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Macroscopia e Microscopia
de Minerais de Minério
Este Guia tem como objetivo permitir um trabalho mais ágil na análise de minerais de minério em
seções polidas ao Microscópio de Luz Refletida, concentrando todas informações atualizadas a respeito dos
principais minerais de minério em um texto único com uma formatação padrão para todos os minerais.
A bibliografia a respeito deste tópico é escassa, geralmente desatualizada, em língua estrangeira e
dispersa em várias publicações e sites diferentes. Torna difícil o acesso rápido e direto às características
dos minerais ao microscópio para reconhece-los na seção polida. A seleção dos minerais aqui abordados
buscou trazer os mais comuns e os minerais que a eles se associam, somando mais de 150 minerais ou
minérios diferentes. Não são aqui abordadas as estruturas dos minerais, a química em detalhe,
difratogramas de Raios X e outras informações, que devem ser buscadas à parte. Imagens macroscópicas
dos minerais estão disponíveis em abundância na internet. Todas as características ao microscópio
referem-se a observações ao ar; não se trabalha as características em imersão em óleo.
As características que minerais formadores de rocha apresentam ao Microscópio de Luz
Transmitida devem ser procuradas no Guia correspondente, disponível no mesmo link indicado abaixo.
Videos de quase todos os minerais estão disponíveis no YouTube, no canal “Heinrich Frank”.
O Guia não é uma versão definitiva e vem sendo aperfeiçoado progressivamente. Verifique a última
versão em www.ufrgs.br/museumin/YouTube.pdf. Um complemento a este Guia é um Guia de Identificação
do tipo passo-a-passo, também disponível para download no mesmo link.
Erros e enganos são inerentes à Mineralogia e, apesar de todos os cuidados, o Guia os deve
conter. Portanto, correções e observações são bem vindas pelo email heinrich.frank@ufrgs.br.
Para a elaboração deste Guia foram usadas lâminas confeccionadas com verba pública,
equipamentos adquiridos com verba pública; o salário do autor também provém de verba pública. Portanto,
o Guia pode ser usado sem restrições para usos não-comerciais, não sendo necessário informar a fonte.
Sobre o autor: Heinrich Theodor Frank é geólogo, professor de Mineralogia no Departamento de
Mineralogia e Petrologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
Facebook: Heinrich Theodor Frank.
Versão de julho de 2018.
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Acanthita - Ag2S
Macroscopia:
Acanthita e argentita são polimorfos. Sulfeto de prata pode se formar a mais de 177ºC (literatura
diverge: 173ºC, 179ºC, 180ºC) com estrutura cúbica ou abaixo desta temperatura com estrutura
monoclínica. O mineral com estrutura cúbica chama-se argentita, não tem seu nome aprovado pela IMA e
não existe a temperatura ambiente. O mineral com estrutura monoclínica é a acanthita. Se o mineral
formou-se a altas temperaturas, exibe formas cúbicas (cubos e octaedros com até 8 cm de tamanho,
distorcidos devido à transformação do retículo de cúbico para monoclínico), mas possui estrutura
monoclínica e é um pseudomorfo. Se o mineral formou-se a baixas temperaturas (T<177ºC), exibe cristais
monoclínicos prismáticos longos, com até 2,5 cm de comprimento.
A acanthita, o mais importante minério de prata (além de galena argentífera), é um mineral de veios
hidrotermais de moderadamente baixa temperatura, contendo sulfetos. Também ocorre em ambientes de
enriquecimento secundário, nas zonas de oxidação e de cimentação. É um mineral comum em minérios de
prata. Associa-se a stephanita, esfalerita, calcopirita, prata nativa, argyrodita, quartzo, pirargirita, proustita,
polibasita, galena, calcopirita, calcita, barita, bornita, ouro e aguilarita.
Pode ser confundida, macroscopicamente, com muitos minerais pretos de brilho metálico a
submetálico, especialmente quando maciça ou em grãos pequenos intercrescidos com outros minerais.
Nic. // : cor de reflexão cinza a cinza-esverdeada. Se comparada a galena ou prata nativa, possui
nitidamente uma suave tonalidade azul-verde. Refletividade de 29.59%. Não possui birreflectância. Seu
pleocroísmo apenas é visível com imersão em óleo, em seções favoráveis, apenas no contraste em limites
intergranulares e lamelas, mas fica mais nítido em seções que repousaram alguns dias, devido à incipiente
corrosão ao ar.
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Nic. + : fraca anisotropia, apenas visível em seções com bom polimento, sem sulcos nem filmes superficiais.
Seções com muitos sulcos são inúteis devido às despolarizações ao longo dos sulcos. Pode mostrar a
estrutura lamelar da Acanthita-beta, bem como grande número de sulcos de polimento que não são visíveis
a Nicóis Paralelos. Não possui reflexões internas.
Forma dos grãos: agregados granulares poligonais ou intercrescidos (“toothed”); cristais isolados
podem mostrar desenvolvimento de (111) e (100). Pode formar coberturas de grãos muito pequenos ou
massas friáveis esponjosas. O tamanho de grão varia de cristais centimétricos até grãos submicroscópicos
de algumas massas chamadas de “Silberschwärze” (= preto de prata).
Corrosão ao ar devido ao aquecimento da lâmpada do microscópio é tão rápida que perturba a
análise, mas pode ressaltar estruturas que de outra forma não são visíveis. Além disso, a corrosão ao ar
serve como característica muito diagnóstica, pois ocorre com apenas poucos minerais.
Clivagem pode ser observada às vezes em cristais especialmente grandes, mas geralmente é
pouco perceptível devido à maleabilidade do mineral.
Maclas polissintéticas são comuns, formando lamelas de textura grosseira (“acanthita lamelar”).
Essas lamelas são lamelas de transformação de argentita para acanthita, mostrando que sua formação
ocorreu acima de 177ºC. Grãos sem maclas ocorrem, mostrando sua formação abaixo dessa temperatura.
Devido à dificuldade de produzir um ataque químico na acanthita e devido à fraca anisotropia as maclas
podem ser de visualização difícil.
Zonação pode ocorrer, sendo visível em graus distintos de nitidez devido ao ataque por luz
(“corrosão ao ar”).
Deformações por translação são freqüentes devido à maleabilidade da acanthita.
Desmisturas são muito raras na acanthita, mas acanthita às vezes ocorre como desmistura na
galena.
Substituições: a gênese da acanthita sugere condições favoráveis de ocorrer como fase invasora.
Pode substituir alguns sulfetos e arsenietos, pode ocorrer em ocorrências de Co-Ni-Ag e pode substituir, de
forma ascendente, galena, esfalerita e calcopirita. Freqüentes e economicamente importantes foram as
substituições das zonas de oxidação e da zona de cimentação, onde a acanthita se forma a partir de
minérios de teores mais baixos de prata, depositando-se sobre os restos desses. Deposições rítmicas foram
observadas em minérios da zona de oxidação e da zona de cimentação, como massas concêntricas de
cerussita e outros minerais de chumbo de zonas de oxidação.
Intercrescimentos mirmequíticos são bem freqüentes, mesmo ali onde a gênese da acanthita
certamente foi cementativa. Freqüentes são tais intercrescimentos com polibasita, freibergita e
proustita/pirargirita. Em alguns casos os intercrescimentos de acanthita e pirargirita lembram as lamelas do
tipo folha-de-oleandro (espirradeira) da dyscrasita.
Desintegração de acanthita ocorre com temperaturas mais elevadas e baixa pressão de enxofre,
produzindo cachinhos ou ganchos de prata nativa, que frequentemente se sobressaem de um resto de
acanthita ainda não desintegrado.
Confusões possíveis: a jalpaita é muito semelhante em grãos pequenos, mas é mais dura e tem tons
rosados. Stromeyerita não é atacada pela luz. Polibasita possui reflexões internas.
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Aeschynitas – óxidos com ETRs
Macroscopia:
As aeschynitas são um grupo de óxidos contendo Elementos de Terras Raras (ETRs), sendo o
membro do grupo mais comum aquele que contêm o Yttrio. O Grupo das Aeschynitas é composto por
Aeschynita-(Ce) - (Ce,Ca,Fe)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Nioboaeschynita-(Ce) - (Ce,Ca)(Nb,Ti)2(O,OH)6, Aeschynita-
(Y) - (Y,Ca,Fe,Th)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Tantalaeschynita-(Y) - (Y,Ce,Ca)(Ta,Ti,Nb)2O6, Aeschynita-(Nd) -
(Nd,Ce)(Ti,Nb)2(O,OH)6, Nioboaeschynita-(Nd) - (Nd,Ce)(Nb,Ti)2(O,OH)6 e Nioboaeschynita-(Y) -
[(Y,REE),Ca,Th,Fe](Nb,Ti,Ta)2(O,OH)6 .
As aeschynitas ocorrem em pegmatitos graníticos ricos em ETRs. Associam-se a quartzo,
feldspatos, zircão, columbita, xenotima, monazita e tantalita, bem como outros minerais de ETRs. Podem
ocorrer em carbonatitos dolomíticos com ankerita e como mineral detrital em placers.
A aeschynita, quando maciça, é indistinguível do rutilo. Pode se apresentar em cristais bem
formados. Seu brilho nas faces cristalinas é submetálico a perláceo, em superfícies de fraturas é resinoso a
gorduroso. Nomes desacreditados para aeschynita-(Y) são blomstrandina e priorita. Cristais alterados
frequentemente estão cobertos por uma crosta terrosa de limonita.
Microscopia de Luz Refletida: nenhum Banco de Dados de Luz Refletida aborda as aeschynitas.
Nic. // : cor de reflexão cinza-branco, pode apresentar um tom esverdeado. Lembra bastante a esfalerita.
Refletividade de 21.91%. Não apresenta pleocroísmo nem birreflectância.
Nic. + : isótropa, completamente escura. Com alguma atenção, com imersão em óleo, podem ser
observadas reflexões internas em verde profundo. Se oxidada, reflexões internas em marrom.
Forma dos grãos: geralmente a alabandita apresenta grãos grosseiros, anédricos. Em crostas os
grãos são euédricos, posteriormente recobertos por outros minerais. Os grãos são pouco dentados.
Clivagem só é visível em seções polidas de baixa qualidade.
Maclas lamelares finas, muito semelhantes àquelas da esfalerita, são frequentemente visíveis já
devido ao relevo gerado pelo polimento.
Zonação ocorre em alguns casos, quando grãos pequenos ostentam inclusões idiomórficas de
pirrotita, dispostas paralelamente a (111). Grãos maiores apresentam estas inclusões (geradas por
desmistura) em uma zona marginal. Após ataque químico geralmente se constata zonação.
Inclusões muito pequenas (“poeira”) de calcopirita e pirita podem ocorrer.
Substituições são comuns, porque a alalbandita é atacada tanto por soluções descendentes como
por soluções ascendentes. Nas fraturas e clivagens penetram com frequencia pirita e marcassita, podendo
substituir porções apreciáveis da alabandita. Pirolusita pode se formar, raramente, nas fraturas.
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Confusões possíveis: muito semelhante à esfalerita, que possui refletividade menor e reflexões internas
de cores diferentes. Alguns outros minérios semelhantes são anisótropos e muito mais duros. As reflexões
internas em verde profundo são muito diagnósticas.
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Altaita - PbTe
Macroscopia:
A altaita é um mineral (sulfeto) relativamente raro do Grupo do Galena que constitui um minério de
menor importância de chumbo e telúrio. Associa-se a ouro nativo, prata nativa e minerais de ouro e prata
em veios hidrotermais. Ocorre com antimônio nativo, telúrio, telúrioantimônio, galena, pirita, hessita,
nagyágita, tetraedrita, sylvanita, petzita, calaverita, arsenopirita, esfalerita, calcopirita, jamesonita,
boulangerita, bournonita, aguilarita, pirrotita, siderita, cerussita, calcedônia e quartzo.
A altaita é muito similar à galena, inclusive com a clivagem cúbica perfeita. Sua determinação em
seções polidas exige experiência e métodos auxiliares. Diagnósticas são a clivagem e o alto poder de
reflexão. Devido à sua raridade, não possui importância econômica.
Nic. // : cor de reflexão branca a cinza claro com um tom verde. É mais clara e mais branca que a galena;
na comparação direta a galena aparenta ser rosa-marrom. Refletividade de 66,83%. Não apresenta
pleocroísmo nem birreflectância.
Nic. + : É isótropa, eventuais efeitos de anisotropia devem-se a problemas no polimento. Não possui
reflexões internas.
Forma dos grãos: os grãos normalmente são muito pequenos e anédricos, formando agregados.
Clivagem paralela a (100) frequentemente está muito nítida, semelhante àquela da galena.
Mirmequitos de altaita em outros sulfetos como krennerita e aguilarita podem ocorrer.
Intercrescimentos orientados de altaíta com galena ocorrem, o que pode ser constatado pela
continuidade da clivagem dos grãos de galena para dentro dos grãos de altaita. Cristais de mistura não
ocorrem.
Alteração para um material opaco, marrom-amarelado, fortemente anisótropo pode ocorrer. A
alteração se processa ao longo dos planos de clivagem para dentro do mineral e, em seu interior, progride
de forma orientada.
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Alunita – KAl3(SO4)2(OH)6
Macroscopia:
Inicialmente denominada de aluminilita por J.C. Delamétherie em 1797, a alunita recebeu esse
nome de François Beudant em 1824. Outro nome usado é “alumstone”. “Calafatita” é a alunita de uma
ocorrência em Benahadux (Almeria, Espanha). A alunita é minerada como fonte de alúmen (KAl(SO4)2-
12H2O), às vezes é usada como minério de Al (36,92% Al2O3) e K (11,37% K2O) e como matéria prima para
fertilizantes potássicos. A alunita é um tradicional e importante minério em certas regiões, pois ocorrências
de alunita são muito comuns; alguns depósitos são enormes. O jazimento mais famoso é nas montanhas de
Tolfa (14 km NE de Civitavecchia, Lazio, Itália), onde foi reconhecida no Século XV nas minas de Allumiere.
A alunita se forma pela ação de soluções contendo ácidos sulfúricos sobre rochas ricas em
feldspatos potássicos, um processo denominado de “alunitização”. Os ácidos sulfúricos, às vezes gerados
pela oxidação e lixiviação de sulfetos como pirita, acompanham soluções hidrotermais geralmente ricas em
certos metais. A alunita ocorre em veios e como massas de substituição em traquitos, riolitos e outras
rochas vulcânicas aluminosas e ricas em potássio, nestes casos sendo um mineral formador de rocha. Às
vezes, pequenos cristais muito brilhantes são encontrados soltos em cavidades (vesículas) de riolitos
alterados. Associa-se a caulinita, halloysita, diásporo, pirita, gipso e quartzo.
As temperaturas de formação da alunita variam de 15 a 400ºC e a cristalização de alunita
geralmente é acompanhada por caulinização e silicificação. Alunita também pode ser encontrada próxima a
fumarolas vulcânicas e associada a depósitos epitermais de quartzo-alunita-ouro. As massas brancas e
finamente granulares de alunita são extremamente semelhantes a calcários, dolomita, anidrita e magnesita.
As massas de alunita mais compactas encontradas na Hungria são tão duras que foram usadas como
pedras de moinho.
Cristais de alunita são, morfologicamente falando, romboedros, mas apresentam ângulos de 90º 50´
e se assemelham muito a cubos (são pseudocúbicos). Na realidade são uma combinação de duas
pirâmides trigonais. Podem ser encontradas nas paredes de fissuras de rochas com alunita. A alunita forma
uma série com a natroalunita (de sódio) e é um análogo de jarosita, onde o alumínio é substituído pelo ferro.
Alunita tem sido usada para datações geocronológicas pelo método K-Ar de processos intempéricos
em depósitos de minérios e em relação à sua deposição em cavernas.
Comentários finais:
A ambligonita é indistinguível da Montebrasita, o membro com mais OH que F. Um teste importante
para o reconhecimento da ambligonita é sua fusibilidade. Na Escala de von Kobell, a fusibilidade da
ambligonita é 2. Isso significa que o mineral funde sob uma vela comum, formando uma pérola branca
opaca. Este teste a diferencia do quartzo e dos feldspatos.
Além de ser possível confundir ambligonita e montebrasita com vários outros minerais maciços,
incolores a leitosos, os dois minerais em amostra de mão podem ser confundidos, pelo menos
teoricamente, com rochas maciças e brancas como mármores, calcários, carbonatitos e anortositos.
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Anatásio – TiO2
Macroscopia:
Anatásio é o mais raro dos 3 polimorfos de TiO2 (anatásio, rutilo e brookita). Ocorre como cristais
isolados pequenos e bem desenvolvidos que podem ser bipiramidais alongadas ou então tabulares (veja
imagens abaixo). Estes pequenos cristais normalmente são confundidos com esfalerita ou rutilo. Muito
frequentemente anatásio ocorre como massas criptocristalinas a colomorfas quando substitui ilmenita, como
um dos componentes do leucoxênio (associação submicroscópica de anatásio com rutilo e outros). Pode
formar cristais euédricos em areias pesadas que contem ilmenita. Também pode substituir perovskita.
Ocorre em gangas de mineralizações do tipo Alpino, como produto de alteração de minerais de Ti (ilmenita)
e como grãos detritais. Associa-se a hematita, ilmenita, magnetita, perovskita, pirocloro e rutilo.
Nic. + : anisotropia mascarada pelas generalizadas reflexões internas brancas, azuladas, amarelo-leitosas e
marrons, raramente azuladas.
Critérios para reconhecimento: dureza alta, polimento difícil, refletividade pouco menor do que a do rutilo,
sem maclas, texturas coloformes de substituição, reflexões internas amarelo-leitosas.
Confusões possíveis: o anatásio é bem mais escuro que o rutilo, não tem pleocroísmo de reflexão e a cor
é diferente. Apresenta grande semelhança com a esfalerita e confusões são inevitáveis, principalmente em
seções de bom polimento (sem relevo) e em amostras de concentrados de areias pesadas. Diagnósticas
são as reflexões internas incolores ou azuis, bem como a inexistente associação com sulfetos.
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Anglesita – PbSO4
Macroscopia:
A anglesita se forma na zona de oxidação de minérios sulfetados de chumbo, normalmente a partir
da galena (PbS). Pode ser reconhecida pela alta densidade, pelo elevado índice de refração devido ao
chumbo (“brilha mais”) e pelo teste de fusão, porque sua fusibilidade é de apenas 1,5 na Escala de von
Kobell, o que faz ela crepitar na chama da vela. É um mineral de chumbo mais raro e apenas é minerado
quando forma massas grandes. Pode conter prata e cobre. Normalmente ocorre como cristais subédricos a
anédricos em matriz. Macroscopicamente seu brilho adamantino é muito característico.
A cerussita, muito semelhante, não possui pleocroísmo e efervesce em ácido clorídrico, a anglesita
não. Phosgenita - (PbCl)2CO3 - é muito difícil de distinguir da anglesita, mas a phosgenita é rara, forma
cristais diferentes (tetragonais), é séctil e flexível, enquanto a anglesita é quebradiça. Piromorfita não possui
reflexões internas coloridas.
Associa-se a galena, cerussita, barita, limonita, smithsonita, hemimorfita (“calamina”), esfalerita,
azurita, malaquita, enxofre nativo, piromorfita e linarita. Pode formar cristais pseudomórficos a partir da
galena ou da anglesita ou conter restos de galena não-alterada em seu interior.
Nic. // : cor de reflexão cinza escura, refletividade (12 – 16%) pouco acima dos minerais da ganga. Não
apresenta pleocroísmo nem birreflectância. Clivagem é muito pouco visível.
Nic. + : reflexões internas brancas, leitosas, multicoloridas a amarronzadas. Baixa dupla refração, o que faz
com que as reflexões internas praticamente não podem ser vistas em pares. Não possui anisotropia.
Critérios para reconhecimento: associação com galena, baixa refletividade, ausência de pleocroísmo,
birreflectância e anisotropia.
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Confusões possíveis: Piromorfita é mais reflexiva. Cerussita é muito semelhante, mas possui forte
pleocroísmo de reflexão e forte anisotropia. Anglesita possui as mesmas estruturas e texturas que a
cerussita; muito freqüentes são crostas rítmicas de granulação muito fina sobre galena, frequentemente
com camadas intermediárias de galena secundária.
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Anidrita – CaSO4
Macroscopia:
Mineral transparente de cores claras, pouco comum, que é ganga em veios hidrotermais de
minérios. Também ocorre em ambientes sedimentares e pela desidratação do gipso (CaSO4.2H2O) no topo
de domos de sal. A perda de água implica em redução de volume; a reação é reversível, criando cristais
parcialmente de anidrita, parcialmente de gipso. Os cristais podem dissolver, deixando uma cavidade que
pode depois ser preenchida por quartzo, ametista ou prehnita, criando pseudomorfos. Maclas (ver tabela)
são freqüentes.
Quanto a variedades: “Chicken wire anhydrite” é formada por um mosaico de nódulos irregulares,
formados em planícies de maré nas sabkhas do Golfo Pérsico; “tripe-stone” ou “bowlstone” são massas
concrescionárias contorcidas assemelhadas a tripas; “angelita” é uma anidrita de cor azul celeste que é
usada para a produção de peças ornamentais; “volpinita” é uma variedade granular escamosa que ocorre
em Volpino, próximo a Bergamo, na Lombardia (Itália), usada para finalidades ornamentais.
Associa-se a : gipso, halita, calcita, brucita e sulfetos como galena, calcopirita, molibdenita e pirita.
Nic. // : A refletividada é muito baixa (4-7%), a cor de reflexão é cinza escuro e há forte birreflectância.
Fáceis de observar e muito característicos são os arranjos de cristais longos e finos, semiparalelos,
frequentemente formando arranjos radiais. Devido à baixa dureza, apresenta muitos sulcos de polimento.
Figuras de arranque triangulares são comuns em seções cujo polimento não é perfeito. Há muitas maclas
polissintéticas e reflexões internas multicoloridas mesmo a Nicóis Paralelos.
Nic. + : reflexões internas claras, multicoloridas a leitosas. Pode apresentar anisotropia em cores cinza
amarronzadas
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Critérios para reconhecimento: muitos sulcos de polimento, maclas freqüentes, textura de grãos longos e
finos.
Confusões possíveis: quando em cristais pequenos, pode ser confundida com vários outros minerais
transparentes de baixa refletividade.
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Ankerita – Ca(Fe2+,Mg,Mn2+,)(CO3)2
Macroscopia:
A ankerita é um carbonato com uma composição muito próxima à dolomita, mas com substituição
de magnésio por quantidades variáveis de ferro e manganês. Forma uma série com a dolomita e com a
kutnohorita; possui características cristalográficas e físicas semelhantes à dolomita e à siderita. A
complexidade da estrutura faz com que a simetria, que deveria ser equivalente àquela da calcita, seja
apenas (-3).
Ankerita ocorre com siderita em formações ferríferas (“ironstones”) de baixo grau de metamorfismo
e em formações ferríferas bandadas (BIFs). Também ocorre em carbonatitos e como produto de alteração
hidrotermal de sedimentos carbonáticos. Em sedimentos ocorre como mineral autigênico, diagenético. Pode
ocorrer em veios hidrotermais de sulfetos.
Os cristais da ankerita tipicamente possuem faces curvas, lembrando o formato de sela. Também
podem ser prismáticos a tabulares {11-20} com {0001}, ou pseudo-octaédricos com um desenvolvimento
igual de {10-11} e {0001}, também colunar, estalagtítico, granular ou maciça.
Associa-se a sulfetos como pirrotita, esfalerita e galena; a carbonatos como calcita, dolomita,
rhodocrosita e siderita; a quartzo, albita e clorita.
Nic. +: anisotropia forte como na calcita, mas praticamente não observável devido às fortes e abundantes
reflexões internas leitosas e incolores que apresenta.
Confusões possíveis: é relativamente fácil confundir a ankerita com dolomita e siderita. Muitas peças
catalogadas como “ankerita” são na realidade dolomitas com alto teor em ferro.
Confusões possíveis: É semelhante à malaquita (mas a malaquita efervesce em HCl quente e a antlerita
não), à atacamita (menos dura e menos transparente) e à brochantita (que apresenta cristais com
terminações mais arredondadas que aqueles da antlerita). Especialmente a brochantita é quase
indistinguível da antlerita. A paragênese auxilia no reconhecimento da antlerita.
Microscopia de Luz Transmitida: possui relevo alto, é pleocróico (verde amarelado – verde azulado –
verde) com birrefringência máxima de 0,063 e biaxial positivo com 2V de 53º.
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Apatitas – Ca10(PO4)6(OH,F,Cl)2
Macroscopia:
Apatita não é um mineral, mas um grupo de minerais isomórficos formado pela apatita-(CaOH),
apatita-(CaF) e apatita-(CaCl). Em amostra de mão são praticamente indistinguíveis e podem se substituir
parcialmente. Estas dificuldades de classificação originaram mais de 60 nomes atualmente desacreditados.
O membro mais comum do grupo é a Apatita-(CaF). Ocorrem em rochas ígneas (sienitos, rochas
alcalinas, carbonatitos, pegmatitos graníticos), sedimentares (fosforitas, lateritas) e metamórficas
(escarnitos, mármores, hornfels (cornubianito)), normalmente como grãos muito pequenos disseminados. A
variedade criptocristalina botrioidal chamada de colofano forma as fosforitas que contém 18–40% de PO4 e
que são um importante minério da indústria de fertilizantes. Apatitas verdes e azuis são usadas na
confecção de peças gemológicas. Apatitas com Elementos de Terras Raras (ETRs) são mineradas para a
obtenção destes elementos. É o fosfato formador de rocha mais comum. Forma ganga em veios
hidrotermais de minerais com metais.
Nic. // : possui cor de reflexão cinza escura e refletividade baixa (< 10%).
Nic. + : possui anisotropia, mascarada pelas intensas reflexões internas brancas e multicoloridas.
Critérios para reconhecimento: forma, dureza, cor e paragênese, com teste em HCl.
Confusões possíveis: macroscopicamente e com pouca prática, cristais prismáticos bem desenvolvidos
podem ser confundidos com turmalina, olivina, berilo (esmeralda) e diopsídio. Na Microscopia de Luz
Transmitida, é possível confundir com zircão, zoisita e nefelina.
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Minerais associados: diopsídio, forsterita, escapolita, flogopita, condrodita, calcita, magnetita, nefelina, e
hornblenda.
Nic. // : forma bastões curtos de pontas arredondadas ou seções hexagonais. É incolor e pode ser
confundida com nefelina e com zircão. Quando azul, apresenta pleocroísmo de fraco a forte em cores azuis,
amarelas a incolor. Relevo moderadamente positivo, clivagem basal {0001} imperfeita, extinção paralela.
Nic. + : Birrefringência baixa (0,003-0,004), cor de interferência cinza; extinção paralela, sinal de elongação
negativo nos cristais prismáticos, é uniaxial negativo.
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Aragonita – CaCO3
Macroscopia:
A aragonita é o polimorfo ortorrômbica da calcita (CaCO3), que é trigonal. O terceiro polimorfo, muito
raro, é a vaterita (CaCO3), que é hexagonal. A aragonita não é um mineral de minério, pois ela recristaliza
para calcita em uma escala de tempo de até 100 milhões de anos e, portanto, não existe aragonita mais
antiga que o Carbonífero. Entretanto, existe uma mineração de aragonita oolítica nas Bahamas, chamada
de Ocean Cay.
Aragonita é formada quase sempre a baixas temperaturas. É um produto comum de processos
biológicos: conchas, corais e pérolas são de aragonita. Também se forma por precipitação em ambientes de
água salgada (oólitos, lama carbonática) e em ambientes de água doce (cavernas (“flos ferri”) e cavidades
de rochas vulcânicas como basaltos e andesitos). Também ocorre no metamorfismo da fácies xistos azuis
(alta pressão, baixa temperatura), e como um componente secundário em rochas ultramáficas alteradas.
Freqüentes são pseudomorfos de calcita sobre aragonita. Pode conter estrôncio, chumbo e zinco.
Variedades de aragonita são alabastro, flos ferri, mossottita, nicholsonita, “onyx marble”, satin spar,
tarnowitzita, travertino, tufa.
Associa-se a gipso, enxofre, celestita, calcita, dolomita, albita, azurita, calcopirita, bornita, barita,
smithsonita, malaquita, sepentina, zeolitas, argilominerais, limonita, wulfenita e outros. Em xistos azuis:
pumpellyita + lawsonita + glaucofano + quartzo. Em rochas ultramáficas alteradas: hidromagnesita + brucita
+ magnesita;
Confusões possíveis: hemimorfita é mais densa e dura, cerussita, witherita e strontianita possuem
densidade mais elevada, calcita possui clivagem romboédrica perfeita, não apresenta muitos dos hábitos da
aragonita e é um pouco menos dura.
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Arrojaditas – KNa4CaMn++4Fe++10Al(PO4)12(OH,F)2
Macroscopia:
As arrojaditas são relativamente raras e na Classificação Dana formam um grupo, subdividido em 4
subgrupos, contendo um total de 17 espécies minerais. O grupo forma uma série com a Dickinsonita. São
minerais primários de altas (~800ºC) temperaturas, ocorrendo apenas em pegmatitos graníticos, onde
formam cristais de até 15 cm de comprimento. Suas estruturas cristalinas são “infernalmente complexas”
(Huminicki & Hawthorne, 2002, p. 186), formam um “enigma” (Chopin et al., 2006, Am. Min. 91:1260-1270) e
passaram por uma “história investigativa tumultuada” (Moore et al. 1981. Am. Min. 66:1034-1049). Devido à
sua raridade, as arrojaditas não são um mineral de minério (apesar de conter 40% de P2O5). Ocorrem em
pegmatitos contendo minerais de minério importantes, como cassiterita, espodumênio, berilo, muscovita e
graftonita. As arrojaditas frequentemente são confundidas, devido às suas cores verde-oliva a verde-grama,
com trifilita-litiofilita, que são bem mais comuns.
Nic. // : cor de reflexão branca a cinza, levemente amarronzada; refletividade de 46,95 - 52,76%. Não
possui birreflectância e seu pleocroísmo é débil, nitidamente mais forte em contatos intergranulares.
Nic. + : possui anisotropia bem distinta, de amarelo-marrom e cinza claro a cinza amarelado. Não possui
reflexões internas.
29
Embaçamento das superfícies polidas ocorre em dois a três dias para cores cinza-marrons, foscas.
Este filme de embaçamento não pode ser retirado por fricção, apenas por repolimento com água. Este
embaçamento, tratado na literatura como corrosão ao ar, é bastante diagnóstico.
Clivagem {0001} frequentemente é bem visível.
Maclas muito frequentemente são visíveis em grande quantidade, formando finas lamelas paralelas
a (01-12).
Zonação pode ocorrer muito bem desenvolvida, mas é rara.
Estruturas rítmicas são freqüentes, parcialmente em camadas alternadas com minerais com As.
Deformações ocorrem, mostrando amarrotamentos, torções e o desenvolvimento de maclas
lamelares de pressão.
Confusões possíveis: antimônio nativo é mais claro e menos anisótropo, não embaça; bismuto nativo é
muito mais claro e mais macio. A atacabilidade do arsênio nativo com água oxigenada é muito típica.
30
Arsenopirita – FeAsS
Macroscopia:
A arsenopirita, muito comum e com um alto (46%) teor em arsênio, possui uma longa e turbulenta
história de exploração, com mais de 40 nomes desacreditados atualmente. É um minério de arsênio (mas
As é recuperado como “by-product” no processamento dos minérios para obter outros elementos) e pode
conter teores elevados de ouro. Também pode conter Ag, Co, Sn, Ni, Sb, Bi, Cu, Pb. Quando presente em
minérios de ouro, dificulta a recuperação do ouro e libera vapores tóxicos durante o processo. Minas com
arsenopirita geram efluentes de mina ácidos e tóxicos. Arsenopirita ocorre em veios hidrotermais de alta
temperatura (como um dos primeiros minerais a se formar) com ouro e estanho, em pegmatitos, em rochas
de metamorfismo de contato e em rochas metassomáticas. Mais raramente em folhelhos bituminosos ou em
aluviões. É monoclínica, mas maclas podem lhe conferir aparência pseudo-ortorrõmbica.
Associa-se a granada, ortoclásio, muscovita, prata nativa, cassiterita, esfalerita, estanita, galena,
loellingita, ouro nativo, pirrotita, wolframita, pirita, calcopirita, ouro, scheelita e muitos outros.
Nic. // : cor de reflexão branca, levemente amarelada (creme), o que apenas se reconhece quando o
mineral está na vizinhança de minerais que permitam comparações. É muito semelhante à galena.
Refletividade de 50,36 – 51,21%, maior (51,15 – 53,6%) se o mineral contém cobalto. Não apresenta
birreflectância.
31
Nic. + : anisotropia forte, variando de acordo com a seção, entre Azul-da-Prússia-escuro e marrom. As
cores também são denominadas de vermelho e violeta. Essa anisotropia é muito diagnóstica.
Critérios para reconhecimento: dureza alta, polimento bom, euédrico ou subédrico, esboços losangulares,
anisotropia forte com cores características, zoneamento e maclas frequentes.
Confusões possíveis: muito semelhante à gudmundita e à loellingita. A arsenopirita pode ser confundida
com todos os minerais brancos (a Nic. //) do Grupo da Pirita e da Marcassita, quando ocorre em grãos muito
pequenos. Além disso, pode ser confundida os minerais do Grupo da Safflorita e da Rammelsbergita.
Cobaltita é rosado; glaucodoto é semelhante, porém tem anisotropia fraca (nx: amarelo e azulado) e é
associado a outros minerais de cobalto; loellingita e safflorita são mais brancos e apresentam outras cores
de anisotropia.
32
Asbolana – (Ni,Co)2-xMn4+(O,OH)4·nH2O
Macroscopia:
A asbolana é um dos muitos minerais de manganês que, durante séculos, se abrigaram sob os
termos “guarda-chuva” de “criptomelano”, “psilomelano” e “wad”. Estes termos se referem a minérios duros,
pretos e hidratados de manganês, com teores variáveis de cobalto, níquel e bário, além de traços de outros
elementos. Macroscopicamente é muito difícil a impossível diferenciar os minerais individuais que compõe
estas misturas, e que foram reconhecidos apenas com a generalizada aplicação de técnicas analíticas
melhores, especialmente a Difratometria de Raios X.
A asbolana é um minério de cobalto (até 32%) e níquel, um “wad niquelífero”, contendo impurezas
como Al, Ca, Fe e Si. É formada pelo intemperismo de rochas silícicas e se associa à goethita. Também
ocorre em xistos silícicos e é comum em solos residuais desenvolvidos sobre rochas ultramáficas, que
foram fonte do cobalto e do níquel. Seus cristais são placas com dimensões de alguns microns, que formam
agregados.
Nic. // : relevo muito alto, colorido em tons de verde. pleocróica entre X = verde pálido, Y = verde-
amarelado, Z = verde grama.
Nic. // : refletividade baixa (~8%) semelhante à siderita e à malaquita. Forma placas subédricas. A
cor de reflexão é cinza escura e a birreflectância é muito discreta. Possui um pleocroísmo muito tênue,
completamente mascarado pelas fortes reflexões internas azuis.
Critérios para reconhecimento: Birreflectância. Reflexões internas em azul podem ocorrer também em
linarita, boleita e outros minerais de cobre, mas estes possuem refletividade mais elevada.
36
Confusões possíveis: Cyanotrichita possui azul mais claro. Lirconita possui azul mais claro e é mais
macia. Mrázekita é muito rara. Linarita é mais macia (2,5) e mais densa (5,3). Connelita forma cristais
diferentes. Cornetita possui cor mais esverdeada. Lazurita e lazulita são mais duros (5-6) e ocorrem em
outros ambientes. Os últimos 5 minerais não efervescem em HCl diluído.
Nic. + : reflexões internas de brilho forte brancas, amarelas, laranjas, marrons a multicoloridas, com
anisotropia fraca entre marrom acinzentado e quase preto.
38
Critérios para reconhecimento: Difícil de reconhecer ao microscópio; às vezes polimento imperfeito;
frequentemente associado a rochas alcalinas e carbonatitos.
Confusões possíveis: pirocloro possui refletividade semelhante, mas é sempre isótropo. Baddeleyita não
possui zonas metamictizadas e as reflexões internas são mais brancas ou mais alaranjadas; zircão possui
refletividade mais baixa e dureza mais alta.
Nic. // : baixa refletividade (~8%) e cor de reflexão cinza escura. Não apresenta pleocroísmo de reflexão
nem birreflectância. Clivagem paralela a (001) bem visível, com figuras de arranque associadas.
Nic. + : não possui anisotropia. Freqüentes reflexões internas claras a leitosas, algumas multicoloridas.
Critérios para reconhecimento: difícil de reconhecer em seção polida, porque suas características são
similares a muitos outros minerais da ganga. A ausência de birreflectância exclui os carbonatos, a dureza
média exclui a maioria dos silicatos, que são mais duros. Filosilicatos de dureza semelhantes possuem
40
clivagem bem melhor e estão frequentemente distorcidos. Sugere-se confeccionar uma lâmina delgada para
seu reconhecimento.
Confusões possíveis:
Celestita : muito difícil de distinguir, mas é menos densa (3 – 3,5). Teste da chama!
Calcita : possui clivagem romboédrica perfeita, é leve (2,7) e efervesce em HCl diluído.
Fluorita : forma cristais cúbicos e é menos densa (3,0 – 3,3)
Feldspatos : muito mais duros (6), menos densos
Anglesita : possui brilho adamantino.
Nic. // : cor de reflexão cinza-rosado. Outras fontes citam branco com uma tendência a cinza-marrom.
Pleocroísmo distinto em cinzas com tonalidade diferentes. As cores mudam entre marrom-rosa (similar à
pirrotita)(//a) para branco-cinza (//b) e branco (//c). Refletividade de 31.59 a 39.62%, com birreflectância
distinta.
Nic. + : anisotropia forte similar à estibnita, mas com cores mais vivas, em cinza e verde. Não possui
reflexões internas.
Clivagem geralmente não é visível em seção polida, raramente é visível a clivagem distinta (110).
Fábrica ocorre em agregados com arranjos subparalelos, com o alongamento paralelo a “c”, em
tamanhos sempre pequenos.
Alteração para estibnita e pirita é bastante comum. A estrutura de gel da pirita mostra que essa
alteração processou-se a baixas temperaturas.
Mirmequitos bem desenvolvidos de berthierita e calcopirita foram observados.
Intercrescimentos orientados com estibnita ocorrem às vezes.
43
Oxidação incipiente forma especialmente marcassita, assim como forma-se marcassita com
intemperismo de pirrotita e sternbergita.
Macroscopia:
A biotita é um filosilicato formador de rocha muito comum, ocorre em muitas rochas ígneas (rochas
silícicas como granitos e dioritos e rochas alcalinas como gabros e peridotitos) e metamórficas (como xistos,
filitos, cornubianitos e gnaisses). Também é encontrada em rochas sedimentares imaturas, mas altera para
argilominerais.
Nic. + : Anisotropia forte entre cinza e oliva. É menos pronunciada que aquela da estibnita. Não mostra
reflexões internas. Extinção reta.
Confusões possíveis:
A bismuthinita é fácil de confundir com muitos outros minerais. Entretanto, sua paragênese,
especialmente com o bismuto nativo facilmente reconhecido, diminui as possibilidades de enganos.
Especialmente complicado é o reconhecimento dos sulfossais de Cu-Bi e Pb-Bi que estão frequentemente
associados com o bismuto nativo. Mas estes minerais são mais raros e bismuthinita é o mineral mais
provável.
Comparada com a estibnita, a bismuthinita possui refletividade mais alta, pleocroísmo de reflexão
mais fraco e anisotropia menos pronunciada. Boulangerita pode ser semelhante, mas sua refletividade é
mais baixa e o tom azul-cinza da seção é diagnóstico.
48
Bismutita – Bi2(CO3)O2
Macroscopia:
A bismutita é um carbonato relativamente comum e ocorre em depósitos minerais hidrotermais e
pegmatitos graníticos como um produto de alteração (oxidação) de outros minerais de bismuto tais como
bismuthinita (sulfeto de bismuto) e bismuto nativo. Associa-se a bismuto nativo, bismuthinita, tetradimita e
muitos outros minerais contendo bismuto.
Cristais de bismutita são muito raros; são tabulares e alcançam no máximo 0,5 mm. Esses cristais
são indistinguíveis visualmente de beyerita e de kettnerita. No passado o termo “bismutita” tem sido usado
em relação à bismuthinita (Bi2S3).
Nic. // : cor de reflexão branca brilhante com um tom avermelhado-creme. Refletividade de 65,35 a 66,65%.
Não possui birreflectância e seu pleocroísmo é muito discreto, quase imperceptível.
50
Nic. + : pode apresentar um pouco de brilho acetinado. Anisotropia distinta de amarelado a cinza-azul, que
é mascarada pelos muitos sulcos de polimento em seções de qualidade inferior. Sem reflexões internas.
Critérios para reconhecimento: muito diagnóstica é a elevada refletividade associada à baixa dureza, que
é mais baixa que as de todos os minerais que poderiam ser confundidos com bismuto nativo. A anisotropia
e a estrutura em lamelas, que é muito comum.
Confusões possíveis: especialmente com prata nativa, mas esta é isótropa. Também com antimônio
nativo, dyscrasita e alguns minerais de minério muito raros.
51
Bixbyita – (Mn,Fe)2O3
Macroscopia:
A bixbyita é um óxido de manganês raro com teores variáveis de ferro, que pode estar quase
ausente. Pode conter Al, Mg, Ca, Si e Ti. É conhecido porque ocorre também em cristais bem formados, em
formas combinadas cúbicos, pretos e de alto brilho, interessantes para colecionadores. Ocorre em veios
hidrotermais e pneumatolíticos, em cavidades (inclusive em cavidades de riolitos) e em minérios de
manganês metamórficos. Associa-se a berilo, quartzo, espessartina (granada), hematita (em riolitos),
pseudobrookita, hausmannita, braunita (em minérios de Mn) e topázio.
Nic. // : refletividade de 25,08% e cor de reflexão marrom-rosa claro. A cor original lembra aquela da
pirrotita. Birreflectância não tem; seu pleocroísmo é muito fraco e normalmente não é observável.
53
Nic. + : apresenta cores escuras, esverdeadas. Sempre é anisótropa, mas em graus muito variáveis: às
vezes já é possível individualizar limites de grãos e maclas pelo pleocroísmo, outras vezes a anisotropia é
tão fraca que só é detectada através de observações muito cuidadosas. Nos raros casos “sem” anisotropia,
o agregado provavelmente é formado por grãos extremamente pequenos.
Corrosão ao ar (turvação) ocorre quase que imediatamente após o polimento, às vezes já após 30
minutos. A cor de reflexão original muda inicialmente para mais vermelho e depois para um violeta muito
característico, que pode ser em graus diferentes nos grãos de uma mesma seção polida. A turvação é mais
rápida em amostra de mão e mais lenta em seção polida. Bornitas que ocorrem juntas a outros minerais de
minério turvam mais rapidamente que bornitas que ocorrem isoladas na ganga. Especialmente as bornitas
intercrescidas com calcocita turvam com enorme rapidez.
Intercrescimentos com a calcopirita podem ocorrer de vários tipos.
Clivagem pode ser reconhecida às vezes. Trata-se das clivagens paralelas a (100) e a (111).
Lamelas de idaíta exsolvidas na bornita podem ocorrer.
Embaçamento – é a formação de uma película superficial e é diferente de turvação. Embaçamento
ocorre frequentemente em seções que não foram corretamente limpas ou que apresentam outros defeitos e
é nitidamente diferente dependendo da seção de corte dos grãos.
Maclas segundo (111) são raramente visualizáveis na seção polida.
Maclas lamelares, de crescimento ou de transformação (de bornita de alta temperatura para bornita
de baixa temperatura, com forma de folhas de oleandro (espirradeira)) estão presentes em muitas bornitas,
mas em algumas ocorrências estão completamente ausentes.
Zonação não foi observada.
Deformações são observadas muito raramente. Aparentemente a bornita responde de maneira
muito plástica a pressões de deformação.
Cataclase só raramente pode ser observada, normalmente na forma de finíssimas fraturas, que na
maioria dos casos estão preenchidas com calcocita.
Desmisturas de calcopirita na forma de lamelas e placas finas, mais raramente de lentes espessas,
são muito freqüentes. As lamelas frequentemente mudam de forma, tamanho e quantidade nos grãos de
bornita de uma mesma seção polida. Bornitas com desmisturas são mais claras macroscopicamente. Ao
microscópio, as desmisturas podem se limitar aos contatos intergranulares e a fissuras.
Chamas de calcopirita, de aparência muito similar às lamelas e lentes de desmisturas, penetram
para dentro da bornita a partir de limites intergranulares, fissuras, inclusões e zonas tensionadas. Muitas
vezes são intercrescidas com calcocita e se formam provavelmente por desintegração. Tanto as lamelas de
desmisturas como as chamas de desintegração dispõem-se paralelamente a (100). Podem ocorrer,
associadas a estas ou não, outras paralelas a (111). Ocasionalmente observa-se que as lamelas/chamas
paralelas a (100) e (111) constituem gerações diferentes de desintegração.
Desmisturas de calcocita ocorrem ocasionalmente, em forma de lamelas muito finas, apenas
observáveis com a objetiva de aumento máximo. As bornitas com estas redes de desmistura de calcocita
embaçam com muita rapidez. Desmisturas de bornita, por outro lado, só ocorrem em calcocita. De maneira
geral, os intercrescimentos entre bornita, calcocita e calcopirita possuem muitas aparências diferentes.
Substituições de calcocita, acompanhada de covellita, são freqüentes. A covellita também pode
substituir a bornita sozinha, muitas vezes seguindo as direções cristalográficas. Calcopirita, por vezes com
formas bem desenvolvidas, também ocorre ocasionalmente substituindo a bornita
Intercrescimentos mirmequíticos de bornita e calcocita, de textura muito fina, são freqüentes, foram
reconhecidos muito cedo e discutidos exaustivamente. Provavelmente vários processos (pares eutéticos,
hidrotermalismo, invasão de um dos componentes, etc.) podem gerar formas mirmequíticas de aparência
idêntica. Outros intercrescimentos também ocorrem na bornita: calcocita em formas de zigue-zague
54
(seguindo (100)), hematita paralelamente a (111) e intercrescimentos gráficos de Stromeyerita, Freibergita,
Polibasita e outros.
Deposições rítmicas de bornita com calcopirita formam estruturas concêntricas muito bem
desenvolvidas (veja imagem abaixo), com a alternância de finas camadas de calcopirita com teores
variáveis de bornita, além de agregados dendríticos de bornita na calcopirita.
Inclusões muito pequenas ocorrem em muitas bornitas. As inclusões, de formas muito irregulares,
correspondem a três minerais de minério. Dois são anisótropos e sua identificação ainda não é conclusiva.
Um terceiro, provavelmente wittichenita, ocorre junto nestas bornitas.
Critérios para reconhecimento: a cor a Nicóis Paralelos é extremamente característica. Dureza média;
polimento em geral bom, porém a turvação rápida para violeta causa às vezes dificuldades; transformação
ou decomposição em calcopirita e idaíta, que formam uma rede lamelar. A bornita pode substituir a
calcopirita na zona de cimentação e pode também ser substituída por calcopirita.
Confusões possíveis: Germanita é isótropa, mais clara e muito rara; pirrotita é muito mais dura e mais
clara; tenorita e delafossita somente quando em grãos pequenos, grãos maiores mostram forte anisotropia e
não embaçam. Macroscopicamente, quando embaçada, pode ser confundida com calcopirita embaçada.
55
Boulangerita – Pb5Sb4S11
Macroscopia:
A Boulangerita é um sulfeto bastante comum, característico de veios hidrotermais de média e alta
temperatura. É comum como mineral bastante tardio. Possui um hábito fibroso a capilar muito típico, por
isso é chamado de “feather-ore” – minério pena. É homeotipo de Lopatkaita e pode ocorrer intercrescida
com Jamesonita e Meneghinita. Impurezas comuns são Cu, Zn, Sn e Fe. Jamesonita e Falkmanita
(Pb3Sb2S6) são muito semelhantes em todas as propriedades. O Prof. Ramdohr, em seu livro, apresenta
uma tabela comparando as características de Jamesonita, Boulangerita e Falkmanita à página 761.
Associa-se a sulfossais de chumbo. Além disso, a galena, estibnita, esfalerita, pirita, arsenopirita,
siderita, quartzo, calcita, dolomita, fluorita e calcopirita.
Nic. // : Cor de reflexão cinza médio, às vezes com uma tonalidade azulada. Em função do hábito fibroso,
um brilho sedoso pode ocorrer. Seu pleocroísmo é fraco, mas perceptível. Esse pleocroísmo é muito mais
fraco que aquele da Jamesonita. Falkmanita é um pouco mais clara. A refletividade é de 37.26 a 39.76% e
possui birreflectância fraca.
Nic. + : Anistropia distinta entre azul-ardósia e branco-marrom. Nas seções basais, marrom-rosa pálido.
Não apresenta reflexões internas, mas pode mostrar reflexões vermelhas associadas, por exemplo nas
bordas dos agregados. A extinção é paralela. A Falkmanita possui anisotropia mais fraca e geralmente
azulada ou amarelo-amarronzada perto da posição mais escura.
Forma dos grãos é fibrosa com seções basais ortorrômbicas. Terminação são muito raras. As
agulhas geralmente são orientadas em grupos subparalelos.
Clivagem às vezes é visível, mas o hábito fibroso torna essa observação difícil.
Maclas não ocorrem. Falkmanita apresenta maclas raramente e é difícil de observar.
Zonação não ocorre. As “Boulangeritas macladas” eram Jamesonita.
56
Substituições de esfalerita ou estibnita por boulangerita podem ocorrer.
Intercrescimentos orientados com Falkmanita e Jamesonita ocorrem.
Intemperismo forma galena finamente pulverizada dentro dos agregados de boulagerita.
Confusões possíveis: As propriedades ópticas da bournonita são tão pouco marcantes que enganos são
possíveis se as análises são feitas sem cuidado. Galena é mais branca e clara, isótropa e com sulcos de
polimento. Estibinita é atacada por KOH, mais macia que galena, maior pleocroísmo de reflexão e
anisotropia. Boulangerita não tem as constantes maclas da bournonita e tem hábito isométrico e não
acicular. Tetraedrita-Tennantita são isótropas, mais escuras e marrom-olivas. Calcoestibita é macro- e
microscopicamente mais escura. Wolfsbergita é mais clara. Alguns sulfossais são muito semelhantes, mas
mostram hábitos tabulares ou prismáticos ou clivagem.
59
Braunita - Mn2+Mn3+6[O8|SiO4].
Macroscopia:
A braunita, também chamada de braunita 1 ou heteroclásio, é um silicato de manganês
relativamente freqüente, componente de depósitos oxidados de minerais de Mn. Geralmente a braunita
contém impurezas como Fe, Ca, B, Ba, Ti, Al e Mg. A braunita forma uma série com a abswurmbachita e é o
análogo de Mn2+ de neltnerita. Uma variedade com cálcio e ferro, denominada braunita 2
(Ca(Mn3+,Fe3+)14SiO24) foi descoberta e descrita em 1967 em Kalahari, Província do Cabo, África do Sul.
A braunita forma-se sob condições muito diversificadas. Braunita pode ocorrer como produto de
intemperismo; não é rara em veios de minérios de Mn formados sob temperaturas muito baixas, onde
provavelmente é formada a partir de géis de psilomelano. Mas geralmente ocorre como produto de
metamorfismo a altas temperaturas e, em parte, sob altas pressões, a partir de silicatos e óxidos e Mn.
Pode se formar com recristalização magmática em granitos pegmatíticos. Muitas vezes ocorre em ambiente
de metassomatismo de contato ou metamorfismo de contato. Também se forma por metamorfismo regional.
Associa-se a pirolusita, jacobsita, hausmannita, bixbyita, rhodonita, espessartita (granada) e hematita.
Nic. // : cor de reflexão branco acinzentado com um tom marrom. Refletividade de 18,4 – 19,3%. Possui
suave birreflectância, mas não apresenta pleocroísmo.
Nic. + : anisotropia bem fraca entre cinza azulado claro e cinza azulado escuro (“dark to lighter slate gray”).
Reflexões internas em marrom profundo são observadas apenas em casos muito raros, muito mais
raramente que em Hausmannita, Manganita e Jacobsita.
Forma dos grãos: os grãos ou são idiomórficos ou em agregados poligonais com tendências
subédricas (hipidiomórficas). Em cavidades raramente ocorrem cristais octaédricos com (111),
60
frequentemente (001) e raramente (421). Os grãos geralmente são microscópicos, raramente até 1 cm, no
máximo 5 cm. Às vezes os grãos são internamente menos compactos, frequentemente porosos e apenas
“limpos” na sua periferia. Nesses casos podem ser substituídas de dentro para fora por pirolusita.
Inclusões de Braunita em Hausmannita tem uma origem semelhante aos porfiroblastos de outros
minerais. A Braunita de típicas rochas de contato contém inclusões de muitos outros minerais.
Mirmequitos de Hausmannita com Braunita podem ocorrer. Quando Hausmannita e Braunita
ocorrem juntos, geralmente a Braunita é mais idiomórfica, mas o inverso também ocorre.
Substituições de Braunita por Pirolusita são comuns. Outros minerais também podem substituir a
Braunita. Por outro lado, a Braunita substitui, durante o metamorfismo, a Pirolusita, o Psilomelano e talvez a
Bixbyita.
Desmisturas são muito raras; ainda não foram determinadas.
Clivagem não pode ser reconhecida em seções polidas.
Maclas segundo (112) são raras e não são lamelares, tanto em agregados como em cristais
isolados.
Desmisturas paralelamente a [001], agora constituídas de pirolusita, ocorrem com certa frequencia.
Zonação não foi observada, mas em manchas e talvez em zonas as cores são algo diferentes, bem
como há extinções algo diferentes em pontos e linhas.
Nic. // : cor de reflexão vermelho-do-cobre pálido (ou rosa intenso) com um tom violeta. Muito característica
e fácil de observar. Possui um pleocroísmo muito notável e uma birreflectância de vermelho-rosa para
violeta. Refletividade de 47,82 – 54,39%.
Nic. + : anisotropia muito notável, com cores muito vivas e intensas: de oliva para marrom, tonalidades
esverdeadas, verde intenso, verde-amarelado ou verde-azulado. Não possui reflexões internas.
Forma dos grãos tende a euédrica, mas pode ser muito variável, acicular ou tabular. Às vezes o
tamanho dos grãos varia muito, podem ser todos anédricos.
Maclas não apresenta.
Clivagem não apresenta.
Zonação pode ser observada às vezes, provavelmente relacionado a teores variáveis de NiAs,
através do pleocroísmo de reflexão ou por efeitos de anisotropia diferenciados: núcleos de cores mais
intensas e bordas de cores mais pálidas. Principalmente em seções paralelas a (0001) a zonação pode ser
muito evidente. Às vezes a zonação deve-se a inclusões.
Desmisturas não foram observadas.
Deformações geram apenas cataclase.
Substituições: pode estar substituído por minérios de prata.
Bordas de ullmannita, brancas e finas, podem estar presentes.
62
Confusões possíveis: o reconhecimento da breithauptita é fácil inclusive em paragêneses incomuns. É
possível confundir com niquelina, principalmente em seções paralelas a (0001), quando a cor violeta não
aparece, mas a niquelina é mais alaranjada. Freboltita é semelhante, mas restrita a paragêneses com Se.
63
Brookita – TiO2
Macroscopia:
A brookita é o polimorfo ortorrômbico de TiO2 (os outros 4 polimorfos são rutilo, TiO2 II, anatásio e
akaogiita) e reverte para a estrutura do rutilo a 750ºC. Possui a mesma cor e brilho do rutilo; muitas
propriedades são semelhantes, mas o hábito e a clivagem são diferentes. Brookita é relativamente rara,
formando cristais tabulares em {010} e estriados paralelamente ao maior comprimento - [001]. Pode conter
ferro, tântalo e nióbio e pode crescer em epitaxia com rutilo (intercrescimentos de rutilo orientadas segundo
as direções cristalográficas da brookita). Uma variedade é arkansita, uma brookita com formas e cores
(pretas) características de Magnet Cove, Arkansas, USA. A brookita alcança valores elevados para venda a
colecionadores de minerais.
Ocorre como mineral acessório em veios hidrotermais de baixa temperatura do Tipo Alpino em
gnaisses e xistos. Pode ocorrer em zonas de metamorfismo de contato e em pequenos veios hidrotermais.
É um mineral detrital comum. Associa-se a anatásio, ruitlo, titanita (esfeno), ortoclásio, albita, axinita,
quartzo, hematita, calcopirita, calcita, clorita e muscovita. Cristais de brookita são normalmente
microscópicos a muito pequenos; excepcionalmente podem alcançar 12 cm de comprimento. Podem ter
zonas com cores mais intensas e mais claras e pode haver uma zona preta no centro do cristal. Ao
Microscópio de Luz Transmitida, a Nic. // , possui relevo muito alto e pleocroísmo muito fraco, amarelado,
avermelhado, laranja a marrom. A Nic. + , birrefringência máxima de 0,117, sendo biaxial positivo com 2V
de zero a 28º, dependendo do comprimento de onda. Para a Microscopia de Luz Refletida não existem
informações.
Nic. // : cor de reflexão creme muito clara (ou branco com um tom amarelo-marrom). Embaça para cores um
pouco mais escuras com o tempo. Refletividade de 63,46 a 67,92%. Não apresenta birreflectância.
Apresenta pleocroísmo fraco, que se torna perceptível nos limites intergranulares. Nas seções paralelas ao
prisma o pleocroísmo é muito fraco; seções basais têm um pleocroísmo mais nítido: branco-amarelo para
amarelado-marrom. Tanto as cores como a refletividade variam bastante.
66
Nic. + : anisotropia fraca, em cinzas amarronzados claros e escuros. As variações de cor se tornam mais
nítidas na posição diagonal com os nicóis um pouco descruzados (2º). Não possui reflexões internas.
Maclas normalmente não são visíveis em seção polida. Às vezes ocorrem nas bordas dos cristais
algumas porções intensamente ocupadas por maclas lamelares, mas pode ter origem microtectônica.
Agregados subparalelos podem ocorrer.
Forma dos grãos normalmente é euédrica, formando prismas curtos com bordas franjadas,
lembrando idioblastos. Também anédrica como impregnação.
Substituição de ouro por calaverita já foi descrita. Muito freqüente é o processo inverso, de
substituição de calaverita por ouro, que ocorre nas porções que sofrem intemperismo. Este processo gera
espetaculares paramorfoses de ouro.
Calcita – CaCO3
Macroscopia:
A calcita é um mineral comum, abundante, formador de rocha, que ocorre em quase todos os
ambientes geológicos e pode ser encontrado em rochas sedimentares, metamórficas e ígneas. Além disso,
possui muitas centenas de usos industriais e comerciais. Pode apresentar qualquer cor do preto ao branco,
passando por todo o arco-íris; pode estar zonada ou bandada. Os cristais, inclusive formados facilmente a
temperatura ambiente, apresentam mais de 2400 formas trigonais combinadas. Os maiores monocristais
conhecidos tinham 7x7x2 e 6x6x3m e pesavam 250 t.. A calcita apresenta dezenas de hábitos diferentes.
Muito útil no seu reconhecimento é a sua efervescência com ácido clorídrico diluído a frio – basta uma gota
para obter o efeito. A calcita é trimorfa com aragonita e vaterita e forma uma série com a rhodocrosita. Pode
conter Fe, Mg, Mn, Zn e Co. Possui pelo menos 20 variedades.
Em relação à mineração, a calcita é importante por si só (cimento, corretivo de solo, rocha
ornamental, etc.), mas também porque muito frequentemente constitui a ganga de veios mineralizados em
sulfetos, por exemplo. O reconhecimento correto do minério inclui o reconhecimento dos minerais da ganga.
Nestes veios, as calcitas normalmente são leitosas a porcelanadas devido a inclusões fluidas extremamente
pequenas e/ou a grande quantidade de lamelas de macla de pressão.
Sua estrutura é muito mais fácil de observar em seção polida que em lâmina delgada, onde a dupla
refração intensa mascara muitos detalhes. Inclusive os “canais ocos” (muito discutidos!), que foram
observadas frequentemente na interseção de duas lamelas segundo (0112). Muitas vezes a calcita é
substituída por sulfetos, acompanhada de lindas estruturas, por clivagens e lamelas de macla. O contrário
também acontece (dolomita, siderita).
Ao Microscópio de Luz Transmitida, a Nicóis Paralelos é incolor, possui relevo médio e pode apresentar
clivagem excelente em duas direções (formando losangos). A Nicóis Cruzados possui extinção simétrica e
birrefringência extrema (0, 154 - 0,174), cor creme intensa, difícil de definir em tons de vermelho, verde e
azul. Maclas são comuns e diagnósticas. A Luz Convergente é uniaxial negativo, anomalamente biaxial.
Quebradiça
Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade
Polissintéticas comuns Conchoidal 3 2,7
de pressão, comuns
Traço Brilho Diafaneidade Magnético
Branco Vítreo , perláceo em Transparente a opaca. não
superfícies de clivagem
Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2
não Ver abaixo com efervescência não
Pode apresentar fluorescência em vermelho, azul, amarelo e outras cores sob luz UV de ondas curtas e
longas. É fosforescente, catodoluminescente, termoluminescente, raramente triboluminescente.
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Nic. + : anisotropia forte, mascarada pelas intensas reflexões internas claras, brancas a leitosa, que se
apresentam duplicadas devido à forte dupla refração da calcita.
Confusões possíveis: siderita possui uma refletividade maior, maclas mais raras e reflexões internas
amarelas e amarronzadas; scheelita possui uma refletividade maior e maclas não são visíveis.
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Calcocita - Cu2S
Macroscopia:
A abundância planetária de cobre e enxofre, sua ampla distribuição nos mais variados ambientes
geológicos e a alta reatividade dos dois elementos geraram quase 300 espécies minerais diferentes que os
contém. Existem nove minerais diferentes formados apenas por Cu + S. Adicionando um elemento a mais
(por exemplo, Fe, Ga ou Mo) temos mais 20 minerais diferentes. Sulfeto de cobre formado a baixas
temperaturas (T<~105ºC) é a calcocita monoclínica. A altas temperaturas (T>~105ºC) (inclusive em altos-
fornos) forma-se a digenita (Cu9S5 trigonal). Outro sulfeto de cobre, a djurleita (Cu31S16 monoclínica), é
facilmente confundida com a calcocita. Para aumentar a confusão, um outro sulfeto de cobre, a anilita
(Cu7S4) ortorrômbica, transforma-se em digenita durante a confecção da seção polida, pelo polimento.
Outros sulfetos de cobre são a roxbyita (Cu9S5 monoclínica), a spionkopita (Cu39S28 trigonal), a yarrowita
(Cu9S8 trigonal), a geerita (Cu8S5 trigonal) e a covellita (CuS hexagonal). A situação fica mais difícil porque
em vários destes minerais há substituições de Cu por teores variáveis de Ag, Fe e Mn, além de
substituições do S por Se e Te. Além disso, há cristais com desmisturas de digenita x calcocita e de digenita
x covellita. E há sérios problemas de preparação de amostras, que serão comentados mais abaixo. Este
conjunto de complicadores historicamente causou muita confusão e erros de identificação.
Em função disso, o Prof. Ramdohr dedica 23 páginas do seu livro à calcocita. Este volume de
informações não cabe aqui; serão fornecidas apenas as informações essenciais.
A calcocita é um dos mais lucrativos minérios de cobre, com quase 80% em peso de Cu, que é
facilmente separado do enxofre. Às vezes a calcocita é encontrada como mineral primário em veios
hidrotermais. Raramente em basaltos. A maior parte, entretanto, é secundária (supergênica), formada na
zona de oxidação de minérios de cobre (veios hidrotermais ou grandes corpos de minério de baixo teor do
tipo “cobre pórfiro”), devido à lixiviação do cobre pela alteração dos minerais originais. A calcocita forma um
nível aproximadamente horizontal dentro ou abaixo da zona de oxidação que corresponde à posição
(passada ou presente) do aqüífero freático. Este nível é denominado de “chalcocite blanket” (“lençol de
calcocita”) e é o horizonte mais rico em cobre de toda a ocorrência.
Devido a este ambiente de formação, a calcocita forma pseudomorfos sobre bornita, covellita,
calcopirita, pirita, enargita, millerita, galena e esfalerita. Os cristais bem formados de calcocita, muito raros,
obtendo altos preços no mercado de minerais de coleção, alcançam tamanhos de 12 cm quando
prismáticos curtos e de 25 cm quando prismáticos longos. As maclas em {110} são comuns e produzem,
macroscopicamente, formas estreladas pseudo-hexagonais; microscopicamente aparecem como lamelas
paralelas.
Associa-se a bornita, pirita, calcopirita, molibdenita, covellita, cobre nativo, digenita, enargita,
tenorita, stromeyerita, luzonita, delafossita e muitos outros sulfetos e seus produtos de alteração.
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Critérios para reconhecimento: diagnósticos são a cor azulada-branca, a dureza baixa e os sulcos de
polimento dela decorrentes (e levemente embaçados para azul), bem como a associação com covellita e a
facilidade de ataque por HNO3.
Confusões possíveis: calcocita nem sempre é fácil de reconhecer, especialmente na ausência de minerais
comparativos. Os minerais da série tennantita-tetraedrita são mais duros, com menos sulcos e isótropos. A
acanthita é esverdeada e tem muitos sulcos de polimento. Minérios de prata têm reflexões internas
vermelhas. Digenita é muito semelhante, mas isótropa.
Mais informações: Pósfai, M. & Buseck, P. R. (1994): Djurleite, digenite, and chalcocite: Intergrowths and
transformations. American Mineralogist, 79, 308-315.
73
Calcopirita - CuFeS2
Macroscopia:
A calcopirita, o mais comum e abundante minério de cobre (25% de cobre), é um sulfeto muito
comum, primário, típico de depósitos de origem hidrotermal como depósitos de sulfetos maciços
vulcanogênicos e depósitos sedimentares exhalativos (SEDEX). Também é importante em depósitos de
metamorfismo de contato, depósitos de cobre pórfiro, pegmatitos, veios hidrotermais de estanho, veios
hidrotermais de alta temperatura de ouro e em depósitos de minério de níquel komatiiticos do tipo
Kambalda. Secundariamente, forma-se em camadas de carvão associada a nódulos de pirita devido a
condições redox específicas, como disseminação em rochas sedimentares carbonáticos e outros. Com sua
típica cor dourada profunda com um leve tom de verde, é confundida com ouro pelos leigos. Tratada com
ácidos adquire um embaçamento iridescente e é vendida no mercado de minerais de coleção como bornita.
Forma uma série com a eskebornita (CuFeSe2). Quanto a variedades: calcopiritas botrioidais são
conhecidas como “blister copper” e calcopiritas embaçadas (assim como bornitas embaçadas) como
“peacock ore” (= minério pavão). Calcopirita pode ser polida e facetada para peças de adorno baratas.
Sua composição química normalmente é estequiométrica se formada a temperaturas inferiores a
aproximadamente 250ºC. A temperaturas mais elevadas inclui várias outras substâncias, como FeS, que é
desmisturado com o abaixamento da temperatura na forma de cubanita (CuFe2S3), mais raramente como
valleriita ((Fe,Cu)4(Mg,Al)3S4(OH,O)6). Pode haver algum ZnS, desmisturado na forma de esfalerita (ZnS) e
algum Cu2FeSnS4, desmisturado na forma de stannita (Cu2FeSnS4). As desmisturas são extremamente
complexas e serão abordadas mais abaixo. A calcopirita pode conter impurezas como Co, Ni, Mn, Zn e Sn
substituindo o Cu e o Fe. Além disso, Se, Fe e As substituem o S, e foram registrados calcopiritas com
traços de Ag, Au, Pt, Te, Pd, Pb, V, Cr, In e Sb. E possível que muitos destes elementos se referem na
realidade a pequeníssimas inclusões.
Associa-se a bornita, calcocita, digenita, millerita, pentlandita, pirrotita, tetraedrita, esfalerita, linneita,
covellita, malaquita, azurita, mais raramente cuprita e cobre nativo.
Nic. // : a cor de reflexão é um amarelo forte de brilho intenso; às vezes é distintamente esverdeado ou
amarronzado. Se a calcopirita contém pequenos teores de selênio, sua cor se altera fortemente para
marrom. Sua refletividade é de 38,69 a 39,80, mas muda perceptivelmente entre ocorrências distintas. Em
calcopiritas “normais”, o pleocroísmo é visível apenas muito raramente, quando ocorrem lamelas ou nos
limites intergranulares; normalmente é impossível de observar. Se a calcopirita é fortemente pleocróica, foi
formada a altas temperaturas e provavelmente possui composições anormais. Não possui birreflectância.
Nic. + : a calcopirita sempre é fracamente anisótropa, o que é melhor observável com iluminação intensa,
melhor ainda com fraca imersão em óleo. A anisotropia é mais destacada nas calcopiritas de pleocroísmo
mais pronunciado. As cores de anisotropia variam entre marrom-oliva a azul ou de azulado a amarelado.
Não apresenta reflexões internas.
Forma dos grãos é algo isométrica (correspondendo à simetria cúbica da forma de alta temperatura)
em agregados homogêneos, não movimentados (cataclasados, deformados, etc.). Quando ocorre com
outros minérios, a forma dos grãos é anédrica, de preenchimento de espaços.
Tamanho de grão frequentemente é muito diversificado na mesma amostra, às vezes muito
pequeno, às vezes alcançando 5 – 10 cm. Existe uma relação difusa entre os tamanhos de grão da
calcopirita e os tamanhos de grãos dos minerais vizinhos.
Limites intergranulares são sempre muito intercrescidos (“interfingered” em inglês, “verzahnt” em
alemão, não existe termo correspondente em português). Às vezes esta íntima relação entre os grãos é
muito desenvolvida devido à esforços mecânicos. A plasticidade da calcopirita permite a formação de
estruturas semelhantes à “cauda de chumbo” ( = “Bleischweif”, veja em “Galena”). Em seções bem polidas
estas estruturas não podem ser observadas, apenas em amostra de mão ou em seções que passaram por
ataque químico. Na maioria dos casos estas estruturas já passaram por recristalização. Muitos minérios que
apresentam bandas de calcopirita alternadas com outros minerais se formaram por este processo.
Clivagem segundo {201} quase nunca é perceptível, segundo {111} raramente perceptível. Apenas
quando a calcopirita está sofrendo oxidação ou cimentação esta clivagem {111} se torna visível. Calcopiritas
que se originaram pela alteração de cubanita mostram abundantes clivagens segundo {111}.
Desmisturas na calcopirita são um capítulo à parte. Como já comentado (vide acima), a altas
temperaturas a calcopirita contém várias outras substâncias, que se desmisturam com o abaixamento da
temperatura.
Desmisturas de cubanita (CuFe2S3) ocorrem se o abaixamento da temperatura não ocorre de forma
demasiadamente rápida. Formam-se perfeitas lamelas paralelamente a (111). A ocorrência de cubanita é,
portanto, um termômetro geológico importante. Mas sua ausência e a presença de magnetita não significa
que a calcopirita se formou a temperaturas baixas. A cubanita pode ser reconhecida pelo típico hábito
lamelar, pela cor de reflexão creme, leve birreflectância em tons de creme, ausência de pleocroísmo,
refletividade de 38,62 a 42,18% e, a Nicóis Cruzados, pela anisotropia distinta entre azul claro e escuro.
Desmisturas de esfalerita (ZnS) ocorrem em muitas calcopiritas de alta temperatura na forma de
pequenas inclusões em forma de poeira e bastonetes, mas principalmente em forma de estrelas, pequenos
esqueletos e formas que lembram mirmequitos. Em alguns casos (principalmente no caso das formas
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esqueletais) podem ser primárias. Na literatura estas inclusões são descritas como “chalkopyrite disease” –
“doença da calcopirita”, porque lembra sarampo, por exemplo.
Desmisturas de stannita (Cu2(Fe,Zn)SnS4) ocorrem da mesma forma que as desmisturas de
esfalerita. Podem ser reconhecidas pela cor de reflexão cinza média com um tom verde-oliva, ausência de
pleocroísmo e birreflectância, refletividade de ~29% e anisotropia distinta entre violeta e verde-ardósia.
Desmisturas de valleriita (4(Fe,Cu)S·3(Mg,Al)(OH)2) ocorrem apenas em calcopiritas de altas
temperaturas. As formas e sua distribuição podem ser muito irregulares, mas também podem ocorrer
rigorosamente paralelamente a (100) e (001), portanto paralelas ao pseudo-cubo. Mesmo em grãos
pequenos a valleriita é fácil de reconhecer devido à cor de reflexão marrom média a cinza azulada, forte
pleocroísmo entre marrom e cinza azulado, forte birreflectância, refletividade baixa (10,20 – 18,51%) e forte
anisotropia entre amarelado e marrom.
Desmisturas de magnetita estão descritas na literatura, formando finos alinhamentos em calcopiritas
de altas temperaturas. Na realidade trata-se da alteração de lamelas de cubanita.
Desmisturas de tennantita-tetraedrita são raras. Normalmente os grãozinhos são apenas pequenos
cristais formados sobre faces cristalinas anteriores e incorporadas posteriormente quando o grão continuou
seu crescimento.
Desmisturas de mackinawita (Fe, Ni)S0,9) podem ocorrer em forma de lamelas ao longo de fraturas,
em rochas ultrabásicas serpentinizadas. A mackinawita possui uma refletividade de 22,38 – 47,13%, uma
cor de reflexão em tons de creme mais claros e mais escuros, com birreflectância distinta e pleocroísmo
forte em tons de creme. Possui anisotropia extrema de amarronzado a azul quase celeste.
Desmisturas de calcopirita em esfalerita, bornita e estanita são freqüentes.
Maclas estão quase sempre presentes. São várias leis - {100}, {110}, {111}, {112}, {012}, {001} –
que mudam de grão para grão. Todas possuem desenvolvimento lamelar fino. A forma das lamelas muda e
pode ser característica para uma determinada ocorrência. No mesmo grão, frequentemente há grandes
variações das larguras e dos comprimentos das lamelas, da predominância de um conjunto ou de outro e
das relações dos conjuntos entre si. As lamelas normalmente já são visíveis com Nicóis Cruzados, mas com
ataque químico tornam-se espetaculares. As lamelas podem se originar (i) durante o crescimento dos grãos,
ii) muitas vezes devido à pressão (dependem de fraturas e zonas cataclásticas) ou (iii) pela transformação
da calcopirita de alta temperatura (cúbica) para a fase de baixa temperatura. Uma indicação quanto à
orientação das lamelas pode ser obtida pelas lamelas de cubanita, dispostas paralelamente a (111).
Zonação típica desenvolve-se raramente, e fica limitada a cristais formados sobre outros. Torna-se
perceptível através de suaves nuances de cor ou por ataque químico.
Substituições de calcopirita por bornita ou de bornita por calcopirita são comuns.
Deformações são bastante comuns. Por vezes ocorrem plasticamente, sem fraturas, sendo
reconhecíveis pelas deformações das lamelas de macla. Em muitos casos ocorre catáclase, mas mais rara
e menos desenvolvida que na esfalerita.
Estruturas de géis com deposições bandadas rítmicas são raras. São facilmente perceptíveis sem
ataque químico se a estrutura de bandas paralelas de calcopirita é ressaltada por outros minerais existentes
entre as bandas. Provavelmente são formações de baixa temperatura.
Mirmequitos são inesperadamente raros. Quando presentes, são locais e pouco desenvolvidas, com
stannita, cassiterita, calcocita, esfalerita, galena e outros. Intercrescimentos orientados esquisitos com pirita
e esfalerita são conhecidos de algumas ocorrências.
Substituições são extremamente comuns, tendo em vista que calcopirita é um mineral muito comum
em vários tipos de minérios. Calcopirita substitui pirita, magnetita, esfalerita e outros, mas também minerais
da ganga. Frequentemente é difícil de dizer se é uma substituição, um preenchimento de fraturas abertas
por soluções ou um preenchimento sob pressão.
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Alteração da calcopirita na zona de oxidação produz vários minerais como limonita, calcocita ou
covellita. Assim, são possíveis as seqüências calcopirita - limonita, calcopirita - zona de calcocita - limonita,
calcopirita - zona de covellita - limonita. As três podem ocorrer lado a lado. Se a ocorrência contém
carbonatos, o cobre é retido na forma de malaquita e outros. Uma alteração rara é marcassita tabular
paralelamente a (111) da calcopirita, com covellita nas porções intermediárias. Na zona de cimentação, a
tendência é a formação de minerais cada vez mais ricos em cobre: calcopirita → bornita → covellita →
calcocita. Os dois termos intermediários podem estar ausentes. Em casos raros o processo ocorre em
ordem inversa, neste caso a calcopirita pode formar películas sobre bornita e outros.
Intercrescimentos orientados são muito freqüentes, já que a rede cristalina de calcopirita é muito
semelhante àquelas de esfalerita, tennantita-tetraedrita, stannita e muitos outros. Em função disso, os
intercrescimentos orientados com estes minerais são freqüentes durante os processos de desmistura,
substituição e formação simultânea. Mais raros são os intercrescimentos orientados com minerais cuja rede
não tem relação com aquela da calcopirita. Deste tipo foram observados com magnetita e pirrotita.
Pseudo-desmisturas podem ocorrer quando a calcopirita substituiu apenas um de dois minerais
desmisturados. Um exemplo é calcopirita com lamelas orientadas de ilmenita, que na realidade são o relicto
de uma titanomagnetita desmisturada.
Critérios para reconhecimento: quando recém polida, a cor é tão característica que praticamente
inexistem dificuldades de identificação. Quando em grãos pequenos, pode ser confundida com ouro.
Confusões possíveis: millerita é um pouco mais clara e de cor mais creme, tende a cristais aciculares;
cubanita é um pouco mais marrom e muito anisótropa; pirita é muito mais dura, clara e de cor menos
intensa.
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Carnallita – KMgCl3.6H2O
Macroscopia:
Mineral formado na sequencia de sais solúveis depositados em ambiente evaporítico (evaporação
de águas marinhas), quando a concentração de sais na água alcança 98,8% gerando fluidos com alto teor
em potássio. Requer condições bem específicas: bacias fechadas contendo água salgada com entrada de
águas doces localizadas em climas áridos. Forma camadas maciças com até vários metros de espessura.
Às vezes ocorre misturado à halita (NaCl), sendo então denominado de almeraita. Outras variedades são
bromcarnallita e iodcarnallita. É um minério importante para fertilizantes (minerado, por exemplo, no Mar
Morto); apenas a silvita (KCl) é mais importante. Na Rússia, mineração como fonte de magnésio. Associa-se
a silvita, kaninita, picromerita, polihalita, bischofita, dolomita, gipso, anidrita e kieserita. Pode conter Br, Rb,
Cs, Tl e Fe.
É pouco conspícuo, raramente se formando cristais. Sofre deliqüescência (absorve umidade do ar e
se liquefaz). Tem sabor amargo, densidade muito baixa e, ao microscópio de luz transmitida, possui relevo
médio, birrefringência máxima de 0,029-0,030 e é biaxial positivo, com ângulo 2V de 70º.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio, um cinza bem mais claro que o cinza dos minerais da ganga.
Refletividade baixa (10,86 - 12%) e birreflectância de fraca a forte. Pleocroísmo muito fraco, apenas visível
nos contatos intergranulares e nas maclas.
Nic. + : Anisotropia forte em tons de cinza, que pode ser observada mesmo com as reflexões internas
típicas da cassiterita, que são reflexões internas fortes brancas, amarelas e amarelo-marrons, muito
comuns.
Critérios para reconhecimento: dureza alta, polimento ruim, anisotropia, relevo, refletividade muito baixa,
reflexões internas amarelas, muitas maclas simples, paragênese.
Confusões possíveis: esfalerita, rutilo é mais claro e possui lamelas de macla, scheelita é mais escura e
incolor, esfeno e zircão podem ser semelhantes, mas ocorrem em outras paragêneses.
Critérios para reconhecimento: a paragênese ajuda muito, pois todos os minerais de minérios oxidados
de chumbo, com exceção da crocoita (com reflexões internas vermelhas), possuem um pleocroísmo de
reflexão muito mais discreto. As maclas e a densidade são muito características, bem como ausência de
clivagem. Devido ao conteúdo em chumbo, possui elevado índice de refração, que se traduz em um brilho
intenso.
Confusões possíveis: com outros carbonatos, mas não tem clivagem nem figuras de arranque. A
atacabilidade por ácidos é muito diagnóstica. Aragonita é mais densa e apresenta forte efervescência em
ácido clorídrico diluído; anglesita nunca é maclada nem atacada por ácidos, mas é muito parecida;
phosgenita é mais macia (2,5) e tem fluorescência em laranja claro; hemimorfita e mais dura (4,5 – 5) e não
é tão densa.
Nic. // : cor de reflexão cinza azulado ou rosado, com um pleocroímo muito fraco. A refletividade varia entre
35.18 e 40.46% e não possui birreflectância.
Nic. + : anisotropia entre cinza azulado e cinza amarronzado. É similar à anisotropia da bournonita, mas
com cores mais intensas. Não tem reflexões internas. Na posição de extinção o mineral nunca é
completamente preto, mas sim cinza claro.
Forma dos grãos geralmente é bem grosseira, os grãos anédricos, mas alongados paralelamente a
(001) ou tabulares espessos. Os grãos geralmente são bem intercrescidos uns nos outros.
Clivagem (001) é visível às vezes na seção polida. As outras duas apenas em material que sofreu
stress tectônico. Nesse caso podem ocorrer figuras de arranque como na galena.
Maclas podem ser vistas apenas localmente, na forma de lamelas finas mas numerosas.
Deformações causadas por translação paralelo a (001) e torção ao redor de uma direção neste
plano são muito comuns. Neste caso as porções deformadas mostram forte extinção ondulante, além de
granulação e recristalização incipiente.
Substituições de chalcostibita por outros minerais são comuns. As substituições dão-se pelas
fraturas e pelos grãos deformados. Formam-se inicialmente galena com bournonita e, mais tarde, galena
com tetraedrita-tennantita que, por sua vez, são substituídos depois por bournonita e calcopirita,
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parcialmente por pirrotita. Galena pode estar ausente, formando-se a sequência chalcostibita-bournonita-
boulangerita-jamesonita.
Alteração de chalcostibita, que é muito pouco resistente ao intemperismo, conduz à formação de
covellita, calcocita, azurita e outros.
Ataque por luz só se observa nas seções polidas decorrido muito tempo, não é um processo que
pode ser usado para visualizar estruturas, zonações e outros.
Substituições de prata nativa por chlorargyrita são comuns.
Critérios para reconhecimento: a baixa dureza e o polimento de má qualidade são muito diagnósticos. A
paragênese ajuda muito em seu reconhecimento, pois minerais secundários de zonas de oxidação de
minérios de chumbo e zinco (que em parte são semelhantes à chlorargyrita), são geralmente nitidamente
anisótropos e adquirem polimento muito melhor.
87
Cilindrita – Pb3Sn4FeSb2S14
Macroscopia:
A cilindrita é um sulfossal muito raro, que ocorre em veios hidrotermais de estanho e prata, onde é
de formação tardia. A composição é variável, uma impureza comum é prata. A localidade clássica da
cilindrita são as minas de Santa Cruz e Trinacria (Poopó, Oruro, Bolívia).
A cilindrita forma cristais triclínicos pinacoidais que formam placas finas. Estas placas finas enrolam-
se, formando cilindros. Sob pressão os cilindros podem ser desenrolados. Raramente os cilindros estão
bem terminados. Os maiores cilindros encontrados possuíam 1 cm de espessura e 2-3 cm de comprimento.
A disposição dos cilindros normalmente é totalmente aleatória, às vezes podem ser subparalelos ou radiais.
Os espaços entre os cilindros estão preenchidos por cassiterita, esfalerita, tennantita-tetraedrita e outros.
Minerais associados são cassiterita, estanita, pirita, esfalerita, franckeita, incaita, potosiita, teallita,
boulangerita, galena e jamesonita.
Alteração incipiente forma principalmente cassiterita secundária, também marcassita e bastante
cerussita. Estes minerais surgem inicialmente nos limites dos grãos ou seguindo as placas individuais
enroladas.
Nic. // : cor de reflexão branca, idêntico à galena. Refletividade de 30,82 – 35,22%. Possui pleocroísmo
muito fraco, um pouco mais claro e de cor creme-branca paralelamente ao eixo dos cilindros e algo mais
escuro de cor branco-azul-cinza perpendicularmente ao eixo dos cilindros. Não possui birreflectância. Sofre
descascamento cilíndrico durante o polimento, o que pode sugerir clivagem.
Nic. + : possui anisotropia nítida, mas não elevada, com cores entre marrom e cinza-azul e cinza-amarelo.
As placas paralelas que formam os cilindros, que individualmente possuem espessuras entre 2 e 5 microns,
possuem extinção oblíqua e na posição de “extinção” o mineral nunca fica completamente escuro. Se os
cilindros são seccionados perpendicularmente ao eixo, forma-se uma “cruz de esferulitos” (veja imagem
abaixo). Não possui reflexões internas.
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Confusões possíveis: como o mineral ocorre quase sempre nos típicos cilindros, é impossível confundi-lo
com outros minerais. Outros minerais que formam cilindros são clorita e serpentina, completamente
diferentes.
89
Cinábrio – HgS
Macroscopia:
O cinábrio, o mais comum minério de mercúrio, é um mineral hidrotermal de baixa temperatura
(~100ºC), depositado por soluções aquosas epitermais ascendentes. As deposições podem se dar em
rochas sedimentares, ígneas ou metamórficas. Nestes limites de temperatura as deposições de soluções
ígneas e vulcânicas se superpõem e não há como traçar um limite preciso entre elas. Cinábrio também
pode ser depositado por fontes quentes alcalinas. Como estas deposições de cinábrio ocorrem longe dos
magmas portadores de metais, frequentemente é impossível determinar a fonte do mercúrio. Os minerais
que acompanham o cinábrio – opala, calcedônia, marcassita, barita, calcita, dolomita e outros também
indicam temperaturas baixas. Associa-se ainda a mercúrio nativo, estibnita, realgar e pirita. Os maiores
cristais de cinábrio conhecidos atingiram 10 cm. A forma dos cristais de cinábrio lembra aquelas do quartzo,
pois pertencem à mesma classe cristalina.
Normalmente o cinábrio é muito puro, mas impurezas incorporadas durante o processo de
preparação da amostra podem simular teores anômalos de outros elementos. Uma variedade é “cinábrio
hepático”, uma mistura de cinábrio com matéria bituminosa e terrosa que ocorre nas minas de Idrija, na
Slovenia. O cinábrio é polimorfo com metacinábrio e hipercinábrio.
Mercúrio é tóxico, por isso a mineração de cinábrio deve ser conduzida com medidas de segurança
dobrados. Nas históricas minas de Almadén (Espanha), a condenação de trabalhar na mineração de
cinábrio era vista como uma sentença de morte. Apesar do sulfeto de mercúrio ser relativamente insolúvel e
a toxicidade do material puro ser baixa, sempre lave as mãos após manusear cinábrio. Não inale a poeira
quando quebrar o mineral. Não lambe ou ingira. Não aqueça em ambientes mal ventilados, pois libera
vapores tóxicos de mercúrio. Amostras com cinábrio podem conter mercúrio nativo, que é facilmente
absorvido pela pele, por isso use luvas descartáveis ao manusear amostras com cinábrio.
Nic. // : cor de reflexão branca até branco-azulada (pode ser levemente esverdeada), mas as tonalidades
azuis só são percebidas na presença de minerais vizinhos brancos. Refletividade de 27,61 - 28,41%.
Pleocroísmo distinto a fraco, visível no contato entre grãos adjacentes de orientação diferente. Em uma
orientação há um leve tom de rosa, na orientação oposta há um leve tom para amarelo.
Nic. + : anisotropia muito forte em cores cinza-esverdeadas. Mas a anisotropia é mascarada pelas reflexões
internas extremamente intensas em vários tons de vermelho. As reflexões internas estão especialmente
bem desenvolvidas nas seções basais. Devido à elevada dupla refração as reflexões internas sempre estão
duplicadas, mas este fato é fácil de passar despercebido por um observador pouco treinado.
Sulcos de polimento são freqüentes em função da baixa dureza e das dificuldades de polimento.
Clivagem paralela a (10-10) raramente é visível.
Maclas são comuns macroscopicamente, mas microscopicamente não são reconhecíveis.
Zonação ainda não foi constatada devido à falta de uma substância para ataque químico.
Inclusões extremamente finas (“poeira”) de pirita podem estar disseminadas por todo o mineral.
Pseudomorfoses de cinábrio do (instável) metacinábrio pode ocorrer, seguindo as maclas
polissintéticas do metacinábrio.
Formas dos grãos: podem ser arredondados, de tamanhos muito diversos, pouco intercrescidos
entre si. Ou então formam intercrescimentos complicados. Em calcários, como impregnação,
frequentemente euédricos em romboedros. Podem ser grosseiramente radiais ou em crostas rítmicas.
Cristais são normalmente muito pequenos (< 0,5 mm). Pode ocorrer como filmes superficiais e como
preenchimento de fraturas de blocos fraturados da ganga.
Substituições são raras, mas o cinábrio pode substituir estibnita, calcopirita, tennantita-tetraedrita e
outros, devido à redução provocada por matéria orgânica. Também pode substituir quartzo.
Critérios para reconhecimento: as intensas reflexões internas vermelhas e a baixa dureza são muito
típicas.
Confusões possíveis: proustita é esverdeada a Nicóis Cruzados e de ataque químico mais fácil, cuprita é
muito mais dura, mais azulada e sempre se associa a cobre nativo; pirargirita é mais azul e possui maclas
polissintéticas, hematita pode ser muito parecida macroscopicamente, mas tem outra cor de reflexão.
Alguns sulfoarsenietos muito raros também podem ser confundidos com cinábrio.
Nic. + : possui uma anisotropia muito fraca, mas distinta, de esverdeado a azulado, mas os efeitos de cor
são muito fracos com nicóis perfeitamente cruzados. Em grãos muito pequenos a anisotropia não pode ser
observada. Não possui reflexões internas.
Confusões possíveis: em seções muito boas ou em grãos pequenos pode ser confundida com pirita (que
é isótropa), pois sua anisotropia não é mais percebida. Recomenda-se comparar diretamente com pirita.
Eskutterudita (isótropa) e smaltita possuem dureza bem menor e cor branca. Arsenopirita pode ser muito
semelhante, mas sua anisotropia é mais forte. Sperrylita é mais branca, mais clara e bem mais rara.
Minerais do Grupo da Linneita possuem cores semelhantes, mas são mais macios e completamente
isótropos. Gersdorffita é isótropa, não possui cor rosada e sua dureza é menor.
93
Cobre Nativo - Cu
Macroscopia:
Cobre nativo normalmente contém traços de prata em solução sólida e, com teores de As (até
11,5%) é considerado uma variedade, a whitneyita, que usualmente se associa a algodonita, um arseniato
de cobre. Cobre nativo forma tipicamente agregados dendríticos, lamelas, placas, palhetas e pepitas. Os
cristais individuais (maior cristal já encontrado: 4,4 x 3,2 x 3,2 cm) são muito distorcidos e difíceis de
interpretar. Agregados com formas cristalinas alcançam altos preços no mercado de minerais de coleção. A
cor em fratura ou corte recente é um rosa suave, que embaça muito rapidamente para o típico “vermelho-
do-cobre”, mais tarde para fosco e marrom escuro. Superfícies expostas ao tempo ficam verdes.
Cobre nativo ocorre em “chapéus-de-ferro”, no limite entre as zonas de oxidação e de cimentação
de veios hidrotermais com sulfetos de cobre, pela oxidação de calcocita e bornita. Associa-se a calcocita,
covellita, cuprita, limonita, prata nativa, bornita, malaquita, azurita, tenorita, óxidos de ferro, calcita, quartzo
e muitos outros. Além disso, ocorre em rochas vulcânicas básicas (basaltos), sedimentares (folhelhos e
arenitos – “red beds”) e, raramente, em mármores (Långban, Suécia). Há uma grande ocorrência de cobre
nativo (blocos até 420 t) em Keeweenaw (Michigan - USA) e uma ocorrência de cobre disseminado nas
rochas vulcânicas da Formação Serra Geral na Bacia do Paraná (Brasil). A gênese de ambas as
ocorrências ainda não é conclusiva.
Devido à baixa dureza, sulcos de polimento são praticamente inevitáveis. Quando em massas
porosas, precisa ser impregnado. Devido à rápida turvação (embaçamento) as seções precisam ser
repolidas imediatamente antes de serem observadas.
Nic. // : cor de reflexão, quando recém-polido, rosa-cheio brilhante. Escurece rapidamente para uma
turvação violeta e depois para vermelho-marrom. Refletividade de 92,2%. A refletividade baixa rapidamente
com teores crescentes de As.
Nic. + : isótropo, mas nunca fica completamente escuro, porque os sulcos de polimento geram efeitos falsos
como anisotropia anômala. Não possui reflexões internas.
Maclas lamelares de larguras diversas, segundo (111), quase sempre presentes após ataque
químico da seção. Uma parte é de crescimento, a maioria por pressão com translação associada.
94
Zonação parece não ser rara nos cristais.
Desmisturas são muito raras, provavelmente devido às baixas temperaturas de formação do cobre
nativo.
Substituições nas formas características de outros minerais são raras, mas cobre nativo
frequentemente substitui calcocita e cuprita e é substituído por cuprita e outros minerais de “chapéus-de-
ferro”, especialmente carbonatos.
Estruturas rítmicas com limonita ocorrem de forma muito bem desenvolvida, mas algumas só
conseguem ser visualizadas após ataque químico à seção.
Confusões possíveis: grãos muito pequenos pode se parecer com prata nativa ou bismuto nativo
embaçado.
95
Coloradoita – HgTe
Macroscopia:
A coloradoita é um telureto relativamente raro, característico de veios hidrotermais de temperatura
moderada, subvulcânicos a intrusivos, contendo metais preciosos (Au, Ag, Pb) associados a Hg. Contém
61.12% de Hg e 38.88% de Te.
A coloradoita pertence ao Grupo da Esfalerita e associa-se a ouro, sylvanita, quartzo, hessita,
altaita, pirita, petzita, telúrio, calcita, krennerita, esfalerita, galena, pirrotita, tetraedrita-tennantita, calcopirita,
e calaverita.
Nic. // : cor de reflexão cinza claro com uma tonalidade marrom, sem pleocroísmo. Semelhante à petzita,
mas mais escura que calaverita e sylvanita. Embaça para uma cor roxa fosca ou marrom-preto (literatura
diverge). A refletividade é de 37.14%, semelhante à galena. Não possui birreflectância.
Nic. + : é isótropo, mas pode apresentar anisotropia anômala fraca de vermelho amarronzado escuro a
cinza azul. Não possui reflexões internas.
Nic. // : a cor de reflexão é cinza com um tom amarronzado, mais raramente rosado, lembrando magnetita.
A refletividade é baixa, de 16.7 a 17.2%. Não possui birreflectância. Possui pleocroísmo muito fraco, mais
nítido em contatos intergranulares, que são raros.
Nic. + : apresenta reflexões internas vermelhas esparsas com relativa freqüência. Nos cristais com teores
mais elevados de Ta as reflexões internas são mais freqüentes; naqueles com teores mais elevados de Nb
mais raros. As reflexões internas podem ser amarelas ou marrons. Possui anisotropia muito fraca e extinção
reta.
Forma dos grãos: frequentemente é euédrico, mas columbitas em granitos muitas vezes se
apresentam completamente anédricas.
Clivagem paralela a (100) pode ser vista de vez em quando, mas apenas localmente, especialmente
em porções algo porosas, talvez algo alteradas. A clivagem paralela a (010) é apenas fracamente indicada.
Maclas são raras.
Intercrescimentos com cassiterita são freqüentes.
Bandas metamictas podem ser observadas sob iluminação intensa em columbitas adjacentes a
grãos de uraninita.
Desmisturas de ilmenita e uraninita, bem como outras não determinadas, podem ocorrer. Columbita
desmisturada em cassiterita é freqüente em certos jazimentos.
Zonação é esperada, mas é visível apenas muito raramente sem ataque químico. A zonação se
expressa nas mudanças em anisotropia e na intensidade e freqüência das reflexões internas. Localmente
ocorrem, sem relação a zonação, porções bastante porosas, onde as reflexões internas são muito mais
abundantes. Nestes poros podem ocorrer inclusões fluídas.
Inclusões de uraninita, se presentes, tornam o mineral fracamente radioativo. Inclusões de outros
minerais podem ocorrer.
Pseudomorfoses de columbitas sobre pirocloro e vice-versa ocorrem em jazimentos com pirocloro.
Confusões possíveis: wolframita tem clivagem mais distinta, extinção oblíqua, menos reflexões internas e
anisotropia mais fraca ainda. Tapiolita (mesma composição química da columbita, mas tetragonal).
Cassiterita possui mais reflexões internas. Magnetita, cassiterita e alguns minerais raros são bem parecidos.
A idiomorfia da columbita facilita sua diagnose.
Nic. // : cor de reflexão cinza azulado. Leve birreflectância, não possui pleocroísmo. Refletividade de 20 a
24%.
Nic. + : anisotropia distinta em tons de cinza. Reflexões internas de claras a escuras (“dull” = baço).
Forma dos grãos: o corindon possui grande tendência à idiomorfia. Pode estar intercrescido de
maneira quase mirmequítica com magnetita.
Desmisturas: o coríndon ocorre como desmistura em ilmenita, magnetita e provavelmente também
em cromita. Pode estar desmisturado com hematita (coríndon de granulação fina contendo de 20 a 30% de
hematita).
Critérios para reconhecimento: a enorme dureza torna seu reconhecimento muito fácil.
100
Covellita – CuS
Macroscopia:
A covellita ocorre principalmente como um mineral secundário, formado na zona de oxidação de
depósitos de minerais sulfetados de cobre. Também pode ocorrer como mineral primário em depósitos
hidrotermais de alta temperatura e, muito raramente, em sublimados vulcânicos (localidade-tipo: Vulcão
Vesúvio, Itália). É um minério de cobre, às vezes de importância maior, mas normalmente é um dos menos
importantes. As suas variedades são covellita-Ag e covellita-Se. Pode substituir outros minerais
pseudomorficamente. A covellita é o primeiro supercondutor natural descoberto.
Associa-se a bornita, calcocita, calcopirita, enargita e outros minerais de cobre, pirita.
Com sua cor macroscópica muito típica e seu comportamento inconfundível à Luz Refletida, a
covellita é um mineral de fácil identificação.
Nic. // : cor de reflexão azul profundo a cinza-azulado; o tom de azul depende da seção em que o grão foi
seccionado. Pleocroísmo forte em tons de azul intenso ou violeta suave. É o pleocroísmo mais notável e
diagnóstico de todos os minerais de minério. Seções basais não mostram pleocroísmo. Além disso,
birreflectância forte. Refletividade baixa (3,44 – 19.17%).
Nic. + : anisotropia extremamente forte em tons de laranja intenso, menos comumente a marrom do cobre.
Efeitos de cor desta intensidade são conhecidos em apenas poucos minerais de minério. Cruzando os
nicóis exatamente, as 4 extinções e iluminações ao giro de 360º ficam bem visíveis. Reflexões internas
praticamente não são visíveis, apenas quando a seção é muito oblíqua à clivagem e mesmo assim são
apenas listras coloridas estreitas e não mostram a cor verde verdadeira da covellita.
Cores anormais ocorrem em algumas covellitas, com azuis mais fracos. Estas covellitas “anormais”
são conhecidas de várias localidades como Rio Tinto, Chuquicamata e Coro-Coro. Covellitas “normais” e
“anormais” podem ocorrer na mesma seção. Quase sempre as covellitas “anormais” ocorrem como
pequenas lamelas dispostas paralelamente a {0001} em calcocita.
101
Forma dos grãos: independente de sua posição em relação aos outros minerais quanto à idade,
covellita normalmente é euédrica, frequentemente como formação tardia inclusive idioblástica. Os cristais
são tabulares, normalmente tabulares finos, apresentando formas lamelares. O tamanho dos cristais varia
muito: enquanto os cristais pequeníssimos de “Schwarzkupfer” (= cobre preto) estão no limite da
identificação microscópica, em Butte (Montana, USA) os cristais alcançam 10 cm de comprimento. Pode se
apresentar como agregados radiais. Agregados monominerálicos de covellita tem cristais pouco
intercrescidos entre si, mas estas ocorrências são raras.
Clivagem paralela a {0001} é bem visível.
Maclas não ocorrem.
Zonação não ocorre.
Deformações são muito possíveis, como em todos os minerais tabulares com clivagem paralela a
(0001). Mas como a covellita é um mineral de formação tardia, deformações derivadas de tectonismo são
raramente visíveis, mas lamelas deformadas são possíveis.
Substituições são extremamente comuns, visto que a covellita é o produto da oxidação de muitos
minérios de cobre. Na zona de oxidação, covellita ocorre como fase inicial de alteração ou como mineral de
cimentação. Na maioria das vezes a covellita se forma a partir da calcopirita: frequentemente a substituição
é completamente irregular em relação às formas da calcopirita, mas frequentemente a covellita está com a
clivagem (0001) disposta paralelamente às faces do esfenóide principal da calcopirita. Em casos isolados a
calcopirita está toda ou quase toda substituída, apenas a disposição das lamelinhas de covellita denuncia a
formação desta a partir da calcopirita. Covellita também se forma a partir de stromeyerita com prata nativa,
também de enargita, tennantita-tetraedrita, bornita, calcocita, emplectita (CuBiS2) e outros. Quando há
desmistura de calcopirita e bornita, a transformação em covellita ocorre muito mais rápida e seletiva na
bornita. Intercrescimentos mirmequíticos de bornita e calcocita sofrem um processo semelhante: apenas a
calcocita é transformada em covellita. Muito raramente a alteração de calcopirita resulta em uma mistura de
covellita e marcassita, que estão intercrescidos de maneira orientada. Estanita e certamente outros minerais
de minério geram covellita como fase inicial durante sua oxidação. Também em minerais de minério sem
cobre a covellita se forma, principalmente na esfalerita, na qual a covellita penetra pelos planos de
clivagem, podendo ocupar grande porção da esfalerita. Galena às vezes é substituída por calcocita, que por
sua vez é substituído por covellita; a covellita ainda pode mostrar muito bem a clivagem da galena. Quando
a galena forma mirmequitos com alguns minérios de cobre, a substituição destes minérios de cobre por
covellita forma texturas nas quais parece haver mirmequitos de covellita na galena. Raras vezes a pirita é
substituída por covellita. Além destas substituições orientadas, a covellita pode formar rosetas e tufos
idioblásticos em outros minérios, sendo nestes casos frequentemente envolto por minérios de oxidação. Por
outro lado, a covellita raramente é substituída por outros minérios, desconsiderando alteração de oxidação.
Critérios para reconhecimento: as características da covellita são tão marcantes que é impossível
confundi-la com outros minerais.
Criolita – Na3[AlF6]
Macroscopia:
A criolita é um halóide raro, conhecido hoje em dia de apenas aproximadamente 60 localidades no
mundo. Foi usado historicamente como minério de alumínio e depois como fluxo no processamento
eletrolítico da bauxita. Foi extraído ao longo de 100 anos em uma pequena ocorrência em Ivigtut, na
Groenlândia, onde forma um corpo pegmatítico em um granito intrudido em gnaisse. A maior reserva do
mundo, de mais de 9 milhões de toneladas, está em Pitinga (AM, Brasil), mas a 150 m de profundidade,
tornando sua exploração economicamente inviável. É levemente solúvel em água e possui um índice de
refração quase idêntico ao da água. Por isso, se uma amostra bem límpida é mergulhada na água, ela
“desaparece”, mais ou menos como gelo, com a diferença de que gelo flutua. Em função desta
característica, a criolita recebeu o apelido de “Eisstein” (pedra-gelo) em alemão. Hoje em dia a criolita é
produzida por um processo sintético a partir da fluorita e é chamada “chemical cryolite”.
É um mineral tardio em pegmatítos graníticos e ocorre como um mineral da fase vapor em alguns
riolitos ricos em flúor e com topázio. Cristais são raros, até 3 cm, pseudocúbicos a prismáticos curtos com
as faces {110} estriadas segundo {1-11}, {1-1-1} ou {1-10}. Ocorre em granitos alcalinos com estanho e em
ninhos em um veio de carbonatito que atravessa um biotita-gnaisse fenitizado. Raramente autigênica em
margas e folhelhos da Green River Formation. Normalmente contém algum ferro e cálcio. Apresenta 13
tipos diferentes de maclas de repetição ou de penetração ou polissintéticas. Os cristais podem apresentar
simultaneamente várias leis de macla, refletindo a simetria ortorrômbica aparente da célula unitária. Devido
à raridade, peças, mesmo pequenas, com cristais bem formados alcançam elevados preços no mercado de
minerais de coleção. Associa-se a topázio, chiolita, quartzo, siderita, galena, cassiterita, molibdenita,
columbita, wolframita, calcopirita, webertia, jarlita, villiaumita, eudialyta, pachnolita, fluorita, minerais do
Grupo dos Feldspatos e outros.
Confusões possíveis: muitos minerais brancos a leitosos, de brilho vítreo e sem clivagem aparente.
Criptomelano – K(Mn4+,Mn2+)8O16
Macroscopia:
O criptomelano, um óxido de Mn monoclínico, é o mineral mais comum daquelas massas de óxidos
de Mn de grão muito fino antigamente chamadas, genericamente, de “psilomelano”. É comum na zona de
oxidação de depósitos de Mn, como preenchimento de espaços abertos ou substituindo minerais de Mn
primários. Muitas vezes o próprio criptomelano é substituído por outros minerais secundários de Mn.
Um termo mineiro genérico, tipo “guarda-chuva”, para essas massas pretas compactas, bandadas a
terrosas, formadas basicamente por uma mistura de vários minerais criptocristalinos de Mn, é “wad”. Se as
massas são fibrosas, provavelmente é psilomelano ou criptomelano. Grãos mais grosseiros podem ser
confundidos com hollandita e coronadita. Estruturas “espumosas” ou “esponjosas” são psilomelano e
pirolusita. E, para complicar, hematita marrom (“brown iron ore”) pode ser extremamente parecida
macroscopicamente, apenas ao microscópio de Luz Refletida as reflexões internas vermelhas a Nicóis
Cruzados denunciam a hematita.
O criptomelano é difícil de reconhecer, tanto assim que seu nome significa “o escuro escondido”
(kryptos = escondido, melano = escuro, do grego). Foi proposto apenas em 1982, tão elevada foi a
dificuldade de separar os vários minerais destes minérios pretos de Mn. Ocorre como um material discreto,
pouco conspícuo. Na melhor das hipóteses, como massas mamelonadas ou botrioidais que, entretanto,
também caracterizam vários outros minerais de Mn e de Fe. O criptomelano raramente apresenta cristais
bem formados, no máximo cristais subédricos de no máximo 2 mm de altura. Para identificar o mineral é
necessário empregar Difratometria de Raios X e métodos químicos. Em campo, o teste com água
oxigenada (observando a efervescência com lupa!) identifica esses materiais escuros como
óxidos/hidróxidos de Mn.
Nic. + : anisotropia de cinza com tons marrons, de claro a escuro. Apresenta reflexões internas marrons
apenas quando em grãos pequenos.
Confusões possíveis: alofano-Cu é muito semelhante; variscita normalmente é mais verde; turquesa é
mais dura; calcedônia é muito mais dura; smithsonita é um pouco mais dura e normalmente de cor mais
clara, mas pode ser difícil de diferenciar.
107
Microscopia de Luz Transmitida:
Nic. // : relevo médio.
Nic. + : birrefringência máxima de 0,023 – 0,05
Luz Convergente: Biaxial negativo, ângulo 2V não determinado.
108
Crocoita – PbCrO4
Macroscopia:
A crocoita é bastante rara porque sua formação depende de condições muito específicas:
ambientes de veios hidrotermais de Pb oxidados, com galena e outros minerais de chumbo, na presença de
rochas ultramáficas que fornecem os fluídos portadores de Cr necessários à formação da crocoita. Como
um dos poucos minerais de minério de Cr, a crocoita tem certa importância econômica. Associa-se a ouro, a
phoenicochroita (vermelho-claro ou vermelho-escuro, Pb2CrO5) e a vauquelinita (marrom ou verde,
Pb2CuCrO4PO4OH). Também já foi usado para pinturas. Peças de coleção excepcionais vêm de Dundas
Mine e Adelaide Mine,duas ocorrências vizinhas localizadas em Dundas, na Tasmânia.
Normalmente a crocoita é encontrada na forma de cristais prismáticos longos, mais raramente como
cristais equidimensionais. Quando em cristais muito pequenos pode ser amarela clara a laranja, alguns
cristais são vermelho-escuros. Cristais frequentemente são cavernosos ou ocos. Pode ser maciça,
imperfeitamente colunar ou granular. Pode conter Zn e S. O termo bellita é usado para uma mistura de
quartzo, mimetita e crocoita, ou simplesmente para mimetita-Cr.
Cromatos contêm o íon Cr, que é carcinogênico e mutagênico. Sempre lave as mãos após
manusear amostras de crocoita. Evite inalar poeira quando quebrar o mineral. Nunca lambe ou ingira.
Nunca descarte soluções com Cr no esgoto comum.
Maclas são muito comuns pelo plano {110} em pares, também como agrupamentos de 4 cristais
(fourlings) e de 6 cristais (sixlings), nesse caso pseudohexagonal.
Estrias longitudinais profundas paralelas a [010] são encontradas em muitas das faces cristalinas.
Magnetismo: susceptibilidade magnética muito forte paralelamente o eixo b, mas a cubanita é quase
não-magnética paralelamente aos eixos a e c.
Microscopia de Luz Refletida:
A cubanita geralmente adquire excelente polimento sem qualquer dificuldade. Em alguns casos,
como em algumas pirrotitas, forma-se um pseudo-estrutura estranha, que reflete antigos sulcos de
polimento e que é difícil de eliminar.
Nic. // : cor de reflexão creme (uma cor bronze com elevado teor de branco). Refletividade média, de 38.62
– 42.18%. Apresenta birreflectância muito leve em vários tons de creme; seções paralelas a (001) tem
birreflectância menos nítida. Não possui pleocroísmo.
112
Nic. + : Anisotropia muito distinta de azul claro a azul escuro, mas que é bem menos nítida em seções
basais. Não apresenta reflexões internas.
Forma dos grãos: quase sempre a cubanita ocorre como lamelas tabulares na calcopirita (veja
abaixo), às vezes extremamente finas. Essas lamelas, quando em calcopirita de grão muito grosseiro,
podem apresentar comprimentos apreciáveis e até 1 cm de espessura, mas geralmente são muito mais
finas. Cristais isolados de cubanita são muito raros e anédricos (alotriomórficos).
Partição geralmente não é visível, mas pode aparecer em minérios antigos ou em polimentos de
baixa qualidade.
Crostas de isocubanita podem cobrir os cristais de cubanita. Os cristais de isocubanita, euédricos e
cubo-octaédricos, alcançam tamanho de até 400 nm.
Lamelas polissintéticas muito finas podem ser visualizadas nas seções perpendiculares a (001).
Maclas: a cubanita se desmistura da calcopirita na forma de lamelas dispostas paralelamente a
(111) da calcopirita. Como a cubanita é ortorrômbica, essas lamelas são, em si, 3 indivíduos (triplets)
segundo (110). As lamelas como um todo estão umas com as outras também em uma posição de macla,
segundo (h0l) ou (hkl), com ângulos pseudocúbicos. As lamelas são estão apenas intercrescidas segundo o
plano de macla (110), mas também finamente lamelas segundo (001). O intercrescimento é muito
tipicamente característico de lamelas de transformação, sugerindo que a cubanita, no momento de sua
desmistura, é hexagonal, tornando-se ortorrômbica pseudohexagonal apenas a temperaturas mais baixas.
Zonação não se observou.
Deformações podem ocorrer se a calcopirita hospedeira sofreu tensões, nesse caso o plano de
translação é o (001). Mas em geral as deformações geram uma decomposição da cubanita para calcopirita
e pirrotita.
Desmisturas 1: a forma cristalina de alta temperatura sofre desmistura para calcopirita + cubanita.
Assim, a cubanita forma desmisturas orientadas na calcopirita (isso porque CuFeS, com o abaixamento da
temperatura, desmistura-se em calcopirita + cubanita ou calcopirita + pirrotita ou calcopirita + valeriita). As
lamelas individuais possuem espessuras distintas, estão dispostas paralelamente a (111) em calcopirita,
frequentemente são fibrosas e subitamente espessam outra vez, terminando repentinamente, mais tardar
nos limites do grão de calcopirita que hospeda as lamelas. A quantidade, espessura e quantidade relativa
de lamelas dependem do excesso de Fe do cristal original. Geralmente a calcopirita domina largamente. Em
casos raros há mais cubanita do que calcopirita. Ao Microscópio Eletrônico de Varredura foi possível
constatar que a calcopirita, na vizinhança das lamelas de cubanita, apresenta grande quantidade de fissuras
muito finas, que são o resultado das tensões geradas pela formação das lamelas de cubanita.
Desmisturas 2: também a pirrotita de alta temperatura, que pode conter um pouco de CuFeS2,
desmistura esse teor em Fe frequentemente não como calcopirita, mas sim como cubanita. Isso acontece
com muitas “esferinhas de sulfetos” em silicatos de rochas magmáticas.
Desmisturas 3: na cubanita podem ser encontradas inclusões de esfalerita em forma de estrelinhas.
Às vezes uma parte da estrela de esfalerita está na cubanita e a outra metade na calcopirita, mostrando que
a desmistura da esfalerita ocorreu quando calcopirita e cubanita ainda formavam um cristal de mistura de
alta temperatura, cúbico ou pseudocúbico.
Decomposição da cubanita é muito freqüente, pois é um mineral pouco estável. Também pode ser
substituída por outros minérios. A decomposição mais freqüente gera pirrotita + calcopirita. Em muitos
minérios nos quais deveria haver cubanita, considerando a gênese do depósito, só se encontra inclusões
alinhadas de pirrotita em calcopirita, às vezes refletindo muito bem as lamelas de cubanita, às vezes muito
irregulares.
Decomposição especial: uma decomposição diferente, provavelmente acompanhada de oxidação,
foi encontrada nos minérios da Mina Ang em Kaveltorp (Suécia): ali a cubanita gerou calcopirita + magnetita
+ pirrotita, sendo que a calcopirita e a magnetita estão dispostas em placas paralelamente a (001),
113
enquanto a pirrotita está disposta em placas mais irregulares, em forma de chama, em padrão de pirâmide,
cujo traço segue um padrão pseudohexagonal, às vezes gerando uma cruz hexagonal.
Outras Decomposições: quando já ocorre intemperismo, a decomposição da cubanita gera
calcopirita + pirita ou marcassita. Também pode ocorrer covellita + pirita ou marcassita. Outras
possibilidades de decomposição são para limonita, que pode surgir inclusive dentro de calcopiritas
aparentemente intactas. Em um caso as lamelas de cubanita de uma calcopirita foram dissolvidas e
completamente substituídas por cristais de pirrotita, minerais da ganga e calcopirita.
Confusões possíveis: pirargirita possui refletividade maior, anisotropia forte e maclas. Pirargirita e proustita
ocorrem em outras paragêneses.
Nic. // : cor de reflexão distintamente azulada. Refletividade de 19.89%. Não apresenta pleocroísmo nem
birreflectância.
Nic. + : basicamente isótropa, sem reflexões internas. Em alguns casos observam-se, sob imersão em óleo
suave e com nicóis não exatamente cruzados, alguns efeitos de anisotropia anômala.
Critérios para reconhecimento: diagnósticas são a cor azulada e os sulcos de polimento em azul.
121
Dolomita – Ca,Mg(CO3)2
Macroscopia:
A dolomita é o carbonato mais comum depois da calcita. É um mineral sedimentar comum que
forma estratos com centenas de metros de espessura, formando os dolomitos, que podem estar
mineralizados a sulfetos; por isso a dolomita é um mineral de ganga comum. Sua origem é controversa,
gerou “The Dolomite Question”. A dolomita é comum em sedimentos clásticos e em carbonatos
metamórficos. Ocorre como porfiroblastos em talco-xistos e clorita-xistos. Também ocorre em evaporitos
como mineral primário. Em rochas ígneas, dolomita ocorre como um produto de alteração hidrotermal de
rochas básicas e ultrabásicas; em muitos carbonatitos é um componente. As paragêneses não são típicas
nem diagnósticas. Forma uma solução sólida com a ankerita (Fe). Nunca forma escalenoedros.
Nic. // : cor de reflexão cinza-rosada a marrom claro levemente rosado. A impressão de cor depende muito
dos minerais vizinhos; por exemplo, a impressão é diferente ao lado de galena, calcocita, bornita, famatinita,
etc. Refletividade de 25,48 – 26,78%. O pleocroísmo é fraco, de violeta a cinza-azulado e deve ser
123
observado nos contatos intergranulares; pode mudar entre enargita de ocorrências diferentes. A
birreflectância é leve.
Nic. + : anisotropia forte e colorida sob luz intensa, de cinza-esverdeado a laranja-acastanho ou azul escuro
a marrom, com tons violetas e verdes. A anisotropia parece ser diferente entre enargitas de ocorrências
diferentes. A extinção é reta, mas na maioria das seções uma extinção completa é difícil de obter. Possui
raras reflexões internas em tons vermelhos profundos, que podem ser freqüentes em cristais bem formados
(Mina Coronación, Chorolque, Bolívia).
Clivagem paralela a {110} frequentemente pode ser observada, em agregados de grãos grosseiros
praticamente sempre. Sob ataque químico desenvolve-se muito bem.
Maclas observa-se raramente, às vezes ocorrem maclas triplas (“trillings”) paralelas a (320). Estas
maclas são raras em enargita típica. Às vezes ocorrem lamelas de macla de pressão. Minerais com muitas
lamelas de maclas normalmente não são enargita, mas luzonita e famatinita.
Zonação não é visível sem ataque químico. Com ataque, frequentemente zonação se desenvolve
muito bem (Tsumeb, Namíbia). Aparentemente são zonas de crescimento.
Cataclase é mostrada com certa freqüência pela enargita, um mineral de formação inicial.
Transformações de enargita em uma substância verde, isótropa, pode ser observada em todos os
estágios. Hans Schneiderhöhn denominou este mineral “enargita verde”, mas trata-se de um mineral de Cu-
As do Grupo dos Fahlerze (tennantita-tetraedrita). Um produto destas transformações, uma tennantita com
muitos restos de enargita, foi chamado de “mottled enargite”. Frequentemente a enargita se formou a partir
da luzonita. Esta paramorfisação segue as direções cristalográficas: a clivagem (110) da enargita coincide
com os planos de macla de luzonita. Raramente ocorre a transformação de enargita em luzonita, que pode
ser semelhante a uma substituição supergênica e que gera enargitas com lamelas mais claras e mais
amarelas, muito semelhantes às maclas da luzonita.
Forma dos grãos: em agregados monominerálicos, os grãos de enargita são irregulares, cheios de
cantos (dentados), frequentemente intercrescidos (“interfingered”), mas ainda com sinais de
desenvolvimento prismático. Os grãos podem ser grandes, alcançam 6 cm de lado. Em agregados
poliminerálicos a enargita forma grãos prismáticos curtos.
Substituições são muito comuns, pois a enargita é um mineral de formação inicial (com exceção de
cristais em cavidades). A enargita pode ser substituída por calcocita, galena e covellita, mais raramente por
calcopirita e alguns outros minérios. As texturas de substituição frequentemente são excelentes. Enargita
pode substituir a pirita e o quartzo.
Mirmequitos não são conhecidos. Um intercrescimento “quase gráfico” foi descrito uma vez.
Sobrecrescimentos orientados de enargita por esfalerita foram observados, coincidindo o eixo
pseudohexagonal da enargita com o eixo trigonal de esfalerita.
Critérios para reconhecimento: De uma maneira geral, é um mineral de baixo poder refletor e anisotropia
forte, de cinza-esverdeado a laranja-acastanhado.
Confusões possíveis: A enargita é muito semelhante a vários minerais comuns e a alguns minérios mais
raros, como Lautita, que são, entretanto, mais macios. Bornita tem uma cor mais profunda e é menos
anisótropa. Germanita é mais macia, tem cor mais profunda, é mais clara e é isótropa. Luzonita e famatinita
tem muitas maclas lamelares e são mais laranjas.
124
Enxofre Nativo - S
Macroscopia:
Enxofre nativo (S ou S8) contém às vezes um pouco de selênio e telúrio e forma uma série com a
rara rosickyita (S – monoclínico). Enxofre nativo ocorre em fumarolas vulcânicas, onde se forma por
sublimação a partir de gases vulcânicos. Também ocorre em rochas sedimentares devido à redução
bacterial de sulfatos e em topo de domos de sal. Em ocorrências de sulfetos, ocorre como produto de
oxidação na zona de cimentação, neoformado sobre galena, esfalerita e pirita, com cristais em cavidades,
agregados maciços e preenchimentos de poros. É fácil de reconhecer. Cristais bem formados alcançam
altos preços no mercado de minerais de coleção. Associa-se a gipso, anidrita, halita, aragonita, calcita,
barita, realgar, cinábrio, celestita.
Nic. // : a cor de reflexão é cinza branco escuro, refletividade muito baixa (12%). Pleocroísmo de reflexão
nítido, em contatos intergranulares muito evidente. Polimentos de baixa qualidade mascaram o pleocroísmo.
Sem birreflectância.
Nic. + : intensas reflexões internas brancas a amarelas que mascaram qualquer tipo de anisotropia. Com os
nicóis descruzados em 5–10º, ainda pode ser reconhecida. Devido ao efeito da dupla refração, as reflexões
internas podem ser vistas em duplas, uma observação nem sempre fácil e que exige experiência.
125
Tamanhos de grão: em ocorrências importantes são relativamente grandes, se não houver
contaminação por argilas. Quando o enxofre nativo originou-se pela alteração de sulfetos, os grãos são
muito pequenos, arredondados a poligonais. Pode formar crostas.
Clivagem não é observada na seção polida.
Critérios para reconhecimento: baixa dureza, cor amarela, ausência de clivagem, cheiro se batido.
Confusões possíveis: cerussita é algo semelhante, mas adquire um polimento muito melhor.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio claro com um leve tom de azul, às vezes um leve tom de marrom. A
refletividade é muito baixa (16,4%), a mais baixa de todos os sulfetos; semelhante à magnetita. Não possui
pleocroísmo nem birreflectância. Reflexões internas são visíveis, ver abaixo.
Nic. + : distintamente isótropo se os nicóis estiverem perfeitamente cruzados e se as reflexões internas não
perturbarem. Pode apresentar anisotropia anômala devido a deformações ou a altos teores de ferro. Forte
pseudo-anisotropia pode surgir em esfaleritas formadas por grãos muito finos, submicroscópicos,
desmisturadas em paragêneses ricas em estannita. Sempre possui abundantes reflexões internas, cuja cor
depende da composição química: se a esfalerita contém pouco Fe, as reflexões internas são incolores a
brancas; se a esfalerita contém mais Fe, as reflexões internas são amarelas, caramelas, cor-de-mel,
vermelhas ou marrom-escuras. Reflexões internas verdes podem ocorrer, mas são raras; as esfaleritas que
são verdes macroscopicamente apresentam reflexões internas brancas. Se a seção polida é de baixa
qualidade há um aumento na quantidade de reflexões internas.
Maclas paralelas a (111) e a (211) quase sempre estão presentes na forma de abundantes lamelas
polissintéticas em várias direções. Podem se tornar visíveis por relevo gerado durante o polimento ou por
ataque químico. Estas maclas são muito subordinadas ou não ocorrem em agregados gerados por
recristalização, de grão muito fino. As lamelas de macla são de larguras muito variáveis, desde o limite da
visibilidade até 1 cm em agregados de grão muito grosseiro. As lamelas frequentemente não atravessam
todo o grão, mas terminam contra um conjunto de lamelas com outra orientação e continuam depois deste,
levemente deslocadas. A clivagem gera um bandamento discreto oblíquo nas lamelas de macla: este
bandamento possui a mesma orientação nas lamelas pares ou impares. Muitas lamelas se formaram
durante o crescimento do grão, outras certamente têm origem tectônica.
Clivagem paralela a {110} é possível de ver. A clivagem continua visível mesmo em seções de
excelente polimento se o material é de grão grosseiro, mas em agregados de grão fino a clivagem
praticamente não é visível.
Forma dos grãos é muito variável. Em agregados homogêneos os grãos são poligonais
arredondados e com contatos bastante variáveis (planos a intercrescidos). Agregados recristalizados podem
exibir grãos de poucos micra, alguns veios hidrotermais exibem cristais decimétricos. Algumas ocorrências
muito solicitadas (alta pressão) exibem grãos amassados, formando agregados de grãos subparalelos.
Zonação frequentemente é visível a olho nu e pode estar relacionado a uma variação dos teores de
ferro ou a uma variação na velocidade de crescimento do cristal e com a consequente alteração na
quantidade de inclusões e poros.
Deformações são muito frequentes devido à formação de maclas de deslizamento e translação. Em
um minério complexo, galena e calcopirita cedem muito mais facilmente a pressões, enquanto a esfalerita
frequentemente é esmagada e quebrada. Por isso, dependendo da composição do minério, é possível
verificar todos os estágios entre esfaleritas inteiras e esfaleritas completamente cataclasadas. As
deformações, flexuras e outros sinais de deformação assim formados são muito melhor visíveis após ataque
químico. As porções cataclasadas são muito suscetíveis a substituições (veja abaixo).
Cataclase: veja acima. Em alguns depósitos é possível acompanhar desde zonas com grãos
intactos até zonas com grãos extremamente solicitados (esmagados). Neste processo os grãos são
esmagados, formando-se lamelas de macla de pressão, rupturas dos planos de translação e pressões
129
acumuladas. Grãos com estas feições facilmente sofrem recristalização, resultando em um agregado de
grão muito fino que é difícil de identificar como esfalerita.
Intercrescimentos orientados são comentados abaixo em “Desmisturas”. Os intercrescimentos
orientados de calcopirita e de estannita são de importância. Especialmente a estannita forma agregados
bandados concêntricos muito bem desenvolvidos.
Deposições rítmicas são muito comuns e muito bem desenvolvidas nas esfaleritas de alguns
depósitos, formando as “Schalenblende”. Estas Schalenblende constituem-se principalmente de esfalerita,
acompanhada de wurtzita, marcassita, pirita e galena.
Desmisturas: a estrutura da esfalerita é muito semelhante àquelas da calcopirita, da estannita, da
tetraedrita-tennantita e da cubanita. Intercrescimentos orientados com estes minerais são muito comuns e
uma mistura é possível, em certos limites e a temperaturas mais elevadas. Em função disso, desmisturas
com o abaixamento da temperatura são previsíveis. Frequentemente será difícil diferenciar
intercrescimentos orientados de desmisturas. Em muitos casos há calcopirita inclusa na esfalerita, nas
formas mais diversas. Podem ser (i) corpos ovais extremamente pequenos, até o limite da visibilidade ao
microscópio, (ii) corpos tabulares ou alongados dispostos paralelamente às direções cristalográficas,
especialmente paralelos aos limites de macla, (iii) gotas redondas de tamanhos variados que formam
“nuvens” localizadas ou (iv) pedaços irregulares que se concentram especialmente nos limites dos grãos.
Uma grande parte destas formações deve ser vista como produtos de desmisturas, em muitos casos
provavelmente de histórias genéticas complicadas. Várias situações são possíveis para explicar a gênese
destes corpos de calcopirita em esfalerita: difusão, temperatura original de formação, reaquecimento do
depósito, recristalização (“Sammelkristallisation” = reagrupamento de corpos desmisturados pequenos em
corpos maiores), relação com teores variáveis de ferro, relação com o teor original de enxofre, influência de
pressão (vulcânica original ou tectônica posterior) e outros; uma discussão destes fatores extrapola o
objetivo do presente texto. Um termo internacional para esses corpos de calcopirita em esfalerita é
“chalkopyrite disease” (= “doença da calcopirita”). Desmisturas de pirrotita e cubanita, com ou sem
desmisturas de calcopirita, podem ser encontrados em ocorrências formadas a temperaturas muito altas.
Desmisturas parciais, onde as esfaleritas exibem porções com desmisturas e porções onde a desmistura
não se processou, podem ocorrer em algumas ocorrências formadas a temperaturas muito altas; neste caso
as propriedades dos dois tipos de porções podem ser bastante diferentes entre si. Desmisturas de estannita
foram encontradas em algumas esfaleritas. Desmisturas de esfalerita ocorrem em estannita, bornita,
calcopirita (formando “estrelinhas”), cubanita (formando “estrelinhas”), talvez em tetraedrita-tennantita e
alguns outros minerais.
Substituições são muito comuns. Nos planos de clivagem e pelas freqüentes fraturas entram outros
sulfetos de metais “mais nobres”. As texturas de substituição são muito nítidas, as mais bonitas já
observadas. Minerais “ascendentes” que substituem a esfalerita são galena, calcopirita, tetraedrita-
tennantita, mais raramente enargita, bornita, calcocita, minérios de prata e muitos outros. Minerais
“descendentes”, formados por cimentação, que substituem a esfalerita são calcocita, cavellita e minerais de
prata, mas também novamente galena, calcopirita e tetraedrita-tennantita. Em menor escala, pirita e
marcassita se infiltram descendentes e substituem em pequena escala a esfalerita. Muitas “texturas de
substituição” na realidade são produtos de cataclase e posterior penetração de galena, por exemplo. A
esfalerita substitui, quase sempre de forma ascendente, pirrotita, pirita, arsenopirita e alabandita.
Confusões possíveis: esfalerita quase sempre é fácil de reconhecer: mineral comum, isotropia, muitas
reflexões internas, associado com outros sulfetos, com exsoluções de calcopirita e vice-versa. Sendo um
mineral comum, corre-se o risco de, afobadamente, “identificar” minérios semelhantes como esfalerita.
Característicos são o baixo poder de reflexão, a grande quantidade de reflexões internas e a dureza média.
Cassiterita e rutilo tem poder de reflexão semelhantes, mas são anisótropos e mais duros.
Alabandita é mais rara, possui cor mais escura e refletividade maior.
130
Cassiterita e rutilo são anisótropos e bem mais duros.
Greenockita é rara, tem cor mais azulada, mas reflexões internas semelhantes.
Magnetita é um pouco mais clara, com tonalidade amarronzada e sem reflexões internas.
Wolframita é anisótropa, tem clivagem.
Perovskita tem dureza alta e apresenta maclas, paragênese de rochas alcalinas e carbonatitos.
Wurtzita é impossível de distinguir de esfalerita: em muitas coleções, as “Wurtzitas” de Priobram na
realidade são esfalerita.
Minerais associados: estannita, galena, calcopirita, mackinawita, cubanita, pirita, pirrotita, cassiterita,
loellingita, ouro, wolframita, covellita, idaita, tetraedrita, bournonita, columbita, gersdorffita, jamesonita,
magnetita, marcassita, prata nativa, teallita, calcita, dolomita, fluorita, barita e muitos outros minerais
hidrotermais.
Nic. // : cor de reflexão branca-creme. Refletividade de 53,8%. Não possui birreflectância nem pleocroísmo.
Estrutura dos grãos: eskutterudita típica praticamente não é zonar ou a zonação se perdeu devido à
recristalização. As eskutteruditas deficientes em arsênio sempre são muito zonares. Outras eskutteruditas
possuem estruturas complexas, com até 5 componentes com características ópticas diferentes que podem
estar intercrescidos de forma complexa. Isso produz cores e refletividades diferentes.
Clivagem paralelamente (100) é muito evidente, mas não se trata de clivagem, é uma estrutura
gerada pela zonação.
Forma dos grãos da eskutterudita “normal” muito frequentemente é euédrica ou subédrica, com
cristais simples (muitas vezes octaédricos) ou preenchimentos de espaços entre ganga e cobaltita. A
zonação dos cristais evidencia que a forma do grão variou várias vezes ao longo do crescimento.
Frequentemente ocorrem crostas com estrutura zonada, comuns são formas esqueletais com prata nativa,
bismuto nativo e acanthita, que certamente representam uma estrutura removida de maucherita e niquelina
ou algumas das zonas da própria eskutterudita.
Contatos intergranulares são difíceis de definir, porque os cristais originalmente cresceram
individualmente sobre um substrato qualquer e depois apenas encostaram uns nos outros, perturbando-se
mutuamente em seu crescimento.
Texturas de Fortaleza são uma característica extremamente diagnóstica para eskutterudita. Trata-se
de um bandamento concêntrico que apresenta ângulos definidos entre as porções que compõe uma banda
(ou zona) individual, um zigue-zague bem definido (veja imagem abaixo). Nestas zonas ou bandas as
porções mais ricas em níquel normalmente são as internas. Podem ocorrem zonas praticamente puras de
cobalto (+As) ou de níquel (+As). As texturas de fortaleza podem ter sua origem a partir de processos de
desmistura de um cristal complexo de mistura de alta temperatura. Esse processo de desmistura
aparentemente foi acompanhado de modificações no volume, que explicam outras estruturas: as fraturas
profundas; às vezes todo o cristal estourou. Em seção polida observam-se rachaduras em forma de canal
ou meandros, cujas bordas estão revestidas por safflorita neoformada, às vezes as fraturas estão
completamente preenchidas por safflorita. Em rachaduras maiores formam-se agregados de safflorita em
forma que lembram tumores. A partir das rachaduras iniciam depois os processos de substituição. Como as
zonas quimicamente mais sensíveis à substituição são as zonas mais internas, fica a impressão que a
substituição se processa de dentro para fora.
Substituições são muito comuns, podem ser por prata nativa, acanthita, polibasita, proustita,
pirargirita e muitos outros, também por bismuto nativo e por bismutinita, calcopirita e tetraedrita-tennantita. A
substituição das zonas (ou bandas) individuais pode se processar em velocidades diferentes; às vezes a
zona é retirada sem preenchimento do espaço, cristalizando ali mais tarde uma calcita mais jovem, por
exemplo.
Desmisturas clássicas são raras e difíceis de distinguir destes processos de desmistura a partir dos
cristais originais. Muito raramente ocorrem lamelas de algum outro mineral, orientadas paralelamente a
(100) e (111).
Intercrescimentos orientados aparentemente ocorrem com cobaltita, mas frequentemente esta
também está disposta muito irregularmente na matriz de eskutterudita.
Confusões possíveis: a eskuttertudita pode ser confundida com muitos outros minerais. A paragênese é
importante no seu reconhecimento. As típicas texturas de fortaleza ajudam muito na sua identificação.
Cobaltita é mais dura, menos zonar, um pouco rosa e levemente anisótropa. Maucherita é mais rosa, um
pouco mais macia e possui um ataque químico típico. Ullmanita e Gersdorffita são mais amarelos e mais
duros. Linnaeita e outros do grupo são mais macios, menos zonares e um pouco rosas.
133
Espinélio – MgAl2O4
Macroscopia:
O espinélio é um óxido que compõe o Grupo do Espinélio, juntamente com hercynita (FeAl2O4),
gahnita (ZnAl2O4) e galaxita (MnAl2O4). É um mineral comum, formado a altas temperaturas como acessório
em rochas ígneas, principalmente em basaltos, kimberlitos, peridotitos e em xenólitos. Ocorre em
metapelitos (xistos) formados em metamorfismo regional e em calcários que sofreram metamorfismo de
contato. É detrital.
Desde longa data vem sendo usado com pedra preciosa, devido à alta dureza, ausência de
clivagem, intensas cores e imitando rubi (coríndon vermelho) e safira (corindon azul). Os cristais individuais
atingem até 30 cm. Forma 3 séries, com magnesiocromita, gahnita e hercynita. Associa-se a forsterita,
condrodita, escapolita, flogopita, coríndon, sillimanita e andalusita.
Pode conter Fe, Zn, Al. A dureza, os índices de refração e a densidade variam bastante com a
composição química: espinélios de Mg-Al possuem dureza 8, os espinélios de Al mais freqüentes em
jazimentos de minérios possuem dureza 5.
Nic. + : anisotropia distinta entre violeta e verde-ardósia, muito útil para o reconhecimento de estruturas. Na
posição diagonal as cores são intensas, especialmente violeta e verde-ardósia. Em grãos zonados, as
porções pobres em CuFeS2 são as mais anisótropas. Estruturas são abundantes e muito complicadas.
136
Forma dos grãos: a estannita forma cristais bem desenvolvidos apenas em casos muito raros.
Geralmente ocorre como preenchimento de interstícios entre minerais mais antigos ou forma finos filmes
entre estes. Quando ocorre em maior quantidade forma agregados granulares de contatos pouco dentados.
Os tamanhos de grãos são muito variáveis, geralmente se situam entre 0,05 - 0,2 mm, podem chegar a 2
cm.
Clivagem segundo (110), mais raramente também aquela segundo (001), se torna perceptível em
seções de má qualidade devido às figuras de arranque triangulares que se formam.
Lamelas de transformação de estannita cúbica de alta temperatura para a estannita tetragonal de
baixa temperatura frequentemente são muito conspícuas. São lamelas dispostas paralelamente a (001) e
(100), assemelhando-se vagamente às maclas do microclínio. São lamelas finas em padrão de parquê.
Inclusões se formam durante a transformação de estannita de alta temperatura para estannita de
baixa temperatura. Os excessos de esfalerita (ZnS) e de calcopirita (CuFeS2) se desmisturam e formam
grãozinhos (inclusões) na estannita.
Maclas formam-se como na esfalerita e na calcopirita, mas são muito mais raras. As maclas são
pseudo-cúbicas segundo (111) e geralmente são maclas de crescimento, frequentemente com lamelas de
pressão.
Zonação é esperada devido à composição complexa e, em alguns casos, pode ser observada.
Raramente já é possível reconhece-la por variações de cor; mais frequentemente por uma distribuição
irregular dos pequenos grãos de desmistura de calcopirita e esfalerita (mais freqüentes no centro e mais
raras nas porções laterais dos grãos).
Deformações são mais raras. Em alguns casos há sinais de recristalização (textura granular fina).
Cataclase aparentemente é muito rara.
Estruturas de desmistura são muito comuns. Na verdade sempre há calcopirita presente em grãos
muito pequenos, mas o tamanho destes grãos é tão diminuto que passam despercebidos. São pequenos
discos ovais, geralmente de tamanho uniforme, em muitos casos dispostos paralelamente a (001). Também
ocorrem desmisturas dispostas paralelamente a (100). Se os grãos de desmistura estão dispostos
paralelamente a (001) e (100) e com o mesmo desenvolvimento – o que é freqüente – a desmistura ocorreu
antes da transformação de estannita de alta temperatura para estannita de baixa temperatura, quando (100)
e (001) ainda eram faces cúbicas do mesmo tipo. O mesmo deve ter ocorrido quando pequenos corpos de
desmistura tipicamente cúbicos estão dispostos em um agregado completamente desordenado de grãos
pequenos de estannita, que aparentemente representam uma recristalização de lamelas pseudo-cúbicas. A
desmistura deve ter ocorrida a T < 250ºC, pois ocasionalmente verifica-se desmistura de cubanita nos grãos
de desmistura de calcopirita.
Substituições são muito freqüentes. Foram observadas estannitas substituindo pirrotita, cassiterita,
arsenopirita, quartzo e nordenskiöldina (CaSn(BO3)2). Por sua vez a estannita pode ser substituída por
bismutinita, tetraedrita-tennantita, esfalerita, zinkenita (Pb9S22S42), minerais de prata, também calcopirita e
stannoidita (Cu6Cu2(Fe,Zn)SnS12).
Alterações de estannita geram agregados muito complexos e variáveis de cassiterita, covellita ou
bornita/marcassita. Às vezes a marcassita desenvolve uma rede bem formada, disposta paralelamente aos
planos estruturais da estannita.
Intercrescimentos orientados ocorrem especialmente com calcopirita e esfalerita. Em muitos casos
há calciopirita formando preenchimentos de fraturas dentro dos grãos de estannita e entre os grãos de
estannita – estes preenchimentos também estão intercrescidos de forma orientada com a estannita. Da
mesma forma, os filmes de estannita que ocorrem entre grãos de calcopirita e esfalerita são intercrescidos
de forma orientada com a calcopirita.
Mirmequitos de estannita com calcopirita, em tamanhos de grão muito variáveis, são bastante
comuns. Provavelmente por oxidação formam-se mirmequitos de calcopirita + cassiterita a partir da
estannita.
137
Deposições rítmicas foram observadas em algumas estannitas: trata-se de crostas formadas
alternadamente por grãos mais grosseiros e grãos mais finos. Estas estruturas delicadas formaram-se
provavelmente em temperaturas muito mais baixas que as estannitas comuns, pois estão sempre livre de
corpos de desmistura.
Confusões possíveis:
A estannita é muito parecida com tetraedrita-tennantita, especialmente com as variedades ricas em
ferro e de baixa refletividade de Cu-Sb. Também é parecida com alguns minérios muito raros. Mas
tetraedrita-tennantita possuem refletividade maior e, principalmente, isótropas. Macroscopicamente algumas
misturas de minérios são facilmente confundidas com estannita.
138
Estefanita – Ag5SbS4
Macroscopia:
A estefanita (“stephanite”) recebeu este nome em 1845 de W. Haidinger em homenagem ao
Arquiduque da Áustria, Stephan Franz Victor von Habsburg-Lothringen, (1817 – 1867), engenheiro,
colecionador de minerais e Diretor de Minas da Áustria. Georgius Agrícola em 1546 se referiu ao mineral
como “Schwarzerz” (= minério preto). Autores franceses usam o nome proposto por F.S. Beudant,
“psaturose” (do grego = frágil).
A estefanita, com 68,8% de prata, é um mineral de prata mais raro que geralmente ocorre muito
pura. Tipicamente ocorre em pequenas quantidades e pequenos cristais em muitos distritos mineiros de
prata. Por outro lado, localmente pode ser um minério importante desse metal, como no veio Comstock em
Nevada (USA). Forma-se como mineral tardio (é o último mineral de prata a se formar) com outros minerais
de prata em depósitos hidrotermais de prata, especialmente em veios de prata e cobalto. Associa-se a
proustita, acanthita, prata nativa, tetrahedrita, galena, esfalerita e pirita.
Cristais de estefanita, com até 6 cm, são freqüentes, prismáticos curtos segundo [001] a tabulares,
também podem ter hábito alongado segundo [100], com [001] estriado paralelamente a [1-14]. Os cristais
podem mostrar hemimorfia e frequentemente estão maclados em agrupamentos pseudohexagonais que
lembram aqueles da aragonita e que são muito parecidos aos agregados pseudohexagonais de cristais
monoclínicos de polibasita [(Ag, Cu)6(Sb,As)2S7] [Ag9CuS4]. Como em todos os minerais de prata, os cristais
originalmente são brilhantes e com forte brilho metálico, mas com a exposição à luz tornam-se pretos e
foscos. Este filme superficial preto pode ser removido através de limpeza com ultrassom.
Nic. // : cor de reflexão branco-cinza a cinza médio. Refletividade de 26.37 a 28.06%. Pleocroísmo muito
fraco, entre branco a branco-rosa. Esse pleocroísmo pode ser confirmado em limites intergranulares e, com
alguma prática, é facilmente reconhecível. As cores do pleocroísmo variam entre branco (// a), branco-rosa-
marrom (// b) e rosa (// c).
139
Nic. + : anisotropia forte em cores vivas cinzento-amarronzadas. Não há reflexões internas – essa ausência
diferencia a estefanita em relação a muitos outros minerais de prata muito semelhantes.
Forma dos grãos: os cristais de polibasita geralmente são colunares, bem formados e crescidos
sobre outros minerais. Outros hábitos incluem agregados granulares, anédricos (xenomórficos), pouco
intercrescidos (“thoothed”). Indícios de euedrismo (idiomorfia) só ocorrem ocasionalmente em relação a
acanthita e polibasita, que podem se formar ainda depois da estefanita. A estefanita pode ocorrer em
fraturas da tetraedrita e mesmo em fraturas de proustita-pirargirita.
Corrosão ao ar é muito fraca e frequentemente não ocorre.
Maclas são muito comuns, frequentemente lamelares muito bem desenvolvidas com limites retos ou
irregulares.
Zonação não foi observada.
Deformações não ocorrem e também não são esperadas em um mineral tardio como este.
Substituições de estefanita pela polibasita podem ocorrer.
Nic. + : forte anisotropia, muito destacada, entre cinza-marrom, cinza-branco, marrom-do-couro, branco-
marrom-rosa e cinza-azul (ou de cinza-azulado a marrom-rosado). A extinção é paralela. Não possui
reflexões internas.
Forma dos grãos primária é caracteristicamente alongada, acicular radiada ou em massas cliváveis
subédricas. Modificações posteriores podem transformar os grãos em agregados granulares anédricos, com
granulação bastante grosseira. Massas de grão fino são raras. Os grãos podem apresentar contatos
poligonais simples ou podem estar interligados em escalas das mais variadas, às vezes muito intensas
(contatos “dentados”, algo mirmequíticos).
Clivagem praticamente não é visível em seções polidas de boa qualidade devido à pasta mineral
que se forma na superfície da seção polida durante o polimento. Apenas por alteração incipiente a clivagem
se torna bem visível.
Maclas polissintéticas na zona (010) para (001) são muito frequentes, às vezes deformadas. Podem
ocorrer maclas de pressão.
Deformações são extremamente freqüentes, são raros os grãos que não as apresentam.
Apresentam-se como lamelas deformadas decorrentes da baixa dureza do mineral. Estas lamelas de
pressão podem ter uma relação com as maclas polissintéticas. Sua extinção é ondulante, fácil de observar.
Translações nos grãos alongados são possíveis, podem ser confundidas com maclas
polissindéticas e com deformações.
Cataclase é bastante freqüente, provavelmente se originando quando a deformação ocorre
bruscamente, de forma espasmódica. Se a deformação se dá sob pressão constante geram-se as lamelas
de deformação.
Zonação é muito freqüente. Como não são conhecidas alterações na composição química da
estibnita, as zonas devem estar relacionadas a interrupções no crescimento ou a variações na velocidade
de crescimento. Frequentemente a zonação evidencia que a morfologia dos cristais alterou-se
profundamente durante o crescimento.
Recristalização é registrada em massas de estibnita que sofreram intensos esforços mecânicos
(imagem em preto e branco abaixo). Formam-se massas granoblásticas com uma orientação perceptível
segundo [001], que são conhecidas de muitos jazimentos.
Substituições são pouco freqüentes na estibnita. Frequentemente parece que a estibnita substitui
pirita, arsenopirita, esfalerita, quartzo e tetraedrita-tennantita, mas é possível que a estibnita, muito mole,
apenas foi deformada (“espremida”) para dentro das fraturas destes minerais durante o episódio de
deformação. Na zona de oxidação a estibnita pode ser pseudomorfisada, com todos os seus detalhes
morfológicos, por óxido de antimônio ou por ocre de antimônio (uma mistura de cervantita e stibioconita).
Também pode ser substituída por realgar ou ouropigmento.
Critérios para reconhecimento: Típicos são a baixa dureza, a reação com KOH, o pleocroísmo de reflexão
e os efeitos de anisotropia com nicóis cruzados.
Confusões possíveis: à primeira vista a estibnita pode ser confundida com muitos outros minerais, muitos
deles frequentes. É necessário um olhar mais atento para fazer a diagnose correta.
142
Berthierita é algo mais dura, possui pleocroísmo de reflexão muito semelhante, mas uma das cores
é um marrom semelhante à magnetita (principal diferença!).
Jamesonita possui um pleocroísmo de reflexão e uma anisotropia mais suave, não possui lamelas
de macla deformadas e a cor // ao comprimento tem um tom para o verde. Aqui, como na Bertierita,
algumas seções podem ser difíceis de identificar.
Bismuthinita possui cor de reflexão mais elevada e uma cor com um tom de amarelo; os efeitos de
anisotropia e o pleocroísmo de reflexão são menores, a clivagem é mais nítida, não é atacado por KOH.
Bournornita praticamente não possui pleocroísmo de reflexão, é muito menos anisótropa e não é
atacada por KOH.
143
Fergusonitas – fórmula geral (Y,ETR) NbO4
Macroscopia:
As Fergusonitas são óxidos múltiplos com Elementos de Terras Raras (ETRs, em inglês, “Rare
Earth Elements - REEs”), Nb, Ta e Ti e fórmula geral A BO4. O íttrio está em solução sólida com os
elementos de Terras Raras. Classificam-se em dois grupos: Grupo da Fergusonita, com Fergusonita-(Y)
YNbO4, Formanita-(Y) YTaO4, Fergusonita-(Ce) (Ce,La,Y)NbO4 e Fergusonita-(Nd) (Nd,Ce)(Nb,Ti)O4. O
Grupo da Fergusonita-beta compõe-se de Fergusonita-beta-(Y) YNbO4, Fergusonita-beta-(Ce)
(Ce,La,Nd)NbO4 e Fergusonita-beta-(Nd) (Nd,Ce)NbO4.
As fergusonitas são minérios importantes de uma série de elementos muito interessantes cujas
propriedades diferenciadas são usadas em cada vez mais aplicações industriais estratégicas. Constituem
minerais tetragonais, opacos, escuros, sem características proeminentes, facilmente confundidos com
muitos outros minerais. São minerais relativamente comuns, mas sempre em quantidades pequenas.
Eventuais teores de thório podem deixar as fergusonitas metamictas (amorfas) devido à radiação emitida
pelo thório. Ocorrem em pegmatitos graníticos contendo ETRs e em placers como jazimentos secundários.
Associa-se a monazita, gadolinita, thalenita, euxenita, allanita, zircão, biotita e magnetita.
As fergusonitas é um grupo de minerais que não é abordado por nenhum Banco de Dados
disponível. No livro do Prof. Ramdohr há menos de uma página com o título de “Grupo dos Pirocloros”. A
diagnose ao Microscópio de Luz Refletida é impossível. Uma vez sabendo de sua existência, são fáceis de
localizar. Os dados abaixo se referem à Fergusonita-(Y):
Nic. // : a cor de reflexão branca a cinza claro, com uma refletividade de 58%. Não possui pleocroísmo nem
birreflectância.
Nic. + : isótropo, completamente escuro em todas as posições. Não possui reflexões internas.
Turvação ou corrosão ao ar: a umidade atmosférica ataca com muita rapidez o ferro nativo que
ocorre associado a basaltos. Os processos de oxidação podem ser evitados cobrindo a seção com verniz.
Lamelas de macla por pressão, paralelas a (211), são bem conhecidas de meteoritos e da
metalurgia, mas não foram encontradas em ferro nativo.
Clivagem não é observada em seções polidas.
Zonação não ocorre. A transformação de γ-Fe para α-Fe a 906ºC não deixa traços microscópicos.
Grãos mais desenvolvidos, bastante raros, possuem forma poligonal.
Alteração faz surgir com nitidez os cristais tabulares de cementita em ferro nativo com teores
elevados de cementita.
Filmes finos de cristais de ilmenita frequentemente envolvem as gotas de ferro.
145
Intercrescimentos orientados de ferro nativo com magnetita ocorrem de forma espetacular no ferro
nativo de Mellemfjord (Disko, Groenlândia).
Critérios para reconhecimento: a refletividade metálica, a cor e a isotropia permitem identificar o ferro
nativo sem dificuldades, ainda mais considerando a procedência da amostra.
Confusões possíveis: platina pode se apresentar muito semelhante, inclusive com magnetismo. Mas a
platina não sofre turvação e resiste ao ataque químico, o ferro não. A cohenita ((Fe,Ni,Co)3C), que se
associa, tem a cor um pouco mais amarela e é anisótropa.
146
Fluorita – CaF2
Macroscopia:
A fluorita é um mineral comum em veios hidrotermais de baixa temperatura mineralizados,
especialmente aqueles de Pb e Zn. Ocorre em greisens, granitos, pegmatitos, sienitos, carbonatitos,
intrusões alcalinas e veios de alta temperatura. Em alguns mármores e outras rochas metamórficas. Em
cavidades de rochas sedimentares, como cimento em arenitos, como depósitos de fontes quentes e em
dolomitas biogênicas.
A fluorita é um halóide que cristaliza no sistema cúbico e que, macroscopicamente, possui uma
grande diversidade de formas cúbicas combinadas, além das formas esféricas, aciculares, maciça e muitos
outros. Por isso mesmo cristais bem formados de fluorita tem enorme aceitação no mercado de minerais de
coleção, alcançando preços elevadíssimos. É um mineral industrial estratégico, essencial na siderurgia e na
metalurgia como fundente. A principal fonte da “fluorita grau metalúrgico” são justamente os minérios
sulfetados de chumbo e zinco com ganga de fluorita. Uma abordagem completa dos muitos jazimentos,
formas, usos e histórico da fluorita fogem do escopo deste texto.
Nic. // : cor de reflexão cinza escuro, sem pleocroísmo nem birreflectância. Refletividade de 4%
(extremamente baixa, o mineral se apresenta muito escuro). Costuma ser o mineral mais escuro das seções
polidas de minérios.
Nic. + : isótropo. Apresenta abundantes reflexões internas incolores, verdes, amarelas, rosa, violetas e
azuis.
Clivagem octaédrica perfeita (em 3 direções) faz surgir facilmente figuras de arranque triangulares
se a granulação da fluorita for grosseira. Como acontece também na galena, agregados microscristalinos
não mostram as figuras de arranque.
Maclas não são observadas.
147
Confusões possíveis: com gipso, mas gipso é muito mais macio e possui abundantes sulcos de polimento
(passando um lenço de papel, a seção polida de gipso fica cheia de sulcos de polimento). Zeolitas também
podem ser semelhantes.
148
Franklinita - ZnFe2O4
Macroscopia:
A franklinita é um mineral raro, abundante em apenas uma localidade: Franklin Furnace (agora
chamada apenas de Franklin), New Jersey, USA. Também era encontrado na cidade vizinha de
Ogdensburg, em Sussex County. Nessa região constituiu um importante minério de zinco; a jazida está
esgotada há décadas. A franklinita ocorre em camadas e veios formados através do metamorfismo de altas
temperaturas de sedimentos carbonáticos marinhos ricos em Fe, Zn e Mn. Em alguns depósitos de ferro e
manganês ocorre como mineral muito secundário. Associa-se a zincita, willemita, calcita, andradita
(granada), manganosita, rhodocrosita, gahnita, magnetita, rhodonita, hausmannita, hetaerolita, jacobsita,
braunita, sarkinita, berzeliita e hematita. As calcitas e willemitas associadas à franklinita costumam ser
fortemente fluorescentes.
Os cristais de franklinita tipicamente formam octaedros, sempre com arestas arredondadas; podem
alcançar 22 cm. Formas combinadas ocorrem com freqüência. Pode estar exsolvido em outros minerais,
pode ocorrer granular fino a grosseiro ou ser maciço. Normalmente contêm um teor expressivo de Mn. A
variação dos teores de Zn e Fe implica em graus variáveis de magnetismo.
Confusões possíveis: magnetita é muito semelhante, mas não possui reflexões internas. A jacobsita
também possui reflexões internas e uma cor de reflexão nitidamente amarela.
150
Galena - PbS
Macroscopia:
A galena é o mais importante minério de chumbo, sendo muito fácil separar o chumbo do enxofre.
Além disso, é um dos sulfetos mais abundantes, de ampla distribuição. Pode conter teores variáveis (até
20%) de prata, por isso as galenas argentíferas foram, durante muito tempo, o mais importante minério de
prata. Galena também contém teores variáveis de zinco, cádmio, antimônio, arsênio e bismuto. Selênio
substitui o enxofre da galena, formando uma série de solução sólida com a clausthalita (PbSe). Nas zonas
de intemperismo e de oxidação, a galena altera para anglesita ou cerussita.
No início do desenvolvimento das comunicações sem fio, nos anos 1930, um hobby popular na
Europa era a construção de “rádios de galena”, que usavam um cristal de galena como diodo.
Cristais de galena são comuns. Normalmente formam cubos, podem formar octaedros ou formas
combinadas. Os maiores cristais conhecidos são cubos com um metro de aresta. A típica clivagem cúbica
da galena se altera se outros elementos estão presentes: com bismuto a clivagem é octaédrica, com prata a
clivagem torna-se escamosa. Cristais recém-clivados exibem faces com um brilho metálico forte, que com o
tempo pode embaçar, perdendo o brilho e passando a fosco.
Galena se forma em uma série de ambientes. Ocorre em veios hidrotermais de sulfetos de chumbo
em um amplo intervalo de temperaturas. Também em depósitos de metamorfismo de contato; raramente
em pegmatitos. Ocorre disseminada em rochas ígneas e em rochas sedimentares como calcários e
dolomitos. Raramente em placers. Associa-se a esfalerita, calcita, fluorita, marcassita, pirita, calcopirita,
tetraedrita, minerais de prata, siderita, dolomita, barita, quartzo e muitos outros minerais hidrotermais.
Nic. + : isótropa. Em seções com muitos sulcos de polimento, os sulcos podem simular a existência de
anisotropia. Cristais não-estequiométricos são levemente anisótropos. Não possui reflexões internas.
Confusões possíveis: se a seção polida foi bem preparada, apenas alguns poucos e geralmente raros
minerais podem ser confundidos com a galena. Figuras de arranque triangulares nesta qualidade e
quantidade apenas surgem na clausthalita, na altaita e na sulvanita (levemente amarela). Quando a galena
153
se apresenta polida demais ou em grãos muito pequenos, pode ser confundida com dúzias de sulfossais
muito parecidos, que tem cor e refletividade semelhantes. Mas esses sulfossais são anisótropos (entretanto
de intensidades muito variáveis), ao contrário da galena, que é cúbica = isótropa.
154
Garnierita – minério de Ni
Macroscopia:
A garnierita, um importante minério de níquel (NiO), não é um mineral, mas uma denominação
genérica, “guarda-chuva”, para uma mistura em tons variados de verde de mais de 6 filossilicatos hidratados
de níquel e magnésio diferentes. Essa mistura inclui dois ou mais dos seguintes minerais: serpentina, talco,
sepiolita, esmectita, clorita e vermiculita. Além disso, silicatos de Ni-Mg, com ou sem alumina, cujos padrões
de Difratometria de Raios X são típicos de serpentina, talco, sepiolita, clorita, vermiculita e misturas deles
todos. As determinações das composições químicas de garnierita variam em certos limites e várias
composições foram propostas, incluindo minerais raros como falcondoita, stevensita, willemseita e outros.
Um sinônimo para garnierita é noumeaita ou noumeita. Variedades são a garnierita-Fe, a garnierita-
Fe-halloysita e a garnierita-Zn. Crisoprásio é uma variedade verde de quartzo com menos de 2% de Ni em
peso. Algumas variedades de garnierita dissolvem facilmente na água, aderem à língua e tem gosto.
A garnierita se forma pela alteração laterítica de rochas ultramáficas como serpentinitos, dunitos e
peridotitos. Forma depósitos de bolsões (“pockets”) e veios, de grande importância econômica.
Nic. // : cor de reflexão branca, talvez cinza clara, um pouco creme. Bem mais escura que pirita bem polida.
Em algumas ocorrências as gersdorffitas são algo cinza-azuladas, em outras mais duras, mais claras e algo
amareladas. Não possui birreflectância nem pleocroísmo. Refletividade de 45,39%.
Forma dos grãos frequentemente é euédrica ou subédrica. Normalmente são grãos bem pequenos,
mas podem ocorrer agregados compostos por cristais que individualmente possuem vários centímetros de
tamanho. Pode formar porfiroblastos esqueletais.
156
Clivagem perfeita {100} em 3 direções formando cubos quase sempre é visível, bem desenvolvida,
formando linhas retas e longas. Esta clivagem causa características figuras de arranque triangulares como
na galena. A clivagem é muito mais freqüente que na ullmannita.
Zoneamento é muito freqüente e pode ser visto mesmo sem ataque químico devido a diferenças na
dureza e na coloração.
Maclas não ocorrem.
Deformações não são raras, já que é um mineral de formação inicial. As deformações conduzem à
cataclase dos grãos. As fraturas estão preenchidas por outros minérios como calcopirita, arsenopirita; não
ocorre substituição associada.
Substituições: a gersdorffita envolve pirita na forma de crostas e substitui a pirita ao longo de
fraturas. Pode substituir rammelsbergita e niquelina. Por outro lado, pode ser substituída por bournonita,
tennantita-tetraedrita, maucherita e niquelina.
Confusões possíveis: a gersdorffita pode ser confundida com outros minerais cúbicos brancos. A sua
clivagem excelente é muito diagnóstica, bem como seu embaçamento. Sua cor é idêntica àquelas da
ullmannita. Muito parecida com as cores da eskutterudita e da esmaltita. Linneita, em comparação, é
levemente rósea e mais macia.
157
Gibbsita – Al(OH)3
Macroscopia:
A gibbsita é um mineral industrial que compõe o principal minério de alumínio, a bauxita, junto com
a bohemita e o diásporo. Além disso, argilas gibbsíticas são interessantes para a fabricação de materiais
refratários. A gibbsita é um típico mineral de alteração de minerais aluminosos (e.g., feldspatos), sendo
comum em solos lateríticos e na bauxita. Também se forma em ambientes hidrotermais e metamórficos de
baixas temperaturas, substituindo minerais aluminosos. Associa-se a diásporo, bohemita, coríndon, caulinita
e goethita.
A gibbsita, também chamada de hidrargillita, possui os polimorfos bayerita, doyleita e nordstrandita
e uma estrutura básica de micas; as placas neutras de hidróxido de alumínio (“gibbsite layers”) constituem
parte da estrutura de grupos importantes de argilas, como dos grupos da illita, da caulinita e da
montmorilonita/esmectita. A identificação da gibbsita em Luz Transmitida é difícil devido ao tamanho
extremamente pequeno dos cristais que, além disso, estão intercrescidos com argilominerais.
Nic. // : cor de reflexão cinza escura. Refletividade aproximada de 5%. Não possui birreflectância nem
pleocroísmo.
159
Nic. + : não possui anisotropia, apenas reflexões internas brancas, leitosas a claras e multicoloridas.
Clivagem será visível em cristais bem formados se a clivagem for perpendicular à seção polida. Em
blocos confeccionados paralelamente à clivagem {010} não se observa clivagem.
160
Goethita – FeO(OH)
Macroscopia:
A goethita é um hidróxido de ferro tipicamente formado em solos e outros ambientes de baixas
temperaturas. Goethita nanoparticulada autigênica é o hidróxido de ferro diagenético mais comum em
sedimentos marinhos e lacustres. A goethita forma-se em ambiente oxidados pela alteração de minerais
ricos em ferro, podendo formar pseudomorfos sobre pirita, siderita e marcassita, por exemplo. Goethita pode
precipitar em águas superficiais estagnadas (pântanos) (formando “bog iron ore” ou “bog iron” ou “brown
iron ore”), em cavernas ou no fundo de lagos e pequenos riachos. Também ocorre como mineral primário
em depósitos hidrotermais. O mineral é bem conhecido desde a pré-história, tendo sido usado
extensivamente como pigmento em pinturas rupestres e em cerâmica. Hoje em dia seu maior uso é como
minério de ferro, chamado de “minério de ferro marrom” (“brown iron ore”).
Goethita pode formar cristais prismáticos, estriados paralelamente a [001], com até 45 cm de
comprimento. Cristais tabulares segundo {010} também ocorrem. Entretanto, o hábito mais comum da
goethita é de agregados capilares a aciculares, formando tufos divergentes ou massas reniformes a
botrioidais. Massas estalagtíticas com estrutura interna concêntrica ou radial fibrosa também são comuns.
Em cristais de quartzo a goethita forma, muito frequentemente, inclusões de tufos radiados de cristais
aciculares marrom-escuros. Na “limonita” (veja abaixo) ocorre quase criptocristalina. A goethita é trimorfa
com feroxyhyta e lepidocrocita e pode conter Al2O3, CaO, BaO, SiO2 e outros. Nos agregados pode estar
intensamente contaminada. Turgita é uma goethita iridescente misturada com hematita. Associa-se a
lepidocrocita, hematita, pirita, siderita, pirolusita, manganita e muitos outros minerais de ferro e manganês.
“Limonita” era considerada uma espécie mineral, mas na realidade é uma mistura de goethita,
akaganeita, lepidocrocita e jarosita. Apenas com Difratometria de Raios X é possível confirmar essas
espécies minerais.
Nic. // : cor de reflexão varia muito, a refletividade mais ainda; ambas dependem da qualidade do polimento.
A cor “oficial” é cinza com um tom azul. Refletividade de 12.67 a 13.87%. Agregados de grão muito fino
apresentam refletividade bem mais baixa devido à grande quantidade de reflexões internas, mesmo a nicóis
descruzados. Não possui birreflectância. Pleocroísmo baixo, mas sempre nítido em agregados de grão mais
grosseiro, mas variável dependendo do teor de água adsorvida. Cores entre amarelo ou incolor amarelo
amarronzado ou laranja amarelo. Paralelamente à fibra a goethita é mais clara e cinza-marrom,
perpendicularmente à fibra quase tão clara ou nitidamente mais escura, com tons marrons em ambos os
casos. Seções basais são menos pleocróicas. Em imersão em óleo o pleocroísmo fica mais intenso, mas as
reflexões internas dificultam a observação.
Nic. + : anisotropia forte com iluminação intensa, mas ocasionalmente a anisotropia é muito discreta,
mesmo em agregados de grão grosseiro. Em imersão em óleo tudo fica mascarado pelas reflexões internas.
A quantidade de reflexões internas depende do tamanho de grão, da porosidade e da qualidade do
polimento. Em agregados de grão fino são muito abundantes. Suas cores são de amarelo claro até
vermelho-marrom.
Forma dos grãos: cristais grandes isolados foram observados raramente, mas como agulhas
microscópicas são abundantes em “minérios de ferro marrom” que aparentemente é maciço. Massas
terrosas de cores amarelas e marrons são freqüentes. Seções desse material só podem ser preparadas
com tratamento em álcool e impregnação em resina sob vácuo. Uma parte dessas pode estar ainda em
forma de gel.
Clivagem é observada apenas raramente.
Maclas não foram observadas.
Zonação só ocorre em cristais grandes.
Texturas e estruturas predominantes são aquelas de materiais que cristalizaram a partir de géis. Os
cristais aciculares ou fibrosos sempre estão dispostos perpendicularmente à superfície dos agregados
mamelonados ou botrioidais.Paralelamente à superfície dos agregados frequentemente há bandas
concêntricas muito bem definidas, que se alternam em ritmos bem desenvolvidos. As bandas se destacam
por pequenas variações de tamanho de grão, comportamento ao polimento e atacabilidade química.
Frequentemente as fibras possuem disposição radial ou como folha-de-palmeira.
Pseudomorfoses são freqüentes sobre outros minerais como pirita, marcassita e outros. Mas um
intercrescimento cristalográfico entre o hospedeiro e a goethita foi observado apenas raramente.
Substituições por goethita são conhecidas de quase todos os minerais contendo ferro e sempre são
conseqüência de intemperismo. Especialmente importantes são aquelas em pirita, calcopirita, siderita e
pirrotita. As relações de contato e as estruturas das massas assim formadas de goethita frequentemente
permitem concluir com segurança sobre os minerais originais e com isso sobre o caráter do jazimento
inalterado. Algumas dessas estruturas podem ser vistas a olho nu, outras apenas ao microscópio. As
massas de goethita, formadas a partir de pirrotita seguindo a seqüência pirita, marcassita e pirita-gel, ao
microscópio permitem observar a clivagem basal da pirrotita, a estrutura de olho-de-pássaro da piritização
inicial e os desplacamentos lamelares desta. As massas de goethita dessas pseudomorfoses quase sempre
possuem estrutura rítmica bem desenvolvida. Outras estruturas são formadas naquelas goethitas geradas a
partir da precipitação do ferro contido em águas superficiais, gerando goethita de lagos, de pântanos, de
gramados, em geodos e especialmente os oolitos de goethita com sua textura característica.
Confusões possíveis: lepidocrocita possui reflexões internas mais claras e refletividade mais baixa.
162
Microscopia de Luz Transmitida:
Nic. // : relevo alto, com pleocroísmo entre vermelho, amarelo e amarelo claro a marrom ou laranja.
Nic. + : birrefringência máxima de 0,133 – 0,134.
Luz Convergente: B(-), ângulo 2V de 20º .
163
Grafita - C
Macroscopia:
A grafita, um dos polimorfos do carbono (outros: diamante, chaoita e lonsdaleita), é fácil de
reconhecer com sua cor cinza brilhante, a forma lamelar e pelo fato de ser muito macia, sujando os dedos.
Em minérios, a grafita é relativamente rara. É frequente em sedimentos que sofreram metamorfismo
de contato e metamorfismo regional, em qualquer grau. Grafita de origem magmática pode ocorrer em
gabros, em dunitos e em paragêneses pegmatíticas-pneumatolíticas. Grafita pode ocorrer como placas
isoladas bem cristalizadas com lados hexagonais (se não quebradas) com até 20 cm de comprimento. Uma
outra forma é como finas partículas amorfas em carvões que passaram pelos últimos estágios de formação
de carvões (meta-anthracitos). Grafitas grandes ocorrem em veios que preenchem fraturas ou fissuras,
formando agregados cristalinos maciços de fibras ou agulhas.
Associa-se a muitos minerais estáveis ns condições metamórficas da gênese da grafita.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio a escuro com um tom marrom. A refletividade é muito variável, de 7,45
a 21,48%. Possui birreflectância muito alta e pleocroísmo fortíssimo em tons de cinza. Poucos minerais
atingem estas intensidades. Na posição mais escura, a birreflectância é igual à da ganga.
Nic. + : possui anisotropia extrema, de cinza amarronzado claro a cinza escuro. Poucos minerais são tão
anisótropos. Descruzando os nicóis um pouco (2º), uma das cores é amarelo-palha. Não apresenta
reflexões internas.
Forma dos grãos: apresenta-se normalmente em lamelas ou palhetas, que podem ser retas e com
larguras variáveis ou podem estar “amarrotadas”, dobradas, em função de stress tectônico. Estas lamelas
podem estar empilhadas. Lamelas dobradas vão mostrar ao giro da platina um efeito que lembra extinção
ondulante. A grafita também pode formar agregados esféricos que vão mostrar uma barra preta giratória
com o movimento da platina do microscópio em função do pleocroísmo/anisotropia. Os grãos individuais
são tabulares e seu tamanho varia muito de acordo com a origem geológica. Em agregados homogêneos os
grãos são euédricos e pouco intercrescidos. Os grãos da grafita, de maneira geral, sempre tendem a ser
164
euédricos. Em casos muito raros há formas botrioidais e outras. Em algumas ocorrências a grafita forma
esferas com cristais aciculares dispostos radialmente.
Clivagem normalmente é bem visível mesmo em seções de bom polimento.
Zonação e maclas não foram observadas e substituições são extremamente raras.
Deformações devido à translação segundo (0001) e dobramentos em todas as direções neste plano
são sempre observáveis. As dobras quase sempre são acompanhadas da abertura das folhas da grafita
(efeito “sanfona aberta”). Todas as deformações são facilmente observáveis devido ao pleocroísmo.
Estruturas celulares ainda foram observadas localmente em grafitas em rochas metamórficas,
apesar das mesmas terem sofrido intensas deformações por metamorfismo regional.
Estruturas muito diferenciadas foram observadas em massas de grafita que ocorrem em basaltos.
Critérios para reconhecimento: O comportamento do mineral durante o polimento (muito macio), sua
clivagem, sua forte anisotropia e seu pleocroísmo de reflexão são extremamente característicos.
Confusões possíveis: molibdenita não suja os dedos, apresenta refletividade maior e nx: violeta-rosado,
extinção incompleta; valleriita possui uma refletividade maior com tonalidade amarelada, nicóis
descruzados: azulado; outros minerais são mais coloridos ou apresentam nx: cores.
165
Hausmannita - Mn3O4
Macroscopia:
A hausmannita é um mineral relativamente raro, ocorre primário em veios hidrotermais de
relativamente baixa temperatura e em rochas metamórficas ricas em Mn. Em alguns casos originou-se
acima do aqüífero freático a partir de carbonatos manganesíferos. Outras ocorrências sugerem formações a
altas temperaturas, como jazimentos de metasomatismo de contato e alteradas por metamorfismo de
contato. Essas várias paragêneses de ocorrência sugerem variadas condições de formação. Geralmente a
hausmannita é um minério de manganês de importância secundária; em alguns jazimentos possui
importância econômica.
A hausmannita forma cristais de até 7,5 cm. As maclas podem produzir “fivelings” – agrupamentos
de 5 indivíduos, ou então intercrescimentos lamelares. Pode formar intercrescimentos epitaxiais com
jacobsita. Associa-se a rhodocrosita, pirolusita, jacobsita, braunita, psilomelano, pirolusita, bixbyita,
andradita (granada) e barita.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio (cinza-branco), com birreflectância fraca a distinta em tons de cinza e
pleocroísmo ausente. Refletividade de 20.06 a 15.81%.
Nic. + : anisotropia distinta a forte de cinza esverdeado a escuro. Não são raras as reflexões internas em
vermelho-sangue profundo a marrom avermelhado ou laranja. Em imersão de óleo são mais freqüentes e
frequentemente muito vivas.
Confusões possíveis: sob uma observação descuidada a hausmannita é semelhante a uma série de
outros minerais, mas observando com cuidado a possibilidade de confusões diminui. Magnetita e jacobsita
são isótropas. Magnetita também não tem reflexões internas. Braunita possui anisotropia menor e maclas
ausentes ou raras. Manganita pode ser bem parecida, mas não possui maclas. Wolframita adquire
polimento pior, possui reflexões comumente marrons (podem ser vermelhas), apresenta apenas maclas
simples e outra paragênese. Molibdenita apresenta refletividade maior e é violeta-rosada a Nicóis Cruzados
e extinção incompleta, valleriita possui refletividade maior com tonalidade amarela e é azulada a Nicóis
Descruzados, outros minerais são mais coloridos ou apresentam outras cores a Nicóis Cruzados.
Nic. // : cor de reflexão branca pura se não houver minerais vizinhos para comparação. Na vizinhança de
sulfetos a cor é cinza claro azulado. Na vizinhança de magnetita parece branca, na vizinhança de calcocita
parece amarronzada, na vizinhança de ouro parece cinza-azulado. Refletividade de 26 a 29,64%. Apresenta
birreflectância distinta, mas não possui pleocroísmo.
Nic. + : anistropia nítida em tons cinza amarronzados. A anisotropia normalmente permite reconhecer a
textura dos grãos. Reflexões internas esparsas, às vezes raras, em vermelho-sangue profundo. Sua
quantidade depende da qualidade do polimento e do desenvolvimento dos grãos de hematita. Em seções
polidas de boa qualidade as reflexões internas são relativamente raras.
Forma dos grãos: tamanho, forma e textura dependem muito das condições de formação das
hematitas e, por isso mesmo, variam muito. De uma maneira geral existe forte tendência à idiomorfia
(euedrismo). Hematitas formadas a altas temperaturas possuem formas curtas, compactas; aquelas de
ambientes de metasomatismo de contato frequentemente são praticamente isométricas. Frequentemente a
hematita forma lamelas segundo (0001), em muitos casos as lamelas são muito finas e deformadas
tectonicamente, o que se observa especialmente em hematitas hidrotermais. Muitos minérios de ferro são
compostos por escamas de hematita muito finas, dispersas e sem o desenvolvimento nítido de faces. Em
alguns casos a hematita se apresenta em formas mamelonadas ou em fibras longas; neste caso é fácil
confundi-la com lepidocrocita. Em jazimentos que sofreram intenso tectonismo se formam inicialmente
placas finas que por recristalização originam depois corpos ovais, pouco intercrescidos entre si. As placas
estão dispostas paralelamente na rocha, exatamente como micas em mica-xistos, envelopando e
contornando inclusões e idioblastos. Difíceis de explicar são casos onde os cristais tabulares de hematita
estão intensamente deformadas e dobradas em uma rocha praticamente indeformada.
Maclas lamelares segundo {10-11} são muito freqüentes e visíveis especialmente a nicóis cruzados.
Uma quantidade menor das lamelas originou-se durante o crescimento; a maior parte das lamelas é de
pressão, tem origem por deformações tectônicas, ocorrem sempre em grupos e normalmente de acordo
com várias faces de {10-11}. No cruzamento das lamelas frequentemente ocorre buracos ou pelo menos
porções facilmente destacáveis, gerando os “canais ocos”, muito discutidos. As muitas maclas reconhecidas
macroscopicamente em cristais de hematita não possuem importância na microscopia.
Partições {0001} e {10-11} frequentemente são visíveis ao microscópio, especialmente em
hematitas que sofreram esforços tectônicos.
Translações segundo {0001} também são freqüentes. Muito frequentemente ocorrem lado a lado
com a formação de lamelas de macla por deslizamento segundo {10-11} na deformação plástica da
hematita. Isso explica as ondulações observadas em hematitas de muitas ocorrências. Mas em muitas
ocorrências de forte impacto tectônico não se observa essas translações; seu desaparecimento se explica
por recristalização.
169
Desmisturas: sobre as relações de desmistura de ilmenita e hematita, veja o texto sobre ilmenita.
Até aproximadamente 10% FeTiO3 permanece em solução, originando hematitas com traço mais marrom,
reflexões internas mais raras e refletividade mais baixa. Em algumas hematitas ocorrem desmisturas
aciculares de rutilo, seguindo 3 orientações diferentes. Minúsculas (>1μm) desmisturas granulares de
cassiterita podem ocorrer também. Muito raras são desmisturas minúsculas, provavelmente de braunita.
Hematitas de brilho alto e intenso podem mostrar minúsculas desmisturas(?) aciculares paralelas,
observáveis apenas com grande aumento, muito cuidado, imersão em óleo e nicóis não exatamente
cruzados; como a composição destas hematitas é praticamente a teórica, pode se tratar de microlamelas de
macla.
Transformações de hematita em magnetita são um produto comum de metamorfismo de contato em
rochas intrusivas e extrusivas, mas também são encontradas em situações difíceis de explicar.
Frequentemente formam-se pseudomorfoses muito bem desenvolvidas. A transformação de hematita em
pirita ocorre em formações extrusivas-hidrotermais com certa freqüência, especialmente impregnações de
hematita em brechas tufáceas, onde todos os estágios de transformação podem ser observados.
Intemperismo normal conduz à formação de limonita, mas de forma muito lenta. Raras são transformações
de hematita em siderita.
Martitisação: a hematita substitui magnetita (veja texto da magnetita). O processo deve ser
ascendente, de temperaturas mais elevadas, já que se formam cristais grandes de hematita ao lado da
magnetita martitisada. Em alguns casos o processo resulta em grandes cristais idiomórficos de hematita
com alguns restos dispersos de magnetita, o que explica o magnetismo destas hematitas. Por outro lado,
não são raras hematitas com magnetismo polar de composição exatamente Fe2O3 sem inclusões de
magnetita ou maghemita; seu magnetismo foi explicado por alguns autores ao impacto de raios.
Critérios para reconhecimento: Características são a alta dureza, o má polimento, a fraca, mas nítida
anisotropia, a cor branca (mas azulada em comparação com os sulfetos) e as reflexões internas vermelhas.
Microscopia de Luz Transmitida: birrefringência máxima de 0,022, biaxial positivo, ângulo 2V de 46º.
Nic. //: cor de reflexão cinza escuro, sem pleocroísmo. Refletividade de aproximadamente 10%, sem
birreflectância. Um pouco mais claro que os minerais da ganga, mas muito parecido.
Nic. +: isótropo, não se observa nenhum indício de anisotropia. Reflexões internas são abundantes,
incolores, verde intenso, mais raramente marrons.
Nic. //: cor de reflexão cinza médio com um tom amarelado, lembrando a magnetita. Pleocroísmo fraco em
tons de cinza. Refletividade de 26.47 a 31.23% com birreflectância fraca.
Nic. +: anisotropia forte, de cores cinzas com tonalidades marrons. Não apresenta reflexões internas.
Forma dos grãos: as hollanditas indianas formam massas grosseiras de estrutura radial, mas a
hollandita pode ocorrer como feixes de cristais isolados de vários tamanhos inclusos na ganga, que
geralmente é quartzo.
Maclas são comuns, frequentemente causadas por pressão, como lamelas simples e repetidas.
Extinção ondulante provavelmente é causada por deslocamentos paralelos a (001) conduzindo à
fragmentação e à formação de subgrãos.
175
Confusões possíveis: é indistinguível visualmente de criptomelano e de vários outros óxidos de minerais,
como a manganita e a coronadita. Pirolusita bem cristalizada é mais clara – se mal polida é muito similar.
Enganos são possíveis. O hábito radial é típico e o Difratograma de Raios X é característico.
176
Ilmenita – FeTiO3
Macroscopia:
A ilmenita é um mineral acessório de rochas ígneas e metamórficas que ocorre em grandes
volumes nas intrusões máficas estratificadas, no nível dos piroxênios. É o mais importante minério de titânio
e pode ser reconhecido em rochas ígneas alteradas pelo seu produto de alteração branco, o leucoxênio.
Leucoxênio é uma associação submicroscópica de óxidos de Fe-Ti, com rutilo, anatásio, esfeno, perovskita,
magnetita titanífera e especialmente ilmenita. Ilmenita também é encontrada detrital em depósitos de placer
(areias negras). Nas rochas ígneas, associa-se a espinélio, hematita, magnetita, rutilo e ulvita.
Muitas rochas ígneas máficas contêm grãos de magnetita + ilmenita, formada pela oxidação de
ulvoespinélio. Ilmenita também ocorre como grãos discretos, tipicamente com alguma hematita em solução
sólida. Existe uma solução sólida completa entre os dois minerais a temperaturas superiores a 950ºC.
Ilmenita magnesiana é indicativa de uma paragênese kimberlítica e faz parte da associação de
minerais MARID (mica-anfibólio-rutilo-ilmenita-diopsídio) de xenólitos de glimmerita. Ilmenita manganífera
ocorre em rochas graníticas e em intrusões carbonáticas, onde pode conter nióbio anômalo.
Uma das ocorrências comuns de ilmenita é como exsoluções lamelares em hematita e magnetita. A
ilmenita forma 3 séries, com ecandrewsita, geikelita e pirofanita. Pode formar cristais pseudo-octaédricos.
Quanto a variedades: iserina são ilmenitas arredondadas encontradas no depósito de places de Iser,
República Tcheca. Menaccanita e picroilmenita são variedades de ilmenita ricas em magnésio.
Washingtonita é uma ilmenita rica em ferro encontrada em Washington, Connecticut, USA.
Normalmente a ilmenita contém teores expressivos de Fe2O3 (hematita), além de teores de MgTiO3
(geikielita) e MnTiO3 (pirofanita). Em temperaturas mais elevadas existe mistura com Fe3O4 (magnetita),
talvez também com Al2O3 (coríndon). Uma forma comum de ocorrência da ilmenita é como lamelas de
desmistura em outros minerais.
Nic. + : anisotropia distinta a forte em tons de cinza, pode ser colorida. Extinção ondulante é possível.
Reflexões internas muito raras, marrons bem escuras. Surgem apenas nos locais onde o contato com as
lamelas de desmistura tende a ser paralelo com a superfície da seção polida. Geikielita e pirofanita
possuem reflexões internas mais freqüentes.
Forma dos grãos: nas rochas magmáticas silicáticas as ilmenitas em parte são formações iniciais,
mas mais frequentemente tardias. Nos magmas com titanomagnetita a ilmenita às vezes é anterior à
magnetita, mas muito mais frequentemente mais jovem, preenchendo espaços intersticiais. Mesmo em
agregados granulares pouco intercrescidos há uma nítida preferência por (0001). Muito raramente é colunar
paralelamente a (0001). Em muitos casos as ilmenitas, devido à corrosão durante o crescimento dos
esqueletos, são muito irregulares ou em forma de fragmentos.
Tamanho dos grãos varia muito; em pegmatitos e diferenciados ilmeníticos alcança tamanho de
punho e acima. Uma distribuição regular dos grãos pode ser observada em muitos minérios, quando as
ilmenitas estão com (0001) dispostos paralelamente à textura da rocha.
Clivagem não apresenta, apenas partição paralelamente a (0001). Essa partição está relacionada
às desmisturas.
Maclas muito bem desenvolvidas ocorrem em muitas ilmenitas. Podem ser percebidas pela
birreflectância a Nicóis Paralelos e melhor ainda pela anisotropia a Nicóis Cruzados. Trata-se de maclas de
pressão na forma de lamelas simples paralelamente a (10-11). Podem ocorrer lamelas isoladas em uma
direção ou grupos de lamelas. As lamelas podem seguir todas as faces de (10-11), fazendo surgir uma
textura em rede muito fina. A espessura das lamelas é muito variável, normalmente as lamelas são mais
espessas em agregados de grãos grosseiros. Nas interseções de duas lamelas ocorrem, especialmente em
ilmenitas desmisturadas, com certa freqüência neoformações bem redondas (portanto em forma de bastão)
de magnetita (± rutilo). Em alguns casos as lamelas podem ser de crescimento, mas geralmente se
formaram por solicitações mecânicas, o que se reflete no fato de que nos agregados de ilmenita,
especialmente os grãos situados nas adjacências de zonas cataclásticas estão com grande quantidade de
lamelas de macla. A distribuição das lamelas de macla evidencia que se formaram muito cedo, antes das
desmisturas que ocorreram nas ilmenitas. Por recristalização, os grãos de ilmenita, principalmente aqueles
com grande volume de maclas, podem se transformar em grãos sem nenhuma lamela de macla. Evidências
de recristalização são, de maneira geral, bastante comuns.
Zonação é raramente vista, especialmente porque é difícil realizar um ataque químico adequado na
ilmenita. Entretanto, frequentemente torna-se aparente devido à presença dos corpos de desmistura de
hematita. Em alguns casos, ilmenitas ricas em hematita ou magnetita foram corroídas pelo magma e depois
continuaram seu crescimento com uma zona exterior de composição completamente distinta da inicial.
Deformações geralmente conduzem à cataclase. Quando é possível absorver a deformação através
de ajustes pequenos, surgem as lamelas de macla de deslizamento segundo (10-11); em raros casos
também ocorre translação segundo (0001).
Mirmequitos são freqüentes nas bordas dos grãos de ilmenita que estão em contato com magnetita,
nas paragêneses magmáticas. Os mirmequitos são bem desenvolvidos e formados por espinélio, magnetita
e ilmenita.
Bordas de reação na forma de mirmequitos ocorrem entre ilmenita e silicatos em gabros, por
exemplo.
178
Desmisturas podem ser de 5 tipos.
Desmisturas 1: em muitas ilmenitas ocorrem lentes mais espessas ou mais finas de hematita, em
quantidade muito variável, dispostas paralelamente a (0001). O tamanho dos corpos lenticulares varia muito
e tem uma relação aproximada com o tamanho dos grãos de ilmenita. O volume de hematita desmisturada
pode ser igual ou maior que o volume de ilmenita no grão; nesse último caso há lentes de ilmenita com as
mesmas características imersas na hematita. Quando o volume de corpos de desmistura passa de um certo
limite, sempre há discos maiores e menores lado a lado, sem aspectos de transição. Os discos mais
grosseiros de hematita na ilmenita contêm, por sua vez, discos menores de ilmenita (ou vice-versa). Nas
seções paralelas a (0001) os discos apresentam formas muito irregulares. Estas feições geram-se devido a
desmisturas em etapas dos diversos componentes da fusão original ao longo do abaixamento da
temperatura (resfriamento). Geram-se pelo menos duas gerações de lamelas de desmistura. Cristais de
mistura pobres em Fe2O3 frequentemente apresentam zonação, relacionados a temperaturas de
cristalização distintas. Cristais de mistura ricos em FeTiO3 são muito mais freqüentes que cristais de mistura
ricos em Fe2O3, mas todos os termos intermediários podem ser observados. As características ópticas dos
grãos variam nitidamente com a variação na composição química; especialmente a refletividade aumenta
com o aumento do teor de hematita. Ilmenitas não-desmisturadas (ou novamente misturadas) com teores
maiores de Fe2O3 são raras, mas frequentemente foram observadas, como em tufos ou inclusões em lavas,
quando material de profundidade foi rapidamente transportado para cima e imobilizado; essas ilmenitas em
tufos pretam-se como minerais-guia de determinados horizontes de tufo. Ilmenitas que sofreram
temperaturas muito altas (~1100ºC) geram pseudobrookita, também muito freqüente nas diversas
ocorrências.
Desmisturas 2: algumas ilmenitas de diferenciados de minérios muito ricos em Al2O3 contêm
pequenos corpos de desmistura, em forma de discos ou placas, de coríndon. A observação dessas
desmistura apenas consegue ser realizada com seções polidas de qualidade superior devido à dureza (9)
do coríndon.
Desmisturas 3: Em muitas ilmenitas desmisturadas, muito ricas em hematita, ocorre grande
quantidade de agulhas de rutilo (na realidade placas finas), dispostas obliquamente a (0001) em até 6
grupos distintos. Essas desmisturas provavelmente se geraram entre a 1ª e a 2ª geração de ilmenitas.
Desmisturas 4: certa quantidade de ilmenitas mostra inclusões de magnetita dispostas
paralelamente (0001). As inclusões tem formas tabulares finas, muito uniformes, frequentemente
relativamente grandes. Sua quantidade geralmente está bem abaixo de 10%, pode ir até 15%. Muito
raramente apresenta-se bem grosseira. Essas inclusões derivam da desmistura de uma magnetoilmenita
(ilmenita + Fe2O3 +FeO) original. Imediatamente adjacente às lamelas de magnetita as ilmenitas são
nitidamente mais escuras que nas porções não-desmisturadas. Essas magnetoilmenitas desmisturadas são
bastante freqüentes; raramente ocorrem adicionalmente corpos de desmistura de magnetita e hematita na
mesma ilmenita. A ocorrência dessas inclusões de magnetita e dos bastões de magnetita nos cruzamentos
das lamelas de macla (veja em “maclas”) alteram o comportamento magnético da ilmenita e são
responsáveis por problemas no aproveitamento do minério. Em alguns casos, observados em alguns
granitos e em jazidas de pirrotita/pentlandita, ocorrem ilmenitas com 30-50% ou mais de magnetita,
provavelmente geradas pela redução do teor de hematita de ilmenitas especialmente ricas em Fe2O3. As
hematitas discóides espessas são transformadas em magnetitas tabulares paralelas.
Desmisturas 5: muito raramente ocorrem desmisturas fusiformes de ilmenita dispostas
paralelamente a (0001) no interior dos grãos de ilmenita. As propriedades dessas desmisturas diferem muito
pouco daquelas da ilmenita hospedeira e são análogas às inclusões de hematita em hematita.
Substituições: em muitos jazimentos epitermais, especialmente os de origem subvulcânica, as
ilmenitas das rochas encaixantes estão substituídas por pirita. O teor em TiO 2 separa-se durante esse
processo na forma de minerais de titânio como rutilo e outros.
179
Alteração: ilmenita é bastante resistente aos processos intempéricos normais, tanto assim que as
ilmenitas contidas em areias de praias oceânicas frequentemente estão inalteradas. Mas a ilmenita é
modificada por processos “autometamórficos” ou metamórficos regionais de muitas maneiras. (a) Forma-se
magnetita, normalmente ao lado de rutilo: formam-se corpos fusiformes, semelhantes às desmisturas,
paralelamente às faces do romboedro da ilmenita. (b) Ilmenitas ricas em Fe2O3 decompõe-se em um
agregado manchado irregular de rutilo + magnetita. Estes dois processos já iniciam a temperaturas
elevadas. (c) Ilmenita forma rutilo e hematita pela absorção de oxigênio. Dependendo da temperatura os
produtos são mais grosseiros e mais nitidamente intercrescidos com o mineral original de maneira
orientada. Em algumas fendas tectônicas alpinas formou-se anatásio ao invés de rutilo. (d) Em muitas
rochas as ilmenitas alteraram nas bordas ou completamente em leucoxênio (veja texto introdutório).
Normalmente forma-se anatásio, cujos cristais geralmente (com as exceções de praxe) não estão
orientados em relação à ilmenita. Mais raramente o leucoxênio é composto por rutilo ou brookita. Situações
estranhas ocorrem em cristais de mistura com lamelas de desmistura quando os componentes se
comportam de maneiras diferentes: às vezes as lamelas de hematita ou as lamelas de magnetita foram
seletivamente retiradas e transformadas em outros minerais.
Alteração da ilmenita em areias pesadas de praias oceânicas: em muitos casos as areias negras de
placers oceânicos, uma vez sem as magnetitas, contêm no concentrado mais TiO 2 do que a correspondente
à fórmula da ilmenita, sem a presença de rutilo ou outro mineral de titânio. Trata-se de zonas difusas de
cores alteradas, paralelamente a (0001), que são formadas por um composto amorfo, praticamente isótropo
de Fe e Ti, muito rico em Ti. Essas zonas transicionam para um leucoxênio de rutilo finamente disperso, às
vezes para leucoxênio de brookita ou anatásio. Este tipo de alteração aparentemente está restrito a climas
tropicais e subtropicais.
Confusões possíveis: Magnetitas de cores marrom-rosa podem ser muito parecidas a ilmenita. A
anisotropia da ilmenita permite identifica-la. Seções basais de ilmenita podem facilmente ser confundidas
com magnetita, ainda mais se as lamelas de macla da magnetita são consideradas desmisturas de ilmenita
em magnetita. Rutilo pode ser semelhante, principalmente em grãos pequenos e sem minerais
comparativos adequados, mas possui nitidamente reflexões internas. A paragenese ajuda a evitar outras
confusões.
180
Iodargyrita - AgI
Macroscopia:
A iodargyrita é um mineral secundário, formando-se na zona oxidada (gossan) de depósitos de
minérios contendo prata, em climas áridos. Associa-se a prata nativa, acanthita, chlorargyrita, bromargyrita,
cerussita e “limonita”.
A iodargyrita é um dos minerais de prata raros (46% Ag) e um dos poucos minerais conhecidos que
contêm iodo. Às vezes os volumes do mineral em certas ocorrências o tornam um minério de prata.
Grandes volumes de iodargyrita foram encontrados apenas em Broken Hill (Austrália) e Chanarcillo (Chile).
Ambas as ocorrências estão esgotadas.
A iodargyrita forma paramorfos sobre miersita, com maclas de repetição miméticas, com [001] da
iodargyrita paralelamente a {111} da miesita original.
Jamesonita – Pb4FeSb6S14
Macroscopia:
A jamesonita cristaliza tipicamente em cristais aciculares a capilares, formando agregados caóticos
de agulhas muito finas de cor cinza clara. É um dos poucos sulfetos que tem esse hábito. Por isso, recebeu
o apelido de “feather-ore” (= “minério pena”), pois se assemelha a penas. As “penas” podem cobrir a rocha
como cabelos ou estão disseminadas entre outros cristais.
A jamesonita é um mineral tardio de veios hidrotermais de Pb-Ag-Zn de temperaturas baixas a
médias. É um mineral relativamente comum, minerado para chumbo. Associa-se a pirita, esfalerita, galena,
tetraedrita, estibnita, quartzo e carbonatos (calcita, dolomita, rodocrosita).
A jamesonita, com a adição de manganês, é dimorfa com a parajamesonita e forma uma série com
a benavidesita. Os cristais atingem até 10 cm de comprimento, raramente formam anéis ou esferas.
Nic. // : cor de reflexão branca a cinza médio com um tom esverdeado. Às vezes são perceptíveis leves
mudanças nas tonalidades de acordo com a orientação das seções. Cor muito semelhante àquela da
galena. Refletividade de 32,92 – 38,53%. Possui birreflectância mínima e pleocroísmo distinto entre branco
e cinza esverdeado ou cinza-amarronzado.
Nic. + : anisotropia forte de cinza esverdeado escuro a mais claro, as cores variam bastante de acordo com
a orientação das seções. Não possui reflexões internas.
Forma dos grãos: os cristais são aciculares a fibrosos e não terminam com formas definidas. Suas
seções são rômbicas curtas. Seus comprimentos atingem vários centímetros e sua espessura pode ser de
micrólitos. Raramente observa-se agregados compactos, freqüentemente poiquilíticos, intercrescidos de
forma intensa uns em relação aos outros.
Clivagem frequentemente é visível, mas pode estar ausente.
Maclas são muito freqüentes, com as lamelas de macla paralelas (polissintéticas) ao alongamento
dos grãos, se os grão tem certa espessura mínima. As maclas ocorrem em amostras de praticamente todas
as ocorrências, apenas nos cristais muito finos, capilares, as maclas não são perceptíveis.
Zonação não se observou.
182
Substituição da jamesonita não é esperada, pois é um mineral tardio, um dos últimos a se formar.
Raramente foi observada.
Alteração da jamesonita gera minerais oxidados de Pb e Sb, especialmente a bindheimita. A
formação da bindheimita é acompanhada de excelentes figuras de substituição.
Mirmequitos com galena foram observados, mas são raros. Normalmente a jamesonita ocorre
sozinha, no máximo alguns espaços entre as agulhas estão ocupados com outros minérios.
Deformações são frequentemente observadas: os indivíduos aciculares são torcidos intensamente
individualmente ou nos agregados. Podem se formar anéis e espirais.
Confusões possíveis: boulangerita e millerita também formam cristais capilares ou aciculares, mas a
boulangerita é flexível e a millerita é amarela, ambas não tem maclas. Quando a jamesonita forma cristais
prismáticos largos é possível confundi-la com estibnita. Muito semelhante, ao microscópio, à Estibinita,
Boulangerita, Falkmanita e outros sulfossais quimicamente semelhantes. A confusão mais frequente é com
Boulangerita, que possui outras cores no pleocroísmo de reflexão. Cristais mais espessos de Jamesonita
sempre possuem lamelas de macla. Outros minerais que podem ser confundidos com a Jamesonita:
Geocronita, Bournonita e Tetrtaedrita-Tennantita.
183
Jarosita - KFe3+3(OH)6(SO4)2
Macroscopia:
A jarosita é um mineral secundário muito comum, formado em jazimentos de sulfetos de ferro
através de oxidação. Tipicamente desenvolve-se a partir da oxidação da pirita, que gera ácido sulfúrico.
Ácido sulfúrico diluído assim contido nas águas subterrâneas reage com minerais da ganga e das rochas
encaixantes e forma jarosita. A jarosita é comum em climas áridos. Quando ocorre em gossans (“chapéus
de ferro”) pode ser confundida com limonita e goethita que também ocorrem nesse ambiente. Menos
comumente forma-se como mineral primário hidrotermal de baixa temperatura, incluindo depósitos ao redor
de fontes quentes. Ocorre como produto de alteração de sulfetos hidrotermais submarinos. Também se
forma como byproduct durante a purificação e refino de zinco e está comumente associado a drenagem
ácida de minas e a ambiente de solos ácidos com sulfatos. Também foi detectada em Marte.
Cristais de jarosita são muito raros. Quando ocorrem, são pseudocúbicos romboédricos
(semelhantes a cubos ou octaedros) segundo {01-12} ou tabulares segundo {0001}. Os maiores cristais de
jarosita encontrados atingiram 25 cm. A jarosita é o análogo de ferro de sulfato de potássio e alumínio, a
alunita. Forma uma série com a natrojarosita. Pode conter molibdênio, amônia, prata ou chumbo.
A jarosita não é um mineral de minério importante. Pode ser de interesse quando contêm prata.
Mesmo para colecionadores de minerais não é de grande interesse, apenas para os “micromounters”.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio. Refletividade de 10.66 a 15.87. Pleocroísmo de reflexão nítido, mas
nem sempre detectável em cristais finos. Birreflectância forte, difícil de ver em placas finas.
Nic. + : anisotropia relativamente forte, em tons de cinza azulado mais escuros e mais claros. Reflexões
internas vermelho-marrons podem estar ausentes, mas geralmente são bem visíveis em placas finas, nunca
vermelhas profundas e intensas como na hematita. As reflexões internas não mascaram a anisotropia como
na goethita.
Forma dos grãos: tamanho e forma dos grãos variam em amplos limites; podem estar preservadas
antigas estruturas rítmicas formadas pela cristalização de géis. Em goethita podem formar alinhamentos
finos, provavelmente preenchendo antigas rachaduras de ressecamento da limonita. Muito freqüentes são
placas finas crescidas sobre agregados mamelonados-estalagtíticos de goethita. Pode haver placas
euédricas de lepidocrocita crescendo do limite exterior da goethita para dentro. Como a lepidocrocita forma-
se a partir da pirita, forma crostas em formas encurvadas complexas. Frequentemente a presença de
lepidocrocita se restringe ao interior das pseudomorfoses. A lepidocrocita passa a goethita, que inicia na
forma de finos esferulitos. Perdendo água, passa a maghemita.
Clivagem às vezes é visível, mas normalmente em seções polidas de boa qualidade não é visível.
185
Maclas não apresenta.
Zonação não apresenta.
Forma dos grãos: geralmente ocorre uma tendência nítida para idiomorfia. Os cristais estão repletos
de inclusões (textura de peneira) provavelmente incorporadas durante o crescimento idioblástico.
Normalmente as inclusões são de calcopirita.
Maclas e zonação não se observa.
Substituições da linnaeita por calcopirita e pirita ocorrem.
Exsoluções de millerita (NiS) em linnaeita podem ocorrer, formando uma rede em 3 direções.
Confusões possíveis: enganos são muito prováveis em seções sem relevo (de acabamento recente e
muito bom). A cor da linnaeita é muito semelhante àquela da cobaltita, que não é perfeitamente isótropa.
Ullmannita, gersdorffita e esmaltita são mais claras e com menos amarelo que linnaeita e polydymita.
Arsenopirita e pirrotita são anisótropas.
187
Luzonita – Cu3AsS4
Macroscopia:
A Luzonita é um sulfeto mais raro. É dimorfo com a enargita (Cu3AsS4 ortorrômbico) e forma uma
série com a famatinita (Cu3SbS4). Sempre contém um pouco de Sb e sua densidade varia com o teor de As.
A cor também varia: se predomina o Sb, a cor é cinza com um tom vermelho-cobre; se predomina o As, a
cor é cinza com um forte tom amarelo.
Ocorre em veios hidrotermais de Cu-As-Sb e em depósitos disseminados, formada sempre a baixas
e médias temperaturas. São os mesmos jazimentos da enargita, mas luzonita é mais rara e geralmente está
presente apenas em pequenas quantidades. E luzonita é bem mais freqüente que famatinita. Associa-se a
enargita, tetraedrita-tennantita, colusita, stannoidita, pirita, calcopirita, covellita, esfalerita, bismutinita,
sulfossais de prata, prata, ouro, marcassita, alunita, barita e quartzo.
A luzonita originalmente foi confundida com enargita. Cristais são muito raros, pequenos (até 2 mm)
e pseudo-octaédricos. O Prof. Ramdohr comenta que esses cristais pequenos na realidade são agregados
maclados, não são monocristais.
Nic. // : cor de reflexão marrom-rosado pálido com um tom de amarelo. Refletividade de 25.87 – 28.97%.
Birreflectância fraca e pleocroísmo fraco entre cinza e cinza rosado (ou laranja fraco a rosa-violeta). Esse
pleocroísmo, apesar de fraco, fica bem evidente graças às maclas lamelares que a luzonita possui. Nas
luzonitas com maiores teores de Sb todas as cores são deslocadas para vermelho-violeta.
188
Nic. + : anisotropia forte entre amarelo esverdeado e púrpuro. Lembra muito as cores da enargita, mas são
mais evidentes devido às maclas lamelares. Os efeitos de cores são muito coloridos. A extinção geralmente
é oblíqua em relação aos planos de macla. Não há reflexões internas.
Forma dos grãos: luzonita forma grãos aproximadamente isométricos, compostos por lamelas
paralelas de macla. Esses grãos, de tamanhos geralmente bastante variado, podem apresentar contatos
bastante “dentados” (= “verzahnt”, “thooted”). Às vezes ocorrem hábitos concêntricos ou crustiformes.
Maclas polissintéticas muito conspícuas, finas e lamelares estão sempre presentes. Lembram muito
as maclas polissintéticas da albita e a Macla de Carlsbad dos feldspatos em geral. Os cristálitos compõe-se
de um conjunto de finas lamelas, frequentemente em um número elevado e geralmente em uma só direção.
Mesmo lâminas paralelas frequentemente apresentam não apenas duas orientações ópticas, mas sim três
orientações. É o mesmo comportamento da calcopirita com lamelas paralelamente a (111) e (101).
Clivagem não se observa.
Zonação não se observa.
Transformação (paramorphoses): quase todas as amostras de luzonita mostram, pelo menos
incipientemente, mas geralmente em grande extensão, uma transformação paramórfica em enargita. Essa
transformação progride ao longo de limites intergranulares, fraturas e ao longo dos planos de macla. Às
vezes lamelas isoladas foram transformadas seletivamente. Geralmente a transformação progride de
maneira muito irregular. O traço dos planos de macla das lamelas de luzonita geralmente está disposto
paralelamente à clivagem da enargita recém-formada. Essa transformação também ocorre nos membros de
luzonita ricos em Sb (famatinita).
Substituições por tetraedrita-tennantita, mais ou menos da mesma forma que a transformação para
enargita, também ocorrem, mas são raros. Por outro lado a luzonita substitui de maneira muito bonita a
esfalerita, com as maclas dos dois minerais ocorrendo paralelamente. Substituições descendentes da
luzonita por covellita também são possíveis, ocorrendo da mesma forma que a transformação para enargita.
Confusões possíveis:
Luzonita pode ser facilmente confundida com enargita. A cor de reflexão da luzonita é, na média,
decididamente mais clara que a cor da enargita, mas o pleocroísmo dos dois minerais torna essa
observação difícil. A principal característica para o reconhecimento da luzonita são as lamelas de macla,
sempre presentes. Famatinita e luzonita são quase indistinguíveis.
189
Maghemita – γ-Fe2O3
Macroscopia:
A maghemita é um óxido, dimorfo com a hematita, com a estrutura cristalina e o magnetismo da
magnetita, mas com a composição química da hematita, por isso pode ser considerada uma magnetita
deficiente em ferro. É tipicamente um mineral intempérico, formado pela oxidação de minerais de ferro do
Grupo do Espinélio (magnetita e titanomagnetita), a baixas temperaturas. Constitui um abundante pigmento
amarelo em sedimentos e solos, associando-se com outros minerais formados nesse ambiente, como
magnetita, ilmenita, anatásio, pirita, marcassita, lepidocrocita e goethita. Maghemita sintética possui
aplicação em nanoestruturas.
Cristais octaédricos são extremamente raros, praticamente ocorre apenas na forma maciça. Forma
massas com tons marrons diferentes ou grãos preto-azulados pseudomórficos sobre magnetita.
Nic. // : cor de reflexão branca a cinza amarronzado e cinza azulado, um pouco mais claro e mais azulado
que a magnetita. Refletividade de 22,84%. Não possui birreflectância nem pleocroísmo.
Nic. + : isótropa. Reflexões internas são muito raras; quando ocorrem são de cor marrom profunda, como o
traço já deixa adivinhar.
Textura: a maghemita surge na natureza a partir da magnetita, sendo, portanto, uma forma de
substituição desta. A transformação transcorre de maneira muito irregular, muito mais irregular que a
formação de martita. Há uma certa dependência de limites intergranulares, faces dos octaedros e fraturas.
Formam-se crostas de maghemita sobre a magnetita ou manchas de maghemita dentro da magnetita.
Freqüentes são intercrescimentos em forma de manchas até dimensões submicroscópicas, dissimulando os
limites para a magnetita. Certas zonas da magnetita se mostram muito resistentes contra a transformação,
às vezes a transformação procede de dentro para fora. A transformação da maghemita para hematita
transcorre frequentemente de forma muito espontânea, preservando as lamelas de martita como na
magnetita.
Formas pisolíticas de maghemita aparentam ter se formado pela cristalização de géis de limonita.
Clivagem não se observa.
190
Maclas não ocorrem.
Fraturas são muito freqüentes.
Confusões possíveis: a maghemita facilmente é confundida com lepidocrocita se em grãos muito finos e
com hematita se em agregados porosos. Normalmente a paragênese ajuda na identificação. A maghemita é
cúbica e, portanto, isótropa, o que facilita a sua identificação. Limonita associa-se praticamente sempre com
a maghemita, também ocorrem goethita e lepidocrocita.
191
Magnesita – MgCO3
Macroscopia:
A magnesita, um importante mineral industrial, é um carbonato que ocorre em veios como produto
de alteração de rochas ultramáficas, serpentinitos e outros tipos de rocha ricos em magnésio, em terrenos
metamórficos de contato ou regional. As magnesitas frequentemente são criptocristalinas e contêm sílica
como opala ou chert. Outra forma de ocorrência de magnesita é no regolito formado por alteração
intempérica sobre rochas ultramáficas, no solo e no subsolo, onde é depositada como conseqüência de
dissolução de minerais com manganês pelo dióxido de carbono de águas subterrâneas. Outras ocorrências
são em sedimentos pré-Cambrianos depositados provavelmente como evaporitos, em rochas formadas por
metassomatismo de escarnitos em calcários dolomíticos (com wollastonita, periclásio e talco), ou por
metasomatismo de peridotitos. Não é comum em veios hidrotermais, é rara em carbonatitos.
Cristais de magnesita são raros. Ocorrem tabulares ou como prismas romboédricos ou hexagonais
e podem atingir 30 cm de comprimento. Magnesita normalmente ocorre terrosa, semelhante a giz, de
aspecto porcelanáceo, fibrosa, granular fina ou grosseira ou então maciça compacta. Forma uma série com
a gaspéita e outra série com a siderita.
Nic. // : a cor de reflexão é um cinza levemente róseo ou suavemente amarronzado, o tom pode mudar de
caso para caso, sem uma relação definida com as variações na composição química. Se a magnetita possui
um alto teor não-desmisturado de titânio, a cor tende para marrom-rosa. Teores em Mn tornam a cor menos
intensa e mais cinza; teores muito elevados de Mn produzem uma cor amarelada-esverdeada, lembrando a
cor da jacobsita. As variações de teores dos diversos elementos menores produzem cores que se superpõe
de modo não-controlado. Refletividade de 20.60%. Não possui pleocroísmo nem birreflectância.
Nic. + : isótropa, às vezes nitidamente anisótropa; de tal maneira que é possível reconhecer bem a forma
dos grãos. Essa anisotropia anômala provavelmente é gerada pela presença de inclusões muito pequenas
de um outro mineral (cristais de mistura anômalos); a quantidade destes pode ser baixa. Tensões geradas
por detonações e por tratamento dos minérios também podem gerar anisotropia anômala. Não apresenta
reflexões internas, o que é uma feição diagnóstica importante.
Forma dos grãos: quase sempre os grãos da magnetita estão algo isométricos, com grande
tendência à idiomorfia (euédricos), especialmente nos jazimentos de metasomatismo de contato. Nos
minérios maciços o desenvolvimento é alotriomórfico (anédrico); os grãos apresentam contatos pouco
dentados. Em casos raros os contatos são dentados, em jazimentos que sofreram recristalização devido a
metamorfismo regional. O tamanho dos cristais varia de uma poeira muitíssima fina até 25 cm, devido às
muitas maneiras de formação da magnetita.
Clivagem (partição!) geralmente não pode ser observada, ocorre apenas em alguns jazimentos.
Maclas lamelares podem simular clivagem tanto macroscopicamente como microscopicamente. Corpos de
desmistura de espinélio dispostos paralelamente a (100) podem gerar uma pseudo-clivagem.
Deformações são bastante comuns. Magnetita é um mineral de formação inicial e por isso tiveram
muitas oportunidades de sofrer deformações. Geralmente as deformações geram cataclase; muitas vezes
se formam lamelas de macla de pressão segundo (111). Após deformações intensas as magnetitas
facilmente passam por recristalização, que se expressa nas texturas das magnetitas ou por contatos
intergranulares que não se apresentam soldados (“minérios friáveis”).
Zonação está muito bem desenvolvida em quase todas as magnetitas formadas por metasomatismo
de contato; ocasionalmente ocorre nas magnetitas de origem magmática e hidrotermal. A zonação
certamente se deve, em parte, a variações na composição química, tendo em vista que pequenas
mudanças de cor são perceptíveis mesmo sem ataque químico. Outras zonações se devem a variações na
velocidade de crescimento. As zonas individuais podem ser de delicadeza extrema; muito finas.
Frequentemente se observa que o cristal zonado mudou de hábito durante o crescimento, especialmente de
(110) para (111). Muitas vezes a martitização progressiva ou outros tipos de substituições se desenvolvem
preferencialmente ao longo de algumas zonas isoladas. Em magnetitas de rochas vulcânicas às vezes há
um núcleo de espinélio envolto por uma grossa camada de magnetita zonada.. Em rochas plutônicas algo
básicas, mas já metamórficas, o mesmo ocorre com cromita.
Maclas paralelamente a (111) são muito comuns, frequentemente são lamelares. Quando as maclas
são de crescimento, geram-se poucas lamelas. Maclas geradas por tensões (translação) normalmente gera
grupos numerosos de lamelas muito finas de acordo com todas as faces do octaedro (o aspecto geral é de
um padrão triangular). Em algumas ocorrências, principalmente as de metasomatismo de contato, são
completamente isentas de lamelas, enquanto em outras ocorrências todos os grãos apresentam muitas
lamelas. Macroscopicamente e microscopicamente as lamelas podem simular clivagem!
Alteração: de maneira geral a magnetita é bastante resistente à alteração em superfície. Mas um
exame cuidadoso permite reconhecer aqui também alguma modificação. Porções magnéticas (atraem o
ferro) expostas às intempéries por muito tempo mostram uma modificação sutil. Nessas porções a
magnetita está transformada, em forma de manchas irregulares, mas com certa preferência por (111), em
uma substância com cor de reflexão azulada, bem semelhante àquelas porções da magnetita que foram
polidas a seco e aqueceram um pouco. A cor não é uniforme, provavelmente devido a restos
submicroscópicos da magnetita original. Essa substância azulada é algo mais dura que a magnetita,
isótropa e opaca, muito provavelmente maghemita. Outra alteração ocasional de magnetita é para limonita.
196
Durante a alteração, mais frequentemente por soluções hidrotermais, nas titanomagnetitas desmisturadas a
magnetita pode ser seletivamente retirada/dissolvida, restando um esquisito esqueleto de lamelas de
ilmenita, que às vezes é completamente transformado em rutilo ou anatásio (± hematita) e este depois em
esfeno, etc.. Essas estruturas compõem as estruturas relictas mais importantes no estudo dos jazimentos e
deveriam ser muito mais aproveitados petrograficamente.
Confusões possíveis: em minérios complexos a magnetita facilmente passa despercebida (testar a seção
polida com uma bússola!). Especialmente perturbador é o fato de que a cor de reflexão muda bastante.
Esfalerita é muito semelhante, é apenas um pouco mais escura. Cromita possui refletividade mais baixa e
reflexões internas, braunita é nitidamente anisótropa, jacobsita possui reflexões internas, ilmenita é
nitidamente anisótropa.
197
Malaquita - Cu2(CO3)(OH)2
Macroscopia:
A malaquita é um carbonato secundário de cobre muito comum, formando-se a partir da alteração
de minerais primários de cobre como cobre nativo, cuprita e outros. O mineral, com sua característica cor
verde, indica a presença de cobre; funciona como “delator” de minérios de cobre. A azurita (azul)
desempenha o mesmo papel, mas forma-se com mais dificuldade; é muito mais rara. Geralmente os dois
minerais (malaquita e azurita) ocorrem juntos; azurita sempre subordinada. Associam-se a cuprita,
cerussita, crisocola, calcita, “limonita” e muitos minerais raros como duftita, libethenita, auricalcita,
sphaerocobaltita, kolwezita, shattuckita, atacamita, chalcophyllita, antlerita, conicalcita, rosasita,
chalcosiderita, clinoclásio, brochantita, graemita, liroconita, mixita e cornetita, entre muitos outros.
Há dois problemas envolvendo a malaquita como indicador da presença de cobre: o primeiro é que
mesmo quantidades ínfimas de malaquita criam a impressão da existência de grandes quantidades de
cobre. O segundo problema é que existem dois minerais cuja cor é extremamente semelhante à malaquita:
a celadonita (K(Mg,Fe2+)(Fe3+,Al)[Si4O10](OH)2) é um argilomineral de cor e hábitos semelhantes; a
pseudomalaquita (Cu5(PO4)2(OH)4) é um fosfato raro que possui cor apenas um pouco mais escura e
hábitos praticamente idênticos. Outros minerais secundários de cobre também podem ser verdes, mas são
muito mais raros e possuem hábitos diferentes.
A malaquita é usada como minério de cobre desde tempos pré-históricos, também como pigmento
(sensível à luz, muito sensível a ácidos e de cor variável) e como pedra decorativa (geralmente com preços
muito elevados, quase uma gema).
A malaquita geralmente é maciça, formando crostas espessas de estrutura laminada (bandada) e
com superfícies mamelonadas e botrioidais. Frequentemente é estalagtítica. Essas massas são formadas
por agregados de cristais fibrosos a aciculares criptocristalinos. Cristais visíveis são muito raros, formam
prismas longos a aciculares, tabulares espessos, equidimensionais, com muitas formas combinadas, até 9
cm. Podem ocorrer como pseudomorfos sobre azurita ou cuprita, mais raramente sobre outros minerais
(gipso, calcita, esfalerita, pirita, etc.). Muito raramente a malaquita possui hábito capilar. Maclas são
comuns, de contato e interpenetração segundo {100} e {201}; maclas polissintéticas também podem ocorrer.
Confusões possíveis: muitos minerais de cobre possuem reflexões internas verdes (atacamita,
brochantita, etc.). Mas a birreflectância da malaquita é muito diagnóstica, bem como sua efervescência em
ácidos fracos.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio, com um tom de marrom. Refletividade de 16.41 a 21.02%. Pleocroísmo
nítido de azulado a amarronzado, mas apenas nas seções paralelas a (010) e (100). As seções paralelas a
(001) apresentam pleocroísmo bem fraco. Birreflectância distinta entre tons de cinza. Reflexões internas
vermelho-sangue podem estar visíveis mesmo a Nicóis Paralelos.
Nic. + : anisotropia bem distinta entre cinza-azul e cinza-amarelo, nas seções basais cinza violeta escuro a
violeta sujo claro. Reflexões internas frequentemente visíveis em vermelho-sangue, especialmente nas
seções aproximadamente paralelas a (010).
200
Forma dos grãos: geralmente tufos de prismas ou agulhas radiais. A tendência à idiomorfia é visível
mesmo nos agregados mamelonados de estrutura de bandas concêntricas, mas a disposição das agulhas
nestas bandas varia muito.
Substituições: a manganita quase sempre está substituída por pirolusita.
Clivagem {010} e {110} frequentemente são nítidas nas seções paralelas a (001), outras seções não
mostram nenhuma clivagem.
Maclas não foram observadas em seções polidas, apesar de freqüentes nas amostras macro.
Zonação não foi observada.
Alteração: manganita é um mineral raro devido à sua fácil alteração a pirolusita. Nos cristais de
manganita quase sempre é possível perceber os primeiros sinais desta alteração. A alteração se processa
ao longo do eixo dos prismas na forma de pequenos canais tubiformes, dos quais a pirolusita se
despreende, formando canais ocos.
Substituição: a manganita facilmente é substituída por pirolusita, pode substituir quartzo. Também
substitui calcita; pseudomorfoses segundo cristais de calcita são comuns. Em alguns casos há estruturas
botrioidais-coloformes relictas em cristais de manganita.
Confusões possíveis: com braunita, hausmannita e alguns minerais raros de manganês. Magnetita,
braunita e ilmenita possuem reflexões internas muito mais raras e não tem clivagem, hausmannita possui
pleocroísmo mais nítido.
Nic. // : cor de reflexão branco-azulada e creme (outras fontes citam amarelo-pálido e esverdeado). Em
casos raros ocorrem tons suavemente castanhos. Refletividade de 49,01 a 53,83%. Possui birreflectância
distinta e um pleocroísmo distinto de branco-azulado a creme: [100]: branco-creme; [010]: branco
202
amarelado claro; [001] branco com um tom rosa-marrom. Ramdohr cita: // a = branco após marrom-rosa; //b
= amarelo suave; //c = branco após creme. As cores “b” e “c” são pouco distintas.
Nic. + : anisotropia muito forte, com cores muito evidentes, marrons, azuis e turquesas, dependendo do
corte. Em seções de boa qualidade esta anisotropia é a principal característica diagnóstica da marcassita. É
uma das anisotropias mais fortes que se conhece. Os efeitos são mais sutis em seções //(001), mais fortes
em //(010) e especialmente fortes //(100). Em esferulitos de marcassita, que são bem mais raros que
aqueles de pirita, surge uma espécie de “cruz parada”. Não possui reflexões internas.
Critérios para reconhecimento: baixa capacidade de polimento, alto poder refletor e a anisotropia muito
intensa. Agregados de grão muito fino são problemáticos, pode se tratar de pirita.
Confusões possíveis: arsenopirita é mais branca. Pirita possui poder refletor semelhante, mas só é
possível confundir com marcassita se as seções polidas forem de baixa qualidade, pois a anisotropia da
marcassita é muito forte.
204
Mercúrio Nativo - Hg
Macroscopia:
Mercúrio nativo cristaliza apenas a -38,9ºC, formando cristais romboédricos a baixas pressões e
cristais tetragonais a altas pressões. A temperatura ambiente é líquido e não é possível analisar sob Luz
Refletida. Aquecido a 357º C, volatiliza. Na realidade, como é um líquido a temperatura ambiente, não
satisfaz os critérios exigidos para ser um mineral, constituindo um mineralóide. Por razões históricas,
entretanto, é listado como uma espécie mineral. Mercúrio líquido deve ser armazenado em um recipiente
fechado, pois volatiliza com o tempo.
Mercúrio nativo é volátil, seus vapores são altamente tóxicos a letais! Evite inalar a poeira de
um minério de mercúrio. Após manusear minerais com mercúrio, lave as mãos. De preferência, use
luvas descartáveis, para evitar que microgotículas de mercúrio sejam absorvidas pela pele.
não
Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade
não não não determinada 13,6
Traço Brilho Diafaneidade Magnético
não Metálico brilhante Opaco não
Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2
não não não não
205
Miargyrita – AgSbS2
Macroscopia:
A miargyrita é um sulfeto relativamente comum que ocorre em quantidade subordinadas em veios
hidrotermais epitermais de baixa temperatura de sulfetos de Ag. Geralmente a quantidade de miargyrita que
ocorre nos veios é pequena, só em alguns casos forma o mineral de minério principal de prata. Passa
despercebida com facilidade ou é confundida com minerais da série tetraedrita-tennantita.
A miargyrita é o trimorfo monoclínico de cuboargyrita (AgSbS2 isométrica) e da baumstarkita
(Ag3Sb3S6 triclínica). Pode conter As e Fe como impurezas.
Associa-se a baumstarkita, proustita, pyrargyrita, polibasita, freibergita, andorita, prata nativa,
galena, esfalerita, pirita, quartzo, pyrostilpnita, estefanita, acanthita, siderita, calcita e barita.
Nic. // : cor de reflexão em cinzas esverdeados com pleocroísmo distinto em branco, branco cinza claro e
cinza branco. A intensidade do plaeocróimo depende da seção – algumas seções não apresentam,
enquanto que em outras é distinto. Refletividade de 31.74 a 35.05%, com birreflectância fraca.
Nic. + : anisotropia forte em cinzas esverdeados, mas as cores não são muito marcantes. Nas seções não-
orientadas não há uma posição de extinção completa. Reflexões internas vermelho-cerejas quando o
mineral ocorre em agregados de grãos pequenos. Essas reflexões raramente são visíveis em observações
ao ar e suas cores correspondem àquelas da pyrargyrita e da proustita.
Forma dos grãos: os agregados que cristalizaram para dentro de espaços abertos parcvialmente
constituem-se de grãos grosseiros, parcialmente de grãos finos, algumas vezes os grãos possuem o mesmo
tamanho, com pouco intercrescimento (“interfingering”). Geralmente a miargyrita preenche canais de
substituição.
Maclas polissintéticas ocorrem às vezes, em algumas localidades as maclas estão ausentes.
206
Substituição de miargyrita por pyragyrita é frequente.
Intercrescimentos mirmequíticos com pyrargyrita e proustita pode ocorrer.
Inclusões elipsoidais de miargyrita podem ocorrer em galena, junto com polybasita e freibergita.
Deformação não se observa.
Critérios para reconhecimento: baixa dureza, pleocroísmo distinto, anisotropia forte e em alguns casos as
reflexões vermelhas em vermelho-cereja.
Confusões possíveis: miargyrita passa despercebidas com facilidade. É muito similar a freibergita,
polybasita, pyragyrita e estefanita. Facilmente confundida com “fahlores” (tetraedrita-tennantita).
Freibergita : miargyrita é mais macia, algom ias clara e anisótropa.
Polybasita : miargyrita é mais fácil de polir, tem refletividade maior e anisotropia mais forte.
Estefanita : miargyrita possui reflexões internas, dureza menor e um pleocroísmo diferente.
Stromeyerita : miargyrita possui reflexões internas.
207
Millerita - NiS
Macroscopia:
A millerita é um importante mineral de minério de níquel que possui um hábito muito característico,
pois quase sempre forma agregados radiais de cristais aciculares, alongados paralelamente a (0001).
Devido à semelhança com pirita, o mineral foi apelidado de “pirita cabeluda” (“hair pyrite”). Os maiores
cristais atingiram 7 cm e cristais isolados podem ser helicoidais ou formar anéis. Quando maciço, forma
massas cliváveis com vários centímetros de diâmetro. Pode conter traços de cobalto.
Ocorre em vários ambientes geológicos e é um mineral que praticamente sempre se forma a baixas
temperaturas. Em paragêneses de temperaturas elevadas usualmente há ferro suficiente para formar
pentlandita como portador do níquel presente. Os ambientes da millerita são: (1) Zona de oxidação de
depósitos com minerais sulfetados, nos limites entre a zona de oxidação e a zona de cimentação. Ali se
associa a restos de minérios primários (linneita, calcopirita, pirita, hauchecornita, gersdorffita, minérios de
bismuto e outros) e neoformações como bravoita, calcocita e outros. (2) Cavidades em barita e em calcários
e dolomitos ricos em enxofre, formando agregados radiados de cristais aciculares. (3) Camadas de carvão,
onde foi encontrado inicialmente por Wilhelm Haidinger em 1845 (nas minas de carvão de Wales). (4)
Meteoritos de níquel-ferro. (5) Muito raramente serpentinitos ultramáficos, quando a millerita se forma
durante o metamorfismo, substituindo pentlandita. (6) Muito raramente cumulados de olivina pobres em
enxofre, provavelmente a partir de S e Ni que ocorrem em traços nas olivinas. (7) Muito raramente nas
fumarolas do vulcão Vesúvio.
Nic. // : cor de reflexão amarelo-pálido a amarelo-vivo ou amarelo-creme (mais intenso que o amarelo da
pirita e o amarelo da marcassita), com refletividade de 57,56 a 55,16%. Possui uma birreflectância muito
fraca. O pleocroísmo em amarelo (amarelo pálido amarronzado a amarelo vivo) é bastante fraco e deve ser
observado em contatos intergranulares. À primeira vista é muito semelhante à calcopirita.
Nic. + : apresenta anisotropia forte de amarelado a azulado ou cinza-azulado. Não tem reflexões internas.
Confusões possíveis: considerando o hábito incomum, a cor amarela e a dureza mais elevada, é fácil
reconhecer a millerita. Entretanto, agregados granulares são fáceis de confundir com outros minerais.
Calcopirita possui cor semelhante, mas dificilmente é euédrica, muito menos acicular. Pirita pode se
apresentar acicular quando associada a camadas de carvão, mas tem dureza maior e é isótropa.
Jamesonita forma cristais aciculares também, mas sua cor é cinza. Boulangerita igualmente forma cristais
aciculares, mas estes são flexíveis. Rutilo e elbaita (variedade de turmalina) podem apresentar hábito
acicular semelhante, mas as paragêneses são diferentes.
Minerais associados: linneita, pentlandita, pirita, platina, violarita, calcita, quartzo, bravoita (pirita-Ni),
calcopirita, grossulária, fluorita e pirrotita.
209
Minerais Raros
Auricupride – Cu3Au
Forma-se pela desmistura (“un-mixing”) de ligas de ouro com cobre.
Cor de reflexão rosa-violeta, com refletividade de 65%, sem pleocroísmo nem birreflectância. É
isótropo, sem reflexões internas.
Amálgama – Ag2Hg3
Origem hidrotermal.
Cor de reflexão cinza, refletividade 35%, sem pleocroísmo nem birreflectância. Isótropa, sem
reflexões internas.
Alumínio Nativo – Al
Ocorre em ambientes com baixa fugacidade de oxigênio, no vulcão de Tolbachik, Kamchatka,
Rússia.
Cor de reflexão branca, refletividade > 70%, sem pleocroísmo nem birreflectância. Isótropa, sem
reflexões internas.
Cádmio Nativo - Cd
No corpo intrusivo gabróico Ust´-Khannin.
Cor de reflexão branco-do-estanho com um tom azul, refletividade 60%. Sem pleocroísmo nem
birreflectância. Sem reflexões internas.
Chumbo Nativo – Pb
Origem hidrotermal, placers, possívelmente por processos autigênicos, substituição de raízes de
árvores.
Cor de reflexão cinza médio com um tom amarronzado. Refletividade de 50,67%. Não possui
pleocroísmo nem birreflectância. Isótropo, mas pode ter anisotropia anômala de escuro para cinza azulado.
Reflexões internas raras, vermelho-amarronzadas. Pode ter lamelas de translação.
Cohenita – (Fe,Ni,Co)3C
Ocorre em meteoritos de ferro e em ferro nativo terrestre de rochas máficas (assimilação de grafita)
Cor de reflexão branco-creme, refletividade de 57,67 – 59,62%. Não possui pleocroíso nem
birreflectância. Levemente anisótropa, sem reflexões internas.
210
Molibdenita – MoS2
Macroscopia:
A molibdenita, o mais abundante mineral de molibdênio e o principal mineral de minério de
molibdênio (60% Mo em peso), ocorre associada a veios hidrotermais de alta temperatura. Depósitos
importantes são encontrados em depósitos do tipo pórfiro, com ou sem uma generalizada mineralização de
cobre associada. Também ocorre em depósitos de metamorfismo de contato em calcários com silicatos de
cálcio. Igualmente ocorre em pegmatitos, granitos e aplitos. Raramente ocorre em meteoritos.
A molibdenita sempre contém traços de rênio (Re), substituindo molibdênio, normalmente em teores
de ppm, mas frequentemente com teores de 1-2%. Com isso, os minérios de molibdenita se tornaram a
única fonte de rênio. Devido à baixíssima dureza, o traço da molibdenita pode ser obtido riscando o mineral
em uma folha de papel. O tato do mineral é untuoso (gorduroso) e o manuseio do mineral suja os dedos. Os
maiores cristais alcançaram 15 cm. É dimorfa com jordisita (MoS2 amorfo – veja abaixo). “Muchuanita” é
uma mistura de molibdenita e jordisita. Existem dois politipos de molibdenita: a molibdenita-2H é muito
comum e a molibdenita-3R é rara.
Molibdenita é muito semelhante à grafita macroscopicamente; a distinção pode ser muito difícil a
impossível. A grafita possui uma cor mais escura, preto-prateada (às vezes lembra biotita) e frequentemente
possui um tom algo mais azul. A densidade da molibdenita é maior que a da grafita, mas esta propriedade
apenas pode ser avaliada em amostras monominerálicas, o que normalmente não é o caso. Molibdenita
altera a powellita; esta substituição pode ser apenas parcial – como a powellita é intensamente fluorescente
em cores brancas, é fácil de reconhecer.
Jordisita é MoS2 ainda amorfo, encontrado em massas de aspecto semi-metálico em alguns
jazimentos. A partir da jordisita forma-se wulfenita - Pb(MoO4). Muitas molibdenitas de médias temperaturas
formaram-se a partir de géis. Nas massas de jordisita podem ser encontrados todos os estágios desde
isotropia completa até forte anisotropia. Jordisita altera muito facilmente, inclusive em coleções, para
ilsemannita - Mo3O8.nH2O - de cor azul escuro profundo.
Associa-se a cassiterita, calcopirita, wolframita, pirita, calcopirita, quartzo, anidrita, fluorita, scheelita
e minerais de bismuto, cobalto e níquel.
Nic. // : cor de reflexão cinza claro e cinza-azulado, também cinza creme-amarelado. A cor depende da
seção do mineral, pode inclusive ser branca pura. Refletividade de 20,51 - 44,27%, variável com a seção e
a qualidade do polimento e o grau de borração da seção. Birrefletância forte e pleocroísmo muito forte entre
branco-azulado e creme. Este pleocroísmo, que é um dos mais fortes que se conhece, pode aparentar tons
distintos de cinza e pode ter um tom definido de azul.
Nic. + : anisotropia extremamente forte em tons marrons, azuis e azul-turquesa. O tom azulado é bem
característico. Mas com os nicóis exatamente cruzados as cores não são expressivas – um branco com um
tom rosa. Apenas se um dos nicóis é minimamente girado, surgem cores azuis profundas e outras muito
notáveis. A deformação das lamelas faz surgir extinções ondulantes. Não apresenta reflexões internas.
Lamelas extremamente finas de molibdenita são translúcidas, com cores verde-alho.
Forma dos grãos: sua ocorrência em lamelas (lamelas), muitas vezes deformadas, dobradas e
empilhadas, é muito característica. Nas lamelas deformadas a extinção é incompleta e ondulante. Os grãos
podem ter a forma de tonelzinho.
Tamanho de grão é muito variável; de pegmatitos se conhece placas com 10 cm de diâmetro; nas
massas que se formaram a partir de géis, os grãos estão no limite da observabilidade ao microscópio. Na
maioria das ocorrências a granulação é relativamente grosseira. Nas massas constituídas apenas por
molibdenita os contatos integranulares são retos, muito pouco dentados. Agregados em tufos ou plumosos
são raros.
Massas mamelonadas a botrioidais (“Glaskopf” (= “cabeça de vidro”, como na Goethita), formadas
por glóbulos com poucos milímetros de diâmetro e com formas que sugerem sua gênese a partir de géis
(portanto jordisita), possuem uma estrutura onde as faces (0001) estão dispostas radialmente. Como o
tamanho dos glóbulos varia algo, desenvolve-se uma textura concêntrica bem nítida que é destacada
durante o polimento devido à dureza maior dos glóbulos de maior diâmetro. Foi constatado que o núcleo
destes glóbulos é constituído predominantemente por ReS2 amorfo.
Clivagem paralelamente a {0001} quase sempre é visível se o polimento foi feito com cuidado.
Translações segundo {0001} podem estar muito bem desenvolvidas.
Deformações são extremamente comuns e sempre estão presentes em massas de grão grosseiro.
Frequentemente deformações generalizadas são facilmente observáveis já a Nicóis Descruzados. Em
alguns casos as lamelas de molibdenita, extremamente deformadas, estão situadas em meio a grãos de
outros minerais que aparentemente não sofreram nenhum tipo de deformação, o que pode ser explicado
pela recristalização destes outros minerais após os eventos tectônicos; a molibdenita preservou as feições
geradas pelo tectonismo enquanto os outros minerais, como calcopirita, recristalizaram.
Maclas não foram observadas, mas amarrotamentos formados por translação podem se parecer
muito com maclas; é possível que maclas verdadeiras estejam entre elas. Frequentemente se observa, em
porções dobradas, torções formando linhas retas entre porções de orientações uniformes, muito
semelhantes a maclas.
Substituições não foram observadas, mas a alteração a molibdita (MoO3) é comum e acompanhada
de pseudomorfização parcial. Essa oxidação segue com facilidade os planos abertos pelas delaminações.
Uma substituição por powellita (Ca(MoO4)) também foi encontrada.
212
Cataclase não é esperada em um mineral tão facilmente deformável, mas compressões originam
muito frequentemente delaminações (estrutura de “livro aberto”).
Critérios para reconhecimento: muito característicos são a baixa dureza, a clivagem, a paragênese, o
pleocroísmo de reflexão e a anisotropia. Teoricamente é possível confundir com tetradimita, nagyagita,
grafita e alguns minerais raros. O reconhecimento dos glóbulos formados a partir de géis foi difícil.
Confusões possíveis: grafita é muito semelhante, mas possui uma refletividade mais baixa e uma cor
cinza-amarronzada (mais escura) a Nicóis Descruzados, além de ser amarelo-palha a Nicóis Cruzados.
Valeriita e mackinawita possuem refletividade maior e tonalidades mais amareladas.
213
Monazita – (Ce,La,Th,Sm)PO4
Macroscopia:
A monazita é um fosfato, um mineral acessório relativamente comum em rochas ígneas ácidas
(granitos, pegmatitos graníticos), sienitos e carbonatitos. Também ocorre em mármores ricos em Mg, xistos,
gnaisses e granulitos. Pode ser encontrado como grãos detríticos em rochas sedimentares. Ocasionalmente
é encontrada em veios hidrotermais. Raramente autigênica em folhelhos e zonas intensamente alteradas.
Anteriormente considerada um mineral só, a monazita agora está dividida em 4 espécies: monazita-
Ce, monazita-La, monazita-Nd e monazita-Sm. Todas são muito parecidas entre si. É um minério importante
de Th, La e Ce, tipicamente está concentrado em placers. A presença de thório a torna radioativa.
Nic. // : cor de reflexão branco com um forte tom de amarelo-rosa, lembra laranja claro, muito semelhante à
cor de reflexão do cobre nativo. Ao lado de minérios brancos a cor é decididamente rosa. Refletividade de
59,01 – 60,24% e birreflectância distinta. Pleocroísmo de reflexão forte de laranja a rosado (branco-
amarelo-rosa a marrom-claro-rosa). O pleocroísmo é melhor observável nos contatos intergranulares e
permite reconhece-los com facilidade.
Nic. + : anisotropia muito forte em cores de marrom a azul, verde a cinza. As cores são algo variáveis, mas
tendem a verdes e marrons. A extinção é reta. Não possui reflexões internas.
Forma dos grãos varia muito. Cristais individuais idiomórficos, com até 1 cm, são raros em
carbonatos. Freqüentes são agregados granulares, que em seção são radiais, formados por grãos
grosseiros subparalelos. Eles transicionam, de forma completa, para formações mamelonadas e botrioidais
formadas a partir de géis. Nestes agregados botrioidais os cristais frequentemente formam agulhas muito
finas, de maneira geral dispostas radialmente, intimamente intercrescidas com safflorita com o mesmo
hábito acicular. Uma análise mais detalhada evidencia que estas agulhas frequentemente são compostas
por um agregado irregular de grãos extremamente finos, representando provavelmente uma pseudomorfose
sobre um mineral anterior. Também são comuns os agregados alotriomórficos (anédricos) completamente
irregulares, compostos por grãos com os mais variados tamanhos. O contato entre os grãos, em função
destes hábitos muito diversos, é bem variável, mas como regra bastante reto, pouco dentado.
Clivagem geralmente não apresenta em seção polida. Com alteração incipiente surge às vezes uma
clivagem bastante nítida paralelamente a (0001), aparentemente apenas em cristais muito puros que não
estejam dispostos em agregados subparalelos. Muito raramente mostra uma clivagem segundo (1120),
talvez uma modificação segundo os planos de translação segundo (0001).
Maclas são raras, paralelas a (10-11), mas forma frequentemente agregados subparalelos
simulando maclas. Apenas em alguns jazimentos as maclas são muito freqüentes (veja imagem abaixo).
Zonações devido ao crescimento são comuns. Em Sarrabus (Sardínia, Itália) foi reportada uma
zonação de camadas alternadas de niquelina e breithauptita.
Deformações são observadas apenas raramente.
Cataclase é muito comum. Nas fraturas cataclásticas penetram frequentemente soluções com
outros elementos.
Agregados subparalelos, que na observação microscópica dão a impressão de extinção ondulante,
são muito freqüentes. Frequentemente o núcleo de um grão extingue de maneira uniforme, enquanto as
bordas apresentam várias zonas com extinção em posição diferente entre si e em relação ao núcleo.
Desmisturas indiscutíveis são raras. Muito raramente ocorrem corpos de desmistura discóides
dispostas paralelamente a (0001), talvez formadas por arita, uma mistura de NiAs e NiSb, formada a altas
temperaturas mas que às vezes é estável. A arita pode se decompor em um mirmequito extremamente fino
de niquelina e breithauptita. Este mirmequito, entretanto, pode se desfazer por recristalização.
Substituições são freqüentes. Niquelina é um dos principais representantes do sistema Ni-Co-As e
os minerais que os contém facilmente passam de um para outro com variações nas concentrações das
soluções formadoras. A retirada de arsênio conduz a uma mudança de niquelina para maucherita (Ni11As8).
Nos jazimentos onde este processo ocorreu observa-se a substituição da niquelina por maucherita a partir
dos limites intergranulares. A adição de arsênio pode ser constatada, pelo menos em pequenas proporções,
em quase todas as amostras de niquelina: em fraturas e a partir das bordas dos cristais formam-se (1)
crostas espessas de rammelsbergita (NiAs2) ou (2) cristais idioblásticos de pararammelsbergita (NiAs2 –
trimorfo com rammelsbergita e krutovita) ou, a partir de uma concentração maior de arsênio, (3) diretamente
217
cloantita (NiAs2 com excesso de As de até As2,5. O nome cloantita foi desacreditado: hoje é considerado
uma variedade deficiente de As de niquel-eskutterudita). Entretanto, os minerais citados podem se depositar
ritmicamente já de maneira primária, ocorrendo lado a lado e constituindo texturas de “cockade”. Quando
maucherita é substituída por niquelina, frequentemente a forma dos cristais tabulares de maucherita é
preservada, mas a orientação cristalográfica é completamente irregular. A grande atacabilidade da niquelina
fica evidenciada no fato de que muito frequentemente a niquelina é completamente substituída por outros
minérios. Este grupo de substituições é economicamente muito importante, pois a niquelina é substituída
por minerais de prata, prata nativa, acanthita, proustita, pirargirita, sternbergita, dyscrasita e muitos outros.
Este processo está documentado em muitos jazimentos da “Formação Co-Ni-Ag”. Em escala muito menor a
niquelina é substituída por galena, esfalerita, tetraedrita-tennantita e calcopirita.
Intercrescimentos com outros minérios, às vezes de forma muito fina, são relativamente freqüentes
em alguns jazimentos. Evidenciam a formação da niquelina a partir de géis ou pela decomposição de um
mineral anterior. Comuns são os intercrescimentos com eskutterudita, smaltita ou safflorita (CoAs2).
Também ocorrem com galena.
Confusões possíveis: Breithauptita e Maucherita são semelhantes e pode ocorrer com a Niquelina.
Breithauptita possui cor mais carregada, a nicóis descruzados é mais rosa e a nicóis cruzados é mais verde.
Maucherita não possui pleocroísmo, a cor é mais cinza, sua anisotropia é mais fraca, às vezes é fibrosa ou
possui figuras de arranque, pode substituir a niquelina.
218
Ouro Nativo - Au
Macroscopia:
Os jazimentos primários de ouro são veios epitermais em que o quartzo é o principal mineral. Grãos,
dendrites e agregados aramados (“wire gold”) ocorrem disseminados no quartzo. Jazimentos secundários
de ouro são depósitos aluviais (cascalhos, areias) onde o ouro se concentrou devido à sua alta densidade.
Ouro nativo sempre forma cristais de mistura com prata, provavelmente uma série contínua.
Quando contém 30-45% de prata se chama electrum e possuem cor quase branca. Apesar de formado
antes dos outros minerais, os grãos são anédricos. Cristais são relativamente raros e frequentemente estão
distorcidos. Os maiores cristais alcançam 5 cm, podem formar associações macladas e paralelas. Forma
uma série com prata e normalmente contém Ag, Cu e Fe, raramente Pb, Ti, Sb, Hg, V, Bi, Mn, As, Sn, Zn,
Pd, Pt, Cd e muitos outros. O nome “küstelita” aplica-se a ouro com 80% de Ag, “porpezita” a cristais de
mistura com Pd. Associa-se a pirita, calcopirita, arsenopirita, pirrotita, sylvanita, krennerita, calaverita, altaita,
tetradimita, scheelita, ankerita, turmalina e quartzo. Peças para coleção alcançam preços muito superiores
ao preço padrão do ouro para seu peso.
Ouro é dissolvido em água-régia (ácido nítrico + ácido clorídrico), dissolve em soluções alcalinas de
cianeto (propriedade usada na mineração) e dissolve em mercúrio, formando amálgama. Ao contrário de
prata e metais de base, não dissolve em ácido nítrico (Teste do Ácido!). À Luz Transmitida é azul e verde.
Nic. // : a cor de reflexão varia muito, depende dos teores de prata. Com pouca prata, é amarelo-ouro vivo.
Com teores mais elevados de prata, branco-da-prata. Com cobre, vermelho do cobre. Refletividade muito
alta (72,26%) e brilho forte. Ao lado de ouro nativo os sulfetos mais claros parecem apagados. Electrum
possui refletividade de 92,3%, palladian de 66,6%. Não possui pleocroísmo nem birreflectância.
219
Nic. + : isótropo. Entretanto, nunca fica completamente escuro, mas estranhamente verde. A Nicóis
Cruzados aparecem todos os sulcos de polimento abaixo do filme superficial, o que simula anisotropia. Não
possui reflexões internas.
Forma dos grãos geralmente é granular isométrica com contatos muito variáveis, desde lisos a
dentados. Em algumas peças há um agrupamento reniforme-botrioidal, às vezes com bandamento rítmico.
Nessas bandas, os grãos isolados são muito pequenos ou submicroscópicos. Grãos grandes não são
formados apenas por processos ascendentes, mas também por redeposição, alcançando nestes casos
tamanhos até 1 cm. Níveis granulares finos podem recristalizar, apagando-se as feições originais. Quando
em meio a outros minerais, os grãos individuais geralmente são anédricos; cristais bem formados são
encontrados apenas ocasionalmente em galena, estibnita e evidentemente em poros e drusas. Interessante
é o fato relativamente frequente da ocorrência de um pequeno grão isolado, completamente anédrico, muito
irregular, no centro de cristais de galena, esfalerita ou calcopirita, enquanto os outros grãos desses minerais
estão isentos de ouro. Por isso as conclusões sobre a ocorrência de ouro nos jazimentos precisam se
basear em grande quantidade de seções polidas. Muito freqüentes são folhas finas de ouro que ocorrem
como ligantes em piritas e arsenopiritas cataclásticas, também ocasionalmente em tetraedrita-tennantita e
esfalerita. De maneira semelhante o ouro ocorre nas bordas ou em fraturas de grãos de quartzo. O ouro tem
a mesma idade de tetraedrita-tennantita, calcopirita, galena e outros e invade minérios mais antigos em
conjunto com esses. Uma parte do ouro dos veios de quartzo/ouro é mais antigo e está contido,
frequentemente no limite da visualização ao microscópio, em pequenos grãos e gotas em quartzo, pirita ou
arsenopirita, sem dúvida da mesma idade desses. A pergunta da localização do ouro em alguns minérios é
difícil: alguns jazimentos, independente da gênese, contêm todo o ouro na forma visível ao microscópio;
outros, mesmo muito ricos, praticamente não mostram ouro visível, mesmo na ausência de teluretos e
selenatos de ouro. Nesses casos, onde o minério pode conter 1 kg de ouro por tonelada sem qualquer ouro
visível, o ouro está presente na forma de grãos com diâmetros de 0,01 micra.
Clivagem não apresenta.
Maclas lamelares dispostas paralelamente a (111) são comuns; podem estar deformadas devido a
solicitações tectônicas.
Zonações são freqüentes em cristais isolados especialmente em ocorrências epitermais.
Sobrecrescimentos de níveis sucessivos de ouro com cores nitidamente diferentes e portanto de
idades diferentes podem ocorrer.
Deformações são freqüentes devido à resistência do ouro, associado à sua capacidade de
translação.
Desmisturas são extremamente raras, já que a maioria das ocorrências de ouro é hidrotermal. Mas
já foi observado ouro nativo com lamelas esqueletais ricas em cobre, dispostas paralelamente a (100).
Substituições são muito freqüentes, frequentemente é difícil concluir apenas pela seção polida sobre
o processo genético (ascendente ou descendente).
Critérios para reconhecimento: o alto poder refletor, a baixa dureza (muitos sulcos de polimento!) e a cor
extremamente viva excluem enganos. Grãos muito pequenos de pirita ou calcopirita em minerais da ganga
podem se parecer com ouro, especialmente se observadas ao ar (sem técnicas de imersão em óleo). Grão
embaçados de prata podem ser muito semelhantes.
220
Ouropigmento – As2S3
Macroscopia:
O ouropigmento é denominado em inglês de orpiment, um nome que vem do latim aurum e
pigmentum, em alusão à cor dourada. O mineral não contém ouro, mas historicamente foi usado como um
importante e insubstituível pigmento amarelo. Ouropigmento e seu material de alteração contêm arsênio e
são tóxicos. É recomendado lavar as mãos após manusear o mineral, especialmente se pulverulento.
Nunca lambe ou ingira. Evite inalar poeira quando estiver manuseando ou quebrando. O cheiro
característico do realgar, algo semelhante ao cheiro do enxofre, provém do arsênio e é tóxico.
Ouropigmento, usualmente com uma composição muito próxima da fórmula ideal, forma-se em
veios hidrotermais de baixa temperatura, em fontes quentes e fumarolas vulcânicas. Mais raramente, em
depósitos de boratos em climas áridos e em mármores metamórficos. Também como produto de alteração
de minerais de arsênio, especialmente realgar. É um minério de arsênio. Forma massas com diâmetros de
até 60 cm, compostos por cristais colunares ou fibrosos. Cristais individuais podem atingir 10 cm.
Imaginava-se até pouco tempo atrás que realgar, por ser fotosensível, se transformava em
ouropigmento, mas recentemente foi constatado que o material de alteração amarelo do realgar é
pararealgar. Em função disso, muitas informações de “associação de ouropigmento com realgar” devem ser
revisadas. Ouropigmento associa-se a calcita, barita, estibnita, gipso e cinábrio.
Nic. // : cor de reflexão branco-cinza a cinza médio. Refletividade de 19,57 – 26,18%. Não possui
birreflectância. Apresenta pleocroísmo muito forte: // a = branco intenso; // b cinza fraco com tons
vermelhos; // c = branco acinzentado fraco.
Nic. + : anisotropia forte em cores cinzas, completamente mascarada pelas fortes reflexões internas muito
claras, brancas, amarelo-limão e laranjas. As reflexões internas se tornam mais intensas em seções de
baixa qualidade.
221
Clivagem segundo {010} quase sempre é visível, assim como deformações ondulantes sob [100]
neste plano.
Forma dos grãos: ocorre em massas compostas por cristais aciculares ou tabulares segundo (010).
Frequentemente ocorre em tufos, massas radiais ou esferas com estrutura rítmica, normalmente como
crostas finas ou filmes especialmente como produto de alteração do realgar.
Translações segundo (010) é facilmente observado em deformações.
Recristalizações são observáveis com freqüência.
Critérios para reconhecimento: a cor amarela é muito típica do ouropigamento, sua associação quase
constante com realgar tornam seu reconhecimento muito fácil.
Confusões possíveis: pararealgar é muito semelhante. Enxofre nativo não possui clivagem e tem um
cheiro diferente. Autunita forma em ambientes diferentes, possui cores esverdeadas e é intensamente
radioativa.
Nic. // : cor de reflexão creme a creme-amarelada. Algumas pentlanditas apresentam cores nitidamente
mais escuras e, com grande aumento, se constata que estão completamente transformadas em bravoita ou
violarita. A refletividade é de 51,64%. A refletividade baixa para 48,55 na variedade de rhódio.
Nic. + : isótropo, mas sob Nicóis Cruzados nunca se obtém o escurecimento completo. Não possui
reflexões internas.
Forma dos grãos, quando associada com pirrotita, é de bandas e grânulos, algo muito característico
(veja imagem abaixo). A pentlandita, na imensa maioria dos casos, ocorre em minérios ricos em pirrotita e,
223
como é mais tardia que a pirrotita, apresenta formas anédricas, formando cordas, bandas e preenchimentos
de espaços integranulares entre grãos de pirrotita subédricos arredondados. Em alguns casos isolados a
pentlandita é da mesma idade da pirrotita ou até mais velha e então forma grãos arredondados com
indicações de formas octaédricas, frequentemente de tamanhos apreciáveis, do tamanho de um punho.
Normalmente o grão ou o agregado de pentlandita é muito menor, com apenas 2 mm ou menos. Os grãos
de pirrotita que ocorrem associados são ainda menores, mas nunca são extremamente finos, fato que tem
importância no beneficiamento. Nos agregados, os grãos são arredondados e não tem limites dentados.
Exsoluções na forma de chamas na pirrotita são uma característica importante (veja imagens).
Partição (111) octaédrica normalmente é visível na seção polida (3 direções formando triângulos
eqüiláteros), frequentemente de forma excelente, inclusive com a formação de figuras de arranque
triangulares. A partição pode ficar mais acentuada, mais destacada, devido à formação de violarita (ND:
violeta creme, NC: isótropa) ou bravoita (ND: creme-acastanhado violáceo, NC: isótropa) ao longo de suas
bordas. A violarita também pode surgir ao longo de fraturas e figuras de arranque.
Maclas são vistas macroscopicamente, mas na seção polida não são observáveis.
Zonação não é observada, talvez porque não se obteve nenhuma substância adequada para ataque
químico.
Deformações devido a cataclase ocorrem em alguns jazimentos, com calcopirita se infiltrando pelas
fraturas.
Desmisturas normalmente estão ausentes. Em algumas pentlanditas de alta temperatura (p. ex.,
Sudbury) ocorre grande quantidade de corpos de desmistura de pirrotita. Estes corpos são pequenos,
possuem a forma negativa do octaedro e consistem de um agregado de plaquinhas paralelamente a (0001),
em quatro orientações paralelamente à partição (111) da pentlandita. Esses corpos alteram mais
rapidamente que a pentlandita e frequentemente formam pirita ou marcassita, implicando em um polimento
de baixa qualidade. Valeriita ocorre como desmistura de forma bem desenvolvida e regular, sendo possível
que haja mais valeriita do que pentlandita na amostra. A pentlandita ocorre como desmistura muito
frequentemente na pirrotita: são desmisturas com a forma de chamas ou pincéis, inseridas paralelamente a
(0001) da pirrotita e penetrando na pirrotita a partir de fraturas e limites intergranulares. Pentlanditas destas
desmisturas em pirrotita possuem cores algo diferentes das cores das pentlanditas isoladas. Linneita pode
apresentar a mesma forma de desmistura.
Substituições são bastante raras, às vezes a pentlandita aparentemente substitui a pirrotita ou então
a calcopirita substitui a pentlandita. Quando a calcopirita substitui pirrotita com chamas de pentlandita, as
chamas se preservam por mais tempo que a pirrotita.
Alteração é comum, sendo a bravoita ou a violarita o primeiro estágio da alteração, que avança a
partir de limites intergranulares, fraturas e planos de partição. Ambos os minerais constam na literatura.
Inicialmente formam-se finas cordinhas de espessura uniforme de bravoita paralelamente aos planos de
partição; lentamente todo o grão fica transformado em bravoita. A partição da pentlandita continua bem
visível, apesar da bravoita provavelmente formar um agregado de grão muito fino. As “chamas” de
pentlandita na pirrotita também são transformadas em bravoita e ficam muito difíceis de reconhecer, já que
a cor da pirrotita e da bravoita são muito semelhantes. As chamas de pentlandita podem ser alteradas antes
dos grãos isolados, às vezes ocorre o inverso. Como a formação de bravoita implica em encolhimento,
ocorre a geração de grãos muito pequenos de pirita ou marcassita. Raramente há uma teia de finíssimas
plaquinhas de linneita como alteração dentro da pentlandita.
Intercrescimentos orientados de pentlandita com calcopirita, raramente com pirrotita, foram
observadas. Os intercrescimentos com pirrotita são tais que (0001) e (10-10) da pirrotita coincidem com
(111) ou (110) da pentlandita. As chamas de pentlandita mostram, em seções paralelas a (0001), formas
simétricas de estrelas com 3 ou 6 raios. Em forma de rede apresentam-se os intercrescimentos de
calcopirita em pentlandita.
224
Critérios para reconhecimento: a associação extremamente característica com calcopirita e pirrotita
praticamente exclui confusões.
Confusões possíveis: Em paragêneses incomuns pode ser confundida com pirrotita, mas sua partição
octaédrica e sua isotropia são bem características. A pirrotita é fracamente magnética e não possui a
partição octaédrica.
225
Periclásio - MgO
Macroscopia:
O periclásio é um mineral transparente e cúbico raro, formando-se sob altas temperaturas em
mármores dolomíticos a partir da dissolução da dolomita durante o metamorfismo. Sua alteração
supergênica, por outro lado, gera facilmente brucita (Mg(OH)2) ou hidromagnesita (Mg5(CO3)4(OH)2.4H2O).
Associa-se a calcita, serpentina, brucita, espinélio, forsterita, minerais do Grupo da Humita,
magnesita, hidromagnesita, brucita, ellestadita, hematita, anidrita, srebrodolskita, coríndon, perovskita,
cassiterita, anatásio e rutilo. É levemente solúvel em água quando pulverizado, gerando uma reação
alcalina. Cristais tornam-se foscos quando expostos ao ar úmido.
Confusões possíveis: macroscopicamente é fácil confundir o periclásio com pelo menos uma dúzia de
silicatos comuns formadores de rocha.
Nic. // : cor de reflexão cinza azulado médio. Refletividade de 16.31%. Se com Nb, 15.6%. Não possui
birreflectância nem pleocroísmo.
Nic. +: é isótropa, não possui anisotropia. Reflexões internas entre incolores, marrons, rosa e laranja. Às
vezes as reflexões internas permitem reconhecer as maclas complicadas.
Forma dos grãos: geralmente a perovskita é obtida como grãos isolados ou agregados friáveis de
grãos. A regra, entretanto, são cristais pequenos e isolados em rochas basálticas extremamente ricas em
Ca, onde facilmente passam despercebidas.
Desmisturas não foram observadas.
Substituições por rutilo e anatásio podem ocorrer.
227
Confusões possíveis: cromita possui reflexões internas muito mais escuras, magnetita é mais rosa e
menos azulado e não possui reflexões internas. Esfalerita e greenockita, muito semelhantes, ocorrem em
paragêneses completamente distintas.
228
Pirargirita – Ag3SbS3
Macroscopia:
A pirargirita é um mineral hidrotermal de baixa temperatura, sempre muito tardia (um dos últimos a
se formar), podendo cristalizar de forma ascendente ou descendente. Ocorre em veios hidrotermais,
especialmente nos epitermais. Ocorre principalmente nos veios de Pb-Zn-Ag, em veios de quartzo e calcita
com minérios nobres (Au e Ag) e nos veios de Ag-Co-Ni. É um minério importante de prata cujo volume nas
jazidas varia muito, às vezes é o principal minério de prata da jazida. Já foi mencionado por Georgius
Agrícola (Georg Bauer) em 1546. Também é chamada de “minério de prata vermelho escuro” ou “ruby
silver”. Associa-se a prata nativa, acanthita, tetraedrita, outros sulfossais de prata, calcita, dolomita, galena,
esfalerita e quartzo. Normalmente contém um pouco de arsênio.
A pirargirita é extremamente semelhante à proustita (Ag3AsS3), tanto macroscopicamente como
microscopicamente. Pirargirita é mais comum que proustita, mas são encontradas juntas. Entretanto, não há
solução sólida entre eles devido às baixas temperaturas em que se formam (a altas temperaturas, em
fusões de altos fornos, ambas se misturam). Os dois minerais só foram reconhecidos como duas espécies
com o advento de análises químicas mais detalhadas. O traço diferencia a proustita da pirargirita em
amostras macro: o traço da pirargirita é “purplish red” enquanto o traço da proustita é “scarlet red”. É um
mineral isoestrutural com a proustita que se associa a este em veios. Forma cristais prismáticos euédricos,
às vezes maclados. É fotosensível, reage rapidamente à luz e se torna negro.
Nic. + : anisotropia forte entre cinza-azul claro e escuro, mas esta anisotropia é mascarada pelas fortes e
numerosas reflexões internas vermelhas. As reflexões são em tons vermelho-carmim, de claro a escuro,
frequentemente duplas. Comparando grãos de pirargirita com grãos de proustita, desde que nas mesmas
seções, mesmos tamanhos e com polimentos da mesma qualidade, percebe-se que as reflexões internas
vermelhas da proustita são um pouco mais claras e mais freqüentes – mas esta observação não se presta
para diferenciar os dois minerais entre si.
Forma dos grãos: frequentemente observa-se cristais isolados bem formados, ao seu lado
agregados caóticos com cristais muito irregulares, intensamente intercrescidos (contatos dentados).
Frequentemente pirargirita ocorre como preenchimento de finas e finíssimas fraturas tanto no minério como
nas rochas encaixantes, formando finos filmes que apresentam a mesma orientação por longas distâncias.
O tamanho do grão é muito variável, mesmo nos cristais de uma seção polida individual.
Clivagem praticamente não é observada em seções polidas de boa qualidade.
Maclas sempre estão presentes segundo muitas leis. Ocorrem desde maclas de crescimento até
maclas lamelares de pressão, especialmente segundo {10-14}. As maclas lamelares se originaram a partir
de pressões que os cristais sofreram e podem ser geradas artificialmente.
Zonação muito bem desenvolvida pode ser vista após ataque químico especialmente em cristais
isolados; são algo mais raras em agregados.
Deformações são raras, o que se explica pela formação tardia da pirargirita.
Cataclase muito bem desenvolvida por ser vista em alguns casos.
Substituições são extremamente freqüentes; quase sempre a pirargirita é o mineral que substitui os
outros. Em alguns casos a pirargirita pode ser apenas o preenchimento de minerais vizinhos cataclásticos,
normalmente a íntima mistura com outros minérios deve-se a substituições até certo ponto. Substituídos e
penetrados por fraturas são especialmente a freibergita e outros minerais da série tennantita-tetraedrita,
miargyrita, stephanita e muito frequentemente a galena, em alguns casos também pirita e algumas das
zonas da eskutterudita. Por outro lado, a pirargirita é substituída por polibasita e acanthita.
Intercrescimentos mirmequíticos com vários outros minérios podem se formar a partir de vários
processos e foram observados frequentemente, com proustita, prata nativa, galena e stephanita.
Desmisturas: em algumas galenas a pirargirita ocorre na forma de gotinhas que lembram
desmisturas; podem não ser. Em algumas pirargiritas ocorrem finas partículas de acanthita; não está claro
se são desmisturas.
Confusões possíveis: É possível confundir a pirargirita com vários outros minerais, quimicamente
semelhantes e que em sua maioria ocorrem também nas mesmas jazidas e tem, inclusive, o mesmo
comportamento ao ataque químico. Proustita tem um traço muito mais claro, se espalhado no papel com a
unha. Myargirita é mais clara e tem reflexões internas mais raramente. Samsonita é rara e tem anisotropia
muito mais fraca. Polybasita normalmente mostra oxidação ao ar. Cinábrio e cuprita também são parecidos,
mas ocorrem em outras paragêneses.. Stephanita é semelhante em seções basais à proustita e à
pyrargirita. Xanthoconita: também pode ser parecida. Proustita é bem mais rara que a pirargirita e ocorre
apenas em jazimentos que são muito pobres em minerais de antimônio. A diferenciação mais segura entre
pirargirita e proustita é o traço no papel, espalhado com a unha: é muito mais claro para a proustita.
230
Microscopia de Luz Transmitida:
Nic. // : pleocroísmo distinto
Nic. + : birrefringência máxima de 0,203.
Luz Convergente: U(-)
231
Pirita – FeS2
Macroscopia:
A pirita é um mineral muito comum e o sulfeto mais comum, encontrado nos mais diversos tipos de
rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Muitas vezes se associa a outros sulfetos ou óxidos em veios
hidrotermais de quartzo. Pode substituir fósseis. Ocorre como segregação magmática e como mineral
acessório em rochas ígneas, em pegmatitos. Forma-se em depósitos de metamorfismo de contato e ocorre
como substituição diagenética em rochas sedimentares. Pode se concentrar em aluviões e placers, na
forma de grãos rolados. De qualquer maneira, é extremamente abundante e ocorre em uma infinidade de
situações geológicas. Os maiores cristais de pirita atingiram 25 cm.
A pirita possui uma série de usos, alguns históricos, outros ainda atuais. Foi apelidada de “ouro dos
tolos” devido à sua semelhança com ouro. É um mineral problemático devido à sua abundância e aos
problemas ambientais que causa quando se dissocia, gerando óxidos de ferro e sulfato. O sulfato se
combina com água e produz ácido sulfúrico, originando efluentes de mina extremamente ácidos. A oxidação
da pirita é tão exotérmica que algumas minas de carvão subterrâneas com alto teor de S tem problemas
com combustão espontânea da pirita em porções já mineradas, conduzindo a incêndios subterrâneos. A
única solução é vedar hermeticamente as porções já mineradas para impedir a entrada de oxigênio.
Pirita normalmente é muito pura, pode conter níquel, cobalto, ouro, prata, chumbo, selênio e
arsênio. É a forma cúbica do FeS2, a forma ortorrômbica é a marcassita (dimorfismo). A pirita forma uma
série com a cattierita. Quanto a variedades: bravoita é uma variedade de pirita com Ni e Co, com >50% do
ferro da pirita substituída por Ni; era considerada um mineral, mas foi desacreditada. “Gelpyrit” (= pirita-gel)
é um gel de FeS e FeS2 ± As que cristalizou, formando estruturas concêntricas bandadas que lembram
ágata. “Sol de pirita” ou “dólar de pirita” é uma variedade nodular achatada que forma discos, encontrada
em minas de carvão em Sparta, Illinois, USA. Cristais bem formados, hidrotermais ou metamórficos, são
muito estáveis, mas as piritas formadas em ambientes sedimentares (carvões, concreções, etc.)
rapidamente (vários meses a alguns anos) esfarelam devido à formação de sulfatos ferrosos hidratados e
outras fases.
Associa-se a pirrotita, marcassita, galenas, esfalerita, arsenopirita, calcopirita, muitos outros sulfetos
e sulfossais, hematita, fluorita, quartzo, barita, quartzo, microclínio, biotita, albita, hornblenda, hematita,
calcita e muitos outros.
Nic. + : isótropo, mas apresenta, com certa freqüência, anisotropia anômala em tons violetas, marrons e
azul-turquesa, devido a teores de arsênio e outros elementos. É possível que a anisotropia é muito comum,
mas encoberta por alguns métodos de polimento. Devido ao alto relevo que a pirita pode obter ao lado de
minerais macios, a despolarização é freqüente, simulando uma anisotropia no grão. Nunca apresenta
reflexões internas.
Forma dos grãos: a pirita tem uma grande tendência ao desenvolvimento idiomórfico (euédrico),
formando cubos. Por isso a pirita muitas vezes é interpretada como o mineral mais velho da paragênese, o
que é um equívoco, porque a pirita forma-se com facilidade como porfiroblasto. Um exemplo são cubos
perfeitos de pirita com até 15 cm de aresta, sem nenhum indício com cataclase, em jazimentos
metamórficos como Sulitjelma (Noruega). É impossível que estes cubos tenham sido os primeiros minerais
a cristalizar. Este caso se repete em muitas outras situações geológicas. Frequentemente a pirita formou-se
no mesmo instante dos outros minerais da paragênese, mas possui força de cristalização muito superior e é
idiomórfica, o que ocorre em veios hidrotermais de quartzo com ouro: a pirita é euédrica, mas o quartzo é
anédrico. O crescimento destes grandes cristais de pirita, que pode ocorrer a baixas temperaturas, implica
frequentemente na incorporação, como uma peneira, de muitos outros grãos minerais como inclusões.
Texturas framboidais ou coloformes são comuns naquelas piritas formadas a baixas temperaturas.
A formação se dá a partir de géis, cujas formas são parcialmente preservadas. As texturas framboidais são
bem características. Piritas com estas estruturas relictas contêm frequentemente menos enxofre que o
expresso na fórmula e são muito mais facilmente alteradas, assim como podem conter arsênio.
Tamanho do grão varia de frações de micra a 15 cm. Em muitas ocorrências os grãos são bem
menores que os grãos anédricos dos outros minerais da ocorrência.
Contatos integranulares em agregados formados apenas por pirita são bem variáveis,
frequentemente apenas poligonais ou pouco empacotados, de forma que os agregados desagregam com
facilidade. Contatos dentados são bem mais raros. Muito frequentemente um outro mineral da paragênese,
ocorrendo em quantidades pequenas, assumiu o papel de cimento dos grãos de pirita.
Crescimento esqueletal ocorre às vezes, com a aceleração do crescimento paralelamente a (111)
em associação com marcassita ou paralelamente a (100) em associação com pirrotita.
Clivagem normalmente não é visível. Em cristais que sofreram tensões, também por oxidação e
cimentação (substituição por calcocita), a clivagem {001} pode estar nítida.
Partição {011} é observável mais frequentemente, a partição {111} apenas raramente.
233
Maclas segundo (110) são bem conhecidas de peças macroscópicas, mas em seções polidas
apenas muito raramente são perceptíveis alguns indícios de macla.
Zonação em piritas das mais variadas origens pode ser observada muito bem desenvolvida. Pode
ser gerada por (1) mudanças na composição química, especialmente com teores de Ni, (2) incorporação de
inclusões, (3) zonas com porosidades diferentes, (4) interrupções no crescimento dos grãos. Em alguns
casos a zonação aparece por mudanças de cor e dureza, em outros casos é necessário ataque químico
para sua observação. Frequentemente a zonação evidencia que o hábito do grão mudou durante o
crescimento, iniciando como octaedro e finalizando como cubo.
Zonas de bravoita, mais escuras, acastanhadas ou violetas, muitas vezes em esboços euédricos,
podem estar presentes.
Zonas de linneita podem estar presentes.
Deformações por pressões tectônicas sempre conduzem à cataclase dos grãos, fazendo aparecer a
clivagem e as partições. Translações e lamelas de macla por pressão não foram observadas na pirita. A
cataclase frequentemente é visível na pirita mesmo quando os minerais vizinhos não mostram nenhum sinal
desta. Os fragmentos gerados pela cataclase podem se deslocar apreciavelmente uns em relação aos
outros se contidos em minérios relativamente plásticos, como galena e calcopirita.
Desmisturas quase nunca foram observadas. Mesmo observando com freqüência pequenas
inclusões com as dimensões de corpos de desmistura, sempre é possível demonstrar que se trata de restos
de substituição, inclusões em piritas que cresceram porfiroblasticamente ou infiltrações posteriores à
formação do grão. Especialmente a calcopirita está presente em corpos que não podem ser explicados
como desmisturas.
Substituições são extraordinariamente freqüentes; a pirita é substituída e por sua vez substitui uma
infinidade de outros minerais. Sendo um dos primeiros minerais a se formar, a pirita passa por muitas
oportunidades de substituição, por arsenopirita, calcopirita, galena, esfalerita, bornita, enargita (estes
ascendentes) e calcocita, covellita e minerais de prata (estes descendentes). Muitas vezes a substituição
ocorre e é acelerada pelas fraturas na pirita geradas por cataclase. A substituição da pirita por outros
minerais pode evidenciar zonações (substituição seletiva) e formar esqueletos esquisitos. Um caso especial
é a substituição por pirrotita, que ocorre por metamorfismo de contato especialmente em basaltos. Como
mineral substituinte a pirita é muito ativa, frequentemente os processos são difíceis de explicar. Processos
vulcânicos finais podem conduzir a uma piritização das rochas, como ocorre em diabásios, gabros,
“propilitos” e outras rochas. Esta piritização pode transformar os minerais de ferro formados em um primeiro
momento; como hematita ou titanomagnetita e ilmenita, formando-se nestes dois últimos casos pirita com
rutilo, às vezes esfeno, preservando o esqueleto de ilmenita das titanomagnetitas. Piritas de substituição
com esqueletos de rutilo se formam desta maneira. A transformação de pirrotita em pirita igualmente não é
rara, pode ser acompanhada pela formação de marcassita. A cor destas piritas formadas a partir de pirrotita
pode ser nitidamente esverdeada devido a um intercrescimento extremamente fino com marcassita. As
estruturas que surgem neste caso estão discutidas no capítulo da pirrotita. As piritas formadas a partir de
pirrotita tendem, especialmente se úmidas, à combustão espontânea. Esfalerita e alabandita
frequentemente estão substituídas por pirita; mas os processos não são extensos; ocorrem de forma
restrita.
Intercrescimentos como estruturas mirmequíticas praticamente não ocorrem. Muito raramente
ocorrem intercrescimentos extremamente finos, nos limites da visualização por microscópio, com calcopirita.
Estes intercrescimentos conseguem ser percebidos apenas com aumentos muito elevados e com técnicas
de imersão em óleo. Estes intercrescimentos dificilmente perceptíveis podem ser responsáveis pela lenda
da pirita com teores de cobre. Teores de ouro devem-se a grãos de ouro nativo em fraturas e limites
intergranulares ou como grãos de ouro dentro das piritas, como inclusões, o que torna necessária uma
moagem extremamente fina das piritas para a extração do ouro.
234
Recristalização ocorre na pirita com dificuldade. Em jazimentos tectonizados as piritas continuas
cataclásticas muito depois dos outros minerais já terem recristalizados. Em zonas de alto grau de
metamorfismo as piritas recristalizam, mostrando uma textura panidiomórfica (todos os grãos euédricos)
granoblástica. Quando não há outros minerais suficientes para cimentar os cristais de pirita uns aos outros,
forma-se um agregado muito friável, que se esfarela sob leve tensão como areia.
Alteração: todas as piritas expostas aos agentes atmosféricos transformam-se, nas bordas, em
limonita, em um processo bastante complicado. O processo libera tanto ácido sulfúrico que todo o ferro
pode ser removido como sulfato de ferro. Em alguns jazimentos muito ricos em pirita há porções de quartzo
esponjoso (anteriormente contendo pirita nos poros da “esponja”) sem nenhum resquício de limonita.Só a
presença de outras substâncias, que retém o ácido sulfúrico, gera condições de formação de limonita, que
pode ter várias texturas diferentes.
Confusões possíveis: quando em grãos muito pequenos, é facilmente confundida com muitos outros
minerais, inclusive com outro nativo. Marcassita possui pleocroísmo de reflexão, é uma pouco mais branca
e fortemente anisótropa. Cobaltita é semelhante, mais rosada, um pouco mais macia e um pouco
anisótropa. Eskutterudita, gersdorffita e ullmanita são mais brancas. Sperrylita é distintamente mais
euédrica, possui refletividade maior e é rara. Quando a pirita ocorre associada com minerais duros e pouco
refletores, como cassiterita e quartzo, é possível confundir com um metal nativo.
235
Pirocloros – fórmula geral (A)2(B2O6)(O,OH,F)
Macroscopia:
Os pirocloros formam um grupo único de Óxidos Múltiplos com Nb, Ta e Ti com a fórmula geral
(A)2(B2O6)(O,OH,F). O Grupo do Pirocloro é constituído por Pirocloro (Na,Ca)2Nb2O6(OH,F), Kalipirocloro
(H2O,Sr)(Nb,Ti)(O,OH)6•(H2O,K), Bariopirocloro (Ba,Sr)(Nb,Ti)2(O,OH)7, Yttriopirocloro-(Y) (Y,Na,Ca,U)1-
2(Nb,Ta,Ti)2(O,OH)7, Ceriopirocloro-(Ce) (Ce,Ca,Y)2(Nb,Ta)2O6(OH,F), Plumbopirocloro (Pb,Y,U,Ca)2-
xNb2O6(OH), Uranopirocloro (U,Ca,Ce)2(Nb,Ta)2O6(OH,F), Strontiopirocloro Sr2Nb2(O,OH)7 e
Bismutopirocloro (Bi,U,Ca,Pb)1+x(Nb,Ta)2O6(OH)•n(H2O).
São minerais difíceis de reconhecer. Uma feição diagnóstica importante é o fato dos pirocloros
formarem cristais octaédricos perfeitos; às vezes a cor ou o traço ajudam. São minerais radioativos e
informalmente são chamados de “Rare Earth Oxides” devido ao seu conteúdo em Terras Raras. O pirocloro
(de Nb) forma uma solução sólida com a microlita (que é de Ta), que é classificada em um Grupo próprio
com 8 membros, muito semelhante ao Grupo do Pirocloro.
O pirocloro é associado a estágios metassomáticos finais de intrusões magmáticas. Os cristais são
tipicamente metamictos devido aos elementos radioativos incluídos. Pirocloro ocorre tipicamente em
carbonatitos, também em sienitos nefelínicos. Também pode ocorrer em pegmatitos graníticos e em
greisens; forma cristais com até 7 cm. Pode ser detrital. Associa-se a zircão, aegirina, apatita, perovskita e
columbita. A microlita, muito mais comum, ocorre em diques pegmatíticos graníticos e mais raramente em
carbonatitos. Os maiores produtores de Nb do mundo mineram pirocloros. O depósito da CBMM de Araxá,
MG, é o maior do mundo. Depois vem o depósito de Catalão, GO, seguido por uma jazida no Canadá. A
produção brasileira corresponde a 75% da produção mundial.
Os pirocloros não são abordados satisfatoriamente por nenhum dos Bancos de Dados disponíveis.
No livro do Prof. Ramdohr há menos de uma página com o título de “Grupo dos Pirocloros”. A diagnose ao
Microscópio de Luz Refletida é impossível. Uma vez sabendo de sua existência, são fáceis de localizar.
POLIANITA:
Muito raramente ocorrem agregados compactos de polianita intercrescida com quartzo. Estes são
facilmente polidos, frequentemente os cristais desagregam um pouco paralelamente a z. A maioria das
amostras, entretanto, é péssima para polimento. Polianita não possui as características cavidades da
pirolusita. Seções paralelamente a (001) são nitidamente mais duros que seções perpendiculares a esta. A
dureza é muito alta, mais alta que aquela do quartzo.
237
Nic. // : cor de reflexão branca clara com suaves tons amarelos. Na presença de manganita o tom sugere
ser azulado. Refletividade acima de 20%, muito mais alta que galena, muito variável (deve estar ao redor de
50%), só pode ser avaliada corretamente nas raras seções de boa qualidade. Lembra muito a arsenopirita,
não sugere de forma nenhuma um óxido de manganês. Seções com fraturas nítidas e grosseiras possuem
refletividade mais alta que porções com fraturas muito finas. Birreflectância distinta entre amarelo, cinza
suave, azul suave e amarelo-cinza, não possui pleocroísmo.
Nic. +: anisotropia muito nítida de branco-rosa a marrom-rosa. Não apresenta reflexões internas.
Clivagem segundo (110) é visível apenas extremamente raramente nos minúsculos cristais. Essa
clivagem é visível nitidamente em seções de baixa qualidade; em seções com bom polimento a clivagem é
pouco visível.
Maclas podem ocorrer em finas lamelas individuais ou repetem o padrão da estannita,
paralelamente a (101), frequentemente com repetições cíclicas repetidas pseudohexagonais. Cristais
aciculares de alguns jazimentos mostram com frequência maclas de dois ou três indivíduos segundo (301).
Zonação é rara, mas às vezes tem um desenvolvimento espetacular.
Forma dos grãos: difícil de descrever, pois as polianitas “puras” de ocorrências típicas mostram
enorme divergência de texturas, formas e tamanhos de grãos. Polianita pode formar crostas isoorientadas
sobre pseudomorfoses de manganita, de forma semelhante a muitas pirolusitas. Os cristais individuais são
prismáticos segundo (110), (100) com (111), (101), mas geralmente só se observa agregados. Em outras
ocorrências há crostas revestindo cavidades (fendas tectônicas), mostrando o prisma só um pouco e
frequentemente terminando de forma arredondada devido a maclas. Em outras ocorrências, cristais
aciculares em siderita formam agulhas com (110), pontiagudas segundo (hhl) e (001).
Substituições muito variadas são observadas no teores variáveis de polianita em “pirolusitas” e
“psilomelanos”. Muito frequente é a substituição da manganita pela polianita.
PIROLUSITA:
A composição química é semelhante à polianita, mas está frequentemente muito contaminada por
outros óxidos metálicos, também por água adsorvida. Observam-se cristais grandes ao lado de cristais
pequenos com formas muito variadas e aparência e comportamente ortorrômbico. Isso se deve ao fato de
que todas as pirolusitas são pseudomorfoses sobre manganita. Essa transformação é simples, já que os
eixos x e z da manganita coincidem completamente com os eixos x e z da pirolusita; apenas sobre o eixo y
é necessária uma contração. Essa modificação implica na formação de cavidades (fissuras) paralelamente
a (010), cuja existência faz com que a refletividade das seções basais (paralelas a x e y) apresenta grandes
variações. Da mesma maneira, as fissuras provocam enormes variações na dureza, que pode oscilar entre
1 e 7, na realidade é uma variação aparente devido a uma tenacidade variável em escalas muito pequenas.
As fissuras adsorvem substâncias estranhas à composição original do mineral, provocando análises
químicas equivocadas. Por fim, dependendo da composição da resina das seções polidas, as fissuras
capturam rapidamente o óleo da resina, tornando-a quebradiça e destruindo a seção polida.
O polimento da pirolusita, com a enorme quantidade muito variável de fissuras de dimensões muito
variadas, só pode ser realizado após uma impregnação cuidadosa da amostra. Materiais especialmente
porosos e fraturados, muito macios, formados por polianitas nem muito finas nem muito grosseiras, mesmo
assim só adquirem polimento razoável.
Nic. // : cor de reflexão branco creme, nitidamente predominando em relação às outras cores existentes. A
refletividade de quase 30% da polianita é alcançada em alguns casos, às vezes a refletividade é
nitidamente inferior, devido à finíssima porosidade da pirolusita. Informar dados quantitativos é inútil em
238
função da grande variabilidade dos valores. A birreflectância sempre é nítida: a diferença entre os eixos
originais x e y da manganita às vezes é muito nítido, às vezes praticamente não consegue ser detectado. A
variação entre x ou y para c é muito conspícua.
Nic. +: anisotropia nítida de creme a cinza- azul, mas as cores são extremamente sensíveis em relação a
problemas mínimos no cruzamento dos nicóis.
Confusões possíveis: ramsdellita é semelhante, mas possui refletividade mais baixa e tonalidade branca.
A calcophanita possui refletividade semelhante em uma de suas birreflectâncias.
239
Piromorfita - Pb5(PO4)3Cl
Macroscopia:
A piromorfita é um minério de menor importância de chumbo. Ocorre tipicamente como mineral
secundário nas zonas oxidadas de depósitos de chumbo. Associa-se a cerussita, anglesita, smithsonita,
willemita, galena, barita, vanadinita, wulfenita, hemimorfita e quartzo. Forma agregados radiados ou
revestindo drusas na matriz. Raramente ocorre como um sublimado vulcânico.
A piromorfita forma cristais com facilidade. Típicas são as formas e as terminações “hoppered”
(incompletas, veja imagem abaixo). São comuns cristais prismáticos hexagonais com faces curvas,
lembrando um tonelzinho (veja imagem abaixo). Existe uma cidade alemã, Bad Ems, cujo símbolo são os
“tonéizinhos de Ems” (“Emser Tönnchen”), devido a uma mina histórica com piromorfita que existe na
região. O nome da piromorfita decorre do fato que, uma vez fundida, ao esfriar volta à sua forma original de
prismas hexagonais (“pyro” = fogo, “morphos” = forma).
A piromorfita pertence ao Grupo da Apatita, um grupo de minerais hexagonais isomórficos. Forma
uma série isomórfica com a mimetita (Pb5(AsO4)3Cl) e com a vanadinita (Pb5(VO4)3Cl). Em muitos casos os
minerais são tão semelhantes entre si que só podem ser diferenciados através de análises químicas.
Também forma uma série com hidroxilpiromorfita. A galena pode formar finos filmes epitáxicos sobre os
cristais de piromorfita. A piromorfita forma pseudomorfoses sobre galena e sobre cerussita; são comuns. A
galena frequentemente forma pseudomorfoses sobre piromorfita. Outras pseudomorfoses possíveis são
apatita sobre piromorfita e plumbogummita encrustada ou substituindo piromorfita.
Nic. // : a cor de reflexão da pirrotita é uma cor em tons marrons e amarelos com rosa, pode ser amarelo
claro a marrom-rosa, pode ser entre castanho-amarelado e marrom. A cor é muito diagnóstica, mas apenas
em seções recém polidas, porque embaça muito rapidamente para marrom, por oxidação ao ar (seções
prismáticas embaçam mais, seções basais embaçam menos). Seu comportamento ótico não indica a
simetria monoclínica, apenas de vez em quando é possível observar extinção oblíqua. Possui refletividade
de 36.91 e 41.56. Seu pleocroísmo é fraco a ausente; quando presente apenas é visível nos contatos
intergranulares, varia entre marrom-avermelhado mais escuro e marrom-creme mais claro. Não possui
birreflectância.
Nic. + : possui anisotropia forte colorida, de amarelo-cinza a verde suave até cinza a marrom-vermelho.
Tons azulados podem ocorrer. Os efeitos de cor podem variar entre ocorrências Descruzando os nicóis um
pouco (poucos graus) é possível observar a anisotropia também. Não possui reflexões internas.
Forma dos grãos: cristais bem desenvolvidos de pirrotita crescidos sobre outros minerais são raros,
assim como são raros cristais euédricos em agregados poliminerálicos. Cristais idiomórficos são tabulares,
às vezes dispostos paralelamente à textura do minério, como micas em um mica-xisto. Normalmente os
agregados são granulares anédricos com tamanhos de grão muito variáveis e certa preferência pelo
desenvolvimento de (0001). Os limites intergranulares são poligonais simples, não são ou são fracamente
dentados (“Verzahnung” = “toothed”).
Partição forte paralela a (0001) sempre é visível, mas em graus variados de nitidez. Quando o
mineral não está alterado, esta partição surge apenas em massas de grão muito grosseiro e naquelas
pirrotitas geradas a partir de pirita. Quando o mineral está alterado, a partição paralela a (0001) sempre é
visível e a partição paralela a (10-10) se torna visível ocasionalmente.
Maclas formando lamelas raramente estão presentes. Quando as há, trata-se de lamelas de macla
de pressão e aparentemente seguem uma pirâmide “esticada”.
Zonação é comum em cristais que se formaram sobre uma base e é rara em cristais formando
massas. A zonação pode se expressar por discretas variações de cor. Há uma certa zonação na quantidade
de chamas de pentlandita (veja abaixo), que são mais freqüentes nas bordas dos cristais.
Substituições são freqüentes e diversificadas, devido à grande capacidade de reação da pirrotita.
Pirrotita é substituída de forma ascendente por galena, calcopirita, esfalerita, tetraedrita-tennantita, stannita
e muitos outros. Em muitos casos as texturas de substituição na realidade foram geradas por cataclase
(veja em cataclase). Substituição da pirrotita por pirita é muito freqüente e pode ser observado em todos os
estágios. As texturas geradas são excelentes e evidenciam que mesmo aquelas piritas formadas como
primeira fase também são produtos de substituição a partir de pirrotita. O contrário também ocorre e não é
raro: substituição de pirita por pirrotita. Outro processo ocasional é a substituição de pirrotita por magnetita
(+ pirita), normalmente por oxidação. O inverso, a substituição de magnetita por pirrotita, pode ser
observado em vários casos (ex: Sudbury), quando as pirrotitas preservam a textura de lamelas de ilmenita
da titanomagnetita original.
Substituições devido a alteração são muito interessantes e diversificadas. Pirrotita é o sulfeto de
ferro mais sensível à destruição intempérica: pirrotitas que ficaram na chuva durante apenas um dia já
mostram alterações nítidas. Mesmo em minas profundas, muito abaixo do nível do aqüífero freático, as
243
pirrotitas já estão alteradas, talvez pela circulação de ar e umidade da própria mina. Duas evoluções
principais podem ser diferenciadas: (a) alteração a marcassita + pirita e (b) alteração a pirita e magnetita.
(a) A alteração (transformação hipogênica) da pirrotita a marcassita + pirita se processa em 3
estágios: (1) o “Zwischenprodukt” (= produto intermediário), (2) pirita + marcassita com textura de “olho de
pássaro” e (3) sulfato ferroso ou limonita e ácido sulfúrico. (1) O “Zwischenprodukt” é bastante freqüente,
forma-se diretamente a partir da pirrotita a partir de planos de partição e fraturas e é formado por um
material cinza-branco, bastante anisótropo (semelhante à marcassita), um pouco mais duro que a pirrotita,
intercrescida com esta de maneira excelente. A refletividade varia muito, mesmo em uma mesma amostra, e
embaça ao ar com grande rapidez; é quimicamente muito instável. O pleocroísmo de reflexão varia entre
nitidamente amarronzado (paralelamente a (0001)) a mais cinza-oliva (perpendicularmente). Difratogramas
de Raios X evidenciaram tratar-se provavelmente de marcassita. (2) O estágio mais freqüente, entretanto, é
a formação de marcassita (acompanhada ou não de pirita) na textura de “olho de pássaro”. Trata-se de
corpos ovais com estrutura bandada concêntrica, dispostos paralelamente a (0001) da pirrotita, formados
por minerais de grão extremamente fino, normalmente marcassita e/ou pirita (veja imagem abaixo).
Bastante freqüente é a formação de marcassita na forma de agregados lineares ou cordados, de grão muito
fino, sem orientação, dispostos paralelamente a (0001) da pirrotita. Também evoluem a partir de fraturas,
possuem uma aparência bem característica e formam tufos. Com a evolução da alteração, as porções de
marcassita e pirita se preservam e a pirrotita é solubilizada, gerando uma pseudomorfose singular, de
aparência celular, que ainda permite ver a estrutura original da pirrotita. Com a presença de carbonatos
forma-se siderita.
(b) A alteração (transformação hipogênica) da pirrotita a magnetita + pirita forma intercrescimentos
mirmequíticos muito delicados. Frequentemente a pirita neo-formada está disposta de tal forma que uma
face de seu octaedro coincide com (0001) da pirrotita, formando mosaico em xadrez. Em outros casos os
intercrescimentos – frequentemente na mesma amostra – são grosseiros e irregulares, mas sempre com
muitos indícios de sua formação a partir da pirrotita. Com mais oxigênio no sistema formam-se também
pirita + hematita, às vezes pirita + lepidocrocita. Em ambos os casos há bastante marcassita junto à pirita,
havendo transições entre ambas as texturas acima descritas.
Lamelas de desmistura podem ser observadas provavelmente na maioria das pirrotitas. As lamelas
podem ser observadas a Nicóis Descruzados e a Nicóis Cruzados se as observações forem feitas com
muito cuidado, também após ataque químico. As características óticas das lamelas são as mesmas, mas o
pleocroísmo de reflexão das lamelas mais claras é menor, o que permite encontrar uma posição em que os
dois conjuntos de lamelas (claras e escuras) são bem visíveis. As lamelas são discóides finas paralelas a
(0001) ou mais espessas, fusiformes ou em forma de chamas, onduladas (veja figura abaixo). A quantidade
e a aparência variam muito, mas são aproximadamente semelhantes nas ocorrências individuais. Às vezes
as lamelas ocorrem em grande quantidade, de tal maneira que não é mais possível saber o que é massa
principal e o que são lamelas. As lamelas mais claras são mais duras, mais difíceis de atacar quimicamente
e mais quebradiças do que as lamelas escuras, mas em certas ocorrências estas características se
invertem. Provavelmente as lamelas são desmisturas de materiais com teores diferentes de enxofre.
Desmisturas de pentlandita ocorrem na forma de “chamas de pentlandita”. São corpos
desmisturados fusiformes que se assemelham a pequenas chamas (veja imagem abaixo) e que precisam
ser observadas com a objetiva de aumento máximo. A diferença de cor entre a pirrotita e as chamas de
pentlandita é muito discreta e exige muita atenção de um iniciante na matéria. Como a pentlandita é cúbica,
a Nicóis Cruzados é isótropa, o que permite perceber melhor as chamas. Sua distribuição na pirrotita
raramente é uniforme, normalmente se concentram em limites intergranulares, fraturas e porções
deformadas. Pirrotitas sem chamas de pentlandita não contém teores de níquel expressivos e em pelo
menos um caso as chamas foram originadas não por desmistura, mas por substituição da pirrotita por
arsenietos de níquel.
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Desmisturas de magnetita formando finas placas dispostas paralelamente a (0001) podem ser
encontradas em lentes de pirrotita formadas a altas temperaturas em basaltos e meteoritos, também em
algumas pirrotitas niquelíferas de outras ocorrências.
Desmisturas de pirrotita em esfalerita ocorrem com certa freqüência, junto com ou ao invés de
desmisturas de calcopirita, muito mais freqüentes. Todas as esfaleritas ricas em ferro de jazidas de
metamorfismo de contato contêm essas desmisturas de pirrotita em abundância.
Desmisturas de pirrotita em alabandita ocorrem ocasionalmente, formando pequenos e delicados
cristais dispostos paralelamente a (111).
Desmisturas de pirrotita em pentlandita também ocorrem (veja em pentlandita).
Desmisturas de pirrotita em calcopirita possuem uma história genética complexa e na realidade não
são desmisturas originais, mas normalmente são geradas a partir da decomposição de cubanita
desmisturada na calcopirita (veja em cubanita).
Deformações são muito freqüentes e conspícuas, especialmente aquelas por translação
paralelamente a (0001), gerando fatias subparalelas lenticulares amarrotadas e onduladas. Estas fatias são
bem observáveis a Nicóis Cruzados, às vezes inclusive já pela orientação dos planos de partição.
Cataclase pode ser observada na pirrotita, com a pirrotita preenchendo fraturas em minerais mais
duros. Neste caso ocorreu a catáclase dos minerais duros e a pirrotita, mais mole, foi “espremida” para
dentro das fraturas, gerando uma textura cataclástica que simula uma textura de substituição.
Critérios para reconhecimento: Cor muito característica, amarela-marrom com um pouco de rosa, o
pleocroísmo de reflexão, a forte anisotropia e a dureza (3,5-4). Na literatura há muitas confusões.
Nic. // : cor de reflexão em tons de cinza, quase branco, com pleocroísmo entre cinzas azulados e
amarronzados. Seções paralelas a (001) não apresentam pleocroísmo e são quase isótropas. Refletividade
entre 32.98 e 40.64%, com birreflectância pronunciada.
Nic. + : anisotropia distinta em cinza esverdeado, rosa pálido, marrom do couro e azul ardósia. Reflexões
internas são raras.
Confusões possíveis: as propriedades ópticas e de ataque químico não são características o suficiente
para identificar a plagionita. Métodos analíticos adicionais são requeridos. Quando o minério é da
paragênese correspondente, o hábito típico dos cristais e sua extinção oblíqua, bem como sua dispersão,
podem identifica-la. Pode ser confundida com Fülöppita (Pb3Sb8S15).
246
Platina Nativa - Pt
Macroscopia:
Platina é um dos elementos mais raros da crosta terrestre. A produção mundial em 2010 foi de
apenas 192 toneladas. Platina nativa consequentemente é muito rara, normalmente encontrada como grãos
rolados, os “nuggets”. As maiores massas de platina nativa atingiram 30 kg. Cristais bem formados são
muito raros. A platina nativa nunca ocorre pura, mas sempre na forma de ligas, com ferro (até 20%), cobre,
ouro, níquel, irídio, palládio, rhódio, ruthênio e ósmio. Estes elementos podem estar presentes como
solução sólida, inclusões ou contaminação grosseira. Como nunca ocorrem puros, a platina acaba sendo o
minério para sua obtenção.
Os jazimentos primários da platina nativa são rochas ultramáficas, onde a platina nativa ocorre
associada a cromita e olivina, na forma de sulfetos (p. ex., (Pt,Pd)S - cooperita), telurídeos (p. ex., PtBiTe),
antimonídeos (p. ex., PdSb) e arsenientos (p. ex., PtAs2 - sperrylita). Secundariamente pode ocorrer em
veios de quartzo hidrotermais ou em depósitos de metamorfismo de contato. Os jazimentos secundários são
depósitos aluviais, os “placers”, onde se associa a ouro.
Associa-se a pentlandita, millerita. Outros minerais de platina: arsenopaladinita, braggita, cooperita,
sperrylita, stibiopaladinita, stumpflita, geversita, irarsita, iridósmio, merenskyita, michenerita.
Nic. // : cor de reflexão branca, às vezes com tonalidade creme ou azulado, sem pleocroísmo nem
birreflectância. Refletividade de 65,16%. Pode apresentar muitos sulcos de polimento.
Nic. + : isótropo. Extinção incompleta em todas as posições devido aos sulcos de polimento.
Maclas por (111) são abundantes, mas visíveis apenas com ataque químico.
Zonações são muito comuns e podem surgir devido a uma platina mais pura no interior dos grãos.
Outras zonações, com minerais na série Pt-Cu e Pt-Pd, podem formar bordas, linhas e outras formas.
Desmisturas de irídio e osmirídio ocorrem na forma de delicados esqueletos, lamelas e grãos.
Inclusões são extremamente comuns; muitos tipos diferentes de vários minerais diferentes.
Substituições são pouco conhecidas. Platina nativa substitui sperrylita e outros minerais raros de
platina. Grãos de platina nativa ricos em ferro onde o ferro, por oxidação, formou goethita, podem simular a
substituição da platina por goethita.
247
Formas dos grãos podem ser euédricas poligonais (Montes Urais) ou cúbicos com arestas até 4 mm
acompanhados de outros maiores irregulares de limites “destroçados” (África do Sul).
Critérios para reconhecimento: refletividade alta, dureza média (maior que ferro ou ouro); paragênese.
Confusões possíveis: os metais e ligas do grupo de platina são semelhantes; sua determinação exige
outros métodos além da microscopia de Luz Refletida.
248
Plattnerita – β-PbO2
Macroscopia:
A plattnerita é um mineral de alteração raro de minérios metálicos hidrotermais contendo chumbo
em climas áridos. Ocorre nos chapéus de ferro (= gossans, zonas de oxidação). Não constitui um minério
de chumbo. O mineral scrutinyita é α-PbO2. Às vezes a plattnerita forma cristais aciculares (poucos
milímetros) em feixes; em algumas ocorrências essas agulhas são freqüentes (Mina Ojuela). Geralmente
forma agregados reniformes a botrioidais. Agulhas finíssimas, com menos de 5 micra de espessura, são
translúcidas em vermelho profundo e nitidamente pleocróicas. Maclas podem ser de contato e de
penetração em {011}, raramente polissintéticas. Associa-se a cerussita, smithsonita, hemimorfita, leadhillita,
hidrozincita, rosasita, auricalcita, murdochita, limonita, piromorfita, wulfenita, calcita e quartzo.
Critérios para reconhecimento: Em seções recentes a prata nativa só pode ser confundida com minerais
de poder de reflexão muito alto. Em seções antigas e embaçadas muito cuidado deve ser tomado.
Confusões possíveis: Bismuto nativo é mais macio e isótropo. Antimônio nativo não embaça (mas às
vezes a prata também não), às vezes mostra clivagem e é levemente anisótropo. Discrasita é fácil de
confundir com prata. Platina é muito semelhante, mas é menos amarela, com exceção de seções polidas
antigas. Pirita é muito mais dura.
252
Proustita – Ag3AsS3
Macroscopia:
A proustita, um dos poucos sulfetos que não é nem metálico nem opaco, é um mineral hidrotermal
de baixa temperatura, sempre muito tardia (um dos últimos a se formar), podendo cristalizar de forma
ascendente ou descendente. Ocorre em veios hidrotermais, especialmente nos epitermais. Principalmente
ocorre nos veios de Pb-Zn-Ag, em veios de quartzo e calcita com minérios nobres (Au e Ag) e nos veios de
Ag-Co-Ni. É um minério importante de prata cujo volume nas jazidas varia muito, às vezes é o principal
minério de prata da jazida. Já foi mencionado por Georgius Agrícola (Georg Bauer) em 1546. Também é
chamada de “minério de prata vermelho escuro” ou “ruby silver ore”. Associa-se a prata nativa, acanthita,
tetraedrita, outros sulfossais de prata, calcita, dolomita, galena, esfalerita e quartzo. Maclas são comuns,
segundo 4 leis diferentes, podendo formar maclas triplas (“trillings”).
A proustita é extremamente semelhante à pirargirita (Ag3SbS3), tanto macroscopicamente como
microscopicamente. Pirargirita é mais comum que proustita, mas são encontrados juntos, mas não há
solução sólida entre eles devido às baixas temperaturas em que se formam (a altas temperaturas, em
fusões de altos fornos, ambas se misturam). Os dois minerais só foram reconhecidos como duas espécies
com o advento de análises químicas mais detalhadas, em 1804. O traço diferencia a proustita da pirargirita
em amostras macro: o traço da pirargirita é “purplish red” enquanto o traço da proustita é “scarlet red”. É um
mineral isoestrutural com a proustita que se associa a este em veios.
A proustita é dimorfa com a Xanthoconita. Os cristais prismáticos de proustita frequentemente são
terminadas pelo escalenoedro ou pelo romboedro, lembram muito aqueles da calcita, dente-de-cão.
Nic. // : cinza médio com tonalidades azuladas e rosadas, idêntica à pirargirita. Na comparação direta entre
os dois minerais a proustita é nitidamente mais escura e um pouco mais azul, mas as diferenças são tênuas
253
demais para serem usada para diagnóstico. Refletividade de 27,89 a 29,99%. Não possui birreflectância.
Pleocroísmo bem nítido, algo mais intenso que na pirargirita: branco com um leve tom rosa / cinza, mais
escuro, no contraste algo azulado.
Nic. + para proustita: anisotropia ocasionalmente forte em cores cinza escuro a esverdeado, mas a
anisotropia pode estar mascarada pelas abundantes e intensas reflexões internas vermelho-sangue a
vermelho-telha e amarelos, que sempre são duplas e fácies de reconhecer.
Diferenciar a proustita da pirargirita em seção polida é possível apenas com muita experiência.
Comparando grãos de pirargirita com grãos de proustita, desde que nas mesmas seções, mesmos
tamanhos e com polimentos da mesma qualidade, percebe-se que as reflexões internas vermelhas da
proustita são um pouco mais claras e mais freqüentes – mas esta observação não se presta para diferenciar
os dois minerais entre si.
Confusões possíveis: É possível confundir a proustita com vários outros minerais, quimicamente
semelhantes e que em sua maioria ocorrem também nas mesmas jazidas e tem, inclusive, o mesmo
comportamento ao ataque químico. Pirargirita tem um traço muito mais escuro, se espalhado no papel com
a unha. Myargirita é mais clara e tem reflexões internas mais raramente. Samsonita é rara e tem anisotropia
muito mais fraca. Polybasita normalmente mostra oxidação ao ar. Cinábrio e cuprita também são parecidos,
mas ocorrem em outras paragêneses.. Stephanita é semelhante em seções basais à proustita e à
pyrargirita. Xanthoconita: também pode ser parecida. Proustita é bem mais rara que a pirargirita e ocorre
254
apenas em jazimentos que são muito pobres em minerais de antimônio. A diferenciação mais segura entre
pirargirita e proustita é o traço no papel, espalhado com a unha: é muito mais claro para a proustita.
hausmannita, criptomelano, hollandita, coronadita, ranciéita, goethita e quartzo. Em comum, a sua estrutura
mamelonada/botrioidal de cristais extremamente pequenos, no limite da observação microscópica.
Quimicamente, sua composição naturalmente varia muito, contém entre 70 e 80% de óxido de Mn. Um
outro termo mineiro usado em relação a essas misturas pretas hidratadas de manganês é “WAD”;
dependendo da composição, fala-se em wad de cobalto (‘cobaltian wad”) ou wad niquelífero.
Psilomelano é um minério comum e importante de manganês, ocorrendo sob as mesmas condições
e possuindo as mesmas aplicações comerciais que pirolusita. Psilomelano frequentemente é bandado com
pirolusita cinza e essas camadas alternadas entre cinza e preto formam estruturas muito diversificadas.
Psilomelano também pode formar tufos de cristais capilares semelhantes àqueles formados por pirolusita.
Geralmente a diferença no brilho dos dois minerais permite diferencia-los: pirolusita é cinza com brilho
metálico e psilomelano é preto com brilho submetálico. Quando terrosos e foscos são difíceis de diferenciar,
mas a pirolusita é macia (mancha o papel ao risco) enquanto o psilomelano é muito mais duro.
O nome, derivado do grego, refere-se ao seu aspecto característico arredondado e sua cor preta.
Latinizando esse termo, obtém-se calvonigrita. Em alemão, o termo é “Schwarzer Glaskopf” (= cabeça de
vidro preta).
Nic. // : cinza escuro, não possui birreflectância nem pleocroísmo. Refletividade de aproximadamente 4,5%.
Nic. + : não possui anisotropia. Abundantes reflexões internas entre cinza claro e incolores, amareladas.
Forma dos grãos frequentemente é idiomórfica, com cristais muito bem desenvolvidos.
Zonação no quartzo na forma de zonas com inclusões fluidas pode ser encontrada em alguns
jazimentos de temperaturas médias, principalmente naquelas próximas à superfície.
Substituição do quartzo por minérios ou calcita pode ocorrer com o aumento da alcalinidade das
soluções hidrotermais.
258
Inclusões de finíssimas agulhas de rutilo, que são responsáveis pelo efeito do “quartzo azul’ em
amostra de mão, podem ser observadas muito bem nas seções polidas. Em alguns casos essas agulhas
são formações tardias.
Rammelsbergita – NiAs2
Macroscopia:
A Rammelsbergita é um arsenieto de distribuição mais restrita, tipicamente encontrado em veios
hidrotermais que foram formados a temperaturas médias. Associa-se a outros minerais de Ni e Co. Nestas
paragêneses também podem ocorrer minerais radioativos, por isso é importante submeter o minério a um
teste com Contador Geiger.
Associa-se com niquelina, dolomita, annabergita, eskutterudita, safflorita, löllingita, bismuto nativo,
prata nativa, algodonita, nickelskutterudita, pararammelsbergita, barita, gersdorffita, domeykita, mohawkita,
uraninita e pechblenda.
A Rammelsbergita pertence ao Grupo da Löllingita, é isoestrutural com a Marcassita e trimorfa com
a Pararammelsbergita e a Krutovita. Impurezas comuns são Co, Se, S, Fe e Sb.
Nic. //: Cor de reflexão branco puro, com um pleocroísmo fraco de amarelado a rosado ou azulado.
Refletividade 55.8 a 58%, sem birreflectância.
Nic. + : anisotropia forte, muito típica, entre marrom escuro e azul, mais fraca que aquela da Safflorita e em
vários tons diferentes. As texturas são facilmente reconhecíveis. Não apresenta reflexões internas.
Forma dos grãos geralmente é de agregados altamente intercrescidos, em tamanhos entre 0,1 e 1
mm. Em alguns casos alguns desenvolvimento idiomórfico é perceptível, com cristais retangulares formando
feixes radiais.
Maclas quase sempre estão presentes, geralmente como lamelas bem pronunciadas de acordo com
pelo menos duas leis de macla. Podem ocorrer três conjuntos de lamelas paralelas, com as lamelas
subdividias em lamelas mais finas ainda. Maclas simples podem ser predominantes.
Zonação observa-se após ataque químico, geralmente nas bordas dos grãos.
260
Substituição de rammelsbergita por chloantita ou niquelina pode ocorrer. O inverso também ocorre,
dependendo do aumento ou da diminuição do teor em As. A substituição de rammelsbergita por niquelina
pode seguir as direções das lamelas de macla.
Confusões possíveis: É complicada a distinção entre os minerais “brancos” deste grupo (Rammelsbergita,
Pararammelsbergita, Löllingita e Safflorita). As maclas são típicas da Rammelsbergita. Outros minerais
semelhantes, como Linneaita, Eskutterudita e Gersdorffita são isótropos. Arsenopirita é bem mais dura,
Löllingita é menos dura e Safflorita apenas um pouco mais dura e geralmente com zonação forte.
Maucherita é rosada e tem anisotropia menor. Danaita é mais dura, frequentemente cataclástica e pertence
a outras paragêneses. Pararammelsbergita não apresenta maclas polissintéticas.
261
Realgar – As4S4
Macroscopia:
O realgar é um mineral hidrotermal, caracteristicamente de temperaturas baixas. Como é
frequentemente o último mineral a se formar, preenche interstícios entre grãos de outros minerais formados
antes dele. Forma-se nos últimos momentos da atividade hidrotermal ou no início da alteração do jazimento.
Associa-se a outros minerais de arsênio e de antimônio e também ocorre em carbonatos, depósitos de
borato e rochas sedimentares argilosas. Forma-se atualmente em fontes quentes e solfataras (fumarolas
vulcânicas), também em episódios de incêndios de camadas de carvão. O suprimento mundial de arsênio
provém de arsenopirita, ouropigmento e realgar.
O realgar ocorre normalmente muito puro. Forma cristais bem desenvolvidos, estriados
verticalmente (paralelamente a (001)), com até 12 cm de altura. É trimorfo com alacránita e pararealgar.
Como ele é fotosensitivo, altera nas bordas, em muitos casos apenas depois de depositado em coleções de
mineralogia, para um pó amarelo composto por pararealgar. Associa-se a arsenopirita, esfalerita, estibnita,
pirita, ouropigmento, sulfossais de arsênio, calcita, barita. etc.
Realgar é venenoso e carcinogênico e é usado inclusive atualmente, em alguns casos, como
rodenticida, inseticida e outros. Portanto, lave as mãos após manusear realgar, especialmente se está
pulverulento. Evite inalar poeira enquanto o manuseia. Nunca lambe, não ingira, não consuma alimentos
enquanto manuseia o mineral.
Confusões possíveis: Mesmo em grãos minúsculos é muito conspícuo já em amostra macroscópica. Sua
dureza muito baixa e suas reflexões internas muito nítidas excluem, a priori, qualquer possibilidade de
confusão ao microscópio de luz refletida.
263
Rhodocrosita – MnCO3
Macroscopia:
A rhodocrosita é um mineral primário de veios hidrotermais contendo prata nativa, cobre nativo e
sulfetos de chumbo, de baixa e média temperatura, onde ocorre com outros minerais de Mn. Ocorre em
depósitos metamórficos e metasomáticos de alta temperatura e é comum em carbonatitos. Pode ocorrer
autigênica e secundária em sedimentos, raramente é encontrado em pegmatitos graníticos que contêm
lithiophilita. Associa-se a calcita, siderita, dolomita, fluorita. barita, quartzo, pirita, tetrahedrita, esfalerita,
hübnerita (em ocorrências hidrotermais); a rhodonita, granada, alabandita e hausmannita (em ocorrências
metamórficas). É um minério importante de Mn e tem muitos usos como pedra decorativa, alcançando altos
preços no mercado de minerais de coleção e de pedras ornamentais. Devido à baixa dureza e clivagem
perfeita, não se presta para lapidação. Uma vez exposta à atmosfera pode desenvolver um fino filme
superficial preto de óxidos de Mn.
A rhodocrosita pura é muito rara, o mineral sempre possui teores de Fe, Zn, Co e Ca. A cor
vermelha a pink ocorre naqueles cristais que tem um teor de ferro mínimo; com o aumento do teor em ferro
a cor muda para marrom. Forma uma solução sólida contínua com a siderita (FeCO3) e pode ser confundida
com a rhodonita, que é um silicato de manganês com a cor praticamente idêntica. Rhodocrosita e rhodonita
inclusive ocorrem juntas, em agregados granulares finos, nos jazimentos sedimentares. Forma outra série
com a calcita. Existem mais de 20 nomes desacreditados para a rhodocrosita.
Carbonato de manganês é extremamente destrutivo para o processo de amalgamação usado na
concentração de minérios de prata aos quais a rhodocrosita se associa. Por isso, a rhodocrosita foi, durante
muito tempo, descartada nas pilhas de rejeito até receber aceitação como pedra ornamental.
Nic. // : cor de reflexão cinza escura, refletividade muito baixa (~7%), birreflectância fraca. Não possui
pleocroísmo.
264
Nic. + : não possui anisotropia. Reflexões internas brancas, multicoloridas fortes e rosadas fortes. As
reflexões internas nem sempre permitem reconhecer a cor rosa do mineral.
Critérios para reconhecimento: a cor, a associação com minério pretos de alteração de Mn e a reação
lenta a ácido clorídrico são muito diagnósticas.
Nic. //: cor de reflexão cinza médio com um tom azul, refletividade de 19,87 a 23,27%, semelhante à
magnetita. Pleocroísmo de reflexão fraco em tons de cinza com azul, apenas perceptível em limites
intergranulares e lamelas de macla. Não possui birreflectância.
Nic. +: anisotropia nítida de cinzento a escuro, mas fortemente mascarada devido às reflexões internas. A
anisotropia é mais nítida nas lamelas de macla. Reflexões internas muito nítidas, incolores, amarelo claras,
vermelho marrom escura a cinza, variam com os teores de Fe, Nb + Ta, Cr, etc. Ilmenorutilo pode ser quase
opaco.
Forma dos grãos: grãos tendem a euédricos, desde que não ocorram como pseudomorfoses.
Cristais prismáticos segundo z, frequentemente dispostos com o eixo z paralelamente à textura da rocha.
Muito frequentemente o rutilo se forma por processos hidrotermais a partir de ilmenita. Formam-se
agregados de grão muito fino, extremamente intercrescidos, de rutilo e hematita, às vezes cristais de rutilo
na forma de uma teia muito fina orientada paralelamente à ilmenita original, com a hematita preenchendo os
espaços da rede. Se a ilmenita original continha discos exsolvidos de hematita, estes podem ainda estar
preservados na posição original, denunciando a origem do agregado. Semelhantemente, a rede de ilmenita
em titanomagnetitas desmisturadas pode estar transformada em rutilo dessa maneira, com ou sem a
retirada concomitante da magnetita. Uma parte do leucoxênio de diabásios é rutilo, invés ou ao lado de
esfeno e anatásio. Rutilo também pode se formar através da piritização das rochas encaixantes de veios
hidrotermais, quando minerais com titânio são destruídos; o teor em ferro forma pirita, o teor em titânio
forma rutilo; pode haver redes de rutilo em piritas formadas a partir de titanomagnetitas. Sob condições
especiais forma-se, a partir da ilmenita, anatásio ao invés de rutilo. Anatásio é fácil de reconhecer em
agregados de grão grosseiro porque não apresenta maclas e praticamente não possui anisotropia.
Raramente rutilo é substituído e envolto por ilmenita. Um caso especial são cristais aciculares de rutilo em
“quartzos azuis” de muitos granitos. Essas agulhas têm espessuras de ao redor de 1 micra, mas
comprimentos de 100 e mais micra. São muito mais fáceis de observar em seções polidas do que em
lâminas delgadas. As agulhas podem ser observadas nos cristais de quartzo de sedimentos formados a
partir desses granitos.
Clivagem paralela a (110) frequentemente é visível, mesmo em seções de polimento excelente,
facilmente destacam-se fragmentos.
Maclas em lamelas paralelas sempre visíveis em várias direções, muito bem desenvolvidas. Apenas
estão ausentes naqueles rutilos que se formaram através da remineralização de ilmenitas. Em parte as
maclas se formaram devido a solicitações mecânicas.
Zonação, que não é rara em lâminas delgadas, não é observada em seções polidas.
Cataclase é visível mais frequentemente.
Desmisturas são muito raras no rutilo, tanto naqueles formados em temperaturas moderadas como
naqueles formados em temperaturas elevadas. Raramente observa-se placas pequenas de ilmenita
desmisturada dispostas paralelamente a (110) do rutilo. Nestas casos [0001] da ilmenita estão dispostos
paralelamente a [001] do rutilo; as placas apresentam tamanhos uniformes.
Intercrescimentos orientados de rutilo com hematita são bem conhecidos.
Confusões possíveis: o rutilo é fácil de reconhecer pela sua dureza, suas reflexões internas freqüentes e
muito claras apesar do alto poder de reflexão, suas maclas e pela sua inatacabilidade por ácidos. Estannita
e ilmenita podem ser bem semelhantes.
267
Safflorita – CoAs2
Macroscopia:
A safflorita é um arsenieto de cobalto raro, conhecido de apenas poucas localidades. Safflorita pura
corresponde a CoAs2, mas essa formulação praticamente nunca ocorre, geralmente ocorre um teor
apreciável de Fe substituindo o Co; também pode conter Ni e Bi. Safflorita é um membro de uma série de
arsenietos de 3 tipos conhecidos como Grupo da Loellingita, todos eles raros. Com mais de 50% de Fe
forma-se o mineral loellingita; com mais de 50% de Ni forma o mineral rammelsbergita. Existe uma série
paralela de minerais de antimônio. A safflorita é dimorfa com a clinosafflorita – (Co,Fe,Ni)As2, que é
monoclínica. A safflorita apresenta comumente maclas de penetração cruciformes.
Safflorita forma-se em veios hidrotermais de temperaturas e pressões médias e ocorre junto a
outros minerais de As como mineral acessório em distritos mineiros de prata. Nesses casos ocorre
associada aos outros minerais da paragênese e acaba sendo minerado para Co e As. Associa-se a
eskutterudita, rammelsbergita, niquelina, prata, bismuto, loellingita arsênio nativo, erythrita e calcita.
O reconhecimento da safflorita torna-se mais fácil porque se associa a ela um mineral secundário de
cobalto, que é a erythrita, cuja inconfundível cor vermelho-vinho é sobremaneira conspícua.
Maclas são muito características e são a característica marcante. Maclas com 3 indivíduos
(“trillings”) de forma helicoidal-acicular segundo (110) geram seções em forma de estrela (as “estrelinhas de
safflorita”), facilmente reconhecíveis. Às vezes os conjuntos maclados então intercrescidos em forma de nó
ou formam uma estrela de 12 pontas através de uma macla segundo (101). A Nicóis Cruzados a estrutura
das maclas é facilmente reconhecível.
Zonação pode estar muito bem desenvolvida.
Clivagem não se observa.
269
Scheelita – CaWO4
Macroscopia:
A scheelita é um importante minério de tungstênio, um metal estratégico. O principal minério de W
no mundo é a wolframita, mas nos USA a scheelita é o principal minério de W. O nome “tungsten” deriva do
termo sueco para “pesado” devido à alta densidade da scheelita. Pode conter molibdênio, praseodímio e
neodímio e forma uma série com a powellita (CaMoO4). Macroscopicamente, quando maciça, a scheelita
pode ser confundida com muitos outros minerais, mas pode ser reconhecida por sua intensa fluorescência
extremamente característica (vez abaixo). Altera para celestita (SrSO4), um mineral que apresenta uma cor
azul celeste suave muito típica (veja abaixo).
Forma-se em tactitos e escarnitos metamórficos de contato, em veios hidrotermais de alta
temperatura com estanho e ouro e em greisens, menos comumente em pegmatitos graníticos.
Ocasionalmente ocorre em depósitos aluviais. Suas temperaturas de formação são de 200 – 500ºC, a
pressões entre 200 e 2.500 bars. Associa-se a cassiterita, wolframita, topázio, fluorita, apatita, turmalina,
quartzo (em greisens), granadas (grossulária – andradita), diopsídio, vesuvianita e tremolita (em tactitos).
Cristais bem formados são raros e alcançam altos preços entre colecionadores. Quando desprovida
de inclusões pode ser usada como gema. Scheelita pode ser sintetizada em laboratório através do
Processo de Czochralski e é usada, entre outros, como imitação de diamante e cintilômetro. “Reinita” são
pseudomorfoses de Wolframita sobre Scheelita encontrados em Kimpu-san (Japão). Outras denominações
para Scheelita são Trimontita, Tungstein e Tungstato de Cálcio.
Quebradiço.
Maclas Fratura Dureza Mohs Densidade
não. Irregular. 2 – 2,5 5,5
Traço Brilho Diafaneidade Magnético
Branco. Resinoso, gorduroso a Transparente a não
adamantino. translúcido.
Radioativo Fluorescente Reação com HCl dil. Reação com H2O2
não não não não
Nic. // : cor de reflexão cinza escura e refletividade baixa (<10%). Birreflectância distinta de cinza escuro
para cinza claro. Pleocroísmo ausente.
Nic. + : anisotropia muito forte e muito diagnóstica, mascarada pelas reflexões internas branco-amarelas até
amarronzadas, geralmente duplas devido à dupla refração do mineral.
Forma dos grãos: os grãos muito frequentemente são euédricos, mais raramente idioblásticos. O
seu tamanho varia muito, pode alcançar 10 a 20 cm em veios hidrotermais. Em rochas sedimentares os
tamanhos são muito menores, abaixo de 0,1 mm. Como estes últimos frequentemente se formaram a partir
de géis, as texturas correspondentes podem ser encontradas com freqüência.
Clivagem típica dos carbonatos, romboédrica, é visível e provoca o surgimento de figuras de
arranque triangulares, que podem se apresentar alinhadas. Nos planos de clivagem pode se desenvolver
limonita ou goethita como produtos de alteração. Limonita é mais comum nessa condição. Ambos podem
formar pseudomorfos sobre siderita.
Maclas são freqüentes, mas sempre muito mais raras que na calcita. Sua freqüência varia de
ocorrência para ocorrência, às vezes são bastante freqüentes.
Zonação é comum, mas difícil de reconhecer em seção polida, em lâmina delgada é muito mais
nítida.
Deformações devido a solicitações tectônicas conduzem a lamelas de maclas de pressão.
Cataclase ocorre de maneira similar à calcita, mas a siderita é mais quebradiça.
Recristalização pode ocorrer.
Substituições são freqüentes. A siderita frequentemente substitui outros carbonatos ou é substituída
por estes. Texturas muitos bem desenvolvidas de substituição são geradas pela alteração a goethita,
acompanhada de lepidocrocita, às vezes pirolusita ou psilomelano. A siderita pode substituir hematita.
Confusões possíveis: fácil de confundir em seção polida com smithsonita e rhodocrosita, outros
carbonatos romboédricos como calcita, magnesita e dolomita possuem refletividades nitidamente mais
baixas. Cerussita, anglesita e piromorfita são apenas um pouco mais claras a Nicóis Paralelos, mas as
paragêneses são outras.
274
Silvanita – (Au,Ag)2Te4
Macroscopia:
A silvanita é o mais comum telurídeo de ouro e um dos poucos minérios de ouro além do ouro
nativo e da calaverita. É um minério secundário de telúrio e, como contém um pouco de prata, também um
minério de prata. Ocorre em veios dirotermais de baixa temperatura, junto com ouro nativo, petzita, altaita,
galena, esfalerita, calcopirita, calcedônia, quartzo, fluorita, rhodocrosita, pirita, acanthita, nagyagita,
calaverita, krennerita e outros minerais raros de telúrio. Também tipicamente como mineral tardio em
depósitos de temperaturas médias a altas. Presente em quantidades pequenas em muitos depósitos de
ouro e prata; raramente espécimens ricos ou de importância econômica.
Em seção polida, o reconhecimento da silvanita requer experiência e o uso adicional de outros
métodos. Uma das características são as maclas de contato, lamelares ou de penetração segundo {100},
assumindo formas cuneiformes (lembram escritas antigas) ou dendríticas.
Minerais associados: associa-se hidrozincita, um carbonato de cobre hidratado formado pela alteração de
smithsonita e hemimorfita. Além destes, galena, piromorfita, cerussita, wulfenita, mimetita, anglesita, calcita,
dolomita, auricalcita, rosasita, malaquita, azurita, willemita, crisocola e limonita. Forma epitaxias com
zincuta, otavita e calcita, com eixos paralelos.
Variedades: Bonamita (azul ou verde globular com brilho perláceo, uso ornamental), Smithsonita-Cádmio
(amarela a amarela-verde), Smithsonita-Cobre (azul a verde), Smithsonita-Co, Herrerita (ca 3% Cu),
Monheimita (Fe), “Minério de Osso Seco” (“dry bone ore”) (variedades maciças, porosas e foscas com
estrutura em favos) e “Minério de Gordura de Peru” (“turkey fat ore”) (formas globulares, botrioidais e
estalagtíticas de smithsonita amarela).
Nic. // : cor de reflexão cinza amarronzado, sem pleocroísmo nem birreflectância. Refletividade de
aproximadamente 14%.
Nic. + : anisotropia fraca, com freqüentes reflexões internas, marrom-vermelhas, nos limites e ao longo de
fraturas. Se o mineral é poroso, as reflexões são abundantes. Extinção reta.
Clivagem pode ser observada com certa freqüência, mas apenas localmente; especialmente em
porções algo porosas, talvez um pouco alteradas.
Desmisturas de ilmenita e uraninita podem ocorrer.
280
Zonação é esperada, mas sem ataque químico pode ser visto apenas raramente.
Intercrescimentos orientados de tantalita com cassiterita ocorrem, com as maclas
pseudohexagonais da tantalita intercrescidas com as maclas também pseudohexagonais da cassiterita.
Pseudomorfoses de tantalita sobre pirocloro e de pirocloro sobre tantalita ocorrem nos jazimentos
de pirocloro.
Confusões possíveis: magnetita é isótropa e não possui reflexões internas. Wolframita é semelhante, mas
possui pleocroísmo de reflexão mais intenso e tem anisotropia, extinção oblíqua e outros tipos de maclas.
Cassiterita possui reflexões internas muito mais claras. Uraninita é isótropa e um pouco mais dura. Outros
minerais semelhantes são excluídos pela gênese.
Microscopia de Luz Transmitida:
Nic. // : cor marrom avermelhada, relevo muito alto.
Nic. + : birrefringência máxima de 0,170.
Luz Convergente: B(-)
281
Tennantita – Cu12As4S13
Macroscopia:
Esse texto repete, com pequenas adaptações, o texto sobre tetraedrita.
A tennantita (Cu-As) forma uma solução sólida com a tetraedrita (Cu-Sb); os dois minerais
frequentemente são tratados conjuntamente. Os termos extremos da série raramente são encontrados;
compostos ricos em antimônio são muito mais freqüentes que compostos ricos em arsênio (tennantita é
rara). Na literatura internacional, inclusive naquela de língua inglesa, os minerais da série tetraedrita-
tennantita são designados frequentemente com o termo alemão derivado do jargão dos mineiros da Idade
Média: “Fahlerz” (= “fahl” = pálido, brilho submetálico, “Erz” = minério) ou “Fahlerzgruppe” (= grupo de
Fahlerze) ou, misturando alemão com inglês, “Fahlores” ( = “minérios pálidos”). Sempre ocorre substituição
de algum cobre (até 15%) por Fe, Zn, Hg, W, Ni, Co, V, Bi, Se, Ge, Pb, S, Te e Ag. É a composição química
mais complexa dos sulfetos, a fórmula mais correta da tetraedrita, aplicada apenas aos elementos
substituídos com mais freqüência, possui a seguinte escrita:
(Cu,Ag)10(Zn, Fe, Cd, Cu, Mn, Hg)2(As,Sb,Bi)4(S,Se,Te)13 .
O termo “fahlores” aplica-se, portanto, a sulfetos de composição complexa e variável, mas com
características cristalográficas e físicas semelhantes, sempre com brilhos submetálicos. Normalmente são
cinza a preto com traço oliva, não apresentam clivagem e suas densidades variam entre 4,6 e 5,2. São
minerais de origem hidrotermal de temperaturas baixas a moderadas; também ocorrem em alguns depósitos
de metamorfismo de contato. Dependendo de sua composição, são minérios de cobre, prata, mercúrio e
arsênio. Os principais “fahlores” são tetraedrita-tennantita, freibergita, schwazita, annivita, goldfieldita,
germanita, colusita, hakita e skinnerita. A tennantita, que forma cristais com até 20 cm, associa-se a
calcopirita, galena, esfalerita, pirita, bornita, acanthita, calcita, dolomita, siderita, barita, fluorita e quartzo.
Em comparação com a tetraedrita, a tennantita é bem mais rara, normalmente é mais escura (mais
preta), possui um traço mais vermelho e é translúcida em vermelho em fragmentos muito finos.
Nic. + : isótropa, completamente preta a nicóis bem cruzados. Apresenta reflexões internas vermelho-
marrons, fracas e raras; sua quantidade aumenta com o teor de arsênio e diminui com altos teores de Ag,
Hg e Bi. São visíveis apenas com observação detalhada, ao longo de finas fraturas. Alguns “fahlores”
submetidos a altas tensões são nitidamente anisótropos.
Forma do grão: em agregados homogêneos pouco há a comentar sobre tamanho do grão, forma do
grão e ligações intergranulares. Após ataque químico observa-se frequentemente grãos isométricos, pouco
interligados (dentados) e tamanhos variados, frequentemente grandes.
Clivagem não se observa. Em seções polidas de baixa qualidade surgem figuras de arranque
conchoidais.
Maclas não foram observadas em agregados maciços, apesar de serem comuns
macroscopicamente nos cristais isolados. Essa raridade de maclas em seção delgada é estranha.
Zonação é muito comum, muito freqüente, às vezes desenvolvida de forma excelente e notada
devido a pequenas diferenças de cor mesmo sem ataque químico.
Deformações são muito comuns e conduzem facilmente a rachaduras e excelentes estruturas
cataclásticas. Translações e deslizamentos aparentemente não ocorrem. Às vezes reconhece-se texturas
de recristalização.
Desmisturas são muito raras. Agulhas de bismutinita orientada paralelamente a (111) da tetraedrita
provavelmente são desmisturas. Desmisturas de esfalerita pequenas e estrelares podem ocorrer, o inverso
(tetraedrita como estrela na esfalerita) também.
Inclusões de fahlores em outros minerais são comuns, na forma de minúsculas gotículas, lamelas e
grãozinhos. Em galenas de alta temperatura há inclusões de fahlores, acompanhados ou não de bournonita,
polibasita, acanthita e muitos outros. Os teores de prata do minério devem-se frequentemente a estas
inclusões de fahlores. Próximos aos limites intergranulares das galenas, especialmente na imediata
vizinhança de calcopirita, as gotinhas de fahlores são especialmente abundantes.
Substituições são muito freqüentes entre os vários minerais que compõe o grupo dos fahlores. Um
fahlore pode substituir outro fahlore. Comuns são as substituições dos fahlores por miargirita, pirargirita,
proustita, polibasita, calcopirita e galena. Por outro lado, fahlore pode substituir vários outros minerais.
Piritas, magnetitas, cobaltitas, arsenopiritas e esfaleritas cataclásticas frequentemente estão cimentadas por
fahlores e substituídas em vários graus por fahlores. Mais raramente, minerais tardios da mineralização
primária, como calcopirita, galena, bornita e antimonita, estão substituídos por fahlores. Uma substituição
especial é a transformação de enargita (“enargita rosa”) em tennantita, conhecida de muitos jazimentos de
enargita (Tsumeb, Namíbia, por exemplo). Na zona de oxidação a transformação dos fahlores é muito
variada. Normalmente ocorre inicialmente a formação de calcocita e covellita, depois ocorre a formação de
minérios oxidados. As estruturas que se formam são muito variadas. Formam-se goethita, cuprita, azurita e
malaquita. Os fahlores com altos teores de mercúrio (até 17,3%) sempre estão alterados por processos
supergênicos e contém abundante cinábrio e realgar.
Intercrescimentos orientados (epitaxias), muito conhecidos de peças de coleção, em seções polidas
são de menor importância. Frequentemente podem ser observados com calcopirita e esfalerita. Em alguns
jazimentos ocorrem bordas concêntricas de bournonita sobre os fahlores, mas não está claro se são
intercrescimentos ou bordas de reação.
Mirmequitos de fahlores de graus variáveis de desenvolvimento (mais finos/mais grosseiros) são
conhecidos em muitos mineriais. Alguns podem ser explicados por desmisturas.
283
“Olhos” de fahlores com uma borda de pirita, muito estranhos, podem ser encontrados em alguns
jazimentos. Algo semelhante ocorre com calcopirita.
Nic. // : cor de reflexão amarelo-marrom ou cinza-branco claro com um tom amarelo. Refletividade de 19,46
– 29,41%. Pleocroísmo distinto de cinza a branco-cinza (ou marrom claro para marrom escuro), mais fácil
de observar nas lamelas de macla. Birreflectância forte.
Nic. + : anisotropia forte entre branco a azul (ou escuro amarronzado e cinza azulado). Possui nítida
extinção oblíqua e, na posição de escurecimento máximo, mostra muitos sulcos de polimento antigos.
Apresenta reflexões internas finas e vermelhas.
285
Clivagem não é visível.
Maclas, frequentemente lamelares, são comuns e podem ter um desenvolvimento muito bom.
Algumas das lamelas aparentemente se originam durante o processo de polimento, outras são primárias.
Nic. + : isótropa, completamente preta a nicóis bem cruzados. Reflexões internas vermelho-marrons, fracas
e raras, sua quantidade aumenta com o teor de arsênio e diminui com altos teores de Ag, Hg e Bi. São
visíveis apenas com observação detalhada, ao longo de finas fraturas. Alguns “fahlores” submetidos a altas
tensões são nitidamente anisótropas.
Forma do grão: em agregados homogêneos pouco há a comentar sobre tamanho do grão, forma do
grão e ligações intergranulares. Após ataque químico observa-se frequentemente grãos isométricos, pouco
interligados (dentados) e tamanhos variados, frequentemente grandes.
Clivagem não se observa. Em seções polidas de baixa qualidade surgem figuras de arranque
conchoidais.
Maclas não foram observadas em agregados maciços, apesar de serem comuns
macroscopicamente nos cristais isolados. Essa raridade de maclas em seção delgada é estranha.
Zonação é muito comum, muito freqüente, às vezes desenvolvida de forma excelente e notada
devido a pequenas diferenças de cor mesmo sem ataque químico.
Deformações são muito comuns e conduzem facilmente a rachaduras e excelentes estruturas
cataclásticas. Translações e deslizamentos aparentemente não ocorrem. Às vezes se reconhece texturas
de recristalização.
Desmisturas são muito raras. Agulhas de bismutinita orientada paralelamente a (111) da tetraedrita
provavelmente são desmisturas. Desmisturas de esfalerita pequenas e estrelares podem ocorrer, o inverso
(tetraedrita como estrela na esfalerita) também.
Inclusões de fahlores em outros minerais são comuns, na forma de minúsculas gotículas, lamelas e
grãozinhos. Em galenas de alta temperatura há inclusões de fahlores, acompanhados ou não de bournonita,
polibasita, acanthita e muitos outros. Os teores de prata do minério devem-se frequentemente a estas
inclusões de fahlores. Próximos aos limites intergranulares das galenas, especialmente na imediata
vizinhança de calcopirita, as gotinhas de fahlores são especialmente abundantes.
Substituições são muito freqüentes entre os vários minerais que compõe o grupo dos fahlores. Um
fahlore pode substituir outro fahlore. Comuns são as substituições dos fahlores por miargirita, pirargirita,
proustita, polibasita, calcopirita e galena. Por outro lado, fahlore pode substituir vários outros minerais.
Piritas, magnetitas, cobaltitas, arsenopiritas e esfaleritas cataclásticas frequentemente estão cimentadas por
fahlores e substituídas em vários graus por fahlores. Mais raramente, minerais tardios da mineralização
primária, como calcopirita, galena, bornita e antimonita estão substituídos por fahlores. Uma substituição
especial é a transformação de enargita (“enargita rosa”) em tennantita, conhecida de muitos jazimentos de
enargita (Tsumeb, Namíbia, por exemplo). Na zona de oxidação a transformação dos fahlores é muito
variada. Normalmente ocorre inicialmente a formação de calcocita e covellita, depois ocorre a formação de
minérios oxidados. As estruturas que se formam são muito variadas. Formam-se goethita, cuprita, azurita e
malaquita. Os fahlores com altos teores de mercúrio (até 17,3%) sempre estão alterados por processos
supergênicos e contém abundante cinábrio e realgar.
Intercrescimentos orientados (epitaxias), muito conhecidos de peças de coleção, em seções polidas
são de menor importância. Frequentemente podem ser observados com calcopirita e esfalerita. Em alguns
jazimentos ocorrem bordas concêntricas de bournonita sobre os fahlores, mas não está claro se são
intercrescimentos ou bordas de reação.
Mirmequitos de fahlores de graus variáveis de desenvolvimento (mais finos/mais grosseiros) são
conhecidos em muitos mineriais. Alguns podem ser explicados por desmisturas.
288
“Olhos” de fahlores com uma borda de pirita, muito estranhos, podem ser encontrados em alguns
jazimentos. Algo semelhante ocorre com calcopirita.
É possível que a maior parte da todorokita natural é derivada de birnessita, pois em laboratório foi
possível sintetizar todorokita a partir da birnessita. Na localidade-tipo (Mina Todoroki, Hokkaido, Japão) a
todorokita formou-se a partir de inesita e rhodocrosita. Ocorre como fibras com comprimentos de até 0,05
mm de comprimento, formando agregados friáveis em massas espongosas em drusas de veios de quartzo
aurífero.
Nic. // : cor de reflexão cinza médio a cinza escuro, com birreflectância distinta e pleocroísmo em vários tons
de cinza. Refletividade de 9.41 a 16.62.
Nic. + : anisotropia forte, de cinza-marrom a escuro para azul. Não possui reflexões internas.
290
Witherita – BaCO3
Macroscopia:
A witherita é um minério de bário que se forma em quantidades subordinadas em veios hidrotermais
de baixas temperaturas. É o segundo mineral de bário mais comum após barita. Tipicamente é um produto
de alteração de barita (BaSO4); pode ser de origem sedimentar anóxica, com o bário proveniente de
atividade vulcânica de fontes quentes. É incomum em camadas de carvão. Geralmente se associa a fluorita,
celestita, galena, barita, calcita e aragonita. A ingestão de barita é letal, o mineral foi usado até o século 18
como veneno para ratos. Cristais de witherita geralmente formam maclas de três indivíduos (“trillings”)
pseudohexagonais, semelhantes a um prisma hexgonal bipiramidado; as faces são ásperas e possuem
estrias horizontais. Os cristais atingem até 12 cm de comprimento. A witherita forma uma série com a
strontianita (carbonato de Sr) e crescimentos epitaxiais com barita e baritocalcita.
Nic. // : cor de reflexão em tons de cinza médio, algo entre cinza a cinza-branco. Dependendo dos minerais
adjacentes (quartzo, sulfetos, etc.) a impressão de cor muda. Refletividade de 14.7 a 16.4%. Birreflectância
fraca. Pleocroísmo fraco em tons de cinza, melhor observável em limites intergranulares e especialmente
nas maclas. Em seções perpendiculares ao eixo z é mais fraco e nas seções paralelas ao eixo z é mais
nítido.
Nic. + : anisotropia nítida, mas não elevada, de cinza esverdeado a marrom, pode se alterar com as
variações com a composição química. Extinção é nitidamente oblíqua, o que é mais visível em seções
segundo (010) em maclas. Reflexões internas relativamente raras, em marrom-vermelho profundo a
vermelho-sangue profundo. Em imersão em óleo as reflexões internas sempre são visíveis. Aumentam com
o aumento do teor de Mn.
Forma dos grãos: wolframita geralmente forma cristais idiomórficos (euédricos), de geração muito
inicial. São tabulares espessos segundo (100), também lamelares segundo o eixo Z. Os cristais geralmente
são muito grandes, bem maiores que o tamanho padrão das seções polidas. Estão imersos especialmente
em quartzo, mas também em siderita e outros. Formas isométricas são mais raras, também raras são
agregados de grão fino. Muito raramente foram encontradas formas (em um jazimento de temperaturas
indubitavelmente baixas) que lembram estruturas de géis. Em Langklip (África do Sul) ocorre wolframita em
duas gerações, sendo que a segunda cresce sobre a primeira de maneira desorientada ou em forma de
rede.
Tamanho dos grãos varia desde menos de 1 mm até 10 cm, frequentemente os cristais estão
isolados em quartzo. Wolframita-Mn ocorre geralmente em grãos muito menores que Wolframita-Fe.
Maclas segundo (100) são frequentemente visíveis, mas quase nunca são lamelares.
Zonação frequentemente pode ser observada inclusive macroscopicamente. A zonação pode
evidenciar que o hábito do mineral mudou durante o seu crescimento.As zonas geram-se mais por
293
porosidade do que por alterações na composição química. Frequentemente observa-se, ao longo das
zonas, uma oxidação incipiente, manifesta pela formação de limonita (goethita e outros). Os cristais podem
quebrar facilmente ao longo dessas zonas, simulando clivagem.
Cataclase, inclusive intensa, pode ser observada em vários casos.
Extinção ondulante gerada por tensões intensas pode ocorrer.
Substituições são raras. Ocorrem em alguns jazimentos complexos, onde a formação
pneumatolítica de wolframita ocorreu junto com uma intensa mineralização sulfetada. Nesses casos
ocorrem substituições de wolframita por galena, esfalerita, calcopirita e siderita. Mais freqüentes são
substituições de wolframita por scheelita ou vice-versa, o que gera uma série de problemas no
beneficiamento do minério. As substituições de wolframita por scheelita são muito mais freqüentes do que
as substituições de scheelita por wolframita.
Alterações geram produtos pulverulentos de vários tipos, inclusive uma estrutura muito esquisita
com a formação de “olhos” (estruturas elípticas) de alteração (Brandberg West, África do Sul).
Critérios para reconhecimento: a paragênese geralmente não permite muitas confusões. Característicos
são o mau polimento, a elevada dureza, a fraca anisotropia e a extinção oblíqua.
Confusões possíveis: Magnetita é semelhante, mas não possui reflexões internas e é isótropa. Hematita é
bem mais clara; ilmenita muito mais marrom e com nítido pleocroísmo. Cassiterita é mais escura e possui
reflexões internas muito mais freqüentes e mais claras.
294
Wulfenita – PbMoO4
Macroscopia:
A wulfenita é um dos muitos minerais secundários que se formam nas porções oxidadas de minérios
hidrotermais de chumbo. O molibdênio na fórmula geralmente foi introduzido no depósito a partir de fontes
externas. Associa-se a cerussita, anglesita, smithsonita, hemimorfita, vanadinita, piromorfita, mimetita,
desclozita, plattnerita e vários óxidos de ferro e manganês.
A wulfenita forma uma solução sólida completa com stolzita (PbWO4). A alguns membros dessa
solução sólida foram atribuídos nomes (e.g., Chillagita para 64% wulfenita e 36% stolzita), mas a Comissão
Internacional decidiu que esses nomes não são necessários. A wulfenita, quando em cristais piramidais e
prismáticos, mostra uma hemiedria distinta. Os cristais podem ser piezoelétricos.
É um minério secundário de chumbo. Há um processo industrial (patenteado pela Union Carbide
and Carbon Corporation) para extração de molibdênio da wulfenita. Cristais bem formados alcançam altos
preços no mercado de minerais de coleção.
Confusões possíveis: as características da zincita são tão distintas que seu reconhecimento é fácil,
considerando a paragênese.