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Fevereiro de 2014
Fechamento autorizado
pode ser aberto pela ECT
OS DESAFIOS DA
ADOÇÃO
A matéria de capa desta edição aborda
os mitos da adoção e as barreiras para o
aprimoramento do instituto no país
ENTREVISTA OPINIÃO
A psicanalista Maria Antonieta Pisano Motta fala Um olhar crítico e preventivo sobre a Leia as principais notícias
pág. 5 sobre as mães que entregam seus filhos para pág. 14 equivocada “devolução de filho adotivo” pág. 10 sobre Direito de Família
adoção por Kátia Regina Maciel
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EXPEDIENTE
DIRETORIA EXECUTIVA
BARREIRAS E
Diretor do Conselho Consultivo: Jose Fernando Simão (SP)
Diretor de Relações Internacionais: Paulo Malta Lins e Silva (RJ); 1º Vice: Cássio Sabbagh
Namur (SP), 2ª Vice: Adriana Antunes Maciel Aranha Hapner (PR); Secretária: Marianna
de Almeida Chaves Pereira Lima (PB)
Diretora de Relações Interdisciplinares: Giselle Groeninga
AVANÇOS
Superintendente: Maurício Santos
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Diretor Norte: Zeno Veloso (PA);
Diretor Nordeste: Paulo Luiz Netto Lôbo (AL)
Diretora Centro-Oeste: Eliene Ferreira Bastos (DF)
Diretor Sul: Luiz Edson Fachin (PR)
Diretora Sudeste: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP)
SXC
SXC
PÁG. 10 notícias
Evelin Basile (SP), membro do IBDFAM
“As questões sobre partilha no divórcio e na união estável são temas pouco comentados”.
Entrevista.. ........................... pág. 5
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ENTREVISTA
O OUTRO
LADO DA
ADOÇÃO
Quem são as mães que entregam
seus filhos para adoção? Essa
pergunta nebulosa e evitada pela
maioria tornou-se o principal tema
de estudo da psicóloga e psicanalista
Maria Antonieta Pisano Motta,
especialista em Psicologia Clinica
e Jurídica e autora do livro “Mães
Abandonadas: a entrega de um filho
em adoção” (Editora Cortez, 2008).
Em entrevista ao IBDFAM, Maria
Antonieta aborda os motivos que
levam as mães a entregarem seus
filhos e ressalta a importância de
conhecer a realidade dessas mães
para o aprimoramento de políticas
públicas que busquem soluções mais
humanizadas para o processo de
adoção. “Somente quando estivermos
liberados do mito do amor materno é
que poderemos compreender que nem
sempre a criança estará melhor com
sua mãe ou sua família biológica”,
relata. Confira a entrevista:
EM QUAIS CIRCUNSTÂNCIAS, MAIS
COMUNS, AS MULHERES ENTREGAM
SEUS FILHOS PARA ADOÇÃO?
É claro que a maioria dos casos se
refere às mulheres que pertencem às
classes menos favorecidas, seja social
como economicamente. Não se pode
dizer, entretanto, que haja uma regra.
São mulheres dos mais diferentes níveis
sociais e educacionais. Essas mulheres
podem estar vivendo difíceis situações de
vida que inviabilizam sua permanência
com a criança. Falta-lhes patrimônio,
por vezes concreto, outras vezes interno.
Não tiveram amor, não foram criadas
para serem mães amorosas, pois
elas próprias não conheceram o amor
familiar. Para outras, sobra-lhes amor
5
pelo filho e não querem que ele carregue COMUNS DAS MULHERES QUE em adoção como abandono graças aos
as consequências de seus passos. ENTREGAM OU ABANDONAM SEUS valores socialmente estabelecidos,
Muitas não querem que os filhos passem FILHOS? segundo os quais a maternidade e a
pelo o que elas próprias passaram e maternagem são naturais e, portanto,
A decisão de entregar um filho em
os entregam numa atitude protetiva e presentes em todas as mulheres. Diz o
adoção ou a ideia de fazê-lo pode ter
amorosa, esperando que encontrem mito que a criança, se a própria natureza
vários significados, desde aceitar a
uma família que possa bem criá-los. Há for respeitada, deve ser criada pela mãe,
impossibilidade de criá-lo, sua rejeição à
também aqueles casos da mulher doente caso contrário, terá sido abandonada.
criança ou aceitar a frustração do amor e
mentalmente, da mulher desesperada.
do desejo de maternar. Não há evidências O mito do amor materno deixa sua
Há circunstâncias em que essas crianças
que justifiquem a pressuposição de nítida influência sobre a construção
são filhas do crack e a mãe se encontra
que a difícil experiência de entregar de estigmas em relação às mães que
em tal situação que nem pode cuidar da
um filho em adoção se dilua com o entregam seus filhos e impede que
sua própria sobrevivência. Em outras
tempo até extinguir-se, pois o que se muitas delas possam entregá-los legal
circunstâncias a criança é filha do
verifica é que a tristeza e o remorso e oficialmente, ficando assim, de forma
estupro, do incesto, do amor acabado.
frequentemente se fazem presentes, indireta, incentivada a adoção chamada
Importante lembrar que a sociedade e
quando tudo parece estar concluído consensual, em que a mulher entrega seu
elas próprias entendem que a gravidez
(afinal elas fazem parte da mesma filho aos pretendentes sem garantias de
e o destino a ser dado à essa criança é
cultura que as estigmatiza e condena). que de fato seu filho estará em segurança
responsabilidade delas, ficando o homem
e terá garantido seu direito de crescer
eximido de qualquer responsabilidade ou A separação entre a mãe e a criança
em uma família saudável e adequada. A
possibilidade mesmo de tomar alguma parece vir acompanhada de um luto sem
substituição do termo ou do conceito de
decisão diferente daquela de entregar ou fim. Essas mulheres revelam sentir-se
“
abandono pelo conceito de entrega propõe
abandonar seu filho. consternadas nas datas de aniversário de
formas de expressão menos carregadas
QUAL FOI O CASO MAIS MARCANTE de preconceito, de conotações de valor e
de julgamento negativo sobre o ato de a
DURANTE SUA PESQUISA?
Casos que envolvem a separação
entre mãe e filho são sempre marcantes.
Para mim, são de tal forma que me senti
levada a tentar compreender este ato e
A SEPARAÇÃO
ENTRE A MÃE E A
CRIANÇA PARECE VIR
ACOMPANHADA DE UM
LUTO SEM FIM.
“ mulher não criar o filho que pariu.
Essa mulher transgressora questiona
a sociedade patriarcal e a atribuição dos
papéis segundo o gênero, sendo que ao
a estudá-lo para encontrar formas de feminino ainda se atrela a obrigação,
ajudar, de intervir de alguma forma nessa quase que exclusiva, pela criação dos
realidade que é tão dura e dolorosa, para filhos. Os pais ou a mãe que ainda são
a mãe, para o filho, e, às vezes, para a seus filhos, em reuniões familiares, em detentores do poder familiar muito
família. É dura até para nós que, do alto comemorações importantes. Muitas delas embora com frequencia não a vejam há
de nossa condição de pesquisadores, nos “criam” seus filhos em suas mentes; anos privando-a de uma vida em família.
vemos enredados em histórias tristes de outras evitam novos relacionamentos A criança que nas ruas é explorada sob a
luto infinito, de mães que passam a vida devido ao medo, vergonha e culpa; vigilância da mãe, leva ao questionamento:
buscando pelos filhos que entregaram algumas referem dificuldades na Quem são os verdadeiros filhos do
em adoção. Não há como dizer se o mais maternagem de seus outros filhos, ou de abandono?
marcante é a história da menina de 17 filhos supervenientes à entrega. Pautam,
assim, seu relacionamento num segredo QUAIS NOÇÕES PAIRAM PELO
anos que foi estuprada pelo namorado
e numa ansiedade que fatalmente gerarão INCONSCIENTE COLETIVO E FAZEM COM
ameaçada com arma, ou daquela mãe que
consequências danosas para todos QUE DESPREZEMOS ESSAS MULHERES
perdeu seu barraco num incêndio e, com
os envolvidos. Mesmo aquelas mães E QUE AS CONSIDEREMOS MONSTROS?
três filhos para criar, foi abandonada pelo
que não demonstram arrependimento POR QUE TANTO DESCONFORTO?
marido no mesmo instante em que perdeu
tudo o que tinha, ou daquela universitária por não terem permanecido com seu O abandono de crianças é um problema
que foi estuprada num assalto, ou mesmo filho terão seu luto a fazer. Terão que social prenhe de preconceitos. O abandono
daquela moça que, mesmo tendo seu elaborar a perda de sua auto- estima, se localiza historicamente em um cenário
noivo aceito a gravidez de um filho que de sua dignidade, de sua honra. patriarcal, onde o poder do pai, do homem,
não foi gerado por ele, não pode encontrar seja pela força ou pressão direta, seja
QUAL A DIFERENÇA ENTRE ENTREGA E
em si a força, o amor, a motivação pela tradição, pela lei, pelos ritos, define o
ABANDONO?
para permanecer com esse filho. papel que a mulher deverá desempenhar
É clara a tendência em encarar toda socialmente. Maternidade e abandono são
QUAIS SÃO OS SENTIMENTOS MAIS separação entre mãe e filho entregue conceitos que se modificam de acordo com
6
ENTREVISTA
o modelo vigente ligado a mecanismos sociais. O saber cuidar do filho não é o adotar, atendendo à profilaxia do vínculo a
ideológicos e culturais dominantes em cada mesmo que poder ficar com ele. Saber ser estabelecido entre pais e filhos adotivos,
época. Surgem diferentes modelos de ser cuidar dele também não significa querer pois a profilaxia da situação de entrega é
mãe, baseados em diferenciação de papéis, fazê-lo. Vale lembrar que permanecer tão ou mais importante na medida em que
sempre enaltecidos e defendidos de acordo com a criança nem sempre é a melhor é o ponto onde tudo começa e porque terá
com o sistema econômico dominante, solução para a mãe e especialmente para graves consequências caso não seja bem
especialmente em tempos de crise. a criança. Permanecer com a criança encaminhada.
sem que a mãe tenha consciência dos
Se entendermos que, abandonada O QUE PRECISA SER MODIFICADO
motivos e das consequências da decisão
não é só aquela criança ou adolescente PARA QUE O PROCESSO DE ADOÇÃO
pode ser igualmente desastroso. Ela pode
concretamente separada de seus genitores, INCORPORE TAMBÉM AS MÃES
futuramente vir a engrossar as fileiras
mas também aquela que, estando em sua BIOLÓGICAS? POR QUE A SITUAÇÃO
das mães que maltratam seus filhos, que
companhia é submetida a maus-tratos, não DE ENTREGA É IMPORTANTE NESSE
os ignoram, que lhes infligem castigos
“
atendida em seus direitos mais essenciais, PROCESSO?
inomináveis ou os criam nas ruas ou até
poderemos então rever nossa percepção
O atendimento carece de capacitação e
sobre o ato de uma mulher que entrega
seu filho em adoção ou mesmo daquela
que o deixa na porta de um hospital porque
ela própria foi e é abandonada, seja pela
sua própria mãe, seja pela sua própria
família, seja pela sua comunidade, seja pela
O AMOR MATERNO NÃO
É UM INSTINTO. ELE
NÃO É BIOLOGICAMENTE
DETERMINADO.
“ de postura ética nos mais variados pontos
do processo de entrega para adoção.
Desde as instituições hospitalares ou de
abrigamento que intermedeiam a entrega
da criança e que, por muitas vezes,
sociedade como um todo, ou seja por cada fazem disso uma forma ilícita de ganhar
um de nós. dinheiro, precisariam ser identificados,
coibidos e também punidos. Os
O QUE FAZ COM QUE ESSAS MULHERES chegam a situações extremas de abandono profissionais das diferentes instituições,
NÃO DESENVOLVAM O INSTINTO ou infanticídio. Partir dos a prioris de que a ainda que bem intencionados, muitas
MATERNO COMUM EM NOSSA criança estará sempre melhor com a mãe vezes carecem de capacitação, quer para
SOCIEDADE? biológica e que os laços de sangue são auxiliar essas mães em seu processo de
aqueles a serem preservados a qualquer tomada de decisão, como na elaboração
Primeiramente, cabe esclarecer que custo, podem conduzir a atitudes que, de seu luto quando a entrega da criança
o amor materno não é um instinto. Ele embora bem-intencionadas, revelam-se é concretizada. Os procedimentos
não é biologicamente determinado. Isso extremamente prejudiciais. judiciários carecem de uniformidade,
não significa que o amor materno não
provocando uma corrida para aquelas
exista e, sim, que ele se desenvolve sob COMO TORNAR ESSE MOMENTO DE
varas onde reconhecidamente o juiz é
certas condições que nem sempre estão ENTREGA MAIS HUMANIZADO. E COMO
a favor da entrega direta ou da adoção
presentes quando uma mulher engravida. PROPORCIONAR MAIS AUTONOMIA E
consensual e a tentativa de evitação
É no dia a dia, é na conversa da mãe DISCERNIMENTO PARA AS MULHERES
daquelas varas em que juiz não aceita a
com o filho na barriga, que em resposta QUE OPTAM PELA ENTREGA?
decisão da mãe, censura, critica, condena
se movimenta, é no olhar desprotegido
Quando se estuda o tema “adoção” é a mulher que declina não desejar ou não
do bebê que a mãe tende a acalentar, é
fácil perceber o privilégio dado a dois dos poder fazer-se cargo de seu filho. São
no dia a dia de cuidados e desvelo e na
vértices do triângulo adotivo: a criança essas atitudes que fazem aparecer as
recompensa do beijo carinhoso da criança
adotada e os pais adotantes. Por outro crianças nas lagoas e nos bancos das
na mãe que se desenvolve o amor materno.
lado, escasseiam os trabalhos referidos à praças, Não é a informação cuidada e
É na possibilidade de sentir que aquela
mãe biológica, ou seja, à mãe que entrega bem dirigida à mulher que não deseja
criança vai completá-la e não que será
o filho em adoção. Ela quase não tem sido criar seu filho, que estimulará entregas
um problema. É na expectativa de alguém
objeto de estudos em nosso meio, quer e especialmente entregas diretas. É a
que completará a felicidade familiar que se
envolvendo uma descrição extensiva, quer não aceitação, o preconceito e a falta de
desenvolve esse amor que muitas vezes
de pesquisas qualitativas que permitam flexibilidade e empatia para compreender
chega antes que a própria criança, e não
aprofundar a compreensão da dinâmica não apenas a situação de cada mulher
no seio de uma família destruída onde não
interna da “decisão” da mulher em em sua especificidade, mas para atribuir
há amor entre o casal, onde a necessidade,
separar-se de seu filho, bem como de a cada criança a melhor solução possível.
o vício, a tragédia que o amor pelo filho se
seu estado e dinâmica psicológicos no Somente quando estivermos liberados do
desenvolve. A decisão de tê-la consigo não
pós-entrega. Precisamos saber quem mito do amor materno é que poderemos
constitui decorrência de uma realidade
são, e precisamos fazer algo com esse compreender que nem sempre a criança
instintiva, mas remete a uma alternativa
conhecimento. Não basta questionarmos estará melhor com sua mãe ou sua
atravessada por variáveis psíquicas e
os motivos que levam um casal a desejar família biológica.
7
OS MITOS DA ADOÇÃO SXC
“Família não é formada pelo sangue sido pano de fundo de casos polêmicos meses ou anos, se decidirem que agora
e, sim, pelos laços socioafetivos, que como o “Caso Duda”, que repercutiu em estão prontos para terem os filhos, netos
unem seus membros”, afirma a advogada toda imprensa no final do ano passado. e sobrinhos em sua vida”, completa.
Silvana do Monte Moreira, presidente Três desembargadores da 7ª Câmara Civil
A lei determina que, durante a
da Comissão de Adoção do IBDFAM. do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
guarda provisória, a situação deve ser
Silvana acompanha um processo de (TJMG), em sentença unânime, decidiram reavaliada de seis em seis meses e
adoção distribuído em fevereiro de 2008 que a criança Duda, de quatro anos, atribui o prazo máximo de dois anos para
quando a criança tinha seis anos. Com os deveria retornar para a família biológica. que a família biológica se reestruture e
infindáveis números de agravos e demais Contudo, os advogados da família adotiva demonstre real e verdadeiro interesse
recursos o processo ainda não terminou. conseguiram uma liminar que tem por suas crianças. “Após este prazo, a
“A criança é hoje uma bela adolescente de garantido, até agora, a permanência da criança, obrigatoriamente, deverá ser
12 anos que, se mantida em acolhimento criança com a família adotiva. encaminhada para adoção. Os relatórios
institucional, hoje seria inadotável. Teria
Para Silvana, casos como esses consubstanciados da situação da criança
essa adolescente perdido seis anos de
desconsideram a criança como sujeito realizados a cada seis meses, com
convivência familiar, de constituição de
de direito e a tratam como “objeto” duração máxima de 2 anos, dão base
laços socioafetivos indissolúveis? Por
de propriedade de seus genitores. bastante para a tomada de tal decisão”,
quanto tempo esses processos ainda completa.
tramitarão? Não há como se fazer uma “Lamentavelmente, Duda não é um caso
previsão”, aponta. isolado, temos inúmeras Dudas em outros Silvana ressalta ainda a necessidade
estados, onde crianças depois de serem de desmitificar a ideia de que os
Para Silvana, as errôneas concepções
“
“filhos” por um ano e meio, dois, três, adotantes são “ricos” que “pegam” filhos
da supremacia genética delongam o dos “pobres”. “Antigamente, entendia-se
processo de destituição, atrasam e, muitas
vezes, impossibilitam a oportunidade de a
criança viver numa família adotiva capaz
de amá-la e cuidá-la. “A adoção precisa
ser a ÚNICA opção para a criança e não a
última opção”, afirma.
A ADOÇÃO PRECISA SER A ÚNICA
OPÇÃO PARA A CRIANÇA E NÃO A
ÚLTIMA OPÇÃO.
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CAPA
de 6.000 processos em uma única vara? em virtude de já terem formado a sua imprescindível a criança ter acesso
Como pode se falar na adoção como personalidade e já terem incorporado às informações sobre sua origem
última e excepcional alternativa quando, comportamentos que não poderão ser biológica. “A história de sua vida passada
em grande parte das vezes, é a única modificados”, afirma. Embora a adoção representa uma parte peculiar de sua
alternativa existente para que aquela tardia apresente desafios e fases críticas identidade, que não pode ser anulada,
criança ou adolescente tenha seu direito importantes, as crianças adotadas em mas que precisa ser aceita e integrada à
SXC à convivência familiar atendido? ”, avalia. uma fase mais adiantada encontram nova filiação adotiva”, completa. Para ela,
condições para uma vida emocional e uma relação saudável entre pais e filhos
Silvana sugere ainda a alteração do
material satisfatória se contarem com baseia-se no diálogo e na honestidade.
artigo 17 da Lei da Adoção incluindo
o empenho dos pais adotivos e com “Sem honestidade, forma-se uma trama
orientação sexual para formalizar as
uma educação adequada. “Eles poderão familiar baseada em premissas falsas, o
adoções por famílias homoafetivas.
retomar o desenvolvimento de suas que pode prejudicar o relacionamento e
Para a psicóloga Suzana Sofia Moeller
potencialidades, ou até iniciá-lo, caso o desenvolvimento da criança. Quando a
Schettini, presidente da Associação
tenham vivido anteriormente em um criança tem a sensação de “sempre ter
Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, a
estado de abandono e carência afetiva”, sabido”, evita-se o caráter imponente
orientação sexual dos pais não é um fator
completa. e traumático do desvendamento de um
determinante para o desenvolvimento das
crianças, ou seja, um desenvolvimento “segredo”, completa.
GRAVIDEZ ADOTIVA
saudável não depende da orientação Outro mito avassalador para o
sexual dos pais, mas, sim da qualidade “Eu estava na cozinha, fazendo a instituto da adoção, como explica
da relação entre eles. “Não existe mamadeira, ele pôs a mão na minha Suzana, é a crença social de que “todos
base científica para afirmar que os barriga e perguntou: ‘Mamãe, como era os filhos adotivos são problemáticos”. A
homossexuais femininos e masculinos quando eu estava na sua barriga?’ Eu psicóloga ressalta que filhos são filhos,
não são capazes de criar e educar gelei! Sentei e disse você não nasceu da que, se criados e educados dentro de
crianças saudáveis e bem ajustadas, pois minha barriga e, sim, do meu coração parâmetros adequados, se desenvolverão
não são encontradas diferenças entre e é por isso que é tão querido. Você foi naturalmente e não terão problemas
as crianças provenientes de famílias escolhido”. Maria sempre quis ser mãe, de comportamento. Os problemas que
homoparentais e heteroparentais, em independente se biológica ou não. Até acontecem com os filhos adotivos,como
termos do seu desenvolvimento cognitivo, que, em 1993, uma mãe entregou-lhe o explica Suzana, muitas vezes, são
emocional, social e educacional”, afirma. bebê que corria risco de vida.“Um olhar maximizados na sociedade e em notícias
assustado, o braço fininho. As pernas que costumam relacionar o fato à condição
ADOÇÃO TARDIA estavam atrofiando. Em três dias, ele adotiva, como, por exemplo, ‘filho adotivo
Os números divulgados esse mês pelo engordou 250 gramas. Foi uma vitória”, agride seus pais’. “Quando um fato desses
“
CNJ apontam importantes mudanças relata. Hoje, o menino tem 20 anos. acontece na família biológica, e, sabemos
no perfil de pessoas que querem adotar. que acontece infinitas vezes mais do que
Os números revelam que o percentual na família adotiva, não é feita referência
de pais que só aceitam crianças da cor SEM HONESTIDADE, FORMA-SE à biologia. Jamais vimos alguma notícia
branca caiu no período de três anos: de
38% para 30%. Já os índices dos que
aceitam crianças indígenas, pardas ou
negras subiram. Mas uma das principais
barreiras ainda é a adoção tardia. Das
5446 crianças cadastradas, a maior parte
UMA TRAMA FAMILIAR BASEADA EM
PREMISSAS FALSAS, O QUE PODE“
PREJUDICAR O RELACIONAMENTO E O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
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NOTÍCIAS
TJRJ RECONHECE
MULTIPARENTALIDADE
Justiça do Rio de Janeiro reconheceu
que o Estado de Direito, caracterizado
exatamente por respeitar as diferenças,
sem qualquer forma de discriminação,
deve reconhecer”.
a interação com a sociedade, o Ibdfam
mantém páginas nas redes sociais mais
utilizadas pelos internautas brasileiros.
Os seguidores do Instituto nas redes
SXC
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NOTÍCIAS
SAIBA O ANDAMENTO DOS DO DIA o projeto de lei da Câmara (PLC semiaberto. O regime fechado só será
PRINCIPAIS PROJETOS DE LEI SOBRE 72/2007) que assegura aos transexuais usado para reincidentes e, nos dois
DIREITO DE FAMÍLIA NO CONGRESSO: o direito de incluir seu nome social na casos, a prisão poderá ser convertida
certidão de nascimento em prisão domiciliar se não for possível
DISTRIBUÍDO AO RELATOR, dia 7 de separar o devedor dos outros presos.
Atualmente, a Lei de Registros
fevereiro, o PLS 470/2013, Estatuto das
Públicos prevê que apenas o primeiro Para o jurista Luiz Edson Fachin,
Famílias. A Presidente da Comissão
nome pode ser alterado em casos diretor nacional do Instituto Brasileiro
de Direitos Humanos e Legislação
específicos e mediante autorização de Direito de Família (Ibdfam), a
Participativa, senadora Ana Rita,
judicial. proposta de ampliação do prazo não
designou o senador João Capiberibe
faz sentido, nem a hipótese de regime
como relator da proposta. TRAMITANDO NA COMISSÃO DE
semiaberto com o argumento de
CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA
ENCAMINHADO PARA A CÂMARA, no ausência de espaço para separação
(CCJ), o projeto de lei (PLS 7/2011) que
último dia 11, o PLS 406/2013 que trata dos outros presos. Ele avalia que na
SXC acaba com a indefinição sobre o cálculo
da mediação e arbitragem, métodos prática, estas mudanças irão postergar
das multas estabelecidas pelo Estatuto
alternativos de solução de conflitos sem alimentos, retardar processos e, “criar
da Criança e do Adolescente (ECA),
depender de decisão dos tribunais. A biombos formais para o devedor se
nova lei vai permitir o uso da arbitragem Segundo o texto da proposta, os esconder da Justiça”.
para solucionar conflitos decorrentes de artigos do ECA (Lei 8.069/1990) que
O jurista considera que as mudanças
contratos firmados por empresas com a fixam em “salários de referência” as
previstas no novo CPC sobre prisão
administração pública, por exemplo. penas de multa para uma série de
civil de devedor de alimentos não serão
infrações administrativas não levaram
TRAMITA DE FORMA CONCLUSIVA eficazes na execução das obrigações
em conta a Lei 7.789/1989, pela qual
o Projeto de Lei 5876/13, da alimentares. “Ao contrário, se a prisão,
deixaram de existir o salário mínimo de
deputada Luiza Erundina (PSB-SP). em face de um Estado omisso, ainda é
referência e o piso nacional de salário.
A proposta prevê que o adolescente meio para apurar o justo crédito, daqui
apreendido após alguma infração seja A alteração da expressão “salários para frente o que é ruim ficará ainda
obrigatoriamente acompanhado por um de referência” para “salários pior”, disse.
advogado ou defensor durante sua oitiva mínimos” nesses artigos, ressaltou
por representante do Ministério Público. o autor da proposição, o ex-senador IBDFAM TEM NOVO NÚCLEO
Hoje, de acordo com Estatuto da Criança Demóstenes Torres (DEM-GO), sanaria REGIONAL NESTE MÊS
e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90), a divergência judicial em torno do A Criação do Núcleo em Teresópolis
o representante do Ministério Público tema e acompanharia a jurisprudência aconteceu no dia 14 de fevereiro e contou
pode ouvir o adolescente apreendido favorável ao estabelecimento do salário com a cerimônia de posse da Diretoria
sem a presença de um advogado. mínimo como valor de referência. do Núcleo Regional do IBDFAM, em
AGUARDANDO PARECER NA Teresópolis (RJ).
DECISÃO SOBRE PRISÃO DE DEVEDOR
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E DE ALIMENTOS PODE SAIR ESTE MÊS Participaram da solenidade o advogado
JUSTIÇA E DE CIDADANIA (CCJC) da Luiz Cláudio Guimarães, presidente do
Câmara dos Deputados, o Projeto de A Câmara dos Deputados pode
IBDFAM/RJ, a presidente do novo núcleo,
Lei 5258/2013 que altera dispositivos da decidir neste mês se o devedor de
Marisa Gaudio, o advogado Jefferson
Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73) pensão alimentícia será preso em
de Faria Soares, presidente da OAB
para conferir nova designação aos regime fechado ou semiaberto. A
Teresópolis, e os juízes Rafael Rodrigues
casos de inclusão de sobrenome do mudança do regime de prisão é um dos
Carneiro, da 1ª Vara de Família da
companheiro. pontos polêmicos do projeto do novo
comarca, José Ricardo de Ferreira
Código de Processo Civil (Novo CPC
A proposta prevê que a pessoa Aguiar, da 2ª Vara de Família, e Vânia
- PL 8046/10), que está na pauta do
que vive em união estável poderá Mara Nascimento Gonçalves, da Vara da
Plenário. A expectativa do relator, Paulo
requerer ao juiz que, no seu registro de Infância, da Juventude e do Idoso, dentre
Teixeira, é que os deputados terminem
nascimento, seja averbado o sobrenome outras autoridades.
a análise do tema antes do carnaval.
de seu companheiro, ainda que haja
impedimento legal para o casamento O projeto amplia de três para dez dias
decorrente do estado civil de qualquer o prazo que o devedor tem para justificar VEJA ESTAS E OUTRAS NOTÍCIAS NA
deles. a dívida e determina que o inadimplente ÍNTEGRA NO PORTAL DO IBDFAM:
seja preso inicialmente em regime
AGUARDANDO INCLUSÃO ORDEM WWW.IBDFAM.ORG.BR
11
CULTURA
IBDFAM NA ESCOLA a pacificação social”, completa. Philomena Lee foi enviada para um Convento
de Roscrea. Quando seu bebê tinha apenas
Para o diretor de uma escola
particular da região, Eltton Zielke, dias de vida, foi levado pelas freiras para ser
“tratou-se de uma excelente e proveitosa adotado por americanos. Philomena passou
atividade, em que alunos e pais foram os cinquenta anos seguintes procurando por
levados a refletir sobre a importância ele em vão. Ela, então, conhece Martin Sixs-
da construção de relacionamentos mith, jornalista político que fica intrigado com
saudáveis no ambiente familiar e demais sua história. Juntos, partem para os Estados
espaços de convivência. Destacou- Unidos em uma jornada que não só revela a
se o papel e a necessidade de cada extraordinária história do filho de Philome-
pessoa, apontando para a afetividade na, mas também cria um inesperado laço
como um dos elos maiores das pessoas entre eles. Atualmente, Philomena Lee está
entre si, respeitando e convivendo com à frente do projeto “Philomena Project”, que
O projeto “IBDFAM/RS na Escola” serenidade e com as diferenças”, avalia. ajuda outras mães a encontrar seus filhos e
realizado pelo núcleo regional do IBDFAM luta para que o governo irlandês promulgue
Todo o trabalho foi realizado de forma
em Santa Rosa (RS), foi implementado uma lei que permita a consulta aos registros
voluntária pelos associados do IBDFAM.
durante todo o ano de 2013 nas escolas de crianças adotadas.
Participaram GIOVANA FEHLAUER -
municipais, estaduais e particulares de advogada e presidente do Núcleo,
Santa Rosa e de municípios vizinhos, O filme está em cartaz nas principais cida-
LEANDRO STEIGER - assistente social des do país.
com o objetivo de discutir sobre as e primeiro Tesoureiro, JACQUELINE
relações de família e sucessões com DUTRA - advogada e Segunda GUIA DO PAI ADOTIVO
alunos, pais e professores. O projeto Tesoureira, LETÍCIA CELLA CÔAS -
atingiu diretamente cerca de 1.500 psicóloga e vice-Presidente, PATRÍCIA
pessoas e tratou do tema central SUCOLOTTI - psicóloga e segunda-
“Relações familiares – desafios e secretária, LISIANE GALLAS ZORZAN
responsabilidades”. - psicóloga e associada do IBDFAM e
A advogada Giovana Fehlauer, BRUNA DE CAMARGO - estudante de
presidente do núcleo IBDFAM em Santa direito e primeira secretária do Núcleo.
Rosa, explica que o objetivo principal do
PHILOMENA
projeto foi levar conhecimento, instigar a
reflexão e a mudança comportamental.
“Falamos sobre casamento, filhos,
direitos e deveres dos cônjuges, dos
pais para com os filhos e vice-versa,
ressaltando, ainda, a importância
da integração das famílias com as
escolas”, relata.
Giovana ressalta que os encontros O livro “Guia do Pai Adotivo - Orienta-
mais marcantes aconteceram com os ções para uma Adoção Feliz”, do promo-
jovens alunos da 7ª e 8ª séries do ensino tor de Justiça Sávio Renato Bittencourt
fundamental e 1º, 2º e 3º anos do ensino Soares Silva, aborda o universo afetivo dos
médio, (de 12 a 16 anos); pois sabemos pais adotivos. Ele trata das peculiaridades
que eles podem ser protagonistas da adoção, os preconceitos, as conquistas
de uma nova forma de viver e pensar e descobertas que são partilhadas e deba-
as relações familiares, com uma tidas para facilitar a vivência dos pais por
postura responsável, comprometida adoção. Como a construção de uma rela-
e consciente. “Falar sobre Direito de ção emocionalmente sadia passa, obriga-
Família é falar sobre a vida de todos toriamente, pela preparação dos pais, esta
nós, porém, com um enfoque mais obra se torna fundamental para quem
denso. Transmitir a um público muitas O filme “Philomena”, lançado neste mês, pretende viver ou já vive a adoção: pais, fi-
vezes carente de conhecimentos, baseia-se na história real de Philomena Lee, lhos, avós, tios e amigos da família adotiva
abordando de uma forma simples uma irlandesa que passou a vida à procura de vão ter uma excelente oportunidade de re-
os aspectos jurídicos, psicológicos seu filho. Grávida na adolescência, em 1952, flexão e crescimento.
e sociais das relações familiares é e considerada uma “mulher indigna” por sua
gratificante. Estamos contribuindo para família, na conservadora e católica Irlanda, Informações: http://www.jurua.com.br/
12
EVENTOS
SXC
CURSO TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS NO RIO XIX CONGRESSO NOTARIAL BRASILEIRO TERÁ INÉDITA
PARTICIPAÇÃO ACADÊMICA DO IBDFAM NACIONAL
O curso regular “Trabalho Social com Famílias no Paradigma
Sistêmico - Os Recursos do Profissional e da Família”, é promo- Em uma iniciativa inédita no segmento extrajudicial brasilei-
vido pela Associação Brasileira Terra dos Homens e, em sua 15ª ro, o XIX Congresso Notarial Brasileiro, que será promovido pelo
edição, ocorrerá de 20 de março a 4 dezembro de 2014 no Rio de Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB-CF), em par-
Janeiro. As aulas ocorrem toda terceira quinta-feira de cada mês ceria com a Seccional da Bahia (CNB-BA), contará com a partici-
(exceto feriados), das 8h30 às 17h, no Centro - RJ. pação acadêmica do IBDFAM. O evento, que ocorrerá entre os dias
14 e 18 de maio, na cidade de Salvador, Bahia, trará importantes
Para se inscrever é preciso agendar entrevista de seleção e, no
novidades para o setor e debaterá os principais temas atuais do
ato da entrevista, apresentar currículo resumido, foto 3x4 e pagar
notariado brasileiro, envolvendo os temas de Família e Sucessões.
taxa de inscrição no valor de R$ 40,00. A mensalidade é de R$
Por esta razão, a parceria firmada com a Comissão de Notários
130,00, com material didático incluso.
e Registradores do IBDFAM possibilitará um estudo ainda mais
Para mais informações: (21) 2524-1073 ou pelo e-mail terra- aprofundado das grandes questões que envolvem a prática nota-
doshomens@terradoshomens.org.br rial com a nova doutrina relacionada à família e sucessões.
III CONGRESSO NACIONAL ALIENAÇÃO PARENTAL & I I CONGRESSO GAÚCHO DE DIREITO DE FAMÍLIA
CONGRESO INTERNACIONAL ALIENAÇÃO PARENTAL
Entre os dias 15 e 17 de maio de 2014, o Ibdfam/ RS, com o
Promovido pela Associação Brasileira Criança Feliz em parce- Núcleo do IBDFAM em Santa Cruz do Sul, a seccional local da
ria com a Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Rio de Janeiro, Ordem dos Advogados do Brasil e o Município, promovem a 1ª
o evento acontecerá de 3 a 5 de abril de 2014, na sede da OAB-RJ edição do Congresso Gaúcho de Direito de Família, em Santa Cruz
e reunirá renomados estudiosos dos temas “Alienação Parental, do Sul (RS).
Guarda Compartilhada e Mediação Familiar”.
Informações: http://www.ibdfamsantacruz.eventize.com.br/
Informações: criancafeliz.org/?p=649
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DIREITO DE FAMÍLIA
V CONFERÊNCIA INTERNACIONAL "MULHER, GÊNERO E
A Conferência Mundial promovida pela Sociedade Internacio-
DIREITO"
nal de Direito de Família (ISFL, da sigla em inglês ) realizará sua
O evento será realizado de 7 a 9 de maio de 2014, no Hotel Na- próxima edição no Brasil, de 6 a 9 agosto de 2014, no Recife. Para
cional de Cuba e é promovido pela União Nacional de Juristas de mais informações entre em contato com a psicanalista Giselle
Cuba e Federação de Mulheres Cubanas. O tema central desta Groeninga, diretora nacional do IBDFAM e vice-presidente da So-
edição é: “Uma visão jurídica e social aos avanços e desafios na ciedade Internacional de Direito de Família pelo e-mail: giselle@
aplicação dos objetivos de desenvolvimento do milênio para as groeninga.com.br
mulheres e meninas”. A Copa Airlines é a transportadora oficial
Programe-se e saiba mais em: < http://www.isflhome.org/>.
e concederá 10% de desconto aos participantes do evento e seus
acompanhantes, de acordo com a coordenação da conferência.
JANTAR DE POSSE DA DIRETORIA DO IBDFAM-RS (2014/2015)
Informações:
No dia 22 de março de 2014, às 20 horas, o Ibdfam/RS promove
Ms C. Yamila González Ferrer (coordenadora )
o jantar de posse da Diretoria do IBDFAM-RS (2014/2015). O even-
Tel: (537) 832-9680//832-6209/832-7562
to será na AABB de Porto Alegre.
Fax: (537) 833-3382.
mujergeneroyderecho@yahoo.es , yamila@lex.uh.cu Convites pelo e-mail secaors@ibdfam.org.br
13
OPINIÃO
Para que o elo afeto seja construído que estava se formando e a perda da Em segundo lugar, evita-se a
entre a criança/adolescente adotável e oportunidade de ter sido escolhida por desistência de adoção, assegurando que
a família substituta adotiva, o estatuto outra pessoa. O ECA, com a alteração pela a criança ou o adolescente participe
infantojuvenil (Lei n. 8.069/90) prevê um Lei n. 12.010/2009, não prevê de modo de todos os procedimentos que digam
período de aproximação denominado de expresso qualquer sanção aos postulantes respeito a sua vida, sendo ouvido, sempre
estágio de convivência (art. 46). Quando desistentes. Todavia, este angustiante que possível, e tendo apoio das equipes
preexistente o exercício da guarda ou da momento na vida da criança rejeitada técnicas para estar disponível à formação
tutela, esta fase é dispensada (§1º do art. acarreta danos em sua integridade de novos vínculos afetivos (art. 100,
46), mas o vínculo de apego necessita, psíquica e moral (por vezes, física) e, por parágrafo único, inciso XII do ECA, em
igualmente, ser apurado no curso do consequência, devem ser ressarcidos, consonância com o art. 12 da Convenção
processo de adoção, pois ele é o amálgama pelo menos, com acompanhamento dos Direitos da Criança). Se sua voz não
de toda relação familiar. Todavia, durante psicológico a ser financiado, pelo tempo for ouvida quando da preparação para
o trâmite da ação de adoção, algumas que for necessário, pelo casal ou pessoa a inserção em adoção, depois pode ser
vezes, a relação socioafetiva não se que deu causa (art. 186 do Código Civil). muito tarde, pois não se examinou a sua
consolida por múltiplos fatores e fracassa Ou seja: se constatado que a pessoa ou condição de adotabilidade, indispensável
a colocação de uma criança em uma casal habilitado não empreendeu esforços para o sucesso da construção desta
família substituta. modalidade de família socioafetiva
para a formação de laços afetivos e houve
(art. 28, §1º c/c art. 45, §2º). Não raras
No Brasil, a expressão “devolução violação aos direitos fundamentais do
vezes, entretanto, o acolhido não possui
de filho adotivo” tem sido utilizada para adotando durante o estágio de convivência,
conhecimento sequer de sua real
denominar o que, na verdade, constituiu-se os pretensos pais devem responder pelo
situação familiar e ainda nutre esperança
em desistência processual que sobrevém dano causado.
de retornar à família biológica, o que
durante o referido período de convivência Mas, como evitar tais desistências dificulta a integração na nova família.
ou de análise da construção do afeto, na de adoção? Como medida preventiva,
qual os detentores da guarda provisória Por outro ângulo, findo o processo de
cremos que a pessoa ou casal adotante
de uma criança adotável, normalmente adoção, esta parentalidade socioafetiva
deva ser preparado gradativamente,
oriunda de entidade de acolhimento é irrevogável (art. 39, §1º). Não há
de maneira mais cuidadosa, para o
institucional, requerem a revogação “devoluções de filho” porque este não
exercício da parentalidade, antes de
deste encargo. Lamentavelmente, é objeto. Os pais adotivos, assim como
assumir a guarda de uma criança. Esta
tem-se apurado, da análise de casos ocorre com os biológicos, que rejeitam
preparação, normalmente, antecede
concretos colhidos na jurisprudência, a prole e deixam de exercer a autoridade
ou é concomitante ao procedimento de
que a desistência, não raras vezes, não parental devem ser responsabilizados
habilitação para adoção (art. 28, §5º e
está atrelada a motivações legítimas e civil e criminalmente pelo abandono,
46, §4º). Cremos que o papel da equipe
nem alinhada às reais necessidades do sem prejuízo da destituição ou suspensão
técnica é importantíssimo e, assim,
adotando (art. 43 do ECA). do poder familiar; do pagamento de
deve ser especializada no assunto,
alimentos, da responsabilização por
O que fazer diante deste cenário em quantitativo suficiente para um
infração administrativa prevista no
desastroso de adoção frustrada? Punir os atendimento de qualidade. Aquela, bem
art. 249 do ECA, entre outras medidas
desistentes desestimulará adoções por como os grupos de apoio à adoção,
cabíveis.
outros habilitados? Afinal, certo é que a devem esclarecer todas nuances acerca
rejeição deixa marcas na autoestima da da formação de uma relação socioafetiva Portanto, conclui-se ser equivocada a
criança que revive o abandono, além de de filiação/maternidade/paternidade, expressão “devolução de filho adotivo”,
dificultar o desenvolvimento saudável inclusive quanto à possibilidade da pois, além de incorreta como alertado,
de novas relações afetivas. O retorno não adaptação. Ademais, deve estar denigre a imagem e o respeito que devemos
à entidade de acolhimento representa bem definida a finalidade deste ato de ter às crianças e aos adolescentes como
para a criança a quebra da identidade amor: o interesse superior da criança sujeitos de direitos que são.
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JURISPRUDÊNCIA
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PORTAL IBDFAM
O IBDFAM mantém o maior portal sobre o Direito das Famílias da
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