Вы находитесь на странице: 1из 27

Aula 2: Sist. preliminares de investigação penal ...........................................................................

2
Introdução ............................................................................................................................. 2
Conteúdo................................................................................................................................ 2
A investigação preliminar como filtro processual ....................................................... 2
A produção e a valoração de provas na investigação preliminar ............................ 5
Dos tipos de provas ........................................................................................................... 7
A investigação preliminar e o Princípio da Separação dos Poderes ........................ 8
Princípio da Separação dos Poderes propriamente dito............................................ 9
A Polícia Judiciária e o Estado Democrático de Direito ........................................... 11
O Estado Democrático de Direito propriamente dito .............................................. 12
Dos tipos de provas ......................................................................................................... 13
Atividade proposta .......................................................................................................... 14
Atividade proposta .......................................................................................................... 15
Referências........................................................................................................................... 17
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 17
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 23
Aula 2 ..................................................................................................................................... 23
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 23

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 1


Introdução
Nesta aula, serão estudados os sistemas preliminares de investigação criminal,
com vistas ao reconhecimento da necessidade da relevância da adoção de um
Sistema Preliminar de Investigação Criminal fundado na divisão de poderes e
efetivação da democracia, de modo a configurar elemento propulsor de um
sistema processual penal garantista. Para tanto, serão debatidos, a partir da
compreensão da subsunção da investigação preliminar ao princípio da
separação dos poderes, os limites constitucionais para a produção e valoração
das provas produzidas, bem como a análise da situação do indiciado no sistema
processual brasileiro.

Objetivo:
1. Compreender que a investigação preliminar, no modelo garantista, deve
servir como verdadeiro filtro processual;
2. Reconhecer a importância da divisão de poderes em relação à investigação
preliminar, de sorte a assegurar o processo penal garantista, evitando abusos
por parte do Estado, ou mesmo a perda de imparcialiade por parte do julgador.

Conteúdo

A investigação preliminar como filtro processual


Para iniciarmos o estudo a que nos propomos na presente aula, faz-se mister
conceituar investigação criminal, e entender sua função como filtro processual

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 2


contra acusações infundadas, ou seja, como mais um elemento a propulsor de
um sistema processual penal garantista.

Investigação é atividade de busca da verdade acerca de determinado fato, é


esforço para conhecimento de determinada coisa que está oculta. Segundo o
léxico HOUAISS, investigação é:

“O conjunto de atividades e diligências tomadas com o objetivo de esclarecer


fatos ou situações de direito”.

A investigação criminal, portanto, é o conjunto de atividades e diligências


tomadas com o objetivo de esclarecer fatos ou situações de direito relativos a
supostos ilícitos criminais.

Em outras palavras, é um procedimento administrativo pré-processual, de


cognição sumária, cujo objetivo imediato é apurar a infração penal e sua
autoria, desenvolvido no sentido de fornecendo elementos para que o titular da
ação penal ajuíze o competente processo, mediante o oferecimento da exordial
cabível. Assim, a investigação preliminar cumpre a “função de filtro processual
contra acusações infundadas”.

Quando tratamos da investigação preliminar como filtro processual estamos a


afirmar que, entre suas funções, tal atividade deve justamente buscar realizar
apurações e colheita de material que permitam, em juízo de pré-admissibilidade
da acusação, evitar denúncias vazias ou processos infundados. Tal função é
associada, por diversos doutrinadores, ao interesse garantista da investigação
preliminar.
Sobre o tema, o prof. Paulo Rangel leciona que o inquérito policial tem uma
função de garantia, pois visa evitar a instauração de uma persecução criminal
sem qualquer fundamento por parte do Ministério Público.1

1
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 3


O que releva notarmos é que a instrução preliminar que se inicia desde o
conhecimento do crime até o início da fase processual deverá estar dotada de
um complexo de filtros com vistas a evitar, sobretudo, os custos financeiros
inerentes ao processo, angústia prolongada, aflição que acompanha o sujeito
passivo ao longo do processo e, por fim, a classificação social e jurídica
negativa, tornando o acusado uma pessoa estigmatizada e, portanto, mitigada
sua respeitabilidade social.

Enfim, a investigação criminal tem por objetivo fornecer elementos de


convicção para justificar o processo ou não processo, ou seja, a comprovação
da existência de um crime e de sua autoria acompanhada de provas para
auxiliar na motivação e fundamentação da decisão do magistrado.

Podemos afirmar, ainda, que a investigação preliminar serve de esclarecimento


do suposto fato na medida necessária para fazer possível a resolução sobre a
abertura ou não da fase processual, o que nos leva a repisar a ideia de que a
investigação servirá como um importante meio de reunir elementos que
justifiquem, ou não, a abertura de uma ação penal.

Como dissemos acima, induvidoso que a instauração de uma ação penal, ainda
que resulte em uma futura absolvição, traz para o acusado uma série de
consequências negativas, estigmatizando o indivíduo e causando danos em sua
aceitabilidade social. Destarte, ao agir como um filtro processual contra
acusações infundadas, a investigação preliminar serve, na prática, para evitar
que um indivíduo inocente seja submetido a uma jornada processual injusta, na
qual a publicidade dos atos poderá ocasionar sofrimento, grave descrédito e
humilhação desnecessária, provocando-lhe deletérios efeitos de ordem pessoal
e social.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 4


Segundo as lições de Vincenzo Manzini,2 “A investigação tem a finalidade
característica de recolher e selecionar o material que haverá de servir para o
juízo, eliminando tudo o que resulte confuso, supérfluo ou inatendível. Com
isso, evitar-se-iam os debates inúteis e se prepararia um material selecionado
para os debates necessários”.

O que concluímos, pois, é que a investigação preliminar não é fase para a


comprovação do delito, devendo existir, sobretudo, para excluir uma acusação
aventurada, desprovida de elementos minimamente convincentes quanto à
existência do delito e sua respectiva autoria e, assim, gerar injustos
constrangimentos a cidadãos inocentes.

A produção e a valoração de provas na investigação preliminar


Ao conceituarmos anteriormente investigação preliminar, verificamos que a
mesma visa colher elementos referentes a uma infração penal e sua autoria.
Está, portanto, a finalidade da investigação intrinsecamente ligada às provas
que por meio dela são obtidas.

Atenção
Devemos ter muito cuidado, porém, com a valoração que se
atribui às provas produzidas em sede de investigação preliminar,
eis que atos de investigação, em regra, se realizam de forma
sistema inquisitória, representada pelo segredo, e pela ausência
ou excessiva limitação do contraditório e da ampla defesa.

Acerca desse tema, assevera o Professor Dr. Aury Lopes Jr que...


“No plano das garantias processuais, a sentença condenatória, em sede de
modernas constituições, somente podem ser fundamentadas com base nas
provas colhidas na fase processual, com observância da publicidade, oralidade,

2
MANZINI, Vincenzo. Tratado de derecho processal penal. Buenos Aires: El Foro. 1996. v.
IV.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 5


imediação, contraditório e ampla defesa, o que exclui a possibilidade de que os
atos de investigação sejam considerados como meios de prova e, portanto,
suscetíveis a valoração no momento da sentença”.

O mesmo autor, em outra de suas consagradas obras, afirma que aquilo que foi
colhido em inquérito policial somente poderá servir de fundamento para
medidas endoprocedimentais (como por exemplo, cautelares), assim como para
que haja o recebimento da denúncia, de forma a justificar o processo.

Também se impõe essa conclusão se considerarmos que é inviável pretender


transferir para o inquérito policial a estrutura dialética do processo e suas
garantias plenas, da mesma forma que não se pode tolerar uma condenação
baseada em um procedimento sem as mínimas garantias. Como equacionar o
problema?

Valorando adequadamente os atos do inquérito policial e, nas situações


excepcionais, em que a repetição em juízo seja impossível, transferindo-se a
estrutura dialética do processo à fase pré-processual através do incidente de
produção antecipada de provas.

Atenção

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 6


Vale lembrar, a respeito da valoração das provas produzidas na
investigação preliminar, que nosso Código de Processo Penal
disciplinou a matéria quando, ao impor a adoção do princípio da
persuasão racional, determinou, em seu artigo 155 (com a
redação dada pela Lei nº 11.690/2008), que “O juiz formará sua
convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas”.

Dos tipos de provas


Podemos, com base no próprio dispositivo legal ora referido, entender que há,
em nosso sistema, duas espécies distintas de provas, a saber:

As provas definitivas, também conhecidas como não repetíveis ou não


renováveis, que são aquelas que, por sua própria essência, devem ser
efetivadas no instante de sua descoberta, para que não haja prejuízo com a
possibilidade de desaparecer o que se deseja perpetuar. Isso porque, seus
elementos perecem ao longo do tempo, o que impossibilita a análise posterior.
Na grande maioria são as provas técnicas e via de regra, são arrecadadas e
analisadas em fase de inquérito policial. O que pode ocorrer no curso do
processo, isso sim, são questionamentos posteriores acerca dos detalhes da
produção dessa prova.

As provas renováveis são aquelas que adquirem capacidade de serem


realizadas novamente, sob o crivo do contraditório, como por exemplo, o
interrogatório, oitiva de testemunhas e do ofendido, acareações e
reconhecimento. Com isso, passam a adquirir força necessária para embasar
uma sentença condenatória.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 7


A investigação preliminar e o Princípio da Separação dos Poderes
A Polícia Federal e a Polícia Civil são os órgãos policiais instituídos
constitucionalmente como órgãos de polícia judiciária e cabe a elas, a princípio,
a atividade repressiva às infrações penais.

Isso é o que defluímos de uma simples análise do Artigo 144, §§ 1º e 4º da


Constituição Federal de 1988. A questão que merece nossa análise, nesse
momento, concerne à compreensão da subsunção da investigação preliminar ao
Princípio da Separação dos Poderes.

Ao elaborar o Artigo 144, o Constituinte de 1988 por certo também estava


definindo parcela do modelo constitucional da persecutio criminis no Estado
brasileiro, fazendo atuar o princípio da separação de poderes destinando a fase
da investigação criminal ao Poder Executivo, por intermédio das Polícias Civil e
Federal.

Ora, a mais intensa atividade de intervenção estatal em um Estado Democrático


de Direito se realiza justamente através da persecução criminal, que pode
resultar na restrição do jus libertatis do indivíduo, e mesmo quando não chega
a tanto já atuou em outros âmbitos da sua esfera de direitos individuais, como
o direito à intimidade e à vida privada.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 8


Atenção
Por esse motivo, é preciso que essa função seja exercida em
conformidade com o princípio da separação dos poderes,
cláusula pétrea que com o seu corolário sistema de freios e
contrapesos norteou o estabelecimento do Estado como o
conhecemos hoje, tendo um elevado caráter democrático por se
prestar a limitar e controlar o poder estatal que recai sobre os
particulares, ao mesmo tempo em que é uma importante
ferramenta organizacional na estrutura de qualquer país que o
adote.

Princípio da Separação dos Poderes propriamente dito


De outro bordo, podemos dizer que o sistema de freios e contrapesos não é
apenas uma técnica a serviço do princípio da separação de poderes, mas o
próprio princípio da separação de poderes visto de outro ângulo, na medida em
que a divisão das funções do poder estatal em função legislativa, função
executiva e função judiciária estabelece, originariamente, um sistema de
controles e contenções recíprocos, com o objetivo de evitar o abuso do poder.

Assim, essa divisão originária do poder, até o mais inferior grau de controle
entre os órgãos estatais, será decorrência da adoção do princípio da separação
de poderes.

Neste ponto, cabe destacarmos que este sistema de controles e contenções


recíprocas pode se dar de forma implícita, quando determinada atividade é
compartilhada entre órgãos estatais, sistema no qual, cada um exercendo um
estágio da atividade, evita o monopólio da atuação do outro sobre toda ela,
prevenindo o abuso do poder. Esse é o caso da persecução criminal, dividida
entre Poder Executivo, que realiza a investigação criminal, Ministério Público,
como dominus litis, Poder Judiciário, que aplica a lei penal, e Poder Legislativo,
que elabora as leis processuais e materiais referentes à persecução criminal.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 9


O mesmo sistema pode se dar também de maneira explícita, sem que haja
divisão da atividade de que se trata, mas estabelecendo o constituinte que
determinado órgão fiscalizará o trabalho do outro. Essa forma se apresenta no
controle externo realizado pelo Ministério Público sobre a atividade policial,
previsto no Artigo 129, VII, da Carta Magna.

A investigação preliminar, como se sabe, consiste em uma atividade de


segurança pública, com reflexos evidentes no exercício da jurisdição criminal,
possuindo, contudo, evidente autonomia, diante do processo.

Outra decorrência do princípio da separação de poderes é a existência do poder


discricionário do delegado de polícia na condução do inquérito. A
discricionariedade, que é a prática de atos administrativos com liberdade na
escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo, tem uma importante
função política, que é a reserva de campo de atuação à Administração pelo
legislador, sendo um princípio densificador da separação de poderes.

Ora, se hipoteticamente o legislador pudesse regular todos os aspectos da


atividade da Administração, esta ficaria completamente vinculada à vontade do
Poder Legislativo, e, por isso sem qualquer margem para aplicar as suas
próprias diretrizes, com grave violação do princípio da separação de poderes, já
que a Administração estaria coarctada na sua atividade.

Além disso, a atividade investigativa tem como pressuposto a escolha da


estratégia da investigação por quem a conduz, cuja decorrência é a escolha dos
meios, formas, fins e oportunidades adequadas de desencadear as diligências
investigativas ou deixar de realizá-las.

Evidentemente a discricionariedade não é um poder ilimitado. O poder


discricionário guarda inteira observância às normas legais, assim, onde houver
previsão legal de forma ou qualquer outro elemento do ato administrativo a ser

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 10


praticado, a autoridade policial deve cingir-se ao seu cumprimento. Como se
costuma dizer, discricionariedade não é arbitrariedade.

A Polícia Judiciária e o Estado Democrático de Direito


O Estado Democrático de Direito visa garantir ao cidadão seus direitos e
garantias, tendo como medida fundamental para isso a divisão dos poderes do
próprio Estado, conforme a lição de Montesquieu.

O direito de punir do Estado, ou jus puniendi, tem como alicerce a referida


divisão de poderes consoante as expressas disposições constitucionais. O Poder
Executivo terá a missão de investigar por meio da Polícia Judiciária. Já ao
Ministério Público caberá ajuizar a ação penal. A missão do Poder Judiciário
será a de julgar. Essa divisão proporciona aos cidadãos a necessária segurança
jurídica, inclusive àqueles que cometeram delitos, eis que assim terão a certeza
de que o responsável pela investigação não se confunde com o acusador nem
mesmo com aquele que julga.

Permitir que o Ministério Público produza de forma unilateral e preliminarmente


as provas acarreta um vício inegável ao referido princípio tendo em vista se
tratar o Ministério Público de parte no processo e mais, parte acusadora.

Assim, teríamos a garantia constitucional do devido processo penal prejudicada,


uma vez que referida cláusula pétrea visa garantir todos os direitos dos réus,
equilibrando as funções do Estado de investigar, acusar e julgar e o cidadão.

Conforme já mencionamos, quando abordamos o tema investigação preliminar,


as provas não renováveis quando produzidas no inquérito policial não são
novamente realizadas em juízo. Dessa forma, se produzidas de forma unilateral
pelo Ministério Público estaríamos diante de um claro desrespeito ao devido
processo legal, bem como até mesmo à própria noção de Estado Democrático
de Direito.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 11


O Estado Democrático de Direito propriamente dito
O Estado Democrático de Direito vê-se constantemente sujeito a riscos com as
ações humanas, seja no meio político, com ações ditatoriais, seja pela ação de
organizações criminosas.

Com isso, uma das funções da Polícia Judiciária é a de manutenção do Estado


de Direito através da ação repressiva contra as organizações criminosas que,
atualmente, tem atuado em todas as esferas de nossa sociedade, bem como
através de investigações preliminares e imparciais.

De outro bordo, como dito anteriormente, o Estado não tem o direito de colocar
o cidadão como parte de um processo criminal sem que tenha um mínimo de
indícios ou elementos que lhe autorize a iniciar a ação penal.

É aí que consiste o objetivo do inquérito policial, qual seja, reunir elementos


e provas que da autoria e materialidade delitiva para que o Estado possa
exercer o seu direito de punir ou solicitar o arquivamento dos autos.

Tendo em vista se tratar do principal meio de investigação criminal, o inquérito


policial também se reveste da qualidade de garantia dos direitos fundamentais
dos cidadãos, uma vez que, com ele, se impede que as pessoas sejam
submetidas a um processo criminal sem o mínimo de fundamento.

Dessa forma, para a garantia do Estado Democrático de Direito não basta


apenas a valorização do inquérito policial, ou apenas constatar que ele é de
exclusividade da Polícia Judiciária.

Muitos hoje sustentam que para se ter um verdadeiro Estado Democrático de


Direito é necessária a autonomia administrativa, financeira e funcional das
Polícias Judiciárias, revestindo seus agentes de garantias como a
inamovibilidade, irredutibilidade de subsídios e vitaliciedade.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 12


Atenção
Ora, revela-se indiscutível que ao Delegado de Polícia incumbe,
desde há muito, as funções típicas de Polícia Judiciária. Ocorre
que, no exercício desse mister, longe se afigurar como um
simples chefe de uma unidade policial, o que verificamos é que o
delegado de polícia exerce funções e poderes que, na
esmagadora maioria dos demais ordenamentos jurídicos, são
conferidas especificamente a membros da magistratura e do
Ministério Público.
Daí a importância, como dissemos antes, de se conferir
autonomia administrativa, financeira e funcional das Polícias
Judiciárias, com as mesmas garantias ao delegados que se
confere aos magistrados e ao Parquet.

É fundamental, portanto, que as autoridades policiais e demais operadores do


direito, dentre eles destacadamente o integrantes da magistratura e do
Ministério Público, compreendam que a própria razão da existência dessa
função, no Brasil, escuda-se no reconhecimento de que além da investigação
preliminar ser uma função tipicamente jurídica, deve, ainda, se pautar pela
imparcialidade, só plenamente obtenível, por meio da existência de um Estado-
investigação que não se confunda com os futuros personagens que agirão na
futura persecutio criminis in juditio.

Dos tipos de provas


Nesta esteira, o delegado de polícia, como titular do Estado-investigação, no
Estado Democrático de Direito possui, portanto, tripla função:

Proteger os bens jurídicos mais importantes e ameaçados pela conduta


humana.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 13


Apurar as supostas práticas delituosas que lhe cheguem a conhecimento com
zelo, imparcialidade e em estrita consonância com os ditames de um sistema
processual de partes, portanto democrático e marcadamente acusatório.

Proteger o próprio suspeito/investigado/indiciado dos excessos e arbítrios


outrora cometidos pelo próprio Estado, tendo em vista a sua condição de
indivíduo, titular de garantias e direitos fundamentais.

Atividade proposta
Leia o caso concreto apresentado a seguir e discorra sobre a validade
da prova produzida exclusivamente em sede de inquérito policial,
analisando eventuais diferenças entre as provas renováveis e aquelas
que não podem ser repetidas.

Fernandinho Beira-Mar foi condenado pelos crimes de tráfico de drogas e


associação para tal fim. Inconformado, o condenado impetrou habeas corpus
sustentando que o decreto condenatório contra ele prolatado fundamentou-se
exclusivamente em elementos informativos colhidos em sede de investigação
preliminar policial.

Em sendo verdadeiras as alegações de Fernandinho Beira-Mar, diga, de forma


fundamentada, se deve ser deferida ou não a ordem de habeas corpus por ele
impetrada.

Chave de resposta: Em um Estado Democrático de Direito, que adote o


processo penal garantista, qualquer condenação criminal não pode lastrear-se
exclusivamente em provas colhidas em sede de inquérito policial, pois, em
assim sendo, haveria evidente afronta aos princípios do contraditório e da
ampla defesa. O CPP brasileiro, em seu Artigo 155, possui regra bastante clara
confirmando a afirmação que aqui lançamos, excetuando apenas aquelas
provas chamadas de cautelares, não repetíveis e antecipadas.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 14


Neste sentido, vide recente decisão proferida em sede Habeas Corpus pelo
Superior Tribunal de Justiça:
“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO
PARA TAL FIM. CONDENAÇÃO QUANTO AO CRIME DE ASSOCIAÇÃO.
FUNDAMENTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS INFORMATIVOS
COLHIDOS NO INQUÉRITO POLICIAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA.
I. Esta Corte Superior de Justiça vem reiterando em inúmeros julgados ser
inadmissível a prolação de decreto condenatório exclusivamente com base em
notícias colhidas durante investigações preliminares, que não tenham sido
submetidas ao crivo do devido processo legal, em seus consectários do
contraditório e da ampla defesa.
II. Vige em nosso ordenamento jurídico o princípio do livre convencimento
motivado ou da persuasão racional, segundo o qual o magistrado pode
livremente apreciar as provas, adotá-las ou recusá-las mediante convicção
motivada. Contudo, há proibição expressa de fundamentação exclusiva nos
elementos do inquérito, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. Inteligência do art. 155 do Código de Processo Penal.
III. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator”. (HC nº 156.333/ES. Rel.
Min. Gilson Dipp. Órgão Julgador: 5ª Turma. Data do Julgamento: 05.04..2011.
Data da Publicação/Fonte: DJe, 15 abr. 2011).

Atividade proposta
Em sendo verdadeiras as alegações de Fernandinho Beira-Mar, diga, de forma
fundamentada, se deve ser deferida ou não a ordem de habeas corpus por ele
impetrada.

Em um Estado Democrático de Direito, que adote o processo penal garantista,


qualquer condenação criminal não pode lastrear-se exclusivamente em provas
colhidas em sede de inquérito policial, pois, em assim sendo, haveria evidente
afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa. O CPP brasileiro, em
seu Artigo 155, possui regra bastante clara confirmando a afirmação que aqui

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 15


lançamos, excetuando apenas aquelas provas chamadas de cautelares, não
repetíveis e antecipadas.
Neste sentido, vide recente decisão proferida em sede Habeas Corpus pelo
Superior Tribunal de Justiça:
“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO
PARA TAL FIM. CONDENAÇÃO QUANTO AO CRIME DE ASSOCIAÇÃO.
FUNDAMENTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE EM ELEMENTOS INFORMATIVOS
COLHIDOS NO INQUÉRITO POLICIAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA.
I. Esta Corte Superior de Justiça vem reiterando em inúmeros julgados ser
inadmissível a prolação de decreto condenatório exclusivamente com base em
notícias colhidas durante investigações preliminares, que não tenham sido
submetidas ao crivo do devido processo legal, em seus consectários do
contraditório e da ampla defesa.
II. Vige em nosso ordenamento jurídico o princípio do livre convencimento
motivado ou da persuasão racional, segundo o qual o magistrado pode
livremente apreciar as provas, adotá-las ou recusá-las mediante convicção
motivada. Contudo, há proibição expressa de fundamentação exclusiva nos
elementos do inquérito, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas. Inteligência do art. 155 do Código de Processo Penal.
III. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator”. (HC nº 156.333/ES. Rel.
Min. Gilson Dipp. Órgão Julgador: 5ª Turma. Data do Julgamento: 05.04..2011.
Data da Publicação/Fonte: DJe, 15 abr. 2011).

Material complementar

Para saber mais sobre a investigação criminal e o ministério


público, sobre a importância do inquérito policial e sobre
investigação preliminar, leia os textos disponíveis em nossa
biblioteca virtual.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 16


Referências
CHOUKR, F.H. Garantias constitucionais na investigação criminal. 3. ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
LOPES Jr., Aury. Sistemas de investigação preliminar no processo penal. 4. ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
______; GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Investigação preliminar no
processo penal. 5. ed. São Paulo: saraiva, 2013.
MANZINI, Vincenzo. Tratado de derecho processal penal. Buenos Aires: El
Foro. 1996. v. IV.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 9. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2008.
RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora
Lumen Juris, 2006.

Exercícios de fixação
Questão 1
A respeito do inquérito policial, considere:
I. A Guarda Municipal pode instaurar e produzir inquéritos policiais.
II. O Prefeito Municipal não pode requisitar a instauração de inquérito policial
para apurar fato supostamente delituoso ocorrido no âmbito do município.
III. O indiciado é obrigado a responder, no interrogatório, as perguntas da
autoridade policial e somente em juízo pode valer-se do direito de permanecer
calado.
Está correto o que consta SOMENTE em:
a) II e III
b) I e II
c) I e III
d) II
e) I

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 17


Questão 2
Tripa Seca é investigado por prática de furto. Após o término das investigações,
o delegado, presidente do inquérito policial, o relata, mas não indicia Tripa
Seca, apesar de todas as evidências o apontarem como autor do delito.
Chegando os autos ao Ministério Público, o promotor de justiça requer ao juiz
de direito o retorno do inquérito policial à autoridade policial para que indicie o
investigado. Assim:
a) Não agiu corretamente o promotor de justiça, uma vez que o próprio
membro do Ministério Público poderá indiciar o investigado e,
posteriormente, providenciar o lançamento de seu nome como autor da
infração no instituto de identificação pertinente.
b) Não agiu corretamente o promotor de justiça, uma vez que o Ministério
Público não poderá requerer a devolução do inquérito policial à
autoridade policial, senão para novas diligências indispensáveis ao
oferecimento da denúncia.
c) Agiu corretamente o promotor de justiça, uma vez que, somente com o
indiciamento, Tripa Seca teria seu nome lançado como autor da infração
penal no instituto de identificação pertinente.
d) Agiu corretamente o promotor de justiça, uma vez que o indiciamento é
imprescindível ao oferecimento da denúncia.

Questão 3
Assinale a opção correta, acerca do inquérito policial:
a) De acordo com a jurisprudência consolidada do STJ, inquéritos policiais
em andamento podem ser utilizados apenas para valorar negativamente
o acusado, mas não para aumentar a sua reprimenda acima do mínimo
legal, sob pena de violação ao princípio constitucional da não
culpabilidade.
b) A denúncia em processo que apura crime afiançável de responsabilidade
de funcionário público, ainda que embasada em inquérito policial, não
dispensa a necessidade de ofertar ao réu a apresentação de resposta
preliminar antes do recebimento da inicial acusatória.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 18


c) O membro do MP possui legitimidade para proceder, diretamente, à
coleta de elementos de convicção para subsidiar a propositura de ação
penal, inclusive mediante a presidência de inquérito policial.
d) A notícia anônima sobre eventual prática criminosa, por si só, não é
idônea para a instauração de inquérito policial, prestando-se apenas a
embasar procedimentos investigatórios preliminares em busca de indícios
que corroborem as informações.

Questão 4
Pode-se dizer que a função do inquérito policial é:
a) De garantia
b) De coação
c) De intimidação
d) Preparação para um processo principal
e) De instrumentalidade

Questão 5
O sistema processual penal brasileiro possui as seguintes espécies de provas:
a) Somente definitivas
b) Somente renováveis
c) Definitivas e renováveis
d) Irrepetíveis

Questão 6
Com base nos estudos sobre o tema “A Polícia Judiciária e o Estado
Democrático de Direito” analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
a) São características do Estado Democrático de Direito: império da lei,
repartição dos poderes, existência e garantia de direitos fundamentais do
cidadão, desde que não contrárias à vontade do Estado, e pluralidade do
ordenamento jurídico.
b) É função da Polícia Judiciária, dentre outras, a manutenção do Estado de
Direito através da ação repressiva contra as organizações criminosas

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 19


que, atualmente, tem atuado em todas as esferas de nossa sociedade,
bem como através de investigações preliminares e imparciais.
c) O objetivo primordial do inquérito policial é de reunir elementos e provas
que da autoria e materialidade delitiva para que o Estado possa exercer
o seu direito de punir ou solicitar o arquivamento dos autos sendo,
portanto, imprescindível e obrigatório para fins de posterior propositura
da ação penal.
d) O inquérito policial, principal meio de investigação criminal, também se
reveste da qualidade de garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos,
não sendo, portanto, de exclusividade da Polícia Judiciária.

Questão 7
A respeito do inquérito policial, assinale a alternativa correta.
a) Segundo a doutrina, arquivamento indireto do inquérito policial é o
fenômeno de ordem processual que decorre de quando o titular da ação
penal deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos
indiciados, sem expressa manifestação desse procedimento, e o juiz
recebe a denúncia sem remeter a questão ao chefe institucional do
Ministério Público.
b) Na visão do pretório excelso, a decisão que determina o arquivamento
do inquérito policial, a pedido do Ministério Público, quando o fato nele
apurado for considerado atípico, produz, mais que preclusão, coisa
julgada material, impedindo ulterior instauração de processo que tenha
por objeto o mesmo episódio, mesmo com a existência de novas provas.
c) Uma das características do inquérito é a sua publicidade, uma vez que a
Constituição Federal assegura a publicidade dos procedimentos
realizados por autoridades públicas.
d) Em regra, admite-se recurso contra a decisão que arquiva os autos do
inquérito policial.
e) Segundo o CPP, o inquérito deverá terminar no prazo de 5 dias, se o
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
preventivamente, contado o prazo, nessa hipótese, a partir do dia em

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 20


que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 15 dias, quando
estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

Questão 8
João X procurou o Promotor de Justiça da cidade de Jejum/MG e requereu por
meio de documento a instauração de um Inquérito Policial, em razão da
conduta de um vizinho, na prática inveterada de crimes contra o patrimônio e,
para tanto, apresentou fotos, documentos e testemunhas da prática delitiva.
Em relação ao caso acima descrito, é INCORRETO dizer que:
a) Entendendo que os apontamentos são suficientes para tal, o promotor
de justiça pode promover imediatamente a denúncia e propor a
aplicação de medidas assecuratórias perante o judiciário.
b) O promotor de justiça pode requisitar a instauração de inquérito policial,
visando aquilatar a investigação sobre os fatos e, em separado, requerer
a aplicação de medidas assecuratórias perante o judiciário.
c) Caso o Juiz tome conhecimento antes do MP, deve encaminhar ao
Parquet a documentação pertinente para análise e, caso seja pertinente,
apresentação da denúncia.
d) O promotor, de ofício, deve encaminhar a documentação ao magistrado,
que por sua vez deliberará pela instauração ou não do devido processo
legal.

Questão 9
Durante interrogatório, Juvenal, processado criminalmente pelo crime de furto,
confessou ter praticado, também, o crime de roubo em outras oportunidades.
Sabendo da notícia, o juiz que presidia a audiência expediu ofício à delegacia de
polícia, requisitando a instauração de inquérito policial para apurar os delitos
cometidos. Após receber a requisição judicial, Aderbal, delegado de polícia que
já investigara Juvenal em outras ocasiões, instaurou o inquérito policial,
determinando a oitiva de testemunhas. No dia dos testemunhos, Juvenal
compareceu à delegacia, acompanhado de advogado, com o objetivo de
indagar as testemunhas, o que foi indeferido pelo delegado.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 21


Em seguida, o causídico requereu vistas do inquérito policial, o que também
não foi permitido pela autoridade policial. Revoltado com a atuação de seu
patrono, Juvenal demitiu, ofendeu e agrediu fisicamente o advogado na frente
do delegado, que entendeu por bem agir de ofício, lavrando termo
circunstanciado e instaurando inquérito policial para apuração do crime de
injúria, com o objetivo de apurar o conteúdo das ofensas proferidas.
Verificando a ausência de suporte probatório mínimo, o MP requereu o
arquivamento do inquérito policial relativo ao delito de furto, o que foi acatado
pelo juízo. Posteriormente, outro membro do Parquet, reexaminando os autos,
ofereceu denúncia contra Juvenal pelo crime de roubo. Juvenal procurou a DP
para obter orientação jurídica sobre o caso. Com base na situação hipotética
acima apresentada, assinale a opção correta a respeito do inquérito policial.
a) De acordo com a jurisprudência do STF, o arquivamento do inquérito
policial por ausência de suporte probatório mínimo ao início da ação
penal não impede o posterior oferecimento de denúncia em caso de
reexame do acervo de provas produzidas, independentemente do
surgimento de novas evidências.
b) O delegado de polícia agiu corretamente ao instaurar de ofício inquérito
policial para a investigação do crime de injúria, visto que tem o dever de
assim agir quando na presença de crime.
c) O CPP proíbe a apresentação de exceção de suspeição contra a
autoridade policial que preside o inquérito. Assim, não seria possível
arguir a suspeição do delegado de polícia que investiga os crimes
supostamente cometidos por Juvenal.
d) O delegado de polícia não agiu corretamente ao indeferir a participação
do acusado nos atos instrutórios do inquérito, desrespeitando os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Questão 10
Um delegado de polícia recebeu uma carta apócrifa contendo acusação de que
José estuprou uma menina de 12 anos em sua própria residência. Com base
nessa notitia criminis, instaurou procedimento investigatório. Acerca da atitude

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 22


do delegado e com base nos julgados da Suprema Corte, assinale a alternativa
correta.
a) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem entendimento pacífico
quanto ao cabimento de instauração de inquérito policial com base
unicamente em notitia criminis apócrifa.
b) A atitude do delegado foi correta; entretanto, a jurisprudência é pacífica
quanto à necessidade de possibilitar o contraditório e a ampla defesa no
âmbito do inquérito policial quando a comunicação do fato delituoso deu-
se de maneira anônima.
c) O inquérito policial deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial
a partir do conhecimento da existência de um fato delituoso. Um
procedimento investigatório também pode iniciar-se com base em notitia
criminis apócrifa, desde que o documento em questão constitua o
próprio corpo de delito.
d) O delegado agiu corretamente, pois o Código de Processo Penal não
admite a recusa de instauração de inquérito quando houver
requerimento formal.
e) Se, porventura, o delegado perceber que a denúncia é leviana, deverá
proceder ao imediato arquivamento do procedimento investigatório a fim
de evitar uma devassa indevida no patrimônio moral de José.

Aula 2
Exercícios de fixação
Questão 1 - D
Justificativa: Requisição vem a ser uma ordem a ser dada. Nesse caso, o
Prefeito Municipal poderá apenas requerer e não requisitar.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 23


Questão 2 - B
Justificativa: De acordo com o Artigo 46 do CPP, uma vez presentes os indícios
de autoria e a prova da materialidade do crime, deverá o Ministério Público
oferecer a denúncia.

Questão 3 - D
Justificativa: De acordo com o Informativo 565 do STF, - As autoridades
públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução (penal ou
disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em
escritos anônimos. É por essa razão que o escrito anônimo não autoriza, desde
que isoladamente considerado, a imediata instauração de “persecutio criminis”.
- Peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a procedimentos
instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou,
ainda, quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito (como sucede com
bilhetes de resgate no crime de extorsão mediante sequestro, ou como ocorre
com cartas que evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou que
corporifiquem o delito de ameaça ou que materializem o “crimen falsi”, p. ex.).

Questão 4 - A
Justificativa: A função do inquérito policial é de garantia no sentido de que
somente haverá a propositura de uma ação penal quando presentes ao mínimo
indícios de autoria e de prova da materialidade do crime.

Questão 5 - C
Justificativa: As provas definitivas, também conhecidas como não-repetíveis ou
não-renováveis, que são aquelas que, por sua própria essência, devem ser
efetivadas no instante de sua descoberta, para que não haja prejuízo com a
possibilidade de desaparecer o que se deseja perpetuar. Isso porque, seus
elementos perecem ao longo do tempo, o que impossibilita a análise posterior.
Na grande maioria são as provas técnicas e via de regra, são arrecadadas e
analisadas em fase de inquérito policial. O que pode ocorrer no curso do
processo, isso sim, são questionamentos posteriores acerca dos detalhes da

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 24


produção dessa prova. As provas renováveis são aquelas que adquirem
capacidade de serem realizadas novamente, sob o crivo do contraditório, como
por exemplo, o interrogatório, oitiva de testemunhas e do ofendido, acareações
e reconhecimento. Com isso, passam a adquirir força necessária para embasar
uma sentença condenatória.

Questão 6 - B
Justificativa: O Estado Democrático de Direito vê-se constantemente sujeito a
riscos com as ações humanas, seja no meio político, com ações ditatoriais, seja
pela ação de organizações criminosas. Com isso, uma das funções da Polícia
Judiciária é a de manutenção do Estado de Direito através da ação repressiva
contra as organizações criminosas que, atualmente, tem atuado em todas as
esferas de nossa sociedade, bem como através de investigações preliminares e
imparciais.

Questão 7 - B
Justificativa: DIREITO PROCESSUAL PENAL. EFEITOS DO ARQUIVAMENTO DO
INQUÉRITO POLICIAL PELO RECONHECIMENTO DE LEGÍTIMA DEFESA.
Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de
legítima defesa, a coisa julgada material impede a rediscussão do caso penal
em qualquer novo feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas
provas. Isso porque a decisão judicial que define o mérito do caso penal,
mesmo no arquivamento do inquérito policial, gera efeitos de coisa julgada
material. Ademais, a decisão judicial que examina o mérito e reconhece a atipia
ou a excludente da ilicitude é prolatada somente em caso de convencimento
com grau de certeza jurídica pelo magistrado. Assim, na dúvida se o fato deu-
se em legítima defesa, a previsão legal de presença de suporte probatório de
autoria e materialidade exigiria o desenvolvimento da persecução criminal.
Ressalte-se que a permissão de desarquivamento do inquérito pelo surgimento
de provas novas contida no Artigo 18 do CPP e na Súmula 524/STF somente
tem incidência quando o fundamento do arquivamento for a insuficiência
probatória - indícios de autoria e prova do crime. Pensar o contrário permitiria a

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 25


reabertura de inquéritos por revaloração jurídica e afastaria a segurança
jurídica das soluções judiciais de mérito, como no reconhecimento da extinção
da punibilidade, da atipia ou de excludentes da ilicitude. Precedente citado do
STJ: RHC 17.389-SE, Quinta Turma, DJe 7/4/2008. Precedente citado do STF:
HC 80.560-GO, Primeira Turma, DJe 30/3/2001. REsp 791.471-RJ, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 25/11/2014, DJe 16/12/2014.

Questão 8 - C
Justificativa: Não compete ao magistrado deliberar sobre a instauração ou não
do processo penal, pois uma vez presentes indícios de autoria e prova da
materialidade do crime, deverá o Ministério Público oferecer a denúncia.

Questão 9 - C
Justificativa: Trata-se da literalidade do Artigo 107 do CPP. Art. 107. Não se
poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

Questão 10 - C
Justificativa: Informativo 565 do STF - A INVESTIGAÇÃO PENAL E A QUESTÃO
DA DELAÇÃO ANÔNIMA. DOUTRINA. PRECEDENTES. PRETENDIDA EXTINÇÃO
DO PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO, COM O CONSEQÜENTE
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. DESCARACTERIZAÇÃO, NA
ESPÉCIE, DA PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. MEDIDA CAUTELAR
INDEFERIDA. - Nada impede, contudo, que o Poder Público, provocado por
delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex.), adote medidas informais
destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária, “com prudência e
discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde
que o faça com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela
denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal
instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim, completa
desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas.

SISTEMA PROCESSUAL PENAL 26

Вам также может понравиться