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A China e a África na nova Economia

Mundo: possibilidades e aspirações


por Tiago Nasser Appel e Armando João Dalla Costa em
04/08/2014
http://politicaexterna.com.br/2465/china-e-africa-na-nova-
economia-mundo-possibilidades-e-aspiracoes/

O artigo mostra como os investimentos das estatais chinesas, juntamente com a política oficial de ajuda, dão
aos países do subcontinente africano uma válvula de escape às condições impostas a eles pelo FMI e o Banco
Mundial como contrapartida a seus empréstimos oficiais. Os autores destacam que o principal objetivo do
artigo não é negar que a China tenha claros interesses estratégicos na África, ou que a ajuda ao
desenvolvimento que ela fornece ao continente seja economicamente desinteressada. Eles alegam que os
investimentos estratégicos da China na África estão gerando uma clássica situação win-win, sobretudo se
comparados com o antigo colonialismo europeu. A originalidade chinesa é que os investimentos vêm
usualmente acompanhados de empréstimos em condições favoráveis que diminuem a dependência dos países
para com as agências tradicionais.

Introdução

A incrível ascensão da China como um poder econômico global é provavelmente um dos fenômenos mais
interessantes de nossa época. Com um crescimento de aproximadamente 9-10% ao ano durante as últimas três
décadas, mais de 400 milhões de pessoas já foram “resgatadas” da extrema pobreza, um fenômeno aclamado
pelo Banco Mundial como absolutamente sem precedentes na história humana.[1] Atualmente a China já é a
segunda maior economia mundial (tanto em dólares PPP como em dólares comerciais),[2] e sua posição
contemporânea de Fábrica do Mundo – tal qual a Inglaterra o fora em meados do século XIX – fez das suas
exportações e importações a principal locomotiva do último episódio de rápido crescimento global (até 2007-
2008).
Motivadas pelo imperativo de abastecer um galopante (e voraz consumidor de recursos naturais) setor
manufatureiro e impelidas a expandir suas atividades devido a um mercado doméstico cada vez mais saturado,
as empresas chinesas efetivamente lançaram-se ao mundo e internacionalizaram suas operações. Na vanguarda
deste movimento encontra-se uma gama de grandes empresas estatais[3] como, por exemplo, a gigante do
petróleo Sinopec e a State Grid Corporation, empresa de energia responsável pelo grosso da operação da rede
elétrica nacional.
O objetivo deste artigo é mostrar que – não obstante a aparente transição da China para uma “economia de
mercado capitalista”[4] e a putativa submissão de suas estatais às regras do jogo da livre empresa, que antes de
mais nada compete por lucros – Beijing ainda se esteia em suas campeãs nacionais para perseguir objetivos que
(i) não só passam amiúde ao largo de interesses mercantis de curto prazo como (ii) – e mais importante – têm o
potencial de chacoalhar as tradicionais relações centro-periferia que mantêm o Sul global numa relação de
dependência financeira para com órgãos “multilaterais” encabeçados pelas economias centrais. Com o rico e
fértil exemplo que é a África Subsaariana mostraremos como os investimentos das estatais chinesas, juntamente
com a – geralmente indissociável – política oficial de ajuda (oficial development assistance – ODA),[5] dão aos
países deste subcontinente uma válvula de escape às condições lhe impostas pelo FMI e Banco Mundial como
contrapartida a seus empréstimos oficiais.[6]
O artigo está dividido em quatro partes, além da introdução e comentários finais. Na próxima seção, sob a ótica
da teoria dos sistemas-mundo, assinalaremos a possibilidade teórica de a ascensão da China alterar o
funcionamento da atual “sociedade internacional”, tão assiduamente marcada por hierarquias e assimetrias de
poder. Na seção seguinte, esboçaremos um resumido histórico das relações diplomáticas entre a China e a
África. Em seguida, apresentaremos o grau de inserção produtiva das SOEs chinesas no continente africano.
Por último, amparando-nos na experiência concreta da Angola e da Zâmbia, faremos dois estudos de caso em
que fica patente como a “diplomacia financeira” da China amplia as margens de manobra e – consequentemente
– a soberania dos Estados africanos, ao lhes oferecer outra fonte de investimentos e financiamentos que não
segue necessariamente a lógica privada de maximização de rendimentos a acionistas e credores.

Stake-Holder ou subvertora?

Se a indústria foi fator de concorrência entre imperialismo e projetos nacionais autônomos (socialistas e
capitalistas) no século XX, e o próprio capital financeiro capitalista foi a variável que desequilibrou o jogo, é
na formação de uma potência financeira capaz de superar o legado de Bretton Woods (FMI, Banco Mundial) –
sob a forma de imensos investimentos chineses na periferia – que se conformará uma das bases materiais da
transição.

Nestas palavras, Elias Jabbour (2012, p.71) professa sua esperança de que a China contemporânea seja o último
“porto do socialismo”, o novo polo gravitacional, outrora ocupado pela URSS, que se lançará na disputa
vindoura entre diferentes tipos de modelos de sociedade. Embora realce que a China ainda está na fase inicial
da construção do socialismo[7] – uma fase que não deve e nem pode dispensar o mercado – Jabbour já
vislumbra na sua incrível ascensão econômico-financeira uma redefinição das relações centro-periferia (p. 291
ss.). Apesar de a China aparentemente jogar dentro das regras do sistema mundial capitalista,[8] ela estaria
usando o seu poder financeiro – na forma de empréstimos em condições preferenciais, investimentos diretos,
subsídios, ajuda ao desenvolvimento (aid) – como arma diplomática passível de angariar aliados e ao mesmo
tempo abrir novo terreno para a contínua penetração de suas campeãs nacionais no território econômico dos
países beneficiados. E o mais importante é que a China estaria realizando esta diplomacia ou de forma bilateral
ou como extensão dos múltiplos fóruns que organiza para o aprofundamento da cooperação entre os países do
Sul, ações estas sem o respaldo e amiúde ao largo da sansão dos países do Norte, organizados em seus
respectivos fóruns.
Mesmo que aceitemos por um momento que a China esteja praticando um tipo de “neocolonialismo”[9] na
África, percebe-se que este seria puramente comercial, porquanto faltam à China, na sua condição de país em
desenvolvimento, os recursos militares e ideológicos para coagir os países africanos de forma similar à
perpetrada pelas velhas potências coloniais.Au contraire, desde que o premier Zhou Enlai (1898-1976) lançou
em 1953 os cinco princípios da coexistência pacífica, as relações diplomáticas entre a China e outros países em
desenvolvimento[10] têm sido guiadas pelos seguintes motes: (i) respeito mútuo pela integridade territorial, (ii)
não agressão, (iii) não interferência nos assuntos internos a cada país, (iv) igualdade e benefício mútuo, e (v)
coexistência pacífica.
Na mesma alçada teórica está a argumentação de Giovanni Arrighi (2007), que acredita que a ascensão da
China invocará o nascimento de uma nova era, de “modernidades concorrentes”.[11] Dito de outro modo, a
China representaria a vanguarda de um movimento de ascensão global dos países do Sul – que passariam a ter
um peso econômico mais próximo do seu peso populacional[12] – e estariam contados os dias em que um
confortável “clube de ricos” ditava os rumos do resto do mundo. Se, como coloca Arrighi (2007, p. 385), esse
cenário de declínio “relativo” do Oeste vai ser acompanhado de uma emancipação dos países do Sul das
devastações ecológicas e sociais ensejadas pelo desenvolvimento capitalista ocidental ou se ele vai desembocar
numa ordem caótica de crescente violência interestatal[13] ainda é uma questão em aberto. O que é certo é que
os novos centros dinâmicos de acumulação capitalista não estão mais no Ocidente, o que por si só já enseja uma
crise de legitimação da autoridade geopolítica dos países ocidentais.
No sabor dessa mesma linha de pensamento, também não faz sentido argumentar – como o faz Ikenberry
(2008) – que o fato de a China ter crescido e se desenvolvido dentro da “ordem liberal internacional” (isto é,
após as reformas “pró-mercado” de 1978) não pode fazer dela uma potencial ameaça a essa mesma ordem.
Malgrado seja aparentemente do “interesse material” da China respeitá-la, seria ingênuo acreditar que um país
que “é implacavelmente oposto à ideia de democracia multipartidária (…) luta para manter os altos escalões da
economia sob firme controle do Estado, enquanto ao mesmo tempo deplora os mercados de capitais livres e a
livre flutuação de moedas” (Kynge, 2006, p. 15) seja compatível, no campo da política externa, com os
princípios da ordem liberal vigente como protagonizada pelos norte-americanos.[14]
Por último, vale assinalar os comentários do marxista e world system analyst chinês Minqi Li (2008), o qual
coloca que a China representaria provavelmente o último episódio da permanente expansão geográfica da
modernidade capitalista já que a sua ascensão (e em menor grau, a da Índia) tornaria a chamada semiperiferia
da economia-mundo[15] predominante em termos econômicos, desequilibrando as próprias relações de poder
desiguais em que se fundamenta a economia-mundo capitalista. Nas palavras do autor (2008, p. 14):
a semiperiferia se comporta como o estrato intermediário da economia-mundo capitalista e tem um papel
crucial para a estabilidade política do sistema-mundo como um todo. Sem a semiperiferia (isto é, com o
término da subordinação política da semiperiferia ao centro), o centro corre o risco de enfrentar a resistência
combinada da explorada periferia que comporta a maioria da população.

Nos próximos itens não analisaremos a semiperiferia em si, mas como a diplomacia e os investimentos chineses
fazem parte de um movimento inicial – mesmo que ainda limitado – de libertação e emancipação da periferia
do sistema mundial.[16]

Relações sino-africanas

Segundo a classificação de Li Anshan (2008),[17] a diplomacia sino-africana pode ser dividida em três fases:
um período de intensidade normal (1949-1977); um período de transição (1978-1994); e um período de grande
aceleração das relações sino-africanas (1995-hoje). Durante o primeiro período, a política chinesa na África
girava em torno de três eixos, facilmente conectados: apoiar os movimentos de independência das colônias
africanas; uni-las num esforço conjunto para debelar os resultados negativos do “colonialismo e imperialismo”;
e fornecer ajuda ao desenvolvimento (ODA) diretamente aos países africanos. Estima-se que, entre 1956 e
1977, a China tenha dispensado 2,476 bilhões de dólares a 36 países africanos, na forma de aid, o que equivaleu
a 58% de todo o orçamento de aid chinês durante o período.[18] Só na década de 1970 foi canalizado 1,8 bilhão
de dólares aos países da África, o dobro do valor da ajuda dispensada pela União Soviética. A década de 1970
também testemunhou a construção (1970-1975) da Ferrovia Tanzânia-Zâmbia,[19] que logo tornou-se o mais
visível símbolo do apoio chinês à infraestrutura africana.
O período logo após a Revolução Cultural (1966-1976) foi tão conturbado quanto os dez anos precedentes, e a
necessidade de o Partido Comunista Chinês reorganizar-se sob novas diretrizes políticas, após a morte de Mao
(1976), fez com que o grosso da atenção do Partido fosse dada a brigas ideológicas internas, ensejando um
enfraquecimento da intensidade das relações sino-africanas. Em primeiro lugar, o valor da assistência oficial
chinesa caiu para meros 94 milhões, entre 1976-1980. O comércio bilateral também foi negativamente afetado,
não retomando o valor de 1980 (aproximadamente 1 bilhão de dólares) antes de 1986. Por último, a China não
mandou médicos à África nos anos de 1979 e 1980 e, até 1983, o número de médicos chineses residentes na
África minguava.

É neste quadro de definhamento das relações sino-africanas que o premier Zhao Ziyang decide visitar a África
(1982), com o intuito de restabelecer laços diplomáticos fortes entre a China e as nações africanas. Durante sua
visita a onze países africanos, Zhao anunciou seus “Quatro Princípios da Cooperação Técnica e Econômica
Sino-Africana” – igualdade, bilateralismo, eficiência e codesenvolvimento –, fazendo eco aos “Oito Princípios
da Ajuda Técnica e Econômica” lançados por Zhou Enlai em 1963, também durante uma visita à África.
Basicamente, os princípios de Zhou enfatizavam que a ajuda (aid) não deveria ser considerada como uma
“doação unilateral”, mas um instrumento de mútua cooperação; que não deveria gerar dependência econômica,
mas ser consubstanciada em investimentos produtivos que fomentassem a independência financeira no longo
prazo; que o pagamento dos empréstimos deveria dar-se nas condições mais favoráveis possíveis, para evitar o
sobre-endividamento; que os técnicos, médicos e demais especialistas vivendo na África deveriam ter o mesmo
tratamentoe viver sob as mesmas condições que seus colegas africanos, etc.
Para Liu Haifang (2010), a viagem de Zhao Ziyang representou um divisor de águas na política externa chinesa,
que a partir de então não seria mais tão matizada de tonalidades ideológicas, próprias da era da Guerra Fria,
para dar atenção crescente a questões mais estritamente econômicas e para o fortalecimento da ajuda
humanitária “desinteressada”. Não que a política chinesa de ajuda ao desenvolvimento tenha sido alguma vez
totalmente desinteressada – a de nenhum país é –, mas suas motivações haviam certamente mudado.

Na década de 1960 a questão de Taiwan – convencer os países africanos a reconhecer diplomaticamente


Beijing, no lugar de Taipei[20] – claramente ocupava o centro das atenções das autoridades chinesas. As
décadas de 1960 e 1970 também marcaram o período em que o governo chinês mais diretamente participou dos
movimentos e guerras de libertação – na forma de doação de armas, treinamento de guerrilhas, ajuda financeira,
etc.– das recém-independentes colônias africanas.[21] Já em meados dos anos 1980, com a diminuição das
tensões próprias da Guerra Fria, a China teria passado a direcionar sua ajuda financeira àqueles países africanos
mais pobres, e não mais àqueles que representavam alianças estratégicas na luta contra o capitalismo. Ademais,
a ajuda oficial agora deveria materializar-se o máximo possível em serviços técnicos e em projetos de
investimento em infraestrutura: os anos 1980 veriam mais de 200 destes só na África. A lógica operacional da
ajuda chinesa, prenhe dos princípios de Ziyang, agora revelava implicitamente a ideia de que os países
beneficiados deveriam produzir seu próprio desenvolvimento e que o papel da China deveria se “limitar” ao
fornecimento de tecnologia e recursos materiais: realizava-se, na prática, o princípio chinês original de não
interferência e respeito à soberania dos povos.
O período que delimitamos como “1995-presente” marca uma segunda transformação na política chinesa na
África, ou melhor, uma intensificação das tendências já presentes na década de 1980. Segundo Deborah
Brautigam (2008, p. 206 ss.), nas últimas décadas a China vem acelerando a estratégia win-win numa busca
constante por aliados estratégicos, tornando-se a assistência oficial ao desenvolvimento apenas um de vários
instrumentos econômicos que haviam apenas sido esboçados nos anos 1980. Entre estes instrumentos, Silas e
Dathein (2013, p. 20) destacam os tratados bilaterais de investimento (28 assinados até 2005), os programas de
treinamento de mão de obra, o perdão da dívida externa[22] e os empréstimos em condições favoráveis. Não
que a ajuda externa tenha perdido importância – segundo dados oficiais até 2006 o estoque de aid chinês
dispensado à África tinha atingido 5,7 bilhões de dólares –, mas é difícil negar que em anos recentes a política
de aid e de empréstimos em condições favoráveis tenha crescentemente servido como instrumento dentro da
política maior de assegurar mercados e recursos naturais –a famosa e pragmática diplomacia financeira chinesa
ou mesmo os oil-backed loans (também conhecidos como Angola mode).
Para concluir, o aid propriamente dito realmente diminuiu como proporção nas “relações financeiras” entre a
África e o Dragão Asiático, haja vista o enorme crescimento do comércio e dos Investimentos Diretos
Estrangeiros (IDEs), como veremos a seguir. De qualquer forma, Brautigam (2008) considera como enviesados
os argumentos que pressupõem que hoje a China fornece aid majoritariamente aos países que detêm vastos
recursos naturais, dos quais ela precisa, para o seu contínuo crescimento. A China continua a enviar equipes
médicas, conceder bolsas de estudo, levar a cabo projetos de infraestrutura básica (escolas, hospitais, estradas)
para quase todos os países em desenvolvimento com quem mantém laços diplomáticos.

Empresas chinesas na África

Segundo dados do Ministério do Comércio da China (MOFCOM), em 2011 o valor do IDE realizado por
multinacionais chinesas atingiu a cifra dos 75 bilhões de dólares. No final deste ano, havia mais de 13.500
empresas chinesas com operações em 177 países, com um capital acumulado (estoque de IDE) no exterior no
valor de 425 bilhões de dólares. Conquanto o fluxo e estoque de IDE chinês ainda perfaçam, respectivamente,
4,4% e 2% dos totais globais, é impressionante a velocidade com que as operações das multinacionais chinesas
vêm crescendo: um aumento anual médio em seus investimentos no além-mar de 50%, entre 2002-2010.

Classificando os investimentos chineses por setor de atividade produtiva, encontra-se aproximadamente 33%
para o Leasing and Business Services, enquanto a mineração consome – surpreendentemente – apenas 15% dos
investimentos efetuados (ver Gráfico 1). Esta super-representação do setor terciário, contudo, pode ser
enganosa. No Gráfico 2, percebe-se que outros países asiáticos receberam, em 2011, 60% de todos os capitais
chineses. Ainda mais curioso é o fato de que, dos 75 bilhões de dólares investidos neste ano, quase metade
(35,6 bilhões) foi destinado a Hong Kong, um famoso paraíso fiscal.[23] É por isso que devemos olhar as cifras
do Mofcom com certa cautela. Na medida em que o “IDE” esteja traduzindo a canalização de fundos para
“entidades especiais” que, por sua vez, reinvestem estes fundos na própria China para gozar de benefícios
fiscais, ou seja, na medida em que esteja acontecendoround-tripping,[24] o total oficial pode representar uma
superestimativa.

Já se a análise voltar-se para o IDE por região do mundo, o destaque fica por conta da Ásia que recebeu 61%
dos recursos, seguida da América Latina, com 16%, sendo que apenas 4% destinaram-se ao continente africano.
Queremos com isso alvitrar que não se pode subestimar a importância do estoque de 15 bilhões de dólares
investidos na África até o final de 2011. Apesar da assertiva comum de que a presença da “China na África”
explica-se basicamente pela necessidade de recursos naturais,[25]investimentos nos setores de Energia e
Mineração respondem atualmente por apenas 25% de todos os fluxos, sendo os 75% restantes direcionados a
finanças, manufaturas, construção, transporte, Business and Leasing Services, etc. Mesmo que aceitemos a
hipótese de Broadman (2008, p. 100 ss.) de que a maior parte dos investimentos chineses na África esteja
historicamente associada às empresas extrativas – isto é, que mesmo os investimentos classificados sob a
rubrica de transporte, construção (etc.) façam parte direta de grandes conglomerados de extração (sobretudo, de
petróleo) – o próprio autor coloca que atualmente os investimentos chineses na África são consideravelmente
mais diversificados do que os oriundos dos EUA e das antigas potências coloniais, que sempre destinaram de
50% a 80% do total à extração de recursos naturais.[26] De qualquer forma, como ficará claro na próxima
seção, os benefícios que acreditamos que a China está trazendo aos países africanos se “escondem” por trás das
cifras de IDE, já que os grandes projetos de infraestrutura que as estatais chinesas estão levando a cabo no
continente africano não constituem IDE propriamente dito, pois são pagos, oficialmente, pelos governos
beneficiados, mesmo que com dinheiro chinês (a famosa diplomacia financeira).
Vale expor aqui uma última observação: os autores que defendem a posição de que a China estaria praticando
“imperialismo” na África apontam para o fato de que o grosso dos investimentos chineses estão concentrados
nos países exportadores de petróleo. Isto não é inteiramente verdade (ver Tabela 1). Malgrado nos últimos 15
anos 70% de todo o IDE dirigido à África (não só por empresas chinesas) tenha sido concentrado na África do
Sul e em cinco dos sete países exportadores de petróleo da África,[27] dos cinco países africanos que receberam
o grosso dos investimentos chineses, em 2012, só dois são grandes exportadores de petróleo (Nigéria e
Argélia).
A busca por recursos naturais

O principal objetivo deste artigo não é negar que a China tenha claros interesses estratégicos na África, ou que a
ajuda ao desenvolvimento que ela fornece ao continente seja economicamente desinteressada. Sim, não faltam
comentários de que a política chinesa na África segue, talvez predominantemente, uma agenda de segurança
energética.[28] Concordamos com esta possibilidade. No caso do petróleo, por exemplo, sabe-se que, no final
de 2012, a República Popular da China tornou-se momentaneamente a maior importadora do
mundo.[29] Enquanto o Oriente Médio ainda contribui com aproximadamente 45% das importações chinesas
de petróleo, a África já tangencia a casa dos 25%, sendo Angola sozinha responsável por 12% do total das
importações (ver Gráfico 3). Para além do petróleo, é igualmente claro que as últimas décadas de crescimento
da China e sua ávida fome por recursos minerais – podemos destacar alumínio, bauxita, cobre, cobalto, minério
de ferro, níquel, zinco, etc. – tem levado aquele país a assegurar crescente controle direto e indireto sobre as
jazidas destes minérios (donde destacamos a Zâmbia, no interessante caso do Cobre).
Todavia, alegamos que os investimentos estratégicos da China na África estão gerando uma clássica situação
win-win – sobretudo se os compararmos com o antigo colonialismo –; isso porque eles não só permitem aos
Estados Africanos a utilização de recursos potenciais antes escassamente explorados[30] mas, principalmente,
porque – e aqui está a originalidade chinesa – eles vêm usualmente acompanhados de empréstimos em
condições favoráveis que diminuem a dependência desses Estados para com as agências tradicionais e de
investimentos auxiliares em infraestrutura que claramente têm consequências positivas sobre a população em
geral, não só sobre as elites burocráticas dos Estados Africanos.[31] Abaixo dois estudos de caso que buscam
corroborar esta tese.

Angola

Angola, ex-colônia portuguesa, tem uma população aproximada de 20 milhões de pessoas, sendo que quase
metade vive em Luanda e seus arredores, que também concentram por volta de 80% da atividade econômica do
país. Em 2002, após emergir de uma guerra civil que durara mais de 25 anos, Angola atingiu a duramente
conquistada estabilidade política que lhe permitiu fomentar uma das maiores taxas de crescimento econômico
do mundo entre 2001-2010, atingindo uma média de 11%[32] a.a.
Não há dúvida de que o rápido aumento no preço do petróleo durante esse período contribuiu sobremaneira
para tão exorbitante crescimento, uma vez que o setor petrolífero é responsável por 50% do PIB, 90% das
exportações e 80% da receita pública.[33] Mas também não há dúvida de que o esforço de reconstrução da
infraestrutura do país – devastada pelos longos anos de guerra civil –, largamente financiada pela
China,[34] também tenha seu papel na estabilização política e nas altas taxas de crescimento.
O nível das relações econômicas entre a China e a Angola cresceu absurdamente na primeira década do século
XXI.[35] Em 2000, o valor do comércio bilateral China-Angola era de apenas US$ 1,8 bilhão de dólares. Em
2008, passava de US$ 25 bilhões, o que montava a mais de um 1/5 de todo o comércio com a África na
época.[36] Neste mesmo ano, Angola se apresentou como o segundo principal exportador de petróleo para a
China, fornecendo-lhe uma média de 550 mil barris por dia (só perdendo para a Arábia Saudita).
É a entrada da China no setor petrolífero de Angola e a consolidação de um novo tipo de financiamento,
o Angola Mode, que melhor ilustram a especificidade das relações diplomáticas Sino-Angolanas. Na verdade,
Lee e Shalmon (2008, p. 118-119) são categóricos ao afirmar que elas basicamente se resumem ao petróleo:
entre 1990 e 2004, a atuação da China em Angola não foi muito além de alguns pequenos projetos de
assistência técnica, particularmente no campo da agricultura; em 2006, Angola já fornecia ao país do leste 47%
de todo o petróleo importado da África.
Com efeito, 2004 foi um divisor de águas. No final da guerra civil, em 2002, Angola se encontrava devastada
pelos anos de conflito e precisava de financiamento para reconstruir sua infraestrutura. A iniciativa foi recorrer
ao FMI, que aprovou um substancial empréstimo, embora condicionado ao atendimento das suas tradicionais
reivindicações: reformas para aumentar o grau de transparência[37] (accountability) do governo e a tradicional
estabilização monetária. O governo de José Eduardo dos Santos obviamente não aceitou estas condições de
bom grado; e é aí que – miraculosamente – a China entra em cena. Em 2004, Angola “subitamente” encerra as
negociações com o FMI e anuncia que o China Eximbank[38] lhe havia concedido uma linha de crédito de US$
2 bilhões para serem pagos em 12 anos a uma taxa de juros baseada na Libor mais 1,5%.[39] O mais
interessante é que este financiamento seria pago in natura, isto é, com a exportação de 10.000 barris de petróleo
por dia. Ademais, o primeiro empréstimo do Exim Bank[40] abriu as portas para que a Sinopec (gigante do
petróleo chinesa) investisse no setor petrolífero angolano. Desse modo, quem garantiria a “entrega” dos 10.000
barris diários seria a Sonangol (a empresa estatal angolana que supervisiona a produção de petróleo e que tem o
monopólio oficial da sua exploração) junto com uma subsidiária da Sinopec, oportunizada a partir dessa linha
de financiamento.[41] Outra característica interessante do empréstimo é que ele seria utilizado integralmente
para a reconstrução da infraestrutura angolana, mas estipulava que 70% do material de construção,
equipamentos e trabalho contratados tivessem origem chinesa.
A princípio, poder-se-ia pensar que os oil-backed loans – entre 2004 e 2011, dos nove bilhões de dólares
emprestados ao governo angolano pelo China Exim Bank e pelo China Development Bank, sete bilhões e meio
foram garantidos pelo petróleo – são apenas uma estratégia comercialmente ótima de cobrar os empréstimos,
uma vez que os devedores não teriam como assegurar o pagamento doutra forma. Entretanto, ao criar um
“pacote de benefícios” atrelados ao financiamento, a China consegue desenvolver interesses e relações de longo
prazo com Angola e os demais países africanos que vão além da mera venda de commodities. Esses benefícios
aparecem mais visivelmente na forma de investimentos nas economias dos exportadores de petróleo que podem
ajudar seus governantes a suprir carências básicas de infraestrutura. Em Angola, destaca-se a reconstrução de
vias de transporte,[42] mas poderíamos citar o caso do Sudão, onde a Represa Merowe (erigida entre 2004 e
2009) foi construída principalmente pela China International Water and Electric Corp.
Todavia, há uma série de benefícios intangíveis nesta diplomacia chinesa do petróleo que também gostaríamos
de assinalar. Em primeiro lugar, do ponto de vista dos países africanos é preciso reiterar que os “credores”
chineses oferecem melhores condições de financiamento: menores taxas de juros e maiores prazos do que os
exigidos por credores “comerciais” tradicionais.[43] Eles oferecem um novo modelo de cooperação, baseado
em parcerias econômicas de longo prazo, o que claramente contrasta com o “modelo ocidental” de aid em troca
de reformas internas. Além disso, a despeito dos clamores internacionais de que a política externa chinesa with
no strings attached – isto é, pragmática ao máximo do ponto de vista comercial – estaria na prática sustentando
governos corruptos e em alguns casos transgressores de direitos humanos básicos – destaca-se o putativo apoio
da China ao governo do Sudão, incapaz de conter as atrocidades cometidas na região de Darfur (desde 2003) e
o também alegado suporte do governo chinês a Robert Mugabe, no Zimbábue – não há nenhum indício de que
os governos africanos tenham se tornado mais corruptos desde a intensificação dos “interesses”
diplomático/comerciais da China na região (Goldstein, 2006, p. 53). Pelo contrário, como coloca Ching (2005),
a ajuda (aid) chinesa é dispensada de forma que “políticos corruptos não podem usar o dinheiro para comprar
Mercedes-Benz”. Com efeito, nenhum dinheiro “vivo” chega a ser transferido para contas públicas africanas. O
empréstimo ou doação é ou materializado na forma de contratos de infraestrutura, sejam as empresas
contratadas chinesas ou não, ou vem na forma de doação de itens específicos, de passagens e custeio de
despesas de médicos e enfermeiras, de bolsas escolares, de eventos culturais, etc.
Por último, os empréstimos e aid chineses em Angola e demais países africanos realmente sãowith no political
strings attached. Vale citar o primeiro líder da Tanzânia, Julius Nyerere, ao comentar sobre o empréstimo
chinês para a construção da ferrovia Tazara (ver nota de rodapé 19): “os chineses não nos pediram para virar
comunistas para qualificarmo-nos para este empréstimo (…) eles em nenhum momento nos pediram para
mudar nossa política, interna ou externa”.[44] De fato, dada sua história de sofrimento nas mãos das potências
ocidentais – os 100 anos de humilhação desde a primeira Guerra do Ópio (1839) até a vitória de Mao, em 1949
– a China é percebida pelos governantes africanos como um “parceiro em pé de igualdade”, ao menos no nível
do discurso. Após duas décadas de recessão econômica, fruto da aplicação irresponsável de políticas ortodoxas
associadas com o Consenso de Washington – além do irônico protecionismo dos países ricos – a África
crescentemente vê com bons olhos o financiamento chinês, aliado a um discurso de não interferência na
soberania dos povos; é só lembrar que no caso dos empréstimos do Exim Bank para Angola, é certo que eles
não foram usados como instrumento para forçar a aquiescência a programas estruturais de reforma. Aliás, foi
exatamente para fugir das exigências do FMI que Angola aceitou o financiamento chinês.

Zâmbia

A Zâmbia é um dos países mais pobres do mundo, a despeito de sua imensa riqueza natural. Tão recente quanto
2006 ainda 60% de sua população vivia abaixo da linha de pobreza de 1 dólar (paridade de poder de
compra)[45] por dia. Desde pelo menos 1964, quando da independência do Reino Unido, a Zâmbia vem
recebendo ajuda material e financeira da China. A famosa ferrovia Tazara – ligando o cinturão de cobre
zambiano com o porto de Dar es Salaam, na Tanzânia – tornou-se rapidamente o símbolo máximo da parceria
China-Zâmbia e até hoje gera tensões e novos apertos de mão nas relações sino-zambianas.[46] Para além da
ferrovia, nas últimas décadas a política oficial chinesa de ajuda ao desenvolvimento tomou a forma de ao menos
35 grandes projetos na Zâmbia, incluindo iniciativas no campo da agricultura, construção de estradas, edifícios
públicos como o Complexo Governamental, uma grande fábrica têxtil,[47]uma fábrica de milho e diversas
estações de abastecimento de água. Até 2007, projetos de infraestrutura no valor aproximado de US$ 1 bilhão já
haviam sido realizados com dinheiro chinês.[48] Ademais, este mesmo ano marcou a visita do então presidente
Hu Jintao à Zâmbia, que dentre outras coisas anunciou: o perdão de mais de US$ 3 bilhões[49] de dívida; a
criação de uma Zona Econômica Especial (ver abaixo) no Cinturão do Cobre; o aumento do número de artigos
zambianos isentos de tarifas de importação (de 190 para 440); a construção de um Estádio Esportivo em Ndola;
um centro médico antimalária; a concessão de 117 bolsas de estudo; etc.
De qualquer forma, a presença da China na Zâmbia como doadora e investidora ainda é relativamente anuviada
pela presença dos países centrais; o setor de mineração, em particular, ainda é dominado por gigantes britânicas
e americanas. Por que então, perguntam Dudhia e Dudhia (2012, p. 4), os investimentos chineses no setor vêm
atraindo tanta atenção midiática? Em parte porque, como já assinalamos reiteradamente, o investimento chinês
na África caminha junto com a ajuda ao desenvolvimento. Mas o caso da Zâmbia nos ajuda a descobrir outra
especificidade dos investimentos chineses: as grandes empresas estatais que investiram no setor de minérios
zambiano o fizeram majoritariamente em anos de crise internacional, quando os investidores ocidentais estavam
retirando seus capitais do país. Isso foi verdade tanto em 1998, quando a China Metal Mining Corp. comprou
85% da insolvente mina de cobre de Chambishi por US$ 20 milhões – e depois ressuscitou o processo
produtivo, investindo adicionais US$ 130 milhões[50]– como em 2009, quando o Grupo de Mineração
Jinchuan completou seus planos para adquirir a única mina de níquel da Zâmbia e a China Non-Ferrous Metals
Mining Company (China NFM Company) adquiriu a mina de cobre de Luanshya, prometendo investir
adicionais US$ 400 milhões em suas operações. O fato de as multinacionais chinesas terem adquirido
participações no setor minerador zambiano em anos de crise, quando os preços dos minérios estavam em clara
tendência decrescente, evidencia o caráter estrutural, de longo prazo dos investimentos chineses. Como
colocam Dudhia e Dudhia (2012, p.3): as empresas públicas chinesas guiam-se por imperativos de lucro de
longo prazo, como melhor acesso a recursos naturais e – importante – maior e mais íntima colaboração com
grupos empresariais e governos dos países africanos. Mesmo que concordemos com a tese de Mwanawina
(2008), que coloca que os investimentos chineses em ativos africanos são parte fulcral de uma estratégia maior
de adquirir fluxos de recursos fora dos mecanismos tradicionais de mercado, isto é, de ficar imune à
precificação de commodities a nível internacional,[51]acreditamos que tal estratégia tem como contrapartida um
desenvolvimento dos países africanos maior do que jamais antes visto nas suas relações com o Norte, uma vez
que os investimentos chineses são menos propensos a variar ao sabor dos mercados internacionais e portanto
ensejam uma garantia de divisas e infraestrutura mais segura aos países africanos.
Para concluir, devemos citar outro instrumento original de colaboração China-Zâmbia, que foi o
estabelecimento da Zona Econômica Especial (ZEE) na região mineira de Chambishi:[52] uma convergência
entre o interesse da China nas reservas de cobre da Zâmbia e a necessidade desta de desenvolver uma base
manufatureira em cima de seu setor mineiro. A ideia de estabelecer uma ZEE data de 2004, quando a China
NFM Company – que já vinha explorando o petróleo da região desde 1998 – propôs ao governo da Zâmbia uma
parceria para construir um parque industrial de processamento de cobre em Chambishi. As diretrizes
legais[53] garantindo um ambiente mais competitivo para investidores do mundo inteiro processarem os
recursos minerais da Zâmbia foram finalmente emitidas em 2006, o mesmo ano em que a China anunciou a
intenção de estabelecer de três a cinco outras zonas econômicas especiais na África, sendo uma delas também
na Zâmbia, a ZEE de Lusaka (capital do país).
A ZEE de Chambishi ocupa uma área de aproximadamente 12 quilômetros quadrados e tem como objetivo a
canalização de investimentos mormente no processamento de metais não ferrosos, na fabricação de subprodutos
(cabos elétricos, equipamento mineiro, de construção, fertilizantes, produtos farmacêuticos) e na provisão de
serviços suplementares como habitação, transporte e armazenamento. Já a Zona de Lusaka, de seis quilômetros
quadrados, transformou-se em um entreposto comercial internacional,[54] aproveitando-se da proximidade do
principal aeroporto do país.
Até o fim de 2011, 14 companhias chinesas já tinham investido um valor acumulado de um bilhão de
dólares[55] em Chambishi. A maioria destas são ou subsidiárias da China NFM Companyou empresas de
construção levando a cabo projetos de infraestrutura na região, sendo que o principal investimento a destacar é
a fundição de cobre que emprega aproximadamente metade dos 6.500 funcionários da Zona. Por fim, cabe citar
que desses 6.500 trabalhadores “apenas” 950 são chineses, o que mostra como afirmações de que os
investimentos chineses não geram empregos locais são infundadas.

Conclusão

Neste artigo, vimos que embora os investimentos e ajuda oficial chineses na África ainda sejam de importância
pequena, se comparados aos das potências centrais, eles são de relevância crucial para o futuro das relações
entre os países do Sul, pois ensejam parcerias que – conquanto não sejam entre iguais, do ponto de vista do
tamanho econômico – são balizadas por um discurso de respeito à soberania dos povos e de cooperação mútua
demasiado mais crível que o mesmo discurso, quando entoado por potências com um claro passado colonialista
na região e que, portanto, nem mesmo arriscam dizer que devem seu desenvolvimento à África tanto quanto
esta supostamente deve o seu (sub)desenvolvimento a elas. Vimos, mais especificamente, como a política
externa chinesa no continente africano geralmente passa ao largo dos organismos internacionais – dos quais
ironicamente a China faz parte – e que por isso tem o potencial de subverter as estruturas grandemente
hierárquicas a que os esquemas de ajuda ao desenvolvimento geralmente estão condicionados. Ademais,
mostramos como os investimentos das estatais chinesas na região seguem racionalidades de longo prazo –
amiúde imunes aos sabores dos mercados internacionais – que têm como subproduto o fortalecimento das
estruturas produtivas africanas, não obstante toda a exagerada preocupação midiática com a
“desindustrialização” trazida pelas companhias chinesas e sua exploração impetuosa de recursos naturais e
humanos africanos. Por último, esperamos que este artigo contribua para futuras pesquisas, na área de economia
dos sistemas-mundo, que vislumbrem a possibilidade de a ascensão da China na geopolítica internacional
representar a vanguarda de um mundo mais democrático, de modernidades concorrentes, e não de assimetrias
engessadas pelo poder global norte-americano e suas instituições correlatas.

Julho de 2014

Notas

[1] Ver Introdução do livro editado por Li Xing (2010). ↑


[2] Com um PIB total de aproximadamente 7,3 trilhões em dólares comerciais e 11,3 trilhões em dólares PPP
(paridade de poder de compra). Dados do FMI (2011). ↑
[3] Ver tese de mestrado de Silas (2011) para explicação detalhada de como o governo chinês consolidou, nos
anos 1990, um grupo de campeões nacionais (national team) que tornaram-se efetivamente as “empresas-
instrumento” do Estado na sua busca por segurança energética e acesso a mercados no exterior. ↑
[4] A esquerda tradicionalmente vê na China a consubstanciação da última etapa do neoliberalismo. Ver Appel
(2013) para uma discussão sobre quão capitalista é a china. ↑
[5] Há certa confusão na literatura sobre o que constitui ODA. Neste texto, assumimos a definição da OCDE,
que caracteriza como ODA doações e empréstimos que têm o objetivo de financiar o desenvolvimento
econômico e, no caso dos empréstimos, que têm um grant element (subsídio) de ao menos 25%. Lembrar que as
doações e os empréstimos não precisam ocorrer na forma de “dinheiro vivo” – no caso da China raramente o
são –, podendo materializar-se na forma de mercadorias e contratos de investimento. ↑
[6] Condições que ficaram conhecidas mundialmente pela rubrica de Consenso de Washington. ↑
[7] Ver discurso de Deng Xiaoping na abertura do livro de Jabbour, onde fica claro que Deng não esperava uma
“transição ao socialismo” anterior a 2050. ↑
[8] Lembrar de sua entrada na Organização Mundial do Comércio, em 2001, e da consoante abertura de seus
mercados de bens e serviços. No entanto, Jabbour nos recorda da natureza planificada, planejada, do comércio
exterior chinês. ↑
[9] Não faltam assertivas de que a China estaria praticando um novo imperialismo na África, explorando
impetuosamente seus recursos naturais, desrespeitando legislação ambiental e trabalhista, contribuindo para a
sua desindustrialização, etc. ↑
[10] No início os princípios estavam restritos aos países comunistas, mas posteriormente eles passaram a incluir
todos os países em desenvolvimento e mais tarde, todos os países. Ver Taylor (2006, p. 18 ss.). ↑
[11] Quem também avança esta ideia é Jacques (2009), em sua obra When China rules the World. ↑
[12] É por isso também que se pode dizer que o episódio de convergência de renda entre os países, ocorrido nos
últimos 15 anos, pelo menos, representa o maior processo de democratização da riqueza humana já
observado. ↑
[13] Cenário pessimista este que, segundo Arrighi (1994, pp. 335-6), seria provavelmente acompanhado da
liquidação da ordem mundial existente: o capitalismo histórico iria chegar ao fim, revertendo ao caos
sistêmico.↑
[14] Isto é, uma vez que tenha força (ora diplomática, ora ideológica, ora militar) para colocar esta ordem em
xeque. ↑
[15] Na World System Analysis, o fenômeno da divisão internacional do trabalho configura a repartição do
mundo em três zonas distintas: o centro (que concentraria as atividades de maior valor agregado), a periferia (de
menor valor agregado), e a semiperiferia (que teria significativos bolsões de indústrias de alto valor agregado,
mas não em número suficiente para ascender ao centro dominante da economia-mundo). ↑
[16] De acordo com Li (2005) e Cao (2005), já é clara para muitos africanos a existência de um “Modelo
Chinês” de desenvolvimento que vai muito além do crescimento movido pelas exportações e pelo investimento.
Este modelo é a imagem de um “Estado em desenvolvimento” que não implementa as prescrições do Consenso
de Washington, que não impõe condições onerosas sobre as policies dos países africanos e que está mais
disposto que o “Oeste” a desenvolver a indústria do Sul, inclusive pela abertura de muitas fábricas e
investimentos em manufaturas na África. ↑
[17] As próximas linhas são largamente baseadas neste autor. ↑
[18] Liu Haifang (2010, p. 55) coloca que, entre 1973 e 1979, a ajuda financeira a África representou quase 7%
(!) do PIB anual da China e que nesse período 44 países africanos assinaram acordos de cooperação econômica
e técnica com a China. Além disso, Liu nos lembra que na época a China evitava usar o termo ajuda (aid) e
preferia a linguagem de “solidariedade e amizade”, já que aid tinha conotações paternalistas próprias do
vocabulário “ocidental” de redução da pobreza e democratização. ↑
[19] Construída por mais de 50 mil chineses, a Tazara foi instrumental em suavizar a dependência econômica
da Zâmbia para com a África do Sul, pois a ferrovia permitiu o escoamento de parte da produção de cobre
zambiana pelos portos da Tanzânia; antes disso, a Zâmbia dependia totalmente dos portos de Zimbábue e
África do Sul, na época os dois controlados por “elites brancas”. ↑
[20] Esforço que finalmente logrou o sucesso desejado em 1971, quando Beijing substituiu Taipei como a
representante oficial da China nas Nações Unidas. ↑
[21] Para detalhes sobre quais movimentos e partidos exatamente Beijing apoiou – em vários casos colocando-
se contra outros movimentos apoiados pela URSS, haja vista a deterioração das relações sino-soviéticas, a partir
de 1960 – ver Taylor (2006, p. 28 ss.). ↑
[22] Até 2007, a China já havia perdoado no mínimo 2,5 bilhões de dólares de dívida africana. Ver Chin-Hao
Huang (2008, p. 300). ↑
[23] E outros 11 bilhões foram enviados às Ilhas Cayman e Ilhas Virgens, também notáveis paraísos fiscais. ↑
[24] Apesar de tais benefícios fiscais (ao IDE na China) terem sido abolidos em 2008, Davies (2012, p. 3 ss.)
coloca que empresas chinesas já estabelecidas nos paraísos fiscais podem achar razoável continuar usando-os
como base para investimentos em outros países. De qualquer forma, devido à natureza ilegal do processo, fica
difícil saber exatamente para onde esses recursos vão. ↑
[25] Ver por, exemplo, o texto de Butts e Bankus (2009), que esposam essa opinião. ↑
[26] Enquanto no período entre 1979-2000 3/4 dos investimentos norte-americanos foram realizados no setor
petrolífero, 64% do IDE chinês na África atingiu o setor manufatureiro, e “só 29%” foi destinado à exploração
de recursos. Ver Sautman e Hairong (2008, p. 95). ↑
[27] Broadman (2008, p. 103). ↑
[28] Ver, por exemplo, o artigo de Hodel (2008). ↑
[29] 6,12 milhões de barris por dia, na média de dezembro de 2012, contra 5,98 milhões importados pelos
EUA. Ver: Financial Times, “China Becomes World’s Top Oil importer”. E isso apesar de que, tão recente
como 2011, o carvão ainda respondia por quase 70% das necessidades energéticas chinesas (consumo). ↑
[30] Como coloca He Wenping (apud Obi, 2010, p. 183), diretor da seção de Estudos Africanos da Academia
Chinesa de Ciências Sociais (em Beijing): “Países africanos têm mais opções com a chegada da China, o que
por si só lhes dá maior capacidade de escolha sobre o destino de seus próprios recursos”. ↑
[31] Vale a pena ler a crítica de Rupp (2008), a qual coloca que os acordos diplomáticos entre a China e a maior
parte dos países africanos podem ser lidos grosso modo como alianças entre empresas estatais chinesas e
burocracias corruptas africanas que são realizadas ao largo da sociedade civil e que geram enormes rendas
(rents) para essas empresas chinesas e as elites africanas. ↑
[32] Segundo The Economist: http://www.economist.com/blogs/dailychart/2011/01/daily_chart. ↑
[33] Ver Corkin (2008, p. 158 ss.). ↑
[34] Ainda segundo Corkin (2008, p. 159), dos US$ 5,5 bilhões tomados em empréstimo entre o acordo de paz
de 2002 e meados de 2006, a China participou com 58%. ↑
[35] Os dados registrados a seguir estão em Vines e Campos (2010, p. 193 ss.). ↑
[36] Vale lembrar que desde 2009 a China já é a principal parceira comercial da África, e que em 2012 o
comércio entre as duas alcançou a gigantesca cifra de US$ 198,5 bilhões, quase duas vezes mais que o
comércio EUA-África (US$ 108,9 bilhões), que ocupa o segundo lugar. ↑
[37] Segundo o FMI (apud Lee e Shalmon, 2008, p. 119), aproximadamente 8,5 bilhões de dólares de receita
pública foram desviados entre 1997 e 2001. ↑
[38] The Export-Import Bank of China é um dos três bancos “institucionais” chineses, claros instrumentos de
política industrial e diplomática, com destaque àquelas que promovam a exportação de produtos e serviços
chineses. Segundo Foster et. al. (2009, p. 52), entre 2001-2007 o Exim Bank foi responsável por 92% do
financiamento dos comprometimentos chineses em infraestrutura na África. ↑
[39] Apesar de o Exim Bank ser a única instituição chinesa autorizada a fazer empréstimos “concessionais”,
este empréstimo em particular foi servido a taxas relativamente altas para ser considerado “concessional”.
Todavia, em média os empréstimos do Exim Bank são rolados a taxa de 3,1%, têm períodos de carência de
quatro anos e maturidade de 13 anos (ver Foster et. al., 2009, overview). De qualquer forma, estas taxas e
períodos podem variar muito, de forma que é difícil estimar o quanto de seus empréstimos caem na categoria de
aid, conforme os critérios da OCDE (ver nota de rodapé 5). ↑
[40] Nos anos seguintes anos, o Exim Bank voltou a fazer os já conhecidos oil-backed loans: 1 bilhão, 3 bilhões
e 2 bilhões de dólares em 2005, 2006 e 2007, respectivamente. ↑
[41] Apesar de não podermos provar esta afirmação, é difícil admitir que seja mera coincidência o fato de que o
grupo Sinopec adquiriu sua primeira participação no setor petrolífero angolano logo após a aprovação desta
primeira linha de crédito. A participação – 50% do Bloco 18, participação esta na época nas mãos da Shell –
estava em processo de venda para a Indian and Oil Gas Company. No entanto, no meio do ano já estava claro
que a Sonangol iria exercer seus direitos preferenciais sobre o Bloco 18 para explorá-lo junto com a Sinopec,
daí a criação de uma joint venture entre as duas grandes (ver Alves, 2013, p. 108-9). ↑
[42] Destacam-se, entre 2002 e 2006: um empréstimo de US$ 211 milhões para financiar a reconstrução de uma
estrada de 371 quilômetros entre Luanda e a província de Uige; reabilitação de estradas e pontes na província
de Bengo, no valor de US$ 212 milhões; a construção de novo aeroporto em Luanda, cujo primeiro estágio
custou US$ 450 milhões; uma ferrovia de 1.300 quilômetros entre Benguela e Luau (US$ 300 milhões). Fora
do setor específico de transportes, podemos citar a linha de crédito de US$ 100 milhões despendidos no setor da
saúde da província de Huambo; a construção do Hospital Geral de Luanda pela Chinese Overseas Engineering
Company (em 2006); na cidade de Cabinda, um conjunto habitacional de 5.000 apartamentos erigidos pela
China International Fund Ltd; a renovação da rede de distribuição de água em Caxito (província de Bengo),
levada a cabo pela China National Electronics Import and Export Corp; e vários outros projetos ensejados por
linhas de financiamento do Exim Bank e geralmente tocados por empresas chinesas (geralmente os
empréstimos pressupõem que pelo menos x% do valor financiado deve ser usado para contratar empresas
chinesas). Ver Corkin (2008, p. 167 ss.). ↑
[43] Vines e Campos (2010, p. 202) colocam que as linhas de crédito securitizadas pelo petróleo oferecidas à
Angola por fontes não chinesas ensejavam maiores garantias de petróleo, taxas de juros e não previam período
algum de carência. E Borovska (2011, p. 56) nos lembra que em 2002 a China “doou” – isto é, emprestou sem
juros – US$ 3 bilhões ao governo angolano que também seriam “repagos” in natura (barris de petróleo). ↑
[44] Enquanto isso, os EUA pressionaram a Tanzânia durante a Guerra Fria para abraçar o seu lado e depois
para aceitar os programas de assistência do FMI e Banco Mundial. Ver: Sautman e Hairong (2008, p. 103). ↑
[45] Unctad. ↑
[46] Isto porque, enquanto por um lado a construção da ferrovia foi inteiramente financiada pela China (US$
450 milhões), por outro a Zâmbia até hoje não conseguiu saldar totalmente a dívida oportunizada pelo
empréstimo inicial e por demais empréstimos que foram necessários às vezes até mesmo para custear as
despesas operacionais da ferrovia. De qualquer forma, são inúmeros os casos em que o governo chinês perdoou
parte da dívida da Zâmbia; destaca-se março de 2010, quando o então presidente Banda visitou a China e 50%
das dívidas restantes em relação à ferrovia foram perdoadas. Ver: Chileshe, 2010, p. 6. ↑
[47] A Mulungushi Textiles, construída para o governo zambiano (a empresa era 98% pública) em 1983. Após
sua privatização, na década de 1990, a empresa tornou-se propriedade de uma joint venture entre o governo da
Zâmbia e uma empresa têxtil chinesa. Dificuldades – ironicamente – com a competição de tecidos da própria
China obrigaram a empresa a fechar em 2008 (ver: Mwanawina, 2008, p. 9), mas negociações para sua abertura
já correm pelo menos desde 2010 e espera-se que a Zambia China Mulungushi Textiles reabra ainda em 2013,
gerando centenas de empregos no setor de tecidos doméstico. ↑
[48] Ver Phiri, 2008, p. 40. ↑
[49] Para uma boa discussão sobre se os empréstimos chineses à Zâmbia são sustentáveis, isto é, se ela poderá
servi-los no futuro, ver Chileshe, 2010. Apesar, como coloca Chileshe, de a China ser o maior credor (tirando
os membros do Clube de Paris) do governo zambiano (sua dívida para com a China era de US$ 217 bilhões em
2010), acreditamos que os financiamentos chineses contribuem sobremaneira para a geração de capacidade
produtiva na Zâmbia, portanto contribuindo para seu desenvolvimento de longo prazo. ↑
[50] Após a sua reabertura, em 2003, a mina recebeu anualmente mais de US$ 200 milhões em investimentos,
atingindo a capacidade produtiva de 150.000 toneladas de cobre por ano, em 2008. Ver: Executive Research
Associates (ERA), 2009. ↑
[51] Isto é especialmente verdade no caso dos oil-backed loans. ↑
[52] Estes parágrafos finais são largamente baseados em Alves, 2011. ↑
[53] Entre os benefícios, podemos citar: isenção de tributos sobre os dividendos e lucros corporativos nos
primeiros cincos anos de operação; isenção – também nos primeiros cinco anos – de tarifas de importação para
empresas instaladas na região importando matérias-primas, bens de capital, máquinas especializadas; etc. ↑
[54] Donde destaca-se a indústria manufatureira leve, conectada com o setor de metais não ferrosos mas
também com o de têxteis, processamento de comida, construção, etc. ↑
[55] Ver também Sutton (2010). ↑

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ESTA MATÉRIA FAZ PARTE DO VOLUME 23 Nº1 DA REVISTA POLÍTICA EXTERNA

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