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Documento: 1831413 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/06/2019 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 494.696 - SP (2019/0051436-3)
RELATÓRIO
Nas razões recursais, o Agravante sustenta que "o valor da res furtiva ser
próximo de 20% do salário mínimo vigente à época dos fatos e a reiteração delitiva não
impedem a concessão do writ" (fl. 473).
Para tanto, aduz que "o objeto foi restituído ao seu proprietário, de modo que
a lesão ao bem jurídico tutelado é inexpressiva" (fl. 475), bem como "a reiteração delitiva
no caso de delitos patrimoniais, não impede o reconhecimento da bagatela" (fl. 476).
Requer o provimento do agravo para trancar a ação penal pela atipicidade da
conduta ou absolvê-lo, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 494.696 - SP (2019/0051436-3)
EMENTA
VOTO
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vigente à época (R$ 880,00).
Conforme a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é "incabível a
aplicação do princípio da insignificância quando o montante do valor da res furtiva
superar o percentual de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos" (AgRg no REsp
1.729.387/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 03/05/2018, DJe 09/05/2018).
Ademais, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC n.º 133.252/MG, de
que foi Relatora a Ministra CARMEN LÚCIA, consignou que:
"O princípio da insignificância não foi formulado para resguardar
e legitimar constantes condutas juridicamente desvirtuadas, mas para
impedir que desvios de conduta de mínima ofensividade, considerados
isoladamente, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no
caso concreto. Comportamentos contrários à lei penal, mesmo
insignificantes, quando constantes, devido à reprovabilidade, perdem a
condição de configurar bagatela, devendo ser submetidos ao direito penal"
(HC 133.252/MG, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em
15/03/2016).
De fato, a lei seria inócua se fosse tolerada a reiteração delitiva, ainda que os
valores subtraídos fossem considerados ínfimos, o que seria um verdadeiro incentivo ao
descumprimento da norma legal, mormente tendo em conta aqueles que fazem da criminalidade
um meio de vida.
No caso em apreço, conforme consignado pelas instâncias ordinárias, o Paciente
é reincidente específico.
Desse modo, constatada a habitualidade delitiva em crimes patrimoniais, revela-se
impossível a aplicação do princípio da insignificância no caso concreto, pois a recalcitrância do
Paciente na seara delitiva revela que sua conduta se reveste de elevada periculosidade social e
de intensa reprovabilidade jurídica.
Nesse sentido, confira-se:
"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. HABITUALIDADE DELITIVA.
REINCIDÊNCIA EM DELITOS PATRIMONIAIS. CONDENAÇÕES
ANTERIORES. REPROVABILIDADE DA CONDUTA. PERICULOSIDADE
SOCIAL DA AÇÃO. EXIGÊNCIA DE APLICAÇÃO DO DIREITO PENAL.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Não obstante o pequeno valor do objeto subtraído - 01 (um) jogo
de talheres avaliado em R$ 48,00 - não há como se acolher o pleito de
aplicação do princípio da insignificância no caso em apreço, pois o
Agravante é reincidente, possui duas condenações definitivas por crimes de
furto e uma condenação definitiva pelo crime de roubo tentado.
2. Constatada a habitualidade delitiva do Agravante em crimes
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patrimoniais, não há como se considerar que sua conduta é um
insignificante penal, pois a recalcitrância criminosa revela que a ação
delitiva se reveste de elevada periculosidade social e de intensa
reprovabilidade jurídica.
3. Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp 1.771.947/RS, Rel.
Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe
04/02/2019; sem grifos no original.)
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2019/0051436-3 HC 494.696 / SP
MATÉRIA CRIMINAL
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NEFI CORDEIRO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MARCUS VINICIUS AGUIAR MACEDO
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : FLAVIO APARECIDO SOATO
ADVOGADO : FLÁVIO APARECIDO SOATO - SP0145286
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : PATROCINIO BARBOZA DA SILVA
CORRÉU : RODRIGO DA SILVA BEZERRA
CORRÉU : OSCAR MESSIAS DO NASCIMENTO
AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : PATROCINIO BARBOZA DA SILVA
ADVOGADO : FLÁVIO APARECIDO SOATO - SP145286
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio
Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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