De manhã cedo, quando acordamos, já se acumulam os deveres e
preocupações do dia ao nosso redor, procurando nos oprimir (se é que já não nos tomaram o repouso da noite). Então surge a pergunta inquietante: Como resolver tudo isso num único dia? E como devo tratar disso ou daquilo? Pressurosos, gostaríamos de sair correndo... Mas esse momento é necessário tomar as rédeas nas mãos e dizer: Sossega! Nada disso precisa agora se precipitar sobre mim. Minha primeira hora do dia pertence ao Senhor. A tarefa diária que ele me incumbe fazer vou realizá-la, e Ele irá dar-me força para isso. Assim, busco achegar-me ao altar de Deus. Aqui não está em questão eu e minhas preocupações extremamente pequenas, mas o grande sacrifício da reconciliação. Tenho permissão para dele participar, purificar-me e rejuvenecer de alegria, e, junto com todo o meu fazer e sofrer, coloca-me como oferenda junto ao altar. E, quando o Senhor vem a mim na Sagrada Comunhão, posso então perguntar: O que desejas de mim, Senhor? E num diálogo silencioso, aquilo que me parece ser a próxima tarefa, isso é o que irei fazer. Depois dessa hora de celebração, quando tomo meu trabalho diário, dentro de mim reinará o silêncio festivo, e a alma estará vazia de tudo aquilo que nas tarefas buscam me oprimir e sobrecarregar, e estará cheia de alegria sagrada, de coragem e de força ativa. Ela tornou-se grande e ampla, pois saiu de si e entrou na vida divina. Como uma chama serena, arde nela o amor, que o Senhor incendiou e se adianta para mostra-lo e acendê-lo nos outros. E lá vê claramente o próximo trecho do caminho que deve caminhar. Não enxerga muito adiante, mas sabe que, ao chegar onde se finda o horizonte atual, será aberta então uma nova visão.
(Teu coração deseja mais: Reflexões e Orações – Edth Stein, p. 113, 114)