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Sílvia Félix Brião

APRENDENDO A ESPERAR EM DEUS


Rio de Janeiro
1º EDIÇÃO, DEZ/2017
Copyright©2017
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei dos Direitos
Autorais 9610/98. Nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida, sob quaisquer meios (eletrônico, fotográfico e
outros). O conteúdo original da obra é de total e exclusiva
responsabilidade do autor.

REVISÃO
Sandra Flores

CAPA
Thiago Pixinine

DIAGRAMAÇÃO
Thiago Pixinine

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO
Gráfica e Editora Ruja
Facebook/rujaeditora
Dados Internacionais de Catalogação
na Publicação (CIP)

B238j
Félix Brião, Sílvia.
Aprendendo a esperar em
Deus/Sílvia Félix Brião. – Rio de
Janeiro (RJ): Ruja, 2017.
166p: 14 x 21 cm

ISBN 978-85-68750-74-2

1. Teologia. 2. Cristã. 3.
Devocional. I. Título.

CDD-240

Impresso no Brasil/ Printed in Brazil – Rio de Janeiro


Dedico este livro a Deus
e
aos meus pais.
SUMÁRIO

Introdução 7
1. O tempo de Deus 11
2. É tempo de esperar 27
3. É tempo de crescimento
55
espiritual
4. É tempo de se consagrar 81
5. É tempo de aprender a
89
ouvir a voz de Deus
6. É tempo de trazer a
memória o que pode dar 107
esperança
7. É tempo de buscar Deus 115
8. Não perturbeis o coração 137
9. Erros de quem não
147
aprendeu a esperar
Conclusão 157
Referências Bibliográficas 161
INTRODUÇÃO

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há


tempo para todo propósito debaixo do céu.” (Ec
3:1). A afirmação inicial no terceiro capítulo do
livro de Eclesiastes é o conselho sincero que todos
precisam ouvir. O propósito do Pregador, autor do
livro mais mal humorado da Bíblia[1], não era
desanimar os leitores mas deixar palavras de
sabedoria para que eles aprendessem o valor da
longanimidade. Tanto no decorrer do livro de
Eclesiastes como em toda a Bíblia podemos adquirir
o conhecimento sobre a importância de esperar, ter
esperança e perseverança com o tempo determinado
por Deus.
Aprender a esperar é preciso para chegar a Terra
Prometida em segurança durante o percurso.[2] Na
verdade, apenas se o cristão colocar em prática os
ensinamentos da paciência conseguirá esperar o
tempo de Deus, usando o tempo físico ao seu favor,
vivendo em paz e alegria enquanto espera e não
temendo o amanhã. Saber esperar o tempo de Deus
nada mais é do que direcionar a fé para os
propósitos dEle, usando-a corretamente para que
estes se realizem.
Uma das mais importantes lições do Pregador é
que o tempo possui uma ordem estabelecida por
Deus, ou seja, algumas coisas devem vir
necessariamente antes de outras (Ec 3.1-8). Para
arrancar o que se plantou é necessário alguém ter
plantado primeiro, para morrer é preciso ter nascido
um dia. O mesmo raciocínio aplica-se em relação as
promessas divinas. Antes de recebê-las o cristão
deve primeiro mudar as atitudes que desagradam a
Deus, buscar a santificação, obedecer ao Senhor,
consagrar-se, aprender a confiar em Deus, a adorar
somente ao Senhor, enfim, buscar as coisas lá do
alto (Cl 3:1).
Aprender a esperar é um paradoxo quando se
leva em consideração a temporalidade da vida (Sl
39.4; 90.12). Mas é justamente o entendimento de
que a vida é passageira que fará com que tomemos
decisões mais sábias. A grande recompensa para
quem aprende a ser longânimo é ver seus sonhos
realizados no momento oportuno, ter a certeza de
que desse jeito e não de outro será o melhor e o
amadurecimento.
O livro Aprendendo a Esperar em Deus tem por
objetivo principal trazer ensinamentos para o cristão
sincero entender porque precisa esperar o tempo de
Deus e o que fazer enquanto espera esse tempo se
cumprir. O primeiro capítulo “O tempo de Deus”
trata exatamente disso. “É tempo de esperar”, título
do segundo capítulo, responde as perguntas sobre o
que é esperar e como esperar. Veremos que a
paciência, a esperança e a perseverança são virtudes
imprescindíveis para prosseguir de forma consistente
na direção dos alvos que se quer alcançar. Os
capítulos 3 a 7 apresentam a temática “É tempo de
….” mostrando o que o cristão deve buscar no
período em que aguarda o comprimento das
promessas da parte do Senhor. Não deixe de lê-los
minuciosamente pois apresentam lições valiosas para
o aprendizado da espera. Também dedicaremos dois
capítulos especiais para os ansiosos e apressados se
aquietarem: Não perturbeis o coração e Erros de
quem não sabe esperar. Por fim, concluiremos
nosso estudo e colocaremos todos os ensinos
acumulados em prática.[3]
Minha oração é que este livro seja uma bênção
para você como foi para mim todo o processo de
aprendizagem em esperar o Tempo de Deus.
Fiquem na paz do Senhor.
CAPÍTULO 1
O tempo de Deus

“Há, todavia, uma coisa, amados, que não


deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia
é como mil anos, e mil anos, como um dia.
Não retarda o Senhor a sua promessa, como
alguns a julgam demorada; pelo contrário,
ele é longânimo para convosco, não
querendo que nenhum pereça, senão que
todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pe
3.8,9)
“Pois mil anos, aos teus olhos, são como o
dia de ontem que se foi e como a vigília da
noite.” (Sl 90.4)
Uma coisa precisamos saber sobre Deus, o
Criador do tempo, também chamado de Ancião de
Dias, ele não opera atrasado nem adiantado mas
precisamente na hora certa. O filho de Davi revelou:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo” (Ec
3:11a). Este versículo classifica a aparente “demora”
no relógio divino de perfeição. De fato, Deus é
perfeito e tem como padrão de suas obras a
perfeição, sendo assim, o tique e taque do relógio
divino representa mais um tijolo na construção do
Seu propósito por Ele. A obra de Deus não é de
Igreja mas leva tempo para ser concluída. Qualquer
sábio diria que tudo precisa estar pronto, em ordem
e perfeito para ser entregue no prazo.
Em Gênesis, o Arquiteto, Engenheiro e Mestre
de obras, respectivamente, Pai, Espírito e Palavra,
fizeram um grande obra estipulada em sete dias. Ao
ser-humano não foi dado a conhecer se, no tempo
de Deus, todos estes sete dias corresponderiam de
fato as vinte e quatro horas de um dia comum na
Terra. O fato porém é que Deus fez uma grande
obra e esta levou um prazo determinado para ser
perfeita.[4] Elohim não levou nem mais nem menos
tempo, mas no tempo exato DEle, entregou à
humanidade recém criada Suas obras primas: a luz
ou dia, as trevas ou noite, o firmamento, a terra, os
mares, a flora, os grandes luzeiros Lua e Sol e a
fauna.[5]
Ainda que Deus não opere atrasado nem
adiantado, o Seu relógio corre numa velocidade
diferente da velocidade que corre o relógio do
homem. A Bíblia diz que para o Senhor um dia é
como mil anos e mil anos como um dia (2 Pe 3:8).
Este versículo revela que Deus não somente está
acima do tempo como é o Senhor do tempo, sendo
este apenas cumpridor das Suas ordens. Entretanto,
apesar de Sua eternidade, Deus faz promessas no
tempo humano. E é exatamente quando o tempo de
Deus operar, Kairos, encontra o tempo cronológico
do homem, chronos, que o agir dEle acontece (Is
43.13c).[6] Assim, quando o relógio humano
encontra o relógio de Deus as promessas divinas se
cumprem pois Deus nunca falha.
O movimento dos ponteiros do Kairos
corresponde a etapas concluídas conforme a vontade
do Senhor. No tempo humano equivaleria a dizer
que os segundos seriam cada pequeno detalhe da
vontade de Deus sendo feita na vida da pessoa. Já
os minutos, horas e dias seriam as atividades
realizadas corretamente no centro da vontade divina,
o decurso dos meses, seria dedicado a realização de
provas e, por fim, os anos e décadas, seriam a
promoção de nível ou exaltação da parte do Senhor.
A vontade de Deus é levar o cristão ao próximo
nível para que ele seja tudo aquilo que Ele projetou
e possa usufruir as bênçãos desse patamar em que
subirá. No nível abaixo em que o filho de Deus se
encontra ele ainda não pode receber algumas
promessas, por isso é necessário chegar ao próximo
nível, só alcançado pelos perseverantes, aqueles que
esperam pacientemente com fé o tempo de Deus
chegar agindo de acordo com quem vai usufruir
ricas bênçãos. Assim como na subida de uma
escada, o cristão precisa subir os degraus da vontade
de Deus de fé em fé para ver cumprida na sua vida
cada promessa.
O relógio do cristão pode andar atrasado ou
adiantado em relação a sucessão dos movimentos do
relógio do Senhor dependendo das escolhas que
faça. O ideal é que ele ande na hora certa, ou seja,
fazendo a vontade de Deus para este tempo. Um
trabalhador pode fazer hora extra ou fazer além do
que lhe foi pedido, recebendo por isso, um
acréscimo no seu salário. Entretanto ele pode
desenvolver um quadro de estresse, adquirir doenças
e até parar de trabalhar por causa disso. De igual
modo o cristão precisa tomar cuidado com excessos
para não atropelar a vontade de Deus e ficar
sobrecarregado, sem ânimo ou desistir no meio do
caminho. O melhor mesmo é ajustar os ponteiros do
relógio humano de forma que estejam em sintonia[7]
com os ponteiros do relógio de Deus. [8]
O cristão só não tem o poder de ultrapassar o
tempo de Deus, por mais horas extras e tarefas
extras que faça. Isto porque Deus iria frear o cristão
apressado porque a vontade dEle para ser cumprida
devidamente precisa ocorrer na hora certa também.
O ser-humano precisa compreender seus limites pois
mesmo que ele faça mais num dia, no outro
precisará descansar mais, de modo que seu esforço
desmedido não será compensado. No final, o
cansaço pode abater esse servo de Deus a tal ponto
que seu relógio fique atrasado por falta de sabedoria.
Por isso Deus inventou o tempo, para que a ordem
das coisas sejam respeitadas (Ec 3:1).
O contrário também pode ocorrer. A preguiça, a
má-vontade e o medo em fazer a vontade do Senhor
são fatores que impedem Chronos e Kairos se
encontrarem em uma sincronia perfeita.[9] Há muitos
cristãos que ainda não acordaram para o tempo do
Pai, acham que mais dia ou menos dia ele vai
chegar. No entanto, este pensamento vem do
inimigo, o único interessado em que o tempo de
Deus não chegue nunca. Estes cristãos precisam
despertar pois quanto mais demorarem, mais longe
estarão do cumprimento das promessas para suas
vidas. Deus é justo, portanto, Ele galardoará apenas
aqueles que se empenharem em fazer a Sua vontade
(Jo 9.31; Ap 22.12).
A estória infantil A cigarra e a formiga trata desse
assunto. Este conto ensina o valor do trabalho e
condena a preguiça. A estória é simples: No verão a
cigarra ficava o dia inteiro cantando, já a formiga
trabalhava arduamente a fim de armazenar alimentos
para o inverno que se aproximava. Ao invés de
seguir o exemplo da sua colega, a cigarra zombava
do trabalho dela, porém, quando chegou a estação
mais fria do ano, a cigarra prestes a morrer de frio e
de fome pediu abrigo a formiga. Contudo, a formiga
não teve compaixão da cigarra porque ela não deu
valor ao seu esforço (Pv 30: 24,25).
A despeito de ser uma fábula triste, ela contém
um grande ensinamento. Surpreendentemente a
moral da estória é a mesma do livro de Eclesiastes:
há tempo para tudo, nada vem sem esforço e o
trabalho será recompensado. Deus recompensou a
formiga lhe proporcionando um caloroso inverno,
enquanto a cigarra sofreu a pena porque era
insensata (Pr 22:3). Logo, se Deus recompensa uma
pequena formiga quanto mais irá recompensar o
trabalho dos seus servos feitos na hora certa!
O tempo de Deus é o tempo certo mas o
homem pode alinhar de maneira perfeita seu tempo
cronológico com o Kairos quando faz a vontade do
Senhor. Isso não quer dizer que etapas serão
puladas, mas que todas as etapas serão percorridas
com aprovação na primeira tentativa. Imagine o
seguinte, um jovem prestará vestibular para
Medicina no final do terceiro ano do Ensino Médio.
Sabendo disso, ele começa a se preparar no primeiro
ano desse segmento de ensino e estuda com bastante
dedicação e entusiasmo. Ao fim de três anos ele se
sente preparado e confiante. O resultado não
poderia ser outro, aprovação de primeira!
Por outro lado, aquele que se atrapalha em
fazer a vontade de Deus, ainda que esteja no meio
do caminho, terá que voltar ao início para fazer tudo
de novo. Ainda utilizando o exemplo do Vestibular,
imagine agora um jovem que também quer passar
para Medicina mas só no ano do exame é que se
preocupa em estudar mas não se dedica muito
preferindo, ao invés disso, aproveitar festas e
viagens. Em sua ingenuidade esse jovem acha que
vai passar sem problemas mesmo não estando
preparado porém, o resultado revela a sua
displicência, a reprovação logo na primeira etapa.
Terá que esperar mais um ano para fazer tudo outra
vez.
Quando o homem é sábio e faz a vontade do
Senhor, tudo acontece naturalmente. Não há
retrocessos mas sim uma caminhada contínua para
frente, se a passos lentos ou rápidos, Deus é que vai
determinar dependendo de fatores que podem não
ser revelados a nós. Daí vem a confiança, “se Deus
fizer, Ele é Deus, se não fizer Ele é Deus. Se a porta
abrir, Ele é Deus, mas se fechar, continua sendo
Deus”.[10]
O Senhor está no controle do tempo portanto,
não há porque ter medo de não receber as
promessas que Ele fez ou de um improvável
esquecimento divino. É impossível que Deus
esqueça de um dos seus queridos filhos pois seus
nomes estão gravados diante Dele de noite e de dia
(Is 49:16). Também é impossível que Deus erre e é
impossível que Deus minta. Logo o Senhor vai
cumprir o que prometeu, porém, no tempo
determinado por Ele e desde que seja feita a Sua
vontade. Portanto, mesmo que Deus pareça
demorado, Ele não está esquecido de que há
promessas para cumprir (2 Pe 3:9a).
A impaciência do ser-humano decorre, dentre
outros motivos, da diferença entre sua percepção de
tempo psicológico e a cronologia do tempo físico. O
tempo psicológico baseia-se mais na emoção do que
na razão. Por exemplo, uma pessoa que irá viajar no
final de semana, desde segunda-feira fica na
expectativa do sábado chegar logo. Assim, ela terá a
sensação de que a semana está demorando a passar
só porque não pára de pensar nisso, contando até os
segundos para que a semana termine. O tempo
físico, por sua vez, é aquele velho conhecido que
corre nos ponteiros do relógio e nos calendários,
nada mais, nada menos do que o tempo real.
A partir do momento em que deseja algo
intensamente tem-se a sensação de que o amanhã
nunca vai chegar. Isto se deve ao fato de que o
tempo passa “quando não se está olhando para ele”.
Quando se olha insistentemente para o relógio, a
impressão é que a hora passa devagar, por outro
lado, quando se esquece dos ponteiros correndo, o
tempo parece que voa. Para evitar este tipo de
problema é preciso refrear as distorções que o
tempo psicológico pode ocasionar no tempo físico e
real. Todavia, não há nada de mal com o tempo
psicológico quando ele é administrado de acordo
com o tempo físico.
Ainda utilizando o exemplo da viagem, a pessoa
pode estar animada para viajar sem que esta
animação gere ansiedade de forma a atrapalhar suas
demais atividades. Para tanto, desde o início da
semana ela deve se programar para cumprir
pequenos afazeres relacionados a sua viagem. Na
segunda-feira ela pode colocar as roupas que irá
usar na lavanderia, pegá-las na terça, comprar
repelente e protetor solar na quarta, na quinta
arrumar as malas e na sexta fazer o cabelo e as
unhas. Dessa forma, ela canaliza a ansiedade da
espera fazendo coisas úteis.
O filho de Deus precisa tomar cuidado para não
cair na armadilha do tempo psicológico mal
administrado. Isso acontece quando ele quer sair de
uma situação ruim rapidamente ou quando deseja o
cumprimento da promessa de Deus antes do tempo
determinado por Ele.[11] Em ambos os casos, o
cristão com a ideia do tempo distorcida pode ficar
decepcionado com Deus e sair da Sua presença
achando que Ele não quer cumprir o que prometeu.
Esse pensamento é uma estratégia do inimigo ou um
erro na prática da vida cristã, de qualquer forma, ele
leva a muitas quedas, e, infelizmente, ao não
recebimento das promessas.[12]
Assim como o cristão não deve andar ansioso
por coisa alguma, ele também precisa se libertar da
ansiedade da espera das promessas de Deus. Ao
invés disso, ele precisa canalizar a energia
dispensada em estar ansioso para ter força, fé e
determinação em fazer a vontade do seu Senhor.
Uma boa maneira é fazer uma parte da vontade
hoje, outra parte amanhã, e assim sucessivamente
até concluir a vontade de Deus para aquele
momento da vida.
Uma outra questão que distorce a percepção do
tempo real é a rotina ou a novidade. Na vida
moderna a rotina apresenta-se como um acelerador
do tempo. Há muito para fazer mas poucas horas no
dia, poucos dias na semana e poucos meses no ano
para completar tudo o que se deseja. A novidade,
por outro lado, tende a desacelerar o tempo. Por
exemplo, pais de primeira viagem terão de diminuir
o ritmo de trabalho, as viagens e o lazer para cuidar
do bebê. Neste caso, os dias serão “longos” pois há
muito o que se aprender e fazer de novo com o filho
que chegou. Já o nascimento de um segundo filho
deixará de ser novidade para virar uma rotina. Veja
o que diz o professor de física teórica Marcelo
Gleiser sobre a questão da rotina versus novas
experiências[13]:
Na verdade, o tempo passa sempre do mesmo
jeito, segundo após segundo. Mas nossa
percepção dessa passagem depende do nível
de envolvimento que nosso cérebro tem com
a experiência que estamos tendo. A
relatividade psicológica da passagem do
tempo depende de quão nova a experiência é.
Rotinas, a falta de novidade, faz com que o
tempo acelere. (...) Essa assimetria do
tempo, na qual o presente vira passado e o
futuro vira presente, é a marca do cosmo e
da vida. Se quisermos desacelerar sua
passagem, é bom criarmos experiências
novas.
Já que para “acelerar” o tempo é necessário uma
rotina, o cristão precisa criar uma rotina em fazer a
vontade de Deus para obter as promessas. Ao passo
que, se quiser “desacelerar” o tempo basta ter
experiências novas com Deus, na Igreja, com a
família, amigos, no local de trabalho, estudos etc.
Deus está no controle de tudo mas permite ao ser-
humano fazer suas próprias escolhas no tempo.
Mais uma vez o ideal é que o tempo físico corra
lado a lado com o tempo psicológico, ou, de outra
maneira, que haja um equilíbrio entre a rotina e a
novidade para que tudo ande no tempo
determinado.
Existe um ditado popular sobre impaciência
muito divertido que afirma o seguinte: “Apressado
come cru”. Quem nunca chegou em casa com muita
fome após o trabalho, abriu a geladeira e viu que
não havia nenhuma comida pronta? O interessante é
que, na mesma hora em que se descobre isso, a
barriga ronca alto. Para contornar a situação pega-se
uma carne congelada, coloca debaixo da água para
que aconteça o milagre da carne ficar fresca em um
minuto. Depois do “processo” curioso de
descongelamento, a pessoa já faminta retira a carne
dura, coloca sal, um tempero qualquer e põe tudo
numa panela no fogo.
Durante o cozimento, aquele que está com
muita fome fica contemplando aflito o vai e vem da
carne na panela, como se estivesse vendo um filme
dramático. A carne estaria pronta no mínimo em
quarenta e cinco minutos, mas após quinze minutos,
ela acha que a carne já está excelente para comer e
come a carne crua! Seus dentes quase quebram de
tanto mastigar, seu semblante é de esforço e engana
a si próprio pensando: – É melhor comer desse jeito
do que não comer nada. Quando ela na verdade
deveria pensar: É melhor comer a carne cozida do
que crua!
Assim seria a promessa realizada antes do
tempo, crua, sem gosto, sem graça, nem pode ser
chamada tanto de cumprimento de uma promessa
do Senhor pois há até a dúvida se foi mesmo Deus
que deu. Isto porque quando uma promessa é
cumprida é algo tão bom, mas tão bom, que é
impossível ficar calado após recebê-la. A verdade é
que a pessoa não recebeu aquilo que Deus havia
prometido, mas apenas o favor dEle para continuar
seguindo em frente, pois o Senhor só cumpre as
Suas promessas quando seus filhos e servos estão
totalmente prontos para recebê-las.
Na preparação apropriada da carne, o tempo de
descongelamento, de tempero e de cozimento é
respeitado. A carne quando feita às pressas, mesmo
sendo nobre, de primeira qualidade, se comida crua,
torna-se da pior qualidade possível. Deus prepara as
promessas até que fiquem no ponto certo, excelentes
e boas para a vista. As preciosas e mui grandes
promessas de Deus são o que há de melhor,
contanto que se respeite o tempo de maturação
delas.[14] Assim, o segredo para desfrutar do melhor
é ter paciência.
A natureza divina é contrária a fazer menos do
que o perfeito, porém, o Senhor ajuda seus filhos
para que continuem suas jornadas rumo as
promessas. Não é o cumprimento delas ainda, mas
um escape para que o filho de Deus não se perca no
meio do caminho. O Senhor só efetuará Seu plano
quando o tempo khronos do homem estiver
completamente alinhado com o tempo Kairós dEle.
Isso somente acontecerá quando o crente estiver
pronto, provado e aprovado pelo próprio Deus.
Logo, não é o relógio do Criador que anda atrasado,
mas o relógio do ser humano que precisa estar na
mesma direção, no mesmo sentido e no mesmo
ritmo do tique-taque do céu.
Como então o cristão pode ajustar seu relógio
para receber as promessas no tempo certo de Deus?
Desenvolvendo a paciência. Esta, como a maioria
das virtudes, é aprendida. O interessante é que se
aprende a esperar, esperando. Talvez isto seja tudo o
que o ansioso não gostaria de ouvir, mas é a pura
verdade. A Bíblia declara que é através da tribulação
que vem a paciência, para a tristeza dos apressados
porque eles, além de quererem as coisas para ontem,
ainda querem evitar recebê-las de forma
desagradável, no entanto, não é o que a Bíblia nos
mostra (Rm 5:3).
Na verdade, neste caso, não é a impaciência o
maior problema, mas a falta de sabedoria. Por isso o
sábio Salomão quis transmitir, para aqueles que
necessitam ser sábios, o valor da sabedoria para a
alma: “Então, sabe que assim é a sabedoria para a
tua alma; se a achares, haverá bom futuro, e não
será frustrada a tua esperança.” (Pr 24:14). Trata-se,
portanto, de uma questão de escolha entre aplicar a
sabedoria na vida para ter um bom futuro e,
consequentemente, não se decepcionar, ou tomar a
estrada contrária e nunca alcançar o melhor de
Deus. Por vezes a escolha sábia é difícil, porém ela
deve ser tomada no início da jornada da espera e
seguida incansavelmente. A boa parte é que não há
arrependimento na escolha pelo caminho da
sabedoria, mas uma colheita de recompensas no
final que excederá em muito o custo da espera (Pr
3:13; 24:3,4).
A sabedoria bíblica é incomparável, mas há
também a sabedoria popular. Esta também
contribuiu com provérbios interessantes sobre o
tempo. Um deles afirma: “a pressa é inimiga da
perfeição”. Se a pressa é inimiga da perfeição, então
ela é inimiga do Pai Celeste porque Ele é perfeito e
pede que seus filhos sejam também perfeitos (Mt
5:48).[15] O apressado acaba se tornando, sem
querer, inimigo de Deus porque atrapalha o agir do
Altíssimo na sua própria vida. Nesse sentido,
apressar os propósitos do Senhor, quando ainda não
é o tempo certo para eles acontecerem fará com que
se ande para trás, não para frente.
Há um outro ditado popular muito conhecido
que afirma: “Quem espera sempre alcança”. Alguns
poderiam ingenuamente pensar, como alguém pode
esperar algo parado e depois de um tempo alcançar
o que estava esperando? Isto não seria um
paradoxo? Não no sentido em que é empregado o
verbo esperar e também não se aplicado ao Reino de
Deus. No primeiro caso, o emprego do verbo
esperar não está relacionado com uma espera
estática mas uma espera voltada apenas para a
direção do que se deseja alcançar. Então, é uma
espera dinâmica, num movimento contínuo para
frente até chegar ao objetivo almejado. Já o segundo
caso engloba o primeiro e vai além pois a fé traz o
sobrenatural ao mundo natural.
O cristão não recebe as promessas de Deus no
tempo certo quando tenta “apressar” o Senhor com
ansiedade, murmuração e falta de fé. De nada vai
adiantar perturbar Deus nas orações querendo que
se cumpra a Palavra dEle antes da hora (Tg 4.3).
Orar aborrecido pedindo e impondo a Deus que Ele
faça o que se quer naquele mesmo momento atraíra
a disciplina do Senhor ao invés das promessas.
Assim, o jeito correto de orar pedindo pelo
cumprimento das promessas é dizer apenas: –
Cumpra-se a Sua vontade na minha vida Senhor.
Para concluir, como então o cristão pode
receber as promessas de Deus, exatamente como o
Senhor sonhou? A fórmula é simples: é preciso fazer
a vontade de Deus, obedecer a Sua voz e a Sua
direção, ou, em outras palavras, fazer a sua parte.
Engana-se quem pensa que tudo que vem de Deus
cai do céu. As bênçãos vêm do céu mas não caem
do céu.[16] Há um componente humano que precisa
ser concluído para que o cristão receba o melhor de
Deus. Sim, é imprescindível que o cristão faça a
vontade de Deus para que o “Haja do Criador”
aconteça: “faça-se a tua vontade, assim na terra
como no céu.” (Mt 6:10b). Sendo assim, até que
tudo não esteja em ordem e pronto para o Kairós,
Deus não liberará uma palavra, porque a parte
humana deve estar concluída para que Deus faça a
parte Dele, pois não há nada difícil para o Senhor
(Gn 18:14).[17]
Termine esse capítulo cantando um louvor que
esteja em seu coração e faça a oração abaixo.

Oração
Querido Senhor Deus e Pai amado. Seja louvado
porque só Tu és Deus e não há outro além de Ti.
Obrigada porque Tu és Senhor de tudo que existe e
do tempo em particular. Por isso me ensina a
esperar pelo Senhor, esperar o Seu tempo se
cumprir na minha vida porque aprendi neste
capítulo que é o melhor para mim. Em nome de
Jesus, Amém.

CAPÍTULO 2
É tempo de esperar

“Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e


fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo
SENHOR.” (Sl 27.14)
“Sede fortes, e revigore-se o vosso coração,
vós todos os que esperais no SENHOR.” (Sl
31.24)
Vimos porque é preciso esperar, agora veremos
o que é esperar e como fazê-lo. Esperar é aguardar a
realização de coisa desejada ou prometida.
Evidentemente, não se espera o que não foi
prometido, mas se espera pelo cumprimento das
promessas de Deus. O cristão para ser vitorioso
precisa aguardar o tempo do Senhor e o
cumprimento da Sua Palavra: “Alegraram-se os que
te temem quando me viram, porque na tua palavra
tenho esperado. Antecipo-me ao alvorecer do dia e
clamo; na tua palavra, espero confiante.” (Sl 119:
74,147). “Aguardo o SENHOR, a minha alma o
aguarda; eu espero na sua palavra.” (Sl 130:5)
Mais uma vez, esperar não é sinônimo de ficar
parado mas significa colocar a fé em ação,
movimentar-se, fazer algo para mudar as
circunstâncias. Aquele que espera deve caminhar ao
encontro dos sonhos de Deus. Desse modo, seus
pensamentos, palavras e atitudes precisam estar de
acordo com o que se espera. Esperar, portanto, é
aguardar confiante e ansiosamente por aquilo que de
fato vai acontecer (Sl 40:1). Veja o que diz Conyers
(1997) [18]:
A nossa mente ou abraça novos desafios, ou
recua diante deles, com base no que
aprendemos a esperar. (...) Muitas vezes é a
antecipação de algo, e não realmente a
chegada do momento propriamente dito, que
opera mais poderosamente em nossa
percepção mental e emocional. (....) A
antecipação opera mudança em nós, porque
exige que ajamos de acordo com o que
esperamos e antecipamos.
Além de esperar com confiança, o cristão
deve esperar em Deus louvando o Seu nome e
frequentando a Sua Casa. Os discípulos esperaram a
realização da promessa de revestimento de poder
adorando: “e estavam sempre no templo, louvando a
Deus.” (Lc 24:53). Adorar é sobretudo temer a
Deus. O Senhor se agrada dos que o temem e dos
que esperam na sua misericórdia, porque isso
demonstra fé e confiança Nele (Sl 147:11).[19]
Existem três importantes palavras que não
podem faltar no dicionário do cristão para que este
consiga esperar: a paciência, a esperança e a
perseverança. As três são virtudes imprescindíveis
para prosseguir de forma consistente na direção dos
alvos que se quer alcançar. Além do mais, elas são
os atributos dos que acharam a sabedoria e também
dos campeões, aqueles que não desistiram por nada
(Pv 8.35; Hb10.39).
Um dos motivos para esperar com paciência o
tempo do Senhor é porque Ele tem muita paciência
com o ser humano. Quantas vezes erramos
reiteradamente e Ele, com amor, nos ensina várias
vezes a mesma coisa e de inúmeras formas? Se
Deus age assim para conosco, porque nós não temos
a mesma paciência em esperar o tempo do Senhor?
Essa é uma boa reflexão.
A espera no Senhor deve incluir a paciência por
uma questão de fé: “Mas, se esperamos o que não
vemos, com paciência o aguardamos.” (Rm 8:25).
Deus quer dar o fim que cada um deseja mas é
necessário esperar o tempo de Deus pacientemente
(Jr 29:11). Existem muitos benefícios em esperar
como será analisado mais adiante, porém, esperar
com paciência possui o benefício do descanso. O
cristão paciente descansa nas promessas pois sabe
que Deus está trabalhando na realização de cada
uma delas: “Porque desde a antiguidade não se
ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os
olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para
aquele que nele espera.” (Is 64:4).
A Bíblia tem por mandamento a paciência,
afirmando que se faz necessário ser paciente até a
vinda do Senhor (Tg 5:7a). Em outras palavras, o
cristão precisa ser paciente hoje, amanhã e sempre,
até a vinda do Senhor, porque não é uma opção ser
paciente mas um mandamento de Deus e não é a
terra que se almeja mas o céu. A paciência é preceito
pois embora a vida terrena do homem passe
rapidamente como a erva, porque ao soprar nela o
vento logo se vai, a vida é eterna (Sl 103:15/ERC).
Entende-se daí que buscar em primeiro lugar o
Reino de Deus e sua justiça é mais importante do
que as outras coisas que serão acrescentadas a
medida que se buscar o Reino antes de tudo (Mt
6:33). Nesse sentido, aprender a paciência é
aprender a buscar o que é eterno.
Certo, é fundamental aprender a ser paciente
para alcançar as coisas eternas, mas, como fazer
isso? A própria Bíblia ensina como. A Palavra ensina
a ser paciente até a vinda do Senhor, como o
lavrador que aguarda com paciência o precioso fruto
da terra, até receber as primeiras e últimas chuvas
(Tg 5:7). Para aprender a ser paciente a Palavra
ensina também a tomar por modelo o sofrimento e a
paciência dos profetas (Tg 5:10). Estes homens e
mulheres que falaram em nome do Senhor sofreram
muitas oposições, perseguições e cadeias, porém,
mesmo diante de grande aflição foram pacientes,
por isso são exemplos que devem ser seguidos. Deus
abrirá as janelas dos céus tanto para regar a terra
como para derramar as bênçãos prometidas. Logo,
as promessas de Deus vão se cumprir, mas é preciso
esperar.
A Bíblia ensina também a ter paciência como Jó
teve, pois ele recebeu em dobro o que antes possuía
após ser duramente provado (Tg 5:11). Esta
paciência refere-se a restituição da família, de bens
materiais, de ministério, ou a qualquer outra
necessidade terrena. O Senhor está trabalhando em
cada uma das necessidades do seu povo, cabe a este
apenas esperar em oração, jejum e oferecendo
louvores a Deus. Alegremo-nos então porque a
paciência rende tanto frutos terrenos como frutos
eternos.
O cristão também deve esperar em Deus com
expectativa. A expectativa é a esperança fundada em
supostos direitos, probabilidades ou promessas.[20]
Deus quer que todos os cristãos tenham expectativas
em torno de suas promessas porque isso prova que
se confia Nele e em Sua Palavra. Segundo Wilkes
(1999), “no plano espiritual, a espera com
expectativa é confiar na Palavra de Deus, sabendo
que ele vai operar. (...) [se] espera e aguarda que
algo aconteça, baseado na sua Palavra.”.[21] Então, é
preciso confiar em Deus para aprender a esperar
Nele.[22]
O cristão espera em Deus com expectativa ao
afirmar para si mesmo, não só em pensamentos, mas
em ações concretas, que tudo o que Deus falou vai
acontecer. Esta é a fé, a certeza inabalável que irá
transformar o amanhã, trazendo tudo aquilo que
Deus prometeu. Também segundo Wilkes (1999),
“esperar com expectativa é aguardar pela exaltação
de Deus”.[23] O cristão deve aguardar que Deus o
exalte como prova de sua humildade em esperar
com paciência e confiança (Sl 40.1).[24] O filho de
Deus é humilde quando coloca toda a sua esperança
no Senhor, ou, mais do que isso, afirma que o
próprio Senhor é a sua esperança (Sl 39.7). Ele
também é humilde quando sabe que apenas o Pai
Celestial tem o melhor para sua vida, por isso espera
somente Nele (Sl 62.5).
O cristão deve esperar em Deus também com
amor. Aquele que ama quer agradar o ser amado.
Embora os cristãos não sejam mais crianças, devem
se portar como elas se portam quando esperam pelas
promessas de seus pais. Por exemplo, no início do
ano os pais falam para os seus filhos: Se vocês se
comportarem direitinho, forem bons meninos ou
meninas, receberão o presente de Natal que
quiserem. Então, o ano todo as crianças se esforçam
ao máximo para serem “boas” e assim receberem o
que desejam. Elas não ficam perturbando seus pais
pois sabem que somente terão direito ao presente no
final do período estabelecido caso se comportem.[25]
As crianças também não perturbam porque sabem
que o amor cumpre o que promete, e, por causa
disso, elas esperam com amor porque o amor tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1 Co
13:7).
Os jovens e adultos precisam relembrar da sua
infância, de como esperaram ansiosamente pelos
seus presentes de Natal, de como foi maravilhosa a
expectativa da espera e a alegria em finalmente
receber a recompensa por terem sido bonzinhos.
Aliás, todas as pessoas devem resgatar o melhor de
cada fase da vida para tomar como exemplo no
presente e no futuro. O melhor da infância é a
ingenuidade, a pureza e a liberdade de não ter
preocupação com nada, apenas uma vida para
brincar e para viver intensamente. Todos esses
sentimentos podem e devem ser vividos por aqueles
que esperam em Deus. A inocência de esperar pelas
promessas, a santidade que deve existir e a
confiança em Deus tornam a espera doce como a
infância.
É possível viver com prazer, viver a vida em
abundância mesmo no vale, pois a bênção vai
chegar, assim como o Natal chega todo ano. O vale
é um lugar de aprendizado. Aquele que ainda não
aprendeu a viver feliz apesar das circunstancias tem
no vale uma boa oportunidade para fazê-lo. Mas por
que no vale e não no topo da montanha? Porque no
vale se aprende a dar valor as pequenas coisas como
o canto de um pássaro, o amanhecer, o azul do céu.
Isso é viver plenamente. Após ter aprendido a ser
feliz pode-se continuar a ser feliz nas montanhas e
nos vales que se seguirão, pois a vida é assim.
Os cristãos de todas as faixas etárias devem ser
como estas crianças bem-comportadas que
acreditam que irão receber presentes desde que se
esforcem em agradar o Pai Celestial (Hb 11.6).[26]
Assim, quando chegar o tempo estipulado por Deus
ficarão como elas, encantadas, com os olhinhos
brilhando porque receberam o presente que
queriam. Por isso Jesus disse que para entrar no
Reino dos céus era preciso se converter e se tornar
como crianças (Mt 18:3). O mestre não disse para
todos tornarem-se infantis, mas pediu para todos se
tornarem humildes como as crianças, reconhecendo
a necessidade das bênçãos divinas e sendo gratos
quando as recebessem.
Todo bom rei dá galardões aos seus súditos que
fazem o que lhe agrada.[27] No Reino de Deus não é
diferente, Jesus, o Rei dos reis, entregará as maiores
e melhores recompensas aos servos que guardam os
seus mandamentos e fazem diante Dele o que lhe é
agradável (1 Jo 3:22). Além disso, restituirá tudo
aquilo que o exército do inimigo roubou dando a
vitória completa sobre a adversidade. Deus não
somente dará o que foi roubado mas vai restituir
muitas vezes mais pois é um Rei misericordioso.
Porém, é necessário aprender a esperar.
O cristão deve esperar em Deus como um casal
apaixonado que irá em breve se casar. Os noivos
trocam juras de amor, fazem promessas um para o
outro e esperam, suspirando, o amanhã chegar. Eles
idealizam um futuro melhor repleto de felicidade,
têm sonhos e os imaginam de forma tão real e vívida
que falam deles com entusiasmo. É interessante
como sabem de cada detalhe. Os sonhos os fazem
andar entre as nuvens, gozar no presente a
realização dos seus planos como se já estivessem
vivendo cada um deles. Assim, seus sonhos
sustentam o presente, fortalecendo sua união de
modo que nada irá abalar suas elevadas expectativas.
Nas proximidades da cerimônia de casamento,
os futuros marido e mulher imaginam o amor sendo
selado por Deus no altar por meio de três alianças, o
Senhor com eles, eles com o Senhor e o casal um
com o outro. Eles pensam em como estará a Igreja,
a veem como uma neblina, o céu baixando na terra
onde estão, cobrindo tudo, abraçando o amor. O
casal imagina as promessas que ainda serão
declaradas, o olhar e o sorriso no rosto dos
convidados, o vestido da noiva, o traje do noivo, a
decoração da Igreja com belos arranjos de flores, a
troca de lindas juras de amor e das alianças e,
finalmente, o beijo.
O filho de Deus, da mesma forma que o casal
apaixonado, deve esperar com entusiasmo pelo
cumprimento das promessas em sua vida amando,
acima de todas as coisas, o Deus Fiel, cumpridor de
alianças. A espera sonhadora construirá pontes
elevadas acima das circunstâncias que levarão até o
futuro, ao lugar do melhor de Deus. Daí os
pensamentos, mais altos, visualizarão a alegria, o
riso largo de toda a família, o troféu da vitória.
Assim, o cristão também deve esperar em Deus,
cheio de expectativa, alegria e fé porque o grande
dia do cumprimento da promessa está próximo. Este
dia será repleto de sorrisos de todos os que creram e
dos que não creram também, dos familiares, amigos
e inimigos e de quem mais Deus queira que veja a
sua vitória. Por isso, vale a pena esperar por este dia,
pois Deus certamente irá surpreender com muito
mais do que foi pedido ou imaginado pelo cristão
fiel (Ef 3.20).
Além disso tudo, Deus deseja que cada filho voe
alto como águias (Is 40.31). Porém, isto só será
conquistado por quem espera no Senhor. Como os
cristãos conseguem voar alto como estes belos
animais de rapina? Bem, as águias são animais
visionários, elas veem além, mais longe e mais alto.
Os cristãos podem voar alto, ver o porvir e além das
circunstâncias através da fé. O filho de Deus deve
exercer a fé positivamente na sua vida, ou seja,
direcionando-a para fazer a vontade de Deus.[28]
O oposto da visão das águias é a visão ou
mentalidade de gafanhoto. Os gafanhotos veem
apenas o que está na sua frente, o presente, querem
saciar somente a sua fome no agora. Esses pequenos
insetos devoram plantações inteiras em frações de
segundos sem se importar com o amanhã. No
entanto, plantações não surgem da noite para o dia,
assim como os sonhos de Deus não nascem do
nada. O futuro dos gafanhotos é a escuridão,
enquanto o futuro das águias é o céu. Este é um
precioso ensinamento para os cristãos. Eles precisam
escolher entre voar alto na direção da vitória como
as águias ou voar baixo com sua falta de fé, para
destruição, como os gafanhotos.
O Senhor também quer que os cristãos que
esperam nEle corram e não se cansem e caminhem e
não se fatiguem. Como os cristãos conseguem correr
e não se cansar, caminhar e não se fatigar? Também
esperando no Senhor. Muitos corredores se acham
exaustos após o término de uma maratona, enquanto
outros corredores, mesmo caminhando, não
conseguem chegar ao fim do trajeto. Não os que
esperam no Senhor. Estes sempre terminam a
corrida e a recomeçam outra vez com mais garra do
que antes pois tem suas forças revigoradas por
Deus.
A espera em Deus renova as forças, o ânimo e o
vigor, ou seja, traz cor ao presente que está
acinzentado. Na maioria das pessoas, o esforço
físico deixa as maçãs do rosto avermelhadas. Assim
deve estar a face de quem espera no Senhor,
colorida pelo esforço em movimentar-se na direção
do futuro vitorioso, não um semblante triste como
de quem não tem esperança, mas uma aparência de
mais do que vencedor em Cristo Jesus (Fp 3.14, Rm
8.37).
A outra palavra que não pode faltar no
dicionário cristão é a esperança. A esperança é a
expectativa de algo que vai se realizar ou o ato de
esperar aquilo que se deseja. De fato, aquilo que o
cristão espera irá se cumprir porque Deus vela por
cumprir a Sua Palavra (Jr 1:12). Dessa forma, o
cristão deve estar certíssimo de que Deus é poderoso
para cumprir o que prometeu (Rm 4:21). Não pode
haver incredulidade com as promessas de Deus,
porque, certamente e a seu tempo, elas vão uma a
uma se cumprir. Entretanto, até as promessas
chegarem, o cristão deve dar glória para não
esmorecer na fé, como fez Abraão: “não duvidou,
por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela
fé, se fortaleceu, dando glória a Deus” (Rm 4:20).
E, ainda que a esperança torne-se como uma gota
num oceano de lágrimas por causa das
circunstâncias que parecem não ter jeito, o cristão
deve continuar crendo, esperando contra a
esperança (Rm 4:18).
A esperança é um dos três pilares que sustentam
a vida cristã, sendo os outros dois a fé e o amor (1
Co 13:13). Exatamente por ser um alicerce, a
esperança não pode ser negligenciada. O cristão
precisa ter esperança na sua vida para triunfar em
todas as batalhas. Por esse motivo, é fundamental ter
esperança, fé e amor para conservar-se de pé, para
ficar firme e forte com Deus, do contrário o cristão
ficará desanimado, abatido e poderá cair se não
corrigir essa visão incorreta da realidade.
A esperança do cristão não é qualquer esperança,
ela vem de Deus e é somente dirigida a Ele:
“Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa,
porque dele vem a minha esperança.” (Sl 62:5). O
próprio Senhor é a esperança do cristão, a Rocha
inabalável, Aquele em que é possível esperar sem
medo de ser envergonhado, confundido ou ficar
decepcionado porque Ele é fiel: “saberás que eu sou
o SENHOR e que os que esperam em mim não
serão envergonhados.” (Is 49:23b); “Israel, porém,
será salvo pelo SENHOR com salvação eterna; não
sereis envergonhados, nem confundidos em toda a
eternidade.” (Is 45:17); “Porquanto a Escritura diz:
Todo aquele que nele crê não será confundido.”
(Rm 10:11).
O Senhor não desamparará a pessoa que espera
pela ajuda Dele, que clama noite e dia sem parar em
busca de suas misericórdias, porque “bom é o
SENHOR para os que esperam por ele, para a alma
que o busca.” (Lm 3:25). Eis que Deus tem uma
palavra de conforto para seu povo: “Quando
passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos
rios, eles não te submergirão; quando passares pelo
fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. ”
(Is 43.2).
O Senhor, de maneira nenhuma esquece de seus
filhos nem das promessas que fez. A vida de cada
um dos seus amados está gravada nas palmas das
mãos Dele, logo, o Senhor continuamente
contempla, se compadece e trabalha para suprir as
necessidades dos Seus santos (Is 49:16). Portanto,
não temas, o Senhor está atento para as
necessidades do seu povo e irá suprir cada uma
delas segundo sua riqueza em glória por Cristo Jesus
(Fp 4.19).
Podemos notar, desde o início deste capítulo,
que a esperança cristã não é falsa. Em verdade, a
única esperança genuína que existe no mundo é a
esperança cristã. Há uma frase bastante conhecida
que se ouve ou lê em vários lugares: Esperança só
em Jesus. Esta é a esperança tanto da vida eterna
como da vida em abundância aqui na terra. As
pessoas podem ter falsas esperanças em coisas
transitórias como religiosidade, dinheiro, fama,
escolaridade, força ou em outras coisas que nunca
irão se realizar. A verdadeira esperança, contudo, foi
cravada na cruz, dada por Deus e ninguém pode
apagar dos corações daqueles que confessam Jesus
como Senhor e Salvador das suas vidas.
O Apóstolo Paulo certificou este fato quando
lançou esta admirável pergunta: “Quem nos separará
do amor de Cristo?” E quem ou o que poderá
provar que a esperança cristã não é a única e
verdadeira esperança? Ninguém, pois quem dá essa
esperança é o próprio Deus, é Ele que testifica dela
(1 Jo 5:9).[29] Deste modo, ninguém pode chamar de
falsa a esperança dada por Deus, qual seja, Jesus
Cristo, porque é Ele que dá testemunho dela no céu
e na terra (1 Jo 5:7,8).[30]
Como podemos perceber, o cristão tem motivos
de sobra para alegrar-se na esperança. E a esperança
da vida eterna é o melhor motivo de todos para ser
feliz. A vida eterna não é a vida tal como a
conhecemos, mas será algo nunca visto, nunca
imaginado, uma maravilhosa surpresa que Deus está
preparando para aqueles que o amam (1 Co 2:9). O
cristão esperançoso não murmura pois é
naturalmente paciente, sabe que é questão de tempo
receber suas bênçãos. Assim, ele louva o senhor na
prova porque tem consciência de que, apesar das
lutas, ele está vivo, então ainda desfrutará das
promessas divinas destinadas para o período em que
estiver na terra e, o melhor, tem a certeza de que
receberá seu galardão no céu (Ap 22.12).
A Palavra exorta ainda, a guardar firme a
confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a
promessa é fiel (Hb 10:23). Porque temos a certeza
da fidelidade de Deus não há o que reclamar, pois
“bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso,
em silêncio.” (Lm 3:26). O silêncio do versículo
refere-se a murmuração, não a adoração. De fato,
apenas um permanente louvor deve sair dos lábios
do cristão porque ele tem a esperança que o mundo
não tem, não oferece e não conhece: “Quanto a
mim, esperarei sempre e te louvarei mais e mais.”
(Sl 71:14).
As pessoas que não frequentam a Igreja só vão
perguntar sobre a verdadeira esperança se o cristão
não vacilar na sua confissão de esperança, se estiver
plenamente convicto de que “(...) o Senhor mesmo,
dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos
céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;
depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para
o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor. (1 Ts 4:16,17).
O mundo pode mudar, as pessoas também, mas
a nossa esperança, Jesus, nunca irá mudar pois é
eternamente a mesma (Hb 13:8; 1 Tm 1.1). Além
disso, há a esperança de que seremos semelhantes a
Deus quando Ele se manifestar, porque havemos de
vê-lo como Ele é (1 Jo 3:2). Esta última esperança
purifica assim como ele é puro, ou seja, santifica
quem crê desse modo (1 Jo 3:3).
Aquele que espera está certíssimo da maior
promessa de Deus e crê nas mui grandes promessas
sem conservar nenhuma dúvida no coração (1 Jo
2:25). A dúvida impede a caminhada cristã, pois ela
é como uma pedra amarrada nos pés daqueles
chamados a anunciar as boas-novas. A Bíblia
assegura que se Cristo nos libertar verdadeiramente
seremos livres, logo, todo peso deve ser retirado
para que o cristão corra com perseverança a carreira
que lhe é proposta (Jo 8.36;Hb 12:1).
A esperança em Deus e nas suas promessas é a
fé genuína que move montanhas “porque para Deus
não haverá impossíveis em todas as suas
promessas.” (Lc 1.37). Ela ainda apresenta o
benefício de promover a felicidade: “Alegro-me nas
tuas promessas, como quem acha grandes
despojos.” (Sl 119.162) e contentar o coração: “O
desejo que se cumpre agrada a alma” (Pr 13:19a).
Mas não poderia ser de outra maneira pois aquele
que deposita sua confiança em Deus certamente não
ficará de mãos vazias, mas verá os seus sonhos
tornarem-se realidade: “Agrada-te do SENHOR, e
ele satisfará os desejos do teu coração.” (Sl 37:4).
Por isso são bem-aventurados todos os que Nele
esperam (Is 30:18b). Vemos, então, que a
verdadeira esperança se realiza, não é um sonho
inalcançável.
Em várias culturas, o chefe da família deixa um
testamento contendo seus bens para serem
repartidos entre sua esposa e filhos quando ele vier a
falecer. Esta atitude revela o amor que ele possui
pela sua família assim como o cuidado que deseja
oferecer a ela mesmo após a sua morte. Assim
também faz o Pai Celestial, Ele deixa ao seu povo
dois testamentos, um antigo e um novo. Nas páginas
de ambos testamentos há ricas promessas para todo
aquele que crê nelas. O povo eleito deve tomar
posse das promessas, sabendo que Deus é fiel para
cumprir todas elas. E filho de Deus sabe que é
herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo porque é
integrante da família do Pai Celestial (Rm 8.17).
Há ainda culturas em que o pai concede a filha
que irá se casar um dote, isto é, uma porção de seus
bens a fim de que ela tenha uma boa vida, segurança
e felicidade. Da mesma forma, o Senhor, dono da
prata e do ouro, reserva para as suas filhas e filhos
tesouros no céu (Mt 6.20). Os filhos de Deus devem
ajuntar esses tesouros porque onde eles se
encontram, também estará o seus corações (Mt
6.21). Logo, a alma esperançosa espera em Deus
porque sabe que Ele é a sua herança, a sua porção:
“A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma;
portanto, esperarei nele.” (Lm 3:24).
Existem dois ditados populares parecidos sobre
esperança: “A esperança é a última que morre” e
“Enquanto houver vida há esperança”.[31] Estes
ditados são o clamor da perseverança, que sussurra:
vai, continua nessa tua fé que verás a glória de
Deus. Existe uma celestial torcida pelos filhos de
Deus para seguirem o exemplo de Cristo (Hb 12:1-
3). Todo exército dos céus aplaude quando um
cristão age com esperança, porque isso prova que
ele tem uma fé amadurecida. Nada agrada mais a
Deus do que a fé e, quanto maior ela se torna, mais
feliz se torna seu possuidor, já que são “bem-
aventurados os que não viram e creram” (Jo
20.29b).
Há ainda mais ensinamentos nestes adágios
populares. A mensagem por trás deles é simples mas
poderosa: Ainda que tudo esteja dizendo não, há um
fio de esperança dizendo sim. Sem dúvida o céu diz
que sim e Deus assina embaixo o sim e o amém,
mas é necessário ir até o fim, fazer a vontade de
Deus até o fim para receber as promessas (2 Co
1:20). A expressão “até o fim” lembra a outra
virtude muito amiga da esperança, essencial para
uma fé madura, a perseverança, que será vista logo a
seguir (Tg 1.3,4).
O servo de Deus deve dizer sim a esperança em
todas as circunstâncias. Ainda que ele esteja no vale,
ele precisa estar no Vale da Boa Esperança, não no
Vale da Desolação. Apenas o diabo e seus anjos
dizem não, apenas eles querem que todos estejam
neste último Vale. Por isso, o cristão precisa escolher
entre ouvir a voz de Deus ou ouvir a voz do inimigo
de sua alma. Esta escolha é diária com base na
vigilância requerida a todos os cristãos.
Pode ser que o filho de Deus se encontre no
Vale da Desolação, neste caso deve fazer como o
profeta Jeremias. Este valente homem lamentou-se
das suas terríveis angústias, porém, ele mesmo, com
sabedoria vinda do alto, chegou a conclusão de
como se livrar delas: “ponha a boca no pó; talvez
ainda haja esperança.” (Lm 3:29). Logo, o
esperançoso profeta exortou não somente a não
parar de orar, mas a humilhar-se diante de Deus
porque “o Senhor não rejeitará para sempre; pois,
ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão
segundo a grandeza das suas misericórdias.” (Lm
3:31,32).
A terceira palavra que não pode faltar no
dicionário do cristão é a perseverança. Perseverar é
conservar-se firme e constante, persistir, prosseguir e
continuar, conservar sua força ou ação e permanecer
sem mudar ou sem variar de intento (1 Co 15:58).
Em outras palavras, perseverar é não olhar mais para
trás, é seguir firme na jornada iniciada pelo cristão
rumo as promessas de Deus. Nesse sentido,
perseverar é avançar em meio a circunstâncias
desfavoráveis, é rejeitar o medo, é ser um bom
soldado de Cristo, combatendo o bom combate da
fé ao mesmo tempo em que se guarda
incontaminado do mundo (Tg 1.27b).
A perseverança é uma virtude preciosa que
precisa ser gerada nos corações dos cristãos. Aquele
que não a possui deve pedir a Deus sabendo a forma
como ela é produzida, através da provação de sua fé
(Tg 1.3).[32] Veja o que diz Radmacher (2010): “O
objetivo da provação não é destruir ou afligir, mas
purificar e refinar. É essencial à maturidade cristã,
pois até mesmo a fé de Abraão teve de ser provada
(Gn 22.1-8).” Apesar de ser gerada em meio a
lutas, o resultado final é extraordinário: vitórias, a
satisfação sentida por aquele que nunca desistiu e ser
fiel até o fim. A perseverança não precisa somente
nascer nos corações mas ser desenvolvida assim
como as outras virtudes cristãs para que o filho de
Deus não seja inativo nem infrutuoso no pleno
conhecimento de Jesus (2 Pe 1:8).[33]
A Bíblia mostra que existe um preço a ser pago
para o cristão tornar-se perseverante e assim receber
as grandes recompensas do Senhor. Esse preço é
passar por tribulações para que estas produzam
perseverança, e com ela experiência e finalmente
produza esperança (Rm 5:3,4). A Palavra ensina a
passar com ânimo por cada uma dessas etapas:
“regozijai-vos na esperança, sede pacientes na
tribulação, na oração, perseverantes.” (Rm 12:12).
[34]
A Bíblia afirma que o cristão tem necessidade de
perseverança para que, havendo feito a vontade de
Deus, alcance as promessas (Hb 10:36).
Após ter adquirido a perseverança através das
lutas o cristão precisa desenvolver e permanecer
com esta virtude. Existem algumas maneiras de
preservar a perseverança e até aumentá-la (Tg 1:4).
Uma atitude positiva em relação a vida ajuda a
manter a perseverança. A gratidão também contribui
muito para uma atitude perseverante. Sem sombra
de dúvida, praticar o verdadeiro cristianismo conduz
ao caminho sereno da perseverança. Isto acontece
quando o cristão tem uma vida de oração, exercita a
sua fé, o amor e proclama o evangelho. Veja o que
escreveu o Pastor Gesiel Gomes[35]:
É mais fácil ser perseverante quando se é
agradecido. Oração e ações de graças
mantêm a temperatura espiritual sempre
elevada, sem os perigos da frigidez do amor
(2 Ts 1.3-12). Devemos perseverar em nosso
louvor, nossa adoração (Jo 4.23), nossa vida
de oração (Cl 4.2), nossa tarefa de
proclamar a Palavra (Mc 16.15), nossa
missão frutificadora (Lc 8.15), nosso
caminhar na senda da santificação (Hb
12.14), nossa vigilância (Ef 6.18), nossa
produção de boas obras e em nossa
tarefa de fazer o bem a todos, especialmente
aos domésticos da fé (Gl 6.10).
O perseverante consegue esperar com paciência
já que conserva-se firme na direção de seus
objetivos e, por isso mesmo, obtém as promessas de
Deus (Hb 6:15). Aliás, o lema do perseverante é
avançar rumo ao cumprimento das promessas do
Senhor (Fp 3:12-14). Sempre em frente, sempre em
busca da realização de seus propósitos. Assim, os
perseverantes são bem-sucedidos porque vão até o
fim, não desistem de modo algum até que alcancem
suas metas e realizem os seus sonhos. Isso explica
porque Deus chama apenas os perseverantes para
seus grandes projetos, aqueles em que são dadas as
maiores recompensas porque sem perseverança é
impossível chegar a Terra da promessa.
O esforço incomum do perseverante é premiado
com altas recompensas pois Deus é justo. Noé levou
cento e vinte anos para construir a arca. Caso este
homem de Deus não fosse perseverante ninguém
teria sobrevivido ao Dilúvio. O grande prêmio
recebido por Noé foi salvar a si mesmo e sua
família.[36] José esperou muitos anos pela restauração
da sua família. A sua perseverança foi recompensada
com a união, a paz e o amor de seus entes queridos.
O humilde pastor de ovelhas Davi esperou em meio
a muitas tribulações para ser rei. Quando enfim foi
coroado, o homem segundo o coração de Deus fez
o melhor reinado sobre Israel, mas isso somente
aconteceu porque ele perseverou em esperar o
tempo do Senhor.
Como vimos, a Bíblia diz que a perseverança é
gerada após a confirmação de que o cristão possui fé
(Tg 1:3). Mas por que a fé e a perseverança estão
intimamente ligadas? Porque além da primeira
produzir a segunda, é preciso uma grande fé para
perseverar em fazer a vontade de Deus. E por que é
preciso perseverar em fazer a vontade de Deus?
Porque não será fácil, muitos se levantarão contra
aquele que quer viver piedosamente em Cristo Jesus
(2 Tm 3.12). De fato, o inimigo jogará pesado
usando até os de sua própria casa contra o filho de
Deus (Mt 10.36).
O cristão que tem sua fé provada e confirmada
gerando nele a perseverança, é incansável, tira força
das fraquezas e não se desespera diante das
dificuldades (Hb 11.27b,34). Essa virtude torna
possível mudar circunstâncias desfavoráveis em
favoráveis, de forma que é mais fácil, para o
perseverante, “manter-se firme sob pressão, com um
resistência que transforma adversidades em
oportunidades” (Radmacher, 2010).[37] Por esse
motivo, ao invés de procurar ajuda na angústia, o
perseverante é quem consola as demais pessoas
mesmo quando está sofrendo (2 Co 1:4). O
perseverante também é grato, ele não deixa nunca
de agradecer a Deus pela vida, pelas bênçãos e até
as aflições, porque sabe que através delas irá crescer
e sabe que é um sinal de que sua vitória está
chegando.
Existem muitas outras bênçãos decorrentes da
perseverança. A pessoa perseverante é feliz em
todos os momentos porque não deixa de viver bem
por causa dos problemas. Por esse motivo todas as
pessoas gostam de sua presença e querem saber qual
o segredo da felicidade na sua vida. Quando é
perguntado sobre isso, o perseverante responde: –
Meu segredo é perseverar na Palavra de Deus,
praticando-a diligentemente. Aliás, este não é
nenhum segredo, pois está na Bíblia: “Mas aquele
que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da
liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas operoso praticante, esse será bem-
aventurado no que realizar.” (Tg 1:25).
Esperar em Deus é uma tarefa simples quando o
cristão é perseverante. Isto acontece porque a
perseverança é a virtude dos campeões, daqueles
que aceitam nada menos do que a vitória plena.
Dessa maneira, não importa, para o que persevera,
quanto tempo a vitória vai demorar mas sim que ela
vai vir e será completa. Então, o perseverante é mais
do que vencedor porque com Deus na frente da
batalha ele sempre ganha. Por outro lado, aquele
que não conseguiu perseverar é deixado para trás na
corrida, torna-se um retardatário que não terá direito
aos prêmios, ao reconhecimento, nem as alegrias
dos vencedores.
Outra bênção decorrente da perseverança é que
ela possui uma propriedade específica das virtudes
cristãs, se propaga como uma fonte luminosa. Isto
quer dizer que é impossível esconder ou conter a luz
da perseverança, ela naturalmente ilumina a muitos
de forma sobrenatural. Essa característica explica
porque o perseverante é logo reconhecido pelas
pessoas próximas como alguém diferente, que
possui algo de especial, de inestimável valor.[38] A
perseverança, nesse sentido, é uma semente
evangelística que deve ser cultivada pelo cristão a
fim de ganhar almas para Deus.
Existem vários homens e mulheres modelos de
perseverança na Bíblia, porém, o maior exemplo de
persistência em fazer a vontade de Deus é Jesus
Cristo. A Palavra exorta que olhemos firmemente
para o Autor e Consumador da fé pois em troca da
alegria que lhe estava proposta suportou a cruz (Hb
12:2). Logo, se o próprio Salvador foi perseverante
em meio às provações, o cristão deve considerar a
atitude do Senhor para que não se canse, nem
desmaie em sua alma, porém, corra com
perseverança a carreira que lhe está proposta (Hb
12:1,3).
O cristão precisa sempre se lembrar de que sua
leve e momentânea tribulação produz para si mesmo
um eterno peso de glória, acima de toda comparação
(2 Co 4:17). Isto é, há um propósito para tudo que
ocorre na vida do cristão (Rm 8:28). No caso do
sofrimento o propósito é para que Deus o
aperfeiçoe, firme, fortifique e fundamente (1 Pe
5:10). Percebemos, então, que Deus não gosta do
sofrimento de ninguém, mas do que ele produz. O
cristão também não deve gostar do sofrimento, mas
do resultado dele, sabendo que melhor é o fim das
coisas do que o começo delas (Ec 7:8).[39]
O valor da perseverança é inestimável porque
produz bons frutos não somente para o seu
possuidor mas para o mundo ao redor (Tg 1:4).
Para colher os frutos da fé, da adoração e da
esperança é preciso aguardar o tempo de
crescimento das sementes até que elas se tornem
belas árvores frutíferas com aves dos céus aninhadas
em seus ramos (Lc 13:19). No tempo de Deus as
sementes plantadas e regadas por lágrimas se
transformarão na colheita dos sonhos realizada com
risos e saltos de alegria (Ec 3:2,4). A Bíblia confirma
sua promessa para aquele que semeia entre lágrimas:
ele não voltará para casa de mãos vazias, mas
retornará com júbilo trazendo os frutos do seu
trabalho, esforço, fé e perseverança (Sl 126:5,6).
A chave da vitória é fazer a vontade de Deus até
o fim. Apenas dessa forma, chegará nas mãos do
semeador a maravilhosa colheita dada por Deus.
Uma coisa é certa, Deus recompensará a
determinação dos seus servos em fazer a Sua
vontade, pois a Sua Palavra é a verdade. O cristão
conseguirá sempre ser perseverante se pensar que
está num ringue lutando contra os problemas da vida
e imaginar que a cada round está vencendo uma
parte dos problemas até nocauteá-los com a ajuda de
Deus. É claro que outras lutas surgirão mas a
perseverança em ganhar o campeonato, a coroa
incorruptível, será o melhor prêmio de todos, o
prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus (Fp 3:14).[40]
O tempo da espera das bênçãos é um momento
de busca, de preparação para obter o melhor de
Deus, ter experiências especiais com Ele e gerar os
sonhos do Senhor. É tempo de fazer campanhas, ir
no Monte, orar com mais frequência, ler a Bíblia de
capa a capa. É Tempo de seguir os passos de Jesus:
“Ele sempre subia algum monte para orar. Ele não o
fazia nos dias fáceis, mas nos mais difíceis. Quando
qualquer mortal comeria e dormiria para se
recuperar, Jesus subia uma montanha à noite e
orava.”. [41]
No entanto, é preciso ir a mar alto com Jesus,
sair da superficialidade, atrofia ou estagnação
espiritual. Deus sempre tem mais a oferecer, até para
o cristão mais preparado. Há sempre um degrau
superior e melhor. Por isso é tempo de crescimento
espiritual; é tempo de aprender a ouvir a voz de
Deus; é tempo de trazer a memória o que pode dar
esperança; é tempo de buscar a Deus, conhecer mais
sobre o Deus que você serve, contemplar a Sua
beleza “e conhecer o amor de Cristo, que excede
todo entendimento, para que sejais tomados de toda
a plenitude de Deus” (Ef 3:19), mas não perturbeis
o coração nem cometa erros de quem não aprendeu
a esperar. Enfim, continuem a leitura deste livro e
coloquem em prática os ensinamentos ministrados
porque é tempo de aprender a esperar. Antes de
começarem, porém, louvem ao Senhor com o
louvor “Até tocar o céu”, da adoradora Eyshila, e
façam a oração abaixo.[42]
Oração
Querido Senhor Deus e Pai amado. Eu louvo e
engrandeço o seu nome. Estou convencido após ler
este capítulo que preciso aprender a esperar. Pai,
para isso, peço que gere em mim paciência, me
encha de esperança e me faça uma pessoa
perseverante. Cumpre a Sua Palavra em minha
vida: “E o Deus da esperança vos encha de todo o
gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de
esperança no poder do Espírito Santo.” (Rm
15.13). Senhor, preciso de Ti, ajuda-me, ensina-
me. Em nome de Jesus, Amém.
CAPÍTULO 3
É tempo de crescimento espiritual

“E não vos embriagueis com vinho, no qual


há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.”
(Ef 5:18)
“Antes, crescei na graça e no conhecimento
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A
ele seja a glória tanto agora como no dia
eterno.” (2 Pe 3.18)
O crescimento espiritual tem início com o novo
nascimento através da fé em Jesus. Ele apresenta
algumas características próprias. Em primeiro lugar,
o crescimento espiritual é um processo que ocorre
em etapas, de fé em fé e de glória em glória, ou seja,
ele não é instantâneo (2 Co 3.18). Aprouve a Deus
fazer dessa forma para que haja participação do
cristão no processo de crescimento e também
porque o processo de aprendizado sucede
paulatinamente.
A busca pelo crescimento espiritual deve partir
do cristão, sendo Deus o agente que trabalha para
promover este crescimento: “Eu plantei, Apolo
regou; mas o crescimento veio de Deus” (1 Co 3.6).
O desenvolvimento espiritual visa um fim
proveitoso, o crescimento para salvação, o
amadurecimento na fé. O desejo do Senhor é que
seus filhos cresçam, sejam sábios e tenham
experiência em várias situações da vida (2 Pe 3.18; 1
Pe 5.10).[43]
A experiência do novo nascimento promove no
recém nascido na fé cristã um desejo natural pelas
coisas espirituais.[44] Ele tem em Deus, a força inicial
de que precisa para abandonar a prática do pecado e
almejar as coisas de cima, grandiosas e eternas. O
alimento específico desta etapa na vida cristã é o
leite espiritual, ou seja, as doutrinas bíblicas
elementares ou um discipulado verdadeiro (Hb
5.13).
O recém nascido na fé cristã, após alimentado
com o básico, já está pronto para engatinhar e até
dar seus primeiros passos sozinhos.[45] Nesta nova
etapa, Deus, no seu papel de Pai Celestial deixa que
o novo convertido faça escolhas permitindo que erre
para aprender ao mesmo tempo que o ampara para
ele não cair. O Senhor observa de perto seu filho na
sua “infância espiritual” , o guia na direção certa e o
corrige sempre respondendo as dúvidas do seu
coração. Deus sabe que sua criança espiritual precisa
de uma atenção especial Dele e, por isso, é
extremamente zeloso.
No período da “adolescência espiritual” Deus dá
aos seus filhos uma maior liberdade com as coisas
espirituais para que eles percebam o quanto elas são
importantes. O Senhor deixa que eles façam
progressos sozinhos, pensem que sabem tudo para
mostrar que não sabem de nada ainda, se
decepcionem com os irmãos em Cristo para ver se
eles são maduros o suficiente para distinguir o que é
carnal e o que é espiritual, o que é de Deus e o que
não é. O Senhor também permite alguma rebeldia
porque entende que esta é uma fase difícil, porém,
Ele também vai disciplinar os rebeldes sem causa
(Hb 12.4-13).
Chega um momento em que os “jovens na fé”
compreendem que precisam buscar o alimento
sólido para deixarem de ser meninos inconstantes
levados por todo vento de doutrina (Hb 6:1).[46] Os
“jovens na fé” devem tornar-se como os cristãos de
Beréia, exímios conhecedores das Escrituras, a fim
de investigar se as doutrinas e os ensinamentos
pregados pelos pastores, mestres ou outras
autoridades constituídas por Deus estão mesmo de
acordo com a Palavra (At 17:11).
Um dos objetivos do crescimento espiritual é
que o filho de Deus chegue à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus (Ef 3.13). O
cristão maduro é aquele que não é discípulo apenas
nos momentos bons mas em todas as situações da
vida. Não por acaso Jesus alertou sobre as aflições
que iriam acompanhar a trajetória dos discípulos,
para que eles não desanimassem, mas continuassem
a caminhada (Jo 16:33).
O cristão para amadurecer na fé precisa do
alimento sólido para crescer pois este tem os
componentes essenciais para o seu desenvolvimento
sadio. Somente com esta dieta “rica em calorias” ele
se tornará forte na fé e resistente contra toda e
qualquer ação do inimigo. Caso não se aprofunde no
estudo da Palavra, ou coma o alimento sólido,
quando deve comer, o cristão ficará infantilizado na
fé necessitando novamente do básico (Hb 5:12).
“Ora, todo aquele que se alimenta de leite é
inexperiente na Palavra da justiça, porque é criança”
(Hb 5.13). E, como não tem profundidade na
Palavra, também não a pode praticar diligentemente.
Neste caso, a fé torna-se inoperante pois a fé sem
obras é morta (Tg 2:17).
Já o cristão em fase de amadurecimento que é
alimentado corretamente com o alimento sólido têm,
pela prática, as suas faculdades exercitadas para
discernir não somente o bem mas também o mal
(Hb 5:14). Isto acontece porque seus sentidos estão
aguçados para diferenciar o caminho que agrada a
Deus daquele que não agrada, por isso é fácil para
ele dizer não ao pecado sem hesitar. E este é um
princípio Bíblico: “e quero que sejais sábios para o
bem e símplices para o mal” (Rm 16:19b). Logo, o
“cristão sólido” está treinado para fazer o bem e
fortemente munido de armas para vencer o mal.
Entre uma etapa e outra na jornada cristã deve-
se ter o cuidado para não estagnar, crescer
rapidamente ou então sofrer de atrofia espiritual. O
crescimento espiritual exige exercícios e prática
contínuas para que seja normal (1 Tm 4.7b, 14-16).
O exercício e a prática da oração e do estudo da
Palavra são os principais pilares para o sucesso da
vida cristã. Veja o que o Pastor Joá Caitano fala a
esse respeito[47]:
(...) As duas colunas que sustentam a fé do
cristão [são]: a oração e o estudo da
Palavra. Sem oração, isto é, sem a
comunhão e sem o relacionamento com o
Senhor e sem instrução da Sua Palavra, o
crente se tornará doentio, raquítico, sem
forças espirituais para caminhar. É certo que
a caminhada para o céu é difícil, encontram-
se adversidades e muitos obstáculos a serem
vencidos. Só o cristão fortalecido na sua fé
será capaz de caminhar vitorioso.
O objetivo principal do crescimento
espiritual é reproduzir Cristo na vida do cristão.
Contudo, esta é uma tarefa árdua que exige
abnegação, levar cada dia a sua cruz e seguir Jesus.
Em outras palavras, um verdadeiro cristão, discípulo
fiel do Salvador, não somente imita o exemplo do
seu Mestre mas despoja-se de si mesmo para
revestir-se de Cristo (Rm 13:14).
O cristão para refletir a luz de Jesus precisa
desenvolver as virtudes cristãs até o ponto que se
tornem seu estilo de vida, isto é, seu modo de ser (1
Pe 1.3,4). Nas palavras do Apóstolo Pedro: “Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando,
fazem com que não sejais nem inativos, nem
infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor
Jesus Cristo.” (2 Pe 1:8).
As virtudes cristãs são enumeradas nas Epístolas
de Paulo aos Colossenses e na segunda Epístola de
Pedro. São elas: misericórdia, bondade, humildade,
mansidão, longanimidade, perdão, amor, paz, ações
de graças, fé, virtude, conhecimento, domínio
próprio, perseverança, piedade, fraternidade, e,
novamente, amor.[48] O amor aparece duas vezes
porque é a principal virtude e o fundamento sobre o
qual todas as outras virtudes se estabelecem.
As virtudes podem tornar-se parte do dia-a-dia
do filho de Deus, porém este, como todo ser-
humano, está sujeito a falhas. Para que as virtudes
cristãs sejam cultivadas habitualmente, é preciso
mais do que a ação humana agindo, necessita-se
sobretudo da graça divina (Rm 7:18-25). Deus
trabalha conservando e aperfeiçoando as virtudes no
cristão. Veja o que escreve o Pastor Walmir Cohen
sobre esse assunto[49]:
O objetivo do crescimento espiritual é formar
a imagem moral do Senhor Jesus em nossa
vida, através do aperfeiçoamento do novo
homem criado segundo Deus, na conversão
(Ef 4.17-24). Aprendemos que esse objetivo
só pode ser alcançado, se arrancarmos os
defeitos congênitos e outras marcas
adquiridas ao longo da vida e plantarmos em
seu lugar as virtudes cristãs (Cl 3.8-10; Jo
12.24,25; Jr 1.10).
Já que é necessário cultivar as virtudes cristãs
para refletir a imagem de Cristo também é preciso
podar as arestas das imperfeições para que a luz de
Jesus brilhe ainda mais. Este talvez seja o exercício
mais difícil para todas as pessoas e para os cristãos,
em particular. Admitir os próprios erros e defeitos
não é fácil até mesmo para o cristão mais maduro.
Isto acontece por uma questão de percepção. Os
defeitos individuais por vezes são difíceis de
enxergar pela própria pessoa já que acaba se
acostumando com eles.
Os defeitos e falhas do próximo, por outro lado,
são facilmente notados pelos outros. No entanto
existem dois conselhos bíblicos para não cairmos na
tentação de apontar os defeitos e falhas alheios e
acharmos que somos melhores que as outras
pessoas: “Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no
Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se
louva, e sim aquele a quem o Senhor louva” (2 Co
10.17,18). Além de tudo isso, a Bíblia considera
pecado julgar o próximo pois um só é Legislador e
Juiz (Tg 4:11,12). Em suma, quem quiser julgar,
que julgue a si próprio e se glorie na cruz de Cristo
(Rm 15.17; Gl 6.14).
Mas, como se pode detectar defeitos em si
mesmo? A primeira forma é fazendo um auto-exame
(1 Co 11:28a). Este método é uma análise feita pela
própria pessoa, das atitudes que tomou em
determinadas circunstâncias. O auto-exame precisa
ser realizado em um ambiente reservado onde a
pessoa fique sozinha e em paz, como se fosse fazer
uma oração. Cada atitude observada deve ser
confrontada com a Palavra de Deus a fim de
descobrir se ela foi correta ou não.
Após esta etapa, a pessoa deve escrever num
papel as conclusões do auto-exame. O próximo
passo é colocar diante de Deus tudo o que é preciso
mudar e melhorar, principalmente aquilo que
sozinho não se consegue modificar, ou seja, àqueles
defeitos que persistem na caminhada cristã.
Outra forma de detectar defeitos em si mesmo é
perguntar a uma pessoa de confiança, como um
amigo do peito, quais são os seus maiores defeitos
(Pv 27.17). Neste caso, é necessário não ficar
chateado com as revelações de suas falhas pois seu
objetivo maior é refletir Jesus. Pelo contrário, deve-
se acolher feliz a sinceridade deste amigo
verdadeiro. Uma boa ideia é pedir para o amigo
fazer uma lista das suas principais qualidades ao lado
dos principais defeitos. Assim, será possível, com a
ajuda de Deus, diminuir ou extinguir os defeitos e
aprimorar as qualidades.
Para que haja crescimento espiritual a
maledicência também deve ser não somente evitada
mas totalmente extirpada do meio cristão.[50] Um
princípio gerador de contendas é a maledicência. E
este é um pecado grave, pois a alma de Deus
abomina o que semeia contendas entre irmãos (Pv
6.19). Deus detesta a difamação pois Ele ama todas
as pessoas. O ódio de Deus em relação a isso
também se deve ao fato de que falar mal do próximo
é, em última instância, falar mal do próprio Deus
pois todo ser-humano é feito à imagem e
semelhança do Criador.
Como podemos perceber, o crescimento
espiritual não pode parar. Ele, na verdade, deve ser
contínuo para que seja saudável. Com efeito, um
crescimento constante levará ao aumento da fé em
Cristo (2 Co 10.15). É fato que nos períodos de
deserto e também nos períodos de espera pelo
cumprimento das promessas divinas, muitos
intensificam a busca pelo desenvolvimento espiritual.
[51]
Por outro lado, no período em que se recebe uma
bênção, em que se colhe os frutos das boas
sementes que foram plantadas, algumas pessoas
descuidam de seu crescimento espiritual. O ideal,
porém, é o equilíbrio, buscar sempre as coisas do
alto, nem “demais”, nem de menos.[52]
A continuidade do crescimento seja em tempos
de bênção ou deserto é garantida quando se tem um
“programa de crescimento espiritual em bases
bíblicas” juntamente com um “plano de ação” para
atingir cada objetivo estabelecido.[53] Por exemplo, o
novo convertido deve programar-se para fazer o
discipulado na sua Igreja e seu plano de ação será
comprometer-se a comparecer em todas as aulas e
esforçar-se para fazer os deveres de casa
determinados. O cristão maduro, por sua vez,
necessitado de alimento sólido para se manter, deve
estudar diligentemente a Palavra. Logo, o seu plano
de ação deve ser reservar um tempo diário para
cumprir este objetivo.
Todo tipo de cristão, novo-convertido, jovem ou
maduro na fé, esforçado em praticar a Palavra, deve
programar-se também para fazer sempre autoexames
a fim de constatar defeitos que o impedem de ser
um verdadeiro cristão e dar um bom testemunho.
Seu plano de ação deve ser orar para Deus
transformá-lo e permitir o agir Dele na área de sua
vida que precisa ser melhorada.
Definitivamente, o tempo de espera pelo
cumprimento das promessas de Deus nunca deve ser
um tempo improdutivo. Há propósitos que precisam
ser alcançados durante este período de espera. Um
desses propósitos é buscar o crescimento espiritual.
É claro que essa busca precisa ser saudável para que
o crescimento ocorra. Saudável no sentido de que
essa busca deve ser serena, racional, na medida certa
e não abrupta, emocional e feita de qualquer jeito.[54]
E é justamente na disciplina da espera da Escola de
Deus que se aprende a buscar com mais seriedade o
crescimento espiritual e chega-se, efetivamente a um
novo patamar espiritual. E, a partir deste novo
patamar, uma nova busca de crescimento espiritual
se inicia e assim sucessivamente até que um dia se
atinja a medida da estatura da plenitude de Cristo
(Ef 4:13).
O crescimento espiritual abrange vários aspectos
como crescer na graça e conhecimento do Senhor
Jesus, consagrar-se a Deus, encher-se do Espírito,
mortificar a carne ou fazer morrer os desejos da
natureza humana, produzir tanto os frutos do
Espírito como frutos na obra de Deus, santificar-se,
demonstrar virtudes cristãs, ser um cristão
verdadeiro, liberar perdão, entre outros. Alguns
aspectos serão abordados nesta lição enquanto
outros serão tratados no decorrer deste livro.
Antes de analisar parte dos aspectos relativos ao
crescimento espiritual, é importante compreender
porque é preciso ter este crescimento. No momento
em que o pecador arrependido dos seus pecados
confessa Jesus como único e suficiente salvador da
sua vida, ele é salvo pela fé em Cristo e torna-se
filho de Deus. Contudo, uma vez salvo, ele precisa
ser fiel até o fim para receber a coroa da vida.[55]
Assim, fidelidade a Deus consiste em continuar
seguindo no caminho da salvação. [56]
O caminho da salvação é o crescimento
espiritual alicerçado na Palavra de Deus.[57] Não é
por acaso que a Bíblia afirma que o Reino dos céus
é tomado por esforço bem como adverte-nos a
entrar pela porta estreita pois apertado é o caminho
que conduz para a vida (Mt 11:12; 7:13,14). Jesus
depois de ressurreto e antes de ser assunto ao céu
disse aos discípulos: “Quem crer e for batizado
será salvo; quem, porém, não crer será
condenado.” (Mc 16:16). Nesta passagem o Mestre
usa a conjunção aditiva “e” para chamar atenção ao
fato de que primeiro dever-se-ia crer para ser salvo e
depois ser batizado. A necessidade de ser batizado
mesmo após já se ter crido aponta para a igual
necessidade de obter crescimento espiritual para
continuar salvo. Então, o primeiro motivo pelo qual
é preciso buscar crescimento espiritual é a própria
salvação.
O segundo motivo pelo qual é preciso buscar
crescimento espiritual é para frutificar. Toda árvore
precisa crescer para dar fruto, da mesma forma o
cristão necessita de crescimento espiritual para ser
útil no Reino de Deus. E este só vai ocorrer na vida
do cristão que está ligado a videira verdadeira, Jesus
Cristo. A produção de frutos para o Reino de Deus é
tanto consequência da ligação com a videira como é
condição para permanecer nela: “Todo ramo que,
estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo
o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto
ainda.” (Jo 15:2).
Para frutificar o cristão deve fazer morrer sua
natureza terrena e fazer a vontade de Deus (Cl 3.1-
10). Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo:
se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica
ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo
12:24). Veja o que dizem Radmmacher (2010)
sobre esse assunto[58]:
Se o grão de trigo […] não morrer. Quando
uma semente morre, ela produz frutos. A vida
vem da morte. Tal princípio é aplicável não
apenas na natureza, mas também no âmbito
espiritual. Jesus se referia a si mesmo. Ele é o
grão de trigo. Sua morte produziria muitos
frutos e resultaria em muitas vidas para Deus.
Quanto maior o crescimento espiritual do cristão,
mais ele produzirá frutos para Deus. Produzir frutos
no Reino de Deus é obrigação do cristão enxertado
na videira pois Jesus escolheu discípulos e os
designou para dar fruto e o seu fruto permaneça (Jo
15.16). Ademais, aquele que transborda de pleno
conhecimento da vontade de Deus, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual, vive de modo
digno do Senhor, para o seu inteiro agrado,
frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus (Cl 1.9,10).[59]
Há ainda uma questão importante relacionada
aos frutos. Ninguém consegue medir o crescimento
espiritual de si mesmo ou de outra pessoa. Só quem
sabe, dá e vê o crescimento é Deus: “De modo que
nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento.” (1 Co 3:7).
Apesar disso, é possível saber se está havendo
crescimento espiritual quando se produz os frutos da
justiça (Mt 7.17-20). O fruto pode ser entendido
como o fruto do Espírito, a prática das virtudes
cristãs, das boas obras, do cristianismo verdadeiro,
enfim, a prática da Palavra de Deus.
Em resumo, produzir frutos é uma obrigação de
todo cristão em comunhão com Cristo e apresentar
um crescimento espiritual com base na Bíblia e
saudável é mandamento (Ef 4:15). O cristão
também precisa permitir que Deus produza o fruto
do Espírito no seu interior para que possa refleti-lo
em todas as suas ações. Mas, a produção de frutos
para a honra e glória do Senhor só será possível
quando se busca crescimento espiritual, isto é, na
medida em que se estreita a comunhão com Cristo
(Jo 15.5).
O terceiro motivo pelo qual é preciso buscar
crescimento espiritual é achar-se preparado para a
vinda do Senhor. Jesus descreveu uma excelente
parábola a esse respeito. Segundo o Mestre, o Reino
dos céus será semelhante a dez virgens que,
tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se
com o noivo (Mt 25: 1-13). Contudo, cinco delas
eram néscias enquanto outras cinco eram prudentes.
Estas, ao contrário das néscias, além das suas
lâmpadas levavam azeite nas suas vasilhas.
Devido a demora do noivo, as virgens foram
tomadas de sono e adormeceram. Porém, quando
chegou o noivo inesperadamente a meia-noite, as
virgens prudentes, porque estavam preparadas para a
sua chegada, entraram com ele para as bodas. Ao
contrário das virgens néscias que, não tinham azeite
e tiveram que ir comprá-lo. As virgens néscias,
desatentas e despreparadas para a chegada do noivo,
não foram reconhecidas pelo Senhor.
As virgens prudentes representam aqueles que
buscam o crescimento espiritual enquanto que as
virgens néscias representam quem ignora a
necessidade de crescimento espiritual para
desenvolver sua salvação (Fp 2.12). Jesus conclui a
parábola alertando para a importância de vigiar para
que na sua volta Ele encontre seus filhos preparados
ainda que dormindo. Esta expressão “ainda que
dormindo” traz a ideia de que mesmo descansando
após um dia ou uma semana inteira de trabalho, o
filho de Deus vigilante possui azeite na sua vasilha.
[60]

O azeite na parábola representa tanto o


combustível necessário para iluminar o caminho
como é um dos símbolos do Espírito Santo e, neste
caso, representa unção ou poder. Portanto, para
entrar no Reino de Deus é preciso estar cheio do
Espírito: “E não vos embriagueis com vinho, no qual
há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.” (Ef
5:18). Por essa razão encher-se do Espírito é um
mandamento na Bíblia (Ef 5:18). E, porque é um
mandamento deve ser obedecido para a glória de
Deus e também para agradá-Lo pois claramente
trata-se de fazer a vontade do Senhor.[61] Dessa
forma, é preciso buscar ser cheio do Espírito, pois
Deus não encherá quem não quer ou não pede para
ser cheio ainda que a Bíblia advirta para o fato de
que estar cheio do Espírito faz parte do caminho da
Salvação.
A Bíblia afirma que os mandamentos de Deus
não são penosos, isto é, eles indicam o que é o
melhor para o ser humano (1 Jo 5:3). Entendemos
daí que cabe a cada um decidir se irá obedecer e
guardar os mandamentos de Deus sabendo que estes
representam o amor Dele pelo ser-humano, ou seja,
Sua vontade de que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1 Tm
2:4).
Surge então a pergunta, o que é ser cheio do
Espírito? Ser ou estar cheio do Espírito é ter uma
comunhão perfeita com Deus, de tal modo que se
compreende a voz, a vontade e a direção do Senhor
claramente. É um estado no qual sente-se a presença
de Deus de forma intensa e não há impedimentos
para o agir Dele através do cristão cheio do Espírito.
Veja a definição dada pelo Pastor. Gesiel Gomes[62]:
Ser cheio do Espírito significa obter uma
experiência especial com o próprio Deus,
mediante a participação efetiva da virtude,
da operação, do fruto, dos dons e do
ministério do Espírito Santo. Ser cheio do
Espírito significa simplesmente ser um
homem espiritual, sem compromissos com as
ofertas, prazeres, concupiscências e ilusões
deste mundo (1 Co 2.16).
Há também outras razões importantes pelas
quais o cristão deve ser cheio do Espírito: para
anunciar a Palavra de Deus com ousadia (At 4:31);
é um dom Celestial (At 10.45); para ser cheio do
gozo celestial (At 13:52); para ensinar e pregar Jesus
(At 5:42); dar testemunho da ressurreição de Jesus
(At 4:33); para Deus operar prodígios e grandes
sinais através dos cristãos (At 5;12, 6:8); para
frutificar na obra de Deus (At 6:3); para vencer a
oposição (At 6:10), ou seja, o próprio Espírito
convence os que o contradizem (Tt 1:9). Além disso
tudo, o cristão cheio do Espírito entende e faz a
vontade de Deus (At 16:6,7). Segundo Nicodemus
(2007) “uma pessoa que é controlada pelo Espírito
Santo terá suas palavras, suas ações, suas reações e
seus sentimentos de tal maneira influenciados pelo
Espírito Santo, que eles refletirão o caráter santo do
Espírito”.[63]
Há uma diferença entre estar um pouco cheio do
Espírito, cheio ou em plenitude do Espírito e o
transbordar do Espírito.[64] Um pouco cheio do
Espírito é a condição de possuidor do selo do
Espírito por aquele que entregou sua vida a Cristo e
permanece fiel a Ele. Este selo do Espírito garante a
entrada do cristão no céu (Ef 4:30). No entanto, o
cristão encontra-se um pouco cheio do Espírito
porque está cheio de outras coisas das quais precisa
esvaziar-se tais como, desejos da carne, sua própria
vontade imperfeita, orgulho, ego e outras coisas
desse tipo.[65]
O cristão cheio do Espírito é aquele que permite
o Espírito Santo transformar o que for preciso na
sua vida e no seu caráter para refletir melhor a
imagem de Cristo (Gl 5.22,23). Ele também dá lugar
para o Espírito, ou seja, é controlado por Ele (Gl
5.25). Segundo Meyer (2012), “ser cheio do
Espírito Santo significa viver a nossa vida para a
gloria e o prazer de Deus, e não para a nossa própria
gloria e prazer. Significa abrir mão da vida que
havíamos planejado e descobrir e seguir o Seu plano
para nós”.[66]
O transbordar do Espírito refere-se a experiência
do batismo com o Espírito Santo, o chamado
revestimento de poder. Esta experiência é
incomparável, porém, para compreender melhor, ela
seria equivalente ao fluir intenso de Deus no interior
do cristão num curto espaço de tempo: “Quem crer
em mim, como diz a Escritura, do seu interior
fluirão rios de água viva.” (Jo 7:38). Evidentemente,
precisa-se estar muito cheio do Espírito para
transbordar Dele.
O batismo com o Espírito Santo é uma
experiência espiritual profunda.[67] A evidência deste
batismo é o cristão falar em línguas estranhas pela
primeira vez.[68] Contudo, isso não garante que ele
continue falando em línguas estranhas após ser
batizado pois é um dom espiritual distribuído como
apraz ao Espírito (1 Co 12:11). Há ainda outras
evidências secundárias ou complementares do
batismo com o Espírito Santo. Alguns cristãos no
momento em que estão sendo batizados choram de
alegria, outros “marcham”, batem palmas ou
movimentam o corpo rapidamente. Meyer (2012)
argumenta que as evidências do batismo vão além
das já mencionadas anteriormente: [69]
As evidências mais importantes da vida cheia
do Espírito são a mudança de caráter e o
desenvolvimento do fruto do Espírito Santo
descritos em Gálatas 5: 22-23. Deus batiza
as pessoas com o Espírito Santo para
capacitá-las a viver para Ele. Se não
estiverem fazendo isso, elas não estão
demonstrando a evidência adequada do
batismo no Espírito Santo. Falar em línguas
era uma das evidências do derramamento do
Espirito Santo no Pentecostes, mas a
evidência mais importante foi então e sempre
será, homens e mulheres
transformados.
O mais importante no batismo com o
Espírito Santo é o que ele produz na vida do cristão.
Há uma verdadeira mudança no serviço na obra de
Deus, pois o discípulo é promovido a um novo nível
espiritual, sendo assim, seu ministério de testemunha
de Jesus em todos os lugares é oficialmente iniciado
(At 4.8). Veja o que relata o Pr. Walmir Cohen: “o
crente é tomado de gozo espiritual e passa a fluir em
línguas estranhas, o que desata o crente de suas
amarras de timidez e o introduz no movimento do
Espírito e nas operações carismáticas.”[70] Meyer
(2012) para a necessidade de se estar preparado
para mudanças importantes [71]:
Para receber o batismo no Espírito Santo,
uma pessoa precisa estar pronta para
obedecer ao Espírito Santo, a deixar de lado
um estilo de vida direcionado para si mesma.
(...) Quando você pede o batismo no Espírito
Santo, deve estar pronto para mudanças, as
quais sempre exigem novos níveis de
obediência. Deus pode chamá-lo para fazer
algo especial para Ele que exigirá
obediência. À medida que o Espírito Santo
direcioná-lo, você pode ter de se separar das
influências que envenenam a sua vida, ou
mudar alguns padrões de comportamento
que não glorificam a Deus.
O transbordar do Espírito Santo também pode
referir-se ao poder do Espírito transmitido de uma
pessoa para outra sem impedimento algum (Lc.
1.39-44). Pearlman (2009) afirma que existem
unções ou preenchimentos para ocasiões especiais e
dá os exemplos do Apóstolo Paulo que recebeu uma
unção especial para resistir ao mágico Elimas,
descrito em Atos 13; o Apóstolo Pedro, que recebeu
essa unção quando esteve diante das autoridades e
lideres do povo em Jerusalém, estória citada em
Atos 4.8; e os discípulos, cuja mesma unção
especial foi concedida a fim de fortalecê-los contra a
oposição dos lideres judaicos, narrada em Atos 4.31.
Já que é uma experiência que promove o
crescimento espiritual, o que o cristão precisa fazer
para encher-se do Espírito até transbordar? O
primeiro modo para isso é esvaziar-se de si mesmo
para ser cheio da água viva (Jo 4.10-14). Esvaziar-se
não significa anular a si próprio mas mortificar os
desejos da carne para que Deus possa habitar: “mas
revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais
para a carne no tocante às suas concupiscências.”
(Rm 13:14).
Há uma luta entre a carne e o espírito que deve
ser sempre vencida pelo espírito do cristão (Gl
5.17). Os que estão na carne não podem agradar a
Deus porque o pendor da carne é inimizade contra
Ele (Rm 8.5-8). Logo, é preciso fazer morrer os
desejos da natureza humana e fugir da impureza,
pois ela é um pecado contra o próprio corpo (1 Co
6.18).
O segundo modo de encher-se do Espírito até
transbordar é por meio da humildade. O dom mais
precioso de Deus será dado para aquele que for
humilde. Além disso, o batismo com o Espírito é
uma exaltação da parte do Senhor. Portanto, o
cristão deve humilhar-se sob a poderosa mão de
Deus para que Ele o exalte em tempo oportuno (1
Pe 5.6).[72] É ainda necessário que o cristão busque o
batismo com o Espírito Santo e também reconheça
que somente Jesus pode batizá-lo com o Espírito
Santo e com fogo (Mt 3.11).
O terceiro modo de encher-se do Espírito até
transbordar é obedecer ao Senhor. Jesus mandou os
discípulos permanecerem em Jerusalém até que do
alto fossem revestidos de poder. Eles foram
obedientes e fizeram como o Mestre havia pedido:
“Então, eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém,
tomados de grande júbilo.” (Lc 24:52).
O quarto modo de encher-se do Espírito até
transbordar é ouvindo a Palavra de Deus: “Ainda
Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito
Santo sobre todos os que ouviam a palavra.” (At
10:44). Jesus irá batizar os cristãos que estão
alimentados pela verdade: “Quando, porém,
comecei a falar, caiu o Espírito Santo sobre eles,
como também sobre nós, no princípio. Então, me
lembrei da palavra do Senhor, quando disse: João,
na verdade, batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo.” (At 11.15,16).
O quinto modo de encher-se do Espírito até
transbordar é através da adoração ao Senhor em
espírito e em verdade. Os discípulos esperaram o
cumprimento da promessa do envio do Consolador
frequentando a Casa de Deus e adorando: “e
estavam sempre no templo, louvando a Deus.”(Lc
24:53). No entanto, de nada adianta dar glórias a
Deus visando apenas o batismo. O Senhor sonda os
corações, por isso, a adoração deve ser feita com
sinceridade e não por interesse. O cristão que quer
ser revestido de poder será batizado com o Espírito
Santo porque adora a Deus de forma pura e santa.
O sexto modo de encher-se do Espírito até
transbordar é por meio da unidade. O Espírito Santo
se move quando há unidade, ou seja, um só
propósito, união entre os irmãos, concordância nas
orações da Igreja e amor (Sl 133). Os discípulos
estavam reunidos no mesmo lugar no dia de
Pentecostes quando desceu o Espírito Santo sobre
eles e todos passaram a falar em outras línguas (At
2: 1-4). Eles não estavam dispersos, mas unidos
num mesmo propósito: esperar pelo cumprimento
da promessa do Pai.
O sétimo modo de encher-se do Espírito até
transbordar é orar e jejuar: “Tendo eles orado,
tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos
ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez,
anunciavam a palavra de Deus.” (At 4:31). O
Apóstolo Paulo também esteve em jejum antes de
ser batizado (At 9:9). Para receber o dom do
Espírito, o melhor de Deus, também é preciso pedir
(Lc 11:13).
O oitavo modo de encher-se do Espírito até
transbordar é pela imposição de mãos. Após
Samaria receber a Palavra de Deus, os apóstolos
enviaram Pedro e João para esta cidade. Descendo
para lá, os dois apóstolos oraram pelos samaritanos
para que recebessem o Espírito Santo e, ao colocar
as mãos sobre eles, os mesmos receberam a
promessa: “Então, lhes impunham as mãos, e
recebiam estes o Espírito Santo.” (At 8:17).
O nono modo de encher-se do Espírito até
transbordar é fazer a obra de Deus. O apóstolo
Paulo antes de ser batizado com o Espírito Santo
levantou-se para fazer a obra e atender o seu
chamado (At 9:18). É claro que, para ser batizado
com poder o cristão deve atentar para todos os
modos citados e reconhecer que o batismo com o
Espírito Santo é uma experiência profunda que
capacita solenemente o cristão com poder para
testemunhar Cristo em todos os lugares (At 1.8).[73]
O consagrado autor Augustus Nicodemus (2007),
em seu livro Cheios do Espírito, orienta a Igreja
sobre como ser cheia do Espírito, ela deve resolver o
problema do pecado e usar os meios da graça.[74]
Após ter sido cheio do Espírito até transbordar,
o cristão precisa manter-se cheio do Espírito. Esse
cuidado deve ser tomado porque é possível apagar o
Espírito (1 Ts 5:19) e também porque o
mandamento do Senhor é para permaneçamos
cheios do Espírito continuamente, isto é, todos os
dias (Ef 5.18b). Mas, como o cristão permanece
muito cheio do Espírito até a borda? A resposta é:
tendo uma vida santa e consagrada ao Senhor; não
olhando para trás porém para o autor e consumador
da fé: Jesus; tendo uma vida de oração, entre outros.
Segundo Meyer (2010) [75],
Podemos fazer isso falando a nós mesmos (por
palavras e pensamentos) ou aos outros (por
palavras) com salmos e hinos e cânticos
espirituais. Precisamos manter nossos
pensamentos e palavras cheios da Palavra de
Deus, oferecendo-lhe continuamente o nosso
louvor e dando graças a Ele.
Em resumo, para permanecer muito cheio do
Espírito deve-se continuar obedecendo e fazendo a
vontade de Deus aqui na Terra.
A obediência a Deus é tanto a prova da
maturidade cristã como a prova de que o cristão
permanece cheio do Espírito até a borda. De fato,
aquele que obedece o Senhor, fazendo a Sua
vontade, irá crescer, amadurecer e receberá, no final
da sua caminhada, a coroa da justiça (2 Tm 4.8).
Portanto, a obediência é um dos caminhos para se
obter crescimento espiritual. Porém, quando se
chega ao estágio da maturidade cristã não quer dizer
que o cristão chegou ao fim do caminho. A
diferença é que ele estará no mesmo caminho, Jesus,
sob a direção de Deus, mas o seu modo de ver a
vida será diferente.
Certamente, o cristão maduro será mais paciente
do que o cristão novo na fé. Enquanto este, ao
receber um “não” de Deus será tentado a negar a
sua fé, aquele saberá que o “não” de Deus é o
melhor para a sua vida neste momento e na situação
pela qual está passando. O cristão maduro também é
mais experiente. As perseguições, ao invés de
desanimá-lo produzem o efeito oposto, elas o
impelem a continuar a trabalhar cada vez mais na
obra de Deus.
Outro caminho para se obter o crescimento
espiritual é seguir a verdade em amor (Ef 4:15).
Seguir a verdade é seguir a Cristo e a Palavra de
Deus. Seguir em amor é seguir em Deus pois Deus é
amor. Em suma, é praticar a Palavra e o exemplo de
Jesus tendo por base o amor.
Para concluir a lição cante o louvor “Junto a
Ti”[76] e faça a oração abaixo.

Oração
Senhor, rendo graças a Ti, eu Te louvo porque
abriste os meus olhos para o mandamento “enchei-
vos do Espírito” e ensinaste como posso encher-me
do Espírito Santo até trasbordar e como
permanecer cheio. Ajuda-me Senhor a aplicar esses
ensinamentos em minha vida. Batiza-me com o
Espírito Santo e usa-me. Em nome de Jesus,
Amém.
CAPÍTULO 4
É tempo de se consagrar

“Disse ainda Ezequias: Agora, vos


consagrastes a vós mesmos ao SENHOR;
chegai-vos e trazei sacrifícios e ofertas de
ações de graças à Casa do SENHOR.” (2 Cr
29:31)
Os dias são maus, nos alerta a Bíblia (Ef 5:16).
O mundo está cada vez mais preso ao pecado. A
única luz que brilha neste mundo em trevas é a luz
de Jesus através dos cristãos. Estes, por sua vez, só
vão fazer esta luz brilhar se tiverem uma vida
consagrada a Deus. Como advertiu o Apóstolo
Paulo, a nossa salvação está mais perto do que
quando se aceitou a fé (Rm 13:11). Assim,
urgentemente é tempo de consagrar-se.
Consagrar-se a Deus significa dedicar-se a Ele.
Isso só é possível através de uma vida santa para a
glória do Senhor, ou seja, separada do mundo
mesmo morando nele porque os discípulos de Jesus
não são do mundo: “Eu lhes tenho dado a tua
palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do
mundo, como também eu não sou.” (Jo 17:14).
Consagrar-se é dizer não as paixões mundanas e
suas concupiscências, é vigiar e orar em todo o
tempo e permitir ser usado por Deus onde e quando
for preciso (1 Jo 2.16).[77]. Além disso, o cristão
consagrado é um exemplo a ser seguido, sendo
portanto, capaz de condenar as más obras do mundo
(Ef 5:11).
Consagrar-se a Deus não é viver mais para si
mesmo mas para fazer a vontade de Deus (Jo 4:34).
Este é um ato de entrega total, sublime submissão e
louvor, em que se admite que Deus é o Rei dos reis
e Senhor dos senhores de sua vida. Também é um
ato de servir aos homens, pois estes são criaturas de
Deus. Segundo Baunard (2003), “(...) consagrar-se
a Deus equivalia a dedicar-se aos homens.”.[78] Em
outras palavras, é servir aos homens como Jesus fez:
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos.” (Mc 10:45).
O cristão consagrado a Deus imita Jesus em
obediência ao mandamento bíblico: “Sede, pois,
imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5:1).
Por isso, o cristão consagrado é manso e humilde,
parecido com o seu Senhor. Ele considera cada um
superior a si mesmo e não tem em vista o que é
propriamente seu mas também o que é dos outros
(Fp 2:3,4). O cristão consagrado desfruta de
intimidade com Deus, de ampla comunhão e recebe
grandes revelações. Ele também não teme mal
algum porque está no centro da vontade de Deus e
goza de descanso em sua alma (Sl 23.2,3). A pessoa
consagrada ao Senhor carrega a sua cruz ao mesmo
tempo em que toma o jugo suave e o fardo leve de
Cristo (Mt 11:28-30).
Como o cristão pode consagrar-se a Deus? O
primeiro passo é renovando sua aliança com o
Senhor. No matrimônio, um casal geralmente renova
os votos de amor e cumplicidade de tempos em
tempos. Esta é uma forma de manter acesa a chama
do amor. Da mesma maneira, o cristão, para
consagrar-se, precisa fazer votos de fidelidade a
Deus, entregar sua vida nas mãos Dele todos os
dias, confessando-O como seu Rei, Senhor e Deus
em suas orações.
A cerimônia de consagração pode ser feita pelo
cristão no seu aposento, durante seu momento
devocional de louvor e oração. Contudo, assim
como no casamento, esta cerimônia é mais bonita
quando é realizada na Igreja (2 Cr 29: 28-31). Por
esse motivo, existem os chamados cultos de
consagração, em que são reapresentadas a Deus as
vidas presentes. Nestes cultos especiais há um mover
tremendo do Espírito Santo, distribuindo dons,
santificando, batizando e revestindo das armaduras
de Deus. O grande mover do Espírito deve-se
sobretudo a unidade, pois todos estão com um só
coração no propósito de entregar-se mais a Deus.
O segundo passo para consagrar-se é se mostrar
disponível para a obra de Deus. O cristão
consagrado naturalmente deseja trabalhar na obra do
Pai naquilo que Ele designar. O Senhor não se
agrada de quem trabalha na obra porque se sente
obrigado seja porque não quer enterrar seus dons e
sofrer as consequências seja porque quer preencher
seu tempo livre. O modo correto de servir a Deus é
com reverência e santo temor, não somente por
simples obrigação (Hb 12:28). No entanto, Deus
espera que o cristão faça a obra por amor e
obediência a Sua Palavra. Há uma sutil diferença
entre uma coisa e outra. Aquele que faz a obra
forçado, por outros motivos que não sejam o amor,
a faz relaxadamente, enquanto quem faz por amor e
obediência trabalha na obra com excelência.
Todo o cristão tem um chamado para a obra.
Ele mostra-se disponível quando faz declarações
para Deus nas orações tais como: “Eis-me aqui”, “O
que queres que Te faça?” e “Envia-me a mim”. O
papel do servo de Deus é sinalizar positivamente
para o serviço cristão e o papel do Senhor é
capacitá-lo. Ambas as coisas vem da consagração:
“Assim, se estabeleceu o ministério da Casa do
Senhor” (2 Cr 29:35b). De fato, Deus operara seus
milagres e maravilhas por meio de vasos de honra
consagrados a Ele. Veja o que diz Baunard (2003)
[79]
:
Se houver em qualquer parte, mesmo que
seja no oculto de um casebre, em uma rua de
uma aldeia perdida, atrás de uma montanha
ou no fundo de um bosque alguém que tenha
desejo sincero de servi-lo, é lá que ele fará a
convocação para sua Seara; é lá que ele
derramará sobre a cabeça desse servo a
unção que o capacitará para Sua obra.
Os cristãos que não querem pagar o preço da
santidade, fidelidade e obediência a Deus
permanecerão nos bancos da Igreja até tomarem a
atitude de consagrar-se.[80] Contudo, quando
despertarem para a necessidade da consagração,
Deus os levantará para a obra. Dessa forma, a
consagração depende principalmente da atitude do
cristão. Certamente o Senhor honrará aqueles que O
honram (1 Sm 2:30).
Permanecer sempre sentado nos bancos da
Igreja sem despertar para a obra é o mesmo que
necessitar do leite espiritual, isto é, ter que aprender
novamente as doutrinas fundamentais, quando
deveria até estar ensinando sobre elas (Hb 5.12).
Outro problema com relação a essa letargia espiritual
é retardar as promessas de Deus. O cristão precisa
entender que as promessas são cumpridas quando o
Reino de Deus é envolvido.[81] Embora Deus realize
Suas promessas para cumprir seus propósitos,
também o faz para fazer felizes seus servos mas, o
principal motivo do cumprimento das promessas
pelo Senhor, é para a glória Dele se manifestar na
Terra. Assim, permanecer nos bancos da Igreja sem
levantar-se para a obra é cerrar os céus para o
cumprimento das promessas de Deus (Ag 1: 9,10).
Obviamente o extremo oposto também precisa
ser evitado. Levantar-se para a obra e nunca sentar
nos bancos da Igreja para aprender e alimentar-se da
Palavra como se já soubesse de tudo é um dos
maiores erros que o cristão pode cometer. Isto
porque fatalmente este cristão enfraqueceria na fé
por não ouvir a Palavra pois, aquele que trabalha
nos cultos geralmente não consegue prestar atenção
nas ministrações porque está ocupado no seu serviço
(Rm 10.17). A continuidade do trabalho na obra do
Senhor pelo cristão, depende do fortalecimento na
força do poder de Deus, da unção derramada na
Igreja e da fé, vinda da Palavra (Rm 10.17).
Consagrar-se a Deus é o primeiro degrau que o
cristão deve subir para que a glória da segunda casa
seja maior do que a da primeira, isto é, para que
venha “o novo de Deus”. Por esse motivo
consagrar-se é reconstruir, reformar ou decorar o
templo do Senhor, a nossa vida (Ag 1:9). Mas
existem outros dois degraus que o cristão precisa
subir. O segundo degrau que o cristão deve subir é
ter compromisso com a Palavra. Deus só tem
compromisso com a Sua Palavra, portanto, para ver
a glória do Senhor na sua vida, o cristão deve se
esforçar para ser um obreiro aprovado, que maneja
bem a palavra da verdade, ou seja, conhece e pratica
os ensinamentos bíblicos (2 Tm 2.15 ; Tg 1.22).
O terceiro degrau que o cristão deve subir para
que a glória da segunda casa seja maior do que a da
primeira é deixar o que passou para trás e olhar para
frente (Ag 2:3). Chega um momento crítico na vida
do cristão, chamado deserto, no qual ele vai pensar
que está derrotado porém, no fim dele, há uma
grande vitória de Deus. No entanto, no deserto a
tentação de olhar para trás é grande. É preciso ser
valente para perseverar até o fim, pois o cristão no
deserto pode achar que se estivesse “no mundo”
estaria em melhor situação. Evidentemente essa é
uma mentira do inimigo que sorrateiramente planta
sofismas na mente do não vigilante. Logo, o cristão
precisa olhar para frente, pois a glória da segunda
casa não se comparará com a glória da primeira,
cujo fim foi a ruína. Por outro lado, a segunda casa
terá coisas preciosas de todas as nações e paz (Ag
2:7,9).
Em suma, por todos os motivos apresentados e
ainda outros que não foram, é tempo de se
consagrar a Deus. Conclua esta lição cantando o
louvor “Consagração”[82] e faça a oração abaixo.

Oração
Senhor amado, Tu és meu único Deus e Senhor,
por isso eu Te louvo porque és digno de toda a
honra e glória. Santo Deus consagro minha vida
mais e mais a Ti, recebe no Teu altar tudo o que
sou e o que possuo. Senhor, unge-me e santifica-
me para que eu dê o melhor testemunho a Ti, para
que possa vencer o mundo como fizestes e possa
ser usado onde e quando o Senhor quiser. Eis-me
aqui Senhor! O que queres que eu Te faça? Envia-
me a mim. Em nome de Jesus, Amém.
CAPÍTULO 5
É tempo de aprender a ouvir a voz de Deus

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu


as conheço, e elas me seguem.” (Jo 10:27)
Existem muitas pessoas que não ouvem a voz de
Deus porque estão com os ouvidos agravados,
mortos espiritualmente pois não reconheceram ainda
Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. Há
ainda outras pessoas que aceitaram Jesus mas não
aprenderam a ouvir a voz santa de Deus. Entretanto,
existiram e existem várias pessoas que já ouviram a
voz de Deus. A Bíblia revela que a voz do Senhor é
como voz de muitas águas (Ap. 1.15), ou seja, Ele
fala de várias formas às pessoas todos os dias, como
escreveu Meyer (2016)[83]:
Deus fala conosco de muitas maneiras. Estas
são apenas algumas formas, mas Ele não
está limitado a elas: a Sua Palavra, a
natureza, as pessoas, as circunstâncias, a
paz, a sabedoria, a intervenção sobrenatural,
os sonhos, as visões, e o que chamamos de
testificação interior. A testificação interior
pode ser melhor descrita como aquela
“certeza” dentro de nós. Ele também fala
através do que a Bíblia chama de uma voz
mansa e suave, que acredito também se
referir a esta testificação interior. Deus
também fala através da nossa consciência,
dos nossos desejos, e de uma voz audível.
A Bíblia é repleta de estórias de pessoas que
ouviram a voz de Deus e obedeceram e de pessoas
que ouviram a voz de Deus e desobedeceram. Trata-
se, portanto, de uma escolha entre obedecer ou
desobedecer a voz do Todo-Poderoso. A Palavra
afirma que a desobediência leva a morte e a
obediência leva a vida (Dt 30:15-20). O jovem
Samuel ouviu e obedeceu a voz do Senhor, por isso
foi grandemente recompensado tornando-se um
consagrado profeta (1 Sm 3:20). Por outro lado,
Jonas, filho de Amitai, ouviu a voz do Senhor mas
escolheu desobedecer, sofrendo, por isso, as
consequências de sua desobediência (Jn 1.1,2). Veja
o que escreveu Johnson (2011)[84]:
Uma das características mais importantes para
ser ministro perante o Senhor é ter entusiasmo
pela voz de Deus. Ele fala para nos purificar,
para nos qualificar e nos tornar aptos para nos
aproximarmos dele. Rejeitar sua voz é rejeitar
sua face, como se rejeita a oportunidade de um
autêntico relacionamento com ele.
A decisão de Jonas de fugir da presença do
Senhor sujeitou não somente ele mas os que
estavam com ele a sofrer o castigo de Deus. Como
narra a Bíblia, o navio em que se encontrava Jonas
estava prestes a se despedaçar por causa da
tempestade formada por um forte vento que o
Senhor lançou sobre o mar (Jn 1.4). A tripulação
lançando sortes soube que por causa de Jonas
sobreveio este mal a eles (Jn 1.7).
Jonas, então, disse para a tripulação que fugia da
presença do Senhor e, para o mar se acalmar, era
preciso lançá-lo nele (Jn 1.10,11). Os homens
lançaram Jonas ao mar e este cessou a sua fúria (Jn
1.15). No entanto, a estória continua, o servo
desobediente foi engolido por um grande peixe por
mandato do Senhor (Jn 1.17). Jonas esteve três dias
e três noites no ventre do peixe, onde orou a Deus
(Jn 2.1-9). A oração de Jonas subiu aos ouvidos do
Altíssimo que falou ao peixe e este vomitou Jonas
na terra (Jn 2.10).[85]
Quando tomou sua equivocada decisão de
desobedecer a Deus, Jonas não parou para pensar
que o Senhor ia com ele a Nínive, ou seja, que iria
garantir o sucesso de sua missão. De fato, após
Jonas se arrepender e finalmente obedecer a voz de
Deus, foi pregar em Nínive, onde obteve êxito. Por
causa da pregação de Jonas os ninivitas creram em
Deus, se converteram dos seus maus caminhos e
Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria,
e não o fez (Jn 3: 5,10).
A diferença entre a estória de Samuel e Jonas
revela claramente que o melhor é obedecer a voz, a
instrução e a vontade divina. Os servos de Deus
devem, portanto, agir de acordo com esta Palavra:
“Seja ela boa, ou seja má, à voz do SENHOR nosso
Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, para que
nos suceda bem, obedecendo à voz do SENHOR
nosso Deus.” (Jr 42:6). No livro de Deuteronômio
no capítulo vinte e oito, Deus dá dezenas de razões
ao seu povo para não desobedecer a voz dEle e pelo
menos doze excelentes razões para obedecer.[86]
O fato de haver mais castigos para a desobediência
do que bênçãos para a obediência nessa passagem
sugeria que o melhor era obedecer, pois o oposto
traria muitos males. Além disso, como as bênçãos de
Deus são incomparáveis, a menor quantidade delas
seria compensada pela qualidade que não se pode
medir.
Dentre as bênçãos decorrentes da obediência a
voz de Deus e o cuidado de guardar todos os seus
mandamentos pelos israelitas destacavam-se a
exaltação dos servos obedientes sobre todas as
nações da terra, a abundância de bens e a abertura
do bom tesouro de Deus, o céu. Já na outra
extremidade, os castigos da desobediência, eram
maldições realmente severas para que não houvesse
dúvidas de que o melhor era obedecer a voz do
Senhor.
Mesmo com esta série de rigorosos castigos,
Deus “ainda seria bom” pois Ele estava apontando
para seus escolhidos o caminho em que deveriam
andar, como um pai que quer o melhor para os seus
filhos (Dt 28:14). Os castigos somente sobreviriam
sobre os desobedientes, logo, isso não faria de Deus
um Ser ruim, mas um Ser justo.[87] Em sua bondade,
Deus deixou que cada um deles fosse responsável
por suas escolhas, mas esperava que fizessem a
melhor delas: “Os céus e a terra tomo, hoje, por
testemunhas contra ti, que te propus a vida e a
morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida,
para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30:19).
Após o povo israelita afirmar que ouviria o
conselho do Grande EU SOU e o cumpriria, não foi
por acaso que o Senhor disse: “Quem dera que eles
tivessem tal coração, que me temessem e
guardassem em todo o tempo todos os meus
mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a
seus filhos, para sempre!.” (Dt 5:29). Assim, os
servos de Deus precisam dispor o coração para
atender a vontade de Deus. Evidentemente, este é
um exercício diário pois muitas são as aflições do
justo (Sl 34.19).
Apesar da quantidade de avisos bíblicos muitas
pessoas descritas no Antigo Testamento escolheram
não ouvir e não obedecer a voz de Deus. Elas então
atraíram sobre si e sobre suas famílias as punições
descritas no livro de Deuteronômio. Mas porque
fizeram isso? Há várias razões para a desobediência,
mas a principal delas é o orgulho, quando a pessoa
começa a achar que ela, e não Deus, sabe o que é
melhor para a sua vida. Há ainda outros motivos
para a desobediência como egoísmo, insensatez,
ignorância e por aí vai. MacArthur (2016)[88], aponta
qual foi o verdadeiro erro de Jonas:

O profeta Jonas lutou com a tentação de


exaltar a si mesmo acima de Deus, de seguir
seus próprios desejos em vez de obedecer às
ordens divinas, e perdeu a luta. O profeta
arrogantemente rejeitou a Palavra do Senhor e
se tornou tão inapto moralmente que se
convenceu de que poderia fugir da presença
divina. (…) A vaidade mentirosa à qual Jonas
se agarrava era um 'falso amor por seu país,
que não o permitiria deixar que seu povo fosse
levado em cativeiro, mesmo Deus permitindo;
que não o permitiria deixar que Nínive, o
inimigo de seu país, fosse preservada'.[89]
Há um Salmo na Bíblia de exortação ao louvor
e a obediência, cujo compositor é Asafe. Neste
Salmo se vê claramente o desejo sincero do Senhor
em ser obedecido: “Ouve, povo meu, quero exortar-
te. Ó Israel, se me escutasses! (…) Eu sou o
SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito.
Abre bem a boca, e ta encherei.” (Sl 81: 8,10).
Deus não obrigou o povo hebreu a segui-Lo, porém,
pediu com amor, exortando-o, porque queria dar o
melhor da terra para ele.
O Senhor fez algumas grandiosas promessas
para o povo escolhido, se escutasse a Sua voz e
andasse nos Seus caminhos: “Eu, de pronto, lhe
abateria o inimigo e deitaria mão contra os seus
adversários. Os que aborrecem ao SENHOR se lhe
submeteriam, e isto duraria para sempre. Eu o
sustentaria com o trigo mais fino e o saciaria com o
mel que escorre da rocha.” (Sl 81:14-16)
Como se sabe, Israel não quis escutar a voz de
Deus, nem atendê-Lo (Sl 81:11). Por isso, o Senhor
deixou seu povo andar na teimosia do seu coração,
seguindo seus próprios conselhos (Sl 81:12). No
Salmo nota-se que a decisão de Deus foi difícil, pois
Ele queria muito abençoar o seu povo. Prova disso é
o suspiro divino: “Ah! Se o meu povo me escutasse,
se Israel andasse nos meus caminhos!” (Sl 81:13).
Já vimos alguns exemplos da história bíblica
relacionados a fracassos e sucessos em ouvir e
obedecer a voz do Senhor. Agora veremos como
aprender a ouvir a voz de Deus, para então obedecê-
la. Essa etapa é muito importante pois há pessoas
que acreditam que estão ouvindo ao Senhor mas, na
verdade, não é a voz dEle que estão escutando, por
isso é preciso conhecer e entender a voz do Amado
(Jo 10. 14, 16, 27). Aprender a ouvir e obedecer a
voz de Jesus ajudará o cristão a aprender a esperar
como uma ovelha mansa que aguarda o comando do
Seu Pastor.[90]
A Bíblia apresenta a voz de Deus como voz
majestosa, grande voz, como de trombeta e como
voz de muitas águas (Is 30.31; Ap 1:10,15). Isto
quer dizer que Deus, além de falar de várias formas
às pessoas e todos os dias, fala com a sonoridade de
um trombeta, ou seja, alto, de maneira que todos
escutem. Contudo, é preciso aprender a ouvir a voz
do Altíssimo para não confundir com as outras
vozes que existem no mundo: a voz do que penso
ser o certo, a voz do inimigo, a voz dos
pensamentos, a voz de outras pessoas que não estão
falando da parte de Deus, a voz da emoção etc (1
Co 14.10).
O primeiro passo para ouvir a voz de Deus é
abrir a Bíblia (Sl 103:20b). Na Palavra encontra-se a
vontade de Deus revelada à humanidade. A Palavra
de Deus é viva e eficaz, isto é, a revelação do
Senhor nunca é a mesma, apesar da Palavra ser
eterna.[91] O Senhor, através do estudo sistemático da
Palavra, entrega novas revelações, descortina
mistérios e revela segredos escondidos.
A vontade de Deus em coisas específicas na vida
de cada pessoa não está revelada diretamente na
Bíblia. Como por exemplo, com quem casar, qual
faculdade cursar ou fazer uma viagem ou não. Por
que é preciso ouvir a voz de Deus em questões que
aparentemente são escolhas individuais ou
cotidianas? Há pelo menos três excelentes razões
para isso. A primeira razão é para obter a bênção de
Deus. A aprovação do Senhor é sinal de que o
caminho traçado é o certo, portanto, evita erros e
leva ao êxito nos objetivos (Pv 16.1, 9, 25). Por
outro lado, a desobediência a voz do Senhor traz
sofrimento, as portas não se abrem e o caminho é
tortuoso (Mt 7.13).
A segunda razão pela qual é preciso ouvir a voz
de Deus é a segurança. Obedecer a voz de Deus
tanto nas questões importantes da vida como nas
pequenas coisas sempre traz a sensação de paz e
tranquilidade. O Espírito Santo pode revelar eventos
futuros antes de acontecerem, dá direcionamento
para os filhos de Deus e avisa sobre perigos
potenciais (Rm 8.14).[92] Conhecer a vontade de
Deus sobre qualquer aspecto da vida permite ao ser-
humano fazer as melhores escolhas.
A terceira razão pela qual é preciso ouvir a voz
de Deus é tomar as decisões certas na primeira vez.
O segredo das pessoas bem-sucedidas em todas as
áreas é ouvir a voz de Deus até nas pequenas coisas.
Davi é um exemplo de pessoa que obteve bom êxito
em todos os seus empreendimentos porque o Senhor
era com ele, ou seja, Deus o abençoava porque Seu
ungido era obediente à Sua voz (1 Sm 18.14).
Há seis formas de escutar a voz da vontade
ainda não revelada pelo Senhor. A primeira forma
também é pela Bíblia. Através da consulta a Palavra,
Deus direciona seus filhos. Este procedimento
consiste na busca em oração por uma resposta de
Deus na Palavra. O cristão deve esperar pela
resposta do Senhor sabendo que Deus não é
obrigado a responder imediatamente, por isso,
precisa perseverar em oração até obter a resposta.
Após obter resposta precisa meditar nos versículos
bíblicos. Ainda restando dúvidas quanto ao
direcionamento do Senhor, o cristão deve pedir a
confirmação da resposta para Ele. É preciso ter
certeza da vontade de Deus, antes de dar qualquer
passo em alguma direção.
A segunda forma de escutar a voz da vontade
ainda não revelada pelo Senhor é através das
profecias. A Bíblia orienta: “Crede no SENHOR,
vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus
profetas e prosperareis.” (2 Cr 20:20b). Também
está escrito: “Não havendo profecia, o povo se
corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz.” (Pr
29:18) e “Não desprezeis as profecias.” (1 Ts 5:20).
No entanto, há falsos profetas ou aqueles que
profetizam o que Deus não disse para ter algo a
dizer a Igreja a fim de serem vistos como poderosos
profetas (Ez 13.7; Jr 23.14,16). Ovelhas do Senhor,
acautelai-vos deles pois são lobos roubadores! (Mt
7.15).
O cristão precisa ter cuidado para não cair em
ciladas e também para não pecar deixando de
acreditar no que disse um verdadeiro profeta de
Deus. Há como discernir as profecias que são da
parte de Deus daquelas que são da carne ou do
diabo (Ne 6:12). As profecias da parte de Deus
sempre se cumprem (Jr 28:9). Caso não se
cumpram é porque não foram da parte dEle (2 Cr
18:27).
Para ter certeza se a profecia é realmente da
parte do Senhor, o cristão que estiver em dúvida
sobre a veracidade dela deve perguntar ao profeta se
Jesus veio em carne no momento em que estiver
profetizando: “Amados, não deis crédito a qualquer
espírito; antes, provai os espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a
Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o
espírito do anticristo, a respeito do qual tendes
ouvido que vem e, presentemente, já está no
mundo”. (1 Jo 4:1-3).
Logo, se o profeta responder que Jesus Cristo
não veio em carne, então, a profecia não é da parte
de Deus e, por isso, dever ser descartada. Para evitar
“profetadas” ou falsas profecias, o cristão deve
entender que o profeta é enviado do Senhor, logo,
não deve procurar um profeta em busca de novas
profecias.[93] Quando Deus quiser revelar algo que
vai acontecer através de uma profecia, levará um
profeta até o cristão para confirmar o que já tinha
falado ao próprio coração dele antes, isto porque
“certamente, o SENHOR Deus não fará coisa
alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus
servos, os profetas.” (Am 3:7).[94]
O Senhor mesmo aconselha a não dar ouvidos as
palavras dos falsos profetas: “Assim diz o SENHOR
dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos
profetas que entre vós profetizam e vos enchem de
vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não
o que vem da boca do SENHOR.” (Jr 23:16). Os
falsos profetas não são enviados da parte de Deus
(Jr 23:21). Eles profetizam mentiras, o engano do
próprio coração, tanto porque são induzidos pela
procura, para terem algo a dizer para a Igreja, como
pela busca da fama e reconhecimentos próprios, não
da glória de Deus.[95]
O povo de Deus precisa aprender a ouvir a voz
do Senhor para não ser enganado. Falsas profecias
frustam pois geram uma esperança em algo que não
vai se cumprir: “A esperança que se adia faz adoecer
o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida.”
(Pr 13:12). Os profetas, por sua vez, devem ter o
cuidado de não cair na tentação de falar o que o
Senhor não disse, mas apenas entregar as profecias
da parte dEle pois caso contrário, não entrarão no
Reino dos céus: “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor,
Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios,
e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.”
(Mt 21-23)
Além disso, o Senhor é contra os falsos profetas
porque fazem errar o seu povo: “portanto, eis que
eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que
furtam as minhas palavras, cada um ao seu
companheiro. Eis que eu sou contra esses profetas,
diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e
afirmam: Ele disse. Eis que eu sou contra os que
profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os
contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem
errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes
dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a
este povo, diz o SENHOR.” (Jr 23: 30-32).
O profeta deve ficar calado se não tiver nada da
parte do Senhor, mas também não pode esconder as
revelações vindas da parte de Deus (1 Sm 3:17; 2 Cr
18:13). Nem toda profecia refere-se a coisas boas
que ocorrerão. Há profecias que revelam coisas más
que podem acontecer caso aquele que recebeu a
profecia não se conserte diante de Deus (2 Cr 18:7)
.[96]
Quando a profecia verdadeira revela o juízo de
Deus que virá se a pessoa não se converter de seus
maus caminhos, o profeta deve se comportar de
duas maneiras. A primeira maneira é orar pela
pessoa para que ela se arrependa e não suceda o mal
que Deus disse que traria na vida dela. A segunda
maneira é não questionar a sentença de Deus para
que não sobrevenha mal ao profeta e a sua casa:
“Quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo que
disser: Sentença pesada do SENHOR, a esse
homem eu castigarei e a sua casa.” (Jr 23:34). O
Senhor não admite julgamento de suas sentenças
uma vez que Ele é Justo Juiz. Portanto, cabe ao
profeta falar somente a Palavra de Deus com
verdade (Jr 23:28).
O que acontece se um cristão não atentar em
ouvir a voz do Senhor por intermédio de um
profeta? Esse cristão trará a correção de Deus sobre
a sua vida (Hb 12.5,6). O Senhor é rico em perdoar
e misericordioso por isso envia profetas desde cedo
dando oportunidade ao cristão para se consertar,
como diz a Palavra: “porque não deram ouvidos às
minhas palavras, diz o SENHOR, com as quais,
começando de madrugada, lhes enviei os meus
servos, os profetas; mas vós não os escutastes, diz o
SENHOR.” (Jr 29:19). Contudo, se a desobediência
a voz de Deus traz males, o arrependimento e
posterior obediência conduzirá bençãos, pois Deus
se arrependerá do mal que disse que iria fazer e não
fará (Jr 18:8,10).
A terceira forma de escutar a voz da vontade
ainda não revelada do Senhor é através do conselho
de pessoas de Deus. Antes do cristão tomar grandes
decisões deve escutar a voz de Deus na sabedoria
dos cristãos experientes e dos seus líderes, como
pastores e mentores. Muitos irmãos em Cristo já
passaram por situações semelhantes, portanto, terão
o conselho certo a dizer.
A quarta forma de escutar a voz da vontade
ainda não revelada do Senhor é por meio das
circunstâncias. Quando as coisas começam a dar
errado consistentemente é um bom sinalizador de
que algo precisa ser mudado ou que o caminho a ser
percorrido é outro. Há pessoas que demoram para
obedecer a vontade de Deus mesmo após várias
confirmações. Elas equivocadamente pensam que o
seu caminho é o melhor, então Deus responde
através das circunstâncias: – Não, o Meu caminho é
o melhor, pois ele vai te levar até a Mim.
A quinta forma de escutar a voz da vontade
ainda não revelada pelo Senhor é a forma
sobrenatural. Deus usa anjos, opera milagres,
concede sonhos e visões para revelar a Sua vontade.
Por exemplo, Deus abre uma porta onde não existe
porta mostrando ao cristão o que Ele quer fazer
neste momento na sua vida. O Senhor faz ouvir a
Sua voz também através de sonhos ou visões de
noite revelando a Sua vontade para todas as pessoas,
embora elas não atentem para isso (Jó 33.14-18).
A sexta forma de escutar a voz da vontade ainda
não revelada pelo Senhor é a própria voz de Deus.
A voz de Deus é tranquila e suave: “E depois do
terremoto um fogo; {porém também} o Senhor não
{estava} no fogo: e depois do fogo uma voz mansa
e delicada.” (1 Rs 19:12/ERC). O Senhor é manso,
culto e educado pois a Bíblia diz que Ele está a porta
e bate (Ap 3:20). Deus só entra e ceia com aquele
que estiver atento para ouvir a Sua voz e abrir a
porta. Os filhos de Deus que atingiram um grau de
intimidade bastante elevado com o Senhor saberão
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, por serem três
pessoas diferentes, mas um único Deus, possuem
vozes diferentes.[97] Deus também irá falar quando
estivermos no caminho errado a fim de nos conduzir
ao caminho certo: “Quando te desviares para a
direita e quando te desviares para a esquerda, os teus
ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo:
Este é o caminho, andai por ele” (Is 30.21).
A voz do Senhor também é poderosa e
inigualável.[98] Logo, quem ouve a voz de Deus
nunca mais é o mesmo pois sente-se pó diante da
grandeza do Senhor e ao mesmo tempo honrado.
Ouvir a voz de Deus é um grande privilégio, por
isso, o cristão que houve a voz do Senhor deve se
esforçar para agradar e fazer a vontade Dele.
Entretanto, o cristão precisa tomar cuidado com o
orgulho que pode acometê-lo porque ouve a voz de
Deus ou por causa das revelações do Senhor.[99]
Caso isso aconteça Deus pode colocar um espinho
na carne como fez com o apóstolo Paulo para que
este não se ensoberbecesse com a grandeza das
revelações (2 Co 12:7).[100]
Deus também fala através do silêncio. O cristão
precisa aprender a ouvir o silêncio de Deus e a voz
de Deus no silêncio. Quem ouve o silêncio de Deus
sabe esperar o tempo Dele. Já quem ouve a voz de
Deus no silêncio aprende a confiar nEle (Hc 2.20).
[101]

Ouvir a voz de Deus no silêncio tem vários


significados. O primeiro é se calar quando Deus
fala, isto é, quando Deus pronunciar a Sua voz
responda como Samuel e, em seguida se cale: “Fala,
porque o teu servo ouve.” (1 Sm 3:10b). Deus é o
Criador, o Todo Poderoso, não é qualquer um. O
servo e filho de Deus precisa ter reverência e
humildade para ouvir e continuar ouvindo a voz de
Deus pois no amor não existe medo logo, o cristão
não deve temer conversar com Deus porém, deve
ter cuidado em apresentar uma atitude de adoração,
obediência a direção divina e amor.
O cristão também deve ouvir a voz de Deus no
silêncio nas suas orações. Após a oração o cristão
precisa ficar quieto um tempo pois a oração é um
diálogo não um monólogo. Às vezes Deus conversa,
com os mais íntimos, durante a oração. Todavia, as
respostas de Deus, sejam durante as orações ou
depois delas, devem ser registradas pelo cristão em
um caderno ou diário. Mais importante do que isto,
os conselhos do Altíssimo precisam ser guardados
principalmente no coração para que sejam
praticados sempre.
Ouvir a voz de Deus no silêncio também
significa ouvi-Lo em momentos ou lugares em que a
palavra do Senhor é rara (1 Sm 3:1). Isto acontece
porque as pessoas ao redor se esqueceram de Deus,
em lugares onde a prática do pecado é comumente
aceita ou em lugares que há disputa e desordem.
Como já foi visto, o Espírito Santo é entristecido por
conversas e condutas errôneas e irá retirar sua
presença manifesta quando Ele tiver sido ofendido.
[102]

Após todos esses ensinamentos conclua esta


lição cantando o louvor: “Fala comigo”[103] e, em
seguida faça a oração abaixo.

Oração
Senhor, Deus meu, dê-me um coração ousado em
seguir os seus caminhos, abra meus ouvidos
espirituais para que eu possa ouvir e obedecer
somente a Sua voz. Pai, ensina-me a ter mais zelo
pela Sua Casa e Sua obra para que assim todos
glorifiquem o Seu nome. Ajuda-me Senhor a
estabelecer um relacionamento de intimidade
contigo. Conta-me segredos. Em nome de Jesus,
Amém!
CAPÍTULO 6
É tempo de trazer a memória o que pode dar
esperança

“Quero trazer à memória o que me pode dar


esperança.” (Lm 3:21)
“Lembro-me dos teus juízos de outrora e me
conforto, ó SENHOR. Alegro-me nas tuas
promessas, como quem acha grandes
despojos.” (Sl 119.52,162)

Uma boa maneira de aprender a esperar é


trazer a memória o que pode dar esperança .
Lembrar-se das coisas boas que Deus já fez traz paz,
alegria e esperança de que Ele vai agir novamente.
Relembrar o que o Senhor já fez renova as forças
para continuar a caminhada rumo ao que Ele tem
preparado para cada um de nós. As boas
lembranças renovarão a fé, tirando toda a poeira da
dúvida e da ansiedade.
Esperar em Deus é essencial para conquistar
cada vitória que o Senhor quer dar: “Espera no
SENHOR, segue o seu caminho, e ele te exaltará
para possuíres a terra” (Sl 37:34). Porém, caso o
filho de Deus não se lembre do que Ele já lhe fez,
grandes são as chances de desfalecer: “Se disseres
no teu coração: Estas nações são mais numerosas do
que eu; como poderei desapossá-las? Delas não
tenhas temor; lembrar-te-ás do que o SENHOR, teu
Deus, fez a Faraó e a todo o Egito” (Dt 7:17,18).
Além disso, o esquecimento é uma forma de
murmuração, de negar tudo o que Deus já realizou,
já a recordação gera o constante agradecimento e a
esperança de que o mais Deus fará (Sl 37.5).
As bênçãos recebidas são motivo de contínuo
louvor, assim como as bênçãos que Deus ainda vai
derramar sobre a vida de cada um. Por isso, o
salmista Davi disse: “Bendize, ó minha alma, ao
SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus
benefícios.” (Sl 103:2). Davi sabia mais do que
ninguém, a importância de relembrar as bênçãos
divinas. Lembrar o que Deus já havia feito na vida
dele aumentava a sua confiança de que a qualquer
momento o Senhor ia operar de novo em seu favor.
Apesar de ter vivido inúmeras angústias, este ilustre
servo de Deus conhecia um dos maiores segredos da
vitória: lembrar-se da benignidade divina torna a
espera pelo cumprimento das promessas por Deus
algo prazeroso, porque a ansiedade dará lugar ao
descanso, a tristeza virará alegria e a angústia tornar-
se-á paz.
A atitude de Davi revelou-se um incessante
louvor de gratidão a Deus e permitiu mudar o foco
da direção das circunstâncias para a direção do
Senhor. Não foi por acaso que o futuro rei de Israel
conseguiu derrotar os exércitos inimigos e fugir de
Saul. A vitória dele veio da sua adoração, confiança
e sabedoria em esperar o tempo do Senhor. Os
cristãos devem se espelhar em Davi porque o tempo
de Deus pode parecer demorado aos olhos humanos
porém isso não significa que Ele parou de abençoar
ou esqueceu dos seus filhos: “Eis que a mão do
SENHOR não está encolhida, para que não possa
salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder
ouvir.” (Is 59:1).
Davi tinha certeza de que era imprescindível
pensar nos feitos do Senhor e considerar todas as
obras divinas para oferecer um perfeito louvor a
Deus e revelar plena confiança: “Lembro-me dos
dias de outrora, penso em todos os teus feitos e
considero nas obras das tuas mãos.” (Sl 143:5). Para
que não haja dúvida sobre a importância de lembrar
do que o Senhor já fez para continuar a caminhada
rumo ao cumprimento da promessas, vários outros
salmos orientam a recordar e contar às gerações
vindouras os grandes feitos do Senhor[104]: “Rendei
graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei
conhecidos, entre os povos, os seus feitos. Cantai-
lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas
maravilhas. Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos
seus prodígios e dos juízos de seus lábios. Lembra-
se perpetuamente da sua aliança, da palavra que
empenhou para mil gerações” (Sl 105:1,2,5,8).[105]
Devemos fazer assim porque isso glorifica o nome
do Senhor e fortalece a fé e a esperança do cristão.
A vontade de Deus é que seu povo narre suas
maravilhas, porém a Bíblia faz o seguinte
questionamento: “Quem saberá contar os poderosos
feitos do SENHOR ou anunciar os seus louvores?”
(Sl 106:2). Essa pergunta revela que são poucas as
pessoas que conhecem ou estão dispostas a anunciar
sobre os feitos poderosos de Deus. Esse é um dos
motivos pelos quais Deus ensina seus filhos e servos
a esperar, para que assim possam cumprir a Sua
vontade de relatar aos povos todas as Suas
maravilhas e proclamar Seus louvores. Portanto, o
servo de Deus aprenderá a expressar com a sua vida,
através de palavras, pensamentos e atitudes,
completa gratidão, exaltação e engrandecimento ao
Criador de todas as coisas.
Trazer à memória o que pode dar esperança
deve ser um ato mais direcionado para os outros do
que para si mesmo. A Bíblia chama a atenção para
um problema importante: “Como, porém, invocarão
aquele em quem não creram? E como crerão
naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se
não há quem pregue? E como pregarão, se não
forem enviados?” (Rm 10: 14,15a). É preciso contar
sobre as grandezas de Deus de outrora para que
pessoas que não conhecem o Senhor invoquem o
nome Dele e creiam Nele. Portanto, lembrar-se das
bênçãos dos tempos passados é importante não
somente para o próprio cristão mas para que não
cristãos se convertam ao Deus Vivo e obtenham a
salvação pela fé em Jesus Cristo.
Além dos grandes feitos do Senhor narrados na
Bíblia, o que mais o cristão deve se lembrar e
contar? A Palavra diz que as bênçãos do Senhor não
se podem medir pois são inúmeras (Sl 40:5). Deus
anunciou a Abraão que sua descendência seria
equivalente ao número das estrelas do céu. Podemos
deduzir então, que as bênçãos de Deus para todas as
pessoas superam ainda mais esse número, tendem ao
infinito, pois Deus abençoa com múltiplas bênçãos
cada descendente de Abraão e abençoa maus e
bons, justos e injustos (Gl 3:29; Mt 5.45).
Quantificar as bênçãos de Deus seria, portanto, uma
tarefa humanamente impossível. Contudo, lembrar-
se das bênçãos individuais recebidas é possível e
necessário para seguir adiante com uma fé
inabalável.
Aliás, há bênçãos que cada cristão deveria
agradecer diariamente a Deus em suas orações. A
primeira e maior delas é a bênção da salvação.
Todo cristão deve lembrar-se do sacrifício de Jesus e
dar valor a esse sacrifício. Fazendo isso ele volta ao
primeiro amor pois recorda-se que Cristo morreu
por cada pessoa que existiu, existe e existirá no
mundo e por ele em particular. Jesus ama cada ser-
humano incondicionalmente. Como não se alegrar
de tão grande misericórdia e graça divina?: “No
tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o
meu coração na tua salvação.” (Sl 13:5); “Que darei
ao SENHOR por todos os seus benefícios para
comigo? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o
nome do SENHOR.” (Sl 116.12,13).
A segunda bênção pela qual não somente os
cristãos mas toda pessoa deve mostrar-se agradecido
todos os dias é pela vida. Viver é uma dádiva, um
presente de Deus mesmo que tudo ao redor esteja
mal.[106] Ainda é melhor estar vivo do que está
morto, como diz a palavra: “Para aquele que está
entre os vivos há esperança; porque mais vale um
cão vivo do que um leão morto.” (Ec 9.4).
Há ainda bênçãos que podem passar
despercebidas para aquele que não pensa na
existência delas, mas que são muito importantes.
Por exemplo, ter consciência de que Deus fez todas
as pessoas à sua imagem e semelhança é razão para
agradecer por tão grandiosa ideia e bondade divina.
Deus, na sua infinita misericórdia, criou um ser
semelhante a Ele para abençoar e amar mais do que
a si próprio porque Ele é o amor (1 Jo 4:8). A
questão é que o Criador poderia ter feito o homem e
a mulher como são os animais, incapazes de
raciocinar, mas Ele não quis que fosse assim, criou o
ser humano dotado de inteligência, sentimentos e
vontade para se relacionar com Ele (Gn 1.27). Ou
seja, o desejo do Senhor sempre foi ser Pai de todas
as pessoas, não “apenas” Criador delas.
O filho de Deus deve, ainda, trazer a memória as
promessas de Deus na Sua Palavra e as promessas
individuais que ainda não foram cumpridas.
Lembrar das promessas individuais ajudar a ter fé de
que o melhor de Deus ainda está por vir, já lembrar-
se das promessas coletivas traz esperança. Deus faz
na Bíblia pelo menos mil e cem promessas.[107] Para
ver cumpridas na sua vida, o cristão deve observar a
Palavra e perseverar em oração lembrando a Deus
da existência de tais promessas e pedindo que as
cumpra de acordo com a Sua vontade.
Os servos de Deus devem também lembrar-se
das lutas porque são elas que levam as vitórias. Deus
transforma seus filhos de glória em glória por isso
estes devem louvar o Senhor pelas dificuldades pois
mesmo nelas a situação espiritual certamente é
melhor do que a vivida anteriormente, quando se
estava no mundo (2 Co 3.18). Mesmo que esteja na
prova, lembre-se que sua vida é muito melhor do
que quando se encontrava cativo no império das
trevas, antes de conhecer Jesus (Cl 1.13).
O cristão deve lembrar-se e render graças, por
último, pela sua família, casa, saúde, vestes,
alimentos, amigos, inimigos, oportunidades de
trabalho e estudo, transporte, viagens, conversão de
almas, dons, respostas de oração, enfim, por tudo (1
Ts 5:18). Um dia inteiro seria insuficiente para
agradecer tanta benevolência do Senhor. Como
percebemos até aqui, há grandes e preciosos
benefícios em se lembrar e contar o que Deus já fez.
Quem relembra suas bênçãos se alegra novamente
da mesma forma que se alegrou quando as recebeu.
Dessa forma, consegue esperar o tempo de Deus
com paciência, sabedoria e contentamento.
Conclua esta lição cantando o louvor: “Tempo
de Sonhar”[108], do Ministério Cidade de Luz e, em
seguida faça a oração abaixo.
Oração
Querido Senhor Deus, em nome de Jesus faço essa
oração te louvando pela sua benignidade, pelo seu
amor, pela sua salvação, pela vida, enfim, por todos
os benefícios que tens feito não somente a mim
mas a todo o ser humano na face da Terra. O
Senhor é bom e a sua misericórdia dura para
sempre. Muito obrigado Pai! Seja louvado para
todo sempre. Amém.
CAPÍTULO 7
É tempo de buscar Deus

“Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha


presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua
presença.” (Sl 27:8)
A expressão “buscar a Deus” é equivalente a ter
um relacionamento profundo com Ele, como
veremos adiante. Vamos primeiro analisar o
significado da palavra buscar. Buscar alguém ou
alguma coisa é sinônimo de fazer força para
encontrar; procurar; realizar investigação ou
pesquisa; ir; esforçar-se por; recorrer a, dirigir-se
para, caminhar em direção a; entre outros.[109]
Quando buscar corresponde a fazer força para
encontrar, em relação a nossa busca pelo Reino de
Deus e Sua justiça seria o mesmo que empregar
toda a nossa energia, a nossa vida, completamente
em prol dessa busca: “buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas”. (Mt 6.33).
Buscar em primeiro lugar dá ideia de prioridade
total. Nada pode ser mais importante. Todas as
outras coisas vem depois porque o que é eterno vale
infinitamente mais do que o transitório e temporal,
que um dia irá acabar. Talvez esse conceito doa
quando se trata de família, ou, para alguns, do
trabalho. Mas quando colocamos Deus em lugar de
honra, Ele cuida de todo o resto como nunca
poderíamos fazê-lo. Até as nossas melhores obras
em favor de nossa família ou trabalho não passarão
nem perto daquilo que só Deus pode fazer em cada
pessoa ou situação. Então, é insensato colocar o
Senhor em qualquer outro lugar que não seja o
primeiro. A verdade é que, se Deus não estiver em
primeiro lugar não estará em nenhum outro porque
a primazia pertence a Ele.[110]
Quando buscar significa procurar
diligentemente, lembramos das parábolas ditas por
Jesus que mostravam o quão valioso é pertencer ao
Reino de Deus. No capítulo treze do Evangelho de
Mateus estão registradas verdadeiras pérolas de
sabedoria vindas do alto. A parábola do tesouro
escondido e da pérola tem a mesma essência. Elas
nos revelam o inestimável valor de tornar-se um
cidadão do Reino dos céus. De acordo com a
primeira parábola, o tesouro, embora oculto, foi
achado por certo homem. Mesmo que ele não
estivesse conscientemente procurando pelo tesouro,
ele estava disponível para ser encontrado por quem
quer que passasse perto dele. O Reino invisível de
Deus existe. É verdade que está oculto aos sentidos
físicos porém ele é perceptível pelos sentidos
espirituais para aqueles que passarem perto dele. E,
quando isso acontece, encontra-se, sem querer, o
maior tesouro que se pode achar!
Já na parábola da pérola percebe-se que,
diferentemente da parábola anterior, para encontrar
essa pedra valiosíssima, é preciso procurar
cuidadosamente entre as boas pérolas até achar a
melhor de todas.[111] Assim deve ser nossa busca por
Deus, cuidadosa, dedicada, feita com empenho e
esmero, fazendo todo o possível para encontrá-Lo.
Devemos procurá-Lo até encontrar, vasculhando
minuciosamente os lugares pelos quais Ele passou e
por onde Ele provavelmente passará, colhendo as
pistas contidas na Sua Palavra.[112] Em outras
palavras, tornar-se um caçador de Deus, como
incentiva Tenney (2016)[113]:
Levante-se e busque a presença do Senhor.
Torne-se um caçador de Deus. (…) Porque
podemos capturar o Seu coração, assim
como fez Davi. E se capturarmos o Seu
coração, então Ele se volta e vem atrás de
nós. Esta é a beleza de ser um caçador de
Deus. Você está caçando o impossível
sabendo que é possível.
Ambas as parábolas, no entanto, apontam para
alguns sacrifícios pessoais necessários a fim de
possuir esses raríssimos achados: “...vender tudo o
que tem e comprar aquele campo.”, “e, tendo
achado uma pérola de grande valor, vende tudo o
que possui e a compra” (Mt 13.44; 46).
Evidentemente, esta é uma analogia, pois não
podemos comprar nada que venha do Reino dos
céus. Tudo vem pela Graça e de graça, porém
sabemos que Deus é galardoador daqueles que O
buscam, logo, quanto mais a pessoa se dispuser a
buscar a Deus, mais será recompensada por essa
atitude de fé (Hb 11.6).[114]
Há uma relação entre procurar pelo Senhor
diligentemente e a justiça dEle ser estabelecida no
mundo: “Com minha alma suspiro de noite por ti e,
com o meu espírito dentro de mim, eu te procuro
diligentemente; porque, quando os teus juízos
reinam na terra, os moradores do mundo aprendem
justiça.” (Is 26.9).[115] Perceba o vínculo que há
entre buscar o Senhor e a Justiça divina operar na
Terra. O simples fato de alguém perseguir de
maneira incansável a Deus fará com que as bênçãos
do Reino recaiam sobre todos: “Encontraram-se a
graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.” (Sl
85.10). A justiça verdadeira e perfeita exala como
consequência do encontro da graça com a verdade,
a justiça e a paz mostram que estão relacionadas,
porque uma não vive sem a outra. Aí sim,
contemplamos a face de Deus: “Eu, porem, na
justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu
me satisfarei com a tua semelhança.” (Sl 17.15).
Quão maravilhoso seria se todos buscassem a Deus
até O encontrar, o resultado seria a cura do mundo
(2 Cr 7.14).[116]
Buscar a Deus realizando investigação ou
pesquisa é o mesmo que estudar Deus. Estuda-se
uma pessoa observando as suas atitudes, sua
personalidade, seu jeito de ser, analisando sua forma
de pensar, contemplando sua face, lendo seu olhar
etc. Deus é espírito, mas podemos percebê-Lo,
perscrutá-Lo, descobrir Seus mistérios, ouvir Sua
voz, sentir a Sua presença, olhar diretamente para
Ele, experimentar o Seu amor. Talvez a ideia de
olhar diretamente para Deus soe exagerada mas não
é no sentido literal, trata-se da disciplina espiritual
conhecida por contemplação.[117] Foster e Beebe
(2009) trazem do primeiro século uma precisa
definição sobre a vida contemplativa: “Gregório
define a contemplação como uma tentativa de olhar
somente para Deus. É quando nossos sentidos
espirituais despertam, e começamos a perceber
Deus, e o Espírito Santo prepara o terreno para que
possamos desejá-lo.”[118]
Segundo Tozer (2016), é possível “ver Deus”
através da fé, definida pelo autor como “o olhar do
coração fixo em Deus.”[119] O Pastor Tozer, por
causa de suas experiências com o Senhor, pôde
escrever belíssimas palavras que revelam como
contemplar Deus [120]:
Quando erguemos os nossos olhos interiores
para fitar Deus, estamos seguros de
encontrar olhos amistosos fixos em nós (…).
Quando os olhos da alma voltados para fora
encontram os olhos de Deus voltados para
dentro, o céu começa bem aqui, na terra.
Mais uma vez, percebemos que a busca por
Deus feita por uma pessoa realmente determinada a
encontrá-Lo, chama a existência do céu na terra, ou
seja, o sobrenatural vem sobre o natural e tudo se
faz novo.[121]
“Estudar Deus” também pode referir-se a
adquirir o conhecimento e o entendimento sobre Ele
e Sua vontade (Rm 12.2; Ef 5.17). Neste caso,
meditar nas Escrituras e ter uma vida de oração é
essencial para conseguir compreender aquilo que
Deus está falando tanto através de Sua Palavra
escrita como audível, reconhecida por intermédio de
Seus profetas, como também pela Sua própria voz,
se assim Ele quiser nos falar. Constatamos daí, que,
para buscar a Deus e Sua vontade, é preciso estudar,
gastar tempo, investir recursos, e até ter experiências
de vida, boas ou más, tudo isso para, então, ser um
filho que conhece o Pai com apenas um olhar (Lc
22.61).
Evidentemente, um bom estudante vai além,
busca ter intimidade com o objeto de estudo, não se
contenta apenas em saber ou ouvir falar sobre ele,
mas quer experiências reais que envolvam a sua
pesquisa (Jó 42.5).[122] Titus (2016) faz uma
pergunta inquietadora sobre nossa vida espiritual:
“...será que nosso relacionamento com o Senhor vai
além do entendimento de fatos sobre sua pessoa,
mas alcança o patamar de relacionamento íntimo?
Para que o conheçamos, é preciso haver esforço. E
a responsabilidade de empenhar esforço para
conhecê-lo é nossa.”[123] Essa declaração é forte o
suficiente para fazer-nos refletir e querer mudar.
“Precisamos ter um relacionamento íntimo e
espiritual com o Senhor” e, para isso, necessitamos
empreender esforço.[124] Proclame em alta voz para
o mundo inteiro ouvir alguns trechos das orações de
Titus (2016) [125]:
Não quero apenas conhecer coisas sobre ti:
quero te conhecer. Vou me esforçar. Vou me
empenhar. Vou esperar em tua presença até
que venha a te conhecer de modo
mais intenso e relevante. (…) Nada me
distrairá, impedindo-me de te amar de um
modo novo e íntimo. Respiro profundamente
a tua presença, trazendo para dentro de mim
o fôlego divino. (…) Esta tem sido uma
jornada maravilhosa de empenho em
conhecer-te. Com todo o meu entendimento e
todo o meu coração, desejo que saibas do
amor que tenho por ti.
A intimidade revela-se também quando se
admira o outro mesmo conhecendo os seus defeitos.
Imagine o quanto esse sentimento é forte em relação
a Deus, cujo nome é Maravilhoso. Não há nada
contra Deus, Ele é simplesmente o que há de mais
excelente, supremo e perfeito reunidos num Ser só.
Não há mal em Deus, mas somente beleza e mais
beleza, maravilha sobre maravilha, amor na sua
forma mais pura, doce e eterna. Na intimidade este
amor de Deus é conhecido embora não possa ser
medido. A intimidade apenas descortina as
maravilhas de Deus deixando quem as vê
maravilhado (Ef 3:19).
Aquele que busca intimidade com Deus reserva
um tempo para ficar com Ele a sós. Este não é
somente um tempo de oração, mas, sobretudo, de
meditação. Medita-se na Sua Palavra, nos Seus
grandes feitos, nos Seus atributos, fica-se
imaginando a grandeza de cada um deles: a Sua
onipotência, onisciência, onipresença, sabedoria,
eternidade etc. O momento de dedicação a Deus é
de demonstração de todo o amor de um filho por
um Pai querido, de um servo pelo Seu Senhor
amado, de um pecador pelo Seu Salvador.
Nesta hora sagrada, palavras de louvor, de
agradecimento e de admiração fazem parte de uma
prova de amor da nova criatura pelo Criador em
retribuição a maior prova de amor de todos os
tempos: o sacrifício de Jesus na cruz. Gestos de
carinho com os braços, as mãos e a cabeça, canções
ou dança também vão marcar esse belo momento. O
filho de Deus sente a liberdade de cantar para seu
Pai como se estivesse olhando dentro dos Seus
olhos, sussurrando nos Seus ouvidos e derramando
sua alma como um incenso suave as narinas de Seu
Amado.
O filho de Deus sente vontade de fazer
surpresas como preparar uma cartinha para o Pai
descrevendo o quanto Ele mudou a sua vida desde
que a entregou para Ele. Ainda que Deus saiba o
conteúdo da carta antes de Seu filho escrevê-la, ele
deve ler para o Pai celestial de joelhos, ao pé da
cama. Como Deus vai se agradar disso, pois vai
quebrantar o Seu coração, então, o Senhor se
lembrará de que o Seu ato de amor na cruz valeu a
pena, não foi em vão (Is 53.11).
O momento de intimidade com Deus também é
o momento onde as palavras faltam porque todas
elas juntas não farão jus a tudo o que Deus é. A
alma sedenta por Deus se curva, inclina a cabeça e
se rende ao louvor do espírito. É aí que o silêncio
faz o papel de dizer tudo. O silêncio louva ao
Senhor em completa adoração porque o adorador
expressa toda a sua admiração pelo que Deus é ao
não encontrar palavras.
A máxima intimidade no casamento é revelada
no leito através do amor. Da mesma maneira, o
cristão expressa o seu amor por Deus e intimidade
no seu leito, lembrando-se do Amado de sua alma:
“no meu leito, quando de ti me recordo e em ti
medito, durante a vigília da noite.” (Sl 63:6). A
Intimidade com Deus é santa, é um amor sublime,
indizível e inescrutável. Ela também é temor, a
reverência a belíssima santidade de Deus e Sua
infinita grandeza. Temos intimidade com Deus
quando fechamos a porta, ficamos à sós com Ele no
nosso leito, aí então nossos pensamentos são
dirigidos ao Senhor e podemos declarar todo o
nosso amor por Ele, ansiar pelo Seu abraço, por Seu
amor. São momentos íntimos, únicos, perfeitos,
santos, apaixonados, memoráveis, mas só nossos
com o Senhor.
Sim, é verdade, Deus tem sentimentos, gosta de
ser amado. Ele criou o ser-humano para que tivesse
um relacionamento com Ele pois grande é o Seu
amor. O cristão, sabendo disso, deve investir na sua
relação com Deus, assumindo um compromisso
sério com Ele, buscando uma intimidade profunda,
de tal maneira que “um não viva sem o outro” (1 Co
6:17). É claro que Deus não precisa de nada e nem
sente falta de nada porque Ele é autossuficiente (Êx
3.14). No entanto, a partir do momento em que se
cria uma intensa intimidade com Deus, Ele terá um
carinho especial por aquele que O procura pois é
galardoador dos que o buscam (Hb 11.6).
Buscar sinônimo de “esforçar-se por”, quando
aplicado a Deus e a Seu Reino corresponde ao
empenho que se deve aplicar para que a busca seja
contínua (Os 6.3). Jesus foi claro quando anunciou:
“Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos
céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se
apoderam dele.” (Mt 11.12). Em outras palavras,
Jesus quis nos alertar para o fato de que as coisas
não mudaram, ainda é preciso esforçar-se para
“continuar salvo”, através de uma vida santa e
dedicada a Deus (Hb 12.14).[126] Na vida é fato, o
que vem fácil vai fácil, porém, aquilo que vem com
dificuldade, sangue, suor e lágrimas, é valorizado.
Jesus suou sangue e chorou por causa de nós,
pecadores, porém não desistiu, Ele foi fiel até o fim.
Sigamos o exemplo do Mestre (Hb 12.1-3).
O cristão também busca a Deus se esforçando,
quando exercita a Sua Palavra.[127] A princípio não
será uma tarefa fácil mas, como trata-se de uma
disciplina espiritual, necessita de dedicação para ser
interiorizada.[128] Dedicação nada mais é do que
uma “expressão de amor; que demonstra excesso de
afeição ou consideração...”.[129] Essa definição traz à
tona o objetivo principal por detrás do exercício da
piedade: o amor (1 Tm 4.7,8; 2 Jo 6). Sem amor
não existe a aplicação da Palavra de Deus. Portanto,
coloquemos em prática o sábio conselho de Tiago:
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não
somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.”
(Tg 1.22).
Finalmente, quando buscar significa “Recorrer
a, Dirigir-se para, caminhar em direção a”, aplicado
a Deus e Seu Reino, nada mais é do que a busca
comum feita até por quem não conhece a Deus. Em
geral, essa busca é realizada nos momentos de maior
dificuldade, no entanto, não deve ser assim. O
Senhor não é mais um entre tantos que poderíamos
recorrer por ajuda. Ele é o Criador e Sustentador
do Universo, é Aquele que sempre existiu, o Santo
dos santos, o Rei dos reis, ou seja, Ele é o Deus
único e verdadeiro, o socorro bem presente na
angústia (Sl 46.1). Não é qualquer um, mas o
Único que poderá ajudar, não importa a situação, de
maneira perfeita e gloriosa. Além disso, ninguém
pode fazer o que Deus pode, logo, recorrer a Deus
sempre será uma questão de fé e inteligência.[130]
Buscar a Deus, em resumo, é compreender que
a Sua graça é melhor que a vida, por isso, tudo o
que resta é abrir os lábios para louvá-Lo com
alegria, bendizê-Lo enquanto viver e no Seu nome
levantar as mãos: “Porque a tua graça é melhor do
que a vida; os meus lábios te louvam. Assim,
cumpre-me bendizer-te enquanto eu viver; em teu
nome, levanto as mãos. Como de banha e de
gordura farta-se a minha alma; e, com júbilo nos
lábios, a minha boca te louva” (Sl 63: 3-5).
A Bíblia alerta que é tempo de buscar o Senhor
porque haverá um tempo que não se poderá mais
achá-Lo: “Buscai o SENHOR enquanto se pode
achar, invocai-o enquanto está perto.” (Is 55.6).
Apesar de “buscai o Senhor” se parecer com um
mandamento não deve ser feito apenas por
obrigação mas principalmente por amor. O amor por
Deus é a base da obediência a Sua Palavra. O
cristão verdadeiramente comprometido com o
Senhor e Sua Palavra sempre que buscar a Deus
com sinceridade de coração O achará: “Buscar-me-
eis e me achareis quando me buscardes de todo o
vosso coração.” (Jr 29.13). Por isso, a busca pelo
Deus Vivo e Santo precisa ser uma busca
apaixonada, regada por suspiros da alma: “Como
suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por
ti, ó Deus, suspira a minha alma.” (Sl 42.1). Além
disso, essa busca deve ser ansiosa para encontrar o
amor do Senhor (Sl 42.2).
A busca por Deus, quando abrange todos os
modos que vimos anteriormente e muitos outros
mais, assemelha-se a um desejo incontrolável, mais
intenso do que a sede física, porque é a sede da
alma: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco
ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu
corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem
água.” (Sl 63:1). Ela só é saciada integralmente ao
contemplar o rosto do Amado: “A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei
perante a face de Deus?” (Sl 42:2). Apesar disso,
este anseio é satisfeito, ainda que não
completamente, em sentir a presença de Deus, o Seu
poder e a Sua glória: “Assim, eu te contemplo no
santuário, para ver a tua força e a tua glória.” (Sl
63:2). A principal motivação para o cristão
buscar cada vez mais a Deus é construir um
relacionamento sólido com Ele. Na verdade, o
relacionamento que toda pessoa precisa ter com
Deus deve ser mais forte, durável e fiel do que um
casamento. Forte porque deve suportar as
intempéries da vida de maneira inabalável, durável
porque a vida com Deus será conhecê-Lo para todo
sempre: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a
ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste.” (Jo 17.3) e fiel porquanto a contrapartida
à fidelidade de Deus nas nossas vidas deve ser a
nossa própria fidelidade para com Ele. Contudo,
como todo o casamento passa por estações, assim
também será nossa aliança com o Senhor.[131]
A primavera é a estação das flores, do encanto,
da alegria, da beleza, dos perfumes e do
contentamento.[132] O amor está no ar, a vida é doce,
há poesia em tudo (Ct 2.11,12). No casamento é o
período da Lua de Mel que pode se estender pelos
primeiros anos, mas também é a estação que dá
lugar a todos os invernos enfrentados pelo casal. Já
no Reino de Deus a primavera equivale ao
nascimento da pessoa como filho de Deus e também
aos períodos após os desertos na caminhada cristã.
A estação seguinte à primavera, o verão, é
marcada pelo calor, os dias são mais longos do que
as noites, as tempestades chegam sem avisar mas são
de curta duração.[133] Os casamentos que estão
desfrutando o verão ardem de amor ao mesmo
tempo em que enfrentam tempestades casuais,
aqueles problemas que são resolvidos tão logo
chegam. Na vida com Cristo o verão seria um tempo
de avivamento em que se trabalha na obra do
Senhor com ardor. As tempestades de verão sequer
abalam o cristão cheio do fogo do Espírito Santo.
O outono é uma estação de transição, ocorre
entre as estações verão e inverno e possui
características de ambas. Há dias e noites com a
mesma duração mas, conforme o outono avança, os
dias começam a durar menos do que as noites. Os
ventos aumentam a incidência, as folhas das árvores
caem e há uma redução gradativa das temperaturas.
Veja o que escreveu o mestre em Geografia Rodolfo
Pena, sobre essa linda estação[134]:
Do ponto de vista cultural, o outono é
tratado como uma estação que inspira
beleza, mas também a melancolia e a
transição entre um acontecimento e outro,
sendo considerado por muitos como
um tempo de mudança. Imagens de quedas
de folhas e de árvores “nuas” também se
vinculam artisticamente a essa estação,
embora esse tipo de paisagem não se
manifeste exatamente dessa forma em todos
os lugares.
O outono em um casamento poderia ser descrito
como a estação das mudanças. Isto acontece porque
colhem-se os frutos que germinaram nas estações
anteriores (Ct 2.13). É claro, toda mudança requer
adaptação e cuidados. O principal cuidado que se
deve ter quando se está vivenciando o outono é
preparar-se para a chegada do inverno. De maneira
análoga, o outono na vida do cristão é o tempo em
que se colhem frutos sim mas também mudanças
ocorrem para prepará-lo para a próxima estação,
bem mais fria e aparentemente mais longa do que as
outras.
O tempo passa e o inverno sempre chega afinal
(Gn 8.22). Na estação caracterizada por
temperaturas mais baixas, noites mais longas e
migração de várias espécies de aves, as pessoas e os
animais sentem vontade de comer e dormir com
mais intensidade.[135] Quando o inverno chega no
casamento é necessário proteger-se com agasalhos
de abraços, mantos de carinho e beijos aquecidos
pelo companheirismo. A chama do amor precisa
manter-se acesa pois, do contrário, não suportará a
“longa” estação invernal. A vida com o Senhor na
chegada do inverno deve estar protegida por toda a
armadura de Deus: a verdade, a couraça da justiça,
o escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do
Espírito e toda oração e súplica (Ef 6.10-18).
Somente revestido com toda armadura de Deus, o
cristão sobreviverá sem enfraquecer na sua fé, pelo
contrário, sairá ainda mais fortalecido e poderá
desfrutar novamente de uma linda primavera (Ct
2.11)
A verdade é que, em qualquer dessas estações
um dos cônjuge ou o casal pode se acomodar. O
sinal evidente disso é a falta de investimento no
relacionamento. Um dos motivos que levam ao
desinvestimento na relação é achar que tudo no
casamento permanecerá sempre igual. No meio do
oceano as águas aparentemente tranquilas podem,
com a mudança brusca do tempo, tornarem-se
agitadas e bravias. Os casamentos que não se
preparam para as mudanças do tempo, não
suportarão as quedas repentinas de temperatura sem
sofrer consequências.
A falta de investimento no amor é igual ao barco
que navega despreocupadamente na direção da
tempestade. Quando ele chega na tempestade
fatalmente é pego de surpresa por ela. Contudo, no
olho do furacão não é possível mais se preparar. A
única coisa a fazer é tentar de todas as maneiras
sobreviver tirando a água do barco e impedindo que
ele afunde. As fortes ondas arrebentam a vela,
avariam o casco, geram medo e insegurança e às
vezes trazem danos irreversíveis. Como teria sido
melhor ter sorrido mais, ter demonstrado interesse,
ter sido romântico, ter perguntado mais vezes como
foi o dia do outro?
A sensação é que se entrou numa montanha-
russa de emoções em que não se pagou para entrar,
pois ora as ondas levam o barco para cima, ora para
baixo.[136] Assim também são os sentimentos,
inconstantes, eles vão para onde as ondas agitam o
barco. Por isso, ao término da tormenta este barco
encontra-se destruído de tal maneira que se levará
muito tempo para recuperá-lo. Por outro lado, o
casal que antes de sair do cais, preparou seu barco
para os fortes ventos que poderiam enfrentar no
percurso provavelmente resistirá com louvor a
qualquer vento contrário. Para isso, antes de sair
para navegar, o casal consulta o radar a fim de saber
a direção certa, o trajeto que deve ser percorrido. O
aparelho informará o lugar onde os ventos estão
menos fortes. E, ainda que uma mudança súbita do
clima cause estragos no barco, ele estará no melhor
lugar da tempestade, logo, os danos sofridos serão
menores.
Quando chegar ao seu destino, o casal prudente,
que investe no seu relacionamento, poderá consertar
o barco, colocar uma pintura nova e deixá-lo ainda
mais bonito. Assim ocorre com o casamento que
suporta as mais severas lutas conseguindo atravessá-
las, ele é abençoado: o amor fica invencível, a
fidelidade se torna mais sólida, a confiança e a
admiração mútuas aumentam. Nada pode separar
esse amor pois ele é forte como a morte (Ct 8.6,7).
No relacionamento do cristão com Deus pode
ocorrer uma ou outra coisa, o investimento ou o
desinvestimento. Isto porque a aliança com Cristo
será um casamento do Noivo com a Sua Noiva, a
Igreja, mas, diferentemente do casamento entre
homem e mulher, que termina com a morte, o
objetivo é que ele ganhe a eternidade. Este objetivo,
porém, só será alcançado através da fidelidade do
cristão com Deus. O Senhor sempre é fiel pois é um
atributo do ser Dele (2 Tm 2:13). Já o cristão
precisa ser fiel até o fim, mas, ele só conseguirá isto,
aprendendo a ser fiel (Ap 2.10).
A fidelidade é aprendida na trajetória da
preparação espiritual, aumenta ou diminui nas lutas
e torna-se sólida com a vitória. A Palavra de Deus é
o manual da preparação espiritual. Somente o
cristão estudioso e praticante da Palavra estará
preparado para as tempestades da vida. Quando elas
chegarem não temerá pois Deus o guiará para o
lugar mais seguro. Este cristão passará vitorioso
pelas lutas e, no final delas, crescerá e se tornará
mais fiel do que era antes. A fidelidade portanto, é
um fruto do crescimento espiritual.
O cristão que não se prepara ao deixar de ouvir,
aprender e praticar a Palavra, fatalmente não terá
êxito nas lutas e o resultado final será a infidelidade
a Deus, consequência da atrofia espiritual. No
casamento, o adultério ou a infidelidade é pecado
(Rm 13.9). A pessoa que é infiel não aprendeu ainda
a amar sacrificialmente e é desobediente a Palavra
de Deus (Rm 13.10). Da mesma maneira, a
fidelidade a Deus é uma lição aprendida na Bíblia e
deve ser praticada ao longo da vida espiritual:
“Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”
(Dt 6:5). A fidelidade nasce do amor e também
cresce na medida em que ele cresce. Logo, aquele
que ama investe nos seus relacionamentos e, por
isso, colherá muito mais daquilo que plantou: amor,
confiança, respeito, fidelidade, enfim, a lista das
bênçãos é interminável.
Quando o cristão deixa o amor por Deus esfriar,
o seu relacionamento com Ele amorna e há
consequências já vistas: desobediência a Palavra,
atrofia espiritual e infidelidade. Este cristão precisa
voltar ao primeiro amor e passar por um processo de
avivamento para restabelecer ou restaurar sua
aliança com Deus. Evidentemente, todo o
sofrimento poderia ter sido evitado se houvesse,
desde o início, um zelo maior no relacionamento do
cristão com o Senhor.
Antes de concluirmos este capítulo porém,
tenho uma ótima notícia! Quanto mais buscarmos a
Deus, mais iremos ansiar por Ele porque o Senhor é
uma fonte inesgotável de alegria, paz, amor, união,
poder, consolo etc. Ele sempre tem mais e quer dar
mais! Algo tremendo acontece quando procuramos
o Amado da nossa alma. A partir do momento em
que vamos à Ele com sede e bebemos da fonte da
água viva, a vida dEle fluirá para dentro de nós
como rios de água viva (Jo 7.37,38). O Espírito de
Vida se moverá no nosso espírito, alma e corpo,
dançará alegremente nos nossos corações
renovando, restaurando, apaziguando os fogos
estranhos mas colocando o fogo dEle no nosso
altar. Isso sim é a vida verdadeira, vida em
abundância, de que todos necessitam (Jo 10.10b).
Como se não bastasse, essa vida transbordará de nós
para onde o Espírito nos conduzir, transformando
tudo ao redor, porque trará cura, mudará as
situações, chamará a existência milagres.
Termine este capítulo cantando o louvor: “Te
Busco”[137], do Ministério Sopro de Deus e, depois
faça a oração abaixo.

Oração
Senhor, preciso de Ti mais do que tudo, minha
alma te engrandece pois és o meu Amado. Mostra-
me a Tua glória, quero sentir a Sua presença aqui
neste lugar. A Tua beleza quero contemplar pois
desejo morar no céu contigo, andar do Seu lado e
cear na Sua mesa. Deus meu, sacia a minha alma
que tem sede e fome de Ti. Eu te amo mais que a
mim mesmo. Em nome de Jesus. Amém.
CAPÍTULO 8
Não perturbeis o coração
“Ampara-me, segundo a tua promessa, para
que eu viva; não permitas que a minha
esperança me envergonhe.” (Sl 119.116)
Quando a promessa demora para se cumprir
podemos ficar desanimados devido ao cansaço da
espera. Até temos fé mas como a bênção parece
que nunca vai chegar, perguntamos a Deus o que
estamos fazendo de errado. Quase nos arrastamos
para ir na Igreja e lá também não temos força para
louvar e mesmo para sorrir! Cumprimentar o irmão
vira um suplício e o culto parece não terminar.
Pensamos que era melhor não termos ido. Além de
tudo, nada do que falam na Igreja parece melhorar
nosso estado de espírito. E sentimos o peso da maior
prova de Deus: esperar o tempo que Ele
determinou. Esta certamente é a parte mais difícil
da prova, o teste do tempo. Aqui Deus terá a certeza
se você é fiel a Ele ou se vai abandoná-lo.
Durante este extenso período, temos a sensação
de que Deus foi viajar! Não murmuramos com
palavras mas sim chorando muito, além da conta,
afim de que Deus veja que realmente estamos
sofrendo. Fazemos como a criança que faz beicinho
quando o pai não liga para suas queixas. Batemos o
pé pela nossa bênção. A verdade é que nada disso
adianta. Aliás, esta conduta é tola, pois fará com
que sofra hoje por algo que ainda não aconteceu e
que só desfrutará no futuro.[138] Não pense que Deus
terá pena de você apenas pelo seu semblante,
porque bilhões de pessoas passam fome, sofrem,
permanecem refugiadas, enfim, estão passando por
verdadeiras tragédias e o pior, muitas delas sem
Deus no coração e por isso sem nenhuma
esperança. Ao invés disso, escolha ser sábio ao
passar por esse tempo sendo guiado pelo Espírito
Santo não importa o quanto dure. Pare de chorar
desmedidamente e marche! Deus não gosta de te ver
chorando, só o diabo, portanto, seja consolado pelo
Espírito Santo e aceite que há tempo para todo o
propósito debaixo do céu (Ec 3:1).
O tempo verdadeiramente é precioso. O
objetivo dele é fazer com que olhemos ao redor e
percebamos que o mundo não é um mar de rosas.
Enquanto a Terra durar haverá dor, pranto, morte,
pessoas pobres (Dt 15:11, Jo 12:8). Quando
atentarmos para isso poderemos exercitar o
altruísmo com mais ardor no meio do nosso próprio
sofrimento, pois nos colocaremos no lugar do
próximo efetivamente. Esta é uma maneira de
aprender a amar o próximo como a si mesmo, o
segundo maior mandamento de Jesus. Está vendo?
Tudo tem um propósito determinado, o seu e o meu
sofrimento não são em vão.
É óbvio que você e eu não viveremos
permanentemente esperando só para aprender os
mandamentos. Uma vez aprendidos, Deus os
aperfeiçoará cada vez mais em nós (1 Pe 5.10). Mas
compreenda que o consolo de Deus também é para
os outros. Quando olharmos ao redor e
enxergarmos os problemas do mundo, podemos ser
instrumentos do Senhor na prática do bem (Hb
13.16). Quando conseguirmos enxergar que pessoas
precisam de Jesus mais do que qualquer outra coisa
nós pregaremos o Evangelho para elas sem receio
(Hb 13.21). Acalme-se, tenha a certeza de que seus
problemas serão solucionados porque estão nas
mãos de Deus.
Nesta etapa da sua vida você constatará que os
caminhos de Deus são altos mesmos, assim como os
seus pensamentos (Is 55:9): “Ó profundidade da
riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento
de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e
quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois,
conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro?” (Rm 11:33,34). O livro de Eclesiastes
nos ajudará a compreender que todos sofrem com a
incerteza da trajetória da própria vida (Ec 9.2,3a;
7.14; 8.17). Ninguém tem a vida em suas próprias
mãos porque Deus é o dono da vida e está no
controle de tudo (1 Sm 2.6; Jó 12.10). Essa
verdade é libertadora porque traz descanso para
aquele que teme a Deus porém, para quem não crê,
restará somente a triste desesperança tanto do curso
da vida como em relação ao que acontecerá após a
morte (1 Ts 4.13-17; Ap 20.11-15; Ap 21 e 22).
Alguém pode dizer que existem coisas que estão
no controle do ser humano. Certamente, como nos
aponta o livro Eclesiastes: “Lança o teu pão sobre as
águas, porque depois de muitos dias o acharás.” (Ec
11.1). No entanto, mesmo a parte que cabe à pessoa
fazer, “lançar o pão sobre as águas”, tem incerteza,
pois não se sabe a quantidade exata de dias em que
se tornará a ver o pão. O pão pode se referir a
energia, esforço e recursos empregados em planos e
projetos para que se concretizem. Já a expressão
“depois de muitos dias o acharás” sugere que a
espera será longa, porque, de outra maneira, estaria
escrito depois de poucos dias o acharás. Há, ainda,
o risco de uma das sementes não prosperar ou de se
colher menos do que se esperava (Ec 11.6).
A Palavra avisa que ficar de braços cruzados
esperando tudo estar perfeito para plantar não é uma
boa escolha porque se a pessoa não semear
fatalmente não colherá: “Quem somente observa o
vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens
nunca segará.” (Ec 11.4). Mais uma vez a sabedoria
popular encontra-se com a sabedoria bíblica para
afirmar o mesmo: “Para colher tem que plantar”.
Enfim, o dever de todo ser humano é plantar mas só
Deus sabe quando e quanto ele irá colher (Ec 11.6).
Há coisas que estão tanto no controle do homem
como no controle do Senhor: “Reparte com sete e
ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá
à terra.” (Ec 11.2). Enquanto se espera pela
colheita, a Bíblia aconselha a repartir o pão por
causa das desgraças que podem acontecer no
mundo. À primeira vista é um motivo estranho para
repartir, porque geralmente, quando há alertas de
grandes catástrofes, as autoridades pedem para o
povo armazenar alimentos. Contudo, não é a esse
aspecto que a Palavra se refere. De acordo com o
contexto, depreende-se que, quanto mais a pessoa
repartir, mais o bem se multiplicará, de forma que
irá amenizar o mal que virá um dia. Além disso,
nada é cem por cento nosso, nem a nossa própria
vida, como vimos. O fato de termos algo a mais do
que outras pessoas, seja talentos, recursos, força ou
sabedoria, não é para retermos, mas para
abençoarmos (Mt 25.14-30).
Há também coisas que estão somente no
controle de Deus: “Estando as nuvens cheias,
derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore
para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí
ficará.” (Ec 11.3). O homem pode fazer planos da
árvore cair para o sul mas ela cai para o norte, o
oposto do que previu. Isso, evidentemente, gera
custos, leva ao desânimo e à vontade de desistir,
contudo, um bom planejamento deve levar em
consideração o risco e a incerteza do projeto, desde
o início da execução. O trecho “...no lugar em que
cair, aí ficará.” (Ec 11.3b) mostra que certas coisas
acontecerão de forma permanente, não importando
se esperávamos ou não por isso, ou seja, nada nem
ninguém poderá mudar aquilo que Deus determinou
(Ec 3.14).[139]
O pregador continua alertando sobre os
inescrutáveis caminhos do Senhor[140]: “Assim como
tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se
formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim
também não sabes as obras de Deus, que faz todas
as coisas.” (Ec 11.5). Em outra passagem bíblica,
Jesus afirmou que “o vento sopra onde quer, ouves
a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para
onde vai...” (Jo 3.8), confirmando a incapacidade
humana também de conhecer e entender sobre
aspectos exteriores ao homem, relativos a natureza.
[141]
O homem constituído do pó da terra está sujeito
a ser varrido pelo vento porque não tem nenhum
controle sobre ele.
O ser humano também “não sabe como a vida
(ou o espírito) entra no corpo que está se formando”
mas pode reconhecer que Deus cria cada ser
existente.[142] O Salmista Davi sabiamente admitiu
que Deus mesmo o tinha formado no ventre da mãe
dele: “Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste
no ventre de minha mãe.” (Sl 139.13 NVI). Ele
também dava graças pelo modo assombrosamente
maravilhoso pelo qual o Senhor o formou e tinha a
consciência de que as obras de Deus são, de fato,
admiráveis (Sl 139.14).
Apesar das incertezas quanto aos propósitos do
Senhor, todos temos promessas de Deus e a
sensação de que Ele está preparando uma surpresa
para nós, por isso a “demora”.[143] No entanto,
parece que recebemos aqueles embrulhos enormes
mostrados nos desenhos animados em que uma
caixa de presente está dentro da outra. E
desembrulhamos, desembrulhamos, só que nunca
vemos a surpresa e, ao sacudir as caixas, parece que
não há nada lá! Contudo, Deus preparou uma
pedrinha de diamante para nós, que está na última
caixinha a ser aberta, a menor de todas. A
quantidade de caixas representará tudo que teremos
que aprender antes de obter as promessas.
Muitas vezes vemos os nossos irmãos recebendo
bênçãos, testemunhando e nos alegramos por eles.
No entanto, ignoramos o tempo e a prova que
precisaram passar para obtê-las. Só queremos saber
da nossa vitória, pois o sabor dela será mais gostoso,
afinal será a “nossa vitória”. Entenda que Deus não
vai acelerar o processo só porque você quer.
Enquanto não estiver pronto para receber o que lhe
prometeu, Ele não dará. E ninguém melhor do que
Deus para saber qual é a hora certa. Contudo, ao
sinalizar para o Senhor que você está disposto a
percorrer o caminho que Ele determinou, saiba que
a vitória, mais dia, menos dia, chegará.
Concordo que nada mais justo do que
contemplar o troféu, subir ao pódio e cantar o hino
da vitória após tantas lutas e campanhas. Talvez
você não chore de rir a muito tempo, mas quando
chegar o tempo de saltar de alegria, será impossível
não se alegrar e ver que Deus não se esqueceu de
você (Ec 3.4)! Na verdade ele estava contigo, te
sustentando, em toda esta luta porque sem Deus
ninguém passa para a próxima etapa, ao contrário,
fica parada no meio do caminho sem saber para
onde ir e poderá se tornar uma pessoa rancorosa.
Todavia, quem está no reino de Deus sabe que Ele
está no controle e dá vitória em todas as aflições:
“Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de
todas o livra” (Sl 34:19)
Tenha o entendimento de que o tempo de espera
não é para lhe desanimar, mas para ficar cada vez
mais semelhante a Cristo e adquirir experiência para
consolar os que choram, do mesmo modo como foi
consolado pelo Senhor (2 Co 1:4). O tempo de
espera também é para o nome do Senhor ser
glorificado em sua vida a fim de que muitas pessoas
vendo o que Deus fez por você, creiam em Jesus (Jo
11.45). Medite na estória do cego de nascença
narrado no Evangelho de João. Quanto tempo esse
homem esperou para ser curado, você pode sentir a
dor dele? Quantos nascer e pôr do Sol ele não viu,
quantas coisas ouviu, queria ver mas não pôde,
quanta tristeza deveria existir em seu coração. Mas
havia um propósito para que ele tivesse nascido
cego, manifestar nele as obras de Deus (Jo 9.3b).
Ou seja, havia um desígnio do Senhor para ele ter
nascido assim. E quem pode mudar o que Deus
determinou (Ec 3.14)? Só Ele mesmo. E foi o que
aconteceu, Jesus provou ser Deus mais uma vez
curando um cego de nascimento.
O tempo da espera é muito precioso e nos
direciona para um novo patamar. Deus quer que
você aprenda com Ele e esteja sentado aos seus pés
atentamente, como fez Maria (Lc 10:39). Então, o
que fazer no período que antecede o cumprimento
das promessas? Creia somente, deixe Deus agir para
que você cresça espiritualmente até onde Ele deseja
para esse tempo em que está vivendo. Siga o
exemplo de Davi que mesmo angustiado se
reanimou em Deus. O rei trouxe a memória o que
podia lhe dar esperança, pois sabia das promessas e
fidelidade de Deus para a sua vida. Davi também
consultou o Senhor buscando a vontade de dEle.[144]
Ao fazer todas essas coisas o homem segundo o
coração de Deus recebeu o seu despojo, isto é, a sua
bênção.[145]
Muitas vezes, mesmo sabendo que Deus é o
mesmo, já tendo recebido inúmeras bênçãos e já
tendo presenciado a glória de Deus e seu poder, o
crente se encontra abatido, desanimado, cansado,
temeroso. Essas são estratégias que o inimigo usa
para que o filho de Deus não siga adiante. Não caia
na armadilha do diabo. Ele faz com que o crente
pense que é normal esse estado de espírito quando
não é. O medo, embora comum no mundo, não
pode tomar conta do coração do servo de Deus
porque “no amor não existe medo; antes, o perfeito
amor lança fora o medo.” (1 Jo 4.18a). Se você
anda em conformidade com a Palavra, o Senhor
garante que estará contigo (Mt 28.20). E quem está
com Deus não precisa de mais nada. A presença
dEle supre todas as necessidades e traz paz.
Quando Deus te mandar fazer algo, seja um
projeto ou lançar uma semente especial, saiba que
Ele já tem uma colheita preparada em vista, ou seja,
você não demorará para receber sua bênção. Não
importa a dificuldade do que Deus te pediu para
fazer pois Ele já te deus dons e garante que vai estar
com cada um de nós: “Não to mandei eu? Sê forte e
corajoso; não temas, nem te espantes, porque o
SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que
andares.” (Js 1:9). Para não cair nas artimanhas de
Satanás é preciso focar naquilo que Deus pediu para
fazer e não sair da presença do Senhor. Ou seja,
quando se está abatido é o momento de ir mais a
Casa de Deus para receber fortalecimento. Deus vai
fechar a boca do leão e firmar os seus passos
novamente, somente creia, amém?
Cante o louvor Descanse o seu coração, faça a
oração abaixo e receba o renovo de Deus.[146]

Oração
Senhor Deus Pai, clamo a Ti que venha me
consolar e ponha fim definitivamente as minhas
angústias. Preciso da sua paz e do seu renovo.
Fortaleça-me e esforça-me para que eu seja
corajoso em fazer a sua vontade. Em nome de
Jesus, Amém!

CAPÍTULO 9
Erros de quem não aprendeu a esperar

“Confirma ao teu servo a tua promessa feita


aos que te temem. (…) Lembra-te da
promessa que fizeste ao teu servo, na qual
me tens feito esperar. (…) Esmorecem os
meus olhos de tanto esperar por tua
promessa, enquanto digo: quando me
haverás de consolar?” (Sl 119.38, 49, 82)
“Sede fortes, e revigore-se o vosso coração,
vós todos que esperais no SENHOR” (Sl
31.24)
Esperar é uma longa jornada. Ela pode ser
percorrida com fé, colhendo-se todos os benefícios,
como o aprendizado, a reflexão e a mudança de
vida. Contudo, a mesma jornada da espera também
pode ser atravessada com muitos percalços por
conta de erros que poderiam ser evitados. A Bíblia
registra várias estórias de servos de Deus que
tiveram que esperar muito para receber as promessas
do Senhor. Alguns foram bem-sucedidos, enquanto
outros não souberam esperar e, por causa disso,
cometeram erros irremediáveis com consequências
tão graves que atravessaram gerações.
Calebe é um exemplo de servo bem-sucedido
em esperar. Durante quarenta e cinco anos esperou a
promessa de Deus se cumprir na sua vida (Js 14.
10). A sua perseverança em seguir o Senhor foi
recompensada com a cidade de Hebrom (Js
14.13,14). Este servo fiel foi tão abençoado por ter
esperado com fé o tempo do Senhor chegar que
pôde presentear a sua filha com terras que tinham
fontes de águas (Jz 1.15). Já Abrão e Sarai são
exemplos de servos que não aguentaram esperar o
tempo de Deus e acabaram agindo de maneira
equivocada (Gn 16.1). Essa atitude gerou conflitos
familiares, perdas e danos que poderiam não ter
acontecido se o velho casal tivesse esperado mais
um pouco (Gn 21.1,2).
Os dois exemplos anteriores já transmitem a
ideia de que melhor é esperar do que ser
precipitado. No entanto, ainda nos dias atuais os
servos de Deus erram porque não aguentam esperar
o tempo de Deus mesmo com os relatos da Bíblia
mostrando os prejuízos sofridos pelos apressados.
De fato, o erro mais comum cometido por quem
não aprendeu a esperar é a ansiedade.[147] Jesus
admoestou os filhos de Deus a que não andassem
ansiosos pela vida diária pois “qual de vós, por
ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao
curso da sua vida?” (Mt 6.27). Em outras palavras o
Mestre estava ensinando que a ansiedade não tem
valor algum, ela nada pode fazer porque é
completamente inútil.
A ansiedade demonstra “falta de confiança nos
cuidados do Pai, um sentimento de apreensão frente
ao absolutamente desconhecido. [Além disso,] a
ansiedade, biblicamente falando, consiste no fato de
o homem enxergar a vida fora dos cuidados
divinos”.[148] Quem deposita completamente a sua fé
e confiança em Deus não se preocupa com o futuro
porque sabe que o Senhor chamará a existência as
coisas que não existem (Rm 4.17). Para prevenir-se
dessa emoção perturbadora, o apóstolo Paulo
receitou o remédio: Não andeis ansiosos de coisa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante
de Deus, as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fp
4.6,7). Logo, o recurso que evita ou cura a
ansiedade é a oração. Nos primeiros séculos João
Calvino trouxe luz à essa passagem da Escritura[149]:
Os crentes não oram com a intenção de
informar a Deus a respeito das coisas que ele
desconhece, ou para incitá-lo a cumprir o
seu dever, ou para apressá-lo, como se ele
fosse relutante. Pelo contrário, eles
oram para que assim possam despertar-se e
buscá-lo, e assim exercitem sua fé na
meditação das suas promessas, e aliviem
suas ansiedades, deixando-as nas mãos dele;
numa palavra, oram com o fim de declarar
que sua esperança e expectativa das coisas
boas, para eles mesmos e para os outros,
está só nele.
Pode parecer estranho para alguns o fato de que
somente falar com Deus sobre nossas inquietações
possa trazer-nos a paz de Cristo. Mas, entenda, é
algo espiritual. Falamos com Deus sobre coisas
naturais e Ele enche de paz sobrenatural os nossos
corações e mente. Segundo o Pastor Gilmar
Chaves, “(...) a oração não necessariamente muda a
realidade pela qual se ora, mas pode transformar
aquele que se dirige a Deus em intercessões e
súplicas.” Veja como Deus nos abençoa quando
oramos expondo o íntimo do que somos, pensamos
e sentimos para Ele que nos criou e conhece tudo ao
nosso respeito. Já repararam que as pessoas que
mais oram intimamente com Deus são as que
demostram ter mais paz? Mas o segredo delas pode
ser o nosso também: viver a Palavra de Deus em
Filipenses capítulo quatro, versículos seis e sete.
A vida é muito importante para gastarmos tempo
nos preocupando com o amanhã. Jesus orientou
seus discípulos a se preocuparem com o futuro
quando ele fosse presente: “Portanto, não se
preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas
próprias inquietações. Bastam para hoje os
problemas deste dia.” (Mt 6.34).[150] Os cristãos são
chamados a resolver um problema de cada vez e, à
medida em que eles forem aparecendo. Por fim,
para não haver mais dúvida de que a ansiedade é
perda de tempo, energia e uma emoção totalmente
desnecessária, o apóstolo Pedro encorajou lançar
toda a ansiedade sobre Deus, ou seja, arremessá-la,
se livrar dela, jogando-a sobre Deus e não sobre as
outras pessoas ou sobre si mesmo, porque o cuidado
dEle é perfeito. O Senhor é o único que pode curar
e libertar completamente o ser humano dos males do
corpo, da alma e do espírito.
Outro erro que pode cometer quem não
aprendeu a esperar é resolver o problema do seu
jeito sem a direção e aprovação do Senhor. Quando
Deus vai na frente Ele garante a vitória mas quando
o crente impaciente quer sua bênção antes do tempo
as consequências podem ser desastrosas. Na
verdade, quem quer fazer à sua maneira está
sinalizando não confiar no conselho do Altíssimo,
mas em si mesmo. A Bíblia é clara sobre o que
ocorre com os que pensam estar no caminho certo
sem a ajuda de Deus: “Há caminho que ao homem
parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de
morte.” (Pr 14.12). Por outro lado, o sábio
Salomão deu a dica do êxito: “Mas o que confia no
SENHOR prosperará” (Pr 28.25b).
A Bíblia alerta que àquele que confia na sua
carne, na sua intuição, no conselho do homem e
aparta-se do Senhor será malsucedido mais dia,
menos dia: “Assim diz o SENHOR: Maldito o
homem que confia no homem, faz da carne mortal o
seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!
Porque será como o arbusto solitário no deserto e
não verá quando vier o bem; antes, morará nos
lugares secos do deserto, na terra salgada e
inabitável.” (Jr 17.5,6). Por outro lado, a pessoa
que deposita em Deus a sua confiança e espera no
Senhor é bendita e sempre produzirá bons frutos:
“Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja
esperança é o SENHOR. Porque ele é como a
árvore plantada junto às águas, que estende as suas
raízes para o ribeiro e não receia quando vem o
calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de
sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.”
(Jr 17. 7,8).
O crente que faz à sua moda também está
desobedecendo o Senhor. Nada é pior para Deus do
que a desobediência (1 Sm 15:22,23). Se Deus
mandou esperar, espere, pois Ele não quer teu mal e
sim teu bem: “Eu é que sei que pensamentos tenho
a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz
e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr
29. 11). Lembre-se que Deus vê lá na frente, antes
da palavra chegar a nossa língua,, ele já a conhece
(Sl 139.4). Logo, o Senhor sabe o que está
fazendo, não sofra as consequências de erros que
podem ser evitados, apenas confie e espere.
Vários personagens bíblicos sofreram ao
desobedecerem as ordens do Senhor. Não por falta
de aviso, pois Deus sempre deu várias chances para
seu povo se consertar, falando na maioria das vezes
através de seus profetas. Mas por dureza de
coração, o popular “cabeça-dura”: do meu jeito é
melhor, eu estou certo, quem sabe sou eu etc., por
teimosia e soberba, estes homens não escutaram o
Senhor. Cuidado para não fazer o mesmo, pois isso
é contender com Deus que ama tanto você. Não
pense em pôr Deus à prova, pois está escrito: “Não
tentarás o Senhor, teu Deus.” (Lc 4.12b). Além do
mais, só há um Senhor no céu, seja humilde e
ponha-se no seu lugar de servo.
Deus recompensa os filhos obedientes e
humildes: “Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5.3).
Enquanto os altivos são abatidos: “Quem a si mesmo
se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se
humilhar será exaltado.” (Mt 23.12). Se os
personagens bíblicos sofreram as consequências dos
seus erros, conosco acontecerá o mesmo se
cometermos erros semelhantes. Isto porque a Bíblia
fala para todos sempre de forma atual e tudo está
escrito para nos ensinar (2 Tm 3.16-17). Então,
sábio é aquele que aprende com os erros dos outros,
não com os seus próprios. Os tempos podem ser
modernos mas Deus não mudou, nem sua Palavra,
pois ela permanece para sempre (Sl 119.89; 1 Pe
1.25). Por isso, os tempos devem se adequar a
Palavra, não o contrário.
Há também quem peque e queira consertar o
erro do seu jeito, sem arrepender-se e sem obedecer
a voz de Deus. Não sabem esperar o Senhor ajuntar
aonde não espalhou (Mt 25.24,26). Este foi o caso
dos israelitas no deserto. Após o relatório dos espias
de incredulidade ter impregnado quase todos, o
povo israelita que já murmurava por qualquer coisa,
vislumbrou um “boa razão” para fazê-lo sem
reservas. Isto obviamente desagradou a Deus após
ter feito tantas maravilhas e prodígios para este povo
nunca satisfeito. O resultado não foi outro, mesmo
ante a intercessão de Moisés, o Senhor castigou seu
povo, fê-lo perecer no meio do deserto. Mas, como
é Justo Juiz, deixou viver aqueles que foram
obedientes desde o princípio, Josué e Calebe.
O povo, mesmo sentindo a ira de Deus, quis
contornar os seus erros cometendo mais um!
Resolveram tomar posse da Terra Prometida sem a
aprovação de Deus. Moisés ainda avisou: “Não
subais, pois o SENHOR não estará no meio de vós,
para que não sejais feridos diante dos vossos
inimigos. Porque os amalequitas e os cananeus ali
estão diante de vós, e caireis à espada; pois, uma vez
que vos desviastes do SENHOR, o SENHOR não
será convosco.” (Nm 14:42,43). O fim deles foi
trágico, pois os moradores da terra os feriram e
derrotaram (Nm 14:45). Logo, o povo escolhido por
Deus foi humilhado pelos seus inimigos.
Essa é uma grande lição para nós hoje. Não é só
porque você e eu somos filhos de Deus que
podemos ficar errando reiteradamente. É hora de
aprender, melhor ainda se aprender da primeira vez
não errando. Mas, mesmo tendo falhado uma vez,
Deus está pronto para nos perdoar, corrigir e
colocar-nos na rota certa novamente. Somente
façamos a escolha de obedecer sua direção que tudo
irá bem. Como está escrito: “Cuidareis em fazerdes
como vos mandou o SENHOR, vosso Deus; não
vos desviareis, nem para a direita, nem para a
esquerda. Andareis em todo o caminho que vos
manda o SENHOR, vosso Deus, para que vivais,
bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que
haveis de possuir.” (Dt 5:32,33).
Outro erro de quem não sabe esperar é querer
algo sem merecer. Aqui, na verdade, quer dizer
receber algo sem estar preparado para ganhar, ou
sem ter “pago o preço”. Moisés pagou o preço para
ser autoridade sobre os filhos de Israel. Ele
obedeceu as ordens do Senhor, foi fiel aos seus
mandamentos e era um bom intercessor. No
entanto, Corá, Datã e Abirão tiveram inveja de
Moisés e Arão em relação aos seus sacerdócios.
Eles queriam tomar a posição e autoridade dos
líderes do povo que não era deles e tentaram fazer
isso através de uma rebelião. Contudo, não estavam
se rebelando contra os servos de Deus mas contra o
próprio Deus, pois Ele que constitui as autoridades
(Rm 13:1).[151] Por conta disso pagaram com a vida
pela sua ousadia e estupidez (Nm 16:1-33).
Portanto, não incorra nos erros infligidos
pelos personagens bíblicos. Só há benefícios em
esperar o tempo de Deus se cumprir na sua vida. A
sabedoria popular diz: quem espera sempre alcança.
No reino de Deus não é diferente, pois o Senhor
premia os fiéis: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a
coroa da vida.” (Ap 2:10b). Quando somos
obedientes a voz do Senhor e não cometermos
nenhum dos erros vistos anteriores saberemos,
finalmente, que aprendemos a esperar pelo Senhor.
Para concluir, cante o louvor Degrau da Exaltação e
faça a oração abaixo.[152]
Oração
Querido Deus, fortalece-me Pai, revigora o
meu coração pois tenho esperado em Ti. Renova a
minha fé e a minha esperança. Santo Deus, faça
com que meus olhos só olhem para Ti, não para o
tempo, não para os problemas. Senhor, cumpra as
suas promessas na minha vida, guia-me para que eu
faça a minha parte nelas. Em nome de Jesus,
Amém!
CONCLUSÃO

Aprender a esperar em Deus é uma lição que


precisa ser aprendida por todos. O objetivo deste
livro foi primordialmente ajudar aqueles que querem
ser bons alunos a passar com louvor pela prova do
tempo. Estudamos sobre o tempo de Deus e o
tempo humano. Analisamos palavras chave como
paciência, a esperança e a perseverança.
Aprendemos o que é esperar, porque esperar e
como esperar.
No decorrer da leitura, descobrimos que esperar
é um período de aprendizado porque geralmente
levamos tempo para aprender qualquer coisa e
ficarmos bons nisso. Constatamos que esperar é um
tempo de reflexão e mudança porque percebemos
que certas atitudes que tomamos, rumos que
traçamos ou até nossa forma de pensar precisam ser
alterados se quisermos alcançar a linha de chegada e
receber o tão sonhado prêmio (1 Co 9.24-22; Fp
3.14). O tempo de esperar precisa ser
completamente não ocioso em que pedimos a Deus,
buscamos Sua face e batemos na porta do céu (Lc
11.9,10; Mt 16.19).
Esperar deve ser uma experiência alegre porque
envolve a expectativa de que algo de bom
acontecerá no fim do período da espera. Esperar
também deve ser uma experiência produtiva pois é
um período de realização de tarefas muito bem
direcionadas. Essas tarefas, chamadas de “É tempo
de esperar”, “É tempo de crescimento espiritual”, “É
tempo de se consagrar”, “É tempo de aprender a
ouvir a voz de Deus”, “É tempo de trazer a memória
o que pode dar esperança” e “É tempo de buscar a
Deus” revelam o que precisa ser feito enquanto se
espera o tempo de Deus se cumprir. Obviamente, o
aluno aplicado verá que não é só tempo de fazer
todas essas coisas, mais muito mais, como nos alerta
o louvor Até tocar o céu[153]:
É tempo de vigiar e orar. É tempo de buscar
a face de Deus. É tempo de receber a sua
direção e o seu poder. É tempo de se
levantar e agir. É tempo de ampliar a visão.
É tempo de se arrepender e clamar pelo Seu
perdão. É tempo de viver a realidade de uma
vida de temor e santidade. Com os olhos
espirituais abertos pois a vinda de Jesus está
muito perto. É tempo de parar de murmurar
e abrir a boca para abençoar. Porque somos
os profetas desse tempo. Somos a geração do
avivamento!
Há quem acredite que o tempo acabou ou que
está caminhando muito rapidamente para o fim (Mt
24). Esse pensamento, se não for bem
compreendido pode conduzir a erros graves como a
total displicência e a sentimentos ruins como o
pânico. É preciso ter cuidado com as pregações do
fim do mundo porque podem provocar o efeito
contrário àquele desejado. Quem dá a última
palavra é Deus (Mt 24.36). Logo, enquanto
estivermos vivos, “ainda dá tempo de levantar.
Ainda dá tempo de recomeçar tudo outra vez(…).
Ainda dá tempo, ainda dá tempo sim. Nem tudo está
perdido, quem disse que chegou o fim (…). Ainda
dá tempo de realizar. Os sonhos que o tempo tentou
roubar, que escondeu de mim.”[154]
Se podemos resumir o livro numa frase, seria
esta: o tempo de espera é uma bênção e, quanto
mais longo ele for, maior será o aprendizado.[155]
Meu desejo é que este livro seja de grande ajuda e
que todos os que o tiverem lido, verdadeiramente
aprendam a esperar todas as vezes que o Senhor os
chamar a isso. Volte a leitura quantas vezes achar
necessário para se certificar de que de fato aprendeu
a verdade revelada da Palavra de Deus sobre esse
assunto (Jo 8.32). É claro que Deus pode revelar-
lhe muito mais desde que você esteja disposto a ir
mais fundo. Sinta-se à vontade para continuar os
estudos mas não se esqueça de compartilhar comigo
e com os outros leitores o seu aprendizado. Vá no
meu blog Anotações de uma nova criatura e conte a
sua experiência.[156]
Por fim, este livro possui um caderno de
atividades gratuito que você pode acessar no meu
blog, baixar e imprimir. É um complemento para o
seu aprendizado e uma ferramenta de estudo para
pequenos grupos. Você saberá que passou na prova
da espera em Deus quando tiver acertado a maior
parte das questões e respondido sinceramente “Sim,
eu, ____________ aprendi a esperar em Deus com
paciência”, à pergunta do questionário final no
caderno de atividades: Você aprendeu a esperar em
Deus?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A Bíblia Sagrada. Traduzida em Português por João


Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil.
2a. ed. Barueri - SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
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A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de
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A Bíblia Sagrada Edição de Promessas. Barueri –
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WIKPEDIA.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Chronos#Conceitos>
WILKES, C. Gene. O último degrau da liderança.
São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1999.

SOBRE A AUTORA

Sílvia Félix Brião é formada


em Ciências Econômicas, Teologia e Matemática.
Tem chamado ministerial para a área de ensino
bíblico. Possui um blog chamado Anotações de
uma nova criatura
(www.facebook.com/anotacoesdeumanovacriatura),
onde publica contos, peças de teatro e novidades
sobre seus livros. Atualmente congrega na 2ª Igreja
Congregacional de Brás de Pina, que fica na Rua
Antenor Navarro, 840, no Rio de Janeiro, uma
Igreja comprometida com o genuíno evangelho. Na
sua Igreja tem crescido espiritualmente juntamente
com os demais irmãos em Cristo que lá congregam e
tem comunhão. A autora é muito bem pastoreada
pelos Apóstolos Manoel e Nádia Parente, exemplos
de homem e mulher de Deus e líderes que ensinam
a como ser verdadeiramente um cristão.
Informações adicionais da obra:
Miolo: Papel Offset 70g/m²
Capa: Papel Supremo 250g/m² (laminação brilho)
Fonte do corpo do texto: Book Antiqua 12pt
Encadernação: Tipo Brochura (Costura e HotMelt)

[1]
Há um livro com esse mesmo título: O livro mais mal-
humorado da Bíblia, escrito por Ed René Kivitz, Editora Mundo
Cristão.
[2]
Quando escrevo “com segurança durante o percurso” refiro-
me a firmeza na fé, sem os altos e baixos que atrapalham uma
vida cristã saudável e madura e sem a indesejável murmuração.
Também faço alusão a presença de armaduras espirituais contra
os ataques do inimigo, do mundo e da carne.
[3]
Uma boa maneira de colocar todos os ensinos acumulados em
prática é fazendo os exercícios do livro de atividades:
Aprendendo a Esperar. Livro de atividades.
[4]
Veja no meu blog Anotações de uma Nova Criatura o texto:
“Deus, o Criador”.
(https://www.facebook.com/anotacoesdeumanovacriatura/?
ref=bookmarks).
[5]
Elohim significa Deus em “um plural majestático ou de
intensidade que, em vez do significado regular de plural (deuses),
indica a magnitude divina, acentuando Sua glória e Seu poder
como o Deus todo-poderoso.” (Radmacher et al, 2010).
[6]
Os gregos antigos tinham três conceitos para o tempo: khrónos,
kairós e aíôn. Khrónos refere-se ao tempo cronológico, ou
sequencial, que pode ser medido, associado ao movimento linear
das coisas terrenas, com um princípio e um fim. Kairós refere-se a
um momento indeterminado no tempo, em que algo especial
acontece, o tempo da oportunidade. Aíôn já era um tempo sagrado
e eterno, sem uma medida precisa, um tempo da criatividade onde
as horas não passam cronologicamente, também associado ao
movimento circular dos astros, e que na teologia moderna
corresponderia ao tempo de Deus. (Fonte:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Chronos#Conceitos>). Acesso em
julho de 2017.
[7]
Sintonia é a “harmonia; modo semelhante de pensar, de sentir;
em que há acordo, equilíbrio ou concordância.” (Definição
extraída do site: <www.dicio.com.br/sintonia>). Acesso em julho
de 2017.
[8]
Raciocínio semelhante pode ser feito quando o cristão quer
fazer além do que lhe foi designado. Isto aplica-se a tarefas
diferentes daquelas que Deus estipulou. Por exemplo, o Senhor
revela Sua vontade para o Evangelista João pastorear uma pequena
Igreja. No entanto, sua falta de liderança o impede de se consagrar
apenas ao ministério da oração e da Palavra (At 6:4). Ao invés
disso, ele serve às mesas, limpa os aposentos e faz o papel de
secretário da Igreja (At 6:1,2). O líder sofre um desgaste por estar
sobrecarregado e os membros da Igreja se dispersam pois não são
bem pastoreados.
[9]
Sincronia é a “ação ou efeito de sincronizar, de ocorrer ao
mesmo tempo. Condição do que acontece de maneira simultânea,
ao mesmo tempo, podendo ter ou não relação entre si;
simultaneidade.” (Definição extraída do site:
<www.dicio.com.br/sincronia>). Acesso em julho de 2017.
[10]
Essa é parte da letra do louvor Deus é Deus de Delino
Marçal, disponível no endereço:
<https://www.vagalume.com.br/delino-marcal/deus-e-
deus.html>. Acesso em julho de 2017.
[11]
Veja bem, às vezes o plano de Deus é que seu filho aprenda
com a situação difícil que ele está passando, não que ele saia
dela a todo custo. Aqui é necessário confiar em Deus, obedecê-
Lo para atravessar o deserto, seguir os passos de Jesus e não se
preocupar mais com nada. No outro caso, não há nada de errado
em querer muito receber as promessas que Deus fez, contanto
que não gere impaciência nem paralise o cristão. Querer muito
uma promessa paralisa a vida quando deixa o filho de Deus
aprisionado ao pensamento de que não precisa fazer nada
porque sua promessa cairá do céu. Gostaria de dizer que sim,
mas não é desse jeito que funciona, é preciso fazer a vontade de
Deus e esperar o tempo Dele para que as promessas se
cumpram.
[12]
A pessoa que se afasta da presença de Deus não tem mais
direito as promessas, apenas se voltar aos braços do Pai.
[13]
Folha de São Paulo, 3 de janeiro de 2010. Caderno Mais!, p.
3.
[14]
No sentido figurado maturação é o “período fundamental
para o desenvolvimento, realização de alguma coisa,
normalmente de conteúdo intelectual; maturação de um
pensamento”. Definição extraída da página:
<www.dicio.com.br/maturacao>. Acesso em julho de 2017.
[15]
Para ser perfeito enquanto espera o filho de Deus precisa
aprender a esperar com amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
Esses são o fruto do Espírito (Veja Gálatas 5: 22,23). Ele também
necessita de paciência, esperança e perseverança.
[16]
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto,
descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação
ou sombra de mudança.” (Tiago 1.17).
[17]
Lembrando que fazer a vontade de Deus é obedecê-Lo em
todas as áreas da vida.
[18]
O fim do mundo, p. 49, 50, 56 e 58.
[19]
Temer não no sentido de ter medo mas de reverência e
respeito porque Deus é Deus.
[20]
Definição retirada do Dicionário Aurélio. Disponível em
<https://dicionariodoaurelio.com/expectativa>. Acesso em
agosto de 2017.
[21]
O último degrau da liderança, p.63.
[22]
O cristão que ainda não aprendeu a confiar em Deus pode
ler meu livro “Aprendendo a confiar em Deus” e praticar os
ensinamentos ministrados. Isso é muito importante pois aquele
que não confia em Deus não terá êxito na aplicação das lições
deste livro.
[23]
Ibid, p.64.
[24]
A Bíblia em sua versão NVI traduz da seguinte forma:
“coloquei toda a minha esperança no SENHOR; ele se inclinou
para mim e ouviu o meu grito de socorro.” Sl 40.1.
[25]
Não estou querendo dizer com isso que o cristão deve
barganhar com Deus, se “comportar” apenas para receber as
promessas do Senhor. Não é isso. Os filhos de Deus vão se
comportar, ser obedientes, por amor ao Pai, não porque Ele
recompensa mas porque O amam, guardarão os Seus
mandamentos (João 14.15).
[26]
Entende-se por esforçar-se em agradar o Pai Celestial, neste
caso, tão somente fazer a vontade de Deus, ou seja, obedecer ao
Senhor com base na fé. Ademais, quando os cristãos se
esforçam para agradar, segundo o que diz a Palavra de Deus,
seus pais, familiares, amigos, irmãos e líderes da Igreja, as
autoridades, o próximo etc. Estão agradando a Deus também.
[27]
Gosto do significado da palavra galardão: “Reconhecimento;
compensação por serviços de um valor muito elevado.
Homenagem ou glória; em que há premiação: o prêmio foi o
galardão de sua carreira.” Extraído de:
<https://www.dicio.com.br/galardao/>. Acesso em agosto de
2017.
[28]
A fé que atua negativamente é a fé baseada na emoção, não
na direção de Deus.
[29]
Os ímpios, insensatos e incrédulos podem até tentar mas não
conseguirão lutar contra a verdade com argumentos falsos (2 Co
13:8).
[30]
O apóstolo Pedro também convocou os cristãos a estarem
preparados para responder a todo aquele que pedir razão da
esperança cristã (1 Pe 3:15).
[31]
Será que esses ditados foram inspirados no livro de
Eclesiastes? Analise este versículo: “Para aquele que está entre
os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um
leão morto”. (Ec 9:4).
[32]
A aflição suscita o aprendizado dos decretos de Deus (Sl
119:71). Veja também Hebreus 5.8.
[33]
Algumas virtudes cristãs são conhecidas na segunda epístola
de Pedro, capítulo um, versículos cinco ao sete.
[34]
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes
por várias provações” (Tg 1.2).
[35]
Revista Fiel- Ministério Silas Malafaia, ano V, n° 56 – janeiro
de 2010, p.8.
[36]
Esta passagem bíblica do Antigo Testamento lembra outra do
Novo Testamento: “Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e
serás salvo, tu e tua casa.” (At 16:31).
[37]
O Novo Comentário Bíblico. Novo Testamento com recursos
adicionais. p. 671.
[38]
Alguém poderia argumentar que há pessoas não cristãs que
são muito perseverantes. Sim há e elas influenciam a muitos.
Isto acontece porque no mundo há cada vez menos pessoas
perseverantes, em parte devido a pressa da vida moderna. Então,
a pessoa perseverante chama atenção. No entanto, os frutos da
justiça, produzidos na vida do cristão por Deus operam
transformando vidas, não somente influenciando pessoas. Os
cristãos aperfeiçoados por Deus na perseverança são aqueles
que começam um plano de Deus e o concluem, recebendo como
recompensa o cumprimento das promessas. As pessoas não
cristãs olharão o bom testemunho do cristão perseverante e
crerão que Deus está com ele. No primeiro caso não, o não
cristão perseverante possui o dom da perseverança, não o
adquiriu na Escola de Deus por meio de provas e tribulações.
[39]
Há uma frase muito repetida no meio evangélico: “No final da
luta há sempre vitória”. Conclui-se daí, mais uma vez, que é
preciso ser perseverante para chegar lá, nas promessas de Deus.
[40]
Veja também a analogia do apóstolo Paulo entre os atletas e os
cristãos em 1 Coríntios 9.24,25.
[41]
O livro de Jesus, p.216.
[42]
A letra completa encontra-se em:
<https://www.vagalume.com.br/eyshila/ate-tocar-o-ceu.html>.
Acesso em agosto de 2017.
[43]
Veja também as referências sobre sabedoria: Pv 2; 3.21-23 e
4.11-13.
[44]
O novo-convertido deseja ardentemente as coisas espirituais
porque está em novidade de vida. Esta é uma prova da
transformação sobrenatural que Deus operou no interior dele: o
milagre do novo nascimento. Porém, a Bíblia persuade os
cristãos de um modo geral a desejar ardentemente, como
crianças recém nascidas, o genuíno leite espiritual, ou seja, não
somente as novas criaturas devem buscar o crescimento para
salvação (1 Pe 2.2).
[45]
“Dar seus primeiros passos sozinhos” significa ir na Igreja
por conta própria, se esforçar para ler a Palavra de Deus toda,
ser assíduo frequentador da Escola Bíblica Dominical, entre
outros.
[46]
Veja também: 1 Co 13:1; Ef 4:14 e Hb 5:11-14.
[47]
Revista Lições da Bíblia, n° 20, ano 5. Professor.
MATURIDADE, essência da vida cristã, p.56. Editora Central
Gospel.
[48]
Veja Cl 3:12-17 e 2 Pe 2:5-7.
[49]
Revista Lições da Bíblia, n° 12, ano 3. Professor. Em busca
do crescimento espiritual, p.104. Editora Central Gospel.
[50]
Veja 1 Co 15.33; 1 Tm 6.20; 2 Tm 2.14,16; Hb 12.15.
[51]
Obviamente pode haver exceções a essa “regra”. Alguns
podem ver na demora pelo cumprimento das promessas um
motivo para abandonar a fé ao invés de aceitarem a vontade de
Deus e confiarem Nele.
[52]
Refiro-me, quando menciono buscar “demais”, a uma busca
exagerada em que o cristão esquece de seus compromissos com
a família, com o trabalho, com as autoridades, ou seja, suas
responsabilidades terrenas (1 Tm 5.8; Rm 13.7). O oposto,
buscar “de menos” seria negligenciar os dons e o chamado do
Senhor, a prática da oração e das boas obras, o cuidado com a
Casa de Deus etc (1 Tm 4.14; 1 Ts 5.17; Ag 1.9).
[53]
Termos retirados da Revista Lições da Bíblia, n° 12, ano 3.
Professor. Em busca do crescimento espiritual, p.32. Editora
Central Gospel.
[54]
O cristão precisa tomar cuidado com isso pois as chances de
naufragar na fé quando se rejeita a boa consciência são muito
grandes (1 Tm 1.19). Compare com o que diz o Apóstolo Paulo
em At 23.1, quando depõe perante o Sinédrio e falando à
Timóteo em 1 Tm 3.9. Veja também Hb 10.22 e 13.18.
[55]
Esta afirmação refuta a falsa doutrina da predestinação
fatalista no qual equivocadamente se acredita que o ser-humano
já nasce predestinado para o céu ou para o inferno. Essa
doutrina é errônea pois desconsidera o sacrifício redentor de
Jesus, a salvação por meio da fé em Cristo, o livre-arbítrio em
crer ou não no plano redentor de Deus e a necessidade da
pessoa salva permanecer fiel até a morte e fazer a vontade de
Deus para ter a vida eterna. A predestinação fatalista só ocorreria
se não tivesse havido o sacrifício de Jesus na cruz. Neste caso
todo ser-humano estaria predestinado ao inferno e nenhum ao
céu. A doutrina da predestinação segundo as Escrituras nada
mais é do que o conhecimento prévio de Deus de quem vai
entrar no gozo celestial.
[56]
Veja o tópico: As pessoas que se conservam fiéis, na Revista
Lições da Palavra de Deus, n° 19, ano 5. A Carta aos Efésios em
foco, p.49. Comentarista Pr. Gesiel Gomes.
[57]
Earl Blackburn entende que o desenvolvimento da salvação
ocorre através dos meios da graça: leitura da Palavra de Deus,
oração, meditação, adoração, ordenanças do Evangelho,
comunhão, oração coletiva. Veja mais sobre esse assunto em:
<www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/122/Os_Meios_da_Graca
Acesso em setembro de 2017.
[58]
O Novo Comentário Bíblico. Novo Testamento com recursos
adicionais. p. 262.
[59]
Não somente isto, é também fortalecido com todo poder,
segundo a força da glória do Altíssimo em toda a perseverança e
longanimidade, com alegria. (Cl 1.11).
[60]
Esta é a prova máxima de que o cristão prudente prioriza o
Reino de Deus na sua vida. Mesmo com os inúmeros afazeres da
vida moderna ele reserva o melhor do seu tempo para dedicar-se
a oração, a leitura da Bíblia e vai constantemente a Casa de
Deus. Além disso, o cristão fiel faz um devocional diário, louva
a Deus com sua vida através de atitudes que engrandeçam a Ele
e é praticante diligente da Palavra. Como se isto não bastasse ele
ainda trabalha na obra de Deus com alegria.
[61]
Nicodemus (2007, p.53) alerta a Igreja para o fato de que é
pecado não estar cheio do Espírito Santo.
[62]
Revista Lições da Bíblia, nº 19, ano 5. Aluno. A carta aos
Efésios em foco, p. 64,65. Editora Central Gospel.
[63]
Cheios do Espírito, p. 23.
[64]
Veja um bom estudo sobre a Plenitude do Espírito Santo em:
<http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/a-plenitude-do-
espirito-santo/>. Acesso em setembro de 2017.
[65]
Segundo o Reverendo Hernandes Dias Lopes, no mesmo
estudo, “não estar cheio do Espírito é pecar contra ele, é
entristecê-lo, é apagá-lo, é desobedecê-lo”.
[66]
Conhecendo Deus intimamente. Como estar tão perto dele
quanto você deseja, p. 156.
[67]
Pearlman (2009, p.309) afirma que “quando a palavra
`batismo` é aplicada a experiência espiritual, ela é usada
figuradamente por Cristo para descrever a imersão no poder
vivificador do Espirito Divino”.
[68]
Meyer (2012, p.161) crê que falar em línguas é o som dos
rios de água viva que fluem de dentro daqueles que estão cheios
do Espirito.
[69]
Ibid, p.157.
[70]
Revista Lições da Bíblia, n° 12, ano 3. Professor. Em busca
do crescimento espiritual, p.107. Editora Central Gospel.
[71]Conhecendo Deus intimamente. Como estar tão perto dele
quanto você deseja, p. 177.
[72]
Compare o versículo de 1 Pe 5.6 com Tiago 4.10 e o contexto
de ambos.
[73]
Há ainda outros elementos que estão descritos na Epístola de
Paulo aos Efésios, no capítulo 5 para ser cheio do Espírito:
imitar Deus, andar em amor, produzir frutos da luz, não
participar das obras das trevas, andar como sábios, procurar
entender qual é a vontade de Deus, louvar de coração ao
Senhor, dar graças por tudo a Deus em nome de Jesus e sujeitar-
se uns aos outros no temor de Cristo. Ao praticar tudo isso com
dedicação o cristão permanecerá cheio do Espírito (Ef 5:18).
[74]Recomendo a leitura do livro de Nicodemus (2007) por tratar
inteiramente do assunto que estamos discutindo, principalmente
os capítulos 3 e 4: Como ser cheio do Espírito Santo e A
importância de sermos cheios do Espírito Santo,
respectivamente.
[75]
Bíblia de Estudo Joyce Meyer, p 1382.
[76]
Veja a letra completa do louvor em:
<https://www.vagalume.com.br/alda-celia/junto-a-ti.html>.
Acesso em setembro de 2017.
[77]
Segundo Radmacher (2010), “A concupiscência da carne se
refere ao desejo por prazeres pecaminosos [principalmente os de
natureza sexual]. A concupiscência dos olhos se refere à
ambição ou materialismo. A soberba da vida se refere ao
orgulho que a pessoa sente de sua situação no mundo.” (p.
729,730).
[78]
Ele viu os céus abertos, p. 294.
[79]
Ibid, p 21.
[80]
É claro, até quando Deus permitir que eles estejam dessa
forma na Casa Dele, pois podem ser tirados da videira caso não
se arrependam e voltem ao primeiro amor (Rm 11.11-24; Ap
2.4,5).
[81]
Deus não deixa de ser Fiel porque não “cumpriu” uma
promessa feita a uma pessoa, na verdade, apenas quando o ser
humano não cumpre a sua parte na promessa é que o Senhor
não a efetiva. Isto acontece porque há princípios no Reino e a
obediência é o mais importante deles.
[82]
A letra completa deste louvor encontra-se em:
<https://www.vagalume.com.br/aline-barros/consagracao.html>.
Acesso em outubro de 2017.
[83]
Como ouvir a voz de Deus. Aprenda a ouvir a voz de Deus e
a tomar as decisões certas. p. 7.
[84]
Face a face com Deus, p. 72.
[85]
Existe algo muito interessante nessa estória. Jonas ao falar
com Deus, certamente desejava que o Senhor o escutasse, e não
fizesse o mesmo que ele tinha feito com Ele, ou seja, não ter
dado ouvidos a Sua voz. Vemos aí a misericórdia do Senhor,
que, apesar das nossas falhas, nos corrige, ensinando que ouvir
e obedecer é o melhor caminho a seguir (Jn 2.2,8,9).
[86]
O contexto do capítulo 28 refere-se ao povo de Israel do
Antigo Concerto, faz parte da Lei. Essas bênçãos e maldições
foram promulgadas especificamente para eles, portanto não são
para a Igreja, povo de Deus do Novo Concerto, como alguns
pregam equivocadamente. A Igreja está na dispensação da
Graça, não da Lei. A verdade é que devemos obedecer a Deus
independentemente se vamos ser abençoados por isso, mas
porque é o certo a se fazer e por amor e gratidão ao que Cristo
fez por nós (1 Jo 5.2).
[87]
Isso é interessante, nada, absolutamente nada de ruim
aconteceria ao povo escolhido se este fosse obediente, só se não
obedecesse as instruções do Senhor. Deus mesmo cumpriria a
Sua Palavra.
[88]
Introdução ao Aconselhamento Bíblico. Um guia de
princípios e práticas para líderes, pastores e conselheiros, p.
72,73.
[89]
Pusey, Minor Prophets, 1:410. Citado por MacArthur (2016).
[90]
Recomendo a leitura do livro de Joyce Meyer para se
aprofundar no assunto: Como ouvir a voz de Deus. Aprenda a
ouvir a voz de Deus e a tomar as decisões certas. Belo
Horizonte: Bello Publicações, 2016.
[91]
Veja no meu blog Anotações de uma Nova Criatura o texto:
A Palavra Viva.
[92]
Veja O manual do Espírito Santo, de Micke Murdock,
respectivamente os capítulos 20, 25 e 26.
[93]
Coisas como disque profecia soam mais como misticismo do
que como verdadeiro cristianismo.
[94]
Quando digo que o Senhor já falou ao coração do cristão
refiro-me a certeza ou convicção sobre a vontade de Deus que
possui o cristão que não somente procura compreender essa
vontade mas a experimenta em sua vida. (Ef 5.17; Rm 12.2).
[95]
Inclusive há quem pague pela consulta ao profeta, o que
acaba manchando a imagem dos profetas verdadeiros.
Obviamente o servo de Deus é livre para ajudar os domésticos
na fé, em especial aqueles que se dedicam exclusivamente a obra
de Deus, porém, não deve fazê-lo em troca de uma profecia mas
para abençoar o ministério do irmão, sempre desvinculando a
sua oferta das profecias, orações ou bênçãos recebidas.
[96]
Os profetas maiores da Bíblia, Isaías, Jeremias e Ezequiel
foram incumbidos de profetizar o cativeiro do povo de Deus.
[97]
A voz de Deus Pai é “comparável” ao som de um trovão, de
uma torrente de águas impetuosas, incessantes e transbordantes,
cheia de autoridade, poderosa, cuja intensidade é alta e o tom
grave. Ouvi uma vez num sonho, após onze anos de convertida
e o meu coração ardeu, meu corpo todo tremeu e tive medo,
jamais me esquecerei. A voz de Jesus é mansa, grave, como de
um pastor amável. Ouvi uma vez assim que me converti. Ele
cantou para mim. Foi muito lindo, um dos momentos mais
inesquecíveis da minha vida. Fiquei o tempo todo com os olhos
arregalados e lágrimas saíam sem parar dos meus olhos. Jesus é
a Palavra (Jo 1.1- NVI). A voz do Espírito Santo audível ainda
não ouvi (Jo 16.13b), mas penso que Ele fala através da voz das
pessoas quando falam da parte de Deus e oram no Espírito (2 Pe
1.20,21), quando nos lembramos da Palavra de Deus do nada,
como se passasse um letreiro na nossa mente (Jo 16.13a),
através da certeza de algo no nosso coração, ou por meio de
gemidos inexprimíveis (Rm 8.26) etc. Na criação dos céus e da
terra Elohim, Pai, Filho e Espírito Santo, falou, numa total
comunhão de vontade (Gn 1). Veja outras referências
interessantes sobre a voz de Cristo: João 5.24,25; 10.27 ; sobre a
Palavra de Deus: Jeremias 23.29 e sobre a Palavra de Cristo: Rm
10.17- NVI.
[98]
Veja Salmo 68:33 e Jó 40:9. A voz do Todo Poderoso é
irresistível, incrível, inimaginável, inexplicável, inesquecível,
incomparável, linda, tremenda, perfeita, santa, extraordinária,
enfim, nem todas as mais belas palavras juntas poderiam
descrevê-la porque jamais fariam jus à toda sua beleza e
grandiosidade. Todos não deveriam morrer sem antes ouvir a
voz do seu Criador!
[99]
Deus tem propósito em tudo. Quando fala com uma pessoa
diretamente não quer dizer que essa pessoa é melhor do que as
outras mas sim que buscou ao Senhor, pediu para ouvir a Sua
voz, não teve medo, é obediente e também por outros fatores
que dizem respeito ao querer de Deus.
[100]
Aliás, este talvez seja um dos motivos pelos quais o Senhor
“não fala” tanto audivelmente às pessoas, elas podem não
suportar, não ter estrutura para ouvir ou não estarem prontas
para ouvir ainda (Jo 16.12). É preciso se santificar e buscar
muito a face de Deus para ouvir e também ser da vontade dEle
falar diretamente conosco na forma audível.
[101]
Veja no meu blog o texto: A tempestade e o barco.
Disponível em
<https://www.facebook.com/anotacoesdeumanovacriatura/>.
[102]
Veja O manual do Espírito Santo, de Micke Murdock,
respectivamente os capítulos 27 e 30.
[103]
Veja a letra completa em:<
https://www.vagalume.com.br/eyshila/fala-comigo.html>.
Acesso em outubro de 2017.
[104]
Leia todos os versículos dos Salmos 78 e 105 para fazer
conhecidos os grandes feitos do Senhor entre os povos.
[105]
Veja também Isaías 46.9,10.
[106]
Recomendo a leitura dos livros Viva a vida e Coragem para
viver, ambos do autor Max Lucado, publicados pela Editora
Thomas Nelson.
[107]
De acordo com a Bíblia Sagrada Edição de Promessas.
Estudiosos da Palavra afirmam existir 3573 promessas ao todo
na Bíblia.
[108]
Veja a letra completa em:
<https://www.vagalume.com.br/cidade-de-luz/tempo-de-
sonhar.html>. Acesso em outubro de 2017.
[109]
Bechara, Evanildo. Minidicionário da língua portuguesa
Evanildo Bechara. p.140 e <https://www.dicio.com.br/buscar/>.
Acesso em outubro de 2017.
[110]
Não quero dizer com essa afirmação que Deus não é
onipresente. De fato, Ele está em todos os lugares. A questão
aqui é que o Senhor opera milagres e maravilhas e ajuda quando
entregamos tudo nas mãos dEle numa relação de plena
confiança e dependência.
[111]
As boas pérolas podem ser vistas como as disciplinas
espirituais da oração, meditação da Palavra, jejum, adoração etc,
que levam a encontrar a pérola de grande valor: o reino dos
céus.
[112]
Tenney (2016) desenvolve a ideia de que “A verdade é onde
Deus esteve. A revelação é onde Deus está.” (p..12) defendendo
que a Igreja não apenas estude os vestígios e as verdades de
Deus, mas O conheça, saiba “onde Ele está e o que vai fazer
agora mesmo.” O autor também mostra as diferenças entre
onipresença e presença manifesta de Deus e entre a unção e a
glória. Vejas as páginas: 50, 51, 55-57.
[113]
Os caçadores de Deus: em busca do amado da sua alma, p.
19,27. Grifo nosso.
[114]
Veja Rm 3.24; 11.6; Ef 2.8; 2 Ts 2.16; Tt 2.11 etc.
[115]
A Nova Versão Transformadora coloca essa relação de
maneira simples: “À noite eu te procuro, ó Deus; pela manhã te
busco de todo o coração. Pois só quando vens julgar a terra as
pessoas aprendem a justiça.” (Is 26.9/NVT).
[116]
Daí percebemos que nenhum esforço humano vindo de
qualquer esfera da sociedade poderá curar o mundo, somente
Deus poderá fazê-lo. A condição para isso é que o povo do
Senhor se volte para Ele em atitude de arrependimento.
[117]
Leia a esse respeito no livro de Foster (2009), Celebração da
disciplina: o caminho do crescimento espiritual. As disciplinas
de meditação, estudo, simplicidade e solitude podem ser
consideradas como contemplação. Leia também o capítulo 6 do
livro Sedentos por Deus: os sete caminhos da devoção cristã, de
Foster e Beebe, cujo título é: Caminho seis: Ação e
contemplação, para se aprofundar no assunto.
[118]
Homilies on Ezekiel, 1.3:14; Homilies on the Gospels,
26:12. Citado no livro Sedentos por Deus: os sete caminhos da
devoção cristã, p.262.
[119]
Em busca de Deus: minha alma anseia por Ti. p. 95.
[120]
Eis um exemplo de que a ordem dos fatores altera o
produto. Busca-se Deus, O encontramos, bênçãos são
derramadas. O inverso não ocorre, quem começa a procurar
pelas bênçãos do Senhor, por Suas mãos, ao invés de Sua face,
nunca vai encontrá-Lo realmente. É um equívoco que precisa
ser corrigido antes que não haja mais oportunidade.
[121]
Em busca de Deus: minha alma anseia por Ti, p.93.
[122]
Seria basicamente pôr em prática a teoria, ou seja, se
estamos estudando sobre amar ao próximo como a nós mesmos,
temos que nos colocar no lugar do outro para entendê-lo,
precisamos amá-lo mesmo que ele(a) não goste de nós , ajudá-lo
em suas dificuldades como se fizéssemos para Deus (Cl 3.23)
etc.
[123]
Obediência e intimidade: o segredo para uma vida plena
com Deus. p. 85.
[124]
Ibid, p.85. A autora também escreve que “devemos desejar o
conhecimento profundo do Senhor” (p.87); “[precisamos]
estabelecer intimidade espiritual” (p.95); “entregar seu caminho
a Deus ...até que ela [a entrega] seja total.” (p.98); “(…)
simplesmente conversar com o Senhor, com sua alma.” (p.117)
etc.
[125]
Ibid, p.89, 111 e 123.
[126]
É óbvio que se Deus não estiver em primeiro lugar nos
planos e ações, nenhum esforço valerá de nada, será inútil, pois
sem Ele nada podemos fazer (Jo 15.5; Sl127.1,2).
[127]
Sugiro que comece a pôr em prática doses suaves da
palavra, tipo pequenos versículos mais fáceis, como, por
exemplo, Pv 25.21,22 e Rm 12.21 que estou me esforçando em
praticar enquanto reviso este capítulo. Com o tempo e a
disciplina, este exercício será feito espontaneamente e você
conseguirá tomar “doses mais amargas” da Palavra, como o
perdão ou trechos das Escrituras que tratem de áreas onde
precisa ainda de libertação.
[128]
Interiorizar significa: “Introduzir algo na alma, no espírito de
alguém; fazer com que um sentimento, ideia, sensação passe a
fazer parte de outra pessoa; incutir: interiorizou nos alunos o
amor pela literatura.[Psicanálise] Assumir inconscientemente,
como sendo seus, os valores, comportamentos, pontos de vista
de uma pessoa ou sociedade; internalizar: o filho interiorizou os
gostos da avó. A definição desta palavra encontra-se disponível
em: <https://www.dicio.com.br/interiorizar/>. Acesso em
outubro de 2017.
[129]
Definição disponível em:
<https://www.dicio.com.br/dedicacao/>. Acesso em outubro de
2017.
[130]
Digo isso porque muitos acham que a fé é para os fracos, os
“menos” inteligentes, os pobres etc. Todavia, crer, confiar e
esperar em Deus é a atitude mais corajosa, sábia e humilde que
alguém pode ter.
[131]
Veja o livro de Gary Chapman, As quatro estações do
casamento e o esboço de sermão disponível em:
<http://www.esbocosermao.com/2013/08/as-4-estacoes-do-
casamento.html>. Acesso em outubro de 2017.
[132]
Para maiores informações sobre essa estação veja o estudo
de FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Primavera"; Brasil
Escola.
Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/primavera.htm>.
Acesso em outubro de 2017.
[133]
Para maiores informações sobre essa estação veja o estudo
de FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Verão"; Brasil
Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/verao.htm>. Acesso em
outubro de 2017.
[134]
Para maiores informações sobre essa estação veja o estudo
de PENA, Rodolfo F. Alves. "Outono"; Brasil Escola.
Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/outono.htm>. Acesso
em outubro de 2017.
[135]
Para maiores informações sobre essa estação veja o estudo
de FRANCISCO, Wagner de Cerqueria e. "Inverno"; Brasil
Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/inverno.htm>. Acesso
em outubro de 2017.
[136]
Veja o filme “Mar em fúria” para saber o quanto é ruim
enfrentar tempestades sem estar preparado.
[137]
Veja a letra completa em:
https://www.vagalume.com.br/sopro-de-deus/te-busco.html>.
Acesso em outubro de 2017.
[138]
Enquanto há milhares de pessoas sofrendo por eventos
passados, o cristão pode cair na armadilha de sofrer por
promessas que ainda não se cumpriram. Tanto a primeira como
a segunda atitude não produzem nada de bom, portanto, são
inúteis.
[139]
A Nova Versão Transformadora da Bíblia, descreve
maravilhosamente essa ideia: “E sei que tudo que Deus faz é
definitivo; não se pode acrescentar ou tirar nada. O propósito de
Deus é que as pessoas o temam.” (Ec 3.14).
[140]
Veja Romanos 11.33.
[141]
A Nova Versão Transformadora da Bíblia coloca essa ideia
de uma maneira mais forte: “Assim como é impossível entender
o caminho do vento ou o mistério do crescimento do bebê no
ventre da mãe, também é impossível entender as obras de Deus,
que faz todas as coisas.” (Ec 11.6).
[142]
Bíblia de Estudo Joyce Meyer, p.767, nota c 11.5.
[143]
Veja a mensagem de Joyce Meyer: Eu tenho pressa, Deus
não. Disponível em DVD. E a mensagem Viver no tempo de
Deus. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=1a2GR76T3A4>. Acesso em setembro de 2017.
[144]
Caso não tenha aprendido ainda como trazer a memória o
que pode dar esperança e de que é tempo de buscar a Deus,
releia os capítulos anteriores e coloque em prática os
ensinamentos lá ministrados.
[145]
Leia 1 Samuel 30.19, 20.
[146]
A letra completa deste hino encontra-se em:
<https://www.vagalume.com.br/eyshila/descanse-o-seu-
coracao.html>. Acesso em setembro de 2017.
[147]
Recomendo a leitura do livro: Não ande ansioso por coisa
alguma, da autora Joyce Meyer, porque trata mais
profundamente sobre ansiedade.
[148]
Revista Lições da Palavra de Deus, nº 48, ano 12. Professor.
Sentimentos que aprisionam a alma. p. 49.
[149]
Citação retirada do site:
<https://www.pensador.com/autor/joao_calvino/>. Acesso em
novembro de 2017.
[150]
Bíblia Sagrada Nova Versão Transformadora.
[151]
Leia no meu blog o texto: Autoridades do Senhor.
[152]
Letra do louvor disponível em:
<https://www.vagalume.com.br/beatriz-andrade/degrau-da-
exaltacao.html>. Acesso em novembro de 2017.
[153]
Trecho da canção Até tocar o céu, de Eyshila. Letra
completa disponível em:
https://www.vagalume.com.br/eyshila/ate-tocar-o-ceu.html.
Acesso em novembro de 2017.
[154]
Música: Ainda dá tempo. Intérprete: Liz Lanne; compositora:
Eyshila. Letra completa em:
<https://www.vagalume.com.br/liz-lanne/ainda-da-tempo.html>.
Acesso em novembro de 2017.
[155]
Faça uma analogia com as divisões do ensino para entender
sobre isso. Há o ensino fundamental I, II, Médio, Superior,
Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado. Quanto maior a
dificuldade, mais tempo o aluno gastará para aprender. No
entanto, os benefícios serão maiores.
[156]
<https://www.facebook.com/anotacoesdeumanovacriatura/>.

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