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Babilónia
• Babilônia
• Babel
• بابل
• Bābil
Representação de um leão rugindo numa parede da sala do trono de Nabucodonosor II (r. 604–562
a.C.), atualmente no Museu Britânico
Babilónia (pt) ou Babilônia (pt-BR) (em aramaico: ;בבלtransl.: Babel; em hebraico: ;ָּב בֶלBavel;
em árabe: ;بابلBābil; em acádio: Bāb-ili(m); em sumério: KÁ.DINGIR.RA) foi a cidade central da
civilização babilónica, na Mesopotâmia, situada nas margens do rio Eufrates. As suas ruínas
encontram-se a norte do centro da cidade atual de Al-Hillah, capital da província de Babil, no
Iraque, situada 100 km a sul de Bagdade. Em pelo menos duas ocasiões, a primeira no século XVIII
a.C. e a segunda no século VI a.C., foi capital da principal potência da Mesopotâmia e, nesses
períodos, é possível que tenha sido a maior cidade do mundo, na qual existiam alguns dos
monumentos mais impressionantes da Antiguidade e que ocupava uma área de cerca de 10 km²
defendida por várias cercas de imponentes muralhas.
Localizada numa região fértil e num entroncamento de importantes rotas comerciais, Babilónia
tornou-se um destacado centro económico e cultural, desenvolvendo uma civilização complexa,
sofisticada e cosmopolita, documentada por muitos registos arqueológicos, que atestam o cultivo da
educação, do comércio, da ciência, da técnica e da arte, florescendo num vasto conjunto urbanístico
cortado por canais e rico em monumentos, templos e edificações imponentes. A sua sociedade era
estratificada, dominada por uma nobreza e por altos funcionários do governo, embora pouco se
saiba sobre a sua organização social. Foi também um ativo centro de culto, e a religião, de caráter
politeísta, liderada por um clero rico e poderoso, exercia grande influência em vários aspetos da
vida pública e privada e nas atividades de Estado.
É provável que no século XXVI a.C. já existisse um povoado no local, no século XIII ou XXII a.C.
era uma cidade menor do Império Acádio no século XXII a.C. era um centro administrativo
secundário do Império de Ur. No início do século XIX a.C., tornou-se independente sob uma
dinastia amorita, convertendo-se na capital do que é conhecido como Império Paleobabilónico, a
maior potência do seu tempo na Mesopotâmia, cujos territórios chegaram a incluir toda a Baixa
Mesopotâmia e o vale do Eufrates até Mari. A cidade atingiu então o seu primeiro apogeu, que
culminou com o reinado de Hamurabi na primeira metade do século XVIII a.C.; contudo, declinou a
partir da segunda metade do século XVII a.C., devido a vários fatores internos e externos, e, em
1 595 a.C., foi saqueada pelos hititas. Seguiu-se uma fase particularmente mal conhecida, durante a
qual Babilónia foi governada por uma dinastia cassita, que se manteria no poder até ao século XII
a.C. Seguiu-se um breve período em que grande parte do reino cassita esteve sob o domínio do
Império Elamita, sucedendo-se um período em que voltou a ser a capital de uma grande potência
regional sob a segunda dinastia de Isin, entre o último quartel do século XII a.C. e c. 1 025 a.C.,
quando se iniciou um período de grande instabilidade política e militar, que durou até à conquista
pelos assírios no final do século VIII a.C. Sob o domínio assírio, Babilónia retomou alguma da sua
importância no século seguinte e tornou-se novamente capital dum reino independente sob
Nabopolasar, originalmente governador assírio, que, no final da década de 620 a.C., derrubou o
Império Assírio. A cidade conheceu então um novo apogeu, principalmente durante o reinado de
Nabucodonosor II (r. 605–562 a.C.), filho de Nabopolasar. Embora tenha perdido alguma
importância durante os reinados que se seguiram, o império babilónico só cairia com a conquista da
sua capital em 539 a.C. pelo Império Aqueménida.
Não obstante ter perdido muito do seu protagonismo anterior, Babilónia foi uma cidade importante
no Império Aqueménida e durante o curto reinado de Alexandre na segunda metade do século IV
a.C., que lá viveu durante alguns meses e patrocinou a restauração de monumentos e canais. Após a
morte do imperador macedónio, a cidade foi duramente afetada pelas Guerras dos Diádocos.
Durante o Império Selêucida, perdeu o seu estatuto de capital e helenizou-se. Embora mantendo
alguma importância regional, foi declinando lentamente e, durante o Império Parta, em meados do
século III a.C., começou a despovoar-se. Embora os seus grandes templos continuassem ativos e
ainda fosse um centro de comércio no início do século I d.C.,o local já estava então em ruínas. O
templo principal ainda funcionava no início século III, mas desconhece-se quando a região foi
completamente abandonada, o que sucedeu durante o Império Sassânida. No início do período
islâmico, no século VII, não era mais do que uma pequena aldeia no meio de extensas ruínas.
Devido possivelmente à sua grande importância e esplendor numa região onde floresceram algumas
das maiores civilizações da Antiguidade, às menções na Bíblia e ao seu desaparecimento
relativamente precoce, Babilónia tornou-se gradualmente um mito, ainda durante o período clássico,
que perdurou e ganhou contornos cada vez mais imaginários durante a Idade Média. Para a
propagação dessa lenda, pode ter contribuído o facto de, até ao século XIX, Babilónia só ser
conhecida através das menções bíblicas, nas quais a cidade aparece como símbolo do pecado e
decadência, e por relatos de autores greco-romanos, os quais, ou nunca a visitaram ou só o fizeram
quando dela mais não restavam do que ruínas. Apesar da sua localização nunca ter sido esquecida,
só no início do século XX é que se realizaram as primeiras escavações importantes, sob a direção do
arqueólogo alemão Robert Koldewey, que desenterrou os principais monumentos. A importante
documentação arqueológica e epigráfica descoberta na cidade, completada por informações
provenientes de outros sítios arqueológicos antigos que tiveram relações com Babilónia, permitiram
formar uma representação mais precisa da urbe, para além dos mitos. Tal não obsta a que haja
grandes lacunas no conhecimento que se tem daquele que é um dos sítios arqueológicos mais
importantes do Antigo Próximo Oriente, lacunas essas que persistem devido aos trabalhos
arqueológicos estarem parados por causa da instabilidade política no Iraque desde 1990.
Índice
• 1 Fases da história de Babilónia
• 1.1 Origens da cidade e do seu nome
• 1.2 Dinastia amorita
• 1.3 Dinastia cassita
• 1.4 Segunda dinastia de Isin e período de declínio
• 1.5 Babilónia e o domínio assírio
• 1.6 Império Neobabilónico e apogeu de Babilónia
• 1.7 Domínio estrangeiro
• 1.8 Fim da Babilónia antiga
• 2 Babilónia no seu apogeu
• 2.1 Uma "megacidade" da Antiguidade
• 2.1.1 Organização geral do sítio arqueológico
• 2.1.2 Muralhas e portas
• 2.1.3 O rio e os canais
• 2.1.4 O urbanismo da cidade interior: arruamentos e residências
• 2.1.5 Os habitantes de Babilónia: economia e sociedade
• 2.1.6 Práticas funerárias
• 2.2 Os monumentos do poder político
• 2.2.1 Os palácios de Nabucodonosor II
• 2.2.2 Os "Jardins Suspensos"
• 2.2.3 Os locais do poder político sob domínio estrangeiro
• 2.3 Uma capital religiosa
• 2.3.1 Marduque e o panteão babilónico
• 2.3.2 O santuário de Marduque
• 2.3.3 Outros templos
• 2.3.4 Culto religioso
• 2.3.5 Local de conhecimento
• 3 Babilónia mitificada
• 3.1 Nas civilizações antigas
• 3.1.1 Na Mesopotâmia
• 3.1.2 Autores greco-romanos
• 3.1.3 Na Bíblia hebraica e no Novo Testamento cristão
• 3.2 A memória de Babilónia depois do seu fim
• 3.2.1 A recordação longínqua de uma grande cidade
• 3.2.2 O mito da Torre de Babel
• 3.2.3 Um símbolo do mal
• 3.2.4 Babilónia na cultura dos séculos XIX e XX
• 4 Escavações e reconstruções
• 4.1 Primeiras investigações e escavações
• 4.2 Escavações alemãs
• 4.3 Escavações depois de 1945
• 4.4 Reconstruções e degradações
• 5 Notas
• 6 Referências
• 7 Bibliografia
• 7.1 Obras generalistas sobre a civilização mesopotâmica
• 7.2 Estudos especializados sobre Babilónia
• 7.3 Outras obras
• 8 Ligações externas
Fases da história de Babilónia
Babilónia aparece tardiamente na história da Mesopotâmia antiga, em comparação com outras
grandes cidades dessa civilização, como Quixe, Uruque, Ur, Nipur ou Nínive. Por isso, a sua rápida
ascensão é ainda mais notável. A cidade é pouco mencionada na documentação da segunda metade
do 2.º milénio a.C.,[1][2] mas cresceu rapidamente sob o impulso de uma dinastia amorita que
obteve vários êxitos militares importantes, durante o período dito "paleobabilónico" (2004–1595
a.C.).[3][4][5] Durante o período seguinte, dito "médio-babilónico" (1595–fim do século XI a.C.),
Babilónia afirmou-se de forma permanente como capital da Mesopotâmia meridional, tornando-se
um grande centro religioso além de um centro político, sob a dinastia cassita[6] e a Segunda
dinastia de Isin (1154–1027 a.C.).[7]
O início do 1.º milénio a.C. foi marcado por períodos turbulentos, que se prolongaram nas guerras
provocadas pelas tentativas de controlo da região da Babilónia pelos reis assírios.[8][9] Estes foram
finalmente derrotados pelos reis que fundaram o poderoso império dito neobabilónico (626–539
a.C.) e que empreenderam as obras que tornaram Babilónia a cidade mais prestigiada do seu tempo.
[10] Depois da queda deste império, sucederam-se várias dinastias estrangeiras;[11][12] apesar da
cidade não ser a capital, ela conservou uma importância considerável até aos últimos séculos antes
de Cristo, durante as fases mais tardias da história babilónica,[13] antes de ser abandonada nos
primeiros séculos da nossa era.[14][15]
Dinastia amorita
Ver artigo principal: Império Paleobabilónico
O rei da Babilónia Hamurabi em frente ao deus Shamash, num detalhe da estela do Código de
Hamurabi (século XVIII a.C.)
A ascensão de Babilónia dá-se com o surgimento de uma dinastia de origem amorita, que se inicia
em 1 894 a.C. com um soberano de nome Samuabum (r. 1894–1881).[3] Este período é designado
como "paleobabilónico" ou "babilónico antigo". Sumulael (r. 1880–1845) foi o verdadeiro ancestral
da primeira dinastia da Babilónia, pois não era da família do seu predecessor e todos os seus
sucessores foram seus descendentes. Estes aumentaram progressivamente o reino, que no início
estava limitado à cidade e aos seus arredores. Durante o reinado de Sin-muballit (r. 1812–1793),
Babilónia torna-se uma potência capaz de rivalizar com os outros grandes reinos amoritas vizinhos
de Larsa, Eshnunna, Isin e Uruque. O seu filho Hamurabi (r. 1793–1750) desempenhou com
inteligência o seu papel no cenário internacional do seu tempo e foi sob o seu reinado que esta
primeira dinastia babilónica se tornou uma potência regional dominante. Durante a primeira parte
do seu reinado não obteve qualquer vitória, mas depois logrou submeter os reinos que em sua volta:
Larsa, Eshnunna e, mais tarde, Mari.[4][5]
O reino babilónico tornou-se então a maior potência política da Mesopotâmia. O filho e sucessor de
Hamurabi, Samsu-iluna (r. 1749–1712), manteve durante algum tempo essa supremacia, mas
enfrentou várias revoltas que enfraqueceram o seu reino. Os monarcas seguintes viram o seu
território desagregar-se devido a rebeliões e ataques de povos inimigos, principalmente os cassitas,
mas também os hurritas, ao que se somou uma crise agrária. O último soberano da dinastia, Samsu-
ditana (r. 1625–1595), governou praticamente encurralado um território que incluía pouco mais do
que a cidade e os seus arredores. Segundo a tradição babilónica ulterior, o golpe fatal a Samsu-
ditana foi infligido pelo rei hitita Mursilis I que comandou um raide à cidade em 1 595 a.C. A
cidade foi saqueada, a dinastia amorita foi extinta e as estátuas de culto ao deus Marduque e da sua
consorte Sarpanitu foram levadas pelos vencedores como símbolo da submissão dos vencidos.[18]
Dinastia cassita
Ver artigo principal: Dinastia cassita
Depois da tomada de Babilónia pelos hititas, a situação política na região babilónica é
particularmente obscura. A região ficou sob o controlo de uma dinastia de origem cassita em
condições mal conhecidas. Um texto do século VII a.C. encontrado em Nínive, na Assíria,
apresenta-se como uma cópia de uma inscrição do rei cassita Agum II (início do século XVI a.C.),
onde se lê que restituiu as estátuas de culto de Marduque e Sarpanitu a Babilónia e restaurou o
Esagila. Nada se sabe quanto à autenticidade desse texto, tanto mais que esse rei Agum só é
mencionado em textos posteriores ao seu reinado.[29][nt 2]
Mapa do Império Cassita no século XIII a.C.
Os conhecimentos atuais acerca do domínio cassita sobre a Babilónia só são seguros a partir do
início do século XV a.C. (um século depois do ataque hitita e do suposto reinado de Agum II), com
o reinado de Burnaburiash I e principalmente dos seus sucessores Ulamburiash e Agum III.[30] Os
reis desta dinastia, que se apresentam como monarcas de Karduniaš (correspondente à região da
Babilónia), mais frequentemente do que como "reis de Babilónia", raramente aparecem
relacionados com a cidade, onde as suas obras são pouco ou nada mencionadas. O estatuto da
cidade como centro político não é claro: durante o reinado de Kurigalzu I ou Kurigalzu II, no início
do século XIV a.C., foi fundada uma nova capital em Dur-Kurigalzu ("forte Kurigalzu", do nome
do seu fundador), situada a norte de Babilónia, num local onde os rios Eufrates e Tigre estão mais
perto um do outro, à semelhança de outras futuras capitais de reinos estabelecidos na Mesopotâmia,
como Selêucia do Tigre, Ctesifonte ou, mais tarde, Bagdade.[31]
Não obstante, Babilónia continuou a ser uma cidade muito importante e prestigiada durante o
período cassita, nomeadamente porque o seu papel como centro religioso se desenvolveu, como é
atestado pelo facto do Esagila receber doações de terras e de Marduque se afirmar gradualmente
como figura divina soberana nos textos desse período.[6] Significativamente, as fontes consideram
a tomada de Babilónia pelos seus inimigos os revezes mais marcantes dos reis cassitas. Em 1 235
a.C., a cidade é saqueada pelo rei Tukulti-Ninurta I da Assíria. Segundo a crónica histórica
babilónica “Crónica P”, esse rei derrubou as muralhas e levou a estátua de Marduque, tendo depois
mandado redigir no seu país um longo texto celebrando a sua vitória.[32][33] Os conflitos entre a
Babilónia e a Assíria sucederam-se até à intervenção de uma terceira potência, a dos reis de Elam
Shutruk Nahunte (r. ca 1185–1155) e do seu filho Kutir-Nahhunte III (r. ca 1155–1150), que se
apoderaram de Babilónia em 1 158 a.C. e em 1 155 a.C. e roubaram os tesouros da cidade, entre os
quais a estátua do grande deus.[34]
O aspeto da cidade de Babilónia durante o período cassita é ainda menos conhecido do que durante
o período paleobabilónico, já não se conhecem inscrições de fundação comemorativas de obras na
cidade e os estratos arqueológicos dessa época não foram escavados pelas mesmas razões que os da
época precedente,[35] à exceção de alguns níveis no setor do Merkes, onde foram descobertos
vários lotes de tábuas sobre negócios privados e um com textos religiosos pertencentes a uma
adivinho.[36] É possível que tenha sido neste período que a planta da cidade, com a sua muralha
principal, se tenha consolidado, se é que isso não aconteceu ainda no período precedente.[37]
Segunda dinastia de Isin e período de declínio
Cudurru de Nabucodonosor I
Os elamitas foram finalmente expulsos de Babilónia por uma nova dinastia com origens em Isin,
que logrou retomar a cidade. O seu maior rei, Nabucodonosor I (r. 1126–1105 a.C.), derrotou depois
os elamitas no seu próprio país e trouxe de volta triunfalmente a estátua de Marduque, um
acontecimento que é relatado num longo texto que figura numa ata de doação.[7] Este ato é
particularmente importante para a história religiosa de Babilónia, pois é neste período que se
estabeleceu a primazia de Marduque sobre as outras divindades mesopotâmicas, com a redação da
“Epopeia da Criação” (Enūma eliš), que narra como ele se tornou rei dos deuses. Nesta história,
Babilónia aparece como uma cidade construída pelos deuses e situada no centro do mundo, no
ponto de contacto entre o Céu e a Terra (materializado pelo zigurate, cujo nome significa "Casa-
ligação do Céu e da Terra"). Geralmente considera-se que foi também nessa época que foi redigido
o texto topográfico chamado TINTIR (o mesmo que Babilu),[nt 3] devido ao seu incipit, onde está
descrita a localização de todos os locais de culto da cidade, que tinha então o estatuto de cidade
santa. Acredita-se por isso que a cidade já tinha então a sua planta praticamente definitiva, mesmo
sendo possível que o texto (e por conseguinte a organização interior final da cidade) seja mais
tardio.[6][38][39]
O retorno do reino babilónico ao primeiro plano político foi, no entanto, de curta duração. A partir
de cerca de 1 050 a.C., a região sofreu incursões de vários povos nómadas, como os arameus. O fim
do reinado de Nabu-shum-libur (r. 1032–1025) marca o início de um período de caos e de mudanças
dinásticas frequentes, sobre o qual escasseiam fontes sobre a Babilónia. Aparentemente, as grandes
cidades da região passaram por períodos de grande violência e a cidade de Babilónia não deve ter
sido exceção.[40]
Estatueta em alabastro, terracota e vidro duma figura feminina, possivelmente duma grande deusa
babilónica (c. século III a.C.–III d.C.)[50]
Foi na Babilónia que se esboçou a primeira partição do império de Alexandre entre os seus generais,
os diádocos, que rapidamente se fragmentou em lutas que afetaram duramente a Babilónia e a sua
maior cidade. Esta encontrava-se enxague quando Seleuco I conseguiu consolidar o seu domínio na
região em 311 a.C.[51] O novo soberano não manteve Babilónia como capital, pois construiu uma
nova cerca de 60 km a nordeste, Selêucia do Tigre.[52] Apesar de tudo, Babilónia continuou a ser
importante, como testemunha, por exemplo, o facto do filho de Seleuco, Antíoco I, lá ter residido
vários anos antes de tomar o poder sozinho. Os novos governantes continuaram a reconhecer o
prestígio da cidade. Os dois primeiros imperadores selêucidas mandaram reconstruir vários edifícios
religiosos em Babilónia. Mais tarde o centro de gravidade do império mudou-se para ocidente e
Antioquia tornou-se a capital principal dos sucessores selêucidas, que foram perdendo gradualmente
a região babilónica devido ao avanço dos partas. Estes acabaram por dominar definitivamente a
região durante o reinado de Mitrídates II (r. 123–88 a.C.). Estes conflitos afetaram fortemente
Babilónia e a região, principalmente devido às extorsões e atos violentos do general parta Himério.
[53]
Babilónia continuou a ser uma cidade importante sob o domínio dos impérios estrangeiros da
segunda metade do 1.º milénio a.C. Sob a administração aqueménida, o governador da Babilónia —
que nos textos em cuneiforme é chamado pahāt e não pelo nome persa "sátrapa" — dirigia uma
vasta província que cobria todos os territórios do antigo império babilónico, que ia até ao mar
Mediterrâneo. Mais tarde, a província foi reduzida para conter apenas a Mesopotâmia.[54]
No Império Selêucida, Babilónia foi suplantada por Selêucia como principal centro administrativo e
tornou-se uma capital provincial secundária. O imperador era ali representado por um personagem
que os textos locais designam šaknu ("oficial" ou "funcionário", um título que era usado por
dignitários dos antigos reinos babilónicos) e que dirigia o pessoal do palácio real.[55] A partir de
170 a.C., durante o reinado de Antíoco IV, Babilónia tornou-se uma cidade grega, com uma
comunidade de cidadãos (em grego: politai, que nos textos babilónicos aparecem com a designação
de puliṭē ou puliṭānu), dirigida por um epístata (em grego: ἐπιστάτης; transl.: epistátes, que
aparentemente aparece nas fontes cuneiformes como pahāt). Os cidadãos reuniam-se no teatro, que
entretanto foi construído na cidade.[56][57][58]
A comunidade babilónica indígena, que continuou dominante em número, formava a terceira
entidade política desta sociedade complexa. Ela era representada junto das autoridades gregas pelo
pessoal encarregado do Esagila, que por isso passou a ter um peso dominante na vida da cidade,
pois era a única autoridade tradicional de origem local ainda existente. Esse pessoal era dirigido por
uma assembleia (kiništu) cuja autoridade superior era o administrador do santuário (šatammu).
Aparentemente, durante o período parta funcionaram autoridades semelhantes — os partas não
modificaram a estrutura e política e social da cidade.[nt 4]
Para estes diferentes períodos, chegaram aos nossos dias arquivos de textos em cuneiforme de
famílias privadas e de santuários em número considerável em comparação às outras cidades da
região, de onde foram desaparecendo progressivamente. Esses textos falam das atividades de culto e
económicas da cidade.[nt 4]
Mapa simplificado do sítio arqueológico de Babilónia, com a localização das principais zonas de
escavação
O espaço urbano de Babilónia pode ser dividido em três áreas principais. As duas primeiras foram
as que foram ocupadas nas épocas mais antigas e que foram as mais densamente povoadas nos
períodos neobabilónico e persa. A terceira área só foi integrada na cidade num período mais recente,
no reinado de Nabucodonosor II, ou seja no último quartel do século XII a.C. O centro da cidade
situava-se na margem esquerda (leste) do antigo curso do rio Eufrates.[69] O espaço situado nessa
margem entre o rio e o limite oriental da muralha interior cobre entre 450 e 500 hectares e é onde se
encontram os principais monumentos da cidade, como o setor palacial, situado no tel do Kasr (ou
Qasr),[nt 5] e o complexo do Esagila, o templo de Marduque, no tel Amran ibn Ali, com o
Etemenanki, o seu zigurate, adjacente a norte. Deste apenas resta o traçado no solo numa depressão
chamada Sahn. A leste do complexo religioso encontra-se o sítio do Merkes ("centro da cidade" em
árabe), onde foi desenterrado um bairro residencial.[70][71]
Segundo o texto Tintir, esta parte da cidade estava dividida em bairros, a maior parte deles com
nomes sumérios: KÁ.DINGIR.RA ("Porta do Deus", ou seja, "Babilónia"), junto ao palácio; ERIDU
(nome de uma antiga cidade sagrada da Mesopotâmia, cidade do deus Enqui, pai de Marduque), em
volta do complexo do Esagila; ŠU.AN.NA ("Mão do Céu"), ao sul do anterior, em redor do tel Ishin
Aswad; TE.EKI, no canto sudeste; KULLAB (nome de uma antiga aldeia que foi integrada na cidade
de Uruque), no centro; e a "Cidade Nova" em acádio: ālu eššu, no canto nordeste, em volta do tel
Homera. Os três primeiros bairros formavam o núcleo central da cidade e a parte mais antiga da
cidade; os seus nomes por vezes serviam para designar toda a cidade.[70][71]
O segundo conjunto urbano da cidade situava-se na margem direita (ocidental) do antigo curso do
Eufrates e cobria cerca de 130 hectares.[69] Não foi escavado porque está parcialmente submerso
pelo curso atual do rio e também porque não tinha os monumentos mais relevantes. É impossível
determinar se foi ocupado paralelamente à margem esquerda ou se se trata de uma extensão mais
tardia da cidade que se expandiu para a outra margem para ocupar mais espaço.[nt 1] Esta parte da
cidade era rodeada de uma muralha, que juntamente com a muralha da margem contrária,
demarcava a chamada cidade interior (que aparece a vermelho no mapa), a qual formava uma
retângulo que era cortado pelo rio na direção norte-sul. O texto Tintir indica que ali havia quatro
bairros: Bab-Lugalirra ("Porta de Lugalirra");[nt 6] KUMAR ou KU'ARA e TUBA, nomes de duas
antigas cidades sumérias; e outro cujo nome não foi decifrado.[71][74]
O terceira área da cidade era um vasto triângulo protegido por uma muralha construída na época
neobabilónica em volta da primeira zona, na margem esquerda do rio. Estende-se até 2,5 km para
norte, até ao tel Babil, onde se situa o único monumento conhecido nessa parte da cidade, o "palácio
de verão".[69] Este terceira área é pouco melhor conhecida do que a segunda, mas pode afirmar-se
que não foi completamente urbanizada e que poderia ter espaços agrícolas. Não é mencionada no
Tintir, o qual foi redigido antes de ter sido incluída no espaço muralhado. Fora das muralhas havia
várias aldeias, que podem considerar-se arrabaldes de Babilónia, povoados por comunidades
agrícolas que exploravam os os campos em volta da cidade, os quais são mencionados nos textos
económicos.[75]
Muralhas e portas
Mapa da cidade interior de Babilónia no século VI a.C., com os dados topográficos do texto 'Tintir
Os eixos de comunicação terrestres eram igualmente importantes na estruturação do espaço urbano.
[nt 8] O texto Tintir indica que cada porta se abria para uma grande avenida, mas as únicas avenidas
que foram claramente identificadas no local são a Via Processional (Ay-ibur-šabu; "que o inimigo
arrogante não passa") e outra que lhe era transversal. A primeira tinha cerca de 900 metros, era
retilínea, orientada aproximadamente na direção norte-sul, e ia desde a Porta de Istar até ao bairro
sagrado. A segunda cruzava a Via Processional ao nível do complexo religioso, tinha pelo menos
500 metros de comprimento e ia até à ponte, passando entre a muralha do zigurate e do Esagila.
Ambas eram pavimentadas com placas de cerâmica ligadas com betume. A Via Processional, que
como o seu nome indica, era um eixo de primeira importância durante as cerimónias religiosas,
tinha mais de 20 metros de largura e era decorada, pelo menos em parte, com frisos em tijolos
vidrados com leões e rosáceas.[98][99]
O único bairro residencial que foi escavado situava-se no sítio do Merkes, a leste da Via
Processional e do complexo sagrado, entre os antigos bairros de Ka-dingirra, Eridu e Shuanna. Os
seus arruamentos são caraterizados por ruas estreitas aproximadamente retilíneas que se cruzavam
praticamente em ângulo reto. Trata-se possivelmente da herança de uma antiga planta ortogonal
planeada que foi alterada devido aos rearranjos das construções, frequentes devido à alteração
rápida das construções em tijolos crus, que têm que ser regularmente restauradas.[100]
Mapa das zonas escavadas na parte ocidental da cidade interior: o Kasr a norte, o santuário de
Marduque a sul, junto à ponte a oeste, e o Merkes a leste
Os arruamentos do Merkes delimitam quarteirões de habitações com 40 a 80 metros de lado, onde
foi escavada uma dezena de casas, datadas entre a época neobabilónica e a época parta, as únicas
residências escavadas em Babilónia. Essas escavações possibilitaram ter uma ideia de aspetos
materiais da vida dos antigos habitantes da cidade.[101][102] Construídas em tijolos de argila crua,
as casas desses quarteirões ocupam áreas entre 196 e 1 914 m² ao nível do solo (a superfície
habitável é inferior, pois tem que se descontar o espaço ocupado pelas paredes). A área média é
aproximadamente 200 m². Isto ilustra uma sociedade muito hierarquizada mas sem grandes
separações entre ricos e pobres.[103]
Cada residência tem pelo menos 8 divisões e no máximo 20. São organizadas de forma caraterística
em volta de um espaço central que pode ser aberto e de uma divisão de receção retangular, que dá
acesso a outras salas cuja função é geralmente impossível de definir. Estas casas dispunham
provavelmente de um andar (ou mesmo três ou quatro, a acreditar na descrição de Heródoto. Nas
épocas helenística e parta, conservaram a mesma organização geral, mas os espaços centrais de
algumas casas ricas foram reconstruídos para tomarem a forma de um pátio peristilo, o que
testemunha uma influência grega.[103]
O mobiliário encontrado nas casas é modesto: essencialmente loiça em barro cozido, por vezes em
pedra ou em vidro, bem como algumas placas e estatuetas em cerâmica, representando génios ou
demónios que sem dúvida teriam funções de proteção.[104][105]
Planta de uma casa escavada no Merkes. 1-vestíbulo; 2-pátio principal; 3-lavabos; 4-cozinha; 5-
divisões privadas.
Pelos arquivos do mesmo período conhecem-se atividades similares de outras famílias, como a dos
descendentes de Nur-Sîn e da dos descendentes de Nappāhu.[109] Algumas dessas famílias tiveram
uma ascensão social notável empreendendo diversas atividades, quer como titulares de cargos na
administração real ou dos templos, nomeadamente na tomada de prebendas, serviços religiosos que
davam direito a uma remuneração, quer em negócios privados, como empréstimos, aquisição de
propriedades, operações comerciais, etc.[110][111] Porém, os revezes são frequentes. Personagens
deste tipo são igualmente conhecidos nos períodos seguintes, através dos arquivos de Muranu e do
seu filho Ea-tabtana-bullit, no início da época helenística,[112] e os de Rahimesu, que teve um
cargo de gestão financeira no Esagila no início do período parta.[113]
No entanto, essas famílias não eram da elite da sociedade babilónica, a qual era constituída pelas
pessoas mais próximas dos reis babilónicos, persas ou gregos. Essa elite é mal conhecida. O único
personagem dessa categoria que é conhecido através de um lote de arquivos é Belshunu, governador
da cidade ao serviço dos reis aqueménidas na segunda metade do século V a.C. Este possuía ou
tinha a seu cargo várias propriedades agrícolas espalhadas por toda a província e estava envolvido
noutros negócios, aparentemente com meios superiores aos dos notáveis da cidade. O arquivo está
incompleto devido a ser proveniente de escavações clandestinas.[nt 9][nt 10]
Os estratos sociais mais baixos também não estão bem documentados. Dele devem ter feito parte
dependentes (escravos ou não) permanentes das instituições (palácios e templos) que dominavam a
vida económica, além de trabalhadores livres que constituíam a mão de obra (uma espécie de
proletariado) para os trabalhos oferecidos de forma temporária pelas instituições e pelas famílias
ricas, nomeadamente na construção. Sabe-se que uma parte dos habitantes da cidade trabalhava na
agricultura.[114]
A cidade era o centro de diversas atividades económicas que constituíam a base dos negócios das
famílias notáveis, em primeiro lugar a agricultura praticada nos campos cerealíferos e nos
palmeirais-hortas situados no exterior das muralhas.[115] Estes terrenos eram os mais cobiçados
pelos notáveis da cidade, pelo lucro que davam devido à sua proximidade do importante mercado de
víveres que a cidade representava. Essas famílias dedicavam-se também à comercialização de
produtos agrícolas proveninetes tanto desses terrenos como de outros mais longínquos, usando a
rede dos canais para o seu transporte. Iddin-Marduk, da família dos descendentes de Nur-Sîn
montou uma rede de recolha e de encaminhamento para Babilónia das produções de camponeses
estabelecidos nas proximidades de canais (sobretudo cereais, tâmaras, legumes). Babilónia era uma
cidade comercial importante, que era um cruzamento regional e internacional graças às vias
terrestres e fluviais que a serviam. Os mercadores afluíam à cidade para se abastecerem de matérias
primas raras vindas de paragens longínquas. Não obstante, o comércio regional e local eram os mais
importantes. São conhecidos vários espaços comerciais importantes na cidade: o porto fluvial (kāru,
"cais") e a ponte referida acima, além de uma parte do bairro de Shuanna em redor da "Porta do
Mercado" (uma porta interior).[116][117]
Práticas funerárias
Os palácios de Nabucodonosor II
Uma das decorações em tijolos vidrados das paredes da sala do trono do Palácio Sul: palmeiras,
motivos florais e leões
O terceiro pátio, no centro do edifício, é o maior de todos (com 66×55 m) e abre-se por três portas
pelo lado sul para a sala do trono. Esta grande divisão retangular, com 52×17 m, comportava um
pódio para o trono no seu centro. As suas paredes eram decoradas com tijolos vidrados
representando leões, palmeiras estilizadas e motivos florais. Uma outra parte notável do palácio é o
"edifício abobadado", situado a nordeste, que mede cerca de 50×40 m e tem paredes espessas, que
deve ter sido uma espécie de armazém. Foi ali que foi descoberto o único lote de arquivo palaciano
notável da época neobabilónica, datado de 595 a 570 a.C., constituído por um conjunto de tábuas
com registo das entregas e distribuição de produtos para as rações alimentares de cereais, tâmaras e
azeite distribuídas aos dependentes do palácio. Entre estes encontram-se famílias reais deportadas
para a Babilónia, nomeadamente Jeconias de Judá, preso na sequência da tomada de Jerusalém em
597 a.C., que é mencionado na Bíblia.[128]
Tornei magnífica a minha morada real. Com enormes vigas de cedro vindas das altas
montanhas, espessas vigas de madeira ašuhu (pinho?) e de cipreste fiz o telhado. Painéis em
madeira musukannu (uma essência preciosa), de cedro e de cipreste, de buxo e de marfim,
chapeados a prata e a ouro, umbrais e dobradiças de bronze, coloquei nas suas portas. Mandei
colocar no cimo um friso de lápis-lazúli. Rodeei-o de um grande muro de betume e de tijolos,
“ ”
alto como uma montanha; além do muro de tijolos, construí um enorme muro de imensas
pedras, provenientes das altas montanhas e elevei o seu cimo, alto como uma montanha. Fiz
esta casa para o deslumbramento! Para o deslumbramento de todos enchia-a de mobiliário
caro. Testemunhas majestosas, esplêndidas e arrepiantes do meu esplendor real foram
espalhadas [neste lugar].
— Inscrição comemorativa da construção do palácio de Nabucodonosor II[129][130].
Na extremidade ocidental do Palácio Sul, Nabucodonosor mandou construir o chamado Bastião
Ocidental (em alemão: Westliche Auswerk), um edifício de forma retangular com paredes muito
espessas (18 a 20 metros), em parte no leito do rio, cujo curso obstruía, o que obrigou a alterações
no cais.[131]
O setor dos palácios (Kasr) após as reconstruções recentes de fibilidade muito duvidosa
O chamado "Grande Palácio" (Hauptburg) ou "Palácio Norte" foi igualmente construído na época
de Nabucodonosor II num alto sobre as muralhas imediatamente a norte do Palácio Sul.[132]
Assente sobre um terraço, formava uma espécie de cidadela de planta retangular com 170 a 180 por
115 a 120 metros. Era mais pequeno do que o Palácio Sul e nele foram identificados dois grandes
pátios para os quais abriam vários corpos com divisões mal identificadas durante as escavações
devido à erosão. Era protegido pelo Bastião Norte. Foi no Palácio Norte que foi encontrado um
tesouro de guerra dos reis babilónicos, constituído por estátuas, estelas e outras obras levadas para a
cidade na sequência de campanhas militares. O arqueólogo que dirigia as escavações qualificou o
local da descoberta como "museu". As inscrições de Nabucodonosor parecem indicar que o edifício
foi concebido como um espaço de lazer, ou seja, um verdadeiro palácio que servia de residência
real. Possivelmente tratava-se mesmo da residência real principal, enquanto que o Palácio Sul teria
funções mais administrativas.[133]
A mais de dois quilómetros a norte do Kasr, à beira do Eufrates, no atual tel Babil, os arqueólogos
alemães desenterraram um edifício a que chamaram Palácio de Verão (Sommerpalast), devido ao
facto das salas parecerem ser ventiladas por uma espécie de poços de vento, que serviriam para
refrescar as divisões interiores nos períodos de calor intenso. Erigido no final do reinado de
Nabucodonosor II, as inscrições indicam que tinha uma função principalmente defensiva, ao norte
da muralha exterior construída pouco tempo antes. Dele mais não restam do que os alicerces, que
deixam perceber um edifício de planta quadrada com 250 metros de lado, organizado em redor de
dois vastos pátios, que foi reconstruído em vários ocasiões depois da época neobabilónica.[134]
Os "Jardins Suspensos"
Ver artigo principal: Jardins Suspensos da Babilónia
O santuário de Marduque
Ver artigo principal: Esagila
O conjunto religioso principal de Babilónia é o que é dedicado ao deus da cidade, Marduque,
chamado Esagila (em sumério: É.SAG.ÍL, que significa algo como "casa da cabeça alta", um termo
que podia designar apenas o templo na parte inferior do complexo ou o conjunto do santuário, com
o zigurate incluído).[150][145][151][152][153] Os arqueólogos alemães apenas puderam escavar
uma parte do templo devido ao facto do tel onde ele se encontra, Amran ibn Ali, ser ocupado por
uma mesquita, o que limita as explorações. As áreas escavadas do antigo templo foram a parte
ocidental, o pátio central para onde se abriam as celas das divindades e algumas das salas que o
rodeavam. A parte oriental só foi estudada através de escavações em túnel nas quais foi descoberto
o contorno do edifício nesse lado. Alguns textos antigos, — sobretudo a "Tábua do Esagila", um
texto metrológico do qual foi descoberta uma cópia do século III a.C. mas cujo original certamente
que datava do período neobabilónico, — permitiram completar os conhecimentos sobre as partes
não escavadas, não só a área oriental, mas também os apartamentos de Marduque, o local mais
importante do santuário.[154]
Outros templos
Planta (à direita) e proposta de
reconstituição do É.MAH, o templo
de Ninmah, situado perto da Porta
de Istar e de planta dita
"babilónica"
O Tintir menciona os nomes de 43
templos situados no interior de
Babilónia, dos quais 13 se
encontravam no "bairro sagrado"
de Eridu. Havia divindades que
tinham vários templos: são mencionados cinco de Istar e três de Nabu. Foram escavados e
identificados oito desses templos na parte ocidental da cidade interior, fora do complexo principal.
São de diversas dimensões e isolados do tecido urbano, mesmo quando em alguns casos foram
construídos em bairros residenciais, como o templo de Istar de Acádia escavado no Merkes.[164]
[165] Seguem a planta típica dos templos locais, chamada "babilónica", também observada no
templo de Marduque e que tem reminiscências das residências humanas: uma porta que se abre para
um pátio, que por sua vez leva a uma antecela (vestíbulo) e depois à cela da divindade principal do
santuário, uma capela ao fundo da qual se encontrava um nicho destinado a receber a estátua de
culto. Várias salas rodeavam os espaços destinados à circulação. As portas principais podiam ser
abobadadas. O pátio do templo de Nabu ša harê estava coberto de betume e as suas paredes
apresentavam uma decoração sumária em branco e preto. O bīt akītu, o templo onde decorriam as
cerimónias finais da festa do akītu, situava-se fora da muralha interior. É possível que as ruas ruínas
sejam as que foram escavadas por arqueólogos alemães nos anos 1960, quando foi descoberto um
complexo arquitetónico situado a norte do Kasr.[166]
Culto religioso
Um dos leões representados nos tijolos vidrados da Porta de Istar, um animal-símbolo da deusa Istar
Os templos de Babilónia eram centros de intensa atividade, pois neles decorria o culto quotidiano
das divindades que albergavam, que passava por alimentar simbolicamente e vestir a estátua, além
de oferendas acompanhadas de rituais. Tais atividades justificavam a presença de uma categoria
importante de pessoal de culto, os erīb bīti, as únicas pessoas autorizadas a entrar no espaço sagrado
do santuário e a ali realizar os rituais. O culto requeria também a participação de outros tipos de
pessoal mais numeroso, nomeadamente o que fornecia alimentos e objetos de culto. Para levar a
cabo essas tarefas, os templos dispunham de património constituído por terras, oficinas e outros
bens, provenientes sobretudo de ofertas, com destaque para as dos reis, que eram igualmente quem
empreendiam os trabalhos de restauro mais importantes. Toda esta organização explica o facto dos
santuários terem sido também centros económicos importantes, em redor dos quais gravitava uma
parte considerável da população da cidade e dos campos em volta.[164][165]
O calendário litúrgico de Babilónia estava repleto de feriados religiosos mais ou menos regulares,
alguns de frequência mensal e outros anuais, mais excecionais. A principal festa religiosa era o
akītu, realizado no Ano Novo, no equinócio da primavera (21 de março), que durava 12 dias e
exigia a presença em pessoa do rei. Durante essa festa, as estátuas de culto das grandes divindades
da cidade reuniam-se no Esagila onde prestavam homenagem a Marduque, antes de se reunirem no
bīt akītu. A “Epopeia da Criação” era recitada para recordar os grandes feitos desse deus durante
uma procissão que percorria a cidade. O rei renovava simbolicamente o seu mandato. Esta festa,
aparentemente grandiosa, tinha como objetivo celebrar a renovação da natureza na primavera, mas
também afirmar a forte ligação entre o grande deus Marduque e o rei, considerado o seu
representante na terra. Ela requeria a presença da estátua do deus e do soberano, o que não era
possível em períodos de instabilidade ou após derrotas militares que tivessem envolvido a captura
da estátua pelo inimigo, o que constituía um grande infortúnio.[167][168]
Na cidade eram também celebrados outros feriados importantes, como por exemplo um ritual de
"casamento sagrado" (hašādu) entre Marduque e Sarpanitu, ou outro que no qual era representado
um Marduque infiel perseguindo Istar enquanto ele próprio era seguido pela sua esposa legítima.
[169][170]
Local de conhecimento
Babilónia mitificada
Dada a sua importância política e cultural, Babilónia tornou-se um elemento do imaginário e dos
mitos de várias civilizações, até mesmo muito tempo depois da sua queda. Os relatos relativos à
cidade, dificilmente dissociáveis da trajetória do reino do qual era a capital, concentraram-se
sobretudo no estatuto de cidade de proporções gigantescas e com monumentos grandiosos, mas
também, de forma mais negativa, no seu orgulho e nos seus pecados. As fontes antigas fornecem a
matriz dessas representações: em primeiro lugar as fontes provenientes da própria teologia
babilónica, nas quais a cidade é considerada sagrada e situada no centro do mundo, depois nos
escritos dos autores gregos e latinos, que deixaram a imagem de uma cidade gigantesca, e por fim
os autores dos textos bíblicos, que a apresentam quase sempre numa perspetiva negativa. Depois do
seu desaparecimento, desenvolveu-se uma imagem de grande cidade e símbolo do pecado,
nomeadamente na Idade Média, quando as fontes mais fiáveis sobre o que ela tinha sido realmente
ficaram inacessíveis.
Autores greco-romanos
Os autores gregos e latinos foram testemunhas da decadência de Babilónia mas preservaram a
recordação da sua grandeza, dando uma imagem amplamente mitificada que sem dúvida refletia
mal a realidade com que foram confrontados aqueles que realmente visitaram a cidade.[188] O
primeiro desses autores a deixar uma descrição foi Heródoto, na primeira metade do século V a.C.,
[189][190] seguido por Ctésias no fim do mesmo século. Ambos descrevem uma cidade gigantesca,
sem dúvida a maior do mundo que eles conheciam no seu tempo, e evocam grandes monumentos,
nomeadamente as muralhas. Ctésias menciona ainda a sua outra maravilha, os Jardins Suspensos, e
atribui a fundação a Semíramis. Esse topos de Babilónia como megalopolis encontra-se também,
com os seus monumentos e soberanos lendários, por vezes com confusões com a história da vizinha
Assíria, nos autores dos séculos da viragem da nossa era como E vi uma mulher montada numa
Estrabão, Flávio Josefo e Plínio, o Velho, todos relatando o seu besta escarlate, cheia de nomes de
passado prestigioso e o facto da cidade ter caído em ruínas. blasfémia, com sete cabeças e dez
Progressivamente, a recordação de Babilónia foi-se deformando, cornos
não obstante alguns autores que escreveram em grego ou latim Essa mulher estava vestida de
terem registado informações relativamente fiáveis sobre a sua púrpura e de escarlate, e adornada
história e a sua cultura, baseando-se nos escritos do sacerdote de ouro, pedras preciosas e de
babilónico Beroso ou em fontes locais, como foi o caso do pérolas. Tinha na sua mão um
filósofo Damáscio (séculos V e VI d.C.).[191] cálice de ouro, repleto de
abominações e de impurezas da
Na Bíblia hebraica e no Novo Testamento cristão
sua prostituição.
Na Bíblia hebraica e a sua versão cristã (o Antigo Testamento) Na sua testa estava escrito um
há várias passagens nas quais Babilónia ocupa um papel nome, um mistério: Babilónia a
importante.[193][194] A primeira é a descrição da Torre de grande, a mãe dos fornicadores e
Babel, relatada no Génesis, onde Babel remete a Babilónia, das abominações da terra.
sendo a torre uma manifesta derivação do zigurate da cidade E vi essa mulher embriagada do
cujas primeiras testemunhas podem ter sido os exilados judeus sangue de santos e do sangue de
testemunhas de Jesus.
— Passagem do Livro do
Apocalipse (17: 3 a 6)[192]
na Babilónia. Este relato conta como os habitantes da cidade de Babel do país de Shinear, fundada
pelo primeiro rei Nimrod, erigiram uma torre com o objetivo de atingir o Céu, mas o "o Eterno"
impediu-os de o fazer, lançando a confusão[nt 16] entre eles fazendo-os falar várias línguas, de
forma a que eles deixassem de se compreender uns aos outros.[195]
Babilónia aparece também nos livros da Bíblia mais próximos da realidade histórica,
nomeadamente o Segundo Livro dos Reis, que relata as vitórias de Nabucodonosor II sobre o Reino
de Judá, e o Livro de Jeremias, que fala sobre os mesmos acontecimentos, evocando o princípio da
deportação para a Babilónia. Nestes textos transparece uma imagem ambígua de Babilónia. Por um
lado, ela é a cidade odiada, capital do reino dominador e orgulhoso que deportou os judeus e os
forçou ao exílio doloroso e à melancolia do país de origem "nas margens de rios da Babilónia"
(Salmo 137), mas por outro lado por vezes Babilónia e Nabucodonosor são também apresentados
como instrumentos da vontade divina. A imagem negativa da cidade é retomada no Novo
Testamento dos cristãos, nomeadamente por ser assimilada a Roma, a nova potência dominadora e
perseguidora. No Apocalipse de São João, a "Grande Prostituta" tem o nome de Babilónia e a
cidade é citada várias vezes como símbolo do mal e do engano.[192]
A construção da Torre de Babel segundo a iluminura num manuscrito russo do século XVI
Depois do desaparecimento de Babilónia, a maior parte dos testemunhos diretos referentes à cidade
foram em grande medida esquecidos durante a Idade Média, quando a imagem da cidade se
deformou ainda mais. As fontes bíblicas constituíam então o essencial da documentação de base que
estava disponível. Os territórios que outrora tinha estado sob o domínio babilónico pertenciam
agora a estados muçulmanos e vários autores de língua árabe e persa, sobretudo geógrafos e
historiadores, preservaram a memória do local das ruínas da cidade, que evocavam como primeira
capital do Iraque. As histórias que eles evocam a propósito da cidade baseiam-se largamente na
Bíblia ou nas tradições históricas iranianas, nomeadamente as ligadas aos reis Nabucodonosor II
(Bukht Naṣ[ṣ]ar) e Alexandre (Iskandar). A cidade só é referida uma vez no Alcorão.[196][197]
No mundo medieval europeu, a imagem de Babilónia é ainda mais enevoada, baseando-se apenas
nos textos bíblicos e nas ilustrações dos manuscritos ela aparece como uma grande cidade onde a
arquitetura segue os padrões da época do artista. Com a redescoberta de textos de autores gregos e
latinos a partir do século XV, as representações puderam passar a ser mais precisas, nomeadamente
com a inclusão dos Jardins Suspensos. Estes eram considerados como uma das sete maravilhas do
mundo[84] e contribuíram para cimentar a imagem de fausto e de civilização associado aquela
grande capital antiga. Mas são principalmente dois aspetos da cidade que interessam aos autores do
mundo cristão: o mito da Torre de Babel e a sua utilização com como símbolo do mal.[198][199]
Um símbolo do mal
O nome de Babilónia adquiriu gradualmente uma conotação negativa no mundo cristão, devido à
imagem deixada pelos relatos da derrota e posterior deportação dos judeus para a Babilónia na
época de Nabucodonosor II. Os textos dos Padres da Igreja mostram o seu desconhecimento da
história da cidade e de uma deriva para a visão fantasiosa negativa sobre ela, que ficou enraizada na
tradição cristã seguinte.[202] Babilónia tornou-se um símbolo do pecado e da perseguição. Roma
foi identificada como uma nova Babilónia na época da perseguição das primeiras comunidades
cristãs e bastante mais tarde quando os primeiros reformistas, com Martinho Lutero à cabeça,
fizeram de Roma a cidade do pecado, retomando o topos da "Grande Prostituta" do Apocalipse.
[203] Na iconografia da Europa medieval, tanto no Ocidente como no Oriente, em Bizâncio e na
Rússia, a imagem de Babilónia como cidade do mal é generalizada, nomeadamente sendo associada
a uma serpente simbolizando o pecado. O seu destino é marcado por um fim funesto, o da sua queda
e abandono.[204][205]
Cenário representando Babilónia no filme Intolerância de D. W. Griffith, onde se misturam temas
iconográficos assírios com outros provenientes de civilizações exteriores à Mesopotâmia
Esta imagem negativa do termo Babilónia permaneceu ao longo do tempo. Na atualidade, diversos
movimentos messiânicos dos Estados Unidos ainda usam a metáfora babilónica para descrever a
origem do que é considerada como uma perseguição e Nova Iorque é por vezes designada como
uma "Babilónia moderna".[206] O nome da antiga cidade é também usado para condenar a opressão
e corrupção nos discursos do movimento rastafári e de diversos estilos musicais como o reggae,e o
rap.[nt 17]
Escavações e reconstruções
Os estudos dos sítios arqueológicos da Mesopotâmia antiga foram iniciados durante a primeira
metade do século XIX[212] e foram-se intensificando nas décadas que se seguiram. Os primeiros
estudos focaram-se nos sítios assírios, cujas ruínas eram mais espetaculares.[213] Apesar do sítio de
Babilónia ter atraído rapidamente a atenção devido à celebridade do nome, só foi objeto de
escavações no início do século XX, que foram levadas a cabo por uma das melhores equipas de
arqueólogos da sua geração.[214] Seguiram-se outras campanhas durante a segunda metade do
século XX, que aprofundaram os conhecimentos sobre o local, que no entanto continua por explorar
na sua maior parte.[166][215]
Reconstruções e degradações
Fotografia de 2003 do palácio de Saddam Hussein em Babilónia
Durante as décadas de 1960 e 1970, as equipas arqueológicas iraquianas empreenderam a
restauração de monumentos antigos no país, com objetivos turísticos, o que foi levado a cabo
paralelamente com novas escavações. Um dos monumentos restaurados em Babilónia foi o templo
de Ninmah. O sítio de Babilónia foi um dos que tiveram mais edifícios reconstruídos, em grande
parte devido a ter-se tornado um símbolo do Iraque, desde que o país foi fundado em 1932. O
programa de reconstruções intensificou-se a partir de 1978, impulsionado por Saddam Hussein, que
governou o Iraque entre 1979 e 2003. Um dos objetivos era ligar o ditador ao passado da
Mesopotâmia para fins de propaganda, apresentando-o por vezes como sucessor de Hamurabi, de
Nabucodonosor II e de alguns soberanos assírios. As questões políticas misturaram-se com os
interesses turísticos e Babilónia passou a ser um local de manifestação do poder. Foram restaurados
alguns monumentos, como uma parte da muralha e a Porta de Istar. Outros foram modificados,
como o Palácio Sul, cuja sala do trono foi adaptada para poder ser usada para concertos e receções,
ou o teatro grego, que foi dotado de 2 500 lugares para espetáculos. Saddam Hussein foi ao ponto
de mandar colocar inscrições de fundação, como faziam os antigos soberanos babilónicos, e
mandou construir um palácio sobre uma das três colinas artificiais que foram então construídas no
sítio. O local da antiga cidade passou a ser palco de várias festividades, que se realizaram
regularmente. Essas obras são criticadas pelos arqueólogos pois elas impedem as escavações num
grande parte do sítio e aceleram a degradação de alguns monumentos antigos, já danificados pelas
escavações precendentes, que retiraram algumas partes deles para museus europeus, e pela erosão
que se intensificou desde que eles foram desenterrados.[218][nt 19]
A degradação do sítio de Babilónia acentuou-se na sequência da invasão do Iraque por tropas
americanas em 2003. No local foi estabelecido o "Campo Alfa", uma base militar americano-polaca
com 150 hectares e mais de 2 000 soldados, que incluía um heliporto militar. As atividades militares
danificaram alguns edifícios devido à passagem de veículos militares como helicópteros e blindados
com lagartas e principalmente a grandes trabalhos de terraplanagem realizados no meio do setor
monumental, entre o Kasr, o tel Homera e o tel Sahn. Foram escavadas trincheiras em sítios
arqueológicos e o pavimento da Via Processional foi danificado pelos veículos. As críticas aos
estragos levaram finalmente as autoridades militares a restituir o sítio às autoridades iraquianas em
dezembro de 2004. No entanto, a degradação prosseguiu devido à falta de manutenção e à
inexistência de qualquer projeto de preservação.[219][220][221]
Notas
• Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em francês, cujo título é
«Babylone», especificamente desta versão.
1.
• Jean-Claude Margueron estima que existiu um povoamento simultâneo das duas margens
desde o início da cidade.[24] Andrew R. George considera que uma parte da margem direita
já era povoada no período paleobabilónico.[25]
• Mais bibliografia relevante sobre a questão do rei Agum II:
• Freu Mazoyer, Klock-Fontanille & Mazoyer, pp. 111-117
• Gasche, Hermann, «Babylon's Collapse and Revival» in Gasche 1998, pp. 83–88
• Tavernier, J., «Les Hittites dans les sources mésopotamiennes» in Klock-Fontanille, Biettlot
& Meshoub 2010, pp. 171-192
• O termo sumério TINTIR é um nome alternativo de Babilónia e também o nome de um dos
bairros da cidade, que usualmente é mais conhecido como Shuanna. Este texto é evocado
simplesmente como Tintir no resto do artigo.George 1992, pp. 1-72
• Bibliografia relevante sobre os arquivos babilónicos destes períodos: Kennedy 1968, Boiy
2004 e Linssen 2004
• Kasr ou Qasr (em árabe: )قصرsignifica "castelo" em árabe e deu origem ao português
"alcácer".
• Lugalirra, Lugal-Irra ou Lugalgirra era uma divindade menor do panteão mesopotâmico,
frequentemente ligado a Nergal e a Erra, com os quais por vezes se confunde ou dos quais é
uma variação.[72][73]
• «Babilónia, principal cidade antiga da Mesopotâmia, tem a reputação de ter sido uma das
mais belas cidades jamais construídas. Situada no meio do deserto, teria possuído outrora
no seu interior uma das sete maravilhas do mundo: Jardins Suspensos da Babilónia. As
investigações de um arqueólogo alemão [Robert Koldewey] do início do século XX situam-
nas no sul da cidade. Uma outra teoria situa-as na cidade assíria de Nínive, conquistada
pelos babilónios. O rei Nabucodonosor II, grande chefe militar que esteve na origem da
expansão do império, desposou a princesa dos medos, Amitis. Segundo a lenda, ele mandou
construir os jardins para a animar das saudades de casa.»[84]
• Para uma contextualização do caso de Babilónia, ver a síntese sobre o urbanismo das
cidades babilónicas no 1.º milénio a.C. em Baker, H. D., «Urban form in the First
Millennium B. C.» in Leick 2007, p. 349.
• Exemplo de publicações sobre estudos desse arquivo: Stolper, M., «The Babylonian
enterprise of Belesys» (em inglês) in Briant, Pierre, ed. (1995), Dans les pas des Dix-Mille:
Peuples et pays du Proche-Orient vus par un grec : actes de la Table Ronde Internationale,
Toulouse 3-4 février 1995 (302), Presses Universitaires du Mirail, pp. 217-238, consultado
em 13 de janeiro de 2016
• Outro exemplo: Biggs, Robert D.; Roth, M. T.; Farber, W.; Stolper, M. W.; von
Bechtolsheim, P. (2008), «Kasr Texts: Excavated, But Not in Berlin», Studies Presented to
Robert D. Biggs, June 4, 2004, ISBN 9781885923448 (em inglês), Oriental Institute of the
University of Chicago, pp. 243-283, consultado em 13 de janeiro de 2016
• A estatueta, feita em alabastro, ouro, rubis e terracota, representa uma figura feminina nua,
possivelmente uma grande deusa babilónica. Data do período entre os séculos III a.C. e III
d.C. e é proveniente de um túmulo descoberto por P. Delaporte em 1862. Encontra-se
atualmente no Museu do Louvre.[118]
• Francis Joannès sugere que o Palácio Norte era a sede do poder e da administração central e
o Palácio Sul poderia ter tido funções residenciais ou económicas, mas admite que esta
teoria requer mais estudos.[127]
• Hermann Gasche propõe que os dois pátios ocidentais foram construídos por iniciativa dos
reis aqueménidas.[143] Jean-Claude Margueron também escreveu sobre a probabilidade de
algumas partes do palácio datarem do período aqueménida.[123]
• Jean-Claude Margueron foi ao ponto de propor que o zigurate teria servido como ponto de
referência para um "plano regulador" de Babilónia traçado na altura da fundação da cidade
ou de uma refundação que ele situa aproximadamente entre o fim da 3.ª dinastia de Ur e o
início do período neobabilónico e que esteve em vigor desde então.[159]
• Jacques Vicari descreve detalhadamente as diversas propostas de reconstituição da aparência
do zigurate.[160] Ver também Montero-Fenellos, J., «La tour de Babylone, repensée» in
André-Salvini 2008, pp. 229-230
• O termo para "confusão" em hebraico é balal, muito próximo de "Babel".
• Um exemplo disso é a célebre canção de Rivers of Babylon, interpretada por diversos
artistas e cuja letra retomam o Salmo 137 da Bíblia.
• Em 1990 foi publicada em Leipzig uma edição aumentada da “Das wiedererstehende
Babylon”.
19.Um testemunho interessante sobre o mal documentado programa de reconstrução é de
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Ligações externas
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