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Língua Inglesa I
Profª. Pâmela Freitas Pereira Toassi
2017
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Profª. Pâmela Freitas Pereira Toassi
428.07
T627l Toassi; Pâmela Freitas Pereira
Linguística aplicada à língua inglesa I / Pâmela Freitas
Pereira Toassi: UNIASSELVI, 2017.
247 p. : il.
ISBN 978-85-515-0063-7
III
UNI
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS......... 1
VII
5 O OBJETO DE ESTUDO DA LA........................................................................................................ 50
6 A LINGUÍSTICA APLICADA E A LINGUÍSTICA........................................................................ 52
7 CONCEPÇÕES FORMALISTA E FUNCIONALISTA E A LA..................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 55
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 56
VIII
TÓPICO 2 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES .
COGNITIVAS..................................................................................................................... 103
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 103
2 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: COMPREENSÃO AUDITIVA.................................. 105
3 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: COMPREENSÃO LEITORA..................................... 108
4 PRODUÇÃO DA FALA........................................................................................................................ 111
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 116
IX
3 AS REFORMAS NA EDUCAÇÃO E AS LDBs................................................................................ 173
4 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN)........................................................ 175
5 O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA DE ACORDO COM OS PCN................................. 177
6 ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO (OCEM) ................................. 178
7 BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC).................................................................. 180
8 QUESTÕES ATUAIS SOBRE A EDUCAÇÃO................................................................................. 184
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 185
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 186
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 187
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 189
X
UNIDADE 1
A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA
APLICADA: ORIGEM E STATUS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir dessa unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos. Ao final de cada um deles, você
terá atividades para ajudá-lo a refletir sobre os assuntos abordados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico do nosso Caderno de Estudos da disciplina de
Linguística Aplicada à Língua Inglesa I, vamos definir alguns conceitos importantes.
O primeiro deles é o termo “linguística”. Vamos brevemente falar sobre a origem
dessa ciência para então refletirmos sobre os conceitos de linguagem, língua e fala.
Você já parou para pensar sobre qual é a importância desses conceitos – linguagem,
língua e fala – dentro de um curso de Letras? De acordo com Aronoff e Rees-Miller
(2002), tendo em vista que todas as pessoas falam pelo menos uma língua, estas
pessoas possuem forte visão sobre as suas próprias línguas. Você concorda? Quais
são os preconceitos que você possui sobre cada um desses termos? Propomos que
você reflita um pouco sobre isso antes de iniciar a leitura do material didático. E,
ao longo dessa unidade, contraste suas ideias iniciais sobre esses conceitos com o
que será apresentado.
2 O QUE É LINGUÍSTICA?
3
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
NOTA
4
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
NOTA
FIGURA 1 - SAUSSURE
6
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
TURO S
ESTUDOS FU
7
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Século XV sincrônico
Século XVI
DIACRÔNICO
Século XVII
Século XVIII
Século XIX
Século XX
Século XXI
FONTE: A autora
NOTA
4 O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO
8
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
TURO S
ESTUDOS FU
Ao longo desta unidade você verá, com frequência, o emprego dos termos
estruturalista e formalista, em contraposição à visão funcionalista, que veremos mais adiante.
A língua, por sua vez, é vista pelos estruturalistas, que seguem essa
perspectiva saussuriana, como um jogo de xadrez, e o que interessa para o estudo
da língua é entender a funcionalidade desse jogo, ou seja, entender as regras desse
jogo. Para Saussure, nesse ‘jogo de xadrez’ não são “os atributos físicos das peças
que definem o jogo, mas a relação entre uma peça com as outras no sistema”
(CAMPBELL, 2002, p. 78, nossa tradução). Isso quer dizer que o que importa dentro
da língua é a relação que os elementos têm um com o outro, a interdependência
dos itens linguísticos e não a função independente de cada item.
9
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Mas o que é a língua? Para nós ela não se confunde com a linguagem;
é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente.
É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da linguagem
e um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo corpo social
para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos (BALLY,
SECHEHAYE, 2006, p. 17).
Fala: trata-se do uso individual que o ser humano faz da língua. Portanto,
possui variações de acordo com seu uso. Nesse trecho, Saussure distingue a língua
da fala: “A fala, ao contrário, um ato individual de vontade e inteligência, no qual
convém distinguir 1º, as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua
no propósito de exprimir seu pensamento pessoal; 2º, o mecanismo psicofísico que
lhe permite exteriorizar essas combinações” (BALLY, SECHEHAYE, 2006, p. 22).
Na próxima seção você vai ver uma questão muito importante dentro do
saussurianismo: a definição do signo linguístico.
5 O SIGNO LINGUÍSTICO
Você alguma vez já se perguntou o motivo de certos objetos, ou conceitos
abstratos terem o nome que têm? Por exemplo, por que usamos a palavra cadeira
em português para designar um objeto sobre o qual nos sentamos, enquanto em
inglês usamos a palavra chair? Caso você já tenha pensado sobre isso, saiba que
essas questões intrigam o ser humano desde a Grécia antiga: a questão controversa
relacionada às palavras e seu significado. Ou seja, a controvérsia era se as palavras
foram originadas naturalmente ou por convenção. A suposição de que as coisas
seriam nominadas por natureza significaria que o nome imitaria o seu significado
(o que observamos, por exemplo, nas onomatopeias).
10
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
NOTA
11
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
ARVORE
CAVALO
Você pode ver na figura acima que a palavra “árvore” seria o significante,
enquanto a representação mental do desenho da árvore, ou seja, desse conceito,
seria o significado. Na Figura 6 você pode visualizar melhor a composição do
signo linguístico proposta por Saussure (BALLY, SECHEHAYE, 2006).
12
TÓPICO 1 | LINGUÍSTICA, LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA
13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou:
• Na fase inicial da Linguística, a busca pela língua perfeita era um objetivo comum.
14
AUTOATIVIDADE
15
16
UNIDADE 1
TÓPICO 2
LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
FUNCIONALISTA
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, você foi apresentado à perspectiva estruturalista da Linguística,
com base em Saussure, que definia a língua como um sistema composto por regras
e a fala como o uso desta língua. No Tópico 2, você conhecerá outra perspectiva e
outra forma de definir língua(gem), a perspectiva funcionalista. Nessa perspectiva,
a linguagem é analisada no seu uso, o que importa é a função de comunicação
que a linguagem nos permite exercer. A escrita ambivalente para língua(gem)
será adotada neste tópico, tendo em vista que na perspectiva funcionalista não
há distinção nos conceitos de língua e linguagem, diferentemente do que você
viu no Tópico 1, em que a língua, de acordo com a perspectiva estruturalista, era
um sistema, e linguagem se referia à capacidade inata de adquirir a língua. Na
perspectiva funcionalista não há esta distinção, tendo em vista que a língua(gem)
é analisada no uso, na sua função comunicativa.
2 O SURGIMENTO DO FUNCIONALISMO
A perspectiva estruturalista de Saussure adquiriu muitos adeptos, mas
também alguns opositores. A partir dos anos 70 iniciou-se um movimento contrário
às ideias estruturalistas extremamente influentes até então, desencadeando o
desenvolvimento da teoria funcionalista. O funcionalismo, em contraposição
ao estruturalismo, vê a linguagem como um instrumento de comunicação e de
interação social (PEZATTI, 2009).
17
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
TURO S
ESTUDOS FU
Human beings do not live in the objective world alone, nor in the world of
social activity as ordinarily understood, but are very much at the mercy of
the particular language which has become the medium of expression for
their society […] we see and hear and otherwise experience very largely
as we do because the language habits of our community predispose
certain choices of interpretation (SAPIR, 1929, p. 207).
18
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
NOTA
DICAS
Se você quiser saber mais sobre essa hipótese muito interessante e amplamente
discutida na literatura, pode, além de ler a própria obra, assistir a um filme bastante recente: A
chegada (Arrival), dirigido por Denis Villeneuve.
NOTA
19
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
3 PRESSUPOSTOS FUNCIONALISTAS
20
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
E
IMPORTANT
21
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
22
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
E
IMPORTANT
NOTA
A sintaxe pode ser definida como a combinação de palavras para formar sentenças
bem estruturadas (ARONOFF; REES-MILLER, 2002). Baker (2002, p. 205) define a sintaxe da
seguinte forma: “…syntax can be defined as the branch of linguistics that studies how the words
of a language can be combined to make larger units, such as phrases, clauses, and sentences”.
“ … a sintaxe pode ser definida como a área da Linguística que estuda como as palavras
da língua podem ser combinadas de maneira a formar unidades maiores, tais como frases,
orações, e sentenças” (BAKER, 2002, p. 205, tradução da autora).
Já a pragmática pode ser definida como a lacuna entre o uso da linguagem e o seu significado,
o que implica que as palavras têm muito mais implicações do que o seu significado (KEMPSON,
2002). Exemplo (KEMPSON, 2002, p. 307):
A resposta para a pergunta em (A) deveria ser Yes ou No. Porém, a afirmação de (B) significa
mais do que não, pode significar que a única coisa que (B) já fez na cozinha foi colocar uma
chaleira no fogo, pode ainda significar que (B) não gosta de cozinhar. Ou seja, a linguagem
sendo usada para expressar diferentes significados que vão além do sentido literal das palavras.
Na próxima seção você verá o conceito do signo linguístico na perspectiva funcionalista.
23
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
24
TÓPICO 2 | LINGUAGEM NA PERSPECTIVA FUNCIONALISTA
25
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
26
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou:
• Que a definição de língua, fala e linguagem não é tão simples, tendo em vista
que as concepções relacionadas a esses termos podem variar de acordo com a
corrente de pensamento que baseia essa definição.
27
AUTOATIVIDADE
28
UNIDADE 1
TÓPICO 3
AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E
AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA
1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos 1 e 2 desta unidade nos debruçamos sobre as concepções de
língua(gem). Você viu que definir língua(gem) pode não ser tão simples, visto
que as concepções mudam dependendo da vertente em que nos baseamos. Neste
tópico veremos porque é tão importante que você saiba se posicionar diante dessa
discussão filosófica.
29
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
no Tópico 2, uma das teorias de aprendizagem que seguem esta linhagem é a teoria
construtivista de Vygotsky.
NOTA
30
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
3.1 BEHAVIORISMO
3.2 GERATIVISMO
NOTA
Esta GU, que é própria apenas dos humanos, presume-se fornecer à criança a
capacidade completa de adquirir a gramática da sua L1 independentemente
da pobreza do estímulo encontrada. A criança, subsequentemente, desenvolve a capacidade
de gradualmente reestruturar esses princípios inatos da GU de acordo com os diferentes
parâmetros do insumo (BAYONA, 2009, p. 1, tradução da autora).
31
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
32
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
33
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
falar a língua-alvo, o aprendiz se dá conta de que não sabe como expressar o futuro,
ou não lembra de uma palavra em específico. Nesse caso, o aprendiz percebe a
falta de conhecimento linguístico sobre algum aspecto e vai atrás da informação.
O processo de testar está relacionado ao fato do aprendiz experimentar o uso de
certas estruturas linguísticas sem ter certeza da sua acurácia, esperando algum
retorno do seu interlocutor. Por exemplo, o aprendiz não tem certeza se a palavra
meeting (encontro, reunião) tem o significado que ele almeja. Então ele usa a palavra
esperando que o interlocutor o entenda ou o corrija. A função metalinguística
corresponde ao conhecimento do aprendiz a respeito da língua, a partir da qual
o aprendiz reflete sobre a língua estrangeira (SWAIN, 1995). Essa função se
manifesta quando o aprendiz tem um insight (discernimento/introspecção) sobre
algum aspecto linguístico, reflete sobre ele e o compreende. Pode acontecer com o
uso de uma palavra, de uma expressão, ou até de uma função gramatical.
34
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
4.3 AUDIOLINGUALISMO
35
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
36
TÓPICO 3 | AS CONCEPÇÕES DE LÍNGUA(GEM) E AS ABORDAGENS DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
1 2 3 4 etc...
Soccer?
Boxing?
Volleyball?
Tennis?
Etc.
FONTE: Xavier (2001)
Let’s think about our past experiences! Tell your classmate something you
have done and you regret and something you regret not having done. After that,
you tell the class what your classmate have told you.
37
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
NOTA
Vamos pensar sobre nossas experiências passadas! Conte ao seu colega alguma
coisa que você já fez e que você se arrependeu e alguma coisa que você se arrependeu de
não ter feito. Na sequência, conte ao grande grupo o que o seu colega lhe disse. (Tradução da
autora).
Essa é uma atividade que envolve a troca de informações entre pessoas sobre uma situação
real. A atividade pode ter um objetivo secundário de incitar o uso do tempo passado pelos
alunos. Porém, o objetivo principal é a comunicação (XAVIER, 2001). E com este exemplo
concluímos este tópico. Nos tópicos seguintes dessa unidade você verá questões específicas
da Linguística Aplicada.
38
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
- O método direto tem como premissa básica que os alunos têm que
aprender a pensar na LE. Ou seja, o objetivo é fazer com que o aprendiz
39
relacione os conceitos diretamente à língua estrangeira.
- O método audiolingual tem como base o preceito de que o
desenvolvimento da fala é o aspecto mais importante da aquisição da
linguagem. Em relação à aprendizagem da LE, acreditava-se, de acordo
com os preceitos behavioristas, tratar-se de uma questão de formação de
hábitos.
40
AUTOATIVIDADE
1. A questão abaixo foi retirada do ENADE 2014. Com base no que você estudou
nos Tópicos 1 a 3 dessa unidade, responda à questão abaixo e justifique sua
resposta estabelecendo relações teóricas com o conteúdo estudado.
a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.
2. O texto a seguir foi retirado do ENADE 2014. Leia este texto e analise as
alternativas:
3. Com base no que você estudou neste tópico sobre a abordagem comunicativa,
responda à questão abaixo, retirada do ENADE 2014.
42
There are few grammatical explanations. Students learn vocabulary in context
and through audio-visual aids. Correct responses are positively reinforced
immediately.
Learners receive large quantities of information in the new language
during initial lessons. Texts are translated and then read aloud with classical
music in the background. The teacher uses large quantities of linguistic material
to introduce the idea that language understanding is easy and natural.
Understanding occurs through active student interaction in the foreign
language. Students learn strategies both for understanding and for learning
the second language. Effective classroom learning tasks and exercises provide
opportunities for students to negotiate meaning.
The teacher helps students select the appropriate phrases and know
how to control them, with good intonation and rhythm. There is no use of the
learner’s native language. The teacher uses patterns that contain vocabulary,
and color-coded models for pronunciation to guide the students’ understanding
without uttering a single sound.
Learners engage in interaction and meaningful communication. Learners’
personal experiences and situations are very important and considered as an
invaluable contribution to the content of the lessons. Using the new language
in unrehearsed contexts creates learning opportunities outside the classroom.
a) ( ) I and II.
b) ( ) I and III.
c) ( ) II and IV.
d) ( ) III and V.
e) ( ) IV and V.
43
44
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar na definição dos termos Linguística e Linguística
Aplicada – (LA)? Você acha que eles significam a mesma coisa? Ou você acha que
uma é a subárea da outra? No Tópico 1 você viu como a Linguística se estabeleceu
como a ciência da língua(gem) tal qual a conhecemos hoje. Você viu que a Linguística
Moderna se originou a partir das concepções estruturalistas de Saussure. Mas, e a
Linguística Aplicada? Você consegue imaginar como ela surgiu? Em que época? E
qual é o seu objeto de estudo? Nesse tópico trataremos das questões da origem da
Linguística Aplicada e você poderá responder a estas questões.
Quando você vê que a LA começou a existir em torno dos anos de 1940, a que
evento histórico essa data o remete? Se você respondeu a Segunda Guerra Mundial,
está certo! É exatamente nesse contexto que surge a LA. Agora, você consegue
imaginar a motivação para o estabelecimento da LA, diante desse contexto de
guerra? O surgimento da LA se deu no período da Segunda Guerra Mundial, tendo
como principal motivação o interesse estadunidense de desenvolver metodologias
45
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
de ensino para o inglês como língua estrangeira para melhorar a comunicação com
aliados e para decifrar mensagens dos inimigos (LOPES, 2009).
But the entry of the United States into World War II had a
significant effect on language teaching in America. To supply
the U.S. government with personnel who were fluent in German,
French, Italian, Chinese, Japanese, Malay, and other languages,
and who could work as interpreters, code-room assistants, and
translators, it was necessary to set up a special language training
program. The government commissioned American universities
to develop foreign language programs for military personnel.
Thus, the Army Specialized Training Program (ASTP) was
established in 1942. Fifty-five American universities were
involved in the program by the beginning of 1943.
NOTA
Mas a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial teve um efeito
significativo no ensino de línguas na América. Para prover ao governo americano profissionais
fluentes em alemão, francês, italiano, chinês, japonês e outras línguas, os quais também
poderiam trabalhar como intérpretes, assistentes da sala de códigos, e tradutores, era necessário
estabelecer um programa especial de treinamento da língua. O governo comissionava as
universidades para que desenvolvessem programas de língua estrangeira para os militares.
Portanto, o Programa Especializado de Treinamento do Exército se estabeleceu em 1942.
Cinquenta e cinco universidades americanas estavam envolvidas neste programa no início de
1943 (RICHARDS; RODGERS, 1986, p. 44. Tradução da autora).
46
TÓPICO 4 | A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA
E
IMPORTANT
Você lembra qual foi a corrente de pensamento mais influente nos estudos
linguísticos nessa época, quando surgiu a LA? Conforme você estudou no Tópico 1, a Linguística,
nessa época, tinha como base os pressupostos estruturalistas propostos por Saussure. Como
você acha que essa concepção de língua(gem) pode ter influenciado o desenvolvimento da
LA? Ao longo desse tópico você poderá responder a esta questão.
Como você viu, o método para ensino de línguas adotado naquela época era
o de Gramática e Tradução, de base estruturalista. No entanto, como a necessidade
da época era o desenvolvimento da habilidade oral da língua, o método de
47
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
NOTA
Assim, a análise contrastiva preveria que esse fonema seria adquirido por
falantes de português com dificuldade. Esses estudos ainda continuam até os dias
atuais, porém, hoje já se sabe que não apenas fonemas inexistentes na L1 causarão
dificuldade de aprendizagem na LE. As pesquisas mostram que fonemas parecidos
na L1 e na LE podem, algumas vezes, causar mais dificuldade para o aprendizado
do que fonemas não existentes.
DICAS
48
TÓPICO 4 | A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA
De acordo com Moita Lopes (2009), é apenas nos anos de 1970, com
Widdowson, que a LA deixa de ser vista como uma aplicação da Linguística.
Widdowson (1979 apud LOPES, 2009) critica a dependência da LA aos modelos de
descrição linguística, sugerindo que a LA, como uma área do saber, possa criar um
modelo que se adéque às suas necessidades.
TURO S
ESTUDOS FU
NOTA
A partir dos assuntos relacionados acima, você pode perceber que, a partir
dos anos 1990, o escopo da LA se expandiu, sendo que a aplicação de teorias
linguísticas passou a ser apenas um dos tópicos de interesse da LA. Você pode
também analisar, a partir das informações acima, que o foco da LA em questões de
aprendizagem de língua estrangeira ainda é muito forte, porém outros assuntos
também são considerados, tais como a pragmática e as relações entre grupos. Isso
mostra o foco da LA para questões de uso real da língua.
49
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
E
IMPORTANT
5 O OBJETO DE ESTUDO DA LA
50
TÓPICO 4 | A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA
Você acha que podemos estabelecer que a LA hoje está ligada a questões de
uso prático da língua(gem)? Questões relacionadas à patologia da fala, educação
bilíngue, autenticidade, transcrição de textos, letramento, são todas questões
relacionadas à língua(gem) em uso. Rees-Miller (2002, p. 478) também propõe
algumas questões, relativas à língua(gem), que, na opinião do autor, são de
competência do linguista:
NOTA
NOTA
52
TÓPICO 4 | A ORIGEM DA LINGUÍSTICA APLICADA
não há necessidade de torná-la uma disciplina para que tenha maior prestígio,
visto que o interesse da LA é a noção de source e target, ou seja, fonte e público-alvo.
Os autores argumentam ainda que “By source we mean the content of a training
program and by target the products the program aims at” (DAVIES; ELDER, 2004,
p. 5).
NOTA
NOTA
53
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
54
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você estudou que:
• As duas áreas que deram origem à pesquisa em LA foram o ensino de LE, tendo
em vista a necessidade de se desenvolver melhores metodologias para o ensino,
bem como a tradução e a interpretação.
• Desde então e até os dias atuais este é o objeto de estudos da LA: o uso da
língua(gem).
55
AUTOATIVIDADE
56
UNIDADE 1
TÓPICO 5
AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA
LÍNGUÍSTICA APLICADA
1 INTRODUÇÃO
AUTOATIVIDADE
Pelo que estudou no tópico anterior, você deve imaginar que as áreas de
ensino e tradução sejam as mais desenvolvidas dentro da LA, visto que foram as
áreas pioneiras. Porém, atualmente, além do contexto de ensino e da tradução,
a LA passou também a permear campos de ensino e aprendizagem de língua
materna, de letramentos e de contextos relacionados à mídia, empresa, delegacia
de polícia, clínica médica, entre outros (LOPES, 2009, p. 17).
57
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Diante dessa expansão na área de atuação da LA, ela se tornou uma área de
conhecimento interdisciplinar. Shuy (2002) argumenta que é difícil imaginar uma
área em que a Linguística não faça parte e que embora, por muito tempo, o foco da
LA tenha sido o ensino e a aprendizagem, hoje a LA se estende a áreas médicas,
de propaganda, e até mesmo a questões relacionadas com a lei. Portanto, neste
tópico veremos algumas das áreas de atuação da LA, não nos restringindo apenas
a questões de ensino de LE. A LA de antes, associada à concepção de consumidora
de teorias da Linguística, hoje tem sido responsável pelo desenvolvimento de
novas teorias, pelo desenvolvimento da tecnologia e do conhecimento associado a
toda forma de uso da língua(gem) (REES-MILLER, 2002). Rees-Miller (2002, p. 481,
tradução da autora) aponta como as principais características da LA:
Na próxima seção você verá diversas áreas nas quais a LA pode atuar.
58
TÓPICO 5 | AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LÍNGUÍSTICA APLICADA
Você pode perceber o papel da LA nesse cenário? Uma das questões que
são levantadas referente ao ensino do inglês como LE é a do padrão: qual variedade
do inglês deve ser ensinada? Você, muito provavelmente, por muito tempo ouviu
falar nas aulas de inglês sobre as distinções entre vocabulário e pronúncia nas
variedades americana e britânica, certo? Mas diante das questões levantadas e do
papel que o inglês tem adquirido como língua franca, você acha que ensinar essas
variedades é suficiente? Acredito que a sua resposta seja não, porque o falante de
inglês de hoje precisa estar preparado para se comunicar de forma competente
nos mais diversos cenários, e isso inclui compreender variedades de inglês de
falantes não nativos. Essa questão coloca em xeque outro paradigma. Por muito
tempo, adquirir um nível linguístico no idioma igual ao de um falante nativo era
a meta de aprendizagem, porém, diante desse novo cenário e das discussões que
têm sido empreendidas no campo da LA, pode-se dizer que esse não é mais o
principal objetivo do falante de LE, mas sim, conseguir se comunicar em diferentes
contextos de uso da língua.
59
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
A seguir você pode ver uma citação de De Beaugrande (1997, p. 36 apud HE,
2002) sobre o discurso: “In the world of human beings, you won’t find a language
by itself – the Dutch language strolling the canals, or the English language having
a nice cup of tea, or the German language racing madly along the autobahn. You
only find discourse”.
NOTA
No mundo dos seres humanos, você não encontrará a língua por si mesma – a
língua holandesa passeando pelos canais, ou a língua inglesa tomando uma agradável xícara
de chá, ou a língua alemã correndo loucamente ao longo da autoestrada. Você encontrará
apenas discurso. (DE BEAUGRANDE, 1997, p. 36 apud HE, 2002, tradução da autora).
NOTA
60
TÓPICO 5 | AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LÍNGUÍSTICA APLICADA
AUTOATIVIDADE
Mas como você acha que a Análise do Discurso pode auxiliar em questões
práticas do uso da língua(gem)? Rees-Miller (2002) explica algumas situações
nas quais a Análise do Discurso tem auxiliado, tais como em analisar o discurso
proferido por profissionais da saúde e seus pacientes, com foco especial a como
essas pessoas expressam relações de poder, de solidariedade e de polidez. Rees-
Miller (2002) explica ainda que as pesquisas nessa área têm dado atenção especial
a pacientes com Alzheimer e a pessoas idosas. Você consegue imaginar como
essas pesquisas podem contribuir para a melhoria das relações entre as pessoas? A
partir da análise do discurso, podemos constatar melhores formas de estabelecer
a comunicação entre essas pessoas para expressar, por exemplo, solidariedade.
Essas informações podem beneficiar o treinamento dos profissionais da saúde que
lidam com esses pacientes em específico.
AUTOATIVIDADE
Agora reflita sobre como o trabalho com gêneros pode auxiliar o desenvolvimento
da língua(gem), em geral, e mais especificamente, da LE.
2.5 LEITURA
63
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Levi (1994 apud SHUY, 2002) explica que a LA pode auxiliar a lei, através
da identificação de voz, autoria de documentos escritos, instruções judiciais que
não são claras, a assimetria de poder em trocas de tribunal, a separação entre a
comunicação do advogado e do cliente. A natureza do perjúrio, problemas em
discurso escrito legal, difamação, infração de marca comercial, interpretação de
tribunais e dificuldades de tradução, a adequação de etiquetas de aviso e a natureza
da conversa gravada como evidência. Shuy (2002) explica que o termo Linguística
Forense começou a ser utilizado nos anos 1980. A LA pode ajudar em casos de
disputa de nomes de marcas. Muitas empresas vão à justiça para reclamar seus
direitos quando entendem que outra marca tem um nome parecido com o seu,
que tem o mesmo significado ou que sugere, lembra o nome original. Linguistas
podem então auxiliar nessas questões.
64
TÓPICO 5 | AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA LÍNGUÍSTICA APLICADA
2.8 TRADUÇÃO
Você já pensou sobre as leis que regem o uso das línguas em um determinado
país? Você provavelmente já ouviu dizer que em alguns países mais de uma língua
oficial coexistem, enquanto outros possuem apenas uma língua oficial? O que
você sabe sobre esse assunto? Você conhece a Declaração Universal dos Direitos
Linguísticos? E o que você sabe sobre a política linguística do Brasil? E da região
onde você mora? Faça um levantamento dessas informações e discuta com seus
colegas. Vocês concordam com as leis preestabelecidas? Se não, o que mudariam?
Como vocês pensam que a LA poderia contribuir para esta discussão?
Anshen (2002) explica que todas as nações têm uma política linguística
para regulamentar a(s) língua(s) oficial/oficiais e quais línguas serão usadas em
determinadas situações. Anshen (2002) explica também que as políticas linguísticas
podem ser classificadas em três diferentes abordagens: monolinguismo,
multilinguismo igualitário, e sistemas linguísticos nacionais e regionais.
NOTA
65
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico você estudou:
66
AUTOATIVIDADE
1. Com relação às áreas do conhecimento que podem ser auxiliadas pela LA,
analise as afirmações a seguir:
67
A) Viva saudável com os livros
Diogenes
Os livros Diogenes acham-se internacionalmente introduzidos na
biblioterapia.
Posologia
As áreas de aplicação são muitas. Principalmente resfriados, corizas,
dores de garganta e rouquidão, mas também nervosismo, irritações em geral e
dificuldade de concentração. Em geral, os livros Diogenes atuam no processo de
cura de quase todas as doenças para as quais prescreve-se descanso. Sucessos
especiais foram registados em casos de convalescença.
Propriedades
O efeito se faz notar pouco tempo após iniciada a leitura e tem grande
durabilidade. Livros Diogenes aliviam rapidamente a dor, estimulam a
circulação sanguínea, e o estado geral melhora.
Precauções/riscos.
B) Um novo José
Josias de Souza
Calma, José
a festa não recomeçou,
a luz não acendeu,
a noite não esquentou,
o Malan não amoleceu.
Mas se voltar a pergunta:
e agora, José?
Diga: ora, Drummond,
agora Camdessus.
Continua sem mulher,
continua sem discurso,
continua sem carinho,
ainda não pode beber,
ainda não pode fumar,
cuspir ainda não pode,
a noite ainda é fria,
o dia ainda não veio,
o riso ainda não veio, [...]
68
C)
D) PANQUECAS DE BANANA
Modo de preparo
69
E)
70
UNIDADE 1
TÓPICO 6
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 4, você viu como a LA surgiu e se estabeleceu como ciência.
Já no Tópico 5 você viu a área de atuação da LA, viu que a LA pode auxiliar em
questões práticas do dia a dia em diversos contextos de uso da língua(gem). Neste
tópico nos concentraremos na pesquisa em LA. Você será apresentado a alguns
periódicos que veiculam pesquisas da área e também aos principais temas que têm
sido pesquisados dentro da LA, no Brasil e internacionalmente.
NOTA
71
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre a pesquisa em LA,
é importante que leia artigos científicos. Assim estará informado sobre os avanços
mais recentes na área. Para que você tenha conhecimento de algumas publicações
que veiculam pesquisas nessa área, são apresentados alguns periódicos renomados
nessa seção. Em relação aos periódicos que veiculam artigos de pesquisa
internacionais na área de LA, Menezes, Silva e Gomes (2009) destacam:
AUTOATIVIDADE
72
TÓPICO 6 | A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA
Como você pôde observar, ainda que a LA não tenha mais um foco
exclusivo no ensino de LE, a maior parte dos estudos no cenário internacional
ainda se concentra nesse tema, sendo o ensino de LE o tema mais pesquisado
dentre os 20 elencados acima (MENEZES; SILVA; GOMES, 2009). Em segundo
lugar vemos o tema aquisição de segunda língua, que em inglês é usado como um
termo abrangente que inclui também a aprendizagem de LE. Apenas em terceiro
lugar nessa lista vemos um tema que, embora também possa estar relacionado ao
ensino de LE, não se restringe a ele: interações orais. Este tópico é relevante para o
uso da língua(gem) em qualquer contexto, não apenas da sala de aula. Já os temas
elencados de 4 a 10 possuem uma conexão mais estreita com o contexto de sala de
aula. O tema 4, vocabulário, é destaque em pesquisas de ensino e aprendizagem
de LE, nas quais se pesquisa muito sobre formas de aquisição de vocabulário,
estratégias para melhor ensinar vocabulário, como melhorar a memorização das
palavras, como melhorar a avaliação do vocabulário, entre outras questões. O tema
que ficou em 5º lugar, letramento com foco na escrita, se baseia no desenvolvimento
da escrita em um nível de complexidade superior à decodificação de palavras e leva
73
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
em conta questões sociais e contextuais que afetam a leitura crítica. Como você viu
no Tópico 5 desta unidade, as pesquisas na área de leitura podem beneficiar não só
o campo de LE, mas também a detecção de dificuldades de leitura em geral, como
a dislexia (MENEZES; SILVA; GOMES, 2009).
NOTA
74
TÓPICO 6 | A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA
DICAS
Veja alguns sites que você pode acessar para praticar o inglês:
<https://www.ego4u.com/en/cram-up/grammar/simpas-preper>.
<http://www.englisch-hilfen.de/en/exercises/tenses/simple_past_present_perfect.htm>.
<http://www.agendaweb.org/verbs/present-perfect-simple-past-simple-exercises.html>.
<http://englishmedialab.com/GrammarGames/football/present%20vs.%20past/present%20
vs.%20past.html>.
<http://www.perfect-english-grammar.com/past-simple-present-perfect-4.html>.
<http://www.englishpage.com/verbpage/verbs5.htm>.
75
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
dessas regras, seguida de prática intensiva. Da parte dos alunos, há muitas crenças
disseminadas em relação à aprendizagem de LE, tais como: só o professor falante
nativo da língua pode ensinar a LE, só é possível aprender a LE no país onde a
língua é falada, dentre outras (MENEZES; SILVA; GOMES, 2009).
Por fim, o tema 20, Inglês como língua franca ou língua internacional, está
relacionado a uma questão extremamente importante no mundo globalizado em
que vivemos, que é o papel do inglês como língua de interação por falantes do
mundo todo, seja para questões de lazer, viagens ou negócios. Essa é uma questão
bastante atual que também tem implicações na área do ensino (MENEZES; SILVA;
GOMES, 2009).
76
TÓPICO 6 | A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA
Soares (2008) destaca algumas áreas nas quais a LA no Brasil pode atuar. Na
área de ensino, Soares (2008) destaca o ensino de língua materna e de LE, a formação
de professores e o bilinguismo da população indígena. Em relação ao ensino,
Soares (2008) argumenta que questões relacionadas à aquisição da linguagem,
ao letramento, à alfabetização e também a questões de linguagem e trabalho são
dependentes das pesquisas em LA. Já na área de formação de professores, Soares
(2008) destaca a conscientização do professor de que a linguagem é socialmente
construída, daí a importância da interação no processo de aprendizagem. Com
relação às pesquisas no campo do bilinguismo e do multilinguismo, há várias
perspectivas que podem auxiliar o cenário brasileiro, tais como compreender
como a interação dessas línguas pode afetar a aprendizagem e o uso de língua
materna e estrangeira, como se constrói a identidade de um falante bilíngue de
uma língua minoritária e do português brasileiro, sendo esta última a língua de
prestígio. Através das pesquisas nessa área, é possível buscar melhores políticas
linguísticas, que possibilitem direitos mais igualitários aos falantes das línguas de
menos prestigio.
1. Análise do discurso.
2. Metodologia de ensino de línguas estrangeiras e formação de professores.
3. Aquisição de segunda língua.
4. Tradução e interpretação.
5. Tecnologia educacional e aprendizagem de língua.
6. Letramento.
7. Linguagem e gênero.
8. Educação em língua materna.
9. Autonomia do aprendiz e aprendizagem de língua.
10. Lexicografia.
77
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
78
TÓPICO 6 | A PESQUISA EM LINGUÍSTICA APLICADA
recentes das pesquisas. Como você viu no Tópico 4, já se fazia análise contrastiva
na época que originou a LA, ainda sob os preceitos estruturalistas. Naquela época,
a comparação entre as línguas materna e estrangeira servia como uma previsão das
dificuldades de pronúncia do aprendiz na LE. Hoje, o conhecimento nessa área é
muito mais abrangente e os erros dos aprendizes também são analisados sob outra
perspectiva, a de que eles são informativos sobre o processo de aprendizagem.
79
UNIDADE 1 | A LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA APLICADA: ORIGEM E STATUS
Agora que você já tem conhecimento sobre muitos dos temas pesquisados
na área de LA, e também conhece os periódicos renomados da área, já pode
pesquisar sobre os temas que mais lhe chamaram a atenção e se inteirar mais da
área de LA.
80
RESUMO DO TÓPICO 6
• Alguns dos periódicos que veiculam pesquisas na área da LA, no cenário nacional
e internacional.
• No cenário internacional, você viu que o tema mais pesquisado é o ensino de LE,
enquanto que no Brasil é a análise do discurso.
• Certamente, essa foi uma breve introdução aos temas de pesquisa na área, cabe
a você agora explorar cada um deles.
81
AUTOATIVIDADE
1. Com base no que você estudou neste tópico, analise as afirmativas a
seguir com relação aos temas pesquisados em Linguística Aplicada:
82
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. Ao final de cada um deles, você
terá atividades que vão ajudá-lo a refletir sobre os assuntos abordados.
83
84
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Davies (2007, p. 2), a Linguística Aplicada é a ciência
de tudo, já que a linguagem está em todo lugar. Nós nos comunicamos a todo
momento, utilizamos a linguagem para diversas situações nas nossas vidas. Mas
quais são os requisitos necessários para que façamos uso dessa linguagem? Em
outras palavras, o que é saber uma língua? Vamos adotar a definição de que saber
uma língua significa ser capaz de utilizar esta língua para se comunicar com outras
pessoas que também a conhecem, conseguir compreender e ser compreendido
(FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014).
My goddaughter who was born in Sweden and who now lives in Iowa
is named Disa, after a Viking queen. (FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014, p.
2). Minha afilhada, que nasceu na Suécia, e que agora mora em Iowa, se chama
Disa, por causa de uma rainha viking (tradução da autora).
Neste tópico vamos estudar algumas questões linguísticas que fazem parte
do conhecimento de língua do falante, ainda que algumas dessas questões façam
parte do conhecimento implícito, como você pôde ver no exemplo anteriormente
apresentado. Você compreenderá questões linguísticas a respeito dos sons da
língua, das palavras, das sentenças e da gramática.
85
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
When you know a language you know the sounds of that language, and
you know how to combine those sounds into words. When you know
English you know the sounds represented by the letters b, s, and u, and
you are able to combine them to form the words bus and sub.
NOTA
Quando você sabe uma língua, você sabe os sons daquela língua, e você sabe
como combinar esses sons para formar palavras. Quando você sabe inglês, você conhece os
sons representados pelas letras b, s e u e consegue combiná-los de maneira a formar palavras
como bus e sub. (FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014, p. 189, tradução da autora).
86
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
NOTA
Veja a definição de fonemas de Mori (2008, p. 153): “[...] toda língua possui um
número restrito de sons cuja função é diferenciar o significado de uma palavra
em relação a outra. Os sons que exercem esse papel chamam-se fonemas e ocorrem em
sequências lineares, combinando-se entre si de acordo com as regras fonológicas de cada
língua”. A ciência que estuda os fonemas é a fonologia (MORI, 2008).
87
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Como você pôde observar na figura anterior, o senhor que pintou a placa
escreveu KEY POUT ao invés de escrever KEEP OUT (mantenha distância). A
forma de escrita dessas duas expressões não interfere com a pronúncia, porém,
o sentido da expressão muda completamente (key=chave; pout=fazer beicinho).
Saber distinguir os sons individuais da língua, para um falante não tão proficiente,
pode ser uma tarefa difícil, porque quando nós falamos juntamos várias palavras,
tornando difícil a percepção de quando um som começa e outro termina (FROMKIN;
RODMAN; HYAMS, 2014).
E
IMPORTANT
NOTA
89
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Não é todo ser humano que pode criar uma grande literatura, mas todo mundo
que sabe uma língua pode criar e entender novas sentenças. (FROMKIN; RODMAN; HYAMS,
2014, p. 5, tradução da autora).
90
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
Como você pôde observar na figura acima, os nomes dos animais foram
utilizados para dar humor às frases. A palavra qualifications foi substituída por
koalafications, com o nome do koala modificando a palavra. Da mesma forma,
a palavra irrelevant foi modificada para irrelephant, lying para lion, unbearable
permaneceu igual, mas com um sentido diferente, worse foi trocada por horse, owl
para I’ll. Somente um falante competente da língua pode entender esse humor,
tendo em vista que em alguns casos houve trocas de fonemas (irrelephant), de
apenas algumas letras (worse/horse), ou então associação de pronúncia (owl/I’ll) e
até mudança de sentido (unbearable). Esses exemplos apresentam o uso criativo da
língua(gem).
91
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
AUTOATIVIDADE
Para que você possa refletir melhor sobre essas questões, veja os exemplos que
seguem (de 1 a 8) retirados de Fromkin, Rodman e Hyams (2014, p. 7) e julgue-
os como aceitáveis ou não em língua inglesa:
1. John kissed the little old lady who owned the shaggy dog.
2. Who owned the shaggy dog John kissed the little old lady.
3. John is difficult to love.
4. It is difficult to love John.
5. John is anxious to go.
6. It is anxious to go John.
7. John, who was a student, flunked his exams.
8. Exams his flunked student a was who John.
NOTA
92
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
(2014, p. 7) explicam que “Sentences are not formed simply by placing one word
after another in any order, but by organizing the words according to the rules of
sentence formation of the language. These rules are finite in length and finite in
number so that they can be stored in our finite brains.”
NOTA
É importante que você saiba que existe na literatura uma distinção entre
competência e performance. A competência linguística inclui o conhecimento das
palavras e da gramática da língua. Já a performance linguística é o uso que se faz
dessa competência. Essa distinção lembra uma outra dicotomia? Provavelmente,
você pensou na distinção de língua e fala proposta por Saussure. A diferenciação
entre competência e performance foi proposta pelos gerativistas, com base em
Chomsky. Essa visão é derivada da concepção estruturalista da língua(gem) que
você estudou no Tópico 1, da Unidade 1, neste caderno de estudos.
93
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
[…] the knowledge speakers have about the units and rules of their
language—rules for combining sounds into words (called phonology),
rules of word formation (called morphology), rules for combining
words into phrases and phrases into sentences (called syntax), as well
as the rules for assigning meaning (called semantics). The grammar,
together with a mental dictionary (called a lexicon) that lists the words
of the language, represents our linguistic competence.
NOTA
Dessa maneira, Fromkin, Rodman e Hyams (2014) explicam que para que
se entenda uma língua é necessário conhecer as suas regras. Para tanto, linguistas
descrevem a gramática dessa língua, para mostrar como ela funciona.
94
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
95
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
96
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
ESTRUTURALISMO FUNCIONALISMO
LINGUA Sistema de regras. Função comunicativa.
FALA Uso individual da língua. É o mesmo que língua.
Capacidade inata para
LINGUAGEM É o mesmo que língua.
aprender a língua.
OBJETO DE ESTUDO LÍNGUA LINGUAGEM EM USO
FONTE: A autora
AUTOATIVIDADE
Qual perspectiva sobre a gramática lhe agrada mais? Por quê? Reflita a respeito!
97
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Conhecer uma língua significa saber distinguir os seus sons, formar palavras
e juntar palavras na forma de sentenças que tenham sentido dentro das regras que
regem essa língua. Você compreendeu também que esse conhecimento sobre o
que é permitido ou não dentro de uma determinada língua é algo que faz parte
do conhecimento implícito do falante nativo da língua. Porém, como adquirir esse
conhecimento na LE? Você concorda que na LE o conhecimento linguístico requer
pelo menos um pouco de instrução explícita, certo? Então, no contexto da sala de
aula, como fazer para ensinar a gramática da LE? Essa é uma questão que intriga
estudiosos da Linguística Aplicada há anos e ainda gera muitos debates no meio
acadêmico, no qual muitos defendem diferentes pontos de vista.
98
TÓPICO 1 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS
AUTOATIVIDADE
1 2 3 4 etc...
soccer?
boxing?
volleyball?
tennis?
etc...
99
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
B) (Groups of 3) Não mostre seu cartão para os colegas. O aluno com o cartão 1
iniciará a atividade lendo suas sentenças para o grupo. Depois de cada sentença
lida, o grupo deverá dizer, em inglês, se a sentença está correta, ou não (ex. IT’S
CORRECT ou IT’S INCORRECT), considerando o uso correto ou incorreto da
omissão do THAT na sentença. Se necessário, o grupo poderá pedir, em inglês,
que o colega repita a sentença (ex. CAN YOU REPEAT PLEASE?). Confirme a
resposta do grupo (ex. RIGHT ou NO, YOUR ANSWER IS WRONG).
CARD 1
1. 1. I like the music he sings.
(correct)
2. 2. Kiwi is a fruit contains
vitamin C. (incorrect)
3. 3. The book you are reading
is interesting. (correct)
CARD 2
1. Vitamins are nutrients
regulate the body.(incorrect)
2. Portugal is a country I like
very much. (correct)
3. Paul is the boy plays football
very well. (incorrect).
CARD 3
1. Joana is the teacher visited
the school. (incorrect)
2. Antonio Banderas is the
actor I like most. (correct)
3. This is the boy telephoned
me. (incorrect)
100
RESUMO DO TÓPICO 1
Acompanhe o resumo desta unidade:
• Para conhecer uma língua precisamos primeiramente saber distinguir quais sons
fazem parte dessa língua.
• Precisamos também saber unir esses sons para formar palavras possíveis dentro
dessa língua.
101
AUTOATIVIDADE
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1 desta unidade discutimos aspectos do conhecimento linguístico
que são necessários para que possamos dominar uma língua, seja esta materna ou
estrangeira.
103
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
When we speak, we access our lexicon to find the words, and we use
the rules of grammar to construct novel sentences and to produce the
sounds that express them. When we listen to speech we also access the
lexicon and grammar to assign a structure and meaning to the sequence
of words we hear.
NOTA
Acompanhe a tradução:
Quando falamos, acessamos o nosso léxico para encontrarmos as palavras, e
usamos as regras da gramática para construir novas sentenças e para produzir os sons que as
expressam. Quando ouvimos a fala, também acessamos o léxico e a gramática para atribuir
uma estrutura e significado à sequência de palavras que escutamos. (Tradução da autora)
NOTA
104
TÓPICO 2 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS
Você já parou para pensar como esse processo é possível? Como somos
capazes de perceber os sons que nos cercam e distinguir o que faz parte da língua
do que é apenas ruído, ou barulho? Você já observou quantidade de pesquisas que
têm sido desenvolvidas para a implementação da tecnologia de reconhecimento
de voz? Ainda que já estejamos num estágio bastante avançado, podemos perceber
que o reconhecimento da fala não é um processo tão simples, tendo em vista que
muitos programas e aplicativos ainda apresentam erros diante de determinadas
sentenças. Ainda há muito para se pesquisar sobre o reconhecimento da fala
humana no cérebro para que se possam implementar melhores tecnologias para
este fim.
105
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
106
TÓPICO 2 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS
No entanto, sabemos que com todas essas variantes, ainda somos capazes de
identificar e relacionar os sons às palavras que os representam. O armazenamento
mental das palavras permite uma categorização bastante complexa (DAHAN;
MAGNUSON, 2006).
Wagner, Piasta e Torgesen (2006) nos ensinam que ler é compreender uma
mensagem do escritor, que requer a decodificação do texto. Porém, a decodificação
é apenas o estágio inicial da leitura. Para que possamos compreender o significado
do texto, precisamos alcançar níveis mais complexos de compreensão escrita. A
leitura requer que as representações ortográficas, morfológicas e fonológicas
108
TÓPICO 2 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS
NOTA
109
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
110
TÓPICO 2 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS
4 PRODUÇÃO DA FALA
Griffin e Ferreira (2006) postulam que, embora seja comum retratar a fala
como um processo inverso ao da compreensão auditiva, há muitas diferenças
entre os processos de produção e de compreensão da fala. Os autores afirmam
que a produção de uma palavra na língua materna pode demorar até cinco vezes
mais tempo do que o reconhecimento dessa mesma palavra, tendo em vista que o
111
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
112
TÓPICO 2 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS
E
IMPORTANT
Você se lembra de outra dicotomia parecida com esta para explicar a formação
da palavra? Na Unidade 1 estudamos que Saussure explicava o signo linguístico como sendo
constituído de um significante (forma acústica) e um significado (conceito).
Como você pôde ver ao longo deste tópico, os processos cognitivos por
trás da compreensão e da produção da fala são complexos, envolvem uma série de
mecanismos e são influenciados por inúmeras variáveis. Aplicando esses conceitos
que foram analisados com base na língua materna para a língua estrangeira,
podemos ver que o processamento cognitivo se torna ainda mais complexo.
113
RESUMO DO TÓPICO 2
No presente tópico estudamos vários aspectos relacionados à linguagem,
os quais apresentaremos a seguir, resumidamente:
• Vizinhos ortográficos são palavras com a escrita semelhante, que diferem por
apenas uma letra.
• Falsos amigos são palavras que têm a mesma ortografia, mas um significado
diferente.
114
• O processamento cognitivo envolvido na compreensão e na produção da
linguagem é ainda mais complexo quando há mais de uma língua envolvida,
tendo em vista que o número de possíveis candidatos à seleção lexical é
aumentado.
115
AUTOATIVIDADE
How does intention to speak become the action of speaking? It involves the
generation of a preverbal message that is tailored to the requirements of a
particular language, and through a series of steps, the message is transformed
into a linear sequence of speech sounds (1, 2). These steps include retrieving
different kinds of information from memory (semantic, syntac-tic, and
phonoligical), and combining them into larger structures, a process called
unification.
116
Assinale a alternativa correta:
Questão 24
Language teachers are often frustrated by the fact that students do not
automatically transfer the strategies they use when reading in their native
language to reading in a language they are learning. Instead, they seem to think
reading means starting at the beginning and going word by word, stopping
to look up every unknown vocabulary item, until they reach the end. When
they do this, students are relying exclusively on their linguistic knowledge, a
bottom-up strategy. One of the most important functions of language teachers,
then, is to help students move past this idea and use top-down strategies as
they do in their native language. Effective teacher show students how they can
adjust their reading behavior to deal with a variety of situations, types of input,
and reading purposes. They help students develop a set of reading strategies
and match appropriate strategies to each reading situation. Some of these
strategies are previewing, predicting, skimming, scanning, and paraphrasing
texts. They include reviewing titles, section headings, and photo captions to get
a sense of the structure and content of a reading selection; using knowledge
of the subject matter to make predictions about content and vocabulary and
check comprehension; using knowledge of the text type and the author to make
predictions about writing style, vocabulary, and content; making a quick survey
of the text to get the main idea, confirm or question predictions; guessing prior
knowledge of the subject and the ideas in the text as clues to the meanings of
unknown words; stopping at the end of a section to check comprehension by
restating the information and ideas in the text. When language learners use
reading strategies, they find that they can control the reading experience, and
they gain confidence in their ability to read the language.
117
Taking into account the reading strategies mentioned in the text, consider the
following statements.
Questão 12
Para estar em dia com as mudanças da sociedade, o professor deve deixar
de ser apenas um transmissor de conhecimento e abraçar verdadeiramente a
tarefa ou missão de educador. Isso significa formar em valores. Significa também
abrir espaços alternativos e integrar-se em discussões, reflexões, análises críticas
e processos permanentes de formação. O professor deve se transformar num
professor pesquisador: não só estar em dia com a sua área de conhecimento, com
as novas descobertas da sua disciplina, mas principalmente ser um pesquisador
dos processos de aprendizado do aluno. Como o aluno aprende hoje? O que
o faz aprender determinado assunto? O professor deve ter essa curiosidade
e desenvolver essa busca constante dos processos cognitivos do aluno. As
mudanças, também nessa área, são rápidas demais. O professor precisa estar
aberto e em dia com as novas formas de ensinar.
118
Com base no texto acima, avalie as afirmações:
I- A maneira como o aluno aprende é constante e imutável.
II- As questões cognitivas relativas à linguagem pertencem apenas aos
pesquisadores e não à sala de aula.
III- Os avanços da ciência não interferem no ensino em sala de aula.
IV- É necessário que o professor esteja atento aos resultados mais recentes de
pesquisas sobre aprendizagem.
119
120
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Nos tópicos 1 e 2 desta unidade, você compreendeu a importância das
questões linguísticas e cognitivas na aprendizagem da língua estrangeira. Neste
tópico vamos nos concentrar em um outro aspecto, bastante importante, a questão
social. Estudaremos como as questões sociais podem influenciar a aprendizagem
da língua estrangeira.
2 O CONTEXTO SOCIAL
A aprendizagem de uma língua estrangeira é uma tarefa desafiadora,
tendo em vista que, além de dominar o sistema linguístico da nova língua e a
sua gramática, o aprendiz necessita saber como utilizar esse conhecimento para se
comunicar em situações da vida real (BARKHUIZEN, 2004).
121
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
122
TÓPICO 3 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS
TURO S
ESTUDOS FU
AUTOATIVIDADE
Acadêmico! Reflita sobre o peso desses fatores – idade, gênero, classe social
e identidade étnica – na aprendizagem de língua estrangeira no contexto
brasileiro. Você concorda com as informações anteriormente apresentadas?
123
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Por outro lado, o output pode ser definido como o que o aprendiz produz
a respeito da linguagem, seja em forma oral ou escrita. Certamente o output é o
produto de uma interação entre o aprendiz e um interlocutor ou instrutor. Nessa
última situação, ainda considerando a teoria sociocultural, podemos prever que o
output pode ser modificado para satisfazer a compreensão, pode ser negociado,
ou desenvolvido com o auxílio do instrutor (scaffolded). Dessa forma, você pode
igualmente perceber que o output está também relacionado ao contexto social.
NOTA
Acompanhe a tradução:
...um sistema mental de conhecimento da língua estrangeira (BARKHUIZEN, 2004, p. 559,
tradução da autora).
124
TÓPICO 3 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS
3 CULTURA
NOTA
Acompanhe a tradução:
[…] a cultura hoje está associada com ideologias, atitudes e crenças, criadas e manipuladas
através do discurso da mídia, da internet e da indústria de marketing, de Hollywood e de
outros grupos com interesse na manipulação de ideias. A cultura tem sido cada vez menos
vista como um mundo de instituições e de tradições históricas, ou mesmo como práticas de
comunidades identificáveis, e sim como uma caixa de instrumentos mentais de metáforas
subjetivas, afetividades, memórias históricas, entextualizações e transcontextualizações de
experiências, com as quais damos sentido ao mundo à nossa volta e compartilhamos esse
sentido com outros. Tendo em vista que este compartilhamento tem ocorrido cada vez
mais no espaço cibernético, ao invés de em encontros bagunçados da vida real, a cultura
está facilmente fragmentada em estereótipos sentimentais que podem ser manipulados para
reforçar interesses particulares. (Tradução da autora)
125
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
4 FATORES SOCIOLINGUÍSTICOS
Siegel (2005) discute alguns fatores sociolinguísticos que podem influenciar
a aprendizagem de uma língua estrangeira. Estes fatores estão relacionados
principalmente à quantidade de línguas faladas pelo aprendiz e a sua comunidade
e também ao status dessas línguas. Siegel (2005) aponta alguns possíveis cenários
nos quais pode ocorrer a aprendizagem da LE. Observe a tabela que segue:
126
TÓPICO 3 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS
127
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
DICAS
128
TÓPICO 3 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS
129
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Como você pôde ver na figura acima representada, o termo ILA é mais
abrangente do que o termo ILE e apresenta uma maior aproximação do aprendiz
com a língua-alvo, sendo, por esses motivos, um termo mais atual dentro da LA.
130
TÓPICO 3 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS
132
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:
• Quanto maior a aproximação do aprendiz com a cultura da LE, mais fácil será o
processo de aprendizagem desta língua.
133
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I e II são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, II e IV são verdadeiras.
d) ( ) IV é verdadeira.
e) ( ) Todas são verdadeiras.
134
2 Com relação ao modelo de aculturação, analise as seguintes afirmações:
a) ( ) I e II são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, II e IV são verdadeiras.
d) ( ) II, III e IV são verdadeiras.
e) ( ) Todas são verdadeiras.
a) ( ) I e II são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, III e V são verdadeiras.
d) ( ) II, III e IV são verdadeiras.
e) ( ) Todas são verdadeiras.
135
136
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Ao longo desta unidade, estudamos o conhecimento linguístico necessário
para dominar uma língua estrangeira. Compreendemos também as questões
cognitivas envolvidas no processamento da linguagem e o impacto dos fatores
sociais na aprendizagem de LE.
NOTA
Acompanhe a tradução:
O filtro afetivo de Krashen talvez seja a hipótese mais conhecida nas teorias de aprendizagem
de segunda língua, a qual tenta lidar com o impacto das atitudes e da emoção na eficácia da
aprendizagem. (Tradução da autora)
137
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
3 IDENTIDADE
Norton (2000 apud BAUM, 2014) define identidade como a forma como a
pessoa define a si própria em relação ao mundo que está à sua volta. Essa definição
leva em conta a relação da pessoa com o tempo e o espaço, e com a visão da pessoa
sobre o futuro.
Como você pode perceber, embora identidade pareça ser algo individual,
é na verdade um conceito que se define quando nos deparamos com o outro. Ou
seja, precisamos nos deparar com algo diferente do que somos ou pensamos para
nos autodefinirmos. Essa questão da identidade se torna ainda mais visível quando
tratamos de língua estrangeira, tendo em vista que o choque da cultura, da forma
de pensar e de se expressar da língua do outro, causa essa reflexão sobre a nossa
identidade.
139
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Acompanhe a tradução:
... é teorizada como um processo contingente que envolve relações dialéticas entre aprendizes
e os diversos mundos e experiências que eles habitam e que agem sobre eles. (Tradução da
autora)
NOTA
Acompanhe a tradução:
... uma variedade de personagem, incluindo, por exemplo, funções sociais, status, e
relacionamentos, assim como comunidade, institucional, ética, socioeconômica, gênero, e
outro grupo de identidades. (Tradução da autora)
NOTA
Como você pôde ver, o construto da identidade não é fácil de ser definido.
Elenque as características principais que definem a identidade de uma pessoa. Você concorda
com a afirmação de que a nossa identidade é plural?
140
TÓPICO 4 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
4 MOTIVAÇÃO
AUTOATIVIDADE
Reflita sobre a sua motivação inicial para aprender o inglês como língua
estrangeira. Essa motivação permanece a mesma? Caso a resposta seja positiva,
quais fatores influenciaram essa alteração?
141
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
5 CRENÇAS
Crenças podem ser definidas como o que acreditamos ser verdadeiro
devido ao conhecimento popular ou a nossa experiência de vida (BARCELOS,
2012). Em muitos casos elas podem ser positivas para a aprendizagem de LE, em
outros, negativa. Por exemplo, uma crença comum sobre o aprendizado de LE é
a de que você precisa viver no país onde a língua é falada para poder aprender o
idioma. Se essa crença for muito forte na vida do aprendiz, poderá impedi-lo de
colocar esforço no processo de aprendizagem, ainda que as oportunidades (como
aulas) lhe sejam oferecidas.
AUTOATIVIDADE
6 ESTILOS DE APRENDIZAGEM
De acordo com Guará Tavares (2007, p. 112), “[...] learning style is essentially
a cognitive construct which may be influenced by emotion and can drive learners’
behavior.”
NOTA
Acompanhe a tradução:
[...] estilo de aprendizagem é essencialmente um construto cognitivo o qual pode ser
influenciado pela emoção e pode direcionar o comportamento do aprendiz. (Tradução da
autora)
142
TÓPICO 4 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
143
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
AUTOATIVIDADE
7 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Nenhum aprendiz é igual ao outro, assim como cada ser humano é único,
portanto, é importante que façamos uma análise de quais individualidades do
ser humano podem impactar na aprendizagem de LE. O conhecimento a respeito
dessas diferenças pode nos ajudar a adaptar os materiais de aprendizagem e as
metodologias de ensino às individualidades dos aprendizes, fugindo do modelo
único.
144
TÓPICO 4 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS
Dörnyei e Skehan (2005) postulam que a aptidão pode ser entendida como
uma série de questões relacionadas a diferenças individuais na aprendizagem da
LE.
145
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
DICAS
Sobre a questão do aprendiz tardio, você pode aprofundar seus estudos em:
• BONGAERTS, Theo. Ultimate attainment in L2 pronunciation: The case of very advanced late
L2 learners. Second language acquisition and the critical period hypothesis (1999): 133-159.
• BIRDSONG, D. Second language acquisition and ultimate attainment. In: DAVIES, A.; ELDER, C.
(Eds). Handbook of applied linguistics, John Wiley & Sons, 2004, p. 82-105.
• BONGAERTS, T. Introduction: ultimate attainment and the critical period hypothesis for second
language acquisition. International Review of Applied Linguistics in Language Teaching, v.
43, n. 4, 2005, p. 259-267.
• HYLTENSTAM, K.; ABRAHAMSSON, N. Who can become native-like in a second language? All,
some, or none?" Studia linguistica, v. 54, n. 2, 2000, pp.150-166.
146
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você estudou:
147
AUTOATIVIDADE
148
UNIDADE 2
TÓPICO 5
ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
QUESTÕES INTERACIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Você acredita que o ser humano possa se desenvolver e aprender coisas
novas, completamente sozinho? Ou ele necessita de um meio social, de pessoas
e de instrumentos para auxiliá-lo nesse processo? Interagir significa estar em um
meio social, conversar com outras pessoas e usar de meios para o desenvolvimento.
149
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Além disso, as atividades nas quais as crianças interagem umas com as outras
também têm um papel crucial no desenvolvimento da linguagem, mostrando, dessa
forma, o impacto da socialização no desenvolvimento da linguagem. Ainda nessa
linha de pensamento, Watson-Gegeo e Nielsen (2005) postulam que o aprendizado
da linguagem pela criança ocorre em contextos sociais, culturais e políticos. Ainda
de acordo com os autores, esses contextos determinam as formas linguísticas que a
criança ouve e usa, e destacam a significância social do uso dessas formas.
A posição de nature diz respeito a tudo que é natural, inato e se aplica tanto à
aquisição de primeira quanto de segunda língua, por crianças e adultos. Esta posição
tem como base os pressupostos inatistas de Chomsky, para quem a criança já nasceria
com uma capacidade inata para a aquisição da linguagem, e, portanto, possuiria de
forma inata uma gramática universal.
150
TÓPICO 5 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS
Gass (2005) explica que as pesquisas sobre interação têm como base a
noção de que as trocas conversacionais entre falantes nativos e falantes não nativos
da língua ou entre falantes não nativos não são apenas um meio de praticar a
língua, mas também um meio através do qual a aprendizagem acontece. Ou seja, a
interação não envolve apenas a prática de características específicas da língua, mas
é a base para o desenvolvimento da linguagem (GASS, 2005).
NOTA
Acompanhe a tradução:
...negociação de significado, e especialmente o trabalho da negociação causa ajustes
interacionais por parte do falante nativo ou do interlocutor mais competente, facilita a aquisição
porque conecta insumo, capacidades internas do aprendiz, principalmente atenção seletiva e o
uso da língua de formas produtivas. (Tradução da autora)
151
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Tradução:
NNS: Tem um recipiente de flores na prateleira.
NS: um recipiente?
NNS: base* (sem tradução).
NS: uma base?
NNS: uma base.
NS: ah, um vaso.
NNS: vaso.
(Tradução da autora).
Gass (2005) explica que nessa interação não há como ter certeza se o falante
não nativo está apenas repetindo o que o falante nativo disse ou se ocorreu algum
aprendizado. O modelo, apresentado na figura que segue, ilustra a forma de
interação ideal para que os aprendizes avancem no desenvolvimento.
152
TÓPICO 5 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS
3 A TEORIA SOCIOCULTURAL
A teoria sociocultural tem sua origem em Lantolf (2000 apud ELLIS, 2008)
e tem como objetivo explicar "how knowledge of an L2 is internalized through
experiences of a sociocultural nature” (ELLIS, 2008, p. 517).
NOTA
153
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Tradução:
...o artefato disponível mais poderoso para mediar o pensamento é a linguagem. (Tradução da
autora)
154
TÓPICO 5 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS
NOTA
Acompanhe a tradução:
...a linguagem é vista tanto como uma forma de realizar a interação social e de gerir atividade
mental, sendo que a primeira serve como base para a última. No caso de aprendizes de LE, a
L2 serve tanto como o objeto de atenção quanto como o instrumento para mediar a aquisição.
(Tradução da autora)
E
IMPORTANT
155
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
NOTA
Tradução:
...o processo dialógico pelo qual um falante auxilia o outro em desempenhar uma função que
ele não consegue desempenhar sozinho. (Tradução da autora)
156
TÓPICO 5 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS
Ellis (2008) explica que para entender a ZDP é importante distinguir três
níveis de desenvolvimento:
1. O nível de desenvolvimento atual: que corresponde ao
desenvolvimento das funções mentais da criança, resultado do
fechamento de certos ciclos de desenvolvimento.
2. Um nível de desenvolvimento potencial: onde a criança consegue
fazer a tarefa (resolução de uma questão) com a ajuda de um adulto ou
expert, por exemplo.
3. O nível que está acima da capacidade atual do aprendiz: ainda que
receba auxílio, ele não consegue operacionalizar nesse nível.
157
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
5 RETORNO/CORREÇÃO
Diante do que você estudou sobre o papel da interação na aprendizagem
de língua estrangeira, alguns pressupostos da teoria sociocultural e o construto
da ZDP de Vygotsky, deve se perguntar qual é o papel do professor de língua
estrangeira nesse processo. Tendo em vista que a mediação é essencial para que
o aprendiz passe de uma zona de desenvolvimento a outra, o professor ou tutor
tem uma tarefa importante. E uma das maneiras de mediar o desenvolvimento
do aprendiz é através da correção que o professor faz ao aluno. Dependendo
do tipo de retorno dado pelo professor, o aluno pode ou não alcançar a zona de
desenvolvimento proximal.
NOTA
tradução:
Interações são importantes porque é neste contexto que os aprendizes recebem informação
sobre os acertos e, mais importante, sobre os erros dos seus enunciados. (Tradução da autora)
158
TÓPICO 5 | ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS
Dessa forma, você pôde compreender, ao longo deste tópico, que a interação
é essencial à aprendizagem e ao desenvolvimento da linguagem e até mesmo os
erros são importantes para o avanço no processo de aprendizagem. Os erros são
parte desse processo e indicam o estágio de desenvolvimento do aprendiz.
159
UNIDADE 2 | UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
DICAS
SUGESTÕES DE LEITURA
BIALYSTOK, E. The role of conscious strategies in second language proficiency. The Modern
Language Journal, v. 65, p. 24-35, 1981.
DONATO, R. Collective scaffolding in second language learning. In: LANTOLF, J.; APPEL, G. (Ed.).
Vygotskian approaches to second language research. New York: Ablex, 1994.
160
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico estudamos que:
• A interação de um falante nativo com um não nativo, assim como entre dois
falantes não nativos, envolve uma série de modificações e negociação de
significado.
161
AUTOATIVIDADE
1 Tendo em vista o que você estudou neste tópico, reflita sobre como a
tecnologia tem alterado a interação humana, e responda à questão abaixo,
retirada do ENADE 2014:
QUESTÃO 4
Importante website de relacionamento caminha para 700 milhões de
usuários. Outro conhecido servidor de microblogging acumula 140 milhões
de mensagens ao dia. É como se 75% da população brasileira postasse um
comentário a cada 24 horas. Com as redes sociais cada vez mais presentes no
dia a dia das pessoas, é inevitável que muita gente encontre nelas uma maneira
fácil, rápida e abrangente de se manifestar.
Uma rede social de recrutamento revelou que 92% das empresas
americanas já usaram ou planejam usar redes sociais no processo de
contratação. Destas, 60% assumem que bisbilhotam a vida dos candidatos em
websites de rede social.
Realizada por uma agência de recrutamento, uma pesquisa com 2.500
executivos brasileiros mostrou que 44% desclassificariam, no processo de
seleção, um candidato por seu comportamento em uma rede social.
Muitas pessoas já enfrentaram problemas por causa de informações
online, tanto no campo pessoal quanto no profissional. Algumas empresas e
instituições, inclusive, já adotaram cartilhas de conduta em redes sociais.
POLONI, G. O lado perigoso das redes sociais. Revista INFO p. 70-75, julho
2011 (adptado).
162
same time. Our world shrinks as technologies now allow us to communicate
both synchronously with peers around the world. Conversely, the explosion
of information now avaible to us expands our view of the world. As a result of
the ability to communicate globally and the information explosion, education
must change.
The current teaching paradigm of the teacher as the possessor and
transferor of information is shifting to a new paradigm of the teacher as
a facilitator or coach. This new teacher will provide contextual learning
environments that engage students in collaborative activities that will require
communications and access to information that only technology can provide.
Unfortunately, we don’t have to look hard to find teachers utilizing
new technological tools to replicate old educational models. For example, most
uses of distance education employ the same instructor delivering the same
lecture to the same audience, only now the audience can be larger. This distance
education model does nothing to address the concept of lifelong learning. This
traditional model still places the student in a passive role, merely absorbing as
much information as possible. Instead, more collaborative models of distance
education could be employed.
163
3 Considerando o papel da mediação na aprendizagem de LE, responda à
questão a seguir, retirada do ENADE 2014:
QUESTÃO 23
É necessário que o docente esteja em constante processo de formação,
buscando sempre se qualificar, pois, por meio da formação continuada, ele
poderá melhorar sua prática docente e seu conhecimento profissional.
A prática e o de reflexão sobre essa prática exercida no espaço da sala
de aula contribuem para o surgimento de uma ressignificação do conceito de
professor, de aluno, de aula e de aprendizagem. O professor deve assumir o
papel de facilitador e mediador do conhecimento, um participante ativo na
aprendizagem dos alunos, possibilitando que o aluno seja sujeito do processo
de ensino-aprendizagem. Dessa forma, podemos perceber a importância do
professor na sua própria formação e na formação dos educandos. Agindo
como mediador, o docente está oferecendo aos alunos a oportunidade de
terem autonomia na construção do seu próprio conhecimento como forma de
compreender a realidade social em que vivem.
É preciso que o professor tenha consciência do seu papel social para
que possa ajudar o aluno a compreender a sociedade em que está inserido e a
complexidade do conhecimento que pretende adquirir. Assim, o professor tem
como meta principal uma aprendizagem voltada para resolver os problemas que
a vida nessa sociedade irá apresentar a ele, oportunizando o desenvolvimento
de uma visão crítico-reflexiva da vida. Com isso, ele terá a possibilidade de
compreender e interpretar os problemas que emergem no cotidiano.
É por meio de um processo formativo capaz de mobilizar os saberes
da teoria da educação que os docentes compreenderão e desenvolverão as
competências e habilidades necessárias para a investigação da sua própria
atividade.
164
IV. A visão crítico-reflexiva do aluno está relacionada com o papel de mediador
do professor e com o foco no ensino que privilegia a transmissão de conteúdos.
165
a) ( ) Todas as afirmações são verdadeiras.
b) ( ) I, II e III são verdadeiras.
c) ( ) I, III e IV são verdadeiras.
d) ( ) I, II e IV são verdadeiras.
e) ( ) II, IV e V são verdadeiras.
166
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada tópico, você terá
atividades para ajudá-lo a refletir sobre os assuntos abordados.
167
168
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Para que você possa entender o papel do ensino do inglês como língua
estrangeira no Brasil, é importante que façamos uma retrospectiva histórica, na qual
você poderá analisar os estágios de implantação da língua estrangeira na educação
brasileira, em especial do inglês. Só para instigar a sua curiosidade, convidamos
você a refletir sobre em qual momento da história da educação no Brasil o ensino
do inglês como língua estrangeira se tornou relevante. De acordo com Leffa (1999),
no contexto brasileiro, muitas vezes, não temos claro se o objetivo de aprendermos
uma língua estrangeira é para servir a nós, brasileiros, ou aos outros.
Tendo como base essas questões, convidamos você à leitura deste tópico,
no qual discutiremos questões a respeito da implantação do inglês como língua
estrangeira no currículo nacional, na perspectiva histórica e política.
169
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
170
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
Como você pode observar na tabela acima, durante o Brasil Império era
possível que houvesse até seis línguas estrangeiras ensinadas ao mesmo tempo.
Dentre estas, observamos tanto línguas clássicas quanto modernas. Porém, com
o passar dos anos, o número de horas de ensino de língua estrangeira na escola
diminuiu consideravelmente, de 50 para 36. Durante a República, o grego não era
mais ensinado, o italiano passa a ser facultativo ou também inexistente, e o alemão
e o inglês permanecem de forma seletiva, ou seja, os dois não são ensinados ao
mesmo tempo. Durante a República, a carga horária das disciplinas de língua
estrangeira diminuiu consideravelmente, como você pode observar na tabela a
seguir.
171
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
E
IMPORTANT
Você estudou o Método Direto no Tópico 3 da Unidade 1. Como você viu, este
método tem como foco o uso da língua-alvo em todo o momento do processo
de ensino, com o objetivo de fazer com que o aluno aprenda a pensar nesta língua.
172
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
NOTA
Nessa época o ensino do francês tinha um status maior do que o do inglês (SILVA,
2015). O interesse pelo inglês aumentou com a chegada do cinema falado, em 1920 (SILVA,
2015), e após a Segunda Guerra Mundial cresceu a dependência cultural e econômica do Brasil
em relação aos EUA. Esses fatores contribuíram para o aumento no interesse da aprendizagem
do inglês em detrimento do francês.
173
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Como você pôde ver na tabela acima, a partir de 1961 já não se observa o
ensino de latim. O ensino de grego e de italiano é inexistente em todo esse período.
As línguas que permaneceram foram o francês, o inglês e o espanhol. Ou seja,
as línguas modernas no lugar das clássicas. O número de horas/aula de língua
estrangeira cai drasticamente para apenas seis horas. Leffa (1999) argumenta que a
lei de 1961 inicia a extinção dos anos dourados do ensino de línguas estrangeiras,
tendo em vista que esta lei fez com que o ensino de línguas estrangeiras fosse
reduzido a menos de 2/3 do que antes de 1942 (quando da Reforma Capanema).
Adicionalmente, a LDB de 1961 tornou o ensino de línguas estrangeiras no
Ensino Médio não obrigatório (SILVA, 2015). Por consequência, surgiram, nessa
época, vários cursos de idiomas. De acordo com Silva (2015), essa LDB reforçou a
crença, até hoje fortemente veiculada, de que não é possível aprender uma língua
estrangeira na escola pública brasileira.
Em 1971 foi publicada uma nova LDB, que reduziu o ensino de 12 para 11
anos, dividindo-o em 1º grau, com oito anos de duração, e 2º grau, com três anos
de duração. A partir dessa LDB, a ênfase do ensino é na habilitação profissional.
Era papel do Conselho Federal de Educação estabelecer o núcleo comum a ser
ensinado para cada habilitação profissional. Nessa época houve uma redução
drástica no ensino de língua estrangeira, que era ensinada como um acréscimo aos
demais conteúdos profissionalizantes. Portanto, era comum alunos concluírem
a vida escolar sem terem visto nenhuma língua estrangeira (LEFFA, 1999).
Adicionalmente, a LDB de 1971 reforçou o desprestígio do ensino da língua
estrangeira, visto que era recomendável, mas não obrigatório (SILVA, 2015).
174
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
175
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
176
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
concretização curricular, sendo o primeiro os próprios PCN, que são uma referência
nacional, têm como objetivo proporcionar a discussão e reflexão sobre a prática
pedagógica, subsidiar ou revisar os currículos dos estados e municípios (BRASIL,
1997). As metas traçadas pelos PCN devem estar em consonância com as deliberações
do MEC, projetos relacionados e análise de material didático, como livros, por
exemplo. O segundo nível de concretização curricular ao qual pertencem os PCN
está relacionado às propostas curriculares dos estados e municípios (BRASIL,
1997). Como os PCN são flexíveis, nessa esfera é necessário que as Secretarias de
Educação analisem as práticas já recorrentes juntamente com a proposta dos PCN,
para que estes sejam adaptados à realidade local (BRASIL,1997).
177
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
porque o contexto da sala de aula não oferece condições ideais para se trabalhar a
habilidade oral, tendo em vista o grande número de alunos nas salas. Em específico,
os PCN sugerem que as línguas estrangeiras sejam trabalhadas com ênfase nos
gêneros textuais. Essa abordagem tem gerado críticas por parte dos professores
de línguas, que argumentam que o ensino com base apenas na leitura faz com
que os alunos tenham que buscar um curso de idiomas para desenvolverem a
habilidade oral da língua, reforçando a crença de que não se pode aprender uma
língua estrangeira na escola pública.
178
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
seguintes diretrizes:
- base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada que
atenda a especificidades regionais e locais da sociedade, da cultura, da
economia e do próprio aluno (Art. 26);
- planejamento e desenvolvimento orgânico do currículo, superando a
organização por disciplinas estanques;
- integração e articulação dos conhecimentos em processo permanente
de interdisciplinaridade e contextualização;
- proposta pedagógica elaborada e executada pelos estabelecimentos de
ensino, respeitadas as normas comuns e as de seu sistema de ensino;
- participação dos docentes na elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino (BRASIL, 2006, p. 7).
179
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
- fazer com que o aprendiz entenda, com isso, que há diversas maneiras
de organizar, categorizar e expressar a experiência humana e de realizar
interações sociais por meio da linguagem. (Vale lembrar aqui que essas
diferenças de linguagem não são individuais nem aleatórias, e sim
sociais e contextualmente determinadas; que não são fixas e estáveis, e
podem mudar com o passar do tempo.);
- aguçar, assim, o nível de sensibilidade linguística do aprendiz quanto
às características das línguas estrangeiras em relação à sua língua
materna e em relação aos usos variados de uma língua na comunicação
cotidiana;
- desenvolver, com isso, a confiança do aprendiz, por meio de
experiências bem-sucedidas no uso de uma língua estrangeira, enfrentar
os desafios cotidianos e sociais de viver, adaptando-se, conforme
necessário, a usos diversos da linguagem em ambientes diversos (sejam
esses em sua própria comunidade, cidade, estado, país ou fora desses)
(BRASIL, 2006, p. 92).
Como você pôde ver no trecho citado acima, de acordo com as OCEM,
o ensino de língua estrangeira serve para que o aluno seja defrontado com um
contexto e uma cultura diferente daquela que lhe é peculiar. Adicionalmente, saber
se relacionar, nos diferentes contextos, através da língua estrangeira, é também um
objetivo do aprendiz de língua estrangeira. Em relação a questões metodológicas
mais específicas sobre o ensino da língua estrangeira, o documento enfatiza o
desenvolvimento da habilidade de leitura, da comunicação oral e da prática escrita
ao longo dos três anos do Ensino Médio.
180
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
181
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Como você pôde ver no trecho acima, a BNCC reúne direções apontadas
por outros documentos, estando em consonância com as LDBs e com os PCN. Nessa
linha de raciocínio, o ensino de língua estrangeira é visto em uma perspectiva mais
ampla do que apenas do ensino das questões linguísticas da língua (conforme você
estudou no Tópico 1 da Unidade 2), envolve questões culturais, de leitura crítica e
questões sociais. Conforme você estudou na Unidade 2, o conceito de identidade é
algo que se constrói quando nos deparamos com o diferente, dessa forma, o contato
com uma língua estrangeira serve para fortalecer a visão sociocultural da própria
língua materna. No contato com o outro é que definimos a nossa identidade.
Assim, você pode ver que o papel da aprendizagem da língua estrangeira é muito
182
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
mais amplo do que possa parecer, envolvendo aspectos que vão além da questão
linguística. Você também pôde perceber o enfoque dado à questão de se trabalhar
com texto escrito no ensino da língua estrangeira, conforme já observou quando
discutimos a questão dos PCN. Outra questão relevante que cabe destacar é o
contexto de aprendizagem da língua em uso com a finalidade do uso também.
Essa é uma perspectiva dentro da abordagem funcionalista da linguagem (assunto
estudado na Unidade 1 desse caderno de estudos). Adicionalmente, de acordo
com a BNCC, o ensino de língua estrangeira deve contribuir para a preparação
do aluno para enfrentar o mundo onde a diversidade cultural entre os diversos
grupos é grande, minimizando dessa forma a intolerância, a discriminação e o
preconceito, de forma geral.
Você pôde perceber, entre as questões indicadas acima como parte essencial
do conhecimento de língua estrangeira, de acordo com a BNCC (BRASIL, 2016), a
importância dos fatores humanos e não humanos na comunicação, das condições
contextuais nas quais o discurso acontece, do papel dos gêneros de discurso na
sociedade ao longo do tempo.
183
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Como você pôde perceber, essa Medida Provisória tem como um dos
objetivos tornar o Ensino Médio mais técnico, tendo em vista que o aluno tem a
opção de escolher uma área do conhecimento para se especializar. Além disso,
é objetivo da MP tornar o Ensino Médio integral. O impacto dessa MP para o
ensino de língua estrangeira é de que o inglês passe a ser língua obrigatória a
partir do 6º ano do Ensino Fundamental. A segunda língua estrangeira, caso seja
ofertada, deverá ser o espanhol. Ou seja, conforme você estudou neste tópico,
isso altera a possibilidade de a escola escolher a língua estrangeira de acordo
com as peculiaridades da comunidade. Essa Medida Provisória também faz com
que o ensino de espanhol deixe de ser obrigatório e restringe o ensino de língua
estrangeira apenas a essas duas línguas: o inglês e o espanhol.
184
TÓPICO 1 | A IMPLANTAÇÃO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO CURRÍCULO ESCOLAR NO BRASIL
NOTA
AUTOATIVIDADE
185
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
LEITURA COMPLEMENTAR
186
RESUMO DO TÓPICO 1
• O método utilizado para ensinar estas línguas era de leitura de textos e tradução.
• A partir da LDB de 1996, uma língua estrangeira moderna passou a ser incluída
de forma obrigatória a partir da 5ª série do Ensino Fundamental e uma outra em
caráter optativo.
187
• A BNCC é uma tentativa do MEC de unificar do currículo do Ensino Básico.
188
AUTOATIVIDADE
1 - A questão seguinte foi retirada do ENADE 2011. Responda com base nas
discussões empreendidas ao longo do Tópico 1 desta unidade referente à
regulamentação do ensino de língua estrangeira no Brasil.
PORQUE
PORQUE
189
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
190
A expressão “o Xis da questão” usada no título do infográfico diz
respeito
Excerto I
Proposta:
[...]
2. Aponte todos os substantivos presentes no texto.
3. Aponte um substantivo abstrato presente no texto.
4. Aponte um substantivo concreto presente no texto.
5. Qual é o único substantivo presente no texto que admite uma forma para ao
masculino e outra para o feminino?
6. Há, no texto, algum substantivo próprio? Em afirmativo, aponte-o.
Exceto II
Proposta:
191
AZEVEDO, D. G. Palavra e criação: língua portuguesa. São Paulo: FTD. 1996.
v. 8. p. 102 (com adaptações).
As atividades em I e II:
a) ( ) Enfatizam a relação lúdica do leitor com o poema, o que permite o
aprofundamento da leitura.
b) ( ) Usam os poemas como recurso e pretexto para trabalhar com os alunos
tópicos de gramática, ignorando aspectos mais relevantes.
c) ( ) São coerentes com os Parâmetros Curriculares Nacionais, principalmente
por obedecerem ao princípio de que não se formam bons leitores oferecendo
materiais de leitura empobrecidos.
d) ( ) Exploram o sentido dos poemas, a partir de tópicos de gramática, o
que está em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais, que
propõem, para o ensino fundamental, o desenvolvimento das habilidades
linguísticas básicas.
e) ( ) Permitem a aproximação do aluno com a linguagem de poema, atendendo,
assim, a um dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental, o de conhecer e analisar criticamente os usos da língua
como veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.
4- Responda à questão a seguir, retirada do ENADE 2014, com base no que você
estudou neste tópico sobre a orientação dos PCN para o ensino de língua
estrangeira.
Cabe discutir uma questão que tem sido frequente nas preocupações
dos professores de Língua Estrangeira: a procura de um método ideal. As
abordagens estão alicerçadas em princípios de natureza variada.
192
A) o contexto da aprendizagem, para a prescrição de uma abordagem.
B) o uso de diferentes abordagens e métodos, para atender contextos diversos.
C) a série de orientações do Governo Federal como norteadora da escolha do
método ideal.
D) a utilização dos PCN como base para a maioria dos cursos de inglês que
adotam o método audiovisual.
E) a adoção de métodos cujas perspectivas teóricas têm sido as mais adequadas
para a formação de professores desde a década de 1990.
FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
provas/2014/32_letras_portugues_ingles.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2016.
193
É correto o que se afirma em
a) ( ) I, apenas.
B) ( ) II e III, apenas.
C) ( ) II e IV, apenas.
D) ( ) I, III e IV, apenas.
E) ( ) I, II, III e IV.
194
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
195
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
2 WORLD ENGLISHES
196
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
Com relação ao uso do inglês como língua franca, parece haver um certo
padrão no uso da língua, dependendo do contexto. No entanto, as pesquisas têm
mostrado sistematicamente que os desvios da norma-padrão do inglês produzidos
pelos falantes não nativos não interferem com a intenção comunicativa. Você
pode observar essa questão nos exemplos a seguir, retirados de situações de
uso da língua inglesa falada internacionalmente por falantes não nativos. James
(2000 apud JESSNER, 2006) explica que os padrões desenvolvidos por falantes
não nativos não diferem muito do padrão de um falante nativo, como pode ser
observado no exemplo a seguir.
NOTA
No exemplo acima, você pode perceber que o falante não nativo utilizou
a forma “I also not” quando a forma mais apropriada seria “I also don’t”. Ou
seja, houve uma supressão do verbo auxiliar do. Merkord (2005 apud JESSNER,
2006) pesquisou a interação entre falantes de diversas variedades do inglês e
chegou à conclusão de que na maioria dos casos os falantes tendem a utilizar os
padrões do inglês britânico ou americano, mas também desenvolvem uma série
de características heterogêneas da linguagem. A seguir, você pode ver exemplos
representando a fala de falantes não nativos, pertencentes ao círculo externo
(BHATT, 2005 apud KILICKAYA, 2009):
197
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
NOTA
Como você pode ver nos exemplos acima, o uso das question tags em inglês
não está obedecendo à regra de formação na qual a question tag deveria concordar
com o sujeito da frase, sendo que a forma padrão seria a seguinte:
NOTA
No entanto, Kilickaya (2009) explica que na Índia o uso dessas question tags
é regido por um princípio de polidez de não imposição. Nos padrões de inglês
britânico ou americano, o uso dessas question tags é regido pela repetição do sujeito
da frase e do verbo modal adequado, conforme você viu no exemplo acima. Dessa
forma, você pôde perceber que a questão cultural de uma língua pode afetar o uso
da outra. Outro exemplo também mostra a influência da questão cultural no inglês
indiano, que é o uso do verbo modal may, como você pode ver a seguir (BHATT,
2005 apud KILICKAYA, 2009):
198
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
NOTA
Esses erros podem ser corrigidos, por favor. (BHATT, 2005 apud KILICKAYA,
2009, tradução da autora).
Como você pôde ver no exemplo acima, o verbo auxiliar may foi utilizado
para expressar obrigação de uma forma educada, no entanto, na variedade do
inglês britânico ou americano essa forma estaria desviando da norma-padrão. A
frase acima poderia ser falada como:
199
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
NOTA
Como você pôde observar na citação acima de Kilickaya (2009), a questão de qual inglês
deve ser ensinado diante desse cenário de inglês como língua franca ou internacional é
bastante pertinente. Dominar apenas os padrões de inglês americano e britânico pode não
ser suficiente para uma comunicação eficaz no mundo atual. O falante precisa de flexibilidade
para compreender as diferentes variedades da língua existentes e também para que possa se
fazer compreender. Portanto, o papel do professor de inglês no mundo atual, cada vez mais,
é o de buscar o maior número de exemplos de falas diversificadas e de contextos específicos
nos quais a língua inglesa é usada, possibilitando, assim, uma formação mais ampla e completa
do aluno de língua estrangeira. Essa discussão continua no próximo tópico, que trata sobre a
globalização.
AUTOATIVIDADE
ENADE 2014
COMPONENTE ESPECÍFICO
QUESTÃO DISCURSIVA 3
Society invents a spurious convoluted logic tae absorb and change
people whae’s behaviour is outside its mainstream. Suppose that ah ken aw the
pros and cons, know that ah’m gaunnae huv a short life, am ah sound mind,
ectetera, but still want tae use smack? They won’t let ye dae it. They won’t
let ye dae it, because it’s seen as a sign ay thir ain failure. The fact that ye jist
simply choose tae reject whut they huv tae offer. Choose us. Choose life. Choose
mortgage payments; choose washing machines; choose cars; choose sitting oan
a couch watching mind-numbing and spirit-crusshing game shows, stuffing
fuckin junk food intae yir mooth. Choose rotting away, pishing and shiteing
yersel in a home, a total fuckin embarrassment tae the selfish, fucked-up brats
200
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
Em seu texto,
a) Discorra sobre variedade linguística; (valor: 1,5 pontos)
b) Explique por que esse fenômeno ocorre; (valor: 1,5 pontos)
c) Aponte dois exemplos; (valor: 1,0 ponto)
d) Relacione variedade linguística com diversidades social, histórica e cultural
(valor: 6,0 pontos).
3 A GLOBALIZAÇÃO
língua inglesa tem o hábito de incorporar esses novos vocábulos ao seu léxico, o
que explica o fato de o inglês, embora ser originalmente uma língua germânica,
ter tanta variação na composição do seu léxico. Outro fenômeno comum nessas
situações é a troca de código (code switching), fenômeno que ocorre quando no
meio de uma frase em inglês, por exemplo, o falante passa a usar o português e
depois volta ao inglês. Esse fenômeno é mais comum quando os dois interlocutores
dominam o mesmo par linguístico.
NOTA
Como você pôde ver na citação acima, o fato de o inglês ter se tornado
uma língua internacional tem implicações para os falantes nativos desta língua,
bem como o que esta língua se tornará no futuro. Tendo em vista que a língua é
dinâmica, e evolui com o tempo (evolui no sentido de ser alterada e não melhorada),
os falantes dessa língua têm um papel importante em como ela estará no futuro.
Nessa mesma linha de raciocínio, você pode ver a reportagem da BBC de Morrison
(2016) que mostra que o falante nativo de inglês também tem que se adaptar a esse
novo cenário. De acordo com a reportagem, o fato de o inglês ter se tornado uma
língua internacional tem feito com que os americanos se acomodem, tendo em
vista que os outros falam a língua deles. Porém, a comunicação pode não ser tão
simples assim, isso porque o inglês falado internacionalmente tem características
peculiares que podem diferir do inglês falado pelo nativo. De acordo com a
reportagem, quando alguém entra numa sala cheia de pessoas falando inglês e
não consegue nem compreender nem se fazer compreender, normalmente este
alguém é um falante nativo do inglês. Isso porque os falantes nativos comumente
202
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
falam muito rápido, usam gírias, expressões e fazem piadas típicas da sua cultura.
Falantes não nativos, por outro lado, usam a língua com mais cuidado, prestando
atenção no propósito comunicativo. Isso mostra que a internacionalização do
inglês tem impactos não apenas para os aprendizes desse idioma como língua
estrangeira, mas também para os falantes nativos da língua.
203
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Como você pôde observar no gráfico acima, a língua inglesa é falada por
101 países, quase o dobro do que o segundo país relacionado nesse gráfico. Esse
dado comprova a supremacia do inglês internacionalmente. A figura a seguir
mostra outro dado significativo em relação ao inglês internacional, que se refere
ao número de pessoas aprendendo uma língua estrangeira ao redor do mundo.
Como você pôde ver, inclusive escrito no gráfico acima, o inglês é de longe
a língua estrangeira mais estudada no mundo (English is by far the most studied
foreign language in the world), possuindo 1.5 bilhão de aprendizes. Em segundo
lugar observamos o francês, que já foi a língua dominante internacionalmente,
mas que devido ao poder econômico dos EUA perdeu o prestígio para o inglês.
O chinês aparece em terceiro lugar, com 30 milhões de aprendizes. Esse dado se
justifica pelo fato de a China ser uma potência econômica em ascensão. Na próxima
seção você verá como essas questões afetam o aprendizado do inglês como língua
estrangeira.
204
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
4 A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
NOTA
NOTA
205
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
207
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
208
TÓPICO 2 | A LÍNGUA INGLESA EM USO: WORLD ENGLISHES
209
RESUMO DO TÓPICO 2
• A expansão do inglês como língua franca pode ser explicada por meio de três
círculos.
• O círculo interno inclui os países onde o inglês é falado como a língua materna
pela maioria da população.
• O círculo em expansão compreende os países nos quais o inglês não tem status
oficial, mas é ensinado como língua estrangeira, como é o caso do Brasil.
• Os desvios da língua produzidos pelos falantes não nativos não interferem com
a intenção comunicativa.
210
• A competência estratégica é um componente importante da competência
comunicativa, pois auxilia o falante quando o conhecimento linguístico não é
suficiente para alcançar o objetivo de comunicação.
211
AUTOATIVIDADE
212
2- A questão a seguir foi retirada do ENADE 2014. Com base no que você estudou
neste tópico sobre o inglês como língua internacional e as implicações dessa
nova configuração para o ensino e a aprendizagem de língua estrangeira,
responda à questão a seguir:
Texto 3
Premeditando o Breque
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br>. Acesso em: 25 ago. 2014.
213
refletir sobre os aspectos socioculturais, pois os temas transversais podem ser
focalizados para se explorar a consciência crítica dos alunos.
a) ( ) I e IV.
b) ( ) II e III.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I, II e III.
e) ( ) I, II e IV.
214
If a foreign language teacher attends the lecture by David Britain, its
subject might help him/her prepare a class about
215
216
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Você verá também, neste tópico, que não apenas os brasileiros podem
apresentar dificuldade para aprender determinada estrutura ou aspecto do inglês
como língua estrangeira, mas também os falantes nativos de inglês podem ter
dificuldades ao aprender o português como língua estrangeira. Isso mostra que
dominar outra língua é uma tarefa bastante desafiadora. Cada língua possui
formas diferentes de expressar os mesmos significados, porque a língua se molda
de acordo com a cultura do seu povo e com as características dos seus falantes.
217
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
da BBC elencou cinco tópicos que podem causar dificuldades aos brasileiros, ao
utilizarem o inglês.
- beach /biːtʃ/ (praia) e bitch /bɪtʃ/ (cadela). Como você pode perceber, a
diferença na pronúncia dessas duas palavras ocorre apenas na vogal mais longa de
beach em comparação com bitch. Como em português não costumamos fazer essa
diferenciação, essa acaba se tornando uma dificuldade para brasileiros ao falarem
o inglês como língua estrangeira.
NOTA
218
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
AUTOATIVIDADE
Faça uma busca sobre outros termos que possam causar dificuldades para
brasileiros falando o inglês, por serem falsos cognatos.
Resposta: Possibilidades diversas.
219
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
NOTA
Para que você tenha uma ideia do quão complexa é esta questão dos phrasal
verbs em inglês, veja o exemplo a seguir das diferentes combinações com preposição
que o verbo look permite (exemplos retirados do Dictionary of Phrasal Verbs):
220
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
Como você pôde observar acima, o verbo look, quando combinado com
cada uma dessas 17 preposições, assume um significado diferente. Portanto,
é importante saber identificar um phrasal verb para não o tratar como um verbo
simples e interpretar o sentido da sentença de forma equivocada.
221
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
- Não ser flor que se cheire = To be a bad egg (Ser um ovo mau).
- Não coloque a carroça na frente dos bois = Don’t put the car before the horse (Não
ponha o carro antes do cavalo).
- Na rua da amargura = In Queer street (Na rua estranha).
- Não ter onde cair morto = Not to have a pot to pee (Não ter um pote para fazer
xixi).
- Na mosca! = Bull’s eye (Olhos do touro).
- Pau pra toda obra = Jack of all trades (Jack para todos os negócios).
- Picar a mula = Hit the road (Pegar a estrada).
- Por baixo do pano = Under the table (Embaixo da mesa).
- Pelo amor de Deus = God’s willing (Pela vontade de Deus).
- Pegar o lance (entender alguém) = Gotcha! (Peguei vocês).
- Quem não arrisca, não petisca = Nothing ventured, nothing gained / No pain, no
gain (Nada aventurado, nada ganhado. / Sem dor, sem ganho).
- Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come = Damned if you do, damned if you
don’t (Condenado se fizer, condenado se não fizer).
- Saideira, por favor = One for the road, please (Uma para a estrada, por favor).
- Tempo de vacas magras = Lean years (Anos magros).
- Tirar leite de pedra = Get blood out of a stone (Tirar sangue de uma pedra).
- Trocentas vezes = Zillion times (Um zilhão de vezes).
- Uma vez na vida, outra na morte = Once in a blue moon (Uma vez numa lua azul).
Como você pôde ver nas expressões acima, algumas são bastante
semelhantes ao português, ou seja, usam um vocabulário e uma forma semelhante
para expressar o mesmo sentido. Como exemplo temos a primeira: “The night
is a child”. Já outras são bastante diferentes, como “Get blood out of a stone”.
Essas questões são importantes para mostrar que o simples conhecimento de
juntar palavras para formar frases de acordo com as regras e funções gramaticais
pode não ser suficiente para uma comunicação eficiente. Cada língua tem uma
maneira única e peculiar de expressar sentido. Compreender essa forma diferente
de organizar as ideias e pensamentos faz parte da competência comunicativa sobre
a qual você estudou no Tópico 2 desta unidade.
AUTOATIVIDADE
222
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
223
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Dessa forma, muitas vezes, falantes nativos de inglês não fazem a entonação
que indica a interrogação em português, tornando difícil compreender se estão
fazendo uma afirmação ou uma interrogação. O quinto tópico relacionado na
reportagem diz respeito ao emprego dos verbos ir, ver e vir, ser e estar. Um problema
comum é o emprego de viu ao invés de veio. Também pode causar confusão o fato do
passado de ir e de ser, para a primeira pessoa do singular ser fui nos dois casos. Da
mesma forma, pode ser difícil para um falante não nativo de português entender a
diferença entre fui e foi e empregá-los corretamente. Outra dificuldade está ainda
na diferença entre os verbos ser e estar, tendo em vista que no inglês o verbo to be é
usado nos dois sentidos, enquanto no português o verbo estar tem um sentido mais
temporário do que o verbo ser. Na reportagem é citado um exemplo de um falante
não nativo de português que disse: “Nós estamos amigos”. Quando questionado
sobre o uso de estar ao invés de ser, ele disse: “E se amanhã nós brigarmos?”. Assim,
essa questão da temporalidade dificulta a compreensão dos falantes não nativos
da diferença entre esses dois verbos (ser e estar) em português. Na próxima seção
você vai ver com mais profundidade essa questão da dificuldade da aprendizagem
da língua estrangeira com foco no sistema de sons da língua.
224
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
NOTA
225
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
226
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
228
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
229
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
230
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
são reduzidas, tornando-se [ə] ou /ɪ/, como em graduate /ˈɡrædʒuət/. Essa redução
da vogal é importante para o ritmo e para a compreensão. Isso porque as sílabas
com vogais reduzidas são produzidas mais rapidamente em relação às outras.
Give it to me.
Give it to me.
231
UNIDADE 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
232
TÓPICO 3 | O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL: ASPECTOS LINGUÍSTICOS
233
RESUMO DO TÓPICO 3
• Dificuldades que brasileiros podem ter ao usar o inglês como língua estrangeira.
• Phrasal verbs, ou verbos frasais, são verbos que quando combinados com uma
preposição ganham um significado diferente do que o verbo inicialmente tinha.
São muito usados no inglês e não existem em português. Exemplos: look after
significa cuidar; look for significa procurar.
• A entonação das perguntas também pode ser difícil para um falante nativo
de inglês, tendo em vista que em português a ordem estrutural de uma frase
afirmativa é a mesma de uma sentença interrogativa.
• Os verbos ir, ver e vir, ser e estar também podem causar dificuldades para
falantes nativos de inglês aprendendo o português como língua estrangeira.
234
• Entre as vogais do inglês que podem causar mais dificuldade ao brasileiro,
destacam-se as que compõem as palavras meet e hit, met e hat, but e hot, book e
food.
• A pronúncia dos fonemas iniciais: /r/ de rat e /h/ de hat também é dificilmente
diferenciada pelos brasileiros.
• Brasileiros tendem a sempre pronunciar a vogal do passado dos verbos com -ed,
palavras com formação de plural -es e verbos na terceira pessoa do singular com
a terminação -es.
235
AUTOATIVIDADE
236
2 - Aprender uma língua estrangeira pode não ser uma tarefa fácil, tendo em
vista que dominar os aspectos linguísticos de uma língua não garante uma
comunicação eficaz. Isso porque cada cultura tem uma forma diferente de
expressar sentidos. Entre os aspectos que podem causar mais dificuldades
para brasileiros aprendizes de inglês como língua estrangeira, assinale a
alternativa correta:
I - Falsos cognatos são palavras com significado igual, mas grafia diferente.
II - Phrasal verbs são verbos que quando combinados a uma preposição assumem
um novo sentido.
III - O fonema /th/ do inglês, inexistente no português, é comumente pronunciado
como /t/ ou /f/.
IV - Expressões idiomáticas causam dificuldade para o uso e a compreensão,
pois não podem ser traduzidas de forma literal.
V – A entonação e o ritmo das sentenças não interferem com a fala.
237
REFERÊNCIAS
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ANOTAÇÕES
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