Вы находитесь на странице: 1из 471

Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco. Leticia Veloso. Bruno Chieregatti. Joao de Sá Brasil.

Ricardo Razaboni. Fernando Zantedeschi. Rodrigo Gonçalves

Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”


do Estado do Pará

CPCRC-PA
Auxiliar Técnico de Perícia - Técnico em Enfermagem

JN002-19
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se
você conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo sac@novaconcursos.com.br.

OBRA

Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” do Estado do Pará - CPCRC-PA

Auxiliar Técnico de Perícia - Técnico em Enfermagem

Edital N° 01/SEAD-CPCRC/PA, de 27 de Dezembro de 2018

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Atualidades - Profª Leticia Veloso
Raciocínio Lógico - Prof° Bruno Chieregatti E Joao De Sá Brasil
Noções de Criminalística- Prof° Ricardo Razaboni
Noções de Direito Administrativo- Prof° Fernando Zantedeschi
Noções de Direito Constitucional- Prof° Ricardo Razaboni
Noções de Direito Penal e Processual Penal- Prof° Rodrigo Gonçalves
Legislação Extravagante- Prof° Rodrigo Gonçalves
Legislações Especiais- Prof° Rodrigo Gonçalves
Conhecimentos Especificos - Prof° Bruno Chieregatti E Joao De Sá Brasil

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Erica Duarte
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos. ......................................................................................................................................................................01
Tipologia textual......................................................................................................................................................................................................................03
Sintaxe da oração e do período. ......................................................................................................................................................................................29
Semântica...................................................................................................................................................................................................................................89
Ortografia oficial. ....................................................................................................................................................................................................................04
Acentuação. ..............................................................................................................................................................................................................................73
Classes de palavras. ...............................................................................................................................................................................................................29
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. .....................................................................................................................................79
Concordância nominal e verbal. .......................................................................................................................................................................................63
Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................................................66
Crase. ...........................................................................................................................................................................................................................................73
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................................29
Significação das palavras. ....................................................................................................................................................................................................89
Homônimos e parônimos. ..................................................................................................................................................................................................29
Emprego de maiúsculas e minúsculas. ..........................................................................................................................................................................82
Redação oficial: formas de tratamento, correspondência oficial..........................................................................................................................96

ATUALIDADES
Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, tecnologia, energia, relações
internacionais, desenvolvimento sustentável, segurança e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas...............01

RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições e Conectivos. ..................................................................................................................................................................................................01
Operações Lógicas sobre Proposições. .........................................................................................................................................................................01
Tabelas Verdade. .....................................................................................................................................................................................................................01
Tautologias, Contradições e Contingências..................................................................................................................................................................01
Implicação Lógica. ..................................................................................................................................................................................................................25
Equivalência Lógica. ..............................................................................................................................................................................................................25
Álgebra das Proposições......................................................................................................................................................................................................01
Método Dedutivo....................................................................................................................................................................................................................25

NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA
Definição; Histórico; Doutrina; Da requisição de perícia; Prazo para elaboração do exame e do laudo pericial; Principais perícias
elencadas no Código de Processo Penal; Locais de crime: conceituação, classificação, isolamento e preservação de local de
crime. Cadeia de Custódia: Conceitos, Etapas, Fase Interna, Fase Externa e Rastreabilidade. Finalidades dos levantamentos dos
locais de crime contra a pessoa e contra o patrimônio; Vestígios de interesse Forense; Levantamento papiloscópico. Locais de
Morte: Morte violenta; Local de morte por arma de fogo; Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes, perfuran-
tes ou mistos; Local de morte provocada por asfixia................................................................................................................................................01
SUMÁRIO

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização, natureza, fins e princípios. ................01
Agentes públicos: Espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas. Cargo, emprego e função pública. Regime jurídico
único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição.Direitos e vantagens. Regime disciplinar. Responsabilidade
civil, criminal e administrativa. ..........................................................................................................................................................................................04
Poderes administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar, poder de polícia, uso e abuso do po-
der................................................................................................................................................................................................................................. 10
Controle e responsabilização da administração Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo. Responsabilida-
de civil do Estado.....................................................................................................................................................................................................................15
Atos Administrativos: conceitos, requisitos, atos ordinatórios e invalidação. ................................................................................................20
Processo Administrativo Disciplinar.................................................................................................................................................................................26

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; Princípios fundamentais. ....................................................................................01
Direitos e garantias fundamentais; Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos
políticos, partidos políticos. ...............................................................................................................................................................................................01
Organização político administrativa do Estado. .........................................................................................................................................................04
Administração Pública. .........................................................................................................................................................................................................06
Poder executivo: estrutura, funcionamento e atribuições.......................................................................................................................................07
Poder legislativo: estrutura, funcionamento e atribuições. ....................................................................................................................................08
Poder judiciário: estrutura,funcionamento e atribuições.........................................................................................................................................10
Da segurança pública. ..........................................................................................................................................................................................................11
Ordem social. ...........................................................................................................................................................................................................................12
Seguridade social ...................................................................................................................................................................................................................12
Meio ambiente.........................................................................................................................................................................................................................14

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Princípios básicos....................................................................................................................................................................................................................01
Aplicação da lei penal;A lei penal no tempo e no espaço; Tempo e lugar do crime; Territorialidade e extraterritorialidade da lei
penal.............................................................................................................................................................................................................................................04
O fato típico e seus elementos; Crime consumado e tentado; Ilicitude e causas de exclusão; Excesso punível...............................07
Crimes contra a pessoa.........................................................................................................................................................................................................29
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................................30
Crimes contra a dignidade sexual.....................................................................................................................................................................................39
Crimes contra a fé pública. .................................................................................................................................................................................................40
Crimes contra a Administração Pública. ........................................................................................................................................................................48
Crimes contra a Administração da Justiça. ...................................................................................................................................................................54
Inquérito policial;.....................................................................................................................................................................................................................56
Prova; Exame do corpo de delito e perícias em geral; Preservação de local de crime; Requisitos e ônus da prova; Nulidade da
prova; Documentos de prova; Reconhecimento de pessoas e coisas; Acareação; Indícios. .....................................................................59
Busca e apreensão...................................................................................................................................................................................................................65
Restrição de liberdade; Prisão em flagrante; Prisão preventiva; Medidas Cautelares; Liberdade Provisória; Audiência de Custó-
dia; Lei no 7.960/1989 (prisão temporária); Disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Processual Penal. ...........................66
SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Lei no 8.072/1990 – aspectos penais e processuais (Crimes Hediondos);........................................................................................................01
Lei no 8.429/1992 (Improbidade Administrativa); .....................................................................................................................................................01
Lei no 9.296/1996 (Interceptação Telefônica); ............................................................................................................................................................04
Lei no 9.455/1997 (Crimes de Tortura); ..........................................................................................................................................................................05
Lei no 9.503/1997 – aspectos penais e processuais (Crimes de Trânsito); .......................................................................................................06
Lei no 9.613/1998 (Lavagem de Dinheiro); ..................................................................................................................................................................07
Lei no 10.826/2003 – aspectos penais e processuais (Crimes Definidos no Estatuto do Desarmamento);.........................................09
Lei no 11.343/2006 (Lei Antidrogas); ..............................................................................................................................................................................09
Lei no 12.030/2009 (Perícia Oficial); ................................................................................................................................................................................11
Lei no 12.037/2009 (Identificação Criminal do Civilmente Identificado; ..........................................................................................................11
Lei no 12.850/2013 – aspectos penais eprocessuais (Lei de Combate às Organizações Criminosas); .................................................12
Lei no 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo); .......................................................................................................................................................................14
Lei no 13.675/2018 (Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).......................................................................................................................16

LEGISLAÇÕES ESPECIAIS
Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado do Pará (Lei n°. 5.810 de 24/01/1994). ...........................................01
Lei de Criação do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” (Lei n°. 6.282 de 19/01/2000 e Lei n° 6.823 de
30/01/2006). ...................................................................................................................................................................................................................04
Lei de carreira do Grupo Ocupacional de Perícia Técnico-Científica do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”. n°
6829/2006 de 07/02/2006...................................................................................................................................................................................................05

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Noções de Química.Classificação periódica dos elementos. Soluções. Densidade. Concentração das soluções: concentração
em geral, título em massa, fração molar. Molaridade (concentração molar). Diluição de soluções: de mesmo soluto, de solutos
diferentes, sem ocorrência de reação. Volumetria. Normalidade de uma solução de ácido, de uma solução de base.Titulação
ácidobase e normalidade.....................................................................................................................................................................................................01
Noções de Física.Estado físico da matéria: sólido, líquido, gasoso. Termologia:medidas de temperatura, terminologia de tem-
peratura, regulagem de temperatura das estufas. Sistemas internacionais de pesos e medidas...........................................................11
Noções gerais de anatomia e fisiologia humanas......................................................................................................................................................19
Noções de histologia dos tecidos. Epitelial: de revestimento e glandular. Muscular: liso e estriado. Nervoso. Conjuntivo: subs-
tância fundamental, fibras colágenas, fibras elásticas, fibras reticulares, tecido adiposo, tecido cartilaginoso, tecido e sistema
retículo endotelial....................................................................................................................................................................................................................21
Anatomia macroscópica: registro, descrição, cortes, acondicionamento.........................................................................................................30
Atendimento de emergência e primeiros socorros...................................................................................................................................................34
Conduta ética dos profissionais da área de saúde.....................................................................................................................................................49
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados................................................................................................................ 01


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. .............................................................................................................................................. 03
Domínio da ortografia oficial. .............................................................................................................................................................................. 04
Domínio dos mecanismos de coesão textual. ............................................................................................................................................... 13
Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação
textual............................................................................................................................................................................................................................. 13
Emprego de tempos e modos verbais............................................................................................................................................................... 15
Domínio da estrutura morfossintática do período. ..................................................................................................................................... 29
Emprego das classes de palavras. ...................................................................................................................................................................... 29
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. ................................................................................................... 29
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. .................................................................................................. 29
Emprego dos sinais de pontuação. .................................................................................................................................................................... 29
Concordância verbal e nominal. ......................................................................................................................................................................... 63
Regência verbal e nominal. ................................................................................................................................................................................... 66
Emprego do sinal indicativo de crase. .............................................................................................................................................................. 73
Colocação dos pronomes átonos. ...................................................................................................................................................................... 79
Reescrita de frases e parágrafos do texto. ...................................................................................................................................................... 82
Significação das palavras. ...................................................................................................................................................................................... 89
Substituição de palavras ou de trechos de texto. ........................................................................................................................................ 89
Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. .......................................................................................................... 89
Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. .................................................................................................... 96
Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República)................................................................ 96
Hora de Praticar........................................................................................................................................................................................................109
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE O texto diz que...
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL 3. Erros de interpretação

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-  Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de contexto, acrescentando ideias que não estão no tex-
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar to, quer por conhecimento prévio do tema quer pela
e decodificar). imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases.  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a é um conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- para o entendimento do tema desenvolvido.
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
contexto original e analisada separadamente, poderá ter clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
um significado diferente daquele inicial. questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam referên-
cias diretas ou indiretas a outros autores através de cita- Observação:
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a óti-
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação ca do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova de
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- concurso, o que deve ser levado em consideração é o que
tir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamen- o autor diz e nada mais.
tações), as argumentações (ou explicações), que levam ao
esclarecimento das questões apresentadas na prova. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
 Identificar os elementos fundamentais de uma pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o vai dizer e o que já foi dito.
tempo).
 Comparar as relações de semelhança ou de dife- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
renças entre as situações do texto. está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblí-
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado quo átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do
com uma realidade. seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- a necessidade de adequação ao antecedente.
lavras. Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
1. Condições básicas para interpretar coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância,
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário a saber:
(escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente,
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do mas depende das condições da frase.
texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese; qual (neutro) idem ao anterior.
capacidade de raciocínio. quem (pessoa)
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
2. Interpretar/Compreender o objeto possuído.
LÍNGUA PORTUGUESA

como (modo)
Interpretar significa: onde (lugar)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. quando (tempo)
Através do texto, infere-se que... quanto (montante)
É possível deduzir que... Exemplo:
O autor permite concluir que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
Compreender significa aparecer o demonstrativo O).

1
3. Dicas para melhorar a interpretação de textos
EXERCÍCIOS COMENTADOS
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos can-
didatos na disputa, portanto, quanto mais informação você 1. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – SUPE-
absorver com a leitura, mais chances terá de resolver as RIOR- CESPE-2017)
questões.
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- Texto CG1A1AAA
rompa a leitura.
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces
forem necessárias. do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do ser em si
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma e a do ser com o outro. O homem é inteiro em sua dimen-
conclusão). são plural e faz-se único em sua condição social. Igual em
 Volte ao texto quantas vezes precisar. sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre sua individualidade. O direito é o instrumento da fraterni-
as do autor. zação racional e rigorosa.
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
lhor compreensão. direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que o
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizável
de cada questão. de justiça social.
 O autor defende ideias e você deve percebê-las. Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra- a se traduzir em palavras que fossem apenas a revelação
fo geralmente mantém com outro uma relação de conti- da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso,
nuação, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito competirá ao homem transformar a lei na vida mais digna
bem essas relações. para que a convivência política seja mais fecunda e huma-
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou na.
seja, a ideia mais importante. Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º.
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão
da resposta – o que vale não somente para Interpretação de Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com adap-
Texto, mas para todas as demais questões! tações).
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão. Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
 Olhe com especial atenção os pronomes relati- tem direito
vos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.,
chamados vocábulos relatores, porque remetem a outros a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobrevi-
vocábulos do texto. vência das espécies.
b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
SITES para defender seus interesses.
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- c) de demandar ao sistema judicial a concretização de seus
gues/como-interpretar-textos direitos.
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-melho- d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
rar-a-interpretacao-de-textos-em-provas direitos de outros.
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-para- e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
-voce-interpretar-melhor-um.html essência de todos os direitos.
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
tao-117-portugues.htm Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma vida
digna, adequada, para que consiga gozar de seus direi-
tos – saúde, educação, segurança – e exercer seus deve-
res plenamente, como prescrevem todos os direitos: (...)
O direito à vida é a substância em torno da qual todos
LÍNGUA PORTUGUESA

os direitos se conjugam (...).

2
2. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – SUPE-
RIOR- CESPE-2017) RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS
TEXTUAIS.
Texto CG1A1BBB

Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição da TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL


República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou A todo o momento nos deparamos com vários textos,
diretamente, nos termos desta Constituição.” Em virtude sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
desse comando, afirma-se que o poder dos juízes emana do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
do povo e em seu nome é exercido. A forma de sua inves- que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
tidura é legitimada pela compatibilidade com as regras do interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
Estado de direito e eles são, assim, autênticos agentes do em um texto escrito.
poder popular, que o Estado polariza e exerce. Na Itália, É de fundamental importância sabermos classificar os
isso é constantemente lembrado, porque toda sentença é textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
dedicada (intestata) ao povo italiano, em nome do qual é dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
pronunciada. e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro- fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
adaptações). que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel com sertação.
fundamento no princípio da soberania popular.
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo 1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
voto popular, como ocorre com os representantes dos pectos de ordem linguística
demais poderes.
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, Os tipos textuais designam uma sequência definida
exercem o poder que lhes é conferido em nome de seus pela natureza linguística de sua composição. São observa-
nacionais. dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magistra- logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
tura e o sistema democrático. mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
e) os magistrados brasileiros exercem o poder constitucio-
nal que lhes é atribuído em nome do governo federal. A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
ação demarcados no tempo do universo narrado,
Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida se- como também de advérbios, como é o caso de antes,
gundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que o agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu carro
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, quando ele apareceu. Depois de muita conversa, re-
nos termos desta Constituição.” Em virtude desse coman- solveram...
do, afirma-se que o poder dos juízes emana do povo e B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
em seu nome é exercido (...). descrevem características tanto físicas quanto psi-
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
3. (PCJ-MT - DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR- objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados no
CESPE-2017 - ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o vocá- presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os cabe-
bulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de los mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
a) trata. assunto ou uma determinada situação que se almeje
b) provém. desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela
c) manifesta. acontecer, como em: O cadastramento irá se prorro-
gar até o dia 02 de dezembro, portanto, não se esque-
LÍNGUA PORTUGUESA

d) pertence.
e) cabe. ça de fazê-lo, sob pena de perder o benefício.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem o modalidade na qual as ações são prescritas de for-
sentido de “provém”. ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no
imperativo, infinitivo ou futuro do presente: Misture
todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar
uma massa homogênea.

3
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar- 1. Regras ortográficas
cam-se pelo predomínio de operadores argumenta-
tivos, revelados por uma carga ideológica constituída A) O fonema S
de argumentos e contra-argumentos que justificam a
posição assumida acerca de um determinado assun- São escritas com S e não C/Ç
to: A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez  Palavras substantivadas derivadas de verbos com
mais para conquistar seu espaço no mercado de tra- radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender -
balho, o que significa que os gêneros estão em com- pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão
plementação, não em disputa. / inverter - inversão / aspergir - aspersão / submergir
- submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo
2. Gêneros Textuais / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
São os textos materializados que encontramos em nos- - recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / con-
so cotidiano; tais textos apresentam características sócio- sentir – consensual.
-comunicativas definidas por seu estilo, função, compo-
sição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita São escritos com SS e não C e Ç
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial,  Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados
A escolha de um determinado gênero discursivo depende, por tir ou - meter: agredir - agressivo / imprimir - im-
em grande parte, da situação de produção, ou seja, a finali- pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder
dade do texto a ser produzido, quem são os locutores e os - excesso / percutir - percussão / regredir - regressão
interlocutores, o meio disponível para veicular o texto, etc. / oprimir - opressão / comprometer - compromisso /
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esfe- submeter – submissão.
ras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo,
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta
são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétri-
entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica são
co - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclo-
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
pédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência.
Exemplos: ficasse, falasse.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
São escritos com C ou Ç e não S e SS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.  Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- Juçara, caçula, cachaça, cacique.
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jé-  Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
sus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, ca-
niço, esperança, carapuça, dentuço.
SITE  Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual.htm / deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
 Após ditongos: foice, coice, traição.
Observação: Não foram encontradas questões abran-  Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
gendo tal conteúdo. to(r): marte - marciano / infrator - infração / absorto
– absorção.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL B) O fonema z

São escritos com S e não Z


 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
ORTOGRAFIA
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: fre-
guês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
morfose.
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
LÍNGUA PORTUGUESA

 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,


grafados segundo acordos ortográficos.
quiseste.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,  Nomes derivados de verbos com radicais termina-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é dos em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / em-
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, preender - empresa / difundir – difusão.
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti-  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
mologia (origem da palavra). Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.

4
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina E) As letras “e” e “i”
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar –
pesquisar.  Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
São escritos com Z e não S  Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
 Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de ad- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos
jetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir:
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- trai, dói, possui, contribui.
gem não termine com s): final - finalizar / concreto
– concretizar.
 Consoante de ligação se o radical não terminar com FIQUE ATENTO!
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal Há palavras que mudam de sentido quando
Exceção: lápis + inho – lapisinho. substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área
(superfície), ária (melodia) / delatar (denun-
C) O fonema j ciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à tona),
imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
São escritas com G e não J anda a pé), pião (brinquedo).
 Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
gesso.
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
gim. #FicaDica
 Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
foge. ortografia de uma palavra, há a possibilidade
Exceção: pajem. de consultar o Vocabulário Ortográfico da Lín-
gua Portuguesa (VOLP), elaborado pela Acade-
 Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, mia Brasileira de Letras. É uma obra de referên-
litígio, relógio, refúgio. cia até mesmo para a criação de dicionários,
 Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, pois traz a grafia atualizada das palavras (sem
mugir. o significado). Na Internet, o endereço é www.
 Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, academia.org.br.
surgir.
 Depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
nado com j: ágil, agente. 2. Informações importantes

São escritas com J e não G Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
 Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. núncias diferentes para palavras com a mesma significação:
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji- aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, de-
boia, manjerona. pendurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, infarto/
 Palavras terminadas com aje: ultraje. enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, relampejar/
relampear/relampar/relampadar.
D) O fonema ch Os símbolos das unidades de medida são escritos sem
ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plural,
São escritas com X e não CH sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, 120km/h.
xucro. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, la-
gartixa. Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
Exceção: quando a palavra de origem não derive de quatro segundos).
LÍNGUA PORTUGUESA

outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) O símbolo do real antecede o número sem espaço:
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
São escritas com CH e não X vertical ($).
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chas-
si, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.

5
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS Mal = pode ser usado como
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, “logo
1. Por que / por quê / porquê / porque que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
POR QUE (separado e sem acento) mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
É usado em: pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal não
1. interrogações diretas (longe do ponto de interroga- compensa.
ção) = Por que você não veio ontem?
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
que faltara à aula ontem. coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = Ig- Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
noro o motivo por que ele se demitiu. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
POR QUÊ (separado e com acento) Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Usos: CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
1. como pronome interrogativo, quando colocado no Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = Você Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
faltou. Por quê? Saraiva, 2002.
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê? SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) tografia

Usos: 4. Hífen
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
(pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto final) ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi-
= Compre agora, porque há poucas peças. dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos
2. como conjunção subordinativa causal, substituível (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se-
que se antecipou. parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).

PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) A) Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica:
Usos:
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão” 1. Em palavras compostas por justaposição que formam
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Geralmente uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se
é precedido por artigo = Não sei o porquê da discussão. É unem para formam um novo significado: tio-avô,
uma pessoa cheia de porquês. porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, se-
gunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, pri-
2. ONDE / AONDE meiro-ministro, azul-escuro.

Onde = empregado com verbos que não expressam a 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoo-
ideia de movimento = Onde você está? lógicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbo-
ra-menina, erva-doce, feijão-verde.
Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
que expressam movimento = Aonde você vai? 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número,
LÍNGUA PORTUGUESA

3. MAU / MAL recém-casado.

Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se como 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mau ele- mas exceções continuam por já estarem consagradas
mento. pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-per-
feito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa,
deus-dará.

6
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
per- quando associados com outro termo que é ini- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
ciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-ra- coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
cional, etc. ção, coexistir, etc.

7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para-
quedista, etc.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-
-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
to, benquerer, benquerido, etc.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, pressuposto, propor.
geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso,
pitalar, super-homem. auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-huma-
no, super-realista, alto-mar.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, antis-
termina com a mesma vogal do segundo elemento:
séptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, ultras-
micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser-
som, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, autoa-
vação, etc.
juda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

#FicaDica SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ortografia
Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mudan-
ça de linha), caso a última palavra a ser escri-
ta seja formada por hífen, repita-o na próxima EXERCÍCIOS COMENTADOS
linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório e,
ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima linha
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE-
escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as
DERAL – CESPE - 2013 - ADAPTADA)
linhas). Devido à diagramação, pode ser que a
repetição do hífen na translineação não ocorra
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatenados
em meus conteúdos, mas saiba que a regra é
são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos de co-
esta!
municação, os quais são indispensáveis para que os sujeitos
do processo tomem conhecimento dos atos acontecidos no
B) Não se emprega o hífen: correr do procedimento e se habilitem a exercer os direitos
que lhes cabem e a suportar os ônus que a lei lhes impõe.
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter- Internet: <http://jus.com.br> (com adaptações).
mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes.
LÍNGUA PORTUGUESA

antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto
minissaia, microrradiografia, etc. nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar o
litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à demanda
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo e o trecho “tomem conhecimento dos atos acontecidos no
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com correr do procedimento” fosse, por sua vez, substituído por
vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, conheçam os atos havidos no transcurso do acontecimento.
autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, pluria-
nual, autoescola, infraestrutura, etc. ( ) CERTO ( ) ERRADO

7
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a primeira subs-
tituição fosse feita, o trecho estaria incorreto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há a necessidade de avaliar a
segunda substituição.

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:

amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exem-
plo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).

Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode
ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:

A) o fonema /sê/: texto


B) o fonema /zê/: exibir
C) o fonema /che/: enxame
D) o grupo de sons /ks/: táxi

O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234
LÍNGUA PORTUGUESA

1 Classificação dos Fonemas

Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1.1 Vogais

As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

8
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
/ã/: fã, canto, tampa
/ ẽ /: dente, tempero
/ ĩ/: lindo, mim
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum
Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, bola.
Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, bola.

Quanto ao timbre, as vogais podem ser:


Abertas: pé, lata, pó
Fechadas: mês, luta, amor
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”).

1.2 Semivogais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só
emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre vogais
e semivogais está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade,
história, série.

1.3 Consoantes

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade
bucal, fazendo com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome
provém justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: /b/, /t/, /d/, /v/,
/l/, /m/, etc.

2. Encontros Vocálicos

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante reco-
nhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo e o hiato.

A) Ditongo

É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a = vogal, i = semivogal)
Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe

B) Tritongo

É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba. Pode ser
oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.

C) Hiato
LÍNGUA PORTUGUESA

É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de
uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).

3. Encontros Consonantais

O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal. Existem
basicamente dois tipos:

9
A) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta,
cri-se.
B) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-có-
-lo-go.

4. Dígrafos

De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em
nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: consonantais
e vocálicos.

A) Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

B) Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
LÍNGUA PORTUGUESA

un corcunda

Observação:
“gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aquilo.
Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um fonema
- semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há dígrafos quando
são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo).

10
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba:
#FicaDica útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima
por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Água = /agua/ pronunciamos a letra “u”, ou en-
tão teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo (aliás, tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
dois dígrafos: “gu” e “rr”). Portanto: 8 letras e 6
fonemas. 2 Os acentos

A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e


5. Dífonos “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras repre-
sentam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
Assim como existem duas letras que representam um Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
só fonema (os dígrafos!), existe letra que representa dois aberto: herói – céu (ditongos abertos).
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
“x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
exemplos de dífonos. Quando uma letra representa dois fo- tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
nemas temos um caso de dífono. C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utiliza-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. do em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação mülleriano (de Müller)
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. 2.1 Regras fundamentais

SITE A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas


http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1. terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
php ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
Observação: Não foram encontradas questões abran- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
gendo tal conteúdo. guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
guidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
ACENTUAÇÃO
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala- terminadas em:
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se i, is: táxi – lápis – júri
dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
isso, vamos às regras! l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – fór-
ceps
1. Regras básicas ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não
A acentuação tônica está relacionada à intensidade com de “s”: água – pônei – mágoa – memória
que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que
se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

tônica. As demais, como são pronunciadas com menos in-


tensidade, são denominadas de átonas. Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
esta palavra apresenta as terminações das
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica- paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui
das como: inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a mais fácil a memorização!
última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel

11
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à #FicaDica
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acentua-
das, independentemente de sua terminação: árvore, para- Quando, na frase, der para substituir o “por”
lelepípedo, cárcere. por “colocar”, estaremos trabalhando com um
verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos, “por”
2.2 Regras especiais é preposição: Faço isso por você. / Posso pôr
(colocar) meus livros aqui?
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas. 2.4 Regra do Hiato

Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segunda


FIQUE ATENTO! vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá acento:
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos saída – faísca – baú – país – Luís
estiverem em uma palavra oxítona (herói) ou Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
monossílaba (céu) ainda são acentuados: dói, do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
escarcéu. Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estive-
rem seguidas do dígrafo nh:
Antes Agora ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
assembléia assembleia precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
idéia ideia Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
geléia geleia
jibóia jiboia Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia bocaiúva bocaiuva
paranóico paranoico feiúra feiura

2.3 Acento Diferencial Sauípe Sauipe

Representam os acentos gráficos que, pelas regras de O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abo-
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para lido:
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
e/ou tempos verbais. Por exemplo: Antes Agora
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
crêem creem
do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
tivo do mesmo verbo). lêem leem
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: vôo voo
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, enjôo enjoo
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.

Os demais casos de acento diferencial não são mais uti- #FicaDica


lizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substantivo), Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
pelo (preposição). Seus significados e classes gramaticais que, no plural, dobram o “e”, mas que não re-
são definidos pelo contexto. cebem mais acento como antes: CRER, DAR,
Polícia para o trânsito para que se realize a operação LER e VER.
LÍNGUA PORTUGUESA

planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, conjun-


ção (com relação de finalidade).
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
garotos deem o recado!
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!

12
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à 3. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
tarde! PE/2012) Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência”
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, recebem acento gráfico com base na mesma regra de
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou acentuação gráfica.
“i” não serão mais acentuadas:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Antes Depois
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada em
apazigúe (apaziguar) apazigue ditongo; diária = paroxítona terminada em ditongo; pa-
averigúe (averiguar) averigue ciência = paroxítona terminada em ditongo. Os três vo-
cábulos são acentuados devido à mesma regra.
argúi (arguir) argui
4. (IBAMA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa PE/2012) As palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.
vir). A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles ( ) CERTO ( ) ERRADO
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm.
Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em “o”;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS só = monossílaba terminada em “o”; céu = monossílaba
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- terminada em ditongo aberto “éu”.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO
Paulo: Saraiva, 2010. TEXTUAL.
EMPREGO DE ELEMENTOS DE
SITE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.
REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE
htm
OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO
TEXTUAL.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
COESÃO E COERÊNCIA
1. (POLÍCIA FEDERAL - AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
RAL – CESPE-2014) Os termos “série” e “história” acen- Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
tuam-se em conformidade com a mesma regra ortográfica. mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
( ) CERTO ( ) ERRADO estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona ter- a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
minada em ditongo / “história” - acentua-se a paroxíto- elementos que compõem a oração, como também entre a
na terminada em ditongo sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona ter- em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
minada em ditongo. cesso têm com o tema.
Observação: nestes casos, admitem-se as separações Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxíto- ginária - composta de termos e expressões - que une os
nas. diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
2. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
PE/2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego
LÍNGUA PORTUGUESA

tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-


do acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
( ) CERTO ( ) ERRADO re daí a coerência textual.
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma re- rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
gra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”). textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um

13
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais progressão textual, dada sua característica: são elementos
prejudica o entendimento do texto. Construído com os que não significam, apenas indicam, remetem aos compo-
elementos corretos, confere-se a ele uma unidade formal. nentes da situação comunicativa.
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado Já os componentes concentram em si a significação. Eli-
não se constrói com um amontoado de palavras e orações. sa Guimarães ensina-nos a esse respeito:
Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam
e independência sintática e semântica, recobertos por unida- os participantes do ato do discurso. Os pronomes demons-
des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”. trativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como
Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é os advérbios de tempo, referenciam o momento da enuncia-
imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases ção, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou pos-
estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se terioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento (pre-
de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre sente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns dias,
os elementos que compõem a estrutura textual. antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo ano,
depois de (futuro).”
FORMAS DE SE GARANTIR A COESÃO ENTRE OS
ELEMENTOS DE UMA FRASE OU DE UM TEXTO: A coerência de um texto está ligada:
1. à sua organização como um todo, em que devem estar
 Substituição de palavras com o emprego de si- assegurados o início, o meio e o fim;
nônimos - palavras ou expressões do mesmo campo as- 2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto
sociativo. técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada em
 Nominalização – emprego alternativo entre um comprovações, apresentação de estatísticas, relato de expe-
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgas- riências; um texto informativo apresenta coerência se tra-
tar / desgaste / desgastante). balhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos,
 Emprego adequado de tempos e modos verbais: por outro lado, trabalham com a linguagem figurada, livre
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula. associação de ideias, palavras conotativas.
 Emprego adequado de pronomes, conjunções,
preposições, artigos:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.
SITE
 Uso de hipônimos – relação que se estabelece
com base na maior especificidade do significado de um http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/
deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html
genérico).
 Emprego de hiperônimos - relações de um termo
de sentido mais amplo com outros de sentido mais especí-
fico. Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia
EXERCÍCIOS COMENTADOS
com gato.
 Substitutos universais, como os verbos vicários.
1. (POLÍCIA FEDERAL - AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
AJUDA DA ZÊ: RAL – CESPE-2014 - ADAPTADA)
Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo fa- Hoje, todos reconhecem, porque Marx impôs esta demons-
zer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque preci- tração no Livro II d’O Capital, que não há produção possível
so. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”, evitando sem que seja assegurada a reprodução das condições ma-
repetição desnecessária. teriais da produção: a reprodução dos meios de produção.
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- Qualquer economista, que neste ponto não se distingue
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, de qualquer capitalista, sabe que, ano após ano, é preciso
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- prever o que deve ser substituído, o que se gasta ou se usa
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida na produção: matéria-prima, instalações fixas (edifícios),
LÍNGUA PORTUGUESA

é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se instrumentos de produção (máquinas) etc. Dizemos: qual-
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- quer economista é igual a qualquer capitalista, pois ambos
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a exprimem o ponto de vista da empresa.
relação entre as duas orações).
Louis Althusser. Ideologia e aparelhos ideológicos do Esta-
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- do. 3.ª ed. Lisboa: Presença, 1980 (com adaptações).
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de

14
Julgue os itens a seguir, a respeito dos sentidos do texto Resposta: Certo. Voltemos ao texto: (...) Tudo indica que
acima. o primeiro cuidado do governo devia ser não entregar a
No texto, os termos “matéria-prima”, “instalações fixas particulares tão perigosas pólvoras, que explodem assim
(edifícios)” e “instrumentos de produção (máquinas)” são sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas em constante
exemplos de “meios de produção”. perigo. Façamos a alteração proposta: o primeiro cuidado
do governo não devia ser entregar... Haveria correção
( ) CERTO ( ) ERRADO gramatical, mas mudaríamos o sentido do texto, já que
no original o que se quer dizer é o primeiro cuidado do
Resposta: Certo. Voltemos ao texto: (...) é preciso prever governo deve ser o de não entregar a particulares; com
o que deve ser substituído, o que se gasta ou se usa na a alteração: o primeiro cuidado do governo não deve ser
produção: matéria- -prima, instalações fixas (edifí- o de entregar a particulares, ou seja, ele tem que tomar
cios), instrumentos de produção (máquinas) etc. cuidado com outras coisas primeiramente, depois com
Os dois-pontos são utilizados para exemplificar o ter- este fato.
mo antecedente (produção), portanto a afirmação está
correta. 3. (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012)
2. (EBSERH - CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA
TODOS OS CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CES- O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totali-
PE-2018 - ADAPTADA) dade do universo, toda a sociedade, a história, a concepção
de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, que
Texto CB1A1AAA se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É, de
alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
Já houve quem dissesse por aí que o Rio de Janeiro é a ci- todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação
dade das explosões. Na verdade, não há semana em que os do mundo.
jornais não registrem uma aqui e ali, na parte rural. Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o Re-
A ideia que se faz do Rio é a de que é ele um vasto paiol, e nascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
que vivemos sempre ameaçados de ir pelos ares, como se Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
estivéssemos a bordo de um navio de guerra, ou habitando
uma fortaleza cheia de explosivos terríveis. Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual “O
Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego útil; riso”.
mas, se ela é indispensável para certos fins industriais, con-
vinha que se averiguassem bem as causas das explosões, se ( ) CERTO ( ) ERRADO
são acidentais ou propositais, a fim de que fossem removi-
das na medida do possível. Isso, porém, é que não se tem Resposta: Certo. Vamos ao texto: O riso é tão universal
dado e creio que até hoje não têm as autoridades chegado como a seriedade; ele abarca a totalidade do universo
a resultados positivos. (...). Os termos destacados se relacionam. O pronome
Entretanto, é sabido que certas pólvoras, submetidas a “ele” retoma o sujeito “riso”.
dadas condições, explodem espontaneamente, e tem sido
essa a explicação para uma série de acidentes bastante do-
lorosos, a começar pelo do Maine, na baía de Havana, sem EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS.
esquecer também o do Aquidabã.
Noticiam os jornais que o governo vende, quando avariada,
grande quantidade dessas pólvoras.
Tudo indica que o primeiro cuidado do governo devia ser não en- VERBO
tregar a particulares tão perigosas pólvoras, que explodem assim
sem mais nem menos, pondo pacíficas vidas em constante perigo. Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
Creio que o governo não é assim um negociante ganancio- ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
so que vende gêneros que possam trazer a destruição de nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
vidas preciosas; e creio que não é, porquanto anda sempre é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
zangado com os farmacêuticos que vendem cocaína aos outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno
suicidas. Há sempre no Estado curiosas contradições. (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
LÍNGUA PORTUGUESA

Lima Barreto Pólvora e cocaína In: Vida urbana, 5/1/1915 1. Estrutura das Formas Verbais
Internet: <www dominiopublico gov br> (com adaptações)
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
A correção gramatical do penúltimo parágrafo do texto se- os seguintes elementos:
ria preservada, embora seu sentido fosse alterado, caso o A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signifi-
advérbio “não” fosse deslocado para imediatamente após cado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava;
“governo”. fal-am. (radical fal-)

15
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exem- #FicaDica
plo: fala-r. São três as conjugações:
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - E Observe que, retirando os radicais, as desinên-
- (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). cias modo-temporal e número-pessoal manti-
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de- veram-se idênticas. Tente fazer com outro ver-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: bo e perceberá que se repetirá o fato (desde
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) / que o verbo seja da primeira conjugação e re-
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) gular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que de- Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (ra-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número dical do verbo andar). Viu? Fácil!
(singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (indi-
ca a 3.ª pessoa do plural.) B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
fizesse.
FIQUE ATENTO!
O verbo pôr, assim como seus derivados (com- Observação:
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas para
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/corrijo,
vogal “e”, apesar de haver desaparecido do in- fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais alterações não
finitivo, revela-se em algumas formas do ver- caracterizam irregularidade, porque o fonema permanece
bo: põe, pões, põem, etc. inalterado.

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-


2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas gação completa. Os principais são adequar, precaver,
computar, reaver, abolir, falir.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- normalmente, são usados na terceira pessoa do sin-
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento gular. Os principais verbos impessoais são:
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical): zar-se ou fazer (em orações temporais).
opinei, aprenderão, amaríamos. Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
tiam)
3. Classificação dos Verbos Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Classificam-se em: Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
cal inalterado durante a conjugação e desinências 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
idênticas às de todos os verbos regulares da mesma Faz invernos rigorosos na Europa.
conjugação. Por exemplo: comparemos os verbos Era primavera quando o conheci.
“cantar” e “falar”, conjugados no presente do Modo Estava frio naquele dia.
Indicativo:
canto falo 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da nature-
za são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar,
cantas falas amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se cons-
canta falas trói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhe-
cer” em sentido figurado. Qualquer verbo impes-
cantamos falamos soal, empregado em sentido figurado, deixa de ser
cantais falais impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
LÍNGUA PORTUGUESA

cantam falam completa.


Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


tempo: Já passa das seis.

16
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
Chega de promessas.

6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipoté-
tico, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar,
cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
LÍNGUA PORTUGUESA

Limpar Limpado Limpo


Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho

17
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito,
escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui)
e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso
numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam
LÍNGUA PORTUGUESA

18
4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam
LÍNGUA PORTUGUESA

19
4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam
LÍNGUA PORTUGUESA

20
4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mes-
ma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita
no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia re-
flexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto represen-
tado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo.
Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes
mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

21
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo.
Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não apre-
senta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os
candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

22
(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele es-
tudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele pudes-
se, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à
loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei) LÍNGUA PORTUGUESA

23
TABELAS DAS CONJUGAÇÕES VERBAIS

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
LÍNGUA PORTUGUESA

24
1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

LÍNGUA PORTUGUESA

25
1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obten-
do-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
LÍNGUA PORTUGUESA

cantaR vendeR partiR Ø


cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

26
C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM
LÍNGUA PORTUGUESA

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando se este é
paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposi-
ção de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação das
frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


LÍNGUA PORTUGUESA

O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Ob-
serve a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)

28
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido do
pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.

Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.

Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudica-
ram-me. / Fui prejudicado.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, porque
o sujeito não pode ser visto como agente, paciente ou agente paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.


EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.

ADJETIVO

É a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se relaciona com o substantivo, concordando com
LÍNGUA PORTUGUESA

este em gênero e número.


As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

29
1. Locução adjetiva

Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa, tem-
-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expressão
que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada).
Observe outros exemplos:

de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
LÍNGUA PORTUGUESA

de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial

30
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série. / O
muro de tijolos caiu.

2 Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como
adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3 Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense

4 Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
LÍNGUA PORTUGUESA

Grécia greco- / Filmes greco-romanos


Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

31
5 Flexão dos adjetivos Observação:
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad-
O adjetivo varia em gênero, número e grau. jetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre inva-
riáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos
6. Gênero dos Adjetivos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois elemen-
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se tos flexionados: crianças surdas-mudas.
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em: 8 Grau do Adjetivo
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
culino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má. Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten-
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe- sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo:
minino somente o último elemento: o moço norte-america- o comparativo e o superlativo.
no, a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. A) Comparativo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mascu- buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características
lino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz. atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no dade, de superioridade ou de inferioridade.
feminino: conflito político-social e desavença político-social. Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
7 Número dos Adjetivos comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão.
A) Plural dos adjetivos simples
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos rioridade
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
ruins, boa e boas. Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de Infe-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça rioridade
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
a palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior,
se estiver qualificando um elemento, funcionará como ad- grande/maior, baixo/inferior.
jetivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
cinza. Observe que:
Motos vinho (mas: motos verdes)  As formas menor e pior são comparativos de su-
Paredes musgo (mas: paredes brancas). perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). mau, respectivamente.
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
B) Adjetivo Composto (melhor, pior, maior e menor), porém, em compara-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- ções feitas entre duas qualidades de um mesmo ele-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas mento, deve-se usar as formas analíticas mais bom,
o último elemento concorda com o substantivo a que se mais mau,mais grande e mais pequeno. Por exemplo:
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja mentos.
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, duas qualidades de um mesmo elemento.
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- rioridade
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Sou menos passivo (do) que tolerante.
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará


invariável. Veja: B) Superlativo
Camisas rosa-claro. O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
Ternos rosa-claro. vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
Olhos verde-claros. apresenta as seguintes modalidades:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
Apresenta-se nas formas:

32
 Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de ADVÉRBIO
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado. Compare estes exemplos:
 Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por O ônibus chegou.
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo. O ônibus chegou ontem.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
benéfico - beneficentíssimo tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio
bom - boníssimo ou ótimo advérbio.
comum - comuníssimo Estudei bastante. = modificando o verbo estudei
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio
cruel - crudelíssimo (bem)
difícil - dificílimo Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje-
doce - dulcíssimo tivo (claros)

fácil - facílimo Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen-


fiel - fidelíssimo tar ideia de:
Tempo: Ela chegou tarde.
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade Lugar: Ele mora aqui.
de um ser é intensificada em relação a um conjunto de se- Modo: Eles agiram mal.
res. Essa relação pode ser: Negação: Ela não saiu de casa.
 De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de Dúvida: Talvez ele volte.
todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de 1. Flexão do Advérbio
todas.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre-
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios,
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an- porém, admitem a variação em grau. Observe:
tepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas A) Grau Comparativo
formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo
- de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo que o comparativo do adjetivo:
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou  de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re-
érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é cons- nato fala tão alto quanto João.
tituída do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo:  de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
pobríssimo, agilíssimo. Renato fala menos alto do que João.
Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo  de superioridade:
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio fala mais alto do que João.
– cheíssimo. A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
melhor que João.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- B) Grau Superlativo
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São O superlativo pode ser analítico ou sintético:
Paulo: Saraiva, 2010. B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- fala muito alto.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação modo
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala altís-
simo.
LÍNGUA PORTUGUESA

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. Observação:
php As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são co-
muns na língua popular.
Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)

33
2. Classificação dos Advérbios Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio calma e respeitosamente.
pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, 3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto,
aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, Há palavras como muito, bastante, que podem aparecer
nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, como advérbio e como pronome indefinido.
embaixo, externamente, à distância, à distância de,
de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
lado, em volta. advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constante-
#FicaDica
mente, entrementes, imediatamente, primeiramente,
provisoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à Como saber se a palavra bastante é advérbio
noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de (não varia, não se flexiona) ou pronome indefi-
quando em quando, a qualquer momento, de tempos nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para
em tempos, em breve, hoje em dia. substituir o “bastante” por “muito”, estamos
C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depres- diante de um advérbio; se der para substituir
sa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, 1. Estudei bastante para o concurso. (estudei
desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, fren- muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
te a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior 2. Estudei bastantes capítulos para o concurso.
parte dos que terminam em “-mente”: calmamente, (estudei muitos capítulos) = pronome indefini-
tristemente, propositadamente, pacientemente, amo- do
rosamente, docemente, escandalosamente, bondosa-
mente, generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efe-
4. Advérbios Interrogativos
tivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavel-
mente. São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como?
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem
sabe. Interrogação Direta Interrogação Indireta
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tan-
to, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, qua- Onde mora? Indaguei onde morava.
se, de todo, de muito, por completo, extremamente, Por que choras? Não sei por que choras.
intensamente, grandemente, bem (quando aplicado a Aonde vai? Perguntei aonde ia.
propriedades graduáveis).
H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- Donde vens? Pergunto donde vens.
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Quando voltas? Pergunto quando voltas.
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. 5. Locução Adverbial
Por exemplo: O indivíduo também amadurece duran-
te a adolescência. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
LÍNGUA PORTUGUESA

aos meus amigos por comparecerem à festa. mente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
Saiba que: dentro, por aqui, etc.
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos geral, frente a frente, etc.
tarde possível. D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
hoje em dia, nunca mais, etc.

34
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, o Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
adjetivo e outro advérbio: admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
Chegou muito cedo. (advérbio) Janeiro, Veneza, A Bahia...
Joana é muito bela. (adjetivo) Quando indicado no singular, o artigo definido pode
De repente correram para a rua. (verbo) indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.

Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais No caso de nomes próprios personativos, denotando a
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio: ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do
Essa matéria é mais bem interessante que aquela. artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O Pedro é
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso! o xodó da família.
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advérbio: No caso de os nomes próprios personativos estarem no
Cheguei primeiro. plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os
Incas, Os Astecas...
Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
adverbial desempenham na oração a função de adjunto Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân- para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio. artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
Exemplo: Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad- Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”) (qualquer classe)
Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensida-
de e de tempo, respectivamente. Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
vinte anos.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
O artigo também é usado para substantivar palavras
Paulo: Saraiva, 2010.
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o porquê
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
de tudo isso. / O bem vence o mal.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
usado:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas co-
SITE nhecidas: O professor visitará Roma.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
php Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
ARTIGO Roma.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo- Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria sairá
-se como o termo variável que serve para individualizar ou agora?
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero Exceção: O senhor vai à festa?
(masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va- Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse é
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o candidato
“uma”[s] e “uns]). cuja nota foi a mais alta.

A) Artigos definidos – São usados para indicar seres REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


determinados, expressos de forma individual: O con- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
curseiro estuda muito. Os concurseiros estudam mui- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
to. Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprovada! / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCONI,
Umas candidatas foram aprovadas! Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed.
Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu- Paulo: Saraiva, 2010.
meral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo.

35
SITE Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm

C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan-


CONJUNÇÃO do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos
que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou,
Além da preposição, há outra palavra também invariá- ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con- Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
de mesma função em uma oração: D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e que expressa ideia de conclusão ou consequência.
São Paulo. São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. conseguinte, por isso, assim.
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não
1. Morfossintaxe da Conjunção ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
cem propriamente uma função sintática: são conectivos. E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
2. Classificação da Conjunção elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar.
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as Falei muito, pois não gosto do silêncio!
conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados 4. Conjunções Subordinativas
pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo dependente da outra. A oração dependente, introduzida
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de- pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
pende da existência do outro. Veja: ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado
Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo. quando ela chegou.
Podemos separá-las por ponto: O baile já tinha começado: oração principal
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo. quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
ela chegou: oração subordinada
Temos acima um exemplo de conjunção (e, consequen-
temente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”. Já em: As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-
Espero que eu seja aprovada no concurso! grantes e adverbiais:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- elas introduzida completa ou integra o sentido da princi-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta pal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: que,
principal). se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
3. Conjunções Coordenativas
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exerce
São aquelas que ligam orações de sentido completo e a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com
independente ou termos da oração que têm a mesma fun- a circunstância que expressam, classificam-se em:
ção gramatical. Subdividem-se em:
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e ocorrência da oração principal. São elas: porque, que,
não), não só... mas também, não só... como também, como (= porque, no início da frase), pois que, visto
LÍNGUA PORTUGUESA

bem como, não só... mas ainda. que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
A sua pesquisa é clara e objetiva. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
Não só dança, mas também canta.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impe-
pressando ideia de contraste ou compensação. São dir sua realização. São elas: embora, ainda que, ape-
elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no en- sar de que, se bem que, mesmo que, por mais que,
tanto, não obstante. posto que, conquanto, etc.

36
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à oração
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a principal. São elas: como, assim como, tal como, como
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que,
São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado
que, desde que, a menos que, sem que, etc. com menos ou mais), etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me. O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de
#FicaDica modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito
que, que (tendo como antecedente na oração principal
Você deve ter percebido que a conjunção con- uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc.
dicional “se” também é conjunção integrante. Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
A diferença é clara ao ler as orações que são exame.
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
da condição para que recebamos um telefo-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não FIQUE ATENTO!
sei se farei o concurso. Não há ideia de Muitas conjunções não têm classificação única,
condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da imutável, devendo, portanto, ser classificadas
oração principal (sei) pede complemento (ob- de acordo com o sentido que apresentam no
jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe contexto (destaque da Zê!).
algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
a função de objeto direto da oração principal,
sendo classificada como oração subordinada REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
substantiva objetiva direta. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
D) Conformativas: introduzem uma oração que expri- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
me a conformidade de um fato com outro. São elas: Paulo: Saraiva, 2010.
conforme, como (= conforme), segundo, consoante, Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
etc. / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
O passeio ocorreu como havíamos planejado.
SITE
E) Finais: introduzem uma oração que expressa a finali- http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.php
dade ou o objetivo com que se realiza a oração prin-
cipal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (=
para que), que, etc. NTERJEIÇÃO
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
F) Proporcionais: introduzem uma oração que expres- sensações, estados de espírito. É um recurso da linguagem
sa um fato relacionado proporcionalmente à ocor- afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira
rência do expresso na principal. São elas: à medida lógica, como são as sentenças da língua, mas sim a ma-
que, à proporção que, ao passo que e as combina- nifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente
ções quanto mais... (mais), quanto menos... (menos), de uma situação particular, um momento ou um contexto
quanto menos... (mais), quanto menos... (menos), etc. específico. Exemplos:
O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Ah, como eu queria voltar a ser criança!
seiam. ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
Observação: hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
São incorretas as locuções proporcionais à medida em
que, na medida que e na medida em que. O significado das interjeições está vinculado à maneira
LÍNGUA PORTUGUESA

como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-


G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen- do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na for utilizada. Exemplos:
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde Psiu!
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= assim contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua;
que), etc. significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
A briga começou assim que saímos da festa. Ei, espere!”

37
Psiu! 2. Locução Interjetiva
contexto: alguém pronunciando em um hospital; signi-
ficado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha-
puxa: interjeição; tom da fala: decepção -me Deus!, Quem me dera!

As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: 1. As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por essa!) /
tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interessante! Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
nha frente. 2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
As interjeições podem ser formadas por: classes gramaticais podem aparecer como interjei-
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô ções. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! Fran-
 palavras: Oba! Olá! Claro! camente! (Advérbios)
 grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
Ora bolas! 3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem.
1. Classificação das Interjeições Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique
quieto!
Comumente, as interjeições expressam sentido de:
A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Atenção! Olha! Alerta!
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta-
C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
que! Quá-quá-quá!, etc.
D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Ânimo! Adiante!
F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, ale-
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! gria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!”
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! exclamativo e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
Essa não! Chega! Basta! Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!”
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira (Olavo Bilac)
Deus!
J) Desculpa: Perdão! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Pô! Ora!
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! SITE
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! php
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
NUMERAL
Saiba que:
LÍNGUA PORTUGUESA

As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- Numeral é a palavra variável que indica quantidade numé-
frem variação em gênero, número e grau como os nomes, rica ou ordem; expressa a quantidade exata de pessoas ou coi-
nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz sas ou o lugar que elas ocupam numa determinada sequência.
como os verbos. No entanto, em uso específico, algumas
interjeições sofrem variação em grau. Não se trata de um Os numerais traduzem, em palavras, o que os números
processo natural desta classe de palavra, mas tão só uma indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
variação que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizi- é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de nu-
nho, bravíssimo, até loguinho. merais, mas sim de algarismos.

38
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala- dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década, nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
dúzia, par, ambos(as), novena. sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
1. Classificação dos Numerais É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determina- gunda divisão de futebol)
da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais
têm sentido coletivo, como por exemplo: século, par, 3. Emprego e Leitura dos Numerais
dúzia, década, bimestre.
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
ou alguma coisa ocupa numa determinada sequên- mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
cia: primeiro, segundo, centésimo, etc. centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
separação através de ponto ou espaço correspondente a
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
#FicaDica Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exa-
gero intencional, constituindo a figura de linguagem co-
As palavras anterior, posterior, último, antepe-
nhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
núltimo, final e penúltimo também indicam
No português contemporâneo, não se usa a conjunção
posição dos seres, mas são classificadas como
“e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecen-
adjetivos, não ordinais.
tos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por
seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
etc. reais. (R$1.500,00)
D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi
aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes
em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até dé-
2. Flexão dos numerais cimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha
depois do substantivo;
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- Ordinais Cardinais
zentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatro-
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número: Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
primeiro segundo milésimo Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
primeira segunda milésima
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiros segundos milésimos como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando #FicaDica


atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
e conseguiram o triplo de produção. Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais associação. Ficará mais fácil!
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
plas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú- Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordi-
mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas nal até nono e o cardinal de dez em diante:
terças partes. Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

39
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e
outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização
exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado
caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo


quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo

40
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

PREPOSIÇÃO

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

1. Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja, forma-
das por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero ou
em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).

#FicaDica
O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o
“a” seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para determiná-lo como um substantivo
LÍNGUA PORTUGUESA

singular e feminino: A matéria que estudei é fácil!

Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.

41
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é artigo; 1. Morfossintaxe do substantivo
o segundo, preposição.
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
apostila. = Nós a trouxemos. do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
2. Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
por meio das preposições: como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
Destino = Irei a Salvador. como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
Modo = Saiu aos prantos. verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
Lugar = Sempre a seu lado. grupos de palavras.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes. 2. Classificação dos Substantivos
Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar. A) Substantivos Comuns e Próprios
Instrumento = Escreveu a lápis. Observe a definição:
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas ca-
Companhia = Estarei com ele amanhã. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Matéria = copo de cristal. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
Meio = passeio de barco. oposição aos bairros).
Origem = Nós somos do Nordeste. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Conteúdo = frascos de perfume. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas locu- uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
ções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução prepo- homem, mulher, país, cachorro.
sitiva por trás de. Estamos voando para Barcelona.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. B) Substantivos Concretos e Abstratos
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. que existe, independentemente de outros seres.

SITE Observação:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ Os substantivos concretos designam seres do mundo
real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília.
SUBSTANTIVO Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
ma.
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis,
as quais denominam todos os seres que existem, sejam B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- que dependem de outros para se manifestarem ou existi-
nos, os substantivos também nomeiam: rem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
LÍNGUA PORTUGUESA

 lugares: Alemanha, Portugal ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes-
 sentimentos: amor, saudade soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
 estados: alegria, tristeza para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
 qualidades: honestidade, sinceridade tantivo abstrato.
 ações: corrida, pescaria Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

42
 Substantivos Coletivos júri jurados
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra legião soldados, anjos, demônios
abelha, mais outra abelha. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- matilha cães de raça
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas molho chaves, verduras
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- multidão pessoas em geral
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
seres da mesma espécie (abelhas). nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. tos, etc.)
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes- penca bananas, chaves
mo estando no singular, designa um conjunto de seres da pinacoteca pinturas, quadros
mesma espécie.
quadrilha ladrões, bandidos
Substantivo coletivo Conjunto de: ramalhete flores
assembleia pessoas reunidas rebanho ovelhas
alcateia lobos repertório peças teatrais, obras musicais
acervo livros réstia alhos ou cebolas
antologia trechos literários selecionados romanceiro poesias narrativas
arquipélago ilhas revoada pássaros
banda músicos sínodo párocos
bando desordeiros ou malfeitores talha lenha
banca examinadores tropa muares, soldados
batalhão soldados turma estudantes, trabalhadores
cardume peixes vara porcos
caravana viajantes peregrinos
3. Formação dos Substantivos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas A) Substantivos Simples e Compostos
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
colmeia abelhas terra.
concílio bispos O substantivo chuva é formado por um único elemento
ou radical. É um substantivo simples.
congresso parlamentares, cientistas
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
elenco atores de uma peça ou filme único elemento.
esquadra navios de guerra Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
enxoval roupas mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
falange soldados, anjos A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas-
fauna animais de uma região
satempo.
feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região B) Substantivos Primitivos e Derivados
LÍNGUA PORTUGUESA

B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de


frota navios mercantes, ônibus nenhuma outra palavra da própria língua portugue-
girândola fogos de artifício sa.
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
horda bandidos, invasores outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
junta médicos, bois, credores, exa- derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
minadores

43
4. Flexão dos substantivos 6. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno -
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por aluna.
exemplo, pode sofrer variações para indicar:  Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: me- masculino: freguês - freguesa
ninão / Diminutivo: menininho  Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
de três formas:
A) Flexão de Gênero 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - sul-
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas tana
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e fe-  Substantivos terminados em -or:
minino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
estes títulos de filmes:  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
O velho e o mar sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa /
Um Natal inesquecível duque - duquesa / conde - condessa / profeta - pro-
Os reis da praia fetisa
 Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po- final por -a: elefante - elefanta
dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:  Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
A história sem fim
no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Uma cidade sem passado
 Substantivos que formam o feminino de maneira es-
As tartarugas ninjas
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras ante-
riores: czar – czarina, réu - ré
5. Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
7. Formação do Feminino dos Substantivos Unifor-
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam
mes
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem –
mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única Epicenos:
forma, que serve tanto para o masculino quanto para Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
se faz mediante a utilização das palavras “macho” e ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
“fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré ma- para indicar o masculino e o feminino.
cho e o jacaré fêmea. Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo. a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: indi- macho e fêmea.
cam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega A cobra macho picou o marinheiro.
e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista. A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.

Substantivos de origem grega terminados em ema ou 8. Sobrecomuns:


oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sin- Entregue as crianças à natureza.
toma, o teorema.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas-
 Existem certos substantivos que, variando de gê- culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
LÍNGUA PORTUGUESA

nero, variam em seu significado: o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e a A criança chorona chamava-se João.
capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (cabelei- A criança chorona chamava-se Maria.
ra, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de aumento);
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão); o Outros substantivos sobrecomuns:
praça (soldado raso) e a praça (área pública); o rádio (apa- a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
relho receptor) e a rádio (estação emissora). criatura.

44
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de ma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a
Marcela faleceu cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
9. Comuns de Dois Gêneros: coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
A distinção de gênero pode ser feita através da análise pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
cês - repórter francesa. bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
A palavra personagem é usada indistintamente nos dois a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acentuada (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
os personagens dos contos de carochinha. (remador), a voga (moda).
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: O
problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam B) Flexão de Número do Substantivo
a personagem.
Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fo- que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
tográfico Ana Belmonte. indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
do plural é o “s” final.
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó )
pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ma- 11. Plural dos Substantivos Simples
racajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o pro-
clama, o pernoite, o púbis. Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, Exceção: cânon - cânones.
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
São geralmente masculinos os substantivos de origem “ns”: homem - homens.
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o
edema, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o hema- Atenção:
toma. O plural de caráter é caracteres.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. / col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma e cônsules.
Londres imensa e triste. Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
10. Gênero e Significação 2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
LÍNGUA PORTUGUESA

Muitos substantivos, como já mencionado anterior- Observação:


mente, têm uma significação no masculino e outra no fe- A palavra réptil pode formar seu plural de duas manei-
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa, ras: répteis ou reptis (pouco usada).
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite duas maneiras:
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cis- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses

45
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural de ca-rolhas
três maneiras.
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações 13. Casos Especiais
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o louva-a-deus e os louva-a-deus
Observação: o bem-te-vi e os bem-te-vis
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam o bem-me-quer e os bem-me-queres
dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião o joão-ninguém e os joões-ninguém.
– anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão 14. Plural das Palavras Substantivadas
– corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
vilãos/vilões/vilães classes gramaticais usadas como substantivo apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o Pese bem os prós e os contras.
látex - os látex. O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
12. Plural dos Substantivos Compostos
Observação:
A formação do plural dos substantivos compostos de- Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis
que formam o composto e da relação que estabelecem en- e alguns dez.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, 15. Plural dos Diminutivos
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
queres. Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
O plural dos substantivos compostos cujos elementos acrescenta-se o sufixo diminutivo.
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: pãe(s) + zinhos = pãezinhos
A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
animai(s) + zinhos = animaizinhos
dos de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores botõe(s) + zinhos = botõezinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens farói(s) + zinhos = faroizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quan-
do formados de: flore(s) + zinhas = florezinhas
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas mão(s) + zinhas = mãozinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes papéi(s) + zinhos = papeizinhos
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quan-
funi(s) + zinhos = funizinhos
do formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
LÍNGUA PORTUGUESA

-de-colônia e águas-de-colônia pai(s) + zinhos = paizinhos


substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
lo-vapor e cavalos-vapor pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + substantivo que funciona como determi- pé(s) + zitos = pezitos
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
da - peixes-espada.

46
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin-
sempre que a terminação preste-se à flexão. gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
Os Napoleões também são derrotados. bom nome) e honras (homenagem, títulos).
As Raquéis e Esteres. Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas com
sentido de plural:
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- improvisadas.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce-
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os C) Flexão de Grau do Substantivo
jazz.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-
quiens. do normal. Por exemplo: casa
Observe o exemplo: 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Este jogador faz gols toda vez que joga. do ser. Classifica-se em:
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
18. Plural com Mudança de Timbre Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
do ser. Pode ser:
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Singular Plural Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
corpo (ô) corpos (ó) cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
esforço esforços REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fogo fogos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
forno fornos
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
fosso fossos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
imposto impostos Paulo: Saraiva, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
olho olhos Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
osso (ô) ossos (ó) Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
ovo ovos
poço poços SITE
porto portos http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.
php
posto postos
tijolo tijolos

Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-


sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo-
lho (ó) = feixe (molho de lenha).

Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o


norte, o leste, o oeste, a fé, etc.

47
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
EXERCÍCIO COMENTADO Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que deixem
de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
1. (TST - TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – FCC/2012) As vitórias no jogo interior talvez 3. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO
não acrescentem novos troféus, mas elas trazem recom- ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO
pensas valiosas, [...] que contribuem de forma significati- TRABALHO – FCC/2012)
va para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como fora Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
dela. despertariam a ira de qualquer fanático, a forma verbal
obtida será:
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os ele- a) seria despertada.
mentos sublinhados na frase acima, na ordem dada, por: b) teria sido despertada.
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem c) despertar-se-á.
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem d) fora despertada.
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam e) teriam despertado.
d) acrescentariam − trariam− contribuíram
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram Resposta: Letra A.
Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático
Resposta: Letra E. Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A ira
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
alterações solicitadas, segue como ficariam (em desta- GABARITO OFICIAL: A
que):
Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- 4. (TST - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
riam TRATIVA - ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ-
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam RIA – FCC/2012)
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuí- ...ela nunca alcançava a musa.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
ram
verbal resultante será:
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuí-
a) alcança-se.
ram = correta
b) foi alcançada.
c) fora alcançada.
2. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO
d) seria alcançada.
ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO e) era alcançada.
TRABALHO – FCC/2012) Está inadequado o emprego
do elemento sublinhado na seguinte frase: Resposta: Letra E.
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois na
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao que passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no mesmo
dispenso aos homens religiosos. tempo verbal, forma particípio): A musa nunca era alcança-
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de da por ela. O verbo “alcançava” está no pretérito imperfeito,
que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira- por isso o auxiliar tem que estar também (é = presente, foi
mente virtuosos. = pretérito perfeito, era = imperfeito, fora = mais que per-
c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescindir feito, será = futuro do presente, seria = futuro do pretérito).
os que se dizem homens de fé.
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada 5. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer TRABALHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui che-
o mesmo com aqueles que não a têm. gando à constatação de que todo perfil de rede social é um
retrato ideal de nós mesmos.
Resposta: Letra C. Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra altera-
LÍNGUA PORTUGUESA

Corrigindo o inadequado: ção seja feita na frase, o elemento grifado pode ser subs-
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento simi- tituído por:
lar ao que dispenso aos homens religiosos.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em preconcei- a) ademais.
tos de que deveriam desviar-se todos os homens verda- b) conquanto.
deiramente virtuosos. c) porquanto.
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) não d) entretanto.
podem prescindir os que se dizem homens de fé. e) apesar.

48
Resposta: Letra D. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do Indi-
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa oposi- cativo
ção). A substituição deve utilizar outra de mesma clas- Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito
sificação, para que se mantenha a ideia do período. A do Indicativo
correta é entretanto. Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo
6. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
TRATIVA – FCC/2012) O verbo indicado entre parênte- elas)
ses deverá flexionar-se no singular para preencher adequa-
damente a lacuna da frase: 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - ANALISTA JUDICIÁRIO
- ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2016 ) Aí conheci o
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo Alci-
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. no Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a história de
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre o Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão da língua,
peso de suas mais graves decisões. ao reescrever-se o trecho acima em um único período, o
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) segmento destacado deverá ser antecedido de vírgula e
tomar decisões sem medir suas consequências. substituído por
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (costu-
mar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. a) perante ao qual
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- b) de cujo
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor c) o qual
humana. d) frente à quem
e) de quem
Resposta: Letra C.
Flexões em destaque e sublinhei os termos que estabe- Resposta: Letra E.
lecem concordância: Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar de Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alterna-
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. tiva que substitui corretamente o trecho destacado é “de
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir quem ouvi oralmente”.
sobre o peso de suas mais graves decisões.
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocorre 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC - TÉCNICO JUDICIÁ-
tomar decisões sem medir suas consequências. = Isso RIO – FCC-2016) “Isto pode despertar a atenção de outras
não ocorre aos governantes – uma oração exerce a fun- pessoas que tenham documentos em casa e se disponham
ção de sujeito (subjetiva) a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente costu- acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o
mam sobrevir consequências imprevistas e injustas. tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conservação
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, re- de documentos”, disse Cavalcanti.
comenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor O termo sublinhado faz referência a
humana.
a) pessoas.
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO b) acervo.
- ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016 ) ... para quem c) Academia.
Manoel de Barros era comparável a São Francisco de Assis... d) tempo.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da e) casa.
frase acima está em:
Resposta: Letra B.
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual) é
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no espa- muito difícil de ser guardado...
ço...
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Char- 10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC - Técnico Judiciário –
les Baudelaire. FCC-2016) O marechal organizou o acervo...
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros A forma verbal está corretamente transposta para a voz
na literatura... passiva em:
e) ... para depois casá-las...
a) estava organizando
Resposta: Letra A. b) tinha organizado
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicativo. c) organizando-se
Procuremos nos itens: d) foi organizado
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo e) está organizado

49
Resposta: Letra D. c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) e contar com a proteção de uma assinatura digital.
objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao pas- d) Quem se propor a alterar um documento criptografado
sarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no mesmo deve saber que comprometerá sua integridade.
tempo que o verbo da ativa + o particípio do verbo da e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
voz ativa = organizado). O objeto exercerá a função de comprometer a integridade dos documentos.
sujeito paciente, e o sujeito da ativa será o agente da
passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi organizado pelo Resposta: Letra E.
marechal. Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua autenti-
cidade, o documento não poderia receber qualquer tipo
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - Técnico Judiciário – FCC-2016 de retificação.
) Precisamos de um treinador que nos ajude a comer... Em “b”: Os documentos com assinatura digital disporam
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o sub- (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os pro-
linhado acima está também sublinhado em: tegeram.
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos po-
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou as deram (puderam) contar com a proteção de uma assina-
amas... tura digital.
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- mento criptografado deve saber que comprometerá sua
dústria de consumo... integridade.
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convierem sem
e) Hoje há algo novo nesse cenário. comprometer a integridade dos documentos = correta

Resposta: Letra D. 14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN - TÉCNICO JUDICIÁRIO


que nos ajude = presente do Subjuntivo – FCC-2017 ) Sessenta anos de história marcam, assim, a
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo trajetória da utopia no país.
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e também Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
mais-que-perfeito) do Indicativo verbal resultante será:
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indica-
tivo a) foram marcados.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo b) foi marcado.
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do Indi- c) são marcados.
cativo d) foi marcada.
e) é marcada.
12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - TÉCNICO JUDICIÁRIO
– FCC-2016) O modelo ainda dominante nas discussões Resposta: Letra E.
ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então te-
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma remos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente] +
verbal resultante será: particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da utopia
do país é marcada pelos sessenta anos de história.
a) é privilegiado.
b) sendo privilegiadas. 15. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
c) são privilegiados. SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
d) foi privilegiado. as seguintes frases:
e) são privilegiadas. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Resposta: Letra C. Terceiro, rabisque!
Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos
(auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e o empregados nessas frases está em destaque em:
mundo são privilegiados pelo modelo ainda dominante.
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com
LÍNGUA PORTUGUESA

13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - TÉCNICO JUDICIÁRIO que o cérebro humano não considere útil gravar esses
– FCC-2016 ) Empregam-se todas as formas verbais de dados [...]
acordo com a norma culta na seguinte frase: b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-nú-
mero de informações.
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
não poderia receber qualquer tipo de retificação. dele...
b) Os documentos com assinatura digital disporam de al- d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em que
goritmos de criptografia que os protegeram. morou quando era criança?

50
e) É o que mostra também uma pesquisa recente conduzi- Resposta: Letra C.
da pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Aos itens:
Em “a”: há = presente / acabam = presente / são = pre-
Resposta: Letra D. sente
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = pretérito
(expressam ordem). Vamos aos itens: perfeito
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos fa- Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
zem = presente do Indicativo imperativo afirmativo (ordens)
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do In- Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretérito
dicativo imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
= presente do Indicativo
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo 18. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = presen- Em – O destino me prestava esse pequeno favor: completava
te do Indicativo minha identificação com o resto da humanidade, que tem
sempre para contar uma história de objeto achado; – o pro-
16. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – nome em destaque retoma a seguinte palavra/expressão:
VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra em
destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (palavra a) o resto da humanidade.
que qualifica um substantivo). b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu- d) O destino.
tanásia... e) completava.
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar a Resposta: Letra A.
morte. Completava minha identificação com o resto da humani-
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... dade, que (a qual) tem sempre para contar uma história
e) E como seria a verdadeira boa morte? de objeto achado = pronome relativo que retoma o resto
da humanidade.
Resposta: Letra E.
Em “a”: Existe grande confusão = substantivo 19. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a morte Considere o trecho a seguir.
= pronome É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando dis- públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
tanciar a morte = substantivo as pessoas __________ a atenção voltada para seus perten-
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo ces, conservando-os junto ao corpo.
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = adjetivo Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
mente, as lacunas do texto.
17. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
As formas verbais conjugadas no modo imperativo, expres- a) sejam ... mantesse
sando ordem, instrução ou comando, estão destacadas em b) sejam ... mantém
c) sejam ... mantivessem
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem níti- d) seja ... mantivessem
das na memória: são aqueles donos de qualidades in- e) seja ... mantêm
comuns.
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e quase Resposta: Letra C.
não acreditei no que ouvi. Completemos as lacunas e depois busquemos o item
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
pro estúdio e ponha a rádio no ar. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário, É comum que objetos sejam esquecidos em locais públi-
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o cos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
LÍNGUA PORTUGUESA

locutor não chegava para os textos de abertura, publi- pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per-
cidade, chamadas. tences, conservando-os junto ao corpo.
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
suando frio e atentos às suas finas e cortantes palavras.

51
20. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL 23. (POLÍCIA CIVIL/SP – PERITO CRIMINAL – VU-
– VUNESP-2013) Nas frases – Não vou mais à escola!… NESP-2013)
– e – Hoje estão na moda os métodos audiovisuais. – as pa- Observe os enunciados:
lavras em destaque expressam, correta e respectivamente, • A Guerra do Vietnã se faz presente até hoje.
circunstâncias de • A probabilidade de um veterano branco ser preso por um
crime violento é significativamente mais alta do que...
a) dúvida e modo. Os advérbios em destaque expressam, respectivamente,
b) dúvida e tempo. circunstâncias de
c) modo e afirmação.
d) negação e lugar. a) lugar e modo.
e) negação e tempo. b) tempo e intensidade.
c) modo e intensidade.
Resposta: Letra E. d) tempo e causa.
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de tem- e) tempo e modo.
po.
Resposta: Letra E.
21. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) “Hoje” = tempo; geralmente os advérbios terminados
Assinale a alternativa que completa respectivamente as em “-mente” são de modo (= com significância).
lacunas, em conformidade com a norma-padrão de con-
jugação verbal.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
quando __________ um diploma de mestrado, mas há aque-
les que _________ de opinião e procuram investir em cursos 1. Sintaxe da Oração e do Período
profissionalizantes.
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
a) obtiver … divirgem estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
b) obter … divergem dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato-
c) obtesse … devirgem riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou
d) obter … divirgem muito ontem à noite.
e) obtiver … divergem
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em ver-
Resposta: Letra E. bais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais (sem a
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional presença de verbos), feita a partir de seus elementos constituin-
quando obtiver um diploma de mestrado, mas há aque- tes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global:
les que divergem de opinião e procuram investir em
cursos profissionalizantes. A) frases interrogativas = o emissor da mensagem for-
mula uma pergunta: Que dia é hoje?
22. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU- B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz
NESP-2014) um pedido: Dê-me uma luz!
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um esta-
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- do afetivo: Que dia abençoado!
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é um D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
adjetivo. prova será amanhã.

a) ... um câncer de boca horroroso, ... Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
b) Ele tem dezesseis anos... (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
c) Eu queria que ele morresse logo, ... sujeito e predicado.
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às famí- O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
lias. em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
e) E o inferno não atinge só os terminais. tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra A. que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo a declaração do que se atribui ao sujeito.
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral Quando o núcleo da declaração está no verbo (que indi-
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio que ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signifi-
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às cativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
famílias = substantivo em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
tantivo que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):

52
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
(predicado verbal) senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o núcleo plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo,
é “fácil” (predicado nominal) sublinhei os núcleos dos sujeitos:
Nós estudaremos juntos.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída A humanidade é frágil.
por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido Ninguém se move.
completo. O período pode ser simples ou composto. O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
Período simples é aquele constituído por apenas uma As crianças precisam de alimentos saudáveis.
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove. O sujeito composto é o sujeito determinado que apre-
A existência é frágil. senta mais de um núcleo.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Período composto é aquele constituído por duas ou O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
Quero que você estude mais. referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
1.1. Termos da Oração sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela
1.1.1 Termos essenciais desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras. = (nós)
O sujeito e o predicado são considerados termos essen- Falaste o recado à sala? = (tu)
ciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis para a
formação das orações. No entanto, existem orações forma- Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na primei-
das exclusivamente pelo predicado. O que define a oração ra pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segunda do
é a presença do verbo. O sujeito é o termo que estabelece singular (tu) ou do plural (vós), desde que os pronomes não
concordância com o verbo. estejam explícitos.
O candidato está preparado. Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito
Os candidatos estão preparados. na desinência verbal “-mos”
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi-
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candidato” nência verbal “-ais”
é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denomi-
nada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, es- Mas:
tabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo no Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
singular: candidato = está). Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
A função do sujeito é basicamente desempenhada por
substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora- O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
palavras substantivadas (derivação imprópria) também po- refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
dem exercer a função de sujeito. contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina-
tantivo) do de duas maneiras:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo) A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: Bateram à porta;
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
sujeito. nistro.
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden-
LÍNGUA PORTUGUESA

tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou
pode ser simples ou composto. composto:
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é Os meninos bateram à porta. (simples)
possível identificar claramente a que se refere a concor- Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte-
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido
Estão gritando seu nome lá fora. do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
Trabalha-se demais neste lugar. verbos que não apresentam complemento direto:

53
Precisa-se de mentes criativas. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se
Vivia-se bem naqueles tempos. ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento
Trata-se de casos delicados. de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a
Sempre se está sujeito a erros. palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo
do sujeito).
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
indeterminação do sujeito. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo sig-
nificativo um verbo:
Chove muito nesta época do ano.
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predica- Estudei muito hoje!
do, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensa- Compraste a apostila?
gem está centrada no processo verbal. Os principais casos
de orações sem sujeito com: Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
 os verbos que indicam fenômenos da natureza: apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amanheceu. cessos.
Está trovejando.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
 os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta-
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei-
tempo em geral: to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
Está tarde. oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Já são dez horas. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Faz frio nesta época do ano. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Há muitos concursos com inscrições abertas. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do
sujeito: Os dados parecem corretos.
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a O verbo parecer poderia ser substituído por estar, andar,
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como elemento
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção A função de predicativo é exercida, normalmente, por
do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere um adjetivo ou substantivo.
do sujeito numa oração é o seu predicado.
Chove muito nesta época do ano. O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta
Houve problemas na reunião. dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No pre-
dicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao su-
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predicado. jeito ou ao complemento verbal (objeto).
Na segunda oração, “problemas” funciona como objeto di-
reto. O verbo do predicado verbo-nominal é sempre signi-
As questões estavam fáceis! ficativo, indicando processos. É também sempre por in-
Sujeito simples = as questões termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
Predicado = estavam fáceis termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- verbal e outro nominal.
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
também se as palavras que formam o predicado referem-
-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
LÍNGUA PORTUGUESA

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
de opinião.
Predicado 1.2 Termos integrantes da oração

O predicado acima apresenta apenas uma palavra que Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se ligam complemento nominal são chamados termos integrantes da
direta ou indiretamente ao verbo. oração.
A cidade está deserta.

54
Os complementos verbais integram o sentido dos verbos transitivos, com eles formando unidades significativas. Estes
verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a presença de preposição, ou indiretamente, por
intermédio de preposição.

O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.


Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda.

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:


A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomina-se: objeto direto preposicionado)

B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a Vossa
Senhoria.
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica a crise)
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda.

1.2.1 Objeto Pleonástico

É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.


Normalmente, as frases em que ocorrem objetos pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o objeto, anteci-
pado para o início da oração; em seguida, ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repetição que se dá o nome
de objeto pleonástico.
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves Dias)

objeto pleonástico

Ao traidor, nada lhe devemos.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal, que se liga ao nome que completa por
intermédio de preposição:
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”

1.3 Termos acessórios da oração e vocativo

Os termos acessórios recebem este nome por serem explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto ad-
verbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este, sem relação sintática com outros temos da oração.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do processo verbal ou intensifica o sentido de
um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel
de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a pé àquela velha praça.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva,
pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também atuam como
adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do
objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada.


O poeta deixou-a inacabada.

55
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto)

Enquanto o complemento nominal se relaciona a um substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se relaciona
apenas ao substantivo.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um termo que
exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo que
se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas: amor, arte, ação.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo forma o carnaval.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
relação sintática com outro termo da oração. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes subs-
tantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.
João, venha comigo!
Traga-me doces, minha menina!

1.4 Períodos Compostos


1.4.1 Período Composto por Coordenação

O período composto se caracteriza por possuir mais de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três orações).

Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as orações de um período composto: uma relação de coor-
denação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informa-
ções, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período Composto)
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independentes. Tal período é classificado como Período Composto por Coor-
denação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.

A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.

B) Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coorde-
nativa, que dará à oração uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas,
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
LÍNGUA PORTUGUESA

Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!


 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
só... como, assim... como.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia.

 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto,
porém, no entanto, ainda, assim, senão.

56
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!

 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...
seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.

 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conse-
guinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir.

 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade,
pois (anteposto ao verbo).
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.

1.4.2 Período Composto Por Subordinação

Quero que você seja aprovado!


Oração principal oração subordinada

Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do pre-
sente do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer
dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por conjunção, chamam-se
orações desenvolvidas ou explícitas.
Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada
“ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso, a conjunção “que”,
conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais
(infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).

Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, intro-
duzidas por preposição.

A) Orações Subordinadas Substantivas


A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante
(que, se).

Não sei se sairemos hoje.


Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).
LÍNGUA PORTUGUESA

O garoto perguntou qual seu nome.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos quando ele virá.


Oração Subordinada Substantiva

57
1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, te-
mos um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:


 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do sin-
gular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:


Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pes-
soal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não
sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

58
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações su-
bordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário
levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
complementa um verbo; o segundo, um nome.

5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações
vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra cons-
trução, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo
pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma função sin-
tática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação” é sujeito,
então o “que” também funciona como sujeito).
LÍNGUA PORTUGUESA

59
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
FIQUE ATENTO! em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
Vale lembrar um recurso didático para reco- ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
nhecer o pronome relativo “que”: ele sempre “homem”.
pode ser substituído por: o qual - a qual - os
quais - as quais Saiba que:
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta ora- A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da
ção é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual oração principal por uma pausa que, na escrita, é represen-
estuda. tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja
indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas
FORMA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS por vírgulas; as restritivas, não.

Quando são introduzidas por um pronome relativo e C) Orações Subordinadas Adverbiais


apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi- a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.
das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim,
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem
(podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
particípio). dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. acontece com as coordenadas sindéticas).
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
No primeiro período, há uma oração subordinada adje- Oração Subordinada Adverbial
tiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relati-
vo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito A oração em destaque agrega uma circunstância de
do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada ad- tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver-
jetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios
verbo está no infinitivo. que indicam uma circunstância referente, via de regra, a
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da
1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas exata compreensão da circunstância que exprime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
Na relação que estabelecem com o termo que caracte- minha vida.
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou nha vida.
especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
dualizando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto
sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”.
também orações que realçam um detalhe ou amplificam No segundo período, este papel é exercido pela oração
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente- “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
mente definido. Estas orações denominam-se subordina- nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
das adjetivas explicativas. é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
Exemplo 1: pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que obtendo-se:
passava naquele momento. Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva vida.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
No período acima, observe que a oração em destaque das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
LÍNGUA PORTUGUESA

ta-se de um homem específico, único. A oração limita o preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
universo de homens, isto é, não se refere a todos os ho-
mens, mas sim àquele que estava passando naquele mo- Observação:
mento. A classificação das orações subordinadas adverbiais é
Exemplo 2: feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos ad-
O homem, que se considera racional, muitas vezes age verbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

60
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- embora. Utiliza-se também a conjunção: conquanto
biais e as locuções ainda que, ainda quando, mesmo que,
se bem que, posto que, apesar de que.
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada Só irei se ele for.
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir
que se declara na oração principal. Principal conjunção su- só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções Compare agora com:
causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à Irei mesmo que ele não vá.
oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
que. A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
Já que você não vai, eu também não vou. oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
cessiva.
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a Observe outros exemplos:
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte- Embora fizesse calor, levei agasalho.
ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
se subordina. Repare:
1. Faltei à aula porque estava doente. E) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. comparativas estabelecem uma comparação com a
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) ação indicada pelo verbo da oração principal. Princi-
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato pal conjunção subordinativa comparativa: como.
de estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
2, a oração sublinhada relata um fato que aconteceu Você age como criança. (age como uma criança age)
depois, já que primeiro ela chorou, depois seus olhos
ficaram vermelhos.  geralmente há omissão do verbo.

B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou


cia, é efeito do que se declara na oração principal. seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, a execução do que se declara na oração principal.
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas Principal conjunção subordinativa conformativa:
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. conforme. Outras conjunções conformativas: como,
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que consoante e segundo (todas com o mesmo valor de
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) conforme).
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- Fiz o bolo conforme ensina a receita.
cretizando-os. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida direitos iguais.
de Infinitivo)
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que se
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe declara na oração principal. Principal conjunção su-
como necessário para a realização ou não de um bordinativa final: a fim de. Outras conjunções finais:
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- que, porque (= para que) e a locução conjuntiva para
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que que.
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
na oração principal. Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou seja,
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, Principal locução conjuntiva subordinativa propor-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). cional: à proporção que. Outras locuções conjuntivas
proporcionais: à medida que, ao passo que. Há ainda
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, as estruturas: quanto maior...(maior), quanto maior...
LÍNGUA PORTUGUESA

certamente o melhor time será campeão. (menor), quanto menor...(maior), quanto menor...
Caso você saia, convide-me. (menor), quanto mais...(mais), quanto mais...(menos),
quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
da oração principal, isto é, admitem uma contradição mos.
ou um fato inesperado. A ideia de concessão está À medida que lia mais culto ficava.
diretamente ligada ao contraste, à quebra de expec-
tativa. Principal conjunção subordinativa concessiva:

61
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir no-
ções de simultaneidade, anterioridade ou posterio- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ridade. Principal conjunção subordinativa temporal:
quando. Outras conjunções subordinativas tempo- 1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 -
rais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: assim que, ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
logo que, todas as vezes que, antes que, depois que, traram em campo em prol do programa “Pai Presente”, nos
sempre que, desde que, etc. jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha que
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. visa reduzir o número de pessoas que não possuem o nome
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi- do pai em sua certidão de nascimento. (...)
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em
sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula
3. Orações Reduzidas porque tem natureza restritiva.

As orações subordinadas podem vir expressas como re- ( ) CERTO ( ) ERRADO


duzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas no-
minais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conectivo Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
subordinativo que as introduza. ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
É preciso que se estude = oração desenvolvida (presen- vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizando
ça do conectivo) a informação, o que dará a entender que TODAS as pes-
soas não têm o nome do pai na certidão.
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
“desenvolvidas” – como no exemplo acima. 2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CAR-
É preciso estudar = oração subordinada substantiva REIRA DE DIPLOMATA – CESPE/2014 - ADAPTADA)
subjetiva reduzida de infinitivo
É preciso que se estude = oração subordinada substan- A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma li-
tiva subjetiva teratura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho
universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas.
4. Orações Intercaladas Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista,
por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crô-
São orações independentes encaixadas na sequência nica é um gênero menor.
do período, utilizadas para um esclarecimento, um aparte, “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo assim,
uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou travessões. ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir de
Nós – continuava o relator – já abordamos este assun- caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto,
to. mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da compo-
sição solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principal-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- mente porque elabora uma linguagem que fala de perto
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ao nosso modo de ser mais natural. Na sua despretensão,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, humaniza; e esta humanização lhe permite, como compen-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira sação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profun-
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – didade de significado e certo acabamento de forma, que
São Paulo: Saraiva, 2002. de repente podem fazer dela uma inesperada, embora dis-
creta, candidata à perfeição.
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São
SITE Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adaptações).
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
se-periodo-e-oracao As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “servir”
(R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indiretos.
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
imagina uma literatura = transitivo direto
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo
(transitivo direto e indireto)
pode servir de caminho = intransitivo

62
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de ressal-
tar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto escrito adquire diferentes significados quando pontuado de formas
diversificadas. O uso da pontuação depende, em certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim, os sinais de
pontuação estão diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor.

1. Principais funções dos sinais de pontuação

A) Ponto (.)

 Indica o término do discurso ou de parte dele, encerrando o período.


 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Companhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de período, este
não receberá outro ponto; neste caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: Estudei
português, matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identificam o ano não utilizam ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os números
de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

B) Ponto e Vírgula (;)

 Separa várias partes do discurso, que têm a mesma importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
 Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
frio e cobertor.
 Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, decreto de lei, etc.
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.

C) Dois pontos (:)

 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a rotina de
sempre.
 Em frases de estilo direto
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

D) Ponto de Exclamação (!)

 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar com você!
 Depois de interjeições ou vocativos
LÍNGUA PORTUGUESA

Ai! Que susto!


João! Há quanto tempo!

E) Ponto de Interrogação (?)

 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.


“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)

63
F) Reticências (...)

 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, canetas, cadernos...


 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este mal... pega doutor?
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, depois, o coração falar...

G) Vírgula (,)

Não se usa vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se diretamente entre si:
1. Entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

2. Entre o verbo e seus objetos:


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:

A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.


B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem
abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:

A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.

3. Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em enumeração):


Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

5. Para isolar:

A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.


B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispensável
o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. predecido
de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.

As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você falou
isso para ela?!
LÍNGUA PORTUGUESA

Temos, ainda, sinais distintivos:


 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separação de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção aos
parênteses, principalmente na matemática;
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um nome que
não se quer mencionar.

64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- gavam à Justiça buscando uma força externa como se so-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São mente nós, juízes, promotores e advogados, pudéssemos
Paulo: Saraiva, 2010. não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os ter-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- mos entre vírgulas servem para exemplificar quem são
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, advo-
gados).
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ 2. (SERES-PE - AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. CIÁRIA – CESPE-2017)
htm
Texto 1A1AAA

EXERCÍCIOS COMENTADOS Após o processo de redemocratização, com o fim da dita-


dura militar, em meados da década de 80 do século passa-
do, era de se esperar que a democratização das instituições
1. (STJ - CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- tivesse como resultado direto a consolidação da cidadania
GO 1 – CESPE-2018 - ADAPTADA) — compreendida de modo amplo, abrangendo as três ca-
tegorias de direitos: civis, políticos e sociais. Sobressaem,
Texto CB1A1CCC porém, problemas que configuram mais desafios para a ci-
dadania brasileira, como a violência urbana — que ameaça
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes reve- os direitos individuais — e o desemprego — que ameaça
laram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram rela- os direitos sociais.
tos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam da No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de
cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira 1980, impacto do processo de modernização pelo qual o
de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos, país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
aflitos. As angústias dos que se sentavam à minha frente, em circulação bens de alto valor e, consequentemente, au-
por diversas vezes, me escoltaram até minha casa e pas- mentou as oportunidades para o crime, inclusive porque a
saram a ser companheiras de noites de insônia. Não havia maior mobilidade de pessoas torna o espaço social mais
outra solução a não ser escrever. Era preciso colocar no anônimo, menos supervisionado.
papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
ao fim do processo e com a sentença prolatada, não me dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. O
deixavam esquecê-las. objetivo em relação à criminalidade torna-se bem menos
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, ambicioso: o controle. A prisão ganha mais importância na
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla necessida-
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de casa. de dessa nova cultura: castigo e controle do risco. Essa pos-
O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mu- tura às vezes proporciona controle, porém não segurança,
lheres, havia se transformado no pior dos mundos. pois o Estado tem o poder limitado de manter a ordem por
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam meio da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de con-
à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos trole com organizações locais e com a comunidade.
de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e muitas Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem públi-
vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter ca e garantia dos direitos individuais: os desafios da polícia
sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segu-
sido boa o suficiente, a culpa por não ter conseguido man- rança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p.
ter a família. Sempre a culpa. 84-5 (com adaptações).
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e ad- No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
vogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo de introduzem
violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela vio-
lência invisível. a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias b) resultados da “consolidação da cidadania”.
LÍNGUA PORTUGUESA

além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
adaptações). algo “amplo”.
d) uma generalização do termo “direitos”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen- e) objetivos do “processo de redemocratização”.
tido de “nós”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

65
Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para encontrar as res-
postas para as questões!): (...) abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos e sociais. Os dois-pontos introduzem
a enumeração dos direitos; apresenta-os.

3. (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)

Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo da indústria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se às ex-
portações. “O comércio mundial já está voltando a se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de pesquisas da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expectativas dos industriais com
relação ao mercado externo.
Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois elas já eram
francamente otimistas. Há algum tempo, a pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, registra grande otimis-
mo da indústria com relação à demanda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. Em todos os setores industriais,
a expressiva maioria dos entrevistados acredita no aumento das vendas internas.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas por tratar-se de um vocativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o gerente
executivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora das ex-
pectativas. O termo em destaque não está exercendo a função de vocativo, já que não é utilizado para evocar, chamar o
interlocutor do diálogo. Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente executivo da CNI.

4. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRABALHO – CESPE/2014 - ADAPTADA) A correção grama-


tical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso
se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predicado, a não ser que se trate de um aposto (1), predi-
cativo do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O Rio de Janeiro, cidade
maravilhosa (1), está em festa! Os meninos, ansiosos (2), chegaram!

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Os concurseiros estão apreensivos.


Concurseiros apreensivos.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, os concur-
seiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreensivos” está concordando em gênero (masculino) e número (plural) com o
substantivo a que se refere: concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se correspondem.
A correspondência de flexão entre dois termos é a concordância, que pode ser verbal ou nominal.

1. Concordância Verbal
LÍNGUA PORTUGUESA

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com seu sujeito.

1.1. Sujeito Simples - Regra Geral


O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular

66
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. Observação:
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural Veja que a opção por uma ou outra forma indica a in-
clusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
1.1.1. Casos Particulares escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”,
ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par- ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada
titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver
seguida de um substantivo ou pronome no plural, o no singular, o verbo ficará no singular.
verbo pode ficar no singular ou no plural. Qual de nós é capaz?
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia. Algum de vós fez isso.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
proposta. E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos deve concordar com o substantivo.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda- 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
los destruiu / destruíram o monumento. 85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito.
Observação: 1% do eleitorado aceita a mudança.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a uni- 1% dos alunos faltaram à prova.
dade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.  Quando a expressão que indica porcentagem não é
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com
B) Quando o sujeito é formado por expressão que indi- o número.
ca quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos 25% querem a mudança.
de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o 1% conhece o assunto.
verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.  Se o número percentual estiver determinado por ar-
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas com eles:
Olimpíadas. Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados.
Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um singular.
ao outro) Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu- És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ral, a concordância deve ser feita levando-se em Sou eu quem faz a prova.
conta a ausência ou presença de artigo. Sem ar- Não serão eles quem será aprovado.
tigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo no
plural, o verbo deve ficar o plural. G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. mir a forma plural.
Estados Unidos possui grandes universidades. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encanta-
Alagoas impressiona pela beleza das praias. ram os poetas.
As Minas Gerais são inesquecíveis. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, singular:
LÍNGUA PORTUGUESA

muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
vós”, o verbo pode concordar com o primeiro prono- Nem uma das que me escreveram mora aqui.
me (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome
pessoal.  Quando “um dos que” vem entremeada de substan-
Quais de nós são / somos capazes? tivo, o verbo pode:
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que
vadoras. faça o mesmo).

67
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
luídos (noção de que existem outros rios na mesma passa a existir uma nova possibilidade de concordân-
condição). cia: em vez de concordar no plural com a totalidade
do sujeito, o verbo pode estabelecer concordância
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o com o núcleo do sujeito mais próximo.
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. Faltaram coragem e competência.
Vossa Excelência está cansado? Faltou coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Compareceram todos os candidatos e o banca.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
acordo com o numeral. D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
Deu uma hora no relógio da sala. cia é feita no plural. Observe:
Deram cinco horas no relógio da sala. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Soam dezenove horas no relógio da praça. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Baterão doze horas daqui a pouco.
1.2.1. Casos Particulares
Observação:
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, tor-  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
re, etc., o verbo concordará com esse sujeito. sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin-
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. gular.
Soa quinze horas o relógio da matriz. Descaso e desprezo marca seu comportamento.
A coragem e o destemor fez dele um herói.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular.  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;
dispostos em gradação, verbo no singular:
Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam fenô-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun-
menos da natureza. Exemplos:
do me satisfaz.
Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
 Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
Chovia ontem à tarde.
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de
acordo com o valor semântico das conjunções:
1.2. Sujeito Composto
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe-
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, sia brasileira.
a concordância se faz no plural: Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
ção”. Já em:
Pais e filhos devem conversar com frequência. Juca ou Pedro será contratado.
Sujeito Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpía-
da.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
maticais diferentes, a concordância ocorre da se- Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
guinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós) no singular.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua
vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja:  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) Um ou outro compareceu à festa.
Nem um nem outro saiu do colégio.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou
no singular: Um e outro farão/fará a prova.
LÍNGUA PORTUGUESA

Pais e filhos precisam respeitar-se.


Terceira Pessoa do Plural (Eles)  Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos rece-
Observação: bem um mesmo grau de importância e a palavra
Quando o sujeito é composto, formado por um elemen- “com” tem sentido muito próximo ao de “e”.
to da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível O pai com o filho montaram o brinquedo.
empregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e O governador com o secretariado traçaram os planos
teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”. para o próximo semestre.

68
O professor com o aluno questionaram as regras. Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas.
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo. #FicaDica
O governador com o secretariado traçou os planos para
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
o próximo semestre.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
O professor com o aluno questionou as regras.
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
se construída for “compreensível”, estaremos
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões
“se” será índice de indeterminação. Veja:
“com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos adver-
Precisa-se de funcionários qualificados.
biais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma
Tentemos a voz passiva:
inversão da ordem. Veja:
Funcionários qualificados são precisados (ou
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
“O governador traçou os planos para o próximo semestre
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
com o secretariado.”
Agora:
“O professor questionou as regras com o aluno.”
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
Casos em que se usa o verbo no singular:
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
Café com leite é uma delícia!
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
O frango com quiabo foi receita da vovó.
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
ça? Agora é só memorizar!)
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expres-
sões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somen-
te”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo
ficará no plural. O Verbo “Ser”
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste. A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no- sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
tícia. cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do
sujeito.
Quando os elementos de um sujeito composto são re-
sumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é Quando o sujeito ou o predicativo for:
feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia. A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante concorda com a pessoa gramatical:
na vida das pessoas. Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas.
1.2.2 Outros Casos A esperança dos pais são eles, os filhos.

O Verbo e a Palavra “SE” B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no


Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
de particular interesse para a concordância verbal: com o que estiver no plural:
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Os livros são minha paixão!
B) quando é partícula apassivadora. Minha paixão são os livros!
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e Quando o verbo SER indicar
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
ceira pessoa do singular:  horas e distâncias, concordará com a expressão nu-
Precisa-se de funcionários. mérica:
LÍNGUA PORTUGUESA

Confia-se em teses absurdas. É uma hora.


São quatro horas.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme-
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos tros.
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
Construiu-se um posto de saúde. estar expressa ou subentendida:
Construíram-se novos postos de saúde.

69
Hoje é dia 26 de agosto. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
Hoje são 26 de agosto. seguintes regras gerais:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, denunciavam o que sentia.
muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no
singular: B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. flexão nos seguintes casos:
Duas semanas de férias é muito para mim.
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
 Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) O adjetivo concorda em gênero e número com o subs-
for pronome pessoal do caso reto, com este concor- tantivo mais próximo.
dará o verbo. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Aqui os adultos somos nós. Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação: Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
pronome sujeito. Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Eu não sou ela.
Ela não é eu.  Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina
titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o
plural se houver substantivo feminino e masculino).
verbo SER concordará com o predicativo.
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A grande maioria no protesto eram jovens.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
O resto foram atitudes imaturas.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução ver-
bal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias: Observação:
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho. pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois
substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo plural masculino, que é o gênero predominante quando há
sofre flexão: substantivos de gêneros diferentes.
As crianças parece gostarem do desenho. Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adje-
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho aas tivo fica no singular ou plural.
crianças) A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s).

C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:


FIQUE ATENTO!
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER vo não for acompanhado de nenhum modificador:
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- Água é bom para saúde.
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes O adjetivo concorda com o substantivo, se este for mo-
têm ouvidos = oração subordinada substantiva dificado por um artigo ou qualquer outro determinativo:
subjetiva). Esta água é boa para saúde.

D) O adjetivo concorda em gênero e número com os


LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA NOMINAL pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-


trou-as muito felizes.
A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um masculino singular: Os jovens tinham algo de miste-
termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal. rioso.

70
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- A educação é necessária.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a São precisas várias medidas na educação.
que se refere:
Cristina saiu só. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
Cristina e Débora saíram sós. te

Observação: Estas palavras adjetivas concordam em gênero e núme-


Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- ro com o substantivo ou pronome a que se referem.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: Seguem anexas as documentações requeridas.
Eles só desejam ganhar presentes. A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
#FicaDica Estamos quites com nossos credores.

Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se Bastante - Caro - Barato - Longe


a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se
de advérbio, portanto, invariável; se houver Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
coerência com o segundo, função de adjetivo, advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan-
então varia: do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu-
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo merais.
Ele está só descansando. (apenas descansando) As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
- advérbio Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro-
nome adjetivo)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de- Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: As casas estão caras. (adjetivo)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des- Achei barato este casaco. (advérbio)
cansando) Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)

Meio - Meia
G) Quando um único substantivo é modificado por dois
ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
construções: concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
 O substantivo permanece no singular e coloca-se meia porção de polentas.
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura Quando empregada como advérbio permanece invariá-
espanhola e a portuguesa. vel: A candidata está meio nervosa.
 O substantivo vai para o plural e omite-se o arti-
go antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola
e portuguesa. #FicaDica
1. Casos Particulares Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
saberei que se trata de um advérbio, não de
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per- adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”.
mitido

 Estas expressões, formadas por um verbo mais um Alerta - Menos


adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
referem possuir sentido genérico (não vier precedido Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
de artigo). sempre invariáveis.
É proibido entrada de crianças. Os concurseiros estão sempre alerta.
Em certos momentos, é necessário atenção. Não queira menos matéria!
No verão, melancia é bom.
LÍNGUA PORTUGUESA

É preciso cidadania. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Não é permitido saída pelas portas laterais. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter- Paulo: Saraiva, 2010.
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
verbo como o adjetivo concordam com ele. coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
É proibida a entrada de crianças. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
Esta salada é ótima. / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

71
SITE Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A2BBB,
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php os termos “não há” e “não existem” poderiam ser substituí-
dos, respectivamente, por
a) não existe e não têm.
b) não existe e inexiste.
EXERCÍCIOS COMENTADOS c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE- e) não tem e não têm.
DERAL – CESPE-2013) Formas de tratamento como Vos-
sa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que sejam emprega- Resposta: Letra C.
das sempre na segunda pessoa do plural e no feminino, Busquemos o contexto:
exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, o pro- - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
nome possessivo que faz referência ao pronome de trata- há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
mento também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
que remete ao pronome de tratamento deve concordar em de “existir”)
gênero e número com a pessoa — e não com o pronome - sem democracia, não existem as condições mínimas
— a que se refere. para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já
( ) CERTO ( ) ERRADO que devemos concordar com “as condições mínimas”. A
única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que pode
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordâncias ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos: sem
verbal e nominal ao se utilizar pronome de tratamento direitos humanos reconhecidos e protegidos, inexiste de-
devem ser na terceira pessoa e concordar em gênero mocracia; sem democracia, não há as condições mínimas
(masculino ou feminino) com a pessoa a quem se di- para a solução pacífica dos conflitos.
rige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – concordará
com quem está se falando: uma mulher ou um homem / 3. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS-
“Vossa Santidade trouxe seus pertences?” / “Vossas Se- TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉC-
nhorias gostariam de um café?”. NICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa
Excelência deve estar satisfeita com os resultados das nego-
2. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS - MA - CONHECI- ciações”, o adjetivo estará corretamente empregado se diri-
MENTOS BÁSICOS CARGOS DE TÉCNICO MUNICI- gido a ministro de Estado do sexo masculino, pois o termo
PAL - NÍVEL MÉDIO – CESPE-2017) “satisfeita” deve concordar com a locução pronominal de
tratamento “Vossa Excelência”.
Texto CB3A2BBB
( ) CERTO ( ) ERRADO
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos es-
tão na base das Constituições democráticas modernas. A Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for
paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reco- do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; mas,
nhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos em se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá flexão de
cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo, gênero: satisfeito. O pronome de tratamento é apenas a
o processo de democratização do sistema internacional, maneira como tratar a autoridade, não regendo as de-
que é o caminho obrigatório para a busca do ideal da paz mais concordâncias.
perpétua, não pode avançar sem uma gradativa ampliação
do reconhecimento e da proteção dos direitos humanos, 4. (ABIN - AGENTE TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
acima de cada Estado. Direitos humanos, democracia e paz CESPE/2010 - ADAPTADA)(...) Da combinação entre
são três elementos fundamentais do mesmo movimento velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade
histórico: sem direitos humanos reconhecidos e protegi- surge a noção contemporânea de agilidade, transformada
dos, não há democracia; sem democracia, não existem as em principal característica de nosso tempo.
condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos. A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramatical
Em outras palavras, a democracia é a sociedade dos cida- para o texto, ser flexionada no plural, para concordar com
dãos, e os súditos se tornam cidadãos quando lhes são “velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilida-
LÍNGUA PORTUGUESA

reconhecidos alguns direitos fundamentais; haverá paz es- de”


tável, uma paz que não tenha a guerra como alternativa,
somente quando existirem cidadãos não mais apenas des- ( ) CERTO ( ) ERRADO
te ou daquele Estado, mas do mundo.
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Resposta: Errado. O verbo está concordando com o ter-
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adapta- mo “combinação”, por isso deve ficar no singular.
ções).

72
5. (TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL/ Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
DF – CONHECIMENTOS BÁSICO PARA OS CARGOS de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um
1, 2, 3, 5, 6 E 7 – CESPE/2014 - ADAPTADA) (...) Há fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
décadas, países como China e Índia têm enviado estudantes formas em frases distintas.
para países centrais, com resultados muito positivos.(...)
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída A) Verbos Intransitivos
por Fazem.
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
( ) CERTO ( ) ERRADO importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empregado
no sentido de tempo passado, não sofre flexão. Portan- Chegar, Ir
to, sua forma correta seria: “faz décadas”. Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL. Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome Comparecer
(regência nominal) e seus complementos. O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
timo jogo.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- B) Verbos Transitivos Diretos
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, Os verbos transitivos diretos são complementados por
o que corresponde à diversidade de significados que estes objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
forem empregados. gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
tentar. podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
do ou prazer”, satisfazer. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
dar a alguém”. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
O conhecimento do uso adequado das preposições é admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
bal (e também nominal). As preposições são capazes de eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
do dito. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Cheguei ao metrô. como o verbo amar:
Cheguei no metrô. Amo aquele rapaz. / Amo-o.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- Amo aquela moça. / Amo-a.
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
A voluntária distribuía leite às crianças.
LÍNGUA PORTUGUESA

A voluntária distribuía leite com as crianças. Observação:


Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos ad-
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto nominais):
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)

73
C) Verbos Transitivos Indiretos

Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a,
as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.

Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:


Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais
para todos.

Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos introduzidos pela preposição “a”:


Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.

Responder - Tem complemento introduzido pela preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem”
ou “ao que” se responde.
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.

Observação:
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica:
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos introduzidos pela preposição “com”.


Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.

D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos

Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque,
nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto
relacionado a pessoas.

Agradeço aos ouvintes a audiência.


Objeto Indireto Objeto Direto

Paguei o débito ao cobrador.


Objeto Direto Objeto Indireto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
LÍNGUA PORTUGUESA

Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)

74
Observação:
A mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento indi-
reto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.

Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.

Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

A construção “pedir para”, muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.

Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.

Observação:
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).

Mudança de Transitividade - Mudança de Significado

Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. O conhecimento das
diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a correta interpretação
de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:

Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.

Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.

O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: O cantor desagradou à plateia.

Aspirar
LÍNGUA PORTUGUESA

Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspirávamos
a ele)

Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são utilizadas,
mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)

75
Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.

Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.

No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar intro-
duzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.

Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo pre-
posicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

Custar
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e
verduras não deveriam custar muito.

No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração reduzida
de infinitivo.

Muito custa viver tão longe da família.


Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

Custou-me (a mim) crer nisso.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

A Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa:
Custei para entender o problema.
= Forma correta: Custou-me entender o problema.

Implicar
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes implicavam um firme propósito.
B) ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.

Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.

No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não
LÍNGUA PORTUGUESA

trabalhasse arduamente.

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.

76
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segunda
acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)
LÍNGUA PORTUGUESA

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.

77
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

2 Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será comple-
tiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
LÍNGUA PORTUGUESA

Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

78
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; CRASE.
paralelamente a; relativa a; relativamente a.
CRASE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
Paulo: Saraiva, 2010. o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
quais.
SITE O uso do acento indicativo de crase está condicionado
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
EXERCÍCIO COMENTADO é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con-
1. POLÍCIA FEDERAL - AGENTE DE POLÍCIA FEDE- tratada recentemente.
RAL – CESPE-2014 (ADAPTADA) Após a junção da preposição com o artigo (destacados
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria entre parênteses), temos:
e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada
estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e cultu- recentemente.
rais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências
infligem considerável prejuízo às nações do mundo intei- O verbo referir, de acordo com sua transitividade, classi-
ro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os fica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o
afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome
independentemente de classe social e econômica ou mes- demonstrativo aquela (àquela).
mo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos
adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico Observações importantes:
de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de ca- Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
ráter transnacional — com a criminalidade e a violência. Esses confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura  Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
social e econômica interna, devendo o governo adotar uma equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
postura firme de combate ao tráfico de drogas, articulando-se crase está confirmada.
internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e oti- Os dados foram solicitados à diretora.
mizar seus mecanismos de prevenção e repressão e garantir o Os dados foram solicitados ao diretor.
envolvimento e a aprovação dos cidadãos.  No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na
expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em Faremos uma visita à Bahia.
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
vocábulo “conexos”.
Não me esqueço da viagem a Roma.
( ) CERTO ( ) ERRADO Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
mais vividos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância na


discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas Nas situações em que o nome geográfico se apresentar
é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes modificado por um adjunto adnominal, a crase está con-
conexos — geralmente de caráter transnacional — com a firmada.
criminalidade e a violência. Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
O termo está se referindo à associação – associação do praias.
tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalida-
de (2) (associação daquilo [1] com isso [2])

79
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
#FicaDica verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, obser-
vamos a queima de fogos a distância.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra arremessado à distância de cem metros.
quê?)
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)  De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá Ensino a distância.
crase. Veja:  Em locuções adverbiais formadas por palavras repe-
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, tidas, não há ocorrência da crase.
pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Ela ficou frente a frente com o agressor.
Irei à Salvador de Jorge Amado. Eu o seguirei passo a passo.

A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Casos em que não se admite o emprego da crase:
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Antes de vocábulos masculinos.
Entregamos a encomenda àquela menina. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
(preposição + pronome demonstrativo) Esta caneta pertence a Pedro.

Iremos àquela reunião. Antes de verbos no infinitivo.


(preposição + pronome demonstrativo) Ele estava a cantar.
Começou a chover.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian-
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem.
(preposição + pronome demonstrativo)
Faremos uma visita a dez países.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (adver-
Observações:
biais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento grave:
 Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio-
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
nando como uma locução adverbial feminina – ocor-
pressas, à vontade...
rerá crase: Os passageiros partirão às dezenove horas.
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
 Diante de numerais ordinais femininos a crase está
cura de...
confirmada, visto que estes não podem ser empre-
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que. gados sem o artigo: As saudações foram direcionadas
à primeira aluna da classe.
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem a  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
função de locuções não ocorrerá crase. Repare: essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
Eu adoro a noite! dos exaustos a casa.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto adno-
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não minal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaustos
preposição. à casa de Marcela.

Casos passíveis de nota:  Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
 A crase é facultativa diante de nomes próprios femi- ram a terra, já era noite.
ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Contudo, se o termo estiver precedido por um determi-
 Também é facultativa diante de pronomes possessi- nante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua em- Paulo viajou rumo à sua terra natal.
LÍNGUA PORTUGUESA

presa. O astronauta voltou à Terra.


 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-
cará aberta até as (às) dezoito horas.  Não ocorre crase antes de pronomes que requerem
 Constata-se o uso da crase se as locuções preposi- o uso do artigo.
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se im- Os livros foram entregues a mim.
plícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Tenho Dei a ela a merecida recompensa.
compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda
de Luís XV)

80
 Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais, es-
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o tão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro pú-
uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, blico, para a criação de despesas e, em particular, para os
no caso de o termo regente exigir a preposição. gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido algumas
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. dessas regras, estariam interessados em torná-las ainda
 Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado mais rigorosas?
em sentido genérico ou indeterminado: Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis pelo
Estamos sujeitos a críticas. dinheiro público que, por alguma razão, não a cumpriram.
Refiro-me a conversas paralelas. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, se nem
nas condições atuais esses responsáveis estão sendo ca-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS pazes de cumpri-la? O problema não está na lei. Mudá-la
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode ser o pretexto não para torná-la mais rigorosa, mas
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. para atribuir-lhe alguma flexibilidade que a desfigure. O
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- verdadeiro problema é a dificuldade do setor público de
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São adaptar suas despesas às receitas em queda por causa da
Paulo: Saraiva, 2010. crise.

SITE Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-


http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-. ções).
html
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da re-
gência do verbo “adaptar” e da presença do artigo definido
EXERCÍCIOS COMENTADOS feminino determinando o substantivo “receitas”.

( ) CERTO ( ) ERRADO
1. (POLÍCIA FEDERAL - AGENTE DE POLÍCIA FEDE-
RAL – CESPE-2014 - ADAPTADA) O acento indicativo Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di-
de crase em “à humanidade e à estabilidade” é de uso fa- ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às
cultativo, razão por que sua supressão não prejudicaria a
receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
correção gramatical do texto.
adapta algo/alguém A algo/alguém.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE-
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO-
Resposta: Errado. Retomemos o contexto: (...) O uso in-
NAIS – CESPE/2012) O emprego do sinal indicativo de
devido de drogas constitui, na atualidade, séria e persis-
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justifica-
tente ameaça à humanidade e à estabilidade das estrutu-
ras e valores políticos (...). -se pela regência do verbo adequar, que exige complemen-
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já que to regido pela preposição “a”, e pela presença de artigo
os termos “humanidade” e “estabilidade” complemen- definido feminino antes de “necessidades”.
tam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” = a
regência nominal pede preposição. ( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (TCE-PA - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (objeto
1, 18, 19, 37 E 38 – CESPE-2016) direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) necessida-
des – objeto indireto. A explicação do enunciado está
Texto CB1A1BBB correta.

Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com o 4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que es- RIO – CESPE/2014 - ADAPTADA) No trecho “deu início
touraram o limite de gastos com pessoal fixado pela Lei à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento grave in-
Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Respon- dicativo de crase é obrigatório.
sabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria legis-
LÍNGUA PORTUGUESA

lação destinada a assegurar, como alegam, maior rigor na ( ) CERTO ( ) ERRADO


gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de respon-
sabilidade fiscal para, segundo argumentam, fortalecer a Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cósmi-
estrutura legal que protege o dinheiro público do mau uso ca” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso, é
por gestores irresponsáveis. facultativo (antes de pronome possessivo).
Examinando-se a situação financeira dos estados que pre-
param sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica di-
fícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quando

81
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di-
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS. rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à
pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
PRONOME ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma A) Pronome Reto
forma. Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o ho- ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
mem destrói a natureza... Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é su- nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
perior à natureza, por isso ele a destrói... principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
(homem e natureza). gurado:
Grande parte dos pronomes não possuem significados 1.ª pessoa do singular: eu
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro 2.ª pessoa do singular: tu
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- 3.ª pessoa do singular: ele, ela
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos 1.ª pessoa do plural: nós
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro- 2.ª pessoa do plural: vós
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes 3.ª pessoa do plural: eles, elas
têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação Esses pronomes não costumam ser usados como com-
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, plementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele
os pronomes apresentam uma forma específica para cada na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”-
pessoa do discurso. comuns na língua oral cotidiana - devem ser evitadas na
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem formas verbais marcam, através de suas desinências, as
se fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- B) Pronome Oblíquo
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
através do pronome seja coerente em termos de gênero tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Observação:
sa escola neste ano. O pronome oblíquo é uma forma variante do pronome
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa
adequada] que eles desempenham na oração: pronome reto marca o
[neste: pronome que determina “ano” = concordância sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento
adequada] da oração. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acor-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- do com a acentuação tônica que possuem, podendo ser
dância inadequada] átonos ou tônicos.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Pronome Oblíquo Átono


demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
1. Pronomes Pessoais fraca: Ele me deu um presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando Lista dos pronomes oblíquos átonos
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve 1.ª pessoa do singular (eu): me
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes 2.ª pessoa do singular (tu): te

82
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
1.ª pessoa do plural (nós): nos Não vá sem eu mandar.
2.ª pessoa do plural (vós): vos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
FIQUE ATENTO! mim!
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
peciais depois de certas terminações verbais: A combinação da preposição “com” e alguns pronomes
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, co-
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao nosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequen-
mesmo tempo que a terminação verbal é su- temente exercem a função de adjunto adverbial de compa-
primida. Por exemplo: nhia: Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Ela
dizer + a = dizê-la veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
2. Quando o verbo termina em som nasal, o inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
pronome assume as formas no, nos, na, nas. prova, até eu! (= inclusive eu)
Por exemplo:
viram + o: viram-no As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
repõe + os = repõe-nos “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são
retém + a: retém-na reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios, to-
tem + as = tem-nas dos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
B.2 Pronome Oblíquo Tônico tícias.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Ele disse que iria com nós três.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. 3. Pronome Reflexivo
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
forte. da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: expressa pelo verbo.
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Lista dos pronomes reflexivos:
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me lem-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela bro disso.
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Guilher-
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- me já se preparou.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As Ela deu a si um presente.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Antônio conversou consigo mesmo.

As preposições essenciais introduzem sempre prono- 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta com esta conquista.
forma:
Não há mais nada entre mim e ti. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não há nenhuma acusação contra mim.


Não vá sem mim.

Há construções em que a preposição, apesar de surgir


anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode
ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deve-
rá ser do caso reto.

83
3. Os pronomes de tratamento representam uma forma
#FicaDica indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores.
Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
esse deputado supostamente tem para poder ocupar
me arrumei e saí.
o cargo que ocupa.
É pronome recíproco quando indica recipro-
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª
-nos calados.
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação
necessária e sem função sintática: Os explora-
a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes-
se foram?
sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos


C) Pronomes de Tratamento ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
São pronomes utilizados no tratamento formal, cerimo- ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida
nioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a
a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te”
Alguns exemplos: ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na ter-
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques ceira pessoa.
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio- Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
sos em geral teus cabelos. (errado)
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes- Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- ou
blica (sempre por extenso)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universidades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de 4. Pronomes Possessivos
igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
de direito (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce- (coisa possuída).
rimonioso Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus singular)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- NÚMERO PESSOA PRONOME
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra-
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados singular primeira meu(s), minha(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é singular segunda teu(s), tua(s)
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou singular terceira seu(s), sua(s)
literária. plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
Observações:
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de plural terceira seu(s), sua(s)
LÍNGUA PORTUGUESA

tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados


em relação à pessoa com quem falamos: Espero que Note que:
V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro. A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a
que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram momento difícil.
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República,
agiu com propriedade.

84
Observações: Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamento
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar no tempo, referido de modo vago ou como tempo remoto:
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obri- Naquele tempo, os professores eram valorizados.
gado, seu José.
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fa-
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- lará ou escreverá):
se. Podem ter outros empregos, como: Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer fa-
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. zer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
anos. tografia, concordância.
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá
seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o Sua aprovação no concurso, isso é o que mais desejamos!
pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Exce-
lência trouxe sua mensagem? Este e aquele são empregados quando se quer fazer re-
ferência a termos já mencionados; aquele se refere ao ter-
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo mo referido em primeiro lugar e este para o referido por
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros último:
e anotações.
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí- este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou se- aquele [Palmeiras])
guir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
ou
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
para que não ocorra redundância: Coloque tudo nos aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
respectivos lugares. aquele [Palmeiras])

5. Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou


invariáveis, observe:
São utilizados para explicitar a posição de certa palavra Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser la(s).
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
A) Em relação ao espaço: Também aparecem como pronomes demonstrativos:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da pes-  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
soa que fala: e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
Este material é meu. aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da pes- Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
soa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
relação à pessoa que fala:  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esta manhã farei a prova do concurso!
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, porém eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou
relativamente próximo à época em que se situa a pessoa então: este solteiro, aquele casado) - este se refere à
que fala: pessoa mencionada em último lugar; aquele, à men-
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! cionada em primeiro lugar.

85
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Todo e toda no singular e junto de artigo significa intei-
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? ro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava Trabalho todo dia. (= todos os dias)
vendo. (no = naquilo)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada
6. Pronomes Indefinidos um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo),
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Cada um escolheu o vinho desejado.
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- 7. Pronomes Relativos
-plantadas.
São aqueles que representam nomes já mencionados
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma as orações subordinadas adjetivas.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- um grupo racial sobre outros.
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva).
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel-
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Algo o incomoda?
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
Quem avisa amigo é.
me demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quan-
expresso.
tidade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
Quem casa, quer casa.
Cada povo tem seus costumes.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Note que: Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora prono- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
mes indefinidos adjetivos: quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), quantas.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), Note que:
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
Menos palavras e mais ações. sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
Alguns se contentam pouco. tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
antecedente for um substantivo.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
riáveis e invariáveis. Observe: A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, qual)
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quais)
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
LÍNGUA PORTUGUESA

vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, quais)


todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
algo, cada. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu- Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa
ral é feito em seu interior). por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi-

86
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou en-
cantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se o qual
/ a qual)

O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de
ser poeta, que era a sua vocação natural.

O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente (o
ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale a do
qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.


É um professor a quem muito devemos.
(preposição)

“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde
morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


 como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

 quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que
conversava, (que) ria, observava.

8. Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, refe-
LÍNGUA PORTUGUESA

rem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e
variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quan-
do desempenha função de complemento.

87
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia próclise é usada:
lhe ajudar.
 Quando o verbo estiver precedido de palavras
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função jamais, etc.: Não se desespere!
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. C) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para tudo!
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es-
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe). forçou.
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni-
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou dade.
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos
de preposição.  Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que lhe disse isso?
eu estava fazendo.  Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim se ofendem!
o que eu estava fazendo.  Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Que Deus o ajude.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o material
amanhã. / Tu sabes cantar?
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do ver-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
bo. A mesóclise é usada:
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
do pretérito, contanto que esses verbos não estejam pre-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
cedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Reali-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira zar-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol da
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – paz no mundo.
São Paulo: Saraiva, 2002. Repare que o pronome está “no meio” do verbo “reali-
zará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
SITE lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. Veja: Não se realizará...
php Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
9. Colocação Pronominal (com presença de palavra que justifique o uso de prócli-
se: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanharia
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos nessa viagem).
pronomes oblíquos átonos na frase.
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
#FicaDica possíveis:
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- Quando eu avisar, silenciem-se todos.
ção de complemento verbal (objeto). Por isso,  Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
memorize: era minha intenção machucá-la.
LÍNGUA PORTUGUESA

OBlíquo = OBjeto!  Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se


inicia período com pronome oblíquo).
Vou-me embora agora mesmo.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- Levanto-me às 6h.
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de-  Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
vem ser observadas na linguagem escrita. no concurso, mudo-me hoje mesmo!
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
posta fazendo-se de desentendida.

88
10. Colocação pronominal nas locuções verbais
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS
 Após verbo no particípio = pronome depois do ver- DO TEXTO.
bo auxiliar (e não depois do particípio): SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.
Tenho me deliciado com a leitura! SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE
Eu tenho me deliciado com a leitura! TRECHOS DE TEXTO.
Eu me tenho deliciado com a leitura! REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e nas ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO.
locuções verbais:
Vamos nos unir!
Iremos nos manifestar.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE ESTRU-
 Quando há um fator para próclise nos tempos com-
TURAS
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pro-
nome oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
nos preocupar (e não: “não nos vamos preocupar”).
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen-
11. Emprego de o, a, os, as
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo,
 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem
pronomes: o, a, os, as não se alteram.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
Chame-o agora.
experiência de vida antecedem o ato de escrever.
Deixei-a mais tranquila.
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne-
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores.
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia-
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no,
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases.
na, nos, nas.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
Chamem-no agora.
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá-
Põe-na sobre a mesa.
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
#FicaDica ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ-
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas
Dica da Zê! mensagens. Observe:
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig- 1. A desemprego globalização no Brasil e no na está La-
nifica “antes”! Pronome antes do verbo! tina América causando.
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, 2. A globalização está causando desemprego no Brasil e
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome na América Latina.
depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver- Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
bo frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
tural do mundo atual.
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
1. A Ordem dos Termos na Frase
Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que


SITE
ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
-pronominal-.html
mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
Observação: Não foram encontradas questões abran-
acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
gendo tal conteúdo.
zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões

89
e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von- Se os termos estão colocados na ordem direta não ha-
tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos verá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo
transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode- disto:
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira: A globalização está causando desemprego no Brasil e na
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau- América Latina.
sando desemprego.
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração
Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, ape- por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
nas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a al- mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re-
guns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, gra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja:
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas. A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” cau-
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e sam desemprego…
o que mais nos auxilia na organização de um período, pois (três núcleos do sujeito)
facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos A globalização causa desemprego no Brasil, na América
frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga- Latina e na África.
nizadas aos nossos leitores. (três adjuntos adverbiais)
O básico para a organização sintática das frases é a or-
dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu- A globalização está causando desemprego, insatisfação e
ram tal ordem da seguinte maneira: sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. (três
complementos verbais)
SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+ CIR-
CUNSTÂNCIAS B) Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa-
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu
A globalização + está causando+ desemprego + no complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
Brasil nos dias de hoje. seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora-
ção. Veja exemplos de tal incorreção:
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas O Brasil, será feliz.
contêm todos estes elementos, portanto cabem algumas A globalização causa, o desemprego.
observações:
A) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre
normalmente são representadas por adjuntos adverbiais os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas,
de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan- assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em
a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases: outras palavras: quando intercalamos expressões e frases
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi- entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com
nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou- vírgulas. Vejamos:
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…” A globalização, fenômeno econômico deste fim de século
XX, causa desemprego no Brasil.
Observações: Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o
Tais construções não estão erradas, mas rompem com sujeito e o verbo.
a ordem direta; Outros exemplos:
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
frases que não têm sujeito, somente predicado. Por exem- ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
plo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. na.
São quatro horas agora; Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
Outras frases são construídas com verbos intransitivos, As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
que não têm complemento: quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad- vo, por isto são também isoladas por vírgula.
junto adverbial) A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
A globalização nasceu no século XX. (idem) Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
LÍNGUA PORTUGUESA

Há ainda frases nominais que não possuem verbos: complemento.


cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
existentes nelas. no Brasil…
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
Levando em consideração a ordem direta, podemos es- tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
tabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
verbal e os adjuntos).

90
Observação: Observação:
A simples negação em uma frase não exige vírgula: A A contribuição greco-latina é responsável pela existên-
globalização não causou desemprego no Brasil e na América cia de numerosos pares de sinônimos: adversário e antago-
Latina. nista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contra-
veneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; trans-
C) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, formação e metamorfose; oposição e antítese.
tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra n.º 3 da
colocação da vírgula. 2. Antônimos
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego… São palavras que se opõem através de seu significado:
No fim do século XX, a globalização causou desemprego ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
no Brasil… mal - bem.

Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente Observação:


se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. A antonímia pode se originar de um prefixo de sentido
Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá- oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e an-
tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas tipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista;
que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais, simétrico e assimétrico.
isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
Quando o século XX estava terminando, a globalização 3. Homônimos e Parônimos
começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia desen-  Homônimos = palavras que possuem a mesma
volvem-se, a globalização causa desemprego nos países po- grafia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
bres. Podem ser
Durante o século XX, a Globalização causou desemprego
no Brasil. A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
rentes na pronúncia:
Observação: rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
Quanto à equivalência e transformação de estruturas, (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun- nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem para
o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a mudança B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di-
de tempos verbais. ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
SITE zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu- reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/ e passo (andar).

C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo
Semântica é o estudo da significação das palavras e das (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
suas mudanças de significação através do tempo ou em  Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
determinada época. A maior importância está em distinguir porém de formas relativamente próximas. São palavras
sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e homôni- parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
mos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
1. Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
LÍNGUA PORTUGUESA

abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em deteminado enunciado (aguadar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).

91
4. Hiperonímia e Hiponímia As estrelas deixam o céu mais bonito!

Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem B) Conotação


a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô- Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni- apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in-
mo, mais abrangente. terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipônimo, rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão
criando, assim, uma relação de dependência semântica. Por além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
exemplo: Veículos está numa relação de hiperonímia com cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza-
carros, já que veículos é uma palavra de significado ge- da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no
nérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é um exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela
hiperônimo de carros. pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em pau no concurso).
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a tos no receptor da mensagem, através da expressividade e
repetição desnecessária de termos. afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- blicitários, entre outros. Exemplos:
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você é o meu sol!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- Minha vida é um mar de tristezas.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Você tem um coração de pedra!
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
#FicaDica
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por- Procure associar Denotação com Dicionário:
tuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. trata-se de definição literal, quando o termo
é utilizado com o sentido que consta no
SITE dicionário.
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Exemplos de variação no significado das palavras: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
teral) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido fi-
gurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos significados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras.
A) Denotação POLISSEMIA
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando
apresenta seu significado original, independentemente Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que mas que abarca um grande número de significados dentro
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da de seu próprio campo semântico.
palavra. Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
LÍNGUA PORTUGUESA

A denotação tem como finalidade informar o receptor cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, da polissemia:
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O rapaz é um tremendo gato.
daço de madeira. Outros exemplos: O gato do vizinho é peralta.
O elefante é um mamífero. Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.

92
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so-
brevivência
O passarinho foi atingido no bico.

Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de com-


putadores e rede elétrica, por exemplo, temos em comum
a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de “entre-
laçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, que pode
ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou “jogo” – o
sentido comum entre todas as expressões é o formato qua-
driculado que têm.

1. Polissemia e homonímia
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-ca-
belo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, mas
cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
quando duas ou mais palavras com origens e significados duas seriam:
distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho- Corte e coloração capilar
monímia. ou
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode Faço corte e pintura capilar
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
polissemia porque os diferentes significados para a pala- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto, reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado Paulo: Saraiva, 2010.
indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
escrita.
SITE
2. Polissemia e ambiguidade http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.htm

Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na


interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta- EXERCÍCIO COMENTADO
ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em 1. (SUSAM/AM - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
uma frase. Vejamos a seguinte frase: – FGV/2014) “o país teve de recorrer a um programa de
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen- racionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma de
temente são felizes. reescrever esse segmento, que altera o seu sentido original.
Neste caso podem existir duas interpretações diferen- a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de
tes:
racionamento.
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli-
b) O país teve como recurso recorrer a um programa
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
de racionamento.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de ra-
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre-
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- cionamento.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. d) O país obrigou‐se a recorrer a um programa de ra-
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção cionamento.
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- e) O Brasil optou por um programa de racionamento.
micidade. Repare na figura abaixo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um progra-


ma de racionamento”. Assinale a opção que apresenta a
forma de reescrever esse segmento, QUE ALTERA O
SEU SENTIDO ORIGINAL.
Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa
de racionamento = mesmo sentido.
Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro-
grama de racionamento = mesmo sentido.

93
Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do dis-
racionamento = mesmo sentido. curso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto, pela es-
Em “d”: O país obrigou‐se a recorrer a um programa de tética, pela ordem do discurso, pela sua forma de constru-
racionamento = mesmo sentido. ção. O sentido do discurso encontra-se sempre em aberto
Em “e”: O Brasil optou por um programa de racionamen- para a possibilidade de interpretação do seu receptor. O
to = mudança de sentido (segundo o enunciado, o país efeito do discurso é, claramente, transmitir uma mensagem
não teve outra opção a não ser recorrer. Na alternativa, e alcançar um objetivo premeditado através da interpreta-
provavelmente havia outras opções, e o país escolheu a ção e interpelação do indivíduo alvo.
de “recorrer”).
1. Tipos de Discurso: direto, indireto e indireto livre

ANÁLISE E TIPO DE DISCURSO 1.1. Vozes do Discurso

A Análise do Discurso é uma prática da linguística no Ao lermos um texto, observamos que há um narrador
campo da Comunicação, e consiste em analisar a estrutura - que é quem conta o fato. Esse locutor ou narrador pode
de um texto e, a partir disto, compreender as construções introduzir outras vozes no texto para auxiliar a narrativa.
ideológicas presentes no mesmo. Para fazer a introdução dessas outras vozes no texto, a voz
O discurso em si é uma construção linguística atrelada principal ou privilegiada - o narrador - usa o que chama-
ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. Ou seja, mos de discurso. O que vem a ser discurso dentro do texto?
as ideologias presentes em um discurso são diretamente É a forma como as falas são inseridas na narrativa. Ele pode
determinadas pelo contexto político-social em que vive o ser classificado em: direto, indireto e indireto livre.
seu autor. Mais que uma análise textual, a análise do Dis-
curso é uma análise contextual da estrutura discursiva em A) Discurso direto: reproduz fiel e literalmente algo
questão. dito por alguém. Um bom exemplo de discurso direto são
Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso como as citações ou transcrições exatas da declaração de alguém.
uma construção de características sociais. A sociedade que  Primeira pessoa (eu, nós) – é o narrador quem
promove o contexto do discurso analisado é a base de toda fala, usando aspas ou travessões para demarcar que está
a estrutura do texto, atrelando, deste modo, todo e qual- reproduzindo a fala de outra pessoa: “Não gosto disso” –
quer elemento que possa fazer parte do sentido do discur- disse a menina em tom zangado.
so. O texto só pode assim ser chamado se o seu receptor
for capaz de compreender o seu sentido, e isto cabe ao B) Discurso indireto: o narrador, usando suas próprias
autor do texto e à atenção que o mesmo der ao contex- palavras, conta o que foi dito por outra pessoa. Temos en-
to da construção de seu discurso. É a relação básica para tão uma mistura de vozes, pois as falas dos personagens
a existência da comunicação verbal: emissão – recepção – passam pela elaboração da fala do narrador.
compreensão.  Terceira pessoa - ele(s), ela(s) – O narrador só usa
As práticas discursivas geram também outros âmbitos sua própria voz, o que foi dito pela personagem passa pela
de análise do discurso, como o Universo de Concorrências, elaboração do narrador. Não há uma pontuação específica
que consiste na competição entre vários emissores para que marque o discurso indireto: A menina disse em tom
atingir um mesmo público-alvo. A partir disto, os emisso- zangado, que não gostava daquilo.
res precisam inteirar-se do contexto da vida do seu recep-
tor, para que deste modo possam interpelá-lo segundo sua C) Discurso indireto livre: É um discurso no qual há
própria ideologia, fazendo com que sua mensagem seja uma maior liberdade, o narrador insere a fala do persona-
recebida e assimilada pelo receptor sem que o mesmo per- gem de forma sutil, sem fazer uso das marcas do discurso
ceba que está sendo alvo de uma tentativa de convenci- direto. É necessário que se tenha atenção para não confun-
mento, por assim dizer. dir a fala do narrador com a fala do personagem, pois esta
Dentro da análise do Discurso há também o discurso surge de repente em meio à fala do narrador: A menina pe-
estético, feito por meio de imagens, e que interpelam o rambulava pela sala irritada e zangada. Eu não gosto disso!
indivíduo através de sua sensibilidade, que está ligada ao E parecia que ninguém a ouvia.
seu contexto também. A sensibilidade de um indivíduo se
define a partir do que, ao longo de sua vida, torna-se im- 1.2. Níveis de Linguagem
portante e desperta-lhe sentimentos. Com isto, podemos
LÍNGUA PORTUGUESA

analisar as artes produzidas em diferentes épocas da his- A língua é um código de que se serve o homem para
tória em todo o mundo e perceber as diferentes formas de elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
interpelação e contextualidade presentes nas mesmas. O mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
discurso estético tem a mesma capacidade ideológica que funcionais:
o discurso verbal, com a vantagem de atingir o indivíduo A) a língua funcional de modalidade culta, língua
esteticamente, o que pode render muito mais rapidamente culta ou língua-padrão, que compreende a língua literá-
o sucesso do discurso aplicado. ria, tem por base a norma culta, forma linguística utilizada
A partir na análise de todos os aspectos do discurso pelo segmento mais culto e influente de uma sociedade.

94
Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de Eu não a vi hoje.
comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão, Ninguém o deixou falar.
jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de Deixe-me ver isso!
serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, co- Eu te amo, sim, mas não abuses!
laborando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
B) a língua funcional de modalidade popular; língua Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
popular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as
mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
1.3. Norma culta etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza- quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. à causa do ensino.
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poé-
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco- tica, caracterizado por construções de rara beleza.
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Estou preocupado. (norma culta) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
Tô preocupado. (língua popular) de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
urge conhecer a língua popular, captando-lhe a esponta- Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
neidade, expressividade e enorme criatividade, para viver; dispersar e Não vamos dispersar-nos)
urge conhecer a língua culta para conviver. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- sair daqui bem depressa)
mas da língua culta. O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto)
1.4. O conceito de erro em língua
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
a norma culta. formas então legítimas impido, despido e desimpido, que hoje
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
praia, vestido de fraque e cartola. rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o da língua popular para a língua culta”.
das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami- Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma
gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada confor-
perfeitamente normais construções do tipo: me as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar. 1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lingua-
Deixe eu ver isso! gem
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco-
LÍNGUA PORTUGUESA

Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural,
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e
alteram: a evoluções.

95
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importância. lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a língua (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios
falada com base na língua escrita, considerada superior. fundamentais de toda administração pública, claro está
Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, a que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e co-
que os professores sempre estão atentos. municações oficiais.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- Não se concebe que um ato normativo de qualquer
trando as características e as vantagens de uma e outra, natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido
ou inferioridade, que em verdade inexiste. dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publi-
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale- cidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão.
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre Além de atender à disposição constitucional, a forma
uma modalidade e outra. dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- para sua elaboração que remontam ao período de nossa
borada que a língua falada, porque é a modalidade que história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade –
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne- 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, mantida no período republicano. Esses mesmos princípios
processam-se lentamente e em número consideravelmente (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de
menor, quando cotejada com a modalidade falada. linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais:
Importante é fazer o educando perceber que o nível da elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de
a situação em que se desenvolve o discurso. certo nível de linguagem.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Nesse quadro, fica claro também que as comunicações
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjun-
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível to dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogê-
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum nea (o público).
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e Outros procedimentos rotineiros na redação de comu-
na sala de aula. nicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo,
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se,
diano, a que já fizemos referência. por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações ofi-
ciais, regulados pela Portaria n.º 1 do Ministro de Estado da
Justiça, de 8 de julho de 1937.
REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES Acrescente-se, por fim, que a identificação que se bus-
GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE. cou fazer das características específicas da forma oficial de
CORRESPONDÊNCIA OFICIAL (CONFORME redigir não deve ensejar o entendimento de que se propo-
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA nha a criação – ou se aceite a existência – de uma forma es-
REPÚBLICA). pecífica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma
distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza
O QUE É REDAÇÃO OFICIAL pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e
de formas arcaicas de construção de frases.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos e e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica –
comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe
LÍNGUA PORTUGUESA

Poder Executivo. certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira


A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoali- diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da cor-
dade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, conci- respondência particular, etc.
são, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses Apresentadas essas características fundamentais da re-
atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada
37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, uma delas.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega-

96
1. A Impessoalidade restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o
jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente di-
a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) nâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de
alguém que receba essa comunicação. No caso da redação costumes, e pode eventualmente contar com outros ele-
oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou mentos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos,
aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Ser- a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores
viço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpo-
relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatá- ra mais lentamente as transformações, tem maior vocação
rio dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cida- para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para
dãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros comunicar.
Poderes da União. A língua escrita, como a falada, compreende diferentes
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo,
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter-
ções oficiais decorre: minado padrão de linguagem que incorpore expressões
a) da ausência de impressões individuais de quem co- extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer ju-
munica: embora se trate, por exemplo, de um expediente rídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário
assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de
nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Ob- linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finali-
tém-se, assim, uma desejável padronização, que permite dade com que a empregamos.
que comunicações elaboradas em diferentes setores da O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
Administração guardem entre si certa uniformidade; impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cida- da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em
dão, sempre concebido como público, ou a outro órgão que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se
público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários
de forma homogênea e impessoal; do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
universo temático das comunicações oficiais se restringe a que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou
questões que dizem respeito ao interesse público, é natural sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idios-
que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. Desta sincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se
forma, não há lugar na redação oficial para impressões pes- atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos.
soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a simpli-
um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo cidade de expressão, desde que não seja confundida com
de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão
interferência da individualidade que a elabora. culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios
de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais da língua literária.
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
impessoalidade. um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
A necessidade de empregar determinado nível de lin- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
lado, do próprio caráter público desses atos e comunica- crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
ções; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui en- evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
tendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcio- situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
namento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o
LÍNGUA PORTUGUESA

sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O vocabulário próprio à determinada área, são de difícil en-
mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade tendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
precípua é a de informar com clareza e objetividade. As Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comu-
comunicações que partem dos órgãos públicos federais nicações encaminhadas a outros órgãos da administração
devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso
de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação

97
3. Formalidade e Padronização b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto circulação restrita, como a gíria e o jargão;
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto imprescindível uniformidade dos textos;
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto linguísticos que nada lhe acrescentam.
ao correto emprego deste ou daquele pronome de trata- É pela correta observação dessas características que
mento para uma autoridade de certo; mais do que isso, a se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável
formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos
enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação. oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém,
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à principalmente, da falta da releitura que torna possível sua
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad- correção.
ministração federal é una, é natural que as comunicações Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda,
que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O
desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se que nos parece óbvio pode ser desconhecido por tercei-
atente para todas as características da redação oficial e que ros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em
se cuide, ainda, da apresentação dos textos. decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclare-
dispensáveis para a padronização. ça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e
abreviações e os conceitos específicos que não possam ser
4. Concisão e Clareza dispensados.
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pres-
sa com que são elaboradas certas comunicações quase
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.
transmitir um máximo de informações com um mínimo de
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a
palavras. Para que se redija com essa qualidade, é funda-
máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável reper-
mental que se tenha, além de conhecimento do assunto
cussão no redigir.
sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o
texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes
5. As Comunicações Oficiais
se percebem eventuais redundâncias ou repetições desne-
cessárias de ideias. 5.1. Introdução
O esforço de sermos concisos atende, basicamente,
ao princípio de economia linguística, à mencionada fór- A redação das comunicações oficiais deve, antes de
mula de empregar o mínimo de palavras para informar o tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspec-
máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como tos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há características
economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar específicas de cada tipo de expediente, que serão trata-
passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em ta- das em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua
manho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as
redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já modalidades de comunicação oficial: o emprego dos pro-
foi dito. nomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe do signatário.
em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamen-
tais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o 6. Pronomes de Tratamento
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem
também ideias secundárias que não acrescentam informa- 6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
ção alguma ao texto, nem têm maior relação com as funda-
mentais, podendo, por isso, ser dispensadas. O uso de pronomes e locuções pronominais de trata-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi- mento tem larga tradição na língua portuguesa. De acor-
LÍNGUA PORTUGUESA

cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita do com Said Ali, após serem incorporados ao português
imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento direto da
não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-
das demais características da redação oficial. Para ela con- -se a empregar, como expediente linguístico de distinção
correm: e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter- de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Ou-
pretações que poderia decorrer de um tratamento perso- tro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que
nalista dado ao texto; se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente

98
da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o trata-
mento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierar- c) do Poder Judiciário:
quia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa Ministros dos Tribunais Superiores;
eminência, vossa santidade.” Membros de Tribunais;
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamen- Juízes;
to indireto já estava em voga também para os ocupantes Auditores da Justiça Militar.
de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosme-
cê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas
o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do
atual emprego de pronomes de tratamento indireto como cargo respectivo:
forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
eclesiásticas. Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal
6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento Federal.

Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con- Senhor, seguido do cargo respectivo:
cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram Senhor Senador,
a segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, Senhor Juiz,
ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância Senhor Ministro,
para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o subs- Senhor Governador,
tantivo que integra a locução como seu núcleo sintático:
“Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência
No envelope, o endereçamento das comunicações di-
conhece o assunto”.
rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
seguinte forma:
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
A Sua Excelência o Senhor
soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa
Fulano de Tal
... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pro-
Ministro de Estado da Justiça
nomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da
70064-900 – Brasília. DF
pessoa a que se refere, e não com o substantivo que com-
põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o
correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria A Sua Excelência o Senhor
deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está Senador Fulano de Tal
atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. Senado Federal
70165-900 – Brasília. DF
6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
A Sua Excelência o Senhor
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento Fulano de Tal
obedece a secular tradição. São de uso consagrado: Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Rua ABC, n.º 123
a) do Poder Executivo; 01010-000 – São Paulo. SP
Presidente da República;
Vice-Presidente da República; Em comunicações oficiais, está abolido o uso do trata-
Ministros de Estado; mento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lis-
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis- ta anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe
trito Federal; qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
Oficiais-Generais das Forças Armadas; evocação.
Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupan- Vossa Senhoria é empregado para as demais autorida-
LÍNGUA PORTUGUESA

tes de cargos de natureza especial; des e para particulares. O vocativo adequado é:


Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Senhor Fulano de Tal,
Prefeitos Municipais. (...)
No envelope, deve constar do endereçamento:
b) do Poder Legislativo: Ao Senhor
Deputados Federais e Senadores; Fulano de Tal
Ministros do Tribunal de Contas da União; Rua ABC, n.º 123
Deputados Estaduais e Distritais; 12345-000 – Curitiba. PR

99
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado (espaço para assinatura)
o emprego do superlativo ilustríssimo para as autorida- NOME
des que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento (espaço para assinatura)
Senhor. NOME
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, Ministro de Estado da Justiça
e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as-
dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluí- sinatura em página isolada do expediente. Transfira para
do curso universitário de doutorado. É costume designar essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em
Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Se- 9. O Padrão Ofício
nhor confere a desejada formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, Há três tipos de expedientes que se diferenciam an-
empregada, por força da tradição, em comunicações dirigi- tes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o
das a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se ado-
Magnífico Reitor, (...) tar uma diagramação única, que siga o que chamamos de
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo padrão ofício.
com a hierarquia eclesiástica, são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. 10. Partes do documento no Padrão Ofício
O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssi- O aviso, o ofício e o memorando devem conter as se-
ma, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o guintes partes:
vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentís- a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
simo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...) órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comu- 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
nicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendís- alinhamento à direita: Exemplo:
sima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Brasília, 15 de março de 1991.
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, cléri-
gos e demais religiosos. c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos:
Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
7. Fechos para Comunicações Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa-
dores.
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é
lidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destina- dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído
tário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados também o endereço.
foram regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério da Justiça, e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha-
de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de mento de documentos, o expediente deve conter a seguin-
simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o te estrutura:
emprego de somente dois fechos diferentes para todas as – introdução, que se confunde com o parágrafo de
modalidades de comunicação oficial: abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
República: Respeitosamente, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- a forma direta;
quia inferior: Atenciosamente, – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra- devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de maior clareza à exposição;
Redação do Ministério das Relações Exteriores. – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente rea-
presentada a posição recomendada sobre o assunto.
LÍNGUA PORTUGUESA

8. Identificação do Signatário Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto


nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encami-
da República, todas as demais comunicações oficiais de- nhamento de documentos a estrutura é a seguinte:
vem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, – introdução: deve iniciar com referência ao expedien-
abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação te que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do do-
deve ser a seguinte: cumento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a in-
formação do motivo da comunicação, que é encaminhar,

100
indicando a seguir os dados completos do documento l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto arquivo Rich Text nos documentos de texto;
de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminha- m) dentro do possível, todos os documentos elabora-
do, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta ao Aviso n.º dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
12, de 1.º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
Ofício n.º 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral gos;
de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
de Tal.” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, a vem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento
anexa cópia do telegrama no 12, de 1.º de fevereiro de 1991, + número do documento + palavras-chaves do conteúdo.
do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas
na região Nordeste.” 12. Aviso e Ofício
– desenvolvimento: se o autor da comunicação dese-
jar fazer algum comentário a respeito do documento que 12.1. Definição e Finalidade
encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvi-
mento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvol- Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
vimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Esta-
g) assinatura do autor da comunicação; e do, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos
Signatário). têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pe-
los órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do
11. Forma de diagramação ofício, também com particulares.
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à se-
12.2. Forma e Estrutura
guinte forma de apresentação:
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
de rodapé;
o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
vírgula. Exemplos:
man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o
número da página; Senhora Ministra
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser Senhor Chefe de Gabinete
impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as
páginas pares (“margem espelho”); seguintes informações do remetente:
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm – nome do órgão ou setor;
de distância da margem esquerda; – endereço postal;
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, – telefone e endereço de correio eletrônico.
no mínimo, 3,0 cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 13. Memorando
cm;
O constante neste item aplica-se também à exposição 13.1. Definição e Finalidade
de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5.
Mensagem). O memorando é a modalidade de comunicação entre
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as li- unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis dife-
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha rentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação
em branco; eminentemente interna. Pode ter caráter meramente admi-
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, subli- nistrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos,
nhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor- ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determinado
LÍNGUA PORTUGUESA

das ou qualquer outra forma de formatação que afete a setor do serviço público. Sua característica principal é a
elegância e a sobriedade do documento; agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de proce-
papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas dimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento
para gráficos e ilustrações; do número de comunicações, os despachos ao memorando
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de- devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal-
vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimen-
x 21,0 cm; to permite formar uma espécie de processo simplificado,

101
assegurando maior transparência à tomada de decisões, e Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente
permitindo que se historie o andamento da matéria tratada que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (cla-
no memorando. reza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização
e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada.
13.2. Forma e Estrutura A exposição de motivos é a principal modalidade de co-
municação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros.
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou,
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos: ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração em parte.
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
15. Mensagem
14. Exposição de Motivos
15.1. Definição e Finalidade
14.1. Definição e Finalidade
É o instrumento de comunicação oficial entre os Che-
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presi- fes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens en-
dente da República ou ao Vice-Presidente para: viadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo
a) informá-lo de determinado assunto; para informar sobre fato da Administração Pública; expor o
b) propor alguma medida; ou plano de governo por ocasião da abertura de sessão legis-
c) submeter a sua consideração projeto de ato norma- lativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
tivo. pendem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; en-
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente fim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o de interesse dos poderes públicos e da Nação.
assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi- nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias ca-
dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. berá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
14.2. Forma e Estrutura gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresenta- mentar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou com-
ção do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). plementar são enviados em regime normal (Constituição,
A exposição de motivos, de acordo com sua finalida- art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º a 4.º).
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e ou- regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem,
tra para a que proponha alguma medida ou submeta pro- com solicitação de urgência.
jeto de ato normativo. Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim- bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com avi-
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Pre- so do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao
sidente da República, sua estrutura segue o modelo antes Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que
referido para o padrão ofício. Já a exposição de motivos que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
submeta à consideração do Presidente da República a suges- Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
tão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutu- anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminha-
ra do padrão ofício –, além de outros comentários julgados mento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional,
pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Se-
a) na introdução: o problema que está a reclamar a ado- cretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da
ção da medida ou do ato normativo proposto; Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na for-
ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar ma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso
o problema, e eventuais alternativas existentes para Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constitui-
LÍNGUA PORTUGUESA

equacioná-lo; ção, art. 57, § 5.º), que comanda as sessões conjuntas.


c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to- As mensagens aqui tratadas coroam o processo desen-
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para volvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minu-
solucionar o problema. cioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex- matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.
posição de motivos, devidamente preenchido, de acordo Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos
Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º 4.176, órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles
de 28 de março de 2002. o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das pro-

102
postas, as análises necessárias constam da exposição de O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Presidência da República. Esta mensagem difere das de-
Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a men- mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
sagem de encaminhamento ao Congresso. Congressistas em forma de livro.
b) encaminhamento de medida provisória. h) comunicação de sanção (com restituição de autógra-
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons- fos).
tituição, o Presidente da República encaminha mensagem Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso
ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da
Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa
medida provisória, autenticada pela Coordenação de Do- o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares
cumentação da Presidência da República. dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
c) indicação de autoridades. República terá aposto o despacho de sanção.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a in- i) comunicação de veto.
dicação de pessoas para ocuparem determinados cargos Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição,
(magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão de ve-
Presidentes e Diretores do Banco Central, Procurador-Ge- tar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as
ral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário
em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das
atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia
privativa para aprovar a indicação. do seu envio ao Poder Legislativo.
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, j) outras mensagens.
acompanha a mensagem. Também são remetidas ao Legislativo com regular fre-
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice- quência mensagens com:
-Presidente da República se ausentar do País por mais de – encaminhamento de atos internacionais que acarre-
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição,
15 dias.
art. 49, I);
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do
às operações e prestações interestaduais e de exportação
Congresso Nacional.
(Constituição, art. 155, § 2.º, IV);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
– proposta de fixação de limites globais para o montan-
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
te da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
– pedido de autorização para operações financeiras ex-
-lhes mensagens idênticas.
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros.
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação Entre as mensagens menos comuns estão as de:
de concessão de emissoras de rádio e TV. – convocação extraordinária do Congresso Nacional
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Con- (Constituição, art. 57, § 6.º);
gresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Cons- – pedido de autorização para exonerar o Procurador-
tituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou -Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
renovação da concessão após deliberação do Congresso – pedido de autorização para declarar guerra e decretar
Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Descabe pedir na mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, – pedido de autorização ou referendo para celebrar a
porquanto o § 1.º do art. 223 já define o prazo da trami- paz (Constituição, art. 84, XX);
tação. – justificativa para decretação do estado de defesa ou
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º);
mensagem o correspondente processo administrativo. – pedido de autorização para decretar o estado de sítio
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício (Constituição, art. 137);
anterior. – relato das medidas praticadas na vigência do esta-
O Presidente da República tem o prazo de sessenta do de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao único);
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an- – proposta de modificação de projetos de leis financei-
terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da ras (Constituição, art. 166, § 5.º);
LÍNGUA PORTUGUESA

Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1.º), – pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de carem sem despesas correspondentes, em decorrência de
contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento discipli- veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
nado no art. 215 do seu Regimento Interno. anual (Constituição, art. 166, § 8.º);
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. – pedido de autorização para alienar ou conceder terras
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
a situação do País e solicitação de providências que julgar 188, § 1.º); etc.
necessárias (Constituição, art. 84, XI).

103
5.2. Forma e Estrutura 17.2. Forma e Estrutura

As mensagens contêm: Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a


a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, estrutura que lhes são inerentes.
horizontalmente, no início da margem esquerda: É conveniente o envio, juntamente com o documento
Mensagem n.º principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com os
dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e me exemplo a seguir:
o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da mar-
gem esquerda; [Órgão Expedidor]
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, [setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; Destinatário:____________________________________
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___
texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a Remetente: ____________________________________
margem direita. Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- No de páginas: ________No do documento:____________
sidente da República, não traz identificação de seu signa-
tário. Observações:___________________________________

16. Telegrama 18. Correio Eletrônico

16.1. Definição e Finalidade 18.1 Definição e finalidade

Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e
os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de celeridade, transformou-se na principal forma de comuni-
telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de cação para transmissão de documentos.
telegrafia, telex, etc.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos 18.2. Forma e Estrutura
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restrin-
gir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações que Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma
a urgência justifique sua utilização e, também em razão de rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso
seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pau- de linguagem incompatível com uma comunicação oficial
tar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza). (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
O campo assunto do formulário de correio eletrônico
16.2. Forma e Estrutura deve ser preenchido de modo a facilitar a organização do-
cumental tanto do destinatário quanto do remetente.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili-
a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
Correios e em seu sítio na Internet. que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
nimas sobre seu conteúdo.
17. Fax Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
17.1. Definição e Finalidade da mensagem pedido de confirmação de recebimento.

O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é 18.3 Valor documental


uma forma de comunicação que está sendo menos usada
devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa-
transmissão de mensagens urgentes e para o envio ante- gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para
cipado de documentos, de cujo conhecimento há premên- que possa ser aceito como documento original, é neces-
LÍNGUA PORTUGUESA

cia, quando não há condições de envio do documento por sário existir certificação digital que ateste a identidade do
meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue remetente, na forma estabelecida em lei.
posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
pia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em
certos modelos, deteriora-se rapidamente.

104
ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA 6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad-
verbial)
1. Problemas de Construção de Frases O problema - será - resolvido - prontamente.

A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas, Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou
principalmente, pela construção adequada da frase, “a me- seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado.
nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de Na construção de períodos, as várias funções podem ocor-
Celso Pedro Luft. rer em ordem inversa à mencionada, misturando-se e con-
A função essencial da frase é desempenhada pelo pre- fundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi- os padrões existentes na língua portuguesa. O que importa
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre é fixar a ordem normal dos elementos nesses seis padrões
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, com-
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver- postos por duas ou mais orações, em geral podem ser re-
bos não auxiliares que o constituem. duzidos aos padrões básicos (de que derivam).
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis- Os problemas mais frequentemente encontrados na
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –, construção de frases dizem respeito à má pontuação, à
de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos pa-
Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan- ralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral,
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função do desconhecimento da ordem das palavras na frase. In-
de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e dicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e
complemento adverbial). Função acessória desempenham recorrentes na construção de frases, registrados em docu-
os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da mentos oficiais.
oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
que desempenham as outras funções, ou deslocados para 2. Sujeito
o início da oração.
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele- Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que
mentos que compõem uma oração (Observação: os parên- executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter comple-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer): mento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas,
portanto, construções como:
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.
Podem ser identificados seis padrões básicos para as Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
(a função que vem entre parênteses é facultativa e pode Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor-
ocorrer em ordem diversa): tadas, (...).
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor-
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) tadas, (...).
O Presidente - regressou - (ontem).
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
junto adverbial)
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
manhã de terça-feira). Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).

3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
(adjunto adverbial). (...).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo,
tores). (...).

4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto 3. Frases Fragmentadas


- obj. indireto - (adj. Adv.)
LÍNGUA PORTUGUESA

Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma


ao Deputado - (no Congresso). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico
verbial - (adjunto adverbial) na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Aires - (na próxima semana). Exemplo:
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)

105
Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, se-
Nacional. Depois de ser longamente debatido. gurança, inteligência e ambição.
Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
Nacional, depois de ser longamente debatido. Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa-
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente)
recebeu a aprovação do Congresso Nacional. a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar,
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.
metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul-
tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub- (Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili-
metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta- dade de correção é transformá-la em duas frases simples,
das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal. com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta
4. Erros de Paralelismo última capital, encontrou-se com o Papa.

Uma das convenções estabelecidas na linguagem es- Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado
crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma pelo uso inadequado da expressão “e que” num período
gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, que não contém nenhum “que” anterior.
incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a ele- Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que
mentos paralelos. Vejamos alguns exemplos: tem sólida formação acadêmica.
Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministé- Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo:
rios economizar energia e que elaborassem planos de redu- Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sóli-
ção de despesas.
da formação acadêmica.
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”:
completam o sentido da principal, duas estruturas diferen-
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
tes para ideias equivalentes: a primeira oração (economizar
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o
energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que
programa.
elaborassem planos de redução de despesas) é uma oração
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante-
desenvolvida introduzida pela conjunção integrante que.
rior, aqui podemos suprimir a conjunção:
Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e
correção; uma seria a de apresentar as duas orações subor- Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas
dinadas como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção precipitadas, que comprometam o andamento de todo o
integrante que: programa.

Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé- 5. Erros de Comparação


rios que economizassem energia e (que) elaborassem planos
para redução de despesas. A omissão de certos termos ao fazermos uma compa-
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas na língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem
como reduzidas de infinitivo: sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo
Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé- omitido. A ausência indevida de um termo pode impossi-
rios economizar energia e elaborar planos para redução de bilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma
despesas. frase:

Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na Errado: O salário de um professor é mais baixo do que
coordenação de orações subordinadas. um médico.
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita A omissão de termos provocou uma comparação inde-
culta: vida: “o salário de um professor” com “um médico”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o
não ser inseguro, inteligência e ter ambição. salário de um médico.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- de um médico.
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo).
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
transformá-la em frase simples, substituindo as orações re- Novamente, a não repetição dos termos comparados
duzidas por substantivos: confunde. Alternativas para correção:

106
Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da
Portaria. dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria. Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
funcionário.
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
do que os Ministérios do Governo. deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este in-
“demais”) acarretou imprecisão: disciplinado.
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
do que os outros Ministérios do Governo. Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas chamou o médico.
do que os demais Ministérios do Governo. Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi
chamado por uma senhora.
6. Ambiguidade
SITE
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual-
mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de redpr2aed.pdf
todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
possam gerar equívocos de compreensão.
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui EXERCÍCIOS COMENTADOS
mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
com: 1. (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE
SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – SU-
A) pronomes pessoais: PERIOR - CESPE/2014) Considerando aspectos estrutu-
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que rais e linguísticos das correspondências oficiais, julgue os
ele seria exonerado. itens que se seguem, de acordo com o Manual de Redação
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se- da Presidência da República.
cretariado. O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
Ou então, caso o entendimento seja outro: as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo- é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
neração deste. públicos.

B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos: ( ) CERTO ( ) ERRADO


Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta- Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda
do, mas isso não o surpreendeu. preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica
Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial
acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase. para que tais cargos públicos sejam ocupados.
Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção cial_publicacoes_ver.php?id=2
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República. 2. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação
C) pronome relativo: oficial, exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras,
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou Atencio-
costumava trabalhar. samente, de acordo com as hierarquias do destinatário e
Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração do remetente.
faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambiguidade ( ) CERTO ( ) ERRADO
se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gênero.
LÍNGUA PORTUGUESA

A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
quais, que marcam gênero e número. cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente dois
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu- fechos diferentes para todas as modalidades de comu-
mava trabalhar. nicação oficial:
Se o entendimento é outro, então: A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- República: Respeitosamente,
mava trabalhar. B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,

107
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- 5. (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS –
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual CESPE/2014) Considerando aspectos estruturais e lin-
de Redação do Ministério das Relações Exteriores. guísticos das correspondências oficiais, julgue os itens que
se seguem, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
3. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS dência da República.
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata, O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
devem-se relatar exaustivamente, com o máximo de deta- as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
lhamento possível, incluindo-se os aspectos subjetivos, as é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
discussões, as propostas, as resoluções e as deliberações públicos.
ocorridas em reuniões e eventos que exigem registro.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda
Resposta: Errado. Ata é um documento administrati- preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica
vo que tem a finalidade de registrar de modo sucinto a abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial
sequência de eventos de uma reunião ou assembleia de para que tais cargos públicos sejam ocupados.
pessoas com um fim específico. É característica da Ata Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de cial_publicacoes_ver.php?id=2
modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)

4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁ-


RIO – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto
nas direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de
acordo com as hierarquias do destinatário e do remetente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-


cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente dois
fechos diferentes para todas as modalidades de comu-
nicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da
República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
LÍNGUA PORTUGUESA

108
HORA DE PRATICAR!

1. (MAPA - AUDITOR FISCAL FEDERAL AGROPECUÁRIO - MÉDICO VETERINÁRIO – SUPERIOR - ESAF –


2017) Assinale a opção que apresenta desvio de grafia da palavra.
A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chinesa que favorece a regularização dos processos fisiológicos do corpo,
no sentido de promover ou recuperar o estado natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventivamente (1) para evitar
o desenvolvimento de doenças, como terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou como método paliativo (2) em
casos de doenças crônicas de difícil tratamento. Tem também uma ação importante na medicina rejenerativa (3) e na reabili-
tação. O tratamento de acupuntura consiste na introdução de agulhas filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é dolorosa para os animais e é possível observar durante os tratamen-
tos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico (5) desejado.
http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/ <acesso em 28/11/2017> (com adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO - FCC – 2017) Respei-
tando-se as normas de redação do Manual da Presidência da República, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilidade de implementação de projeto de treinamento de pessoal para
operar os novos equipamentos gráficos a serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em que Vossa Excelência pretende nomear vosso representante na
Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado, informar, que será organizado seminário, sobre o uso eficiente de
recursos hídricos, em data ainda a ser definida.
d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o desenvolvimento do setor em questão, informamos, por meio deste
Ofício, que será amplamente analisado por especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vossa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que possam com-
prometer vossa realização do projeto mencionado.

3. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
todas as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

109
5. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA – SUPERIOR - VUNESP - 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua por-
tuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está prestes
a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


b) anuncio ... À ... Iminente.
c) anúncio ... À ... Iminente.
d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.

7. (CEFET/RJ - REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO/2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos. Des-
de a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os homens tem demonstrado que querem pôr sua marca no
mundo porque se sentem superiores.
A palavra que NÃO está grafada corretamente é

a) macro-história.
b) multicomunicações.
c) tem.
d) pôr.
e) porque.

8. (LIQUIGÁS – PROFISSIONAL JÚNIOR – CIÊNCIAS CONTÁBEIS – CEGRANRIO/2014) O grupo em que todas


as palavras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é

a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem


b) pedágio, ultrage, pagem, angina
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem
LÍNGUA PORTUGUESA

9. (SIMAE - AGENTE ADMINISTRATIVO - ASSCON-PP/2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas palavras
escritas de forma incorreta.

a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar;


b) Caixote, encher, análise, poetisa;
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa;
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar;

110
10. (RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL – c) Vossa Excelência leu o documento que será apresentado
ESAF/2014) Assinale a opção que corresponde a erro em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua Exce-
gramatical ou de grafia de palavra inserido na transcrição lência, o Senhor Ministro da Educação?
do texto. d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
positiva para o público jovem que estava presente, de
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secretaria que se desculparam os idealizadores do programa.
da Receita Federal é apenas a mais recente denominação e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer aos
da Administração Tributária Brasileira nestes cinco séculos jovens ingressantes no curso o compartilhamento de
de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária para mo- projetos, com que serão também autores.
dernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora, bem como
para promover uma maior integração entre o Fisco e os Con- 13. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS –
tribuintes, facilitando o cumprimento expontâneo (3) das 2014) A acentuação correta está na alternativa:
obrigações tributárias e a solução dos eventuais problemas,
bem como o acesso às (4) informações pessoais privativas a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
de interesse de cada cidadão. O surgimento da Secretaria b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
da Receita Federal representou um significativo avanço na c) ponei – geléia – heroico.
facilitação do cumprimento das obrigações tributárias, con- d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
tribuindo para o aumento da arrecadação a partir (5) do e) lingüiça – feiúra – idéia.
final dos anos 60.
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/his- 14. (EBSERH/HUCAM-UFES - ADVOGADO -
torico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) AOCP/2014) A palavra que está acentuada corretamente é:

a) (1). a) Históriar.
b) (2). b) Memórial.
c) (3). c) Métodico.
d) (4). d) Própriedade.
e) (5). e) Artifício.

11. (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO/SP 15. (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 -


- ANALISTA FERROVIÁRIO - OFICINAS – ELÉTRICA ADAPTADA) Assinale a opção em que o par de palavras
– IDERH/2014) Leia as orações a seguir: foi acentuado segundo a mesma regra.
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa-
a) saúde-países
nhias. (mas/más)
b) Etíope-juízes
A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
c) olímpicas-automóvel
(cumprimento/comprimento)
d) vocês-público
Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
e) espetáculo-mensurável
vazia. (despensa/dispensa).
16. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM
Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima os
CONTABILIDADE – IDECAN/2014) Os vocábulos “cin-
expostos na alternativa:
quentenário” e “império” são acentuados devido à mesma
justificativa. O mesmo ocorre com o par de palavras apre-
a) mas – cumprimento – despensa. sentado em
b) más – comprimento – despensa.
c) más – cumprimento – dispensa. a) prêmio e órbita.
d) mas – comprimento – dispensa. b) rápida e tráfego
e) más – comprimento – dispensa. c) satélite e ministério.
d) pública e experiência.
12. (TRT-2ª REGIÃO/SP - TÉCNICO JUDICIÁRIO - e) sexagenário e próximo.
ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO - FCC - 2014) Está
redigida com clareza e em consonância com as regras da 17. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVI-
LÍNGUA PORTUGUESA

gramática normativa a seguinte frase: DÊNCIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “conteú-


do” recebe acentuação pela mesma razão de:
a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a palavra
final sobre a polêmica questão, que, diga-se de passa- a) juízo
gem, tem feito muitos exitarem em se pronunciar. b) espírito
b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar c) jornalístico
atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico d) mínimo
quanto a impossibilidade de rever sua posição. e) disponíveis

111
18. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – ICMBIO 24. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO
– CESPE/2014) A mesma regra de acentuação gráfica se DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “O
aplica aos vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. evento promove a saúde de modo integral.” A regra que jus-
tifica o acento gráfico no termo destacado é a mesma que
( ) CERTO ( ) ERRADO justifica o acento em:

19. (PREFEITURA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC – a) “remédio”.


GUARDA MUNICIPAL – FEPESE/2014) Assinale a al- b) “cajú”.
ternativa em que todas as palavras são oxítonas. c) “rúbrica”.
d) “fráude”.
a) pé, lá, pasta e) “baú”.
b) mesa, tábua, régua
c) livro, prova, caderno 25. (TJ-BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
d) parabéns, até, televisão NISTRATIVA – MÉDIO - FGV – 2015)
e) óculos, parâmetros, título Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no signo
de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito à sua
20. (ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO EM vida profissional e projetos de carreira. Os próximos dias se-
COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN/2014 - ADAP- rão ótimos para dar andamento a projetos que começaram
TADA) Assinale a alternativa em que a acentuação de to- há alguns dias ou semanas. Os resultados chegarão rapida-
das as palavras está de acordo com a mesma regra da pa- mente”.
lavra destacada: “Procuradorias comprovam necessidade de
rendimento satisfatório para renovação do FIES”. O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a” com
acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua vida
a) após / pó / paletó profissional”. A frase abaixo em que o emprego do acento
b) moído / juízes / caído grave da crase é corretamente empregado é:
c) história / cárie / tênue
d) álibi / ínterim / político a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;
b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
e) êxito / protótipo / ávido
c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
d) o leitor estava à procura de seu destino;
21. (PREFEITURA DE BRUSQUE/SC – EDUCADOR
e) o astrólogo previa o futuro passo à passo
SOCIAL – FEPESE/2014) Assinale a alternativa em que
só palavras paroxítonas estão apresentadas.
26. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017) O sinal in-
a) facilitada, minha, canta, palmeiras
dicativo de crase está empregado corretamente nas duas
b) maná, papá, sinhá, canção ocorrências na alternativa:
c) cá, pé, a, exílio
d) terra, pontapé, murmúrio, aves a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadvertida-
e) saúde, primogênito, computador, devêssemos mente, tristeza à depressão.
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, por
22. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁ- isso almejam à pílula da felicidade.
RIO – TÉCNICO EM AGRIMENSURA – FUN- c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga,
CAB/2014) A alternativa que apresenta palavra acentuada pode-se, à primeira vista, pensar em depressão.
por regra diferente das demais é: d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios às
pessoas antes da realização de exames acurados.
a) dúvidas. e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que existem
b) muitíssimos. 121 milhões de pessoas à serem tratadas de depressão.
c) fábrica.
d) mínimo. 27. (TRT – 21.ª REGIÃO (RN) - TÉCNICO JUDICIÁ-
e) impossível. RIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO - FCC –
2017) É difícil planejar uma cidade e resistir à tentação de
23. (PRODAM/AM – ASSISTENTE DE HARDWARE formular um projeto de sociedade.
LÍNGUA PORTUGUESA

– FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que todas as O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o verbo
palavras foram acentuadas segundo a mesma regra. sublinhado acima seja substituído por:

a) indivíduos - atraí(-las) - período a) não acatar.


b) saíram – veículo - construído b) driblar.
c) análise – saudável - diálogo c) controlar.
d) hotéis – critérios - através d) superar.
e) econômica – após – propósitos e) não sucumbir.

112
28. (TRT – 21.ª REGIÃO (RN) - TÉCNICO JUDICIÁ- 32. (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES – MÉ-
RIO - ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO - FCC – DIO - FCC/2014 - ADAPTADA)
2017) A frase em que há uso adequado do sinal indicativo No trecho Refiro-me aos livros que foram escritos e publi-
de crase encontra-se em: cados, mas estão – talvez para sempre – à espera de serem
lidos, o uso do acento de crase obedece à mesma regra
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com maior seguida em:
força na Hollywood do século 21.
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agregou a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
à máxima. evitá-la.
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem em b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
histórias já testadas e aprovadas. efeito.
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à novela.
de teatro. d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos em fórmula.
alguns estúdios. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
29. (PREFEITURA DE MARÍLIA - SP - AUXILIAR DE
ESCRITA – MÉDIO - VUNESP – 2017) Assinale a alter- 33. (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO – SUPERIOR
nativa em que o sinal indicativo de crase está empregado - FCC/2014)
corretamente. ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de comple-
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o amor mento que o da frase acima está em:
de infância.
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
uma nova remessa de cartas. b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- Idade Média.
lógico. c) ... viajavam por cordilheiras...
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo à d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
diversas cartas. e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem no-
vas amizades. 34. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - CO-
PEVE/UFAL/2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira,
30. (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO EM “O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o picaram
SAÚDE – LABORATÓRIO – MÉDIO - VUNESP/2014) a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o substantivo
Reescrevendo-se o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e “espinhos” tem, respectivamente, função sintática de,
a enfrentar o desconforto, ... –, de acordo com a regência e
o acento indicativo da crase, tem-se: a) objeto direto/objeto direto.
b) sujeito/objeto direto.
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do desconforto, ... c) objeto direto/sujeito.
b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do desconforto, ... d) objeto direto/objeto indireto.
c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do desconforto, ... e) sujeito/objeto indireto.
d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do desconforto, ...
e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do desconforto, .. 35. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - CO-
PEVE/UFAL/2014) No texto, “Arranca o estatuário uma
31. (CONAB - CONTABILIDADE – SUPERIOR - IA- pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, de-
DES – 2014 - ADAPTADA) Considerando o trecho pois que desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na
“atualizou os dados relativos à produção de grãos no Brasil.” mão para começar a formar um homem, primeiro membro
e conforme a norma-padrão, assinale a alternativa correta. a membro e depois feição por feição.”
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Acade-
a) a crase foi empregada indevidamente no trecho. mia Brasileira de Letras
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo de A oração sublinhada exerce uma função de
LÍNGUA PORTUGUESA

crase.
c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do a) causalidade.
sinal indicativo de crase continuaria obrigatório. b) conclusão.
d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referentes, o c) oposição.
uso do sinal indicativo de crase passaria a ser facultativo. d) concessão.
e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediatamente e) finalidade.
antes de “produção”, o uso do sinal indicativo de crase
seria facultativo.

113
36. (EBSERH/HUCAM-UFES - ADVOGADO – SUPE- 40. (CIA DE SERVIÇOS DE URBANIZAÇÃO DE GUA-
RIOR - AOCP/2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas RAPUAVA/PR - AGENTE DE TRÂNSITO – CONSUL-
uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a ex- PLAM/2014)
pressão em destaque funciona como: Quanto à função que desempenha na sintaxe da oração, o
trecho em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra
a) objeto direto. lá e de lá pra cá” corresponde a:
b) adjunto adnominal.
c) complemento nominal. a) Oração subordinada adjetiva restritiva.
d) sujeito paciente. b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
e) objeto indireto. c) Adjunto adnominal.
d) Oração subordinada adverbial espacial.
37. (EBSERH/ HUSM-UFSM/RS - ANALISTA AD-
MINISTRATIVO – JORNALISMO – SUPERIOR - 41. (ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO – TÉCNICO
AOCP/2014) EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – IDECAN/2014) Acer-
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu filho ca das relações sintáticas que ocorrem no interior do pe-
crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...” ríodo a seguir “Policiais de Los Angeles tomam facas de cri-
No período acima, a oração destacada: minosos, perseguem bêbados na estrada e terminam o dia
na delegacia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar que
a) estabelece uma relação temporal com a oração que lhe
é subsequente. a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
antecede. posto.
c) estabelece uma relação condicional com a oração que c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
lhe é subsequente. sujeito.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêbados”
a antecede.
e “relatório”.
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração que
e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são termos
lhe é subsequente.
que indicam circunstâncias que caracterizam a ação verbal.
38. (PRODAM/AM – ASSISTENTE DE HARDWARE –
42. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
FUNCAB/2014)
MÉDIO - VUNESP – 2015)
O termo destacado em: “As pessoas estão sempre muito
Leia o texto, para responder às questões.
ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática:
O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para
a) objeto direto. consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito às
b) objeto indireto. ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o mundo
c) adjunto adverbial. for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A vida do
d) predicativo. direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das classes
e) adjunto adnominal. sociais, dos indivíduos.
Todos os direitos da humanidade foram conquistados pela
39. (TRT-13ª REGIÃO/PB – TÉCNICO JUDICIÁ- luta; seus princípios mais importantes tiveram de enfrentar
RIO – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – MÉDIO os ataques daqueles que a ele se opunham; todo e qual-
- FCC/2014) Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às quer direito, seja o direito de um povo, seja o direito do in-
ambições passadas... divíduo, só se afirma por uma disposição ininterrupta para
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de comple- a luta. O direito não é uma simples ideia, é uma força viva.
mento que o grifado acima está empregado em: Por isso a justiça sustenta numa das mãos a balança com
que pesa o direito, enquanto na outra segura a espada por
a) Faltam-nos precedentes históricos para... meio da qual o defende.
b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro... A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a
c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si- espada, a impotência do direito. Uma completa a outra,
tuação... e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando
LÍNGUA PORTUGUESA

d) As redes sociais eram atividades de difícil implementação... a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade
e) ... como se imitássemos o padrão de conforto... com que manipula a balança.
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi-
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direito

114
participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui para 44. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN - TÉCNICO JUDICIÁRIO
a realização da ideia do direito. É verdade que nem todos - ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO - FCC – 2017)
enfrentam o mesmo desafio. Está plenamente adequada a pontuação do seguinte pe-
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui- ríodo:
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não nos a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre be-
compreenderiam, pois só veem nele um estado de paz e beu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-se,
de ordem. independente das outras artes há mais de meio século.
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre consi-
derou a literatura como fonte de inspiração, mas o cine-
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi empre- ma declarou-se independente das outras artes, há mais
gada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como ocorre de meio século.
na passagem – A espada sem a balança é a força bruta, a c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se indepen-
balança sem a espada, a impotência do direito. dente das outras artes, embora a produção cinemato-
gráfica tenha sempre considerado a literatura como fon-
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princípios te de inspiração.
jurídicos manipulados pelo Estado. d) O cinema declarou-se independente, das outras artes,
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca há mais de meio século; porém, sabe-se, que a produção
chegaria ao fim. cinematográfica sempre bebeu na fonte da literatura.
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
interesse pecuniário. nema, mas este, declarou-se independente das outras
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do artes há mais de meio século − como é sabido.
direito está na ação.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das 45. (CORREIOS - TÉCNICO EM SEGURANÇA DO
faces, aos demais, a outra. TRABALHO JÚNIOR – MÉDIO - IADES – 2017 -
ADAPTADA) Quanto às regras de ortografia e de pon-
43. TJ-BA - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- tuação vigentes, considere o período “Enquanto lia a carta,
NISTRATIVA – MÉDIO - FGV - 2015 as lágrimas rolavam em seu rosto numa mistura de amor e
saudade.” e assinale a alternativa correta.
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo
desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo de a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo preparada b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
pela Nasa (agência espacial norte-americana). O primeiro seu rosto por que sentia um misto de amor e saudade.”
passo para a concretização desse desafio será dado nesta poderia substituir a original.
sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion, da base c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Uni- acrescentado ao vocábulo “lia”.
dos. O lançamento estava previsto originalmente para esta d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da vír-
quinta-feira (4), mas devido a problemas técnicos foi rea- gula entre elas poderia ser dispensado.
gendado para as 7h05 (10h05 no horário de Brasília).” e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acentua-
(Ciência, Internet Explorer). dos graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.

“com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência 46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS
em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.” – 2014) Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque
Os termos sublinhados se encarregam da localização do a assertiva correta:
lançamento da cápsula referida; o critério para essa locali-
zação também foi seguido no seguinte caso: Os protestos a) Céus: Que injustiça.
contra as cotas raciais ocorreram: b) O resultado do placar, não o abateu.
c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava em
a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste; pleno atendimento.
b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul; d) Comam bastantes frutas crianças!
c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão; e) Comprei abacate, e mamão maduro.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;


e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.

115
47. (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 49. (PREFEITURA DE PAULISTA/PE – RECEPCIO-
2014) NISTA – UPENET/2014 - ADAPTADA)
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de di-
nheiro.”
(Millôr Fernandes)

Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar


que:

a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.

50. (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRA-


TIVO – MÉDIO - VUNESP/2014) A reescrita da frase –
Como sempre, a resposta depende de como definimos os ter-
mos da pergunta. – está correta, quanto à pontuação, em:

a) A resposta como sempre, depende de, como definimos


os termos da pergunta.
b) A resposta, como sempre, depende de como definimos
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontua- os termos da pergunta.
ção está correta em: c) A resposta como, sempre, depende de como definimos
os termos da pergunta.
a) Hagar disse, que não iria. d) A resposta, como, sempre depende de como definimos
b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes e os termos da pergunta.
lagostas, aos vizinhos. e) A resposta como sempre, depende de como, definimos
c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para os termos da pergunta.
Hagar e Helga
51. (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREI-
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar TO – VUNESP/2014) Segundo a norma-padrão da lín-
à Helga. gua portuguesa, a pontuação está correta em:
e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos
Stevensens, para jantar bifes e lagostas. a) Como há suspeita, por parte da família de que João Gou-
lart tenha sido assassinado; a Comissão da Verdade de-
48. (PREFEITURA DE PAULISTA/PE – RECEPCIO- cidiu reabrir a investigação de sua morte, em maio deste
NISTA – UPENET/2014) ano, a pedido da viúva e dos filhos.
Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe os itens abaixo: b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o pe-
dido da família do ex-presidente João Goulart e reabriu
I. “Calma, gente”. a investigação da morte deste, visto que, para a viúva e
II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”? para os filhos, Jango pode ter sido assassinado.
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida” c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta,
IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!” em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para
V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...” apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez
que, para a família, Jango pode ter sido assassinado.
Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA. d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de
a) No item I, a vírgula isola um aposto. sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é des-
LÍNGUA PORTUGUESA

b) No item II, a interrogação indica uma mensagem inter- cartada, pela viúva e filhos.
rompida. e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Goulart,
c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu suspeitando que ele possa ter sido assassinado pediram
antecedente. a reabertura da investigação de sua morte, à Comissão
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação e da Verdade, esta, atendeu o pedido em maio deste ano.
a exclamação, indicam surpresa.
e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, apenas,
por um ponto e vírgula após o termo “repente”.

116
52. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO Há uma boa razão que explica por que todos adoram um espa-
TRABALHO – CESPE/2014 - ADAPTADA) A correção ço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade é que não
gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo tempo, e peque-
e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria pre- nas distrações podem desviar nosso foco por até 20 minutos.
judicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a palavra Retemos mais informações quando nos sentamos em um lo-
“vinhos”. cal fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e design
de interiores.
( ) CERTO ( ) ERRADO (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.folha.
53. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - AD- uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado)
MINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS –
CONPASS/2014) Leia o texto a seguir: “Pagar por esse Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando nos sen-
software não é um luxo, mas uma necessidade”. O uso da tamos em um local fixo... (último parágrafo) – com o termo Tal-
vírgula justifica-se porque: vez, indicando condição, a sequência que apresenta correlação
dos verbos destacados de acordo com a norma-padrão será:
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindética
e uma conclusiva. a) reteríamos ... sentarmos
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- b) retínhamos ... sentássemos
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está c) reteremos ... sentávamos
subentendido. d) retivemos ... sentaríamos
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um e) retivéssemos ... sentássemos
luxo, mas uma necessidade”.
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados
por uma conjunção aditiva. 55. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
e) isola o aposto na segunda oração. MÉDIO - VUNESP – 2017) Leia o texto para responder às
questões.
54. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você anda,
MÉDIO - VUNESP – 2017) anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomarmos “Ipa-
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos nema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômica. Tomando
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua “Ipanema” como um símbolo, no entanto, como um exemplo
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes e de alívio, promessa de alegria em meio à vida dura da cidade,
divisórias. a frase passa a ser de um triste realismo: o problema de São
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele Paulo é que você anda, anda, anda e nunca chega a alívio
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem e algum. O Ibirapuera, o parque do Estado, o Jardim da Luz são
colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo ficou uns raros respiros perdidos entre o mar de asfalto, a floresta
claro que Nagele tinha cometido um grande erro. Todos de lajes batidas e os Corcovados de concreto armado.
estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove empre- O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere es-
gados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio chefe. tendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois metros
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para quadrados de chão. É o que vemos nas avenidas abertas aos
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um pedestres, nos fins de semana: basta liberarem um pedacinho
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio espaço, do cinza e surgem revoadas de patinadores, maracatus, big
com portas e tudo. bands, corredores evangélicos, góticos satanistas, praticantes
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório de ioga, dançarinos de tango, barraquinhas de yakissoba e
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos barris de cerveja artesanal.
são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao mo- Tenho estado atento às agruras e oportunidades da cidade
delo de espaços tradicionais com salas e portas. porque, depois de cinco anos vivendo na Granja Viana, vim
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da tarde, eu cor-
15% da produtividade, desenvolver problemas graves de ria em volta de um lago, desviando de patos e assustando
concentração e até ter o dobro de chances de ficar doentes jacus. Agora, aos domingos, corro pela Paulista ou Minhocão
em espaços de trabalho abertos – fatores que estão contri- e, durante a semana, venho testando diferentes percursos.
buindo para uma reação contra esse tipo de organização. Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele já Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas encos-
LÍNGUA PORTUGUESA

ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir falta tas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer, descobri
do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita gente um insuspeito parque noturno com bastante gente, quase
concorda – simplesmente não aguentam o escritório aber- nenhum carro e propício a todo tipo de atividades: o estacio-
to. Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar namento do estádio do Pacaembu.
mais trabalho para casa”, diz ele. (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo de em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
Nagele e voltando aos espaços privados. 13.04.2017. Adaptado)

117
Assinale a alternativa que dá nova redação à passagem – O 22 E
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere esten-
dê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois metros 23 E
quadrados de chão. – atendendo à norma-padrão de con- 24 E
cordância.
25 C
a) Cem por cento dos paulistanos não joga a toalha – acha 26 C
preferível estendê-la para que se deite sobre elas, caso 27 E
seja dado a eles dois metros quadrados de chão.
b) Os paulistanos não jogam a toalha – acham preferíveis 28 D
estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem dois me- 29 B
tros quadrados de chão.
c) Mais de um paulistano não são de jogar a toalha – acham 30 A
preferíveis estendê-la e se deitarem em cima, caso se dê 31 E
a eles dois metros de chão. 32 D
d) Para os paulistanos, não se joga a toalha – é preferível
que seja estendida, para que possam deitar-se sobre ela, 33 E
caso lhes sejam dados dois metros quadrados de chão. 34 C
e) A maior parte dos paulistanos, contudo, não são de jo-
garem a toalha – acha preferível elas serem estendidas 35 E
e deitar-se em cima, caso lhe seja dado dois metros de 36 C
chão.
37 A
38 D
39 A
GABARITO 40 A
41 D
1 C 42 E
2 A 43 A
3 D 44 C
4 A 45 D
5 C 46 C
6 A 47 E
7 C 48 C
8 D 49 C
9 D 50 B
10 C 51 B
11 B 52 CERTO
12 C 53 C
13 D 54 E
14 E 55 D
15 A
16 B
LÍNGUA PORTUGUESA

17 A
18 CERTO
19 D
20 C
21 A

118
ÍNDICE

ATUALIDADES

Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, tecnologia, energia, relações
internacionais, desenvolvimento sustentável, segurança e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas...............01
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO POLÍTICA, ECONOMIA,
SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS,
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SEGURANÇA E ECOLOGIA, SUAS INTER-RELAÇÕES E SUAS
VINCULAÇÕES HISTÓRICAS.

1 - Febre amarela

Desde 2016, algumas regiões do Brasil têm enfrentado um surto de febre amarela, mas foi em 2018 que a crise se in-
tensificou, com aumento de casos da doença. A febre amarela é transmitida por mosquitos silvestres, que ocorre em áreas
de florestas e matas. Na área urbana, o mosquito transmissor é o Aedes aegypti.
A única forma de se prevenir é recorrer à vacinação, disponível nos postos de saúde, por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da Saúde, entre de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro, foram 723 casos e 237
óbitos. Em 2017, houve 576 casos e 184 óbitos. Por isso, uma das indicações segundo especialistas na área da saúde, é
evitar áreas rurais, caso a pessoa ainda não esteja vacinado. A vacina dura cerca de 10 anos.
As áreas mais atingidas pela febre amarela são os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. De acordo
com os especialistas, os índices atuais apontam que a atual situação supera o surto dos anos 80. Os principais sintomas da
doença são febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga, náuseas, vômitos, entre outros.

#FicaDica
Um dos pontos de mais destaque na mídia, quando se trata de febre amarela, é a falta de vacinas nos
postos de saúde, devido à alta procura pela vacina, em janeiro de 2018. Na ocasião, as vacinas foram
fracionadas para conter a alta demanda pelo serviço, por parte da população.

FIQUE ATENTO!
As provas em concursos públicos podem tratar sobre a alta procura pela vacina, motivada pela escassez,
em meio à euforia popular em se vacinar, por conta dos índices de mortes. Vale também manter atenção
quanto às formas de transmissão e de que a vacina, de fato, é melhor forma de se prevenir.

2 - Questão das armas nos EUA

Historicamente, os Estados Unidos têm políticas mais flexíveis de porte armas para os cidadãos, uma questão bastante
inserida na cultura do país, diferentemente de nações como o Brasil.
Contudo, com os altos índices de ataques e tiroteios em escolas e outros locais publicados, na maioria das vezes crimes cau-
sados por civis com porte de armas, tem suscitado a discussão sobre endurecer o acesso às armas, com políticas menos flexíveis.
No governo de Barack Obama (2009-2017), essas discussões foram intensificadas. O então presidente demonstrava ser favorável à
implantação de medidas mais rígidas, mas encontrou grande resistência de seus oponentes no Partido Republicano.
No atual governo de Donald Trump, que assumiu em 2017, essa discussão é tida pela Casa Branca como um assunto que pode
esperar, por não se tratar de prioridade para o atual governo. A camada da sociedade norte-americana inclinada a leis mais rígidas,
defende que haja restrição na venda de armas.

#FicaDica
É importante ressaltar que a questão das armas é um tema que divide a sociedade dos Estados
Unidos. Camadas da sociedade, desde ONGs e pessoas da esfera política, defendem o controle
das armas como forma de minimizar os ataques recentes. Porém quem é contra a ideia, acredita
ATUALIDADES

que o momento é propício para armar ainda mais a população.

1
4 - Crise na Venezuela
FIQUE ATENTO!
Não é difícil de imaginar que algumas questões Pelo menos há quatro ou cinco anos, a Venezuela tem
previstas em concursos relacionem o tema a enfrentado instabilidade econômica, principalmente pelo
Donald Trump, que claramente se mostrou desabastecimento de produtos básicos para consumo di-
favorável a ao direito de armar a população. ário e crescente pobreza populacional. Também é preciso
Além disso, é possível que seja relacionado considerar que a queda no valor do preço do petróleo con-
ainda a polêmica de envolve a indústria de tribuiu para o empobrecimento do país, levando em conta
armas, ou seja, para os críticos da flexibilidade de que se trata da principal economia da nação.
de armamento, manter as atuais leis interessa Os conflitos políticos também ganharam espaço, em
esse mercado milionário, que vive um bom meio a protestos violentos entre manifestantes contrários
momento em 2018. e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, o atual presi-
dente do país. A rivalidade entre os grupos se intensificou
após a morte de Hugo Chávez e chegada de Maduro ao
3 - Guerra comercial - China e EUAw poder.
Em 2018, a situação econômica se agravou trazendo
De um lado os gigantes norte-americanos, de outro a mais miséria à população e busca por melhores condi-
poderosa China. O embate comercial entre as duas potên- ções de vida em outros países, especialmente o Brasil. A
cias tem influenciado o mercado de outros países. Em resu- quantidade diária de venezuelanos que chegaram ao país,
mo, ambas as nações implementaram no final do primeiro a partir de Roraima, tem suscitado conflitos na região, com
semestre de 2018 políticas mais rígidas e restrições de pro- crescimento de hostilidade da população em relação aos
dutos dos dois países no mercado interno do oponente. vizinhos sul-americanos.
A primeira polêmica começou com imposição de tarifas
dos EUA sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos da
China, em julho de 2018. A justificativa da Casa Branca é #FicaDica
que a medida fortalece o mercado interno. A nação ain-
A crise venezuelana é complexa e traz muitas
da acusou a China de roubo de propriedade intelectual de
narrativas, mas é preciso considerar um tema
produtos norte-americanos.
de muito destaque em 2018: a imigração. A
O governo chinês retaliou e aplicou taxas compatíveis
chegada maciça de venezuelanos ao Brasil
em relação a centenas de produtos dos Estados Unidos, o
enfatiza mais um cenário de xenofobia
que representa também cerca de US$ 34 bilhões. Esse ce-
em território nacional, em meio à rejeição
nário trouxe a maior guerra comercial de todos os tempos.
da população de Roraima à chegada dos
As medidas afetam a exportações de diversos produtos no
imigrantes.
mundo, desde petróleo, gás e outros produtos refinados.
Numa economia globalizada, embates como esse causam
turbulência no mercado.
FIQUE ATENTO!
Pode haver questões de atualidades com
#FicaDica enunciados que requerem atenção e
Antes das medidas, o presidente dos Estados interpretação de texto. Uma boa compreensão
Unidos, Donald Trump, já havia anunciado a do enunciado pode ser fundamental para
necessidade de rever as políticas comerciais chegar à resposta correta.
com a China dando sinais de que seria rígido
quanto às taxas. Nesse mesmo cenário, os
5 – Matrizes energéticas
chineses defenderam políticas mais favoráveis
à integração, em um mundo o qual vigora
O conceito de matrizes energéticas implica na soma
economias globalizadas. e poderio de fontes de energias produzidas ou contidas
numa nação. No caso do Brasil, o país detém a matriz ener-
gética mais renovável do mundo.
Cerca de 45% de suas fontes de energia são sustentá-
FIQUE ATENTO! veis, como hidrelétrica, biomassa e etanol. A matriz energé-
tica mundial tem a média de 13% de fontes renováveis, no
É importante manter atenção quanto à
caso, para países desenvolvidos e industrializados.
influência desse tema em relação ao Brasil.
ATUALIDADES

No Brasil, em 2018, muitas usinas produtoras de açúcar


Há quem defenda que a situação favorece têm intensificado suas atividades na produção de etanol,
a comercialização de commodities para o em busca de destaque no mercado mundial, disputado jun-
mercado chinês. tamente com os Estados Unidos. Com o anúncio da China,
em dezembro, sobre aumentar sua cota de etanol na gaso-
lina para 10%, esse mercado tende a crescer mais.

2
em 2017, a política imigratória tem sido endurecida, o que
#FicaDica trouxe críticas por parte da comunidade internacional em
Brasil e EUA são os dois grandes produtores e relação às medidas adotadas.
consumidores de etanol no mundo. Um dos momentos mais tensos quanto às políticas de
imigração no país ocorreu quando o governo Trump deci-
diu separar crianças pequenas de seus pais, na situação em
que ocorre detenção de adultos ao atravessar a fronteira
FIQUE ATENTO! de forma ilegal. A medida faz parte do programa “Tolerân-
Existem dois tipos de etanol no mercado: cia Zero”, que busca reduzir o índice de imigrações ilegais
anidro (sem água, vem misturado à gasolina) no país.
e hidratado (com até 7% de água, etanol puro Essa prática que separa pais e crianças foi duramente
comprado direto da bomba). criticada por entidades e organizações internacionais. A
justificativa do governo quanto à ação era de que não seria
possível abrigar as crianças junto aos pais, nos centros de
6 – Desmatamento atinge recordes em 2018 detenção federal reservados aos adultos. Por isso, os me-
nores foram encaminhados a abrigos.
Pesquisa divulgada em setembro de 2018, pelo Instituto Além disso, as instalações foram consideradas precárias
Ibope Inteligência, cita que 27% dos brasileiros acreditam para receber as crianças, na opinião de críticos da medi-
que o desmatamento é a maior ameaça para o meio am- da. Após a repercussão negativa desse caso, a Casa Branca
biente. As informações são da Agência Brasil. voltou atrás quanto à separação das famílias, mas críticas
Além desse estudo, um relatório da revista Science mos- prevalecem quanto à tolerância zero.
tra que o desmatamento não tem reduzido quando se trata
de espaço para produção de commodities. Esses produtos,
em geral, requerem grande espaço para cultivo. #FicaDica
Porém em entrevista à BBC, o analista de dados Philip
A política de imigração nos Estados Unidos
Curtis, colaborador da organização não governamental The
demonstra uma tendência por parte de
Sustainability Consortium, afirma que os commodities não
nações ricas quanto aos imigrantes, em meio à
podem ser culpados. Levando em conta que a produção
intolerância que pode culminar em xenofobia.
desses produtos é necessária para suprir o aumento po-
Na Europa, por exemplo, destino de milhões
pulacional.
de imigrantes de várias partes do planeta,
Cerca de 27% do desmatamento é causado pela pro-
a aversão ao estrangeiro, sobretudo em
dução de commodities. Além disso, 26% dos impactos am-
relação a países pobres e marginalizados, tem
bientais se referem ao manejo comercial florestal, e 24%
aumentado significativamente.
corresponde à agricultura, com produção de produtos para
subsistência.

#FicaDica FIQUE ATENTO!


Quando se fala de imigração e xenofobia, é
O estudo cita ainda que incêndios florestais importante ressaltar que mesmo mantendo
correspondem a 23% dos danos. No caso, a historicamente uma cultura que recebe
urbanização chega a menos de 1%. todos, o Brasil tem registrado casos dessa
natureza nos últimos anos, como hostilização
e preconceitos em relação a haitianos,
FIQUE ATENTO! bolivianos e venezuelanos.
Nos países ao Norte e mais desenvolvidos,
o desmatamento é causado principalmente 8 - Gillets jaune
por incêndios florestais. Na porção mais ao
Sul, entre as nações em desenvolvimento, a Os gillets jaune (coletes amarelos, em francês) foram desta-
produção de commodities e a agricultura têm que no cenário mundial ao realizarem protestos e atos contra
impacto no desmatamento. aumento no preço de combustíveis, no início de dezembro, na
França. Especialistas ressaltam que desde os anos 60 não sur-
7 - EUA e questão imigratória giam protestos tão violentos quanto os realizados nesse período.
A alta dos preços, segundo o governo francês, é mo-
ATUALIDADES

Historicamente, os Estados Unidos têm mantido polí- tivada para desestimular o uso de combustíveis fósseis,
ticas rígidas quando se trata de imigração, num combate como estratégia de sustentabilidade. A ideia é investir mais
à entrada ilegal de estrangeiros no país, em busca de uma em fontes renováveis. Para conter os atos, o governo can-
vida melhor. Com a eleição do republicano Donald Trump, celou o aumento de preços.

3
10 - Brexit e UE
#FicaDica
Marine Le Pen, líder do partido de extrema- O Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União
direita francês, se posicionou favorável aos Europeia, foi aprovado em referendo britânico, em 2016,
protestos. mas a saída oficial pode ser concluída a partir de 2020.
Internamente, há certa pressão para que os britânicos re-
cuem da decisão e se mantenham no bloco.
Ainda existe um debate sobre a possibilidade de realizar
FIQUE ATENTO! um segundo referendo para consulta popular, em relação
A avaliação é de que as manifestações não estão à saída ou não do Reino Unido. Se houver a aprovação do
ligadas a partidos e surgiram essencialmente Brexit, o bloco europeu perde os seguintes países: Inglater-
por meio de mobilizações populares. ra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

9 - Inteligência artificial cada vez mais presente na #FicaDica


sociedade
A decisão de sair foi motivada pela direita
Num mundo cada vez mais conectado e imerso nas re- britânica, com intuito de fechar mais as
des sociais, as inovações tecnológicas estabelecem novas fronteiras do Reino Unido também para outros
configurações nas relações sociais e de trabalho. A inteli- países da Europa, sobretudo, nações que
gência artificial se constitui num mecanismo que traz mu- exportam imigrantes.
danças nas formas como as pessoas se relacionam e nas
funções que exercem.
No campo profissional, por exemplo, a inteligência ar- FIQUE ATENTO!
tificial – por meio de máquinas ou robôs –, já realiza de A União Europeia é o bloco econômico mais
forma automatizada funções anteriormente exercidas por rico e influente do mundo.
pessoas. Hoje, por exemplo, softwares e máquinas realizam
relatórios e análises que eram feitas por profissionais pre-
parados para essa função. 11 - Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro
Outro exemplo é o uso de atendentes virtuais em chats
de relacionamento com clientes. A GOL Linhas Aéreas Em dezembro, o então presidente eleito, Jair Bolsonaro,
mantém uma atendente- robô em sua página para esclare- anunciou o desmembramento do Ministério do Trabalho.
cer dúvidas mais freqüentes do usuários. As competências da pasta serão direcionadas a três minis-
Uma das questões mais complexas quando se fala nessa térios: Justiça, Economia e Cidadania.
tecnologia, é a perda de profissões que passam a ser exer- Justiça cuidará da concessão das cartas sindicais e Eco-
cidas por máquinas. Num futuro nem tão distante assim a nomia assume questões como o FGTS (Fundo de Garantia
tendência é essa. E de certa forma, as carreiras profissionais do Tempo de Serviço). E a pasta Cidadania cuidará de polí-
vão se adaptando à tecnologia e passam por transforma- ticas de geração de renda e emprego.
ções intensas para saber lidar com essas mudanças.
#FicaDica
#FicaDica As cartas sindicais concedidas pelo governo
autorizam o exercício e funcionamento de
Em julho de 2018, uma equipe de cientistas
entidades para práticas sindicais.
estrangeiros assinou um acordo em que se
comprometiam a não criar máquinas e robôs
que possam ameaçar a vida e integridade da
raça humana. FIQUE ATENTO!
Governo eleito diz que desmembramento
viabilizará diálogos entre as pastas.
FIQUE ATENTO!
Inteligência artificial é um tema bem
12 – Agrotóxicos
contemporâneo e está ligado à realidade das
ATUALIDADES

pessoas, à medida que interfere nas atividades


Como um dos maiores exportadores de produtos como
profissionais e formas de se relacionar. Por
soja, açúcar e laranja, o Brasil é ainda considerado um dos
isso, é um assunto bem relevante.
países que mais utilizam agrotóxicos no cultivo agrícola.
Os setores do agronegócio há algum tempo reivindicam
a flexibilização na regulamentação. E em contrapartida,

4
movimentos sociais e ONGs nutrem apoio a políticas mais
rígidas quanto ao uso desses produtos. #FicaDica
Em 25 de junho de 2018, foi aprovado um projeto de Especialistas orientam pais e educadores a
lei por uma comissão especial da Câmara dos Deputados manterem-se em alerta e vigilância quanto a
que flexibiliza as regras. Um dos pontos discutidos é cen- suspeitas de casos de bullying.
tralizar a regulamentação dos agrotóxicos no Ministério da
Agricultura. Atualmente, o Ministério da Saúde e Meio Am-
biente também dividem a função de liberar os produtos.
FIQUE ATENTO!
Além disso, um dos pontos mais marcantes do projeto de
lei busca eliminar o termo “agrotóxico” por “pesticida”. No tex- O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lançou
to original apresentado, o termo usado era “fitossanitário”. cartilha em 2017 que orienta adultos e crianças
Outras mudanças discutidas é reduzir o prazo de libe- a lidarem com a situação.
ração de agrotóxicos, que atualmente é de cerca de dois
anos, mas pode chegar a mais de cinco anos. A ideia, então, 14 - Acordo para reconstrução da Síria
seria estabelecer o prazo de 30 dias a 24 meses, em média.
Quem defende a mudança diz que se trata de reduzir o Desde 2011, a Síria enfrenta uma intensa guerra civil
preconceito e depreciação da prática, além disso, para a que já deixou milhões de mortos e refugiados. O país hoje
bancada ruralista na Câmara, a mudança do nome segue a vive um cenário de miséria em meio à devastação. Dados
tendência internacional. da Organização das Nações Unidas (ONU) citam que o
conflito custou mais de US$ 380 bilhões de dólares.
Em 2018, a sociedade mundial tem discutido a im-
#FicaDica plantação de um plano para a reconstrução da Síria. Mas
Entidades e ONGs de meio ambiente a atrair investimentos externos tem sido desafiante para a
apelidaram o projeto de lei de “Pacote do nação, tendo em vista as sanções impostas pelos Estados
Veneno”. Na opinião dessas organizações, Unidos, por conta de denúncias de violações de direitos
flexibilizar as regras quanto aos agrotóxicos humanos sob a gestão de Bashar al-Assad, o presidente do
representa ignorar os efeitos nocivos do uso país. Atualmente, Rússia, China e Irã investiram na nação
desses produtos para saúde das pessoas e nos últimos e são os países aliados do governo.
meio ambiente. Com as sanções, a Síria fica impedida de exportar e até
receber investimentos estadunidenses. Na opinião de es-
pecialistas em relações internacionais, executar um plano
de reconstrução depende da exclusão das sanções e parti-
FIQUE ATENTO! cipações de mais nações que possam investir no país.
Hoje, é a lei 7.802, de 1989 que regulamenta
o uso desses produtos. Para os órgãos que
defendem a manutenção das atuais práticas, #FicaDica
é preciso realizar pequenos ajustes, mas a lei
Em mais de sete anos de guerra civil, mais de
atual é considerada adequada.
5,6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar
suas casas em busca de uma vida melhor em
outros países. Além disso, mais de 500 mil
13 – Casos de bullying
pessoas vivem deslocadas dentro país.
Pesquisa recente aponta que um em cada 10 brasileiros
é vítima de bullying, especialmente no ambiente escolar. O
Brasil é considerado o segundo país com mais casos dessa FIQUE ATENTO!
natureza no ambiente virtual, segundo dados do Instituto
Ipso, como aponta matéria do “O Correio do Povo”. De acordo com a ONU, a maioria dos refugiados
No levantamento, a Índia lidera essa corrida. No Brasil, que vive nos países vizinhos se encontra abaixo
cerca de 65% das redes sociais foram cenários usados para da linha da pobreza em situação de miséria.
a prática do crime.
A recomendação aos pais quando detectam as agres-
sões é entrar em contato com os pais ou responsáveis pelo 15 - Nova versão do vírus ebola
agressor. Dependendo da situação, a indicação é recorrer
a alternativas legais. Em agosto de 2018, cientistas dos Estados Unidos anun-
ATUALIDADES

ciaram a descoberta de uma nova versão do vírus ebola,


chamada de Bombali. A descoberta foi feita em Serra Leoa,
por pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA).
O vírus foi encontrado em morcegos e tem força para
atingir seres humanos. A descoberta possibilitará à ciência

5
estudar e compreender a dinâmica de vírus desenvolvidos 17 – Mata Atlântica e maior erosão nos últimos tem-
em animais e mensurar a capacidade para atingir as pes- pos
soas.
Com a novidade, os cientistas acreditam que, de fato, A biodiversidade brasileira sofreu grande impacto relati-
os morcegos são os hospedeiros do ebola. Para os pesqui- vo à erosão nos últimos anos, especialmente na mata atlân-
sadores, compreender sobre quais são os hospedeiros é tica. No caso, o bioma conta com apenas menos de 30% dos
fundamental para combater a doença. mamíferos existentes, quando em comparação ao cenário
do ano de 1500, época em que o Brasil foi descoberto.
#FicaDica O estudo foi divulgado pela revista Plos One. Em resu-
mo, a mata atlântica teria perdido mais de 70% de espécies
O ebola é transmitido por meio de secreção de mamíferos. Na atualidade, algumas áreas locais têm so-
ou sangue. A doença é de alto risco e de difícil frido com a erosão no bioma, como aponta reportagem de
cura. Um dos principais sintomas é a febre “O Globo”.
hemorrágica. A maioria dos animais extintos da mata atlântica era de
grande porte. Além disso, mais de 50% dos mamíferos do
FIQUE ATENTO! bioma foram extintos nas últimas décadas.
Com a descoberta atual, pela primeira vez, a
doença é identificada em hospedeiro antes
que ocorra um surto. #FicaDica
Uma das causas do cenário, segundo
pesquisadores, é o uso excessivo da terra e
16  - Primeira mulher latino-americana como presi-
extração de madeira. A ação humana tem
dente da Assembleia Geral da ONU
contribuído decisivamente quanto aos índices
citados.
A equatoriana María Fernanda Espinosa assumiu em se-
tembro a presidência da Assembleia Geral da ONU, um fato
inédito. Pela primeira vez uma mulher da América Latina
assume o cargo. FIQUE ATENTO!
Um dos grandes desafios da nova presidente é comandar Animais como onças pintadas e pardas
acordos dentro da entidade, em questões polêmicas como a sofreram com 79% de perda, de acordo com
crise dos refugiados e guerra comercial liderada pelos Esta- os dados apontados.
dos Unidos. O órgão presidido por ela vai receber nos próxi-
mos meses encontros importantes entre líderes globais.
Em entrevista à imprensa internacional, Espinosa admi- 18 - Depósitos de gelo na Lua
tiu que a imigração é uma das questões mais desafiantes
em seu mandato. A crise na Venezuela também é uma de- De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos
manda importante a ser discutida nessa gestão. (Nasa, na sigla em inglês), os dois polos e algumas partes
mais escuras e geladas da Lua contam com depósitos gelo.
A descoberta ainda não explica com exatidão a presença
das camadas de gelo, mas algumas hipóteses apontam que
#FicaDica
um choque com meteoritos e cometas no satélite pode ter
María Fernanda Espinosa também afirmou influenciado esse cenário.
que pretende incentivar debate e buscar A novidade é fruto de um estudo da Universidade do
soluções para a questão ambiental e também Havaí, Brown University e do Centro de Pesquisas da Nasa,
a desigualdade de gênero. que utilizou o equipamento Moon Mineralogy Mapper
(M3). As análises da Nasa ainda atestam que boa parte das
camadas de gelo se encontra nas crateras da Lua.
Em julho deste ano também foram descobertas 12 no-
FIQUE ATENTO! vas Luas ao redor de Júpiter, totalizando mais de 79 Luas.
A gestão de Espinosa dura apenas um ano Um dos destaques entre os satélites descobertos é uma
e em seu mandato terá a função de propor pequena Lua com somente um quilômetro de diâmetro.
debates e discussões, sem imposições, mas
com propostas de diálogo e até votações em
questões importantes. #FicaDica
ATUALIDADES

Outras pesquisas já indicaram que a Lua teria


tido condições de ser habitada há bilhões de
anos.

6
FIQUE ATENTO! FIQUE ATENTO!
Porém pesquisadores admitem que para O museu foi residência oficial da Família Real
conhecer a fundo se realmente o satélite portuguesa, entre 1819 a 1821.
abrigou vidas ou desenvolveu organismos,
será preciso investimento maciço em pesquisas
e exploração por lá. Referências

19 - Feminicídios no Brasil http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-


-saude/42655-febre-amarela-ministerio-da-saude-atua-
O Brasil é um dos países como mais casos de feminicí- liza-casos-no-pais - Acesso: 30/08/2018 – 22:11
dio do mundo. Segundo informações da “Agência Brasil”, https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
nos primeiros sete meses de 2018, o serviço 180 (Central de nal-41501743 - Acesso: 30/08/2018 - 23:02
Atendimento à Mulher) registrou mais de 740 ocorrências
do crime ou tentativas de homicídio. https://epocanegocios.globo.com/Economia/noti-
Desse índice, houve 78 casos de feminicídio e 665 ten- cia/2018/07/como-guerra-comercial-entre-eua-e-china-
tativas. Além disso, o serviço de atendimento recebeu mais -pode-afetar-o-brasil.html - Acesso: 30/08/2018 - 23:33
de 80 mil relatos de violência contra as mulheres, sendo que
80% está relacionado a denúncias de violência doméstica. https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
O crime de femicídio é previsto em lei desde 2015 e seu nal-39716719 - Acesso: 31/08/2018 - 00:27
conceito está ligado a desigualdade ou crime hediondo
com base no gênero. Em 10 anos, houve aumento de mais
http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-em-
6,4% nos casos de assassinatos contra as mulheres.
-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-comba-
ter-fake-news
#FicaDica Acesso: 31/08/2018 – 22:06

A mídia retratou em junho de 2018 um caso https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/


marcante dessa natureza, onde o biólogo Luiz atualidades/imigracao-nos-eua-a-politica-de-tolerancia-
Felipe Manvaile foi acusado de matar a mulher, -zero-e-o-drama-das-criancas-na-fronteira.htm - Acesso:
Tatiana Spitzner. A vítima caiu do quarto andar 31/08/2018 - 23:00
do apartamento do casal, em Guarapuava, no
interior do Paraná. https://tecnologia.uol.com.br/noticias/
redacao/2018/03/23/o-que-zuckerberg-nao-explicou-so-
bre-a-crise-envolvendo-facebook-e-eleicoes.htm - Aces-
FIQUE ATENTO! so: 01/09/2018 - 00: 26
O canal 180 foi criado em 2005 pela então
Secretaria de Políticas para as Mulheres https://super.abril.com.br/tudo-sobre/inteligencia-arti-
da Presidência da República (SPM-PR), no ficial/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:26
governo Lula, com intuito de orientar as https://super.abril.com.br/tecnologia/pesquisadores-
mulheres quanto a direitos e serviços. E em -de-inteligencia-artificial-prometem-nao-construir-robos-
2014, o canal se transformou em um dique- -assassinos/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:29
denúncia.
https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-no-
ticias/redacao/2018/07/12/o-que-muda-com-o-projeto-
20 - Museu Nacional do RJ
-de-lei-de-agrotoxicos-em-discussao-no-congresso.htm
- Acesso: 02/09/2018 - 20:35
Incêndio no Museu Nacional, em setembro, no Rio de
Janeiro, chocou a comunidade internacional – em virtude
da importância do acervo para a cultura mundial. O museu https://extra.globo.com/noticias/economia/alcance-
mais antigo do país trazia obras de arte raríssimas e de -amplo-de-sancoes-dos-eua-afeta-reconstrucao-da-si-
grande valor artístico. ria-23033601.html - Acesso: 03/09/2018 - 22:04
A Biblioteca Nacional, localizada no museu, também
sofreu com a perda de suas obras durante o incêndio. Cer- https://nacoesunidas.org/guerra-siria-completa-7-
ca de 90% do acervo de todo o museu foi destruído. -anos-em-marco-com-rastro-de-tragedia-para-civis-diz-
-onu/ - Acesso: 03/09/2018 – 22:25
ATUALIDADES

#FicaDica
https://g1.globo.com/bemestar/ebola/noti-
O local já recebeu visitantes importantes, cia/2018/08/27/cientistas-encontram-nova-versao-do-vi-
como o cientista Albert Einstein, nos anos 20. rus-ebola-em-morcegos-em-serra-leoa.ghtml

7
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/no-
ticia/2018-08/ligue-180-registra-mais-de-740-casos-de-
-feminicidio-este-ano - Acesso: 04/09/2018 - 22:22 EXERCÍCIO COMENTADO

https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/08/27/ 1. Polícia Militar/MA - 1° Tenente PM - Psicólogo -CES-


pgr-denuncia-jefferson-cristiane-brasil-ex-ministro-e- PE /2017.
-mais-23-por-supostas-fraudes-no-ministerio-do-traba- O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu ori-
lho.ghtml - Acesso: 04/09/2018 - 22:22 gem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo porte,
que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os fluxos de
https://www.correiodopovo.com.br/Jornalcomtecno- pessoas, mercadorias, informações e capitais no território
logia/2018/07/11/brasil-e-o-2o-pais-com-mais-casos-de- brasileiro, configurando uma complexa rede geográfica de
-bullying-virtual-contra-criancas/ cidades. Com relação ao texto apresentado e aos múltiplos
Acesso: 31/10/2018 – 22:44 aspectos a ele relacionados, julgue os seguintes itens.
As cidades que apresentam maior grau de complexidade
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilida- socioeconômica e polarizam todo o território brasileiro e
de/mata-atlantica-perdeu-mais-de-70-de-seus-mamife- parte da América do Sul são as metrópoles nacionais.
ros-23101270
Acesso: 27/09/2018 – 22:50 ( ) CERTO ( ) ERRADO

http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien- Resposta: Certo.


te/2010/11/matriz-energetica - Acesso: 04/12/2018 - 22: Metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Ho-
44 rizonte apresentam cenários socioeconômicos comple-
xos e disparidades sociais, além de serem regiões bem
https://www.bbc.com/portuguese/internacio- populosas.
nal-46249017 - Acesso: 05/12/2018 - 00:14
2. A desconcentração espacial das atividades econômicas,
https://observador.pt/2018/09/03/museu-nacional- a partir de 1990, promoveu o crescimento das cidades mé-
-de-casa-da-familia-real-a-museu-visitado-por-einstein/ - dias.
Acesso: 05/12/2018 – 00: 17
( ) CERTO ( ) ERRADO

Letícia Veloso - jornalista e radialista  Resposta: Certo.


Foi um período marcado pela descentralização popula-
Formada em jornalismo em 2008, possui experiência cional, com saída do campo em direção às cidades.
em TV, impresso e jornalismo online. Passou por empresas
como Grupo Folha (UOL), Grupo RBS, Rede Vida e Portal do 3. PF- Escrivão – CESPE/2013
Walmart. Também já trabalhou como locutora (tem DRT na No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de
área) em emissoras de rádio em Minas Gerais e São Paulo. São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
Hoje é professora de atualidades do Grupo Nova.  Mantém quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
ainda um blog focado em cultura, comportamento e coti- nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
diano, com a seguinte página no Facebook:  https://www. às manifestações. Também começam atos em Viçosa e Vo-
facebook.com/meulead/ tuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis
dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas
cidades que receberam jogos da Copa das Confederações,
como Belo Horizonte.

O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).


Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele
focalizado, julgue os itens.

Ainda que as opiniões sobre as manifestações de junho de


2013, no Brasil,se distingam em vários aspectos,os analistas
ATUALIDADES

políticos convergem para o seguinte entendimento: essas


manifestações populares em nada diferem dos movimen-
tos das Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8
Resposta: Errado. Resposta: Errado.
Essas mobilizações ainda são centro de discussões e, de A implantação da assembleia constituinte não aprovada
fato, embora houvesse comparação com Diretas Já e Caras- nessa ocasião. Uma das justificativas do governo federal
-pintadas, não se configura em um mesmo movimento. Isso na época era de que não havia tempo hábil para essa
porque os protestos de junho acabaram abraçando várias mudança.
causas e demandas, enquanto que ambos os movimentos
citados defendiam bandeiras específicas, sem pulverização. 6. PF- Perito Criminal – CESPE/2009
Com relação à Usina Hidrelétrica de Itaipu e ao acordo fir-
4. PF- Escrivão – CESPE/2013 mado entre Brasil e Paraguai, em julho de 2009, no qual
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de são revistas cláusulas do Tratado de Itaipu, julgue os itens
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As que se seguem
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio- Por esse acordo, o Paraguai tornou-se sócio minoritário da
nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram Usina Hidrelétrica de Itaipu, com 30% de participação nos
às manifestações. Também começam atos em Viçosa e Vo- lucros advindos da distribuição de energia elétrica, em ra-
tuporanga. zão de as águas da represa terem inundado parte do terri-
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, tório paraguaio.
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
Seis dias depois, as maiores manifestações se concentra- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ram nas cidades que receberam jogos da Copa das Confe-
derações, como Belo Horizonte. Resposta: Errado.
A usina pertence a ambos países de forma igualitária.
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele 7. PF- Perito Criminal /CESPE-2013
focalizado, julgue os itens. No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
Embora com alguma variação de cidade para cidade, as quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
manifestações citadas no texto foram organizadas para nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram
protestar contra as deficiências dos serviços prestados pelo às manifestações. Também começam atos em Viçosa e Vo-
poder público, notadamente nas áreas de transporte, saú- tuporanga.
de, educação e segurança. O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
( ) CERTO ( ) ERRADO Seis dias depois, as maiores manifestações se concentra-
ram nas cidades que receberam jogos da Copa das Confe-
Resposta: Certo. derações, como Belo Horizonte.
Esses temas foram uma das demandas pedidas nas ruas
naquela ocasião. Por isso, a resposta está correta. O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Nas duas maiores cidades brasileiras — São Paulo e Rio
5. PF- Escrivão – CESPE/2013 de Janeiro —, o problema das tarifas do transporte públi-
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de co permanece insolúvel visto que a fixação desses valores
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As qua- depende de lei a ser votada pelas respectivas câmaras mu-
tro manifestações seguintes atraíram a atenção nacional. No nicipais e assembleias legislativas estaduais.
dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram às manifes-
tações. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis Resposta: Errado. Na ocasião, os governos de ambas as
dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas cidades mantiveram o preço da tarifa estável, conforme
cidades que receberam jogos da Copa das Confederações, reivindicação defendida nas manifestações.
como Belo Horizonte.
9. PF- Perito Criminal – CESPE/2013
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações). No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de São
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As quatro
focalizado, julgue os itens. manifestações seguintes atraíram a atenção nacional. No dia
A convocação, pelo Poder Executivo, de uma assembleia 17, manifestantes de outras capitais aderiram às manifesta-
constituinte exclusiva para promover uma ampla reforma ções. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga.
ATUALIDADES

política foi uma evidente resposta do governo brasileiro às O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
manifestações que tomaram conta de centenas de cidades autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis
brasileiras. dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas
cidades que receberam jogos da Copa das Confederações,
( ) CERTO ( ) ERRADO como Belo Horizonte.

9
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações). de terroristas que escapou. Para especialistas ocidentais, a
A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para sediar operação das forças de segurança russas foi um fiasco to-
duas grandes competições promovidas pela FIFA, a Copa tal. Mortos no massacre passam de 340. In: O Estado de S.
das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se ban- Paulo, 5/9/2004, capa (com adaptações)
deira presente em muitas das manifestações a que o texto Tendo o texto acima como referência inicial e considerando
alude, algumas das quais transformadas em atos de violên- algumas características marcantes do mundo contemporâ-
cia e vandalismo. neo, julgue os itens que se seguem.
A hipotética presença de terroristas árabes — anunciada
( ) CERTO ( ) ERRADO pelo governo russo — no episódio focalizado no texto
indica que, pela primeira vez depois do 11 de setembro
Resposta: Certo. de 2001, esses terroristas resolveram atacar no Ocidente,
Uma das bandeiras utilizadas foram os gastos com a escolhendo um alvo estratégico e de grande visibilidade
Copa. Os manifestantes utilizaram muito mensagens internacional.
como “Não vai ter Copa” e fizeram críticas quanto aos
gastos, os quais poderiam ser direcionados à educação ( ) CERTO ( ) ERRADO
e saúde, na opinião deles.
Resposta: Errado. A questão na Ossétia do Norte é algo
10. PF-Delegado- CESPE/2004 bem específica e regional, envolvendo Rússia e Geórgia.
Nos últimos 13 anos, a América Latina cumpriu grande par- Não se compara a dimensões de conflitos de impacto
te de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a desigual- global.
dade e a pobreza aumentaram na região. O diagnóstico é
da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL), que propõe para a região uma nova estratégia de
desenvolvimento produtivo. Para o secretário executivo do
órgão das Nações Unidas, a maior integração da região foi
um ganho dos últimos anos.
Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda
existe é a união de crescimento econômico com proteção
social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mer-
cado e menos Estado por uma visão que aponta para “mer-
cados que funcionem bem e governos de melhor qualida-
de”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal do Brasil,
25/6/2004, p. 19A (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e consideran-
do a amplitude do tema por ele abordado, julgue os itens
subseqüentes.
Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram
“grande parte de suas tarefas econômicas” nos últimos
anos, o texto permite supor a existência de algum tipo de
receituário que a região deveria seguir para se modernizar
e se desenvolver.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo.
A lógica retratada se refere a mercados que funcionem
bem e não contribuam para intensificar a desigualdade
social e governos com ações sociais relevantes.

11. PF-Delegado- CESPE/2004


Mais de 340 pessoas — entre elas 155 crianças — morre-
ram no desfecho trágico da tomada de reféns na escola de
Beslan. Funcionários dos hospitais da região indicam que
pelo menos 531 pessoas foram hospitalizadas, das quais
ATUALIDADES

336 eram crianças.


O presidente russo Vladimir Putin culpou o terror inter-
nacional pelo ataque, após visitar o local do massacre e
ordenar o fechamento das fronteiras da região da Ossé-
tia do Norte, para evitar a fuga de um número indefinido

10
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO

Estruturas lógicas.................................................................................................................................................................................................................... 01
Lógica sentencial ou proposicional: proposições simples e compostas, operadores lógicos, tabelas-verdade, equivalências, leis
de Morgan..................................................................................................................................................................................................................................01
Diagramas lógicos. .................................................................................................................................................................................................................19
Lógica de primeira ordem. ..................................................................................................................................................................................................19
Operações com conjuntos. .................................................................................................................................................................................................22
Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões.......................................................................................................25
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais..........................................................................................26
Raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal. .......................................................81
Princípios de contagem, combinatória e probabilidade..........................................................................................................................................82
ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA SENTENCIAL OU PROPOSICIONAL: PROPOSIÇÕES SIMPLES E
COMPOSTAS, OPERADORES LÓGICOS, TABELAS-VERDADE, EQUIVALÊNCIAS, LEIS DE MORGAN.

ESTRUTURAS LÓGICAS.

Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido completo.
Nossa professora, bela definição!
Não entendi nada!
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas tam-
bém no sentido lógico.
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verdadeira ou falsa.

Exemplos:
(A) A Terra é azul.
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é uma proposição.

(B) >2

Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico falso.


Todas elas exprimem um fato.
Agora, vamos pensar em uma outra frase:
O dobro de 1 é 2?
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição?
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos declarar se é falso ou verdadeiro.
Bruno, vá estudar.
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não é
proposição.
Passei!
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque é
uma sentença exclamativa.
Vamos ver alguns princípios da lógica:
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
casos e nunca um terceiro caso.

1. Valor Lógico das Proposições

Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se a
proposição é falsa (F).

Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)=V essa é a simbologia para indicar que o valor lógico de p é verdadeira, ou
V(p)=F
Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou falso, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor lógico
falso.

2. Classificação
RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição simples: não contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. São geralmente de-
signadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
E depois da letra colocamos “:”
Exemplo:
p: Marcelo é engenheiro
q: Ricardo é estudante
Proposição composta: combinação de duas ou mais proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúsculas P, Q, R, S,...

1
Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.
Se quisermos indicar quais proposições simples fazem parte da proposição composta:
P(p,q)
Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição composta quando tiver mais de um verbo e proposição simples,
quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.

3. Conectivos

Agora que vamos entrar no assunto mais interessante e o que liga as proposições.
Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos conectivos vem a parte prática.

4. Definição

Palavras que se usam para formar novas proposições, a partir de outras.


Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma coisa?
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo terá um nome, vamos ver?

-Negação

Exemplo
p: Lívia é estudante.
~p: Lívia não é estudante.
q: Pedro é loiro.
¬q: É falso que Pedro é loiro.
r: Érica lê muitos livros.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros.
s: Cecilia é dentista.
¬s: É mentira que Cecilia é dentista.

-Conjunção

Nossa, são muitas formas de se escrever com a conjunção.


Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, “mas”, “porém”
Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica.

- Disjunção
RACIOCÍNIO LÓGICO

p: Vitor gosta de estudar.


q: Vitor gosta de trabalhar
p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de trabalhar.
- Disjunção Exclusiva
Extensa: Ou...ou...

2
Resposta: Letra C. P: A empresa alegou ter pago suas
Símbolo: ∨
obrigações previdenciárias
p: Vitor gosta de estudar. Q: apresentou os comprovantes de pagamento
q: Vitor gosta de trabalhar R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex-
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra- -empregado
balhar. Número de linhas: 2³=8
-Condicional 03) (SERES/PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição neces- CIÁRIA – CESPE/2017) A partir das proposições simples
sária P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço”, Q:
Símbolo: → “As lojas do centro comercial Bom Preço estavam realizan-
Exemplos do liquidação” e R: “Sandra comprou roupas nas lojas do
p→q: Se chove, então faz frio. Bom Preço” é possível formar a proposição composta S:
p→q: É suficiente que chova para que faça frio. “Se Sandra foi passear no centro comercial Bom Preço e se
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio. as lojas desse centro estavam realizando liquidação, então
p→q: É necessário que faça frio para que chova. Sandra comprou roupas nas lojas do Bom Preço ou Sandra
p→q: Fazer frio é condição necessária para chover. foi passear no centro comercial Bom Preço”. Considerando
todas as possibilidades de as proposições P, Q e R serem
-Bicondicional verdadeiras (V) ou falsas (F), é possível construir a tabela-
Extenso: se, e somente se, ... -verdade da proposição S, que está iniciada na tabela mos-
Símbolo:↔ trada a seguir.
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.
p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai
ao cinema.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá-
tica – São Paulo: Nobel – 2002.

EXERCÍCIO COMENTADO

01) (EBSERH - ÁREA MÉDICA - CESPE/2018) A respeito


de lógica proposicional, julgue o item que se segue.
Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar a Completando a tabela, se necessário, assinale a opção que
negação da proposição R, então, independentemente dos mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógicos na
valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e R, a coluna correspondente à proposição S, de cima para baixo.
proposição P→Q∨(~R) será sempre V.
a) V / V / F / F / F / F / F / F
( ) CERTO ( ) ERRADO b) V / V / F / V / V / F / F / V
c) V / V / F / V / F / F / F / V
Resposta: Errado. Se P for verdadeiro, Q falso e R falso, d) V / V / V / V / V / V / V / V
a proposição é falsa. e) V / V / V / F / V / V / V / F
02) (TRT 7ªREGIÃO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – Resposta: Letra D - A proposição S é composta por:
CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P. (p∧q)→(r∨p)
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias,
mas não apresentou os comprovantes de pagamento; o juiz
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p)
julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex-empregado.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-ver- V V V V V V
dade para representar todas as combinações possíveis para V V F V V V
RACIOCÍNIO LÓGICO

os valores lógicos das proposições simples que compõem a V F V F V V


proposição P do texto CB1A5AAA é igual a V F F F V V
F V V F V V
a) 32. F V F F F V
b) 4. F F V F V V
c) 8. F F F F F V
d) 16.

3
As sequências lógicas aparecem com frequências nas Exemplo 1
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figuras,
baralhos, dominós e como é um assunto muito abrangen- (UFPB – ADMINISTRADOR – IDECAN/2016) Considere
te, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará nos a sequência numérica a seguir:
estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas que 3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . .
darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda vez Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
que você visualizar esse tipo de questão já ajude a analisar formação a partir do terceiro termo, então o denominador
que tipo será. Vamos lá? do próximo termo da sequência é:

1. Sequência de Números (A) 9.


(B) 11.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multiplicação. (C) 26.
Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela (D) 27.
vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se Resposta: Letra D.
achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e ponto. Quando há uma sequência que não parece progressão
Vamos ver alguns tipos de sequências: aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma
os dois anteriores, soma 1, e assim por diante.
-Progressão Aritmética No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter-
2 5 8 11 ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3
2. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão. Vamos ver se ficará certo com o restante
6+3=9
No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número 9/3=3
seguinte, temos que somar 3. 3+2=5
5/3
-Progressão Geométrica Opa...parece que deu certo
9 18 36 72
Então:
3. E agora para essa nova sequência?

Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então não


é soma.
O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
18x2=36
36x2=72
Opa, deu certo?
Progressão geométrica de razão 2.
4. Sequência de Letras
-Incremento em Progressão
1 2 4 7 Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil
de falar, pois podem ser de vários tipos.
Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú- Às vezes temos que substituir por números, outras anali-
mero. sar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos?
1=1=2
2+2=4 Exemplos
4+3=7
1. (AGERIO – ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO –
-Série de Fibonacci FDC/2015) Considerando a sequência de vocábulos:
1 1 2 3 5 8 13 galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré
Cada termo é igual à soma dos dois anteriores. A alternativa lógica que substitui X é:
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Números Primos (A) boi


2 3 5 7 11 13 17 (B) siri
Naturais que possuem apenas dois divisores naturais. (C) sapo
(D) besouro
-Quadrados Perfeitos (E) gaivota
1 4 9 16 25 36 49
Números naturais cujas raízes são naturais.

4
Resposta: Letra A. 1) (FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno-
Primeiro tentamos número de sílabas ou letras. logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém
Letras já não deu certo. a próxima figura da sequência.
Galo=4
Pato=4
Carneiro=8
Cobra=4
Jacaré=6
(A)
Não tem um padrão
Número de sílabas
Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
Começadas com as letras dos meses?não...
Difícil...
São animais, então: (B)
Galo e pato são aves
Cobra e jacaré são répteis
O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
procurar outro mamífero que no caso é o boi
(C)
2. (IBGE - TÉCNICO EM INFORMAÇÕES GEOGRÁFI-
CAS E ESTATÍSTICAS – FGV/2016) Considere a sequên-
cia infinita
IBGEGBIBGEGBIBGEG...
A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respectiva-
mente: (D)

(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI. (E)

Resposta: Letra E.
É uma sequência com 6
Cada letra equivale a sequência
I=1
B=2 Resposta: Letra B.
G=3 Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado
E=4 E depois 2 riscos e assim por diante.
G=5 Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D?
B=0 É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de todos.
2016/6=336 resta 0
2017/6=336 resta 1

Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva- EXERCÍCIO COMENTADO
lente a última letra
E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira letra. 1. ( TRE/RJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - OPERAÇÃO DE
COMPUTADORES – CONSULPLAN/2017) Os termos de
4. Sequência de Figuras uma determinada sequência foram sucessivamente obti-
dos seguindo um determinado padrão:
Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema (5, 9, 17, 33, 65, 129...)
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. O décimo segundo termo da sequência anterior é um
RACIOCÍNIO LÓGICO

número

a) menor que 8.000.


b) maior que 10.000.
c) compreendido entre 8.100 e 9.000.
d) compreendido entre 9.000 e 10.000.

5
Resposta: Letra C. Resposta: Letra C
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
213+1=8193

2. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO


AOCP/2017) Uma máquina foi programada para distri-
buir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha 4. (SESAU/RO – ENFERMEIRO – FUNRIO/2017) Obser-
o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se- ve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...
guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações O próximo termo é o:
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são: a) 65.
b) 66.
a) 69 e Z. c) 67.
b) 90 e Y. d) 68.
c) T e 88. e) 69.
d) 77 e Z.
e) Y e 100. Resposta: Letra D.
Observe que de 43 para 46 são 3
Resposta: Letra D. 50-46=4
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5, 8,...) 55-50=5
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupará 61-55=6
na sequência. Portanto será a 26 Portanto, o próximo será somando 7
A26=a1+25r 61+7=68
A26=2+25⋅3
A26=2+75=77 5. (TRT 24ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I;
A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na sequ- 17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris-
ência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z. mos e pelas letras

3. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017)  Na a) EI.


figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da b) UA.
construção de uma sequência elaborada a partir de um tri- c) OA.
ângulo equilátero. d) IO.
e) AE.

Resposta: Letra D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, portanto:
12/5=2 e resta 2
Assim, será igual ao segundo termo, IO.

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados do 6. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –


triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % ,
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. &, # , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará
Na etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos na 117ª posição será:
triângulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triân-
gulos com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um a) @
novo conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguin- b) %
tes mantêm esse padrão de construção. c) &
Mantido o padrão de construção acima descrito, o número d) #
RACIOCÍNIO LÓGICO

de triângulos pretos existentes na etapa 7 é e) $

a) 729. Resposta: Letra A.


b) 1.024. 117/4=29 e resta 1
c) 2.187. Portanto, é igual a figura 1 @
d) 4.096.
e) 6.561.

6
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Con- 9. (MPE/SP – OFICIAL DE PROMOTORIA I – VU-
sidere a seguinte sequência de figuras formadas por cír- NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5);
culos: ...) tem como termos sequências contendo apenas os nú-
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me-
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a:

a) 5.
Continuando a sequência de maneira a manter o mesmo b) 4.
padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: c) 6.
d) 7.
a) 334. e) 8.
b) 314.
c) 342. Resposta: Letra A.
d) 324. Vamos somar os números:
e) 316. 3+5=8
3+3+3=9
Resposta: Letra D. 5+5=10
Figura 1:1 3+3+5=11
Figura 2:4
Figura 3:9 Observe que
Figura 4:16 os termos formam uma PA de razão 1.
O número de círculos é o quadrado da posição a18=?
a18=a1+17r
Figura 18: 18²=324
a18=8+17
a18=25
8. (CODEBA – GUARDA PORTUÁRIO – FGV/2016) Para
Para dar 25, com o menor número de elementos possíveis,
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
devemos ter (5,5,5,5,5)
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
10. (CODAR – RECEPCIONISTA – EXATUS/2016) A se-
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ...
quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
a) O
b) D a) 91
c) E b) 88.
d) B c) 87
e) A d) 84
Resposta: Letra A. Resposta: Letra A.
É uma sequência com 6 letras: A princípio, queremos ver a sequência com os termos se-
500/6=83 e resta 2 guidos mesmo, o que seria:
C=1 99+4=103
O=2 103-7=96
D=3 96+4=100
E=4 100-7=93
B=5 Alternando essa sequência, mas se conseguirmos visuali-
A=0 zar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Como restaram 2, então será igual a O. Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam uma
PA de razão r=-3
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão
também r=-3
RACIOCÍNIO LÓGICO

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequência


par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tratan-
do apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

7
TABELA - VERDADE Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
lógico de proposições compostas facilmente, analisando - Conjunção
cada coluna. Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se eu
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou tiver as duas coisas, certo?
V(p)=F Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
chocolate.
p E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
V
p q p ∧q
F
V V V
Quando temos duas proposições, não basta colocar só V F F
VF, será mais que duas linhas. F V F
F F F
p q
V V -Disjunção
V F Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
F V
nectivo “ou”.
Eu comprei bala ou chocolate.
F F Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está
certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
E a segunda intercalou VFVF
forma se eu comprei apenas chocolate.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi-
Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um
padrão para se tornar mais fácil! certo.
As possibilidades serão 2n,
p q p ∨q
Onde: V V V
n=número de proposições
V F V
p q r F V V
V V V F F F
V F V
-Disjunção Exclusiva
V V F Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
V F F chocolate OU comprei bala.
F V V Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
tempo.
F F V
F V F p q p ∨q
F F F V V F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me- V F V
tade falsa. F V V
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF
F F F
E a terceira VVFFVVFF
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
-Condicional
operadores lógicos?
Se chove, então faz frio.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se choveu, e fez frio


-Negação
Estamos dentro da possibilidade.(V)
Choveu e não fez frio
p ~p Não está dentro do que disse. (F)
V F Não choveu e fez frio..
F V
Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover,
certo?(V)

8
Não choveu, e não fez frio P ~p p∨~p
Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V) V F V
F V V
p q p →q
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
V V V
conseguiremos resolver as questões com base na tabela
V F F verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera-
F V V dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a
F F V tabuada da matemática.

Veremos outros exemplos


-Bicondicional
Ficarei em casa, se e somente se, chover. Exemplo 1
Estou em casa e está chovendo. Vamos pensar nas proposições
A ideia era exatamente essa. (V) P: João é estudante
Estou em casa, mas não está chovendo. Q: Mateus é professor
Você não fez certo, era só pra ficar em casa se chovesse. (F) Se João é estudante, então João é estudante ou Mateus
Eu sai e está chovendo. é professor.
Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F) Em simbologia: p→p∨q
Não estou em casa e não está chovendo.
Sem chuva, você pode sair, ta?(V) P Q p∨q p→p∨q
V V V V
p q p ↔q V F V V
F V V V
V V V F F F V
V F F
F V F A coluna inteira da proposição composta deu verdadei-
ro, então é uma tautologia.
F F V
Exemplo 2
Com as mesmas proposições anteriores:
TAUTOLOGIA João é estudante ou não é verdade que João é estudan-
te e Mateus é professor.
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com- p∨~(p∧q)
posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto- P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)
logia. V V V F V
Vamos ver alguns exemplos. V F F V V
F V F V V
A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da F F F V V
não contradição. Está lembrado?
Princípio da não Contradição: uma proposição não Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda-
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo. deiro, é tautologia.

Exemplo 3
P ~p p∧~p ~(p∧~p) Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
V F F V é professor.
F V F V
P Q ~p p∨~p p∨~p→q
A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do V V F V V
Terceiro excluído. V F F V F
RACIOCÍNIO LÓGICO

Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é F V V V V


verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses F F V V F
casos e nunca um terceiro caso.
Deu pelo menos uma falsa e agora?
Não é tautologia.

9
Referências 2. Regra de Clavius
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
mática – São Paulo: Nobel – 2002. ~p→p⇔p

p ~p ~p→p
EXERCÍCIO COMENTADO V F V
F V F
1. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE
– 2016) Com relação a lógica proposicional, julgue o item 3. Regra de Absorção
subsequente.
Considerando-se as proposições simples “Cláudio pra- p→p∧q⇔p→q
tica esportes” e “Cláudio tem uma alimentação balancea-
da”, é correto afirmar que a proposição “Cláudio pratica
p q p∧q p→p∧q p→q
esportes ou ele não pratica esportes e não tem uma ali-
mentação balanceada” é uma tautologia. V V V V V
V F F F F
Resposta: F V F V V
p: Cláudio pratica esportes
q: Cláudio tem uma alimentação balanceada F F F V V
(p∨~p)∧~q
4. Condicional
P ~P Q ~q p∨~P (p∨~p)∧~q Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são
V F V F V F as mais pedidas nos concursos
V F F V V V A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
F V V F V F -verdades idênticas
F V F V V V
p ~p q p∧q p→q ~p∨q
E QUIVALÊNCIAS LÓGICAS V F V V V V
V F F F F F
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se F V V F V V
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- F V F F V V
CAS.
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguin- Exemplo
te notação: p: Coelho gosta de cenoura
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) q: Coelho é herbívoro.
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, bívoro.
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. ~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
1. Regra da dupla negação A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q

~~p⇔p p q ~p ~q ~p→~q p∨~q


V V F F V V
p ~p ~~p
V F F V V V
V F V
F V V F F F
F V F
F F V V V V
São iguais, então ~~p⇔p
RACIOCÍNIO LÓGICO

Equivalência fundamentais (Propriedades Fundamen-


tais): a equivalência lógica entre as proposições goza das
propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.

10
1 – Simetria (equivalência por simetria)

a) p ∧ q ⇔ q ∧ p

p q p∧q q∧p
V V V V
V F F F
F V F F
F F F F

b) p ∨ q ⇔ q∨p

p q p∨q q∨p
V V V V
V F V V
F V V V
F F F F

c) p ∨ q⇔q p

p q p∨q q ∨ p
V V F F
V F V V
F V V V
F F F F
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p

p q p↔q q↔p
V V V V
V F F F
F V F F
F F V V

5. Equivalências notáveis:

1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)

a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)

p q r q∨r p ∧ (q ∨ r) p∧q p∧r (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)


V V V V V V V V
V V F V V V F V
V F V V V F V V
V F F F F F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

F V V V F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F
F F F F F F F F

11
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)

p q r q∧r p ∨ (q ∧ r) p∨q p∨ r (p ∨ q) ∧ (p ∨ r)
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V F V V V V
V F F F V V V V
F V V V V V V V
F V F F F V F F
F F V F F F V F
F F F F F F F F

2 - Associação (equivalência pela associativa)

a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)

p q r q∧r p ∧ (q ∧ r) p∧q p∧ r (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
V V V V V V V V
V V F F F V F F
V F V F F F V F
V F F F F F F F
F V V V F F F F
F V F F F F F F
F F V F F F F F
F F F F F F F F

b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)

p q r q∨r p ∨ (q ∨ r) p∨q p∨r (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)


V V V V V V V V
V V F V V V V V
V F V V V V V V
V F F F V V V V
F V V V V V V V
F V F V V V F V
F F V V V F V V
F F F F F F F F

3 – Idempotência

a) p ⇔ (p ∧ p)

Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas colunas com p
RACIOCÍNIO LÓGICO

p p p∧p
V V V
F F F

12
b) p ⇔ (p ∨ p)
p p p∨p
V V V
F F F

4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra condicional equivalente à primeira, apenas invertendo-
-se e negando-se as proposições simples que as compõem.

Da mesma forma que vimos na condicional mais acima, temos outros modos de definir a equivalência da condicional
que são de igual importância

1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)

p q ~p ~q p→q ~q → ~p
V V F F V V
V F F V F F
F V V F V V
F F V V V V

2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)

p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
V F F V V V
F V V V F V
F F V F V F

3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)

p q ~q p → ~q ~p q → ~p
V V F F F F
V F V V F V
F V F V V V
F F V V V V

5 - Pela bicondicional

a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição

p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p)


V V V V V V
V F F F V F
F V F V F F
F F V V V V

b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)


RACIOCÍNIO LÓGICO

p q p↔q ~q ~p ~q → ~p ~p → ~q (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)


V V V F F V V V
V F F V F F V F
F V F F V V F F
F F V V V V V V

13
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q)

p q p↔q p∧q ~p ~q ~p ∧ ~q (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q)


V V V V F F F V
V F F F F V F F
F V F F V F F F
F F V F V V V V

6 - Pela exportação-importação

[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]

p q r p∧q (p ∧ q) → r q→r p → (q → r)
V V V V V V V
V V F V F F F
V F V F V V V
V F F F V V V
F V V F V V V
F V F F V F V
F F V F V V V
F F F F V V V

6. Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)

Chama-se proposições associadas a p → q as três proposições condicionadas que contêm p e q:


– Proposições recíprocas: p → q: q → p
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p

Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:

p q ~p ~q p→q q→p ~p → ~q ~q → ~p
V V F F V V V V
V F F V F V V F
F V V F V F F V
F F V V V V V V

Observamos ainda que a condicional p → q e a sua recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO EQUIVALENTES.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora menos.”,
que corresponde a um ditado popular, julgue o próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é condicional, não é regra, mas acontece quando
você não acha o conectivo.

14
2.(PC/PE- PERITO PAPILOSCOPISTA - CESPE/2016) Assinale a opção que é logicamente equivalente à proposição “Ele
é suspeito também de ter cometido outros dois esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos em que ele suposta-
mente aparece executando os crimes”, presente no texto CG1A06AAA.

a) Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele é suspeito
também de ter cometido esses crimes.
b) Ele não é suspeito de outros dois esquartejamentos, já que não foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os crimes.
c) Se não foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele não é
suspeito desses crimes.
d) Como ele é suspeito de ter cometido também dois esquartejamentos, foram encontrados vídeos em que ele suposta-
mente aparece executando os crimes.
e) Foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, pois ele é também
suspeito de ter cometido esses crimes.

Resposta: Letra A. A expressão já que=pois


Que se for escrita com a condicional, devemos mudar as proposições de lugar.
Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente aparece executando os dois esquartejamentos, ele é suspeito
também de ter cometido esses crimes.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Negação de uma proposição composta

Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)

Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)

p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)

Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
RACIOCÍNIO LÓGICO

V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.

15
Negação de uma disjunção exclusiva

~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)

p q p∨q ~( p∨q) p↔q


V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional

Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)

p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional

~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]

P Q p↔q p→q q→p p → q) ∧ (q → p)] ~[(p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]


V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)

a) De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)

P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
RACIOCÍNIO LÓGICO

Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente à
sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

16
Resposta: Letra A.
EXERCÍCIO COMENTADO Nega as duas e muda o conectivo para ou
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos não
gostam de exatas.
1.(TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CES-
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho- 4. (ARTES - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO À REGULA-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue ÇÃO DE TRANSPORTE - TECNOLOGIA DE INFORMA-
o próximo item. ÇÃO - FCC/2017) A afirmação que corresponde à negação
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estu-
não pode mais, não chora menos” dioso fala alto’ é:
( ) CERTO ( ) ERRADO a) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos fa-
lam alto’.
Resposta: Errado. Negação de uma condicional: man- b) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos fa-
tém a primeira e nega a segunda lam alto’.
c) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos
2. (PC/PE - PERITO CRIMINAL - CESPE/2016) Consi- não falam alto’.
dere as seguintes proposições para responder a questão. d) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estu-
P1: Se há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo dioso fala alto’.
delito, então há punição de criminosos.
e) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estu-
P2: Se há punição de criminosos, os níveis de violência não
dioso fala alto’
tendem a aumentar.
P3: Se os níveis de violência não tendem a aumentar, a
Resposta: Letra E.
população não faz justiça com as próprias mãos.
Nega as duas e coloca ou.
Assinale a opção que apresenta uma negação correta da
Vendedores não falam muito
proposição P1.
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
a) Se não há punição de criminosos, então não há investi- afirmativa
gação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito. Pelo menos um estudioso fala muito.
b) Há punição de criminosos, mas não há investigação nem OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 estu-
o suspeito é flagrado cometendo delito. dioso não fala muito.
c) Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo de-
lito, mas não há punição de criminosos. 5. (IGP/RS – PERITO CRIMINAL 0 FUNDATEC/2017) A
d) Se não há investigação ou o suspeito não é flagrado negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” é:
cometendo delito, então não há punição de criminosos.
e) Se não há investigação e o suspeito não é flagrado co- a) Toda criança é afetuosa.
metendo delito, então não há punição de criminosos. b) Nenhum homem é afetuoso.
c) Todos os homens carecem de afeto.
Resposta: Letra C. Famoso MANE d) Pelo menos um homem não é afetuoso.
Mantém a primeira e nega a segunda. e) Todas as mulheres não são afetuosas.
Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo
delito e não há punição de criminosos. Resposta: Letra D.
No caso, a questão ao invés de “e”utilizou mas Para negar todos, colocamos pelo menos um...
E negamos a frase.
Pelo menos um homem não é afetuoso.
3. (CORREIOS – ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO
TRABALHO JÚNIOR – IADES/2017) Qual é a negação 6. (TRT – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2017) Uma afir-
da proposição “Engenheiros gostam de biológicas e médi- mação que corresponda à negação lógica da afirmação: todos
cos gostam de exatas.”? os programas foram limpos e nenhum vírus permaneceu, é:

a) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não a) Se pelo menos um programa não foi limpo, então algum
vírus não permaneceu.
gostam de exatas.
b) Existe um programa que não foi limpo ou pelo menos
b) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gos-
RACIOCÍNIO LÓGICO

um vírus permaneceu.
tam de exatas.
c) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus permane-
c) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gos- ceram.
tam de exatas. d) Alguns programas foram limpos ou algum vírus não per-
d) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gos- maneceu.
tam de exatas. e) Se algum vírus permaneceu, então nenhum programa
e) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não foi limpos.
gostam de exatas.

17
Resposta: Letra B. 10. (TRT 7ª REGIÃO – CONHECIMENTOS BÁSICOS
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns) e CARGOS 1, 2, 7 E 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA –
a negação: Proposição P
Pelo menos um programa não foi limpo. A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias,
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. mas não apresentou os comprovantes de pagamento; o juiz
Pelo menos um vírus permaneceu. julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex-empregado.
Ou Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obrigações
Alguns vírus permaneceram. previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes de
pagamento.
7. (TRF 1ª REGIÃO – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – A proposição Q, anteriormente apresentada, está presente
CESPE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro- na proposição P do texto CB1A5AAA.
vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a A negação da proposição Q pode ser expressa por:
favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afir-
mação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão será a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
totalmente modificada.” denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamen-
Considerando a situação apresentada e a proposição cor- to.
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item. b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá-
A negação da proposição pode ser corretamente expressa rias ou não apresentou os comprovantes de pagamento.
por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a decisão não c)A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá-
será totalmente modificada”. rias e apresentou os comprovantes de pagamento.
d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
( ) CERTO ( ) ERRADO
denciárias nem apresentou os comprovantes de paga-
mento.
Resposta: Errado.
CUIDADO!
Resposta: Letra A.
O basta traz sentido de condicional.
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será total-
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previden-
mente modificada.
ciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ)
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será
11. (DPE/RS – ANALISTA – FCC/2017) Considere a afir-
totalmente modificada.
mação:
8. (TRF 1ª REGIÃO – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CES- Ontem trovejou e não choveu.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho- Uma afirmação que corresponde à negação lógica desta
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue afirmação é
o próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem a) se ontem não trovejou, então não choveu.
não pode mais, não chora menos” b) ontem trovejou e choveu.
c) ontem não trovejou ou não choveu.
( ) CERTO ( ) ERRADO d) ontem não trovejou ou choveu.
e) se ontem choveu, então trovejou.
Resposta: Errado.
Negação de uma condicional: mantém a primeira e nega Resposta: Letra D.
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
a segunda.
Negação de não choveu: choveu
Ontem não trovejou ou choveu.
9. (CFF – ANALISTA DE SISTEMA – INAZ DO
PARÁ/2017) Dizer que não é verdade que “Todas as farmá- 12. (DPE/RS – ANALISTA – FCC/2017) Considere a afir-
cias estão abertas” é logicamente equivalente a dizer que: mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macarrão e
a) “Toda farmácia está aberta”. gosto de parmesão.
b) “Nenhuma farmácia está aberta”. Uma afirmação que corresponde à negação lógica desta
c) “Todas as farmácias não estão abertas”. afirmação é
RACIOCÍNIO LÓGICO

d) “Alguma farmácia não está aberta”.


e) “Alguma farmácia está aberta”. a) Sou descendente de italiano e, não gosto de macarrão
ou não gosto de parmesão.
Resposta: Letra D. b) Se não sou descendente de italiano, então não gosto de
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma macarrão e não gosto de parmesão.
Alguma farmácia não está aberta. c) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então não
sou descendente de italiano.

18
d) Não sou descendente de italiano e, gosto de macarrão e (∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
não gosto de parmesão. Quantificador: ∃
e) Se não gosto de macarrão e não gosto de parmesão, Condição de existência da variável: não há.
então não sou descendente de italiano. Predicado: “(x + 1 = 4)∧(7 + x = 10)”.

Resposta: Letra A. Negações de proposições quantificadas ou funcionais


Negação de condicional: mantém a primeira e nega a segun- Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
da. Negação: (∃x)(~A(x))
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” Exemplo
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto de (∀x)(2x-1=3)
macarrão e gosto de parmesão. Negação: (∃x)(2x-1≠3)
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão. Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão ou Negação: (∀x)(~Q(x)).
não gosto de parmesão. (∃x)(2x-1=3)
Negação: (∀x)(2x-1≠3)

DIAGRAMAS LÓGICOS. LÓGICA DE 2. Definição das proposições


PRIMEIRA ORDEM.
2.1. Todo A é B.

O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo


DIAGRAMAS LÓGICOS elemento de A também é elemento de B.
Podemos representar de duas maneiras:
As questões de Diagramas lógicos envolvem as propo-
sições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução re-
quer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
Quantificadores são elementos que, quando associa-
dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

1. O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”. Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
Exemplo: ficam os valores lógicos das outras?
(∀x)(x + 2 = 6) Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (falsa). Nenhm A é B é necessariamente falsa
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
afirmação ser verdadeira. que TODA criança é linda? Por isso é falsa.
O quantificador existencial Algum A é B é necessariamente verdadeira
O quantificador existencial é indicado pelo símbolo “∃” Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe um”. lindas
Exemplos: Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está
(∃x)(x + 5 = 9) contido em B.
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
deira). sível, pois todas são.
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro
que existe algum número que essa afirmação será verda- 2.2. Nenhum A é B.
deira.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ok??Sem maiores problemas, certo? A e B não terão elementos em comum

Representação de uma proposição quantificada


(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
Quantificador: ∀
Condição de existência da variável: x ∈ N .
Predicado: x + 3 > 15.

19
Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como
ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-
trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)
Todo A é B é necessariamente falsa d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?
Algum A é B é necessariamente falsa
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.
Algum A não é B necessariamente verdadeira.
Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

2.3. Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em co-


mum com o conjunto B Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como
Temos 4 representações possíveis ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Algum copo é de vidro.
a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- Nenhum A é B é necessariamente falsa
tos em comum Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.
Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser
verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden-
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to-
b) Todos os elementos de A estão em B. dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.

2.4. Algum A não é B.

O conjunto A tem pelo menos um elemento que não


pertence ao conjunto B.

Aqui teremos 3 modos de representar

a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-


tos em comum
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) Todos os elementos de B estão em A

20
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PC/RS - ESCRIVÃO - FUNDATEC/2018) Supondo a


verdade da sentença aberta: Alguns investigados são ad-
vogados mas nem todos os investigados têm domicílio co-
nhecido. Podemos deduzir a verdade da alternativa:

a) Todos investigados são advogados e têm domicílio co-


b) Todos os elementos de B estão em A. nhecido.
b) Todos investigados são advogados e não têm domicílio
conhecido.
c) Alguns investigados são advogados e têm domicílio co-
nhecido.
d) Alguns investigados são advogados e alguns investiga-
dos têm domicílio conhecido.
e) Alguns investigados são advogados e alguns investiga-
dos não têm domicílio conhecido.

Resposta: Letra E. Nem todos os investigados têm


domicilio=Existem investigados que não têm domicilio.

2. (UFES - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –


UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas,
c) Não há elementos em comum entre os dois conjuntos • todas as pessoas que praticam futebol também praticam
natação,
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam natação.
É CORRETO afirmar que no grupo

a) todas as pessoas que praticam natação também prati-


cam tênis.
b) todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam tênis.
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver futebol.
como ficam os valores lógicos das outras? d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior tênis.
Frase: Algum copo não é de vidro. e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam fu-
Nenhum A é B é indeterminada( contradição com as tebol.
figuras a e b)
Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se Resposta: Letra E.
todos não são de vidro.
Todo A é B , é necessariamente falsa
Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
não era.
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.
RACIOCÍNIO LÓGICO

21
3. (SEPOG/RO - TÉCNICO EM TECNOLOGIA DA IN- Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-
FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO - FGV/2017) Considere mos saber apenas quais são os elementos.
a afirmação: Não importa ordem:
“Toda pessoa que faz exercícios não tem pressão alta”. A={1,2,3} e B={2,1,3}
De acordo com essa afirmação é correto concluir que Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}
a) se uma pessoa tem pressão alta então não faz exercícios.
b) se uma pessoa não faz exercícios então tem pressão alta. 3. Relação de Pertinência
c) se uma pessoa não tem pressão alta então faz exercícios.
d) existem pessoas que fazem exercícios e que têm pressão Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação
alta. que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
e) não existe pessoa que não tenha pressão alta e não faça Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
exercícios. 0∈A
2∉A
Resposta: Letra A. Se toda pessoa que faz exercício não
tem pressão alta, ora, se a pessoa tem pressão alta, então 4. Relações de Inclusão
não faz exercício.
Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido),
Referências
⊃(contém), (não contém)
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Provas
e Concursos, 2010.
A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
Exemplo:
OPERAÇÕES COM CONJUNTOS. {1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
CONJUNTOS boca aberta para o maior conjunto

1. Representação 5. Subconjunto

- Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de


2, 3, 4, 5} A é também elemento de B.
- Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
elementos temos:
B={3,4,5,6,7} 6. Operações
- por meio de diagrama:
6.1. União

Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro


formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chamares


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. Igualdade

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem


exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:

22
6.2. Interseção 6.3. Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto formado
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é pelos elementos do conjunto universo que não pertencem a A.
representada por : A∩B.

Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x B}

7. Fórmulas da união

Exemplo: n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)


A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g} n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩-
A∩B={d,e} C)-n(B C)

Diferença Uma outra operação entre conjuntos é a dife- Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés
rença, que a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o de fazer todo o digrama, se colocarmos nessa fórmula, o
conjunto definido por: resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é in-
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o teressante devido ao tempo.
complementar de B em relação a A. Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
A este conjunto pertencem os elementos de A que não tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
pertencem a B. melhor fazer de uma forma ou outra.

A\B = {x : x∈A e x∉B}.


1. (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO –
FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho-
mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sabe-
-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
B-A = {x : x∈B e x∉A}.
a) 4.
b) 7.
c) 13.
d) 5.
e) 8.

Resposta: Letra A. Primeiro, quando temos 3 diagra-


mas, sempre começamos pela interseção dos 3, depois
interseção a cada 2 e por fim, cada um
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do con-
junto A menos os elementos que pertencerem ao conjunto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

23
Sabemos que 18 são altos

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Quando somarmos 5+x+6=18


X=18-11=7
Carecas são 16

Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não


são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

Então o número de barbados que não são altos, mas são


carecas são 4.
RACIOCÍNIO LÓGICO

24
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO:
EXERCÍCIO COMENTADO
ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES
E CONCLUSÕES.
1. (INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES-
PE/2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60
anos de idade foi dividida nos seguintes dois grupos: ARGUMENTOS
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pes-
soas); e Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro-
B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 600 posições ), sendo uma delas a consequência das demais.
pessoas). Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou
Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética ou consequência lógica das demais, é chamada conclusão.
fumante ou ambos (diabética e fumante). Um argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q
A população do grupo B é constituída por três conjuntos OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ... ∧
de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que nunca Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
fumaram (não fumantes). forma:
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo.
Se, das pessoas do grupo A, 280 são fumantes e 195 são
diabéticas, então 120 pessoas desse grupo são diabéticas
e não são fumantes.

( ) CERTO ( ) ERRADO
1. Argumentos válidos
Resposta: Certo.
Um argumento é válido quando a conclusão é verda-
deira (V), sempre que as premissas forem todas verda-
deiras (V). Dizemos, também, que um argumento é válido
quando a conclusão é uma consequência obrigatória das
verdades de suas premissas.

2. Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegíti-


mo ou mal construído), quando as verdades das premissas
são insuficientes para sustentar a verdade da conclusão.
Caso a conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências
280-x+x+195-x=400 geradas pelas verdades de suas premissas, tem-se como
x=75 conclusão uma contradição (F).
Diabéticos: 195-75=120
3. Métodos para testar a validade dos argumentos
Referências
YOUSSEF, Antonio Nicolau (et al.). Matemática: ensino 1. (IFBA – ADMINISTRADOR – FUNRIO/2016) Ou João
médio, volume único. – São Paulo: Scipione, 2005. é culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado, volume então Carlos é inocente. João é culpado se e somente se
1, 2010 Pedro é inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo,

a) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são cul-


pados.
b) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são cul-
pados.
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são cul-


pados.
d) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são cul-
pados.
e) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é culpado.

25
Resposta: Letra E. Vamos começar de baixo pra cima. • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. F F
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente • Quando Fernando está estudando, não chove.
V/F V
Ora, Pedro é inocente
(V) Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava
estudando.
Sabendo que Pedro é inocente, Não tem como ser julgado.
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas. RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
João é culpado se e somente se Pedro é inocente GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
(V) (V)

Ora, Pedro é inocente NÚMEROS NATURAIS E SUAS OPERAÇÕES FUN-


(V) DAMENTAIS
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira 1. Definição de Números Naturais
premissa
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. Os números naturais como o próprio nome diz, são os
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só números que naturalmente aprendemos, quando estamos
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida, não
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
estamos preocupados com o sinal de um número, mas sim
Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
em encontrar um sistema de contagem para quantificarmos
condicional só será verdadeira se a segunda proposição
as coisas. Assim, os números naturais são sempre positivos
também for.
Então, temos: e começando por zero e acrescentando sempre uma
Pedro é inocente, João é culpado, António é inocente e unidade, obtemos os seguintes elementos:
Carlos é inocente. ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … .

Sabendo como se constrói os números naturais,


EXERCÍCIO COMENTADO podemos agora definir algumas relações importantes entre
eles:
01) (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. a) Todo número natural dado tem um sucessor (número
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. que está imediatamente à frente do número dado
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. na seqüência numérica). Seja m um número natural
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. qualquer, temos que seu sucessor será sempre de-
• Quando Fernando está estudando, não chove. finido como m+1. Para ficar claro, seguem alguns
• Durante a noite, faz frio. exemplos:

Tendo como referência as proposições apresentadas, jul- Ex: O sucessor de 0 é 1.


gue o item subsecutivo. Ex: O sucessor de 1 é 2.
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. Ex: O sucessor de 19 é 20.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) Se um número natural é sucessor de outro, então os
dois números que estão imediatamente ao lado do
Resposta: Errado. outro são considerados como consecutivos. Vejam
os exemplos:
• Durante a noite, faz frio.
RACIOCÍNIO LÓGICO

V
Ex: 1 e 2 são números consecutivos.
Ex: 5 e 6 são números consecutivos.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
F F Ex: 50 e 51 são números consecutivos.

• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.


V V

26
c) Vários números formam uma coleção de números naturais consecutivos se o segundo for sucessor do primeiro, o
terceiro for sucessor do segundo, o quarto for sucessor do terceiro e assim sucessivamente. Observe os exemplos a
seguir:

Ex: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos.


Ex: 5, 6 e 7 são consecutivos.
Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos.
d) Analogamente a definição de sucessor, podemos definir o número que vem imediatamente antes ao número analisa-
do. Este número será definido como antecessor. Seja m um número natural qualquer, temos que seu antecessor será
sempre definido como m-1. Para ficar claro, seguem alguns exemplos:

Ex: O antecessor de 2 é 1.
Ex: O antecessor de 56 é 55.
Ex: O antecessor de 10 é 9.

FIQUE ATENTO!
O único número natural que não possui antecessor é o 0 (zero) !

1.1. Operações com Números Naturais

Agora que conhecemos os números naturais e temos um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das operações
matemáticas que podemos fazer com eles. Muito provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das quatro operações
fundamentais da matemática: Adição, Subtração, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos estudos com elas:

Adição: A primeira operação fundamental da Aritmética tem por finalidade reunir em um só número, todas as unidades
de dois ou mais números. Antes de surgir os algarismos indo-arábicos, as adições podiam ser realizadas por meio de tábuas
de calcular, com o auxílio de pedras ou por meio de ábacos. Esse método é o mais simples para se aprender o conceito de
adição, veja a figura a seguir:

Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) foram reunidas após o passeio no quintal. Essa reunião das
pedras é definida como adição. Simbolicamente, a adição é representada pelo símbolo “+” e assim a historinha fica da
seguinte forma:
3 2 5
+ =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑒𝑔𝑢𝑒𝑖 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜

Como toda operação matemática, a adição possui algumas propriedades, que serão apresentadas a seguir:

a) Fechamento: A adição no conjunto dos números naturais é fechada, pois a soma de dois números naturais será
sempre um número natural.

b) Associativa: A adição no conjunto dos números naturais é associativa, pois na adição de três ou mais parcelas de
RACIOCÍNIO LÓGICO

números naturais quaisquer é possível associar as parcelas de quaisquer modos, ou seja, com três números naturais,
somando o primeiro com o segundo e ao resultado obtido somarmos um terceiro, obteremos um resultado que é
igual à soma do primeiro com a soma do segundo e o terceiro. Apresentando isso sob a forma de números, sejam
A,B e C, três números naturais, temos que:
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)

27
c) Elemento neutro: Esta propriedade caracteriza-se pela existência de número que ao participar da operação de adi-
ção, não altera o resultado final. Este número será o 0 (zero). Seja A, um número natural qualquer, temos que:

𝐴+0 = 𝐴

d) Comutativa: No conjunto dos números naturais, a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera a soma,
ou seja, somando a primeira parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo resultado que se somando a segunda
parcela com a primeira parcela. Sejam dois números naturais A e B, temos que:

𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
Subtração: É a operação contrária da adição. Ao invés de reunirmos as unidades de dois números naturais, vamos
retirar uma quantidade de um número. Voltando novamente ao exemplo das pedras:

Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) que eu tinha foram separadas. Essa separação das pedras é definida
como subtração. Simbolicamente, a subtração é representada pelo símbolo “-” e assim a historinha fica da seguinte forma:
5 3 2
− =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
A subtração de números naturais também possui suas propriedades, definidas a seguir:

a) Não fechada: A subtração de números naturais não é fechada, pois há um caso onde a subtração de dois números
naturais não resulta em um número natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < B, temos que:
A−B< 0
Como os números naturais são positivos, A-B não é um número natural, portanto a subtração não é fechada.

b) Não Associativa: A subtração de números naturais também não é associativa, uma vez que a ordem de resolução é im-
portante, devemos sempre subtrair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o resultado não será um número natural.
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a propriedade irá funcionar se o zero for o termo a ser subtraído do
número. Se a operação for inversa, o elemento neutro não vale para os números naturais:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a subtração de números naturais não ser associativa. Como a ordem
de resolução importa, não podemos trocar os números de posição

Multiplicação: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro número denominado multiplicando ou parcela,
tantas vezes quantas são as unidades do segundo número denominadas multiplicador. Veja o exemplo:

Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de 5 semanas, quanto eu terei guardado?

Pensando primeiramente em soma, basta eu somar todas as economias semanais:


6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando um mesmo número é somado por ele mesmo repetidas vezes, definimos essa operação como multiplicação. O
símbolo que indica a multiplicação é o “x” e assim a operação fica da seguinte forma:
6+6+6+6+6 6𝑥5
= = 30
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠

28
A multiplicação também possui propriedades, que são apresentadas a seguir:

a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto dos números naturais, pois realizando o produto de dois ou
mais números naturais, o resultado será um número natural.

b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar três ou mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o
primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro número natural, teremos o mesmo resultado
que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Sejam os números naturais m,n e p, temos que:
𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)

c) Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais também existe um elemento neutro para a multiplicação mas
ele não será o zero, pois se não repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resultado será 0. Assim, o elemento neu-
tro da multiplicação será o número 1. Qualquer que seja o número natural n, tem-se que:
𝑛𝑥1=𝑛

d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou
seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o
segundo elemento pelo primeiro elemento. Sejam os números naturais m e n, temos que:
𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚

e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se depararem com expressões onde temos diferentes operações
matemática, temos que observar a ordem de resolução das mesmas. Observe o exemplo a seguir:

Ex: 2 + 4 𝑥 3

Se resolvermos a soma primeiro e depois a multiplicação, chegamos em 18.


Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?

A multiplicação tem prioridade sobre a adição, portanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta correta é 14.

FIQUE ATENTO!
Caso haja parênteses na soma, ela tem prioridade sobre a multiplicação. Utilizando o exemplo, temos que: . Nesse
caso, realiza-se a soma primeiro, pois ela está dentro dos parênteses

f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de resolver o exemplo anterior quando se a soma está entre parênteses
é com a propriedade distributiva. Multiplicando um número natural pela soma de dois números naturais, é o mesmo
que multiplicar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18

Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois números do parênteses e o resultado foi o mesmo que do item
anterior.

Divisão: Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo está contido no primeiro.
O primeiro número é denominado dividendo e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é chamado de quociente.
Nem sempre teremos a quantidade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, podendo sobrar algum valor. A esse
valor, iremos dar o nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:
RACIOCÍNIO LÓGICO

29
No caso em particular, conseguimos dividir as 8 pedras NÚMEROS INTEIROS E SUAS OPERAÇÕES FUNDA-
para 4 amigos, ficando cada um deles como 2 unidades MENTAIS
e não restando pedras. Quando a divisão não possui
resto, ela é definida como divisão exata. Caso contrário, se 1.1 Definição de Números Inteiros
ocorrer resto na divisão, como por exemplo, se ao invés de
4 fossem 3 amigos: Definimos o conjunto dos números inteiros como a
união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, 4,...,
n,...}, com o conjunto dos opostos dos números naturais,
que são definidos como números negativos. Este conjunto
é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte forma:
ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:

a) O conjunto dos números inteiros não nulos: São to-


Nessa divisão, cada amigo seguiu com suas duas pedras, dos os números inteiros, exceto o zero:
porém restaram duas que não puderam ser distribuídas,
pois teríamos amigos com quantidades diferentes de ℤ∗ = {… , −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, … }
pedras. Nesse caso, tivermos a divisão de 8 pedras por
3 amigos, resultando em um quociente de 2 e um resto b) O conjunto dos números inteiros não negativos: São
também 2. Assim, definimos que essa divisão não é exata. todos os inteiros que não são negativos, ou seja, os
Devido a esse fato, a divisão de números naturais não números naturais:
é fechada, uma vez que nem todas as divisões são exatas. ℤ+ = 0, 1, 2, 3, 4, … = ℕ
Também não será associativa e nem comutativa, já que
a ordem de resolução importa. As únicas propriedades c) O conjunto dos números inteiros positivos: São to-
válidas na divisão são o elemento neutro (que segue sendo dos os inteiros não negativos, e neste caso, o zero
1, desde que ele seja o divisor) e a propriedade distributiva. não pertence ao subconjunto:
ℤ∗+ = 1, 2, 3, 4, …
FIQUE ATENTO! d) O conjunto dos números inteiros não positivos: São
todos os inteiros não positivos:
A divisão tem a mesma ordem de prioridade ℤ_ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, }
de resolução que a multiplicação, assim ambas
podem ser resolvidas na ordem que aparecem. e) O conjunto dos números inteiros negativos: São to-
dos os inteiros não positivos, e neste caso, o zero não
pertence ao subconjunto:
ℤ∗ _ = {… , −4, −3, −2, −1}
EXERCÍCIO COMENTADO 1.2 Definições Importantes dos Números inteiros

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a


1. (Pref. De Bom Retiro – SC) A Loja Berlanda está com distância ou afastamento desse número até o zero, na reta
promoção de televisores. Então resolvi comprar um televi- numérica inteira. Representa-se o módulo pelo símbolo | |.
sor por R$ 1.700,00. Dei R$ 500,00 de entrada e o restante Vejam os exemplos:
vou pagar em 12 prestações de:
Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
a) R$ 170,00 Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
b) R$ 1.200,00 Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9
c) R$ 200,00
d) R$ 100,00 a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de
zero, é sempre positivo.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: Letra D: Dado o preço inicial de R$ 1700,00,


basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$ 1700,00- Números Opostos: Voltando a definição do inicio do
500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resultado em 12 capítulo, dois números inteiros são ditos opostos um do
prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$ 100,00 outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos
que os representam distam igualmente da origem. Vejam
os exemplos:

30
Ex: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2, Ex: −8 + +5 = ?
pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0
Ex: No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a Usando a regra, temos que:
é – a, e vice-versa.
Ex: O oposto de zero é o próprio zero. -8 = Perder 8
+5 = Ganhar 5
1.3 Operações com Números Inteiros
Logo: (Perder 8) + (Ganhar 5) = (Perder 3)
Adição: Diferentemente da adição de números naturais,
a adição de números inteiros pode gerar um pouco Após a definição de adição de números inteiros, vamos
de confusão ao leito. Para melhor entendimento desta apresentar algumas de suas propriedades:
operação, associaremos aos números inteiros positivos o
conceito de “ganhar” e aos números inteiros negativos o a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adição, isto
conceito de “perder”. Vejam os exemplos: é, a soma de dois números inteiros ainda é um número inteiro.

Ex: (+3) + (+5) = ? b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :

Obviamente, quem conhece a adição convencional, 𝑎 + (𝑏 + 𝑐) = (𝑎 + 𝑏) + 𝑐


sabe que este resultado será 8. Vamos ver agora pelo
conceito de “ganhar” e “perder”: Ex: 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7

+3 = Ganhar 3 Comutativa: Para todos a,b em Z:


+5 = Ganhar 5 a+b=b+a
3+7=7+3
Logo: (Ganhar 3) + (Ganhar 5) = (Ganhar 8)
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada
Ex: (−3) + (−5) = ? z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
z+0=z
Agora é o caso em que temos dois números negativos, 7+0=7
usando o conceito de “ganhar” ou “perder”:
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z,
-3 = Perder 3 tal que
-5 = Perder 5 z + (–z) = 0
9 + (–9) = 0
Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8)
Subtração de Números Inteiros
Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois
prejuízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. A subtração é empregada quando:
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
E se tivermos um número positivo e um negativo? - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
Vamos ver os exemplos: uma delas tem a mais que a outra;
Ex: (+8) + (−5) = ? - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
falta a uma delas para atingir a outra.
Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5, que
naturalmente sabemos que resultará em um ganho de 3: A subtração é a operação inversa da adição.

+8 = Ganhar 8 Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9


-5 = Perder 5
diferença
Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3) subtraendo

Se observarem essa operação, vocês irão perceber que minuendo
ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basicamente
RACIOCÍNIO LÓGICO

ambas são as mesmas operações, sem a presença dos Considere as seguintes situações:
parênteses e a explicação de como se chegar a essa
simplificação será apresentado nos itens seguintes deste 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião
capítulo. passou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da
Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o temperatura?
exemplo:

31
Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) – Para realizar a multiplicação de números inteiros,
(+3) = +3 devemos obedecer à seguinte regra de sinais:
(+1) x (+1) = (+1)
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante (+1) x (-1) = (-1)
o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de (-1) x (+1) = (-1)
3 graus. Qual a temperatura registrada na noite de terça- (-1) x (-1) = (+1)
feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
= +3
Sinais dos números Resultado do produto
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3). Iguais Positivo
Diferentes Negativo
Temos:
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 Propriedades da multiplicação de números inteiros:
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 O conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3 multiplicação de dois números inteiros ainda é um número
inteiro.
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o
mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo. Associativa: Para todos a,b,c em Z:
a x (b x c) = (a x b) x c
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7
EXERCÍCIOS COMENTADOS Comutativa: Para todos a,b em Z:
axb=bxa
1. Calcule: 3x7=7x3

a) (+12) + (–40) ; Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por


b) (+12) – (–40) todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) zx1=z
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) 7x1=7

Resposta: Aplicando as regras de soma e subtração de Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero,
inteiros, tem-se que: existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que
a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28 z x z–1 = z x (1/z) = 1
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 – 25 = 0
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
= 6 – 24 = -18 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)

1.4. Multiplicação de Números Inteiros 1.5. Divisão de Números Inteiros

A multiplicação funciona como uma forma simplificada


Dividendo divisor dividendo:
de uma adição quando os números são repetidos.
Divisor = quociente 0
Poderíamos analisar tal situação como o fato de estarmos
Quociente . divisor = dividendo
ganhando repetidamente alguma quantidade, como por
exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas,
significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
+ 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos:


(–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a
Observamos que a multiplicação é um caso particular divisão exata de números inteiros. Veja o cálculo:
da adição onde os valores são repetidos.
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal Logo: (–20) : (+5) = +4
entre as letras.

32
Considerando os exemplos dados, concluímos que, para Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-
efetuar a divisão exata de um número inteiro por outro se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 =
número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do (+13)8 – 6 = (+13)2
dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
Potência de Potência: Conserva-se a base e
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, multiplicam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
o quociente é um número inteiro positivo.
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 =
o quociente é um número inteiro negativo. +9 (–13)1 = –13
- A divisão nem sempre pode ser realizada no con-
junto Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são Potência de expoente zero e base diferente de zero:
divisões que não podem ser realizadas em Z, pois o É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
resultado não é um número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é as- Radiciação de Números Inteiros
sociativa e não tem a propriedade da existência do
elemento neutro. A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a
é a operação que resulta em outro número inteiro não
1- Não existe divisão por zero. negativo b que elevado à potência n fornece o número a. O
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não exis- número n é o índice da raiz enquanto que o número a é o
te um número inteiro cujo produto por zero seja radicando (que fica sob o sinal do radical).
igual a –15. A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente a é a operação que resulta em outro número inteiro não
de zero, é zero, pois o produto de qualquer número negativo que elevado ao quadrado coincide com o número
inteiro por zero é igual a zero. a.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) = 0
Observação: Não existe a raiz quadrada de um número
inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
1.6. Potenciação de Números Inteiros
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais
A potência an do número inteiro a, é definida como um
didáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas
produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
aparecimento de:
base e o número n é o expoente.
an = a x a x a x a x ... x a = ±3
a é multiplicado por a n vezes
9
mas isto está errado. O certo é:
Exemplos:
33 = (3) x (3) x (3) = 27 = +3
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 9
(-7)² = (-7) x (-7) = 49 Observamos que não existe um número inteiro não
(+9)² = (+9) x (+9) = 81 negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um
número negativo.
- Toda potência de base positiva é um número inteiro
positivo.
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a
operação que resulta em outro número inteiro que elevado
- Toda potência de base negativa e expoente par é ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os
um número inteiro positivo. nossos cálculos somente aos números não negativos.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64
Exemplos
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar
é um número inteiro negativo. (a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125
(b)
3
−8 = –2, pois (–2)³ = -8.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Propriedades da Potenciação: (c)


3
27 = 3, pois 3³ = 27.
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se (d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
produto de números inteiros, concluímos que:

33
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número - Os múltiplos do número 2 são chamados de números
inteiro negativo. pares, e a fórmula geral desses números é . Os
demais são chamados de números ímpares, e a fórmula
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz geral desses números é .
de qualquer número inteiro.
1.1. Critérios de divisibilidade:

Multiplicidade e Divisibilidade São regras práticas que nos possibilitam dizer se um


número é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a
Um múltiplo de um número é o produto desse número divisão.
por um número natural qualquer. Já um divisor de um
número é um número cujo resto da divisão do número Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2
pelo divisor é zero.
quando ele é par, ou seja, quando ele termina em 0, 2, 4,
6 ou 8.
Ex: Sabe-se que 30 ∶ 6 = 5, porque 5× 6 = 30.

Pode-se dizer então que: Exs:


a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6.
“30 é divisível por 6 porque existe um numero natural b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1.
(5) que multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3
Um numero natural a é divisível por um numero natural quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
b, não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a . é divisível por 3.

Voltando ao exemplo 30 ∶ 6 = 5 , conclui-se que: 30 é Exs:


múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30. a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e
27 é divisível por 3.
Analisando outros exemplos:
b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 =
a) 20 : 5 = 4 → 20 é múltiplo de 5 (4×5=20), e 5 é divisor 17, e 17 não é divisível por 3.
de 20
Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4
b) 12 : 2 = 6 → 12 é múltiplo de 2 (6×2=12), e 2 é divisor quando termina em 00 ou quando o número formado
de 12 pelos dois últimos algarismos for divisível por 4.

1. Conjunto dos múltiplos de um número natural: Exs:


a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
É obtido multiplicando-se o número natural em questão b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é
pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,... divisível por 4.
c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e 15
Ex: Conjunto dos múltiplos de 7. Para encontrar esse
não é divisível por 4.
conjunto basta multiplicar por 7 cada um dos números da
sucessão dos naturais:
Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5
7x0=0 quando termina em 0 ou 5.
7x1=7
7 x 2 = 14
7 x 3 = 21 Exs:
7 x 4 = 28 a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
7 x 5 = 35 b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
O conjunto formado pelos resultados encontrados forma c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
o conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, 28,...}.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Observações:

- Todo número natural é múltiplo de si mesmo.


- Todo número natural é múltiplo de 1.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos
múltiplos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural.

34
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8
quando termina em 000 ou quando o número formado
EXERCÍCIO COMENTADO pelos três últimos algarismos for divisível por 8.
Exs:
1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 5 a) 57000 é divisível por 8, pois termina em 000.
positivos menores que 30. b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos algaris-
mos formam o número 24, que é divisível por 8.
Resposta: Seguindo a tabuada do 5, temos que: c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos al-
{5,10,15,20,25}. garismos formam o número 125, que não é divisível
por 8.

Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6


quando é divisível por 2 e por 3.
EXERCÍCIO COMENTADO
Exs:
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 (termina 2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 8
em 4) e por 3 (4 + 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18). compreendidos entre 30 e 50.
b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3
(8 + 0 + 5 + 3 + 0 = 16). Resposta: Seguindo a tabuada do 8, a partir do 30:
c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por {32,40,48}.
2 (termina em 1).

Divisibilidade por 7: Para verificar a divisibilidade por Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9
7, deve-se fazer o seguinte procedimento. quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
formam um número divisível por 9.
- Multiplicar o último algarismo por 2
- Subtrair o resultado do número inicial sem o último Exs:
algarismo a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6
- Se o resultado for um múltiplo de 7, então o número + 1 = 27 é divisível por 9.
inicial é divisível por 7. b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 +
3 = 14 não é divisível por
É importante ressaltar que, em caso de números com
vários algarismos, será necessário fazer o procedimento Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10
mais de uma vez. quando termina em zero.

Ex: Exs:
Analisando o número 1764 a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
Procedimento: b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em
zero.
- Último algarismo: 4. Multiplica-se por 2: 4×2=8
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi- Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11
mo algarismo: 176-8=168 quando a diferença entre a soma dos algarismos de posição
ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta em
- O resultado é múltiplo de 7? Para isso precisa verifi-
um número divisível por 11.
car se 168 é divisível por 7.
Exs:
Aplica-se o procedimento novamente, agora para o nú-
a) 43813 é divisível por 11. Vejamos o porquê
mero 168.
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas
- Último algarismo: 8. Multiplica-se por 2: 8×2=16 posições 1, 3 e 5. Ou seja, 4,8 e 3. A soma desses algarismos
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi- é 4 + 8 + 3 = 15
mo algarismo: 16-16=0
- O resultado é múltiplo de 7? Sim, pois zero (0) é múl-
RACIOCÍNIO LÓGICO

Os algarismos de posição par são os algarismos nas


tiplo de qualquer número natural. posições 2 e 4. Ou seja, 3 e 1. A soma desses algarismos
é 3+1 = 4
Portanto, conclui-se que 168 é múltiplo de 7. Se 168 é
múltiplo de 7, então 1764 é divisível por 7. 15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
é divisível por 11.

35
b) 83415721 não é divisível por 11. Vejamos o porquê 1. Propriedades da Potenciação

Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas Propriedade 1: potenciação com base 1
posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente natural
algarismos é é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em resumo,
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas 1n=1
posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses
algarismos é 8+4+5+2 = 19 Exemplos:
a) 13 = 1×1×1 = 1
Os algarismos de posição par são os algarismos nas b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1
posições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algarismos
é 3+1+7 = 11 Propriedade 2: potenciação com expoente nulo
Se n é um número natural não nulo, então temos que nº=1.
19 – 11 = 8→ A diferença não é divisível por 11. Logo
83415721 não é divisível por 11. Exemplos:
a) 5º = 1
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 b) 9º = 1
quando é divisível por 3 e por 4.
Propriedade 3: potenciação com expoente 1
Exs: Qualquer que seja a potência em que a base é o número
a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8 natural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1 , é igual
+ 3 + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24). ao próprio n. Em resumo, n1=n

b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível por Exemplos:
4 (termina em 11). a) 5¹ = 5
b) 64¹ = 64
c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível por
3 (8 + 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22). Propriedade 4: potenciação de base 10
Toda potência 10n é o número formado pelo algarismo
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 1 seguido de n zeros.
quando é divisível por 3 e por 5.
Exemplos:
Exs: a) 103 = 1000
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 (6 + 5 b) 108 = 100.000.000
+ 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0). c) 104 = 1000

b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível por Propriedade 5: multiplicação de potências de mesma
5 (termina em 2). base
Em uma multiplicação de duas potências de mesma
c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível por base, o resultado é obtido conservando-se a base e
somando-se os expoentes.
3 (6 + 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25).
Em resumo: xa × xb = x a+b
Exemplos:
POTENCIAÇÃO
a) 23×24 = 23+4 = 27
b) 34×36 = 34+6=310
Define-se potenciação como o resultado da
c) 152×154 = 152+4=156
multiplicação de fatores iguais, denominada base, sendo
o número de fatores igual a outro número, denominado Propriedade 6: divisão de potências de mesma base
expoente. Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é: Em uma divisão de duas potências de mesma base, o
𝑏𝑐 = 𝑏 × 𝑏 × ⋯ × 𝑏 resultado é obtido conservando-se a base e subtraindo-se
𝑐 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 os expoentes.
Em resumo: xa : xb = xa-b
Por exemplo: 4 =4×4×4=64, sendo a base igual a 4 e o
RACIOCÍNIO LÓGICO

expoente igual a 3. Exemplos:


Esta operação não passa de uma multiplicação com a) 25 : 23 = 25-3=22
fatores iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → 53 b) 39 : 36 = 39-6=33
= 5 × 5 × 5 = 125 c) 1512 : 154 = 1512-4 = 158

36
440 22 40 280
FIQUE ATENTO! = = = 280−1 = 279
2 2 2 .
Dada uma potência xa , onde o número real a
é negativo, o resultado dessa potência é igual Note que para resolver esse exercício utilizamos as pro-
1
ao inverso de x elevado a a, isto é, 𝑥 𝑎 = 𝑎 priedades 6 e 7.
𝑥
se a<0.
1 1
Por exemplo, 2−3 = , 5−1 = 1 . NÚMEROS PRIMOS, MDC E MMC
23 5

O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo comum


Propriedade 7: potência de potência são ferramentas extremamente importantes na matemática.
Quando uma potência está elevado a outro expoente, o Através deles, podemos resolver alguns problemas simples,
expoente resultante é obtido multiplicando-se os expoentes além de utilizar seus conceitos em outros temas, como
Em resumo: (xa )b=xa×b frações, simplicação de fatoriais, etc.
Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é
Exemplos: importante conhecermos primeiramente uma classe de
a) (25 )3 = 25×3=215 números muito importante: Os números primos.
b) (39 )2 = 39×2=318
c) (612 )4= 612×4=648 1. Números primos
Propriedade 8: potência de produto Um número natural é definido como primo se ele tem
Quando um produto está elevado a uma potência, o exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo.
resultado é um produto com cada um dos fatores elevado Já nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente
ao expoente quatro divisores: ±1 e ±𝑝 .
Em resumo: (x×y)a=xa×ya

Exemplos: FIQUE ATENTO!


a) (2×3)3 = 23×33 Por definição, 0, 1 e − 1 não são números pri-
b) (3×4)2 = 32×42 mos.
c) (6×5)4= 64×54
Existem infinitos números primos,
como demonstrado por Euclides por volta de 300 a.C.. A
#FicaDica propriedade de ser um primo é chamada “primalidade”, e
Em alguns casos podemos ter uma a palavra “primo” também são utilizadas como substantivo
multiplicação ou divisão potência que não está ou adjetivo. Como “dois” é o único número primo par, o
na mesma base (como nas propriedades 5 e 6), termo “primo ímpar” refere-se a todo primo maior do que
mas pode ser simplificada. Por exemplo, 43×25 dois.
=(22 )3×25= 26×25= 26+5=211 e 33:9 = 33 : 32 = 31. O conceito de número primo é muito importante
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos
números é o  Teorema Fundamental da Aritmética, que
afirma que qualquer número natural diferente de 1 pode
EXERCÍCIOS COMENTADOS ser escrito de forma única (desconsiderando a ordem) como
um produto de números primos (chamados fatores primos):
este processo se chama decomposição em fatores primos
1. (MPE-RS – 2017) A metade de é igual a: (fatoração). É exatamente este conceito que utilizaremos
no MDC e MMC. Para caráter de memorização, seguem os
a) 220 100 primeiros números primos positivos. Recomenda-se
b) 239 que memorizem ao menos os 10 primeiros para MDC e
c) 240 MMC:
d) 279
e) 280 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59
RACIOCÍNIO LÓGICO

, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, 127, 
Resposta: Letra D. 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191,
Para encontrar a metade de 440, basta dividirmos esse 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257,
263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, 331,
40
número por 2, isto é, 4 . Uma forma fácil de resolver
2 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401,
essa fração é escrever o numerador e denominador des- 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467,
sa fração na mesma base como mostrado a seguir: 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541

37
2. Múltiplos e Divisores Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e 24:
D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro
natural b, se existe um número natural k tal que: Observando os divisores comuns, podemos identificar
o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: MDC
(18,24) = 6.
𝑎 = 𝑘. 𝑏 Outra técnica para o cálculo do MDC:
Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 x 5

Quando a=k.b, segue que a é múltiplo de b, mas Decomposição em fatores primos: Para obter o MDC
também, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 de dois ou mais números por esse processo, procede-se da
que é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5. seguinte maneira:
Quando a = k.b, então a é múltiplo de b e se conhecemos
b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta fazer k Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
assumir todos os números naturais possíveis. O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada
um deles elevado ao seu menor expoente.
Ex. Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os números Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.
naturais possíveis.
Fatorando os dois números:
FIQUE ATENTO!
Um número b é sempre múltiplo dele mesmo.
a = 1 x b ↔ a = b.

A definição de divisor está relacionada com a de


múltiplo.

Um número natural b é divisor do número natural a, se


a é múltiplo de b.
Temos que:
Ex. 3 é divisor de 15, pois , logo 15 é múltiplo de 3 e
também é múltiplo de 5. 300 = 22.3 .52
504 = 23.32 .7

#FicaDica O MDC será os fatores comuns com seus menores


expoentes:
Um número natural tem uma quantidade finita
de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá mdc (300,504)= 22.3 = 4 .3=12
ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no
conjunto dos números naturais não podemos MMC
dividir 6 por um número maior do que ele. Os
divisores naturais de 6 são os números 1, 2, 3, 6, O mínimo múltiplo comum de dois ou mais números é
o que significa que o número 6 tem 4 divisores. o menor número positivo que é múltiplo comum de todos
os números dados. Consideremos:

MDC Ex. Encontrar o MMC entre 8 e 6

Agora que sabemos o que são números primos, Múltiplos positivos de 6: M(6) =
múltiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor {6,12,18,24,30,36,42,48,54,...}
comum de dois ou mais números é o maior número que é
divisor comum de todos os números dados. Múltiplos positivos de 8: M(8) = {8,16,24,32,40,48,56,64,...}
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24. Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos
comuns: M(6)∩M(8) = {24,48,72,...}
Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}.
Observando os múltiplos comuns, pode-se identificar o
Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}. mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja:

38
Outra técnica para o cálculo do MMC: NÚMEROS RACIONAIS: FRAÇÕES, NÚMEROS DE-
CIMAIS E SUAS OPERAÇÕES
Decomposição isolada em fatores primos: Para
obter o MMC de dois ou mais números por esse processo, 1. Números Racionais
procedemos da seguinte maneira:
Um número racional é o que pode ser escrito na forma
- Decompomos cada número dado em fatores primos. m
, onde m e n são números inteiros, sendo que n deve
- O MMC é o produto dos fatores comuns e não-co- n m
muns, cada um deles elevado ao seu maior expoente. ser diferente de zero. Frequentemente usamos para
n
Ex. Achar o MMC entre 18 e 120. significar a divisão de m por n .
Como podemos observar, números racionais podem
Fatorando os números: ser obtidos através da razão entre dois números inteiros,
razão pela qual, o conjunto de todos os números racionais
é denotado por Q. Assim, é comum encontrarmos na
literatura a notação:

Q= { m
n
: m e n em Z,n diferente de zero }
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:

• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos;
Temos que: • 𝑄+ = conjunto dos racionais não negativos;
• 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos;
18 = 2 .32 • 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos;
120 = 23.3 .5 • 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.

O MMC será os fatores comuns com seus maiores Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que
expoentes: representa esse número ao ponto de abscissa zero.

mmc (18,120) = 23.32.5 = 8 .9 .5 = 360 Exemplo: Módulo de é. Indica-se

Módulo de é . Indica-se

EXERCÍCIOS COMENTADOS Números Opostos: Dizemos que e são números


racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto
1. (FEPESE-2016) João trabalha 5 dias e folga 1, enquanto do outro. As distâncias dos pontose ao ponto zero da reta
Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e Maria folgam no são iguais.
mesmo dia, então quantos dias, no mínimo, passarão para
que eles folguem no mesmo dia novamente? 1.1. Soma (Adição) de Números Racionais

a) 8 Como todo número racional é uma fração ou pode ser


b) 10 escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre
c) 12 os números racionais e , da mesma forma que a soma de
d) 15 frações, através de:
e) 24
1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racionais
Resposta: Letra C.
COMENTÁRIO: O período em que João trabalha e folga O conjunto é fechado para a operação de adição, isto
corresponde a 6 dias enquanto o mesmo período, para é, a soma de dois números racionais resulta em um número
Maria, corresponde a 4 dias. Assim, o problema consiste racional.
em encontrar o mmc entre 6 e 4. Logo, eles folgarão no
mesmo dia novamente após 12 dias pois mmc(6,4)=12. - Associativa: Para todos em :
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Comutativa: Para todos em :


. - Elemento neutro: Existe em , que adicionado a todo
em , proporciona o próprio , isto é:
- Elemento oposto: Para todo em , existe em Q, tal que

39
1.2. Subtração de Números Racionais
#FicaDica
A subtração de dois números racionais e é a própria
operação de adição do número com o oposto de q, isto é: É possível encontrar divisão de frações da se-
guinte forma: . O procedimento de cálculo é o
1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais mesmo.

Como todo número racional é uma fração ou pode ser


1.5. Potenciação de Números Racionais
escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais e , da mesma forma que o produto
de frações, através de: A potência do número racional é um produto de
fatores iguais. O número é denominado a base e o número
O produto dos números racionais e também pode ser é o expoente.
indicado por , ou ainda sem nenhum sinal entre as letras. ,    (q aparece n vezes)
Para realizar a multiplicação de números racionais,
devemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em Exs:
toda a Matemática:
a)  2  =  2  .  2  .  2  =
3
8
125
(+1) × (+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo 5 5 5 5
(+1) × (-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  =
3 1
(-1) × (+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo   −
 2  2  2  2 8
(-1) × (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25

#FicaDica d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25


O produto de dois números com o mesmo sinal
é positivo, mas o produto de dois números
1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a
com sinais diferentes é negativo.
números racionais

1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números Toda potência com expoente 0 é igual a 1.


Racionais
0
 2
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, o +  = 1
produto de dois números racionais resultaem um número  5
racional.
- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base.
- Associativa: Para todos em :
- Comutativa: Para todos em :  9 9
1

- Elemento neutro: Existe 1 em , que multiplicado por −  =−


todo em , proporciona o próprio , isto é:  4 4
- Elemento inverso: Para todo em , diferente de zero,
existe em : , ou seja, - Toda potência com expoente negativo de um número
- Distributiva: Para todos em : racional diferente de zero é igual a outra potência que tem
a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual
1.4. Divisão de Números Racionais ao oposto do expoente anterior.

A divisão de dois números racionais p e q é a própria −2 2


operação de multiplicação do número p pelo inverso de q,  3  5 2
5
−  = −  =
istoé: p ÷ q = p × q-1  5  3 9
De maneira prática costuma-se dizer que em uma - Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
divisão de duas frações, conserva-se a primeira fração e
RACIOCÍNIO LÓGICO

sinal da base.
multiplica-se pelo inverso da segunda:
3
2 2 2 2 8
  =   .  .   =
3 3 3 3 2 7

40
- Toda potência com expoente par é um número positivo.
2
 1  1  1 1
−  = −  .−  =
 5  5  5 2 5
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um produto de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e somamos os expoentes.
2 3 2+3 5
 2  2  2 2 2 2 2  2 2
  .   =  . . . .  =   = 
 5  5 5 55 5 5 5 5
- Quociente de potências de mesma base. Para reduzir um quociente de potências de mesma base a uma só potência,
conservamos a base e subtraímos os expoentes.

3 3 3 3 3
5 . . . . 2 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
  :  = =  = 
2 2 3 3 2 2
.
2 2
- Potência de Potência. Para reduzir uma potência de potência a uma potência de um só expoente, conservamos a base
e multiplicamos os expoentes.

3
 1  2  2 2
1 1 1
2
1
2+ 2+ 2
1
3+ 2
1
6

   =   .  .  =   =  = 
 2   2 2 2 2 2 2

1.6. Radiciação de Números Racionais

Se um número representa um produto de dois ou mais fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
Vejamos alguns exemplos:

Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz quadrada de 4. Indica-se 4 = 2.
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou   .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex:
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
3

Assim, podemos construir o diagrama:


RACIOCÍNIO LÓGICO

41
FIQUE ATENTO!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo. Logo,
os números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.

100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3

Frações
x
Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números , sendo
x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 . y

1. Frações Equivalentes

São frações que, embora diferentes, representam a mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente a outra
quando pode ser obtida multiplicando o numerador e o denominador da primeira fração pelo mesmo número.

Ex: 3 e 6 .
5 10
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o numerador e denominador de 3 por 2:
5
3�2 6
=
5 � 2 10

6
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a 3
10 5

2. Operações com Frações

2.1. Adição e Subtração

2.1.1. Frações com denominadores iguais:

Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel 5
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de chocolate
8 8
que Jorge e Miguel comeram juntos?

A figura abaixo representa o tablete de chocolate. Nela também estão representadas as frações do tablete que Jorge e
Miguel comeram:

3 2 5
RACIOCÍNIO LÓGICO

Observe que = =
8 8 8

Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5


do tablete de chocolate.
8

Na adição e subtração de duas ou mais frações que têm denominadores iguais, conservamos o denominador comum e
somamos ou subtraímos os numeradores.

42
Outro Exemplo:

3 5 7 3+5−7 1
+ − = =
2 2 2 2 2
Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
2.1.2. Frações com denominadores diferentes:
3 5 Repare que o problema proposto consiste em calcular
Calcular o valor de + Inicialmente, devemos 2
8 6 o valor de de 4 que, de acordo com a figura, equivale a
reduzir as frações ao mesmo denominador comum. Para 3 5
8
do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2 de
isso, encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) 15 3
entre os dois (ou mais, se houver) denominadores e, em 4 equivale a 2 4 . Assim sendo:

seguida, encontramos as frações equivalentes com o novo 5 3 5
denominador: 2 4
� =
8
3 5 15

3 5 9 20 Ou seja:
mmc (8,6) = 24 = = = 2 de 4 2 4 2�4 8
= � = =
8 6 24 24 3 5 3 5 3�5 15

O produto de duas ou mais frações é uma fração


24 ∶ 8 � 3 = 9 cujo numerador é o produto dos numeradores e cujo
24 ∶ 6 � 5 = 20 denominador é o produto dos denominadores das frações
dadas.

Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, Outro exemplo:


2 4 7 2�4�7
� � = =
56
simplificando o resultado, quando possível: 3 5 9 3 � 5 � 9 135

9 20 29 #FicaDica
+ =
24 24 24 Sempre que possível, antes de efetuar a
multiplicação, podemos simplificar as frações
entre si, dividindo os numeradores e os
3 5 9 20 29 denominadores por um fator comum. Esse
Portanto: + = + =
8 6 24 24 24 processo de simplificação recebe o nome de
cancelamento.

#FicaDica
Na adição e subtração de duas ou mais
frações que têm os denominadores diferentes, 2.3. Divisão
reduzimos inicialmente as frações ao menor
denominador comum, após o que procedemos Duas frações são inversas ou recíprocas quando o
como no primeiro caso. numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.

Exemplo
2.2. Multiplicação
2 é a fração inversa de 3
Ex: 3 2
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de 5 ou 5 é a fração inversa de 1
2 5 1 5
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas da
3 Considere a seguinte situação:
caixa que estão estragadas?
RACIOCÍNIO LÓGICO

Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates contidos


5
em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia
deu a terça parte para o seu namorado. Que fração dos
Representa 4/5 do conteúdo da caixa chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?

43
A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, 4
:3
5

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
Portanto: : 3 = de 4
4 1
5 3 5
1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de =
5 3

5
=
5

3
, resulta que : 3 = : = �
3 5 5 1 5 3

3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15

Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4


do total de chocolates contidos na caixa.
15
1
4 8 4 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6

Observação:

Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão 3 1


:
2 5

Portanto

Números Decimais

De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; 0,004; etc.

1. Operações com Números Decimais

1.1. Adição e Subtração

Vamos calcular o valor da seguinte soma:


5,32 + 12,5 + 0, 034

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

352 125 34 5320 12500 34 17854


5,32 + 12,5 + 0,034 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854

Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando zeros.


- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando vírgula embaixo de vírgula.
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula dos números dados.

44
Exemplo

2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5

Disposição prática:

2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575

1.2. Multiplicação

Vamos calcular o valor do seguinte produto: 2,58 � 3,4 .


Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 100 1000

Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772

#FicaDica
Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do segundo
fator.

Exemplo:
Disposição prática:
652,2  1 casa decimal

X 2,03  2 casas decimais


19 566

1 304 4

1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais

1.3. Divisão
RACIOCÍNIO LÓGICO

45
Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão:
24 ∶ 0,5
Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor da
divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5


Ex: 0,14 ∶ 28
A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos
em número natural o número decimal que aparecia na
divisão. Com isso, a divisão entre números decimais se
transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48 Ex: 2 ∶ 16

#FicaDica
Na prática, a divisão entre números decimais é
obtida de acordo com as seguintes regras:
- Igualamos o número de casas decimais do
dividendo e do divisor.
2. Representação Decimal das Frações
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão
como se os números fossem naturais. p
Tomemos um número racional q tal que não seja
múltiplo de . Para escrevê-lo na forma decimal, basta
Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48 efetuar a divisão do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:
Disposição prática:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um
número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5
Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim 1
= 0,25
sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente 4
é exato. 35
= 8,75
4
Ex: 9,775 ∶ 4,25 153
= 3,06
50
Disposição prática:
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula,
infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se
periodicamente. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. 3
= 0,333 …
Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e
o quociente é aproximado.
1
= 0,04545 …
Se quisermos continuar uma divisão aproximada,
RACIOCÍNIO LÓGICO

22
devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir
dividindo cada número obtido pelo divisor. Ao mesmo 167
tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro 66
= 2,53030 …
resto, colocamos uma vírgula no quociente.

46
FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido no
conjunto dos números racionais.

3.Representação Fracionária dos Números Decimais

Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de
fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é
composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:

9
0,9 =
10

57
5,7 =
10

76
0,76 =
100

348
3,48 =
100

5 1
0,005 = =
1000 200

2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de alguns
exemplos:

Ex:
Seja a dízima 0,333...

Façamos e multipliquemos ambos os membros por 10:


10x = 0,333

Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segunda:


3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
3
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .


9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...

Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .


Subtraindo membro a membro, temos:

47
99x = 512 x = 512⁄99
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Ex:

Seja a dízima 1,23434...

Façamos x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …

Subtraindo membro a membro, temos:


1222
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz da dízima 1,23434...
495

Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia consiste em deixar após a vírgula somente a parte periódica (que se
repete) de cada igualdade para, após a subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais 2/3
de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:

a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480

Resposta: Letra D.
13 15−13 2
Mara leu 1 2 3+10 13 do livro. Logo, ainda falta 1 − 15 = = 15 para ser lido. Essa fração que falta
5
+ 3
= 15
= 15 15
ser lida equivale a 60 páginas
2 1
Assim:  60 páginas. Portanto,  30 páginas.
15 15
Logo o livro todo (15/15) possui: 15 � 40 = 450 páginas

Introdução a Geometria Plana

1. Ponto, Reta e Plano

A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será o mais
importante é sua representação geométrica e espacial.
RACIOCÍNIO LÓGICO

1.1. Representação, (notação)

→ Pontos serão representados por letras latinas maiúsculas; ex: A, B, C,…


→ Retas serão representados por letras latinas minúsculas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas minúsculas; ex: β,∞,α,...

48
1.2. Representação gráfica

Postulados primitivos da geometria, qualquer postulado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova, contanto
que não exista a contraprova.

- Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos distintos.


- Dois pontos determinam uma única reta (uma e somente uma reta).

- Pontos colineares pertencem à mesma reta.

- Três pontos determinam um único plano.

- Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta reta está contida neste plano.
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um ponto em comum.

49
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula.

Observe que . Sendo que H está contido na reta r e na Planos concorrentes no espaço são planos cuja interse-
reta s. ção é uma reta.
Planos paralelos no espaço são planos que não tem
Um plano é um subconjunto do espaço de tal modo interseção.
que quaisquer dois pontos desse conjunto podem ser li- Quando dois planos são concorrentes, dizemos que tais
gados por um segmento de reta inteiramente contida no planos formam um diedro e o ângulo formado entre estes
conjunto. dois planos é denominado ângulo diedral. Para obter este
Um plano no espaço pode ser determinado por qual- ângulo diedral, basta tomar o ângulo formado por quais-
quer uma das situações: quer duas retas perpendiculares aos planos concorrentes.

- Três pontos não colineares (não pertencentes à mes-


ma reta);
- Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
- Um ponto e um segmento de reta que não contem o
ponto;
- Duas retas paralelas que não se sobrepõe;
- Dois segmentos de reta paralelos que não se sobrepõe; Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um
- Duas retas concorrentes; ângulo reto (90°).
- Dois segmentos de reta concorrentes.
2. Razão entre Segmentos de Reta
Duas retas (segmentos de reta) no espaço podem ser:
paralelas, concorrentes ou reversas. Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos de
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem uma reta que estão limitados por dois pontos que são as
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se extremidades do segmento, sendo um deles o ponto inicial
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e e o outro o ponto final. Denotamos um segmento por duas
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa. letras como, por exemplo, AB, sendo A o início e B o final
do segmento.
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.

Uma reta é perpendicular a um plano no espaço , se ela 2.1. Segmentos Proporcionais


intersecta o plano em um ponto P e todo segmento de reta
contido no plano que tem P como uma de suas extremida- Proporção é a igualdade entre duas razões equivalentes.
des é perpendicular à reta. De forma semelhante aos que já estudamos com números
racionais, é possível estabelecer a proporcionalidade entre
segmentos de reta, através das medidas desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
sentadas na tabela a seguir:
RACIOCÍNIO LÓGICO

m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm


Uma reta r é paralela a um plano no espaço , se existe uma m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm
reta s inteiramente contida no plano que é paralela à reta dada.
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A distân- A razão entre os segmentos e e a razão entre os seg-
cia do ponto ao plano é a medida do segmento de reta mentos e , são dadas por frações equivalentes, isto é: ; PQ/
perpendicular ao plano em que uma extremidade é o pon- RS = 4/6 e como , segue a existência de uma proporção
to P e a outra extremidade é o ponto que é a interseção entre esses quatro segmentos de reta. Isto nos conduz à
entre o plano e o segmento. definição de segmentos proporcionais.

50
Diremos que quatro segmentos de reta, , , e , nesta
ordem, são proporcionais se: .
Os segmentos e são os segmentos extremos e os seg-
mentos e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
sentam as medidas dos segmentos:

3. Feixe de Retas Paralelas

Um conjunto de três ou mais retas paralelas num plano


é chamado feixe de retas paralelas. A reta que intercepta
as retas do feixe é chamada de reta transversal. As retas a,
b, c e d que aparecem no desenho anexado, formam um Assim:
feixe de retas paralelas enquanto que as retas s e t são retas B C⁄A B = E F⁄D E
transversais.
A B⁄D E = B C⁄E F
D E⁄A B = E F⁄B C

#FicaDica
Uma proporção entre segmentos pode
ser formulada de várias maneiras. Se
um dos segmentos do feixe de paralelas
for desconhecido, a sua dimensão pode
ser determinada com o uso de razões
proporcionais.

4. Ângulos

Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego -


gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem não
colineares.

Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas deter-


mina sobre duas transversais quaisquer, segmentos pro-
porcionais. A figura abaixo representa uma situação onde
aparece um feixe de três retas paralelas cortadas por duas
retas transversais.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Identificamos na sequência algumas proporções:

Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de re-


tas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indicadas
em centímetros.

51
Ângulo Central

a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o centro da circunferência;


b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do polígono regular e cujos lados passam por vértices consecutivos
do polígono.

Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não pertence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a uma circunferência e seus lados são secantes a ela.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.


RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulo Raso:

- É o ângulo cuja medida é 180º;


- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

52
Ângulo Reto:

- É o ângulo cuja medida é 90º;


- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendiculares.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são complementares se a soma das suas medidas é 900.

Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a mesma medida.

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas semi-retas
opostas aos lados do outro.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos suplementares se a soma das suas medidas de dois ângulos é 180º.

53
Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência
em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde a
1/360 da circunferência denominamos de grau.
Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos
4.1. Ângulos formados por duas retas paralelas com ângulos 3 e 6 também será 180°
uma transversal
Ângulos colaterais externos: O termo colateral signi-
Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no mes- fica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
mo plano e não possuem ponto em comum. ângulos será sempre 180°

Vamos observar a figura abaixo:

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas


estão descritas a seguir:

Ângulos colaterais internos: O termo colateral signi- Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos
fica “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes ângulos 1 e 8 também será 180°
ângulos será sempre 180°
Ângulos alternos internos: O termo alterno significa la-
dos diferentes e sua propriedade é que eles sempre serão
congruentes
RACIOCÍNIO LÓGICO

54
Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é
igual ao ângulo 5 FIQUE ATENTO!
Há cinco classificações distintas para os ân-
Ângulos alternos externos: O termo alterno significa gulos formados por duas retas paralelas que
lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre serão intersectam uma transversal. Então, procure
congruentes visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (CS-UFG-2016) Considere que a figura abaixo repre-


senta um relógio analógico cujos ponteiros das horas (me-
nor) e dos minutos (maior) indicam 3 h e 40 min. Nestas
condições, a medida do menor ângulo, em graus, formado
pelos ponteiros deste relógio, é:

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é


igual ao ângulo 8
a) 120°
Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam b) 126°
uma mesma posição na reta transversal, um na região in- c) 135°
terna e o outro na região externa. d) 150°

Resposta: Letra B.
Considerando que cada hora equivale a um ângulo de
30° (360/12 = 30) e que a cada 15 min o ponteiro da
hora percorre 7,5°. Assim, as 3h e 40 min indica um ân-
gulo de aproximadamente 126°.

2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e


cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos
ângulos x e y.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é igual


ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 4 é
igual ao ângulo 8.

55
Resposta: x = 50° e y = 130°
Facilmente observamos que os ângulos  x  e  50°  são  opostos pelo vértice, logo,  x = 50°. Podemos constatar também
que y e 50° são suplementares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°.

POLÍGONOS

Um polígono é uma figura geométrica plana limitada por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono” advém do
grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos (gon).

1. Linhas poligonais e polígonos

Linha poligonal é uma sucessão de segmentos consecutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:

Linha poligonal fechada simples:

Linha poligonal fechada não-simples:

Linha poligonal aberta simples:

Linha poligonal aberta não-simples:

FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um polígono divide o plano em que se encontra em duas regiões (a
interior e a exterior), sem pontos comuns.
RACIOCÍNIO LÓGICO

56
1.1. Elementos de um polígono

Um polígono possui os seguintes elementos:

Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.

Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E

Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b� , c� , d
� , e� .

Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1

1.2. Classificação dos polígonos quanto ao número de lados

Nome Número de lados Nome Número de lados


triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

A classificação dos polígonos pode ser ilustrada pela seguinte árvore:


RACIOCÍNIO LÓGICO

57
Um polígono é denominado simples se ele for descrito A soma das medidas dos ângulos centrais de um polí-
por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide o gono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º.
plano em uma região interna e externa), caso o contrário é
denominado complexo. A medida do ângulo central de um polígono regular de
Um polígono simples é denominado convexo se não ti- n lados () é dada por:
ver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo. ac =
360°
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma n
circunferência ou polígono circunscrito se todos os vértices
pertencerem a uma mesma circunferência. 1.4. Polígonos regulares
Um polígono inscritível é denominado regular se todos
os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes. Os polígonos regulares são aqueles que possuem todos
os lados congruentes e todos os ângulos congruentes. To-
Alguns polígonos regulares: das as propriedades anteriores são válidas para os polígo-
nos regulares, a diferença é que todos os valores são dis-
a) triângulo equilátero tribuídos uniformemente, ou seja, todos os ângulos terão
b) quadrado o mesmo valor e todas as medidas terão o mesmo valor.
c) pentágono regular
d) hexágono regular
#FicaDica
1.3. Propriedades dos polígonos
Polígonos regulares são formas de polígonos
De cada vértice de um polígono de n lados, saem mais estudadas e cobradas em questões de
dv = n – 3 concursos.

O número de diagonais de um polígono é dado por:


n n−3
d=
2 EXERCÍCIOS COMENTADOS
Onde n é o número de lados do polígono.
1. (PREF. DE POÁ-SP – ENGENHEIRO DE SEGURANÇA
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí- DE TRABALHO – VUNESP/2015) A figura ilustra um oc-
gono de n lados (Si) é dada por: tógono regular de lado cm.
Si = n − 2 � 180°

A soma das medidas dos ângulos externos de um polí-


gono de n lados (Se) é igual a:

360°
Se =
n

Em um polígono convexo de n lados, o número de


triângulos formados por diagonais que saem de cada vér-
tice é dado por n - 2.
Sendo a altura do trapézio ABCD igual a 1 cm, a área do
A medida do ângulo interno de um polígono regular de triângulo retângulo ADE vale, em cm²
n lados (ai ) é dada por:
a) 5
n − 2 � 180° b) 4
ai =
c) 5
RACIOCÍNIO LÓGICO

n
d) 2 + 1
A medida do ângulo externo de um polígono regular de e) 2
n lados (ae ) é dada por:
360°
ae =
n

58
Resposta: Letra D.

COMENTÁRIO:

Como a altura do trapézio mede 1 cm, temos um trian-


gulo isósceles de hipotenusa AB, assim, o segmento
AD = 2 + 2 . Assim, a área de ADE é:
2+2 2 2 2 2
A= = + =1+ 2
2 2 2
A fórmula para calcular a soma dos ângulos internos de
2. (UNIFESP - 2003) Pentágonos regulares congruentes um polígono é: S = (n – 2) · 180
podem ser conectados lado a lado, formando uma estrela
de cinco pontas, conforme destacado na figura a seguir *n é o número de lados do polígono. No caso desse
exercício:

S = (5 – 2) · 180
S = 3 · 180
S = 540

Dividindo a soma dos ângulos internos por 5, pois um


pentágono possui cinco ângulos internos, encontrare-
mos 108° como medida de cada ângulo interno.
Observe na imagem anterior que a soma de três ângu-
los internos do pentágono com o ângulo θ tem como
resultado 360°.

Nessas condições, o ângulo θ mede: 108 + 108 + 108 + θ = 360


324 + θ = 360
a) 108°.
b) 72°. θ = 360 – 324
c) 54°. θ = 36°
d) 36°.
e) 18°. QUADRILÁTEROS, CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO

Resposta: Letra D. 1. Quadriláteros


Na ponta da estrela onde está destacado o ângulo θ, temos
o encontro de três ângulos internos de pentágonos regu- São figuras que possuem quatro lados dentre os quais
lares. Para descobrir a medida de cada um desses ângulos, temos os seguintes subgrupos:
basta calcular a soma dos ângulos internos do pentágono e
dividir por 5.
RACIOCÍNIO LÓGICO

59
Paralelogramo 1.2. Losango

Características:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC .
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mesma Características:
medida, ou seja: AB = DC e AD = BC Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
A altura é medida em relação a distância entre os seg- AB // DC e AD // BC
mentos paralelos, ou seja: BG: altura = h Possuem os quatro lados com medidas iguais:
A base é justamente a medida dos lados que se mediu AB = DC = AD = BC
a altura: AD: base = b No losango, definem-se diagonais como a distância en-
A área é calculada como o produto da base pela altura: tre vértices opostos, assim:
Área= b∙h BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d
O perímetro é calculado como a soma das medidas de A área éD calculada
�d
a partir das diagonais e não dos la-
todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA dos: Área = 2
O perímetro é calculado como a soma das medidas de
1.1. Retângulo todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA

1.3. Quadrado

Retângulo

Características:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mesma
medida, ou seja: AB = DC e AD = BC Características:
Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos do Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
retângulo medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90° AB // DC e AD // BC
No retângulo, um par de lados paralelos Possuem os quatro lados com medidas iguais:
será a base e o outro será a altura, no desenho: AB = DC = AD = BC
AB: altura = h e AD: base = b Diferentemente do losango, todos os ângulos do qua-
A área é calculada como o produto da base pela altura: drado medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
Área= b∙h Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base
RACIOCÍNIO LÓGICO

e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado =


O perímetro é calculado como a soma das medidas de A área é calculada de maneira simples: Área = L2
todos os quatro lados: O perímetro é calculado como a soma das medidas de todos
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h os quatro lados: Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

60
1.4. Trapézio

Características:
Características: A medida relevante da circunferência é o raio (R) que é
Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão a distância de qualquer ponto da circunferência em relação
chamados de bases maior e menor: ao centro C.
AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b A área é calculada em função do raio: Área = πR2
A altura será definida como a distância entre as bases: O perímetro, também chamado de comprimento da
BG: altura = h circunferência, é calculado em função do raio também:
A área é calculada em função das bases e da altura: Perímetro = 2πR
B+b
Área = �h
2 2.1 Setor Circular
O perímetro é calculado como a soma das medidas de
todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA Um Setor Circular é uma região de um círculo com-
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam no
2. Circunferência e Círculo centro e vão até a circunferência.

Uma circunferência é definida como o conjunto de pon-


tos cuja distância de um ponto, denominado de centro, O #FicaDica
é igual a R, definido como raio.
Em termos práticos, um setor circular é um “pe-
daço” de um círculo.

Já um círculo é definido como um conjunto de pontos


cuja distância de O é menor ou igual a R.
Características:
O ângulo α é definido como ângulo central απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
RACIOCÍNIO LÓGICO

360
αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2

61
2.2. Segmento Circular

Um Segmento Circular é uma região de um círculo


compreendida entre um segmento que liga os pontos de
cruzamento dos segmentos de reta com a circunferência,
ao qual definimos como corda AB e a circunferência.

Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois pon-


tos em comum (dOP < R)

Características:
A Área do Setor Circular (para α em radianos):
R2
A= α − sen α
2
3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências

Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja


distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as seguin-
tes posições relativas:

Reta Tangente: Reta e circunferência possuem apenas


um ponto em comum (dOP = R)
EXERCÍCIOS COMENTADOS

(SEEDUC-RJ – Professor – CEPERJ/2015) O quadrado


MNPQ abaixo tem lado igual a 12cm. Considere que as
curvas MQ e QP representem semicircunferências de di-
âmetros respectivamente iguais aos segmentos MQ e QP.

Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem pon-


tos em comum (dOP > R)
A área sombreada, em cm2, corresponde a:
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) 30
b) 36
c) 3 46π − 2
d) 6(36π − 1)
e) 2(6π − 1)

62
Resposta: Letra B.
Aplicando a fórmula do segmento circular, encontra-se
a área de intersecção dos dois círculos. Subtraindo esse
valor da área do semicírculo, chega-se ao resultado.

2. A figura abaixo é um losango. Determine o valor de x e y,


a medida da diagonal   AC , da diagonal   BD e o perímetro
do triângulo BMC.
Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto
médio do lado oposto. BM é uma mediana.

Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas


partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
Resposta: caso Ê = Ô.
Aplicando as relações geométricas referentes ao losan-
go, tem-se:

x = 15
y = 20
AC = 20 + 20 = 40
BD = 15 + 15 = 30
BMC = 15 + 20 + 25 = 60
Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângulo.
Todo triângulo possui três ângulos internos.
Triângulos e Teorema de Pitágoras
Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-
1. Definição gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).

Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono que


possui o menor número de lados. Talvez seja o polígono
mais importante que existe. Todo triângulo possui alguns
elementos e os principais são: vértices, lados, ângulos, altu-
ras, medianas e bissetrizes.

Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes so-


bre os mesmos.

2. Classificação dos triângulos quanto ao número de


lados

Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas iguais. .


m(AB) = m(BC) = m(CA)
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) Vértices: A,B,C.
b) Lados: AB,BC e AC.
c) Ângulos internos: a, b e c.

Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um


vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice for-
mando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.

63
Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais.
m(AB) = m(AC). #FicaDica
Em alguns locais escrevemos as letras
maiúsculas, acompanhadas de acento () para
representar os ângulos.

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângulos


internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180 graus,
isto é: a + b + c = 180°

2.1. Classificação dos triângulos quanto às medidas Ex: Considerando o triângulo abaixo, podemos achar o
dos ângulos valor de x, escrevendo: 70º + 60º + x = 180º e des-
sa forma, obtemos x = 180º − 70º − 60º = 50º
Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são
agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do
que 90º.

Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.


Como observamos no desenho, as letras minúsculas repre-
sentam os ângulos internos e as respectivas letras maiúscu-
las os ângulos externos.
Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,
isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma


dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b
Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto
(90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é mui- Ex: No triângulo desenhado, podemos achar a medida
to cobrado! do ângulo externo x, escrevendo: x = 50º + 80º = 130°.
RACIOCÍNIO LÓGICO

3. Medidas dos Ângulos de um Triângulo


4. Congruência de Triângulos
Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po-
deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos Duas figuras planas são congruentes quando têm a
ângulos internos desse triângulo. mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF são
congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF

64
Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên-
cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e
entre os ângulos:

LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um


lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois triângu-
los são congruentes quando têm um lado, um ângulo, um
ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse lado respec-
Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, es- tivamente congruente.
crevemos: A �~R � , B� ~ S� , C� ~ �T

FIQUE ATENTO!
Dois triângulos são congruentes, se os seus
elementos correspondentes são ordenada-
mente congruentes, isto é, os três lados e os
três ângulos de cada triângulo têm respecti-
vamente as mesmas medidas. Deste modo,
para verificar se um triângulo é congruente a 5. Semelhança de Triângulos
outro, não é necessário saber a medida de to-
dos os seis elementos, basta conhecerem três Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma
elementos, entre os quais esteja presente pelo forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
menos um lado. Para facilitar o estudo, indica- duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .
remos os lados correspondentes congruentes
marcados com símbolos gráficos iguais. Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figuras
semelhantes. Para os triângulos:

4.1. Casos de Congruência de Triângulos

LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.


Dois triângulos são congruentes quando têm, respectiva-
mente, os três lados congruentes. Observe que os elemen-
tos congruentes têm a mesma marca.

Os três ângulos são respectivamente congruentes, isto


é: A~R, B~S, C~T

5.1. Casos de Semelhança de Triângulos

LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân- Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem dois
gulo. Dois triângulos são congruentes quando têm dois la- ângulos correspondentes congruentes, então os triângulos
dos congruentes e os ângulos formados por eles também são semelhantes.
são congruentes.
RACIOCÍNIO LÓGICO

ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e


um lado. Dois triângulos são congruentes quando têm um
lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respectivamen- Se A~D e C~F então: ABC =
� DEF
te, congruentes.

65
Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos formados por
esses lados também são congruentes, então os triângulos são semelhantes.

Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2 ,


então ABC =� EFG
Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos seme-
lhantes e o valor de x será igual a 8.

Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos são
semelhantes.

6. Teorema de Pitágoras

Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição do
seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
RACIOCÍNIO LÓGICO

66
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:

Triângulo Triângulo Triângulo


ABC A`B`C` A``B``C``
Área do quadrado construído 4 8 16
sobre a hipotenusa
Área do quadrado construído 2 4 8
sobre um cateto
Área do quadrado construído 2 4 9
sobre o outro cateto

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Pitágoras observou que a área do quadrado construído sobre a


hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.

A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos reali-
zados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos os triângulos
retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:

Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos da
matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2

Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

6.1. Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabelecer uma relação importante entre a medida d da diagonal e a
medida l do lado de um quadrado.

d= medida da diagonal
RACIOCÍNIO LÓGICO

l= medida do lado

67
Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retân-
gulo ABC, temos:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
d² = l² + l²
d = √2l²
(TJ-SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – VUNESP/2017) A
d=l 2
figura seguinte, cujas dimensões estão indicadas em metros,
mostra as regiões   R e R , e , ambas com formato de tri-
6.2. Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero 1 2
ângulos retângulos, situadas em uma praça e destinadas a
Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabele- atividades de recreação infantil para faixas etárias distintas.
cer uma relação importante entre a medida h da altura e a
medida l do lado de um triângulo equilátero.

Se a área de R eé R54, m², então o perímetroR1de


e R 2 , é, em
metros, igual a:
1 2

a) 54
l= medida do lado b) 48
h= medida da altura c) 36
d) 40
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coinci- e) 42
dem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo re-
tângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema de Resposta: Letra B.
Pitágoras, podemos escrever: Esse problema se resolve tanto por semelhança de triân-
gulos, quanto pela área de . Em ambos os casos, encon-
traremos x = 12 m. Após isso, pelo teorema de Pitágo-
ras, achamos a hipotenusa do triângulo
R e R , , que será 20
1 2
m. Assim, o perímetro será 12+16+20 = 48 m.

2. (PM SP 2014 – VUNESP).  Duas estacas de madeira,


perpendiculares ao solo e de alturas diferentes, estão dis-
tantes uma da outra, 1,5 m. Será colocada entre elas uma
outra estaca de 1,7 m de comprimento, que ficará apoiada
nos pontos A e B, conforme mostra a figura.
3l2
h² =
4

l 3
h=
2
RACIOCÍNIO LÓGICO

68
A diferença entre a altura da maior estaca e a altura da
menor estaca, nessa ordem, em cm, é:

a) 95.
b) 75.
c) 85.
d) 80.
e) 90.

Resposta: Letra D.
Note que x é exatamente a diferença que queremos, e
podemos calculá-lo através do Teorema de Pitágoras:

a2 = b2 + c 2 − 2 � b � c � cos A
1,72 = 1,52 + x 2
2,89 = 2,25 + x 2

b2 = a2 + c 2 − 2 � a � c � cos B
x 2 = 2,89 – 2,25 c 2 = a2 + b2 − 2 � a � b � cos C�
x² = 0,64x = 0,8 m ou 80 cm

FIQUE ATENTO!
Lei dos Senos e Lei dos Cossenos Há três formas distintas de utilizar a Lei
dos Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha
1. Lei dos Senos cuidado ao expressar os termos conhecidos
e a incógnita em uma das três equações
A Lei dos senos relaciona os senos dos ângulos de um propostas. Note que o termo à esquerda do
triângulo qualquer (não precisa necessariamente ser retân- sinal de igual é o lado oposto ao ângulo que
gulo) com os seus respectivos lados opostos. Além disso, deve aparecer na equação.
há uma relação direta com o raio da circunferência circuns-
crita neste triângulo:

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Calcule a medida de x:

a b c Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que te-


= = = 2R mos que aplicar ao ângulo oposto ao lado que iremos
sen A sen B sen C�
� �
usar. Assim, o lado de medida 100 possui o ângulo A �
como oposto, e ele mede 30°, dado as medidas dos ou-
1.1.Lei dos Cossenos tros ângulos, assim:

A lei dos cossenos é considerada uma generalização x 100


=
do teorema de Pitágoras, onde para qualquer triângulo,
RACIOCÍNIO LÓGICO

sen 45° sen 30°


conseguimos relacionar seus lados com a subtração de um
termo que possui o ângulo oposto do lado de referência. x 100
=
2/2 1/2

x = 100 2

69
2.Calcule a medida de x:

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que ela se relaciona com a circunferência circunscrita ao triângulo:

x
= 2R
sen 60°

x
=2 3
3/2

x=3

Geometria Espacial

1.Poliedros

Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando as faces
do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um poliedro regular.
Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:

Tetraedro: poliedro de quatro faces


Hexaedro: poliedro de seis faces (cubo)
Octaedro: poliedro de oito faces
Dodecaedro: poliedro de doze faces
Icosaedro: poliedro de vinte faces

Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo número de
arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção do cubo).

Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É dada por:
RACIOCÍNIO LÓGICO

V− A+F = 2

2. Prismas

Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos. Quanto à
inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.

70
Prisma reto
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
As faces laterais são retangulares.

Prisma oblíquo
As arestas laterais têm o mesmo comprimento.
As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.

Bases: regiões poligonais congruentes

Altura: distância entre as bases

Arestas laterais paralelas: mesmas


medidas

Faces laterais: paralelogramos

Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo

Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).

Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada pela soma
das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:
Área total: AT = AL + 2 � AB
Volume: V = AB . h , onde h é a altura, caracterizada pela distância entre as duas bases

3. Cilindros

São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sendo R o raio da base, a altura do cilindro, temos que:


Área da base: AB = πR2

71
Área lateral: AL = 2πRh 6. Esfera
Área total: AT = AL + 2AB
Volume: V = AB � h A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distância
em relação a um centro é menor ou igual ao raio da esfera
4. Pirâmides R. A esfera é popularmente conhecida como “bola” pois seu
formato é o mesmo de uma bola de futebol, por exemplo.
As pirâmides possuem somente uma base e as faces
laterais são triângulos. A distância do vértice de encontro
dos triângulos com a base é o que determina a altura da
pirâmide (h).

2
Área da Superfície Esférica: A = 4πR
4πR3
Volume: V =
3

#FicaDica
Na área total dos prismas e cilindros, multipli-
camos a área da base por 2 pois temos duas
bases formando o sólido. Já no caso das pirâ-
mides e dos cones isto não ocorre, pois há ape-
Sendo a área da base, determinada pelo polígono que nas uma base em ambos.
forma a base, a área lateral, determinada pela soma das
áreas dos triângulos laterais, temos que:
Área total: AT = AL + AB
A � h
Volume: V = B
3 EXERCÍCIO COMENTADO

5. Cones 1. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-


NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com
Os cones são sólidos possuem uma única base (círculo).
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti-
A distância do vértice à circunferência (contorno da base)
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC.
é chamada de geratriz (g) e a distância entre o vértice e o
centro do círculo é a altura do cone (h).

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do bloco C,


RACIOCÍNIO LÓGICO

indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a:


Geratriz: g 2 = R2 + h2
Área da Base: AB = πR2 a) 15,5
Área Lateral: AL = πgR b) 11
Área Total: AT = AL + AB c) 12,5
A �h
Volume: V = B d) 14
3
e) 16

72
Resposta : Letra C. Resposta: Letra D.
VA = 53
= 125 cm³ Sendo a P.A. (V1 , V2 , V3, V4 , V5), (, o enunciado fornece:
Do termo geral da P.A., sabe-se que
VB = 103 = 1000 cm³
V V5 = V1 + 5 − 1 � r = V1 + 4r
Logo: C = VA + VB = 125 + 1000
2 onde r é a razão da P.A.
VC
→ = 1125 → VC = 2250 cm³
2 Assim, V1 + 4r − V1 = 32 → 4r = 32 → r = 8
Portanto, VC = 18 � 10 � h = 2250 → h =
2250
= 12,5 cm Como
180
V4 = V1 + 3r
2. (PEDAGOGO – IF/2016) Uma lata de óleo de soja de → V1 + 3 � 8 = 86,5
1 litro, com formato cilíndrico, possui 8 cm de diâmetro → V1 + 24 = 86,5
interno. Assim, a sua altura é de aproximadamente: (Consi- → V1 = 62,5 cm
dere π = 3,14 ) Como
4 3
a) 20 cm
V= πR
3
b) 25 cm 4
c) 201 cm → � 3 � R3 = 62,5
3
d) 200 cm 62,5
e) 24 cm → R3 =
4
→ R3 = 15,625
Resposta: Letra A.
1L = 1dm3 = 1000 cm³
→ R = 2,5 cm
Volume da lata(cilindro): Como o exercício pediu o diâmetro, D = 2.2,5 = 5 cm
VC = πR2h → 3,14 � 42 � h = 1000 → h ≅ 20 cm
Obs: Como o diâmetro é igual a 8cm o raio é igual a
4cm. ESCALAS

3. (PREF. ITAPEMA-SC – TÉCNICO CONTÁBIL – MS Em linhas gerais, escala é a relação matemática entre a
CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, distância medida em um mapa (ou desenho, planta, etc.)
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um e a dimensão real do objeto (local) representado por esse
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone mapa (ou desenho, planta, etc.). Quando se observa um
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: mapa e lê-se que ele foi feito em escala 1:500 cm, significa
que 1 cm medido no mapa equivale a 500 cm na realidade.
a) 9 cm
b) 30 cm 1. Tipos de Escala
c) 60 cm Considerando a forma de apresentação, há dois tipos
d) 90 cm de escala, a saber:
Gráfica: a escala gráfica é aquela na qual a distância a
Resposta: Letra D. ser medida no mapa e sua equivalência são apresentadas
Volume do cone: VC por unidade. Geralmente estão na parte inferior do mapa,
Volume do cilindro: Vcil como no exemplo abaixo:
Do enunciado: VC = 1,3. Vcil (30% maior).

4. (CÂMARA DE ARACRUZ-ES – AGENTE ADMINIS-


TRATIVO E LEGISLATIVO – IDECAN/2016) João possui
cinco esferas as quais, quando colocadas em certa ordem,
seus volumes formam uma progressão aritmética. Sabendo
que a diferença do volume da maior esfera para a menor é
32 cm³ e que o volume da segunda maior esfera é 86,5 cm³,
então o diâmetro da menor esfera é: (Considere: π = 3)
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) 2 cm Fonte: brasilescola.uol.com.br/geografia/escalas.htm
b) 2,5 cm
c) 4,25 cm Medindo com uma régua a distância entre 0 e 50 me-
d) 5 cm tros, por exemplo, significa que a medida dessa distância
no mapa equivale a 50 metros na realidade.

73
Numérica: a escala numérica é apresentada como uma
relação e estabelece diretamente qual é a relação entre dis-
tâncias no mapa e real, sem a necessidade de medições EXERCÍCIOS COMENTADOS
com régua como na escala gráfica. Um exemplo de escala
numérica: 1. (NOVA CONCURSOS - 2018) Considere o mapa a seguir:

1:50.000

Isso significa que 1 cm no mapa equivale a 50.000 cm


na realidade.
Considerando o tamanho da representação de deter-
minado mapa ou desenho, a escala pode ser classificada
de três formas:

Natural: a escala natural é aquela na qual o tamanho


do desenho coincide com o tamanho do objeto real.
Reduzida: a escala reduzida é aquela na qual o dese-
nho é menor do que a realidade. É a escala na qual a maio-
ria dos mapas é feita.
Ampliada: a escala ampliada é aquela na qual o dese-
nho é maior do que a realidade. Figuras obtidas com auxílio
de microscópios, por exemplo, estão em escala ampliada.

2. Cálculo de Escala

A escala (E) pode ser expressa como:


𝑑
𝐸=
𝐷 Fonte: GIRARDI, G. ROSA, J.V. 1998 (Adaptação)

onde d é a distância medida no desenho (mapa) e D é Determine, em quilômetros, a distância entre as cidades do
a distância real do objeto (local que o mapa representa). Rio de Janeiro e Vitória, e de Belo Horizonte a Vitória.
Assim é possível calcular quaisquer distâncias medidas no
desenho. Resposta: 385 km e 346,5 km. Começando pela distân-
cia entre Rio de Janeiro e Vitória.
Pela definição de escala:
FIQUE ATENTO! 𝑑 1 5
Não se esqueça de trabalhar sempre com as 𝐸= → = → 𝐷 = 5 ∙ 7.700.000 = 38.500.00 𝑐𝑚
𝐷 7.700.000 𝐷
mesmas unidades de medida!
Logo, a distância em quilômetros é igual a: 385 km
Entre Belo Horizonte e Vitória.
Pela definição de escala:
𝑑 1 4
𝐸= → = → 𝐷 = 4,5 ∙ 7.700.000 = 34.650.00 𝑐𝑚
𝐷 7.700.000 𝐷

Logo, a distância em quilômetros é igual a: 346,5 km

2. (NOVA CONCURSOS - 2018) Em uma cidade duas atra-


ções turísticas distam 4 km. Sabe-se que no mapa dessa
cidade, esses pontos estão distantes 20 cm um do outro.
Qual é a escala do mapa?
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resposta: 1:20000 Antes de utilizar a definição de es-


cala é importante que ambas as distâncias estejam na
mesma medida. Assim, é necessário passar 4 km para
cm: 4 km=400000 cm.
Pela definição de escala:

74
Ou seja, esta tabela nos oferece valores numéricos nos
𝑑 20 1
𝐸= →𝐸= = → 𝐸 = 1: 20000 quais podemos tirar determinadas conclusões.
𝐷 400000 20000
1. Definições
3. (NOVA CONCURSOS - 2018) Qual será a distância entre
∗ ∗
dois pontos em um mapa sabendo que a escala do mapa é Chamamos de matriz m x n (m Є N e n Є N ) qual-
de 1:200 000 e a distância real entre eles é de 8 km? quer tabela formada por elementos (informações) dispos-
tos em m linhas e n colunas.
Resposta: 4 cm. Antes de utilizar a definição de escala
é importante que ambas as distâncias estejam na mes- Exemplos:
ma medida. Assim, é necessário passar 8 km para cm: 8
km=800000 cm. 1 0 −2 3
Pela definição de escala: a) 1 1 3 2 é uma matriz 2 x 4 (duas linhas e
por quatro colunas)
𝑑 1 𝑑 1 𝑑
𝐸= → = → = → 𝑑 = 4𝑐𝑚
𝐷 200000 800000 2 8 1 0 1
2 3 3
b) 1 4 2 é uma matriz 3x3 (três linhas por três
colunas)
MATRIZ
c) 1 0 3 é uma matriz 1x3 (uma linha e três co-
Exemplo prático lunas)

A tabela seguinte mostra a situação das equipes no 2


Campeonato Paulista de Basquete masculino. d) 0 é uma matriz 2x1 (duas linhas e uma coluna)

Campeonato Paulista – Classificação O nome de uma matriz é dado utilizando letras maiús-
culas do alfabeto latino, (A,B,C,D... por exemplo), enquanto
Time Pontos os elementos da matriz são indicados por letras latinas mi-
1º Tilibra/Copimax/Bauru 20 núsculas (a,b,c,d...), a mesma do nome de matriz, com dois
índices, que indicam a linha e a coluna que o elemento
2º COC/Ribeirão Preto 20
ocupa na matriz.
3º Unimed/Franca 19 Assim, um elemento genérico da matriz é representado
4º Hebraica/Blue Life 17 por .
O primeiro índice, , indica a linha que esse elemento
5º Uniara/Fundesport 16 ocupa na matriz, e o segundo índice, , a coluna desse co-
6º Pinheiros 16 mando.
7º São Caetano 16
Exemplo:
8º Rio Pardo/Sadia 15
9º Valtra/UBC 14 Na matriz B de ordem temos:

10º Unisanta 14 1 0 3
B=
11º Leitor/Casa Branca 14 2 −1 4
12º Palmeiras 13
13º Santo André 13 b11 = 1; b12 = 0; b13 = 3;
14º Corinthians 12 b21 = 2; b22 = −1; b23 = 4.
15º São José 12
Fonte: FPB (Federação Paulista de Basquete) Observação: O elemento b23, por exemplo, possui a se-
Folha de S. Paulo – 23/10/01 guinte leitura: “b dois três”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Observando a tabela, podemos tirar conclusões por De uma forma geral, a matriz A, de ordem , é represen-
meio de comparações das informações apresentadas, por tada por:
exemplo:
- COC/Ribeirão lidera a classificação com 20 pontos
juntamente com Tilibra/Bauru
- Essa informação encontra-se na 2ª linha e 3ª coluna.

75
a11 ⋯ a1n Exemplo:

A= ⋮ ⋱ ⋮ {a11 , a22 , a33 , a44 } é a diagonal principal da matriz A


am1 ⋯ amn (4x4).

Além disso, a matriz quadrada que apresenta todos os


Ou com a notação abreviada: A = aij elementos, não pertencentes à diagonal principal, iguais a
mxn
zero, é definida como matriz diagonal.

2. Matrizes Especiais Exemplo:


2 0 0
Apresentamos aqui a nomenclatura de algumas matri-
zes especiais: A= 0 1 0
0 0 3
a) Matriz Linha: É a matriz que possui uma única linha.
f) Matriz Identidade: É a matriz diagonal que apresen-
Exemplos: ta todos os elementos da diagonal principal iguais
A = −1 0 a 1 e os outros iguais a 0. Representamos a matriz
identidade de ordem n por In.
B= 1 0 0 2
Exemplo:
b) Matriz Coluna: É a matriz que possui uma única co-
luna.
1 0
I2 =
0 1
Exemplos:
1 0 0
2
A= I3 = 0 1 0
1 0 0 1
0
B = −1 Observação: Para uma matriz identidade In = (aij)n x n
3 g) Matriz Transposta: Dada uma matriz A, chamamos
de matriz transposta de A à matriz obtida de A tro-
c) Matriz Nula: É a matriz que possui todos os elemen- cando-se “ordenadamente”, suas linhas por colunas.
tos iguais a zero. Indicamos a matriz transposta de A por At.

Exemplos: Exemplo:
0 0
A= 1 2
0 0 Se, A =
1 0 3
, então: At = 0 1
0 0 0 2 1 4
B= 3 4
0 0 0
Observação importante: Se uma matriz A é de ordem m
d) Matriz Quadrada: É a matriz que possui o número x n, a matriz At, transposta de A, é de ordem n x m.
de linhas igual ao número de linhas igual ao número
de colunas. 3. Igualdade de Matrizes

Exemplo: Sendo A e B duas matriz de mesma ordem, dizemos


que um elemento de matriz A é correspondente a um ele-
1 0
A= mento de B quando eles ocupam a mesma posição nas res-
3 −2 pectivas matrizes.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Vale destacar que quando uma matriz não é quadrada, Exemplo:


ela é chamada de matriz retangular.
Sendo A e B duas matrizes de ordem 2 x 2,
e) Matriz Diagonal: Dada uma matriz quadrada de or-
dem n, chamamos de diagonal principal da matriz ao a11 a12 b11 b12
conjunto dos elementos que possuem índices iguais. A= a
21 a22 e B = b21 b22

76
São elementos correspondentes de A e B, os pares: a11 e Na prática, para obtermos a subtração de matrizes de
b11; a12 e b12; a21 e b21; a22 e b22. mesma ordem, basta subtrairmos os elementos correspon-
dentes.
Assim, duas matrizes A e B são iguais se, e somente se,
têm a mesma ordem e os elementos correspondentes são 5. Multiplicação de Matrizes por um Número Real
iguais.
Consideremos uma matriz A, de ordem , e um número
Indica-se, portanto: A = B ou A = (aij)n x n e B = (bij)p x q real . O produto de por A é uma matriz B, de ordem , obti-
da quando multiplicamos cada elemento de A por .
IMPORTANTE: Dada uma matriz , dizemos que uma Indicamos:
matriz é oposta de A quando para todo i, 1 ≤ i ≤ m, e todo
j, 1 ≤ j ≤ n. B = c � A

Exemplo: Exemplo:
3 −1 −3 1 1 3
A= , temos que: B = −A = A= e c = 2, temos que:
2 4 −2 −4 2 5
2�1 2�3 2 6
4. Adição e Subtração de Matrizes c�A= 2�A = =
2�2 2�5 4 10
Dadas duas matrizes A e B, de mesma ordem m x n,
denominamos soma da matriz A com a matriz B à matriz 6. Produto entre matrizes
C, de ordem m x n, cujos elementos são obtidos quando
somamos os elementos correspondentes das matrizes A e O produto (linha por coluna) de uma matriz
B. Indicamos: A = aij por uma matriz B = bij é uma
pxn
m xp

C=A+B matriz C = cij , de modo que cada elemento cij é


m xn
obtido multiplicando-se ordenadamente os elementos da
Assim: linha i de A pelos elementos da coluna j de B, e somando-
1 3 4 2 1 1 3 4 5 -se os produtos assim obtidos.
+ =
2 1 −2 3 2 3 5 3 1
FIQUE ATENTO!
Propriedades da Adição: Sendo A, B e C matrizes e O Só existe o produto de uma matriz A por uma
a matriz nula , valem as seguintes propriedades. matriz B se o número de colunas de A é igual
a) A+B=B+A (Comutativa) ao número de linhas de B.
b) (A+B)+C=A+(B+C) (Associativa)
c) A+O=O+A=A (Elemento Neutro) Propriedades: Sendo A uma matriz de ordem , B e C
d) A+(-A)=O (Elemento Oposto) matrizes convenientes (ou seja, o produto entre elas é pos-
e) A + B t = At + B t sível), são válidas as seguintes propriedades.
Metodologia: Consideremos duas matrizes A e B, am-
bas de mesma ordem . Chamamos de diferença entre A e B a) A � B � C = A � (B � C) – Associativa
(indicamos com ) a soma de A com a oposta de B. b) C � A + B = C � A + C � B – Distributiva pela esquerda
c) A + B � C = A � C + B � C – Distributiva pela direita
A – B = A + (-B) d) A � In = Im � A = A – Elemento neutro
e) A � B t = B t � At
Exemplo:

A=
3 2
eB=
4 5 #FicaDica
1 −2 −2 1
Para a multiplicação de matrizes não vale
RACIOCÍNIO LÓGICO

A − B = A + −B a propriedade comutativa (A B ≠ B A). Esta


3 2 −4 −5 propriedade só é verdadeira em situações
= + especiais, quando dizemos que as matrizes são
1 −2 2 −1
3−4 2−5 comutáveis.
=
1 + 2 −2 − 1
−1 −3
=
3 −3

77
7. Matriz Inversa Resolvendo os sistemas, encontramos:

No conjunto dos números reais, para todo a ≠ 0, exis- a = 1, b = −1, c = 2 e d = 3


te um número b, denominado inverso de a, satisfazendo a
condição: Assim, B = 1 −1
−2 3
a � b = b � a = 1 Portanto, a matriz A é inversível e sua inversa é única,
1
Normalmente indicamos o inverso de a por ou -1. cuja matriz é:
a
Analogamente para as matrizes temos que uma matriz B = A−1 =
1 −1
A, quadrada de ordem n, é dita inversível se, e somente se, −2 3
existir uma matriz B, quadrada de ordem n, tal que:
Propriedades: Sendo A e B matrizes quadradas de or-
A � B = B � A = In dem n e inversíveis, temos as seguintes propriedades:
A matriz B é denominada inversa de A e indicada por
A-1. a) A−1 −1 = A
b) A−1 t = At −1
Exemplo: c) A � B −1 = B −1 � A−1
Verifique que a matriz B = 4 −3
é a inversa da ma-
−1 1
1 3
triz A = . Para isso, basta realizar o produto entre
1 4
elas e verificar se o resultado será a matriz identidade: DETERMINANTES
1 3 4 −3 1 0 Chamamos de determinante a teoria desenvolvida por
A�B= � =
1 4 −1 1 0 1 matemáticos dos séculos XVII e XVIII, como Leibniz e Seki
Ou Shinsuke Kowa, que procuravam uma fórmula para deter-
minar as soluções de Sistemas Lineares.
4 −3 1 3 1 0 Esta teoria consiste em associar a cada matriz quadrada
B�A= � =
−1 1 1 4 0 1 A, um único número real que denominamos determinante
de A e que indicamos por “det A” ou colocamos os ele-
Como A � B = B � A = I2 , a matriz B é a inversa de A, mentos da matriz A entre duas barras verticais, como no
isto é, A-1.. exemplo abaixo:

IMPORTANTE: É bom observarmos que, de acordo A=


1 2
→ det A =
1 2
com a definição, a matriz A também é a inversa de B, isto 4 5 4 5
é, , ou seja, . No estudo de determinantes, vamos analisar diversos
tamanhos de matrizes, iniciando, pelo menor, ou seja, uma
Exemplo: matriz de ordem 1 passando pela ordem 2 e ordem 3. De-
3 1
Encontre a matriz inversa da matriz A = , se exis- terminantes maiores são muito raros de serem cobrados
2 1
tir. Neste caso, teremos que encontrar individualmente os em concursos públicos.
termos da matriz inversa, que chamaremos de B.
1. Determinante de uma Matriz de Ordem 1
Supondo que B = a b é a matriz inversa de A, temos:
c d Seja a matriz quadrada de ordem 1: A = [a11 ] , o deter-
3 1 a b 1 0 minante dessa matriz é o próprio número dentro da matriz:
A�B= . =
2 1 c d 0 1
det A = a11 = a11
Fazendo a multiplicação, encontraremos o seguinte re-
sultado: Exemplos:
A = −2 → det A = −2
3a + c 3b + d 1 0 B = 5 → det B = 5
=
RACIOCÍNIO LÓGICO

2a + c 2b + d 0 1 C = [0] → det C = 0

Logo, teremos dois sistemas lineares, 2x2: 1.1. Determinante de uma Matriz de ordem 2
a11 a12

3a + c = 1
e�
3b + d = 0 Seja a matriz quadrada de ordem 2: A = a21 a22 . O
2a + c = 0 2b + d = 1 determinante dessa matriz será o número:

78
a11 a12 det A = a11 � a22 � a33 + a12 � a23 � a31 +
det A = a a22 = a11 � a22 − a21 � a12
21
a21 � a32 � a13 − a31 � a22 � a13 − a21 � a12 �
a33 − a11 � a32 � a23
#FicaDica
Para facilitar a memorização desse número, 2. Propriedades dos determinantes
podemos dizer que o determinante é a
diferença entre o produto dos elementos da Apresentamos, a seguir, algumas propriedades que vi-
diagonal principal e o produto dos elementos sam a simplificar o cálculo dos determinantes:
da diagonal secundária.
a) O determinante de uma matriz A é igual ao de sua
transposta At.
Exemplos:
Exemplo. Demonstração no determinante 2x2:
1 2
A= a b a c
5 3 A= e At =
det A = 1 � 3 − 5 � 2 = 3 − 10 = −7 c d b d
2 −1
B= det A = a � d − b � c
2 3
det B = 2 � 3 − 2 � −1 = 6 + 2 = 8 det At = a � d − b � c = det A

1.2. Determinante de uma Matriz de Ordem 3 b) Se B é a matriz que se obtém de uma matriz quadra-
da A, quando trocamos entre si a posição de duas
filas (linhas ou colunas) paralelas, então:
Seja a matriz quadrada de ordem 3:
detB = −detA
a11 a12 a13 Exemplo. Demonstração no determinante 2x2:
A = a21 a22 a23
a b c a
a31 a32 a33 A= eB=
c d d b
O determinante desta matriz será uma soma de produ-
tos intercalados de três em três números, ou seja: B foi obtida trocando de posição a primeira e segunda
coluna de A. Assim:
det A = a11 � a22 � a33 + a12 � a23 � a31 + det A = a � d − b � c
a21 � a32 � a13 − a31 � a22 � a13 − a21 � a12 � det B = c � b − a � d = − det A
a33 − a11 � a32 � a23
Um ponto importante é se por exemplo, montarmos
Para memorizarmos a definição de determinante de or- uma matriz C trocando de posição agora a primeira e se-
dem 3, usamos a regra prática denominada Regra de Sarrus: gunda linha de B:
d b
1) Repetimos a 1º e a 2º colunas às direita da matriz C=
c a
a11 a12 a13 a11 a13
det A = a21 a22 a23 a21 a23 Calculando o determinante:
a31 a32 a33 a31 a31
detC = a � d − b � c = −detB = det A
2) Multiplicando os termos entre si, seguindo os traços
em diagonal e associando o sinal indicado dos produtos, Assim, cada troca de linha ou coluna irá acarretar uma
RACIOCÍNIO LÓGICO

temos troca de sinal do determinante. Logo, se fizemos uma


quantidade par de trocas (2,4,6,...) o determinante perma-
nece com o mesmo sinal. Já se fizermos uma quantidade
de trocas ímpar (1,3,5...) o determinante inverte de sinal.

79
c) Seguindo a propriedade 2, se uma matriz possuir duas linhas ou colunas idênticas, o seu determinante será 0. Jus-
tificativa: A matriz que obtemos de A, quando trocamos entre si as duas filas (linha ou coluna “iguais”, é igual a A.
Assim, de acordo com a propriedade 2, escrevemos que detA = −detA . O único resultado possível para isso é

c) Sendo A uma matriz quadrada de ordem n, e uma matriz é obtida multiplicando todos os elementos de A por k,
então:

det(k � A) = k n � detA

Exemplo:
a b c ka kb kc
A = d e f → k � A = kd ke kf
g h i kg kh ki

Se você calcular o determinante, encontrará k 3 � det A


e) Teorema de Jacobi: O determinante não se altera, quando adicionamos uma fila qualquer com outra fila paralela
multiplicada por um número.

Exemplo: Considere o determinante

a b c
det A = d e f
g h i

Somando a 3ª coluna com a 1ª multiplicada por m, teremos:

a b c + ma
B= d e f + md
g h i + mg

Calculando o determinante, você verá que


det B = det A

f) Uma consequência do teorema de Jacobi é que se uma fila de uma matriz é a soma de múltiplos de filas paralelas
(combinação linear de filas paralelas), o determinante é igual a zero.

g) Teorema de Binet: Sendo A e B matrizes quadradas de mesma ordem, então:


det(A � B) = detA � detB

1 2 4 3 8 5
Exemplo: A = ,B= , logo: A � B =
0 3 2 1 6 3

1 2
det A = =3
0 3
RACIOCÍNIO LÓGICO

4 3
det B = = 4 − 6 = −2
2 1

8 5
det AB = = 24 − 30 = −6 = 3 � (−2)
6 3

80
Consequências: Sendo A uma matriz quadrada e , temos:
det(An) = detA n

E no caso da matriz inversa:

1
detA−1 =
det A

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (BRDE – Analista de Sistema – FUNDATEC/2015) Considere as seguintes matrizes:


2 3
2 3 2 1 0 , a solução de é:
A= ,B= 4 5 eC=
4 6 4 6 7
6 6

a) Não tem solução, pois as matrizes


são de ordem diferentes.
10 14
b)
78 90
2 3
c)
4 5
6 6
d)
20 36
8 11
e)
74 84

Resposta: Letra B.
2 3
2 1 0 2 3 8 11 2 3 10 14
4 5 + = + =
4 6 7 4 6 74 84 4 6 78 90
6 6
7 8 x 2
2. (Pref. Agudo-SP – Auxiliar Administrativo - OBJETIVA/2015) Dadas as matrizes A = eB= , qual
deverá ser o valor de x para que se tenha . 3 x 3 9

a) -14
b) 3
c) -9
d) 5

Resposta: Letra C.
7 8 x 2
= → 7x − 24 = 9x − 6 → 2x = −18 → x = −9
3 x 3 9

RACIOCÍNIO VERBAL, RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL, ORIENTAÇÃO


ESPACIAL E TEMPORAL.
RACIOCÍNIO LÓGICO

Prezado Candidato, esse assunto já foi explanado no decorrer da matéria.

81
Observe que os números obtidos diferem entre si:
PRINCÍPIOS DE CONTAGEM, Pela ordem dos elementos: 56 e 65
COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE. Pelos elementos componentes:56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2.
ANÁLISE COMBINATÓRIA
Indica-se
A Análise Combinatória é a área da Matemática que tra-
ta dos problemas de contagem.

1. Princípio Fundamental da Contagem


3. Permutação Simples
Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual-
Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
E.
de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Exemplo

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra MITO?

Solução
A palavra mito tem 4 letras, portanto:

4. Permutação com elementos repetidos


O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
ças). 3(blusas)=6 maneiras
De modo geral, o número de permutações de n obje-
tos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
2. Arranjo Simples
iguais a C etc.
Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
p, toda sequência de p elementos distintos de E.

Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Exemplo
de 2 algarismos distintos podemos formar? Quantos anagramas tem a palavra NATA?
Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 4! Permu-
tações. Como temos uma letra repetida, esse número será
menor.

5. Combinação Simples

Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,


RACIOCÍNIO LÓGICO

podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-


conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

82
Exemplo Exemplo 1:
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos Determinar a mediana do conjunto de dados:
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos. {12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}
Solução Solução:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se:
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse
rol. Logo: Md=12
Resposta: Md=12.
6. Média aritmética
Exemplo 2:
Média aritmética de um conjunto de números é o valor Determinar a mediana do conjunto de dados:
que se obtém dividindo a soma dos elementos pelo núme- {10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
ro de elementos do conjunto. Solução:
Representemos a média aritmética por . Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
A média pode ser calculada apenas se a variável envol- (3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmé-
vida na pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular tica entre os dois termos centrais do rol.
a média aritmética para variáveis quantitativas.
Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre Logo:
diferentes grupos, se for possível calcular a média, ficará
mais fácil estabelecer uma comparação entre esses grupos Resposta: Md=15
e perceber tendências.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das al- 9. Moda (Mo)
turas dos jogadores é:
Num conjunto de números: , chama-se
moda aquele valor que ocorre com maior frequência.
Se dividirmos esse valor pelo número total de jogado-
res, obteremos a média aritmética das alturas: Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser úni-
ca.
Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m. igual a 8, isto é, Mo=8.
Exemplo 2:
7. Média Ponderada O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.
A média dos elementos do conjunto numérico A relati-
va à adição e na qual cada elemento tem um “determinado PROBABILIDADE
peso” é chamada média aritmética ponderada.
1. Experimento Aleatório

Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-


8. Mediana (Md) previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
Sejam os valores escritos em rol:
2. Espaço Amostral

Num experimento aleatório, o conjunto de todos os


1. Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo tal que resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
o número de termos da sequência que precedem é igual indica por E.
ao número de termos que o sucedem, isto é, é termo No lançamento de um dado, observando a face voltada
médio da sequência ( ) em rol. para cima, tem-se:
RACIOCÍNIO LÓGICO

E={1,2,3,4,5,6}
2. Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela No lançamento de uma moeda, observando a face vol-
média aritmética entre os termos e , tais que o nú- tada para cima:
mero de termos que precedem é igual ao número de E={Ca,Co}
termos que sucedem , isto é, a mediana é a média arit-
mética entre os termos centrais da sequência ( ) em rol.

83
3. Evento Solução

É qualquer subconjunto de um espaço amostral.


No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento
{5}:Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo 6. Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E, fini-
a) Quantos elementos tem o espaço amostral? to e não vazio. Tem-se:
b) Descreva o espaço amostral.

Solução
a)O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lança- Exemplo
mento, há duas possibilidades. No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
2x2x2=8 se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
b) E={(C,C,c), (C,C,R),(C,R,c),(R,C,c),(R,R,c),(R,C,R),(- Solução
C,R,R),(R,R,R)} E={1,2,3,4,5,6} ne)=6
Sejam os eventos
4. Probabilidade A={2,4,6} na)=3
B={1,2,3,4} nb)=4
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com ne) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com na) amostras.

5. Eventos complementares
7. Probabilidade Condicional
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que ocor-
por , o evento formado por todos os elementos de E que reu o evento B, definido por:
não pertencem a A.

E={1,2,3,4,5,6}, ne)=6
B={2,4,6} nb)=3
A={2}

Note que

8. Eventos Simultâneos
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa-


Exemplo
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por:
Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas co-
loridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retirada
uma bola vermelha é . Calcular a probabilidade de ter

sido retirada uma bola que não seja vermelha.

84
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR

01)(INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES- 1. Com base nas informações e no diagrama precedentes,
PE/2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60 julgue o item a seguir.
anos de idade foi dividida nos seguintes dois grupos: Pelo menos 30 casais dessa comunidade têm 2 ou mais
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pes- filhos.
soas); e
B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 600 ( ) CERTO ( ) ERRRADO
pessoas).
Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética ou 2.Com base nas informações e no diagrama precedentes,
fumante ou ambos (diabética e fumante). julgue o item a seguir.
A população do grupo B é constituída por três conjuntos Se um casal dessa comunidade for escolhido ao acaso,
de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que nunca então a probabilidade de ele ter menos de 4 filhos será
fumaram (não fumantes). superior a 0,3.
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo.
Se, no grupo B, a quantidade de fumantes for igual a 20% ( ) CERTO ( ) ERRRADO
do total de pessoas do grupo e a quantidade de ex-fuman-
tes for igual a 30% da quantidade de pessoas fumantes 3. Com base nas informações e no diagrama precedentes,
desse grupo, então, escolhendo-se aleatoriamente um in- julgue o item a seguir.
divíduo desse grupo, a probabilidade de ele não pertencer A referida comunidade é formada por menos de 180 pes-
ao conjunto de fumantes nem ao de ex-fumantes será in- soas.
ferior a 70%.
( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRRADO

Resposta: Errado 4. (EBSERH – TÉCNICO EM RADIOLOGIA – CES-


20% de 600=120 pessoas PE/2018) Considere as seguintes proposições: P: O pacien-
30% de 120=36 pessoas te receberá alta; Q: O paciente receberá medicação; R: O
total? 120+36=156 paciente receberá visitas.
600-156=444 Tendo como referência essas proposições, julgue o item a
P=444/600=0,74 seguir, considerando que a notação ~S significa a negação
da proposição S.
Se, em uma unidade hospitalar, houver os seguintes con-
juntos de pacientes: A = {pacientes que receberão alta}; B
= {pacientes que receberão medicação} e C = {pacientes
que receberão visitas}; se, para os pacientes dessa unidade
hospitalar, a proposição ~P→[Q∨R] for verdadeira; e se Ac
foro conjunto complementar de A, então Ac⊂B∪c)

( ) CERTO ( ) ERRRADO

5. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-


PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas-
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente
modificada.”
Considerando a situação apresentada e a proposição cor-
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
Se A for o conjunto dos presentes que votaram a favor e
B for o conjunto dos presentes que votaram contra, então
RACIOCÍNIO LÓGICO

o conjunto diferença A\B terá exatamente um elemento.

( ) CERTO ( ) ERRRADO

85
6. (PC/MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE/2018) 9. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – SOLDADO
Proposição CG1A5AAA COMBATENTE – CESPE/2018) A proposição Se deter-
A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação minado candidato foi aprovado nas provas objetivas do
de segurança da sociedade diminui. concurso e no curso de formação de praças, ele se tornou
Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva- soldado combatente do corpo de bombeiros local. é equi-
lente à proposição CG1A5AAa) valente à seguinte proposição: Se determinado candidato
não se tornou soldado combatente do corpo de bombeiros
a) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, então local, então ele foi reprovado nas provas objetivas do con-
a sensação de segurança da sociedade diminui. curso e no curso de formação de praças.
b) Se qualidade da educação dos jovens sobe, então a sen- ( )CERTO ( )ERRRADO
sação de segurança da sociedade diminui.
c) Se a qualidade da educação dos jovens não sobe, então 10. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/AL – OFICIAL
a sensação de segurança da sociedade não diminui. COMBATENTE – CESPE/2018) A respeito de proposições
d) Se a sensação de segurança da sociedade diminui, en- lógicas, julgue os itens a seguir.Considere que P e Q sejam
tão a qualidade da educação dos jovens sobe. as seguintes proposições:
e) Se a sensação de segurança da sociedade não diminui, P: Se a humanidade não diminuir a produção de material
então a qualidade da educação dos jovens não sobe. plástico ou não encontrar uma solução para o problema do
lixo desse material, então o acúmulo de plástico no meio
7.(TRF1ª REGIÃO ANALISTA JUDICIÁRIO – CES- ambiente irá degradar a vida no planeta.
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação Q: A humanidade diminui a produção de material plástico
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 e encontra uma solução para o problema do lixo desse ma-
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- terial ou o acúmulo de plástico no meio ambiente degra-
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente dará a vida no planeta.
modificada.” Nesse caso, é correto afirmar que as proposições P e Q são
Considerando a situação apresentada e a proposição cor- equivalentes.
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
A proposição é equivalente, sob o ponto de vista da lógica ( ) CERTO ( ) ERRRADO
sentencial, à proposição “Desde que um membro mude de
ideia, a decisão será totalmente modificada”. 11. (EBSERH – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CES-
PE/2018) A respeito de lógica proposicional, julgue o item
( ) CERTO ( ) ERRRADO que se segue.
A negação da proposição “Se o fogo for desencadeado
8.(TRT 7ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO – CES- por curto-circuito no sistema elétrico, será recomendável
PE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P. iniciar o combate às chamas com extintor à base de espu-
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciá- ma.” é equivalente à proposição “O fogo foi desencadeado
rias, mas não apresentou os comprovantes de pagamento; por curto-circuito no sistema elétrico e não será recomen-
o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex-em- dável iniciar o combate às chamas com extintor à base de
pregado. espuma.”
Assinale a opção que apresenta uma proposição equiva-
lente, sob o ponto de vista da lógica sentencial, à proposi- ( ) CERTO ( ) ERRRADO
ção P do texto CB1A5AAa)
12. (PC/MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE/2018)
a) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- Proposição CG1A5AAA
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga- A qualidade da educação dos jovens sobe ou a sensação
mento, ou o juiz julgou procedente a ação movida pelo de segurança da sociedade diminui.
ex-empregado. Assinale a opção que apresenta uma proposição que cons-
b) Se o juiz julgou procedente a ação movida pelo ex-em- titui uma negação da proposição CG1A5AAa)
pregado, então a empresa alegou ter pago suas obriga-
ções previdenciárias, mas não apresentou os compro- a) A qualidade da educação dos jovens não sobe e a sen-
vantes de pagamento. sação de segurança da sociedade não diminui.
c) Se a empresa alegou ter pago suas obrigações previ- b) A qualidade da educação dos jovens desce ou a sensa-
denciárias, mas não apresentou os comprovantes de pa- ção de segurança da sociedade aumenta.
RACIOCÍNIO LÓGICO

gamento, então o juiz julgou procedente a ação movida c) A qualidade da educação dos jovens não sobe ou a sen-
pelo ex-empregado. sação de segurança da sociedade não diminui.
d) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden- d) A qualidade da educação dos jovens sobe e a sensação
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga- de segurança da sociedade diminui.
mento, mas o juiz julgou procedente a ação movida pelo e) A qualidade da educação dos jovens diminui ou a sen-
ex-empregado. sação de segurança da sociedade sobe.

86
13. (SERES/PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁ- d) Se não escrevo nenhuma parte do relatório, não sou
RIA – CESPE/2017) Assinale a opção que corresponde a uma demitido.
negativa da seguinte proposição: “Se nas cidades medievais
não havia lugares próprios para o teatro e as apresentações 16. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CES-
eram realizadas em igrejas e castelos, então a maior parte da PE/2017) Texto CB2A6BBB
população não era excluída dos espetáculos teatrais”. A maior prova de honestidade que realmente posso dar
a) Nas cidades medievais havia lugares próprios para o te- neste momento é dizer que continuarei sendo o cidadão
atro ou as apresentações eram realizadas em igrejas e cas- desonesto que sempre fui.
telos e a maior parte da população era excluída dos espetá- Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item seguinte,
culos teatrais. concernente à argumentação e aos tipos de argumentos.
b) Se a maior parte da população das cidades medievais era Verifica-se a ocorrência de falácia no argumento da frase.
excluída dos espetáculos teatrais, então havia lugares pró-
prios para o teatro e as apresentações eram realizadas em ( ) CERTO ( ) ERRRADO
igrejas e castelos.
c) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para o 17. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CES-
teatro e as apresentações não eram realizadas em igrejas e PE/2017) Texto CB2A6BBB
castelos, então a maior parte da população era excluída dos A maior prova de honestidade que realmente posso dar
espetáculos teatrais. neste momento é dizer que continuarei sendo o cidadão
d) Se nas cidades medievais havia lugares próprios para o desonesto que sempre fui.
teatro ou as apresentações eram realizadas em igrejas e cas- Considerando o texto CB2A6BBB, julgue o item seguinte,
telos, então a maior parte da população era excluída dos concernente à argumentação e aos tipos de argumentos.
espetáculos teatrais. Pode-se inferir da frase que a maior parte dos cidadãos é
e) Nas cidades medievais não havia lugares próprios para o corrupta e que, portanto, a sociedade é corrupta em sua
teatro, as apresentações eram realizadas em igrejas e caste- totalidade.
los e a maior parte da população era excluída dos espetácu-
los teatrais. ( ) CERTO ( ) ERRRADO
18. (SERES/PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN-
14. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES- CIÁRIA – CESPE/2017) De uma urna que continha 20
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação de bolas idênticas, identificadas por números de 1 a 20, foi
uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 contra, extraída aleatoriamente uma bola. Esse evento define o es-
um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Basta um de nós paço amostral Ω = {1, 2, 3, ..., 20}. Considere os seguintes
mudar de ideia e a decisão será totalmente modificada.” eventos: A = {a bola retirada da urna é identificada por um
Considerando a situação apresentada e a proposição cor- número múltiplo de 4}; B = {a bola retirada da urna é iden-
respondente à afirmação feita, julgue o próximo item. tificada por um número múltiplo de 5}. A partir das proba-
A negação da proposição pode ser corretamente expressa bilidades P(A), P(B) e P(A∪B) — que são, respectivamente,
por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a decisão não as probabilidades de os eventos A, B e A∪B ocorrerem —,
será totalmente modificada”. considere o argumento formado pelas premissas P1 e P2 e
pela conclusão C, em que
( ) CERTO ( ) ERRRADO

15. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-


PE/2017) Texto CB1A5BBB – Argumento formado pelas
premissas (ou proposições) P1 e P2 e pela conclusão C
P1: Se eu assino o relatório, sou responsável por todo o
seu conteúdo, mesmo que tenha escrito apenas uma parte.
P2: Se sou responsável pelo relatório e surge um problema
em seu conteúdo, sou demitido. Com base nessas informações, assinale a opção correta.
C: Logo, escrevo apenas uma parte do relatório, mas sou
demitido. a) A premissa P1 é uma proposição verdadeira, e a conclu-
O argumento apresentado no texto CB1A5BBB se tornaria são C é uma proposição falsa.
válido do ponto de vista da lógica sentencial, se, além das b) A premissa P2 e a conclusão C são proposições verda-
premissas P1 e P2, a ele fosse acrescentada a proposição deiras.
c) A conclusão C é falsa, mas o argumento é válido.
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) Não sou demitido ou não escrevo uma parte do rela- d) A premissa P1 é falsa e o argumento não é válido.
tório. e) A premissa P1 e a conclusão C são proposições verda-
b) Sou responsável apenas pela parte que escrevi do re- deiras e o argumento é válido.
latório.
c) Eu escrevo apenas uma parte do relatório, assino o rela-
tório e surge um problema em seu conteúdo.

87
19. (INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES- Poder Executivo Federal (CEP), foi tomada por exatamente
PE/2016) Na lógica proposicional, a oração “Antônio fuma uma das servidoras. Além disso, sabe-se que a servidora
10 cigarros por dia, logo a probabilidade de ele sofrer um Renata tomou a atitude A3 e que a servidora Roberta não
infarto é três vezes maior que a de Pedro, que é não fuman- tomou a atitude A1. Essas informações estão contempladas
te” representa uma proposição composta. na tabela a seguir, em que cada célula, correspondente ao
cruzamento de uma linha com uma coluna, foi preenchida
( ) CERTO ( ) ERRRADO com V (verdadeiro) no caso de a servidora listada na linha
ter tomado a atitude representada na coluna, ou com F
20. (INSS - ANALISTA DO SEGURO SOCIAL- CES- (falso), caso contrário.
PE/2016) Supondo-se que p seja a proposição simples
“João é fumante”, que q seja a proposição simples “João
não é saudável” e que p ⇒ q, então o valor lógico da pro-
posição “João não é fumante, logo ele é saudável” será ver-
dadeiro.

( ) CERTO ( ) ERRRADO

(INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE/2008)


TEXTO PARA AS QUESTÕES 23 A 25 Com base nessas informações, julgue os itens seguintes.
Proposições são sentenças que podem ser julgadas como 23. Se P for a proposição “Rejane alterou texto de docu-
verdadeiras — V — ou falsas — F —, mas não como ambas. mento oficial que deveria apenas ser encaminhado para
Se P e Q são proposições, então a proposição “Se P então providências” e Q for a proposição “Renata buscou evitar
Q”, denotada por PÚQ, terá valor lógico F quando P for V situações procrastinatórias”, então a proposição P→Q tem
e Q for F, e, nos demais casos, será V. Uma expressão da
valor lógico V.
forma ¬P, a negação da proposição P, terá valores lógicos
contrários aos de P. P∨Q, lida como “P ou Q”, terá valor
( ) CERTO ( ) ERRRADO
lógico F quando P e Q forem, ambas, F; nos demais casos,
será V.
Considere as proposições simples e compostas apresen-
tadas abaixo, denotadas por A, B e C, que podem ou não
estar de acordo com o artigo 5.º da Constituição Federal.
A: A prática do racismo é crime afiançável.
B: A defesa do consumidor deve ser promovida pelo Esta-
do.
C: Todo cidadão estrangeiro que cometer crime político em
território brasileiro será extraditado.
De acordo com as valorações V ou F atribuídas correta-
mente às proposições A, B e C, a partir da Constituição Fe-
deral, julgue os itens a seguir.

21. Para a simbolização apresentada acima e seus corres-


pondentes valores lógicos, a proposição B→C é V.

( ) CERTO ( ) ERRRADO

22. De acordo com a notação apresentada acima, é correto


afirmar que a proposição (¬A)∨(¬C) tem valor lógico F.
Roberta, Rejane e Renata são servidoras de um mesmo
órgão público do Poder Executivo Federal. Em um treina-
mento, ao lidar com certa situação, observou-se que cada
uma delas tomou uma das seguintes atitudes:
RACIOCÍNIO LÓGICO

A1: deixou de utilizar avanços técnicos e científicos que


estavam ao seu alcance;
A2: alterou texto de documento oficial que deveria apenas
ser encaminhado para providências;
A3: buscou evitar situações procrastinatórias. Cada uma
dessas atitudes, que pode ou não estar de acordo com o
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do

88
GABARITO
ANOTAÇÕES

01 Certo ___________________________________________________
02 Errado ___________________________________________________
03 Errado ___________________________________________________
04 Errado
___________________________________________________
05 Errado
06 A ___________________________________________________
07 Errado ___________________________________________________
08 C
___________________________________________________
09 Errado
___________________________________________________
10 Certo
11 Certo ___________________________________________________
12 A ___________________________________________________
13 E
___________________________________________________
14 Errado
15 C ___________________________________________________
16 Errado ___________________________________________________
17 Errado ___________________________________________________
18 C
___________________________________________________
19 Certo
20 Errado ___________________________________________________
21 Errado ___________________________________________________
22 Errado
___________________________________________________
23 Certo
___________________________________________________

___________________________________________________
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

89
ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

90
ÍNDICE

NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA

Definição; Histórico; Doutrina; Da requisição de perícia; Prazo para elaboração do exame e do laudo pericial; Principais perícias
elencadas no Código de Processo Penal; Locais de crime: conceituação, classificação, isolamento e preservação de local de
crime. Cadeia de Custódia: Conceitos, Etapas, Fase Interna, Fase Externa e Rastreabilidade. Finalidades dos levantamentos dos
locais de crime contra a pessoa e contra o patrimônio; Vestígios de interesse Forense; Levantamento papiloscópico. Locais de
Morte: Morte violenta; Local de morte por arma de fogo; Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes, perfurantes
ou mistos; Local de morte provocada por asfixia.......................................................................................................................................................01
DEFINIÇÃO; HISTÓRICO; DOUTRINA; DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA; PRAZO PARA ELABORAÇÃO
DO EXAME E DO LAUDO PERICIAL; PRINCIPAIS PERÍCIAS ELENCADAS NO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL; LOCAIS DE CRIME: CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DE
LOCAL DE CRIME. CADEIA DE CUSTÓDIA: CONCEITOS, ETAPAS, FASE INTERNA, FASE EXTERNA
E RASTREABILIDADE. FINALIDADES DOS LEVANTAMENTOS DOS LOCAIS DE CRIME CONTRA
A PESSOA E CONTRA O PATRIMÔNIO; VESTÍGIOS DE INTERESSE FORENSE; LEVANTAMENTO
PAPILOSCÓPICO. LOCAIS DE MORTE: MORTE VIOLENTA; LOCAL DE MORTE POR ARMA DE FOGO;
LOCAL DE MORTE POR INSTRUMENTOS CONTUNDENTES, CORTANTES, PERFURANTES OU
MISTOS; LOCAL DE MORTE PROVOCADA POR ASFIXIA

Definição

Pode-se considerar que a criminalística é uma ciência provinda da Medicina Legal, sendo que seu surgimento se deu por
conta da necessidade de pesquisa, análise e interpretação de vestígios encontrados nos locais criminosos.
Assim, a criminalística é uma ciência independente que apóia a polícia judiciária e a justiça, com objetivo principal o
esclarecimento de casos criminais, ou seja, a criminalística pretende, por meio de conhecimentos e técnicas, resolver
crimes e descobrir os delinquentes, por meio dos vestígios, fatos e consequencias do delito.

Histórico

Tem-se que a criminalística nasceu com Hans Gross, austríaco, juiz de instrução e professor de direito penal, autor da
obra “System Der Kriminalistik”, em 1893. Gross definiu a criminalística como sendo “O estudo da fenomenologia do crime
e dos métodos de sua investigação”.
De acordo com Francisco Silvo Maia (2012, p. 6), “A criminalística pode ser dividida em duas fases: a primeira aquela em
que se buscava a verdade através de métodos primitivos, mágicos ou através da tortura, considerando que na maioria das
vezes não se conseguia obter uma confissão do acusado de forma espontânea; a segunda fase que procurava a verdade
através de métodos racionais, surgindo assim os fundamentos científicos da criminalística deixando de lado as crenças nos
milagres e nas mágicas. Paralelamente verificou-se que através das ciências naturais é possível interpretar os vestígios do
delito através da analise das evidências do fato e sua autoria”.
Dois podem ser os princípios básicos da criminalística, os quais tornam possível a identificação e a prova científica:
a) Princípio de Locard (1877-1966): “todo o contacto deixa um traço (vestígio);
b) Princípio da individualidade: Dois objetos podem parece indistinguíveis, mas não há dois objetos absolutamente idênticos.

Após a criação da criminalística clássica (estática – que se observa no artigo 158 do CPP), houveram algumas mudanças
mínimas e cautelosas, como a criação da criminalística dinâmica, a qual conservou a matriz da criminalística original, porém
adicionando informações técnicas colhidas nos locais das ocorrências apenas para orientar os procedimentos e raciocínios
sobre os fatos objetivos. (MAIA, 2012, p. 7).
Não obstante, obtivemos a criminalística pós-moderna, que trouxe a ideia de constante evolução para a matéria, sempre
se pautando nas interpretações por meio de uma esquematização, um modelo inteligente que entenda a cena do crime.

Doutrina

De acordo com a doutrina, a criminalística se baseia nos vestígios deixados pelo criminoso na cena do crime. Assim,
ela se ocupa principalmente para entender como que o delito aconteceu?; quem o cometeu?, além de abranger outras
questões como: porque?; como?; quem?; o que foi utilizado?; como? quando?.
De acordo com Francisco Silvo Maia (2012, p. 7), a Criminalística é o “Conjunto de conhecimentos que, reunindo as
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

contribuições de varias ciências, indica os meios para descobrir os crimes, identificar os seus autores e encontrá-los,
utilizando-se da química, da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da psiquiatria, da datiloscopia etc. que são
consideradas ciências auxiliares do Direito Penal”
Outros conceitos são apresentados, como:
José Del Picchia Filho (1982, p. 5) diz que, quando abordada como disciplina, a criminalística deve ser entendida como uma
disciplina que reconhece e analisa os vestígios extrínsecos relacionados com o crime ou com a identificação de seus participantes.
Para Leonardo Rodrigues, que faz uma moderna concepção da matéria, a “Criminalística é o uso de métodos científicos
de observações e análises para descobrir e interpretar evidências”. (Apud Maia, 2012, p. 8)
Eraldo Rabelo, em termos abrangentes, dispõe que a criminalística é uma : “Disciplina autônoma, integrada pelos
diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativa das atividades policiais e judiciárias de
investigação criminal, tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no quer tiver de

1
útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à Da requisição de perícia
identificação dos autores respectivos”. (Apud Maia, 2012,
p. 8) Perícias são provas técnicas, realizadas por peritos
A criminalística tem princípios científicos que a regem, criminais com base na evidência material do crime.
quais são: A prova pericial poderá ser requerida pelas partes do processo,
a) Princípio do Uso: os fatos apurados pela Criminalís- pelo Ministério Público, ou até mesmo de oficio pelo juiz.
tica são produzidos por agentes físicos, químicos ou Caso seja requerida a pericia pelas partes ou pelo MP,
biológicos; o juiz ira avaliar a sua necessidade, e deferirá ou não a
b) Princípio da Produção: sobreditos agentes agem requisição.
produzindo vestígios indicativos de suas ocorrências,
com uma grande variedade de naturezas, morfolo- Prazo para elaboração de Laudo Pericial e perícias
gias e estruturas; do CPP
c) Princípio do Intercâmbio: os objetos ou materiais, ao
interagirem, permutam características ainda que mi- O Código de Processo Civil prevê prazos que podem ser
croscópicas; utilizados por analogia ao Processo Penal, quando esse não
d) Princípio da Correspondência de Características: a prever. Assim, importante conhecer:
ação dos agentes mecânicos reproduzem morfolo- Conforme dispõe art. 157 do CPC, sendo o perito
gias caracterizadas pelas naturezas e modos de atu- nomeado, o mesmo deve cumprir o prazo estabelecido pelo
ação dos agentes; magistrado, ou seja, deverá ele apresentar os documentos
e) Princípio da Reconstrução: a aplicação de leis, teo- necessários a conclusão da perícia, no prazo em que o juiz
rias científicas e conhecimentos tecnológicos sobre lhe der para cumprir.
a complexão dos vestígios remanescentes de uma Caso o profissional não puder realizar o trabalho (por
ocorrência estabelecem os nexos causais entre as ser suspeito, impedido, dentre outros) pode escusar-se do
várias etapas da ocorrência, culminando na recons- labor no prazo de 15 dias, caso tenha motivo legítimo.
trução do evento; Neste diapasão, o art. 465 do CPC, estabelece o prazo
f) Princípio da Certeza: sendo os princípios técnicos e de 15 dias também, para as partes arguir impedimento
científicos que presidem os fatos criminalísticos inal- ou suspeição (se for o caso), indicar assistente técnico e
teráveis e suficientemente comprovados, atestam a apresentar os quesitos para o perito responder.
certeza das conclusões periciais; Estando o perito ciente da nomeação, ele terá o prazo
g) Princípio da Probabilidade: em todos os estudos da de 5 dias para apresentar sua proposta de honorários,
prova pericial, prepondera a descoberta no desco- currículo e comprovação de sua especialização e informar
nhecido de um número de características que corres- os seus contatos profissionais.
ponda à característica do conhecido. Pela existência As partes terão ainda o prazo de 5 dias para se
destas características comuns, o perito conclui que manifestar quanto aos honorários periciais.
o conhecido e o desconhecido possuem origens co- Caso o perito precisar ser substituído por outro (como
muns devido à impossibilidade de ocorrências inde- por exemplo: falta de conhecimento técnico) deverá
pendentes deste conjunto de características. (MAIA, restituir os valores pagos no prazo de 15 dias, sob pena de
2012, p. 8) ficar sem atuar como perito oficial durante 5 anos.
Não obstante, há princípios considerados fundamentais Se por motivo justificado, o perito não consiga entregar
da perícia criminalística, os quais observam, anali- o laudo no prazo estabelecido pelo magistrado, poderá
sam, interpretam, descrevem e documentam as pro- conceder-lhe uma prorrogação pela metade do prazo
originalmente fixado (art. 476 do CPC).
vas periciais (STUMVOLL, 2010):
Após finalizar o laudo, o perito deverá protocolá-lo em
a) Princípio da Observação: todo contato deixa uma
juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos com 20 dias
marca (Edmond Locard);
antes da audiência de instrução e julgamento.
b)Princípio da Análise: a análise pericial deve sempre As partes poderão manifestar-se no prazo de 15 dias
seguir o método cientifico; sobre o laudo apresentado pelo perito oficial, bem como, o
c) Princípio da Interpretação: dois objetos podem ser assistente técnico poderá também juntar seu laudo.
indistinguíveis, mais nunca idênticos; Após estes atos, terá o perito oficial o prazo de 15 dias
d) Princípio da Descrição: o resultado de um exame pe- para esclarecer pontos divergentes e de dúvidas em que o
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

ricial é constante com relação ao tempo e deve ser juiz ou o MP solicitar.


exposto em linguagem ética e juridicamente perfeita; Por fim, o perito ou o assistente técnico será intimado
e) Princípio da Documentação: Toda amostra deve ser no prazo de 10 dias antecedentes da audiência.
documentada, desde seu nascimento na cena do cri- No âmbito criminal, observa-se, no Código de Processo
me até sua análise e descrição final, de forma a se es- Penal, os artigos 158 a 184, que dispõe sobre exame de
tabelecer um histórico completo e fiel de sua origem. corpo de delito e perícias em geral. Vejamos:

Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indis-


pensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.

2
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do Parágrafo único.  O laudo pericial será elaborado no
exame de corpo de delito quando se tratar de crime que prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser pror-
envolva:  (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) rogado, em casos excepcionais, a requerimento dos pe-
I - violência doméstica e familiar contra mulher;   (Inclu- ritos.                     (Redação dada pela Lei nº 8.862, de
ído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) 28.3.1994)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pes- Art. 161.  O exame de corpo de delito poderá ser feito em
soa com deficiência.   (Incluído dada pela Lei nº 13.721, qualquer dia e a qualquer hora.
de 2018) Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas
Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos
serão realizados por perito oficial, portador de diploma sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes da-
de curso superior.           (Redação dada pela Lei nº quele prazo, o que declararão no auto.
11.690, de 2008) Parágrafo único.  Nos casos de morte violenta, bastará o
§ 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado
simples exame externo do cadáver, quando não houver
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
de curso superior preferencialmente na área específica,
permitirem precisar a causa da morte e não houver ne-
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
com a natureza do exame.             (Redação dada pela cessidade de exame interno para a verificação de algu-
Lei nº 11.690, de 2008) ma circunstância relevante.
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem Art. 163.  Em caso de exumação para exame cadavérico,
e fielmente desempenhar o encargo.                       (Reda- a autoridade providenciará para que, em dia e hora pre-
ção dada pela Lei nº 11.690, de 2008) viamente marcados, se realize a diligência, da qual se
§ 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assisten- lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único.  O administrador de cemitério público
te de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado
ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de
a formulação de quesitos e indicação de assistente téc-
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem
nico.                  (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lu-
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão gar não destinado a inumações, a autoridade procederá
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na po-
desta decisão.                   (Incluído pela Lei nº 11.690, sição em que forem encontrados, bem como, na medida
de 2008) do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados
§ 5o  Durante o curso do processo judicial, é permitido às no local do crime.                       (Redação dada pela Lei
partes, quanto à perícia:                   (Incluído pela Lei nº nº 8.862, de 28.3.1994)
11.690, de 2008) Art. 165.  Para representar as lesões encontradas no ca-
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a pro- dáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do
va ou para responderem a quesitos, desde que o man- exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devi-
dado de intimação e os quesitos ou questões a serem damente rubricados.
esclarecidas sejam encaminhados com  antecedência  Art. 166.  Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver
mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respos- exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Institu-
tas em laudo complementar;                       (Incluído pela to de Identificação e Estatística ou repartição congênere
Lei nº 11.690, de 2008) ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inqui- cadáver, com todos os sinais e indicações.
ridos em audiência.                        (Incluído pela Lei nº Parágrafo único.  Em qualquer caso, serão arrecadados e
11.690, de 2008) autenticados todos os objetos encontrados, que possam
§ 6o  Havendo requerimento das partes, o material pro- ser úteis para a identificação do cadáver.
batório que serviu de base à perícia será disponibiliza- Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito,
do  no  ambiente do órgão oficial, que manterá sempre por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemu-
sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame nhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exa-
pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conserva-
me pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

ção.                    (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)


complementar por determinação da autoridade policial
§ 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério
de uma área de conhecimento especializado, poder-se- Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a § 1o  No exame complementar, os peritos terão presente
parte indicar mais de um assistente técnico.            (In- o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiên-
cluído pela Lei nº 11.690, de 2008) cia ou retificá-lo.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde § 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do
descreverão minuciosamente o que examinarem, e res- delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser
ponderão aos quesitos formulados.                 (Redação feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) data do crime.

3
§ 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida Art. 177.  No exame por precatória, a nomeação dos pe-
pela prova testemunhal. ritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no
Art. 169.  Para o efeito de exame do local onde houver caso de ação privada, acordo das partes, essa nomea-
sido praticada a infração, a autoridade providenciará ção poderá ser feita pelo juiz deprecante.
imediatamente para que não se altere o estado das coi- Parágrafo único.  Os quesitos do juiz e das partes serão
sas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus transcritos na precatória.
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucida- Art. 178.  No caso do art. 159, o exame será requisitado
tivos.                   (Vide Lei nº 5.970, de 1973) pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se
Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as al- ao processo o laudo assinado pelos peritos.
terações do estado das coisas e discutirão, no relatório, Art. 179.  No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará
as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fa- o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se
tos.                     (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) presente ao exame, também pela autoridade.
Art. 170.  Nas perícias de laboratório, os peritos guarda- Parágrafo único.  No caso do art. 160, parágrafo único,
rão material suficiente para a eventualidade de nova pe- o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e
rícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados rubricado em suas folhas por todos os peritos.
com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos Art. 180.  Se houver divergência entre os peritos, serão
ou esquemas. consignadas no auto do exame as declarações e res-
Art. 171.  Nos crimes cometidos com destruição ou rom- postas de um e de outro, ou cada um redigirá sepa-
pimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por radamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um
meio de escalada, os peritos, além de descrever os ves- terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade pode-
tígios, indicarão com que instrumentos, por que meios rá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
e em que época presumem ter sido o fato praticado. Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou
Art. 172.  Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a
de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam autoridade judiciária mandará suprir a formalidade,
produto do crime. complementar ou esclarecer o laudo.                   (Re-
Parágrafo único.  Se impossível a avaliação direta, os pe-
dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
ritos procederão à avaliação por meio dos elementos
Parágrafo único.  A autoridade poderá também ordenar
existentes nos autos e dos que resultarem de diligên-
que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
cias.
julgar conveniente.
Art.  173.   No caso de incêndio, os peritos verificarão a
Art.  182.   O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo
causa e o lugar em que houver começado, o perigo
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
que dele tiver resultado para a vida ou para o patri-
Art. 183.  Nos crimes em que não couber ação pública,
mônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as
demais circunstâncias que interessarem à elucidação observar-se-á o disposto no art. 19.
do fato. Art. 184.  Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz
Art. 174.  No exame para o reconhecimento de escritos, ou a autoridade policial negará a perícia requerida
por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: pelas partes, quando não for necessária ao esclareci-
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o es- mento da verdade.
crito será intimada para o ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer docu- #FicaDica
mentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem
sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, O exame de corpo de delito é um auto em
ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; que se descreve as observações dos peritos,
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o enquanto o corpo de delito é o próprio crime
exame, os documentos que existirem em arquivos ou e sua tipicidade. Importante ressaltar que o
estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a dili- exame de corpo de delito é obrigatório nos
gência, se daí não puderem ser retirados; crimes que deixam vestígios, nos termos do
IV - quando não houver escritos para a comparação ou artigo 158 do CPP.
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará
que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última Locais do crime: conceito, classificação, isolamento
diligência poderá ser feita por precatória, em que se e preservação
consignarão as palavras que a pessoa será intimada
a escrever. O local de crime é toda área onde tenha ocorrido um
fato delituoso que, portanto, exija providências policiais.
Art. 175.  Serão sujeitos a exame os instrumentos em-
(KEDHY, 1963, p. 11)
pregados para a prática da infração, a fim de se Ihes Não obstante, o local do crime pode ser definido pela
verificar a natureza e a eficiência. área física, externa, interna ou mista onde ocorreu a prática
Art. 176.  A autoridade e as partes poderão formular que- da infração penal, ou seja, onde ocorreu o fato, esclarecido
sitos até o ato da diligência. ou não esclarecido, que apresente os vestígios da conduta.

4
O exame de levantamento de local deve ser de acordo VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de
com o crime praticado, tendo especificações próprias e corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
diferenciadas em caso de homicídio, furto, roubo, suicídio, VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo
estupro, disparo de arma de fogo, etc... datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua
De acordo com Garcia (2002, p. 3): “isolamento é a folha de antecedentes;
proteção a fim de que o local permaneça sem alteração,
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto
possibilitando, consequentemente, um levantamento
pericial eficaz” de vista individual, familiar e social, sua condição eco-
Alberi Espíndula (2002, p. 3) ensina que: “(...) diante da nômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois
sensibilidade que representa um local de crime, importante do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos
destacar que todo elemento encontrado naquele ambiente que contribuírem para a apreciação do seu tempera-
é denominado de vestígio, o qual significa todo material mento e caráter.
bruto que o perito constata no local do crime ou faz parte X - colher informações sobre a existência de filhos, res-
do conjunto de um exame pericial qualquer, que, somente pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
após examiná-los adequadamente é que poderemos nome e o contato de eventual responsável pelos cui-
saber se este vestígio está ou não relacionado ao evento dados dos filhos, indicado pela pessoa presa.  
periciado. Por essa razão, quando das providências de
isolamento e preservação, levadas a efeito pelo primeiro
Cadeia de Custódia
policial, nada poderá ser desconsiderado dentro da área da
possível ocorrência do delito”.
Importante lembrar que alterar, sem licença de A cadeia de custódia é o conjunto de todos os
autoridade competente, aspectos do local protegido por procedimentos utilizados para manter e documentar a
lei, é fato típico, punido com pena de detenção de um mês história cronológica do vestígio, para rastrear sua posse e
a um ano e multa, de acordo com o artigo 166 do Código manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
Penal. (BRASIL, 2014).
Não obstante, o Código Brasileiro de Trânsito, em seu A finalidade desse procedimento é fornecer segurança
artigo 312, também prevê punição em caso de alteração de jurídica, técnica e legal, quanto à certificação da origem
local de acidente de trânsito: dos vestígios, como dos níveis de confiança e excelência
dos exames periciais. (CUNHA, 2012).
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente A cadeia de custódia inicia com a preservação do local
automobilístico, com vítima, na pendência do respec- delituoso, para que se consiga a identidade e integralidade
tivo procedimento policial preparatório, inquérito po- dos vestígios deixados na cena do crime.
licial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou De acordo com Michelle Machado (2017, p. 10),
de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o
observando os ensinamentos da SENASP, tem-se que
perito ou juiz: Pena: detenção de seis meses a um ano,
“as etapas da cadeia de custódia se distribuem nas
ou multa. Parágrafo único: Aplica-se o disposto neste
fases externa e interna. A fase externa compreenderia:
artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação,
preservação do local de crime; busca, reconhecimento,
o procedimento preparatório, o inquérito ou o proces-
so aos quais se refere. fixação, coleta, acondicionamento e transporte do vestígio,
até a entrega desse ao órgão pericial encarregado de
Por fim, o artigo 6º do Código de Processo Penal prevê processá-lo. Enquanto que a fase interna se daria após a
as providências que devem ser tomadas pelo delegado de entrada do vestígio no órgão pericial, compreendendo a
polícia após o conhecimento de um delito: recepção e conferência do vestígio; classificação, guarda
e/ou distribuição; análise pericial; registro da cadeia de
Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infra- custódia, e a devolução juntamente com o laudo pericial
ção penal, a autoridade policial deverá: ao requisitante da perícia”.
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se Não obstante, explica com magnitude a metodologia
alterem o estado e conservação das coisas, até a che- que se deve empregar em durante uma cadeia de custódia:
gada dos peritos criminais; A metodologia utilizada para coleta, transporte e
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, armazenamento depende do tipo de vestígio. Nos casos
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

após liberados pelos peritos criminais; das amostras biológicas, a cadeia de custódia deve ser a
III - colher todas as provas que servirem para o esclareci- mais curta possível para evitar a degradação do material.
mento do fato e suas circunstâncias; Deve-se evitar o manuseio desnecessário, como troca de
IV - ouvir o ofendido; recipientes ou embalagens.
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicá- A maior parte de erros cometidos no levantamento
vel, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Li- pericial ocorre ao se coletar as amostras. A insuficiência
vro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas da amostra e a falta de fornecimento de padrões de
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; comparação são os erros mais comuns. Essas deficiências
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a são atribuíveis à carência de conhecimento dos princípios
acareações;
que devem orientar a coleta. O vestígio deve ser coletado de

5
modo que não se contamine, o que é fundamental para não Croqui da cena do crime:
comprometer a qualidade da prova e consequentemente a O croqui é o desenho do local do delito, onde
investigação. recomenda-se ter: „ dimensões de portas, móveis, janelas,
A natureza da amostra influencia no tipo de material caso necessário; „ distâncias de objetos até pontos
do recipiente a ser escolhido para acondicioná-la; amostras específicos, como vias de acesso (entrada e saída); „
biológicas, por exemplo, devem ser acondicionadas em distâncias entre objetos; „ medidas que forneçam a exata
invólucro de papel. Os recipientes devem ser selados com posição das evidências encontradas na cena do crime; „
lacres, para garantir a inviolabilidade durante o transporte, coordenadas geográficas em locais abertos (obtidas por
com numeração que permita a individualização . mapas ou GPS).
Após a coleta dos vestígios, deve-se elaborar um
formulário onde constarão informações mínimas como: #FicaDica
especificação do vestígio; quantidade; identificação numérica As fotografias são imprescindíveis para a
individualizadora do recipiente; local e data da coleta; confecção do laudo de exame de levantamento
identificação do agente coletor e do recebedor; número do de local.
procedimento e respectiva unidade de polícia judiciária a que
o vestígio estiver vinculado. (MACHADO, 2017, p. 10)
Concluí-se, portanto, que a cadeia de custódia é
fundamental para garantir a idoneidade e a rastreabilidade
dos vestígios, de modo a permanecer com a máxima #FicaDica
confiabilidade probatória.
São locais preservados, idôneos ou não violados
Levantamento dos locais de crime contra pessoa aqueles mantidos na sua originalidade até a
chegada dos peritos. Assim, são considerados
De acordo com Francisco Sílvio Maia (2012, p. 5) , “Em locais inidôneos, não preservados ou violados,
locais de crimes contra a pessoa, onde existe a presença quando os vestígios são modificados em
de cadáveres (homicídio, suicídio etc.), cabe ao perito detrimento da perícia criminal.
criminal a análise superficial dos corpos, visando a coleta
de possíveis elementos que forneçam correlação com o
fato criminoso, sendo tais exames conhecidos por exames Vestígios de interesse forense
perinecroscópicos. A causa mortis, bem como a descrição
detalhada dos ferimentos internos e externos presentes Há, na criminalística, a ideia de: a) vestígios verdadeiros,
no cadáver, é de responsabilidade do médico legista que que são aqueles encontrados no local do crime deixado
relata suas observações no Laudo Cadavérico, o qual é pelos autores da infração; b) vestígios ilusórios, sendo todo
subordinado ao Instituto Médico Legal” elemento encontrado na cena do crime que não tem relação
Maria Carolina Opilhar (2011), observando as lições de com o fato delituoso, ou seja, não foram deixados pelos
Espíndula (2002), elencou alguns procedimentos a serem infratores; e c) vestígios forjados, os quais são deixados de
realizados em locais de crimes contra a vida, quais são: propósito pelo criminoso, a fim de forjar alguma situação
Procedimentos anteriores ao exame: diferente da realidade.
Anotação do endereço do fato; „ preparação do Dentre os principais vestígios que afloram o interesse
material utilizado no exame; „ reconhecimento do tipo de forense, tem-se a:
solicitação (natureza do exame); „ anotação do horário de a) Balística: verificando-se calibre e identificação de ar-
solicitação do exame. mas, balística externa, efeitos e testes residuográficos;
Exame preliminar da cena do crime: b) Datiloscopia: verificando-se os ensinamentos técni-
Entrevista com o primeiro policial a chegar no local cos do instituto, que será visto posteriormente;
do fato visando à tomada de informações relativas ao c) Hematologia: onde se observa os vestígios de sangue
histórico; „ visualização geral da cena do crime e verificação na cena do crime;
da adequação do isolamento; „ escolha do tipo de padrão d) Entomologia e Cronotanatognose: momento em que
a ser utilizado na busca de vestígios (em linha, em grade, se verificará fenômenos cadavéricos, evaporação te-
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

em espiral, em quadrantes etc.); „ formulação dos objetivos gumentar ou desidratação, resfriamento de corpo
do exame; „ busca de vestígios, que deve prever especial (algor mortis), livores hipostáticos (livor mortis), fe-
atenção às evidências facilmente destrutíveis, tais como: nômenos de ordem química, rigidez cadavérica (rigor
marcas de solado, impressões em poeira, entre outras. mortis); autólise, putrefação, entre outros.
Anotações gerais da cena do crime:
Data e hora do início dos exames; „ localização exata do Levantamento papiloscópico
evento; „ condições atmosféricas; condições de iluminação;
„ condições de visibilidade; „ completa análise das vias de Bertillon (criador da bertiolagem-método de
acesso; „ descrição do local, com nível de detalhe exigido identificação) incluiu as impressões digitais em seu método
para cada caso; „ condições topográficas da área. posteriormente à sua ficha de identificação primária.

6
Consigna-se, primeiramente, que a datiloscopia é diferente da papiloscopia. A papiloscopia estuda as papilas, que são
saliências, de natureza neurovascular, situadas na parte superficial da derme, tendo relevos de possível observação da
epiderme. A Papiloscopia pode ser considerada um gênero, sendo dividia em quatro partes:

1ª) Quiroscopia: utiliza-se as impressões palmares para identificação


2ª) Podoscopia: utiliza-se as impressões plantares para identificação;
3ª) Poroscopia: utiliza-se vestígios dos poros das papilas dérmicas para identificação;
4ª) Datiloscopia: utiliza-se as impressões digitais para identificação.

Datiloscopia

A palavra datiloscopia, hodiernamente consagrada em todo mundo, tem origem grega, sendo: daktilos, dedos; scopein,
examinar. Deste modo, conceitua-se a datiloscopia como o estudo das impressões digitais, que são vestígios e marcas
deixadas pelas polpas dos dedos por conta de uma substância gordurosa secretada pelas glândulas sebáceas (suor).
(CROCE; CROCE JÚNIOR, 2012, p. 145).
Impressões digitais podem ser achadas em diversos objetos ou meios, como vidros, espelhos, copos, móveis, louças,
facas, armar, frutas, folhas de plantas, luvas, carros, computadores etc...
O método de identificação tem como base a característica única e individual do desenho na polpa dos dedos, formados
pelas cristas papilares na derme (papilas dérmicas). Tais desenhos papilares são:

Com conservação durante toda a vida e até após a morte, desde que a pele esteja
PERENES intacta, sendo destruídos apenas pela putrefação, sendo ainda nesses casos possível
identificação por resquícios de pele da polpa dos dedos;
As impressões digitais são indestrutíveis na pessoa viva, não se modificando pela
IMUTÁVEIS vontade, nem patologicamente, reaparecendo sempre como era.

São desenhos individuais, não tendo sido encontradas até hoje duas impressões
VARIÁVEIS digitais idênticas. Ademais, nos dedos do mesmo indivíduo elas não são iguais.

#FicaDica
Ressalta-se que o desenho digital é diferente da impressão digital. O desenho digital é possível
observar diretamente olhando a polpa dos dedos, enquanto, com base no sistema de Vucetich, o
desenho impresso é a impressão digital, que é reverso do desenho digital.

Desenho Digital Impressão Digital

NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

Sistema datiloscópico de Vucetich

Para revelar a identificação por meio de uma impressão digital, deve-se utilizar o Sistema Dactiloscópico de Vucetich.

Existem três linhas:


1) Linhas basilares: na base da polpa dos dedos;
2) Linhas marginais: que são linhas que contornam a polpa;
3) Linhas nucleares: situadas entre as duas anteriores, ou seja, no meio.

7
Por fim, o verticilo apresentam dois deltas, representado
Baseia-se ainda na presença ou ausência de delta, pela leva V para os polegares e número 4 para os demais
que é uma forma triangular pelo encontro das linhas, que dedos.
tem como função a separação dos três sistemas de linhas
referidos acima. Veja:

Além disso, há quatro figuras classificatórias, ou seja,


arco, presilha interna, presilha externa e verticilo.
O arco é fundamentado pela ausência de delta,
representado pela letra A nos polegares e pelo número 1
nos demais dedos.

A ausência de dedo deve ser representado pelo número


0. Dedo com cicatriz que prejudica a impressão digital pela
letra X, enquanto a presença de um dedo supranumerário
deve ser representado pela letra minúscula ao lado da letra
A presilha interna são datilogramas que apresentam o do polegar. Segue a tabela com exemplo:
delta a direita da pessoa que esta observando a impressão
digital, representado pela letra I para os polegares e pelo
número 2 nos outros dedos.
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

A presilha externa, por sua vez, são datilogramas que,


ao contrário da presilha interna, apresentam o delta a
esquerda da pessoa que observa. É representada pela letra
E nos polegares e pelo número 3 nos demais dedos.

8
#FicaDica
Lembra-se que existe a Sindrome de Nagali,
na qual a pessoa não tem impressões digitais.
Não há cura.

As impressões digitais, após obtidas, são colocadas na #FicaDica


fórmula datiloscópica, uma fração, onde a mão direito é o
numerador e a mão esquerda o denominador. Gêmeos possuem impressões digitais
W diferentes.
polegar - indicador - médio - anular - mínimo.

#FicaDica
Dentre várias técnicas físico-químicas de
revelação de impressões digitais, existe a por
deposição de filmes metálicos a vácuo, de
éster de cianoacrilato, de pós metálicos, de
pós formados a partir de corantes, também
encontramos a técnica de lazer de argônio
com emissões de 470 nm a 550 nm, de
reagentes químicos fluorogênicos como DFO
(diazafluorenona) para reagir com proteínas, o
As linhas irregulares são responsáveis por identificar iodo que reage com gorduras não saturadas, o
algum individuo, são chamadas de acidentes ou pontos nitrato de prata reagindo com cloretos. (MAIA,
característicos. Há, no Brasil, a regra dos 12 pontos, onde 2012, p. 14)
os acidentes devem coincidir em 12 pontos. Caso haja 8 a
12 pontos, provavelmente se trata da mesma pessoa.
Neste sentido: “Doze a vinte pontos característicos
situados homologamente em duas impressões digitais LOCAIS DA MORTE
identificam inapelavelmente o indivíduo, como foi dito.
Se necessário, estuda o papilocopista os poros (sistema Em caso de morte violenta, o perito, chegando ao local
poroscópico de Locard), que se apresentam como do crime, deverá realizar o exame do cadáver, a fim de
pequenas áreas contrastantes nas linhas negras das cristas interligar esse com os vestígios do ambiente criminoso.
papilares, e o conjunto das linhas brancas dactiloscópicas Dever-se-á observar a possibilidade da morte ter
(albodactilograma), que se contam nos espaços entre elas”.
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

ocorrido por arma de fogo, instrumentos contundentes,


(CROCE; CROCE JÚNIOR, 2012, p. 149). cortantes, perfurantes ou mistos, asfixia, entre outras.
Os acidentes mais frequentes são: “a ilhota, representada As armas utilizadas em um crime podem ser classificadas
por um ponto ou fragmento de papila; a linha cortada, como: a) próprias, as quais são fabricadas para finalidade
fragmento de papila maior do que a ilhota; a forquilha, de ataque e defesa pelos fabricantes; e b) impróprias, que
papila que se separa em ângulo agudo; a bifurcação, não foram fabricadas para tal finalidade.
papila separada em ângulo curvilíneo; e o encerro, duas No mesmo sentido, as armas próprias podem ser
papilas unidas por suas extremidades”. (LOBO, 2017). subdivididas em a1) manuais, como armas brancas ou soco
inglês; ou a2) de arremesso, como flechas, zarabatanas e
armas de fogo.

9
As lesões ocasionadas por armas (próprias ou Sugere-se a leitura desse capítulo para estudantes da
impróprias) são consideradas mecânicas, podendo ser Polícia Civil dos cargos de perito e auxiliar de necropsia.
entendidas como:
3. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU-
a) Perfurantes: estilete, a sovela, a agulha, o florete e o NESP-2014: Isolamento de locar de crime significa:
furador de gelo.
b) Cortantes: Navalha, a lâminas de barbear e o bisturi. a) Protegê-lo da curiosidade e da destruição pelas pessoas.
c) Contundentes: instrumentos que agem por pressão, b) Levar o autor da infração penal para um local seguro.
explosão, deslizamento, percussão, compressão, c) Identificá-lo corretamente para os peritos examinarem.
descompressão, distensão, torção, fricção, por con- d) Considerar todo elemento nele encontrado como ves-
tragolpe ou de forma mista. tígios.
d) Perfurocortantes: faca-peixeira, canivete, espada (um e) Atributo de evidências de um exame policial.
só gume); punhal, faca “vazada” (dois gumes); lima
Resposta: Letra A
(três gumes ou triangulares).
O isolamento do local do crime tem como objetivo
e) Perfurocontundentes: como disparo com arma de
preservar os vestígios, prevenindo a inviabilização
fogo. deles por meio de contaminação externa até a che-
gada dos peritos.
4. Perito Criminal da Polícia Civil/SP- VUNESP-2014:
EXERCÍCIO COMENTADO Isolamento é, considerando-se um levantamento peri-
cial eficaz, a:
1. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU- a) Sensibilidade técnica diante do evento infracional.
NESP-2014-: Local de crime é todo espaço ou área física, b) Terceira fase do levantamento pericial.
externa, interna ou mista. c) Proteção a fim de que nada se modifique na cena do
crime.
a) Que necessariamente se utiliza para o cometimento de d) Segunda e conclusiva fase da identificação pericial.
crimes de tráfico. e) Observância de regras primárias no exame pericial.
b) Que eventualmente é utilizado(a) para crimes contra a
vida. Resposta: Letra C
c) Onde materialmente se encontra o autor da infração pe- O artigo 6 do Código de Processo Penal prevê que
nal. logo que a autoridade policial tiver conhecimento da
d) Que não será objeto de investigação policial, por exclu- prática delituosa, deverá dirigir-se ao local, providen-
são. ciando para que não se alterem o estado e conserva-
e) Onde ocorreu a prática da infração penal. ção das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
Resposta: Letra E 5. Perito Criminal da Polícia Civil/SP- VUNESP-2014: É
O local do crime pode ser definido pela área física, exter- correto afirmar que todo espaço físico onde ocorreu a
na, interna ou mista onde ocorreu a prática da infração prática de infração penal se trata de:
penal, ou seja, onde ocorreu o fato, esclarecido ou não
esclarecido, que apresente os vestígios da conduta. a) Área física interna infracional.
b) Local de crime.
2. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU- c) Campo pericial interno.
NESP-2014: Consoante o artigo 158 do Código de Pro- d) Área de configuração penal.
cesso Penal, quando a infração deixar vestígios, será e) Campo fático de aplicação de técnicas operacionais.
indispensável o exame de:
Resposta: Letra C
a) Levantamento de sítio pericial. O artigo 6 do Código de Processo Penal prevê que
b) Comprovação de fato imputado. logo que a autoridade policial tiver conhecimento da
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

c) Local de crime. prática delituosa, deverá dirigir-se ao local, providen-


d) Corpo de delito, direto ou indireto. ciando para que não se alterem o estado e conserva-
e) Identificação de autoria. ção das coisas, até a chegada dos peritos criminais.
Resposta: Letra D
O Código de Processo Penal prevê, em seu capítulo II
(Do exame do corpo de delito, e das perícias em geral),
que quando a infração deixar vestígios, se torna indis-
pensável o exame de corpo de delito, direito ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado (artigo
158 do CPP).

10
HORA DE PRATICAR! GABARITO

1. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU- 1 B


NESP-2014: Em casos de crime contra a pessoa em que
a vítima estiver sem vida, preservar significa: 2 B
3 D
a) A inumação do de cujus. 4 C
b) Não modificação a posição do corpo em hipótese al-
guma. 5 D
c) Solicitar carro de cadáver.
d) Manter no locar auxiliares de necropsia.
e) Acionar responsáveis pela necropsia. Referências

2. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU- BITTAR, Neusa. Medicina Legal e Noções de
Criminalística. 4ª ed, São Paulo: Saraiva, 2015.
NESP-2014: O Código de Processo Penal brasileiro traz BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de
que, na presença de vestígios, o exame de corpo de de- Segurança Pública. Portaria nº 82, de 16 de julho de 2014.
lito será indispensável Estabelece as diretrizes sobre os procedimentos a serem
observados no tocante à cadeia de custódia de vestígios.
a) Apenas no corpo de delito. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de julho de 2014.
b) Sob pena de nulidade. CROCE, Delton; CROCE JÚNIOR, Delton. Manual de
Medicina Legal, 8ª edição, São Paulo: Saraiva, 2012.
c) Apenas quando houver lesões.
d) Sob pena de ser refeito. CUNHA, P.L.L. Implantação de cadeia de custódia de
e) Quando restarem mortos no evento. vestígios. Implicações para a gestão da Policia Civil do Distrito
Federal. 2012. 103f. Dissertação (Mestrado) - Fundação
3. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU- Getúlio Vargas - Escola Brasileira de Administração Pública
NESP-2014: Local de crime em que o cenário do evento e de Empresas, Brasília.
infracional e demais vestígios não foram alterados em DEL PICCHIA FILHO, José. Tratado de documentoscopia.
nenhum dos seus aspectos é classificado como Editora Universitária de Direito: São Paulo. 1982.

a) Aliterado. ESPÍNDULA, A. Curso Preservação de Local de Crime.


b) Violado. 2009.
c) Conspurcado.
ESPÍNDULA, Alberi. Local de Crime. Isolamento e
d) Idôneo. Preservação, Exames Periciais e Investigação Criminal.
e) Inidôneo. Colaboradores: Antonio Mestre Junior et al. Brasília: Alberi
Espíndula. 2002, 16p.
4. Auxiliar de Necropsia da Polícia Civil/SP- VU-
NESP-2014: Criminalística pode ser definida como um LOBO, Roberto. Antropologia Forense, 2017.
conjunto de conhecimentos oriundos de várias ciências MACHADO, Michelle Moreira. Importância da cadeia
que permitem de custódia para prova pericial. Revista Criminalística e
Medicina legal. V. 1, n. 2, 2017, p. 8-12.
a) Antecipar, logicamente, futuros eventos criminosos.
b) Localizar eventos futuros de forma preditiva. MAIA, Francisco Sílvio. Criminalística Geral. Fortaleza,
c) Descobrir crimes e seus respectivos autores. 2012. Disponível em: http://tmp.mpce.mp.br/esmp/
apresentacoes/I_Curso_de_Investigacao_Criminal_
d) Preventivamente ocupar espaços voltados à macrocri- Homic%C3%ADdio/02_Criminalistica_Geral_29_11_2012.
minalidade. pdf. Acesso em 09 de janeiro de 2019.
e) Informar as atividades de polícia preventiva.
OPILHAR, Maria C. M. C. Criminalística e investigação
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

5. Perito Criminal da Polícia Civil/SP- VUNESP-2014: O criminal. Palhoça: Unisulvirtual, 2011. Disponível
exame de corpo de delito e outras perícias serão realiza- em: http://pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/
restrito/000002/000002E7.pdf. Acesso em 08 de janeiro de
dos por perito oficial portador de 2019.
a) Notável saber técnico-jurídico-forense. SILVEIRA, Paulo Roberto. Fundamentos da Medicina
b) Especialização na área de aderência técnico-científica. Legal. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2015.
c) Termo técnico de compromisso de Encargo.
d) Diploma de curso superior. STUMVOLL, Victor Paulo. Criminalista. Campinas:
e) Certificado de conclusão de Curso Técnico de Capaci- Editora Millennium, 2010.
tação em Perícias.

11
ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________
NOÇÕES DE CRIMINALÍSITICA

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

12
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização, natureza, fins e princípios. ................01
Agentes públicos: Espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas. Cargo, emprego e função pública. Regime jurídico
único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição.Direitos e vantagens. Regime disciplinar. Responsabilidade
civil, criminal e administrativa. ..........................................................................................................................................................................................04
Poderes administrativos: poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar, poder de polícia, uso e abuso do po-
der................................................................................................................................................................................................................................. 10
Controle e responsabilização da administração Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo. Responsabilida-
de civil do Estado.....................................................................................................................................................................................................................15
Atos Administrativos: conceitos, requisitos, atos ordinatórios e invalidação. ...............................................................................................20
Processo Administrativo Disciplinar.................................................................................................................................................................................26
mos diante de um Estado que se subordina a sua vontade à
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO ordem legal. A necessidade da construção de um Estado de
PÚBLICA: CONCEITOS, Direito surge durante o Absolutismo (meados do século XVI
ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO, e XVII), época em que o Poder Político estava concentrado
NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS. nas mãos de uma única pessoa, o Monarca, e o Estado agia
segundo a sua vontade, gerando em gravíssimas violações
aos direitos e liberdades de seus súditos. A necessidade de
1. Estado, Governo, e Administração Pública controlar o Estado, impedindo-o de praticar tais abusos fez
com que, durante a Revolução Francesa, surge as noções
Para compreender melhor o âmbito do estudo do ramo do Estado de Direito e da Separação dos Poderes.
de direito administrativo, é imprescindível compreender A divisão dos Poderes que temos no Estado brasileiro
as noções e diferenças entre Estado, Governo, e Adminis- segue o modelo apresentado por Montesquieu durante a
tração Pública. Muitas vezes utilizamos esses três termos referida época. Assim, o Estado de Direito possui três Pode-
como sinônimos, ainda que de forma errônea. Isso ocorre res ou Funções: Executivo, Legislativo, e Judiciário. O Poder
porque os três têm um ponto em comum, que é o fato Legislativo é encarregado de criar as leis e demais normas
de estarem inseridos no Poder Executivo, mas que não se legais, válidas para todos, inclusive para o próprio Estado.
confundem entre si. O Poder Executivo tem como sua principal função dar fiel
execução às leis criadas pelo Legislativo, bem como o exer-
1.1 Estado: Conceito, Natureza, Elementos e Poderes cício da funções política e administrativa do Estado. Por
fim, ao Poder Judiciário compete o exercício da jurisdição,
Utilizamos o termo “Estado” para descrever uma forma de dirimindo os conflitos de ordem jurídica que pairam sobre
governo sobre um povo em específico, situado em um de- a sociedade. Para tanto, utiliza-se de diversos institutos de
terminado território. O Estado possui natureza essencialmente grande importância para o exercício da jurisdição, como o
política, com clara densidade cultural e reflexos jurídicos por devido processo legal, o exercício do contraditório e ampla
toda a sociedade que se subordina ao mesmo, sendo consi- defesa, entre outros.
derado pessoa jurídica de direito público, com poderes e prer- Importante mencionar que as principais características
rogativas especiais para a persecução de determinados fins. dos Três Poderes do Estado é que estes são independentes
e harmônicos entre si. Os Poderes são independentes, pois
#FicaDica cada um apresenta sua própria esfera de competência e
que, em regra, não admite sobreposição de um sobre o
O conceito apresentado possui o que a outro. Ao mesmo tempo, são também harmônicos uma vez
doutrina denomina de elementos essenciais do que atuam de forma conjunta, em cooperação para perse-
Estado. Embora não haja uma uniformidade em guir os interesses estatais, o respeito aos direitos dos cida-
relação aos mesmos, o certo é que podemos dãos, e a garantia dos direitos fundamentais.
distinguir cada Estado baseado em, no mínimo,
três elementos: governo, povo e território.
Trata-se de assunto que aparece em muitas
questões de concursos que podem confundir EXERCÍCIO COMENTADO
o candidato.
1. (PREFEITURA DE MACAPÁ-AP – SOCIÓLOGO – FCC –
2018)
Sobre os elementos do Estado, povo é um conjunto Segundo o artigo 1° da Constituição Federal de 1988, o
de cidadãos (natos e naturalizados) vinculados a um re- Brasil é uma “República Federativa”. Esse termo exprime,
gime jurídico do Estado, formando uma entidade jurídica. respectivamente:
Território é a base física, uma parte do globo em que o
Estado pode exercer seu poder, servindo de limite a sua ju- a) a forma de governo e a forma de Estado.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

risdição e fornecendo-lhe recursos materiais. Governo (ou b) o sistema de governo e a forma de governo.
soberania) é o exercício do poder do Estado, interna e ex- c) a forma de Estado e o sistema de governo.
ternamente, conferindo-lhe a sua autodeterminação. Não d) a forma de Estado e a forma de governo.
confundir com a composição do Estado, que é a sua divi- e) o sistema eleitoral e o sistema de governo.
são interna com base na sua forma confederativa. No caso
do Estado brasileiro, este é composto pela União, Estados, Resposta: Letra A. A Constituição Federal apresenta
Municípios, e Distrito Federal. Atualmente não há mais toda a forma estrutural do Estado brasileiro, sendo con-
nenhum Território Federal, pois os remanescentes foram siderada sua espinha dorsal. Com a sua leitura, podemos
transformados em outros entes federativos, nos termos da identificar elementos como a forma de Estado, a forma
Constituição Federal de 1988. de governo, e o sistema de governo. Forma de Estado
Quanto aos Poderes do Estado, primeiramente deve- diz respeito à sua estruturação física, podendo ser Fede-
-se conceituar o que vem a ser um Estado de Direito, pois ração ou Confederação. Forma de governo diz respeito
só podemos falar em separação dos poderes quando esta- à titularidade do patrimônio público, se pertence a uma

1
família real (Monarquia), ou se pertence ao povo (Repú- Os princípios que regem a atividade da Administração
blica). Por fim, sistema de governo diz respeito a forma Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma
em que o povo elege seus governantes, podendo haver positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados
uma total divisão de competências entre o Poder Legis- segundo a interpretação das normas jurídicas. Além disso,
lativo e o Executivo (Presidencialismo), ou uma coope- os princípios administrativos podem ser constitucionais, ou
ração desses dois Poderes para tomar decisões políticas infraconstitucionais. São os princípios previstos no Texto
(Parlamentarismo). Constitucional, mais especificamente no caput do artigo.
37. Segundo o dispositivo: “A administração pública direta
1.2 Governo: Conceito e Classificação e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princí-
Já mencionamos que Governo é um dos elementos que pios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
estruturam o Estado. Trata-se da cúpula diretiva do mesmo, de e eficiência e, também, ao seguinte:”.
responsável pela condução dos interesses estatais e pelo Assim, esquematicamente, temos os princípios consti-
exercício do poder político, podendo ter sua composição tucionais da:
modificada mediante o período das eleições. São pessoas A) Legalidade: fruto da própria noção de Estado
integrantes do Governo, o Presidente da República, os De- de Direito, as atividades do gestor público estão
putados, Senadores, Prefeitos, Vereadores, e etc. submissas a forma da lei. A legalidade promo-
Não há uma unanimidade quanto à classificação das ve maior segurança jurídica para os administra-
formas de governo. Aristóteles costumava dividir os gover- dos, na medida em que proíbe que a Administra-
nos em dois grupos: os governos puros e perfeitos, como ção Pública pratique atos abusivos. Ao contrário
a Monarquia, a Aristocracia, e a Democracia; e o grupo dos dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que
governos impuros e imperfeitos, como a Tirania, a Oligar- a lei não proíbe, a Administração só pode reali-
quia e a Demagogia, considerados antíteses dos governos zar o que lhe é expressamente autorizado por lei.
puros. Maquiavel, por sua vez, classifica todas as formas de
governo em apenas duas espécies: Monarquia e República,
B) Impessoalidade: a atividade da Administração
podendo ser subdividida em diversas espécies. Kelsen, por
Pública deve ser imparcial, de modo que é ve-
sua vez, também divide as diversas espécies de governo
dado haver qualquer forma de tratamento dife-
em dois grandes grupos: os governos democráticos, com
renciado entre os administrados. Há uma forte
participação popular na tomada de decisões, e os gover-
relação entre a impessoalidade e a finalidade pú-
nos autocráticos, em que há ausência dessa participação
blica, pois quem age por interesse próprio não
popular.
condiz com a finalidade do interesse público.
1.3 Administração Pública: conceito, princípios e or-
ganização. C) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
Administração Pública, outro ente que integra o Poder buscando atuar com base nos valores da moral co-
Executivo, é o conjunto de órgãos e agentes estatais no mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. A
exercício da função administrativa, podendo estar presen- moralidade não é somente um princípio, mas tam-
tes inclusive nos Poderes Legislativo e Judiciário, como par- bém requisito de validade dos atos administrativos.
te de suas funções atípicas. Percebe-se que a função admi-
nistrativa não possui natureza política e, por isso mesmo, a D) Publicidade: a publicação dos atos da Administração
Administração Pública não se confunde com Governo. promove maior transparência e garante eficácia erga
Quanto à etimologia da palavra, “Administração Públi- omnes. Além disso, também diz respeito ao direito
ca” é uma expressão que pode comportar pelo menos dois fundamental que toda pessoa tem de obter acesso a
sentidos: na sua acepção subjetiva, orgânica e formal, a informações de seu interesse pelos órgãos estatais,
Administração Pública confunde-se com a pessoa de seus salvo as hipóteses em que esse direito ponha em ris-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

agentes, órgãos, e entidades públicas que exercem a fun- co a vida dos particulares ou o próprio Estado, ou ain-
ção administrativa. Já na acepção objetiva e material da da que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
palavra, podemos definir a administração pública (alguns
doutrinadores preferem colocar a palavra em letras mi- E) Eficiência: Implementado pela reforma administra-
núsculas para distinguir melhor suas concepções), como a tiva promovida pela Emenda Constitucional nº 19
atividade estatal de promover concretamente o interesse de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Adminis-
público. Também podemos dividir, na acepção material, em tração de alcançar os seus resultados de uma forma
administração pública lato sensu e stricto sensu. Em sen- célere, promovendo melhor produtividade e rendi-
tido amplo, abrange não somente a função administrati- mento, evitando gastos desnecessários no exercício
va, como também a função política, incluindo-se nela os de suas funções. A eficiência fez com que a Admi-
órgãos governamentais. Em sentido estrito, administração nistração brasileira adquirisse caráter gerencial, ten-
pública envolve apenas a função administrativa em si. do maior preocupação na execução de serviços com
perfeição ao invés de se preocupar com procedi-

2
mentos e outras burocracias. A adoção da eficiência, público. O primeiro impõe que o Administrador sempre aja
todavia, não permite à Administração agir fora da lei, em prol de uma finalidade específica, prevista em lei. Já o
não se sobrepõe ao princípio da legalidade. princípio da supremacia do interesse público diz respeito
à sobreposição do interesse da coletividade em relação ao
Os princípios administrativos não se esgotam no âm- interesse privado. A finalidade disposta em lei pode, por
bito constitucional. Existem outros princípios cuja previsão exemplo, ser justamente a proteção ao interesse público.
não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação in- Agir segundo o princípio da razoabilidade é decor-
fraconstitucional. Convém, então, detalhar esses princípios rência da própria noção de competência. Todo poder tem
de origem legal. suas correspondentes limitações. O Estado deve realizar
O princípio da autotutela diz respeito ao controle in- suas funções com coerência, equilíbrio e bom senso. Não
terno que a Administração Pública exerce sobre os seus basta apenas atender à finalidade prevista na lei, mas é de
próprios atos. Isso significa que, havendo algum ato admi- igual importância o como ela será atingida. É uma decor-
nistrativo ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao rência lógica do princípio da legalidade. Dessa forma, os
interesse público, não é necessária a intervenção judicial atos imoderados, abusivos, irracionais e incoerentes, são
para que a própria Administração anule ou revogue esses incompatíveis com o interesse público, podendo ser anu-
atos. Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judi- lados pelo Poder Judiciário ou pela própria entidade admi-
ciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa nistrativa que praticou tal medida. Em termos práticos, a
forma, promover maior celeridade na recomposição da or- razoabilidade (ou falta dela) é mais aparente quando ten-
dem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior pro- ta coibir o excesso pelo exercício do poder disciplinar ou
teção ao interesse público contra os atos inconvenientes. A poder de polícia. Poder disciplinar traduz-se na prática de
Administração pode revogar os atos inconvenientes, mas atos de controle exercidos contra seus próprios agentes,
tem o dever de anular os atos ilegais. isso é, de destinação interna. Poder de polícia é o conjunto
O princípio da supremacia do interesse público ad- de atos praticados pelo Estado que tem por escopo limitar
vém da própria autotutela administrativa. Diz respeito a e condicionar o exercício de direitos individuais e o direito
atuação estatal que, quando age em vista de algum inte- à propriedade privada.
resse imediato, o seu fim último deve ser sempre almejar O princípio da proporcionalidade tem similitudes com
o interesse público, que é a vontade de toda população o princípio da razoabilidade. Há muitos autores, inclusive,
brasileira, no seu coletivo. Para atingir os seus objetivos, a que preferem unir os dois princípios em uma nomenclatura
supremacia do interesse público garante diversas prerro- só. De fato, a Administração Pública deve atentar-se a exa-
gativas à Administração, de modo a facilitar a sua atuação, geros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
sobrepondo-se ao interesse dos particulares. O interesse é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a jus-
privado, por mais que seja protegido e tenha garantias jurí- ta medida na prática de atos administrativos. Busca evitar
dicas (sobretudo os direitos fundamentais individuais, dis- extremos, exageros, pois podem ferir o interesse público.
postos nos incisos do art. 5º da CF/1988), deve se submeter Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, deve
ao interesse coletivo. o Administrador agir com “adequação entre meios e fins,
O princípio da motivação também pode constar em vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
outras obras como “princípio da obrigatória motivação”. em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
Trata-se de uma técnica de controle dos atos administra- atendimento do interesse público”. Na prática, a propor-
tivos, o qual impõe à Administração o dever de indicar os cionalidade também encontra sua aplicação no exercício
pressupostos de fato e de direito que justificam a prática do poder disciplinar e do poder de polícia.
daquele ato. A fundamentação da prática dos atos admi- Esses não são os únicos princípios que regem as rela-
nistrativos será sempre por escrito. Possui previsão no art. ções da Administração Pública. Porém, escolhemos trazer
50 da Lei nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão com mais detalhes os princípios que julgamos ser mais
ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos característicos da Administração. Isso não quer dizer que
jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par. único, VII, outros princípios não possam ser estudados ou aplicados a
da mesma Lei: “Nos processos administrativos serão ob- esse ramo jurídico. A Administração também está submissa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servados, entre outros, os critérios de: VII - indicação dos ao princípio da responsabilidade, ao princípio da seguran-
pressupostos de fato e de direito que determinarem a de- ça jurídica, ao princípio do contraditório e ampla defesa, ao
cisão”. A motivação é uma decorrência natural do princípio princípio da isonomia, entre outros.
da legalidade, pois a prática de um ato administrativo fun- Em relação à organização administrativa, a Adminis-
damentado, mas que não esteja previsto em lei, seria algo tração Pública apresenta uma divisão especial, e seus en-
ilógico. tes podem compor a Administração Direta, isso é, são os
Quanto ao princípio da finalidade, sua previsão en- entes federativos e seus órgãos e agentes (União, Estados,
contra-se no art. 2º, par. único, II, da Lei nº 9.784/1999. Municípios e Distrito Federal), ou podem integrar o que
“Nos processos administrativos serão observados, entre denominamos de Administração Indireta, que são os entes
outros, os critérios de: II - atendimento a fins de interes- com personalidade jurídica própria, podendo ser de direi-
se geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou to público ou privado, e que apresentam certa autonomia,
competências, salvo autorização em lei”. O princípio da fi- embora possam sofrer controle pelos membros da Admi-
nalidade muito se assemelha ao da primazia do interesse nistração Direta. Tal fenômeno denomina-se tutela. São en-

3
tes da Administração Indireta: as autarquias, as fundações
públicas, as agências reguladores, as empresas públicas, AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E
as sociedades de economia mista, e seus demais órgãos CLASSIFICAÇÃO, PODERES, DEVERES E
e agentes. PRERROGATIVAS. CARGO, EMPREGO E
FUNÇÃO PÚBLICA. REGIME JURÍDICO
ÚNICO: PROVIMENTO, VACÂNCIA,
EXERCÍCIO COMENTADO REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
SUBSTITUIÇÃO. DIREITOS E VANTAGENS.
REGIMEDISCIPLINAR. RESPONSABILIDADE
1. (PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) O
conceito de Administração Pública possui vários sentidos,
CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA.
sendo correto afirmar que:

a) sob o sentido formal, a Administração Pública deve ser 1. Agentes Públicos


entendida como o conjunto de funções administrativas
exercidas pelo Estado. Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são
b) sob o sentido objetivo, entende-se como Administra- agentes públicos as pessoas que exercem uma função pú-
ção Pública a estrutura orgânica do Estado, definidora blica, ainda que em caráter temporário ou sem remunera-
do conjunto de estruturas de competências legalmente ção. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez
definidas. que engloba todos aqueles que, dentro da organização da
c) sob o sentido empreendedor, a Administração Pública Administração Pública, exercem determinada função pública.
é o conjunto de funções administrativas exercidas pelo Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o
Estado de forma empreendedora, visando o atingimen- qual comporta diversas espécies, como os agentes políti-
to das suas finalidades. cos, os agentes militares, os servidores públicos estatutá-
d) sob o sentido material, a Administração Pública deve ser rios, os empregados públicos, os agentes honoríficos, en-
entendida como a atividade administrativa exercida pelo tre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com
Estado. maiores detalhes.
e) sob o sentido material, entende-se como Administração
Pública o conjunto de órgãos do Estado, isto é, a estru- 1.1 Espécies de Agentes Públicos, Poderes e Prerro-
tura estatal. gativas

Resposta: Letra D. Sob o sentido formal ou subjetivo, Os agentes políticos possuem como característica
a Administração Pública deve ser entendida como o principal o fato de exercerem uma função pública de alta
conjunto de órgãos e agentes estatais que exercem a direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições,
função administrativa. O enfoque está na pessoa (por e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão de ex-
isso subjetivo), que deve ser integrante do Estado para tinguir a relação destes com o Estado de modo automático
o exercício de suas funções. Já o sentido material ou pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa forma,
objetivo é aquele que enfatiza com maior veemência a que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas
atividade, ou a função administrativa em si. Tal acepção estatutária ou institucional. São agentes políticos os par-
admite que outras pessoas, que não integram o Estado, lamentares, o Presidente da República, o prefeitos, os go-
podem compor a administração (com letras minúsculas). vernadores, bem como seus respectivos vices, ministros e
Estado e secretários.
Os agentes militares constituem uma categoria a parte
dos demais agentes políticos, uma vez que as instituições
militares possuem fortes bases fundamentadas na hierar-
quia e na disciplina. Apesar de também apresentarem vin-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

culação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por


legislação especial, e não àquela aplicável aos servidores
civis. São agentes militares os membros das Polícias Mi-
litares e dos Corpos de Bombeiros militares dos Estados,
Distrito Federal e Territórios, bem como os demais milita-
res ligados ao Exército, Marinha, e Aeronáutica. Algumas
características que merecem destaque são: a proibição de
sindicalização dos militares, a proibição do direito de gre-
ve, e a proibição à filiação partidária.
É considerado servidor público o agente contratado
pela Administração Pública, direta ou indireta, sob o regi-
me estatutário, sendo selecionado mediante concurso pú-
blico, para ocupar cargos públicos, possuindo vinculação

4
com o Estado de natureza estatutária e não-contratual. De não gozam da estabilidade que os servidores possuem. Ao
modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de serem empossados, os empregados passam por um perío-
1988 apresenta dois tipos de regimes para os agentes esta- do de experiência de 90 dias. Todavia, mesmo após esse
tais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime período, os empregados públicos podem ser dispensados.
celetista ou de empregos públicos. Os servidores públicos A diferença dos empregados públicos para com os de-
são contratados pelo regime estatutário, enquanto os em- mais consiste no fato de que a sua demissão será sempre
pregados públicos são contratados pelo regime celetista, motivada, após regular processo administrativo, admitin-
que muito se assemelha com as regras contidas na CLT. do-se contraditório e a ampla defesa. Importante lembrar
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela Lei que, para a Administração Pública, a motivação de seus
Federal nº 8.112/1990, também conhecida como Estatuto atos, bem como o tratamento impessoal, e a finalidade pú-
do Servidor Público, atribuindo a eles uma série de poderes blica são princípio norteadores de sua atuação. Uma de-
e prerrogativas. Uma prerrogativa que merece destaque no missão imotivada de um empregado público seria absolu-
regime de cargos públicos é a aquisição de estabilidade. tamente inadmissível nessas condições.
A estabilidade permite que o servidor não possa ser des-
ligado de suas funções, salvo as hipóteses previstas cons-
titucionalmente, como a condenação mediante sentença
judicial transitada em julgado, a instauração de processo EXERCÍCIO COMENTADO
administrativo disciplinar, ou a não aprovação em avaliação
periódica de desempenho (art. 41, § 1º, da CF/1988). Para 1. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –
tanto, o servidor tem o dever de cumprir o período conhe- MPE-BA – 2018) De acordo com o entendimento do Su-
cido como estágio probatório, que visa aferir se o servidor premo Tribunal Federal (STF) sobre a prática do nepotismo
possui aptidão e capacidade para o desempenho do car- nas nomeações para cargo em comissão, de confiança ou
go de provimento efetivo no qual ingressou por força de de função gratificada, é correto afirmar que:
concurso público. A Emenda Constitucional nº 19 alterou
o prazo do estágio probatório, antes de 24 meses (art. 20 a) a vedação à prática do nepotismo abrange toda a ad-
da Lei nº 8.112/1990), para o período de 3 anos. Passado o ministração pública, exceto as empresas estatais, em
referido período, o servidor aprovado adquire estabilidade função do regime híbrido de pessoal a que estão sub-
no referido cargo. A estabilidade dos cargos públicos se metidas.
configura em uma grande vantagem, pois é uma garantia b) com fundamento na máxima proteção à moralidade ad-
para o indivíduo de que permanecerá no seu cargo, rece- ministrativa, a Lei Estadual pode ampliar a vedação ao
bendo todas as gratificações e vencimentos que tem direi- nepotismo para os cargos de provimento efetivo por
to, independentemente das grandes mudanças no cenário concurso público.
político-econômico do país, que geram crises e grande nú- c) desde que haja previsão expressa em Lei Estadual, é pos-
mero de desemprego na esfera privada. sível excepcionar as vedações à prática dos atos de ne-
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que são potismo, já que a matéria não se encontra regulada em
vitalícios, que trazem ainda mais vantagens pelo fato de Lei Federal.
seu estágio probatório ser menor, de 2 anos (é de 3 anos d) excepcionalmente, é possível a análise da configuração
para os cargos não-vitalícios), bem como a sua perda se da prática vedada de nepotismo em hipóteses que atin-
dar apenas mediante sentença condenatória transitada em jam ocupantes de cargos políticos, desde que, em análi-
julgado. São vitalícios os cargos de Magistratura, do Tri- se concreta, além do parentesco, seja verificada troca de
bunal de Contas, e os cargos dos membros do Ministério favores ou fraude à lei.
Público. Além da estabilidade, é também assegurado aos e) para a configuração da prática ilícita de nepotismo, nos
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas (art. 39, cargos administrativos e políticos, basta a configuração
§ 3º, da CF/1988), como: a) salário mínimo, b) remuneração da relação de parentesco entre a autoridade nomean-
de trabalho noturno superior ao diurno, c) repouso sema- te ou servidor da mesma pessoa jurídica investido em
nal remunerado, d) férias remuneradas, e) licença à ges- cargo de direção, chefia ou assessoramento, e, de outro
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tante, etc. lado, o nomeado: cônjuge, companheiro, parente em


Diferentemente do que ocorre com os servidores, os linha reta ou colateral ou por afinidade até o terceiro
empregados públicos são contratados mediante regi- grau.
me celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma Resposta: Letra D. A letra A está incorreta, pois a proibi-
vinculação contratual. A contratação de empregados pú- ção do nepotismo abrange apenas os agentes da Admi-
blicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito nistração Pública. A letra B está incorreta, pois a vedação
privado integrantes da Administração Indireta (empresas ao nepotismo é aplicado aos cargos de livre nomeação e
públicas, sociedades de economia mista, consórcios, etc). exoneração, haja vista que o concurso público é sempre
Além disso, o ingresso de tais pessoas também depende da feito em respeito ao princípio da impessoalidade. A letra
sua aprovação em concurso público. O regime dos empre- C está incorreta pois o nepotismo é considerado incons-
gados públicos é menos protetivo do que o regime estatu- titucional para todos os efeitos, nos termos da Súmula
tário. Isso se deve ao fato de que os empregados públicos Vinculante nº 13 do STF. Havendo norma excepcional,

5
essa seria considerada inconstitucional também. A letra selecionados através de processo seletivo simplificado. As
E está incorreta, pois o nepotismo não abrange os car- funções públicas, dessa forma, abrangem as funções tem-
gos de agentes políticos. porárias, exercidas dada a ocorrência de um evento ines-
perado (substituição transitória de pessoas, ou para aten-
1.2 Cargo, Emprego e Função Pública der demanda complementar de serviços); e as funções de
confiança, que juntamente com os cargos comissionados,
Para todos os efeitos legais, o servidor público está in- destinam-se apenas às funções de às atribuições de dire-
trinsicamente ligado à noção de cargo público. Conforme ção, chefia e assessoramento, nos termos do art. 37, V, da
dispõe o art. 3º do Estatuto dos Servidores, cargo público CF/1988. A principal diferença entre o ocupante de função
é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas de confiança e cargo comissionado está no lugar ocupa-
na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um do no quadro funcional da Administração, sendo que, en-
servidor. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasilei- quanto o cargo em comissão ocupa um espaço na sua es-
ros, são criados por lei, com denominação própria e ven- trutura, uma vez que se nomeia uma pessoa qualquer para
cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em exercê-lo (baseada na confiança da autoridade nomeante
caráter efetivo ou em comissão. para com o nomeado), a função de confiança é atribuída a
A criação, transformação, e extinção de cargos, empre- um servidor efetivo, que já pertence aos quadros da Admi-
gos ou funções públicas depende sempre de uma lei insti- nistração, não modificando, então, a estrutura organizacio-
tuidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo um cargo ou nal da mesma.
função vago, a sua extinção pode se dar mediante expedi- Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções pú-
ção de decreto pelo Poder Executivo. blicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídico brasi-
Assim como há diferentes espécies de agentes públi- leira, em regra, proíbe a acumulação de cargos públicos. Tal
cos, há também diferentes espécies de cargos providos proibição se estende, inclusive, para as entidades da Admi-
pelo Poder Público, que materializam a relação jurídica dos nistração Indireta. O caput do art. 118 da Lei nº 8.112/1990
agentes com o Estado. Assim, um agente público poderá dispõe no mesmo sentido: “Ressalvados os casos previstos
ser ocupante de um cargo público em sentido estrito, um na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
emprego público, ou uma função pública. Convém fazer cargos públicos”. Há entendimento de que tal dispositivo
uma maior análise desses três tipos de cargos. também possa ser aplicado aos agente públicos dos Esta-
Os cargos públicos são ocupados pelos servidores dos, Municípios, e Distrito Federal.
públicos, podendo ser providos perante a Administração Porém, a própria Constituição Federal dispõe de um rol
Pública Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indire- de casos excepcionais em que é permitida a acumulação
ta (Autarquias e Fundações Públicas). Os servidores estão dessas funções. Há entendimento praticamente unânime
sujeitos ao regime estatutário, disciplinado por legislação de que trata-se de um rol taxativo, ou seja, são válidas ape-
própria (a Lei nº 8.112/1990) e são escolhidos mediante nas aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
a sua aprovação em concurso público de provas ou de Assim, as hipóteses de acumulação de cargos constitu-
provas e títulos. Além disso, os ocupantes de cargos pú- cionalmente autorizadas são:
blicos possuem estabilidade, uma garantia constitucional A) Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
de permanência no serviço público após 3 (três) anos de B) Um cargo de professor com outro técnico ou cientí-
estágio probatório e aprovação em avaliação especial de fico (art. 37, XVI, b);
desempenho. C) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais
Por outro lado, os empregos públicos são ocupados na área da saúde (art. 37, XVI, c);
por empregados públicos, e também são selecionados me- D) Um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou
diante concurso público. A principal diferença dos empre- função pública (art. 38, III);
gos públicos para os demais cargos consiste no fato de E) Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
que o regime dos empregados é celetista, o que significa 95, par. único, I);
que as regras, direitos e vantagens de tais funcionários são F) Um cargo de membro do Ministério Público e outro
disciplinados pelas normas da CLT (Consolidação das Leis de magistério (art. 128, § 5º, II, d).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do Trabalho). Apenas as pessoas jurídicas de direito priva-


do integrantes da Administração Pública Indireta possuem
empregados públicos, como as empresas públicas e as so-
ciedades de economia mista. Importante ressaltar que os EXERCÍCIO COMENTADO
empregados públicos não gozam da garantia constitucio-
nal da estabilidade. 1. (ALESE – Analista Legislativo – FCC – 2018) Os ser-
Por fim, os contratados ocupam o que denomina-se vidores públicos são contratados mediante concurso públi-
função pública, que podem ser integrantes da Adminis- co de provas ou de provas e títulos, admitindo-se exceções
tração Pública direta ou indireta, desde que atenda a dois em alguns casos, tais como:
requisitos exigidos pela Constituição Federal, em seu art.
37, IX, quais sejam: necessidade de contratação temporá- a) cargos em comissão, de livre nomeação, para suprir a
ria; e excepcional interesse público. Ademais, os ocupantes vacância de cargos efetivos até que sejam formalmente
de função pública estão sujeitos ao regime especial e são preenchidos.

6
b) portadores de deficiência, observado o percentual de A) Nomeação: trata-se da única forma de provimento
até 5% dos cargos ou empregos públicos vagos. originário, uma vez que não exige uma relação ju-
c) funções de confiança, de livre nomeação, destinadas a rídica prévia do servidor para com o Estado. A no-
funções técnicas, de direção ou assessoramento. meação depende sempre de prévia habilitação em
d) cargos e funções de livre provimento destinados a aten- concurso público de provas, ou de provas e títulos.
der necessidades excepcionais, atribuições de chefia ou Além disso, a nomeação poderá ser promovida não
direção, desde que por prazo determinado. somente em caráter efetivo, como também para os
e) contratação de servidores temporários, desde que por cargos de confiança ou em comissão (art. 9º, I e II, da
tempo determinado e para atender necessidade de ex- Lei nº 8.112/1990)
cepcional interesse público, conforme estabelecido em B) Promoção: é uma forma de provimento derivado,
lei. haja vista que ela beneficia somente os servidores
que já ingressaram em cargos públicos em caráter
Resposta: Letra E. A letra A está incorreta, pois as no- efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o
meações para cargo em comissão que não exigem desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
concurso público são aqueles declarado em lei de livre promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
nomeação e exoneração. A letra B está incorreta, pois diretrizes do sistema de carreira na Administração
é assegurado às pessoas portadoras de deficiência o Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará-
direito de se inscrever em concurso público para pro- grafo único, da Lei nº 8.112/1990).
vimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis C) Readaptação: é, também, uma forma de provimento
com a deficiência de que são portadoras, sendo reser- derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição ao
vadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no servidor para um cargo com funções e responsabi-
concurso (art. 5º, § 2º, Lei nº 8.112/1990). A letra C está lidades distintas e compatíveis com a limitação que
incorreta, pois funções de confiança nunca são providas tenha sofrido em sua capacidade física ou mental,
por nomeação, destinando-se apenas às atribuições de verificada em inspeção médica. Assim, por exemplo,
direção, chefia e assessoramento (art. 37, V, CF/1988). A um motorista de ônibus que sofre acidente e aca-
letra D está incorreta, pois as atribuições de chefia ou ba perdendo algum membro essencial para dirigir
direção são hipóteses de cargos de confiança. poderá ser readaptado para executar uma função
similar, mas não idêntica a anterior. Na hipótese do
2.3 Regime dos Servidores Públicos Federais servidor readaptando se mostrar completamente in-
válido para exercer qualquer cargo, ele será compul-
O regime dos servidores públicos possui ampla previsão soriamente aposentado.
normativa. Além do renomado artigo 37 da Constituição Fe- D) Reversão: outra forma de provimento derivado, em
deral, no âmbito infraconstitucional temos a Lei nº 8.112 de que temos o retorno à atividade de um servidor apo-
1990 (Estatuto dos Servidores Públicos Federais), isso é, a sentado por invalidez, ou por puro e simples interes-
legislação que institui o regime jurídico dos servidores públi- se da Administração, desde que a) tenha solicitado a
cos da União, autarquias, fundações, agências reguladoras e reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c)
associações, todas em âmbito federal. Bastante exigida em estável quando na atividade; d) a aposentadoria te-
concursos públicos, convém salientar as principais caracte- nha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;
rísticas a respeito do regime dos servidores públicos. e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servidores
Públicos). A reversão far-se-á para o mesmo cargo
2.3.1 Provimento, Vacância e Investidura em cargos ou para o cargo resultante de sua transformação. Em
públicos termos de remuneração, o servidor que retornar à
atividade por interesse da Administração perceberá
Para ocupar um cargo público, é necessário haver o seu a remuneração do cargo que voltar a exercer, em
devido provimento, ou seja, deve haver um ato administra- substituição da aposentadoria que recebia (art. 25,
tivo constitutivo e hábil para a investidura do servidor no § 4º, idem).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

respectivo cargo. Segundo o art. 5º da Lei nº 8.112/1990: E) Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
“São requisitos básicos para investidura em cargo público: to derivado consistente no retorno de servidor em
I - a nacionalidade brasileira; disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
II - o gozo dos direitos políticos; cargo de atribuições e vencimentos compatíveis
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; com os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do nº 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
cargo; mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
V - a idade mínima de dezoito anos; entrar em exercício no prazo legal, salvo comprovada
VI - aptidão física e mental.” doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
F) Reintegração: é a forma de provimento derivado que
O art. 8º da Lei nº 8.112/1990 dispõe sobre as formas de ocorre pela reinvestidura do servidor estável no car-
provimento em cargos públicos, dentre as quais merece go anteriormente ocupado, ou no cargo resultante
destaque: de sua transformação, na hipótese de sua demissão

7
ser invalidada por decisão judicial ou administrativa, no custeio do processo de mudança; 4.d) Auxílio-
tendo direito também ao ressarcimento de todas as -moradia: trata-se de ressarcimento das despesas
vantagens (art. 28, caput, Lei nº 8.112/1990). Encon- comprovadamente realizadas pelo servidor com
trando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante aluguel de moradia ou com hospedagem realizado
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à por algum hotel, dependendo do preenchimento de
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain- alguns requisitos, como não ter um imóvel funcional
da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2º, idem). disponível para uso, seu cônjuge não ser ocupante
G) Recondução: por fim, a recondução é a forma de de imóvel funcional, ou que nenhuma outra pessoa
provimento derivado consistente no retorno do ser- que resida com o servidor receba a mesma indeni-
vidor público estável ao cargo anteriormente ocupa- zação, etc.
do, e decorrerá de inabilitação em estágio probatório 5) Gratificações, Adicionais e Retribuições: O art. 61
relativo a outro cargo, ou ainda pela reintegração do do Estatuto dos Servidores Públicos também prevê
anterior ocupante (art. 29, I e II, da Lei nº 8.112/1990). o pagamento das seguintes gratificações: I - retri-
Uma situação excepcional é a da extinção do cargo buição pelo exercício de função de direção, chefia e
durante o período de estágio probatório. Nessas assessoramento; II - gratificação natalina; IV - adicio-
condições, segundo a Súmula nº 22 do STF, inexiste nal pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
direito à recondução, e o servidor será exonerado. ou penosas; V - adicional pela prestação de serviço
extraordinário; VI - adicional noturno; VII - adicional
2.3.2 Direitos e Gratificações de férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natureza
do trabalho; IX - gratificação por encargo de curso
A Lei nº 8.112/1990, em seus artigos 40 e 41, elenca ou concurso.
diversos direitos e gratificações aos servidores públicos,
os quais são de grande importância conhecer. Vejamos as 2.3.3 Regime disciplinar: penalidades, responsabili-
principais gratificações: dade civil, criminal e administrativa
1) Vencimentos: consiste na retribuição pecuniária
pelo exercício do cargo público, cujo valor é previa- O complexo de deveres, proibições, esferas de respon-
mente fixado em lei. Os vencimentos de cargos efe- sabilidades, meios de apuração de ilícitos administrativos
tivos são, em regra, irredutíveis. e sanções disciplinares constitui o chamado regime disci-
2) Remuneração: mais abrangente, é o vencimento do plinar dos servidores públicos. Tal regime é decorrência do
cargo, somado a todas as outras vantagens pecu- exercício do poder disciplinar do Estado, o qual é atribuído
niárias estabelecidas em lei. O menor valor pago ao à Administração com o intuito de responsabilizar aqueles
servidor público, independentemente de sua vincu- que cometem faltas em detrimento do interesse público.
lação, é o valor do salário mínimo vigente (art. 39, § Apesar da grande quantidade de direitos e vantagens, o
3º, da CF/1988). Estatuto dos Servidores Públicos também atribui aos mes-
3) Regime de subsídios: trata-se de uma forma es- mos diversos deveres, com base no regime disciplinar o
pecial de remuneração, feita em uma única parcela. qual, se não for atendido, enseja a instauração de proces-
O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4º, da so disciplinar para a apuração de infrações funcionais. Nos
CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir termos do artigo 116 da Lei nº 8.112/1990:
os “supersalários” comumente existentes no regime Art. 116. São deveres do servidor:
de servidores públicos brasileiros. Importante ressal- I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo
tar que recebem por subsídios somente os Chefes II - ser leal às instituições a que servir;
do Poder Executivo, parlamentares, magistrados, III - observar as normas legais e regulamentares;
ministros de Estado, secretários estaduais, membros IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando mani-
do Ministério Público e da Advocacia Pública, entre festamente ilegais;
outros. V - atender com presteza;
4) Indenizações: são valores pagos aos servidores, a) ao público em geral, prestando as informações reque-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mas que não integram seus vencimentos. O Estatuto ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
prevê algumas hipóteses de recebimento de indeni- b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
zações: 4.a) Ajuda de custo por mudança, devida direito ou esclarecimento de situações de interesse pes-
como forma de compensar as despesas de instala- soal;
ção de servidor que tiver exercício em nova sede, c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
ocorrendo mudança de seu domicílio; 4.b) Ajuda de VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra-
custo por falecimento: devido à família do servidor zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior
que vier a falecer na nova sede, sendo devido para ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao
custear o transporte para a localidade de origem; conhecimento de outra autoridade competente para
4.c) Diárias por deslocamento: devida ao servidor apuração;
que se afastar, por motivos de serviço, da sede em VII - zelar pela economia do material e a conservação do
caráter transitório, para outro local dentro ou fora do patrimônio público;
país, receberá tal indenização como forma de ajuda VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;

8
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- Em relação à responsabilidade dos servidores públi-
ministrativa; cos, o art. 121 da Lei nº 8.112/1990 é bastante claro ao dis-
X - ser assíduo e pontual ao serviço; por que “O servidor responde civil, penal e administrativa-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; mente pelo exercício irregular de suas atribuições”. Vemos,
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso então, que de uma única conduta praticada pelo referido
de poder. servidor, pode ensejar em responsabilização em três esfe-
ras distintas. A responsabilidade civil do servidor público
Ao mesmo tempo, o artigo 117 da mesma Lei im- decorre da prática de atos comissivos ou omissivos, que se-
põe aos servidores públicos diversas proibições. Trata-se jam capaz de causar danos materiais ao erário (patrimônio
de uma matéria que exige grande capacidade de memo- público), ou a terceiros.
rização, mas que não necessita se alongar com diversos A responsabilidade penal do servidor tem seu funda-
detalhes. mento na apuração de uma conduta criminal, isso é, a hi-
Art. 117. Ao servidor é proibido: pótese em que o servidor público possa praticar um ilícito
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem pré- penal, ou crime. A responsabilidade penal é, definitivamen-
via autorização do chefe imediato; te, a mais grave e perigosa, uma vez que ela pode repercu-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- tir nas demais esferas, tanto pela condenação do servidor
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; condenado, como pela sua absolvição pela falta de provas
III - recusar fé a documentos públicos; materiais ou pela negação de sua autoria, sendo essas últi-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de do- mas hipóteses apenas exceções.
cumento e processo ou execução de serviço; A responsabilidade administrativa, por outro lado,
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no consiste na instauração de processo disciplinar (art. 116 e
recinto da repartição; seguintes, Lei nº 8.112/1990), pelo qual haverá a verificação
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos da conduta delituosa do agente, bem como a aplicação da
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que pena mais adequada. Imprescindível reforçar que a aplica-
seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; ção de qualquer pena ao servidor público pressupõe um
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia- processo administrativo, sendo assegurado ao acusado di-
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a par- reito ao contraditório e a ampla defesa, sendo obrigatória,
tido político; inclusive, a presença do advogado em todas as fases do re-
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- ferido processo (Súmula nº 343 do STJ). Todavia, tal enten-
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até dimento vem sofrendo alteração, pois o STF já reconheceu
o segundo grau civil; em Súmula Vinculante nº 5 entendimento de que a falta de
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de defesa técnica no processo administrativo disciplinar não é
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; inconstitucional.
X - participar de gerência ou administração de socieda- Por fim, as penalidades administrativas aplicáveis aos
de privada, personificada ou não personificada, exercer servidores públicos, previstas na Lei nº 8.112/1990 (art.
o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou 127) são as seguintes:
comanditário; A) Advertência: é a sanção mais branda, aplicável por
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a escrito para o servidor que cometer atos como: au-
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- sentar-se do serviço injustificadamente; recusar fé a
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o documento público; retirar qualquer documento da
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; repartição sem a devida autorização; manter sob sua
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem chefia cônjuge, companheiro ou parente até o se-
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; gundo grau; entre outros.
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado B) Suspensão: aplicável somente quando o servidor é
estrangeiro; reincidente nas faltas puníveis por advertência, des-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; de que não tipifiquem infrações sujeitas a demissão
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XV - proceder de forma desidiosa; do cargo. A suspensão não poderá ser aplicada por
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição prazo maior a noventa dias.
em serviços ou atividades particulares; C) Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao buída ao servidor público, uma vez que tem o con-
cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será
transitórias; aplicada nos casos em que o servidor: cometer cri-
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- me contra a administração pública; abandonar seu
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o cargo; improbidade administrativa; praticar conduta
horário de trabalho; escandalosa na repartição; ofender fisicamente, em
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan- serviço, outro servidor; revelar segredo o qual obte-
do solicitado. ve devido a sua função; corrupção; receber propina,
comissão, ou outra vantagem de qualquer espécie
em razão de suas atribuições; etc. Muitas dessas hi-

9
póteses impedem que o infrator retorne ao serviço
público federal, por isso tratar-se de uma das penali- PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER
dades mais gravosas. HIERÁRQUICO, PODER DISCIPLINAR,
D) Cassação de Aposentadoria ou da Disponibilida- PODER REGULAMENTAR, PODER DE
de: o servidor inativo que houver praticado falta pu- POLÍCIA, USO E ABUSO DO PODER.
nível com a demissão, terá a sua aposentadoria, ou
sua disponibilidade cassada.
E) Destituição de Cargo ou Função Comissionada: 1. Poderes da Administração
caso o servidor ocupante de cargo não efetivo co-
meta uma das faltas passíveis da pena de suspensão A Administração Pública deve cumprir suas atribuições
e demissão, poderá perder o seu cargo de confiança constitucionais, por imposição legal. Para tanto, o exercício
ou função comissionada. de suas funções depende de certas prerrogativas, ou Pode-
res, conferidos pela legislação. Esses poderes são conside-
A competência para a aplicação de tais penalidades rados instrumentos de trabalho. Significa dizer que esses
pode variar dependendo da gravidade da conduta apu- poderes-deveres são instrumentais, utilizados pela Admi-
rada. No âmbito da Administração Federal, as sanções nistração com o objetivo maior de promover a supremacia
administrativas são aplicadas, nos termos do art. 141 da do interesse público.
Lei nº 8.112/1990: I - pelo Presidente da República, pelos O estudo dos poderes da Administração Pública, assim,
Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais é de extrema importância para verificar quais são os seus
Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se limites de atuação. Para tanto, a doutrina costuma dividir
tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou dispo- esse poder conferido à Administração em seis vertentes:
nibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, ór- poder vinculado; poder discricionário; poder disciplinar;
gão, ou entidade; II - pelas autoridades administrativas de poder hierárquico; poder de polícia; e poder regulamentar.
hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no
inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 1.1 Poder Vinculado
(trinta) dias; III - pelo chefe da repartição e outras autorida-
des na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, Poder vinculado é aquele em que a lei atribui determi-
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) nada competência ao administrador, delimitando todos os
dias; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, aspectos de sua conduta, o qual deve compulsoriamente
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. seguir a forma prevista na lei, não havendo qualquer mar-
gem de liberdade para que o agente público escolha a me-
lhor forma de cumprir suas funções. Os atos praticados no
exercício do poder vinculado são denominados atos vin-
EXERCÍCIO COMENTADO culados.

(UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) Assi- 1.2 Poder Discricionário


nale, dentre as alternativas a seguir, aquela que não cons-
titui causa de demissão do servidor público, nos termos da Poder discricionário é o poder que o legislador, ao
Lei n°. 8.112/90: delimitar a competência da Administração Pública, confe-
re também uma margem de liberdade para que o agente
a) Utilizar recursos materiais da repartição em serviços ou público possa escolher, diante da situação jurídica, qual o
atividades particulares caminho mais adequado, ou qual a melhor forma de so-
b) Quando não satisfeitas as condições do estágio probatório. lução daquela desavença. A lei não impõe um único com-
c) Receber presente de qualquer espécie, em razão de suas portamento como no poder vinculado: ela delega ao ad-
atribuições. ministrador a faculdade de avaliar a melhor solução para
d) Proceder de forma desidiosa. cada caso. Garantir margem de liberdade não significa que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) Inassiduidade habitual. o administrador deve agir fora da lei, pois a discricionarie-


dade não o permite estar acima da legislação. Além disso,
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois a utili- o poder discricionário também pode sofrer controle pelo
zação de recursos materiais da repartição para atividades Poder Judiciário, exceto quando a questão for referente ao
particulares é causa de demissão do servidor público (art. mérito dos atos discricionários, cuja competência é exclusi-
117, XVI, Lei nº 8.112/1990). A letra C está incorreta, pois va da própria Administração.
receber propina, comissão, presente ou vantagem de
qualquer espécie, em razão de suas atribuições é causa 1.3 Poder Regulamentar
para demissão do servidor (art. 117, XII, idem). A letra D
está incorreta pois proceder de forma desidiosa é causa O poder regulamentar consiste na possibilidade do
de demissão do servidor público (art. 117, XII, idem). A le- Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federação
tra E está incorreta, pois a inassiduidade habitual é causa de editar atos administrativos gerais, abstratos ou con-
de demissão do servidor público (art. 132, III, idem). cretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei. Seu

10
fundamento legal encontra-se disposto no art. 84, IV, da
CF/1988: “Compete privativamente ao Presidente da Repú-
blica: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem EXERCÍCIO COMENTADO
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execu-
ção”. Por ser de competência exclusiva do Chefe do Poder 1. (Câmara de Belo Horizonte-MG – Consultor Legisla-
Executivo, é indelegável a qualquer subordinado. Embora tivo – CONSULPLAN – 2018) Considerando os conceitos
o texto constitucional faça menção somente ao Presidente de abuso de poder, excesso de poder e desvio de poder,
da República, o referido poder pode ser exercido, por sime- assinale a afirmativa em que a hipótese apresentada está
tria, pelos Governadores e Prefeitos. corretamente identificada com a espécie de uso indevido
Uma das palavras chave do poder regulamentar é “re- do poder:
gulamento”. Trata-se de ato administrativo que tem por
escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao modo a) Excesso de poder – “o servidor deixa, propositadamente,
de aplicação dos dispositivos legais, dando maior concre- de praticar um ato de sua competência, estando presen-
tude aos comandos gerais e abstratos presentes na legis- te o dever de agir”.
lação. Não se confunde com o decreto, que é outro ato b) Desvio de poder – “remoção de um servidor, para outro
administrativo que introduz o regulamento em si. Decreto setor, como medida disciplinar pela prática de infração
representa a forma do ato administrativo, enquanto o re- administrativa”.
gulamento representa seu conteúdo. c) Desvio de poder – “a demissão de um servidor improbo,
Ambos os decretos e regulamentos são atos em posi- realizada por sua chefia imediata, sendo tal competência
ção de inferioridade em relação as leis e, por isso, não são da autoridade máxima”.
capazes de criar direitos e obrigações aos particulares sem d) Excesso de poder – “qualquer forma de abuso de poder
fundamento legal. Suas funções primordiais, no entanto, são ou desvio de poder perpetrada por agente público no
a redução da margem de interpretação das normas, pois se exercício de suas funções”.
um decreto dispõe qual é a forma mais correta de aplicação
da lei, esta perde um pouco de seu caráter geral e abstra- Resposta: Letra B. Alternativa A está incorreta pois o
to, seu campo de discricionariedade é reduzido a uma única excesso de poder pressupõe uma ação de agente que
forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por isso, o po- praticou conduta fora de sua competência, não uma
der regulamentar apresenta natureza vinculada. omissão. Alternativa C está incorreta pois trata-se de hi-
Existem diversas espécies de regulamentos administra- pótese de excesso de poder. Alternativa D está errada
tivo: pois o abuso de poder é gênero, do qual o excesso de
A) Regulamentos administrativos ou de organização: poder é espécie.
são aqueles que disciplinam questões internas de es-
truturação e funcionamento da Administração Públi-
ca, bem como as relações jurídicas de sujeição especial 1.4 Poder hierárquico
do Poder Público perante particulares. Exemplo: regu-
lamento que disciplina organização e funcionamento Poder hierárquico é o poder que dispõe o Executivo para
da administração federal (art. 84, VI, a, da CF/1988). organizar e distribuir as funções de seus órgãos, bem
como ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabe-
B) Regulamentos habilitados ou delegados: em al- lecendo uma relação de subordinação entre o servidores
guns países, há a possibilidade do Poder Legislativo do seu quadro de pessoas. As relações de hierarquia são
delegar ao Executivo a disciplina de matérias reserva- características únicas, existem somente no âmbito do Poder
das privativamente à lei, havendo uma transferência Executivo, isso é, não existe hierarquia entre órgãos do Poder
de competência legislativa. Tais regulamentos não Legislativo e do Judiciário. Além disso, importante frisar que
são admitidos no direito administrativo brasileiro. não existe poder hierárquico entre membros da Administra-
ção Indireta, pois estes são entidades autônomas, que não
C) Regulamentos executivos: são os regulamen- se subordinam aos entes que o criaram. Pela hierarquia, há
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tos comuns, expedidos sobre matéria disciplinada a imposição ao subalterno da estrita obediência às ordens e
pela legislação, permitindo a fiel execução da nor- instruções legais superiores, além de definir a responsabili-
ma legal. É a hipótese do art. 84, IV, da CF/1988. dade de cada um de seus agentes e órgãos públicos.
Quanto às suas características, diz-se que o poder hierár-
D) Regulamentos autônomos: são os que dispõem quico é interno e permanente. Interno é o poder que atinge
sobre tema não disciplinado pela legislação. Há um apenas os próprios membros da Administração, não tem o
conjunto de temas que a norma constitucional reti- condão de atingir as relações dos particulares. É também um
rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu poder permanente, porque não é exercido de modo esporá-
sua disciplina ao Poder Executivo. A EC nº 32/2001 dico e episódico, como o que acontece no poder disciplinar.
elenca dois temas que só podem ser disciplinados Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades
por decreto expedido pelo Presidente da República: implícitas ao superior, tais como dar ordens e fiscalizar o
a organização da administração federal; e a extinção seu cumprimento, delegar e avocar atribuições, bem como
de funções e cargos vagos e não ocupados. rever atos de seus inferiores.

11
A delegação é a transferência temporária de compe- Resposta: Letra B. Alternativa A está errada pois a au-
tência administrativa de seu titular, a outro órgão ou agen- totutela não é poder, mas uma característica própria da
te público subordinado à autoridade outorgante (delega- Administração Pública de rever os próprios atos sem a
ção vertical), ou fora da sua linha hierárquica (delegação necessidade de intervenção judicial. Alternativa C está
horizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 dispõe do mes- incorreta pois poder disciplinar sempre pressupõe a prá-
mo modo: “Um órgão administrativo e seu titular poderão, tica de uma infração por um agente público (caracterís-
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua tica sancionadora). Alternativas D e E estão incorretas
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes porque o poder de polícia é, em regra, exercido contra
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for os particulares, e não dentro da esfera da Administração.
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, Lembre-se que a delegação e a avocação são elementos
social, econômica, jurídica ou territorial”. Essa transferência característicos do poder hierárquico.
de competência é sempre provisória, o que significa que
pode ser revogada a qualquer tempo.
A regra geral é sempre a delegabilidade das com- 1.5 Poder disciplinar
petências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei nº
9.784/1999) assevera três matérias que não podem ser de- O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi-
legadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato de caráter nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em que
normativo, pois constituem-se em regras gerais aplicáveis estes tenham cometido alguma infração de ordem
a todos os órgãos, incompatível com a delegação; a deci- funcional. Correlato com o poder hierárquico, mas não
são em recursos administrativos, para evitar que a mesma se confunde com o mesmo. No poder hierárquico, a Ad-
autoridade possa julgar o mesmo processo mais de uma ministração Pública distribui e escalona as suas funções
vez pela delegação; e as matérias que forem consideradas executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Administração
de competência exclusiva do órgão ou autoridade. simplesmente controla o desempenho de funções e a con-
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei nº duta de seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas
9.784/1999. Consiste na possibilidade da autoridade com- porventura cometidas.
petente de chamar para si a competência de um agente Em relação as suas características, o poder disciplinar
ou órgão subordinado. Trata-se de medida excepcional e é interno, não-permanente ou temporário, e discricio-
temporária, e somente pode ser realizada dentro da mes- nário. Assim como o poder hierárquico, a imposição de
ma linha hierárquica, o que significa que a avocação só sanções pela Administração não se aplica aos particula-
pode ser vertical, não se admite a avocação horizontal. res, somente a seus próprios servidores, salvo as hipóte-
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos dos ses destes serem contratados pela Administração Pública.
inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus aspectos Todavia, distingue-se do poder hierárquico na medida em
para a análise de sua manutenção ou invalidação. É somen- que é não-permanente, isso é, só será aplicado apenas se e
te possível a revisão de atos praticados pelos órgãos públi- quando o servidor cometer infração funcional. Percebe-se,
cos e agentes subordinados hierarquicamente. então, que o poder disciplinar apresenta caráter punitivo
Para as entidades da Administração Indireta, existe ape- e sancionador, enquanto o poder hierárquico advém da
nas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico de simples obediência dos subalternos para com a entidade
seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial, que detentora deste poder. A discricionariedade do poder dis-
não tem relação com o poder hierárquico. A supervisão ciplinar traduz-se na possibilidade da Administração em
ministerial não admite a revisão dos atos praticados pelas poder escolher qual a punição mais apropriada para cada
autarquias, fundações, e demais entidades da Administra- caso, isso é, ela possui certa margem de liberdade para o
ção Indireta. seu exercício.
Os servidores públicos que cometerem qualquer infra-
ção no exercício de suas funções estão sujeitos às seguin-
tes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº 8.112/1990:
EXERCÍCIO COMENTADO advertência; suspensão; demissão; cassação de aposenta-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

doria ou disponibilidade; destituição de cargo em comis-


1. (PC-SP – Escrivão de Polícia - VUNESP – 2018) Os são; e destituição de função comissionada. A aplicação de
poderes de comando, de fiscalização e revisão de atos qualquer uma dessas penalidades depende de prévio pro-
administrativos, assim como os poderes de delegação e cesso administrativo, respeitada a garantia de contraditório
avocação de competências são expressão do poder admi- e ampla defesa, sob pena de nulidade da sanção.
nistrativo:

a) de autotutela.
b) hierárquico.
c) disciplinar.
d) de polícia judiciária.
e) de polícia.

12
O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu
conceito legal de poder de polícia:
EXERCÍCIO COMENTADO Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da ad-
ministração pública que, limitando ou disciplinando direito,
1. (PC-PI – Agente de Polícia Civil – NUCEPE - 2018) interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou absten-
Para que a Administração Pública possa exercer suas fun- ção de fato, em razão de interesse público concernente à
ções, se faz necessário que seja dotada de poderes, a fim segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
de que organize e cumpra o seu planejamento. Assim, mar- da produção e do mercado, ao exercício de atividades eco-
que a alternativa correta em relação aos Poderes Adminis- nômicas dependentes de concessão ou autorização do Po-
trativos: der Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à pro-
priedade e aos direitos individuais ou coletivos.
a) Poder hierárquico ocorre quando há a faculdade de pu- Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar
nir internamente as infrações funcionais dos servidores. poder de polícia como a atividade da Administração Pú-
b) Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para blica, com fundamento na lei e na supremacia geral, que
organizar e distribuir as funções de seus órgãos, estabe- consiste na imposição de limites à liberdade e à proprieda-
lecendo a relação de subordinação entre o servidores do de dos particulares, regulando a prática desses atos, ou a
seu quadro de pessoal. abstenção dos mesmos, manifestando-se por meio de atos
c) Poder regulamentar tem como objetivo ordenar, coorde- normativos ou concretos, tudo isso em benefício do inte-
nar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no resse público.
âmbito interno da Administração Pública. Ao dizer que trata-se de atividade da Administração Pú-
d) Poder Revisional é o poder de avocar, delegar ou con- blica, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu do po-
ferir a outrem, da própria Administração Pública, seus der de polícia, que não se confunde com as limitações à liber-
poderes originais. dade e ao direito de propriedade impostas pelo legislador. Por
e) Poder hierárquico deve detalhar a lei para sua correta ser atividade da Administração, deve ser exercido, respeitando
execução, ou de expedir decretos autônomos sobre ma- os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
téria de sua competência ainda não disciplinada por lei. A fundamentação legal é outro aspecto importante do
É um poder inerente do Chefe do Executivo. poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o exercício
de determinadas atividades à obtenção de licenças ou con-
Resposta: Letra B. Alternativa A está errada, pois na cessões pelo Poder Público. O legislador deve, então, ela-
verdade ela descreve hipótese do poder disciplinar. Al- borar os requisitos necessários para o exercício do poder
ternativa C está incorreta porque ela descreve as carac- de polícia pelo Estado.
terísticas do poder hierárquico. Alternativa D está incor- O poder de polícia tem por objeto a imposição de li-
reta pois o poder revisional diz respeito à capacidade da mitações à liberdade e propriedade dos particulares,
Administração de rever seus próprios atos, é intrínseco instituindo condições capazes de compatibilizar seu exer-
ao poder hierárquico. Alternativa E está incorreta pois, cício às necessidades de interesse público. Tais imposições
na verdade, descreve as características do poder regu- também podem ser aplicadas ao Estado. Isso significa que
lamentar. até mesmo o Poder Público pode ter suas liberdades e pro-
priedades sofrerem limitações em face das necessidades
do interesse público.
1.7 Poder de polícia Para o seu exercício, a Administração Pública deve re-
gular a prática dos atos ou a abstenção de fatos. Em re-
A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada gra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações nega-
de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde a tivas, ou de não fazer, impostas aos particulares, limitando
qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade pri- a esfera de atuação dos seus direitos. Excepcionalmente,
vada, de origem administrativa ou legislativa. Há também pode também manifestar-se mediante obrigações positi-
o poder de polícia em sentido restrito, mais utilizado pela vas ou de fazer, como é o caso da imposição da função
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

doutrina, que engloba apenas as restrições impostas pelas social da propriedade ao dono do imóvel, disposta no art.
limitações administrativas, excluindo as limitações de or- 5º, XXII, da CF/1988.
dem legal. Em sentido restrito, envolve atividades adminis- O poder de polícia se manifesta pela expedição de
trativas de fiscalização e condicionamento da esfera priva- atos normativos, como é o caso das regras sobre o direito
da de interesses, em prol da coletividade. de construir, ou por meio de atos concretos, como a obten-
O poder de polícia tem grande destaque no exercício ção de licença para a reforma de um imóvel, cujo interesse
das funções da Administração moderna, junto com a pres- é exclusivo do particular (proprietário do imóvel, no caso).
tação de serviços públicos e o fomento à iniciativa privada. Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de polí-
Porém, essas duas funções representam uma atuação esta- cia, qual seja, agir em prol do interesse público. Por isso, o
tal ampliativa, enquanto que o poder de polícia representa Estado deve conciliar os direitos individuais, com o interes-
uma atuação restritiva do Estado, limitando a liberdade e a se da coletividade. Tal finalidade é típica da Administração
propriedade individual em favor do interesse público. Pública, pois tem como fundamento o princípio sistêmico
da primazia do interesse público sobre o privado.

13
Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento majo-
ritário que o poder de polícia é discricionário. Na dou-
trina, muitos autores costumam definir poder de polícia, EXERCÍCIO COMENTADO
utilizando-se a expressão “faculdade que o Estado possui
de impor limites...”. Isso quer dizer que não apresenta ca- 1. (TJ-AL – Analista Judiciário – FGV – 2018) Poder de
racterísticas de obrigação legal, mas de uma permissão. polícia pode ser conceituado como uma atividade da Ad-
A escolha sobre qual método utilizar para o exercício do ministração Pública que se expressa por meio de seus atos
referido poder, e quando, compete somente à própria Ad- normativos ou concretos, com fundamento na supremacia
ministração Pública. geral do interesse público para, na forma da lei, condicio-
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de licen- nar a liberdade e a propriedade individual, mediante ações
ça. A licença é ato administrativo relacionado ao poder de fiscalizadoras preventivas e repressivas.
polícia, que apresenta previsão legal para a sua obtenção, De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Ad-
tratando-se por isso, de ato vinculado. Com isso, podemos ministrativo, são características ou atributos do poder de
afirmar que a manifestação do poder de polícia pode ocor- polícia:
rer mediante a expedição de atos no exercício da compe-
tência discricionária da Administração, ou por meio de atos a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade.
vinculados, com a devida previsão legal. O poder de polícia b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilida-
também é indelegável, uma vez que pressupõe a posi- de.
ção de superioridade de quem o exerce, não podendo ser c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibi-
transferido a particulares (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004). lidade.
A concepção do poder de polícia abrange muito mais d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de
do que a simples promoção de segurança pública. Toda- segurança pública.
via, imprescindível destacar as atividades estatais de pre- e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a dis-
venção e repressão da criminalidade sob a ótica do poder ciplina.
de polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do Estado
para promoção da segurança pública em duas categorias Resposta: Letra C. Lembre-se que, como regra geral, o
de “polícias” distintas: a polícia administrativa, e a polícia poder de polícia é função da Administração que atinge
judicial. os particulares, o que a diferencia do poder hierárquico
A polícia administrativa tem um caráter preventivo. e disciplinar. O poder de polícia não precisa de prévia
Isso significa que a sua atuação deve ocorrer antes da prá- autorização do Poder Judiciário (autoexecutoriedade).
tica do crime, tendo por finalidade evitar a sua ocorrência. Não há relação de hierarquia, embora o Poder Público
Submete-se às regras de Direito Administrativo. No Bra- utilize-se de força física (coercibilidade) para impor limi-
sil, a polícia administrativa é exercida pela Polícia Militar tações aos direitos e liberdades dos particulares. A Ad-
e os vários órgãos de fiscalização de diversas áreas, como ministração possui margem de liberdade para escolher a
saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social. melhor forma de impor tais limites (discricionariedade).
A polícia administrativa protege os interesses primordiais
da sociedade ao impedir comportamentos individuais que
possam causar prejuízos maiores à coletividade. 3.8 Abuso de Poder: hipóteses
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter re-
pressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do crime. Quando o agente público exerce adequadamente suas
Após a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária abrir competências, atuando em conformidade com a legislação,
um processo de investigação em busca da autoria e mate- sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz uso regular do
rialidade do crime. Sua razão de ser é a punição dos infra- poder. Entretanto, havendo hipóteses de exercício de com-
tores. Rege-se pelas regras de Direito Processual Penal. Ela petências fora dos limites legais, visando apenas interesses
incide sobre pessoas, ao contrário da polícia administrativa, alheios, trata-se de clara hipótese de uso irregular do po-
que age sobre a atividade das pessoas. A polícia judiciária der, também denominado abuso de poder. O abuso de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

é exercida pelas corporações especializadas, denominadas poder, além de causar a invalidade do ato, constitui em
Polícia Civil e Polícia Federal. ilícito ensejador de responsabilidade pela autoridade com-
petente que causou danos com seu uso irregular.
Abuso de poder pode se manifestar no exercício das
funções administrativas sob duas formas: pelo excesso de
poder, e pelo desvio de finalidade. Excesso de poder é a
hipótese de uso irregular dos poderes administrativos pelo
qual a autoridade competente ou não, pratica algum ato
desrespeitando os limites impostos, exorbitando o uso
de suas faculdades administrativas. Ao exceder sua com-
petência legal, o agente responsável age com exageros e
desproporcionalidade, o que torna o ato praticado por ele
absolutamente inválido. Mas o excesso de poder admite

14
convalidação, ou seja, há hipóteses em que se pode corrigir
vício cometido no ato preservando sua eficácia, dependen- CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
do do caso concreto. DA ADMINISTRAÇÃO. CONTROLE
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato ad- ADMINISTRATIVO. CONTROLE
ministrativo, praticado sempre por autoridade competente, JUDICIAL. CONTROLE LEGISLATIVO.
que tem por fim diverso daquele previsto, explícita ou im- RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
plicitamente, nas regras de competência da legislação (art.
2º, par. único, e, da Lei nº 4.717/1965). A finalidade diversa
não macula os requisitos essenciais dos atos administra- 1. Controle e responsabilização da Administração
tivos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
Pública
macular o ato, tornando-o nulo. O único caminho possível
para esse ato é a anulação, ou seja, não há possibilidade
de convalidação. O desvio de finalidade pode ocorrer tanto “Controle” é um conceito atrelado a ideia de fiscaliza-
nas condutas comissivas, em seu campo de atuação, quan- ção. Logo, quem exerce controle sobre algo ou alguém, é
to nas condutas omissivas, isso é, quando o agente público geralmente alguém que tem o poder de fiscalizar os seus
se abstém de realizar tarefa legalmente imposta. atos. Tais noções podem ser aplicadas ao Poder Público,
Exemplos de desvio de finalidade são bastante comuns pois o legislador, ao determinar a sua esfera de competên-
na Administração Pública brasileira: a construção de estra- cia, acabou também impondo a mesma limites para a sua
da cujo trajeto foi elaborado com objetivo de valorizar a área de atuação. Assim, é de grande importância estudar os
propriedade rural de um governador; a transferência de instrumentos jurídicos de fiscalização sobre a atuação dos
servidor público para outro Estado apenas para ficar longe agentes, órgãos, e entidades componentes da Administra-
da filha do delegado de polícia da cidade, a nomeação de ção Pública. O enfoque, por isso, será sobre o controle dos
réu em ação penal a cargo público para obter foro privile- atos administrativos.
giado e transferir seu processo para o STF, etc. Percebe-se Tais mecanismos de fiscalização possuem natureza jurí-
que, em todos os casos, há a sobreposição de um interes- dica de princípio fundamental, conforme dispõe o art. 6º,
se particular sobre o interesse da coletividade: os agentes V, do Dec-Lei nº 200/1967: “As atividades da Administração
estatais, dessa forma, praticam atos visando obter alguma Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
vantagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, con- I – Planejamento,
cretizando, assim, o desvio de finalidade. II – Coordenação,
III – Descentralização,
IV - Delegação de Competência, e
V – Controle”.
EXERCÍCIO COMENTADO
1.1 Classificação dos instrumentos de controle
1. (IF-GO – Assistente em Administração – CS-UFG – 2017)
Os poderes administrativos são outorgados aos agentes do A doutrina não é unânime em relação ao tema. Todavia,
Poder Público para que exerçam suas funções no intuito de boa parte dos autores costumam dividir os diversos tipos
atender aos interesses da coletividade. A conduta abusiva de instrumentos de controle dos atos administrativos, com
dos administradores públicos pode decorrer de duas fontes: base nos seguintes critérios:
quando o agente atua fora dos limites de sua competência
ou quando o agente, embora dentro de sua competência, 1- Quanto ao órgão controlador:
afasta-se do interesse público que deve nortear todo o de- A) Controle legislativo: é o controle realizado pelo Po-
sempenho administrativo. As duas fontes de conduta abusiva der Legislativo, mais especificamente pelo parlamen-
do Poder Público são conhecidas, respectivamente, como: to, com o auxílio do Tribunal de Contas. Exemplo: as
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
a) poder regulamentar e excesso de poder. B) Controle administrativo: é o controle dos atos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) improbidade administrativa e desvio de poder. administrativos feito pelos órgãos e entidades da


c) desvio de poder e excesso de poder. própria Administração Pública. É, por isso, uma mo-
d) excesso de poder e desvio de poder dalidade de controle interno, podendo ser feito de
ofício, ou mediante provocação. Exemplo: recurso
Resposta: Letra D. O excesso de poder é a hipótese de hierárquico.
uso irregular dos poderes administrativos pelo qual a C) Controle judicial: é o controle feito pelos magistra-
autoridade, competente ou não, pratica algum ato des- dos integrantes do Poder Judiciário. Devido ao prin-
respeitando os limites impostos, exorbitando o uso de cípio da inércia da jurisdição, jamais poderá atuar de
suas faculdades administrativas. Já o desvio de poder ofício, apenas mediante provocação. Exemplo: man-
configura-se quando o agente, ao invés de perseguir a dado de injunção e as ações sobre controle de cons-
finalidade prevista em lei (em atendimento ao interesse titucionalidade.
público), acaba praticando ato com fim diverso, seja para
obter uma vantagem pecuniária para si ou para outrem,
ou para prejudicar um terceiro considerado seu desafeto.

15
2- Quanto à extensão:
A) Controle interno: é o controle realizado por um Po- FIQUE ATENTO!
der sobre os seus próprios órgãos e agentes. É o caso Cuidado para não confundir alguns conceitos.
do controle de chefia sobre os seus subordinados. A autotutela é o que fundamenta o controle
B) Controle externo: é o tipo de controle exercido por interno que a Administração Pública faz sobre
autoridade que se situa fora do âmbito do órgão a os seus próprios atos. A tutela, por sua vez,
ser controlado. É o caso da anulação do ato adminis- é característico da Administração Direta, que
trativo por decisão judicial. o exerce em face da Administração Indireta.
A grande maioria da doutrina entende que
3- Quanto à natureza: a tutela é uma espécie de controle externo,
A) Controle de legalidade: é o tipo de controle em que pois embora estejamos falando de entes
o ato a ser analisado deve estar de acordo com o pertencentes a Administração Pública, os
ordenamento jurídico. Pode ser exercido tanto pela entes da Administração Indireta possuem
Administração Pública como pelo Judiciário. personalidade jurídica própria e distinta do
B) Controle de mérito: é o controle em que há a aná- ente federativo que os criou.
lise do ato administrativo, baseado em critérios da
conveniência e da oportunidade. É o caso da revoga-
ção dos atos administrativos. Convém fazer breves considerações sobre os controles
administrativo, legislativo e judicial, haja vista que o critério
4- Quanto à iniciativa: da extensão acaba abrangendo todos os demais.
A) Controle de ofício: é o controle feito sem a neces-
sidade de provocação de alguém. Exemplo: instaura- 1.2 Controle Administrativo
ção de falta do servidor público mediante processo
disciplinar. Denomina-se controle administrativo aquele que o Po-
B) Controle mediante provocação: é o controle em der Executivo e os órgãos da Administração dos demais
que só pode ser feito mediante requerimento da Poderes exercem sobre a suas atividades, com a finalida-
parte. É o caso do controle judicial. de de mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades
do serviço, e as exigências técnicas e econômicas de sua
5- Quanto ao momento: realização, uma vez que envolve o controle de legalidade
A) Controle prévio: é o controle feito antes do ato e o controle de mérito dos atos administrativos. Com isso,
produzir seus efeitos no mundo concreto. Exemplo: pode-se afirmar que o controle administrativo não é res-
mandado de segurança. trito a apenas a Administração Pública, haja vista que os
B) Controle concomitante: é aquele promovido con- órgãos administrativos dos Poderes Legislativo e Judiciário
comitantemente à execução do referido ato. também podem exercer controle administrativo sobre seus
C) Controle posterior: é o controle realizado após o próprios atos.
ato produzir seus efeitos no mundo concreto. Exem- O fundamento do controle administrativo está no po-
plo: ações constitucionais para controle de atos da der de autotutela que a Administração possui para rever,
Administração. anular ou revogar os atos que seus órgãos e agentes pra-
ticam, independentemente de autorização judicial. Nos
6- Quanto ao vínculo: termos da Súmula nº 473 do STF: “A administração pode
A) Controle hierárquico: é o controle feito por autori- anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
dade superior em relação a seus subordinados. tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
B) Controle finalístico: é aquele que se materializa no revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
poder de tutela que a Administração Direta tem em respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
relação aos entes da Administração Indireta. os casos, a apreciação judicial”.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O controle administrativo se instrumentaliza por meio


de recursos administrativos, destinados a proporcionar o
reexame dos atos da Administração Pública. São eles:
A) Representação: é uma denúncia formal de irregu-
laridade, feita por qualquer indivíduo, com previsão
no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que gera à Adminis-
tração o dever-poder de apurar a irregularidade, se
houver. Trata-se, por isso, de ato vinculado.
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o
administrado, particular ou servidor público, deduz
uma pretensão perante a administração pública, vi-
sando obter o reconhecimento de um direito ou a
correção de um ato que lhe cause ou na iminência

16
de causar lesão. A interposição da reclamação não presentação pode ser apresentada por qualquer pessoa,
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, mas não há a necessidade se ser interposto por servidor pú-
a reclamação interposta dentro do prazo de 1 ano, blico, apenas. A letra D está incorreta, pois é o controle
contado da ocorrência do ato, suspende a prescrição interno que auxilia o controle externo, no exercício de
quinquenal deste. sua missão institucional (art. 74, IV, CF/1988). A letra E
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita está incorreta, pois segundo o art. 74, § 1º, da CF/1988,
à autoridade que já expediu o ato, para que o mo- os responsáveis darão ciência da irregularidade ao Tri-
difique ou o invalide, nos moldes do requerente. A bunal de Contas, não ao Ministério Público.
reconsideração não suspende a prescrição do Judi-
ciário. 1.3 Controle legislativo
D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
a autoridade superior à que praticou o ato recorrido. Embora nos dias atuais não vemos tal atuação com ta-
Pode ser interposto sem a necessidade de previsão manha frequência, o Poder Legislativo tem como uma de
legal, uma vez que a revisão dos atos pela autoridade suas funções típicas o exercício do controle, isso é, a fis-
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato calização dos atos do Executivo. As hipóteses de controle
é uma de suas tarefas inerentes. Vale ressaltar que o legislativo estão todas previstas na Constituição Federal, e
recurso hierárquico independe de caução ou qual- se divide em dois grandes grupos.
quer tipo de garantia em dinheiro, conforme dispõe O controle político tem por finalidade a proteção dos
a Súmula Vinculante nº 21 do STF. interesses superiores do Estado e da sociedade, abrangen-
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido do a fiscalização dos atos do Executivo, quanto à legalida-
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia de e quanto ao mérito. É o caso das autorizações dentro
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, por das competências das Casas parlamentares, dispostas nos
exemplo, de recurso interposto para o ente federa- arts. 49 a 52 da CF/1988. A atuação do Parlamento no con-
tivo membro da Administração Direta, sobre alguma trole político é bastante ampla e geral, seja na apuração de
entidade da Administração Indireta. Esse tipo de re- condutas irregulares, com o auxílio das Comissões Parla-
curso deve possuir previsão legal, uma vez que os mentares de Inquérito (CPIs), seja para manejar o processo
poderes inerentes à tutela não se presumem. de impeachment do Presidente da República, etc.
O controle financeiro, por sua vez, tem relação com
a fiscalização contábil e financeira, prevista no art. 70 da
CF/1988. Algumas hipóteses do controle financeiro são: o
EXERCÍCIO COMENTADO julgamento de contas do Presidente da República, a susta-
ção de contratos administrativos, o julgamento de contas
1. (CÂMARA DE INDAIATUBA-SP – CONTROLADOR IN- de outros membros do Executivo, com o auxílio do Tribunal
TERNO – VUNESP – 2018) Acerca do controle da Adminis- de Contas, etc.
tração Pública, é correto afirmar que:

a) uma das atribuições do controle interno é servir como


órgão de assessoramento da autoridade administrativa, EXERCÍCIO COMENTADO
visando assegurar a legalidade e a eficiência da gestão.
b) o controle administrativo consiste no acompanhamento 1. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – CES-
e na fiscalização dos atos administrativos, sendo prerro- PE – 2018) Vários estados da Federação enfrentavam pro-
gativa privativa do Poder Executivo. blemas relacionados à entrega de correspondências: o per-
c) a representação é a forma pela qual o servidor público, centual de cartas não entregues havia dobrado e, conforme
exclusivamente, pode levar ao conhecimento da Admi- o tipo de encomenda, os atrasos tinham quintuplicado. Em
nistração qualquer irregularidade de que tenha conhe- razão disso, um deputado federal apresentou requerimen-
cimento. to de convocação do ministro das Comunicações para que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) o controle externo apoia o controle interno por meio este prestasse esclarecimentos sobre as principais razões
da realização de auditorias nas contas dos responsáveis para essa crise dos serviços postais no Brasil. O pedido foi
pelo órgão ou pela entidade a que esteja vinculado. aprovado pela maioria absoluta do plenário, e foi efetuada
e) os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co- a convocação do ministro.
nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, Nessa situação hipotética, a Câmara Legislativa exerceu o
dela darão ciência ao Ministério Público, sob pena de controle:
responsabilidade solidária.
a) administrativo.
Resposta: Letra A. A letra B está incorreta, pois o con- b) parlamentar.
trole administrativo também pode ser exercido pelos c) judicial.
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, quando no d) interno.
exercício de função administrativa, ainda que seja atípica e) prévio.
(art. 74 da CF/1988). A letra C está incorreta, pois a re-

17
Resposta: Letra B. Pela leitura do caso no enunciado, é evolução histórica sobre a forma de atuação do Poder
fácil excluir as demais alternativas. A Câmara Legislativa Público na esfera privada. Por isso, importante analisar a
não poderia ter exercido controle administrativo/inter- evolução histórica da responsabilidade estatal, tendo como
no, uma vez que o pedido de esclarecimento foi feito foco os países ocidentais, sobretudo o Brasil.
para uma autoridade fora de sua linha hierárquica (mi- De modo geral, pode-se afirmar que a responsabilida-
nistro das Comunicações pertence ao Poder Executivo), de civil da Administração passou por três grandes fases. A
o que caracteriza hipótese de controle externo. Também primeira fase, denominada Teoria da Irresponsabilidade,
não poderia ser um controle judicial, uma vez que a Câ- adveio na época dos Estados Absolutistas, onde havia uma
mara não provocou a atuação dos magistrados, agindo concentração do poder político nas mãos de uma única
de ofício. Por fim, não poderia ser controle prévio, uma pessoa. O Monarca, assim, praticava atos que jamais pode-
vez que o efeito do atraso nas correspondências já havia riam ensejar a reparação pelos danos, uma vez que o Mo-
gerado consequências no mundo concreto, configuran- narca fazia a sua vontade ter força de lei. A fundamentação
do-se em hipótese de controle posterior. dessa soberania dos reis absolutistas era baseada na teo-
ria político-teológica de que eles eram representantes de
Deus na terra, investidos desse Poder por obra divina. Tal
1.4 Controle judicial teoria seria superada com o advento do Estado de Direito
francês, sobretudo do julgamento pelo Tribunal de Confli-
O Poder Judiciário também possui competência para tos da França, denominado Aresto Blanco, no ano de 1873.
exercer controle de atos do Executivo, o que não deve ser O julgamento consistia na imputação ao Estado do dever
de grande surpresa, uma vez que devido ao sistema de ju- de reparar danos causados por um vagão da Companhia
risdição uma e o princípio da inafastabilidade da jurisdição, Nacional de Manufatura do Fumo, que havia atropelado
todos os atos administrativos podem ser apreciados pelo uma menina enquanto brincava na rua.
Judiciário. É um tipo de controle exercido sempre mediante A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a primeira
provocação e que abrange apenas o aspecto da legalidade tentativa de explicar a imputação ao Estado do dever de
do ato administrativo (anulação judicial do ato). reparar os danos patrimoniais e demais prejuízos causados
Os instrumentos de controle judicial dos atos do pela conduta de seus agentes. Por essa corrente teórica,
Executivo todas as ações admissíveis e que tratem da ma- o Estado passaria a adquirir uma segunda personalidade
téria. É o caso, por exemplo, do mandado de segurança, denominada “fisco”, sendo esta uma personalidade patri-
do habeas data, do mandado de injunção, e das ações de monial, capaz de ressarcir os particulares pela prática de
controle de constitucionalidade. atos de gestão. Tem seu fundamento ligado às noções res-
ponsabilidade baseadas no ramo de Direito Civil, o que sig-
nifica que, para o Estado ser considerado responsável, deve
#FicaDica haver a comprovação de que houve o que denomina-se
“culpa do serviço”, isso é, deveria demonstrar que a pres-
Parte da doutrina admite a hipótese de tação do serviço público foi faltosa, não ocorreu, ou que
controle de mérito dos atos administrativos ocorreu com atraso. Essa era a grande dificuldade dessa
pelo Poder Judiciário, apreciando critérios de teoria: pelo fato da relação entre a Administração Pública e
conveniência e oportunidade, isso é, as razões o particular ser desigual, a vítima muitas vezes não possuía
que justificaram a prática daquele ato. É o caso, meios suficientes para comprovar a conduta dolosa ou cul-
por exemplo, da implementação de políticas posa do Estado. Ainda que houvesse a culpa pela má pres-
públicas, pleiteadas pelos cidadãos que passam tação do serviço público, o Estado poderia simplesmente
necessidade, mas que não são cumpridas alegar que tratava-se de “ato de império”, que não abran-
dada a inércia do Executivo em implementá- gia sua personalidade imputável. No Brasil, adotamos a
las. Apesar de ser uma posição crescente, ela teoria subjetiva no Direito Público, excepcionalmente,
é minoritária, pois a atuação do Judiciário é nos casos de omissão da Administração, ou na possi-
voltada para anular os atos administrativos, e bilidade de ação regressiva desta perante seus agentes.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não revogá-los. A terceira teoria, denominada Teoria da Responsabi-


lidade Objetiva, surge nos meados de 1946. Consiste no
afastamento da necessidade de comprovação de dolo ou
1.5 Responsabilidade civil do Estado: teorias da res- culpa do agente público, tendo por fundamento do dever
ponsabilidade de indenizar a concepção de risco administrativo. Quem
presta um serviço público, assume o risco dos prejuízos
Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia de que eventualmente causar a outrem. Não cabe, dessa for-
responsabilidade civil e extracontratual do Estado. Signi- ma, a discussão sobre aspectos subjetivos da responsabi-
fica dizer que ao Estado é imputado o dever de ressarcir lidade estatal.
particulares pelos prejuízos praticados na conduta de seus A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da res-
agentes, independente de qualquer acordo ou pacto esta- ponsabilidade objetiva, com fundamento no risco ad-
belecido. Todavia, essa concepção que temos atualmente ministrativo, admitindo excludentes ao dever de indeni-
não “brotou da terra”: ela foi o resultado de uma longa zar, conforme se depreende da leitura do art. 37, § 6º, da

18
CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responde- #FicaDica
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau-
sarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra Curioso é o caso dos danos causados pelas
o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Observe que o enchentes, sobretudo em cidades onde o
texto constitucional imputa as pessoas jurídicas de direito escoamento das águas é precário, como
privado, como sociedades de economia mista e empresas ocorre em algumas regiões da cidade de
públicas, o dever de reparar na mesma modalidade que as São Paulo. Como regra geral, o Estado não
pessoas da Administração Direta. A Lei nº 8.112/1990, que possui responsabilidade objetiva por prejuízos
dispõe sobre o regime dos servidores públicos, apresenta causados pelas enchentes, que podem ocorrer
uma seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, em locais imprevistos. Todavia, tratando-se
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. Pres- de enchentes que ocorrem com bastante
creve o art. 112 da referida Lei: “A responsabilidade civil frequência, em áreas cujo alagamento é de
decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, conhecimento comum da população, e não
que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”. havendo o devido escoamento e limpeza
Para que haja a configuração da responsabilidade civil de bueiros e encanamento subterrâneo pela
do Estado, importante a presença de três elementos: a) um Prefeitura local, entende-se que é cabível da
ato do agente público, b) dano ao particular, c) nexo de responsabilidade subjetiva do Estado, mas por
casualidade entre o dano e o ato praticado. Em relação ao omissão, devendo a vítima que sofreu danos
segundo elemento, a doutrina costuma apontar quais são com a enchente comprovar a culpa no serviço
os danos que ensejam o dever de indenizar, isso é, quais prestado.
são os denominados danos indenizáveis.
O Estado pode causar danos aos particulares por ação
ou por omissão. Quando o fato administrativo é comissivo, Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
não há questionamento acerca da culpa do Estado em sua dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
conduta. Nesse caso a responsabilidade objetiva do Estado denominada risco integral, dispõe que o Estado possui
se dará pela presença dos seus pressupostos: o fato admi- o dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
nistrativo, o dano, e o nexo causal existente entre os dois. prática de seus atos, não admitindo nenhuma excludente.
Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será Trata-se de uma variação radical, em que a Administração
preciso distinguir se a omissão constitui ou não fato gera- se transforma em um indenizador universal. Não é adota-
dor da responsabilidade civil do Estado. Isso significa que do em nenhum país, sendo adotado no Brasil somente
nem toda conduta omissiva caracteriza-se em um dever de como exceção em alguns casos específicos, como nos
indenizar. Somente quando o Estado se omitir diante do acidentes de trabalho, na indenização coberta pelo seguro
dever legal de impedir a ocorrência do dano é que será obrigatório para automóveis (DPVAT), etc.
civilmente responsável. Observe que em tais casos, há A segunda vertente, denominada teoria do risco admi-
uma análise subjetiva da conduta do Poder Público, uma nistrativo, é a adotada como regra geral no direito brasi-
vez que há a necessidade de demonstrar a culpa do servi- leiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da respon-
ço. Assim, o entendimento mais correto é de que a respon- sabilidade do Estado. Excludentes são circunstâncias que,
sabilidade civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só como o próprio nome diz, afastam o dever de indenizar
ocorrerá quando presentes os elementos que caracterizam durante a sua ocorrência. São, ao todo, três modalidades:
a culpa. A) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que o
prejuízo é consequência da intenção deliberada da
própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o referido
serviço público, acaba sofrendo danos por uma ação
tomada por ela mesma, não havendo qualquer rela-
ção com as condutas do Poder Público. É o caso, por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exemplo, de pessoa que se joga na frente de viatura


policial para ser atropelada. Não se confunde com a
culpa concorrente, que se traduz no dano causado
pela conduta recíproca do Estado e da própria víti-
ma. Neste caso, há uma análise pericial para deter-
minar os diferentes graus de culpa de cada agente,
ensejando reparação.
B) Força maior: é o evento imprevisível e involuntário
que rompe o nexo de casualidade entre o ato da Ad-
ministração e o prejuízo sofrido pela vítima. Geral-
mente são causados pela força da natureza. É o caso,
por exemplo, do desabamento de terras que arruí-
nam as casas de um bairro, devido às fortes chuvas.

19
Não se confunde com o caso fortuito, em que o dano
decorre de ato humano, ou da própria Administra- ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITOS,
ção, como o desabamento de uma estrada. O caso REQUISITOS, ATOS ORDINATÓRIOS E
fortuito enseja o dever de responsabilidade somente INVALIDAÇÃO.
se tal evento for causado pelo agente público.
C) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo é
atribuído a pessoa estranha aos quadros da Adminis- 1. Atos Administrativos
tração Pública. Dessa forma, não há como o Estado
ser imputado responsável por atos praticados por 1.1 Conceito de ato administrativo
pessoas que não fazem parte de sua composição.
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser con-
siderados atos. Mas, para o Direito, os atos são aqueles
capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como as
EXERCÍCIO COMENTADO pessoas na vida privada, a Administração Pública também
pratica atos, que são capazes de produzir efeitos jurídicos
1. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) Confor- diversos.
me o ordenamento jurídico pátrio, pode-se afirmar, sobre Os atos administrativos são as manifestações de von-
a responsabilidade objetiva do Estado: tade da Administração Pública que objetivam adquirir, res-
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos
a) não há nexo causal entre a conduta da Administração e ou impor obrigações aos particulares ou a si própria. Isso
o dano decorrente de força maior, razão pela qual em tal significa que a Administração, antes mesmo de iniciar sua
situação não se pode falar em dever de indenizar, ainda atuação, deve expedir uma declaração que exprime a sua
que provado que a culpa anônima do serviço concorreu vontade de realizar o referido ato.
para o evento. Importante frisar o caráter infra legal dos atos adminis-
b) se lícito o ato do agente público que causou o dano, este trativos, pois imprescindível é a submissão da Administra-
só implicará dever de indenizar se for antijurídico, ou ção Pública, seus agentes e órgãos à soberania popular. O
seja, anormal e especial. ato administrativo, dessa forma, deve estar previsto em lei,
c) não haverá dever de indenizar nos casos em que o prin- e seu conteúdo não pode ser contrário à lei (contra legem),
cípio da igualdade de todos na distribuição dos ônus mas complementar a ela, isso é, deve estar conforme a lei
e encargos sociais deva ceder diante do interesse da (secundum legem).
continuidade do serviço ou da intangibilidade da obra
pública. 1.2 Requisitos dos atos administrativos
d) ela não se afasta pela culpa exclusiva da vítima, uma vez
que é suficiente para sua caracterização o nexo causal Os requisitos ou elementos dos atos administrativos é
entre o ato do agente público e o dano. matéria com grande divergência doutrinária. A maioria dos
concursos públicos ainda adota a concepção mais clássica
Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois se restar dos requisitos dos atos administrativos e, por isso, daremos
comprovada a culpa anônima do serviço, o Estado pode maior destaque a ela. De modo geral, a corrente clássica,
responder por responsabilidade subjetiva, na forma defendida por autores como Hely Lopes Meirelles, tende
omissiva. A letra C está incorreta, pois haverá o princípio a atribuir aos atos administrativos cinco requisitos para a
da igualdade assegura que pode haver um dever de in- sua formação, utilizando como inspiração o preceito legal
denizar os particulares que sofrerem um dano anormal disposto no art. 2º da Lei nº 4.717/1965. São eles: a) com-
e específico decorrente da atividade da Administração petência, b) objeto, c) forma, d) motivo, e e) finalidade.
Pública. A letra D está incorreta, pois a responsabilidade Competência diz respeito à capacidade do agente pú-
estatal é afastada, sim, se restar comprovada a culpa ex- blico para o exercício dos atos administrativos. É requisito
clusiva da vítima. Trata-se de uma das três excludentes de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a lei é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de responsabilidade do Estado. quem estabelece as competências atribuídas a seus agen-


tes para o desempenho de suas funções. Quando o agente
atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu ato nulo
por excesso de poder. É, por isso, sempre um ato vincula-
do. A competência possui certas características próprias, a
saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodi-
ficável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória por-
que representa um dever do agente público. Irrenunciável
porque o agente público não pode abrir mão de sua com-
petência. Imprescritível, porque a competência perdura ao
longo do tempo, ela não caduca. Improrrogável significa
dizer que se é competente hoje, continuará sendo sempre,
exceto por previsão legal expressa em sentido contrário.

20
Intransferível, ou inderrogável, é a impossibilidade de se to posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas nem
transferir a competência de um para outro, por interesse sempre é expedido adjunto com a motivação, que nada
das partes. mais é do que a exteriorização dos motivos.
No entanto, essas características não vedam a possibi- Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática da-
lidade de delegação ou avocação, quando prevista em lei. quele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo al-
Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade é mejado é a proteção do interesse público. Sempre que o
outra característica da competência. Porém, atente-se ao ato for praticado tendo em vista o interesse alheio, será
disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem ser nulo por desvio de finalidade.
objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter norma-
tivo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as ma-
térias de competência exclusiva do órgão ou autoridade”.
Alguns atos, então, não podem ser delegados a outras au-
EXERCÍCIO COMENTADO
toridades, principalmente se tais atos são de competência
exclusiva do agente público. 1. (DPE-AM – Assistente Técnico – FCC – 2018) Desvio
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre- de poder é a denominação de um dos possíveis vícios que
tende ser almejado pela prática do ato administrativo. Todo acometem os atos administrativos, implicando invalidade.
ato administrativo tem por objeto a criação, modificação, Referido vício relaciona-se diretamente ao elemento:
ou comprovação de situações jurídicas concernentes a
pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercício do Poder a) objeto, também conhecido como conteúdo do ato.
Público. É através dele que a Administração exerce seu po- b) forma, que diz respeito às formalidades essenciais à exis-
der, concede um benefício, aplica uma sanção, declara sua tência do ato.
vontade, estabelece um direito do administrado, etc. Pode c) finalidade do ato, podendo, também, estar vinculado à
não estar previsto expressamente na legislação, cabendo competência.
ao agente competente a opção que seja mais oportuna e d) pressuposto fático, que leva à inexistência do ato.
conveniente ao interesse público. A definição de objeto do e) motivos de fato, em razão, no Brasil, da teoria dos moti-
ato administrativo trata-se, por isso, de ato discricionário. vos determinantes.
A forma é o modo através do qual se exterioriza o ato
Resposta: Letra C. Desvio de poder é hipótese de vício
administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à forma
de ato administrativo praticado com finalidade diversa
do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato vinculado,
daquela legalmente prevista. Por haver uma sobreposi-
quando exigida por Lei, e discricionário quando a sua es-
ção de interesses particulares do agente público em face
colha couber ao próprio agente público. Em regra, os atos
do interesse público, trata-se de ato inválido, sujeito a
administrativos são sempre exteriorizados por escrito, mas
anulação com efeitos retroativos.
podem também ser orais, gestuais, ou até mesmo expedi-
dos por máquinas. O art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina
que “os atos do processo administrativo não dependem de 1.3 Atributos dos atos administrativos
forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir”. Atributos são as características dos atos administrati-
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que de- vos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois es-
termina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação fática tão submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas ca-
que justifica a realização do ato. Situação de fato é o con- racterísticas traduzem em prerrogativas concedidas à Ad-
junto de circunstâncias que motivam a realização do ato; ministração Pública para que ela possa atender de maneira
questões de direito é a previsão legal que leva à realização adequada às necessidades da população.
do ato. Pode ser tanto requisito vinculado como discricio- A doutrina mais moderna faz referência a cinco atribu-
nário, dependendo do comando legal imposto aos agen- tos distintos:
tes. O motivo será vinculado quando a lei expressamente a) presunção de legitimidade e veracidade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

obrigar o agente a agir de uma certo modo, como na hi- b) imperatividade;


pótese de lançamento tributário (o fiscal da Receita não c) exigibilidade;
tem direito de escolha, se deve ou não fazer o lançamento). d) autoexecutoriedade; e
Situação diversa é a do pedido de demissão de servidor e) tipicidade.
público no caso de incontinência pública (art. 132, V, da Lei
nº 8.112/1990), hipótese em que a autoridade competente A presunção de legalidade, significa que todo ato ad-
tem maior liberdade para avaliar se a demissão é realmente ministrativo é considerado válido no âmbito jurídico, até
ato necessário ou não, dependendo do caso concreto. surgir prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade,
Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus- ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite, então
tificativa para a realização de determinado ato. O motivo presume-se que o fez respeitando a lei. Nosso Direito ad-
ocorre em momento anterior a prática do ato, enquanto mite duas formas de presunção: presunção juris et de jure
que a motivação, por ser uma série de explicações que que significa “de direito e por direito”, é presunção abso-
justificam a expedição do ato, ocorre sempre em momen- luta, que não admite prova em contrário. Temos também

21
a presunção juris tantum, resultante do próprio direito e,
embora por ele estabelecida com verdadeira, admite pro- #FicaDica
va em contrário. A presunção dos atos administrativos é
juris tantum. A presunção atinge todos os atos, inclusive A tipicidade é característica marcante da
aqueles praticados pela Administração com base no direito expropriação de bens particulares pelo
privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Adminis- Poder Público. É o caso de desapropriação
tração Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro. administrativa, hipótese em que o Poder Público
A imperatividade, compreendida também como coerci- tem a prerrogativa de tirar da esfera de alguma
bilidade, os atos administrativos se impõem aos destinatá- pessoa física a titularidade sobre bem imóvel,
rios, independentemente de sua concordância, outorgan- transformando-o em bem público. Para tanto,
do-lhes deveres e obrigações. A imperatividade garante ao deve realizar um procedimento envolvendo
Poder Público a capacidade de produzir atos que geram aspectos mais complexos, como a declaração
consequências perante terceiros. A justificativa da criação de utilidade ou necessidade pública (art. 5º,
unilateral, ainda que contra a vontade dos administrados, XXIV, da CF/1998), bem como a necessidade
dos atos administrativos é o Poder coercitivo do Estado, de prévia indenização ao particular que teve
também denominado Poder Extroverso. Esse não é um atri- seu bem expropriado, em pecúnia (art. 182, §
buto comum a todos os atos, mas tão somente aos que im- 3º, da CF/1988).
põem obrigações aos administrados. Assim, não têm essa
característica os atos que outorgam direitos (autorização,
permissão, licença), bem como aqueles meramente admi- 1.4 Classificação dos atos administrativos
nistrativos (certidão, parecer).
A exigibilidade consiste no atributo que permite à Ad- Atos administrativos existem dos mais variados tipos.
ministração Pública aplicar sanções aos particulares por Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, for-
violação da ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer mando-se uma verdadeira classificação desses atos. Por-
ao processo judicial, que é demasiado longo e repleto de tanto, passemos a analisar as diversas modalidades de atos
solenidades. A exigibilidade permite ao Administrador apli- administrativos, observando os seguintes critérios:
car as sanções administrativas, como multas, advertências,
e interdição de estabelecimentos comerciais. 1- Quanto ao grau de liberdade
A autoexecutoriedade permite que a Administração Pú- A) Atos vinculados: são aqueles praticados pela Admi-
blica possa realizar a execução material de seus atos. A ex- nistração Pública sem nenhuma liberdade de atuação.
pressão “auto” advém do fato de que o Poder Público não A lei define todas as margens de sua conduta. Ha-
necessita de autorização judicial para desconstituir a situa- vendo vício no ato vinculado, pode-se pleitear a sua
ção irregular e violadora da ordem jurídica, o que a difere anulação e não a revogação, pois trata-se de vício de
da exigibilidade, que não tem o condão de, por si só, des- legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de
constituir a irregularidade do ato, apenas pune o infrator. aposentadoria para o contribuinte beneficiário.
Para tanto, necessita da presença de dois requisitos: a pre- B) Atos discricionários: a lei também estabelece uma
visão legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter série de regras para a prática de um ato, mas deixa
de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo. Assim, certo grau de liberdade ao agente público, que po-
não há necessidade de intervenção judicial nas hipóteses derá optar por um entre vários caminhos igualmente
de: apreensão de mercadorias contrabandeadas, na demo- válidos. Há uma avaliação subjetiva prévia à edição
lição de construção irregular, na interdição de estabeleci- do ato. É o caso das permissões para o uso de bem
mento comercial irregular, entre outros. Todavia, afirmar público.
que a execução independe de manifestação do Judiciário
não significa dizer que escapa do controle judicial. Poderá 2- Quanto à formação de vontade:
ser levado ao crivo, mas somente a posteriori, depois de A) Atos simples: são aqueles que nascem da manifes-
seu cumprimento, se houver provocação da parte interes- tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sada. As medidas judiciais mais adequadas para contestar pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado
a força coercitiva administrativa são o mandado de segu- (composto por várias pessoas). O ato que altera o ho-
rança e o habeas data (art. 5º, LXIX e LXVIII, da CF/1988). rário de atendimento da repartição pública, emitido
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar as por uma única pessoa, bem como a decisão adminis-
finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada espé- trativa do Conselho de Contribuintes do Ministério
cie de ato administrativo. Dependendo da finalidade que da Fazenda, que expressa vontade única apesar de
o Poder Público almeja, existe um ato definido em lei. A ser órgão colegiado, são exemplos de atos simples.
lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas con- B) Atos complexos: são aqueles que se formam pela
sequências, promovendo ao particular a garantia de que união de várias vontades, isso é, que necessitam da
a Administração Pública não fará uso de atos inominados, manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
sem tipificação, que impõe obrigações cuja previsão legal diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
não existe. É um atributo que deriva do próprio princípio órgãos competentes não se manifestarem da forma
da legalidade. devida, o ato não estará perfeito.

22
C) Atos compostos: é aquele que advém de manifesta- B) Atos de gestão: são expedidos pela Administração,
ção de apenas um órgão. Porém, para que produza em posição de igualdade em relação aos administra-
efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência de dos. É o caso da alienação de bem público.
outro ato, que o homologa, como condição para a C) Atos de expediente: são atos internos, elaborados
executoriedade daquele ato. Costuma-se afirmar que por autoridade subalterna, que não tem capacidade
o ato posterior é acessório do anterior, pois a mani- decisória. Exemplo: numeração dos autos no proces-
festação do segundo ato não possui a mesma maté- so judicial.
ria do primeiro: ele apenas complementa a aplicação
deste. Exemplo: a nomeação de servidor público, que 6- Quanto à exequibilidade:
deve sempre anteceder a sua aprovação em concur- A) Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu
so público. processo de formação, e estão prestes a produzir
seus efeitos. Perfeição não se confunde com valida-
3- Quanto aos destinatários: de, pois um ato válido pode não ser obrigatoriamen-
A) Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter te perfeito.
abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui- B) Atos imperfeitos: são os que ainda não completa-
tos, mas unidos por características em comum, que ram seu processo de formação, e por isso mesmo,
os faz destinatários do mesmo ato. Para produzirem não estão aptos a produzirem efeitos. Atos imper-
seus efeitos, já que externos, devem ser publicados feitos geralmente necessitam de outro ato que o ho-
na imprensa oficial. Exemplos: os editais de concurso mologue.
público, as instruções normativas. C) Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a con-
B) Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo dição ou termo para começar a produzir efeitos. Seu
definido de destinatários. É o caso, por exemplo, de ciclo de formação está concluído, porém depende
alteração de horário de funcionamento de uma repar- ainda de um evento para tornar-se apto a produzir
tição pública. Tal ato, evidentemente, somente é do in- efeitos.
teresse daqueles funcionários. A publicidade é atendi- Os critérios apresentados não são exaustivos: há outras
da apenas com a comunicação dos interessados, visto formas de classificação dos atos administrativos ado-
que é um ato interno da Administração Pública. tadas por diversos autores. Escolhemos apresentar
C) Atos individuais: são aqueles destinados a apenas um aqueles que têm mais chances de aparecer em uma
único destinatário. Exemplo: a promoção de um deter- questão de concurso público.
minado servidor público. A exigência da publicidade
depende somente da comunicação do interessado, não
há necessidade de publicação pelo Diário Oficial.
EXERCÍCIO COMENTADO
4- Quanto aos efeitos:
A) Atos constitutivos: são aqueles que geram uma 1.(TRT-PE – Técnico Judiciário – FCC – 2018) Um particular
nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser interessado em obter porte de arma solicitou à Administra-
pela outorga de um novo direito, como permissão ção consentimento para tanto. Nesta hipótese, a manifes-
de uso de bem público, ou a imposição de uma obri- tação positiva da Administração, que demanda análise de
gação, como estabelecer um período de suspensão. aspectos subjetivos do requerente, consistirá em um ato
B) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma administrativo:
situação já existente, seja de fato ou de direito. Não
cria, transfere ou extingue situação jurídica, apenas a) unilateral e vinculado, que faculta o uso, sem restrições,
a reconhece. É o caso da expedição de uma certidão quando o particular preencher as condições objetivas
de tempo de serviço. necessárias e previstas em lei.
C) Atos modificativos: são os que tem capacidade de b) vinculado, de natureza bilateral, que se denomina licen-
alterar a situação já existente, sem que seja extinta. ça.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Todavia, não tem o condão de criar direitos e obriga- c) discricionário e precário, que se denomina licença e se
ções. Exemplo: a alteração do horário de atendimen- fundamenta no poder disciplinar.
to da repartição d) discricionário, mas não precário, bilateral, podendo de-
D) Atos extintivos: também denominados atos des- nominar-se licença ou autorização, indistintamente.
constitutivos, são aqueles que põem termo a um di- e) unilateral, discricionário e precário, que se denomina au-
reito ou dever pré-existentes. Exemplo: a demissão torização.
de servidor público.
Resposta: Letra E. No caso mencionado, é evidente que
5- Quanto ao objeto: o interesse pelo porte de arma é somente do particular.
A) Atos de império: são aqueles praticados pela Ad- A análise das condições, nesse caso, estão submetidas
ministração em posição de superioridade perante os aos requisitos de conveniência e oportunidade (“aspec-
particulares, como na imposição de multa por infra- tos subjetivos do requerente”). Não se trata de ato vin-
ção administrativa. culado, logo, jamais poderia ser a licença. A autorização

23
é ato administrativo discricionário e precário pelo qual a
Administração autoriza o particular a exercer determina-
da atividade que seja de seu interesse. EXERCÍCIO COMENTADO

(AL-RS – Analista Legislativo – FUNDATEC – 2018) Con-


1.5 Espécies de atos administrativos: siderando o entendimento da clássica e majoritária doutri-
na administrativista, quanto às espécies de atos adminis-
Os atos administrativos tipificados pela legislação bra- trativos, é incorreto afirmar que:
sileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para fins
didáticos, uma sistematização dos atos administrativos. A a) A instrução normativa pode ser classificada como ato
doutrina divide os atos administrativos previstos da legis- administrativo negocial.
lação em cinco espécies distintas: b) O alvará é ato administrativo que formaliza o consenti-
A) Atos normativos: são aqueles que apresentam co- mento da administração pública para o exercício de ati-
mandos gerais e abstratos para o cumprimento da vidades pelos particulares.
lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar c) O parecer é considerado ato administrativo que exte-
tais atos “leis em sentido material”. São atos nor- rioriza manifestação técnica de caráter opinativo, salvo
mativos: os decretos e regulamentos; as instruções previsão legal em contrário.
normativas; os regimentos; as resoluções; e as deli- d) O regimento interno é ato administrativo normativo.
berações. e) As certidões podem ser classificadas como atos adminis-
B) Atos ordinatórios: correspondem a manifestações trativos enunciativos.
internas da Administração Pública decorrentes do
poder hierárquico, estabelecendo regras de funcio- Resposta: Letra A. A instrução normativa é modalida-
de de ato normativo, que apresenta comandos gerais
namento de seus órgãos internos e regras de condu-
e abstratos para o fiel cumprimento da lei. Os atos ne-
ta de seus agentes. Tais atos não podem disciplinar
gociais, por sua vez, são aqueles que manifestam uma
as condutas dos particulares. São atos ordinatórios:
declaração de vontade do Poder Público coincidente
as instruções; as circulares; os avisos; as portarias; os
com a pretensão do particular, visando à concretização
ofícios; as ordens de serviço; os despachos; entre ou-
de negócios jurídicos públicos ou à atribuição de certos
tros.
direitos ou vantagens ao interessado.
C) Atos negociais: são aqueles que manifestam a von-
tade da Administração em consonância com o in-
teresse dos particulares. Exemplos: a licença, a au- 1.6 Invalidação dos atos administrativos
torização, a permissão, a concessão, a aprovação, a
homologação, a renúncia, etc. Os atos negociais po- Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. Eles
dem ser vinculados (licença) ou discricionários (au- são criados, começam a produzir efeitos, e depois de um
torização), definitivos ou precários, sendo passíveis tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais detalhes
de revogação pelo Poder Público a qualquer tempo. justamente o desaparecimento dos atos administrativos,
A característica especial desses atos é que eles não embora seja preferível utilizar o termo “extinção” (ou “inva-
disciplinam direitos, e sim interesses dos particulares. lidação”) dos atos administrativos.
D) Atos enunciativos: também denominados “atos de Para melhor compreensão do tema, a doutrina utiliza-
pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam a -se de uma sistematização das formas de extinção dos atos
existência de uma situação jurídica peculiar. Tais atos administrativos. A principal divisão que deve ser feita é em
possuem caráter predominantemente declaratório. relação a produção de efeitos: existem atos administrativos
São atos enunciativos: as certidões; os atestados; os eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, o ato pode ser
pareceres; etc. extinto pela retirada, ou pela sua recusa pelo beneficiário.
E) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são Tratando-se de atos eficazes, há quatro formas de distinção
os atos que aplicam sanções aos particulares, ou aos dos atos administrativos:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servidores que pratiquem condutas irregulares, nos A) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos:
termos da lei. São atos punitivos: as multas, as inter- é a extinção que ocorre pelo cumprimento integral
dições; e a destruição de coisas. dos efeitos do ato administrativo. É a extinção natural
esperada por todo ato administrativo. Pode ocorrer
mediante: a.1) esgotamento do conteúdo, como a
vacinação de enfermos após expedição de ordem de
entrega das vacinas; a.2) execução da ordem, como
o guinchamento de veículo; a.3) implemento de
condição resolutiva ou termo final, como o prazo
final para renovação da CNH.
B) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes-
soa ou objeto: os atos administrativos podem dizer
respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um

24
desses elementos, o ato extingue-se automatica- rio. A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e
mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas “de- autotutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº
saparecem” com seu falecimento, como a morte de 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF. A anula-
servidor público que receberia promoção; e as coisas ção realizada pela própria Administração ocorre mediante
com a sua ruína ou destruição, como o desabamento a expedição de ato anulatório. Suas características princi-
de prédio que recebeu licença para a sua reforma. pais são: é ato secundário, constitutivo, e vinculado. Tanto
C) Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio be- a Administração como o Poder Judiciário podem decretar
neficiário abre mão da situação proporcionada pelo a anulação de ato administrativo. Outra característica im-
ato administrativo. É o caso da exoneração de cargo portante é o prazo definido pelo caput do art. 54 da Lei nº
público a pedido do seu ocupante. 9.784/1999: “O direito da Administração de anular os atos
D) Retirada do ato: é a forma mais importante de extin- administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
ção dos atos administrativos, para os concursos pú- destinatários decai em cinco anos, contados da data em
blicos. É a extinção que se dá pela expedição de um que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. O prazo
segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis- decadencial de cinco anos é atributo exclusivo da anulação.
trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades, Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar que o
que serão vistas com maiores detalhes: revogação, ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o seu defeito
anulação, cassação, caducidade, e contraposição. constatado desde a sua concepção. Por isso, a anulação deve
desconstituir os efeitos desde a data da prática daquele ato. Po-
Revogação é a extinção de ato administrativo que en- demos afirmar, então, que a anulação possui efeito retroativo,
contra-se perfeito e apto a produzir seus efeitos, praticado ou ex tunc. Em regra, não gera ao particular direito à indeniza-
pela própria Administração Pública, fundada em razões de ção pela anulação de ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido
conveniência e oportunidade, sempre almejando a prote- dano anormal para ocorrência, do qual não tenha participado.
ção do interesse público. Nessa hipótese, ocorre uma causa Cassação são as hipóteses em que o administrado deixa
superveniente, que altera o juízo de conveniência e opor- de preencher condição necessária para a permanência da
tunidade sobre a permanência de ato discricionário, obri- referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada
gando a Administração a expedir um segundo ato capaz por pessoa enferma.
de revogar esse ato anterior. O conceito de revogação tem A caducidade, também denominada decaimento, con-
previsão no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: “A Administração siste na modalidade de extinção de ato administrativo em
deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de consequência de norma jurídica superveniente, a qual im-
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência pede a permanência da situação anteriormente consenti-
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. So- da. Como não pode produzir efeitos automaticamente, é
bre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A admi- necessária a prática de um ato secundário, determinando
nistração pode anular seus próprios atos, quando eivados a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do direito de
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se origi- comercializar em área que passa a ser considerada exclusi-
nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência vamente residencial.
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res- Contraposição é o modo de extinção que ocorre com
salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. a expedição de um segundo ato, fundado em competência
Por tratar-se de questão de mérito, a revogação so- diversa, cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É
mente pode ser decretada pela própria Administração uma espécie de revogação praticada por autoridade distin-
ta da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
Pública. É, também, decorrência do princípio da autotute-
funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.
la: a Administração Pública tem competência para anular
e revogar seus atos, sendo descabido a manifestação do
Poder Judiciário nos atos administrativos discricionários. A
revogação é elaborada pela mesma autoridade que prati- EXERCÍCIO COMENTADO
cou o ato principal. O ato revocatório é sempre secundá-
rio, constitutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. (SEFAZ-RS – Auditor do Estado – CESPE – 2018) De-


ato administrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e terminado prefeito exarou ato administrativo autorizando
eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação atinge o uso de bem público em favor de um particular. Pouco
somente os atos discricionários: para os atos vinculados, tempo depois, lei municipal alterou o plano diretor, no que
a medida cabível é a anulação. tange à ocupação do espaço urbano, tendo proibido a des-
Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não tinação de tal bem público à atividade particular.
pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signifi- Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo de
ca que a revogação produz efeitos futuros, não retroativos, autorização de uso de bem público extingue-se por
ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se sentiu
prejudicado com a referida medida, ingressar em juízo com a) revogação.
pedido de indenização contra a Administração. b) anulação.
A anulação é a extinção de ato administrativo defeituo- c) contraposição.
so, pois carece de legalidade, podendo ser expedido pela d) caducidade.
Administração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciá- e) cassação.

25
Resposta: Letra D. Pela leitura do enunciado, podemos ção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento
perceber que a extinção da referida autorização de uso dos fins da Administração Pública. Trata-se de lei federal, apli-
de bem público se deu pela edição de lei municipal que cável somente no âmbito da União, com incidência no Poder
alterou o plano diretor da cidade. A única hipótese ca- Executivo, e também nos Poderes Legislativo e Judiciário, no
bível é a caducidade, por ser justamente hipótese de exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ pacificou
extinção de ato administrativo devido a norma jurídica entendimento de que a referida Lei de Processo Administrati-
superveniente que altera, ou impede a permanência da vo pode ser aplicável, subsidiariamente, às demais entidades
situação jurídica anterior. federais que não possuam lei própria versando sobre o tema.
Com base nessas considerações, passemos a destacar
alguns pontos importantes da referida legislação. De iní-
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR cio, o art. 1º, § 2º da Lei nº 9.784/1999 procura delimitar
três importantes conceitos. Órgão é a unidade de atuação
integrante da estrutura da Administração direta e da estru-
1. Processo Administrativo Disciplinar tura da Administração indireta; entidade é a unidade de
atuação dotada de personalidade jurídica; e autoridade é
A necessidade de se instaurar um processo, isso é, uma o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
sequência de atos para o exercício da jurisdição, tem seu
fundamento no princípio constitucional do devido proces- 1.1 Princípios do processo administrativo
so legal. O devido processo legal pode ser compreendido
como o “escudo da humanidade” contra a prática de atos O caput do art. 2º da Lei nº 9.784/1999 elenca os prin-
abusivos por parte do Estado. Seu fundamento legal está cípios pelos quais a Administração Pública tem o dever de
previsto no art. 5º, LIV, da Constituição Federal, o qual as- obedecer e que regem o processo administrativo. São eles:
segura que ninguém será privado da liberdade ou de seus A) Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e o
bens sem o devido processo legal. direito positivado.
A obrigatoriedade do devido processo legal não se B) Impessoalidade: tem por objetivo vedar a promo-
aplica somente à seara judicial, mas também vincula a Ad- ção pessoal de agentes e autoridades
ministração Pública e o Poder Legislativo, pois no moder- C) Finalidade: a persecução do interesse público é
no Estado de Direito, a validade das decisões praticadas primordial na conduta dos agentes administrativos,
por órgãos e agentes governamentais está condicionada pois é o seu objetivo maior.
ao cumprimento de um rito procedimental previamente D) Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve
estabelecido. Por isso, é de grande importância o estudo seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé.
do processo administrativo disciplinar, que visa a dar maior E) Publicidade: o dever de transparência que resulta a
transparência e garantia do exercício de uma boa Adminis- publicação dos atos administrativos de relevante in-
tração para os particulares. teresse para a população.
F) Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
linha lógica e adequação entre o fim almejado e o
#FicaDica meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar
exageros.
Processo ou procedimento administrativo? G) Obrigatória motivação: as decisões tomadas pelas
Embora sejam termos similares, não são autoridades devem conter pressupostos de fato e de
sinônimos. “Processo” é o termo utilizado para direito que justifiquem as mesmas.
designar a relação jurídica estabelecida entre H) Segurança jurídica: exige que a interpretação das
as partes e, por isso, denomina-se processo normas administrativas seja sempre a que melhor
administrativo o vínculo estabelecido entre atenda aos interesses dos administrados, sendo ve-
o Poder Público e o particular para a tomada dada sua aplicação retroativa, pois isso feriria o ato
de uma decisão. “Procedimento”, por sua jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vez, refere-se a uma sequência ordenada de I) Contraditório e ampla defesa: para cada ato e cada
atos que culminam na tomada da decisão. alegação feita no processo em questão, é assegu-
Procedimento é o meio pelo qual se atende rado o direito de manifestação da parte contrária,
aos fins do processo. principalmente nos processos em que resultem em
sanções e nas situações de litígio.

1.1 Processo Administrativo e a Lei nº 9.784/1999 1.1.2 Direitos e deveres dos administrados

Com o objetivo de regulamentar a disciplina constitu- O termo “administrado”, hoje com pouca utilização, é
cional do processo administrativo, a Lei nº 9.784/1999, de- usado na referida Lei para designar o usuário ou cidadão
nominada “Lei do Processo Administrativo”, dispõe sobre que é administrado pelo Poder Público. A Lei nº 9.784/1999
normas básicas sobre o referido processo no âmbito da elenca uma série de direitos e deveres aos referidos admi-
Administração Federal direta e indireta, visando a prote- nistrados.

26
Assim, os usuários e cidadãos possuem as seguintes ga- requerente ou local para recebimento de comunicações; d)
rantias (art. 3º): a) ser tratado com respeito pelas autorida- formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
des e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus fundamentos; e e) data e assinatura do requerente ou de
direitos e o cumprimento de suas obrigações; b) ter ciência seu representante.
da tramitação dos processos administrativos em que tenha Quanto à legitimidade para a instauração do processo,
a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias o art. 9º da mesma Lei elenca um rol taxativo de interes-
de documentos neles contidos e conhecer as decisões pro- sados:
feridas; c) formular alegações e apresentar documentos an- I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titu-
tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo lares de direitos ou interesses individuais ou no exercício
órgão competente; d) fazer-se assistir, facultativamente, do direito de representação;
por advogado, salvo quando obrigatória a representação, II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm di-
por força de lei. reitos ou interesses que possam ser afetados pela deci-
Por outro lado, o art. 4º da Lei de Processo Administra- são a ser adotada; I
tivo elenca os deveres a ser cumpridos pelos administrados II - as organizações e associações representativas, no to-
no decurso do processo: a) expor os fatos conforme a ver- cante a direitos e interesses coletivos;
dade; b) proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; c) IV - as pessoas ou as associações legalmente constituí-
não agir de modo temerário; e d) prestar as informações das quanto a direitos ou interesses difusos. Em termos de
que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento capacidade processual, o art. 10 dispõe que são consi-
dos fatos. derados capazes os maiores de dezoito anos, ressalvada
previsão especial em ato normativo próprio.
(AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – IDE-
CAN – 2018) De acordo com a Lei 9.784/99, o administra- 1.1.4 Competência, forma, tempo e lugar
do tem os seguintes direitos perante a Administração, sem
prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: Nos termos do art. 11 da Lei de Processo Administrati-
I. formular alegações e apresentar documentos, os quais vo, a competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
serão objeto de consideração pelo órgão competente no administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
prazo máximo de 10 (dez) dias; casos de delegação e avocação legalmente admitidos. A
II. ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, delegação é o fenômeno pelo qual uma autoridade distri-
que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cum- bui suas competências para uma entidade ou órgãos dis-
primento de suas obrigações; tintos, podendo estar na mesma linha hierárquica ou não,
III. não haver cobrança por despesas processuais. embora haja alguns casos em que a delegação é legalmen-
te vedada, como a edição de atos de caráter normativo, a
Assinale: decisão de recursos administrativos, e as matérias de com-
petência exclusiva da autoridade.
a) se somente o item I estiver correto. A avocação, por sua vez, traduz-se na absorção de
b) se somente o item II estiver correto. competências, hipótese em que o órgão ou o titular chama
c) se somente o item III estiver correto. para si atribuições de competência de órgão hierarquica-
d) se somente os itens I e III estiverem corretos. mente inferior.
e) se somente os itens II e III estiverem corretos. Em relação a forma, a lei citada não atribui nenhum
requisito solene para o processo administrativo, apenas
Resposta: Letra B. A assertiva I está incorreta, pois a Lei exige que os atos processuais deverão ser produzidos por
nº 9.784/1999 não dispõe de prazo para o órgão apre- escrito, em vernáculo, com data e local de sua realização e
ciar as alegações do administrado. A assertiva II está assinatura da autoridade responsável. Os atos são realiza-
correta, é o texto do art. 3º, I, da Lei de Processo Admi- dos em dias úteis, no horário de funcionamento da reparti-
nistrativo. A assertiva III está incorreta, pois a referida Lei ção na qual tramita o processo.
admite a hipótese de cobrança de despesas processuais,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desde que estejam previstas em lei (art. 2º, XI, idem). 1.1.5 Dever de decidir e desistência

A Administração Pública tem o dever de emitir decisão


1.1.3 Instauração e legitimidade expressa nos processos administrativos e sobre as solicita-
ções e reclamações que receber, uma vez que faz parte de
A Administração Pública apresenta uma dinamicidade sua competência. Trata-se de uma consequência lógica do
muito maior do que o Judiciário, uma vez que pode agir de direito de petição, constitucionalmente garantido a todo
ofício, isso é, sem a provocação do interessado. É possível, cidadão. Encerrada a instrução, terá o prazo de até 30 (trin-
evidentemente, que o processo administrativo possa ser ta) dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
instaurado a requerimento, o qual deverá ser formulado expressamente motivada.
por escrito e constar os seguintes elementos: a) órgão ou Admite-se a desistência do processo, por parte do in-
autoridade administrativa a que se dirige; b) identificação teressado, nos termos do art. 51 da referida Lei. Para tan-
do interessado ou de quem o represente; c) domicílio do to, deverá o interessado manifestar-se por escrito, com o

27
pedido de desistência total ou parcial do pleito, ou ainda Detalhe importante que merece destaque é o expos-
renunciar direitos disponíveis. A desistência ou renúncia do to no art. 64 da Lei nº 9.784/1999: “O órgão competente
interessado, conforme o caso, não prejudica o prossegui- para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular
mento do processo, se a Administração considerar que o ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se
interesse público assim o exige. a matéria for de sua competência”. Logo, percebe-se que
o referido dispositivo legal permite a reformatio in pejus
1.1.6 Recursos administrativos da decisão administrativa, o que pode acarretar em uma
decisão que agrave ainda mais a situação do recorrente.
Todas as decisões adotadas em processo administrati- Todavia, o parágrafo único do mesmo artigo dispõe que o
vo são passíveis de recurso, em que haverá um reexame recorrente, nessa hipótese, deverá ser cientificado para que
quanto a questões de legalidade e de mérito dos atos ad- formule suas alegações antes da decisão.
ministrativos objeto do litígio. O recurso deve ser dirigido
à autoridade que proferiu a decisão para que, no prazo de
5 dias, tenha a oportunidade de reconsiderar sua decisão.
Se não o fizer, encaminhará a peça recursal para a autori- EXERCÍCIO COMENTADO
dade hierarquicamente superior, se for recurso hierárquico
próprio, ou para a entidade que exerce tutela sobre a que 1. (DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) O re-
proferiu a decisão, tratando-se de recurso hierárquico im- curso administrativo é meio hábil para propiciar o reexame
próprio. O prazo para a interposição do recurso cabível é da atividade da Administração por razões de legalidade ou
de 10 (dez) dias, contados a partir da divulgação oficial da de mérito. O recurso hierárquico impróprio é aquele diri-
decisão administrativa. Vejamos, em detalhes, os principais gido:
recursos administrativos:
A) Representação: é uma denúncia formal de irregu- a) à autoridade ou instância superior do mesmo órgão ad-
laridade, feita por qualquer indivíduo, com previsão ministrativo, pleiteando revisão do ato recorrido por ter-
no art. 37, § 3º, III, da CF/1988, e que gera à Adminis- ceiro interessado.
tração o dever-poder de apurar a irregularidade, se b) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à repartição
houver. Trata-se, por isso, de ato vinculado. que expediu o ato recorrido, mas com competência jul-
B) Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o gadora expressa.
administrado, particular ou servidor público, deduz c) pela parte, à autoridade ou órgão estranho à repartição
uma pretensão perante a administração pública, vi- que expediu o ato recorrido, sem a necessidade de com-
sando obter o reconhecimento de um direito ou a petência julgadora expressa, bastando estar, de alguma
correção de um ato que lhe cause ou na iminência forma, em posição hierárquica superior em relação à au-
de causar lesão. A interposição da reclamação não toridade recorrida.
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, mas d) à mesma autoridade que expediu o ato, para que o in-
a reclamação interposta dentro do prazo de 1 ano, valide ou o modifique, e, por isso, apesar de consistir em
contado da ocorrência do ato, suspende a prescrição reanálise é imprópria, pois não é dirigida à autoridade
quinquenal deste. ou órgão hierarquicamente superior.
C) Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita e) em forma de denúncia formal, à autoridade superior,
à autoridade que já expediu o ato, para que o mo- dando conta de irregularidades internas ou abuso de
difique ou o invalide, nos moldes do requerente. A poder na prática de atos da Administração, feita pela
reconsideração não suspende a prescrição do Judi- parte atingida diretamente pela irregularidade ou abuso
ciário. de poder.
D) Recurso hierárquico próprio: é aquele endereçado
a autoridade superior à que praticou o ato recorrido. Resposta: Letra B. A letra A está incorreta, pois há
Pode ser interposto sem a necessidade de previsão um rol de legitimados para a interposição do recurso
legal, uma vez que a revisão dos atos pela autoridade hierárquico próprio, o que significa que não pode ser
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

hierarquicamente superior àquela que praticou o ato pleiteado por terceiro. A letra C está incorreta, pois o
é uma de suas tarefas inerentes. Vale ressaltar que o endereçamento do recurso hierárquico próprio é feito
recurso hierárquico independe de caução ou qual- à autoridade que se situa na mesma linha organizacio-
quer tipo de garantia em dinheiro, conforme dispõe nal da autoridade recorrida, em posição hierarquica-
a Súmula Vinculante nº 21 do STF. mente superior. A letra D está incorreta, pois o recur-
E) Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido so hierárquico impróprio é aquele dirigido ao ente da
a autoridade que não ocupa posição de hierarquia Administração Direta que exerce poder de tutela sobre
em relação ao ente que praticou o ato. É o caso, por a autoridade ente da Administração Indireta. A letra E
exemplo, de recurso interposto para o ente federa- está incorreta pois o recurso hierárquico traduz-se em
tivo membro da Administração Direta, sobre alguma um pedido, um pleito. A denúncia forma é característica
entidade da Administração Indireta. Esse tipo de re- da representação administrativa.
curso deve possuir previsão legal, uma vez que os
poderes inerentes à tutela não se presumem.

28
4. (PC-SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP –
2018) Lei estadual que vede a realização de processo sele-
HORA DE PRATICAR! tivo para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e pe-
las entidades do poder público estadual fere o princípio da:
Item 1: ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a) eficiência.
1. (PC-AC – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – 2017) b) legalidade.
Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo e Admi- c) impessoalidade.
nistração Pública, é correto afirmar que: d) segurança jurídica.
e) continuidade do serviço público.
a) governo democraticamente eleito e Estado são noções
intercambiáveis para o Direito Administrativo. 5. (PC-BA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP –
b) um órgão público estadual pode ser criado por meio de 2018) Se um determinado agente público se vale de uma
Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou por competência que lhe é legalmente atribuída para praticar
meio de Portaria de Secretário de Estado, desde que edi- um ato válido, mas que possui o único e exclusivo objetivo
tada por delegação do Governador. de prejudicar um desafeto, é correto afirmar que tal con-
c) fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar a duta feriu o princípio da:
relação existente entre Administração Pública e seu cor-
po de agentes públicos. a) finalidade, que impõe aos agentes da Administração o
d) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é re- dever de manejar suas competências obedecendo rigo-
presentada pelos agentes públicos e seus bens.
rosamente à finalidade de cada qual.
e) o órgão público é desprovido de personalidade jurídica. As-
b) supremacia do interesse público sobre o interesse priva-
sim, eventual prejuízo causado pela Assembleia Legislativa
do, que é princípio geral de direito inerente a qualquer
do Estado do Acre deve ser imputado ao Estado do Acre.
sociedade.
c) razoabilidade, pelo qual o Administrador, na atuação
2. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL
discricionária, terá de obedecer a critérios aceitáveis do
– CESPE – 2018) Acerca da organização da administração
ponto de vista racional, com o senso normal.
pública brasileira, julgue o item subsequente.
d) proporcionalidade, já que a Administração não deve to-
Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Brasil, so-
mente é administração pública aquilo determinado como tal mar medidas supérfluas, excessivas e que passem do es-
pelo ordenamento jurídico brasileiro, independentemente da tritamente necessário à satisfação do interesse público.
atividade exercida. Assim, a administração pública é compos- e) motivação, porque a Administração deve, no mínimo,
ta exclusivamente pelos órgãos integrantes da administração esclarecer aos cidadãos aos razões pelas quais foram to-
direta e pelas entidades da administração indireta. madas as decisões.

( ) CERTO ( ) ERRADO 6. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE – 2018)


São, respectivamente, princípios da administração pública
3. (PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2016) Con- que propiciam: a) conhecimento público dos atos adminis-
siderando os princípios e fundamentos teóricos do direito trativos, oportunizado a utilização de mecanismos de con-
administrativo, assinale a opção correta. trole, quando necessários à adequação do ato ao contexto
da legalidade e da moralidade; e b) atos administrativos
a) As empresas públicas e as sociedades de economia mis- com conteúdo impessoal e que visam alcançar não a sa-
ta, se constituídas como pessoa jurídica de direito priva- tisfação de interesses pessoais ou privados, mas estejam
do, não integram a administração indireta. sempre voltados ao alcance coletivo:
b) Desconcentração é a distribuição de competências de
uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo que a) moralidade e publicidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

descentralização é a distribuição de competências den- b) legalidade e impessoalidade.


tro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua or- c) publicidade e impessoalidade.
ganização hierárquica. d) impessoalidade e eficiência.
c) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o e) moralidade e legalidade.
poder público faça tudo o que não estiver expressamen-
te proibido pela lei. 7. (PC-SC – COMISSÁRIO DE POLÍCIA – ACAFE – 2008)
d) A administração pública, em sentido estrito e subjetivo, Analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agen-
tes públicos que exerçam função administrativa. a) Os órgãos da Administração Pública classificam-se, em
e) No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição relação à posição ocupada na escala administrativa, em
do sistema francês, o ingresso de ação judicial no Poder Ju- independentes, autônomos, superiores e subalternos.
diciário para questionar ato do poder público é condiciona- São exemplos de órgãos independentes os Ministérios
do ao prévio exaurimento da instância administrativa. e as Secretarias de Estado e de Município.

29
b) Direito Administrativo pode ser conceituado como o 10.(PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA BLOCO II – FUNDA-
conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem TEC – 2018) O artigo 37 da Constituição Federal de 1988
os órgãos, os agentes e os atos administrativos pratica- lista os princípios inerentes à Administração Pública, que
dos nessa condição, com o intuito de realizar concreta, são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. eficiência. A incumbência desses princípios é dar unidade
c) A doutrina, que forma o sistema teórico de princípios e coerência ao Direito Administrativo do Estado, contro-
aplicáveis, e a jurisprudência, que reflete a aplicação ob- lando as atividades administrativas de todos os entes que
jetiva desses princípios, são consideradas as fontes pri- integram a federação brasileira. Tendo por base essa ideia
márias do Direito Administrativo. inicial, assinale a alternativa correta.
d) O cargo público pertence ao agente público, de modo
que o Estado não pode suprimi-lo ou alterá-lo sem que a) A administração não pode anular seus próprios atos,
haja violação ao direito daquele. quando eivados de vícios que os tornem ilegais.
b) Não viola o princípio da presunção de inocência a ex-
8. (PC-AC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – 2017) clusão de certame público de candidato que responda a
Quanto ao conceito de Direito Administrativo, às responsa- inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado
bilidades dos servidores públicos civis, aos atos administra- da sentença condenatória.
tivos, ao controle da Administração Pública e ao processo c) Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoa-
administrativo regido pela Lei n° 9.784/1999, é correto o lidade, referido na CF/1988 (Art. 37, caput), nada mais é
que se afirma em: que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao
administrador público que só pratique o ato para atingir
a) O administrado tem o direito de ser tratado com respei- o objetivo indicado expressa ou virtualmente pela nor-
to pelas autoridades e servidores. Contudo, este direito ma de direito, de forma impessoal.
não implica na possibilidade de exigência da Adminis- d) Segundo o jurista Alexandre de Moraes, o princípio da
tração, pelo administrado, de um dever de facilitação do moralidade é o que impõe à administração pública di-
exercício de seus direitos. reta e indireta e a seus agentes a persecução do bem
b) O Direito Administrativo é um conjunto de regras e comum, por meio do exercício de suas competências
princípios que confere poderes desfrutáveis pelo Esta- de forma imparcial, neutra, transparente, participativa,
do para a consecução do bem comum e da finalidade eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualida-
pública. Esta concepção, portanto, não compreende de, primando pela adoção dos critérios legais e morais
deveres da Administração em favor dos administrados necessários para melhor utilização possível dos recur-
que, para este ramo do direito, são objetos da relação sos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e
jurídico administrativa. garantir-se maior rentabilidade social.
c) Os servidores públicos civis podem, como regra, ser res- e) Os atos administrativos não são passíveis de controle de
ponsabilizados, de modo concomitante, nas esferas civil, mérito, bem como de legalidade pelo Poder Judiciário.
criminal e administrativa.
d) O Poder Judiciário não pode praticar atos administrati- 11. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – CESPE –
vos, mas apenas atos da administração. 2018) A conduta do agente público que busca o melhor
e) O controle da Administração Pública no Brasil é realizado desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor
por meio do sistema do contencioso administrativo. resultado, atende ao princípio da:

9. (PC-ES – MÉDICO LEGISTA – FUNCAB – 2013) No Di- a) eficiência.


reito Administrativo contemporâneo, a expressão que de- b) legalidade.
fine o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e c) impessoalidade.
responsável pela gerência dos interesses estatais e pelo d) moralidade.
exercício do poder político é: e) publicidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Administração Pública. 12. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) A


b) Governo. razoável duração do processo e o emprego de meios que
c) Poder Público. assegurem a celeridade na sua tramitação são assegura-
d) Controladoria. dos, a todos, no âmbito administrativo e revelam direito
e) Gerência Fiscal. fundamental que tem por conteúdo os princípios da:

a) moralidade e reserva legal.


b) nova gestão pública e razoabilidade.
c) isonomia e eficiência.
d) legalidade e publicidade.
e) impessoalidade e indisponibilidade do interesse público.

30
Item 2: AGENTES PÚBLICOS c) A licença será por prazo indeterminado e com remune-
ração.
13. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) De d) A licença será por prazo determinado e com remune-
acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é correto ração.
afirmar que o servidor em desvio de função: e) A licença será por prazo determinado e sem remunera-
ção.
a) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido
de fato e à remuneração correspondente a partir daque- 16. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) A
le ato. respeito dos direitos e vantagens assegurados ao servidor
b) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido público federal na Lei nº. 8.112/90, analise as afirmativas,
de fato, se houver previsão legal, além da remuneração identificando com “V” as verdadeiras e com “F” as falsas,
correspondente a partir daquele ato e indenização cor- assinalando a seguir a alternativa que possui a sequência
respondente às diferenças remuneratórias relativas ao correta de cima para baixo:
período pretérito. ( ) O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
c) não tem direito às diferenças de vencimentos de um de caráter permanente, é irredutível.
e outro cargo, porque vedado ao Judiciário conceder ( ) Mediante autorização do servidor ou judicial, poderá
equiparação ou aumento de vencimentos com base na haver consignação em folha de pagamento em favor de
isonomia. terceiros, a critério da administração e com reposição de
d) tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro custos, sendo certo que o total de consignações facultati-
cargo a título de indenização, mantido, porém, no cargo vas não excederá a 50% (cinquenta por cento) da remune-
efetivo. ração mensal.
( ) Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao sa-
14. (TRT2-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) De lário mínimo.
acordo com a Lei no 8.112/1990, como medida cautelar e ( ) O vencimento, a remuneração e o provento não serão
a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da objeto de arresto, sequestro ou penhora, ainda que nos
irregularidade, a autoridade instauradora do processo dis- casos de prestação de alimentos resultante de decisão ju-
ciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício dicial.
do cargo, pelo prazo de até 60 dias, sem prejuízo da remu- ( ) Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor van-
neração. Ocorrendo o término desses 60 dias: tagens, como as indenizações, gratificações e adicionais.

a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, a) F – V – V – F – V


ainda que não concluído o processo. b) F – F – V – V – F
b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, c) V – V – V – F – V
findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não d) V – F – V – F – V
concluído o processo. e) V – V – F – F – V
c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo,
findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o pro- 17. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
cesso não tiver sido concluído, hipótese em que poderá ZENDEIRO – CESPE – 2018) Em 2013, Maria foi aprovada
ser prorrogado pelo prazo máximo de 180 dias. em concurso público para o cargo de analista da secre-
d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, ex- taria de saúde de um estado. Em 2014, ela foi nomeada,
ceto se o processo não tiver sido concluído, hipótese em tomou posse e entrou em exercício. Terminado o período
que o afastamento poderá ser prorrogado pelo prazo de estágio probatório e realizada a avaliação especial de
máximo de trinta dias. desempenho de Maria, ela passou a ser servidora estável.
e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180 dias, Em janeiro de 2018, o cargo ocupado por Maria foi extinto
findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não por desnecessidade.
concluído o processo. Considerando-se as disposições constitucionais referentes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

à administração pública e aos servidores públicos, é correto


15. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) afirmar que Maria
João de Oliveira, servidor público federal, investido no car-
go efetivo de Servidor Técnico-Administrativo em Educação a) será reintegrada em novo cargo na secretaria de saúde
da UFAM há 1 (um) ano e 8 (oito) meses, pretende solicitar do estado, recebendo remuneração equivalente ao car-
licença para acompanhar sua cônjuge, que foi deslocada go extinto, por ser servidora estável.
para outro ponto do território nacional. Conforme dispõe b) deverá ser reconduzida para outro órgão do Poder Exe-
a Lei nº. 8.112/1990, é correto afirmar a esse respeito que: cutivo, caso não haja outro cargo disponível em seu ór-
gão de origem, devendo receber remuneração equiva-
a) O servidor não pode acompanhar o cônjuge, tendo em lente ao cargo extinto.
vista que se encontra em estágio probatório c) perderá a estabilidade, devendo realizar nova avaliação
b) A licença será por prazo indeterminado e sem remune- de desempenho para outro cargo na secretaria de saúde
ração. do estado.

31
d) ficará em disponibilidade, com remuneração proporcio- a) readaptação.
nal ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita- b) reversão.
mento em outro cargo. c) reintegração.
e) será indenizada pela administração e aproveitada em d) recondução.
outro cargo disponível, com remuneração proporcional e) remoção.
ao tempo de serviço.
21. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
18. (TRT15-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) A IDECAN – 2018) Determinado servidor federal, aposenta-
Administração pública federal relaciona-se com seu pesso- do por invalidez, teve o quadro clínico que comprometia
al por meio de distintos regimes, dentre os quais o estabe- seu desempenho e em razão do qual se aposentou inte-
lecido pela Lei n° 8.112/1990, que é aplicável: gralmente superado. No que se refere ao possível restabe-
lecimento do vínculo funcional ativo com a Administração
a) ao servidor civil da Administração pública federal dire- Pública, assinale a alternativa correta:
ta, autárquica e fundacional pública, investido em cargo
público. a) Não há possibilidade de restabelecimento do vínculo
b) aos empregados públicos e servidores da Administração ativo por meio do instituto da reversão.
pública federal direta e indireta, inclusive o temporário. b) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
c) ao servidor civil e militar, investido ou não em cargo pú- por meio de recondução, desde que seja no mesmo
blico, desde que vinculado à Administração pública di- cargo ou no resultante de sua transformação.
reta federal. c) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
d) ao servidor civil, empregado público, titular de cargo em por meio de reintegração, desde que o servidor não te-
comissão e temporário das pessoas jurídicas de direito nha completado 75 anos de idade, nos termos da Lei
público federal, em razão do regime jurídico único. 8.112/90.
e) a todos os servidores federais civis e aos servidores ci- d) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
vis dos demais entes federativos e pessoas jurídicas de
por meio de reversão, independentemente de decla-
direito público a eles vinculadas, em razão do princípio
ração de insubsistência dos motivos da aposentadoria
federativo.
por junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90.
e) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
19. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN-
por meio de reversão, desde que observada a decla-
DÁRIO – CESPE – 2018) Com relação à responsabilidade
ração de insubsistência dos motivos da aposentadoria
de servidor público que deixe de praticar indevidamente
por junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90.
ato de ofício, assinale a opção correta:

a) Sanções penais e administrativas não poderão ser cumu- 22. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
ladas, ainda que caracterizadas a materialidade e a auto- IDECAN – 2018) De acordo com a Lei 8.112/90, considera-
ria da conduta do servidor. -se da família do servidor:
b) Servidor não poderá responder penal e administrativa-
mente por um mesmo fato referente ao exercício irregu- a) apenas o cônjuge e os filhos.
lar de suas funções. b) somente os parentes de primeiro grau.
c) Servidor responderá criminalmente pela conduta apenas c) apenas os parentes de até segundo grau.
depois de concluído o processo administrativo referente d) qualquer pessoa que viva às suas expensas e conste do
à responsabilização. seu assentamento individual.
d) A responsabilidade administrativa de servidor pela prá- e) somente o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
tica da infração em questão poderá ser afastada se hou- afins, até o segundo grau ou por adoção.
ver absolvição criminal que negue a existência do fato
ou a sua autoria. 23. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) O
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) A responsabilidade administrativa do servidor pela con- agente público, empregado de uma sociedade de econo-
duta em questão não poderá ser afastada mesmo no mia mista, que se utilizou dos caminhões da empresa para
caso de absolvição criminal que negue a existência do fazer remoção de terra de terreno de sua propriedade no
fato ou a sua autoria. curso da construção de sua casa de veraneio:

20. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- a) comete ato de improbidade, sob a modalidade que gera
DÁRIO – CESPE – 2018) Helena, servidora pública, reque- prejuízo ao erário, o que dispensa a prova de culpa, fi-
reu aposentadoria após ter cumprido os requisitos legais cando absorvida a responsabilidade funcional.
para tal. A aposentadoria foi concedida, mas Helena, por b) pode ser disciplinarmente punido, mediante regular
ter tido ciência do interesse da administração pública em processo administrativo, não incidindo a lei de improbi-
seu retorno, resolveu solicitar, depois de meses, o retorno dade por se tratar de empregado público, sujeito, por-
às atividades do cargo que desempenhara. tanto, a regime celetista.
Nessa situação hipotética, Helena solicitou:

32
c) incide em potencial responsabilidade criminal e civil, não 27. (TJ-RN – JUIZ LEIGO – COMPERVE – 2018) Maria, es-
se tipificando ato de improbidade em relação à pessoa tudante do último período de direito, ouviu comentários
jurídica sujeita a regime jurídico de direito privado, salvo de que o reitor de sua universidade não entregaria os di-
se demonstrado prejuízo ao capital social composto por plomas para os concluintes do curso naquele ano, diante
recursos públicos. da crise econômica nacional e do superlotado mercado de
d) comete ato de improbidade, em virtude de enriqueci- trabalho jurídico. Intrigada com o conteúdo das fofocas,
mento ilícito, tendo em vista que as empresas estatais, Maria mandou mensagem de WhatsApp para o grupo da
integrantes da Administração pública indireta, podem turma e logo recebeu inúmeros links de notícias corrobo-
ser sujeitos passivos daquela infração. rando com o conteúdo dos comentários. O pavor, então, se
e) não se exime de responsabilidade administrativa, crimi- tornou generalizado naquela instituição de ensino superior.
nal e civil, mas a configuração de ato de improbidade Aflitos, os estudantes montaram comissão para pesquisar
depende da comprovação de que o poder público con- o tema e logo descobriram que a entrega de diplomas é
corre com mais de 50% da receita anual da empresa.
a) ato discricionário, o que realmente permite tal postura
24. (IF-MT – DIREITO – IF-MT – 2018) Considerando a Lei do reitor, porém, sem inviabilizar o seu controle judicial.
8.112/1990, é correto afirmar: b) ato discricionário, o que realmente permite tal postura
do reitor bem como inviabiliza o seu controle judicial.
a) Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa- c) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a en-
bilidades previstas em edital de concurso público que tregar tais documentos pelos motivos citados, fato que
devem ser cometidas a um servidor. pode ser controlado em via judicial e também na esfera
b) Cargo público é o conjunto de atribuições e competên- administrativa.
cias previstas na estrutura organizacional que devem ser d) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a entre-
cometidas a um servidor. gar tais documentos pelos motivos citados, fato que não
c) Cargo público é o conjunto de atividades previstas no pode ser controlado em via judicial, mas, sim, na esfera
Plano de Carreiras que devem ser cometidas a um ser- administrativa.
vidor.
d) Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi- 28. (MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL – FCC – 2018)
lidades previstas na estrutura organizacional que devem A edição de um decreto municipal que, pretendendo in-
ser cometidas a um servidor. centivar a reciclagem de lixo, estabelece a concessão de
e) Cargo público é a prestação de serviços gratuitos previs- prêmios aos moradores que conseguirem comprovar de-
tos na Constituição da República Federativa do Brasil de terminadas quantidades de seleção, coleta e entrega nas
1998 que devem ser cometidas a um servidor. oficinas especializadas, bem como estabelece multas para
aqueles que não o fizerem:

Item 3: PODERES ADMINISTRATIVOS a) configura expressão do poder normativo do ente públi-


co, na medida em que disciplina gestão de serviços pú-
25. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS- blicos de sua titularidade e o manejo de verbas públicas
-SP – TÉCNICO LEGISLATIVO – VUNESP – 2018) A impo- disponíveis.
sição de uma multa ao motorista que desrespeita o sinal b) excede o poder normativo do município, que pode se
vermelho consiste em uma sanção decorrente do exercício, prestar apenas a disciplinar e explicitar a operacionaliza-
pela Administração Pública, do Poder: ção de disposições legais.
c) se insere no poder de polícia do ente, que pode instituir
a) Hierárquico. e aplicar multas àqueles que descumprirem a disciplina
b) Vinculado. normativa editada pelo ente.
c) Discricionário. d) configura excesso de poder normativo, já que extrapola
d) Normativo. os limites materiais admitidos para os decretos autôno-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) de Polícia. mos do Chefe do Executivo, ingressando em matéria de


lei.
26. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- e) pode ser convalidado se restar comprovado que o inte-
DÁRIO – CESPE – 2018) A responsabilização de servidor resse público está presente, bem como que a população
público que tenha negado publicidade a atos oficiais terá concorda com a instituição de prêmios e multas.
como fundamento os poderes:

a) disciplinar e hierárquico.
b) de polícia e disciplinar.
c) hierárquico e de polícia.
d) regulamentar e de polícia.
e) hierárquico e regulamentar.

33
29. (PGE-PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE – d) a edição de decretos, no exercício de competência pri-
2018) À luz da jurisprudência dos tribunais superiores so- vativa do Chefe do Poder Executivo, para fiel execução
bre o poder de polícia, o poder disciplinar, o poder nor- de lei em vigor.
mativo e o dever de probidade na administração pública, e) a disciplina relativa à prestação de serviços públicos por
assinale a opção correta: concessionárias e permissionárias, visando à sua regula-
ridade e modicidade tarifária.
a) Cabe aos conselhos regionais de farmácia, no exercício
do poder de polícia, licenciar e fiscalizar as condições 33. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
de funcionamento dos estabelecimentos farmacêuticos. AL – FCC – 2018) Atenção: A questão refere-se a Direito
b) O pagamento de multa resultante de autuação por Administrativo II.
agente de trânsito não implica a desistência da discus- Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia,
são judicial da infração. o administrador precisava designar o servidor responsá-
c) A configuração de ato de improbidade administrativa re- vel pela coordenação das tarefas inerentes à execução da
quer que haja enriquecimento ilícito ou danos ao erário. avença. Dentre os membros da equipe competente para a
d) A ocorrência do ato de improbidade administrativa, em execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs
regra, viabiliza a reparação por dano moral coletivo. a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
e) Em razão do poder disciplinar da administração públi- designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no
ca, é admissível que edital de concurso público proíba a setor. A atuação do administrador:
participação de candidatos tatuados.
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, ten-
30. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – do em vista que a recusa dos servidores para a coordenação
CESPE – 2018) No exercício da sua função, o analista de do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.
controle externo: b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que
implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento
a) poderá, motivadamente, invocar a reserva administrativa discricionário diante da recusa dos servidores.
do possível quando não puder fazer determinado em- c) é expressão do poder normativo, considerando que o
preendimento. ato de designação do servidor para exercer as funções
b) levará o ato administrativo à anulação caso o tenha rea- de coordenador não tem natureza de ato administrativo.
lizado com abuso de poder. d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que
c) terá de restituir diretamente o particular contra o qual abrange a possibilidade de designação, de ofício, de ta-
tiver cometido ato caracterizado como abuso de poder. refas aos servidores integrantes do quadro, observado o
d) tem a opção de utilizar ou dispensar o poder adminis- respectivo âmbito de atuação.
trativo para agir. e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido am-
e) poderá renunciar, em caso concreto, ao poder-dever de plo, que também inclui o gerenciamento e limitação das
agir na hipótese de omissão específica. condutas dos servidores a ele subordinados.

31. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – 34. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
CESPE – 2018) O regulamento editado por autoridade AL – FCC – 2018) Dentre os poderes atribuídos à Adminis-
competente da administração pública, em atendimento a tração pública, o poder:
norma legal, para prover matéria reservada a lei é um re-
gulamento: a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque pas-
sível de ser atribuído à Administração direta, incluídas as
a) subordinado. entidades paraestatais, para o desempenho regular de
b) autônomo. suas funções executivas.
c) executivo. b) normativo não pode ser exercido pelos entes que inte-
d) delegado. gram a Administração indireta, à exceção das agências
reguladoras, por conta de sua independência e autono-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) independente.
mia.
32. (SEGEP-MA – AUXILIAR FISCALIZAÇÃO AGROPE- c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração
CUÁRIA – FCC – 2018) Entre os poderes administrativos, indireta, que se sujeitam à Administração central para
pode-se citar o poder regulamentar, que apresenta, como fins de processamento dos processos disciplinares ins-
sua principal expressão: taurados contra seus servidores.
d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da
a) a concessão de autorizações e licenças a cidadãos para o apuração de infrações cometidas por servidores públi-
desempenho de atividades de interesse público. cos integrantes dos quadros da Administração direta.
b) a possibilidade de disciplinar, de forma autônoma por e) de polícia pode ser delegado somente aos entes inte-
ato do Executivo, o regime jurídico de seus servidores. grantes da Administração indireta que tenham persona-
c) a prática de atos materiais de organização do trabalho lidade jurídica de direito público, a exemplo das agên-
dos órgãos e entidades da Administração pública, como cias executivas no que concerne ao papel fiscalizador
distribuição de tarefas entre os servidores. que exercem sobre a prestação de serviços públicos.

34
35. (SEDURB-PB – AGENTE DE CONTROLE URBANO – e) norma de agência reguladora que autoriza a cobrança
IBADE – 2018) Considera-se a atividade da Administração de bagagem despachada, com a finalidade devidamente
Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse demonstrada de ensejar a redução do custo do serviço
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, principal para a maioria dos usuários, os quais não usu-
em razão de interesse público concernente à segurança, à hi- fruíam de toda a franquia de bagagem antes oferecida.
giene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes 38. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilida- TORIA – FCC – 2018) O Tribunal de Contas é competente
de pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos indivi- para:
duais ou coletivos. Tal conceito se refere ao poder:
a) apreciar a constitucionalidade de leis.
a) vinculado. b) apreciar, para fins de registro, a legalidade das nomea-
b) regulamentar. ções para cargos de provimento em comissão.
c) de polícia. c) escolher, dentre os titulares do cargo de analista de con-
d) discricionário. trole externo, um de seus Membros.
e) hierárquico. d) julgar as contas do Governador do Estado de Pernam-
buco.
36. (UDESC – TÉCNICO UNIVERSITÁRIO DE SUPORTE – e) julgar as contas dos Prefeitos dos Municípios de Per-
UDESC – 2018) A lei permite à Administração Pública apli- nambuco.
car penalidades às infrações funcionais de seus servidores,
sendo que a aplicação da punição, por parte do superior 39. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
hierárquico, é um poder-dever, pois se não o fizer incor- TORIA – FCC – 2018) As decisões do Tribunal de Contas:
rerá em crime contra Administração Pública. Esta hipótese
refere-se ao exercício de poder: a) perfazem coisa julgada, prejudicando a rediscussão da
questão no âmbito do Poder Judiciário, ainda que acerca
a) disciplinar de vício no devido processo.
b) discricionário b) que imputem débito têm força de título executivo, po-
c) hierárquico dendo ser executadas em juízo.
d) punitivo do Estado c) que determinem diretamente a sustação de execução
e) de Polícia contratual não necessitam de comunicação ao Poder
Legislativo.
Item 4: CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMI- d) podem ser revistas por apelação dirigida ao Poder Le-
NISTRAÇÃO gislativo.
e) podem ser revistas por apelação dirigida ao Superior Tri-
37.(MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO bunal de Justiça.
– MPE-BA – 2018) Sobre a atuação das agências regula-
doras no funcionamento dos serviços públicos objetos de 40. (SEAD-AP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC –
concessão, permissão e autorização, a doutrina moderna 2018) Diante de um edital de licitação publicado, em rela-
vem abordando, de forma crescente, a denominada “Teoria ção ao qual foi divulgada notícia de restrição à competição:
da Captura”.
A alternativa que contém situação indiciária da chamada a) o Poder Judiciário, provocado ou de ofício, deve deter-
captura e admissível de aplicação da referida construção minar a suspensão do procedimento para prévio exame.
doutrinária, de modo a possibilitar o controle judicial de b) o Tribunal de Contas pode suspender o certame, para re-
ato administrativo discricionário é: gular exame prévio do edital, recomendando os ajustes
necessários para a regularização do instrumento convo-
a) nomeação de dirigente de agência reguladora para um catório.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mandato certo. c) cabe aos potenciais interessados a impugnação do mes-


b) norma de agência reguladora que amplia a proteção ao mo, não se admitindo revisão de ofício.
usuário consumidor, estabelecendo padrões técnicos de d) é prescindível a suspensão do procedimento pela Admi-
excelência a serem observados pelas concessionárias. nistração, tendo em vista que o exame do instrumento
c) fixação de período de quarentena para o ex-dirigente antes de conclusão do certame não pode interferir na
da agência reguladora, durante o qual está proibido de possibilidade de sua anulação, que deve ser posterior à
exercer atividade na iniciativa privada, dentro do setor contratação.
ao qual estava vinculado. e) não é exigível do poder público a suspensão do proce-
d) nomeação para o Conselho Consultivo de agência regu- dimento, tendo em vista que tanto o Poder Judiciário
ladora, nas vagas destinadas à representação de enti- quanto o Tribunal de Contas somente podem determi-
dades voltadas aos usuários e à sociedade, de determi- nar a retificação do certame em decisão final.
nadas pessoas que haviam ocupado cargo diretivo nas
empresas concessionárias.

35
41. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – A alternativa que contém a sequência correta, de cima
CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili- para baixo, é
zado para se expressar oposição a atos da administração
que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado a) V, F, F, V, F.
é denominado b) V, F, F, V, V.
c) V, V, F, V, V.
a) representação. d) F, V, V, F, F.
b) fiscalização hierárquica. e) F, V, V, F, V.
c) pedido de reconsideração.
d) reclamação. 44. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) A
e) recurso administrativo. atuação do Estado e das pessoas jurídicas que integram a
Administração indireta define a possibilidade de sua res-
42. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – ponsabilização extracontratual. Dessa forma:
CESPE – 2018) Conforme a classificação das formas de
controle administrativo, ao realizar auditoria de despesas a) somente as pessoas jurídicas de direito público respon-
efetuadas pelo Poder Executivo durante a execução do or- dem objetivamente pelos danos causados aos adminis-
çamento, o tribunal de contas exerce controle: trados, desde que reste demonstrado o nexo de causali-
dade com a atuação dos agentes públicos.
a) externo e posterior. b) as excludentes de responsabilidade não se aplicam
b) interno e prévio. quando se trata de dever de indenização decorrente de
c) interno e concomitante. atuação lícita do Estado, porque os danos são consequ-
d) interno e posterior. ência indireta dos atos praticados dentro da legalidade.
e) externo e concomitante. c) não se pode invocar excludente de responsabilidade
quando se tratar de responsabilidade extracontratual
43. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – das pessoas jurídicas prestadoras de serviço público se
MPE-BA – 2018) Com relação à responsabilidade civil do forem integrantes da Administração pública indireta.
Estado pela guarda e segurança das pessoas submetidas a d) a responsabilidade subjetiva pelos atos dos agentes pú-
encarceramento, com base na jurisprudência do Supremo blicos incide quando se tratar de omissão, de hipótese
Tribunal Federal, analise as assertivas e identifique com V as de culpa de terceiro ou da vítima.
verdadeiras e com F as falsas. e) a culpa exclusiva da vítima não interfere na conclusão
( ) É de responsabilidade do Estado, nos termos do art. 37, § acerca da responsabilização do poder público, porque
6º, da Constituição Federal, a obrigação de ressarcir os da- incide a responsabilização objetiva, que se restringe à
nos comprovadamente causados aos detentos custodiados identificação de danos.
em presídios, em decorrência da falta ou insuficiência das
condições legais de encarceramento. 45. (PC-AC – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE –
( ) O Estado responde pelos danos causados a detentos em 2017) Considerando os entendimentos jurisprudenciais do
decorrência da insuficiência das condições legais de encar- Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal
ceramento, salvo os danos morais individuais decorrentes relativos à responsabilidade civil do Estado, assinale a al-
da superlotação carcerária, por ser um problema de estru- ternativa correta.
tura do sistema prisional, dependente de providências de
atribuição legislativa e administrativa, podendo o Judiciário a) Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o
apreciar o dano moral apenas em sua dimensão coletiva. Estado não responde civilmente por atos ilícitos pratica-
( ) Quanto à responsabilidade pelos danos causados aos dos por foragidos do sistema penitenciário, salvo quan-
detentos, em decorrência da superlotação carcerária, a do os danos decorrem direta ou imediatamente do ato
Corte Constitucional distingue o tratamento jurídico dado de fuga. Também entende o Superior Tribunal de Justiça
aos presos definitivos daquele conferido aos provisórios, que o Estado pode responder civilmente pelos danos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

haja vista que esses últimos sujeitam-se ao chamado risco causados por seus agentes, ainda que estes estejam am-
social. parados por causa excludente de ilicitude penal.
( ) Trata-se de tema abrangido pelo art. 37, § 6º, da Cons- b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, é obrigação do
tituição Federal, preceito normativo autoaplicável, que não Estado ressarcir os danos, inclusive morais, comprova-
se sujeita à intermediação legislativa ou à providência le- damente causados aos detentos em decorrência da falta
gislativa. ou insuficiência das condições legais de encarceramen-
( ) O Estado não pode invocar a reserva do possível para se to. Para fundamentar esta tese, a Corte Excelsa invocou a
eximir do dever de indenizar os danos pessoais causados teoria do risco administrativo do tipo integral.
a detentos em estabelecimentos carcerários, salvo se com- c) Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
provar a insuficiência de recursos financeiros para elimi- o Estado não deve ser condenado a indenizar servido-
nar o grave problema prisional globalmente considerado, res na hipótese de posse em cargo público determina-
dependente que é da definição e implantação de políticas da por decisão judicial, sob fundamento de que deveria
públicas específicas. ter sido investido em momento anterior, ainda que seja

36
comprovada situação de arbitrariedade flagrante. Para o c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de arbitrarie- privado prestadoras de serviços públicos responderão
dade flagrante, a indenização deve ser substituída pelo pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causa-
reconhecimento do tempo de serviço. rem a terceiros, sendo assegurado o direito de regresso
d) Segundo o Supremo Tribunal Federal, caso um detento contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
seja encontrado morto nas dependências de estabele- d) Os danos causados a terceiros que impliquem em res-
cimento penitenciário e seja comprovado que se tratou ponsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do artigo
de um suicídio, à luz da teoria do risco administrativo 37 da Constituição Federal limitam-se aos danos pes-
entende-se que não há como se imputar qualquer res- soais quando acarretados exclusivamente pelos agentes
ponsabilidade ao Estado. públicos, nessa qualidade e ocupantes efetivos de car-
e) O Superior Tribunal de Justiça, em conflito com a juris- gos públicos do Poder Executivo.
prudência do Supremo Tribunal Federal, firmou entendi- e) O direito de regresso contra o responsável, em caso de
mento no sentido de que o Estado deve ser responsabi- responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do ar-
lizado civilmente caso o inquérito policial instaurado por tigo 37 da Constituição Federal, é assegurado somente
delegado de polícia seja arquivado judicialmente após em caso de dolo, excluída a culpa.
pedido do Ministério Público.
48. (TRT6-PE – Analista Judiciário – FCC – 2018) Uma
46. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI- autarquia estava edificando o prédio de sua nova sede. Du-
TORIA – FCC – 2018) No estacionamento do Fórum de um rante as obras de fundação, as instalações de gasodutos
determinado município, um advogado colidiu com uma existentes no subsolo foram perfuradas e houve abalos em
viatura da polícia militar que estava no local para fazer o algumas construções vizinhas. Nesse caso:
transporte de presos para audiência. Diante das avarias no
veículo, o advogado ingressou com ação de indenização a) o ente público que criou a autarquia responde obrigato-
contra o Estado, fundamentando seu pedido na responsa- riamente e de forma solidária, em litisconsórcio necessá-
bilidade objetiva do Estado: rio, pelos danos a que esta tenha dado causa.
b) a autarquia responde objetivamente pelos danos efeti-
a) que prescinde de prova de culpa do agente público e da vamente causados, demonstrado o nexo de causalidade
demonstração de nexo de causalidade, desde que com- entre eles e a atuação daquele ente.
provados danos concretos. c) o ente público responde objetivamente e a autarquia,
b) sendo inevitável a procedência do pedido, diante da em regresso, subjetivamente, no caso de haver dolo ou
teoria da responsabilidade objetiva pura, que estabele- culpa de seus funcionários.
ce responsabilidade do ente público pelos atos e fatos d) o ente público responde objetiva e exclusivamente pelos
ocorridos em imóveis públicos. danos comprovados, demonstrado o nexo de causalida-
c) sendo possível ao Estado deduzir, em defesa, culpa ex- de, tendo em vista que a autarquia integra a Adminis-
clusiva da vítima, demonstrado que tenha sido o advo- tração direta.
gado o exclusivo responsável pelo acidente. e) a autarquia responde subjetivamente pelos danos causa-
d) que exige demonstração do nexo causai, suficiente para dos a terceiros, desde que haja a necessária demonstra-
conduzir à procedência, não admitindo excludentes de ção de culpa, considerando a natureza jurídica do ente.
responsabilidade.
e) a ser julgada improcedente, considerando que a viatu- Item 5: ATOS ADMINISTRATIVOS
ra envolvida no acidente estava em situação de estrito 49. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) As
cumprimento de dever legal, prevalecendo o princípio competências públicas revelam-se em duas faces, poder e
da supremacia do interesse público. dever, e

47. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – FAURGS – a) não exercidas pelo titular no prazo legal, devem ser avo-
2016) Sobre a responsabilidade civil tratada no parágrafo cadas por agente de igual ou superior nível hierárquico.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sexto do artigo 37 da Constituição Federal, assinale a alter- b) seu efetivo exercício pode ser transferido pelo titular a
nativa correta. outro órgão ou agente de igual ou superior nível hierár-
quico, sem possibilidade de retomada e desde que a lei
a) As pessoas jurídicas com personalidade de direito priva- o preveja.
do prestadoras de serviços públicos, por terem nature- c) seu efetivo exercício pode ser delegado do superior hie-
za jurídica privada, não respondem por danos causados rárquico ao subordinado, com possibilidade de retoma-
por seus empregados nessa atividade segundo a norma da pelo delegante e desde que a lei o preveja.
constante do parágrafo sexto do artigo 37 da Constitui- d) como são estabelecidas com caráter de instrumentalida-
ção Federal. de para cumprir o interesse público, podem ser modifi-
b) A responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do cadas de acordo com o juízo de conveniência e oportu-
artigo 37 da Constituição Federal é aplicável somente nidade do superior hierárquico.
às pessoas jurídicas de direito público que exercem as
atividades da administração pública direta.

37
50. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) O 54. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN-
princípio da autotutela administrativa é decorrência do DÁRIO – CESPE – 2018) Uma empresa privada foi outor-
princípio da legalidade e, a seu respeito, é correto afirmar: gada pela administração pública, por meio de contrato ad-
ministrativo, a prestar serviços de transporte público, de
a) verificada a ilegalidade do ato, a Administração pode interesse de toda a coletividade.
optar entre a anulação e a revogação, conforme a con- A referida outorga foi dada mediante:
veniência de produção de efeitos ex tunc ou ex nunc,
respectivamente. a) autorização.
b) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Ad- b) licença.
ministração não depende de provocação do interessa- c) concessão.
do e não gera responsabilidade administrativa perante d) permissão.
terceiros. e) avocação.
c) a anulação do ato administrativo que tenha produzido
efeitos no campo dos interesses individuais não pres- 55. (TJ-MT – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) Atos
cinde de prévio contraditório que garanta o exercício da administrativos negociais:
defesa da legitimidade do ato por aqueles que serão por
ela atingidos. a) não são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional,
d) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Ad- que atribui aos atos administrativos as características de
ministração está imune ao controle jurisdicional. unilateralidade, precariedade, imperatividade e sancio-
natória.
51. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- b) são aqueles que decorrem do exercício de função tipi-
DÁRIO – CESPE – 2018) Assinale a opção que apresenta o camente política do Poder Executivo, não suscetíveis de
atributo pelo qual determinados atos administrativos po- controle interno ou externo.
dem ser executados direta e imediatamente pela própria c) decorrem do exercício de competência discricionária da
administração pública, independentemente de intervenção Administração Pública porque têm como pressuposto
do Poder Judiciário. de existência, validade e eficácia, a verificação do preen-
chimento dos requisitos legais que autorizam sua edi-
a) presunção de legitimidade ção, não suscetíveis de controle externo.
b) imperatividade d) são aqueles praticados por entes paraestatais, no exer-
c) autoexecutoriedade cício da função de intervenção do Estado no domínio
d) tipicidade econômico.
e) presunção de veracidade e) são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, in-
clusive no exercício do poder de polícia, de que são
52. (CRF-PE – ADVOGADO – INAZ DO PARÁ – 2018) “O exemplos os acordos setoriais e termos de compromis-
desatendimento a qualquer das finalidades de um ato ad- so firmados no âmbito da Política Nacional de Resíduos
ministrativo – geral ou específica – configura vício insaná- Sólidos.
vel, com a obrigatória anulação do ato”. Marcelo Alexandri-
no e Vicente Paulo, 2017, p. 540. 56. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL –
Ao vício de finalidade do ato administrativo é dado o nome CONSULTOR TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) A
de: aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes, para fins
de controle da atuação da Administração pública pelo Po-
a) Excesso de poder. der Judiciário:
b) Usurpador de função.
c) Desvio de poder. a) autoriza a revisão do ato administrativo por motivo de
d) Função de fato. interesse público, permitindo que o Judiciário avalie as
e) Avocação. prioridades adotadas pelas políticas públicas ou progra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mas de governo à luz dos princípios aplicáveis à Admi-


53. (TER-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2016) nistração.
Um parecer exarado por servidor público integrante do de- b) permite a anulação judicial de atos discricionários, quan-
partamento jurídico de determinado órgão da administra- do identificada inexistência ou falsidade dos pressupos-
ção direta, que depende de homologação ainda pendente, tos de fato ou de direito declarados pela Administração
de autoridade superior para ser validado, é um ato admi- para edição do ato.
nistrativo classificado, quanto: c) aplica-se apenas em relação a atos vinculados, permitin-
do a sua invalidação quando ausentes os pressupostos
a) à formação da vontade, como complexo. fixados em lei para motivar a sua edição.
b) à exequibilidade, como pendente. d) autoriza a revogação de atos administrativos quando
c) à função da administração, como de gestão. verificado que a efetiva motivação do mesmo não foi o
d) aos efeitos, como enunciativo. interesse público, mas sim o atingimento de fim ilícito
e) à função da vontade, como propriamente dito. ou imoral.

38
e) permite a revisão do mérito do ato administrativo, com 60. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
a avaliação das razões de conveniência e oportunidade CESPE – 2018) O ato administrativo adequado para se ins-
que ensejaram a sua edição, salvo em relação aos dis- tituir comissão encarregada de elaborar proposta de edital
cricionários. de concurso público para provimento de vagas em cargos
públicos é o(a):
57. (TRT1-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO-ENFERMAGEM –
AOCP – 2018) Assinale a alternativa incorreta acerca dos a) alvará.
atos administrativos: b) aviso.
c) resolução.
a) Imperatividade é o atributo pelo qual os atos adminis- d) portaria.
trativos se impõem a terceiros, independentemente de e) decreto.
sua concordância.
b) Ao passo que o objeto é o efeito jurídico mediato que Item 6: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
o ato produz, a finalidade é o efeito imediato do ato
administrativo. 61. (UF-ES – ECONOMISTA – UFES – 2018) Sobre o Proces-
c) A autoexecutoriedade não existe em todos os atos admi- so Administrativo Federal regulado pela Lei nº. 9.784/1999,
nistrativos, sendo possível, quando expressamente pre- é incorreto afirmar:
vista em lei ou quando se tratar de medida urgente, que,
caso não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo a) A Administração Pública deverá obedecer aos princípios
maior ao interesse público. da motivação, da razoabilidade, da proporcionalidade e
d) Da presunção de veracidade decorre o efeito que, en- da eficiência, entre outros.
quanto não decretada sua invalidade, seja pela Adminis- b) O dever da autoridade competente de decidir recursos
tração ou pelo Judiciário, o ato inválido produz efeitos administrativos poderá ser objeto de delegação de com-
como se válido fosse. petência.
e) Consoante à teoria dos motivos determinantes, a vali- c) Nos processos administrativos, a Administração Pública
dade do ato se vincula aos motivos indicados como seu deverá atuar segundo padrões éticos de probidade, de-
fundamento. coro e boa-fé.
d) A Administração Pública deverá fazer a indicação dos
58. (TJ-AM – Titular Serviços de Notas – IESES – 2018) pressupostos de fato e de direito que determinarem a
Atos administrativos eivados de vício de legalidade devem decisão por ela proferida.
ser ___________ pela própria administração. e) O administrado possui deveres perante a Administração
Pública, dentre os quais o dever de proceder com le-
a) Anulados. aldade, urbanidade e boa-fé e o dever de não agir de
b) Retificados. modo temerário.
c) Revogados.
d) Convalidados. 62. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –
MPE-BA – 2018) Sobre o contraditório no regime jurídico
59) (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – administrativo e com base na jurisprudência dos tribunais
CESPE – 2018) Assinale a opção correta a respeito da ex- superiores, analise as assertivas e identifique com V as ver-
tinção de atos administrativos: dadeiras e com F as falsas.

a) O ato administrativo será anulado caso o administrado ( ) Em respeito ao contraditório e à ampla defesa, em pro-
deixe de atender condição necessária para permanência cesso administrativo disciplinar que possa impor a pena de
de uma vantagem. demissão, caso o servidor não constitua defensor técnico, a
b) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo so- administração deverá nomear advogado dativo para exer-
mente por autoridade superior. cer a sua defesa técnica, sob pena de nulidade, por ofensa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) O ato passível de revogação por conselheiro do TCE/MG à Constituição.


não apresenta vícios. ( ) É inconstitucional a exigência de depósito prévio de di-
d) O ato revocatório assinado por auditor do TCE/MG é nheiro para admissibilidade de recurso administrativo por
primário e vinculado. violar a ampla defesa, sendo possível a exigência de arro-
e) O ato anulatório determinado por conselheiro do TCE/ lamento de bens como garantia da administração para a
MG tem eficácia ex nunc. preservação do patrimônio público.
( ) Em regra, não se assegura o contraditório e a ampla de-
fesa nos processos perante o Tribunal de Contas da União
que apreciam a legalidade da concessão inicial de aposen-
tadoria, já que essa concessão é ato complexo, salvo se a
Corte de Contas demorar mais de cinco anos para concluir
a apreciação.

39
( ) É legítima a exigência de depósito prévio para admissi- 65. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
bilidade de recurso administrativo. CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili-
( ) Para fins de assegurar a plenitude da ampla defesa no zado para se expressar oposição a atos da administração
processo administrativo disciplinar, deve-se garantir o di- que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado
reito à informação, à manifestação e à consideração dos é denominado:
argumentos manifestados, não importando em nulidade a
simples ausência de advogado constituído. a) recurso administrativo.
b) representação.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima c) fiscalização hierárquica.
para baixo, é: d) pedido de reconsideração.
e) reclamação.
a) F F V F V
b) F F F F V 66. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE
c) F V V F V – 2018) A administração pública instaurou processo admi-
d) V F F V F nistrativo contra determinado cidadão, para apurar suposta
e) V V F V F irregularidade no uso de área pública verificada por fiscal.
No referido processo, será necessário expedir intimações
63. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – para o administrado.
IDECAN – 2018) Analise as afirmativas a seguir: Considerando essa situação hipotética, assinale a op-
I - De acordo com a Lei 9.784/1999, em caso de risco imi- ção correta, com base apenas nas disposições da Lei n.º
nente, a Administração Pública poderá motivadamente 9.784/1999:
adotar providências acauteladoras, desde que o interessa-
do tenha previamente se manifestado. a) A intimação deverá ser feita com antecedência mínima
II - A desistência ou renúncia do interessado, conforme o de cinco dias úteis em relação à data de comparecimen-
to.
caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Ad-
b) Em caso de desatendimento da intimação, serão presu-
ministração considerar que o interesse público assim o exige.
midas verdadeiras as alegações de fato formuladas pela
III - Os serviços de telecomunicações são todos de titulari-
administração.
dade da União, mesmo após as desestatizações ocorridas
c) A Lei determina expressamente que as intimações de-
na década de 1990 e nos casos em que são prestados por
verão ser realizadas por meio eletrônico, salvo absoluta
particulares.
impossibilidade.
d) A grafia dos nomes das partes não deve conter abrevia-
Assinale: turas, sob pena de nulidade do ato intimatório.
e) Devem ser objeto de intimação os atos do processo que
a) se somente a afirmativa I estiver correta. resultem, para o administrado, em imposição de deve-
b) se somente a afirmativa II estiver correta. res, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e
c) se somente a afirmativa III estiver correta. atividades.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 67. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE
– 2018) Acerca do processo administrativo, dos poderes-
64. (UF-RR – ASSISTENTE DE TECNOLOGIA DA INFOR- -deveres da administração e do abuso de poder, assinale a
MAÇÃO – UFRR – 2018) Quanto ao processo administrati- opção correta, com base na Lei n.º 9.784/1999, na doutrina
vo, na Administração Pública Federal, assinale a alternativa e na jurisprudência dos tribunais superiores:
incorreta:
a) A Lei n.º 9.784/1999 trata de normas gerais do processo
a) As decisões adotadas por delegação devem mencionar administrativo aplicáveis ao Poder Executivo federal, não
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão edita-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vinculando estados, municípios e Poderes Legislativo e


das pelo órgão delegado. Judiciário quando do exercício de função administrativa.
b) A autenticação de documentos exigidos em cópia pode- b) Autoridade competente para apreciar recursos adminis-
rá ser feita pelo órgão administrativo. trativos poderá, em seu período de férias, delegar essa
c) A competência é renunciável e não se exerce pelos ór- atribuição ao órgão colegiado hierarquicamente supe-
gãos administrativos a que foi atribuída como própria rior, em atenção aos princípios da eficiência e da impes-
por decreto. soalidade.
d) Quando for necessária a prestação de informações ou a c) Autoridade competente agirá com excesso de poder
apresentação de provas pelas pessoas diretamente inte- caso pratique ato administrativo com finalidade diversa
ressadas ou terceiros, serão expedidas intimações para do interesse público.
esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condi- d) O poder disciplinar, exercido quando um servidor come-
ções de atendimento. te falta funcional, é discricionário não só quanto à obri-
e) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a gatoriedade de punição, mas também quanto à seleção
pedido de interessado(a). e à aplicação da sanção.

40
e) Para o STJ, é possível a delegação de atos de fiscalização 70. (UFTM – TÉCNICO EM ANATOMIA E NECROPSIA –
de sociedade de economia mista, mas não a delegação UFTM – 2018) Com base na Lei n. 9.784/99, assinale a al-
de atos de imposição de sanções a essas entidades. ternativa correta:

68. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU- a) Pode atuar em processo administrativo o servidor ou
AL – FCC – 2018) A decisão administrativa proferida em autoridade que tenha participado ou venha a participar
sede de processo administrativo, contra a qual não caibam como perito, testemunha ou representante, ou se tais
mais recursos: situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou
parente e afins até o quarto grau.
a) impede o exercício do poder de revisão dos atos pela b) Os atos do processo administrativo não dependem de forma
própria Administração pública, considerando a ocorrên- determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
cia de trânsito em julgado. c) As matérias de competência exclusiva do órgão ou auto-
b) admite revisão apenas pelo poder Judiciário, seja para ridade podem ser objeto de delegação.
anulação, seja para revogação, desde que fundada em d) É permitido arguir a suspeição de autoridade ou servidor
prejuízo ao interesse público. que tenha amizade íntima ou inimizade notória com al-
c) pode ser objeto de pedido de revisão pelo interessado, gum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
sendo possível à Administração pública fazê-lo, obser- companheiros, parentes e afins até o segundo grau.
vado o prazo prescricional.
d) pode ser alterada apenas diante de fato novo e super- 71. (UEM – ADVOGADO – UEM – 2018) Marque a al-
veniente, como mitigação à coisa julgada administrativa. ternativa incorreta:
e) admite revisão pelo Tribunal de Contas, tanto para anu-
lação, quanto para revogação, independentemente de a) Não há qualquer impeditivo legal de que a comissão de
prazo prescricional, por se tratar de controle externo. inquérito em processo administrativo disciplinar seja
formada pelos mesmos membros de comissão anterior
que havia sido anulada.
69. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
b) É obrigatória a intimação do interessado para apresentar
DUAL – FCC – 2018) Lei de determinado Estado exige do
alegações finais após o relatório final de processo admi-
contribuinte que deposite o valor do tributo cobrado pela
nistrativo disciplinar.
administração estadual, como pressuposto de admissibi-
c) O acusado em processo administrativo disciplinar não
lidade do recurso administrativo cabível contra a decisão
possui direito subjetivo ao deferimento de todas as pro-
que manteve o crédito tributário, proferida em sede de
vas requeridas nos autos.
processo administrativo tributário. À luz da Constituição
d) Admite-se o uso de prova emprestada em processo ad-
Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ministrativo disciplinar, em especial a utilização de in-
exigência imposta pela lei estadual mostra-se: terceptações telefônicas autorizadas judicialmente para
investigação criminal.
a) inconstitucional, uma vez que apenas poderia ser impos- e) Não há perda de objeto de ação direta de inconstitucio-
ta por lei complementar editada pela União, competente nalidade (ADI), ainda que a norma objeto de controle
para estabelecer normas gerais em matéria de legislação seja revogada, se ficar demonstrado que o conteúdo do
tributária. ato impugnado foi repetido, em sua essência, em outro
b) constitucional, sendo incompatível com a Constituição diploma normativo.
Federal apenas a exigência de pagamento de taxa para
o exercício do direito de petição aos poderes públicos 72. (UFSM – TÉCNICO EM ELETRICIDADE – UFSM – 2018)
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso A Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 regula o processo
de poder. administrativo no âmbito da Administração Pública Fede-
c) constitucional, desde que o depósito do valor do tributo ral. Nos termos desta lei, assinale a alternativa correta:
seja restituído ao contribuinte no caso de ser provido
seu recurso.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Nos processos administrativos, deverão ser observados


d) constitucional, uma vez que compete aos Estados editar os critérios de objetividade no atendimento do interes-
normas específicas em matéria de legislação tributária, se público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
tais como o estabelecimento de pressupostos de admis- autoridades.
sibilidade de recurso no âmbito do processo administra- b) A divulgação oficial dos atos administrativos não neces-
tivo tributário. sitará observar qualquer hipótese de sigilo.
e) inconstitucional, uma vez que contraria a garantia cons- c) Autoridade é o servidor ou agente público dotado de
titucional da ampla defesa, que se aplica tanto ao pro- personalidade jurídica, e entidade é a unidade de atua-
cesso judicial, quanto ao processo administrativo. ção dotada de poder de decisão.
d) Cabe aplicação retroativa de nova interpretação da nor-
ma administrativa, a fim de garantir o atendimento do
fim público.
e) O processo administrativo somente poderá iniciar-se de
ofício.

41
41 D
GABARITO 42 E
43 A
1 E 44 B
2 CERTO 45 A
3 D 46 C
4 C 47 C
5 A 48 B
6 C 49 C
7 B 50 C
8 C 51 C
9 B 52 C
10 C 53 D
11 A 54 C
12 C 55 E
13 D 56 B
14 B 57 B
15 B 58 A
16 D 59 C
17 D 60 D
18 A 61 B
19 D 62 A
20 B 63 E
21 E 64 C
22 D 65 E
23 D 66 E
24 D 67 E
25 E 68 C
26 A 69 E
27 C 70 B
28 D 71 B
29 B 72 A
30 A 73
31 D
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

74
32 D 75
33 D 76
34 D 77
35 C 78
36 A 79
37 D 80
38 A
39 B
40 B

42
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; Princípios fundamentais. ....................................................................................01


Direitos e garantias fundamentais; Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos
políticos, partidos políticos. ...............................................................................................................................................................................................01
Organização político administrativa do Estado. .........................................................................................................................................................04
Administração Pública. .........................................................................................................................................................................................................06
Poder executivo: estrutura, funcionamento e atribuições.......................................................................................................................................07
Poder legislativo: estrutura, funcionamento e atribuições. ....................................................................................................................................08
Poder judiciário: estrutura,funcionamento e atribuições.........................................................................................................................................10
Da segurança pública. ..........................................................................................................................................................................................................11
Ordem social. ...........................................................................................................................................................................................................................12
Seguridade social ...................................................................................................................................................................................................................12
Meio ambiente.........................................................................................................................................................................................................................14
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988; EXERCÍCIO COMENTADO
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. 1. (CORE-BA – AGENTE – DÉDALUS CONCURSOS – 2018)
Assinale a alternativa que representa um dos objetivos fun-
Na Magma Carta de 1988, os princípios damentais da República Federativa do Brasil:
fundamentais  aparecem no Título I, o qual é composto
por quatro artigos, sendo que, cada um desses dispositivos a) Garantir o desenvolvimento nacional.
apresenta um tipo de princípio fundamental. b) Manter a soberania.
O art. 1º trata dos fundamentos da República c) Promover a dignidade da pessoa humana.
Federativa do Brasil, que são: a) A soberania; b) Cidadania; d) Assegurar o pluralismo político.
c) Dignidade da pessoa humana; d) Valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa; e o e) Pluralismo político. Resposta: Letra A
Já o art. 2º trata do princípio da separação de Poderes, Em concordância com o Art. 3º Constituem objetivos
ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o Judiciário fundamentais da República Federativa do Brasil:
são independentes (não precisa de um para o outro atuar) I - CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária;
no entanto, devem ser harmônicos (um irá completar o II - GArantir o desenvolvimento nacional;
outro). III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são: desigualdades sociais e regionais;
a) Construção de uma sociedade livre justa e solidária; IV - PROmover o bem de todos, sem preconceitos de
b) Garantir o desenvolvimento nacional; c) Erradicar a origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades de discriminação.
sociais e regionais; e por último, e) promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS;
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E CO-
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas relações LETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS DE
internacionais que são a independência nacional, prevalência NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS,
dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não PARTIDOS POLÍTICOS.
intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz,
solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao
racismo, cooperação entre os povos para o progresso da Os direitos fundamentais são os direitos
humanidade e concessão de asilo político. humanos positivados na Constituição Federal de 1988, os
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os quais devem ser garantidos e protegidos pelo Estado.
princípios constitucionais em duas espécies: No tocante as garantias fundamentais, elas são uma
forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir
I) Princípios político-constitucionais: são os que a efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a
representam  decisões políticas fundamentais, proteção aos direitos fundamentais e por isso ficou
conformadoras de nossa Constituição, ou seja, os conhecida como Constituição cidadã.
chamados princípios fundamentais, que preveem Os direitos e garantias fundamentais possuem
as características essenciais do Estado brasilei- aplicabilidade imediata, isto é, a existência deles
ro. Exemplo: princípio da separação de poderes, é suficientemente para produzirem os devidos efeitos. Eles
o  pluralismo político, dignidade da pessoa hu- estão tutelados no Título II da Constituição Federal, nos art.
5º ao 17. Ainda assim, destaca-se que os direitos citados
mana, dentre outros.
nesses artigos não proíbem a existência de outros.
II) Princípios jurídico-constitucionais: esses princí-
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pios são classificados como “gerais”, pois se refe


Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos,
referem à ordem jurídica nacional, os quais estão tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais nos
dispersos pelo texto constitucional. Exemplo: devi- seus 78 incisos. Vejamos alguns:
do processo legal, do juiz natural, legalidade, dentre 1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
outros. ções, nos termos desta Constituição;
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
Exemplo: devido processo legal, do juiz natural, le- guma coisa senão em virtude de lei;
galidade, dentre outros. 3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o anonimato;
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;

1
6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem o
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e direito a seguro-desemprego, em caso de desemprego
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto involuntário, fundo de garantia do tempo de serviço, salário
e a suas liturgias; mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo terceiro
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis- salário, remuneração do trabalho noturno superior à do
tência religiosa nas entidades civis e militares de inter- diurno, salário-família para os seus dependentes, gozo de
nação coletiva; férias anuais, licença à gestante, aposentadoria, proibição
8. ninguém será privado de direitos por motivo de cren- de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
ça religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo admissão do trabalhador portador de deficiência, proibição
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fi- entre os profissionais respectivos, dentre outros.
xada em lei; Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artísti- filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória a
ca, científica e de comunicação, independentemente de participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
censura ou licença; trabalho, é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni- representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
violação; grave nos termos da lei e etc.
11. é livre a locomoção no território nacional em tempo Ainda assim, importante informar que o Direito Coletivo
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele compõe-se de direitos transindividuais de pessoas que
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; se conectam por uma relação jurídica, tendo base de si
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, mesmo ou com outro indivíduo, podendo as pessoas ser
em locais abertos ao público, independentemente de au- determinadas ou determináveis.
torização, desde que não frustrem outra reunião ante- Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas da categoria que possuem uma relação jurídica já pré-
exigido prévio aviso à autoridade competente; existente ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar
13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem esse grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não se
pena sem prévia cominação legal; enquadram na relação.
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o No tocante ao Direito Individual, estes são os interesses
réu; que têm a mesma origem e também a mesma causa. Eles
15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos acontecem de acordo com uma mesma situação que se
direitos e liberdades fundamentais; aplica a cada um individualmente, e, ainda que contenham
16. a prática do racismo constitui crime inafiançável e características “individuais”, no fim possuem origem
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da comum.
lei;
17. não haverá penas: Dos Direitos Sociais
          - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; Conforme tutela a Constituição Federal de 1988 em seus
          - de caráter perpétuo; artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos os direitos
          - de trabalhos forçados; fundamentais/ básicos que devem ser compartilhados
          - de banimento; por todos da sociedade, sem distinção de gênero, etnia,
          - cruéis; sexo, classe econômica, religião, e etc.
18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por A finalidade e objetivo do direito social é buscar sempre
meios ilícitos; resolver as questões sociais. Isto é, todas as situações
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

19. ninguém será considerado culpado até o trânsito em que representam as desigualdades da sociedade, para
julgado de sentença penal condenatória; que todas as pessoas tenham e vivam com o mínimo de
20. o civilmente identificado não será submetido a iden- qualidade de vida e dignidade.
tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
21. será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
blica, se esta não for intentada no prazo legal;
22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem, DENTRE OUTROS.
Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos
sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, dando o enfoque nos
direitos dos trabalhadores.

2
#FicaDica FIQUE ATENTO!
Os portugueses com residência permanente
Os direitos sociais são tutelados e no País, se houver reciprocidade em favor
protegidos pela Declaração Universal dos dos brasileiros, serão atribuídos os direitos
Direitos Humanos (1948), sendo que, apenas inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
neste momento histórico (pós 2ª guerra previstos nesta Constituição.
mundial) que o mundo começou a trabalhar Os cargos de Presidente e Vice-Presidente
com esses direitos. da República, de Presidente da Câmara dos
O art. 6º da CF prevê que o direito a Deputados, de Presidente do Senado Federal,
saúde, educação, alimentação, trabalho, lazer, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da
segurança, assistência, previdência, proteção carreira diplomática e de oficial das Forças
a maternidade e a infância, dentre outros, são Armadas, são cargos que apenas os brasileiros
direitos essenciais e básicos que todos devem NATO podem exercer.
ter. O brasileiro que tiver cancelada sua
O art. 7º da CF prevê os direitos dos naturalização, por sentença judicial, em virtude
trabalhadores, seja eles rurais ou urbanos, todos de atividade nociva ao interesse nacional ou
possuem direitos como: seguro desemprego, adquirir outra nacionalidade por naturalização
FGTS, adicional noturno, férias, 13º salário, voluntária, perderá a nacionalidade de
repouso semanal remunerado, licença brasileiro.
maternidade e paternidade, aposentadoria,
aviso prévio, dentre outros. Dos Direitos Políticos
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos O voto será direto e secreto, com valor igual para
e deveres dos sindicatos, e o art. 9º protege o todos, e, nos termos da lei, mediante: plebiscito, referendo,
direito de greve dos trabalhadores. iniciativa popular.
O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos
Da Nacionalidade e facultativos para os analfabetos, os maiores de setenta
Os brasileiros natos são: anos, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Para ter elegibilidade a pessoa deve ter a nacionalidade
brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o
- Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição,
que de pais estrangeiros, desde que estes não este- a filiação partidária, a idade mínima de:
jam a serviço de seu país;
- Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de -trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a da República e Senador;
serviço da República Federativa do Brasil; -trinta anos para Governador e Vice-Governador de Es-
- Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe tado e do Distrito Federal;
brasileira, desde que sejam registrados em reparti- -vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
ção brasileira competente, ou venham a residir na Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
República Federativa do Brasil antes da maioridade paz;
e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela - dezoito anos para Vereador.
nacionalidade brasileira;

Os naturalizados são: FIQUE ATENTO!


São inelegíveis os inavistáveis e os analfabetos,
- Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade e também, são inelegíveis para os mesmos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

brasileira, exigidas aos originários de países de lín- cargos, no período subsequente, o Presidente
gua portuguesa apenas residência por um ano inin- da República, os Governadores de Estado e
terrupto e idoneidade moral; do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
- Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes houver sucedido ou substituído nos seis meses
na República Federativa do Brasil há mais de trinta anteriores ao pleito.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
que requeiram a nacionalidade brasileira.
Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.
É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos de:

3
- cancelamento da naturalização por sentença transita-
da em julgado; ORGANIZAÇÃO POLÍTICO
- incapacidade civil absoluta; ADMINISTRATIVA DO ESTADO.
- condenação criminal transitada em julgado, enquanto
durarem seus efeitos;
- recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres- Conforme o art. 18 da CF, a organização político-
tação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; administrativa da República Federativa do Brasil
- improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
4º. Municípios, sendo que todos possuem sua autonomia,
tendo Brasília como Capital Federal.
Dos Partidos Políticos Dalmo Dallari define o estado como uma ordem jurídica
soberana que tem por finalidade o bem do povo situado
É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de em um determinado território. Isto é, dentro desta frase
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o Dalmo trouxe os principais elementos que compõe o
o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos Estado, que são: soberania, finalidade, povo e território.
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes A estrutura e organização do Estado podem ser
preceitos: analisados sob três aspectos, conforme Pedro Lenza, p. 499:
-  caráter nacional;
-  proibição de recebimento de recursos financeiros de 1) Forma de governo: República ou Monarquia;
entidade ou governo estrangeiros ou de subordina- 2) Sistema de Governo: Presidencialismo ou Parlamen-
ção a estes; tarismo;
-  prestação de contas à Justiça Eleitoral; 3) Forma de Estado: Estado unitário ou Federação.
-  funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Em 1889, surgiu a Federação do Brasil, juntamente com
a forma de governo (republicana). A forma de governo
Os partidos políticos possuem autonomia para definir
republicana seria realizar através do regime representativo
sua estrutura interna, organização e funcionamento,
em 1891.
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade
Desta forma, o Brasil consagrou o seguinte:
e disciplina partidárias. 1) Forma de Estado: Federação.
2) Entes componentes do Estado brasileiro: União, Esta-
do, Distrito Federal e Municípios.
EXERCÍCIO COMENTADO 3) Características do Estado brasileiro: Estado Democrá-
tico de Direito.
4) Sistema de Governo: Presidencialista.
1. (TRE-MA – ANALISTA JUDICIÁRIO – IESES – 2015) 5) Forma de Governo: Republicana.
Com relação aos direitos políticos é correto afirmar que:
O idioma oficial do país é a língua portuguesa e os
a) Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros símbolos da República Federativa do Brasil são: bandeira,
e, durante o período do serviço militar obrigatório, os hino, armas e o selo nacional, sendo que o Distrito
conscritos. Federal, Estados e os Municípios poderão ter seus próprios
b) Como condição de elegibilidade para Presidente da Re- símbolos, conforme o art. 13 §1º e §2º da CF.
pública e de Governador de Estado a Constituição da Conforme tutela o art. 19 da CF, existe vedações
República Federativa do Brasil estabelece a idade míni- constitucional para que os Estados, Distrito Federal,
ma de quarenta anos. Munícipios e a União não possam:
c) Como condição de elegibilidade para vereador a Cons- - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
tituição da República Federativa do Brasil estabelece a -los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
idade mínima de vinte e um anos. com eles ou seus representantes relações de depen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
analfabetos. boração de interesse público;
- recusar fé aos documentos públicos;
Resposta: Letra A - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre
A) CERTO: Art. 14 § 2º Não podem alistar-se si.
como eleitores os estrangeiros e, durante o pe-
ríodo do serviço militar obrigatório, os conscri- União Federal
tos. B) Art. 14 § 3º VI - a idade mínima de: a) trinta e
cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da  A República Federativa do Brasil é composta pela União,
República e Senador; b) trinta anos para Governador e Estados Membros, Distrito Federal e os Municípios.
Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; C) Art. A União possui bens próprios os quais estão descritos
14 § 3º VI - a idade mínima de: d) dezoito anos para no art. 20 da CF, como por exemplo: mar territorial, os
Vereador. D) Art. 14 § 1º O alistamento eleitoral e o voto terrenos de marinha e seus acrescidos, as ilhas fluviais e
são: II - facultativos para: a) os analfabetos.

4
lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, #FicaDica
destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade Conforme o art.24 da CF, compete à União,
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II, os potenciais aos Estados e ao Distrito Federal legislar
de energia hidráulica, as terras tradicionalmente ocupadas concorrentemente sobre: direito tributário,
pelos índios, dentre outros. financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico; orçamento; juntas comerciais;
custas dos serviços forenses; produção e
FIQUE ATENTO! consumo; Florestas, proteção ao patrimônio
É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, histórico, cultural, artístico, turístico e
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como paisagístico; responsabilidade por dano ao
a órgãos da administração direta da União, meio ambiente, ao consumidor, a bens e
participação no resultado da exploração de direitos de valor artístico e etc; educação,
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
para fins de geração de energia elétrica e pesquisa, desenvolvimento e inovação, dentre
de outros recursos minerais no respectivo outros.
território, plataforma continental, mar
territorial ou zona econômica exclusiva, ou Estados – Membros
compensação financeira por essa exploração. Os Estados membros são a materialização da
descentralização do poder político. Esses Estados são
No tocante a área de atuação da União, a mesma possui autônomos e devido a isso, possuem a capacidade de
competência não legislativa, ou seja, ela atua no campo auto-organização, autogoverno, autoadministração e
politico-administrativo, como por exemplo: autolegislação.
- manter relações com Estados estrangeiros e participar Por se tratarem de Estados autônomos, a Constituição
de organizações internacionais; Federal delegou a competência da estruturação de
- declarar a guerra e celebrar a paz; seus poderes para eles mesmos, sem que haja qualquer
- assegurar a defesa nacional; interferência federal ou subordinação ao poder central:
- permitir, nos casos previstos em lei complementar, o legislativo (art. 27 da CF), executivo (art. 28 da CF) e o
que forças estrangeiras transitem pelo território na- judiciário (art. 125 da CF). (MASSON, 2016, p. 552).
cional ou nele permaneçam temporariamente; Em especial ao poder legislativo, em âmbito estadual,
- emitir moeda; podemos dizer que ele é unicameral (conforme art.
- elaborar e executar planos nacionais e regionais de 27da CF), sendo o poder representado pela Assembleia
ordenação do território e de desenvolvimento eco- Legislativa. O sistema eleitoral para a casa é o sistema
nômico e social; proporcional, isto é, os deputados são eleitos para um
- explorar, diretamente ou mediante autorização, con- mandato de 4 anos, sendo que o número de Deputados
cessão ou permissão, os serviços de telecomunica- estaduais corresponderá ao triplo da representação do
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organi- Estado da Câmara dos Deputados, e atingido o número
zação dos serviços, a criação de um órgão regulador de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os
e outros aspectos institucionais; Deputados Federais acima de 12. (MASSON, 2016, p. 552).
- organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú- Por fim, a eleição do governador e vice, é pelo sistema
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defen- majoritário absoluto, sendo que a posse ocorrerá no dia 1º
soria Pública dos Territórios, DENTRE OUTROS. de Janeiro do ano subsequente (art. 28, CF).

Os itens elencados acima, são de competência exclusiva Municípios


Conforme dispõe o art. 29 da CF, os municípios de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da União. Já os itens do art. 23 da CF, são de competência


cumulativa (comuns) entre a União, Estados, Distrito organizam através de Lei Orgânica, votada sempre em dois
Federal e Munícipios, como por exemplo: zelar pela guarda turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e aprovada
da Constituição, das leis e das instituições democráticas por 2/3 dos membros da respectiva Câmara Municipal,
e conservar o patrimônio público, cuidar da saúde e que a promulgará. Ao elaborar sua lei, o município deverá
assistência pública, da proteção e garantia das pessoas observar os princípios abordados na Constituição, bem
portadoras de deficiência, proteger os documentos, as como, pela Constituição Estadual, conforme o art. 11,
obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, parágrafo único do ADCT.
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios Os municípios possuem o autogoverno de eleger
arqueológicos, proporcionar os meios de acesso à cultura, o poder executivo (seu prefeito), bem como, o poder
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação, legislativo da cidade (os vereadores).
proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas e etc.

5
- Publicidade: todos os atos devem ser públicos, exce-
to os quais visão a necessidade de se ter sigilo.
EXERCÍCIO COMENTADO - Eficiência: o administrador deve ter uma boa gestão,
ser um bom profissional e não utilizar da procrastina-
1. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO – CESPE – 2018) ção para desenvolver seu trabalho.
Acerca da disciplina constitucional da segurança pública,
do Poder Judiciário, do MP e das atribuições da PF, julgue #FicaDica
o seguinte item. 
É concorrente a competência da União e dos estados para Para melhor fixação dos 5 princípios explícitos,
legislar sobre a organização, os direitos e os deveres das lembrem: LIMPE (é a inicial de cada princípio).
polícias civis dos estados.

( ) CERTO ( ) ERRADO
FIQUE ATENTO!
Além desses princípios explícitos, ainda
possui o grupo dos princípios implícitos, que
Resposta: CERTO
são: Princípio do Interesse Público, Princípio da
Conforme o Art. 24, CF. Compete à União, aos Estados e
Finalidade, Princípio da Igualdade, Princípio da
ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XVI
Lealdade e boa-fé, Princípio da Motivação.
- organização, garantias, direitos e deveres das polícias
civis.
Neste diapasão, importante lembrar que o administrador
público pode fazer parte da administração direta ou
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. administração indireta.
A administração direta, seria aquela realizada pelos
Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Ou seja, órgãos citados não possuem personalidade
Conceitualmente, a administração pública é o conjunto jurídica própria e as despesas inerentes à administração,
de órgãos, serviços e agentes do Estado que objetivam
são contempladas no orçamento público e ocorre a
satisfazer as necessidades da sociedade, como por
desconcentração administrativa, que consiste na delegação
exemplo: na área da educação, cultura, segurança, saúde,
de tarefas.
dentre outros. Ou seja, a administração pública é a gestão
dos interesses públicos por meio da prestação de serviços Já a administração pública indireta, é, quando o
públicos, sendo dividida em administração pública direta Estado transfere sua função/dever para outras pessoas
e indireta. jurídicas, sendo que essas pessoas jurídicas podem vir a ser:
Como dito, o objetivo principal da administração fundações, empresas públicas, organismos privados, dentre
pública é trabalhar a favor do interesse público, como outros. Isto é, no presente caso ocorre a descentralização
também, dos direitos e interesses dos cidadãos. administrativa, pois a tarefa de administração é transferida
Todo trabalhador que atua na administração pública para outra pessoa jurídica.
é, comumente, conhecido como gestor público. O gestor
público possui uma grande carga de responsabilidade, Principais características da Administração Pública:
devendo sempre seguir com transparência e ética, - A administração pública praticar atos tão somente de
principalmente, aos princípios da administração pública execução – ou seja, atos administrativos, sendo que,
que são: quem pratica estes atos são os órgãos e seus agen-
tes, que são sempre públicos.
- Legalidade: este princípio é base do Estado de Direito - Exerce atividade à Lei e não à Política.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sendo um dos mais importantes para a Administra- - Tem conduta hierarquizada de dever e de obediência.
ção Pública. Em sentido ao Art. 5º da CF, que diz que - Deve praticar seus atos com responsabilidade material
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer e legal.
alguma coisa senão em virtude de lei”, ou seja, todo - Administração Pública serve como um instrumento
administrador público deve realizar seus atos sob a para o Estado conseguir seus objetivos.
égide da lei. - A competência é limitada pois cada um tem sua área
- Impessoalidade: o agente público deve tratar todos e “poder” de atuação.
iguais, sem atribuição de privilégios a qualquer pes-
soa.
- Moralidade: este princípio tem a junção do princípio
da Legalidade com o da Finalidade, resultando em
Moralidade. Ou seja, o princípio da moralidade traz a
ideia de que o trabalhador da administração pública
tem que ter bases éticas na administração.

6
vernador. 21 anos para Deputados Federais, Estaduais,
Distritais, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz. 18 anos
EXERCÍCIO COMENTADO para Vereador.

1. (EMAP – ANALISTA – CESPE – 2018) A respeito de fina- Caso o candidato não preencher estas condições de
lidades e princípios norteadores da licitação, julgue o item elegibilidade, ou até mesmo não ter ficha limpa, possuir
a seguir. condutas avessas ao interesse público, critério família,
dentre outras, o mesmo não poderá se candidatar ao cargo
A Lei de Licitações e Contratos da administração pública do poder executivo.
estabelece que a licitação seja processada e julgada em
conformidade com os princípios da legalidade, da impes-
soalidade, da moralidade, da igualdade e da publicidade FIQUE ATENTO!
Em caso de viagem ou impossibilidade de
exercer o cargo, o primeiro na linha sucessória
( ) CERTO ( ) ERRADO a ocupar o cargo de Presidente é o seu vice.
Em seguida vêm o presidente da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal e presidente
Resposta: CERTO do Supremo Tribunal Federal.
A questão está correta pois, as licitações devem reger-se
pelos princípios da impessoalidade, da moralidade, da A forma de ingresso dos membros do Poder Executivo
igualdade e da publicidade para ter validade. é através da democracia pelo voto, no sistema majoritário.
Ou seja, o candidato que obter o maior número de votos,
(mínimo 50%) de forma simples, é o que irá vencer a
PODER EXECUTIVO: ESTRUTURA, FUNCIO- eleição. Caso não ocorra desta forma, os candidatos mais
NAMENTO E ATRIBUIÇÕES. votados irão para segundo turno de forma a conseguir o
objetivo de metade dos votos mais um.
No entanto, no tocante as eleições dos prefeitos, não
O poder executivo é quem aplica a execução da lei, ocorrem desta forma, elas irão acontecer da seguinte
criada pelo poder legislativo, a função da população. Isto forma:
é, ele tem o poder de governar e administrar os interesses - Nas cidades abaixo de 200.000 (duzentos mil)
públicos através desta delegação. habitantes, o vencedor será quem obter o maior número
No Brasil, temos 3 níveis: de votos válidos (não importa o número da porcentagem).
1) Esfera Federal: o líder do poder executivo é o Presi- O mandato do poder executivo é de 4 anos, podendo
dente da República, o qual fica incumbido de chefiar haver apenas uma reeleição. No tocante aos ministros e
a nação através do sistema “presidencialista” (o pre- secretários, os mesmos não são eleitos a partir do sufrágio
sidente é quem irá representar o povo). Junto com (voto) e sim por indicação de cada líder do poder executivo.
o líder do poder executivo, (ainda na esfera Federal) No tocante a atribuições do Presidente da República, o
temos também os Ministros de Estado (ministérios), art.84 dispõe quais são as ações de competência exclusiva
que fazem parte do poder executivo, pois, cada um do Presidente (somente ele pode realiza-las).
dos Ministros, ficam responsáveis pela coordenação
e supervisão de suas respectivas áreas. Exemplo: Mi- Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
nistro da educação, Ministro da cultura, e etc. pública:
2) Esfera Estadual: o chefe do poder executivo é o Go- I -  nomear e exonerar os Ministros de Estado;
vernador do Estado, e para auxilia-lo, ele possui os II -  exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
secretários de estado (agentes públicos). direção superior da administração federal;
3) Esfera Municipal: o líder do poder executivo é o Pre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III -  iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos


feito e junto com ele tem os secretários municipais. previstos nesta Constituição;
Todos os candidatos a estes cargos descritos a cima, IV -  sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
devem possuir a condição de elegibilidade conforme o art. como expedir decretos e regulamentos para sua fiel exe-
14, §3º da CF, como: cução;
I – nacionalidade brasileira (para o cargo de Presidente V -  vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
e Vice exigi-se especificamente a condição de brasileiro VI -  dispor, mediante decreto, sobre:
NATO, conforme art. 12, § 3º, inciso I, CF). a)  organização e funcionamento da administração fe-
II – pleno exercício dos direitos políticos. deral, quando não implicar aumento de despesa nem
III – alistamento eleitoral. criação ou extinção de órgãos públicos;
IV – domicílio eleitoral na circunscrição. b)  extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
V – filiação partidária. gos;
VI- idade mínima de: 35 anos para Presidente, Vice-Pre- VII -  manter relações com Estados estrangeiros e acre-
sidente e Senador. 30 anos para Governador e Vice-Go- ditar seus representantes diplomáticos;

7
VIII -  celebrar tratados, convenções e atos internacio- Em suma, o poder executivo tem o dever de: efetivar
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; as leis, mesmo que seja necessário utilizar a violência,
IX -  decretar o estado de defesa e o estado de sítio; garantida pelo monopólio da força policial; Administrar os
X -  decretar e executar a intervenção federal; setores públicos de serviços à população, como exemplo
XI -  remeter mensagem e plano de governo ao Congres- os bancos; Manutenção das relações diplomáticas do
so Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati- País com as outras nações; Estabelecer as forças armadas,
va, expondo a situação do País e solicitando as providên- dentre outras.
cias que julgar necessárias;
XII -  conceder indulto e comutar penas, com audiência,
se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII -  exercer o comando supremo das Forças Armadas, EXERCÍCIO COMENTADO
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá- 1. (CRM-DF – ANALISTA JUDICIÁRIO – QUADRIX – 2018)
-los para os cargos que lhes são privativos; Com relação ao Poder Executivo na CF, julgue o item. 
XIV -  nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Além de suas funções básicas de administração, o Poder
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Executivo conserva, como atividades típicas, a legislação,
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura- de que é exemplo a medida provisória, e o julgamento,
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ilustrado pelas hipóteses de contencioso administrativo.
Banco Central e outros servidores, quando determinado
em lei;
( ) CERTO ( ) ERRADO
XV -  nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
tros do Tribunal de Contas da União;
XVI -  nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
Constituição, e o Advogado-Geral da União; Resposta: CERTO
XVII -  nomear membros do Conselho da República, nos A questão está correta pois, as licitações devem reger-se
termos do art. 89, VII; pelos princípios da impessoalidade, da moralidade, da
XVIII -  convocar e presidir o Conselho da República e o igualdade e da publicidade para ter validade.
Conselho de Defesa Nacional;
XIX -  declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por PODER LEGISLATIVO: ESTRUTURA,
ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislati- FUNCIONAMENTO E ATRIBUIÇÕES.
vas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcial-
mente, a mobilização nacional;
XX -  celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do O poder legislativo é o poder que tem como atribuição
Congresso Nacional; a elaboração e aprovação das leis que regem o país,
XXI -  conferir condecorações e distinções honoríficas; como também, realizam a fiscalização dos atos do poder
XXII -  permitir, nos casos previstos em lei complementar, executivo.
que forças estrangeiras transitem pelo território nacio- Importante lembrar que o poder legislativo do Brasil
nal ou nele permaneçam temporariamente; possui bicameralismo federal, isto é, o Congresso Nacional
XXIII -  enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- é o encarregado do poder legislativo no âmbito federal e
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as possui duas câmaras legislativas: 1) Câmara dos Deputados
propostas de orçamento previstas nesta Constituição; (representam o povo); 2) Senado Federal (representa
XXIV -  prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, Estado, Território e Distrito Federal).
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legis- 1) Câmara dos Deputados: através de lei complementar,
lativa, as contas referentes ao exercício anterior; os números de representantes de cada Estado po-
dem conter o mínimo de 8 e o máximo de 70 depu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXV -  prover e extinguir os cargos públicos federais, na


forma da lei; tados, sendo proporcional à população do estado ou
XXVI -  editar medidas provisórias com força de lei, nos do Distrito Federal (câmara possui 513 deputados).
Para que o indivíduo consiga se candidatar ao car-
termos do art. 62;
go de deputado, o mesmo deverá ter no mínimo 21
XXVII -  exercer outras atribuições previstas nesta Cons-
anos, ser brasileiro (apenas o presidente da câmara
tituição.
deve ser brasileiro nato) e estar gozando de seus di-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá dele-
reitos políticos.
gar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV,
À Câmara dos Deputados compete privativamente, nos
primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-
termos do art. 51:
-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União,
I -  autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
que observarão os limites traçados nas respectivas de- ração de processo contra o Presidente e o Vice-Presiden-
legações. te da República e os Ministros de Estado;
II -  proceder à tomada de contas do Presidente da Re-

8
pública, quando não apresentadas ao Congresso Nacio- IX -  estabelecer limites globais e condições para o mon-
nal dentro de sessenta dias após a abertura da sessão tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Fede-
legislativa; ral e dos Municípios, DENTRE OUTROS.
III -  elaborar seu regimento interno; No tocante as esferas estaduais e municipais, vigora
IV -  dispor sobre sua organização, funcionamento, polí- o sistema. unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo
cia, criação, transformação ou extinção dos cargos, em- é exercido por apenas uma Casa. Nos estados, as Casas
pregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei que representam o poder em questão são as Assembleias
para fixação da respectiva remuneração, observados os Legislativas e Câmara do Distrito Federal. Já nos municípios,
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- as Câmaras Municipais são responsáveis por desempenhar
tárias; as atividades legislativas.
V -  eleger membros do Conselho da República, nos ter-
mos do art. 89, VII.

2) Senado Federal: a distribuição do Senado é paritária, EXERCÍCIO COMENTADO


com cada Estado sendo representado por um núme-
ro igual de 3 Senadores com mandato de oito anos,
renovados de quatro em quatro anos, alternadamen- 1. (AL-RS – TÉCNICO LEGISLATIVO – FUNDATEC – 2018)
te, por um e dois terços. A composição do Senado é Considerando as competências constitucionais do Poder
de 81 parlamentares. São condições à eleição como Legislativo, assinale a alternativa que indica competência
Senador a nacionalidade e o pleno exercício de di- privativa da Câmara dos Deputados.
reitos políticos, assim como na Câmara; no entanto,
exige-se a idade mínima de 35 anos. a) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei de-
Compete privativamente ao Senado Federal, nos termos clarada inconstitucional por decisão definitiva do Supre-
do art. 52: mo Tribunal Federal.
I -  processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da b) Processar e julgar o Presidente da República nos crimes
República nos crimes de responsabilidade, bem como os de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma nature- náutica nos crimes da mesma natureza conexos com
za conexos com aqueles; aqueles.
II -  processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal c) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão di-
do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procura- plomática de caráter permanente.
dor-Geral da República e o Advogado-Geral da União d) Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
nos crimes de responsabilidade; da República e apreciar os relatórios sobre a execução
III -  aprovar previamente, por voto secreto, após argüi- dos planos de governo.
ção pública, a escolha de: e) Proceder à tomada de contas do Presidente da Repú-
a)  magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti- blica, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
tuição; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
b)  Ministros do Tribunal de Contas da União indicados gislativa.
pelo Presidente da República;
c)  Governador de Território;
Resposta: Letra E
d)  presidente e diretores do Banco Central;
De acordo com o Art. 51. Compete privativamente à Câ-
e)  Procurador-Geral da República;
mara dos Deputados: II - proceder à tomada de contas
f)  titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV -  aprovar previamente, por voto secreto, após argui- do Presidente da República, quando não apresentadas
ção em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a
diplomática de caráter permanente; abertura da sessão legislativa.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V -  autorizar operações externas de natureza financeira,


de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
VI -  fixar, por proposta do Presidente da República, li-
mites globais para o montante da dívida consolidada da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII -  dispor sobre limites globais e condições para as
operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo poder
público federal;
VIII -  dispor sobre limites e condições para a concessão
de garantia da União em operações de crédito externo
e interno;

9
do trabalho. Ainda assim, julga também habeas corpus
PODER JUDICIÁRIO: ESTRUTURA, FUNCIO- que envolvam essas autoridades ou ministros de Estado,
NAMENTO E ATRIBUIÇÕES. exceto em casos relativos à Justiça eleitoral, dentre outros.

3) TSE
O poder judiciário funciona através de instâncias O Tribunal Superior Eleitoral possui no mínimo 7
judicantes, as quais visam a concretização dos princípios membros, sendo responsável por expedir instruções
tutelados pelo art. 5ª da CF, que seriam: devido processo para a execução da lei que rege o processo eleitoral,
legal, do contraditório, ampla defesa e etc. bem como, tem a função de acompanhar a legislação
Como regra, a primeira instância corresponde ao eleitoral juntamente com os Tribunais Regionais Eleitorais,
primeiro órgão que conhecerá, analisará e julgará a sua assegurando a organização das eleições e o exercício dos
pretensão apresentada ao Poder Judiciário. A sentença direitos políticos da população.
(prolatada pelo juiz de 1º grau) poderão ser submetidas
à apreciação da instância superior, composta por órgãos 4) TST
colegiados, para que haja o reexame da matéria. Ou seja, O Tribunal Superior do Trabalho julga recursos contra
é a garantia do duplo grau de jurisdição. decisões de Tribunais Regionais do trabalho e dissídios
Além desta divisão de “instâncias” o poder judiciário coletivos de categorias organizadas em nível nacional,
também possui divisão quanto a competência de matéria, além de mandados de segurança, embargos opostos a
território e valores. suas decisões e ações rescisórias. O TST é composto por
Em âmbito nacional temos a competência Federal, 27 ministros nomeados pelo presidente da República e
a qual julga ações em que a União, as autarquias ou as aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal.
empresas públicas federais forem interessadas, por juízes
e fórum Federal. 5) STM
A competência Estadual julga as ações comuns entre O Superior Tribunal Militar processar e julgar crimes
pessoas físicas, pessoas jurídicas, trabalhadores e etc. que envolvam militares da Marinha, Exército e Aeronáutica
Neste diapasão, iremos ver alguns órgãos do poder além de funções judiciais e administrativas. É composto
judiciário: por 15 ministros vitalícios, nomeados pelo presidente da
República, com indicação aprovada pelo Senado Federal.
1) STF Três ministros são da Marinha, quatro do Exército e três da
O Supremo Tribunal Federal é a última instância do Aeronáutica, os outros cinco são civis.
poder judiciário do Brasil, composto por 11 ministros
(juízes), os quais são nomeados pelo Presidente da Os órgãos descritos a cima são os principais órgãos
República, devendo ser aprovado pelo Senado Federal. judiciários do sistema brasileiro. Ainda assim, de uma
O STF juga questões acerca da Constituição Federal, pois maneira abrangente podemos ainda cita o Justiça Comum,
ele é o “guardião” da nossa Magma Carta de 1988. Entre Justiça Federal, Tribunal de Justiça, Tribunal Regional do
suas principais atribuições está a de julgar ações diretas Trabalho, Justiça do Trabalho e etc.
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual; ações declaratórias de constitucionalidade
de lei ou ato normativo federal; a arguição de
descumprimento de preceito fundamental decorrente da
EXERCÍCIO COMENTADO
própria Constituição e a extradição solicitada por Estado
estrangeiro. 1. (ARTESP – ESPECIALISTA EM REGULAMENTAÇÃO DE
No tocante a esfera criminal, o STF tem competência TRANSPORTE – FCC – 2016) O Poder Judiciário detém,
para julgar nas infrações penais comuns, o presidente da como atribuição(ões): 
República e seu vice, os membros do Congresso Nacional,
seus próprios ministros e o procurador-geral da República. a) Competências recursais e originárias, estas, por exemplo,
para processamento de ações em face de determinadas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2) STJ autoridades.
O Superior Tribunal de Justiça é a última instância b) Exercer a função judicante, como típica e precípua, não
para as causas infraconstitucionais, sendo o órgão de possuindo competências fiscalizatórias ou administra-
convergência da Justiça comum. O STJ é composto por tivas, salvo por delegação dos poderes titulares dessas
33 ministros. Entre suas principais atribuições, destaca-se matérias.
que ele é o responsável por uniformizar a interpretação c) Processar e julgar os dirigentes da Administração pública
da lei federal em todo o Brasil, seguindo os princípios direta e indireta, em ações originárias.
constitucionais d) A revisão de decisões administrativas proferidas pelos
No âmbito criminal, o STJ julga crimes comuns Tribunais de Contas, como instancia recursal ex officio.
praticados por governadores dos Estados e do e) A análise das garantias e remédios previstos constitucio-
Distrito Federal, crimes comuns e de responsabilidade nalmente, independentemente da autoridade coatora,
de desembargadores dos tribunais de Justiça e de em razão da relevância dos bens tutelados.
conselheiros dos tribunais de contas estaduais, dos
membros dos tribunais regionais federais, eleitorais e

10
Resposta: Letra: A A)  competência originária é a A atividade policial é carreira de Estado imprescindível
competência para examinar, conhecer e julgar a causa à manutenção da normalidade democrática, sendo
pela primeira vez. Costuma ser dos juízos de primeiro impossível sua complementação ou substituição pela
grau, dos juízos monocráticos ou singulares Mas, há ca- atividade privada. A carreira policial é o braço armado do
sos de ações de competência originária dos tribunais. Estado, responsável pela garantia da segurança interna,
Já a competência recursal é aquela advinda de causas ordem pública e paz social (...) [ARE 654.432, rel. p/ o ac.
examinadas em instâncias inferiores. Exemplos: Pro- min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11-6-
cessos de pessoas com foro por prerrogativa de função 2018, Tema 541.]
e Ação popular, respectivamente. B) Poder Judiciário O Estado delega a função de exercer a segurança
exerce  tipicamente  a função judicante e atipicamen- pública através dos órgãos: 1) Polícia Federal, 2) Rodoviária
te  competências fiscalizatórias ou administrativas. C) Federal, 3) Ferroviária Federal, 4) Policia Civil e 5) Militares
Ação originária é a ação que, em função da matéria ou e Bombeiros.
das partes, é processada desde o início no STF. As Ações
Importante lembrar que, através da Ação Direito
Originárias do STF estão previstas no artigo 102, inciso
de Inconstitucionalidade (ADI) nº 236-8-RJ, os órgãos
I, e suas alíneas, da Constituição Federal de 1988. Assim,
descritos acima são os únicos responsáveis para realizar
nem todos dirigentes da Administração pública direta e
indireta dispõe de foro perante o STF. D) Errado, os TC a função de proteção, não podendo ser delegado a mais
não integram a estrutura do Judiciário, dessa forma, nenhum órgão, ente ou pessoa física ou jurídica.
não se constituem como instancia recursal ex officio. E) A O item I “Policia Federal” é um órgão organizado e
análise da autoridade coatora é necessária para saber se mantido pela União, o qual subordina-se ao Ministério da
haverá ou não competência originária em algum tribu- Justiça.
nal. Assim, é incorreto afirmar que “ independentemen- As principais funções da Polícia Federal é investigar e
te da autoridade coatora “. apurar as infrações penais que atinjam exclusivamente a
União, suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
até mesmo investigações de outras funções (desde que
DA SEGURANÇA PÚBLICA. previstas). Ainda assim, a polícia federal é responsável por
exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
de fronteiras, bem como, exercer, com exclusividade, as
Conforme o art. 144 da Constituição Federal nos funções de polícia judiciária da União.
apresenta, a segurança pública é obrigação do Estado, No tocante a Polícia Rodoviária Federal, o mesmo tem
sendo todos os indivíduos detentores de direitos e o dever de realizar patrulhamento ostensivo das rodovias
responsabilidades para preservar a ordem pública, bem federais, para fiscalizar o tráfego nas rodovias e evitar
como da incolumidade das pessoas e do patrimônio. crimes de trânsito. Ainda assim, o policial rodoviário federal
O conceito jurídico de ordem pública não se confunde também é responsável pelo controle das fronteiras do
com incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 144 país. E também, é responsável por mais algumas funções
da CF/1988). Sem embargo, ordem pública se constitui em descritas no art.20 do CTB.
bem jurídico que pode resultar mais ou menos fragilizado Já a Polícia Ferroviária Federal, destina-se também a
pelo modo personalizado com que se dá a concreta
realizar patrulhamento ostensivo, porém, nas ferrovias,
violação da integridade das pessoas ou do patrimônio de
terceiros, tanto quanto da saúde pública (nas hipóteses e é responsável pela fiscalização, repressão de atos de
de tráfico de entorpecentes e drogas afins). Daí sua vandalismo e crimes, e prevenção de acidentes e em toda a
categorização jurídico-positiva, não como descrição do malha ferroviária do país.
delito nem cominação de pena, porém como pressuposto Os Policiais Civis, são policiais capacitados por apurar
de prisão cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade infrações penais, realizar Boletins de Ocorrência, investigar
de acautelar o meio social contra fatores de perturbação algum crime, bem como a função de polícia judiciária.
que já se localizam na gravidade incomum da execução de Por fim, o Policial Militar é responsável, principalmente,
certos crimes. Não da incomum gravidade abstrata deste ou pela ordem pública e paz social através da segurança. Já o
daquele crime, mas da incomum gravidade na perpetração
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Corpo de Bombeiro, além das atribuições definidas em lei,


em si do crime, levando à consistente ilação de que, solto, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
o agente reincidirá no delito. Donde o vínculo operacional
entre necessidade de preservação da ordem pública e
acautelamento do meio social. Logo, conceito de ordem FIQUE ATENTO!
pública que se desvincula do conceito de incolumidade das
pessoas e do patrimônio alheio (assim como da violação à As polícias militares e corpos de bombeiros
saúde pública), mas que se enlaça umbilicalmente à noção militares, forças auxiliares e reserva do
de acautelamento do meio social. Exército, subordinam-se, juntamente com as
[HC 101.300, rel. min. Ayres Britto, j. 5-10-2010, 2ª polícias civis, aos Governadores dos Estados,
T, DJE 18-11-2010.] do Distrito Federal e dos Territórios.
A sociedade possui o direito a segurança, no entanto, *Os municípios podem constituir guardas
deve cooperar para que a paz social e a ordem se municipais para auxílio na segurança
mantenha. Neste diapasão, é dever do Estado buscar meios pública.
para concretizar a segurança através do poder de polícia.

11
EXERCÍCIO COMENTADO SEGURIDADE SOCIAL

8. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2018) A


A seguridade social compreende um conjunto de
segurança pública é uma forma de serviço público de na-
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
tureza
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
a) Geral.
A competência para organizar a seguridade é do
b) Administrativa.
Poder público, porém, os financiamentos da seguridade
c) Descentralizada.
social são provenientes de toda a sociedade, indireta
d) Não exclusiva.
ou diretamente, assim como de recursos vindos dos
e) Individual.
orçamentos públicos e contribuições sociais.
Os princípios que norteiam esse tema são:
Resposta: Letra A
universalidade da cobertura e do atendimento, unidade
A segurança pública é de natureza pública geral e inde-
de organização, solidariedade financeira, seletividade e
legável, sendo prestada para toda coletividade.
distributividade na prestação dos benefícios e serviços,
irredutibilidade do valor dos benefícios, equidade na forma
de participação.
ORDEM SOCIAL.
Neste diapasão, todas as pessoas têm direito de acesso
à saúde, à previdência e à assistência social. Exemplo:
Mendigo sem trabalho e sem documentos, possui o direito
Em concordância com o art. 193 da Constituição
de ser atendido em um hospital público como qualquer
Federal de 1988, a ordem social tem como base o primado
outro cidadão, sem distinção entre urbano e rural.
do trabalho, como objetivo o bem-estar e a justiça social,
os quais se harmonizando com a ordem econômica.
Saúde
Os temas da ordem social a serem estudados
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
dividem-se em: seguridade social, meio ambiente, ordem
mediante políticas sociais e econômicas que visem à
constitucional da cultura; família, criança, adolescentes,
redução do risco de doença e de outros agravos e ao
idosos, dentre outros.
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
Em seguida, estudaremos mais a fundo a seguridade
promoção, proteção e recuperação.
social e meio ambiente.
O sistema único de saúde é um serviço público,
descentralizado que será financiado com os recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do
EXERCÍCIO COMENTADO Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

9. (IF-BA – ASSISTENTE DE ALUNOS – FUNRIO – 2016) FIQUE ATENTO!


A Constituição Federal de 1988 dispõe que a ordem social A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
tem como base

a) O bem estar.
Assim, é dever do sistema único de saúde, além de
b) O primado do trabalho.
outras funções:
c) A justiça social.
1) Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
d) A integração nacional.
substâncias de interesse para a saúde e participar da
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) A equidade de direitos.
produção de medicamentos, equipamentos, imuno-
biológicos, hemoderivados e outros insumos;
Resposta: Letra B
2) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do
lógica, bem como as de saúde do trabalhador;
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
3) Ordenar a formação de recursos humanos na área
de saúde;
4) Participar da formulação da política e da execução
das ações de saneamento básico;
5) Incrementar em sua área de atuação o desenvolvi-
mento científico e tecnológico;
6) Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas
e águas para consumo humano;

12
7) Participar do controle e fiscalização da produção, Da Assistência Social
transporte, guarda e utilização de substâncias e pro-
dutos psicoativos, tóxicos e radioativos; A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
8) colaborar na proteção do meio ambiente, nele com- independentemente de contribuição à seguridade social, e
preendido o do trabalho. tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
Da Previdência adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
previdência social será organizada sob a forma de regime IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, e de deficiência e a promoção de sua integração à vida
compreende prestações de benefícios e serviços. comunitária;
Para ter acesso aos benefícios previdenciários, é V - a garantia de um salário mínimo de benefício
necessário a prestações pecuniárias para a previdência mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
social. Assim, o contribuinte poderá se resguardar dos que comprovem não possuir meios de prover à própria
benefícios: 1) auxílios por doença; 2) maternidade; 3) manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
reclusão e funeral; 4) seguro-desemprego; 5)salário- dispuser a lei.
família; 6) pensão por morte do segurado; 7)aposentadoria
por invalidez, tempo de contribuição ou por idade. EXERCÍCIO COMENTADO
A prestação pecuniária da aposentadoria será calculada
com base no salário de contribuição, cujo máximo
depende de fixação legal. 10. (CÂMARA DE GOIÂNIA – ASSISTENTE – UEG – 2018)
O regime de previdência social é considerado público, O XXIX Encontro Nacional CFESS/CRESS (2000) deliberou
pois ele é obrigatório a todos os trabalhadores registrados por fazer a luta em defesa da seguridade social no país,
no regime da CLT, bem como, é mantido pelo Estado. aprovando o documento “Carta de Maceió – Seguridade
No que tange ao regime de previdência complementar, Social Pública: é possível”. Neste documento a seguridade
o mesmo é considerado como privado e também social é entendida como:
FACULTATIVO, sendo que este benefício é destinado
apenas aos contribuintes que aderirem a este sistema. a) Um padrão de proteção social de qualidade, com cober-
No tocante a aposentadoria, a mesma é assegurada tura universal para as situações de risco, vulnerabilidade
nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a média ou danos dos cidadãos brasileiros.
dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos b) Uma política pública de acesso universal à saúde, seguro
monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade social à previdência social e proteção social à assistência
dos reajustes dos salários de contribuição de modo a social como direito do cidadão.
preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes c) Uma política de gestão pautada no pacto federativo, no
condições: qual devem ser detalhadas as atribuições e competên-
I - aos 65 anos de idade, para o homem, e aos 60, para cias dos três níveis de governo.
a mulher, reduzido em cinco anos o limite de ida- d) Projeto de defesa nacional.
de para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e e) Um padrão incorporado a partir de demandas presentes
para os que exerçam suas atividades em regime de na sociedade brasileira, no que tange à responsabilidade
economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o política estatal.
garimpeiro e o pescador artesanal;
II - após 35 anos de trabalho, ao homem, e, após 30 Resposta: Letra A
anos, à mulher, ou em tempo inferior, se sujeitos a A) Reafirmam, ainda, sua  concepção de seguridade,
trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a entendida como um padrão de proteção social de
qualidade, com cobertura universal para as situações
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

saúde ou a integridade física, definidas em lei;


de risco, vulnerabilidade ou danos dos cidadãos bra-
III - após 30 anos, ao professor, e após 25, à professora,
sileiros. B) O conceito de seguridade social expresso na
por efetivo exercício de função de magistério. Constituição de 1988 é restrito à previdência, saúde e
assistência social. C) O conceito de seguridade social é
#FicaDica entendido conforme expresso no texto constitucional
em seu art. 194. “A seguridade social compreende um
É facultada aposentadoria proporcional, após conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
trinta anos de trabalho, ao homem, e após Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direi-
vinte e cinco, á mulher. tos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
D) A concepção de Seguridade Social representa um
dos maiores avanços da Constituição Federal de 1988,
no que se refere à proteção social e no atendimento às
históricas reivindicações da classe trabalhadora.

13
MEIO AMBIENTE.
EXERCÍCIO COMENTADO

A Constituição Federal de 1988 assegura a todos o 11. (PGM-MANAUS – PROCURADOR – CESPE – 2018)
direito ao meio ambiente, ao uso dele para obter qualidade Considerando o que dispõe a CF a respeito da proteção ao
de vida, atribuindo ao poder público e à coletividade o meio ambiente, julgue o item subsequente.
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e Compete ao poder público definir espaços territoriais
futuras gerações. ambientalmente protegidos, sendo a sua supressão
Para defender e preservar o meio ambiente, o poder permitida somente através de lei.
público deve:
a) preservar e restaurar os processos ecológicos es- ( ) CERTO ( ) ERRADO
senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
b) definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especial- Resposta: CERTO
mente protegidos, sendo a alteração e a supressão Em concordância com o Art. 225. Todos têm direito ao
permitidas somente através de lei, vedada qualquer meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
utilização que comprometa a integridade dos atribu- comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
tos que justifiquem sua proteção; impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
c) controlar a produção, a comercialização e o emprego de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
de técnicas, métodos e substâncias que comportem gerações.
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio am- § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
biente; ao Poder Público:
d) promover a educação ambiental em todos os níveis III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços
de ensino e a conscientização pública para a preser- territoriais e seus componentes a serem especialmente
vação do meio ambiente; protegidos, sendo a alteração e a supressão permiti-
e) proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as das somente através de lei, vedada qualquer utilização
práticas que coloquem em risco sua função ecológi- que comprometa a integridade dos atributos que justifi-
ca, provoquem a extinção de espécies ou submetam quem sua proteção;
os animais a crueldade, DENTRE OUTROS.
O indivíduo que explorar recursos minerais, fica obrigado
a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com Referências
solução técnica exigida pelo órgão público competente, Dalmo de Abreu Dallari - Elementos de Teoria Geral do
bem como, aquele que realizar qualquer atividade lesiva Estado, 23. Ed., p.118.
ao meio ambiente (seja pessoa física, jurídica) ficará ele https://medium.com/anota%C3%A7%C3%B5es-de-
sujeito as sanções penais e administrativas além de ter que direito/poder-legislativo-estrutura-4dfc2c2a3354
recuperar o dano. https://www.congressonacional.leg.br/institucional/
atribuicoes

#FicaDica
São indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

14
d) I − às polícias civis, ressalvada a competência da União,
em relação à qual cabe à polícia federal exercer com ex-
HORA DE PRATICAR! clusividade as funções de polícia judiciária; II – às polí-
cias militares; e III – à polícia federal.
1. (CGE-RO – ASSISTENTE – FUNRIO – 2018) No âmbi- e) I - às polícias civis, ressalvada a competência da União,
to dos princípios fundamentais da Constituição Federal de em relação à qual cabe à polícia federal exercer com ex-
1988 consta o pertinente ao: clusividade as funções de polícia judiciária; II – à polícia
rodoviária federal; e III – às polícias militares.
a) Pluralismo político.
b) Intervencionismo estatal. 5. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA – NUCEPE –
c) Comprometimento com a saúde. 2018) A segurança pública, dever do Estado, direito e
d) Projeto de defesa nacional. responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
e) Desenvolvimento radical. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
2. (MPE-AL – ANALISTA – FGV– 2018) Pedro nasceu na
Itália no período em que seu pai, de nacionalidade brasilei- a) Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferrovi-
ra, ali residia em caráter permanente. À luz da sistemática ária Federal e Polícias Civis, tão somente.
constitucional, é correto afirmar que Pedro: b) Somente pela Polícia Federal, Polícias Civis e Polícias Mi-
litares.
a) Será cidadão brasileiro caso venha a residir no território c) Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civis,
brasileiro e opte por esta nacionalidade até os 18 anos. Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, tão
b) É considerado cidadão brasileiro caso tenha sido regis- somente.
trado na repartição brasileira competente. d) Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferro-
c) Será cidadão brasileiro caso a sua mãe também tenha a viária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, Corpos de
nacionalidade brasileira. Bombeiros Militares e Ministério Público.
d) Somente será nacional brasileiro caso requeira a sua na- e) Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferrovi-
turalização. ária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de
e) É considerado cidadão brasileiro. Bombeiros Militares, tão somente.

3. (PREFEITURA DE JOÃO PESSOA – AGENTE DE CON-


TROLE URBANO – IBADE – 2018) Correspondem aos GABARITO
princípios expressos da Administração Pública na Consti-
tuição Federal vigente, dentre outros:
1 A
a) Legalidade, moralidade, dignidade. 2 B
b) Eficiência, dignidade, publicidade.
c) Legalidade, eficiência, publicidade. 3 C
d) Moralidade, eficiência, transparência. 4 D
e) Legalidade, dignidade, transparência. 5 E

4. (CÂMARA LEGISLATIVA – CONSULTOR LEGISLATIVO


– FCC – 2018) Considere as seguintes atribuições, à luz da
disciplina constitucional da segurança pública:
I. Funções de polícia judiciária e apuração de infrações
penais, exceto as militares;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II. Polícia ostensiva e preservação da ordem pública;


III. Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos pú-
blicos nas respectivas áreas de competência.
Referidas atribuições incumbem, respectivamente,

a) I – à polícia federal; II – às polícias militares; e III – à polí-


cia rodoviária federal..
b) I – às polícias civis, incluída a competência da União; II –
à polícia federal; e III – às polícias militares.
c) I – às polícias civis, incluída a competência da União; II –
às polícias militares; e III – à polícia federal.

15
ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

16
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Princípios básicos....................................................................................................................................................................................................................01
Aplicação da lei penal;A lei penal no tempo e no espaço; Tempo e lugar do crime; Territorialidade e extraterritorialidade da lei
penal.............................................................................................................................................................................................................................................04
O fato típico e seus elementos; Crime consumado e tentado; Ilicitude e causas de exclusão; Excesso punível...............................07
Crimes contra a pessoa.........................................................................................................................................................................................................29
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................................30
Crimes contra a dignidade sexual.....................................................................................................................................................................................39
Crimes contra a fé pública. .................................................................................................................................................................................................40
Crimes contra a Administração Pública. ........................................................................................................................................................................48
Crimes contra a Administração da Justiça. ...................................................................................................................................................................54
Inquérito policial;.....................................................................................................................................................................................................................56
Prova; Exame do corpo de delito e perícias em geral; Preservação de local de crime; Requisitos e ônus da prova; Nulidade da
prova; Documentos de prova; Reconhecimento de pessoas e coisas; Acareação; Indícios. .....................................................................59
Busca e apreensão...................................................................................................................................................................................................................65
Restrição de liberdade; Prisão em flagrante; Prisão preventiva; Medidas Cautelares; Liberdade Provisória; Audiência de Custó-
dia; Lei no 7.960/1989 (prisão temporária); Disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Processual Penal. ...........................66
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
PRINCÍPIOS BÁSICOS.
O princípio da culpabilidade possui três sentidos
fundamentais:
O Direito Penal moderno se assenta em determinados • Culpabilidade como elemento integrante da teoria
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito analítica do crime – a culpabilidade é a terceira
democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos característica ou elemento integrante do conceito
delitos e das penas, da reserva legal ou da intervenção analítico de crime, sendo estudada, sendo Welzel,
legalizada, que tem base constitucional expressa. A sua após a análise do fato típico e da ilicitude, ou seja,
dicção legal tem sentido amplo: não há crime (infração após concluir que o agente praticou um injusto
penal), nem pena ou medida de segurança (sanção penal) penal;
sem prévia lei (stricto sensu). • Culpabilidade como princípio medidor da pena
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções – uma vez concluído que o fato praticado pelo
fundamentais: agente é típico, ilícito e culpável, podemos afirmar a
a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen existência da infração penal. Deverá o julgador, após
nulla poena sine lege praevia); condenar o agente, encontrar a pena correspondente
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume à infração praticada, tendo sua atenção voltada para
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta); a culpabilidade do agente como critério regulador;
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes, fun- • Culpabilidade como princípio impedidor da
damentar ou agravar penas (nullum crimen nulla po- responsabilidade penal objetiva, ou seja, da
ena sine lege stricta); responsabilidade penal sem culpa – o princípio
d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum da culpabilidade impõe a subjetividade da
crimen nulla poena sine lege certa); responsabilidade penal. Isso significa que a
imputação subjetiva de um resultado sempre
Irretroatividade da lei penal depende de dolo, ou quando previsto, de culpa,
evitando a responsabilização por caso fortuito ou
Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei força maior.
penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado.
Fundamentam-se a regra geral nos princípios da reserva Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos
legal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio
do favor libertatis -, e a hipótese excepcional em razões O pensamento jurídico moderno reconhece que o
de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na
legislativo e judicial na elaboração e aplicação de lei proteção de bens jurídicos - essenciais ao indivíduo e à
retroativa prejudicial. comunidade -, dentro do quadro axiológico constitucional
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da ou decorrente da concepção de Estado de Direito
irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, democrático (teoria constitucional eclética).
desde que seja para beneficiar o réu. Com essa vertente do
princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém Princípio da intervenção mínima (ou da subsidiarie-
será punido por um fato que, ao tempo da ação ou dade)
omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a
inexistência de qualquer lei penal incriminando-o. Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa
dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Taxatividade ou da determinação (nullum crimen das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos
sine lege scripta et stricta) de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só
deverá intervir quando for absolutamente necessário para
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do O princípio da intervenção mínima é o responsável não
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção só pelos bens de maior relevo que merecem a especial
para que exista real segurança jurídica. Tal assertiva proteção do Direito Penal, mas se presta, também, a
constitui postulado indeclinável do Estado de direito fazer com que ocorra a chamada descriminalização. Se é
material - democrático e social. com base neste princípio que os bens são selecionados
O princípio da reserva legal implica a máxima para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque
determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se considerados como de maior importância, também
ao Poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipo será com fundamento nele que o legislador, atento às
penais com a máxima precisão de seus elementos, bem mutações da sociedade, que com sua evolução deixa de
como ao Judiciário que as interprete restritivamente, de dar importância a bens que, no passado, eram da maior
modo a preservar a efetividade do princípio. relevância, fará retirar do ordenamento jurídico-penal
certos tipos incriminadores.

1
Fragmentariedade Proporcionalidade da pena

A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuída Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio
à lei penal não é absoluta. O que faz com que só devem entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A
eles ser defendidos penalmente frente a certas formas pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da
de agressão, consideradas socialmente intoleráveis. Isto lesão ao bem jurídico representada pelo delito e a medida
quer dizer que apenas as ações ou omissões mais graves
endereçadas contra bens valiosos podem ser objeto de de segurança à periculosidade criminal do agente.
criminalização. O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o
O caráter fragmentário do Direito Penal aparece estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade
sob uma tríplice forma nas atuais legislações penais: a) em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade
defendendo o bem jurídico somente contra ataques de em concreto) que careçam de relação valorativa com o
especial gravidade, exigindo determinadas intenções e fato cometido considerado em seu significado global.
tendências, excluindo a punibilidade da ação culposa em Tem assim duplo destinatário: o poder legislativo (que
alguns casos etc; b) tipificando somente uma parte do tem de estabelecer penas proporcionadas, em abstrato,
que nos demais ramos do ordenamento jurídico se estima à gravidade do delito) e o juiz (as penas que os juízes
como antijurídico; c) deixando, em princípio, sem castigo, impõem ao autor do delito tem de ser proporcionais à sua
as ações meramente imorais, como a homossexualidade e
a mentira. concreta gravidade).

Princípio da pessoalidade da pena (da responsabili- Princípio da humanidade (ou da limitação das penas)
dade pessoal ou da intranscendência da pena)
Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação,
Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só a aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer
o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, outra medida que atentar contra a dignidade humana.
XLV). Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem
fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não material e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da
poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os
personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é que
pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas. princípios da culpabilidade e da igualdade.
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade Está previsto no art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes
não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;
impede que, no caso de morte do condenado e tendo b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de
havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes banimento; e) cruéis. “Um Estado que mata, que tortura,
respondem até as forças da herança. A pena de multa, que humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade,
apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou senão que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao
de ter caráter penal e, por isso, continua obedecendo a nível dos mesmos delinquentes” (Ferrajoli).
este princípio.
Princípio da adequação social
Individualização da pena
A individualização da pena ocorre em três momentos: Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal
não será tida como típica se for socialmente adequada ou
a) Cominação – a primeira fase de individualização da reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social
pena se inicia com a seleção feita pelo legislador, da vida historicamente condicionada. Outro aspecto é o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

quando escolhe para fazer parte do pequeno âmbito de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância
de abrangência do Direito Penal aquelas condutas, com determinações jurídicas de comportamentos já
positivas ou negativas, que atacam nossos bens mais estabelecidos.
importantes. Uma vez feita essa seleção, o legislador O princípio da adequação social possui dupla função.
valora as condutas, cominando lhe penas de acordo Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do
com a importância do bem a ser tutelado.
b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão de tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas
qual a infração praticada e começará, agora, a indi- pela sociedade. A segunda função é dirigida ao legislador
vidualizar a pena a ele correspondente, observando em duas vertentes. A primeira delas o orienta quando
as determinações contidas no art. 59 do Código Pe- da seleção das condutas que deseja proibir ou impor,
nal (método trifásico).c) Execução penal – a execu- com a finalidade de proteger os bens considerados mais
ção não pode igual para todos os presos, justamente importantes. Se a conduta que está na mira do legislador
porque as pessoas não são iguais, mas sumamente for considerada socialmente adequada, não poderá ele
diferentes, e tampouco a execução pode ser homo- reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda vertente
gênea durante todo período de seu cumprimento. destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos
Individualizar a pena, na execução consiste em dar a
penais e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre
cada preso as oportunidades para lograr a sua rein-
aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente
serção social, posto que é pessoa, ser distinto.
à evolução da sociedade.

2
Princípio da insignificância (ou da bagatela) mas sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista
que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas
Relacionado o axioma mínima non cura praeter, situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação,
enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da em virtude de convenções, tratados e regras de direito
sanção penal, postula que devem ser tidas como atípicas internacional.
as ações ou omissões que afetam muito infimamente
a um bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do bem Princípio da extraterritorialidade
jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena,
devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra
importância. geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem
“A insignificância da afetação [do bem jurídico] infrações dentro do território nacional, incluídos aqui
exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através os casos considerados fictamente como sua extensão,
da consideração conglobada da norma: toda ordem o princípio da extraterritorialidade se preocupa com a
normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que aplicação da lei brasileira além de nossas fronteiras, em
é a garantia jurídica para possibilitar uma coexistência países estrangeiros.
que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos).
A insignificância só pode surgir à luz da finalidade geral PRINCÍPIOS QUE SOLUCIONAM O CONFLITO APA-
que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma RENTE DE NORMAS
em particular, e que nos indica que essas hipóteses estão
excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser Especialidade
estabelecido à luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni
Especial é a norma que possui todos os elementos da
e Pierangeli)
geral e mais alguns, denominados especializantes, que
trazem um minus ou um plus de severidade. A lei especial
Princípio da lesividade
prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis in
idem, pois o comportamento do sujeito só é enquadrado na
Os princípios da intervenção mínima e da lesividade
norma incriminadora especial, embora também estivesse
são como duas faces da mesma moeda. Se, de um lado,
descrito na geral.
a intervenção mínima somente permite a interferência
do Direito Penal quando estivermos diante de ataques a Subsidiariedade
bens jurídicos importantes, o princípio da lesividade nos
esclarecerá, limitando ainda mais o poder do legislador, Subsidiária é aquela norma que descreve um graus
quais são as condutas que deverão ser incriminadas pela menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato
lei penal. Na verdade, nos esclarecerá sobre quais são as menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como
condutas que não poderão sofrer os rigores da lei penal. delito autônomo, encontra-se também compreendido
O mencionado princípio proíbe a incriminação de: em outro tipo como fase normal de execução do crime
a) uma atitude interna (pensamentos ou sentimentos mais grave. Define, portanto, como delito independente,
pessoais); b) uma conduta que não exceda o âmbito do conduta que funciona como parte de um crime maior.
próprio autor (condutas não lesivas a bens de terceiros);
c) simples estados ou condições existenciais (aquilo que Consunção
se é, não o que se fez); d) condutas desviadas (reprovadas
moralmente pela sociedade) que não afetem qualquer É o princípio segundo o qual um fato mais grave e mais
bem jurídico. amplo consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


e graves, que funcionam como fase normal de preparação
Princípio da extra atividade da lei penal ou execução ou como mero exaurimento. Hipóteses em
que se verifica a consunção: crime progressivo (ocorre
A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar quando o agente, objetivando desde o início, produzir o
a regular fatos ocorridos durante a vigência ou retroagir resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos,
para alcançar aqueles que aconteceram anteriormente crescentes violações ao bem jurídico); crime complexo
à sua entrada em vigor. Essa possibilidade que é dada à (resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que
lei penal de se movimentar no tempo é chamada de extra passam a funcionar como elementares ou circunstâncias
atividade. A regra geral é a da irretroatividade in pejus; a no tipo complexo).
exceção é a retroatividade in melius.
Alternatividade
Ocorre quando a norma descreve várias formas de
Princípio da territorialidade realização da figura típica, em que a realização de uma ou
de todas configura um único crime. São os chamados tipos
O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito múltipla ou de conteúdo variado. Não há propriamente
internacional, ao crime cometido no território nacional. O conflito entre normas, mas conflito interno na própria
Brasil não adotou uma teoria absoluta da territorialidade, norma.

3
Princípio da mera legalidade ou da lata legalidade Princípio de utilidade

Exige a lei como condição necessária da pena e do As proibições não devem só ser dirigidas à tutela
delito. A lei é condicionante. A simples legalidade da de bens jurídicos como, também, devem ser idôneas.
forma e da fonte é condição da vigência ou da existência Obriga a considerar injustificada toda proibição da qual,
das normas que preveem penas e delitos, qualquer que previsivelmente, não derive a desejada eficácia intimidatória,
seja seu conteúdo. O princípio convencionalista da mera em razão dos profundos motivos – individuais, econômicos
legalidade é norma dirigida aos juízes, aos quais prescreve e sociais – de sua violação; e isso à margem do que se
que considera delito qualquer fenômeno livremente pense sobre a moralidade e, inclusive, sobre a lesividade
qualificado como tal na lei. da ação proibida.

Princípio da legalidade estrita Princípio axiológico de separação entre direito e


moral
Exige todas as demais garantias como condições A val
necessárias da legalidade penal. A lei é condicionada. A orização da interiorização da moral e da autonomia
legalidade estrita ou taxatividade dos conteúdos resulta de da consciência é traço distintivo da ética laica moderna,
sua conformidade com as demais garantias e, por hipótese a reivindicação da absoluta licitude jurídica dos atos
de hierarquia constitucional, é condição de validade ou internos e, mais ainda, de um direito natural à imoralidade
legitimidade das leis vigentes. é o princípio mais autenticamente revolucionário do
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da liberalismo moderno.
falseabilidade jurídica é que as definições legais que
estabeleçam as conotações das figuras abstratas de
delito e, mais em geral, dos conceitos penais sejam APLICAÇÃO DA LEI PENAL; A LEI PENAL NO
suficientemente precisas para permitir, no âmbito de TEMPO E NO ESPAÇO; TEMPO E LUGAR DO
aplicação da lei, a denotação jurídica (ou qualificação, CRIME; TERRITORIALIDADE E EXTRATERRI-
classificação ou subsunção judicial) de fatos empíricos TORIALIDADE DA LEI PENAL.
exatamente determinados.
O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há crime
Princípio da necessidade ou da economia do Direito
sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
Penal
cominação legal.
Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente porque A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
a intervenção punitiva é a técnica de controle social mais como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à
gravosamente lesiva da dignidade e da dignidade dos norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao
cidadãos, o princípio da necessidade exige que se recorra réu.
a ela apenas como remédio extremo. Se o Direito Penal Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante
responde somente ao objetivo de tutelar os cidadãos sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extratividade
e minimizar a violência, as únicas proibições penais da lei penal.
justificadas por sua “absoluta necessidade” são, por sua A extratividade da lei penal se manifesta de duas
vez, as proibições mínimas necessárias. maneiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da
lei.
Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
é o seu poder de regular situações fora de seu período
Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever de de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

prevenir os mais altos custos individuais representados passadas, seja em relação a situações futuras.
pelos efeitos lesivos das ações reprováveis e somente Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores
eles podem justificar o custo das penas e das proibições. a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se
O princípio axiológico da separação entre direito e moral sua aplicação se der para fatos após a cessação de sua
veta, por sua vez, a proibição de condutas meramente vigência, será chamada ultratividade.
imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-se
inclusive, perigosos. a ocorrência das seguintes situações:
Princípio da materialidade ou da exterioridade da a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura
ação criminosa;
Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal
grave que seja, pode-se estimar penalmente relevante, mais benigna;
senão como efeito de uma ação. Em consequência, os
delitos, como pressupostos da pena não podem consistir Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in melius,
em atitudes ou estados de ânimo interiores, nem sequer, aplica-se o princípio da retroatividade da Lei penal mais
genericamente, em fatos, senão que devem se concretizar benéfica.
em ações humanas – materiais, físicas ou externas, quer A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou
dizer, empiricamente observáveis – passíveis de serem os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectivamente, os
descritas, enquanto tais, pelas leis penais.

4
crimes de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal
que praticou uma destas condutas em fevereiro de 2006, que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
por exemplo, não será responsabilizado na esfera penal. (lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados durante
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de sua vigência. São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam
rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes do atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua
Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade para revogação.
o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”),
houve, assim, uma continuidade normativa atípica. Tempo do crime
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
todos os efeitos penais da sentença. Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento
A Lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
de penas e, por consequência, considerando que se trata do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
de novatio legis in melius ocorreu retroatividade de sua
A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
vigência a fatos anteriores a sua publicação.
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no
c) Novatio legis in pejus – é a lei posterior que agrava a
momento em que ocorre a conduta criminosa;
situação;
d) Novatio legis incriminadora – é a lei posterior que b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta momento do resultado advindo da conduta crimino-
antes considerada irrelevante pela lei penal. sa;
A lei posterior não retroage para atingir os fatos c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime
praticados na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade consiste no momento tanto da conduta como do re-
da lei penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais sultado que adveio da conduta criminosa.
benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:
vigência (Ultratividade da Lei Penal). Artigo 4º: Considera-se praticado o crime no momento
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos resultado (Tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria
termos da Súmula 711 do STF. da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído
Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade, em pelo Código Penal.
que a maioria dos nossos autores considera o princípio da O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código
legalidade sinônimo de reserva legal. Penal português em que também é adotada a Teoria da
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não Atividade para o tempo do crime. Em decorrência disso,
haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal. aquele que praticou o crime no momento da vigência da
Dissentindo desse entendimento o professor Fernando lei anterior terá direito a aplicação da lei mais benéfica.
Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado
compreende duas espécies: reserva legal e anterioridade da imputável mesmo que a consumação ocorrer quando
lei penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E,
aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal também, o deficiente mental será imputável, se na época
e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão
defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, somente na época do resultado.
nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva
Novamente, observa-se a respeito dos crimes
legal, reservando para o estrito campo da lei a existência
permanentes, tal como o sequestro, nos quais a ação
do crime e sua correspondente pena (não há crime sem
se prolonga no tempo, de modo que em se tratando de

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e
o da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF,
momento da prática da infração penal (lei anterior e prévia a lei mais grave será aplicada.
cominação). Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio
da legalidade, compreende os princípios da reserva legal e A LEI PENAL NO ESPAÇO
da anterioridade.
Lei excepcional ou temporária Territorialidade

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de- Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
corrido o período de sua duração ou cessadas as circuns- tratados e regras de direito internacional, ao crime
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado cometido no território nacional.
durante sua vigência. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
vigorar enquanto perdurar o período excepcional. onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a lei privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
traz em seu texto a data de cessação de sua vigência. correspondente ou em alto-mar.

5
É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados serviço;
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do-
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso miciliado no Brasil;
no território nacional ou em voo no espaço aéreo II - os crimes:
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
Brasil. reprimir;
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da b) praticados por brasileiro;
norma penal a fatos cometidos no Brasil: c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em
a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem apli-
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
cação no território do Estado que a editou, pouco
Nos casos do número I, o agente é punido segundo
importando a nacionalidade do sujeito ativo ou pas- a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
sivo. estrangeiro.
b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacio- Nos casos do número II, a aplicação da lei brasileira
nal é aplicável a fatos cometidos em seu território. depende do concurso das seguintes condições:
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacio- a) entrar o agente no território nacional;
nal se aplica aos fatos praticados em seu território, b) ser o fato punível também no país em que foi pra-
mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei ticado;
estrangeira, quando assim estabelecer algum trata- c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
do ou convenção internacional. Foi este o princípio brasileira autoriza a extradição;
adotado pelo art. 5º do Código Penal: Aplica-se a lei d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e re- não ter aí cumprido a pena;
gras de direito internacional, ao crime cometido no e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
território nacional. por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável.
O Território nacional abrange todo o espaço em que
o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12
condições previstas no parágrafo anterior:
milhas) e espaço aéreo. a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
Os § 1º e 2º do art. 5º, do CP esclarecem ainda que: b) houve requisição do Ministro da Justiça.
“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a
do território nacional as embarcações e aeronaves fatos criminosos ocorridos no exterior.
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo Princípios norteadores:
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei na-
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de cional do autor do crime, qualquer que tenha sido o
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no local da infração.
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar” (§ 1º). b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional do
“É também aplicável a lei brasileira aos crimes autor do crime aplica-se quando este for praticado
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações contra bem jurídico de seu próprio Estado ou contra
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas pessoa de sua nacionalidade.
em pouso no território nacional ou em voo no espaço c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que
tenha sido o local da infração ou a nacionalidade do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

do Brasil” (§ 2º).
autor do delito. É também chamado de princípio da
Lugar do crime proteção.
d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o
Considera-se praticado o crime no lugar em que direito de punir qualquer crime, seja qual for a na-
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem cionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local da
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. infração, desde que o agente esteja dentro de seu
território (que tenha voltado a seu país, p. ex.).
Extraterritorialidade e) Princípio da representação. A lei nacional é aplicável
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves
estrangeiro: e embarcações privadas, desde que não julgados no
I - os crimes: local do crime.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú-
blica;
Pena cumprida no estrangeiro
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis-
trito Federal, de Estado, de Território, de Município,
de empresa pública, sociedade de economia mista, A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
c) contra a administração pública, por quem está a seu computada, quando idênticas.

6
Eficácia de sentença estrangeira
A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser
homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
A homologação depende: a) para os efeitos previstos no número I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS; CRIME CONSUMADO E TENTADO; ILICITUDE E CAUSAS


DE EXCLUSÃO; EXCESSO PUNÍVEL.

Fato típico é denominado como o comportamento humano que se molda perfeitamente aos elementos constantes do
modelo previsto na lei penal.
A primeira característica do crime é ser um fato típico, descrito, como tal, numa lei penal.
Um acontecimento da vida que corresponde exatamente a um modelo de fato contido numa norma penal
incriminadora, a um tipo.
Para que o operador do Direito possa chegar à conclusão de que determinado acontecimento da vida é um fato
típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com certeza
absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta.
Para que determinado fato da vida seja considerado típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os seus
elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
Essa relação é a tipicidade.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

7
Nexo causal – relação de causalidade

É o vínculo que une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como consequência derivada.
Trata-se do liame que une a causa ao resultado que produziu.
O nexo de causalidade interessa particularmente ao estudo do Direito Penal, pois, em face de nosso Código Penal (art.
13), constitui requisito expresso do fato típico.
Esse vínculo, porém, não se fará necessário em todos os crimes, mas somente naqueles em que à conduta exigir-se
a produção de um resultado, isto é, de uma modificação no mundo exterior, ou seja, cuida-se de um exame que se fará
necessário no âmbito dos crimes materiais ou de resultado.
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do resultado constitui elemento necessário ao fato típico de qualquer
infração penal.
Deve ser analisada em dois planos: formal e material.

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática, revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar de
maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do ordenamento jurídico-penal.
A teoria da imputação objetiva surge no mundo jurídico sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar os estudos
da estrutura criminal analisando os aspectos políticos do crime.
Parte da doutrina entende que a teoria da imputação objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista e
a teoria da adequação social, em contrapartida, sendo considerada também, conforme ilustrado, uma teoria nova e
revolucionária que conceitua que no âmbito do fato típico, deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade penal,
não levando em consideração o dolo do agente, pois este, é requisito subjetivo e deve ser analisado somente no que
tange a imputação subjetiva.
Esta teoria determina que não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido, devendo o agente responder
penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu um risco proibido relevante.
Assim, um resultado causado por um agente pode ser imputado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria um perigo
para um bem jurídico não coberto pelo risco permitido e esse perigo também foi realizado no resultado concreto.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Todo crime, como já observamos, é um fato típico, ilícito e culpável.


Por vezes, dentro da tipicidade encontramos os ERROS que incidem sobre as elementares ou circunstancias do tipo.
O que são as elementares? O verbo que define o crime. Por exemplo “subtrair” no crime de furto.
O que são circunstâncias? De modo bem simples, no crime de furto, se o fato é praticado “durante o repouso
noturno” a pena será aumentada.
Então, quando falamos de erro, devemos estar atentos a qual classificação estamos nos referindo.
Erro de tipo essencial ou erro de tipo acidental.
Vamos verificar cada um deles:

8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Muitas provas em que se exige o assunto e indica os artigos de lei tem como objetivo limitar o estudo para somente
aqueles dispositivos.
Oriento para que não estude somente o texto de lei.
Vamos transcrever o texto do Código Penal para sincronizar com o edital e, em seguida, trazer o resumo sobre a
doutrina.
Relembrando, os elementos do crime são:

9
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.

Esse artigo trata da RELAÇÃO DE CAUSALIDADE.


É o vínculo que une a causa, enquanto fator propulsor,
a seu efeito, como consequência derivada.
Trata-se do liame que une a causa ao resultado que
produziu.
O nexo de causalidade interessa particularmente ao
estudo do Direito Penal, pois, em face de nosso Código
Penal (art. 13), constitui requisito expresso do fato típico.
Esse vínculo, porém, não se fará necessário em todos os
crimes, mas somente naqueles em que à conduta exigir-se
a produção de um resultado, isto é, de uma modificação no
mundo exterior, ou seja, cuida-se de um exame que se fará
necessário no âmbito dos crimes materiais ou de resultado.
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do
resultado constitui elemento necessário ao fato típico de
qualquer infração penal.
Deve ser analisada em dois planos: formal e material.
Ainda sobre o art. 13, do CP, temos as CONCAUSAS.
O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de
comportamentos, associação de fatores, entre os quais a
conduta do agente aparece como seu principal (mas não
único) elemento desencadeante.

ESPÉCIES DE CONCAUSAS

CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE


PREEXISTENTE

Rogério Sanches ilustra muito bem com o seguinte


exemplo:
Fulano, às 20h, insidiosamente, serve veneno para
Beltrano. Uma hora depois, quando o veneno começa a
fazer efeito, Sicrano, inimigo de Beltrano, aparece e dá um
tiro no desafeto. Beltrano morre no dia seguinte em razão
do veneno.
Causa efetiva: veneno servido por Fulano.
Causa concorrente: tiro efetuado por Sicrano.

CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

O art. 13, do CP, tem a seguinte redação: CONCOMITANTE


Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do Outro exemplo de Rogério Sanches:
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Con- Enquanto Fulano envenenava Beltrano,
sidera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resulta- surpreendentemente surge Sicrano que atira contra
do não teria ocorrido. Beltrano, causando a sua morte.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente indepen- Causa efetiva: tiro efetuado por Sicrano.
dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o Causa concorrente: veneno servido por Fulano.
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou. CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE SU-
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omi- PERVENIENTE
tente devia e podia evitar o resultado. O dever de agir
incumbe a quem: Mais um exemplo de Rogério Sanches:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vi- Fulano ministra veneno em Beltrano. Antes do
gilância; psicotrópico “fazer efeito”, Beltrano, enquanto descansava,
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impe- viu o lustre cair na sua cabeça. Beltrano morre em razão de
dir o resultado; traumatismo craniano.

10
Causa efetiva: traumatismo craniano. Além da RELAÇÃO DE CAUSALIDADE, temos que
Causa concorrente: veneno servido por Fulano. compreender também a Teoria da IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Observação: o traumatismo foi causado sem a ação de A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática,
um agente, mas Beltrano estava naquele local “descansando” revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar
em decorrência do veneno servido por Fulano. de maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do
ordenamento jurídico-penal.
A teoria da imputação objetiva surge no mundo
FIQUE ATENTO! jurídico sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar
Na CONCAUSA ABSOLUTAMENTE os estudos da estrutura criminal analisando os aspectos
INDEPENDENTE (preexistente, concomitante políticos do crime.
ou superveniente), a causa concorrente deve Parte da doutrina entende que a teoria da imputação
ser punida na forma tentada. objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista
e a teoria da adequação social, em contrapartida, sendo
considerada também, conforme ilustrado, uma teoria nova
CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE PREE- e revolucionária que conceitua que no âmbito do fato
XISTENTE típico, deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade
Vamos aos exemplos de Rogério Sanches: penal, não levando em consideração o dolo do agente, pois
Fulano, portador de hemofilia é vítima de um golpe de este, é requisito subjetivo e deve ser analisado somente no
faca executado por Beltrano. O ataque para matar produziu que tange a imputação subjetiva.
lesão leve, mas em razão da doença preexistente acabou Esta teoria determina que não há imputação objetiva
sendo suficiente para matar a vítima. quando o risco criado é permitido, devendo o agente
Causa efetiva: doença preexistente, hemofilia. responder penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu
Causa concorrente: lesão corporal leve, decorrente de um risco proibido relevante.
facada desferida por Beltrano. Assim, um resultado causado por um agente pode
ser imputado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria
um perigo para um bem jurídico não coberto pelo risco
#FicaDica permitido e esse perigo também foi realizado no resultado
concreto.
Para evitar responsabilidade penal objetiva, Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
o Direito Penal, em casos como a morte do tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
hemofílico, moderno corrige essa conclusão, Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho do
de maneira que somente seria possível imputar crime, corresponde às etapas percorridas pelo agente para
homicídio consumado ao agente caso ele a prática de um fato previsto em lei como infração penal.
soubesse da condição de saúde da vítima. Do Considerando que já estudamos crime doloso, podemos
contrário, haveria tentativa de homicídio. concluir que iter criminis é um instituto exclusivo dos
crimes dolosos.
CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE CON- Os crimes possuem as seguintes fases:
COMITANTE
Fulano dispara contra Beltrano. Este, ao perceber a ação
do agente tem um colapso cardíaco e morre.
Causa efetiva: colapso cardíaco.
Causa concorrente: disparo efetuado por Beltrano.

CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SU- NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


PERVENIENTE

CAUSALIDADE ADEQUADA (OU TEORIA DA CONDI-


ÇÃO QUALIFICADA OU TEORIA DA CONDIÇÃO INDI-
VIDUALIZADORA)

Considera causa a pessoa, fato ou circunstância que,


além de praticar um antecedente indispensável à produção
do resultado (que para a causalidade simples é o que basta),
realize uma atividade adequada à sua concretização.
O problema da causalidade superveniente se resume
em assentar, conforme demonstra a experiência da vida,
se o fato conduz normalmente a um resultado dessa índole
(resultado como consequência normal, provável, previsível
do comportamento humano).

11
O que é crime-obstáculo?

Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos preparatórios são punidos como crime autônomo, por exemplo, associa-
ção criminosa, art. 288, do CP.

Atos preparatórios e atos de execução.


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

E se persistirem a dúvida se o ato é preparatório ou de execução?


Deve considerar, neste caso, o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
Para cada classificação do crime há o momento da consumação.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

13
Consumação de crime de ROUBO X LATROCÍNIO

O crime é consumado, quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal.
A tentativa ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstância alheias à vontade do agente.
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1 a 2/3.
A tentativa é uma causa de diminuição de pena.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

A redução deve ser basear no iter criminis percorrido pelo agente.


A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é uma norma de extensão ou de ampliação, uma vez que, o tipo penal
deve ser conjugado com o art. 14, II, do CP.

ELEMENTOS DO TIPO

Sempre que estudamos os elementos subjetivos do tipo vem à memória “dolo” e “culpa”, e junto uma tentativa de simplificar
ao máximo para passar a matéria adiante.
Depois ficamos surpresos com as questões elaboradas pelas bancas dos concursos.

14
Primeiro, vamos a lei seca, Código Penal e verificar o
que está disposto sobre o dolo e a culpa. FIQUE ATENTO!
Art. 18. Diz-se o crime: Dolo direto: quer o resultado.
Dolo indireto alternativo: quer um ou outro
Crime doloso resultado previsto.
Dolo indireto eventual: não quer diretamente
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o resultado, mas assume o risco.
o risco de produzi-lo;

Crime culposo Agora vamos estudar a CULPA.


A CULPA é quando o agente deu causa ao resultado
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por por imprudência, negligência ou imperícia.
imprudência, negligência ou imperícia. Quando estudamos CULPA, não podemos deixar de
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, lado a imprudência, negligência e imperícia.
ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
senão quando o pratica dolosamente.

Essa é a definição que encontramos no Código Penal.


Vamos estudar o DOLO.

FIQUE ATENTO!

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Culpa inconsciente: não prevê o resultado
que podia prever.
Culpa consciente: prevendo-o supõe
levianamente que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo.

Sempre nas questões que envolve dolo eventual e


culpa consciente, numa leitura rápida ficamos com dúvida.
O DOLO pode ser direto, indireto alternativo ou indireto Portanto, vamos fazer a segunda leitura da questão e
eventual. identificar as palavras que diferenciam o dolo eventual da
culpa consciente.

15
Dolo indireto (indeterminado): O agente com sua
conduta, não busca realizar resultado determinado.

Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resul-


tados, porém, dirigindo sua conduta na busca de realizar
qualquer um deles.
Exemplo: o agente vai para cometer homicídio ou lesão
corporal, está com certeza que praticará um dos crimes,
pois “ele quer”.

Dolo eventual: O agente prevê pluralidade de resulta-


Vamos avançar mais um pouco. dos, porém dirige sua conduta na realização de um deles.
Estudaremos as TEORIAS DO DOLO. Quer um resultado, mas aceita o outro resultado.
Exemplo: agente prevê lesão e homicídio, ele dirige
Teoria da vontade: a conduta na lesão, é o que ele quer, porém se ocorrer
dolo é a vontade consciente de querer praticar a um homicídio, ele aceita, assume o risco de produzir um
infração penal. homicídio.

Teoria da Representação: Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois re-


ocorre dolo, toda vez que o agente prevendo o resulta- sultados em sequência.
do como possível, continua a sua conduta. Exemplo: quero ferir e depois quero matar.

Teoria do consentimento (ASSENTIMENTO): Dolo de dano: A vontade do agente é causar efetiva


é como se fosse um corretivo da anterior – ocorre dolo lesão ao bem jurídico tutelado.
toda vez que o agente prevendo o resultado como possí- Exemplo: quando eu falo em bem jurídico vida = a
vel, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco intenção do agente é matar.
de produzi-lo.
Dolo de perigo: O agente atua com a intenção de ex-
Previsão + prosseguir = assumindo risco. por a risco o bem jurídico tutelado.
Prevalece que o Brasil adota a Teoria da vontade + Exemplo: se eu tenho o bem jurídico vida = a intenção
Teoria do assentimento. é periclitar a vida de outrem.
Quais são as espécies de dolo?
Vejamos: Dolo genérico: O agente tem vontade de realizar a
conduta descrita no tipo penal, sem fim específico.
Dolo direto (determinado): Ocorre quando o agente Exemplo: o interesse é querer matar, basta esta vontade,
prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na não interessa para quê.
busca de realizar esse mesmo resultado.
Tem duas espécies: Dolo específico: O agente tem vontade de realizar a
conduta descrita no tipo penal COM fim específico.
Dolo de primeiro grau: conduta dirigida a determina- Exemplo: importa o fim com que o agente agiu, falsidade
do resultado. ideológica “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.


Dolo de segundo grau (ou dolo necessário): Neste
dolo, o agente produz resultado paralelo ao visado, pois Dolo geral (ou ‘erro sucessivo’, espécie de erro so-
necessário à realização deste. Consiste na vontade do bre o nexo causal): Ocorre quando o agente, supondo
agente dirigida a determinado resultado, efetivamente já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova
desejado, em que a utilização dos meios para alcançá-lo, ação que efetivamente o provoca. É uma espécie de erro de
inclui, obrigatoriamente, efeitos colaterais de verificação tipo acidental, não isentando o agente de pena.
praticamente certa (o agente não deseja imediatamente os Exemplo: pai e mãe esganam uma filha, achando
efeitos colaterais, mas tem por certa sua ocorrência caso que ela está morta, jogam-na pela janela, quando então,
concretize o resultado pretendido – o dolo dele quanto aos efetivamente ela morre na queda.
efeitos colaterais é de segundo grau).
Exemplo: irmãos siameses. Quero matar um, acabo Dolo normativo: Adotado pela teoria psicológica nor-
matando os dois. Respondo por 121 com dolo de 1º grau, mativa da culpabilidade, este dolo integra a culpabilidade
quanto ao que eu queria matar; e 121 com dolo de 2º tendo como requisitos:
grau, quanto ao irmão. Concurso formal impróprio (Cezar
Bitencourt). -Consciência
-Vontade
-Consciência atual da ilicitude

16
Dolo natural: Adotado pela teoria normativa pura da Previsibilidade
culpabilidade, de base finalista, este dolo integra o fato tí-
pico, tendo como requisitos: Previsibilidade é diferente de previsão. Previsibilidade
é a possibilidade de o agente conhecer o perigo. Diferente
-Consciência de previsão, onde há efetivo conhecimento do perigo.
-Vontade Na culpa consciente tem conduta, violação de dever,
resultado, nexo, e tem mais que previsibilidade, tem
Dolo antecedente/concomitante/subsequente : previsão. O perigo na culpa consciente não é previsível,
Analisa-se o dolo no momento da conduta. Nucci ele foi previsto.
(2014) esclarece que para haver o crime só nos interessa o A previsibilidade se divide em:
dolo concomitante. O dolo antecedente é mera cogitação, Previsibilidade subjetiva - analisada sobre o prisma
o dolo subsequente também não nos interessa se não es- subjetivo do autor do fato, levando em consideração seus
tava presente desde a conduta. dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemento
da culpa, mas será considerada pelo magistrado no
Dolo de propósito ou refletido: Pode configurar juízo da culpabilidade (aqui analisará a exigibilidade ou
agravante. Nem sempre majora a pena. inexigibilidade de conduta diversa).
Previsibilidade objetiva – analisada sob o ponto de
Dolo de ímpeto ou repentino: Configura atenuante vista objetivo, se aquilo era objetivamente previsível, no
de pena. comum, no geral.
Exemplo: crimes multitudinários, seguindo a onda. Tipicidade
O crime dolo tem outras relevâncias no direito penal. No silêncio da lei não se pune a modalidade culposa,
Neste momento, apenas para exemplificar, assunto que
somente a dolosa.
será tratado em outra aula, no concurso formal de crime,
art. 70, do CP, quando o agente, mediante uma só ação
Art. 18, Parágrafo único, do CP - Salvo os casos expres-
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, será aplicada a mais grave das penas cabíveis ou, se sos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer como crime, senão quando o pratica dolosamente.
caso, de um sexto até metade. Porém, as penas se aplicam
cumulativamente se a ação ou omissão é dolosa e os Quais são as espécies de dolo?
crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos.
Vejamos:
Vamos estudar um pouco mais os elementos do
crime culposo. Culpa consciente: O agente prevê o resultado
decidindo prosseguir com sua conduta, acredita que pode
Conduta humana voluntária: A vontade do agente evitar o perigo ou que nunca ocorrerá, culpa com previsão.
circunscreve-se à realização da conduta – não quer nem
assume o risco do resultado. Culpa inconsciente: O agente não prevê o resultado
que, entretanto, lhe era inteiramente previsível, culpa sem
Violação de um dever de cuidado objetivo: O agente previsão, culpa com previsibilidade.
atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela
sociedade. Culpa própria: É gênero do qual são espécies, culpa
consciente e culpa inconsciente.
Nexo causal: Deve haver a relação de causalidade en- O agente não quer e nem assume o risco de produzir

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


tre a conduta do agente e o resultado crime. o resultado.
Esta é a culpa propriamente dita.
Resultado (involuntário): Em regra, naturalístico.
Culpa imprópria: A culpa imprópria, culpa por
Previsão/Previsibilidade: (ou previsibilidade objetiva e extensão, assimilação ou equiparação, decorre do erro
subjetiva) de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso
nas causas de justificação.
Tipicidade culposa: deve ser previsto como crime
Nessas circunstâncias, o agente quer o resultado em
culposo)
razão de a sua vontade encontrar-se viciada por um erro
O que entendemos por violação do dever de cuidado que, com mais cuidado poderia ser evitado.
(modalidades da culpa)?
A violação do dever de cuidado está contido na CONDUTA PRETERDOLOSA
imprudência, negligência e imperícia.
Imprudência: afoiteza. Comissiva. É uma espécie de crime agravado pelo resultado,
Negligência: ausência de precaução. Omissiva. havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no
Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de mesmo fato (dolo no antecedente – conduta + culpa no
profissão, arte ou ofício. consequente – resultado).

17
Dolo + Culpa = Preterdolo

Art. 19, do CP - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.

O que são crimes agravados pelo resultado?

Vamos exemplificar para facilitar:


Crime doloso agravado dolosamente
Art. 121, §2º, do CP – homicídio qualificado, ou art. 123, §2º, IV, do CP - lesão grave qualificado pela deformidade.
Isso é chamado de dupla tipicidade dolosa.
Crime culposo agravado culposamente
Incêndio culposo qualificado culposamente pela morte culposa de alguém – art. 250, combinado com o art. 258, do CP.
Isso é chamado de dupla tipicidade culposa.
Crime culposo agravado dolosamente
Art. 121, § 4º, 2ª figura, do CP - homicídio culposo, agravado por omissão de socorro, ou art. 267, §2º, do CP - epidemia
com resultado morte, ou art. 302, parágrafo único, III, da Lei nº 9.503/1997, homicídio culposo de trânsito majorado pela
omissão de socorro.

Crime doloso agravado culposamente


Art. 129, §3º, do CP - lesão corporal seguida de morte.

E agora que sabemos, pelos exemplos, o que são crimes agravados pelo resultado.
Qual das hipóteses se encaixa no crime preterdoloso?
Crime PRETERDOLOSO ou PRETERINTENCIONAL, se encaixa na hipótese do crime doloso agravado culposamente.
Assim, podemos afirmar que crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituído de dolo
no antecedente e culpa no consequente.
Quais são os elementos do crime preterdoloso?

Conduta dolosa visando determinado resultado.


Provocação de resultado culposo + grave do que o desejado.
Nexo causal entre conduta e resultado.
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O resultado
mais grave deve ser pelo menos culposo.
Vamos ao exemplo:
“A” desfere um soco em “B” num ambiente lotado de mesas. “A” cai, bate a cabeça e morre. Lesão corporal seguida de
morte (art. 129, §3º, do CP).
“A” empurra “B” em lugar cheio de cadeiras e obstáculos, e na queda, “B” bate a cabeça e morte. Aqui temos vias de fato,
contravenção (dolo) e morte culposa. Estamos diante do Art. 121, §3º, do CP, homicídio culposo, ficando a contravenção
absorvida.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

TENTATIVA

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

19
Quais são os crimes que admitem tentativa?
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

20
Quais os crimes que não admitem tentativa?

Todas as vezes que estudamos a tentativa devemos ter muito cuidado para não confundir com a desistência voluntária
e o arrependimento eficaz.
Desistência voluntária, de acordo com a primeira parte o art. 31, do CPM, o agente, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução.
Arrependimento eficaz, conforme segunda parte do art. 31, do CPM, ocorre quando o agente, tendo praticado todos
os atos necessários e suficientes para que advenha o resultado, pratica atos que o impedem.
Detalhe: o agente só responde pelos atos já praticados.
Exemplo: o agente quer matar a vítima e após executar a conduta, impede que o resultado morte aconteça. Responde,
neste caso por lesão corporal.

Art. 17. Não se pune quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Observe que para ser crime impossível é necessário:
Ineficácia absoluta do meio: impossibilidade de o instrumento utilizado consumar o delito de qualquer forma: usar um
alfinete para matar uma pessoa adulta, o sujeito deseja matar a vítima por meio de ato de magia ou bruxaria.
Absoluta impropriedade do objeto: a conduta do agente não é capaz provocar qualquer resultado lesivo à vítima: matar
um cadáver.

21
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo,
se previsto em lei.

Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

Erro determinado por terceiro


§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Erro sobre a pessoa


§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

O texto do Código Penal, depois que o fragmentarmos, deveremos entender da seguinte forma:
ERRO DE TIPO # ERRO DE PROIBIÇÃO
Erro de tipo existe falsa percepção da realidade, ou seja, o agente NÃO SABE o que faz. Exemplo: saio de festa pego
um guarda-chuva, quando chego a minha casa vejo que não é meu.
Erro de proibição o agente SABE o que faz. (Percebe o que faz, porém ignora a ilicitude). Exemplo: marido ignorante
bate na mulher, sabe que está ofendendo integridade física, mas ignora a ilicitude.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

ERRO DE TIPO ESSENCIAL


É a falsa percepção da realidade (estado positivo).
Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, as circunstâncias ou qualquer dado que se agregue
a determinada figura típica.
Rogério Greco ensina que falta na verdade, a consciência de que pratica uma infração penal e, dessa forma, resta
afastado o dolo que, como vimos, é a vontade e consciência de praticar a conduta incriminada.

22
Recai sobre dados principais, constitutivos do tipo penal. Se avisado do erro, o agente para de agir criminosamente.
Exemplo: estou caçando, acho que tem um animal atrás do arbusto, mas depois do disparo vejo que era uma pessoa.
NÃO sabia que estava matando alguém.
O agente NÃO sabe o que faz.
O fato de ser alguém é um dado PRINCIPAL do tipo.
Então erro de tipo ESSENCIAL pode ser Inevitável ou Evitável:

Vamos exemplificar:

Primeira hipótese:
Dois caçadores amigos vão para a mata caçar, uma suposta fera, que está comendo o gado.
Separam-se para caçar.
Um caçador escuta um barulho na moita e atira.
Ora, poderia ter averiguado antes a possibilidade de ser ou não o companheiro.
Aqui é um erro vencível, neste caso, há homicídio.
O verbo matar está configurado.
Mas o dolo não, como existe homicídio culposo, ele responderá por este crime.
Segunda hipótese;
Transportador, o caminhoneiro transporta supostamente uma tonelada de sal de frutas ENO.
Parado pela polícia percebe-se que era uma tonelada de cocaína.
Como não existe tráfico culposo, ele não responderá por nada.
Então, se estou falando de erro, não existe vontade (por isso exclui o dolo), diante de um erro, não existe previsão, tanto
no inevitável, como no evitável.
Porém no evitável, ao contrário do inevitável, há previsibilidade, por isso permanece a punição para a modalidade
culposa.
Rogério Greco destaca que sem vontade e sem consciência, não se pode falar em dolo. Embora não possa o agente
responder pelo delito a título de dolo, sendo inescusável o erro, deverá, de acordo com a segunda parte do art. 20 do CP,
ser responsabilizado a título de culpa, havendo previsão para tanto.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Agora estamos diante da prova do concurso.
Como saber se é evitável ou inevitável?
Primeira corrente:
Trabalha com a figura do homem médio.
Homem de diligência mediana. Inevitabilidade ou evitabilidade considerando o homem médio.
Prevalece entre os doutrinadores clássicos.
Segunda corrente: quem é o homem médio?
Trabalha com o caso concreto, com as circunstâncias do caso concreto, previsibilidade do caso concreto levando em
consideração o agente deste caso.
Analisa a evitabilidade ou inevitabilidade do caso concreto, do ponto de vista do agente do caso concreto (grau de
instrução, etc.).
Prevalece na doutrina moderna.
As duas correntes devem ser lembradas na hora de responder as questões!
Erro de tipo ‘acidental’
Recai sobre dados secundários do tipo.
Se avisado, o agente corrige o erro, mas continua agindo criminosamente.
Espécies de erro de tipo acidental:

23
1) Erro sobre o objeto (“aberratio in objectum”) Conceito: o agente, por acidente ou erro no uso dos
meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida,
Conceito: O agente, por erro, representa apesar de corretamente representá-la.
equivocadamente o objeto material (coisa), atingindo A vítima é corretamente representada, entretanto
outro que não o desejado. houve falha na execução do crime.
Exemplo: quero subtrair o relógio de ouro, mas Exemplo:
acabo furtando um relógio de latão, decorrência da má Eu miro o meu pai, porém, por inabilidade minha, acabo
representação do objeto. atingindo o meu vizinho, que se postava ao lado do meu
Previsão legal: não tem. Criação doutrinária. pai.
Consequência:
Não exclui dolo/não exclui culpa. Consequências:
Não isenta o agente de pena. As mesmas do art. 20, §3º (respondo pelo crime
Responde pelo crime, considerando-se o objeto considerando as qualidades da vítima VIRTUAL).
material (coisa) efetivamente atingido (Prevalece). Se atingida também pessoa visada = concurso formal
No exemplo, ele responderá pelo furto do relógio de (próprio) de delitos, art. 70. É chamado de unidade
latão, podendo o juiz utilizar o princípio da insignificância. complexa ou resultado duplo.
Só se aplica para o erro na execução, o erro envolvendo
2) Erro sobre a pessoa (“aberratio in persona”) PESSOA-PESSOA (art. 73), eventualmente o 20, §3º, do CP.
Previsão legal: art. 20, §3º do CP. Doutrina moderna diferencia duas espécies de aberratio
ictus: erro no uso dos meios de execução
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime Execução pressupõe vítima pretendida no local: por
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste acidente
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da Execução não exige a vítima pretendida no local.
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Tem a mesma consequência.
Exemplo:
Conceito: representação equivocada do objeto material Quero matar pai, erro, mato tio, erro no uso dos meios.
(pessoa) visado pelo agente. Já no acidente, mãe envenena comida para o marido comer,
Não há erro de execução, e sim de representação, ou mas quem acaba comendo é o filho. Mesma consequência.
seja, a execução é perfeita, entretanto o agente representa
erroneamente a vítima. 4) Resultado diverso do pretendido (“aberratio
Exemplo1: criminis”)
Quero matar meu pai, porém, representando Previsão Legal: art. 74 CP.
equivocadamente a pessoa que entra na casa, mato o meu
tio (não há erro de execução, somente de representação, Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por
executo bem, com um alvo mal representado). acidente ou erro na execução do crime, sobrevém re-
Responderei por PARRICÍDIO, mesmo o pai estando sultado diverso do pretendido, o agente responde por
vivo culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre
Exemplo2: traficante deseja matar Pedrinho que tem 13 também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art.
anos. 70 deste Código.
Acredita que ele o traiu com policiais. Mata Mário que
tem 17, por engano. É uma espécie de erro na execução.
Responde por homicídio circunstanciado, pena Conceito: o agente, por acidente ou erro na execução
aumentada por ser contra menor de 14 anos. do crime, provoca lesão em bem jurídico diverso do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Responde pela vítima virtual. pretendido.


Consequências: Exemplo:
Não exclui dolo/não exclui culpa; Quero danificar a viatura de X, porém, por erro na
Não isenta o agente de pena; execução, acabo por atingir e matar o motorista.
Responde pelo crime considerando-se a VÍTIMA
VIRTUAL pretendida e NÃO a vítima real. Consequências:
Não isenta o agente de pena.
3) Erro na execução (“aberratio ictus”) Responde pelo resultado DIVERSO do pretendido, a
Previsão legal: art. 73 CP. título de culpa.
Erro na execução Responde pelo resultado PRODUZIDO. No exemplo,
homicídio culposo.
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios Se provocar também o resultado pretendido, concurso
de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que formal de delitos (art. 70 CP).
pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como Exemplo1:
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se Resultado pretendido, dano em carro (art. 165, do CP),
ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de porém, por acidente, o resultado produzido foi a morte do
ser também atingida a pessoa que o agente pretendia motorista (art. 121, do CP).
ofender, aplica-se a regra do art.70 deste Código. Houve erro na execução.

24
Art. 74: responde por resultado produzido a título de cul- Terceira corrente:
pa. O agente responde pelo crime, considerando o nexo
Exemplo2: mais benéfico. Ela aplica o in dubio pro reo.
Resultado pretendido é a morte, o resultado produzido
é o dano. Houve erro na execução, atingiu bem jurídico 6) “Erro de subsunção”
diverso. Pessoa falsifica um cheque. Foi surpreendido falsificando
Não posso aplicar o art. 73, do CP (aberratio ictus: um cheque. O promotor vai denunciar. Denuncia pelo
pessoa-pessoa), e se aplicássemos o art. 74, do CP (aberratio crime de falsidade de documento público (art. 297, do CP,
criminis), teríamos impunidade. pena de 2 a 6 anos) ou documento particular (298, do CP,
Zaffaroni ensina que não se aplica o art. 74, do CP, se pena de 1 a 5 anos)?
o resultado produzido é menos grave (bem jurídico menos Documento público, cheque é documento público por
valioso) que o resultado pretendido, sob pena de prevalecer equiparação (art. 297, § 2º, do CP).
a impunidade. Neste caso, o agente deve responder pela
tentativa do resultado pretendido não alcançado.
Art. 297, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a
5) Erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”) documento público o emanado de entidade paraesta-
Previsão legal: NÃO tem previsão legal. Criação tal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
doutrinária. as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o
Fundamento: conditio sine qua non. testamento particular.
O erro sobre o nexo causal tem duas espécies:
Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: o agente, Então, este indivíduo denunciado por falsificação de
mediante UM só ato, provoca o resultado visado, porém documento público, na audiência diz que NÃO SABIA que
com outro nexo de causalidade. era equiparado a documento público.
Exemplo: É o chamado ‘erro de subsunção’, não tem previsão
Empurro a vítima de um penhasco, para que morra legal, criação doutrinária.
afogada, porém durante a queda ela bate a cabeça contra Conceito: Não se confunde com erro de tipo, pois NÃO
uma rocha, morrendo em razão de um traumatismo HÁ falsa percepção da realidade. Também não se confunde
craniano). com erro de proibição, uma vez que o agente SABE da
Dolo geral (erro sucessivo): o agente, mediante conduta ilicitude de seu comportamento.
desenvolvida em DOIS OU MAIS atos, provoca o resultado Trata-se de erro que recai sobre valorações jurídicas
visado, porém, com nexo de causalidade diverso. equivocadas, sobre interpretações jurídicas errôneas.
No erro sobre o nexo causal em sentido estrito, temos
O agente interpreta equivocadamente o sentido jurídico
um só ato, aqui temos uma pluralidade de atos gerando
um nexo de causalidade diverso. de seu comportamento.
Exemplo1: Funcionário público para fins penais: dar dinheiro a
Atiro na vítima, e imaginando estar morta, jogo o corpo jurado, mas sem saber que era equiparado funcionário.
no mar, vindo então a morrer afogada. Consequência
Exemplo2: Não exclui dolo/não exclui culpa.
Caso da Isabela, mãe esgana, imaginando que está Não isenta o agente de pena.
morta, joga pela janela aí sim morrendo de traumatismo. Pode gerar no máximo uma atenuante inominada. (art.
Porém, promotor no caso alegou que a eles sabiam que 66, do CP).
ela estava viva.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de
Consequências: circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime,
Não exclui dolo/ não exclui culpa; embora não prevista expressamente em lei.
Não isenta o agente de pena;
O agente responde pelo crime considerando o resultado Observação quanto à competência:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
provocado (queria matar, responde por homicídio). Agente federal e investigador de polícia civil.
Responde pelo nexo pretendido ou pelo nexo Quero matar o investigador da civil, por erro acabo
provocado? Importância: dependendo do nexo pode gerar matando o agente federal.
uma qualificadora. Houve erro na execução – art. 73 do CP.
Homicídio no exemplo anterior: respondo pelo tiro ou
pela asfixia?
Consequência:
Três correntes:
respondo como se eu tivesse atingido a vítima virtual
Primeira corrente: pretendida. Responde pelo homicídio do investigador, a
O agente responde pelo crime considerando o nexo visado vítima virtual.
(pretendido), evitando a responsabilidade penal objetiva. Onde será o processo e julgamento?
A Justiça Federal, visto que as consequências da
Segunda correte: aberratio ictus são apenas para fins penais, não para fins
O agente responde pelo crime considerando o nexo processuais penais.
ocorrido (REAL), suficiente para a provocação do resultado O processo penal para fins de competência considera
desejado. “Eu aceito, assumo qualquer meio para atingir a vítima real.
o meu fim” (o agente de modo feral aceita qualquer meio Erro de tipo não interfere na competência, matéria
para atingir o fim). PREVALECE na doutrina. processual penal.

25
7) Erro provocado por terceiro
Previsão legal: art. 20, §2º do CP.

Art. 20, § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Conceito: no erro de tipo, o agente erra por conta própria, por si só.
Já no erro determinado por terceiro, há uma terceira pessoa, que induz o agente a erro, trata-se de erro não espontâneo.

Consequência:
Quem determina dolosamente o erro de outrem, responde por crime doloso.
Exemplo:
Médico quer matar o paciente, ele dolosamente induz, enganando a enfermeira a ministrar dose errada de medicamento.
Responde por homicídio doloso.
Quem determina culposamente o erro, responde por crime culposo.
Exemplo:
O médico negligentemente deu a dose errada a ser ministrada pela enfermeira, responde por crime culposo.
Nas duas hipóteses temos o médico agindo como o autor mediato.
Conclusão: o erro acidental nunca afasta a imputação.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumprimento de um dever jurídico imposto por normas de direito
público, sujeitando o agente a uma pena.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até
prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico.

EXCLUSÃO DE ILICITUDE
A exclusão da ilicitude é uma causa excepcional que retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
criminosa (fato típico).

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;

26
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercí- As causas justificantes têm o condão de tornar lícita
cio regular de direito. uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim, aquele
Excesso punível que pratica fato típico acolhido por uma excludente, não
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses comete ato ilícito, constituindo uma exceção à regra que
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. todo fato típico será sempre ilícito.
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal 23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do
primeira compreensão, isso também basta para se afirmar dever legal e o exercício regular de direito.
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica. Ilícito penal, é o crime ou delito, ou seja, é o
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente descumprimento de um dever jurídico imposto por normas
na relação de contrariedade entre a conduta típica do de direito público, sujeitando o agente a uma pena.
autor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
de que, no caso concreto, estejam presentes uma das entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
hipóteses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento tipo penal, é antijurídico.
do dever legal ou o exercício regular de direito.
O estado de necessidade e a legítima defesa são Exclusão de ilicitude
conceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, Exclusão da ilicitude é uma causa excepcional que retira
merecendo destaque, neste tópico, apenas o estrito o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
cumprimento do dever legal e o exercício regular de um criminosa (fato típico).
direito, como excludentes da ilicitude ou da antijuridicidade.
A expressão “estrito cumprimento do dever legal”, por
si só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de
acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária
a ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação do
autor, esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao
ordenamento jurídico.
Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever
legal pode restar configurado no crime de homicídio, em
que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam
no cumprimento de um dever legal, resulta na morte do
marginal. Neste sentido - RT 580/447.
O exercício regular de um direito, como excludente
da ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações
jurídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do
exercício regular de um direito, ainda que ela seja típica,
não poderá ser considerada antijurídica, já que está de
acordo com o direito.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Um exemplo de exercício regular de um direito, como
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado
pela vítima da turbação ou do esbulho possessório,
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa
para si (RT - 461/341).
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um
dever legal ou do exercício regular de um direito. Havendo
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso
restem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é Estado de necessidade
a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, no sacrifício de um bem jurídico penalmente protegido,
independentemente do seu elemento subjetivo, é visando salvar de perigo atual e inevitável direito próprio
necessário que inexistam causas justificantes. Isto porque do agente ou de terceiro - desde que no momento da ação
estas causas tornam lícita a conduta do agente. não for exigido do agente uma conduta menos lesiva.

27
Nesta causa justificante, no mínimo dois bens jurídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser protegido, o
outro será prejudicado

Legítima Defesa
Está baseada no fato de que o Estado não pode estar presente em todos os lugares protegendo os direitos dos
indivíduos, ou seja, permite que o agente possa, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro.
Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a
terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação.

Além de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o animus defendendi no momento da ação.
Se o agente desconhecia a agressão que estava por vir e age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá exclusão
da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso de coincidência

Estrito cumprimento do dever legal


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei, não responderá pelos atos praticados, ainda que constituam um
ilícito penal.
Isto porque o estrito cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante.
O primeiro requisito para formação desta excludente de ilicitude é a existência prévia de um dever legal.
Este requisito engloba toda e qualquer obrigação direta ou indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa
forma, pode advir de qualquer ato administrativo infralegal, desde que tenham sua base na lei.
Também pode ter sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas pelo Poder Judiciário no cumprimento de
ordens legais.
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem.
Para que se configure esta causa justificante, é necessário que o agente se atenha aos limites presentes em seu dever,
não podendo se exceder no seu cumprimento.
Aquele que ultrapassa os limites da ordem legal poderá responder por crime de abuso de autoridade ou algum outro
específico na legislação penal. Por fim, o último requisito é a execução do ato por agente público, e excepcionalmente, por
particular.
Para que se caracterize a causa justificante, o agente precisa ter consciência de que pratica o ato em cumprimento de
dever legal a ele incumbido, pois, do contrário, o seu ato configuraria um ilícito.
Trata-se do elemento subjetivo desta excludente, que é a ação do agente praticada no intuito de cumprir ordem legal.

28
Exercício regular do direito
Aquele que exerce um direito garantido por lei não comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento jurídico permite
determinada conduta, se dá a excludente do exercício regular do direito.
O primeiro requisito exigido por esta causa justificante é a existência de um direito, podendo ser de qualquer natureza,
desde que previsto no ordenamento jurídico. O segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o agente deve agir
nos limites que o próprio ordenamento jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria abuso de direito, configurando
excesso doloso ou culposo.

Também se faz necessário que o agente tenha conhecimento da situação em que se encontra para poder se valer desta
excludente de ilicitude. É preciso saber que está agindo conforme um direito a ele garantido, pois do contrário, subsistiria
a ilicitude da ação. Fernando Capez traz o exemplo do pai que pratica vias de fato ou lesão corporal leve contra seu filho,
mas sem o intuito de correção, tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a integridade física.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


CRIMES CONTRA A PESSOA

HOMICÍDIO

De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de um homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato
cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano.
Homicídio simples. É a conduta típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não possui características
de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples ato da prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer
a morte a uma pessoa.
Homicídio privilegiado. É a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio, sempre que o agente
comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após
a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado. É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do crime, pela sua ocorrência
nas seguintes condições: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo

29
comum; por traição, emboscada, ou mediante dissimulação Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa médico: se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
do ofendido; e para assegurar a execução, a ocultação, a e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido
impunidade ou a vantagem de outro crime. de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
Homicídio Culposo. É a conduta típica do homicídio representante legal.
que se dá pela imprudência, negligência ou imperícia do
agente o qual, produz um resultado não pretendido, mas LESÕES CORPORAIS
previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido
evitado. Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
No homicídio culposo a pena é aumentada de um saúde de outra pessoa.
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica Lesão corporal de natureza grave, se resulta:
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar membro, sentido ou função; ou aceleração de parto.
prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena Lesão corporal de natureza gravíssima, se resulta:
é aumentada de um terço se o crime é praticado contra incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade
pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. incurável; perda ou inutilização do membro, sentido ou
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o função; deformidade permanente; ou aborto.
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências Lesão corporal seguida de morte, se resulta morte
de a infração atingirem o próprio agente de forma tão e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
grave que torne desnecessária a sanção penal. resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo preterintencional).
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga Diminuição de pena - Se o agente comete o crime
alguém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar,
ou ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
resultar lesão corporal de natureza grave.
um sexto a um terço.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo
Lesão corporal culposa – Se o agente não queria
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por
o resultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime
resultado era previsível.
não se pune a tentativa.
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
INFANTICÍDIO ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda
Homicídio praticado pela mãe contra o filho, sob se prevalecendo o agente das relações domésticas, de
condições especiais (em estado puerperal, isto é, logo pós coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três
o parto). meses a três anos.

ABORTO CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Ato pelo qual a mulher interrompe a gravidez de forma O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro,
a trazer destruição do produto da concepção. No auto faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

aborto ou no aborto com consentimento da gestante, Considera-se patrimônio de uma pessoa, os bens,
está sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito o poderio econômico, a universalidade de direitos que
passivo. No aborto sem o consentimento da gestante, os tenham expressão econômica para a pessoa. Considera-se
sujeitos passivos serão o feto e a gestante. em geral, o patrimônio como universalidade de direitos.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três dos elementos que a compõem isoladamente considerados.
a dez anos. Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito
Aborto provocado com o consentimento da gestante – privado, há uma noção econômica de patrimônio e,
Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada segundo a qual, ele consiste num complexo de bens,
para reclusão de três a dez anos, se a gestante for menor
através dos quais o homem satisfaz suas necessidades.
de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, ou ainda
se o consentimento for obtido mediante fraude, grave Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito
ameaça ou violência. civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo,
Forma qualificada - As penas são aumentadas de e por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos
um terço se, em consequência do aborto ou dos meios já tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com
empregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão autonomia e de um modo peculiar.
corporal de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código
dessas causas, lhe sobrevém a morte. Penal Brasileiro, é sem dúvida extensamente realizada,
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade

30
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
noção econômica, uma noção de valor material econômico exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal
do bem. específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do
crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
FURTO ou da propriedade.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
móvel: ou proprietário.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. O crime de furto pode ser praticado também através
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é pra- de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
ticado durante o repouso noturno. de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor caso contrário é de apossamento direto.
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu- Reina uma única controvérsia, tendo em vista o
são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou desenvolvimento da tecnologia, quanto a subtração
aplicar somente a pena de multa. praticada com o auxílio da informática, se ela resultaria de
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não
qualquer outra que tenha valor econômico. podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática como
Furto qualificado meio de cometimento de furto ou mesmo estelionato, pois
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, é preciso analisar, a cada conduta, não apenas a intenção
se o crime é cometido: do agente, mas o modo de operação do agente através da
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- informática.
tração da coisa; O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca- em direito penal representa qualquer substância corpórea,
lada ou destreza; seja ela material ou materializável, ainda que não tangível,
III - com emprego de chave falsa;
suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
corpos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.2.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a sub-
O homem não pode ser objeto material de furto,
tração for de veículo automotor que venha a ser trans-
conforme o fato, o agente pode responder por sequestro
portado para outro Estado ou para o exterior.
ou cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal
Furto de coisa comum
Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249.
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
tém, a coisa comum: furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo
§ 1º - Somente se procede mediante representação. (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- a jurisprudência invoca o princípio da insignificância,
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o considerando que se a coisa furtada tem valor monetário
agente. irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 portanto, não ficará caracterizado o crime.
do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, Furto é crime material, não existindo sem que haja
para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”. pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes razão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346
(Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
si ou para outrem sem a prática de violência ou de grave do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa
ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físico sua que está em poder legitimo de outro3.
ou moral à pessoa. Significa, pois o assenhoramento da O crime de furto é cometido através do dolo que é
coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo. a vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar elemento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
uma divergência na doutrina: entende-se que é protegida específico”, que no crime de furto está representado pela
diretamente a posse e indiretamente a propriedade ou, em ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para
sentido contrário, que a incriminação no caso de furto, visa si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, objetivo
essencial ou principalmente a tutela da propriedade e não de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
da posse. É inegável que o dispositivo protege não só a capricho, liberalidade.
propriedade como a posse, seja ela direta ou indireta além O consentimento da vítima na subtração elide o crime,
da própria detenção1. já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer penal.
que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário O delito de furto também pode ser praticado entre:
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
o mero detentor ou possuidor da coisa. entre irmãos.

31
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação É discutida pela doutrina e pela jurisprudência acerca
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
penal, mas isenta de pena, como elemento de preservação a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
da vida familiar. sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
Para se definir o momento da consumação, existem lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma
duas posições: não haveria, mesmo durante a época o momento do não
1) atinge a consumação no momento em que o obje- repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser
to material é retirado de posse e disponibilidade do tão precária quanto este momento de repouso.
sujeito passivo, ingressando na livre disponibilidade Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
do autor, ainda que não obtenha a posse tranqüila4; nós, existe a agravante quando o furto se dá durante
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por o tempo em que a cidade ou local repousa, o que não
breve tempo. 5 importa necessariamente seja a casa habitada ou estejam
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou
comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo desabitado o lugar do furto”.
de dano, material e instantâneo. A exposição de motivos como a do mestre Noronha,
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como
hipóteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é agravante especial do furto a circunstância de ser o crime
condicionada à representação. praticado durante o período do sossego noturno8, seja
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele
período.
FURTO DE USO Furto em garagem de residência, também há duas
posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí- Professor Damásio é partidário, e outra na qual não incide
a qualificadora.
la momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código
Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e
FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO
não o furto comum, é necessário que a coisa seja restituída,
devolvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo
que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
que o proprietário exerça o poder de disposição sobre a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi” de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. somente a pena de multa”.
Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do Vale dizer que é uma forma de causa especial de
furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando diminuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
que há furto comum se a coisa é abandonada em local causa especial:
distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser
de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em
exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no razão de outro crime condenação anterior transitada
mesmo lugar da subtração seja feita em condições de em julgado.
restituição da coisa em sua integridade e aparência interna - O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
e externa, assim como era no momento da subtração. subtraída.
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e por A doutrina e a jurisprudência têm exigido além
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

tudo em sua aparência interna e externa à coisa subtraída6. desses dois requisitos já citados, que o agente não revele
personalidade ou antecedentes comprometedores,
FURTO NOTURNO indicativos da existência de probabilidade, de voltar a
delinquir.
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: A pena pode-se substituir a de reclusão pela de
“apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
durante o repouso noturno”7. somente a multa.
É furto agravado ou qualificado o praticado durante O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre
o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º, a energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está econômico à coisa móvel, também a caracterizando como
submetido o bem jurídico diante da precariedade de crime10.
vigilância por parte de seu titular. A jurisprudência considera essa modalidade de furto
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, como crime permanente, pois o agente pratica uma só
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e ação, que se prolonga no tempo.
a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
que se configure a agravante do repouso noturno.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
é variável, dependendo do local e dos costumes.

32
FURTO QUALIFICADO de violência, em situação em que a vítima, embora
consciente e alerta, não percebe que está tendo os bens
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º furtados. O arrebatamento violento ou inopinado não a
do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é configura.
cominada pena autônoma sensivelmente mais grave: A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
“reclusão de 2 à 8 anos seguida de multa”. Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: de que se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha
se o crime é cometido com destruição ou rompimento ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo,
de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial
destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade da chave ou desse instrumento é indispensável para a
ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou caracterização da qualificadora
imóvel a apreensão e subtração da coisa. A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas
momento da execução do crime e não apenas para circunstâncias, pois isto revela uma maior periculosidade
apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do No caso de furto cometido por quadrilha, responde
acusado supre a falta da perícia11 . por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora13,
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
ingressado na esfera do conhecimento dos participantes. duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir
A segunda hipótese é quando o crime é cometido a outra como agravante comum.
com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza.
FURTO DE COISA COMUM
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
serve de algum artifício para fazer a subtração12.
detém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
à 2 (dois) anos, ou multa”.
a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
A razão da incriminação é de que o agente subtraia
subtração do objeto material. O furto mediante fraude coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as
para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem relações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, Sujeito ativo, somente pode ser o condômino,
ao contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é coproprietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é
a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega indispensável e chega a ser uma elementar do crime e por
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. tanto é transmitido ao partícipe estranho nos termos do
É ainda qualificadora a penetração no local do furto artigo 29 do Código Penal Brasileiro.
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo Sujeito passivo será sempre o condomínio,
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de coproprietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-
escalada, que não se relaciona necessariamente com a se o terceiro possuidor legítimo da coisa.
ação de galgar ou subir. Também deve ser comprovada por A vontade de subtrair configura o momento subjetivo,
meio de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em si ou para outrem”.
flagrante indica delito tentado nos casos de furto, por não A pena culminada para furto de coisa comum é
chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída, alternativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos
que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima. ou multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários
dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó ROUBO
da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois, outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à im-
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo? possibilidade de resistência:
Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
evento um crime impossível. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
O último é a qualificadora da destreza, que se dá subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
quando a subtração se dá dissimuladamente com especial grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do cri-
habilidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego me ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

33
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: o agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego em concurso com o crime de lesões corporais.
de arma; Consuma-se no momento em que o agente retira o
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; objeto material da esfera de disponibilidade da vítima,
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores mesmo que não haja a posse tranquila.
e o agente conhece tal circunstância. Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
IV - se a subtração for de veículo automotor que ve- visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
nha a ser transportado para outro Estado ou para o a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos
exterior; alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin- Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
gindo sua liberdade. duas correntes:
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto
é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem instantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
prejuízo da multa.
A ação penal é pública, porém depende de representação ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
da parte
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasileiro: Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasileira
“Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade pena num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui
de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa”.
anos, e multa”. É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo
atingido também a integridade física ou psíquica da vítima.
dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato
como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos.
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade
Haverá no caso roubo simples seguido de lesões corporais
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a
de natureza grave em concurso formal.
vida do sujeito passivo.
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
O Roubo também é um delito comum, podendo ser
um terceiro.
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
Se o agente fere gravemente a vítima mas não consegue
o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos
passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte
propriedade. (TACrim SP, julgados 72:214).
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa
móvel alheia, mas faça-se necessário que o agente se ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
utilize de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta
possibilidade de resistência do sujeito passivo.14 a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
A vontade de subtrair com emprego de violência, grave qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
para outrem, é que se dá a subtração. Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na violência para roubar e que dela resulte a morte para que
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a se tenha caracterizado o delito.
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida
a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a
da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração, Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa
visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa.
impunidade do crime. Haverá, no entanto, um só crime com dois sujeitos passivos.
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva
impunidade, deve ser imediato para caracterização do subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja
roubo impróprio. morte da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo
A consumação do roubo impróprio ocorre com a Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição
violência ou grave ameaça desde que já ocorrido a válida,
subtração, não se consumando esta, tem se entendido que Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.

34
Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade consumação se dará com obtenção de indevida vantagem
quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224 econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o
do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”. crime de extorsão é material consumando-se com a efetiva
obtenção indevida vantagem econômica.
EXTORSÃO Tentativa
Admite-se quer considerando o crime formal ou
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou material. Surge quando a vítima mesmo constrangida,
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para mediante violência ou grave ameaça, não realiza a condita
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar por circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima,
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. polícia.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si
o disposto no § 3º do artigo anterior. ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da preço do resgate:
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, § 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho-
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas pre- de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por ban-
vistas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. do ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-
e no local em que ocorre o constrangimento para que se ve:
faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
Superior Tribunal de Justiça. § 3º - Se resulta a morte:
É um crime comum, formal ou material, de forma livre, Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente
doloso, de dano, complexo e admite tentativa. que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão terços.
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da
explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, (inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de todas as suas modalidades, havendo privação da liberdade
coisa móvel ou imóvel). da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo,
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for resultante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
vantagem for devida. extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica
Tipo subjetivo indevida).
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


pela vontade livre e consciente de constranger alguém devida, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o razões em concurso material com o sequestro ou cárcere
segundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na privado.
expressão “com intuito de”. Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”,
Consumação não haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal econômico. Isso se depreende da interpretação sistêmica
ou material. Para os que o consideram formal, a consumação do tipo, que está inserido no Título II, relativo aos crimes
ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo contra o patrimônio.
ao constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima
enfeitava obtenção da vantagem econômica indevida. ser transportada para algum lugar ou ser retida em sua
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
para a consumação do delito. É a indispensabilidade da condição ou preço do resgate.
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, Sujeito passivo
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo
Da outra parte, se entendido como crime material, a de acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado.

35
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
diferente daquela que terá seu patrimônio diminuído,
haverá apenas um crime, não obstante existirem duas Entendemos que os institutos possuem objetividades
vítimas. jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante
Consumação e tentativa sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e
Ocorre a consumação quando o agente pratica a vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana,
conduta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o consubstanciada na integridade física e mental. Cm efeito,
sequestro privando a vítima da liberdade por tempo a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso
juridicamente relevante, ainda que não aufira a vantagem material de infrações.
qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o resgate.
Logo, o crime é formal. DELAÇÃO PREMIADA
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal
ou de consumação antecipada, opera-se com a simples O benefício somente se aplica quando o crime for
privação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado
juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar
tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está a resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição
consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo
Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes,
do crime requer um iter criminis desdobrado em vários e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar
atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela que, se não houver a libertação do sequestrado, mesmo
em que os agentes são flagrados logo após colocarem a havendo delação do coautor, não haverá diminuição de
vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade pena.
por tempo juridicamente relevante. Não se confunde com a confissão espontânea, pois
nesta o agente garante confessa sua participação no crime,
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA sem incriminar outrem.

EXTORSÃO INDIRETA
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a
abusando da situação de alguém, documento que pode
20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima estiver dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e contra terceiro:
integridade física. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, Classificação doutrinária
entende-se como a reunião permanente de mais de três Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada,
cometer o sequestro unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente
(receber) e admite tentativa.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO A conduta recai sobre o documento que pode dar
CORPORAL GRAVE causa a um procedimento criminal contra o devedor, como
a confissão de um crime, a falsificação de um título de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave crédito, uma duplicata fria etc.
a pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar)
morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa- ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a
se de imediato a diferença deste delito com o de roubo procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar
qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio
da violência resultar lesão grave ou morte”; logo, num financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio público ou particular, se preste a instauração de inquérito
e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do
extorsão mediante sequestro a lei menciona: “se dos ato procedimento criminal, basta que o documento em poder
resultar lesão grave ou morte”, pouco importando para do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolosa..
Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso Consumação: Na ação de exigir, crime formal, a consu-
fortuito ou força maior, o resultado agravados não poderá mação ocorre com a simples exigência do documento pelo
ser imputado ao agente. extorsionário. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de
receber, crime material, a consumação ocorre com o efe-
tivo recebimento do documento. Nesse caso a iniciativas
provém da vítima.

36
Tentativa: Na modalidade exigir, entendemos não ser bada pela autoridade competente em virtude de valor
possível sua configuração, embora uma parcela da dou- artístico, arqueológico ou histórico:
trina a admita com o sovado exemplo, também oferecido Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
nos crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por Alteração de local especialmente protegido
escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen-
de receber, no entanto, é perfeitamente possível, podendo te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias à Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
vontade do agente. Ação penal
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
USURPAÇÃO parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
queixa.
Alteração de limites
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual-
quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: tem a posse ou a detenção:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Aumento de pena
Usurpação de águas § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agen-
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, te recebeu a coisa:
águas alheias; I - em depósito necessário;
Esbulho possessório II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na 9.983, de 2000)
pena a esta cominada. Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
de violência, somente se procede mediante queixa. forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983,
Supressão ou alteração de marca em animais de 2000)
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de proprie- (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
dade: § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluí-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. do pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
DANO portância destinada à previdência social que tenha sido
descontada de pagamento efetuado a segurados, a ter-
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: ceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 9.983, de 2000)
Dano qualificado II – recolher contribuições devidas à previdência social
Parágrafo único - Se o crime é cometido: que tenham integrado despesas contábeis ou custos re-
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; lativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
se o fato não constitui crime mais grave
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados
empresa concessionária de serviços públicos ou socieda- à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº
de de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, 9.983, de 2000)
de 3.11.1967) § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontane-
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável amente, declara, confessa e efetua o pagamento das
para a vítima: contribuições, importâncias ou valores e presta as infor-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além mações devidas à previdência social, na forma definida
da pena correspondente à violência. em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Introdução ou abandono de animais em propriedade (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
alheia § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em proprieda- aplicar somente a de multa se o agente for primário e
de alheia, sem consentimento de quem de direito, desde de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº
que o fato resulte prejuízo: 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou his- de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
tórico social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom- pela Lei nº 9.983, de 2000)

37
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela cometido em detrimento de entidade de direito público
previdência social, administrativamente, como sendo o ou de instituto de economia popular, assistência social
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. ou beneficência.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Estelionato contra idoso
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
força da natureza contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao Duplicata simulada
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. não corresponda à mercadoria vendida, em quantida-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: de ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada
Apropriação de tesouro pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie- (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
tário do prédio; Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele
Apropriação de coisa achada que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re-
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, gistro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono Abuso de incapazes
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de ne-
competente, dentro no prazo de quinze dias. cessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alie-
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se nação ou debilidade mental de outrem, induzindo qual-
o disposto no art. 155, § 2º. quer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci- Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade men-
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro tal de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta,
meio fraudulento: ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- ou devendo saber que a operação é ruinosa:
nhentos mil réis a dez contos de réis. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o Fraude no comércio
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
no art. 155, § 2º. o adquirente ou consumidor:
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
Disposição de coisa alheia como própria falsificada ou deteriorada;
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou II - entregando uma mercadoria por outra:
em garantia coisa alheia como própria; Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali-
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precio-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer so, metal de ou outra qualidade:


dessas circunstâncias; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Defraudação de penhor § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo Outras fraudes
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
quando tem a posse do objeto empenhado; hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
Fraude na entrega de coisa recursos para efetuar o pagamento:
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
coisa que deve entregar a alguém; Parágrafo único - Somente se procede mediante
Fraude para recebimento de indenização ou valor de representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
seguro deixar de aplicar a pena.
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- Fraudes e abusos na fundação ou administração de
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as sociedade por ações
consequências da lesão ou doença, com o intuito de ha- Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações,
ver indenização ou valor de seguro; fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
Fraude no pagamento por meio de cheque ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela
poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. relativo:

38
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, ex-
não constitui crime contra a economia popular. por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial
crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
1951) Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comu- parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregu-
nicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa lar ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas re- pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con-
lativo; dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qual- meio criminoso:
quer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títu- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
los da sociedade; ambas as penas.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à so- § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
ciedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da as- coisa.
sembleia geral; § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quan- deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se
do a lei o permite; o disposto no § 2º do art. 155.
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria da União, Estado, Município, empresa concessionária
sociedade; de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
lucros ou dividendos fictícios; crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta 10.741, de 2003)
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprova- I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
ção de conta ou parecer; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco le-
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; gítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
IX - o representante da sociedade anônima estrangei- Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
Governo. I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
de assembleia geral. teriores:
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war- I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
rant” quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, pessoa;

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


em desacordo com disposição legal: II - ao estranho que participa do crime.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
Fraude à execução igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa
.
RECEPTAÇÃO
Através do novo diploma legal, foram fundidas as
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou figuras do estupro e do atentado violento ao pudor em
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser um único tipo penal, onde se optou pela manutenção do
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, nomem iuris de estupro (art. 213). Além disso, foi criado o
a adquira, receba ou oculte: delito de estupro de vulnerável (art. 217-A), encerrando-se a
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. discussão que havia em nossos Tribunais, principalmente os
Receptação qualificada Superiores, no que dizia respeito à natureza da presunção
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter de violência, quando o delito era praticado contra vítima

39
menor de 14 (catorze) anos. Outros artigos tiveram também modificadas suas redações, passando a abranger hipóteses não
previstas anteriormente pelo Código Penal; um outro capítulo (VII) foi inserido, trazendo novas causas de aumento de pena.
Acertadamente, foi determinado pela nova lei que os crimes contra a dignidade sexual tramitariam em segredo de justiça
(art.234-B), evitando-se, com isso, a indevida exposição das pessoas envolvidas nos processos dessa natureza, principalmente
as vítimas.
Enfim, podemos dizer que a Lei no 12.015, de 7 de agosto de 2009 alterou, significativamente, o Título VI do Código Penal.

ESTUPRO

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (ca-
torze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.

ASSÉDIO SEXUAL

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.”
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Com base no texto de lei (Código Penal), iremos estudar cada um desses crimes.

Moeda Falsa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estran-
geiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

40
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede,
empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de co-
nhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco
de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

Além do crime de moeda falsa, propriamente dito, temos mais três tipos penais:

41
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Observe no tipo penal que são três condutas diferentes:
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes ver-
dadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que traba-
lha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.

PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento
ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Emissão de título ao portador sem permissão legal

Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinhei-
ro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena
de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS


FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS
Neste crime, chama-se a atenção a verbo FALSIFICAR...
Selo, papel de crédito público, vale postal, cautela de penhor, talão, recibo, guia, alvará, bilhete, passe ou conhecimento
de empresa de transporte.
Mas observe que a falsificação está vinculada a fabricação ou alteração desses papéis públicos.
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tri-
buto;
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de
direito público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou
caução por que o poder público seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

42
PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO

Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos
papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta
parte.

DA FALSIDADE DOCUMENTAL
FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO

Semelhante ao crime de falsificação de papéis públicos.


Aqui também chama a atenção a verbo FALSIFICAR.
Falsificar selo público.
Falsificar selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público.
A falsificação está relacionada à fabricação ou alteração desses selos.

Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:


I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden-
tificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

Podemos concluir que o crime é falsificar, fabricando ou alterando, selo público, selo ou sinal atribuído por lei a entidade
de direito público, bem como, pratica também o delito, quem os utiliza.
Há o caso de aumento de pena:

§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

43
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

O termo documento parece ser muito vago!

Aumento de pena:
Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

FALSIFICAÇÃO DE CARTÃO

Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.
São três condutas: duas no art. 298 e uma no parágrafo único por equiparar cartão de crédito ou débito a documento
particular.

FALSIDADE IDEOLÓGICA

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o do-
cumento é particular.
Observe que nesse delito, o agente omite informação ou insere declaração falsa em documento com uma finalidade:
PREJUDICAR DIREITO, CRIAR OBRIGAÇÃO OU ALTERAR A VERDADE SOBRE FATO JURIDICAMENTE RELEVANTE.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Caso de aumento de pena:

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

44
FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA

Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é
particular.

Certidão ou atestado ideologicamente falso

Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Vamos fracionar o artigo:

Falsidade material de atestado ou certidão

§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público,
ou qualquer outra vantagem:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Pena - detenção, de três meses a dois anos.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.

45
FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:


Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica


O que é peça filatélica?
Peça filatélica é documento de interesse para a coleção de selos.

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a
alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.

Uso de documento falso


Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

SUPRESSÃO DE DOCUMENTO

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou
particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do-
cumento é particular.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

DE OUTRAS FALSIDADES
FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO
ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS

Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal
precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:

46
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou
para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

FALSA IDENTIDADE

O crime de falsa identidade está contido nos artigos 307 e 308.


Na art. 307, a agente se atribui ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena prevista de detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
No art. 308, o agente usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento
de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena de detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

Fraude de lei sobre estrangeiro

Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Neste crime, o estrangeiro é o agente.


Ele utiliza nome diverso para conseguir entrar no país.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

No parágrafo único, o agente é terceiro que atribui falsa qualidade ao estrangeiro para promover-lhe o ingresso no país.

Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos
em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor


Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu compo-
nente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

Importante:
Caso de aumento de pena...

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remar-
cado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.

47
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO 
Fraudes em certames de interesse público

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibili-
dade do certame, conteúdo sigiloso de:
I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Devemos separar em duas partes

1 – utilizar ou divulgar, indevidamente, como a finalidade de...


2 – utilizar ou divulgar conteúdo sigiloso de...
Qual a finalidade?
Beneficiar a si ou a outrem; ou
Comprometer a credibilidade do certame.
Quais os conteúdos sigilosos?
Concurso público;
Avaliação ou exame públicos;
Processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou
Exame ou processo seletivo previstos em lei.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às
informações mencionadas no caput.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:   


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Caso de aumento de pena.

§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Peculato

Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1.º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.

48
PECULATO CULPOSO

§ 2.º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 3.º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se
lhe é posterior, reduz de 1/2 (metade) a pena imposta.

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM

Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevi-
da para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade) se da modificação ou alteração resulta
dano para a Administração Pública ou para o administrado.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento

Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
total ou parcialmente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave.

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS

Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

49
CONCUSSÃO

Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.

EXCESSO DE EXAÇÃO

§ 1.º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2.º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

CORRUPÇÃO PASSIVA

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1.º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou
deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2.º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
ou influência de outrem:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Facilitação de contrabando ou descaminho


NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Prevaricação

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa-
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Condescendência criminosa

Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do car-
go ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.

50
Advocacia administrativa Violação do sigilo de proposta de concorrência

Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência
privado perante a administração pública, valendo-se da pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-
qualidade de funcionário: -lo:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além FUNCIONÁRIO PÚBLICO
da multa.
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efei-
Violência arbitrária tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1.º Equipara-se a funcionário público quem exerce car-
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a
go, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
pretexto de exercê-la:
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
ou conveniada para a execução de atividade típica da
da pena correspondente à violência. Administração Pública.
§ 2.º A pena será aumentada da terça parte quando os
ABANDONO DE FUNÇÃO autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
pantes de cargos em comissão ou de função de direção
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos per- ou assessoramento de órgão da administração direta,
mitidos em lei: sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou dação instituída pelo poder público.
multa.
§ 1.º Se do fato resulta prejuízo público: USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 2.º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
de fronteira: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

O crime consiste em tomar o exercício de função pública,


Exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro- com pena maior no caso de o agente obter vantagem.
longado RESISTÊNCIA

Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, violência ou ameaça a funcionário competente para
sem autorização, depois de saber oficialmente que foi executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou
Pena - reclusão, de um a três anos.
multa.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à violência.
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


É importante destacar que pode haver concurso de
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do crime.
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- Podemos estar diante de caso de aplicação da pena
-lhe a revelação: pelo crime de resistência e também de aplicação de pena
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou correspondente à violência.
multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1.º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: esobediência
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimen-
to e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário pú-
acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de infor- blico:
mações ou banco de dados da Administração Pública; Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2.º Se da ação ou omissão resulta dano à Administra- DESACATO
ção Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

51
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA Contrabando

Este crime tem que ter muita atenção na leitura do tipo Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
penal: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para É importante saber quem incorre na mesma pena do
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto crime de contrabando:
de influir em ato praticado por funcionário público no
exercício da função: § 1o Incorre na mesma pena quem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-
Este crime ainda possui caso de aumento de pena. bando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
o agente alega ou insinua que a vantagem é também gão público competente;
destinada ao funcionário. III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
destinada à exportação;
CORRUPÇÃO ATIVA IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir cadoria proibida pela lei brasileira;
ou retardar ato de ofício: V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, trial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irre-
dever funcional. gular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, in-
clusive o exercido em residências.
Descaminho § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
fluvial.
pelo consumo de mercadoria.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE
Importante assimilar os seguintes incisos:
CONCORRÊNCIA
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos per-
pública ou venda em hasta pública, promovida pela ad-
mitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- ministração federal, estadual ou municipal, ou por en-
nho; tidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concor-
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de rente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça,
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, fraude ou oferecimento de vantagem:
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

cadoria de procedência estrangeira que introduziu clan- além da pena correspondente à violência.
destinamente no País ou importou fraudulentamente ou
que sabe ser produto de introdução clandestina no ter- Importante saber quem incorre na mesma pena do crime
ritório nacional ou de importação fraudulenta por parte de impedimento perturbação ou fraude de concorrência:
de outrem; Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, oferecida.
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanha-
da de documentação legal ou acompanhada de docu- INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL
mentos que sabe serem falsos.
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- conspurcar edital afixado por ordem de funcionário pú-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular blico; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o determinação legal ou por ordem de funcionário públi-
exercido em residências. co, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de desca- Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.

52
Subtração ou inutilização de livro ou documento

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcio-
nário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Sonegação de contribuição previdenciária

Este crime é muito exigido pelas bancas de concursos.

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária
segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segura-
dos ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores
de contribuições sociais previdenciárias:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


FIQUE ATENTO!
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, impor-
tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal.

§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons ante-
cedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento d e suas execuções fiscais.
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, qui-
nhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos
benefícios da previdência social.

53
Dos crimes praticados por particular contra a admi- § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
nistração pública estrangeira serve de anonimato ou de nome suposto.
Corrupção ativa em transação comercial internacio- § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é
nal de prática de contravenção.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indireta-
mente, vantagem indevida a funcionário público estran- COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CON-
geiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, TRAVENÇÃO
omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação
comercial internacional: Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. -lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), não se ter verificado:
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou
o pratica infringindo dever funcional.
AUTO-ACUSAÇÃO FALSA
Tráfico de influência em transação comercial inter-
nacional Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine-
xistente ou praticado por outrem:
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou pro-
messa de vantagem a pretexto de influir em ato prati- Falso testemunho ou falsa perícia
cado por funcionário público estrangeiro no exercício de
suas funções, relacionado a transação comercial inter- Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a ver-
nacional: dade como testemunha, perito, contador, tradutor ou in-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. térprete em processo judicial, ou administrativo, inqué-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o rito policial, ou em juízo arbitral:
agente alega ou insinua que a vantagem é também des- Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
tinada a funcionário estrangeiro. § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em
processo penal, ou em processo civil em que for parte
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangei- entidade da administração pública direta ou indireta.
ro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoria- § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
mente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou
função pública em entidades estatais ou em representa- declara a verdade.
ções diplomáticas de país estrangeiro. Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es- outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor
trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar
empresas controladas, diretamente ou indiretamente, a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organiza- interpretação:
ções públicas internacionais. Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA prova destinada a produzir efeito em processo penal ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

JUSTIÇA em processo civil em que for parte entidade da adminis-


tração pública direta ou indireta.
Reingresso de estrangeiro expulso
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangei-
ro que dele foi expulso: Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim
de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autori-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
dade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou
nova expulsão após o cumprimento da pena.
é chamada a intervir em processo judicial, policial ou
administrativo, ou em juízo arbitral:
Denunciação caluniosa Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
pena correspondente à violência.
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po-
licial, de processo judicial, instauração de investigação Exercício arbitrário das próprias razões
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis-
que o sabe inocente: fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. permite:

54
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de se-
além da pena correspondente à violência. gurança
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so-
mente se procede mediante queixa. Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legal-
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró- mente presa ou submetida a medida de segurança de-
pria, que se acha em poder de terceiro por determinação tentiva:
judicial ou convenção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é
de reclusão, de dois a seis anos.
FRAUDE PROCESSUAL
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-
-se também a pena correspondente à violência.
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de pro- § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guar-
ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o da está o preso ou o internado.
perito: § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir três meses a um ano, ou multa.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as pe-
nas aplicam-se em dobro. Evasão mediante violência contra a pessoa

Favorecimento pessoal Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in-


divíduo submetido a medida de segurança detentiva,
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pú- usando de violência contra a pessoa:
blica autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. correspondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
ARREBATAMENTO DE PRESO
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
FAVORECIMENTO REAL der de quem o tenha sob custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-au- correspondente à violência.
toria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
o proveito do crime: MOTIM DE PRESOS
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A.  Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunica- ou disciplina da prisão:
ção móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
em estabelecimento prisional. pena correspondente à violência.
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
PATROCÍNIO INFIEL

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procu-
rador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de li-
patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
berdade individual, sem as formalidades legais ou com Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
abuso de poder:
Pena - detenção, de um mês a um ano. Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário
que: Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a advogado ou procurador judicial que defende na mesma
estabelecimento destinado a execução de pena privativa causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de se- Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
gurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de
executar imediatamente a ordem de liberdade; Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia restituir autos, documento ou objeto de valor probatório,
a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; que recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

55
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO b) No caso de legítima defesa ou estado de necessidade de
terceiros, é imprescindível a prévia autorização destes
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou- para que a conduta do agente não seja ilícita.
tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão c) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tra- as regras desportivas, atinge região vital de Tício, cau-
dutor, intérprete ou testemunha: sando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática,
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. a violência não encontra amparo em nenhuma causa de
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, exclusão da ilicitude, devendo Caio responder pela mor-
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilida- te causada.
de também se destina a qualquer das pessoas referidas d) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade
neste artigo. de conduta diversa ser considerada causa supralegal de
exclusão de ilicitude.
VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDI-
CIAL Resposta: Letra A
Astrogildo agiu acobertado pelo exercício regular do di-
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
reito, causa de exclusão da ilicitude do fato, os ofendí-
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li-
culos são meios de defesa predispostos para a proteção
citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem: do patrimônio da propriedade e que de acordo com a
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, doutrina mais moderna podem possuir duas naturezas
além da pena correspondente à violência. jurídica: o exercício regular do direito e a legítima defesa
preordenada.
 
3. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC – 2013)
DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE Em relação à classificação jurídica do crime de peculato-
PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO -apropriação (art. 312, caput, CP), é CORRETO afirmar que
se trata de crime:
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão a) Comum.
judicial: b) Formal.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. c) Funcional próprio.
d) Material.

EXERCÍCIO COMENTADO Resposta: Letra D


Crime material ou simétrico ou congruente é quando o
1. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC – tipo penal descreve uma conduta e o resultado natu-
2018) NÃO é um elemento do tipo culposo de crime: ralístico e exige para sua consumação a produção des-
se resultado. Além do crime contido nessa questão, é
a) Conduta involuntária. exemplo, também, o art. 121, do CP, em que o tipo exige
b) Inobservância de dever objetivo de cuidado. como resultado naturalístico a morte da vítima.
c) Previsibilidade objetiva.
d) Tipicidade.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Resposta: Letra A INQUÉRITO POLICIAL


São elementos do crime culposo: tipicidade, conduta
voluntária, resultado naturalístico involuntário, nexo de
causalidade, violação do dever objetivo de cuidado, pre-
visibilidade objetiva e ausência de previsão. A polícia judiciária é exercida pelas autoridades policiais,
delegados de polícia civil e delegados de polícia federal,
2. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC no território de suas respectivas circunscrições e terá por
– 2018) Com relação às causas de exclusão da ilicitude, é fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Esta
CORRETO afirmar: competência não exclui a de autoridades administrativas, a
quem por lei seja cometida a mesma função.
a) Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade
dia, uma criança neles se lesionou ao pular o muro da judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia ca- ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
ído. Nessa situação, ainda que se tratando da defesa de O requerimento a que se refere do ofendido ou de
um perigo incerto e ou remoto, a conduta de Astrogildo quem tiver qualidade para representar a vítima, deve
restaria acobertada por excludente da ilicitude. conter, sempre que possível, a narração do fato, com todas

56
as circunstâncias, além da individualização do indiciado ou • colher informações sobre a existência de filhos,
seus sinais característicos e as razões de convicção ou de respectivas idades e se possuem alguma deficiência
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos e o nome e o contato de eventual responsável pelos
de impossibilidade de fazê-lo. E também, se possível, cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
profissão e residência. O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos
fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infração
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial
que tiver conhecimento da existência de infração penal em poderá usar esse recurso, desde que esta não contrarie a
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, moralidade ou a ordem pública.
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a Havendo prisão em flagrante, deverá observar que,
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. apresentado o preso à autoridade competente, esta
Nos crimes em que a ação pública depender de ouvirá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
representação, o inquérito policial não poderá ser iniciado entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
sem a representação. preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que
Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
quem tenha qualidade para intentá-la. respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
auto.
Resultando das respostas fundada a suspeita contra
FIQUE ATENTO! o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
Cabe Agravo de Instrumento contra despacho exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
que indeferir o requerimento de abertura de prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
inquérito. isso for competente. E se não o for competente, enviará os
autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas da
infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,
A autoridade policial deverá, logo que tiver nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos
conhecimento da prática da infração penal: duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se preso à autoridade.
alterem o estado e conservação das coisas, até a Observe que quando o acusado se recusar a assinar,
chegada dos peritos criminais. não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
• apreender os objetos que tiverem relação com o flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham
fato, após liberados pelos peritos criminais. ouvido sua leitura na presença deste.
• colher todas as provas que servirem para o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
esclarecimento do fato e suas circunstâncias constar a informação sobre a existência de filhos,
• ouvir o ofendido. respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
• ouvir o indiciado, com observância, no que for nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
aplicável, do disposto sobre o interrogatório do dos filhos, indicado pela pessoa presa.
acusado, devendo o respectivo termo ser assinado A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
leitura. Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
acareações. da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
corpo de delito e a quaisquer outras perícias. de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
sua folha de antecedentes deve ter ressalvas. com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
O art. 5º, LVIII, da CF, passou a estabelecer que testemunhas.
o civilmente identificado não será submetido Quando o fato for praticado em presença da autoridade,
a identificação criminal, salvo nas hipóteses ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do
previstas em lei. Esta norma, pretendeu resguardar auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações
o indivíduo civilmente identificado, preso em que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas,
flagrante, indiciado ou mesmo denunciado, do sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
constrangimento de se submeter às formalidades de testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem
identificação criminal - fotográfica e datiloscópica - couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for
consideradas por muitas vexatórias, principalmente a autoridade que houver presidido o auto.
quando documentadas pelos órgãos da imprensa. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
de vista individual, familiar e social, sua condição Todas as peças do inquérito policial serão, num
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e só processado, reduzidas a escrito e rubricadas pela
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
autoridade.
elementos que contribuírem para a apreciação do
seu temperamento e caráter

57
w Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
FIQUE ATENTO! requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
O inquérito deverá terminar no prazo de prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
10 dias, se o indiciado tiver sido preso em telemática que disponibilizem imediatamente os meios
flagrante, ou estiver preso preventivamente, técnicos adequados, como sinais, informações e outros,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
dia em que se executar a ordem de prisão. delito em curso.
O inquérito deverá terminar no prazo de 30 Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacionados
dias, quando estiver solto, mediante fiança ou ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação judicial
sem ela. no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará imediatamente os meios técnicos adequados, como sinais,
minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará informações e outros, que permitam a localização da
autos ao juiz competente. Neste relatório autoridade vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata
pode indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, comunicação ao juiz.
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
Para os efeitos acima exposto, sinal significa
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado
posicionamento da estação de cobertura, setorização e
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a
intensidade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
sinal:
realizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipóteses em
• não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
que, para dar início à ação penal, o Ministério Público pode
de qualquer natureza, que dependerá de
requer diligências, por meio da autoridade judiciária, para a
autorização judicial, conforme disposto em lei
autoridade policial em prazo por aquele fixando. • deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que móvel celular por período não superior a 30 (trinta)
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito. dias, renovável por uma única vez, por igual período
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, • para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será
sempre que servir de base a uma ou outra. necessária a apresentação de ordem judicial.
Incumbirá ainda à autoridade policial:
• fornecer às autoridades judiciárias as informações FIQUE ATENTO!
necessárias à instrução e julgamento dos processos.
• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ainda nesta hipótese, prevenção e repressão
Ministério Público. dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas o inquérito policial deverá ser instaurado no
autoridades judiciárias. prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas,
• representar acerca da prisão preventiva. contado do registro da respectiva ocorrência
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárcere policial.
privado, 149, redução a condição análoga de escravo, 149-
A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão mediante O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
a restrição da liberdade da vítima, sendo esta condição poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
necessária para a obtensão da vantagem econômica, ou não, a juízo da autoridade policial.
e no art. 159, extorsão mediante sequestro, tudo do CP, Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 de julho de pela autoridade policial.


1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, promover ou O Ministério Público não poderá requerer a devolução
auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança do inquérito à autoridade policial, senão para novas
ou adolescente para o exterior com inobservância das diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
formalidades legais ou com o objetivo de obter lucro, o A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia de inquérito.
poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a
cadastrais da vítima ou de suspeitos. autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se
Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e de outras provas tiver notícia.
quatro) horas e conterá:
• o nome da autoridade requisitante. FIQUE ATENTO!
• o número do inquérito policial. Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Federal:
• a identificação da unidade de polícia judiciária “ar­quivado o inquérito policial, por despacho
responsável pela investigação. do juiz, a requerimento do promotor de justiça,
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes não pode a ação penal ser iniciada sem novas
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do provas”.

58
Nos crimes em que não couber ação pública, os violação a normas constitucionais ou legais. São também
autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por
o pedir, mediante traslado. uma fonte independente das primeiras. Considera-se fonte
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário independente aquela que por si só, seguindo os trâmites
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução
Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer Preclusa a decisão de desentranhamento da prova
anotações referentes a instauração de inquérito contra os declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão
requerentes. judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
de despacho nos autos e somente será permitida quando EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM
o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação GERAL
o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21, e seu
parágrafo único, do CPP, apesar de não ter sido revogado Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
expressamente, torna­-se inaplicável em razão do disposto exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
no art. 136, § 3º, IV, da CF, que veda a incomunicabilidade, supri-lo a confissão do acusado, não admite a ideia de que
até mesmo quando decretado o estado de defesa. a confissão é a rainha das provas.
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver O exame de corpo de delito e outras perícias serão
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com realizados por perito oficial, portador de diploma de curso
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja superior.
procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
independentemente de precatórias ou requisições, e bem pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
assim providenciará, até que compareça a autoridade
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
presença, noutra circunscrição.
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto fielmente desempenhar o encargo.
de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, São facultadas ao Ministério Público, ao assistente
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de
sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e
PROVA; EXAME DO CORPO DE DELITO E PE- elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
RÍCIAS EM GERAL; PRESERVAÇÃO DE LOCAL intimadas desta decisão.
DE CRIME; REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA; Durante o curso do processo judicial, é permitido às
NULIDADE DA PROVA; DOCUMENTOS DE partes, quanto à perícia:
PROVA; RECONHECIMENTO DE PESSOAS E • requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
COISAS; ACAREAÇÃO; INDÍCIOS. prova ou para responderem a quesitos, desde que
o mandado de intimação e os quesitos ou questões
a serem esclarecidas sejam encaminhados com
Sobre as provas no processo penal, devemos antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
compreender, de início, que o juiz formará sua convicção apresentar as respostas em laudo complementar.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


pela livre apreciação da prova produzida em contraditório • indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
judicial, não podendo fundamentar sua decisão pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
exclusivamente nos elementos informativos colhidos inquiridos em audiência.
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. Somente quanto ao estado das
Havendo requerimento das partes, o material
pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei
civil. probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
porém, facultado ao juiz de ofício: guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
• ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
a produção antecipada de provas consideradas Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
urgentes e relevantes, observando a necessidade, de uma área de conhecimento especializado, pode ser
adequação e proporcionalidade da medida. designado mais de um perito oficial, e a parte poderá
• determinar, no curso da instrução, ou antes de indicar mais de um assistente técnico.
proferir sentença, a realização de diligências para Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
dirimir dúvida sobre ponto relevante. minuciosamente o que examinarem, e responderão aos
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do quesitos formulados. O laudo pericial será elaborado
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em

59
no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser Para o efeito de exame do local onde houver
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos sido praticada a infração, a autoridade providenciará
peritos. imediatamente para que não se altere o estado das coisas
O exame de corpo de delito poderá ser feito em até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
qualquer dia e a qualquer hora. com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os
A autópsia será feita pelo menos seis horas depois peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, alterações na dinâmica dos fatos.
o que declararão no auto. E nos casos de morte violenta, Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
bastará o simples exame externo do cadáver, quando não material suficiente para a eventualidade de nova perícia.
houver infração penal que apurar, ou quando as lesões Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com
externas permitirem precisar a causa da morte e não provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou
houver necessidade de exame interno para a verificação de esquemas.
alguma circunstância relevante. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento
Em caso de exumação para exame cadavérico, de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada,
a autoridade providenciará para que, em dia e hora os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão
previamente marcados, se realize a diligência, da qual se com que instrumentos, por que meios e em que época
lavrará auto circunstanciado. O administrador de cemitério presumem ter sido o fato praticado.
público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de destruídas, deterioradas ou que constituam produto
quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em do crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos
lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá procederão à avaliação por meio dos elementos existentes
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. nos autos e dos que resultarem de diligências.
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
que forem encontrados, bem como, na medida do possível, o lugar em que houver começado, o perigo que dele
todas as lesões externas e vestígios deixados no local do tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a
crime. extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
Para representar as lesões encontradas no cadáver, que interessarem à elucidação do fato.
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame No exame para o reconhecimento de escritos, por
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
rubricados. • a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto • para a comparação, poderão servir quaisquer
de Identificação e Estatística ou repartição congênere documentos que a dita pessoa reconhecer ou já
ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de tiverem sido judicialmente reconhecidos como de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
o cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer dúvida.
caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos • a autoridade, quando necessário, requisitará, para o
encontrados, que possam ser úteis para a identificação do exame, os documentos que existirem em arquivos
cadáver. ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por diligência, se daí não puderem ser retirados.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal • quando não houver escritos para a comparação
poderá suprir-lhe a falta. ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame mandará que a pessoa escreva o que lhe for
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
complementar por determinação da autoridade policial certo, esta última diligência poderá ser feita por
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério precatória, em que se consignarão as palavras que a
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. pessoa será intimada a escrever.
No exame complementar, os peritos terão presente o
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
ou retificá-lo. para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a
Para cada delito poderá haver uma perícia específica natureza e a eficiência.
para esclarecer a conduta. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até
Veja que se o exame tiver por fim precisar a classificação o ato da diligência.
do delito de lesão corporal que incapacidade para as
ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá ser
feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da
data do crime. A falta de exame complementar poderá ser
suprida pela prova testemunhal.

60
• impedir a influência do réu no ânimo de testemunha
FIQUE ATENTO! ou da vítima, desde que não seja possível colher
Interessante que no exame por precatória, o depoimento destas por videoconferência, na
a nomeação dos peritos será feita no juízo hipótese de o juiz verificar que a presença do
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação réu poderá causar humilhação, temor, ou sério
privada, acordo das partes, essa nomeação constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de
modo que prejudique a verdade do depoimento,
poderá ser feita pelo juiz deprecante. Os
fará a inquirição por videoconferência.
quesitos do juiz e das partes serão transcritos
• responder à gravíssima questão de ordem pública.
na precatória.

Se houver divergência entre os peritos, serão Da decisão que determinar a realização de interrogatório
consignadas no auto do exame as declarações e respostas por videoconferência, as partes serão intimadas com 10
dias de antecedência.
de um e de outro, ou cada um redige separadamente o seu
Antes do interrogatório por videoconferência, o preso
laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo, se este
poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder
realização de todos os atos da audiência única de instrução
a novo exame por outros peritos. e julgamento.
No caso de inobservância de formalidades, ou no caso Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz
de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou com o seu defensor. No caso de ser realizado por
esclarecer o laudo. A autoridade poderá também ordenar videoconferência, fica também garantido o acesso a canais
que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar telefônicos reservados para comunicação entre o defensor
conveniente. que esteja no presídio e o advogado presente na sala de
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo audiência do Fórum, e entre este e o preso.
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. A sala reservada no estabelecimento prisional
Nos crimes em que não couber ação pública, os para a realização de atos processuais por sistema de
autos do exame serão remetidos ao juízo competente, videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se pela Ordem dos Advogados do Brasil.
o pedir, mediante traslado. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, deficiência e o nome e o contato de eventual responsável
quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Depois de devidamente qualificado e cientificado do
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder perguntas que
O acusado que comparecer perante a autoridade lhe forem formuladas. O silêncio, que não importará em
judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou defesa.
nomeado. O interrogatório do réu preso será realizado, em O interrogatório será constituído de duas partes, uma
sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, sobre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos.
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do Sobre a pessoa do acusado, o interrogando será

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
a presença do defensor e a publicidade do ato. oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo,
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema se houve suspensão condicional ou condenação, qual a
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que sociais.
a medida seja necessária para atender a uma das seguintes Sobre os fatos, será perguntado sobre:
finalidades: • ser verdadeira a acusação que lhe é feita.
• prevenir risco à segurança pública, quando • não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
exista fundada suspeita de que o preso integre motivo particular a que atribuí-la, se conhece a
organização criminosa ou de que, por outra razão, pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
possa fugir durante o deslocamento. prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve
• viabilizar a participação do réu no referido ato antes da prática da infração ou depois dela.
processual, quando haja relevante dificuldade para • onde estava ao tempo em que foi cometida a
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou infração e se teve notícia desta.
outra circunstância pessoal. • as provas já apuradas.

61
• se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas OFENDIDO
ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que
alegar contra elas. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
• se conhece o instrumento com que foi praticada perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja
a infração, ou qualquer objeto que com esta se ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar,
relacione e tenha sido apreendido. tomando-se por termo as suas declarações. Observe que
• todos os demais fatos e pormenores que conduzam se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem
à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença
infração. da autoridade.
• se tem algo mais a alegar em sua defesa. O ofendido será comunicado dos atos processuais
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão,
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará à designação de data para audiência e à sentença e
das partes se restou algum fato para ser esclarecido, respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem.
formulando as perguntas correspondentes se o entender As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no
pertinente e relevante. endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em ofendido, o uso de meio eletrônico.
parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
Antes do início da audiência e durante a sua realização,
Se confessar a autoria, será perguntado sobre os
será reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz
motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas
entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para
concorreram para a infração, e quais sejam.
Havendo mais de um acusado, serão interrogados atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas
separadamente. psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas
O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo do ofensor ou do Estado. O juiz tomará as providências
será feito pela forma seguinte: necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra
• ao surdo serão apresentadas por escrito as e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o
perguntas, que ele responderá oralmente. segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e
• ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, outras informações constantes dos autos a seu respeito
respondendo-as por escrito. para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
• ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
escrito e do mesmo modo dará as respostas. TESTEMUNHAS
Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá
no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob
habilitada a entendê-lo. Quando o interrogando não falar palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que
a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome,
intérprete. Se o interrogado não souber escrever, não sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de
termo. alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa
qualquer das partes. avaliar-se de sua credibilidade.
O depoimento será prestado oralmente, não sendo
CONFISSÃO permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não será
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a


O valor da confissão será aferida pelos critérios apontamentos. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
adotados para os outros elementos de prova, e para a testemunha, o juiz deverá proceder à verificação pelos
sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe depoimento desde logo.
compatibilidade ou concordância. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação
O silêncio do acusado não importará confissão, de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o
mas poderá constituir elemento para a formação do ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
convencimento do juiz. o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será quando não for possível, por outro modo, obter-se ou
tomada por termo nos autos, observado que, no caso de o integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
assinar, tal fato será consignado no termo. função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas quiserem dar o seu testemunho.
em conjunto. Não se deferirá o compromisso sob palavra de honra,
a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for
perguntado, os doentes e deficientes mentais e aos

62
menores de 14 anos, nem os ascendentes ou descendentes, Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e o pai, comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar
a mãe, ou o filho adotivo do acusado. à autoridade policial a sua apresentação ou determinar
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o
testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz auxílio da força pública.
parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por
testemunhas se referirem. Não será computada como velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde
testemunha a pessoa que nada souber que interesse à estiverem.
decisão da causa. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de Senadores e Deputados Federais, os Ministros de Estado,
modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos os Governadores de Estado e Territórios, os Secretários
das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas de Estado, Governador do Distrito Federal e Prefeitos dos
Municípios, os Deputados às Assembleias Legislativas
ao falso testemunho. Antes do início da audiência e durante
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os Ministros e
a sua realização, serão reservados espaços separados para
Juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do
a garantia da incomunicabilidade das testemunhas.
Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão
Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que inquiridos em local, dia e hora prèviamente ajustados entre
alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou eles e o Juiz.
a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
policial para a instauração de inquérito. Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e
Tendo o depoimento sido prestado em plenário de do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação
julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência, de depoimento por escrito, caso em que as perguntas,
o tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão
dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a transmitidas por ofício.
testemunha à autoridade policial. Os militares deverão ser requisitados à autoridade
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente superior.
à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem Aos funcionários públicos será aplicada a expedição
induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
importarem na repetição de outra já respondida. Sobre repartição em que servirem, com indicação do dia e da
os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a hora marcados.
inquirição. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz, será
suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-
narrativa do fato. se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável,
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão intimadas as partes. A expedição da precatória não
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou suspenderá a instrução criminal.
defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá ser
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória,
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou uma vez devolvida, será junta aos autos. Observa-se que
não lhe deferirá compromisso nos casos das testemunhas no caso da precatória há a possibilidade de a oitiva de
proibidas de depor, em razão de função, ministério, ofício ou testemunha ser realizada por meio de videoconferência
ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas
imagens em tempo real, permitida a presença do defensor
pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho, e
e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da
as que não se deferirá o compromisso, os doentes e os

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


audiência de instrução e julgamento.
deficientes mentais e aos menores de 14 anos. As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em
Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto outro país, só serão expedidas se demonstrada previamente
quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com
reproduzindo fielmente as suas frases. os custos de envio.
O depoimento da testemunha será reduzido a termo, Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha carta precatória.
não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém Quando a testemunha não conhecer a língua nacional,
que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos. será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar respostas.
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do oralmente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão
depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
somente na impossibilidade dessa forma, determinará oralmente. E no caso de surdo-mudo as perguntas serão
a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a formuladas por escrito e do mesmo modo ele responderá.
presença do seu defensor. A adoção de qualquer das As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
medidas previstas aqui citadas deverá constar do termo, ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela
assim como os motivos que a determinaram. simples omissão, às penas do não comparecimento.

63
Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, DOCUMENTOS
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao
tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe apresentar documentos em qualquer fase do processo.
antecipadamente o depoimento. Consideram-se documentos quaisquer escritos,
instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. À
RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS fotografia do documento, devidamente autenticada, se
dará o mesmo valor do original.
Quando houver necessidade de fazer-se o Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo
reconhecimento de pessoa, deverá ser da seguinte forma: a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará,
• a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento independentemente de requerimento de qualquer das
será convidada a descrever a pessoa que deva ser partes, para sua juntada aos autos, se possível.
reconhecida. A letra e firma dos documentos particulares serão
• a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será submetidas a exame pericial, quando contestada a sua
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela autenticidade.
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la. sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
• se houver razão para recear que a pessoa chamada tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada
para o reconhecimento, por efeito de intimidação pela autoridade.
ou outra influência, não diga a verdade em face As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, só
da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade terão valor quando conferidas com o original, em presença
providenciará para que esta não veja aquela, e da autoridade.
detalhe, não terá aplicação na fase da instrução Os documentos originais, juntos a processo findo,
criminal ou em plenário de julgamento. quando não exista motivo relevante que justifique a sua
• do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto conservação nos autos, poderão, mediante requerimento,
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento produziu, ficando traslado nos autos.
e por duas testemunhas presenciais.
INDÍCIOS
No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com
as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for Considera-se indício a circunstância conhecida e
aplicável. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por
o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará indução, concluir-se a existência de outra ou outras
a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação circunstâncias.
entre elas. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não
moleste os moradores mais do que o indispensável para o
ACAREAÇÃO êxito da diligência.
A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
A acareação será admitida entre acusados, entre importar retardamento ou prejuízo da diligência.
acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado
ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas FIQUE ATENTO!
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações,


sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Os acareados A autoridade ou seus agentes poderão
serão reperguntados, para que expliquem os pontos de entrar no território de jurisdição alheia, ainda
divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação. que de outro Estado, quando, para o fim de
Se ausente alguma testemunha, cujas declarações apreensão, forem no seguimento de pessoa
divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão ou coisa, devendo apresentar-se à competente
a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no autoridade local, antes da diligência ou após,
auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, conforme a urgência desta.
será expedida precatória à autoridade do lugar onde resida
a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão
desta e as da testemunha presente, nos pontos em que em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de • tendo conhecimento direto de sua remoção ou
que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha transporte, a seguirem sem interrupção, embora
ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha depois a percam de vista;
presente. Esta diligência só se realizará quando não • ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
conveniente. que está sendo removida ou transportada em
determinada direção, forem ao seu encalço.

64
Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas
diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas
dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.

BUSCA E DA APREENSÃO

A busca será domiciliar ou pessoal.

FIQUE ATENTO! NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar
deverá ser precedida da expedição de mandado.

A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.


O mandado de busca deverá:
• indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário
ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem.
• mencionar o motivo e os fins da diligência.
• ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.


Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento
do corpo de delito.

65
FIQUE ATENTO!
A busca pessoal será independente de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam
corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em
seguida, a abrir a porta.
Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. Recalcitrando o morador, será permitido o
emprego de força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura. Quando ausentes
os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la. Descoberta a pessoa ou
coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais,
lembrando que ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver
e estiver presente.
Também deverá observas as supracitadas regras quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão
ou atividade.
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido
a busca, se o requerer.

RESTRIÇÃO DE LIBERDADE; PRISÃO EM FLAGRANTE; PRISÃO PREVENTIVA; MEDIDAS


CAUTELARES; LIBERDADE PROVISÓRIA; AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA; LEI Nº 7.960/1989(PRISÃO
TEMPORÁRIA); DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL.

As medidas cautelares deverão ser aplicadas observando-se a:


• necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente
previstos, para evitar a prática de infrações penais.
• adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.

As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de ofício
ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.
Observe que ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, deverá determinar a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças
necessárias, permanecendo os autos em juízo. E, no caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida,
impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar.
É importante destacar que ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da
investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
As medidas cautelares não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena
privativa de liberdade.
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do
domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF, garante que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial.
Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. O mandado de prisão:
• será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade.
• designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos.
• mencionará a infração penal que motivar a prisão.
• declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração.

66
• será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado,
execução. se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a
O mandado será passado em duplicata, e o executor remoção do preso.
entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
exemplares com declaração do dia, hora e lugar da réu, quando:
diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no • tendo-o avistado, for perseguindo-o sem
outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder interrupção, embora depois o tenha perdido de
escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada vista
• sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
por duas testemunhas.
que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for
mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será no seu encalço.
imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o
mandado. Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da
o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em
será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
a guia expedida pela autoridade competente, devendo ser A prisão em virtude de mandado será feita desde que
passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o
e hora. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar mandado e o intime a acompanhá-lo.
do mandado, se este for o documento exibido. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência
Quando o acusado estiver no território nacional, fora da à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade
jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão, competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem
devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. poderão usar dos meios necessários para defender-se
Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o subscrito também por duas testemunhas.
motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada.
A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as FIQUE ATENTO!
precauções necessárias para averiguar a autenticidade da
comunicação. É vedado o uso de algemas em mulheres
O juiz processante deverá providenciar a remoção do grávidas durante os atos médico-hospitalares
preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da preparatórios para a realização do parto e
efetivação da medida. durante o trabalho de parto, bem como em
O juiz competente providenciará o imediato registro mulheres durante o período de puerpério
do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo imediato.
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qualquer
agente policial poderá efetuar a prisão determinada no Se o executor do mandado verificar, com segurança, que
mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador
Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se
que o expediu. E, ainda que sem registro no Conselho não for obedecido imediatamente, o executor convocará
Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
para averiguar a autenticidade do mandado e comunicando arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor,
ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, em depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável,

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


seguida, o registro do mandado.
A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a
local de cumprimento da medida o qual providenciará prisão. O morador que se recusar a entregar o réu oculto
a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de em sua casa será levado à presença da autoridade, para
Justiça e informará ao juízo que a decretou. que se proceda contra ele como for de direito. No mesmo
sentido, este procedimento é adotado em casas de prisão
O preso será informado de seus direitos, constantes
em flagrante
no ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer
Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a
de advogado, caso o autuado não informe o nome de seu
prisão antes de condenação definitiva:
advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
• os ministros de Estado.
Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a
• os governadores ou interventores de Estados e
legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade Territórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus
do preso, com fundadas razões, poderão pôr em custódia respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
o réu, até que fique esclarecida a dúvida. vereadores e chefes de Polícia.
Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de • os membros do Parlamento Nacional, do Conselho
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar- de Economia Nacional e das Assembleias
lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o Legislativas dos Estados.

67
• os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
• os oficiais das Forças Armadas e os militares dos flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá
• os magistrados. esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
• os diplomados por qualquer das faculdades entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
superiores da República. preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que
• os ministros de confissão religiosa. o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
• os ministros do Tribunal de Contas. imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
• os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
a função de jurado, salvo quando excluídos da auto.
lista por motivo de incapacidade para o exercício Resultando das respostas fundada a suspeita contra
daquela função. o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
• os delegados de polícia e os guardas-civis dos exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
Estados e Territórios, ativos ou inativos. prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso
for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade
A prisão especial consiste exclusivamente no que o seja.
recolhimento em local distinto da prisão comum. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
Não havendo estabelecimento específico para o de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor,
preso especial, este será recolhido em cela distinta do deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
mesmo estabelecimento. A cela especial poderá consistir testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
existência humana. O preso especial não será transportado leitura na presença deste.
juntamente com o preso comum. Os demais direitos e Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
deveres do preso especial serão os mesmos do preso constar a informação sobre a existência de filhos,
comum. respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
Para o cumprimento de mandado expedido pela nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados
autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir dos filhos, indicado pela pessoa presa.
tantos outros quantos necessários às diligências, devendo Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer
neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois
original. de prestado o compromisso legal.
A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
autoridade, a quem se fizer a requisição, as precauções Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
necessárias para averiguar a autenticidade desta. indicada.
As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas
das que já estiverem definitivamente condenadas, nos FIQUE ATENTO!
termos da lei de execução penal.
O militar preso em flagrante delito, após a lavratura Em até 24 (vinte e quatro) horas após a
dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da realização da prisão, será encaminhado ao juiz
instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição competente o auto de prisão em flagrante e,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

das autoridades competentes. caso o autuado não informe o nome de seu


advogado, cópia integral para a Defensoria
PRISÃO EM FLAGRANTE Pública.
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue
Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
e seus agentes deverão prender quem quer que seja autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor
encontrado em flagrante delito. e os das testemunhas.
Considera-se em flagrante delito quem: Quando o fato for praticado em presença da autoridade,
• está cometendo a infração penal. ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do
• acaba de cometê-la. auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas,
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
faça presumir ser autor da infração.
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem
• é encontrado, logo depois, com instrumentos,
couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
a autoridade que houver presidido o auto.
ele autor da infração.
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do

68
lugar mais próximo. em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, recomendar a manutenção da medida.
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o
Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente
fundamentadamente: praticado na condição de estado de necessidade, legítima
• relaxar a prisão ilegal; ou defesa, estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
• converter a prisão em flagrante em preventiva, regular de direito. A decisão que decretar, substituir ou
quando for por garantia da ordem pública, da denegar a prisão preventiva será sempre motivada.
ordem econômica, por conveniência da instrução O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei do processo verificar a falta de motivo para que subsista,
penal, quando houver prova da existência do bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que
crime e indício suficiente de autoria, e se revelarem a justifiquem.
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão; ou PRISÃO DOMICILIAR
• conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
A prisão domiciliar consiste no recolhimento do
indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela
FIQUE ATENTO! ausentar-se com autorização judicial.
Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela
flagrante, que o agente praticou o fato nas domiciliar quando o agente for:
condições de estado de necessidade, legítima • maior de 80 (oitenta) anos.
defesa, estrito cumprimento de dever legal • extremamente debilitado por motivo de doença
ou no exercício regular de direito, poderá, grave.
fundamentadamente, conceder ao acusado • imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
liberdade provisória, mediante termo de menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência.
comparecimento a todos os atos processuais, • gestante.
sob pena de revogação. • mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.
• homem, caso seja o único responsável pelos
PRISÃO PREVENTIVA cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.
Em qualquer fase da investigação policial ou do
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento
do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou São medidas cautelares diversas da prisão:
por representação da autoridade policial. • comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas
A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência atividades.
da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da • proibição de acesso ou frequência a determinados
lei penal, quando houver prova da existência do crime e lugares quando, por circunstâncias relacionadas
indício suficiente de autoria. A prisão preventiva também ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas
poderá ser decretada em caso de descumprimento de
infrações.
qualquer das obrigações impostas por força de outras

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


• proibição de manter contato com pessoa
medidas cautelares determinada quando, por circunstâncias
Será admitida a decretação da prisão preventiva: relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
• nos crimes dolosos punidos com pena privativa de dela permanecer distante.
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos. • proibição de ausentar-se da Comarca quando a
• se tiver sido condenado por outro crime doloso, permanência seja conveniente ou necessária para a
em sentença transitada em julgado, ressalvada a investigação ou instrução.
circunstância atenuante de pena de ser o agente • recolhimento domiciliar no período noturno e nos
menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior dias de folga quando o investigado ou acusado
de 70 (setenta) anos, na data da sentença. tenha residência e trabalho fixos.
• se o crime envolver violência doméstica e familiar • suspensão do exercício de função pública ou de
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, atividade de natureza econômica ou financeira
quando houver justo receio de sua utilização para a
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
prática de infrações penais.
execução das medidas protetivas de urgência. • internação provisória do acusado nas hipóteses de
Também será admitida a prisão preventiva quando crimes praticados com violência ou grave ameaça,
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando os peritos concluírem ser inimputável ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para semi-imputável e houver risco de reiteração.
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente

69
• fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
o comparecimento a atos do processo, evitar comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for
a obstrução do seu andamento ou em caso de intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e
resistência injustificada à ordem judicial. para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança
• monitoração eletrônica. será havida como quebrada.
O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento
A fiança poderá ser cumulada com outras medidas da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da
cautelares. autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito
A proibição de ausentar-se do País será comunicada dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o
pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas lugar onde será encontrado.
do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um
para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) livro especial, com termos de abertura e de encerramento,
horas. numerado e rubricado em todas as suas folhas pela
A autoridade policial somente poderá conceder fiança autoridade, destinado especialmente aos termos de
nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos demais autoridade e por quem prestar a fiança, e dele extrair-se-á
casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 certidão para juntar-se aos autos.
(quarenta e oito) horas. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão
Não será concedida fiança: notificados das obrigações e da sanção de que deverá
• nos crimes de racismo. comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for
• nos crimes de tortura, tráfico ilícito de intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e
entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos para o julgamento. Acrescenta-se também que não poderá
definidos como crimes hediondos. mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade
• nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou processante, ou ausentar-se por mais de oito dias de sua
militares, contra a ordem constitucional e o Estado residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde
Democrático. será encontrado.
Não será, igualmente, concedida fiança: A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em
• aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos,
fiança anteriormente concedida ou infringido, sem títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou
motivo justo, qualquer das obrigações a que se em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
referem os arts. 327 e 328 deste Código. A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais
• em caso de prisão civil ou militar. preciosos será feita imediatamente por perito nomeado
• quando presentes os motivos que autorizam a pela autoridade.
decretação da prisão preventiva. Quando a fiança consistir em caução de títulos da
O valor da fiança será fixado pela autoridade que a dívida pública, o valor será determinado pela sua cotação
conceder nos seguintes limites: em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que
• de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se se acham livres de ônus.
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, O valor em que consistir a fiança será recolhido à
no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos. repartição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao
• de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, depositário público, juntando-se aos autos os respectivos
quando o máximo da pena privativa de liberdade conhecimentos.
cominada for superior a 4 (quatro) anos. Nos lugares em que o depósito não se puder fazer
Se assim recomendar a situação econômica do preso, de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

a fiança poderá ser: abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-
• dispensada. Neste caso o preso deverá comparecer se-á ao valor o destino que lhe assina este artigo, o que
perante a autoridade, todas as vezes que for tudo constará do termo de fiança.
intimado para atos do inquérito e da instrução Em caso de prisão em flagrante, será competente para
criminal e para o julgamento. Não poderá mudar conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo
de residência, sem prévia permissão da autoridade auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o
processante, ou ausentar-se por mais de oito dias houver expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a
de sua residência, sem comunicar àquela autoridade quem tiver sido requisitada a prisão.
o lugar onde será encontrado. Depois de prestada a fiança, que será concedida
independentemente de audiência do Ministério Público,
• reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços).
este terá vista do processo a fim de requerer o que julgar
• aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
conveniente.
A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em
Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em
julgado a sentença condenatória.
consideração a natureza da infração, as condições pessoais
Recusando ou retardando a autoridade policial a
de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias
concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá
indicativas de sua periculosidade, bem como a importância
prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz
provável das custas do processo, até final julgamento.
competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

70
O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão deverá comparecer perante a autoridade, todas as vezes que
ao pagamento das custas, da indenização do dano, da for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal
prestação pecuniária e da multa, se o réu for condenado. e para o julgamento. Não poderá mudar de residência, sem
Esta regra terá aplicação ainda no caso da prescrição depois prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-
da sentença condenatória se por mais de oito dias de sua residência, sem comunicar
Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em àquela autoridade o lugar onde será encontrado. e a outras
julgado sentença que houver absolvido o acusado ou medidas cautelares, se for o caso.
declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo,
atualizado, será restituído sem desconto, salvo em caso de qualquer das obrigações ou medidas impostas, o juiz, de
prescrição depois da sentença condenatória. ofício ou mediante requerimento do Ministério Público,
A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a
será cassada em qualquer fase do processo. Será também medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito decretar a prisão preventiva.
inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.
PRISÃO CIVIL
Será exigido o reforço da fiança:
• quando a autoridade tomar, por engano, fiança Vamos ao art. 5º, LXVII, da CF.
insuficiente.
• quando houver depreciação material ou LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res-
perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
ou depreciação dos metais ou pedras preciosas. de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
• quando for inovada a classificação do delito.
A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à A liberdade é um direito fundamental e a prisão sempre
prisão, quando, na conformidade deste artigo, não está relacionada a condutas tipificadas na legislação penal
for reforçada. como medida de exceção. Deveria, portanto, ser mais
Será julgada quebrada a fiança quando o acusado: restrita a possibilidade de prisão civil por dívida.
• regularmente intimado para ato do processo, deixar A Constituição permite a modalidade de prisão imposta
como coerção para o cumprimento de obrigação legal em
de comparecer, sem motivo justo.
duas hipóteses.
• deliberadamente praticar ato de obstrução ao Na primeira, pelo descumprimento voluntário de
andamento do processo. obrigação alimentar, ou seja, quando a pessoa podendo,
• descumprir medida cautelar imposta se nega a pagar alimentos a seus dependentes. Cabe,
cumulativamente com a fiança. neste caso, a prisão decorrente de pensão se a dívida for
• resistir injustificadamente a ordem judicial. inescusável, justamente por se tratar de meio de coerção e
• praticar nova infração penal dolosa. não de pena, e pelo mesmo motivo ele deve ser solto ao
pagar a dívida.
Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou A restrição ao direito fundamental à liberdade justifica-
quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos. se pela promoção de outro importante direito fundamental:
O quebramento injustificado da fiança importará na a subsistência de quem depende dos alimentos de outra
perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir pessoa para viver.
sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for A segunda hipótese versa sobre o depositário infiel,
assim considerado aquela pessoa que recebe um bem
o caso, a decretação da prisão preventiva.
para manter em depósito para posterior restituição ao
Será perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, proprietário e, no momento da devolução, descumpre este
condenado, o acusado não se apresentar para o início do dever desviando ou consumindo o bem.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL
cumprimento da pena definitivamente imposta. O STF entendeu não ser mais cabível a prisão do
No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as depositário infiel. Com a ratificação do Pacto de San José
custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, da Costa Rica em 1992, só considera como válida a prisão
será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. No civil do devedor de alimentos.
caso de quebra da fiança, o valor restante também será Observe a Súmula Vinculante 25:
recolhido ao fundo penitenciário. Portanto, o saldo será
entregue a quem houver prestado a fiança, depois de É ilícita a prisão civil do depositário infiel qualquer que
deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado. seja modalidade do depósito.
Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio
de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo
Lei nº 7.960/1989 (prisão temporária)
órgão do Ministério Público. A prisão temporária é regida pela Lei nº 7.960, de 21
Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais de dezembro de 1989. Cabe, portanto, prisão temporária:
preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou • quando imprescindível para as investigações do
corretor. inquérito policial.
Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando • quando o indicado não tiver residência fixa ou não
a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe fornecer elementos necessários ao esclarecimento
liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações de que de sua identidade.

71
• quando houver fundadas razões, de acordo com • Jus puniendi: a competência de impor sanção. O
qualquer prova admitida na legislação penal, de jus puniendi abstrato nasce com a norma penal
autoria ou participação do indiciado nos seguintes incriminadora e o jus puniendi concreto, com a
crimes: prática da conduta;
• Jus persequend: a legitimidade de estar em juízo,
a) homicídio doloso; reconhecer o direito de punir. Em regra é dever do
b) sequestro ou cárcere privado;
c) roubo; Estado, e por exceção pode ser do ofendido.
d) extorsão; O processo penal está relacionado diretamente com
e) extorsão mediante sequestro; a infração penal, cabendo ao Estado solucionar o
f) estupro; conflito puniendi versus libertatis.
g) epidemia com resultado de morte; Sobre o sistema processual penal há três espécies:
h) envenenamento de água potável ou substância ali- • Inquisitivo, inquisitório ou judicialiforme: é o
mentícia ou medicinal qualificado pela morte; sistema em que cabe a um só órgão acusar e julgar.
i) quadrilha ou bando, hoje, associação para o crime, do O juiz dá início à ação penal e, ao final, ele mesmo
Código Penal; profere a sentença. É criticado por não garantir
j) genocídio, em qualquer de sua formas típicas;
a imparcialidade do julgador. Era admitido em
k) tráfico de drogas;
l) crimes contra o sistema financeiro. nossa legislação em relação à apuração de todas as
m) crimes previstos na Lei de Terrorismo. contravenções penais e dos crimes de homicídio e
lesões corporais culposos. Esse sistema foi banido
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da de nossa legislação pelo art. 129, I, da CF, que
representação da autoridade policial ou de requerimento conferiu ao Ministério Público a iniciativa exclusiva
do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, da ação pública. Observe que nesse sistema
prorrogável por igual período em caso de extrema e processual, o direito de defesa dos acusados nem
comprovada necessidade. sempre era observado em sua plenitude em razão
E, na hipótese de representação da autoridade policial, de os seus requerimentos serem julgados pelo
o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
O despacho que decretar a prisão temporária deverá próprio órgão acusador.
ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 • Acusatório ou contraditório: há separação entre
(vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da os órgãos incumbidos de realizar a acusação e o
representação ou do requerimento. julgamento, o que garante a imparcialidade do
O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério julgador e, por conseguinte, assegura a plenitude
Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja de defesa e o tratamento igualitário das partes.
apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da Considerando que a iniciativa é do órgão acusador,
autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de o defensor tem sempre o direito de se manifestar
delito. por último. A produção das provas é incumbência
Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado das partes.
de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao
indiciado e servirá como nota de culpa. A prisão somente • Misto ou acusatório formal: há uma fase
poderá ser executada depois da expedição de mandado investigatória e persecutória preliminar conduzida
judicial. por um juiz e não por autoridade policial, seguida
Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o de uma fase acusatória em que são assegurados
preso dos direitos previstos na Constituição Federal, entre todos os direitos do acusado e a independência
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada entre acusação, defesa e juiz. Atualmente é adotado
a assistência da família e de advogado, caso o autuado em diversos países europeus e sua característica
não informe o nome de seu advogado, será comunicado à marcante é a existência do Juizado de Instrução,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Defensoria Pública. fase preliminar instrutória presidida por juiz.


Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já
tiver sido decretada sua prisão preventiva. No Brasil, o sistema adotado é acusatório, pois há clara
Os presos temporários deverão permanecer, separação entre a função acusatória e a julgadora. É preciso,
obrigatoriamente, separados dos demais detentos. entretanto, salientar que não se trata do sistema acusatório
Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um puro, uma vez que, apesar de a regra ser a de que as partes
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder devam produzir suas provas, admitem­-se exceções em que
Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos o próprio juiz pode determinar, de ofício, sua produção de
pedidos de prisão temporária. forma suplementar.
O processo penal é regido por constitucionais e
Disposições constitucionais aplicáveis ao Direito processuais.
Processual PenaL
Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, da CF),
O processo penal brasileiro é regulamentado por não há privação de liberdade ou perda de bens sem o
meio do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e devido processo legal.
recepcionado pela Constituição Federal, e por isso, quando Princípio do Estado ou Presunção de Inocência (art. 5º,
falamos de princípios do processo penal, devemos observar LVII, da CF), ninguém será declarado culpado, e não, que
os que estão contidos na Carta Magna. todos se presumem inocentes antes do trânsito em julgado
O Estado possui duas funções do processo penal: da sentença penal condenatória.

72
Princípio da Bilateralidade da Audiência ou Contraditório Pelo princípio do impulso oficial deve o juiz, de ofício,
e Ampla Defesa (CF, art. 5º, V, da CF), supõe conhecimento determinar que se passe à fase seguinte.
dos atos processuais pelo acusado e seu direito de resposta Princípio da Identidade Física do Juiz, segundo o art.
e de reação. 399, § 2º, do Código de Processo Penal, o juiz que presidir
Princípio da Verdade Real, o processo penal busca a audiência deverá proferir a sentença. Tal dispositivo é de
desvendar como os fatos efetivamente se passaram, não óbvia relevância já que as impressões daquele que colheu
admitindo ficções e presunções processuais, diferentemente pessoalmente a prova são relevantíssimas no processo
do que ocorre no processo civil. decisório. Como o Código de Processo Penal não disciplina
Princípio da Oralidade consagra a preponderância o tema, aplica­-se, por analogia, o disposto no art. 132 do
da linguagem falada sobre a escrita em relação aos atos Código de Processo Civil: “o juiz, titular ou substituto, que
destinados a formar o convencimento do juiz. Decorre concluir a audiência, julgará a lide (...)”.
desse princípio a opção pela qual os depoimentos de Proibição das Provas Ilícitas (art. 5º, LVI, da CF), versa
sobre a inadmissibilidade das provas obtidas mediante
testemunhas são prestados­oralmente, salvo em casos
prática de algum ilícito penal, civil ou administrativo.
excepcionais, em que a forma escrita é expressamente
Princípio “Favor Rei”, significa que, na dúvida, o juiz deve
admitida.
optar pela solução mais favorável ao acusado (in dubio pro
Princípio da Publicidade (art. 5º, LX, e art. 93, IX, da CF), reo). Dessa forma, havendo duas interpretações acerca de
poder ser geral ou especial, ou seja, para todo ou para as determinado tema, deve­-se optar pela mais benéfica. Se a
partes de um determinado processo. prova colhida gerar dúvida quanto à autoria, o réu deve ser
Princípio da Obrigatoriedade, o promotor não pode absolvido.
transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Princípio do Promotor Natural é o princípio decorrente
Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação dos da interpretação de que a garantia contida no art. 5º, LIII,
elementos de prova, pois a ele cabe formar a opinio delicti, da CF, de “ninguém será processado nem sentenciado
que há indícios suficientes de autoria e materialidade de senão pela autoridade competente” consagra não apenas
crime que se apura mediante ação pública, estará obrigado o princípio do juiz natural, mas, também, o direito de
a oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva, toda pessoa ser acusada por um órgão estatal imparcial,
como, por exemplo, a prescrição, hipótese em que deverá cujas atribuições tenham sido previamente definidas pela
requerer o reconhecimento da extinção da punibilidade e, lei. Desse modo, há violação do devido processo legal na
por consequência, o arquivamento do feito. hipótese de alteração casuística de critérios prefixados
Princípio da Oficialidade (art. 129, I, da CF), o Ministério de atribuição. Veda-se, portanto, que chefe da instituição
Púbico Militar é o exclusivo dono da ação penal militar, que designe membros para atuar em casos específicos.
é sempre pública incondicionada, ressalvada a possibilidade Princípio da Razoável Duração do Processo e Garantia
da ação privada subsidiária da pública (art. 5º, LIX, da CF). da Celeridade Processual (EC nº 45, da CF), objetivo a
Princípio da Indisponibilidade do Processo, nos termos ser alcançado. Assegura às partes o direito de obter
do art. 42, do CPP, o Ministério Público não pode desistir da provimento jurisdicional em prazo razoável e de dispor
ação por ele proposta. Tampouco pode desistir de recurso de meios que garantam a celeridade da tramitação do
que tenha interposto (art. 576, do CPP). processo. O processo é instrumento para aplicação efetiva
Princípio do Juiz Natural ou Constitucional (art. 5º, do direito material, razão pela qual sua existência não
XXXVII, da CF), não haverá juízo ou tribunal de exceção. pode se eternizar ou ser demasiado longa, sob pena de
Princípio da Iniciativa das Partes e o Impulso Oficial (CPP, esvaziamento de sua finalidade. Como consequência desse
princípio, o juiz pode de indeferir as provas consideradas
art. 251, do CPP), o juiz não pode dar início ao processo
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias (art. 400, § 1º,
sem a provocação da parte legítima. Neste sentido, o juiz
do CPP).
não pode dar início à ação penal. Antes da promulgação

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Princípio da Imparcialidade do Juiz é um princípio que
da Constituição de 1988, existiam os chamados processos não existe artigo expresso na constituição dizendo que o
judicialiformes em que o magistrado, mediante portaria, juiz deve ser imparcial, pois a própria função de magistrado
dava início à ação penal para apurar contravenções penais tem, na imparcialidade, a sua essência, a sua razão de
(art. 26 do CPP) e crimes de homicídio ou lesão corporal existir. O que se encontra no texto constitucional são
culposa (art. 1º da Lei n. 4.611/65). É evidente que esses garantias aos juízes para lhes assegurar a imparcialidade,
dispositivos não foram recepcionados pela Constituição, ou seja, vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade
posto que o art. 129, I, da Constituição Federal conferiu ao de subsídios, como descrito no art. 95, caput, da CF, assim
Ministério Público a titularidade exclusiva para a iniciativa como a vedação a juízes e tribunais de exceção (art. 5º,
da ação nos crimes de ação pública. Nos crimes de ação XXXVII, da CF).
privada exclusiva não existe previsão específica no texto Princípio do Duplo Grau de Jurisdição também não
constitucional, mas é evidente que o juiz não pode dar está descrito de forma expressa na Constituição, mas é
início à ação neste tipo de delito por absoluta falta de facilmente percebido, posto que a competência recursal
legitimidade e interesse de agir. dos diversos órgãos do Poder Judiciário está contida nos
Princípio do Impulso Oficial ou Ativação da Causa, arts. 102, II e III; 105, II e III; 108, II, e 125, § 1º, da CF. Por
apesar de a iniciativa da ação ser do Ministério Público este princípio as partes têm direito a uma nova apreciação,
ou do ofendido, não é necessário que, ao término de total ou parcial, da causa, por órgão superior do Poder
cada fase processual, requeiram que se passe à próxima. Judiciário.

73
Princípio da Oportunidade ou da Conveniência significa de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. E ainda
que, ainda que haja provas cabais contra os autores da o inciso LXXV, que o Estado indenizará toda a pessoa
infração penal, pode o ofendido preferir não os processar. condenada por erro judiciário, bem como aquela que ficar
Na ação privada, o ofendido ou seu representante legal presa além do tempo fixado na sentença.
decide, de acordo com seu livre­-arbítrio, se vai ou não
ingressar com a ação penal.
Princípio da Intranscendência (art. 5º, XLV, da CF)
significa que a pena não pode passar da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o
limite do valor do patrimônio transferido.
Princípio da Correlação impede que o juiz, ao proferir
sentença, extrapole os limites da acusação. Trata­ -se da
vedação ao julgamento extra petita, ou seja, ao sentenciar a
ação, deve ater­-se ao fato descrito na denúncia ou queixa,
não podendo extrapolar seus limites.
Princípio Contra a Autoincriminação significa que
o Poder Público não pode constranger o indiciado ou
acusado a cooperar na investigação penal ou a produzir
provas contra si próprias. É evidente que o indiciado ou réu
não estão proibidos de confessar o crime ou de apresentar
provas que possam incriminá­-los. Eles apenas não podem
ser obrigados a fazê­-lo e, da recusa, não podem ser
extraídas consequências negativas no campo da convicção
do juiz.
Princípio da Motivação das Decisões Judiciais É
evidente que em um Estado de Direito os juízes devem
expor as razões de fato e de direito que os levaram a
determinada decisão. O texto constitucional é claro em
salientar a nulidade da sentença cuja fundamentação
seja deficiente.Tal deficiência é nítida quando o juiz utiliza
argumentos genéricos, sem apontar nos autos as provas
específicas que o levaram à absolvição ou condenação ou
ao reconhecimento de qualquer circunstância que interfira
na pena. Não pode o juiz se limitar a dizer, por exemplo,
que a prova é robusta e, por isso, embasa a condenação.
Deve apontar especificamente na sentença quais são e em
que consistem estas provas.
O processo penal observa, além desses princípios outros
dispositivos contidos nos incisos do art. 5º da Constituição
Federal, como assegurar a liberdade de locomoção
dentro do território nacional (inciso XV), dispor a cerca da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

personalização da pena (inciso XLV), cuidar do princípio do


contraditório e da ampla defesa, assim como da presunção
da inocência (inciso LV e LVII, respectivamente), no sentido
de que “Ninguém será preso senão em flagrante delito,
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
competente...”.
Acrescenta do art. 5º, da CF, o inciso LXV, traz que “a
prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária”, o inciso LXVI, que estabelece que ninguém será
levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem o pagamento de fiança.
O inciso LXVII, que não haverá prisão civil por dívida,
exceto a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel.
Inclui o inciso LXVIII, onde prescreve que será concedido
habeas corpus sempre que alguém sofrer ou julgar-se
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade

74
4. (PC-SP – Investigador de Polícia – VUNESP – 2018) A
respeito dos artigos 13 ao 25 do Código Penal, é correto
HORA DE PRATICAR! afirmar que:

1. (PC-MG – Delegado de Polícia – PC-MG – 2008) Com a) A redução da pena em virtude do arrependimento pos-
relação à lei penal no tempo e no espaço, assinale a afir- terior aplica-se a todos os crimes, excepcionados apenas
mativa CORRETA. os cometidos com violência. 
b) O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é prati-
a) Apesar de pela a abolitio criminis se deixar de considerar
determinado fato crime, inclusive alcançando o dispo- cado não isenta de pena, considerando-se, no entanto,
sitivo fatos pretéritos objetivamente julgados, têm-se as condições ou qualidades da pessoa contra quem o
extintos apenas os efeitos penais das sentenças conde- agente queria praticar o crime e não as da vítima.
natórias, permanecendo, contudo, os efeitos civis. c) Gente que, por circunstâncias alheias à própria vontade,
b) Não ficam sujeitos à lei brasileira os crimes cometidos no não prossegue na execução do crime, só responderá pe-
estrangeiro contra a administração pública, por quem los atos já praticados.
está a seu serviço. d) O dever de agir para evitar o resultado incumbe a quem
c) Os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri- tenha, por lei ou convenção social, obrigação de cuida-
gou a reprimir, cometidos por brasileiros no estrangeiro, do, proteção e vigilância.
ficam sujeitos à lei brasileira sempre que for o fato puní-
e) São excludentes da ilicitude o estado de necessidade e
vel também no país em que foi praticado, não podendo
a pena cumprida no estrangeiro atenuar a pena imposta a legítima defesa, não sendo punível o excesso, se pra-
no Brasil. d) Para os crimes permanentes, vigoram as re- ticado por culpa.
gras da ultra atividade mesmo ante a superveniência de
lei mais severa no decorrer da execução do delito. 5. (PC-SP – Investigador de Polícia – VUNESP – 2018)
Sobre o crime de Moeda Falsa, previsto no Código Penal, é
2. (PC-MG – Delegado de Polícia – FURMAC – 2011) Em correto afirmar que
relação à aplicação da Lei Penal é CORRETO afirmar que:
a) A lei não admite a punição da conduta praticada por
a) Para aplicação da lei penal no tempo e no espaço, o Có- funcionário público.
digo Penal Brasileiro adotou, respectivamente, as teorias
b) O tipo comporta a conduta de fabricar ou alterar, me-
do resultado e da ubiquidade.
b) De acordo com o art. 10 do Código Penal, na contagem diante falsificação, a moeda metálica ou papel-moeda,
de prazos penais, não se computará o dia do começo, de curso legal no país ou no estrangeiro.
incluindo-se, porém, o do vencimento. c) A lei admite a punição da conduta, na forma culposa. 
c) Pelo princípio da especialidade, o agente que efetua d) A conduta típica consiste em reconhecer, como verda-
diversos disparos de arma de fogo para o alto, vindo deira, no exercício de função pública, moeda metálica ou
a causar a morte de dois transeuntes, responde pelos papel-moeda de curso legal no estrangeiro.
crimes de homicídio consumado, em concurso formal e) Consiste fato atípico a conduta de quem desvia e faz
impróprio, já que a norma especial afasta a aplicação da circular moeda cuja circulação não estava ainda auto-
norma geral. rizada.
d) Com a abolitio criminis procedida pela Lei nº 11.106/2005,
para o crime de rapto, cessaram todos os efeitos penais
advindo de eventuais condenações, permanecendo, 6. (PC-MG – Delegado de Polícia – FURMAC – 2018) Em
conduto, os efeitos civis. relação aos aspectos processuais da lei de lavagem de di-
nheiro (Lei 9.613/98), pode-se afirmar: 
3. (PC-MG – Delegado de Polícia – FURMAC – 2018)

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


Com relação ao iter criminis, é CORRETO afirmar: a) A alienação de bens objeto de medidas assecuratórias
depende da existência de trânsito em julgado de sen-
a) No crime falho ou na tentativa imperfeita, o processo tença condenatória. 
de execução é integralmente realizado pelo agente e o b) A competência para o julgamento do delito de lavagem
resultado é atingido.  de dinheiro será da justiça federal.
b) Não existe desistência voluntária no caso de agente que
c) A denúncia deverá ser instruída com indícios suficientes
desiste de prosseguir com os atos de execução por con-
selho de seu advogado, já que ausente a voluntariedade. da existência de infração penal antecedente. 
c) Com relação à tentativa, o Código Penal adota, como d) A persecução penal em juízo depende da comprovação,
regra, a teoria objetiva e aplica ao agente a pena corres- mediante sentença condenatória, de infrações penais
pondente ao crime consumado, reduzida de um a dois antecedentes.
terços, conforme maior ou menor tenha sido a proximi-
dade do resultado almejado.
d) O arrependimento posterior tem natureza jurídica de
causa de exclusão da tipicidade, desde que restituída
a coisa ou reparado o dano nos crimes praticados sem
violência ou grave ameaça até o recebimento da denún-
cia ou queixa.

75
7. (PC-MG – Delegado de Polícia – FURMAC – 2018) 10. (PC-SP – Delegado de Polícia – VUNESP – 2018) Tício
Em matéria de colaboração premiada, prevista na Lei está sendo processado pela prática de crime de roubo. Du-
12.850/13, é CORRETO afirmar: rante o trâmite do inquérito policial, entra em vigor deter-
minada lei, reduzindo o número de testemunhas possíveis
a) A ação penal poderá deixar de ser proposta tempora- de serem arroladas pelas partes no procedimento ordiná-
riamente contra o colaborador até o cumprimento das rio.
medidas de colaboração. A respeito do caso descrito, é correto que:
b) A homologação do acordo de colaboração premiada
independe de efetividade das informações repassadas a) Não se aplica a lei nova ao processo de Tício em razão
pelo colaborador. do princípio da anterioridade.
c) O acordo de colaboração deixa de ser sigiloso assim que b) A lei que irá reger o processo é a lei do momento em
oferecida a denúncia. que foi praticado o crime, à vista do princípio tempus
d) O Ministério Público não poderá dispor da ação penal
regit actum.
caso o colaborador não seja o líder da organização e
c) Em razão do sistema da unidade processual, pelo qual
seja o primeiro a prestar efetiva colaboração.
uma única lei deve reger todo o processo, a lei velha
8. (PC-MG – Delegado de Polícia – FURMAC – 2011) Com continua ultra-ativa e, por isso, não se aplica a nova lei,
relação à legislação especial, é INCORRETO afirmar que: mormente por ser esta prejudicial em relação aos inte-
resses do acusado.
a) Nos crimes contra a ordem tributária, o pagamento do d) Não se aplica a lei revogada ao processo de Tício em
tributo, antes do recebimento da denúncia, caracteriza razão do princípio da reserva legal.
causa extintiva de punibilidade. e) Não se aplica a lei revogada porque a instrução ainda
b) Motorista de táxi que se distrai conversando com pas- não se iniciara quando da entrada em vigor da nova lei.
sageiro e atropela pedestre, causando-lhe lesões corpo-
rais e é induzido pelo acompanhante a deixar de prestar 11. (PC-GO – Delegado de Polícia – CESPE – 2017) Acerca
socorro à vítima, responde pelo crime de lesão corporal de investigação criminal e juizados especiais criminais, assi-
culposa, funcionando a omissão de socorro e a circuns- nale a opção correta.
tância de estar no exercício da profissão como causas es-
peciais de aumento de pena, conforme a Lei nº 9.503/97, a) No juizado especial criminal, é inadmissível a transação
respondendo o passageiro pelo crime de omissão de so- penal caso se comprove que o autor da infração foi con-
corro, previsto no art. 135 do Código Penal. denado em sentença definitiva por crime ou contraven-
c) A Lei de Tortura prevê exceção, ao princípio da territoria- ção penal de caráter culposo ou doloso.
lidade, determinando a aplicação da lei brasileira a cri- b) Para definição da competência do juizado especial cri-
mes ocorridos fora do território brasileiro, sempre que a minal no concurso material de crimes, a soma das penas
vítima for brasileira. máximas cominadas para cada crime não pode exceder
d) Para o crime de tráfico ilícito de entorpecentes, a as- a dois anos.
sociação eventual constitui causa de aumento de pena, c) Não se admite a transação penal nem a composição ci-
sendo a associação para o tráfico, prevista no art. 35 vil dos danos nos processos de competência dos juiza-
da Lei nº 11.343/2006, delito autônomo que demanda dos especiais criminais que, por motivo de conexão ou
comprovação da estabilidade e permanência da societas continência, tiverem sua competência deslocada para o
sceleris.
tribunal do júri.
d) O delegado-geral de polícia civil, no âmbito estadual, ou
9. (PC-SP – Delegado de Polícia – VUNESP – 2012) Re-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

o delegado regional, no âmbito territorial, poderão, me-


lativamente aos bens móveis e imóveis ou valores con-
sistentes em produtos decorrentes da prática dos crimes diante despacho fundamentado, avocar ou determinar a
previstos na Lei sobre Drogas (Lei n° 11 343/06) é correto redistribuição de autos de inquérito policial, sempre que
afirmar que: a infração penal a ser apurada for de interesse do Poder
Executivo da respectiva unidade da Federação. 
a) O pedido de restituição será conhecido pelo juiz inde- e) Caberá recurso especial contra a decisão da turma re-
pendentemente do comparecimento pessoal do acusa- cursal dos juizados especiais criminais que negue provi-
do ajuízo. mento a recurso interposto contra sentença penal con-
b) O acusado poderá apresentar ou requerer a produção denatória, caso seja demonstrada ofensa a dispositivo
de provas acerca da origem lícita do bem, a qualquer de norma infraconstitucional.
tempo, independente de concessão judicial.
c) A ordem de sequestro de bens ou valores poderá ser
suspensa pelo juiz quando sua execução comprometer
as investigações
d) Os veículos e aeronaves apreendidos ficarão sob a cus-
tódia da autoridade judicial.
e) A utilização de veículos e aeronaves apreendidos é ex-
pressamente proibida.

76
12. (PC-SP – Investigador de Polícia – VUNESP – 2018) 15. (PC-BA – Investigador de Polícia Civil – VUNESP –
Observados os demais requisitos previstos na Lei n° 2018) A afirmação de que “a confissão é a rainha das pro-
7.960/89 (Prisão Temporária), caberá prisão temporária vas”, em Direito Processual Penal, é:
quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participa- a) Inaceitável, porque ela contraria o princípio de que nin-
ção do indiciado, entre outros, nos seguintes crimes: guém pode oferecer provas contra si. 
b) Pertinente, pois, se o acusado admite a imputação, o
a) Roubo, estupro e epidemia com resultado de morte. Estado fica desincumbido de produzir a prova.
b) Tráfico de drogas, roubo e concussão. c) Válida apenas para os crimes contra o patrimônio, desde
c) Peculato, concussão e prevaricação.  que haja a indenização do valor do prejuízo.
d) Cárcere provado, homicídio culposo e extorsão. d) Inaplicável, salvo se a confissão for espontânea e presta-
e) Genocídio, terrorismo e peculato. da em presença de advogado constituído pelo réu.
e) Incabível, uma vez que ela deverá ser confrontada com
13. (PC-GO – Delegado de Polícia – UEG – 2018) Sobre a os demais elementos do processo.
prisão, tem-se o seguinte:

a) A prisão temporária, presentes os seus requisitos, pode-


rá ser decretada no curso da ação penal. GABARITO
b) A Constituição da República Federativa do Brasil prevê
a incomunicabilidade do preso durante o estado de de- 1 A
fesa.
c) Nos crimes hediondos, a prisão temporária tem, em re- 2 D
gra, a duração de trinta dias. 3 C
d) Após a alteração legislativa promovida pela Lei n. 12.403,
4 B
de 2011, é possível a decretação de prisão preventiva
pelo juiz, de ofício, durante a investigação penal. 5 B
e) É causa de revogação da prisão preventiva o extrapola- 6 C
mento, pela autoridade policial, do prazo de conclusão
7 A
do inquérito policial.
8 D
14. (PC-BA – Investigador de Polícia – VUNESP – 2018) 9 C
Os crimes materiais exigem que a ação penal seja instruí-
da com o respectivo exame de corpo de delito cujo laudo, 10 E
para ter validade, deve ser assinado por: 11 B
12 A
a) 2 (dois) peritos oficiais, independentemente do grau de
instrução, ou por 2 (duas) pessoas idôneas, preferencial- 13 C
mente portadoras de diploma de curso superior. 14 D
b) 1 (um) perito oficial, preferencialmente portador de di- 15 E
ploma de curso superior, ou por 2 (duas) pessoas idône-
as, com atuação na área da perícia. 
c) 2 (dois) peritos oficiais, com formação superior na área

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL


específica da perícia, sendo vedada a assinatura por lei-
gos.
d) 1 (um) perito oficial, obrigatoriamente portador de di-
ploma de curso superior, ou por 2 (duas) pessoas idône-
as, que também possuam o mesmo grau de instrução.
e) 1 (um) perito oficial, portador de diploma de curso su-
perior preferencialmente na área específica, vedada a
assinatura por leigos.

77
ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

78
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Lei no 8.072/1990 – aspectos penais e processuais (Crimes Hediondos);........................................................................................................01


Lei no 8.429/1992 (Improbidade Administrativa); .....................................................................................................................................................01
Lei no 9.296/1996 (Interceptação Telefônica); ............................................................................................................................................................04
Lei no 9.455/1997 (Crimes de Tortura); ..........................................................................................................................................................................05
Lei no 9.503/1997 – aspectos penais e processuais (Crimes de Trânsito); .......................................................................................................06
Lei no 9.613/1998 (Lavagem de Dinheiro); ..................................................................................................................................................................07
Lei no 10.826/2003 – aspectos penais e processuais (Crimes Definidos no Estatuto do Desarmamento);.........................................09
Lei no 11.343/2006 (Lei Antidrogas); ..............................................................................................................................................................................09
Lei no 12.030/2009 (Perícia Oficial); ................................................................................................................................................................................11
Lei no 12.037/2009 (Identificação Criminal do Civilmente Identificado; ..........................................................................................................11
Lei no 12.850/2013 – aspectos penais eprocessuais (Lei de Combate às Organizações Criminosas); .................................................12
Lei no 13.260/2016 (Lei Antiterrorismo); .......................................................................................................................................................................14
Lei no 13.675/2018 (Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).......................................................................................................................16
LEI Nº 8.072/1990 – ASPECTOS PENAIS E LEI Nº 8.429/1992 (IMPROBIDADE
PROCESSUAIS (CRIMES HEDIONDOS) ADMINISTRATIVA)

São considerados hediondos os seguintes crimes, todos Os atos de improbidade praticados por qualquer agen-
tipificados no CP, consumados ou tentados: te público, servidor ou não, contra a administração direta,
• homicídio (art. 121), quando praticado em atividade indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Terri-
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § tório, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de
2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII). entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido
• lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio
129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
§ 3º), quando praticadas contra autoridade ou agen- Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos
te descrito nos arts. 142 e 144, da CF, integrantes do de improbidade praticados contra o patrimônio de enti-
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança dade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
Pública, no exercício da função ou em decorrência ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren- cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou con-
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa corra com menos de cinquenta por cento do patrimônio
condição. ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
• latrocínio (art. 157, § 3º, in fine). patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
• extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º). dos cofres públicos.
• extorsão mediante sequestro e na forma qualificada Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo
(art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º). aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
• estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º). muneração, por eleição, nomeação, designação, contra-
• estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, tação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
3º e 4). mandato, cargo, emprego ou função nas entidades men-
• epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). cionadas no artigo anterior.
• falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
(art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B). concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
• favorecimento da prostituição ou de outra forma de beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
exploração sexual de criança ou adolescente ou de Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no
Consideram-se também hediondos o crime de genocídio trato dos assuntos que lhe são afetos.
previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/1956, e o de posse Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-
art. 16 da Lei no 10.826/2003, todos tentados ou consumados. -se-á o integral ressarcimento do dano.
Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilí- No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú-
cito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos
insuscetíveis de anistia, graça e indulto, e fiança. A pena ao seu patrimônio.
será cumprida inicialmente em regime fechado. Quando o ato de improbidade causar lesão ao patri-
A progressão de regime, no caso dos condenados aos mônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimen- autoridade administrativa responsável pelo inquérito re-
to de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, presentar ao Ministério Público, para a indisponibilidade
e de 3/5 (três quintos), se reincidente. dos bens do indiciado.
Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fun- A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo
damentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
7.960/1989, nos crimes hediondos, a prática da tortura, o enriquecimento ilícito.
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terroris- O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio pú-
mo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual blico ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comina-
período em caso de extrema e comprovada necessidade. ções desta lei até o limite do valor da herança.
A União manterá estabelecimentos penais, de seguran- Constitui ato de improbidade administrativa importan-
ça máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vanta-
a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em gem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumi- mandato, função, emprego ou atividade nas entidades su-
dade pública. pramencionadas, e notadamente:

1
- receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel Pena prevista de perda dos bens ou valores acrescidos
ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, quando houver, perda da função pública, suspensão dos
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de mul-
direto ou indireto, que possa ser atingido ou ampa- ta civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial
rado por ação ou omissão decorrente das atribuições e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
do agente público; benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in-
- perceber vantagem econômica, direta ou indireta, diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas Constitui ato de improbidade administrativa que cau-
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao sa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
valor de mercado; culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
- perceber vantagem econômica, direta ou indireta, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem entidades referidas acima, e notadamente:
público ou o fornecimento de serviço por ente esta- - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incor-
tal por preço inferior ao valor de mercado; poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou
- utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui- jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integran-
nas, equipamentos ou material de qualquer nature- tes do acervo patrimonial das entidades menciona-
za, de propriedade ou à disposição de qualquer das das no art. 1º desta lei;
entidades mencionadas acima, bem como o traba- - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí-
lho de servidores públicos, empregados ou terceiros dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
contratados por essas entidades; integrantes do acervo patrimonial das entidades
- receber vantagem econômica de qualquer natureza, mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prá- das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
tica de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, à espécie;
de contrabando, de usura ou de qualquer outra ati- - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
vidade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
- receber vantagem econômica de qualquer natureza, assistências, bens, rendas, verbas ou valores do pa-
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre trimônio de qualquer das entidades supramenciona-
medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer das, sem observância das formalidades legais e regu-
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, lamentares aplicáveis à espécie;
qualidade ou característica de mercadorias ou bens - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
fornecidos a qualquer das entidades supramencio- de bem integrante do patrimônio de qualquer das
nadas; entidades acima referidas, ou ainda a prestação de
- adquirir, para si ou para outrem, no exercício de man- serviço por parte delas, por preço inferior ao de mer-
dato, cargo, emprego ou função pública, bens de cado;
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
evolução do patrimônio ou à renda do agente pú- de bem ou serviço por preço superior ao de merca-
blico; do;
- aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de - realizar operação financeira sem observância das nor-
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou mas legais e regulamentares ou aceitar garantia in-
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido suficiente ou inidônea;
ou amparado por ação ou omissão decorrente das - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
atribuições do agente público, durante a atividade; servância das formalidades legais ou regulamentares
- perceber vantagem econômica para intermediar a li- aplicáveis à espécie;
beração ou aplicação de verba pública de qualquer - frustrar a licitude de processo licitatório ou de pro-
natureza; cesso seletivo para celebração de parcerias com en-
- receber vantagem econômica de qualquer natureza, tidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi-
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, damente;
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

providência ou declaração a que esteja obrigado; - ordenar ou permitir a realização de despesas não au-
- incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio torizadas em lei ou regulamento;
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer- - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° renda, bem como no que diz respeito à conservação
desta lei; do patrimônio público;
- usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou va- - liberar verba pública sem a estrita observância das
lores integrantes do acervo patrimonial das entida- normas pertinentes ou influir de qualquer forma para
des supramencionadas. a sua aplicação irregular;
- permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en-
riqueça ilicitamente;

2
- permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, Constitui ato de improbidade administrativa que aten-
veículos, máquinas, equipamentos ou material de ta contra os princípios da administração pública qualquer
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, im-
de qualquer das entidades supramencionadas, bem parcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e nota-
como o trabalho de servidor público, empregados damente:
ou terceiros contratados por essas entidades. - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula-
– celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por mento ou diverso daquele previsto, na regra de com-
objeto a prestação de serviços públicos por meio da petência;
gestão associada sem observar as formalidades pre- - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de
vistas na lei; ofício;
– celebrar contrato de rateio de consórcio público sem - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem ob- razão das atribuições e que deva permanecer em se-
servar as formalidades previstas na lei. gredo;
- facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in- - negar publicidade aos atos oficiais;
corporação, ao patrimônio particular de pessoa física - frustrar a licitude de concurso público;
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públi- - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a
cos transferidos pela administração pública a entida- fazê-lo;
des privadas mediante celebração de parcerias, sem - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
a observância das formalidades legais ou regulamen- terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor
tares aplicáveis à espécie; de medida política ou econômica capaz de afetar o
- permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí- preço de mercadoria, bem ou serviço.
dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores - descumprir as normas relativas à celebração, fiscali-
públicos transferidos pela administração pública a zação e aprovação de contas de parcerias firmadas
entidade privada mediante celebração de parcerias, pela administração pública com entidades privadas.
sem a observância das formalidades legais ou regu- - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi-
lamentares aplicáveis à espécie; bilidade previstos na legislação.
- celebrar parcerias da administração pública com enti- - transferir recurso a entidade privada, em razão da
dades privadas sem a observância das formalidades prestação de serviços na área de saúde sem a pré-
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; via celebração de contrato, convênio ou instrumento
- agir negligentemente na celebração, fiscalização e congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24
análise das prestações de contas de parcerias firma- da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
das pela administração pública com entidades pri- - ressarcimento integral do dano, se houver, perda da
vadas; função pública, suspensão dos direitos políticos de
- liberar recursos de parcerias firmadas pela adminis- três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
tração pública com entidades privadas sem a estri- cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
ta observância das normas pertinentes ou influir de agente e proibição de contratar com o Poder Público
qualquer forma para a sua aplicação irregular.    ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credití-
- liberar recursos de parcerias firmadas pela adminis- cios, direta ou indiretamente, ainda que por intermé-
tração pública com entidades privadas sem a estri- dio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
ta observância das normas pertinentes ou influir de pelo prazo de três anos.
qualquer forma para a sua aplicação irregular.
Independentemente das sanções penais, civis e admi-
Pena prevista de ressarcimento integral do dano, perda nistrativas previstas na legislação específica, está o respon-
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, sável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes comina-
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, ções, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamen-
suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pa- te, de acordo com a gravidade do fato.
gamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber conta a extensão do dano causado, assim como o proveito
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou in- patrimonial obtido pelo agente.
diretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos ministrativa competente para que seja instaurada investi-
Constitui ato de improbidade administrativa qualquer gação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e assinada, conterá a qualificação do representante, as infor-
o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de ju- mações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas
lho de 2003, que dispõe sobre Imposto Sobre Serviços (ISS). de que tenha conhecimento.
Pena prevista de perda da função pública, suspensão A autoridade administrativa rejeitará a representação,
dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa em despacho fundamentado, se esta não contiver as for-
civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou malidades legais. A rejeição não impede a representação
tributário concedido. ao Ministério Público.

3
A comissão processante dará conhecimento ao Ministé- Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos di-
rio Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existên- reitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado
cia de procedimento administrativo para apurar a prática da sentença condenatória.
de ato de improbidade. Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Con- competente poderá determinar o afastamento do agen-
tas poderá, a requerimento, designar representante para te público do exercício do cargo, emprego ou função,
acompanhar o procedimento administrativo. sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
Havendo fundados indícios de responsabilidade, a co- necessária à instrução processual.
missão representará ao Ministério Público ou à procura- Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
doria do órgão para que requeira ao juízo competente a depende:
decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao salvo quanto à pena de ressarcimento;
patrimônio público. II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi-
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade ad-
É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações ministrativa ou mediante representação formulada de acor-
de que trata o caput. do com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração
A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as de inquérito policial ou procedimento administrativo.
ações necessárias à complementação do ressarcimento do
patrimônio público. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previs-
O Ministério Público, se não intervir no processo como tas nesta lei podem ser propostas:
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena - até cinco anos após o término do exercício de manda-
de nulidade. to, de cargo em comissão ou de função de confiança;
A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
- dentro do prazo prescricional previsto em lei especí-
para todas as ações posteriormente intentadas que pos-
fica para faltas disciplinares puníveis com demissão
suam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
a bem do serviço público, nos casos de exercício de
A ação será instruída com documentos ou justificação
cargo efetivo ou emprego.
que contenham indícios suficientes da existência do ato de
- até cinco anos da data da apresentação à administra-
improbidade ou com razões fundamentadas da impossibi-
ção pública da prestação de contas final pelas enti
lidade de apresentação de qualquer dessas provas, obser-
vada a legislação vigente.
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au-
tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer LEI Nº 9.296/1996 (INTERCEPTAÇÃO
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com do- TELEFÔNICA) dades acima referidas.  
cumentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido
da inexistência do ato de improbidade, da improcedência A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta o
da ação ou da inadequação da via eleita. inciso XII, parte final, do art. 5º, da CF, e conhecemos esta
Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre- lei como Lei da Interceptação Telefônica. E o que diz este
sentar contestação. trecho da Constituição Federal é importante saber:
Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
de instrumento. Art. 5º (...)
Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequa- XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
ção da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo municações telegráficas, de dados e das comunicações
sem julgamento do mérito. telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
A sentença que julgar procedente ação civil de repara- hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
ção de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicita- investigação criminal ou instrução processual penal.
mente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada Observe, na segunda parte, que o texto constitucional per-
pelo ilícito. mite, como exceção da inviolabilidade das comunicações te-
lefônicas, que por ordem judicial, nas hipóteses estabelecidas
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de im- em lei, possa violar o sigiloso deste tipo de comunicação para
probidade contra agente público ou terceiro beneficiá- fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
rio, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Sendo assim, logo no art. 1º, da Lei nº 9.296/1996, afir-
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. ma que a interceptação de comunicações telefônicas, de
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante qualquer natureza, para prova em investigação criminal e
está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos mate- em instrução processual penal dependerá de ordem do juiz
riais, morais ou à imagem que houver provocado. competente da ação principal, sob segredo de justiça.

4
O disposto nesta lei em estudo é aplicado também à apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências,
informática e telemática. gravações e transcrições respectivas.
Em qualquer hipótese em que necessita de intercep- A apensação será realizada imediatamente antes do re-
tação telefônica, deve ser descrita com clareza a situação latório da autoridade, quando se tratar de inquérito policial
objeto da investigação, inclusive com a indicação e quali- ou na conclusão do processo ao juiz para o despacho.
ficação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.
É importante observar que não será admitida a inter- FIQUE ATENTO!
ceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer A gravação que não interessar à prova será
qualquer das seguintes hipóteses: inutilizada por decisão judicial, durante o
• não houver indícios razoáveis da autoria ou partici- inquérito, a instrução processual ou após esta,
pação em infração penal. em virtude de requerimento do Ministério
• a prova puder ser feita por outros meios disponíveis. Público ou da parte interessada. O incidente
• o fato investigado constituir infração penal punida, de inutilização será assistido pelo Ministério
no máximo, com pena de detenção. Público, sendo facultada a presença do
acusado ou de seu representante legal.
A interceptação das comunicações telefônicas poderá
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da
autoridade policial, na investigação criminal, ou do repre- Constitui crime realizar interceptação de comunicações
sentante do Ministério Público, na investigação criminal e telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar se-
na instrução processual penal. gredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos
O pedido de interceptação de comunicação telefônica não autorizados em lei, com pena cominada de reclusão,
conterá a demonstração de que a sua realização é necessá- de dois a quatro anos, e multa.
ria à apuração de infração penal, com indicação dos meios
a serem empregados. O juiz, no prazo máximo de vinte e
quatro horas, decidirá sobre o pedido. LEI Nº 9.455/1997 (CRIMES DE TORTURA)

FIQUE ATENTO! Constitui crime de tortura constranger alguém com em-


Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que prego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofri-
o pedido seja formulado verbalmente, desde mento físico ou mental:
que estejam presentes os pressupostos que • com o fim de obter informação, declaração ou con-
autorizem a interceptação, caso em que a fissão da vítima ou de terceira pessoa.
concessão será condicionada à sua redução a • para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
termo. nosa.
• em razão de discriminação racial ou religiosa.

A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, Também constitui crime submeter alguém, sob sua
indicando também a forma de execução da diligência, que guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de ca-
meio de prova. ráter preventivo.
Uma vez deferido o pedido, a autoridade policial con- Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
duzirá os procedimentos de interceptação, dando ciência ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua rea- mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
lização. lei ou não resultante de medida legal.
No caso de a diligência possibilitar a gravação da comu- Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
nicação interceptada, será determinada a sua transcrição. tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Para os procedimentos de interceptação de que trata esta detenção de um a quatro anos.


Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
especializados às concessionárias de serviço público. ma, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
Depois de cumprida a diligência, a autoridade policial morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acom- A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
panhado de auto circunstanciado, que deverá conter o re- emprego público e a interdição para seu exercício pelo do-
sumo das operações realizadas. bro do prazo da pena aplicada.
Recebidos esses elementos, o juiz cientifica o Ministé- O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
rio Público e determina que a interceptação de comuni- ou anistia.
cação telefônica, de qualquer natureza, ocorre em autos

5
O condenado por crime previsto nesta Lei, iniciará o Da decisão que decretar a suspensão ou a medida
cumprimento da pena em regime fechado, salvo se o crime cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministé-
for de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto- rio Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito
ridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a in- suspensivo.
tenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proibi-
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. ção de se obter a permissão ou a habilitação será sempre
O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacio-
não tenha sido cometido em território nacional, sendo a nal de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Esta-
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob do em que o indiciado ou réu for domiciliado ou residente.
jurisdição brasileira. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão
da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor,
LEI Nº 9.503/1997 – ASPECTOS PENAIS E
sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
PROCESSUAIS (CRIMES DE TRÂNSITO) A penalidade de multa reparatória consiste no paga-
mento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou
seus sucessores, de quantia calculada com base no dispos-
Aos crimes cometidos na direção de veículos automo- to no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver
tores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais prejuízo material resultante do crime. 
do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este São circunstâncias que sempre agravam as penalidades
Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. Apli- a infração:
ca-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o • com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
disposto na Lei do Juizado Especial, exceto se: com grande risco de grave dano patrimonial a ter-
• sob a influência de álcool ou qualquer outra substân- ceiros
cia psicoativa que determine dependência. • utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou
• participando, em via pública, de corrida, disputa ou adulteradas.
competição automobilística, de exibição ou demons- • sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
tração de perícia em manobra de veículo automotor, Habilitação.
não autorizada pela autoridade competente. • com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita-
• transitando em velocidade superior à máxima permi- ção de categoria diferente da do veículo.
tida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros • quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
por hora). especiais com o transporte de passageiros ou de car-
ga.
O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas • utilizando veículo em que tenham sido adulterados
no Código Penal, dando especial atenção à culpabilidade equipamentos ou características que afetem a sua
do agente e às circunstâncias e consequências do crime. segurança ou o seu funcionamento de acordo com
A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou os limites de velocidade prescritos nas especificações
a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser im- do fabricante.
posta isolada ou cumulativamente com outras penalidades. • sobre faixa de trânsito temporária ou permanente-
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter
a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automo- mente destinada a pedestres.
tor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trân-
será intimado a entregar à autoridade judiciária, em qua- sito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em fla-
renta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de grante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral
Habilitação. socorro àquela.
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter A Lei nº 13.805, de 10 de janeiro de 2019, que dispõe
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor sobre medidas de prevenção e repressão ao contrabando,
não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de conde- ao descaminho, ao furto, ao roubo e à receptação. Além
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

nação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional. disso, altera as Leis nos 9.503, de 23 de setembro de 1997
Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, (Código de Trânsito Brasileiro), e 6.437, de 20 de agosto de
havendo necessidade para a garantia da ordem pública, 1977.
poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a reque- Isso significa que o condutor que se utilize de veículo
rimento do Ministério Público ou ainda mediante represen- para a prática do crime de receptação, descaminho, contra-
tação da autoridade policial, decretar, em decisão motiva- bando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A, do CP, conde-
da, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir nado por um desses crimes em decisão judicial transitada
veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou
será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo au-
tomotor pelo prazo de 5 (cinco) anos.

6
O condutor condenado poderá requerer sua reabi- II - independem do processo e julgamento das infrações
litação, submetendo-se a todos os exames necessários à penais antecedentes, ainda que praticados em outro
habilitação, na forma disciplinada do Código de Trânsito país, cabendo ao juiz competente para os crimes pre-
Brasileiro. vistos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo e
No caso do condutor preso em flagrante na prática dos julgamento;
crimes de receptação, descaminho, contrabando, poderá o III - são da competência da Justiça Federal:
juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, a) quando praticados contra o sistema financeiro e a or-
se houver necessidade para a garantia da ordem pública, dem econômico-financeira, ou em detrimento de bens,
como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Mi- serviços ou interesses da União, ou de suas entidades
nistério Público ou ainda mediante representação da auto- autárquicas ou empresas públicas;
ridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão b) quando a infração penal antecedente for de compe-
da permissão ou da habilitação para dirigir veículo auto- tência da Justiça Federal.
motor, ou a proibição de sua obtenção.
A denúncia será instruída com indícios suficientes da
existência da infração penal antecedente, sendo puníveis
LEI Nº 9.613/1998 (LAVAGEM DE DINHEIRO) os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou
isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infra-
ção penal antecedente.
Configura crime de lavagem de dinheiro o ato de ocul- No processo por crime previsto nesta Lei, o acusado
tar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposi- que não comparecer nem constituir advogado ser citado
ção, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a
valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração nomeação de defensor dativo.
penal. Pena prevista de reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
e multa. ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido
Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimu- o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo
lar a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medi-
infração penal: das assecuratórias de bens, direitos ou valores do investiga-
I - os converte em ativos lícitos; do ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pes-
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe soas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes
em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.
transfere; Será procedida à alienação antecipada para preserva-
III - importa ou exporta bens com valores não corres- ção do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a
pondentes aos verdadeiros. qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando
Incorre, ainda, na mesma pena quem: houver dificuldade para sua manutenção.
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens,
direitos ou valores provenientes de infração penal; direitos e valores quando comprovada a licitude de sua ori-
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo gem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores
conhecimento de que sua atividade principal ou secun- necessários e suficientes à reparação dos danos e ao paga-
dária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. mento de prestações pecuniárias, multas e custas decor-
rentes da infração penal.
A tentativa é punida nos termos do Código Penal. Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o
A pena será aumentada de um a dois terços, se os cri- comparecimento pessoal do acusado ou de interposta
mes definidos nesta Lei forem cometidos de forma reitera- pessoa a que se refere acima, podendo o juiz determinar a
da ou por intermédio de organização criminosa. prática de atos necessários à conservação de bens, direitos
A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser ou valores.
cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre
ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tem- bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente
po, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou
partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das A alienação antecipada para preservação de valor de
infrações penais, à identificação dos autores, coautores e bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores requerimento do Ministério Público ou por solicitação da
objeto do crime. parte interessada, mediante petição autônoma, que será
O processo e julgamento dos crimes previstos nesta autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em
Lei: separado em relação ao processo principal.
I – obedecem às disposições relativas ao procedimento O requerimento de alienação deverá conter a relação
comum dos crimes punidos com reclusão, da competên- de todos os demais bens, com a descrição e a especificação
cia do juiz singular; de cada um deles, e informações sobre quem os detém e
local onde se encontram.

7
O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos I - a perda dos valores depositados na conta remunera-
apartados, e intimará o Ministério Público. da e da fiança;
Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências so- II - a perda dos bens não alienados antecipadamente
bre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o e daqueles aos quais não foi dada destinação prévia; e
valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em III - a perda dos bens não reclamados no prazo de 90
leilão ou pregão, preferencialmente eletrônico, por valor (noventa) dias após o trânsito em julgado da sentença
não inferior a 75% (setenta e cinco por cento) da avaliação. condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro
Realizado o leilão, a quantia apurada será depositada de boa-fé.
em conta judicial remunerada, adotando-se a seguinte dis-
ciplina: Os bens a que se referem os números II e III acima serão
I - nos processos de competência da Justiça Federal e da adjudicados ou levados a leilão, depositando-se o saldo na
Justiça do Distrito Federal: conta única do respectivo ente.
a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica O juiz determinará ao registro público competente que
Federal ou em instituição financeira pública, mediante emita documento de habilitação à circulação e utilização
documento adequado para essa finalidade; dos bens colocados sob o uso e custódia das entidades
b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica acima citadas.
Federal ou por outra instituição financeira pública para Os recursos decorrentes da alienação antecipada de
a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente bens, direitos e valores oriundos do crime de tráfico ilíci-
de qualquer formalidade, no prazo de 24 (vinte e quatro) to de drogas e que tenham sido objeto de dissimulação e
horas; e ocultação nos termos desta Lei permanecem submetidos à
c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal disciplina definida em lei específica.
ou por instituição financeira pública serão debitados à A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecura-
Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de res- tórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas
tituição; pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execu-
II - nos processos de competência da Justiça dos Estados ção imediata puder comprometer as investigações.
a) os depósitos serão efetuados em instituição financei- Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvi-
ra designada em lei, preferencialmente pública, de cada do o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica
Estado ou, na sua ausência, em instituição financeira qualificada para a administração dos bens, direitos ou va-
pública da União; lores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de
b) os depósitos serão repassados para a conta única de compromisso.
cada Estado, na forma da respectiva legislação. A pessoa responsável pela administração dos bens:
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que
Mediante ordem da autoridade judicial, o valor do de- será satisfeita com o produto dos bens objeto da admi-
pósito, após o trânsito em julgado da sentença proferida nistração;
na ação penal, será: II - prestará, por determinação judicial, informações pe-
I - em caso de sentença condenatória, nos processos de riódicas da situação dos bens sob sua administração,
competência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito bem como explicações e detalhamentos sobre investi-
Federal, incorporado definitivamente ao patrimônio da mentos e reinvestimentos realizados.
União, e, nos processos de competência da Justiça Esta-
dual, incorporado ao patrimônio do Estado respectivo; Os atos relativos à administração dos bens sujeitos a
II - em caso de sentença absolutória extintiva de puni- medidas assecuratórias serão levados ao conhecimento do
bilidade, colocado à disposição do réu pela instituição Ministério Público, que requererá o que entender cabível.
financeira, acrescido da remuneração da conta judicial. São efeitos da condenação, além dos previstos no Có-
digo Penal:
A instituição financeira depositária manterá controle I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos
dos valores depositados ou devolvidos. de competência da Justiça Estadual -, de todos os bens,
Serão deduzidos da quantia apurada no leilão todos direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente,
os tributos e multas incidentes sobre o bem alienado, sem à prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles
prejuízo de iniciativas que, no âmbito da competência de utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

cada ente da Federação, venham a desonerar bens sob lesado ou de terceiro de boa-fé;
constrição judicial daqueles ônus. II - a interdição do exercício de cargo ou função pública
Feito o depósito a que se refere o § 4o deste artigo, os au- de qualquer natureza e de diretor, de membro de con-
tos da alienação serão apensados aos do processo principal. selho de administração ou de gerência das pessoas jurí-
Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos dicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena
contra as decisões proferidas no curso do procedimento privativa de liberdade aplicada.
aqui previsto.
Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal A União e os Estados, no âmbito de suas competências,
condenatória, o juiz decretará, em favor, conforme o caso, regulamentarão a forma de destinação dos bens, direitos
da União ou do Estado: e valores cuja perda houver sido declarada, assegurada,

8
quanto aos processos de competência da Justiça Federal, Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
a sua utilização pelos órgãos federais encarregados da habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em
prevenção, do combate, da ação penal e do julgamento direção a ela, desde que essa conduta não tenha como fi-
dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos processos de nalidade a prática de outro crime.
competência da Justiça Estadual, a preferência dos órgãos Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
locais com idêntica função. em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
Os instrumentos do crime sem valor econômico cuja emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
perda em favor da União ou do Estado for decretada serão ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibi-
inutilizados ou doados a museu criminal ou a entidade pú- do ou restrito, sem autorização e em desacordo com de-
blica, se houver interesse na sua conservação. terminação legal ou regulamentar. Incorre nestas mesmas
O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado condições quem:
ou convenção internacional e por solicitação de autorida- • suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
de estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre sinal de identificação de arma de fogo ou artefato.
bens, direitos ou valores oriundos de crimes de lavagem de • modificar as características de arma de fogo, de for-
dinheiro praticados no estrangeiro. ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso
Aplica-se o disposto neste csao, independentemente de proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de
tratado ou convenção internacional, quando o governo do país qualquer modo induzir a erro autoridade policial, pe-
da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil. rito ou juiz.
Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou • possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo-
valores privados sujeitos a medidas assecuratórias por soli- sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacor-
citação de autoridade estrangeira competente ou os recur- do com determinação legal ou regulamentar.
sos provenientes da sua alienação serão repartidos entre • portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado.
• vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
LEI Nº 10.826/2003 – ASPECTOS PENAIS mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosi-
E PROCESSUAIS (CRIMES DEFINIDOS NO vo a criança ou adolescente.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO) • produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

A Lei nº 10.826/2003, o denominado Estatuto do Desar- Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar,
mamento traz além das regras administrativas para registro ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar,
e porte arma de fogo algumas infrações penais próprias vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
para os casos em que envolve arma de fogo de uso par- proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-
ticular. Sempre destacar os termos “uso permitido” e “uso mercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
restrito” ou “proibido”. sem autorização ou em desacordo com determinação le-
Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces- gal ou regulamentar. Equipara-se à atividade comercial
sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re- prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de clandestino, inclusive o exercido em residência.
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do Constitui tráfico internacional a conduta de importar,
estabelecimento ou empresa. exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacio-
Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir nal, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou muni-
que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de ção, sem autorização da autoridade competente.
deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja Nestes últimos crimes a pena é aumentada da metade
sob sua posse ou que seja de sua propriedade. Inclui tam- se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso
bém o proprietário ou diretor responsável de empresa de proibido ou restrito.
segurança e transporte de valores que deixarem de registrar
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, LEI Nº 11.343/2006 (LEI ANTIDROGAS)
furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo,
acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas pri-
meiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. O procedimento relativo aos processos por crimes de-
Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósi- finidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo,
to, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código
remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem auto- Para os fins do disposto na lei sobre os Juizados Espe-
rização e em desacordo com determinação legal ou regu- ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplica-
lamentar. ção imediata de pena, a ser especificada na proposta.

9
Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz com- crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previs-
petente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual tos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Minis-
será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vin- tério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
te e quatro) horas. • a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de in-
Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante vestigação, constituída pelos órgãos especializados
e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente pertinentes.
o laudo de constatação da natureza e quantidade da dro- • não atuação policial sobre os portadores de dro-
ga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa gas, seus precursores químicos ou outros produtos
idônea. utilizados em sua produção, que se encontrem no
O perito que subscrever o laudo não ficará impedido de território brasileiro, com a finalidade de identificar
participar da elaboração do laudo definitivo. e responsabilizar maior número de integrantes de
Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da
no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal ação penal cabível.
do laudo de constatação e determinará a destruição das
drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à Nesta última hipótese, a autorização será concedida
realização do laudo definitivo. desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a iden-
A destruição das drogas será executada pelo delegado tificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na pre- Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de
sença do Ministério Público e da autoridade sanitária. Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informa-
O local será vistoriado antes e depois de efetivada a ção, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de
destruição das drogas, sendo lavrado auto circunstanciado 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destrui- • requerer o arquivamento.
ção total delas. • requisitar as diligências que entender necessárias.
A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência • oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo e requerer as demais provas que entender pertinen-
máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, tes.
guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do
O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trin- acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo
ta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, de 10 (dez) dias.
quando solto. Estes prazos podem ser duplicados pelo juiz, Na resposta, consistente em defesa preliminar e exce-
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado ções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas
da autoridade de polícia judiciária. as razões de defesa, oferecer documentos e justificações,
Findos os prazos, a autoridade de polícia judiciária, re- especificar as provas que pretende produzir e, até o núme-
metendo os autos do inquérito ao juízo: ro de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
• relatará sumariamente as circunstâncias do fato, jus- Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz no-
tificando as razões que a levaram à classificação do meará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce-
delito, indicando a quantidade e natureza da subs- dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
tância ou do produto apreendido, o local e as con- Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
dições em que se desenvolveu a ação criminosa, as Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, reali-
os antecedentes do agente. zação de diligências, exames e perícias.
• requererá sua devolução para a realização de dili- Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para
gências necessárias. a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação
• A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de dili- pessoal do acusado, a intimação do Ministério Público, do
gências complementares: assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
• necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo A audiência a que se refere o caput deste artigo será
resultado deverá ser encaminhado ao juízo compe- realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebi-
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

tente até 3 (três) dias antes da audiência de instrução mento da denúncia, salvo se determinada a realização de
e julgamento. avaliação para atestar dependência de drogas, quando se
• necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e realizará em 90 (noventa) dias.
valores de que seja titular o agente, ou que figurem Na audiência de instrução e julgamento, após o inter-
em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminha- rogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será
do ao juízo competente até 3 (três) dias antes da au- dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Mi-
diência de instrução e julgamento. nistério Público e ao defensor do acusado, para sustenta-
ção oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um,
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.

10
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulan- LEI Nº 12.037/2009 (IDENTIFICAÇÃO
do as perguntas correspondentes se o entender pertinente CRIMINAL DO CIVILMENTE IDENTIFICADO
e relevante.
Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de ime-
diato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos O civilmente identificado não será submetido a identifi-
para isso lhe sejam conclusos. cação criminal, salvo nos casos previstos nesta Lei.
O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi- A identificação civil é atestada por qualquer dos seguin-
co ou mediante representação da autoridade de polícia tes documentos:
judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios I – carteira de identidade;
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da II – carteira de trabalho;
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias III – carteira profissional;
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consis- IV – passaporte;
tentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou que V – carteira de identificação funcional;
constituam proveito auferido com sua prática. VI – outro documento público que permita a identifica-
Decretadas quaisquer das medidas previstas neste arti- ção do indiciado.
go, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 (cinco)
dias, apresente ou requeira a produção de provas acerca da Equiparam-se aos documentos de identificação civis os
origem lícita do produto, bem ou valor objeto da decisão. documentos de identificação militares.
Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz Embora apresentado documento de identificação, po-
decidirá pela sua liberação. derá ocorrer identificação criminal quando:
Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de
comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de- falsificação;
terminar a prática de atos necessários à conservação de II – o documento apresentado for insuficiente para iden-
bens, direitos ou valores. tificar cabalmente o indiciado;
A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos III – o indiciado portar documentos de identidade distin-
ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Minis- tos, com informações conflitantes entre si;
tério Público, quando a sua execução imediata possa com- IV – a identificação criminal for essencial às investiga-
prometer as investigações. ções policiais, segundo despacho da autoridade judi-
Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o ciária competente, que decidirá de ofício ou mediante
perdimento do produto, bem ou valor apreendido, seques- representação da autoridade policial, do Ministério Pú-
trado ou declarado indisponível. blico ou da defesa, poderá incluir a coleta de material
biológico para a obtenção do perfil genético;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes
LEI Nº 12.030/2009 (PERÍCIA OFICIAL) ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou
da localidade da expedição do documento apresentado
Esta Lei estabelece normas gerais para as perícias ofi- impossibilite a completa identificação dos caracteres es-
ciais de natureza criminal.  senciais.
No exercício da atividade de perícia oficial de natureza
criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e fun- As cópias dos documentos apresentados deverão ser junta-
cional, exigido concurso público, com formação acadêmica das aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ain-
específica, para o provimento do cargo de perito oficial.  da que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
Em razão do exercício das atividades de perícia oficial Quando houver necessidade de identificação criminal,
de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão a autoridade encarregada tomará as providências necessá-
sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legisla- rias para evitar o constrangimento do identificado.
ção específica de cada ente a que se encontrem vinculados.  A identificação criminal incluirá o processo datiloscópi-
Observado o disposto na legislação específica de cada co e o fotográfico, que serão juntados aos autos da comu-
ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos de nicação da prisão em flagrante, ou do inquérito policial ou
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-le- outra forma de investigação.


gistas e peritos odontolegistas com formação superior es- Os dados relacionados à coleta do perfil genético de-
pecífica detalhada em regulamento, de acordo com a ne- verão ser armazenados em banco de dados de perfis ge-
cessidade de cada órgão e por área de atuação profissional.  néticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal.
As informações genéticas contidas nos bancos de da-
dos de perfis genéticos não poderão revelar traços somáti-
cos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação
genética de gênero, consoante as normas constitucionais e
internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e
dados genéticos.

11
Os dados constantes dos bancos de dados de perfis ge- • se há participação de criança ou adolescente.
néticos terão caráter sigiloso, respondendo civil, penal e • se há concurso de funcionário público, valendo-se a
administrativamente aquele que permitir ou promover sua organização criminosa dessa condição para a prática
utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em de infração penal.
decisão judicial. • se o produto ou proveito da infração penal destinar-
As informações obtidas a partir da coincidência de per- -se, no todo ou em parte, ao exterior.
fis genéticos deverão ser consignadas em laudo pericial fir- • se a organização criminosa mantém conexão com
mado por perito oficial devidamente habilitado. outras organizações criminosas independentes.
É vedado mencionar a identificação criminal do indicia- • se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
do em atestados de antecedentes ou em informações não cionalidade da organização.
destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado
da sentença condenatória. Se houver indícios suficientes de que o funcionário
No caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejei- público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
ção, ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
o arquivamento definitivo do inquérito, ou trânsito em jul- função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
gado da sentença, requerer a retirada da identificação fo- se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
tográfica do inquérito ou processo, desde que apresente A condenação com trânsito em julgado acarretará ao
provas de sua identificação civil. funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou
A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados mandato eletivo e a interdição para o exercício de função
ocorrerá no término do prazo estabelecido em lei para a ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes
prescrição do delito. ao cumprimento da pena.
A identificação do perfil genético será armazenada em Se houver indícios de participação de policial nos cri-
banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser ex- mes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instau-
pedido pelo Poder Executivo rará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público,
que designará membro para acompanhar o feito até a sua
LEI Nº 12.850/2013 – ASPECTOS PENAIS conclusão.
E PROCESSUAIS (LEI DE COMBATE ÀS Em qualquer fase da persecução penal, serão permiti-
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS) dos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguin-
tes meios de obtenção da prova:
• colaboração premiada.
• captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp-
Considera-se organização criminosa a associação de 4
ticos ou acústicos.
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e ca-
racterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmen- • ação controlada.
te, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vanta- • acesso a registros de ligações telefônicas e telemáti-
gem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações cas, a dados cadastrais constantes de bancos de da-
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) dos públicos ou privados e a informações eleitorais
anos, ou que sejam de caráter transnacional. ou comerciais.
Esta Lei se aplica também às infrações penais previstas • interceptação de comunicações telefônicas e telemá-
em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a ticas, nos termos da legislação específica.
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocor- • afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal,
rido no estrangeiro, ou reciprocamente. E também às or- nos termos da legislação específica.
ganizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas • infiltração, por policiais, em atividade de investiga-
para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. ção.
Quem promover, constituir, financiar ou integrar, pes- • cooperação entre instituições e órgãos federais, dis-
soalmente ou por interposta pessoa, organização crimino- tritais, estaduais e municipais na busca de provas e
sa, a pena cominada é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) informações de interesse da investigação ou da ins-
anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às trução criminal.
demais infrações penais praticadas.
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qual- O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
quer forma, embaraça a investigação de infração penal que perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena pri-
envolva organização criminosa. vativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos
As penas aumentam-se até a metade se na atuação da daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente
organização criminosa houver emprego de arma de fogo. com a investigação e com o processo criminal, desde que
A pena é agravada para quem exerce o comando, in- dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes re-
dividual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que sultados:
não pratique pessoalmente atos de execução. • a identificação dos demais coautores e partícipes da
A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois ter- organização criminosa e das infrações penais por
ços): eles praticadas.

12
• a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de Nos depoimentos que prestar, o colaborador renuncia-
tarefas da organização criminosa. rá, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e
• a prevenção de infrações penais decorrentes das ati- estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
vidades da organização criminosa. Em todos os atos de negociação, confirmação e execu-
• a recuperação total ou parcial do produto ou do pro- ção da colaboração, o colaborador deverá estar assistido
veito das infrações penais praticadas pela organiza- por defensor.
ção criminosa. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fun-
• a localização de eventual vítima com a sua integrida- damento apenas nas declarações de agente colaborador.
de física preservada. São direitos do colaborador:
• usufruir das medidas de proteção previstas na legis-
Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em lação específica.
conta a personalidade do colaborador, a natureza, as cir- • ter nome, qualificação, imagem e demais informa-
cunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato cri- ções pessoais preservados.
minoso e a eficácia da colaboração. • ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais
Considerando a relevância da colaboração prestada, o coautores e partícipes.
Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de po- • participar das audiências sem contato visual com os
lícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação outros acusados.
do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao • não ter sua identidade revelada pelos meios de co-
juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ain- municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua
da que esse benefício não tenha sido previsto na proposta prévia autorização por escrito.
inicial. • cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos
O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, demais corréus ou condenados.
relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 • O termo de acordo da colaboração premiada deverá
(seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam ser feito por escrito e conter:
cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o • o relato da colaboração e seus possíveis resultados.
respectivo prazo prescricional. • as condições da proposta do Ministério Público ou
O Ministério Público poderá deixar de oferecer denún- do delegado de polícia.
cia se o colaborador não for o líder da organização crimi- • a declaração de aceitação do colaborador e de seu
nosa, e se for o primeiro a prestar efetiva colaboração. defensor.
Se a colaboração for posterior à sentença, a pena pode- • as assinaturas do representante do Ministério Públi-
rá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão co ou do delegado de polícia, do colaborador e de
de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. seu defensor.
O juiz não participará das negociações realizadas entre
• a especificação das medidas de proteção ao colabo-
as partes para a formalização do acordo de colaboração,
rador e à sua família, quando necessário.
que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e
o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou,
O pedido de homologação do acordo será sigilosamen-
conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado
te distribuído, contendo apenas informações que não pos-
ou acusado e seu defensor.
sam identificar o colaborador e o seu objeto.
O juiz poderá recusar homologação à proposta que não
As informações pormenorizadas da colaboração serão
atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso con-
dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribuição,
creto.
que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Depois de homologado o acordo, o colaborador po-
O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério
derá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir
pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de
o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no
polícia responsável pelas investigações.
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de
As partes podem retratar-se da proposta, caso em que
prova que digam respeito ao exercício do direito de defe-
as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador
sa, devidamente precedido de autorização judicial, ressal-
não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfa-
vados os referentes às diligências em andamento.
vor.
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Consiste a ação controlada em retardar a intervenção


A sentença apreciará os termos do acordo homologado
policial ou administrativa relativa à ação praticada por or-
e sua eficácia.
ganização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida
Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não de-
sob observação e acompanhamento para que a medida le-
nunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a re-
gal se concretize no momento mais eficaz à formação de
querimento das partes ou por iniciativa da autoridade ju-
provas e obtenção de informações.
dicial.
O retardamento da intervenção policial ou administra-
Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração
tiva será previamente comunicado ao juiz competente que,
será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual,
Ministério Público.
destinados a obter maior fidelidade das informações.

13
A comunicação será sigilosamente distribuída de forma Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado
a não conter informações que possam indicar a operação sofre risco iminente, a operação será sustada mediante re-
a ser efetuada. quisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia,
Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à auto-
será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de ridade judicial.
polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida
Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circuns- proporcionalidade com a finalidade da investigação, res-
tanciado acerca da ação controlada. ponderá pelos excessos praticados. Não é punível, no âm-
Se a ação controlada envolver transposição de frontei- bito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado
ras, o retardamento da intervenção policial ou administra- no curso da investigação, quando inexigível conduta diver-
tiva somente poderá ocorrer com a cooperação das auto- sa.
ridades dos países que figurem como provável itinerário São direitos do agente:
ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de • recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada.
fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou provei- • ter sua identidade alterada, bem como usufruir das
to do crime. medidas de proteção a testemunhas.
A infiltração de agentes de polícia em tarefas de inves- • ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz
tigação, representada pelo delegado de polícia ou reque- e demais informações pessoais preservadas durante
rida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do a investigação e o processo criminal, salvo se houver
delegado de polícia quando solicitada no curso de inqué- decisão judicial em contrário.
rito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e • não ter sua identidade revelada, nem ser fotografa-
sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. do ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
Na hipótese de representação do delegado de polícia, prévia autorização por escrito.
o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Pú-
blico. O delegado de polícia e o Ministério Público terão aces-
Será admitida a infiltração se houver indícios de infra- so, independentemente de autorização judicial, apenas aos
ção penal e se a prova não puder ser produzida por outros dados cadastrais do investigado que informem exclusiva-
meios disponíveis. mente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço manti-
A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) dos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições
meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que financeiras, provedores de internet e administradoras de
comprovada sua necessidade. cartão de crédito.
Findo o prazo, o relatório circunstanciado será apresen- As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de
tado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Mi-
Ministério Público. nistério Público ou do delegado de polícia aos bancos de
No curso do inquérito policial, o delegado de polícia dados de reservas e registro de viagens.
poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão,
poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade pelo prazo de 5 (cinco) anos, registros de identificação dos
de infiltração. números dos terminais de origem e de destino das ligações
O requerimento do Ministério Público ou a represen- telefônicas internacionais, interurbanas e locais.
tação do delegado de polícia para a infiltração de agen-
tes conterão a demonstração da necessidade da medida,
LEI Nº 13.260/2016 (LEI ANTITERRORISMO)
o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os
nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da
infiltração. Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o
O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, da CF, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições
de forma a não conter informações que possam indicar a investigatórias e processuais e reformulando o conceito de
operação a ser efetivada ou identificar o agente que será organização terrorista.
infiltrado. O terrorismo consiste na prática por um ou mais indi-
As informações quanto à necessidade da operação de víduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xe-
infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, nofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após religião, quando cometidos com a finalidade de provocar
manifestação do Ministério Público na hipótese de repre- terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, pa-
sentação do delegado de polícia, devendo-se adotar as trimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.
medidas necessárias para o êxito das investigações e a se- São atos de terrorismo:
gurança do agente infiltrado. - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou
Os autos contendo as informações da operação de in- trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos,
filtração acompanharão a denúncia do Ministério Público, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros
quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a meios capazes de causar danos ou promover des-
preservação da identidade do agente. truição em massa;

14
- sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com vio- Mesmo antes de iniciada a execução do crime de terro-
lência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de rismo, aplicam-se as disposições do Código Penal.
mecanismos cibernéticos, do controle total ou par- Para todos os efeitos legais, considera-se que os cri-
cial, ainda que de modo temporário, de meio de co- mes previstos nesta Lei são praticados contra o interesse
municação ou de transporte, de portos, aeroportos, da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal,
estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu pro-
de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações cessamento e julgamento.
públicas ou locais onde funcionem serviços públicos O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público
essenciais, instalações de geração ou transmissão de ou mediante representação do delegado de polícia, ouvi-
energia, instalações militares, instalações de explo- do o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo
ração, refino e processamento de petróleo e gás e indícios suficientes de crime previsto nesta Lei, poderá de-
instituições bancárias e sua rede de atendimento; cretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas
- atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa: assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado
ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pes-
A pena prevista é de reclusão, de doze a trinta anos, soas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos cri-
além das sanções correspondentes à ameaça ou à violên- mes previstos nesta Lei.
cia. Será procedida à alienação antecipada para preserva-
O disposto acima não se aplica à conduta individual ou ção do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a
coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando
sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profis- houver dificuldade para sua manutenção.
sional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicató- O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos
rios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de
objetivo de defender direitos, garantias e liberdades consti- sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos
tucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei. bens, direitos e valores necessários e suficientes à repara-
Tembém configura crime o ato de promover, constituir, ção dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias,
integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta multas e custas decorrentes da infração penal.
pessoa, a organização terrorista. Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o
Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propó- comparecimento pessoal do acusado ou de interposta
sito inequívoco de consumar tal delito. pessoa a que se refere acima, podendo o juiz determinar a
Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propó- prática de atos necessários à conservação de bens, direitos
sito de praticar atos de terrorismo: ou valores.
- recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre
que viajem para país distinto daquele de sua residên- bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente
cia ou nacionalidade; ou da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou
- fornecer ou receber treinamento em país distinto da- para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.
quele de sua residência ou nacionalidade. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvi-
do o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica
Nestas hipóteses, quando a conduta não envolver trei- qualificada para a administração dos bens, direitos ou va-
namento ou viagem para país distinto daquele de sua re- lores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de
sidência ou nacionalidade, a pena será a correspondente compromisso.
ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços. A pessoa responsável pela administração dos bens:
É crime també receber, prover, oferecer, obter, guardar, - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será
manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, satisfeita preferencialmente com o produto dos bens obje-
direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, va- to da administração;
lores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamen- - prestará, por determinação judicial, informações pe-
to, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta riódicas da situação dos bens sob sua administração, bem
Lei com pena prevista de reclusão, de quinze a trinta anos. como explicações e detalhamentos sobre investimentos e
Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obti- reinvestimentos realizados.
ver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de Os atos relativos à administração dos bens serão leva-
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem dos ao conhecimento do Ministério Público, que requererá
ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total o que entender cabível.
ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado
entidade, organização criminosa que tenha como ativida- ou convenção internacional e por solicitação de autorida-
de principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a de estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre
prática dos crimes previstos nesta Lei. bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta
Salvo quando for elementar da prática de qualquer Lei praticados no estrangeiro.
crime previsto nesta Lei, se de algum deles resultar lesão Aplica-se o disposto acima, independentemente de tra-
corporal grave, aumenta-se a pena de um terço, se resultar tado ou convenção internacional, quando houver recipro-
morte, aumenta-se a pena da metade. cidade do governo do país da autoridade solicitante.

15
Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou 3. (TJM-MG – Técnico Judiciário – FUMARC – 2013) Em
valores sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de relação à prisão preventiva, é CORRETO afirmar:
autoridade estrangeira competente ou os recursos prove-
nientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado a) O juiz não poderá decretá-la de ofício.
requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado b) O juiz não poderá decretá-la na fase inquisitorial.
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. c) A conveniência da instrução criminal é um dos funda-
Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agos- mentos possíveis para sua decretação.
to de 2013 (Lei de Combate ao Crime Organizado), para a d) Os pressupostos necessários para sua decretação são a
investigação, processo e julgamento dos crimes previstos prova da existência do crime e da autoria.
nesta Lei.
Aplicam-se as disposições da Lei no 8.072, de 25 de ju- Resposta: Letra C. Conforme descrito no art. 312, do
lho de 1990, aos crimes previstos nesta Lei. CPP, a prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existên-
EXERCÍCIO COMENTADO cia do crime e indício suficiente de autoria.

1. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC –


2018) Sobre o ato de indiciamento realizado no âmbito de LEI NO 13.675/2018 (SISTEMA ÚNICO DE
investigação criminal conduzida por delegado de polícia, é SEGURANÇA PÚBLICA (SUSP).
CORRETO afirmar:

a) É realizado mediante o mesmo grau de certeza de auto- Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Públi-
ria que a situação de suspeito. ca (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública
b) Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preserva-
a investigação. ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
c) Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada,
“desindiciar” o investigado. sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e
d) Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e
possibilidade sobre a autoria delitiva. dos Municípios, em articulação com a sociedade.
A segurança pública é dever do Estado e responsabili-
Resposta: Letra D. O indiciamento, privativo do delega- dade de todos, compreendendo a União, os Estados, o Dis-
do de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante trito Federal e os Munícipios, no âmbito das competências
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar au- e atribuições legais de cada um.
toria, materialidade e suas circunstâncias, a autoridade Compete à União estabelecer a Política Nacional de Se-
policial quem instaura, preside e conduz o inquérito gurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos Estados,
policial, naturalmente é a autoridade policial quem tem ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas res-
atribuição para o ato de indiciamento. pectivas políticas, observadas as diretrizes da política nacio-
nal, especialmente para análise e enfrentamento dos riscos à
2. (PC-MG – Delegado de Polícia Substituto – FUMARC
harmonia da convivência social, com destaque às situações
– 2018) Sobre o regime jurídico da liberdade provisória, é
de emergência e aos crimes interestaduais e transnacionais.
CORRETO afirmar:
São princípios da PNSPDS:
I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e
a) A cassação da fiança poderá ocorrer com a inovação da
garantias individuais e coletivos;
classificação do delito tido, inicialmente, como afiançá-
II - proteção, valorização e reconhecimento dos profis-
vel.
sionais de segurança pública;
b) Não poderá haver reforço da fiança mediante inovação
III - proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos
da classificação do delito.
c) O pagamento da fiança poderá ser dispensado pela fundamentais e promoção da cidadania e da dignidade
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

autoridade policial, em face da situação econômica do da pessoa humana;


preso. IV - eficiência na prevenção e no controle das infrações
d) O quebramento injustificado da fiança importará na per- penais;
da da totalidade do seu valor. V - eficiência na repressão e na apuração das infrações
penais;
Resposta: Letra A. Conforme art. 339, do CPP, será tam- VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em
bém cassada a fiança quando reconhecida a existência situações de emergência e desastres que afetam a vida,
de delito inafiançável, no caso de inovação na classifica- o patrimônio e o meio ambiente;
ção do delito. VII - participação e controle social;
VIII - resolução pacífica de conflitos;

16
IX - uso comedido e proporcional da força; XVII - fomento de políticas públicas voltadas à reinser-
X - proteção da vida, do patrimônio e do meio ambiente; ção social dos egressos do sistema prisional;
XI - publicidade das informações não sigilosas; XVIII - (VETADO);
XII - promoção da produção de conhecimento sobre se- XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e
gurança pública; projetos com foco na promoção da cultura de paz, na
XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e fi- segurança comunitária e na integração das políticas de
nanceiros das instituições; segurança com as políticas sociais existentes em outros
XIV - simplicidade, informalidade, economia procedi- órgãos e entidades não pertencentes ao sistema de se-
mental e celeridade no serviço prestado à sociedade; gurança pública;
XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes; XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios técnicos;
XVI - transparência, responsabilização e prestação de contas. XXI - deontologia policial e de bombeiro militar comuns,
respeitados os regimes jurídicos e as peculiaridades de
cada instituição;
São diretrizes da PNSPDS: XXII - unidade de registro de ocorrência policial;
I - atendimento imediato ao cidadão; XXIII - uso de sistema integrado de informações e dados
II - planejamento estratégico e sistêmico; eletrônicos;
XXIV - (VETADO);
III - fortalecimento das ações de prevenção e resolução XXV - incentivo à designação de servidores da carrei-
pacífica de conflitos, priorizando políticas de redução da ra para os cargos de chefia, levando em consideração a
letalidade violenta, com ênfase para os grupos vulnerá- graduação, a capacitação, o mérito e a experiência do
veis; servidor na atividade policial específica;
IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Dis- XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos com
trito Federal e os Municípios em ações de segurança pú- agências de vigilância privada, respeitada a lei de lici-
blica e políticas transversais para a preservação da vida, tações.
do meio ambiente e da dignidade da pessoa humana;
São objetivos da PNSPDS:
V - coordenação, cooperação e colaboração dos órgãos
I - fomentar a integração em ações estratégicas e ope-
e instituições de segurança pública nas fases de pla-
racionais, em atividades de inteligência de segurança
nejamento, execução, monitoramento e avaliação das
pública e em gerenciamento de crises e incidentes;
ações, respeitando-se as respectivas atribuições legais e
II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública e
promovendo-se a racionalização de meios com base nas
da incolumidade das pessoas, do patrimônio, do meio
melhores práticas;
ambiente e de bens e direitos;
VI - formação e capacitação continuada e qualificada
III - incentivar medidas para a modernização de equi-
dos profissionais de segurança pública, em consonância pamentos, da investigação e da perícia e para a padro-
com a matriz curricular nacional; nização de tecnologia dos órgãos e das instituições de
VII - fortalecimento das instituições de segurança públi- segurança pública;
ca por meio de investimentos e do desenvolvimento de IV - estimular e apoiar a realização de ações de preven-
projetos estruturantes e de inovação tecnológica; ção à violência e à criminalidade, com prioridade para
VIII - sistematização e compartilhamento das informa- aquelas relacionadas à letalidade da população jovem
ções de segurança pública, prisionais e sobre drogas, em negra, das mulheres e de outros grupos vulneráveis;
âmbito nacional; V - promover a participação social nos Conselhos de se-
IX - atuação com base em pesquisas, estudos e diagnós- gurança pública;
ticos em áreas de interesse da segurança pública; VI - estimular a produção e a publicação de estudos e
X - atendimento prioritário, qualificado e humanizado diagnósticos para a formulação e a avaliação de políti-
às pessoas em situação de vulnerabilidade; cas públicas;
XI - padronização de estruturas, de capacitação, de tec- VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de se-
nologia e de equipamentos de interesse da segurança gurança pública;
pública; VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, con-
XII - ênfase nas ações de policiamento de proximidade, trole e fiscalização para a repressão aos crimes trans-
com foco na resolução de problemas; fronteiriços;
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

XIII - modernização do sistema e da legislação de acordo IX - estimular o intercâmbio de informações de inteli-


com a evolução social; gência de segurança pública com instituições estrangei-
XIV - participação social nas questões de segurança pú- ras congêneres;
blica; X - integrar e compartilhar as informações de segurança
XV - integração entre os Poderes Legislativo, Executivo pública, prisionais e sobre drogas;
e Judiciário no aprimoramento e na aplicação da legis- XI - estimular a padronização da formação, da capaci-
lação penal; tação e da qualificação dos profissionais de segurança
XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Pú- pública, respeitadas as especificidades e as diversidades
blico e da Defensoria Pública na elaboração de estraté- regionais, em consonância com esta Política, nos âmbi-
gias e metas para alcançar os objetivos desta Política; tos federal, estadual, distrital e municipal;

17
XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do III - (VETADO);
cumprimento de medidas restritivas de direito e de pe- IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios
nas alternativas à prisão; de Jovens;
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de cum- V - os mecanismos formados por órgãos de prevenção e
primento de pena restritiva de liberdade em relação à controle de atos ilícitos contra a Administração Pública e
gravidade dos crimes cometidos; referentes a ocultação ou dissimulação de bens, direitos
XIV - (VETADO); e valores.
XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e
outros ambientes de encarceramento; É instituído o Sistema Único de Segurança Pública
XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações sobre a (Susp), que tem como órgão central o Ministério Extraordi-
política de enfrentamento às drogas e de redução de da- nário da Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de
nos relacionados aos seus usuários e aos grupos sociais que trata o art. 144 da Constituição Federal, pelos agentes
penitenciários, pelas guardas municipais e pelos demais
com os quais convivem;
integrantes estratégicos e operacionais, que atuarão nos
XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao
limites de suas competências, de forma cooperativa, sistê-
crime organizado e à corrupção;
mica e harmônica.
XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de
São integrantes estratégicos do Susp:
avaliação das ações implementadas;
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
XIX - promover uma relação colaborativa entre os ór-
por intermédio dos respectivos Poderes Executivos;
gãos de segurança pública e os integrantes do sistema
II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social
judiciário para a construção das estratégias e o desen-
dos três entes federados.
volvimento das ações necessárias ao alcance das metas
estabelecidas;
São integrantes operacionais do Susp:
XX - estimular a concessão de medidas protetivas em
I - polícia federal;
favor de pessoas em situação de vulnerabilidade;
II - polícia rodoviária federal;
XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção
III - (VETADO);
dos agentes públicos que compõem o sistema nacional
IV - polícias civis;
de segurança pública e de seus familiares;
V - polícias militares;
XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução
VI - corpos de bombeiros militares;
e o monitoramento de ações nas áreas de valorização
VII - guardas municipais;
profissional, de saúde, de qualidade de vida e de segu-
VIII - órgãos do sistema penitenciário;
rança dos servidores que compõem o sistema nacional
IX - (VETADO);
de segurança pública;
X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal e
XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade vio-
identificação;
lenta;
XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp);
XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de cri-
XII - secretarias estaduais de segurança pública ou con-
mes hediondos e de homicídios;
gêneres;
XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo
XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Se-
e munições, com vistas à redução da violência armada;
dec);
XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos
XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Se-
crimes cibernéticos.
nad);
XV - agentes de trânsito;
Os objetivos estabelecidos direcionarão a formulação
XVI - guarda portuária.
do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social,
documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os
Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão res-
indicadores e as ações para o alcance desses objetivos.
ponsáveis pela implementação dos respectivos programas,
A PNSPDS será implementada por estratégias que ga-
ações e projetos de segurança pública, com liberdade de
rantam integração, coordenação e cooperação federativa,
organização e funcionamento.
interoperabilidade, liderança situacional, modernização da
A integração e a coordenação dos órgãos integrantes
gestão das instituições de segurança pública, valorização
do Susp dar-se-ão nos limites das respectivas competên-
e proteção dos profissionais, complementaridade, dotação
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

cias, por meio de:


de recursos humanos, diagnóstico dos problemas a serem
I - operações com planejamento e execução integrados;
enfrentados, excelência técnica, avaliação continuada dos
II - estratégias comuns para atuação na prevenção e no
resultados e garantia da regularidade orçamentária para
controle qualificado de infrações penais;
execução de planos e programas de segurança pública.
III - aceitação mútua de registro de ocorrência policial;
São meios e instrumentos para a implementação da
IV - compartilhamento de informações, inclusive com o
PNSPDS:
Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin);
I - os planos de segurança pública e defesa social;
V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos;
II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de
VI - integração das informações e dos dados de seguran-
Segurança Pública e Defesa Social;
ça pública por meio do Sinesp.

18
O Susp será coordenado pelo Ministério Extraordinário A aferição considerará aspectos relativos à estrutura de
da Segurança Pública. trabalho físico e de equipamentos, bem como de efetivo.
As operações combinadas, planejadas e desencadeadas O Ministério Extraordinário da Segurança Pública, res-
em equipe poderão ser ostensivas, investigativas, de inteli- ponsável pela gestão do Susp, deverá orientar e acompa-
gência ou mistas, e contar com a participação de órgãos in- nhar as atividades dos órgãos integrados ao Sistema, além
tegrantes do Susp e, nos limites de suas competências, com o de promover as seguintes ações:
Sisbin e outros órgãos dos sistemas federal, estadual, distrital I - apoiar os programas de aparelhamento e moderni-
ou municipal, não necessariamente vinculados diretamente zação dos órgãos de segurança pública e defesa social
aos órgãos de segurança pública e defesa social, especial- do País;
mente quando se tratar de enfrentamento a organizações
criminosas. Esse planejamento e a coordenação das opera- II - implementar, manter e expandir, observadas as res-
ções serão exercidos conjuntamente pelos participantes. trições previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema Na-
cional de Informações e de Gestão de Segurança Públi-
O compartilhamento de informações será feito prefe- ca e Defesa Social;
rencialmente por meio eletrônico, com acesso recíproco III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e
aos bancos de dados, nos termos estabelecidos pelo Mi- operacionais entre os órgãos policiais federais, estadu-
nistério Extraordinário da Segurança Pública. ais, distrital e as guardas municipais;
O intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcional
para qualificação dos profissionais de segurança pública e dos institutos oficiais de criminalística, medicina legal e
defesa social dar-se-á, entre outras formas, pela reciproci- identificação, garantindo-lhes condições plenas para o
dade na abertura de vagas nos cursos de especialização, exercício de suas funções;
aperfeiçoamento e estudos estratégicos, respeitadas as pe- V - promover a qualificação profissional dos integrantes
culiaridades e o regime jurídico de cada instituição, e ob- da segurança pública e defesa social, especialmente nas
servada, sempre que possível, a matriz curricular nacional.
dimensões operacional, ética e técnico-científica;
O Ministério Extraordinário da Segurança Pública fixará,
VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar
anualmente, metas de excelência no âmbito das respecti-
dados e informações estatísticas sobre criminalidade e
vas competências, visando à prevenção e à repressão das
vitimização;
infrações penais e administrativas e à prevenção dos desas-
VII - coordenar as atividades de inteligência da segu-
tres, e utilizará indicadores públicos que demonstrem de
rança pública e defesa social integradas ao Sisbin;
forma objetiva os resultados pretendidos.
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.
A aferição anual de metas deverá observar os seguintes
parâmetros:
I - as atividades de polícia judiciária e de apuração das É de responsabilidade do Ministério Extraordinário da
infrações penais serão aferidas, entre outros fatores, pe- Segurança Pública:
los índices de elucidação dos delitos, a partir dos regis- I - disponibilizar sistema padronizado, informatizado e
tros de ocorrências policiais, especialmente os de crimes seguro que permita o intercâmbio de informações entre
dolosos com resultado em morte e de roubo, pela identi- os integrantes do Susp;
ficação, prisão dos autores e cumprimento de mandados II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura tec-
de prisão de condenados a crimes com penas de reclu- nológica e a segurança dos processos, das redes e dos
são, e pela recuperação do produto de crime em deter- sistemas;
minada circunscrição; III - estabelecer cronograma para adequação dos in-
II - as atividades periciais serão aferidas mediante cri- tegrantes do Susp às normas e aos procedimentos de
térios técnicos emitidos pelo órgão responsável pela co- funcionamento do Sistema.
ordenação das perícias oficiais, considerando os laudos
periciais e o resultado na produção qualificada das pro- A União poderá apoiar os Estados, o Distrito Federal e os
vas relevantes à instrução criminal; Municípios, quando não dispuserem de condições técnicas
III - as atividades de polícia ostensiva e de preservação da or- e operacionais necessárias à implementação do Susp.
dem pública serão aferidas, entre outros fatores, pela maior Os órgãos integrantes do Susp poderão atuar em vias ur-
ou menor incidência de infrações penais e administrativas banas, rodovias, terminais rodoviários, ferrovias e hidrovias
em determinada área, seguindo os parâmetros do Sinesp; federais, estaduais, distrital ou municipais, portos e aeropor-
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

IV - as atividades dos corpos de bombeiros militares se- tos, no âmbito das respectivas competências, em efetiva in-
rão aferidas, entre outros fatores, pelas ações de preven- tegração com o órgão cujo local de atuação esteja sob sua
ção, preparação para emergências e desastres, índices circunscrição, ressalvado o sigilo das investigações policiais.
de tempo de resposta aos desastres e de recuperação de Regulamento disciplinará os critérios de aplicação de
locais atingidos, considerando-se áreas determinadas; recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP)
V - a eficiência do sistema prisional será aferida com e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), respeitando-
base nos seguintes fatores de número de vagas oferta- -se a atribuição constitucional dos órgãos que integram
das no sistema, a relação existente entre o número de o Susp, os aspectos geográficos, populacionais e socioe-
presos e a quantidade de vagas ofertadas, o índice de conômicos dos entes federados, bem como o estabeleci-
reiteração criminal dos egressos, entre outros. mento de metas e resultados a serem alcançados.

19
As aquisições de bens e serviços para os órgãos in- II - contribuir para a organização dos Conselhos de Se-
tegrantes do Susp terão por objetivo a eficácia de suas gurança Pública e Defesa Social
atividades e obedecerão a critérios técnicos de qualidade, III - assegurar a produção de conhecimento no tema,
modernidade, eficiência e resistência, observadas as nor- a definição de metas e a avaliação dos resultados das
mas de licitação e contratos. políticas de segurança pública e defesa social;
A estrutura formal do Susp dar-se-á pela formação de IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de segu-
Conselhos permanentes a serem criados na forma do art. rança interna nas divisas, fronteiras, portos e aeroportos.
21 desta Lei.

Serão criados Conselhos de Segurança Pública e Defesa


Social, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Fede- As políticas públicas de segurança não se restringem
ral e dos Municípios, mediante proposta dos chefes dos aos integrantes do Susp, pois devem considerar um con-
Poderes Executivos, encaminhadas aos respectivos Poderes texto social amplo, com abrangência de outras áreas do
Legislativos. serviço público, como educação, saúde, lazer e cultura, res-
O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa peitadas as atribuições e as finalidades de cada área do
Social, com atribuições, funcionamento e composição es- serviço público.
tabelecidos em regulamento, terá a participação de repre- A União, por intermédio do Ministério Extraordinário da
sentantes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Segurança Pública, deverá elaborar os objetivos, as ações
Municípios. estratégicas, as metas, as prioridades, os indicadores e as
formas de financiamento e gestão das Políticas de Segu-
Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social
rança Pública e Defesa Social.
congregarão representantes com poder de decisão dentro
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão,
de suas estruturas governamentais e terão natureza de co-
com base no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
legiado, com competência consultiva, sugestiva e de acom-
Social, elaborar e implantar seus planos correspondentes
panhamento social das atividades de segurança pública e em até 2 (dois) anos a partir da publicação do documento
defesa social, respeitadas as instâncias decisórias e as nor- nacional, sob pena de não poderem receber recursos da
mas de organização da Administração Pública. União para a execução de programas ou ações de seguran-
ça pública e defesa social.
Art. 21. Os Conselhos serão compostos por: O poder público deverá dar ampla divulgação ao con-
I - representantes de cada órgão ou entidade integrante teúdo das Políticas e dos Planos de segurança pública e
do Susp; defesa social.
II - representante do Poder Judiciário; A União, em articulação com os Estados, o Distrito Fe-
III - representante do Ministério Público; deral e os Municípios, realizará avaliações anuais sobre a
IV - representante da Ordem dos Advogados do Brasil implementação do Plano Nacional de Segurança Pública
(OAB); e Defesa Social, com o objetivo de verificar o cumprimen-
V - representante da Defensoria Pública; to das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos
VI - representantes de entidades e organizações da so- gestores e operadores das políticas públicas. A primeira
ciedade cuja finalidade esteja relacionada com políticas avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
de segurança pública e defesa social; Social realizar-se-á no segundo ano de vigência desta Lei,
VII - representantes de entidades de profissionais de se- cabendo ao Poder Legislativo Federal acompanhá-la.
gurança pública. Os agentes públicos deverão observar as seguintes di-
retrizes na elaboração e na execução dos planos:
Os representantes das entidades e organizações referi- I - adotar estratégias de articulação entre órgãos pú-
das nos incisos VI e VII do caput deste artigo serão eleitos blicos, entidades privadas, corporações policiais e orga-
por meio de processo aberto a todas as entidades e or- nismos internacionais, a fim de implantar parcerias para
ganizações cuja finalidade seja relacionada com as políti- a execução de políticas de segurança pública e defesa
cas de segurança pública, conforme convocação pública e social;
II - realizar a integração de programas, ações, atividades
critérios objetivos previamente definidos pelos Conselhos.
e projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas
Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que substituirá o
nas áreas de saúde, planejamento familiar, educação,
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

titular em sua ausência.


trabalho, assistência social, previdência social, cultura,
Os mandatos eletivos dos membros referidos nos inci-
desporto e lazer, visando à prevenção da criminalidade
sos VI e VII do caput deste artigo e a designação dos de- e à prevenção de desastres;
mais membros terão a duração de 2 (dois) anos, permitida III - viabilizar ampla participação social na formulação,
apenas uma recondução ou reeleição. na implementação e na avaliação das políticas de segu-
A União instituirá Plano Nacional de Segurança Pública rança pública e defesa social;
e Defesa Social, destinado a articular as ações do poder IV - desenvolver programas, ações, atividades e projetos
público, com a finalidade de: articulados com os estabelecimentos de ensino, com a
I - promover a melhora da qualidade da gestão das polí- sociedade e com a família para a prevenção da crimina-
ticas sobre segurança pública e defesa social; lidade e a prevenção de desastres;

20
V - incentivar a inclusão das disciplinas de prevenção II - assegurar o conhecimento sobre os programas, ações
da violência e de prevenção de desastres nos conteúdos e atividades e promover a melhora da qualidade da ges-
curriculares dos diversos níveis de ensino; tão dos programas, ações, atividades e projetos de segu-
VI - ampliar as alternativas de inserção econômica e so- rança pública e defesa social;
cial dos egressos do sistema prisional, promovendo pro- III - garantir que as políticas de segurança pública e de-
gramas que priorizem a melhoria de sua escolarização e fesa social abranjam, no mínimo, o adequado diagnós-
a qualificação profissional; tico, a gestão e os resultados das políticas e dos progra-
VII - garantir a efetividade dos programas, ações, ati- mas de prevenção e de controle da violência.
vidades e projetos das políticas de segurança pública e Ao final da avaliação do Plano Nacional de Segurança
defesa social; Pública e Defesa Social, será elaborado relatório com o
VIII - promover o monitoramento e a avaliação das po- histórico e a caracterização do trabalho, as recomenda-
líticas de segurança pública e defesa social; ções e os prazos para que elas sejam cumpridas, além
IX - fomentar a criação de grupos de estudos formados de outros elementos a serem definidos em regulamento.
por agentes públicos dos órgãos integrantes do Susp,
professores e pesquisadores, para produção de conhe- Os resultados da avaliação das políticas serão utilizados
cimento e reflexão sobre o fenômeno da criminalidade, para:
com o apoio e a coordenação dos órgãos públicos de I - planejar as metas e eleger as prioridades para execu-
cada unidade da Federação; ção e financiamento;
X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto dos II - reestruturar ou ampliar os programas de prevenção
integrantes do Susp; e controle;
XI - garantir o planejamento e a execução de políticas de III - adequar os objetivos e a natureza dos programas,
segurança pública e defesa social; ações e projetos;
XII - fomentar estudos de planejamento urbano para IV - celebrar instrumentos de cooperação com vistas à
que medidas de prevenção da criminalidade façam par- correção de problemas constatados na avaliação;
te do plano diretor das cidades, de forma a estimular, V - aumentar o financiamento para fortalecer o sistema
entre outras ações, o reforço na iluminação pública e a de segurança pública e defesa social;
verificação de pessoas e de famílias em situação de risco VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores
social e criminal. do Susp.

Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, metas de O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos
excelência no âmbito das respectivas competências, visan- respectivos Conselhos de Segurança Pública e Defesa So-
do à prevenção e à repressão de infrações penais e admi- cial.
nistrativas e à prevenção de desastres, que tenham como As autoridades, os gestores, as entidades e os órgãos
finalidade: envolvidos com a segurança pública e defesa social têm o
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e super- dever de colaborar com o processo de avaliação, facilitan-
visionar as atividades de educação gerencial, técnica e do o acesso às suas instalações, à documentação e a todos
operacional, em cooperação com as unidades da Fede- os elementos necessários ao seu efetivo cumprimento.
ração; O processo de avaliação das políticas de segurança pú-
II - apoiar e promover educação qualificada, continuada blica e defesa social deverá contar com a participação de
e integrada; representantes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
III - identificar e propor novas metodologias e técnicas ciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos
de educação voltadas ao aprimoramento de suas ati- Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social, observa-
vidades; dos os parâmetros estabelecidos nesta Lei.
IV - identificar e propor mecanismos de valorização pro- Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as avaliações do
fissional; respectivo ente federado.
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os profis- O Sinaped assegurará, na metodologia a ser emprega-
sionais de segurança pública e defesa social; da:
VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os I - a realização da autoavaliação dos gestores e das cor-
profissionais de segurança pública e defesa social. porações;
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

II - a avaliação institucional externa, contemplando a


É instituído, no âmbito do Susp, o Sistema Nacional de análise global e integrada das instalações físicas, rela-
Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança ções institucionais, compromisso social, atividades e fi-
Pública e Defesa Social (Sinaped), com os seguintes obje- nalidades das corporações;
tivos: III - a análise global e integrada dos diagnósticos, estru-
I - contribuir para organização e integração dos mem- turas, compromissos, finalidades e resultados das políti-
bros do Susp, dos projetos das políticas de segurança cas de segurança pública e defesa social;
pública e defesa social e dos respectivos diagnósticos, IV - o caráter público de todos os procedimentos, dados
planos de ação, resultados e avaliações; e resultados dos processos de avaliação.

21
A avaliação dos objetivos e das metas do Plano Nacio- O Sinesp adotará os padrões de integridade, disponibi-
nal de Segurança Pública e Defesa Social será coordenada lidade, confidencialidade, confiabilidade e tempestividade
por comissão permanente e realizada por comissões tem- dos sistemas informatizados do governo federal.
porárias, essas compostas, no mínimo, por 3 (três) mem- Integram o Sinesp todos os entes federados, por inter-
bros, na forma do regulamento próprio. médio de órgãos criados ou designados para esse fim.
É vedado à comissão permanente designar avaliadores Os dados e as informações de que trata esta Lei deve-
que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores ava- rão ser padronizados e categorizados e serão fornecidos e
liados, caso: atualizados pelos integrantes do Sinesp.
I - tenham relação de parentesco até terceiro grau com O integrante que deixar de fornecer ou atualizar seus
titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados; dados e informações no Sinesp poderá não receber recur-
II - estejam respondendo a processo criminal ou admi- sos nem celebrar parcerias com a União para financiamen-
nistrativo. to de programas, projetos ou ações de segurança pública
e defesa social e do sistema prisional, na forma do regula-
Aos órgãos de correição, dotados de autonomia no mento.
exercício de suas competências, caberá o gerenciamento O Ministério Extraordinário da Segurança Pública é au-
e a realização dos processos e procedimentos de apuração torizado a celebrar convênios com órgãos do Poder Exe-
de responsabilidade funcional, por meio de sindicância e cutivo que não integrem o Susp, com o Poder Judiciário
processo administrativo disciplinar, e a proposição de sub- e com o Ministério Público, para compatibilização de sis-
sídios para o aperfeiçoamento das atividades dos órgãos temas de informação e integração de dados, ressalvadas
de segurança pública e defesa social. as vedações constitucionais de sigilo e desde que o objeto
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fundamental dos acordos seja a prevenção e a repressão
deverão instituir órgãos de ouvidoria dotados de autono- da violência.
mia e independência no exercício de suas atribuições. A omissão no fornecimento das informações legais im-
À ouvidoria competirá o recebimento e tratamento de plica responsabilidade administrativa do agente público.
representações, elogios e sugestões de qualquer pessoa É instituído o Sistema Integrado de Educação e Valori-
sobre as ações e atividades dos profissionais e membros zação Profissional (Sievap), com a finalidade de:
integrantes do Susp, devendo encaminhá-los ao órgão I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e super-
com atribuição para as providências legais e a resposta ao visionar as atividades de educação gerencial, técnica e
requerente. operacional, em cooperação com as unidades da Fede-
É instituído o Sistema Nacional de Informações de Se- ração;
gurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e II - identificar e propor novas metodologias e técnicas
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas de educação voltadas ao aprimoramento de suas ati-
(Sinesp), com a finalidade de armazenar, tratar e integrar vidades;
dados e informações para auxiliar na formulação, imple- III - apoiar e promover educação qualificada, continua-
mentação, execução, acompanhamento e avaliação das da e integrada;
políticas relacionadas com: IV - identificar e propor mecanismos de valorização pro-
I - segurança pública e defesa social; fissional.
II - sistema prisional e execução penal; O Sievap é constituído, entre outros, pelos seguintes pro-
III - rastreabilidade de armas e munições; gramas:
IV - banco de dados de perfil genético e digitais; I - matriz curricular nacional;
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas. II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pú-
blica (Renaesp);
O Sinesp tem por objetivos: III - Rede Nacional de Educação a Distância em Segu-
I - proceder à coleta, análise, atualização, sistematiza- rança Pública (Rede EaD-Senasp);
ção, integração e interpretação de dados e informações IV - programa nacional de qualidade de vida para segu-
relativos às políticas de segurança pública e defesa so- rança pública e defesa social.
cial;
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores e Os órgãos integrantes do Susp terão acesso às ações de
outras informações para auxiliar na formulação, im- educação do Sievap, conforme política definida pelo Minis-
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

plementação, execução, monitoramento e avaliação de tério Extraordinário da Segurança Pública.


políticas públicas; A matriz curricular nacional constitui-se em referencial
III - promover a integração das redes e sistemas de da- teórico, metodológico e avaliativo para as ações de educa-
dos e informações de segurança pública e defesa social, ção aos profissionais de segurança pública e defesa social e
criminais, do sistema prisional e sobre drogas; deverá ser observada nas atividades formativas de ingres-
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados so, aperfeiçoamento, atualização, capacitação e especiali-
e informações, conforme os padrões definidos pelo con- zação na área de segurança pública e defesa social, nas
selho gestor. modalidades presencial e a distância, respeitados o regime
jurídico e as peculiaridades de cada instituição.

22
A matriz curricular é pautada nos direitos humanos, nos
princípios da andragogia e nas teorias que enfocam o pro-
cesso de construção do conhecimento. HORA DE PRATICAR!
Os programas de educação deverão estar em conso-
nância com os princípios da matriz curricular nacional. 1. (Inédita) Com base nas disposições vigentes no Regime
A Renaesp, integrada por instituições de ensino supe- Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da Adminis-
rior, observadas as normas de licitação e contratos, tem tração Direta, das Autarquias e das Fundações Públicas do
como objetivo: Estado do Pará, quanto aos direitos e às vantagens finan-
I - promover cursos de graduação, extensão e pósgradu- ceiras nele previstas, assinale a alternativa correta.
ação em segurança pública e defesa social;
II - fomentar a integração entre as ações dos profissio- a) Sempre na mesma data e sem distinção de índices, é
nais, em conformidade com as políticas nacionais de se- assegurada a revisão geral anual da remuneração dos
gurança pública e defesa social; servidores públicos no mês de janeiro.
III - promover a compreensão do fenômeno da violência; b) A gratificação por regime especial de trabalho é a retri-
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a edu- buição pecuniária mensal destinada exclusivamente aos
cação para a paz; ocupantes dos cargos em comissão que, por sua nature-
V - articular o conhecimento prático dos profissionais de za, exigem a prestação do serviço em dedicação exclusiva.
segurança pública e defesa social com os conhecimentos c) Não será devido gratificação ou qualquer outro tipo de
acadêmicos; remuneração pela participação em órgão colegiado.
VI - difundir e reforçar a construção de cultura de segu- d) A gratificação de interiorização, que será calculada sobre
rança pública e defesa social fundada nos paradigmas o valor do vencimento, é devida aos servidores que, trans-
da contemporaneidade, da inteligência, da informação e feridos ou removidos para outros municípios, venham a
do exercício de atribuições estratégicas, técnicas e cien- mudar o domicílio da região metropolitana de Belém.
tíficas; e)O adicional por tempo de serviço será devido no percen-
VII - incentivar produção técnico-científica que contri- tual de 5% a cada triênio de efetivo exercício, limitado
bua para as atividades desenvolvidas pelo Susp. ao total máximo de 60% da remuneração do cargo.
A Rede EaD-Senasp é escola virtual destinada aos pro-
fissionais de segurança pública e defesa social e tem como 2. (Inédita) A Lei nº 5.810/94 dispõe sobre o regime esta-
objetivo viabilizar o acesso aos processos de aprendiza- tutário dos servidores do Pará. Quanto ao tema, assinale a
gem, independentemente das limitações geográficas e so- afirmativa correta.
ciais existentes, com o propósito de democratizar a educa-
ção em segurança pública e defesa social. a) Na antecipação ou prorrogação da duração da jornada
O Programa Nacional de Qualidade de Vida para Pro- de trabalho, será vedado remunerar o trabalho suple-
fissionais de Segurança Pública (Pró-Vida) tem por objetivo mentar do servidor público.
elaborar, implementar, apoiar, monitorar e avaliar, entre b) As férias serão remuneradas com acréscimo de cinquen-
outros, os projetos de programas de atenção psicossocial ta por cento quanto a remuneração normal, pagas ante-
e de saúde no trabalho dos profissionais de segurança pú- cipadamente, independente de solicitação.
blica e defesa social, bem como a integração sistêmica das c) Constitui tempo de serviço público, para todos os efeitos
unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp. legais o anteriormente prestado pelo servidor, qualquer
que tenha sido a forma de admissão ou de pagamento.
D. O servidor ocupante de cargo comissionado, indepen-
dentemente de jornada de trabalho, atenderá às convo-
cações decorrentes da necessidade do serviço de inte-
resse da Administração.

3. (Inédita) De acordo com a Lei Estadual n. 5.810/94, a posse


em cargo público contados da publicação do ato de provimen-
to no Diário Oficial do Estado, ocorrerá no prazo máximo de
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

a) dez dias prorrogável por mais dez dias a requerimento


do interessado.
b) vinte dias prorrogável por mais dez dias a requerimento
do interessado.
c) trinta dias prorrogável por mais trinta dias a requerimen-
to do interessado.
d) trinta dias prorrogável por mais quinze dias a requeri-
mento do interessado.
e) vinte dias prorrogável por mais vinte dias a requerimen-
to do interessado.

23
4. (Inédita) Com relação as Diárias, é correto afirmar:
ANOTAÇÕES
a) O servidor que não se afastar da sede, por qualquer mo-
tivo, fica obrigado a restituir integralmente o valor das
diárias recebido, no prazo de trinta dias. ___________________________________________________
b) será concedida por dia de afastamento, sendo devida
pelo terço, quando o deslocamento não exigir pernoite ___________________________________________________
fora da sede.
___________________________________________________
c) no arbitramento não será considerado o local para o
qual foi deslocado o funcionário, devendo ser observada ___________________________________________________
a tabela padrão de pagamento do Tribunal.
d) caberá a concessão pela metade, quando o deslocamen- ___________________________________________________
to do servidor constituir exigência permanente do cargo.
e) serão pagas antecipadamente e isentam o servidor da ___________________________________________________
posterior prestação de contas. ___________________________________________________
10. (Inédita) Considere as seguintes licenças: ___________________________________________________
I. por motivo de doença em pessoa da família;
II. para o serviço militar e outras obrigações previstas em ___________________________________________________
lei;
III. para tratar de interesse particular; ___________________________________________________
IV. para atividade política ou classista, na forma da lei; ___________________________________________________
V. por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro.
Ao servidor ocupante de cargo em comissão NÃO serão ___________________________________________________
concedidas APENAS as licenças indicadas em
___________________________________________________
a) II e V.
___________________________________________________
b) I, II e III.
c) I, II e IV. ___________________________________________________
d) III, IV e V.
e) III e V. ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
GABARITO
___________________________________________________

1 E ___________________________________________________
2 D ___________________________________________________
3 D ___________________________________________________
4 E
___________________________________________________
5 D
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

24
ÍNDICE

AUXILIAR TÉCNICO DE PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Noções de Química.Classificação periódica dos elementos. Soluções. Densidade. Concentração das soluções: concentração
em geral, título em massa, fração molar. Molaridade (concentração molar). Diluição de soluções: de mesmo soluto, de solutos
diferentes, sem ocorrência de reação. Volumetria. Normalidade de uma solução de ácido, de uma solução de base.Titulação
ácidobase e normalidade.....................................................................................................................................................................................................01
Noções de Física.Estado físico da matéria: sólido, líquido, gasoso. Termologia:medidas de temperatura, terminologia de tem-
peratura, regulagem de temperatura das estufas. Sistemas internacionais de pesos e medidas...........................................................11
Noções gerais de anatomia e fisiologia humanas......................................................................................................................................................19
Noções de histologia dos tecidos. Epitelial: de revestimento e glandular. Muscular: liso e estriado. Nervoso. Conjuntivo: subs-
tância fundamental, fibras colágenas, fibras elásticas, fibras reticulares, tecido adiposo, tecido cartilaginoso, tecido e sistema
retículo endotelial....................................................................................................................................................................................................................21
Anatomia macroscópica: registro, descrição, cortes, acondicionamento.........................................................................................................30
Atendimento de emergência e primeiros socorros...................................................................................................................................................34
Conduta ética dos profissionais da área de saúde.....................................................................................................................................................49
NOÇÕES DE QUÍMICA. CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS. SOLUÇÕES. DENSIDADE.
CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES: CONCENTRAÇÃO EM GERAL, TÍTULO EM MASSA, FRAÇÃO
MOLAR. MOLARIDADE (CONCENTRAÇÃO MOLAR). DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES: DE MESMO SOLU-
TO, DE SOLUTOS DIFERENTES, SEM OCORRÊNCIA DE REAÇÃO. VOLUMETRIA. NORMALIDADE
DE UMA SOLUÇÃO DE ÁCIDO, DE UMA SOLUÇÃO DE BASE. TITULAÇÃO ÁCIDOBASE E
NORMALIDADE.

Átomo

O átomo é a menor partícula de um elemento químico. Por exemplo se pegarmos um pedaço de metal puro, como
ferro, e dividirmos ele ao meio, teremos duas metades, entretanto, se continuarmos dividindo essa metade muitas e muitas
vezes, chegaremos em um ponto onde não será possivel dividi-lo sem que se percam as propriedades daquele material.
Neste ponto chegaríamos ao átomo, e caso o dividíssemos chegariamos nas partículas subnucleares ou subatomicas.

Estrutura da matéria

Até o início do século XX acreditava-se que o átomo não poderia ser dividido e que era a menor parte da matéria. Entre-
tanto, hoje sabe-se que o átomo é formado por um pequeno núcleo muito denso, onde ficam os protons (cargas postivas)
e os neutrons, e uma eletrosfera, onde ficam localizados os elétrons (cargas negativas).

Partículas subatômicas

O núcleo atômico, como dito anteriormente, é composto principalmente por prótons e neutrons. O próton, por conven-
ção, possui carga elétrica positiva, enquanto o neutron não possui cargas elétricas.
A eletrosfera é o local onde os elétrons de um átomo ficam. Eles possuem carga negativa, exatamente oposta ao do
próton, entretanto, possui uma massa muito menor que a dos mesmos. Na tabela podemos ver a carga de cada um, assim
como sua massa.
Próton Neutron Elétron
Massa real 1,6 x 10-24 g 1,6 x 10-24 g 9 x 10-28 g
Massa relativa 1 1 1/1836
Carga + 1,6 x 10-16 C 0 -1,6 x 10-16 C
Carga relativa +1 0 -1

Número atômico

O número atômico de um átomo representa a quantidade de prótons que existem em seu núcleo. Em um átomo nor-

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


mal, onde a carga total é zero, o número de prótons é igual ao número de elétrons.

FIQUE ATENTO!
Átomos de um mesmo elemento possuem sempre o mesmo número atômico, e consequente-
mente o mesmo número de prótons no núcleo.O

Massa atômica

A massa atômica de um átomo pode ser medida pela quantidade de prótons e neutrons em seu núcleo. Podemos notar
que a massa dos elétrons não é contada na massa atômica. Isso ocorre pois a massa do elétron é tão pequena em relação
aos outros componentes que pode ser desprezado nessa soma.
O peso de um próton ou um neutron é de uma unidade de massa atômica (u.m.a), que é definida como 1/12 da massa
atômica do isótopo do carbono 12 (C12)

Níveis energéticos

Os elétrons orbitam ao redor do núcleo dentro da eletrosfera. Entretanto, eles não giram aleatoriamente, mas sim em
níveis energéticos, que são categorizados como K, L, M, N, O, P e Q.

1
A energia dos elétrons em cada um desses níveis varia, sendo o K o de menor energia, e o Q o de maior. Entretanto, cada
nível admite um número limitado de elétrons. Sendo que, salvo em raras exceções, no nível mais externo que os elétrons
de um átomo atingem, só são admitidos 8 elétrons.

Nível Quantidade máxima de elétrons


K 2
L 8
M 18
N 32
O 32
P 18
Q 8

Molécula

Os átomos, ao invés de ficarem vagando sozinhos, preferem se unir uns aos outros, de forma a ficarem mais estáveis.
Essa junção de diferentes átomos é chamada de ligação química.
Podemos chamar de molécula, a ligação de dois ou mais átomos. Entretanto, uma molécula pode ser formada por
apenas um átomo, ou até mesmo possuir cargas, sendo assim um cátion (com carga positiva) ou um anion (com carga
negativa).

Massa molecular

A massa molecular representa a massa de uma molécula em relação às unidades de massa atômica de seus componen-
tes. Colocando a massa molecular de uma substância em gramas, temos uma massa expressa em molécula-grama, ou mol.

FIQUE ATENTO!
Um mol representa 6,02 x 1023 moléculas, que é conhecido como o número de Avogadro.

Classificação periódica dos elementos

Os elementos químicos são apresentados em uma tabela, organizada de maneira crescente de seus atômicos, em sete
fileiras horizontais chamadas de períodos e dezoito colunas verticais, chamadas familias.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Fonte: https://www.ptable.com/?lang=pt

2
Linhas ou períodos

Elementos estarem em um mesmo período na tabela significa que apresentam o mesmo número de camadas eletroni-
cas preenchidas.
No sexto período, na terceira família, para ficar mais facil de visualizar os elementos foram colocados em uma fileira a
parte, esta é a série dos lantanídeos. Do mesmo modo é feito com a série dos actnídeos, que se encontra no sétimo período,
na terceira família.

FIQUE ATENTO!
Todos os elementos após o Urânio (U92) não existem naturalmente, e devem ser feitos artificial-
mente em laboratório.

Colunas, grupos ou famílias

As linhas verticais na tabela são chamadas de grupos ou famílias, e algumas delas possuem nomes importantes para se
lembrar como:

• 1A : Metais alcalinos
• 2A : Metais alcalinoterrosos
• 6A : Calcogênios
• 7A : Halogênios
• 8A : Gases nobres, raros ou inertes

Algumas outras caracteristicas que devem ser destacadas são:

• O hidrogênio (H), não pertence a nenhum família, e muitas vezes é representado separadamente.
• As colunas A são as mais importantes da tabela, e seus elementos são chamados típicos, característicos ou repre-
sentativos da tabela
• Nas colunas A, a semelhança entre os elementos é máxima
• Os elementos das colunas B são chamados elementos de transição
Como podemos ver na tabela, os elementos também podem ser classificados como metais, semi-metais ou não-metais.

Configurações eletrônicas

Se o número do período representa quantas camadas os eletróns de um átomo ocupam, o que o número da família
representa?
A familia ocupada por um elemento na tabela periódica, de modo geral, representa quantos elétrons existem na última

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


camada eletrônica ocupada.
• Nas colunas A, o número da família representa exatamente quantos elétrons existem na última camada eletrônica.
• Nas colunas B, o número de elétrons na última camada normalmente é dois, estando ela incompleta
• Nos lantanídeos e actnídeos, a última e a penúltima camada estão incompletas.

Propriedades periódicas e aperiódicas

Muitas propriedades físicas e químicas dos elementos, são, na verdade, dependentes do número atômico do mesmo,
estas, são chamadas propriedades periódicas dos elementos. Enquanto outras, só aumentam ou diminuem conforme o
número atômico, sendo chamadas de aperiodicas, como por exemplo:
• A massa atômica que aumenta proporcionalmente com o número atômico
• O calor específico de um elemento no estado sólido, que é inversamente proporcional ao número atômico

Já as propriedades periódicas aumentam e diminuem conforme subimos o número atômico. Como exemplos das prin-
cipais propriedades periódicas temos:

Densidade absoluta

Olhando para a tabela periódica, percebemos que a densidade absoluta aumenta conformes vamos para baixo e em
direção ao centro.

3
Graficamente temos:

Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/volume-atomico-e-densidade/

Olhando para a tabela periódica, percebemos que a densidade absoluta aumenta conformes vamos para baixo e em
direção ao centro.

Volume atômico:

É o volume ocupado por um mol de determinado elemento. Olhando na tabela, observamos que ele cresce conforme
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

vai para suas extremidades, e para baixo da tabela.

Graficamente temos:

4
Ponto de fusão e ebulição

Os pontos de fusão e ebulição também podem ser considerados propriedades periódicas, e aumentam seguindo as
seguintes caracteristicas:

• Das extremidades para o centro da tabela


• No lado esquerdo (principalmente alcalinos e alcalinoterrosos) aumentam confomr sobe a tabela
• No lado direito e no centro conforme desce a tabela

Entenderemos melhor no esquema:

Podemos ver também um gráfico do ponto de fusão dos elementos:

Energia de ionização

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


A energia de ionização é a quantidade de energia necessária para ionizar um átomo, ou seja, tirar um de seus elétrons.
Ela cresce da esquerda para a direita, e de baixo para cima, como vemos no esquema:

5
Eletronegatividade

A eletronegatividade é a força com que um átomo atrai um elétron para si durante a ligação química. Ela não é definida
para os gases nobres devido à sua grande estabilidade, e tem como maior representante o fluor, pois cresce da esqueda
para a direita, e de baixo para cima.
Esquematizando:

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (Cesgranrio-RJ) Um átomo T apresenta menos 2 prótons que um átomo Q. Com base nessa informação, assinale a
opção falsa.
         T                                           Q

a) calcogênio                           gás nobre


b) enxofre                                silício
c) gás nobre                             alcalinoterroso
d) halogênio                            alcalino
e) bário                                    cério

Resposta: Letra B
Os elementos da camada Q tem sempre número atômico duas unidades maior que a de T, portanto, ao analisar a tabela
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

periódica, encontramos os elementos enxofre e silício, que preenchem esse requisito.

2. (Cesgranrio-RJ) Dados os elementos de números atômicos 3, 9, 11, 12, 20, 37, 38, 47, 55, 56 e 75, a opção que só contém
metais alcalinos é:

a) 3, 11, 37 e 55
b) 3, 9, 37 e 55
c) 9, 11, 38 e 55
d) 12, 20, 38 e 56
e) 12, 37, 47 e 75

Resposta:Letra A
Os metais alcalinos são aqueles que se encontram na família 1A, portanto, é necessário encontrar os elementos que
possuem apenas um elétron na camada de valência.

6
Molaridade É importante ainda ter atenção e não confundir mola-
ridadade com molalidade, visto que são termos parecidos
Concentração molar ou molaridade é a quantidade de graficamente. Molalidade é o número de mols de soluto
soluto, em mol, dissolvidos num volume de solução em li- existente em 1 kg do solvente, diferente da molaridade, já
tros. O mol nada mais é que a quantidade de substâncias citada anteriormente. Devido a essa possível confusão, em
de um sistema que contém tantas unidades elementares muitas literaturas utiliza-se o termo concentração molar
quantas existem em átomos de carbono em 0, 012 kg de em vez de molaridade.
carbono-12. Esta unidade elementar deve ser especificada
e pode ser um átomo, uma molécula, um íon, um elétron, Referências bibliográficas:
um fóton etc., ou um grupo específico dessa unidade. Pela MOORE, Walter J. Traduzido por: JORDAN, Ivo. Físico-
constante de Avogadro, esse número é igual a 6,02 x 10²³, -química. Edgard Blucher: São Paulo, 1976. 4ª edição.
aproximadamente. Muitas outras unidades de medida de PILLA, Luiz. Físico-química. Livros Técnicos e Científicos
concentração são utilizadas usualmente, como por exem- Editora S.A.: Rio de Janeiro: 1979. 1ª edição.
plo, a percentagem de massa (ou erroneamente chamada
de percentagem de peso), porém a mais usada e mais im-
portante unidade de concentração é a molaridade. Diluição de soluções
Para calcular a concentração molar de uma substância é
necessário ter em mãos uma tabela periódica, isto porque Quando se misturam duas soluções, sejam elas diferen-
o cálculo envolve o número de massa de cada elemento tes ou não, é necessário analisar primeiramente se ocorre
que faz parte do soluto. A fórmula geral é: reação ou não entre elas. Por exemplo, se misturarmos uma
solução de água com açúcar (solução aquosa de sacarose)
M= Nº de mols do soluto / Nº de litros de solução com uma solução de água com sal (salmoura), obteremos
uma mistura de soluções sem reações químicas.
Assim, se 1 litro de solução foi preparado pela dissolu-
ção de 1 mol de cloreto de sódio, isto significa que esta é O mesmo ocorre se misturarmos duas soluções de clo-
uma solução de cloreto de sódio de 1,0 mol\L. reto de sódio (NaCl), com concentrações diferentes. Nesse
caso também não ocorrerá reação. Podemos, então, definir
esse exemplo como uma mistura de soluções de mesmo
1) Qual a molaridade de uma solução cujo volume é soluto, sem ocorrência de reação química, em que o pri-
0,250 L e contém 26,8 g de cloreto de cálcio, CaCl2? meiro exemplo é uma mistura de soluções de solutos dife-
Resolução: rentes, sem ocorrência de reação química.

Fórmula Em ambos os casos, a constituição química dos com-


Inicia-se o cálculo somando o número de massa (A) dos ponentes das soluções não mudará, no entanto, alguns as-
elementos do soluto, nesse caso, cálcio (Ca) e cloro (Cl): pectos quantitativos terão que ser recalculados.

Ca = 40,1 Para entender como poderíamos determinar a concen-


Cl = 35,5 tração molar (Molaridade) e a concentração comum de

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


40,1 + (2 x 35,5) = 111,1 (massa molar do CaCl2) uma mistura de soluções sem ocorrência de reação, veja-
mos a resolução dos dois casos citados:
Para encontrar o número de mols de CaCl2 é preciso
calcular: 1º) Mistura de soluções de mesmo soluto, sem ocorrên-
cia de reação química:
1 mol de CaCl2 → 111,1 g de CaCl2 Imagine que misturamos duas soluções de cloreto de
Nº de mols de CaCl2 → 26,8 g de CaCl2 sódio, uma com a concentração de 2,0 g/L em 60,0 mL de
solução e a outra com 2,5 g/L em 80 mL de volume de
Logo o número de mols de CaCl2 é 0,241 mol de CaCl2. solução.

Aplicamos por fim, a fórmula (anteriormente citada) Visto que não ocorre reação nenhuma, tanto a massa
para encontrar a concentração molar da solução: quanto o volume são apenas a soma das massas e volumes
iniciais:
M = 0,241 mol / 0,250L = 0,964 mol/L
m (solução) = m1 (NaCl) + m2 (NaCl)
O valor da concentração molar é sempre expresso em
mols por litro (mols/L), assim, se o volume da solução es- m1 (NaCl) = v . C m2 (NaCl) = v . C
tiver em outra unidade como ml, cm³, dL, entre outros, é m1 (NaCl) = 0,06L . 2,0g/L m2 (NaCl) = 0,08L .
necessário converter em litro antes de realizar o cálculo por 2,5 g/L
completo. m1 (NaCl) =0,1 g m2 (NaCl) =0,2 g

7
m (solução) = 0,1 g + 0,2 g v (solução final) = v (C12H22O11) + v (NaCl)
m (solução) =0,3 g v (solução final) = (0,5 + 1)L
v (solução final) = 1,5L
v (solução) = v1 (NaCl) + v2 (NaCl)
v (solução) = (60 + 80) mL A concentração final é conseguida calculando-se sepa-
v (solução) =140 mL = 0,14 L radamente as concentrações de cada um dos solutos. Visto
que eles não reagem entre si e suas massas não mudam,
A concentração pode então ser obtida por meio desses podemos usar a seguinte fórmula da concentração:
dados:

C (solução) = m(solução)
v(solução)

C (solução) = 0,3 g
0,14L

C (solução) ≈ 2,14 g/L

2º) Mistura de soluções de solutos diferentes, sem


ocorrência de reação química:

Tomemos por exemplo a mistura entre 500 mL de uma


solução aquosa de sacarose (C12H22O11) que tinha inicial-
mente a concentração de 18,0 g/L, com 1 L da solução de
água com sal (solução aquosa de cloreto de sódio – NaCl)
com 100,0 g/L de concentração. C (C12H22O11) =?
Depois da mistura, qual passou a ser a molaridade, a Cinicial . vinicial = Cfinal . vfinal
concentração comum, a massa e o volume da solução re- 18,0 g/L . 0,5 L = Cfinal .1,5 L
sultante da mistura? C (C12H22O11) final = 6,0 g/L

Visto que não houve reação química, as massas de C (NaCl)=?


C12H22O11 e NaCl permanecem inalteradas. E os valores Cinicial . vinicial = Cfinal . vfinal
das massas iniciais podem ser conseguidos por meio de 100,0 g/L . 1 L = Cfinal .1,5 L
regra de três simples usando as concentrações das reações. C (NaCl)final = 66,67 g/L

18,0 g ------ 1 L A relação feita para essa fórmula da concentração co-


m (C12H22O11) ----0,5L mum pode ser feita também para calcular a molaridade (Mi
m (C12H22O11) = 9,0 g . vi = Mf . vf) e para a concentração em massa por massa
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

(Título - Ti . vi = Tf . vf).
m (NaCl)-----100,0 g
Volumetria
A massa também pode ser conseguida pela fórmula:

m=v.C A análise química quantitativa é denominada de análi-


m (C12H22O11) = 0,5 L . 18g/L se volumétrica ou volumetria, ela consiste em determinar
m (C12H22O11) = 9,0 g a concentração de uma solução a partir de uma solução
padrão. A volumetria pode existir de várias formas, ela é
m (NaCl) = 1 L . 100,0 g/L classificada de acordo com o tipo de reagente utilizado:
m (NaCl) = 100,0 g
Volumetria por precipitação
Assim, a massa total da solução é a soma das duas mas-
sas: Neste tipo de análise volumétrica ocorre a precipitação
dos reagentes envolvidos na reação, as soluções usadas
m (solução) = m (C12H22O11) + m (NaCl) são de sal de prata e sal de bário. Um exemplo: quando se
m (solução) = 109,0 g usa como solução-padrão a prata (Ag+) e como solução
problema reagentes que contenham os íons Cl- e Br-, o
O volume é simplesmente a soma dos volumes iniciais, precipitado será um halogeneto de prata insolúvel (AgBr,
assim temos: AgCl).

8
Volumetria por neutralização Lei de Dalton

A análise neste caso ocorre entre um ácido e uma base. A lei de Dalton prevê que a pressão parcial que um
Se for usada uma base como solução problema, a concen- componente A numa mistura de vapores é a mesma de
tragem da solução é determinada pela adição de um áci- quando este componente estava puro, logo a pressão total
do. Agora, se for um ácido a solução problema, a solução é igual a soma das pressões parciais de todos os compo-
padrão precisa ser básica para chegar à concentração final. nentes.
Exemplo: essa análise é usada para determinar a concen- PT = PA + PB + PC + .... + Pn
tração de NaOH (hidróxido de sódio) que é uma base, atra-
vés de uma solução padrão de H2SO4 (ácido sulfúrico) que Lei de Henry
é ácida.
Essa lei relaciona a pressão parcial de um soluto gasoso
Volumetria por oxirredução A em um solvente B líquido, com sua fração molar, ou seja,
a quantidade de mols em uma mistura em relação à quan-
As reações de oxirredução são usadas para dosar solu- tidade de mols total da mistura.
ções. A análise é realizada através de uma solução redutora Pa = H . Xa
e uma solução titulada, por exemplo, pode-se usar uma Onde H é a constante de Henry, e Xa é a fração molar
solução titulada de permanganato de potássio (KMnO4) do gás.
para determinar a concentração de ácido clorídrico em de-
terminada solução, neste caso o ácido clorídrico funciona Lei de Raoult
como redutor na reação.
A lei de Raoult diz que a pressão parcial de cada com-
Nessa análise os íons presentes estão em movimento e ponente em uma solução ideal depende de sua pressão de
provocam a oxidação e redução simultaneamente. vapor e da fração molar desse componente.
PB = Po . XB
Onde Po é a pressão de vapor de B, e XB é a fração
Soluções molar de B.

Dispersões e soluções Regras de solubilidade


Dispersões são sistemas em que uma substancia está
espalhada dentro de outra na forma de pequenas partí- De maneira geral, podemos dizer que substancias po-
culas. A primeira é chamada de disperso e a segunda de lares e apolares não se misturam, desse modo, podemos
dispersante. dizer que substâncias polares se misturam com substâncias
Existem três tipos de soluções, as suspensões, as disper- polares e apolares com apolares.
sões coloidais e as soluções verdadeiras, classificadas pelo
tamanho das partículas dispersas. FIQUE ATENTO!
- Suspensões É importante lembrar que o grau de solubilida-
de indica a quantidade de um certo soluto que

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Tem partículas de tamanho superior a 100 milimícrons
( 10-6 mm) pode ser dissolvido em um certo solvente em
Exemplo: Argila suspensa em água certas condições de temperatura e pressão.

- Dispersões coloidais Curvas de solubilidade


Tem partículas de tamanho entre 1 a 100 milimícrons
Exemplo: Gelatina em água O grau de solubilidade de uma mistura pode ser altera-
do com variações de temperatura de pressão sendo exerci-
- Soluções Verdadeiras dos sobre a mistura. Com isso, podemos descrever gráficos
Tem tamanho entre 0 e 1 milimícrom que nos mostram o grau de solubilidade em relação a uma
Exemplo: Açúcar em água dessas grandezas, como por exemplo, essas curvas em re-
lação à temperatura
As suspensões e dispersões coloidais são consideradas
sempre heterogêneas, enquanto as soluções são conside- Entalpia ou calor de dissolução
radas homogêneas de duas ou mais substâncias, sendo
que uma é o soluto (que é dissolvida) e a outra o solven- Algumas dissoluções podem causar liberação ou ab-
te (que dissolve). Para que uma solução seja considerada sorção de calor. Por exemplo, quando adicionamos salitre
ideal, ela deve seguir três regras, a de Dalton, a de Henry em água, ocorre um abaixamento da temperatura, ou soda
e a de Raoult. caustica em água, que aumenta sua temperatura.

9
FIQUE ATENTO!
EXERCÍCIO COMENTADO
O aumento ou diminuição de temperatura por
meio de dissolução aumenta ou diminui seu
volume (devido a dilatação térmica), mesmo 1. (Fonte: Editora Nova) Qual destas não é uma solução
que essa alteração seja pequena. verdadeira?

a) Misturas de gases
Classificação das soluções b) Açúcar em água
c) Ligas metálicas
As soluções podem ser classificadas sobre os seguintes d) Água oxigenada
critérios: e) Gelatina

• Estado de agregação da solução Resposta: Letra A


- Se está no estado sólido líquido ou gasoso As misturas de gases, ligas metálicas, a solução de açú-
car em água e a água oxigenada possuem partículas
• Estado de agregação dos componentes menores que 1 milimícrom, sendo assim, são conside-
- Sólido- Sólido radas soluções verdadeiras, enquanto a gelatina possui
- Sólido-Líquido partículas maiores sendo considerada uma dispersão
- Líquido-Sólido coloidal.
- Sólido-Gás
- Gás-Sólido 2. (Fonte: Editora Nova) Qual dessas afirmações define o
- Líquido- Líquido conceito de grau de solubilidade?
- Líquido-Gás
- Gás-Líquido a) Quantidade de solvente em uma solução
- Gás-Gás b) Quantidade de soluto em uma solução
c) Quantidade de solvente que pode ser diluído
• Proporção entre soluto e solvente d) Quantidade de soluto que pode ser diluído
- Se é diluída ou concentrada
Resposta: Letra C
• De acordo com a natureza do soluto O grau de solubilidade é a quantidade de soluto que
pode ser diluídos dentro de um determinado solvente.
- Se é um soluto molecular (as partículas dispersas são Essa propriedade pode ser alterada quando variações de
moléculas) ou iônico (as partículas dispersas são íons) temperatura e pressão são exercidas sobre a solução.
• Em função do ponto de saturação
Funções químicas são grupos de substâncias que apre-
- Insaturada, quando ainda não atingiram o coeficiente
sentam comportamento semelhante, e as principais fun-
de solubilidade
ções encontradas na química inorgânica são os ácidos, as
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

- Saturada, quando atingiram o coeficiente de solubi-


bases, os sais e os óxidos.
lidade
- Supersaturada, quando ultrapassaram o coeficiente
de solubilidade Ácidos

Concentração das soluções Ácidos são substancias que ao serem dissolvidas em


A concentração de uma solução é expressa entre a água se dissociam ionicamente formando como íon positi-
quantidade de soluto e quantidade de solvente, ou entre o vo o cátion H+. Como por exemplo HCl ou HNO3.
primeiro e a quantidade total da solução. Essa relação pode
ser expressa de diversas maneiras, como: FIQUE ATENTO!
Em um ácido, o cátion H+ é escrito antes do
• Concentração usual (em gramas/litro) ânion.
• Título e percentagem de massa
• Fração volumétrica e percentagem em volume
• Fração molar #FicaDica
• Molaridade
As únicas substancias que fórmulas químicas
• Normalidade
que começam com o H e não são ácidos são a
• Parte por milhão
água (H2O) e a água oxigenada (H2O2).
• Relação entre normalidade, molaridade e concentração
• Concentração e temperatura

10
Bases e) Tender a se dissociar em água (mesmo que em pequena
escala) liberando pelo menos um cátion de um elemen-
São substâncias que quando dissolvidas em água se to metálico.
dissociam íonicamente assim como as bases, entretanto li-
beram como íon negativo apenas o ânion OH-. Como por Resposta: Letra C
exemplo NaOH e Al(OH)3. Sais são compostos iônicos, nos quais o cátion não pode
ser o H+ e o ânion não pode ser o OH-. Logo, não é
Sais obrigatória a presença do oxigênio.

Os sais são compostos iônicos que possuem o cátion


diferente de H+ e o ânion diferente de OH-. Alguns exem-
NOÇÕES DE FÍSICA. ESTADO FÍSICO DA
plos são NaCl, K2S, CuSO4.
MATÉRIA: SÓLIDO, LÍQUIDO, GASOSO.
TERMOLOGIA: MEDIDAS DE TEMPERA-
#FicaDica TURA, TERMINOLOGIA DE TEMPERA-
Quando um ácido e uma base são mistura- TURA, REGULAGEM DE TEMPERATURA
dos eles reagem formando um sal e água. Por DAS ESTUFAS. SISTEMAS INTERNACIO-
exemplo: HCl + NaOH -> HCl + H2O. NAIS DE PESOS E MEDIDAS.

Óxidos Estados da matéria

Os óxidos são compostos binários no qual o oxigênio Há três estados da matéria: Sólido, líquido e gasoso.
é o elemento mais eletronegativo, podendo ser iônicos ou A seguir são exibidos os estados e as respectivas trans-
moleculares, sendo os primeiros de forma geral formado formações de mudança de fase.
com metais, e os segundos com semi-metais ou não-me-
tais. Como exemplo dos óxidos temos Na2O ou SO2.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (Fonte: Mundo Educação) Um técnico em química teve
a tarefa de armazenar diferentes substâncias. Para tanto,
resolveu separá-las de acordo com as respectivas funções
químicas. As substâncias eram: NaCl, CaCO3, Ca(OH)2,
CaO, Na2O, NaOH, H2SO4 e HCl.
A alternativa que apresenta apenas as substâncias classifi-
cados como óxidos é:

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


a) CaO e Na2O.
b) Na2O e NaOH.
c) H2SO4 e HCl.
d) Ca(OH)2 e CaO.
e) CaO, Na2O e NaOH.

Resposta: Letra A
As substâncias NaOH e Ca(OH)2 não são óxidos, e sim
bases, enquanto o HCl e o H2SO4 são ácidos.

2. (CESGRANRIO – 2018) Um sal possui várias caracte- <https://brasilescola.uol.com.br/fisica/mudanca-fase.


rísticas. htm>
NÃO constitui uma dessas características
Escalas termométricas
a) Ter ponto de fusão elevado.
b) Ter, na forma sólida, rede cristalina formada por cátion Uma grandeza importante para o estudo na área térmi-
e ânion. ca é a temperatura, que mede o grau de agitação das mo-
c) Ser um sólido formado por apenas dois elementos, sen- léculas de determinada substância. Assim, é necessário me-
do um deles o oxigênio. dir a temperatura e para tal é necessário que haja escalas
d) Ser uma substância iônica. de medidas. Há diversas escalas de temperatura, mas três

11
são as principais: Celsius (°C), Fahrenheit (°F) e Kelvin (K). A seguir será apresentada a relação entre as escalas. A relação entre
as escalas é obtida quando são conhecidas as temperaturas de uma mesma substância em diferentes escalas. A substância
mais fácil de ser utilizadas é a água e as temperaturas de fusão e ebulição da mesma. Assim sabe-se que essas temperaturas
são, respectivamente, 0 e 100 em Celsius, 32 e 212 em Fahrenheit, 273 e 373 em Kelvin. Correlacionando-as:

Como encontrar a relação? A relação que deseja-se encontrar é uma temperatura em função da outra, por exemplo θC = f
(θF ), ou seja, uma função que relaciona a temperatura em Celsius, θC, com a temperatura, θF. Suponha uma temperatura nas
três escalas que esteja entre os valores apresentados. Fazendo a relação entre as escalas vem:

𝜃𝐶 − 0 𝜃𝐹 − 32 𝜃𝐾 − 273
= =
100 − 0 212 − 32 373 − 273
Simplificando as expressões, é possível estabelecer a relação entre as temperaturas. Serão apresentadas as relações entre
Celsius e Fahrenheit e Celsius e Kelvin.

5
𝜃𝐶 = 𝜃𝐹 −32
9
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

𝜃𝐶 =𝜃𝐾 −273

#FicaDica
A conversão entre Kelvin e Celsius se dá simplesmente pela adição/subtração de 273.

A escala Kelvin é chamada de escala absoluta de temperatura e a temperatura 0 K é chamado de zero absoluto, uma tem-
peratura que é impossível de ser atingida.

12
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (SEDF – PROFESSOR DE FÍSICA – QUADRIX/2017) Um professor encontrou um termômetro com uma nomenclatura
X. No manual de instruções, o professor verificou que a escala termométrica do termômetro possui as seguintes conven-
ções: ponto de gelo 30°X e ponto de vapor, 80°X. Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
A equação de conversão para a temperatura medida na escala X (tx) e na escala Celsius (tc) é expressa por tx= 2tc + 30.. 

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Letra B.
Aplicando a relação de proporcionalidade entre quaisquer escalas de temperatura, tem-se que:

(t_x-30)/(80-30)=(t_c-0)/(100-0)→t_x-30=(50t_c)/100→t_x=t_c/2+30

Dilatação Térmica

Dilatação é o fenômeno no qual os corpos aumentam de tamanho (ou diminuem no fenômeno de contração) quando
são aquecidos. O fenômeno ocorre devido ao aumento da agitação das moléculas do material o que aumenta o espaço
entre as moléculas e consequentemente as dimensões do material (corpo). Pode ocorrer de três formas: linearmente (com-
primento), superficialmente (comprimento e largura) e volumetricamente (comprimento, largura e altura).

#FicaDica
Na prática quando ocorre dilatação, ela sempre ocorre nas três dimensões. Porém para alguns
materiais a dilatação ocorre mais em uma direção então considera-se que as demais dimensões
não dilatam e por isso a distinção entre dilatação linear, superficial e volumétrica.

Dilatação linear

Nessa forma, ocorre dilatação apenas do comprimento do corpo. Considere uma barra de comprimento L0 que, após
aquecimento, passa a ter um comprimento L após aumentar seu comprimento em ΔL

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

A variação do comprimento é calculada da seguinte forma:

∆𝐿 = 𝐿0 𝛼∆𝜃

onde α é o coeficiente de dilatação linear do material e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo foi submetida.
O comprimento final da barra será:

𝐿 = 𝐿0 + ∆𝐿

13
A variação da área é calculada da seguinte forma:
EXERCÍCIO COMENTADO
∆𝐴 = 𝐴0 𝛽∆𝜃
1. (PETROBRAS – TÉCNICO DE INSPEÇÃO – CES-
GRANRIO/2017) Duas barras de comprimentos iguais, sen- onde β é o coeficiente de dilatação superficial do ma-
do uma de cobre e a outra de alumínio, são coladas a 20°C, terial e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo foi
formando um único conjunto, conforme mostrado na Figura submetida. A área final da placa será:
abaixo. 
𝐴 = 𝐴0 + ∆A

Dilatação volumétrica

Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento, largura


e altura do corpo, aumentando seu volume. Considere um
bloco de volume V0 que, após aquecimento, passa a ter um
volume V após aumentar seu volume em ΔV:
O conjunto é então aquecido até 120°C.
Sabendo-se que a 120°C a deformação térmica do alumí-
nio é maior que a deformação térmica do cobre, a configura-
ção final do conjunto a 120°C apresentará uma deformação
axial

a) Igual ao cobre quando aquecido a 120°C


b) Igual ao alumínio quando aquecido a 120°C
c) Inferior ao do cobre quando aquecido a 120°C
d) Superior á do alumínio quando aquecido a 120°C
e) Superior á do cobre quando aquecido a 120°C

Resposta: Letra E.
Como o alumínio deforma mais que o cobre, a parte de
baixo da peça irá dilatar mais, envergando a peça para
cima e deixando a mesma maior que a dilatação do co-
bre a 120°C. A variação do volume é calculada da seguinte forma:

Dilatação superficial ∆𝑉 = 𝑉0 𝛾∆𝜃


Nessa forma, ocorre dilatação do comprimento e da largura
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

do corpo., aumentando a sua área. Considere uma placa de Onde γ é o coeficiente de dilatação volumétrica do ma-
área A_0 que, após aquecimento, passa a ter uma área A após terial e Δθ é a variação de temperatura a qual o corpo foi
aumentar sua área em ΔA: submetida. O volume final do bloco será:

FIQUE ATENTO!
Para um mesmo material os valores de α, β e γ
são diferentes.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (SEARH-RN – PROFESSOR DE FÌSICA – IDE-


CAN/2016) Uma vasilha de vidro cujo volume é 720 ml
contém uma certa quantidade de mercúrio e se encontra
inicialmente a uma temperatura de 20°C. Essa vasilha é

14
então aquecida até atingir 80°C e então verifica‐se que o
volume da parte vazia permanece constante. A quantidade #FicaDica
de mercúrio contido nessa vasilha é: (Dados: coeficiente de O produto m.c é também chamado de capa-
dilatação volumétrica do vidro = 25 . 10–6 °C–1; coeficiente cidade térmica, denotado pela letra C. Assim,
de dilatação volumétrica do mercúrio = 180 .10–6 °C–1). C = m . c. É comum utilizar capacidade térmica
para reservatórios, recipientes, etc.
a) 80 ml
b) 90 ml Calor latente
c) 100 ml
d) 110 ml Calor latente é a quantidade de calor necessária para
que uma substância mude de fase. As fases da matéria
Resposta: Letra C são: sólido, líquido e gasoso. Considerando uma substân-
Para o volume vazio continuar constante, as duas varia- cia pura, durante a mudança de fase a temperatura não se
ções de volume devem ser iguais, assim: altera até que a mudança de fase se complete. Por exem-
plo, sabe-se que a água evapora, ao nível do mar, a 100°C.
Quando a água atinge 100°C ela começa a evaporar. En-
∆𝑉𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 = ∆𝑉𝑚𝑒𝑟𝑐𝑢𝑟𝑖𝑜 → 𝑉𝑣 𝛾𝑣 ∆𝜃 = 𝑉𝑚𝛾𝑚∆𝜃 . quanto toda a água não tiver se transformado em vapor,
a temperatura do sistema permanece igual a 100°C. Após
Como a variação de temperatura é a mesma, pode-se toda a água ter se transformado em vapor, seguindo o
aquecimento o vapor começa a aumentar a sua tempera-
𝑉𝛾
cancelar esse termo, assim: 𝑉𝑚 = 𝛾𝑣 𝑣 .
𝑚
tura. Esse processo pode ser visualizado em uma curva de
Substituindo os valores, chega-se a aquecimento. A seguir é exibida a curva de aquecimento
720.25 . de uma substância pura:
𝑉𝑚 = = 100 𝑚𝑙
180

Calorimetria

Calor sensível
Calor é definido como energia em trânsito entre dois cor-
pos que possuem temperaturas diferentes. A quantidade
de calor trocada por um corpo Q é calculada da seguinte
forma:

𝑄 = 𝑚. 𝑐. ∆𝜃
Onde m é a massa do corpo, c é o calor específico e Δθ
é a variação de temperatura. A unidade do calor específi-

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


co determinará em quais unidades deverão estar as outras
grandezas. Algumas unidades possíveis para o calor espe-
O calor latente é calculado da seguinte forma:
cífico: J/g°C, kJ/kg°C, cal/g°C, etc... Então, por exemplo, se o
calor específico for dado em J/g°C, a massa deve estar em
gramas (g), a temperatura em graus Celsius (°C) e o calor 𝑄 = 𝑚. 𝐿
transferido será calculado em Joules (J). Vale o mesmo ra-
Onde m é a massa da substância e L é a constante de
ciocínio para as demais unidades. A unidade cal é chamada
calor latente que depende da mudança de fase (fusão/so-
de caloria e vale, aproximadamente, 4,18 J
lidificação ou evaporação/condensação) e da substância.
O calor Q acima é interpretado como o calor absorvido/
Convenção de sinais emitido pela substância para mudar de fase.
O calor calculado Q pode ser positivo ou negativo. O
significado do sinal representa o sentido da transferência
de calor: FIQUE ATENTO!
O cálculo do calor latente não leva em conta va-
• Q > 0 → Calor é recebido pelo corpo
riação de temperatura pois durante a mudança
• Q < 0 → Calor é cedido pelo corpo
de fase não ocorre variação de temperatura.

15
Trocas de calor

Aqui consideraremos substâncias colocadas dentro de um calorímetro, um recipiente fechado e que não troca calor com
o meio exterior. Assim, todas as substâncias dentro do calorímetro trocarão calor apenas entre si até atingirem o equilíbrio
térmico, ou seja, atingirem a mesma temperatura final. Assim, conclui-se que a soma de todas as trocas de calor dentro do
calorímetro é igual a zero pois a quantidade de calor que uma substância perde é absorvida por outra e assim por diante.
Em resumo:

Σ𝑄 = 0

Ou seja:

𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄3 + ⋯ = 0

Onde Q1, Q2,… são os calores trocados pelas substâncias dentro do calorímetro.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (UFF – TÉCNICO EM LABORATÓRIO – COSEAC/2017) Massas iguais de cinco líquidos distintos, cujos calores especí-
ficos estão dados na tabela adiante, encontram-se armazenadas, separadamente e à mesma temperatura, dentro de cinco
recipientes com boa isolação e capacidade térmica desprezível. 
Se cada líquido receber a mesma quantidade de calor, suficiente apenas para aquecê-lo, mas sem alcançar seu ponto de
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ebulição, aquele que apresentará temperatura menor, após o aquecimento, será:

a) A água
b) O petróleo
c) A glicerina
d) O leite
e) O mercúrio

Resposta: Letra A
O calor específico é a propriedade que determina o quanto de energia é necessária para alterar a temperatura de uma
unidade de massa de uma substância. Nesse caso, a substância que tiver o calor específico maior, irá variar menos em
temperatura. Na tabela, quem tem o maior calor específico é a água.

No estudo da Física, as grandezas são as maneiras de quantificar os fenômenos observados na natureza. Basicamente,
existem dois tipos:

• Grandezas Escalares: Necessitam apenas de sua magnitude para serem caracterizadas. Exemplos: Massa, Tempera-
tura, Energia.
• Grandezas Vetoriais: Necessitam de três informações para serem caracterizadas: magnitude (módulo), direção e sen-
tido. Exemplos: Velocidade, Força, Campo Elétrico, Campo Magnético.

16
#FicaDica
Quando estiver estudando os diversos tópicos de Física e as grandezas forem apresentadas, procure se
questionar se as mesmas são escalares ou vetoriais, isso facilitará o entendimento da matéria.

Sistemas de Unidades

As grandezas, além quantificar os fenômenos observados, também são adjetivadas com “unidades”, ou seja, um nome
que irá caracterizar aquela grandeza. Diversos sistemas de unidades foram elaborados ao longo da história e para padro-
nização, criou uma convenção internacional, chamada de “Sistema Internacional de Unidades”, ou SI. A tabela a seguir
apresenta as principais grandezas com as suas respectivas unidades:

Grandeza Unidade SI (nome por extenso)


Comprimento m (metro)
Massa kg (kilograma)
Tempo s (segundo)
Força N (Newton)
Temperatura K (Kelvin)
Pressão Pa (Pascal)
Energia J (Joule)
Potência W (Watt)
Corrente Elétrica A (Ampere)
Potencial Elétrico V (Volt)
Campo Magnético T (Tesla)
Frequência Hz (Hertz)

Existem outros dois sistemas de unidades que são bastante utilizados, que são o CGS e o MKS. Algumas unidades são
diferentes e são apresentadas a seguir:

Grandeza Unidade CGS (nome por extenso) Unidade MKS (nome por extenso)
Comprimento cm (centímetro) m (metro)

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Massa g (grama) utm (unidade de massa)
Tempo s (segundo) s (segundo)
Força dyn (Dynar) kgf (kilograma-força)
kgf/m² (kilograma-força por metro qua-
Pressão dyn/cm² (Dynar por centímetro quadrado)
drado)
Energia erg (“erg”) kgfm (kilograma-força-metro)
kgfm/s (kilograma-força-metro por se-
Potência erg/s (erg por segundo)
gundo)

As relações entre as unidades da tabela acima, com as unidades do SI são as seguintes:


1 N = 105 dyn
1 kgf = 9,8 N
1 utm = 9,8 kg

#FicaDica
Para o estudo de sistema de medidas, não há segredo, a memorização é o melhor caminho. Essas uni-
dades ficarão naturalmente na sua memória conforme o aprendizado dos conteúdos de Física.

17
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (SABESP – Técnico em Sistemas de Saneamento - FCC/2014) No sistema Internacional (SI), a grandeza de massa es-
pecífica é expressa em:

a) kg/m³
b) utm/m³
c) g/cm³
d) kgf/m³
e) dyn/cm³

Resposta: Letra A
Para resolver esse exercício, é necessário saber que massa específica é a relação entre a massa de um corpo e o volume
ocupado por ele. No SI, a unidade de massa é kg e o volume é expresso em m³ (metros cúbicos), já que a unidade de
comprimento é o metro. Assim, dividindo um pelo outro, chega-se a kg/m³.

Outras unidades de medida

Conforme dito anteriormente, o sistema internacional buscou padronizar as unidades, de maneira que cientistas do
mundo todo pudessem trabalhar sob as mesmas medidas, facilitando a troca de informações. Entretanto, ainda existem
outras unidades que são utilizadas. A tabela abaixo apresenta seus nomes, bem como suas conversões em relação as uni-
dades mais conhecidas:

Unidade Símbolo Conversão com unidade conhecida


Polegada in 1 in = 25,4 mm
Pé ft 1 ft = 0,3048 m
Milha mi 1 mi = 1,609 km
Litro L 1 L = 1 dm³
Libra lb 1 lb = 0,4536 kg
Onça oz 1 oz = 28,35 g
Eletrovolt eV 1 eV = 1,6.10-19 J
Atmosfera atm 1 atm = 101.325 Pa
Milímetro de Mercúrio mmHg 1 mmHg = 1/760 atm
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Polícia Científica – PE – Papiloscopista – CESPE/2016) Assinale a opção que apresenta associação correta entre a
grandeza física e sua unidade de base correspondente, de acordo com o sistema internacional de pesos e medidas.

a) Corrente Elétrica: Candela


b) Temperatura Termodinâmica: Kelvin
c) Quantidade de Substância: %/kg
d) Intensidade Luminosa: Ampere
e) Massa: mol

2. (IF-RS - Professor – IF-RS/2015) O Brasil, a partir de 1962, passou a adotar para expressão de medidas de grandeza o
sistema internacional de unidades (SI). Assinale a alternativa que apresenta corretamente as unidades que correspondem
às grandezas de base, adotadas pelo SI:

a) m, kg, s, A, K, mol, cd
b) m, g, s, C, K, mol, lm
c) cm, kg, s, A, K, mol, lm
d) cm, g, s, A, °C, eq, cd

18
e) m, kg, C, A, °C, eq, J Cabeça – encontra-se dividida em duas partes: crânio
3. (SEE-AC – Professor – FUNCAB/2014) Das grandezas (caixa óssea que contém e protege o encéfalo) e face (que
apresentadas abaixo, aquela que se encontra no Sistema aloja parte dos órgãos sensoriais e também estruturas res-
Internacional de Unidades (SI) é: ponsáveis pela mastigação)
Pescoço – permite a união da cabeça com o tronco atra-
a) Tempo, horas vés de músculos, ligamentos e por parte da coluna verte-
b) Força, Newtons bral onde situam-se as vértebras cervicais;
c) Comprimento, Milhas Tronco – possui uma estrutura óssea formada pela colu-
d) Temperatura, Fahrenheit na vertebral (vértebra torácicas, lombares, sacrais e o cóc-
e) Área, polegada quadrada cix), costelas e suas cartilagens, esterno, clavículas e escá-
pulas, ossos do quadril . O tronco divide-se em cavidade
torácica, abdômen e cintura pélvica;
Dois membros inferiores (MMII) – cada membro possui
GABARITO uma origem (quadril) e uma parte livre (coxa, perna e pé).
Entre a coxa e a perna situa-se o joelho, e entre a perna e
1 B o pé, o tornozelo. O pé é constituído pela parte plantar e
pelo dorso do pé;
2 A Dois membros superiores (MMSS) – cada membro pos-
3 B sui uma raiz que se liga ao tronco (ombro) e uma parte
livre (braço, antebraço e mão). Entre o braço e o antebraço
situa-se o cotovelo, e entre o braço e a mão o pulso. A mão
é formada pela parte palmar e dorso da mão.
NOÇÕES GERAIS DE ANATOMIA E
FISIOLOGIA HUMANAS.

Anatomia – É a ciência que estuda, macro e micros-


copicamente, a constituição e o desenvolvimento do or-
ganismo do homem. Especificamente, a anatomia (ana =
em partes; tomem = cortar) macroscópica é estudada pela
dissecção de peças previamente fixadas por soluções apro-
priadas.

Fisiologia humana – é o estudo das reações físicas e


químicas que ocorrem no organismo humano.

Conceito e variação anatômica normal:

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


As diferenças morfológicas podem apresentar-se ex-
ternamente ou internamente, sem que isso traga prejuízo
funcional aos indivíduos. Termos de posições e planos:
Fatores gerais de variações anatômicas:
Posição anatômica – é o corpo em posição ereta, com ca-
Idade – observam-se diferenças anatômicas nos diver- beça, olhos e a ponta dos dedos dos pés dirigidos para
sos períodos da vida intra ou extra-uterina; frente; MMSS estendidos ao lado do corpo, com as palmas
Sexo – os homens e as mulheres apresentam alguns ca- das mãos voltadas para frente.
racteres especiais; Posição que serve de referência para os movimentos.
Grupo étnico - compreende os grupamentos huma-
nos com caracteres físicos (internos e externos) comuns, a) Plano sagital – linha imaginaria que divide o corpo
fazendo-se distinguir as raças branca, negra, amarela e os nas regiões direita e esquerda.
mestiços; b) Plano transversal – linha imaginaria que divide o cor-
Biótipo – é o resultado dos caracteres herdados e dos po nas partes superiores e inferiores visíveis de cima
adquiridos por influência do meio ambiente. para baixo.
Evolução - com o decorrer do tempo, ocorrem diferen- c) Plano frontal – linha imaginaria que divide o corpo
ças morfológicas. nas partes ventral (anterior) e dorsal (posterior). Vi-
Divisão do corpo humano síveis de frente.
O corpo humano divide-se em:

19
2. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental –
UFES – 2009) A articulação do ombro é uma exemplo de
articulação:

a) fibrosa.
b) cartilaginosa.
c) sincondrose.
d) sinovial.
e) sínfise.

Resposta: Letra D
As articulações sinoviais realizam a comunicação entre
uma extremidade óssea e outra, garantindo-lhe movi-
mento, e são compostas de cartilagem que revestem as
extremidades ósseas, ligamentos, líquido sinovial, cáp-
sula articular.

Termos de posição: 3. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental –


UFES – 2009) No crânio predominam:
Medial – mais próximo do plano sagital;
Lateral – mais afastado do plano sagital; a) ossos longos.
Anterior ou ventral - mais próximo da frente do corpo; b) ossos sesamoides.
Posterior ou dorsal – mais próximo do dorso;
c) articulações fibrosas.
Superior – mais próximo da extremidade superior do
corpo; d) articulações sinoviais.
Inferior – mais próximo da extremidade inferior do cor- e) ossos curtos.
po;
Interno – mais próximo do centro de um órgão ou ca- Resposta: Letra C
vidade; Existem três tipos de articulações fibrosas: sutura, sin-
Externo – mais distante do centro de um órgão ou ca- desmose e gonfose. As suturas, que são encontradas so-
vidade; mente entre os ossos do crânio, são formadas por várias
Superficial – mais próximo da superfície do corpo; camadas fibrosas, sendo a união suficientemente íntima
Profundo – mais afastado da superfície do corpo . de modo a limitar intensamente os movimentos, embo-
ra confiram uma certa elasticidade ao crânio.
Constituição Do Corpo Humano
4. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental –
O corpo humano é composto por células, substâncias in-
UFES – 2009) A articulação do quadril:
tercelulares e fluídos. O conjunto de células com as mes-
mas propriedades forma o tecido. A reunião de vários teci-
dos forma um órgão, e a reunião de vários órgãos constitui a) é uma articulação cartilaginosa esferóide.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

um sistema. b) tem mobilidade reduzida.


c) apresenta discos articulares.
d) envolve o contato entre o osso do quadril e o fêmur.
e) é uma articulação fibrosa.
EXERCÍCIO COMENTADO
Resposta: Letra A
1. (Auxiliar de Anatomia e Necrópsia – Fundamental – É uma articulação do tipo esférica formada pela cabe-
UFES – 2009) O maior osso do corpo humano é: ça do fêmur e a cavidade do acetábulo. Os ligamentos
que formam essa articulação são: Cápsula Articular – A
a) O frontal. cápsula articular é forte e espessa e envolve toda a arti-
b) O escafóide.
culação coxofemoral.
c) O esfenóide.
d) A tíbia.
e) O fêmur.

Resposta: Letra E Localizado na coxa entre o quadril


e o joelho, o fêmur é o osso mais longo, volumoso e
resistente do corpo humano, além do mais, o fêmur é
constituído por uma diáfise (haste longa do osso), duas
epífises, extremidades alargadas por meio das quais se
articula proximalmente com o osso do quadril e distal-
mente com a patela e a tíbia.

20
NOÇÕES DE HISTOLOGIA DOS TECIDOS. EPITELIAL: DE REVESTIMENTO E GLANDULAR.
MUSCULAR: LISO E ESTRIADO. NERVOSO. CONJUNTIVO: SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL, FI-
BRAS COLÁGENAS, FIBRAS ELÁSTICAS, FIBRAS RETICULARES, TECIDO ADIPOSO, TECIDO
CARTILAGINOSO, TECIDO E SISTEMA RETÍCULO ENDOTELIAL.

Tecido Epitelial

A superfície externa do corpo e as cavidades corporais internas dos animais são revestidas por este tecido.
O tecido epitelial desempenha várias funções no organismo, como proteção do corpo (pele), absorção de substâncias
úteis (epitélio do intestino) e percepção de sensações (pele), dependendo do órgão aonde se localizam.
Os tecidos epiteliais ou epitélios têm células perfeitamente justapostas, unidas por pequena quantidade de material
cimentante, com pouquíssimo espaço intercelular. Os epitélios não são vascularizados e não sangram quando feridos. A
nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes em outro tecido, o conjuntivo, adjacente ao epitélio
a ele ligado. O arranjo das células epiteliais pode ser comparado ao de ladrilhos ou tijolos bem encaixados.

Disponível em: > www.todamateria.com.br/tecido-epitelial<

Os epitélios podem ser classificados quanto ao número de células:

• Quando os epitélios são formados por uma só camada de células, são chamados de epitélios simples ou uniestratifi-
cados (do latim uni, um, e stratum, camada).

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


• á os epitélios formados por mais de uma camada de células são chamados estratificados.
• Existem ainda epitélios que, apesar de formados por uma única camada celular, têm células de diferentes alturas, o que
dá a impressão de serem estratificados. Por isso, eles costumam ser denominados pseudo-estratificados.
Quanto à forma das células, os epitélios podem ser classificados em:
• Pavimentosos, quando as células são achatadas como ladrilhos;
• Cúbicos, quando as células tem forma de cubo, ou
• Prismáticos, quando as células são alongadas , em forma de coluna.

No epitélio que reveste a bexiga, a forma das células é originalmente cúbica, mas elas se tornam achatadas quando
submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão. Por isso, esse tipo de epitélio é de denominado, por alguns
autores, epitélio de transição.
Os tecidos epiteliais, também chamados epitélios, são classificados em dois tipos principais: epitélios de revestimento
e epitélios glandulares
Tipos de Tecido Epitelial
De acordo com a sua função, existem dois tipos de tecido epitelial: de revestimento e glandular. No entanto, pode haver
células com função secretora no epitélio de revestimento.

21
Tipos de tecido epitelial
Disponível em: > www.todamateria.com.br/tecido-epitelial<

Tecido epitelial de revestimento


AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Os epitélios são constituídos por uma ou mais camadas de células com diferentes formas, com pouco ou quase nenhum
fluido intersticial (substância entre as células) e vasos entre
Porém, todo epitélio está situado sobre uma malha glicoproteica denominada lâmina basal, que tem a função de pro-
mover a troca de nutrientes entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo adjacente.
De acordo com as camadas celulares, os epitélios podem ser classificados em:

• Epitélio Simples: são formados por uma única camada de células;


• Epitélio Estratificado: possuem mais de uma camada de células;
• Epitélio Pseudo-Estratificado: são formados por uma única camada de células, mas possui células de com alturas dife-
rentes, dando a impressão de ser estratificado.

O tecido epitelial da pele humana apresenta células bastante unidas, sendo este um epitélio estratificado.
Isso porque a função da pele é evitar a entrada de corpos estranhos no organismo, agindo como uma espécie de bar-
reira protetora, além de proteger contra o atrito, raios solares e produtos químicos.
Já o tecido epitelial que cobre os órgãos é simples, pois o tecido não pode ser tão espesso devido à necessidade de
trocas de substâncias.
Os epitélios também são classificados quanto à forma das células:

• Epitélio Pavimentoso: possui células achatadas;


• Epitélio Cúbico: as células apresentam-se em forma de cubo;WW• Epitélio Prismático: as células são alongadas, em
forma de coluna;

22
• Epitélio de Transição: a forma original das células é cúbica, mas ficam achatadas devido ao estiramento provocado
pela dilatação do órgão.

Tecido epitelial glandular

As células do tecido epitelial glandular possuem as mesmas características do epitélio de revestimento, no entanto, ao
contrário delas raramente são encontradas em camadas.
Portanto, suas células são muito unidas e geralmente dispostas em um única camada.
Os epitélios glandulares são tecidos com função secretora, que constituem órgãos especializados chamados glândulas.

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Disponível em: >www.todamateria.com.br/tecido-epitelial<

Formação do tecido epitelial

As células epiteliais secretoras são capazes de sintetizar moléculas, a partir de moléculas precursoras menores, ou mo-
dificá-las.
As células de secreção também podem estar isoladas entre as células do epitélio de revestimento, ou formando esse
epitélio. Por exemplo, revestindo a cavidade do estômago ou parte do aparelho respiratório.

As glândulas e o tecido epitélio granular

A maioria das glândulas do corpo humano são formadas a partir do epitélio glandular. Elas podem ser de dois tipos:
exócrinas ou endócrinas.
Nas glândulas endócrinas a ligação com o epitélio de revestimento deixa de existir, as células se reorganizam em folí-
culos (tireoide) ou em cordões (adrenal, paratireoide, ilhotas de Langerhans).
As glândulas exócrinas são formadas de duas partes: uma parte secretora (formada pelas células de secreção) e um
ducto excretor (composto de células epiteliais de revestimento).
O ducto lança as secreções dentro de cavidades internas (glândulas salivares) ou para o exterior do corpo (glândulas
sudoríparas e sebáceas).
Disponível em: > www.todamateria.com.br/tecido-epitelial< . Acesso em 07/01/2019

23
Tecido Muscular

As células do tecido muscular são denominadas fibras musculares e possuem a capacidade de se contrair e alongar.
A essa propriedade chamamos contratilidade. Essas células têm o formato alongado e promovem a contração muscular,
o que permite os diversos movimentos do corpo.
O tecido muscular pode ser de três tipos: tecido muscular liso, tecido muscular estriado esquelético e tecido muscular
estriado cardíaco.
O tecido muscular pode ser de três tipos: tecido muscular liso, tecido muscular estriado esquelético e tecido muscular
estriado cardíaco.

Tipos de tecidos musculares. Os pontos roxos são os núcleos das células musculares.
Disponível em: > www.todamateria.com.br/tecido-epitelial < . Acesso em 07/01/2019

O tecido muscular liso apresenta uma contração lenta e involuntária, ou seja, não depende da vontade do indivíduo.
Forma a musculatura dos órgãos internos, como a bexiga, estômago, intestino e vasos sanguíneos.
O tecido muscular estriado esquelético apresenta uma contração rápida e voluntária. Está ligado aos ossos e atua na mo-
vimentação do corpo.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Observe os inúmeros músculos que formam o nosso corpo.


Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

24
Tecido Nervoso • Corpo celular: nele se localizam o núcleo e as organe-
las, por exemplo, mitocôndrias.
O tecido nervoso é um tecido de comunicação, capaz • Axônio: é um prolongamento longo do corpo celular,
de receber, interpretar e responder aos estímulos. geralmente único, de espessura constante. É envolvi-
As células do tecido nervoso são altamente especializa- do por macroglias de dois tipos: Oligodendrócitos e
das no processamento de informações. Células de Schwann.
Os neurônios transmitem os impulsos nervosos e as cé- • Dendritos: são prolongamentos curtos do corpo ce-
lulas da glia atuam junto com eles. lular, com muitas ramificações que se afinam nas
pontas.
Função Podem ser de vários tipos e classificados da seguinte
maneira:
A função do tecido nervoso é fazer as comunicações • Segundo a forma: Neurônios Multipolares, Bipolares
entre os órgãos do corpo e o meio externo. e Unipolares
Tudo acontece de forma muito rápida. Através dos • Segundo a função: Neurônios Sensitivos, Motores e
neurônios, o sistema nervoso recebe estímulos, decodifica Integradores
as mensagens e elabora respostas.
Por exemplo: o frio (estímulo externo) é recebido pelos Células da Glia
receptores da pele, transmitido por neurônios sensitivos e
interpretado no sistema nervoso central. As células da glia, ou neuróglias, são muito mais nu-
merosas do os neurônios. Sua função é nutrir e proteger o
Células Nervosas sistema nervoso.
Além disso, ajudam na regulação das sinapses e trans-
As células do tecido nervoso podem ser de dois tipos: missão dos impulsos elétricos.
neurônios e células gliais. Existem dois tipos de células gliais, a saber:

• Microglias: protegem o sistema nervoso, agindo de


forma semelhante aos macrófagos.
• Macroglias: há quatro subtipos, cada uma com função
específica, ajudando na transmissão dos impulsos
nervosos. São elas: os astrócitos, os oligodendróci-
tos, os ependimócitos e as células de Schwann.

Características

O tecido nervoso constitui os órgãos do sistema nervo-


so, que pode ser classificado em dois:

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Sistema Nervoso Central

Representação de um neurônio e de células da glia. Ob-


serve o oligodendrócito que envolve o axônio neuronal

Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

Neurônios

Os neurônios transmitem informações através de me-


diadores químicos, os neurotransmissores, e de impulsos
elétricos.
Podemos identificar três regiões na maioria dos neurô-
nios, são elas:

25
Corte histológico do Cerebelo. Na parte central, em rosa, ficam os prolongamentos dos neurônios formando a substân-
cia branca. Na parte externa (córtex) ficam os corpos celulares, formando a substância cinzenta.

Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

Formado pelo encéfalo, que fica dentro da caixa craniana, e pela medula espinhal.
No cérebro e cerebelo, que compõem o encéfalo, os corpos celulares dos neurônios se concentram na região mais
externa (córtex) formando a substância cinzenta.
Os prolongamentos (axônios) formam a região mais interna chamada substância branca.
Enquanto que na medula espinhal, a substância branca é mais externa e a cinzenta é interna

Sistema Nervoso Periférico

Formado pelos nervos e gânglios. Os nervos são compostos de fibras nervosas.


As fibras, por sua vez, são constituídas pelos axônios e pelas células de Schwann, que os revestem.
Os gânglios são porções dilatadas dos nervos, onde se concentram corpos celulares dos neurônios.

Impulsos Nervosos e Sinapses

A transmissão do impulso nervoso é a forma de comunicação dos neurônios. Os impulsos são fenômenos de natureza
eletroquímica, uma vez que envolvem substâncias químicas e a propagação de sinais elétricos.
As sinapses ocorrem entre os prolongamentos dos neurônios (axônio de uma célula e dendritos da vizinha). Ocorrem
devido a substâncias químicas, os mediadores chamados neurotransmissores.
Os sinais elétricos geram um potencial de ação nas membranas dos neurônios, isso quer dizer, que há mudança de
cargas elétricas.

Disponível em:<www.todamateria.com.br>

Tecido Conjuntivo

Tecido Conjuntivo é um tecido de conexão, composto de grande quantidade de matriz extracelular, células e fibras.
Suas principais funções são fornecer sustentação e preencher espaços entre os tecidos, além de nutri-los.
Existem tipos especiais de tecido conjuntivo, cada um com função específica. Isso varia, principalmente, de acordo com a
composição da matriz e do tipo de células presentes.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

26
Representação dos tipos de tecidos
Tipos de Tecidos Conjuntivos

A classificação dos diferentes tecidos conjuntivos pode ser feita de acordo com o material e o tipo de células que o
compõem.
A matriz extracelular, que é a substância entre as células, tem consistência variável. Ela pode ser: gelatinosa (tecido con-
juntivo frouxo e denso), líquida (sanguíneo), flexível (cartilaginoso) ou rígida (ósseo).
Desse modo, pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito e em tecidos conjuntivos de propriedades es-
peciais, a saber: adiposo, cartilaginoso, ósseo e sanguíneo.

Tecido Conjuntivo Propriamente Dito

Tecido Conjuntivo Propriamente Dito


Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

Esse tecido, como o nome indica, é o típico tecido de ligação. Ele atua na sustentação e preenchimento dos tecidos e,
dessa forma, contribui para que fiquem juntos, estruturando os órgãos.
Sua matriz extracelular é abundante, composta de uma parte gelatinosa (polissacarídeo hialuronato) e três tipos de
fibras proteicas: colágenas, elásticas e reticulares.
Existem dois subtipos de tecido conjuntivo propriamente dito, classificados de acordo com a quantidade de matriz
presente, são eles:

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Tecido Conjuntivo Frouxo

É constituído de pouca matriz extracelular, com muitas células e poucas fibras.


Isso torna o tecido flexível e pouco resistente às pressões mecânicas. Algumas células são residentes, como os fibroblas-
tos e macrófagos e e outras são transitórias, como: linfócitos, neutrófilos, eosinófilos.
É encontrado pelo corpo todo, envolvendo órgãos. Além disso serve de passagem a vasos sanguíneos, sendo assim
importante na nutrição dos tecidos.

Tecido Conjuntivo Denso

Possui grande quantidade de matriz extracelular, com predominância das fibras colágenas, dispostas sem grande orga-
nização. Há poucas células presentes, entre elas osfibroblastos.
É encontrado abaixo do epitélio, na derme, conferindo resistência às pressões mecânicas, graças às suas muitas fibras.
Também é muito encontrado nos tendões.
Tecido Conjuntivo Adiposo
É um tipo de tecido conjuntivo de propriedades especiais. Sua função é de reserva energética e também proteção contra
o frio e impactos.
É constituído de pouca matriz extracelular, com quantidade considerável de fibras reticulares e muitas células especiais,
os adipócitos, que acumulam gordura.

27
Tecido Conjuntivo Cartilaginoso

Cartilagem Elástica
Disponível em :>www.sobiologia.com.br<

É composto por grande quantidade de matriz extracelular, no entanto, ela é mais rígida nesse tecido do que no conjun-
tivo propriamente dito. Isso ocorre devido à presença de glicosaminoglicanas associadas às proteínas, além de finas fibras
colágenas.
Nas cartilagens, constituídas desse tecido, estão presentes os condrócitos, células que ficam alojadas dentro de lacunas
na matriz.
Devido à sua consistência especial, o tecido cartilaginoso faz a sustentação de diversas regiões do corpo, mas com certa
flexibilidade.

Tecido Conjuntivo Ósseo


AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Tecido Ósseo onde estão presentes células jovens (osteoblastos) e maduras (osteócitos)

Disponível em :>www.sobiologia.com.br<
É um tecido mais rígido, presente nos ossos e responsável pela sustentação e movimentação.
É composto de abundante matriz extracelular, rica em fibras colágenas e moléculas especiais (proteoglicanas e glicopro-
teínas). A matriz é calcificada pela deposição de cristais (formados de fosfato de cálcio) sobre as fibras.
A célula especial do tecido, o osteócito, fica no interior de lacunas na matriz rígida. É uma célula madura originada dos
osteoblastos, células ósseas jovens.

Tecido Conjuntivo Sanguíneo

28
Células sanguíneas. A célula diferente é um eosinófilo, um tipo de leucócito entre hemácias
Disponível em :>www.sobiologia.com.br<
É um tecido especial cuja matriz se encontra no estado líquido. Essa substância se chama plasma, nele estão as células
sanguíneas: glóbulos vermelhos (hemácias) e glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas (fragmentos celulares).
O tecido hematopoiético ou hemocitopoiético é responsável pela formação das células sanguíneas e componentes do
sangue. Ele está presente na medula óssea, localizada no interior de alguns ossos.

Funções

Cada tipo de tecido conjuntivo possui tipos específicos de células e sua matriz extracelular contém diferentes moléculas
e fibras que determinam sua função.
• Preenche espaços entre os diferentes tecidos e estruturas;
• Participa na nutrição de células de outros tecidos que não possuem vascularização, uma vez que facilita a difusão dos
nutrientes, além de gases, entre o sangue e os tecidos;
• Reserva energética nas células adiposas;
• Atua na defesa do organismo através das suas células;
• Produz células sanguíneas na medula óssea.

Disponível em: <www.todamateria.com.br>.Acesso em 07/01/2019.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polícia Científica/PE – 2007) O reflexo patelar ou tendinoso ocorre
de forma involuntária. Este estado fisiológico ocorre pela atividade do sistema

a) nervoso autônomo.
b) receptor para a dor.
c) nervoso central.
d) muscular liso.
e) nervoso periférico.

Resposta: Letra A
Sistema nervoso autônomo ou sistema nervoso autónomo(também chamado sistema neurovegetativo ou sistema ner-
vosovisceral) é a parte do sistema nervoso que está relacionada ao controle da vida vegetativa, ou seja, controla funções
como a respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e digestão.

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


2. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polícia Científica/PE – 2007) A poluição sonora no ambiente e a
utilização de sons muito altos em fones de ouvido podem estabilizar a membrana timpânica e resultar em surdez. Sobre o
tímpano, ele está localizado, particularmente, no(a)

a) nervo acústico.
b) meato acústico externo.
c) ouvido médio.
d) aparelho vestibular
e) tuba auditiva.

Resposta: Letra C
A membrana do tímpano, chamado habitualmente apenas de tímpano, é um tecido semitransparente, elástico, com
forma cônica e elíptica, que mede de 0,1 mm de espessura, com 9 a 10 mm de diâmetro vertical, de 8 a 9 mm de diâme-
tro horizontal, e área de 75 mm2. Está situada entre a extremidade do meato acústico externo, por uma faixa de tecido
conjuntivo (ligamento Gerlach), formando uma fronteira entre a orelha externa e a orelha média, esticada obliquamente
ao longo do final do canal externo e com a sua face externa voltada inferior e anteriormente.

29
DENOMINAÇÃO DO SISTEMA ESTUDADO
ANATOMIA MACROSCÓPICA: REGISTRO,
DESCRIÇÃO, CORTES, ACONDICIONAMEN-
TO.

TECIDO - FUNÇÃO

A anatomia macroscópica pode ser estudada de duas


formas: (1) anatomia sistemática ou descritiva, que estuda
os vários sistemas separadamente e (2) anatomia topográ-
fica ou cirúrgica, que estuda todas as estruturas de uma
região e suas relações entre si. TIPOS DE ASSIMETRIA
ORIGEM EMBRIOLÓGICA
Os órgãos pares pode ser assimétricos quanto à forma
Quanto à origem, os órgãos podem ser classificados em ou quanto à posição.
homólogos ou análogos. Diz-se que dois órgãos são ho-
mólogos quando possuem a mesma origem embriológica ASSIMETRIA - EXEMPLOS
mas diferentes funções, como, por exemplo, os membros
superiores do homem e as asas dos pássaros. A analogia,
por sua vez, acontece quando dois órgãos tem funções se-
melhantes e diferentes origens embriológicas, como ocor-
re com os pulmões humanos e as guelras dos peixes.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

MÉTODOS DE ESTUDO

1. inspeção: analisando através da visão. A análise


pode ser de órgãos externos (ectoscopia) ou inter-
nos (endoscopia);
2. palpação: analisando através do tato é possível ve-
rificar a pulsação, os tendões musculares e as saliên-
cias ósseas, dentre outras coisas;
3. percussão: através de batimentos digitais na super- Embriologicamente, os órgãos ímpares são ditos anor-
fície corporal podemos produzir sons audíveis, que mais quando possuem distúrbios de crescimento ou de
ajudam a determinar a composição de órgãos ou es- deslocamento. Os distúrbios de deslocamento (distopias)
truturas (gases, líquidos ou sólidos); podem ser melhor compreendidos visualizando os seguin-
4. ausculta: ouvindo determinados órgãos em funcio- tes exemplos:
namento (Ex.: coração, pulmão, intestino); ABCD
5. mensuração: permite a avaliação da simetria corpo- *se um órgão, ao se deslocar de B para D, parar em C,
ral e de eventuais megalias; temos uma transposição. Exemplo: criptorquidia (descida
6. dissecção: consiste na separação minuciosa dos dife- incompleta do testículo);
rentes órgãos para uma melhor visualização; *se um órgão, ao se deslocar de B para D, for para A,
7. métodos de estudo por imagem: inclui o raioX, temos uma inversão. Exemplo: situs inversustotalis.
ecografia, ressonância nuclear magnética e tomogra-
fia computadorizada.

30
VARIAÇÕES ANATÔMICAS NORMAIS TERMOS DE RELAÇÃO ANATÔMICA

Existem algumas circunstâncias que determinam varia- Inferior ou caudal: mais próximo dos pés;
ções anatômicas normais e que devem ser descritas: Superior ou cranial: mais próximo da cabeça;
Anterior ou ventral: mais próximo do ventre;
1. idade: os testículos no feto estão situados na cavida- Posterior ou dorsal: mais próximo do dorso;
de abdominal, migrando para a bolsa escrotal e nela Proximal: mais próximo do ponto de origem;
se localizando durante a vida adulta; Distal: mais afastado do ponto de origem;
2. sexo: no homem a gordura subcutânea se deposita Medial: mais próximo do plano sagital mediano;
principalmente na região tricipital, enquanto na mu- Lateral: mais afastado do plano sagital mediano;
lher o depósito se dá preferencialmente na região Superficial: mais próximo da pele;
abdominal; Profundo: mais afastado da pele;
3. raça: nos brancos a medula espinhal termina entre a Homolateral ou ipsilateral: do mesmo lado do corpo;
primeira e segunda vértebra lombar, enquanto que Contra-lateral: do lado oposto do corpo;
nos negros ela termina um pouco mais abaixo, entre Holotopia: localização geral de um órgão no organis-
a segunda e a terceira vértebra lombar; mo. Ex.: o fígado está localizado no abdômen;
4. tipo morfológico constitucional: é o principal fator Sintopia: relação de vizinhança. Ex.: o estômago está
das diferenças morfológicas. Os principais tipos são: abaixo do diafragma, a direita do baço e a esquerda do
4.a- longilíneo: indivíduo alto e esguio, com pescoço, fígado;
tórax e membros longos. Nessas pessoas o estôma- Esqueletopia: relação com esqueleto. Ex.: coração atrás
go geralmente é mais alongado e as vísceras dispos- do esterno e da terceira, quarta e quinta costelas;
tas mais verticalmente; Idiotopia: relação entre as partes de um mesmo órgão.
4.b- brevilíneo: indivíduo baixo com pescoço, tórax e Ex.: ventrículo esquerdo adiante e abaixo do átrio esquer-
membros curtos. Aqui as vísceras costumam estar do.
dispostas mais horizontalmente;
4.c- mediolíneo: características intermediárias. A macroscopia é um procedimento realizado, obrigato-
riamente pelo patologista, médico ou dentista, e marca a
PLANOS ANATÔMICOS primeira etapa do exame histopatológico de peças de ne-
cropsia, peças cirúrgicas e biópsias incisionais ou excisio-
O corpo humano é dividido por três eixos imaginários: nais. Antes de iniciar o procedimento, todo o instrumental
a ser utilizado deve estar disponível na bancada. Constitui
1. o eixo vertical ou longitudinal, que une a cabeça aos o instrumental básico para realização da macroscopia: pin-
pés, classificado como heteropolar; ça anatômica, lâmina de bisturi, navalha de microtomia e
2. o eixo de profundidade ou ântero-posterior, que une facas de diferentes tamanhos com lâmina reta; tábua de
o ventre ao dorso, classificado como heteropolar; apoio; luvas de látex; cassetes; lápis; borracha; caneta; ré-
3. o eixo de largura ou transversal, que une o lado direi- gua de metal; apoio de fundo preto fosco para documen-
to ao lado esquerdo, classificado como homopolar. tação fotográfica; régua para documentação fotográfica
No momento em que projetamos um eixo sobre (preferencialmente branca); papel filtro já cortado. Antes

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


outro temos um plano. Existem quatro planos prin- de iniciar a análise macroscópica, são etapas indispensá-
cipais: veis:
1. o plano sagital, formado pelo deslocamento do eixo 1. Conferir os dados referentes ao frasco e a requisição.
ântero-posterior ao longo do eixo longitudinal; 2. Verificar as condições de acondicionamento e fixação
2. o plano sagital mediano, formado pelo deslocamento do material.
do eixo ântero-posterior ao longo do eixo longitu- 3. Preparar todo o ambiente e instrumental necessário
dinal na linha mediana, dividindo o corpo em duas à realização da macroscopia, antes de iniciar o pro-
metades aparentemente simétricas, denominadas cedimento.
antímeros; 4. Iniciada a análise, o material examinado deve ficar
3. o plano transversal ou horizontal, formado pelo des- fora do fixador o menor tempo possível. O material
locamento do eixo de largura ao longo do eixo ân- não deve ser submetido a nenhum tipo de secagem
tero-posterior. Uma série sucessiva de planos trans- (gaze, secagem ao ar, etc). O material pode ser la-
versais divide o corpo em segmentos denominados vado em água corrente para redução da exposição
metâmeros; ao formol, devendo permanecer imerso na água nos
4. o plano frontal ou coronal, formado pelo desloca- casos de rápidas interrupções do procedimento.
mento do eixo de largura ao longo do eixo longitu- 5. Todo material cortante deve estar muito bem afiado.
dinal, dividindo o corpo em porções chamadas de
paquímeros. A documentação escrita da análise macroscópica é
obrigatória, fazendo parte do laudo do exame histopato-
lógico, devendo ser feita preferencialmente no verso da
requisição e/ou em folha anexa. É importante lembrar que

31
a documentação manuscrita, feita à caneta, é o único do- • Se o material em avaliação é produto de uma biópsia
cumento inquestionável da realização do procedimento, com bisturi e mede em sua largura 0,4 mm ou mais,
podendo ser substituído por gravação ou digitação reali- ele deve ser seccionado ao meio no maior eixo do
zada por terceiro, sendo, neste caso, fundamental conferir fragmento e deve-se indicar no mapa de clivagem o
a descrição e assinar. A descrição, embora de formato livre, cuidado com a inclusão e, se necessário, a face opos-
segue algumas normas consensuais internacionais, sendo ta ade inclusão deve ser pintada com nanquim (ano-
realizada, preferencialmente, em seqüência padronizada. tar isto no mapa de clivagem)
Via de regra inicia-se a descrição dos aspectos gerais do • Se material em avaliação é produto de uma biópsia
material e, numa segunda etapa, dos aspectos específicos excisional, deve-se sempre planejar a clivagem de
(descrição detalhada da lesão): modo a possibilitar a avaliação das margens cirúrgi-
cas, ainda que em suspeita de lesão benigna. Aqui,
1. Identificação do material: quantidade (por extenso) obrigatoriamente, a face de inclusão (margem ci-
de fragmentos (para retirada parcial da lesão meno- rúrgica)deve ser pintada com nanquim(preferencial-
res que 2,0 cm), segmentos (retirada parcial da lesão mente preto)
igual ou maior que 2,0 cm), peça cirúrgica (retirada
total da lesão).
2. Forma: redondo, esférico, oval, retangular, losangular, FIQUE ATENTO!
cilíndrico, cônico, papilar, digitiforme, nodular, irre- Um desenho esquemático da(s) lesão(ões),
gular. bem como da área de clivagem deve acompa-
3. Medida: comprimento x largura x altura, em mm ou nhar o laudo manuscrito. Ao terminar a descri-
cm. ção macroscópica, deve-se indicar o número
4. Cor: branco, amarelo claro, amarelo-alaranjado, ver- do cassete e de fragmentos contidos em cada
de claro, verde escuro, pardo claro, pardo escuro, um, bem como a referência se foi tudo incluído
preta, vermelha, laranja, café, marron...Evitar vícios ou se permaneceu reserva do material. Como
tipo brancacenta, amarronzada, amarelada. cada cassete irá originar um bloco, a identifica-
5. Consistência: líquida, pastosa, friável, mole, cística, ção se faz do seguinte modo:
elástica, firme, firme-elástica, pétrea. Não esquecer de assinar e datar a descrição
6. Superfície externa ou de corte: homogênea, hetero- macroscópica, preencher o mapa de clivagem
gênea, granulosa, lisa, áspera, microgranular, ma- com cópia e entregar na técnica histológica
crogranular, lobular (para tecidos cuja arquitetura para o processamento. A requisição deve per-
normal é em lóbulos – glândula salivar, adiposo), es- manecer na sala de macroscopia, na prancheta
picular, sólida, cavitária, projeções digitiformes, cap- específica. Deixar o material utilizado para ser
sulada, septada. adequadamente lavado pelo técnico ou, na
7. Descrição da lesão identificável: seguir os mesmos ausência no mesmo, proceder a lavagem ade-
itens acima descritos. - Quando o produto da biópsia quada de todo o material e bancada.
é constituído por mais de um material a descrição
será única quando os fragmentos forem semelhan- Exemplo de descrição de uma biópsia incisional de le-
tes, sendo então diferenciados pelo tamanho (má- são ulcerada:
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ximo de três) ou pelo maior e menor e medida do


conjunto. Quando forem diferentes, procede-se a MACROSCOPIA:
descrição de cada um separadamente. - No caso da
existência de duas ou mais biópsias do mesmo pa- Um fragmento elíptico de tecido pardo e elástico, me-
ciente, devidamente identificadas na requisição, de- dindo 1,0 x 0,6 x 0,2 cm, parcialmente recoberto por mu-
ve-se realizar as descrições separadas e identificadas cosa pardo-claro e lisa, exibindo depressão em uma das
de acordo com a indicação da requisição, por exem- metades, delineada por margem levemente sobrelevada,
plo: 1 – mucosa jugal, 2 – língua; ou 1 – fragmento medindo 0,5 x 0,4 cm, com B1 2F TI ou CR Número do cas-
maior, 2 – fragmento menor. Sempre lembrando que sete/bloco parafinado Número de fragmentos no cassete
a descrição é um documento de valor legal e que o Tudo Incluído Com Reserva Exemplos de clivagem com li-
que sempre deve predominar é o bom senso. mites cirúrgicos fundo granuloso e pardo-escuro. Ao corte,
observa-se superfície homogênea, pardo-claro e elástica.
Clivagem Processamento técnico
A observação de tecidos ou órgãos ao microscópio óti-
A melhor clivagem é aquela que contempla: a maisam- co exige que eles sejam cortados em fatias muito finas e
pla visibilidade do material em exame pelo patologista, a corados. O processamento destes tecidos é constituído por
melhor inclusão do material e a melhor microtomia. várias etapas.
Após a clivagem, o material é colocado nos cassetes
• Se o material em avaliação é produto de um puch identificados e encaminhados à técnica histológica, onde
igual ou maior que 0,5 mm ele deve ser seccionado são colocados do processador de tecidos (histotécnico)
ao meio, longitudinalmente. onde ocorrerá a desidratação, clarificação e impregnação

32
do tecido. A desidratação habitualmente é realizada por Observações:
meio de banhos sucessivos de álcool (etanol) que retiram a
água do tecido. Após a desidratação procedemos à clarifi- 1. Ao executar a macroscopia, procure observar se exis-
cação, em que o tecido é submetido a banhos em xilol, que te algum fragmento pétreo, mesmo se diminuto. Este
retiram o álcool. Finalmente procedemos à impregnação NÃO poderá seguir o processamento sem ser sub-
metido à descalcificação.
em parafina, onde o xilol é substituído por parafina quente
2. Fragmentos ósseos maiores que 0,4 cm devem ser
(60oC). Após a impregnação, os cassetes são retirados do seccionados ao meio tão logo o processo de des-
histotécnico e levados para a central de inclusão em para- calcificação permita. Isto reduzirá o tempo de des-
fina. A inclusão é feita a partir da colocação do fragmento calcificação e, principalmente, irá diminuir o tempo
impregnado por parafina num molde de inox, que é preen- de exposição da parte externa do tecido ao descal-
chido por parafina líquida (60oC) e coberto com a base do cificador.
cassete contendo a identificação do material. 3. A requisição do exame deverá ser duplicada (xerox ou
Todo este processamento visa a tornar o tecido sufi- manuscrito). Uma (original) segue o fluxo habitual,
cientemente firme para que possa ser seccionado em finas com uma observação manuscrita no alto e à direi-
fatias para ser observado ao microscópio. O processamen- ta: material no descalcificador ou material para ser
descalcificado. A cópia permanece na caixa própria
to para microscopia eletrônica segue o mesmo fundamen-
para requisições de materiais em processo de des-
to, porém utiliza substancias químicas diferentes para a calcificação.
desidratação e clarificação e a inclusão é feita em resina
plástica (Araldite ou outra).
O corte histológico é feito no micrótomo. Nele cortes EXERCÍCIO COMENTADO
geralmente com 4-5  (micra) de espessura são obtidos,
distendidos em um banho-maria histológico, colocados 1. (Auxiliar de Carro Fúnebre - Polícia Científica/PE –
sobre uma lâmina de vidro, desparafinizados, re-hidratados Fundamental - UPENET/IAUPE – 2007) Os cabelos e as
e corados. Depois da coloração, que rotineiramente é feita unhas são anexos ou acessórios importantes em nosso cor-
pela hematoxilina e eosina (HE), o material é novamente po, e o tecido responsável por sua formação é o
desidratado, clarificado e montado com uma lamínula e
a) epitelial, porque protege a pele.
bálsamo do Canadá ou equivalente. O bálsamo do Canadá b) conjuntivo, porque reúne várias glândulas, como as su-
tem índice de refração semelhante ao do vidro, servindo doríparas e as sebáceas na derme, situando-se, logo aci-
como uma “cola invisível” entre lâmina e lamínula. A feitura ma, a epiderme.
das lâminas histológicas é um processo que requer habili- c) adiposo, porque fornece gordura lubrificante para a pele
dade, paciência e capricho do técnico responsável, além de e para os cabelos.
exigir material de boa qualidade e equipamento de custo d) nervoso, porque as respostas às agressões externas são
relativamente alto. sentidas primeiramente na pele.
O micrótomo e a inclusão em parafina não são métodos e) sangüíneo, porque há necessidade de se manter a tem-
adequados para tecidos duros, que necessitam de inclusão peratura corporal.
em resina e micrótomo específico. Deste modo, é necessá-
Resposta: Letra B
rio submeter todos os fragmentos ósseos ou ósseo-carti- São formados por células epidérmicas quaternizadas,
laginosos à descalcificação. O produto a ser utilizado pode mortas e compactadas. Na base da unha ou do pelo há

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


variar em cada serviço, sendo o óxido nítrico o mais utili- células que se multiplicam constantemente, empurran-
zado. do as células para cima. Acumulam queratina morrem e
compactam-se originando a unha ou pelo. O pelo está
Instruções: ligado ao músculo eretor que permite a movimentação
e a uma ou mais glândulas sebáceas, que são encarre-
1- Submeter o tecido ao descalcificador em no máximo gadas de se lubrificarem. A derme, localizada imediata-
8 horas, sendo que, conforme tamanho e concentra- mente na epiderme é um tecido conjuntivo que contém
fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervo-
ção de cálcio no fragmento, o tempo pode variar de
sas, órgãos sensoriais e glândulas.
2 - 8 horas ou mais. Neste caso, nunca deixe o frag-
mento no descalcificador durante a noite. Lavar com 2.(Auxiliar de Carro Fúnebre - Polícia Científica/PE
água e deixar no álcool 70%. No dia seguinte lavar – Fundamental - UPENET/IAUPE – 2007) O baço é um
com água novamente e iniciar o processo. órgão muito importante para a manutenção das células
2- Teste os fragmentos com alfinete ou lâmina de bis- vermelhas do sangue, ou seja, das hemácias, porque ele
turi. Se, ao penetrar no tecido, perceber um “ranger” realiza freqüentemente a
revelando textura vítrea, continue o processo.
3- Concluído o processo de descalcificação, lave em a) remoção de resíduos e de nutrientes do plasma sangüí-
água corrente por uma hora. Se houver reserva do neo.
material, conserve-o em formol à 10%. b) destruição dos eritrócitos.
c) digestão de microorganismo.
d) coagulação no sangue.
e) destruição de células de defesa do corpo.

33
Resposta: Letra D No caso do paciente inconsciente
O baço é um pequeno órgão que está localizado na
parte superior esquerda do abdômen e que é muito - posicioná-lo sobre as costas ajoelhar acalvagado pelas
importante para filtrar o sangue e remover os glóbulos coxas do paciente voltado para a ca¬beça comprimir
vermelhos lesionados, assim como produzir e armazenar o abdômen de forma rápida com o punho.
células brancas para o sistema imune.
- retirada com o dedo: abrir a boca do paciente segu-
3.(Auxiliar de Carro Fúnebre - Polícia Científica/PE – rando toda a sua língua introduzir o dedo indicador
Fundamental - UPENET/IAUPE – 2007) As hemácias são
sobre a boca.
células sangüíneas, responsáveis pelo transporte de gases
respiratórios. A produção desses elementos figurados do
sangue ocorre na(o) Assistência em hemorragias

a) linfa. Externa: Aplique compressão direta na veia do pacien-


b) bile. te; aplique curativo compressivo; eleve a parte lesada para
c) medula óssea vermelha. interromper o sangramento; puncionar veia de grosso cali-
d) trato gastrointestinal. bre para reposição de sangue e soro.
e) coração e nos vasos sangüíneos.
Interna: Administre sangue de acordo com a prescri-
Resposta: Letra C ção; monitorize as respostas hemodinâmicas do paciente;
O processo de produção de hemácias, denominado eri- mantenha o pa¬ciente em posição supina ate melhora do
tropoiese, ocorre na medula óssea vermelha e é regula- quadro; obtenha sangue arterial para monitorar gasome-
do pela eritropoietina, um hormônio produzido nos rins tria; caso for procedimento cirúrgico imediatamente pre-
em indivíduos adultos. A hipóxia (baixa concentração de parar para cirurgia; não esquecer que antes da aplicação
oxigênio) é uma grande estimuladora da produção des- do sangue e plasma submeter o paciente a prova cruzada.
se hormônio.
Choque hipovolêmico: Proporcionar assistência ven-
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA E PRIMEI- tilatória; Restaurar o volume sanguíneo circulante; Leituras
ROS SOCORROS. contínuas de pressão arterial; Mantenha a pressão sanguí-
nea sistólica; Mantenha a vigilância constante de enferma-
gem; Os pacientes de choque séptico devem ser mantidos
Urgência: Quando há uma situação que não pode ser frios, devido a febre alta.
adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver
demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Na medici- Ferimentos: Retire os pelos em torno do ferimento;
na, ocorrências de caráter urgente necessitam de tratamen- com exceção das sobrancelhas; limpe em torno da ferida
to médico e muitas vezes de cirurgia, contudo, possuem com a solução indi¬cada; pois limpando dentro a solução
um caráter menos imediatista. Esta palavra vem do verbo poderá ser nociva caso haja exposição de tecidos; ajude o
“urgir” que tem sentido de “não aceita demora”: O tem- médico a limpar e debridar o ferimen-to; auxilie o médico
po urge, não importa o que você faça para tentar pará-lo. na sutura; aplique um curativo não aderente para prote-
Estado grave, que necessita atendimento médico, embora
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ger a ferida; administre tratamento bacteriano de ataque


não seja necessaria¬mente urgente. Exemplos: contusões prescrito; ministre profilaxia contra tétano para proteger o
leves, entorses, hemorragia classe I, etc. paciente; oriente o paciente a contactar com o médico e
procurar o serviço de saúde no caso de dor súbita persis-
Emergência: Quando há uma situação crítica ou algo tente, febre, hemorragia ou sinais de mau cheiro, secreção
iminente, com ocorrência de perigo; incidente; imprevisto.
ou vermelhidão em torno da ferida.
No âmbito da medicina, é a circunstância que exige uma
cirurgia ou intervenção médica de imediato. Por isso, em
algumas ambulâncias ainda há “emergência” escrita ao Feridas abdominais penetrantes: Inspecionar o local
contrário e não “urgência”. Estado que necessita de en- para verificação de lesões penetrantes; auscultar verifican-
caminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o do ausência ou presença de traumatismo; avaliar progres-
momento em que a vítima é encontrada e o seu encami- são da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, rigidez
nhamento deve ser o mais curto possível. Exemplos: he- muscular e hiperestesia de rebote, hiperestesia, e diminui-
morragias de classe II, III e IV, etc. ção do peristaltismo intestinal; registrar todos os sinais físi-
cos à medida que o paciente for examinado.
Obstrução das vias aéreas por corpo estranho:
Cuidados Emergenciais: Restauração das vias aéreas;
No caso do paciente consciente: fique por traz do pa- manter o paciente na maca, já que o movimento pode
ciente e envolva a cintura da seguinte forma: coloque o causar fragmentação de um coágulo em um grande vaso
polegar na barriga do paciente contra o abdômen do pa- e produzir hemorragia maciça; caso o paciente esteja co-
ciente na linha media comprima com o punho o abdômen matoso, imobilizar o pescoço; retirar a roupa de cima do
do paciente, cada pressão deve ser separada e distinta. ferimento; contar o n° de ferimentos; localizar a entrada e

34
saída dos ferimentos; avaliar a presença de hemorragias; o paciente; Avaliar sinais de choque e hemorragias; Manu-
cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos estéreis de sear a parte afetada o mínimo possível; Transportar o pa-
soro fisiológico para prevenir o ressecamento das vísceras; ciente com segurança; Administrar analgésicos prescritos.
controlar a he¬morragia até que recupere e possa ser feita
a cirurgia; aspirar conteúdos gástricos pois previne compli- Emergências de Temperatura: Internação: Causada
cações pulmonares; introduzir cateter uretral para avaliar por insuficiente mecanismo de regulação de calor; Pes-
débito urinário e presença de hematuria; suspender inges- soas de riscos as não acostumadas com calor excessivos;
tão de líquidos pela boca, prevenindo o aumento da peris- Remover a roupa do paciente; Reduzir a temperatura cen-
talse e vômitos; no caso de ferimentos produzido por arma tral interna; Usar lençóis frios; Massa¬gear o paciente pro-
branca preparar para sinografia para detectar penetração movendo a circulação e mantendo vasodilatação cutânea;
perito¬neal; administrar profilaxia contra tétano; adminis- Colocar aparelho de ventilação para resfriar o paciente;
trar antibiótico de largo espectro prescrito; preparar o pa- Monitorizar a temperatura do paciente de forma constan-
ciente para procedimento cirúrgico caso ocorra, hemorra- te; Monitorizar cuidadosamente sinais vitais; Administrar
gia, ar sobre o diafragma, evisceração ou hematuria; oxigênio para suprir a as necessidades teciduais; Iniciar in-
fusão prescrita; Medir o débito urinário a complicação da
Contusão Abdominal: Iniciar método de ressuscitação; internação e a necrose tubular; Administrar tratamento de
efetuar avaliação física constante; observar a presença de suporte prescritos: diuréticos, anticonvulsivante, potássio
presença de hi¬perestesia, rigidez, espasmos, observe o para hipocalemia; Continuar a monitorização com ECG;
aumento da distensão abdominal; ausculte ruídos perito- Admitir o paciente em UTI, pois pode ocorrer lesão perma-
niais; monitorize frequente sinais vi¬tais; avalie complica- nente no fígado.
ções imediatas: como hemorragias, choques e lesões as-
sociadas; encaminhe solicitação de exames laboratoriais; Lesões pelo frio: Eritema pernio: Traumatismo recor-
encaminhe para exames radiográficos; coloque sonda na- rente a exposição a baixas temperaturas que provoca um
sogástrica para prevenir vômitos e consequentes aspira- verdadeiro con¬gelamento dos líquidos teciduais e das cé-
lulas e dos espaços celulares; Não permita que o paciente
ções de secreção;
deambule, caso o eritema seja de extremidades; Remova as
roupas para evitar compressão; Reaqueça as extremidades
Esmagamentos: O controle do choque sistêmico cons-
com calor rápido e controlado; Administre profilaxia con-
titui prioridade de tratamento; Controlar o choque; Ob-
tra o tétano; Eleve a parte afetada para controlar o edema;
servar a presença de comprometimento renal; Imobilizar
Efetue exame físico e restaure o equilíbrio hidroeletrolítico;
os grandes esmagamentos de parte mole; Elevar as extre-
Proteja a parte aquecida e não estore as bolhas que forma-
midades para aliviar a pressão dos líquidos extravasados; rem; Encoraje a mobilização;
Administrar medicações para dor e ansiedade prescritas,
encaminhar a cirurgia, observar presença de choques; Mo- Hipotermia Acidental: É um estado de temperatura
nitorar os sinais vitais do paciente; Administrar plasma e interna de 35°, ou menos por exposição ao frio; Monitorar
sangue prescritos; sinais vitais; Monitorar temperatura interna; Tratamento de
suporte e reaquecimento.
Traumatismos Múltiplos: Efetuar um exame físico
simplificado, para determinar sangramento, parada respi- Reação Anafilática: Em presença de edema glótico:
ratória, ou choque; Iniciar ressuscitação; Observar aspecto incisão na membrana cricotireóidea para liberar via aérea;

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


e assimetria da movimentação da parede torácica e padrão Proceder respi¬ração cardiorespiratória; Administre epine-
da respiração; Ventilar o paciente prevenindo a hipóxia; In- frina prescrita; Inicie infusão e medicamento para reversão
troduzir cânula evitando orofaríngea evitando oclusão pela de efeito; Avalie e monitorize sinais vitais; Administre oxi-
língua; Avaliar a função cardíaca; Puncionar veia calibrosa gênio; Caso o paciente esteja com convulsões administre
e iniciar administração de sangue, derivados e eletrólitos; medicamento anticonvulsivante;
Controlar a hemorragia; Prevenir e tratar o choque hipovo-
lêmico; Introduzir cateter uretral de demora, e monitorizar Envenenamento: Controlar vias áreas; Avaliar a fun-
débito cardíaco; Avaliar presença de traumatismo de pes- ção cardiovascular; Administrar oxigenoterapia; Monitorar
coço; Avaliar a presença de traumatismo de crânio; Imobi- débito cardíaco; Procurar determinar qual o veneno para
lizar fraturas evitando traumatismo maior de partes moles; estabelecer antídoto; Monitorar estado neurológico; Ob-
Preparar para laparotomia caso o paciente mostre sinais ter amostra de sangue para dosar a concentração do ve-
contínuos de hemorragias e piora; Mobilizar a cada hora o neno; Puncionar veia calibrosa; Administrar tratamento de
débito urinário; Administrar tratamento contra tétano. suporte; Monitorize equilíbrio hidroeletrolítico; Lava¬gem
gástrica para paciente obnubilado; Monitorize e trate com-
Fraturas: Dar imediata atenção ao estado geral do pa- plicações.
ciente; Avaliar presença de dificuldade respiratórias; Pre-
para para traque¬ostomia, caso necessário; Administrar Queimaduras Químicas: Lavar a pele com água cor-
sangue e hemoderivados e eletrólitos, prescrito; Manter rente; Aplicar lavagens prolongadas com água morna;
controle de sinais vitais constantes; Avaliar déficits neuro- Caracterizar para tratamento correto verificar o tipo de
lógicos; Administrar oxigenação prescrita; Aplicar curativo substancia que causou o envenenamento; Tratamento ade-
estéril em fratura exposta; Imobilizar antes de movimentar quado para queimadura.

35
Acidentes com animais peçonhentos: Determinar se a responder, cheque a respiração através da observação do
cobra é venenosa ou não; Determinação do local e circuns- tórax, se há elevação do tórax em menos de 10 segundos.
tancias; Moni¬torização de sinais vitais; Proceder a trata- Se a vítima tem respiração, permaneça ao seu lado e obser-
mento de suporte antes de proceder a aplicação de soro; ve a sua evolução. Se achar necessário chame ajuda. Caso
Solicitar exames laboratoriais; Não usar gelo torniquete ou a vítima não tenha respiração ou estiver somente com gas-
heparina; Raramente e indicada a limpeza cirúrgica; Obser- ping (respiração agonizante), chame ajuda imediatamente.
var o paciente nas primeiras 6h, constantemente;
Chame Ajuda
Intoxicação alimentar: Determinar a fonte da intoxica-
ção; Presença de sinais neurológicos; Dar suporte respira- Em um ambiente fora do hospital, ligue para a emer-
tório; Corrigir e controlar a hipoglicemia. gência (Sistema de Atendimento Móvel de Saúde – SAMU
192). Se estiver sozinho no atendimento, peça para uma
pessoa chamar ajuda, enquanto continua prestando as-
Parada Cardiorrespiratória
sistência. A pessoa que ficou responsável por ligar para
o Serviço Médico de Urgência deverá ter condições de
A parada cardiorrespiratória pode ser entendida como
responder as perguntas como a localização do incidente,
uma condição de emergência severa no qual há uma in- condições da vítima, tipo de atendimento que está sendo
terrupção das atividades respiratórias e circulatórias. A in- prestado e o que já foi realizado, etc.
tervenções de emergência visam restabelecer a circulação Se por ventura, o socorrista estiver sozinho, sem nin-
sanguínea e a oxigenação.O suporte Básico de Vida são guém por perto, e a vítima está em arada cardiorrespira-
medidas de primeiros socorros para pacientes em parada tória por hipóxia (trauma, overdose de drogas e crianças),
cardio respiratória fora do ambiente hospitalar. o socorrista deverá primeiro fazer 5 ciclos de ressuscitação
cardiopulmonar “RCP” e só depois chamar ajuda.
Suporte básico de vida
Cheque o Pulso
Em uma situação de parada cardiorrespiratória fora da
Unidade de Saúde devemos utilizar o Suporte Básico de Caso a vítima não apresenta respiração, cheque o pulso
Vida através de seus passos chamados de “CABD primário“, carotídeo em menos de 10 segundos:
em que:
• Vítima apresenta pulsação – faça ventilação a cada 5
• “C” significa Checar se a vítima responde e se há respi- a 6 segundos, mantendo uma frequência de 10 a 12
ração, Chamar por ajuda, Checar pulso, realizar Com- ventilações por minuto. Cheque o pulso a cada 2 mi-
pressões (30 compressões); nutos.
• “A” significa Abertura de vias aéreas; • Vítima não apresenta pulsação ou está em dúvida –
• “B” significa Boa ventilação (realizar 2 ventilações); Inicie cilos de compressões e ventilações (30 com-
• “D” significa Desfibrilação. pressões por 2 ventilações).

Sequência Completa de Atendimento a uma Vítima em Inicie Ciclos de 30 compressões seguidas por 2 Venti-
Parada cardiorrespiratória lações
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Caso haja ausência de pulso e respiração, inicia-se as


Segurança do Local
compressões torácicas seguidas de 2 ventilações.
A primeira decisão a tomar quando encontrar uma ví-
Procedimento Adequado de Compressões Torácicas
tima em parada cardiorrespiratória fora da unidade hospi-
talar é avaliar a segurança do local. Deve haver segurança Para reverter a parada cardiorrespiratória é fundamen-
tanto para a vítima quanto para o socorrista. Caso o local tal realizar as compressões torácicas de forma correta. Para
seja de risco, o socorrista deverá primeiro garantir a segu- realizar as compressões torácicas:
rança antes de iniciar as manobras de suporte básico de
vida. Ex.: Se a vítima encontra-se em um prédio em desmo- Posicione ao lado da vítima. Mantenha seus joelhos
ronamento, o socorrista deverá retirar a vítima deste local; com certa distância um do outro de forma que dê uma
Caso a vítima esteja no trânsito, o socorrista deverá primei- melhor estabilidade;
ro tornar o local seguro (sinalizando de forma a desviar ou
parar o trânsito) ou remover a vítima para um local seguro. Afaste as roupas, ou se tiver tesoura, corte as roupas
Depois de garantir a segurança, prosseguir o atendimento. que cobrem o tórax deixando essa região desnuda;

Avaliar a Responsividade e a Respiração da Vítima Posicione-se: Coloque a região hipotênar de uma mão
sobre o esterno da vítima e coloque a outra mão sobre
Chamar a vítima, se ela não responder, aplique conta- a primeira, de forma a entrelaça-las. Estenda os braços e
to físico. Caso a vítima responda, apresente-se e converse posicione formando um ângulo de aproximadamente 90ºC
com ela indagando se precisa de ajuda. Se a vítima não acima da vítima;

36
Faça compreensões com uma frequência, de no míni- Obstrução das vias aéreas por corpo estranho
mo, 100 compressões por minuto. A compressão deverá (Ovace)
realizar uma profundidade de, no mínimo, 5 cm. Permita
que o tórax volte á posição normal antes de realizar a pró- A obstrução de vias aéreas por corpo estranho é bas-
xima compressão; Atente-se para minimizar interrupções tante comum em nosso cotidiano, podendo ocorrer duran-
das compressões; te o almoço, brincadeiras entre crianças, churrasco entre
amigos, dentre outros.
Observação: Importante reversar com outro socorrista, O reconhecimento precoce é fator determinante para o
a cada 2 minutos, para evitar o cansaço e compressões de tratamento e evolução satisfatória do quadro.
má qualidade. Podemos encontrar obstrução leve da via aérea quando
o cliente tem troca gasosa, está consciente, consegue tossir
Ventilações e apresentar chiados no peito quando respira. Nesse caso,
encorajar a pessoa a tossir para expelir o corpo estranho,
As ventilações deverão ocorrer apenas após as 30 com- acompanhando sua evolução. Caso a obstrução da via aé-
pressões. Deve-se realizar 30 compressões para 2 ventila- rea se torne grave, a troca gasosa pode estar insuficiente
ções com duração de 1 segundo cada e oferecer quantida- ou ausente. A pessoa pode não conseguir tossir, ruídos res-
de de ar que promova a elevação do tórax da vítima. piratórios podem ser percebidos ou estar ausente, a pele
Além disso, antes de iniciar as compressões e ventila- fica cianótica e não consegue falar nem respirar. Nesse
ções, será necessária a abertura da via aérea, que poderá momento, a pessoa leva as mãos ao pescoço, agarrando-o
ser feita inclinando a cabeça da vítima e elevando o seu com o polegar e os dedos, olhos arregalados, apresentan-
queixo. Caso haja suspeita de trauma, proceda com a ele- do claro sinal de asfixia. É necessário acionar imediatamen-
vação das mandíbulas de modo a não tracionar a coluna te o serviço de emergência.
cervical. Nessa situação, indica-se a Manobra de Heimlich. Para
isso, você deve posicionar-se atrás do cliente, envolvendo-
Ventilação em Vítima com Apenas Parada Respira- -o com os braços, fechando uma das mãos, que é colocada
tória com o lado do polegar contra o abdome na linha média
entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. O punho fe-
Quando a vítima apresenta somente uma parada res- chado deve ser agarrado pela outra mão. Em seguida, apli-
piratória ou em vítima com gasping apresentando pulso, o car golpes rápidos para dentro e para cima até que o corpo
socorrista deverá fazer 1 ventilação a cada 5 ou 6 segundos estranho seja expelido ou a pessoa tornar-se inconsciente.
que darão uma frequência média de 10 a 12 ventilações Esta manobra provoca uma tosse artificial, tentando expelir
por minuto. o corpo estranho. Caso a pessoa fique inconsciente, inicie
o protocolo de SBV. Em Ovace, é importante a retirada do
Desfibrilação corpo estranho, que somente deve ser removido se for vi-
sualizado.
A fibrilação ventricular é uma condição na qual o cora- Tentar visualizá-lo na região posterior da faringe após
ção desempenha um grande quantidade de sístoles num realizar a primeira ventilação. A varredura digital às cegas
período de tempo curto de modo que não há tempo do não deve ser realizada.

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


coração se encher de sangue durante a diástole provocan- Para pessoas obesas, aplique compressões torácicas em
do uma condição de choque cardiogênico seguido de pa- vez de abdominais, caso não consiga envolvê-la com os
rada cardíaca. A melhor forma de evitar a parada cardíaca é braços.
desfibrilar antes que a parada cardíaca se concretize.
Ovace em Crianças
Tempo Ideal para realizar a Fibrilação Ventricular
A Manobra de Heimlich pode ser aplicada em crianças,
• Primeiros 3 a 5 minutos de parada cardiorrespirató- porém, observe que a estatura da criança é menor que a do
ria, o coração se encontra em fibrilação ventricular adulto. Para que a manobra seja realizada com eficiência,
grosseira; você deve ficar ajoelhado atrás da criança, de modo que
fique aproximadamente com sua estatura para a execução
• Depois de 5 minutos, a fibrilação ventricular diminui da manobra. Cuidado, pois as compressões abdominais em
amplitudes das sístoles devido á queda de energia crianças podem causar lesões internas pela proximidade
do tecido miocárdio. dos órgãos.

Neste sentido, o tempo ideal para realizar a desfibrila- Ovace no bebê


ção é quando a fibrilação ventricular se inicia, ou seja, nos
primeiros 3 a 5 minutos da parada cardiorrespiratória. Para realizar a desobstrução de vias aéreas em bebês
A desfibrilação é o único tratamento para parada car- responsivos, sentar-se ou ajoelhar-se com bebê em seu
diorrespiratória em fibrilação ventricular ou taquicardia colo, segurando-o de barriga para baixo e com a cabeça
ventricular sem pulso. levemente mais baixa que o tórax, apoiada em seu ante-

37
braço. Apoie a cabeça e a mandíbula do bebê com sua surgem os sintomas e sinais clínicos, acompanhados por
mão, com cuidado para não comprimir os tecidos moles alterações evidenciadas por meio de exames laboratoriais
do pescoço. e outros métodos diagnósticos.
Apoie seu antebraço sobre sua coxa ou colo para dar Em condições fisiológicas e repouso, o lado direito do
suporte ao bebê. Com a região hipotênar de sua mão, apli- coração envia para a circulação pulmonar cerca de 5 litros
car cinco golpes nas costas entre as escápulas do bebê; de sangue por minuto. Ao passar pelos capilares ocorre a
cada golpe deve ter a intensidade suficiente para deslocar hematose, com captação de oxigênio pela corrente sanguí-
o corpo estranho.Após aplicar os cinco golpes nas costas, nea e eliminação de CO2 para os alvéolos. Para que estes
posicione a outra mão nas costas do bebê e apoie a região 5 litros de sangue regressem para o lado esquerdo do co-
posterior de sua cabeça com a palma de sua mão. O bebê ração como sangue arterial, é necessário que no mesmo
ficará adequadamente posicionado entre seus dois ante- intervalo de tempo circule pelos alvéolos cerca de 4 litros
braços, com a palma de uma mão dando suporte à face de ar. Em caso de diminuição da ventilação alveolar surge
e à mandíbula, enquanto a palma da outra mão apoia a a hipoxemia.
parte posterior da cabeça. Girar o bebê enquanto apoia sua Esse fato pode ocorrer quando um grupo de alvéolos
cabeça e pescoço. Segure-o de costas. Repouse seu ante- está parcialmente ocupado por líquido ou quando a via aé-
braço sobre sua coxa e mantenha a cabeça do bebê mais rea está parcialmente obstruída. Com o agravamento do
baixa que o tronco. Aplique cinco compressões torácicas quadro, a ventilação de uma área considerável do pulmão
rápidas abaixo da linha dos mamilos, no mesmo local onde poderá entrar em colapso, originando um verdadeiro “cur-
se realiza a RCP. to-circuito” ou shunt e retenção de CO2, caracterizando a
Aplique as compressões torácicas com uma frequência hipercapnia.
de uma por segundo, com a intensidade suficiente para Para avaliar as condições de ventilação pulmonar do
deslocar o corpo estranho. paciente utiliza-se o exame de gasometria, cuja variação da
Alterne a sequência de cinco golpes nas costas e cinco medida dos gases e outros parâmetros podem ser analisa-
compressões torácicas até que o objeto seja removido. Se dos no sangue arterial ou venoso. A gasometria arterial é
o bebê tornar-se inconsciente, parar de aplicar os golpes
mais utilizada e os valores normais são:
nas costas, colocando-o em uma superfície rígida e pla-
na. Abra a via aérea e inspecione se o corpo estranho se
Parâmetros................ Valores de normalidade
encontra na região posterior da faringe, pois só deve ser
removido quando visualizado. A varredura digital às cegas pH.............................. 7,35 a 7,45
não deve ser realizada. PaO2........................... 80 - 90 mmHg
Realize cinco ciclos de 30 compressões e duas ventila- PaCO2......................... 35 - 45 mmHg
ções, observando durante a ventilação se visualiza o corpo Bicarbonato............... 22 - 26 mEq/L
estranho. Após aproximadamente 2 minutos de RCP, acio- Excesso de base........ -2 a +2 mEq/L
ne o serviço de emergência. Saturação de 02......... 96 - 97%
O lactente não deve ser abandonado para solicitar aju-
da. Mantê-lo sempre ao seu lado. É muito importante que, ao receber o resultado da ga-
sometria arterial, o técnico de enfermagem comunique
Cuidando do cliente com agravos respiratórios em ur- imediatamente o enfermeiro e o médico, pois este exame é
gência e emergência relevante para a reavaliação da terapêutica.
As manifestações clínicas da IR dependem necessaria-
Dentre os agravos respiratórios destacam-se a insufi- mente dos efeitos da hipoxemia, da hipercapnia e da ação
ciência respiratória, a asma, a embolia pulmonar e edema sinérgica sobre os tecidos nobres do organismo. O sistema
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

agudo de pulmão. nervoso é o mais vulnerável a estes mecanismos fisiopato-


Sabemos que a incidência de problemas respiratórios é gênicos, seguido pelo rim, coração e fígado, justificando
maior nos meses de inverno, principalmente em crianças e assim o predomínio dos sintomas neurológicos na insufi-
idosos. Segundo pesquisa coordenada pelo professor Sal- ciência respiratória.
diva, do Departamento de Poluição Atmosférica da FMUSP, Podemos observar os efeitos da hipoxemia sob dois as-
nessa estação do ano a procura por pronto-socorros in- pectos:
fantis aumenta cerca de 25% no município de São Paulo.
Aponta ainda que nesse mesmo período a taxa de mor- 1) Ação indireta no sistema nervoso vegetativo, por
talidade de idosos acima de 65 anos aumenta em torno meio da produção de catecolaminas, originando:
de 12%. Segundo o pesquisador, esses números indicam
os chamados efeitos agudos da poluição, considerada um - alteração do padrão respiratório: taquipneia e polip-
dos fatores de risco para a maior incidência de problemas neia;
respiratórios. - alteração da frequência cardíaca: taquicardia, com
Em atenção às urgências, a insuficiência respiratória (IR) aumento da velocidade de circulação e do débito
destaca se como um dos agravos que requer atenção espe- cardíaco, devido a ação sobre os centros vegetativos
cial devido a sua gravidade. Está relacionada à incapacida- cardiocirculatórios;
de do sistema respiratório em manter as trocas gasosas em - hipertensão pulmonar: pode condicionar sobrecarga
níveis adequados, resultando na deficiência de captação e do coração direito por
transporte de oxigênio (O2) e/ou na dificuldade relaciona-
vasoconstrição da artéria pulmonar e dos seus ramos;
da à eliminação de gás carbônico (CO2).Pode ser classifi-
cada em aguda e crônica. Esta classificação é eminente- - poliglobulia: por estimulação da medula óssea.
mente clínica, baseada na maior ou menor rapidez em que

38
2) Ação direta, depressora nos tecidos e órgãos, como: Para que o coração funcione como bomba é necessário
que os ventrículos sejam eletricamente ativados. No mús-
- cianose: devido ao aumento da carboxihemoglobina culo cardíaco, a ativação elétrica é o potencial de ação do
no sangue; coração, que normalmente se origina no nó sinoatrial (SA),
- insuficiência cardíaca: ocasionando o cor pulmonale também denominado de nó sinusal, localizado no átrio di-
como resultado da sobrecarga cardíaca direita e das reito. A seguir, é conduzido ao miocárdio em uma sequên-
lesões induzidas pela hipóxia no miocárdio; cia, pois os átrios devem ser ativados à contração antes
- confusão, convulsões e coma: resultantes da irritação dos ventrículos, a partir do ápice em direção à base para a
e depressão dos neurônios; eficiente ejeção do sangue.
- uremia, anúria e insuficiência renal: por ação direta da O coração consiste em dois tipos de células musculares,
hipoxemia sobre as estruturas nobres do rim. que são as contráteis, que compõem a maioria das células
A hipercapnia moderada determina duas ações simultâ- dos átrios e ventrículos levando à contração, gerando força
e pressão no coração; e as condutoras, que compreendem
neas e contrapostas sobre o sistema nervoso central
os tecidos do nó sinoatrial, as vias internodais dos átrios, o
e cardiovascular:
nó atrioventricular (AV), o feixe de His e o sistema de Pur-
- a elevação do PaCO2 exerce um estímulo sobre a me-
kinje, que têm por objetivo propagar rapidamente o poten-
dula suprarrenal aumentando a secreção de cateco- cial de ação por todo o miocárdio.
laminas, desencadeando a vasoconstrição, hiperten- O impulso elétrico, que normalmente se inicia no nó
são e taquicardia; sinusal e se propaga pelas vias internodais, atinge os átrios
- para a ação de vasoconstrição das catecolaminas é direito e esquerdo e, simultaneamente, o nó atrioventricu-
necessária a presença de terminações do sistema lar, com velocidade de ação diminuída.
nervoso vegetativo, encontradas nos vasos do orga- A condução lenta assegura que os ventrículos tenham
nismo, exceto no cérebro. tempo suficiente para se encherem de sangue antes de sua
ativação e contração.
Portanto, sobre a circulação cerebral, produz vasodila- A partir do nó AV, o potencial de ação avança pelo sis-
tação e cefaleia. tema de condução ventricular, que se inicia no feixe de His,
O efeito estimulante da hipercapnia origina agitação e ramos esquerdos (RE) e direito (RD) dos feixes menores do
agressividade. Ao deprimir o centro respiratório, determina sistema de Purkinje. A condução pelo sistema His-Purkinje
a oligopneia e apneia, ao mesmo tempo em que atua sobre é muito rápida e distribui o potencial de ação aos ventrí-
o neurônio, deprimindo-o e acarretando sonolência, con- culos, permitindo a contração e ejeção eficiente do sangue
fusão, coma e vasodilatação paralítica. caracterizando o ato mecânico da bomba cardíaca.
O organismo tenta eliminar CO2 com uma respiração O eletrocardiograma (ECG) é um registro da ativação
profunda e rápida, mas este tipo de respiração pode ser elétrica do coração.
inútil, se os pulmões não funcionam com normalidade. Para que a corrente elétrica faça todo o percurso intra-
cardíaco, cargas positivas e negativas estão contidas dentro
Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares das células especializadas do coração. Quando em repouso,
em urgência e emergência o lado de fora da célula é positivo e o de dentro negativo,
processo este denominado estado balanceado ou polarizado.
Arritmias cardíacas Ao ocorrer o estímulo destas células, sua polaridade
é invertida, ou seja, positiva dentro e negativa fora, ocor-

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


rendo assim a despolarização, que reflete o fluxo de uma
As arritmias são distúrbios na geração, condução e/
corrente elétrica para todas as células ao longo das vias de
ou propagação do impulso elétrico no coração, podendo
condução, retornando posteriormente ao seu estado origi-
representar risco iminente de morte quando associada a
nal em repouso, estado este denominado de repolarização.
agravos como insuficiência cardíaca congestiva (ICC), trom- As propriedades das células miocárdicas, que permitem
boembolismo e choque cardiogênico. estes eventos levando à contração do músculo cardíaco,
Podem ser espontâneas, denominadas primárias, ou se- são a automaticidade ou capacidade de iniciar um impul-
cundárias quando vinculadas a outras patologias de base so elétrico, a excitabilidade ou capacidade em responder
como infarto agudo do miocárdio. A incidência de arritmias a um impulso, condutividade ou capacidade de transmitir
é maior em adultos, relacionadas ou não a outras patolo- um impulso e, contratilidade ou capacidade de responder
gias. Em crianças, a grande maioria das arritmias tem carac- a ação de bomba cardíaca. Essas propriedades determinam
terística secundária a patologias de base, pós-operatórios a atividade elétrica do coração.
de cirurgia cardíaca, distúrbios metabólicos, hipoxemia e É importante que você saiba que o ECG é um galva-
choque. nômetro que mede pequenas intensidades de corrente
A eletrofisiologia cardíaca envolve todo o processo de elétrica a partir de dois eletrodos dispostos no corpo, re-
ativação elétrica do coração, destacando-se os potenciais gistrando a atividade elétrica cardíaca em um gráfico. As
de ação cardíacos, a condução de ação desses potenciais ondas originárias dessa atividade elétrica são designadas
ao longo dos tecidos condutores especializados, a excita- pelas letras P-Q-R-S-T.
bilidade e os períodos refratários, os efeitos moduladores Como as forças elétricas geradas pelo coração se es-
do sistema autônomo sobre a frequência cardíaca e veloci- palham simultaneamente em várias direções, as ondas po-
dade de condução sobre a excitabilidade. dem ser captadas em diferentes planos do órgão. Há três

39
derivações dos membros denominadas bipolares I-II-II, três É importante que você observe atentamente o traçado
derivações dos membros tipo unipolares, que são AVR-A- que está monitor cardíaco, associando aos sinais e sinto-
VLAVF, e seis derivações ventriculares do tipo unipolares, mas, agilizando assim o atendimento à urgência.
que são V1-V2-V3-V4-V5-V6 captadas ao longo da pare- As principais arritmias são taquicardia sinusal, arritmia
de torácica. A cada uma destas derivações é atribuída uma sinusal e ritmos atriais não sinusal.
função, como você pode ver : As taquicardias sinusais estão relacionadas ao aumento
do tônus adrenérgico como nos casos de isquemias, insu-
Onda P: atividade elétrica que percorre os átrios; ficiência respiratória, hipertireoidismo, hipotensão arterial,
Intervalo P-R: intervalo de tempo entre o início da des- efeitos de drogas como broncodilatadores, drogas ilícitas,
polarização atrial até o início da despolarização ventricular; febre, hipovolemia e outras. Considerada como sinal clíni-
Complexo Ventricular QRS: despolarização dos ventrí- co e não como arritmia, não apresentada sintomatologia
culos; específica, devendo ser avaliada a condição clínica que de-
Onda Q: despolarização septal; sencadeou a taquicardia e, portanto, o tratamento direcio-
Onda R: despolarização ventricular; nado a etiologia de base.
Onda S: despolarização da região basal posterior do Na arritmia sinusal, encontramos morfologia da onda P,
ventrículo E; constante com intervalo P-P variável.
Onda T: repolarização dos ventrículos; É importante destacar que essa arritmia sinaliza a gravi-
Segmento S-T: período de inatividade elétrica depois dade de outras que poderão ser desencadeadas.
de o miocárdio estar despolarizado;
Intervalo Q-T: tempo necessário para despolarização e Bradicardia ou bradiarritmia
repolarização dos ventrículos.
É importante que você fique atento à instalação correta Possuem frequências cardíacas menores do que 100
dos eletrodos e cabos do ECG, conforme abaixo, para um bpm.
diagnóstico correto e o atendimento eficaz. Incluem bradicardia sinusal e bloqueio átrio ventricular
Localização das derivações precordiais (unipolares):
(AV) de 1º, 2º e 3º grau. O bloqueio AV de 3º grau, de-
V1: 4º espaço intercostal direito do esterno
nominado bloqueio átrio ventricular total, é o mais grave
V2: 4º espaço intercostal esquerdo do esterno
de todos, porque nenhum dos impulsos atriais estimula o
V3: a meia distância entre V2 e V4
nódulo AV.
V4: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha mé-
É comum o paciente apresentar síncope, desmaio ou
dia clavicular
insuficiência cardíaca súbita.
V5: 5º espaço intercostal esquerdo a partir da linha mé-
dia clavicular Na bradicardia sinusal, o ritmo sinusal apresenta fre-
V6: linha axilar média no mesmo nível de V4 quência menor do que 60 bpm no adulto e menor de 80
As manifestações da frequência cardíaca muito alta ou bpm em crianças. As causas estão relacionadas ao aumento
muito baixa com distúrbio de ritmo são denominadas de do tônus. Exemplos: drogas, isquemias, miocardites, hipoti-
taquiarritmias e brade arritmias, respectivamente, podendo reoidismo, treinamento físico, entre outros.
ocasionar alteração de nível de consciência, síncope, pal- O bloqueio AV de 3º grau – Bloqueio átrio ventricular
pitações, parada cardiorrespiratória e, em casos extremos, total (BAVT) caracteriza-se pela não passagem de estímulos
morte súbita. atriais aos ventrículos. A onda P não tem relação fixa com o
Observe que, nesse caso, a arritmia está sendo classifi- complexo QRS. A frequência atrial é maior que a ventricular
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

cada com base na frequência cardíaca e verificada em bati- e o intervalo P-P é normal.
mento por minuto (bpm).
Outra forma conhecida de classificação é por sua loca- Ritmos ventriculares
lização, podendo aparecer nos átrios ou nos ventrículos.
Quando os focos ectópicos, também chamados de extras- Os ritmos ventriculares são considerados importantes
sístoles (batimentos extras), estão localizados nos átrios, por levarem a maior número de casos de morte súbita. Por
temos as arritmias supraventriculares ou atriais, e quando esse motivo, é importante a sua atuação como técnico na
os focos se localizam nos ventrículos, as arritmias são de- identificação desses ritmos ventriculares.
nominadas ventriculares. A fibrilação ventricular (FV) é desencadeada por múl-
tiplos focos ventriculares ectópicos, levando a uma con-
Taquicardias ou taquiarritmias tração caótica dos ventrículos. Cada foco ectópico dispara
em diferente frequência, comprometendo a musculatura
As taquicardias ou taquiarritmias são aquelas que ace- ventricular e interrompendo, de forma abrupta, o débito
leram o músculo cardíaco com frequência cardíaca supe- cardíaco.
rior a 100 bpm. As manifestações mais graves estão asso- A identificação é facilitada tanto no eletrocardiograma
ciadas ao baixo débito como sudorese, palidez, hipotensão como no monitor cardíaco, porque não há padrão carac-
e perfusão inadequada, e a sintomas relacionados à insu- terístico de traçado devido à irregularidade que apresenta.
ficiência cardíaca ou coronariana como dispneia e angina. Trata-se de uma emergência pela perda da função cardio-
Na presença desses fatores, as arritmias são denominadas vascular, podendo ser consequência do uso de drogas, de
instáveis. situações de trauma, patologias cardiovasculares como
síndromes isquêmicas, entre outras.

40
Fibrilação ventricular Nas emergências hipertensivas, ocorre injúria vascular
em virtude da falha no sistema autorregulatório que, me-
A taquicardia ventricular (TV) pode aparecer de forma diante níveis tensionais elevados, provoca a vasoconstrição.
contínua, intermitente ou sustentada, sendo este último o Essa falha propicia o aparecimento de lesões na parede
mais grave. A frequência oscila entre 150 a 250 batimentos vascular, iniciando-se pelo endotélio vascular, e permitindo
por minuto, com complexo QRS alargado e de morfologia que o material fibrinoide penetre na parede vascular le-
bizarra, e pode ou não afetar a atividade atrial uma vez que vando ao estreitamento ou obliteração do lúmen vascular.
está dissociada da atividade ventricular. O quadro clínico, principalmente nas emergências hi-
Denominamos de Torsades de Pointes a TV sustentada, pertensivas, geralmente está associado a níveis tensionais
de característica polimórfica, o que justifica ter, analisando elevados, presentes em pacientes portadores de hiperten-
as derivações eletrocardiográficas, polaridades diferentes são maligna de difícil controle e portadores de hipertensão
nos complexos QRS separados por batimentos, de maneira renovascular, caracterizada pelo estreitamento de uma ou
intermediária, com duração maior que 30 minutos, inde- mais artérias renais.
pendente da morfologia elétrica. O diagnóstico é fundamentado, documentando o au-
No flutter ventricular, o ritmo é intermediário entre a mento da pressão arterial, com sinais e sintomas relevantes
taquicardia ventricular e fibrilação ventricular de evolução que indicam ou não comprometimento de órgão alvo.
rápida e comprometedora da manutenção da vida do pa- A avaliação clínica minuciosa com busca de alterações
ciente. Necessita de reversão rápida, evitando-se a dete- dos sistemas neurológico, cardiovascular, pulmonares e
rioração do sistema cardiovascular, seguido por fibrilação vasculares é imprescindível. Exames de imagem tais como
ventricular e PCR. A frequência cardíaca oscila de 250 a 350 eletrocardiograma, radiografia de tórax, fundoscopia (exa-
bpm. me de fundo de olho) e exames laboratoriais (ureia, creati-
nina e demais eletrólitos, urina I) colaboram na investiga-
Crise Hipertensiva ção diagnóstica.
Várias são as condições clínicas que podem desenca-
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) constitui um dos dear a crise hipertensiva. Nas emergências hipertensivas,
grandes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. destacam-se edema agudo de pulmão, uremia de qualquer
Representa um dos mais importantes fatores de risco para causa, hemorragia cerebral, epilepsia, encefalites, ansie-
o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, cerebro- dade com hiperventilação, ingestão excessiva de drogas,
vasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% dissecção de aorta, infarto agudo do miocárdio (IAM), aci-
das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das dente vascular encefálico (AVE),feocromocitoma, eclampsia
mortes por doença arterial coronariana e, em combinação e algumas colagenosas.
com diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal Para as urgências hipertensivas, destacam-se a hiper-
(MS. Caderno de Atenção Básica nº 15, 2006). tensão maligna, suspensão abrupta do tratamento com an-
A crise hipertensiva pode surgir em qualquer idade e ti-hipertensivos, cirurgias com HAS grave no período pré,
representa o desencadeamento da hipertensão de cau- trans e pós-operatório de cirurgias gerais, e pós-transplan-
sas variadas. Pode ser dividida em urgência hipertensiva e te renal.
emergência hipertensiva. O princípio para o tratamento da crise hipertensiva di-
A urgência hipertensiva é uma situação em que ocorre fere quanto à urgência e à emergência. O principal objetivo

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


aumento da pressão arterial, atingindo valores na pressão é o controle da pressão, evitando-se lesões orgânicas agu-
arterial diastólica (PAD) > 110 mmHg e sistólica (PAS) > das com sequelas irreversíveis.
180 mmHg, sem lesão aguda a órgãos-alvo, que são olhos, Nas urgências hipertensivas são utilizadas drogas por
coração, rim e cérebro. Os níveis pressóricos podem ser re- via oral, de ação moderada, com intuito de reduzir a pres-
duzidos em até 24 horas. são arterial de forma gradual. Como orientação na alta, é
Ao contrário, a emergência hipertensiva é uma situação feito o ajuste de dose da medicação ou para pacientes que
que requer redução rápida da PA, no período máximo de não utilizam medicações, iniciar esquema medicamentoso
uma hora. Representa risco imediato à vida devido a lesões com drogas de ação curta administradas por via oral em
de órgão alvo com complicações do tipo encefalopatia, in- horários ao longo do dia. O paciente deve ser orientado a
farto, angina instável, edema agudo de pulmão, acidente aferir a pressão arterial uma vez ao dia até o ajuste da dose.
vascular encefálico isquêmico (Avei), acidente vascular en-
cefálico hemorrágico (Aveh), dissecção de aorta e eclamp- Cuidando do cliente com agravos neurológicos em
sia. Geralmente, a PAD é maior que 130 mmHg e sintomas urgência e emergência
clínicos estão presentes, o que indica a necessidade de in-
ternação hospitalar, se possível em UTI, com início imedia- Acidente Vascular Encefálico (AVE)
to de drogas anti-hipertensivas por via endovenosa. Faz-se
necessário ressaltar que o nível absoluto da PA não deve As doenças do aparelho circulatório tornaram-se, den-
ser o parâmetro mais importante de diagnóstico, mas sim tre as patologias não transmissíveis, aquelas que apresen-
a presença de lesões de órgão-alvo e as condições clínicas tam maior índice de morbimortalidade. Dados analisados
associadas. no Estado de São Paulo em 2007, demonstram que, do
total de óbitos, aproximadamente 36% foram em conse-

41
quência de patologias do aparelho circulatório, observan- intracraniana. Medidas para contenção da pressão intracra-
do-se discreta predominância do sexo masculino (53%). niana (PIC), como diminuição do edema cerebral, preven-
Segundo Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados ção de convulsão e sedação para diminuição da atividade
(Seade-SP), esse índice de mortalidade inclui doenças hi- cerebral podem ser iniciadas no serviço de emergência
pertensivas, doenças isquêmicas cardíaca, doenças cere- após confirmação diagnóstica.
brovasculares, doenças do aparelho circulatório e demais Puncione um acesso venoso calibroso para a adminis-
patologias cardíacas. tração de medicamentos tais como trombolíticos, anticon-
Os acidentes vasculares encefálicos acarretam ônus vulsivantes, anticoagulantes, entre outros, que colaboram
econômico para os sistemas de saúde, pois resultam em al- na prevenção dos agravos como edema, hemorragia e con-
tos níveis de invalidez precoce. Déficits neurológicos, com vulsão.
frequência, tornam a pessoa dependente de um cuidador, Esteja atento à variação do nível de consciência, a alte-
geralmente um membro da família. A relação entre o grau rações de motricidade, sensibilidade e a modificações pu-
de severidade do agravo e o tempo em que se estende a pilares que podem significar uma piora do quadro neuro-
doença indica a necessidade de desenvolvimento de estra- lógico. A passagem de sonda gástrica e de sonda vesical de
tégias de proteção e cuidado ao familiar doente. demora facilita o controle de débitos e do balanço hídrico.
“Acidente Vascular Encefálico” Trata-se de mal súbito A decisão quanto ao tratamento clínico ou cirúrgico
com evolução rápida que acomete um ou vários vasos san- dependerá do tipo de AVE e da evolução do paciente, ca-
guíneos responsáveis pela irrigação do encéfalo, ocasio- bendo à equipe de enfermagem prepará-lo para unidade
nando alterações histopatológicas e resultando em déficits especializada.
neurológicos. Esse acometimento vascular inclui aspectos
funcionais e estruturais, bem como o fluxo sanguíneo e dis- Crise convulsiva
túrbios de coagulação, podendo originar duas situações: o
Clínica bastante frequente, que se manifesta tanto em
AVE isquêmico, que corresponde de 80% a 85% dos casos,
patologias neurológicas como acidente vascular cerebral,
e o AVE hemorrágico, que acomete em torno de 10% a
traumatismo cranioencefálico e encefalite é a convulsão.
15% da população. Ambos causam sequelas distintas e de
Pode ocorrer como evento isolado em decorrência de
extensão variável, conforme a região afetada.
doenças sistêmicas tais como distúrbios hidroeletrolíticos,
O AVE isquêmico é caracterizado por uma área de infar-
insuficiência renal, insuficiência hepática, septicemia, esta-
to cerebral devido à interrupção do fluxo sanguíneo, que do hiperglicêmico, entre outros.
acarreta em dano estrutural irreversível. Conjuntamente, Considerada uma condição multifatorial, a crise convul-
ocorre uma região de instabilidade, denominada zona de siva pode ser definida como uma desordem na transmissão
penumbra, cujas sequelas dependerão da magnitude do dos impulsos elétricos cerebrais, que se manifesta por es-
dano e de sua repercussão futura. Na fase aguda da isque- pasmos involuntários dos grupos musculares com ou sem
mia, essa região tem sua irrigação diminuída, mas suficien- perda da consciência, sendo limitada em relação ao tempo.
te para manter a viabilidade celular temporariamente. Devido à alteração paroxística da atividade cerebral,
Para a delimitação da área afetada pelo infarto cere- que se inicia em um grupo de neurônios ou ainda se espa-
bral, bem como sua extensão, devem ser consideradas a lha por uma área generalizada, as convulsões se caracteri-
oxigenação, o equilíbrio metabólico, o fluxo sanguíneo e a zam por movimentos musculares involuntários e súbitos,
circulação colateral do local afetado. de forma generalizada ou acometendo um segmento do
A principal causa do AVE isquêmico é o tromboembolis- corpo.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

mo arterial em decorrência de embolias cardíacas ou ainda Podem ser classificadas em tônicas, quando caracte-
de grandes vasos, que incluem as artérias aorta, carótida e rizadas por sustentação e imobilização das articulações;
vertebrais. Situações de oclusão de pequenos vasos, vas- clônicas, quando se apresentam de forma ritmada, com
culites, dissecção vascular e ainda discrasias sanguíneas, períodos de contração e relaxamento; ou ainda tônico-clô-
enxaqueca, cardiopatias congênitas também são conside- nicas, que se caracterizam pelas duas formas descritas, com
rados fatores etiológicos. perda da consciência e do controle esfincteriano.
Segundo o protocolo do NationalInstituteofNeurologi- O período de duração de uma crise convulsiva é de
calDisordersandStroke (NINDS), as metas de tempo para aproximadamente de 2 a 5 minutos, podendo sobrevir a
que pacientes sejam beneficiados com a terapia trombo- cefaleia, confusão mental, dores musculares e fadiga.
lítica é de até três horas, a partir da primeira manifestação A investigação diagnóstica é fundamentada na história
clínica. Deve ser utilizada após avaliação criteriosa das con- pregressa e atual do paciente, complementando com exa-
dições clínicas do paciente, conjuntamente aos métodos me de tomografia computadorizada e eletroencefalogra-
diagnósticos laboratoriais ou de imagem. ma. Há necessidade de exames laboratoriais para pesquisa
Há evidência de real melhora da zona de penumbra de possíveis alterações bioquímicas e metabólicas para au-
após a trombólise com a administração do ativador plas- xiliar no diagnóstico.
minogênico tecidual humano recombinante (rt-PA), pro- O tratamento é baseado na manifestação clínica, com
piciando o restabelecimento da circulação que envolve a intuito de minimizar as contrações musculares por meio
área de necrose. da administração de medicamentos miorrelaxante por via
Os processos cerebrais inflamatório, traumático, neo- endovenosa. Por vezes, é necessária a infusão contínua ou
plásico parasitário e vascular podem alterar o equilíbrio do intermitente de medicamento anticonvulsivante para pre-
sangue, líquor e massa encefálica levando à hipertensão venção de novos episódios.

42
No estado pós-convulsivo podem ocorrer injúrias como Certas condições em que ocorre retenção excessiva de
broncoaspiração, coma, hipóxia, acidose metabólica, entre líquidos, como na insuficiência cardíaca ou renal, ou que
outras. levam a perdas exageradas, como em casos de diarreia e
A atuação da enfermagem frente à convulsão se inicia vômitos persistentes, pode haver desequilíbrio hidroeletro-
com a segurança do paciente, afastando os objetos e con- lítico. A ação fundamental de enfermagem ao cliente, no
dições que representem risco, orientando às pessoas que caso, será o controle da volemia e dos eletrólitos.
se mantenham afastadas, pois a curiosidade provoca uma Entendemos que para o profissional de enfermagem
aglomeração de pessoas e pode dificultar o atendimento prestar cuidados com segurança é necessário que saiba
relacionar a sintomatologia, o tratamento e os cuidados
inicial. É fundamental que você promova a proteção do
de enfermagem. Para que isso ocorra, é preciso conhecer
paciente a fim de reduzir danos em virtude dos espasmos
primeiramente a estrutura e os fenômenos fisiológicos re-
musculares, uma vez que a contenção física dos movimen- lacionados ao equilíbrio hidroeletrolítico que ocorrem no
tos não é recomendada. organismo.
Certifique-se de que esse indivíduo não sofreu uma É uma condição associada à distribuição de água e ele-
queda, pois essa condição modifica a sua ação na abor- trólitos no nosso corpo e depende de alimentação saudá-
dagem em situação de trauma, visando, então, preservar a vel, bem como do adequado funcionamento dos órgãos.
integridade da coluna cervical. A privação, o aumento ou a diminuição de água e/ou
Durante a crise convulsiva, coloque algo macio sob eletrólitos pode acarretar em desequilíbrios importantes
a cabeça do paciente, se encontrado deitado no chão, detectados em diferentes agravos.
apoiando-a cuidadosamente a fim de evitar traumas. Se A hipervolemia é uma condição em que ocorre o ex-
possível, remova ou afrouxe a roupa apertada, observe se cessivo ganho de líquidos pela disfunção dos mecanismos
há adornos no pescoço que possam dificultar a respiração. homeostáticos evidenciados na insuficiência cardíaca, renal
Avaliar o padrão respiratório e condições hemodinâmi- ou hepática. As principais manifestações clínicas são ede-
cas, permanecendo atento durante o episódio convulsivo, ma, ingurgitamento jugular e taquicardia. Normalmente
inclusive em relação ao tipo de contração (tônica, clônica há aumento da pressão arterial, da pressão de pulso e da
ou ambas), horário de início e término do episódio, fre- pressão venosa central.
quência (um ou mais), liberação de esfíncter vesical e/ou O tratamento é direcionado à patologia de base e para
a condição que desencadeou o agravo. As condutas in-
intestinal. Durante a convulsão, administrar a oxigênio e
cluem a restrição de volume e sódio, como também o uso
droga miorrelaxante. A via de administração preferencial de diuréticos. A realização de hemodiálise ou diálise peri-
é a endovenosa. Na impossibilidade ou insucesso da ve- toneal pode ser imperativa.
nopunção, a opção é por via intraóssea, procedimento de Os cuidados de enfermagem nos distúrbios hidroele-
atribuição do enfermeiro. trolíticos visam restabelecer as condições clínicas do pa-
Após a cessação das contrações, reavaliar a permeabi- ciente, mantendo perfusão tecidual adequada e prevenin-
lidade das vias aéreas e eventual necessidade de aspiração do o agravamento do quadro. De acordo com a idade do
de secreções, administração de outras medicações, controle da paciente, história pregressa e seu metabolismo basal, have-
glicemia capilar e realizar a higiene proporcionando o conforto. rá a necessidade de reposição hídrica e eletrolítica.
Em presença de prótese dentária, remova assim que possível. Na admissão do paciente em sala de emergência, é
Em pacientes idosos, é importante considerar que a his- premente a monitoração da atividade cardíaca devido às
tória clínica, bem como a ocorrência do fato descrita por possíveis arritmias que se manifestam na presença de alte-
rações de potássio. Parestesias e câimbras ou outras alte-

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


familiares ou outrem que presenciaram a convulsão, seja
considerada em virtude da avaliação do evento. A hipótese rações neuromusculares podem advir de sua diminuição.
da queda pela fragilidade óssea ou vice-versa podem acar- O controle periódico de sinais vitais, incluindo a pressão
retar em danos neurológicos tendo como manifestação a venosa central (PVC), é importante para avaliação de hipo-
convulsão. A atenção deve estar voltada para prevenção e volemia e possíveis agravos como o choque. É necessário
que a reposição de potássio, quando prescrita, seja realiza-
antecipação do evento por meio de medidas simples como
da diluída e preferencialmente em bomba de infusão.
iluminação adequada, diferenciação visível entre degraus,
Estar atento a sonolência, letargia, confusão mental e/
instalação de corrimão para apoio, conservação dos pisos, ou outros transtornos neurológicos são cuidados que vi-
retirada de tapetes ou fixação dos mesmos, entre outros. sam detectar alterações na concentração de sódio.
Ao realizar a coleta de sangue e urina para acompanha-
Desequilíbrio Hidroeletrolítico mento dos níveis séricos de K e Na, é importante agilizar o
encaminhamento ao laboratório.
Aprofundar seus conhecimentos sobre desequilíbrio hi- Providenciar acesso venoso calibroso para reposição
droeletrolítico lhe possibilitará identificar os cuidados de hídrica e eletrolítica.
enfermagem preconizados ao paciente nessas condições, Outros cuidados incluem a observação sistemática da
estabelecendo correlação entre o cuidado, sinais, sintomas perfusão periférica, coloração e turgor de pele e mucosas,
e tratamento. instalação de oximetria de pulso e controle de peso se hou-
Muitos pacientes que dão entrada na unidade de aten- ver edema. Em relação à administração de medicamentos
dimento de urgência podem ter o equilíbrio hidroeletro- como diuréticos, estar atento ao volume de diurese e ba-
lítico comprometido em função de diferentes agravos à lanço hídrico.
saúde.

43
Distúrbios gastrointestinais podem ocorrer nas alte- É importante que se descarte a possibilidade de obs-
rações de volume e de eletrólitos. É fundamental assistir truções renais como tumores, litíase, uropatia obstrutiva
o paciente em casos de náuseas e vômitos e observar o principalmente em idosos do sexo masculino e intoxica-
funcionamento intestinal, pois, na presença de hipocale- ções acidentais ou intencionais por substâncias químicas.
mia a motilidade pode estar diminuída, enquanto na hi- A conduta terapêutica é direcionada de acordo com o
percalemia pode haver episódios de diarreia. Lembre-se de histórico, exame físico e dos resultados de exames labora-
manter o paciente em condições adequadas de higiene e toriais e de imagem.
conforto, assegurando sua privacidade. Intervenções rápidas com a finalidade de evitar compli-
Não se esqueça de anotar todas as intercorrências em cações e consequências irreversíveis são aplicadas desde
prontuário de forma clara e objetiva, garantindo assim a o momento que o paciente procura o serviço de pronto-
comunicação entre a equipe multidisciplinar. As anotações -socorro.
de enfermagem, registradas no prontuário do paciente, Controles dos parâmetros da pressão arterial e da pres-
além de ser um instrumento legal, implica na continuidade
são venosa central evidenciam a necessidade da reposição
da assistência prestada por conter informações pertinentes
volêmica. A punção de acesso venoso calibroso facilita a
do processo do cuidar. Fornecem dados para que o enfer-
expansão de fluidos, como nos casos de queimaduras, he-
meiro possa estabelecer o plano de cuidados após avalia-
ção dos cuidados prestados e da resposta do paciente em morragias, vômitos e diarreia.
consonância com os resultados esperados. Muitas vezes, a reposição de volume por meio de solu-
ções cristaloides, coloidais ou hemocomponentes restabe-
Insuficiência Renal Aguda lecem a função renal. Esteja atento à velocidade de infusão
desses volumes para que não ocorra sobrecarga cardíaca.
A maioria desses agravos poderia ser evitada com A monitoração cardíaca evidencia a possibilidade de
medidas de prevenção e controle das dislipidemias, da arritmias cardíacas sugestivas de alterações bioquímicas
hipertensão arterial, do diabetes e de outras patologias como a hipocalemia ou hipercalemia, considerada como
previsíveis. Essas patologias, quando não tratadas adequa- principal causa de morte em pacientes com IRA.
damente, podem provocar a perda da função renal levando
à insuficiência renal. Esta se caracteriza por redução da fil- Desequilíbrio Ácido Básico
tração glomerular (RFG), levando à diminuição da diurese e
retenção de ureia e creatinina. A compreensão do metabolismo normal do nosso corpo
As funções renais incluem, além do equilíbrio de água é fundamental para o entendimento do desequilíbrio ácido
e eletrólitos e da eliminação de toxinas, a liberação de eri- básico. Para que a função celular ocorra de forma adequa-
tropoietina, que estimula a medula óssea na produção de da, é necessário que o organismo mantenha o equilíbrio
glóbulos vermelhos, a manutenção de ossos sadios com o de eletrólitos, água e concentração de íons de hidrogênio,
equilíbrio de fósforo e cálcio e ajuda no controle da pres- fundamentais para a regulação dos líquidos corpóreos. O
são arterial por meio da liberação de hormônios. equilíbrio de bases e ácidos presentes no organismo são
A insuficiência renal pode se manifestar de forma agu- mantidos por reações químicas que permitem a entrada e
da, situação mais comum nos serviços de urgência/emer- saída dos íons de hidrogênio pela membrana celular. Essa
gência, em pacientes em situações críticas internados em regulação preserva as funções de órgãos e sistemas.
UTI por patologias variadas bem, como na forma crônica, Na medida em que há alterações da concentração de
quando há perda total e irreversível da função renal, que se
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

íons de hidrogênio, a membrana celular modifica sua per-


manifesta lenta e progressivamente.
meabilidade, alterando todo metabolismo orgânico.
De acordo com a etiologia, a insuficiência renal aguda
Normalmente, o metabolismo celular libera ácidos e
(IRA) é classificada em pré-renal, renal e pós-renal.
bases na corrente sanguínea e esses se ligam por meio de
A IRA pré-renal é caracterizada quando há hipoperfu-
são renal de causas variadas, normalmente relacionadas à reações químicas mantendo o pH sanguíneo.
hipovolemia e corresponde a 50%- 60% dos casos. A IRA O principal ácido é o ácido carbônico que, devido à sua
renal implica no acometimento dos néfrons, seja em va- instabilidade, se transforma em dióxido de carbono e água,
sos, glomérulos ou túbulos renais, comprometendo suas que são eliminados pelos pulmões e pela urina, respectiva-
funções e sendo responsável por aproximadamente 35% mente. A principal base é o bicarbonato, obtido por meio
dos casos. Na IRA pós-renal, há uma obstrução aguda em da reação química entre o dióxido de carbono e a água.
qualquer localização do sistema coletor, ureter ou bexiga Para que essas reações se mantenham em equilíbrio, ou
em 5% dos casos, causando aumento da pressão nas vias seja, a manutenção do pH neutro, é necessário que o or-
urinária que acarreta na diminuição da RFG. Atinge indiví- ganismo disponha de mecanismos denominados sistemas
duos de todas as faixas etárias e pode evoluir para a insu- tampões.
ficiência renal crônica. As alterações de pH podem causar aumento da resis-
A história clínica do paciente pode dar indícios impor- tência vascular pulmonar e redução da resistência vascular
tantes para saber a causa da IRA como doenças crônicas, sistêmica; alterações no sistema nervoso central, na ativi-
antecedentes familiares de doenças renais, uso recente ou dade elétrica e contratilidade do miocárdio; e dificuldade
contínuo de medicamentos tais como anti-inflamatórios, de ligação hemoglobina/oxigênio e alterações das reações
antibióticos, anestésicos, contrastes, diuréticos também químicas do organismo devido a agentes químicos endó-
podem alterar a função renal. genos ou exógenos.

44
O valor normal do pH do sangue arterial é de 7,35–7,45. As crianças, especialmente menores de três anos de
O sistema tampão que mantém o pH sanguíneo ideal é o idade, são particularmente vulneráveis à intoxicação aci-
ácido carbônico versus bicarbonato, resultando em água, dental. Entre os principais agentes tóxicos que acometem
que será eliminada pelo rim e o CO2 eliminado pelos pul- as crianças nessa faixa etária destacam-se os medicamen-
mões. Observe a reação química: tos, os domissanitários e os produtos químicos industriais.
Algumas peculiaridades nos idosos, como aspectos
H+ + HCO3 - ↔ H2CO3 ↔ H2O + CO2 cognitivos, capacidade visual e o número de medicamen-
tos que fazem uso, podem provocar sérias confusões no
O mecanismo respiratório, de ação rápida, é responsá- atendimento.
vel pela eliminação de ácido carbônico, enquanto o meca- Os pacientes hospitalizados também estão expostos
nismo renal, de ação lenta, tanto elimina íons hidrogênio aos riscos de intoxicação devido aos erros de medicação,
como retém bicarbonato. relacionados à omissão, administração de medicamento
não prescrito, erros na dosagem, preparo, via de adminis-
As variações de pH ocasionam a acidose ou alcalose,
tração, prescrição, distribuição ou dispensação da medica-
que podem ser metabólicas ou respiratórias.
ção.
Valores muito abaixo ou muito acima são incompatíveis
Outro grupo afetado pelas intoxicações são os tra-
com a vida. balhadores, em diferentes áreas, devido à exposição aos
A acidose respiratória ocorre devido à redução da elimi- produtos químicos, ocasionando acidentes de trabalho e
nação do dióxido de carbono pelos pulmões, o que acar- doenças ocupacionais.
reta na retenção do CO2 no sangue. Esse CO2 aumenta a Em geral, as intoxicações agudas se manifestam rapida-
quantidade de ácido carbônico no sangue, reduzindo o pH. mente, produzem sintomas alarmantes em poucos segun-
Acidose respiratória dos, enquanto outras se manifestam após horas ou dias. Al-
Quando aumenta a eliminação de CO2 ocorre a redu- guns produtos tóxicos causam poucos sintomas evidentes
ção de íons hidrogênio e de ácido carbônico no sangue, até que tenha ocorrido uma lesão permanente da função
aumentando o pH. Alcalose respiratória de órgãos vitais, como fígado ou rins. Essas manifestações
A acidose metabólica ocorre pelo aumento de ácidos insidiosas, dependem de alguns fatores e variam confor-
do organismo tais como o ácido lático e os corpos cetô- me o agente tóxico, a quantidade, o tempo de exposição
nicos, bem como os íons de hidrogênio. Esse aumento de ao agente e as características individuais de cada pessoa.
ácidos provoca uma diminuição do pH. Acidose metabólica Alguns produtos tóxicos não são muito potentes e exigem
A alcalose metabólica é caracterizada pelo aumento exposição prolongada ou repetida para causar problemas.
de bases no sangue (bicarbonato), ao contrário dos ácidos Outros produtos são tão potentes que basta uma pequena
que estão reduzidos. Alcalose metabólica. quantidade para causar uma intoxicação grave.
Os cuidados de enfermagem iniciam-se com a admis- Daí a importância da competência profissional para
são do paciente na sala de emergência. A monitoração dos atender em casos de intoxicações. Lembre-se: não menos-
parâmetros vitais implica na observância de possíveis arrit- preze nenhuma informação. Porém, em algumas situações,
mias, alteração da frequência cardíaca e da pressão arte- essas informações importantes não podem ser obtidas,
rial. A avaliação da frequência respiratória é fundamental pela incapacidade de informação ou pelo desconhecimen-
para que intervenções de enfermagem sejam realizadas to sobre o que aconteceu. Nesses casos, seu raciocínio clí-
com agilidade e eficácia. Materiais que permitam a oferta nico é fundamental, ao associar as manifestações apresen-
tadas com as diversas causas desencadeadoras do agravo,

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


de oxigênio devem estar dispostos de modo a facilitar seu
iniciando os cuidados imediatos mais adequados, em cada
manuseio, incluindo o acesso à ventilação mecânica.
caso.
A possibilidade de infusão venosa e administração
No quadro de intoxicação, os sintomas iniciais podem
medicamentosa exigem do profissional de enfermagem a
variar desde prurido, sensação de boca seca, visão borrada
punção de veia calibrosa. Exames laboratoriais necessitam e dor. Fique atento às alterações súbitas e aparentemen-
de urgência em relação à coleta, bem como a exigência te inexplicáveis quanto ao nível de consciência ou estado
dos resultados para que se possa assistir o paciente de mental, aos sinais vitais, convulsões, arritmias cardíacas,
imediato. O acompanhamento de exames por imagens distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos.
também é de atribuição da equipe de enfermagem, que Em geral, logo ao início das manifestações, as pessoas
deve considerar a gravidade do quadro e a necessidade mais próximas, familiares, vizinhos, colegas de trabalho
que esse seja acompanhado juntamente com um membro identificam a necessidade de ajuda e acionam o serviço de
da equipe médica. A atenção aos familiares e a preservação atendimento pré-hospitalar móvel.
da privacidade do paciente faz das ações de enfermagem No local, a equipe multiprofissional inicia o atendimen-
um trabalho humanizado baseado nos princípios da ética. to, determinando a segurança da cena. A avaliação primá-
ria é efetuada considerando se a vítima está respirando,
Cuidando do cliente com intoxicação aguda apresenta batimentos cardíacos, pois, se for necessário, as
manobras de RCP serão iniciadas prontamente.
A intoxicação pode ser decorrente de um acidente, de Para continuar o atendimento é importante que a equi-
uma tentativa deliberada contra a vida de outros ou contra pe proceda a avaliação secundária, realizando a entrevista
a própria vida. Por isso, a população acometida é muito e o exame físico minucioso. Observe o nível de consciência,
variada. presença de palidez, temperatura, rubor, sudorese, cianose,

45
icterícia, hálitos e odores, resposta a estímulos, alteração O atendimento à vítima de trauma
das pupilas, tônus muscular, tremores, fasciculações, pre-
servação dos reflexos e movimentos, posições anormais e Considerado a terceira causa de morte no mundo, per-
traumatismos. Investigue sempre a cronologia dos sinais dendo apenas para as doenças cardiovasculares e o câncer,
e sintomas, perguntando sobre o momento em que a ví- o trauma atinge uma população jovem e em fase produ-
tima foi encontrada e há quanto tempo iniciou o primeiro tiva, tendo como consequência o sofrimento humano e o
contato com o agente tóxico para estimar o tempo de ex- prejuízo financeiro para o Estado, que arca com as despe-
posição. Dependendo do tempo, as manifestações podem sas da assistência médica e reabilitação, custos administra-
se intensificar, aumentando a gravidade da situação, deter-
tivos, seguros, destruição de bens e propriedades e, ainda,
minando as diferenciações nas condutas para o tratamento
imediato. encargos trabalhistas.
Procure obter os dados relativos aos agentes tóxicos Embora as estatísticas mostrem incidência maior de
suspeitos, olhe ao redor e veja se encontra sinais de produ- trauma em grandes centros urbanos, essa situação vem
tos ou resíduos da substância. atingindo também municípios menores, principalmente
É importante que você seja um bom observador. Con- aqueles próximos às grandes rodovias. Essa situação re-
forme a história relatada, peça aos familiares para trazer flete diretamente nos serviços locais de saúde, havendo a
frascos, rótulos, embalagens e cartelas vazias do provável necessidade cada vez maior de profissionais qualificados
agente causador. Veja se é possível calcular, por exemplo, para esse tipo de atendimento.
quantos comprimidos podem ter sido ingeridos. O trauma é um evento nocivo decorrente da liberação
Tenha sempre em mente que dados relacionados ao de uma das diferentes formas físicas de energia existen-
tipo de substância, a via de introdução do agente tóxico e te. A energia mecânica é uma das causas mais comuns de
magnitude da exposição, bem como os antecedentes clíni- lesões, encontradas nas colisões de veículos automotores.
cos e psiquiátricos e atividade profissional são determinan- Percebemos a presença da energia química quando uma
tes para a decisão rápida da melhor conduta, em cada caso. criança ingere soda cáustica acondicionada em uma gar-
No pronto-socorro, proceda a avaliação primária, dire- rafa de refrigerante. A energia térmica pode ser dissipada
cionando os cuidados conforme as alterações apresenta- no momento em que um cozinheiro borrifa combustível na
das pelo cliente. Se necessário, monitorize, administre oxi-
churrasqueira, aumentando a chama e queimando a face.
genoterapia, realize a venopunção, a coleta de sangue para
análise laboratorial e inicie a infusão de fluidos. Geralmen- As lesões de pele são frequentes no verão, devido expo-
te, a administração de fluidos por via EV mantém o nível sição à energia por irradiação. A transferência de energia
de hidratação e colabora na manutenção da função renal, elétrica é comum quando ocorre manipulação com fiação
assegurando débito urinário adequado. A essas soluções, elétrica, provocando diferentes padrões de lesões, como
podem ser adicionadas bases ou ácidos fracos para facilitar queimaduras (pele, nervos, vasos sanguíneos, músculos e
a excreção do produto tóxico pela urina. ossos), ejeção no momento da passagem da corrente elé-
Substâncias químicas, como os quelantes, se ligam a trica levando à diferentes traumas (cabeça, coluna, tronco e
determinados produtos tóxicos, sobretudo metais pesados membros) e, ainda, arritmia, em algumas vezes, seguida de
como o chumbo, mercúrio, alumínio; podem ser adminis- parada cardiorrespiratória devido a liberação de potássio
trados por diferentes vias para ajudar a neutralizar e a eli- na circulação sanguínea decorrente da lesão do músculo
miná-los. cardíaco.
A diálise pode ser necessária para a remoção de produ- É classificado de forma intencional quando há a inten-
tos tóxicos que não são imediatamente neutralizados ou ção de ferir alguém ou a si próprio, e não intencional quan-
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

eliminados do sangue. Quando o produto tóxico é desco- do as lesões são desenvolvidas devido a um determinado
nhecido, a identificação por meio de exames laboratoriais, evento, como queda, afogamento, queimadura, colisão de
como exame de urina, de sangue e do conteúdo gástrico veículos, entre outros. Essa subclassificação é importante
pode colaborar na análise para identificação do agente.
para que medidas possam ser criadas e aplicadas nos am-
Como o tratamento é realizado de forma mais adequa-
bientes e populações de risco com o objetivo de diminuir a
da quando o produto tóxico é conhecido, ouça atentamen-
mortalidade e a morbidade provocada pelo trauma.
te as informações sobre a ocorrência, verifique as embala-
Conhecendo a Cinemática do Trauma
gens e amostras trazidas com o cliente.
Ao prestar o primeiro atendimento, não provoque o
Para que as equipes que prestam atendimento pré-
vômito. Pode ser realizada a aspiração do conteúdo ou la-
-hospitalar ou hospitalar possam dimensionar as possí-
vagem gástrica associada ao carvão ativado (CA). Ponderar
veis lesões e a gravidade provocadas pela transferência de
o uso do cateterismo gástrico em presença de varizes eso-
energia, algumas informações referentes à cinemática são
fágicas e lesões ao longo do trajeto digestório, provocadas
importantes como, por exemplo, “Caiu de que altura”? “O
pela substância ingerida. Entretanto, têm sido amplamente
solo era de terra, grama ou concreto”? “Há quanto tem-
discutidos os reais benefícios da lavagem e os sérios pre-
po”? Desta forma, é importante considerar, na admissão
juízos advindos do uso do CA. Durante a lavagem gástrica
do cliente na urgência e emergência, que a equipe de saú-
com o CA, o indivíduo pode apresentar vômitos e, na ocor-
de, seja o técnico de enfermagem, enfermeiro ou médico,
rência de aspiração brônquica, há um sério risco de provo-
busque o máximo de informações sobre o mecanismo do
car pneumonia. Além disso, os grânulos podem se impreg-
trauma. Todas as informações referentes ao mecanismo do
nar na mucosa gastrintestinal, ocasionando a constipação
trauma são importantes, devendo ser associadas às altera-
intestinal e, em casos mais graves, a obstrução intestinal.
ções identificadas na avaliação.

46
Prestando Atendimento Pré-Hospitalar Todo atendimento, incluindo cinemática, avaliações, le-
sões percebidas e tratamento instituído no APH deve ser
O reconhecimento da necessidade de se prestar aten- repassado para os profissionais que admitem o cliente no
dimento no local onde o trauma foi produzido partiu do hospital, devendo estes utilizar tais informações para dar
médico Barão Dominick Jean Larrey, cirurgião-chefe mili- continuidade ao atendimento e também registrar as infor-
tar de Napoleão, que criou as “ambulâncias voadoras” com mações no prontuário.
equipes treinadas no atendimento médico. Tinha o objeti-
vo de encaminhar rapidamente essas vítimas para o hos- Avaliação da vítima de trauma
pital, promovendo a assistência durante o transporte, por
entender que assim elas teriam mais chances de sobreviver. Vamos agora fundamentar os seus conhecimentos so-
A partir de então, outros profissionais aderiram à ideia bre a avaliação da vítima de trauma, contribuindo para que
e passaram a ter uma abordagem sistematizada no aten- realize um atendimento correto e seguro.
dimento pré-hospitalar (APH), reconhecendo que não bas- Os óbitos em decorrência do trauma podem acontecer
tava simplesmente transportá-las para um hospital; havia a
em três momentos distintos. Na primeira fase, as mortes
necessidade de se corrigir as lesões responsáveis pela mor-
acontecem nos primeiros minutos até uma hora após o
talidade no trauma no menor espaço de tempo possível.
evento, devido a lesões muito graves e irreversíveis. Na se-
A atividade de APH apresenta algumas peculiaridades
comparadas ao atendimento realizado no hospital, sendo gunda fase, as mortes acontecem nas primeiras horas após
importante o seu conhecimento, como você pode notar: o evento. Neste caso, o APH e o atendimento hospitalar
de qualidade beneficiam essas vítimas. Na terceira e última
Segurança no local do atendimento: esse item tem que fase, as mortes acontecem em dias ou até semanas, em
ser assegurado para que o profissional não se torne vítima. decorrência da falência de múltiplos órgãos e pelo desen-
Tal fato geraria instabilidade emocional nos outros mem- volvimento de quadros infecciosos.
bros da equipe, sem contar a necessidade de mais recursos A partir dessa realidade, entendemos que a diminui-
para o atendimento. Muitas são as situações de inseguran- ção da mortalidade e das sequelas provocadas pelo trau-
ça para a equipe, como violência contra os profissionais ma depende do conhecimento da cinemática, associado à
do APH, lesões com material perfurocortante contaminado, identificação das lesões por meio do exame primário e o
atropelamentos por falta de sinalização, posicionamento emprego de condutas assertivas.
incorreto das viaturas e ausência de uniformes refletivos, Diretrizes foram criadas para direcionar o APH e o aten-
quedas, intoxicações em incêndios e/ou material radioati- dimento hospitalar de forma sistematizada, onde as lesões
vo, contaminação ambiental, entre outros. A segurança não com maior risco de morte são percebidas na avaliação
se restringe apenas aos profissionais. O cliente deve ter a inicial e imediatamente tratadas. O que diferencia a con-
sua segurança garantida durante todo o atendimento, não duta desses dois serviços são os recursos disponíveis para
sendo admissível que ele tenha suas condições agravadas confirmação do diagnóstico e a realização do tratamento
em decorrência do atendimento prestado. definitivo. Determinados procedimentos não são possíveis
Condições climáticas: quanto às condições climáticas, nem no APH, tampouco em hospitais que não possuem
o atendimento é realizado independente da exposição às recursos humanos, físicos e materiais para os procedimen-
adversidades climáticas (chuva, sol e frio). tos necessários, conforme determinado pelas políticas de
urgências do Sistema Único de Saúde (SUS).
- Luminosidade: a ausência de luminosidade é um fator

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Atualmente, o atendimento das vítimas de trauma é
que dificulta o atendimento e, muitas vezes, pode- realizado baseado no protocolo internacional denomina-
mos contar apenas com lanternas e a habilidade e
do Advanced Trauma Life Support (ATLS, 2008), criado pelo
destreza dos profissionais.
American CollegeofSurgeons, mundialmente conhecido
- Local de difícil acesso: há situações em que o APH só
pelo benefício que trouxe para o prognóstico do traumati-
é possível após manobras de salvamento devido aos
locais de difícil acesso. zado grave, consequentemente modificando as estatísticas
de morbimortalidade. O protocolo é utilizado para as dife-
Garantida a segurança da equipe, o atendimento é ini- rentes faixas etárias, respeitando as diferenças anatômicas,
ciado com a avaliação da vítima, buscando por lesões que o peso e os parâmetros vitais.
comprometam sua vida e, posteriormente, a avaliação de O tratamento do cliente vítima de trauma é realizado
situações que possam comprometer algum membro. de acordo com as lesões identificadas na avaliação inicial,
Nos atendimentos de vítimas de trauma, a gravidade associado aos parâmetros hemodinâmicos e ao mecanis-
frequentemente está associada à dificuldade respiratória e mo do trauma, determinando dessa forma a prioridade no
a perfusão inadequada devido aos sangramentos expres- atendimento.
sivos. Lembre-se de iniciar sempre pelo método ABCDEs,
Nestes casos, manter a via aérea desobstruída, ofere- identificando as lesões críticas que impliquem em risco de
cer oxigênio, fazer contenção de sangramentos externos morte ou sequela grave. Sendo assim, a avaliação é dividi-
e iniciar reposição volêmica são intervenções que contri- da em primária e secundária.
buem para manter a condição hemodinâmica necessária Na avaliação primária sistematizada, as lesões críticas
à sobrevivência até a chegada deste cliente em um centro são identificadas em uma ordem decrescente, das mais
de trauma. críticas para as menos críticas, e imediatamente tratadas.

47
Para isso, foram estabelecidas cinco etapas denominadas c) Não consegue andar, respira, FR 29irpm, pulso radial
ABCDE e são necessários 30 segundos para sua realização, presente, responde ordens simples. III. Vítima verde
excedendo este tempo nos procedimentos de reanimação. d) Não consegue andar, respira com FR 35irpm, enchimen-
Antes de iniciar a avaliação secundária é importante to capilar 1 segundo, responde a ordens simples. IV. Ví-
reavaliar cada etapa e a resposta do cliente ao tratamento tima cinza ou inviável
instituído. A avaliação secundária consiste no exame deta- e) Não consegue andar, não respira com FR 0irpm, após
lhado, associado a algumas informações relevantes sobre o abertura de vias aéreas, FR 0irpm, enchimento capilar 9
cliente e que auxiliam na escolha do tratamento, conforme segundos, não responde a ordens simples.
descrito em detalhes no atendimento hospitalar. f) Uma vítima, criança, de 8 anos de idade, não consegue
A avaliação primária e secundária em crianças e ido- andar, respira, FR 27irpm, enchimento capilar 1 segun-
sos apresenta algumas peculiaridades. A população idosa do, responde a ordens simples.
apresenta como principal mecanismo de trauma as quedas. g) Não consegue andar, não resira com FR 0irpm, após
Esse fato está associado ao processo de envelhecimento abertura de vias aéreas FR 8irpm, não responde a ordens
devido ao comprometimento sensorial (audição, memória simples.
e visão), neurológico (coordenação motora) e músculo es-
quelético (fragilidade óssea), sendo que aqueles que fazem a) A-III, B-I, C-II, D-II, E-IV, F-II, G-I
uso de drogas e/ou álcool estão mais predispostos a esse b) A-I, B-II, C-III, D-III, E-III, F-I, G-II
mecanismo. Alguns fatores relacionados à estrutura corpo- c) A-III, B-II, C-I, D-II, E-IV, F-II, G-II
ral e ao desenvolvimento infantil, como a estatura, menor d) A-II, B-I, C-III, D-I, E-III, F-IIII, G-I
quantidade de gordura, maior elasticidade do tecido con- e) A-I, B-III, C-II, D-IV, E-III, F-II, G-III
juntivo, proximidade dos órgãos e estruturas ósseas em
processo de calcificação, torna a criança mais susceptível Resposta: Letra A
a lesões de maior gravidade. As quedas aparecem como o Técnica Start: cabe á primeira guarnição que chega ao
principal mecanismo de trauma em crianças, seguida dos local do acidente procurar congelar a área e iniciar tria-
gem preliminar, enquanto solicita apoio, visando salvar
atropelamentos e ocorrências envolvendo veículos auto-
o maior número de vítimas de óbito iminente. Assim,
motores.
os socorristas deverão realizar a triagem observando a
O atendimento da criança vítima de trauma obedece
Respiração, Perfusão e Nível de Consciência.
aos mesmos princípios usados para o cliente adulto e ido-
Vítima vermelha :vítimas que apresentam risco imediato
so; o que difere são as especificidades anatômicas e fisio-
de vida.
lógicas e a necessidade de recursos humanos e materiais Vítima amarela :vítimas que não apresentam risco de
apropriados disponíveis para garantir o atendimento desta vida imediato; necessitam de algum tipo de tratamento
faixa etária. O atendimento segue as mesmas etapas do no local, enquanto aguardam transporte ao hospital.
ABCDEs, com foco nas peculiaridades da população infan- Vítima verde: vítimas com capacidade para andar; não
til. necessitam de tratamento médico ou transporte imedia-
A reanimação da criança é realizada conforme o seu to, possuem leões sem risco de vida.
peso, porém, nas situações de trauma essa informação Vítima cinza,preto ou inviável: vítimas em óbito ou que
nem sempre é possível. não tenham chance de sobreviver; não respiram mesmo
após manobras simples de abertura de via aérea.

2. (Pref.Itaporã/MS – Técnico de Enfermagem - UFPI/


AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

EXERCÍCIO COMENTADO COPESE/2012) O choque representa uma alta incidência


de morbimortalidade nas Unidades de Terapias Intensivas.
É caracterizado por uma incapacidade do sistema circulató-
1. (Assistência de Enfermagem em Urgência e Emer- rio em fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma
gência - Pref. Londrina/PR – Técnico em Enfermagem a atender às suas necessidades metabólicas. A síndrome de
– 2013 - VUNESP) Você e a sua equipe do Suporte Bási- hiperviscosidade é classificada como sendo choque
co de Vida (SBV) foram chamadas para um atendimento a
múltiplas vítimas (IMV), sendo uma das atribuições como a) hipovolêmico.
socorrista a triagem em foco, utilizando uma técnica pa- b) obstrutivo.
drão, sendo a mais usada o fluxograma START. Em relação c) distributivo.
à aplicação da triagem de foco método START, relacione a d) cardiogênico.
primeira coluna com a segunda e a seguir assinale a alter- e) hemorrágico.
nativa que contenha as correspondências corretas.
Resposta: Letra C
a) Gestante, presença de sangramento vaginal visualizado, O choque distributivo é uma variação do choque cir-
presença de sangue na roupa, consegue andar, respira, culatório e acomete, em especial pacientes internados
FR 28irmp, enchimento capilar 2 segundos, responde or- em Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s), sendo um dos
dem simples. I. Vítima vermelha principais fatores contribuintes para as altas taxas de
b) Não consegue andar, respira com FR > 30irpm, pulso mortalidade hospitalar, mesmo com os avanços na com-
radial ausente, não responde a ordem simples. II. Vítima preensão da fisiopatologia do choque e da terapêutica
amarela aplicada (MARSON et al., 1998).

48
Essa alteração fisiológica é caracterizada por inadequa- Resposta: Letra A
ção entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio Em caso de IAM, o coração não está em condições de
ocasionada por uma alteração na correta distribuição manter o fluxo sanguíneo adequado para o organismo,
de nutrientes através do fluxo sanguíneo. Assim, temos portanto o repouso é necessário para diminuir a deman-
tecidos com fluxo sanguíneo elevado em relação à ne- da do organismo. Outro fator importante é a dor forte
cessidade e outros com fluxo sanguíneo suficiente em relatada pelo paciente,como a intenção é reduzir a ativi-
termos numéricos, mas deficiente para atender às ne-
dade cardíaca, o controle da dor é primordial.
cessidades metabólicas do organismo (SIQUEIRA, SCH-
MIDT, 2003).
Uma das causas desencadeadoras pode advir de fatores CONDUTA ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA
neurológicos, como trauma raquimedular, uso de dro-
gas vasodilatadoras, anafilaxia e doenças endócrinas. A ÁREA DE SAÚDE.
vasodilatação ocasiona diminuição da resistência vascu-
lar periférica (RVP), que por sua vez ocasiona uma dimi-
nuição do retorno venoso e do débito cardíaco. Como A palavra Ética é derivada do grego e apresenta uma
mecanismo de compensação para esse estado hemodi- transliteração de duas grafias distintas, êthos que significa
nâmico, ocorre aumento da contratilidade e da frequên- “hábito”, “costumes” e ethos que significa “morada”, “abri-
cia cardíaca (MARSON et al., 1998). go protetor”.
Dessa raiz semântica, podemos definir ética como uma
3. (Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergên- estrutura global, que representa a casa, feita de paredes,
cia - Pref. Londrina/PR – Técnico em Enfermagem – 2013 vigas e alicerces que representam os costumes. Assim, se
- VUNESP) O Suporte Básico de Vida (SBV) do SAMU-192 esses costumes se perderem, a estrutura enfraquece e a
foi acionado para atender uma ocorrência com vítima do casa é destruída.
sexo masculino, 30 anos de idade, prensado entre o veículo Em uma visão mais abrangente e contemporânea, po-
e um muro. A vítima apresenta lesões por esmagamento
demos definir ética como um conjunto de valores e prin-
em membros inferiores. Nesse caso, além de manter a via
cípios que orientam o comportamento de um indivíduo
aérea, a respiração e a circulação, a vítima deve ser obser-
vada para sinais e sintomas de: dentro da sociedade. A ética está relacionada ao caráter,
uma conduta genuinamente humana e enraizada, que vêm
a) Insuficiência respiratória aguda. de dentro para fora.
b) Insuficiência renal aguda.
c) Infarto agudo do miocárdio. Diferença de ética e moral
d) Insuficiência hepática.
e) Insuficiência coronariana. Embora ética e moral sejam usados, muitas vezes, de
maneira similar, ambas possuem significados distintos. A
Resposta: Letra B moral é regida por leis, regras, padrões e normas que são
As vítima da questão deve ser avaliada de acordo com o adquiridos por meio da educação, do âmbito social, familiar
que consta na alternativa “B”. Os rins são órgãos inter- e cultural, ou seja, mas algo que vem de fora para dentro.
nos que ficam bem protegidos, mas em caso de traumas Para o filósofo alemão Hegel, a moral apresenta duas
são os mais acometidos. vertentes, a moral subjetiva associada ao cumprimento de
Vítimas com esmagamento em membros inferiores os dever por vontade e a moral objetiva que é a obediência de

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


profissionais envolvidos no cuidado devem atentar-se leis e normas impostas pelo meio.
a insuficiência renal aguda,pois esta patologia quando No entanto, ética e moral caminham juntas, uma vez
não tratada adequadamente, podem provocar a per- que a moral se submete a um valor ético. Desta forma, uma
da da função renal levando á insuficiência renal.Esta se ética individual, quando enraizada na sociedade, passa a
caracteriza por redução da filtração glomerular (RFG) ser um valor social que é instituído como uma lei moral.
levando á diminuição da diurese e retenção de uréia e A consequência de um comportamento antiético afron-
creatinina. ta os valores, caráter e o princípio de uma pessoa, enquan-
to a quebra de um valor moral é punida e justificada de
4. (Assistência de Enfermagem em Urgência e Emer- acordo com a lei que rege o meio.
gência - Pref. Londrina/PR – Técnico em Enfermagem
– 2013 - VUNESP) O senhor Manoel procura a Unidade de Características fundamentais de uma conduta ética
Pronto Atendimento apresentando dor torácica, sudorese Alguns conceitos são fundamentais para constituir o
intensa, queda de pressão arterial, dispnéia, náuseas, taqui- comportamento ético. São eles:
cardia e ansiedade. Estes sinais e sintomas são característi-
cos da seguinte afecção do sistema cardiovascular. • Altruísmo: a preocupação com os interesses do outro
de uma forma espontânea e positivista.
a) Endocardite. • Moralidade: conjunto de valores que conduzem o
b) Angina de peito. comportamento, as escolhas, decisões e ações.
c) Choque cardiogênico. • Virtude: essa característica pode ser definida como a
d) Doença cardíaca reumática. “excelência humana” ou aquilo que nos faz plenos e
e) Infarto agudo do miocárdio. autênticos.

49
• Solidariedade: princípios que se aplicados às relações Um profissional com habilidades de liderança e relacio-
sociais e que orientam a vivência e convívio em har- namento difunde valores éticos , preza pela harmonia no
monia do individuo com os demais. ambiente de trabalho e coloca em primeiro lugar o respei-
• Consciência: capacidade ou percepção em distinguir o to às pessoas e o comprometimento com o trabalho.
que é certo ou errado de acordo com as virtudes ou
moralidade.
• Responsabilidade ética: consenso entre responsabi- EXERCÍCIO COMENTADO
lidade (assumir consequências dos atos praticados)
pessoal e coletiva. 1.( Agente do Sistema Socioeducativo - Técnico em En-
fermagem - SAD/MT – Médio – UNEMAT – 2009 ) Pelo
O que é Ética Profissional atendimento telefônico transmite-se tanto a imagem pro-
] fissional quanto a eficácia e o bom atendimento da insti-
A ética profissional é o conjunto de valores, normas e tuição. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
condutas que conduzem e conscientizam as atitudes e o
comportamento de um profissional na organização. Desta a) Deve-se responder as dúvidas mais comuns das pessoas
forma, a ética profissional é de interesse e importância da como se estivesse respondendo pela primeira vez.
empresa e também do profissional que busca o desenvol- b) Deve-se ser gentil no atendimento, usando expressões
vimento de sua carreira. como “coração”, “querido(a)” ou “meu bem”.
Além da experiência e autonomia em sua área de atua- c) O funcionário deve fazer com que o tratamento seja dis-
ção, o profissional que apresenta uma conduta ética con- tante, impessoal, evitando envolvimento.
quista mais respeito, credibilidade, confiança e reconheci-
d) Deve-se evitar conflitos, demonstrando indiferença e
mento de seus superiores e de seus colegas de trabalho.
apatia. e. Ao deparar-se com alguém irritado e agressivo
A conduta ética também contribui para o andamento
ao telefone, deve-se utilizar tom de superioridade.
dos processos internos, aumento de produtividade, reali-
zação de metas e a melhora dos relacionamentos interpes-
soais e do clima organizacional. Resposta: Letra A
Quando profissionais e empresa prezam por valores e O comportamento ético do bom profissional traz a ga-
princípios éticos como gentileza, temperança, amizade e rantia do respeito e da estabilidade no emprego. A atu-
paciência, existem bons relacionamentos, mais autonomia, ação de acordo com os valores morais da sociedade e
satisfação, proatividadee inovação. da organização valoriza o profissional e o transforma em
Para isso, é conveniente que a empresa tenha um có- um elemento importante dentro da estrutura da empre-
digo de conduta ética, para orientar o comportamento de sa.
seus colaboradoresde acordo com as normas e postura
da organização. O código de ética empresarial facilita a
adaptação do colaborar e serve como um manual para boa 2.( Agente do Sistema Socioeducativo - Técnico em En-
convivência no ambiente de trabalho. fermagem - SAD/MT – Médio – UNEMAT – 2009 ) Nas
Ética profissional e valor estratégico relações de trabalho é necessário que se tenha uma forma
de agir, capaz de enfrentar adequadamente os desafios
Em meio ao cenário caótico nacional, problemas políti- que surgem no dia-a-dia. Com relação à afirmação, assina-
cos, desigualdade social, falta de infraestrutura para educa- le a alternativa correta.
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ção e saúde, a ética tornou-se um dos principais assuntos


abordados em escolas, universidades, trabalho e até mes- a) Nas atividades que o funcionário público realiza junto à
mo nas ruas. comunidade, é importante que se tenha apenas compe-
Com a população mais consciente das questões morais tência na sua área técnica específica.
e da responsabilidade social com que as autoridades e as b) Pelas atividades que o funcionário público realiza, deve
empresas devem prestar à sociedade e ao meio ambiente, priorizar o status, remuneração e estabilidade em detri-
houve um aumento da fiscalização e cobrança pelo com- mento da identificação com o trabalho.
prometimento ético destes órgãos. c) O funcionário público deve ter ânimo permanente, dis-
Com isso, a ética ganhou um novo valor, o valor estraté- posição para o trabalho e interesse para aprender.
gico. As empresas se viram obrigadas a modificar seus con- d) Deve-se evitar ouvir os problemas dos funcionários e
ceitos, quebrar paradigmas e apresentar uma postura mais
interessar-se por eles.
transparente, humana e coerente para não perder público.
e) A persistência, a seriedade, a assiduidade e a pontualida-
Neste contexto, a ética profissional que deveria ser uma
virtude enraizada do individuo tornou-se parte da estra- de são fatores que interferem, indiretamente, no desem-
tégia organizacional e, consequentemente, um diferencial penho das atividades do funcionário público.
competitivo no mercado de trabalho.
No entanto, quando a empresa adota a ética profissio- Resposta: Letra C
nal como uma estratégia de mercado, ela também contri- A ética está diretamente conectada aos princípios que
bui com desenvolvimento do profissional, que precisa me- disciplinam, orientam ou mesmo distorcem o comporta-
lhoras suas habilidades com relacionamentos interpessoais mento humano. Ética no trabalho é algo profundamente
e liderança. necessário para um ambiente saudável.

50
3.( Agente do Sistema Socioeducativo - Técnico em En- a) adipócitos.
fermagem - SAD/MT – Médio – UNEMAT – 2009 ) São b) fibroblastos.
deveres do funcionário público para a realização das suas c) colágenos.
atribuições: d) melanócitos.
e) elementos da derme.
a) desempenhar suas funções nos lugares e horários, valen-
do-se da própria autonomia. 4. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
b) cumprir a jornada de trabalho de acordo com as suas cia Científica/PE – 2007) Uma criança morreu com falta de
possibilidades. ar por obstrução na garganta, provocada ao tentar engolir
c) respeitar, se possível, as normas e orientações superio- um botão de paletó. Houve fechamento na região das pre-
res. gas vocais. A válvula, que regula a passagem de alimento
d) tratar os colegas de trabalho e o público em geral da para as vias digestórias, é a:
maneira que lhe convier.
e) conservar e zelar pelo patrimônio público. a) cárdia.
b) pilórica.
Resposta: Letra E c) esofágica.
Os servidores públicos são profissionais que possuem d) ileocecal.
um vínculo de trabalho profissional com órgãos e enti- e) epiglótica.
dades do governo. Por isso, é necessário que os servi-
dores apliquem os valores éticos para que os cidadãos 5. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
possam acreditar na eficiência dos serviços públicos. cia Científica/PE – 2007) Um indivíduo teve uma estaca de
madeira encravada no mediastino e morreu por hemorra-
gia interna. Essa região está localizada:
HORA DE PRATICAR! a) abaixo do diafragma.
b) nos músculos hipogástricos.
1. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí- c) entre os pulmões
cia Científica/PE – 2007) A putrefação de um tecido, em d) no coração.
nível celular, é acelerada, principalmente, porque: e) colateralmente aos rins.

a) as mitocôndrias aumentam a produção de ATP. 6. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-


b) as células desidratam acentuadamente. cia Científica/PE – 2007) Num acidente automobilístico,
c) ocorre diminuição na produção de proteínas para a o indivíduo teve fratura em duas vértebras cervicais. Esta
membrana celular. região é denominada de:
d) os lisossomos entram em processo de autólise.
e) as células entram em aceleração de divisão celular de- a) torácica.
sordenada. b) pescoço.
c) sacral.

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


2. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Po- d) lombar.
lícia Científica/PE – 2007) A conservação de um cadáver e) coccígea.
em uma câmara fria ocorre, porque o gelo:
7.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polícia
a) desacelera a degeneração celular e inibe a ação de mi- Científica/PE – 2007) O reflexo patelar ou tendinoso ocor-
croorganismos decompositores. re de forma involuntária. Este estado fisiológico ocorre pela
b) destrói todas as enzimas e os ácidos nucléicos favorece- atividade do sistema:
dores da ação degenerativa.
c) estabiliza bioquimicamente as células e inativa as divi- a) nervoso autônomo.
sões celulares. b) receptor para a dor.
d) destrói todos os elementos nucleares responsáveis pela c) nervoso central.
divisão celular. d) muscular liso.
e) acelera a divisão de células jovens e sadias no organis- e) nervoso periférico.
mo.

3.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-


cia Científica/PE – 2007) Um cadáver de cor clara só foi
periciado e resgatado depois de cerca de 10h de exposição
ao sol. Nessa condição, a pigmentação de sua pele sofreu
alteração. A variação na cor da pele acontece por estimula-
ção dos raios solares, principalmente, nos:

51
8. (Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí- 13.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
cia Científica/PE – 2007) A poluição sonora no ambiente e cia Científica/PE – 2007) Em acidentes com múltiplas víti-
a utilização de sons muito altos em fones de ouvido podem mas, catástrofe ou desastre, após a realização da triagem,
estabilizar a membrana timpânica e resultar em surdez. So- as vítimas inicialmente são distribuídas em áreas por cores,
bre o tímpano, ele está localizado, particularmente, no(a): para realizarem os atendimentos. Os profissionais do IML
deverão aproximar se da área:
a) nervo acústico.
b) meato acústico externo. a) Vermelha.
c) ouvido médio. b) Negra.
d) aparelho vestibular. c) Amarela.
e) tuba auditiva. d) Verde.
e) Laranja.
9.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
cia Científica/PE – 2007) A liberação de substâncias não
14.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
biodegradáveis, tais como os organoclorados e os metais
cia Científica/PE – 2007) Houve um desabamento de um
pesados (mercúrio, chumbo, prata etc) poluem o ambiente
e podem ficar acumulados no organismo. A decomposição prédio de três andares, tipo caixão na cidade do Recife. Um
natural das substâncias biodegradáveis ocorre pela ação homem de aproximadamente 52 anos de idade encontra-
de alguns(umas): -se inconsciente, com apnéia e ausência de pulsos palpá-
veis na carótida. São sinais sugestivos de:
a) fungos.
b) protozoários. a) parada respiratória.
c) líquens. b) parada cardíaca.
d) ácidos fracos. c) infarto do miocárdio.
e) bactérias. d) acidente vascular cerebral.
e) parada cardiorrespiratória.
10.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
cia Científica/PE – 2007) As queimadas, o desmatamento, 15.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí-
as mudanças climáticas favorecem o aquecimento regional cia Científica/PE – 2007) Nesse mesmo desabamento do
e ambiental. Um outro fator contribuinte é a utilização em prédio de três andares, foi encontrada uma mulher com
larga escala de: 40 anos, ferimentos na face, com grande quantidade de
sangue e corpos estranhos na cavidade oral, inconsciente e
a) produção de energia nuclear. sangramento intenso na perna direita. A conduta inicial de
b) reserva de água em reservatórios expostos ao sol. primeiros-socorros será a de:
c) queima dos combustíveis.
d) construção de usinas a) realizar curativo compressivo na perna direita.
e) reutilização de plásticos e polietilenos. b) transferi-la imediatamente a um hospital.
c) tentar remover sangue e corpos estranhos existentes na
11.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Polí- cavidade oral.
cia Científica/PE – 2007) A desintoxicação das células he-
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

d) transportá-la para a área preta da triagem.


páticas, principalmente quando são agredidas por etanol,
e) realizar curativo compressivo na face.
ocorre, especialmente, pelos:

a) fagossomos.
b) lisossomos.
c) nucleossomos.
d) goligissomos.
e) retículos endoplasmáticos lisos.

12.(Auxiliar de Sala de Necrópsia – Fundamental - Po-


lícia Científica/PE – 2007) Indivíduos que vivem em áreas
poluídas, contendo resíduos impregnantes nos alvéolos
pulmonares podem desencadear uma fibrose pulmonar.
Ao tipo de morte decorrente de acúmulo de líquido nos
pulmões, denomina-se de:

a) enfisema.
b) apnéia.
c) edema.
d) dispnéia.
e) embolia.

52
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 D ___________________________________________________
2 A ___________________________________________________
3 D ___________________________________________________
4 E
___________________________________________________
5 C
6 B ___________________________________________________
7 A ___________________________________________________
8 C
___________________________________________________
9 E
___________________________________________________
10 C
11 E ___________________________________________________
12 C ___________________________________________________
13 B
___________________________________________________
14 E
15 C ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM


___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

53
ANOTAÇÕES

__________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________
AUXILIAR TÉCNICO DA PERÍCIA - TÉCNICO EM ENFERMAGEM

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

54

Вам также может понравиться