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Há, em cera gente, o asco ao judeu, assim como há o asco ao chinês ou ao
negro. E esta repugnância não nasce do corpo, pois se pode amar
perfeitamente uma judia, se se ignora sua raça; tal repulsa chega ao corpo
pelo espírito, é um compromisso da alma, mas tão profundo e tão completo
que se estende ao fisiológico, como sucede na histeria.
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Apenas uma forte prevenção sentimental pode dar uma certeza fulgurante,
apenas ela pode manter o raciocínio à margem, apenas ela pode permanecer
impermeável à experiência e subsistir durante toda uma vida. O anti-semita
escolheu o ódio porque o ódio é uma fé.
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(...) tratando o judeu como um ser inferior e pernicioso, afirmo ao mesmo
tempo que pertenço a uma elite.
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Todo anti-semita (...) deseja ser membro disciplinado de um grupo
indisciplinado; adora a ordem, porém a ordem social.
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A primeira coisa que os alemães proibiram aos judeus foi o acesso às piscinas:
afigurava-se-lhes que, se o corpo de um israelita mergulhasse nessa água
represada, ele a poluiria. A rigor, o judeu polui até o ar que respira.
Cada qual julga a historia de acordo com a profissão que exerce. Formado por
sua ação quotidiana sobre a matéria, o operário considera a sociedade como o
produto de forças reais que agem segundo leis rigorosas. (...) Os burgueses e o
anti-semita em particular, optaram por explicar a historia através da ação de
vontades individuais.
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O anti-semita localiza no judeu todo o mal do universo. Se as nações travam
guerras, não é porque a idéia de nacionalidade, sob a sua forma presente,
implica a de imperialismo e de conflito de interesses (...) é porque os
incitadores judeus (...) seduziram os operários.
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Conheci em Berlim um protestante em quem o desejo assumia a forma da
indignação. A visão de mulheres de maiô o deixava enfurecido; buscava de
bom grado este furor e passava o tempo nas piscinas.
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O anti-semita é criminoso pela boa causa. Não é falta sua, se lhe incumbe a
missão de reduzir o Mal por meio do Mal; a França real lhe delegou os poderes
de alta justiça.
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O anti-semita é um homem que tem medo. Não dos judeus, de si próprio, de
sua consciência, de sua liberdade, de seus instintos, de suas responsabilidades,
da solidão, da modificação da sociedade e do mundo; de tudo salvo dos judeus.
É um covarde que não quer confessar sua covardia; um assassino que recalca
e censura sua tendência ao homicídio sem poder refreá-la e que, no entanto,
só ousa matar em efígie ou no anonimato de uma multidão (...)
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O judeu não é senão um pretexto: em outra parte, será utilizado o negro e, em
outra, o amarelo. (...) O anti-semitismo, em suma, é o medo diante da condição
humana.
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O anti-semita, censura ao judeu o ser judeu; o democrata censura-lhe de bom
grado o considerar-se judeu. Entre seu adversário e seu defensor, o judeu
parece estar em situação bastante incômoda: parece que não lhe resta outra
alternativa exceto escolher a salsa com a qual será comido. Convém, portanto,
que por nossa vez coloquemos a questão: existe o judeu? Se existe o que é
ele? Primeiro judeu ou primeiro homem?
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(...) dever-se-ia falar em raças judias. Sabemos que nem todos os semitas são
judeus, o que complica o problema; sabemos também que certos judeus loiros
da Rússia acham-se ainda mais longe de um judeu crespo da Argélia do que de
um ariano da Prússia Oriental. (...) Quando eu vivia em Berlim, no início do
regime nazista, tinha dois amigos franceses, um dos quais era judeu. O judeu
apresentava um “tipo semita acentuado”; nariz encurvado, orelhas de abano,
lábios grossos. Um francês reconhecê-lo-ia sem vacilar como israelita. Mas
sendo loiro, magro e fleumático, os alemães nada percebiam; divertia-se às
vezes saindo com S.S. que não suspeitavam de sua raça e um deles lhe disse
um dia: “Sou capaz de reconhecer um judeu a cem metros”. Meu outro amigo
ao contrário, corso e católico, filho e neto de católicos, tinha os cabelos negros
e um pouco anelados, o nariz bourboniano, a tez pálida; era baixo e gordo; os
moleques da rua jogavam-lhe pedras, chamando-o judeu:
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Não é o passado, nem a religião, nem os solo que unem os filhos de Israel. (...)
se merecem todos o nome de judeu é porque possuem em comum uma
situação de judeu, isto é, porque vivem no seio de uma comunidade que os
considera judeus. (...) ele se define como aquele que as nações não querem
assimilar.
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(...) se a Igreja medieval tolerou os judeus, quando podia assimilá-los à força ou
exterminá-los, foi porque preenchiam uma função econômica de primeira
necessidade: malditos, exerciam um oficio maldito, porém indispensável; não
podendo possuir terras nem servir no exército, praticavam o comércio do
dinheiro, que um cristão não podia desenvolver sem se macular.
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(...) para que o democrata infundisse algum calor ao advogar a causa do judeu,
seria preciso que fosse também maniqueísta e que considerasse o judeu como
o Princípio do Bem.
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Temos nós consciência de nosso estilo de vida? Na realidade, estamos
demasiado apegados a nós mesmos para podermos tomar a nosso próprio
respeito um ponto de vista objetivo de testemunha. Não obstante, esta
palavrinha “judeu” surgiu um belo dia em sua vida e nunca mais a abandonou.
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Proust, meio judeu, só compreendia Racine pela metade?
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O judeu não pode escolher não ser judeu. Ou melhor, se faz esta escolha, se
declara que o judeu não existe, se nega violenta, desesperadamente, em si o
caráter judeu, é precisamente nisso que ele é judeu.Pois eu, que não sou judeu,
nada tenho a negar, nem a provar, ao passo que, se o judeu decidiu que sua
raça não existe de modo algum, compete-lhe prová-lo.
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(...) se há um judeu, este deve ter os caracteres que a malevolência popular
lhe atribui e seu esforço dirige-se no sentido de constituir-se em mártir, na
acepção própria do termo, isto é, de provar por meio de sua pessoa que não há
judeu.
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Conheci uma senhora judia, cujo filho era obrigado, por sua ocupação, a
efetuar viagens de negócios à Alemanha nazista. Este filho estampava os
caracteres típicos do israelita francês: nariz recurvado, orelhas de abanão etc.,
mas como alguém se inquietasse com sua sorte, durante uma destas
ausências, sua mãe respondeu: “Oh! Estou muito tranqüila, ele não tem de
jeito nenhum aspecto judeu.”
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Em face das leis universais e eternas, o próprio homem é universal. Já não há
judeus ou poloneses, há homens que vivem na Polônia e outros designados
como “de religião judaica” em seus papeis da família; entre eles um acordo é
sempre possível, desde que verse sobre o universal.
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O melhor meio de não mais sentir-se judeu é racionar, pois o raciocínio é válido
para todos e pode ser refeito ór todos: não há uma maneira judia de fazer
matemática; assim o judeu matemático se desencarna e torna-se o homem
universal quando raciocina. (...) Por isso o racionalismo, ao auql o judeu adere
tão apaisonadamente, é antes de tudo um exervício de ascese e purificação,
uma evasão no universal; (...)
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(...) o respeito, a adulação, que a riqueza lhe propor4cionam dirigem-se ao ser
anônimo que possui tal poder aquisitivo; ora, é precisamente este anonimato
que procura: de forma assaz paradoxal, quer ser rico a fim de passar
despercebido.
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(...)não é o caráter judeu que provoca o anti-semitismo, mas, ao invés, é o anti-
semita que engendra o judeu.
Somos um país que mal consegue colocar 10% de seus jovens na universidade,
quando o nível almejado no mundo globalizado é de 30%.
Uma das medidas adotadas pela Unb destina 20% das vagas para concorrência
por candidatos negros, para que o corpo discente possa, no médio prazo, ter
uma composição racial que se assemelhe mais à da região e do país.
O cardfeal Eugênio Sales garantiu que o ensino religioso “coíbe toda sorte de
violência”. Menos, é claro, a violencia praticada em nome da religião,
responsável pelas piores matanças da historia.