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No imediato, entendeu-se ser urgente proceder à No demais, as soluções aqui apresentadas estão devida-
alteração pontual de alguns diplomas legais vigentes mente fundamentadas no “Relatório das Lacunas Legais”
no nosso ordenamento jurídico em aspetos tidos por elaborado no quadro da assistência técnica desenvolvida
críticos em termos de garantia da segurança jurídica com o financiamento do segundo compacto do Millennium
no negócio imobiliário, designadamente os institutos da Challenge Corporation (MCC) e visando a “Preparação
justificação notarial, da justificação administrativa e da da base jurídica para o Registo Sistemático”, pelo que,
habilitação de herdeiros, bem como do registo predial. São tal documento faz parte integrante da presente proposta.
aspetos indispensáveis e reclamam medidas de reforma
inadiáveis na perspetiva do incremento de maior rigor e Foi ouvida a Associação Nacional dos Municípios Cabo-
transparência na utilização dos processos fundamentais
verdianos.
de formalização de direitos, especialmente importante
a partir do início da operação de execução do cadastro Assim:
predial, primeiro na ilha do Sal, a título experimental,
e, posteriormente, nas ilhas da Boa Vista, São Vicente No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do
e Maio, especificando os direitos sobre os bens imóveis artigo 204.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
e os seus limites físicos, com vista à implementação do
registo predial obrigatório e consequente criação de um Artigo 1.º
único sistema de informação predial.
Objeto
É que, a história da gestão fundiária e imobiliária
em Cabo Verde indica-nos uma séria probabilidade da
O presente Decreto-Lei altera pontualmente os se-
operação de execução do cadastro predial deparar com
guintes diplomas:
um elevado número de situações de cadastro diferido
pela impossibilidade de provar o direito com um título
a) O Decreto-Lei n.º 29/2009, de 17 de Agosto, que
precisamente pelo facto de existirem na sociedade cabo-
aprova o regime jurídico do cadastro predial;
verdiana muitos direitos informais, ou seja, transmissões
inter vivos ou mortis causa inválidas porque adquiridas
b) O Decreto-Lei n.º 9/2010, de 29 de Março, que
através de um negócio jurídico nulo ou operação ferida
aprova o Código do Notariado;
do vício de forma por preterição da forma prescrita na
lei – a escritura pública.
c) O Decreto-Lei n.º 2/97, de 21 de Janeiro, alterado
Por isso, sem prejuízo de uma revisão mais genérica e pelo Decreto-Lei n.º 35/2008, de 27 de
aprofundada a introduzir no futuro, o presente Decreto- Outubro, que estabelece o regime dos bens
Lei visa alterar pontualmente os seguintes diplomas: patrimoniais do Estado; e
● O Decreto-Lei n.º 29/2009, de 17 de Agosto, que d) O Decreto-Lei n.º 10/2010, de 29 de Março, que
aprova o regime jurídico do cadastro predial; aprova o Código do Registo Predial.
I SÉRIE — NO 50 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE AGOSTO DE 2014 1687
Artigo 2.º 2. […]
São alterados os artigos 2.º, 6.º, 7.º, 14.º, 15.º, 17.º, 19.º, Artigo 7.º
30.º e 32.º do Decreto-Lei nº 29/2009, de 17 de Agosto, que
Obrigatoriedade da inscrição cadastral
aprova o regime jurídico do cadastro predial, que passam
a ter a seguinte redação: 1. A inscrição dos prédios no cadastro é obrigatória e
“Artigo 2.º condição indispensável para a prática de qualquer ato
jurídico relativo aos prédios rústicos, urbanos e mistos,
Conceitos podendo ser feita oficiosamente, a pedido dos particulares
ou das entidades públicas.
1. […]
l) […] 4. […]
3. Nenhum ato relativo a prédios localizados em área 8. Compete à Equipa de Apoio Técnico promover, agi-
cadastrada, designadamente atos notariais, de registo lizar e apoiar tecnicamente a operação de execução do
e outros, pode ser praticado perante a Administração cadastro, designadamente:
Pública sem a exibição da respetiva certidão de identifi-
cação predial, salvo se for possível a sua consulta direta a) […]
através do sistema de informação predial.
b) […]
4. O modelo da Certidão de Identificação Predial (CIP) é c) […]
aprovado por Portaria Conjunta dos membros do Governo
responsáveis pelo cadastro e pela justiça. d) […]
Artigo 17.º e) […]
Serviço central responsável pelo cadastro f) […]
1. […] g) […]
2. […] h) […]
a) […] i) […]
São aditados os artigos 86.º-A, 92.º-A, 92º-B, 101.º- 1. A justificação notarial de prédios rústicos ou lotes
A, 101.º-B, 101.º-C, 101.º-D, 101.º-E ao Decreto-Lei n.º de terreno para edificação urbana só podem ser feitas
9/2010, de 29 de Março, que aprova o Código do Notaria- com base em levantamento topográfico, identificando as
do, com a seguinte redação: suas confrontações obtido em processo de execução do
cadastro predial ou elaborado pela Câmara Municipal
“Artigo 86.º-A ou por técnico competente acreditado, nos termos da lei,
sendo o produto final homologado pelo serviço central
Publicidade
responsável pelo cadastro.
1. A escritura de habilitação notarial de herdeiros é 2. Tratando-se de lote de terrenos para edificação urbana
publicitada, a expensas dos interessados, por meio de adquirido da Câmara Municipal basta a apresentação da
extrato do seu conteúdo, no prazo de quinze dias, a contar planta de localização com as coordenadas topográficas.
da data em que tiver sido outorgada.
Artigo 101.º-A
2. Do extrato devem constar a identidade do autor da Interposição de recurso hierárquico e de impugnação judicial
herança e dos herdeiros, a data e local do falecimento
daquele e da escritura de habilitação notarial de herdei- 1. O recurso hierárquico ou a impugnação judicial
ros, bem como a indicação do Cartório Notarial em que interpõem-se por meio de requerimento em que são ex-
esta foi lavrada. postos os seus fundamentos.
3. A publicação é feita, mediante o preparo devido, por 2. A interposição de recurso hierárquico ou de impug-
iniciativa do Notário, em dois números seguidos do jornal nação judicial considera-se feita com a apresentação
mais lido ou, em caso de dúvida, de um dos jornais mais das respetivas petições no Cartório Notarial onde foi
lidos da ilha do último domicílio do autor da herança outorgado o ato notarial.
ou, se aí não houver jornal, no mais lido ou, em caso de 3. Impugnada a decisão, o Notário aprecia os funda-
dúvida, num dos jornais mais lidos do país. mentos invocados, o qual deve proferir, no prazo de 8
dias, despacho a sustentar ou a reparar a decisão, dele
4. Se o autor da herança tiver falecido no estrangeiro e
notificando o recorrente.
não tinha domicílio em Cabo Verde a publicação deve ser
feita num dos jornais mais lidos no país, no sítio da in- 4. A notificação referida no número anterior deve ser
ternet “Porton Di Nos Ilha”, na Embaixada e Consulados acompanhada do envio ou da entrega ao notificando de
de Cabo Verde no país de falecimento e, através destas, cópia dos documentos juntos ao processo.
junto das Associações de Emigrantes Cabo-Verdianos.
5. Sendo sustentada a decisão, o processo deve ser
5. Em qualquer caso, cada edição deverá esclarecer se é remetido à entidade competente, no prazo de cinco dias,
a primeira ou a segunda publicação e informar aos poten- instruído com cópia do referido despacho e dos documen-
ciais interessados sobre o prazo de eventual impugnação. tos necessários à sua apreciação.
6. Quando a publicação houver de ser feita em concelho 6. A tramitação da impugnação judicial, incluindo a
diverso daquele em que se situa o Cartório Notarial, o remessa dos elementos referidos no número anterior
Notário que lavrou a escritura pública pode enviar o ex- ao tribunal competente, é preferencialmente efetuada
trato desta a um Notário desse Concelho, para que este por via eletrónica nos termos a definir por portaria do
promova a publicação e lhe remeta o jornal, bem como a membro do Governo responsável pela área da justiça.
conta em dívida. Artigo 101.º-B
Limite de área de prédio rústico objeto de justificação notarial 1. O recurso hierárquico é decidido no prazo de 30
dias, pelo Director-Geral dos Registos, Notariado e
1. A área máxima de prédio rústico suscetível de ser Identificação.
objeto de justificação notarial do direito para efeitos de
registo predial é de 1 (um) hectare. 2. A decisão proferida sobre o recurso hierárquico é
notificada ao recorrente e comunicada ao Notário que
2. No caso de se tratar de justificação por usucapião sustentou a decisão.
de prédios rústicos de área igual ou superior a 800 m2
(oitocentos metros quadrados) situados fora dos centros 3. Sendo o recurso hierárquico deferido, deve ser dado
urbanos consolidados o Notário informará ao Chefe de cumprimento à decisão no prazo de dois dias úteis.
Repartição de Finanças da sede do Cartório Notarial, Artigo 101.º-C
sobre a pretensão do justificante e a data de entrada do Impugnação judicial
respetivo pedido, fazendo-se acompanhar a nota infor-
mativa de fotocópia autenticada do projeto de escritura, 1. Tendo o recurso hierárquico sido julgado improce-
assinado pelo justificante e das certidões ou peças que dente, o interessado pode ainda impugnar judicialmente
a instruem. a escritura de justificação notarial.
1692 I SÉRIE — NO 50 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE AGOSTO DE 2014
1. É competente para a justificação notarial por usuca- 3. É obrigatória a publicidade do processo com todos
pião de direitos sobre prédios rústicos o Cartório Notarial os elementos previstos no número anterior, sob pena de
com jurisdição sobre a área do concelho em que situa o nulidade, pelo menos através dos seguintes meios:
prédio. a) Afixação de três editais, um à porta da Repartição
2. Se, porém, o mesmo declarante pretender justificar de Finanças do concelho da situação do imó-
direitos sobre vários prédios numa mesma ilha ou sobre vel, outro à porta do Tribunal da mesma área
um prédio abarcando mais do que um concelho, será e outro no próprio imóvel;
competente o Cartório Notarial com jurisdição sobre
b) Publicação de anúncios, em dois números se-
o concelho em que se situar a parte dos prédios, ou do
guidos de um dos jornais mais lidos da loca-
prédio, de maior área.
lidade em que esteja situado o prédio e se aí
Artigo 101.º-E não houver jornal serão publicados em dois
Fiscalização
números de um dos jornais mais lidos da sede
do concelho;
1. Os atos realizados pelos Cartórios Notariais estão
sujeitos a ações de fiscalização periódicas a realizar pelo c) Divulgação através de sítios da internet, desig-
ministério da Justiça da justiça. nadamente o “Porton Di Nos Ilha”;
2. Os inspetores devem dispensar particular atenção d) Nas Embaixadas e Consulados de Cabo Verde
às escrituras de justificação notarial e habilitação de no estrangeiro e, através destas, junto das
herdeiros”. Associações de Emigrantes Cabo-Verdianos.
Artigo 6.º 4. Da afixação referida na alínea a) do n.º 3, com indi-
Alteração do Decreto-Lei n.º 2/97, de 21 de Janeiro, alterado cação expressa da data, será lavrado termo, a juntar aos
pelo Decreto-Lei n.º 35/2008, de 27 de Outubro autos, testemunhado pela autoridade administrativa ou
policial, ou por duas testemunhas idóneas.
É alterado o artigo 37.º do Decreto-Lei n.º 2/97, de 21
de Janeiro, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 35/2008, 5. O disposto na alínea b) do número anterior prova-se
de 27 de Outubro, que estabelece o regime dos bens juntando ao processo um exemplar da edição do jornal
patrimoniais do Estado, passa a ter a seguinte redação: onde estejam publicados os anúncios.
I SÉRIE — NO 50 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE AGOSTO DE 2014 1693
7. Se, decorrido o prazo referido no número 1, ninguém O registo é juridicamente inexistente quando for insu-
tiver apresentado reclamação, será lavrado auto de prível a falta de assinatura do registo.
conformidade na repartição de finanças indicada nos Artigo 20.º
editais para recebimento das reclamações, o qual cons- Regime de inexistência
tituirá título bastante para o registo que será realizado
como provisório por dúvidas por um período de 12 meses. 1. […]
Competência territorial
9. Se a reclamação for convincente, será suspenso o
processo de justificação administrativa. Porém, sendo Salvo disposição legal em contrário, os registos são
atendível e convincente e a reclamação recair apenas feitos em qualquer Conservatória, independentemente
sobre parte do terreno, o auto, elaborado nos termos do da situação dos prédios.
n.º 7, excluirá essa parte, descrevendo-a com precisão de Artigo 46.º
modo a não suscitar quaisquer dúvidas, para que seja
Regra geral de legitimidade
excluída no registo em nome do Estado.
1. […].
10. Do indeferimento da reclamação cabe recurso hie-
rárquico necessário para o membro do Governo responsá- 2. Tem igualmente legitimidade para pedir o registo
vel pelo património do Estado e deste recurso contencioso predial o Notário, relativamente aos atos de transmissão
nos termos gerais. de direitos em que intervenha, desde que o prédio se situa
numa área declarada cadastrada.
11. O registo predial só pode ser realizado findo o prazo
Artigo 63.º
de recurso hierárquico ou da prolação e notificação da
decisão, ainda que tacitamente, conforme tenha sido ou Aquisição em comunhão hereditária
não interposto recurso pelo reclamante que viu a sua O registo de aquisição em comum e sem determinação
pretensão indeferida. de parte ou direito de imóvel, inscrito na matriz predial
e ou no registo predial é feito com base em documentos
12. O requerimento do registo predial será instruído com
comprovativos da habilitação notarial de herdeiros e de
os seguintes documentos:
que bem pertencia ao autor da herança.
a) Cópia autêntica do auto de conformidade a que Artigo 81.º
se referem os n.ºs 7 ou 9, conforme for o caso;
Recusa do registo
b) Cópia autêntica do termo a que alude o n.º 4 deste 2. O registo deve ser recusado nos seguintes casos:
artigo;
a) [anterior alínea b]
c) Um exemplar de cada um dos números do jornal
b) [anterior alínea c]
em que os anúncios hajam sido publicados;
c) [anterior alínea d]
d) Cópia do levantamento topográfico, a represen-
tação cartográfica e a individualização e justi- d) [anterior alínea e]
ficação da aquisição do direito, previstos, res-
e) [anterior alínea d].
petivamente, nas alíneas a), b) e c) do n.º 2.
3. […]
13. A reclamação não prejudica a possibilidade de
o reclamante recorrer aos meios comuns para defesa 4. […]
do seu direito, como também o registo com exclusões, Artigo 82.º
previsto no número 9 não prejudica o direito do Estado
Registo provisório por dúvidas
reivindicar, pelos meios comuns, o seu direito relativo às
partes excluídas.”. 1. […]
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Note-se que esta exigência diz respeito apenas aos d) «Execução do cadastro», processo de recolha e
prédios cadastrados ou localizados em áreas cadastradas. tratamento dos dados que caracterizam e
identificam cada um dos prédios existentes
Ao Estado foi atribuída toda a responsabilidade no numa determinada área geográfica;
domínio cadastral, partindo da consideração de que o
cadastro é uma questão de relevante interesse nacional, e) «Renovação do cadastro», processo de atualização
imprescindível para a obtenção de informações fidedig- do conjunto dos dados que caracterizam e
nas sobre o território e a elaboração de políticas públicas identificam os prédios existentes numa deter-
alicerçadas em dados sólidos; para além disso, pode minada área geográfica;
constituir a única maneira de se obter uniformidade e
qualidade na elaboração dos trabalhos cadastrais. f) «Conservação do cadastro», processo de atuali-
zação individual dos dados que caracterizam
Porém, para evitar o inconveniente de eternizar os e identificam cada um dos prédios existentes
trabalhos cadastrais, o diploma estabelece a possibili- numa determinada área geográfica;
dade do Estado firmar acordos de execução do cadastro
predial com os Municípios e com outras pessoas singu- g) Área cadastrada», área geográfica abrangida por
lares e coletivas, com reconhecida competência técnica e uma operação de execução ou renovação do
profissional, desde que possuam autorização e respetivo cadastro já concluída;
alvará emitido pelo serviço central do cadastro.
h) «Prédio cadastrado», prédio caracterizado e
Para garantir a qualidade do cadastro e o cumprimento das identificado na sequência de uma operação de
normas legais, o presente diploma estatui que as ativi- execução ou renovação do cadastro já concluída
dades no domínio do cadastro exercidas pelos Municípios ou resultante de processo de conservação de
ou outras entidades públicas ou privadas devidamente cadastro;
autorizadas podem ser inspecionadas, a qualquer mo-
mento, pelo serviço central do cadastro ou outra entidade i) «Certidão de identificação predial», documento
pública designada pelo Governo. público que certifica os dados físicos, econó-
micos e jurídicos existentes no sistema de in-
Assim: formação predial;
No uso da faculdade conferida pela alínea a) do n.º 2 do j) «Planta cadastral», documento público que cer-
artigo 203.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: tifica a localização geográfica de um prédio,
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2. Para efeitos cadastrais presumem-se corretos todos 1. A inscrição dos prédios no cadastro é obrigatória e
os dados constantes do cadastro, salvo prova ou disposição condição indispensável para a prática de qualquer ato
legal em contrário, sem prejuízo do que dispuser a lei em jurídico relativo aos prédios rústicos, urbanos e mistos,
matéria de registo. podendo ser feita oficiosamente, a pedido dos particulares
ou das entidades públicas.
Artigo 4.º
Natureza permanente e interesse público 2. Nenhum prédio rústico, urbano ou misto, pode
ser inscrito no cadastro predial sem que, nos termos
Os trabalhos de execução, renovação e conservação do presente diploma e legislação complementar, esteja
do cadastro são de natureza permanente e de elevado caracterizada através da sua localização, confrontações
interesse público, garantindo o Estado a sua qualidade e as coordenadas das extremas que o delimitam e área.
e o acesso de todos os cidadãos à sua consulta.
3. Os bens do domínio público do Estado e das Autar-
Artigo 5.º quias Locais, designadamente as previstas nos artigos
Informações cadastrais
10.º e 11.º da Lei de Solos, devem ser inscritos oficiosa-
mente no cadastro predial ou a requerimento das referi-
1. As informações constantes do cadastro são de uso das entidades públicas interessadas.
público, estão ao serviço das políticas públicas e dos cida-
dãos que requeiram informação sobre dados cadastrais, 4. Os modelos de requerimento e declarações de inscrição
sem prejuízo do disposto no regime geral de proteção de e alteração de dados dos prédios no sistema de informa-
dados pessoais. ção predial são aprovados por Portaria dos membros do
Governo responsáveis pelo cadastro e justiça.
2. Todos os cidadãos têm o direito de acesso à infor-
Artigo 7.º-A
mação sobre dados cadastrais que lhes digam respeito,
nas condições previstas na lei e salvo o disposto para Prédios em situação de herança jacente ou indiviso
fins militares.
1. Os prédios indivisos em situação de herança jacente
3. O Estado elabora, nos termos a estabelecer por devem ser inscritos no cadastro predial a favor de “Her-
Decreto-Regulamentar, um registo informatizado do deiros de …” e do “cônjuge meeiro”, caso este exista.
qual constam todos os prédios cadastrados no território
nacional. 2. Caso a herança esteja dividida de facto e não de
iure o cadastro deve refletir a situação real, devendo os
4. As condições de recolha, tratamento e acesso à infor- herdeiros serem advertidos da obrigação de formalizar
mação cadastral constam de diploma próprio. a partilha nos prazos e termos legais.
I SÉRIE — NO 50 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE AGOSTO DE 2014 1697
central responsável pelo cadastro e aos Municípios, b) Realizar os processos de fiscalização necessários
podendo a competência ser delegada noutras entidades para garantir o cumprimento adequado das
públicas, designadamente a Casa do Cidadão e demais leis e dos regulamentos, bem como as diretri-
serviços centrais e desconcentrados do Estado, bem como zes referidas na alínea anterior;
entidades privadas, através de contratos e acordos de
níveis de serviço estabelecidos para o efeito. c) Assumir, diretamente ou através de contratos
celebrados com entidades privadas, a realização
3. Nenhum ato relativo a prédios localizados em área dos trabalhos cadastrais, nos termos da pre-
cadastrada, designadamente atos notariais, de registo sente lei e respetiva regulamentação;
e outros pode ser praticado perante a Administração
Pública sem a exibição da respetiva certidão de identifi- d) Emitir a Certidão de Identificação Predial (CIP),
cação predial, salvo se for possível a sua consulta direta nos termos do número 2 do artigo 15.º;
através do sistema de informação predial. e) Garantir o bom funcionamento, a qualidade e a per-
manente atualização do Registo Informatizado
4. O modelo da Certidão de Identificação Predial (CIP) é
contendo informações sobre todos os prédios ca-
aprovado por Portaria Conjunta dos membros do Governo
dastrados no território nacional.
responsáveis pelo cadastro e pela justiça.
3. As diretrizes técnicas a que se refere a alínea a) do
CAPÍTULO III número anterior são aprovadas por Portaria do membro
do Governo responsável pela área de cadastro.
Das atribuições e da organização das pessoas
colectivas de população e território Artigo 18.º
3. O incumprimento das normas legais e regulamen- b) Apoiar no âmbito das suas competências a ope-
tares por parte dos Municípios ou entidades privadas ração de execução cadastral;
determina a suspensão dos trabalhos cadastrais até à
c) Comunicar à equipa de apoio técnico ou entidade
normalização da situação, adotando o serviço central
executora a apresentação de pedidos de registo re-
do cadastro as medidas de correção necessárias à sua
lativamente a prédios incluídos na área de
observância.
execução do cadastro, a partir do momento
4. Para o efeito do disposto no número anterior, pode em que esta operação se inicia e até à sua
o serviço central do cadastro ou outra entidade pública conclusão;
determinada pelo Governo, efetuar diretamente os tra- d) Desencadear a retificação dos elementos e dados
balhos cadastrais. cadastrais, caso assim se justifique em caso
Artigo 17.º de alteração da situação jurídica dos prédios
constante do registo predial.
Incumbências do serviço central do cadastro
Artigo 19.º
1. Para efeitos da presente lei, o serviço central do ca- Equipa de Apoio Técnico
dastro é o departamento governamental que, nos termos
da orgânica do Governo, é responsável pelo cadastro ou 1. Por cada área geográfica, objeto da operação de
outra entidade pública dotada de autonomia que vier execução do cadastro, deve ser criada uma Equipa de
a ser especialmente criada pelo Governo para assumir Apoio Técnico.
aquelas atribuições.
2. A Equipa de Apoio Técnico (EAT) é composta por
2. Incumbe ao serviço central do cadastro, designa- um ou mais representantes dos serviços centrais res-
damente: ponsáveis pelo cadastro, pela justiça, pelo património
do Estado e das Câmaras Municipais da área abrangida
a) Estabelecer as diretrizes técnicas que garantem pela operação de execução do cadastro, sem prejuízo da
a qualidade e homogeneidade da informação inclusão de representantes de outras entidades ou ser-
contida no cadastro predial; viços em função das especificidades da área em causa.
I SÉRIE — NO 50 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 20 DE AGOSTO DE 2014 1699
3. Os técnicos que integram a equipa de apoio técnico j) Assegurar o cumprimento das normas técnicas
são designados pelas entidades e serviços que represen- da operação de execução do cadastro predial;
tam no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de
publicitação da operação de execução do cadastro, sem k) Validar as informações recolhidas e emitir pare-
prejuízo de posterior alteração da composição da equipa, cer sobre as questões suscitadas pela entida-
nos termos do número anterior. de executante;
4. A composição e o local de funcionamento da Equipa l) Decidir, nos termos da lei, mediante prévio pa-
de Apoio Técnico são divulgados através de editais afixados recer da entidade executante, as reclamações
nos locais de estilo, designadamente nas instalações dos apresentadas na sequência da caracterização
serviços referidos no número 2, localizados na área abran- provisória;
gida pela operação de execução do cadastro, bem como
nos sítios da Internet do Governo e demais organismos m) Apreciar e decidir sobre a integração de prédios
e entidades públicas implicadas no processo. no cadastro diferido;
5. A coordenação da Equipa de Apoio Técnico compete n) Fornecer orientações à empresa executante rela-
a um dos representantes do serviço central responsável tivamente à interpretação da lei e das normas
pelo cadastro ou quem for indicado por este, a quem cabe técnicas da operação de execução do cadastro
requerer a intervenção dos restantes elementos da equi- predial.
pa em função das necessidades de cada uma das fases
de desenvolvimento da operação de execução cadastral. 9. Cada um dos elementos da Equipa de Apoio Técnico
intervém no âmbito das competências cometidas à enti-
6. O regulamento de organização e funcionamento da dade ou ao serviço que representa.
Equipa de Apoio Técnico é aprovado por Portaria dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas de cadas- Artigo 20.º
tro, justiça e património do Estado.
Dever de colaboração dos Municípios
7. As despesas inerentes ao exercício das funções de
1. Os Municípios devem, no âmbito do respetivo territó-
cada um dos membros da Equipa de Apoio Técnico são
rio, colaborar com o Governo, através do serviço central do
suportadas pela entidade ou serviço que representam.
cadastro, na execução, renovação e conservação do cadastro,
8. Compete à Equipa de Apoio Técnico promover, agi- nos termos da presente lei e respetiva regulamentação.
lizar e apoiar tecnicamente a operação de execução do
cadastro, designadamente: 2. Compete em especial aos Municípios:
Dever de sigilo
1. As pessoas singulares e coletivas, com reconhecida
competência técnica e profissional, podem realizar tra- As entidades detentoras de autorização e os técnicos
balhos no domínio do cadastro predial, desde que possu- acreditados estão obrigados a guardar sigilo sobre a in-
am autorização e respetivo alvará emitido pelo serviço formação que obtenham no decurso da sua atividade no
central do cadastro. domínio do cadastro.
2. Os contratos celebrados entre as entidades públicas Artigo 24.º
e as pessoas singulares ou coletivas privadas incluem Homologação
uma cláusula de rescisão em caso de incumprimento das
normas relativas ao cadastro, sob pena de nulidade do Os trabalhos de execução e renovação do cadastro são
respetivo contrato. homologados pelos serviços centrais do cadastro.
O Governo desenvolve e regulamenta o presente diplo- Desde a primeira hora, o Governo tem concedido toda
ma por Decreto-Regulamentar. atenção ao actual surto do Ébola em alguns países da re-
gião oeste africana. Medidas foram desde logo tomadas e,
Artigo 40.º sob a coordenação das autoridades sanitárias nacionais,
todas as entidades com pertinência na matéria têm dado
Revogação o melhor de si em ordem a que o país esteja o melhor
preparado para qualquer eventualidade.
Fica revogado o Decreto-Legislativo n.º 3/2008, de 13
de Outubro, e toda a disposição legal ou regulamentar Designadamente ao nível dos aeroportos e portos todas
que disponha em contrário da presente lei. as medidas de controle têm vindo a funcionar, bem como
já existe uma capacidade interna organizada para agir
Artigo 41.º á onde for necessário.
Entrada em vigor Um Plano Nacional de Contigência foi elaborado em
devido tempo e está a ser cumprido.
A presente lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
após a sua publicação. Campanhas de informação e sensibilização têm sido
feitas, seja para a população em geral, seja de forma
Visto e aprovado em Conselho de Ministros. direccionada para determinados segmentos profissionais.
José Maria Pereira Neves - Manuel Inocêncio Sousa - E tudo tem sido organizado e conduzido no quadro das
Maria Cristina Lopes Almeida Fontes Lima – Cristina normas internacionais aplicáveis a situações do tipo, da
Isabel Lopes da Silva Monteiro Duarte - Lívio Fernandes mesma forma que se tem garantido o estrito acompanha-
Lopes - Marisa Helena do Nascimento Morais - José mento das orientações da Organização Mundial da Saúde
Maria Fernandes da Veiga - Sara Maria Duarte Lopes e outras organizações com responsabilidade em matéria
de circulação internacional de pessoas e bens.
Promulgado em 12 de Agosto de 2009 Entretanto, entende o Governo que os recentes de-
senvolvimentos nos países afectados, apontando para
Publique-se.
alguma dificuldade no controle da situação, aconselham a
O Presidente da República, PEDRO VERONA RO- que sejam medidas que assegurem uma ainda mais eficaz
DRIGUES PIRES defesa dos nossos interesses nacionais, particularmente
no que concerne à integridade nacional em matéria de
Referendado em 13 de Agosto de 2009 saúde pública.
Assim:
O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves.
No uso da faculdade conferida pelo n.º 2 do artigo 265.º
ANEXO da Constituição, o Governo aprova a seguinte Resolução:
Artigo 1.º
MONTANTE DAS TAXAS DEVIDAS
PELA CONCESSÃO OU RENOVAÇÃO DE Interdição de entrada no território nacional
AUTORIZAÇÃO ADMNISTRATIVA
É interditada a entrada no território nacional a cida-
A ENTIDADES PRIVADAS PARA O EXERCICIO
dãos estrangeiros não residentes em Cabo Verde que,
DA ACTIVIDADE DE EXECUÇÃO E
nos últimos trinta dias, tenham estado em algum dos
CONSERVAÇÃO DO CADASTRO PREDIAL
países afectados pela febre hemorrágica causada pelo
(n.º 2 do artigo 22.º-A)
vírus Ébola.
Artigo 2.º
Concessão de
Autorização Efeitos
Renovação Alteração Emissão de 2ª
Prazo e Emissão
do Alvará do Alvará Via do Alvará A decisão referida no artigo anterior tem efeitos ime-
do Respetivo
Alvará diatos e vigorará pelo período de três meses, findo o qual
se procederá a uma rigorosa avaliação e se decidirá pela
5 Anos 180.000$00 90.000$00 40.000$00 20.000$00 manutenção ou não da mesma medida.
4 Anos 150.000$00 75.000$00 40.000$00 20.000$00 Artigo 3.º
2 Anos 100.000$00 50.000$00 40.000$00 20.000$00 O presente diploma entra imediatamente em vigor.