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21/11/2017 Informativo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís - Número 25-26 - julho/outubro 2009

 
PMSP/SMC/DPH São Paulo, julho/outubro de 2009 Ano 5 N.25­26 

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LOGRADOUROS Melhoramentos  públicos  executados  na  capital  paulista  durante  a *Roteiro para leitura


presidência de João Teodoro  
 

No começo de janeiro de 1873, a Comissão de Obras Públicas da Câmara de São
Paulo,  constituída  por  vereadores  que  terminavam  o  seu  mandato,  apresentou
relatório  aos  edis  do  novo  quatriênio.  Foram  então  relacionados  os
melhoramentos  públicos  que  haviam  sido  executados  no  ano  imediatamente
anterior,  entre  eles,  o  apedregulhamento  de  várias  ruas  centrais,  com  guias  de
cantaria  e  criação  de  bueiros;  a  execução  do  alargamento  da  Ladeira  de  Santo
Antônio (atual Rua Dr. Falcão) e a desapropriação de casas pertencentes à Igreja
do  Rosário dos  Homens  Pretos  para  a  criação  de  um  novo  logradouro,  o  futuro
Largo  do  Rosário.  Haviam  sido  desapropriados  igualmente  imóveis  na  Rua  de
Imperatriz  (15  de  Novembro)  para  alargamento  do  começo  dessa  rua,  na
esquina da atual Rua Anchieta, e executadas ainda obras diversas nas Freguesias
do  Brás,  de  Santa  Ifigênia  e  da  Consolação,  não  deixando  de  acrescentar  a
comissão  que  as  principais  praças  e  arrabaldes  da  cidade  haviam  sido  também
objeto  de  arborização.  Muitas  das  obras  necessárias  à  cidade,  no  entanto,  não
haviam sido sequer iniciadas, pois estavam no aguardo do aumento dos recursos
municipais, como era o caso da desapropriação da casa existente entre o Largo
da  Cadeia  (São  Gonçalo,  atual  Praça  João  Mendes)  e  o  Largo  7  de  Setembro,
antigo do Pelourinho.
 
Com a posse dos novos vereadores, um deles, Dr. Mariano José da Silva Ramos,
eleito para  membro da Comissão de Obras da Câmara, propôs que se adotasse
um  método  sistemático  para  a  realização  dos  melhoramentos  materiais  do
Município.  Todas  as  obras  mais  urgentes  e  de  maior  utilidade  pública  deveriam
ser  indicadas  com  brevidade,  e,  uma  vez  acompanhadas  de  um  orçamento
provável,  apresentadas  ao  presidente  da  província  Dr.  João  Teodoro.  Este  se
mostrava  disposto  a  obter  um  auxílio  da  Assembléia  Provincial,  visto  o  mau
estado em  que haviam  sido recebidos  os  cofres municipais pela Câmara  recém­
empossada.  Depois  de  organizada  essa  relação  de  obras  urgentes  e  de  maior
utilidade  pública,  seriam  as  obras  numeradas  e  sorteada  a  ordem  pelas  qual
seriam executadas. Estranho expediente  este proposto  por  Silva  Ramos, fruto  a
que  tudo  indica  da  impossibilidade  de  estabelecerem  os  vereadores,  por
consenso,  critérios  de  prioridade  em  relação  às  mais  urgentes  realizações
municipais.
 
A  relação  que  deveria  ser  enviada  ao  presidente  da  província,  apresentada  na
sessão do dia 30 de janeiro, constava de 16 itens, aos quais se somaram outros
seis apresentados em aditamento na sessão seguinte (3 de fevereiro). As obras
em  geral envolviam  desapropriações tanto  para  a  regularização  ou  prolongação
viária, quanto para a abertura de novas ruas. Incluíam a adoção de um novo, e
caro,  sistema  de  pavimentação  nas  vias  mais  centrais,  a  paralelepípedo;  a
construção de um novo matadouro e de um novo mercado de verduras, além da
realização  de  obras  de  regularização  no  Morro  do  Carmo,  com  tabuleiros  de
muros  de  pedra,  escadas  e  arborização.  Sugeriram  ainda  os  vereadores  que
melhor  seria  que  o  presidente  conseguisse  na  Assembleia  a  liberação  de  um
empréstimo  de  100  contos  de  réis  para  a  Câmara  fazer  face  às  despesas  mais
urgentes.
 
A  partir  de  maio  desse  ano,  começam  a  aparecer  nas  Atas  as  primeiras
providências  para  o  início  das  obras  municipais  consideradas  mais  necessárias.
Imóveis  na  Rua  da  Imperatriz  seriam  desapropriados  e  demolidos  para  a
abertura do futuro Largo do Mercadinho (atual Praça Padre Manuel da Nóbrega).
Seriam publicados os primeiros editais chamando a concorrência para apresentar
propostas para o calçamento a paralelepípedo das mais importantes vias centrais
(Ruas  Direita,  São  Bento  e  Imperatriz).  Também  seriam  aprovados
melhoramentos viários no Pátio de São Gonçalo e declarada a desapropriação do
imóvel  entre  o  Pátio  de  São  Gonçalo  e  o  do  Pelourinho  para  a  regularização  da
comunicação entre esses dois espaços públicos. Pouco depois seriam principiadas
as  demolições  na  Rua  das  Casinhas  para  dar  lugar  ao  futuro  Mercado  de
Verduras. Em meados do ano, o primeiro código de posturas paulistano aprovado
em  14  de  Maio  de  1873  suscitava  enérgicas  queixas  de  uma  população
desacostumada a observar normas municipais. Considerado muito rigoroso, seria
revisto e, mais tarde, substituído pelo Código de 1875.
 
Presidente da Câmara a partir fins de 13 de fevereiro de 1873, Dr. Mariano José
da  Silva  Ramos  era  amigo,  e,  provavelmente,  correlegionário  do  presidente  da
Província.  A  substituição  do  coronel  Proost  Rodovalho  por  Silva  Ramos  se  deu,

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provavelmente,  para  propiciar  o  maior  estreitamento  das  relações  entre  o
governo provincial e a administração municipal da Capital.
 
Grande  parte  das  energias  da  Câmara  estavam  então  voltadas  para  a  tentativa
de  construir  o  novo  matadouro  da  cidade,  iniciativa  que  acabaria  não  dando
certo.  A  arborização  de  ruas  e  praças  continuava  como  uma  preocupação
constante  da  administração  municipal,  a  ponto  de  o  presidente  da  Câmara
cogitar  mandar  buscar  palmeiras  imperiais  na  Corte  para  com  elas  adornar  os
espaços públicos da cidade. Por seu lado, o governo provincial desapropriava os
imóveis  necessários  para  que  a  Câmara  pudesse  realizar  seus  projetos  de
regularização e de prolongamento viários. As obras municipais mais significativas
da época  talvez  fossem  as  de  calçamento  a  paralelepípedo,  executadas  com  o
granito  extraído  dos  morros  de  Santos,  mas  sem  dúvida  a  obra  mais  notória  e
controversa  do  período  seria  a  construção  do  Mercado  Novo,  depois
transformado em Palácio do Tesouro Provincial. 
 
No relatório presidencial apresentado em 14 de fevereiro em 1874, João Teodoro
enumerou os vários trabalhos executados por seu governo  na Capital durante o
ano  anterior:  a  abertura  de  uma  extensa  rua  na  Luz,  com  1144  m  de
comprimento e com 18 m de largura, para isolar lateralmente o prédio da futura
Cadeia,  construção  que  afinal  não  seria  erguida  no  lugar  então  planejado,  em
frente  à  Penitenciaria  (Rua  do  Jardim,  depois  João  Teodoro,  via  que  pôs  em
comunicação  o  bairro  da  Luz  e  a  Freguesia  do  Brás);  os  “notáveis”
melhoramentos  nas  Ruas  do  Pari,  do  Gasômetro  e  do  extenso  aterrado  desse
nome,  com  2000  m  de  comprimento  e  com  cerca  de  12  de  largura;  o
alargamento e calçamento da Rua Municipal, continuação do Rua do Gasômetro
e do aterrado; os trabalhos de segurança  da face  lateral do Palácio do  Governo
com  gigantes  de  pedra  e  tijolos  ao  longo  da  Rua  Municipal,  atual  General
Carneiro  (obra  demolida  conjuntamente  com  a  ala  setecentista  do  colégio
jesuítico em 1881, para a reconstrução do palácio do Governo, pelo engenheiro
francês  Eusébio  Stevaux); a construção  e arborização  de um  passeio  em  frente
ao  Mercado  Municipal,  com  a  criação  da  Ilha  dos  Amores;  as  providências  para
garantir a  “beleza”  e  segurança  do  Morro  do  Carmo,  por  meio  de  uma  série  de
terraços executados na encosta dessa elevação, no lugar das ruinosas muralhas
de  pedra  construídas  na  década  de  1860  e  deixadas  inacabadas;  a abertura  da
Rua  do  Hospício  até  a  Mooca,  trabalho  dispendioso  por  causa  das  escavações
efetuadas no Morro da Tabatinguera, que possibilitaram abrir um largo em frente
ao manicômio; a abertura da Rua Conde D’Eu (hoje Glicério), de 982 m e 13 m
de largura, considerada caminho natural para o bairro do Ipiranga; a abertura da
rua nova que regularizou o Largo do Curro (interligação das Ruas 7 de Abril e do
Arouche,  que  “  facilitou  a  comunicação  entre  o  bairro  da  Consolação  e o bairro
do Arouche” (o traçado dessa rua de fato já existia, pois nada mais era que um
trecho  do  antigo  caminho  de  Jundiaí  e  Campinas,  apenas  regularizado  e
arborizado);  a  construção  de  cinco  pontes  com  alicerces  de  pedra  e  mais  16
pontilhões e bueiros; e, finalmente, a reforma do Jardim Público, iniciada com a
arborização  do  local  e  finalizada  com  a  construção  de  elementos  arquitetônicos
decorativos,  tais  como  chalés  e  a  torre  do  mirante,  anos  mais  tarde  (1886)
transformado em observatório meteorológico. 
 
Pelas Atas da Câmara datadas de 1874, vemos que os trabalhos de arborização
de  ruas  e  largos  tiveram  continuidade  nesse  ano;  inaugurou­se  o  chafariz  7  de
Setembro  no  Largo  do  Rosário;  prolongou­se  a  Rua  Triste,  depois  Conceição  e
hoje  Avenida  Cásper  Líbero;  e  executaram­se  os  trabalhos  para  abertura  das
Ruas  Conde  d’Eu  e  do  Hospício,  vias  que  complementariam  o  anel  iniciado  em
1855 com a abertura  da Rua Formosa  (ver  a esse respeito  no Informativo  AHM
n.20 o texto analítico referente à planta n.9, datada de 1881), além de obras no
lado esquerdo da Rua do Gasômetro para regularização e alargamento dessa via.
Ocasião em que foi refeita em alvenaria a ponte de madeira construída em 1872
pelo empreiteiro português Manuel Ferreira Leal. Como vimos no texto relativo à
Seção  de  Estudos  e  Pesquisas,  a  nova  ponte,  a  cargo  de  Antônio  Bernardo
Quartim, logo apresentou defeitos de construção e teve de ser reconstruída. 
 
Todas  as  obras  acima  citadas  podem  ser  facilmente  observadas  na  planta
executada  em  1877  pelo  litógrafo  Jules  Martin  e  pelo  engenheiro  santista
Fernando de Albuquerque (ver planta n.8 do Informativo AHM n. 20). Ainda nas
Atas  referentes  ao  ano  de  1875,  há  menção  à  inauguração  do  chafariz  25  de
Janeiro, ocorrida nesse dia em pleno Largo do Carmo.
 
Analisando  o  conjunto  de  obras  públicas  executadas  em  São  Paulo  no  curto
espaço de quase dois anos e meio de governo (21 de dezembro de 1872­29  de
maio  de  1875),  verificamos  que  João  Teodoro,  de  fato,  se  esforçou  ao  máximo
para  coadjuvar  a  Câmara  de  vereadores  paulistana  na  realização  dos  vários
melhoramentos  previstos  pela  administração  municipal.  A  maioria  das  obras
haviam sido indicadas pela própria Câmara, algumas já cogitadas em quatriênios
anteriores, mas nunca realizadas em razão da crônica falta de recursos. O que se
constata, porém, é que naquela época os políticos não dispunham de uma visão
abrangente  dos  problemas  da  cidade  para  o  estabelecimento  de  coerentes
diretrizes  de  atuação,  nem  conseguiam,  por  vezes,  estabelecer  prioridades,  o
que  fez  com  que  o  futuro  presidente  da  Câmara  Silva  Ramos,  num  primeiro
momento, chegasse a sugerir de modo ingênuo o sistema de sorteio pelo qual as
obras municipais deveriam ser realizadas.
 
Na verdade,  aquele era  um  tempo em  quem  a precipitação,  ou  improvisação, a
incompetência  e  a  falta  de  recursos  andavam  juntas,  em  todas  as  esferas  de
atuação do poder público, envolvendo tanto os políticos, quanto o corpo técnico
atuante nos órgãos públicos, os empreiteiros contratados e os trabalhadores em
geral. Nem o presidente João Teodoro, cuja atuação chegou a ser qualificada de
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forma  exagerada pela historiografia tradicional  como sendo  a de um  verdadeiro
urbanista,  tinha  idéia  mais  clara  que  os  demais  acerca  de  como  deveriam  ser
enfrentadas as obras municipais da Capital. 
 
Os  trabalhos  executados,  em  sua  maioria,  não  passavam  de  simples
intervenções  pontuais,  meras  tentativas  cosméticas,  em  geral  desvinculadas
umas  das  outras,  tendo  como  objetivo  comum  atenuar  –  ou  disfarçar  –,  o  ar
decididamente  provinciano  que  a  Capital  paulista  insistia  em  continuar
apresentando  naquela  altura.  Embora  a  Província  de  São  Paulo  estivesse
submetida  a  um  rápido  processo  de  enriquecimento,  graças  ao  amplo
florescimento do ciclo agroexportador do momento, baseado no café, a situação
da  Capital  era  ainda  bastante  precária:  desprovida  de  obras  de  infraestrutura
(redes de água canalizada e esgoto); com a iluminação a gás apenas incipiente
(inaugurada  em  1872);  sob  a  orientação  técnica  de  profissionais  diplomados,
mas muito jovens e pouco experientes (cuja opinião era em geral ignorada pelo
presidente  de  Província,  que  preferia  estribar­se  na  de  seus  protegidos  leigos);
com  o  sistema  métrico  decimal  recém­adotado  (1874)  e  não  existindo  sequer
uma  boa  e  atualizada  planta  cadastral  da  cidade  que  orientasse  quer  a
implementação  das  tão  ansiadas  obras  públicas  municipais,  quer  a  distribuição
de datas que o governo provincial exigia que se fizesse ao longo das ruas recém­
abertas. 
 
Mas,  na  verdade,  o  pior  de  tudo  no  serviço  público  eram  o  desperdício,  a
improbidade,  e,  principalmente,  o  acobertamento  por  parte  das  autoridades
provinciais das sucessivas malversações cometidas por amigos e correligionários
políticos. Infelizmente, em alguns lugares do Brasil as coisas hoje não são muito
diferentes...
 

Arq. Eudes Campos
Seção Técnica de Estudos e Pesquisas 
 

FONTES PRIMÁRIAS IMPRESSAS:

ATAS  DA  CÂMARA  MUNICIPAL  DE  SÃO  PAULO.  São  Paulo:  Archivo
Municipal  de  S.Paulo/  Departamento  de  Cultura,  1914­1951.72v.
(período consultado: 1870­1875, v.56­61)

[Relatórios presidenciais da Província de São Paulo. Intervalo consultado:
1873­1875]

FONTE SECUNDÁRIA

CAMPOS,  Eudes.  Arquitetura  paulistana  sob  o  Império:  aspectos  da


formação  da  cultura  burguesa  em  São  Paulo.  1997.  814  f.  Tese
(Doutorado  em  Arquitetura)  ­  Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997. 4 v.

* * *

A  seguir,  exibiremos  imagens  relativas  a  algumas  obras  realizadas  durante  o


governo  do  presidente  João  Teodoro  (21  de  dezembro  de  1872­29  de  maio  de
1875):
 

Fig.1­ Vista do Largo do Mercadinho, criado em 1873, 
hoje Praça Padre Manuel da Nóbrega, 
em foto datada provavelmente de 1877. 
Autor não identificado. 
 
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Ao fundo, à direita, na esquina da Rua da Imperatriz (Quinze de Novembro) com
a  Rua  das  Casinhas,  depois  chamada  de  Palácio,  nota­se  a  fachada  lateral  do
Palácio  do  Tesouro  Provincial,  em  fase  de  finalização.  A  arcada  térrea  do
projetado mercado de verduras do lado da Rua da Imperatriz aparece entaipada
e as platibandas, erguidas. 
 
Ao  ordenar  o  reforço  estrutural  dos  arcos  em  fevereiro  de  1875,  o  presidente
João  Teodoro  determinou  também  que  nos  extremos  do  piso  térreo  do  prédio
fossem  feitos  dois  salões  para  o  serviço  público,  o  que  resultou  no  fechamento
dos arcos voltados para duas ruas (da Imperatriz e do Comércio). Mais tarde, o
presidente Sebastião José Pereira mandaria tapar os arcos restantes e erguer as
platibandas,  pois  a  construção  não  mais  seria  destinada  a  mercado,  sendo  a
partir de então ocupada pela Escola Normal e Tesouro Provincial.
 
Os vãos singelos do primeiro andar seriam a seguir transformados em janelas de
sacada, pois assim apareciam em foto de 1887.
 
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
 

Fig.2­ Chafariz 7 de Setembro instalado no Largo do Rosário, 
logradouro municipal aberto em 1872. 
Foto de autor não identificado, datada entre 1878 e 1883. 
 
À  esquerda,  observa­se  o  Chafariz  Sete  de  Setembro,  projetado  em  1874  pelo
engenheiro  militar  Henrique  Luís  de  Azevedo  Marques.  Segundo  afirmava
maldosamente Antônio Bernardo Quartim, seu autor foi incapaz de construí­lo de
modo adequado. O chafariz teve de ser desmontado e reconstituído.
 
A datação desta foto foi feita levando­se em consideração a existência, ao fundo,
à  direita,  na  Rua  de  São  Bento,  do  volumoso  edifício  do  Grande  Hotel,
inaugurado  em  1878  e,  à  extrema  direita,  em  primeiro  plano,  na  esquina  da
Ladeira  de  São  João,  de  uma  pequena  construção  térrea  com  três  portas,
demolida em 1883 para dar lugar a um sobrado de autoria de Mateus Häussler,
onde, na passagem do século, esteve sediada a Chapelaria Alberto.
 
Fonte:  SÃO  PAULO  antigo  e  São  Paulo  moderno,  1554­1904.  São  Paulo:
Vanorden e Co. [1905].
 

Fig.3­ Vista do aterrado do Gasômetro, na Várzea do Carmo, 
datada de 1883, tendo em primeiro plano a ponte de alvenaria construída pelo 
capitão Antônio Bernardo Quartim em 1874.
Desenho assinado por W. K., outrora pertencente à coleção do historiador Ernani 
Silva Bruno (1913­1986).
 

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Fonte: CAMPOS, Eudes. Chalés paulistanos. An. mus. paul. [online]. 2008,
vol.16, n.1 [cited  2010­01­31], pp. 47­108 .
Available from: <http://www.scielo.br>. ISSN 0101­4714.  doi: 10.1590/S0101­ 
47142008000100003.

Fig.4­ Jardim Público da Luz, depois das reformas mandadas empreender pelo 
presidente João Teodoro, tal como aparece na planta da cidade de São Paulo de
1877, executada por Jules Martin e pelo engenheiro Fernando de Albuquerque.
 
Fonte:  SÃO  PAULO  (Estado).  Assembléia  Legislativa.  São  Paulo;  a  imperial
cidade  e  a  Assembléia  Legislativa  Provincial.  São  Paulo:  Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo, 2005. 139 p.
 

Fig.5­ Esquema representando o primeiro anel perimetral criado em torno da 
cidade de São Paulo em meados do século XIX.
 
Construído  entre  1855  e  1880,  era  formado  basicamente  pela  Rua  Formosa
(1855),  Rua  25  de  Março  (1858,  primeira  fase;  1869,  segunda  fase),  Rua
Riachuelo (1867­1868) e Ruas do Hospício (1873), atual Frederico Alvarenga, e
do Conde d’Eu (1875), a Glicério de nossos dias, abertas  estas duas últimas  no
tempo de João Teodoro. Todas vistas aqui em vermelho.
 
Em  rosa,  observamos  trechos  viários  preexistentes  ou  posteriores  que,
supostamente, interligavam as vias acima citadas, completando o anel.
 
A  autoria  do  primeiro  anel  perimetral  paulistano  não  pode  ser  atribuída  a

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nenhum  nome  em  particular.  Foi  antes  o  resultado  de  um  esforço  coletivo,
produzido  ao  longo  de  décadas  no  âmago  da  Câmara  Municipal.  Trata­se,
provavelmente, da prova mais contundente de que era  possível, sim, durante o
Império, haver uma visão de conjunto da cidade para a adoção de determinadas
soluções urbanísticas. O problema era que, por falta de verbas e de empenho, as
obras  se  arrastavam  indefinidamente.  No  caso  do  anel  viário,  as  obras
demoraram tanto que ao serem concluídas já não produziram nenhum efeito. O
anel fora concebido para  interligar as várias saídas da  cidade  e  assim  afastar  o
trânsito de tropas e carros de boi das vias mais centrais. Ao ser concluído, esse
problema já estava, ao menos momentaneamente, superado pelas ferrovias, que
agora transportavam o grosso das mercadorias quer em direção ao litoral, quer
em direção ao interior.
 
Em 1880, foi aberta por iniciativa particular a Rua Tamandaré, que também fazia
parte do citado sistema viário, na medida em que interligava a Rua da Liberdade
à Várzea do Tamanduateí. 
 
Como  base  para  a  apresentação  do  esquema  foi  usada  a  Planistória,  planta
histórica  da  cidade  de  São  Paulo  concebida  pelo  historiador  Afonso  de  Freitas.
Autoria arq. Eudes Campos, 2010.
 

Fig.6­ Canudo de João Teodoro, construído em 1874. 
Foto de autor não identificado, provavelmente datada da época da demolição da 
obra em 1900.
 
Tosca construção de aparência neoclássica erguida no Jardim Público por Antônio
Bernardo Quartim. De utilidade duvidosa, o edifício de 20 m de altura, logo saiu
do  prumo,  tornando­se  uma  espécie  de  torre  de  Pisa  paulistana.  O  projeto  da
obra  pode  ser  devido  ao  engenheiro  provincial  Henrique  Luís  de  Azevedo
Marques  ou,  quem  sabe,  ao  próprio  Quartim.  Em  1886  nele  foi  instalado  um

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observatório meteorológico, que recebeu o nome de João Teodoro. Demolido em
1900, por ordem do prefeito Antônio Prado.
 
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
 

Fig.7­ Ilha dos Amores, desenho executado a partir de antiga fotografia. 
Desenho sem data, de autoria de Martins Jesus. 
 
Aí se pode distinguir a pontezinha que ligava o passeio público à margem do Rio
Tamanduateí;  a  luminária  francesa  com  a  figura  de  um  pajem  renascentista  no
alto  de  um  grosso  pedestal  de  alvenaria  e  uma  estrutura  metálica  decorativa  a
cercar um tronco de árvore no cimo de uma elevação artificial.
 
Fonte:  MOURA,  Paulo  Cursino  de.  São  Paulo  de  outrora.  Belo  Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980. 306 p.
 

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Fig.8­ Ilha dos Amores, conforme planta da cidade de 1877. 
Autoria do litógrafo francês Jules Martin e do engenheiro Fernando de 
Albuquerque.
 
Fonte: CAMPOS, Eudes. Arquitetura paulistana sob o Império. 1997. 811 p.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1997.
 

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Fig.9 a 11 ­ Monumentos monumentaes da Imperial Cidade de S. Paulo.
Caricatura da autoria de Nicolau de Huascar de Vergara 
publicada n’O Polichinello, em 1876, sobre as obras mais notáveis 
então existentes da Capital. 
 
Nos detalhes: a luminária em forma de pajem quinhentista que decorava a Ilha
dos  Amores;  a  estrutura  metálica  ornamental  a  cercar  um  tronco  de  árvore,
implantada  no  topo  de  uma  elevação  artificial  localizada  nesse  mesmo  passeio
público,  e  a  sede  do  mercado  de  verduras  e  escola  normal,  onde  as  grossas
colunas do pórtico térreo, naquela altura ainda visíveis, aparecem sob a forma de
imensas patas de elefante.
 

 
Fonte: O POLICHINELLO. São Paulo, n.18, 1876.
 

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Fig. 12 ­ Litogravura de autoria do artista francês Jules Martin,
datada de 1875, mostrando a cidade a partir da Várzea do Tamanduateí, tendo 
ao fundo obras do tempo de João Teodoro:
Ilha dos Amores e terraços no Morro do Carmo. 
 
Fonte: REIS, Nestor Goulart. São Paulo Vila Cidade Metrópole. São Paulo: Via
das Artes, 2004.
 

 
Fig.13­ Pormenor da imagem anterior,
em que é possível observar a partir da extrema esquerda: 
 
a  ponte  do  Carmo  (1805­1808);  a  Ilha  dos  Amores  (1874),  com  suas
construções  e  elementos  decorativos  (chalés,  estrutura  metálica  em  forma  de
pavilhão em torno  de  um  tronco  de  árvore  e  luminária  em  forma  de  pajem)  e,
em primeiro plano, o aterrado do Gasômetro, reformado por João Teodoro,  com
sua arborização e pontes, entre elas, a construída por Antônio Bernardo Quartim
em  1874,  à  extrema  direita,  provida  de  dois  vãos.  Ao  fundo,  à  esquerda,  é
possível discernir os taludes e os terraços executados no Morro do Carmo. Obra
feita à custa do governo da Província para atender a uma solicitação da Câmara
Municipal.
 
Fonte: REIS, Nestor Goulart. São Paulo Vila Cidade Metrópole. São Paulo: Via
das Artes, 2004.
 

Abertura
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Fig.14­Luminária de ferro fundido representando um pagem do século XVI,
implantada originalmente na Ilha dos Amores, depois transferida para o Largo do
Arouche.
Foto de autor não identificado, da década de 1920. 

A  peça  atualmente  decora  o  jardim  do  Cejur,  Centro  de  Estudos  Jurídicos,  da
Prefeitura,  sito  na  Avenida  Brigadeiro  Luís  Antônio.  Ver  mais  sobre  essa
luminária  no  Informativo  AHM  n.º  4,  no  texto  Jardins  Públicos  paulistanos  no
tempo de João Teodoro, de nossa autoria. 
 
Fonte:  MOURA,  Paulo  Cursino  de.  São  Paulo  de  outrora  Belo  Horizonte:
Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980. 306 p.
 

Para citação adote:

CAMPOS, Eudes. Melhoramentos públicos executados
na capital paulista durante a presidência de João Teodoro 
INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, 5 (25­26): jul/out.2009 
<http://www.arquivohistorico.sp.gov.br>

Serviços:  A  Seção  Técnica  de  Logradouros  é  responsável  pela  pesquisa  e


orientação  aos  interessados  sobre  nomes  de  logradouros  paulistanos.  A
documentação está disponível para consulta através do atendimento ao público.
Conheça também o site Dicionário de ruas (parceria AHMWL e Plamarc), onde  
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através de um banco de dados é possível realizar pesquisas sobre denominações
de logradouros paulistanos.

EXPEDIENTE
 
coordenação
 
Liliane Schrank Lehmann
 
edição de texto
Eudes Campos  
 
webdesigner
  Ricardo Mendes  
 
distribuição
 
Maria Sampaio Bonafé (coordenação)
 
Elisabete De Lucca e Irene do Carmo Colombo 

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Divisão do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís 
 

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