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COMO A INOVAÇÃO DE PRODUTO PODE COLABORAR COM A REDUÇÃO DE

IMPACTOS AMBIENTAIS: UM ESTUDO DE ECODESIGN

Waldir Ventura Filho


Mestrando em Engenharia e Gestão da Inovação
Universidade Federal do ABC - UFABC
wvfilho@aluno.ufabc.edu.br

Frederico Ventura
Aluno do Bacharelado em Ciência e Tecnologia
Universidade Federal do ABC - UFABC
frederico.ventura@aluno.ufabc.edu.br

Resumo

A preocupação ambiental é cada vez mais recorrente e, com isso, diversas


ferramentas são desenvolvidas para diminuir o impacto causado pelo consumo do
ser humano. Uma destas ferramentas que permitem a inovação de produto é o
ecodesign, que estuda o design de um produto, seu ciclo de vida e critérios como
qualidade, aparência e custo. O objetivo deste trabalho foi analisar a eficácia do
ecodesign através de um estudo de caso com frascos distintos de desodorante spray
contendo ou não o conceito. Os materiais dos frascos foram levados em
consideração e as quantidades descartadas quando se utiliza um frasco comum e
um frasco que contenha refil. A partir disso, pode-se identificar os benefícios da
ferramenta para a redução de impactos ambientais.

Palavras-chave: Inovação de produto, Ecodesign, Impacto ambiental,

1. Introdução

O ser humano sempre dependeu dos recursos naturais, e sempre que


necessário, retirou da natureza os bens necessários à sua sobrevivência. No
entanto, a revolução industrial em decorrência da mecanização diminuiu
significativamente a quantidade de esforço e tempo de dedicação do homem para tal
(FERRÃO, 2009). Um novo modelo de trabalho surgiu em decorrência da
industrialização, que desencadeou em mudanças radicais nos sistemas político e
socioeconômico da época (CHIAVENATO, 2004).
Os elevados níveis produtivos levaram as empresas à realização de atividades
de excessiva exploração dos recursos naturais que por sua vez proporcionou à
sociedade uma enorme quantidade e variedade de produtos, tornando-a consumista
e cada vez mais exigente em relação a novos produtos: novas tecnologias,
materiais, aparências, funcionalidades, dentre outros fatores competitivos (NAIME;
ASHTON; HUPFFER, 2012). O resultado foi a geração de resíduos sólidos e a
emissão de compostos líquidos e gasosos em enormes quantidades no meio
ambiente (FERRÃO, 2009).
A preocupação ambiental dentro das empresas, segundo Guelere Filho et al.
(2008), só veio a ocorrer entre as décadas de 1970 e 1980, em decorrência do
aumento da conscientização da população. Segundo Ferrão (2009), a preocupação
também apareceu nas Nações Unidas, que em 1972 promoveram a conferência de
Estocolmo. Apesar deste não ter sido o primeiro acontecimento destinado a acordos

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ambientais, foi o primeiro com um número significativo de participantes: 119 países e
400 organizações não governamentais.
Foi a partir de então que ferramentas relacionadas à preocupação ambiental e
ao desenvolvimento sustentável começaram a surgir. Uma delas é o ecodesign,
ferramenta que será abordada e analisada no decorrer deste trabalho.

2. Objetivo

O objetivo principal deste projeto foi realizar uma comparação entre um


recipiente de desodorante spray desenvolvido a partir do conceito de ecodesign e
um recipiente de desodorante spray que não contempla o mesmo conceito. Esta
comparação ocorreu a fim de verificar a diferença de material descartado para o
meio ambiente após o uso do desodorante e o impacto que cada produto pode
causar ao ser descartado.

3. Revisão Bibliográfica

Durante a evolução dos seres humanos os recursos naturais foram vastamente


explorados, inicialmente para sobrevivência da espécie e, depois, com fins
econômicos. Além disso, o crescimento da população gera aumento dos recursos
necessários para a manutenção da vida e, desta forma, ocorrem impactos
ambientais que desequilibram o ecossistema (CECCONELLO, 2008).
A inovação de produtos é uma atividade que cada vez possui mais importância
dentro das empresas pela concorrência de mercado e demandas dos consumidores
(SENHORAS et al., 2007), mas também passou a ter protagonismo nas empresas
por causa de apelos especialmente dos órgãos não-governamentais para que
fossem criados produtos mais limpos.
A partir desse pressuposto, as empresas passaram a entender melhor como
seus produtos seriam descartados após serem utilizados. Segundo Abrantes (2006),
há um novo ciclo de vida do produto, o qual possui oito fases:
I – Pesquisa de Mercado; II – Pesquisa do Produto; III – Desenvolvimento do
Produto; IV – Produção e introdução do Produto no Mercado (geração de lucro); V –
Crescimento das vendas/produção (aceitação pelo mercado, com geração de lucro);
VI – Maturidade do Produto (vendas param de crescer e lucro se estabiliza); VII –
Declínio e morte do Produto (vendas e lucro diminuem); VIII –
Descarte/reuso/reciclagem do produto

Figura 1: As oito fases do ciclo de vida de um produto (ABRANTES, 2006).

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Para abordar todo este ciclo de vida do produto, diversas ferramentas podem
ser utilizadas. Uma delas, abordada neste trabalho, é o ecodesign,
Conforme aponta PAZMINO, 2007, ecodesign consiste na integração de
conceitos ambientais no desenvolvimento e design de um produto e tem como base
o ciclo de vida e outros critérios deste produto, como aparência, custo e qualidade.
Outro ponto de relevância é que, no ecodesign, há a preocupação de se utilizar o
menor número de material e que tenham o menor impacto possível, sendo,
desejavelmente, mais sustentável e reciclável, otimizando a produção e minimizando
todos os impactos ambientais associados.
Convém dividir o ecodesign em cinco fases para definir estratégias particulares
a cada uma delas com o intuito de diminuir o impacto ambiental. São essas cinco
fases: Pré-produção; Produção; Distribuição; Produto ou Serviço e Descarte ou
Reutilização (VILELA JÚNIOR, 2006).
Na fase de pré-produção é onde há as escolhas dos recursos a serem
utilizados, as inovações a serem implantadas no produto e a contemplação dos
aspectos pertinentes a obsolescência. Na segunda fase (produção) são levadas em
consideração todas as atividades desenvolvidas até a consolidação do produto final,
além da quantidade de energia e matérias-primas utilizadas durante a produção. A
fase da distribuição é iniciada a partir do momento que o produto precisa ser
entregue ao cliente, preservando toda sua integridade. Na fase de uso do produto
(ou serviço) leva-se em consideração: durabilidade, quanto será consumido de
energia e de insumos auxiliares ou de utilização durante todo ciclo de vida do
produto. Enfim, a última fase, descarte ou reutilização, preocupa-se com o destino
do produto ao final de sua vida útil, para que seja feito o descarte, e se possível,
reciclar o material, ou com o prolongamento desta, havendo a reutilização do
produto proporcionando maiores benefícios ambientais (VILELA JÚNIOR, 2006).

4. Materiais e Métodos

4.1 Base do estudo


A fim de analisar a eficácia do ecodesign, objetivou-se desenvolver uma análise
comparativa dos impactos ambientais de dois recipientes de desodorantes, com e
sem ecodesign, respectivamente. Desta forma, para realizar esta análise, foram
necessários como materiais:
- 1 Frasco de polipropileno de desodorante spray de 100 mL com conceito de
ecodesign com compartimento para até 10 refis;
- 1 Refil de polipropileno de desodorante spray com conceito de ecodesign;
- 1 Frasco de desodorante spray de 90 mL feito de polietileno de baixa
densidade sem conceito de ecodesign;
- 1 Balança de precisão com graduação de 1g com pesagem até 5kg;
- 2 Béqueres para armazenar os líquidos.

Após a definição dos materiais para estudo, julgou-se que as técnicas utilizadas
deveriam ser o um estudo de caso e uma análise quantitativa dos materiais.
Segundo Yin, 2001, o estudo de caso foi negligenciado por muito tempo, pois
não transmitia a devida confiabilidade na época nos campos da ciência, senão para
as pesquisas com natureza exploratória. Todavia, o conceito atualmente é tratado de
forma melhor enquadrada, que reconhece este estudo como estratégico para
analisar um fenômeno que ocorre dentro de um certo contexto, os quais não são
claramente relacionados.

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A análise quantitativa é um tipo de análise
que assenta no positivismo lógico e refere-se ao
conjunto de métodos quantitativos utilizados na
análise e descrição de um fenómeno. Trata-se de
uma análise mais objetiva, mais fiel e mais exata,
visto que a observação é mais controlada do que
na análise qualitativa. Esta última refere-se a um
procedimento mais intuitivo, mais maleável e mais
adaptável a índices não previstos (INFOPÉDIA,
2016).

Partindo-se das técnicas a serem utilizadas, o procedimento iniciou-se com a


retirada de todo o líquido dos frascos de desodorante spray e do refil para os
béqueres, seguido pela lavagem dos frascos e do refil.
Após a secagem de todos os recipientes, foi realizada a identificação de cada
material das embalagens e em seguida efetuada a pesagem de todos os elementos,
sendo eles os frascos e suas partes internas, bem como o refil (Anexos D, E e F).
Os dados de pesagem foram anotados em uma tabela com a quantidade exata
da massa de cada material.
Por fim, os líquidos presentes nos béqueres foram devolvidos aos seus
recipientes originais e toda a aparelhagem utilizada foi higienizada.

4.2 Análise do impacto ambiental


Para realizar a análise de impacto ambiental são necessárias as informações
dos materiais estudados, as quais seguem:

Polipropileno (PP)
É um material produzido a partir da polimerização do gás propileno. É um plástico
que apresenta alta resistência à ruptura, impactos, química e elétrica. Desta forma, é
muito utilizado para se fazer diversos tipos de recipientes

O polipropileno, quando jogado no ambiente libera propeno, cuja principal


preocupação está associada na formação de ozônio ao nível do solo, o que pode
prejudicar as culturas e materiais. O Propileno também causa efeitos no corpo
humano, tendo sua entrada por inalação de ar, o que pode levar a sintomas como
sonolência, perda de memória, demência de extremidades, náuseas, hemorragias
gastro-intestinal, entre outros (SEPA).

Polietileno (PE)
Este material é um plástico obtido através da polimerização do etileno. É utilizado e
larga escala e um dos mais conhecidos. Pode ser produzido em Alta Densidade
(PEAD) ou Baixa Densidade (PEBD). Este segundo é formado por moléculas
menores, portanto é um material mais maleável, o que o torna utilizado em larga
escala por sacolas, sacos e no recipiente de um dos desodorantes do estudo.

Assim como o Polipropileno, o Polietileno pode causar os mesmos efeitos no


meio ambiente e ser humano, devido à similaridade nas cadeias de hidrocarbonetos.
O descarte de ambas substâncias não são benéficas ao meio ambiente, lençol
freático e ser humano. Especialmente levando-se em consideração que o plástico
demora em média 450 anos para se decompor (RICCHINI)

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Para a análise de impacto ambiental, levou-se em consideração as
informações de impacto dos materiais envolvido e efetuou-se um cálculo para saber
quanto é descartado no meio ambiente de acordo com o tipo de desodorante
consumido.

5. Resultados e Discussão

Os resultados obtidos pela pesagem estão representados na tabela acima,


conforme os anexos D, E e F.

Qtd. de material (g)

Produto PEBD PP Embalagem papel

Desodorante (1) 17 6 0

Desodorante (eco) (2) 0 36 11

Refil (2) 0 13 9
Tabela 1: Resultados das pesagens

Para efeito comparativo e devido às semelhanças das propriedades dos


plásticos polietileno de baixa densidade (PEBD) e polipropileno (PP) (densidades de
0,915 a 0,925 g/cm³ e 0,90 a 0,92 g/cm³, respectivamente), além dos impactos
ambientais causados pelos mesmos, será considerada a soma total da quantidade
de plástico utilizada em cada uma das opções de desodorante (DANIELETTO,
2011).
Desta forma, notou-se que o recipiente do desodorante spray sem o conceito
de ecodesign produz 23g de plástico como resíduo sólido para o meio ambiente
quando descartado e o recipiente do desodorante spray com o conceito de
ecodesign 36g no primeiro uso e mais 13g para cada refil comprado, além de 11g de
papel para o desodorante e 9g para o refil.
Considerou-se que os impactos ambientais causados pelo plástico são muito
maiores do que os causados pelo papel, ainda mais por tratar-se de papeis
reciclados nas embalagens do produto.
Desta forma, podemos chegar às seguintes equações lineares para os
recipientes:
(1) y = 23x (desodorante sem o conceito)
(2) y = 36, para o primeiro desodorante; y = 36 + 13x, para x > 1 (desodorante
com conceito de ecodesign)
Sendo assim, pode-se elaborar um gráfico a fim de comparar a utilização de
cada um dos desodorantes.
Pode-se observar que a partir do terceiro (3o) desodorante, os resíduos totais
emitidos pelo desodorante com ecodesign são menores do que os do desodorante
comum.

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Resíduos plásticos das embalagens
250
Quantidade de resíduos sólidos (gramas)

200

150
Desodorante sem o conceito

100 Desodorante com ecodesign

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gráfico 1: Funções da quantidade de gramas consumidos (y) pela quantidade de desodorantes


adquiridos (x).

6. Conclusão

Após o estudo de caso entre os recipientes dos desodorantes spray, concluiu-


se que, para o meio ambiente, o desodorante sem ecodesign será menos agressivo
até o terceiro frasco adquirido, pois será descartada uma quantidade menor de
plástico. Já o desodorante com o conceito de ecodesign irá agredir menos o meio
ambiente caso uma pessoa vá consumir a partir de 4 frascos de desodorante.
Considerando que o Brasil é o líder mundial no mercado de desodorantes
(MARTINS, 2015) e que pelo menos um desodorante é utilizado por mês por uma
pessoa, serão consumidos mais do que 4 frascos por ano de qualquer desodorante.
Desta forma, conclui-se que é muito mais vantajoso para o meio ambiente utilizar o
desodorante spray com o conceito de ecodesign, o que explicita os benefícios desta
técnica em prol do meio ambiente.

7. Referências

ABRANTES, J. Ciclo de vida de um produto: considerações mercadológicas,


da produção e de conservação do meio ambiente. 2006.

CECCONELLO, V. M. O estudo de impacto ambiental. 2008.

CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 7ª edição. Rio de Janeiro:


Elsevier Editora Ltda., 2004

DANIELETTO, José Roberto B. O polietileno e o polipropileno - parte 1. FGS


Brasil Blog. Disponível em: <http://www.tubopead.com.br/2011/04/o-polietileno-e-o-
polipropileno/>. Acesso em 07 de out. 2016

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QUARTIM, E. Design Sustentável ou Ecodesign? Embalagem Sustentável.
Disponível em: <http://embalagemsustentavel.com.br/2010/10/21/design-
sustentavel-ecodesign/>. Acesso em: 4 de out. 2016.

FERRÃO, P. C. Ecologia Industrial: Princípios e Ferramentas. 1ª edição. Lisboa:


IST Press, setembro de 2009

GUELERE FILHO, A. et al. Ecodesign: Métodos e Ferramentas. 2008. Disponível


em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_tn_sto_077_542_12125.pdf>.
Acesso em: 05 de out. 2016

INFOPÉDIA. in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico. Porto: Porto Editora,


2003-2016. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/$analise-quantitativa>. Acesso
em: 08 de out. 2016

MARTINS, R. Líder mundial no segmento de desodorantes, mercado brasileiro abre


espaço para os aerossóis compactos. Disponível em:
<http://www.brazilbeautynews.com/lider-mundial-no-segmento-de-desodorantes-
mercado,918>. Acesso em: 08 de out 2016.

NAIME, R; ASHTON, E.; HUPFFER, H. M. Do Design ao Ecodesign: pequena


história, conceitos e princípios. Mar - Ago 2012 Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/reget/article/viewFile/5265/3630>. Acesso em: 05 de out.
2016

PAZMINO, A. V. Uma reflexão sobre Design Social, Eco Design e Design


Sustentável. I Simpósio Brasileiro de Design Sustentável. Curitiba, setembro de
2007.

RICCHINI, Ricardo. Qual o tempo de decomposição dos materiais?. Disponível


em: <http://www.setorreciclagem.com.br/3rs/qual-o-tempo-de-decomposicao-dos-
materiais/>. Acesso em 8 de out de 2016.

SENHORAS, Elói Martins, TAKEUCHI, Kelly Pereira, TAKEUCHI, Katiuchia Pereira. Gestão
da Inovação no Desenvolvimento de Novos Produtos. 2007.

SCOTTISH ENVIRONMENT PROTECTION AGENT (SEPA). Propylene. Disponível


em: <http://apps.sepa.org.uk/SPRIPA/Pages/SubstanceInformation.aspx?pid=83>.
Acesso em 08 de out de 2016.

VILELA JÚNIOR, A.; DEMAJOROVIC, J. Modelos e Ferramentas de Gestão


Ambiental: desafios e perspectivas para as organizações. 2ª edição. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2006

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,


2001

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8. Anexos

Anexo A: foto da embalagem do desodorante spray sem conceito de ecodesign

Anexo B: foto da embalagem do desodorante spray com conceito de ecodesign

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Anexo C: foto da embalagem do refil do desodorante

Anexo D: fotos da pesagem do desodorante sem o conceito de ecodesign

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Anexo E: fotos da pesagem do desodorante com o conceito de ecodesign

Anexo F: fotos da pesagem da embalagem do refil

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Anexo G: foto de ambos desodorantes desmontados

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