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Acidentes por animais peçonhentos

Animais peçonhentos são aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições
naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente
por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes,
nematocistos entre outros.
1.0 Araneísmo
Descrição: Envenenamento causado pela inoculação de toxinas através de ferrões
localizados no aparelho inoculador (quelíceras) de aranhas peçonhentas.
Agentes causais: As aranhas peçonhentas de interesse médico no Brasil são as
seguintes:
1- Gênero Loxosceles (aranha-marrom): De pequeno porte (3 a 4 cm), constrói teia
irregular em fendas, telhas e tijolos, atrás de móveis e quadros (dentro de casa) e sempre
ao abrigo de luz. Ela não é agressiva, porém causa acidentes quando comprimida contra
o corpo.
• Manifestações clínicas: Loxoscelismo- Causado pela picada de aranhas do gênero
Loxosceles. Tem duas formas clínicas descritas: cutânea e cutâneo-visceral. A picada é
pouco dolorosa e as manifestações locais têm início insidioso, com equimose, palidez,
enduração, edema e eritema, bolhas e necrose. Frequentemente, cefaléia, náuseas, mal-
estar, febre baixa e exantema generalizado estão associados. Menos comum, a forma
sistêmica (cutaneovisceral) caracteriza-se pela presença de hemólise intravascular.
• Complicações do Loxoscelismo: Úlcera necrótica, infecção cutânea, insuficiência renal
aguda.
• Diagnóstico do Loxoscelismo: Exames laboratoriais como hiperbilirrubinemia indireta,
anemia aguda e elevação de uréia e creatinina, nos casos com insuficiência renal podem
auxiliar no diagnóstico.
• Tratamento: O soro antiaracnídico ou antiloxoscélico é indicado a partir do momento
em que a hemólise é detectada e, no quadro cutâneo, quando o diagnóstico é feito nas
primeiras 72 horas; a limitação ao uso de antiveneno se deve ao diagnóstico tardio,
muitas vezes realizado já com a necrose cutânea delimitada. Nesse caso, medidas de
suporte, como uso de antissépticos, lavagem com permanganato de potássio (KMnO4)
1:40.000 e curativos locais são recomendados até ser realizada a remoção da escara e
acompanhamento cirúrgico para o manejo da úlcera e correção da cicatriz.
• Epidemiologia: A maioria dos acidentes são descritos nas regiões Sul e Sudeste,
principalmente no Paraná e nos meses de verão. Geralmente acomete porções proximais
do corpo, pois ocorre quando as pessoas vão se vestir ou enquanto estão dormindo.

2- Gênero Phoneutria (aranha-armadeira, aranha-macaca): Seu porte pode atingir até


15 cm, não constrói teia geométrica e tem hábito agressivo, podendo saltar uma
distância de 40 cm.
Manifestações clínicas:
Foneutrismo - O genero Phoneutria é responsável por quadro bastante semelhante ao do
escorpionismo, com dor local, acompanhada de edema e eritema discretos e sudorese na
região da picada. Manifestações sistêmicas são descritas raramente, em crianças, podem
apresentar agitação psicomotora, náuseas, vômitos, sialorréia, hipertensão ou
hipotensão, bradicardia, choque e edema agudo pulmonar, em consequência da
atividade sobre o sistema nervoso autônomo.
• Complicações do Foneutrismo: Choque e edema pulmonar agudo.
• Diagnóstico do Foneutrismo: As alterações laboratoriais do foneutrismo são
semelhantes ao do escorpionismo, notadamente aquelas decorrentes de
comprometimento cardiovascular.
• Tratamento: Tratamento sintomático para a dor com calor local e analgésico sistêmico.
Pode-se usar também infiltração anestésica local ou troncular com lidocaína 2% ou
similar, sem vasoconstritor (3-4ml em adultos e 1-2ml em criancas). Havendo
recorrência da dor, pode ser necessária nova infiltração, em geral em intervalos de 60
minutos. Caso não haja resposta satisfatória ao anestésico, recomenda-se o uso de
meperidina 50-100mg (crianças 1mg/kg) IM. O soro antiaracnídico somente é
preconizado nos casos moderados e graves, onde há manifestações sistêmicas.
• Epidemiologia: Mais frequentemente descrito no Sul e Sudeste com incremento no
número de acidentes nos meses de março, sendo 79% dos casos considerados acidentes
leves.

3 - Gênero Latrodectus (viúva-negra): Aranha pequena que constrói teias irregulares,


vive em vegetações arbustivas e gramíneas, podendo apresentar hábitos domiciliares e
peridomiciliares. Manifestações clínicas:
Latrodectismo - Secundário a picada de aranhas do gênero Latrodectus, manifesta-se
com dor local e pápula eritematosa no local da picada, acompanhados de hiperreflexia,
tremores e contrações musculares espasmódicas.
• Complicações do Lactrodectismo: Não há complicações descritas.
• Diagnóstico do Lactrodectismo: As alterações laboratoriais no latrodectismo são
inespecíficas, sendo descritos distúrbios hematológicos (leucocitose, linfopenia),
bioquímicos (hiperglicemia, hiperfosfatemia), do sedimento urinário (albuminúria,
hematúria, leucocitúria) e eletrocardiográfico (fibrilação atrial, bloqueios, diminuição de
amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações do segmento ST e
prolongamento do intervalo QT).
• Tratamento: O soro antilatrodéctico encontra-se em fase experimental, não sendo
disponível para uso de rotina. Assim sendo, o tratamento medicamentoso inclui, além de
analgésicos sistêmicos, Benzodiazepínicos do tipo diazepan – 5-10mg (crianças, 1-
2mg) IV, a cada 4 horas, se necessário, Gluconato de cálcio 10% – 10-20ml (crianças,
1mg/kg) IV, a cada 4 horas, se necessário e Clorpromazina – 25-50mg (crianças,
0,55mg/kg/dose) IM, a cada 8 horas, se necessário.
• Epidemiologia: Dados epidemiológicos escassos devido a baixa incidência de acidentes
no país. Os acidentes são descritos nas faixas litorâneas do Rio de Janeiro ao Nordeste
com maiores ocorrências nos meses de março à maio.

4- Outras aranhas: Família Lycosidae (aranha-de-jardim, tarântula) e a subordem


Mygalomphae (caranguejeiras) apresentam variedade de espécies, encontrada em todo o
país e são consideradas de menor importância médica.
Manifestações clínicas: Podem provocar dor discreta e transitória no local da picada;
quadros dermatológicos irritativos ou alérgicos podem ser causados por aranhas
caranguejeiras, que liberam pêlos que se depositam sobre pele e mucosas.

(Aranha de jardim) (Aranha caranguejeira)

2.0 - Serpentes
Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação
de toxinas através do aparelho inoculador (presas) de serpentes. No Brasil, as serpentes
peçonhentas de interesse em saúde pública são representadas por quatro gêneros da
Família Viperidae: serpentes do grupo Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca,
combóia), o qual, atualmente, está agrupado em dois gêneros
Bothrops e Botrocophias; Crotalus (cascavel); Lachesis (surucucu-pico-dejaca);
Micrurus e Leptomicrurus (coral-verdadeira). Existem, aproximadamente, setenta
espécies de serpentes venenosas (peçonhentas). Muitas delas são extremamente
perigosas, pois o veneno pode até levar uma pessoa à morte. O envenenamento ocorre
quando a serpente consegue injetar o conteúdo de suas glândulas venenosas, o que
significa que nem toda picada leva ao envenenamento. Há muitas espécies de serpentes
que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas na porção posterior da
boca, o que dificulta a injeção de veneno ou toxina.

Características principais das serpentes:


- Possuem a capacidade, em função de características anatômicas, de ingerir presas de
grande porte (inteiras e sem necessidade de mastigá-las).
- Possuem corpo com formato cilíndrico e alongado.
- Não possuem membros aparentes (pernas).
- Conseguem abrir a boca, atingindo até 180 graus.
- Possuem o corpo coberto por escamas, que funcionam como proteção mecânica e
também para evitar a desidratação do animal.
- A maior parte das serpentes é ovípara.
- Se alimentam, principalmente, de mamíferos, aves, peixes e até de outros répteis.
- Com relação ao habitat, são encontradas em quase todas as regiões do mundo, exceto
em locais de clima muito frio.
Grupos de serpentes e exemplos:
- Crotalíneos: são as que mais provocam acidentes graves no Brasil. Neste grupo,
podemos citar como exemplos as seguintes serpentes: boca-de-sapo, jararaca, urutu,
surucucurana, jararaca-pintada, cascavel e cruzeira.
- Elapíneos: serpentes que vivem próximas a rios e florestas. São responsáveis por
poucos acidentes no Brasil (cerca de 2%), porém apresentam veneno neurotóxico
(atingem o sistema nervoso). Podemos citar como exemplos deste grupo de serpentes:
cobra-coral e serpente do mar.
- A maior serpente do mundo é a píton, cujo comprimento pode atingir até 10 metros.
Porém, a maior serpente venenosa do mundo é a surucucu, que pode atingir até quatro
metros e meio de comprimento. Tem como habitat as florestas da Amazônia e a Mata
Atlântica.
- A serpente mais pesada do mundo é a anaconda verde, cujo peso pode atingir até 250
quilos.
- As serpentes de grande porte vivem nas regiões mais quentes do planeta (áreas de
climas equatorial e tropical). Isso ocorre, pois é necessário mais calor para aquecer seus
grandes corpos, além da abundância de presas.
Como Identificar Se a Cobra é Peçonhenta
No caso de acidentes com cobra, a coisa mais importante é saber identificar se ela era
peçonhenta ou não. Existem muitas formas de identificar: pelo formato da cabeça,
estreitameto da cauda, etc. Mas existe uma dica que é a mais fácil e vale para todas as
cobras peçonhentas, exceto a Cobra Coral Verdadeira. Se a cobra for peçonhenta, ela
terá um orifício (fosseta loreal) entre os olhos e a narina.
Se a cobra não tiver o orifício e não for uma Cobra Coral, a picada a princípio não trará
qualquer risco de vida.

Jararacas: São cobras do gênero Bothrops. Existem diversas espécies de Jararacas e


elas são facilmente encontradas por todo o país. Todas são peçonhentas e as espécies
mais causadoras de acidentes no Brasil. Se não houver aplicação de soro, a taxa de
mortalidade é estimada em 7%. Mas, com uso de soro antiofídico e tratamentos, a taxa
pode ser reduzida para 0,5% a 3%. Os acidentes causados por cobras do gênero
Bothrops são chamados Acidentes Botrópico.

Sintomas: A picada causa dor imediata e inchaço no local, às vezes com manchas
arroxeadas e sangramento pelos orifícios da picada. Pode ocorrer ainda sangramento
bocal (nas gengivas) e, se a busca apelo atendimento não for rápida, a vitima pode
expelir sangue também pela urina. Pode levar a complicações como insuficiência renal e
necrose no local da picada.
Cascavel: São cobras do gênero Crotalus e Sistrurus. Popularmente conhecidas por
terem um “chocalho” no final da cauda. São encontradas em toda América,
preferencialmente em regiões secas, áreas pedregosas e arenosas. A cascavel só ataca se
sentir-se ameaçada, primeiramente ela usa o chocalho para afastar os predadores. Os
acidentes causados por cobras do gênero Crotalus são chamados Acidente Crotálico. As
cascavéis costumam ser fáceis de serem identificadas, pois possuem um chocalho
característico na cauda, que é agitado quando se sentem ameaçadas. Os guizos
produzem um som característico de chocalho.
Sintomas: sensação de formigamento no local da picada, dificuldade de manter os
olhos abertos, visão turva ou dupla, dores musculares seguido de contrações musculares
generalizadas e urina escura.
Surucucu: São cobras do gênero Lachesis, as maiores cobras da América Latina,
podendo chegar a 4m de comprimento. São encontradas principalmente na Amazônia e
algumas áreas de Mata Atlântica (da Paraíba até o Norte do Rio de Janeiro). Os
acidentes causados por cobras do gênero Lachesis são chamados Acidente Laquético, no
Brasil eles são raros já que essas cobras costumam habitar zonas com não muito
povoadas.

Sintomas: Os sintomas são iguais aos do Acidente Botrópico (da Jararaca), descrito
acima com dor, inchaço no local, manchas arroxeadas, sangramento pelos orifícios da
picada, sangramentos bocal (nas gengivas) e também pela urina. Mas além do que já
havia sido descrito, esse tipo de peçonha pode causar ainda vômitos, diarréia e queda da
pressão arterial, podendo levar à morte se o atendimento correto não for feito
imediatamente.
Cobra Coral Verdadeira: É uma espécie de cobra extremamente venenosa, suas cores
características facilitam a identificação. São cobras de hábitos noturnos, que costumam
se abrigar sob folhas, galhos, pedras, buracos ou dentro de troncos em decomposição.
Não são agressivas, só atacam quando se sentem ameaçadas. Seu veneno é forte e de
ação rápida. Os acidentes causada pela Cobra Coral Verdadeira são chamados Acidente
Elapídico.

Sintomas: no local da picada não se observa alteração importante, os sintomas do


envenenamento caracterizam-se por visão turva ou dupla e aspecto sonolento.
Como prevenir: É importante comentar que a maioria das cobras só ataca um ser
humano quando se sente ameaçada. Por isso ao avistar uma cobra, desvie do caminho
dela, deixando ela seguir o caminho dela e você o seu.
Além disso vale também seguir as dicas abaixo:
– Use sempre calçado fechado e calças compridas. Se estiver em um local que é
conhecido por ter cobras use botas de cano alto ou perneiras para proteger a parte de
baixo das pernas.
– Preste atenção onde coloca as mãos quando for se apoiar para pegar impulso ou
até mesmo na hora do descanso.
– Não mexa com as cobras, mesmo que estejam ou pareçam mortas. Ainda assim,
elas podem injetar veneno.
– Se você deixar seus sapatos fora da barraca, antes de calçá-lo, certifique-se de
que não tem alguma intrusa se abrigando dentro dele. Cobras gostam de se abrigar em
locais quentes, escuros e úmidos, exatamente como sua bota ficará após uma
caminhada.
– Procure limpar o local onde irá montar a sua barraca, tirando gravetos, folhas
mortas, cascas de árvores. As cobras e outros animais peçonhentos costumam ficar
escondidos nesses locais durante o dia para à noite sair para explorar. Faça essa limpeza
com cuidado, pode ter uma cobra escondida embaixo de pedras e troncos.
– Nunca, jamais deixe a porta da barraca aberta especialmente de noite quando a
maior parte das cobras está ativa.
O que fazer em caso de picadas por Cobra Venenosa:
– Lavar o local da picada apenas com água, sabão ou soro fisiológico.
– Manter o paciente deitado e o mais calmo possível, porque agitado o sangue se espalha
mais rápido e o veneno também.
– Manter o paciente hidratado, dando pequenos goles de água a ele.
– Procurar o serviço médico o mais rápido possível, como sempre frisamos somente
médicos podem prescrever um medicamento a uma vitima de qualquer acidente.
– Se possível, levar o animal para identificação (morto ou vivo). Se não for possível filme
ou fotografe. A identificação do animal, por uma pessoa capacitada faz com que o soro
correto seja aplicado já que cada cobra precisa de um soro diferente.
O que NÃO fazer em um atendimento de Primeiros Socorros.
– Não faça sucção do veneno, porque isso é mito.
– Não faça torniquete ou garrote.
– Não corte o local da picada.
– Não coloque folhas, pó de café ou outros contaminantes na ferida.
– Não ofereça bebidas alcoólicas à vítima.
– Não dê qualquer medicamento à vítima.
O mais importante, em qualquer situação de picada de animais peçonhentos, é deslocar
a vítima o mais rápido possível para o hospital, para que ela possa receber o soro
adequado de acordo com o tipo de peçonha da cobra.
Tratamento
O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros
antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser
administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
Os soros comumente aplicados após a picada de cobra são os seguintes:
• cobra desconhecida = soro anti-ofídico (polivalente);
• jararaca = soro anti-botrópico ou soro anti-ofídico (polivalente);
• cascavel = soro anti-crotálico ou soro anti-ofídico (polivalente); surucucu =
soro anti-laquético ou soro anti-ofídico (polivalente); e
• coral verdadeira = soro anti-elapídico ou soro anti-ofídico (polivalente).

3.0- Acidentes por lonomia e outras lagartas (erucismo)


Descrição: Acidente causado pelo contato de cerdas de lagartas com a pele. É descrita
no envenenamento por lagartas do gênero Lonomia, encontradas com maior frequência
em seringueiras (Amapá e Ilha de Marajó) e árvores frutíferas (região sul).
Agente causais:
• Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) - são geralmente solitárias e não-
agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento, possuem “pelos” dorsais longos e sedosos de
colorido variado (castanho, branco, negro, róseo), que camuflam as verdadeiras cerdas
pontiagudas e urticantes. As cerdas pontiagudas e curtas contêm as glândulas de veneno,
entremeadas por outras longas, coloridas e inofensivas;
• Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) - vivem em grupos, possuem cerdas
urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes distribuídos
no dorso da lagarta, não possuindo pelos sedosos. Têm “espinhos” ramificados e
pontiagudos de aspecto arbóreo, com tonalidades esverdeadas mimetizando muitas
vezes as plantas que habitam. Nesta família se inclui o gênero Lonomia, com ampla
distribuição em todo o País, causador de acidentes hemorrágicos.

Complicações: Acidentes por Lonomia: sangramentos maciços ou em órgão vital,


insuficiência renal aguda; óbito têm sido associado à hemorragia intracraniana e ao
choque hipovolêmico.
Sintomas: Os acidentes com lagartas ocorrem quando o indivíduo toca o animal,
geralmente em tronco de árvores ou ao manusear vegetação. O contato com as cerdas
pontiagudas faz com que o veneno contido nos "espinhos" seja injetado na pessoa. A
dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da "queimadura" para outras
regiões do corpo. No caso da Lonomia, algumas vezes aparecem complicações como
sangramento na gengiva e aparecimento de sangue na urina.
Diagnóstico: Independentemente do gênero ou família do lepidóptero causador do
acidente, o quadro local e indistinguível e se caracteriza por dor imediata em
queimação, irradiada para o membro, com área de eritema e edema na regiao do
contato; eventualmente, podem-se evidenciar lesões puntiformes eritematosas nos
pontos de inoculação das cerdas. Adenomegalia regional dolorosa e comumente
referida. Embora rara, pode haver evolução com bolhas e necrose cutânea superficial.
Os sintomas normalmente regridem em 24 horas, sem maiores complicações. O
diagnóstico de envenenamento por Lonomia e feito através da identificação do agente
ou pela presença de quadro hemorrágico e/ou alteração da coagulação sanguínea, em
paciente com história previa de contato com lagartas. Na ausência de sindrome
hemorrágica, a observação médica deve ser mantida por 24 horas, para o diagnostico
final, considerando a possibilidade de tratar-se de contato com outro lepidóptero ou
acidente com Lonomia sem repercussão sistêmica.
Diagnóstico laboratorial: Cerca de 50% dos pacientes acidentados por Lonomia
apresentam distúrbio na coagulação sanguínea, com ou sem sangramentos. O tempo de
coagulação auxilia no diagnostico de acidente por Lonomia e deve ser realizado para
orientar a soroterapia nos casos em que não há manifestacões hemorrágicas evidentes.
Tratamento: Para o quadro local, o tratamento e sintomático com compressas frias ou
geladas, analgésicos e infiltração local com anestésico do tipo lidocaína 2%. Na
presença de sangramentos e/ou distúrbio na coagulação, o soro antilonômico deve ser
administrado de acordo com a intensidade e gravidade das manifestações hemorrágicas.
Características epidemiológicas: Os acidentes são mais comuns nos meses quentes e
chuvosos, que coincidem com o desenvolvimento da fase larvaria das mariposas. Os
acidentes por Lonomia são descritos predominantemente na região Sul, menos
frequentemente, no Pará e Amapá; casos isolados em outros estados tem sido
registrados (São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Amazonas, Goiás). Os trabalhadores
rurais são os principais atingidos. O grupo etário pediátrico e o mais acometido, com
ligeiro predomínio do sexo masculino. Já os casos graves e óbitos tem sido registrados
em idosos com patologias previas.

4.0- Escorpionismo
Descrição - O envenenamento ocorre pela inoculação de veneno pelo ferrão , localizado
na cauda de escorpiões.
Agente causal - Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos,
predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos
meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade. Os escorpiões de importância
médica para o Brasil pertencem ao gênero Tityus, com varias espécies descritas:
• Tityus serrulatus (escorpiao-amarelo), com ampla distribuição desde o Paraná ate o
norte da Bahia é a espécie de maior interesse pela facilidade de proliferação, pela alta
adaptação ao meio urbano e pelo grande potencial de gravidade do envenenamento

• Tityus bahiensis (escorpião marrom), encontrado em todo o pais, com exceção da


regiao Norte;

• Tityus stigmurus,; espécie mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos
estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina

• Tityus paraenses (escorpião-preto) e Tityus metuendus, encontrados na Amazônia

Sintomas - A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem início rápido e
duração limitada. Os adultos apresentam dor imediata e de intensidade variável,
Hiperemia e edema discreto, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido,
piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático.
Dor local imediata e de intensidade variável, podendo irradiar-se até a raiz dos
membros. Durante alguns dias pode permanecer no local da inoculação hiperestesia ou
parestesia. Já crianças abaixo de 7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas
nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem
soroterapia específica em tempo adequado. De forma sistêmica pode ocorrer midríase,
arritmia cardíaca, taquicardia, hipertensão arterial, edema agudo de pulmão,
insuficiência cardíaca e choque. A descarga adrenérgica leva à hiperglicemia e
leucocitose e contribui também para a hipopotassemia. A descarga colinérgica
provoca miose, bradicardia, arritmias, hipotensão arterial, aumento das secreções
lacrimal, nasal, salivar, pancreática, gástrica, brônquica, sudorípara, tremores,
piloereção, espasmos musculares, contribuindo para o aumento da amilase sanguínea.
Nos acidentes causados por T. obscurus têm sido relatados também quadros
neurológicos com mioclonias, dismetria, disartria, ataxia, parestesias, hiperreflexia
Primeiros socorros em caso de acidente - Limpar o local com água e sabão; aplicar
compressa morna no local; procurar orientação imediata e mais próxima do local da
ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência); se possível,
capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde.
Complicações - Decorrentes do envenenamento sistêmico: arritmia cardíaca,
insuficiência cardíaca congestiva, choque e edema agudo pulmonar. Não ha
complicações locais.
Diagnóstico - Eminentemente clínico-epidemiológico. São de grande utilidade na
detecção e acompanhamento das complicações a radiografia de tórax, que evidencia
aumento de área cardíaca e velamento pulmonar difuso, e o eletrocardiograma, que
mostra padrão semelhante ao observado no infarto agudo do miocárdio, além de taqui
ou bradicardia sinusal, extra-sístoles, bloqueios de condução e distúrbios de
repolarizacao. A ecocardiografia evidencia, nas formas graves, hipocinesia do septo
interventricular e de parede, as vezes associada a regurgitação mitral. Na bioquímica
encontra- se creatinofosfoquinase e sua fração MB elevadas, hiperglicemia,
hiperamilasemia, hipopotassemia e hiponatremia.
Tratamento - Nos casos leves, onde estão presentes somente as manifestações locais, o
tratamento e sintomático com medidas que visem o alivio da dor: infiltração com
anestésico sem vasoconstritor (Lidocaina a 2%), ou analgésicos sistêmicos, como
Dipirona. O soro antiescorpiônico ou antiaracnidico e indicado nos acidentes moderados
e graves. Nesses casos, o paciente deve ser mantido em unidade de terapia intensiva
para monitoramento das funções vitais. A aplicacao dos soros deve ser feita, como os
soros antiofidicos, pela via intravenosa, bem como os cuidados na administração
perante a possibilidade de reações alérgicas.
Acidente Soro Gravidade Número de ampolas
Leve : dor e parestesia local -
Moderado : dor local intensa 2a3
associada a náuseas vômitos,
sudore e sialorreia discretos,
Antiescorpiônico ou agitação, taquipneia e taquicardia
Escorpiônico Antiaracnídico Grave : Além das cidatas na 4 a6
forma moderada , presença de
vômitos profundos e incoercíveis,
sudorese profunda prostração,
convulsão, coma, bradicardia ,
insuficiência cardíaca, edema
pulmonar agudo e choque
Acidente Soro Gravidade Nº de
Características epidemiológicas - A sazonalidade ocorre predominantemente nos
meses quentes e chuvosos. Os grupos mais vulneráveis são os trabalhadores da
construção civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro de casa
ou nos arredores, como quintais (intra ou peridomicílio). Ainda nas áreas urbanas, estão
sujeitos os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de
hortifrutigranjeiros, por manusear objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar
alojados. São notificados anualmente, cerca de 8.000 acidentes, com uma letalidade
variando em torno de 0,6%. Os acidentes por escorpiões são mais freqüentes no período
de setembro a dezembro. Ocorre uma discreta predominância no sexo masculino e a
faixa etária de 25 a 49 anos é a mais acometida. A maioria das picadas atinge os
membros, havendo predominância do membro superior (mãos e dedos).
A maioria dos casos tem evolução benigna (letalidade 0,6%); os casos graves e obitos
tem sido associados a acidentes por T. serrulatus em criancas menores de 14 anos.
Medidas de prevenção de acidentes por escorpião - Manter jardins e quintais limpos,
manter grama aparada; limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, sacudir
roupas e sapatos antes de usá-los.Como muitos destes animais apresentam hábitos
noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das portas e
janelas quando começar a escurecer; usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento dos escorpiões que deles
se alimentam;afastar as camas e berços das paredes e acondicionar lixo domiciliar em
sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar
baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões.

5.0- Abelhas
Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de
toxinas por meio do ferrão (aparelho inoculador). Para uma pessoa, as manifestações
após uma ferroada variam pela quantidade de veneno aplicada e se o indivíduo tem
reação alérgica ao veneno. Uma pessoa pode ser picada por uma ou centenas de abelhas.
No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até
uma forte reação alérgica (choque anafilático). No caso de múltiplas picadas pode
ocorrer também uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, até mesmo fatal.
Descrição do Agravo - Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente
da inoculação de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de abelhas. Conhece-
se, atualmente, cerca de 20.000 espécies diferentes. Na década de 50, após um acidente
em um laboratório de pesquisa, abelhas africanas trazidas para o Brasil foram libertadas
na natureza e rapidamente se alastraram, sendo descendentes destas encontradas
atualmente até nos Estados Unidos, onde são conhecidas como killer-bees (abelhas
assassinas). As abelhas ditas africanizadas, ou seja, mestiças da abelha africana (Apis
mellifera scutellata) com europeias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera caucasica,
Apis mellifera carnica e Apis mellifera ligustica, sendo esta última a principal), são
responsáveis por muitos relatos de acidentes. Estas são mais agressivas do que as
européias, o que torna o seu manejo mais difícil. Entre os 5 principais tipos de acidentes
por animais peçonhentos (ofidismo, araneísmo, escorpionismo, erucismo e por abelha) o
acidente por abelhas é o único que não tem um soro específico para o tratamento no
Brasil, porém há estudos acerca de sua produção.
Abelhas geralmente formam sociedades em que existe apenas uma rainha, vários
zangões e operárias, sendo estas últimas as responsáveis pelas picadas. Coloridos,
odores e sons as irritam facilmente. Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao
picar, liberam um feromônio que faz com que outras ataquem o mesmo alvo podendo
ocasionar acidente com centenas de picadas.
O aparelho inoculador dos himenópteros sociais (abelhas, vespas e formigas) exerce um
papel essencial no mecanismo de defesa de suas colônias. A picada consiste na injeção
de veneno com objetivo de causar dor e desconforto físico a seus agressores ou intrusos,
percebidos como ameaça à integridade de suas colmeias. Esses venenos são misturas
complexas de aminas biogênicas, peptídeos e enzimas, com diversas atividades
farmacológicas e alergênicas.
O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicada e pela
susceptibilidade em relação a uma reação alérgica ao veneno. Um indivíduo pode ser
picado por uma ou centenas de abelhas. No caso de poucas picadas, o quadro clínico
pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático).
No caso de múltiplas picadas pode ocorrer também uma manifestação tóxica mais grave
e, às vezes, até mesmo fatal.
Diagnóstico e Sintomas: As reações desencadeadas pela picada de abelhas variam de
acordo com o local e o número de ferroadas, bem como características e o passado
alérgico do indivíduo atingido. As manifestações clínicas podem ser alérgicas (mesmo
com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas). Normalmente, após uma ferroada há
dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos,
deixando vermelhidão, coceira e inchaço por várias horas ou dias. A intensidade desta
reação inicial causada por uma ou múltiplas picadas deve alertar para um possível
estado de sensibilidade às picadas subsequentes. Em casos de múltiplas picadas, podem
ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada.
Nesse caso, os sintomas são irritação e ardência da pele, vermelhidão, calor
generalizado, pápulas, urticárias, pressão baixa, taquicardia, dor de cabeça, náuseas e/ou
vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. Em casos mais graves pode ocorrer
choque, insuficiência respiratória aguda, e insuficiência renal aguda. As manifestações
alérgicas locais são caracterizadas por um inchaço que persiste por alguns dias. As
reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária generalizada e mal-estar até
edema de glote, broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso,
perda da consciência, incontinência urinária e fecal, e cianose.
Como prevenir acidentes
• A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos ou residências deve ser
efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite
ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos;
• Evite se aproximar de colmeias de abelhas africanizadas Apis mellifera sem estar com
vestuário e equipamento adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador, etc.);
• Evite caminhar e correr na rota de vôo percorrida pelas abelhas;
• Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo e cores escuras
(principalmente preta e azul-marinho) desencadeiam o comportamento agressivo e,
consequentemente, o ataque de abelhas;
• Sons de motores de aparelhos de jardinagem, por exemplo, exercem extrema irritação
em abelhas. O mesmo ocorre com som de motores de popa;
• No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presença de abelhas, principalmente
no momento de arar a terra com tratores.
Primeiros socorros
Em caso de acidente provocado por múltiplas picadas de abelhas, levar o acidentado
rapidamente ao hospital, junto com alguns dos insetos que provocaram o acidente.A
remoção dos ferrões pode ser feita por raspagem com lâminas, e não com pinças, pois
esse procedimento resulta na inoculação do veneno ainda existente no ferrão.
Referências Bibliográficas

1. Ministério da Saúde. Guia de Bolso de doenças infecciosas e parasitárias, 2010.


2. Ministério da Saúde. Vigilância Epidêmiológica. Manual de Diagnóstico e
Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos, 2001.
3. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z , acidentes por animais peçonhentos,2017.
4. ANVISA. Bula com informações ao Paciente - soros ,2015.
5. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde, 2019.

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