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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL

ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE ORÇAMENTO DE UM


EMPREENDIMENTO RESIDENCIAL PELO MÉTODO TRADICIONAL (2D) E
PELA MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO (BIM)

Autor: Rodrigo Rabelo Bagno


Orientador: Prof. Dr. Eduardo Marques Arantes

Belo Horizonte
Março/2017
ii

Rodrigo Rabelo Bagno

ANÁLISE COMPARATIVA DO PROCESSO DE ORÇAMENTO DE UM


EMPREENDIMENTO RESIDENCIAL PELO MÉTODO TRADICIONAL (2D) E
PELA MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO (BIM)

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia da


Universidade Federal de Minas Gerais como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Construção Civil. Área de concentração: Materiais de
Construção Civil. Linha de pesquisa: Gestão de
Empreendimentos de Construção Civil.

Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Marques Arantes

Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
2017
iv

Dedico este trabalho a ...


v

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, João e Sônia, pelo amor incondicional, por terem
investido na minha formação profissional e pessoal, pela disponibilidade e por
estarem sempre presentes em minha vida. Vocês sempre foram os meus grandes
exemplos. Agradecimento especial, ao meu pai, pelos ensinamentos profissionais
e à minha mãe, pelo apoio nas revisões ortográficas.

À minha esposa Fernanda, pelo amor, companheirismo, apoio nas revisões


ortográficas e suporte com as coisas de casa e do nosso filho.

Ao meu filho, Rafael, pela alegria, carinho, brincadeiras, passeios divertidos que
me fazem esquecer o stress do dia a dia e por conseguir me levar de volta à
infância.

Ao restante da minha família, aos amigos e a todos aqueles que possam, de


alguma forma, ter contribuído para realização deste trabalho.

À Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e à Escola de Engenharia da


UFMG por ser minha casa acadêmica desde a graduação, pelas amizades e
relacionamentos profissionais proporcionados e pela estrutura oferecida.

Ao Departamento de Engenharia de Materiais e Construção por possibilitar que


eu alcançasse mais este objetivo na minha vida.

Ao professor Dr. Eduardo Marques Arantes pela orientação, paciência, amizade,


disponibilidade, pelas boas conversas, e principalmente por ter sido o
responsável por me encorajar a “desbravar” o BIM, tema que desconhecia antes
de ingressar no mestrado. Pela contribuição na minha formação como
pesquisador e por ter batalhado junto comigo para viabilizar esta pesquisa.

À ndBIM Virtual Building e à Trimble pelo fornecimento da licença do software


Vico, fundamental para realização da minha pesquisa. Agradecimento especial ao
vi

diretor da ndBIM, engenheiro António Ruivo Meireles, por toda atenção, suporte
na instalação do software Vico e pela realização de palestra sobre BIM e
minicurso sobre o Vico na UFMG.

À empresa construtora e a meu colega de mestrado que forneceram o modelo


BIM 3D utilizado nesta pesquisa.

À empresa envolvida na orçamentação tradicional pela disponibilidade de


execução do trabalho, sem fins lucrativos e em prol da Engenharia, com o
objetivo de pesquisar novas tecnologias que forneçam possibilidades de melhorar
a precisão e velocidade de dados orçamentários, assim como interligá-los com
dados de planejamento, monitoramento e controle de obras e gestão de
suprimentos para o setor da construção civil.
vii

RESUMO

O objetivo central desta pesquisa de mestrado é a análise de um modelo BIM 5D,


visando analisar os resultados obtidos através dessa nova tecnologia com os
provenientes de métodos tradicionais de orçamentação. Os resultados têm
referência no método de pesquisa constructive research. Busca-se, com a criação
de um modelo BIM 5D, reduzir os problemas de imprecisão, confiabilidade dos
dados e alta demanda de tempo para geração de informações do processo
tradicional de orçamentação, sobretudo no que se refere a automatização das
tarefas. A pesquisa envolveu o domínio do problema, proposição, implementação
e teste da solução, ponderação do escopo, identificação e análise das
contribuições. O domínio do problema abrangeu os temas BIM e gerenciamento
de custos, com foco em orçamentação. Utilizou-se um modelo paramétrico BIM
3D com elementos e dados referentes à arquitetura e estrutura de uma edificação
de quatro pavimentos em alvenaria autoportante. Após caracterização e
validação, esse modelo foi exportado do software Revit 2015 para o software Vico
R5.2. Os resultados mostram que uma orçamentação baseada em modelos BIM
gera benefícios como extração automática de quantitativos, criação de planilha
orçamentária vinculada ao modelo 3D, proporcionando atualizações automáticas
e comparação dos custos de diferentes soluções de projeto. Porém, para o
aperfeiçoamento do BIM 5D, problemas relacionados com a qualidade do modelo
e falta de padronização das informações demandam melhorias na adequação de
parâmetros de modelagem dos objetos. Sugere-se que os objetos sigam a
nomenclatura de uma Estrutura Analítica de Projeto e que o modelo seja
concebido com cada camada/material representada por elementos individuais e,
portanto, separados uns dos outros. Constata-se a importância da validação do
modelo 3D por softwares de checagem de regras e interferências em conjunto
com um profissional da área de custos. Por fim, é proposto um fluxo de trabalho
para elaboração de uma orçamentação BIM 5D e é feita uma análise das
contribuições da nova tecnologia, além de uma discussão sobre o novo papel dos
profissionais da área de gerenciamento de custos.

Palavras-chave: BIM 5D. Processo de orçamento. Estimativas de custos.


viii

ABSTRACT

The main objective of this master's research is the analysis of a BIM 5D model,
aiming to compare the results obtained through this new technology with those
from traditional budgeting methods. The results are referenced in the constructive
research method. With the creation of a BIM 5D model, the goal is to reduce the
problems of inaccuracy, high time demand for information generation and data
reliability of the traditional budgeting process, mainly concerning the automation of
tasks. The research involves the acquaintance of the problem, proposition,
solution implementation and testing, scope reflection, identification and
contribution analysis. The acquaintance of the problem covered BIM themes and
cost management, with a focus on budgeting. A BIM 3D parametric model is used
with elements and data referring to the architecture and structure of a four-story
building in self-supporting masonry. After the characterization and validation of this
model, it was exported from Revit 2015 software to Vico R5.2 software. The
results show that budgeting based on BIM models generates benefits such as the
automatic quantitative extraction, creation of a budget worksheet linked to the 3D
model, providing automatic updates and cost comparison of different design
solutions. However, to improve BIM 5D, problems related to the quality of the
model and lack of standardization of the information demand improvements in the
adequacy of modeling parameters of the objects. It is suggested that objects
follow the nomenclature of a Work Breakdown Structure and that the model is
designed with each layer/material represented by individual elements and
therefore separated from each other. The validation importance of the 3D model
by model checkers software along with a professional of costs can be inferred. In
conclusion, a workflow is proposed for the elaboration of a BIM 5D budgeting and
an analysis of the contributions of the new technology is made, as well as a
discussion about the new role of cost management professionals.

Keywords: BIM 5D. Budget process. Cost Estimates.


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – O BIM e o ciclo de vida da edificação. ....................................... 12


Figura 2.2 – Versões do IFC de 1997 até 2017 ............................................. 17
Figura 2.3 – Visão geral do esquema IFC4 ................................................... 18
Figura 2.4 – Sistemas classificativos nas fases de projeto ............................ 20
Figura 2.5 – Estágios de adoção do BIM ....................................................... 31
Figura 2.6 – Diferenças do processo convencional e do IPD ........................ 34
Figura 2.7 – Fluxo de informações modelo BIM ............................................ 39
Figura 2.8 – Foco da pesquisa em projetos de uma organização ................. 45
Figura 2.9 – Relação entre as áreas de conhecimento e grupo de
processos de gerenciamento de projetos ................................. 46
Figura 2.10 – Relacionamento entre os processos de gerenciamento de
projetos ..................................................................................... 47
Figura 2.11 – Analogia dos processos de gerenciamento de projetos com
engrenagens e uma corrente .................................................... 49
Figura 2.12 – Diagrama de fluxo do processo estimar os custos .................. 50
Figura 2.13 – Foco da pesquisa em gerenciamento de custos...................... 51
Figura 2.14 – Planejar o gerenciamento dos custos: entradas, ferramentas
e técnicas e saídas ................................................................... 52
Figura 2.15 – Estimar os custos: entradas, ferramentas e técnicas e saídas
.................................................................................................. 54
Figura 2.16 – Determinar o orçamento: entradas, ferramentas e técnicas e
saídas ....................................................................................... 56
Figura 2.17 – Potencial para redução de custos ............................................ 72
Figura 2.18 – Todos os materiais/camadas modelados separadamente ...... 77
Figura 2.19 – Modelando esquadrias com a abordagem de um elemento
representando cada camada .................................................... 78
Figura 2.20 – Elementos com diversas camadas .......................................... 79
Figura 2.21 – Corte com diferentes composições de elementos de piso e
parede ....................................................................................... 80
Figura 2.22 – Editor de fórmulas .................................................................... 83
Figura 2.23 – Resultados obtidos .................................................................. 89
x

Figura 2.24 – Cronologia das dimensões nD BIM.......................................... 90


Figura 2.25 – Divisão de processos no software VICO.................................. 90
Figura 3.1 – Elementos chaves da abordagem de uma constructive
research................................................................................... 92
Figura 3.2 – Imagem do modelo em Revit ..................................................... 95
Figura 3.3 – Fluxograma do desenvolvimento da fase 5 da pesquisa ......... ..99
Figura 4.1 – Camadas definidas para um elemento parede ........................ 103
Figura 4.2 – Camadas definidas para um elemento piso............................. 103
Figura 4.3 – Corte para visualização do telhado .......................................... 104
Figura 4.4 – Planta do pavimento tipo ......................................................... 106
Figura 4.5 – Divisão de processos no software VICO.................................. 107
Figura 4.6 – Modelo no Revit sendo exportado ........................................... 109
Figura 4.7 – Modelo importado e ativado no Vico ........................................ 109
Figura 4.8 – Quantitativos fornecidos pelo Vico para elemento parede....... 111
Figura 4.9 – Informações geométricas do elemento laje maciça 9 cm ........ 112
Figura 4.10 – Informações sobre uma esquadria em um modelo BIM ........ 115
Figura 4.11 – Destaque em amarelo de um elemento parede ..................... 117
Figura 4.12 – Destaque em rosa da área lateral de um elemento parede ... 117
Figura 4.13 – Destaque em rosa da lateral de um elemento parede .......... 118
Figura 4.14 – Sobreposição de elementos laje e parede ............................. 119
Figura 4.15 – Sobreposição de elementos paredes .................................... 120
Figura 4.16 – Detecção de interferência de elementos pelo Solibri Model
Checker................................................................................... 121
Figura 4.17 – Detecção pelo Solibri Model Checker de paredes com
comprimento muito reduzido ................................................... 121
Figura 4.18 – Elemento selecionado destacado no modelo completo ......... 123
Figura 4.19 – Visualização apenas dos elementos selecionados ................ 124
Figura 4.20 – Composição de preço unitário do concreto ........................... 126
Figura 4.21 – Fluxo das informações entre o Cost Planner e o Takeoff
Manager .................................................................................. 128
Figura 4.22 – Área de superfície do elemento parede ................................. 129
Figura 4.23 – Planilha de orçamento sintético no Vico, módulo Cost Planner
................................................................................................ 130
xi

Figura 4.24 – Planilha de orçamento sintética do método tradicional de


orçamentação ......................................................................... 131
Figura 4.25 – Fluxo das informações entre quantidades e planilha de
orçamento ............................................................................... 133
Figura 4.26 – Planilha orçamentária vinculada ao modelo 3D ..................... 134
Figura 4.27 – Alterações realizadas no modelo ........................................... 135
Figura 4.28 – Relatório de variação de custo entre duas soluções de
projeto ..................................................................................... 136
Figura 4.29 – Planilha de orçamento sintética do custo atualizado pelo
método tradicional................................................................... 137
Figura 5.1 – Sugestão de modelagem para os elementos paredes ............ 142
Figura 5.2 – Diagrama conceitual dos processos de orçamento tradicional e
com a tecnologia BIM ............................................................. 147
Figura 5.3 – Fluxo de criação de um modelo BIM 5D a partir de um modelo
BIM 3D .................................................................................... 149
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Métodos do open BIM ............................................................. 16


Tabela 2.2 – Classificação Uniformat para elementos do edifício .............. 22
Tabela 2.3 – Tabelas OmniClass ............................................................... 26
Tabela 2.4 – Representação gráfica dos LOD ........................................... 29
Tabela 2.5 – LOD em função da fase de projeto........................................ 31
Tabela 2.6 – Benefícios BIM por fase do projeto ....................................... 37
Tabela 2.7 – Mapeamento dos 47 processos de gerenciamento de
projetos com relação as áreas de conhecimento e grupos
de processos......................................................................... 47
Tabela 2.8 – Ferramentas e técnicas para estimar os custos .................... 54
Tabela 2.9 – Ferramentas e técnicas para determinar o orçamento .......... 55
Tabela 2.10 – Tabelas de composições de custos disponíveis para
orçamentos ........................................................................... 62
Tabela 2.11 – Usos recomendados dos modelos para estimativas de
custo ..................................................................................... 73
Tabela 2.12 – Usos recomendados dos modelos para gerenciamento de
custos ................................................................................... 74
Tabela 2.13 – Vantagens e desvantagem de cada método ....................... 81
Tabela 2.14 – Legenda de cores adotadas ................................................ 89
Tabela 3.1 – Delineamento adotado para constructive research ............... 92
Tabela 4.1 – Elementos e dados constantes no modelo ............................ 105
Tabela 4.2 – Demanda de tempo do orçamentista no levantamento de
quantidades ......................................................................... 113
Tabela 4.3 – Planilha comparativa dos levantamentos de quantidades ..... 114
Tabela 4.4 – Quantitativos equalizados após adequações ........................ 122
Tabela 4.5 – Tabela de encargos sociais, horas-extras e complementos
adotada ................................................................................. 127
Tabela 4.6 – Demanda de tempo do orçamentista no processo de
orçamento ............................................................................. 132
Tabela 4.7 – Demanda de tempo do orçamentista na atualização do
orçamento ............................................................................. 136
xiii

Tabela 5.1 – Aplicação do BIM nas etapas do processo de orçamento..... 151


xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AACE - Association for the Advancement of Cost Engineering


AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção
AIA - American Institute of Architects
ANZRS - Australian and New Zealand Revit Standards
ASPE - American Society of Professional Estimators
BCA – Building and Construction Authority
BCF - BIM Collaboration Format
BDI – Benefícios e Despesas Indiretas
BIM – Building Information Modeling
CAD – Computer Aided Design
CORENET - Construction and Real Network
CPU – Composições de Preço Unitário
CRC-CI - Corporate Research Centre for Construction Innovation
CSC – Construction Specifications Canada
CSI – Construction Specifications Institute
CUB – Custo Unitário Básico
DSR – Design Science Research
EAP – Estrutura Analítica de Projeto
EPI – Equipamento de Proteção Individual
EPIC - Electronic Product Information Cooperation
GSA - General Services Administration
IAI - International Alliance for Interoperability
IDM - Information Delivery Manual
IFC - Industry Foundation Class
IFD - International Framework for Dictionaries
ISO - International Organization for Standardization
LDI – Lucro e Despesas Indiretas
LOD - Level of Development
MVD - Model View Definitions
NATSPEC - National BIM Guide criado pela National Specification
NIBS - National Institute of Building Sciences
xv

NIST – National Institute of Standards and Technology


PBS - Public Building Services
PMI – Project Management Institute
SMC – Solibri Model Checker
TAP – Termo de Abertura do Projeto
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
xvi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1
1.1 Contextualização.................................................................................... 1
1.2 Objetivos ................................................................................................ 5
1.2.1 Objetivo geral do projeto ........................................................................ 5
2.1.5 Objetivos específicos do projeto ............................................................ 6
1.3 Justificativa ............................................................................................ 6
1.4 Estrutura do Trabalho ............................................................................ 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 11


2.1 BIM......................................................................................................... 11
2.1.1 Conceito BIM ......................................................................................... 11
2.1.2 Interoperabilidade .................................................................................. 13
2.1.3 O surgimento da buildingSMART e do open BIM .................................. 15
2.1.4 Sistemas de classificação da informação .............................................. 19
2.1.5 Nível de desenvolvimento do modelo - LOD .......................................... 27
2.1.6 Estágios de adoção do BIM ................................................................... 31
2.1.7 As dimensões dos modelos BIM – “nD” ................................................. 35
2.1.8 Benefícios do BIM .................................................................................. 36
2.1.9 Dificuldades para difusão do BIM .......................................................... 40
2.1.10 Difusão do conceito BIM no mundo ..................................................... 41
2.2 Gerenciamento de custos de projetos ................................................... 44
2.2.1 Gerenciamento de Projetos ................................................................... 44
2.2.2 Gerenciamento de custos no grupo de processo de planejamento
segundo o PMBOK ................................................................................ 48
2.2.3 Orçamento e orçamentação .................................................................. 56
2.2.4 Tipos de orçamentos de obra ................................................................ 57
2.2.5 O processo de orçamento tradicional .................................................... 59
2.3 BIM no gerenciamento de custos de projetos ........................................ 64
2.3.1 O conceito BIM 5D ................................................................................. 65
2.3.2 Utilização e contribuição do BIM para estimativas de custo e
orçamentação ........................................................................................ 66
xvii

2.3.3 Utilização de um modelo BIM para estimativas de custos conforme


níveis de desenvolvimento do modelo................................................... 72
2.3.4 Diretrizes e questões sobre a implementação do BIM para dar
suporte ao levantamento de quantidades e orçamentação ................... 74
2.3.5 Necessidade de parametrização do processo de modelagem para
extração automática de quantidades ..................................................... 76
2.3.6 Utilização do software Vico para modelagem 5D .................................. 81
2.3.7 Dificuldades para utilização do BIM 5D ................................................. 84
2.3.8 Os novos papéis dos profissionais de gerenciamento de custo de
projetos .................................................................................................. 86
2.3.9 Utilização de um modelo nD além da orçamentação ............................. 88

3 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................... 91

4 RESULTADOS ..................................................................................... 102


4.1 Análise dos objetos e caracterização do modelo 3D ............................. 102
4.2 Avaliação da interoperabilidade entre os softwares utilizados ............... 108
4.3 Levantamento de quantidades ............................................................... 110
4.4 Elaboração da planilha de orçamento.................................................... 124
4.4.1 Discriminação do custo direto ................................................................ 125
4.4.2 Discriminação do custo indireto ............................................................. 129
4.4.3 Comparação da elaboração da planilha de orçamento ......................... 131
4.4.4 Atualizações das planilhas de orçamento ............................................. 134

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................... 138


5.1 Concepção do modelo BIM 3D .............................................................. 138
5.1.1 Sistema de classificação ........................................................................ 138
5.1.2 Padrões de modelagem ......................................................................... 139
5.2 Validação do modelo BIM 3D................................................................. 142
5.3 Interoperabilidade .................................................................................. 144
5.4 Automatização do processo de orçamento ............................................ 144
5.5 Fluxo para criação de um modelo BIM 5D ............................................. 148
5.6 Aplicação do BIM nas etapas do processo de orçamento ..................... 149
xviii

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 153

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 157

APÊNDICE A – Planilha de orçamento completa obtida pelo


método de orçamentação tradicional ................. 163

APÊNDICE B – Planilha de orçamento completa obtida no


software Vico pelo método BIM ........................... 167

APÊNDICE C – Relatório de variação de custo ................................ 174

APÊNDICE D – Planilha de orçamento completa atualizada


obtida pelo método de orçamentação
tradicional .............................................................. 175

ANEXO A – Mapa de processos de gerenciamento de projeto ....... 179

ANEXO B – Critérios para fornecimento dos quantitativos dos


elementos paredes segundo VICO (2014) ................... 180
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O aumento da concorrência no setor público e privado e a intensificação das


exigências dos contratantes têm impulsionado mudanças acentuadas nos
cenários competitivos do setor de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC),
introduzindo a busca por diferenciais competitivos. Contratantes passaram a
exigir customização dos projetos, desempenho das edificações como um todo e
maior produtividade da indústria de construção. As mudanças acentuadas
consistem no aumento do poder de barganha dos clientes e principalmente
redução das margens de lucro, devido ao aumento da competitividade gerada
pela entrada de empresas internacionais no mercado (GRILO e MELHADO,
2004).

Eastman et al. (2014) afirmam que mudanças estruturais se fazem necessárias


no setor de AEC, pois o processo atual de implementação de uma edificação é
fragmentado e depende de formas de comunicação baseadas em papel. Erros e
omissões nos documentos em papel resultam em problemas de custo e prazo.
Informações críticas para tomadas de decisões, como estimativas de custo,
normalmente só estão disponíveis após a etapa de concepção do projeto, quando
é tarde para fazer modificações significativas.

Para atender essa demanda, a evolução do setor de construção de edifícios deve


produzir novas situações que possibilitem o trabalho colaborativo. As práticas
convencionais de trabalho sequenciais e pouco colaborativas, não respondem
adequadamente às exigências atuais do mercado. A fragmentação do setor inibe
a integração, colaboração e comunicação entre os envolvidos e dificulta o
surgimento de inovações e soluções criativas (LOVE et al., 1998; MELHADO,
1994).
2

Um dos elementos chave para a reestruturação do setor de AEC e para a


mudança das formas atuais de contratação é a adoção do conceito de
engenharia simultânea. Esta é uma abordagem de integração dos processos de
projeto de todas as disciplinas, com uma visão de todo o ciclo de vida da
edificação, no qual todos os envolvidos colaboram em todas as fases. Os projetos
são desenvolvidos simultaneamente ao invés de sequencialmente e consideram
aspectos referentes a obra, fabricação, uso e operação. O ambiente de
confiança, transparência, comprometimento com os objetivos do projeto é
fundamental para a sinergia entre a equipe de projeto (LOVE et al. 1998).

Os hardwares, softwares e outras aplicações da tecnologia da informação atuais


permitem que diferentes agentes de uma equipe de projeto multidisciplinar
compartilhem e troquem informações de maneira mais eficiente e trabalhem
colaborativamente. Neste contexto, o conceito e tecnologia de Building
Information Modeling (BIM), traduzida como Modelagem da Informação da
Construção, surge como um catalizador para as mudanças. BIM tem potencial
para auxiliar na redução da fragmentação, falta de colaboração, melhoria da
eficiência e produtividade do setor de AEC (NIST, 2004; SUCCAR 2009).

Contudo, esta mudança de paradigma significa uma completa ruptura com os


processos tradicionais, pois representa uma nova abordagem da gestão da
informação da construção. Não se trata apenas de implantar uma nova
tecnologia, mas também da adoção de novos fluxos de trabalho. Para usufruir de
todos os benefícios gerados pelo BIM, o setor precisa superar os desafios
impostos por esta mudança de paradigma (FERREIRA 2015) uma vez que,
conforme Eastman et al. (2014), com o BIM um modelo virtual preciso de uma
edificação é construído computacionalmente com a geometria exata e dados
necessários para dar suporte à construção e as demais etapas do ciclo de vida da
construção, em um banco de dados compartilhado por todos os interessados.
3

Pela perspectiva de gerenciamento de custos, Knolseisen (20031, apud SANTOS


et al., 2009) afirma que todo empreendimento de construção requer um estudo de
viabilidade econômica, um orçamento detalhado e rigoroso acompanhamento
físico e financeiro da obra. Segundo Berliner e Brimson (1998), a eficácia dos
sistemas de gerenciamento de custos passou a ser indispensável para a
sobrevivência das organizações, tendo em vista o atual contexto econômico
turbulento, competitivo e globalizado.

Além do orçamento e de um monitoramento e controle de custos adequados, se


tornam necessários sistemas de gerenciamento de custos que forneçam
orçamentos e estimativas de custos precisas, em tempo real e durante todo o
ciclo de vida do projeto (EASTMAN et al., 2014; DRUCKER2, 1995 apud KERN
2005). Problemas referentes ao tempo de geração de informação e falta de
automatização do processo tradicional de orçamentação, baseado em projetos
2D ou desenhos 3D não paramétricos, ficam evidenciados.

Segundo Ferreira (2015), um dos principais problemas está no levantamento de


quantidades que é feito de forma manual, demanda muito tempo, está sujeito a
erro humano e tende a propagar imprecisões. Forgues et al. (2012) afirmam que
a fragmentação do setor de AEC e o processo tradicional sequencial de projetos
são responsáveis pelas estimativas de custos tardias e posteriores a importantes
tomadas de decisões que ocorrem na etapa de concepção. De acordo com o
autor, os modelos BIM oferecem potencialidades para todos os níveis dos
processos construtivos, dentre eles a modelagem tridimensional, a automatização
dos levantamentos de quantidades, o planejamento da obra, a orçamentação e
gerenciamento de custos da obra.

Dentro da área de gerenciamento de custos de um projeto, a orçamentação é


definida por Giammusso (1991) como o processo que determina o custo de um
empreendimento antes da sua realização. A tecnologia BIM 5D, que de acordo

1
KNOLSEISEN, P. C. Compatibilização de orçamento com o planejamento do
processo de trabalho para obras de edificações. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003.
4

com Smith (2014a), trata da estimativa de custos e orçamentação das


construções, proporciona quantificação automática precisa, reduz a variabilidade
dos resultados e torna o processo mais ágil.

O aumento do nível de automatização e industrialização da indústria de AEC tem


sido um dos grandes objetivos do setor nos últimos 30 anos. O BIM é uma
eficiente ferramenta para automatização, pois a associação de entradas ao
modelo possibilita a geração de informações automáticas e instantâneas
(MONTEIRO E MARTINS, 2013). Diferentes soluções de projetos podem ser
avaliadas com atualização automática do orçamento e comparação dos custos de
cada solução ainda em fases preliminares.

Diante dessas considerações, esta pesquisa busca compreender melhor a


aplicação da tecnologia BIM no processo de orçamento, ao analisar os benefícios
e adversidades da adoção do BIM 5D. Na revisão bibliográfica não foram
encontrados dados quantitativos que demonstrem os benefícios da tecnologia
BIM 5D, mas pressupõe-se que esses benefícios reduziriam substancialmente o
tempo demandado para uma orçamentação tradicional, devido a automatização
dos processos. Contudo, é importante mencionar que o presente trabalho se
limita a medir tempos relativos ao processo de orçamento sem considerar o
tempo global que envolve projetação e orçamentação.

Do ponto de vista metodológico, o modelo BIM 5D do presente trabalho foi


formulado a partir de um modelo BIM 3D, previamente elaborado por uma equipe
de projetistas contratada por uma construtora, para modelar uma obra do
programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. Nessa direção, vale
ressaltar a dificuldade de realização desta pesquisa, seja pela falta de obras em
Belo Horizonte que se encontram inseridas no contexto BIM, seja pela falta de
projetos de integração academia & setor produtivo e academia & setor de
software BIM em Minas Gerais.

2
DRUCKER, P. The information executives truly need. Harvard Business Review,
Boulder, v. 73, n.1, p. 54-62, jan/fev 1995
5

Partindo-se da hipótese de que um modelo 3D deve apresentar pré-requisitos de


informações para possibilitar precisão de dados em uma orçamentação BIM, esta
pesquisa procura identificar quais pré-requisitos do modelo BIM são requeridos
ao processo de orçamento. Nessa direção, constata-se escassez de publicações
com exemplos práticos de orçamentos realizados com tecnologia BIM, e
sobretudo em comparação com os métodos tradicionais de orçamentação.

De acordo com Eastman et al. (2014), a implementação da tecnologia BIM 5D


gera mudanças no papel e funções dos profissionais da área de gerenciamento
de custos. O referido autor acrescenta que a automatização do processo de
orçamentação é vantajosa no sentido que os profissionais passam a dedicar
menos tempo a tarefas que passam a ser realizadas por softwares e mais tempo
para atividades que não podem ser realizadas por nenhuma ferramenta
computacional. O mercado passa a demandar profissionais com habilidades em
plataformas BIM e experiência e visão crítica para parametrizar, analisar e
interpretar as informações obtidas pelas ferramentas BIM.

Nessa perspectiva, esta pesquisa também busca contribuir para a análise das
novas funções requeridas para os profissionais da área de custo, partindo-se da
hipótese de que esse profissional não será extinto com a implementação do BIM,
mas terá novas responsabilidades e atribuições em relação às etapas de
planejamento, orçamento e acompanhamento de obra, devido às mudanças
oriundas da tecnologia BIM.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo desta pesquisa de mestrado é a criação de um modelo BIM 5D, com a


perspectiva de comparar os resultados obtidos por meio desta nova tecnologia
com os resultados provenientes de métodos tradicionais de orçamentação.
6

1.2.2 Objetivos específicos:

a) estudar e analisar o modelo 3D com a finalidade de indicar os requisitos de


concepção do modelo que permitam a utilização plena de todos os benefícios da
orçamentação com a tecnologia BIM;
b) propor um fluxo para obtenção de um modelo BIM 5D, partindo-se de um
modelo BIM 3D paramétrico;
c) identificar e analisar os benefícios e as dificuldades do BIM para
orçamentação;
d) identificar o novo papel dos profissionais que trabalham com gerenciamento de
custos, devido a implantação da tecnologia BIM;

1.3 Justificativa

A experiência de 14 anos do autor desta pesquisa, em execução de orçamentos


e gerenciamento de custos, produziu o questionamento de como atender a
demanda do mercado por informações instantâneas de custos.

O autor desta dissertação foi o gerente de projeto de um empreendimento


industrial na modalidade built to suit3. A construtora contratada a preço global
possuía, antes da assinatura do contrato, apenas o projeto de arquitetura,
caderno de encargos e especificações técnicas. O desenvolvimento dos projetos
complementares eram responsabilidade da construtora e deveriam atender as
exigências do locatário do imóvel, mas devido a data imposta para assinatura do
contrato, não era possível o desenvolvimento de projetos e anteprojetos
complementares antes da assinatura do contrato.

Um orçamento detalhado do empreendimento foi realizado, baseado nos projetos


e informações disponibilizadas, e todos os riscos identificados no negócio foram

3
Built to suit é uma expressão em língua inglesa utilizada pelo setor imobiliário para
identificar contratos de locação a longo prazo, no qual o imóvel é construído para atender
os interesses do locatário, já pré-determinado.
7

considerados. Como exigido em contrato, a obra foi iniciada imediatamente após


a assinatura do contrato. Pelo cronograma da construtora, os projetos
complementares seriam desenvolvidos e compatibilizados paralelamente à
execução dos serviços de terraplenagem.

Devido à resistência dos projetistas em trabalhar de maneira colaborativa e ao


atraso no desenvolvimento de alguns projetos, o cronograma de entrega dos
projetos não foi cumprido. Por se tratar de uma obra com prazo curto, esse atraso
no desenvolvimento dos projetos implicou na execução de algumas atividades da
obra antes da revisão do orçamento, devido ao prazo demandado para
levantamento das quantidades e análise dos projetos. Este fato gerou a execução
de serviços sem uma previsão de custos e consequentemente uma ineficiência
do monitoramento e controle do custo da obra, pois a linha de base de custo
(orçamento) estava constantemente obsoleta. Esse exemplo demonstra a
importância de pesquisas com o objetivo de automatização do processo de
levantamento de quantidades e atualização do orçamento.

Inovações tecnológicas e mudanças nas formas de trabalho atuais podem dar


suporte ao trabalho colaborativo e automatização da orçamentação. Eastman et
al. (2014) afirmam que a Modelagem da Informação da Construção é um dos
mais promissores desenvolvimentos na indústria relacionada à AEC. Pesquisas
mostram que as empresas brasileiras se encontram em estágio inicial de
implantação dessa tecnologia e que há necessidade de mais pesquisas na área.

Através de uma pesquisa Checcucci et al. (2013) constataram que a difusão do


tema BIM no Brasil ainda é muito incipiente, o que justifica esforços e pesquisas
para implementação da tecnologia no setor de AEC. Nesta mesma pesquisa, foi
detectado que a adoção do BIM no Brasil está em fase inicial, com foco
principalmente nas etapas iniciais do ciclo de vida da edificação, mais
especificamente na etapa de projeto.

Resultados similares foram encontrados por Stehling (2012) em uma pesquisa


sobre a aplicação da tecnologia BIM em empresas de Belo Horizonte. Constatou-
8

se que as empresas que desenvolvem projetos residenciais e comerciais se


encontram no estágio inicial de implementação do BIM. Esse estágio é
caracterizado pela substituição da elaboração de projetos 2D por
desenvolvimento de projetos tridimensionais parametrizados.

Na mesma linha, Nakamura (2014) afirma que ainda é incipiente a utilização da


Modelagem da Informação da Construção pelas construtoras brasileiras. Esta
utilização se baseia principalmente na geração de modelos virtuais
tridimensionais e na verificação de interferências entre projetos. Manzione (2013)
afirma que muitas das aplicações do BIM ainda estão no estágio experimental,
sem fundamento bibliográfico que comprove seus reais benefícios, além dos
normalmente alardeados pelos autores que tratam o BIM como solução para
todos os problemas das empresas.

Succar (2009) afirma que mais investigações e publicações são necessárias para
o entendimento completo do conceito BIM. Segundo Wong4 et al. (2011 apud
SMITH, 2014a), apesar de existirem muitas publicações e pesquisas na área de
BIM, há uma grande escassez mundial de trabalhos com a perspectiva de
gerenciamento de custos. Dentro desse contexto, fica evidenciada a necessidade
de realização de pesquisas na área de BIM que extrapolem a etapa de
concepção e projeto. Wasmi e Lacouture (2016) afirmam que estimativas de
custos podem ser mais eficientes e eficazes com uso da tecnologia BIM. No
entanto, pesquisas precisam ser feitas para entender como deve ocorrer sua
implantação e aplicação e com o objetivo de quantificar os resultados.

Eastman et al. (2014) afirmam que a melhoria do gerenciamento de custos é uma


das prioridades do gerenciamento de obras. A experiência do autor desta
pesquisa, mostra que é prática comum no mercado o não envolvimento de um
engenheiro de custos nas etapas iniciais do projeto. O fluxo de trabalho
geralmente adotado é predominantemente sequencial e sem trabalho

4
WONG, K. A., WONG, F.K.; NADEEM, A. Building information modelling for tertiary
construction education in Hong Kong. Journal of information technology in
construction, Hong Kong, v. 16, p. 467-476, fev. 2011.
9

colaborativo. Quando o profissional de custos é envolvido no processo, muitos


recursos já foram comprometidos no projeto e muitas vezes o prazo para
realização das estimativas e orçamentação são longos demais para embasar as
decisões de projeto, principalmente devido à falta de automatização dos
processos.

Forgues et al. (2012) apontam que a tecnologia BIM pode contribuir


significativamente para o gerenciamento de custos. Um modelo 3D é composto
por objetos que representam diferentes elementos de uma edificação e dados
relacionados a estes objetos. Estes dados podem ser reutilizados para fornecer
quantitativos em tempo real para estimativa de custos. Nessa perspectiva, a
presente pesquisa se justifica no sentido de buscar novos métodos e/ou
aperfeiçoamento dos processos de orçamento baseados na tecnologia BIM.

1.4 Estrutura do trabalho

Esta dissertação é composta de seis capítulos. O Capítulo 1 (Introdução)


abrange a contextualização, objetivos do trabalho (geral e específicos),
justificativa para escolha do tema e a estrutura do trabalho.

O Capítulo 2 (Revisão bibliográfica) abrange os temas BIM, Gerenciamento de


Custos de Projetos, com foco no processo de orçamento, além da aplicação da
tecnologia BIM no Gerenciamento de Custos. Inicialmente foi discutido o
conhecimento a respeito do BIM sobre interoperabilidade, OpenBIM, sistemas de
classificação, nível de desenvolvimento dos modelos, estágio de adoção do BIM,
dimensões (“nD”) de um modelo BIM, benefícios e dificuldades da utilização desta
nova tecnologia e como encontra-se a difusão do BIM no mundo.

Com relação ao gerenciamento de custos, foi estudado como esta área de


conhecimento se insere dentro do Gerenciamento de Projetos, segundo o
PMBOK. Foram abordados os diversos tipos de orçamento e os problemas da
orçamentação tradicional.
10

Por fim, foi analisada a aplicação do BIM dentro da área de gestão de custos,
com foco em orçamento. Foram estudados o conceito BIM 5D, a contribuição
desta nova tecnologia para estimativas de custos, como se relacionam as
estimativas de custos com o nível de detalhamento dos modelos, diretrizes para o
BIM como suporte ao levantamento de quantidades e orçamentação,
necessidade de parametrização da modelagem para extração automática de
quantidades, utilização do software Vico para o BIM 5D, benefícios e dificuldades
da utilização do BIM 5D e o novo papel dos profissionais da área de
gerenciamento de custos.

O Capítulo 3 (Método de pesquisa) descreve os métodos utilizados na


pesquisa, assim como as fases e fluxo adotados.

No Capítulo 4 (Resultados) são apresentados os resultados obtidos com o


orçamento em plataforma BIM e pelo método tradicional, com a comparação das
duas abordagens de orçamentação.

No Capítulo 5 (Discussão dos resultados) os resultados do capítulo anterior


são discutidos.

Por fim, no Capítulo 6 (Considerações finais) são feitas as considerações finais


das análises e resultados encontrados e são sugeridos trabalhos futuros que
possam dar continuidade a esta pesquisa.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 BIM

O tema BIM tornou-se objeto de estudos devido à importância crescente do uso


da tecnologia da informação para inovações na indústria de AEC (MANZIONE,
2013).

2.1.1 Conceito BIM

BIM abrange conceitos, processos e ferramentas para gerenciamento do


processo de projeto e do empreendimento como um todo, em formato digital e
através de todo o ciclo de vida de uma edificação (PENTTILÃ, 2006). Com a
tecnologia BIM é possível construir, de forma digital, um modelo virtual preciso,
com a geometria exata e os dados relevantes, necessários para dar suporte à
construção, à fabricação, ao uso, à operação e à manutenção das edificações
(EASTMAN et al., 2014).

Um modelo BIM é uma representação digital das características físicas e


funcionais de uma edificação, por todo o seu ciclo de vida, servindo como uma
rica e confiável base de dados compartilhada para colaboração (NIBS, 2007).

Manzione (2013) define o Building Information Modeling (BIM) como um processo


baseado em modelos digitais, compartilhados, integrados e interoperáveis
denominados Building Information Models. Assim, BIM pode ser definido como
um processo que permite a gestão da informação, por todo o ciclo de vida da
edificação (figura 2.1), enquanto os Building Information Models são os modelos
compartilhados, digitais, tridimensionais e semanticamente ricos, que
representam a estrutura central do processo BIM.
12

Figura 2.1 – O BIM e o ciclo de vida da edificação.

Fonte: Autodesk adaptado por Manzione (2013)

A modelagem BIM concentra esforços em desenvolvimento de projetos para


simulação da realidade a ser construída. As decisões importantes são tomadas
durante o processo de projeto, reduzindo os improvisos no canteiro durante a
execução da obra. BIM trará benefícios de longo alcance, não apenas para a
indústria da construção, mas também para a sociedade em geral, uma vez que
edificações melhores consomem menos energia e exigem menor trabalho e
recursos financeiros (EASTMAN et al., 2014).

Os modelos BIM são baseados em modelagem 3D paramétrica, sendo:


orientados a objetos; ricos em dados e abrangentes no sentido de compreender e
manter as características físicas e funcionais e os estados dos elementos do
edifício; tridimensionais; espacialmente relacionados de maneira hierárquica;
semanticamente ricos, com grande quantidades de informações semânticas
sobre os elementos do edifício; capazes de gerar vistas automaticamente;
compostos por objetos paramétricos (EASTMAN et al., 2014).
13

Manzione (2013) define parâmetros como números ou características utilizadas


para determinar o comportamento de um objeto e definir relacionamentos entre
os componentes do modelo. Segundo Eastman et al. (2014), o conceito de
objetos paramétricos é fundamental para compreender o conceito BIM e sua
diferenciação dos objetos 2D tradicionais. Os objetos paramétricos:

- possuem regras que definem automaticamente a geometria dos objetos


associados;
- possuem diferentes níveis de agregação, o que permite definir uma parede, bem
como os componentes a ela relacionados;
- identificam quando uma modificação viola os atributos do objeto no que diz
respeito a tamanho e construtibilidade;
- têm a habilidade de vincular-se a ou receber, divulgar ou exportar conjuntos de
atributos para outras aplicações e modelos.

Segundo Eastman et al. (2014) a tecnologia BIM foi desenvolvida com o intuito de
utilizar um modelo único, centralizando todas as informações e dados, durante
todo o ciclo de vida do projeto. Cada agente utilizaria a ferramenta da sua escolha
e, através de um formato comum, compartilharia os dados com o modelo central.
Na prática, problemas de interoperabilidade têm dificultado este fluxo e o BIM
está, em muitos aspectos, nos estágios iniciais de implementação (MCGRAW-
HILL, 2010). Como a implementação do BIM não está consolidada em todas as
fases do projeto, arquitetos, engenheiros, contratantes, proprietários e
fornecedores estão tentando encontrar a melhor maneira de trabalhar e de extrair
mais benefícios dos modelos BIM. Com isso, no cenário atual é mais correto
pensar em diferentes modelos BIM, ao invés de um modelo único (MONTEIRO e
MARTINS, 2012).

2.1.2 Interoperabilidade

O projeto e a construção de um edifício são atividades de equipe, sendo que


cada especialidade tem suas próprias aplicações computacionais. A
14

interoperabilidade representa a necessidade da troca de dados entre as


diferentes aplicações. Esta troca de dados elimina a necessidade de replicação
de entrada de dados e facilita a automatização dos fluxos de trabalho, mas impõe
um novo nível de rigor de modelagem que as empresas ainda estão aprendendo
a gerenciar (EASTMAN et al. 2014).

A primeira aplicação concebida com o conceito de modelar edifícios foi o software


ArchiCAD, da companhia húngara Graphisoft. Em seguida, outras ferramentas
similares surgiram, ou foram sendo atualizadas para esse fim, como as soluções
da Bentley, com o AECOsim, da Autodesk, com os módulos para arquitetura que
funcionam em conjunto com o AutoCAD, além do Vectorworks e do SketchUp,
entre muitos outros. A mais recente é o Revit, desenvolvido pela Revit
Technology Corporation que foi adquirida pela Autodesk em 2002 (GOVERNO
DE SANTA CATARINA 2015).

Segundo Manzione (2013), todos esses softwares possuem suas estruturas


internas no “formato proprietário”, o que não permite o compartilhamento de
informações entre si, a não ser que exista um tradutor para isso. As empresas de
softwares preferem fornecer intercâmbio para empresas específicas e através de
ligações diretas, pois assim elas têm um maior domínio dessas ligações e evitam
a utilização de softwares dos concorrentes por parte de seus clientes. No entanto,
segundo Eastman et al. (2014), o mercado e o setor público demandam um
padrão aberto de interoperabilidade, com livre escolha das ferramentas utilizadas.
O setor público deseja evitar uma solução proprietária que daria a uma única
plataforma um monopólio.

Nesse contexto, surge o Industry Foundation Class (IFC), como um esquema


aberto de compartilhamento, que permite a troca de informações BIM entre
diferentes softwares, entre todos os agentes envolvidos no processo de projeto e
para todo o ciclo de vida das construções (BUILDINGSMART, 2016). Porém, o
IFC não padroniza as estruturas de dados em aplicações de software,
restringindo-se apenas à padronização das informações compartilhadas
(MANZIONE 2013).
15

Segundo Eastman et al. (2014), atualmente somente o IFC e o CIS/2 (específico


para aço) são padrões públicos reconhecidos. Ambos utilizam a linguagem
EXPRESS e são frequentemente estendidos com base nas necessidades dos
usuários. O IFC está registrado pela International Organization for Standardization
(ISO) como ISO-PAS-167839 (2005) e encontra-se em processo de se tornar
uma norma oficial. O desenvolvimento atual do modelo IFC está sob a
responsabilidade do Model Support Group, coordenado pela buildingSMART
(2015c).

Todos os métodos de interoperabilidade precisam de um gerenciamento das


versões do padrão. Caso contrário, uma atualização de novas capacidades em
uma ferramenta pode causar falhas no mecanismo de intercâmbio (EASTMAN et
al. 2014).

2.1.3 O surgimento da buildingSMART e do open BIM

Em 1994, a Autodesk liderou a criação da Industry Alliance for Interoperability, um


consórcio com doze empresas, para desenvolvimento de um conjunto de classes
C++ de suporte ao desenvolvimento integrado de aplicações. Em 1995, a Aliança
ganhou outros membros. Em 1997, o nome mudou para International Alliance for
Interoperability (IAI), sendo reconstituída como uma organização sem fins
lucrativos, conduzida pela indústria e com o foco em publicar o IFC como um
modelo de dados de produtos AEC neutro, abrangendo todo ciclo de vida da
construção (EASTMAN et al. 2014). Posteriormente, em 2005, esta organização
passou a se chamar buildingSMART.

A buildingSMART desenvolve e mantém uma abordagem universal que objetiva a


colaboração nas fases de projeto, construção e operação das edificações. Esta
abordagem utiliza padrões e fluxos de trabalho em BIM de maneira aberta,
denominado open BIM (BUILDINGSMART 2015a). O principal objetivo do open
BIM é a criação de uma linguagem digital que suporte avançadas trocas de
16

informações, visando solucionar os problemas de interoperabilidade entre


softwares. Assim, haverá um padrão público para uma troca estruturada de
informações durante todo o ciclo de vida das edificações (BUILDINGSMART
2015b).

A tabela 2.1 mostra os cincos métodos do open BIM.

Tabela 2.1 – Métodos do open BIM


Função Nome Padrões e normas
Information Delivery ISO 29481-1
Descreve processos
Manual (IDM) ISO 29481-2
Transporta informações Industry Foundation
ISO 16739
e dados Class (IFC)
Codificação para fluxo do BIM Collaboration Format
buildingSMART BCF
trabalho e comunicação (BCF)
ISO 12006-3
International Framework
Mapeamento dos termos buildingSMART Data
for Dictionaries (IFD)
Dictionary
Tradução dos processos Model View Definitions
buildingSMART MVD
para requisitos técnicos (MVD)
Fonte: traduzido de buildingSMART (2015b)

Information Delivery Manual (IDM)

O Information Delivery Manual (IDM) é um método para capturar os processos de


negócios, ao mesmo tempo que fornece especificações detalhadas das
informações que um usuário necessita durante o ciclo de vida de um projeto.
Para dar suporte aos requisitos das trocas de informações pelo usuário, o IDM
propõe um conjunto de funções do modelo que podem ser aproveitadas durante a
operação da edificação (BUILDINGSMART, 2015a).

Industry Foundation Class (IFC)

O desenvolvimento do IFC teve início em 1997, ano em que foi lançada a versão
1.0. Conforme figura 2.2, até o ano 2000, as atualizações eram anuais (IFC1.5,
17

2.0 e 2x), mas depois começaram a ser mais espaçadas. Em março de 2013 foi
divulgada a versão mais atual do modelo.

Figura 2.2 – Versões do IFC de 1997 até 2017

Fonte: LIebich, T. (20135 apud Baptista, 2015)

Segundo Eastman et al. (2014), o IFC se baseia nos conceitos e linguagem ISO-
STEP EXPRESS. Ele foi projetado com uma estrutura extensível, pois seu
desenvolvimento inicial pretendia fornecer definições gerais amplas dos objetos e
dados para tarefas específicas, a partir das quais modelos mais detalhados
poderiam ser definidos.

Os objetos em EXPRESS são chamados entidades. A organização conceitual das


entidades IFC está diagramada na figura 2.3. Na estrutura estão representadas
quatro camadas, conforme descrições da buildingSMART (2016), Eastman et al.
(2014) e Manzione (2013).

A camada dos recursos é a base, composta por entidades comumente utilizadas


nos objetos da AEC: geometria, topologia, custos, representação, medições,
materiais, propriedades, atores, papéis e apresentações. Como os dados do IFC
são extensíveis, estas entidades, que estão na base, podem ser especializadas
com a criação de subentidades.

5
LIEBICH, T. - IFC 4 - the new buildingSMART Standard. 2013.
18

Figura 2.3 – Visão geral do esquema IFC4

Fonte: buildingSMART (2015c, adaptado por Manzione, 2013)

Na camada do núcleo todas as entidades derivam da raiz do IFC e contêm


entidades abstratas que são referenciadas pelas camadas superiores. A camada
de interoperabilidade abrange as categorias de entidades que representam os
elementos físicos de um edifício. A camada dos domínios lida com diferentes
entidades específicas necessárias para determinado uso.
19

BIM Collaboration Format (BCF)

Segundo BuildingSMART (2015b), BCF codifica as mensagens para permitir o


fluxo de trabalho e comunicação entre as diferentes ferramentas BIM.
Desenvolvido pela Tekla Corporation e Solibri Inc, ainda se encontra em fase
preliminar e está sob análise da buildingSMART para se tornar uma especificação
oficial.

International Framework for Dictionaries (IFD)

O IFD, normatizado pela ISO 12006-3 (2007), é um dos componentes centrais da


tecnologia da buildingSMART. Ele permite a criação de dicionários em múltiplas
línguas ou ontologias e define qual informação do edifício será trocada e
compartilhada (MANZIONE, 2013).

Model View Definition (MVD)

A medida que a buildingSMART desenvolveu e implementou as classes IFC nos


softwares ficou evidente a necessidade específica de informações para os
diferentes modelos de negócios. Os subconjuntos de dados do modelo criado
para atender esta demanda foram descritos como MVD.

2.1.4 Sistemas de classificação da informação

Segundo Construction Specifications Institute (CSI, 2006), com a implantação do


BIM a indústria de AEC não somente aumentou consideravelmente a quantidade
e detalhe das informações geradas e trocadas, como também aumentou a
expectativa sobre a utilização e o valor deste importante ativo. Isto gerou uma
demanda de padronização na organização das informações, considerando todo o
ciclo de vida de um projeto. Para usufruir do aumento de valor e das economias
que o BIM pode proporcionar, um sistema de padronização das informações é
fundamental. Jiang et al. (2016) afirmam que uma linguagem consistente e um
20

sistema de classificação são necessários para definir e organizar os usos dos


modelos, além de facilitar a comunicação entre os diversos agentes da indústria.

Os sistemas de classificação são importantes, pois auxiliam a organização dos


processos da AEC com todos os objetos de um edifício vinculados, de modo a
6
facilitar a interoperabilidade (AMORIM, 2011 apud MANZIONE 2013). Segundo
Ferreira (2015), os sistemas classificativos têm como propósito dar respostas às
complexidades inerentes ao setor construtivo, organizando de forma hierárquica o
modelo em estudo, através da divisão por classes ou especialidades. Os
principais sistemas de classificação para o BIM são: OmniClass, Uniformat,
MasterFormat, Unified Classification for the Construction Industry (Uniclass) e
Electronic Product Information Cooperation (EPIC).

As informações demandadas variam conforme a fase do projeto e o nível de


detalhe necessário. Sabol (2008) retrata na figura 2.4 a forma como os principais
sistemas classificativos são aplicados por fase do projeto.

Figura 2.4 – Sistemas classificativos nas fases de projeto

Fonte: Ferreira (2015, adaptado de Sabol 2008)

MasterFormat

MasterFormat, sistema largamente utilizado, é uma lista de especificações


padrões para organizar as informações de construção referentes aos requisitos

6
AMORIM, S. L. BIM – Uma tecnologia para o futuro imediato da construção. In: BIM –
Building Information Modeling 2011. Rio de Janeiro. Proceedings. 2011.
21

de construção, produtos e atividades, facilitando a comunicação entre arquitetos,


especificadores, contratantes e fornecedores (CSI, 2016). Segundo Ferreira
(2015), este sistema é utilizado principalmente para organizar manuais de projeto,
informação detalhada de custos, requisitos de construção, produtos e atividades
em uma fase anterior ao processo construtivo.

Sua primeira publicação foi em 1963 pelo Construction Specifications Institute


(CSI) e pelo Construction Specifications Canada (CSC). Desde então, várias
revisões foram realizadas.

Uniformat

Uniformat é um sistema de classificação para a organização de informações da


construção com base nos sistemas funcionais da edificação, sem se preocupar
com os materiais e métodos utilizados para montagem ou construção. É uma
norma ASTM-E1557-09 (2005), desenvolvida e mantida pelo CSI e pelo CSC.

Uniformat é visto frequentemente em especificações de desempenho e


descrições de projetos preliminares. Costuma ser utilizado na fase de desenhos
esquemáticos para facilitar estimativas de custo. Este sistema decompõem a
edificação em categorias (fundações, superestrutura e construção interior) e
subcategorias (pisos, tetos, fachada, janelas e outros), sem definir as soluções
técnicas e atividades necessárias para as entregas. Assim, custos podem ser
associados aos serviços macros, deixando para um momento seguinte as
estimativas bottom-up por pacotes de trabalho7 da Estrutura Analítica de Projeto
(EAP) 8 (CSI, 2016). Manzione (2013) traduziu as classificações, conforme tabela
2.2.

7
Pacotes de trabalho são os trabalhos definidos ao nível mais baixo da EAP para o qual
o custo e a duração podem ser estimados e gerenciados (PMI, 2013).
8
Estrutura Analítica de Projeto é uma decomposição hierárquica do escopo total do
trabalho a ser executado pela equipe do projeto a fim de alcançar os objetivos do projeto
e criar as entregas requeridas. A EAP organiza e define o escopo total do projeto (PMI,
2013).
22

Tabela 2.2 – Classificação Uniformat para elementos do edifício


23
24

Fonte: ASTM E1557 (2005) traduzido por Manzione (2013)

Segundo Eastman et al. (2014), uma limitação do Uniformat é que sua estrutura
de especificação cobre áreas grandes com múltiplas aplicações possíveis, em um
dado empreendimento. Essa limitação restringe a administração da qualidade da
especificação. O CSI está decompondo a estrutura Uniformat para dar suporte ao
relacionamento bidirecional entre objetos do edifício e especificações. Esta nova
classificação chama-se OmniClass.

OmniClass

O Omniclass foi criado com base no relatório técnico 14177 da International


Organization for Standardization (ISO): Classification of information in the
construction industry, publicado em 1994 e que posteriormente foi estabelecido
25

como a norma ISO-12006-2: Organization of Information about Construction


Works – Part 2: Framework for Classification of Information. Outro documento
utilizado com base foi o ISO/PAS 12006-3: Organization of information about
construction Works – Part3: Framework for object-oriented information implements
the basic approach of ISO 12006-2.

O sistema de classificação Omniclass se destina a ser uma base unificada para


todo o ciclo de vida de um projeto, seja qual for o seu tipo, tamanho e
complexidade. O Omniclass foi criado com o objetivo de ser o meio de organizar,
armazenar e recuperar informações para a indústria de AEC da América do
Norte, proporcionando que aplicativos e softwares sigam o mesmo padrão de
classificação da informação (CSI, 2006). Este sistema consiste em 15 tabelas
(tabela 2.3), sendo cada uma com um foco específico e agrupadas em
categorias. Cada tabela pode ser utilizada de forma independente ou combinada
para assuntos mais complexos.

Para evitar esforços duplicados, a CSI concebeu o Omniclass com o objetivo de


incorporar outros sistemas de classificação já existentes, dedicando esforços para
os assuntos que ainda não possuíam tabelas. Como exemplo, o MasterFormat foi
adotado para a tabela 22, o UniFormat para tabela 21 e o EPIC (Electronic
Product Information Cooperation) para tabela 23. Devido a inconsistências nas
terminologias e o propósito de criação de cada sistema, algumas modificações e
adaptações foram necessárias.

Segundo o CSI (2006), o OmniClass vem servindo como base para


desenvolvimento de sistemas de classificações na Noruega, Holanda, Japão e
outros países europeus. O Uniclass, do Reino Unido, também está sofrendo uma
revisão com base no Omniclass. No Brasil, o Omniclass é a referência para a
norma de classificação da informação que se encontra em desenvolvimento.
26

Tabela 2.3 – Tabelas OmniClass

Categorias Tabela Descrição


11 Entidades de construção pela função
12 Entidades de construção pela forma
Organizam os resultados da 13 Espaços pela função
construção 14 Espaços pela forma
21 Elemento
22 Resultados do trabalho
Classificam as fases e os 31 Fases
processos da construção 32 Serviços
23 Produtos
33 Disciplinas
34 Funções organizacionais
Organizam os recursos da
35 Ferramentas
construção
36 Informações
41 Materiais
49 Propriedades
Fonte: CSI (2006)

Uniclass

O Uniclass é o equivalente do Omniclass no Reino Unido e também foi criado de


acordo com a ISO 12006-2 e ISO/PAS 12006-3. Sua primeira publicação foi em
1997. O comitê criado para criação ao Omniclass manteve contato com os
responsáveis pela criação do Uniclass, obtendo permissão para adaptar e usar a
estrutura deste sistema para o desenvolvimento do Omniclass. Em troca, o
Uniclass está utilizando o Omniclass como um recurso para refinar sua estrutura
atual. Assim, o Uniclass e o Omniclass estão caminhando em direção a uma
unificação para uma padronização internacional.

Electronic Product Information Cooperation (EPIC)

O EPIC é um padrão internacional de compartilhamento de informação entre os


bancos de dados dos produtores da construção, desenvolvido como resultado de
um acordo de 1990 entre os representantes de dez países europeus. A primeira
27

publicação deste grupo ocorreu em 1994, EPIC Version 1, a segunda em 1999,


EPIC Version 2, foi a norma ISO 12006-2.

2.1.5 Nível de desenvolvimento do modelo - LOD

O conceito de Level of Development (LOD), traduzido como nível de


desenvolvimento do modelo, foi introduzido pela Vico Software em 2008.
Posteriormente, o conceito foi utilizado pelo subcomitê de tecnologia da American
Institute of Architects (AIA). O LOD foi desenvolvido como uma referência para
permitir especificações claras e precisas do conteúdo e confiabilidade dos
modelos BIM, com relação a diferentes estágios de detalhamento e informações.
Além das características geométricas, existe uma grande quantidade de
informações que podem ser associadas a um modelo BIM (BENDRICKS, 2013).

Os níveis de desenvolvimento foram criados inicialmente em escalas de 100,


variando de 100 a 500, permitindo posteriormente a criação de níveis
intermediários. A AIA (2013) produziu as definições para os diferentes LODs e
Morais et al. (2015) estabeleceram uma relação dos LODs com suas aplicações,
através da comparação com as fases de projetos do método tradicional.

No LOD 100 (fase conceitual), os elementos do modelo9 podem ser


representados graficamente, mas ainda sem satisfazer os critérios LOD 200. Um
modelo LOD 100 é utilizado na fase de concepção ou estudo volumétrico do
projeto, possibilitando a realização de estimativas de custo por área de
construção.

No LOD 200 (geometria aproximada), o modelo possui parte da sua geometria


definida e quantitativos aproximados vinculados aos componentes. O tamanho e
formas estão pré-definidos, a localização e orientação estão definidas e
informações não gráficas podem ser atribuídas aos elementos do modelo. Este

9
Elementos do modelo são componentes, sistemas ou montagem dentro do modelo e
devem ser representados através do sistema Uniformat de classificação (AIA 2013).
28

nível pode ser comparado ao anteprojeto e utilizado para análises de


desempenho.

O LOD 300 (geometria precisa) apresenta uma evolução com relação ao LOD
200 por possuir especificações de materiais e quantitativos precisos. O modelo
pode ser utilizado para construção, possibilitando geração de documentação para
a obra, lista de compras, bem como anexar o cronograma da obra em uma
macroescala, sem detalhes de montagem.

No LOD 350, são acrescentadas as interfaces com os demais sistemas


construtivos. O modelo pode ser utilizado para coordenação, compatibilização e
checagem de conflitos entre as disciplinas.

No LOD 400 (execução ou fabricação), detalhes e informações de fabricação,


montagem e instalação são acrescentados. Os detalhes do cronograma de obras
devem estar vinculados ao modelo, refletindo as montagens.

O LOD 500 (obra concluída) é a representação fiel do que foi executado. O


modelo está pronto para ser utilizado nas fases de operação, manutenção e
reformas.

Esses conceitos permitem a efetiva e eficiente comunicação, facilitando as


definições de detalhamento das entregas do modelo BIM (BENDRICKS 2013). O
Singapore BIM Guide, da Building Construction Authority (2013), relaciona esses
conceitos e os ilustram graficamente, conforme tabela 2.4.

Conforme Baptista 2015, o LOD exigido para um programa preliminar é baixo,


pois ainda existem muitas indefinições. Para que o planejamento possa ser
desenvolvido com base na construção é necessária uma modelagem de nível
superior. A tabela 2.5 apresenta uma relação entre as fases de projeto e o LOD
do modelo.
29

Tabela 2.4 – Representação gráfica dos LOD


30

Fonte: Manzione (2013 adaptado de Building Construction Authority, 2013)


31

Tabela 2.5 – LOD em função da fase de projeto

Fonte: Antunes (2013).

2.1.6 Estágios de adoção do BIM

Succar (2009) define os estágios de adoção do BIM segundo a maturidade de


uso desta tecnologia e conceitos, conforme figura 2.5.

Figura 2.5 – Estágios de adoção do BIM

Fonte: adaptado de Succar (2009)

Estágio 0 - pré-BIM

No estágio pré-BIM, ainda predomina uma dependência dos desenhos 2D e


ausência completa de trabalho colaborativo. Algumas imagens 3D podem ser
geradas através de documentos 2D, mas com foco na visualização. Os
32

levantamentos de quantidades, estimativas de custo e especificações não estão


integrados com as visualizações 3D.

Estágio BIM 1 – Modelagem baseada no objeto

O estágio 1, modelagem baseada no objeto, é caracterizado pelo início da


implantação do BIM através do desenvolvimento de modelos paramétricos. A
modelagem é feita para uma única disciplina e restrita a fase de processo de
projeto, de construção ou de operação. Neste estágio, ainda não há trabalho
colaborativo e o modelo 3D possui dados básicos, como quadro de portas e
volume de concreto.

Estágio BIM 2 – Modelagem baseada na colaboração

No estágio 2, há uma mudança cultural nas organizações com a adoção do


trabalho colaborativo entre as diversas disciplinas. Dados são trocados, através
de formatos proprietários ou não proprietários, entre uma fase ou fases distintas
do ciclo de vida do empreendimento.

Estágio BIM 3 – Rede baseada na integração

No estágio 3, a ênfase está na criação de modelos integrados, compartilhados e


mantidos colaborativamente por todo o ciclo de vida do empreendimento. O
modelo se torna multidisciplinar e com várias dimensões (“nD”)10. Análises
complexas são permitidas já nos estágios preliminares.

O modelo neste estágio está pronto para tratar informações da estratégia de


negócios da empresa, princípios de lean construction, políticas de
sustentabilidade e estimativas de custo em todo o ciclo de vida da edificação.
Uma reestruturação das relações contratuais, do fluxo de trabalho e da divisão
dos riscos passa a ser demandada.

10
Definição das dimensões (“nD”) dos modelos BIM é abordada no subitem 2.1.7
33

Integrated Project Delivery (IPD)

O Integrated Project Delivery (IPD), traduzido como Método de Projeto Integrado,


é baseado numa relação de colaboração e confiança entre todos envolvidos e
durante todas as fases do projeto, com foco nos resultados. As responsabilidades
e riscos são compartilhados (FERREIRA, 2015).

Segundo Morais et al. (2015), com o IPD, as equipes de arquitetura, engenharia e


construção colocam uma parte significativa do seu lucro em risco. Em
contrapartida, existem incentivos para redução dos custos, com recompensas por
meio da divisão das economias geradas ao longo do ciclo de vida do
empreendimento.

AIA (2007), apesar de reconhecer não ser impossível a utilização do IPD sem o
BIM, acredita que a utilização do BIM é essencial para alcançar a efetiva
colaboração necessária para o IPD. Segundo Smith (2014a), BIM não envolve
apenas a utilização de uma tecnologia, mas uma mudança na maneira de pensar
e uma nova abordagem de gerenciamento de projetos. Um aspecto fundamental
é a mudança da maneira tradicional de trabalho fragmentado e sequencial para o
trabalho colaborativo, com os participantes compartilhando e trabalhando com a
mesma informação. O modelo BIM é a ferramenta primária para o trabalho da
equipe de projeto.

O IPD é a meta da implementação do BIM (SUCCAR, 2009). Segundo AIA


(2007), IPD é uma abordagem que integra pessoas, sistemas, estruturas e
práticas de negócios em um processo colaborativo. Este processo aproveita as
habilidades e ideias de todos os envolvidos para otimizar os resultados, aumentar
o valor para o cliente, reduzir desperdício e maximizar a eficiência de todas as
fases do ciclo de vida do projeto. O IPD encoraja a participação e envolvimento
dos principais envolvidos no projeto, desde as fases iniciais.
34

O IPD proporciona o ambiente propício para desfrutar todos os benefícios do


método BIM. O modelo BIM funciona como um repositório único da informação e
o IPD assegura uma interação contínua entre todas as partes (FERREIRA, 2015).
Conforme representado na figura 2.6, o IPD altera o processo convencional de
troca de dados sequencial e propõe o envolvimento de todos os agentes, ainda
nas fases preliminares do projeto, proporcionando um intercâmbio simultâneo de
dados.

Figura 2.6 – Diferenças do processo convencional e do IPD

Fonte: Manzione (2013)


35

2.1.7 As dimensões dos modelos BIM – “nD”

Eastman et al. (2014) definem a capacidade de agregação de um grande número


de dimensões no conceito BIM, como modelagem “nD”. Os modelos BIM tendem
a ser cada vez mais criteriosos e com um nível de detalhamento compatível com
a finalidade a que se destinam.

Smith (2014a) afirma que o modelo BIM 4D é a associação das informações do


cronograma do projeto com os objetos do modelo BIM 3D. Segundo AIA (2007),
com o BIM 4D é possível simular graficamente a construção, proporcionando uma
visualização que ajuda a comunicação e o entendimento das tarefas. Questões
de construtibilidade e planos de ataque podem ser analisados em qualquer
momento do futuro. Outra aplicação do 4D é no estudo da organização do layout
e logística do canteiro, podendo gerar aumento da produtividade.

O modelo pode incluir elementos temporários tais como gruas, formas,


escoramentos, elevadores de obra, guincho de coluna e outros. Interferências
físicas e problemas de sequência construtiva podem ser detectados virtualmente.
Os modelos BIM 4D permitem ajustes e automaticamente identificam as
mudanças que vão impactar o prazo de entrega da obra. Devido a geometria 3D,
de um modelo BIM 4D, é possível associar as localizações das tarefas,
permitindo a utilização de técnicas de planejamento como as linhas de balanço11
(FERREIRA, 2015).

Segundo Smith (2014a), o modelo 5D associa os objetos do modelo 3D com as


atividades da planilha orçamentária, permitindo a obtenção instantânea de
quantitativos e estimativas de custo. O BIM 5D proporciona, como produto final,
um orçamento mais eficiente. A automatização do processo permite que o
gerente de custos dedique mais tempo às atividades que agregam valor ao
empreendimento, além da avaliação de diferentes soluções de projetos com

11
A técnica de linhas de balanço é um método gráfico de calendarização do fluxo de
trabalho, o qual representa os diferentes tipos de atividades executadas por frentes de
trabalho e por equipes.
36

geração instantânea das informações referentes aos custos do empreendimento.


A integração com o 4D permite a geração do fluxo de caixa do empreendimento e
um monitoramento e controle de obra contemplando as variáveis custo, prazo e
escopo (EASTMAN et al., 2014).

Segundo Ferreira (2015), a partir da dimensão 6D, não há um consenso com


relação as definições. Uma primeira abordagem designava o 6D como sendo
facilities management, mais recentemente alguns autores defendem que o 6D
seja definido como sustentabilidade e o 7D como facilities management. Ferreira
(2015) acredita que o modelo 6D permite aplicação do conceito BIM para o
facilities management, traduzido como gestão das operações. O núcleo do
modelo BIM possui um rico banco de informações dos elementos da construção,
garantias, manuais de manutenção e operação, além das especificações. Essas
informações são de extrema importância para o uso, operação e manutenção das
edificações.

Segundo Smith (2014a), incorporando informações sustentáveis aos


componentes do modelo atinge-se a dimensão 7D. Os projetistas podem analisar
os indicadores de sustentabilidade e suas variações de acordo com as diferentes
soluções de projeto. Por fim, a dimensão 8D incorpora informações de segurança
tanto para o processo de projeto como para a construção.

Com todas estas funcionalidades, a tecnologia BIM possibilita que os projetistas


possam prever mais eficazmente o desempenho das edificações e entregar um
modelo que contenha informações que agregam valor.

2.1.8 Benefícios do BIM

Conforme tabela 2.6, o BIM traz benefícios para todas as fases do ciclo de vida
do projeto.
37

Tabela 2.6 – Benefícios BIM por fase do projeto


Fase de concepção

Modelo de construção ainda em estágios iniciais de desenvolvimento vinculado a


uma base de custos pode fornecer estimativas de custo.
Alternativas de projetos são avaliadas utilizando ferramentas de análise e
simulação.
Fase de projeto e planejamento

Possibilidade de prever o desempenho da edificação antes da sua construção.


Mudanças automáticas em todas as disciplinas e dimensões decorrentes de
revisões em projetos.
Detecção de interferências físicas, como um tubo que encontra uma viga ou
como espaçamento entre vergalhões insuficiente para o agregado passar.
Detecção de interferências relacionadas com o tempo e movimentações, como
colisão entre objetos móveis como gruas, detectadas com um modelo BIM 4D.
Detecção de interferências com normas e regulamento, através da criação de
critérios de verificação em softwares específicos para checagem de regras,
como o Solibri ou outro equivalente.
Entrega de documentos com mais qualidade para o cliente, devido a riqueza de
dados que um modelo BIM possui.
Possibilidade de simular virtualmente situações reais.
Melhoria na visualização e entendimento dos projetos.
A tecnologia BIM facilita o trabalho simultâneo e colaborativo entre as diversas
disciplinas envolvidas em um empreendimento de AEC.
Possibilidade de geração de estimativas de custo a qualquer momento.
Fase de execução

Utilização do modelo como base para fabricação de componentes fora do


canteiro de obras.
O planejamento da construção usando BIM 4D vincula os objetos 3D com o
planejamento da construção. Essa simulação gráfica revela fontes de potenciais
problemas e oportunidades de melhorias.
Os problemas que pelo método tradicional normalmente são descobertos
durante a execução, com o BIM podem ser identificados e resolvidos ainda na
fase de projeto.
Mudanças no modelo ou comparação de diversas soluções construtivas durante
a execução têm impactos conhecidos rapidamente quando o modelo é
atualizado.
O modelo BIM possui uma precisão muito maior do que os projetos do método
2D, além de possuir informações dos recursos materiais requeridos para cada
trabalho. Assim, ele é a base para garantir a chegada de materiais, pessoas e
equipamentos no momento exato da sua necessidade, reduzindo os custos e
desperdícios.
Fase de operação e manutenção
38

O modelo BIM é uma fonte de informações com relação a todos os sistemas e


materiais utilizados na construção. Estas informações são utilizadas para melhor
gerenciamento, manutenção e operação das edificações
Fonte: (EASTMAN et al., 2014; MANZIONE, 2013; SMITH, 2014a)

Após uma revisão bibliográfica, Morais et al. (2015) relataram os benefícios do


BIM obtidos em uma pesquisa com cinco casos estudados nos Estados Unidos e
um na Finlândia:

- suporte ao processo de orçamento pela automatização na extração rápida e


precisa dos quantitativos;
- estimativas de custo geradas suportam tomadas de decisões nas fases iniciais
do projeto;
- desenvolvimento rápido e preciso de várias soluções de projeto;
- melhoria na visualização;
- melhoria no entendimento da evolução da obra e processos de montagem com
utilização de simulações 4D;
- melhoria na comunicação e colaboração entre os projetistas;
- estímulo a criatividade e a produção de soluções otimizadas nas fases iniciais
de projeto;
- possibilidade de comparação de várias alternativas de projeto com relação ao
impacto no custo da construção e do ciclo de vida do empreendimento;
- otimização do processo de produção, transporte, montagem e detecção de
conflitos através de modelagem 4D;

Checcucci et. al (2011) apresentam, como resultado de uma pesquisa com


empresas brasileiras, que a principal razão para adoção de ferramentas BIM é a
facilidade de realizar revisões nas documentações da obra.

Além dos benefícios serem para todas as fases do ciclo do projeto, Eastman et al.
(2014) salientam que os benefícios são também para todos os agentes
envolvidos (stakeholders). Os proprietários recebem um modelo que facilita o
entendimento do empreendimento e serve como ferramenta para estudos de
viabilidade e simulações. Os profissionais do setor de AEC possuem uma
39

ferramenta que facilita a adoção de conceitos de engenharia simultânea, melhora


a construtibilidade e precisão das informações, além de proporcionar
automatização nas atualizações do modelo.

Construtores e fornecedores podem visualizar e simular o canteiro de obras em


qualquer data futura, além de proporcionar maior precisão para detecção de
conflitos e pré-fabricação. Por último, os usuários e operadores das edificações
possuem um modelo que representa uma fonte de informação para
manutenções, uso e gerenciamento das operações.

Segundo Sabol (2008), o BIM proporciona uma tecnologia transformadora pela


capacidade de fornecer um recurso compartilhado digital para todos os
envolvidos na gestão do ciclo de vida de um empreendimento, conforme figura
2.7.

Figura 2.7 – Fluxo de informações modelo BIM

Fonte: SABOL (2008)


40

2.1.9 Dificuldades para difusão do BIM

Diversos autores apontam as dificuldades para difusão do BIM. Smith (2014b)


cita que em uma indústria resistente a mudanças como a AEC, a posição das
empresas de aguardar para ver o que vai acontecer e a falta de formação de
profissionais em BIM está adiando a inevitável implementação do BIM. Segundo
Eastman et al. (2014), o progresso do BIM enfrenta vários obstáculos, como
barreiras técnicas, questões regulatórias e de responsabilidade legais, estruturas
de negócios inapropriadas, resistência a mudanças nas grades curriculares dos
cursos de arquitetura e engenharias e resistência a mudança nas formas de
contratação.

Na mesma linha, Santos et al. (2009) destacam como obstáculos a resistência e


insegurança dos profissionais no mercado e a necessidade de mudança na grade
curricular dos cursos de arquitetura e engenharia para formação de novos
profissionais. De uma maneira geral, falta uma visão holística do empreendimento
e de como o valor evolui ao longo da cadeia. A maioria dos profissionais da área
de AEC não têm mentalidade de trabalho colaborativo e integrado. Isto implica
em um processo construtivo fragmentado, no qual o fluxo de trabalho passa pelos
diferentes agentes de maneira sequencial, sem mecanismos que garantam uma
efetiva sinergia e interação entre os projetistas das diversas disciplinas,
engenheiro de obra, engenheiro orçamentista e outros envolvidos. Para superar
estes problemas surge a necessidade de uma profunda mudança cultural.

Eastman et al. (2014) afirmam que a interoperabilidade efetiva é um sério


impedimento ao projeto colaborativo. O interesse econômico distinto entre
projetistas e empreiteiros é outra barreira. Segundo Manzione (2013), a
implantação do BIM evidencia a necessidade de ambientes colaborativos e
estabelecimento de processos, protocolos de comunicação e linguagens comum
aos agentes.

Checcucci et. al (2011) apresenta, como resultado de uma pesquisa com


empresas brasileiras, as maiores dificuldades de se trabalhar com BIM. Os três
41

problemas mais citados foram: a dificuldade de integração com a equipe de


parceiros; a resistência da equipe em mudar os métodos de trabalho; a
necessidade de formação de mão de obra especializada.

Stheling (2012) conclui, através de uma pesquisa com empresas de construção


civil predial e industrial de Belo Horizonte, que os desafios para implementação
do BIM podem ser agrupados em dois: relativos à utilização de softwares;
relativos aos processos de projeto e construção. O grande problema do primeiro é
a interoperabilidade, enquanto que no segundo, o obstáculo é a falta de trabalho
colaborativo.

Segundo Smith (2014b), a necessidade de investimentos em softwares,


hardwares e treinamento é um grande dificultador para difusão do BIM. Mesmo
que reconheçam que o pioneirismo pode ser um grande diferencial competitivo, a
maioria das empresas da indústria de AEC, por estarem descapitalizadas e
trabalhando com margens muito baixas, não estão dispostas a fazer
investimentos de longo prazo.

AIA (2010) desenvolveu recomendações chaves para implementação do BIM.


Primeiramente, sugere-se a liderança governamental e coordenação para
utilização do BIM através do trabalho conjunto do governo e das associações
profissionais. Esta liderança precisa criar uma política para implementação desta
nova tecnologia, como foi feito no Reino Unido. Outra sugestão é uma educação
multidisciplinar nas universidades. Para as empresas de softwares, sugere-se a
solução dos problemas de interoperabilidade.

2.1.10 Difusão do conceito BIM no mundo


42

Smith (2014b) diagnosticou a implantação e desenvolvimento do BIM ao redor do


12
mundo. Segundo Wong et al. (2009 apud Smith, 2014a) a América do Norte e a
Escandinávia são as maiores referências em utilização e implementação de BIM.
Na América do Norte ocorreu um crescimento de 17% em 2007 para 71% em
2012, referente a adoção de BIM por profissionais do setor de AEC. O grande
catalisador desse crescimento ocorreu em 2003, quando a General Services
Administration (GSA) estabeleceu um guia nacional de BIM 3D-4D através do
Public Building Services (PBS) Office.

Na Escandinávia, principalmente Finlândia, Noruega e Dinamarca, exigências


governamentais para uso do BIM foram responsáveis pelo crescimento do uso
dessa tecnologia. O governo finlandês investiu fortemente em tecnologia da
informação e lançou recentemente um guia universal BIM. Na Finlândia, entre 20
e 30% dos projetos governamentais utilizam BIM e a perspectiva é de atingir 50%
em um futuro próximo. Na Dinamarca, o Danish Enterprise and Construction
Authority estabeleceu, em 2007, um programa de construção digital que exige
BIM em todos projetos acima de 5,5 milhões de euros, além de exigir a utilização
do formato IFC. Na Noruega, o governo é o principal fomentador do BIM, exigindo
o uso dessa tecnologia em todos os projetos e investindo em pesquisa e
desenvolvimento (GRANHOLM, 2011).

No Reino Unido, o governo adotou uma estratégia de implementação do BIM com


o objetivo de se tornar o principal líder mundial em um curto espaço de tempo.
Em maio de 2011, o governo publicou sua intenção de exigir BIM em todos os
projetos até 2016, visando uma economia de 20% nos custos das obras.

Outro país que surge como um dos líderes mundiais é Singapura. O Building and
Construction Authority (BCA), de Singapura, desenvolveu uma estratégia de
implantação de BIM largamente utilizada até 2015, com adoção do IFC como
padrão. O governo criou um fundo de 250 milhões de dólares para implantação

12
WONG, K. A., WONG, F.K.; NADEEM, A. Comparative roles of major stakeholders
for the implementation of BIM in various countries. Hong Kong, Polytecnic University,
2009.
43

de BIM e o programa Construction and Real Network (CORENET) começou a


transformar a indústria da construção com investimentos no uso de tecnologia da
informação, em 2000. A infraestrutura para troca de informações entre todos os
envolvidos em um projeto foi fornecida através de um portal online.

Na Austrália, o uso do BIM ainda não está consolidado e até o momento não
ocorreu nenhuma iniciativa do governo para incentivar o seu uso. No entanto,
desde 2009, entidades e agentes envolvidos promoveram iniciativas de
divulgação e conscientização dos benefícios e vantagens competitivas da
implantação dessa tecnologia. Essas iniciativas incluem a criação de guias, como
o National BIM Guide criado pela National Specification (NATSPEC), o National
Guidelines for Digital Modelling criado pela Corporate Research Centre for
Construction Innovation (CRC-CI), o Australian and New Zealand Revit Standards
(ANZRS) e os guias e modelos BIM-MEPAUS.

A organização buildingSmart, anteriormente chamada International Alliance for


Interoperability, continua sendo a maior líder no desenvolvimento e implantação
do BIM na Austrália. Ela criou a aliança entre empresas de softwares, chamada
Open BIM Alliance of Australia, para promover o conceito de Open BIM (SMITH,
2014b).

Smith (2014b) cita que uma pesquisa internacional, feita com empreiteiras pelo
McGraw Hill (2014), concluiu que o uso do BIM é relativamente novo no Brasil e
que o país peca pela falta de liderança e medidas coordenadas por parte do
governo. Segundo Ferreira (2015), em 2011, o Governo Brasileiro lançou o
programa Plano Brasil Maior (PBM), com diretrizes estratégicas para estimular o
desenvolvimento e a inovação tecnológica na economia brasileira. No âmbito da
construção civil a tecnologia BIM é definida como meio de crescimento do setor.
A partir deste programa começaram a aparecer as primeiras intenções para
implementação do BIM.

Destaca-se a iniciativa do Governo de Santa Catarina que lançou em março de


2014 um “Termo de Referência para desenvolvimento de projetos com o uso da
44

Modelagem da Informação da Construção (BIM)”. Esse termo evoluiu para o


13
“Caderno de Apresentação de Projetos em BIM” .

Segundo AIA (2010), a falta de liderança governamental gera diferentes


abordagens para difusão da tecnologia, dificultando a conversão destas
abordagens para uma implantação baseada na confiança, comprometimento e
troca de informações entre todos os envolvidos.

2.2 Gerenciamento de custos de projetos

O objetivo da revisão bibliográfica deste tema é contextualizar o gerenciamento


de custos de um projeto, com foco nas estimativas de custos e orçamentação.
Não serão abordados com detalhes todos os passos para elaboração de um
orçamento de obra, pois muitos deles não são afetados pelo uso da tecnologia
BIM.

2.2.1 Gerenciamento de Projetos

O gerenciamento de custos é uma das áreas do conhecimento de gerenciamento


de projetos. Logo, antes de focar a revisão bibliográfica na área de gestão de
custos, é necessário conceituar projeto e contextualizar o gerenciamento de
projetos.

Slack (2013, p. 524) define projeto como “conjunto de atividades com um ponto
de início e fim estabelecidos, as quais perseguem um objetivo definido e usam
um conjunto definido de recursos”. Na mesma linha o Project Management
Institute (PMI, 2013, p. 3) define projeto como “um esforço temporário

13
Disponível no site do Governo de Santa Catarina:
<dhttp://www.spg.sc.gov.br/index.php/visualizar-biblioteca/acoes/comite-de-obras-
publicas/427-caderno-de-projetos-bim/file> (acesso em 04/09/2015).
45

empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único, com início e


término definidos”.

Os projetos fazem parte do portfólio da organização e existem para tornar


realidade as estratégias organizacionais. Segundo Slack et al. (2013), o
gerenciamento do portfólio de algumas empresas exige o gerenciamento
simultâneo de vários projetos. Normalmente, eles compartilham recursos em
comum e atrasos em atividades de um projeto podem impactar outros projetos,
devido a dependência dos mesmos recursos.

Para o PMI (2013), os programas juntamente com projetos e outros trabalhos são
agrupados em um portfólio e gerenciados de forma coordenada para atender as
estratégias da organização. Projetos individuais podem estar dentro ou fora dos
programas. Os projetos de um mesmo programa obrigatoriamente são
interdependentes. O foco deste estudo é em um projeto único, como o projeto 1
da figura 2.8.

Segundo Mulcahy (2013), o processo de gerenciamento de projetos representa o


que é preciso fazer para gerenciar o trabalho. Este processo inclui os esforços de
iniciar, planejar, executar, monitorar e controlar e encerrar o projeto.

Figura 2.8 – Foco da pesquisa em projetos de uma organização

Fonte: Autor
46

O PMI (2013) define o gerenciamento de projetos como a aplicação do


conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, para
atender aos seus requisitos e objetivos. O PMI considera que o gerenciamento de
projetos envolve quarenta e sete processos, divididos em cinco grupos de
processos e dez áreas de conhecimento.

Os grupos de processos são: iniciação, planejamento, execução, monitoramento


e controle, e encerramento. As áreas de conhecimento são: gerenciamento da
integração, do escopo, do tempo, dos custos, da qualidade, dos recursos
humanos, das comunicações, dos riscos, das aquisições e das partes
interessadas. A figura 2.9 mostra a divisão dos processos em grupos e áreas de
conhecimento e a tabela 2.7 faz o mapeamento dos quarenta e sete processos.

Não é intenção deste trabalho detalhar todos os processos de gerenciamento de


projetos, pois isto já foi feito no guia PMBOK do PMI. O objetivo é mostrar que os
processos de gerenciamento de projetos se sobrepõem e interagem, conforme
anexo A. Mulcahy (2013) explica e sintetiza o relacionamento cíclico entre os
processos, segundo a visão do PMI, conforme figura 2.10. Em grandes projetos
esse ciclo pode se repetir diversas vezes.

Figura 2.9 – Relação entre as áreas de conhecimento e grupo de processos de


gerenciamento de projetos

Fonte: Adaptado de Mulcahy (2013)


47

Tabela 2.7 – Mapeamento dos 47 processos de gerenciamento de projetos com


relação as áreas de conhecimento e grupos de processos
GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS
ÁREAS DE
CONHECIMENTO
INICIAÇÃO PLANEJAMENTO EXECUÇÃO MONITORAMENTO E CONTROLE ENCERRAMENTO

DESENVOLVER O PLANO DE ORIENTAR E GERENCIAR O MONITORAR E CONTROLAR O


DESENVOLVER O TAP ENCERRAR O PROJETO OU FASE
GERENCIAMENTO DO PROJETO TRABALHO DO PROJETO TRABALHO DO PROJETO
INTEGRAÇÃO
REALIZAR O CONTROLE INTEGRADO
DE MUDANÇA
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DO
VALIDAR O ESCOPO
ESCOPO
COLETAR OS REQUISITOS CONTROLAR O ESCOPO
ESCOPO
DEFINIR O ESCOPO
CRIAR A EAP
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DO
CONTROLAR O CRONOGRAMA
CRONOGRAMA
CRIAR A LISTA DE ATIVIDADES
SEQUENCIAR AS ATIVIDADES
TEMPO ESTIMAR OS RECURSOS DAS
ATIVIDADES
ESTIMAR AS DURAÇÕES DAS
ATIVIDADES
DESENVOLVER O CRONOGRAMA
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DOS
CONTROLAR OS CUSTOS
CUSTOS
CUSTO ESTIMAR OS CUSTOS DAS
ATIVIDADES
DETERMINAR O ORÇAMENTO
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DA REALIZAR A GARANTIA DA
QUALIDADE CONTROLAR A QUALIDADE
QUALIDADE QUALIDADE
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DOS
MOBILIZAR A EQUIPE
RECURSOS HUMANOS
RH DESENVOLVER A EQUIPE

GERENCIAR A EQUIPE DO PROJETO


PLANEJAR O GERENCIAMENTO DAS
COMUNICAÇÕES GERENCIAR AS COMUNICAÇÕES CONTROLAR AS COMUNICAÇÕES
COMUNICAÇÕES
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DOS
CONTROLAR OS RISCOS
RISCOS
IDENTIFICAR RISCOS
REALIZAR ANÁLISE QUALITATIVA
RISCOS DOS RISCOS
REALIZAR ANÁLISE QUANTITATIVA
DOS RISCOS
PLANEJAR AS RESPOSTAS AOS
RISCOS
PLANEJAR O GERENCIAMENTO DAS
AQUISIÇÕES CONDUZIR AS AQUISIÇÕES CONTROLAR AS AQUISIÇÕES ENCERRAR AS AQUISIÇÕES
AQUISIÇÕES
PARTES IDENTIFICAR AS PARTES PLANEJAR O GERENCIAMENTO DAS GERENCIAR O ENGAJAMENTO DAS CONTROLAR O ENGAJAMENTO DAS
INTERESSADAS INTERESSADAS PARTES INTERESSADAS PARTES INTERESSADAS PARTES INTERESSADAS

Fonte: adaptado PMI (2013)

Figura 2.10 – Relacionamento entre os processos de gerenciamento de projetos

Fonte: adaptado de Mulcahy (2013)


48

Após um planejamento de nível macro e um estudo de viabilidade, o projeto é


aprovado oficialmente na fase de iniciação. Na sequência, é realizado o
planejamento detalhado, que envolve as definições de como planejar, executar,
monitorar, controlar e encerrar o projeto.

No passo seguinte, o projeto passa para execução, conforme planejado na etapa


anterior. Enquanto o trabalho é realizado, dados são coletados e utilizados no
processo de monitoramento e controle, para garantir que o desempenho do
projeto esteja de acordo com as linhas de base14.

Na hipótese de mudanças ou aditivos, os requisitos são avaliados no grupo de


monitoramento e controle, para avaliação do impacto no projeto. Mudanças
aprovadas, que não afetam a linha de base do projeto, como por exemplo ações
preventivas, voltam a alimentar a execução. Mudanças aprovadas que afetam a
linha de base exigem um replanejamento, que é realizado no processo de
monitoramento e controle e alimenta o processo de execução.

No caso de mudanças que afastem consideravelmente o projeto das suas linhas


de base, é necessário retornar ao processo de iniciação, para avaliar a viabilidade
de continuação do projeto. Por fim, o projeto passa à fase de encerramento,
quando são registradas as lições aprendidas e o cliente recebe formalmente o
projeto.

2.2.2 Gerenciamento de custos no grupo de processo de planejamento segundo


o PMBOK

Para melhor entendimento do PMBOK é importante entender que o PMI (2013)


adota um conceito de entradas, ferramentas e técnicas e saídas para cada
processo de gerenciamento de projetos. Os processos podem possuir entradas e
saídas de processos de outras áreas de conhecimento.
49

Entrada significa o que é necessário fazer antes do processo que será iniciado.
Saída significa o resultado esperado quando o processo é concluído (MULCAHY,
2013). As entradas alimentam os processos, que através das ferramentas e
técnicas geram produtos (saídas) esperados. Fazendo uma analogia, pode-se
entender que as entradas e saídas são a corrente que funciona em ciclo contínuo
conduzida pelas engrenagens (ferramentas e técnicas), conforme figura 2.11. As
saídas de um processo são utilizadas como entradas de outros. As ferramentas e
técnicas são responsáveis por unir todas as entradas e no final do processo
produzir saídas ou produtos, conforme exemplo da figura 2.12 do diagrama do
fluxo de dados do processo estimar os custos.

Este diagrama mostra que o processo estimar os custos é alimentado com


entradas, que são saídas de diversos processos e de várias áreas de
conhecimento. Com a utilização das ferramentas e técnicas, estas entradas são
utilizadas para produzirem as saídas. E o processo cíclico continua, pois estas
saídas são entradas de outros processos, e assim continuamente.

Figura 2.11 – Analogia dos processos de gerenciamento de projetos com


engrenagens e uma corrente

Fonte: Autor

14
Linhas de base são as versões aprovadas de um produto de trabalho (cronograma,
orçamento, escopo) usadas como uma base de comparação (PMI 2013).
50

Figura 2.12 – Diagrama de fluxo do processo estimar os custos

Fonte: PMI (2013)

Todas entradas, saídas e ferramentas e técnicas envolvidas com os processos de


gerenciamento de custos serão explicadas resumidamente neste subitem. Na
continuação desta dissertação, apenas os itens que apresentam relevância com
relação ao objetivo da pesquisa serão aprofundados. Para aprofundamento dos
demais itens, aconselha-se a leitura do guia PMBOK.

Os processos das áreas de conhecimento de gerenciamento de custo estão nos


grupos de processos de planejamento e de monitoramento e controle, mas este
projeto de pesquisa tem como objetivo estudar o uso do BIM apenas no grupo de
processo de planejamento, conforme figura 2.13, e mais especificamente as
contribuições do BIM para a orçamentação.
51

Figura 2.13 – Foco da pesquisa em gerenciamento de custos

Fonte: Adaptado de Mulcahy (2013)

O PMI (2013) considera três processos dentro da área de gerenciamento de


custos do projeto e do grupo de processos de planejamento: planejar o
gerenciamento dos custos, estimar os custos e determinar o orçamento.

Planejar o gerenciamento dos custos

Este processo consiste em pensar antecipadamente como os custos do projeto


serão gerenciados. Mulcahy (2013) cita que este processo pode envolver
definições sobre origem dos recursos financeiros, aquisição ou locação de
equipamentos e técnicas analíticas a serem adotadas (valor presente líquido,
período de retorno e taxa interna de retorno).

A figura 2.14 mostra as entradas, ferramentas e técnicas e saídas do processo


planejar o gerenciamento dos custos. As entradas são compostas por quatro
itens. O primeiro é o plano de gerenciamento do projeto que documenta a
estratégia a ser utilizada para administrar o projeto, além de possuir informações
como a linha de base do escopo15 que contém as especificações do escopo e os
detalhes da EAP para estimativas e gerenciamentos de custo do projeto.

15
Linha de base do escopo é a versão aprovada de uma especificação de escopo e de
uma EAP.
52

O segundo, Termo de Abertura do Projeto (TAP), é o documento que formaliza o


início do projeto e o planejamento macro feito durante os estudos de viabilidade.
O terceiro, fatores ambientais, é a cultura e os sistemas existentes da empresa,
com os quais o projeto terá que lidar. O quarto e último, ativos de processos
organizacionais, são os processos, procedimentos e informações históricas
existentes em uma organização (MULCAHY, 2013).

As ferramentas e técnicas são compostas de três itens. Opinião especializada se


refere ao uso dos conhecimentos e experiência de profissionais e/ou consultores
da área. Técnicas analíticas servem para avaliar, analisar ou prever resultados
potenciais, com base em possíveis variações. Reuniões são realizadas para o
envolvimento e participação de todos os interessados no desenvolvimento do
plano de gerenciamento do projeto (PMI, 2013).

A saída deste processo é o plano de gerenciamento de custos que pode


contemplar (PMI, 2013): unidades de medida a serem adotadas; nível de precisão
e arredondamentos das estimativas de custos; nível de precisão desejado para as
estimativas; limites de controle, ou seja, desvios aceitáveis na linha de base
durante o monitoramento antes que alguma ação seja necessária; procedimentos
e regras para medição do desempenho do projeto; formatos e periodicidade dos
relatórios.

Figura 2.14 – Planejar o gerenciamento dos custos: entradas, ferramentas e


técnicas e saídas

Fonte: PMI (2013)


53

Estimar os custos

Segundo PMI (2013), este processo consiste no desenvolvimento de uma


estimativa de custos dos recursos monetários necessários para terminar as
atividades do projeto.

A figura 2.15 mostra as entradas, ferramentas e técnicas e saídas do processo


estimar os custos. As entradas são compostas por sete itens. O primeiro é o
plano de gerenciamento de custos, que define como os custos do projeto serão
gerenciados e controlados e contém os métodos utilizados para estimar custos e
o nível de precisão exigido para as estimativas.

O segundo é o plano de gerenciamento de recursos humanos que fornece os


atributos de recrutamento do projeto, índices de pessoal e
reconhecimento/prêmios. O terceiro é a linha de base do escopo, pois para criar
uma estimativa é necessário compreender o que faz parte do escopo do projeto.
A quarta entrada é o cronograma do projeto, pois o prazo da obra interfere
diretamente no custo.

A quinta entrada é o registro de riscos, pois além do potencial de economia de


tempo e dinheiro, o gerenciamento de riscos demanda recursos. As duas últimas
entradas são fatores ambientais da empresa e ativos de processos
organizacionais.

As ferramentas e técnicas são compostas de 10 itens conforme tabela 2.8.

As saídas do processo são as estimativas de custo das atividades e uma


explicação de como foram as bases destas estimativas, além da atualização dos
documentos do projeto, devido a mudanças ou atualizações no registro de riscos
e em outros documentos do projeto.
54

Tabela 2.8 – Ferramentas e técnicas para estimar os custos


Ferramentas e técnicas Descrição
Opinião Especializada Fornece um discernimento valioso sobre o
ambiente e informações de projetos similares.
Estimativa análoga (ou top- Utiliza opinião especializada e informações
down) históricas de projetos anteriores. Ela pode ser
feita no nível do projeto ou no nível das
atividades. A precisão depende da semelhança
do projeto ou atividades. Normalmente utilizada
em fases iniciais do projeto.
Estimativa paramétrica Utiliza uma relação estatística entre dados
históricos relevantes e outras variáveis como
metro quadrado de construção.
Estimativa “bottom-up” Estimativas são realizadas para cada pacote de
trabalho de uma EAP e depois são agrupadas
para estimativa do projeto como um todo. Este é
um tipo de estimativa precisa, mas que exige
tempo e recursos.
Estimativa de três pontos Permite maior consideração da incerteza da
estimativa e dos riscos associados com as
atividades, pois considera três cenários: mais
provável; otimista; pessimista.
Análise de reservas Uso de reservas para cobrir os riscos de custo do
projeto.
Custo da qualidade Determina os custos com o gerenciamento da
qualidade.
Software de gerenciamento Softwares que podem ser usados para cálculo de
de projetos estimativas.
Análise de proposta de Análise de quanto o projeto custaria baseado nas
fornecedor respostas das cotações dos fornecedores
qualificados.
Técnicas de tomada de Envolve os membros da equipe nas estimativas
decisões em grupo de custos para melhorar a precisão.
Fonte: PMI (2013)

Figura 2.15 – Estimar os custos: entradas, ferramentas e técnicas e saídas

Fonte: PMI (2013)


55

Determinar o orçamento

Segundo Mulcahy (2013), neste processo do gerenciamento de custos o gerente


do projeto calcula o custo total do projeto e o resultado é chamado de orçamento.
Este orçamento servirá como linha de base para o monitoramento e controle do
custo do projeto.

A figura 2.16 mostra as entradas, ferramentas e técnicas e saídas do processo


determinar o orçamento. As entradas de número um, dois, cinco, sete e nove são
comuns ao processo estimar os custos. Estimativas de custos das atividades e
base das estimativas são saídas do processo estimar os custos. As demais
entradas desse processo consistem em conhecer a disponibilidade de recursos e
quaisquer acordos sobre custos associados com a aquisição de serviços ou
produtos para o projeto.

As ferramentas e técnicas são compostas de 5 itens conforme tabela 2.9.

Tabela 2.9 – Ferramentas e técnicas para determinar o orçamento


Ferramentas e técnicas Descrição
Agregação de custos As estimativas de custos são realizadas por
pacotes de trabalho de acordo com a EAP e
posteriormente agrupadas para o projeto como
um todo.
Análise de reservas Estabelece as reservas de contingências (para
riscos gerenciados) e de gerenciamento (para
riscos não conhecidos).
Opinião especializada Consultores, partes interessadas, associações
profissionais e setores econômicos ajudam na
definição do orçamento.
Relações históricas Os custos de modelos análogos e paramétricos
são mais confiáveis quando informações
históricas são usadas, os parâmetros são
facilmente quantificáveis e os modelos podem ser
ajustados quanto a escala.
Reconciliação dos limites de O orçamento juntamente com o cronograma deve
recursos financeiros atender as restrições de recursos do projeto.
Fonte: PMI (2013)
56

As saídas desse processo são: o orçamento final do projeto, que é utilizado como
referência para o monitoramento e controle dos custos durante a execução da
obra; o fluxo de caixa do projeto, obtido pela integração do orçamento com o
cronograma; a atualização nos documentos do projeto.

Figura 2.16 – Determinar o orçamento: entradas, ferramentas e técnicas e saídas

Fonte: PMI (2013)

2.2.3 Orçamento e orçamentação

Mattos (2014) afirma que orçar não é um exercício de futurologia. Um trabalho


técnico bem executado, com critérios bem estabelecidos, utilização de
informações confiáveis e bom julgamento do orçamentista, gera orçamentos
precisos, mas não exatos. O custo exato de um empreendimento não pode ser
fixado de antemão, pois orçamentos baseiam-se em previsões. Todos os
orçamentos são aproximados e envolvem estimativas.

A aproximação dos orçamentos ocorre em vários itens como: despesas previstas


com conta de água, energia e telefone; produtividades previstas para as equipes
e equipamentos; turnover (rotatividade de pessoal) adotado para cálculo dos
encargos sociais; perdas e reaproveitamentos adotados para materiais; custos de
manutenção e operação adotados para equipamentos; previsão de inflação;
dissídio coletivo da categoria.
57

Cardoso (2014) define o orçamento como a discriminação completa dos custos


de uma obra. Giammusso (1991) define orçamentação como o processo de
determinação do custo de um empreendimento antes da sua realização, através
de uma previsão dos custos, que deve ser o mais próximo possível dos custos
reais.

Segundo Mattos (2014), orçamentação é o processo de elaboração do orçamento


e envolve identificação, descrição, quantificação, análise e valorização de uma
grande série de itens.

2.2.4 Tipos de orçamentos de obra

Durante todas as fases do ciclo de vida de uma edificação, informações


referentes ao custo são importantes para apoio das decisões de projeto e análise
da viabilidade do empreendimento. Existem muitos métodos de estimativas que
podem ser realizadas durante o projeto, sendo que a precisão destas estimativas
está relacionada com o nível de detalhamento dos projetos, com a quantidade de
informações e tempo disponíveis para análise e uso a que se destinam
(EASTMAN et al., 2014).

Mattos (2014) define três níveis de orçamento, conforme o grau de detalhamento.


O primeiro é a estimativa de custo que considera a comparação com projetos
similares ou com uma base de custos históricos, fornecendo uma ordem de
grandeza do custo do empreendimento. O segundo é o orçamento preliminar que
consiste no levantamento de quantidades e pesquisa de preços dos principais
insumos e serviços. Por último, o orçamento analítico ou detalhado, elaborado
com composições de preço unitário (CPU) e pesquisa de preços de todos os
insumos.

Na indústria da construção civil, nas fases preliminares do projeto, é comum a


realização de estimativas paramétricas para estudos de viabilidade ou consultas
rápidas de clientes. Segundo o PMI (2013), estimativa paramétrica utiliza uma
58

relação estatística entre dados históricos relevantes e outras variáveis. O exemplo


mais utilizado na indústria da construção civil é a utilização do Custo Unitário
16
Básico (CUB) do metro quadrado de área equivalente para estimar o custo do
empreendimento.

As estimativas de custos durante o processo de projeto ajudam a antecipar


problemas referentes a custo e possibilitam tomadas de decisões mais
17
embasadas (EASTMAN et al., 2014). Dias (2006 apud Santos et al. 2009)
define estimavas de custo como um exercício de previsão utilizado em etapas
iniciais dos estudos de um empreendimento, quando informações precisas ainda
não estão completas para elaboração de um orçamento detalhado.

O orçamento preliminar é mais preciso do que as estimativas de custo, pois


baseia-se em levantamento expedito das quantidades, pelo menos das atividades
mais representativas da obra, e nos custos unitários dos serviços. Neste tipo de
orçamento, indicadores podem ser usados na ausência de projetos específicos,
como volume de concreto por área a ser estruturada, taxa de armação por
volume de concreto, área de forma por volume de concreto e outros (MATTOS
2014).

Este mesmo autor define orçamento convencional, analítico ou detalhado


como uma maneira mais detalhada de se prever o custo da obra. Composições
de custos unitários são utilizadas para cada serviço da obra e o preço de cada
insumo é pesquisado no mercado. Além do custo dos serviços, correspondentes
ao custo direto, são considerados também os custos indiretos, referentes aos
custos de manutenção do canteiro de obras, equipes técnica, administrativa e de
suporte da obra, taxas, emolumentos e outros.

Dentre os diferentes tipos de estimativas e orçamentos, alguns são mais


complexos, fundamentados em características geométricas definitivas, como é o

16
NBR 12.721/2006 determina o método de cálculo do CUB, sendo responsabilidade dos
sindicatos da construção civil, estaduais, calcular e divulgar este índice paramétrico.
17
DIAS, P. R. V. Engenharia de custos: uma metodologia de orçamentação para obras
civis. Itaperuna: Hoffmann, 2006.
59

caso do orçamento discriminado ou detalhado, enquanto outros menos precisos


se fundamentam em características mais simples e oferecem uma maior
18
velocidade no processamento de resultados (OTERO , 2000 apud SANTOS et
al. 2009).

Kern (2005) afirma que a medida que os projetos atingem níveis de detalhamento
superiores, as estimativas são substituídas por orçamentos convencionais e
executivos. Este autor acrescenta o conceito de orçamento executivo como um
produto de maior precisão do que o convencional, analítico ou detalhado. O
orçamento executivo preocupa-se com todos os detalhes de como a obra será
executada, considerando os métodos e durações das atividades de produção. Ele
se difere do orçamento convencional por considerar as situações na construção
nas quais os custos não são proporcionais à quantidade.

Enquanto na abordagem convencional, a orçamentação é feita com base na obra


pronta, desconsiderando o processo envolvido na fase de execução, na
abordagem executiva, o processo construtivo e o ritmo da produção são
analisados. Nesta última abordagem o custo dos materiais é proporcional à
quantidade produzida, enquanto os custos de mão de obra e equipamentos são
proporcionais ao tempo (GELDERMAN e WEELE, 2005).

2.2.5 O processo de orçamento tradicional

Mattos (2014) determina três fases e um total de doze etapas para o processo de
orçamento. A primeira fase é o estudo das condicionantes ou condições de
contorno e abrange as etapas 1 à 3. A segunda fase é a composição de custos e
abrange as etapas 4 à 9. A terceira e última fase é o fechamento do orçamento e
contempla as etapas 10 à 12. Esta classificação se baseia em obras públicas e
com regime de contratação à preço global, por se tratar da modalidade de

18
OTERO, J. A. Análise paramétrica de dados orçamentários para estimativas de
custo na construção de edifícios: estudo de caso voltado para a questão da
variabilidade. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Curso de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. 2000.
60

orçamento que envolve um maior número de etapas. Obras privadas ou com


outro regime de contratação podem ter algumas etapas simplificadas ou até
mesmo eliminadas.

Etapa 1 - leitura e interpretação do projeto e especificações técnicas

Todo orçamento se baseia em um projeto seja qual for o seu nível de


detalhamento. Na etapa 1, a leitura e interpretação dos projetos e especificações
depende muito da experiência do orçamentista. Os projetos são compostos de
plantas baixas, cortes, vistas, perspectivas, notas, detalhes, diagramas, gráficos,
tabelas e quadros. As especificações técnicas trazem especificações de natureza
mais qualitativa do que quantitativa.

Etapa 2 - leitura e interpretação do edital

Na etapa 2, ocorre a leitura e interpretação do edital. Edital é o documento que


rege a licitação no caso de obras que são objetos de uma concorrência. O edital
contém várias informações que devem ser consideradas no orçamento, como:
prazo da obra; critérios de medições, pagamento e reajustamento; modalidade de
contratação da obra; e outros.

Etapa 3 - visita técnica

A etapa 3 consiste na visita técnica, que serve para: conhecimento do local da


obra; esclarecimento de dúvidas; registro de particularidades, através de
fotografias; verificação das condições das vias de acesso; verificação da
existência de infraestrutura de energia elétrica e hidrossanitária; disponibilidade
de materiais e equipamentos na região.

Etapa 4 - identificação dos serviços

O custo total de uma obra é fruto do custo orçado para cada um dos serviços
integrantes da obra. Portanto, a origem da quantificação está na identificação dos
61

serviços necessários para execução da obra. Cada serviço identificado nesta


etapa é quantificado na etapa 5, através do levantamento de quantidades.

Etapa 5 - levantamento de quantitativos

O levantamento de quantitativos ou de quantidades é o processo de cálculo das


quantidades dos serviços. Este cálculo é normalmente feito através dos projetos,
memoriais descritivos, caderno de encargos, croquis, estudos de massa e demais
documentos disponíveis no momento do levantamento (MATIPA, 2008). Segundo
Mattos (2014), o levantamento de quantitativos inclui cálculos baseados em
dimensões precisas fornecidas no projeto ou alguma estimativa, como o volume
de escavação de solo.

Etapa 6 - discriminação dos custos diretos

Na etapa 6 são discriminados os custos diretos associados aos serviços de


campo. Representam o custo orçado dos serviços levantados.

O custo direto é o resultado da soma de todos os custos unitários


dos serviços necessários para a construção da edificação, obtidos
pela aplicação dos consumos dos insumos sobre os preços de
mercado, multiplicados pelas respectivas quantidades [...]
(TISAKA, 2006, p. 85).

Para cada serviço é definida uma composição de custo, que contém os insumos
necessários para execução do serviço, com seus respectivos índices e custos
unitários. Segundo Cardoso (2014), a composição deve expressar a execução do
serviço no que diz respeito a todos os materiais e suas respectivas quantidades,
toda a mão de obra direta necessária, envolvida na execução da tarefa, seus
respectivos encargos sociais e equipamentos necessários, se for o caso. As
empresas podem possuir bancos de composições de custo próprios ou utilizar
publicações especializadas privadas ou de órgãos públicos, como as citadas na
tabela 2.10.
62

Tabela 2.10 – Tabelas de composições de custos disponíveis para orçamentos


Fonte Descrição
TCPO da Editora PINI Base de dados não gratuita com mais de 8.500
composições para edificações e infraestrutura.
Informador das Construções Base de dados não gratuita para construção leve
(edificações) e pesada (estradas e demais obras
de infraestrutura).
SINAPI (Caixa Econômica Base de dados gratuita para obras públicas em
Federal) geral.
SICRO 2 (DNIT) Base de dados gratuita para obras públicas de
infraestrutura.
EMOP Base de dados gratuita para obras públicas no
município do Rio de Janeiro.
SITURB EDIF (Prefeitura de Base de dados gratuita para obras públicas de
São Paulo) edificações da Secretaria de Infraestrutura
Urbana do Município de São Paulo.
SITURB INFRA (Prefeitura Base de dados gratuita para obras públicas de
de São Paulo) infraestrutura da Secretaria de Infraestrutura
Urbana do Município de São Paulo.
SEINFRA Base de dados gratuita para obras públicas de
infraestrutura do Governo do Estado do Ceará.
SETOP Base de dados gratuita para obras públicas de
edificações do Estado de Minas Gerais
Fonte: Autor

Etapa 7 - discriminação dos custos indiretos;

Na etapa 7 são discriminados os custos indiretos, aqueles que não estão


diretamente associados aos serviços de campo em si, mas que são necessários
para realização da obra. Nesta etapa são dimensionadas as equipes técnicas, de
apoio e de suporte à obra.

Mattos (2014) define custo indireto como todo custo que não foi considerado no
custo direto da obra: aqueles referentes à administração; financiamento;
impostos; equipamentos não considerados nas composições de custos dos itens
diretos; manutenção de canteiro; taxas; emolumentos; seguros; viagens;
consultoria; e todos os demais aspectos não orçados nos itens de produção.
Enquanto o custo direto é proporcional à quantidade produzida, o mesmo não
ocorre para o custo indireto.
63

Etapa 8 - cotação de preços

A etapa 8 consiste na coleta dos preços praticados no mercado por fornecedores


e prestadores de serviços.

Etapa 9 - definição de encargos sociais e trabalhistas

Na etapa 9 são definidos os encargos sociais e trabalhistas a serem aplicados à


mão de obra. O objetivo desta etapa é definir o custo dos funcionários para a
empresa construtora. Por isso, são levantados os diversos impostos que incidem
sobre a hora trabalhada e os benefícios que o trabalhador tem direito.

Segundo Cardoso (2014), o cálculo dos encargos sociais e trabalhistas obedece


a legislação vigente, acordos e convenções coletivas firmados entre sindicatos
dos empregados e representantes patronais. Estes são divididos em quatro
grupo: encargos institucionais (grupo A); encargos trabalhistas (grupo B);
encargos indenizatórios (grupo C); incidências (grupo D). Esses encargos são
calculados com base em parâmetros, muitas vezes obtidos por meio de dados
estatísticos, de hipóteses ou de certas premissas.

Custos como refeições, cesta básica, vale transporte, equipamentos de proteção


individual (EPI), ferramentas e seguro de vida em grupo usualmente compunham
os Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) da obra. Recentemente, autores como
Mattos (2014) e Cardoso (2014) recomendam que estes encargos
complementares componham o percentual de encargos total que incidem sobre o
custo da hora trabalhada dos funcionários.

Memórias de cálculo e tabelas de encargos podem ser encontradas nos


Sinduscons e publicações específicas. Esta pesquisa não aprofundará neste
assunto nem nas três próximas etapas, pois estas não são afetadas pela
utilização da tecnologia BIM no gerenciamento de custos.
64

Etapa 10: definição da lucratividade

Na etapa 10, a construtora define a lucratividade que deseja obter com a obra,
levando em conta fatores externos a organização como concorrência, riscos, e
fatores internos referentes ao gerenciamento do portfólio da empresa.

Etapa 11: cálculo dos Benefícios e Despesas Indiretas (BDI)

Como no caso de planilhas de concorrências, as propostas são baseadas nos


serviços listados, o construtor precisa considerar no custo dos itens da planilha
todos os custos referentes aos itens não listados. Este processo é feito com a
aplicação de um fator que representa o custo indireto, o lucro e os impostos
incidentes. Este fator é conhecido como Benefícios e Despesas Indiretas (BDI).
Segundo Cardoso (2014) alguns autores preferem a nomenclatura Lucros e
Despesas Indiretas (LDI).

Etapa 12: desbalanceamento da planilha

A etapa 12 consiste no desbalanceamento da planilha, técnica conhecida


também como BDI diferenciado. Teoricamente, o BDI deveria ser único e
aplicado a todos os itens da planilha, mas na prática os construtores adotam o
desbalanceamento, que consiste em utilizar um multiplicador maior para os
custos dos serviços que acontecem mais cedo e um multiplicador menor para os
custos dos serviços que ocorrem mais tarde.

2.3 BIM no gerenciamento de custos de projetos

Após o estudo dos temas BIM e gerenciamento de custos isoladamente, este


item faz uma revisão da literatura sobre a aplicação dos conceitos e ferramentas
BIM na área de conhecimento de gerenciamento de custos, principalmente no
processo de orçamento.
65

2.3.1 O conceito BIM 5D

É consenso a definição de diversos autores que BIM 5D é o acréscimo da


variável custo na modelagem 3D. Para Forgues et al. (2012), a aplicação do BIM
para obtenção de estimativas de custo é chamada de BIM 5D. O modelo BIM 3D
é composto de objetos que representam diferentes elementos da edificação e
dados relacionados com cada objeto. Estes dados podem ser utilizados para
obtenção de quantitativos em tempo real e estimativas de custo.

Eastman et al. (2014) definem BIM 5D como a modelagem 3D, com o acréscimo
dos dados de custo para obtenção instantânea de quantitativos e estimativas de
custo. O modelo 5D permite a avaliação de diferentes cenários e os impactos das
suas alterações. Outros autores apresentam definições mais amplas, nas quais o
conceito BIM 5D vai além dos processos de planejamento e abrange também os
processos de monitoramento e controle de custos. Ferreira (2015) define o BIM
5D como um modelo gerado por um conjunto de processos, a partir dos quais é
possível criar e desenvolver estimativas e controlar os custos de uma obra de
forma precisa ao longo de todas as suas etapas.

Vico (2015) afirma que o BIM 5D é mais do que estimativas de custos baseadas
em modelos 3D. Trata-se de uma nova forma de trabalhar com as partes
interessadas no projeto, que traz além da automatização e maior confiabilidade,
uma melhoria na comunicação com o cliente. Diferentes soluções podem ser
apresentadas e alterações no modelo geram informações referentes aos custos
em tempo real.

O conceito do BIM 5D é relativamente novo. Segundo Smith (2014a), o maior


catalisador para utilização da tecnologia 5D ocorreu em 2008 nos Estados
Unidos, com um acordo entre a Association for the Advancement of Cost
Engineering (AACE), a American Society of Professional Estimators (ASPE), o
United States Army Corps of Engineers, a General Services Administration (GSA),
a National Institute of Building Sciences (NIBS) e buildingSMART Alliance para
trabalho conjunto em busca de soluções para os problemas da engenharia de
66

custos relacionados com a utilização da tecnologia BIM. O propósito foi o


desenvolvimento de sistemas e protocolos de colaboração e coordenação, para
extração e processamento dos recursos 5D durante o ciclo de vida do
empreendimento.

19
Segundo Salih (2013 apud Ferreira, 2015), embora a utilização do BIM 5D ainda
esteja em fase embrionária, especialistas acreditam que tudo está pronto para
esta alteração de paradigma, melhorando as funcionalidades e fornecendo
ferramentas para estimar os custos de forma mais precisa ao longo do ciclo do
projeto.

2.3.2 Utilização e contribuição do BIM para estimativas de custo e orçamentação

Diversos autores alertam para os problemas do processo de orçamento e


estimativas de custos atuais. As principais deficiências são pelo processo ser
usualmente sequencial, ser predominantemente manual e não fornecer
informações instantâneas durante todo o ciclo de vida do projeto.

Tradicionalmente, o levantamento de quantidades é um processo manual que


envolve a quantificação de diferentes elementos, através da análise e
interpretação de projetos, especificações, cortes e elevações. Esta abordagem
está muito propensa a erros, pois é baseada em interpretação humana. Além
disso, a geração dos desenhos 2D também são um processo manual igualmente
sujeito a erros. Entradas erradas e interpretações incorretas são muito comuns
em projetos complexos, com conexões de elementos de diferentes disciplinas.
Assim, um levantamento manual baseado em documentos 2D, elaborados
manualmente, muitas vezes representam uma propagação de erros (MONTEIRO
e MARTINS, 2013). Estes problemas causam imprecisões para o gerenciamento
de custos durante todo o ciclo de vida do projeto, pois os quantitativos servem
como base para estimativas de custo preliminares, para todos os tipos de

19
Salih, Jonas N. 5D BIM for Construction Companies. 2013. Disponível em WWW:
<http://www.bimhow.com/5d-bim-for-construction-companies/>. Acesso em: 09/12/2014.
67

orçamentos e para monitoramento e controle dos custos durante a execução da


obra.

Forgues et al. (2012) afirmam que a fragmentação do setor de AEC e o processo


tradicional sequencial de projetos são os responsáveis pela ausência da
participação colaborativa de um profissional de custos nas fases iniciais do
projeto. Por esse motivo, as estimativas de custos são normalmente realizadas
nas fases finais do projeto, tornando o processo ineficiente, pois estas estimativas
são muitas vezes posteriores a importantes tomadas de decisões que ocorrem na
etapa de concepção. Além disso, quando estas estimativas são realizadas,
muitas vezes uma quantidade significativa de recursos já foi aplicada no projeto
(EASTMAN et al., 2014).

Segundo Drucker20 (1995 apud KERN, 2005), o grande benefício de um sistema


de gestão de custo não é apenas a precisão dos valores ou detalhamento, mas o
prazo de geração das informações. Ou seja, é importante que as informações
sejam geradas a tempo para embasarem as tomadas de decisões.

Nesse contexto, a tecnologia BIM pode contribuir para minimizar ou eliminar


esses problemas. Segundo Forgues et al. (2012), a mudança tecnológica do
Computer Aided Design (CAD) para o BIM pode ser um impulso para que a
engenharia de custos esteja presente, desde as fases iniciais do ciclo de vida do
projeto, e uma oportunidade para melhorar a efetividade, previsibilidade e
qualidade dos sistemas de gerenciamento de custos. Smith (2014a) afirma que
um eficiente sistema de gestão de custos exige que o gerente de custos esteja
envolvido em todas as fases do ciclo de vida do projeto, compartilhando
informações e dados de custos do projeto com todos os envolvidos, conforme
abordagem do IPD, além da necessidade de geração de informações referentes
ao custo do projeto em tempo real.

20
DRUCKER, P. The information executives truly need. Harvard Business Review, Boulder, v. 73,
n.1, p. 54-62, jan/fev 1995
68

O primeiro impacto do BIM no processo de orçamento é no levantamento de


quantitativos. Badra (2012) afirma que o BIM põe fim aos mitos e mistérios da
leitura e interpretação de projetos, pois o modelo 3D melhora a visualização do
projeto, além de possuir todas as especificações e definições geométricas e
paramétricas para geração automática dos quantitativos. O modelo de projeto,
ainda que em fase preliminar, em um software BIM possibilita a extração de
quantitativos e áreas para realização de custos aproximados. À medida que o
modelo amadurece, quantitativos mais detalhados relacionados aos espaços e
materiais são automaticamente gerados.

Através de uma pesquisa com obras de empreendimentos comercial, hospitalar e


de um centro de pesquisa, Monteiro e Martins (2013) constataram que a
tecnologia BIM proporciona ao processo de orçamento tradicional os benefícios
de aumento da precisão dos quantitativos, associação direta entre os elementos
do modelo e os softwares de orçamento e a possibilidade de comparar os
quantitativos obtidos a medida que o nível de detalhamento do modelo progride.

Segundo Ferreira (2015), quanto melhor forem compreendidas as possíveis


alterações em projeto e mais claramente forem analisadas as diferentes
hipóteses e os seus respectivos impactos no custo global da obra, as tomadas de
decisões serão mais embasadas, evitando desvios consideráveis com relação ao
custo meta do empreendimento. Muzvimwe (2016) destaca a importância do BIM
5D para melhoria da área de gestão de custos do projeto, pois esta nova
tecnologia permite a exploração de diferentes soluções de projeto e soluções
construtivas, fornecendo atualizações dos quantitativos e custos dos serviços em
tempo real.

Softwares

Todos os softwares de modelagem BIM (Revit, Archicad, AecoSim e outros)


fornecem recursos para geração de tabelas com quantidades de componentes,
áreas e volumes de espaços e quantidades de materiais. Essas informações são
suficientes para estimativas aproximadas de custos. No entanto, para estimativas
69

mais precisas ou para orçamentos detalhados estes softwares apresentam


limitações (EASTMAN et al., 2014).

Monteiro e Martins (2013) afirmam que a tecnologia BIM disponível atualmente


não permite uma análise orçamental diretamente do software de modelagem,
sendo necessário a transferência do modelo para uma ferramenta externa. Essa
transferência é feita por formatos IFC ou por transferência direta (plug-ins),
quando ambos os softwares utilizam o mesmo formato de definição de dados. Na
mesma linha, Sattineni e Bradford II (2011) afirmam que as ferramentas BIM de
modelagem fornecem tabelas de quantidades, mas que o processamento dos
dados para orçamentação demanda outros softwares.

Aplicação prática do BIM como suporte ao levantamento de quantidades e


ao processo de orçamento

Orçamentistas utilizam três principais opções para utilização do BIM no


levantamento de quantidades e como suporte ao processo de orçamento
(EASTMAN et al., 2014). A primeira opção consiste em exportar quantitativos
para um software de orçamentação 2D. Este método utiliza um modelo BIM 3D,
mas o processo de orçamentação em si não ocorre em plataforma BIM.

A segunda opção consiste em utilizar uma ferramenta específica para


levantamento de quantitativos, que importa dados de ferramentas BIM e possui
recursos para levantamentos manuais complementares. São exemplos dessas
ferramentas: Exactal, Innovaya e OnCenter. A vantagem desse método, com
relação ao primeiro, é que o orçamentista não precisa aprender todos os recursos
contidos numa ferramenta BIM.

A terceira e última opção se baseia na conexão direta entre componentes BIM e o


software de orçamentação BIM. Neste processo, uma ferramenta BIM se conecta
diretamente a um pacote de orçamentação via plug-in, permitindo a associação
de componentes do modelo diretamente aos serviços da planilha orçamentária. O
orçamentista pode criar regras para cálculo de quantidades de algumas
70

atividades, através de fórmulas relacionadas com as propriedades dos


componentes ou fornecer manualmente alguns quantitativos.

Nas duas primeiras opções, a tecnologia BIM contribui apenas com a


automatização do levantamento de quantidades. A terceira opção, além da
automatização das atualizações da planilha orçamentária e a facilidade na
comparação dos custos de diferentes soluções de projeto, apresenta como
diferencial um orçamento em plataforma BIM pronto para servir para o controle e
monitoramento de obra, podendo inclusive ser integrado com o BIM 4D
(planejamento).

Importância dos sistemas de classificação

Monteiro e Martins (2013) destacam que o primeiro requisito para obtenção de


um processo automático de extração de quantidades é a adoção de um sistema
que siga uma estrutura de organização das informações. Este sistema, chamado
de EAP, deve ser utilizado por todos os agentes envolvidos em todas as fases do
projeto para evitar conflitos, erros e omissões. Cada pacote de trabalho da EAP é
identificado por um código, que deve ser utilizado na identificação dos objetos do
modelo.

Padrões e regras para extração de quantidades

Pinto (2016) afirma que o levantamento/extração de quantidades é a tarefa que


mais influencia a qualidade do gerenciamento de projetos na AEC. Durante esta
atividade o escopo do projeto é melhor compreendido e os quantitativos obtidos
são responsáveis por garantir a precisão do controle de custo e prazo do projeto.

Monteiro e Martins (2013) afirmam que a extração automática de quantidades nos


projetos de AEC já é uma realidade, apesar do processo não estar consolidado
em termos de regras a serem seguidas para garantir consistência nos resultados.
Há uma falta generalizada de padrões oficiais, com orientações e regulações
sobre critérios para obtenção de quantidades em projetos de AEC. Como cada
71

instituição adota suas próprias regras, esta falta de padronização resulta em


conflitos nas estimativas.

Visando resolver estes conflitos Monteiro e Martins (2013), através de um estudo


utilizando como base os softwares ArchiCAD e Vico, identificaram tópicos que
precisam ser avaliados quando um modelo é concebido com o objetivo de
proporcionar extração automática de quantidades.

Para terraplenagem, o volume de corte precisa ser modelado, apenas para efeito
do levantamento de quantidades, como um elemento temporário do modelo 3D.
Os revestimentos precisam ser modelados independentemente, ou seja, cada
elemento modelado deve representar uma camada/material separadamente.
Caso contrário, a extração dos quantitativos por outros elementos gerariam uma
grande margem de erro, devido a interferências com outros elementos.

Para obtenção precisa dos quantitativos de formas, é necessário a modelagem


de um elemento de forma, no entanto, isto dobra o tempo de modelagem da
estrutura. Uma solução alternativa é a utilização de um add-on para obtenção
destes quantitativos. A modelagem das armações não é recomendada para
casos normais, pois demanda muito tempo para representação de todos os
elementos e detalhes. Os elementos de fundação são modelados utilizando
elementos como pilar, laje, viga e paredes, mas estes devem ser associados a
códigos que permitam a separação dos elementos que são de fundação.

Alvenarias modeladas como um único elemento, composto de diversas camadas,


são aceitáveis apenas para modelos com LOD inferior a 200. Para modelos com
LOD superior a 200, duas maneiras de modelar as paredes são recomendadas. A
primeira é criando diferentes elementos compostos por diversas camadas para
cada combinação específica. A segunda maneira é modelar cada
camada/material separadamente, como um elemento específico.
72

2.3.3 Utilização de um modelo BIM para estimativas de custos conforme níveis de


desenvolvimento do modelo

Segundo Love et al. (1998), a maior parte dos custos para projetar e construir
uma edificação está associado às soluções de projeto. O gráfico da figura 2.17
demonstra que a medida que as fases do projeto evoluem, mais recursos são
comprometidos e o potencial de economia reduz exponencialmente. Assim, o
potencial de ganhos financeiros significativos se potencializa nas fases iniciais,
mais especificamente na fase de concepção, e, segundo Eastman et al. (2014),
pode ser melhor explorado com o trabalho colaborativo e com a tecnologia BIM,
devido à possibilidade de geração de informações em tempo real e da
antecipação de problemas que no método tradicional seriam detectados apenas
durante a construção.

Figura 2.17 – Potencial para redução de custos

Fonte: Love et al. (1998)

Wasmi e Lacouture (2016) afirmam que a precisão das estimativas de custos


depende da precisão e nível de informações do modelo 3D. Apesar do alto nível
73

de incerteza na fase de concepção do projeto, é crítica a necessidade de tomar


decisões baseadas em números.

No Exhibit, AIA (2008) definiu os níveis de desenvolvimento dos modelos


recomendados para estimativas de custos, conforme tabela 2.11. O modelo
conceitual, LOD 100, permite a realização de estimativas paramétricas como a
utilização de custos por área de construção. Para o modelo com geometria
aproximada (LOD 200) são recomendadas estimativas baseadas em dimensões
de elementos genéricos como área de lajes. Para modelos com geometria precisa
(LOD 300) é indicado a realização de estimativas precisas avançadas, utilizando
as informações que o modelo possui referente a especificações e as geometrias
exatas dos elementos. Segundo Monteiro e Martins (2013), de maneira geral, um
modelo LOD 300 é geralmente suficiente para extração automática de
quantidades. Ou seja, já é possível a realização de orçamentos detalhados. Para
modelos LOD 400 é possível que os elementos pré-fabricados sejam cotados
utilizando o modelo. Por fim, o modelo LOD 500 possuí as informações do custo
realizado.

Tabela 2.11 – Usos recomendados dos modelos para estimativas de custo

Fonte: adaptado de AIA (2008)

Jiang et al. (2016), considerando cinco propósitos de implementação de modelos


BIM para área de gerenciamento de custos, definiram uma taxonomia para o uso
dos modelos (tabela 2.12). Seguindo uma progressão, os modelos podem ser
utilizados incialmente para extração de quantidades, geração de estimativas de
custos, comunicação da performance dos custos e por fim, para análise da
performance do custo.
74

Tabela 2.12 – Usos recomendados dos modelos para gerenciamento de custos


Propósito de uso do Objetivo de uso do Aplicação no
modelo (Kreider, 2013) modelo (Kreider, 2013) gerenciamento de custos
(Jiang et al., 2016)
Gather Coletar e organizar Quantidades obtidas pela
informações geometria, componentes e
sistemas são capturados do
modelo
Generate Gerar informações Modelo é utilizado para
estimativas de custos
Communicate Apresentar informações Apresenta os dados de
que possam ser custos originais e os
compartilhadas e trocadas impactos devido a
mudanças nos projetos
Analyze Examinar os elementos Compara os custos
visando um melhor realizados de construção
entendimento com o planejado
Realize Executar Informa o desempenho de
custo final do
empreendimento
Fonte: adaptado de Jiang et al. (2016)

2.3.4 Diretrizes e questões sobre a implementação do BIM para dar suporte ao


levantamento de quantidades e orçamentação

Eastman et al. (2014) estabeleceram sete diretrizes para implementação do BIM


como suporte ao levantamento de quantidades e orçamentação.

O BIM é apenas o ponto inicial para orçamentação

Nenhuma ferramenta substitui o papel do orçamentista, ou seja, não existem


softwares capazes de fornecerem estimativas de custos completas
automaticamente a partir do modelo da edificação. O modelo da edificação
fornece apenas algumas das informações necessárias para o processo de
estimativa de custo, como quantidades de materiais e nome das montagens. Os
dados restantes vêm de regras ou de entradas manuais fornecidas por um
profissional da área de gerenciamento de custos.
75

Iniciar com simplicidade

Se a empresa adota processos de estimativa de custo tradicionais e manuais,


primeiramente devem ser usados digitalizadores ou levantamento na tela para
familiarização com os métodos de levantamento digital. Somente após os
profissionais estarem familiarizados e seguros com esse novo método, é feita a
transição para o levantamento baseado em BIM.

Iniciar pela contagem

As ferramentas BIM oferecem a funcionalidade de elaboração de tabelas e


funções simples para contar tipos específicos de componentes, blocos ou
entidades. Essas informações devem ser verificadas e validadas.

Começar com uma ferramenta, para depois mudar para um processo


integrado

Recomenda-se iniciar o levantamento de quantidades no software de modelagem


BIM e validar estas informações. Isso reduz a possibilidade de erros ou questões
relacionadas à tradução e a movimentação de dados do modelo de um software
para outro.

Estabelecer as expectativas

A precisão do levantamento de quantidades de um modelo BIM está relacionada


com o nível de detalhe e desenvolvimento do modelo da edificação. Assim, o
orçamentista precisa estudar o modelo para compreender as informações que ele
contém.

Iniciar com uma única disciplina ou tipo de componente

Antes de tentar fazer um orçamento baseado em um modelo BIM multidisciplinar,


recomenda-se utilizar uma única disciplina. Só após resolver os problemas que
76

aparecem neste primeiro momento, as demais disciplinas devem ser inseridas no


processo.

Automação começa com padronização

Para gerar quantitativos precisos de subcomponentes e montagens, como


montantes no interior de um drywall, é necessário que projetistas e orçamentistas
padronizem os métodos e atributos associados aos componentes.

2.3.5 Necessidade de parametrização do processo de modelagem para extração


automática de quantidades

Monteiro e Martins (2012) afirmam que a extração automática de quantidades é


uma das maiores contribuições do BIM, mas para usufruir deste benefício, é
necessário definir parâmetros no processo de concepção dos modelos. Um dos
grandes problemas é o gerenciamento das composições das paredes e pisos. A
maioria das ferramentas de modelagem BIM são programadas para
representarem estes objetos como elementos únicos compostos de diferentes
camadas.

Estas ferramentas permitem a visualização de todas as camadas do elemento


nos desenhos 2D gerados e a obtenção dos quantitativos por camada. No
entanto, como as diversas camadas compõem um elemento único, elas não
podem possuir dimensões diferentes, exceto a espessura. O problema é que nem
sempre as alturas e comprimentos destas camadas são os mesmos. Em termos
de modelagem, Monteiro e Martins (2012) sugerem quatro alternativas para tratar
estes problemas:

- Modelar cada camada/material separadamente;


- Modelar a estrutura separadamente e o restante como uma composição
diferente;
- Modelar algumas composições separadamente;
77

- Modelar somente uma composição.

As diferentes soluções para tratar este problema apresentam vantagens e


desvantagens em termos de precisão dos quantitativos e tempo de modelagem,
conforme tabela 2.13. Os prós e contras devem ser analisados levando em conta
que a extração de quantidades não é o objetivo final. As quantidades são
entradas para outros processos, como estimar os custos, definir o orçamento e
monitorar e controlar os custos do projeto.

Modelar cada camada/material separadamente

Esta é a abordagem com maior nível de detalhe, pois cada camada/material é


modelada por um elemento específico, conforme figura 2.18. Este método
apresenta como vantagem a possibilidade de representar todas camadas com as
dimensões reais, obtendo-se precisão na obtenção automática dos quantitativos.
Outro benefício, é que os elementos podem ser isolados, facilitando a
visualização de camadas de impermeabilização, mantas térmicas e acústicas.

Figura 2.18 – Todos os materiais/camadas modelados separadamente

Fonte: Monteiro e Martins (2012)


78

Por outro lado, este método gera arquivos digitais que ocupam muito espaço em
disco rígido e que demandam mais tempo para processamento. O grande
problema desta abordagem são as aberturas, que normalmente, em um modelo
paramétrico, são inseridas no elemento parede e este se ajusta automaticamente.
Quando a parede deixa de ser um elemento único, mas uma série de elementos,
é necessário inserir manualmente os vãos com a mesma geometria nas camadas
adjacentes que possuí a janela ou porta, conforme figura 2.19. Assim, este
método de modelagem demanda mais tempo, tornando o modelo mais caro.

Figura 2.19 – Modelando esquadrias com a abordagem de um elemento


representando cada camada

Fonte: adaptado de Monteiro e Martins (2012)

Modelar a estrutura separadamente e o restante como uma composição


diferente

Esta abordagem considera que o modelo de estrutura é o primeiro a ser gerado e


na sequência as demais disciplinas, inclusive arquitetura, são inseridas no
modelo. Os elementos da estrutura não são alterados e os outros
materiais/camadas são modelados por elementos compostos por diversas
camadas, conforme figura 2.20.
79

Este método gera uma margem de erro nos quantitativos, nos casos em que as
camadas que estão compondo um elemento único deveriam possuir alturas ou
largura diferentes. Como exemplo, a camada de reboco pode ter altura de piso a
teto, enquanto a camada de pintura de piso a forro.

Figura 2.20 – Elementos com diversas camadas

Fonte: Monteiro e Martins (2012)

Em comparação com o método anterior, este tem como vantagem a geração de


arquivos que ocupam menos espaço no disco rígido e que são processados mais
rapidamente. Além disso, o tempo de modelagem é menor devido a redução do
número de elementos e os problemas das aberturas só ocorrem em paredes
estruturais, mas mesmo para alvenarias estruturais o número de camadas é
inferior ao método anterior.

Modelar diferentes composições separadamente

Esta abordagem consiste em modelar o número de composições que forem


necessárias para abranger todos os casos presentes no modelo. Assim, é criado
um elemento com diversas camadas para cada composição indicada na figura
80

2.21. A parede da figura 2.21 seria representada por duas composições com
alturas diferentes. Uma com os elementos que a composição 2 possui, indo do
piso ao forro e a composição 1, indo do forro ao teto. Este método minimiza, mas
não elimina por completo os problemas da primeira abordagem, de um modelo
que ocupa muito espaço em disco rígido e de processamento lento. Uma grande
desvantagem deste método é a propensão a erro. Uma janela pode ser
facilmente inserida na composição errada. Além disso, pode ser muito complexo
trabalhar com um número muito grande de composições diferentes de elementos.

Um fator que inviabiliza o uso desta abordagem são problemas de


interoperabilidade. Na importação do modelo em IFC para o software Vico,
utilizado na pesquisa para extração automática de quantidades, Monteiro e
Martins (2012) constataram que as informações das diversas camadas de um
elemento são perdidas.

Figura 2.21 – Corte com diferentes composições de elementos de piso e parede

Fonte: Monteiro e Martins (2012)


81

Modelar somente composições únicas para parede/piso

Este método segue a filosofia original das ferramentas de modelagem. As


paredes e pisos são modelados por elementos únicos contendo diversas
camadas, tanto de elementos estruturais como de arquitetura. Os modelos
gerados ocupam menos espaço em disco rígido, são mais rapidamente
processados e não há dificuldade na inserção das aberturas. Por outro lado, este
tipo de modelagem gera margens de erros na extração de quantidades, devido à
impossibilidade das camadas de um mesmo elemento possuírem dimensões
diferentes, exceto a espessura.

Tabela 2.13 – Vantagens e desvantagem de cada método

Fonte: Monteiro e Martins (2012)

2.3.6 Utilização do software Vico para modelagem 5D

Segundo Ferreira (2015), devido as limitações das ferramentas de modelagem


BIM com relação a gestão de custos, as empresas de softwares investiram no
desenvolvimento de aplicativos que possibilitam o desenvolvimento do método
5D. Para esta pesquisa, foi adotada a ferramenta Vico Office R5.2, da fabricante
de softwares Trimble, para extração de quantidades e elaboração de orçamento
com a tecnologia BIM.

A ferramenta Vico Software fornece soluções ao nível de produção e


coordenação tanto para planejamento como para a orçamento e gerenciamento
82

de custos e prazo de obras. Esta ferramenta se baseia em extração das


propriedades geométricas dos elementos e suas quantidades, combinadas com
as informações paralelas que cada objeto possui oriundas das ferramentas de
modelagem (VICO, 2014).

O Vico possui a opção de comparar alternativas de projeto através de uma


interface gráfica e visualização 3D (FERREIRA, 2015). A visualização 3D facilita o
entendimento das estimativas de custos e orçamentos e ainda melhora a
comunicação com todos os intervenientes, com relação aos custos das
alterações. O software Vico possui nove módulos para gerenciamento de projetos
com foco em escopo, prazo e custo. Para esta pesquisa foram utilizados os três
módulos com foco no BIM 5D: Takeoff Manager, Cost Planner e Cost Explorer.

Apesar desta pesquisa focar no grupo de processo de planejamento,


principalmente orçamentação, dentro da área de conhecimento de gerenciamento
de custos, as vantagens de um modelo BIM 5D extrapolam os processos de
orçamento. Durante a execução da obra, a modelagem BIM 5D pode ser utilizada
para o monitoramento e controle dos custos das atividades, verificando o status
de cada tarefa com relação a índices físicos, financeiros e econômicos. Após a
conclusão da obra, o modelo pode servir como uma importante fonte de
informações para empreendimentos futuros, pois armazena todo o histórico da
obra (VICO, 2015).

O módulo Takeoff Manager faz uma análise da geometria dos objetos do modelo
para extração automática das quantidades. Este módulo possui filtros, que
permitem destacar elementos do modelo que fornecem determinado quantitativo
ou visualizar isoladamente este elemento. Estas ferramentas de visualização
facilitam o entendimento dos quantitativos extraídos automaticamente.

O módulo Cost Planner é responsável pelo fornecimento das estimativas de


custo e planilha orçamentária com base nos quantitativos do modelo, extraídos no
Takeoff Manager. Neste módulo, as quantidades do Takeoff Manager são
associadas com os serviços da planilha orçamentária por meio de fórmulas,
83

conforme figura 2.22. Assim, após a definição das fórmulas, revisões no modelo
geram atualizações automáticas das quantidades e orçamento.

Este módulo usa uma abordagem de estimativas evolutivas, que significa que as
estimativas/orçamento se tornam mais detalhadas e precisas com a evolução do
nível de detalhamento do modelo. Quanto maior o LOD do modelo, maior a
possibilidade de adicionar dados mais específicos referentes aos custos. Esse
conceito é tratado no Vico com a possibilidade de desmembramento da EAP
inicial do projeto.

Figura 2.22 – Editor de fórmulas

Fonte: Autor

O módulo Cost Explorer fornece uma visualização gráfica das alterações no


custo do empreendimento, segundo diferentes soluções de projetos.
84

2.3.7 Dificuldades para utilização do BIM 5D

Em pesquisa realizada por Smith (2014a) com empresas especializadas em


gerenciamento de custos da Austrália, foram identificadas as dificuldades e
desafios para utilização do BIM 5D. A principal reclamação das empresas é
referente a qualidade dos modelos, pois o uso de modelos BIM para o
gerenciamento de custos requer a entrada de uma grande quantidade de dados
interconectados e informações complexas. Como agravante, estas entradas no
modelo são fornecidas por vários agentes. Enquanto que interferências físicas
são facilmente detectadas por softwares de “clash detection”, há limitações para
checagem das informações relevantes a gestão dos custos. Assim, a qualidade,
compreensão e eficácia dos dados de entrada são fundamentais para que as
saídas tenham a precisão e qualidade desejada.

As empresas australianas afirmam que as tecnologias mudam, mas o problema


permanece na concepção do modelo/projeto. Antes mesmo do CAD, o problema
para uma orçamentação precisa e uma eficaz quantificação dos serviços já
estava relacionado ao produto do processo de projeto. O modelo deve cumprir
determinados requisitos de desenvolvimento para a plena utilização dos
benefícios do BIM 5D. Estes requisitos variam de acordo com a fase do projeto e
são responsáveis pela precisão das estimativas de custos.

Outro problema identificado na pesquisa de Smith (2014a) foi a falta de


padronizações e problemas de interoperabilidade entre softwares. Um terço das
empresas que participaram da pesquisa, apesar de reconhecerem os avanços
recentes, afirmaram que não trabalham com um modelo BIM único,
compartilhado por todos, devido a problemas de interoperabilidade e falta de
padronizações.

Uma questão polêmica e ainda não resolvida se refere ao compartilhamento do


banco de dados de custos. O conceito BIM envolve a necessidade de trabalho
colaborativo e compartilhamento de informações entre todos os envolvidos e
durante todo o ciclo de vida do empreendimento. O banco de dados e parâmetros
85

de custo são diferenciais competitivos, mas na forma tradicional de contratação,


as empresas especializadas em engenharia de custos são remuneradas apenas
pela entrega de orçamentos e estimativas. Para que o compartilhamento de
informações seja benéfico e atrativo para todos os envolvidos, as formas de
contratações atuais precisam ser revistas.

As estruturas e práticas de negócios atuais das empresas de engenharia de


custos, que na grande maioria são de pequeno porte, também precisam ser
revistas. Devido a necessidade de altos investimentos em tecnologia, softwares e
treinamento, há uma tendência constatada na pesquisa de formação de alianças
com empresas de consultoria e projetos de outras disciplinas, visando oferecer
um serviço mais completo.

Outro obstáculo identificado na pesquisa foi a necessidade de mudança cultural.


De um lado, profissionais experientes e qualificados, são na sua maioria
conservadores, devido a pouca afinidade com tecnologia. De outro lado, a nova
geração de profissionais familiarizada com as novas tecnologias, não passaram
pelo processo de levantamento de quantidades e absorção de informações pelas
práticas tradicionais, não estando capacitados para criticarem e interpretarem as
informações geradas automaticamente por um modelo BIM.

Morais et al. (2015) apresentaram as barreiras para difusão do BIM 5D,


identificadas em cinco estudos de casos nos Estados Unidos e um na Finlândia:

a) escassez de mão de obra qualificada para utilização das ferramentas e


trabalho colaborativo;
b) necessidade de criação de modelos de custos que irão subsidiar o processo;
c) falta de interoperabilidade entre softwares;
d) falta de um histórico de custos que devem ser desenvolvidos nas empresas;
e) qualidade dos modelos comprometem a extração de quantidades;
f) limitação dos modelos para o fornecimento de quantidades das atividades
relativas ao tempo e de elementos temporários (bermas de equilíbrio provisórias
86

para contenções, escoramentos e cimbramentos, forma, elevador de obra e


terraplenagem);
g) mudança cultural na formação dos orçamentistas.

As pesquisas com empresas australianas (SMITH 2014a) e com empresas


americanas e finlandesas (MORAIS et al., 2015) apresentam resultados similares,
identificando a qualidade dos modelos, os problemas de interoperabilidade entre
softwares e a necessidade de mudança cultural na formação dos orçamentistas
como os principais problemas para difusão do BIM 5D no mundo.

2.3.8 Os novos papéis dos profissionais de gerenciamento de custo de projetos

Uma orçamentação baseada em modelos BIM gera inúmeros benefícios com


relação aos processos tradicionais, pois modelos de edificações facilitam a
trabalhosa etapa de levantamento de quantitativos, reduzem a incerteza
associada com quantidades de materiais, além de tornar o processo de
orçamentação mais automatizado e rápido (FERREIRA, 2015). No entanto, Smith
(2014a) destaca que quantidades automáticas apenas refletem o que está
detalhado no modelo, mas é crítica a necessidade de identificar informações e
quantidades que não estão no modelo. Além disso, os quantitativos extraídos
automaticamente precisam ser interpretados, analisados e associados a uma
EAP que fornecerá a estimativa de custos por pacotes de trabalho.

Eastman et al. (2014) afirmam que a figura do orçamentista não é substituída por
nenhuma ferramenta BIM. O papel do engenheiro orçamentista ou de custos vai
muito além da extração de quantidades e medidas. O orçamentista é responsável
por incluir os itens que não são obtidos diretamente do modelo, como despesas
indiretas e quantitativos referentes aos itens não modelados.

Os profissionais de custos são responsáveis por: atualizar os índices das


composições de custo unitário de acordo com os índices reais obtidos durante a
execução; analisar as informações geradas pelo modelo; analisar a provável
87

inflação; considerar os planos de construção; analisar situações especiais


jurídicas e administrativas; analisar situações especiais municipais (ALDER, 2006;
SMITH, 2014a).

Segundo Smith (2014a), BIM não deve ser visto como uma ameaça para
profissionais que trabalham com gerenciamento de custos. A tecnologia BIM
agrega valor para a atividade de gerenciamento de custos, pois gera uma
capacidade de simulação de diversas soluções construtivas e soluções de projeto
com estimativas de custo em tempo real. Essas estimativas estão disponíveis
durante todo o ciclo de vida do empreendimento e coloca o gerente de custos em
uma posição chave para o gerenciamento de projetos.

Muzvimwe (2016) concorda que a automatização do processo de orçamento,


gerada pelo BIM 5D, agrega valor a atividade de gerenciamento de custos, mas
ao mesmo tempo afirma que ela exige adaptações na atividade de engenharia de
custos. Os profissionais da área, precisam ter conhecimentos e habilidades em
ferramentas BIM, precisam compartilhar seu banco de dados de custos e terem
experiência e visão crítica para analisar as informações geradas pelo modelo.

Smith (2014a) afirma que com a implementação da tecnologia BIM o gerente de


custo de projetos deverá fornecer um serviço mais sofisticados. A incorporação
das variáveis tempo (4D) e custo (5D) no processo de modelagem e no
compartilhamento de dados, demanda que esse profissional participe de forma
colaborativa de todas as etapas do ciclo de vida do projeto seguindo a
abordagem do IPD.

Este autor identificou, através de uma pesquisa, a falta de profissionais


qualificados com conhecimento da tecnologia BIM, como uma preocupação das
empresas australianas. Estas empresas se preocupam com o fato da nova
geração de profissionais de custos não passar pela experiência da orçamentação
tradicional, podendo não estar apta para parametrização e interpretação das
informações geradas pelas ferramentas BIM. Murch (2000), afirma que muitos
profissionais utilizam tecnologias que geram automatização, sem conhecer os
88

processos nos quais elas se baseiam. Estes profissionais dificilmente são


capazes de executar os processos sem a tecnologia de apoio, pois apenas
operam softwares.

Por outro lado, os profissionais experientes e acostumados com o método


tradicional não dominam os softwares de orçamentação BIM e precisam adquirir
conhecimento para poderem analisar o modelo 3D e operar uma ferramenta de
orçamentação com a tecnologia BIM. Estes profissionais devem buscar a
oportunidade de qualificação, aprendendo os conceitos e ferramentas BIM, para
analisar e criticar as informações geradas pelos softwares BIM.

2.3.9 Utilização de um modelo nD além da orçamentação

Existem diversas técnicas para monitoramento e controle do custo de um projeto.


A técnica mais utilizada no mudo, o Gerenciamento do Valor Agregado, é um
método que combina escopo, cronograma, e medições de recursos para avaliar o
desempenho e progresso do projeto (PMI, 2013). Este método demanda que os
serviços executados sejam medidos fisicamente. Monteiro e Martins (2013)
afirmam que o modelo que fornece as quantidades para estimativas de custo
pode ser utilizado como suporte ao processo de medição dos serviços realizados.

Segundo Monteiro e Martins (2013), uma prática comum no mercado, que traz
imprecisão nos relatórios de desempenho dos projetos, é a medição do trabalho
executado por percentuais estimados. A imprecisão desta abordagem está na
ausência de critérios para definição destes percentuais, o que gera diferentes
interpretações. Nesse contexto, caso o modelo BIM seja concebido para a
finalidade de ser utilizado no monitoramento e controle de obras, a precisão das
quantidades extraídas pode resolver este problema.

Mushamalirwa et al. (2016) demonstraram como representar as performances de


custo e prazo de uma construção durante a sua execução, através de
representação por cores dos objetos de um modelo BIM. Essa demonstração foi
89

realizada em um estudo de caso que utilizou a sinergia dos conceitos de


Gerenciamento do Valor Agregado com BIM. Foram utilizadas as ferramentas
21
Microsoft Excel, Dynamo e Revit. Nesse estudo, foi utilizado uma troca de
dados entre o Revit e o Excel. O Revit exportava para Excel as tabelas de
elementos com suas propriedades, enquanto o Excel exportava para o Revit os
índices de performance de cada elemento. O Dynamo foi utilizado para colocar as
cores dos elementos, conforme seus índices de desempenho. A tabela 2.14
mostra a escala de cores adotadas e a figura 2.23 a aplicação destas cores no
caso estudado em um momento específico da etapa de construção.

Tabela 2.14: Legenda de cores adotadas

Fonte: Mushamalirwa et al. (2016)

Figura 2.23: Resultados obtidos

Fonte: Mushamalirwa et al. (2016)

Devido a nomenclatura, pode-se pensar que a modelagem em BIM obedece uma


sequência do 3D para o 4D, do 4D para o 5D e assim por diante. No entanto, pela
abordagem do software Vico, o 5D tem início antes do 4D (figuras 2.24 e 2.25),
pois os processos de planejamento de gerenciamento do tempo precisam de
informações oriundas do gerenciamento de custos. Como exemplo, pode-se citar

21
Dynamo é um add-in de programação visual para Revit que permite automatizar
algumas operações baseadas em modelos BIM.
90

as linhas de balanço que utilizam os índices de produtividade das composições


de preço unitário. Apesar de iniciar antes do 4D, o 5D só é concluído após o
término do 4D, conforme figura 2.23. Isto ocorre, pois o monitoramento e controle
do custo do projeto está diretamente ligado ao monitoramento e controle do
prazo.

Figura 2.24 - Cronologia das dimensões nD BIM

Fonte: Vico (2015)

Figura 2.25 – Divisão de processos no software VICO

Fonte: Vico (2015)


91

3 MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo apresenta o conjunto de procedimentos experimentais utilizados


para alcançar os objetivos da pesquisa, com foco na correlação entre os métodos
tradicionais (2D) e a modelagem da informação da construção (BIM) de obras de
construção civil em termos dos benefícios e dificuldades oriundos da mudança
tecnológica.

O método de pesquisa adotado foi o constructive research, também conhecido


como design science research (DSR). Segundo Lukka (2003), este método tem
sido muito utilizado na área de engenharia, pois busca soluções para problemas
reais através de pesquisas acadêmicas. Nessa direção, a proposta foi a criação
de um artefato composto de objeto, modelo BIM 5D, e melhoria do processo
tradicional de orçamentação pela perspectiva de automatização e maior precisão
com relação ao processo de orçamento tradicional.

A abordagem de constructive research enfatiza a importância das pesquisas


acadêmicas na busca por soluções inovadoras para problemas reais relevantes,
através do relacionamento entre teoria e prática (ROCHA et al., 2012). Soluções
ou construções são todos os artefatos produzidos pelo homem, tais como
modelo, diagramas, produtos comerciais, guias e outros. A figura 3.1 esquematiza
os elementos chaves da abordagem de uma constructive research (LUKKA,
2003).

O princípio central deste método de pesquisa é que o pesquisador interfira nas


práticas existentes no mercado com o objetivo de transformá-las, tendo como
base para as intervenções uma nova teoria. Lukka (2003) afirma que a
característica de um estudo empírico construtivo é a intervenção forte e explícita
do pesquisador.
92

Figura 3.1 - Elementos chaves da abordagem de uma constructive research

Fonte: Lukka (2003)

A constructive research tem boa aplicação em pesquisas em BIM, devido a sua


natureza intervencionista (SMITH, 2015). Segundo Van Aken (2004),
pesquisadores sugerem que profissionais como arquitetos, engenheiros e
urbanistas lidam com problemas que podem ser adequadamente solucionados
usando DSR. Smith (2015) demonstra, através de uma pesquisa, que a utilização
do método DSR é adequada no desenvolvimento de ferramentas, técnicas,
modelos e processos de gerenciamento de obras.

Lukka (2003) define sete etapas para o desenvolvimento de uma constructive


research. A tabela 3.1 mostra estas etapas e esquematiza o desenvolvimento
desta pesquisa.

Tabela 3.1 – Delineamento adotado para constructive research


Fases de uma constructive research
Fases desta pesquisa
segundo Lukka (2003)
- Utilização do conceito BIM no processo de
Encontrar um problema prático relevante e
orçamento visando à automatização e
com potencial de contribuição teórica
minimização de erros
- Apresentação da pesquisa ao setor
(academia, construtora, empresas
Examinar o benefício potencial de pesquisa
especializadas em gerenciamento de projetos,
a longo prazo para o setor alvo
empresas de softwares BIM) e busca por
parcerias
93

- Revisão bibliográfica
Obter domínio prático e teórico do tópico
- Experiência prática do pesquisador
- Formulação teórica e prática para
Propor uma solução e desenvolver uma
automatização do orçamento de um
construção que solucione o problema
empreendimento a partir de um modelo BIM
identificado
3D
- Extração automática de quantidades
Implementar a solução e testar como ela
- Criação de um orçamento com a tecnologia
funciona
BIM 5D
- Validação do modelo BIM 3D, como base
para orçamentação
- Validação do levantamento de quantitativos
Verificar a aplicabilidade da solução automatizado por meio da comparação com o
processo tradicional;
- Validação da modelagem BIM 5D por meio
da comparação com o processo tradicional;
Identificar e analisar as contribuições
- Discussão teórica
teóricas
Fonte: Autor

Fase 1: encontrar um problema prático relevante e com potencial de


contribuição teórica

Na primeira fase o problema de pesquisa deve ser encontrado. Através da


experiência profissional do pesquisador e da revisão bibliográfica, foi identificada
a demanda por pesquisas sobre as possíveis contribuições do BIM visando a
automatização e minimização de erros no processo de orçamento tradicional.

Fase 2: examinar o benefício potencial da pesquisa a longo prazo para o


setor alvo

Segundo Neiva Neto (2014), o ideal é que as pesquisas sejam feitas por acordos
entre o setor alvo, no caso a indústria de AEC, e o pesquisador, para
potencializar os benefícios das inovações. Como o maior potencial desta
pesquisa está na contribuição do BIM para o processo de orçamento, pressupôs-
se o interesse de construtoras e empresas especializadas em gerenciamento de
custos, devido a pouca utilização da tecnologia BIM e principalmente do BIM 5D.
Considerou-se que empresas de softwares de Modelagem da Informação da
Construção também teriam interesse na pesquisa.
94

Desta forma, buscou-se avaliar junto a indústria de AEC o interesse pela


pesquisa. Este projeto foi apresentado para três construtoras, sendo que duas
atuam no setor residencial e comercial de alto luxo e outra nos setores de baixa e
média renda. Apesar das duas construtoras que atuam no setor de alto luxo
terem demonstrado interesse em investir nessa nova tecnologia, elas não
possuem planejamento estratégico para implementação do BIM. Por esse motivo,
essas empresas não demonstraram interesse na pesquisa.

Entretanto, a empresa referência no mercado nacional de construção residencial


para o setor de baixa renda se interessou pela pesquisa, pois encontrava-se em
processo de implementação dos conceitos e tecnologias do BIM 3D, com foco no
processo de projeto, detecção de interferências e checagem de regras. Não foi
possível um desenvolvimento conjunto, pois a empresa não tem, em princípio,
interesse de implementar a ferramenta utilizada pela pesquisa, devido a
obrigações legais do mercado de ações para utilização de ferramentas
específicas. Além disso, não foi possível obter autorização para ter acesso e
informações do banco de dados de custo da empresa para uso na pesquisa.

Contudo, foi estabelecida uma parceria com esta empresa para fornecimento de
um modelo BIM 3D paramétrico que foi elaborado no software Revit 2014, figura
3.2. O modelo é referente a uma das torres de um empreendimento do Programa
Minha Casa Minha Vida do Governo Federal composto de 6 blocos e uma área
de implantação a ser urbanizada. A edificação em alvenaria estrutural possui
quatro pavimentos e quatro apartamentos por andar, totalizando 16
apartamentos. O modelo possui elementos e informações das disciplinas de
arquitetura e estrutura, não possui complexidade geométrica e apresenta
padronização dos pavimentos da edificação.

Outra parceria foi estabelecida com uma empresa, especializada em


gerenciamento de projetos, para execução do orçamento da obra em estudo pelo
método convencional (2D).
95

Figura 3.2 - Imagem do modelo em Revit

Fonte: Autor

Os softwares utilizados para esta pesquisa foram obtidos através de versões


educacionais e parcerias. Foi realizada uma parceria com a empresa Trimble, por
meio da sua representante no Brasil, ndBIM Virtual Building, para fornecimento
de vídeos, treinamento introdutório realizado na UFMG e licenças do software
Vico R5.2. Esta ferramenta trabalha com o gerenciamento de custos e prazos
com a tecnologia BIM. A plataforma Vico foi escolhida para pesquisa devido à
perspectiva inovadora de trabalhar de forma integrada o gerenciamento de custos
(5D) e tempo (4D) a partir de um modelo paramétrico 3D. O software Revit 2015
versão universitária, da Autodesk, foi utilizado para estudar o modelo 3D
paramétrico, visando validar sua utilização para criação de um modelo BIM 5D.
96

Vários entraves foram encontrados para viabilização da pesquisa. Para obtenção


da licença do software Vico foi feito um contato direto com a empresa Trimble,
detentora dessa plataforma, tentando um cadastro da UFMG no programa de
parceria com universidades. Como não foi obtido retorno do fornecedor do
software, foi feito um novo contato por meio da empresa portuguesa (com uma
filial em São Paulo), ndBIM Virtual Building, representante da Trimble no Brasil.
Após 6 meses de esforços, foram obtidas licenças temporárias e individuais com
validade de 3 meses. Após o vencimento destas licenças temporárias a licença
oficial para o servidor da UFMG já estava disponível. No entanto, problemas de
hardware, estrutura de rede e firewall impossibilitaram durante 4 meses a
instalação das licenças e continuidade da pesquisa. Após investimento do
orientador e autor em hardwares foi possível a continuidade desta pesquisa.

Vale ressaltar que essas dificuldades demonstram a necessidade de evolução em


termos de parcerias entre escola e empresas para promover inovações do setor
de AEC no Brasil, como já é prática em países como Estados Unidos e países da
Europa. Estas parcerias têm apresentado muitas contribuições a indústria da
construção, com relação a melhorias e modernizações das escolas de engenharia
e pela perspectiva de análise e propostas de soluções de problemas conjuntos.

Fase 3: obter domínio prático e teórico do tópico

Para o domínio teórico do assunto foi realizado o levantamento bibliográfico em


bibliotecas de instituições de ensino e pesquisas através da internet em
periódicos especializados e sites de busca, como a plataforma CAPES. A revisão
bibliográfica abrangeu os temas modelagem da informação da construção, que é
a tradução para Building Information Modeling (BIM), gerenciamento de custo de
projetos, mais especificamente métodos e técnicas tradicionais de orçamentação
e aplicação da tecnologia BIM no processo de orçamento.

Vale destacar o interesse do pesquisador na busca de novos processos


inovadores, em virtude de domínio prático obtido ao longo dos quatorze anos de
97

experiência na área de gerenciamento de projetos, mais especificamente em


gerenciamento de custo e no processo de orçamento.

Fase 4: propor uma solução e desenvolver uma construção que solucione o


problema identificado

Segundo Neiva Neto (2014), esta é a fase mais empírica e experimental da


pesquisa. Nesse momento identifica-se se a construção de um artefato é viável.
Os avanços nesta fase se dão de forma progressiva, podendo ocorrer em
pequenos ciclos, ou em pequenos protótipos que vão sendo aperfeiçoados com o
tempo.

As seguintes etapas foram necessárias:


a) proposição do estudo de caracterização do modelo 3D com foco em
gerenciamento de custos;
b) proposição da exportação do modelo 3D do software Revit 2015 para o
software Vico R5.2 via plug-in;
c) proposição da realização da extração automática das quantidades do modelo
3D no Vico e paralelamente do levantamento de quantidades no método
tradicional;
d) proposição de geração do orçamento do empreendimento com modelagem
BIM 5D e paralelamente através do método tradicional.

Fase 5: implementar a solução e testar como ela funciona

Esta fase consistiu nos processos representados no fluxograma da figura 3.3. Os


passos da investigação seguiram um ciclo, de forma que as etapas eram
realizadas, analisadas e verificadas, pois segundo Lukka (2003), a teoria requer
que a construção seja testada através de aplicação prática, implicando no
envolvimento e cooperação do pesquisador.

A caracterização do modelo 3D em Revit consistiu em compreender os


elementos, parâmetros e informações contidos no modelo com foco no
98

gerenciamento de custos. Todas as especificações e elementos presentes no


modelo foram sintetizados em uma tabela de especificações.

Após a exportação do modelo 3D em Revit para o software Vico via plug-in foi
realizada uma análise de integridade dos elementos e informações. Na
sequência, realizaram-se o processo de extração automática de quantidades e a
comparação com os resultados obtidos pelo levantamento de quantidades
manual. Observou-se se as diferenças encontradas tiveram como causa erros
nos levantamentos de quantidades tradicional ou problemas no modelo 3D. Os
problemas detectados no modelo não foram corrigidos, por não ser escopo deste
trabalho e pela possibilidade de contorná-los na plataforma utilizada para
orçamentação 5D. O erro no levantamento manual foi corrigido para possibilitar a
comparação dos resultados finais. Nessa perspectiva, partiu-se do princípio que
os dados manuais seriam válidos para fins das análises comparativas, mesmo
sabendo que imprecisões podem ocorrer nessa etapa, pelo processo ser manual.
A explicação desse critério é pelo fato de que o modelo 3D, que faz parte de um
projeto piloto da construtora, não possuí todos os requisitos de um modelo virtual
de construção que possa ser utilizado para orçamentação de uma obra.

Além dos quantitativos obtidos no processo de levantamento de quantidades, as


demais entradas para elaboração da planilha de orçamento foram quantitativos
não modelados, inseridos manualmente (como armação e itens referentes ao
custo indireto), definição da EAP e banco de dados de custos. Na sequência,
foram realizadas, nos dois métodos, as atualizações do orçamento, devido as
alterações em projetos.
99

Figura 3.3 – Fluxograma do desenvolvimento da fase 5 da pesquisa

Fonte: Autor

Fase 6: verificar a aplicabilidade da solução

De acordo com Lukka (2003), nesta fase, o pesquisador precisa lembrar como
era a situação, antes do trabalho empírico e do aprendizado que ele e a
organização passaram, para analisar os resultados e as condições existentes.
Caso a construção produza os resultados esperados, é interessante entender as
particularidades e as restrições para aplicação em outras organizações. Caso os
100

resultados não sejam os pretendidos, é necessário entender a causa das falhas e


se estas podem ser evitadas em outras organizações.

Com relação aos tipos de orçamentos e estimativas de custo, o trabalho focou na


elaboração de um orçamento executivo. Estimativas preliminares acontecem na
fase de concepção do modelo. O modelo utilizado para esta pesquisa
encontrava-se em estágio avançado de desenvolvimento, permitindo a
elaboração de um orçamento executivo. Apesar de Mattos (2014) definir doze
etapas22 para uma orçamentação executiva completa, algumas etapas dependem
se a obra é objeto de uma licitação e outras não sofrem interferência pela
mudança da tecnologia de orçamentação. Com isso, este trabalho focou nas
duas etapas mais afetadas pela tecnologia BIM: levantamento de quantidades e
discriminação do custo direto para planilha de orçamento.

Pelo fato do orçamento da obra em estudo não ser objeto de licitação, não houve
a etapa de leitura e interpretação de edital. Outra etapa também não considerada
foi a visita técnica, pois o local da obra não foi informado pela construtora e as
condições locais não afetam a comparação dos dois métodos para o caso em
estudo, devido a simplicidade do modelo e do empreendimento. As etapas de
definição de encargos sociais e trabalhistas, definição de lucratividade, cálculo do
BDI e desbalanceamento da planilha de orçamento não têm relação com o
método de orçamentação.

Com relação ao nível de detalhamento do modelo, o modelo utilizado pode ser


classificado como um LOD 350 incompleto, pois apresenta duas disciplinas
modeladas (arquitetura e estrutura) e o modelo pode ser utilizado para
compatibilização e checagem de interferências. O modelo não tem todos os
elementos de arquitetura modelados nem as demais disciplinas envolvidas no
projeto.

22
As doze etapas para uma orçamentação executiva, segundo Mattos (2014), foram
explicadas no sub-item 2.2.5 desta dissertação.
101

A obra em questão pode ser considerada simples, devido a falta de complexidade


geométrica, simetria, repetitividade dos pavimentos, baixa altura da edificação e
área construída pequena. Além do modelo possuir apenas dados e elementos de
arquitetura e estrutura, alguns elementos destas disciplinas não foram modelados
como bancadas, impermeabilização, louças, metais e outros.

Apesar dos problemas e da pouca complexidade do modelo, este possui dados e


elementos suficientes para atender o objetivo da pesquisa. As ausências de
objetos no modelo não comprometeram a pesquisa, pois o objetivo não foi
realizar um orçamento preciso e completo, mas comparar os dois métodos de
orçamentação. Os processos e etapas de orçamentação são os mesmos
independente do número de objetos no modelo.

Fase 7: identificar e analisar as contribuições teóricas

Nesta fase, deve-se identificar as contribuições teóricas para a pesquisa. Estas


contribuições podem ser o desenvolvimento de uma nova teoria ou uma
adaptação das teorias existentes. Em alguns casos, a contribuição pode ser uma
interessante aplicação prática da teoria existente, corroborando com a veracidade
desta teoria e ilustrando as consequências e resultados práticos. As principais
contribuições teóricas encontradas em pesquisas construtivas são a própria
construção quando esta for testada e validada em seu campo de atuação (NEIVA
NETO, 2014). As contribuições teóricas desta pesquisa encontram-se no capítulo
discussão dos resultados.
102

4 RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados desta pesquisa para cada passo
do fluxograma da figura 3.3. Primeiramente, o modelo BIM 3D utilizado na
pesquisa é caracterizado. Posteriormente, são apresentados os resultados: da
exportação do modelo do software de modelagem para uma plataforma que
trabalha orçamentação com a tecnologia BIM; da comparação da etapa de
levantamento/extração de quantidades entre os métodos tradicionais e BIM; da
comparação da elaboração e atualização da planilha orçamentária entre os dois
métodos.

4.1 Análise dos objetos e caracterização do modelo 3D

Na análise dos objetos paredes, constatou-se uma modelagem com elementos


únicos contendo diversas camadas, inclusive a camada referente ao elemento
estrutural (alvenaria autoportante). Isto significa que um elemento parede é
composto pelas camadas de alvenaria, reboco/gesso liso, pintura/cerâmica.
Monteiro e Martins (2012) classificam este método como modelagem de
composições únicas.

A figura 4.1 mostra uma parede, que divide o quarto e a sala, com 15 cm de
espessura acabada, sendo 14 cm referente ao bloco estrutural, 0,3 cm de cada
lado referente ao revestimento de gesso liso e 0,2 cm de cada lado referente a
pintura.

Os objetos pisos foram modelados com a separação do elemento estrutural. As


lajes foram modeladas como um único elemento, com 9 cm de espessura. Os
elementos de piso, conforme figura 4.2, foram modelados como um único
elemento de 3 cm de espessura, compostos por duas camadas: 2,0 cm de
contrapiso (com a nomenclatura no modelo de argamassa); 1,0 cm de
revestimento (com a nomenclatura no modelo de concreto). Monteiro e Martins
103

(2012) classificam este método como modelar a estrutura separada e o restante


por composições.

Figura 4.1 - Camadas definidas para um elemento parede

Fonte: Autor

Figura 4.2 - Camadas definidas para um elemento piso

Fonte: Autor
104

Conforme figura 4.3, o telhado é representado apenas pelas telhas, ou seja, não
há representação da estrutura de sustentação das telhas, calhas, rufos nem
chapins.

Figura 4.3 - Corte para visualização do telhado

Fonte: Autor

O modelo utilizado pode ser classificado como um LOD 350 incompleto, pois
apresenta duas disciplinas modeladas e o modelo pode ser utilizado para
compatibilização e checagem de interferências. O modelo não tem todos os
elementos de arquitetura modelados nem as demais disciplinas envolvidas no
projeto.

Destaca-se o fato do modelo não possuir dados referentes a louças, metais,


acessórios, bancadas, soleiras, peitoris, rodapés, itens de serralheria,
impermeabilização, instalações e fundações. A falta desses objetos impossibilitou
análises comparativas mais detalhadas com o objetivo de se conhecer as
diferenças de critérios de levantamento de quantidades entre métodos
tradicionais e BIM. A tabela 4.1 sintetiza as informações constantes no modelo
analisado, seguindo a nomenclatura do layout do pavimento tipo, figura 4.4.
105

Tabela 4.1 - Elementos e dados constantes no modelo


Parede (fachada) Parede (entre comodos internos)
Descrições Piso Teto Portas Janelas

Revestimento Acabamento Revestimento Acabamento

contra-piso +
Reboco/ Cerâmica Incefra Reboco/ Cerâmica Incefra Porta Janela
Banheiro revestimento forro em PVC
Emboço 32x56 cm Emboço 32x56 cm 60x210 59x57
cerâmico
contra-piso + gesso liso +
Estar / Jantar Pintura interna Pintura interna Porta Janela
Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem
apartamentos 01 e 02 branca branca 80x210 149x117
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Estar / Jantar Pintura interna Pintura interna Porta Janela
Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem
apartamentos 03 e 04 branca branca 80x210 99x117
cerâmico massa
Quarto (entre cozinha e
contra-piso + gesso liso +
banho) com parede Pintura interna Pintura interna Porta Janela
Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem
virada para Fachada branca branca 70x210 119x117
cerâmico massa
Norte
contra-piso + gesso liso +
Quarto (demais Pintura interna Pintura interna Porta Janela
Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem
quartos) branca branca 70x210 119x117
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Reboco/ Cerâmica Incefra Reboco/ Cerâmica Incefra Janela
Cozinha revestimento pint ura sem -
Emboço 32x56 cm Emboço 32x56 cm 119x117
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Pintura interna
Circulação - - Gesso liso revestimento pint ura sem - -
branca
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Pintura interna Pintura interna Porta Janela
Hall do Térreo Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem
branca branca 90x210 99x117
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Hall dos demais Pintura interna Pintura interna Janela
Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem -
pavimentos branca branca 99x117
cerâmico massa
contra-piso + gesso liso +
Pintura interna Pintura interna
Escada Gesso liso Gesso liso revestimento pint ura sem - -
branca branca
cerâmico massa
Telhados e Coberturas

Pintura interna Pintura interna


Cobertura Gesso liso Gesso liso telhado básico / genérico - -
branca branca

Fachada
Textura (apenas
Reboco
para parede da - - - - - -
Externo
Fachada Norte cobertura)
Demais pavimentos bloco de
-
concreto aparente
Fachadas Leste, Oeste Reboco
Textura - - - - - -
e Sul Externo

Fonte: Autor

Detectou-se a inexistência de atribuição de um sistema de classificação para os


objetos do modelo em estudo. Segundo Manzione (2013), os sistemas de
classificação são importantes, pois auxiliam a organizar os usos dos modelos e
também facilitam a comunicação entre os diversos agentes da indústria. No
subitem 5.1.1 é discutido a importância dos sistemas de classificação para
possibilitar a associação de um modelo BIM 3D com uma orçamentação BIM 5D.

Apesar do modelo 3D em estudo não possuir todos os objetos de construção, ele


atende aos objetivos desta pesquisa, pois permite a criação de um modelo BIM
5D e a comparação desse método de orçamentação com o tradicional (2D). A
ausência de elementos no modelo não implica na eliminação de nenhuma etapa
106

do processo de orçamento. Os elementos que o modelo possuí são suficientes


para gerar um orçamento com a tecnologia BIM, ainda que este orçamento não
seja preciso, devido a ausência de atividades na planilha orçamentária referentes
aos itens não modelados, como serviços de impermeabilização, bancadas, louças
e metais.

Figura 4.4 – Planta do pavimento tipo

Fonte: Autor

Algumas informações ausentes no modelo de arquitetura não inviabilizam o


orçamento, pois elas podem ser trabalhadas no Vico, software de orçamentação
BIM 5D. A estrutura base dessa ferramenta se divide conforme figura 4.5. O
primeiro nível é referente as informações e quantidades extraídas diretamente do
modelo. Na sequência estes itens são subdivididos em atividades necessárias
para sua execução. Posteriormente, são relacionados os recursos (insumos)
107

necessários para elaboração de cada atividade, como materiais, mão de obra e


equipamentos.

Figura 4.5 – Divisão de processos no software VICO

Fonte: adaptado de Vico (2015)

A falta de algumas informações é comum no método tradicional de


orçamentação, na medida que em um projeto 2D há a representação de uma
porta de madeira, mas não do marco, das ferragens, alisar e acessórios. Essas
informações complementares estão presentes em memoriais descritivos e são
tratados no software de orçamentação, através das composições de custo
unitário. Ou seja, para o elemento porta há uma composição de custo unitário que
contém os insumos marco, porta prancheta, maçaneta, dobradiça e alizar.

Caso todos os insumos fossem modelados, outros problemas seriam


identificados. Os arquivos digitais dos modelos ocupariam muito espaço em
discos rígidos e seria difícil o seu processamento nos softwares de modelagem.
Os índices de produtividade da mão de obra seriam mais difíceis de serem
108

apropriados, pois serviços como instalar uma dobradiça e instalar uma porta
prancheta não podem ser separados. Não é possível assentar só a porta ou só a
dobradiça. Essas atividades além de simultâneas só podem ser realizadas em
conjunto. Outro problema seria a obtenção de uma EAP muito extensa, de difícil
compreensão e gerenciamento. PMI (2013) recomenda que a EAP seja
decomposta até um nível que ainda seja possível estimar e gerenciar os pacotes
de trabalho.

Outro aspecto que precisa ser analisado é o custo benefício da modelagem de


alguns elementos. Monteiro e Martins (2013) afirmam, por experiência, que o
tempo de modelagem da estrutura do projeto dobra, se for necessário a
modelagem das formas. Quanto a armação, exceto em casos muito específicos,
a modelagem das armações da estrutura não é aconselhável devido ao tempo
necessário para modelar uma grande quantidade de elementos e configurações.

4.2 Avaliação da interoperabilidade entre os softwares utilizados

Entre as opções apresentadas por Eastman et al. (2014) para utilização do BIM
no processo de orçamento23, esta pesquisa adotou a conexão direta entre um
software de modelagem 3D, Revit 2015, e um software de gestão de custos em
plataforma BIM, Vico Office R5.2. Essa opção de modelagem da informação, por
meio de fluxo de dados entre plataformas que correlacionam geometria a dados
numéricos, é recomendada na medida que mantém as vantagens e
características de um projeto BIM. Nessa direção, essa pesquisa baseia-se no
princípio de que a modelagem 5D com essas características torna obsoleto os
processos tradicionais de orçamento baseados em modelos 2D e processos não
automatizados.

O software Vico apresenta a opção de importação de modelos através de plug-ins


para algumas ferramentas como Archicad, Revit e Tekla. Para os demais

23
Subitem 2.3.2.
109

aplicativos é necessário importar o arquivo no formato IFC. O modelo do Revit


2015 foi exportado para o Vico R5.2 através de um plug-in que é
automaticamente criado após a instalação do Vico, conforme figuras 4.6 e 4.7.

Figura 4.6 - Modelo no Revit sendo exportado

Fonte: Autor

Figura 4.7 - Modelo importado e ativado no Vico

Fonte: Autor

Apesar da utilização do plug-in, constatou-se um problema de interoperabilidade


entre os softwares Vico Office R5.2 e Revit 2015 para o modelo em estudo. Não
110

houve perda das informações referentes as camadas dos elementos paredes e


pisos. Contudo, houve reconfiguração de informação na transferência de dados
da plataforma Revit para o Vico: os elementos paredes que no Revit eram
elementos com diversas camadas, figura 4.1, passaram a ser elementos de uma
única camada no Vico.

Esse problema de mudança das informações das camadas não impede nem
prejudica a orçamentação para o modelo em estudo, pois todos as camadas
possuíam mesmas dimensões no Revit. Ou seja, apesar do Vico só reconhecer
um elemento parede, este elemento pode ser utilizado para alimentar as
quantidades das atividades referentes a todas as camadas/materiais que esse
elemento possuía no Revit. Como exemplo, o elemento “parede externa/banho”
do Vico será utilizado para fornecer quantitativos para cinco atividades: textura da
fachada; reboco externo; alvenaria estrutural; emboço interno; cerâmica de
parede. Essas cinco atividades, são as cinco camadas que esse elemento
possuía no software de modelagem.

4.3 Levantamento de Quantidades

Os quantitativos são obtidos a partir da identificação dos serviços que serão


necessários para execução da obra. Esses serviços são identificados durante o
estudo e interpretação dos projetos/modelo e especificações técnicas (Mattos,
2014).

Após a importação do modelo BIM 3D, o módulo Takeoff Manager, do software


Vico, permitiu a extração automática de quantitativos por elemento do modelo.
Vale salientar que, apesar dos quantitativos serem fornecidos automaticamente, é
necessário que o engenheiro orçamentista entenda os critérios do software para
obtenção dos quantitativos. O User Guide do Vico24 fornece estes critérios para
cada tipo de objeto do modelo. Como exemplo, o Anexo B demonstra esses

24
Disponível em:< http://www.vicosoftware.com/ >.
111

critérios para os objetos paredes. A figura 4.8 mostra os quantitativos do


elemento parede básica-ALVENARIA ESTRUTURAL 14 - EXTERNA/BANHO,
que seguem os critérios indicados no Anexo B.

Figura 4.8 - Quantitativos fornecidos pelo Vico para um elemento parede

Fonte: Autor

Outro exemplo é o elemento laje maciça de 9 cm de espessura, figura 4.9. A


primeira linha informa a quantidade de 3 elementos no modelo. A segunda
informa o total de 239,66 metros de perímetro de borda destes elementos. A
terceira é a contagem dos 3 vãos das escadas nestes elementos. A quarta
informa o perímetro destes vãos que totalizam 41,66 metros.

A quinta mostra o quantitativo de 559,62 m² referente a área de fundo dos


elementos. A sexta apresenta o mesmo quantitativo referente a área de superfície
dos elementos. Ambas se referem às áreas brutas, sem descontos dos vãos. A
112

sétima informa a área das bordas dos elementos que é 21,57 m². A oitava
apresenta o quantitativo de 20,63 m² referentes a área dos vãos. A nona
representa o volume líquido dos elementos que é 50,37 m³. A décima informa o
volume bruto dos elementos de 52,22 m³. A diferença do volume líquido para o
bruto é o volume dos vãos. A partir da décima primeira linha os quantitativos são
referentes a elementos divididos em zonas. Este tipo de divisão não foi utilizada
nesta pesquisa.

Figura 4.9 - Informações geométricas do elemento laje maciça 9 cm

Fonte: Autor

O levantamento de quantidades pelo método tradicional consistiu na utilização de


planilhas de Excel, preenchidas através da leitura e interpretação de projetos de
arquitetura 2D. Com os dados obtidos, foi possível elaborar a tabela comparativa
4.2 que mostra as quantidades de horas trabalhadas no método tradicional e no
BIM.

Obteve-se uma redução de 62,50% da quantidade de horas trabalhadas com o


uso da tecnologia BIM na etapa de levantamento de quantidades. Esta redução
foi obtida pela eliminação da etapa manual de levantamento de quantidades e
pela melhoria no entendimento e visualização do projeto, devido a geometria 3D e
113

ferramentas de filtro para visualização 3D dos quantitativos obtidos. Além disso,


como o modelo BIM é um rico repositório de dados e informações, não foi
necessário a consulta de documentos complementares como especificações
técnicas.

Tabela 4.2 – Demanda de tempo do orçamentista no levantamento de quantidades


Método Método
Descrição
Tradicional BIM 5D

Estudo e interpretação dos projetos/modelo e 10 horas 5 horas


especificações técnicas

Levantamento de Quantidades 0 horas


30 horas
Interpretação e análise dos quantitativos 10 horas

TOTAL 40 horas 15 horas

Fonte: Autor

A tabela 4.3 apresenta a comparação dos levantamentos de quantidades, dos


serviços que compõem o custo direto da obra, obtidos pelo método tradicional e
pelo método BIM. A sexta coluna apresenta a diferença em percentual das duas
colunas anteriores, obtida pela equação:

Diferença = (quantitativo 2D – quantitativo BIM) / (quantitativo BIM)

A sétima coluna, observação, traz as justificativas para as diferenças


encontradas. Muitos itens apresentam diferenças pouco representativas devido a
arredondamentos e/ou a maior precisão das informações vinculadas a um modelo
BIM.

Os itens 14.4 e 14.5, portas P04 e P05, apresentaram diferenças devido a um


erro no levantamento de quantidades convencional. Esse erro teve origem na
falta de detalhamento do projeto 2D que não possui legenda para esquadrias
nem cota destes elementos. Assim, o orçamentista considerou a porta de 90x210
cm como sendo uma porta de 108x210 cm. Este tipo de erro não acontece com a
114

tecnologia BIM, pois o modelo contém a informação que não está explícita no
projeto 2D, conforme figura 4.10. Esse tipo de erro comprova que o levantamento
de quantidade tradicional está sujeito a erro humano oriundos da interpretação
dos projetos, ou mesmo devido a omissões e erros dos documentos 2D.

Tabela 4.3 - Planilha comparativa dos levantamentos de quantidades


QUANTITATIVOS
ITEM DESCRIÇÃO UNID. TRADICIONAL DIFERENÇA OBSERVAÇÃO
VICO (BIM)
(2D) (%)
7 Servicos Iniciais
7.1 Locação da obra m2 195,63 195,63 0,00%
8 Estrutura em concreto armado
Laje de piso sobre t erreno em concret o armado h=8
8.1 cm com tela soldada malha 10x15 cm diâmetro do m2 195,63 195,63 0,00%
aço de 5 mm
Forma para est rutura em madeira plast ificada 14 mm
8.2 m2 751,29 751,29 0,00%
(ut ilização 4x), inclusive escorament o
8.3 Concret o Est rut ural usinado e bombeado 30 Mpa m3 73,37 73,37 0,00%
8.4 Armacao aco CA-50/60 kg 6.603,30 6.602,96 0,01% arredondamento
8.5 Escada em concret o armado moldada "in loco" m2 20,74 20,75 -0,05% arredondamento
9 Vedações e Alvenaria estrutural

Alvenaria est rut ural em bloco de concret o de 14 cm, problemas na modelagem dos
9.1 m2 1.476,13 1.323,26 11,55%
com argamassa de assent ament o indust rializada element os paredes

9.2 Drywall m2 29,75 29,66 0,30% arredondamento


10 Revestimento Interno de Paredes
Reboco/Emboço, com argamassa indust rializada - 2 problemas na modelagem dos
10.1 m2 560,98 546,43 2,66%
cm element os paredes
problemas na modelagem dos
10.2 Gesso liso m2 1.570,40 1.404,29 11,83%
element os paredes
problemas na modelagem dos
10.3 Cerâmica Incefra 32x56 cm m2 553,10 546,43 1,22%
element os paredes
11 Revestimento Externo de Paredes
Reboco/Emboço, com argamassa indust rializada - 3 problemas na modelagem dos
11.1 m2 681,11 571,48 19,18%
cm element os paredes
12 Revestimento Interno de Tetos
12.1 Gesso liso m2 641,86 641,42 0,07% arredondamento
13 Piso
13.1 Cont ra-piso m2 682,36 681,72 0,09% arredondamento
13.2 Cerâmica, inclusive rejunt e m2 682,36 681,72 0,09% arredondamento
14 Esquadrias de Madeira
14.1 Port a de madeira - P01 - 60x210cm un 14,00 14,00 0,00%
14.2 Port a de madeira - P02 - 70x210cm un 28,00 28,00 0,00%
14.3 Port a de madeira - P03 - 80x210cm un 24,00 24,00 0,00%
14.4 Port a de madeira - P04 - 108x210cm un 3,00 2,00 50,00% erro no levant ament o de
quant idades manual (1 P05 foi
14.5 Port a de madeira - P05 - 90x210cm un 1,00 -100,00% levant ada como P04)
15 Esquadrias de alumínio com vidro
15.1 Janela de alumínio com vidro - J01 - 40x40cm un 8,00 8,00 0,00%
15.2 Janela de alumínio com vidro - J02 - 59x57cm un 14,00 14,00 0,00%
15.3 Janela de alumínio com vidro - J03 - 79x77cm un 2,00 2,00 0,00%
15.4 Janela de alumínio com vidro - J04 - 99x117cm un 8,00 8,00 0,00%
15.5 Janela de alumínio com vidro - J05 - 99x197cm un 8,00 8,00 0,00%
15.6 Janela de alumínio com vidro - J06 - 119x117cm un 46,00 46,00 0,00%
16 Forros
16.1 Forro de PVC m2 39,75 39,72 0,08% arredondamento
18 Pintura
Pint ura lát ex sem massa. Subempreit ado mat erial e
18.1 m2 641,86 641,42 0,07% arredondamento
mão de obra.
Pint ura lát ex com massa. Subempreit ado material e problemas na modelagem dos
18.2 m2 1.578,28 1.404,29 12,39%
mão de obra. element os paredes
problemas na modelagem dos
18.3 Text ura (fachada) m2 681,11 571,48 19,18%
element os paredes
19 Telhados e Coberturas
Telhado em t elha de fibrociment o com est rut ura de
19.1 m2 174,32 174,28 0,02% arredondamento
sust ent ação met álica

Fonte: Autor
115

Figura 4.10 - Informações sobre uma esquadria em um modelo BIM

Fonte: Autor

Os demais itens que apresentaram diferenças significativas apresentam


problemas oriundos da concepção dos elementos paredes do modelo, na medida
que os problemas são referentes à ausência de modelagem de cada
material/camada separadamente, à falta de critérios e padronização e às
sobreposições de elementos.

Modelagem por composições únicas para os elementos paredes

Pela adoção da modelagem de composições únicas e as variações de


especificações e espessuras das camadas, existem oito tipos de paredes
diferentes no modelo Revit fornecido para esta pesquisa, conforme figura 4.8.

Este critério de modelagem gerou alguns problemas que poderiam ser


minimizados ou evitados. Para obtenção do quantitativo de cada serviço da
planilha de orçamento, oriundos dos elementos paredes (como alvenaria,
reboco/emboço, gesso liso de parede, pintura e cerâmica), foi necessário a
criação de fórmulas para somar os quantitativos das áreas de superfícies de cada
116

um dos elementos que possuem a camada/material desejado. Na mesma


fórmula, foi necessário descontar a soma das áreas dos vãos referentes a cada
elemento que possuí a camada/material desejado. Como exemplo, para alimentar
o quantitativo do serviço alvenaria estrutural de 14 cm da planilha de orçamento
(item 9.1 do Apêndice B) foi necessário criar uma fórmula somando as áreas de
superfície dos oito elementos paredes e subtrair o somatório das áreas de todos
os vãos desses elementos. Isso pode ser mais trabalhoso do que o levantamento
tradicional para obras que possuam uma quantidade muito grande de elementos.

Outro problema é que este tipo de modelagem, conforme constatado por


Monteiro e Martins (2012) não permite a diferenciação das dimensões das
camadas dentro de um mesmo elemento, exceto a espessura. Assim, a adoção
deste critério de modelagem implica em assumir uma margem de erro na
orçamentação BIM 5D para obras que possuam elementos com camadas de
alturas diferentes, como paredes revestidas em cerâmica somente até certa
altura. O mesmo ocorre para obras, nas quais o revestimento da parede vai até a
altura do forro, enquanto a alvenaria vai até o fundo de um elemento estrutural.

Monteiro e Martins (2012), afirmam que apesar desta pequena margem de erro,
este tipo de modelagem é aceita devido ao custo-benefício, por gerar modelos
mais baratos e que ocupam menos espaço em disco rígido e que são mais
rapidamente processados.

Os erros nos quantitativos, gerados por ausência da modelagem de cada


camada/material separadamente, foram corrigidos com intervenções manuais nas
fórmulas responsáveis por alimentar os quantitativos dos serviços da planilha
orçamentária. Um exemplo dessa intervenção foi a subtração da área de
revestimento cerâmico de parede entre forro e laje de teto, levantada
manualmente. Apesar deste procedimento ter sido adotado para viabilizar a
comparação dos dois métodos de orçamentação, ele não é adequado. Como o
objetivo do uso do BIM na orçamentação é a automatização do processo, o mais
recomendado é que o modelo seja concebido de forma que não seja necessário
este tipo de intervenção manual. Por este motivo sugere-se a adoção da
117

modelagem de cada camada/material separadamente, como será melhor


discutido no capítulo cinco dessa dissertação.

Falta de critérios e padrões de modelagens

Outro problema identificado que causou desvio nos quantitativos foi a falta de
critérios e padrões de modelagem. Na figura 4.11, o elemento destacado em
amarelo foi modelado com um critério no primeiro pavimento e outro nos demais.
Nos pavimentos dois, três e quatro, parte do trecho destacado em rosa, na figura
4.12, não foi incluído na área de fachada, pois faz parte da área lateral de outro
elemento parede. Isto gera um trabalho extra e não automatizado para obtenção
de áreas parciais de um elemento e dificulta a automatização do processo com
relação as entradas dos quantitativos dos serviços na planilha de orçamento.

Figura 4.11 - Destaque em amarelo de um elemento parede

Fonte: Autor

Figura 4.12 - Destaque em rosa da área lateral de um elemento parede

Fonte: Autor
118

Problema semelhante é apresentado na figura 4.13, onde é necessário levantar


manualmente uma área de parte da lateral de um elemento parede para
obtenção da área da fachada. Outros problemas semelhantes a esses,
decorrentes da falta de padronização da modelagem dos elementos paredes, são
encontrados no modelo.

Figura 4.13 - Destaque em rosa da lateral de um elemento parede

Fonte: Autor
119

Sobreposição de elementos

Outro erro de modelagem descoberto foi a sobreposição de elementos. O


elemento parede selecionado na figura 4.14 é representado apoiando-se no
elemento parede do pavimento inferior. Assim, há uma sobreposição com o
elemento laje. Outras paredes sobrepostas foram encontradas, como na figura
4.15.

O caso representado na figura 4.15, além do problema de sobreposição de


elementos, representa também a falta de padronização, uma vez que esta
sobreposição ocorreu no segundo pavimento tipo e não ocorreu nos demais
pavimentos que possuem o mesmo layout.

Figura 4.14 - Sobreposição de elementos laje e parede

Fonte: Autor
120

Figura 4.15 – Sobreposição de elementos paredes

Fonte: Autor

O problema de interferência física dos elementos apontou para necessidade de


validação da modelagem, uma vez que outros problemas similares poderiam
existir. Forgues et al. (2012) destacam a necessidade de validação do modelo 3D
por um software que permita identificar erros de modelagem e interferências,
antes da criação de um modelo 5D.

Utilizou-se o software Solibri Model Checker (SMC) que segundo Eastman et al.
(2014) permite identificar erros de modelagem como duplicação de elementos,
interferências e violações de regras, através da análise de um conjunto de regras.
O software possui templates padrões que podem ser customizados pelo usuário,
além da possibilidade de combinações de regras.

Vale destacar que o SMC foi utilizado na pesquisa com o objetivo único de
apontar algumas imprecisões que podem existir no BIM 5D. Isso porque foram
adotadas as regras de checagem “default” da plataforma, sem, portanto, haver
precisão de dados de verificações específicas de interferências.

Os testes de verificação detectaram dois tipos de problemas no modelo. O


primeiro tipo de problema foi referente a sobreposição de elementos, como as
121

paredes externas que ocupam o mesmo espaço físico das lajes, conforme figura
4.16.

Figura 4.16 – Detecção de interferência de elementos pelo Solibri Model Checker

Fonte: Autor

O segundo tipo de alerta do Solibri, foi com relação aos comprimentos de


algumas paredes, conforme figura 4.17. Este alerta se deve a uma regra do
Solibri para detecção de trechos de paredes com comprimentos reduzidos. No
entanto, isto não é um problema de modelagem, pois estas paredes apresentam
comprimento reduzido por serem vedações em chapas de gesso dos shafts
hidráulicos.

Figura 4.17 – Detecção pelo Solibri Model Checker de paredes com comprimento
muito reduzido

Fonte: Autor
122

Após as análises e investigações, ficou evidenciado que os problemas de ausência de


modelagem de camadas/materiais separadamente, falta de critérios e padrões de
modelagem, sobreposições de elementos e interoperabilidade, foram as causas da
incoerência e desvios encontrados nos quantitativos dos elementos paredes, que foram
obtidos pelo método BIM, tabela 4.3. Apesar de não ser adequado, na orçamentação
BIM, os quantitativos desses elementos precisaram passar por revisões manuais que
eliminaram a automatização. Essas revisões consistiram praticamente no levantamento
manual desses quantitativos. Essa intervenção foi necessária para continuidade da
pesquisa no sentido de comparar as demais etapas de orçamentação nos dois métodos.
Após as adequações citadas, os quantitativos foram equalizados conforme tabela 4.4.
Vale ressaltar que os quantitativos gerados pelos demais elementos do modelo
mantiveram a automatização proporcionada pela tecnologia BIM.

Tabela 4.4 – Quantitativos equalizados após adequações


QUANTITATIVOS
ITEM DESCRIÇÃO UNID. TRADICIONAL VICO (BIM) DIFERENÇA OBSERVAÇÃO
(2D) + ajustes (% )
7 Servicos Iniciais
7.1 Locação da obra m2 195,63 195,63 0,00%
8 Estrutura em concreto armado
Laje de piso sobre terreno em concreto armado h=8 cm com
8.1 m2 195,63 195,63 0,00%
tela soldada malha 10x15 cm diâmetro do aço de 5 mm
Forma para estrutura em madeira plastificada 14 mm
8.2 m2 751,29 751,29 0,00%
(utilização 4x), inclusive escoramento
8.3 Concreto Estrutural usinado e bombeado 30 Mpa m3 73,37 73,37 0,00%
8.4 Armacao aco CA-50/60 kg 6.603,30 6.602,96 0,01% arredondamento
8.5 Escada em concreto armado moldada "in loco" m2 20,74 20,75 -0,05% arredondamento
9 Vedações e Alvenaria estrutural
Alvenaria estrutural em bloco de concreto de 14 cm, com ajuste através de intervenção
9.1 m2 1.476,13 1.476,13 0,00%
argamassa de assentamento industrializada manual no método BIM
9.2 Drywall m2 29,75 29,66 0,30% arredondamento
10 Revestimento Interno de Paredes
ajuste através de intervenção
10.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 2 cm m2 560,98 560,98 0,00%
manual no método BIM
ajuste através de intervenção
10.2 Gesso liso m2 1.570,40 1.570,40 0,00%
manual no método BIM
ajuste através de intervenção
10.3 Cerâmica Incefra 32x56 cm m2 553,10 553,10 0,00%
manual no método BIM
11 Revestimento Externo de Paredes
ajuste através de intervenção
11.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 3 cm m2 681,11 681,11 0,00%
manual no método BIM
12 Revestimento Interno de Tetos
12.1 Gesso liso m2 641,86 641,42 0,07% arredondamento
13 Piso
13.1 Contra-piso m2 682,36 681,72 0,09% arredondamento
13.2 Cerâmica, inclusive rejunte m2 682,36 681,72 0,09% arredondamento
14 Esquadrias de Madeira
14.1 Porta de madeira - P01 - 60x210cm un 14,00 14,00 0,00%
14.2 Porta de madeira - P02 - 70x210cm un 28,00 28,00 0,00%
14.3 Porta de madeira - P03 - 80x210cm un 24,00 24,00 0,00%
14.4 Porta de madeira - P04 - 108x210cm un 2,00 2,00 0,00% correção do erro no
14.5 Porta de madeira - P05 - 90x210cm un 1,00 1,00 0,00% levantamento manual
Esquadrias de alumínio branco com vidro verde
15
temperado
15.1 Janela de alumínio com vidro - J01 - 40x40cm un 8,00 8,00 0,00%
15.2 Janela de alumínio com vidro - J02 - 59x57cm un 14,00 14,00 0,00%
15.3 Janela de alumínio com vidro - J03 - 79x77cm un 2,00 2,00 0,00%
15.4 Janela de alumínio com vidro - J04 - 99x117cm un 8,00 8,00 0,00%
15.5 Janela de alumínio com vidro - J05 - 99x197cm un 8,00 8,00 0,00%
15.6 Janela de alumínio com vidro - J06 - 119x117cm un 46,00 46,00 0,00%
15.7 Janela de alumínio com vidro - J07 - 149x117cm un 8,00 8,00 0,00%
16 Forros
16.1 Forro de PVC m2 39,75 39,72 0,08% arredondamento
18 Pintura
Pintura látex sem massa. Subempreitado material e mão de
18.1 m2 641,86 641,42 0,07% arredondamento
obra.
Pintura látex com massa. Subempreitado material e mão de ajuste através de intervenção
18.2 m2 1.578,28 1.578,28 0,00%
obra. manual no método BIM
ajuste através de intervenção
18.3 Textura (fachada) m2 681,11 681,11 0,00%
manual no método BIM
19 Telhados e Coberturas
Telhado em telha de fibrocimento com estrutura de
19.1 m2 174,32 174,28 0,02% arredondamento
sustentação metálica

Fonte: Autor
123

Com relação à visualização 3D dos elementos, a plataforma Vico facilitou o


entendimento e comunicação. Nesse quesito, observaram-se vantagens de uso
de um sistema BIM, por permitir a associação direta entre dados numéricos e
visuais dos objetos 3D. Como exemplo, foi selecionado o elemento laje maciça de
nove centímetros de espessura. Este elemento é destacado em amarelo no
modelo, conforme figura 4.18. Outra opção é a adoção de um filtro para
visualização apenas dos elementos selecionados, como mostrado na figura 4.19.

Devido ao critério de modelagem adotado de representar as paredes por


elementos únicos com diversas camadas, o Vico permite apenas a visualização
dos elementos como um todo, não sendo possível visualizar as camadas
isoladamente.

Figura 4.18 - Elemento selecionado destacado no modelo completo

Fonte: Autor

Outra ferramenta útil do software Vico é um filtro que relaciona todos os objetos do
modelo que não geraram quantidades. Para o modelo em estudo, foi possível a extração
de quantidades de todos os objetos do modelo.
124

Figura 4.19 - Visualização apenas dos elementos selecionados

Fonte: Autor

4.4 Elaboração da Planilha de orçamento

Para esta pesquisa, optou-se pela discriminação das despesas indiretas na


planilha de preço de custo. A elaboração da planilha de orçamento envolveu a
discriminação dos custos diretos, a discriminação dos custos indiretos, cotação
de preços e definição de encargos sociais e trabalhistas. As etapas de definição
da lucratividade, cálculo do BDI25 e desbalanceamento da planilha não foram
utilizadas nesta pesquisa, pois não são afetadas pela mudança de tecnologia e
são aplicadas apenas para definição do preço de venda.

A elaboração da planilha de orçamento pelo método 2D foi realizada no Microsoft


Excel e no software de orçamento Compor 90, da empresa 90 Tecnologia da
Informação, que permite a importação e exportação de dados do Excel. Optou-se
por não orçar no método tradicional os elementos que não foram modelados pela
construtora, para melhor comparação dos dois métodos. Isto não compromete o
objetivo da pesquisa, pois os resultados para os elementos modelados são

25
O conceito de BDI foi abordado no subitem 2.2.5
125

aplicáveis também aos elementos não modelados. Como exemplo, se o elemento


rodapé fosse modelado, o seu quantitativo seria extraído automaticamente e seria
vinculado a planilha de orçamento, assim como ocorre com os elementos de
revestimento de piso.

Nesse contexto, esta pesquisa não pretendeu fazer um orçamento que refletisse
o custo real do empreendimento. O objetivo foi o desenvolvimento de um modelo
5D que permitisse sua comparação com o método tradicional de orçamentação,
visando descobrir as contribuições que o BIM pode gerar para o gerenciamento
de custos.

4.4.1 Discriminação do custo direto

No processo tradicional, o levantamento de quantidades executado em Excel foi


associado através de fórmulas às atividades de uma planilha de orçamento no
mesmo arquivo do Excel, conforme Apêndice A. Esta planilha de orçamento é
importada para o Compor, pois é o software de orçamentação que possuí o
banco de dados de custos, com as composições e preços unitários. O banco de
custos utilizado para pesquisa foi fornecido pela empresa envolvida na
orçamentação tradicional.

Como exemplo, a figura 4.20 mostra a composição de preço do metro cúbico de


concreto. Para produzir um metro cúbico do serviço concreto, da planilha de
orçamento, são necessários: uma hora de pedreiro; duas horas de servente; 1,05
m³ de concreto bombeado. Esses índices são multiplicados pelos custos unitários
de cada insumo para obtenção do custo total unitário. Somando-se todos os
custos unitários dos insumos, obtém-se o custo unitário do serviço concreto.

Da mesma forma, composições de preço foram utilizadas para todos os demais


serviços diretos. Os preços unitários dos materiais, serviços de terceiros e
equipamentos foram obtidos por cotações, preços praticados no mercado ou
publicações especializadas. Para os insumos de mão de obra foram adotados os
126

pisos salariais vigentes pela convenção coletiva para região metropolitana de


Belo Horizonte/MG e um percentual de encargos sociais, trabalhistas e
complementares de 193,34% para horistas e 163,35% para mensalistas. Esses
percentuais foram calculados por Mattos (2014) e são apresentados na tabela
4.5. Esses cálculos não serão discutidos, por não ser escopo desta pesquisa.

Figura 4.20 - Composição de preço unitário do concreto

Fonte: Autor
127

Tabela 4.5 - Tabela de encargos sociais, horas-extras e complementos adotada


ENCARGOS SOCIAIS, HORAS-EXTRAS E COMPLEMENTOS Horistas Mensalistas

GRUPO A - ENCARGOS SOCIAIS BÁSICOS


A1 INSS 20,00% 20,00%
A2 FGTS 8,00% 8,00%
A3 Salário-Educação 2,50% 2,50%
A4 SESI 1,50% 1,50%
A5 SENAI 1,00% 1,00%
A6 SEBRAE 0,60% 0,60%
A7 INCRA 0,20% 0,20%
A8 Seguro Contra Acidentes de Trabalho 3,00% 3,00%
Total do Grupo A 36,80% 36,80%

GRUPO B - ENCARGOS TRABALHISTAS


B1 Férias (+1/3) 14,86% 14,86%
B2 Repouso Semanal Remunerado 17,83%
B3 Feriados 4,09%
B4 Auxílio-Enfermidade 0,98% 0,98%
B5 Acidente de Trabalho 0,74% 0,74%
B6 Licença Paternidade 0,05% 0,05%
B7 Faltas Justificadas 0,74% 0,74%
B8 13°Salário 11,14% 11,14%
B9 Horas extras habituais 8,86% 8,86%
Total do Grupo B 59,29% 37,37%

GRUPO C - ENCARGOS INDENIZATÓRIOS


C1 Aviso Prévio Indenizado (turnover 9,67 meses; 100% de avisos indenizados) 13,83% 13,83%
C2 Multa por rescisão do contrato de trabalho 5,72% 5,72%
C3 Indenização Adicional (demissão 30 dias antes do dissídio) 0,69% 0,69%
Total do Grupo C 20,24% 20,24%

GRUPO D - INCIDÊNCIAS CUMULATIVAS


D1 Incidência de A sobre B 21,82% 13,75%
D2 Incidência de férias sobre o aviso prévio 2,06% 2,06%
D3 Incidência do 13º salário sobre o aviso prévio 1,54% 1,54%
D4 Incidência do FGTS sobre o aviso prévio 1,11% 1,11%
Total do Grupo D 26,52% 18,45%

GRUPO E
E1 Alimentação 13,03% 13,03%
E2 Café da manhã 6,11% 6,11%
E3 Vale-transporte 21,72% 21,72%
E4 Cesta Básica 6,36% 6,36%
E5 Seguro de vida e acidente em grupo 0,82% 0,82%
Total do Grupo E 48,04% 48,04%

GRUPO F
F1 EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) 2,45% 2,45%
Total do Grupo F 2,45% 2,45%

TOTAL GERAL 193,34% 163,35%

Fonte: Mattos (2014)


128

No método BIM, a geração da planilha de orçamento foi realizada no módulo Cost


Planner, do software Vico. Como ocorre em um software de orçamentação
tradicional, o Vico armazena bancos de dados de custo e recebe atualizações dos
preços dos insumos. O processo de criação da planilha de serviços é similar ao
processo tradicional e é realizado com a criação de fórmulas para associação das
quantidades, do Takeoff, às atividades da planilha orçamentária, do Cost Planner,
conforme figura 4.21. Esse procedimento possibilitou contornar o problema das
quantidades que estavam com erro devido a problemas na concepção do modelo
3D.

Figura 4.21 - Fluxo das informações entre o Cost Planner e o Takeoff Manager

Fonte: Autor

Esse processo de criação de fórmulas exigiu que o orçamentista entendesse os


critérios que o software utiliza para extração dos quantitativos. Por exemplo, o
software Vico fornece a área dos elementos paredes sem descontar os vãos de
portas e esquadrias, conforme figura 4.22. Assim, é necessário que o
orçamentista entenda que quando associar a área do elemento alvenaria ao
serviço alvenaria da planilha orçamentária, ele também precisa associar o
desconto das áreas dos vãos, se o critério é a utilização da área líquida.
129

Figura 4.22 - Área de superfície do elemento parede

Fonte: Vico (2014)

Para obtenção dos custos unitários dos serviços e dos insumos o processo foi
exatamente o mesmo do método tradicional. O mesmo banco de dados do
Compor foi cadastrado e utilizado no Vico para que os resultados pudessem ser
comparados.

4.4.2 Discriminação do custo indireto

Existem duas maneiras de trabalhar com o custo indireto para obtenção da


planilha final do custo da obra no método BIM. A primeira maneira é inserir
manualmente todos os itens que compõem o custo indireto, uma vez que estes
não são modelados e assim não são automaticamente extraídos.

A segunda maneira é trabalhar com um multiplicador que representa o custo


indireto e incide sobre o custo direto da obra. Esse multiplicador pode ser
calculado ou simplesmente estipulado sem uma memória de cálculo detalhada.
Para orçamentos executivos, é aconselhável que o custo indireto seja calculado.
Esse cálculo é feito em planilhas, fora do software de orçamentação, e o
multiplicador é obtido pela divisão do custo total pelo custo direto da obra. Para
130

estimativas e orçamentos em fases iniciais, o multiplicador pode ser obtido dos


registros históricos das empresas de empreendimentos similares já realizados.

Para esta pesquisa, optou-se por trabalhar com um orçamento mais completo
dentro do software de orçamentação. Desta forma as planilhas de orçamento do
Vico (Apêndice B), assim como a do método 2D (Apêndice A), contêm tanto os
itens referentes ao custo direto (itens 7 ao 20) quanto os referentes ao indireto
(itens 1 ao 6), conforme figuras 4.23 e 4.24. A planilha de orçamento completa do
Vico com as composições de custo unitário, quantitativos e preços por insumos
está disponível no Apêndice B.

Figura 4.23 - Planilha de orçamento sintética no Vico, módulo Cost Planner

Fonte: Autor
131

Figura 4.24 - Planilha de orçamento sintética do método tradicional de


orçamentação
REPRESENTATIVIDADE
ITEM DESCRIÇÃO
(R$) (% )
1 Projetos, Estudos Iniciais e Documentos Finais 21.000,00 2,51%
Consultorias, Controles Tecnológicos e
2 4.953,81 0,59%
Programas
3 Manutenção do Canteiro 18.420,00 2,20%
4 Instalações do Canteiro de Obras 12.787,58 1,53%
5 Pessoal Condutivo/Administrativo 79.447,61 9,50%
6 Equipamentos 35.986,65 4,30%
7 Servicos Iniciais 1.146,39 0,14%
8 Estrutura em concreto armado 159.778,87 19,10%
9 Vedações e Alvenaria estrutural 80.216,33 9,59%
10 Revestimento Interno de Paredes 101.842,06 12,17%
11 Revestimento Externo de Paredes 28.729,22 3,43%
12 Revestimento Interno de Tetos 18.190,31 2,17%
13 Piso 65.008,44 7,77%
14 Esquadrias de Madeira 19.550,00 2,34%
15 Esquadrias de alumínio com vidro 49.843,02 5,96%
16 Forros 795,00 0,10%
17 Instalações 69.500,00 8,31%
18 Pintura 59.634,94 7,13%
19 Telhados e Coberturas 6.972,80 0,83%
20 Serviços Finais 2.800,00 0,33%
TOTAL 836.603,03 100,00%
Fonte: Autor

Os itens referentes ao custo indireto foram definidos e dimensionados em


conjunto com a empresa envolvida na orçamentação tradicional. Este processo
não foi alterado pela tecnologia BIM utilizada nesta pesquisa.

4.4.3 Comparação da elaboração da planilha de orçamento

Com relação aos resultados, os valores encontrados são praticamente os


mesmos, conforme Apêndices A e B e figuras 4.23 e 4.24. O orçamento no
método BIM chegou a um custo da obra de R$836.503,30 e a orçamentação
tradicional de R$ 836.603,03. A diferença R$ 99,73 (0,0119%) se refere ao
132

somatório das diferenças acumuladas dos arredondamentos na etapa de


26
levantamento de quantidades .

No tocante aos processos, a tecnologia BIM não apresentou benefícios iniciais


para elaboração da planilha de orçamento, pois não automatizou nem alterou o
processo tradicional. Em ambos os métodos foram gastas dezesseis horas para
montagem da planilha de orçamento, sendo: quatro horas para definição da EAP,
inserção e cálculo manual do custo indireto; oito horas para criação de fórmulas
que relacionam os quantitativos obtidos com os serviços da planilha de
orçamento; quatro horas para associação das atividades às composições de
preço unitário e atualização dos preços dos insumos.

A tabela 4.6 mostra uma visão global do processo de orçamento com a


comparação dos dois métodos. Nessa visão holística, constatou-se que o BIM
proposcionou uma redução de 44,64% das quantidades de horas trabalhadas de
um orçamentista.

Tabela 4.6 – Demanda de tempo do orçamentista no processo de orçamento


Método Método
Descrição
Tradicional BIM 5D

Estudo e interpretação dos projetos/modelo e 10 horas 5 horas


especificações técnicas

Levantamento de Quantidades 0 horas


30 horas
Interpretação e análise dos quantitativos 10 horas

Definição da EAP e inserção manual do custo indireto 4 horas 4 horas

Alimentação das quantidades da planilha de


orçamento através de fórmulas que relacionam os 8 horas 8 horas
quantitativos levantados/extraídos com os serviços.
Associação dos serviços ao banco de dados de custo
do software de orçamentação e atualização dos 4 horas 4 horas
preços dos insumos

TOTAL 56 horas 31 horas

Fonte: Autor

26
Ver explicação no item 4.3
133

Nos dois métodos, os quantitativos e relação dos serviços diretos foram obtidos
através da definição de fórmulas que relacionam a planilha orçamentária ao
levantamento de quantidades, figura 4.25. Em ambos os métodos, os
quantitativos e relação dos serviços diretos foram obtidos do levantamento de
quantidades, os preços unitários dos serviços foram obtidos por meio de
composições e os preços unitários dos insumos foram obtidos por meio de
cotações. Em todas as maneiras de abordar o custo indireto, a tecnologia BIM
não traz benefícios nem desvantagens, pois os processos permanecem os
mesmos em comparação ao método tradicional.

Apesar de não apresentar benefícios iniciais, a tecnologia BIM 5D apresentou


como vantagem a obtenção de uma planilha orçamentária com os serviços
diretamente vinculados aos elementos do modelo 3D, conforme figura 4.25. Isso
significa que algumas alterações no modelo geram atualizações automáticas na
planilha de orçamento. Vale ressaltar que não há automatização na atualização
dos itens da planilha de orçamento inseridos manualmente, como é o caso do
custo indireto. Então, quando há alterações significativas no projeto que possam
impactar em alterações nos itens que compõem o custo indireto, uma análise
mais detalhada precisa ser realizada. Atualizações automáticas também não são
obtidas quando há adequações manuais nas fórmulas que alimentam os
quantitativos da planilha de orçamento, como foi necessário para as atividades
dos elementos paredes nesta pesquisa.

Figura 4.25 - Fluxo das informações entre quantidades e planilha de orçamento

Fonte: Autor
134

Figura 4.26 - Planilha orçamentária vinculada ao modelo 3D

Fonte: Autor

4.4.4 Atualizações das planilhas de orçamento

Para investigar os benefícios da possibilidade de atualização automática da


planilha de orçamento, foi adotada uma nova solução de projeto com o objetivo
de comparar a atualização do orçamento nos dois métodos.

As alterações geradas por esta nova solução de projeto consistiram em 3


intervenções no projeto original (figura 4.27): retirada da laje de cobertura do
último pavimento, deixando o telhado aparente; retirada do forro de pvc dos
banheiros do último pavimento; retirada do revestimento de piso e contrapiso dos
banheiros dos dois primeiros pavimentos. Para retirada da laje de cobertura do
último pavimento, foi considerado como premissa que a estrutura de sustentação
do telhado não precisaria ser alterada, uma vez que ela era independente da laje.
135

Figura 4.27 – Alterações realizadas no modelo

Fonte: Autor

No método BIM 5D, o modelo revisado foi exportado e ativado no Vico. Após este
procedimento, o orçamento foi atualizado automaticamente. No método
tradicional, primeiramente foi necessário interpretar as alterações no modelo e
analisar os impactos no orçamento da obra. O estudo do modelo envolveu o
entendimento que a retirada da laje de cobertura do último pavimento implica em
alterações nos quantitativos de forma, escoramento, aço e concreto das lajes,
gesso liso aplicado sobre teto e pintura látex sem massa sobre gesso liso do teto.

Após essa análise, a revisão do levantamento de quantidades em Excel foi


realizada manualmente. A planilha de orçamento foi atualizada automaticamente
devido à vinculação da memória do levantamento em Excel com a planilha de
orçamento. A tabela 4.7 apresenta um resumo do tempo demandado do
engenheiro orçamentista em cada método.

Obteve-se uma redução de 81,82% da quantidade de horas trabalhadas com o


uso da tecnologia BIM na atualização do orçamento. Esta redução foi obtida pela
automatização proporcionada pela vinculação da planilha de orçamento aos
elementos do modelo 3D. Assim, quando os elementos foram excluídos do
modelo, os quantitativos associados a estes elementos foram automaticamente
atualizados.
136

Tabela 4.7 – Demanda de tempo do orçamentista para atualização do orçamento


Descrição Método Método
Tradicional BIM 5D
Importação e ativação do modelo 0 minutos 10 minutos
Estudo e interpretação das revisões nos
20 minutos 0 minutos
projetos/modelo
Revisão do levantamento de quantidades
e da planilha de orçamento no software 35 minutos 0 minutos
de orçamentação
TOTAL 55 minutos 10 minutos
Fonte: Autor

Os resultados da tabela 4.7 comprovaram a automatização da orçamentação


baseada em BIM. O software Vico ainda permitiu a comparação das diferentes
versões do projeto com informações instantâneas da variação de custos. O
relatório completo de variação de custo e quantidades gerado pelo Vico encontra-
se no Apêndice C. A figura 4.28 sintetiza este relatório por itens macros,
mostrando apenas a variação de custo. Esse tipo de relatório facilita a
comparação de várias soluções de projetos e soluções construtivas com geração
de informações instantâneas.

Figura 4.28 – Relatório de variação de custo entre duas soluções de projeto


Linha de Base Solução Alternativa
Variação
Código Descrição Original de Projeto
Preço Preço Preço
Projetos, Estudos Iniciais e
1 R$ 21.000,00 R$ 21.000,00
Documentos Finais
Consultorias, Controles
2 R$ 4.954,00 R$ 4.655,00 -R$ 299,00
Tecnológicos e Programas
3 Manutenção do Canteiro R$ 18.420,00 R$ 18.420,00
4 Canteiro de Obras R$ 12.788,00 R$ 12.788,00
5 Pessoal Indireto R$ 79.448,00 R$ 79.448,00
6 Equipamentos R$ 35.985,00 R$ 35.985,00
7 Serviços preliminares R$ 1.146,00 R$ 1.146,00
8 Estrutura em concreto armado R$ 159.788,00 R$ 119.304,00 -R$ 40.484,00
9 Vedações e Alvenaria Estrutural R$ 80.198,00 R$ 80.198,00
10 Revestimento Interno de paredes R$ 101.844,00 R$ 101.844,00
11 Revestimento Externo de Paredes R$ 28.730,00 R$ 28.730,00
12 Revestimento Interno de Teto R$ 18.181,00 R$ 13.685,00 -R$ 4.496,00
13 Piso R$ 64.940,00 R$ 62.934,00 -R$ 2.006,00
14 Esquadrias de madeira R$ 19.550,00 R$ 19.550,00
15 Esquadrias em alumínio com vidro R$ 49.843,00 R$ 49.843,00
16 Forros R$ 794,00 R$ 602,00 -R$ 192,00
17 Instalações R$ 69.500,00 R$ 69.500,00
18 Pintura R$ 59.623,00 R$ 57.241,00 -R$ 2.382,00
19 Telhados e Coberturas R$ 6.971,00 R$ 6.971,00
20 Serviços Finais R$ 2.800,00 R$ 2.800,00
TOTAL R$ 836.503,00 R$ 786.644,00 -R$ 49.859,00
Fonte: Autor
137

Com relação aos resultados finais das planilhas de orçamento atualizadas nos
dois métodos, constata-se que os valores encontrados são praticamente os
mesmos, conforme Apêndices C e D e figuras 4.28 e 4.29. O custo da obra
atualizado no BIM é R$ 786.644,00 e R$ 786.701,45 no método tradicional. A
diferença de R$ 57,45 é justificada pelas diferenças acumuladas dos
arredondamentos na etapa de levantamento de quantidades.

Figura 4.29 – Planilha de orçamento sintética do custo atualizado pelo método


tradicional
REPRESENTATIVIDADE
ITEM DESCRIÇÃO
(R$) (% )
1 Projetos, Estudos Iniciais e Documentos Finais 21.000,00 2,67%
Consultorias, Controles Tecnológicos e
2 4.654,81 0,59%
Programas
3 Manutenção do Canteiro 18.420,00 2,34%
4 Instalações do Canteiro de Obras 12.787,58 1,63%
5 Pessoal Condutivo/Administrativo 79.447,61 10,10%
6 Equipamentos 35.986,65 4,57%
7 Servicos Iniciais 1.146,39 0,15%
8 Estrutura em concreto armado 119.299,22 15,16%
9 Vedações e Alvenaria estrutural 80.216,33 10,20%
10 Revestimento Interno de Paredes 101.842,06 12,95%
11 Revestimento Externo de Paredes 28.729,22 3,65%
12 Revestimento Interno de Tetos 13.695,59 1,74%
13 Piso 63.055,40 8,02%
14 Esquadrias de Madeira 19.550,00 2,49%
Esquadrias de alumínio branco com vidro verde
15 49.843,02 6,34%
temperado
16 Forros 602,40 0,08%
17 Instalações 69.500,00 8,83%
18 Pintura 57.252,77 7,28%
19 Telhados e Coberturas 6.872,40 0,87%
20 Serviços Finais 2.800,00 0,36%
TOTAL 786.701,45 100,00%
Fonte: Autor
138

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados apresentados atendem o método constructive research, pois foi


feita uma proposição de orçamentação com a tecnologia BIM, visando solucionar
os problemas do método convencional (2D). Essa solução foi implementada e
testada, produzindo resultados que comparados com os da orçamentação
tradicional permitiram confirmar sua aplicabilidade e identificar suas vantagens e
desvantagens, como será discutido neste capítulo. Conforme preconiza o método
constructive research, foi possível criar um artefato composto, modelo BIM 5D. O
processo utilizado para orçamentação com a tecnologia BIM 5D representa um
novo constructo para o setor de AEC, em substituição aos métodos tradicionais
de orçamentação.

5.1 Concepção do modelo BIM 3D

Antes de iniciar a modelagem tridimensional, procedimentos de modelagem


devem ser ajustados de acordo com a finalidade do modelo. Segundo Monteiro e
Martins (2013), é fundamental a definição de padrões e de um sistema de
classificação para que o processo de projeto garanta consistência das saídas
geradas pelas ferramentas BIM. Esses dois aspectos são evidenciados pelos
problemas encontrados no modelo utilizado para esta pesquisa.

5.1.1 Sistema de Classificação

Segundo CSI (2006), a implantação do BIM exige uma padronização na


organização das informações, considerando todo o ciclo de vida de um projeto.
Para usufruir do aumento de valor e economia que o BIM pode proporcionar, um
sistema de padronização das informações é fundamental. Segundo Ferreira
(2015), os sistemas classificativos organizam de forma hierárquica o modelo em
estudo, através da divisão por classes ou especialidades. Esses sistemas
139

permitem que as quantidades extraídas automaticamente sejam organizadas de


forma a facilitar ou automatizar o restante do processo de orçamento.

Objetivando uma maior redução das horas trabalhadas de um orçamentista e


uma maior organização das informações, sugere-se que a concepção do modelo
siga um sistema de classificação, como OmniClass, que é aplicável em todas as
fases do projeto27, ou que seja adotada uma EAP modelo da empresa. No caso
da adoção de uma EAP, os elementos do modelo já receberiam no software de
concepção do modelo a nomenclatura dos Apêndices A ou B. Ou seja, o
elemento criado para representar o gesso liso aplicado sobre alvenaria teria a
nomenclatura “10.2 Gesso Liso aplicado sobre alvenaria”, o elemento de
contrapiso “13.1 Contrapiso” e o mesmo ocorreria para todos os elementos do
modelo.

Neste caso, a adoção de um sistema de classificação facilitaria a análise dos


quantitativos extraídos automaticamente, devido à organização das informações e
ainda poderia permitir a utilização de templates da planilha orçamentária (módulo
Cost Planner) com vínculos pré-definidos com o módulo Takeoff Manager.

5.1.2 Padrões de modelagem

Para solucionar o problema de sobreposições de elementos e falta de padrões de


modelagem, sugere-se que a modelagem reflita a execução dos serviços e a
criação de manuais com critérios de modelagem. Se a sequência executiva
tivesse sido levada em consideração, problemas encontrados nesta pesquisa,
como a sobreposição de elementos paredes com elementos lajes não existiriam
(figura 4.14), pois executa-se a alvenaria estrutural sobre a laje de piso, enquanto
a laje de teto apoia na alvenaria.

27
Conforme figura 2.4 da revisão bibliográfica.
140

Além da concepção de modelos que reflitam a execução, é necessário a


definição de padrões de modelagem. A definição de critérios unificaria a
modelagem, evitando problemas encontrados nesta pesquisa, como utilização de
critérios diferentes de modelagem em pavimentos com plantas e geometrias
idênticas. Conforme Eastman et al. (2014), automatização começa com
padronização.

Os problemas encontrados nos elementos paredes destacam a necessidade de


definir um critério de modelagem com o objetivo de otimizar o processo de
orçamento. Sugere-se a modelagem, chamada por Monteiro e Martins (2012), de
cada camada/material separadamente, conforme figura 5.1. A adoção desse
critério de modelagem traria vários benefícios. Primeiramente, os quantitativos no
software de orçamentação BIM, referentes à alvenaria, reboco, gesso liso, pintura
e revestimento de parede, estariam agrupados em um item único. Ao invés de
estarem presentes em oito itens, referentes a cada um dos oito elementos
paredes (com composições de camadas diferentes), ter-se-iam apenas um item
para cada camada/material com o quantitativo total já agrupado.

Com a adoção da modelagem de camadas/materiais separadamente e de


sistemas de classificação, os quantitativos já seriam extraídos agrupados por
serviços e por itens da EAP. Como exemplo, a atividade alvenaria estrutural (item
9.1 da EAP), que tem os quantitativos fornecidos pelos oito elementos paredes do
modelo em estudo, seria vinculada a um único elemento parede do modelo. Este
elemento seria o elemento com nomenclatura “9.1 Alvenaria estrutural de 14 cm”
que seria utilizado para representar toda a alvenaria da edificação com esta
especificação.

Outro benefício desse tipo de modelagem é a eliminação das margens de erros


nos quantitativos. Primeiramente, pela possibilidade de modelar camadas com
alturas diferentes em uma parede. Também, pelo fato de todas as camadas
passarem a ter áreas reais, já considerando as interferências com outros
acabamentos. No caso de rodapés, espelhos e rodabancas, estes são
assentados ou colados sobre alvenaria apenas rebocada, não há camada de
141

cerâmica nem pintura atrás dos espelhos. Este tipo de modelagem proporciona
ainda uma melhoria na visualização dos elementos, pois seria possível isolar
cada camada com a utilização dos filtros do software de orçamentação BIM.

As atividades da planilha de orçamento seriam vinculadas às camadas


correspondentes no modelo e não à elementos compostos que possuem a
camada correspondente. Isso permitiria uma redução da margem de erro dos
quantitativos obtidos no processo de atualização automática do orçamento,
devido a alterações no modelo. Ou seja, seria possível mudar o revestimento
cerâmico da parede de um único banheiro e o orçamento seria atualizado
automaticamente.

Um modelo com este critério poderia ser integrado com a variável tempo (BIM
4D) e utilizado para monitoramento e controle de obra. As diversas camadas são
executadas em momentos distintos e são atividades diferentes, tanto na planilha
de orçamento como no cronograma. Estas atividades são referentes a cada
camada, ou seja, a alvenaria e as diversas camadas de revestimento são
executadas de maneira sequencial. No orçamento e cronograma de uma obra há
as atividades alvenaria, gesso liso, reboco, pintura, cerâmica e não uma atividade
parede, englobando todas as camadas que compõem uma parede.

Por esses motivos, acredita-se que a modelagem de cada material/camada


separadamente seja a única forma que permita a utilização do modelo 3D para o
BIM 5D, pois a comparação do previsto com o realizado em termos de
produtividade das equipes e consumos de materiais deve ser realizado por
atividades da planilha de orçamento e do cronograma.

Apesar dessa abordagem de modelagem demandar mais tempo, implicando um


custo maior do modelo, e gerar arquivos que ocupam mais espaço em disco
rígido e de processamento mais lento, acredita-se que o custo-benefício é
superior as demais soluções apresentadas por Monteiro e Martins (2012), devido
aos benefícios citados para utilização do modelo para extração automática de
quantidades e orçamentação. Vale ressaltar, que essa análise do custo-benefício
142

deve ser feita considerando como fator determinante a expectativa e finalidade de


utilização do modelo.

Figura 5.1 - Sugestão de modelagem para os elementos paredes

Fonte: Autor

Sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas com o objetivo de quantificar o


acréscimo de custo no processo como um todo, englobando projetação e
orçamentação, devido ao maior tempo de modelagem.

5.2 Validação do modelo BIM 3D

Os problemas de modelagem identificados evidenciam a necessidade de


verificação e validação, se um determinado modelo BIM 3D é adequado para
uma orçamentação BIM 5D. Com relação a detecção de interferência e
143

checagem de regras para evitar a sobreposição de elementos e outros problemas


de modelagem, tais como uso adequado de espaços e objetos, existem softwares
para auxiliar nesta tarefa. Segundo Eastman et al. (2014), atualmente no
mercado as ferramentas de projeto BIM incluem alguns recursos de detecção de
interferências, mas softwares específicos como o NavisWorks e o Solibri Model
Checker são mais indicados por possibilitarem a importação de modelos 3D de
uma grande variedade de aplicações. O Solibri Model Checker apresenta como
diferencial a checagem de regras.

Através da análise do modelo desta pesquisa no software Solibri Model Checker,


constatou-se que as regras padrões deste software não foram capazes de
detectar alguns problemas de concepção do modelo que prejudicam uma
orçamentação na plataforma BIM mais eficiente. O software encontrou problemas
de interferências físicas de elementos, mas os demais problemas relevantes para
obtenção total dos benefícios de uma orçamentação BIM 5D não foram
detectados.

Segundo Solihin e Eastman (201528, apud Silva e Arantes 2016), a tradução dos
requisitos para uma linguagem que uma máquina consiga fazer uma verificação
não é uma tarefa simples. Em muitos casos, é necessária uma interpretação da
regra exigindo domínio do assunto. Para investigar se é possível a criação e
parametrização de regras que verifiquem a utilização de sistemas de
classificação, padronizações de modelagens e a modelagem de cada
camada/material separadamente, pesquisas específicas precisam ser
desenvolvidas.

Em relação ao estudo do modelo, o fato de problemas como ausências de um


sistema de classificação, de modelagem de cada material/camada
separadamente e de padrões de modelagem não terem sido detectados pelo
Solibri Model Checker, evidenciam a necessidade do modelo ser estudado e

28
SOLIHIN, W.; EASTMAN, C. Classification of rules for automated BIM rule checking
development. Autmation in costruction, Elsevier, 53, Georgia Institute of Technology,
United States, pg 69 a 82, mar 2015, journal homepage: www.elsevier.com/locate/autcon
144

analisado por um profissional da área de custos. Este profissional deve ser capaz
de identificar problemas que possam prejudicar a orçamentação com a tecnologia
BIM. No modelo em estudo, muitos dos problemas citados não prejudicam a
etapa de projeto da modelagem BIM nem a detecção de interferências, mas são
problemas para orçamentação.

5.3 Interoperabilidade

Conforme constatado por Stheling (2012), através de pesquisas com empresas


de construção de Belo Horizonte, e citado por Eastman et al. (2014) como um dos
grandes dificuldadores para implementação do BIM em todo o mundo, problemas
de interoperabilidade entre softwares continuam sendo um dos grandes desafios
para difusão do BIM. Nesta pesquisa, apesar da comunicação direta, através de
um plug-in, entre o Revit e o Vico foi detectado como problema de
interoperabilidade a perda da divisão por camadas dos elementos paredes do
Revit, após a exportação para o Vico.

No entanto, conforme explicado no item 4.2, esse problema não impediu nem
prejudicou a orçamentação BIM para o modelo em estudo. Acredita-se que não
existiria problema de interoperabilidade se o modelo do Revit tivesse sido
concebido com o critério de modelar cada camada/material separadamente. No
entanto, para que isso seja confirmado, pesquisas com esse objetivo precisam
ser desenvolvidas.

5.4 Automatização do processo de orçamento

Conforme foi mostrado no capítulo de apresentação dos resultados, o grande


benefício que a tecnologia BIM traz à orçamentação é a automatização do
processo, principalmente com relação a extração automática de quantidades e
atualizações do orçamento. O diagrama conceitual apresentado na figura 5.2
compara os processos de orçamentação utilizados nesta pesquisa.
145

No processo tradicional, partiu-se da interpretação dos desenhos 2D para o


levantamento de quantidades realizado através do preenchimento manual de
planilhas eletrônicas no Microsoft Excel. Os quantitativos obtidos referentes ao
custo direto da obra foram associados através de fórmulas aos serviços da
planilha de orçamento no mesmo arquivo do Excel. Os custos indiretos foram
inseridos manualmente na planilha de orçamento.

Essa planilha de orçamento foi exportada para o software de orçamentação,


Compor 90. Neste software encontrava-se o banco de dados de custos utilizado
na pesquisa e os insumos receberam as atualizações de preços. Após o cálculo,
a planilha de orçamento foi exportada para o Excel, ficando associada ao
levantamento de quantidades. Assim, alterações no levantamento de quantidades
geram atualizações automáticas da planilha de orçamento.

Qualquer revisão de projeto, necessidade de comparação de diferentes soluções


de projetos ou métodos construtivos, demanda uma atualização manual do
levantamento de quantidades. Após esta revisão na memória do levantamento de
quantidades, a atualização da planilha de orçamento é realizada
automaticamente uma vez que as fórmulas já estão definidas.

No processo de orçamento com a tecnologia BIM, partiu-se de um modelo BIM


3D paramétrico em Revit. Foi possível a extração automática das quantidades
dos serviços referentes ao custo direto da obra no módulo Takeoff Manager do
software Vico. Os elementos do modelo, que geram os quantitativos referentes
aos itens do custo direto da obra, foram associados através de fórmulas aos
serviços da planilha de orçamento, no módulo Cost Planner. Vale lembrar que o
orçamento, em ambos os métodos, só contemplou os itens modelados. Os itens
referentes ao custo indireto foram inseridos manualmente, pois não são
modelados.

O software Vico, assim como um software de orçamentação tradicional, possui


um banco de dados de custos cadastrado e recebe a atualização dos preços dos
146

insumos. Para permitir uma melhor comparação dos resultados, o banco de


dados de custos e os preços unitários dos insumos foram os mesmos nos dois
métodos.

No caso de atualização do orçamento por revisões do modelo ou comparação do


custo de diferentes soluções de projeto, o processo é automático e fornece
informações em tempo real, salvo algumas exceções. Vale ressaltar que o fato do
modelo apresentar elementos únicos com diversas camadas para paredes e
pisos, impossibilita algumas atualizações automáticas na planilha de orçamento.
As atualizações não seriam totalmente automáticas, caso fossem necessárias
alterações em alguma das camadas de um elemento, que não é aplicável a todos
os locais onde este elemento é encontrado. Como exemplo, a alteração do
revestimento cerâmico somente do piso dos quartos para laminado melamínico.

Este tipo de alteração não é automatizada em modelos com elementos com


diversas camadas, pois seria necessário a criação de um novo elemento, uma
vez que o elemento composto por contrapiso e revestimento cerâmico é utilizado
para todos os cômodos do apartamento. Este tipo de alteração exigiria uma
mudança nas fórmulas que vinculam as quantidades da planilha orçamentária
aos elementos do modelo. Como exemplo, as fórmulas que alimentam as
quantidades das atividades (atividade 13.1 - contrapiso, atividade 13.2 -
revestimento cerâmico de piso) teriam que ser editadas.

A necessidade de adequações manuais nas fórmulas dos quantitativos dos


elementos paredes desta pesquisa inviabiliza a atualização automática da
planilha orçamentária para as atividades das camadas/materiais dos elementos
paredes.

O processo de associação, através de fórmulas, dos quantitativos do custo direto


da obra com as atividades da planilha de orçamento é feito manualmente nesta
pesquisa para ambos os métodos. No entanto, em ambos esse fluxo pode ser
automatizado.
147

Figura 5.2 - Diagrama conceitual dos processos de orçamento tradicional e com a


tecnologia BIM

Fonte: Autor

No método de orçamentação tradicional, a criação de uma EAP padrão em Excel,


vinculada através de fórmulas a formulários de levantamento de quantidades,
automatizaria este processo. Ao passo que, para tecnologia BIM seria necessário
que as nomenclaturas dos elementos do modelo seguissem uma EAP padrão ou
um sistema de classificação. Isso possibilitaria a criação de um template no Vico
com associações da EAP, através de fórmulas, com os elementos de um modelo
BIM. Essa automatização não foi obtida nesta pesquisa, pois os elementos do
modelo foram criados sem seguir uma EAP padrão.

Com relação ao processo de atualização de preços, optou-se pela coleta de


preços praticados no mercado e consulta a publicações específicas. Caso os
preços fossem adotados apenas de publicações periódicas, eles poderiam ser
148

atualizados automaticamente pela importação dos preços unitários dos insumos


para os softwares de orçamentação.

5.5 Fluxo para criação de um modelo BIM 5D

Com base nos processos de orçamento utilizados ao longo da pesquisa, foi


proposto o fluxo da figura 5.3 para criação de um modelo BIM 5D a partir de um
modelo BIM 3D paramétrico. Primeiramente, o modelo BIM 3D precisa ser
validado e analisado, no sentido de verificar se ele está preparado para servir
como base para geração de um orçamento com a tecnologia BIM. Caso o modelo
não seja aprovado, ele deve ser revisado. Se o modelo for validado, ele é
exportado para um software que trabalha com orçamentação em plataforma BIM.

Em um segundo momento é avaliada a interoperabilidade entre os softwares.


Caso não haja perda de informações ou as perdas não prejudiquem a
orçamentação, os quantitativos são extraídos automaticamente dos elementos do
modelo. As quantidades são associadas através de fórmulas aos serviços
referentes ao custo direto da planilha orçamentária. Os itens referentes ao custo
indireto são inseridos manualmente. Os serviços são associados as composições
de preço unitário do banco de dados de custo da empresa e os insumos recebem
atualizações dos preços unitários. Assim, obtém-se um modelo BIM 5D formado
pela associação da planilha de orçamento com um modelo BIM 3D paramétrico.
149

Figura 5.3 – Fluxo de criação de um modelo BIM 5D a partir de um modelo BIM 3D


Softwares de modelagem e
checagem de interferências e regras
Software de orçamento BIM

Alimentar banco de
dados do software
Extrair de orçamentação:
automaticamente os preços unitários dos
Modelo não quantitativos; insumos;
OK para o atualizações dos
BIM 5D índices das CPUs

OK: OK
Exportação
Associar elementos MODELO
MODELO Analisar e Avaliar do modelo com BIM 5D
BIM 3D Validar interoperabilidade serviços da planilha
orçamentária
NÃO OK

Inserir
Adotar outros
manualmente os
softtwares ou outra
quantitativos não
maneira de
extraídos do
importação
modelo;

Fonte: Autor

5.6 Aplicação do BIM nas etapas do processo de orçamento

Com base nas três fases e doze etapas do processo de orçamento definidas por
29
Mattos (2014) , as contribuições do BIM para o processo de orçamento
específico desta pesquisa foram identificadas na segunda coluna da tabela 5.1.
Na terceira coluna são sugeridas novas investigações para verificar possíveis
contribuições do BIM que não puderam ser comprovadas nesta pesquisa.
Sugere-se também novos estudos para quantificar o potencial que esta nova
tecnologia pode oferecer para orçamentação de outros empreendimentos e
outros tipos de obra.

Houve uma melhoria considerável na compreensão e entendimento do projeto,


devido a geometria 3D, o fato de um modelo único possuir elementos de
arquitetura e estrutura e a utilização das ferramentas de visualização. As

29
Ver sub-item 2.2.5.
150

especificações técnicas são identificadas mais rapidamente e visualizadas no


próprio modelo, pois o modelo BIM é um rico repositório de dados. Assim,
constatou-se uma redução na quantidade de horas trabalhadas do engenheiro
orçamentista na etapa de leitura e interpretação do projeto e especificações
técnicas.

A etapa de visita técnica não foi beneficiada pelo modelo em estudo, pois a área
de implantação, infraestrutura local, topografia do terreno não foram modeladas
e, consequentemente, as atividades referentes a estes itens não foram orçadas.
Para obras com modelos mais completos que possuam essas informações, o
modelo pode facilitar um melhor entendimento do local da obra, a identificação de
particularidades e a verificação da existência de infraestrutura de energia elétrica,
hidrossanitária, presença de árvores e outros.

A extração automática de quantidades facilitou a identificação dos serviços


referentes ao custo direto da obra, uma vez que todos os elementos presentes no
modelo são listados no módulo Takeoff Manager do Vico. Caso a nomenclatura
dos elementos do modelo seguissem uma EAP padrão e cada camada/material
fossem modelados separadamente, acredita-se que quase todos os serviços do
custo direto pudessem ser identificados automaticamente pela extração
automática de quantidades, exceto aqueles não modelados.

Todos os quantitativos dos elementos modelados foram extraídos


automaticamente no método BIM. Isto gerou a eliminação da etapa de
levantamento, conforme tabela 4.2, e uma redução na quantidade de horas
trabalhadas dos profissionais de custo. Caso os elementos do modelo
possuíssem a nomenclatura de uma EAP padrão, o trabalho de criação de
fórmulas para alimentar as quantidades da planilha de orçamento poderia ser
automatizado com a criação de templates.

As etapas de discriminação dos custos diretos e indiretos foram executadas por


fluxos idênticos nos dois métodos. Para modelos BIM 5D integrados com o
planejamento (4D), a discriminação dos custos indiretos pode ser facilitada pela
151

modelagem de elementos temporários e simulações de logística do canteiro de


obra.

Para os dois métodos, a etapa de cotação de preços seguiu o mesmo processo.


Para obras pré-fabricadas ou com montagens complexas, a riqueza de detalhes e
dados e visualização 3D de um modelo BIM pode gerar benefícios, tanto na
cotação de preços unitários, como nos prazos de fabricação e maior precisão
geométrica dos elementos.

As definições dos encargos sociais e trabalhistas, a definição da lucratividade, o


cálculo do BDI e um possível desbalanceamento da planilha não são afetadas
pelo método de orçamento.

Tabela 5.1 – Aplicação do BIM nas etapas do processo de orçamento


Possíveis contribuições do BIM
Contribuições do BIM para esta
Etapas Mattos (2014) que devem ser investigadas em
pesquisa
outros estudos

Fase 1: Estudo das condicionantes ou condições de contorno

- Melhorou o entendimento do
projeto, devido a geometria 3D,
ferramentas de visualização e a
Etapa 1: leitura e presença de mais de uma
interpretação do projeto e disciplina no modelo;
especificações técnicas - Facilitou a obtenção das
especificações técnicas;
- Reduziu a quantidade de horas
trabalhadas nesta etapa.
Etapa 2: leitura e
Não se aplica
interpretação do edital

Pode facilitar o entendimento da


Etapa 3: visita técnica Não se aplica
infraestrutura e condições locais

Fase 2: Composições de custos

Facilitou a identificação dos Pode identificar quase todos os


Etapa 4: identificação dos serviços referentes aos itens serviços do custo direto da obra,
serviços modelados do custo direto da exceto os referentes aos itens
obra não modelados
- Extraiu automaticamente as
quantidades dos elementos Possibilidade de automatizar o
Etapa 5: levantamento de modelados; processo de alimentação das
quantitativo; - Facilitou a visualização e quantidades da planilha de
entendimento dos quantitativos orçamento
obtidos;
152

- Reduziu a quantidade de horas


trabalhadas nesta etapa.
Etapa 6: discriminação Não gerou benefícios nem
dos custos diretos desvantagens
Possibilidade de geração de
Etapa 7: discriminação Não gerou vantagens nem benefícios no dimensionamento e
dos custos indiretos desvantagens logística do canteiro se o modelo
BIM 5D for integrado com o 4D
O modelo BIM pode facilitar a
Etapa 8: cotação de Não gerou vantagens nem cotação de preços de peças pré-
preços desvantagens fabricadas e itens com geometria
complexa
Etapa 9: definição de
Não gerou vantagens nem
encargos sociais e
desvantagens
trabalhistas

Fase 3: Fechamento do orçamento

Etapa 10: definição da


Não se aplica
lucratividade
Etapa 11: cálculo do BDI Não se aplica
Etapa 12:
desbalanceamento da Não se aplica
planilha;
Fonte: Autor
153

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apresentaram-se satisfatórios, na medida em que foi possível a


criação de um modelo BIM 5D e a sua comparação com um orçamento no
método 2D. As análises comparativas confirmam, para o caso em estudo,
benefícios gerados pela tecnologia BIM, já conhecidos na literatura, como
extração automática de quantidades e criação de uma planilha orçamentária
vinculada ao modelo BIM 3D, proporcionando atualizações automáticas dos
dados. Os resultados encontrados, para o caso em estudo, mostraram uma
redução de 44,64% do tempo total demandado para uma orçamentação com a
utilização da tecnologia BIM e de 81,82% para uma atualização específica no
orçamento, devido a modificações nos projetos/modelos.

Com relação a esses resultados, vale destacar que não foi considerado uma
visão global do projeto, que abrange projetação e orçamentação. O tempo de
concepção do modelo BIM 3D não foi considerado, por se tratar de um projeto
piloto da construtora, que demandou tempo para definição e otimização dos
processos. Todo projeto piloto passa por adequações até que a empresa atinja
maturidade para mudança de tecnologia.

Provavelmente, a redução na quantidade de horas trabalhadas com a utilização


da tecnologia BIM, não fosse confirmada em uma análise global do processo,
mas essa análise precisa ser mais ampla e demanda outras pesquisas. Uma
modelagem com a perspectiva de orçamento, pode gerar um modelo completo o
suficiente para ser base das várias dimensões “nD”, fornecendo benefícios que
vão além dos constatados nesta pesquisa.

A redução de horas trabalhadas também poderia não ser confirmada, em uma


análise global, que contemplasse o tempo necessário para revisar o modelo
visando solucionar os problemas de modelagem encontrados. No entanto, este
tipo de avaliação não faz parte do escopo desta pesquisa. O escopo se restringe
a identificação dos requisitos de um modelo BIM 3D, de forma a otimizar os
154

benefícios do processo de orçamento com o BIM 5D. Acredita-se que este tipo de
revisão não será necessária após a consolidação do BIM 5D na indústria de AEC.

Outra ressalva importante é que a prática adotada no mercado de modelagem


paramétrica BIM a partir de documentos 2D, além de gerar retrabalho, não está
em sintonia com os conceitos de engenharia simultânea e BIM. Acredita-se que
esta prática possa ser um estágio provisório durante a implantação da tecnologia
BIM na etapa de concepção dos projetos.

Conclui-se, que problemas referentes a qualidade do modelo, organização das


informações e definição de padrões de modelagem precisam ser resolvidos. Os
problemas encontrados comprovaram a hipótese de que um modelo 3D deve
apresentar alguns pré-requisitos mínimos para servir como base para
orçamentação na plataforma BIM. Nessa direção, a pesquisa apresentou
algumas sugestões de pré-requisitos para criação de modelos que possam ser
utilizados para orçamentação e controle e monitoramento de custos: a adoção de
um sistema de classificação; a modelagem deve refletir a sequência executiva da
obra e os métodos de execução dos serviços; padronização dos critérios
adotados em um modelo; adoção docritério de modelar camadas/materiais
separadamente para os elementos paredes e pisos.

A pesquisa, evidencia a necessidade de validação dos modelos 3D por um


software que permita identificar erros de modelagem, interferências e checagem
de regras, antes da criação de um modelo 5D. Segundo Eastman et al. (2014), o
orçamentista precisa estudar e compreender o modelo para conhecer as
informações que ele possui. A pesquisa demonstrou que, além da validação
através dos Model Checkers, é importante que o modelo seja concebido com os
pré-requisitos para orçamentação com a tecnologia BIM e que seja analisado
criticamente por um profissional com visão de gerenciamento de custos.

Constatou-se a grande importância da realização paralela, em um momento


inicial de implantação do BIM, do processo tradicional de orçamento, com o
objetivo de validar os resultados, critérios de concepção dos modelos e processos
155

utilizados. Pela possibilidade de comparação dos dois métodos, esta pesquisa


identificou erros nos quantitativos extraídos automaticamente causados por
problemas no modelo.

Os problemas encontrados na extração automática de quantidades,


demonstraram que a figura do orçamentista não é substituída por um software
BIM 5D e possibilitaram uma análise das novas responsabilidades e atribuições
dos profissionais da área de custos. Houve a necessidade de uma análise crítica
das informações e dados gerados, além de validação da qualidade do modelo.
Apesar da automatização de parte do processo, alguns fluxos e processos
permaneceram manuais. Constatou-se que não é possível obter informações
confiáveis referentes ao custo sem o envolvimento de um especialista da área.

O software de orçamentação BIM 5D, assim como no processo tradicional,


necessita de entradas, definição de parâmetros e criação de fórmulas que
vinculam os quantitativos com as atividades da planilha orçamentária. Para a
criação da planilha de orçamento com a tecnologia BIM 5D, o engenheiro
orçamentista inseriu manualmente os custos indiretos e os serviços referentes
aos itens não modelados.

Além da necessidade do domínio de ferramentas BIM, outra mudança


significativa que o BIM traz para a engenharia de custos é com relação ao
trabalho colaborativo. Segundo Ferreira (2015), as ferramentas BIM alteram todo
o processo construtivo tradicional, envolvendo todos os stakeholders em uma
nova abordagem de total integração e compartilhamento de informações. Neste
ambiente colaborativo que o BIM proporciona, o orçamentista precisa estar
envolvido em todas as etapas do ciclo de vida do projeto, fornecendo entradas e
analisando os dados referentes ao custo.

Os resultados apresentados e discutidos são aplicados para um empreendimento


e modelo BIM específicos, que não podem ser generalizados para outras
construções. Com relação ao tema interoperabilidade, os resultados encontrados
156

são válidos apenas para exportação do software Revit 2015, da Autodesk, para o
Vico Office R5.2, da Trimble.
157

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STEHLING, M. P. A utilização de modelagem da informação da construção


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162

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Porto Rico. 2016.
163

APÊNDICE A – Planilha de orçamento completa obtida pelo método de


orçamentação tradicional
164

PLANILHA DE ORÇAMENTO

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)

CUSTOS INDIRETOS 20,63% 172.595,65

1 Projetos, Estudos Iniciais e Documentos Finais 2,51% 21.000,00


1.1 Projetos diversos IS1083 vb 1,00 15.000,00 15.000,00
1.2 Manual de uso, manutenção e operação do imóvel IS1082 vb 1,00 4.000,00 4.000,00
1.3 As Built IS1087 vb 1,00 2.000,00 2.000,00

2 Consultorias, Controles Tecnológicos e Programas 0,59% 4.953,81


2.1 Controle Tecnológico de Concreto IS1094 m3 73,37 13,00 953,81
PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente do
Trabalho), PCMSO (Programa de Condições Médico e Saúde
2.2 IS1124 mes 8,00 500,00 4.000,00
Ocupacional), outros programas e planos e treinamento de
funcionários.

3 Manutenção do Canteiro 2,20% 18.420,00


3.1 Consumo mensal de água e esgoto IN0029 mes 8,00 300,00 2.400,00
3.2 Consumo mensal de energia IN0030 mes 8,00 500,00 4.000,00
3.3 Impressos, plotagens e materiais de escritório IN0057 mes 8,00 80,00 640,00
3.4 Material de limpeza IN0088 mes 8,00 80,00 640,00
3.5 Carretos, fretes, combustíveis e lubrificantes. IN0042 mes 8,00 600,00 4.800,00
Itens de segurança do canteiro de obras (guarda-corpos
3.6 IN0137 vb 1,00 2.500,00 2.500,00
provisórios, escadas, proteção periférica, etc)
3.7 Sinalização e comunicação visual no canteiro de obras IN0136 vb 1,00 800,00 800,00
3.8 Caçambas IE0031 un 12,00 220,00 2.640,00

4 Instalações do Canteiro de Obras 1,53% 12.787,58


4.1 Montagem, mobilização/desmobilização de canteiro de obra IN0141 vb 1,00 8.000,00 8.000,00
4.2 Manutenção do canteiro IN0081 mes 8,00 200,00 1.600,00
4.3 Instalações provisórias de água, esgoto e energia IN0123 vb 1,00 2.500,00 2.500,00
4.4 Placas de obra CS5006 m2 2,00 343,79 687,58

5 Pessoal Condutivo/Administrativo 9,50% 79.447,61


5.1 Mestre de Obras (1/7 salário) IH0039 mes 8,00 1.316,75 10.534,00
5.2 Engenheiro (1/7 salário) IS0152 mes 8,00 1.448,00 11.584,00
5.3 Almoxarife / Chefe de Escritório (1/7 salário) IH0002 mes 8,00 753,18 6.025,44
5.4 Vigias noturno (2 funcionários) (1/7 salário) IH0046 mes 16,00 452,96 7.247,36
5.5 Porteiros diurno (2 funcionários) (1/7 salário) IH0041 mes 16,00 376,22 6.019,52
5.6 Operador de betoneira (1/7 salário) IH0047 mes 5,00 555,67 2.778,35
5.7 Operador de guincho de coluna IH3050 mes 4,00 3.889,68 15.558,72
5.8 Equipe de Apoio
5.8.1 Servente (serviços gerais) IH3047 h 1.529,52 12,88 19.700,22

6 Equipamentos 4,30% 35.986,65


6.1 Betoneira 320L (1/7 salário) IE0017 mes 5,00 30,00 150,00
6.2 Policorte (1/7 salário) IE0171 mês 5,00 18,00 90,00
6.3 Conjunto vibrador (mangote e motor) (2 unidades) (1/7 salário) IE0071 mes 10,00 22,00 220,00
6.4 Serra Circular de bancada (1/7 salário) IE0155 mês 5,00 23,00 115,00
6.5 Disco para serra circular IM0714 un 1,00 300,00 300,00
6.6 Serra Mármore manual (2 unidades) IE0157 mes 8,00 35,00 280,00
6.7 Disco para serra mármore IM0715 un 4,00 25,00 100,00
6.8 Compactador de solo CM30 IE0058 mes 1,00 280,00 280,00
6.9 Martelete IE0118 mes 1,00 200,00 200,00
6.10 Furadeira IE0091 mes 4,00 75,00 300,00
6.11 Guincho de Coluna IE0099 mes 4,00 220,00 880,00
6.12 Andaime Fachadeiro 15.021,15
6.12.1 Montagem /Desmontagem de andaime IS0143 m2 1.746,90 4,00 6.987,60
6.12.2 Assoalho para andaime CZ0002 m2 109,18 19,98 2.181,44

6.12.3 Locação de andaime fachadeiro IE0007 m2.mes 873,45 5,50 4.803,97

6.12.4 Tela IM0725 m2 873,45 1,20 1.048,14


6.13 Bandejas de segurança 18.050,50
Assoalho para bandeja de segurança primária 2,5 + 0,80 m, com
6.13.1 CS3019 m 79,30 225,00 17.842,50
pintura
6.13.2 Locação de bandeja metálica primária IE0200 un.mes 32,00 6,50 208,00

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165

PLANILHA DE ORÇAMENTO

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)

CUSTOS DIRETOS 79,37% 664.007,39

7 Servicos Iniciais 0,14% 1.146,39


7.1 Locação da obra CS5005 m2 195,63 5,86 1.146,39

8 Estrutura em concreto armado 19,10% 159.778,87


Laje de piso sobre terreno em concreto armado h=8 cm com
8.1 CE6008 m2 195,63 51,87 10.147,33
tela soldada malha 10x15 cm diâmetro do aço de 5 mm
Forma para estrutura em madeira plastificada 14 mm (utilização
8.2 CE1007 m2 751,29 103,41 77.690,90
4x), inclusive escoramento
8.3 Concreto Estrutural usinado e bombeado 30 Mpa CE3010 m3 73,37 344,72 25.292,11
8.4 Armacao aco CA-50/60 CE2001 kg 6.603,30 6,15 40.610,30
8.5 Escada em concreto armado moldada "in loco" CE2001 m2 20,74 291,14 6.038,24

9 Vedações e Alvenaria estrutural 9,59% 80.216,33


Alvenaria estrutural em bloco de concreto de 14 cm, com
9.1 CA2005 m2 1.476,13 52,73 77.836,33
argamassa de assentamento industrializada
9.2 Drywall IS5502 m2 29,75 80,00 2.380,00

10 Revestimento Interno de Paredes 12,17% 101.842,06


10.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 2 cm CR3063 m2 560,98 34,72 19.477,23
10.2 Gesso liso CR3038 m2 1.570,40 28,34 44.505,14
10.3 Cerâmica Incefra 32x56 cm CR3027 m2 553,10 68,45 37.859,70

11 Revestimento Externo de Paredes 3,43% 28.729,22


11.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 3 cm CR3064 m2 681,11 42,18 28.729,22

12 Revestimento Interno de Tetos 2,17% 18.190,31


12.1 Gesso liso CR3038 m2 641,86 28,34 18.190,31

13 Piso 7,77% 65.008,44


13.1 Contra-piso CR5003 m2 682,36 28,32 19.324,44
13.2 Cerâmica, inclusive rejunte CR5031 m2 682,36 66,95 45.684,00

14 Esquadrias de Madeira 2,34% 19.550,00


14.1 Porta de madeira - P01 - 60x210cm IS5720 un 14,00 250,00 3.500,00
14.2 Porta de madeira - P02 - 70x210cm IS5721 un 28,00 280,00 7.840,00
14.3 Porta de madeira - P03 - 80x210cm IS5722 un 24,00 300,00 7.200,00
14.4 Porta de madeira - P04 - 108x210cm IS5715 un 2,00 350,00 700,00
14.5 Porta de madeira - P05 - 90x210cm IS5894 un 1,00 310,00 310,00

15 Esquadrias de alumínio com vidro 5,96% 49.843,02


15.1 Janela de alumínio com vidro - J01 - 40x40cm IS9009 un 8,00 72,80 582,40
15.2 Janela de alumínio com vidro - J02 - 59x57cm IS9003 un 14,00 151,67 2.123,38
15.3 Janela de alumínio com vidro - J03 - 79x77cm IS9002 un 2,00 273,74 547,48
15.4 Janela de alumínio com vidro - J04 - 99x117cm IS9006 un 8,00 524,71 4.197,68
15.5 Janela de alumínio com vidro - J05 - 99x197cm IS9008 un 8,00 885,47 7.083,76
15.6 Janela de alumínio com vidro - J06 - 119x117cm IS9004 un 46,00 629,32 28.948,72
15.7 Janela de alumínio com vidro - J07 - 149x117cm IS9020 un 8,00 794,95 6.359,60

16 Forros 0,10% 795,00


16.1 Forro de PVC IS5014 m2 39,75 20,00 795,00

17 Instalações 8,31% 69.500,00


17.1 Instalacoes Elétricas IS6001 vb 1,00 24.000,00 24.000,00
Instalacoes de SPDA (Sistema de Proteção Descarga
17.2 IS6016 vb 1,00 4.500,00 4.500,00
Atmosférica)
17.3 Instalacoes Hidrosanitárias IS6002 vb 1,00 22.000,00 22.000,00
17.4 Instalações de gás IS6078 vb 1,00 4.000,00 4.000,00
17.5 Instalações de Prevenção e Combate a Incêndio IS6003 vb 1,00 15.000,00 15.000,00

18 Pintura 7,13% 59.634,94


Pintura látex sem massa. Subempreitado material e mão de
18.1 CD1007 m2 641,86 15,02 9.640,74
obra.
Pintura látex com massa. Subempreitado material e mão de
18.2 CD1004 m2 1.578,28 24,34 38.415,34
obra.
18.3 Textura (fachada) IS5493 m2 681,11 17,00 11.578,87

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166

PLANILHA DE ORÇAMENTO

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)
19 Telhados e Coberturas 0,83% 6.972,80
Telhado em telha de fibrocimento com estrutura de sustentação
19.1 IS7706 m2 174,32 40,00 6.972,80
metálica

20 Serviços Finais 0,33% 2.800,00


20.1 Limpeza Final da Obra geral IS7051 vb 1,00 2.800,00 2.800,00

TOTAL 836.603,03

Pág 3 de 3
167

APÊNDICE B – Planilha de orçamento completa obtida no software Vico pelo


método BIM
168

Cost Plan Report

Project Name: BIM5D_CD_CI


Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
#1000 Alternatives 1,00 0,00 0,00
#0000 Adjustments 1,00 0,00 0,00
07 Serviços preliminares 1,00 - 1.145,93 1.145,93
7.1 Locação de obra 195,63 m2 5,86 1.145,93
IH3018 carpinteiro 25,43 h 2,56 501,26
IH3040 servente 25,43 h 1,67 327,56
IM2017 tábua de pinus espessura 2 cm 17,61 m2 1,31 255,29
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 7,83 m 0,14 26,61
IM3022 arame galvanizado 3,91 kg 0,12 23,48
IM3052 prego 2,35 kg 0,06 11,74
159.788,0
08 Estrutura em concreto armado 1,00 -
8
159.788,08
8.1 Laje de piso sobre terreno 195,63 m2 51,86 10.145,12
IM3222 treliça 103,68 m 1,18 230,18
CE2002 Armacao em tela soldada 508,63 kg 16,53 3.233,57
IM3020 arame PG-7 5,09 kg 0,05 24,41
IM3226 tela soldada de aco 610,36 kg 5,40 2.746,61
IH3040 servente 20,35 h 0,52 262,05
IH3012 armador 10,17 h 0,39 200,50
IM0722 Lona terreiro preta 234,75 m2 1,86 363,87

1/6
169
Project Name: BIM5D_CD_CI
Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
CE3001 Concreto usinado 20 Mpa, lancamento manual 15,65 m3 32,29 6.317,51
IH3036 pedreiro 46,95 h 59,13 925,40
IH3040 servente 125,20 h 103,04 1.612,59
IM0604 concreto usinado 20 MPa convencional 16,43 m3 241,50 3.779,52
8.3 Concreto 30 MPa usinado e bombeado 73,37 m3 344,72 25.290,82
IH3036 pedreiro 73,37 h 19,71 1.446,05
IH3040 servente 146,73 h 25,76 1.889,91
IM0612 concreto 30 MPa usinado e bombeado 77,03 m3 262,50 19.258,64
IS7035 taxa de bomba de concreto 77,03 m3 36,75 2.696,21
8.4 Armação aço CA-50/60 6.602,96 kg 6,15 40.628,03
IH3012 armador 660,30 h 1,97 13.014,44
IH3040 servente 660,30 h 1,29 8.504,62
IM3003 aco CA 50/60 7.263,26 kg 2,75 18.158,15
IM3020 arame PG-7 198,09 kg 0,14 950,83
8.5 Escadas pré-fabricadas de concreto 20,75 m2 291,20 6.042,94
IS3076 Forma 20,75 m2 80,00 1.660,12
CE2001 Armação aço CA-50/60 456,53 kg 135,37 2.809,05
IM3020 arame PG-7 13,70 - 0,14 65,74
IM3003 aco CA 50/60 502,19 - 2,75 1.255,47
IH3040 servente 45,65 - 1,29 588,02
IH3012 armador 45,65 - 1,97 899,83
CE3010 Concreto 30 MPa usinado e bombeado 4,57 m3 75,84 1.573,76
IS7035 taxa de bomba de concreto 4,79 - 36,75 167,78
IM0612 concreto 30 MPa usinado e bombeado 4,79 - 262,50 1.198,40
IH3040 servente 9,13 - 25,76 117,60
IH3036 pedreiro 4,57 - 19,71 89,98
Forma para lajes, inclusive escoramento
8.2 751,29 m2 103,40 77.681,17
(utilização 4x)
IH3018 carpinteiro 1.690,40 h 44,35 33.317,85
IH3040 servente 751,29 h 12,88 9.676,62
IM2011 chapa mad. comp. plast. 14 mm 262,95 m2 7,81 5.869,08
IM2017 tábua de pinus espessura 2 cm 262,95 m2 5,08 3.812,80
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 1.427,45 m 6,46 4.853,34
IM3054 prego 18x27 150,26 kg 1,00 751,29
CE1147 Escoramento em eucalipto (utilização 4x) 751,29 m3 25,82 19.400,20
IM2017 tábua de pinus espessura 2 cm 1.014,24 m2 6,53 14.706,51
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 676,16 m 1,02 2.298,95
IM2024 eucalipto 845,20 m 0,56 1.267,80
IM3052 prego 225,39 kg 0,50 1.126,94
09 Vedações e Alvenaria Estrutural 1,00 - 80.198,37 80.198,37
Alvenaria estrutural em bloco de concreto de
9.1 1.476,13 m2 52,72 77.825,42
14 cm
IH3036 pedreiro 1.180,90 h 15,77 23.275,63
IH3040 servente 590,45 h 5,15 7.605,03
IM1044 bloco de concreto estrutural 14x19x39 cm 19.381,60 un 24,95 36.825,04
CB0030 argamassa assentamento alv. est. 19,93 m3 6,86 10.119,72
9.2 Drywall 29,66 m2 80,00 2.372,95

2/6
170
Project Name: BIM5D_CD_CI
Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
101.843,7
10 Revestimento Interno de paredes 1,00 -
2
101.843,72
10.1 Reboco/Emboço 560,98 - 34,72 19.478,29
IH3036 pedreiro 448,78 h 15,77 8.845,51
IH3040 servente 448,78 h 10,30 5.780,32
IM0014 argamassa industrializada para revestimento 19.634,24 kg 8,40 4.712,22
IM3000 tela pinteiro 28,05 m2 0,25 140,24
10.2 Gesso liso 1.570,40 - 28,35 44.513,04
IH3023 gesseiro 1.727,44 h 21,68 34.047,88
IH3040 servente 471,12 h 3,86 6.068,03
IM0072 gesso 12.563,22 kg 2,80 4.397,13
10.3 Cerâmica cozinha e banhos 553,10 - 68,44 37.852,39
IH3036 pedreiro 829,65 h 29,57 16.352,35
IH3040 servente 829,65 h 19,32 10.685,86
IM0016 argamassa colante para ceramica de parede 2.488,94 kg 3,56 1.966,26
IM0029 rejunte para ceramica 105,09 kg 0,25 136,62
IM5014 ceramica para parede Incefra 32x56 cm 580,75 m2 15,75 8.711,30
11 Revestimento Externo de Paredes 1,00 - 28.730,01 28.730,01
11.1 Reboco Externo 681,11 - 42,18 28.730,01
IH3036 pedreiro 613,00 h 17,74 12.082,26
IH3040 servente 613,00 h 11,59 7.895,46
IM0014 argamassa industrializada para revestimento 35.758,41 kg 12,60 8.582,02
IM3000 tela pinteiro 34,06 m2 0,25 170,28
12 Revestimento Interno de Teto 1,00 - 18.180,98 18.180,98
12.1 Gesso liso 641,42 m2 28,35 18.180,98
IH3023 gesseiro 705,56 h 21,68 13.906,58
IH3040 servente 192,43 h 3,86 2.478,44
IM0072 gesso 5.131,34 kg 2,80 1.795,97
13 Piso 1,00 - 64.940,40 64.940,40
13.1 Contra-piso 681,72 m2 28,32 19.305,76
IH3036 pedreiro 545,38 h 15,77 10.749,43
IH3040 servente 272,69 h 5,15 3.512,24
IM0001 cimento 7.464,88 kg 4,60 3.135,25
IM0713 areia 27,27 m3 2,80 1.908,83
13.2 Cerâmica 681,72 m2 66,94 45.634,64
IH3036 pedreiro 1.022,59 h 29,57 20.155,19
IH3040 servente 1.022,59 h 19,32 13.170,92
IM0029 rejunte para ceramica 272,69 kg 0,52 354,50
IM0032 argamassa colante ACII 4.090,35 kg 3,36 2.290,59
IM5006 ceramica para piso 715,81 m2 14,18 9.663,44
14 Esquadrias de madeira 1,00 - 19.550,00 19.550,00
14.1 Porta 60x210 cm 14,00 un 250,00 3.500,00
14.2 Porta 70x210 cm 28,00 un 280,00 7.840,00
14.3 Porta 80x210 cm 24,00 un 300,00 7.200,00
14.4 Porta 108x210 cm 2,00 un 350,00 700,00
14.5 Porta 90x210 cm 1,00 un 310,00 310,00

3/6
171
Project Name: BIM5D_CD_CI
Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
15 Esquadrias em alumínio com vidro 1,00 - 49.843,02 49.843,02
15.1 Janela 40x40 cm 8,00 un 72,80 582,40
15.2 Janela 59x57 cm 14,00 un 151,67 2.123,38
15.3 Janela 79x77 cm 2,00 un 273,74 547,48
15.4 Janela 99x117 cm 8,00 un 524,71 4.197,68
15.5 Janela 99x197 cm 8,00 un 885,47 7.083,76
15.6 Janela 119x117 cm 46,00 un 629,32 28.948,72
15.7 Janela 149x117 cm 8,00 un 794,95 6.359,60
16 Forros 1,00 - 794,35 794,35
16.1 Forro de PVC 39,72 m2 20,00 794,35
17 Instalações 1,00 - 69.500,00 69.500,00
17.1 Instalações Elétricas 1,00 vb 24.000,00 24.000,00
17.2 Instalações SPDA 1,00 vb 4.500,00 4.500,00
17.3 Instalações Hidrossanitárias 1,00 vb 22.000,00 22.000,00
17.4 Instalações de gás 1,00 vb 4.000,00 4.000,00
17.5 Instalações de Prvenção e Combate à Incêndio 1,00 vb 15.000,00 15.000,00
18 Pintura 1,00 - 59.622,69 59.622,69
18.1 Pintura látex sem massa 641,42 m2 15,02 9.633,13
IH3037 pintor 224,50 h 6,90 4.424,82
IH3040 servente 160,35 h 3,22 2.065,37
IM5513 lixa para pintura 160,35 un 0,30 192,43
IM5533 selador 128,28 l 1,10 705,56
IM5556 tinta PVA látex 224,50 l 3,50 2.244,96
18.2 Pintura látex com massa 1.578,28 m2 24,34 38.410,65
IH3037 pintor 946,97 h 11,83 18.664,76
IH3040 servente 473,48 h 3,86 6.098,48
IM5513 lixa para pintura 631,31 un 0,48 757,58
IM5533 selador 315,66 l 1,10 1.736,11
IM5556 tinta PVA látex 473,48 l 3,00 4.734,85
IM5577 massa corrida 1.104,80 l 4,07 6.418,87
18.3 Textura (fachada) 681,11 m2 17,00 11.578,91
19 Telhados e Coberturas 1,00 - 6.971,32 6.971,32
Telhado em telha de fibrocimento com
19.1 174,28 m2 40,00 6.971,32
estrutura metálica
20 Serviços Finais 1,00 - 2.800,00 2.800,00
20.1 Limpeza Final de Obra 1,00 vb 2.800,00 2.800,00
01 Projetos, Estudos Iniciais e Documentos Finais 1,00 - 21.000,00 21.000,00
IS1083 Projetos Diversos 1,00 vb 15.000,00 15.000,00
Manual de uso manutenção e operação do
IS1082 1,00 vb 4.000,00 4.000,00
imóvel
IS1087 As Built 1,00 vb 2.000,00 2.000,00
Consultorias, Controles Tecnológicos e
02 Programas
1,00 - 4.953,76 4.953,76
IS1094 Controle Tecnológico de concreto 73,37 m3 13,00 953,76
Programas (PCMAT, PCMSO, etc) e treinamento
IS1124 8,00 mes 500,00 4.000,00
de funcionários
03 Manutenção do Canteiro 1,00 - 18.420,00 18.420,00

4/6
172
Project Name: BIM5D_CD_CI
Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
IN0029 Consumo mensal de água e esgoto 8,00 mes 300,00 2.400,00
IN0030 Consumo mensal de energia elétrica 8,00 mes 500,00 4.000,00
IN0057 Impressos, plotagens e materiais de escritório 8,00 mes 80,00 640,00
IN0088 Materiais de limpeza 8,00 mes 80,00 640,00
IN0042 Fretes 8,00 mes 600,00 4.800,00
IN0137 Itens de segurança do canteiro de obras 1,00 vb 2.500,00 2.500,00
Sinalização e comunicação visual no canterio
IN0136 1,00 vb 800,00 800,00
de obras
IE0031 Caçambas 12,00 un 220,00 2.640,00
04 Canteiro de Obras 1,00 - 12.787,58 12.787,58
Montagem, mobilização/desmobilização de
IN0141 1,00 vb 8.000,00 8.000,00
canteiro de obra
IN0081 Manutenção do canteiro 8,00 mes 200,00 1.600,00
Instalações provisórias de água, esgoto e
IN0123 1,00 vb 2.500,00 2.500,00
energia
CS5006 Placa de Obra 2,00 - 343,79 687,58
IH3018 carpinteiro 2,00 hr 19,71 39,42
IH3040 servente 2,00 hr 12,88 25,76
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 6,00 m 3,40 20,40
IM3193 prego 18x30 0,40 kg 5,00 2,00
IN0069 placa de obra 2,00 un 300,00 600,00
05 Pessoal Indireto 1,00 - 79.447,61 79.447,61
Mestre de obra (rateado por 6 torres e área
IH0039 8,00 mes 1.316,75 10.534,00
externa)
Engenheiro (rateado por 6 torres e área
IS0152 8,00 mes 1.448,00 11.584,00
externa)
Almoxarife/Chefe de escritório (rateado por 6
IH0002 8,00 mes 753,18 6.025,44
torres e área externa)
Vigia noturno (2 funcionários) (rateado por 6
IH0046 16,00 mes 452,96 7.247,36
torres e área externa)
Porteiro (2 funcionários) (rateado por 6 torres e
IH0041 16,00 mes 376,22 6.019,52
área externa)
Operador de betoneira (rateado por 6 torres e
IH0047 5,00 mes 555,67 2.778,35
área externa)
IH3050 Operador de guincho de coluna 4,00 mes 3.889,68 15.558,72
5.8 Equipe de Apoio 1,00 - 19.700,22 19.700,22
IH3047 Servente (serviços gerais) 1.529,52 hr 12,88 19.700,22
06 Equipamentos 1,00 - 35.985,49 35.985,49
IE0017 Betoneira (rateado por 6 torres e área externa) 5,00 mes 30,00 150,00
IE0171 Policorte (rateado por 6 torres e área externa) 5,00 mes 18,00 90,00
Conjunto vibrador (rateado por 6 torres e área
IE0071 10,00 mes 22,00 220,00
externa)
Serra Circular de bancada (rateado por 6 torres
IE0155 5,00 mes 23,00 115,00
e área externa)
IM0714 Disco para serra circular 1,00 un 300,00 300,00
IE0157 Serra mármore 8,00 mes 35,00 280,00
IM0715 Disco para serra mármore 4,00 un 25,00 100,00
IE0058 Compactador de solo CM30 1,00 mes 280,00 280,00
IE0118 Martelete 1,00 mes 200,00 200,00

5/6
173
Project Name: BIM5D_CD_CI
Code Description Quantity Unit Unit Cost Total Price
IE0091 Furadeira 4,00 mes 300,00 300,00
IE0099 Guincho de coluna 4,00 mes 880,00 880,00
6.12 Andaime Fachadeiro 1,00 - 15.021,10 15.021,10
IS0143 Montagem/Desmontagem de andaime 1.746,90 m2 4,00 6.987,60
CZ0002 Assoalho para andaime 1,00 - 2.181,38 2.181,38
IH3036 pedreiro 10,92 hr 19,71 215,19
IH3040 servente 21,84 hr 12,88 281,25
IM2005 Chapa madeira resinada 14 mm 109,18 m2 14,40 1.572,19
IM2017 tábua de pinus espessura 2 cm 1,81 m2 14,50 26,28
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 14,19 m 3,40 48,26
IM3052 prego 7,64 kg 5,00 38,21
IE0007 Locação de andaime fachadeiro 873,45 mes.m2 5,50 4.803,98
IM0725 Tela 873,45 m2 1,20 1.048,14
6.13 Bandeja de segurança primária 1,00 - 18.049,39 18.049,39
Assoalho para bandeja de segurança primária,
CS3019 1,00 - 17.841,39 17.841,39
com pintura
IM3054 prego 18x27 59,48 kg 5,00 297,38
IM2018 Tábua de madeira de lei 2 cm 158,60 m2 21,00 3.330,60
CD1007 Pintura látex sem massa 261,69 - 15,02 3.930,19
IM3233 Chumbador 79,30 un 5,00 396,50
IH3018 carpinteiro 198,25 hr 19,71 3.907,51
IH3040 servente 198,25 hr 12,88 2.553,46
IM2005 Chapa madeira resinada 14 mm 237,90 m2 14,40 3.425,76
IE0200 Locação de bandeja metálica primária 32,00 un.mes 6,50 208,00

Total Project Cost: 836.503,30

6/6
174

APÊNDICE C – Relatório de variação de custo


Linha de Base Original Solução Alternativa de Variação
Código Descrição
Quant. Unid. Preço Quant. Unid. Preço Quant. Unid. Preço
Projetos, Estudos Iniciais e
1 1,00 - 21.000,00 1- 21.000,00 -
Documentos Finais
Consultorias, Controles
2 1,00 - 4.954,00 1- 4.655,00 - -299,00
Tecnológicos e Programas
IS1094 Controle Tecnológico de concreto 73,00 m3 954,00 50 m3 655,00 -23,00 m3 -299,00
Programas (PCMAT, PCMSO, etc) e
IS1124 8,00 mes 4.000,00 8 mes 4.000,00 mes
treinamento de funcionários
3 Manutenção do Canteiro 1,00 - 18.420,00 1- 18.420,00 -
4 Canteiro de Obras 1,00 - 12.788,00 1- 12.788,00 -
5 Pessoal Indireto 1,00 - 79.448,00 1- 79.448,00 -
6 Equipamentos 1,00 - 35.985,00 1- 35.985,00 -
7 Serviços preliminares 1,00 - 1.146,00 1- 1.146,00 -
8 Estrutura em concreto armado 1,00 - 159.788,00 1- 119.304,00 - -40.484,00
8.1 Laje de piso sobre terreno 196,00 m2 10.145,00 196 m2 10.145,00 m2
Forma para lajes, inclusive
8.2 751,00 m2 77.681,00 560 m2 57.863,00 -192,00 m2 -19.818,00
escoramento (utilização 4x)
Escoramento em eucalipto
CE1147 751,00 m3 19.400,00 560 m3 14.451,00 -192,00 m3 -4.949,00
(utilização 4x)
IH3018 carpinteiro 1.690,00 h 33.318,00 1.259 h 24.818,00 -431,00 h -8.500,00
IH3040 servente 751,00 h 9.677,00 560 h 7.208,00 -192,00 h -2.469,00
IM2011 chapa mad. comp. plast. 14 mm 263,00 m2 5.869,00 196 m2 4.372,00 -67,00 m2 -1.497,00
IM2017 tábua de pinus espessura 2 cm 263,00 m2 3.813,00 196 m2 2.840,00 -67,00 m2 -973,00
IM2021 pontalete de pinus 8x8 cm 1.427,00 m 4.853,00 1.063 m 3.615,00 -364,00 m -1.238,00
IM3054 prego 18x27 150,00 kg 751,00 112 kg 560,00 -38,00 kg -192,00
Concreto 30 MPa usinado e
8.3 73,00 m3 25.291,00 50 m3 17.362,00 -23,00 m3 -7.929,00
bombeado
IH3036 pedreiro 73,00 h 1.446,00 50 h 993,00 -23,00 h -453,00
IH3040 servente 147,00 h 1.890,00 101 h 1.297,00 -46,00 h -592,00
concreto 30 MPa usinado e
IM0612 77,00 m3 19.259,00 53 m3 13.221,00 -24,00 m3 -6.038,00
bombeado
IS7035 taxa de bomba de concreto 77,00 m3 2.696,00 53 m3 1.851,00 -24,00 m3 -845,00
8.4 Armação aço CA-50/60 6.603,00 kg 40.628,00 4.533 kg 27.891,00 -2.070,00 kg -12.737,00
IH3012 armador 660,00 h 13.014,00 453 h 8.934,00 -207,00 h -4.080,00
IH3040 servente 660,00 h 8.505,00 453 h 5.838,00 -207,00 h -2.666,00
IM3003 aco CA 50/60 7.263,00 kg 18.158,00 4.986 kg 12.466,00 -2.277,00 kg -5.693,00
IM3020 arame PG-7 198,00 kg 951,00 136 kg 653,00 -62,00 kg -298,00
8.5 Escadas pré-fabricadas de concreto 21,00 m2 6.043,00 21 m2 6.043,00 m2
9 Vedações e Alvenaria Estrutural 1,00 - 80.198,00 1- 80.198,00 -
10 Revestimento Interno de paredes 1,00 - 101.844,00 1- 101.844,00 -
11 Revestimento Externo de Paredes 1,00 - 28.730,00 1- 28.730,00 -
12 Revestimento Interno de Teto 1,00 - 18.181,00 1- 13.685,00 - -4.496,00
12.1 Gesso liso 641,00 m2 18.181,00 483 m2 13.685,00 -159,00 m2 -4.496,00
IH3023 gesseiro 706,00 h 13.907,00 531 h 10.468,00 -174,00 h -3.439,00
IH3040 servente 192,00 h 2.478,00 145 h 1.866,00 -48,00 h -613,00
IM0072 gesso 5.131,00 kg 1.796,00 3.863 kg 1.352,00 -1.269,00 kg -444,00
13 Piso 1,00 - 64.940,00 1- 62.934,00 - -2.006,00
13.1 Contra-piso 682,00 m2 19.306,00 661 m2 18.709,00 -21,00 m2 -596,00
IH3036 pedreiro 545,00 h 10.749,00 529 h 10.417,00 -17,00 h -332,00
IH3040 servente 273,00 h 3.512,00 264 h 3.404,00 -8,00 h -108,00
IM0001 cimento 7.465,00 kg 3.135,00 7.234 kg 3.038,00 -231,00 kg -97,00
IM0713 areia 27,00 m3 1.909,00 26 m3 1.850,00 -1,00 m3 -59,00
13.2 Cerâmica 682,00 m2 45.635,00 661 m2 44.225,00 -21,00 m2 -1.410,00
IH3036 pedreiro 1.023,00 h 20.155,00 991 h 19.533,00 -32,00 h -623,00
IH3040 servente 1.023,00 h 13.171,00 991 h 12.764,00 -32,00 h -407,00
IM0029 rejunte para ceramica 273,00 kg 354,00 264 kg 344,00 -8,00 kg -11,00
IM0032 argamassa colante ACII 4.090,00 kg 2.291,00 3.964 kg 2.220,00 -126,00 kg -71,00
IM5006 ceramica para piso 716,00 m2 9.663,00 694 m2 9.365,00 -22,00 m2 -299,00
14 Esquadrias de madeira 1,00 - 19.550,00 1- 19.550,00 -
15 Esquadrias em alumínio com vidro 1,00 - 49.843,00 1- 49.843,00 -
16 Forros 1,00 - 794,00 1- 602,00 - -192,00
16.1 Forro de PVC 40,00 m2 794,00 30 m2 602,00 -10,00 m2 -192,00
17 Instalações 1,00 - 69.500,00 1- 69.500,00 -
18 Pintura 1,00 - 59.623,00 1- 57.241,00 - -2.382,00
18.1 Pintura látex sem massa 641,00 m2 9.633,00 483 m2 7.251,00 -159,00 m2 -2.382,00
IH3037 pintor 224,00 h 4.425,00 169 h 3.331,00 -56,00 h -1.094,00
IH3040 servente 160,00 h 2.065,00 121 h 1.555,00 -40,00 h -511,00
IM5513 lixa para pintura 160,00 un 192,00 121 un 145,00 -40,00 un -48,00
IM5533 selador 128,00 l 706,00 97 l 531,00 -32,00 l -174,00
IM5556 tinta PVA látex 224,00 l 2.245,00 169 l 1.690,00 -56,00 l 0,00
18.2 Pintura látex com massa 1.578,00 m2 38.411,00 1.578 m2 38.411,00 m2
18.3 Textura (fachada) 681,00 m2 11.579,00 681 m2 11.579,00 m2
19 Telhados e Coberturas 1,00 - 6.971,00 1- 6.971,00 -
20 Serviços Finais 1,00 - 2.800,00 1- 2.800,00 -
TOTAL 836.503,00 786.644,00 -49.859,00

Fonte: Autor
175

APÊNDICE D – Planilha de orçamento completa atualizada obtida pelo


método de orçamentação tradicional
176

PLANILHA DE ORÇAMENTO - Solução Alternativa de Projeto

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)

CUSTOS INDIRETOS 21,90% 172.296,65

1 Projetos, Estudos Iniciais e Documentos Finais 2,67% 21.000,00


1.1 Projetos diversos IS1083 vb 1,00 15.000,00 15.000,00
1.2 Manual de uso, manutenção e operação do imóvel IS1082 vb 1,00 4.000,00 4.000,00
1.3 As Built IS1087 vb 1,00 2.000,00 2.000,00

2 Consultorias, Controles Tecnológicos e Programas 0,59% 4.654,81


2.1 Controle Tecnológico de Concreto IS1094 m3 50,37 13,00 654,81
PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente do
Trabalho), PCMSO (Programa de Condições Médico e Saúde
2.2 IS1124 mes 8,00 500,00 4.000,00
Ocupacional), outros programas e planos e treinamento de
funcionários.

3 Manutenção do Canteiro 2,34% 18.420,00


3.1 Consumo mensal de água e esgoto IN0029 mes 8,00 300,00 2.400,00
3.2 Consumo mensal de energia IN0030 mes 8,00 500,00 4.000,00
3.3 Impressos, plotagens e materiais de escritório IN0057 mes 8,00 80,00 640,00
3.4 Material de limpeza IN0088 mes 8,00 80,00 640,00
3.5 Carretos, fretes, combustíveis e lubrificantes. IN0042 mes 8,00 600,00 4.800,00
Itens de segurança do canteiro de obras (guarda-corpos
3.6 IN0137 vb 1,00 2.500,00 2.500,00
provisórios, escadas, proteção periférica, etc)
3.7 Sinalização e comunicação visual no canteiro de obras IN0136 vb 1,00 800,00 800,00
3.8 Caçambas IE0031 #N/D 12,00 220,00 2.640,00

4 Instalações do Canteiro de Obras 1,63% 12.787,58


4.1 Montagem, mobilização/desmobilização de canteiro de obra IN0141 vb 1,00 8.000,00 8.000,00
4.2 Manutenção do canteiro IN0081 mes 8,00 200,00 1.600,00
4.3 Instalações provisórias de água, esgoto e energia IN0123 vb 1,00 2.500,00 2.500,00
4.4 Placas de obra CS5006 m2 2,00 343,79 687,58

5 Pessoal Condutivo/Administrativo 10,10% 79.447,61


5.1 Mestre de Obras (1/7 salário) IH0039 mes 8,00 1.316,75 10.534,00
5.2 Engenheiro (1/7 salário) IS0152 mes 8,00 1.448,00 11.584,00
5.3 Almoxarife / Chefe de Escritório (1/7 salário) IH0002 mes 8,00 753,18 6.025,44
5.4 Vigias noturno (2 funcionários) (1/7 salário) IH0046 mes 16,00 452,96 7.247,36
5.5 Porteiros diurno (2 funcionários) (1/7 salário) IH0041 mes 16,00 376,22 6.019,52
5.6 Operador de betoneira (1/7 salário) IH0047 mes 5,00 555,67 2.778,35
5.7 Operador de guincho de coluna IH3050 mes 4,00 3.889,68 15.558,72
5.8 Equipe de Apoio
5.8.1 Servente (serviços gerais) IH3047 h 1.529,52 12,88 19.700,22

6 Equipamentos 4,57% 35.986,65


6.1 Betoneira 320L (1/7 salário) IE0017 mes 5,00 30,00 150,00
6.2 Policorte (1/7 salário) IE0171 mês 5,00 18,00 90,00
6.3 Conjunto vibrador (mangote e motor) (2 unidades) (1/7 salário) IE0071 mes 10,00 22,00 220,00
6.4 Serra Circular de bancada (1/7 salário) IE0155 mês 5,00 23,00 115,00
6.5 Disco para serra circular IM0714 un 1,00 300,00 300,00
6.6 Serra Mármore manual IE0157 mes 8,00 35,00 280,00
6.7 Disco para serra mármore IM0715 un 4,00 25,00 100,00
6.8 Compactador de solo - Tipo sapo IE0058 mes 1,00 280,00 280,00
6.9 Martelete IE0118 mes 1,00 200,00 200,00
6.10 Furadeira IE0091 mes 4,00 75,00 300,00
6.11 Guincho de Coluna IE0099 mes 4,00 220,00 880,00
6.12 Andaime Fachadeiro 15.021,15
6.12.1 Montagem /Desmontagem de andaime IS0143 m2 1.746,90 4,00 6.987,60
6.12.2 Assoalho para andaime CZ0002 m2 109,18 19,98 2.181,44
6.12.3 Locação de andaime fachadeiro IE0007 m2.mes 873,45 5,50 4.803,97
6.12.4 Tela IM0725 m2 873,45 1,20 1.048,14
6.13 Bandejas de segurança 18.050,50
Assoalho para bandeja de segurança primária 2,5 + 0,80 m, com
6.13.1 CS3019 m 79,30 225,00 17.842,50
pintura
6.13.2 Locação de bandeja metálica primária IE0200 un.mes 32,00 6,50 208,00

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PLANILHA DE ORÇAMENTO - Solução Alternativa de Projeto

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)
CUSTOS DIRETOS 78,10% 614.404,80

7 Servicos Iniciais 0,15% 1.146,39


7.1 Locação da obra CS5005 m2 195,63 5,86 1.146,39

8 Estrutura em concreto armado 15,16% 119.299,22


Laje de piso sobre terreno em concreto armado h=8 cm com
8.1 CE6008 m2 195,63 51,87 10.147,33
tela soldada malha 10x15 cm diâmetro do aço de 5 mm
Forma para estrutura em madeira plastificada 14 mm
8.2 CE1007 m2 559,62 103,41 57.870,30
(utilização 4x), inclusive com escoramento
8.3 Concreto Estrutural usinado e bombeado 30 Mpa CE3010 m3 50,37 344,72 17.363,55
8.4 Armacao aco CA-50/60 CE2001 kg 4.533,30 6,15 27.879,80
8.5 Escada em concreto armado moldada "in loco" CE2001 m2 20,74 291,14 6.038,24

9 Vedações e Alvenaria estrutural 10,20% 80.216,33


Alvenaria estrutural em bloco de concreto de 14 cm, com
9.1 CA2005 m2 1.476,13 52,73 77.836,33
argamassa de assentamento industrializada
9.2 Drywall IS5502 m2 29,75 80,00 2.380,00

10 Revestimento Interno de Paredes 12,95% 101.842,06


10.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 2 cm CR3063 m2 560,98 34,72 19.477,23
10.2 Gesso liso CR3038 m2 1.570,40 28,34 44.505,14
Cerâmica Incefra 32x56 cm (0,20 cm) até h=1,08 m, inclusive
10.3 CR3027 m2 553,10 68,45 37.859,70
rejunte

11 Revestimento Externo de Paredes 3,65% 28.729,22


11.1 Reboco/Emboço, com argamassa industrializada - 3 cm CR3064 m2 681,11 42,18 28.729,22

12 Revestimento Interno de Tetos 1,74% 13.695,59


12.1 Gesso liso CR3038 m2 483,26 28,34 13.695,59

13 Piso 8,02% 63.055,40


13.1 Contra-piso CR5003 m2 661,86 28,32 18.743,88
13.2 Cerâmica, inclusive rejunte CR5031 m2 661,86 66,95 44.311,53

14 Esquadrias de Madeira 2,49% 19.550,00


14.1 Porta de madeira - P01 - 60x210cm IS5720 un 14,00 250,00 3.500,00
14.2 Porta de madeira - P02 - 70x210cm IS5721 un 28,00 280,00 7.840,00
14.3 Porta de madeira - P03 - 80x210cm IS5722 un 24,00 300,00 7.200,00
14.4 Porta de madeira - P04 - 108x210cm IS5715 un 2,00 350,00 700,00
14.5 Porta de madeira - P05 - 90x210cm IS5894 un 1,00 310,00 310,00

Esquadrias de alumínio branco com vidro verde


15 6,34% 49.843,02
temperado
15.1 Janela de alumínio com vidro - J01 - 40x40cm IS9009 un 8,00 72,80 582,40
15.2 Janela de alumínio com vidro - J02 - 59x57cm IS9003 un 14,00 151,67 2.123,38
15.3 Janela de alumínio com vidro - J03 - 79x77cm IS9002 un 2,00 273,74 547,48
15.4 Janela de alumínio com vidro - J04 - 99x117cm IS9006 un 8,00 524,71 4.197,68
15.5 Janela de alumínio com vidro - J05 - 99x197cm IS9008 un 8,00 885,47 7.083,76
15.6 Janela de alumínio com vidro - J06 - 119x117cm IS9004 un 46,00 629,32 28.948,72
15.7 Janela de alumínio com vidro - J07 - 149x117cm IS9020 un 8,00 794,95 6.359,60

16 Forros 0,08% 602,40


16.1 Forro de PVC IS5014 m2 30,12 20,00 602,40

17 Instalações 8,83% 69.500,00


17.1 Instalacoes Elétricas IS6001 vb 1,00 24.000,00 24.000,00
Instalacoes de SPDA (Sistema de Proteção Descarga
17.2 IS6016 vb 1,00 4.500,00 4.500,00
Atmosférica)
17.3 Instalacoes Hidrosanitárias IS6002 vb 1,00 22.000,00 22.000,00
17.4 Instalações de gás IS6078 vb 1,00 4.000,00 4.000,00
17.5 Instalações de Prevenção e Combate a Incêndio IS6003 vb 1,00 15.000,00 15.000,00

18 Pintura 7,28% 57.252,77


Pintura látex sem massa. Subempreitado material e mão de
18.1 CD1007 m2 483,26 15,02 7.258,57
obra.
Pintura látex com massa. Subempreitado material e mão de
18.2 CD1004 m2 1.578,28 24,34 38.415,34
obra.
18.3 Textura (fachada) IS5493 m2 681,11 17,00 11.578,87

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PLANILHA DE ORÇAMENTO - Solução Alternativa de Projeto

Cliente: Rodrigo Rabelo Bagno


Obra: Edifício Residencial Projeto de Pesquisa de Mestrado março-16
PREÇO UNIT.
ITEM DESCRIÇÃO COMP. UNID. QUANT. PREÇO TOTAL (R$)
(R$)
19 Telhados e Coberturas 0,87% 6.872,40
Telhado em telha de fibrocimento com estrutura de
19.1 IS7706 m2 171,81 40,00 6.872,40
sustentação metálica

20 Serviços Finais 0,36% 2.800,00


20.1 Limpeza Final da Obra geral IS7051 vb 1,00 2.800,00 2.800,00

TOTAL 786.701,45

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ANEXO A – Mapa de processos de gerenciamento de projeto

Fonte: Vargas (2017)


180

ANEXO B – Critérios para fornecimento dos quantitativos dos elementos


paredes segundo VICO (2014).
181
182
183
184

Fonte: VICO (2014)

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