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Autor: Dalcinei Sacheti

A teologia moral na História


RELATÓRIO DE LEITURAS
Bibliografia: MOSER, Antônio; LEERS, Bernardino. Teologia Moral: Impasses e
Alternativas. Petrópolis. Vozes. 1987

Tema: Moral Renovada: Uma Alternativa

O movimento de renovação da teologia iniciado nos anos 50 que culminou no


Concílio Vaticano II, fez com que a teologia moral também buscasse refletir seus rumos.
Assim houve a busca de nas fontes da Patrística e da Alta Escolástica. A principal
preocupação era com o que existia na Teologia Moral dos manuais. Se existe uma realidade
estática, que se mantém, um conjunto de regras para lidar com ela pode ser aceito. Mas
quando se precisa algo que ilumine uma realidade que não se enquadra nesses parâmetros,
mas é dinâmica, é necessária uma abordagem diferente. A partir do problema de limitação
do modelo anterior e as exigências prementes da nova realidade, a Teologia Moral vai buscar
respostas nos fundamentos teológicos que brotam da nova reflexão teológica.
O contexto social teve parte importante de responsabilidade para a renovação da
Teologia Moral. A Revolução Industrial fez com que a sociedade da época passasse por um
processo de abertura, principalmente nos países mais desenvolvidos, chamados “de Primeiro
Mundo”. Mas para melhor compreender essa mudança que influencia a reflexão da Moral é
necessário compreender em que consistiu a abertura social.
A sociedade que predominava em ambiente rural; com autoridade exercida por uma
minoria e que se baseava na idade, experiência ou hereditariedade; sem pluralismo de
posturas; mudanças pouco frequentes e superficiais, com a industrialização, foi passando a
ser mais urbana; heterogênea; com pluralismo de ideias; a autoridade tem maior base na
competência; possui maior facilidade na comunicação; vão ocorrendo mudanças profundas
e mais frequentes.
Não se faz juízo de valor, mas a revolução trouxe essa abertura e a sociedade vai se
tornando mais dinâmica, e com mudanças rápidas. Assim aparece um esforço de se adaptar
às situações diferentes. A Moral, dentro dessa sociedade vê a necessidade se situar dentro do
contexto, assim como toda a teologia desse contexto para poder dar conta dos seus desafios.
Uma moral de apontamentos e regras como a manualística, não mais pode responder às
questões desse tipo de sociedade. Uma vez que não foi elaborada para ela.
A historicidade é fundamental para compreender a Moral, uma vez que o ser humano
se concebe como um ser ligado ao seu tempo e espaço, um ser histórico. A ontologia ao
tentar estabelecer a essência das coisas, muitas vezes se contrapôs entre o ser em si e a
potencialidade, ou seja, entre o que se apresenta dado e aquilo que vai se realizando
processualmente a partir do que já existe (historicidade).
O ser humano, em sua identidade abarca o seu passado e o seu futuro, assim também
um povo, que vai se desenvolvendo, dentro de suas potencialidades o futuro. O seu futuro
está balizado pelas suas características atuais e passadas. O ser humano, em sua essência é
uma busca por sua identidade a partir do que tem à sua disposição.
Em contato com o pensamento histórico contemporâneo, os teólogos passaram a
considerar a historicidade como categoria fundamental para a teologia para ser fiel à
revelação divina. A teologia deve estar ligada à história de salvação, que tem o seu fato
crucial com a encarnação de Jesus Cristo, Filho de Deus e continua a acontecer nos dias
atuais. Daí a necessidade reiterada pelo Vaticano II de estar atentos aos sinais dos tempos.
Por ser fonte privilegiada da revelação divina a Sagrada Escritura se torna referencial
para qualquer teologia. Mas essa fonte não pode ser tomada de maneira primária, ela contém
uma grande diversidade de escritores e contextos, muito diferentes dos atuais. Seu caráter
histórico aparece quando se compreende que Deus não falou somente no passado, mas hoje
ele fala com seus interlocutores de muitas maneiras. Para se chegar a isso o cuidado para não
fazer uma leitura fundamentalista, de maneira imediata é fundamental.
A partir da constatação da fé histórica aparece a indagação sobre a repercussão dessa
ideia sobre a Teologia Moral. A historicidade tem grande importância para a Teologia Moral
renovada. A primeira implicação é que ao invés de parar em elaborações teológicas, surge a
necessidade de buscar um princípio mais profundo. É preciso compreender que as
elaborações mesmo sendo acerca de algo que aponta para Deus, são assertivas humanas e
como tal são limitadas e às vezes falhas. A busca é por algo que vá além delas. Um ponto de
partida sempre reapresentado pelas Escrituras: “Deus nos ama e pede uma resposta de
Amor” (MOSER;LEERS,1987, p.53). Esse ponto de partida exige uma resposta do ser
humano. As elaborações humanas tornam-se tentativas de buscar entender esse fato.
A historicidade traz a implicação de que a Teologia Moral precisa ser dinâmica.
Nessa compreensão, o que conta não são princípios rígidos, mas a busca de balizar a moral
conforme o contexto. A ideia do crescimento da compreensão progressiva da Palavra de
Deus e a missão dos cristãos no mundo ganha força em detrimento de regras estáticas. Assim
é necessário que ela vá se renovando conforme a compreensão da mensagem evangélica.
Não pode existir uma concepção da Teologia Moral fechada em si. Se há busca pela
fidelidade do princípio de que Deus nos amou primeiro, é preciso buscar uma resposta mais
adequada aos apelos que Deus nos dirige no agora.
Se a mensagem do Vaticano II traz poucas referências para a Teologia Moral, ao que
alguns concluem que ele pouco contribuiu para essa área, há também a compreensão de que
o conjunto da mensagem conciliar convida a Teologia Moral a buscar renovação, a partir
das luzes trazidas pelas discussões nas várias áreas da teologia e que se processaram nesse
movimento. Assim se apresentam alguns pilares centrais para a renovação.
A primeira é a fundamentação bíblica: Antes do Concílio já aparecia a necessidade
de discussão da Teologia Moral, pois as discussões mais recentes estavam um tanto afastadas
da fundamentação bíblica. A importância da Sagrada Escritura está em seu caráter de
anúncio da Boa-Nova que convida a ir além do aperfeiçoamento humano, apresenta uma
orientação para a vida; Não encerra uma sistematização da Moral, não é um receituário, mas
contém um sentido humano radical apresentando Cristo como ser humano pleno.
A Moral não pode ir na Escritura buscar provas para teses, mas buscar mostrar a
mensagem do Evangelho nela expresso, onde não se encontram regras rígidas, mas provas
do amor de Deus libertador e salvador, aí cabe ao ser humano dar uma resposta adequada.
Cristocentrismo: As Instituições Morais de 1600 e a Teologia dos manuais
neoescolásticos perderam o centro em Jesus Cristo, que é o ponto central da História da
Salvação, trazida pelos Santos Padres e os grandes Metres da Idade Média como São
Boaventura e São Tomás.
A partir dos anos 30 com a preocupação de renovação bíblica e litúrgica a Moral
procurou colocar-se novamente no trilho do Cristocentrismo trazendo a preocupação com o
seguimento a Jesus. Essa característica foi ressaltada pelo Vaticano II. A moral
Cristocentrica se baseia na vida de Cristo, na busca da perfeição na caridade. É uma vocação
que comporta dinamismo: o seguidor de Cristo é constantemente desafiado a dar respostas
em sua realidade, para problemas novos.
Produzir frutos para a vida do mundo: a manualística exagerou no individualismo,
sendo o ser humano matéria e espírito integrados no indivíduo, ele necessita viver junto com
seus semelhantes e com o restante de criação. A Bíblia mostra que Deus só faz Aliança com
o povo, nunca com um indivíduo. As ações que o cristão realiza não são para si, mas estão
no contexto da Igreja, na vivência da comunidade, e através dela para o mundo. Esse
compromisso parte da fé no Deus Criador e Libertador e Salvador, do qual o ser humano
recebeu a missão de continuar suas obras. A moral Renovada percebeu que as realidades
criadas pelo ser humano se constituem em oportunidades de colaboração com Deus na
Criação. O cristão, inserindo-se no mundo tem a oportunidade de viver como Cristo viveu.
O Vaticano II, acolhe a virada antropológica que se dera na Teologia assim como as
luzes das “ciências do homem”. Assim este Concílio vê o ser humano como centro da
Criação, não como um ser espiritualizado e desencarnado, mas faz parte de um povo que
está inserido na história, é limitado e pecador. Cristo redime o ser humano e o une ao divino,
evidenciando que humano e divino não se opõe. Ele, através de suas ações humanizou o
mundo, e sua ação sendo trabalho em nome de Deus tornou o ser humano mais próximo do
divino.
Ao contrário disso, a moral manualística afastou a graça de Deus multiplicando a
lista de pecados, deixando pouco espaço para a graça. Se existe o pecado, também existe a
graça do perdão. A Moral Renovada evidencia o valor da graça, pois Jesus, nos liberta do
pecado pela misericórdia infinita (graça de Deus). A Aliança do Antigo Testamento é
esclarecida por Cristo nas Bem-Aventuranças. A dinâmica de Cristo propõe de uma maneira
mais leve do que o Antigo Testamento, a antiga Aliança, mas nem por isso menos exigente.
Mas a Moral renovada tem suas lacunas. A aceleração das mudanças históricas e o
dinamismo provocado pelo Concílio aplicado à América Latina por Puebla e Medellín são o
contexto dessa constatação. Ela não oferece respostas adequadas para os problemas das
partes esquecidas da humanidade.
Existem uma hierarquia de preocupações na consciência humana. A Moral renovada
privilegia o que é segundo plano nas realidades mais sofridas. Se existem traços comuns para
toda a humanidade, existem também diferenças que não podem ser deixadas de lado. Os
problemas da pauta renovada perdem importância para as realidades mais pobres. A fraqueza
principal está no enfoque aos problemas que pode prejudicar a coerência com o Evangelho.
Falta de uma perspectiva social dos problemas humanos e se coloca uma exigência maior
aos que tem menos. A assimilação das ciências do homem contrasta com a falta de
entendimento das ciências sociais. As questões pessoais foram mais contempladas, do que
as questões que envolvem os aspectos sociais.
Em certos aspectos ela é mais reformista do que renovadora. Pressupõe as disfunções
dos sistemas sociais, mas falta questionar realmente, fica atrás em relação a vários
documentos do Magistério Oficial.
A Moral renovada traz riquezas esquecidas, tenta responder questões da realidade. É
uma alternativa ao manualismo; valoriza a historicidade; ressalta a força da graça; a
descontração do amor, a oportunidade do ser humano não reside na restrição, mas no abraçar
a realidade em que vive. Conduzir à ação conforme Cristo é a principal meta. É um
paradigma moral que precisa estar aberto a mudanças imprevisíveis, mas que vão se
afirmando.

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