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SUMÁRIO
Introdução ........................................................................................................ 02
Capítulo I — a Natureza da Hermenêutica Bíblica ................................................ 02
Conclusão ......................................................................................................... 29
INTRODUÇÃO
Capítulo I
A NATUREZA DA HERMENÊUTICA BÍBLICA
Definição
O valor excepcional atribuído à Bíblia por judeus e cristãos trouxe como conseqüência o
desejo de aprofundar os estudos sobre ela e desentranhar o sentido de sua mensagem. Foi
esse o ponto de partida e o fundamento da hermenêutica.
Hermenêutica é a ciência e a arte que estuda a interpretação da Bíblia. Ciência porque
estabelece regras positivas e invariáveis; arte porque suas regras são práticas. A Bíblia Sagrada
é diferente de qualquer outro livro secular. Ela contém o Livro e a Mensagem! Como livro, ela
contém 39 no Antigo Testamento, e 27 no Novo Testamento. Como mensagem, ela é a Palavra
de Deus. Suas escrituras são compostas de histórias, profecias, poesias, enigmas, parábolas,
romances, figuras e biografias.
Natureza
Hermenêutica é o estudo dos princípios gerais da interpretação bíblica, em cujos métodos
se inclui a exegese ou interpretação crítica dos textos. Por extensão, passou-se a chamar
hermenêutica à interpretação de escritos importantes em geral. Os principais campos de
interesse hermenêutico são a religião, o direito, a filosofia e a história.
Hermenêutica religiosa. O caráter sagrado da Bíblia para o judaísmo, no que se refere
ao Antigo Testamento, e para o cristianismo baseia-se na convicção de que contém a revelação
divina. Essa aceitação da Bíblia como palavra de Deus, no entanto, não ensejou um princípio
hermenêutico uniforme. Para alguns, a interpretação da Bíblia deve ser sempre empreendida
literalmente, uma vez que a palavra de Deus é explícita e completa. Outros afirmam que as
palavras bíblicas encerram um significado profundamente espiritual, já que a mensagem de
Deus não pode ser captada por uma leitura superficial. Uma terceira posição, enfim, sustenta
que certas partes da Bíblia devem ser compreendidas literalmente e outras de maneira
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simbólica. Por isso, a história da interpretação bíblica apresenta quatro tipos principais de
hermenêutica: literal, moral, alegórica e anagógica (ou puramente espiritual).
A interpretação literal associa-se com a convicção segundo a qual não só a mensagem
divina como também cada uma das palavras que constituem a Bíblia são de plena inspiração
divina. Como crítica à forma extrema desse tipo de hermenêutica, pode-se dizer que ignora as
evidentes diversidades de estilos e vocabulário dos diversos autores bíblicos. Santo Tomás de
Aquino, Martinho Lutero e Calvino foram partidários da hermenêutica literal.
A interpretação moral busca estabelecer os princípios exegéticos mediante os quais se
podem extrair as lições éticas da Bíblia. Associa-se, com freqüência, à alegórica. Assim, por
exemplo, a Carta de Barnabé, escrita aproximadamente no ano 100 da era cristã, considerava
que a proibição bíblica de comer a carne de certos animais referia-se principalmente aos vícios
simbolicamente representados por eles.
A interpretação alegórica busca na narração bíblica um segundo nível de referência, além
das pessoas, coisas e acontecimentos explicitamente narrados no texto. O grande impulsor
desse tipo de interpretação foi o teólogo cristão Orígenes (século III), que elaborou um sistema
teológico e filosófico a partir das palavras da Bíblia.
A interpretação anagógica ou mística, essencialmente espiritual, pretende explicar os
acontecimentos bíblicos como signos prefiguradores dos últimos fins da criação. Exemplo
característico seria a cabala judia, que procurava descobrir o significado místico das letras e
palavras hebraicas.
A exegese e a hermenêutica bíblicas tomaram novo rumo no século XX, com William Wrede
e Albert Schweitzer, que deram ênfase à escatologia do Novo Testamento. C. H. Dodd
promoveu o movimento conhecido como "teologia bíblica". Karl Barth, com seus comentários a
Paulo, lançou uma interpretação existencial do Novo Testamento, radicalizada depois por Rudolf
Bultmann, sob influência de Wilhelm Dilthey e de Martin Heidegger.
Bultmann e Dibelius são, talvez, os principais responsáveis pelo moderno estudo crítico do
texto dos Evangelhos, aplicado, com o mesmo êxito, ao Antigo Testamento, por Hermann
Gunkel e Sigmund Morwinckel. Na França, os estudos da hermenêutica receberam grande
impulso por parte do cardeal Jean Danielou e dos dominicanos da Escola Bíblica e Arqueológica.
O Concílio Vaticano II incentivou vigorosamente a hermenêutica católica, recomendando que se
fizesse em associação com os "irmãos separados", o que abre novo horizonte à exegese e
hermenêutica bíblicas.
Ciências Bíblicas
As principais ciências auxiliam no estudo das Escrituras:
A hermenêutica, que procura descobrir o sentido exato das palavras e dos textos.
A crítica textual, que se propõe a determinar a exatidão das palavras e dos textos.
A exegese, que é a aplicação prática da hermenêutica e da crítica textual.
Regras de Interpretação
1º) O texto bíblico deve ser explicado gramaticalmente, tendo em vista a
significação das palavras; observando que há palavras que possuem significados
diferentes em contextos diferentes.
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Um exemplo frisante é carne, que significa, algumas vezes, o que é terno e dócil, como
em Ezeq. 11:19: "Dar-lhe-ei um coração de carne", em oposição a um coração de pedra.
Significa também a natureza humana sem referência alguma ao estado pecaminoso, como em
S. João 1:14, Rom. 1:3; 9:3; porém, mais comumente ainda se refere à natureza humana,
corrupta e pecadora como, em Rom. 8:5; Efés. 2:3. Tem, além disso, a significação daquilo
que, religiosamente falando, é exterior e cerimonial, como distinto do que é interior e espiritual,
o que se pode ver em Gál. 6:12 e 3:3.
Em Rom. 11:14 (RC) – "incitar à emulação os da minha carne", significa – minha raça,
meu povo. João 1:14 – "o verbo se fez carne" = Deus se tornou um ser humano.
Outra palavra importante por possuir muitas significações é sangue.
As passagens seguintes confirmam suas diferenças:
Mat. 27:25 – "Caia sobre nós o seu sangue", significa – a culpa de o terem sentenciado à
morte caia sobre nós.
Rom. 5:9 – "... sendo justificados pelo seu sangue", tem o sentido da sua obediência até a
morte.
Heb. 9:14 – "... o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas", isto
é, o seu sacrifício é o fundamento da justificação e o instrumento e o motivo da santificação.
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Por exemplo – Se alguém quiser interpretar as passagens da Bíblia, que se referem à
justificação pela fé, como se elas nos desobrigassem de obedecer à lei e de levar uma vida de
santidade, tal interpretação deve ser rejeitada, porque é contraria ao espírito do evangelho.
Uma passagem sempre citada para esposar idéias não defensáveis pela Bíblia é Prov. 16:4
– "O Senhor fez todas as cousas para determinados fins, e até o perverso para o dia da
calamidade". Uma interpretação deste texto isoladamente parece indicar que os ímpios foram
criados para poderem ser condenados, mas esta idéia não se conforma com muitas outras
passagens da Bíblia. Basta ler Salmo 145:9 e II Pedro 3:9. O significado portanto de Prov. 16:4
é este: todo mal contribui para a glória de Deus e promove a realização dos seus insondáveis
desígnios.
O sentido geral das Escrituras, foi denominado por teólogos antigos, como Orígenes de "a
analogia da fé", pela interpretação que davam a Romanos 12:6. Hoje os intérpretes afirmam
que a passagem se refere à medida ou à proporção da fé dos que profetizam.
Particularidades idiomáticas
Certas peculiaridades do original são mantidas nas traduções, dificultando assim a
compreensão do verdadeiro sentido.
Os seguintes exemplos são primordiais:
a) Romanos 12:20 - "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe
de beber porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça". Amontoar brasa
viva sobre a cabeça de alguém, é uma expressão idiomática hebraica, com o sentido de fazer
com que a pessoa fique envergonhada do seu procedimento.
b) Mateus 6:3 - "Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a
tua direita". Este idiotismo assim deveria ser traduzido: quando deres esmola, não deves contar
o que fizeste nem mesmo ao mais íntimo amigo.
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Alguns hebraísmos
Os judeus, muitas vezes, exprimiam o sentido de qualidade, usando não o adjetivo mas
um segundo nome, tendência também seguida no grego hebraizado do Novo Testamento.
I Tess. 1:3 – "a obra da vossa fé" = a vossa obra fiel.
Efés. 1:13 – "o Santo Espírito da promessa", logo se percebe que significa – o Espírito
Santo prometido.
É um hebraísmo comum na Bíblia chamar a uma pessoa que tinha uma qualidade ou era
inclinada a certo mal, o filho dessa qualidade ou desse mal.
Luc.10: 6 – "filho da paz" = pessoa pacífica.
Efés. 5: 6 – "filhos da desobediência" = filhos desobedientes.
Por respeito e consideração os hebreus evitam o uso excessivo do nome de Deus, por isso
em vez de usarem a expressão "reino de Deus" eles a substituíam por "reino dos céus".
É um hebraísmo, usar no plural nomes designativos de coisas grandes e suntuosas, como
o céu e o mar. Daí ser comum na Bíblia o emprego de "céus" em lugar de "céu".
A linguagem humana é muito imperfeita para transmitir conceitos divinos. Não existe
nenhuma língua perfeita que possa transmitir precisamente pela palavra o pensamento exato.
Neste sentido a língua grega leva vantagens sobre todas as línguas modernas. Alguém já disse
com muita presteza ser a língua portuguesa "o túmulo do pensamento". Concorda você com
esta assertiva?
Não é possível numa tradução reproduzir variantes de pensamento que se encontram em
uma única palavra hebraica e grega. Os exemplos poderiam ser citados às centenas
confirmando esta verdade, mas limitemo-nos a estes bem elucidativos.
A mesma palavra hebraica significa abençoar e amaldiçoar, o mesmo acontecendo com
ligar e separar, afligir e honrar, conhecer e desconhecer, emprestar e tomar emprestado, matar
e curar. Em oposição a esta pobreza vocabular, o hebraico por vezes é rico em outros aspectos,
apresentando subtilezas difíceis de serem expressas em outras línguas; por exemplo: há três
palavras para janela no relato do dilúvio; três traduzidas por bolsa na história dos irmãos de
José no Egito; três traduzidas por fermento no relato da páscoa; três para navio no primeiro
capítulo de Jonas; cinco traduzidas por leão em apenas dois versos de Jó (4:10 e 11); dez
palavras para lei no Salmo 119. Estes exemplos são suficientes para comprovarem a quase
impossibilidade de comunicar em uma tradução todas as sombras de pensamento encontradas
na língua hebraica.
Existem palavras tanto no hebraico quanto no grego difíceis de serem traduzidas por
terem muitos significados, ou por não termos nenhuma palavra que transmita o seu significado
original.
Hesed - afirmam os estudiosos ser a palavra mais difícil de ser traduzida do hebraico
porque não temos nenhuma com o seu significado. Tem sido traduzida por graça, amor,
misericórdia, compaixão, tolerância, clemência, favor, bondade etc., etc.
Logos é o melhor exemplo do grego, de uma palavra com muitos significados, são mais ou
menos uns 15.
João 1:1 - verbo
João 21:23 - dito, notícia
Atos 1:1 - livro, tratado
I Cor. 2:1 - expressão, declaração
O tradutor ao deparar com um termo como este, precisa escolher uma palavra que
transmita mais exatamente o pensamento do escrito original.
Doxa, normalmente traduzida por glória, nem de longe expressa a idéia do original.
Significa em grego o caráter de Deus, ou o conjunto dos atributos divinos.
O expositor das verdades bíblicas precisa estar bem consciente deste fato: muitas palavras
tinham um significado no hebraico e grego secular, mas adquiriram no contexto bíblico outro
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significado, às vezes totalmente diferente. Uma extensa e interessante monografia poderia ser
escrita sobre este assunto. Pensemos nos seguintes exemplos: batizar, fé, graça, justificar,
expiar, mundo, conversão, salvar, apóstolo.
Linguagem Figurada
Pelo seu amplo uso merece estudo aprofundado. Por não ter sido bem compreendida,
muitos erros de interpretação têm aparecido.
Joseph Angus, em História Doutrina e Interpretação da Bíblia cita muitos exemplos, como
este da página 169: "Diz-se, no Salmo 18:11, que "Deus fez das trevas o seu lugar oculto" e em
I Tim. 6:16, que "Deus habita na luz". No primeiro caso, as trevas significam inescrutabilidade,
e, no segundo, a luz significa pureza, inteligência ou honra".
A boa compreensão das alegorias, símbolos, tipos, metáforas, parábolas bíblicas é fator
indispensável na exposição das verdades escriturísticas.
É princípio fundamental na exegese bíblica que nenhuma parábola ou alegoria deve ser
tomada como base ou prova de doutrina. As parábolas nos foram dadas para ilustrar ou
confirmar verdades e não para ensinar doutrinas. Ver H D I B de Angus. Leis da Linguagem
Figurada, pág. 172.
Cântico dos Cânticos é considerado por muitos comentaristas como uma extensa alegoria
representando a afeição espiritual de Cristo para com a Sua Igreja.
É fato conhecido dos intérpretes bíblicos que as parábolas e muitos outros escritos
figurados jamais devem ser tomados no sentido literal. Se alguém usar tal processo violentará o
que o autor almejava transmitir. As metáforas devem ser entendidas metaforicamente.
É sempre útil ter em mente o que declarou W. Arndt no livro Dificuldades Bíblicas, pág.
14:
"Muitas vezes não é fácil traçar a linha divisória entre as duas espécies de linguagem.
Também neste caso recomendamos ao leitor da Bíblia humildade e oração, assim que
gradualmente possa desenvolver conhecimento e entendimento".
"Outro princípio capital da interpretação da Escritura assim pode enunciar-se: as
passagens obscuras e figurativas devem ser interpretadas por meio daquelas que são claras e
desprovidas de sentido metafórico".
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Um Bom Conselho
A pesquisa, para o esclarecimento de qualquer verso da Bíblia, deve ser feita com
humildade e não com pretensões à infalibilidade.
Esta recomendação inspirada é oportuna:
"Irmãos, cumpre-nos cavar fundo na mina da verdade. Podeis examinar o assunto a sós
ou em consulta recíproca, unicamente se o fizerdes num espírito sincero. Demasiadas vezes,
porém, o eu é grande, e logo que se inicia a investigação, manifesta-se um espírito não cristão.
Exatamente nisto se deleita Satanás, mas devemos ter um coração humilde para conhecer, por
nos mesmos, o que é a verdade". Counsel to Writers and Editors, pág. 41.
Pensamentos Esparsos
1º) O conhecimento dos costumes antigos, da índole das línguas hebraica e grega, dos
escritos de autores contemporâneos da Bíblia, da história, arqueologia, etnologia facilitam a
exegese dos trechos mais obscuros da Escritura, evitando-se assim graves enganos e erros na
interpretação. .
2º) É útil na interpretação de um texto, ter em mente, certas regras simples, que se
aplicam à compreensão de qualquer texto bíblico. Uma delas é lembrarmo-nos do tempo e das
circunstâncias em que foi escrita uma declaração.
3º) Os Adventistas do Sétimo Dia sustentam a posição protestante de que a Bíblia e
somente a Bíblia é a regra única de fé e prática para os cristãos.
4º) Para a formação de idéias equilibradas sobre uma verdade bíblica, é preciso atentar
para tudo o que os diversos autores inspirados disseram sobre o assunto.
Exemplo: Como somos salvos?
Idéias extremistas e fanáticas surgem quando alguém defende uma doutrina baseado
numa só passagem.
5º) As aparentes contradições da Bíblia podem ser resolvidas com um estudo aprimorado
de alguns princípios exegéticos, como: atentar bem para o contexto, a analogia da fé, estudar
as passagens paralelas; consultando ainda uma concordância bíblica e um comentário digno de
confiança, como o SDABC.
6º) Há duas espécies de passagens difíceis na Bíblia, algumas podem ser aclaradas com o
trabalho consciencioso dos estudiosos, outras jamais serão esclarecidas aqui.
As palavras de Pascal são oportunas:
"O último passo da razão é saber que há uma infinidade de coisas que ela não pode
atingir. Resolvam-se todas as questões, expliquem-se todas as palavras da Bíblia, e ficarão
ainda as maiores dificuldades para a prova da nossa fé: a origem do mal, o mistério da divina
presciência e da livre ação, e muito ainda sobre o plano da redenção".
7º) Só devemos esperar encontrar nas Escrituras Sagradas o que sob o ponto de vista
religioso nos importa conhecer.
Tudo o que foi revelado deve-se estudar, o que não foi considere-se como não essencial
ao plano da salvação.
8º) "Não pode haver conflito entre a ciência e a religião. A Bíblia é autoridade absoluta e
decisiva no domínio da verdade religiosa, mas não pretende ser a respeito de fatos e princípios
científicos". Angus - História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 109.
9ª) A Bíblia é, em essência, uma revelação graduada e progressiva do plano de Deus em
salvar o homem. Revela em toda a parte o mesmo Deus, santo, sábio e bom, fala dos seus
desígnios no governo do mundo, e do resultado final da presente luta entre o bem e o mal.
10º) É um fato bastante conhecido, que muitas palavras mudam o seu significado com o
passar dos anos; portanto, provas baseadas no significado de uma palavra têm que levar em
consideração o seu sentido quando o autor bíblico a empregou.
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11º) Dentre tantos comentaristas bíblicos notáveis, como Orígenes, Crisóstomo, Jerônimo,
Lutero, Adão Clarke, Strong, Barnes, Vincent a quem devemos seguir? A única resposta segura
seria esta: nenhuma interpretação da Escritura por uma pessoa, embora culta e bem
intencionada deveria ser considerada como infalível.
12º) A Igreja Católica estabeleceu no Concílio de Trento um plano ou base de doutrina, de
acordo com o qual toda a Escritura devia ser interpretada, mas apesar disso ela nunca publicou
um comentário infalível que pudesse explicar as passagens difíceis da Escritura.
13º) "Há realmente passagens e frases cujo sentido é obscuro. Esta obscuridade é, em
muitos casos, devida à nossa ignorância de algum fato especial que esclareça o assunto, e a
respeito do sentido exato das palavras". História Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 203.
14º) Sendo a Santa Bíblia a Palavra de Deus, ela não deve ser interpretada de modo
arbitrário e particular. As Escrituras estão baseadas em princípios claros e firmes, por isso Jesus
declarou: "a Escritura não pode falhar". S. João 10:35.
15º) É princípio fundamental da exegese que as Escrituras são seu próprio intérprete. Cristo
o aplicou quando repreendeu o diabo por interpretar mal um texto da Bíblia (Mat. 4:6 e 7).
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A Hermenêutica Como Situação Humana
O filósofo alemão Hans Georg Gadamer (nascido em 1900) mostra, em Verdade e Método
(1ª ed., 1960), que a interpretação, antes de ser um método, é a expressão de uma situação
do homem: o intérprete que aborda uma obra está já situado no horizonte aberto pela obra (é
o ―círculo hermenêutico‖). A interpretação é antes de mais a elucidação da relação que o
intérprete estabelece com a tradição de que provém.
Lei do Contexto
A parte que vem antes ou depois do texto. Diz-se que não se deve interpretar um texto
sem o auxílio do contexto, para não se fazer um pretexto: Lc 19:28-44; At 8:30-31; Is 53:7.
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Capítulo II
A NATUREZA DA EXEGESE BÍBLICA
1. Conceito
A palavra ―hermenêutica‖ vem do verbo hermenêuein (interpretar). E esta interpretação foi
entendida diversamente através dos tempos. Por isso, temos três tipos de exegese: l. rabínica;
2. protestante; 3. católica.
2. Exegese Rabínica
Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que
tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam artifícios
intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma
explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele passara 38 anos doente. Por que 38? Ora,
40 é um número perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no
jejum) ou também no AT (deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os
mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto,
tirando um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número imperfeito
(38) que é número de doença...
Alegoria pura: neste sentido se entende a condenação de certas teorias que apareceram e
eram contrárias à Bíblia (caso de Galileu). Assim era a exegese antiga. No século XVIII, o
racionalismo fez o extremo oposto desta doutrina: negaram tudo que tinha alguma aspecto de
sobrenatural e mistério, e procuravam explicações naturais para os fatos incompreensíveis,
assim por exemplo, dizendo que Cristo hipnotizava os ouvintes e os iludia dizendo que era
milagre. Jesus Cristo não ressuscitou, mas ele apenas havia desmaiado na cruz, e quando
tornou a si saiu do sepulcro... Talvez não o fizessem por maldade. Era por principio filosófico.
A Igreja primitiva herdou muito do rabinismo, no início, mas depois se libertou. Começaram
por ver na Bíblia vários sentidos: literal, pleno e acomodatício. Literal: sentido inerente ás
palavras, expressão pura e simples da idéia do autor; Pleno: fundado no literal, mas que tem
um aprofundamento talvez nem previsto pelo autor. Deus pode ter colocado em certas palavras
um significado mais profundo que o autor não percebeu, mas que depois se descobre. Deus,
como autor, fez assim. A palavra do profeta se refere a uma situação histórica; a palavra de
Deus se refere ao futuro. Acomodatício: é a acomodação a um sentido à parte que combina
com as palavras. É a Bíblia aplicada à realidade apenas pela coincidência dos textos.
Por exemplo, em Mt. se lê "do Egito chamei meu filho"... para que se cumprisse a Escritura.
Mas o sentido, ou seja, a aplicação original deste trecho não se referia à volta da Sagrada
Família, mas sim à saída do Povo do Egito. Esta acomodação foi explorada demasiadamente
pelos pregadores, que até abusaram disto. Outro exemplo de acomodação é a aplicação a
Maria dos textos do livro da Sabedoria. Estes são mais literatura que Escritura. Todavia, crendo-
se na inspiração, aceita-se que as palavras do autor podem ter uma significação mais profunda
que a original.
3. Exegese Protestante
Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel da
Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola" (traduzindo, a escritura sozinha), sem
tradição, sem autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante,
os Protestantes se dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-
se mesmo aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre
hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse, isto
é, como o Espírito Santo o iluminasse.
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Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que podem se resumir em duas: a
conservadora e a racionalista. A conservadora parte daquele principio da inspiração = ditado,
em que se consideram até os pontos massoréticos como inspirados. Não se deve aplicar
qualquer método cientifico para entender o que está escrito. É só ler e, do modo que Deus
quiser, se compreende. A racionalista foi influenciada pelo iluminismo e começou a negar os
milagres. Daí passou à negação de certos fatos, como os referentes a Abraão. Afirmam que as
narrações descritas, como provam o vocabulário, os costumes, são coisas de uma época
posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta, teoria teve muito sucesso e começaram a surgir
várias 'vidas' de Jesus em que ele era apresentado como um pregador popular, frustrado,
fracassado...
Outros ainda interpretavam o Cristianismo dentro da lógica hegeliana: São Paulo,
entusiasmado, teria feito uma doutrina, que atribuiu a JC (tese); depois São João, com seu
Evangelho constituiu a antítese; finalmente São Marcos fez a síntese. Hoje, porém, se sabe que
Marcos é o mais antigo. Estes intérpretes se contradizem entre si, o que provocou uma certa
desconfiança. Por fim, a própria arqueologia, em auxílio do Cristianismo, veio provar com a
descoberta de vários documentos históricos que a Bíblia tinha razão: aqueles costumes, aquele
vocabulário eram realmente daquela época, inclusive o uso dos nomes Abraão, Isaac também
eram comuns no tempo. Isto e outras coisas serviram para desmentir tais idéias iluministas.
4. Exegese Católica
Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a
Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a defesa da fé. Foi
o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da exegese católica. Começou a
comentar o AT com base na critica histórica. Mas foi alvo de tantos protestos que não teve
coragem de continuar. Em seguida, comentou o NT, e ainda hoje é autoridade no assunto. A
Igreja Católica custou muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico
Primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi dado por Pio XII, em 1943, com a
encíclica DIVINO AFFLANTE SPIRITU, na qual aprovou a teoria dos vários gêneros literários da
Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI aprovou um estudo de uma comissão bíblica a respeito da
história das formas (formgeschichte). E hoje em dia, tanto os exegetas católicos como os
protestantes são a favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz este aspecto.
Protestantes citam católicos e vice-versa, sem nenhuma restrição.
Um dos aspectos do lado humano da Bíblia, Deus escolheu fazer quase todo tipo de
comunicações disponíveis:
* Genealogias
* Crônicas
* Leis de todo tipo
* Poesia
* Drama
* Parábola
* Etc.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
Aqui se encontram dez princípios que devem ser seguidos na interpretação bíblica:
1° - denomina-se princípio da unidade escriturística. Sob a inspiração divina a Bíblia ensina
apenas uma teologia. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia.
2° - Aprender a ler cuidadosamente o texto e fazer perguntas certas ao mesmo. Há duas
perguntas básicas que devemos fazer a cada passagem:
1ª - As que dizem respeito ao contexto e as que, dizem respeito ao conteúdo.
No Antigo Testamento
Os sacerdotes eram os intérpretes oficiais da Lei Mosaica, os escribas oficiais sucessores
usualmente vinham da seita dos fariseus, única seita que conseguiu sobreviver a destruição de
Jerusalém.
Grego:
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No Novo Testamento
Existe muita exegese autêntica do Antigo Testamento, porém algumas passagens
empregam alegoria.
Idade Média
Nesse período da História a opinião geral dos exegetas como Pedro Lombardo e Thomaz de
Aquino, era que a interpretação incorporava quatro modos básicos:
1º - Interpretação Literal;
2º - Interpretação Figurada;
3º - Interpretação Moral;
4º - Interpretação Espiritual ou (ver).
Além da Exegese
É inútil esperar um delineamento da verdade inteira por mais exata e complexa que possa
ser.
Há coisas que Deus simplesmente não nos revelou - Dt. 29.29, nem por isso devemos
diminuir a importância da pesquisa bíblica séria, mediante corretos métodos exegéticos.
2° - Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia. Este princípio vem da Reforma Protestante.
O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com sentido mais difícil e mais
obscuro. Este princípio é uma ilação do anterior.
3° - Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia
da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de
textos isolados.
4° - Sempre ter em vista o contexto. Ler o que está antes e o que vem depois para concluir
aquilo que o autor tinha em mente.
5° - Primeiro procura-se o sentido literal, a menos que as evidências demonstrem que este
é figurado.
6° - Ler o texto em todas as traduções possíveis - antigas e modernas.
Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer.
7° - Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto.
8° - O trabalho de interpretação é científico, por isso deve ser feito com isenção de ânimo
e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de "achismos").
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9° - Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões
circunstanciais. Por exemplo:
a) - Quem escreveu?
b) - Qual o tempo e o lugar em que escreveu?
c) - Por que escreveu?
d) - A quem se dirigia o escritor?
e) - O que o autor queria dizer?
a) - Dicionários.
Para o Velho Testamento o melhor em inglês é: Um Conciso Léxico Hebraico e Aramaico do
Velho Testamento de William Holaday.
Para o Novo Testamento o melhor é: Léxico Grego-Inglês do Velho Testamento de Walter
Bauer (Universidade de Chigago), traduzido e adaptado para o inglês por Arndt Gingricd.
Em português não há nem um dicionário para o grego bíblico. Para o grego clássico o
melhor que temos é: Dicionário Grego-Português e Português-Grego de Isidro Pereira, Edição
do Porto, Portugal.
b) - Gramáticas.
A melhor do hebraico é a de Gesenius.
- Para o Novo Testamento as melhores gramáticas são as de Blass,. Moulton e Robertson.
- Depois de determinado o que o texto registra, é preciso ir além e investigar mais
precisamente a significação teológica de certas palavras.
- A melhor fonte para este estudo no grego é o Dicionário Teológico do Novo Testamento,
editado por Kittel e Friedrich. São dez alentados volumes para o inglês.
- Para o Velho testamento não existe trabalho idêntico.
- Em português continuamos numa pobreza mais do que franciscana neste aspecto.
- O próximo passo é uma pesquisa conscienciosa do contexto para que não haja afirmações que
se oponham ao que o autor queria dizer ou distorções daquilo que ele disse.
- Após esta pesquisa é necessário considerar cuidadosamente a teologia, o estilo, o
propósito e o objetivo do autor. Para este mister as obras mais necessárias são: concordância,
introduções e livros teológicos.
- Em português temos a Concordância Bíblica, publicação da Sociedade Bíblica do Brasil,
1975.
- Muito úteis para o exegeta são os estudos teológicos que tratam com o livro específico do
qual estamos fazendo a exegese.
O próximo passo em exegese é a familiarização com o conhecimento geográfico, histórico,
os hábitos e práticas podem iluminar nossa compreensão sobre o texto.
Para tal propósito são necessários Atlas, livros arqueológicos, histórias e dicionários
bíblicos.
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Dicionários da Bíblia são muito úteis para rápidas informações sobre um assunto,
identificação de nomes de pessoas, lugares ou coisas. O melhor dicionário da Bíblia é: The
Interpreter´s Dictionary of the Bible, quatro volumes.
1. Procedimento Errado
Ler o que muitos comentários dizem com sendo o significado da passagem e então aceitar
a interpretação que mais agradece. Este procedimento é errado pelas seguintes razões:
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a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua pré-concepção b)
forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas. Isto para o
iniciante, freqüentemente resulta em confusão e ressentimento mental a respeito de toda a
tarefa da exegese. Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito desinteressante. O
péssimo resultado e mais sério do "procedimento errado" na exegese é que próprio interprete
não pensa por si mesmo.
2. Procedimento Correto
O intérprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a
declaração
Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que
não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm
ao interprete apenas.
Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para
entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observado
por causa da contribuição à idéia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras
classes gramaticais.
Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises
de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu
significado primeiro.
Com os passos anteriores bem dados, o interprete tem condições de extrair a teologia do
texto, bem como sua aplicação às necessidade pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos
ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?
O USO DE INSTRUMENTOS
Comentários: eles não são um fim em si mesmo. O interprete deve manter em mente o
clima teológico em que foram produzidos, porque isso afeta de maneira direta a interpretação
das Escrituras. Um comentarista pode ser capaz, em certa media, de evitar preconceitos e
permitir que o documento fale por si mesmo, mas sua ênfase nos vários pensamentos na
passagem será afetada pela corrente de pensamento de seus dias. Os comentários
principalmente os devocionais, tem a marca da desatualização.
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Capítulo III
O VALOR DA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
Embora necessária a hermenêutica para uma melhor aproximação do texto bíblico é uma
das ciências mais esquecidas na compreensão e estudo da bíblia e teologia
Origem:
Etimologicamente esta palavra deriva do verbo ―hermeneuo‖ que significa explicar,
traduzir interpretar. A sua raiz esta ligada ao deus grego Hermes. Este deus mitológico, que
tinha asas nos pés, encarregava-se de levar as mensagens dos deuses aos destinatários. Assim
a idéia é levar alguma coisa ou situação do estado de ininteligibilidade ao da compreensão.
Assim na antiguidade grega esta palavra tem três sentidos 1. Expressar em voz alta, dizer; 2.
explicar; 3.interpretar
Em termos bíblicos, temos que trazer à luz um texto que de história na sua escrita tem
um longo processo não somente no fato-histórico mas na apresentação do mesmo na
linguagem escrita.
Assim temos como definição: ―é a ciência das leis e princípios de interpretação e
explanação que se aplicam nos estudos das Sagradas Escrituras‖.
Temos- graficamente temos: o fato em si a visão do autor na compreensão deste fato-
a escrita do fato - a leitura do fato feita pela igreja - a leitura feita pelo leitor a leitura
feita pelo ouvinte.
Isto deve ser considerado para uma análise cuidadosa que nos permita chegar o mais
próximo da mensagem divina. Assim teremos um dialogo entre o autor bíblico e o
interprete. Por isso duas perguntas são necessárias antes de qualquer enunciado de
interpretação: O que o texto significou para o autor do livro? e o que o leitor ―original‖
entendeu ao ouvir/ler esta leitura?..Vejamos um exemplo em Ne:8:8 (temos estes fatores
presentes mas diferentes ―sentimentos‖- Neemias está alegre e o povo triste... por quê?
(Vejamos outro texto: Luc. 24:25-32 - Jesus apela às faculdades racionais dos
interlocutores (que mais tarde vão interpretar o fato do ―ouvir o que Jesus diz‖.).
A Necessidade da Hermenêutica
O conflito hermenêutico : O mundo de lá e o mundo de cá, isto gera um desafio que o
estudante da bíblia deve entender como tal, desde que esteja disposto a desgastar-se na
descoberta da mensagem de Deus no texto
As diversas dificuldades que o texto bíblico apresenta: língua, tempo, história, sociedade,
estilos de vidas, estilos culturais, gêneros literários, etc. Diversidade no tipo de literatura
bíblica: poesias, estórias, parábolas, apocalíptica, epístolas,etc.
A própria história da Igreja. 2.000 anos de interpretação bíblica.
A perspicuidade e complexidade das Escrituras - João 3:16 vs. 1aPe:3:18-22
É uma motivação e prática bíblica: Nee. 8:8, Atos 8:26-31a; II Ped. 3:15. as parábolas de
Jesus
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Equivalência literal: é a transposição literal de um idioma para o outro se usando a
mesma classe morfológica e seqüência vocabular. Exemplo moderno: Textos interlineares da
Bíblia
Equivalência formal: é a transposição da forma do texto de uma forma para o outro. O
grande enfoque está na forma em que o texto aparece o seu significado para os seus
primeiros leitores. Exemplos modernos: As diversas traduções de Almeida, King James, Reina
Valera, etc.
Equivalência dinâmica: é aquela que se propões a reproduzir o pensamento, a
mensagem do texto original em estruturas e formas próprias da língua para a qual se traduz.
Importa traduzir a mensagem, e não as palavras e as estruturas. A mensagem divina é
imutável, a forma, a linguagem humana, está sempre em processo de mutação. O tradutor
procura descobrir sentido da mensagem para o povo da época a quem ela se destinou, e em
seguida põe a sua mensagem na língua falada e escrita pelo povo de hoje‖ (Wener Kaschel.
Transformações gramaticais no processo de tradução dinâmica da Bíblia com vistas ao livro de
Provérbios, in Teses do 2o. Congresso da Bíblia, pg.50) Exemplo moderno: A Bíblia na
Linguagem de Hoje
Equivalência livre (ou sem equivalência) Aqui a preocupação maior é com o leitor atual
da mensagem, o texto original é tomado apenas como referência. Exemplos Modernos A Bíblia
Viva, Cartas Às igrejas Novas
Requisitos do Intérprete:
A. Gerais
Objetividade: Não há duvidas que o estudante está influenciado por diversos fatores: a
sua filosofia, questionamentos históricos, psicológicos, e religiosos que inevitavelmente conduz
a sua interpretação. A objetividade esta no reconhecimento destas força
Espírito científico: Existem dois modos dispares: pietista e racionalista ―O exegeta deve
estar mentalizado e capacitado para aplicar a um estudo da Bíblia os mesmos critérios que
regem a interpretação de qualquer composição literária O fato de que tanto a Bíblia como na
sua interpretação existam elementos especiais não exime o interprete de colocar a devida
atenção a crítica textual, ao análise lingüístico, a consideração do fundo histórico e tudo quanto
possa contribuir para esclarecer p significado do texto (arqueologia, filosofia, obras literárias
contemporâneas, etc.‖
B. Especiais
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Capacidade espiritual: Estar aberto a ação da Palavra
Atitude de compromisso
Espírito de mediador: servir de ponte entre o autor do texto e o leitor.
O valor da Hermenêutica
Nos aproxima do texto e do seu sentido e significados corretos
Fortalece a nossa convicção na pessoa de Deus- Deus revelou a eternidade
Enaltece a Soberania de Deus que preservou a escrita até hoje
Nos coloca na linha da história da igreja
Traz equilíbrio entre o conteúdo (revelação) e comportamento (ética, exigência)
Confirmação da credibilidade da revelação. Homens falaram à tantos e tão distante de
nós
Auxilia-nos para determinar o permanente e o temporário
Base ―cientifica‖ a vida devocional.
Válida a encarnação do Filho de Deus. O texto inserido na história e cultura de um povo.
―teologia da terra‖.
Evita o desvio (sensus plenior)
Descobre-se a unidade da revelação.
Capítulo IV
O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO
Josivaldo de França Pereira
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I. DEFINIÇÃO E PROPÓSITO DA HERMENÊUTICA
1.1. Definição de Hermenêutica
"Hermenêutica" é uma palavra de origem grega. Platão (c. 427-347 a.C.) foi o primeiro a
utilizá-la como termo técnico. No sentido amplo do termo, a hermenêutica pode ser definida
como a ciência que nos ensina os princípios, as leis e os métodos de interpretação de qualquer
produção literária. Antônio Almeida diz que hermenêutica é "a ciência e a arte de interpretar. É
ciência porque postula princípios seguros e imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas"
(1).
Especificamente falando, a hermenêutica sacra tem caráter muito especial, porque trata de
um livro peculiar no campo da literatura - a Bíblia como inspirada Palavra de Deus. E somente
quando reconhecemos o princípio ativo da pessoa do Espírito Santo na inspiração da Bíblia, e
por Ele somos guiados na compreensão da mesma, é que podemos conservar o caráter
doutrinário e prático da hermenêutica bíblica.
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teologicamente de mente e coração abertos para ouvirmos com humildade e disposição a voz
do Espírito Santo de Deus.
As passagens bíblicas que transcrevemos acima, assim como tantas outras que poderiam
ser acrescentadas a elas, mostram que a Bíblia tem um autor principal. "Ela é, em todas as
suas partes, produção do Espírito Santo" (6).
Durante a história da Igreja, surgiram conceitos diversos quanto a relação existente entre o
Espírito Santo e a Bíblia. Os pelagianos e racionalistas sustentavam que a operação intelectual e
moral da Bíblia era suficiente para produzir a salvação, independentemente do Espírito Santo.
Os antinomianos, por outro lado, ensinavam que o Espírito Santo fazia tudo, independente da
Palavra de Deus. A igreja evangélica, por sua vez, sempre sustentou o seguinte: A Bíblia
sozinha não é suficiente para salvar, e embora o Espírito Santo possa, geralmente Ele não atua
sem ela. Isto não significa que o Espírito seja subserviente à Palavra de Deus, mas sim, que a
soberania divina estabeleceu a livre atuação do Espírito mediante a Palavra. "Na aplicação da
obra da redenção, os dois trabalham juntos,
o Espírito usando a Palavra como Seu instrumento. A prédica da Palavra não produz o fruto
desejado até que se torne eficaz pelo Espírito Santo" (7). A verdade é que o Espírito Santo
honra a Bíblia, fala pela Bíblia e é reconhecido pela Sua harmonia com ela. Por isso, os
reformadores freqüentemente se referiam às Escrituras como "a imagem do Espírito".
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freqüência investigaram os detalhes disso, para poder entender com mais clareza (I Pe
1.10,11).
Não devemos nos esquecer que o ato de fazer lembrar e entender a vontade de Deus para
a nossa vida é atribuição do Espírito Santo. Como vimos, Ele atuou no passado na mente e no
coração de homens e mulheres de Deus e hoje o faz iluminando nosso entendimento para
entendermos o que a Bíblia diz, com suas aplicações práticas para a vida diária. E mesmo que
em certas ocasiões o Espírito Santo nos faça compreender o sentido das Escrituras
independente de pesquisa prévia, via de regra este não é o modo corriqueiro dele agir. O
Espírito de Deus nos orienta através dos recursos da hermenêutica. Por isso mesmo, a uma
pesquisa diligente no intuito de entender o que se lê, deve-se unir a oração como expressão de
uma vida dependente do Espírito (10). E assim, como dizia Lutero, oremos como se tudo
dependesse de Deus e trabalhemos como se tudo dependesse de nós mesmos.
Por uma questão de didática e propósito achamos por bem abordar, já no capítulo anterior
desse trabalho, a relação do Espírito Santo com a Bíblia e o intérprete numa perspectiva mais
teológica. Agora, passaremos a tratar, não somente destes (Bíblia e intérprete), mas de todos
os elementos do círculo hermenêutico numa perspectiva de missão integral, como acreditamos
ser o principal objetivo do Espírito Santo no processo hermenêutico.
O Espírito Santo e a situação histórica do intérprete
Não se pode negar de forma alguma que todo intérprete, seja como intérprete da Bíblia ou
da vida de modo geral, é fruto de sua época, influenciado por todos os fatores e ditames do
seu tempo e de seu contexto histórico. No que se refere à Bíblia, em especial, milhares de anos
e circunstâncias culturais separam o intérprete das Escrituras Sagradas. O Espírito Santo sabe e
compreende estas diferenças. Dá ao intérprete a liberdade de se aproximar da Palavra de Deus
com todos os seus pressupostos, embora não lhe dê o direito de fazer com que a Bíblia diga o
que ele gostaria que ela dissesse. Repitamos as já citadas palavras de René Padilla: "O esforço
para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma interpretação elaborada de antemão,
é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja qual for sua cultura" (14). A
Bíblia é a voz do Espírito ao povo de Deus. E somente direcionado pelo Espírito, mediante a
Palavra, é que o interprete se tornará profeta e portador fiel da mensagem do Espírito Santo de
Deus.
O Espírito Santo e a cosmovisão do intérprete
Nada melhor do que o próprio intérprete para interpretar a realidade em que vive. Na
perspectiva de sua cosmovisão ele pode aplicar os princípios bíblicos à realidade que vê e
sente, pois a sua missão não é formular meras doutrinações, mas extrair da Bíblia as aplicações
e implicações práticas da sã doutrina para seu povo. A menos que se prejudique o significado
original das Escrituras, a cosmovisão do intérprete é válida e sustentada pelo Espírito Santo. A
Bíblia não seria o que é, como Palavra de Deus, se não fosse aplicável em todas as épocas por
quem vive a vida no seu próprio contexto. "O propósito do processo interpretativo é a
transformação do povo de Deus em sua situação concreta" (15).
O Espírito Santo e a Bíblia
O Espírito Santo é o mediador do diálogo entre as Escrituras e o contexto histórico
contemporâneo. A Bíblia fala hoje porque é a voz do Espírito de Deus. O Deus que falou no
passado continua falando hoje em dia a toda a humanidade, através das Escrituras. A
mensagem bíblica de transformação do indivíduo e da sociedade, mediante a vocação de
homens e mulheres para proclamarem o evangelho de Jesus Cristo aos homens e mulheres do
nosso tempo, é a dinâmica do Espírito Santo.
O Espírito Santo e a Teologia
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O Espírito Santo é a fonte de toda teologia bíblica sadia. E para que uma teologia seja
verdadeiramente bíblica, e expresse a mente do Espírito, precisa ser,
necessariamente, uma teologia de contexto, como costumava enfatizar Orlando Costas em
seus livros e artigos (16). A teologia deve ser o resultado de uma interpretação fiel da Bíblia,
pois só assim tocaremos o coração do povo. E esse deve ser o nosso maior objetivo: fazer uma
teologia que toque o coração do povo. Uma teologia que atenda os anseios e necessidades do
indivíduo e da sociedade. Enfim, uma teologia bíblica contemporânea e contextualizada que nos
faça compreender que o Deus transcendente também é o Deus imanente que tem cuidado de
nós, em todos os níveis imagináveis.
NOTAS
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
___________. Princípios de Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro: Juerp, 1985.
ALMEIDA, A; Manual de Hermenêutica Sagrada. São Paulo: CEP, 1985.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. São Paulo: CPAD, 1996.
29
Avaliação de Hermenêutica do Texto Sagrado — Módulo 30-A
Aluno: ______________________________ Matrícula_________
Cidade ________________ UF ____________ Data ___________
PREZADO ALUNO:
* Estude o módulo e entregue esta avaliação respondida sem rasura
* Não copie do colega e responda com caneta azul ou preta
01. Trabalho de Pesquisa (50% da nota total): Faça a exegese de Mateus 13:24-30
(A Parábola do Trigo e do Joio).
02. Questionário (50%).
QUESTIONÁRIO
05 — Por que conhecer as línguas bíblicas originais será de grande ajuda para a
interpretação bíblica?
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10 — Qual sua exegese de João 1:1? Procure abordar os aspectos histórico, gramatical e
teológico.
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