos os vídeos, os alunos começaram a perceber que a maioria dos atletas que realizavam
ginástica artística, rítmica e acrobática eram de pele branca. Algumas crianças nos indagaram sobre essa
questão durante as aulas e foi inevitável discutirmos o assunto. Dissemos que normalmente as pessoas
que praticam essas modalidades de ginástica são brancas porque os europeus, que normalmente possuem
a pele branca, e as americanas de pele clara dominam o esporte no alto nível. As pessoas com menor
poder aquisitivo, normalmente não possuem chances de vivenciar esses tipos de ginástica, pois na escola
pública esse conteúdo é pouco explorado pelos professores. Nesse momento, estavam sendo realizadas as
Olimpíadas de Londres e trouxemos uma reportagem de um site da internet relatando que pela primeira
vez na história uma americana de pele negra tinha sido campeã olímpica no individual geral de ginástica
artística. Também comentamos que a Daiane dos Santos, uma atleta brasileira de pele negra, é considerada
uma das maiores atletas de ginástica artística que o país já teve, desmistificando a imagem que apenas
pessoas de pele branca podem praticar ginástica rítmica, artística e acrobática.

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Outro ponto que foi muito discutido com os alunos durante as aulas foi se ginástica é considerado
um esporte de meninas. Os meninos tinham muita resistência para realizar as dinâmicas propostas no inicio
do projeto. Explicamos que muitos homens praticam ginástica artística, que existem aparelhos específicos
de ginástica rítmica para homens (bastões) e que na ginástica acrobática os homens sempre estão presentes
por ser uma modalidade que necessita de muita força e resistência muscular. Tanto os meninos quanto as
meninas realizaram todas as vivências propostas em conjunto, com o intuito de diminuir o preconceito
existente entre eles, pois, nas suas experiências, existiam manifestações da cultura corporal de movimento
que apenas homens poderiam fazer e que somente mulheres poderiam praticar.

Dificuldades encontradas para realizar o projeto


Foi muito difícil a nossa prática pedagógica no inicio desse projeto na escola. Muitas vezes, os
alunos acostumados apenas em realizar brincadeiras ou praticar esportes, não conseguiam entender muito
bem a dinâmica da aula de Educação Física Escolar com o enfoque nas três dimensões do conteúdo.
Houve resistência dos alunos em realizar atividades de ginástica, principalmente dos meninos,
também houve dificuldades de compreender a importância de ficar na sala em algumas situações para
acompanhar as aulas expositivas ou para realizar as dinâmicas que estavam sendo propostas.
A nossa escola não tinha muitos materiais para realizar as dinâmicas de ginástica e tivemos que
elaborar materiais alternativos em muitas situações. As fitas e as bolas foram realizadas com papel crepom,
palito de sorvete e jornal. As massas foram doadas por um professor que não estava utilizando esse material
na sua escola.
Também tivemos dificuldades para realizar os fundamentos da ginástica artística com todos os
alunos das turmas. Como esses movimentos exigem ser feitos com segurança, tivemos que usar dinâmicas
para deixar todos os alunos com mais dificuldade por perto para não haver riscos para as crianças e isso
foi muito difícil de ser realizado, pois as turmas possuem em média trinta alunos, muitos desses com
dificuldades em realizar os movimentos.
No inicio do projeto tivemos dificuldades com as algumas professoras polivalentes, pois estas
não entendiam a importância dos alunos ficarem na sala durante as aulas de Educação Física. Em algumas
situações, não podíamos utilizar a lousa porque as docentes estavam utilizando, também ocorreu de
chegarmos à sala de aula e os alunos estarem prontos para ir realizar aula prática, pois as professoras já
esperavam por nós na porta com as crianças prontas para ir ao espaço das aulas. Outra dificuldade que
ocorreu foi quando as professoras não queriam permitir que algumas crianças participassem da aula por
não ter realizado todas as tarefas durante as suas aulas. Durante o semestre tivemos alguns problemas para
explicarmos a importância da aula de Educação Física para as crianças para essas professoras.
Portanto, a falta de materiais, a resistência dos alunos frente a conteúdos diferenciados, a visão da
disciplina de Educação Física pelas professoras polivalentes e o número elevado de alunos por turma para
realizar determinadas dinâmicas dificultou a realização do projeto de ginástica que tinha como objetivo
ensinar com enfoque nas três dimensões do conteúdo.
Rodrigues e Darido (2008) também mostraram em sua pesquisa que uma professora que leciona para
turmas do 6º ano do ensino fundamental com enfoque nas três dimensões do conteúdo possui problemas
para trabalhar com questões conceituais, procedimentais e atitudinais, devido à resistência dos alunos em
realizar qualquer atividade proposta que não fosse futebol.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do projeto, identificamos que muitos alunos conseguiam identificar os tipos de ginástica
trabalhados em aula (rítmica, artística e acrobática), tinham condições de criar uma coreografia simples
envolvendo esses tipos de ginástica, compreendiam melhor as relações de gênero e de etnia existentes
nessas modalidades e se mostravam mais disponíveis para vivenciar outras manifestações da cultura corporal
de movimento.

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Foram muitas as dificuldades encontradas durante a realização das aulas com esses alunos. Para
superar esses problemas, tivemos que ter força de vontade para criar materiais alternativos, paciência para
lidar com a resistência dos alunos frente ao novo conteúdo e com as professoras polivalentes que não
estavam acostumadas com esse tipo de aula na disciplina de Educação Física.
Sugerimos que outros professores que estão atuando na escola e trabalham com as três dimensões
do conteúdo durante as aulas de Educação Física, também contem as suas experiências e as dificuldades
vivenciadas, com a intenção de criar uma rede de docentes que realizam um trabalho diferenciado e
se ajudem na sua formação continuada, pois a troca de experiência entre os profissionais que atuam na
escola é de extrema importância para que possamos aprender com os colegas, avaliar as nossas limitações
e aprimorar cada dia mais a nossa prática pedagógica.

REFERÊNCIAS

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conceitos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
DARIDO, S. C. Os conteúdos da Educação Física na escola. In _____DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A.
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64-79, 2008.
DARIDO, S. C.; RANGEL-BETTI, I. C.; RAMOS, G. N. S.; GALVÃO, Z.; FERREIRA, L. A.; MOTA e SILVA, E.
V.; RODRIGUES, L. H.; SANCHES, L.; PONTES, G.; CUNHA, F. A Educação Física, a formação do cidadão
e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.15, n.1, p.17-32,
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DELMANTO, D.; FAUSTINONI, L. E. Os relatos de prática e sua importância no processo de produção e
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MOVIMENTO É VIDA. Ensinar e Aprender: Educação Física no Ensino Fundamental ciclo 2. São Paulo, 2007.
RODRIGUES, H. A; DARIDO, S. C. As três dimensões do conteúdo na prática pedagógica de uma professora
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SÃO PAULO. Secretaria Estadual da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação
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SÃO PAULO . SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. DIRETORIA DE ORIENTAÇÃO TÉCNICA.
Orientações curriculares e proposição de expectativas de aprendizagem para o Ensino Fundamental: ciclo
2: Educação Física. São Paulo: SME/DOT, 2007.

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