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Phanton Power
RETIRADO DE UM ARTIGO DE FERNANDO BERSAN
APOIO
Já ouvi de tudo: tem risco de queimar os outros microfones? Vai dar choque no
usuário? Tem problema misturar microfone que precisa com microfone que não
precisa de Phanton? Vai afetar os instrumentos?
E por aí vai.
Até lá no curso do IATEC que fiz junto com um monte de peazeiros – alguns com
anos de experiência – ainda existiam dúvidas.
Aqui, já vemos a necessidade de existir energia, para a polarização das placas, energia
esta que terá que ser fornecida de alguma forma. Mas, além da necessidade de
polarização, os microfones condensadores possuem um pequeno circuito pré-
amplificador que são utilizados para aumentar o nível do sinal de uma maneira
suficiente que possa ser transmitido pelos cabos. Esse pequeno circuito também precisa
de energia para funcionar.
A energia necessária para o microfone funcionar pode ser fornecida através de pilhas,
baterias de 9V ou … pelo Phanton Power.
Por isso as mesas de som profissionais têm esse recurso, acionado em geral por uma
ou mais chaves. O Phanton em geral é fornecido em até 48V (em algumas mesas, até
52V), mas não existe nenhum problema em fornecer esses 48V para um microfone
que só precise de uma pilha de 1,5V, por exemplo. Isso porque os microfones só
“usam” a energia que precisam, e pronto. Se precisa de 9V para funcionar, só utiliza
isso e “descarta” o restante, sem prejuízo algum.
A tensão é enviada pelos condutores (ambos são “positivos” para o Phanton) e retorna
pela malha (sempre “negativa”). Em mesas de som que contam com conectores XLR
para as entradas de MIC e P10 para LINE (ou seja, praticamente todas as profissionais),
o Phanton só é habilitado nos conectores XLR do canal, ainda que se use conectores
P10 TRS no LINE.
Aliás, existe a previsão de Phanton Power em conexão P10 TRS, mas é muito
raro.
Todo microfone que usa pilhas e tem conector XLR é um forte candidato a aceitar
Phanton Power, mas em alguns o fabricante não implementou isso. Para saber se
aceita Phanton, basta retirar a pilha/bateria e então ligue na mesa de som e acione o
Phanton Power. Se o microfone funcionar, ótimo. Caso contrário, somente com pilhas
mesmo.
– Microfones dinâmicos não são afetados pelo Phanton Power. O microfone “usa” o
quanto de voltagem que precisa, e os dinâmicos não precisam de voltagem, logo não
usam nada. Não queimam nem o som é afetado de alguma forma. Tal fato deu
origem ao nome do recurso: alimentação fantasma (não afeta nada, é invisível,
parece que não existe).
– Até mesmo microfones sem fio com entradas balanceadas (com conectores XLR e
alguns raros com entradas P10 TRS) não são afetados pelo Phanton, pois são
fabricados para isso. Não há risco de queimá-los.
– Quem usa microfones com conectores XLR (3 pinos) em ambas as pontas e com
cabo coaxial simples (dois condutores, positivo e malha), fazendo uma ligação fora de
padrão (jampeando a malha pino 3 no pino 1 do XLR, está simplesmente fechando
um curto-circuito, que trará danos aos microfones e até para as mesas de som. COM
CERTEZA VAI QUEIMAR ALGUMA COISA.
– Instrumentos musicais e microfones sem fio com saídas P10, quando ligados nas
entradas XLR (muito comum, os desavisados fazem isso “para dar mais ganho”),
através de cabos fora de padrão, COM CERTEZA VÃO SOFRER DANOS.
– Cabos balanceados com conectores balanceados, mas feitos fora de norma também
vão trazer danos aos equipamentos. Já vi cabos com o pino 1 invertido com o pino 3
em uma das pontas (resultado: curto-circuito no Phanton Power).
– Cabos malfeitos, com solda ruim, onde pequenos filamentos de um dos condutores
encostam em outro (fechando curto) também trará problemas.
Uma dica valiosa sobre o recurso é que os microfones devem ser conectados ANTES do
recurso ser acionado. Há duas razões para isso: a primeira é que, ao ligarmos um
microfone em um cabo que já está alimentado pelo Phanton, existe uma chance de
ouvirmos um “tiro”. O outro motivo é porque há energia passando, e pode haver
centelhamento, tal como acontece quando ligamos um aparelho elétrico já ligado na
tomada de energia (e dá um clarão, sintoma do centelhamento). Alguns microfones
são muito frágeis e esse centelhamento é prejudicial, podendo levar à queima do
microfone ou mesmo à danos no canal da mesa de som. Assim, ao montar seu sistema,
primeiro conecte todos os microfones e só por último acione o Phanton. Ao desmontar,
primeiro desligue o Phanton, espere pelo menos 1 minuto (para a energia residual
desaparecer) e só então desconecte os microfones.
Este autor, inclusive, perdeu uma mesa de som assim. 3 canais tiveram seus CI´s
dos prés de microfone queimados, por falta de observância dessa regra. E, como
qualquer pessoa, coloquei a culpa no fabricante da mesa, até descobrir que a culpa
era toda minha mesmo! De todos os canais, queimaram logo os 3 canais onde eu
usava os microfones condensadores, depois de um ano de uso.
Isso é mais sério ainda em equipamentos com plugues P10 TRS e Phanton Power. Ao
se colocar / tirar o plugue do conector com o Phanton acionado, vai haver não só
centelhamento, mas um curto-circuito! Os danos podem ser instantâneos.
Ligar e desligar rapidamente o Phanton na mesa pode inclusive dar um “tiro” no som,
bem alto, que pode chegar a queimar falantes. Isso é uma característica dos
capacitores de qualquer mesa de som. Então tome cuidado para não fazer isso.
Muita gente que usa instrumentos musicais (contrabaixo, guitarra, violão, teclado –
todos com saídas P10) e os ligam nas medusas (em geral, todas XLR) acredita que
basta fazer um cabo P10-XLR para funcionar. Estão completamente enganados, e
correm risco ao fazer esse tipo de conexão. A ligação tem que ser feita por Direct Box,
que “casam” os níveis de sinal e fazem a correta ligação.
Esses Direct Box em geral utilizam Phanton Power para funcionar, e não há problema
algum em conectar os instrumentos neles. São feitos para isso mesmo.
Alguns fabricantes fazem uma chave única para o recurso Phanton Power. Ao acionar
a chave, o recurso está disponível em todos os conectores XLR da mesa de som. Nesses,
é necessário ter muita atenção para primeiro fazer todas as ligações, e só por último
acionar a chave do Phanton.
Outros fabricantes adotam chaves por grupo de canais. Uma mesa com 16 canais, por
exemplo, pode ter 2 chaves, acionando o Phanton para grupos de 8 em 8 canais. Nesse
caso, o cuidado é com as ligações com o grupo que estiver acionado o recurso.
Já outros fabricantes adotam chaves individuais para acionar o Phanton Power, canal
por canal. É o sistema mais seguro, pois podemos controlar individualmente o
acionamento do recurso, mas isso também eleva o preço final do produto.
Alguns fabricantes disponibilizam fontes Phanton Power externas, para uso com mesas
que não possuem o recurso. A fonte é ligada à tomada de energia elétrica (ou usam
baterias de 9V ou pilhas), e em geral tem conexões para dois microfones. Infelizmente
são caras, R$ 100,00 ou mais. Uma fonte externa para 4 canais tem o preço próximo
ao de muitas pequenas mesas de som com 6 canais, sendo 4 deles XLR e … com
Phanton Power!
Mas antes de pensar em comprar uma fonte Phanton Power externa, vamos pensar um
pouco…. Se a mesa não tem Phanton, é porque ela não é feita para o mercado
profissional. Se não é profissional (algumas “semiprofissionais” até tem conectores
XLR, ganho e outros recursos que as fazem “parecer profissionais”), o fabricante
também deve ter economizado em outros componentes, principalmente nos prés e na
equalização (partes internas e “invisíveis” ao usuário, mas plenamente “audíveis”). E
microfones condensadores, em geral de alta sensibilidade, pedem e merecem uma
mesa de boa qualidade.
Assim, se a mesa não tem Phanton Power e a pessoa quer utilizar microfones que o
exigem, sugerimos a aquisição de uma nova mesa de som, com maior qualidade sonora
que a disponível atualmente. Ou que procure um microfone semelhante que aceite
pilhas, por exemplo. O gasto será muito maior, mas em compensação a qualidade
sonora do sistema de sonorização também vai melhorar. Pela prática, já vi muita gente
gastar dinheiro na fonte Phanton Power e se arrepender de utilizar um microfone
condensador, principalmente por não conseguir controlar as microfonias, e já vi muita
gente dizer que a troca da mesa de som foi a melhor coisa que já aconteceu com eles
no som da igreja.
Phanton Power foi pensado para dar segurança ao usuário. O risco de choques é
praticamente inexistente, desde que você use o cabo adequado. Ainda assim, de vez
em quando sabemos pela mídia que um ou outro usuário “tomou um choque” por causa
do microfone. Há casos até de mortes. O último que vimos no jornal se refere a um
pastor que morreu dentro de um tanque de batismo, nos EUA, ao segurar o
microfone. Isso não se deve ao Phanton Power, mas sim a problemas de aterramento
elétrico. Ele não tomou choque de 48V, mas sim de 110V ou 220V.
Montagem de Cabos XLR para uso com Phanton Power
Eis abaixo o padrão (norma IEC 268) que deve ser seguida para a montagem de cabos
com conectores XLR-XLR, com a utilização de fios balanceados (2 condutores internos
+ malha).
Essa figura me foi enviada por um fabricante de microfones, e contém uma ligação que
a norma não prevê: a ligação do pino 1 com a carcaça do conector (em destaque, um
círculo em volta). Essa ligação é necessária em plugues com carcaça de plástico,
raríssimos hoje, e, portanto, atualmente é completamente desnecessária.
Em plugues com carcaça de metal (os mais comuns), apesar de teoricamente não fazer
diferença alguma se a ligação existe ou não, muita gente reclama que, com ela, aparece
indução de ruído. Isso acontece quando a ligação é feita de um lado do XLR e do outro
não. Para resolver, ou se faz a ligação nas duas pontas ou se remove a ligação na ponta
em que existir.
Como a norma não a prevê, é melhor não a fazer.
Conclusão
Ninguém precisa ter medo de Phanton Power, mas é importante saber usar
corretamente o recurso. Se conhecermos os princípios de funcionamento e utilizarmos
cabos dentro do padrão, não há risco algum, e os benefícios do uso do recurso serão
muitos!
https://www.somaovivo.org/artigos/quem-tem-medo-de-phantom-power/