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PMSP/SMC/DPH São Paulo, julho/outubro de 2009 Ano 5 N.2526
Abertura | Biblioteca | CCAD | Estudos e Pesquisas I e II | Logradouros | Manuscritos | Ns.anteriores
No começo de janeiro de 1873, a Comissão de Obras Públicas da Câmara de São
Paulo, constituída por vereadores que terminavam o seu mandato, apresentou
relatório aos edis do novo quatriênio. Foram então relacionados os
melhoramentos públicos que haviam sido executados no ano imediatamente
anterior, entre eles, o apedregulhamento de várias ruas centrais, com guias de
cantaria e criação de bueiros; a execução do alargamento da Ladeira de Santo
Antônio (atual Rua Dr. Falcão) e a desapropriação de casas pertencentes à Igreja
do Rosário dos Homens Pretos para a criação de um novo logradouro, o futuro
Largo do Rosário. Haviam sido desapropriados igualmente imóveis na Rua de
Imperatriz (15 de Novembro) para alargamento do começo dessa rua, na
esquina da atual Rua Anchieta, e executadas ainda obras diversas nas Freguesias
do Brás, de Santa Ifigênia e da Consolação, não deixando de acrescentar a
comissão que as principais praças e arrabaldes da cidade haviam sido também
objeto de arborização. Muitas das obras necessárias à cidade, no entanto, não
haviam sido sequer iniciadas, pois estavam no aguardo do aumento dos recursos
municipais, como era o caso da desapropriação da casa existente entre o Largo
da Cadeia (São Gonçalo, atual Praça João Mendes) e o Largo 7 de Setembro,
antigo do Pelourinho.
Com a posse dos novos vereadores, um deles, Dr. Mariano José da Silva Ramos,
eleito para membro da Comissão de Obras da Câmara, propôs que se adotasse
um método sistemático para a realização dos melhoramentos materiais do
Município. Todas as obras mais urgentes e de maior utilidade pública deveriam
ser indicadas com brevidade, e, uma vez acompanhadas de um orçamento
provável, apresentadas ao presidente da província Dr. João Teodoro. Este se
mostrava disposto a obter um auxílio da Assembléia Provincial, visto o mau
estado em que haviam sido recebidos os cofres municipais pela Câmara recém
empossada. Depois de organizada essa relação de obras urgentes e de maior
utilidade pública, seriam as obras numeradas e sorteada a ordem pelas qual
seriam executadas. Estranho expediente este proposto por Silva Ramos, fruto a
que tudo indica da impossibilidade de estabelecerem os vereadores, por
consenso, critérios de prioridade em relação às mais urgentes realizações
municipais.
A relação que deveria ser enviada ao presidente da província, apresentada na
sessão do dia 30 de janeiro, constava de 16 itens, aos quais se somaram outros
seis apresentados em aditamento na sessão seguinte (3 de fevereiro). As obras
em geral envolviam desapropriações tanto para a regularização ou prolongação
viária, quanto para a abertura de novas ruas. Incluíam a adoção de um novo, e
caro, sistema de pavimentação nas vias mais centrais, a paralelepípedo; a
construção de um novo matadouro e de um novo mercado de verduras, além da
realização de obras de regularização no Morro do Carmo, com tabuleiros de
muros de pedra, escadas e arborização. Sugeriram ainda os vereadores que
melhor seria que o presidente conseguisse na Assembleia a liberação de um
empréstimo de 100 contos de réis para a Câmara fazer face às despesas mais
urgentes.
A partir de maio desse ano, começam a aparecer nas Atas as primeiras
providências para o início das obras municipais consideradas mais necessárias.
Imóveis na Rua da Imperatriz seriam desapropriados e demolidos para a
abertura do futuro Largo do Mercadinho (atual Praça Padre Manuel da Nóbrega).
Seriam publicados os primeiros editais chamando a concorrência para apresentar
propostas para o calçamento a paralelepípedo das mais importantes vias centrais
(Ruas Direita, São Bento e Imperatriz). Também seriam aprovados
melhoramentos viários no Pátio de São Gonçalo e declarada a desapropriação do
imóvel entre o Pátio de São Gonçalo e o do Pelourinho para a regularização da
comunicação entre esses dois espaços públicos. Pouco depois seriam principiadas
as demolições na Rua das Casinhas para dar lugar ao futuro Mercado de
Verduras. Em meados do ano, o primeiro código de posturas paulistano aprovado
em 14 de Maio de 1873 suscitava enérgicas queixas de uma população
desacostumada a observar normas municipais. Considerado muito rigoroso, seria
revisto e, mais tarde, substituído pelo Código de 1875.
Presidente da Câmara a partir fins de 13 de fevereiro de 1873, Dr. Mariano José
da Silva Ramos era amigo, e, provavelmente, correlegionário do presidente da
Província. A substituição do coronel Proost Rodovalho por Silva Ramos se deu,
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provavelmente, para propiciar o maior estreitamento das relações entre o
governo provincial e a administração municipal da Capital.
Grande parte das energias da Câmara estavam então voltadas para a tentativa
de construir o novo matadouro da cidade, iniciativa que acabaria não dando
certo. A arborização de ruas e praças continuava como uma preocupação
constante da administração municipal, a ponto de o presidente da Câmara
cogitar mandar buscar palmeiras imperiais na Corte para com elas adornar os
espaços públicos da cidade. Por seu lado, o governo provincial desapropriava os
imóveis necessários para que a Câmara pudesse realizar seus projetos de
regularização e de prolongamento viários. As obras municipais mais significativas
da época talvez fossem as de calçamento a paralelepípedo, executadas com o
granito extraído dos morros de Santos, mas sem dúvida a obra mais notória e
controversa do período seria a construção do Mercado Novo, depois
transformado em Palácio do Tesouro Provincial.
No relatório presidencial apresentado em 14 de fevereiro em 1874, João Teodoro
enumerou os vários trabalhos executados por seu governo na Capital durante o
ano anterior: a abertura de uma extensa rua na Luz, com 1144 m de
comprimento e com 18 m de largura, para isolar lateralmente o prédio da futura
Cadeia, construção que afinal não seria erguida no lugar então planejado, em
frente à Penitenciaria (Rua do Jardim, depois João Teodoro, via que pôs em
comunicação o bairro da Luz e a Freguesia do Brás); os “notáveis”
melhoramentos nas Ruas do Pari, do Gasômetro e do extenso aterrado desse
nome, com 2000 m de comprimento e com cerca de 12 de largura; o
alargamento e calçamento da Rua Municipal, continuação do Rua do Gasômetro
e do aterrado; os trabalhos de segurança da face lateral do Palácio do Governo
com gigantes de pedra e tijolos ao longo da Rua Municipal, atual General
Carneiro (obra demolida conjuntamente com a ala setecentista do colégio
jesuítico em 1881, para a reconstrução do palácio do Governo, pelo engenheiro
francês Eusébio Stevaux); a construção e arborização de um passeio em frente
ao Mercado Municipal, com a criação da Ilha dos Amores; as providências para
garantir a “beleza” e segurança do Morro do Carmo, por meio de uma série de
terraços executados na encosta dessa elevação, no lugar das ruinosas muralhas
de pedra construídas na década de 1860 e deixadas inacabadas; a abertura da
Rua do Hospício até a Mooca, trabalho dispendioso por causa das escavações
efetuadas no Morro da Tabatinguera, que possibilitaram abrir um largo em frente
ao manicômio; a abertura da Rua Conde D’Eu (hoje Glicério), de 982 m e 13 m
de largura, considerada caminho natural para o bairro do Ipiranga; a abertura da
rua nova que regularizou o Largo do Curro (interligação das Ruas 7 de Abril e do
Arouche, que “ facilitou a comunicação entre o bairro da Consolação e o bairro
do Arouche” (o traçado dessa rua de fato já existia, pois nada mais era que um
trecho do antigo caminho de Jundiaí e Campinas, apenas regularizado e
arborizado); a construção de cinco pontes com alicerces de pedra e mais 16
pontilhões e bueiros; e, finalmente, a reforma do Jardim Público, iniciada com a
arborização do local e finalizada com a construção de elementos arquitetônicos
decorativos, tais como chalés e a torre do mirante, anos mais tarde (1886)
transformado em observatório meteorológico.
Pelas Atas da Câmara datadas de 1874, vemos que os trabalhos de arborização
de ruas e largos tiveram continuidade nesse ano; inaugurouse o chafariz 7 de
Setembro no Largo do Rosário; prolongouse a Rua Triste, depois Conceição e
hoje Avenida Cásper Líbero; e executaramse os trabalhos para abertura das
Ruas Conde d’Eu e do Hospício, vias que complementariam o anel iniciado em
1855 com a abertura da Rua Formosa (ver a esse respeito no Informativo AHM
n.20 o texto analítico referente à planta n.9, datada de 1881), além de obras no
lado esquerdo da Rua do Gasômetro para regularização e alargamento dessa via.
Ocasião em que foi refeita em alvenaria a ponte de madeira construída em 1872
pelo empreiteiro português Manuel Ferreira Leal. Como vimos no texto relativo à
Seção de Estudos e Pesquisas, a nova ponte, a cargo de Antônio Bernardo
Quartim, logo apresentou defeitos de construção e teve de ser reconstruída.
Todas as obras acima citadas podem ser facilmente observadas na planta
executada em 1877 pelo litógrafo Jules Martin e pelo engenheiro santista
Fernando de Albuquerque (ver planta n.8 do Informativo AHM n. 20). Ainda nas
Atas referentes ao ano de 1875, há menção à inauguração do chafariz 25 de
Janeiro, ocorrida nesse dia em pleno Largo do Carmo.
Analisando o conjunto de obras públicas executadas em São Paulo no curto
espaço de quase dois anos e meio de governo (21 de dezembro de 187229 de
maio de 1875), verificamos que João Teodoro, de fato, se esforçou ao máximo
para coadjuvar a Câmara de vereadores paulistana na realização dos vários
melhoramentos previstos pela administração municipal. A maioria das obras
haviam sido indicadas pela própria Câmara, algumas já cogitadas em quatriênios
anteriores, mas nunca realizadas em razão da crônica falta de recursos. O que se
constata, porém, é que naquela época os políticos não dispunham de uma visão
abrangente dos problemas da cidade para o estabelecimento de coerentes
diretrizes de atuação, nem conseguiam, por vezes, estabelecer prioridades, o
que fez com que o futuro presidente da Câmara Silva Ramos, num primeiro
momento, chegasse a sugerir de modo ingênuo o sistema de sorteio pelo qual as
obras municipais deveriam ser realizadas.
Na verdade, aquele era um tempo em quem a precipitação, ou improvisação, a
incompetência e a falta de recursos andavam juntas, em todas as esferas de
atuação do poder público, envolvendo tanto os políticos, quanto o corpo técnico
atuante nos órgãos públicos, os empreiteiros contratados e os trabalhadores em
geral. Nem o presidente João Teodoro, cuja atuação chegou a ser qualificada de
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forma exagerada pela historiografia tradicional como sendo a de um verdadeiro
urbanista, tinha idéia mais clara que os demais acerca de como deveriam ser
enfrentadas as obras municipais da Capital.
Os trabalhos executados, em sua maioria, não passavam de simples
intervenções pontuais, meras tentativas cosméticas, em geral desvinculadas
umas das outras, tendo como objetivo comum atenuar – ou disfarçar –, o ar
decididamente provinciano que a Capital paulista insistia em continuar
apresentando naquela altura. Embora a Província de São Paulo estivesse
submetida a um rápido processo de enriquecimento, graças ao amplo
florescimento do ciclo agroexportador do momento, baseado no café, a situação
da Capital era ainda bastante precária: desprovida de obras de infraestrutura
(redes de água canalizada e esgoto); com a iluminação a gás apenas incipiente
(inaugurada em 1872); sob a orientação técnica de profissionais diplomados,
mas muito jovens e pouco experientes (cuja opinião era em geral ignorada pelo
presidente de Província, que preferia estribarse na de seus protegidos leigos);
com o sistema métrico decimal recémadotado (1874) e não existindo sequer
uma boa e atualizada planta cadastral da cidade que orientasse quer a
implementação das tão ansiadas obras públicas municipais, quer a distribuição
de datas que o governo provincial exigia que se fizesse ao longo das ruas recém
abertas.
Mas, na verdade, o pior de tudo no serviço público eram o desperdício, a
improbidade, e, principalmente, o acobertamento por parte das autoridades
provinciais das sucessivas malversações cometidas por amigos e correligionários
políticos. Infelizmente, em alguns lugares do Brasil as coisas hoje não são muito
diferentes...
Arq. Eudes Campos
Seção Técnica de Estudos e Pesquisas
FONTES PRIMÁRIAS IMPRESSAS:
ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. São Paulo: Archivo
Municipal de S.Paulo/ Departamento de Cultura, 19141951.72v.
(período consultado: 18701875, v.5661)
[Relatórios presidenciais da Província de São Paulo. Intervalo consultado:
18731875]
FONTE SECUNDÁRIA
* * *
Fig.1 Vista do Largo do Mercadinho, criado em 1873,
hoje Praça Padre Manuel da Nóbrega,
em foto datada provavelmente de 1877.
Autor não identificado.
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Ao fundo, à direita, na esquina da Rua da Imperatriz (Quinze de Novembro) com
a Rua das Casinhas, depois chamada de Palácio, notase a fachada lateral do
Palácio do Tesouro Provincial, em fase de finalização. A arcada térrea do
projetado mercado de verduras do lado da Rua da Imperatriz aparece entaipada
e as platibandas, erguidas.
Ao ordenar o reforço estrutural dos arcos em fevereiro de 1875, o presidente
João Teodoro determinou também que nos extremos do piso térreo do prédio
fossem feitos dois salões para o serviço público, o que resultou no fechamento
dos arcos voltados para duas ruas (da Imperatriz e do Comércio). Mais tarde, o
presidente Sebastião José Pereira mandaria tapar os arcos restantes e erguer as
platibandas, pois a construção não mais seria destinada a mercado, sendo a
partir de então ocupada pela Escola Normal e Tesouro Provincial.
Os vãos singelos do primeiro andar seriam a seguir transformados em janelas de
sacada, pois assim apareciam em foto de 1887.
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
Fig.2 Chafariz 7 de Setembro instalado no Largo do Rosário,
logradouro municipal aberto em 1872.
Foto de autor não identificado, datada entre 1878 e 1883.
À esquerda, observase o Chafariz Sete de Setembro, projetado em 1874 pelo
engenheiro militar Henrique Luís de Azevedo Marques. Segundo afirmava
maldosamente Antônio Bernardo Quartim, seu autor foi incapaz de construílo de
modo adequado. O chafariz teve de ser desmontado e reconstituído.
A datação desta foto foi feita levandose em consideração a existência, ao fundo,
à direita, na Rua de São Bento, do volumoso edifício do Grande Hotel,
inaugurado em 1878 e, à extrema direita, em primeiro plano, na esquina da
Ladeira de São João, de uma pequena construção térrea com três portas,
demolida em 1883 para dar lugar a um sobrado de autoria de Mateus Häussler,
onde, na passagem do século, esteve sediada a Chapelaria Alberto.
Fonte: SÃO PAULO antigo e São Paulo moderno, 15541904. São Paulo:
Vanorden e Co. [1905].
Fig.3 Vista do aterrado do Gasômetro, na Várzea do Carmo,
datada de 1883, tendo em primeiro plano a ponte de alvenaria construída pelo
capitão Antônio Bernardo Quartim em 1874.
Desenho assinado por W. K., outrora pertencente à coleção do historiador Ernani
Silva Bruno (19131986).
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Fonte: CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos. An. mus. paul. [online]. 2008,
vol.16, n.1 [cited 20100131], pp. 47108 .
Available from: <http://www.scielo.br>. ISSN 01014714. doi: 10.1590/S0101
47142008000100003.
Fig.4 Jardim Público da Luz, depois das reformas mandadas empreender pelo
presidente João Teodoro, tal como aparece na planta da cidade de São Paulo de
1877, executada por Jules Martin e pelo engenheiro Fernando de Albuquerque.
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Assembléia Legislativa. São Paulo; a imperial
cidade e a Assembléia Legislativa Provincial. São Paulo: Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo, 2005. 139 p.
Fig.5 Esquema representando o primeiro anel perimetral criado em torno da
cidade de São Paulo em meados do século XIX.
Construído entre 1855 e 1880, era formado basicamente pela Rua Formosa
(1855), Rua 25 de Março (1858, primeira fase; 1869, segunda fase), Rua
Riachuelo (18671868) e Ruas do Hospício (1873), atual Frederico Alvarenga, e
do Conde d’Eu (1875), a Glicério de nossos dias, abertas estas duas últimas no
tempo de João Teodoro. Todas vistas aqui em vermelho.
Em rosa, observamos trechos viários preexistentes ou posteriores que,
supostamente, interligavam as vias acima citadas, completando o anel.
A autoria do primeiro anel perimetral paulistano não pode ser atribuída a
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nenhum nome em particular. Foi antes o resultado de um esforço coletivo,
produzido ao longo de décadas no âmago da Câmara Municipal. Tratase,
provavelmente, da prova mais contundente de que era possível, sim, durante o
Império, haver uma visão de conjunto da cidade para a adoção de determinadas
soluções urbanísticas. O problema era que, por falta de verbas e de empenho, as
obras se arrastavam indefinidamente. No caso do anel viário, as obras
demoraram tanto que ao serem concluídas já não produziram nenhum efeito. O
anel fora concebido para interligar as várias saídas da cidade e assim afastar o
trânsito de tropas e carros de boi das vias mais centrais. Ao ser concluído, esse
problema já estava, ao menos momentaneamente, superado pelas ferrovias, que
agora transportavam o grosso das mercadorias quer em direção ao litoral, quer
em direção ao interior.
Em 1880, foi aberta por iniciativa particular a Rua Tamandaré, que também fazia
parte do citado sistema viário, na medida em que interligava a Rua da Liberdade
à Várzea do Tamanduateí.
Como base para a apresentação do esquema foi usada a Planistória, planta
histórica da cidade de São Paulo concebida pelo historiador Afonso de Freitas.
Autoria arq. Eudes Campos, 2010.
Fig.6 Canudo de João Teodoro, construído em 1874.
Foto de autor não identificado, provavelmente datada da época da demolição da
obra em 1900.
Tosca construção de aparência neoclássica erguida no Jardim Público por Antônio
Bernardo Quartim. De utilidade duvidosa, o edifício de 20 m de altura, logo saiu
do prumo, tornandose uma espécie de torre de Pisa paulistana. O projeto da
obra pode ser devido ao engenheiro provincial Henrique Luís de Azevedo
Marques ou, quem sabe, ao próprio Quartim. Em 1886 nele foi instalado um
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observatório meteorológico, que recebeu o nome de João Teodoro. Demolido em
1900, por ordem do prefeito Antônio Prado.
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
Fig.7 Ilha dos Amores, desenho executado a partir de antiga fotografia.
Desenho sem data, de autoria de Martins Jesus.
Aí se pode distinguir a pontezinha que ligava o passeio público à margem do Rio
Tamanduateí; a luminária francesa com a figura de um pajem renascentista no
alto de um grosso pedestal de alvenaria e uma estrutura metálica decorativa a
cercar um tronco de árvore no cimo de uma elevação artificial.
Fonte: MOURA, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora. Belo Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980. 306 p.
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Fig.8 Ilha dos Amores, conforme planta da cidade de 1877.
Autoria do litógrafo francês Jules Martin e do engenheiro Fernando de
Albuquerque.
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
http://www.arquiamigos.org.br/info/info25-26/i-logra.htm 8/12
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Fig.9 a 11 Monumentos monumentaes da Imperial Cidade de S. Paulo.
Caricatura da autoria de Nicolau de Huascar de Vergara
publicada n’O Polichinello, em 1876, sobre as obras mais notáveis
então existentes da Capital.
Nos detalhes: a luminária em forma de pajem quinhentista que decorava a Ilha
dos Amores; a estrutura metálica ornamental a cercar um tronco de árvore,
implantada no topo de uma elevação artificial localizada nesse mesmo passeio
público, e a sede do mercado de verduras e escola normal, onde as grossas
colunas do pórtico térreo, naquela altura ainda visíveis, aparecem sob a forma de
imensas patas de elefante.
Fonte: O POLICHINELLO. São Paulo, n.18, 1876.
http://www.arquiamigos.org.br/info/info25-26/i-logra.htm 9/12
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Fig. 12 Litogravura de autoria do artista francês Jules Martin,
datada de 1875, mostrando a cidade a partir da Várzea do Tamanduateí, tendo
ao fundo obras do tempo de João Teodoro:
Ilha dos Amores e terraços no Morro do Carmo.
Fonte: REIS, Nestor Goulart. São Paulo Vila Cidade Metrópole. São Paulo: Via
das Artes, 2004.
Fig.13 Pormenor da imagem anterior,
em que é possível observar a partir da extrema esquerda:
a ponte do Carmo (18051808); a Ilha dos Amores (1874), com suas
construções e elementos decorativos (chalés, estrutura metálica em forma de
pavilhão em torno de um tronco de árvore e luminária em forma de pajem) e,
em primeiro plano, o aterrado do Gasômetro, reformado por João Teodoro, com
sua arborização e pontes, entre elas, a construída por Antônio Bernardo Quartim
em 1874, à extrema direita, provida de dois vãos. Ao fundo, à esquerda, é
possível discernir os taludes e os terraços executados no Morro do Carmo. Obra
feita à custa do governo da Província para atender a uma solicitação da Câmara
Municipal.
Fonte: REIS, Nestor Goulart. São Paulo Vila Cidade Metrópole. São Paulo: Via
das Artes, 2004.
Abertura
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Fig.14Luminária de ferro fundido representando um pagem do século XVI,
implantada originalmente na Ilha dos Amores, depois transferida para o Largo do
Arouche.
Foto de autor não identificado, da década de 1920.
A peça atualmente decora o jardim do Cejur, Centro de Estudos Jurídicos, da
Prefeitura, sito na Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Ver mais sobre essa
luminária no Informativo AHM n.º 4, no texto Jardins Públicos paulistanos no
tempo de João Teodoro, de nossa autoria.
Fonte: MOURA, Paulo Cursino de. São Paulo de outrora Belo Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980. 306 p.
Para citação adote:
CAMPOS, Eudes. Melhoramentos públicos executados
na capital paulista durante a presidência de João Teodoro
INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 5 (2526): jul/out.2009
<http://www.arquivohistorico.sp.gov.br>
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