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ISSN: 1677-6976 Vol. 7, N° 3 (2007)
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DE
CA
O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
Bruno Pereira Bedim (brunobedim@yahoo.com.br)*
Resumo
Abstract
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Introdução tais fatores, o processo de realização de uma
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O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
baseia nos escritos de Marx e Engels (1984) e espécie humana nesse processo se dá a partir
é comumente denominado de materialista de um processo dialético, transcriador, já
ou naturalista. A partir dele, tem-se duas que o homem cria o seu meio para si ao
transformações que definem a própria recriar a si mesmo. Essa dialética da espécie
história: i) A transformação da natureza natural traduz-se no reconhecimento, pelo
exterior pelo homem; ii) A transformação do homem, de sua própria essência ao realizar
próprio homem pelo fato de ele criar suas as suas metas e materializá-las no espaço
próprias condições de existência que o cerca e incorpora, produzindo-o e
transformando a natureza1. sendo produzindo por ele. Por conseguinte,
por sua vez, é uma lógica abstrata toda relação humana e toda atividade
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trabalho humano a transformar a natureza e Ao longo do processo histórico
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O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
A relação homem-natureza, assim, se dá do turismo e do lazer (BEDIM; PAULA, 2007)7.
4. A teleologia se refere à qualidade do naturais) visam, pois, à satisfação das pelo turista e personificado nas férias
homem em possuir consciência de seus
atos, o que o difere, pois, das demais necessidades humanas, processo pelo qual remuneradas, só pôde existir enquanto tal a
espécies do reino animal. Neste sentido,
os outros animais realizam atividades, mas são produzidas riquezas. Por sua vez, a partir do tempo de trabalho e seus
só o homem trabalha (ibid.).
perspectiva de compreensão da realidade movimentos ao longo do tempo. Assim, o
5. "El turismo es un fenómeno social que
consiste en el desplazamiento voluntário exposta por Marx e Engels (1984) foca-se num turismo é produto do processo histórico
y temporal de individuos o grupos de
personas que, fundamentalmente por viés antropológico, como decorrência da moderno, se inserindo entre as inúmeras
motivos de recreación, descanso, cultura
o salud, se trasladan de su lugar de nossa condição de espécie natural: o homem concepções da modernidade e suas
residencia habitual a otro, en el que no
ejercen ninguna actividad lucrativa ni enquanto "bicho no mundo", a trajetória do tendências econômicas, políticas, culturais e
remunerada, generando múltiples
interrelaciones de importancia social,
económica y cultural" (LA TORRE, 1980, p.19).
ser humano enquanto espécie animal sobre a ambientais a transformar o mundo. Traz
para criar novas relações sociais repletas como um importante atrativo turístico. Diante
de valores mercantilizados, e não como um
tempo do indivíduo consigo mesmo. disso, tem-se uma nova forma de biodiversidade - entre outros temas de
Subordinado ao tempo de produção, o
"tempo livre" não apenas se encontra incorporação do trabalho humano aos estudos e debates freqüentemente
subvertido à esfera econômica como
também a complementa. espaços de vivência. evocados no sentido de se configurar novos
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vínculos entre o homem e o meio do qual ele expressam a própria dualidade homem-
DE
CA faz parte. Não obstante, Diegues (2002) natureza, onde a busca por imagens nostálgicas
ressalta que o naturalismo do século XIX relacionadas a esses destinos turísticos
afastou o homem da natureza, reservando representam a busca pelo "paraíso perdido" no
aos parques nacionais a idealização da não imaginário ocidental, em contraposição à
interferência antrópica, desdobrando assim degradação da qualidade de vida nos
no mito de lugares paradisíacos a serem grandes centros urbanos (AOUN, 2003).
apenas reverenciados pelos homens, como Assim, novas demandas sociais
estratégia para proteger a vida selvagem - induzem à procura por "refúgios naturais"
no intuito de salvaguardar fragmentos do
O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
como alternativa à fuga do cotidiano das
mundo natural em estado primitivo, portanto metrópoles, sendo que a especificidade do
"livres" de qualquer ação humana. "mundo natural" é definida em oposição à
"A natureza é mágica" - já afirmava imagem da civilização, e suas
Thoreau 9 ao exprimir a incompatibilidade representações construídas a partir de olhares
entre história e natureza, uma vez que, "civilizatórios" sobre o "selvagem". Na
segundo o seu discurso, a civilização amansa contemporaneidade, sob tal perspectiva
e subjuga o mundo natural ao lidar com ele. dicotômica, o turismo em áreas naturais
Essas sensações conflitantes em relação à protegidas recolocaria o indivíduo em
coexistência do "selvagem" e do "social" contato com o paraíso perdido,
(SCHAMA, 1996), associadas ao legado da materializando - e vendendo - a idéia do
9. Henry David Thoreau, considerado um dos
fundadores do ambientalismo moderno. cultura judaico-cristã conferem conotação retorno às origens humanas.
Em seus relatos, encontramos fragmentos
da idealização ocidental do mundo natural sagrada (paraíso) aos espaços considerados Contraditoriamente, busca-se na
no século XIX, em que florestas "inóspitas
e selvagens" e topografias sobrenaturais "inalterados" pelas mãos do homem - o que idealização do "natural" as respostas para
refletiam a natureza primitiva e sua
atmosfera sagrada. Dos arautos da
modernidade, emerge sua visão romântica
explica o fato de, ainda hoje, alguns muitos dos dilemas civilizatórios.
sobre o mundo natural, contexto que,
segundo Schama (1996, p.568), levou
ambientalistas defenderem a proibição da Retomemos aos pressupostos do
Thoreau a exprimir suas sensações
conflitantes em relação à coexistência do visitação pública às Unidades de materialismo histórico-dialético inicialmente
'selvagem' e do 'social', já que a
preservação do mundo estaria na "natureza Conservação, apontando o turismo como expostos neste artigo. Como visto, as
bravia", virgem. Tem-se, na sequência, a
representação idílica de um mundo uma ameaça à vida selvagem e como condições materiais condicionam as demais
preenchido com entes naturais primitivos
e seu apelo paisagístico como um mecanismo indutor de práticas depredatórias. relações sociais e que, para viver, os homem
contraponto à civilização ocidental e sua
crescente industrialização. A relação homem-natureza e seus têm que, a princípio, transformar a natureza.
10. Na acepção marxiana da história,
assim, não há separação entre natureza
significados acompanham a humanidade No contexto turístico, tal composição pode
sociedade. Marx e Engels (1984) entendem
o mundo a partir de uma concepção
desde os seus primórdios. Ao longo da história ser exposta a partir do entendimento de que
naturalista, vitalista e não de uma
metafísica: para se manterem vivos, o ocidental, contudo, o homem, numa ilusão o turismo representa um acréscimo de novas
homens têm que se alimentar, construir
abrigos, roupas, sem os quais não poderiam emancipatória, se aparta da natureza: de formas de racionalidade ao processo
existir. Para tanto, eles se associam a
outros homens, daí o motivo pelo qual negando sua condição animal torna-se produtivo - a inauguração de uma
Marx também não separa o indivíduo da
sociedade. Por conseguinte, a relação sujeito, o 'ser pensante', enquanto que o modalidade de intercâmbio material entre
entre a sociedade e a natureza é um
intercâmbio que se desenvolve mundo envolvente, o seu objeto. O universo homem e natureza.
historicamente por meio do trabalho
humano e que, ao mesmo tempo, cria e do natural, a partir daí, é reordenado à sua Neste sentido, o próprio apelo estético
transforma as relações entre os seres
humanos. A (re)produção da vida material, maneira. Tal viés gera uma estranha da paisagem é entendido enquanto força
por sua vez, se dá pelos processos de
trabalho. dicotomia, posto que o ser humano integra o produtiva, já que a atratividade das formas
11. BEDIM, Bruno P. A questão agrária face próprio mundo natural e com ele coexiste: em
a produção capitalista de espaços naturais e culturais insurge como fator histórico-
turísticos no entorno de Unidades de última instância, o homem é a natureza que
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As Unidades de Conservação e a entornos pelo turismo, bem como da noção
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lógica do espaço-mercadoria
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Assim, o turismo transforma uma de organização espacial - sendo necessário
considerável parcela do espaço 'natural' em olhar para além de suas fronteiras.
mercadoria, submetendo-o ao circuito da Compreender os processos socioculturais
troca e, segundo Carlos (op.cit., p.179), desencadeados pelo turismo em espaços
engendrando "uma nova lógica associada a limítrofes às áreas naturais protegidas
uma nova forma de dominação do espaço que equivale a reconhecê-las como fenômeno
se reproduz ordenando e direcionando a de cultura, fenômeno com espírito social, cujo
ocupação" - condicionando, pois, o seu uso aos viés ambiental e econômico são tão
enquadramentos da apropriação privada e a importantes quanto os demais - e cuja
acessos diferenciados funcionalmente. vertente funcional tende a transformar as
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apropriações dos territórios no período que formas de uso do tempo de não-trabalho
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bichos são exaltados enquanto ícones de natureza e substituindo a obra pelo produto.
fetichização do espaço como mercadoria Num contexto da mundialidade do mundo,
reprodutível, ao passo que as populações o domínio sobre a natureza revela
locais são expropriadas de suas terras como dialeticamente (e diabolicamente, segundo
se fossem bichos? Conforme lembra Martins o autor) o seu contrário: uma "destruição total
(1996), se quisermos produzir conhecimento que leva à exigência de uma reprodução
sobre o espaço, não poderemos fazê-lo sem (recreação) igualmente total". O advento
incorporar a análise dos mecanismos perversos industrial e sua racionalidade conotam, pois,
e excludentes do capitalismo e suas a centralidade política, a concentração das
respectivas contradições, tendo-se a forma decisões implicando a homogeneização do
mercadoria como metáfora dessa "racionalidade espaço e a centralidade da informação -
sem nenhum compromisso que não seja o da conferindo ao urbano um tempo-espaço
valorização das coisas pela desumanização do diferencial e diferenciado - a saber,
homem" (MARTINS, 1996, p.44)14. dominante. Tal centralidade urbana do
Nacional não deve prescindir da análise dos dos objetos, congregando pessoas, riquezas,
terras do entorno da Unidade a partir de sua capital, etc. Diante disso, a organização
produto que sai das fábricas, incorporando pretenso 'tempo livre' é apenas o
ainda "fragmentos e momentos da existência tempo separado e mantido como tal
14. MARTINS, S. M. A cidade sem infância: nos quadros gerais (LEFEBVRE, 2003,
a produção do espaço no mundo da social que também se realizam nos circuitos
mercadoria. Boletim Paulista de p.23).
Geografia, São Paulo, n.74, p.23-46, 1996. de valorização do capital". Neste sentido, as
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O turismo em Parques Nacionais, por sua
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o trabalho por significados, estão
culturas, expandido o contato com o outro estreitamente ligados ao trabalho
sem necessariamente facilitar a compreensão produtivo. [...] São precisamente
deste outro. lugares nos quais se reproduzem as
relações de produção, o que não
Não obstante, Lefebvre (2003) destaca exclui, ao contrário, inclui, a
que a produção dos espaços se vincula aos reprodução pura e simples da força
tempos (tempo livre, tempo de trabalho, de trabalho (LEFEBVRE, 2003, p.22).
tempo das obrigações sociais, etc.), espaços- Por conseguinte, tem-se a conjugação
tempos que permanecem atrelados às entre a ordem do espaço e a ordem do
relações sociais de produção, mesmo que se tempo; as relações de propriedade e a
tratem de esferas produtivas engendradas existência das "contradições naturais do
pelo uso do tempo de não-trabalho, tal qual espaço", submetendo assim a apropriação
é o tempo apropriado pelo turismo e o lazer da natureza aos termos da troca.
na modernidade. Conforme pontua Alfredo Não obstante, Ana Fani Carlos (1999,
(2006, p.53), a modernidade se expressa pela p.174) destaca as transformações das
ampliação do mundo da mercadoria, sendo relações espaço-temporais na modernidade,
que "os processos relativos à reprodução social sublinhando o papel do turismo como uma
são expostos e repostos pelas determinações extensão das atividades produtivas. Numa
da simultaneidade, efetividade do espaço, época de universalização do capital e dos
em detrimento das relações de sucessão, processos a ele subjacentes, haveria a
efetividade do tempo" - uma vez que, de inauguração de novas formas de se consumir
acordo com a perspectiva lefebvriana, o o espaço, isto é, "cada vez mais se compram
tempo de reprodução do capital exige que e se vendem pedaços do espaço para a
diferentes coisas aconteçam ao mesmo reprodução da vida". Por conseguinte, assiste-
tempo. Por conseguinte, tem-se o consumo se a transformações substanciais no que
do tempo e do espaço, donde o valor de uso concerne tanto ao uso do espaço quanto
sucumbe aos termos da troca16. ao acesso a ele. Assim, a mercantilização da
Nesta perspectiva, o tempo do não- natureza emerge como estratégia de
trabalho, assim como os espaços funcionais acumulação capitalista. Por sua vez, o
ao lazer e ao turismo - como as Unidades de espaço-mercadoria denota novas formas de
Conservação abertas à visitação pública -, apropriação voltadas para o lazer e o
16. A partir de uma interpretação do tais espaços podem ser concebidos como um turismo, resultando na produção de espaços
pensamento lefebvriano, Alfredo (2006,
p.67) assim interpreta tal fenômeno: prolongamento das cidades e da fragmentados pois condicionados pelas
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Um Parque Nacional aberto à visitação novas alternativas de reprodução social. O
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de uso temporário' definida pelo tempo de entorno sul, leste e norte assiste-se à
não-trabalho" (CARLOS, op.cit., p.176). monopolização do território via formação de
A racionalidade do uso destes recursos um latifúndio, processo pelo qual uma única
materialismo e suas interfaces dialógicas com Bedim (2007) sublinha ainda o cerco
diferentes ciências sociais, articulando, por da legislação e dos órgãos ambientais ao
exemplo, elementos da antropologia e modo de vida camponês e às práticas
ecologia para se atingir a 'racionalidade agrícolas tradicionalmente praticadas no
econômica' de apropriação dos recursos entorno do Parque do Ibitipoca, impondo
naturais de um dado território17. restrições no uso do solo e dos demais recursos
detrimento dos usos agrícolas e/ou extrativistas dos meios de que dispõe para produzir:
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estratégias atuais dos atingidos pela espaço social de trocas simbólicas, cuja
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abranger as interações entre os diferentes
Outrora, o ar e a água, a luz e o calor elementos que organizam e definem o
eram dons da natureza, direta ou
entorno de áreas naturais protegidas,
indiretamente. Esses valores de uso
entraram nos valores de troca; seu uso incluindo a própria sociedade que o produz,
e seu valor de uso, com os prazeres as condições do meio físico, suas áreas de
naturais ligados ao uso, se esfumam; produção agrícola, modos de vida,
ao mesmo tempo em que eles se
paisagem rural e sistemas de cultivo, entre
compram e se vendem, tornam-se
rarefeitos. A natureza, como o espaço, outros. Neste sentido, Abramovay (2000)
com o espaço, é simultaneamente propõe a incorporação dos temas de
feita em pedaços, fragmentada, natureza ambiental às estratégias de
vendida por fragmentos e ocupada
desenvolvimento rural: "à medida que a
globalmente. É destruída como tal e
remanejada segundo as exigências da noção de ruralidade incorpora o meio
sociedade neocapitalista. As natural como um valor a ser preservado - e
exigências da recondução das não como um obstáculo que o progresso
relações sociais envolvem, assim, a
agrícola deve fatalmente remover - vão
venalidade generalizada da própria
natureza. Em contrapartida, a ganhando força as políticas e as práticas
raridade do espaço, nas zonas produtivas voltadas para a exploração
industrializadas e urbanizadas, sustentável da biodiversidade" (ibid., p.9).
contrasta com o vazio dos espaços
ainda desocupados, os desertos Já Morsello (2001, p.343) lembra que o
terrestres e os espaços elemento econômico está entre os critérios
interplanetários; a carestia do espaço de seleção e delimitação de Unidades de
assim ocupado e rarefeito é um
Conservação no Brasil, destacando que "a
fenômeno recente, com conseqüência
cada vez mais graves. Esse espaço, localização dessas unidades foi determinada
sendo lugar e meio da prática social pelos custos diretos, especialmente o preço
na sociedade capitalista (isto é, da da terra", sendo que os custos indiretos - como
reprodução das relações de
18. Não obstante, Irving (2002) ressalta a o ressarcimento das populações afetadas -
importância de se incorporar a ótica social produção), assinala os seus limites
nos projetos turísticos, apontando a (LEFEBVRE, 2003, p.25). nem sempre integraram as pautas de
indissociabilidade entre estes e o
contexto do desenvolvimento regional, discussão. Morsello destaca também que um
como forma de assegurar a dimensão Nas últimas décadas, inúmeras
humana e a sustentabilidade do processo: dos grandes problemas que envolve a
"É necessário criarmos projetos que pesquisas se propuseram a apreender e
respondam aos interesses das minorias. E criação de áreas protegidas está
aqui estamos nos referindo a diversas interpretar os significados econômicos das
minorias étnicas, minorias em termos de relacionado à não incorporação de uma
renda, gênero e assim por diante. [...] È múltiplas funções que o espaço rural vem
necessário que o projeto turístico perspectiva regional na escolha e
estimule o melhoramento da qualidade de apresentando na contemporaneidade. O
vida na região onde se realiza. Os projetos delimitação de tais áreas, e que, a nível
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devem contribuir também para satisfazer fato é que pouca atenção tem sido
outras necessidades regionais. [...] O
nacional, a melhoria do manejo e da seleção
projeto turístico tem que ser absorvido despendida para se analisar a importância
também sob a ótica social. O que é que,
de fato, traz para o bem-estar, para
dessas Unidades "depende do ordenamento
das áreas rurais do entorno de Unidades de
qualidade de vida daquele lugar?" (IRVING,
2002, p.12). territorial, do estabelecimento de critérios
Conservação, concebendo-as enquanto
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específicos em nível regional, da incorporação estimuladas, poderiam contribuir
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prudente que os órgãos responsáveis pela sua
perspectiva de que a longo prazo a
gestão olhassem além das fronteiras da
implantação das Unidades de Conservação
Unidade, a partir de estudos preditivos que
compensará as populações afetadas, em
antevejam a viabilidade da implantação
termos econômicos. Entretanto, a lógica de
(ou não) do turismo na região, tendo em vista
acumulação do "capital turístico" é espacial
os desdobramentos que tal atividade projeta
e socialmente excludente, já que, a princípio,
em suas adjacências. O não planejamento
as populações locais raramente detém
territorial do entorno rural dessas áreas é o
capital de giro e maõ-de-obra qualificada,
motivo pelo qual as populações locais são
além de desconhecerem os mecanismos
duplamente afetadas, atualmente. De
econômicos da "indústria turística". Via de
pronto, sofrem os processos diretos decorrentes
regra, os ganhos econômicos do turismo se
da implantação dos parques e reservas
concentram nas mãos de grandes
(desapropriação, restrições no uso do solo,
investidores intimamente articulados aos
etc). Num segundo momento, são vítimas de
mercados de capitais. Neste sentido,
processos indiretos - como a chegada de
Lindberg e Huber (1995) estimam que menos
novos atores sociais e a subseqüente
de 10% dos gastos do turista permanecem
especulação imobiliária deflagrada no
nas comunidades dos destinos visitados.
entorno dessas áreas, a qual envolve
Ao discorrer sobre eventuais impactos
inclusive a expropriação de muitos agricultores
negativos do turismo via degradação
que não vêem outra alternativa senão
ambiental dos destinos, Coriolano (2006,
vender suas terras e viver da prestação de
p.335) aponta o turismo como elemento
serviços em turismo (BEDIM; TUBALDINI, 2006)19.
motivador de conflitos diversos, uma vez
Não obstante, Diegues ressalta que:
que, em sua relação com os fatores
19. BEDIM, Bruno P.; TUBALDINI, M. A. S. Para essas populações é ambientais, "evidencia uma das
Turismo e populações rurais do entorno de
Unidades de Conservação: dilemas incompreensível que suas atividades
socioambientais entre diferentes formas
contradições da produção social do espaço
de apropriação do território. Ciência &
tradicionais, em grande parte
Tecnologia - OLAM, Rio Claro (SP), v.6, n.2, vinculadas à agricultura de e das formas de apropriação da natureza".
dez.2006, p.356-376.
20. "O turismo, para se reproduzir, segue a subsistência, pesca e extrativismo, No sentido de sua crítica20, a autora assinala
lógica do capital, que consiste em colocar
grandes extensões da natureza a
sejam consideradas prejudiciais à o turismo como um possível elo de retorno da
disposição de poucos visitantes, natureza quando se permite a
apresentando-a como atrativos naturais relação homem-natureza, muito embora
e culturais transformados em negócios, implantação de hotéis e facilidades
expropriando da terra aquele grupo da
turísticas para usuários de fora da sejam comuns, no turismo, a recomposição
população que subsistia de atividades
nãocapitalistas. [...] Ambientes área. Paradoxalmente, grande parte dos traços de dominação do 'social' sobre o
agredidos, valores locais depreciados,
atividades tradicionais abandonadas, do orçamento das Unidades de 'natural'.
natureza agredida são impactos
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Sinopse teórica da experiência
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as telas de cinema e os jogos eletrônicos tanto
submetido no processo de evolução social,
espelham; a radicalização do simulacro de
liberando-se. Operários, mães, avôs,
um produto turístico; a catarse pré-fabricada
empresários, estudantes, advogados, maridos
e paga a prestação22.
e esposas momentaneamente se abstêm dos
Tendo em vista que o materialismo
papéis que comumente representam em
dialético sustenta, dialeticamente, que o
sociedade. Atualmente, contudo, as
material e o ideal são diferentes, na realidade
Unidades de Conservação estão cada vez
opostos, mas existem dentro de uma unidade
mais atentas em estabelecer normas de
na qual o material é primordial, levanta-se a
conduta aos visitantes, impondo regras e
seguinte questão: Que tipo de conseqüência
restrições de uso dos seus espaços. Para o
uma intervenção material, via turismo, terá
turista, tais regras, de certa, conformam o
na maneira como o homem pensa sua
retalhamento das formas de expressão do seu
relação com o meio natural? Para tanto
tempo livre.
distingue-se, neste trabalho, os seguintes
Tipologias como "turismo de aventura"
elementos: (1) a interação entre o homem e
têm nas áreas naturais protegidas os seus
a natureza, representada pela prática do
espaços por excelência, muito embora
turismo em áreas protegidas, significando o
releguem ao ambiente natural a condição
universo material; (2) a necessidade de
de componente secundário. Uma
conservação destas áreas e da própria
interpretação possível das teorizações de
espécie humana, por sua vez, o universo ideal.
Norbert Elias e Dunning (1992a) revela que a
O turismo é concebido, aqui, como fenômeno
"busca pela excitação" transcende às
social materializando-se no espaço através
paisagens cênicas; a natureza sucumbe à
de um sistema de objetos articulados.
emoção 21 ; o paraíso vira palco da
Considera-se a possibilidade de infinitas
adrenalina. A alegria e os perigos miméticos
permutas e interações entre o homem e o
moram na beira do abismo, na escuridão da
meio (interação ativa: os visitantes vão trazer
gruta, no rapel pela rocha, ou na prática do
alguma coisa, mas levarão algo consigo
nudismo em cachoeiras. O apelo idílico da
também, e vice-versa). Necessariamente,
natureza já não basta. É preciso pecar no
cada interação possível gera um impacto,
paraíso; desafiá-lo.
negativo ou positivo. Argumenta-se que o
Ao turista, enquanto indivíduo em uso
homem, através de condições materiais
de seu tempo livre, são permitidas sensações
21. Neste sentido, ver também Elias e (viagem ao meio, paisagens cênicas, belezas
Dunning (1992b). que o mundo das obrigações não aceita, por
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senão a própria experimentação, onde o natureza haverá. A indevida apropriação
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conservação dos ecossistemas em que se
Nesta perspectiva, infere-se que a inserem, os parques são categorias de manejo
presença humana em uma Unidade de cujo viés funcional os transforma em territórios
Conservação versus a necessidade de de lazer historicamente instituídos. Ademais,
preservação da natureza, enquanto um conforme já destacamos recentemente
conflito de contrários, pode viabilizar o (BEDIM; TUBALDINI, 2006), a demarcação
avanço da realidade ambiental num jurídica de porções territoriais enquanto
processo histórico de transformação Unidade de Conservação e seu subseqüente
progressiva: a interação entre homem e uso turístico potencialmente engendram
natureza, nessas áreas - de forma criteriosa e processos pelos quais diferentes atores
racional- incluindo a visitação pública passam a disputar o controle dos recursos
através de atividades de educação e disponíveis em áreas dantes geridas pelas
interpretação ambiental sensibilizadoras - populações locais, onde diferentes
podem possibilitar ao homem perceber-se representações, interesses e valores resultam
enquanto parte do meio e, por conseguinte, em distintas formas sociais de apropriação
preservá-lo. Há ainda a problemática que do território - em torno dos quais orbitam forças
envolve as áreas de preservação intensiva, políticas, simbologias e interesses conflitantes
como as Reservas Biológicas, especialmente -, tendo-se em vista a observância da
resguardadas para proteger um tipo heterogeneidade social dos grupos que dele
específico de vida, nas quais, por lei, não se se apropriam. Nesta perspectiva, torna-se
pode tolerar nenhuma atividade antrópica oportuno discutir a problemática
senão para fins científicos. Neste caso, a socioambiental que envolve as diferentes
própria ausência de interação representa um práticas de apropriação social do território
tipo de interação. Nestes termos, tais pelos grupos envolvidos no processo turístico
categorias de manejo devem priorizar pela em Unidades de Conservação e seu entorno.
garantira da preservação ou conservação i) Para os turistas, por exemplo, as Unidades
de seus recursos naturais, não pela recreação; de Conservação se apresentam enquanto
face ao risco de ameaçar quaisquer desses paisagem de consumo estético a ser visitada
objetivos, o turismo é vetado, para que não e fotografada, espaço de lazer e diversão -
se altere o status quo. representando a fuga do cotidiano das
Por outro lado, neste processo, corre-se grandes cidades e, muitas vezes, local de
perspectiva, quanto mais interação, menos determinadas "leis locais" devem ser
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respeitadas. iii) Contudo, há um outro grupo - prática transcende às necessidades
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O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
intervenção da espécie humana sobre a sua
"preservacionista", buscando resguardar as natureza externa a construir uma outra
características naturais dos ecossistemas que natureza, pretensamente conservada,
compõem os parques e seus respectivos resguardada dos mecanismos destrutivos do
entornos - muito embora efetivem algum tipo capital. Basta lembrar que foi a exploração
de exploração econômica nessas áreas. econômica dos recursos naturais pelas
A princípio, pode-se afirmar que essas sociedades modernas que suscitou -
são as principais forças que atuam e se mediante a conjuntura capitalista que
confrontam no campo dos conflitos envolve a dominação racional da natureza
ambientais que envolvem a tríade turismo, - o avigoramento das demandas sociais pela
áreas naturais protegidas e as populações criação de áreas protegidas, as quais têm se
locais - onde diferentes representações, destacado enquanto estratégia de
interesses e valores resultam em distintas formas conservação dos patrimônios naturais, à
sociais de apropriação do território. Embora medida que os principais ecossistemas do
essa problemática envolva ainda categorias planeta encontravam-se ameaçados.
mais amplas e elementos diversos, podemos Mas isso não evitou que as próprias
captar, a partir de tais constatações, o sentido Unidades de Conservação se configurassem
das transformações que o turismo confere ao enquanto espaço-mercadoria e se inserissem
uso do espaço, uma vez que tal fenômeno na lógica da acumulação. Um Parque
engendra uma nova significação social dos aberto à visitação pública, em certo sentido,
recursos naturais disponíveis. é um espaço organizado e apropriado a partir
O turismo, por sua vez, traduz de demandas externas a ele, articulando a
ontologicamente a construção prática de um si a lógica da simulação, um espaço
mundo objetivo, com o trabalho do homem diferenciadamente produzido para ser
que se exerce sobre a natureza inorgânica; a consumido sazonalmente pelo visitante. A
confirmação do homem como um ser de racionalidade do "uso" destes recursos naturais
espécie consciente. Como visto anteriormente, por populações urbanas, subjugadas ao modo
Marx encontra a explicação da praxis no de produção e às ideologias e aparatos
confronto entre a produção humana e a dos políticos dominantes, engendram a
animais. Os animais produzem apenas para transformação das práticas sociais de
o seu objetivo imediato, movido por apropriação da natureza. Parques Nacionais,
necessidades físicas, enquanto o homem assim, incorporam o mimetismo inerente às
produz de um modo universal, mesmo sociedades capitalistas; eles são expoentes
Bruno Pereira Bedim
quando está livre das necessidades físicas. O contraditórios de um modo de produção que
turismo, assim, aciona e materializa a noção tem uma capacidade muito grande de resistir
clássica de teleologia, à medida que sua e de se amoldar a diferentes situações.
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Uma Parque Nacional, na lógica do funcionalmente requer, ironicamente, o seu
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O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
no Desenvolvimento Contemporâneo. Rio
econômica da natureza, os órgãos gestores de Janeiro: IPEA, 2000b. (Texto para
dos parques permitem que estes paraísos do Discussão nº 702).
imaginário ocidental estejam ALFREDO, A. O mundo moderno e o espaço:
temporariamente "contaminados" por alguns apreciações sobre a contribuição de Henri
atores sociais (turistas), desde que os mesmos Lefebvre. GEOUSP - Espaço e Tempo, São
paguem por isso. Resta saber qual ethos Paulo, n.19, p.53-79, 2006.
orienta tal concepção: uma nova AOUN, Sabáh. Paraíso à vista - os jardins do
configuração da relação homem-natureza éden oferecidos pelo turismo. In:
ou a reles concepção dos Parques e Reservas RODRIGUES, A.B. (org.). Ecoturismo no Brasil:
como espaço-mercadoria cuja importância possibilidades e limites. São Paulo:
transcende à "conservação da natureza" - Contexto, 2003. p.15-27.
materializando sua funcionalidade atual no ARON, Raymond. O Marxismo de Marx. Trad.
preço do ingresso cobrado aos turistas? Jorge Bastos. São Paulo: Arx, 2003.
Não obstante, a lógica do capital BEDIM, Bruno P. O processo de intervenção
incorpora, dialeticamente, a noção de social do turismo na Serra de Ibitipoca
"ecologia', "conservação", "desenvolvimento (MG): simultâneo e desigual, dilema
sustentável", "ecoturismo", "educação camponês no "Paraíso do Capital". 330 f.
ambiental", etc. A apropriação difusa de tais Dissertação (Mestrado em Organização,
termos e seus significados multiplicam-se no Gestão e Produção do Espaço -
cenário contemporâneo, em que o discurso Geografia/ IGC-UFMG). Versão prévia
ambientalista e o pensamento ecológico apresentada no Seminário de Dissertação
reconfiguram-se; onde a educação em jul.2007. Defesa prevista para dez.2007.
ambiental firma-se como pré-requisito de uma Belo Horizonte: Instituto de Geociências da
era revolucionária na história da vida no UFMG, 2007.
planeta, na qual o homem não pode mais BEDIM, Bruno P. A dialética do turismo em
negligenciar o futuro e destruir a natureza áreas naturais protegidas. Ciência &
como se não fizesse parte dela. Neste início Tecnologia - OLAM, Rio Claro (SP), v.7, n.1,
de século, ainda que as sociedades estejam maio 2007, p. 1040-1044.
crescentemente se tecnificando, a BEDIM, Bruno P. A questão agrária face a
problemática envolvendo o turismo e as produção capitalista de espaços turísticos
Unidades de Conservação expõe as no entorno de Unidades de Conservação:
desigualdades e contradições do modo de confrontações da "matéria" subjacente
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Produção do Espaço/ Geografia (IGC- LEFF, Enrique. Ecologia, Capital e Cultura:
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O espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico: a dialética da visitação pública em áreas protegidas - um ensaio teórico
de Conservação: dilemas socioambientais São Paulo, n.74, p.23-46, 1996.
entre diferentes formas de apropriação do MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia
território. Ciência & Tecnologia - OLAM, Rio alemã. Trad. José Carlos Bruni e Marco
Claro (SP), v.6, n.2, dez.2006, p.356-376. Aurélio Nogueira. São Paulo: Hucitec, 1984.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. O consumo do MORSELLO, C. Unidades de Conservação
espaço. In: __________ (Org.). Novos Públicas e Privadas: Seleção e Manejo no
caminhos da geografia. São Paulo: Brasil e Pantanal Mato-Grossense. In:
Contexto, 1999. p.173-186. JACOBI, P. R. (Org.). Ciência Ambiental: os
CORIOLANO, Luzia Neide. Turismo e meio desafios da interdisciplinaridade. São
ambiente: interfaces e perspectivas. Paulo: Annablume/Fapesp, 2000. p.333-
Ciência & Tecnologia - OLAM, Rio Claro (SP), 358.
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natureza intocada. 4.ed. São Paulo: das Letras, 1996.
Annablume: Hucitec: Núcleo de Apoio a SEABRA, Odette Carvalho de Lima. A
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el proceso de la civilización. Trad.
Purificacion Jimenez. México: Fondo de
Cultura Económica, 1992(a). Cronologia do processo editorial:
__________. A busca da excitação. Trad. Recebimento do artigo: 12-jul-2007
Envio ao parecerista: 05-nov-2007
Maria Almeida e Silva. Lisboa: Difel, 1992(b). Recebimento do parecer: 02-dez-2007
IRVING, Marta de Azevedo. Palestra com Envio para revisão do autor: 02-dez-2007
Recebimento do artigo revisado: 05-dez-2007
Marta Irving. Caderno Virtual de Turismo, Aceite: 06-dez-2007
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