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Sri SEVANANDA Swami

O MESTRE PHILIPPE,
DE LYON
VOLUME II

Prefácio à edição digitalizada

Este trabalho é resultado do esforço de vários estudantes do Instituto, os arquivos


aqui apresentados de forma inédita, são as obras digitalizadas na íntegra dos quatro
volumes da obra O Mestre Philippe de Lyon escritos e editados por Swami
Sevananda. Este esforço inicial dos estudantes foi motivado pela necessidade de
uma nova publicação e conseqüente divulgação dos trabalhos de Sri Sevananda de
forma unificada dos quatro volumes em um Único Volume que será publicado em
número limitado destinado aos amigos e simpatizantes da AMO PAX.

Se você desejar colaborar da forma que achar útil e conveniente, entre em contato
conosco em http://amopax.org, pois, o PPP (Precisamos de Pessoas Positivas)
lançado por Sri Sevananda na década de 50 continua agora e você é muito bem
vindo.

Eu decidi colocar os livro da AMO PAX na internet afim de combater a exploração


capitalista de nossos amigos e simpatizantes por vendedores amadores que cobram
preços exorbitantes nas obras ou cópias das obras deixadas pelos nossos mestres e
instrutores.

Meus sinceros votos de Luz e Ananda.

Direção da AMO PAX


25 de dezembro de 2007.

Contatos
AMO PAX
Caixa Postal 3871
Brasília DF 70089-970
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Fraternidade dos Sarva Swamis


Brasília DF Brazil
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Doutor Philippe ENCAUSSE


e Sri SEVÃNANDA Swami

O MESTRE PHILIPPE,
DE LYON
TAUMATURGO E “HOMEM DE DEUS”
(Documentos inéditos)

SEUS PRODÍGIOS, SUAS CURAS,


SEUS ENSINAMENTOS

VOLUME II

Capa

Publicado no Brasil.  Ed. “ALBA LUCIS”,  2o volume, dos quatro.


1958 - 1959

Sua vida e doutrina, com comentários,


profecias e farta documentação inédita.
Ilustrações, fotografias, visões.
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(orelha do livro)
Segundo, Terceiro e Quarto Volumes da obra

“O MESTRE PHILIPPE, de LYON”

Quatro volumes, em lugar de dois, resultou ser a apresentação final desta obra;
as razões ficam expostas pelo autor, no texto da mesma, o que nos dispensa de
mais comentários, como editores.
A expressão “estudante sério” aparece tantas vezes, neste segundo volume,
que nos achamos obrigados, pela sensibilidade característica do povo brasileiro, a
dar ao leitor uma explicação, além das que irá achar no próprio livro.
O autor, deste segundo volume e dos seguintes, persegue claramente uma
finalidade seletiva. Longe de querer atrair aos que folheiam, compram ou, até,
chegam a ler a obra, Swami Sevânanda atua, através do texto, da ilustração, das
sugestões que as notas contêm, e até colocando, na capa traseira deste volume, à
disposição do público, um exemplo do material de estudos que os Martinistas
utilizam, de modo premeditado: procurando sacudir a indiferença, promovendo
violenta atração em uns, como não menos forte repulsa em outros.
Dado aquele feitio da nossa gente, a que nos referimos, poderia ser então
formulado um juízo precipitado, sobre a concordância entre o Ensinamento do M.
PHILIPPE e a técnica psicológica do Autor, que não parece tão suave ou fraternal,
como poderia pensar-se fosse indispensável num seguidor, e representante local, da
Corrente do citado M. PHILIPPE.
No entanto, “que aquele que faz o Bem continue, e o que faz o Mal prossiga e
faça ainda mais”, parece ser a chave de tão singular atitude. Numa palavra: tirar ao
morno da mornidão... ao provocar nele ou algum entusiasmo que aqueça e
amadureça sua decisão; ou o esfriar daquele que prefira congelar-se no egoísmo e
materialismo conscientes, com a qual atitude preparar-se-á, de acordo com os
Ensinamentos comentados e exemplificados nesta obra, “sacudidelas” eficientes
para o futuro próximo......
Seja como for, e seja qual for, também, o resultado que semelhante técnica
possa promover, é certo que a nossa Editorial ressentir-se-á de tal reação.
Conscientes disso, queremos dizer ao Povo Brasileiro, que  seja qual for, em
nosso caso e futuro, também  o resultado da divulgação desta obra, com a qual
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tomamos amplo contato com o leitor brasileiro, nos sentimos profundamente


satisfeitos em poder ter tido a oportunidade de apresentar a Verdade: oral, escrita,
vivida e ilustrada, dos Ensinamentos do “Homem de Deus”: Mestre PHILIPPE, de
Lyon, assim como de documentar aos famosos “estudantes e pesquisadores
sérios”, com tão farto material.
E, se o grito de ALERTA, enérgico, deste segundo volume, do terceiro e, mais
especialmente, do quarto volume for ouvido por alguns, já termos merecido um
pouco o nosso caráter de servir ao

“ALBA LUCIS”.

(Caixa Postal 133  LAJES, Sta. Cat. –Brasil)


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Fig 1

F. 1 – SRI SEVÃNANDA SWAMI


(Fotografia tirada por Franco, por ocasião de uma visita do
Swami a casa do Disc. “Kabir”.)

IIª. PARTE

Autor: Sri Sevãnanda Swami

Consultar a obra Yo que Caminé por el Mundo (33 anos de aventura


espiritual), na qual ficou claramente explicado porque um “Swami”, ou
seja “renunciado em Ioga”, já não usa seus títulos nobiliários, culturais,
sociais, místicos, e outros, os quais, por mais que tiver, nenhum há de
levar quando desencarnar nem quando tiver de, novamente, encarnar...
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OBRAS DO AUTOR E DE SUA ESPOSA SÁDHANÂ


(R: rara  D: disponível  E: esgotada  P: em preparação)
1. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: História, Finalidades,
Estatutos e Horóscopo de Fundação (Publicidade Americana, Porto
Alegre, 1940). (E.) (16 páginas 1/16; uma ilustração.)
2. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: Histórico da Ordem,
Constituição Geral e Leis Internas  Ritual do Primeiro Grau
(Publicidade Americana, Porto Alegre, 1940). (R.) (75 páginas ilustr.)
3. ORDEM MARTINISTA DA AMÉRICA DO SUL: Ritual do 2º Graus
(Edição oferecida pela R. L. “Cedaior”  Publicidade Americana, Porto
Alegre, 1940). (R.) (18 páginas com ilustração cerimonial.)
4. ORDEM MARTINISTA DE LA AMERICA DEL SUR: Finalidades,
História resumida, Horóscopo de la Orden (imp. Matutina,
MONTEVIDEO, 1942) (R.) (50 págs. Com retratos de Mestres e relatos
fenomênicos.)
5. ORDEM MARTINISTA: Reglamentos Internos, Programas de Estúdio,
Rituales Del Primer Grado (Montevideo, 1944). (Disponível.) 157 págs.
6. “YO QUE CAMINÉ POR EL MUNDO...”: Doutrina externa de Sri
Sevânanda Swami: Teoria, Treinamentos, Escolas do Oriente e
Ocidente. Muito ilustrada, 35 págs. (1ª edição, de luxo, em Córdoba, R.
Argentina  Talleres Gráficos Selva, 1951). (Disponível.)
7. “YO QUE CAMINÉ POR EL MUNDO...”: (2ª edição). SARAIVA S/A, em
São Paulo, Brasil, 1953. (Disponível.)
8. ASSOCIAÇÃO MÍSTICA OCIDENTAL: Estatutos e Orientação, etc.
(Edição de Sevâshrama, Rio, 1954). (E.) (32 páginas. Anjo a cores.)
9. “AS PROMESSAS PARA SERVIR A JERARQUIA DO SUDHA
DHARMA MANDALAM” (12 págs. 22 x 28, ilustrado, 1954). (D., para
Discípulos.)
10. “ALBA LUCIS” (PRIMEIRA FASE): 16 págs. 21 x 33, ilustradas, Rio,
1954. (R.) (Nova edição da segunda fase, em preparação.)
11. Monastério AMO-PAX, Ashram de Sarva-Ioga e Mosteiro Essênio (72
págs. Ilustradas, Rio, 1955). (R.)
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12. IGREJA EXPECTANTE, Bases e Rituais (Batismo, Comunhão,


Matrimonial, Desprendimento e Morte). Edição mimeografada, 1955.
(D.)
13. IGREJA EXPECTANTE  Instruções Sacerdotais (Reservadas aos
Noviços, Monjes, Monjas e Sacerdotes e Sacerdotisas). 1955. (D.)
14. “ALERTA”  Comunicado n. 1, remetido ao Governo do Brasil, ao
Corpo Diplomático, Legislativo e às Nações Unidas, amplamente
divulgado por 13 Missionados. (R.) 1956. Mimeografado.
15. ORAÇÕES, do Monastério Amo-Pax (ilustradas e comentadas, para
uso consciente de adultos e com orações infantis). (D.) 1958.
16. O MESTRE PHILIPPE (2º, 3º E 4º VOLUMES). Saraiva S.A., S. P.,
para Editorial Alba Lucis.  1958/1959. (D.)

REVISTAS MENSAIS
Fundou, dirigiu, escrevendo a maior parte, os mensários:
LA INICIACIÓN, de maio de 1942 a dezembro de 1947. MONTEVIDEO. (D.)
BOLETIM AMO-PAX, de fevereiro de 1952 (no Uruguai) até abril de 1958 (no Brasil).
Mensário agora independente.
CORREIO INTERPLANETÁRIO: órgão da Associação Mundialista Interplanetária no
Brasil. RIO. De setembro de 1956 a maio de 1957. (D.)

TRADUÇÕES PRINCIPAIS
“LIBRO DEL SENDERO Y LA LÍNEA RECTA (de Lao-Tsê); colaborou, em 1919, em
Buenos Aires, com Edmundo Montagne, na revisão da versão de 1916, que o
citado escritor reeditou em 1924 (Editorial MINERVA).
LIBRO DE LAS LEYES DE VAYÚ (do Mestre CEDAIOR), versão francesa, do
original espanhol, ficou pendente de edição, em Paris (1923).
EL LIBRO DE LOS SABIOS (Eliphas Lévi): versão espanhola, do original francês,
em colaboração com sua discípula “Hypathia”. Publicada em Buenos Aires,
1943. Disponível.
“LE MAÍTRE PHILIPPE, de LYON” (4ª EDIÇÃO FRANCESA) DO Dr. Philippe
ENCAUSSE, versão brasileira. Editorial ALBA LUCIS, 1958. (oficinas Gráficas
Saraiva S. A.  São Paulo). 208 páginas, muito ilustrada.
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“MEMORIAL MACROBIÓTICO”  Do Dr. Georges SAKURASAVA OHSAWA


(Medicina Macrobiótica). Edição mimeografada. 44 páginas. ALBA LUCIS,
1958. (D.)
“UM NOVO POVO PARA UM MUNDO NOVO” (Dr. Hugh Schnfield), versão
brasileira, do original inglês, sobre as origens e Proclamação da República dos
Cidadãos do Mundo, incluindo excertos da grande imprensa da Grã-Bretanha.
(20 págs. Ilustrado. Imp. J. Gonçalves, Niterói. Maio de 1957.) Disponível.

De Swamini SÁDHANÂ
“COMA BEM E VIVA MELHOR!”  Orientação prática sobre alimentos sadios,
vegetarianos e ioguísticos. Mais de 350 receitas, culinárias e para doentes e
lactantes. (155 páginas. Gráfica Progresso. Belo Horizonte, 1956.) Disponível.

Editorial “ALBA LUCIS”  Obras em preparação


VIVÊNCIAS ESPIRITUAIS (Série): uma coleção de livrinhos, contendo Apólogos,
Contos, Ensinamentos, Excertos, Meditações, Relatos, etc., do vivido pelos
Discípulos e dado pelo M. Sevânanda, em anos de labor.
Cada ensinamento, comentado pelos fatos ou circunstâncias em que foi
dado. Cada ocorrência, iluminada pelo ensinamento outorgado.
TRATADO DE SARVA IOGA (Ioga Integral).  Método que inclui os passos da ioga
para o Ocidente, desde a parte física (curso completo) até a parte
transcendental. Tudo isso, podado das complicações antiquadas. Doutrina
pessoal e adaptações, do fundador da Ordem dos Sarva Swamis, preparada
especialmente para os Membros da mesma.
ÁLBUM MÍSTICO DE PERCEPÇÕES AUTÊNTICAS.  Visões reais, desenhadas
com exatidão e interpretadas, para os estudantes sérios. Edição com muitas
ilustrações, grande parte a cores.
ÁLBUM INFANTIL SOBRE A REALIDADE DA VIDA.  O lado menos
freqüentemente visto, ta como ele é.  Preparado especialmente para devolver
às crianças  e aos menores e adultos também  um sentir mais real do que
a Vida é. Um “conto de fadas” que não o é; um retorno à exata compreensão
do lado invisível, e o mais importante, da nossa existência, e da ação vibratória
da vida, bem como do laço permanente com os demais reinos e mundos, sem
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doutrinação espírita, sem dogma, aceitável pelos fiéis de todos os cultos. Muito
útil para dar à criança uma educação espiritual prática e racional.
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SRI SEVÂNADA SWAMI

O MESTRE PHILIPPE,
DE LYON,
Taumaturgo e “Homem de Deus”

Fig 02

Este Segundo Volume (dos quatro que compõem a obra) contém


especialmente: Vida do Mestre, e de Seus Discípulos, principais. Sucessores atuais
dos diferentes setores do Seu Labor Mundial. Um Quadro Geral da Tradição
Iniciática, 14 Gravuras de Visões autênticas, sendo 3, a cores, de Anjos, além de 33
fotografias, inéditas.

Publicado no Brasil  Editorial “ALBA LUCIS”  Copyright 1958/1959.


Impresso nas Oficinas Gráficas de SARAIVA S/A. Sampson, 265  S. Paulo.
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SE A GRATIDÃO ATRAI A GRAÇA

Em longínquos países do Oriente, a Ioga do Fogo (Agni-Yoga), a que fala


Daquele que há de vir, ensina que a Gratidão é uma das forças mais poderosas do
Universo. Aqui no Ocidente, onde a recente passagem do Muito Excelso Mestre
PHILIPPE reavivou, pelas Graças outorgadas, e pelos Milagres operados, a crença
no Ensinamento do CRISTO, também Ele, Philippe, nos ensinava que não se
agradece bastante. E procurava mover a gratidão nos corações...
Não sei, se o que procurei colocar, de meu, nas páginas da obra, terá um valor
espiritual, ou didático, suficiente para justificar sua existência, aos olhos Daqueles
que Sabem. Mas, se tal conteúdo for restrito, ainda assim confio nessa outra
energia, que de Sádhanâ e de mim emana com força, surge e irradia perenemente:
a Gratidão!  para imantar este livro e fazer com que leve a Sua Mensagem, lá
onde possa germinar e frutificar.
E, se a Gratidão tem poder para atrair a Graça, com mais razão ainda, essa
outra fonte, da qual a própria Gratidão deriva: a Dedicação desinteressada, o
esforço por apoiar o que se sente ser bom, útil ou certo.
Por isso, tenho a certeza de que o Muito Excelso Mestre PHILIPPE, cuja obra é
de Amor e de Justiça, irá gostar de ver lembradas, nestas páginas de rosto da
segunda parte da obra, as colaborações de todos aqueles que, de uma maneira ou
de outra, têm facilitado sua publicação.
A das numerosas pessoas que, tendo conhecimento da próxima saída deste
livro, apressaram-se a remeter dinheiros, seja a título de ajuda para a impressão do
mesmo, seja em caráter de reserva de uma ou mais coleções. Não seria justo, nem
corresponderia ao nosso sentir, fazer distinções entre os que, com igual intenção e
merecimento, enviaram somas um pouco inferiores ou superiores, ao valor previsto
para a obra: inicialmente planejada com um ou dois volumes, e que acabou tendo
quatro!
A todos e a cada um desses generosos corações, iremos dedicar uma coleção
da obra.
Como também haveremos de autografar para cada um dos, de tão especial
dedicação a esta realização, que não podemos deixar de associá-los, nominalmente,
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como credores da nossa Gratidão, merecedores da do Leitor, e também da Graça


do Mestre, já que a eles se deve parte da imantação que a obra leva...:
Fidélis, com seu empréstimo generoso de cem mil cruzeiros, e o apoio dele e
do Grupo de Lajes, graças ao qual tivemos tão silencioso e tranqüilo Retiro, para
escrever o segundo, o terceiro e o quaro volumes. E também: Nélson e Leda, os do
afetuoso refúgio paulista...
O Major W. N. (Dharmadhasa) cujas doações generosas lembram a que Toth,
o Sacerdote Expectante de Guarapari, e Zanti, iniciaram com cinqüenta mil
cruzeiros!
O “mago”, das finanças da Ermida  um dos Discípulo-financista  que,
entregando-se de coração a ajudar a obra do Muito Excelso MESTRE, e sentindo
Seu apoio, conseguiu duplicar semestralmente fundos do Livro, que lhe eram
confiados...
Na parte “gráfica”, houve dedicações, tais como a do casal Satyamuni-
Saktidevi (que tanto já tinham feito pela Obra desde 1953!) que assumiram o custo
dos clichês... muitas dezenas de milhares de cruzeiros! E, as dedicações de Franco,
de Kabir  no Rio; de Persistex em São Paulo, passando dias e noites, gastando
dinheiros e energias, em preparar fotografias, ampliações...
Está a obra, silenciosa e invisível sempre, de Sebastião, o qual, durante anos
já, despende tempo e verbas pessoais, em remeter cada semana:
correspondências, recortes, colaborações de múltiplas modalidades. E, a maior de
todas: o afeto leal e invariável! E, por seu intermédio, os letreiros “do bueno e do
Bueno”, e tantas outras!
Dos desenhos de Singelo, de Sarah, e de outros, o livro fala claramente! Não
creio que o Mestre gostasse que deixasse de apontar o labor profissional, tanto das
“Clicherias Reunidas Latt-Mayer, S.A.”, como das Oficinas Gráficas Saraiva S.A.:
especialmente nesta época, de despreocupação geral pelo “espírito de perfeição”, é
grato dever assinalar aos que fazem as cousas “não pelo dinheiro, apenas”, e que
ainda guardam as Tradições das Corporações, orgulhosas  no bom sentido do
termo  de seu esforço por melhorar a vida coletiva, pela eficiência, pela beleza.
De Mário Teles de Oliveira, falo adiante, sem muito comentário. Gostaria de
lembrar que, durante a preparação desta obra, achava-se em poder dele um
documento, no qual o designava como capacitado e autorizado, para terminá-la, se
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algum contratempo, como a desencarnação, ou alguma outra forma de perder o


tempo aplicável na Terra, me não permitisse rematá-la pessoalmente. Espero que,
ambos, vivamos ainda bastante para eu poder lhe compensar, nesta vida, o que fez
por esta obra.
A Sádhanâ, nada me é fácil lhe dizer, publicamente. Mas, sem dúvida alguma,
deve-se a ela, mais do que a mim mesmo, tudo quanto existe aqui, no labor visível
dedicado ao Muito Excelso MESTRE, certamente hão de recompensar a dedicação
de todos estes “Fiéis do Amor”, levando, a outros corações abertos, a Luz do Seu
Ensinamento!

Que assim seja, são os meus votos afetuosos.

Grato, Sevânanda.
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LONGA PALESTRA COM CAROLEI

“Há uma regra astrológica: toda cousa iniciada


seis horas antes ou após a Lua Cheia, se fará
rapidamente, tendo também ampla repercussão, não
sendo mesmo possível mantê-la oculta”.

A TRADIÇÃO.

Quando, Onde, Como, Por que?  Quatro perguntas que surgem na mente do
homem (da mulher também, às vezes...), a propósito de tudo. Haverão de surgir,
pois, na de quem folhear, espiar, quiçá compre (assim seja), leia, medite (os Anjos
os ajudem) e compreenda ou procure aplicar (os Deuses o protejam!) o conteúdo
deste livro!
Por isso, Carolei, resolvi começar por esta longa palestra, na qual iremos
procurar nos entender, eu e Você. Bem, desculpe chamar de Você, mas eu sou
assim mesmo. Mais espontâneo que mola de relógio, com corda garantida ad vitam,
automática como a Vida e antichoque, impermeável à sujeira e, “quase” exato, tal
como o MIDO n. 5409 que Satyamuni me deu, e no qual são agora seis horas da
formosa aurora  (Alba Lucis)  do dia 4 de abril, sexta-feira da Paixão ou sexta-
feira Santa, do ano da Graça de mil novecentos e cinqüenta e oito, contados da
Encarnação do Verbo.
Carolei, estou achando melhor Você saber quem eu sou  até onde eu mesmo
souber e puder explicar  bem como, é bom que todos fiquem sabendo quem é
Você, meu “longo” interlocutor, já que a palestra vai ser comprida!
Carolei é o mais recente dos muitos neologismos que fui criando, nesta vida na
qual nunca gostei de fazer nada como “todo mundo”, por causa desse cheirinho a
mofo que a rotina sempre tem!  Pois bem: CAROLEI é você mesmo “CARO LEI-
tor”. Gostou?  É curto, prático, com lembrancinha ao Rei Carol que mostrou que o
amor vale tudo, etc.  Então, ficamos acertados. Eu me dirijo a Você, chamo-o de
Carolei e chamo-o de Você.
Pode reciprocar e me chamar de Sevânanda, e de Você. Eu sou “sem seca”,
como diz o sertanejo quando quer falar em pessoa sem cerimônias, nem nove-
horas.
Pois é, Carolei, temos muito que conversar. Em primeiro lugar, este livro irá ser
cheio de cousas tão sérias, tão graves, tão importantes para a tua, perdão, a sua
vida (repassei o trato e vi que o tu não entrava..., não faz mal, o deixaremos para
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Deus, que é menos suscetível...), que, no fim das contas, acho melhor esta
familiaridade amena, que irá permitir dizer a Você tudo quanto me ocorrer.
 Ô Sevãnanda, e se Você “inventar” de me dizer cousa que me desagrade,
ou me fira, ou começar a me perguntar cousa que não quero responder, como fico
eu, que não tenho “nem voz nem voto” nessas suas páginas?
 Meu filho, um pouco por velho e um pouco por estudioso e observador,
aproveitei ter nascido com Ascendente em Escorpião, que outorga a mania de
prever as cousas, e já dei um jeitinho nisso. Olha Carolei, é muito simples: cada vez
que alguma cousa lhe desagradar, Você FAÇA DE CONTA que o “Carolei” é aquele
outro coitado que também folheou, espiou... e não conseguiu parar nisso!... Acaso a
vida é outra cousa senão fazer de conta?...
Já são seis e vinte! Às seis e quarenta e cinco esgotar-se-ão as seis horas
após o Plenilúnio. Não faz mal, já fiz o que tinha que fazer. Olhe só: ontem à noite,
dentro das seis horas ANTES do Plenilúnio, fizemos uma cerimônia.
 Ô Sevânanda, Você disse “fizemos”; quantos presentes, quem?
 Carolei, meu filho, vou ter que lhe ensinar a primeira regra nossa: primeiro,
calma! Depois... calma!... depois... outra vez: calma! E pode-se, então, começar a
tratar do caso, seja qual for.  Pois bem, a primeira pergunta não foi: QUANDO? 
já ficou mais ou menos respondida: 6 horas de 4-4-1958, que noves fora, soma “22”,
meu número oculto. Já falaremos disso adiante.
Vamos para a segunda pergunta: ONDE?  Carolei, seja gentil e apanhe o
primeiro volume. À página 9, no Prefácio, expliquei direitinho aquele fato
maravilhoso: quando o Muito Excelso Mestre PHILIPPE (que também chamamos de
AMO) fez cair aquele Raio “quase” sobre... e um pouco “dentro” do ABRIGO, junto à
Ermida Rodante, em 23 de outubro do ano passado, lá onde eu escrevi, nas
madrugadas tão formosas frente aos Picos das Agulhas Negras, a tradução do 1o.
Volume.
Pois é, Carolei, não há mais Abrigo. O vento levou. Levou mesmo. E, como
deixei há muitas encarnações a crônica social, vou contar “já”. Como Você já sabe,
nós fundamos, Sádhanâ e eu, aquele Monastério AMO-PAX, a doze quilômetros de
Resende. Neste livro, tornarei ao tema. Mas, desde agora, Carolei, Você deve saber
que, em 19 de fevereiro deste ano, por certas circunstâncias que constam das
páginas vindouras, eu disse, lá pelas duas horas da tarde, à minha querida
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Sádhanâ: “Olha, Caranguejo  (chamo-a assim na intimidade, porque ela tem


Ascendente “Câncer”, Caranguejo em português)  acho que termos de ir embora
daqui.” Dito e feito. (Para os Grandes: dito, é feito!) Lá pelas dezesseis horas, ou
seja quatro horas da tarde, pela antiga, já estava chovendo com vento. Mãezinha
Sádhanâ, escrevendo naquela mesa de madeira de polegada, que o Uramar fez tão
forte! Eu (Você não tem televisão? Bem.). eu, estava com Adam (versão Vulgata) ou
seja p Adão vulgar e silvestre, nuzinho da silva, do lado de fora, num reduto onde
nosso chuveiro ao ar livre (cortina em volta e céu aberto) convidava...
Nem cheguei lá! A chuva, engrossando, virou de pedra. E que pedras! O vento
meteu pé no fundo e deve ter chegado a grande quilometragem, mais de cem, pois
que árvores grossas, foram “retorcidas”, quebradas e transportadas a centenas de
metros. Eu, lá fora, com essa rapidez mental própria dos momentos importantes,
pensei: em Mãezinha primeiro, e, logo, nos muitos metros quadrados de VIDROS
dos grandes janelões do Abrigo, é SOUBE com certeza que desses vidros não
ficaria nada... utilizável! Voltei correndo, sem mesmo apanhara roupa, vento e
pedras batendo enfurecidamente sobre o Abrigo. Mãezinha tinha terminado de
entrar na Ermida Rodante (um trailer, de dois por cinco metros, com dez janelas,
uma casinha rodante de material leve e MUITO FRÁGIL).  Apenas entrei e fechei
a porta! O vento “embolsou” os vidros e respectivas ferragens, que arrastaram as
seis colunas principais (três de cada lado), com altura de mais de três metros, de
tijolo e meio (45 x 45) e lá veio abaixo tudo. Foram duas e meia toneladas de telha
francesa, mais centenas de quilos de vigas e das três tesouras e dois eitões, tudo
isso jogado no chão e sobre a frágil Ermida.
Os janelões, feitos mingau no chão, entre troços de colunas. E o vento a
sacudir a Ermidazinha como papel, porém parou logo. O que TINHA QUE FAZER
ESTAVA FEITO. E... com que milagroso jeito! Do Abrigo, só ruínas imprestáveis.
Sobre a “frágil” Ermida, vigas e uma das pesadas tesouras, caídas e atravessadas.
E, agora, Carolei, é bom que Você vá se acostumando aos fatos raros, milagrosos,
ou mesmo a VER o LADO SUTIL dos fatos, até corriqueiros. Porque, sem isso,
Carolei... ia dizer “olha o cachorro”, mas Você não sabe o que isso seja, e lhe
contarei adiante. Pois bem, Você deve observar, pensar e concluir.
Não acha Você “raro” que DUAS horas após aquela frase, o vento vem e leva
mesmo? Não acha “interessante” saber que, pelas redondezas nada houve além de
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algumas bananeiras dobradas e de poucas telhas tiradas nas beiradas dos edifícios
do Monastério? Além disso, quero dizer: fora do Monastério: NADA. Nem rasto.
Não acha curioso, Carolei, que as cadeiras, de Mãezinha e a minha, e a mesa
dela, tenham ficado feitas “lenha picada para fogo” ou quase, e nós escaparmos
SEM UM ARRANHÃO, dentro de uma casa de papelão, à qual não aconteceu NADA
e da qual as dez janelas não tiveram NEM UM SÓ vidro quebrado, apesar dos tijolos
e telhas caídos, dos cacos de vidro e outros materiais jogados pelo vento a tal ponto
que uma bacia foi parar “lá em cima do morro” e que uma chapa de zinco de dois
metros foi levada a um outro morro a seiscentos metros? Bem, se Você “não acha”,
Carolei, receio muito que Você já passou do número de dioptrias oculares, mentais e
psíquicas, permitidas pelo Trânsito Celestial das almas evoluídas...
São quase sete horas, Carolei.  Aproveitei bem o tempo astrológico
favorável.  Vou parar por aqui. Tomo o mingau japonês  explicarei o que seja 
e já volto. Assim, Você descansa. Ou, poderia até tornar a ler. Nunca é demais. Até
já. Fique com Deus!...
O mingau era pouquinho, mas estava muito bom, obrigado! Vamos prosseguir
com a palestra, Carolei. Eu não fumo, nem suporto fumaça, pois a respiração iogue
torna a pessoa muito sensível, mas Você pode aproveitar que está longe e acender
o cigarrinho, ou até o cachimbo, se Você é do tipo meditativo. Porém NUNCA fume
perto de um Mestre no Oriente. E, mesmo cá, no Ocidente... é bom perguntar antes.
Então estamos aqui. Onde? É outra história interessante, que vou contar a
Você, Carolei, para Você ver o quanto engana-se essa gente toda que anda por aí,
que chega num lugar, dá uma espiada correndo, pensa que entendeu e sai até
opinando. Pois é: as aparências enganam. Todo mundo sabe disso, mas é só no
sentido desconfiado, útil nos negócios, pelo menos até quando a gente aprende a
comerciar honesta e abertamente. Mas, querido Carolei... (Caro Carolei... é muito
dinheiro, ou Você vale mesmo tanto assim? Oxalá!) ia dizendo que estamos aqui e
que isto e que isto é interessante. De fato. Até liga-se já a um dos ensinamentos do
Muito Excelso Mestre (daqui em diante escreverei MEM, para não cansar Você, nem
deixar de dar ao MESTRE o tratamento que lhe é devido...).
Esse ensinamento (n. 8) tem muitos outros sentidos, que comentarei quando
chegar à parte do livro destinada a esse labor, mas é bom que Você vá, Carolei, se
tornando experto (Vocês dizem “perito”, mas o termo francês usado assim como
galicismo, fica com os dois sentidos); experto-perito, pois, em perceber logo o laço
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que une as cousas, já que TUDO está unido no fenômeno ÚNICO da Vida. O fato
que nos interessa, irá pô-lo em evidência. Vamos ao conto.
Três anos antes de hoje, mais ou menos, não data por data, uma pessoa
estava neste lugar. Essa pessoa tinha consultado, em 1942, no Rio, a um quirólogo-
vidente alemão  que por causa da guerra dizia-se inglês  e que, sem conhecer
nada da consulente, disse-lhe, entre outras cousas que se cumpriram, que: ela na
devia preocupar-se tanto por achar um Mestre, pois tinha muita Proteção e que um
dia o “seu” (dela) Mestre viria a sua própria casa...
Os anos passaram. Essa pessoa não nos conhecia e nem estávamos no Brasil
nessa época. Ela construiu pouco depois esta casa, onde vinha passar fins-de-
semana e férias. Em 1955 de fato tive que ir a casa dessa pessoa, no Rio, lá ficando
poucos momentos. Ela adquiriu meu livro (Yo que Caminé por el Mundo...), mas,
não querendo nem passar os olhos nele no lufa-lufa da Capital, o trouxe para este
refúgio e, certa noite, quis começar a ler. O livro “abriu-se” na página 274, e a
pessoa ficou olhando aquele retrato meu (sem saber que o fosse) que está no
Diploma da O. K. R. C. ali colocado. Nisso, a luz elétrica deu um dos apagões
municipais de praxe...
Upasika (é o nome da Discípula) ficou com o livro sobre o peito e os braços em
cruz, meditando de olho aberto e, pouco após, viu no seu jardim, cheio de pinhos,
passar um cortejo de pessoas, das quais reconheceu apenas: ao Dr. Encausse
(como ela o chamava; é PAPUS), a seu próprio falecido Pai, Leon Debruyne e,
encabeçando essa primeira fileira, havia um homem  de chapéu coco, com que
iam cobertos todos os demais também.  Era um rosto severo, que perscrutava
tudo profundamente e que, quando chegou a olhar para o lado onde ele estava,
junto à janela do quarto em que lia na cama, encarou-a com certo ar de interesse,
com uma expressão que ela traduz com as palavras: “é ela”, e: “é aqui”. Mais duas
fileiras seguiam, composta por: Jean Jaurès, Zola, Eliphas Lévi, e o falecido
Presidente Fallières, a segunda; a terceira: Victor Hugo, Balzac, Péladan e Péguy.
Sabe, Carolei, que destas doze personagens (pois na primeira fileira havia também
uma quarta pessoa que Upasika não sabe identificar por não tê-la “visto”
nitidamente), pelo menos mais da metade são reconhecidamente Martinistas, outros,
Maçons e TODAS ELAS, pessoas dedicadas ao Serviço da Humanidade? Isso, sem
falar no MESTRE, pois qual não foi a surpresa de UPASIKA, quando, ao acender
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novamente a luz local, e continuando a folhear o livro, chegou ao grande Quadro dos
Mestres, colocado no fim e lá, bem no CENTRO DE TUDO, viu o rosto doloroso do
MEM PHILIPPE-AMO, em quem reconheceu o Homem de rosto tão grave que ia na
frente, sério e silencioso, enquanto Papus e De Bruyne trocavam palavras... Gostou,
Carolei? É, de fato, muito formoso, merecer VER um Grupo de Mestres e Discípulos,
todos eles “de etiqueta” (a rigor) vindo visitar, imantar provavelmente, um LUGAR
escolhido, para...
Voltemos 50 anos atrás, Carolei... Lá em Paris, quando eu era ainda menino de
7 anos, morava no 20 da Rue Condorcet. O primeiro andar era um grande
apartamento, de meus Pais, no qual Papus e outros, dos citados, mais de uma vez
estiveram. Meu Pai era amigo  e Discípulo, de Papus e do MEM MESTRE  era,
também, amigo de Debruyne, que até comprava, na loja sita no andar térreo, as
músicas para sua filha (UPASIKA), que era então uma jovem de 15 anos, estudando
violino e meu Pai e Mestre (CEDAIOR) tinha naquela loja: Edição de Música, Venda
e aluguel de Pianos e venda de todos os instrumentos e pertences, etc., sendo
Concessionário Gaveau, no bairro.
Ô Carolei, Você já entendeu? Não é bonito, como TUDO está ligado? E que
toda ação, todo sentimento, todo haver e todo dever  em TODOS os sentidos de
todos esses termos  fazem com que a gente se ache, encontre e torne a
encontrar, até liquidar contas ou até fusionar almas?...  Desculpe, Carolei, avancei
sinal. É cedo ainda para falar nestas cousas. Mas lá chegaremos se Você não larga
do livro antes...
Então, cá estamos, na casa escolhida pelo MEM MESTRE, oferecida por
Upasika para ser o nosso retiro provisório, para escrever este volume. Ontem à
noite, ela chegou para passar a Páscoa conosco. E a iniciamos com uma cerimônia,
na qual muitos livros, escritos por Mestres ou por Discípulos adiantados do MEM
MESTRE, e que dedicaram suas existências a servir à VIDA, aos humanos, ao MEM
MESTRE e ao CRISTO, estavam colocados, junto a esta máquina, aos originais da
tradução, ao papel em que este volume está sendo escrito. E Mestre Sádhanã,
Upasika e eu, fizemos o nosso pedido e o nosso oferecimento. É só? Pois é. Só.
Algum dia, quando os humanos tiverem aprendido a fazer de toda a Vida UMA
CERIMÔNIA, não mais serão necessárias as pequenas cerimônias, a não ser as
espontâneas e singelas... A de ontem o foi, até onde nós o sejamos por agora...
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Carolei: já ficou sabendo onde estamos e quase “como”. Faltam uns


pormenores. Vamos liquidar o caso. Primeiro assunto a esclarecer, “O Monastério”:
estamos nos situando outra vez na ação mais livre e mais ampla, pois que nem
conseguimos fazer no e do Monastério, aquilo que estivera programado, por razões
que no decorrer do livro surgirão; nem podemos, depois dos SINAIS que os
MESTRES nos deram  o do Abrigo foi “claro, preciso e contundente”, não acha,
Carolei?  insistir e, ficar junto a poucas pessoas, que não acompanham (por não
poder ou não querer, dá na mesma!) o ritmo e o sentido que precisamos dar ao
pouco tempo que fica: a nós para desencarnar, a Você, Carolei e seus semelhantes,
para se prepararem para “o que vem aí”. O MEM MESTRE já falou nisso no primeiro
tomo e iremos procurar tornar a questão mais clara, logo adiante.
Estamos chegando ao Cachorro  cui-da-do, Carolei, mor-de mesmo! Por
motivos que serão totalmente expostos a Você, quando falarmos das duas Vias: a
MENTAL e a CARDÍACA, fique Você sabendo, amado Carolei, que em certa época
da minha longa trajetória, interior e externa, fui levado a criar um sistema dito de
“Sarva Ioga”, ou seja, Ioga Integral, no sentido de abranger, da maneira mais
sintética, prática e contundente possível, tudo quanto tenha achado, seja em
sistemas antigos (alguns bem antiquados também...), ou em modernos, como na
minha própria experiência, feita tanto na minha pessoa como em centenas de
discípulos e amigos, que me pareceu comprovadamente ÚTIL para a finalidade
almejada: TORNAR O SER CONSCIENTE.  Daí que, na Lição 6a. do Curso “B”
(intermédio) de Sarva Ioga, após comentar a diferença entre o Caminho Essênio
(Via do PAI, do MEM) e o Caminho Sarva (Via Mental, na forma Sarva), conclui-se
“amavelmente”: “Realizar-se, tornar-se consciente ou apodrecer, como cachorro à
beira da estrada, é o seu dilema”.
Viu, ô Carolei, que cachorro danado..., e que dilema danado... e quanta gente
danada! (provisoriamente, graças a Deus... mas isso é DA OUTRA VIA!). Assim,
Carolei, quando eu disser: “Olha o cachorro!”, agora já Você não pode se fazer de...
desentendido. Vamos a outro ponto, dos que prometi esclarecer.
Chegou a vez do mingau japonês. E, para Você ver como TUDO é importante
na Vida vivida mesmo, o tal de mingau é que vai nos servir para ligar ao ONDE com
o COMO (mesmo com trocadilho, porque Você vai ficar sabendo como como...).
Vamos lá. O livro traduzido no primeiro volume, foi feito com toda seriedade de
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fundo e de forma. A forma, então, é cuidada ao extremo, como corresponde a um


Senhor Médico, quando este tem, além da responsabilidade de todos os seus títulos
profissionais, a de ser filho de Papus, e a de querer conquistar (?) a boa vontade ou
o interesse dos leitores cultos, se possível portadores, não só de bacilos, mas
também de títulos universitários, sociais, funcionais, etc etc.
Dessa, eu já estou de volta, com cachorro e tudo. De pé no chão, na estrada
da Verdade, achei mais franca hospedagem nas choupanas que nos salões e
laboratórios. Daí que, não somente tenha resolvido adotar aqui a forma de não ter
forma FIXA, isto é, de falar séria e elevadamente do que assim for, como de relatar,
até em gíria quando me der na telha, o que convier; como, ainda e também (que
bonita redundância pleonástica!...) na própria modalidade de considerar o assunto,
resolvi seguir o Caminho que o mesmo MEM MESTRE nos deu, ao fundar a AMO
(veja Yo que Caminé por el Mundo...), isto é: AMPLIDÃO! Abaixo todas as barreiras
e cortinas: de ferro, de bambu, de mistérios religiosos, de escuridões sectárias, de
pretensões “tradicionais” (dos que mais IGNORAM o real conteúdo DA Tradição 
que comentarei a seu tempo...) e de qualquer outra modalidade.
Por isso, Carolei, assim como, em 8 de janeiro de 1950 e, novamente, em 9 de
janeiro de 1955, fizemos, Sádhanâ e eu, aqueles jejuns só a líquidos (sistema
Abentín) por 67 e 50 dias, respectivamente, agora estamos EXPERIMENTANDO o
sistema do médico japonês Georges Ohsawa, que está fazendo milagres pelo
mundo, agora em Paris e, neste ano ainda, possivelmente, os fará no Brasil.
Ora, é um sistema curativo-educativo-filosófico. Mas, na parte dietética pura, há
um período de 10 a 15 dias com alimentos sólidos, somente, cereais 90%, certas
verduras 10%, porém tudo isso “seco” ou quase, sem molhos, sopas, nem bebidas
de espécie alguma. Nem uma só gota de água. Só enxaguar a boca duas vezes ao
dia, sem engolir nada. Creia, Carolei, não é difícil. Questão de saber O QUE SE
QUER. Em tudo, aliás: olha o cachorro...
Pois é. Ficamos em que, o que se quer, é AMPLIDÃO. Acho que tenho em
mão, vivências, documentos, provas de muitas espécies, para poder expor, em
forma aceitável até para os mais exigentes, a minha convicção PROFUNDA sobre o
real significado dos ensinamentos e da vida do MEM MESTRE e provar, entre outras
cousas, que:
a) Não há divergência real entre os ensinamentos aparentemente muito
diferentes ou mesmo divergentes, a não ser na limitação mental dos que “Lêem” (!)
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e, muito menos, é claro, porém ainda existentes às vezes, nos que procuram praticá-
los (sem se machucar...). Tal divergência é inexistente entre os que VIVEM a cousa
como ela é! Você já viu, ô Carolei, gente discutir sem respirar? Até quando
DISCUTEM sobre métodos de respiração, ou negando a utilidade da Ioga, ou da
janela aberta no quarto de dormir, até NESSES momentos, ô maravilha divina,
seguem respirando! Cachorro também, até morrer, e depois, porém diferente. (Outro
sinal avançado! Olha a carteira!)
b) Penso poder provar muitas outras cousas, por exemplo esta: que estão se
criando, para com o MEM MESTRE, “casos” análogos aos que já aconteceram com
o seu Divino Amigo. Certas Igrejas querem ter monopólio; os médiuns (alguns) o
chamam “O Maior Mediu”; meu amigo Vaz de Mello e outros querem que seja “O
Maior Anarquista”, etc etc.  Hoje, já há na França, e fora dela, gente que gostaria:
ou de fazer do MEM MESTRE a propriedade privada, ou quase, da “Ordem” A, ou B,
ou C... (que nem se cheiram entre si...); outros, gostariam e tratam de provar que ele
é o primeiro da linha de CURADORES (ou às vezes curandeiros) a que os dito
cujos, naturalmente, pertencem. E assim por diante, pelos lados, e, até, por trás das
bombas, com jeitinhos muito pouco sérios às vezes...
Então, penso provar, dizia, que EXISTE um labor Mundial do MEM MESTRE,
no qual cabem, estão de fato, embora o ignorem muitas vezes, TODOS os que, com
o Coração amplo e a mente aberta e desinteressada (Você prestou atenção a isso,
Carolei?), procuram servir, de fato, ao semelhante, com base em ALGUM ou alguns
pontos e formas do Ensinamento do Mestre, que é muito mais multiforme do que
alguns quiseram fazê-lo parecer. Nisto, vou ser um pouco severo!
 Ô Sevânanda, Você acha mesmo necessário tudo isso? Será  desculpe o
mau jeito  que o ensinamento do Mestre não passava muito bem  e ou até
melhor, sem os seus comentários?
 Estou começando a gostar cada vez mais de Você, Carolei. Isso é fala de
homem! Vamos examinar este ponto.
Como você possivelmente sabe, dei muitas conferências por aí. Para ser
“quase” exato (quem puder sê-lo 100%, levante o dedão...) pronunciei uma por dia,
durante sete anos, em forma de cursos públicos e de conferências (fora uns
trocados, antes, em outros países, desde 1922), em Montevidéu, de 1941 a 1949.
Logo, presenças, sem contar, é claro, os atos radiofônicos (nem os ensinamentos
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diários no Monastério, depois), e nem a conferência de 24 de março deste ano, com


a qual ABRI NOVO CICLO...
Em todos esses atos, Carolei, procurei observar o que o público aprova, com
olhar, gesto, etc... e, também, muitas vezes, por cartas ou consultas pessoais, foi-me
possível verificar o que entende, como o entende (!) e como e por que procura, ou
não, praticá-lo, etc.
Por outra parte, quando voltei da Peregrinação que fiz, em 1956, à Casa e ao
Túmulo do MEM MESTRE, procurei, durante meses, Ler, com alguns poucos
comentários, seus ensinamentos aos Residentes, bem como observar que
comentários e perguntas fazia nascer, neles, o ensinamento.
Ora, Carolei, desses Residentes, mesmo que entre eles houvesse alguns
vindos herbivoramente, para levar lá vida naturista, apenas, a maior parte tem sem
dúvida alguma um interesse espiritual. Alguns, são gente que está já anos ao lado
de mim (não disse junto, Carolei: se Você não aprende a meditar porque um
instrutor usa um termo ou uma construção e não outra vernacular... olha o cachorro!
Já viu que cachorro metido em tudo!?).  Pois é, por mais boa vontade que tenham
posto esses Residentes, percebi que às vezes não captavam o significado do
ensinamento; outras, “pescavam” o sentido mais literal, mais banal ou singelo,
porém os outros sentidos ficavam “letra morta” (sinto muito, tive que usar um lugar-
comum, por exato).
Esse fato, meditado, levou-me à conclusão de que poderia ser interessante,
para o público (Discípulos e Caroleis em geral: viu, já lhe arrumei parentes...) que eu
COMPLETASSE O ENSINAMENTO DO MESTRE. Assim como estão ouvindo.
Afinal, eu já estou velho, vou “morrer” breve, e já falaram tão mal de mim nesta vida,
que pouca importância tem que me critiquem depois que eu passe a ouvi-los em
corpo astral! (Essa, Você não tinha achado sozinho, Carolei; tinha? Felicitações!)
E, antes que me atirem pedras mais grossas do que a minha blindagem, física
e prateada suporta, vou dizer logo, que apenas estou seguindo AO PÉ DA LETRA E
DO ESPÍRITO, o exemplo do MEM MESTRE, o Qual, como veremos no livro (se
Você já não “papou” no primeiro tomo) afirmou, assim como quem na quer nada,
que Ele, tinha vindo COMPLETAR o ensinamento de Cristo Jesus. Sai dessa, como
diz o Presidente Nacional da Legião da Boa Vontade (1957-58).
Então, pensei com os meus botões sevanandescos, que, se a LEI é a de DAR,
na escala infinita da Transmissão, eu tinha o dever  “antes de vos deixar no
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melhores lençóis possíveis” (frase de Gurdjieff, conservada melhorando...)  de vos


DAR tudo quanto pudesse. A rigor, este livro não passa de tentativa forte, lena, livre,
sem pretensão mas sem limitação alguma, de realizar isso mesmo.
Esses louvável propósito, Carolei, obriga-me a lhe expor ainda alguns pontos,
para que Você perceba melhor onde quero chegar. Este segundo volume, por
exemplo, vai conter muitas cousas. Após esta conversa geral que tenho o prazer de
manter consigo, entraremos juntos no estudo dos ensinamentos do MEM MESTRE,
o que não pode ser feito, sem antes dar-se uma olhadela em cada uma das páginas
que os precedem  no tomo primeiro  pois que elas contêm algumas cousas que
merecem meus reparos e outras que, Você não leve a mal, Carolei, acho que só
mesmo eu trocando a cousa mais em miúdos...
De maneira geral, penso proceder desta forma: aproveitar os números das
páginas e os que eu, sabidamente, pus nos próprios ensinamentos quando fiz a
tradução, para então, chamando a sua preciosa atenção (tem muita pedra preciosa,
sem lapidar ainda, Carolei...) sobre tal ou qual tema, comentá-lo, ir até onde possível
for no comentário (com vistas aos comprimentos das nossas respectivas orelhas,
não é, Carolei: na vida tudo é gradativo, relativo, perfectível); depois, quando for o
caso, dar o meu próprio ensinamento COMPLEMENTAR ou adaptador, se isso já
não tiver sido feito dentro do comentário, quando eu preferir fazer um
contrabandozinho para driblar a curiosidade, que não tem os mesmos direitos que a
aspiração, nem os da sagacidade.
Após, quando os Deuses permitirem (não fique abespinhado, Carolei, os
Pitagóricos, que são gente eminentemente respeitável, recomendavam render “aos
Deuses o culto consagrado”  pela época e lugar , conservando para o ÚNICO
e SUPREMO, etc... veja os Versos Dourados, que são muito belos); então, quando
os Deuses permitirem, juntarei a Comentário e Subensinamento (meu...) alguma
história, sempre rigorosamente verídica, apenas com os nomes trocados, quando “o
milagre interessar mais que o santo...”.  E, finalmente, Carolei, a minha
generosidade, estimulada pela proximidade da morte (daqui ninguém leva nada, a
não ser um saldo de Conta Corrente Moral...), irá por vezes até inserir no livro,
magníficos desenhos de Visões. Assim, por exemplo, cumprirei com o dever de
mostrar a cada Carolei sincero (desculpe, capaz de ter, na sua gente, algum menos
transparente...) a diferença que há, entre toda essa gente que DIZ que passa a vida
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vendo fantasmas (de gente morta é bem possível que vejam), mas que raramente
dá provas, para um entendido na matéria, de que possam ver os Seres da Natureza,
as Cores das auras das pessoas, e mil outras “cousas”, todas elas vivas, pois que
tudo que existe tem “vida”.
Você vai ver, Carolei, uma Maravilha! Pena que cada lâmina dessas, a cores,
vai nos custar uns bons DOZE MIL CRUZEIROS, com os clichês. Por aí Você vê,
Carolei, que se não colocamos mais, é porque: primeiro, o dinheirinho não dava (só
essa chegava, não é!), mas havia outra razão: o livro havia de ficar caro como o
diabo! E isso não serve, evidentemente, já que o diabo sempre faz pagar ainda
muito mais que dá!
Olhe, Carolei, vou lhe confiar um segredo: nós, do ALBA LUCIS, temos quilos
de desenhos de magníficos símbolos, visões de seres, lições simbólicas completas,
etc. Se, algum dia, Você achar de fundar uma forma qualquer de reunir amigos seus,
prontos a financiarem, ou simplesmente a encomendarem, com o valor adiantado, a
edição de um Álbum Místico de Percepções Autênticas (para os adultos perante a lei
civil; melhor se o forem também perante outras...) e, se gostarem, também um
Álbum Infantil sobre a Realidade da Vida, acho que, depois da boa legislação social,
dos bons governos e dos bons patrões, isso será uma arma (não ofensiva) contra o
materialismo e outros ismos que põem sua vida em perigo, Carolei! Vocês estão
facilitando muito demais. Oxalá acordem a tempo dessa brincadeira de deixar o
barco correr...
E não creia, meu caro, que seja fácil obter tais documentos místicos.
Precisamos, primeiro, VER. É MUITO DIFÌCIL VER COUSAS REALMENTE
SUTIS>>> È preciso ter quem possa, além de ver, LEMBRAR, e lembrar tão
fielmente e com tanto pormenor que possa... se talento tiver para tal, desenhar ou
pintar o que viu. Assim, Carolei, estou procurando lhe ajudar, e muito. Ainda não
percebeu a propósito de que?  Mas, meu filho, se a gente não agradece,
profundamente, o que a vida brinda e o que os DEMAIS permitem que apreciemos
ou saibamos, então nos fechamos a próxima oportunidade! Estou lhe ensinando a
ser grato, cousa que se parece muito a começar a ser humilde.
Olhe, Carolei, quando Você achar alguém que ADMIRA a muita gente boa, e
que tem a gratidão real pelos Seres que deram alguma cousa grande à humanidade,
sem que isso tenha beneficiado DIRETAMENTE à pessoa considerada, então tenha
certeza que está diante de uma alma velha e ampla. Os pequenos, almas recém-
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saídas do forno, não admiram senão a si mesmos. Outros, nem isso: nem a si, nem
a outrem. São mortos que caminham, almas que se arrastam, até que alguma dor
bem grande as SACUDA!
Vou me referir, ainda, a duas palavras das páginas precedentes: eu falei, lá,
em Ler para terceiros e, linha adiante, citei uma frase do amigo Gurdjieff. Eu ensinei
na América Latina muitas cousas que ele estava ensinando na mesma época, na
Rússia ou na França, onde vim a conhecê-lo em 1923. Estávamos “na mesma
onda”, como se costuma dizer (ah! se os sábios acertassem tanto quanto o povo
emboca, que rápido seria o progresso!), sobre muitos e determinados assuntos. O
meu Yo que... está cheio disso, e, mais tarde, lhe mostrarei como isso também
“aconteceu” entre Gurdjieff e Papus, embora muita gente julgue até sacrilégio juntar
esses dois nomes. Lembra-me a nossa Cruzada, quando alguns “orelhas-
compridas” vinham nos dizer: “Como pode botar junto Jesus e Gandhi?” Além do s
que faltava na linguagem deles, também faltava sal no seu espírito... Tinham sido
unilateralmente cozinhados por aí...
Ora, Carolei, Gurdjieff, apesar de parecer muito mais rude do que eu (que já
sou considerado “ríspido” demais por aí: de fato, não gosto de gente que não leva as
cousas a sério. Uma cousa é bom humor, outra é levar tudo para a pândega!), era
um homem, um Mestre que dava a seus Caroleis, conselhos como este:
“Toda prece pode ser ouvida pelas forças superiores e atendida, sob a
condição de ser recitada três vezes:
“A primeira vez, pelo bem e o descanso da alma dos nossos parentes;
“A segunda vez, pelo bem do nosso próximo;
“E a terceira vez somente, pelo nosso próprio bem.”
E, acrescentava Gurdjieff, após citar essa sentença popular, vinda  diz  do
fundo das idades:
“Acho necessário, desde a primeira página deste primeiro livro1 pronto a ser
publicado, dar o conselho seguinte:
“Lede três vezes cada uma das minhas obras:
“A primeira vez, pelo menos na forma em que estais mecanizados a ler todos
os vossos jornais e livros;

1
Relatos de Belzebu a seu Neto ou Tudo e Todas as Cousas  Prólogo
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“A segunda vez, como se estivésseis fazendo leitura, deles, um auditor


estranho ou estrangeiro;
“E a terceira vez, procurando penetrar a própria essência daquilo que escrevo.”
 Só então, estareis aptos a formar um juízo imparcial, próprio de vós só, sobre os
meus escritos”...
Olhe, Carolei, pessoa que tem o privilégio de ler essas linhas e não as aplica,
merece continuar cachorro. E, se após procurar aplica-las, não tira real proveito do
livro que tiver em mãos, então, meu filho, aquela carrocinha é de fato “de utilidade
pública”!
E, a propósito disso, vou contar a Você uma cousa curiosa  apenas como
fato psicológico  sobre o modo displicente com o qual a humanidade deixa passar
o que lhe brindam e, como dizia Churchill, “Perde o Bonde”: dos tempos em que
Sádhanã e eu, com regularidade cronométrica, sentávamo-nos para as meditações
do entardecer  que eu teimo em chamar de vespertinas, embora me digam que se
não usa o termo, mas se EU o uso, vazo nele o meu sentir, e isso me basta! Que
mais podemos querer, para transmitir, em forma VIVA, aquilo que séculos de
inatenção auditiva e de rotina lingüística mataram, ao ponto de se dizer, hoje, que
uma “torta” é “divina”...
Então, naquelas meditações, muitas vezes eu LIA, para os Residentes
(traduzindo de improviso), livros escritos em idiomas, para eles não habituais. Fazia
um tríplice comentário: o das inflexões de voz, ao ler; um segundo, a mímica com
que ressaltava certas cousas e, finalmente, comentários em palavras ou em fatos.
Cousa curiosa: uns, nada anotavam, certamente certos da certeza de terem
entendido de maneira certa. Outros, menos petulantes ou menos preguiçosos, ou
menos indiferentes, anotavam: só os pedacinhos do texto lido que conseguiam
apanhar! Tinham, assim, uma colcha incompleta, de retalhos inassimiláveis.
Compreende, Carolei, por que Gurdjieff disse aquilo?
Além disso, seja na presença física (é mais fácil, porém tem o obstáculo do
choque das personalidades humanas) ou na presença escrita, isto é, indireta (é mais
difícil, porém tem a vantagem do não-choque direto e, por isso, da menor resistência
de quem deve estar RECEPTIVO, para poder receber...), o instrutor sempre
IMPREGNA tudo quando dá, verbal, literária ou mentalmente, do seu poder de
transmissão, que varia em modo e força, conforme o Talhe e o Raio (Via) do
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Instrutor. Completando, à minha maneira, os conselhos de Gurdjieff, e já que a


minha Via é a de um “misticismo” (palavra conhecida sua, mas que convém
esclarecer, Carolei) mais aparente, isto é, mais visível, vejo-me na obrigação de
terminar esta palestra com alguma cousa que nos torne mais íntimos, Carolei!
Abrindo, pois, meu coração a Você, dir-lhe-ei primeiramente isto: não só me
desinteresso de atrair os curiosos, de instruir os pretensiosos ou de convencer os
incrédulos congênitos, senão que ainda escrevo este livro apenas para dar aos
MÍSTICOS, potenciais ou já florescidos, as JÓIAS às vezes ocultas no ensinamento
do MEM MESTRE ou de seus seguidores fiéis, embora menores; e, também, quero
procurar mostrar em forma irretorquível, inegável, que havia razões para dizer que:
APÓS JESUS, É O MAIOR QUE VISITA ESTA TERRA: entre os Grandes Seres que
cuidam desta Humanidade.
E, do Retiro Alba Lucis, lugar menos atraente que o Monastério, por não ter
muitos desses aspectos interessantes dados ao AMO-PAX em Resende, deve e
pode ficar certo, Carolei, que farei, apoiado e sucedido por outros fiéis, auxiliares
hoje, quiçá sucessores amanhã, o mesmo que fiz, com relativo insucesso  dentro
da relatividade das cousas  e que, em tom de advertência e de dádiva (quem
separa a Justiça da Misericórdia?), dediquei em 16 de fevereiro de 1956 aos
Residentes e que dedico, agora, a Você, esteja onde estiver, pois NADA ESTÁ
DESUNIDO, JÁ QUE TUDO É UM:

ADVERTÊNCIA

Lento, sem pressa nem pausa,


Gira o sentir do Guru ardente,
Tenaz, em torno a cada Residente,
Como um silêncio pleno de causa!

Lento, sem pressa nem pausa,


Arrastando cada resistência,
Pondo a oportunidade em evidência,
Ante quem a tem e não a usa!

Lento, sem pressa nem pausa,


Gasta-se do Guru o coração,
Numa transferência de realização!

Lenta, sem pressa nem pausa,


Extingue-se do Guru a presença,
Ante quem a tem e não a usa!
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Se lembrarmos, ou melhor, se adianto a Você, Carolei, que o CORAÇÃO do


Muito Excelso Mestre PHILIPPE  a Quem também chamamos AMO  “estourou”
de dor, após anos procurando animar o “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS”, mais fácil
lhe será, Carolei, compreender a JESUS, ao MEM MESTRE, e, quiçá, sentir-me,
como eu, ao longo deste livro, procuro SENTIR o que Você ais almeja!

Até a página seguinte. Um abraço do coração, do

Sevânanda
(São 16 horas, já!...)
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SEGUNDA PALESTRA COM CAROLEI

Tinha prometido, Carolei, voltar junto a Você, “na página seguinte”. Isso, foi em
4 de abril. Depois, estive “demorado”, lendo, relendo, marcando, um total de 118
livros, com 27.625 páginas, até 21 de abril, data em que comecei a escrever uma
primeira versão deste livro, projetada para ter 43 capítulos sobre “A Tradição” (dos
tempos Lemurianos até hoje), mas, além de perceber  após já ter escrito umas 80
páginas  que iria ser excessivamente volumoso, “senti” que o MEM MESTRE
queria a cousa em outra forma, ficando aquele trabalho para outro livro diferente...
Logo, em 25 de ABRIL  109o. aniversário do MEM MESTRE  comecei tudo
de novo. Porém, já em 6 de maio tivemos, Sádhanã e eu, que ir retirar do
Monastério Amo-Pax  com o qual já nada temos a ver  a “Ermida Rodante”. Um
êxodo! Sacerdotisa Sarah, a Monja Silenciosa Perseverante, os outros dois íntimos
Louise e Sadak, pousavam: o último no jipe e os outros na casinha rodante, junto à
qual vinha a camioneta Dodge em que viajavam  e dormiam  os íntimos Thoth e
Zanti.
Após dez dias de viagem, chegamos a este Retiro ALBA LUCIS e somente
agora, num novo Abrigo  de madeira, alegre e cômodo  a Ermida e nós estamos
quietinhos...
Esta aparente demora, aparente “contratempo”, não são tais: o MEM MESTRE
sabe bem de que precisamos. Nos meses decorridos, iam chegando a meu poder
mais e mais documentos: respostas das cartas que eu dirigia a diferentes países,
solicitando complementos de informação de Amigos ligados a vários setores de ação
que guardam relação com o MEM MESTRE. Chegava-me, também, a 5a. edição
francesa do livro do Dr. Philippe ENCAUSSE.
A abundância de material, a impossibilidade de obrigar a Você, Carolei, a
compulsar continuamente o primeiro volume, e diferentes partes de um segundo que
se referisse, simultaneamente, a textos esparsos em ambos, obrigaram-me a
modificar o plano deste livro. Por outra parte, havia uma disparidade, às vezes de
opiniões, outras, de documentação, sobre temas ou ensinamentos que diferentes
autores, todos eles merecedores de igual admiração e crédito, expunham de acordo
com o que tinham recebido do próprio MEM MESTRE ou de seus diretos Discípulos,
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fossem estes os Íntimos que com Eles conviveram, ou que Lhe serviram
externamente.
O número de ensinamentos em meu poder havia crescido muito. A 4a edição do
livro do Dr. Philippe Encausse fora dividida por mim, na versão brasileira, em 471
ensinamentos. De outras fontes, incluindo aquilo que eu mesmo recolhera na
Europa em minhas peregrinações de 1956, já os elevara a 607. Na quinta edição do
seu livro, o Dr. Philippe Encausse brindou material novo, perto de 200 ensinamentos
 na forma em que os numerei. Mas, outros fatores vinham complicar o problema
de apresentar tudo isso a Você, Carolei: a 5a edição de “LE MAITRE PHILIPPE”,
muito mais misticamente organizada que as anteriores, suprime inicialmente 29
páginas relativas a Curadores e problemas correlatos; faltam nela 15 ensinamentos
anteriormente dados; outros 14 estão um pouco ampliados; 29 foram truncados; 14
estão modificados. Por outra parte, o Autor comunica ter grifado os que são
provenientes do Manuscrito de Papus e verifiquei serem uns 163, do total de 671. 
E, para terminar de “me complicar a existência”  como se diz às vezes  acontece
que a 5a edição traz quase a totalidade dos 671 ensinamentos, classificados por
ORDEM ALFABÉTICA de temas. Ora, eu disponho de 858 ensinamentos e a
CLASSIFICAÇÃO MÍSTICA dos mesmos não coincide com a que, na França, fez
com toda dedicação a Srta. O. de Barante.
Resolvi, então, o seguinte:
1o.)  Escrever este livro como um todo homogêneo, incluindo não somente os
ditos 858 ensinamentos, como também um resumo da vida do MEM. MESTRE e
DOS SEUS DISCÍPULOS  Íntimos e Externos  mais ativos num sentido ou em
outro (curas, ação, etc.).
2o.)  Organizar o livro em forma de ÉPOCAS e, dentro de cada uma delas,
apresentar o MEM MESTRE vivendo ou expondo os TEMAS do seu ensinamento e
da sua ação, apresentando o todo em forma tal que, a rigor, Carolei, Você pudesse
seguir esta obra quase sem ter que perder “o fio” recorrendo  a não ser por
consultas sobre partes que não são de especial interesse para o Ensinamento  ao
primeiro volume.
3o.)  Pôr tudo quanto me fosse possível em plena luz. Quando, por exemplo,
certos ensinamentos diferissem em versões de origens diversas, expor as várias
versões, ou comentá-las amplamente. Quando, em certos outros casos, algumas
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partes do ensinamento PÚBLICO ou do ensinamento PRIVADO d MEM MESTRE


ganhassem relevo em serem colocadas em determinada seqüência, e assim
comentadas, isso fiz.
4o.)  Finalmente, havendo uma coordenação e verificação sérias, no labor de
preparação deste livro, considerei oportuno também usar do seguinte método de
referências:
E. 1, E. 2, etc, é a numeração corrida dos ENSINAMENTOS DO MEM
MESTRE. Assim, os numerei ao identificá-los nas diferentes fontes.
Tais fontes estão, por mim, indicadas caso por caso, seja em forma explícita,
citando autor, livro ou circunstância; seja, no que se refere às fontes mais
freqüentes, recorrendo às formas de abreviaturas seguintes:
M.P.: Maniscrito de PAPUS S. Ly.: Anotações Sessões de LYON
L.B.: “Lumière Blanche”, de Marie Emmanuel LALANDE
Rev.: “Révélations”, de Michel de SAINT-MARTIN.
B.M.H.: “marc haven (Biografia de )”  indicando qual a parte, por tratar-se
de obra escrita por seis Autores, além de ANOTAÇÕES do próprio
Marc Haven (Dr. Emmanuel LALANDE).
Os Comentários vão também numerados C. 1, C. 2, etc., facilitando
referências.
N. 1, N. 2, etc., são as NOTAS, numeradas em forma corrida, tendo-se
procedido em igual forma com as “HISTÓRIAS” (H. 1, H. 2, etc.) e com:;
F. 1, F. 2, etc.: Fotografias, numeradas e com indicação de sua origem.
D. 1, D. 2, etc.: Desenhos, numerados e com indicação de sua origem.
V. 1, V. 2, etc.: São as Visões Místicas, cuja autenticidade, bem como a dos
textos que as acompanham, é evidente, mas que torno a ressaltar, por motivos
óbviosN. 1.

N. 1
 O querido Mestre PAPUS teve a felicidade de contar entre os seus Discípulos mais dedicados a
Condessa de Béarn, notável Vidente que percebia a miúdo quadros astrais interessantes. Uma de suas
vidências mais notáveis é, sem dúvida, a da Montanha Branca, na qual Ancestrais e o Anjo vêm despedir-se da
Alma que vai morrer no astral para nascer na Terra.
Também tivemos a felicidade de a Providência colocar, entre os nossos Íntimos, à Sacerdotisa Sarah,
cuja intensa devoção, Amor ao Senhor e fidelidade humana, têm-lhe permitido elevar pouco a pouco sua
Vidência bem acima das percepções astrais banais. Desde anos, já, percebe tanto os Seres do Mundo etérico
(Gnomos, Fadas, e seres dos elementos em geral), como também lhe foi outorgada, muitas vezes A PEDIDO
SECRETO NOSSO, a Graça de VER e OUVIR cenas que são elevados ensinamentos ou oportunas
confirmações. Desenhista de talento, ela mesma reproduz o que vê.
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Assim, Carolei, desde este Plenilúnio de agosto de 1958, que acabamos de


celebrar há poucos instantes, espero poder, agora, terminar logo este livro que lhe
prometi que Você teria para o Natal!

Que o Muito Excelso Mestre PHILIPPE


nos proteja... e que o mereçamos!

Afetuosamente seu,
Sevânanda
1 hora de 28-8-1958, no Abrigo da
“Ermida do Serviço”, no Retiro
ALBA LUCIS, a 10 km de LA-
JES (Sta. Catarina)  Brasil.
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Fig 3 – D. 1

D. 1  O Nascimento no Plano físico, que equivale à real Morte no Plano Espiritual. A Condessa de
Béarn teve a Graça de poder “ver”, por ocasião da reencarnação, em sua própria família, de um novo ser, a
Grande Montanha Branca, na qual os ancestrais vêm deixar o Espírito que se encarna. Viu, ainda, as despedidas
tristes, e o Guia que se afasta, aos parentes, ao Espírito que se “escurece” ao voltar à carne.
Embora esta visão se refira a um “ser normal”, ajuda, Carolei, a compreender melhor “A Encarnação do
Eleito”, magnífica Visão pela qual o Muito Excelso Mestre PHILIPPE teve, como sabemos pelos ensinamentos, a
explicação do “Seu Mistério”.
Nas páginas que seguem, veremos que Sua infância e  também  a Sua vida toda, ajustaram-se às
palavras do Ser alado, do Anjo que o acompanhou sempre e sobre o qual a ilustração da página seguinte
esclarece, Carolei... D. 1 é reproduzido de la Réincarnation, Papus, Ed. De Dorbon-Aine, Paris, 1912 págs.
155 a 157, e não existe em edições ulteriores. Raridade, Carolei!
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I  VINDA E INFÂNCIA DO MESTRE


(1843-1861)

A Encarnação do Eleito é o primeiro fenômeno pelo qual, como em muitos


outros, o Muito Excelso Mestre Philippe pôs em evidência para nós, pobres
terrestres mergulhados nas nossas próprias trevas, sua semelhança, tão
impressionante, com seu Divino Amigo: Jashua, ou Jesus-O-Cristo.
Para Você, Carolei, que deverá ter visto, em Arpas EternasN. 2, a magnífica
descrição das regiões dos Amadores Eternos, ou Arpas do Eterno Amor, lá no
infinito  para nós , lá, além da Constelação de Sírio, em zonas em que a pureza
astral tem por apoio, a pureza dos mundos que ali gravitam, a preparação para a
Descida de Jesus, acompanhado pelos Onze Sacrificados; para Você que já sente
no coração, ao menos como sentimento, de amor e devoção, humano, o que possa
ser “ter vivido tantas vidas” e ter realizado tantos sacrifícios, que já não tenha nada
mais a pagar, nem a seres, nem a cousas, nem a Anjos, nem a Deuses! E, após
isso, quando já “o sofrimento tinha se afastado”, voltar, voluntariamente,
conscientemente, abnegadamente, para ajudar aos que ficaram atrás; para pôr um
pouco de luz, de amor, de provas do Poder do Pai e da Misericórdia do Filho e da
Grande Virgem de Luz!  Para Você, certamente, a Encarnação do Eleito soou a
música de celestes esferas, a canto de serafins e de mártires, quando viram passar,
novamente em direção à Terra a Philippe, o Eleito; a Philippe, o Imperador da
Humanidade, como Cristo é o Rei deste planeta, por Sê-LO de todos aqueles que
gravitam nos espaços povoados pela Manifestação!
Fácil é compreender, então, a presença, junto à extensa legião de Espíritos
luminosos, que vinham despedir-se do Eleito, daquele outro Ser, velado, vindo de

N. 2
 “Arpas Eternas”, por Hilarión de Monte Nebo  Edições da “Fraternidad Cristiana”. Como já
expliquei em “Yo que caminé...”, esta obra foi recebida por via mediúnica, totalmente inconsciente, por uma
dedicada médium Argentina. Já tive a oportunidade de comentar, em conferências como em escritos vários, que
“onde entra “Arpas Eternas”, lá entra também o perfume suave da Aura do Senhor”, pois tanto o estilo suave e
poético, quanto o conteúdo interessante, apresentado em forma instrutiva e linguagem singela, facultam a todos
o poder desfrutar intelectual e cardiacamente, desta obra de vulgarização do sentir místico dos Essênios.
Entretanto, o fato de haver notáveis coincidências com a realidade que, insofismavelmente ensina o Muito
Excelso Mestre PHILIPPE, sobre a Vida, Missão e Ressurreição de N. S. Jesus Cristo, não basta para se
considerar “Arpas Eternas” como relatando TODA A REALIDADE E SOMENTE A REALIDADE. Para o leitor, e
pelos motivos apontados no início desta Nota, isso importa pouco, verdadeiramente, e nos daríamos por muito
felizes se toda a gente conhecesse, lesse e aplicasse “Arpas Eternas”.  Mas, nem por isso devíamos deixar de
apontar que essa psicografia (e, aliás, como todas as psicografias) apresenta inevitavelmente interferências dos
que “corrigiram” (?!) a Hilarión de Monte Nebo, ou quiseram introduzir e enriquecer o texto, seja no aspecto
poético ou no histórico. Algumas divergências de certa importância  e que Você mesmo, Carolei, perceberá
facilmente  existem entre “Arpas Eternas” (obra parcialmente de involuntária ficção) e o Ensinamento do MEM.
MESTRE, Verdade do Plano do Verbo.
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um mundo superior, envolvendo ao próprio Eleito com uma intensa irradiação! Assim
como cada um de nós tem um Anjo da Guarda, designado pela Celeste Jerarquia
que a tudo preside, assim também, ao retornar, voluntariamente, na esfera de ação
das forças dirigentes da existência nesta Terra, o Eleito começava por acatar essa
primeira Lei. E recebia, se aceitasse  definitivamente  essa encarnação de
Sacrifício, o “Anjo” que o havia de proteger e defender, servir e consolar, também!

Com. 1  Quão formosas as palavras desse “Anjo”  cuja Categoria me não


atrevo a revelar ainda!  mostrando que “uma lágrima da celeste Virgem”  isto é,
um decreto emanado do coração da Grande Mãe Providência, que é um cósmico
ser, de universal função, é o que tinha permitido que a missão fosse, e que o Eleito
descesse, e que um dos Grandes Guardiões, daqueles a que se refere o texto
gnóstico da Pistis Sophia, quando fala no Tesouro de Luz do 13o Mistério, onde o
Eon Jesus foi levado, viesse, também, cobrir com sua Luz e seu Poder ao Enviado
do Pai!N. 3

Com. 2  Mas, todas as duras condições dos mortais terrestres, mais as


outras terríveis condições reservadas aos Missionados, são apontadas ao Eleito!
Que martírio, e que glorificação! Que reprodução vivida, dia após dia, do grito de
Getsemâni, com seus dois sentidos: “Senhor, Senhor, por que me abandonastes” 
e  “Pai, Pai, quanto me glorificas!”!...  Dupla prova histórica, se outras não
houvesse, do sacrifício na Cruz, torpemente negado por certas seitas, antigas ou
modernas, de “corações de pedra”, incapazes de senti-LO!...

Com. 3  E o Eleito, forte de sua própria fortidão, temperada em séculos de


lutas, assistindo a esta Humanidade, aceita também a terceira Lei: quando haja
escolhido a Mãe, quando tenha de gerar, junto com ela, o corpo de que haverá de
servir-se esta vez ( e cada um de nós passa por esse processo), beberá o Cálice do
Letes, o Licor do Esquecimento! E, durante anos, embora sentindo-se “diferente”,
terá que aceitar-se como um de nós, pelo menos nas horas de vigília...N. 4

N. 3
 Deixando o comentário sobre o “Anjo”  no que ao seu Talhe se refere  para o fim desta obra,
citarei as palavras do texto gnóstico Pistis Sophia, nas quais Jesus disse aos Discípulos: “...e deixei aquele lugar
(a segunda esfera celeste, chamada “heimarménê”) atrás de mim, e subi... e eis que quando cheguei aos doze
Eões, seus véus e suas portas agitaram-se...”  Pistis Sophia, citada por H. Leisegang, em La Gnose, págs. 252
e segs...
N. 4
 A “Encarnação do Eleito”, tendo sido publicada, originalmente, assinada pelo próprio Papus, e
dedicada a seu Mestre Philippe, em L’Initiation n. 30, março de 1896, pág. 197 e segs., não há dúvida alguma
que se trata da encarnação do MEM PHILIPPE e não de Papus. Aliás, é o que Bricaud confirma, a pág. 12 de
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***
A Busca dos Pais começou já em 1843. Seis anos levou Ele, procurando achar
e unir um homem, que se chamasse só José (sem outro nome), e uma mulher que
não tivesse outro nome senão o de Maria!N. 5
Pois: cada vez que um Enviado do Departamento do Verbo retornar aqui,
submeter-se-á às três leis seguintes, que são absolutas: 1a.) será o primogênito de
uma família; 2a.) seu pai se chamará José; 3a.) sua mãe terá por nome Maria. E,
acrescenta Papus, quanto trabalho teve um espírito que vinha desse Plano, para
fazer com que seu futuro pai casasse com essa moça!
Com. 4  Isso me lembra, Carolei, os que me perguntam: “Por que, se Deus é
tão bonzinho e tão poderoso, não evita ele as guerras, as misérias, pragas, a seus
amados filhos?”  Respondo: “Quando a gente vê o trabalho que teve o M. Philippe
para unir a seus futuros pais, imaginamos o que terá o Supremo Espírito, para nos
levar a viver como Ele deseja que o façamos, para que as guerras possam ser
evitadas!”...
E o “Anjo” dissera ao Eleito “nascerás pobre e humilde...”, e os pais achados
pelo M. Philippe eram camponeses, muito pobres, pequenos cultivadores rurais e
criadores modestíssimos, de velha raiz da Sabóia...

***

O Lugar era afastado e pitoresco: “quando a gente sobe, por pouco que seja,
nas montanhas, o ar torna-se, imperceptivelmente, mais e mais leve; na Sabóia,
esse ar é particularmente suave. O caminho que leva de Yenne a Loisieux, é todo
curvas, ladeado por precipícios profundos e por morros, que se sucedem sem
quebrar sua linha harmoniosa; cobertos de pastagens ou plantados de vinhas,
revestem-se de coloridos maravilhosos, misturados de sombras e luzes.

seu livro Le Maître Philippe, página em que achei uma frase muito curiosa e, ainda mais, por provir de Bricaud
que disse “conheci muito ao M. Philippe”.
Eis a frase... “Foi igualmente nessa época (1892) que Ele entrou em contato com os ocultistas, e
notadamente, PAPUS, que iria tornar-se um dos seus mais fervorosos discípulos, e que Ele teve, por vias
misteriosas, a revelação das suas origens, revelação da qual Papus falou em termos velados em sua revista
L’INITIATION de março de 1896, num artigo intitulado: A ENCARNAÇÃO DO ELEITO.”  Os grifos são nossos,
para ressaltar as frases em que se esteia a minha opinião de que M. PHILIPPE em pessoa foi quem teve tais
Percepções Transcendentes, que, com sua vênia, Papus comentou com o entusiasmo, a veneração e o talento
que sempre o caracterizaram.
N. 5
 Confidência do MEM. MESTRE à Sra. Marie E. Lalande (L. B., pág. 9), completando o que fora
divulgado por Papus em Traité Elémentaire d’Occultisme et d’Astrologie, pág. 152.
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“Depois de Loisieux, a estrada segue subindo, deixando à esquerda o pequeno


cemitério onde  agora  descansam desde muito tempo Joseph Philippe e Marie
Vachod. Chegando ao povoado do Rubathier, deixando o carro, toma-se um
pequeno caminho à direita, para achar-se, alguns passos adiante, junto a uma
choupana pequena, cujo teto é recoberto de ardósias (pizarra) e que é medianeira
da casa vizinha.
“Compõe-se dum quarto térreo, em cujo canto nasce uma escada de madeira
que leva a um dormitório, do qual quase a metade está ocupada por uma grande
cama, e mais nada. É lá que nasceu PHILIPPE, Nizier Anthelme.”N. 6

***

O Nascimento, em 25 de abril de 1849, não foi comum. “Sua mãe cantou


durante todo o tempo do alumbramento e não sentiu dor alguma. Tinha na mão um
ramo de planta da Páscoa.”N. 7

***

O Horóscopo de nascimento.  A página 35 do nosso primeiro volume


constam os dados do tema que o astrólogo Marius Lepage estabeleceu com base
nas “3 horas da manhã”, bem como a opinião de alguns Discípulos, sobre o fato de o
nascimento ter-se, eventualmente, dado mais próximo da meia noite.

N. 6
 Esta formosa descrição deve-se à alma sensitiva de Marie E. Lalande: em L. B., págs. 11 e 12.
N. 7
 O buxo, variedade rasteira, é usado, na Europa, como planta abençoada nas cerimônias 
católicas e outras  do Domingo de Ramos. Os devotos soem conservá-lo o ano todo, pois serve de laço, com
os Agentes Providenciais, aos que cumprem o preceito da Páscoa. O pormenor sobre o nascimento: L. B., pág.
9.
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Fig 4

Esplendorosa e toda de luz, Não ouves o chamado da Cruz?


Imensa!... surgira a cruz. Oh, tu que alheio passas,
Luminoso o Anjo baixara, Detém o passo...
Doce sorriso, meigo o olhar. Medita...
Medita tu, que tanta pressa tens, No Anjo que sobe,
No caminho, um passo, detém, Na cruz que fica...
Do Anjo, não ouves a voz? (Sarah, em visão.)
Atende.

F. 4: O ANJO DO LABOR MUNDIAL DO MUITO EXCELSO MESTRE PHILIPPE,


especialmente no setor do seu Discípulo “AMO” e outros  nós inclusive. Foi visto
inicialmente por “Mayadêvi”, mística pintora, cujo quadro reproduzimos sem as cores, por ter
sido já muito divulgado este ANJO DE AMOR E DE JUSTIÇA...

Fig 5

F. 5  A casa natalícia do Muito Excelso Mestre PHILIPPE, em Loisieux (Sabóia).


Fotografia tirada em agosto de 1957 por um Martinista alsaciano, admirador do Mestre e
a
publicada em primeira mão na 5 edição francesa de “Le Maître Philippe, de Lyon”, pelo Dr.
Ph. Encausse.
A janela do quarto de cima situa o dormitório no qual teve lugar o nascimento que
Marie Emmanuel Lalande descreve tão formosamente, como ver-se-á logo adiante.
Cabe, ainda, esclarecer que, se publicamos O ANJO DE AMOR E DE JUSTIÇA logo
antes desta casa natalícia do MEM MESTRE, é por pensarmos que esse Anjo esteve
pairando sobre ela, tal como foi visto em diferentes oportunidades, e até com o talhe que
cobre um quarteirão, por pessoas que jamais tinham ouvido falar nele (fato presenciado por
centenas de pessoas em conferências no “High Life” do Rio de Janeiro) e que comprovaram a
exatidão da visão ao ser-lhes, logo, mostrada a fotografia do quadro.
Finalmente, convém ressaltar que, se não comentamos amplamente, aqui, a natureza
desse ANJO, é por julgarmos que Carolei haverá de gostar mais e aproveitar melhor de tais
esclarecimentos, quando tiver estudado os Ensinamentos e os Comentários e compreendido,
por fim, que esse Anjo não “nos” protege, isto é, a “nós” somente, mas, sim, desde o labor das
Nações Unidas (por exemplo) até quaisquer iniciativas  individuais ou coletivas  que
mereçam a aprovação do MEM MESTRE, isto é, do:

“Homem colocado pela Providência à testa desse movimento


imenso, grande eixo de poderosas combinações ( e que) levará pelo
globo todo o facho das luzes...”

(Palavras proféticas de Louis Michel


de Figanières. Ver I Vol., pág. 89.)

Carolei, Carolei! Quão baixo curvariam a cerviz os poderosos e até os que se


acreditam humildes, se soubessem... aquilo que tentamos descrever quando, já perto do fim
deste livro, mostrarei a Você: O IMPERADOR DO MUNDO!

Com. 5  Muito embora o M. Philippe nos ensine que, após a vinda de Jesus,
os aspectos astrais valham menos que o significado dos nomes de pessoas e
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lugares,  o que veremos adiante  o tema natalício é interessante; foi revisado


por Sádhanâ e dele brindamos, a pág. 25, uma figura, sobre a qual comentamos o
seguinte: os Peixes, no quinto grau, servem de Ascendente, conferindo, além da
serenidade e bucolismo próprios do signo, que é, notadamente, o que rege esta
Época e o Cristianismo, alta propensão psíquica apontada pela conjunção com o
místico Netuno, “Mensageiro entre os sistemas”, e ótimo aspecto (sextil) com o Sol,
mostrando assim a iluminação positiva de um Enviado do Pai. Não devemos
esquecer que os primeiros Cristãos e Gnósticos se reconheciam pelo signo dos
Peixes. Isto é significativo, portanto, no tema de quem vem completar o ensinamento
de seu Divino Amigo. E, ao interpretar o tema, será bom não esquecer o aforismo
(colocado na parte superior dos nossos formulários astrológicos): “Toda influência se
recebe conforme o estado daquele que a recebe.” Ora, neste caso, trata-se do
Imperador do Mundo, devendo pois DILATAR-SE a interpretação quase até o “talhe
da estatura espiritual do Cristo”...
Cousa curiosa, não há, neste tema, nenhuma “oposição”; os planetas estão
situados principalmente nas três primeiras casas do tema, parte que os astrólogos
chamam de “quarta ascendente” e que tende a elevar a pessoa. A casa número um,
que rege a personalidade, contém nada menos que 4 planetas. Marte, em estreita
conjunção com a poderosa Estrela fixa Fomalhaut, indica Poder e Fortuna, e, pelos
fortes aspectos de Marte com Netuno e com Júpiter, sitos, respectivamente, nas
Casas do tema que indicam Serviço, Curas e atividades misteriosas, já bastaria para
pressagiar destino invulgar.
Saturno, nessa mesma primeira Casa, em forte conjunção com a Roda da
Fortuna, por um lado nos indica um Sacrificado  parte e missão espirituais  e,
por outro, indica, pelos bons aspectos com Vênus e a Lua, a fortuna em imóveis
(Saturno) e a popularidade entre o Povo (Lua), que caracterizaram a vida do MEM.
MESTRE.  Mercúrio, em conjunção com Urano, ainda na primeira Casa, porém já
no signo Áries  da segunda  que rege a Mente, confirma e amplia o que Saturno
também prometia: a velha sabedoria imorredoura: a Verdade!, e, ainda, poderes
mágicos, o saber técnico, a poderosa mente intuitiva (num mortal comum) que Nele
é Gnose, a Cognição Direta, ou Conhecimento sem investigação, nem recursos aos
sentidos primários, nem aos do intelecto.
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O Sol, sito na casa da atividade mental, e no signo do Amor, que governa a


garganta  inclusive o uso do Verbo  está em conjunção com a Fixa “Triângulo de
Deltoton”, que prognostica dons espirituais e inteligência.

Fig 6 – Mapa Natal

Não pretendemos esgotar a interpretação deste Tema. Levaria muitas páginas


e aqui ficam os dados de base para os interessados na matéria. Diremos, ainda, que
Netuno, colocado na duodécima Casa, plenamente conjugado com o Ascendente,
indica um Místico, um Vidente, e, pela Quadratura com a Lua, sita na Casa das
atividades fraternais, mostra bem Aquele que vinha dedicar-se, sofrer e morrer pelo
“AMAI-VOS”, chave e leitmotiv, aliás, do Seu ensinamento... bem como a Sua
notável preferência pelos Humildes: de coração e de posição!
Finalmente, vemos que Júpiter, o “grande benéfico”, está na Casa da Saúde,
das Curas e do Serviço  6a casa  no signo de Leão, que rege ao Coração e à
França, o que terminar por caracterizar onde, porque e como, cumprirá
principalmente, o Eleito, a sua dadivosa e maravilhosa encarnação!N. 8

***

A Primeira Infância.  Mesmo quando ainda criancinha de peito ou de colo, já


o MEM. MESTRE manifestou ser totalmente diferente dos pequenos filhos dos
homens. Não esqueçamos o que Sédir nos afirmava (a página 71 do I Vol.):
“...espero que em Ele reconheçais a um destes “irmãos” misteriosos do Senhor, a
um grande, talvez o maior, arauto do Absoluto.”  Assim, podemos compreender

N. 8
 O Lugar do nascimento foi, pois, o Rubathier, povoado sito perto da vila de Loisieux, no distrito de
Yenne, município de Chambéry, no limite dos Departamentos de l’Ain-Sabóia. Tal lugar, diz Bricaud, está sito a
uns mil metros de altitude, longe de toda via de comunicação e ao poente do Pico do “Dente do Gato”.
http://amopax.org 42

que, mais tarde, Ele tivesse tido a extraordinária memória das suas experiências
interiores dos primeiros meses de vida, como veremos agora:
E. 562: Não se deve enfaixar às criancinhas.N. 9
E. 564: Quando era criancinha gritava como um perdido, e ninguém me
entendia. Batia-me contra o diabo e tinham-me enfaixado! Nunca se deve enfaixar
às criancinhas. Até a idade de seis anos, aproximados, dormi de olhos abertos; sou,
aliás, propenso à morte letárgica.N. 10
E. 797: Com a idade de cinco anos, estando seu pai combatendo na campanha
da Itália, Ele fez-lhe afastar a cabeça no instante em que uma bala de canhão
passava, salvando-o, assim, da morte. (5a edição, pág. 207  M. P.)
E. 420: Quando criança, mandavam-no cuidar dos rebanhos. Ele traçava um
círculo em torno do gado, e este, pastando, não podia atravessá-lo. (M. P., 4a e 5a
ed.)
E. 801: Quando era criança, Sua presença fazia desaparecer as dores de
cabeça daqueles dos seus camaradinhas que Lhe pediam que se aproximasse deles
para os aliviar. (M. P., 5a ed., pág. 212.)

Com. 6  Ele estudava com o Cura da sua aldeia, “que gostava muito dele e
queria fazê-lo Padre, pois achava-o muito inteligente” (l. B., 12), mas esse mesmo
Cura inquietava-se, em relação a essa criança de seis anos, que produzia
fenômenos tão raros, chegando a exclamar “Menino, deves ter sido mal batizado,
pois parece-me que o diabo é teu mestre!” (Bricaud, pág. 8.) Ora, Carolei, deixemos
de lado a humorística preocupação do sacerdote  tanto mais engraçada por ter
sido ele, provavelmente, quem batizara ao pequeno Philippe!  e anotemos que,
com relação a Ele, é a segunda vez que nos falam em “diabo”...
E, no E. 564, o MEM. É categórico! Mas, por que razão lamentava estar
enfaixado? Será que, para “bater-se” com forças opostas que  neste caso 
procuram destruir, na Infância, a nova Encarnação do Eleito, Ele “precisava” da
liberdade de gesto físico, também? Não haverá ali, Carolei, tema para meditar, no
poder que a alma  quando encarnada  necessita exercer através da matéria? 
E, como generaliza o MEM: NUNCA se deve enfaixar às criancinhas! Se Você soma

N. 9
 Ensinamento do Manuscrito de Papus, que fora publicado pelo Dr. Ph. Encausse a pág. 268 de
Sciences Ocultes, mas não figura na 4a e 5a edições de Le Maître Philippe.
N. 10
 Ensinamento nas mesmas condições do precedentemente apontado, e publicado inicialmente a
pág. 275 da obra citada.
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a isso as palavras de E. 564: “...como um perdido, e ninguém me entendia!”... não


terá assim o MEM pintado o drama da criança, de todas as crianças?... E, não será
também uma primeira aplicação da Lei: Ele, sofrendo terrível e conscientemente tal
luta, assim impedido ou tolhido pela ignorância humana, não estaria liberando a
futuras gerações de criancinhas?... em, se Você não acha, Carolei... veja a página 4
deste livro!

Com. 7  E, já que estamos tratando dos “mistérios” da primeira infância do


MEM, lembrarei as palavras de Louis Michel de Figanières a Seu respeito: “...É bem
jovenzinho ainda (16 meses: pág. 90, I Vol.); não importa. Nessa época outras
pessoas privilegiadas unirão seus esforços aos dele: especialmente uma, que o
embalou no colo, que teve a felicidade de jantar com seu pai e sua mãe...” Quem
será, ó Carolei, essa pessoa tão privilegiada, ou tão guiada, ou tão consciente ou
Vidente?
Seria o velho Curador M. BOUVIER, que tornaremos a achar sempre por trás
dos esforços de muitos, relacionados com o Labor do setor de Lyon, ligado ao
MEM? Seria aquela misteriosa mulher, que alguns têm por “bruxa” (?) e que surge
novamente na juventude do MEM? Seria algum Ser misterioso, dos que se ocultam
nas montanhas, apoiando invisivelmente a ação visível do MEM MESTRE? Lamento
não poder responder definitivamente a estas perguntas. Mas, acho que deviam ficar
nestas páginas, como as primeiras de uma longa série de incógnitas que ainda
pesam sobre a vida e a ação do MEM e de muitos homens e mulheres que,
especialmente na região de Lyon e arredores, constituem uma rede silenciosa de
místicos...N. 11

Com. 8  E, para terminar com a primeira infância, ressaltarei, ainda, um fato


que mostra não ser fácil, para as almas amplas, nem na meninice, “aceitar-se como
um de nós, pelo menos nas horas de vigília”!  Efetivamente, a mais meiga de suas

N. 11
 Para os que poderiam lamentar que as obras de Louis Michel de Figanières  aquele Grande
Vidente que Papus admirava e citava tanto!  tenham ficado esgotados, inacháveis mesmo, uma boa notícia:
um dos Amigos místicos que tenho pelo mundo, o Sr. Eng.º Jean GATTEFOSSÉ (Villa Métanoia  AINES-
SEBAA  Marroco)  que esteve ligado com M. Bouvier e que nasceu em LYON em 1899, é o autor de
interessantes livros sobre a Atlântida (tornaremos a este aspecto). Mas, também conserva os originais das obras
de Louis Michel de Figanières: A CHAVE DA VIDA, A VIDA UNIVERSAL, A EXPLICAÇÃO DE TUDO, etc., que
foram recolhidos, lá por 1885, por um Grupo de Discípulos. Em abril de 1957, Gattefossé me honrou
consultando-me se deveria ele procurar, ou não, “juntar a obra de Michel à de Philippe, para elaborar a nova
mística, apropriada para reconduzir a Humanidade no caminho de Deus”. Em junho de 1957 aconselhei
VIVAMENTE que se esforçassem por tal publicação e, muito embora os atuais acontecimentos mundiais não
facilitem a tarefa de Gattefossé, espero que esse Membro da “ALLIANCE UNIVERSELLE”  tornaremos
também a falar nisto!  consiga seu objetivo.
http://amopax.org 44

Discípulas, Marie E. Lalande, lembra: “um dia em que aguardávamos um casamento


ante a pequena igreja de Loisieux, que domina o vale do Ródano, Ele me disse,
contemplando a paisagem: “ Que tédio, sim, quanto tédio tenho passado aqui!” (L.
B., pág. 11) Assim, pois, essa criança, que curava aos camaradinhas só com a Sua
Presença e Oração interior, esse menino que já lembrava os mágicos círculos que
encerram até às feras, esse divino menino entediava-se terrivelmente naquele
ambiente... Quanto não se terá entediado O SENHOR, então!?

Fig 7
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LYON

Com. 9  Nenhum Grande Ser nasce em determinado lugar por acaso,


mesmo porque os termos: determinado e acaso... não casam! Isso, além de o Acaso
ser uma cósmica personagem, posta a serviço do Destino, como veremos mais
adiante. E, no caso de nascer um Enviado da Providência, o Maior após Jesus para
esta Terra, e  ainda  de nascer esse Enviado diversas vezes nessa região,
como provarei no fim do volume, fica evidente a importância do lugar: LYON!
Cederei a palavra aos que, de diferentes ângulos de visão chegaram, aliás, à
mesma conclusão que eu:
PAPUS, num longo artigo intitulado “Revelações Astrais”, publicado em 1895,
escreve: “...França, forma humana da qual cada habitante é apenas uma célula, eis
que nasce à minha luz a tua imagem amada. Três centros luminosos resplandecem
no azul sombrio, três focos cujos raios mil vezes repetidos asseguram a tríplice vida,
e esses focos estão, em teu corpo, manifestados por três grandes cidades. Primeiro,
a Cabeça, o foco cerebral, fonte de toda intelectualidade e de todo egoísmo: PARIS,
barco de Ísis, Bar-Ísis, orgulhosa cidade, maldita e bendita, escolhida pela
Providência para servir de último refúgio ao Espírito da Pátria e a desaparecer para
sempre, como desapareceram Tebas e Nínive, das quais apenas és nova e efêmera
materialização.  O outro foco, é o Coração, com os seus desvarios e seus
entusiasmos, com sua loucura e sua dedicação: á LYON, o leão astral que se
manifesta mais diretamente a nós, escolhida pela Providência para berço da Fé que
deve regenerar ao mundo, cidade bendita e maldita que só desaparecerá em parte.
 Finalmente, o Ventre, o foco abdominal, origem dos prazeres efêmeros e da
alegria despreocupada, MARSELHA, início e termo da evolução da França...” E,
após outras considerações, prossegue: “Tanto quanto tu, mestre amado, sofro com
estes tristes fatos. Vi, em Lyon, nesse centro astral da França, um dos vossos
queridos Eleitos, modelo sobre-humano de resignação, de coragem e devotamento,
o teurgo Philippe, cuja prece irradia até junto às falanges celestes, pois, à Sua voz,
os desesperados esperam, os paralíticos andam, e a própria morte se afasta,
impotente e vencida...”N. 12

N. 12
 l’initiation, Vol. 27  8º ano (1895)  abril  págs. 1 a 7.
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Mais recentemente, Marcel RENEBON terminava assim um belo artigo, sob o


título de “Grandezas de LYON”: “... “Lyon não se entrega ao primeiro que chega.
Nem mais fácil é livrar-se dela. Esta cidade obseda ao exilado com fiel ranzinzice e
terno ciúme. Ela põe sobre os seres uma tampa e opera neles secretas
transmutações. Macera-se ali forçadamente, sob o estímulo da lamentação das
pedras. Salvador constrangimento. Lyon embainha os apetites, represa os prazeres,
encana os instintos. Lá, pouco se ri: é indecente. Sorri-se. Desfruta-se uma
liberdade corrigida pelos costumes, mantidos austeros. As disciplinas coletivas
espartilham o caráter. Conferem-lhe superação, grandeza...”
“Grandeza, é a palavra que corresponde a Lyon, que a ressalta. As piadas
batem no pé dessa virtude, mas não a desgastam. Se fosse preciso que a França
permanecesse por uma cidade, e se tivéssemos que escolher, teria que ser por essa
cidade do Norte, gelada ao Meio-Dia. Achar-se-iam nela, conservadas, intactas, as
menos imperfeitas das nossas humanas pobrezas.
“Lá, no alto, num cemitério a que se chega por caminhos nos quais cresce a
relva, por íngremes sendas com rampas e panoramas, um túmulo esmaga a
principal alameda. É nu e pesado. A pedra central traz este nome: Nizier Anthelme
PHILIPPE.”N. 13
E agora, Carolei, para que vozes vindas de mais longe se incluam nesse coro,
ouviremos ao meu amigo o Conde Christian de MIOMANDRE, da Bélgica, de quem
hei de falar muito, adiante, e cujos belos e místicos versos tenho vergonha de
apresentar em versão livre...

HINO A LYONN. 14

1. Ó Chalamond, Santo André de Corcy,


Ó, os pântanos do coração
E tu, cura de Ars-em-Dombes
Com os teus prantos!
3. Ouvirei, coração do meu coração,
No redemoinho das “Meuilles”
O apelo antigo do teu amor
Que me acolhe
5. De São Maurício de Bénod a Francheville
De Sathonay a Oullins

N. 13
 L’INITIATION (atual), Ano 31 (jan-julho 1957), págs 34, 35.
N. 14
 De “CHOIX DE POEMES”, do exemplar que o Poeta tão afetuosamente me dedicou em 12-2-
1958.  Uma das razões  ale, de sua beleza  de ter publicado este poema, é familiarizar a Você, Carolei,
com nomes regionais: Saône: afluente do Ródano, em Lyon; Fouvieres: histórica Catedral, na encosta a caminho
de LOYASSE: o cemitério onde está o túmulo do corpo do MEM MESTRE. O Monte Tournier, e o lugar de
l’ARBRESLE, Você já achou ou achará...
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Tracei uma cruz sem fim


Que irradia.
7. Ó, olhares para o Bugey
A montanha do imutável,
O Monte Tournier que te protege
No segredo!
9. Não, esperarei pacientemente
Que de Loyasse um grito me chegue
Que o Monte de Ouro esteja d’acordo
Para esta viagem
2. Irei um dia rever Neuville
Farejar o sangue de Saône
Que carrega minhas dores
Ao Rodano?
4. Subirei ainda a Encosta
Que leva às colinas d’Arbresle
Onde a felicidade me abrigou
Outrora, naquele verão?
6. Miribel e Montluel
Cantam sua esperança
Enquanto chora a França
Ferida nos olhos
8. Vos seguirei nas estações,
Homens que passais indecisos,
Levando em vossas bagagens,
Tudo aquilo que passa?
10. Ó rever o horizonte Fourvières!
Ser-me-á mister ainda subir,
Subir como a prece
Da profunda cidade.
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II  A JUVENTUDE (1861-1869)

Com. 10  E o Anjo dissera ao Eleito: “Nascerás pobre e humilde, condenado


à humilhação e às mais rudes tarefas...”  E, eis aqui que, para a glorificação do
MEM, teve Ele que descer, de pés no chão, aos 12 anos, da Sabóia para l’Arbresle,
onde colocou-se primeiramente como ajudante de tripeiro, onde ficou por alguns
mesesN. 15. Desejo comentar que, nessa ocasião, é bem possível que já conhecesse
acriança de dois anos que, mais tarde, seria sua paciente, sua esposa. Não há
registro histórico disto, mas é provável  humanamente  e interessante 
misticamente  que tenha tido que ir em primeiro lugar à cidadezinha de l’Abresle,
que ele tornou CENTRO ESPIRITUAL DO MUNDO...
E. 572: De l’Abresle, o jovem Philippe foi para LYON, onde passou a morar e
trabalhar com seu tio Vachod, que tinha açougue.N. 16
“Fazia entrega domiciliar e,
além de algumas gorjetas, recebia do açougueiro 30 francos por mês e a comida. É
com esse dinheiro, prossegue Papus, que Ele estudava pela tarde, pois seu patrão o
empregava só pela manhã.
“A tarefa assim feita o seguiu a vida toda. Quando Ele passava pela rua, diziam
mostrando-O com o dedo: “Olha! Lá vai Philippe, o açougueiro!”, tal como disseram:
“Eis Jesus, o carpinteiro.”N. 17
“Enquanto morava com o tio no bairro de la Groix-Russe, em Lyon, estudou
com os maristas, e um do Abades, chamado Chevalier, afeiçoou-se muito por Ele,
sendo recebido mais tarde em l’Abresle.N. 18
“Desde a idade de 13 anos fazia curas “quando ainda era apenas capaz de me
dar conta das cousas estranhas que se cumpriam por mim”.

Com. 11  Belo o ensinamento 572, de Papus, que com o tato místico que
sempre o caracterizou, soube pôr em evidência a semelhança , em mais um aspecto
 outros muitos havemos de ver ainda!  entre JESUS e o MEM MESTRE! Além
disso, vemos que Papus, que tinha conhecido de perto ao MEM, sabia até quanto
ganhava este no açougueiro. No que se refere às palavras “apenas capaz” e “se
cumpriram”, grifadas por mim, o são por duas razões: a primeira, por provirem de

N. 15
 Bricaud, Le Maître Philippe, pág. 9
N. 16
 L. B., pág. 12
N. 17
 Papus: Tratado Elementar de Ocultismo e Astrologia, págs. 206-207.
N. 18
 Bricaud, obra citada, pág. 9 e L. B., pág. 12.
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uma fonte contemporânea do MEM, diferindo das que, posteriormente, foram usadas
pelo autor do artigo citado a pág. 35 do I volume; a segunda: apenas capaz, e
incapaz, têm muito diferente valor, nos lábios de um Mestre! E, ainda, isto: “Se
cumpriam por mim” é bem clarão: o menino de 13 anos não compreendia totalmente
 na mente intelectual  aquilo que seu EU gigantesco operava por intermédio da
“nova” encarnação! Este caso mostra, Carolei, como, se cada um entender de
mudar uma palavra aqui, outra acolá, daqui a poucos anos o MEM MESTRE “terá
dito” muitas cousas que jamais disse, e... terá deixado de dizer... aquelas que menos
agradam ou convêm a gregos e troianos. Daí que eu procure pôr tudo em primeiro
plano, inclusive o  aparentemente  excessivo citar de fontes.
“Contam, prossegue Bricaud  de quem emana o texto acima comentado 
que tendo o jovem Philippe ficado doente em casa do tio, uma velha, tida por
“bruxa”, examinou-lhe as linhas das mãos e dissera-lhe: “Ouve, menino, vejo que
tens os Dons, vou te dar as minhas receitas.” E, diz Bricaud, Ele começou, desde
então, a curar os doentesN. 19.

Com. 12  Não vejo nada que pareça motivar ocultarem certos autores o fato
relativo à “bruxa” (?). Bricaud, que o refere num livro publicado em 1926 (!) tinha
tido, portanto, dezenas de anos para pensar no caso, bem como para ouvir
confirmações ou desmentidos. Patriarca Gnóstico, tendo assumido a direção da
Ordem Martinista, tendo sido Discípulo direto do MEM MESTRE, sua palavra ou
informação merecem tanto interesse nosso, que as de outros.
Por outra parte, basta lembrar que todos os Enviados, ou quase, têm em suas
vidas “choques adicionais”, feitos para avisar neles a consciência do que já São,
mas ainda não compreendem ser. Acho, Carolei, que vamos ter que pôr esta “bruxa”
junto com o Ser que o embalou no colo, ou seja: na série de mistérios que O
rodearam... e que seguem já...

DIVERSAS RESSURREIÇÕES...

E. 450  Uma das suas primeiras curas data de 1866, na “Garganta do Lobo”.
Uma criança tinha morrido. Dois médicos tinham vindo. Tomavam-se já as medidas
do caixão, quando Philippe disse à criança que se erguesse, o que ela fez, com
grande emoção dos presentes! (M. P., 4a e 5a ed.)

N. 19
 Bricaud, obra citada, pág. 9.
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E. 571  Citar-vos-ei outro fato mais. Não se devia falar de suas curas, de jeito
nenhum! Ele passou nos seus exames de medicina. Mas não foi recebido doutror
em França porque tivera a audácia de ressuscitar a um morto, quando era apenas
estudante de primeiro ano. Não lhe permitiram fazer mais inscrições. N. 20
E. 451  Foi também em 1866 que Philippe anunciou a guerra infeliz de 1870.
Por causa de tal previsão foi vigiado muitos anos pela polícia. (M. P., 4a e 5a ed.)

Com. 13  Eis-nos, pois, diante de um “caso” que, claramente, define ao MEM


MESTRE, desde a idade de 17 anos, quando fez a primeira das Ressurreições,
como a um Ser acima de todo e qualquer curador, médium, mago, iniciado, e  até
 dos Mestres mais devotamente citados, com exceção de um “moderno” (Babaji) e
DO SENHOR!
Mas, deixemos O Senhor para depois. Por agora, temos a um “jovem”, de 17
anos, que faz, com 4 anos de antecipação, uma profecia, que se cumpre, sobre uma
guerra e seu desfecho. E, no que se refere às diversas ressurreições, devo
acrescentar que Bricaud ainda escreveu: “Essa família de artesãos veio busca-LO
quando a filha deles já tinha morrido dezoito horas antes; Ele veio e, perante dez
testemunhas, a morta sorriu e abriu novamente os olhos à luz.”N.21  Temos, assim,
duas ou três ressurreições, no mínimo! Poderia lembrar, principalmente aos que
ouviram certas conferências minhas, que descrevi pormenorizadamente “como” (isto
é: sob que condições de amor...) foi feita uma de tais ressurreições, porém mais vale
falar em O SENHOR!

Com. 22  Tenho apontado, já, o quanto a vida do MEM MESTRE parece-se


com a do Seu Mestre: nomes dos pais; luta contra O Diabo; infância pobre e labores
humildes; poderes estranhos, quase que tão incompreensíveis  na infância  para
o Portador como para os que presenciam os milagrosos efeitos. Poderia, no entanto,
acontecer que Você, Carolei, resolvesse achar que o MEM MESTRE “permite-se
preceder” Ao Senhor, fazendo ressurreições em idade mais prematura. Não há tal.
E, em prova disso, vou lhe brindar uma jóia rara que, em homenagem AO SENHOR,
será também a primeira História das relatadas nesta obra.

N. 20
 Papus, obra citada, pág. 206.
N.21
 Bricaud, obra citada, pág. 27, reproduzindo a Papus, de págs. 464 a 466 do seu Tratado Elementar
de Ciência Oculta, 8a edição, Paris, Olendorf, 1903.
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H. 1  A Primeira Ressurreição feita por Jesus

“...Um dia, em sua primeira infância, Jesus voltava da escola com crianças da sua idade: o terreno era
acidentado, e num dos lados da estrada, o teto de uma casinha coberta com pedras chatas tocava quase o chão:
os meninos subiram sobre esse teto; um deles, brincando, empurrou um dos seus companheiros que caiu do
lado da frente da casa, de toda a altura do oitão e permaneceu inanimado imediatamente. As crianças, vendo
que não voltava à vida, mas que estava bem morto, fugiram.  Jesus ficou só sobre o teto. Os pais, que tinham
ido buscar, chegaram e, no seu desespero, acusaram a Jesus de ter morto o seu filho. Então Jesus, que nada
dissera até lá, virou-se, de cima do próprio teto, para o menino que estava morto, e chamando-o pelo seu nome:
“Nathan Ben Iee, disse ele, fui eu quem te empurrou?  “Não, respondeu imediatamente o menino, foi fulano!”
N. 22
 E, levantando-se, recobrou a vida...”

Com. 23  Que maravilha, Carolei, essa história verídica! Quantos segredos!


O Senhor que nada tinha dito... e que, invocando, ao mesmo tempo: A Verdade e O
Nome do menino (manifestações: universal uma, e fragmentária outra, do Verbo!),
só com isso, faz surgir ambas: em palavra e em vida devolvida.  Assim, pois, os
milagres de Jesus: ressurreição na infância e, mais tarde, a da filha de Jairo “que já
fedia”  conforme a Escritura mesma , são os que MEM reitera, para provar,
2.000 anos após, aos incrédulos, a realidade das Promessas do Cristo. Por isso,
realiza uma, quando quase ainda menino e, a outra, quando a morta já falecera 18
horas antes! Vê, Carolei, quão belo é observar as minúcias místicas que o MEM nos
brindou em atos, que provam, fato atrás de fato, a Verdade do Seu ensinamento! É a
Voz do Cordeiro; ou o Verbo penetrando no Coração manso...

Fig 8

V. 1  “Perguntei à Cruz, em que caminhos andavas TU...”


(Visão da M. Sarah, em 23-5-1957; tornou-se símbolo dos Íntimos do
Retiro.)

N. 22
 Da Tradição oral, secreta. Fragmento reproduzido em L’INITIATION, 1897, pág. 37.
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III  A MOCIDADE (1870-1877)

Vimos que, desde os 13 anos de idade, o MEM “começou a curar aos doentes,
isto é: iniciou a sua dedicação pública a eles, que, durante quarenta anos iria
prosseguir!
E. 442  Em 1870 dava sessões no bairro de Perrache. Incorporaram-no ao
exército. Foi para o quartel mas, já no dia seguinte, 500 pessoas foram reclamá-lo
ao Prefeito. Este o mandou vir e pediu-lhe um exemplo do poder que lhe atribuíam.
Um conselheiro da Prefeitura, presente à entrevista, homem grande e forte,
desafiou-o a que o tornasse doente... Philippe recolheu-se por alguns segundos e os
presentes viram o conselheiro cair flácido como massa no assoalho. Estava
desmaiado.

Com. 24  O fato de “retirar a alma”  momentaneamente  do impertinente


Conselheiro, nos é fácil de admitir após as três ressurreições. E, quanto ao aspecto
técnico  por assim dizer  as “sessões” e os ensinamentos irão nos dar a chave,
páginas adiante. Por isso, Carolei, o que mais desejo, agora, é chamar a sua
atenção para as 500 pessoas que, no dia seguinte ao que o MEM foi mobilizado,
foram reclamá-LO: Você imagina a fama, o prestígio, a veneração, que um jovem de
21 anos (!) tinha já despertado em milhares de pessoas, para que quinhentas delas
fossem movidas, como acima dito? E, no ambiente europeu, daquela época, com o
“temor do ridículo” (que alguns chamam de respeito humano... para, nessa base,
desrespeitarem ao divino, eventualmente...), e, conhecida a indiferença dos
terrestres, Você não acha, Carolei, que vale a pena meditar no fato? E, ainda, que: o
amor do MEM aos semelhantes, o livrou de ir para o quartel e o combate?N. 23
Foi ainda nesse mesmo “ano de 1870 que, achando-se gravemente doente o
Sr. Landar, sua mulher, não tendo já esperança na cura dele, tinha ido ver ao
Mestre, de quem ouvira falar. Ele habitava então num quartinho apenas e, numa de
suas visitas, a Sra. Landar achou-O acamado, com forte tifo, sozinho, abandonado e
sem cuidados. Ela tornou a visitá-LO e tratou DELE”. (L. B., pág. 14)
N. 23
 Sem nenhuma intenção de traçar paralelos, e, sim, com a de mostrar que tudo se processa
proporcionalmente seguindo as mesmas linhas, lembraria que, quando voluntariamente fui da Argentina para a
França e prestei mais de dois anos de serviço militar (ocupação da Renânia e do Ruhr), muito embora não me
tivessem sido reconhecidos os meus estudos de Farmácia (por não haver tratado cultural franco-argentino em tal
sentido, na época), bastou que eu tivesse pedido, interior e sinceramente, que nunca tivesse que usar armas
nem violência, para ser sempre utilizado no Serviço de Saúde, Estado-Maior, cifra, etc. Carolei, Você “não
acha”?, et... Essas são as lições práticas da Vida Mística...
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Com. 25  Pois é, Carolei, Você vai ter que “achar”, novamente: já vemos aí a
futura sogra do MEM, tomando contato com Ele, com fé, com dedicação, e vemos a
Gratidão recíproca a unir vidas! “Os Landar já tinham colocado no convento (do qual
falarei, adiante), quase pegado à casa deles e, l’ARBRESLE, sua filha, de frágil
saúde. Mais tarde, o MEM foi visitá-la às vezes.” (L. B., 14)
Em 1872, isto é, entre os 22 e 23 anos de idade, o MEM MESTRE deixou o
labor com o tio e abriu um consultório, no qual dava “consultas magnéticas”, no
Bulevar do Norte, n. 4  hoje Bulevar dos Belgas  diz Bricaud, a pág 9, e
comenta: tal foi o início (da missão pública) do Mestre Philippe como taumaturgo.

***

Os Curadores, Magnetizadores, e o MESTRE.  Com. 26  É chegado o


momento, Carolei, de completarmos a “olhadela”, que lhe prometi a pág. 11, sobre
tudo quanto precede  no I Volume  aos Ensinamentos do MEM propriamente
ditos. Essa interessantíssima dissertação do Dr. Philippe ENCAUSSE foi tão
oportuna quanto bem documentada, a meu ver. A questão do fluido, isto é, da
existência de alguma cousa material, isto é, mais material do que a “sugestão” (este
abstrato para a moderna psicologia, que só agora, e desde Calligaris, começa a
saber alguma cousa das ondas cerebrais, isto é, da vibração da matéria mental), é
problema superado. Aliás, o fato de até um ser como eu, que tão longe disto do
MEM ou mesmo de um magnetizador exercitado, poder mover um objeto material,
só projetando tal fluido: com a mão, ou mesmo com o olhar... basta para provar que
os “biômetros”, cuja agulha se move também sob tal influxo, mostram que “alguma
cousa”... empurra a agulha!
A missão de Mesmer foi, pois, fundamental para a evolução do pensamento
ocidental, em relação às chamadas “forças sutis”: o são apenas em relação a outras
mais densas, porém não há separação nítida, já que tudo, no Universo, é um
“contínuo”, constituído por séries de gradações, de matizes dispostos em nuanças
de graus tão insensivelmente diferenciados, que os nossos sentidos, físicos e sutis
 também!  precisam de longa experiência para perceberem cada tom da
universal sinfonia! Nela, o fluido magnético é, também, de muitas densidades ou
tenuidades, como o MEM, nos ensinará, adiante.
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Com. 27  O que diria Você, Carolei, se lhe contasse que Papus, entre
íntimos, deixava transparecer que ele fora Mesmer, antes... Você “não acha”
interessante que papus viesse, esta vez, já provido desse mesmo fluido, da mesma
combatividade, amor aos doentes, capacidade de divulgar, de criar cadeias
magnético-curativas ou de finalidades mais místicas  e... da mesma resistência
paciente às ingratidões!?...

Com. 28  Os casos de cura ou melhora, medidos fisicamente, nos doentes


dos olhos (pág. 17 e segs. Do I Vol.), merecem uma curiosa observação. Como
casos de cura, são indiscutíveis. A pessoa que fez os tratamentos foi nada menos
que Lady CLERK, esposa do Embaixador britânico. Este fato me foi confirmado, em
Paris, pelo próprio Dr. FavoryN. 24 e a forma em que “o fizeram” encontrar-se comigo
prova a importância que dão  lá no Invisível  a esse fato, a meu ver. Mais tarde,
achei em outra fonte a confirmação da identidade da aristocrática Curadora.

Com. 29  Deixando bem claro que o MEM MESTRE só usava  como


veremos reiteradamente  do magnetismo como um caminho, a ser percorrido
pelos participantes e, ainda assim, sob certas condições que Ele exarava, podemos
agora examinar alguns aspectos das “curas técnicas”, que fazem as diferentes
espécies de “curadores”, isto é: médicos e não-médicos, quando conseguem curar,
ou, pelo menos, e isto é a realidade, cooperar com o esforço que o corpo  ou mais
 do doente, faz para curar-SE.
Já dei, em minha obra de doutrina externa Yo que caminé..., a progressão dos
métodos de cura, seguindo o mérito do doente. Resumirei, agora, em forma mais
acessível:
Os físicos, químicos, óticos, radiologistas, etc., nos auxiliam, determinando,
como “videntes à distância” (por meios “científicos”?) os índices de normalidade ou
não, dos materiais, órgãos e aparelhos do nosso corpo.

N. 24
 Vamos ver se Você “acha”, Carolei: em inúmeras oportunidades, isto é,: excessivamente
freqüentes para serem coincidências (no sentido antietimológico e anti...lógico, em que empregam tal termo os
que são trazidos. O caso do encontro com o Dr. Favory é bastante “raro” sob este aspecto. Eu fiquei só três dias
andando pela cidade, em Paris. O resto da permanência foi entre as paredes de um Congresso, etc.
O pouco que andei foi, geralmente, de metrô. Uma única vez tomei um ônibus, desejando ver a paisagem,
em direção da Ponte des Lilás, rumo a Bondy. Paris tem uns 12 quilômetros por 9, ou sejam: quase 8 mil
hectares, metidos num perímetro de 36 quilômetros, dentro do qual perto de 3 milhões de habitantes circulam
sobre uns 1.200 quilômetros de vias públicas.
Parece, então, “interessante” que o Dr. Favory se achasse precisamente sentado a meu lado, no ônibus,
e que, no 20 minutos do trajeto, me dirigisse a palavra (cousa rara em Paris!...), falássemos em Ioga e
Magnetismo, e me citasse as curas de Lady Clerk e sua própria identidade. Isso foi em 19 de setembro de 1956,
isto é, NO DIA SEGUINTE ao que o Dr. Philippe Encausse me oferecera o Livro “Le Maître Philippe. “Acha?”...
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Logo, vêm os que, sem medicação, movem ou excitam ou retalham, a matéria


desse corpo, que, de mais “densos”, para menos, poderiam ser: os cirurgiões, os
chiro- ou quiropratas (que geralmente agem sobre a espinha dorsal, juntas, ossos,
etc.), os massagistas, os que aplicam acupuntura ou ultra-som, ou... magnetismo.
Que diferença real poderá haver entre uma aplicação de raios X, de ultravioletas, de
ultra-som, de magnetismo ou de... luz de cor (cromoterapia) ou, mesmo, de música,
já decorada com o nome científico de musicoterapia! Se tudo é vibração, é fácil
entender. E toda divisão não passa de limite: limitação...) no entendimento (ou falta
de tal) de quem olha para o fato!
Há, ainda, os casos “misteriosos”, ou quase, da chamada Ginástica
Espontânea, como comenta o Dr. Albert LEPRINCE, com relação à Sra. Heffe, de
cujo caso temos no Rio de Janeiro curiosa reiteração.N. 25

Com. 30  A Cromoterapia, ou cura pelas cores, é um caso a ser tratado à


parte, já que há, páginas adiante, ensinamentos do MEM sobre esta via terapêutica.
DA Alopatia para a Homeopatia, também é uma questão de compreender que
a massa grande de opostos (alopatia), age menos poderosamente que a pequena
massa de lêvedos, estímulos, ou como se lhes queira chamar, que agem pela lei dos
semelhantes. Lei que tornaremos a achar ao falar da medicina macrobiótica,
baseada em Yin e Yang.
Mas, a Homeopatia, seguindo um método de observação muito mais acurado
que o da Alopatia, especialmente sobre a relação entre o doente, os sintomas, o
ambiente, a hora, as partes e lados (pólos) do corpo, lesados ou afetados, chegou
 por intermédio de certo médico homeopata austríaco  a determinar os
chamados “meridianos homeopáticos”, ou linhas de pontos sensíveis ou dolorosos,
em cada tipo de doença. Ora, qual não foi a surpresa dos homeopatas e dos
acupuntores (ocidentais) quando, ao difundir-se ais na Europa a ciência da medicina

N. 25
 Albert LEPRINCE: Le Pouvoir Mystérieux des Guérisseurs, pág. 84 e seg. em que relata
experiências análogas, embora bem menos ricas em modos  e resultados, me parece  às produzidas desde
dezenas de anos Sra. Nevinha de CARVALHO que, apenas em contato com um doente sente, interiormente (em
geral) movimentos inexplicáveis que o doente tem que fazer e que, sem ordem verbal nem mental dela, o doente
faz mesmo, ainda que sejam aparentemente impossíveis pelo seu estado, ou estapafúrdios. E os resultados de
curas ou melhoras aparecem.  Pelo estudo que temos feito de tal ginástica espontânea (incompreensíveis para
os médicos) trata-se, na realidade, de uma série de fatos em cadeia: 1) Percepção  pelo Eu de Nevinha, ou por
um Iogue sumamente douto em Hatha-Ioga,  da doença e das posturas ou movimentos que podem produzir
melhora. 2) Projeção (subconsciente se partida de Nevinha, ou do Iogue através de certa mediunidade (que
temos verificado existir nela) da Sra. Nevinha. Interessantíssimo, pois abre campo a outras experiências, para
quem medita, tanto para o diagnóstico, como para a quinoterapia. Recomendamos, aliás, a leitura do livro do Dr.
Leprince aos curiosos na matéria.
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acupunturista, verificaram que os meridianos chineses, coincidiam notavelmente.


Ficou, assim, demonstrado que as observações de umas dezenas de anos, no
Ocidente, coincidiam com um fragmento da ciência milenária de curar os Povos
Antigos, do Oriente. Era um primeiro passo ampliando a compreensão das curas
técnicas.
Com. 31  Aconteceu, porém, que também verificou-se que os lugares em que
os acupuntores plantam suas agulhas (de ouro ou de prata, conforme se trate de
excitar ou de diminuir a vibração-labor de tal ou qual função (e isto vai da circulação
à respiração, e de dores ósseas até estados mentais como “temor a exames”,
“dificuldade de cálculo”, etc., com resultados que assombram!)  verificou-se, dizia,
que tais lugares estão dispostos sobre meridianos, e sobre estes, há pontos. Por
essa senda, chega-se ao contato com o labor do Dr. Calligaris, labor que representa
uma real “geometria cutânea”, como dissera um médico, ao tomar conhecimento das
experiências extraordinárias desse Docente de Neuropatologia na Universidade de
Roma.
Em resumo, os trabalhos de Calligaris baseiam-se nisto: a superfície cutânea
humana  e a regra é geral para todos, de todas as raças  é divisível em zonas,
as zonas em placas, as placas em pontos. Se um ou mais de tais pontos recebem
estímulos, sejam térmicos, sejam de fraca corrente farádica, obtêm-se resultados
que vão: desde sensações singelas, até o poder de ver, em preto e branco, ou a
cores (conforme os pontos escolhidos), dentro ou fora do corpo, ou através, de
corpos (próprios e alheios) e, ainda, o andar: passado, presente e futuro de um
órgão doente, por exemplo. E, para que Você, Carolei, não pense que se trata de
fantasias mediúnicas ou opiáceas, convido-o a olhar, a pág 93 e seguintes da obra
Lês Radiations des Maladies et des Microbes, as fotografias que, pelos estímulos de
Calligaris, se projetam, de dentro para fora é claro, sobre a pele do doente, numa
placa que tem uns 7 x 8 centímetros, no bíceps do doente, mediante um método que
tem sido reiterado muitas vezes, e que permite obter imagens visíveis a olho nu e
que podem ser  e já foram em inúmeras ocasiões  fotografadas, tais como se
vêem na obra citada, ótimas fotos de bacilos de Koch, de espiroquetas, gonococos,
bacilo de Nicolaier (tétano esporulado) e, também, de micróbios ainda
desconhecidos, mas que, por esse sistema, tornam-se “fotogênicos”; exemplos: de
reumatismo, gripe, coriza, parotidite epidêmica, paralisia infantil, encefalite letárgica,
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raiva, a cancerose (Spherula dentata), apendicite, úlcera gastro-duodenal e de


infecções devidas a associações microbianas; exemplos: espiroqueta, blenorragia e
coriza, todos eles em ótimas fotos nas obras em apreço, que contêm, aliás, notável
documentação sobre tudo quanto se refere a Curadores e métodos curativos,
antigos e modernos.
A Medicina Macrobiótica: Velha de 4 a 5.000 anos, divulgada na China com o
nome de Medicina do Princípio Único, e, “mais recentemente” (há, somente,
quarenta séculos...), na Índia com o nome de Medicina Ayur-védica, baseia-se na
unidade da vida, seja ela universal, ou no seu reflexo e miniatura: a existência do ser
humano. YIN e YANG, as duas manifestações opostas e complementárias do
Grande Agente Único e Polarizável, são considerados em todos os planos da
manifestação. Daí que tal Medicina seja antes de tudo filosófico-transcendental, e,
por decorrência: lógica, dialética, social, educativa, preventiva e... na última etapa
inferior (única considerada geralmente no Ocidente): curativa!
Nesse aspecto aplicativo, o Dr. Georges Sakurazawa Ohsawa a está
difundindo pelos cinco Continentes, partindo de sua pátria: o Japão, o país cujo
próximo ciclo ascendente se aproxima... Já existindo obras dele à disposição do
público brasileiro, não insistirei a não ser sobre um aspecto: que, além da
discriminação que deve ser exercitada, para achar o Yin ou Yang de cada plano, ser,
fato, alimento, etc., existe a característica do uso de muito Sal, por ser considerado,
neste sistema, como o fator básico de saúde, pelo restabelecimento da taxa de
Sódio (yang), em relação à de Potássio (índice muito Yin), já que o predomínio deste
último fator  o Yin  é a causa, e também a evidência, dos estados anêmicos,
infecciosos, anormais, etc. Dizer que este sistema está causando assombro  e
desgosto  entre alopatas como entre naturistas  é dizer a verdade, mas já há,
também, médicos alopatas adotando a Macrobiótica, felizmente.
Vemos assim uma progressão, tanto dos médicos, que vão desde os mais
físicos ou materiais, como a cirurgia; ou dos mais químicos, como a alopatia; até os
mais vibratórios, como a homeopatia, a medicina radiativa ou a acupuntura, até
métodos que apelam para o conjunto das atividades bioquímicas até mentais, como
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é o caso da Macrobiótica, que tem uma filosofia profunda, budista de apresentação


no caso do Dr. Ohsawa, a sua base.N. 26
Com. 32  Mas, todos os médicos considerados até agora, não são aquilo a
que aspira o Povo, quando procura o que ele, povo sofredor, entende por
“curandeiro”, ou curador. Quase todos os sistemas que consideramos, pouco exigem
do doente, a não ser certa disciplina física (dietas, regimes, restrições, etc.) e, um
pouco, dialética ou mental. Por outra parte, aqueles que exercem o papel de
“curadores”  médicos ou não, insisto neste ponto  pouco ou nada dão de si
mesmos, com raras exceções, a não ser boa fé, honestidade e dedicação,
geralmente incluídas na retribuição monetária dos serviços prestados. Raros são,
aliás, os médicos ou curadores que nada cobram habitualmente, embora sejam
inúmeros os que, generosamente, atendem de graça e ainda dão remédios aos
pacientes sem recursos. Veremos, agora, o setor dos que a voz pública denomina
de “curadores” propriamente ditos.
Desde 1950, especialmente na França, o público apaixonou-se pelo problema
dos “Curadores”,  deixemos o nome de curandeiros para os que fazem curas
pelos simples, pela magia dos campos, por simpatia, etc., métodos esses que,
todos, têm bases reais, quando honestamente feitos, o que não significa que
aplaudamos sua prática. Pelo que o Dr, Philippe Encausse nos informava, a pág. 29
do I Vol., falou-se em 48 mil curandeiros na França, cifra que o Dr. Encausse reputa,
com toda razão, fortemente exagerada. De 25 a 31 de dezembro de 1950, o grande
jornal ICI PARIS HEBDO enchia sua 7a página totalmente com o tema do congresso
dos Curadores, a reunir-se no dia 27 daquela semana. Os retratos de Marie Jeanne
d’ANGIO, L. ALALOUF, Maurice MESSEGUE, Paul PARANDEL e muitos outros, de
reconhecida idoneidade, eficiência e fama, eram reproduzidos, com breve histórico
de “como” cada um deles tornara-se Curador.
O jornal, nessa reportagem de Roger MALHER, mostrava clara simpatia pela
fecunda idéia de ser estabelecido um novo estado de cousas, regulando e
permitindo as atividades dos Curadores, associados com o Médico, mais ou menos
na forma que preconizam os Professores que o Dr. Philippe ENCAUSSE cita, e que
ele mesmo aprova, sem dúvida.  Posteriormente, em 1953, um livro realmente

N. 26
 Para maiores esclarecimentos, Carolei, existe o “Memorial” da Medicina Macrobiótica, editado por
“Alba Lucis” também, e outras obras em preparação.
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notável e convincente, de Jean PALAISEUL: Com os Curadores que curamN. 27

punha o público ao par da existência de reais e abençoados Curadores. Reais, no


sentido das curas, múltiplas e bem verificadas, que obtinham: Leon ALALOUF, por
exemplo, possui 127.000 atestados de curas, completados por 2.000 radiografias.
Entre os pacientes gratos contam-se: Alfonso XIII, Anatole de Monzie, Gaston
Doumerge e Gandhi. Este último, que passou oito dias em casa de Alalouf em 1932,
declarou-lhe: “Você possui um assombroso poder de revitalizar os corpos
deficientes, um poder nitidamente superior ao meu”N. 28
, e o Mahatma o levou a
visitar a Índia e o Tibete...
Direi, ainda, que entre tais Curadores, existem Padres católicos, como o Abade
Pierre Héritier, em Paris, ou o Ver. Pe. Muckensturm, Superior da Casa de Retiro
das Missões Africanas, de Lyon, residente de Mosela. Muitos deles curam à
distância, até de Continente a Continente. E o livro contém todos os endereços...
E, como curam? Há muitos métodos. Prevalece, contudo, a ação magnética,
estimulada em uns pela devoção ou prece, em outros apoiada em ervas ou
remédios; em outros, ainda, em associação com o pêndulo como modo de detectar
doenças e seu remédio, em forma automática, isto é, em alguns dos métodos,
funcionando mediante aparelhos que independem do poder, da cultura ou da opinião
do curador, ou do paciente (se este estiver presente). Entre os casos registrados,
verificados cientificamente, do poder pessoal do Curador, destaca-se, nitidamente, o
de M. PARLANGE, que prestou-se à seguinte experiência: em 20 de novembro de
1934, o Professor SABATIER levou de Paris para Tolosa, uma costeleta. Chegado
lá, à hora marcada, verificou que o poder magnético e vital de PARLAGE mumificara
a costeleta em Tolosa, vale dizer: a setecentos quilômetros de distância! É verdade
que Parlange esgotou-se bastante nessa experiência, mas ela foi decisiva: o “fluido
vital e magnético” ficou cientificamente comprovado, assim como sua ação à
distância.N. 29
Com. 33  Resta-nos ver, ainda, os Curadores Técnico-místicos, se assim
posso me expressar. Entenderemos, sob tal denominação aqueles que, unindo

N. 27
 Em francês: “Chez lês Guérisseurs qui guérrissent”  Jean Palaiseul.
N. 28
 Pág. 233 da obra supracitada
N. 29
 Possivelmente contribuirá um dia para a formação de Curadores Magnetopatas na América
Latina, a nossa exigência, nos Cursos da A. M. O., de que os Discípulos sigam as Lições Práticas. Muitos deles
já nos têm apresentado bifes bem mumificadinhos, para poderem passar a outras instruções. Tais pessoas, sem
dúvida, têm alguma possibilidade de aliviar ou curar, silenciosa e invisivelmente, sem sessões, sem passes, sem
“mediunidades”. E, se fizerem passes magnéticos, darão o que é deles: sua Vida. Que assim seja.
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poderes técnicos  tais como os que derivam do cultivo de diferentes Iogas,


assunto que não cabe examinar aqui  a certas exigências feitas ao doente, não
mais técnicas, apenas, senão já procurando que ele, doente, pela dor ou pela
compreensão, chegue a certo estado de entrega, de receptividade, etc.  Um
exemplo típico, e dos mais elevados nessa via (ainda sumamente inferior à que o
MEM utilizava mesmo publicamente), achamos na reportagem sensacionalíssima
que Georges REYER publicou em seis páginas de um exemplar de grande revista
PARIS-MATCH de 1957, sobre as curas assombrosas que o místico indonésio
Mohammed Pak Subuh (que durante vinte anos, em Java, laborou em conexão com
sábios dos Monastérios Zen e instruindo telepaticamente a Lamas do Tibete), está
operando na Inglaterra.  A sensacional cura de Eva Bartok, movida pela “voz” que
ouviu enquanto estava numa clínica de Hollywood, à espera de melindrosa
operação, e a levou a partir  nesse estado desesperado  para Coombs Springs,
onde foi salva, atraiu a atenção do mundo inteiro sobre o mago indonésio e seu
principal auxiliar e expositor, John Godolphim Bennet, sábio matemático e filósofo,
que tornou-se discípulo e  ao que parece  herdeiro dos últimos segredos
comunicáveis de Gurdjieff!  Mas, este mesmo Pak Subuh, que está
revolucionando os meios ingleses  e outros  pelo mistério de que se rodeia, cura
doentes graves, progressivamente; faz-lhes ressurgir mental ou moralmente, por
lento e forte esforço, mas, nem nele, nem em nenhum dos anteriormente
considerados, ou de seus colegas desconhecidos para nós, achamos nenhuma das
características que diferenciam ao MEM MESTRE dessa legião e pirâmide de seres
úteis, sábios muitos, nobres e elevados todos  quando sinceros de intenção
altruísta e desinteressada  pois:
Não vemos operar-se ressurreições; não há curas instantâneas e definitivas,
tanto de ossos como de faculdades perdidas; não há a base moral e espiritual da
cura da alma precedendo ou condicionando a do corpo; tampouco há o ensinamento
que, abrangendo o Universo, inclui também cada pormenor: de todos os planos,
planetas, substâncias... e do passado e presente de cada ser humano!
E, não há tudo quanto as páginas emocionadas e emocionantes, de Sédir
sobre o “Desconhecido”, ou de Papus  em inúmeras partes de suas conferências e
obras  sobre o seu Mestre Espiritual. Por essas razões, e outras muitas que Você,
Carolei, irá “achar” (assim o espero!) no correr deste livro, alegra-me repetir as
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palavras do filho de Papus, do Afilhado do Mestre, do meu Amigo philippe Encausse


(a pág. 32 do I Vol.):
“Seja-me permitido fazer, desde já, uma advertência necessária: É que não se
pode, de forma alguma, comparar o Mestre Philippe aos curadores modernos, nem
aos mais ilustres. Seria, efetivamente, tomar rumo errado, enganar-se, porque ele
era bem mais do que simples curador. Ele era um enviado, um missionado, um
representante da divina Providência”.

***

Em abono do que precede, passaremos diretamente a ver alguns


ensinamentos do MEM que tornam evidente o afirmado, além de esclarecer, desde
já, o que a totalidade dos Ensinamentos iluminará plenamente:
E. 235  P: Mas se amássemos ao próximo como a nós mesmos não
estaríamos sobre a Terra.
R: Não. Porém deve-se trabalhar para não ficar nela tempo demais. Não
deveremos desejar ir adiante? E quando tivermos adquirido tal adiantamento, nada
nos será negado, pois se a nossa alma não estivesse doente, o nosso corpo
tampouco o estaria.
E. 476  O mal que for curado sem que os pecados sejam perdoados, apenas
está adiado, aqui curamos perdoando os pecados e o mal conta como se tivesse
sido sofrido. (Palavras do MEM colhidas por Marie E. Lalande  L. B., 33, 34  que
comenta com as palavras de S. Mateus (9,5): “pois qual é mais fácil? Dizer:
Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda?)
E. 320  A feiúra do corpo não importa, é a alma que conta. É inútil orar, ou
antes, traduzi mal o meu pensamento, ao orar só se deve pedir alívio dos
sofrimentos quando o fardo que nos está confiado pareça pesado demais, e orar
também por aqueles que não sabem ou não podem fazê-lo. Não é preciso fazê-lo
pelos mortos. Deixemo-los onde estão e fiquemos onde estamos. E vos afirmo que
ao pedirdes por aqueles que não podem fazê-lo, pedindo para suportardes as penas
deles, dar-lhes-eis então o exemplo de suportarem também as de seus irmãos.
É o único meio de entrar no Céu, pois ninguém pode lá entrar se não ama seu
inimigo como a si mesmo, e se esse inimigo não entrar no Céu, tampouco vós lá
entrareis.
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Ah, bem sei, bom número de pessoas bem doentes mandam vir seu confessor,
pedem e recebem absolvição, e contudo morrem tendo pedido e acreditado receber
a cura. O sinal de que o mal está perdoado é sem dúvida ver que o mal se afasta do
doente, entretanto morrem.
E tenho visto, em relação a isso, “charlatães” virem à cabeceira de doentes em
agonia, prontos a morrer, dizer-lhes que seus pecados ficavam remidos, e vê-los
curar no momento.
Com fé, pode-se fazer milagres. Entretanto, cada dia, nas vossas preces,
dizeis: Meu Deus, eu vos amo, odeio ao pecado por amor a vós, creio em vós. E
cada dia também dizeis: Que faremos no próximo ano, em dez anos, e se o céu
caísse que seria de nós? Pó que pensais tudo isso?
 Alguém diz: Porque na temos fé.
Com. 34  A afirmação final do E. 235 é clara e categórica; com o dito no E.
476, três novas afirmações tornam-se evidentes: sem remover a causa moral-
espiritual, ou raiz do mal (pecado) a sua manifestação física  doença  tornará a
surgir. Remédios e tratamentos podam, desgalham, roçam, as folhas do mal; o
perdão dos pecados desarraiga, destoca definitivamente o terreno humano: alma-
corpo!
A segunda afirmação, “aqui curamos perdoando”, é mais grave, pois implica a
de ter permissão e poder para fazê-lo...  E agora, Carolei, vem a Graça: o mal
conta como se...! Por isso é tão importante chegar a encontrar-se com os Enviados,
ou com os “estados”, que podem produzir esse ato da Balança Moral, de
compensação espiritual.
O E. 320 nos situa, inicialmente, na oração, e para com os mortos. Mas,
cuidado, recomenda para pedir para suportar as penas dos outros. Quem o faz? O
E. aponta a conseqüência e condição. E o MEM passa logo a mostrar que a Lei é
uma só, pois usa para isso o termo mal jogando nos dois mundos: o moral e o físico.
Logo, aponta a prova, ou sinal do real perdão, mostrando ainda que alguns, tidos
pelo mundo profano e protocolar como “charlatães”, provavam sua pureza, e
conseqüente poder, remindo os pecados e outorgando a cura!N. 30
Creio, Carolei, que agora Você entendeu, sentiu, viveu, a diferença entre os
curandeiros, ou os curadores, e o MESTRE!

N. 30
 E. 235 provém da S. Ly. De 4-12-1893; E. 320, da de 20-9-1894.
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***

Anos de Faculdade e Diplomas de Médico.  Já vimos no I Vol., às págs. 34 a


37, que o MEM MESTRE, com 25 anos de idade (1874) fez quatro inscrições na
Faculdade de Medicina, sendo impedido de fazer as seguintes pelo que Papus
explicou e que já vimos: “ressuscitar um morto quando era apenas estudante de 1o
ano”, ou seja: a segunda ressurreição é posterior em 8 anos à primeira, sendo, em
ambos os casos, a presença ou queixa de médicos, que as autenticam... o que não
deixa de ter graça. Bem dizem que Deus escreve direito...  Diante de tais
dificuldades, “o MEM pensou em mudar de Faculdade, mas, dada a oposição formal
da sua família, motivada por todos os aborrecimentos que ela ainda previa, Ele não
insistiu e continuou seu Caminho sem nenhuma proteção humana” (legal). L. B., 13.
Mais tarde, porém, o Céu e a gratidão humana o proviram de tal proteção em
três modos diferentes. Por agora citarei somente um: a Tese que foi por Ele
apresentada em 23 de outubro de 1884, perante a Universidade americana em
Cincinnati (ver Vol. I, pág. 43), e cuja introdução figura a pág. 19 de Lumière
Blanche, da qual citarei apenas as primeiras linhas, para dar uma idéia do estilo do
MESTRE sobre o tema tratado:
“A ignorância e os preconceitos, engendraram socialmente uma multidão de
erros, que são a base da destruição da saúde, e, entre esses erros, há um certo
número mais prejudicial que os demais; são os que se referem à mulher na gravidez,
durante e após o alumbramento. Acrescentemos que, não somente a mulher grávida
ou parturiente tem propensão, por si mesma, a cometer graves imprudências, mas
ainda as pessoas que vêm visitá-la aconselham-lhe atos desarrazoáveis que se
tornam, na maior parte dos casos, fontes de doenças mortais ou de achaques para o
futuro...”, etc.  Além dos títulos que a capa da Tese em apreço apresenta, na
edição feita em Tolosa por Jules Pailhès, foi dedicada de modo que dá uma idéia de
consideração em que já era tido seu autor, como se vê pela nota (E. 802) que figura
ao pé da pág. 212 da 5a ed. Que reproduzimos em N. 31.N. 31

N. 31
 “A sua Eminência o Decano da Faculdade de Medicina da Universidade americana de Cincinnati
 A minha querida mãe Maria Vachod, amor filial  A meu afetuoso pai Joseph Philippe  A minha querida
irmã Clotilde Philippe  A meu dedicado irmão Hugo Philippe  A minha bem-amada esposa  A minha boa
sogra  Ao meu querido Filho  A meu tio Hugo Vachod  A minha querida Tia e seu Filho  A meu querido
amigo Mathieu Marieus  A meu amigo Bernard Felix  A meu excelente amigo P. Bailly  Ao sábio doutor
Radier  Ao hábil doutor Picquet  Ao bom amigo Joron Joannes  A meu caro colega Claude-André
Burnichon  Ao ilustre doutor e amigo Surville, de Tolosa  Ao sábio doutor Georges Monret, de Tolosa  A
meu antigo colega o doutor Fitte, de Berat  Ao grande filantropo Godefroy Gairaud, Cônsul de Portugal em
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Tal tese foi, portanto, apresentada pelo MEM quando Ele tinha 35 anos de
idade. Somente 16 anos após, na Rússia, é que Ele passaria os “exames”... nos
quais curava doentes à distância, tanto quanto curavam-se todos aqueles que lhe
eram apresentados para diagnóstico. Seja numa ou noutra forma, os médicos
tiveram que lhe outorgar o Diploma, embora este, como bem salienta o Dr. Philippe
Encausse, nada signifique no caso do MEM MESTRE, é claro!
Veremos, agora, o período no qual a vida do MEM MESTRE se abre, por assim
dizer, em muitos sentidos simultaneamente.

Fig 9 – F. 6

F. 6  MESTRE PHILIPPE
em 1877, idade em que casou e inicia
a vida LYON-L’ARBRESLE, tão
fecunda.
(Fotografia de Lumière Blanche,
também existente na 4a e 5a ed.
Francesas.)

Carcassonne  Ao célebre professor poliglota Comendador Gregoire Laureani, de Messina  Ao praticante


humanitário Comendador Barão Marc Papi, de Marselha”  Nizier PHILIPPE.
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IV – O PAI DOS POBRES (1877-1892)

“Ousaram acusar de amor ao lucro àquele que, saindo de casa com um bom,
sobretudo de inverno, voltava de paletó, porque achara, no caminho, um infeliz que
tremia de frio. Pretenderam arranjar pretexto para apoiar essa calúnia, e a voz do
povo, em três palavras bem maiores que muitas belas frases, respondeu:

M. PHILIPPE É O PAI DOS POBRES!”

Após essas sentidas expressões de Papus (Vol. I pág. 63), cantam em nós as
de Sédir (pág. 77): “Ele nunca falava dessa chama admirável, ocultava o seu saber e
essa espécie de onipotência desconcertante sob as aparências de uma vida bem
burguesmente comum; ele dissimulava virtudes e superioridades como nos
dissimulávamos nossos vícios, e tornava-se necessário segui-lo nas suas longas
caminhadas pelas baixadas populosas para descobrir os excessos de suas
liberalidades: mães de famílias nas ultimas procurando-o pelas esquinas, casais, as
dúzias, dos quais pagava o aluguel, órfãos que mantinha, e com que atenção
rodeava aos velhotes e aos aleijados, com que delicadeza oferecia o seu socorro
aos tímidos a aos humildes, quão paciente era com os importunos com os semi-
sábios pretensiosos, com a triste tropa de medíocres!”
Com. 35 – Que bela descrição, de múltiplos sentidos: generosidade material,
monetária, unida ao esforço das caminhadas que as fecundam; a paciência, a
tolerância e a humildade delicadeza, ocultando sempre a penetração do seu Saber
Direito, da sua “Onipotência desconcertante”, como bem diz Sédir. E, a esse Homem
de Deus e que viremos ver agora, agora que já e o Pai dos Pobres, assumirem
ainda, voluntariamente, as responsabilidades de Esposo, Pai, Parente, e, com isto
provar, por inúmeros modos mais, que Ele podia cumprir a sua angelical e imperial
missão sem deixar de cumprir TODOS os deveres dos mortais comuns. Ó Carolei,
Você já reparou que o MEM esteve desde os 13 anos ate os 23, curando gente e ate
se tornando celebre e alvo de milhares de gratidões, sendo, durante esses dez anos,
empregado de açougueiro! Passam diante de mim alguns exemplares da “triste
tropa de medíocres”, os que não podem progredir, ou meditar, ou fazer bem aos
semelhantes, “porque as vibrações da cidade, ou o bife que a sogra pos na mesa,
etc..., os impedem...?”! Acha Carolei?... – Sabe o que eu acho?: Que seria ótimo –
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como diz meu amigo Huascar – que todos nos procurássemos todas as chaves
VIVAS que o MEM nos deixou, se estudarmos, não somente em seus Ensinamentos
– o que já e muito! – mas estudá-los a Luz da Sua Vida! Então sentiremos quem e o
Pai dos Pobres inclusive dos Pobres em decisão, em virtude, em humildade... –
Bem, Ele e o Pai da Humanidade terrestre, também!

***

O Seu Casamento – Ao contrair casamento, o MEM cumpria mais uma Lei, que
acharemos adiante, nos Seus Ensinamentos deixando-nos, assim, mais um exemplo
do seu respeito, e possibilidade de cumprir, as exigências – divinas ou ate as
convencionais – a que todos estamos submetidos. Casou religiosamente também –
constando o civil em l’ Arbresle e, segundo Bricaud (pág. 9), a cerimônia teria sido
na Igreja São Vicente de Paulo, na 2ª circunscrição de Lyon. O mesmo Bricaud
parece confirmar o que citei sobre o fato de ter o MEM conhecido a esposa muito
antes, pois disse “que a conhecera outrora”, e, também descreve a noiva, Jeanne
LANDAR, como “uma mulher que foi sempre, e sob todos os pontos de vista, uma
pessoa encantadora e perfeita”. Já vimos, a pág. 38 do I Vol., que Ele salvara vida
de sua consulente Srta. LANDAR, muito antes de ser sua noiva, já que, de acordo
com a Lei: depois que fosse diretamente e familiarmente ligada a Ele, nada mais
poderia por ela...
Segundo Bricaud, foi nessa época que fixou novo domicilio, por pouco tempo,
na Rua d’ Algérie. Mais tarde o veremos mudar-se para sua “base” definitiva em
Lyon. Mas, desde o casamento, uma vida dupla, cujo reflexo veremos: tanto na
existência do MEM como na de seus íntimos, instalou-se nos dois focos de sua
ação: o que chamarei “A Vida LYON-L’ARBRESLE”. E agora, Carolei, parece-me ter
chegado o momento oportuno, para introduzir Você mais junto da intimidade do
MEM MESTRE, dos seus Familiares e dos seus Discípulos íntimos.
Para isso, convido-o refazer comigo a minha recente – em 22 de setembro de
1956 - :

PEREGRINACAO A L’ARBRESLE

Paris-Lyon – Suponha Você, Carolei, que esteve comigo, em 18 de setembro,


no Santuário de Papus, na afetuosa companhia do Dr. Philippe Encausse, e que lá,
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o MEM PHILIPPE confirmou – e, assim, autorizou – a peregrinação que eu projetara


fazer a Sua residência de l’ Arbresle (também fia a Lyon, a Seu Tumulo, mas isso
veremos mais adiante), - Então, Carolei, mandou um telegrama ao Michel de Saint-
Martin, a quem verei, com apresentação do Dr. Encausse, em l’ Arbresle. Trens para
Lyon, há muitos: lentos, rápidos, ultra-rápidos! Com nove mil francos, e mais 770 de
taxa para os rápidos, eis-nos habilitados a partir às 21h15min, fazendo os 519
quilômetros com apenas poucas paradas, ate as 02h30min da manha. Junto a
Estação de LYON-PERRACHE, que esta o enorme e tradicional HOTEL TERMINUS
(12, cours de Verdun), onde, por 1.158 francos, o resto da noite passa no
apartamento de luxo um tanto antiquado, de n. 327.
Como na manhã é dedicada ao Túmulo, silenciarei sobre ela, com 220 francos
(70 cruzeiros apenas!), no Restaurante do Livre Serviço da estação LYON-
PERRACHE, almoço pão, entrada, prato de forno (legumes), sobremesa e
cafezinho. Já podemos recolher a mala, o Bastão e a Capa, que, na Plataforma n. 1,
via três, linha de ROANNE, aguardavam a saída do trem para L’ARBRESLE, às
12hs. e 21 minutos, como se pode ver na foto n. 6, que tiramos para os Amigos do
Brasil...
A passagem a l’ ARBRESLE, ida e volta “fim-de-semana”, custa só 180
francos, conforme consta no bilhete.N. 32 Quando os queridos Discípulos do Rio me
deram essa cômoda malinha, mal sonhavam eles que eu iria à casa do MEM; mas,
todos os objetos dados com amor encontram seu destino...
Carolei! Eis-nos já em l’ ARBRESLE! Pela rua principal, vamos descendo da
Estação ate o HOTEL D’OR , no qual o amável M. Ignacchiti nos dará um quartinho
a 500 francos (a quarta parte de Paris, em hotel de “2 estrelas só...”). – Viu Carolei,
do alto atrás da Estação, como l’ Arbresle e espalhada, dentro de sua relativa
importância? E cidade de Idade Media, figura em crônicas das mais diversas
espécies. Hoje, o “Guia” do governo a assinala: a 446 km de Paris; por ela passa a
auto-estrada que, 26 km adiante, nos deixaria outra vez em Lyon!

N. 32
 O bilhete que se vê na foto n. 6 é um da coleção completa que veio da Peregrinação. Observe-se
que não somente deve ser destacada pelos Inspetores a parte “IDA”, como a de “VOLTA deve ser entregue...
Porém, todos os bilhetes de passagens e mais controles, vieram para o Brasil. E, não creiam que por
relaxamento dos Funcionários. Os outros passageiros entregaram, ou nos carros, ou nas borboletas de saída, os
seus. Bem, Carolei, eu tinha desejado trazer todas as lembranças para os nossos íntimos e para fazer compartir
um pouco mais, à querida Sadhanâ e a Vocês todos. “Acha” ! Há tanta gente que pergunta sempre: onde estão
os poderes? Onde estão os fenômenos? Não será na vida diária, despercebidos dos...”olha o cachorro”?
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L’ARBRESLE está a 231 metros de altitude. Este dado e importante; servirá-


nos nas profecias do MEM! População atual, uns 2.959 habitantes (sem você e sem
mim!).
Veja Carolei, neste cartão (Foto n.7) que o querido amigo Conde de Miomandre
teve a fina atenção de separar dos seus arquivos, como se vê bem, como sinal
“PAX” sobre ela, a CASA DO MESTRE, com sua longa alameda. No outro extremo,
o Convento no que CHAPAS morou, instalou aquele Hospital, e onde, hoje, moram
seus descendentes e o Engenheiro R. (Michel de Saint-Martin). Vamos subir ate lá,
Carolei?...
Na esquina da rua principal, com a do Correio, passaremos entre o belo Jardim
da Prefeitura e a Farmácia, e tomaremos essa ruazinha que sobe, e muito! No topo,
à esquerda, desta vez. Pouco adiante, lá onde há este terreno cercado com a
esquina tão aguda, preferimos a Encosta de que nos falava o Poeta de Miomandre.
Vê, Carolei (foto n.8) essa porta a esquerda, bem junto ao Poste de iluminação? Ali
mora Michel de St.-Martin. Vê-lo-emos depois. Lá adiante está o que o nosso
coração almeja. À esquerda também, Aquele Portão amplo. (F. 9)
Já estamos nele. Vê Carolei, como o velho letreiro “CLOS LANDAR” está
apagado? Mas, e o tempo de MEM MESTRE: fique como esta! Que longa é essa
alameda que víamos no postal! Mas como são mais belos estes plátanos vistos
assim de perto!
Olhe, Carolei, aquela carroça carregada de palha de trigais! Olhe os jogos da
Luz na sombra! Não sente, Carolei, em que estou pensando? Naquela outra LUZ, a
Dele, quando esta alameda estava, às vezes cheia de gente. Lembra?
E. 455 – Na finca de l’ Arbresle, ele não recebia em torno da casa residencial,
nem sobre o grande terraço que o circunda; mas o pátio e às vezes grande parte da
alameda estavam cheios de gente; recebia aos visitantes diante do seu
laboratoriozinho. Quantas noites passou lá no trabalho, ou então sentado sobre o
murinho que rodeia o pequeno lago, em suas meditações! Era lá que ele se retirava
do mundo, da lufa-lufa da casa e dos importunos.
Temos que fazer umas boas fotografias de tudo isto, Carolei, para que todos
aqueles que não podem vir até aqui, tenham a possibilidade de viver isto também,
de visualizar estes lugares, tão cheios da Sua Aura, tão impregnados do convívio
com os Seus íntimos, tão carregados de quem sabe quantos milhares de Gratidões!
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Fig 10

F.6 – O Bastão, a Capa e a mala do Peregrino junto ao trem que vai de Lyon-Perrache para I’ Arbresle .

Fig 11

F. 7 – Parte chamada “Les Vernays”, de L’ARBRESLE, ressaltando o antigo castelo, depois “CLOS LANDAR”, no
qual morava o MESTRE. À direita, a seta menor marca o Convento, mais tarde – e hoje ainda – chamado “Clos
Santa Maria”.
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Fig 12

F. 8 – Os velhos muros, quantas vezes O vistes passar? Quantas vezes silvestres flores, perfumastes Sua
Presença?

Fig 13

F. 9 – Humildes, doentes, príncipes e poderosos, todos entravam, sequiosos de Bem, e saiam levando centelhas
da Sua Luz! Ainda e sempre algo dela paira ali...
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Fig 14

F. 10 – (Ampliação Franco-Kabir, do Rio) – A Alameda da Paz e da Gratidão. À esquerda, a entrada privada e o


Terraço cercado.
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Fig 15

F. 11 – (Ampliação Franco-Kabir, do Rio) – Sobre os grossos muros, da antiga fortaleza, descansa o Terraço, em
cujo isolamento o MESTRE recebia os Íntimos, ou convivia com Familiares e com os Anjos...
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E, vamo-nos chegando àquela portinha, logo após a coluna branca, à esquerda


da alameda (Foto grande, n. 10)... Não chame, ainda, Carolei. Olhe o terraço
interior, no qual Ele não recebia a doentes nem estranhos. Só aos íntimos!N. 33
Veja que silêncio, que paz, que suavidade impregna tudo aqui! – E que
estranhas são estas tílias prateadas, gigantescas!
Já reparou, Carolei, que cada árvore, tem aqui um rosto, como de pessoa?
Teria o MEM permitido a cada ente Vegetal assumir Personalidade?
Deste Terraço, Carolei, vê-se bem o vale onde corre o rio “L’ Arbresle”.
Também vê-se a linha férrea, profetizada pelo MEM.
E. 472 – Não havia trem, naquela época (1877-78), para vir de Lyon a l’
Arbresle e, um dia, o MEM PHILIPPE, tendo vindo a pé (26 km) disse as Senhoras –
esposa, sogra – ao regressar: “Ouvi apitar um trem, tereis breve uma estrada de
ferro para ir a l’ Arbresle”. “A família ia lá em landô e dava-se pão torrado molhado
em vinho aos cavalos, ao chegar. No alegre vale de l’ Arbresle, sito nos confins dos
Montes Lyonenses, tudo sorri ao viajor que souber apreciar a natureza.” (L. B., 17)
Veja, Carolei, esse mesmo Terraço, como um Banco Solitário, no qual, quem
sabe quantos entardeceres terá passado ali o MEM meditando, ou orando por
aqueles aos quais teria prometido cura ou apoio! (F. 12)
E veja, também, o murinho, no primeiro plano, à beira do pequeno Lago (F. 13),
“sobre o qual Ele meditava”, como diz o E. 455, e como me foi pessoalmente
descrito por Philippe MARSHALL e sua irmã Marie DOSNE, que me ofereceram esta
fotografia, na própria Casa do MEM, onde Marie Marshall (agora Sra. Marie Dosne)
reside com o marido.
Tornaremos a falar neles, quando visitarmos a casa, sob a afetuosa atenção
desses únicos herdeiros do MEM.
Por agora, Carolei, fiquemos no silencio, olhando para estes lugares, tão
purificados – a região toda – pelo Labor do MESTRE, que até velhas Ordens de
Meditação procuram erguer monastérios nas redondezas.N. 34

N. 33
 As fotos de números 6, 7, 9, 10,11 e 12, tiradas por mim na Peregrinação, são parte das que
depositei no Retiro – O E. 455, de L. B., pág. 18, e das 4º e 5º ed. Francesas
N. 34
 A revista ELLE, em seu número 609, de 26 de agosto de 1957, trazia, com ilustração da maqueta
do célebre arquiteto Lê Gorbusier, o projeto do Monastério Dominicano, a ser erguido em Eveux, perto de l’
Arbresle, primeiro monastério de estilo ultramoderno, de cimento armado, e “lâminas de Vidro ondulatórias”.
Cada cela tem sua salinha, pintada a cores vivas. Chão revestido de tapetes de borracha. Curiosa Igreja, em
forma de paralelepípedo, sem janelas: com telescópios de luz.
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Silenciemos, pois, Carolei... Elevemos o nosso pensamento ao MESTRE, à sua


promessa de que “um só pensar me trará junto a vós”, e procuremos, com toda força
do nosso querer, do nosso amar, imaginar o que devia ser, para cada dia da vida
dos Seus familiares, dos Discípulos mais chegados, como Chapas e a esposa,
Lalande e suas duas esposas: a primeira, filha do próprio Mestre e, mais tarde, a
meiga Discípula, Marie E. Lalande, e o encantamento da Sua presença: grave e
jovial; séria e afetuosa; cósmica e , no entanto, tão singela.
Não nos concederá a Graça de vê-LO, como O viam os Seus íntimos? – Creia
e ore, Carolei... Seu sorriso e Sua Luz estão tão perto... Sempre ! VEJA!

OS ÍNTIMOS DO MESTRE

E. 454 – Ele curava os males mais inverossímeis e o efeito se produzia


instantaneamente; as testemunhas ficavam estarrecidas. Dizia sempre que não era
ele quem agia, mas o Céu, ou seu amigo, a quem podia pedir tudo. Na intimidade
era outro; na presença de um amigo que sentia estar mais próximo dele, entregava-
se mais, numa calma perfeita, que o inundava, e alguma cousa de inabalável fluía
dele para a gente.
E. 188 – P: Mas, após tantos sofrimentos, a que se aspira?
R: À perfeição. E a perfeição não existe sobre essa Terra. (Dirigindo-se a um
jovem que fizera a pergunta): Porém vós, não vos preocupeis com nada. Tu seguirás
a tua rota. Tu sempre terás alguém... (virando-se para a assistência): Ireis todos
para o Céu, porém tu, - tu me seguirás.
Com. 36 – Estes dois ensinamentosN. 35
mostram bem quanto é difícil, nesta
Terra, deixar que um pouco da Plenitude, da Amplidão, se derramem; poder ser
Espontâneo, para com tanta gente que se oculta, se fecha, ou simplesmente, está:
entre indiferente e ávida de cousas apenas secundárias! Percebem-se, claramente,
as condições para a Intimidade com um Mestre! No E. 188, além do dito sobre a
perfeição, há evidência de um dos modos de ser do MEM: repentinamente, deixando
de se dirigir à massa dos consulentes e ouvintes, passava a visar a uma mente mais
aberta, a um coração mais entregado, e a procurar dar a oportunidade da
aproximação, mediante o que chamaria – eu – de “profecia condicional”. E o tutear
forte e carinhoso, meigo e taxativo, ao mesmo tempo, penetrava... – Quantas dessas

N. 35
 E. 454 provêm de L. R. , pág. 15, achando-se também nas 4ª e 5ª edições; o E. 188 vêm de S. Ly. .
. de terça-feira 26-9-1893, pág. 115 do I vol.
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semeaduras germinavam, Carolei?... Mas, dos lábios do MEM, com que poder partia
o verbo e que a Promessa significava!

Fig 16

F. 12 – Será neste Seu banco solitário que o MESTRE irá nos aparecer?...

Fig 17

F. 13 – Ou, de tanto pensar em Sua amada Pessoa, que noites a fim, junto a este Lago, sofria e orava por nós...
mereçamos VÊ-LO?...
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Fig 18

F. 14 – E o Seu sorriso meigo, Seu olhar bondoso e profundo, envolviam aos íntimos, penetravam-lhes e
infundiam-lhes Amor, Fé, Humildade.
(Foto original dos Arquivos de Papus, gentilmente cedida pelo Dr. Philippe Encausse.)

É por isso que Marie E. Lalande ressalta (L. B., pág. 31), o valor de certos
ensinamentos “que são respostas a perguntas feitas na intimidade”. – E, veremos
logo que certas de tais respostas eram dadas sem palavras. Os íntimos deviam estar
atentos a tudo quanto dizia, fazia, ou fazia acontecer, o MEM, já que, “em torno de
um Mestre, nada acontece sem uma razão”, como tantas vezes tenho procurado
gravar na mente – oxalá fosse no coração! – dos que dizem procurar: consciência,
luz, verdade, ensinamento, apoio...
E. 799 – (A pág. 210 e segs. da 5ª edição, o Dr. Ph. Encausse refere estes
encantadores e luminosos fatos): - Era hábito firmado, por parte dos Discípulos do
MESTRE, festejar-lhe o dia onomástico na data de São Nizier. Um dia, manifestou o
desejo de ser “festejado” no domingo de Ramos (lembra-se do nascimento Dele,
Carolei?), que, nesse ano (1901), caia em 31 de março. Nessa ocasião, muitas
pessoas trouxeram-lhe flores. Ele as fez repartir pelas Sras. Chapas e Condamin.
Mas, como nada era feito ao acaso, cada um recebeu ramos de flores, com as cores
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e espécies diferentes, simbolizando os gostos e o caráter daquele ou daquela que


os recebia.
Também achei – refere o Dr. Encausse – nos arquivos de Papus, dois bonitos
postais impressos, em homenagem ao Mestre, de 27 de março de 1899. Trata-se de
dois sonetos que lhe foram lidos por ocasião do seu dia, e cujo comovente texto
emociona pela singeleza e sinceridade dos dois humildes discípulos-autores (que
eles, Carolei, me perdoem e livre versão!):

Querido Benfeitor, meu Anjo da Guarda me disse:


Vai filho querido, vai tu, o mais pequenino,
Falar bem docemente, como na tua prece.
Ao Apóstolo Divino que Deus pos na Terra.
Em nome de todos, dize-Lhe que o Seu é bendito,
Que nosso coração dá-Lhe amor infinito;
Dize-Lhe que Sua grande alma, filho, muito cara nos é,
Que Ele é o nosso Salvador, nosso benfazejo pai.

Para celebrar Sua doce e santa festa,


Abre teu coração, une as mãos, sê poeta,
Dize, por todos nos, com acentos bem comovidos:
Ó Mestre amado, vossa bela fronte refulge
Com esplendente e celeste coroa,
Auréola de Amor, feita das vossas virtudes.
(27 de março de 1898)

Após ouvir esse soneto, o Mestre, comovido até às lágrimas por tanto Amor,
pediu para se retirar por breves instantes, para acalmar o seu coração...

Doce Mestre, em torno de vós, não mais males, não mais prantos
A vossa meta está atingida, tudo é alegria e esplendores,
A vida está, em nossa alma, à felicidade unida,
Hosana! Tudo sorri, é a aurora bendita.

Que este humilde soneto seja o incenso das flores,


Que canta com amor as estrofes dos nossos corações,
Que numa arrebatadora e celeste harmonia,
Leve aos pés de Deus a sua ternura infinita.

Ó Mestre bem-amado, querido delicado tesouro,


Os Anjos do Senhor, em ardente revoada,
Coroem a nossa cabeça.

A flor murchará, amanhã, em alguns dias,


Mas os nossos corações ficarão para celebrar sempre
A vossa imortal festa.
(26 de março de 1898)
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Assim, Carolei, era a TERNURA com a qual os Discípulos rodeavam ao MEM


MESTRE, numa comovente tentativa na qual, realmente, não sei o que mais
emocionante fica: se o carinho respeitoso dos humanos, em torno a seu Protetor e
Instrutor, ou se a tentativa, quase angelical de intenção e intuição, dessas humildes
almas procurando reverenciar ao Grande Ser, entre elas permanecido por Amor...

***

Os Irmãos do Mestre – Sédir nos disse, a pág. 72 do I Vol., que ele era o mais
velho dos cinco irmãos – melhor dito, de quatro – e de uma irmã, cujo nome:
Clotilde, vimos na dedicatória da Tese. Um de seus irmãos, Benoit, lembrava-se de
existências anteriores; por vezes dizia a teu irmão: “Lembras, quando fazíamos isto,
ou aquilo?” Esse irmão veio, mais tarde, morar com os Philippe em l’ Arbresle. O
MESTRE amava muito esse irmão com quem podia falar mais do que outras
pessoas; e chorou quando foi levado pela epidemia de varíola que houve em l ’
Arbresle em 1881. (L. B. pág. 14)
E. 577 – Outro de seus irmãos, Auguste, - conforme foi-me relatado por Michel
de Saint-Martin, no Clos Santa Maria, também devia ser uma alma invulgar, pois
sentia tal respeito pelo MEM, que, cada vez que pronunciava o nome Dele,
acrescentava: “...digo, meu Irmão” e era preciso descobrir-se, gesto que todos os
íntimos faziam com muito sentido e natural respeito.

***

A Esposa do MEM MESTRE. – Já vimos à Srta. Jeanne Julie LANDAR, como


paciente e como noiva do MEM, e o casamento deles. Nascida em 18 de setembro
de 1859, mais jovem que o Mestre em dez anos, portanto, ela faleceu em l’ Arbresle,
em 25 de dezembro de 1839, tendo sido sempre a nobre e digna Senhora, cujo fino
trato com as demais famílias de íntimos veremos ao longo deste livro.
Sabemos que o MESTRE nada podia pelos seus, quando se tratasse de lutar
contra “O Destino”: acidentes, doenças, mortes.
Mas, em outras oportunidades, Ele podia usar – e usava – dos seus poderes
“desconcertantes”. Exemplo belo, pelo fato e pelo carinho humano que encerra,
este:
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E. 582 – No Pátio interior da Residência, havia – cousa muito rara na França –


um pé de laranjeira, que trazia anualmente frutas. Com o andar do tempo, exposto
ali a muita gente que ocupava o pátio, foi transplantado no jardim privado, junto ao
Terraço. Não obstante os cuidados, secou. Certo dia, o Mestre passou perto do
lugar em que, tristemente, a sua Esposa acabava de mostrar ao jardineiro o pé seco,
dizendo para removê-lo e plantar outra cousa. Emocionado, o Mestre perguntou:
“Gostarias, minha Joãozinha, que ele ainda vivesse?”... E, ao ler nos olhos da
“Joãozinha”, a suplicante afirmação, disse: “Pois então viverá”. E, a partir desse dia,
o pé ressuscitou, reverdeceu e tornou a dar folhas, flores e frutos por anos ainda.
Com. 37 – Esse Ensinamento me foi referido, também, por Michel de Saint-
Martin e, horas após, confirmado por Philippe MARSHALL, o qual, levou-me ao lugar
em que achou-se a árvore, outrora. Será cedo, pergunto, Carolei, para lembrar um
ensinamento que alguns “intelectuais” poderiam ter propensão a tomar em sentido
“figurado” (que triste figura fazem muitos pela sua dificuldade em “acreditar”!). Ei-lo:
E. 66 – Quando passa um homem que tem a vida do Pai, tudo renasce ao seu
contato. Se ele pisar árvore seca, essa árvore reverdecerá.

***

Os Filhos do MEM Mestre. – E o Anjo dissera ao Eleito: “... os poderes


conferidos por tua decisão, ninguém tos poderá tirar; serão vãos, porém, para ti e
para os teus entes próximos e serás incapazes de mandar no espírito da tua própria
criança, ao passo que terás pleno Poder sobre os estranhos e isso será mais fonte
de humilhação, porque os cegos dirão? “Olhai, pois, a esse mistificador que
pretende curar os outros e não podem impedir à doença e à morte de lhe atingir os
filhos”! “(I, 53)”.
Com. 38 – Em 11 de novembro, de 1878, nasceu VITÓRIA, a primeira filha do
MEM. – E, antes de seguir na consideração da pessoa – visível e aparente – dessa,
menina encantadora, seja-me permitido, Carolei, atrair sua atenção para uma das
profecias silenciosas de Imperador do Mundo: Ele deu à Sua filha o nome de Vitória,
dessa vitória que, em 11 de novembro de 1918, iria outorgar novamente a Paz, rota
pelos acontecimentos de 2 de agosto. A data dupla: em 1905, a desencarnação do
MEM e, nove anos após, a morte da paz européia. Há outras dessas “coincidências”,
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sobre as quais (pois eu já as tinha notado) tive o prazer de ouvir Philippe


MARSHALL chamar a minha atenção, no Clos Landar, em 1956.N. 36
A segunda criança nascida nesse Lar abençoado pelo Céu, foi o meninozinho,
que recebeu o nome de Alberto Philippe. – Conforme foi dito a pág. 38 do I Vol.,
nasceu em 1881, falecendo, aos três meses, da mesma epidemia de varíola que
vitimara, como já vimos, ao Irmão do MEM. Que dor, deve experimentar um Ser
TODO BONDADE, como o MEM, ao presenciar o sofrimento dos familiares e sabe-
se inibido – como o Anjo dissera – de toda intervenção, em favor dos que partem, e
dos que ficam!
Mas, voltemos a Vitória. Com exceção da sensível Marie E. Lalande, os
diferentes biógrafos do MEM não outorgaram até agora toda a importância que nos
parece merecer este Anjo, encarnado perto do MEM. – Procuremos nos aproximar
Dela, através de alguns comentários esparsos em diferentes fontes: “O Sr. E a Sra.
Philippe tinham uma filha, de natureza singela e afetuosa, bem afastada de toda
preocupação literária ou filosófica, mas ternamente apegada a seus parentes, criada
na admiração a seu Pai, e pronta a amar a seu Discípulo preferido.” N. 37
“Não conheci a M. Philippe, mas encontrei-me com sua filha, que era uma
encantadora criatura de sonho.”N. 38
“Victoire LALANDE era de natureza totalmente espontânea e inteiriça: ela
adorava a seu marido e pedia alivio para ele, a seu Pai, quando a saúde a
preocupava. Escrevendo a Sra. Marshall, ela traçou um coraçãozinho sob sua
assinatura. E, quando encontrou-se com ela, pouco após dizer-lhe “Vês, eu assino
com meu coração só para meu Bom Paizinho (ela sempre chamava assim ao Pai),
Emmanuel (o esposo) e tu: muito vos amo, então ponho meu coração sob meu
nome.”...” Sua alma era cristalina e toda ela pura.”N. 39
“Levezinha e miudinha, certa vez o seu marido a ergueu no braço e a fez girar
em torno de si, como uma criança, durante um jogo de “croquet”, sob os plátanos da
alameda...” (N. 39)

N. 36
 A pág. 38 do Volume I, por um erro ocorrido na revisão dos originais da tradução, figura a data de
11 de outubro, inexata, já que, tanto na 4ª e 5ª Edições francesas do Livro do Dr. Ph. Encausse, como em
Lumiere Blanche – pág. 17 – figura 11 de novembro, sem dúvida alguma.
N. 37
 Palavras de M. André LALANDE – do “Institut de França”, e irmão do Dr. E. Lalande, que foi o
esposo de Vitória, na I parte da B.M.H. a pág. 54.
N. 38
 Jules LEGRAS, Professor na Sorbonne, 2ª parte da B.M.H., pág. 54
N. 39
 Lembrança da Sra. Marshall, mais tarde segunda esposa do Dr. Lalande, em: L.B., Pág. 63, e em
B.M.H., págs. 82, 85 e outras.
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“Em novembro de 1897, dois meses após o casamento do Dr. Lalande, tive o
prazer – raro, creio – de ser recebido no lar deles, na Rua Tronchet, em Lyon, e de
apreciar todo o encanto da sua jovem esposa, loira (de olhos azuis), delicada, um
anjo, como foi dito”.N. 40
E. 443 – Victoire Lalande, “neé” Philippe, tinha anunciado a própria morte à sua
mãe, no momento do casamento. (M. P. 4º e 5º)
Victoire,casada em 2 de setembro de 1897 com o Dr. LalandeN. 41 faleceu em
24 de agosto de 1904, após poucos dias de cruel doença (N. 39),e, quando “Berthe
MATHONET foi avisar a Sra. Marshall que sua amiguinha falecera, a família
Marshall foi logo para l’ Arbresle. O MEM os recebeu na sala e disse à Sra. Marshall
“vês o que nos acontece”, e “vem vê-la”, e a levou acima, no quarto onde sua filha
repousava sobre o leito, toda branca e toda miudinha, em seu vestido de casamento.
O Doutor Lalande estava em Lyon. Ajoelhada ao pé do Leito, assim ficou a Sra.
Marshall, durante todo o tempo em que seu Mestre permaneceu, em pé, em frente
dela, do outro lado do leito. Ele fez um gesto, quis falar, mas havia outras pessoas...”
(N. 39)
Não sei Carolei, o que mais devemos admirar, nesse conjunto de fatos que – ó
tristeza para meu coração! – passam tão desapercebidos aos que lêem as biografias
dos Mestres e seus íntimos, apenas com os olhos do corpo, ou , quando muito, com
a atenção fria e seca dos buscadores de informação intelectual:
Com. 39 – Pois, em verdade, esse Anjo era, para o MEM, um companheiro, e –
na minha opinião – um sinal; sabia Ele que quando Victoire partisse, certos
acontecimentos, entre os quais a Sua própria partida, estariam próximos. E – acho
eu -, muito havia de O entristecer, ver que após tantos anos em meio a nós (os
mortais comuns...) tão pouquinho fora obtido!
Há muito mais: o aviso de sua própria morte, dado pelo Anjo Victoria; o suave
carinho dado por ela mesma à Sra. Marshall, a meiga e mística Discípula, que
haveria de ser o ponto de apoio para o total florescimento de Mare Haven, mais
tarde. E, ainda, como veremos, a própria condução que o MEM dava a estes
diversos seres, para que o destino providencial de cada um deles fosse se

N. 40
 “Algumas lembranças” – 3ª parte da B.M.H., por L. Chamuel, pág. 67.
N. 41
 Do texto do Dr. André Lalande, já citado, a pág. 35 de B.M.H., onde consta esta fina observação:
“O convite de casamento, de original formato, trazia, em lugar de iniciais, um medalhão quadrado, no qual
avançava, sobre uma água tranqüila, um cisne refulgente de luz. Em excerto, estas palavras tão apropriadas, e
que, com notável acerto, formavam exato anagrama dos prenomes dos noivos: Cui lúmen, ei et amor.
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cumprindo. Por isso, Carolei, veremos novamente, adiante, como Ele, nos
momentos que, para mortais comuns seriam somente de sofrimentos, seguia
exercendo a Sua missão e labor de Mestre, e... de Profeta até entre os Seus...

***

Outra intima: Berthe MATHONET. – Com. 40 – Carolei, Carolei! Que triste fico,
quando vejo aos que pensam procurar elevação espiritual, e, no entanto, seguem
considerando classes sociais! E não dando toda atenção que merecem os humildes,
de aparência, de condição, mas que, muitas vezes, são os poderosos auxiliares dos
Mestres, pela fidelidade, pela entrega de coração – feita de uma vez para sempre --,
sem retrocessos nem condições! Sem variações nem flutuações! Por isso, Carolei,
cantam como uma real homenagem ao MEM as muitas páginas que, ao longo de
suas lembranças, tanto em Lumiére Blanche como na B. M. H. , dedica Marie E.
Lalande a Berthe MATHONET.
A atuação dessa fiel Servidora (não no sentido da sua função doméstica, senão
no espiritual!) ficou especialmente ligada ao labor do MEM, em um dos seus
aspectos mais secretos: o da química farmacêutica e o da Alquimia, como veremos
no capítulo especial. Aqui, convêm lembrar, apenas que: em 1881 ele criou um
primeiro Laboratório de química, na Rua Coubert. Mais tarde, outro laboratório,
secreto, foi instalado na Rua du Boeuf , n. 6, em Lyon e, finalmente, havia também o
seu laboratório, mais privado ainda, de l’ Arbresle...
Nem os familiares ou íntimas pessoas do MEM tinham acesso a seus labores,
com exceção esporádica de alguns. Mas, Berthe MATHONET esteve sempre ao
lado, seja das fornalhas e aparelhos químicos, como da imensa autoclave e outros
aparelhos, nos quais misteriosas investigações e invenções do MEM se plasmavam.
Berthe, que nem sabia ler ou escrever, era assim, para tema de meditação de
muitos, a fiel ajudante de tão reservados labores!
Era, ainda, a fiel mensageira entre o MESTRE e os íntimos, levando cartas,
recados verbais, e os apontamentos místicos, dos quais hei de falar, adiante. –
Ciumenta por dedicação, desconfiada por função, Berthe chegava a receber com
prevenção as pessoas que , às vezes, haviam de se tornar prediletos do MEM,
pouco após; foi o caso de Mme. Marshall pois, “após tê-la recebido inicialmente
bastante mal, nos encontros que o MESTRE lhe marcava, Berthe chegou depois a
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pedir licença ao MEM para chamar à Sra. Marshall pelo seu nome de MARIA”
(B.M.H., pág. 81)
Era tal a dedicação total de Berthe que, “após o falecimento do MEM”, ela
continuava servindo fielmente aos Familiares e Íntimos do MESTRE, ficando até
chocada se algum deles ausentava-se na região na qual achava o Seu Túmulo, ao
qual Berthe subia diariamente e com quaisquer inclemências do tempo; tossindo
terrivelmente cada inverno, isolada pela sua própria impossibilidade de escrever e,
tendo tal angustia ao pensar que, algum dia, poderia ter que deixar a Rua du Boeuf,
onde tinha simultaneamente seu apartamentozinho e o Laboratório que conservava,
onde o MEM, e ela, tantas noites passaram, tendo Berthe, muitas vezes, terminado
uma preparação de acordo com Suas indicações, que a Sra. Marshall conseguiu
comprar, em nome de Berthe, o imóvel. Para obter acordo de seu marido, a Sra.
Marshall pediu a Berthe que fosse colocasse em seu testamento ao menino Philippe
MARSHALL que tornou-se, assim, herdeiro universal de Berthe MATHONET
(B.M.H., págs. 94 e 95).
Com. 41 – E, Carolei, para não esquecermos que, sempre, na vida, devemos a
outrem, e muitas vezes aos que nos parecem “menores” do que nós, os momentos
ou “cousas” mais preciosos da nossa existência, terminarei esta homenagem à fiel
Servidora, recordando – graças, mais uma vez, às lembranças de Mme. Lalande
(B.M.H., pág. 81) – que devemos a Berthe um dos mais belos Ensinamentos do
MEM: Ei-lo:
E. 588- “É a essa Berthe MATHONET que Ele disse um dia, quando,
desacoroçoada, ela não queria mais fazer certa cousa, perguntando se valia a pena:
que, se alguém tivesse ainda algumas mudas por plantar, e embora soubesse que o
mundo inteiro fosse terminar à noite, deveria assim mesmo plantá-las ainda pela
manhã, para ser um Filho do Céu”, - Obrigado, MESTRE!... Obrigado, Berthe!
Outro íntimo do MEM: Jean CHAPAS, o Sucessor diretoN. 42. - Já vimos, a pág.
170 e seguintes do Vol. I, alguns excertos do notável artigo de Christian de
MIOMANDRE, sobre Jean CHAPAS. Vamos resumi-los agora, situados com os

N. 42
 Deve ficar bem claro, de uma vez por todas, para Você, Carolei, que estou apresentando, tanto
aos íntimos, que moravam com o Mestre ou perto Dele, como aos Discípulos externos – páginas adiante –
seguindo exclusivamente a ORDEM CRONOLÓGICA DAS DATAS EM QUE CADA UM DELES ENTROU EM
CONTACTO COM O MESTRE. Essa me pareceu a única forma de proceder que, ao mesmo tempo que
apresenta vantagem lógica no aspecto histórico, também tem a de evitar qualquer ordem preferencial, seja
minha ou de terceiros. REGISTRE-SE. – E registre-se, também, que irei mostrar – até onde a documentação mo
permitir – quais são os sucessores, representantes, ou pessoas mais ligadas na atualidade, em relação a cada
um dos Íntimos ou Discípulos diretos, comentados nesta obra.
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pormenores de outras fontes, o que nos dará, em conjunto, melhor Idéia do Filho de
Deus a quem MEM escolheu para Sucessor, principalmente no aspecto das Curas.
“O Mestre PHILIPPE tinha um colaborador que o acompanhava cotidianamente
em sua obra de cura e de soerguimento das almas; chamava-se Jean CHAPAS.
Gostaríamos, neste estudoN. 43, de mostrar a atividade e esboçar um retrato desse
Discípulo bem-amado de PHILIPPE, com o qual temos muito nos anos de 1921 a
1932”.
Jean CHAPAS nasceu em Lyon, em 12 de fevereiro de 1863... terminados seus
estudos primários e os de capitão de navegação no Ródano, cumprindo serviço
militar, já o MEM PHILIPPE trouxe para junto de si a este jovem no qual percebera
dons particulares para sua obra espiritual. (N. 43) Isso foi em 1883.
“Durante alguns anos, Chapas cumpriu em silencio, todas as tarefas que o
MEM PHILIPPE lhe confiou. Sabemos, pela própria Sra. Chapas, o que foram, para
o jovem, esses anos de provas espirituais e de formação interior, para o labor que o
aguardava.” (N. 43)
E. 538 – Finalmente , PHILIPPE entregou um dia a Jean Chapas, na presença
da moça que um dia seria sua esposa, uma corda com nós, que Ele tinha
confeccionado com especial intenção para Chapas, e disse-lhe, textualmente:
“Permanecerás diariamente uma hora no teu quarto; quando tiveres chegado a este
nó, estarás ante o Espírito Santo.” Jean Chapas nunca disse palavra alguma a
ninguém, sobre este assunto. (N. 43)
Após onze anos de fidelidade, Chapas viu aconteceu isto: “em 1894 o MEM o
apresentou a seus doentes na sala das sessões e disse-lhes, em 21 de fevereiro de
1894 (SS. Ly. –N. 44) :
E. 274 – Dizeis: Como é que agora estou sempre falando em Deus, quando
outrora não falava? Com efeito, agora o Senhor Chapas está encarregado de fazer o
que eu fazia outrora: ele anota o nome dos doentes e assume uma grande
responsabilidade. Eu não faço nada, peço a Deus. Agora isto: Deus só dará alguma

N. 43
 Palavras do Homem de Letras Conde Christian de MIOMANDRE, sobre cuja personalidade
voltamos adiante. Cada vez que um Ensinamento dos citados neste tema provenha deste estudo, indicá-los-
emos com (N. 43)
N. 44
 Ao pé do citado artigo de Christian de Miomandre, no número 5 do ano 27 (set.-out., 1953) L’
INITIATION, uma nota do Dr. Philippe ENCAUSSE esclarece que o manuscrito das “Sessões” (publicadas no
primeiro volume brasileiro por ordem de datas e, neste volume, por ensinamentos classificados misticamente)
provém de anotações tomadas por um “canut” (trabalhador da indústria têxtil, típica de Lyon), mais tarde
copiadas pelo Sr. François Galland de Nattages (Ain) e, finalmente, tornadas a copiar pelo Prof. Emile Bertrand,
da Faculdade das Ciências da Universidade das Ciências da Universidade de Liege (Bélgica). – Como se vê, a
“rede” dos estudiosos ocultos dos Ensinamentos do MEM... E digna da indústria têxtil de LYON...
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cousa a quem já tem e vos afirmo que toda pessoa que pedir por outras pessoas
que nunca vieram, estas serão curadas.
É possível, Carolei, que esses ensinamentos expliquem este fato:
E. 467 – Sua mulher, entrando certa noite no quarto em que ele estava em
oração, viu junto dele um brilhante Sol.
E, após esse ensinamento, do Manuscrito de Papus, vejamos outro, das
Sessões de Lyon:
E. 316 – É á vossa revelia que Chapas e eu procuramos com freqüência curar
a vossa alma, pois (do contrario) ser-nos-ia precioso obter de vós promessas que a
miúdo não ireis manter. Se a vossa alma não estivesse doente, o vosso corpo
estaria com boa saúde.
Isto foi dito em 9 de julho de 1894 e , diz Christian de MOIMANDRE: “Desde
então, Jean Chapas assistiu com regularidade ao Curador em seus trabalhos e, nas
suas obras para com todos aqueles que apelavam para Ele (N. 43)”. – Em 1898,
casou com Louise GRENDJEAN, filha de um artesão marceneiro; o casal teve duas
filhas, das quais a primeira faleceu menina.(N. 43) E, a respeito da tal morte, o
Manuscrito de Papus nos brinda o :
E. 466 – Ele teve uma primeira filhinha, batizada Martine, pelo Mestre em
março de 1899. Essa menina morreu ainda criança. Seu pai tinha perdido uma alma
sem defeitos; eis porque não pode ficar na Terra. Como ela adoecesse com
freqüência, seu pai foi a uma sessão de Mestre para pedir a cura. Foi-lhe
esclarecido que se ela vivesse, uma mãe de família deixaria os filhos órfãos. Então
Chapas respondeu: “Se deve haver lágrimas, prefiro que seja no meu lar.”
E por força do valor extraordinário de CHAPAS , que o MEM o tinha em estima
tão profunda, ao ponto de associá-lo em declarações espiritualmente
transcendentes, como as que se vêem neste ensinamento das Sessões de Lyon, de
27 de novembro de 1894:
E. 348 - Estou certo que ninguém pensa em agradecer a Deus quando lhe
chegam adversidades. É preciso ser forte para entrar no Céu; é preciso ser soldado,
e para sê-lo, é preciso ter feito exercício. A fraqueza não entra no Céu, porque os
fracos são preguiçosos.
É preciso antes de mais nada expulsar o orgulho do nosso coração, assim
como a maledicência. Os homens, esses, ficam às vezes irados contra um vizinho
que fez alguma coisa que lhes desagrada, porém as mulheres, essas vão primeiro
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ao porteiro contar um segredo que sabem a respeito do vizinho, depois no


mercadinho, etc. Tenho-vos recomendado com freqüência que não façais assim.
Tendes prometido. Levaste-o em conta? Nada disso. Às vezes dizeis a vós mesmos:
“Não vamos lá hoje”, e contudo sois levados a vir. São os vossos anjos da
guarda que vos empurram, e não achais que ao sair daqui estais mais aliviados, que
vos sentis mais fortes?
Chapas e eu, vos temos presos em nossas redes, somos os pescadores vindos
para pescar aos que queiram fugir. Aquele que quiser suportar as adversidades com
coragem será o meu amigo, mais que meu amigo, meu irmão. Ah! Ninguém queria
penas. Pensa-se que é o bastante se, vendo um comércio, honra-se aos
compromissos, cria-se a família, e morre-se após se ter confessado. Pensa-se entrar
facilmente no Paraíso depois disso, desenganai-vos.
Com. 42 – Compreende, Carolei: onze anos de preparação e provas; uma hora
de oração-adoração com um apoio santificado pelo MEM MESTRE; a
“responsabilidade” assumida, ao aceitar as promessas que outros fazem, para
serem curados pela Graça, e que ele, Chapas, terá, agora, que endossar; e que
apoiar, também com preces e com sacrifícios silenciosos como preço adiantado do
que pede...; a valentia moral e cardíaca de preferir a morte da própria filhinha, que
valia tanto que para salvá-la, mister teria sido morrer uma mãe de família. Pense,
Carolei, medite, chore um pouco, se puder... E se sentir porque Chapas preferia que
as lágrimas fossem no lar dele, e não alheio!
Compreende, agora, por que o MEM o admite como “amigo, mais que amigo,
irmão”?... Então, agora, iremos ver outros aspectos de Chapas, após a partida do
MESTRE... Comecemos com quatro ensinamentos do Manuscrito de Papus:
E. 470 – Após a morte do Mestre, ele assumiu o aluguel do número 35 da Rua
da Tête-d’Or, onde prossegue as sessões: belas curas.
E. – Certo dia, um homem veio pedir a Chapas dinheiro para pagar uma
promissória. Chapas deu-lhe imediatamente o que juntara para uma despesa
pessoal
E. 469 – O que deve ser notado nele é a discrição, a humildade, a total
ausência da maledicência.
E. 471 – Em 1909 movem-lhe um processo por exercício ilegal da medicina. A
seu pedido mando um relatório. Absolvição de Chapas.
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Christian de MIOMANDRE lembra, com relação ao processo de 1908, que o


tribunal teve que reconhecer que o Sucessor de M. PHILIPPE agia unicamente pela
prece, o que motivou perderem os médicos a questão.
Chapas, recebendo os doentes na Rua da Tête-d’or, 35, local que iremos
conhecer de mais perto em páginas vindouras, o fez, desde novembro de 1904, mês
no qual o MEM deixou de vir, até 1919-1920, pois a atmosfera local mudava. Diz de
MIOMANDRE, a tal respeito: “Jean CHAPAS tinha consagrado vinte anos da sua
vida aos que seu MESTRE lhe tinha confiado, tinha-o feito com todas as suas forças
e toda a sua fé, mas incidentes graves produziam-se; certas pessoas procuravam
abertamente hostilizar ao Amigo de Deus e vinham até provocá-lo no seu próprio
local. Chapas decidiu, então, pôr termo à sua atividade pública e passar a receber
apenas amigos íntimos... No que diz respeito a isto, quando o Amigo de Deus –
Chapas – foi-se para o outro lado, em 2 de setembro de1932, foi GAUTHIER, um
companheiro que o M. PHILIPPE pusera junto a Chapas para ajudá-lo em suas
tarefas materiais, quem continuou – dizem que por iniciativa própria – a receber aos
amigos íntimos, de 1932 até 1947, ano em que veio a falecer. “(N. 43)
Com. 43 – Carolei, acho que Chapas é figura bem transparente para nós, com
o que ficou exposto, no relativo ao seu papel e missão de curar, por transmissão de
Poderes feita pelo MEM MESTRE. Devo ressaltar que, em tudo quanto citei –
especialmente de Chr. de MIOMANDRE – afastei, propositalmente, o que se refere
ao próprio escritor, e a seu venerável Pai, a quem iremos achar entre os Discípulos
externos do MEM. Também deixei, para o tema das Profecias, as que Chapas fez,
completando, às vezes, as que M. PHILIPPE deixara expressas.
Finalmente, devo dizer que, no artigo citado na Nota 43, constam notáveis
ensinamentos de Chapas, numerados por mim de 538 a 554, e que irão aparecer
nos temas a que se referem.
Falta lembrar, aqui, que Chapas, como ficou pormenorizado no I Vol. – as
págs. 170 e segs. – utilizou a magnífica propriedade em que morava desde 1911 no
verão, em l’ Arbresle, para Hospital.
Esse vasto edifício fora Convento das Ursulinas. Já o vimos nas fotos da
Peregrinação. Tinha sido legado à esposa de Chapas pela Sra. SANTA-MARIA. Daí
chama-se hoje, ainda, “Clos Santa-Maria”. De 1914 até 1919, 60 leitos abrigaram ali
soldados feridos, aos quais Chapas dava as duas assistências. Alguns diretos
Discípulos de Chapas irão logo nos falar mais um pouco do “Amigo de Deus”.
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Um Discípulo contemporâneo: Christian de MIOMANDRE. – Este Homem de


N. 45
Letras, delicado poeta, de místico sentir e pensar profundo , é filho do Conde
Maurice de MIOMANDRE, escritor e jornalista, de quem o próprio filho nos falou
(Vol. I, Págs. 171 e segs.)
Com. 44 – Realmente, Carolei, torna-se necessário fazer importante
esclarecimento: poderia Você admirar que eu situe e fale , aqui, do filho, Christian,
antes de falar do Pai: a razão, no entanto, já a dei em páginas anteriores:
acharemos ao Conde Maurice entre os Discípulos diretos do MEM, isto é: entre os
que com ele privaram, durante a existência física do MESTRE. – Outro aspecto: o
Conde Maurice convidou Chapas a permanecer na Bélgica; no entanto, só o coloco
ao filho Christian como Discípulo de Chapas pelas razões que ele mesmo deu: as de
ter privado com Chapas de 1921 até 1932. – Terceiro aspecto: o Conde Christian – e
muitas outras pessoas – consideram-se atualmente seguidoras de Philippe
MARSHALL, de quem falaremos logo a diante. Portanto, Carolei, é importante,
compreender bem, que o fato de figurar, tal ou qual pessoa, como Discípulo de um,
ou de outro, dos que transmitem, em mais direta sucessão, o ENSINAMENTO –
público e, ou, privado – do Muito Excelso Mestre, não deve aparecer em sua mente,
Carolei, como divisões, e sim, como malhas da luminosa rede na qual, todos nós,
procuramos que as nossas pequenezas, unidas, se esforcem por conter, reter,
conservar, distribuir, o que Ele nos deixou. E que, portanto, não há - nem poderia
haver – “donos” do Ensinamento do Mestre. O que sim há, certamente, é uma
diferença de conteúdo, e de modo de transmissão; segundo o grau de entrega, e de
compreensão; de misticismo ardente, ou de fria consideração, em relação ao MEM e
Sua Direção, de cada um.

N. 45
 A família dos “Myomandre” (grafia antiga) é originária de Felletin, na região da Creuse, comuna de
Saint-Pardou d ’ Arnet. Enxameou no fim do século dezesseis para o Limousin... No século XVII contou com
advogados Membros do Parlamento em Limoges, conselheiros, etc. – No reino de Luis XVI, dois membros da
família, irmãos, foram postos na qualidade de guardas pessoais de Maria Antonieta. Um deles ilustrou-se pela
coragem em defender a vida da rainha quando do ataque ao castelo de Versalhes, em 5 de outubro de 1789,
pelos desordeiros vindos de Paris. Seu irmão, Marquês de Chateauneuf, emigrou para o principado episcopal de
Liége (Bélgica), onde deixou descendência, antes de desaparecer misteriosamente, numa viagem a Paris feita
na época do Consulado.
As linhas precedentes – da pág. 230 de L’ Initiation, set-out. 1953 – devo acrescentar, Carolei, que o atual
Conde Christian é autor de onze obras poéticas que precedem e constam da duodécima, seu delicado volume
POEMAS ESCOLHIDOS, que foi ainda sucedido, - até agora - por “Penseur et Jouvencelle”, que valeu-lhe ser
Laureado de Poesia pela Academia Rhodanienne des Lettres, e por “Antiphonaire”. Destas três últimas obras,
cujos Editores constam da Bibliografia, no fim desta obra, o Retiro guarda carinhosamente os exemplares
dedicados pelo querido Poeta.
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Então, Jean CHAPAS, com 58 anos de idade, como o viu Christian em abril de
1921, era aquele homem alto, singelamente vestido, de olhar suave, tez curtida pelo
Sol, voz profunda de violoncelo; de cuja aura emanava paz profunda.
Foi nessa ocasião que aconteceu o notável episódio da empregada que
desmaiou, ao ver a Luz e a Túnica branca – perceptíveis para ela, doméstica,
Carolei!... – de que Chapas se achava revestido, quando, em pé, ergueu a mão para
dizer o PAI NOSSO... (Vol. I, pág. 173)
Ouçamos mais algumas lembranças íntimas de Christian de MIOMANDRE,
reproduzidas do artigo citado na Nota 44:
“Freqüentamos Jean CHAPAS mais intimamente alguns anos mais tarde, por
ocasião do nosso casamento, em 1928, com uma das suas sobrinhas. Tivemos
então uma grave doença, e foi a prece ardente do Amigo de Deus que devemos a
recuperação da saúde, condenada pela Faculdade, Desde então, Jean Chapas
houve por bem nos adotar como seus filhos, à minha mulher e a mim, e durante os
últimos anos de sua vida fizemos em casa dele longas estadas, durante as quais a
nossa família cresceu em mais duas meninas...
“Chapas falava pouco, mas com curtas frases e notável cortesia. Ele respondia
antes, e muito mais, às preocupações interiores dos seus interlocutores, que aos
ditos destes. – Isso, criava às vezes verdadeiros qüiproquós, que Chapas deixava
ao outros o cuidado de desfazer, pois, tendo ele certa dureza de ouvido, ninguém se
admirava se parecia não ter ouvido! Entretanto, quantas vezes temos presenciado
ele tornar a citar um pedido de um doente, que apenas lhe falara em voz baixa! –
Devemos admitir que, em tudo isso, a natureza apenas o protegia de ouvir vaidades
e conversas fúteis.
“Se, por um lado, sua presença era o mais aprazível e sereno dos encontros,
também punha a palestra no terreno dos nobres sentimentos, verdadeiros e sadios,
como também lamentava suavemente aos que os não sentiam. Não desgostava de
gracejar e adorava mexer com seus amigos, na mais jovial dos tons.
“Da sua orientação geral e modo de ser, nada ressaltava de pedante nem de
livresco; não lia nem o Evangelho, nem Péguy. Era tão amigo de MillerandN. 46 quanto

N. 46
 “Millerand, ministro francês daquela época, do Gabinete cuja composição permitiu o trocadilho
sobre o “cúmulo da destreza de um aviador” “ Faire un vol Briand, devant Millerand, de Bourgeois, et atterir, près
Dupuy, sans avoir Delcassé”. Os citados são todos homens, especialmente Briand, que lutaram tenazmente pela
preservação da Paz, assim como Jaurés.
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do dono do bar da esquina, e dava conselhos a um casalzinho prestes a formar-se,


como recebia ao Ministro da Polônia, Sokal, que vinha lhe falar do seu desditoso
país.
“Figura estranha pela singeleza. Ele nos dizia um dia, ter visto, numa nuvem
que passava, o anúncio da queda de Poincaré (primeiro-ministro francês), o que
cumpriu-se dois dias após”.
E, inúmeros ensinamentos que, dia a dia, colhiam os íntimos, dos lábios desse
Amigo de Deus...
Com. 45 – Vê, Carolei, aí temos um belos exemplo dos inúmeros modos de
semear o Ensinamento do MEM, e o transmitido pelos seus íntimos: Christian de
MIOMANDRE escolheu o dom da Poesia; já tivemos uma flor dos seus canteiros;
outras virão, nesta obra. E, suave para nós, é fechar este tema com outro fragmento
dele; pedindo seu perdão pela livre – péssima – versão:

A Infância EspiritualN. 47

Como louros infantes ingênuos e sonhadores


que ainda conservam a lembrança dos anjos,
prosseguimos tua rota, ó Jesus dos louvores,
numa floração ardente de fervores.

Nós não te pedimos nenhum outro favor


pois teus lábios, ó Mestre, disseram como Deus muda
os corações pelo sofrimento e como vindima
dá, na prensa, um vinho de delicioso sabor.

E somos os mansos que passarão sobra a Terra


elevando nossos corações ao Céu que refulge
No tumulto da injúria e das pragas.

Nosso Reino é bem aquele da Tua promessa,


é singelo e vivo e toda sua riqueza
consiste num Tesouro infinito de perdão.

***

Outro seguidor de CHAPAS: “Michel de SAINT-MARTIN”. Com. 46 – Lembra-


se, Carolei, que, ao subirmos para o Clos Landar, vimos, na encosta, a porta do Clos
Santa Maria? Lá mora, junto com os descendentes de Chapas: uma irmã de certa
idade e seus filhos, dos quais um, Jean, já é homem – e me ensinou, em 1956,
como se repicam os porros...

N. 47
 “ANTHIPHONAIRE”, pág. 35.
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Nos dois dias passados lá, muito palestrei com o Eng. M. R., cujo nome místico
é Michel de Saint-Martin – homenagem dupla, parece-me, a Michel de Nostradamus,
por um lado e, por outro, a Louis-Claude de Saint-Martin; de ambos teremos que
falar... – e, das nossas palestras intimas, resultou em colher para Você, Carolei, uns
dados, que vão nestas páginas; e ensinamentos que, junto com alguns extraídos da
obra deste seguidor de Chapas, haverão de dar clara idéia do valor de Michel de
Saint-Martin, cujo livro: Revélations, é de indiscutível interesse para todos os que
desejam estudar a multiplicidade de aplicações e, de modos de apresentação, que
os Ensinamentos do MEM tem gerado, tanto através de seu direto Sucessor Jean
CHAPAS, como dos comentadores: da época do MESTRE, e posteriores.N. 48
Deixarei de comentar o fato que Revélations contém tão abundantes citações
dos Evangelhos que poderia parecer, Carolei, um tanto contraditório com o que de
Miomandre comentava sobre Chapas: que “não lia os Evangelhos, nem Péguy”. O
MEM recomenda ler e estudar o Evangelho e, bem possível é, Chapas
eventualmente tinha uma forma diferente de orientar a uns e a outros, bem como
tinha - eu sei disso por própria experiência – fases ou épocas, em que achava mais
oportuno, por tal ou qual material de trabalho em evidência.
Voltemos a Michel de Saint-Martin: alto, forte, enérgico; homem de mente
técnica, que correu o mundo todo em função da profissão. Mato Grosso ou Java são
igualmente familiares. Viveu e sofreu; amou e lutou, em modos que não é
necessário relatar. Foi temperado como todos fomos, ou havemos de sê-lo!
Envolto continuamente, na nuvem de fumaça, pois se vê que as virtudes do
fumo são, para ele, de indiscutível eficiência, o que Chapas, aliás, ensinava.
E. 596 – Sobre o próprio CHAPAS, achamos em Revélations (págs. 50, 60, 76)
formosos testemunhos dados por Michel de Saint-Martin; entre eles, na “segunda
visita”: “O Senhor Oliver (Chapas)) tinha-se calado. O silêncio que sucedia às
vibrações de sua voz grave, parecia-me cheio de murmúrios angélicos. Não ousava
mexer-me, sentia-me pequeno, pequenino, junto a este homem que parecia viver

N. 48
Na 5ª edição francesa do livro do Dr. Ph. ENCAUSSE, consta que Revélations teve uma primeira
edição em 1938 (Edições Psyche, 36, rue du Bac, em Paris), graças ao Sr. Heugel , “um amigo certo e seguro”, a
cujo grande coração o Dr. Encausse presta sentida homenagem, bem como a A. Savoret, que prefaciara aquela
primeira edição.
Em 1955, prefaciada com ardentes palavras do Dr. Encausse, saía a segunda edição – e dela citamos os
excertos e páginas nesta obra – da qual temos o prazer de resumir o Índice. Os 22 capítulos são: O Encontro –
Segunda Visita (do Autor a Chapas) – o Gênese – a Redenção – Caridade, Destino e Livre-arbítrio – As Doenças
– A Santa Virgem – O Septenário – Perguntas e Respostas – Os Soldados do Céu – Meditações – Após o Natal (
profecias e Prece).
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tudo aquilo que dizia e cuja sinceridade não oferecia dúvida alguma. A tal respeito,
devo dizer que, nos anos que se seguiram e no decorrer dos quais tornei-me um de
seus íntimos, pude verificar que nunca faltou, nem um vez, a Caridade. Ele parecia
viver uma vida retirada de camponês, mas era, na realidade, de uma atividade
assombrosa, pois multiplicava-se, literalmente. Ajudava a todo mundo; todos tinham
recorrido a ele por uma cousa ou por outra, e até aqueles que falavam mal dele,
vinham pedir-lhe ajuda nos momentos difíceis. E ele, sempre amável, prestava o
serviço pedido e a miúdo mais ainda. Mais tarde, diz M. de Saint-Martin, foi-me
pedido assistir as preces feitas por ELE. Confesso-me incapaz de descrever tais
momentos, a emoção que nos oprimia a todos... só o fato se escrevê-lo me
transtorna...
“Mas, não quero começar aqui a história de suas boas ações, e de suas
incessantes atividade; volumes não bastariam. Quero me contentar com dizer que vi,
com meus olhos, pelo menos a um homem sobre esta Terra, que vivia em meio de
nós, pondo em ação, em todas as circunstâncias de sua vida, os preceitos que
foram dados, há dezenove séculos, por Nosso Senhor Jesus Cristo.”
E, mais adiante (O Gênese), prossegue: “Nunca, desde cinco ou seis anos que
Catarina tratava da casa e me servia, por ocasião das minhas estadas, nunca tinha
me falado do M. Olivier; por isso, qual não foi a minha surpresa, ao vê-la falar
familiarmente com ele ao introduzi-lo. Mas, onde essa minha surpresa atingiu ao
cumulo, foi quando fiquei sabendo que os meus caseiros o conheciam, e que ele já
tinha, por duas ou três vezes, dado ajuda a animais da chácara, uma ovelha que
tinha torcido a pata, uma vaca que não ia bem no momento de parir, e não sei mais
o que; e o meu feitor me confessou que, quando estava sem saber o que fazer, ia
procurar a Monsieur Oliver para pedir conselho.”
E, ainda, no Cap. “A Redenção” achamos esta “revelação” (após cordial
diálogo, em casa de Michel de St-Martin, entre Oliver (Chapas) e o carteiro, a quem
M. Oliver apertara familiarmente a mão, comentando, para fugir aos agradecimentos,
a temperatura de quatro abaixo de zero daquela manhã...): “Ao voltar – da porta –
pensava M. Oliver me diria porque aquele bom homem – o carteiro – tinha-me
manifestado semelhante gratidão, mas não disse palavra! Muito posteriormente, é
que fiquei sabendo que a mulher do carteiro quase tinha, em conseqüência de
terrível crise de albumina, morrido de parto, e que os médicos nem mais esperavam
salvar a criança. Quatro médicos tinha sido consultados e foram unânimes: a infeliz
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estava perdida. Quando ela esteve no momento de dar a luz, sua cunhada foi
procurar a M. Oliver, e, ele mandou buscar a parteira, e quando lhe perguntaram
também se era preciso avisar ao medico, respondeu sorrindo: “Como gostem, mas
não há pressa para lhe comunicar o nascimento e o feliz alumbramento do vosso
filho; tudo irá bem, a parteira bastará.” Depois, deu alguns conselhos para os
cuidados à parturiente e ao pequeno, e partiu dizendo: “Voltarei depois de amanhã,
para cumprimentar a mãe e saudar o recém-chegado...”
Cabe, ainda, lembrar que, a pág. 87 da 5ª Edição do livro do Dr. Ph. Encausse,
o autor ainda assinala que o MEM PHILIPPE não deixou ensinamentos escritos,
salvo para muitos raros privilegiados, entre os quais Jean CHAPAS, e isso, a titulo
absolutamente pessoal e confidencial. Das minhas entrevistas com Michel de Saint-
Martin – setembro de 1956 – desejo brindar-lhe , Carolei, duas jóias:
E. 581 – Os Poderes de CHAPAS abrangiram: os minerais, vegetais, animais,
gentes e circunstâncias. (Palavras de M. de Saint-Martin.)
E, agora, esta história:

H. 2 – As moedas de ouro, não contadas

“Certo dia, refere Michel de Saint-Martin, ia acompanhando a Chapas, quando, ao atravessarmos uma
ponte de Lyon, aproximou-se um homem,que solicitou-lhe uma certa quantia, para um pagamento premente.
Chapas meteu a mão no bolso do paletó, tirou de lá, sem as contar, uma moedas de outro, que pos na mão do
pedinte. Mas, eu tive tempo de perceber que, cousa rara, o numero, de moedas dava a soma exata pedida. E
não creio que fosse hábito, de Chapas, carregar moedas de ouro no bolso do paletó”

Terminemos, Carolei, com as palavras do Dr. Philippe ENCAUSSE, a pág. 220


da 5ª Ed. De seu livro:
“...As Revelações de Michel de Saint-Martin não são outras, efetivamente,
senão certos ensinamentos do MESTRE PHILIPPE, recolhidos e transmitidos
depois, diretamente ao autor, por esse outro discípulo amado do Mestre, o saudoso
Jean CHAPAS... Por motivos muito bem explicados na época da primeira edição –
há alguns lustros – os nomes dos interlocutores tinha sido modificados. Mas, hoje, é
permitido apontar que “M. Oliver” não é senão o próprio Chapas. Revélations não é,
pois, uma obra como outra, como tantas outras,; é um testemunho vivo, um canto de
amor e de alegria, um hino à Divina Luz, um meio – para aqueles que tem olhos de
ver em um coração para compreender – de comungar com o discípulo e com o
MESTRE...
“Quantos ensinamentos a tirar da leitura dessas páginas ardentes e de
apaixonante interesse! Quantos progressos suscetíveis de serem realizados por
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aqueles que, ao aproximar-se os graves acontecimentos que se preparam, e que


são anunciados pelos adeptos, terão compreendido todo o valor da mensagem
assim transmitida pelo “mais humilde de todos...”

Fig 19

F. 15  Jean CHAPAS
1863-1932

35, Rua de la Tête-d’Or... – Com. 47 – em 1885, o MEM fixou residência no


palacete da “Rua da Cabeça de Ouro”, n. 35! – Atualmente, está ocupado o prédio
pela clausura das Irmãs Franciscanas. As portas que o MEM usava foram fechadas.
O ingresso faz-se, agora, pelo n. 85 da rua Tronchet, onde funciona também um
dispensário mantido por essas religiosas.N. 49
Teremos oportunidade de ver, pelo formoso fato acontecido, por ocasião d e
uma visita de Michel de Saint-Martin e de Phaneg, a descrição da SALA DAS
SESSÕES, local no qual, durante a vinte anos, o MEM MESTRE daria provas DO
PODER VERBO DE DEUS!
Outro Discípulo Intimo: “MARC HAVEN” – O Dr. Emmanuel LALANDE –
Existem, sobre ele, tanto na obra do Dr. Encausse, como na já tantas vezes por mim
citada, “Marc Haven” – Biografias – que, não fosse o fato de não estar, ainda,
traduzida esta última obra, não teria sido necessário fazer o pálido resumo que
intentarei brindar, a seguir, sobre este notável Discípulo.
Com. 48 – “Emmanuel Marc Henry LALANDE nasceu em Nancy, em 24 de
dezembro de 1868... deve à data esse místico nome... Seu pai era, então, Censor
dos Estudos no Liceu de Nancy... embora a família LALANDE seja de outra região,
da Borgonha. Pelo lado materno os Labastie são da região chamada Dauphiné,
havendo entre eles Presidentes de Tribunal e Conselheiros, em Grenoble, e há
ilustres membros e alianças, nessa família... Emmanuel parecia muito com sua Mãe:
“pelo físico, pelos traços, um tanto desparelhos, o rosto magro, a tez morena;

N. 49
 Da pág. 18 da 5ª Ed. Francesa
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intelectualmente, pela sua imaginação, seu gosto pelos versos, seu espírito, seu tipo
de humor, sua faculdade de apagar logo os ridículos... Lépido, ardente em tudo
quanto empreendia, mas cortês, prudente e discreto em seus dizeres, dizia-se do
temperamento do delfinês... Desde a infância tinha a estranha rapidez em adivinhar
o sentido de charadas ou de provérbios. Mais tarde, tais dons faziam-no sentir quase
intuitivamente, o que os outros pensavam; e, quando médico, serviram
grandemente, à penetração do seu diagnóstico e à sua autoridade sobre os
doentes... N. 50
“...O seu pai, Sr. Lalande, ao vigiar os estudos dos filhos, tanto quanto lhe
permitiam suas funções, fazia muita questão de desenvolver neles músculos e
pulmões. Isso concorda, mais do que poderia parecer, com o tão marcado
espiritualismo das crenças dele (pai); tinha sido também muito desportivo... e, em
todas as cidades em que morou, usava as tardes livres, das quintas-feiras e
domingos, às vezes o dia inteiro, para fazer com eles excursões a pé. Em Digne,
especialmente, em meio às montanhas, Emmanuel Lalande, com a idade de seis ou
sete anos, realizou reais proezas do alpinismo que tanto desenvolveu mais
tarde...(N. 50)
“Após estudos de Liceu (secundários), terminados em Sens, foi,
posteriormente, para Paris, em 1887, encantado por ficar livre, solto, e por levar a
vida de um estudante de medicina, num Bairro Latino no qual a existência era mais
alegre, mais livre e mais fácil que hoje... em 1888 instalou-se num apartamento com
seu irmão, que ensinava em Paris. Lá reuniram-se futuros médicos, jovens,
professores, candidatos a Escola Normal... (muitos dele, ilustres hoje, cujos nomes
constam do livro citado) e lá tratavam de temas relevantes... No café Vachette foi
onde Emmanuel teve um primeiro caso, pessoal, de paramnésia, percebendo com
toda clareza um fato que iria ocorrer logo, e que “já tinha vivido” antes... Logo,
lançou-se em busca do “oculto”... terreno no qual reservou-se, sempre, estrema
liberdade de juízo, introduzido em 1891 no Círculo ocultista da Rua de Trèvise (por
uma amigo de Sens, o Sr. Lefort) conheceu lá, primeiro, a L. Chamuel, mais velho
que ele dois anos, e fundador da “Livraria do Maravilhoso”, à qual o Circulo estava

N. 50
 Excertos, unidos em resumo, das quarenta primeiras páginas, de autoria do Sr. André LALANDE,
Membro do Instituto, na primeira parte da “Marc Haven”, e apresentados nessas nossas páginas, no “Comentário
48”. Evidentemente, no longo texto original, muitíssimos aspectos, desde os familiares, até os culturais e
filosóficos, em torno do Dr. Emmanuel, LALANDE, têm um relevo, interesse e riqueza – naturais na pena de um
Membro do Instituto – que se não podem refletir nos apontamentos resumidos já citados.
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anexado; e, por seu intermédio, a PAPUS (o Dr. Gerard ENCAUSSE) que, também
ele, fazia então estudos de medicina.
“Papus já era, porém, autor do Sepher Jesirah, do Taro dos Boêmios, do
Tratado Elementar de Ciência Oculta, de muitos artigos nas revistas L’INITIATION e
Véu de Ísis, das quais fora o fundador. Não obstante sua pouca idade – tinha
apenas vinte e cinco anos – Papus gozava nesse grupo de grande autoridade e
comunicava-lhe ativo impulso. É por seu intermédio que Marc Haven foi imposto em
relação com Stanislas de Guaita, um dos mestres do ocultismo, de mais fama na
época, que o acolheu com simpatia e consideração; mas tarde, com Dr. PHILIPPE,
de Lyon, que devia desempenhar tão grande papel na sua existência.(N. 50)
“...publicou em 1892 seu primeiro volume de poesia: Turris Ebúrnea, cujas
cinco partes simbólicas sobem: da vida banal ao triunfo do ocultismo, místico, mas
operante: “Saber, ousar, querer, calar.” Por isso, o último poema se reduz a um
titulo, “A Esfinge”, seguindo por duas linhas de pontos...(N. 50)
“Estudou Homeopatia.... foi recebido como Externo dos Hospitais com ótima
classificação... doutorou-se em 1896... e, em lugar da brochura de poucas páginas
com a qual muitos se livram da “tese”, o Dr. Lalande apresentou à sua banca
examinadora um volume de 192 páginas sobre um médico e alquimista de Idade
Media: Arnaud de Villeneuve, que o atraíra pelo duplo caráter: de inovador –
orientado para as nossas descobertas recentes, e de ocultista herdeiro de longa
tradição. Recebeu, por essa Tese, uma das medalhas de prata que a Faculdade
outorga, cada ano, aos melhores...(N. 50)
“Logo depois de formado, Emmanuel Lalande não clinicou imediatamente.
Participou primeiro de uma tentativa de fundar-se uma espécie de falanstério
(monastério), no qual uma parte do dia estivesse dedicada ao trabalho manual, o
resto à meditação, à arte, às pesquisas teóricas e experiências sobre as ciências
ocultas... fracassada a tentativa, esteve em diferentes lugares, experimentando
cidadezinhas: se lhe agradavam para a clinica e para lá viver... seus parentes
aconselhavam-lhe vivamente Grenoble, onde as relações, dele e dos seus,
assegurar-lhe-iam brilhante porvir... mais do que tudo, seu horror a ser controlado o
fez negar-se... mas foi fixar-se em Lyon, a conselho de Papus, que desejava
proporcionar um auxiliar, provido de formação medica, legalmente documentada,
àquele homem extraordinário, dotado de influencia realmente milagrosa, chamado
PHILIPPE. (N. 50)
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“Emmanuel Lalande, posto em contacto com Ele, apegou-se quase


imediatamente, a essa poderosa personalidade, com uma admiração e uma simpatia
como ainda não sentira para com ninguém... É em memória Dele, e para ajudar a
serem compreendidos por comparação, que o Dr., Lalande escreveu mais tarde
“Cagliostro, o Mestre Desconhecido.”... (N. 50)
“Chegando a Lyon, o jovem médico achava-se, pois, no meio mais simpático e
melhor disposto a acolhê-lo. Foi morar na Rua Tronchet, bairro de Brotteaux,
pertinho da Rua de la Tête-d’Or, onde M. PHILIPPE tinha sua casa, amplamente
aberta a todos os que necessitavam Dele, e cuja multidão heterogênea enchia, às
vezes, o pátio ou a sala grande, nas horas de afluência. Era comovente espetáculo,
vê-Lo ir de um a outro, confortando-os ou morigerando-os, endireitando as almas ao
mesmo tempo em que curava os corpos...” (N. 50)
“Com. 49 – Assim, Carolei, compreende-se melhor a atração, destas duas
almas, por assim dizer: a do Discípulo: poeta, filósofo – e a da Via do Silêncio, que
veremos nele florescer ainda mais, na idade madura: não podemos falar em velhice,
já que faleceu com 58 anos; a desse artista que foi, acima de tudo, este médico,
sagaz em todos os aspectos, profundamente singelos e até um pouco boêmios –
que às vezes chocavam aos burgueses e magistrados do ambiente regional,
segundo a B. M. H. afirma – o ideal ao qual, ele mesmo, Marc Haven, aspirava.
O MEM PHILIPPE, por sua vez, via, nesse Discípulo que, com tanto amor,
dava curso legal, com sua assinatura de médico, às receitas para os que precisavam
de remédios materiais (este aspecto havemos de ver muito adiante, Carolei!), um
colaborador, cuja entrega foi das que defini, páginas atrás: de uma vez para sempre!
– Assim, o Dr. Lalande, além de sua clientela pessoal, e do posto no Hospital St, Luc
– que lhe davam base matérias de existência – teve tempo e oportunidade para
concentrar sua atenção e vida à família PHILIPPE, da qual, como sabemos, passou
a ser parte, ao desposar, com 29 anos de idade, a filha do MEM, o “Anjo
VICTOIRE”, que tinha então 19, ou seja: dez anos menos que Marc Haven. Sobre
esse casamento voltarei, ao falar da segunda esposa.
Mais tarde, veremos que Marc Haven foi um dos raros Discípulos aos quais o
MEM confiava os segredos de seus remédios alquímicos...
Com. 50 – Iremos ver, agora, Carolei, outro aspecto de Marc Haven. E, antes
que Você se admire – eventualmente – da extensão que dou aos comentários sobre
este discípulo, possivelmente, convenha declarar as razões de tal. Em primeiro
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lugar: será uma alma “qualquer”, a que podia merecer a Graça de tornar-se: genro
do MEM, esposo de Victoire, colaborador e – em certo aspecto – parcial protetor do
MEM: e ainda, um seu colaborador diário, durante os quase dez anos mais intensos
e múltiplos de ação do MEM, acompanhando-O até na Corte da Rússia?
Em segundo lugar: há muitas pessoas, Carolei, que não compreendem bem
que: para ser um Discípulo Intimo e, ainda, um sucessor – mesmo que parcial, seja
no labor de expor os ensinamentos, ou de aplicá-los: do assistencial ao social, ou do
filosófico ao hermético, etc. – é preciso ser: antes, durante e depois do encontro com
o Mestre, um ser que sabe o que quer e o prova em atos. É possível que sobre isto
seja útil meditar, para tanto “João-ninguém”, como dizemos aqui, que não parece
entender porque não se lhes confia certos conhecimentos, chaves ou atribuições.
Não seria, primeiro, necessário, serem “de confiar”? Acha, Carolei?... Sim! Ótimo,
assim não mais precisarei voltar sobre este assunto, que tão evidente há de surgir,
tanto nos ensinamentos, como nas historias, que se seguirão.
Deixarei de lado os comentários, tão acertados e belos, que Jules LEGRAS –
Professor na Sorbonne – fez, na B.M.H., sobre a já citada Tese: A Vida e as obras
de mestre Arnaud de Villeneuve, e os, ainda mais profundos, sobre Cagliostro, o
Mestre Desconhecido, Estudo histórico e critico sobre a alta magia, já que com
relação a este último, hei de voltar nos Ensinamentos do MEM.
Na 4ª parte de Marc Haven, nas cinco breves, mas substanciosas páginas
escritas pelo Dr. J. DURAND, há muito para colher e, mais ainda, para meditar ou
averiguar..., pois começa por ressaltar que o mais interessante dos movimentos
secretos, constituídos em França, nos últimos anos antes do fim do século
precedente, não teve ainda historiador. E que, tal movimento, fundada por uma
inteligência, tão rara quanto poderosa, desagregou-se logo que seu chefe espiritual
ligou-se a outras realizações.
Refere-se, ainda, a Emmanuel Lalande, que, após ter estudado os grandes
místicos, dedicou-se ao “método de extensão por degraus, posto em obra no correr
dos séculos por todos os grandes os grandes espíritos que quiseram,
apaixonadamente, o desenvolvimento psíquico da humanidade”. E que, para tal fim,
o jovem Emmanuel, reuniu, em torno a si, seus primeiros Discípulos, jovens
inteligências aptas a fazerem toda espécie de pesquisas, e “que passavam
comodamente do trabalho coletivo à reflexão pessoal, do estudo dos velhos textos
aos ensaios mágicos, “do laboratório ao oratório”. E que, assim, constituiu-se “uma
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espécie de ordem terceira”, cujos membros tinham em comum, apenas, a obsessão,


das verdades essenciais “...N. 51
Comenta o Dr. Durand, que parece muito bem informado, o exame criterioso
que levou a curiosa confraria transcendentalista a não ligar-se ou aproximar-se das
seitas: rosa-crucianas, gnósticas, ou teosóficas. E que, com o Martinismo, cordiais
relações, sem serem uma aliança contratual, foram estabelecidas. Examinada a
Maçonaria, e afastada toda possibilidade de interesse pelos ritos: ou do Grande
Oriente – carente de todo estudo simbólico e metafísico -, ou do Escocismo, embora
tradicional e respeitado, pela orientação conservada nas Grandes Lojas; ou do
escassamente desenvolvido Rito de Memphis; ficou evidenciado que, somente a
Ordem Oriental de Misraim, pouco conhecida dos profanos, apresentava-se como
depositária de alta tradição iniciática... de lá, foi onde Marc Haven e seus
companheiros foram levar a verdadeira luz, que suas pesquisas lhes tinham
permitido desvendar...
Com. 51 – Em 1893, já Marc Haven tinha sido convidado, por Papus, e
Stanislas de Guaita, a ingressar entre os Doutores em Kabbala, da Ordem K, da
Rosa-Cruz, comenta L. CHAMUEL: “Marc Haven, já kabbalista eminente, quis
prestar exame, por modéstia e por deferência para com os chefes da Ordem. Tal
exame solene teve lugar no andar térreo da Avenue Trudaine, que os raros
sobreviventes dos amigos de Guaita lembram com emoçãoN. 52
. Os examinadores
acima citados, revestidos de túnicas vermelhas, cobertos com o pschent branco das
iniciações martinistas, sentavam-se na célebre biblioteca revestida de vermelho,
enquanto o introdutor – o único que ainda possa contar o fato – e o candidato (nunca
mais de um) permaneciam no outro cômodo, em impressionante escuridão, pois a
porta de comunicação, aberta, ficou velada com leve cortina vermelha durante o
exame todo: Marc Haven falou, brilhantemente, o esoterismo da missa, e das
analogias dos arcanos, menores do Tarot, com os objetos do culto católico: cálice,
hóstia, casula, báculo...
Aliás, Carolei, bastaria estudar o que Marc Haven publicava, já em 1893-1894,
sobre a Magie d’Arbatel e a forma com a qual o fez, em 38 páginas e um quadro

N. 51
 Do citado trabalho do Dr. J. Durand, págs. 57 a 60. B.M.H. E, Carolei, Você “acha“ interessante
meditar o que ficou grifado?... e... já sabe que a quase totalidade dos fracassos, ou das estagnações no
caminhão, provém da falta dessa aspiração-obsessiva?
N. 52
 Pág. 65 e, possivelmente, Carolei, lhe agrade saber que, nesse local, mais de uma vez estive, na
minha juventude, levado pelo meu Pai e Mestre, CEDAIOR...
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sinótico, para perceber a sagacidade, e a seriedade de orientação e conhecimento


daquele que, ainda ia se tornar o muito modesto e dedicado Discípulo do MEM
PHILIPPE,N. 53, e de quem iremos, agora, perceber certos aspectos, ao ver desfilar a
vida curiosa de sua segunda esposa...

Fig 20

F. 16  Marc Haven no Terraço da Casa


do Clos Landar.  (Do livro “Marc Haven)

Uma grande mística: a Intima MARIE E. LALANDE. – Com. 52 – Há seres,


Carolei, cujas vidas trazem logo estranha marca: a do preço que haverão de pagar,
para merecerem certas realizações. Freqüentemente, a incompreensão de familiares
ou da posteridade, faz parte desse preço! Por isso espero, Carolei, que Você
perceba, pela própria leitura e meditação do que irá seguir, as minhas razões de ser,
também extenso ao procurar traçar a vida de MARIE (pois vou fazer como Bertha, e
pedir licença ao MEM, para tratá-la pelo nome com que Ele a chamava...).
Ela mesma, falando de si na terceira pessoa, numa liberdade interior admirável,
escreveu 36 páginas que, formam a sexta parte de Marc Haven, e nas quais, sob o
titulo de “Segundo casamento e últimos anos”, Marie descreve, com reservas de
mulher de grande coração, emoções de amante, e profundidades de pensadora
digna de afeto do MEM, e seu esposo, lhe prodigalizavam, a progressiva
aproximação das existências dela e do Dr. Lalande.
Nascida em 1878, na Rússia, na família Chestakoff, desposou, com 17 anos
(1895) ao Sr, MARSHALL, cidadão inglês, então diretor de uma usina de máquinas
agrícolas, na Rússia. – Já na infância, Marie tivera estranhas vivencias: com quatro
anos de idade, em vésperas de perigosa escarlatina, viu descer junto de si a um Ser
cuja harmoniosa presença a confortou, antes de desaparecer; aos onze, acordou um
dia sentada na cama, pois acabara de “ouvir a voz de Deus” que a chamava e
percebeu que ser-lhe-ia, doravante, impossível viver sem que o pensar Nele
estivesse sempre presente... dois anos após o casamento, forte depressão seguiu-

N. 53
 “L’INITIATION”, 1893-94, Biblioteca do Retiro, pág. 12 á 50.
http://amopax.org 101

se a uma época de provações e doença. Nem rezar podia mais. Então resolveu ir
buscar a Deus, atingi-lo (os grifos que uso, são os dela), para não naufragar.
Concentrada nisso, sentiu pouco após um choque e resistência, mais rígidos que se
fossem materiais. Dias após, os médicos a deram por perdida. Ela pediu então ao
Céu que lhe concedesse dois anos (este grifo é meu!) para fazer cousa melhor do
que a vida que levava, pensando que, se no fim do prazo, não chegasse a nada
essencial, deixaria a Terra sem saudade!
Obteve então, da família, que afastassem aos médicos. E, a contar desse dia,
começou a se recuperar, lenta, mas firmemente. Um ano após – 1898 –
acompanhando o marido à Inglaterra, ela parou em Lyon, para encontrar-se com a
mãe que lá chegara. Desde o dia daquele pedido, ela vira freqüentemente o Bom
Pastor, inclinado para ela, com suave olhar, mostrando-lhe, com a destra, o
cordeirinho branco aconchegado no braço esquerdo Dele, indicando assim: que se
despreocupasse como futuro. Poucos dias antes de chegar a Lyon, viu em sonho ao
Dr. Papus (em casa do qual sua mãe combinara ir passar umas semanas com ela) e
ao MESTRE PHILIPEE. Viu-os caminhando juntos conversando (Outro grifo meu,
Carolei... lembra-se de Upasika?...) Ela olhou especialmente para o MEM, mas
reconheceu nitidamente a ambos, posteriormente.
De tudo quanto cito, dela, Carolei, gostaria de ressaltar isto:
“Só aqueles que o ressentiram, sabem o que pode ser um leit-motir de toda
uma existência, como seu fundo nunca varia, que esforços constantes são
realizados pelo espírito, para chegar até a consciência, assim como o trabalho, não
menor, que realiza o cérebro, para se adaptar e poder traduzir, cá embaixo, as
cousas do além. O salmista bem o definiu com estas palavras: “porque me devora o
zelo da tua casa” N. 54. Esse fundo do pensamento, constantemente preocupado pela
razão das cousas, foi também uma similitude de disposições que, mais tarde,
aproximou num bater de asas, o Dr. Lalande e Marie (Mme. Marshall).
“No fim do verão de 1898, Marie assistiu algumas sessões da Rua da Cabeça
de Ouro, onde, já antes de conhecer ao MEM, lhe indicaram o Dr. Lalande, em pé
contra um dos lados da porta, e a Chapas do outro lado. O Doutor Lalande

N. 54
 Na B.M.H., este Salmo está indicado como LXIX, 10. Entretanto, Carolei, não deverá se admirar se às
vezes o achar com o número de Salmo 68 (de Davi), pois que isso provém da divergência entra os textos: grego
e o da Vulgata, com relação ao hebreu (Veja pág. 36 do notável Saltério organizado pelo progressista exegeta
Mons. Dr. João STRAUBINGER. Exemplar oferecido pelo Presb. A. Améndola dei Tebaldi, O.S.B.)
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raramente vinha, ocupado pelo seu consultório. Indisposta nesse dia, Marie quis
sair, mas nesse momento, tendo Chapas aberto a porta, entrou o MEM PHILIPPE,
empurrado por gente que vinha atrás dele. Marie também premida por outras
pessoas, achou-se apertada contra o MESTRE, ficando ambos assim, instantes,
sem poderem movimentar-se. Ele tinha os olhos baixos, mas emanava Dele tal
irradiação de todo o Seu Ser, que ela soube logo: Tudo estava aí. Tudo, a quanto
ela aspirara, o que procurava com todas as fibras de sua alma. Era a paz profunda,
e o refugio, houvesse o que houvesse.”
Com. 53 – Esse último grifo é dela, Carolei, bem como todas as citações desse
grito de amor de Marie: a Deus, à Vida e ao Mestre!
Ela, ainda, quem nos dirá, Carolei, cousas preciosas para nos ajudar a reviver
o que foram aqueles anos de encantamento, junto ao MEM...
E. 587 – “Durante a sessão, M. PHILIPPE falou-lhe; seu olhar era inesquecível
de Bondade e de Certeza. É impossível descrever tudo quanto se podia sentir na
Sua presença: uma bondade infinita vos penetrava e a gente achava-se novamente
na fonte de todas as cousas. Nem todos o que eu Dele se aproximavam,
experimentavam a mesma impressão: havia até uns, aos quais Ele inspirava grande
temor, a ponto de nem poderem Lhe dirigir a palavra; e outros, que não podia
agüentar o seu olhar.
Anos mais tarde, quando falava-se nisso, no decorrer de uma visita da família
Philippe aos Marshall, em SathonayN. 55
, havia francos comentários, na Sua
presença. Então, virando-se para Mme. Marshall, o MEM perguntou-lhe se também
ela O temia. Marie tomou logo um banquinho para sentar-se a Seus pés, pois isso
era no parque, e: “Não, respondeu, porque seria injusto demais”. O seu coração
fervia de indignação e de revolta... e a palestra mudou de tema... – Carolei, Carolei,
como queima, aos frios, o fogo do amor dos ardentes; e como dói, aos ardentes, o
gelo, que tudo paralisa, dos indiferentes!... e dos temerosos!...
“...em outras visitas iguais, enquanto outros conversavam ou jogavam croquet,
ela ficava retida junto ao MESTRE. Na mesa, quando a palestra não era geral, era o
M. PHILIPPE quem falava, e às vezes levantando-se do seu lugar, e parecendo
esquecer, na sua vivacidade, o lugar em que se encontrava. O Doutor Lalande
ouvia, sorridente...”

N. 55
 “Sathornay”: vilazinha do l’Ain, arredores de Lyon.
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Ela e seu marido, Sr. Marshall, passaram o inverno 1900-1901 no hotel, em


Lyon, onde o MESTRE, e as senhoras Philippe e Lalande, a vinham visitar.
VICTOIRE LALANDE, que não tinha filho, interessava-se pelo de Marie (Philippe
Marshall), que tinha então só alguns meses. Um pedido de Mme. Marshall ao MEM
bastou para obter que o lar dela ficasse em Sathonay, e , como M. Marshall achou
ocupação em Lyon, Marie teve facilidade para ir com freqüência a Lyon, assim como
entrou na intimidade do Lar do MESTRE, na Tête-d’Or, após as sessões, e nos
domingos e feriados. Ficou, assim, conhecendo mais ao Dr. Lalande e, embora ele
fosse muito reservado, sem se conhecerem mais, ambos estavam convictos de que
um e outro colocavam o M. PHILIPPE no ápice de seu coração. Marie também via
ao MEM, em casa dela ou na Dele, e no Seu Laboratório. Certa amizade
estabelecia-se, também entre o Sr. Marshall, dono de um carro Berliet, e o Dr.
Lalande, que guiava a Serpollet que os Grã-duques da Rússia haviam oferecido ao
MEM.
Certa vez que, a pedido de Marie, o Dr. Lalande queria ir visitá-la e solicitava o
acordo do MESTRE, este respondeu-lhe: “Mas meu “Dac” (assim chamava a Marc
Haven na intimidade: é o nome de cachorro fiel) quando se trata de ir lá, não
precisas me pedir, lá irei todos os domingos, se quiseres.”
Com. 54 – Você “não acha” , Carolei, que o MEM tem muito especial afeição
por Marie? Será pela sua ardente aspiração de mística? Será porque Ele já procurou
aproximar aos que, poucos anos após, devem unir-se? Será pelo filho de Marie:
Philippe MARSHALL? ...ou tudo isso são só aparências, aspectos do Labor do
MESTRE? Se você acha, Carolei, felicitações!... – Continuemos junto a Marie e M.
Haven.
O Dr. Lalande contava, mais tarde, a Marie que, embora tomando o trem de
manhã e à tarde com Ele, para ir de l’ Arbresle a Lyon, sucedia não trocar uma só
palavra com M. PHILIPPE em oito dias! – Que comunhão, Carolei, de seres
profundos e que respeito – mútuo – pela vida interior!
Muitos outros ensinamentos, Carolei, receberemos pela meditação de Marie
Marshall. Não esqueçamos que foi para ela que o MEM mandou às rolas mudarem o
pouso... – “Ele dissera a Marie, um dia, que Lhe escrevesse “como a uma amiga”. –
“Não tenho amiga”, foi à imediata resposta. O MESTRE sabia que ela guardava tudo
dentro de si mesma. Ele insistiu e indicou-lhe uma forma especial de escrever seus
envelopes. (Estes, Carolei, eram os que só o MESTRE abria, não os auxiliares...)
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Marie, contudo, pensava que Ele não os abria, porque não precisava abri-los para
lê-los. E o único ser que tornou-se, para ela, um amigo, foi – posteriormente – o Dr.
Lalande...” (B.M.H. pág. 84)
E. 589 – Ela mandava ao MEM PHILIPPE, sob forma de notas ou de cadernos,
tudo quanto ela via, sonhava ou compreendia, porque Ele lhe dissera que lhe
devolveria tudo isso anotado, e ela entendeu que isso significava que Ele a guiaria
no caminho. “Toda essa vida, ela a trouxe, mais tarde, ao Doutor.”
Com. 55 – Não lhe parece, Carolei, estar novamente nos tempos Essênios, em
que cada devoto ou discípulo transmitia, à Superioridade, os apontamentos diários
de sua Vida Interior; não lembra as anotações místicas e psíquicas que, com
desenhos das visões, lhe brindam, a Você, Carolei, através destas páginas, os que,
como Sarah, e muitos outros, enriquecem a sua alma, com a deles!...N. 56
O Doutor Lalande referiu, mais tarde, a Marie, que: à noite, no Terraço, e antes
que sua esposa Victoire fosse enterrada, O MEM tinha-lhe dito que tornaria a casar
e que isso, na ocasião o penalizou e até chocou um pouco. Foi então que Marie
lembrou e compreendeu o gesto de hesitação – pela presença de estranhos – que o
MEM tivera quanto quis lhe dizer alguma cousa, junto ao leito da filha morta.
E a atitude imóvel, gélida e impassível de Marc Haven no enterro, era bem
mais pungente de ver, do que o seria qualquer manifestação externa de dor. Marie
pensou tê-lo recebido em sua alma desde aquele dia!...
......................................................................................................................................
Silenciemos, agora, Carolei, os dias que Marie evocará para nós, em que veio
a Partida do MESTRE!...
Mme. Marshall teve, pouco após essa partida, a filha – a que o MESTRE tinha
prometido ao Senhor Marshall, certa vez que este viera visitar Victoire, doente, e
buscara remédios para ela. A Senhora Philippe aceitou ser madrinha dessa menina:
VICTOIRE MARSHALL.

N. 56
 E, Carolei, não creia que estamos sozinhos, ou mal acompanhados, nessa senda mística. Sem
recorrer a fontes misteriosas, ou longínquas, veja o que o “Diário de Noticias”, recentemente, publicava sob o
titulo de: “Renunciaram ao Mundo os MONGES DO SILENCIO”: ...E, após lembra e a historia dos Beneditinos,
dos Cistercienses reformados (tornaremos a falar deles, a propósito do Papa Legítimo, Carolei...) e sua
exortação “O PRAZER DE MORRER SEM PENA, BEM VALE A PENA DE VIVER SEM PRAZERES”, e de
descrever a vida dos “Trapistas”, aponta que: “...A única concessão a vida cultural é o “diário”, que o trapista (e
há conventos femininos) escreve todos os dias e cujo conteúdo é segredo – Quem não respeita essa lei, fica
isolado na sua cela durante um longo período; em seguida, a sua comida não é mais abençoada e os irmãos não
o saúdam ao encontrá-lo “- Carolei, quem come alimento não abençoado é “profano”, ou, profanador: esquecido
de Deus, por esquecê-Lo. – E, quem não mais saudado é, com o “Lembra-te, Irmão, é preciso morrer”, é porque
não mais está vivendo como QUEM PENSA na morte, ou, para ser mais claro: NA OUTRA VIDA... que os
DIÁRIOS contém...
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Algum tempo após, Marie teve que atender a cartas do Dr. Lalande, que –
comunicando ter achado, entre os papeis do Mestre, os cadernos dela – pedia-lhe
também conselhos e preces, e indagava quando poderia ser recebido. – Querendo,
também, poupar prevenir eventuais preocupações materiais à família Philippe, Marie
obteve do marido acordo para irem morar, todos juntos, em l’ Arbresle, o que
permitiu ao Dr. Lalande cuidar do Sr. Marshall, cuja saúda tornara-se delicada.
Uma fórmula de locação-venda do imóvel foi combinada, e os Marshall fizeram
então construir no Clos Landar uma segunda casa residencial. As Senhoras Philippe
(viúva) e Landar (mãe) achavam a antiga muito grande para elas. Ergueu-se pois a
nova, menor, religando-a ao Laboratório no qual o MEM passara tantas noites! A
mudança foi em novembro de 1906. Em maio, a segunda filha do casal Marshall,
MARIE, nascia na antiga casa do Clos Landar, na qual ainda mora hoje.
No inverno de 1907, TCHAI, o belo galgo, do qual Victoire cuidava como a uma
criança, e que nunca suportara as ausências do MESTRE, adoeceu e o Doutor
comunicou: “Esta noite morreu em meus braços, o amigo dos nossos queridos entes
idos”...
Assim, muitas ocupações, preocupações, lembranças, tristezas e aspirações,
iam ligando cada vez mais as duas almas.
Foi nesse mesmo ano que o Marc Haven tornou a interessar-se pela esgrima, e
pelo judô, do qual fez profundo estudo.N. 57
Uma viajem á Suíça, da senhora Marshall, em 1909, para pôr o filho numa
Escola Nova de Lausanne, motivou que ela, no verão passado em l’ Arbresle,
preparasse a família toda para ir morar na vila que alugaram perto de Lausanne. O
Dr. Lalande, que mandava versos e poemas para lá, teve que ir á Suíça para, logo
após a morte de Berthe Mathonet, evitar que o prédio do Laboratório de Lyon, que
fora do MEM, caísse em mãos indiferentes ou hostis. Numa das viajem que fez,
Marie pediu ao Sr. Marshal que, sendo seu filho Philippe menor ainda, o Dr. Lalande
o substituísse como executor testamentário, com o que o Sr. Marshall, já doente do
diabete que o vitimou dois anos após, consentiu, antes de viajar, para a Itália.
Liquidaram, assim, o laboratório da Rue du Boeuf, como antes já Marie fizera, junto
com Berthe, em relação ao da Rua Colbert.

N. 57
 Assim como nem todo Hatha-Iogue sobe até a etapa espiritual, mas todo Liberado conhece o
manejo ioguístico do corpo; assim também, nem todo lutador de jiu-jitsu chega à etapa filosófica nem... além;
mas, todo praticante do Zen conhece, estuda e medita o judô. O sagaz M. Haven achara o rasto.
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Após viagens diversas, nas quais as famílias se encontravam, além de se


reunirem sempre no verão em l’ Arbresle, na primavera de 1912 morreu, ali, a Sra.
Landar e, no verão, a Sra. Marshall enviuvou, recebendo a nacionalidade francesa
por ocasião da sucessão.
Pouco após, o casamento de Marc Haven e Marie ficou resolvido. Devido à
paixão do Dr. Lalande pelo mar, e a sua necessidade de ar e sol, compraram na
Côte d’Azul – em Saint-Máxime -, um ninho que, com o nome de Tzour (rocha, base,
apoio) os recebeu, logo após seu casamento em 1º de março de 1913, mas,
infelizmente a doença, a guerra, a parcial ruína material, não lhes permitiu desfrutar
por muito tempo desse recanto, no qual o tempo dividia-se nos alegres passeios no
seu barquinho “Simorg” (o pássaro simbólico)m e nos longos trabalhos sobre o texto
do Zohar. Mais tarde foram para Nice, cidade na qual o Dr. Lalande também foi
comissionado, na guerra, lá treinando como radiologista, essa ciência nova
profetizada, anos antes, pelo MESTRE.
Após a guerra, a saúde de Doutor obrigava-o a numerosas ausências mas,
assim mesmo, ele, que já dominava, o hebraico, ainda aprendeu o chinês para
traduzir o Tao-te King , com o fim de estabelecer uma aproximação entre Lao-Tseu e
outros místicos, antigos e modernos, e tinha que permanecer às vezes em paris,
onde Marie ia unir-se a ele, quando excessivamente preocupada. Lá fechou-lhe os
olhos, em 31 de agosto de 1926 e levou-a para ser sepultado em Loyasse, pois ele
sempre desejara repousar perto do MESTRE... na noite após o falecimento, Marie
viu-se em sonho, de carro (tipo vitória) com o M. PHILIPPE, e o “Dac” Dele veio até
lá, como flutuando... só o busto; esgueirou-se entre ambos e disse com voz ainda
dorida, mas tão feliz: “Estou contente por vir convosco”...
Com. 56 – Viu, Carolei, que destino complexo e profundo, o de Marc Haven? –
Após aquele primeiro casamento, com um “Anjo”, que o ajudou a manter-se, assim,
mais freado, em maior esforço de pureza, por assim dizer, durante todo o tempo em
que teve de se preparar e de servir, junto ao MEM, veio para ele – preparada pelo
próprio amor do MESTRE – a etapa livre, ampla, de realização pessoal, com uma
mulher e amiga, do mesmo tipo e aspiração, como veremos no:
E. 590 – M. PHILIPPE disse um dia a Marc Haven, falando dele e de Marie, e
aludindo as marcas que ambos tinham na raiz dos cabelos, na nuca, que eram da
mesma “família espiritual”. – O que somente Marc Haven, estudando os
ensinamentos que veremos adiante, entendeu realmente.
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Com. 57 – Aliás, Carolei, temos que fechar este estudo sobre o tão
interessante casal d Discípulos Marc-Marie, com algumas palavras de um de outro,
que nos mostrem o que eles eram e viviam, como místicos. – Dizia Marie:
“Para viver perto do M. PHILIPPE, era preciso ter trazido consigo uma procura
e um desejo sem limites das realidades que o rodeavam, ou então um parcela
dessas mesmas verdades, ocultas bem no fundo da própria alma. Só o amor pode
conciliar a enormidade de uma presença espiritual com a pequenez dos
acontecimentos. O Amor ou o Espírito.” (Grifei para Você, Carolei...)
E, ainda, no diz Marie: “O Dr. Marc Haven não tinha sido atraído para junto do
seu MESTRE, pela esperança de herdar Dele, alguns poderes, nem pela
curiosidade de ver cousas excepcionais. Esse “sonhador de eternidade” sofria sem
um minuto de trégua, “dentro do tempo”, obsedado pela procura das verdades
eternas. Apesar de tudo quanto aprendera, ele desesperava de achar um remédio
para o seu vácuo interior, quando um grupo de Paris o enviou, a ele, o mais cético, o
mais fino, o mais difícil de enganar, para ver a esse Homem de Lyon. O Dr. Marc
Haven voltou após certo tempo, mas para dizer que retornava a Lyon, onde contava
estabelecer-se. Ele tinha visto o “bruxo”, o “homem de traços grosseiros”, o “antigo
ajudante de açougueiro” – e outras tantas lendas em muitos aspectos – e aquele
homem o tinha recebido simplesmente, tal como ele era. Quando o Doutor Lalande
achou-se em Sua presença, sentiu-se repentinamente liberado dos seus sofrimentos
morais, vislumbrou em termo para suas próprias dúvidas, e a possibilidade de uma
ascensão sem fim. Uma segurança e certeza desconhecidas o invadiram e
ressentiu, por essas mesmas presenças, a realidade da preponderância absoluta do
Espírito sobre a matéria.
“Através do seu MESTRE, ele tocava por fim na realização total. Os
engrimanços complicados ficavam longe, enquanto uma Bondade sobre-humana
tudo concedia e, ante esse milagre interior, o Dr, Lalande inclinou-se. O encontro
com M. PHLIPPE acentuou nele a passagem da via iniciática para o coração, ou
seja: A via mística no real sentido da palavra. Nunca se pode ser místico ou
contemplativo demais, porque “a língua de fogo sutil, entrando neles e saindo deles,
é o que unifica ao Mestre com realidade, já que ela (a língua de fogo) tem a
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qualidade de ser com Ela (realidade). Seu coração está com o Mestre, a quem não
deixa, e ele (fogo) é o signo da Unidade pura, que é a meta do ideal.”N. 58
Quanto a palavras de Marc Haven, sobre o MEM PHLIPPE, já vimos suas
frases a Dr. Philippe Encausse, no primeiro volume (pág. 48 e segs.), além de sua
obra Cagliostro..., já citada, e dos anos de fiel entrega!
Só lamento, Carolei, não poder citar mais alguma cousa, dos notáveis
trabalhos de unificação dos ensinamentos do Oriente-Ocidente, que Marc Haven fez,
os quais, na B.M.H. comentam (pág. 107), que um seu Discípulo “Daniel Nazir” irá
divulgar nem volume a ser publicado sob o nome de “Cui lúmen ei et amor”; ou
citado os excertos apresentados a pág. 142, precedidos de palavras de outro seu
Discípulo: Paul SERVANT. São ensaios que se seguem: O Homem das alturas e os
Homens da Torrente – O Corpo, o Coração do Homem e o Espírito – Provas pelos
fatos – Provas pelos Textos. As tais páginas seguem-se seis de palavras colhidas
“por mim mesmo – diz M. Haven – dos lábios de M PHILIPPE e anotadas quase
imediatamente”.
Achá-la-emos, em cada tema correspondente, como Ensinamentos (de
numeração 521 a 537, inclusive).

***

O herdeiro Direto: Philippe MARSHALL. – Com. 58 – Bem, Carolei, agora


podemos terminar a nossa peregrinação na Casa do Clos Landar. São menos de
oito horas da manhã. – Chamarei, agitando a campainha do portãozinho da
Alameda, no canto do Terraço. Não virá a mística Marie nos receber, fisicamente...
em 27 de dezembro de 1952 foi para o outro lado do Véu, junto ao “Dac”... mas vem
uma ajudante de família. Olha este monge cinzento, que vem do Brasil. Vai
consultar, lá dentro. Enquanto isso, colhemos umas folhas da entrada, para os
queridos íntimos de além-mar... – Estou já na salinha. Durante a pequena espera, a
gata da casa vem também inspecionar. Tem nome curioso “La Souris” (A
Camondonga). – Fica fotografada, também... – A Sra. Marie DOSNE (Marie
Marshall, em solteira) vem falar... que fácil é o interior contacto com esta pessoa
suave e singela... Quase que o dia todo passará com ela e seu irmão, com quem,

N. 58
 Marie cita assim “A Candela ou Unidade Divina” manuscrito esotérico dos Drusos. – Ver “Voile
d”Isis”, junho de 1931.
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cousa curiosa, os amigos de Paris ainda não tinham pessoal relação. – Tinham-me
dito dele “É muito secreto...” É possível. Damo-nos bem.
Em minutos, estamos no terreno das confidências. Fala-me no MESTRE...
confirma fatos, esclarece outros... é suave, reservado e cordial... o seu coração é
tudo, neste homem singelo e humilde. Sua irmã o olha e ouve com evidente
respeito. Há entre eles um código de olhares, de sentir, quiçá mais... – Ela, Maria,
levanta-se e vai, no quarto onde o MEM vivia e faleceu, buscar dois livros, que me
são obsequiados: Lumiére Blanche e Marc Haven, para que eu possa complementar
a minha documentação, e a de outros...
Mais tarde, fico conhecendo a esposa de Philippe: Louise; e uma das filhas:
leva o mesmo nome civil que Sádhanã: Maria-Luísa, mas tratam por MITOU. E,
todos juntos, mas sem Mitou, vamos à Grande Sala..., lá onde está o Centro
Espiritual do Mundo... lá onde se acha o Retrato do Imperador do Mundo... sob os
traços de um homem singelo: ELE... O MESTRE PHILIPPE... e, permitem-me
também fotografar e reproduzir esse retrato, nunca antes publicado... Já o verá,
Carolei. Por agora, olhemos o de Philippe Marshall e Marie, a irmã...
Apesar da pouca luz na Sala, tenho fé no pedido que fiz ao MEM, para deixar
sair bem esse filme... – curioso: é a única vez, na viagem que tenho Kodak 300-X...
superveloz... cousas... – silêncio...
Agora, vamos para o parque e o terraço. Lá, conversamos. Ouço mais do que
falo: segredos do MESTRE. A matéria prima – secreta – da sua “Héliosine”... o lugar
da laranjeira reverdecida... e outros Ensinamentos que surgirão nos devidos temas..
Ficar para almoçar? Obrigado, prometi a Michel de Saint-Martin, mas virei logo
após e tomarei o café da tarde. Trem de volta a Lyon? Não, Philippe MARSHALL me
levará, devagar... mais uma hora de palestra, a sós, com ele... – Obrigado, Marie,
por essa fotografia do Laguinho, onde ELE meditava... – Louise deixa-se, também,
fotografar. Juntam sementes de Capuchinhas para mim levar, e colhemos, todos
juntos, um ramalhete bem grosso, com muitos galhinhos e folhas da “Arvore de
Natal” (Espinheiro-Santo: Houx, em francês), que, no tempo do Mestre já florescia ali
mesmo. Real Talismã de Devoção, do qual brindarei Folhas aos íntimos e plantarei
as sementes, como as dos Ensinamentos: onde a terra for Favorável...
Ao café da tarde, também está presente o marido de Marie: o Sr. Charles
DOSNE, um benfeitor local, da Sociedade Protetora da Infância, do Hospital, etc. –
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Não foi ele quem me disse, é claro. Ao entardecer, a hora de me despedir das
Senhoras e do Sr. Dosne, chegou.
Philippe MARSHALL tira o carro do pátio interno, e saímos... quanta cousa
mais, que com certa correspondência ulterior dele se ampliará. E o abraço, os beijos
na estação de Perrache, e seu gesto último, tão cordial e espontâneo... Que bom,
Carolei, este trem, o famoso “Mistral”, com suas rodas de borracha, em 4 horas e
meia, sem nada sentir, nem a chegada à plataforma em Paris, segui pensando em
tantas cousas... E sentindo outras muitas!
Mas, é chegando no momento de explicar a todos, o pouco que se pode dizer
de, ou sobre, Philippe MARSHALL, para que cada um conclua como quiser e
puder...
Com. 59 – Você lembra, Carolei: ele nasceu naquele ano passado por seus
pais em Lyon. Victoire interessou-se por ele. O MEM também. Devido às mudanças
de residência do Sr. Marshall pai, o jovem Philippe estudou em muitos Colégios
diferentes: em Lyon; depois, na Suíça; após, no Liceu de Nice. Adotou uma
profissão singela: possui e dirige uma Oficina Mecânica, em Marselha. – Que outras
atividades, mais intimas, tem, é o que muitos gostariam certamente de saber.
Olhe, Carolei, pense um pouco nestas cousas: o MEM dissera que, quando Ele
partisse, “já teria cinco anos” (palavras de Michel de Saint-Martin, a mim) ou que
“quando aqui voltar, terei quase cinco anos” (palavras de Philippe MARSHALL, a
mim). Ninguém está afirmando, e Philippe Marshall menos que outros, que ele seja
uma “reencarnação do MESTRE”. Mas , não poderá ser um veiculo, um depositário,
especialmente para a Corrente de Lyon, da via privada do MESTRE?

Fig 21

F. 17  Philippe MARSHAL e sua irmã Marie DOSNE, na parte do Terraço, atrás da Casa e perto do
“Espinheiro-santo” do MESTRE.
(Foto Sevânanda  Ampliação: Franco-Kabir  Rio).
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Fig 22

F. 18  Louise MARSHAL, esposa de Philippe MARSHAL, na escada posterior da Casa do MESTRE. À


direita, vê-se ao bom Philippe, ajudando a colher Espinheiro-santo para os Íntimos do Brasil... (Foto
Sevânanda, 23-9-1956)

Fig 23

F. 19  A Alameda termina nesse antigo portão do pátio interior do Castelo, pelo qual se vai para
o |Laboratório. Esse Cachorro também vigia discretamente

Alguns dados curiosos, a respeito: “Se acrescentais que o MESTRE PHILIPPE


tinha dito, em 1902, à Senhora Marshall, mãe, que seu filho Philippe tinha os dons
do CÉU, compreendereis que estamos, graças a Sua amizade, no Centro espiritual
imutável, como a chama no fogo... Mas ficaria mais feliz ainda se a Providência nos
fizer encontrar na casa do Clos Landar. Pois lá está o Centro espiritual oculto para
os olhos do mundo e que meu amigo Philippe MARSHALL teve por bem me
mostrar.” (Carta do Conde Christian de MIOMANDRE, em 12 de fevereiro de 1958)...
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“...Philippe MARSHALL... ele não escreve, mas os amigos podem sempre lhe
escrever e ir vê-lo... entreguei ao filho do Dr. Encausse todos os documentos que
possuía sobre o ensinamento público do MESTRE PHILIPPE... mas, seria preciso
que nos encontrássemos (o Conde e eu) para falar destas cousas. Será isso um
dia? Desejo-o. Penso que será junto a Philippe MARSHALL que nós nos veremos
mais tarde. É a Ele que devo confiar todos os documentos privados que possuo
ainda sobre o MESTRE e seus Amigos... Nosso Amigo sofre muito, etc...” (Carta de
Chr. De Miomandre, de 9 de maio de 1958).
Você lembra, Carolei, que Christian de Miomandre é parente de Chapas,
discípulo Dele, que morou anos no Clos Landar, que seu Pai era Discípulo direto do
MEM... deve estar em condições de julgar, e de sentir, não acha?...
E, para terminar estas “impressões” – não quero ir além, por agora – isto: em
abril deste ano, a propósito desta obra, escrevi a muita gente, para ver de que,
ainda, podiam dispor como material, para enriquecê-la, para Você!... Marie DOSNE,
em carinhosa carta de 12 de maio, após certas informações sobre Lumière Blanche,
- que eu lhe solicitara – me diz: nada mais poder dizer e conclui “não estou, aliás,
qualificada para isso... não sei se tendes noticias do meu irmão?...” – Está claro.
Carolei?...
E, para facilitar a compreensão da herança e de como tudo foi parar na mão de
Philippe MARSHALL, - curioso, não? – faço este quadrinho:

Dr. E. Lalande (1º casamento) com Victoire PHILIPPE: sem filhos


(2º casamento) com a Viúva MARSHALL: sem filhos

Berthe MARTHONET: herdeiro................. PHLIPPE MARSHALL


Famílias PHILIPPE e LALANDE

Herdeiros diretos: Marie e PHILIPPE MARSHALL

Marie, casa com o Sr. Ch. DOSNE.


Philippe MARSHALL, casado com LOUISE, tem três filhas: Jaqueline, já casada há
anos: Colette – casou em 1956; e MITOU, ainda solteira.

Fig 24
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V – O PROTETOR DOS GRANDES (1892-1900)

Com. 60 – O titulo desta quinta parte da obra responde a este critério: os


Grandes da Terra, no sentido espiritual, não são os poderosos, material, social ou
politicamente falando, evidentemente. Mas, sim, aqueles que movem idéias e , mais
ainda, os que não “se batem” por ideais, senão que os servem, vivendo-os com real
esforço de superação.
Um MESTRE, do talhe do MEM, evidentemente, em cada passagem Sua por
esta Terra, não somente vem acompanhado de perto por Seres que O amam e
servem, como, ainda, Ele protege aos que estão esforçando-se pelo próprio
progresso e – especialmente – pelo coletivo. Daí que, como veremos logo adiante,
além dos Íntimos que com Ele moraram ou viveram muito perto, outros seres, às
vezes de considerável valor, receberam Seu apoio, ensinamentos e – em certos
casos – pequenas ou maiores “missões” a executar, ou orientação nas que eles
mesmos escolheram.
Certamente, carolei, um dos fatos espirituais que, ao mesmo tempo em que
uma forte demonstração de seu Poder, ótima para curvar a testa de certos desses
“Grandes”, que pedem mais facilmente “provas” da qualidade alheia do que das
outras – que os temperariam mais -, era também uma evidencia de como cumpria,
Ele, sua missão.

***

O Muito Excelso Mestre e o PASSADO ALHEIO...

Lembra, Carolei, que – a pág. 47 do I Vol. – Papus ressaltava que o MEM


“tinha uma noção completa da vida presente, com todos os pormenores, de todos,
os seres terrestres com os quais se achava em relação”? E, Carolei, isso era em
relação a todos os reinos, também.
E aos fatos que as pessoas julgavam mais ocultos: lembra-se daquele homem
altivo (I, 48)... mas que tinha estrangulado uma mulher, doze anos antes
possivelmente, e o MEM disse-lhe: data e hora, só para dar a esse homem a
oportunidade de pedir Perdão ao Céu, de não ser preso e, assim de levar alguns
anos de via, com real remorso, com real esforço de reparação, já que, como o
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próprio MESTRE ensinava: é aqui, na Terra, onde devem ser pagas as dívidas aqui
contraídas...
Veja, ainda, Carolei, o batismo do jovem Henri Durville (I, 47) e o MEM dando,
a um magnetizador já celebre, e contudo ainda incrédulo na parte espiritual (medite,
Carolei, como, até nesse terreno, a técnica pode andar divorciada, infelizmente, da
fé!) a oportunidade de “crer”, ao desmascarar, diante de Durville, de Papus, de
Chamuel (que a pás. 67 da B.M.H. esclarece ter assistido a isso, em dezembro de
1898, debaixo do pórtico da Igreja Saint-Merri), e de outros, a velha mendiga
pseudoparalítica dizendo-lhe quanto ouro ocultava no colchão!: O MEM “matava” –
por assim dizer – diversos coelhos com uma cajadada só; que magnífica
generosidade no uso do Poder!
Vejamos alguns ensinamentos esclarecedores, do MEM, sobre isso:
E. 279 – Cada ato meritório está, como tudo o mais, marcado em nossa fronte,
e ninguém têm o direito de nos julgar, já que Deus mesmo não julga: somos nós
mesmos que nos julgamos. Não acreditais que viemos para viver e não para morrer?
Não quero dizer que vivemos sobre esta Terra, mas aqueles que crêem em Deus
estão marcados no livro da vida. (S. Ly., 26-2-94.)
E. 386 – P: Quando se tem gozos íntimos, satisfações que não se pode
descrever, é a alma que se lembra?
R: Não, a alma não se lembra. A alma pode ter sensações que o corpo ignora.
O corpo também pode agir sem que a alma nada saiba. O espírito pode manifestar-
se e voltar atrás por certo período de tempo. Assim, que me aprouvesse saber de
uma pessoa que vem pela primeira vez, o que ela é, o que fez, o seu espírito, se eu
o interrogo e até sem isso, pode mostrar-me tudo quanto ela fez desde a mais tenra
infância. (S. Ly, 28-1-95.)
E. 287 – Tudo isso vos parece triste, porém acreditai que tudo tem a sua razão
de ser e que o agora feito tem a sua utilidade. Com freqüência as penas deste lado
prosseguem no outro, e no mesmo instante em que estes três indivíduos sofriam o
que tendes visto, seres que vinham de desaparecer foram liberados de penas
semelhantes (S. Ly., 28-1-95. Falta na 5ª Edição.)
Com. 61 – Cada ato está escrito, em diferentes modos, que se completam: tipo,
expressão, série, cores: são os modos gerais. Os fatos, em clichês que podem ser
vistos ou, diretamente sabidos, conforme veremos adiante, pelos que tem os
sentidos Íntimos, (não os astrais, que são os da mediunidade até a ioga, inclusive). –
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Ninguém tem o direito de nos julgar: cada um já foi ou ainda será, isso mesmo que,
às vezes, condena em outros; e por que julgar, se tanto trabalho nos daria
conhecermos-nos primeiramente? E, como julgar, se nada sabemos e se Deus não
julga? Esta última afirmação do MEM é tremenda, porque Ele provava que sabia o
que dizia! E, se somos nós quem nos julgamos, não precisamos: nem que outros
nos julguem, nem julgá-los. Mais, como nos julgamos: atraindo e aceitando
(progressivamente, neste último caso) o que bem sabemos que nos corresponde. E,
se Você se atreve a protestar, Carolei, no silencio de seu quarto e frente ao MEM,
faça-o!
Viemos para viver: isto é, para progredir, melhorando o que está escrito (por
nós), sobre e em torno de nós; e por isso sobre nós – agora no sentido do que
consta no Livro da Vida: os que crêem e se esforçam, sairão desta Terra, para o
lugar imediatamente superior...
Com. 62 – Cuidado: devo advertir que o MEM, de acordo com o espírito
intelectual de sua época e com a língua francesa, não usava o léxico adotado pelos
ocultistas: corpo físico, alma perfectível e transitória, espírito imortal. Ele expressava-
se na forma que seguiremos usando em todo este livro (por respeito a Ele): Corpo
mortal; Espírito intermediário (parte emocional do homem, parte astral, que o MEM
diferencia do duplo (etérico), do qual Ele fala em importantes ensinamentos). – A
Alma (imortal) não se lembra: ela vive fora do tempo e do espaço, é divina de
essência e de dimensão. O espírito pode manifestar-se; por exemplo, retomar o
exato aspecto que tinha: minutos, anos ou vidas, atrás. Por um período variável
conforme o valor e a consciência espirituais. Mas, porque o espírito da pessoa
mostra ao MEM “se o interroga e até sem isso”? O MEM, como faz sempre, fala com
múltiplos sentidos: até sem isso, porque: a) O MEM sabe – já o vimos – TUDO , DE
TODOS; b) Todo espírito na Terra, posto diante Dele, sabe, também, que tem que
se “apresentar”... no sentido militar do termo, se cabe a analogia. Entendido? –
Desde a mais tenra infância: e antes também, mas o MEM limita sua expressão,
para não chocar nem ser prematuro... – Sensações corporais só: as materiais,
quando não despertam eco emocional ou mental. – As só da alma: vividas em
abstração do corpo (na vigília), sem sua participação, senão de suporte; e, as de
sono, transe, etc., quando sem reflexos corporais, ou quase, cousa extremamente
rara. Certos estados que veremos mais adiante, também. Um ”estado”, muito
interessante para sobre ele meditar, Carolei, é o que se instala no Discípulo quando
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percebe, e aceita – ou não – que o preço do ensino recebido ou almejado, é


apresentar-se, mostrar-se como é, o mais aberta e reiteradamente possível, ao
Mestre!...
Com. 63 – Mais difícil de entender, por não estar descrita a experiência feita.
Mas, se UM QUE TEM O PODER DE DESATAR, faz com que seres vivos deste
lado, sofram o que, do outro, ressentiam certos espíritos, para pagar erros da
existência recente, cabe meditar que, todos temos uma parcela desse mesmo poder
de DESATAR a outrem de penas, se as assumimos, livremente sobre nós. Isto, vai
da divida com o Banco monetário, ao de sangue, ao Moral: o Livro da Vida-Conta-
Corrente Universal.
Conclusões:... Uma delas, pelo menos: cada um recebe o dom de enxergar, de
fato, no rosto ou no espírito alheio, na proporção em que é capaz de interessar-se,
de coração, por apoiá-lo ou carregar parte...

***

O Muito Excelso Mestre e OUTROS PODERES DELE. – Com. 64 – Vimos,


Carolei, que o MEM tinha, para dominar e guiar aos grandes – os que o eram, em
relação “à triste tropa dos medíocres” – o Poder de saber seu passado... e seu
futuro, como quando disse a Durville: “dentro de dois anos ireis crer”... – Veremos
outros Poderes, totalmente acima dos que se pode imaginar corretamente; lembrarei
o usado quando da exigência do Prefeito (em 1870) e “desmaiou” a um Conselheiro
pedante; eu expliquei: retirou o espírito do corpo, ou seja: paralisou o coração ou
mandou ao espírito sair. Quem faz isso, sem o menos gesto, só “concentrando-se
uns instantes”? Vimos também (Ens. 454, pág. 56), que Ele curava os males mais
inverossímeis e o fato se produzia instantaneamente: a característica exigida para
os milagres, como Você se lembrará, Carolei! Vamos dar alguns mais, que
completam e esclarecem ensinamentos já conhecidos:
E. 444 – Uma jovem senhora, que até então tivera apenas filhos natimortos,
falou-lhe nisso com desespero porque tinham-lhe dito que isso provinha de ter ela,
em anterior existência, destruído seus filhos. O Mestre ficou triste por haverem
afligido assim a essa mulher e, com muita doçura, disse-lhe que seria melhor tomar
o que lhe acontecera com uma prova e que, doravante, “alguém” dar-lhe-ia filhos
vivos. De fato, ela teve, depois disso, diversos filhos aos quais criou perfeitamente
bem. (4ª e 5ª)
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Com. 64 – Já pensou, Carolei, no que significa o Poder de prometer filhos


vivos, a quem só os traz mortos? E, tudo isso, porque o MEM julgou compensada,
moralmente, a falha que a mulher tivera alguma vez, pela aflição por ela vivida.
Resumiu o pecado e abriu conta nova. Só! Da mesma forma acontece quando, no E.
459, que não reproduzo por extenso, promete filho varão à Imperatriz. E esta lhe
beija a mão, por saber, sentir, que o que Ele promete, será. E foi. Para compreender
– em que partezinha: até nós podemos procurar isso – a fonte do Poder do MEM,
isto:
E. 440 – Um dia o Tribunal citou, e o Promotor Publico o acusou de atrair às
suas sessões pessoas às quais despojara das jóias (!). Dois dias após, o filho do
Promotor adoece de crupe diftérico; enlouquecido, o pai vem suplicar-lhe que cure a
criança. Ele pediu a cura ao Seu Amigo e a obteve. (4ª e 5ª)
Com. 65 – Acusado de forma tão baixa; atingindo na sua honra! E, agora, que
acontece, Carolei? O Anjo faz o filho do Procurador adoecer, para lhe dar a
oportunidade? Ou o MEM é “glorificado”, mais uma vez, dando-lhe como beneficiar?
O pai suplicou; o MEM pediu; o AMIGO: Jesus, concedeu. Não está tudo claro?
Mas, que poder de esquecer, de perdoar, é preciso cultivar, para chegar aos
outros!... E, o que mais dominava a grandes e pequenos, não era só a cura, senão
O MODO...
Também há aquelas curas a distância, como (E. 431) quando “passou os
exames” na Rússia, curando aos doentes, com só saber o número do leito!...
Na Rússia, também se fez “invisível”, vamos lembrar o fato:
E. 435 – Em outro desfile, ele se achava, à paisana, no carro da Tzarina... Um
Oficial da Guarda, vendo de longe aquele civil sentado junto a Tzarina, aproximou-se
a galope, admirado com tal anomalia, e verificou que a Tzarina estava sozinha! E
assim, em diversas oportunidades sucessivas, Philippe tinha-se tornado invisível! (4ª
e 5ª)
Mas, se lá, Ele tinha se rodeado de moléculas de diferente poder de refração
(e, para isso, é preciso PODER mandar nas moléculas), ou, se preferiu o método de
paralisar o poder visual alheio (sem fazer perder a consciência e livre ação?...) ou,
se usou do sistema de tornar-se totalmente neutro, não se saberá facilmente.
Vejamos, então, ouro caso mais curioso ainda; na França:
E. 576 - ...”As idéias mais raras circulavam a Seu respeito. Diziam que podia
tornar-se invisível. Ele teria até feito uma experiência diante do antigo livreiro
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Chamuel. Tendo colocado diferentes ervas num pote de barro, cozinhou-as; saiu
disso um liquido que, posto sobre brasas, deu espessa fumaça. Ele teria se
colocado no meio e teria se dissolvido com ela. Só dois dias após o tornaram a ver
chegar na Livraria. Sorridente, um pouco galhofeiro, mas não dando explicação
alguma para o acontecido...
“Em outra oportunidade, penetrou em uma reunião em que se achava Sédir e
Chamuel. A porta estava fechada com chave. Os dois amigos corrigiam provas. Se
não me engano, tratava-se do Livro das Encantações. Totalmente transtornado por
essa Presença, eles se levantaram, mas o M. PHILIPPE, tendo tomado uma folha do
manuscrito, a pôs no bolso, e desapareceu da sala, como um fantasma. Dois dias
após, Chamuel recebia, pelo correio, o manuscrito corrigido.”N. 59
Com. 66 – Assim, Carolei, tendo o Poder de desmaterializar Seu corpo físico
(você sabe que, hoje, nos Laboratórios da G. Electric, estuda-se essa possibilidade
e a de – futuramente – “viajar” Você por cabograma? – Estou falando serio; isto é
científico... em estudo). Mas, o MEM o operava. A fumaça não só ocultava certa
parte da operação, como, eventualmente, a facilitava e mantinha no ambiente certa
pureza. Há como relação entre certos aromas e certos estados. Mas, não confunda,
Carolei, não estou explicando como se faz, senão os passos da compreensão da
possibilidade material. O Poder é espiritual.
Eu tenho visto como, em milhões de estrelinha de ouro, aproximam-se Seres
que moram no outro extremo do planeta. Mas isso é outra historia...
O caso do manuscrito é melhor para ocidentais: não há fumaça; há uma porta
fechada; há dois homens de reputação ilibada, como testemunhas; e há um
manuscrito levado através da parede e devolvido, corrigido, pelo correio!
Desdobramento em corpo astral não serve: astral não carrega manuscrito! Em corpo
mental superior sim... com o Poder de MATERIALIZAR o corpo físico onde quiser!
É claro que, depois disso, todos os ocultistas da época (perdão: os pouquinhos
deles capazes de crer!) iriam se submeter como Discípulos, a Quem dava essas
provas... após muitos anos de fiel dedicação!
Bem, como não sou M. PHILIPPE, não irei ensinar Você, Carolei, “como tornar-
se invisível”. E nem creio que o MEM o ensinasse... Mas, deixando de lado os

N. 59
 Do relato “a propósito do Mestre PHILIPPE...” por “X...”, na revista “L’INITIATION, de setembro de
1955 (ano 29, n. 3) pág. 125.
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engrimanços mágicos, posso lhe dar umas indicações, para ir treinando diferentes
métodos conjugados... Medite nisto: se um homem pode parar a mente à vontade e
entrar em real paz interior, não desperta eco nos que ficam pertos. – Se uma pessoa
aprende a distender e contrair sua aura, acontecerá o que muitas vezes me ocorre:
quando desejo, na rua não me vêem; e quando, pelo contrário, há muita gente e
podem incomodar Sádhanã, ela caminha atrás de mim, que ando com a aura um
pouco aberta. Os que passam pela rua, vão deixando um vão em torno de mim. Não
sabem porque. Imagine só, carolei, se um grão de pó como eu faz isso, que Pode
fazer o MEM! – Faltam duas receitas: quanto mais humilde se é, mais
desapercebido se pode passar, à vontade: há treinamento! E, quanto mais bonzinho
se é, mais atendido quando se pede para não ser notado. Já disse que são
acumuláveis...
E. 448 – Dois policiais levavam a um homem; ele aproximou-se (Chapas
estava presente). Philippe pediu-lhes que soltassem ao homem; os policiais se
negaram. Então, puxando um jornal do bolso, pô-lo entre as mãos dos agentes
dizendo-lhes: “Tomais, ai está o vosso preso!” E os representantes da autoridade
largaram do preso e levaram o jornal para a cadeia...
E. 796 – Estava um dia com Chapas sobre o cais. Passam dois gendarmes
levando um descritor. O M. PHILIPPE pede-lhes, cortesmente, que o soltem;
respondem-lhe grosseiramente. Então, Ele lhes aponta uma árvore próxima,
dizendo: “Mas, ai está o vosso prisioneiro. Segurem-no bem!” – E os dois
gendarmes aferram as mãos na árvore e....acordam uma hora após, olhados por
multidão irônica...
Com. 67 – Temos , assim, Carolei, dois ensinamentos mostrando que MEM:
não temia fazer demonstração de seu poder em plena rua, quando se tratava de
garantir a liberdade alheia; no segundo caso, há dois ensinamentos, além da
demonstração de Poder: um, que o MEM aprova a Objeção de Consciência (direito
de negar-se a matar, ou a prestar serviço militar, que é aprendizagem de
N. 60
assassinato – ); o segundo: que, pelo fato de terem respondido grosseiramente,
os gendarmes foram postos na prova de escárnio popular; generosidade do MEM,

N. 60
“O serviço militar obrigatório foi, desde mais de um século, a verdadeira causa de uma multidão de
males que afligiram a Sociedade.” (Carta de Sua Santidade o PAPA BENEDITO XV, em outubro de 1917, a
Mons. Cesnelong, arcebispo de Sens.) E, não esqueçamos que o moderno Santo Católico, o Abbé PIERRE,
defende corajosamente a “Objeção de Consciência”, primeiro passo para uma futura Era, na qual a Humanidade
renunciasse – por maioria absoluta – às guerras!
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que lhes permitiu pagarem, assim, à vista, a dupla falha: a seu dever funcional, deles
e a Verdade que Ele representava.
E. 798 – Em sessão, dois auditores são solicitados a colocarem as mãos acima
da cabeça. Instantaneamente, ficam como coladas e, isso, apesar dos esforços
feitos por duas pessoas vigorosas para separá-las.
E. 800 – Um jovem dragão tinha se ferido gravemente pelo seu cavalo (fraturas
múltiplas). Resolvera-se uma amputação... O infeliz soluçava, antes da idéia de
perder uma perna. O M. PHILIPPE acerca-se dele e lhe diz: “Por que choras?
Amanhã estarás curado!” No dia seguinte, para total surpresa dos médicos, a cura
era completa!
Com.68 - Vemos, assim o uso do poder, desde a demonstração singela, de
dominar a força física e a vontade (duas coisas das quais todos nos orgulhamos
tanto, e demais!), até o uso - dádiva maior - para evitar que um ser, que certamente
o merecia, ficasse aleijado e perdesse seu lugar, na Cavalaria e na Vida social! - E,
isso, em silencioso desafio aos médicos, e à lei humana, cada vez que a ignorância
cientifica (relativa) não solucionava, bem o caso.
Falta-nos, agora, Carolei, olhar um pouco mais de perto: até onde podemos
entender essa vida dupla: a do “burguês visível”, e a do MESTRE nele ocultado,
voluntariamente; e, se ele mesmo deu algumas indicações sobre isto...

***

O Muito Excelso Mestre e A SUA VIDA SECRETA.- com.69 - Naturalmente,


não pretendo mostrar, neste comentário, toda a vida secreta do MEM. Em primeiro
lugar, conheço apenas parcelas dela; em segundo lugar, muitos dos aspectos que –
dela também – possam ser compreendidos, irão surgindo, nas linhas, ou entre elas,
nos temas ulteriores. Mas, convém fizermo-nos uma idéia do modo de ser e de
proceder do MEM, nos poucos aspectos que, dele, deixava perceber, não obstante
sua aparente singeleza; vejamos, por agora, algumas das facetas “externas”.
E.461 – Eis alguns pormenores sobre o comportamento de M. Philippe:
Ele era cortês e muito respeitoso para com qualquer funcionário. Caminhava
muito sem nunca apressar. Fumava enormemente longos cachimbos de barro. A
sua hospitalidade era muito liberal e sua generosidade muito grande.
Não tinha regime alimentício. Embora nunca apressado, nunca ficava inativo.
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Possuía grande habilidade manual para todos os trabalhos mecânicos, de ferro,


madeira, vidro, etc; dedicava-se muito à química farmacêutica.
Podia passar completamente sem sono.
E - 421-entre outras particularidades físicas, ele dorme muito pouco (3 horas no
máximo). Teme o frio, fuma muito, mas é muito sóbrio.
E. 430- ele possui completo conhecimento de química, de alquimia e de todas
as suas aplicações.
Com. 70 – cortês e respeitoso de leis e seus prepostos, já que isso ensinava.
Quantos estudantes fracassam nesse aspecto: são muito “espiritualistas” mas se
podem driblar um imposto, um decreto, um regulamento, uma alfândega, o fazem
que progresso só espera, depois, e que apoio do plano do Verbo-Verdade? Quem
caminha, muito, sem jamais se apressar, é meditativo e tem paz interior. – Quem
fuma enormemente, sem ser por vício - pois o MEM não podia tê-los – mostra, com
isso que, na época atual, Ele aprovava o uso do fumo; e, poderia ter fumado
“pouco”. Se fumava muito, será que há um uso especial do fumo, dinamizador astral
e estímulo da força criadora, no sentindo plástico; da imaginação para nós, homens
comuns. Aqui temos visto, muitas vezes, o MEM “consagrar” ou fazer o gesto – e
Nele, palavra e gesto, “são” o que indicam – de proteger ou aprovar alguma cousa,
depositando em cima, cinza de seus cigarros, charutos ou cachimbo.
Eu não fumo, mas tenho por obrigação mostrar este fato, para os que podem
usá-lo, não como pretexto para um hábito que os domina, senão para aprenderem a
utilizar aquilo que dominassem.
A hospitalidade era uma virtude Essênia, e, quem não for hospitaleiro e
generoso, nenhum progresso fará, pois se está fechado, e se é egoísta ou
indiferente em atos, de que lhe servem doutrinas? Por isso o modo de viver do MEM
é a Lição prática, que mostra como aplicar Seus ensinamentos. Tornaremos a achar
isto no tema “As duas Vias”. – Não tinha regime: mostrava, assim, que realizar-se ou
ser realizado, filho de Deus, Mensageiro ou Missionado Providencional, não
depende de regime, vegetariano ou não. Que, cada um pode viver como comporta a
época e o lugar em que lhe toca encarnar e atuar, sempre que faça o “essencial”. No
tema “Dieta”, ampliaremos isto, bem como os demais pontos do E. 461.
O poder passar completamente sem sono, representa também um poder e um
grau especial de consciência e de evolução; isto processa-se em cada reino, pois
vemos, por exemplo, que a formiga – cujo cérebro Huxley qualificara de “a partícula
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orgânica de mais perfeita organização, neste planeta” – passa sem dormir. Será por
isso que dizem que esse animal vem do planeta VÊNUS, onde tudo é mais
adiantado que aqui, assunto sobre o qual o MEM nos dirá alguma cousa…
É claro que, ao nos ser dito que Ele possuía um completo conhecimento de
Alquimia, Química, etc… já percebemos que esse burguês… não é tal!
E cabe lembrar, como transição, Carolei, aquele “caso” do E.462, em que O
vimos fazendo com que o capitão da lancha A Môsca deixasse de parar nos
embarcadouros nos obrigatórios no trajeto. Ninguém reclamou, nem percebeu…
mas, será que você, carolei, percebe a complicação real do caso: fazer um serviço
público sair do horário? Impedir a uns de embarcar e a outros desembarcarem? E,
QUEM arruma tudo que isso poderia desarrumar, mas vidas de toda essa gente? E,
QUEM faz com que, pelo contrário, fiquem beneficiados, por terem elaborado –
embora involuntariamente – naquilo que ELE tinha que fazer com tanta urgência? –
Como vê, Carolei, não são as cegas explicações “sugestão coletivas”, ou qualquer
outra asneira do mesmo quilate “intelectual”, que resolveriam o que ELE tinha que
resolver para fazer isso. Compreende, Carolei, que numa das condições do Poder
Espiritual é o sentimento de responsabilidade coletiva?
E, que gratidão, ou que outro laço, ligaria o capitão, para ele, sem sugestão,
em plena consciência dizer, só, ao MEM: “ah, sois Vós; está bem.”E ordenar logo a
plena marcha e a supressão das paradas. Gratidão e Decisão, aliadas, Fé e Entrega
também. Acha, Carolei? Ótimo!
Com.71- lembremo-nos, ainda, de que nos disseram que ele mudava a cor dos
olhos. Geralmente castanhos (o homem, e o tipo familiar), mas, às vezes,
apresentava-se com olhos de esplêndido azul (I, 50). Estes últimos eram os Seus
mesmo: os do Grande Ser celeste.
Com. 72 – não esquecemos, carolei, que o MEM tinha aquele misterioso
quartinho, já mencionado a pág. 46 do I Vol. – lá onde ele mostrou a Papus o “filme:
sucessão de clichês” da vida passada das duas mulheres que tinham deixado
morrer de fome á jovem parenta para dela herdarem; esse quartinho misterioso,
Carolei, era o ORATÓRIO DO MESTRE. Eu o tenho visto – nas minhas pesquisas
psicológicas, como diria o MEM -, assim: um quartinho pequeno, com paredes lisas,
pintadas de cor clara – marfim puxando a creme e mobiliado apenas com
banquinhos singelos, de madeira; mais tarde usei esse dado para desenvolver, em
alguns dos meus, a observação do que acontece na aura humana, quando a pessoa
http://amopax.org 123

está em prece, ou sob sentimentos opostos. Já veremos alguma cousa das “auras”,
adiante…
Você imagina, Carolei, o que seja o ORATÓRIO de um Mestre como o MEM?
O lugar no qual ele orava pelos doentes e transviados; onde ele assumia as
promessas alheias - que já nos disse que endossava; e onde, também, aceitava os
sacrifícios capazes de compensar certos acontecimentos e mudá-los, ou suprimi-los!
– Por isso disse Papus que: “era uma grande honra”, ser admitido nesse quartinho…
no qual terá desfilado, mais tarde, tanta gente, sem ver outra cousa senão um
pequeno cômodo desconfortável… Isso é a imagem da vida, Carolei!...
Com. 73 – lembra, Carolei, já vimos que, só em certa época, mais ou menos
em redor de 1892, é que o MEM teve a Revelação do “Seu Mistério”: Encarnações
passadas, Missão atual, plano de Origem, e mais Mistérios transcendentes. – Isso
virá à luz, aos poucos… lembremo-nos, também, o que ele mesmo revelou:
E. 255 -… E, se não vou na hora indicada, não fica igualmente aliviado o
doente? E todas as pessoas presentes, quando eu disse que iria vê-las, não ficaram
aliviadas? E algumas não sentiram a minha presença? Pois bem, não posso ir a
toda parte ao mesmo tempo; e não vou a toda parte com os pés…
E. 496 – Não, me dizem o que peço; não preciso olhar; isso é possível, mas é
demorado demais e muito difícil; é preciso uma calma muito grande para isso. É
muito mais simplesmente que sei; conheço bem as pessoas, eis tudo. É exatamente
como para dizer o estado da vossa mão, não precisais olhá-la, é vossa e a
conheceis. (L. B., pág. 41).
Com.74 – Falta de fé das pessoas, às quais ele lembra que, quando ele
promete, embora elas nada vejam, nem confiem suficientemente, o prometido se
realizar; e, ainda, que ele vai a muitos lugares sem ser com os pés; vale dizer: em
corpo sutil, fato que ele prova logo, dizendo: uns me sentiram. (Poderia ter dito que
muitos O viram, pois era a realidade.) – No E. 496, a cousa sobe de plano: “…não
preciso olhar: SEI.” Que forma singela, mais do que discreta, de declarar a sua
posse da Gnose, que já comentei – O Saber, a cognição direta. E, o modo de dizer
“conheço bem as pessoas”, alude – ainda mais discretamente – às duas raízes
desse conhecimento: uma, as séries humanas (como eu as chamei sempre) e que o
MEM ensina como Caminhos-Famílias, etc, como veremos na parte mais reservada
de Seu ensinamento; a outra razão: Sua Presença entre nós, desde o inicio desta
Terra, cousa que ele, em forma velada declara, ao falar da “mão”. É como se
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dissesse: sois a minha mão, a ferramenta que tenho usado, desde o início, para
realizar o que a Vontade de Deus planejou, para esta que ele dá a prova do que
comentei aqui.
E. 579 – Vimos, a pág. 57 do I Vol. – no artigo de Pierre Mille – que o MEM
jogava na bolsa, para os pobres… - Acho interessante relatar um fato, que Michel de
Saint-Martin me contou em 1956: um homem vem consultar ao MEM, sobre como
jogar na bolsa para conseguir certo rendimento ou soma, que precisava; o MEM lhe
dá uma indicação. - Horas depois, outra pessoa vem, pelo mesmo assunto, e o MEM
lhe dá também indicação. – No dia seguinte, na Bolsa, estas pessoas se encontram,
pois são amigos, e contam-se o caso da consulta, verificando que o MEM dera
indicações diferentes. Cada pessoa resolve – secretamente – jogar na Bolsa com o
que fora dito ao outro. – Ambas perdem, pois jogam a contratempo; o MEM tinha
dado a cada um segundo o temperamento, etc… Mas, a pouca fé, a desconfiança e
o desejo de “lograr ao amigo” (pois outra cousa não era, no fim das contas!) fez
ambos perderem, embora o Boletim do dia mostrasse que o MEM acertara em
ambas as indicações.
Com. 75 – Como vê, Carolei, não é fácil seguir as indicações de um MESTRE,
pois elas sempre contêm, “testes”. Eu sei disso, arranjei bastantes desafetos por dar
algumas pequenas indicações nessa forma! Aliás, nem sempre o que quer lograr,
deixa de ser logrado. Vamos, Carolei, ver que o próprio MEM nem sempre achava,
não obstante a quotidiana prova de seu Poder, nem a entrega e nem a fé,
suficientes, para brindar mais oportunidades aos que o cercavam.
E. 580 – Michel de Saint-Martin também me referia isto: Diversas vezes, o
MEM, quando passeando com Discípulos, ao chegar perto das ribanceiras do Saône
ou do Ródano (e ambos são impetuosos e frios...) dissera: “Aquele de vós que
acreditasse, poderia atravessar este rio a pé, pois bastaria que eu lhe dissesse:
Vá…”  Nunca achou “candidato”, como dizemos cá no Brasil! Isso, Carolei, é outra
imagem e razão do porque os Mestres levam de volta – por assim dizer – muito do
que trouxeram com intenções de nos brindar…
Com. 76 – Não devemos esquecer tampouco, Carolei, que o MEM MESTRE,
não só dava muita importância a tudo quanto lhe alcançavam os seus raros
Discípulos mítico-psíquicos (como Marie, Papus, etc.), como também anotava tudo
quanto ele mesmo prometia ao Céu, como aquela anotaçãozinha manuscrita, Dele,
escrita em 13 de julho de 1896, às 7 horas e 15 da noite (citada a pág. 66) do I Vol.:
http://amopax.org 125

“Meu Deus, aceitamos as conseqüências do nosso pedido e aprouver enviar-nos”…


Seria ótimo, Carolei, nos acostumarmos a isso: anotar tudo que queremos
reformar, modificar, melhorar em nós mesmos; tudo que pedimos ao Céu; tudo que
prometemos fazer para ajudar a terceiros. E, olhar diariamente para essas
Promissórias Morais, pois essas também têm prazo, têm vencimento, exigências que
devem ser cumpridas; juros de mora, e, não o esqueçamos, podem ser apontadas e
protestadas, no Cartório do Destino, que nos embargará e retirará a Saúde, a
felicidade, o Passar, e até os Dons, necessários para cobrir o débito.
Não será uma das mais belas lições vividas, a que o MEM nos deixou, ao
legar-nos essa “anotaçãozinha”, que mostra que A LEI vale para o Imperador deste
mundo também… e com mais razão para nós!?

(N. 61)

E, a propósito de “como” é geralmente visto pelos Discípulos (pois O temos


visto em outras modalidades, ainda), cabe lembrar o:
E. 428 – Quando o vemos á noite não é sempre ele; é possível tomar a sua
forma emprestada. Quando a ele, sempre faz o possível por se apresentar
convenientemente vestido e de cabeça descoberta. Três vezes somente Seu Amigo
o fez cobrir-se. Se o vemos de oficial ou com longos cabelos arrastando no chão, é
sinal certo de ser ele.
Com. 77 – Nesta obra, Carolei, Você poderá achar quase todos esses modos
de O perceber!... E, oxalá lhe seja permitido Vê-LO diretamente!
O muito Excelso Mestre, os OCULTISTAS e as ORDENS. – com. 78 –
Somente os indiferentes e os cegos – do tipo que chamei de “adormecidos”, em Yo
que caminé… - consideram os fatos da vida isoladamente. E, cada ser é um fato que
caminha, e produz outros fatos, que são também seres. O conjunto terrestre de
todos eles: seres e fatos, que para o realizado são iguais, no sentido de serem
modos Da Manifestação, constitui, em cada momento e lugar – cuja totalidade é
uma época de vida terrestre – uma soma de CORRENTES espirituais, pelas quais o
Vento do Espírito sopra, vivificando, através de tantos instrumentos aparentemente
diferentes, mas na realidade complementários, o processar-se do progresso da

N. 61
 A origem dos Ensinamentos citados ou, reproduzidos, dos quais não se citou a fonta no texto das
recentes pág. É a seguinte: Ens. 421,428,430,448,461 e 462, figuram nas 4º e 5º edições francesas, como
“provindo de diferentes fontes” ( ver I Vol., pág . 163 ). – O E. 255 é de S. Lv, 22-1-1894
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Consciência e do Amor. Sendo assim, o MEM MESTRE - ainda mais na sua função
de Imperador deste Mundo – não poderia deixar de interessar-se por ajudar e unir, o
mais possível, aos Representantes – contemporâneos desta Sua última Encarnação
– das ditas correntes, vindas dos fundos da pré-história, ou seja: daquelas idades
sobre as quais a historia nada sabe, mas em que, isso não obstante, havia Vida
sobre a Terra.
Daí, Carolei querido, tornar-se imprescindível, já que não pude incluir neste
livro os “famosos” 43 capítulos sobre a Tradição, que ficaram para outro livro
diferenteN. 62, brindar a você pelo menos, o maravilhoso “Quadro Geral da Tradição”
que o sábio e generoso PAPUS organizara, com essa clareza de conceito que foi, é
e será a característica dos verdadeiros Martinistas, e os distingue dos amantes das
elucubrações, complexas e prolixas, que constituem grande parte da literatura “dita”
espiritualista, esoterista e Cia…
Com. 79 – Vamos ao Quadro, e ao MESTRE: depois dos primeiros Amarelos –
sobre os quais pouco se sabe ou se pode dizer – depois dos primeiros tempos
Egípcios (quando o sol se levantava do lado oposto ao de hoje, como prova o
N. 63
Zodíaco de Denderah – , e depois, também, dos esforços dos Brancos com os
primeiros Drúidas, é que o Quadro começa a indicar datas; melhor dito: épocas,
iniciando com 8.640 anos antes da Vinda de Jesus.
Acompanhado as múltiplas Correntes, que atravessam os séculos e
caracterizam as Sociedades humanas, e as civilizações que resultaram de cada
Corrente, ou simbiose – mistura íntima – de duas ou mais delas, em cada época e
lugar considerados, é que Você, carolei amado, poderá entender alguma cousa, não
somente do papel que o MEM MESTRE desempenhou, nesta Encarnação – e em

N. 62
– Ver a pág. 16, na “Segunda Palestra com Carolei”. Se for possível, hei de procurar, nesta
encarnação ainda, escrever um TRATADO DE SARVA IOGA, que provavelmente incluiria esses 43 capítulos. Se
não puder ser, um Discípulo receberá certas indicações para poder organizar e escrever esse trabalho, que
considero especialmente necessário na América Latina, em vista da grande ignorância reinante sobre o assunto,
fato compreensível, já que os Espíritas são maioria – que se conforma com Kardec; e que, dos “esoteristas”,
apenas alguns Teósofos parecem ter uma informação ponderável, embora muito unilateral, já que o Oriente os
fascinas… infelizmente só na teoria em muitos casos. Daí, resultar valioso, a meu ver, a contribuição de um
material sério sobre como é onde achar dados e provas. Da estreita união e seqüência dos efeitos e dos
métodos práticos, que devemos as sucessivas Correntes de MÍSTICOS reais. O “Quadro” pode ser achado na
págs. 108-109, isto é, no meio do 8º caderninho.
N. 63
– Não esquecer que o filosofo, escritor e iniciado em ioga, Paul Brunton em uma de suas obras: O
Egito Secreto (pág. 198 da edição francesa de 1941) mostra que o Zodíaco de Denderah tem uns 90.000
(noventa mil, carolei…) anos de existência ou, pelo menos, de tradição astronômica. Por outra parte, os
estudantes sérios poderão meditar, e comparar o dito por Immanuel Velikovsky, em sua obra Mundos em
Colisão, obra que supera a tudo quanto tem exposto, com tantas palavras e fantasias, muitos autores modernos
com “revelações astrais ou psicográficas”. Um pouco mais de ciência, e de conhecimento do que JÀ FOI DITO E
PROVADO, não seria demais!...
http://amopax.org 127

outras, Dele, que assinalarei, oportunamente – como também do papel: social,


cultural, religioso e místico (político, como simples e inevitável decorrência), que as
ditas Correntes tiveram sobre a vida coletiva; e, conseqüentemente, a importância
que o MEM tinha que dar aos Representantes ou chefes das mesmas e das Ordens
que, em forma séria e útil, moviam a essas mesmas Correntes,
contemporaneamente.N. 64.
Era, pois indiscutivelmente, parte do labor do MEM, orientar aqueles desses
chefes que tivessem humildade e entrega suficientes para aceitarem orientação ou
ordens – a diferença é grande! – e, também, porque o MEM, não podendo fazer tudo
sozinho, tinha que procurar, para semear a aplicar o que ele vinha nos trazer,
ajudantes – pequenos em relação e ele, mas grandes em comparação com “a triste
tropa…” – que, durante e após a Sua permanência física, fizessem esse trabalho,
cada um á sua maneira, e, em consideração com o tempo, lugar e circunstâncias..
Com. 80 – E, por falar em importância Carolei, acho realmente importante
lembrar que através da historia, houve, há e haverá os misteriosos Superiores
Incógnitos, que vem mover as peças do grande jogo…
E, Carolei, se combinarmos os dados do Quadro da Tradição, especialmente
os da época de Jesus em diante, e do laço das Sociedades Bizantinas de iniciação,
em particular, com o fato de ter sido dado, pelo próprio Constantino, o célebre
Lábaro, como Símbolo, acompanhando das palavras “Silêncio” e “Incógnito”, para
reconhecerem-se os misteriosos Membros, que procuravam receber e aplicar o que
os “Superiores Incógnitos” lhes transmitiam, não deixa de ser muito curioso – pelo
menos, Carolei! – que o MEM MESTRE, que evidentemente, não deixaria que
nenhuma sociedade humana se apossasse, Dele ou de seus ensinamentos, em
modo exclusivo ou mesmo preferencial. Deixe que se faça Dele um retrato que
ostenta, no canto (pág. 206 do I Vol.), precisamente o Signo dos S.: I.:, signo que,
muito mais tarde, foi também usado por numerosas Congregações e instituições,
N. 65
entre as quais alegra ver aos Beneditinos, ao Movimento “Pax Christi”, etc, .
Julgo ter dito muito, já… Olhemos um pouco o panorama na região e época do MEM

N. 64
– Para compreender bem, Carolei, o verdadeiro papel dos Chefes de Ordens, de Correntes de real
importância e seriedade, ele, queira estudar o dito, no livro Yo que caminé el Mundo, sobre “Seres ejes-
espiritualistas” etc… a pág. 88 e seguintes… e o que, nesse livro,está colocado em outras pág , para ser achado
pelos que são “ de Inquieto para cima”… e sérios.
N. 65
– Os Membros da Ordem Martinista e outros estudantes sérios, poderão consulta com proveito, o
notável artigo de J.de la C. (S.: I.: ), publicado em março de 1956, a pág. 21 da revista L’INITIATIONN, sob o
título “O Martinismo e a Tradição dos Superiores Incógnitos”.
http://amopax.org 128

MESTRE…

***

O muito Excelso Mestre, e “AMO”… e outros. – Com. 81 – O querido Mestre


CEDAIDOR, de quem falarei mais adiante, tinha-nos dito, mais de uma vez, que na
região de Lyson, era comum reverenciar-se ao MEM sob o nome de “AMO”. Mais
tarde, como veremos, foi fundada no Uruguai a “A.M.O.”, posta sob a proteção
desse Ser, e, sob tal denominação, reverenciava-se ao MEM, sendo que Ele, em
inúmeras oportunidades, deixou-SE ver, e também atendeu (curando ou protegendo)
quando invocado sob tal Nome, que tornou-se, assim como uma forma externa mais
discreta, de O designar, evitando- se o nome de PHILIPPE, que, “lá em cima” –
como se costuma dizer – mexe com Potências às quais não é oportuno apelar sem
um senso, muito grande, de proporção e responsabilidade.

Fig. 25

Quando, posteriormente, foi fundado o Monastério Amo-Pax. Fruto do labor da


A.M.O. e da nossa Cruzada de Vida Espiritual foi colocado sob a mesma inovação e
Proteção. Já é tempo, pois, de ver o que é que há, como laço real, entre o MEM
PHILIPPE e o nome de AMO...
Com. 82 – Já lhe tenho apontado, Carolei, que o MEM orienta um labor
Mundial, do qual um dos setores mais importantes abrange todos os esforços por
UNIR: instituições, igrejas, nações, etc. – Ora, o MEM costumava, como iremos ver
no decorrer desta obra, orientar, instruir, proteger, a determinadas pessoas, que se
tornavam seus Discípulos, mais ou menos diretos ou indiretos, para ajudarem,
tomando conta – até onde podiam fazê-lo – de algum desses setores ou subsetores.
Já aludi, quando falei, como sendo alguém que iríamos achar “por trás de
muitos…”, do Sr. Bouvier, curador, ocultista e espírita, que conforme testemunhas
contemporâneas, era orientado pelo MEM. Uma carta do meu Amigo, já citado
antes, Eng. Jean GATTEFOSSÉ, me dizia: “nasci em LYON… etc… estudei o
magnetismo e o espiritismo em Lyon, com M. Bouvier o curador, que era, ele
mesmo, fiel ao ensinamento do mestre Philippe”. Temos, assim, Carolei, um primeiro
http://amopax.org 129

dado sobre o elo – Sr. Bouvier – pelo qual o MEM manejava, por assim dizer, todo
um setor composto pelos mais amplos dos espíritas Lyonenses, cuja característica
se manifestava em dois aspectos: 1 – estudavam magnetismo (via positiva, cuja
importância extrema tornaremos a achar, adiante). 2 – Não temiam agir no aspecto
social e no procurar unir: igrejas, Nações, e, numa escala menor, porém
possivelmente mais difícil:… setores “espíritas e espiritualistas”!...
Numa carta de Jean BRICAUD, em nosso poder, vemos que estima e que
poder atribuía o autor da carta à “AMO”. Diz assim: “… Aliás, se houvesse uma falta
de harmonia persistente – o que não creio (ele se refere a “entre componentes de
grupo”) penso que poderíamos, em comum, trabalhar com AMO e diferentes
personagens que tiveram certa influencia no ocultismo…”.
Não esquecemos. Carolei, que esta opinião é a de quem já era: Patriarca
Gnóstico, Grã-mestre da Ordem Martinista de Lyon, autor de muitas obras valiosas,
etc. N. 66
Existia, alias, naquela época – antes de 1892 – em Lyon, uma “Fraternidade
Lyonense de estudos Psíquicos”, que em maio de 1892 era presidida por Elie Steel,
um dos homens que, com Cavarnie, Bouvier, “AMO” e outros, iriam dar a PAPUS o
maior apoio possível, mais tarde, como veremos em temas posteriores.
Assim, pouco a pouco, vemos desenhar-se o panorama Lyonene, e surgirem
as figuras de primeiro plano, entre as quais este “AMO”, sobre cuja personalidade e
ação direi, agora, precisões maiores.
“PIERRE VITTE (nome civil de “AMO”): um dos nossos bons amigos, um dos
homens que mais fizeram pelo progresso das nossas idéias deste vários anos, o Sr.
VITTE deixa a França dentro de poucos dias e parte o Oriente… este antigo
discípulo da Escola Politécnica, este engenheiro eminente é antes de tudo um
modesto e deve servir de exemplo a todos os que querem seguir a “via da
sabedoria” Vitte nunca quis ser parte exclusiva de nenhuma sociedade nem grupo
nenhum. Ele realizou o programa magnífico de ser o faro da união, em meio das
discórdias das pessoas e, se ele não foi membro de nenhuma sociedade
“espiritualista”, todas as sociedades, sem exceção, devem-lhe grandes serviços,
sérios apoios e numerosos membros.
“Percebendo, em virtude do seu posto, elevados vencimentos, Vitte só

N. 66
– A carta de Jean Bricaud, datada, em Lyon, em 29 de novembro de 1922, foi dirigida ao Eng. Jean
Gattefossé, que teve a fineza de nos ceder o precioso documento, que contém outras informações ainda.
http://amopax.org 130

conversava o estritamente necessário para viver, e distribuía largamente o resto ás


obras, ou aos homens vencidos pela fatalidade. Ao partir, deixa uma obra
considerável a terminar: esse Congresso de 1900, que será a consagração da tarefa
de união, tão bem conduzida por esse excelente coração e esse bom Amigo, que os
nossos votos acompanham em seu êxodo.” (Artigo de Papus, que “ L’INITIATION” –
trimestre julho a setembro de 1895, págs. 286 e 287).
Resta-nos ver, Carolei: o que era esse “congresso de 1900”, e a prova do
estreito laço que unia o Servidor “AMO” ao MEM PHILIPPE, que lhe permitira usar
as “três primeiras letras de um Seu nome muito sagrado e secreto…”.
Já vimos como Papus o trata: com que estima quase reverente, e apontando-o
como um exemplo, merecidamente aliás. Na coleção de “L’INITIATION”, do tempo
N. 67
de Papus, acham-se reproduzidos diversos artigos, de AMO e de outras
pessoas, que dão uma idéia do que fôra o Congresso, projetado para 1900. Mas
existe um livro, cuja publicação foi, aliás, noticiada pela mesma “L’INITATIONN”; em
1 de outubro de 1897 (vol.37, pág . 223-224 com entusiástico comentários de
Papus: ao Livro e ao Congresso projetado.
Dizer que esse livro de AMO: “O Congresso da humanidade”, editado em 1897
por Chamuel – de quem terei de falar, também! – é inachável hoje, torna mais
evidente o interesse que o MEM tinha em me fazer encontrar um exemplar, em
circunstâncias típicas para quem, torna a pedir na prece com que abre cada dia! N. 68.
Esse volume, de 378 páginas, contém os principais artigos que foram
publicados, notadamente nos jornais e revistas: Paz Universal (cujo diretor era –
outra vez! – M Bouvier!), L’initiation, Le Lotus Bleu, A humanidade Integral, A religião
Universal, a curiosidade, A revista Cientifica do Espiritismo, A luz, etc…, - pró ou
contra – por inúmeros órgãos de diferentes países. O prefácio foi de Marius
DECRESPE, autor de um das interessantes obras sobre ciência e psiquismo,que

N. 67
– Citaríamos. Entre outros: “A via” (vol.28), “Unidade, Amor, Ação” (vol. 31). “O Amor e as Doutrinas”,
este dedicado a Madame Papus, em julho de 1896; “O Amor e a Felicidade” ( vol 32). )este em 1897. E de se
apontar, pois, que muitos desse artigos são posteriores á sua ida, e a seu regresso, na viagem feita à índia, fato
que constituí a melhor retificação desacertada frase de quem escrevera, em uma nota do artigo de pág.17 do
vol.29, isto: “todas as nossas felicitações devem-se ao nosso irmão Jounet. Pela atividade inteligente de seus
esforços em favor desse Congresso da Humanidade, proposto em primeiro lugar pelo nosso prateado em
misticismo AMO.. Dói ver que um autor – místico cristão – possa considerar perdido e prateado a alguém , pelo
fato de ter ido para o Oriente. – Essa mesma limitação é útil para estudaras obras do dito autor, cuja identidade
reservamo-nos apontar apenas aos nossos estudantes sérios, pois discernimento e mexerico não são a mesma
coisa!...
N. 68
– Em 1946, por ocasião de breve viajem ao Brasil, achava-me por alguns dias no Rio, e, ao passar
pela rua rosário, senti repentinamente impulso – que meu Anjo, ou algum Mestre da Corrente Martinista, ou O
MESTRE… - que me deram , para eu entrar numa Livraria, em cujas estantes distingui logo o livro raro… que me
cobraram como tal alias!
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organizou o livro. De AMO, Só existe uma obra pessoal: “O espelho espiritual,


editado por Chamuel e admirado por Papus. Vejamos excertos, de AMO, que nos
Falarão, simultaneamente, dele do congresso e de seu laço com o MEM
PHILIPPE…
“O Congresso da humanidade é uma obra de Simpatia Universal. Ele deve,
através das divergências do sentimento ou do pensamento, operar a aproximação
dos homens de boa vontade, perturbar os credos de ódio que desolam o nosso
pequeno globo.
“Já que todas as seitas, religiosas ou não se mantêm senão por tal afirmativa,
elas serão chamadas em torno da idéia humanitária comum. Sua diligência em
responder ao apelo – dará a medida de sua sinceridade… N. 69.
“A meta do congresso da humanidade é procurar realizar, no plano ideal e
fazer entrever, desde já, no plano da vida prática, a Unificação da terra, a
constituição da humanidade integral – conforme o belo título do jornal que divulga
este bastante amor e belo titulo do jornal que divulga este artigo…
“O Congresso da humanidade será a chave dessa futura Harmonia entre nós,
se a nossa desditada Terra contiver, Hoje, bastante amor eficiente para realizá-la…
“Digamos, pois, com M. Bouvier, o simpático diretor de la Pais Universelles:
Diferentes Congressos poderão ter lugar simultaneamente, Congresso das
Religiões, Congresso do livre Pensamento, Congresso Espiritualista, Congresso da
paz, etc, mas caberá ao CONGRESSO DA HUMANIDADE reuni-los e enfeixar tudo”
(moral e intelectualmente, esclarece o artigo).
Com. 83 – Temos assim, a definição clara do que pretendiam intentar esses
beneméritos, dinamizados por AMO, no terreno comum em que iriam procurar reunir:
aos melhores representantes de religiões e instituições de fundo espiritualista,
começando por estas últimas, Já que a elas pertenciam e, por outra razão mais, que
esclarecerei quando haja de comentar as campanhas do ALBA LUCIS... – Vejamos,
agora, as convicções sociais do AMO; expostas em outro artigo (parte final do
mesmo, publicado em L’humanile integrale de abril de 1896):
“…Resta-me considerar o ponto de vista social da vossa carta. Aqui, falarei
como membro ativo da sociedade (humana), ou antes, da humanidade Balbúrdia à
qual pertencemos, e ireis achar – me completamente acorde com a vossa opinião.

N. 69
– Carolei: preste atenção a essa frase de AMO: precisaremos dela para compreender bem, mais
tarde, certas campanhas do ALBA LUCIS…
http://amopax.org 132

“A Sociedade atual esta condenada; ela é egoísta e má rapace e covarde. Ela


é o feudalismo financeiro e a mediocridade burguesa; ela é a escravidão de toda
inteligência e de todo braço aos Senhores ao ouro, de pai a filho.
“Decora-se ao produto do trabalho com o nome de Capital, a fim de se ter
pretexto para açambarcá-lo.
“A Revolução não foi feita para isso; ela não foi feita para que os ladrões de
grande marca ganhem milhões ás centenas, traficando sobre os objetos de primeira
necessidade (açúcar,trigo,etc), enquanto não garantem um cruzeiro por dia ao pobre
velho, que pode morrer de fome, após ter empregado toda a energia da sua
juventude e da sua idade madura, para acumulação daquelas riquezas…
“Essa Sociedade está condenada; tem o machado em sua base, Nada vale.
Ela é um perpetuo combate da Fraude contra a Verdade (ah! As vergonhas guerras
de povos a povos), da iniqüidade contra a justiça!
“Aqueles aos quais se perseguem terão um dia estátuas: os que têm estátuas
serão aos que têm estátuas serão lançados ao esquecimento.
“Mas, se dou razão aos que se lançaram na dianteira, em nome do amor
sincero da Comunidade da Terra, também lhes grito:
“Amai, e sede justos para com vossos inimigos. Pregai com o Exemplo e a
Doçura; pois a violência, sempre condenável, chama a violência, serve-lhe de
pretexto, a perpetua.
“Amai, é o único segredo de toda força, de vida, de toda paz, de toda harmonia!
“Aqueles que ainda dominam, direi: apressai-vos, pois que uma evolução,
ainda que dolorosa, vale mais que uma espantosa Revolução. Que os melhores
dentre vós, não reneguem ao Povo do qual saíram.
“Por isso, caro Senhor e irmão, repito ainda: as palavras de Paz e de União,
que o amor e a Sinceridade nos ditam, são as únicas armas que devemos empregar
para a realização da humanidade - Una.
“O Congresso da humanidade é uma obra pacífica de fraternidade universal.
Que não lhe façam perder tal caráter! – AMO”.
Com. 84 – Temos assim, Carolei, a explicação da amizade e Proteção dadas
pelo MEM, não somente a este “AMO”, mas também aos Papus, aos Jaurês, e a
outros que… lembra o “grupo” visto por Upasika. UM socialismo e progressivo,
sincero, deísta de ápice e humano de base, teria sido remédio preventivo contra o
comunismo materialista… Agora, é mais difícil tornar a subir a ladeira, pela qual, o
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egoísmo e a indiferença, fizeram resvalar a Sociedade.


No artigo – dedicado a Mme. Papus (ver N. 67) – achamos isto:
“O Verdadeiro Martinista é um irmão do silêncio; que saiba reconhecer aos
irmãos do silêncio em toda circunstâncias. Estes conhecem-se entre si; a multidão
que ama o Ruído, não os conhece.
“Quem escreve estas linhas não é senão um muito medíocre aspirante, ele dá
o testemunho de fatos maravilhosos que são faculdade dos homens que conhece;
ele sabe também que outros virão mais tarde sobre a Terra, que serão puros,
poderosos e refulgentes como as próprias Potências do Céu …”N. 70.
Com 85 – Assim temos agora Carolei, a declaração múltipla de AMO:
Martinista, “Irmão do Silencio” e agindo “para dar testemunho” dos fatos
maravilhosos do MEM PHLLIPPE… a Quem não cita já que sabemos que, nessa
época, tudo quanto concernia à Pessoa e à Missão do MEM era segredo bem
guardado pelos Discípulos … especialmente os de Lyon!
Resta-nos ver, agora, “a triste tropa dos medíocres”, anulando, pelo menos
postergando – e tornando mais elevado o preço, mais tarde, de nova possibilidade
para – a realização desse Congresso. É um documento tão pungente quanto
sugestivo, pelo que contém entre as dolorosas linhas:…, publicadas em
L’INITIATION, vol. 41, 1898, págs, 271 e 272, com o comentário prévio de Papus,
dizendo: “O nosso amigo AMO comunica-me a declaração que segue. Lamentamos
vivamente a decisão de AMO, embora inclinando-nos com respeito, ante as
elevadas razões que, do invisível, o incitaram a tal determinação” “Cessação da
primeira iniciativa – devo levar ao conhecimento dos leitores da “Paz Universal” uma
decisão que sem dúvida comoverá a mais de um coração. Desde o 15 de setembro
de 1894, tomei, neste jornal, a iniciativa do Congresso da humanidade.
“Com esse fim, publiquei toda a Serie de artigos intitulados O Congresso da
Humanidade, assinados “A Redação”, para garantir o caráter impessoal de tal obra.
“O nosso excelente confrade, M. Bouvier, o simpático Diretor de A PAZ
UNIVERSAL, abriu-me totalmente as colunas de seu jornal. Nenhum entrave houve
nunca de sua parte, para com os nossos Esforços.
“Hoje, abandono para e simplesmente a grandiosa Tentativa que tantas almas

N. 70
 A página 238 e 239 do livro citado, que menciona reproduzi-lo de “ LINITIAON”, julho de 1896. A
única diferença é que no livro, esqueceram de reproduzir a dedicatória a Mme. Papus, que citei na nota 67…
felizmente os Arquivos do Retiro sã bastante completos…
http://amopax.org 134

generosas saudaram através de todas as fronteiras.


“Se outros querem perseverar, reerguer este nobre e santo Estandarte, que o
façam!
“Não quero desanimar nenhum Esforço, e o Congresso da Humanidade
ingressa no Domínio público.
“Mas, e os motivos de semelhante Decisão? Dir-me-ão.
“Há-os muito misteriosos . O porvir esclarecerá vivamente este ponto.
“Enfim estamos em vésperas de um grande Ciclo… Depois, será o reino de
ouro que se estabelecerá pela Intervenção efetiva e publica da Onipotência sobre a
Terra…
“Disse-o, para confortar, apesar de tudo às almas amorosas, e não para desfiar
às céticas Legiões que tem tudo único Princípio: negar tudo quanto não
compreendem…
Com 86 – como se vê AMO fala como um pequeno Mestre. Pequeno, em
relação ao MEM, mas com que segurança e convicção profunda fala, em
comparação com a palavra, tão pretensiosa quanto retirente, de tantos outros! E,
Carolei, o artigo continua; mas estava destinado àqueles que, na época do MEM,
estavam familiarizados com certos ensinamentos do MESTRE, sobre o Destino e a
Missão Providencial das Nações em geral e da França em particular. Acharemos
isso, então, nos temas reverentes às Profecias do MEM PHILIPPE… bem adiante! .
Mas, agora Você sabe quem é “AMO”, Vê que laço ou laços, e que respeito
profundo o ligaram ao MEM. – Compreende-se, então, tanto a aparente confusão
entre AMO e PHILIPPE, voluntariamente ou não, acontecia em muitas vezes! –
quando invocado sob tal Nome, que, como já disse é o inicio do nome que ele tinha
em usam de suas mais gloriosas Encarnações, como iremos ver no seu devido
tempo!...
E, antes de deixar a “AMO”, possivelmente convenha ressaltar a sua viagem e
permanência na ìndia, como um dos motivos de ter sido escolhido pelo próprio MEM
para presidir aos trabalhos da “A.M.O”, de cujo caráter multilateral e unitivo do
Oriente-Ocidente já falei amplamente em Yo que caminé…, como, ainda,
eventualmente a sua decisão, de não mais insistir junto à parte da “humana
Balbúria” – termos dele – que se diz “espiritualista”… mas sabota tudo quanto não
for da sua seita!
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***

O muito Excelso Mestre e: ESSÊNIOS, GNÓSTICOS, TEMPLÁRIOS E ROSA-


CRUZES. – Com. 87 – Um autor que tratou dos Rosas-Cruzes escreveu: “Os Rosas-
Cruzes, herdeiros dos Templários, filhos estes dos Gnósticos, que vinham dos
Essênios… dos quais surgiu JESUS…”.
A rigor de verdade, Carolei, essa Frase poderia bastar, com uma olhadela ao
Quadro da Tradição – a págs. 108- 109, - para entender. Porém, como muitos dos
chefes de Correntes ou Ordens, que se aproximaram do MEM, estão relacionados
de modo mais ou menos direto, com alguma das “Correntes acima citadas, é bom
traçar algumas linhas orientadoras…
Os ESSÊNIOS. Dos quais só falavam, entre si, durante tantos séculos, os
iniciados e alguns raros teólogos ou exegetas, gozam recentemente de uma
renovada voga. É fácil, por outra parte, perceber o mal-estar, o desassossêgo, e, por
que não dizê-lo? O TEMOR com que, católicos, protestantes e judeus, tornaram este
assunto, quando do relativamente recente descobrimento dos “Pergaminhos das
Grutas do Monastário Essênio de QÛMRAM”, na primavera de 1947, junto à costa
oriental do Mar Morto. Esse pastor beduíno “Muhammed Adh-Dhid”, ou seja,
Mohamed o Lôbo, não supunha certamente ser escolhido pela providência, com o
achado que iniciou, causaram uma tremenda revolução, que ainda está nos
primeiros episódios, em nossos conhecimentos sobre As origens reais do
Cristianismo, bem como sobre a realidade da juventude de Jesus – o Homem, o
Essênio – e, por inevitável resultância, sobre todas as adulterações, voluntárias
umas, outras não, que igrejas e seitas várias acumularam, por ignorância ou por
fanatismo e ambição no decorrer dos séculos.
Umas quantas coisas resultam já evidentes como conseqüências do achado
do pastorzinho beduíno, e do sacrifício do Metropolitano da Igreja Síria, Mar
Asthanasius Yehue Samuel, que foi avisado logo no monastério de São Marcos em
que se achava então este Metropolitano arriscou muitas vezes a vida – por motivo
das então reinantes entre os bandos árabes e judeus – para carregar os manuscritos
que iam comprando. Com não menor sacrifício, durante anos, agüentou todas as
idas, marchas e contramarchas, de sábios, clérigos e governos, que, por um lado
que teriam gostado de saber o que continham os Pergaminhos, cuja importância e
antiguidade tornaram-se logo evidentes, e, por outro, temiam ver: uns, como os
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judeus, alterando ou anulando o valor dos seus textos “massoréticos” tradicionais


(isto, da época em que a letra e a interpretação foram fixadas); ou, como os cristãos
em geral que temiam - com uma pouca visão que não os favorece nada! – que o
Jesus Cristo único e divino viesse a sofrer, nesse caráter, pelas eventuais
revelações dos Pergaminhos. É triste tão limitada percepção da diferença, inevitável,
mas que deve ser feita entre a família, seita, raça, etc… (alguma havia de ter,
finalmente) em meio as quais Jesus “homem e Judeu” teve que nascer, criar-se, ser
educado, e etc; por mais cedo que se revelasse a Sua divina Origem, revelação que
os Gnósticos – como veremos adiante – situam somente quando completou-se a
fusão entre certa parte dos Seus Corpos superiores (como diríamos hoje) é o
menino de doze anos aproximadamente…
Mas, voltando aos Essênios, é evidente que não podemos servir à Verdade, se
nos deixarmos levar pela campanha que, com a tradicional, vêm construindo o setor
dos cleros, e, infelizmente, o católico com mais ênfase. Quando se estudam as
entrevistas e publicações como, por exemplo, as do R. do Pe. Barthélemy (Le
Monde, 31 de março de 1957), que concluí nivelando a “espiritualidade de Qûmram
a um dos adultos mais eficientes trazido ao solo judaico, o de Jesus insere um
germe novo “decido do céu”; ou do R. P. Daniélou (L’Express, 9 de agosto de 1957
em continuação a reportagens de 7-12-56 e 1-2-57), que, parecendo prestar
homenagem ao espírito monástico Essênios (em curioso contratempo, às vezes,
como outro entrevistado conjuntamente, o Sr. Del Médico, autor “Dois Manuscritos
Hebraicos do Mar Morto”, e de “O Enigma dos Manuscritos do Mar Morto” – N. 71, não
se atreve a ir até o fim da sua aprovação da idéia de Renan: “no fundo do
cristianismo é um essenianismo que triunfou”; ou, ainda, temos as novas tentativas
do Jesuítas, que, utilizam a mania moderna – nova crendice em certo modo – da
infalibilidade dos Cérebros eletrônicos (cuidado, é a arma de dois gumes para
Roma, também!) vão confiar a um “IBM-705” (que bonita propaganda! – ver Singra,
23-5-1958) a tarefa de procurar desviar atenção dos problemas profundos que os
Manuscritos trazem, para a conhecida chicana sobre termos e: não esquecemos o
cérebro eletrônico OPINA e OPINARÁ, apenas, em função dos elementos que se lhe

N. 71
– “Deux Manuscrits hébreuxz de la Mer Morte” – M. Del Médico. Ed. Geuthner. “L’Enigma des
Manuscrites de la Mer Morte” – M. Del Médico, Ed. Plon. – No que se refere as obras do R. P. Danielou, cabe
citar: “Les Manuscrits de Mer Morte”, e “Origenes du Christianisme”, devendo-se, ainda, apontar que o citado
Padre Professor do Instituto Católico, é francamente partidário da idéia de serem os Essênios o elo que faltava
no “início do Cristianismo”, como bem apontou “L’EXPRESS” na longa reportagem de 4 grandes páginas e meia,
citada.
http://amopax.org 137

proporciona, e da classificação que se lhes dê na “grelha” ou rede de elementos que


ele deve digerir… Ao chegar ao tema da Automação, tornarei a mostrar o perigo da
nova escravidão e cretinização padronizada, que a mecanização do pensar está
levando a já “triste tropa…”…
É, nem aqui no Brasil escapamos do labor contra as verdades que os
Manuscritos Essênios põem agora em plana luz. Efetivamente os Manuscritos, uma
revista, tão bem feita e hábil quanto – infelizmente – capciosas às vezes N. 72, falando
dos Rosa-cruzes, que despedaça com inegável talento, aproveita para negar – com
essas afirmações categóricas das quais “sempre fica alguma coisa”, por menos
fundamento que tenha – que os Essênios não poderiam ter Cristo como discípulo e
continuador da tradição essênia. Se falam em “Cristo”, estamos de acordo. Não é
menos evidente o recurso usado…
Voltemos então, as vistas para as fontes sérias; vale dizer: as que não tem
interesse sectário, como os livros, de A. Powell Davies, o de E. Wilson, e outros. O
último citado apresenta a enorme vantagem de ter sido um inquérito feito para The
New Yorker, em 1955, e de ser totalmente imparcial e objetivo, expondo os
interresses em choque. Os argumentos de cada setor e as conclusões que se impõe
por si mesmas. Assim como o fato de ainda haver muita coisa por decifrar.
Felizmente, agora os Manuscritos-rolos, acham-se na Universidade Hebréia, não
mais sendo possível alterações de textos, já que foram amplamente fotografados,
com cópias ao alcance dos investigadores, bem como exposição pública dos
originais. N. 73.
Sobre a Comunidade de Qûmram, poderemos resumir, que, além de ser
composta de uns 4.000 Essênios – o que já se sabia pelos Historiadores antigos
como Josejo e Filo – Plínio descrevera bem o lugar e tipo do edifício e da biblioteca.
Interessantes considerações fazem tais autores antigos sobre os motivos que levam
os Essênios a considerarem a mulher imprópria para a vida de comunidade.
Entretanto, em Qûmram acharam-se uns poucos esqueletos femininos, confirmando

N. 72
– “Pergunte e Responderemos” – N. 2, de fevereiro de 1958, págs. 44 e segs. Do citado artigo, só
podemos aprovar o que, aliás, tínhamos deixados entrever, a pág. 286 e 287 de Yo que caminé por el Mundo,
sobre certas sociedades comerciais que se intitulam Rosa-cruzes. Mas, isso não é coisa que acontece só neste
setor! Mais vale não falarmos em comercialização das coisas sagradas, não é de D. Estevão?...
N. 73
– The Meanning of the Dead Sea Serlls – A. Power Davies. – Em espanhol, pode-se ler: “Los rollos
del Mar Muerto” – E. Wilson, ótimo, claro e relativamente completo, para informação geral e imparcial. Existe,
também, uma obra do Dr. Hugh J. Schonfield, que foi muito louvada pela sua imparcialidade, e que, infelizmente,
não conhecemos ainda.
A conhecida revista LIFE – reproduzido do TIME – fez uma publicação ilustrada muito notável, na qual
resume bem os trabalhos feitos nos diferentes setores.
http://amopax.org 138

que não há regra sem exceção, e que algumas mulheres eram reconhecidas
capazes de seguir a austera via, o labor silencioso ou quase, e vida frugal.
Não sendo este livro a fazer a história nem descrever a doutrina Essênia,
salientarei apenas dois aspectos: um, que de fato, as buscas dadas lá, sobre a
direção do ativo padre De Vaux mostram um Monastério de pedra, de quase 30 por
40 metros, com vasta sala de reunião; outra, de estudos e redação; oficinas de
cerâmica, moinho de grão, etc. treze cisternas, duas quais seis grandes. Mas, no
aspecto material, o fato de que certos documentos achados, indicavam reservas de
200 toneladas de ouro e prata, parece confirmar a parte doutrinal de que eles
Essênios, se consideravam destinados a preparar a Nova Aliança, não apenas no
sentido que seus Manuscritos mostram que a recebiam misticamente, senão aquele
outro, mas grave na social e no espiritual, de que preparavam-se, para os tempos
que sabiam próximos, da missão: tanto de um João Batista, que teve indiscutíveis
laços com eles e não menor “tolerância” – poupar-te dos Essênios, devida a sua
forma de vida e de predica que era “revolucionária”de modo, embora coincidente de
fundo, como a do próprio Jesus, também indiscutivelmente ligado a eles, como
homem, isto é: Jesus, não o CRISTO. E, nesse aspecto é, onde os trabalhos do
orientalista francês Dupont-Sommer, em sua obra “Aperçus préliminaires sur les
manuscrits de la Mere Morte” levantaram celeuma entre os interessados em “não
mecher”…
São João, o do Evangelho do VERBO, isto é, o mais gnóstico de todos,
surgem também agora, numa luz que o faz considerar como mais “essênio, termo
que querem entender como mais judeu para significar provavelmente, menos
cristão…
Carolei, deixemos todos esses fariseus. Concluamos com as mesmas palavras
do inteligente artigo de LIFE: “E aos cristãos que desejam conhecer melhor a matrix
em que se gerou a sua fé, o povo que escreveu os pergaminhos estende uma mão
através dos séculos”…
Veremos, ainda como o MEM PHILIPPE, amigo “pessoal” – não temos outro
termo “humano” para dizer o que pensamos – de JESUS-O-CRISTO, nos explica as
duas naturezas de Jesus. E, por agora, olhemos para o Quadro da Tradição e
tornar-se-á muito claro como, por causa das Missões Budista, através dos místicos
da Pérsia, os Essênios tinham uma pré-Gnose que continha… tudo quanto está nos
pergaminho e muito mais ainda? E nessa, forma que devemos considerar Essênios
http://amopax.org 139

e Gnósticos como estreitamente unidos, pela posse comum de certos conhecidos


idênticas vivências.

***

Os GNÓSTICOS. – Com. 88 – Carolei, se eu abandonasse Você aos cuidados


dos dicionários populares, cuja venda está subordinada a não chocarem “Os
Poderes Constituídos”: Igrejas, Governos & Cia. Ltda; Você teria que se conformar
com isso “Gnosticismo: Sistema teológico e filosófico, cujos partidários diziam ter um
conhecimento sublime da natureza e atributo de Deus”. Até lá ressalvando o
prudente e dubitativo diziam ter, podia-se ficar com isso, como definição de
divulgação; mas, a seguir, tanto Cândido Figueredo como Ubiratam Rosa (que, aliás,
usam texto idêntico em ambas as definições) nos dizem: “Gnósticos: Herege;
partidário do gnosticismo”. – de forma que, a única salvação que nos resta é a
definição que se dignam dar de “GNOSE’: Ciência superior às crenças vulgares.
Saber por excelência: gnosticismo – do grego: gnosis”. Vejamos documentação mais
ampla:
Gnose – etimologicamente “conhecer”, porém não no sentido intelectual, se
N. 74
não no direito; isto é, como nos dirá Geyraud “… é a inteligência ou
compreensão imediata das Coisas Divinas, o Ensinamento dado nas primeiras
idades do mundo, quando o Egrégoro humano (alma do reino humano) ainda estava
plenamente compenetrado de luz. A Gnose, é essa tradição transmitida de idade em
idade, zelosamente guardada nos Livros sagrados do Tibete, do Egito, da Caldéia,
nos Mistérios de Elêusis. É a Via, a Verdade, a Vida, cujo ensinamento esotérico é o
Logos. É a subconsciência do homem, que o acompanha através das idades. É na
Gnose que Lao-Tsé descobri sua doutrina. Maomé impregnou dela seu Alcorão, na
parte esotérica. E Jesus a ensinou a alguns discípulos escolhidos.” – “Assim, pois a
Gnose não pertence a confissão nenhuma: ele é a Fonte de todas as religiões”.
Dessa “Gnosis”, um Doutor Gnóstico, Teodoto, citado por Clemente de
Alexandria, diz: “é o conhecimento direto dos mistérios de Deus, recebidos sobre o
que éramos e nos tornamos; conhecimento de: onde estávamos e onde fomos
postos: a qual procuramos atingir e pela qual somos redimidos; Gnose, que é

N. 74
– Exerto de “Sectes et Rites”, de Pierre Geyraud. Sobre as obras e personalidade deste sacerdote
católico, fiz pessoalmente uma investigação em Paris, em 1956. tornaremos ao assunto, mais adiante…
http://amopax.org 140

geração e regeneração” N. 75.


Os textos Herméticos (outra Corrente do Quadro, Carolei…) a definem como:
“uma aspiração, uma devoção interior, que é pura intuição espiritual, contemplação,
visão do Divino por meio dos olhos do coração (N.75).
Outra boa definição, que completa facetas: Gnose, é pois, autoconsciência; é a
conciliação, em nós, das aparentes antíteses do Universo” (N.75).
Um apanhado muito resumido de numerosas fontes, poderia dar a Você,
Carolei, essa visão do andar histórico da Gnose; com os seus diferentes ramos:
A “Disciplina dos Segredos”, transmitidas por Jesus a escolhidos, gerou a
corrente Gnóstica. – Antes de surgir alguma organização gnóstica, os primeiros
tempos da Igreja de Jesus, foram: A Igreja Ebionita, com Tiago como Pastor e Pedro
como Apóstolo: eles punham a circuncisão como condição para o batismo, e a Thora
(Lei-Doutrina-Judáica) como única porta de acesso ao Evangelho. Era, pois,
estreitamente nacional, buscando ainda em Cristo, o Rei social.
Com a chegada de Paulo, este conseguir afastar a exigência da circuncisão e,
a partir desse momento, é que os Gentios (os não Judeus) puderam tornar-se
Cristãos!... O Nazareísmo tornou-se Cristianismo, dando origem a novo tipo de
organização externa cristã: A Igreja Palestinense, que consta da Didaké, ou Doutrina
do Apóstolos, adaptação maravilhosa dos velhos catecismos, realizada em 150 e
descoberta em 1883 num Monastério do Oriente – Não tinha, tal igreja, ainda
doutrina fixa; outorgava Batismo, consagração Sacerdotal pela imposição de mãos e
Ceia mística, ágape comemorativo e simbólico celebrado, então, após o Ofício,
como ação de graças – Qualquer fiel podia batizar, havendo água, e preferindo a
imersão total. Diaconesas, existiam já nessa época. Celebrações em altares aos
sábados e, mais tarde, aos domingos também.
Aliás, Carolei, devemos ressaltar, antes de prosseguir, dois aspectos do já
exposto: um, que a aspiração, intuição espiritual, visão do Divino pelos Olhos do
Coração. E a autoconsciência, a conciliação, em nós, das aparentes antíteses do
Universo, não são, nem podem ser, uma posição filosófica, nem crença, nem credo,
e muito menos dogma, que resolva teoricamente e problema religioso ou místico de
ninguém! Por isso, “partidários da Gnose” é uma expressão que se presta a
confusão. Deveria dizer-se praticantes da Gnose, que é, exclusivamente?: uma

N. 75
– Exerto de “La Chiesa del Paracleto”, notável obre de Vincenzo Soro, gnóstico e martinista da Igreja
Gnóstica Italiana.
http://amopax.org 141

ciência da vida interior, como veremos com umas noções mais, sobre sua primeira
manifestação externa, nas Igrejas dos primeiros tempos cristãos.
Mas, antes de voltar à Igreja Palestinense, é bom esclarecer o segundo
aspecto: que, hoje, graças ao descobrimento dos Pergaminhos de Qûmram, sabe-se
já que a famosa “Didaké” grega, não passa de uma derivação do Manual da
Disciplina dos Essênios, que já tinha, antes da vinda de Jesus, o batismo, precedido
por um jejum; e a ceia sagrada, que compreendia um pão partido e um copo de
vinho.
Assim, pois, na Igreja Palestinense, esse labor devocional, a prática do perdão
e da caridade, era tudo, nessa igreja e nessa época. Profundamente crentes numa
segunda vinda do Cristo à Terra e do estabelecimento do seu Reino nela, tinha
como palavra de reconhecimento essa mesma que vimos em Arpas Eternas:
“Maranaltha”, que significa “Eis aí o Senhor…”.
Entretanto, posto por Paulo na via da “gentilização” (administração dos não
judeus) o Cristianismo se difundia rapidamente no mundo pagão, atingindo
Alexandria, foco de sabedoria notável, onde a propaganda apostólica cultivou aos
novos discípulos de Platão. Desde então, a Filosofia Neoplatônica tornou-se a
poderosa aliada da tradição evangélica. Dessas núpcias da Rosa com a Cruz,
nasceu o Quarto Evangélico… cujas fontes anteriores remonta à sabedoria do Zend-
Avesta (Livro do Conhecimento, dos Masdeístas) como aparece às vezes no
Eclesiastes, no Livro do Daniel (164 a. C.) e, também, no Livro de Enoque, sendo
este último fonte central do conhecimento kabbalístico-gnóstico.
Pedro, Tiago, João, tendo sido os três preferidos íntimos Discípulos de Jesus,
conservaram em segredo aquela doutrina reservada que o Rabi da Galiléia lhes
confiara. Era a parte mais transcendente e mística. A Igreja-Mãe foi a depositária.
Mas, alguns deles não puderam aceitar que Paulo, que não tinha recebido tudo isso,
como Pedro ou João, dos lábios de Jesus, e sim da Gnose pré-Cristã, não
observasse tanto segredo e divulgasse os mistérios relativos ao CRISTO e ao
Reino, tanto aos judeus como aos gregos e romanos. Não é outra a origem do
conflito Pedro-Paulo, que dura até hoje…
A Gnose Joânica comportava como idéias (não dogmas) centrais, estas: fundia
o ensinamento kabbalístico dos “três Adãos”: A Humanidade Ideal: Homem
Espiritual coletivo de todos os mundos e planos…; Adão Planetário ou Astral: soma
das individualidades evoluindo em determinado planeta…: e, finalmente, o Adão
http://amopax.org 142

humano, ou, em, terrestre: primeira manifestação limitada, ou seja: individualizada,


do Adam Kadmon, ou Humanidade ideal; com outros conceitos neoplatônicos: Deus
Criador, Logos, Verbo, Arquétipo.
Um resumo, mesmo breve, das doutrinas Gnósticas, teria que incluir,
inevitavelmente, uma apreciação da evolução da Gnose Joânica, através do tempo,
com as modificações e inovações de Simão o Mago – o primeiro Doutor Gnóstico,
célebre pela levitação que operou em público – e seus seguidores Cerinto
Menandro; ir pela Gnose Ciríaca, com Saturnino, até os Ofitas e Justino; passar por
Basílides, o segundo Luminar da Gnose; por Carpócrates; pelos Cainistas; por
Marcione, real pai da crítica bíblica; por Monoimo, sábio doutor árabe; por Valentino,
“o mais profundo dos filósofos” e seus movimento que animou as figuras como:
Marco, o matemático da Gnose, como Ptolomeu, Heracleone, Bardesano – o
salmista gnóstico – e muitos outros. Não tenho aqui espaço, nem a finalidade é fazer
exposição de doutrina, para o que, Carolei, Você deverá recorrer à bibliografia, no
fim do IV volume.
Mais tarde, já quase nas postimárias do século IV, continuou, agora no
Ocidente, a perseguição homicida que, no Oriente, tinha ferido à Gnose, na pessoa
de Manete, crucificado e de quem tiraram, em vida, a pele “a canivete”…
Priciliano foi, pois, mártir primevo, no Ocidente, não obstante a intervenção de
São Martin de Tours e S. Ambrósio de Milão. Durante os setecentos anos seguintes,
a Gnosis parecia adormecida, muitos dos seus fiéis reunidos na Armênia, sobe a
nome de Paulicianos – nome ainda hoje conservado pelos Gnósticos da Bulgária –
e, atravessando seus emissários e êxodos, o caminho da Trácia, pelos Bálcãs, a
Dalmácia, e daí a todo o Sul da Europa. Seu fervor religioso lhes fez merecer o
nome de “Bogomili” (os enamorados de Deus), ainda usado na Igreja Gnóstica
russa. Na Europa, tomaram logo o nome de Catharros (Puros ou purificados), do
grego catharsis: auto-aperfeiçoamento, autopurificação.
Orléans, na França, foi um grande centro gnóstico, destruído com o martírio de
28 de dezembro de 1022, onde pereceram muitos, entre os quais Heriberto, Teodoro
e o Chaceler Bispo Stephanus. Foi este último a quem a fria rainha Constância furou
um olho com a bengala…
Vinte anos após, houve os mártires de Milão, entre eles o Bispo Gerardo. Seria
tristemente longo, lembrar todo esse martirológio de defensores da liberdade
religiosa, da fé ampla e da idéia de federação livre das Igrejas. Foi preciso chegar ao
http://amopax.org 143

Concílio Geral de maio de 1167, realizado em Saint-Felix de Ceraman, perto de


Toulouse, pra uma nova proclamação e decisões, doutrinais e administrativas. O
Patriarca Nikita, vindo especialmente de Constantinopla, com nobres palavras
abençoou e aprovou a Igreja do Paracleto (Igreja Gnóstica do Espírito Santo).
Mas, após breve tempo, no qual floresceram os “Fiéis do Amor” (aos quais
pertencia Dante Alighieri, cuja Divina Comédia é um poema gnóstico), veio logo o
drama Albigense e o inesquecível episódio de Montségur; após três anos de luta em
toda a região. A nobre Esclarmonde de Foix, levou a Patriarca Guilharbetro de
Castres a seu castelo, com todo o alto clero gnóstico, famílias e seguidores.
Quando, após um assédio de quase dezenove anos, houve um cerco direto de
duzentos dias, na última possibilidade, o Patriarca que já tinha abençoado a muitos
heróis mortos, abençoou então a duzentos mártires. Entregando-se, foram entrando
no fogo, como uma procissão numa catedral!: na frente, o Patriarca, seguido pelas
duas Arquidiaconisas Raimunda de Cuc e Esclarmonda de Perelhe, que lhes
seguravam o Manto Sagrado; vinha após os Bispos, os Diáconos e Diaconisas, logo,
todos os Cavalherios e damas… Do centro das fogueiras, num derradeiro
esforço,elevaram-se:
Saúde, amor e benção, em Nossa Senhora O Espírito Santo”. E, em torno dele,
elevou-se também, o grande coro de amor e de perdão…

***

OS TEMPLÁRIOS. – Com. 89 – Mas, os Drusos do Monte Athos e outros, por


um lado, os Templários por outro, reintroduziram na Europa o pensamento gnóstico.
Daí nasceu a Gnose Templária, organizada em Ordem tão poderosa que, já em
1244, tinham “Comendadorias” e domínios esparsos por toda parte, devido ao
segredo sob o qual ocultavam seu real propósito: o de reconstruir O Templo: uma
nova ordem de coisas, social e religiosamente falando, com instrução obrigatória
porém não leiga, e a liberdade de consciência como base.
Em 1312 a Ordem foi processada. E, no dia 16 de outubro daquele ano,
durante a leitura da ata de acusação, que os 300 Bispos do Concílio ouviam nove
Templários, desafiando o perigo de se mostrarem, já que ser Cavaleiro do Templo
equivalia a prisão e suplício, vieram se oferecer para demonstrar a inocência da
Ordem. O gesto, pela bravura e pela franqueza, agradou (isto é de outra época,
http://amopax.org 144

Carolei…) e foram ouvidos até com simpatia a respeito. Mas o Papa, contra a
hospitalidade e a fé, os prendeu, tendo o Concílio portestado, um “Consistório
decreto” aboliu a Ordem, sem a menor consideração, nem a ela, nem aos
Consistório. Os Valdenses, com João Huss; e os Humanistas Rosa-Cruzes, com o
seu mártir Giordano Bruno, fecham essa página, rua de sacrifício por um lado e de
outro. Perdoemos, Carolei, aos que “não sabem o que fazem, e – parece – nem o
que se fazem”…
Os estudantes sérios poderão receber de nos, ou de outras fontes autorizadas,
os pormenores relativos ao “ressurgimento gnóstico moderno”, cujos episódios mais
salientes foram certamente os acontecidos com Doinel, funcionário da Biblioteca de
Orléans, que em 1886 achou um manuscrito de “Stephanus Heresiarcos
Chacelarius” ou seja: de Estêvão, o Chanceler gnóstico, “Principe dos Heréticos”.
Pouco tempo após, no Oratório da Duquesa de Pomar, perante dez pessoas,
entre as quais um Grande de Espanha, um Barão de um castelo dos Pireneus e
diversos luminares da vida oculta… houve nítidas manifestações “dos Bispos do
Sinodo Albigense de Moniségur”; cada um desses santos do Passado deu seu nome
e o Patriarca –Mártir Guillhalberto anunciou, em “voz direta”, a Sagração de Doinel,
o qual, efetivamente a recebeu, foi Patriarca um Bispo dos Velhos Católicos, da
Suíça, de maneira que, todos os Bispos Gnósticos dessa linha, são também
obrigatoriamente reconhecidos pelos demais Cleros, o Romano inclusive. N. 76.
Esse Patriarca Gnóstico “VALENTINIUS II” (Doinel), que teve auxiliares tão
valiosos como o próprio Papus (Bispo Gnóstico de Tolosa) e outros, teve como
sucessor a SYNESIUS (Frade des Essarts) e, mais tarde, entre outros na linha –
sucessória, achamos a JOHANNES II (o já tantas vezes citado, neste livro, Jean
BRICAUDE) que fixou em Lyon a sede da Igreja e, em 1907, funcionou as três
Igrejas: a Joanita Templária, a Carmelita Elíaca e a Neocatarra, sob a denominação
comum de Igreja Gnóstica Universal, intimamente aceita pelas e ligadas às Ordens
do Iluminados, Rosa-cruzes Kabbalósticos e dos Martinistas, cujos pormenores
podem ser estudados nos textos especializados, além da Tradicional Oral que

N. 76
– Não esqueçamos que, de acordo com o Direito Eclesiástico Romano, o Papa se vê, em casos como
esses, na obrigação de reconhecer tais Bispos como legítimos, embora possa – ao mesmo tempo –
“excomungá-los” como rebeldes ou com qualquer outro motivo ou pretexto. Mas, continuarão BISPOS, com o
direito de sagração a novos e legítimos Bispos. Isto, aliás, tem aplicação não somente no caso dos Bispos da
Igreja Gnóstica, como mais recentemente, está ocorrendo no próprio sei da Igreja Romana, com os Bispos que,
na China vermelha, estão sendo eleitos por assembléia do clero local (assembléia é igreja, em grego…) em lugar
de serem designados pelo Vaticano. Essa velha tradição cristã não pode ser anulada (Ver: “A HORA, 16 de
setembro de 1958.)
http://amopax.org 145

contém muitos segredos dessas diferentes organizações, que sempre conservam


laços entre si…, o que já esclarece muito o Quadro Geral para Você, Carolei.

***

OS ROSAS-CRUSES. _Com. 90 – Assim, Carolei, desde os sinais, Palavras


de reconhecimento e Toques secretos dos Essênios, dos quais já se acham notícias
nos escritos de Filão-o-Judeu e muitos outros, até as curiosidades históricas de
Santo Lino de Linus, Essênio e Discípulo do Cristo, que tinha fundado uma Igreja em
Besançon (França) já no ano 54 da Era Cristã, igreja que Nero destruiu, e S. Lino foi
morrer em Roma, Soberano Pontífice, até Ferréol e Ferfeux, novos apóstolos em
Besançon, também Essênios e Sacerdotes da Ordem de São João Evangelista…
vemos que a história da TRADIÇÃO está cheia de martírios é o dos “Rosas-cruzes”.
Já comentei em foram externa, o que podia interessar a muitos, em obra
precedente, mostrando quais as diferentes sociedades – todas adaptam, parcelas da
doutrina Rosa-cruz, sem por isso poderem dizer que são “A Rosa-cruz” N. 77.
Não irei Carolei, citar Você longos e pesados excertos do - hoje inachável –
livro “Fama Fratenitatis” ou “Reforma Geral e Total do Universo”, editado em 1614,
reeditado em 1615 e tornado a editar com complementos, em 1681, um de cujos
exemplares tem passado, de mão em mão… até a minha, esperando a de outro
sucessor…
O fundador da Ordem, tal como a conhecemos hoje no Ocidente, foi Christian
Rosenkreutz (Rosa-cruz e Cristão…) que, já aos 16 anos foi para a Arábia, o Egito e
Marrocos. Tomou a sua ciência do misterioso “Lider Mundi” (O Tarot!...) que fôra
também conhecido por um certo Theophrasto… (isto é: Paracelso: Theophrastro
Bombastus…) O fundador associou-se mais tarde a outros sete, cujas iniciais são:
GV-IA-IO-RC-B-GG-PD. Todos tomaram o voto de castidade e as seis obrigações
seguintes: única profissão ou ocupação: curar gratuitamente; não usar uniforme;
reunir-se cada ano do dia C., no Templo do Espírito Santo ou notificar a causa da
ausência; escolher um discípulo a quem entregar os segredos antes de morrer;
conservar a palavra R-C que lhes serve de selo; permanecer ocultos por cem

N. 77
– Ver, a esse respeito, a págs. 280 a 288 de “Yo que caminé por el Mundo…”, bastante claro
“externamente” comentário sobre as diferentes organizações mais conhecidas nas Américas, bem como a
posição nos diferentes cleros, tão nitidamente definida por PAPUS, e reproduzida nesse comentário…
http://amopax.org 146

anos… I.O. morreu em primeiro lugar, na Inglaterra; D. foi o último da primeira série,
a morre, deixando por sucessor a “A”, que faleceu em Narbonne (França).
O fundador morreu com 106 anos de idade. 120 anos após foi achado e aberto
seu túmulo, onde achou-se a inscrição “Pos CXX annos patebo”, mostrando a
predição exata do achado. Uma descrição feita por Thomas Vaughan, em 1562,
desse túmulo, diz: sepultura com 7 faces, cada uma com 6 pés de largura e 8 de
altua. No centro, um Sol artificial. No meio, um altar – em lugar de laje mortuária.
Nesse altar circular, uma inscrição: “A.C.R.C. Hoc universi compendium vivus mihi
sepulchrum feci” – E, como lema: “Jesus mihi omnia; ou seja: “Jesus é tudo para
mim”…
No centro do Altar, quatro reveladoras inscrições:

Nequaquam vacuum Libertas Evangelli

Legis jugum Dci gloria intacta

A história dessa misteriosa Fraternidade continua sendo transmitida muito mais


oralmente, do que nos poucos livros que disseram o que podiam, entre os quais a
“Históire des Rose-Croix”, de Sédir, ocupa lugar preeminente, pela informação
invulgar de que dispunha…
Um dos livros da R-C, publicado em 1710 pur Sincerus Renatus (Sacerdote na
Saxônia) comenta que os Mestres da Rosa-Cruz retiraram –se na Índia… mas A
Ordem, como legião de albro especificado, continua, sob a direção de Chefes cujos
nomes são conservados. A partir de certa época, os Rosa-cruzes confiaram
pequena parte de sue símbolos à Franco-maçonaria, por intermédio de Elias
Ashmole, conseguindo assim voltar, ela mesmo, nas discretas sombras do labor
íntimo… surgindo, uma e outra vez, algum de seus Adeptos à luz do mundo… como
aquele que, em 1748, fabricou pra o Príncipe Eleitor de Dresden nada menos do que
quatro quintais de ouro, e desapareceu misteriosamente da prisão em que
pretenderam “conservá-lo”…
Um dos Missionários da Ordem, foi o célebre conde de Saint-Germain, de
quem falaremos a seu tempo.. assim como de Cagliostro ou de Martinez de
Pasqually. Alguns Jesuítas conseguiram penetrar no círculo externo da Rosa-cruz.
Em diferentes épocas e lugares certas instituições tiveram a oportunidade (raras
vezes aproveitada) de ter junto a si um dos Iniciados, que procurou inspirar
http://amopax.org 147

determinados trabalhos. Por exemplo, em 1789, um rito maçônico chegou a criar os


“Irmãos Theoréticos” e, a contar do 3º grau, dava a teoria e prática da obra mineral”
(transmutação). O tão desconhecido “Rito Gótico” (que forma os graus 34, 35 e 36
do Escocismo) e que vive como fogo debaixo da cinza, principalmente na Holanda,
tem laços reais como a R-C, cujo chefe na Europa era, até antes da primeira guerra,
Leopoldo Engel, residente em Dresden.
O Dr. Frans Hartmann fundou na Alemanha, lá pelo ano de 1888, um Ordem da
Rosa-cruz Esotérica que, mais tarde, fundiu-se com a Ordem dos Templários
Orientais (O.T.O.). O Martinista Conde de Chazal foi aceito na Rosa-cruz e iniciou
mais tarde ao Dr. Sigismundo Bachstrom. O Conde de Chazal realizou a grande
obra (Pedra Filosofal das Transmutações) e, além disso, “via”, na Ilha Maurice, e
descrevia com toda exatidão, os horríveis acontecimentos da Revolução Francesa…
Num documento Rosa-cruz está exarado que, na Europa, a sociedade existe
desde antes de 1540, e que separou-se da Maçonaria a que se tinha parcialmente
unido em 1717; e que, o seu grande artigo de fé, é “a grande expiação que cumpre
Jesus Cristo sobre a Cruz Vermelha manchada e marcada com o Seu Sangue”. – As
“obrigações” que constam do documento de iniciação do Dr. Bachstrom contêm,
entre outras, estas: “manter segredo sobre si mesmo e sobre o que pudesse saber
dos segredos práticos: iniciar, antes de morrer, a um ou dois discípulos (homens ou
mulheres); permanecer pobre de aparência; desconhecido na sua real qualidade:
empregar suas riquezas na caridade, nunca pô-las a serviço de governo nenhum;
em nenhum empreendimento publico; a serviço de sacerdote nenhum; fazer as
esmolas secretamente; e não dar “fermento” (base da pedra filosofal) a nenhum
profano”. N.78
Um ramo Rosa-cruz interessante (entre tantas derivações secundárias, da
Ordem) é o que, desde 1860, existe na Inglaterra, cujos Membros encontram-se em
Londres na segunda quinta-feira de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano… foi
renovado por Robert Wenteworth. Lord Bulwer-Lytton – o autor de ZANONI – foi
Grã-patrono da Ordem, e Membros como Frederic Ilockley, Kenneth Mackenzie ou
Harbrave Jennings, foram de fama mundial…
Ordo Roris et Lucius, bem como Hermetic Order of the Golden Davon são,
ainda sociedades sérias de inspiração rosa-cruciana, ensinando astrologia, alquimia

N.78
– Da “História dos Rosa-cruzes”, por Sédir.
http://amopax.org 148

e outras ciências pra estudantes sérios e com cultura e mentalidade suficientes…


para começar, pelo menos!
Na América, exite a poderosa F.T.L (Fraternidade de Luxor) de origem oriental,
e outras.
A “Ordem Kabbalística da Rosa-cruz”, fundada pelo Marquês Stanislas de
Guaita, e da qual já ouvimos falar na Biografia de Marc Haven, tem para ingresso,
como aos sucessivos graus; estudos sérios, baseados principalmente na Tradição
Kabbalístico-Essênio-Gnóstica-Cristã, com os indispensáveis conhecimentos sobre
Pitagorismo, Egito e sua riqueza mística, etc. ninguém penetra nessa Ordem se ter,
antes subido todos os degraus da jerarquia martinista…
Desde 1898 estendeu-se pela Europa e América, também, a misteriosa F. T.
L., cujo modo de recrutamento e de organização nunca foi descrito. Os neófitos são
procurados mais ou menos como descrevia o cartaz que, em 1623, os Rosa-cruzes
espalharam sobre as paredes de Paris: “Aos que tem desejo sincero no coração,
Nós procuraremos, etc…” – Parece, Carolei, que esses “Nós” são gente que não se
deixa comprar, nem escolher’… nem procurar. São eles que escolhem… quando
“há” o que escolher!... Essa F.T. L. tem iniciação muitíssimo pura e essencialmente
crística.
Vamos terminar, Carolei, essa olhadela sobre os misteriosos Rosa-cruzes com
este resumo de comentários de Sédir: “… A Rosa-cruz só usou tal nome na Europa,
e isso, desde o século XVII. Não se pode dizer os nomes que ele teve em outra
parte, ou antes, ou depois… Aliás os R-C nunca desvendaram tais mistérios;
destruíram todos os seus manuscritos mais reveladores. O que sobra está fechado
em bibliotecas às quais nenhum profano tem acesso: NO Vaticano, na Suíça, na
Suábia, na Hungria ou em certos Retiros discretos.
“No que se refere à Rosa-cruz essencial, ela existe desde que há homens cá
embaixo, pois ela é uma função imaterial da alma da Terra. A vida terrestre é uma
filha do Sol amarelo que nos ilumina. Mas há outros seis sóis que fazem viver a
Terra; sóis atualmente invisíveis, mas que irão sucessivamente entrando em nosso
arco de visibilidade.
“O nosso Sol amarelo está comissionado à assimilação das funções vitais.
Debaixo, há o Sol vermelho que preside à aglomeração das células da vida terrestre.
Tal Sol dirige os agrupamentos cristais nas moléculas minerais; ele rege a
http://amopax.org 149

morfologia, e as afinidades físicas e químicas. O Sol vermelho é a morada do Gênio,


do Anjo, do deus diretor do Instituto dos Rosa-cruzes: ELIAS ARTISTA…
“As pedras do nosso planeta são quase inertes, mas, no outro extremo do reino
mineral universal, há pedras que são tão diferentes das nossas, quanto somos
diferentes das nossas, quando somos diferentes dos seres que dirigem os cometas,
e que, contudo, são pedras: as pedras vivas, que refletem o esplendor da eternidade
e que São João viu e descreveu no Apocalipse (XX, 14, 19).
“É daquele mundo que dependia, e ainda depende, a Rosa-cruz. A Terra
necessita que suas energias se fixem. O termo da evolução do mineral, é o cristal.
Ora, os Rosa-cruzes eram minerais espirituais e queriam estender esses sistemas
esquemáticos que exploram os iniciados, nas crisptas da Índia ou nos pagodes do
Alto Camboje, poderá aprender a governar seus pensamentos de forma que seu
corpo mental se torne um diamante…

“Quando diversos homens se reunem e acham um modo de conjunto, fixo e


vigoroso como una das sinarquias primitivas, eles constituem um cristal
social. É pois, possível achar, entre as células de um povo ou de uma raça,
uma combinação tal que não haja nem oprimiddo nem opressor.

É o sonho que seguramos R-C: é o que explica a iniversalidade dos seus


trabalhos: no plano material, procuram uma medicina universal; no plano
intelectual, o cânon do saber integral; no plano social, a sinarquia; no plano
étnico, uma monarquia iniversal; no plano humano, uma fraternidade
universal”. (N.78)

Assim, deve haver um fórmula moderna, uma R.C.M.: Rosa-cruz moderna,


para realizar o ideal social que os Rosa-cruzes elaboraram…

Fig 26

V. 2 – O Cavalheiro Van PAAr,


conhecido entre seus Pares R-C, na Holanda, onde viveu lá por 16..., como “A Águia
Solitária’. Faleceu, na posição acima ilustrada, no seu lugar, isto é, no Assento de
Pedra do hemiciclo em que se reuniam, em certo sítio isolado… Hoje, tal como foi
visto pelo Disc. “Jorge (atualmente Swami Sarvânanda), sua personalidade aflora,
às vezes, à superfície da sua atual e triste encarnação: outra vez solitário, mas, esta
vez, por ter aceito missão em zona na qual “ainda” não se encontram “Pares”: gente
que queira estudar e dedicar-se seriamente aos Altos estudos, assim como às
missões nas quais a “entrega” só pode ser total. Entre aquela encarnação e a
presente, teve outras, uma delas como Discípulo de Louis-Claude de Saint-Martin e
de Fabre d’Olivet…
http://amopax.org 150

A corrente CRISTÃ. – Com. 91 – Agora, Carolei, e antes de passar a


considerar as Ordens e Chefes de Correntes que, mais diretamente estiveram em
contacto com o MEM PHILIPPE, será útil completar o já exposto nas páginas
precedentes e no quadro Geral da Tradição, com uns dados sobre a Corrente Cristã.
Embora não podendo, para não ser prolixo, reproduzir a totalidade dos nomes e
datas nela contidos, vou fazer uma longa citação – com algumas partes em resumo
– de um capítulo da erudita Tese que o Dr. Philippe ENCAUSSE apresentou para
sua formatura em Medicina N. 79:
“…É nesta Corrente que iremos encontrar os Mestres reais do Ocultismo
contemporâneo e seus mais ilustres representantes, antigos ou modernos… Os
Gnósticos abrem naturalmente a série com Simão o Mago… Valentim, o autor de
Pistis Sophia, etc. – Entre os membros do Igreja, os ocultistas reivindicam como
seus, a São João e São Paulo, tendo este último sido quem mais contribuiu para a
difusão da constituição trinitária do homem em “Spiritus, Anima ete Corpus”.
“Para seguir a corrente ocultista cristã, passamos logo a Tauler (1290-1361),
fundador do misticismo na Alemanha e seu discípulo Suso, criador da Fraternidade
“Os Amigos de Deus”. São todos adversários da Escolástica, essa criação pagã, dos
discípulos do exoterismo de Aristóteles, sob aspecto de ortodoxia cristã. Chega-se,
assim, aos Enciclopedistas e aos Realizadores do Ocultismo, únicos considerados
como místicos pelos críticos e historiadores, sem discussão. Reuchlin, Pico de
Mirândola , Paracelso (1493-1541), o grande realizador do ocultismo científico, da
Homeopatia e que situou bem o “corpo astral e o plano astral”, aos quais assim
denominou.
“O humilde Cardan; Guilherme Postel-o-Ressuscitado; Miguel Servete, Amos
Caménius, logo Jacob BOEHME, enciclopedista e fundador, por ordem dos Rosa-
cruzes, da Franco-maçonaria;. Os Van Helmont, pai, e o filho, que teve grande
influência sobre Goethe e sobre Leibniz e ajudou a publicar a “Kabbala Denudata”
(de Knorr de Rosenroth).
“Chegamos assim a Swedenborg, a quem se religam quase todas as
N. 80
Fraternidades realmente cristãs do Ocidente. , já que ele foi o Mestre de

N. 79
– “Sciences Occultes et Déséquilibre Mental” – Tese de 198 páginas, apresentada e publicada em
1035.
N. 80
– Você sabia, Carolei, que Swdenborg, de quem – apesar de seu enorme valor – fala-se cada vez
menos no Ocidente, é o Mestre Espiritual de seitas que incluem milhões de seres na Índia e outros lugares do
Oriente? – Sabe por que? Porque Swedenbog ensina misticismo “vivido”. Não “discutido”…
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MARTINS DE PASQUALLY (1715-1779) que iniciou a CLÁUDiO de SAINT-MARTIN


(1743-1803) e foi a cabeça dessa Ordem Martinista que tanta importância teve
posteriormente.
“Lavater, precursor do Espiritismo; de Maistre e Ballanche nos levam até
Wronski e Eliphas Lévi, que, com Louis Lucas, são a tríade à qual se religam quase
todos os ocultistas contemporâneos…”
O autor, Carolei, cita então uma longa lista de astrólogos, alquimistas e magos
ou videntes, da qual mencionarei apenas: ao Jesuíta Delrio, autor das “Pesquisas
Mágicas”; Nicolás Flamel, célebre alquimista que, conforme a tradição oral, ainda
estaria vivo na Ásia Menor, o Papa Gregório VII, escritor Ocultista; Jehan de Meung,
autor do Romance da ROSA, que Dante completou com o da CRUZ; o próprio São
Jerônimo (hebraísta e kabbalista gnóstico notável…); Athanasio Kircher, o jesuíta
que teve a habilidade de mandar imprimir suas obras de Kabbala pelo Vaticano!!! –
faleceu em 1680; Raimundo Lullio, considerado justamente como um dos grandes
mestres do Hermetismo; o Conde de Saint-Germain, nome coletivo (diz o Dr.
Encausse) dos Iluminados que deram a Cagliostro a sua missão, o abade de Villars,
assassinado, por ter revelado certos segredos práticos dos Rosa-cruzes, em 1673,
estrada para Lyon…
“Lembrando que Shakespeare foi iniciado, que Goethe praticou o Hermetismo
e que, mais perto de nós, Balzac foi Martinista e Edgra Poe filiado aos Grupos
Pitagóricos, teremos as linhas mestras de tal sucessão…”
O Ocultismo contemporâneo (europeu, desde 1850) é resumido pelo Dr.
Encausse, como segue: “Desde o descobrimento e difusão ao público, dos fatos do
Magnetismo e do Espiritismo, os centros iniciáticos viram-se forçados a começar
uma campanha de propaganda e a ampliar muito os seus quadros, para evitar os
perigos de um Misticismo sem controle (grifo é meu, Carolei). – Além disso, a luta
contra o Materialismo e o Ateísmo, obrigava aos ocultistas a uma batalha mais
ardente que nunca, contra sua difusão crescente.
“Nessa época, o representante do Ocultismo tradicional, foi o Abade Constant,
mais conhecido como Eliphas Lévi. – Wronski, Louis Lucas e outros, tinham buscado
no Ocultismo vias de adaptação, porém Lévi dedicou-se ao ensinamento metodizado
e à história do Ocultismo. – A corrente Pitagórica estava representada pelos
discípulos de Fabre d’Olivet. O Martinismo prosseguia seu labor silencioso com
Delaage. – Engêne Nus colocava as primeiras bases do Movimento Espírita, que
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Allan Kardec iria realizar logo. O Barão du Potet despertava interesse pelas
experiências magnéticas.
“Tudo anunciava um renascimento ativo do Ocultismo. Lá pelo ano de 1882,
surge a Missão dos Judeus, do Marquês de Saint-Yves d’Alveydre. Ao mesmo
tempo que toda uma geração nova de discípulos de Eliphas: Joséphin Péladan,
Albert Jounet, Stanislas de Guaita, prosseguem o estudo do Ocultimso científico,
René Caillé funda uma “Revista dos Altos Estudos”, na qual iria revelar-se o mais
sábio dos ocultistas contemporâneos: F. Ch. Barlet. Foi nessa época que Papus foi
delegado à realizar do Martinismo e começou a agrupar as forças individuais. A
revista O LOTO, dirigida com grande autoridade por Félix Krishna Gaboriau, auxiliou
muito.
“Papus e os companheiros, fundam as primeiras Lojas Martinistas, que
funcionaram de 1887 a 1889 em Montmartre e contavam entre os Iniciadores com:
Guaita, Péladan, Papus, Sédir e todos os ocultistas até então isolados. – Em 1889, é
fundado o “Grupo Independente de Estudos Esotéricos”. Ao mesmo tempo, Papus
funda a Revista L’INITIATION…”
Daí por diante, Carolei, tudo se desenvolve fortemente, sob a égide de Papus,
com o apoio de todos os citados e outros muitos, cujos nomes surgirão nos temas
vindouros. A “Sociedade Alquímica de França”. Com Jollivet Castelot como
Secretário-Geral, prosseguia interessantes trabalhos também…
O Muito Excelso Mestre e o MARTINISMO. – Com. 92 – Há disto uns quase
exatamente, duzentos anos, um misterioso Enviado dos Rosa-cruzes, chamado
Martinez de PASQUALLY, iniciava em França sua missão.
Está demonstrado hoje que era de família e religião católicas. Sua
N. 81
nacionalidade é considerada portuguesa por uns, espanhola por outros . Sua
única obra, inachável hoje, “Tratado da Reintegração dos Seres” é muito difícil de
estudar, mas apresenta em resumo as razões pelas quais o ser humano, seguindo
uma senda de resgate pela associação com Agentes Virtuosos Providenciais, pode

N. 81
Muito embora conste das “Memórias” do Barão de Gleichen que foi contemporâneo de Claude de
Saint-Martin, principal Discípulo de Martinez – que de Pasquilly era espanhol, muitos autores do consideram
portugueses. As minhas investigações psíquicas pessoais (que podem não ser certas, é claro) me inclinam a
pensar que um dia se descobrirá que era filho de um modesto armador português, dono de navios mercantes, e
que explicaria as viagens, a que Martines alude em seu livro e cartas, à China, ao Oriente Próximo (e não cabe
dúvida sobre seus conhecimentos sufis, árabes e hebraicos no que se refere a misticismo, unicismo e magia). –
Não esqueçamos, tampouco, que, numa carta de Guaita a Papus (L’Initiation, Vol. 27, 1895) consta discípulo de
Martines, chamado “La Chevallerie”, ter sofrido grande perigo numa evocação mágica que fazia sozinho e foi
inspirado a certos recursos pelo seu Mestre MARTINES, que, mais tarde lhe provou ter visto à distância o que
ocorria e tê-lo ajudado…(págs. 198 e segs.
http://amopax.org 153

ser tornar um “menor-resgatado”, isto é: que começa a ter consciência de sua vida
interior e direto contacto com o mundo espiritual (por favor, não confundir com
mediunidade, falas com mortos, etc.) superior e, por essa via, ir reassumindo a sua
posição primeira. Não deixa de ser curioso que a sua “organização” – que recebeu
diferentes denominações -, e que em vão procurou introduzir na já materializada
maçonaria da época – tinha um grande ensinamento de tipo mágico. Alta Magia, isto
é: contato a tomar com Anjos (nada de desencarnados, de obsessores ou de
exus!...) e com Espíritos Planetários. – Naturalmente, isto não era fácil. Requeria
não só sérios estudos (kabbala, astrologia, etc…), como uma conduta diária
(profissional, social, etc…) e uma vida interior raras, como, também, muito difícil de
seguir no andar da vida ocidental, mesmo na relativamente calma de 1750 a 1770…
Dois de seus grandes Discípulos ficaram com os nomes gravados na História.
Um, com menor evidência: Jean Baptiste WIL-LERMOZ, que seguir a via mágico-
cerimonial típica da Martinez. Viveu até os 105 anos de idade, sempre em Lyon –
onde era forte comerciante de tecidos – e sempre fiel admirador do seu Mestre,
mesmo quando este já deixara a França e fora morrer em a Ilha da Martinica, sendo
o exato lugar do seu túmulo tão desconhecido como o de seu exato nascimento.
Como se vê, tomara sérias precauções para ficar Incógnito… Não é demais dizer,
Carolei, que a Willermoz deve a atual Maçonaria, não ser mais “des-simbolizada e
des-espiritualizada” do que já é, pois na célebre Convenção de Wilhemshad é que o
esforçado Willermoz conseguiu que fossem definitivamente conservadas na
Maçonaria determinadas noções espirituais que, hoje ainda, e não obstante o total
desinteresse de inúmeros maçons pelas coisas do espírito e pelas causas reais da
degenerescência, individual e social, contemporânea, nos aspectos mental, moral, e
psíquico conservam-se, ainda, pelo menos nos rituais de certas Grandes Lojas
escocesas e, melhor ainda, em certos Ritos, mais fechados que o Escocismo,
embora menos iniciático que o Martinismo.
O termo Martinismo provém, essencialmente, da ação do outro grande
Discípulo de Martines: Louis-Claude de Saint-Martin, nobre gentil-homem que
abandonou a carreira das armas para se dedicar, cem por cento, à vida espiritual.
Tornou-se célebre, na Europa, sob considerasse apenas um servidor desse Agente
Incógnito, que lhes proporcionou tão elevados conhecimentos, como prêmio aos
muito sérios estudos de anos e anos, feitos com seu Mestre – a quem serviu com
exemplar dedicação e sinceridade – e aos que fez dos ensinamentos de Jacob
http://amopax.org 154

Boehme, o “sapateiro místico” autor de tão maravilhosas revelações na Senda


Interior.
Muitas obras já puseram em relevo a influência que Saint-Martin teve sobre o
próprio Romanticismo considerado como uma reação à tendência materialista que
começava a resumir a avalancha com a qual, a contar da Revolução Francesa e até
hoje, procuram submergir a civilização ocidental. Já deixei isso exposto em grandes
rasgos, a págs. 291 e segs. de Yo que…, que será consultado utilmente.
Convém, no entanto, ressaltar aqui que o místico de Saint-Martin, ao escrever
as numerosas e maravilhosas obras que nos deixou, tinha – como já aludi acima –
uma percepção transcendental, que iremos ver documentada na forma que
extraímos das – já citadas – Memória do Barão de Gleichen:
“…A ciência dos números, que ele representou sob o emblema de um livro de
dez folhas, era, de todos os seus ensinamentos, a que considerava de maior valor…
e que não comunicaria a ninguém… só confessava que os números davam a chave
da essência de todas as coisas materiais, desde que se lhes conhece o nome real,
na língua primitiva; que, pelas “palavras de pode” (é o que se chama de mantras, no
Oriente, Carolei…) podia-se saber, e certificar-se, dos que eram bons ou não… ele
acrescentava que o alfabeto hebraico, estava certo só até a décima letra inclusive,
estando o resto baralhado, mas que ele conhecia a real ordem a dar… e …N. 82
Se nos lembrarmos, Carolei, que no seu livro Tableau Naturel (pág. 155), o
próprio L.-C. de St-Martin diz que “…efetivamente, a palavra mesma, só se torna
inteligível para o homem ao tornar-se hieroglífica…” perceberemos que, para o
Mestre de St. Martin, isto se aplicava, também à linguagem e coisas do Mundo
Espiritual…
À parte o que deixei esquematizado, de sua biografia, em Yo que…, convém
lembrar que ele deixou organizada, em todos os países pelos quais passou: França,
Alemanha, Itália, Rússia, Inglaterra, a sua muito secreta “Sociedade dos Íntimos”,
que, por uma razão óbvia, trazia as famosas letras S. I. como iniciais, outras vez…
Mais tarde, após ter passado a tormenta da Revolução, das guerras
napoleônicas, e mais convulsões que levaram a França até o relativo estado de Paz

N. 82
– Os nossos membros da Ordem Martinista, e os estudantes sérios em geral, estudarão com proveito
o notável artigo “La Voie Dorienne”, publicado por Léon LEVRIER D’HANGEST, a págs. 131 a 135 do número
de julho-setembro de 1955 de L’INITIATION (Ano 29, n. 3), em cujo artigo se acha a confirmação do fato citado,
relativo aos “Traços de Fogo” que o Conde e Mestre LOUIS-CLAUDE de SAINT-MARTIN via em suas
meditações…
http://amopax.org 155

e felicidade, que a caracterizava nas décadas que terminaram o século passado,. E


a que iniciou o presente, e muito embora com nuvens (visíveis para os Iniciados e às
vezes pressentidas pelos mais perspicazes das chancelarias e estados-maiores) a
Ordem Martinista surgiu desta vez como uma organização muito notável tanto pela
estruturação dada, como pelos estudos e pela ação social e outras, que a
caracterizara, graças ao extraordinário dinamismo de seu criador: PAPUS.
Em 1898, como fôra divulgado naquela época e acha-se reproduzido a pág. 60
da “Tese” – já citada – do Dr. Philippe ENCAUSSE, a Ordem Martinista tinha
“formações” (Grupos e Lojas) assim distribuídas: França, 27 – Bélgica, 3 –
Alemanha, 3 – Dinamarca, 1 – Espanha, 3, Itália, 8 – Boêmia, 1 – Rússia, 2 –
Inglaterra, 2 – Tonquim, 2 – Egito, 1 Tunísia, 1 – Estados Unidos da América, 19 –
Havana, 1 – Colômbia, 1 – República Argentina, 7.
Caberia citar que, posteriormente, em 1904 por exemplo, existia no Brasil, em
São Paulo, uma Loja Martinista, a quem me referi a pág. 217 de Yo que…, por ter
sido fundada pelo Dr. Horácio de Carvalho, eu esteve especialmente em Paris, para
fazer-se iniciar por Papus; mas tarde escreveu um livro, muito difícil de achar hoje,
chamado “O CAPH” (décima-primeira letra hebraica, que corresponde ao hieróglifo
da Força…) e um Iniciado (Professor Dario Velloso) que, com “Apolônio de Thyana”
por nome simbólico, fundou e dirigiu até sua morte o Instituto Neopitagórico, de
Curitiba, hoje brilhantemente continuado pelo “novo Antigo” “Parmênides” (Dr.
Rozala Garzuze), como pormenorizei a pág. 220 e segs. do Yo que…
Voltemos à Ordem Martinista de PAPUS: brilhou nos anos de 1893 até 1016,
ano em que, a morte do Fundador por um lado e a hecatombe de 1914-18,, por
outro, reduziram seu labor… Do seu ressurgimento atual, falaremos depois. Por
agora, Carolei, convém considerar que, não só por meio dessa Ordem – cujas Lojas
na Rússia, Suécia, etc… eram presididas pelos Soberanos ou pelos Grã-duques –
manejava-se um Poder social muito importante, como, especialmente, seu caráter
de Cavalaria Cristã, aberta a Homens e Mulheres, fez dela um notável instrumento
para espalhar o que o MEM PHILIPPE procurava: um real espírito místico-cristão:
sem complexidades ritualísticas; sem os psiquismos duvidosos da magia ou do
espiritismo; sem as complicações doutrinárias de muitos setores. Ensinamentos de
Jesus, renovados, exemplificados e provados pelos do MEM, e suas profecias, com
os problemas imediatos e outros, próximos, que pesavam sobre o Ocidente
principalmente.
http://amopax.org 156

Não faltam, tampouco, as razões “misteriosas” para fazer da Ordem Martinista


uma potência excepcional. Basta considerar a notícia, lacônica mas eloqüente, que
foi publicada a pág. 270 do Vol. 39 de I’ILINATION (2.º trimestre de 1898) e que diz
assim:
“Pela presente, o Supremo Conselho tem o prazer de levar a Ordem Martinista
uma potência excepcional. Basta considerar conhecimento de todos os delegados e
oficiais da Ordem, que um tratado de aliança foi assinado em 9 de maio de 1898
entre A ORDEM DOS ILUMINADOS e a ORDEM MARTINISTA. As assinaturas
trocadas por plenipotenciários nomeados para tal efeito pelas duas Ordens, foram
ratificadas pelo Areópago secreto dos Iluminados pr um lado, e pelo Comitê de
direção do Supremo Conselho da Ordem Martinista, por outro. O tratado torna-se
pois executivo a contar de 13 de junho de 1898. Os delegados das duas Ordens
receberam pessoalmente todas as instruções necessárias. Este tratado une pois as
duas Fraternidades mais poderosas da Tradição ocidental”.
Lembremos ainda o que, a pág. 200 do I Vol., achamos como curioso
comentário do que transpirou, publicamente, da proteção que o MEM PHILIPPE
dava – dá e dará, acrescento eu – à Ordem Martinista reorganizadas por Papus:
E. 575 – “…Martinista eu mesmo, inúmeras vezes Lhe pedi informações
confidenciais, que me transmitia como o teria feito um iniciado. Contudo, Ele me
declarou não estar ligado a nenhum grupo em particular, embora na realidade
pudesse apresentar-se lá onde fosse. Era sempre recebido como um Superior
Incógnito, como um mago, como um Mestre: o Dr. Encausse (Papus) teria contado
perante testemunhas que, certa vez em que presidia uma “sessão ritual”, ficara
estupefato ao reconhecer, entre os altos dignatários, ao M. PHILIPPE. Ele tinha-se
apresentado, tinha sido “reconhecer”, (pelos meios secretos dos iniciados); não tinha
sido possível deixar de O receber. Tratava-se de uma discussão muito grave. Ele
tomou a palavra para dar alguns conselhos, e deixou o local. Todo mundo ficou
obrigado a reconhecer que Ele respondera com extraordinária sabedoria às
preocupações…” N. 83.
Com. 93 – Para compreender melhor, Carolei, o espírito que animava á Ordem
Martinista, renovada por Papus, assim como seus laços com os postulados e
esforços das grandes CORRENTES que já temos examinado, deixaremos de lado

N. 83
– Segunda parte do relato “A propósito do Mestre PHILIPPE…”, publicado a pág. 125 de L’ILINATION
(julho-setembro de 1955) – Ano 29, n. 3.
http://amopax.org 157

toda a doutrina, programas e cerimônias simbólicas da Ordem Martinista do tempo


de Papus, para lembrar apenas dois fatos:
Um, o de haver, entre os compromissos de mais elevada jerarquia na Ordem,
estas palavras: “…e fazer tudo que estiver em meu poder, para difundir o mais
possível os ensinamentos morais, sociais e religiosos do Martinismo, e para
contribuir assim pra a Regeneração da Família humana, trabalhando com todas as
minhas forças pelo restabelecimento, sobre a Terra, da Associação de todos os
Interesses, da Federação de todas as Nações, da Aliança de todos os Cultos e da
Solidariedade Universal’.
Como se vê, é um compromisso claro, certo, conciso e completo: as 4
características que – já o disse – devem achar-se sempre nos modos de falar e de
agir do Martinista verdadeiro.
O segundo fato é este: todos os que ocupam postos de importância, seja na
época de Papus ou logo após, na Ordem Martinista, estiveram mais ou menos
diretamente relacionados com o MEM PHILIPPE, como veremos ao examinar
Personalidades que precisamos conhecer um pouco, para compreender aos
esforços por elas feitos, em função dos Ensinamentos e – das missões aceitas, ou
recebidas -; o mesmo acontecendo, como veremos também, ao tratar do atual
ressurgimento da Ordem…

***

O muito excelso Mestre e meu Mestre CEDAIOR. Com. 94 – Em 1º de


setembro de 1872, nascia em Valence (departamento de Drôme, França), na casa
que fora do lendário Cavalheiro Bayard, o filho de Marie Delmas e de Eloy Cotet ou
Costet, visconde Mascheville (e mais outros títulos como: du Peuch, de la Chèvrerie,
de Ben-Hayes, etc… nessa família aparentada como os de Livron, de Taillefer, de
Segur, de Narbonne, de Rastignac e outros…) O nome “Cotet” vem, aliás de um
antepassado árabe: Abbon Cat, enobrecido, lá pelo ano 700, por motivos que meu
Pai e Mestre, me contava – na minha infância, revolvendo velhos pergaminhos e
brasões – junto com a do nosso antepassado que fôra buscar na Inglaterra o Rei
João-sem-Terra – quando o Príncipe Negro o liberou… De Cat: Cat: Cati, Coté,
Cotet, etc…
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O menino assim nascido, chamou-se Albert Raymond. Não foi uma criança
vulgar: aos 5 anos, certo dia em que a Mãe ralhava com ele, reagiu exigindo “mais
consideração que lhe era devida, desde aquele dia em que ela, mãe o jogara
nervosamente sobre a cama, quando ainda estava enfaixado e impossibilitado de se
“defender da queda”… Já vimos – ao falar do MEM – que essa prodigiosa memória-
consciência da meninice, é típica dos que “não perdem a consciência” facilmente!...
Com poucos anos, cansou de morar em Valence, onde já tinha obtido, pelos
seus dons especiais de ouvido, a proteção do célebre Charles Dancia, que lhe
ensinou violino e – bem contra a vontade materna – o recomendou para o
Conservatório de Paris. Antes de partir de sua terra natal – a Valência francesa, que
não fica longe de Lyon – ele tinha um amigo, mais velho que ele que contava pouco
mais de 13 anos.
Eu não me lembro, mas meu Mestre me assegurou reiteradamente, que esse
amigo dele, jovem químico chamado L.B……, morreu lá pouco antes do jovem
Albert viajar, e que esse amigo….. sou eu….
Para ir a Paris, teve que passar por Lyon, levado por um parente que devia ser
amigo de “um senhor de Lyon” (Bouvier?...) cujo nome ignoro e meu Mestre
tampouco lembrava. O caso é, que esse amigo dos seus pais, o levou à presença de
MEM PHILIPPE que “olhou” para o menino e, logo, lhe perguntou se não gostaria
de ficar uns dias em Lyon “para ajudar a curar a uma pobre senhora que sofria
muito”.
Obtendo, evidentemente, resposta afirmativa, o MEM pôs a Sua Mão sobre a
cabeça do jovem Alberto e certamente o abençoou e lhe transmitiu certo Poder, pois
recomendou que fosse levado cada dia junto à doente, ficando lá uma hora com a
mão sobre o seio carcomido do câncer. No fim de uma semana, os tecidos estava
totalmente reconstruídos… - É claro que quem inicia a vida iniciática com essa idade
(menos de 14 anos – em 1885) e nessa forma, com semelhante Bênção e
Oportunidade, tinha com todas certeza um Passado e um Porvir invulgares…
Assim, desde as campinas de Lamastre, atrás de Valência, onde ficara
antigamente o castelo familiar – destruído nas revoluções – o jovem Alberto chegava
para a buliçosa Paris, onde ficou morando com o tio paterno, bastante conhecido
como pintor naquela época. Não obstante a curta idade, o rapaz obteve facilmente
um lugar numa orquestra, na qual “estragava” em parte – tocando música popular
também – o que durante o dia estudava para o Conservatório, no qual iria ser
http://amopax.org 159

recebido, anos mais tarde, como Primeiro Prêmio, ganhado ainda um concurso para
Professor em Nancy, cargo que não chegou a assumir.
Durante sua juventude musical em Paris, ainda solteiro, levou uma vida muito
séria para um jovem independente; teve uma dor muito profunda – com sua alma
sensitiva de jupiteriano – ao perder uma primeira noiva “Denise”, que às vezes lhe
aparecia em visões, conforme relatou-me meu Mestre. Com a idade de 18 a 19
anos, já se tinha tornado amigo de magnetizadores: por intermédio de Montagne, um
sargento do regimento no qual incorporou-se voluntariamente (eram 4 anos naquela
época!...), para gozar o privilégio de ficar em Paris. Tais magnetizadores eram:
Raumond, Robert e Moutin. O jovem Alberto ficou logo notado pela facilidade de ser
pôr em catalepsia voluntária, saindo à vontade do corpo, para ir a lugares que
descrevia com precisões fácies de verificar, e voltando sempre á hora por ele pré-
marcada.
Quando, posteriormente, foi apresentado a Sédir, e por este iniciado – em 1892
– na Ordem Martinista, tornou-se Mestre de Cerimônia da Loja “HERMANUBIS”, que
era presidida por Sédir e na qual se estudava especialmente a Tradição Oriental: é
possível que isso tenha influenciado para “reavivar” o seu passado oriental (todos
nós devemos ter um, Carolei!...) pois, que durante certa época, os seus
desdobramentos voluntários foram assistidos por Mestres do Tibete e de Allahabad,
que até o levaram a prestar certos compromissos perante a chamada “Grande Loja
Branca”, compromissos que lhe foram lembrados e exigidos mais tarde, como consta
de seu livro “As Leis de Vayu”.
Entre tais Mestres, um deles chegou a “materializar-se” (sem intervenção de
fenômenos mediúnicos, é claro) em Paris, e fazer “provas de fé”… como aquela na
qual CEDAIOR (nome iniciático com o qual ficou conhecido meu Mestre), recebeu
ordem de apontar um revólver para o peito da sua jovem esposa… e de atirar…
ficando a bala tremendo no ar e caindo no chão, ante o espanto dos quatro ou cinco,
que com Cedaior, compunham um grupo muito fechado…
Também com Albert de Rochas, o jovem Mestre Cedaior participou de
experiências e estudos sobre a exteriorização da sensibilidade, da motricidade e
levitação.
No Martinismo fez, rápidos progressos, galgando a jerarquia iniciática. Em
1894 já era S.I. e Gnóstico. Em 1894 foi sagrado Bispo, por “Valentinius”, em
Orléans mesmo, e nessa oportunidade o Patriarca (Doniel) lhe fez demonstração e
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vários poderes, inclusive o de profecia, ao dizer-lhe “Tudo que fazes na França é


apenas preparatório para ti, a tua missão pessoal é do outro lado do mar”.
Efetivamente, não obstante uma missão oficial no Egito – onde recebeu
iniciações também, e tornou-se amigo de Mariette-Bey, o conservador do Museu do
Cairo -, após o casamento que motivara essa viagem, foi ainda em Paris, até 1910
somente. Foi nesses anos, pois, que trabalhou com Papus, com Sédir e com outros,
tendo havido certo assombro, por ocasião de uma viagem do MEM PHILIPPE a
Paris, na qual diferentes Martinistas devia Lhe ser “apresentados”, tendo Cedaior
declarado que já O conhecia… e, pela primeira vez referiu publicamente o fato da
sua juventude em Lyon.
Membro da Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, também, fez estudos especiais
sobre o “Primandro” de Hermes. Colaborou ativamente com “Comitê de Survivance”,
que com pessoas como Boissy d’Anglas, L. Champion e outros, reuniram a
documentação para provar a descendência de Luís XVII (ver Yo que…, pág. 292).
Fez em Paris e arredores, junto com Oswaldo Writh, um campanha de conferências
sobre simbolismo, em Lojas de diferentes Ritos, sem resultados alentadores…
Ciente, pelas profecias do MEM e pela – relativa á sua pessoa – que lhe fizera
Valentinius, do futuro do Novo Mundo, saiu de França em 25 de fevereiro de 1910,
rumo a Buenos Aires,
Vejamos o que deixava “Feito” o Mestre Cedaior, ao partir da Europa; sua
viagem ao Egito tinha servido, não só para os estudos sobre: “som e o uso acústico
no instrumental egípcio” (que lhe valeu as “Palmas Acadêmicas”, por parte do
Governo’, como para reunir material notável, sobre a Esfinge, Pirâmides e: sobre
KARNAK, especialmente, pois em Paris, ele, com Sédir e outros continuaram os
ditos estudos, com a colaboração de minha Mãe – também Martinista – que além
dos talentos de grande pianista e compositora, tinha notáveis dons “psicométricos”.
Ela, com por uma pedrinha ou um fragmentozinho na testa, proveniente de um lugar
ou monumento do Egito, passava a “ver” e a descrever, minuciosamente e indo para
atrás no tempo, as gentes, acontecimentos e – até – cerimônias ou civilizações que
tinham sido “presenciadas”, por esse fragmento… Aí Você, Carolei, tema para
meditar, pois completei alguns aspectos do que, a pág. 18 de Yo que… , havia
indicado já.
Mestre Cedaior, como um dos mais esforçados fundadores do Sindicato dos
Músicos, como membro da Sociedade de Autores e Compositores de Paris (sua
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esposa também o era), e com um dos Violinos da Ópera Cômica, e Dirigente de


orquestras, tinha um vasto círculo de relações, além das que sua Casa Editora de
músicos e suas atividades, como socialista e como iniciado, lhe tinham
proporcionado não fosse a sua extrema independência de espírito, teria ficado
“encostado” à milionária sogra… mas esses são outros aspectos, que só no Tratado
de Sarva Yoga interessaria considerar!...”
Não me estenderei sobre a parte oriental de suas atividades, na América
Latina. Foram mais importantes que as do setor ocidental. E, para não pecar por
omissão, embora deixando para o futuro e eventual Tratado de Sarva Ioga os
pormenores de tais atividades, não posso deixar de lembrar que o próprio Mestre
Cedaior, desde 1914 a 1918, levou um período de vida totalmente casta, entregue,
novamente, a seu Mestre Vayusattwa, por cujas indicações escreveu a sua já citada
obra, publicada em 1919, e cujas 141 páginas estão totalmente dedicadas à futura
Era, Raça vindoura, e às terríveis Noites Cósmicas, ou seja: épocas catastróficas
que em cada fim de ciclo, e por isso, agora, já aproximadamente outra vez: quando
“os tempos são chegados” (fim de um ciclo e de uma raça), a Terra e os Céus
sofrem notáveis modificações. É por esse lado, aliás, que acharemos a “missão” real
do Mestre Cedaior, que, muito embora com apresentação oriental – por motivos que
não cabe apreciar neste livro – trouxe ao público latino-americano conhecimento,
previsões e profecias, que coincidiam com as do MEM, sendo que o Mestre Cedaior
pouco conhecimento tinha dos ensinamentos reservados e proféticos M. PHILIPPE.
Neste ponto, Carolei, deveremos meditar o quanto o MEM, embora protegendo a
todo ser sincero, deixava a cada alma seguir o seu Caminho: mais tarde haveremos
de estudar o que o MEM entende por “Caminhos”!...
A pág. 21 de Yo que… já falei da Igreja Expectante, fundada por meu Mestre
Cedaior, em 17 de agosto de 1919, em Buenos Aires, e da qual me toca, agora, ser
o Patriarca. Esse setor é, aliás, o que me liga mais diretamente ao labor do Mestre
Cedaior, “pela Nova Raça”, como descreverei ao falar da Sarva Ioga. Também, a
pág. 23 da citada obra, referi-me ao fato de ter o Mestre Cedaior litado, toda sua
vida, pelo ideal de “colônias espirituais”…
Não sabendo se terei, nesta encarnação, tempo para escrever mais livros,
acho necessário prestar homenagem, aqui, a certos Colaboradores ou Discípulos
dedicados do Mestre Cedaior, nesse setor. A primeira tentativa séria, foi a de Nahuel
Huapi (Neuquén, Argentina) com o Comandante Deuil e o Eng. Saurel, que conhecia
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depósito secretos dos índios, nos Andes, onde já tesouros em esmeraldas e outras
pedras. Já expliquei, no meu outro livro, porque nada se fez.
Outra tentativa foi em Mendoza, de 1921 até 1923. Não assisti ao fim da coisa,
pois achava-me na Europa. Mas, sim o Dr. Lemos, o Sr. Yanácare e o – então –
Governardor Lencinas, de Mendoza cuja vida o Mestre Cedaior salvou (mediante
visão antecipada de um atentado, cujo autor foi desarmado no gabinete da “vítima’,
o que comprovou o aviso…) e que ofereceu ao Mestre toda uma parte do Vale do
Sonda… Mas, o Mestre estava comprometido, por correspondência, com
“PEREGRINA” (Sra. Ida Hoffmann), filha de culto e iniciado Engenheiro, tendo sido
ela a companheira de “Peregrino” (Theodoro Reuss, chefe do O.T.O., e que fôra
também Grã-mestre do misterioso Rito de Memphis-Misraim), o que explica Carolei,
mais um dos muitos caminhos, pelos quais certos conhecimentos e certa
documentação, vieram concentrar-se em mãos do meu Mestre, e nas minhas mais
tarde.
Outra tentativa foi, pois, iniciada pelo M. Cedaior e Peregrino, comparando 120
hectares de terras, em “Monte Sol”, como denominaram o sítio, de mata virgem
cheio de canela, peroba e urucurana, adquirido em “Urubuquarinha”, no Paimital; a
uns 30 quilômetros de Joinville, bonita e agradável cidade de Santa Catarina, onde
tinha sua sede a “Cia. Palmital”, milionária empresa que nos vendeu as terras e da
qual, mais tarde, tornei-me Administrador do Palmital durante dois anos (Ver pág. 27
de Yo que…), há erguendo um Laboratório de magia cerimonial.
Em Joinville mesma, o M. Cedaior e Peregrina trabalhavam, musica e
pedagogicamente, para sustentar aos “naturalistas” que vinham tomar banhos de sol
na “Colônia”, da qual eu tomei conta com a minha esposa Lotusia, ao chegar de
Paris, em dezembro de 1924, e que liquidamos (a colônia, não as terras) ao
comprovar que, entre a falta de atividade ideal dos naturalistas e o excesso de
atividade dos pernilongos, transmissores de malária, era melhor desistir!
Em Curitiba, o M. Cedaior quase fundou uma colônia junto com Dario Velloso,
que me ofereceu também a “sucessão” do Instituto Neopitagórico, o que não aceitei
por irmos todos para Goiás, para tentar, por decisão da “maioria” (e contra minha
opinião), outra colônia! Na fotografia que ilustra estas páginas, pode-se ver na
Biblioteca (notável e rica do que há de melhor em ocultismo) do Instituto
Neopitagórico: ao dono da casa: Apolônio de Thyana”, cujo nobre rosto de vidente,
poeta e filósofo ressalta logo, sob os cabelos de neve. Ao piano, “Sôr Peregrina”,
http://amopax.org 163

com o seu penteado “solar”. Era uma grande pianista e notável dançarina sagrada,
não profissional, senão por culto ao ritmo e ao belo. Executando o “pianíssimo” fina
de uma composição, o M. Cedaior, com toda a singeleza que o caracterizou a vida
toda N. 84.
Em Curitiba, o M. Cedaior continuou aos estudos sobre “Astrosismologia”, que
já o tinham tornado muito conhecido, quando em Mendoza publicara, com
antecipação, os dias e as horas dos grandes terremotos como o do Japão (1921), o
da Bolívia, e outros, avisando sempre antes aos Governos respectivos… que nunca
deram – é claro! A menor atenção!
Também prosseguiu nos estudos sobre “astrometerologia”, chegando a
predizer o tempo: secas, chuvas, vento, tormentas, com bastante precisão, para
qualquer zona do mundo, da qual se conhecessem bem as determinantes
kabbalistico-astrológicas. Esse ramo do saber está longe, aliás, na minha opinião de
ter sido resolvido pelo M. Cedaior, que apenas pretendeu a investigação dos
estudiosos.

Fig. 27

F. 20 Mestres CEDAIOR APOLÔNIO E PEREGRINA . na Biblioteca do Instituto Neopitagórico. Curitiba.(Foto de


A. Peón. Membro do Instituto. 1925.)

Fig. 28

V. 3 – TRÊS LAGRIMAS DO MESTRE CEDAIOR…

Visão da Sacerdotiza Sarah, na Igreja Expectante, em 19 de janeiro de 1958. dezesseis


(número ralacionado com a Sarva Ioga) galhos, comos espinhos virados pra dentro (dor interior do
Mestre e outros…) formam o símbolo AMO-PAX. Da ROSA BRANCA (símbolo da Corrente do
M.E.M. PHILIPPE) caem três lágrimas: na primeira (época): vê-se ao M. Cedaior, trajando a rigor,
mãos atrás das costas (postura meditativa habitual nele) junto a um velório (de quem?...). – Na
segunda (época) nota-se o Vale, com mais edifícios que os atualmente existentes. Na terceira
(época) há um berço, cuidado por fiel cachorro. Parece ser indicação da nova encarnação do M.
Cedaior. Nesse lugar, após passarem dolorosas épocas lá. Por essa visão – e outa na qual o 3º

N. 84
– Para maior compreensão do cruzer de fios que tecem o manto da Tradição e da Transmissão,
citarei, isto: “1908 – Constituição em Paris, em segmento ao Congresso Maçônico Espiritualista realizado em
junho, no templo do Rito de Direito Humano, de um Soberano Grande Conselheiro-Geral do Rito de Memphis-
Misraim, para a França e suas dependências. A Patente Constitutiva está outorgada pelo Soberano Santuário da
Alemanhã, assinada e chancelada em 24 de junho, em Berlim, pelo Grã-mestre THEODOR REUSS (Peregrinos)
que assistiu ao Congresso de Paris. O Grã-mestre e o Détré (TEDER). A Loja ‘Humanidad”, precedentemente
religada ao Rito Nacional Espanhol, tornou-se Loja-mãe para o Rito de Memphis-Misraim em França”. – (De
Notas Históricas sobre o Rito Antigo e Primitivo de MEMPHIS-MISRAIM, por J. Bricaud, que foi, posteriormente,
o Grã-mestre.) E, Carolei, mais dados… aos “iniciados”…
http://amopax.org 164

dos berços estava florescido – é que pensamos que, não obstante o fracasso do “Monastério”
atual, é possível que o setor Sarva, ou Expectante, o levante alguma vez. Visão curiosa. Naõ se
deve deixar de meditar no Lago, rodeado de tijolos, em forma de prato de Balança (moral) que
ocupa o lugar do Cardo, na Jóia apresentada…

O mesmo, acho, deve ser dito das experiências sobre “determinação pré-natal,
ou mesmo pré-concepcional”, do sexo, com eliminação quase total de fatores
hereditários, mediante métodos que vão: desde o estudo dos temas astrológicos de
concepção e nascimento, somente; até os “pactos” pré-concepcionais entre: os
genitores vivos e uma pessoa, ainda viva também, que já escolhe seu futuro Lar, ou,
pelo menos seus futuros pais. Evidente é, que a “vidência’ e outros meios de
comunicação ou percepção – tão mal chamada hipersensorial – pode ser muito útil,
em tais experiências. As obras do M. Cedaior se resume: no citado “Libro de las
Leyes de Vayú”; num folheto de 30 páginas sobre “Astrologênesis” (apresentado à
Academia de Ciências de Paris… que nunca se dignou acusar o recebimento, de
acordo com amentalidade ancrônica do Velho Continente…), e noutro folheto sobre
“Previsão sismológica”. Alguns manuscritos estão também em nossos arquivos, ou
nos dos filhos de seu segundo casamento, realizado no Brasil.
Deixando agora de lado, o labor tão especial do M. Cedaior em favor da “Nova
Raça Ária ou pré-Olímpica”, que haverá de habitar o 6º Continente (Cujo mapa já
figura no Livro do Mestre), devemos apontar que certos de seus trabalhos, como por
exemplo o sobre a Ilha da Páscoa – ou Ilha de Vayú – (é curioso que o nome de
Deus Protetor da Ilha, seja o mesmo do Mestre que dirigiu a Cedaior), estão
recebendo confirmação, como é fácil ver pelos descobrimentos do investigador
alemão, Thomas S. Barthel, livre-docente da Universidade de Etnologia de
Hamburgo, que ecoaram tanto no mundo científico, recentemente, caracterizados
pela descobertas de sepulturas secretas, de teatros e elevadores: para mortos de
categoria serem colocados a “desidratar” pelo sol, no cimo do “Monte dos
Escultores”, etc…
Mas, o laço com os estudos do M. Cedaior, está em que Barthel achou figuras
femininas com cerca de três metros de altura, e outros dados – opostos às
civilizações masculinas e patriarcais da Polinésia e da Ilha de Páscoa, até então
conhecidas – e que parecem pender para uma civilização Matriarcal, como o M.
Cedaior achava que, num futuro sem data calculável, a humanidade tornaria a ter,
http://amopax.org 165

N. 85
passando pela partenogênese, a caminho de um androginia! “Doutrina Neo-
ariana – Leis do Matriarcado”:
“… A Maternidade, em compensação, tem todos os direitos que aprova a
consciência individual da Mãe. – Se afirmamos esta nova teoria, é porque só a Mãe
está capacitada para conceber todos o alcance da nova forma de gerar. E quisemos
lhe dar, e conservar-lhe, toda a supremacia que necessita. – O que procede, implica
na supressão – pura e simplesmente – do casamento absoluto, como do amor livre,
da coabitação sob o mesmo teto em forma de poligamia ou de poliandria, e
assegura o jogo da Lei natural, tal como opera atualmente. Além disso, fica proibida
a união entre parentes, por remotos que sejam; bem como a união com pessoas que
não sejam de raça branca, ou que não aceitem a doutrina neo-ariana, especialmente
no que se refere – também – a morar no OESTE de ambas as Américas.”
Como se vê, a cor branca é exibida, já que a cútis da 6ª Raça será “branco-
azulada” e, evidentemente, isso não se obtém com pigmentação escura! Nem como
“nova mentalidade”, com os tabus, crenças e supertições afro-latino-americanas que
o tempo irá removendo. – o “Oeste” é preferido, por ser, no dizer do M. Cedaior, a
parte que mais se salvará, coisa que seu livro esclarece. E, note-se que não tenho,
aqui, espaço para tratar de muitos outros aspectos e de numerosas atividades do M.
Cedaior, que não poderão ser indicados aos que sigam o labor dele, em forma séria
e entregue.
A atividade Martinista do M. Cedaior. – Com. 95 – Este o setor, Carolei, que,
embora não sendo o mais ativo na vida do M. Cedaior, liga mais diretamente as
nossas atividades, aos seus ensinamentos e à transmissão que lhe devemos. Já na
França, embora respeitoso para com seus Iniciadores, e procurando lhes deixar a
honra de iniciarem a mais Martinistas, o M. Cedaior iniciou a umas dez pessoas
escolhidas. Citarei os que me consta estarem falecidos: M. René OUVEYE; grande
livreiro de Blois, que acompanhou ao Mestre e sua Esposa, na viagem ao Egito –
tinha por nome iniciático “Jeho”; outro, “Horême”, poeta egípcio que, por amor ao M.
Cedaior mudou para Paris, progredindo muito; faleceu jovem. “M. Quénisset”, cujos

N. 85
– Ver, e este respeito, ou os trabalhos de Barthel, ou o resumo que, num artigo intitulado “Novas
investigações na Ilha da Páscoa, fez Werner Brand, publicado no “Estado do Paraná” de 22 de junho de 1958…
e, curioso será para Você, Carolei, saber que esse jornal trazia na mão, sem saber que me podia interessar, um
Jornalista que veio me entrevistar, numa das minhas passagens pela Capital da terra dos pinheirais. Outra
“coincidência”…
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trabalhos de fotografia astronômica tornaram conhecido mundialmente, o


Observatório de Juvisy, na época; e outros, cujos nomes calarei.
Na Argentina, de 1910 a 1923 – e são treze anos, Carolei! – embora tivesse
freqüentado ambientes tais como: maçons, espíritas, esoteristas e também católicos
(estava em muito bons termos com os Martinistas… até minha expulsão: veja Yo
que…, pág. 18), só iniciou a mim. As “formações martinistas” argentinas, já
desaparecidas nessa época, bem como a falta de atividade martinista do M.
Cedaior, durante todo esse período, contribuiu muito pra produzir um hiato
apreciável, não só nos seus contactos administrativos e culturais com a Ordem,
como na mentalidade, menos “tradicionalista”, que o M. me apresentou quando
cheguei à idade de palestrar sobre esses temas com ele.
Em 1918, como seu ajudante-geral, em 1920, como iniciado por ele; em 1922
porém normal: tinha morrido PAPUS, o “ser-eixo” do Egrégoro Martinista da época.
O resto era nulo, e meu M. Cedaior, de acordo como relatório que fiz, resolveu que,
no Brasil iríamos erguer uma Ordem autônoma, pelo menos até surgir na Europa um
Martinismo bem coeso e “Papusiano”, se me permite o termo, Carolei. – As
tentativas e preparações de alguns candidatos do M. Cedaior, na Argentina, nada
tendo de concreto, como já disse, podemos situar as primeiras iniciações no Brasil,
feitas pelo M. Cedaior ou por mim, e 1925, ano em que funcionou a primeira Loja
Martinista, que, em honra ao M. Cedaior, recebeu o mesmo nome que a dele em
Paris: “Hermanubis”. Como um dado curioso, poderei dizer que funcionava debaixo
do maior sigilo; em plena Rua 15 de Novembro em Curitiba…, aproveitando as horas
em que o seu Diretor-Fundador, Dr. Generoso Borges da Macedo (Gemini, na
Ordem), era um dos Discípulos do M. Cedaior, de quem foi fiel amigo até falecer em
São Paulo (Consultor Jurídico do Moinho Santista). Era uma grande alma e um
grande coraçãoN. 87.
Outro Membro falecido: “de Nerval” (Nerval de Araújo e Silva, odontólogo
baiano, que se expôs – e à família dele – a duros sacrifícios, quando da aventura da
colônia em Catalão, Goiás!). Outras Lojas houve, em Goiás, no Paraná, etc., até ser
fixada em Porto Alegre a sede da Ordem, cuja direção-geral assumi, em virtude de
um Tratado com treze cláusulas, assinado pelo meu M. Cedaior e por mim em 19 de
julho de 1936, pelo qual me tornava Soberano Delegado-Geral da Ordem, com

N. 87
– Essa Loja “Hermanubis” foi inaugurada, conforme seu tema astrológico, nos arquivos da Ordem –
em 22 de agosto de 1925, às 21:15. Não é de admirar, com essa data, que me tocasse ser seu Presidente…
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poderes para reorganizá-la, inteiramente, em condições que ficam ao dispor dos


Iniciados, no arquivos.
Em 15 de fevereiro de 1910, já podia reunir-se em sessão um Grande
Conselho. Em esse mesmo ano, publicações em português divulgavam: - um
Histórico, a Constituição Geral e o Ritual do Primeiro Grau. – Um templo muito
reservado, mas amplo, com dependências para o Grande Conselho, ficava
instalado. Os rituais de outros graus também foram publicados nesse ano ainda.
O M. Cedaior, que residia anos em São Paulo, foi transferido, com sua nova
família, para o mesmo prédio da Ordem, onde iria morar até falecer. Tudo crescia
muito bem, sob a orientação “à la Papus” e teria seguido em progresso… se não
surgissem os famosos “mentais”, promovendo uma divergência que, ao buscar evitar
se tornasse mais profunda, deu oportunidade de ser visto quando o MEM PHILIPPE
se preocupava por essa Ordem. Contarei a história, pois vale a pena:

H. 3 – O MEM PHILIPPE intervém na minha vida…

Um pedido do Membro da Ordem e Secretário do Grande Conselho, “Mauá”, para ser criada mais uma
Loja, com outra orientação, indicava o nascimento de uma divergência de opiniões. Isso é “democraticamente”
considerado com “bom”. Egregoricamente (trabalho espiritual grupal), é veneno mortal. – Sabedor disso, eu
tomei a atitude (que mais tarde iria tomar outras vezes: em Montevidéu e o Monastério): de preferir me retirar, e
deixar “os que dizem que sabem” mostrar o que são capazes de, realmente, fazer! Assim, declarei, em reunião
do Grande Conselho, renunciar aos dois cargos diretivos: e do Poder Temporal-Administrativo: Soberano
Delegado-Geral. Li os meus Decretos, nomeando para o cargo “reclamante”: “Mauá”. - Além disso, cantei alguns
Mantras do Verbo, estudados em Saint-Yves d’Alveydre… e fomos dormir, todos em paz e satisfeitos… Mas, no
outro dia, estando Solão em Meditação, viu, sem lugar a nenhuma dúvida, ao MEM PHILIPPE (de Quem, na
realidade, pouco nos ocupávamos, pois era seu Braço Martinista PAPUS o nosso Modelo e Protetor, e bastante
vezes sentimos essa Direção e Proteção!).
E o MEM disse a Solão que “devia ser-me devolvido o cargo de Presidente da Ordem (cargo vitalício,
aliás), pois era necessário que eu continuasse nessa função”. E desapareceu.
Honestamente, Ir. Solão, na sua flamante função de Presidente do Grande Conselho. Nos convocou,
expôs a visão e a ordem recebida e, logicamente, renunciou ao cargo, para eu reassumi-lo. Em oposição a isso,
o outro negou-se a devolver o cargo em que fôra empossado na véspera. Daí resultou, então, uma separação –
ainda apenas “interior”-, no sentir dos Membros. E, poucos meses após, na sessão 78.º do Grande Conselho,
datada de 13 de novembro de 1941, decidia-se a remoção da Sede da Ordem para MONTEVIDÉU, onde uma
nova etapa da vida Martinista, iria começar sob a orientação. Mas, o Sul do Brasil, posteriormente, o Ir. Mauá fez
questão de continuar dirigindo em forma autônoma a parte que ficou conhecida como “Ordem Martinista da
América do Sul”, e que tem, aliás, Personalidade Jurídica n. 443, registrada em Porto Alegre. E, portanto, uma
Ordem independente, totalmente, da que, como ORDEM MARTINISTA, iremos ver funcionar como sede em
Montevidéu.
E assim, Carolei, ficou PROVADO que MEM PHILIPPE tem as Suas Razões, para querer as coisas ou
pessoas num lugar, ou em outro, independentemente, muitas vezes, das opiniões, e até das boas intenções, da
nossa limitada visão.
E, para mim, Carolei, foi época DECISIVA, na minha vida, pois, não só o MEM PHILIPPE PENETROU NA
MINHA VIDA – sem que eu O buscasse diretamente, aliás – como também isso marcou a minha libertação d
toda atividade “comercial, profissional” ou como se lhe queira chamar. O resto… é “outra história”…

A Ordem Martinista no Uruguai – Morte do M. Cedaior. – Com. 96 – Em fins de


1041, pois, a Ordem Martinista, e eu, transferimos para o Tratado de Sarva Ioga, do
que para este livro, nessa transferência, convém dar alguns pormenores para que
Você, Carolei, possa usufruir das Lições práticas… - Em setembro de 1941, após
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terrível inundação cuja exata altura eu pré-desenhara nos muros visitantes,


Membros da Ordem. Um deles, médico italiano, jovem e cultíssimo, misticamente
conhecido como “Pitágoras”. Outro deles, era uma espécie de “contraparte” minha,
isto é: tudo que tenho em baixo-relevo, tinha em saliência, vice-versa. Era psíquico e
chefe de orquestras, Conde Della R…. – que trabalhara para o Serviço Secreto
Italiano e casara com uma bela dama… do Serviço Secreto francês… Desse par de
misteriosos artistas, nasceu, em Paris e em 1901, como eu, esse menino que
cresceu entre viagens à Rússia, à Itália, etc. Estudou na França, na Alemanha. Fez-
se químico (como eu). Casou cedo, na Suíça, e mais tarde divorciou-se. Residiu a
bordo de linhas que iam ao Japão e à Índia, cumprindo também às vezes certas
missões “confidenciais’… Aprendeu a negociar com pedras.
Mais tarde, em viagens por diferentes países do Oriente, interessou-se pelo
aspecto mais técnico que transcendental (aí, começamos a “contraparte”, Carolei).
Por meio de iniciações budistas, chegou ao contacto com misteriosos Membros
Tântricos budistas. Sofreu, até, operações no corpo, para facilitar certos
desenvolvimentos. Deixou a vida sexual normal, mas cultivou certos métodos, com
os quais alguns tântricos  da mão esquerda  conservam-se jovens, absorvendo
vitalidade dos ou das, que a eles se ligam. Nesse terreno, embora não tivesse
acontecido com a pessoa a que me refiro, é fácil cair na depravação sexual, como
aconteceu a certo discípulo nosso, que entendeu mal os métodos do Tântrico
citado… Viu, Carolei, como “discernir” é necessário, se não se segue um avia sem
magismos, nem fenômenos, buscados prematura e pretensiosamente!...
Mas, perguntará Você, Carolei, e as Lojas Martinistas, do Brasil, ou a que em
Montevidéu fundou-se como Centro para o Continente, que faziam, afinal? – Em
resumo, isto: cada Iniciador tinha a obrigação de ajudar a seus Discípulos a
estudarem os “Programas de cada grau” N. 88.

N. 88
– Em 1939-40, o programa de ESTUDOS, obrigatórios, incluía, como nos tempos de PAPUS: e por
graus, em exames severos: Estudo da Maçonaria simbólica, desde os três graus básicos até os superiores e a
constituição de um Rito. Alfabeto hebraico, Kabbala e aplicações. Tarot. - Astrologia, desde os elementos até o
cálculo de efemérides astronômicas. – Estudo de todas as Raças e Tradições. Uso de símbolos, Pantaclos, etc.-
Fisiognomonia. – Obras de Saint-Martin. O Cristo e os Evangelhos, etc…e as partes práticas: do magnetismo até
a Theurgia… - Posteriormente, EM MONTEVIDÉU, foi editado um livro de 157 páginas (ainda disponível),
contendo Programas de Estudo, muito mais amplos, com Bibliografia do Oriente e Ocidente; Rituais e mais
assuntos que definiam bem a posição e diferenças entre Maçonaria e Martinismo, etc. tal livro, embora não mais
em vigência, é material muito útil de ser estudado, como História e como fonte de compreensão da evolução dos
métodos, à medida que as Ordens mudam em adaptação, de acordo com o andar da vida coletiva geral. O
ATUAL Martinismo, PAPUSIANO e DIRETAMENTE RELACIONADO COM O MEM PHILIPPE, tem orientação,
mais singela, mais místicas, indispensáveis EM FUNÇÃO DOS TEMPOS QUE CHEGAM…
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Nas cerimônias coletivas, semanais, as reuniões tinham caráter múltiplo: além


da parte ritualístico-mística, que alimenta a alma psíquica e o Egrégoro; faziam-se
experiências magnéticas, outras de percepção metapsíquicas, etc. e, sem dúvida, a
parte mais essencial e útil, eram as longas cadeias de união, para a prece mágico-
mística pela qual obtinham-se curas, numerosas, tanto de doentes físicos como de
transviados morais e, às vezes, de certos problemas coletivos… Não há razões para
crer que tal orientação básica mude no Martinismo, mas sim as há para pensar que
os modos se tornem mais sutis, mais puros, ao ter-se tornado mais evidente, mais
divulgada, a influência de MEM PHILIPPE, como se verá quando eu falar de PAPUS
e de seu Filho, atual Grã-mestre dessa Venerável Ordem.
Assim, em 14 de dezembro de 1941, despedia-me de meu Pai e Mestre
CEDAIOR, na estação do Porto Alegre. Ele insistia e que nos tornaríamos a ver
“neste plano”. Quase ninguém, Carolei, vê claro cem por cento, quando é parte
interessada. Isso é tema de meditação , e também é gabarito, índice e medida… —
Seja como for, eu tinha insistido em almoçar a sós com meu Mestre, tínhamos
passado o dia juntos, na véspera da viagem, e tudo ficara acertado entre Pai e filho,
como entre Mestre e sucessor, pois também insisti em que eu sabia que não mais o
veria neste Plano, o que cumpriu-se. Em 16 de dezembro chegávamos: Luíse
(minha segunda esposa, pois a primeira falecera), minha filha e eu a Montevidéu. A
segunda etapa iniciática minha ia começar, como veremos adiante.
Em 22 de janeiro de 1943, o M. CEDAIOR falecia em Porto Alegre. O seu tema
natal “morrerás só e abandonado, longe dos teus”, cumpria-se, pois, não obstante o
carinho de sua segunda esposa e dos filhos desse matrimônio, bem como de certos
de seus Discípulos, como Solão, Paracelso, e do Dr. Rodolfo Foerthmann — do Rito
Schroeder —, ele ficou “largado” nos corredores da Santa Casa, logo, transportado
pela delicadeza do Dr. Antônio Pereira Júnior, à Casa de Saúde do mesmo, onde —
por curioso conjunto de circunstâncias — expirou sem nenhum dos seus junto a ele.
— Que bela morte, sossegada e tranqüila!
E Você queira relevar, Carolei, se sou um pouco extenso sobre o Mestre
CEDAIOR. Mas, em primeiro lugar, se não o faço, eu que sou o filho e o sucessor,
quem o fará, da triste tropa dos medíocres e indiferentes que por aí vejo?…
Outrossim, não deveríamos esquecer que, se há um pequeno grupo de martinistas
esparsos aí; se o próprio Papus é agora conhecido aqui sem ser pelo Tratado de
Magia (que mania há com isso !…), e se, finalmente, Você e outros estão dispondo
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de quanta obra traduzi ou mandei traduzir, e de tudo o que a Ordem Martinista, a


A.M.O., etc. fizeram e fazem, neste país e neste Continente, tudo isso se deve ao
Mestre CEDAIOR, que nos trouxe a dupla transmissão: Oriente e Ocidente, e seu
exemplo de perseverante sacrifício !
Será então suave a seu coração, Carolei, lembrar alguns aspectos do meu
Mestre, que também pode ser o seu, ou seja: um dos caminhos que levam ao MEM
PHILIPPE…
M. Cedaior tinha tipo celto-latino. Esbelto, de cútis tão alva como só os
Jupiterianos a têm, cabelos castanhos, olhos cor de avelã, que às vezes tomavam
nuances cinzento-azuladas… — Como todos os nascidos com Ascendente Sagitário
e bom tema, gostava das coisas singelas, um pouco primitivo até. Amava a Natureza
em forma ilimitada. Adorava o Egito como a Índia, e a França como o Brasil. Tinha
respeitosa amizade por Papus e Sédir, adoração por M. PHILIPPE, a quem só
chamava de Amo, com certa reserva sorridente…
Foi, para mim, toda sua vida o maior, o melhor, para não dizer o único Amigo,
embora fôssemos tão diferentes. Era um Artista e um precursor. Tinha o futuro
sempre presente. Eu sou ainda da velha raça e apoio, no passado, um presente que
para mim é tudo. O M. Cedaior tinha predileção por música sacra, grave. De Nardini
a Beethoven; de Bach a Mozart. Suas composições pessoais são essencialmente
bucólicas de forma, angélicas ou elegíacas de sentir.
Amava muito as flores. Lembro ainda os longos passeios, na França e mais
tarde, nos quais ele colhia o “Églantier”N. 89, cujas quatro singelas pétalas de Rosa
Silvestre, com o dourado centro de geração, o encantavam. Eu procurei gravar isso
num símbolo, que pode ser achado nas “Orações” que escrevi para o Monastério e
que, muito embora nunca se conseguisse fossem lá vividas — e só recitadas, não
resolve, Carolei — seguem sendo a lição sem a qual ninguém dará um passo, para
a frente, no caminho Essênio que leva ao MEM e a JESUS. Convém, pois, deixar as
ilusões, e buscar o que contém essa Flor de quatro pétalas. Dessas “Orações” (pág.
17) transcrevo estas poucas linhas:
“Apresentamos, ao querido Mestre CEDAIOR,
O nosso propósito de fazer todas as coisas,
Deste dia, em forma CONSTRUTIVA,

N. 89
— Églantier: Cinorrodon (Rosa-de-cão) — (“Cynorrhodon Rosácea””), ou: Hagebutten (alemão) —
Hips (inglês). Da fruta: escaramujos ou cinosbatos (Frutus cynosbati) faz-se doce que tem virtudes astrais
favoráveis…
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COORDENADA, CORDIAL E CONCENTRADA,


Com a Transparência no centro de tudo
…………………………………N. 90…………” .
H. 4 — Duas experiências na Loja Hermanubis

1. — Tínhamos recebido telegrama do Martinista “Platão n. 30”, de Joinville, pedindo socorro para seu
filho moço (que não conhecíamos), gravemente doente. A martinista “Hypathia n. 58”, sentada em poltrona, no
centro do Pantaclo…, foi magnetizada por mim. O M. Cedaior e outros Membros da Loja, formavam em volta
protetor Círculo… — Desdobrei a sensitiva sujet magnética, mandei-a a Joinville e o meu pensamento a guiou
até a residência de Platão, minha conhecida. A desdobrada, a quem ordenei poder contar o que seu corpo astral
ia visitando, nos disse que a casa estava escura e fechada. Mandei, então que, pela imagem que, de Platão
minha mente plasmou, ela o procurasse pela cidade toda. Pouco após, localizou-o: numa casa de saúde,
descreveu o terno, camisa, listada, a esposa chorando, o rapaz agonizante no leito, etc… Oramos — após trazer
Hypathia de volta — pelo fácil trânsito de moribundo. Novo telegrama confirmou a morte e carta posterior
confirmou todos os pormenores relacionados com roupas e lugares visitados pelo sujet magnetizado e
desdobrado pelos iniciados…
2. — Sentado no centro do Pantaclo, “Solão” (médico, professor universitário, vidente, e grande coração).
Em torno, só três S.I.: o M. Cedaior, sua esposa Lorelair, eu. Experiência; invocar certos Mestres do Oriente,
com os quais Solão pusera-se em relação através de “Dharma” (organização muito boa que “Rama-Schaim”,
oficial da Marinha, dirigiu certo tempo no Rio), Depois de certas preparações, Solão é desdobrado,
conscientemente, sem transes de tipo mediúnico, e visita certos lugares do astral, recebendo conhecimentos
úteis. Após seu retorno ao estado de vigília comum, comparamos as percepções: o M. Cedaior viu aos três
Mestres Orientais que dirigiram a “saída astral” de Solão, e os descreve apenas em linhas gerais, pois ele nunca
era prolixo. Lorelair nada viu, mas sentiu as vibrações e intuiu os aspectos astrológicos (sua especialidade, aliás)
e as condições mais “optima” para tais experiências. Eu, nada “vi” — no sentido que os videntes dão ao termo.
Mas, descrevi minuciosamente o físico, as roupas, gestos, intenções, cores de raios emitidos pelos olhos e
mantras usados, pelos ditos Mestres, especialmente pelo Chefe dos três. Isso, é o que chamamos o uso dos
sentidos “íntimos”.
3. — Esta, carolei, é mais recente: passou-se numa Cela do Monastério AMO-PAX, antes de partirmos de
lá. Tal Cela era ocupada por Ísis e um dos cantos da mesma tem um Pilar no qual, desde a fundação do
Monastério, até…quando o MEM quiser, esteve depositado o Centro etérico no plano físico. Os “TRÊS”, a que o
texto da vidente se refere, são alguns dos “ENCAPUÇADOS” — com certas características Martinistas, que os
tornam identificáveis como tais, e que nenhum ser do astral inferior pode imitar ou usurpar porque O
QUEIMARIAM… Eu tenho as minhas razões para pensar que um dos Três era o M. Cedaior. Você, Carolei,
pode “achar” o que quiser. É, também interessante fazer constar, Carolei, que no dia do MEM PHILIPPE, ou
seja, 25 de abril desse mesmo ano de 1957, eu recebera DÊLE, como consta da minha nota de Meditação (nos
Arquivos conservados), este aviso, em francês: “ISIS DOIT PARTIR D’ICI”, ou seja: “Ísis deve retirar-se daqui”.
E, muito embora eu tivesse dado quase um ano mais de tolerância ao caso, nem deixou de se cumprir e nem
deixaram os Encapuçados Superiores Incógnitos de vir, 10 dias após o aviso, preparara substituição dos Etéricos
Individuais no Etérico Egregórico, coisa que Você compreenderá mais plenamente quando chegarmos ao tema
“EGRÉGOROS”, mas que eu tinha o dever de esclarecer um pouco, para tornar mais útil e inteligível a notável
vivência de Monja Sarah.
O desenho e texto, que seguem, são dela mesma, e devidamente arquivados…
“Ashram, cela, 5-5-1957: Um pouco mais das 21 horas — eu estava orando abraçada, como sempre, à
pequena cruz de madeira.
Depois permaneci quieta, procurando ouvir alguma voz que viesse do mais profundo do meu ser.
Concentrei-me no coração. Na Junção dos braços da Cruz, surgiu em linhas brilhantes o símbolo
martinista, que se ligou ao coração — fazendo-me vê-lo dilatado. As artérias muito aumentadas e gotas

N. 90
— Embora a tônica do Monastério nunca tenha logrado, nem agora, realizar como já disse, a vida
coletiva dessa “PRECE DO LABOR EGREGóRICO”, essa e outras das Orações desse Manual de Preces
comentadas é útil, inclusive para as crianças, já que contém preces infantis. — Para MARTINISTAS, os quatro
“C” poderiam também ser: Certo, Claro, Conciso, Completo, “não acha”, Carolei?… E, para outros: “Crux Christi
Corona Christianorum”, que usei desde 1622.
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Fig. 29 –
V.4

V. 4 — O uso dos Símbolos e seus efeitos numa cerimônia de mudança de fatores egregóricos.

como de chumbo derretido — passavam pausadamente nelas. — Nisto os “Três” apareceram de súbito à porta
da cela. Projetaram sobre a pequena mesa forrada de azul celeste, um círio aceso, justamente abaixo do Quadro
dos Mestres.
O meu etérico se pôs a orar, ajoelhado, diante deste altar improvisado. Com a espada traçaram às costas
do etérico o mesmo símbolo da Cruz — isto é, os 2 triângulos entrelaçados e o círculo, nesta forma: triângulo
ascendente do coronário às extremidades dos cotovelos. Triângulo descendente, dos ombros ao cóccix. Isto
produziu no físico uma dor profunda e dolorosa no alto e dentro da cabeça que desceu pela coluna vertebral
escoando pelos orifícios inferiores do tronco, cuja região ficou por algum tempo dolorida.
Quanto ao trabalho no cardíaco, produziu no físico uma dor nervosa e móvel, superficial, no lado
esquerdo da cabeça, junto à nuca.
Vi depois que o meu etérico ( x ) ia tomando a forma de uma pedra retangular, que passou a se
enquadrar na base de uma coluna. Adormeci… e não sei quando me retiraram. Notei apenas que os olhos dos
“Três” eram muito inquietos e perscrutadores. É só. Sarah.”

O muito Excelso Mestre e AS PERSEGUIÇÕES. — Com. 97 — E a vida do


MEM continuava a se desenvolver, sempre de acordo com o que lhe fora dito
quando da “Encarnação do Eleito”: lembra, Carolei? :
“… Todos os corações dos ancestrais emitiram, nesse momento, suplicantes
desejos e, contudo, o espírito do Sacrificado disse: “Pedirei a Deus para me dar
forças para amá-lo sempre e suportarei o escárnio dos homens!” — Então, a voz do
Ser alado continuou: “Ainda não é tudo; as criaturas do Destino, os maus te
arrastarão perante os tribunais dos homens, e lá, teu inimigo se erguerá e te dirá:
“Diz a origem dos teus poderes, mostra a teus juízes quem és; …se recusas, é a
condenação humilhante e sem recursos…”
O resto dessa tão admirável posição do Eleito, já vimos, a pág. 53 do I Vol. —
Agora, iremos ver como se cumpriu e quais as conseqüências. Com relação às
diversas condenações — inicialmente sofridas pelo MEM, embora mais tarde
apagadas da sua folha-corrida, conforme Papus noticiou — achei, além do que
ficara dito a págs. 42 e 43 do I Vol., uma documentação que considero muito
importante, pelos motivos que verão a seguir. Trata-se de suas notícias, publicadas
em “L’INITIATION” de fins de 1893, a págs 183 a 187, e que resumirei como segue:
a primeira notícia refere-se a um “Congresso do Livre Exercício da Medicina”,
organizado pela “Liga Nacional pelo Livre Exercício da Medicina na França”,
incluindo dito Congresso, em seus cinco dias de duração, tanto sessões do mesmo,
como visitas à Escola Prática de Magnetismo, em seus setores de clínica —pela
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manhã — e de teoria — à noite. O comitê do citado Congresso incluía, ente seus


cinco Membros, a um Abade, um Médico, o magnetizador Durville e outros.
PAPUS, embora tendo ajudado a organizar tudo, demitiu-se antes de instalar-
se o Congresso, por excesso de tarefas… mas não deixou de colaborar mais
elevadamente, pois que, no mesmo número de sua Revista, e bem em seguida à
noticia do Congresso, publica o artigo “Exercício ilegal da medicina — Sugestão
mental — Contravenção” que inicia com este comentário grifado: “A lei do 19
ventôse (mês revolucionário) do ano XI, teve por objeto proteger de modo geral a
saúde pública, contra as empresas dos charlatães e dos empíricos, etc… resulta do
espírito e do texto dessa lei, que ela é absoluta e indeterminada no seu alcance,
devendo aplicar-se a todos que atraem a si os doentes, fazendo-lhes conceber
esperança de cura, sejam quais forem aos procedimentos curativos pretendidos,
mesmo que só tivessem por efeito, agir sobre a imaginação dos doentes”…
E assim julga e dá sentença, como segue, a Corte Correcional de Lyon, em 4
de abril de 1892:
“Considerando que P…, sem estar munido do diploma de médico ou de oficial
de saúde, tem atraído, desde diversos anos, grande quantidade de doentes, que
tratou pelas práticas do magnetismo, como foi constatado, em 1887, por juízo do
Tribunal Correcional de Lyon, etc… que o condenou… e por um segundo julgamento
com data de 21 de maio de 1890… condenando-o a 46 multas, etc… —
considerando que ficou provado pelos autos que, após sua última condenação e
apesar dos avisos reiterados da justiça, P…… continuou a receber em sua casa a
certo número de pessoas, sofrendo doenças diversas que ele tratou, por
procedimentos análogos aos precedentemente usados… que a Sra. C. declarou que
P…… (ao qual recorreu 25 vezes…) teria impressionado muito a imaginação dela,
falando-lhe do além e das almas dos mortos… que, por outra parte, a mulher G.
declara ter feito, no ano de 1891, cinco visitas a P……; que certo número de
pessoas achavam-se reunidas na mesma sala; que P……entrava, pronunciando
palavras misteriosas como se estivesse evocando — diz ela — algum espírito; que
ele passava diante de cada pessoa, olhava-a fixamente, perguntava pelo tipo da
doença e acrescentava “Isso melhorará…”, que, em cada visita a mulher G. pagou 2
francos, etc… — Considerando, ainda, que ficou provado, pelos autos e
notadamente pelas próprias declarações de P…… e do seu associado o Doutor
S……, que o contraventor pretendia agir sobre os doentes pela influência do
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magnetismo… e que o Médico do Tribunal declara que é possível agir mesmo sem
passes, só pelo olhar ou pela sugestão mental… etc… condena-o a 29 multas de 15
francos cada uma, bem como às custas, etc.”
Temos diferentes assuntos a considerar, agora, Carolei: — O primeiro deles, a
forma em que as pessoas sem cultura iam, sem querê-lo, prejudicando ao MEM, ao
não perceberem o fundo do Seu ensinamento, que viam através das superstições,
apenas. O outro, nos traz a revelação de que o MEM, ao entrar para as sessões,
continuava orando, murmurando as preces — quem sabe em que forma ORAVA
ELE, e que Nomes Divinos pronunciaria, e, em que idiomas, para não serem
profanados pelo vulgo… — O terceiro ponto que devo comentar é este: que
necessidade tem o MEM, que tudo sabe e tudo vê, de indagar qual o tipo da
doença? — Explico: o doente é quem necessita fazer-se consciente, de diferentes
coisas: do mal que sofre, da fraqueza ou transparência para com quem irá ajudá-lo
ou curá-lo.
Como quarto aspecto, temos o ensinamento que segue, proveniente de L. B.,
pág, 29, existente na 4.ª e 5.ª edições:
E. 456 — Em 1887, 1890 e 1892 notadamente, foi condenado por exercício
ilegal da medicina. Eis uma carta que escreveu a alguém que evidentemente queria
vir em socorro dele:
“Venho vos agradecer pelas vossas boas intenções a meu respeito. Nunca
solicitei pessoalmente nenhum testemunho em meu favor, algumas pessoas
apresentaram-se para testemunhar a verdade; riram; muitas dessas pessoas foram
certamente ridicularizadas, porém dia virá, e este dia está bem próximo, em que
Deus as recompensará.
“ O que faço, tornaria a fazê-lo ainda, pois eu nunca fiz o mal; fui inculpado, é
bem verdade, fui muito insultado, mas tenho grande satisfação de haver sempre
devolvido o bem pelo mal. Se o Tribunal me condena, o Tribunal Celeste me
absolverá, pois ele deu-me uma missão a cumprir que o poder humano não pode
cumprir por mim e nem pode impedir que cumpra os meus deveres. A hora soou e
deu o sinal das minhas provas; serei firme e não cederei uma polegada do território
confiado pelo meu Pai.”
Com. 98 — A posição do MESTRE, no tribunal e na carta acima, é bem a do
Eleito! E, debaixo da sua humildade e silêncio, como transparece a Sua Grandeza:
“missão a cumprir que o poder humano, etc.” e o “território confiado pelo meu Pai”.
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Quão cegos são, Carolei, os que, ante coisas como estas da própria mão do MEM,
não O reconhecem!… Isso, sem falar dos ensinamentos morais, bem claros, no texto
N. 91
citado. E, sobre a “transparência” dos doentes, veja a …
E, chegamos ao ponto que desejava, como mais uma contribuição aos
“mistérios” em torno do M. PHILIPPE. Irei, assim, expor um teoria minha, sobre um
fato que acho raro. Poderei estar errado, mas se para o demonstrar, tiver que vir à
tona mais uma parcela da verdade, todos lucraremos com isso. O caso é carolei,
que todos os textos que tratam de Discípulos do MEM sempre velam,
cuidadosamente, a época exata, em que cada um deles conheceu ao MEM
PHILIPPE. Eu, para não perder o hábito, meditei nisso. E, concluí não ser apenas,
de interesse histórico procurarmos as razões de tanto mistério, que creio podermos
situar em três tipos eventuais, para fins de exame.
1.º — Durante a vida física do MEM poderia ter havido uma razão de simples
sigilo, já que Ele mesmo o exigia sobre a Sua Pessoa e Sua residência. Então, era
plausível que “Fulano”, indo a Lyon para O conhecer ou visitar, ocultasse
posteriormente a data do encontro, para evitar que — pela data — averiguassem
onde tinha estado e localizassem ao MEM. — Mas, se assim tivesse porventura
sido, tal mistério deveria ter ficado inexistente agora, o que se não verifica.
2.º — Poderia haver, ou ter havido, uma razão kabalística, por assim dizer, já
que os Ensinamentos Dele, incluíam ser muito reveladoras, as datas dos
acontecimentos importantes das vidas individuais. Certo, porém, tratando-se de
mortos, que já viveram e fizeram o que puderam, nada mais deveria haver para
ocultar: pelo contrário, seria interessantíssimo, a meu ver, que alguém faça um dia
— eu não tenho tempo agora — um estudo em tal sentido, sobre todos que entraram
em contacto com o MEM, com resultados ponderáveis…
3.º — E… por falar em “resultados”… não estará aí a chave do mistério? Em
muitos textos, vejo dizer que fulano ou sicrano, tendo entrado em contacto com o

N. 91
— A tal respeito poderia citar um caso, não excepcional infelizmente, mas bem típico. Em Buenos
Aires, há disto uns 14 anos, a nora de um Discípulo nosso, ficou gravemente doente. Deram-na por perdida.
Nem assim, e nem a mim, a quem pediam ajuda, confessavam a doença, que era uma simples tuberculose, de
origem sifilítico-hereditária, tara que toda a família levava escrita, para quem sabe certas coisas, como certo véu
nos olhos que tenho descoberto como típico dessa tara. — A moça ia melhorando pelos cuidados magnéticos de
um Discípulo, apoiados à distância por cadeias de preces. Mas… certas falhas morais no ambiente, certas
posições mentais que não foi possível remover, provocaram, tempo após, uma recaída. A moça morreu. Nem
assim diziam a verdade, o que provocou que outros membros se contagiassem, etc… — Mas, todo mundo é
muito “cristão” e vive repetindo “ A Verdade vos libertará…”
http://amopax.org 176

MEM, “em data que sabemos por ele mesmo — o fulano — mas que ocultaremos”
(???), fez então rápida evolução, etc…
Calma no Brasil! acho que aí está o xis do problema. Pois, pelo contrário,
embora TODOS aqueles que estiveram em contacto mais ou menos longo com o
MEM tenham, de fato e logicamente, feito progressos espirituais muito notáveis, há
precisamente, a meu ver, um fator que, por um lado parece estranho, mas que por
outro lado é profundamente alentador. É, justamente, a lentidão com a qual, todos
aqueles que estiveram, mesmo na intimidade do MEM, deixaram de ser como eram,
e o que eram, em modos, em manias, em atos, em desejos e até em certas atitudes
— pelo menos aparentemente — contraditórias com o Seu Ensinamento.
Isto dito, poderei então me contentar com apontar, sem tornar a comentar
amplamente o que acabei de expor, o tempo que cada um dos Discípulos levou,
para chegar ao misticismo puro, à entrega real, e tudo quanto sofreram para lá
chegarem! — E, agora, vamos à primeira investigação de épocas, procurando a
“nunca publicada” do encontro de PAPUS com o MEM, encontro que, de qualquer
maneira, situa-se muito depois do caso relatado a respeito do menino CEDAIOR,
que por isso ficou “biografado” antes de Papus, e por nem uma outra razão; assim
como PAPUS vem, agora, ocupar neste livro o seu lugar, antes dos que, como
mostrarei, creio terem conhecido posteriormente ao M. PHILIPPE.
Aliás, o fato de não haver, na revista de Papus: L’INITIATION a menor alusão,
mesmo que velada, a PHILIPPE, antes da publicação da sentença que resumi,
parece provar que, com o seu enorme coração, o que teria atraído a PAPUS a
investigar o que, realmente, havia de certo ou não sobre O Curador de Lyon, teria
sido o espírito de defender a Verdade, a Bondade, e o Direito de Curar com os Dons
do Céu. Aliás, a Vida de Papus está ainda, não obstante as biografias abundantes a
seu respeito, com “lacunas” que — pelo menos eu — creio seria agradável ver
preenchidas. Passemos, pois, a nos aproximar dele!
O Muito Excelso Mestre e PAPUS. — Com. 99 — Quando, em 1956, tive o
prazer de abraçar pessoalmente ao Filho de PAPUS — o Dr. Philippe ENCAUSSE
— lembro ter-lhe dito, na nossa primeira entrevista, na terça-feira 18 de setembro de
1956, no Santuário de seu Pai, que — evidentemente — eu não pretenderia querer a
PAPUS mais do que ele, Filho e Sucessor, o amava ! Porém, Carolei, também lhe
disse, que a minha convicção era: que ainda não se conhece bem, e não se
reconhece o que Papus, realmente, foi e fez.
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Não tenho, nesta obra, lugar para uma biografia, que aliás seu filho já fezN. 92
duas vezes, sem contar as inúmeras obras que falam do “Balzac do Ocultismo”!
Um rápido resumo da vertiginosa carreira de Papus, poderia ser intentado
assim: teve a merecida sorte de nascer filho de uma gitana espanhola, e de um
químico francês, bastante livre de espírito para contrair tal união. Gênio e dons
gitanos, espanhóis e franceses, estavam pois no sangue desse menino, ao nascer
(1865). Em 1869, seus pais o trazem para Paris, seu centro definitivo de ação. Aos
12 anos (1877) já tem bom certificado de estudos; aos 16 (1881) o de gramática e —
coisa possível naquela época — sem o bacharelato em ciências, já começa em
1882 — aos 17 anos — os estudo médicos. Em fins desse ano, é iniciado Superior
Incógnito por Delaage, fato notabilíssimo, nessa idade! Que vidência ou percepção
gnóstica, devia ter Delaage para escolher tal sucessor! — Aos 19 anos, escreve
suas “Hipóteses” (1884). — Em 1885, por ser o único ano no qual não consegui
achar nenhuma atividade dele na Europa, é quando deve situar-se a sua viagem à
Índia, que se acha citada duas vezes: no Prefácio que Charles de Brahy escreveu —
com documentação provida pelo filho de Papus — para a 6.ª edição do “ABC
ilustrado de Ocultismo”, e, novamente, a pág. 38 da primeira Biografia escrita pelo
próprio filho, que comenta que “a sua crença no poder das forças do astral ficou
assim fortificada”. Nesse mesmo ano, creio, deve situar-se seu contacto com a
misteriosa “H.B.L.” da qual já falei, e com seu primeiro “Mestre” prático.
As poucas referências sobre tal mestre, eram as de ser um Mago, de nome
Peter DAVIDSON, que Papus qualificava de “um dos mais sábios entre os Adeptos
ocidentais” e que o lançou no labor das sociedades secretas de ação socialN. 93; falei
disso em “Yo que…”, também. — Em 1886 situa-se o curioso fato da carta que
Papus escreveu a Eliphas LEVI, falecido muitos anos antes. Ora, como Levi era
amigo e protetor, tanto de Desbarolles, como de próprio Delaage, o iniciador de
Papus, temos aí uma prova a mais do contato sumamente breve, que houve entre
Papus e seu Iniciador…, e com isso só, Papus dedicou depois sua vida

N. 92
— A primeira biografia é “PAPUS”, sa vie, son oeuvre”, cujas 60 páginas são notavelmente bem
organizadas. A segunda, volumosa e abrangendo numerosos temas, correlatos e de elevadíssimo interesse, é
“SCIENCES OCCULTES”, grosso volume cujas 546 páginas nunca poderiam recomendar-se bastante, aos que
desejam informação séria.
N. 93
— Sobre Peter DAVIDSON: há breves referências a págs. 135 e 136 de “Sciences Occultes”, com
relação à Hermetic Brotherhood of Luxor”, reproduzidas e comentadas por mim, a pág. 225 de “Yo que camine
por el Mundo…” — Na coleção antiga de “L’INITIATION” aparecem duas referências, uma delas simplesmente
fala, veladamente, de “Peto Davidson”, e, outra, a pág 84 do vol. 17, refere-se com poucos pormenores, à
publicação da obra de P. Davidson, ou seja “THE BOOK OF LIGHT AND LIFE” editado simultaneamente em
Londsville (U.S.A.) — onde estaria o autor na época — e em Glasgow, por goodwin, isso, em 1892.
http://amopax.org 178

principalmente ao Martinismo. — Dá para ficar pensando nos discípulos que


dispõem de um Mestre durante anos… e nunca se decidem a entregar-se a nada
impessoal !
Em outubro de 1887, Papus merece mais um Mestre: o Marquês de Saint-Yves
d’Alveydre, a quem ele chamaria mais tarde: seu Mestre intelectual. Efetivamente,
Saint-Yves deu a Papus a CHAVE DAS SÍNTESES (ver Yo que…, pág. 269 e
seguintes), não só das Tradições religiosas e iniciáticas, como do andar das
civilizações e das mudanças sociais, resumidas na “Missão dos Judeus” e nos seus
trabalhos sobre a SinarquiaN. 94. — Não gostaria, aliás, já que não cabe nesta obra
maior estudo sobre o M. Saint-Yves d’Alveydre, que tampouco constam diretos laços
entre ele e o MEM PHILIPPE, deixar de assinalar que, se não houvesse outras
razões, bastariam o seu amor pelo Cristo, os seus esforço pela realização de um
Reino Social do Cristo, por convencer aos outros Soberanos (já que ele
considerava-se, com toda razão, como um Soberano Moral e Espiritual) a fazerem
obra de paz e de soerguimento moral, e, a sua Mathese Cristã, ou seja, um
esquema do Universo com base no Verbo Crístico e, finalmente, suas Missões junto
às diferentes Cortes da Europa (e graças a ele Papus, como sabemos, penetrou
mais facilmente na da Rússia), o classificam, sem dúvida alguma, como uma das
“Águias da Via Mental”, expressão que já usei no “Yo que…” e sobre a qual voltarei
no capítulo “As Duas Vias”.
Em 1890, Papus já estava distinguido com condecorações pelas suas obras
publicadas. — Oficial de Saúde em 1891 e Médico em 1894, casou-se em 23 de
fevereiro de 1895 com a jovem viúva Mathilde Inard d’Argence, viúva Thériet, que,
como veremos, foi uma das pessoas que o levaram até o MEM, por assim dizer, já
que o laços entre essas duas almas não devem ser “de agora”… — Em 1891 já

N. 94
— “Sinarquia”, ou seja: Governo de Todos, porém em Funções Sociais (em lugar de “classes” em
competição econômica) distribuídas de acordo com o esquema universal, Chamado por St.-Yves “Critério de
Certeza” e do qual o Arqueômetro é a Chave viva, de aferição e adaptação. E, para que Você, Carolei, não
pense que esse assunto de SINARQUIA é fantasia antiquada, direi que, de março a maio de 1956, o “JORNAL
MUNICIPAL” de São Paulo publicou uma notável série de artigos de autoria do Eng. Plínio A. BRANCO, então
Diretor do Departamento de Serviços Municipais e Membro do Conselho de Energia do Estado de SÃO PAULO,
artigos que detalhavam a TESE apresentada por esse culto Engenheiro, ao I Congresso IBERO-AMERICANO,
no qual ele integrou a representação oficial ao citado Congresso. E, sua Tese tinha por base e título: “O
MUNICÍPIO NA ORGANIZAÇÃO SINÁRQUICA DO ESTADO”.
Convém, por outra parte, assinalar que, contrariamente aos trabalhos do Eng. Plínio Branco, que estão
bem dentro do conceito de Saint-Yves, houve, tanto no México como na própria França, movimentos subversivos
que se disfarçaram com a denominação de “sinárquicos”. Os estudantes sérios poderão ser informados com
mais pormenores, se a sua especialização o permitir.
http://amopax.org 179

publicara o seu, justamente célebre, Tratado Metódico de Ciência OcultaN. 95


. Em
1896, já fundara a notável “União Idealista Universal”, agrupando mais de 30.000
intelectuais, e que, com o título curioso de “Rendeiro”, ou seja: aquele que só cuida
da fazenda para o Dono, ele movia com entusiasmo e vigor, contra o materialismo
crescente…
Pela sua atividade múltipla como conferencista, como Missionado na Rússia, e
como centro de uma ação nunca antes, nem após, igualada, para MOVER a todos
os ambientes em favor de um ideal, sem sectarismos nem vaguezas, Papus
aparece, até hoje, como único.
Como iniciador através de obras, basta lembrar que as suas, perto de 160,
incluem pesados tratados, cujas teorias ele mesmo revisara, ou com a ajuda de seus
colaboradores, mediante experiências que iam: da alquimia à magia cerimonial; da
homeopatia ao magnetismo e da kabbala aplicada às ciências sociais até a teurgia
purificadora de corpos e de almas.
No Martinismo, é certamente onde PAPUS insuflou todas as energias que
semelhante “Cavalaria Cristã” podia assimilar como doutrina e tentar aplicar, nos
mais diversos campos externos.
Se olharmos agora o seu caminho interior — a passos largos e distanciados,
como marcos principais — através de certos fenômenos reveladores,
compreenderemos melhor o que significou para PAPUS — e para o MEM — o
encontro com o seu MESTRE ESPIRITUAL.
Já, aos 19 anos de idade, Papus tivera em sua vida um episódio que ressaltava
seu passado iniciático, e o qual a imposição de mãos de Delaage, ao iniciá-lo S.I.,
reavivara em essa alma ardente.
Ele tivera um desentendimento com outra pessoa, de má índole, que ofendera
a honra de Papus. Resolvido a “eliminar o bicho indigno”, o que Papus ainda
considerava um direito, senão um dever, ele o esperara, de arma em punho, no já
célebre Cabaret du Chat Noir. Mas, quando o adversário ia surgir, na noite
enluarada, sente uma mão pousar no seu ombro. Vira-se, indignado com a intrusão.
Mas fica petrificado: um ser luminoso, diáfano, de resplandecente beleza, que, de

N. 95
— De cujo Tratado Metódico, fizemos em Montevidéu uma notável tradução, devida ao labor de
“Pitágoras”, o médico do qual já falei, e cuja tradução foi depositada sem a minha anuência, por terceiras
pessoas, numa Editora de Buenos Aires, com a qual entraremos em contacto, oportunamente, a respeito. Aliás,
eu predissera que tal tradução não seria bem sucedida, porque tinham acrescentado notas querendo “melhorar”
a Papus… que não estava precisando disso.
http://amopax.org 180

humano só tem a forma, olha-o grave e suavemente e lhe diz: “Que ias fazer? —
Não és tua missão cometer tal ato de violência. Não deves deixar-te levar pelo
ressentimento. Perdoa a esse homem.” — “Mas ele…” — “Sei, ofendeu-te, não é?”
— “E como!…” — “Mas Cristo foi coberto pelo opróbio, e não somente perdoou a
seus detratores, mas ainda orou por eles…” Papus baixou a cabeça. Quando a
ergue a visão sumira. Mas ele, Papus, tinha reatualizado o que já treinara: exaltar-se
pelos ideais de bondade…
Com. 100 — Estou lhe ouvindo, Carolei: “Oh! Sevananda, e por que não são
assim tolhidos, todos os gestos irados e mortíferos?…” — Pois é, Carolei, bem triste
é, serem tão poucos os que já treinaram antes: um pouco de brio, mas também, um
pouco de humildade e de vidência. Só, por agora…
Anos após, provavelmente em 1895, conheceu ao MEM PHILIPPE — pois
Papus fizera já em 1895 e 1893, viagens a Marselha e a Lyon, nas quais poderia ter
conhecido ao MEM… mas, como batera-se em duelo com Jules BOIS, a quem feriu,
embora de leve, em 1893, creio que o MEM PHILIPPE não lhe teria permitido isso.
(Posso estar errado, é claro.) Por tal razão penso que os três fatos que vamos citar
agora, serão em favor da opinião emitida.
1.º) — Diz o Dr. Philippe ENCAUSSE: “ A propósito desse providencial
encontro entre Papus e M. Philippe, convém apontar que foi devido mais
especialmente a duas pessoas que tinham atraído a sua atenção sobre o Mestre.
Em primeiro lugar foi o massagista-magnetizador André ROBERT, falecido em 28 de
junho de 1895 (e a cuja viúva o MEM dirigiu, no dia seguinte ao decesso, esta carta:

“Minha muito querida amiga — permita-me tomar uma grande parte da


sua dor. — Aquele que acaba de partir, não está longe dos seus amigos. Em
verdade vô-lo digo. Robert está entre os bem-aventurados. Robert, pagou
além das suas dívidas. Durante a noite, de quinta para sexta, pelas 2h. ¾ da
madrugada, foi dada à sua alma a mais grata satisfação, e ele poderá, dentro
de bem poucas horas, pedir para vós, querida amiga minha, e obter, aquilo
que não podia durante sua vida material.
“Mais um vez, consolação e bênção vos serão dadas. O vosso Amigo,
PHILIPPE”.
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2.º) — A segunda pessoa foi, pois, a viuvinha Mathilde, neta da Condessa de


Waldner de Freundstein (curioso nome da velha nobreza alemã, que significaria:
Habitante ( ou Senhor) dos Bosques das Pedras Amigas, isto é: de bosques
sagrados dos Druidas…) Essa viuvinha, a quem vamos chamar de Mathilde,
diretamente, para abreviar, tinha permanecido com sua mãe em l’Arbresle e, tinham
conhecido ao MEM PHILIPPE, que predissera que ela casaria com o Dr.
ENCAUSSE (Papus). É claro que, tendo assistido aos milagres de lá, não deixou de
insistir com o pretendente, mais tarde o noivo, para que fosse lá… ver o MESTRE.
E, aí surge a notável história, inédita até ser incluída na 5.ª edição francesa,
que nos pinta o Papus mago, brioso, altivo e humilde ao mesmo tempo, isto é:
REALISTA, que sempre foi seu maior dom! Louis Marchand, um dos raros
companheiros de Papus, ainda vivos, que o conheceu desde 1897, refere isto:
“Gérard Encausse mostrou inicialmente desconfiança para com o M. Philippe,
esse desconhecido misterioso, do qual a sua noiva lhe falava sem cessar. Saturado
de Eliphas Lévi, repleto de conceitos mágicos, dos ritos, das sociedades iniciáticas,
das sombrias intrigas jesuíticas ou extremo-orientais, muito ufano por ser ele quem
mantinha em xeque à Sociedade Teosófica adolescente, havia um certo temor nele,
de se tornar o subalterno de alguém. Num sótão de Paris, perto da Estação do
Leste, tinha instalado um gabinete mágico. Um refletor de segunda mão, servia-lhe
de espelho mágico e um velho sabre de abordagem, era sua espada. Empregava a
magia dos Boêmios. Acreditando estar sendo objeto de sugestões telepáticas, por
parte de M. Philippe, tinha resolvido defender-se. Dono de vontade forte, tendo já
notáveis dons de magnetizador, Papus já tinha obtido, em magia, muito notáveis
fenômenos. Ele se propunha, pois, expulsar ao Incógnito e submetê-lo!… Traçou
seu círculo, queima o perfume, apanha um desses suportes de madeira branca, que
se utiliza para manter tábuas, batiza-o (no estilo boêmio), com os nomes e
sobrenome do Mestre “lyonense”…canta conjuração e empunha do sabre para
quebrar a madeira, e vencer assim a seu pretendido embruxador! Ora, nessa época,
Gerard Encausse, em plena força da idade, era um verdadeiro atleta. — Levanta o
braço, e, antes que o pudesse baixar o sabre é-lhe violentamente arrancado da mão
por uma força desconhecida! Tendo compreendido, caiu de joelhos e chorou…” (N. 96)

N. 96 — Reproduzido de páginas 6 a 8 da 5.ª edição francesa. Devo dizer que o termo “das” (suas
dívidas) ficou ressaltado PELO MEM MESTRE, marcando assim que Ele tinha “olhado” todas as contas de
Robert, na Grande Contabilidade do LIVRO DA VIDA e achara saldo a favor de Robert… Não é maravilhoso
carinho e a singeleza com os quais o AMIGO e o MESTRE dão a conhecer a quem estimam, o que ninguém
http://amopax.org 182

Com. 101 — Não é emocionante, Carolei, o Poder do MEM, e a valentia, a


hombridade e, também, a inteligente humildade de PAPUS, o mais real índice de
sua grandeza? E, não é bonito, esse conquistar de novo a alma que já lhe pertence
— duas vezes: como Imperador do Mundo, e como um dos que Encarnaram antes…
— que o MEM faz, vencendo, embora mansamente, ao Mago no seu próprio
terreno?… Agora é mais fácil compreender, me parece, carolei, porque, se Jean
CHAPAS foi a mão do MEM, nas Curas; por sua vez, PAPUS foi o braço forte para o
labor de semear, de congregar, e para a ação social, visível ou oculta.
E isto nos leva a considerar, agora, alguns aspectos do Martinismo de PAPUS,
em suas relações com a doutrina e proteção do MEM na Europa e neste Continente.
O Muito Excelso Mestre e o MARTINISMO DE PAPUS… — Com. 102 — Para
compreender bem, agora, querida Carolei, a importância que para PAPUS e a
plêiade brilhante de valores, que com ele formaram a base do movimento ocultista e
realmente espiritual (não confundir com somente espírita ou espiritualista, pelas
razões que veremos depois), temos que nos lançar a considerar: os motivos
interiores que moveram as principais peças do Jogo da Época em direção ao Rei
Branco, desse Xadrez místico para receberem Dele o que mais apeteciam. — Isto
vai nos esclarecer o terceiro fato, que nos faltava examinar: A “peça PAPUS”, vinha
se movimentando nesta forma (no que à sua manifestação visível, nesta
encarnação, se refere): pela mãe gitana, pelos estudos de Lévi; pela síntese séria
que já fizera da Tradição (indo até traduzir — em 1888, já — o Sepher Jesirah,
chave da Alta Kabbalah); pela sua viagem à Índia — da qual voltou “Membro do I
grau de certa Fraternidade oriental”; pela sua filiação à “Fraternidade Hermética de
Luxor”, ou seja a Peter Davidson, ele já possuía chaves práticas. Dessa “H.B. of L.”,
de Davidson, já Papus publicara, em 1889 (“L’Initiation”, pág. 11) estas palavras: “…
pretendendo ser o círculo externo, novamente aberto, de um muito antigo centro de
iniciação, a H.B. of L. propõe-se desenvolver a teoria oculta, desde o ponto de vista
da intelectualidade e das tradições próprias do Ocidente, e, também, ensinar uma
prática que, contrariamente ao que foi dito pelos que a não conhecem, está livre de
qualquer elemento inferior, e tende exclusivamente ao desenvolvimento das
faculdades espirituais. Para chegar a essa sua meta (prossegue Papus), ela faz os

mais poderia afirmar, com semelhante certeza e precisões? —Quanto ao outro caso da magia boêmia, já ficou
comentado.
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associados trabalharem, provendo-os de instruções manuscritas, ajudando-os nos


seus estudos e nas suas práticas, a cada um pessoalmente”.
Sabemos que, de St-Yves d’Alveydre, recebeu a chave de compreensão, não
só das Tradições, senão, principalmente, do nexo entre elas. O Quadro Geral da
Tradição, já elaborado por PAPUS antes de 1891 — bem como outros sinóticos
sobre Budismo, etc., explicam dois aspectos fundamentais do seu Martinismo: um, é
o desejo de dar um ensinamento sintético, completo, amplo, que abrangia o Oriente
e o Ocidente vistos como um todo; como o que são: as duas facetas da mesma
medalha, que é a sociedade humana na qual vivemos e na qual reencarnamos, nem
sempre no mesmo ponto…
O segundo aspecto, é a preocupação de PAPUS por dar aos que lhe seguiam,
“chaves práticas”. Mas, seu saber e sua intuição, sua experiência pessoal, já lhe
tinham mostrado que se devia buscar, sempre, o que pudesse desenvolver as
faculdades espirituais e os sentidos íntimos, e NÃO, só ou principalmente, aquilo
que apenas releva do físico, do astral ou, do mental de rotina e intelectual(N. 97).
Os programas de estudo e a parte ritualística, do Martinismo reorganizado por
PAPUS e seus colaboradores, como Chaboseau que era muito orientalista, Sédir
que era muito crístico de sentir, mas que buscava no Oriente o que não pudera
ainda achar nos ensinamentos ocidentais, e de outros como Lalande (Marc Haven)
que tinha seguido, como Papus aliás, a Tradição até cair sempre no Egito como
ponto de união: da Tradição antiga e prática, com Revelação Cristã e seus
bastidores gnóstico-kabbalísticos, indicam claramente essa BUSCA persistente.
PAPUS e seus grandes Companheiros, não eram dos que se conformam com o que
são e sabem, pensando “terem chegado”. Sabiam o muito que faltava, a eles como a
todos nós, por fazer e por ser. E, não ficavam parados, ou conversando. Por isso
disse eu, que ele, PAPUS, é uma alma ardente.
Voltemos à “L’INITIATION”. Após o artigo sobre a condenação pelo Tribunal de
Lyon, imposta a P……(Philippe) em 1892, e que Papus publicou em 1893, não se

N. 97 — As linhas que citei, relativas à “HB of L”, provêm de um longo e muito notável artigo no qual
PAPUS, com a penetração e seriedade que lhe são peculiares, analisava a situação dos movimentos que o título
do artigo define “SOCIEDADES DE INICIAÇÃO EM 1889” (Maçonaria — Teosofia e derivados — H. B. of L. —
Martinistas — Rosa-cruzes — Espíritas). — Devo dizer que muito do que Papus dissera, há SETENTA ANOS,
pode considerar-se válido para as Sociedades ou Ambientes que cristalizaram em lugar de evoluírem e se
adaptarem. Os estudantes sérios, poderão estudar com proveito esse material e as nossas instruções de
adaptação.
Também devo chamar a sua atenção, Carolei, para o fato da semelhança (e, não será fraco o termo?…)
entre essa HB of L, servindo de base de atualização espiritual das faculdades dos Associados, e o que com os
nossos acontece, nas Práticas individuais do Suddha Dharma Mandalam…
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acha uma palavra só, nem velada, sobre o MEM, durante dois anos. Esse, é o
período da magnífica luta interior, que iria transformar ao PAPUS mago e
independente; conquistador de vontades e organizador impetuoso; num aspirante a
Teurgo, pela entrega ao MESTRE Visível, e — pela sua mediação e intercessão —
ao Divino Amigo(N. 98)
De repente, chega 1895. Nesse ano, Papus já era o Grã-mestre da Ordem
Martinista; o Delegado-Geral da Ordem Kabbalística da Rosa-cruz; o Presidente de
todos os Grupos Independentes de Estudos Esotéricos espalhados pelo mundo,
difundindo o que o central, por ele fundado em Paris anos antes, criara, como base
da Faculdade dos Altos Estudos (Herméticos e Espirituais); em janeiro de 1895, o
mesmo Papus, sob o seu nome de VICENTE — Bispo de Tolosa e Vice-Presidente
dos Muito Altos Sínodos (Gnósticos) — tinha que assumir a responsabilidade — em
vista da renúncia de VALENTINIUS II (Doinel) ao Patriarcado Gnóstico(N. 99)
— de
convocar o M.A. Sínodo, para o outono desse mesmo ano. Tudo isso é importante,
porque iremos ver que todas as peças (humanas) e os modos ( de organização e de
meta), vão ser movidos, pelo encontro que o Dr. Philippe Encausse chamou, com
notável propriedade, de Providencial.
Ora, no número de fevereiro de 1895, págs. 125 a 129, aparece de repente um
artigo de “Photés”, com o muito sugestivo título de “A OBEDIÊNCIA AOS NOSSOS
GUIAS ESPIRITUAIS”, no qual o autor, após ótimas considerações sobre o que se
deve, como fé, confiança e obediência aos que são Guias…, oferece na última
página um trecho, que é muito significativo que PAPUS mandasse publicar na sua
Revista, após o “seu temor de tornar-se subalterno de alguém”, que, dois anos
antes, ainda tivera. — Eis o trecho:
“Antes de vos deixar, quiçá para sempre, permiti-me dizer-vos que, na França
mais do que em outros lugares, somos indiferentes; que, na França, menos do que

N. 98 — Apesar de este livro não ser o de Sarva Ioga, e sim, um da Via Essência, no qual tenho portanto
obrigação de procurar ser amável, paciente e compreensivo. Poderia lhe pedir, Carolei, o muito especial favor de
não entender essa entrega ao Divino Amigo, apenas no sentido devocional barato, de toda essa gente que “vive
com Jesus na boca” ou que “tem a Jesus por Mestre”, muito embora… (o resto da frase fica para o Tratado de
Sarva Ioga !).
N. 99 — Ilusória ou não, com resultados evidentes ou não, com conseqüências que convenha divulgar ou
não, o fato é que VALENTINIUS II, aceitou a difícil missão, não só de renunciar ao Primado Albigense e
Patriarcado Gnóstico, senão também, de abjurar oficialmente de tudo, integrando-se no seio da Igreja Católica,
para lá procurar lançar a Luz em certos corações aptos. Há coisas, Carolei, sobre as quais os Iniciados calam,
mesmo ao preço de ter que deixarem a calúnia correr. Compare, por exemplo, com certos Oficiais, que são
condenados e até “degradados” mediante a tão terrível cerimônia mágica, dos militares…para passarem, longe
das filas, e no maior silêncio, a salvar vidas no Serviço Secreto. Às vezes, quando não morrem antes, acha-se
uma “oportunidade” de os reabilitar, condecorar, etc., mas, não é sempre no plano visível. — Achou, Carolei? —
Parabéns!
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em qualquer outra parte, obedece-se; e que a nossa opinião é: que sem a


obediência a nada chegaremos; e conste que nós, que assim opinamos,
começamos pela obediência… Então, na calma, a Voz do Espírito se fará ouvir. Ela
vos dirá os maravilhosos segredos, sempre desvelados, deste mundo encantado
que devemos descobrir a golpes de sacrifícios. Tudo está nisso. E, quem és tu, que
vens nos flagelar?: “Nada, meu irmão, um pó como tu. Mas, graças à obediência
(N. 100)
absoluta, tornar-te-ás, também o cachorro do Pastor . — E, para terminar, um
simples pensamento, recolhido dos lábios do grande PHILIPPE, o nosso Mestre. Eu
vo-lo deixarei com ele, eu só terei feito, é passar; ele permanecerá:
“Obediência, humanidade, sabedoria, suavidade, paz do coração!”
Nesse mesmo número de “L’INITIATION”, comentando uma excursão de
Mauchel (Chamuel) na França meridional, e que fundou “GIDEE” (Grupos
Independentes de Estudos Esotéricos) na Sabóia, em Marselha e em Genebra, diz
Sédir que convém citar a todos os Amigos de Lyon, e, especialmente ao “nosso
Irmão AMO” (cujos laços com o MEM já vimos).
E, em abril de 1895, estoura a bomba — por assim dizer. Agora é o próprio
PAPUS que, no artigo “Revelações Astrais” diz o seguinte: “…Vi em Lyon, nesse
centro astral da França, a um dos vossos queridos Eleitos, modelo sobre-humano de
resignação, de coragem e devotamento, o teurgo Philippe, cuja prece irradia até
junto às falanges celestes, pois, à sua voz, os desesperados esperam, os paralíticos
andam, e a própria morte afasta-se, impotente e vencida. Ora, Esse, suporta sem
queixas as mais odiosas perseguições, e as mais vis calúnias; os inimigos mais
pérfidos só acham Nele um amigo compassivo para seus males, e pronto a curá-los
se sofrem, a salvá-los se estão perdidos…” N. 101
Assim, vemos que “Photés” e outros místicos, que começavam pela
obediência, precederam a Papus no gesto tão magnífico com o qual, ele, PAPUS,
nas frases citadas, proclama a real grandeza de M. PHILIPPE. Se eu quisesse falar
“para Papus” diria: era o Leão inclinando-se ante o Anjo, a Águia reverenciando a
Pomba!… e, resolvendo segui-LA nas regiões da mansidão…
Em julho de 1895 — a pág. 195 da mesma Revista — Papus é quem assina
uma especial página necrológica, sobre a morte de ROBERT, o magnetizador. Cita

N. 100 — Gostaria de ressaltar, Carolei, que, dessa época em diante, PAPUS passou a usar com
freqüência alusões a esse “cachorro do Pastor”, que era, como se verá nos Ensinamentos do MEM, uma das
expressões correntes do MESTRE.
N. 101
— L’INITIATION”, n. 7 (do oitavo ano), abril de 1895, pág. 5.
http://amopax.org 186

(pois a generosidade de Papus sempre o levava a DAR aos Leitores), duas curiosas
experiências que Robert realizara em vida: a obtenção de um selo esotérico em
relevo, sobre o braço de uma pessoa presente, por meio de um sujet; e, a
precipitação de texto escrito, feita a plena luz. — Nessa página necrológica diz:
“nestes últimos anos, Robert tinha se tornado um entusiástico discípulo do célebre
Teurgo lyonense PHILIPPE, de quem teremos — em breve — oportunidade de
informar longamente aos nossos leitores”.
Como se vê, PAPUS metia-se, claramente, num compromisso firme, lógico
resultado de uma entrega total, a serviço de SEU MESTRE ESPIRITUAL. Não
poderia deixar de citar que, em nota ao pé da dita página mortuária, Papus, sempre
místico-realista, dá uma das chaves do poder de Robert e da sua real condição de
Discípulo do MEM. Diz assim: “Robert morreu na mais profunda miséria e deve, só a
amigos muito dedicados, o alívio dos seus últimos dias”… Que bonitos temas de
meditação, Carolei! E, que exemplo a seguir!…
Terminando o estudo da “articulação” PHILIPPE-Papus-Martinismo, só resta
considerar um ponto: Vimos, ao falar de Marc Haven, que foi ele “o mais sagaz”
etc… que fora enviado pelo Grupo de Paris, para “ver” ao discutido “Homem de
LYON” … (como ficou exposto a pág. 87 deste volume) e que o resultado foi:
resolver “entregar-se e ficar por lá”; tanto mais, que Papus o encarregara de
“missão” junto ao MEM, como vimos no Com. 49 — a pág. 77. A partir de 1895 e
1896, todos os setores da ação, nos quais PAPUS podia ter influência, são
conquistados para o MESTRE : É a Escola de Magnetismo, filial em Lyon; são as
visitas, como a de 16 de julho de 1896, em que há experiências ante sala cheia, na
presença dos doutores Durville, Encausse, Lalande, etc. (L. B., pág. 50); são as
sessões de M. PHILIPPE, como as de 24 de novembro e 5 de dezembro, publicadas
integralmente em “L’INITIATION”; e, na mesma revista, a maravilhosa “Encarnação
do Eleito”, com a categórica dedicatória de Papus “A meu mestre Philippe, de Lyon”;
são as estadas em Lyon, como verão de 1898, passado lá por Papus e esposa e no
qual combinaram aceitar — em pensão na sua casa de Auteuil, em Paris — por todo
aquele inverno, à Sra. Marie Sarshall, futura esposa de Marc Haven, e a sua Mãe:
os laços íntimos vão se apertando. Mas, também, os laços iniciáticos. Assim o
MARTINISMO ia se sublimando, e agora podemos compreender melhor o caminho
percorrido, que iremos examinar.
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Com. 102 — Lembremos que Martinez de Pasqually, o misterioso Profeta,


Mago e Místico — Louis-Claude de Saint-Martin — que já apresentava curiosas
semelhanças , nas sua maneira de viver e seu ensinamento pessoal, com a doutrina
de elevado misticismo cristão de Philippe. Papus, pelas razões que vimos, foi
fazendo evoluir o trabalhos das Lojas Martinista, em forma tal que, em Paris por
exemplo, as 4 que havia lá (entre as 160 Lojas espalhadas pelo mundo) achamos:
“A ESFINGE”, na qual se estudavam mais especialmente as adaptações estéticas
em geral ou artísticas; a “VELLEDA” (nome de sacerdotisa Druídica) na qual o
estudo da Tradição Ocidental, do Simbolismo — especialmente o da real Maçonaria
— e suas adaptações, era a base do labor; a “HERMANUBIS” — dirigida por Sédir,
como já vimos — dedicada à Tradição Oriental, e a mística (vivência interior e
entrega, etc…); finalmente, na Loja-mãe “O ESFINGE” (masculino da outra), faziam-
se os estudo gerais e outras atividades, entre as quais convém citar esta: Quando,
em 1900-1901, a (então) grande revista francesa “Je Sais Tout”, achou oportuno
fazer uma “enquête” sobre todos os setores das coisas espirituais, desde o
espiritismo, passando pelo exoterismo de divulgação, a magia, o esoterismo
cristão,etc… teve, naturalmente, que fazer uma entrevista com cada um dos
Luminares de cada seção. Ao entrevistar Papus, o jornalista teve a surpresa de
saber que, em pleno centro de Paris, a Cidade-luz, com fama de turbulenta e pouco
mística, havia misteriosas Lojas Martinistas nas quais, com preparação de música
clássica, homens graves, sérios, conhecedores dos segredos da dinamização da
Oração, não pela vontade humana, mas pelo Amor, pela entrega, e pelos sacrifícios
individuais oferecidos, reuniam-se para cumprir um dos preceitos — e dos objetivos
— do MEM PHILIPPE:
E. 736 — “Em breve, escolherei adeptos, que orarão em conjunto uma hora por
semana, pelos doentes. Há seres que oram por nós, é portanto uma dívida.
Devemos orar por outros.” (5.ª ed., pág. 175.)
PAPUS, obediente, não a ordens verbais de casernas, mas dessa obediência
superior, que, como o amor (e, porque é amor) procura fazer o que o Ser amado —
O MESTRE — deseja ou, apenas, sugere, tinha pois realizado, no Martinismo, o
ideal da Prece Coletiva, efetivada nas devidas condições. — Ressaltei o “devidas”,
para aludir ao motivo, citado no ensinamento, bem como ao fato de as condições
apropriadas fazerem, também, parte do nosso dever, para a prática da prece!
http://amopax.org 188

Finalmente, seria injusto deixar de assinalar a preparação séria que os


Martinistas recebiam através de “L’INITIATION” que desde outubro de 1888 até
1914, foi: “o órgão vivo que reunia a todos os renovadores das ciências herméticas,
aos protagonistas de todas as revelações da ciência única: Stanislas de Guaita,
Péladan, Barlet, Matgioi, Marc Haven, Sédir, de Rochas, Chamuel, entre outras
personalidades agrupadas em redor de Papus”.
As linhas que precedem, são do Editorial com o qual, no início de 1953,
começava o Número UM, da nova série, de “L’INITIATION”, agora sob a direção do
Dr. Philippe ENCAUSSE, e sempre com o caráter de “Cadernos de Documentação
Esotérica Tradicional”, isto é: obrigatória para todo Martinista e utilíssima para todo
estudante sério N. 102

N. 102 — Convém lembrar, ainda, que aqui na América Latina, a “Ordem Martinista” independente, da
qual falei e que me tocou dirigir, publicou durante sete anos, mensalmente, com o nome em espanhol de “LA
INICIATION”, uma revista, feita não só para instruir aos 442 Martinistas, das nossas 5 Lojas e 23 Grupos
Martinistas, bem como aos “GIDEE” de Montevidéu, Buenos Aires e La Plata. Seus artigos eram doutrina
martinista, cursos completos de astrologia, ioga, artigos sobre vida e idéias dos Mestres do Oriente e do
Ocidente. O primeiro ano foi reimpresso em forma de volume (ainda disponível). — Os demais anos da revista
existem, porém em coleções incompletas.
A citada “Ordem martinista” — de Montevidéu — fez também publicar as traduções — feitas por nós — de
obras como: EL LIBRO DE LOS SABIOS (Eliphas Lévi) — EL TARO DE LOS BOHEMIOS (Papus) — EL HIJO
DE ZANONI (Sevaka: Prof. Francisco Vladomiro Lorenz, Membro da Ordem) — APOCALIPSIS REVELADA
(James Pryse) — LAS CURAS EFETUADAS POR EL CRISTO (Sédir), sendo de ressaltar que esta última obra
foi financiada, totalmente, por um israelita, real místico que sentira a beleza da doutrina. — Fechada em 1947, de
acordo com uma ordem dada pelo próprio Mestre PAPUS, a mim, na Sessão da Loja “PAPUS N. 5”, EM 25 de
outubro daquele ano —como ficou documentado na publicação “MODIFICACIONES EM LA ORDEM
MARTINISTA”, da qual uns exemplares estão arquivados. — As demais publicações da Ordem (citadas quando
falei no Mestre CEDAIOR), e as que foram feitas no Uruguai, constam da lista de obras, no início deste volume.
— Atualmente, tudo quanto resultou dos esforços daqueles Martinistas, está espalhado nos diferentes setores de
labor. E, os que desejem trabalhar como MARTINISTAS, acharão, no documento “ORDEM MARTINISTA”, a
seguir, todas as indicações desejáveis.

ORDEM MARTINISTA

Na “Documentação de Conjunto” — emanada do Supremo Conselho da Ordem , sito em Paris e presidido


pelo Dr. Philippe ENCAUSSE (filho de Papus e afilhado do Muito Excelso Mestre PHILIPPE) —, bem como na 5.ª
edição francesa do livro “LE MAITRE PHILIPPE, de LYON” (pág. 252 e segs.) consta o mesmo texto que, para
informação do público em geral,divulgamos, com caráter de documento OFICIAL da Ordem Martinista, a seguir:
“O MARTINISMO do qual Papus era o Grã-mestre da Ordem: criado pelo Dr. Gerard Encausse (Papus), a
Ordem Martinista moderna conheceu até a morte física do saudoso vulgarizador do Ocultismo, um
desenvolvimento considerável. A Ordem Martinista de Papus estava, efetivamente, representada tanto na velha
Europa como nas colônias, nos Estados Unidos e na América do Sul. Sua influência exercia-se tanto entre os
humildes quanto nos degraus de certos tronos e não dos menores… Graças a ela, as idéias espiritualistas
ganharam um terreno precioso numa época em o Materialismo dava a impressão de achar-se prestes a triunfar.
“Em todos os corações onde uma vez penetrou, o Martinismo papusiano permitiu realizar as
possibilidades de altruísmo que neles havia. Ele salvou da dúvida, da desesperação e às vezes do próprio
suicídio a muitos espíritos, tão verdadeiro é que a Luz atravessa os vidros mesmo quando embaciados e que ela
ilumina todas as trevas físicas, morais e intelectuais.
“No seu conjunto, a Ordem Martinista de Papus era sobretudo uma escola de Cavalaria moral esforçando-
se por desenvolver a espiritualidade dos seus membros, tanto pelo estudo de um mundo ainda desconhecido do
qual a ciência, até agora, não determinou ainda todas as leis, quanto pelo exercício da dedicação e da
assistência intelectual, e pela criação, em cada espírito, de uma Fé tanto mais sólida por ter como base a
observação e a ciência.
“O Martinismo de Papus constituía portanto uma cavalaria do altruísmo oposta à liga egoísta dos apetites
materiais, uma Escola onde se aprendia a reconduzir o dinheiro a seu justo valor de sangue social e a não
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considerá-lo como algum divino influxo, finalmente, um Centro onde se se esforçava por permanecer impassível
ante os turbilhões positivos ou negativos que transtornam a Sociedade.
“Aberto aos homens como às mulheres, não pedindo de seus membros nenhum juramento de obediência
passiva e não lhes impondo nenhum dogma, acolhendo sem distinção a todos aqueles que tinham no coração o
amor pelo seu semelhante e que desejavam lutar pelo bem comum, o Martinismo papusiano tem dado a dezenas
de milhares de homens e de mulheres a possibilidade de acharem um refúgio na experiência e na filosofia dos
Antigos e, como precisou o saudoso Téder: “Em presença deste regresso fatal para a Sabedoria da Antiguidade
que produziu Rama, Krishna, Hermes, Moisés, Platão e Jesus, o Martinismo, depositário das tradições sagradas,
saiu da sua escuridão voluntária e abriu seus santuários de ciência aos Homens de Desejo capazes de
compreender seus símbolos, estimulando aquele que é ardente, afastando o que é fraco, até que a seleção
especial dos seus Superiores Incógnitos estivesse completa”.
Formando o real núcleo dessa universidade que tornará a fazer um dia o casamento do Conhecimento
sem divisões com a Fé sem epítetos, o Martinismo papusiano tem-se esforçado por tornar-se digno de seu nome
estabelecendo grupos de estudo dessas ciências metafísicas e metapsíquicas desdenhosamente afastadas do
ensino clássico sob ao pretexto de serem ocultas.
“Desde a morte de Papus, em 1916, — Papus, para quem a ação criadora revestia, em todos os
domínios, particular interesse —, o Movimento Martinista em geral perdeu a sua unidade, como quiçá também
parte da sua eficiência, e isso, seja qual for a personalidade dos “Grã-mestres”, que se tenham sucedido à testa
dos diferentes Agrupamentos surgidos após a morte do criador da Ordem.
“É um fato que, para o profano, uma impressão bastante penosa nasce às vezes de todas essas
discussões e retificações surgidas ora de Lyon, ora de Paris, com relação à “regularidade” dos sucessores de
Louis-Claude de Saint-Martin e dos Agrupamentos criados por eles… Mas nem por isso convém menos render
imparcialmente homenagem aos que, após Papus, com toda boa fé e com o ardente desejo de honrarem,
também eles, a memória de Louis-Claude de Saint-Martin, o “Filósofo Desconhecido”, não pouparam nem seu
tempo, nem seu esforço, nem sua saúde até, sob a égide: ou da Ordem Martinista Sinárquica, ou, finalmente, da
Ordem Martinista Retificada, de criação bastante recente (1948) e cujo animador, Jules Boucher, deixou o nosso
plano físico em junho de 1955.
“A Ordem Martinista de Papus representava a tradição Ocidental, egípcia, pitagórica, cristã, cabalística,
rosa-cruciana e gnóstica. Estudar a tradição ocidental em geral e cristã exotérica em particular, sob a égide do
“Filósofo Desconhecido, tal era o plano dos seus trabalhos.
“Cabia ao filho de Papus, rodeado de alguns amigos e admiradores de seu pai e do Mestre PHILIPPE de
Lyon, Mestre espiritual de Papus, retomar a tocha com vistas a dar nova vida ao Martinismo papusiano, cujas
grandes linhas foram evocadas no início deste manifesto, e criar um Movimento apoiado na tradição sem
negligenciar a ciência contemporânea.
“Tal é a tarefa que ele se propôs, com seus amigos, em 1951, formulando votos que esta nova
organização conheça, graças à ajuda dos nossos queridos entes idos e à dos vivos, o mesmo sucesso que a sua
predecessora no combate que convém travar para que triunfe a causa do amor, do Belo e do Bem…”
Após os termos, exatos, prudentes e fraternos, com os quais o Supremo Conselho da ORDEM
MARTINISTA DE PAPUS — que tem como Grã-Mestre a seu próprio Filho — expõe, linhas acima, o estado de
coisas do Martinismo, cabe dizer ainda isto: como antigo dirigente da Ordem Martinista (independente) da qual já
falei e, mais recentemente, ao procurar toda a documentação possível para esta obra e auxiliar a fusão dos
“ramos martinistas”, tive contacto pessoal ou epistolar com os diferentes “Grã-mestres” (desde Bricaud, já
falecido, até Dupont, octogenário sucessor no que a Ordem de Lyon se refere). Também tinha dirigido, desde
1924, as iniciações da aludida Ordem (independente, porém na mesma orientação papusiana) fundada na
América do Sul pelo Mestre Cedaior (iniciado por Sédir e amigo de Papus). Tinha chefiado, desde 1936, essa
mesma Ordem, da qual pequeno número de componentes fundara uma dissidência em 1942, no Brasil, que
ainda segue trabalhando. Faço votos que todos esses setores martinistas possam fundir-se no seio da ORDEM
MARTINISTA DE PAPUS, conforme parece estar acontecendo, pois que em 26 de outubro de 1958 uma reunião
de Chefes, sob a Presidência do Dr. Philippe ENCAUSSE, em Paris, propiciava tal iniciativa, à qual não nos foi
possível aderir em vista da exigência que se no fizera de abandonarmos toda prática “oriental”, e a Igreja
Expectante, abandonos que seriam a negação de todos os esforços pela “união” do Oriente e Ocidente, que
temos feito “desta vez” e que prosseguiremos, com a Sua Bênção.
Os interessados em filiar-se à “Ordem martinista”, podem escrever a: Dr Philippe ENCAUSSE — 46, Bolu.
du Mont Parnasse — PARIS (15) FRANÇA.
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Fig. 30

F.21

F. 21 — PAPUS — O Dr. Gerard ENCAUSSE, Médico, Mago, Vidente, Filósofo e Servidor de Cristo após
ter-se convertido no Braço Direito do MEM PHILIPPE. — Foi o Grã-mestre da ORDEM MARTINISTA, organizada
por ele como “Cavalaria Cristã. — (Fotografia dos arquivos do Dr. Ph. Encausse.)

Fig.. 31

F. 22

F. 22 — O Túmulo de PAPUS — o Grã-mestre da ORDEM MARTINISTA. — Convém meditar na


inscrição:
“A Prece é o grande mistério…” — (Foto dos Arquivos do Dr. Philippe Encausse.)

Os que queiram saber como morreu PAPUS, poderão consultar o resumo que
dei, de sua ação, obra e morte, a páginas 293 e seguintes de “Yo que caminé…”,
inclusive de sua aparição imediatamente após seu falecimento, à Condêssa de
Béarn…
E, fecho este tema com as mesmas palavras com que iniciei: “A MINHA
CONVICÇÃO É: que ainda não se conhece bem, e não se reconhece, o que Papus,
realmente, foi e fez!”

Que a gratidão e o labor dos Martinistas


modernos, de lá e daqui, ajudem a Servir
Ao que Ele, tanto amou!

O Muito Excelso Mestre e Sédir, outro grande Discípulo. — Com. 103 — Após
tudo quanto ficou exposto, no primeiro volume, tanto sobre o próprio Sédir, seus
esforços juvenis, sua carreira iniciática e sua magnífica exposição “Um
Desconhecido”, relativa ao M. PHILIPPE, pode parecer supérfluo falar ainda nele.
Entretanto, Carolei, é bom dar mais algumas informações, tanto para que venerem,
mais e melhor, a este grande místico, como para indicar diferentes fontes… aos
estudantes sérios!
Oriundo da Bretanha, que sempre foi o refúgio da fé, na França, não da fé
complexa e sábia do Sul, com seu fundo iniciático; mas da fé singela, a dos
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pescadores, a dos camponeses, a que ainda vem, também, da influência Druídica,


Sédir encontrou-se com Papus, como vimos, em 1889. Seis anos após, já era
Membro do Supremo Conselho da Ordem Martinista e, ao mesmo tempo, nomeado
Diretor-adjunto do Grupo de Estudos Esotéricos. Já era pois, em 1895-1896, o
braço direito de Papus, inclusive no setor Gnóstico na qualidade de Bispo
devidamente consagrado.
Embora — e mais uma vez — a data em que encontrou-se com o MEM
PHILIPPE, não fosse divulgada, não me parece difícil situá-la — como a de Chamuel
— em novembro de 1897, em Paris mesmo. É possível que Sédir tivesse feito uma
viagem a Lyon, costumava (como eu me habituei a fazer, imitando-o), a deixar
sempre uma marca, para os que buscam. Seja como for, não passa desse ano tal
encontro. Eu veria, até, certa coincidência, no real sentido do termo, entre esse
encontro e a terminação, já em 1898, da publicação do “ALMANAQUE DO
MAGISTA”, QUE Papus e Sédir, em colaboração, vinham fazendo, e que era muito
notável. Em 1902, e após, continuam saindo obras de magia, porém só de Papus e
com outra finalidade. Sédir, autor de obras como “Os Espelhos Mágicos” (1895),
começa, com o “O Faquirismo Hindu e as Iogas” (1906) — obra que esqueci dizer
que também fiz traduzir e publicar, na Argentina — a demolir o entusiasmo, que
muitos estudantes ocidentais tinham pelas coisas do Oriente, e pelos métodos da
vontade e da técnica, que, segundo Sédir, “não vão além do astral superior”. —
Deixemos este ponto para ser examinado no tema “As Duas Vias”. Sédir, estava
fazendo isso, com o mesmo entusiasmo profundo e sincero com o qual — como está
relatado no primeiro volume a págs. 86 e 87 — buscara A VERDADE em todos os
setores, merecendo pela sua sinceridade e discrição, a intimidade de tantos
Instrutores místicos elevados, e de tão diversas tendências, que ele cita no texto de
sua carta de 1910, reproduzida no lugar acima apontado.
Já em 1908 publicara o seu notável livro Initiations, recentemente reeditado, e
cujo índice o Dr. Ph. Encausse teve a iniciativa, oportuna e afetuosa, de publicar na
quinta edição francesa de sua obra, e que também reproduzimos ao pé da página
N. 103
(E. 609) .

N. 103 — A lista das obras de Sédir, poderá ser achada no Índice Bibliográfico, no fim desta obra. —
Quanto ao do livro “Initiations”, as suas 316 páginas se dividem assim: Estado de alma — Andréas (a
personagem que, na realidade era o MEM PHILIPPE) — Orientalismos — A criança raquítica — Proletários —
Exame da Vedanta — O Brahmane — o Duracapalam — A Evocação Brahmânica — Reconfortos — O
Espiritualista — O Magnetizador — A União dos Espiritualistas — Incerteza — A Visão do Mental — Em
Plaisance — O Homem atado à Terra — A Múmia — O Primeiro de Maio — Os Invisíveis — A Vinã —
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O exame de tal texto, bem como a leitura de suas obras ulteriores — cujos
títulos já são por si mesmos eloqüentes — mostram-nos duas coisas: uma, que de
fato Sédir evoluiu do “ocultismo” para a mística pura; a outra que: não obstante o
desejo de alguns de seus admiradores, em quererem considerar “rápida” a sua
evolução, basta ver que, ainda em 1903, publicava as “Lettres Magiques” e, só em
1908 — como já citei — o estudo sobre as Iogas refletindo — desta vez de modo
categórico — seu afastamento da “outra via”, para podermos compreender que só
pela experiência, só pelo sofrimento, e só com o tempo, é que o estudante se cansa
dos fantasmas espíritas, dos esquemas kabbalísticos, dos rituais simbólicos ou das
concentrações puramente técnicas; como — antes de procurar uma verdade
demonstrável — tinha-se cansado de dogmas, cuja análise fora-lhe vedada pelos
cleros, ou impossibilitada pela falta de estudos que exigem dezenas de anos de
especialização, tanto a um São Jerônimo, como a um Fabre d’Olivet… e nenhum
dos dois pode ser considerado membro “da triste tropa”…
E, para que Você, Carolei, possa perceber, e — espero — sentir qual a
diferença, realmente existente, entre os que já vivem a via mística pura e os que,
ainda, não a acharam, comentarei algumas das frases de Sédir, que revelam o que
ele escolhia e percebia, do que a Vida e o Mestre lhe brindavam, como a todos
brindam… mas cada um só toma o que lhe atrai e assim se situa, como assim
prepara o instante vindouro e a próxima oportunidade!
Não comentarei os pontos de Sédir, que acho afastados do exato ensinamento do
MEM, como: “tomar os relatos dos Apóstolos ao pé da letra” e outros. — Os próprios
Ensinamentos ajustam tudo isso.

Com. 104 — Vejamos as pérolas e flores, colhidas e cultivadas por Sédir, com
relação ao MEM N. 104:
“Fugindo dos curiosos… recusando polêmicas… mudo sob as calúnias” (70) :
É esta, Carolei, a posição real dos Mestres, geralmente tão pouco compreendida
pelos Discípulos: para chegar à intimidade real do MEM, não bastaria, certamente,
viver perto Dele; mas sim, chegar a conviver, não pela imprudente curiosidade que

Avalanche no Himalaia — A Provação — O Tigre — A Prece — O Phap — A Aviação — Na Côrte — Rumo à


Iniciação Crística — A Babel Espiritualista — Teofania — Os Cometas — A Virgem — O Louvre — Em
Compiègne — Natal — Antibes — A Batalha — Ressurreição. — (Conste, Carolei, que não recebi tal livro a
tempo, para poder incluir, no meu, certos fatos e ensinamentos que poderiam ter enriquecido o referente ao
MEM. Mais uma razão, pois, para recomendar que Você o leia, pois julgo o tema tão útil que classifiquei este
índice de como E. 609…)
N. 104 — Os números colocados entre parênteses , neste Comentário, referem-se, todos, às páginas, do
I Volume, de autoria de Sédir ou a ele relativas, nas quais se acham os trechos grifados, e comentados.
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enche de perguntas, senão pela aspiração silenciosa, provada por atos e por
mudanças aos modos de ser, pelos esforços evidenciados, que iriam, então,
mostrar ao MEM que já não é mais um “curioso”, que Dele se aproxima… E, para
quem vive uma verdade, nunca pode interessar polemizar sobre ela, ou sobre os
motivos que possa ter, para agir desta ou daquela maneira. Quantos teriam votado
a favor do Calvário, se Jesus tivesse posto o caso “a votação” entre os Discípulos
ou, mesmo, entre os detratores gratuitos?…
“…bonomia plenamente patriarcal de sua acolhida…” (71) : como mostra bem
Sédir, de dupla maneira, a forma externa: patriarcal-paternal, dessa bonomia: e a
patriarcal-funcional, nessa acolhida que o MEM reservava a todos, para: a todos dar
a oportunidade…
“…múltiplo — numa palavra — como a própria vida, da qual admirava todas as
riquezas…” (71) : é uma das frases mais cheias de sentido de Sédir, que mostra o
que ele mesmo era capaz de perceber, embora em menor escala, do que o MEM
vivia. Múltiplo como a própria vida! Quem dera aos Discípulos poderem sentir isso,
no que realmente contém! Todo este livro está dedicado a ressaltar isso, em todos
os aspectos que o múltiplo ensinamento de MEM abrange! Lembra, Carolei, aquilo
que lhe comentei sobre as almas velhas, cuja idade mede-se pela sua capacidade
de admirar!?…
“…condenava as práticas do esoterismo…” (72) : acho que isto irá merecer
comentários em sucessivas partes desta obra, pois poderia ser mal entendido, dado
que há uma parte do ensinamento do MEM que, por não ser pública — como
veremos adiante — pode ser qualificada de “esotérica”. O que não significa,
evidentemente, que contenha práticas do esoterismo ou da magia, das
popularmente consideradas como esotéricas. Lembremos que Papus, amante de
termos precisos, como bom Martinista, designava ao MEM como um “Teurgo”, o
que, na nossa muito limitada linguagem humana, é a única forma de falar dos seus
modos “visíveis ou inteligíveis” — para nós — de proceder!… Que drama (outra
forma “humana” de falar!) deve ser para os Deuses, ou se Você prefere — Carolei
— para os Seres de Cósmica Função, como o MEM, terem que ser “traduzidos” em
linguagem comum. É quase mais difícil, porque feito por nós — que tudo fazemos
tão imperfeitamente — do que o próprio MEM procurar e conseguir parecer “um
bom burguês”…, como na fotografia que ilustra esta página!…
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Fig. 32
F. 23

F. 23 — O ANJO CÓSMICO, disfarçado de Burguês…


Assim aparecia, no tranqüilo parque do Clos Landar em l’Arbresle, esse Mestre Espiritual, único após Jesus e
que, como o Rabi Essênio, era incrivelmente humilde, mas cuja Grandeza mereceu ter Discípulos como Chapas
e Papus, como Sédir e Lalande, e outros… — (Foto original, dos Arquivos, do Dr. Ph. Encausse.)

Fig. 33 Fig. 34

F. 24 F. 25

F. 24 — O MEM PHILIPPE, sentado. F. 25 — Emile BESSON


Atrás, Lalande (Marc Haven); Sédir no centro Um dos poucos sobreviventes daquela
e, à direita — sempre com o Bastão — o maravilhosa época, e cuja Esposa recebeu
intrépido PAPUS, da ação. Dons.

Fig. 35
Fig. 36
F. 26

F.27

F. 26 — Já buscava unir a Ioga e… (F. 27), mais tarde a Magia Cerimonial… quiçá essas buscas tenham
permitido sentir mais o que Papus e Sédir, e outros tenham vivido… (Fotos: Arquivo-Retiro)

Quem, Carolei, dos que não O ouvissem, e não tivessem: nem presenciado os
Seus milagres, nem pudessem perceber a Sua luz, quem, e quantos! na rua, no
trem, nas lanchas entre l’Arbresle e Lyon, terão visto este “burguês”, se, sentirem
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que estavam ante o Imperador do Mundo!? — Não será essa, Carolei, a mais
profunda imagem dessa riqueza múltipla e infinita da Vida, sempre ante nós, e que
nunca vemos, senão através dos miúdos fragmentos que cada grande dor, ou cada
esforço ideal, nos descortina, ano após ano, vida após vida?…
“…considerava que só a prática da virtude pode levar-nos à perfeição,
mostrava-se pouco pródigo em discursos…” (72) : que lição, Carolei, tanto pra os
que procuram o progresso espiritual nos textos, ou nos truques técnicos, como para
aqueles que passam a vida ouvindo os discursos, seja dos “mortos” que acreditam
guiá-los, ou dos “vivos” que os enchem de discursos… enquanto lhes esvaziam a
bolsa ou a existência!…
“…o Caso da Hidrópica…” (76) : lembra-me uma série de fatos curiosos, que
devo citar como uma prova a mais, como mais um estímulo, notadamente, para os
que procurassem seguir ao M. PHILIPPE: inúmeras vezes, em conferências
públicas, ou ao ministrar ensinamentos na intimidade, como os que me seguem,
referi casos como o da hidrópica, quando ainda não tinham sido publicados todos os
pormenores. Ora, invariavelmente, tenho podido comprovar que, como se fosse
apresentada, não em forma de imagens visíveis (visão astral) mas, sim em foram de
clichês mentais (gnose — saber instantâneo) — eu podia descrever,
minuciosamente, toda a cena, e até re-viver os estados de ânimo, de tal ou qual
personagem do caso. E, ter a certeza certa, de que: aquilo que estava dizendo ou
ensinando era verdade. Não estará, Carolei, nesse tipo de vivências,
progressivamente aumentadas, em freqüência como em amplidão, o segredo da
felicidade de ligar-se a um Mestre-da-Verdade; não será isto o início daquilo que —
no ápice, eventualmente, antes quiçá… — permite exclamar, às vezes: Em verdade
vos digo…!?
E, a propósito desta hidrópica, e do comportamento do — então — Decano da
Faculdade de Medicina de Paris, Professor Brouardel, a 5.ª edição do livro do Dr.
Ph. Encausse (pág. 232) outorga novos pormenores de interesse:
E. 804 — Em conseqüência das insistentes diligências feitas pelo Tzar, para
obter para o M. Philippe (do governo francês) 0 título de “doutor em medicina”, o
professor Brouardel tinha sido mandado a Lyon e fora assistir a uma das sessões,
na Rua da Tête d’Or. Uma pobre mulher lá estava, sofrendo atrozmente do corpo
todo. M. PHILIPPE solicitou ao professor se dignasse examinar a doente, na saleta
vizinha, em presença de alguns discípulos que ele designou. Uniu-se a eles, ao
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finalizar a consulta. “Então — indagou do médico — que pensais desta mulher” —


Este declarou que ela era hidrópica, no último grau, e tinha provavelmente poucas
horas de vida.
Retornando à sala das sessões, aonde os precedera a mulher, literalmente
arrastada pelos discípulos, M. Philippe disse-lhe que andasse. — “Não posso!” —
“VEM!” — Ela deu, gemendo, alguns passos, e, após momentos, começou a andar
normalmente, de repente, gritou: “Agora, vou dançar.” — O que fez, segurando a
roupa, que tinha se tornado mais do que folgada (a que ficara no corpo!). — Ela
estava curada.
O professor a examinou. A inchação tinha sumido e não havia no chão nenhum
resto de líquido. Ele disse então a M. Philippe: “O que acaba de acontecer é
inexplicável pelas leis científicas atualmente conhecidas”. E, cumprimentando a M.
Philippe e aos presentes, retirou-se.
Com. 105 — Desse complemento sobre a cura da hidrópica, podemos agora,
Carolei, tirar mais umas liçõeszinhas: que, um Decano de Faculdade, só vai ver um
Teurgo, “mandado”, mesmo; que, nem assim mesmo, e nem a pedido de seu
Governo e do Tzar da maior Aliada de seu país, inclinar-se-á ante a Verdade, se
esta não convém à sua “ética” e vaidade profissional; e que, como saldo positivo
único, fica-nos que o caso foi: mais uma demonstração do poder do Verbo; “Vem!”
Só. Quanta coisa poderia ser feita, se dúvida não estivesse sempre a roer as
melhores possibilidades dos homens!
Com. 106 — Mais adiante, Sédir — com quem comungo tanto, no modo de
compreender, sentir e amar ao MEM! — diz: “Apenas imaginando um Ser capaz de
manter-se em equilíbrio, em todos os pontos em que o infinito penetra no finito,
ficariam esclarecidas as contradições que o nosso personagem parecia comprazer-
se em acumular” (71).
Que maravilhosa prova do poder contemplativo e perceptivo, de Sédir! Quem
vive essa contemplação?: de todos os momentos, pela qual nos penetra de
admiração, por um lado, o espetáculo desse infinito, penetrando, por mil fatos, que
são mil leis e mil modos Da Lei, pelas portas múltiplas da Vida Una! por outro, nos
penetra, também, a triste percepção de como penetram, em nós, por mil portinholas
que o nosso descaso vai deixando abertas, os diabinhos do passado: vícios e
defeitos, negligências e obstinações, ignorâncias e rebeliões, com os quais vamos
envenenando, esterilizando, cada instante… Imagine, então, Carolei, o que seja UM
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SER que se mantém em equilíbrio, consciente e regente, de todos os fatores que


incidem e — chegou o momento de reabilitar o termo, empregando-o para Ele —:
que “co-incidem”, em cada instante de todos os lugares e em cada fragmento de
todos os tempos! Pois “ISSO” é o MEM PHILIPPE, e isso é o que Sédir sentiu, e quis
pôr ante a nossa meditação e a nossa esperança!… E seria preciso comentar cada
linha, cada termo! Na é possível! Mas veremos alguns adiante…
Também diz Sédir: “… Um prodígio, de fato, vale, espiritualmente, o que vale
seu autor… ser testemunha de milagres, não é muito raro; fazer milagres,
verdadeiros milagres, não é muito difícil”(77).
De fato, Carolei, o “milagre” sendo, apenas, para os homens: fazer rápida ou
instantaneamente, o que a Natureza ou a Vida fariam com o andar do tempo: mudar
o doente, em são; mutar o ferro, em ouro: transmutar o ignorante, em sábio;
sublimar o mau, em bom; o rebelde em entregue! Compreende-se que o milagre
vale pelos meios usados, e os meios dependem da qualidade de quem pode usá-
los. Medite, Carolei, entre: quem quer lhe meter uma idéia ou conhecimento na
cabeça, à sua revelia, pela repetição do disco durante seu sono; e, no outro
extremo, na frase do MEM ao rapaz que lhe prometera melhorar de conduta: “então,
a sua memória volta neste instante”, isto é: o milagre de devolver uma faculdade
perdida e o livre uso dela… É, o que a Vida teria feito pela reencarnação. O MEM
acelerou um processo em: um resto de vida, uma morte, uma estada nos céus, uma
descida, uma vida fetal, um nascimento, uma infância… só! Não acha, Carolei, que
será preciso meditar mais, cada texto de Sédir e, muito mais ainda, os
Ensinamentos do MESTRE!?…
Diz, ainda, Sédir: “… Porém pensar, amar, sentir, sofrer, inflamar-se, querer,
segundo linhas constantemente concordantes com os raios eternos que levam ao
ministério do milagre, isso, é tarefa sobre-humana!… (77) — Ai dos mornos, que por
nada se inflamam, e muito menos por procurar seguir as linhas das Leis naturais,
morais e divinas, eternamente presentes em tudo, para quem busca vê-las e segui-
las, e, por elas, quando chegar a voluntário agente, obediente e humilde, da Sua
Vontade, acha-se, sem o pedir, sem o querer, e até parecendo o não saber,
investido do ministério do milagre, isto é, da função sagrada de fazer as obras do
Senhor!…
E, após enumerar aspectos do MEM, que são a lista das virtudes que nos falta
adquirir ou cultivar, Sédir descreve o estado habitual a que se deve e pode chegar. E
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recorre a esta imagem, maravilhosa para os que não têm “coração de pedra”:
“…Como o pintor ante a natureza olha, e como o músico escuta, assim vivia Ele no
Amor e para o Amor, por causa do Amor e pelo o Amor”… (77) Medite, sinta, ouça,
Carolei…
E isto, ainda: “… suportando os apadrinhados, as impaciências, as grosserias,
desempenhando esse papel de logrado voluntário e sorridente como se nunca
percebesse nada…” (78).
Gostaria, Carolei, de fazer sentir a você que poder, há por trás de cada atitude
do MEM e, por isso, de cada ato ou palavra que a isso se refira, quando é vivido
espontaneamente. E, olhe querido, que acabo de lhe dar uma chavezinha grande…
que ficará mais clara com o relato de uma experiência pessoal:

H. 5 — Uma projeção de partes do Poder do M.PHILIPPE

1942: Ano em que me dedicara muito a Ele; operava muitas coisas sob a Sua direta Proteção, Inspiração
e Direção. Sabia, instantaneamente, muito de todos e, às vezes, tudo de muitos… e cultivava, cada vez mais, a
arte de parecer nada saber, senão aquilo que é “clássico”: expositivo… Muitos milagres — pequenos e grandes,
dos quais relatarei alguns mais adiante — aconteciam. Minha esposa e eu, quase morríamos de fome; às vezes
nos apoiávamos um pouco nas paredes, na rua, pois a fraqueza nos dava certa tontura se em meio aos ruídos
das grandes avenidas. Vivíamos, diariamente, em contato com “videntes”: uns, por mediunidade; outros, por
terem estado na Índia e que, de fato operavam prodígios técnicos; um deles multiplicava coisas e obtinha
“transportes” de flores… — Mas, nem um só deles “viu”, nunca, se não tínhamos almoçado, nem a cara de
ingênuos ante certas histórias…
Nesse ano, numa viagem a Buenos Aires, fizemos no — então desocupado — subsolo da atual Livraria
Saborido, uma exposição de quadros de ANJOS, pintados pela vidência de um Discípulo — já falecido —
Sadânanda, grande coração de artista…
No fim da conferência, quando chegou esse momento em que “falo a 160” — dizem o taquígrafos — e
que, de fato, tenho enorme trabalho em escolher termos para, em tão vertiginoso ritmo, unir: o que tencionava
dizer; o que acho conveniente dizer por causa dos presentes: e, ainda, tudo quanto me é dado perceber nesses
instantes, e são, às vezes, tantas sensações ao mesmo tempo: a idéia ou texto percebidos; o saborear todo o
valor que têm; o procurar sentir, ou sentir mesmo — se, como no caso de provir do MEM, impõe-se
naturalmente, sem esforço — qual a força, e qual a meta procurada, etc… Pois bem, mais ou menos num
conjunto de condições dessas, foi quando:
O MUITO EXCELSO MESTRE PHILIPPE LANÇOU NA SALA UM POUQUINHO DA DOR DO MUNDO…
e fui inspirado, diretamente com a Sua Aura em contato comigo, a dizer isto:

QUE MAIOR PODER?

Que maior poder, que o de não poder ser enganado, senão a sabendas?
Que maior poder, que o capital de um perdão ilimitado e de um dar mais infinito?
Que maior poder, que o de saber que não se é mais nada, porque vive-se no todo?
Que maior poder, que o de não ter mais desejos, e nenhuma vontade…, e nenhuma energia, mais do que
aquele Deus Infinito, que Aquela Vontade invisível, que deixamos entrar como ímpeto de uma parte do Universo
inteiro?… e
Que não se é nada mais do que a bolha de sabão que algum dia será esquecida, mas que enquanto
viveu, não deixou de refletir tudo quanto a rodeava?
Que maior poder, que o de saber que não há mal que não seja um motivo do bem?
Que maior poder, que o de ter a certeza de que não se pronunciará em vão nem uma frase, pois será
realmente a expressão de uma Verdade Universal oculta?…
Que maior poder, que o de poder manejar em qualquer momento as forças físicas, as forças astrais e as
forças espirituais, de várias centenas de homens de diferentes ordens, de vários pontos do globo, e de poder
pedir-lhes que anime o que alguns crêem que são apenas palavras… e que outros sabem que são como sóis
para iluminar os cérebros e as consciências?…
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Que maior poder, que o de poder dizer, vivendo-o: “Que a PAZ seja convosco, como ela está
constantemente com o MESTRE!… AMÉN!
Depois disso, Carolei, é que vi que na Sala, diferentes pessoas já tinham desmaiado, outras estavam
como sufocadas pela força enorme que enchia o ambiente, e, NESSE INSTANTE, foi quando O MESTRE QUE
ESTAVA COMIGO me pôs à prova e disse-me — na minha consciência gnóstica —: iremos, agora, lançar mais
um pouco da DOR DO MUNDO…
E, Carolei, coisa incrível, vergonhosa, ilógica e quanta coisa mais Você queira pôr, como qualitativo, pois,
estando COM O MESTRE, que se pode temer?… Mas, somos assim fracos e duvidosos, e TIVE MEDO! Não por
mim, que apenas sentia enorme pressão de certo tipo, que bem conheço, quando Ele se une a mim… Tive medo
por eles, pelos que estavam na sala. Um medo tolo, ridículo, mas… que bastou para terminar com tudo: O
MESTRE, QUE NUNCA OBRIGA, foi diminuindo a pressão, tanto em mim como em todo o ambiente…
Momentos após, já nada sentia-se a não ser uma PAZ muito grande, e as pessoas já vinham falar-me,
relatando muitas o que tinham visto: TODOS, ou quase, a LUZ DE OURO, que O caracteriza:… alguns, a forma
em que eu estava, como “dividido em dois”, verticalmente: lado direito, totalmente luminoso, lado esquerdo,
totalmente escuro: é fácil de entender, pois trata-se, apenas, de uma TOTAL POLARIZAÇÃO, momentânea…
mas que faz com que a gente sinta: o coração como a estourar e o joelho direito como suportando o peso de
toneladas, por ser o PONTO DE ENCONTRO do que vem da Terra e do Céu, nesse momento, ou melhor dito:
mais perceptível, nesse momento…
Outros, ainda, tinham visto os estranhos símbolos, que, no plano mais elevado, são: o texto, por mim
expressado…
Mas, o pior de tudo, Carolei, é que, muito embora as pessoas tenham saído de lá muito beneficiadas, pois
houve curas, conversões, confissões, etc… poderiam ter tido uma experiência ainda mais forte!
E eu, não teria pago o terrível preço que, desde o dia seguinte e pelo período de um ano,
aproximadamente, paguei, por uns minutos de COVARDIA quando uma das maiores Graças da minha vida me
fora concedida. Isto, Carolei, é a NOSSA maneira de ver as coisas, e de tratar seriamente delas… Mais adiante,
possivelmente referirei outras experiências pessoais, vividas dentro da Aura do Mestre. Pensei que esta,
diretamente relacionada com O PODER DECORRENTE DE SER ENGANADO CONSCIENTEMENTE, citado por
Sédir, lhe fosse proveitosa…
E, para Você ver “como tudo está unido”, e meditar como funciona a engrenagem geral, dir-lhe-ei ainda
isto: essa vivência foi taquigrafada em 16 de setembro de 1942. Há, portanto, 16 anos. Hoje, 3 de outubro de
1958, em que estou escrevendo isto, deste segundo volume, aconteceram duas coisas mais: a primeira, que
acabam de me trazer, agora, o primeiro volume, terminado de imprimir: parece uma Saudação do MEM. — A
outra : Sadhak, discípulo que não estava comigo em 1942, acaba de receber uma visão — muito formosa — que
é a exata continuação da que, quando voltei dessa conferência, o MEM deu à Srta. Podestá, em Montevidéu,
para me confirmar, e avisar, qual o meu erro e qual seria o preço, se eu não me emendasse com todo esforço!…
Já disse que levei um ano.

Mais adiante, ainda nos comenta Sédir que o MEM “não dava um corpo
doutrinal coordenado, mas, com o andar do tempo, as luzes sem laço aparente, que
um ou outro discípulo recolhia com paciência, terminavam organizando-se” etc, (80).
— Ora, Carolei, aqui há outra vez — e como sempre, no labor do MEM e, até, de
menores instrutores — diferentes lições a recolher: uma, é que também esse
sistema, era o mais automático e seguro, de que cada um só colheria aquilo que
tivesse: atenção, paciência e sagacidade, para colher e coordenar; outra, que se os
Discípulos trabalhassem em harmonia, unindo o que colhiam, como bons obreiros
fazendo um labor de favo, iriam colher muito; mas, se cada um , egoísta ou
indiferentemente (não faz muita diferença, aliás…) ficasse com o que pensava ter
colhido e compreendido, possivelmente a falta de compartir o privasse de: outras
partes, outras conclusões e outras vivências, relativas ao mesmo tema…

E vamos terminar, Carolei, as maravilhosas percepções de Sédir, pela frase de


real místico, quando ele diz — a propósito do aspecto e da vida diária aparente do
Mestre: “… Alguém “semelhante a um de nós”, e que realiza perante a opinião a
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forma mais incolor da miséria: a mediocridade. Tal foi, para o nosso século XIX, a
invenção admirável da misericórdia divina, já eu essa insípida mediocridade, servirá
de desculpa no último Dia para aqueles que não perceberam a Luz, porque a
lâmpada era banal…” (80)
Que suprema generosidade, pois, a do MEM em apresentar-se assim e por tais
razões! E, que alma realmente espiritual a de um Sédir que vê, admira e agradece
— por outrem — tal dádiva!
Deste Sédir, cujas obras posteriores, como já disse, começam com: Iniciações,
Breviário Místico, para ir a toda a série de alta mística cristã, um grupo de seus
Discípulos, como Albert LEGRAND, um editor de Rouen, como Max CAMIS e como
o próprio Emile BESSON, de quem falarei logo adiante, apoiaram ou continuaram a
obra pessoal, de adaptação dos Ensinamentos do MEM PHILIPPE,no modo que
recebeu o nome de “LES AMITIÉS SPIRITUELLES” (As Amizades Espirituais), das
quais já me falara, em 1923, o editor Chacornac, quando da missão a que aludi
antes. Eu não estava, naquela época, na “tônica” deles. Cada um tem o seu
Caminho — já prometi voltar a tal tema. Quanto ao das “Amitiés Spirituelles”, iremos
vê-lo agora.
Antes, terminarei de prestar a Sédir, não só a homenagem de lembrar tudo
quanto de belo — dele e sobre ele — consta do I Volume, e que recordei nos
comentários precedentes, como também evoco ao Mestre Cedaior, meu Pai, que
sempre contava com emoção, tudo que ao místico Sédir se referia: tanto as notáveis
reuniões da Loja “Hermanubis”, como as vivências que, com Sédir, tinham em
privado, em pequenos grupos mais fechados, dos buscadores mais obstinados e
mais decididos a ir, como Sédir foi, buscar a Luz Crística, ao preço de todo e
qualquer sacrifício, seguindo o exemplo de Papus e do “sobre-humano:
PHILIPPE!”…
O Muito Excelso Mestre e : Emile BESSON e Esposa. — Com. 107 — É muito
agradável, para mim que sempre tive profunda gratidão, a todos aqueles que me
ensinaram alguma coisa, evocar a figura desse Professor,culto e bondoso, que na
minha juventude no Collège Rollin — como já citei no “Yo que caminé…”, pág. 18 —,
ou nas relações cordiais que mantinha com meu Pai, o M. Cedaior, ou em casa de
amigos comuns, e também seguidores do Martinismo — como o Dr. Genêt e outros,
trazia a paz de seu olhar transparente e profundamente humano.
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Infelizmente, não sabia que ele estava morando em l’Arbresle, quando lá estive
— em rápida peregrinação — em 1956, o que me privou de rever, a um meu Mestre
e a um Companheiro de Papus, de Sédir, de Cedaior e a um direto Discípulo do
MEM MESTRE. — Tive oportunidade de saber, por Michel de Saint-Martin, como por
Philippe MARSHALL, que o MEM tinha transmitido à Sra. BESSON certos poderes
curativos, mas isso foi mencionado entre outras circunstâncias, e sem aludir ao fato
de lá residirem.
Também já vimos — no I Volume, a pág. 81 — que graças à erudição de Emile
BESSON, nos foi possível ler coisas tão belas, relativas ao Mestre Sédir. — E, a
pág. 183, vimos que Emile BESSON fazia parte do grupo suficientemente íntimo,
para poder ir à Estação despedir-se do MEM, junto com PAPUS e Senhora, Gerard,
Bardy e Sédir, quando o M. PHILIPPE, em 1900, foi à Rússia, secretamente.
Como consta da 5.ª edição francesa ser Emile BESSON, a quem é mais
oportuno dirigir-se para quanto concerne “Les Amitiés Spirituelles”, e respectiva
N. 105
publicação, incluo ao pé desta homenagem a ele, a informação correlata . E,
lamentando não dispor de mais material, por agora, sobre este Discípulo do MEM e
de Sédir, fecharemos este tema transcrevendo umas linhas de BESSON, publicadas
em “L’INITIATION” (2.º semestre de 1956), notáveis pela sua ortodoxa
concordância, com a linha espiritual ensinada pelo MEM. — Ei-las:
“Não se deve dizer se eu fosse rico, faria o bem. Não se deve dizê-lo, porque é
um juízo formulado sobre os ricos que não fazem seu dever, e não devemos julgá-
los. Não se deve dizê-lo, porque todo ser, seja qual for a sua situação, pode prestar
ajuda a alguém, mais infeliz do que ele.”
O Muito Excelso Mestre e o Discípulo Conde MAURICE de MIOMANDRE. —
Com. 108 — No primeiro volume, a pág. 172, já vimos que foi em 1897, junto com

N. 105 — À pág. 60, da 5.ª edição francesa de “Lê Maître Philippe”, consta uma nota, da qual
reproduzimos o que não é puramente relativo à ação administrativa local do movimento em apreço: “A
Associação” “AMIZADES ESPIRITUAIS” fundada por Sédir, foi registrada em 1920 (“Diário Oficial” de 16-7-1920)
com o objetivo: Associação cristã livre e caritativa. A Associação é administrada por um Comitê diretor composto
atualmente de dois membros: Max Camis (61, rue des Batignolles, Paris, 17º) e EMILLE BESSON (Chemin de
Savigny, à L’ARBRESLE) (Rhônde) — a quem se pode pedir Estatutos da Associação e dirigir-se, para
assinaturas do Boletim das Amizades Espirituais (4 números por ano: 350 francos franceses).
“A finalidade das “Amizades Espirituais é agrupar a todas as pessoas de boa vontade que reconhecem ao
Cristo como o único Mestre da Vida interior e ao Evangelho como a verdadeira lei das consciências e dos povos.
“Não se trata, nem de fundar uma religião nova, nem de criar mais uma seita. Os membro deste grupo
respeitam todas as formas sociais ou religiosas; estimam que nada existe que não tenha sua razão de ser e sua
utilidade; não criticam nenhuma opinião, mas não querem depender senão do Cristo. Estão persuadidos que
uma evolução coletiva real não pode se obter a não ser pela reforma individual e que todas as dificuldades
terríveis que, hoje, ameaçam o mundo ocidental seriam vencidas se a maioria dos indivíduos, em todos os
degraus, da escala social, cumprissem todos os seus deveres” (o grifo de “todos”, é meu, Carolei: eu nunca
posso deixar de criticar um pouco aos colegas de existência…).
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Papus, que este escritor e jornalista teve a felicidade de ser apresentado ao M.


PHILIPPE. — Vimos também como o MEM: “longe de estimulá-lo na sua procura de
ascese interior… o aconselhou a voltar para sua cidade natal e interessar-se por
ação social”. Também vimos como Maurice de Miomandre viu cumprir-se a profecia
que o MEM lhe fizera, sobre a “a carreira para o mar”, etc.
De um muito notável artigo publicado pelo seu filho Christian — do qual já nos
ocupamos em tema precedente — e publicado em 1953 em “L’Initiation”, n. 5, do
ano 27.º — traduziremos alguns pontos que completam o dito no primeiro volume:
“Achei nas anotações de Maurice de Miomandre, um apontamento relatando
que PHILIPPE acabava de dizer-lhe: que poderia lhe mostrar mais tarde muitas
coisas, mas que para isso seria preciso um pouco de tempo, uns três anos
aproximadamente… “O nosso pai — prossegue Christian — nos referiu mais tarde,
que ele solicitou ao MEM um sinal para o convencer. PHILIPPE lhe respondeu que:
tal dia, a tal hora, ele tinha recortado, no laboratório da Universidade de Liège, o
sexo de um sapo.” Ele pediu ao nosso pai, que não fizesse mais tais experiências. A
declaração de tão exatos pormenores, assombrou tanto a Maurice de Miomandre,
que ficou convencido da autoridade do seu interlocutor.
“Quando, de acordo com o conselho recebido, M. de Miomandre voltou-se para
a ação social, “o soerguimento da classe laboriosa e da educação, a luta contra o
alcoolismo, tomaram todo seu tempo. Publicou, até, uma obra sobre o problema do
alcoolismo, que foi premiada em 1906 pela respectiva Associação Internacional”. —
Depois de casar, em 1900, ele tornou a ver ao MEM, o qual lhe anunciou numerosa
prole: de fato, teve seis filhos. A morte do MESTRE, em 1905, não lhe apagou a
chama. Pelo contrário, um incidente aparentemente miúdo, iria lançar a M. de
Miomandre na luta militar: encarregado pelo jornal Le Soir, de investigar sobre certos
fatos, relativos à insuficiência dos fortes de Liège e de Anvers, o jornalista descobriu
uma situação bem mais grave do que a que já imaginara… M. de MIOMANDRE
lembrou-se dos ditos proféticos do MEM, e da sua ação na Rússia, pelo
entendimento franco-russo. Decidiu manter livre a consciência e iniciou uma
campanha de imprensa, que bastante incomodou ao governo. Seus artigos
“Estamos prontos?” fizeram sensação… etc.”
Não é bonito, Carolei, ver — por fim! — a um Discípulo que, como Papus e
muito raros outros — bateram-se valentemente por difundir ideais, orientações e
profecias do MEM PHILIPPE, procurando salvar o que a desordem político-
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administrativa, geral em muitos países e a “burrice” que governos, diplomatas, e


outros que dispõem dos nossos recursos e vidas, insistem em manter com relação
ao Saber dos Mestres espirituais põe a perder!?
E, falando em previsões, nesse artigo de Christian, há diferentes profecias de
CHAPAS: vê-las-emos junto com as do MEM, no 4.º Volume. — E, assim, Carolei,
Maurice e MIOMANDRE nos trouxe mais um exemplo do já comentado — a pág. 95,
Com. 62 — sobre o Poder do MEM, de saber o passado, minuto a minuto, com
lugares e fatos, datas e pormenores, de quanto ser, de todos os reinos, vinha à Sua
Presença. Felizes os que, como Maurice de MIOMANDRE, souberam permanecer
fiéis à Presença e seguir a um grande Discípulo e Sucessor, como Chapas!

***

O Muito Excelso Mestre e “CHAMUEL”. — Com. 109 — Lembro-me sempre,


Carolei, da elevada estima que meu Mestre, CEDAIOR, tinha por Chamuel, ou seja,
o bacharel em Direito Lucien MAUCHEL, que foi certamente um modelo de servidor
modesto, paciente, metódico e generoso. Efetivamente, não é possível percorrer a
obra — escrita ou feita em outros modos — de qualquer dos ocultistas da época; de
Papus a Guaita, e de Sédir a Lalande, sem achar a “Chamuel e sua Livraria do
Maravilhoso”, tanto como ponto de encontro, de palestra, de reuniões que iam: das
mais singelas e cordiais, até outras que eram as preparatórias de solenes decisões
nos ambientes iniciáticos. E, não o esqueçamos, já vimos neste mesmo livro que
Chamuel até fazia viagens para ir fundar “GIDEE”, e para visitar os centros de
difusão do Martinismo; além de ter financiado mais de uma “edição-aventura”, ou de
ter ajudado poderosamente a lançar a campanha dos Clássicos do Espiritualismo
precedendo, em muito, o trabalho que os Chacornac e os Dorbon fizeram também,
mas após, nesse terreno, então difícil e pouco proveitoso no aspecto material.
Em novembro de 1897, quando da sua visita — em Lyon — ao jovem casal
Marc Haven-Victoire Philippe, o bom do Chamuel teve a boa estrela de que, como
refere (pág. 67 da B.M.H.), “após o almoço, no qual se falara quase somente nos
milagres do M. PHILIPPE — a quem vira um pouco, momentos antes, na estação de
Lyon — o MESTRE veio especialmente para me ver, e me dar conselhos cheios de
sabedoria e de prudência, que eu deveria ter seguido ao pé da letra (mas, teria eu
podido fazê-lo), o que sem dúvida ter-me-ia poupado muitas tribulações materiais e
provações, que aliás não lamento ter vivido. — As palavras Dele, ditas num
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ambiente tão cheio de cordialidade e de espiritualidade, produziram em mim uma


impressão com a qual fiquei muito comovido e como que inundado de beatitude”.
“Em dezembro de 1898, M. PHILIPPE veio a Paris, em companhia do seu
genro, para ser padrinho do último filho de Heitor Durville. Eu assisti ao fato de o
MEM desmascarar a farsa duma velha mendiga sob o pórtico da igreja São Merri…
etc.”

***

O Muito Excelso Mestre e Jean BRICAUD. — Com. 110 — Não obstante existir
uma biografia de Bricaud, muito clara e bem feita, pelo seu Sucessor Charles
CHEVILLON, nela pouco se acha que possa situar as relações de Discípulos a
MESTRE, que Bricaud teve com o M. PHILIPPE.
Já fiz, em muitas partes dessa obra, citações do livrinho publicado por Bricaud,
em 1926, editado por chacornac com o título “Lê Maître PHILIPPE”, em cujo
prefácio achamos estas palavras:
“Difundiram-se, sobre o M. PHILIPPE, diferentes lendas, bem como
quantidades de erros. Tendo-o conhecido muito, pensei que não deixaria de ser
interessante, para os estudantes de ocultismo, apresentar-lhes brevemente, mas
sob sua verdadeira luz, Aquele que Papus chamava “O Mestre Espiritual”, e fazer-
lhes conhecer, tanto quanto for permitido, os ensinamentos de Quem foi o nosso
Mestre, nosso guia, ao mesmo tempo que um dos maiores taumaturgos do século
XIX.”
Por tais palavras, Carolei, vemos que Bricaud assume, ao mesmo tempo, a
posição de quem muito conheceu ao MEM; de quem sabe e diz que, de seus
ensinamentos, só parte pode ser divulgada e, ainda, devemos ressaltar que, este
mesmo Bricaud que O proclama como Seu Mestre, nem por isso deixará de
seguir sua trajetória, tanto nos ritos de que se ocupava, como até chegar a
Patriarca da Igreja Gnóstica (à qual deu, aliás, desenvolvimento notável) e,
também, seus estudos "ocultistas", como diz, inclusive denominando ao
MEM como taumaturgo, quando o termo Teurgo teria sido bem mais
apropriado. Não é que devamos fazer questão de palavras, senão que,
como no caso de Sédir, mas em outro sentido, Bricaud também ressalta
aquilo que à sua mentalidade, e a seu caminho, mais sensível se tornou.
O conteúdo do livro foi quase totalmente citado, pois o que porventura
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o Dr. Philippe Encausse não tinha aproveitado, do livro de Bricaud (que tem
apenas 46 páginas, aliás), eu o citei — ou citarei ainda — quando for útil.
Bricaud, por exemplo, é quem explica que as sessões (ou consultas
coletivas) do MEM, eram inicialmente gratuitas; mas, que mais tarde teve
que fazer pagar um pequenino direito de ingresso. — A explicação é fácil e
nos mostra o porquê aquela mulher (da sentença de 1892) pagava dois
francos cada vez: se continuassem totalmente gratuitas, o local nunca
bastaria, já que as pessoas vêm sem discernimento — e muitas vezes até
com certa tendência ao abuso — quando alguma coisa é gratuita. Mas,
quando, no interior da França, numa época e região não muito ricas, há um
direito de ingresso a pagar, já uma primeira seleção de reais necessitados
se faz, isso, sem levar em conta que essas pequenas taxas reunidas, eram
utilizadas também pelos que precisavam ajuda material! Era — para usar as
expressões do Documento Martinista — como um pequeno vaso circulatório
do Sangue Social, na Caridade…
Bricaud refere muitas sessões - reproduzidas como já expliquei — e,
ainda, dá uma muito boa idéia da doutrina do MEM sobre a
responsabilidade celular, dados que, reunidos aos que colhi em outras
fontes, veremos a seu tempo, no 4.º Volume.
Mas, não podemos deixar de assinalar que, este Discípulo Bricaud,
que foi revestido de elevadas funções em sua vidaN. 106, foi quem recebeu,
após a morte de Papus, as misteriosas "pílulas de Vida" que o MEM
fabricava em seu laboratório secreto ... já falaremos nisso, no tema
"Doenças e remédios". — Não tendo a certeza de qual foi a exata posição
e papel, ocupados por Bricaud na "corrente de Lyon", — não do ponto de
vista martinista, ou gnóstico: esses os conheço muito bem! —, senão como
discípulo do MEM, prefiro limitar-me ao dito, que considero suficiente para

N. 106 — Muito embora, em conseqüência da documentação que reuni em 1923 (inclusive carta
manuscrita que Bricaud me escreveu e que está arquivada) eu não deva concordar com todos os títulos que
figuram na biografia que lhe fizeram, dou a lista como ali figura: Patriarca Gnóstico, de .1908 a 1934. — Reitor da
Rosa-Cruz. — Grã-mestre da Ordem Martinista. Grande Hierofante para a França do Rito de Memphis-Misraim e
presidente da Sociedade Ocultista Internacional, de 1918 a 1934. — Em tal biografia, dizem que "estudou
MAGNETISMO com o M. Philippe ... o que me parece um pouco ... pouco!
Seja como for, a obra de Jean Bricaud foi muito útil também e, não devemos esquecer que seu sucessor,
Chevillon, foi fuzilado, só pelo fato de ser mação, martinista e gnóstico durante o último conflito, ingressando
assim no rol dos que morrem por idéias elevadas.
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concluir prestando uma homenagem de gratidão a Bricaud, por ser o


primeiro — à parte o labor de Papus, é claro — em ter publicado alguma
coisa sobre os ensinamentos privados do Mestre.
Para os estudantes do Brasil, compreenderem melhor certos aspectos
da N. 106 e — também — porque o Dr. Ph. Encausse, na sua obra, lembra
continuamente a perseguição à livre investigação, feita no tempo da guerra
iniciada em 1939, lembraremos que, por exemplo, no "Suplemento en
castellano deI diario alemán "Deutsche La Plata Zeitung" - de Buenos
Aires, de quinta-feira 16 de abril de 1942, publicavam com destaque e —
certamente — com alegria, o seguinte: "DISSOLVEM NA FRANÇA OITO
LOJAS MAÇÔNICAS: Vichy, abril 15 (T.O.) — Um decreto emitido hoje
nesta, dispõe a dissolução das seguintes oito organizações maçônicas
secretas e das suas filiais nas colônias: A Grande Loja da Fraternidade
Universal; A Frande Loja Mista; A Loja Unida; A Igreja Católica Liberal; O
Rito Antigo e Primitivo de Mênfis-Misraim; A Ordem Martinista; A Igreja
Católica Gnóstica; As Lojas Maçônicas da Ordem Universal das Bene-
Berith". (Tradução nossa, e respeitando os erros do original, no que se
refere aos títulos e ortografia do mesmo.)
É fácil compreender também, porque, muito embora haja uma Corrente
que insiste "ser indispensável ingressar nas ordens maçônicas" para buscar
a iniciação; a outra, que vai buscar a fonte pura, não com base na idade do
pó dos arquivos, e sim com base na Luz dos Anjos que possa perceber, e da
Vida que possa assimilar, não pode e não poderá, senão muito dificilmente,
chegar a um acordo, que, por outra parte, seria tanto mais de desejar que:
completam-se, não somente essas duas facetas, mas todas as demais
facetas, denominadas: igrejas, seitas, escolas, etc ... E, como veremos, e
como já constava da Nota relativa às "Amizades Espirituais", a dificuldade
está em obter amplidão e colaboração, sem fanatismos nem separatividades.
É possível que o labor de Bricaud tenha sido, pelo menos em parte, limitado
pelos que, excessivamente apegados a "tradições simbólicas ou
cerimoniais", não percebiam que um só sorriso do MEM MESTRE valia por
tudo o mais!... Aliás, Esse problema continua de pé, como veremos pelo
próprio ensinamento e respectivos comentários. Mas, há muitos
"Caminhos"...
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***

O Muito Excelso Mestre e "BARLET". - Com. 111 - Em um "número


excepcional, de 128 páginas"N.107, dedicado a honrar a memória do ilustre
kabbalista e escritor, Stanislas de Guaita sobre quem nada escrevi nesta
obra, por não considerá-lo um direto seguidor do MEM - achamos magníficas
páginas de F. Ch. BARLET (anagrama do seu nome civil: ALBERT
Faucheux). Não esqueçamos que, o mais capacitado para classificar: Papus,
dizia que Barlet era "o mais culto dos ocultistas contemporâneos", apreciação
excepcional, na época da plêiade de valores que já citei.
Dizia, pois, Barlet, após eruditas considerações sobre a obra de Guaita,
truncada pela morte que o colheu ainda jovem: "... Eis-nos chegados,
seguindo-te — aos celestes confins das esferas divinas. Irás nos dizer agora,
o que é o Cristo Glorioso e, antes, qual é esse reino de Deus que ele traz
sobre a Terra: em que se resolve, portanto, a questão social… mas não,
infelizmente! não no-lo dirás. Devo deter-me aqui, onde a morte gelou tua
mão! Não devia ser-te permitido, Irmão bem-amado, nos fazer essas
revelações supremas... Um outro MESTRE, tu O sabes, um MESTRE que tu
reverenciavas, que o teu afeto, como o nosso, colocava no primeiro plano,
parece muito especialmente encarregado desse apostolado supremo, para o
qual, tão magistralmente nos preparaste!... ".

E, Barlet continua, pedindo a Guaita que ajude a verter sobre os que


ficaram, os raios benfazejos Dele e do Cristo Glorioso ... Barlet oferece, para
quem estuda — seriamente — sua obra e personalidade, um aparente
contraste. As obras dele são pesadas para se estudar, pois referem-se, como
as de Fabre d'Olivet, de Saint-Yves e outros, às aplicações principalmente
sociológicas da realização. E, não poderia ser de outra maneira, já que O
Cristo Social, é a única meta, e — portanto — a única compreensão, e o único
esforço que vale a pena, por parte dos que perceberam o andar da realização

N. 107 — No Número 4, do ano 11 — Volume 88, de janeiro de 1898, de "L'INITIATION", dedicado à


memória de Stanislas de GUAITA, há uma série de notáveis artigos: "A obra filosófica de Guaita, por F. Ch.
Barlet, da qual citei as frases relativas ao MEM PHILIPPE. — A obra de realização, por Papus — O
Kabbalista, por Marc Haven. — A obra de Guaita do ponto de vista oculto, por Sédir. — O Artista, por E.
Michelet. — O Alquimista, por F. Jollivet Castelot — ocupando assim 63 páginas dedicadas ao falecido
Grã-mestre da Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, a quem sucedeu primeiro Barlet e, mais tarde, o próprio
Papus. — Fica, assim indicada mais uma fonte de referências, para os nossos estudantes sérios.
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da Sua Missão.
Estudando as obras de Barlet, aconteceu-me aliás, um fato muito curioso,
que vou referir, pois creio ser uma lição prática, tanto mais bela porque, desde
o ano de 1926, eu mantinha com Barlet o laço oriundo do fenômeno referido a
pág. 56 de "Yo que…", e que cumpriu-se de modo tão exato, assombrando ao
médico…

H. 6 - Identificação Mental com os Mestres

Tenho ensinado sempre, que há uma forma fácil — relativamente de formar laço com um Mestre
e de receber dele: proteção, direção e ensinamentos. Seja ele vivo ou não, na Terra, bastará: estudar
bem suas obras, sua vida, admirá-lo e amá-lo profundamente; procurar tomá-lo como modelo: desde
o modo de vestir, de usar os objetos, de ser e de falar, como, principalmente, perguntando-se
ANTES de fazer uma coisa: como pensaria e agiria O MESTRE, neste caso? — É claro que isso
evitará bom número de "mancadas" na nossa conduta, em primeiro lugar. — Mas, vai além: após
certa persistência, nota-se uma como que identificação parcial, cujos modos e amplidão variam, aliás, de
acordo com cada Discípulo, já que se instala, e se mantém, em função: do grau de entrega; da
pureza de aspiração; da idade espiritual; da freqüência e intensidade das "falhas, esquecimentos,
rebeliões, etc...”.
Mas, voltemos a Barlet. Eu estudara certas de suas obras, mas não conhecia ainda a
denominada "O OCULTISMO", embora seja a chave das outras. Ora, preocupado em dar aos
Martinistas, que de mim dependiam: (era em 1941, antes de deixar o Brasil aquela vez que já citei),
resolvi escrever, para os Discípulos, uma obra, para a qual o título "METODOLOGIA OCULTA", me
pareceu conveniente.
Lá, no meu "retiro" da Vila Assunção - arredores de Porto Alegre tracei o plano, cuja base
era inteiramente alicerçada no jogo de "Spontaneité et Inertie", ou seja, uma interpretação das
famosas letras "S.I", dando, no sentido ocidental a mesma chave que o Yin-Yang do Tao, etc... e
comecei a escrever mentalmente, todo o livro... estava ficando bonito mesmo…" (Carolei, não seja
maldoso, não é falta de modéstia: é observação. Veja o que segue)… e, um belo dia, andando pela
Rua da Praia (Rua dos Andradas, aliás) aconteceu-me — mais uma vez — aquilo que já citei com o
livro do M. AMO: de repente, o meu Anjo, ou um dos Mestres... quiçá o próprio Barlet, me fez sentir
que tinha que entrar na Livraria Universal... e lá, bem na minha frente, na estante dos livros
franceses, à qual me senti dirigido logo, estava "L'Ocultisme", de Barlet... que me custou sete mil-
réis... e, de volta no meu "Ninho de Águia”... verifiquei que TUDO quanto tinha escrito mentalmente,
já estava, direitinho, no livro de Barlet!...
Agradeci muito: especialmente, pela comprovação do laço e do apoio; pela proteção ao
confirmar o ensinamento; e, finalmente, pelo "aviso" a tempo, para evitar um muito ridículo, mas
totalmente involuntário PLÁGIO, que teria ocorrido, se chegasse eu a escrever e publicar o livro
projetado.
Aliás, entre as muito numerosas experiências que nunca escrevi, e que contei a alguns raros
Discípulos, capazes de compreender que as lições que servem, são essas: as vividas; posso dizer
que, já com a idade de 20 anos, ocorrera-me causa idêntica: após projetar escrever e construir
mentalmente, não um livro só, mas três; um tríptico, sobre a vida de uma mulher que cai na
degradação, logo regenera-se e, finalmente se ilumina e sublima... "topei", dias após terminar o
esquema mental, com uma "novidade" recém chegada da França, na vitrina da então existente
Livraria Loubière (Rua Esmeralda, em Buenos Aires): era uma obra de Ian Kheith: mesmo plano,
mesmo tema, três volumes e, para plena comprovação: mesmos três títulos, com a agravante que,
para escrever essa (minha, eventual) obra, eu renunciara ao meu então habitual pseudônimo e
escolhera um, bem bretão de ressonância: Ian Kermor. Não se pode achar mais provas. Dessas,
tenho umas centenas, vividas em todos os planos...
Dá para meditar muito, Carolei, em: como é, de fato, possível, perceber tudo quanto outros
seres mais elevados, ou antes chegados, do que nós, já formularam. Não será isto a maior certeza
de que TODAS AS INICIAÇÕES E TODA SABEDORIA ESTÃO SEMPRE À MÃO, assim como
TODAS as Tradições, para os que as busquem seriamente, por um labor esforçado e perseverante?

***

Voltemos a Barlet, que conhecera pessoalmente ao MEM PHILIPPE em


dezembro de 1898, como cita Chamuel (B.M.H., pág. 67), ao referir-se
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àquele mesmo dia do episódio com a mendiga de St. Merri: "...E, à noite,
ambos (o MEM PHILIPPE e seu genro Marc Haven) vieram com Papus ao meu
escritório, para ver a Barlet que travou conhecimento com o M. PHILIPPE e,
até teve a surpresa de ver revelar fatos que só ele conhecia...".
Para terminar estes breves apontamentos sobre BARLET, desejo,
Carolei, mostrar que quando um grande intelectual, um grande sábio mesmo,
como era Barlet, torna-se realmente Discípulo do MEM, vê-se logo por
diferentes fenômenos externos, como sejam: o merecer assistir a certos
fatos, isto é, participar deles; em segundo lugar, perder "isso que por aí
chamam de respeito humano, ou de senso do ridículo"(?) e ter a coragem —
moral e mística de proclamar a Verdade, mesmo quando se sabe que será
difícil que o interlocutor a possa aceitar; e, finalmente, a humildade que, sem
exibir-se, é bem fácil perceber nos fatos. Espero que todos esses aspectos lhe
sejam evidentes no que vou relatar agora...
Foi por ocasião dessa mesma "enquete" — de Je Sais Tout— que já
citei, na qual Papus teve oportunidade de responder ao repórter que
perguntava "se obtinham curas, de fato": aos milhões, senhor! frase que pode
parecer exagero, aparentemente. Mas, Carolei, medite em dois aspectos; um,
é este: o MEM PHILIPPE curou milhares de pessoas por mês, durante
quarenta anos, quantos são?... E, em segundo lugar: Você tem certeza de
que, quando o MEM curava ou orava, por alguém que se dispunha a fazer um
grande sacrifício moral, Ele não aproveitava para pedir e obter a cura, alívio
ou consolo, de outros, cujos casos fossem iguais ou análogos? Olhe, que eu
tenho algumas formosas experiências nesse gênero. E que, se surgissem
estudantes sérios (não é mania, não, é condição sine qua non... ) poder-se-ia
intentar alguma coisa, inclusive no plano social. Já voltaremos a isso. Por
agora, voltemos ao repórter, que entrevistou a Barlet. Este último referiu o que
resumo a seguir: "... em certa ocasião, um par de outros Discípulos e eu,
fizemos longo passeio pelos campos, com um Mestre, na região em que Ele
mora... foi anoitecendo e o MESTRE — que nada fazia sem uma razão —
disse-nos: pediremos janta naquela choupana... Fomos recebidos por um
casal de pobres camponeses, que, com seus filhos, acabavam de sentar à
mesa.
"Via-se a bondade, pois nos receberam e se apertaram em torno à mesa,
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sobre a qual a camponesa dispôs uns pratos mais, para nós. E, começou, após
a oração feita pelo Mestre, a repartir a sopa. Mas... por mais cuidado que
tivesse, terminou tal sopa, antes que a pilha de pratos a encher... E, de
repente, para assombro de todos: a sopeira ficou novamente cheia de sopa... "
Houve um silêncio na entrevista (como certamente o houvera na
abençoada choupana...) e o repórter, por fim atreveu-se a peruntar: "Mas,
afinal de contas, quem encheu a sopeira?..."
"OS ANJOS ..., Senhor!" — respondeu Barlet, o sociólogo erudito!
O repórter tomou algumas notas mais, e, antes de partir, pediu a Mestre
Barlet, uma fotografia de sua pessoa, para ilustrar a entrevista. Barlet calou,
recolheu-se por uns instantes, com a testa entre as mãos e logo disse,
suavemente: "Me permitem..." e dedicou o foto solicitada. — Entendeu,
Carolei? — Alegra-me!

***

O Muito Excelso Mestre e "PHANEG". - Com. 112 - Este é o último dos


Discípulos diretos, que adaptaram externamente os Ensinamentos do MEM,
que iremos considerar nesta obra, já que — como expliquei antes — se os há
na região de Lyon, mais ocultos e reservados, dependentes ou não de
Philippe MARSHALL, é o que o futuro esclarecerá, à medida que os corações
se abram... e que as mentes consintam em se unir!
N. 108
De um notável artigo, escrito por Jean BOURCIEZ , resumirei o que
mais nos interessa, em relação ao MEM PHILIPPE: Em 1866, na Bretanha,
nasceu Georges DESCORMIERS, que tornou-se tão conhecido como
"PHANEG"; autor, aliás, de ótima biografia de Papus, de quem fôra discípulo,
admirador, e colaborador dedicado. Desenvolvendo a vidência voluntária,
publicou também obras sobre: Astrologia Onomântica, Alquimia, Método de
Clarividência e, por uma alusão de Papus, parece que também deve-se a
Phaneg a reedição, em 1902, do inachável livro de Jacob "Esboço Hermético
do Todo Universal".
O artigo que resumo, contém a "inevitável" frase sobre "o não importa a

N. 108 - Para mais pormenores, consultar, na moderna coleção de "L'INITIATION", N. 2 — ano 31 —


dezembro 1957, págs. 112 a 114, o artigo "Georges DESCORMIÉRS".
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data", do encontro de Phaneg com o MEM. O essencial, realmente, é o artigo


ressaltar que: "foi um hermetista que entrou na Rua da Tête-d'Or, mas foi um
evangelista que saiu, esperando que a hora de sua missão soasse”... o que
ficou concretizado quando "Tendo recebido do Alto, todas as diretrizes
necessárias, Phaneg fundou a "Entente Amicale Evangélique", onde, durante
20 anos, comentou luminosamente os Evangelhos. - Publicou em 1923, na
editora de seu amigo Beaudelot, o bom editor da Rua du Bac, uma série de
palestras sobre os Atos dos Apóstolos, com o título de "Após a Partida do
Mestre", e, em 1925, "A Caminho - Cartas a Crentes".
Semanalmente, Phaneg fazia uma palestra e, à parte, sessões de curas,
com inteira singeleza... "Na humilde sala da Rua Lecourbe, na qual entrava
quem quisesse, ressoavam unicamente o Pater e a Ave-Maria dos cristãos.
Não havia magnetismo, nem sugestão; uma simples Prece ao Pai. — Um
amigo — de quem já falamos, diz o articulista — foi, durante anos,
testemunha de curas, confirmadas por médicos: rins purulentos, uremia,
tuberculose pulmonar, paralisia, cediam à Bondade do Céu, que a prece de
Phaneg e dos assistentes chamavam desde o mais profundo de seu coração.
"Privativamente, Phaneg recebia com prazer a quem quisesse vê-lo.
Contou com conversões que pareceriam hoje sensacionais, e salvamentos
incríveis. Já dissemos que, antes de seu encontro com o M. PHILIPPE,
Phaneg era um vidente de rara agudeza. Ele sabia indicar o lugar exato de
um objeto perdido, como descrever a um historiador tal ou qual cena do
passado, para a qual este carecesse de detalhes. Sabia dizer ao médico
indeciso, qual o órgão doente no paciente, e indicar a exata data da cura.
Esse dom, deixou lugar a uma comunicação direta com M. PHILIPPE. Esse
modesto servidor não utilizou mais o dom que o Céu lhe tinha concedido, e,
passou a pedir ao Céu por intermédio de seu MESTRE. Nisso reside todo o
segredo das curas, das conversões e dos salvamentos que ele obteve."
"Assim, por ter achado a M. PHILIPPE, e, posto definitivamente,
unicamente, a sua confiança no Céu, Phaneg, um dos amigos mais modestos
de Papus, manifestou durante mais de 20 anos alguns dos poderes dos
Apóstolos. Nesse lapso, escreveu sobre a Virgem, luminosas páginas, com o
título de "Porta do Céu". E, em 1947, "Notas sobre o Apocalipse de João", nas
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quais projeta luzes sobre o misterioso escrito" (Obra póstuma).


Em 27 ele outubro de 1945, aos 79 anos de idade, Phaneg falecia, sem
deixar sucessor espiritual. Em temas ulteriores, tornaremos a nos encontrar
com Phaneg, vendo como mereceu até uma materialização do MEM, em
Lyon, em 1928... , onde O procurara, em 1902.

***

O Muito Excelso Mestre e... eu. - Com. 113 - Após a história de Barlet,
consultando para ver se "lhe permitem" dar uma sua fotografia, poderá
parecer ainda mais fora de lugar, eu vir falar de mim. Mas, como já disse a
pág. 10 deste volume, "estou velho" e, não só me importa pouco o juízo que
sobre mim formulem, como, ainda, devo levar em conta que diversos
daqueles, dos que pensei poder fazer sucessores ou colaboradores além da
morte, "pifaram", como se costuma dizer na gíria...
Cabe, então, Carolei, deixar aos que fiquem — se algum ficar — ou aos
que venham mais tarde — se os cataclismos deixarem oportunidade! — uns
apontamentos que, embora não valham a transmissão oral que poderia ser
feita, a discípulos sérios, no convívio egregórico, possam contudo fazer
compreender, "o porquê e o como" de certos comentários, indicações ou
sugestões, que depositei nesta obra; ou, ainda, de certos atos ou
campanhas, iniciativas ou tentativas, feitas ou encetadas, malogradas ou
vitoriosas. Tudo isso poderá, assim, ser melhor compreendido, do ponto de
vista oculto, ou místico, e, mesmo no seu aspecto aparentemente mais
evidente, às vezes.
Naturalmente, evitarei tornar a dizer o que já contei no livro Yo que...
Será bom, então, considerar o que aqui segue, como um complemento.
Digamos, um segundo andar. O terceiro, só poderia ser oral,
evidentemente...
Quando, perto dos oito anos de idade, tive aquela experiência com o
Gnomo, referida no outro livro, também começou para mim uma curiosa
época, na qual "lembranças" de vidas passadas se me apresentavam ao
ouvir algumas expressões, como: "Floresta Negra", por exemplo, que me
permitia ver-me a cavalo, entre outros Cavaleiros. Visitei assim, em "visão
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mental", por exemplo, o Castelo de Heidelberg, e, coisa curiosa, as


descrições que fiz dele, eram exatas... porém em relação ao castelo de antes
do incêndio que, no século XVII, causou uma reforma de certas partes. —
Outras experiências do mesmo gênero, faziam de mim uma criança que, bem
criança sob muitos aspectos, tinha no entanto, uma atenção interior diferente
...
Quem poderá explicar por que, nessa mesma idade — e antes até —
roubava da minha mãe todos os grandes alfinetes, quando os medalhões
dos mesmos — que se usavam, na época, para segurar os descomunais
chapéus femininos — traziam a efígie de Maria Antonieta?
E, por que não havia quem me fizesse entrar, em Versalhes, na Galeria
dos Espelhos — e no Palácio em geral —, mas me sentia muito à vontade no
Petit Trianon? — E, por que me perseguia a imagem de um homem jovem,
trabalhando naqueles jardins?.,
E, por que, aos treze anos, incomodado em aula por dois rapazes, que
não paravam de falar, virei-me e disse-lhes: "Se vocês soubessem que,
dentro de três meses, estarão ambos mortos, afogados, teriam outro
comportamento!" — E os pobres companheiros, gêmeos aliás, ficaram certa
vez — quando no rio Tigre, uma lancha cortou o bote deles — presos aos
pregos, que havia debaixo duma barcaça de fundo chato, sob a qual
procuraram passar, mergulhados!
E, por que, na época em que tive as "reminiscências" de obras e de
conhecimentos, relatados a pág. 19 de "Yo que...,", também me davam
experiências freqüentes, pelas quais via ou sabia, sem visão —, e às vezes
com muita antecipação, que: em tal lugar, há tal coisa. Ia..., e, havia mesmo.
E, por que em Paris, em 1924, após almoçar em casa de pessoas que
se tinham tornado espécies de discípulos meus, em conseqüência de
conferências feitas na "Salle des Sociétés Savantes", eu disse ao Dr. Maurice
Dircksen - cuja esposa, Sra. Blanche, me servira nesse dia de notável "sujet"
magnético: — "Vocês não precisam se preocupar, como fazem, pela velhice:
logo, morrerão juntos, no mar”? E, muito embora não tivessem nenhum motivo
nem probabilidade, de virem a viajar nunca, pois nem posses, nem tendências
ou obrigações os levavam a isso, no entanto, pereceram no naufrágio (e são
raros!) de um vapor misto, no qual o doutor aceitara fazer umas viagens como
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médico de bordo, "se o deixassem levar a mulher". Há mais coisas raras, neste
mundo, Carolei, do que acredita a vã filosofia materialista, ou as explicações
simplistas do espiritualismo barato. Eu soube disso, cedo, e dediquei-me a
buscar...
Com 19 anos de idade, resolvi dedicar quase um ano a pensar, e a
classificar, na mente, tudo quanto tinha já: estudado, lido, vivido e observado.
Inventei treinamentos pessoais, do tipo que citei mais tarde no "Yo que..."
(olhar, gesto, verbo, etc.), para estudar tudo que compõe o mecanismo
humano. Ao mesmo tempo, freqüentei todos os ambientes possíveis: políticos,
culturais, miséria e "baixo-fundo", como dizem os franceses. Saí de lá com
nojo. E, com muito mais das camadas pretensamente elevadas, que das
outras. Mas, por outro lado, embora em correspondência pessoal com um
Henri Barbusse, e com outros, vi logo que nos ambientes "de esquerda", havia
os mesmos interesses pessoais, as mesmas desavenças e... ainda faltava o
aspecto espiritual. — Na melhor das hipóteses, aquela gente traria uma
solução igualitária, ao nível dos ventres. Dos peitos, das mentes, das almas,
quem cuidaria?
Isso explica a fotografia N. 26, de 1923, época em que retomei a Ioga, da
qual recebera rudimentos — em 1922 — com aquele Iogue que acompanhara
certo tempo, a pé. Mas, havia em mim muito tumulto ainda, muito desejo de
ação, para ser um solitário. E, muita compreensão, para conformar-me com as
explicações espíritas ou do esoterismo elemental Na Europa, fui amigo de
Bourniquel, o braço direito de Gabriel Delanne, e assisti a trabalhos,
materializações, e à elaboração de obras. Mas, também olhei como viviam, o
que realmente acreditavam, qual o grau de entrega e de felicidade estável; de
destemor, em todos os sentidos, inclusive o da morte. — E, não me bastou.
Na Alemanha e na França, países nos quais permaneci vários anos,
freqüentei os Martinistas - então divididos e pouco operativos, após a morte de
Papus. É verdade que não tive contato com os discípulos silenciosos, do M.
PHILIPPE. Coisa curiosa: todos os medalhões do Martinismo, os próprios
Editores ocultistas, etc., com os quais falei, não me assinalaram a nenhum
deles. — Sédir, cujas "Amizades Espirituais" eram de recente fundação, ainda
era olhado sem compreensão, pelo menos por aqueles que conheci.
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Procurei os colaboradores de Jolivet-Castelot, pois, como químico, e


como astrólogo que já era também, não podia deixar de me interessar… Mas,
coisa curiosa, eu, a quem sempre trouxeram, para que os conhecesse, a todos
os descendentes das "linhas" martinistas, não achei em nenhuma parte o que
buscava.

No Estado-maior onde servi, meu chefe, o Gal. MICHAUD, da 33.ª


Brigada, era irmão carnal de Charles Michaud, o então representante em Paris
do Martinismo de Lyon, com cujo Grã-mestre, BRICAUD, entrei também em
contato, assim como com os Mussidon, os Meunier e muitos outros, cujos
nomes e endereços da época conservo, nos Arquivos do Retiro...

Haveria uma razão, Carolei, para uma evolução pessoal, separada, tão
independente quanto possível? - Creio que sim. Se, desde 1924 já trabalhei
como Iniciador Martinista, seriamente, isto é: ditando a cada Discípulo,
separadamente, as instruções de cada Disciplina e, ainda, vigiando
pessoalmente seus estudos de astrologia, etc. e servindo-lhes de tutor moral,
continuava procurando para mim, não só A Via, mas ainda: alguma coisa mais
do que "ocultismo". A fotografia de 1931 — e pela tríplice conjunção que ali se
vê: de Sol, Saturno e Mercúrio, em Capricórnio, indica a data de 6 de janeiro,
estando, aliás, mal colocada — aparentemente — a ficha de Vênus que
representava outra coisa — refere-se ao dito a pág. 27 de Yo que... sobre
magia cerimonial, da qual me ocupei, às vezes com outros Discípulos meus,
desde 1926 até 1932, com algumas interrupções, e com resultados alentadores
como obras de amor e de justiça (Curas muito boas; achado de obras muito
raras; obtenção da liberdade de pessoas injustamente acusadas; e... alguns
conhecimentos fora do que sempre reiteram os livros, também como, por
exemplo, curar a obsessão de uma menina de seis anos, a 300 quilômetros de
distância, etc.). Mas, isso não enche a alma de ninguém, que busca A Verdade
e a Paz Interior, ...e não está disposto a fazer abatimento!

Poderia lhe dizer, Carolei, uma coisa que reputo muito interessante: que
aprendi assim, entre outras coisas, e com a verificação vivida, que, cada vez -
seja na vida individual ou na vida grupal - que se aproxima a possibilidade de
uma elevação real, também vêm, antes já, as "provas". E, geralmente são tão
singelas, e por isso mesmo "sutis", que escapam à visão pouco sagaz dos
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pretensos "iniciados", que na realidade o são no real sentido do termo: foram


começados por alguém e... falta-lhes "apenas" se terminarem sozinhos!

E Carolei, quando vêm essas provas, pouco adiantam então a Baqueta


ou a Espada da fotografia 27. Os Nomes Divinos dos mágicos círculos
continuam sagrados… o Universo continua harmônico e a Vida continua
maravilhosa… Os Deuses esperam que façamos um real esforço interior, isto
é: não mais para chamar fantasmas, nem para subjugar forças ou entidades,
nem para traçar complexos esquemas das relações entre as causas
"inferiores e superiores". Eles esperam que nos resolvamos: a viver a vida
como Eles a criaram. Só! — E não, como a deformamos. — Só, também.
— Oh, Sevânanda: então Você não aprendeu nada em todos esses
anos?
— Algumas coisas, sim, Carolei. Amei muito, sofri bastante. Fiquei certo
de muitas coisas. — E, plantei raízes no Invisível... — Explico: quando se
chega a definir o que é real e não ilusório, nas Tradições, como nas
Cerimônias e Ritos; quando se perde as superstições, incluindo as que se
revestem de nomes pomposos; quando se renuncia a "mandar", por meio da
magia, de qualquer espécie; quando a gente chega, por fim, à profunda
convicção de ser tão pouca coisa, que procura, realmente, conservar esse
sentido de proporção, passa apenas a tomar um modelo, não tão elevado
como Deus ou Jesus; mas, sim, do mesmo raio e tipo que se escolheu seguir
e fazer (saber o que se quer, primeiro, e como sempre!). Então, vêm as
experiências.
Eu trabalhei, assim dezessete anos - de 1924 até 1941 - em comunhão
com Papus (pelo método que citei, quando falei de Barlet). E, posso dizê-lo
com profunda alegria, os resultados foram sempre muito notáveis. Apenas
pela imperfeição humana, minha e de muitos outros que (não tendo os
mesmos motivos que eu, para procurar se entregarem o mais possível), uma
e outra vez, punham tudo abaixo, nos momentos em que — como já
comentei — o preço de mais uma elevação era apresentado.
Se precisávamos de locais ou de fundos, tudo "chovia". Se queríamos
editar uma obra: editor e facilidades apareciam, às vezes em circunstâncias
tão "raras", que teria sido preciso ser cego, para não ver a Direção e
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Proteção superiores.
Se uma pessoa, a quem déramos funções, abusava delas para procurar
conquistar a uma discípula, esta seria a que levasse um nome tal que,
kabbalisticamente, ficava evidente que a pessoa nunca respeitaria nem a
amizade. Estas, Carolei, são, por exemplo, coisas que servem, das que
aprendi nos anos de juventude: a reconhecer, por mil maneiras técnicas, as
comprovações do que a intuição, ou a cognição, ou a visão, informam.
Se alguém que colaborava comigo, não cumpria — apesar de ser capaz
de multiplicar objetos — com a obrigação moral, de ensinar só a verdade; e
se eu formulava ao Mestre PAPUS e ao MEM, um pedido do coração, para
então eu passar a acumular — e embora já muito sobrecarregado - o
ensinamento de coisas do Oriente, além das do Ocidente, então, no dia
seguinte, surgia na minha residência um homem, já velho, que fôra outrora
amigo e discípulo de meu Mestre, Cedaior, e que, tendo sido iniciado no
Suddha Dharma Mandalam, pelo próprio Guru Subrahmanyânanda, vinha me
dizer: "Esta madrugada, recebi ORDEM de vir lhe entregar todo este arquivo
de coisas do S.D.M., com as quais nada mais posso fazer, porque... por tal
motivo... me afastei do caminho e sou apenas um guardião...". Isso, não
contei no "Yo que..." mas, Carolei: de tudo que conto, e do que não conto,
também, há nos arquivos documentos, fotografias ou alguma outra prova,
sempre. E, possivelmente convenha dizer que, de certos documentos que
acho importantes, sejam iniciáticos ou de outra espécie, aprendi há muito
tempo a fazer depósito de cópias, em diferentes países: assim, no caso,
nunca impossível, de guerras, perseguições de qualquer espécie ou origem,
é muito difícil chegar a destruir coisas, das quais nem eu mesmo sei já, onde
os guardiães as colocaram... Isso, faz parte do trabalho que chamamos de
"sério".
Muitas outras, das coisas que fiz ou intentei fazer, Você verá, seja nos
comentários sobre a A.M.O., a Cruzada, o Monastério ou o Alba Lucis.
Porém, da época do Martinismo de Montevidéu, creio dever lhe referir, ainda,
umas historietas, possivelmente instrutivas, especialmente no que se refere
ao MEM PHILIPPE...
E, Carolei, convém esclarecer que estas são apenas uma pequenina
http://amopax.org 218

parte, do que poderíamos contar; mas, nem o livro dá para tudo, nem
podemos relatar muitos casos, que envolvem pessoas alheias ao labor... E,
também, antes de relatar as histórias vividas, é preciso lembrar que, naquela
época, eu tinha muito forte apoio e direto contato com o MEM, porque todo o
esforço era feito no sentido por Ele ensinado, em primeiro lugar; e, em
segundo lugar, durante certo tempo, um grupinho manteve-se
suficientemente unido para dar, senão base, pelo menos "esperança
egregórica"; e, como última razão, está a de termos sofrido — minha
N. 109
segunda esposa e eu , não somente fome, como já contei — mas
insidiosas campanhas para nos separar, e muitas outras coisas que não é
oportuno referir aqui, mas que dinamizavam o nosso labor, pelo que,
consciente e voluntariamente, aceitávamos sofrer, caladamente.
Vejamos, pois, as histórias relativas ao Poder do MESTRE:

H. 7 - As "Consultas no GIDEE"

Av. 18 de Julho, 1018, 2.º e 3º. andar — bem em cima do "Club Argentino", um local nobre, todo
de mármore Carrara; aluguel pesado ; atividades deficitárias durante três anos. Nos outros quatro,
não. Entretanto, desde o primeiro ano, eu resolvera fazer pela rádio "LA VOZ DEL AlRE" um programa
— sem propaganda, tempo pago por nós, os Martinistas — que, sob o nome popular de "La Hora de
Ias Ciencias Misteriosas", fazia 15 minutos de divulgação acessível, e, depois, pelo microfone
mesmo, dava o nome do doente pelo qual convidava a todos os radiouvintes a orar comigo naquele
instante e a REITERAR A PRECE ÀS NOVE DA NOITE, hora em que os Martinistas faziam sua
Cadeia de Curação. A música escolhida era A MESMA com a qual Papus e outros, na Europa,
preparavam-se para essas mesmas Curas pela Prece Coletiva: O Largo de Haendel, que é, ainda, a
música com a qual abrimos nossas cerimônias martinistas...
Os resultados colhidos foram estes: muitas curas, confirmadas. Sobre o tema CURAS, gostaria
de voltar, oportunamente, no terceiro volume.
Anos depois, quando o programa não mais existia, AINDA recebia cartas de gente me
escrevendo: e, cada noite, às 21 horas, estamos orando com Vocês.

N.109 — Assim como ensinei que, conforme o modo e idade em que uma pessoa penetra (em
cada encarnação) na Senda Espiritual, pode-se ou pode ela mesma — situar a sua idade espiritual, e
possibilidades dadas naquela ocasião, assim também creio que, as circunstâncias e motivos que cercam
o casamento de cada ser humano, tem um significado. Tenho meditado, por exemplo, nos modos em
que casei, três vezes, nesta vida: a primeira vez, procurei pôr a salvo dos galanteios que me pareciam
pouco elegantes, de um oficial, a uma das Damas da "A.D.F." que regiam uma instituição na Renânia
ocupada. Pouco a pouco, descobri ser pessoa a quem, uma educação errada criara o complexo de "não
casar" e de "não poder ser mãe". Quis demonstrar o contrário. Enamoramo-nos e casamos. Passamos
dois anos "casados em branco". O resto, como seja a anunciação da filha, já contei no "Yo que... ". -
Essa primeira esposa, cuja posição social e material desconhecia quando noivei, me trouxe facilidades
econômicas para a primeira parte da minha missão.
A segunda — a que passou fome em Montevidéu" — era pessoa que estivera casada com um amigo
meu, que ia tornar-se louco por doença nervosa. Avisei-o e, estando eu livre para casar, combinei com ele
que assumiria a companhia da esposa dele. Foi uma fiel companheira durante muitos anos. E, se em certa
altura nos divorciamos, foi em tão boa harmonia, que hoje ainda é Discípula e Colaboradora íntima, tão
amiga de Mãezinha Sádhanâ como minha.
De Sádhanâ, já falei, e terei que falar ainda nesta obra. — Mas, não creio que todos possam viver
estas experiências, com tal busca de reconstruir sempre o equilíbrio, não deixando desafetos, nem
sacrificados, e, também respeitando sempre os dispositivos legais, de forma que cada situação se torne
sempre totalmente normal e transparente.
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Outro fato curioso: — a partir daquele tempo, O LARGO DE HAENDEL se tornou mágico: A
Cruzada pelos Tuberculosos, em Montevidéu; os mais variados movimentos assistenciais - até a L.
B. V, no Brasil usam-no como uma de suas músicas prediletas. E, SE SOUBESSEM USÁ-LO com
mais noção do que fazem e com laços com o M. PAPUS e o MEM PHILIPPE... veriam curiosas
coisas acontecerem, como aliás acontecem também; em diversos lugares.
Em conseqüência desse programa, vi-me obrigado a receber consulentes três vezes por
semana, à tarde. Das 15 às 17, atendia de 20 a 30 pessoas. Como é possível atender a tanta gente
em tão pouco tempo, dirá Você, Carolei: — A razão é simples; DIRETAMENTE RELIGADO AO
MUITO EXCELSO MESTRE, eu — já o disse — SABIA MUITO DE TODOS e  às vezes  TUDO DE
MUITOS. Davam-se casos como este: entrava uma senhora e me dizia: Doutor (o meu trabalho todo era feito
como Jehel, Doutor em Kabbala que sou, pela Ordem da R.C.) vim consulta-lo, pois o meu fígado...
Mas, eu não deixava a mulher prosseguir: Senhora, o seu fígado é cousa sem importância. Mas, a
senhora já fez três abortos provocados. É verdade? - Pois bem, se pede perdão ao Céu e se me promete
procurar ter pelo menos UM filho e criá-lo como ser útil à coletividade,- ficará curada! E, SE PROMETIA DE
CORAÇAO, FICAVA MESMO!
Outra consulente; a moça mandada: Entrou, fechou a porta que separava da Sala de Espera. Falou que
estava debaixo da influência de um mago; que gostaria de se livrar, que contava só comigo, pois me admirava,
muito mesmo; _que até gostava de mim... e, levantando-se, veio até mim, e erguendo um pouco as roupas,
sentou-se a cavalo sobre mim, enquanto seu olhar procurava "incendiar" o meu e seus lábios se ofereciam,
embora "esperando" a minha reação. Quando, após um par de minutos dessa silenciosa luta entre a "tentação
enviada" e a tranqüila espera, sorridente, sentiu-se desarmada, disse-me, envergonhada "Você tem poder,
mesmo". E, desatou a chora, já sentadinha, quieta no seu lugar: o mago que a mandara, perdera a batalha com
o MEM....
Expliquei-lhe, então, como tinha sido dominada pelo "seu" feiticeiro.
Disse-lhe que não, tivesse medo dele; que, no próprio dia seguinte, arrumasse a trouxa, e viesse" embora
para o centro da cidade. Que eu lhe prometia, em Nome do MESTRE, se ela fazia as coisas de coração limpo,
que acharia logo trabalho. Prometeu .
Por muito tempo nada mais soube, e só me lembrava dela nos pedidos.
Um dia "topei" com ela na rua: muito decentemente arrumadinha. Perguntei como ia. - Muito bem; não
tinha aparecido porque, embora enormemente grata, tinha muita vergonha de como se apresentara a primeira
vez. Estava empregada, vivia honestamente, tudo em ordem. - Gratidão e alegria.
Outro caso: A moça “anulada": Uns 23 anos, Capricórnio e Tauro combinados. Ficara órfã cedo. Uma tia a
criança, mas agora a tinha quase de doméstica e a impedia de empregar-se, ou de namorar e casar. Desejava,
profundamente, ser Mãe. - Expliquei-lhe quem era o MESTRE; a Balança Moral: e que, se queria prometer orar
diariamente, para que lhe mandassem o homem ao qual ela pudesse ser mais útil, e as almas a que melhor
pudesse servir como Mãe, então podia ir dizer a Tia que lhe dava oito dias de prazo, para resolver se queria lhe
dar liberdade: de viver com ela, como moça que irá casar, ou se preferia que saísse. A tia, irascível, a mandou
embora logo. Dois dias após, estava empregada no consultório de um Médico; três meses após: casada e feliz.
Filhos bonitos vieram: mais umas vidas úteis e menos egoístas...

E, já o disse, Carolei, haveria centenas, de casos extraordinários a contar,


vividos naquela época. E, isso, sem falar nos de curas de doenças, tanto: das que
se obtinham nas "consultas" a meu cargo, como as que resultavam dos pedidos
coletivos, das misteriosas Cadeias Martinistas. Aliás, sobre este último tipo de
resultados, foram já publicadas, a título de estímulo, apenas, onze casos notáveis, a
páginas 41 e 42 do Relatório do Presidente do Grande Conselho, com data de 3 de
Janeiro de 1942. Creio que, dada a possibilidade de vir, a Ordem Martinista de
Papus, a florescer novamente nestas latitudes, será interessante reproduzir essas
duas páginas, que traduzimos do espanhol:

“CURAS DE DOENTES”

Numa de suas obras, PAPUS, diz que algumas das Lojas Martinistas,
chamadas místicas, têm o costume de se reunir para pedir a cura elos doentes
graves.  Seguimos, nisso também, a Tradição, e até irmãos isolados têm pedido e
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obtido, dos MESTRES do Invisível curar extraordinária. Citarei somente algumas,


escolhidas entre as mais curiosas e, notadamente, entre aquelas que foram obtidas
por Irmãos que, sendo também MÉDICOS DIPLOMADOS, deram-se perfeitamente
conta do extraordinário delas. Antes de citar os casos, devo dizer que, na sua
maioria parte, foram obtidas graças ao apoio do MUITO EXCELSO MESTRE, que
em vida fazia curas que se tornaram notórias em toda Europa.
Cura n. 1  Doente com intensas dores de cabeça e que tinha as faculdades
mentais alteradas desde muito tempo atrás.
Um Irmão, Medico, o visitou e, à parte de um pequeno tratamento ostensivo,
quase somente destinado a cobrir a sua personalidade de Iniciado fazia fortes e
sinceros pedidos ao MEM.  Cura Completa em dois meses.
Cura n. 2  Uma jovem, com duas hemoptises, foi posta em relação com um
Irmão nosso, que foi visto pela jovem, entrando no seu quarto em corpo espiritual,
acompanhado de um Ser muito grandioso: cura em alguns dias.
Cura n. 3  Menino de 12 anos, atacado de "corea minor", completamente
paralítico. Caso considerado perdido por todos os médicos. Um irmão nosso,
Médico, tratou de obter melhoria com um sistema homeopático multo bem feito,
Durante 30 dias, o doente se manteve sem melhorar, nem piorar. Então o Irmão,
compadecido do sofrimento do menino e de seus pais, pediu intensamente ao MEM
PHILIPPE durante três dias consecutivos: uma semana após, o menino joga
FUTEBOL.
Cura n. 4  Numa reunião de Martinista, pede-se por uma senhora que deu a
luz, por uma operação cesariana, a uma criatura quase morta. A paciente tinha 86
gramas de uréia antes da operação, e pouco antes do parto tinha sofrido grades
operações no ventre, e tinha albumina, o que agrava o caso. Pede-se no dia 17.
No dia 24, o irmão encarregado de trazer notícias da doente, comunica que in
sair do hospital, completamente restabelecida e com a criancinha em perfeita saúde.
A uréia baixou 36 gramas. Cura tipicamente "milagrosa" no diz! No dizer do médico
profano.
Cura n. 5  Durante várias reuniões, pede-se por uma por uma senhorita de
21 anos, atacada de tuberculose intestinal, febre de 39 a 40 graus durante meses.
Os médicos diagnosticam rápido fim. Um dos nossos irmãos, médico também, visita
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a senhorinha ao tempo dos pedidos e acha-a completamente restabelecida, sem


febre nenhuma, para estupefação dos demais médicos. Nunca mais teve recaídas.
Cura n. 6  Em Montevidéu, alguns Martinistas pedem pela cura de uma
senhora, residente em Buenos Aires, atacada de fortes reumatismos articulares.
Cura rápida.
Cura n. 7  (Excerto de uma carta...) ... O irmão X..., na sua qualidade de
tesoureiro, manifesta ter recebido uma contribuição voluntária, de 20 pesos, do
irmão Z..., que, como medico, a tinha recebido em virtude da insistência de uma
doente, cuja cura ele atribui exclusivamente à intervenção do invisível...
Cura n. 8  Dia 11, numa reunião, pede-se por uma senhora operadora de
apendicite grave, à qual após alguns dias declarou-se uma alta febre de mais de 40
graus. CURA EM 24 HORAS, voltando a doente a seu domicilio imediatamente.
Cura n. 9  Num dia 18, pede-se por um senhor, operado de hemorróidas,
com infecção no fígado e pulmão e cuja morte espera-se fatalmente. Melhoria
considerável no dia seguinte, cura em contados dias.
Cura n. 10  casso de uma senhora com OSTEOMELITE, numa perna,
operada diversas vezes, sem nenhum resultado: TRINTA DIAS após, caminha já
sem bengala.
Cura n. 11  Pede-se por um doente, cego, paralítico, com 8 de pressão
arterial. Um irmão recebe do invisível o tratamento a aplicar simultaneamente com
os pedidos: um pouco de alfafa (luzerna), crua, a por na salada diária. CURA TOTAL
da cegueira e da paralisia, em sete semanas.
“Poderia eu citar dezenas e dezenas de casos semelhantes, porem estes já
mostram, o que pode um pouco de BOA VONTADE, de ALTRUISMO e de
SINCERIDADE, utilizados pelos VENERÁVEIS MESTRES, dinamizando a nossa
ação sobre os doentes. – AMAI-VOS UNS AOS OUTROS.”
Assim termina Carolei, essa parte do relatório do P.G.C da Ordem Martinista,
naquela época. E, como você poderia se admirar que, após ter dito que iria tratar
das Curas bem mais adiante, no terceiro volume, esteja agora citando estes casos,
explico: nos casos acima, só citei os efeitos obtidos e o fato de se usar a Prece.
Mas, não ficam expostas as condições que podem: ou fazer com que tais Preces
sejam ouvidas e as Graças concedidas; ou, pelo contrario, as condições que,
motivadas pela conduta ou incoerência dos seres, tormam nula a ação, seja
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individual ou coletiva, provocando até, nas vidas particulares, pessoais ou das


agrupações, bruscas mudanças que dissolvem aquilo que já não se ajusta ao
“rotulo”... Quando este é de “marca responsável”. Porém como poderia acontecer
Carolei, que lhe fosse assim mais fácil compreender o real fundamento de tal
mecanismo, vou dando, nestes temas, preliminares e muito calculadamente
dispostos, o material que pode permitir compreender, aceitar, sentir... aplicar.
E, antes de deixar a “época Martinista do Uruguai: 1941/1948” vou lhe brindar
outras historietas, que mostram as mesmas leis, aplicadas a outros aspectos s ávida
dos seres, com fenômenos bem interessantes. Depois, infelizmente, também
teremos que ver o que acontece quando não aproveitam e não são gratos, nem
fieis....

H. 8 – Câncer, Roleta e Ingratidão

Montevidéu, 1941. O Sr. P.H.B. (Ashmole, 106, nos velhos registros da Ordem...), pede para ser iniciado
martinista. Presta alguns serviços, de bom guru. Uma de suas cunhadas, com câncer no fígado é “aberta e
fechada” pelos cirurgiões, que lhe dão “dias” de vida. “Ashmole” faz determinado sacrifício moral. Todos podem.
A paciente é milagrosamente curada; cura verificada radiograficamente. (fim do primeiro ato.) – 1942 Ashmole
cede e torna a jogar na roleta, inclusive: compromete fundos da direção Geral de Impostos “X...”, da qual e
subdiretor. A situação torna-se grave. Será descoberto e processado. Arrepende-se, e implora ao MEM.
Apoiamos com pedidos. – então, uma tarde, a sua filhinha de cinco anos, interrompe o brinquedo e, olhando
grave para o pai (que nada contava em casa de sua terrível preocupação) lhe diz: “Sabe, paizinho, que hoje, às
21:17, o “17” sairá três vezes seguidas...”. lá foi ele, e ganhou exatamente a elevadíssima soma que devia e que
repôs... a tempo! Imensa gratidão... na época. (Fim do segundo ato.) – 1944: Não resiste mais à tentação do
jogo, nem a de “hipnotizar” a uma sujet, mediante a qual conseguiu ás vezes, saber os nomes de barcos
afundados na guerra... e com isso poder se “exibir” ante os amigos... – Há uma denúncia, todo seu passado
administrativo é investigado. É destituído e passa a subalterno. Recebe essa noticia na cama, á qual fica oito
meses, com terríveis dores reumáticas, cem forno elétrico, etc. mais nada o alivia, por que: se ele não sofresse
também em carne própria, teria de morre a cunhada, salva a seu pedido e mediante uma promessa que não está
mantendo... Está começando a entender, Carolei?...
Tivemos a felicidade de poder intervir e reduzir um pouco o prazo do sofrimento...

H. 9 – O parto pré-visto de “Myriam - 159”

Primípara em condições desastrosas, conforme previsão médica. O perigo de morte, da mãe ou da


criança, é grande. O temor da interessada, também. Os pedidos coletivos são fortes e persistentes, durante a
gravidez. Um dia, ela “vê”, de madrugada, num estado que não consegue diferenciar se é sonho, torpor ou?, pois
não e médium, nem sensitiva. É mental, em extremo. O que vê a e a si mesmo, conduzida em mesa redonda, de
clinica, para a sala de operação. Vê as enfermeiras; repara nos médicos que lavam as mãos, põem as luvas.
Mais tarde, vê-se num leito, com a criancinha – menina – do lado, sorrindo. Isso a reconforta. Fim da gravidez
em ótimo estado: físico, mental e místico. Chega a época de internar-se. E, para surpresa sua, reconhece as
enfermeiras; logo, reconhece a sala de operação e os médicos... chora de gratidão antes da anestesia e...
acorda no leito que já “vira”, com a menina do lado... tudo bem... por um tempo. A gratidão humana é tão curta,
comparada com a MISERICORDIA DELE!... Compreende, Carolei, porque é tão difícil fazer algo sério e sólido?...

H. 10 - Bofetadas, bifes e burla à policia ...

Esta história tem aspectos cômicos, como a nossa vida humana nunca deixa de ter, já que não somos
sérios. - Também os tem muito graves. Você mesmo fará a classificação e verá a unidade que, contudo, impera
no caso. Assim espero, pelo menos. – 1943: Por ocasião de uma de minhas visitas quase mensais, a Buenos
Aires para ver aos Discípulos de lá, a esposa não discípula – de um deles, pede-me audiência. Explica-me,
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então, ser católica ardente, e querer "tirar de qualquer jeito" ao marido do seio dos discípulos, para "joga-lo aos
pés da Virgem". - ... Após perguntar-lhe, se tem certeza de que a Virgem gostaria de tanto fanatismo e
violência... vejo-me obrigado a dizer a essa Senhora, em particular, algumas cousas que não a honram muito.
Curva-se, como todos nós temos que nos curvar quando põem à mostra... o que tanto trabalho nos dá evitar que
outros vejam... ou que até fazemos de conta que não vemos em nós! Chegamos a um acordo: eu prometo que o
marido (desenhista) deixará o labor acessório com o qual melhora o orçamento da casa (mulher e duas
filhinhas): orquestra de senhoritas numa confeitaria, à noite... pois a devota esposa é ciumenta como um... tigre
católico! Ela deixará o marido estudar e "permitirá" que ele saia uma noite por semana (das 20 às 23) para ir ao
Grupo Martinista ao qual pertence. (Fim do primeiro ato.) - Seis meses depois: ele já procura (não por minha
ordem) fazer-se vegetariano; ela briga por isso; chega, um dia, a tomar o bife cru e a lho esfregar no rosto, diante
das filhinhas apavoradas, e a esbofetear ao marido que, felizmente, consegue manter a calma. Ele me consulta e
me conta que ela ameaçou com "denunciar" as reuniões (?) de acordo com os conselhos do seu confessor
(ainda bem que não foram "da Virgem"!).
Peço a "Spaldah-169" (o Discípulo) que continue: orando, trabalhando... e indo às reuniões. chamo à
esposa e increpo sua falta de cumprimento do trato. Concito-a a melhorar a conduta, pois seu lar está em perigo.
A resposta dela é provocadora. Deram-lhe "corda". Parte como veio.
Dias após, na casa do Prof. M. C. (colaborador de Einstein, mais tarde...) na qual se fazem as reuniões,
às 22 horas, batem na porta. A esposa dele, Discípula Th... vai abrir: Polícia: queremos revistar tudo; mostram
ordem do Juiz. Pois não: Acham na sala o marido estudando; música aberta sobre o piano; apenas duas xícaras
de chá sujas, na cozinha. Está claro que não há reuniões, como dizia a denúncia. Mas... por via das dúvidas,
fazem bem seu trabalho: esvaziam todos os móveis; revolvem tudo; até o colchão é "sondado" com longas
agulhas. NADA. Honestamente, lavram uma Ata, cuja cópia entrega ao dono da casa, a quem informam que: "no
dia seguinte, querendo, poderá obter na Polícia os elementos para processar por calúnia, á denuncia... Sra. F...,
"a dita cuja".
Claro que não interessa processar. Só Interessa: orar por ela. Mas agora vem o que nos interessa:
1.º) - No dormitório, lá onde mais revolveram, havia um móvel, espécie de pequena Secretária, bem cheio
de todos os papéis das reuniões, inclusive de atas de curas, cousa que, se a policia de Buenos Aires achasse,
embora no fim das contas fosse possível provar, meridianamente, ser tudo feito só pela prece, teria dado uma
trabalheira "danada", já que o ambiente portenho é cem por cento (ou pelo menos o era naquele tempo) oposto a
tudo que não seja puramente material, "científico", etc...
Ora, esse móvel, nem o viram! Havia lá: dois investigadores e um escrivão. Curiosa cegueira, ou curiosa
invisibilidade e intocabilidade de um objeto, pois, tinham que tê-lo visto e tinham que esbarrar nele, quando
quase desmontaram a cama do casal!, Cousas do Muito Excelso Mestre",
2.°) - Nessa noite, era de fato dia de reunião. E, nesse grupo de uma dúzia, aproximadamente, de
Martinista - número ao qual eu limitava os Grupos, por diferentes razões - a presença era de 90 a 100%, sempre,
nunca suprimindo-se as reuniões, com exceção de feriados nacionais ou dias de aura perturbada, como os
carnavais. Mas, nessa noite, tinham estado às vinte horas, uns três Membros do Grupo, avisando terem de
comparecer, juntos, a determinado compromisso técnico. Outros, telefonaram: "impossibilidades imprevistos", E,
a dona da casa, esposa do "Delegado Martinista" da zona, telefonou aos restantes e suspendeu a reunião.,.:
Cousas do Muito Excelso ...
Conclusão: dois anos após, o citado Discípulo estava divorciado, e já casara com uma jovem, cujo ideal
foi de acompanhá-lo na Senda Mística. Cada um prepara-se o amanhã que merece,.. Mas essa é uma solução
muito pior, que a possível de ser obtida com um pouco mais de boa vontade, mútua,

Com. 114 - Você pensará, Carolei: Então, a que alturas e prodígios, devem ter
chegado, tanto nessas "consultas do Dr, Jehel", como nas Sessões Martinista!
Infelizmente não, Carolei. Explico, em duas palavras:
Certo dia, dois de meus Colaboradores (excelentes pessoas, aliás, porém com
os "seus" pontos de vista, e pouco dispostos a deixar de "opinar": direito sagrado em
toda democracia que se respeita, conforme dizem ... ) vieram falar comigo. O
terceiro, e o quarto, não eram dos que dão a cara". Eu continuava a cultivar a arte
que o carioca chama de "fazer-se de desentendido", E ouvi isto:
"Essas consultas não trazem (discípulos ... a maior parte é gente pobre ... até
mal trajados, .. e nem fica bem, tomarem o mesmo elevador que o senhor Sócios, do
Senhor Club, etc ... e não atraem Pessoas "Bem", etc ... " - Carolei, confesso que
hesitei por alguns segundos: entre jogá-los pela janela; ou sair uivando de dor; ou
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continuar a fazer cara de besta e consentir em que UMA DAS RAÍZES MAIS
FORTES DA OBRA fosse, assim, cortada pelo machado de estupidez humana, da
incompreensão, da ingratidão, etc, .. - Mas, dirá você: e por que "não lhes
explicou"?.. Se Você "acha", ainda, Carolei, que se pode explicar certas cousas, a
quem não as sente e não as vê ... então ainda está na etapa intelectual e
discutidora. - Mas, eu, que me guio pelos Sinais, já vi assim, desde 1943, que
aquele labor não daria o que se esperava. Mais tarde, em 1946, outro gesto de puro
egoísmo coletivo, em Montevidéu, impediu que SE FIZESSE o que era para fazer.
Não me interessa apontar fatos, pessoas, etc. Nem sequer os nomes ou ocasiões,
conservados nos arquivos, de todas as pequenezas que, reunidas, formam uma
GRANDE PEDRA posta ante toda roda de tantas obras úteis à sociedade humana.
O caso coletivo em apreço, não é nem uma exceção. Mas, por isso foi fechada essa
etapa, e nasceu uma outra, da qual falei em termos gerais, a páginas 207 a 21l de
"Yo que ... " e da qual preciso comentar alguns aspectos internos ou místicos, para
que se compreenda melhor, como continuou A Busca, no sentido de procurar qual a
melhor oportunidade, para os poucos estudantes sérios, dentro da mentalidade e
ambiente em que nos tocou atuar, tendo sempre; não o esqueçamos, o Martinismo
como base, mesmo quando invisível, e como padrão para avaliar modelos e
resultados, no labor.

***

O Muito Excelso Mestre e a "A.M.O.".  Com. 115  Já vimos, Carolei, que,


em parte devido ao que o M. Cedaior nos dissera sobre o uso do nome de "AMO",
para designar ao MEM PHILIPPE (e já disse que, no fim desta obra - 4.° volume - se
descobrirá o real segredo que está por trás de tal afirmação); em parte porque, não
só sempre fomos muito atendidos e protegidos por ele, quando invocado nessa
forma (acho que, para ele, só vale a intenção e sinceridade, e pouco importam os
nomes! Deve ter usado tantos, em milhões de anos que nos dirige!); em parte,
também, porque a Sua Direção foi evidente, na fundação da A.M.O. - como referi no
outro livro -, aconteceu que, ao serem fechados o Martinismo (como labor coletivo-
cerimonial, só), e o ,"Gidee", sobrou o "Suddha Dharma", no seio da recém-formada
A.M.O., além da manifestação, sempre evidente das Correntes: Rosa-Cruz e
Martinista, que são como o Sol e a Lua... com relação à Terra.
http://amopax.org 225

Mas, a preparação de futuros "íntimos", começou a A.M.O. com uma seleção,


destinada a fazer compreender que "o tempo de brincar" passar... Por um lado, o
prometido contacto (laço, comunicação, fenômenos sensíveis - e não mais
espirituais e morais somente) era dado, como uma oportunidade mais forte - embora
menos elevada - aos que, não tendo podido seguir o Caminho Crístico puro, iriam
ver agora a oportunidade da Senda-Múltipla.
Já que muitos ansiavam por mais psiquismo, treinamentos e possibilidade de
"manejar seus corpos sutis", etc ... isso lhes seria oferecido. .. com a respectiva
fatura! E, comigo e Sádhanã à testa, a experiência poderia ser levada até às suas
últimas conseqüências, já que para nós, tudo dava na mesma: a nossa entrega era
total e definitiva, para o que desse e viesse. E, Carolei, não esqueçamos que,
durante os anos de 1950 até 1953 - e após, em outra modalidade equivalente -
conseguimos fazer apontamentos Diários de: todos os fatos externos e internos;
todas as práticas, visões, avisos, profecias, êxitos e fracassos, de todos os principais
Discípulos, bem como de nós mesmos. - Nesse sentido, há nos arquivos muita
causa excepcionalmente útil, para os que exercem funções diretivas, ou que vão
assumir alguma das "missões", a que se alude em "Yo que ... " e das quais alguns
aspectos se comentam adiante.
Os Poderes do MEM e aos Mestres que O ajudam, em lugar de se
manifestarem, como até então, para curar aos de fora, foram dirigidos para retificar
aos de dentro, que "diziam" ter aspiração espiritual tão Veemente, tão ardente, que
estavam prontos a suportar... tudo! Quantos se queimaram... ou viram suas ilusões
sobre si mesmos, queimadas como noturna mariposa, que se aproxima
imprudentemente da Luz! Vou seguir o método das "Historietas", que, alem de não
ser pesado para ler, continua deixando, a cada um, livre de tomar o que quiser e
puder ...

H. 11  Três casos de castigos físicos

Fevereiro de 1949: No terraço da casa de uma Discípula, estão reunidos os principais membros da
À.M.O. - Fenômenos interessantes foram anunciados, para completar outros já vistos na véspera. Um dos
presentes, K..., teve "uns pensamentozinhos nada santos", conforme relatou - com notável franqueza -
posteriormente. Ao passar por uma janela baixa, cai, quebra o braço e PAGA À VISTA: resolve ficar todo o
tempo da reunião - 2 horas! - voluntária e conscientemente, com a fratura, para não perturbar. Recupera assim,
certa posição interior ...
Março e abril de 1951: Sádhanâ e eu, já abandonamos toda e qualquer atividade "profissional". Vamos
gastando o que temos, entregues... Mas, Sádhanâ sabe que não deve trabalhar. Certo dia (10 de março, na
Agenda da Vida Mística, arquivada) "acha" que - para ajudar a certa pessoa "poderia" abrir uma exceção. Então,
quando vai ligar, como todos os dias, a cozinha elétrica, há, de repente, um circuito - e os fusíveis são para 10
Amperes! - e ela fica com todo o interior da mão direita com queimadura de 3.° grau. Anda, aliás, pela cozinha,
http://amopax.org 226

como uma leoa na jaula, mas não dá um pio! Pomada, médico, mão imprestável por muitos dias. E, não
esqueça, Carolei, que a "idéia" dela, era apenas, de "eventualmente" aceitar até um emprego, para ajudar a
obra, já que as minhas viagens à Argentina e outras despesas da Obra, comprometiam o nosso equilíbrio
financeiro ... no qual cada tostão estava com destino certo (há apontamentos da época: a Obra lias custava uns
300 pesos uruguaios mensais).
Em 5 de abril, Sádhanâ. já tem um pelezinha nova, delicada, na mão; porem, na véspera, antes de deitar,
veio uma visita: a de uma moça, discípula, que tinha pedido muito a Sádhanâ que "a ajudasse" numa dificuldade
técnica, com uma cliente da moça. Sádhanâ "pensou" abrir exceção e aceitar.
Então, no dia 5, em outra parte da casa  na qual a instalação elétrica está igualmente perfeita 
quando vai ligar a chaleira elétrica, novo circuito, lhe torna a queimar a mesma mão... naturalmente dói muito
mais!  Mas, agora, ela entendeu definitivamente: toda atividade profissional lhe está realmente vedada.
Viu, Carolei, como somos teimosos, todos!
1951: Eu tinha recebido ordem (nunca revogada, até hoje...) de sempre usar o Bastão. Mas, uma vez,
tendo que ir “pertinho de casa”, achei desnecessário... Minutos após, Sádhanâ me via voltar, penosamente: tinha
destroncado o pé... Outra vez, era em Buenos Aires. Parava na casa de certo discípulo e, tendo que sair com
ele, também dentro do próprio bairro..., não achei necessário... e não fiz dois quarteirões: pé destroncado de
novo. No entanto, são centenas de pessoas as que me viram, mais tarde, no Monastério subir e descer morros,
de tamanco. Mas, para pisar na rua, “a serviço” da Jerarquia, ou levo o Bastão, ou levo pau... É só escolher.
Aliás, já o disse, Carolei: Sempre: é só escolher!

Com. 116 - Não gostaria de lhe deixar, Carolei, a impressão de que os


fenômenos eram sempre "castigos". Não! Também os havia (e continua havendo,
para quem merece e observa...), que eram estímulos, ou "testes". Alguns até
emocionantes, seja pelo carinho do MEM, ou dos outros "Mestres secundários"
(termo para clareza, apenas), e que, com um pouco de meditação, mostram bem "o
que esperam e desejam de cada Discípulo, antes de lhe entregar: ou dons, ou
poderes, ou mesmo conhecimentos, acima do banal, e livresco. Vou referir alguns
casos ...

H. 12  Fenômenos Diversos e Testes

8-12-1949: Sádhanâ fica imobilizada numa poltrona, e eu "pregado" ao chão, cada vez que me dirijo em
certa direção. Mas, se volto para outra, para tornar definitiva a união dos nossos destinos, para Obra, a liberdade
de movimento é total, - Após quase uma hora de comprovações nesse gênero, tomamos uma decisão que iria,
de forma categórica, coroar tudo quanto os Mestres vinham nos apresentando, desde 20 de setembro do mesmo
ano, inclusive todas as provas, de todos os enganos ou dissimulações de certas pessoas, que tornavam
impossível continuar esse tipo de labor, em tais condições. Aliás, Carolei, foi essa experiência, de 1949, que nos
serviu muito, em 1957, no Monastério, quando uma situação análoga apresentou-se e que, na mesma forma:
provas e avisos começaram a nos chegar de todos os lados! Curiosa indicação psicológica para o futuro;
enquanto Sádhanâ e eu vivíamos essa prova terrível de uma hora; duas pessoas que, pelos laços iniciáticos
conosco, poderiam ter estado orando, perdiam lamentavelmente o tempo em conversa... Esses, Carolei, são os
sinais que é preciso aprender a ver, a custa de dor,.. e de silêncio!
Ishma e os Bombeiros: Naquela época, o MEM estava procurando preparar a quem, mais tarde, seria a
Monja Ishma, para certa Missão, Para isso, como ela, no; fundo de sua mente, tinha ainda certas dúvidas e certo
temor D. morte, concederam-lhe a graça - reiterada! - de certas experiências, das quais relatarei algumas:
Na quarta-feira 11 de janeiro de 1950, Ishma vêm nos visitar, aflita por Uma explicação, do que lhe
acontecera pela madrugada: "Deitada, disse, ouvia, no olvido do lado em que sou surda, o sino de alarma dos
bombeiros, como se fosse bem defronte da minha casa. - Sentei na cama e o silêncio era completo, Por duas
vezes mais, tornei a poder viver a mesma cousa: se deitava, ouvia com força aos bombeiros, a conversa de
muita gente e, também, a sirena da ambulância pública. - Se me sentava, inquieta, tudo calava."
Comentei à Disc. Ishma que isso era um aviso; que estivesse atenta - Na tarde da quinta·feira, dia
seguinte, Ishma voltava do centro da cidade, a pé, para sua casa, E, à medida que ia chegando para mais perto
de seu bairro, os joelhos lhe tremiam, sem saber por que, Quando próxima à sua casa, viu as ruas cheias de
gente,.. e bem defronte da sua casa, bem na direção de seu balcão, mas do outro lado da rua, estavam lá as
mangueiras dos Bombeiros, pois um grande incêndio atacara um depósito de filmes cinematográficos, A
ambulância veio, pois houve bombeiros feridos, Ela assistiu a todo o fim do terrível incêndio, do qual fora avisada
umas 36 horas antes, "mas, o MEM quis lhe ensinar a "prestar atenção a todo sinal já conhecido", - Vejamos:
http://amopax.org 227

No sábado dia 14, estando no outro extremo da cidade, em nosso Templo particular de Malvin,
justamente após forte cerimônia devocional sentiu novamente o tremor dos joelhos e, minutos após, os
Bombeiros passavam na rua, Bonita confirmação, quando a gente é capaz de aprender a prestar atenção e a
perder as dúvidas!
E, no que se refere a perder o temor à morte, veja Carolei, que dádiva foi brindada à mesma Discípula
(duas vezes, aliás): em 22 de agosto de 1950, pela primeira vez, no pequeno Templo do casal Samsaradasa-
Samsaradevi, de Montevidéu, Ishma foi "destriplicada" (desdobrada é pouco, no caso!), pois, após certas
experiências e cerimônias, procurando sentir a vida de suas células, etc, sentiu-se como "virada pelo avesso" e,
logo, via: a seu corpo, sentado em postura de ioga, no chão (como realmente estava); a seu outro centro ou
corpo, pleno de luz, ao lado e, ela mesma (consciência) estava à esquerda de ambos, e como a um metro do
chão... (devo dizer, Carolei, que na segunda vez, ela ficou separada em quatro: físico, anímico, mental e
consciência; sendo que esta última VIA aos outros três corpos, cada um com um aspecto, atitude e sensações
totalmente diferentes, Mas, isso é ioga!

H. 13  Avisos sobre uma entrega fracassada...

Em 21 de março de 1950 (uma semana após terminar aquele Jejum de 67 dias), Sádhanâ teve esta
visão: (às 21:30hs) - Uma Cruz de Malta prateada, sobre a qual ressaltava um grande e circular quadrante de
relógio, preto, cujas agulhas claras marcavam 3 hs e 1 minuto (ou, 15hs, e 1 minuto), - Naquele dia e seguintes,
não achamos a que podia se referir, embora essa Cruz seja....'martinista".
Em 31 de março, "viajamos juntos para Buenos Aires (camarote 122, é claro!) e Sádhanâ sonhou que: _ o
Discípulo P-263 (não posso dar o nome, porque já é falecido) estava, junto comigo, frente a um espelho, e
também com ela, que via que P-263 me oferecia uma casa-chácara, mas que eu esperava outra espécie de
entrega, Eu relutava interiormente por achar como resolver tudo melhor".
Já, em 4 de abril, tínhamos um almoço marcado com uma Discípula (P-418), a cujo almoço devia
comparecer também o amigo P-263, pois tratava-se de estudar a conveniência de unir as vidas, pelo casamento,
desses dois seres, já de certa idade ambos; que Poderiam fazer muito, tanto por uma vida feliz e mutuamente
útil, como pela obra. O almoço começou tarde, e, quando abri a boca para tratar do tema, vi, sobre o piano, o
relógio da visão: marcava, exatamente: 15 e 1 minuto. E, na minha frente, na parede, estava o símbolo da Cruz
de Malta. Mas, como sempre se deve fazer tudo, por dar a oportunidade a todos, tratei do assunto, que ambos
acharam bom, pois já faziam estudos e ásana-ioga juntos e havia mútua estima e afeto.
Mas... em 11 de abril, P-263 tinha uma recaída na saúde (a vida fora-lhe salva pelo MEM meses antes, e,
portanto ele devia entregar-se...) e, não podendo nem tomar o elevador do nosso hotel, eu desci para atende-lo
numa leitaria onde..: me ofereceu sua resolução de "comprar uma casa-chácara, para fazer uma escolinha de
ioga, etc... Foi-me difícil sair do assunto, não querendo "ferir" a um homem doente. E, por outra parte, vendo que
não era possível fazer nada, pois já em 4 de abril mesmo, Samsaradevi, de Montevidéu tivera e nos comunicara
a sua visão de "Duas pessoas examinadas dentro de uma GRANDE MÃO, etc. (arquivos ... ). - E, P-263 voltou à
sua ocupação e crença favorita: a técnica só (Asanas. magnetismo, e médicos ...
Então, em 24 de abril, no dia e na hora, exatos, do aniversário de sua última iniciação a um determinado
grau da A.M.O. ...caiu morto, dentro de um consultório médico. Sobre essa morte haveria muito mais para dizer,
e do que depois aconteceu com ele, “do outro lado”. Mas, deixemos certos Mistérios para os estudantes sérios...
e que já VIVEM determinadas cousas!

E se eu quisesse, Carolei, remexer arquivos e citar casos e cousas, não


bastariam dez volumes! O saldo da "A.M.O", foi pois o seguinte: que, como "escola
individual", isto é: para Discípulos isolados, que fazem em casa seus estudos e suas
praticas, e que nos enviam os resultados, para corrigirmos, orientar e enviar novo
material, é de bons resultados. Especialmente agora, que, após a experiência, tão
duramente colhida, resolvemos  aqui no Brasil  adotar o sistema de: se não
estuda e não envia lições bem feitas, não seremos nós, quem iremos perturbar o
seu comodismo!
Mas, como experiência de vida coletiva, em grupos: a A.M.O. resultou, apesar
das maravilhosas vivências, outorgadas pelos Mestres das diferentes Correntes, um
total fracasso. Os motivos são, tecnicamente, os seguintes:
http://amopax.org 228

a) Se não há fenômeno, muita gente se desinteressa; mas, se os há, então


caem rapidamente na mesma doença que o espiritismo provoca tão facilmente:
consultar a respeito de tudo; perder assim a responsabilidade E a iniciativa; acreditar
em certos fenômenos, não bem verificados, inclusive em fantasias sobre "missões",
sobre reencarnações famosas, que teriam sido e que não condizem: nem com o
saber, nem com a conduta e nem com a entrega dos "interessados".
b) Os "grupos", se devem ser constituídos só por gente bastante, ou muito,
"adiantada", são extremamente raros e difíceis de formar; no entanto, é a única
solução, pois do contrário, e além dos aspectos citados em a, as reuniões - (pós-
reuniões - viram café-party, "mexerico-party", etc., sem - contar as intriguinhas, os
ciumezinhos, etc ...
c) Nunca faltam, como não nos faltou, os "interessados": desde os que vêm,
apenas, procurar apoio social, monetário ou sentimental, até os piores que - como
certo indivíduo - abusam de suas- possibilidades para perverter às moças ingênuas
... ou às casadas que o não são suficientemente! E, assim, destroem não só todo o
trabalho do Instrutor, mas ainda lares, esperanças e, cousa pior ainda: muita gente
bem intencionada, porém fraca de coração ou pouco sagaz, confunde "a religião
com um mau cura", e se desilude: daquilo que nada tem a ver, com um tarado a
mais ou a menos sobre a Terra.
d) As próprias "missões" (no seio de outras instituições, ou junto a Governos,
ou mesmo de divulgação pública) vêem-se rapidamente prejudicadas - quando não
impossibilitadas - pelas palhaçadas ou pelos desatinos ou má conduta, dos que, não
sendo discípulos sérios: isto é: preocupados, fundamental e constantemente pela
parte mais séria, elevada, e pelos meios e esforços por chegar a ela! tomam-se,
senão obstáculos ou pesos-mortos, simples auxiliares sem iniciativa e sem
entusiástica dedicação, muito piores que se fossem auxiliares contratados e
remunerados; pois, destes últimos, poder-se-ia, dentro das praxes comerciais, exigir:
honestidade, pontualidade, eficiência e, suportarem ser advertidos ou admoestados,
quando errassem. Mas, nada disso é possível, com "discípulos não sérios", que no
Instrutor vêem, apenas, uma espécie de professor-servidor (deles), que tem
obrigação de lhes dar atenção, carinho, e de lhes perdoar tudo e sempre,
Alias, como no caso daquele indivíduo a que aludi o problema de: perdão não é
nada fácil de resolver, Pois, os únicos que teriam de perdoá-lo, não se sentem
dispostos a fazê-lo; nem semelhante pessoa é capaz de implorar um perdão. E,
http://amopax.org 229

portanto, o instrutor, que no consenso comum das gentes, é co-responsável, como


um chefe de firma o é pelos empregados, só tem a perder, em ambos os casos: se
não perdoa, possivelmente atua contra seu sentir espiritual; se o faz, provavelmente
dá-lhe - apenas - uma nova oportunidade de prejudicar, à mesma coletividade.
e) Sejam como forem, todos os aspectos já considerados, o fato é que: chega
um momento, como chegou para Sádhanã e para mim, no qual, pela dor acumulada,
pela interior certeza de que nada melhor se pode fazer pelos que estabilizaram por
perto, nem com eles para com terceiros, o desejo de procurar nova oportunidade,
para não estagnar e não morrer - espiritualmente - afogados e asfixiados na
banalidade rotineira do grupo provoca a atenção dos Mestres sobre o caso, E,
geralmente, resolve-se por uma dissolução grupal, ou, pelo egresso dos "Seres-
eixo", como aconteceu quando começamos a Cruzada de Vida Espiritual, cujo
mecanismo veremos agora.
O Muito Excelso Mestre e a CRUZADA DA VIDA ESPIRITUAL. - Com.117 -
Assim como disse, no comentário 116, que não gostaria que Você, Carolei, com
essa tendência geral dos terrestres de ver só ou principalmente, o lado negativo das
cousas, tivesse pensado que na “A.M.O”, a maior parte dos "fenômenos" eram tipo
castigo - e, por isso lhe mostrarei outros muitos -, quero agora tornar a ressaltar
que: as curas e graças mais assombrosas, serão citadas no terceiro volume quando
estudarmos certos ensinamentos do MEM que elucidam o mecanismo das mesmas
das mesmas,
Porém, a parte tais cura, e fenômenos de diferentes modos, dos quais citei
alguns exemplos nas historias vividas havia outras espécies de atividades, na
A.M.O., que convém examinar, por terem sido - também - raízes no visível e no
invisível e no, das futuras formas da mesma Busca - para nós mesmos e para os
que se uniam na vida coletiva, seja de perto ou mais indiretamente - e que tomaram,
como facetas, diferentes rótulos, de acordo com o setor de virtudes humanas que
procuravam desenvolver, assim como aos meios, métodos e coerentes; e, Mestres
que as imantavam, já que suas vidas foram o exemplo das mesmas; assim como a
nossa vida, isto é, a de Sádhanâ e a minha, é a lição que deverão estudar e seguir
os que querem compreender a via múltipla, ou: a experiência nos diferentes setores,
como iremos examinar agora.
E, ainda além das experiências, citadas no livro “yo que...” vividas com Gandhi,
com Mestres Sufis, e outros muitos do Suddha Dharma, da Maitreya Maha Sangah,
http://amopax.org 230

etc..., é preciso perceber que, tanto os Discípulos como nós mesmos, tínhamos
assim enriquecido, e muito, a nossa vivência: intelectual, cerimonial, moral e
espiritual.
E, se ressaltei os dois últimos planos do ser, Carolei, é para deixar bem claro
que, em última análise, a seleção que os: Mestres fazem e a única distinção que o
Muito Excelso MESTRE faz, concerne somente a estes dois setores. Isso deve ser
tomado em conta, para compreender bem isto:
a) Que tudo quanto vou expondo, nesta obra, sobre as atividades que temos
ido promovendo, sucessiva e simultaneamente, o está sendo como eventual
ensinamento, para os que - como sucessores nossos, se algum surgir, agora ou
dentro de muitos anos: ou como simples estudantes que desejem entender as
"etapas" -, comparando e meditando, achem a relação que todos os planos da vida
guardam, e, mais ainda, a importância que tem tal relação, na vida dita iniciática, de
cada ser ou coletividade.
b) E, para que Você possa Carolei, dar a cada "fenômeno" ou circunstância -
que as "Histórias" relatam - a interpretação mais valiosa, isto é: como preparação de
almas, como direção pela superioridade, e como lições práticas sintéticas, isto é:
que abrangem sempre, simultaneamente: funcionamento técnico, circunstâncias que
o permitem, facilitam ou travam; reflexos na coletividade, etc ...
Com. 118 - Nesses aspectos todos, a A.M.O., tinha, no momento em que o
MEM iria nos lançar na “Cruzada", uma seleção de alguns muito dedicados
discípulos. Na Argentina, por exemplo, Solón, Theano e Fidelis, tinham ajudado
poderosamente em muitos aspectos, inclusive em sacrifícios materiais - deles e de
seus amigos - para facilitar a edição inicial de "Yo que...". - Muitos fenômenos
notáveis e experiências; curas e diagnósticos exatos inclusive à distância - bem
como de "identificação" conosco e experiências decorrentes, foram os estímulos que
os recompensaram.
Em Montevidéu - onde ainda atuam, silenciosamente - os componentes de um
casal (que mereceu chegar a ver a São Francisco, mais de uma vez, e receber
exatas orientações dele, sem mediunidades), eram usados como "mensageiros de
comprovação". Por exemplo: se Sádhanâ e eu estávamos recebendo, pela via
intuitiva, determinada orientação, mas que eu, sempre muito analítico e muito lento
para resolver as cousas que têm importância, não aceitava plenamente, ou
rapidamente, uma indicação que "parecia" vir do MEM, e me "plantava" na posição -
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recomendada pelo martinista, - de aguardar confirmação, então, aconteciam cousas


como esta:

H. 14  Simbolismo vivo, Cavalos, Cachorros e Águias

Na "Agenda 1050, da Vida Mística", achamos isto: que, em 2 de junho, eu estava me preocupando sobre
as modificações a imprimir ao nosso labor. certas indicações estavam sendo recebidas, mas eu não as
considerava suficientes e implorava - não só com preces, mas com contínua preocupação séria, porém quiçá um
pouco impaciente - por mais categóricas ordens.
Nesse mesmo dia, veio Samsaradasa, que tinha ordem do MEM, de me trazer com urgência, toda visão
apresentada à sua esposa Samsaradevi, a qual, desta vez na sexta-feira 2 de junho, às 23 horas (pág. 154 da
Agenda) teve esta vivência:
"Vi ao MEM, de calça listada, paletó preto e com chapéu, que colocava a um cavalo branco entre os
varais de uma carroça; logo, colocou ao cavalo preto, porém com muito mais trabalho."
Na mesma Agenda, consta esta minha observação: "Esta é, pois, a reposta aos meus apelos: Não me
explica nada, senão que se me indica que é preciso ser mais quieto, mais paciente é mais confiante. -
Compreendido, Senhor! Procuraremos sê-la. - Sevânanda".
E, já que estou com a mão na massa, Carolei, vou dar algumas chaves, desta forma de dar indicações:
certas, claras, concisas e completas, por meio das visões simbólicas, que os Mestres usam com os Discípulos,
como nós também, às vezes, procuramos sub-usar, projetando idéias ou cenas na mente dos que a nós se
ligam, Mas, isso é outra história...
Sádhanâ sempre é representada por um cavalo branco (via da pureza, da maior inocência, da entrega
menos maculada pela mente, etc ...)  Eu, sou sempre representado:
No que se refere ao temperamento e ação: por um cavalo preto, tipo árabe, nervoso, e que vive roendo o
freio que as pequenezas da vida, impõem a seu ritmo...
No que se refere aos sentimentos, à alma moral, etc.: por um cachorro, tipo policial, estudando para São
Bernardo... enquanto cuida; dos que dele dependem e DO QUE OS MESTRES LHE CONFIARAM...
No que se refere à parte supramental, ideal, etc.: por uma Águia...
Então, Carolei, não e preciso Você quebrar a cabeça, para saber o que sou ou deixo de ser, já que o
MEM mesmo, o mostra. Torne a ler yo que..."; veja os clichês da pág. 99 e medite... e verá quanto me falta para
Anjo e para ter na parte superior a POMBA... que começa com a real mansidão, e culmina quando O ESPIRITO
SANTO envia uma, DAS SUAS, aninhar sobre algum dos Seus Eleitos...

H. 15  Samsaradevi estuda para “cega”

Não seria oportuno, tampouco, Carolei, crer que qualquer um pode, facilmente, chegar a merecer obter e
conservar, o dom de receber visões enviadas pelo MEM PHILIPPE, ou mesmo por seus Grandes Ajudantes
(Mestres Papus, Cedaior, e outros...), - Samsaradevi, além de praticas, dedicação, etc... passou por diferentes
provas, das quais algumas possivelmente se assemelhem, aquelas pelas quais um Chapas e outros, e todos,
têm de passar, e sempre, já que cada etapa comporta novas séries: não há curso, por elevado que seja, sem
sabatinas! Vejamos uns "casos" da Vidente uruguaia:
1.º) Na época em que havia uma forte oposição ao nosso labor, tanto por parte de ataques externos (toda
ação desperta reação proporcional! e de sinal contrário ... ), quanto pelas dificuldades que, sempre, criam os "de
dentro" que se não esforçam ou comportam devidamente (que bonito termo!... ), Samsaradevi teve um primeiro
teste: Certo dia, enquanto descascava batatas em sua cozinha, ouviu que lhe diziam: "Se não abandonas ao
Mestre Sevânanda e seu labor, irás ficar cega ... - Ela meditou bastante: cega, com o marido e três filhos por
criar, mais a velhota da mãe! ... e, de repente, ESCOLIHEU: foi para o dormitório, pegou uma echarpe e vedou
os olhos, dizendo em prece, diante de seu altarzinho; Então, é bom ir treinando, desde já, trabalhar sem ver, pois
não penso em abandonar aos :Mestres! ..., - Sabe, Carolei, que, a contar dessa época, começou a ver com
freqüência aqueles símbolos, ou textos EM LETRAS DE FOGO, ou como de gás néon, etc... Mais, Você conhece
muita gente, capaz dessa entrega? E por casa, como andamos?
2.º) Certa vez, São Francisco deu-lhe um texto de Oração pela Paz (mundial), com ordem de levá-la, só
aos Conventos e Igrejas as quais seria dirigida. - Um dia, saindo do dentista, sentiu que lhe iam indicando, em
cada esquina, para onde ir, até que achou-se na porta da Cúria Metropolitana. Embora temendo ser
incompreendida, ou mal recebida, cumprimento: entrou, foi atendida por um Sacerdote, que aceitou logo a Prece
e, ainda, convidou-a e as suas amigas a irem participar de preces e novenas que pela paz mundial, estavam
fazendo.  ... Encantada com isso, Samsaradevi saiu e foi caminhando para o seu "ponto" de ônibus. Mas, no
caminho, havia outra igreja, de bairro. E sem ter indicação, foi entrando ... quase a botam na rua brutalmente!...
Entendeu, pediu perdão, interiormente, e ficou um momento, contemplando a figura do Crucificado e meditando:
que dores físicas e outras, suportou por nossa causa! E, desejou ardentemente sentir, uma parte pelo menos,
delas, para poder melhorar e ser mais útil. A noite, mãos e pés lhe queimavam; no dia seguinte, seguinte tinha
AS CHAGAS, era mais uma estigmatizada (tivemos diversos casos, mas sempre os calamos, pois essas cousas
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são A VIDA SECRETA DOS MISTICOS, não são para propaganda, salvo quando há ordem ou quando o
fenômeno se dá. publicamente).
'Trabalhou um par de dias, com dores atrozes, mas procurava fazer o que tinha a fazer. E, em certo
momento, ofereceu de todo coração, todas as dores que tinha, ou viesse a ter, em benefício dos que sofriam de
mãos e pés, involuntariamente, e com isso tinham problemas de ganha-pão, etc. - Momentos após, as chagas
sumiam e as dores também... Entendeu Carolei?
3.º) Quando Samsaradevi estava grávida, da sua quarta criança, já nos últimos meses, era-lhe difícil vir,
cada semana, à reunião em nosso Templo, pois o trajeto era mais de uma hora de ônibus, as vezes sem lugar
sentado, ou apertada. Mas, disseram-lhe "Para ir as reuniões mística, tens a Proteção do MEM".
Então, vinha; e veio até o último dia, sem nunca haver contratempos. Mas, no último mês estava
costurando em sua casa, quando faltou-lhe certo tipo de fazenda. Quis mandar a filhinha maior comprar, a dois
quarteirões, rua em declive e um tanto escorregadia. A filha achou que a Mãe poderia ir escolhendo mais
fàcilmente e disse: "Mas, Mãezinha, a Senhora viaja tão longe, não pode ir até a loja de fazenda?" - E a Vidente
respondeu: "Minha filha, a Proteção que me dão, é para o Labor Místico; na vida diária, o discernimento deve
servir para não querermos usar e abusar, para as cousas triviais, daquilo que é sagrado". - Está entendendo,
Carolei, porque falo, tantas vezes, em discípulos sérios?

Com. 119 - Assim, Carolei, saímos em Cruzada, Sádhanâ e eu; com o apoio de
alguns muito raros Discípulos sérios, no que ao Grupos ou grupinhos mais
intimamente ligados, se refere. No Brasil e outros lugares, havia muitos Discípulos
externos, religados pelo livro yo que... e pelo "Boletim AMO-PAX", que desde
fevereiro de 1952 nunca deixou de sair, graças à dedicação do grupinho citados dos
Discípulos de Córdoba, sendo a expedição feita em La Plata pelos - então
Discípulos - meu genro e filha, que mais tarde também se afastaram, em
conseqüência dos desatinos daquela pessoa cujo papel parece ter sido, sempre, de
pôr à prova quanto era capaz de agüentar a paciência coletiva, e minha, em matéria
de enganos, morais e materiais. Mas, o MEM certamente lhe perdoou, como eu
também: de alguma cousa temos que morrer, todos, como veremos ao tratar do
falecimento do MEM PHILIPPE!...
A Cruzada, cuja organização material ficou explicada em Yo que... (págs. 331 e
segs.), teve pois por base psicológica, iniciática como certeza de receber sempre a
orientação Superior necessária, esse passado da A.M.O. - Materialmente, a Cruzada
e tudo quanto dela decorreu - foi fruto do esforço de Sádhanâ durante 32 anos, já
que quanto economizara, mais o que foi por nós aumentado até 1953, e invertido na
propriedade de Malvin, serviu para pagar as despesas do Labor, parte da edição do
livro: compra do jipe e da Ermida Rodante, material de Instrução - daquela época –
para discípulos por correspondência, na A.M.O, etc.
Não vou relatar, aqui, as peripécias da Cruzada, Direi, apenas que em parte no
Boletim Amo-Pax (números 1 a 20) até outubro de 1953; em parte nos Arquivos
místicos, existem inúmeras provas da Bondade e direção do MEM PHILIPPE;
indicando-nos quando e como viajar; salvando-nos de perigos graves - para os
veículos ou para nós; alertando-nos sobre pessoas e circunstâncias, etc., Também,
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já falei no prefácio, da quantidade de conferências e atos públicos promovidos. A


semeadura foi grande. Os resultados são muito difíceis de apreciar,
estatisticamente.
Mas, não se deve esquecer que, - como o tenho proclamado tão
reiteradamente nas próprias conferencias - não dou nenhuma especial importância,
ao que nelas exponho; não me creio possuidor de sabedoria rara, duvido mesmo
que alguém - tendo-a - possa expô-la, com proveito, em conferências; sempre disse,
e aqui repito, que o que me interessava, na Cruzada, era que os presentes
pudessem sentir, ver, viver, resolver mudar, etc.
A parte expositiva pareceu-me, sempre, muito secundária. E, neste. sentido,
com a rara exceção de uma pessoa que - na cidade de Campinas, vi tomar
apontamentos consecutivamente, dos quais me enviou mais tarde excertos
selecionados com notável discernimento - bem sei que a maior parte das pessoas,
mesmo com a melhor boa vontade, não consegue reter mais do que 30%, do que
ouve, e isso mesmo, de modo geral, indefinido, ou seja: não com a precisão que
pode permitir uma aplicação metodizada.
A finalidade de toda ação externa, de divulgação e de prédica, visa portanto,
para um místico: informar um pouco, entusiasmar e decidir mais, se possível; para
isso, indispensável torna-se a parte fenomênica que, graças à Proteção do MEM e
de seus Grandes Ajudantes, é abundante quando pomos os pés na rua!
A experiência interior, para nós - Sádhanâ e eu - tem sido, na Cruzada, de ver
o que contêm: os seres atuais, em geral; os que constituem os ambientes
denominados "espiritualistas" ou "religiosos", em particular. - Ver, dentro das ordens
recebidas, que possibilidades havia, há, ou haverá, de relacionar os diferentes
setores, nos aspectos culturais, fraternais e, especialmente, de ação social conjunta,
para “o que vem ai” - ponto que o "Alba Lucis", nos permitirá abordar de mais perto...
A Cruzada, no sentido das pessoas - individualmente consideradas - foi
bastante útil: curas, conversões, soerguimentos morais, etc... de tudo isso houve,
suficientemente para compensar o esforço, físico e moral, desse labor. No sentido
das Instituições, é tema que o Alba Lucis (primeira época do mesmo) sintetizará,
Durante a Cruzada, os Mestres, os Anjos, e outros Seres, que apóiam o labor e as
missões, foram tão freqüentemente vistos, tanto por pessoas que tinham faculdades
mediúnicas! desenvolvidas, como por muitas outras que nunca nada viram, que,
nesse aspecto, a Cruzada foi muito útil, pois deu oportunidade e provas, a inúmeros
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seres. E, não o esqueçamos, a forma em que está escrito "Yo que... outorgando
nomes e endereços, de tantas escolas e instituições iniciáticas, era também - além
do aspecto meramente informativo - uma lição para muitos, mostrando que, não só
procuramos divulgar o que de bom têm todas, como, ainda, quão pouco nos
interessa aumentar o número dos nossos Discípulos.
A Cruzada, também continuou as pequenas missões de ordem social, inclusive
junto a governos que estão no espírito do Alba Lucis, e que, desde 1950 - com a
iniciativa Gandhista no Uruguai - tinham tido início, Na parte Alba Lucis, farei
sintético resumo disso, Toca, então, examinar as suas derivações mais importantes
da própria Cruzada: a fundação do Monastério AMO-PAX e, o Alba Lucis. muito
embora o Alba Lucis tenha surgido primeiro, como semente de mais lenta evolução,
o fato de o Monastério ter-se concretizado antes, e também de ser uma experiência
terminada, para nós, torna aconselhável examiná-lo em primeiro lugar.
O Muito Excelso Mestre e o Monastério AMO-PAX. - Com. 120 - As raízes da
fundação do Monastério, misticamente falando, remontam a época de preparação da
própria Cruzada. Efetivamente, em 9 de maio de 1951, ou seja, muito antes da
Cruzada, quando estávamos visitando em Córdoba (República Argentina), a certos
Discípulos, um dos quais ainda era apenas "candidato" - e nada sabia de nós, no
que a labor interno ou projetos se refere, e a Cruzada ainda não era projeto, nem o
livro estava escrito trouxe-nos a uma Senhora, com quem passou-se isto:

H. 16 - O Guia árabe e sua Vidente

A Senhora O. Gr...i, viúva de um Médico da região, mora nas montanhas das serras cordobenses. Pouco
vem à Cidade. - Vive de pequena renda e dedica-se a atender a doentes, por homeopatia. Receita, em parte
pelo que aprendera com o marido, em parte pelo que lhe mostra, em visão, um Guia árabe, que responde pelo
nome de MUJ HUSSEN. Diz ela, que tal Guia mando-a nos procurar, e mostra-me o seu retrato. Então, vou para
o nosso quarto (da casa em que nos hospedaram) e, de lá. trago dois retratos iguais, que me foram dados por
pessoas que, também, disseram em Buenos Aires - que esse Guia Sufi, árabe, interessa-se pêlo nosso labor.
A seguir em estado de concentração, mas sem incorporação nem fenômenos sem fenômenos de
mediunidade, a Sra. Ofélia passa a ver e ouvir diferentes mestres dos a nos dirigem (e ela desconhece
totalmente). Descreve-os, assim como dá os “recados para nós”. – entre 14 assuntos tratados (pág. 130 da
agenda 1951 da vida mística), consta o que cito, completando com a parte da Tradição Oral:
Assunto 2º:.. e urge que Sevânanda termine um livro que esta pela metade ... (era exatamente, o caso de
"Yo que caminé por el Mundo ... e, mais tarde, ficou provado que devia ter ficado terminado 15 dias antes, o que
teria facilitado muitíssimas cousas ... )
Assunto 4.º: Sevânanda e Sádhanâ viajando muito pelos caminhos até os Estados Unidos. (Muito curioso,
pois dois anos mais tarde, comprou-se a Casa Rodante e o Jipe, sendo inicialmente projetada como consta do
meu livro, até os Estados Unidos, cousa que mudaram posteriormente ... ou por enquanto?)
Assunto 6.º:... e grandes consagrações para Sevânanda (houve-as, do SDM de julho a setembro de 1951,
e outras, posteriormente, de outras Correntes) ... e, no fim da visão, colocam sobre a cabeça de Sevânanda uma
formosa ROSA BRANCA.. (Isto é, no fim, como símbolo da Corrente do Muito Excelso Mestre ...).
Assunto 7.º: Com tudo isso, Sevânanda semeará uma GRAÇA pelo mundo, porém mais especialmente
num pais - e, acrescentou: no qual não se fala espanhol, e no qual pararão bastante tempo ...
Assunto 12.º: Sevânanda irá a uma aldeia, entre altos pinhos, à casa de uma velhinha, receber - e dar
mais - forças ... etc.
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Assim, Carolei, sabíamos, antes de começar a Cruzada, que teríamos que


demorar muito, e parar no Brasil. - Ora, se Você reconhece, na aldeia com os altos
pinhos e na casa da senhora idosa, o refugio da Upasika, aonde fomos tomar forças
(esgotadas pelos anos de martírio vividos no monastério ...) e dar forças: começar
nova obra de semeadura, com este livro, que lá foi preparado, então fica fácil ver
que o "assunto 7.º" - que vem bastante antes, era a parada NO Monastério, que a
muitos parecia definitiva, mas que nós, em grande parte por esse "recado" (cujas
outras partes também vão se cumprindo bem!...) sabíamos que não era cousa certa:
pois, tudo sempre pode ser mudado, se os Homens merecem e os Mestres
decidem!...
Então, na Cruzada, sempre fazíamos tudo "como se" tivéssemos que ir até os
Estados Unidos. E, por exemplo, assim viajávamos, ou com calma ou com pressa,
quando o: MEM PHILIPPE, apontava para esta última, como neste caso, cuja
importância convém observar:

H. 17 – A Viagem São Paulo -Resende-Rio, de 27-1-1953

Após terminar em São Paulo, uma estada muito ativa e fecunda da Cruzada, com uma conferência sobre
o Mahatma GANDHI, na Biblioteca Municipal, superlotada por 650 pessoas, tendo voltado outras tantas por falta
de lugar, preparamos tudo, no dia 27, desmontando barraca, arrumando Ermida e, após recebermos a visita de
Discípulos, passarmos a tarde com eles e nos despedirmos deles, fomos nos encontrar, como marcáramos, com
o querido "Thoth-50" (um dos poucos Martinistas vivos, no Brasil, ainda iniciados pelo M. Cedaior), velho e fiel
amigo, que com seu carro nos encontrou, na parte em que a Rua Brigadeiro Luiz Antônio desemboca perto da
Avenida Brasil. Lá estacionáramos o jipe, engatado na Ermida.
E, no carro de "Thoth-59" (um dos Diretores do Laboratório Paulista de Biologia...), estávamos comendo
sanduíches e palestrando afetuosamente, quando, às 20 hs e 55 o Muito Excelso MESTRE disse a Sádhanâ,
que nos ia traduzindo o que, mentalmente, recebia: "Peguem a Estrada do Rio e sigam toda a noite. Existe
perigo num ponto que deve ser passado antes da meia-noite. Não temam, a Mão do MESTRE está sempre
sobre
Vós"...
É claro que "engolimos" alimentos e despedidas, e - com Thoth que veio até a Ponte das Bandeiras,
saímos logo e fomos com "toda a velocidade" que a Ermida permite, quando o asfalto tem subidas e descidas:
reduzida em 3º', ou seja: máxima de 23 e media de 17 a 18. - Depois da meia-noite, já começando a chover
compreendemos o perigo: se a chuva nos pegasse antes, sendo a Presidente Dutra ainda nova, havia muitos
lugares nos qual o barro vermelho tomava conta e a Ermida escorrega muito facilmente, não podendo mesmo
descer rampas em tais condições.
As 3 e meia da manhã, os olhos não querendo mais obedecer, pois estávamos em pé desde a manhã
cedo, dormimos, do lado direito fora da estrada, em Roseira (bonito nome Rosa-cruz...) e, no dia 28 - quarta-
feira, às 7 h e 25 nos púnhamos em marcha, entrando às 11 :15 no Estado do Rio e chegando, diretamente na
Academia Militar das Agulhas Negras, às 12 :30, à procura do Cel. Moacyr Uchôa, célebre pelas suas
investigações metapsíquicas e pelas materializações de até 3 fantasmas ao mesmo tempo, verificadas por
centenas de pessoas que mantivera, anos antes, na sua residência de Resende.
Note-se que, se não chegássemos nesse dia, a essa hora, todo o resto seria diferente, pois às 14 horas,
estouraram granadas na Escola, matando um Cadete e transtornando todos os horários, etc., como é natural.
Mas, já tínhamos falado com o Coronel, e, por seu intermédio, com o querido "Antônio Delfino e sua distinta
esposa, que, num futuro próximo, iriam ser os AGENTES do Invisível, para promover, EM RESENDE, "a
experiência Monástica". Aliás, nesse mesmo dia, fizemos em Resende - no Colégio Rosa-cruz, presidido por A.
Delfino - uma palestra, das 21 às 23, com 83 presentes. E, no dia seguinte, às 10 da manhã, acompanhados
pela Reportagem de "O CRUZEIRO", que viera "nos descobrir" em Resende, seguimos rumo no Rio, onde, no
Aniversário de Gandhi deveríamos iniciar outra etapa de vida. Antes, porém, recebíamos em "Trevo Viúva
Graça" (km: 47) onde estacionamos naquela noite, um aviso dos Mestres "de não ir para o Norte do País, até
segunda ordem". - Ordem que, até hoje, ainda não chegou, e, de fato, nunca cristalizou-se nenhum dos convites
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que, daquela zona recebemos... E, como daquela mesma Mensagem consta que "o Rio fica na Vanguarda"
sempre temos considerado aquela latitude como limite, pelo menos até não haver novos elementos de juízo.

Se acrescentarmos a isso, Carolei, que em Belo Horizonte, NO DOMINGO DE


PASCOA (e já sabemos quão querido e esse dia, para o MEM!) ou seja em 5 de
abril - após três dias de jejum e de silêncio (como consta do Diário de Viagem
arquivado) - recebemos misticamente avisos do MEM, relativo ao assunto "Ashram-
Colônia", do qual constavam, entre outros, estes conceitos: " ... o Ponto Central da
AMO será no Brasil - O Ponto Central será no Brasil - Ele mesmo (O MEM)
escolherá o lugar. Não preocupar-se com isso – Far-se-á todo necessário para
propagar a AMO. – O apoio será tão notável, que não ficara nenhuma dúvida – Será
um trabalho gigantesco, mas, para o futuro, uma base firme, etc..."
E, Carolei, após dois meses de acampamento no carinhoso "Abrigo Jesus",
voltando ao Rio, onde acampamos na Rua Ibituruna, como hóspedes da "Casa da
Mãe Pobre", lá mesmo foram feitos os Estatutos do futuro Monastério. E, conforme o
prometido pelo: MEM, "o apoio foi tão notável" que tudo "voava": o Delfino achou um
terreno otimamente situado; um casal, dono, que o vendeu em condições magníficas
e, mais tarde, doou a metade da dívida; os "cooperadores" também choviam e houve
dinheiro e facilidade até demais, pois os primeiros dois anos, os Residentes
acostumaram-se mal. Mas, vamos deixar de lado os pormenores que poderiam
caracterizar a A ou a B pessoa.
Não é isso, o que interessa. Sim, interessa, é "desmontar" a experiência, para
procurar extrair dela, tudo quanto possa ser útil aos estudantes presentes, e futuros.
Premonições, Previsões e Precauções do Cachorro. - Prevendo, por conhecer
um pouco a natureza humana, que a experiência qualificada pelo MEM de “trabalho
gigantesco”; - não iria ser fácil; as primeiras precauções que tomei, para preparar "o
terreno da experiência", foram: a) Dar, a cada setor do labor, uma Personalidade
Jurídica e organizações autônomas; b) Dar, ao futuro "Monastério"; "bases", ou seja:
Estatutos, que, não implicando nenhuma finalidade espiritual definida, lhe
permitissem: tanto servir de berço, cadinho e hospedagem, para quantos tipos de
organizações, lá quisessem se alojar; como, também, subsistir até em caráter de
simples colônia fraternista, humanitária ou, simplesmente, naturista ou cousa que o
valha.
Feito isso, dispusemo-nos a criar, ritualisticamente, isto é: lançar misticamente,
as bases astrais e espirituais do Monastério. Como isso foi feito, consta do Álbum do
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Monastério, e também das "Práticas n. 1" do Suddha Dharma Mandalam. - Em


resumo era: numa hora marcada, astrologicamente, fazer uma cerimônia,
depositando sob o pilar inicial do futuro Templo, certos documentos, etc.
E, cousa até hoje não divulgada a não ser, a contados íntimos, nessa mesma
madrugada, da noite de 19 para 20 de novembro, de 1953, ao vir tomar posse das
terras Em Nome do MEM AMO (já que o Monastério iria chamar-se Amo-Pax, como
usaram sempre a Cruzada e a Associação Mística Ocidental), deram-se três fatos
que, para um kabbalista, eram eloqüentes: a pessoa encarregada de fazer, antes de
a caravana chegar, a cova para depositar os objetos sagrados, estava calmamente
dormindo; outra que ocultava certo aspecto de sua vida, teve que vomitar durante a
cerimônia, pondo assim à luz uma gravidez dissimulada; e, finalmente, outra pessoa
mais, perdia as solas "de umas botas de opereta" que outra determinada pessoa,
não presente, lhe dera para trabalhar ali. A preguiça, a hipocrisia e a palhaçada, já
tinham assomado a ponta da orelha, - E, Sádhanâ e eu, já tínhamos o gosto amargo
na boca, antes de seguir mastigando o que, durante quatro anos e meio iríamos
deglutir, minuto a minuto...
Chegou o momento de perguntar, e de responder, isto: mas, que é, o que iria
se intentar fazer, naquele lugar?
Vamos estudar isso, pois reputo-o de elevado interesse místico.
Monastério Essênio e de Sarva Ioga.  Com. 121  Para não ser
excessivamente longo, Carolei, procurarei expor este tema, abordando seus
diferentes aspectos: Raízes (origens conjugadas); Doutrina a aplicar (experiências a
viver); Como se procurou fazê-lo; Fatores negativos e fracassos; Fatores positivos e
resultados; O que é dado esperar, e o que falta viver...
Com relação aos Instrutores: Um instrutor espiritual, só merece tal nome, se
tem alguma realização. Tal palavra sintetiza três setores, que são: um saber
doutrinário, do qual a característica deve ser uma exatidão - de base tradicional -, e
uma oportunidade - de base de adaptação, nascida da experiência e da observação;
Um valor moral, evidenciado pela dedicação, pela concordância entre o
predicado e a vivência: pela capacidade e decisão de se sacrificar, física e
psiquicamente, na tarefa de procurar dar e transmitir;
Um poder espiritual, corroborado por eventuais - pequenos ou grandes -
poderes fenomênicos (cuja modalidade varia conforme o raio e talhe do instrutor), e,
muito notadamente, pela possibilidade de perceber e orientar, sobre assuntos que
http://amopax.org 238

abrangem: desde as dificuldades de compreensão doutrinária, ou de problemas


físicos, morais ou psíquicos; como - ainda e especialmente - de orientação espiritual
dos discípulos, à medida que estes vão necessitando, e merecendo, tais modos de
assistência (mais adiante, veremos quais as condições que os ditos Discípulos
devem reunir, para isso).
Ora, Sádhanâ e eu - e falarei mais de mim, já que ela trabalha numa
modalidade muito menos perceptível, por motivos que surgirão nestas páginas... -
tínhamos trazido para “a experiência Monastério" as bases que vamos examinar:
O "momento interior" das tentativas grupais: Por motivos que se
compreenderão mais profundamente, ao estudarmos - no 3.º e 4.º volumes - os
Ensinamentos do MEM, mas que devo abordar aqui nas grandes linhas que eu tinha
ensinado - e procurado viver - desde muitos anos, era causa evidente, para mim e
para alguns dos que me seguiam, que todo Instrutor chega, em determinada altura
de sua carreira, a ter o desejo e a necessidade (procurar certa frase sobre o desejo,
em H. 5 ... ), de agrupar em torno de si, aos que parecem mostrar: mais afinidade e
maior aspiração. Dos Discípulos de Buda aos de Jesus, e aos que se agrupam em
torno a todo Santo, Asceta ou Mestre, o processo é, analogicamente o mesmo.
Variam os modos e os talhes, do "Ser-eixo" e dos que, com ele vão girar, ao
procurarem dar o passo que os retira, do círculo externo, para o intermédio.
Há - e necessário é haver - motivos de atração: afetiva, moral, mental, psíquica
e - se possível - espiritual. Geralmente predominam - feliz e infelizmente - os:
afetivos, porém maculados pela paixão ou, pelo menos pelo carinho possessivo e
egoísta dos humanos; e, os mentais, porém limitados à ambição de obter
informações, "roubar" segredos, e tudo quanto pode resumir-se em "obter", sem dar;
conseguir, sem entregar-se.
Com tais condições é que devem contar: tanto os que formam os "Ashrans" no
Oriente, quanto os que fundam Mosteiros no Ocidente. E, basta, por exemplo, ver o
que escreve - com notável franqueza o grande Ouspensky, quando, apesar de ser o
mais apto para compreender a Gurdjieff, e o mais seriamente interessado dos que
N. 110
rodeavam aquele Instrutor da Via Mental , sobre as razões que o impediram de

N. 110
- "... Pelo contrário, todo o trabalho consiste em fazer o que o Mestre indica, conformando-se com as
sua idéias, mesmo quando não as expressa claramente; trata-se de ajudá-lo em tudo quanto faz. E, não pode
haver outra atitude. E, Gurdjieff no-lo dissera muitas vezes! o mais importante, no trabalho (espiritual) é lembrar
que a gente veio para aprender, e não para outra cousa .. , Se, por conseguinte, após três anos de trabalho, eu
percebia que Gurdjieff estava, na realidade, nos conduzindo para o monastério, e que iria exigir de nós,
http://amopax.org 239

participar da "experiência Monastério", que Gurdjieff iniciou na Rússia, montou em


Paris e... teve que abandonar.
No plano espiritual, como veremos ao falar dos Anjos e Egrégoros (anjos
criados, em parte, pela associação de Vontades, e Aspirações, e Devoções,
Humanas, com uma Potência Espiritual), há sempre um elevado interesse - "falta de
mão-de-obra especializada" - em criar "grupos egregóricos, conscientes de tal
função". Isso é muito difícil, Pois exige: saber, querer, e entrega. Quem estudar bem
as "Orações do Monastério" - e comentários às mesmas, que incluem - verá como
se procurou dar, aos que lá vinha residir, a contínua oportunidade de unificar:
doutrina, vida diária e inferior. Nisso, consistia, basicamente, a "experiência
Monastério”.
E, antes de passar a examinar as modalidades diferentes, que no Monastério
coexistiam, para dar a oportunidade das duas Vias: a Mental e a Cardíaca; vejamos
as condições e oportunidades comuns a ambas, e que o mesmo Monastério
brindava:
a) trabalho manual: sem o qual, além das necessidades a que o mesmo
responde, na vida dos seres, não poderia haver equilíbrio físico; nem moral, e nem
psíquico. Aliás, a preguiça física é um dos venenos, que mais trabalho tem dado
vencer, presente em toda vida grupal, seja no Ocidente ou no Oriente. Porém, neste
aspecto, o Monastério representou uma série de trunfos, e outra de erros. A parte
boa é que nesse terreno, ressalvando algumas exceções circunstanciais, pode-se
dizer que todos: residentes antigos, ou mais novos, ou - e até - os próprios
visitantes, sempre trabalharam fisicamente muito.
Até repito que, um dos erros, nossos ou, se preferem: meu, possivelmente foi,
de não diminuir mais tal trabalho, cousa que intentei mais fortemente nos últimos
tempos. Porém, por outro lado, quando se vê, que as atividade; superiores não
estão sendo ardentemente cultivadas, um bom-senso de equilíbrio pede que se
continue a manter ocupados: corpos e mentes, se a alma não trabalha bastante.
Outro problema era o da "disciplina". É um problema de raízes espirituais muito
mais profundas, do que julgam possivelmente muitas pessoas. Devemos meditar,
parece-me, nos dois termos que citei já, quando falamos em Barlet e na minha

doravante, a observância de todas (as condições de seu método)... era motivo para ir-me até arriscando assim
perder a sua direção imediata..." ("Fragments d'un enseignement inconnu", pág. 319 e segs.).
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projetada "Metodologia Oculta". Espontaneidade e Inércia. - Levando os termos, à


realidade fenomênica que representam, chega-se à conclusão que uma série,
espiritual ou espiritualizante é: Yin, Espontaneidade, Expansão, Aspiração e, tem por
condição e conseqüência: a LIBERDADE.
A outra série: Yang, Inércia ou Constrição, Disciplina pela Obrigação (na falta
de aspiração, é claro) e, portanto, tende a privar citada liberdade.
Outro problema era o da hipocrisia, por um lado; e - também o de procurar se
demonstrar se podiam viver, juntos, homens e mulheres, não somente sem
irregularidades sexuais, mas, também, sem que isso trouxesse: desavenças de
ordem social entre as "famílias" já constituídas, nem problemas de ordem pessoal
para aqueles que, já casados ou ainda não, procurassem seguir a via ióguica de
certo tipo (pois nem todas têm tal exigência), que inclui a continência.
A forma escolhida, para experiência, foi a seguinte: pela manhã, nos primeiros
tempos do Monastério, dava-se no desjejum um tema de meditação (geralmente
sobre uma virtude ou vicio, para cada um se analisar e situar, em função disso),
cujos resultados deviam ser dados, no almoço, por cada pessoa, o que equivalia,
simultaneamente: a um labor interior durante o labor manual; e, ainda, ao esforço de
formular claramente o meditado, assim como a confessar em comum o vivido,
mostrando-se como se é.
Com exceção de, quem hoje é, Swami Sarvânanda, devo dizer que quase
todos, os residentes iniciais, procuraram mais ocultar sua vida interior e problemas
decorrentes. Então, como contra-experiência, deu-se o tema de meditação, sobre
assuntos mais gerais e transcendentais, e deixou-se de exigir os resultados.
Quando, esporadicamente, perguntava-se, a verificação pouco alentadora era: uma
ou outra consideração superficial ou, mais geralmente, a confissão - com mau humor
por ser colhido em falha - de não ter meditado, ou... até de ignorou totalmente qual
fora o tema dado. Como se vê, a via mental, não poderia esperar muitos
resultados...
Quanto à vivência coletiva, ficou evidente que: os casais não desistem da sua
preferência pelos próprios filhos e que, com o andar do tempo, isso torna a vida
coletiva minada de pequenos problemas, de índole puramente "caseira", mas que
criam até pequenos vulcões, nada oportunos para "tentativas egregóricas",
E, antes de passar a examinar o que, realmente, se quis experimentar e não se
obteve, muna e noutra via, devo deixar bem claro que, no que se refere ao fracasso
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do Monastério, e à não obtenção do que fora intentado, creio sinceramente que a


maior parte da culpa me deve ser atribuída, pela razão básica seguinte: cada um só
traz, realmente, aquilo que lhe interessa, profundamente, se entregue à liberdade e
iniciativa.
A tentativa de permitir, a pessoas que não tinham uma aspiração ardente,
procurar viverem essa experiência, era, evidentemente, ilusória. Mas, com ela,
temos lucrado todos, já que (assim o espero) - cada um deu-se conta do que é, do
que realmente deseja e também, de quais são os fatores, pessoais e grupais, que
lhe dificultam tal ou qual altura de resultados, seja qual for A VIA ESCOLHIDA.
E, antes de ir para a parte transcendental ou profunda, dessas Vias, direi
algumas palavras sobre o que, de positivo e útil se obteve do monastério, até a
época em que nos retiramos de lá:
Em primeiro lugar, e por cima de todos os outros aspectos: a experiência, já
que, muito embora certas pessoas não gostem do termo, é o único que nos dá:
saber e virtude. E o que nos faz passar, muito lentamente é certo: do papagaio que,
conversa fiado, ou imitativamente, para a águia que buscava verdades elevadas, e,
bem mais tarde, para pomba que as vive com amor espontâneo...
Em segundo lugar, não esqueçamos que cada pessoa é, por uma Lei moral
inquebrantável no mundo, beneficiada por cada boa intenção, palavra, gesto ou ato
que vive. E que, quanto mais desinteressada e idealmente o faz, mais valor tem e
transfere isso, para ela e para a coletividade humana. Ora, nesse sentido, o
Monastério tem sido muitíssimo útil; centenas de pessoas têm contribuído
monetariamente, para a sua fundação e manutenção, por ideal, para que outros
pudessem lá: viver e exemplificar, o que os dadivosos mantinham! Muita gente - e,
notadamente, muitos estrangeiros receberam, no Monastério, a notável lição da
generosidade - material e moral - do povo brasileiro, que tanto doou para essa obra
e que, em certos casos chegava a perdoar, tão facilmente: que não remetessem um
livro, cujo valor fora entregue a uma pessoa viajando sob a túnica do Monastério,
como as "fantasias" de quem procurara parecer conhecer as ervas pelo tacto, ou
que simulava ser a reencarnação do "ex-irmão" do atual marido." de uma senhora
que lhe interessaria como ... pretensa "ex-esposa" de outra encarnação!
Não sei, Carolei, se Você pensa que é fácil, para um Instrutor, saber e ver tudo
isso, e continuar procurar governar e oriental aos de dentro, e aos de fora, com o
mínimo de atritos possíveis, sem por isso deixar que a verdade, ou a moral, sofram
http://amopax.org 242

reais acidentes. Se Você pensa isso... desejo-lhe que nunca chegue a instrutor já
que, assim como não se pode fechar o comércio, por que alguns comerciantes
roubam no peso, ou no preço; nem as igrejas - do Oriente ou do Ocidente - porque
alguns clérigos não vivem o que seu Credo representa; assim também, não é
possível evitar: nem os médiuns que simulam (e, felizmente, são poucos!), nem os
estudantes de esoterismo, ocidental ou Oriental, que, preferindo os fenômenos e as
ilusões a realidade, ou a, superação moral, pouco conseguem, numa ou na outra,
das duas Vias. Mas, como tantas vezes o disse, todos devemos ter sido: ladrão ou
canibal, meretriz (que é uma função de sacrifício social ...), e muitas outras cousas ...
de modo que: não é julgando aos outros severamente, que progrediremos!...
A Via Mental de Sarva Ioga.  Com. 122  Na 6.º Lição de Sarva Ioga, tal
assunto está bastante bem exposto. Os que as compararem com as outras
N.111
Instruções da A.M.O. , dar-se-ão conta que: a doutrina, a experiência prática, e
os métodos de preparação, que são oferecidos aos Discípulos externos também,
mas que os residentes no Monastério, que escolhessem tal via, deveriam aplicar
mais intensamente e com mais rápido ritmo, compõem-se do seguinte:
1) Método Sarva de recuperação: física, de equilíbrio glandular e, mais tarde,
percepção do ser etérico próprio, e rudimento do manejar do mesmo (sistema
extraído por mim, após estudo e prática de hatha, prâna, mantras e karma-iogas,
fazendo, como bom martinista, uma eliminação de todo o bagaço, acumulado nos
séculos, em tudo isso...). Para citar um exemplo, a Monja Perseverante (que já anda
perto do terceiro ano de silencio, agora) chegou a fazer mais de seis mil repetições
de mantras (orações jaculatórias conscientes e intensas) enquanto trabalhava
manualmente; ela e outros tiveram bonitas experiências, nesse sentido.
2) Análise profunda, freqüente e sincera de si mesmo (e nisso está a oposição
com a outra Via, por motivos que veremos adiante) até situar e reconhecer os
"Joõeszinhos" que compõem a nossa personalidade: instável e complexa, que não
tem: nem unidade nem coerência. Esta parte Sarva e uma simbiose de: teorias e

N.111
- As "Instruções da A.M.O" que os Discípulos recebem, nas condições já citadas: sucessivamente,
após o exame e aprovação de cada lição, incluem quatro Disciplinas, que, resumidamente, são:
1) - Meditações místicas, de ioga espiritual, para atualizar seu passado, no aspecto do psiquismo
superior. Provém do Suddha Dharma Mandalam, e, em certa cultura, convergem na Sarva Ioga.
2) - Probacionistas: instruções sortidas, de conduta e compreensão.
3) - Martinistas: nada que ver com o fato de pertencer, ou não, à ORDEM MARTINISTA, pois estas
instruções são, apenas, uma adaptação resumida, da doutrina sintética, e de algumas cousas práticas, Como
magnetismo, etc... aplicativas.
4) - Sarva Ioga: Começa com ioga física, segue com a etérica, moral e mental, visando chegar à parte
supramental, que muito poucos alcançam.
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experiências pessoais, com as de Gurdjieff. É claro que, para viver esta parte,
precisa-se uma coragem e perseverança muito grandes; uma sinceridade, para com
o Instrutor, e para consigo mesmo, total. É por isso, que, somente o atual Swami
Sarvânanda (cuja vida física, moral, mental, anímica, sexual, psíquica e espiritual
era espontaneamente apresentada, a mim, por ele) chegou a certos resultados
nessa Via, seguido pelo casal Peregrino-Peregrina, com a mesma sinceridade,
porem com menos continuidade, o que explica a diferença de resultados. Porém, um
casal com filhos, não tem a liberdade nem facilidade, para esta via, que tem um
solteiro introvertido. Daí que, para todos eles, a mudança de épocas seja na própria
Via Sarva, uma experiência de elevado valor. E se cito o caso deles é por ser um
exemplo a meditar.
3 )Minha doutrina – com alicerce firme na experiência pessoal – é, que não
somente temos em nos um arquivo de imagens,isto é:que a memória é, realmente,
um arquivo de negativos fotográficos, que se projetam em positivo, superposto em
cada momento de consciência, quando a luz da emoção (e pouco importa o nível de
estimulo) assim o permite; como também temos em nós, um arquivo analogicamente
dispostos, de todas as nossas encarnações.
Ora, Carolei, para revelar - no sentido fotográfico do termo, inclusive -, tais
imagens, basta reunir as condições necessárias. Uma delas, a essencial, aliás, é
levar a luz até os clichês arquivados.
Há dois métodos. Deixaremos o que corresponde a via Cardíaca, para depois.
Na Via Mental - e pelo método Sarva -, a meta não era evocar as imagens, para
poder ver - como um filme -, cenas do passado, o que não interessa senão aos
iludidos e pretensiosos. A meta real é: poder atualizar conhecimentos e
possibilidades, já cultivadas antes. De certo modo, cada um de nós tem isso,
involuntariamente, e o processo se move, devagar, para frente, através da vida.
Lembra a definição de milagre, que dei antes, Carolei?
Pois, o Sarva Iogue iria procurar aplicar isso, a si mesmo. E, se você quer olhar
a página 205 do primeiro volume, naquele discurso de Cagliostro, aos "de alma vã e
tão curiosa", verá que ele disse:
"...e, se mergulho no meu pensamento remontando o curso das idades, se
estendo o meu espírito para um modo de existência afastado daquele que
percebeis, tornei-me aquele que desejo ... "
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Assim também, Carolei, é possível "tornar a ser", voluntária e conscientemente,


por momentos quando necessário, por períodos mais longos se indispensável,
aquele que a gente já foi, o que, se bem meditado, equivale a retomar determinada
experiência, com as características específicas daquela oportunidade. Eu o tenho
vivido, antes do Monastério, e nele, e agora também. E procurava despertar esse
poder, nos que seguem a Via Mental Sarva. Aliás, não creio que a etapa de Satori
Zen, a busca de qual o rosto que tínhamos no começo, e antes do começo, seja
possível, sem passar (e: passar não significa chegar, nem ficar, nem estagnar,
nisso) por essas experiências. Pelo menos, essa é a minha experiência...
E, para terminar esse assunto, lembremos que - como está dito na "Segunda
Instrução de Probacionista: “...não somos ainda bons cristãos, porque nunca
chegamos a ser bons budistas, bons vedantinos ou bons "qualquer" outra
modalidade espiritual relativa... - que tivemos oportunidade de cultivar antes, é claro.
Daí a minha convicção pessoal de que, conscientes ou não do fato, retomamos,
evidentemente, o "Passado" e que, na via mental (sarvamente, ou não, cultivada
como método, pois isso é adaptação, apenas), podia-se procurar tal atualização por
trabalho interior profundo, e constante.
E, finalmente Carolei, chegamos à diferença mais essencial, a meu ver, entre
essas duas Vias, que o Monastério queria brindar, para escolha dos "interessados":
A via Mental é árdua, é seca, é dura. Tem por ciladas: o egocentrismo, e
(mesmo que não se use a Magia, que é cilada da parte ocidental dessa via e que dá
o orgulho), o narcisismo resultante. E claro que só quem pensa apenas em si, pode
conseguir o objetivo ioguístico: realizar-se, primeiro, antes de pretender ajudar a
outrem; realizar a Deus, ou à Verdade, antes de querer mostrar a senda a terceiros,
etc ...
Mas, até a condição de ingresso real, nessa Via, é bem diferente da outra. Na
via de Ioga, na via mental do Oriente, só se entra pelo nojo. Nojo de si mesmo
(imperfeição); nojo da vida externa tão vazia e banal; nojo da ação, individual e
coletiva, com suas pretensões, ilusões e fracassos; suas hipocrisias e suas sujeiras.
Mesmo grandes seres, grandes Gurus, e até o maior de todos os contemporâneos
dessa Via, Sri Aurobindo Gosh, concordam com isso. Ele mesmo disse: "...um
simples descontentamento agitado, da vida comum, não é preparação suficiente
para a nossa ioga. Um apelo interior positivo, uma forte vontade e uma grande
estabilidade, são necessários para triunfar na vida espiritual" ... (Guia da Ioga).
http://amopax.org 245

É por isso, Carolei, que todas as vivências - algumas magníficas, que alguns
residentes - e eu mesmo - pudemos viver na hora das medições coletivas, quando
houve épocas dedicadas ao estudo e prática de doutrinas e métodos - por exemplo:
de Vivekananda, de Gurdjieff, de Aurobindo ou de Budismo Zen... diluíam-se, pela
incoerência com a vida diária, nos mexericos, ou na gula, ou nas indiferenças e
animismos alternados, dos residentes.
Bastaria citar o caso de uma pessoa que, não obstante vivências psíquicas
(não confundir com espirituais), de tipo devocional, e que acreditava ter "vocação",
para a via de silêncio, calma e percepção supramental (tipo via Aurobindo), oferecia
a curiosa contradição de não tolerar a menor indicação, de "merecer" que eu a
condecorasse como "Presidenta do Clube dos Mexericos" e, que, não o bastante ser
advertido duas vezes por um Siddha (grande ser ióguico) e uma vez por mim, no
sentido de cuidar da sua garganta... teve que ser operada dessa parte do corpo. - É
bom notar que há um ensinamento, martinista, que diz que todos sofrem das partes
que erramos, ou pecamos. Mais tarde, o ensinamento do MEM PHILIPPE, sobre
responsabilidade celular, irá nos esclarecer o caso.
E, para terminar com a "VIA MENTAL", na forma em que foi cultivada lá,
examinaremos algumas de suas derivações possíveis:
Á Igreja Expectante: Não se pode chamá-la de "mental", somente, já que
descansa, fundamentalmente (como cerimonial) sobre o culto aos Anjos, assim
como em ensinamentos que são nitidamente gnósticos de raiz, como se pode ver
N.112
em suas bases Rituais , - Sendo contrario ao espírito desta Igreja, fazer
proselitismo ativo, não me estenderei sobre a mesma, dizendo apenas que: assim
como víramos: que o Martinismo tinha dotado e reconhecido, na Europa, a Igreja
Gnóstica como mais apropriada para seus membro, assim foi julgado oportuno que,
especialmente aqueles que se ligam ao ideal predicado pelo Mestre Cedaior, sobre
a "Nova Era" e "Sexta Raça", etc .. , tivessem a possibilidade de viver a parte
religiosa, o sentir devocional, de tal ideal, por meio da Igreja Expectante. E possível,
e assim o espero, que surja um dia uma pessoa homem ou mulher - capaz de
assumir o Patriarcado, ou o Matriarcado, de tal Igreja... Por agora, vemos na figura
respectiva que, o laço com a Via Mental Sarva (integral) está evidente na Estola que,

N.112
Sobre a Igreja Expectante, à parte suas publicações para distribuição gratuita, como certos
ensinamentos sobre o Pai Nosso, achar-se-ão informações mais completas em "Bases e Rituais" (para fiéis e o
público em geral) e nas "Instruções Sacerdotais" destinadas à sua Jerarquia.
http://amopax.org 246

além do símbolo Expectante colocado sobre a nuca do Sacerdote (ponto de ingresso


dos clichês...), e da Rosa crística (ombro direito), traz o Loto budista (ombro
esquerdo) e, na frente, ainda tem: o símbolo taoísta-budista do Yin-Yang; o da Igreja
Brahmânica oculta; e, o que unifica o símbolo Lamaísta da Swastika, com o duplo
triângulo do laço entre dois mundos: divino e astral; ou astral e físico... - Do outro
lado: o monograma de Cristo, ou Lábaro de Constantino, ou selo do Verbo (repetido
na garganta), debaixo, o símbolo Sufi, do coração com asas... e a Cruz Egípcia de
Ísis, a Divina Providência sob certo aspecto. No Colar patriarcal, constituído pelos 32
Tulasi grossos, oriundo do Tibete, e as 76 pérolas de sândalo, pende a Cruz
Expectante, feita pela união (macla, seria melhor) da Cruz com o OM, e do Bindu
com o Triângulo de todas as Trindades.

Fig 37

Pág. 230
F. 28 – Sevânanda, Patriarca da Igreja Expectante
(Foto Studio Nicolas, Rio)

“...Meu nome é o da minha função e o escolho, assim como a minha função, porque sou livre: meu país é
aquele onde fica momentaneamente os meus passos...” – (Palavras de Cagliostro e minhas...)

Fig 38 – F. 29

F. 29  Sentado em “Sarva-mudra”, o Swami Sarvânanda está para começar no Instituto de Educação


do Paraná, em Curitiba, uma de suas demonstrações de Sarva Ioga, que foi precedida de um comentário nosso.
Sádhanâ, como sempre, observa o público e... ora.  (Fotografias de J. Kalkbrenner Filho, numa reportagem de
página inteira, no Diário do Paraná, de 17 de março de 1957, tiradas na própria conferência e otimamente
comentada pelo Jornalista Luís Rando.)

O que fica dito deve bastar para fazer compreender, tanto o que fui exposto,
sobre Sarva Ioga, como o que nos falta expor, deste tema, "mental".
O instituto juvenil de Ioga - Swami Sarvânanda, e sua esposa Daya, já que os
"Sarva Swamis" podem, à vontade, escolher entre a vida celibatária, e a da vida
matrimonial, resolveram intentar a função de um Instituto no qual, com base na
Sarva Ioga, bem como nos métodos mais amplos de pedagogia, isso é, com o
http://amopax.org 247

menor condicionamento possível, se procurasse educar a crianças, que podiam


provir de duas fontes: ou "adotadas" pelo Instituto (e nos conta que, até esta data, já
têm umas três ou quatro lá, nestas condições), ou como a primeira criança do
casalzinho, "concebida" em especiais condições, de acordo com a doutrina do
Mestre Cedaior. É uma experiência múltipla, pois: sobre observações relativas à pré-
determinação de sexo e tendências, e sobre possibilidade - limitada ou ampla - de
recuperar moralmente a crianças, cujo tema natalício (astrológico) explica que: alem
de serem abandonadas ou doadas pelos pais, trazem, geralmente, tendências muito
contraditórias. É um labor muito difícil e uma experiência muito complexa. Nada mais
podemos comentar, sobre tal tentativa, a não ser isto ainda: que, não somente tem
merecido amplo apoio, por parte de muitos de seus "Cooperadores" (somente um
deles, o querido Thyagadasa - Rafael Tucci, dono da Cantina Cápri, no Rio, deve ter
investido lá, além de muita dor de cabeça, mais de cem mil cruzeiros no Pavilhão
"Rafael" e no da cozinha do citado Instituto). Por outra parte, nas suas viagens a
Vitória, Recife, etc., sabemos que o jovem Swami Sarvânanda tem obtido ampla
atenção, tal como sucedera no Paraná, quando lá estivera em nossa companhia,
recordação que fica ilustrada pela fotografia junto.
A Ordem dos Sarva Swamis. - Fundada por três membros (eu, Sádhanâ e o
citado Swami Sarvânanda) cabe, agora a ele - Sarvânanda - a total e independente
direção da mesma. Se os Deuses me permitirem escrever o projetado "Tratado de
Sarva Ioga", fá-lo-ei, muito comodamente, como um dos Monges: da Ordem...
Terminando com o tema, não desejaria Carolei, deixar de lhe brindar alguma
parte mística da mesma. Não disponho da possibilidade - e nem aqui é o lugar
apropriado - de mostrar muito dos notáveis símbolos instrutivos, recebidos em visão
- sobre a compreensão Sarva de muitas cousas. Mas, vou procurar lhe dar uma
idéia, de qual a meta dessa Via Sana, no seu aspecto mais oriental que ocidental, é
bem verdade.
A Via Mental, seja qual for o método seguido, será sempre a do Discernimento,
levada quando o buscador é capaz de tanto até à procura da verdade real: sobre si
mesmo (Consciência), sobre a vida (Universo) e sobre a Origem ou Começo (Deus).
Fig. 39

D. 5 – A Meditação do Buddha...
http://amopax.org 248

Ora, Carolei, o Buddismo é sem dúvida a suprema explicação da vida, pela via
mental; pela via que começa no analítico, segue no introspectivo, continua pelo
supramental e explode - se lá chegar - nesse estado de iluminação mental que dá a
Compreensão de tudo. É, pois, a conquista da "Liberdade pela Verdade" (...e a
Verdade vos tornara livres...) porém conseguida pela evasão inicial. Esse ponto, e
não outro, e, aliás, a grande contradição, o real conflito, entre a via Cardíaca e a
Mental e, por derivação (apenas) entre a mentalidade ocidental e oriental, e seus
conceitos de "espiritualidade",
Mas, já que em 8 de fevereiro de 1958, mostravam na meditação, à Monja
Sarah (e ela é da Via Essênia!) o símbolo bem ioguístico de: "um livro aberto, grande
e antigo. Duas pegadas (de Swamiji) impressas nas suas páginas. Um círio aceso
projetava luz sobre elas"... e que, isso significa: que quando o Guru vai partir (ou
morrer) as suas plantas (porque o Pé do Guru mostra para onde guiava ...), é
conservado... e o Círio aceso é o Símbolo dos Mestres Passados, para os
Martinistas ... - é possível que eu já tenha "morrido", esta vez, para o labor Sarva.
Então darei algumas cousinhas mais:

Fig 40

V. 5 – Buddha Cósmico (Visão da Monja Sarah, em 14-258.)

"O Eterno Fogo do Amor Universal surge, simultaneamente, do Loto da


Suprema Pureza, que coroa o Branco Elefante do Cósmico Poder Criador, e, do
ponto em que o fim do Ciclo reintegra o Pensar que o criara, na Cabeça da Eterna
vida-Serpente-Sapiência. - Seis estrelas número de laço e de Amor, em equilíbrio
séries, tanto no Plano Divino, como no Astral, como no Denso, ladeiam a figura do
Sábio compassível; o Buddha de Compaixão, que, sendo Buddha, quis ainda ser
Buddhisattva, "Aquele-Que-volta-por-Compaixão", e cujo alento-vida, e a expressão-
verbo, está ligado pela Tromba do Verbo ao OM que tudo criara. E assim, Ele, o
compassivo, nos Campos de Buddha, sentado medita sobre os Sete Raios, que, lá
em cima, são os mesmos nove Fogos... Mas, lá em baixo, na Terra, os homens só
http://amopax.org 249

vêem uma silhueta de homem, sentado, sorrindo enigmaticamente... , alguns


afortunados distinguem uma auréola..."
- Mas, como, Sevânanda, você fala agora em Compaixão? Não estava tratando
ela Via Mental, do Discernimento?
- Sim, Carolei, é verdade. Mas Em Verdade lhe digo, também, que as Vias se
unem. Mas o ponto de sua União é tão alto, tão alto, que lá poucos atingem... e,
enquanto não chegam lá, ficam discutindo: sobre vias e sobre mestres, sobre
deuses e sobre homens... Mas, quando, pelo Discernimento, atinge-se a
Compreensão, esta outorga a Benevolência, e por esta última, chega-se à
COMPAIXÃO!
Assim, Carolei, o ponto de união, é a Compaixão!
E, para que você possa compreender, finamente, Carolei, qual era esse
misterioso caminho Zen, suprema via mental equilibrada, dar-lhe-ei um desses
famosos "koân" (enigmas). Já o dera lá no Monastério. Ninguém trouxe-me nunca
solução, nem sequer intelectual. E, esta, seria apenas um primeiro passo. Pois a via
mental e seguir uma idéia, relacioná-la com tudo, esgotar as associações, deduções
e até a própria intuição, tornada função voluntária, nesta Via... até , Viver o Koân .. "

H. 18 - o Zen

"Mestre! Pediram os dois discípulos, debatemos em vão; diz-nos, por obsequio, qual é o melhor: Sankya
(renunciar às obras) ou Ioga (obras, sem o apego) e se o Zen esclarece tal problema?"
Sevânanda tomou uma das belas maçãs que lhe trouxeram os Discípulos abriu sua afiada faquinha,
cortou a maçã pelo meio e, sorrindo afetuosamente deu metade a cada um. Depois, com um de seus lencinhos
bordados, limpou cuidadosamente a faquinha guardou-a e jogou o lencinho no chão, entre os Discípulos. E,
deixou a sala de Meditação... N.113

Fig 41

V.6 – “O Lama dos Três Sois” – (Visão da Monja Sarah, no Ashram, em 3-11-1957)

O Muito Excelso Mestre e a VIA ESSENIA no Monastério. - Com. 123 - Assim


como o meu número misterioso é "22" o de Sádhanâ é "23". Começo esta parte com
tal indicação porque, espero de Você, Carolei, que já esteja prestando atenção a
nomes e números. Veremos, mais tarde, a grande importância que o MEM concede
a estes elementos, e por que a Via Essênia é a da hospitalidade do serviço à

N.113
- Como todo esforço merece atenção, cada solução bastante acertada que nos seja enviada sobre o
“koân” acima, será recompensada, à escolha do interessado, com um livro, ou alguma outra publicação nossa,
ou com elementos de estudo.
http://amopax.org 250

coletividade e distingue-se, basicamente, da via mental, por ser a "cardíaca". Ora, no


Monastério, é bem verdade que, pessoas, como a Monja Sarah – devocional e
psíquica por excelência -, ou a Monja Perseverante, servidora de elevado sentido do
dever, auxiliavam muito para apoiar o "labor egregórico". Mas, costuma-se dizer que,
uma andorinha não faz verão...
Sádhanâ, que nunca gostou que lhe colassem ao nome, os de funções como
"Swâmini, Mestra, etc.", fazia o que podia: trabalhava manualmente, nos primeiro
anos - até deslocar parte do diafragma em esforços com picareta; procurava dar o
exemplo de autodisciplina e, por cima de todas as cousas, o de continuar sempre
orando, e apoiando a todos, inclusive àqueles que entravam em "guerra fria" com
ela, pois certo número entendiam que a Via Essênia "era viver como uma grande
família". - A definição teria sido boa, se nela não tivessem incluído uma porção de
cousas como por exemplo: que cada um continuasse a conservar seus gostos e
manias: familiares, nacionais, etc. em prejuízo da facilidade de vida coletiva.
Mas, essas são pequenas manias humanas, que não teriam, por si sós, levado
a terminar a "experiência Essênia", sob a nossa égide. É curioso como os humanos
esquecem rapidamente. Por um lado, é um bem, como veremos ao falar do perdão.
Por outro, é desfavorável, quando, como lá aconteceu com alguns, esquecem que o
MEM sempre vê tudo, sabe tudo, e que o Anjo AMO-PAX, que cobre o SEU Labor
Mundial, e sob cuja Proteção foi posto o Monastério, é Anjo de Amor e de Justiça,
Todos querem lembrar-se do Amor... e esquecer-se da Justiça! E claro que,
assim, as situações se saturam: tanto na parte psicológica dos humanos, como, na
muito mais importante, do plano MORAL.
E mais curioso, ainda, que orando diariamente a tantos Mestres e a tantos
Anjos, e sabendo por experiências próprias (pois a mais de um, fora dado ver Anjos,
e ver Mestres, e ver Gnomos, etc....), que tais Seres existem e tem funções
definidas, houvesse, por outro lado, a aparentemente ingênua, e ilógica, tendência
para uma falta de transparência... cousa que, de acordo com as nossas
experiências, do tempo do Martinismo brasileiro e uruguaio, como da A.M.O. inicial,
bem sabemos que o MEM não deixa correr muito tempo. Como, veremos no terceiro
volume, o Muito Excelso Mestre, punha, acima de todas as cousas, o amor fraternal.
Por isso, não poderia haver NADA, no Monastério, capaz de compensar a falta de
real vida fraterna, de profunda gratidão - provada em atos para com os Discípulos
Externos. Os Visitantes e os Benfeitores. Tampouco poderia haver NADA, capaz de
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compensar a falta de Prece - espontânea ou de utilidade coletiva - externa.


Resultou, então, que aos poucos: os atos, contraditórios com as preces
regulamentares; os atos dissimulados (aparentemente), aos Instrutores, ou aos
colegas de "caminho espiritual", iam fendendo os alicerces da união egregórica.
Veja, por exemplo, Carolei, um fato como este, que mostra, quão facilmente os que
não acreditam (no fundo de sua alma) , que há um mundo suprafísico e poderes de
o perceber, se deixam "pegar" pelos videntes ou pelos que têm a "gnose" ...

Fig 42

F. 30 – Mãezinha Sádhanâ (Foto Nicolas - Rio)


Singela e decididamente entregue; para ela, nada existe mais importante que
um aperto de mão, com um “pode contar comigo”, que nunca mais se retrai, haja o que
houver. E, na mesma forma, para com o Muito Excelso Mestre PHILIPPE, que, por
isso, a tem mostrado sob a Rosa Branca...

Fig 43

F. 31 – A Capelinha do Muito Excelso Mestre, no Monastério


(Foto Ermida)

Fig 44

F. 32 – O Jipe puxa as 2 toneladas da Ermida Rodante no Êxodo. Da Caravana de Íntimos:


Sevânanda, Sádhana, Luise e as Monjas Perseverante e Sarah, dormiam na casinha rodante.
Sadhak, no Jipe. O Casal Thoth-Zanti na sua caminhonete dodge. – Trabalho não faltou: material e
interior. Alegria havia bastante, como sempre que os humanos esperam uma etapa...
A “magnífica” estada que se vê... infelizmente era, na época, bem pequena parte de recurso
total. Junto a ela, vêem-se os famosos Pinheiros que o MEM PHILIPPE pré-mostrara nas visões
místicas. O Anjo da Ermida que não se vê na fotografia do plano físico, acha-se mais adiante...

Fig 45

V. 7 – Uma residente, com a aura irada, emitiu...

Relato da experiência: "Foi numa dessas manhãs, em que despertei com um laço muito estreito e afetivo
com Mãezinha e, trabalhando no jardim, mantramizava junto a uma pequena planta, ao ser repentinamente
surpreendida pelo ocorrido”:
Por detrás da pequena flor - cujo etérico estava, desfigurado, pétalas pendidas – soltou um mal
pensamento, soltando uma estrepitosa gargalhada de mofa, esta figurinha escarlate; mas, quando ela ainda
http://amopax.org 252

estava suspensa no ar, surgiu um Gnomo, tipo "cow-boy" que, sacudindo-a pela ponta do gorro enrolou-a como
um "pé de meia" e enfiou-a no bolsinho de couro, levando-a.
Imediatamente depois disto, vi passar a figurinha de F.....reduzida ao mesmo tamanho do diabrete (uns
30 cm), dirigindo-se, indignada e decidida, em direção ao Gnomo que já a esta altura estava a caminho da
Cachoeira.
Ela parou no meio do caminho, sentindo-se impossibilitada de agir ficou algum tempo, e retornou à
cozinha, bastante zangada..
Não fosse o estado interior de oração e mantramização, assim como a posição interior de amor para com
Vocês, eu teria apanhado "em cheio", a rubra onda de indignação e, foi também esse estado que impediu que F
..... , me visse e que permitiu que eu pudesse ver o que se passou, (10-4-58),

Seria um nunca-acabar, Carolei, se quisesse resolver os Arquivos, da história


de como e porque, resolvemos sair do Monastério; e como e porque, o MEM
PHILIPPE nos deu ordem de fazê-lo. Lá, tínhamos feito as experiências pessoais e
coletivas que podiam se feitas. – Nada mais, egregórico e, muito menos, essênio
podia ser tentado, pelo menos por nós. Tampouco adiantaria usar da possibilidade,
que tinha em mãos, de uma documentação, suficiente para terminar com o
Monastério, despedir a todos e recomeçar, lá mesmo, com alguns somente, ou com
novos elementos, Era preciso, também, atender ao que já citei, sobre as "Três
Lágrimas", deixando então a aberta uma possibilidade, tanto ao próprio Monastério,
como ao Instituto Juvenil de Ioga, única das instituições, que lá iria ficar,
Muito embora pudéssemos ter levado, também, o material místico que
trouxéramos, resolvemos Mãezinha e eu, para que lá não ficassem, apenas, terras e
prédios, deixar certos quadros, aos quais nós atribuímos enorme valor, e certo
poder: O do Anjo AMO-PAX, original, que ficou no Templo, assim como, na
Capelinha na qual está a Pedra de Fundação do Monastério, deixamos o Quadro do
Mestre PHILIPPE, que em Montevidéu servira nas Curas Místicas, tendo-se obtido,
então, verdadeiros milagres, Em um canto do nosso coração, uma esperança, que a
mente insistia em considerar como vã fazia deixar lá essa semente e essa, para nós,
Relíquia. E, só.
Com. 124 - E agora, Carolei, vamos olhar algumas das razões e indicações,
todas elas espirituais, que nos levaram a LAJES, e, qual a nova etapa a ser iniciada
lá,
Se revisamos, em primeiro lugar, as indicações recebidas psiquicamente, há tal
quantidade, que me vejo obrigado a citar apenas algumas:
1.º) - Em novembro de 1957, estando Sádhanâ, Ceres (irmã carnal de
Sádhanâ) e eu, passando uma temporada em Guarapari, hospedados pelo casal
Thoth (Sacerdote Expectante) e Zanti, tivemos lá umas experiências, segundo as
quais LAGES seria o lugar ou zona em que, ou faríamos curiosas experiências
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(inclusive com Discos Voadores), ou teria também início uma certa "missão mortal"...
- Isso passou-se entre Mãezinha e mim, somente, e não foi comentado com
ninguém",
2.º) - Por isso, achamos muito interessante quando, em 6 de março, ou seja:
sete dias antes de sairmos para o Retiro de Teresópolis, nada oficial, nem oficioso,
tendo sido ainda comunicado, aos do Monastério, sobre a nossa partida, e muito
menos para onde, a Monja Sarah teve uma visão que descreve assim: "...No
silêncio, logo: percepção de um ponto branco adiante de ajna chacra," e comecei n
sentir muito a influencia do Muito Excelso Mestre, produzindo pressão na têmpora
do lado esquerdo e trabalho intenso no nariz, - Logo, visão do seu rosto sorridente,
junto a um ramo de pinheiros, de cor brilhante; após, uns; instante de vácuo. Ele
tornou a aparecer, desta vez me fazendo uma saudação com o chapéu e logo,
abaixo dessa sua imagem, um trem passou, desses que vão para o interior: liguei
esta visão a de mim mesma - insistente durante três dias - vendo-me de túnica e
arrumando a mala, com grande alegria.. - Ainda no mesmo estado, vi nas mãos de
Mãezinha uma ROSA BRANCA, e que Mãezinha chorava, com ternura, sobre a flor".
- Acho muito claro, não, Carolei?
3.º) - No dia 13 de março (já estávamos em Teresópolis), mostram a Sarah, no
Monastério, o que transcrevo (sem o famoso desenho que acompanha a visão):

H. 19 - Visão do "futuro" Retiro ALBA LUCIS

Meditação, 11 de março de 1958: No silêncio, já com estado de boa disposição interior produzido pela
leitura (7º. - Prática de Kamala e Ayur) comecei por visualizar o Rosto do SENHOR e, o meu desejo íntimo era o
de ficar contemplando-o.
"Mas, a duração foi curta, pois, foi substituída esta visão voluntária, pela involuntária e espontânea do
Rosto do Muito Excelso MESTRE, sorrindo, mais alegre que das outras vezes (hoje 12, que estão transcrevendo
a visão, torno a vê-lo da mesma forma - o que me causa alegria e confiança - certeza, principalmente. Que a Sua
Excelsa Bênção nos ajude a todos!).
Também esta visão durou muito pouco, como se fosse uma indicação; tão logo vi, como numa tela, se
desenrolar a seguinte cena:
Mãezinha, depositando sobre o Altar (como se estivesse se despedindo) a ROSA BRANCA que estivera
entre suas mãos e sobre a qual havia chorado nestes últimos dias (e depois):
"Entre arborização e debaixo de frondosas arvores, vi a Ermida; um bando de pássaros chegou em
revoada; as águas do regato em frente corriam de manso... Sobre este regato estreito e raso, havia uma
pequena ponte e um arco encimado por UM CORAÇÃO E UM SOL, despontando deste.
"Devia ser ainda de manhãzinha, pois estava tudo coberto de orvalho”.
Uns seis monges - homens e mulheres -, e entre eles Mãezinha (vi-a nitidamente), trabalhavam na
preparação do terreno.
"Era uma cena muito formosa e real: os pássaros cantavam; as águas continuavam a deslizar tranqüilas e
os monges trabalhavam... em silêncio.
"Dentro de tal harmonia e beleza física, moral e espiritual, surgiu um Gnomo (vestido de branco: curioso,
pois eles adoram as cores vivas) e vi a Swamiji, sorridente, que veio recebe-lo. Tomou-o nas mãos, levantando-o
como se faz com as crianças, e depois estreitou-o carinhosamente ao peito. O Gnomo entregou-lhe uma sacola
(também branca), que intuí contivesse ervas ou coisas vegetais, próprias para rituais,
“O que mais me admirou e agradou, foram o respeito e a gravidade dos monges - pois, nem sequer
ousaram levantar os olhos daquilo que estavam fazendo.
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“Acima de tudo, no céu azul pálido, apareceu a Jóia de Swamiji; debaixo, dois ramos de louro enlaçados -
nesse enlaçamento dos ramos - o volante do JIPE se fazia bem visível; acima, acima de uma Coroa.
“Fiquei muito intrigada, quando, quando já nas notas, vi adiante do Altar um esqueleto humano. - Sarah.”

Bem, Carolei, acho que não é preciso ser "bruxo" para perceber ali: a
mudança, na exata paisagem e condições em que ficamos ao chegar ao novo
acampamento; as novas possibilidades de labor e a modalidade que seria a melhor
(silêncio, respeito, gravidade); o aviso de que Gnomos viriam conosco; e, além da
jornada "gloriosa" para o Jipe (e foi, de fato, uma viagem de 10 dias, bem difícil!) o
anuncio do fim da Cruzada, pois, dias mais tarde, o volante foi mudado nesse
simbolismo. Mas, isso é outra história,
4º) - Em l7 de março, ninguém sabia, no Monastério, onde andávamos, mas,
estávamos em São Paulo, como o Thoth Sacerdote, e nos reunindo com dois
representantes do Grupo de Lajes e, um deles, o “Fidelis", contando-nos dois
milagres, que o MEM fizera acontecer com ele, e que, punha à nossa disposição, em
usufruto: uns 35 hectares de terras e uma casa mobiliada, etc...

Fig 46

V. 8 – “O Sorriso do Muito Excelso MESTRE, é o motivo de sua Vida.”

- Ora, Carolei, nesse mesmo dia, no Monastério, e não obstante a atmosfera


bastante desarmônica que lá pairava, a Monja Sarah era agraciada com mais uma
visão. Ei-la:

Comentário da Vidente - e da visão: Ela teve, antes da visão ilustrada na pagina precedente, outra,
magnífica com anjinhos voando em torno da jóia e mostrando como O MESTRE e os que LHE servem, avançam
sempre incólumes e decididos...
Quanto a visão da figura V. 8, traz o texto seguinte: Alem desse campo de destroços (lado esquerdo.
abaixo) floresce outro, cheio de Sol, e a vida e uma seqüência cheia de experiências... - Observe-se, ainda, isto:
O contorno do símbolo apresenta-se como um crivo finíssimo, de cor branca azulada; (Carolei: a cor da
espiritualidade sutil e mansa).
- O casa rio (favo) de abelhas - indicando o labor (unido e egregórico) - é de cor dourado-ouro, muito
formoso...
- Do Cardo da base do Coração, saem chamas de fogo: o Cardo é o emblema especial do labor essênio,
humilde, decidido, etc... (ver "Yo que caminé...” ).
- Da parte superior deste Coração, e formando triângulo com as extremidades da balança, vêem-se o
Lírio, o Loto e a Rosa (Carolei: A ROSA BRANCA, do Muito Excelso Mestre, esta sobre o FIEL DA RALANÇA).
Ela, ou seja: ELE, é o fiel e os dois mudos da procura de pureza ou superação devem ser feitos: com o fogo do
Cardo, dentro do Coração (que agora abrange todo o, campo da Jóia!).
- Por cima deste símbolo, esta a Rosa Sorridente do Muito, Excelso, MESTRE, e, embaixo, dos dois
campos: um destruído e o outro verdejante e cheio de vida e de Sol! (Monja Sarah, Visão de 17 de março de
1958.)
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5º) - Nem todos, no Monastério, Carolei, eram pessoas que não levassem as
cousas a sério. O casal peregrino-peregrina, do qual já falei, embora instável às
vezes em seus estados, era de uma sinceridade provada, não só pelo seu sacrifício
material (investiram lá perto de meio milhão), como pelas etapas de meses de
continência, e pelas experiências tenazmente seguidas, das quais nos dava
minuciosa conta. Ora, mostraram a Peregrino, quando ainda nem se falava em
nossa saída definitiva, um letreiro grande "LAJES"... e bastante difícil me foi: não
confirmar, nem negar. Ainda não devia.
6.º) - O "Grupo de Lajes", a que aludi, formara-se desde que, no dia de Santa
Catarina, (25 de novembro de 1952) chegamos a Lajes, com a Cruzada, lá
permanecendo cinco dias. Posteriormente, estivemos outras vezes, fazendo também
conferências e visitando Discípulos. Trata-se, aliás, de um Grupo de amigos, que o
são; socialmente, idealmente, desde o incido do caminho quase todos vêm da
formação kardecista, desse kardecismo brasileiro, que tem o coração por base. A
doutrina do Muito Excelso Mestre foi, pois, direito aos que já estavam maduros, para
uma etapa independente da parte espírita propriamente dita. E, possivelmente, na
nossa opinião, uma grande parte do enorme apoio, que o MEM, tem dado a esse
Grupo (em curas e outros fatos..), bem como a Sua decisão, ele nos mandar para lá,
provém do sacrifício e da fidelidade, com que os outros componentes desse Grupo,
semanalmente reunidos durante seis anos, e unidos nos outros dias, num labor
silencioso e útil, em todos os setores, inclusive em três ou quatro que atacavam a
nós, ou a doutrina do MEM, deram assim prova de "saber o que queriam".

ORAÇAO PARA ABRIR O DIA

Reverentemente, saudamos ao SENHOR!...


E saudamos, de coração,
A todos os Avataras, Mestres de Compaixão, e Instrutores,
De todos os Raios, Tempos e Lugares!..."

Especialmente, ao Muito Excelso Mestre PHILIPPE (Amós)


E a todos os Mestres, do Oriente e Ocidente,
Que junto com Ele orientam o Plano desta época.

E saudamos a todos os Anjos do Senhor!


Aos que cuidam das Crianças, e de nós, Adultos;
Especialmente ao Grande Anjo de Amor e de Justiça,
Que cobre todo "O Labor Amo-Pax",
E a todos os Seres dos Elementos, especialmente os desta região.
http://amopax.org 256

E a toda essa Jerarquia de Seres e de Forças,


Agradecemos toda a Direção, Proteção ou Ajuda,
Constantemente recebidas, por cada um de nós,
Até este instante, em que, ABRINDO este formoso dia.
Dedicado ao Serviço Coletivo e ao labor interior,
Tornamos a pedir essa mesma Direção, Proteção e Ajuda,
Para nós, e para todos aqueles que a necessitem.
Para o corpo, alma ou mente! Especialmente por...

E pedimos Amor e Paz, por grandes e pequenos,


Amigos e inimigos, Discípulos e Benfeitores,
E por todos residentes, presentes, ausentes e futuros,
do Monastério AMO-PAX, desejando Profundamente
Que realizem alguma coisa na vida essencial ou na Sarva Ioga.

E pedimos: que se cumpra todas a missões


de todas as Igrejas, Fraternidade e Movimentos construtivos,
Especialmente do Rearmamento Moral, de Pax-Christi,
Da República dos Cidadãos do Mundo, da Legião da Boa Vontade.
E outros análogos, que podem ser sentidos.
E compreendidos por muita gente, ajudando assim
A trazer um pouco de vida moral e espiritual,
Neste país, neste continente e por toda parte!

Com. 125 - Com exceção do nome "Amós", em lugar de Amo, esta era a
versão abreviada da Oração da manhã, no Monastério. Meditar sua amplidão será
oportuno... - Os comentários desta versão, e a extensa, estão na já citada
publicação.

"ALBA LUCIS"

Com. 126 - Como já disse - a pág. 216, no Comentário 119 -, o Alba Lucis
surgira, antes do Monastério, como uma semente de mais lento crescimento.
Provavelmente, tanto nós mesmos, como aqueles que pudessem vir conosco, ou se
unir ao labor nesta fase toda especial, devíamos todos passar por certas
preparações, principalmente compostas por: dor, tenacidade e entrega.
O Alba Lucis, como foi amplamente divulgado na época respectiva, nasceu
quando, em Belo Horizonte, na Ermida estacionada no Abrigo Jesus, recebi em
meditação a "Última Oração". A imprensa e as radio difusoras mineiras, divulgaram e
comentaram amplamente, naquele mês de março de 1953, esse Alerta, esse grito
de angústia! Reproduzimo-la, na página seguinte, tal como ela foi impressa por nós,
e reproduzi da aos milhares, por corações generosos, que leram e sentiram o apelo,
que consta ao pé da mesma, e que reiteramos a Você, Carolei!
http://amopax.org 257

Efetivamente, se percorre, com serenidade, o passado do próprio Monastério e


das atividades externas, chega-se a conclusão de que a utilidade coletiva maior, e
principalmente em relação à Via Essênia, foi composta pelos atos da Cruzada,
inicialmente; e, mais tarde, pelas campanhas e iniciativas, que o Alba Lucis tomou,
em sua primeira fase, e que vamos resumir em uma "História" sintética, apenas para
registro histórico e para que Você, Carolei, medite em quão difícil é, sacudir a
indiferença. humana!
Mas, como o Muito Excelso Mestre insiste em que “deve-se agir, mesmo
quando parece inútil, etc..." é claro que o Alba Lucis terá que ter essa tônica , nos
dois modos: o da passível ação externa (Movimento ALBA LUCIS), e o da
preparação interior mais profunda, dos que podem ser os Ajudantes Íntimos, ou
Sucessores, assim como a transmissão (Retiro Alba Lucis). Ambas as facetas estão
com base em Lajes, como diremos logo.
Antes, cumpre expor a primeira fase do Alba Lucis, que, por eu lhe ter dado
uma tendência excessivamente: gandhista, oriental e exigente, não teve suficiente
volume de adesões para, como movimento, tornar-se realmente eficiente. Ver-se-á
que, assim mesmo, realizou alguma cousa. Modificado, agora, espera-se que possa
ser mais útil; aos Anjos, aos Mestres e aos Semelhantes.

ULTIMA ORAÇÃO!
A Jerarquia espiritual Terrestre,
Já comunicou o terrível decreto:
O castigo atômico vem concreto,
Por havermos renegado ao Mestre!

E todos somos culpados desta sorte:


Nosso egoísmo e indiferença
Nossos ódios, vícios, mentira, descrença,
Gerou violência, miséria, MORTE!

Até o Trágico Mundial Momento,


De supremo terror e total confusão,
Despertemos da material ilusão!
Oremos com real arrependimento:

Limitai Senhor, Nessa Via-Crúcis,


A dor e morte desta Humanidade!
Que alguns filhos Vossos, por Caridade,
Sobrevivam para ver "ALBA LUCIS"!
http://amopax.org 258

Esta oração não tem credo definido. Ela foi dada, misticamente, no dia 27-3-
1953, no Brasil, após ter sido confirmado, no dia anterior, que: O CASTIGO
ATÓMICO E INEVITAVEL! Orai pela LIMITAÇAO DA DOR
(Sri Sevânanda Swami)

PEDE-SE IMPRIMIR MILHARES DESTA ORAÇAO, em papel leve, se possível


de cor celeste, e distribuir em todos os ambientes possíveis, meter dentro de
edições de jornais e revistas, reproduzir e divulgar amplamente!

H. 20 - Resumo sobre o ALBA LUCIS  primeira fase

1. – Achando-se esgotada a edição do grande folheto ilustrado: "Alba Lucis", que fora publicado em 1954,
reproduzimos o essencial da excelente síntese que a conhecida escritora brasileira, Sra. Diocólmata Berlese de
Matos Dourado, membro fundador da academia Rio-grandense de Letras, escreve em outubro de 1955, em
“AOR”, a boa revista que o Dr. Antônio Pereira Júnior, publica em Porto Alegre:
"ALBA LUCIS, ou Aurora ou Dealbar da Luz Espiritual, é um movimento místico espiritual, destinado a
influir nos setores policiais, políticos, cultural, moral e religiosos da sociedade atual, tão abaladas pelas
condições sísmicas da Nova Era que se aproximava ameaçando as velhas e corruptas instituições, eivadas de
egolatria e utilitários.
... Não se acha ligado a nenhuma seita, partido, igreja, escola filosófica, Isto o torna eminentemente
independente e realizador, e torna sua atividade pratica prática extraordinariamente intensiva e extensiva. –
Põem o individuo em duas alternativas; ou colabora para soerguer as forças que determinarão o alevantamento
da raça para o Terceiro Milênio, ou se nega peremptoriamente, e DEVE RECONHECER tal conjuntura perante
sua consciência.
E um movimento, isto sim que visa reunir todas as falanges capazes, em moralidade e elevação, para
formar uma América coesa e unida, liberta de todos os males, geradores do egoísmo e da indiferença,
propulsores das atuais desesperadoras condições em toda a Terra.
Em sua Cruzada de Vida Espiritual, S. Sevânanda S., pregou inúmeras vezes a necessidade de se
purificar o indivíduo, "um por um", dizendo que "A Paz Mundial é uma operação de santa. Daí, ALBA LUCIS
invadir todas as esferas de ação humana, porque neste Continente existe, falando de modo geral:
Confusão: na vida espiritual de cada Ser adulto; a confusão resultante, na educação dos filhos; a conduta
errada, no lar e fora dele; a confusão nos setores comercial, industrial, artístico e devocional; e, confusão em
matéria política; nacional, continental mundial.
Em suas milhares de Conferências em recintos públicos, S. Sevânanda verificou que há muita gente
desejosa de ser boa, pura, melhorar os padrões de vida moral e interna, ser mais Cristã. ALBA LUCIS, é um
conjunto de métodos, que ensina por onde começar para atingir o fim colimado.
Partindo de "dentro para fora”, Alba Lucis preconiza: Compromisso individual para colaborar em Alba
Lucis; organização por bairros, cidades, estados, países. Organização financeira. Ação do Alba Lucis: nos Lares;
nos meios devocionais; nos meios científicos; nos meio filosóficos; nos meios artísticos; nos meios agrícolas e
coloniais; nos meios governamentais.
2. - Isso foi em 1955. Desde então – e antes - os promotores do Movimento buscaram, efetivamente
modos de cumprir, com as finalidades programadas. Não obstante o pequeno número de membros (13 ao todo)
e conseqüentemente limitado ingresso de recursos mais de uma vez iniciativas ousadas - em comparação com
os meios disponíveis - foram intentadas. É possível que não deixe de ser instrutivo recapitular algumas, para sua
informação, e meditação, Carolei: e, todas as que citaremos, estão devidamente documentadas, inclusive nos
diferentes nos diferentes arquivos de países diversos, como já expliquei, comentando o como e o porquê...
a) - 1949: contacto com certa Embaixada dos Estados Unidos, avisando sobre a invasão do Tibet, sobre
urânio, etc. – Resultado visível: nulo.
b) - Aviso prévio a um governante latino-americano, de atentado a ser perpetrado contra ele (e o houve),
bem como de uma revolução em país vizinho (e deu-se). - Resultado visível: nulo.
c) - Missão à Argentina (custo: 26 mil cruzeiros); entrevista de duas horas, em setembro de 1954, com o
Secretário de Cultos; Perón interessado em procurar atrair (após o desastroso resultado das revelações, no
Parlamento brasileiro, das manobras conjuntas - com alguns políticos daqui - para formação da Terceira força:
Justicialista e Antiamericana) ao setor "espiritualista" que soma onze milhões de votos, no Brasil. Não obstante a
nossa demonstração, do fracasso de suas tentativas de promover revoluções na França e na Itália (e lhe citamos
nomes e somas despendidas...), nada obtivemos em nosso esforço por influir em que seu governo se
aproximasse da posição América Unida (as TRÊS Américas) e mostrando-lhe que o futuro é: uma Aliança Latina
http://amopax.org 259

forte, colaborando franca e lealmente com os Estados "Unidos, cujo papel, por algumas dezenas de anos, será
ajudar a conservar o acervo da "civilização" cristã ocidental.
d) - Conseguimos demonstrar a certos "exilados paraguaios" - diplomatas - a inutilidade de "montar mais
revolução" no seu país, apoiados em dinheiro e armas oferecidos por Perón. (Uma, das poucas iniciativas bem
sucedidas...)
e) - Tendo estudado, astrologicamente, a situação e futuro de Getúlio Vargas, procuramos salvar a sua
rida. As tentativas fracassaram, porque os intermediários (um Deputado e um "correio pessoal"' de Vargas), não
conseguindo saber, de nós, o que era, exatamente, que devíamos lhe expor não se esforçaram a tempo. Getúlio
é afastado do poder - por morte, como todos sabem - com um dia de diferença da data que indicaremos muitos
meses.
f) - 1056: Campanha intensa e realista, por congregar nas Igrejas, Instituições espiritualistas de diferente
denominações, etc., em torno da Legião da Boa Vontade, que desejava Criar o CONSELHO DA BOA
VONTADE, para administrar o que, hoje, criticam que Alziro Zarur oriente de modo excessivamente pessoal:
depois de o terem deixado só, e ainda, combatendo, por todos os meios de sua iniciativa que é, sem duvida
alguma, a que mais adequadamente se ajusta ao SENTIR da massa religiosa do povo brasileiro..., que mais
podiam esperar!? - Resultado visível, e publicado em circular: 92% de indiferentes, nas instituições, por tudo
quanto for "trabalhar em certo grau de coordenação mesmo respeitada a autonomia administrativa e doutrinaria
de cada um"! E, com isso, querem ajudar a salvar ao Mundo!, "
g) – 1956: Lançamos a treze pessoas do monastério (e ISSO e um dos atos úteis, coletivamente falando,
que o monastério TEM no seu credito, no plano da balança moral.) naquela alerta sobre o perigo da Radiação
atômica e da realidade dos discos voador extraterrenos. Resultado visível: bastante bom. Custo: mais de 150 mil
cruzeiros. – resultados detalhados, inclusive o apelo que, OFICIALMENTE, a Organização das Entidades Não-
Governamentais do Brasil fez encaminhar nos sentidos apontados, ao conselho de segurança das NAÇÕES
UNIDAS. Tudo isso, publicado e documentado, na coleção da época, do “correio interplanetário”, que sucedera
ao Boletim Amo-Pax, e que era impresso (3.000 exemplares) pela “Associação Mundialista Interplanetária”,
seção do Brasil, que durante dois anos teve sua sede no Rio, na rua da Quitanda, 30, sala 612. – Hoje a cede e
em Belo Horizonte, sob a presidência do professor Oséas Dompteur Marques. Rua Igai, n. 693, Vila Santa Rita.
h) tentativa de iniciar um momento de maior intercâmbio e união; na Europa, entre certos setores do
espiritualismo; resultado visível: pobre.
i) – Suspensão das atividades do Movimento ALBA LUCIS, no que se refere à modalidade da PRIMEIRA
FASE, e procurando encaminhar seus (então); Membros, para ns diferentes Comunidades - no Brasil - da.
REPUBLICA DOS CIDADÃOS DO MUNDO, por julgar essa modalidade: mais impessoal, mais ampla, mais
LIVRE e não tão diretamente ligada (na mente do público) a nós, nem as nossas demais atividades. É cedo,
ainda, para opinar sobre este tema. Vê-lo-emos separadamente.

Com. 127 - Assim, Carolei, após os complexos preparativos, que no Rio


exigiram onerosa liquidação da sede da AMI; remoção de móveis, arquivos, edições,
etc. para Lajes, as diferentes Instituições como a escola (A.M.O.), e a própria Sede
do Movimento ALBA LUCIS, para suas atividades externas, editoriais inclusive,
ficava num local da cidade de LAJES. - O futuro dirá se os seres e as circunstâncias
externas levarão - a nós e, ou, aos nossos Colaboradores, a desenvolver mais: o
ALERTA ante o que “Vem aí", e tal se nos afigura ser, fundamentalmente, a missão
do Alba Lucis; ou se, pelo contrário, a indiferença humana da massa, e a falta de
Fig 47

V. 9 – A Monja Sarah estava (em férias) em LAJES, em 24 de junho de 1957, e


ligando-a mim, mostraram-lhe este símbolo que parece indicar que quando viéssemos para LAJES a modalidade
evidenciada encaparia tudo: o motivo central: O LABARO Gnóstico, rodeado por um Escudo, formada por uma
corrente sustentada pelos bicos de Cinco Águias colocadas entre os braços da Estrela de Cinco Pontas (cuja
relação com o MEM PHILIPPE veremos adiante). O Circulo (laço Universal) e Corda (laço no plano humano)
devidamente entrelaçados...

Fig 48
http://amopax.org 260

V. 10 – (Visão de 11 de janeiro de l957) relativa ao MESTRE CEDAIOR, cujo Anel pessoal, é usado pela M.
Sádhanâ a quem dedico esta Visão, por achar que constitui um lacônico comentário do que ela é, e que o texto
percebido por Sarah diz: " ... Aquele que está firme no caminho não se deixa levar por cousas vãs"... e, "um
coração humano pulsante, cravado por um punhal a um velho tronco, no meio de um bosque de pinheiros... e,
como era estranho, naquele antigo tronco, apoiado sobre duas raízes ... "

real entrega (material, física e moral) dos poucos que poderiam compreender e
sentir a gravidade da hora amarga que se aproxima ficar, impotentes e limitados a
divulgação pelos textos, neste Retiro, ou se, numa derradeira tentativa de nos,
utilizar, mais intensa e utilmente, nos enviarão para a missão mortal”.
Não creio ser necessário, Carolei, dizer que, para Mãezinha e para mim, é
totalmente igual. Nós, só estamos como militares que somos isto é Cavalheiros,
apenas "em disponibilidade", sem reservas, e sem condições. Assim, viraremos a
pagina, e olharemos um pouco o aspecto místico que, se não resolve o que os
humanos TEM que fazer, pelo menos lembrar-lhes que: os Anjos e mais Seres que
CUMPREM BEM com a Sua Vontade, estão sempre ajudando e protegendo...
Amén.
O Retiro Alba Lucis. - Com. 128. - Como está pormenorizado no "Boletim Alma
Lucis", a viagem da Caravana de íntimos, feita na época de chuvas, foi bastante
arriscada, dada à dificuldade de a Ermida percorrer, nessas condições, os 1.300
quilômetros, de Resende a Lajes. Viajava, além de sua velha placa do Rio, com a
Licença N. 23. Via-se, em muitos detalhes assim, como a tônica do Muito Excelso
Mestre, que tem por apoio indiscutível e principal, entre nós, o Coração entregue e
amoroso de Sádhanâ ia afastando os outros aspectos. É provável que a divulgação
do Livro vá ajudar tanto aos nossos Colaboradores, Discípulos e Amigos, como a
Você mesmo, Carolei, a sentir a parte profunda do Seu Ensinamento...
Creio, sinceramente, que a comparação das visões, isto é, do que se vê no
plano físico, e do que acontece no outro, possivelmente seja a melhor, quase
certamente a única, indicação que eu possa e deva brindar-lhe, antes de fechar este
volume, para iniciar os outros, nos quais, somente, os ensinamentos do M.
PHILIPPE lhe darão a prova da realidade de muitas, das causas que neste se
adiantaram: tanto sobre Anjos e Mestres, como sobre os Seres da Natureza; e,
também sobre as necessidades e oportunidades de procurar fazer alguma coisa,
para ajudar a melhorar o que, em cada instante sucessivo, a Humanidade, da qual
somos células responsáveis, vai merecendo... Assim, examinaremos as Visões, os
textos de quem viu e, os poucos comentários que for oportuno acrescentar ...
http://amopax.org 261

Com. 129 - Como, na Cerimônia de fundação, as "notas" que cada pessoa


presente deu (ou ficou de dar) se acham muito bem expressadas pela de Sarah que,
além disso, contêm muito mais, já que lhe foi permitido ver, e até muito acima da sua
habitual percepção, iremos seguir suas próprias anotações, que o seu talento de
desenhista lhe permite ilustrar tão fielmente! Diz assim;
Fig 49

F. 33- (foto tirada por Sádhanâ) – Cerimonial de Fundação do Retiro Alba Lucis. Sevânanda, com as Insígnias e
o Cetro, da S.I. Martinista, invoca os Anjos e os Mestres, antes de plantar o Jasmim (que estava junto ao Abrigo
da Ermida, em Resende). Repare-se, além da real devoção dos presentes, na espontânea entrega da menina
Ângela Maria – filha de Discípulos presentes – que sente a força que lhe desce as mãos.

"Domingo 1 de junho, inauguração do Retiro "ALBA LUCIS" - Vivência da


Monja Sarah - Em forte estado devocional, com contrações no plexo solar, e, a Voz
de Swamiji ouvida como se saísse do "âmago redivivo" de profunda e secular
caverna.
"Antes de surgir à visão, a imagem de Swamiji se transformou num óvalo
imenso e dourado, as "palavras ditas por ele formavam
Fig 50

V. 11 - Até os Gnomos arrumam as malas!... (É o inicio do texto da Vidente, que prossegue assim: "Ainda o dia
Vinte e Dois... pois, no trabalho egregórico (oração que Sarah e mais duas pessoas faziam para ajudar) tive a
visão de um Grupo de Gnomos - no bambuzal - arrumando seus pertences e roupas, e preparando as malas. E
este formoso Gnominho permanece, pacientemente, sentadinho ao lado da ERMIDA, com a sua malinha já
pronta", - (Sarah, 22 de abril de 1958: 10 dias antes de avisarmos a partida.)

vibrações onduladas e coloridas, circulando em enormes círculos e perdendo-se no


infinito.
Tais vibrações tinham as mesmas cores do Anel Vibratório do Anjo Azul (da
Ermida), ou seja: lilás, carmim, ouro, azul-celeste, azul-cobalto, laranja e verde-claro.

***

Visão de SERES: l.º) - O Anjo Azul sobre a Ermida, envolvida, como sempre,
em magnífica nebulosa azul-celeste pontilhada de diminutos e inúmero pontinhos de
luzes douradas. - Um diadema de Brancas Flores ornava seus belíssimos cabelos
dourados que terminavam em cachos azuis-claros.
Da fronte se irradiavam para o Alto dois fachos de luz dourada e um terceiro
que se projetava diretamente do Coronário.
http://amopax.org 262

Das palmas de suas Mãos, desciam Projeções de luz que envolviam


completamente a Ermida; Asas Azuis de penas brilhantes circundadas por luz
dourada. Era MAGNIFICO tanto como forma como suavidade de movimentos, e,
encantador de gestos.
Eu diria que pelos três fechos de luz da sua cabeça, - recebia Ele as projeções
do ALTO e as retransmitia através os plexos palmares.

***

2.º) – Reunião em circulo de inúmeros Gnomos e Gnominhas. Fadinhas da terra e do


ar e os mais variados tipos de seres da Natureza menores, sutis e transparentes.
Primeiramente grande festa e alegre expansão entre eles; ao apresentarem-se, porém, os
outros SERES, concentraram-se e permaneceram quietos até o final da Cerimônia.

***

3.º) – Surgiram os seres da mesma vivencia com referência ao venerabilíssimo


e Sagrado Ancião AMOS, na caverna submarina!:
A) – Um Sacerdote vinha a frente, com manto roxo carmim sobre túnica Branca
e larga faixa a cintura; uma coroa dourada tendo na frente o emblema (martinista)
rodeado por 10 estrelas de 5 pontas. Estranho brilho emanava do centro do
emblema, provindo de formosa rubi.

***

B) – O 2.º Ser, igualmente de túnica branca, porem solta, trazia sobre os


ombros uma curta “capa” de cor carmim. Estava Ele encarregado do Estandarte que,
desta vez, diferia do outro, em fazenda brilhante branca com, apenas desta vez, a
palavra Sagrada AMOSS, em cor ouro fulgurante e irradiando luz própria.
C) – Diversos outros seres, usando simplesmente, túnicas brancas e soltas,
acompanhavam a cerimônia com cânticos sacros e trazendo luzes.
Com exceção dos dois primeiros, formavam estes, um circulo de 32 ao todo.
(Curioso pormenor: os humanos, também eram 32.)
D) – Ao ter inicio o Transcendental Cerimonial, o Sacerdote, depositou, então,
na cova preparada para receber o “jasmineiro”, uma antiga Pagina de Pergaminho
(trazida da mesma caverna submarina), a qual sobre esta uma Pedra triangular de
cor cinza.
http://amopax.org 263

E) – Permaneceram durante algum tempo mais, em profunda concentração e


depois esfumaçaram-se curiosamente (digo assim, porque não sei explicar o
instantâneo desaparecimento).
Fig 51

V 12  O Anjo Azul da Ermida

Fig 52

V. 13 – Consagração Superior da Fundação do Retiro Alba Lucis.

F) – Foi então que os pequeninos Seres da Natureza, fadinhas e Gnomos,


misturaram seus risos e alegria, numa verdadeira “algazarra”, dançando, batendo
palmas e cantando.

***

Na Benção Expectante realizada logo após, vi o etérico do Jasmineiro em cor verde-


claro-brilhante, e sobre ele o símbolo crístico PAX, luminoso. Este símbolo era visto tanto
sobre a planta como no Templo improvisado – à frente da Imagem do SENHOR.

(Sarah, Sacerdotisa Expectante)

***

Com. 130 – E agora, Carolei, terminarei de lhe dar, neste volume, tudo quanto
temos para oferecer: a nossa profunda convicção sobre a necessidade de trabalhar,
pela União dos Crentes, que, sem duvida nenhuma, é chave mestra para a união
dos povos. Gostaria que Você meditasse nisso. E resolvesse fazer o que estiver em
seu poder, pois que todos e cada um têm condições para colaborar. – Gostaria,
também, que meditasse na faixa, com tantos símbolos, de tantas crenças, que este
estranho SERAFIM ALBA LUCIS, que vem ajudar a todos que procuram preparar-se
para auxiliar na hora amarga, conduz. Contemple, com freqüência, este Luminoso
Anjo! Ele lhe dará inspiração e proteção.
E, certamente também, os comentários de Sarah, que o viu (como eu e outros
viram também) estimulação do seu sentir, Carolei!...
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Meditação de 12 de junho de 1958, Retiro Alba Lucis – Leitura de trechos da


Imitação de Cristo – horário das 17 às 18 horas - ...Do centro de enorme clarão, a
visão do Anjo surgiu produzindo o efeito de uma e envolvendo-me em calor,
mansidão e paz...
Era como se seu hálito me invadisse todo o anahata, e o coronário a
transforma-se um uma substancia muito mais sutil que o ar ao penetrar nos pulmões
e em todo o corpo.
Parecia possuir um coração enorme, que este só seria maior que o meu próprio
corpo.
Sensação de flutuação, de ser feliz e estar longe do mundo. Senti que este
Anjo viera lançar uma nova ponte entre o invisível e o visível; entre o Céu e a Terra.
Este mesmo Anjo alumiava esta ponte, por inúmeros pontinhos dourados, - como
estrelinhas enfileiradas
É o Anjo mais estranho e belo que já vi,pois, possui três pares de Asas:
o 3.º - na esplendida cabeça, unidas a fronte por uma Flor de Lis.
o 2.º - as costas.
o 1.º - não são Asas douradas, mas, sutis e de cor azulada; estas estão
localizadas na parte baixa do tronco e, vistas através a vestimenta.
Seu pé esquerdo pousa, calca e afirma-se sobre uma serpente, de colorido
aproximando ao das Asas. Está enrolada em forma de espiral, dando três voltas ou
anéis.
O fogo do espírito jorrando de sua estranhas, lança fora uma chamarada
ardente que se transforma em faixa dourada com diversos símbolos gravados.
TUDO é silencio, porém, ainda ouço o suave farfalhar de suas asas. SUBIR
deve ser o seu cântico.
Em mim reside, no entanto, o estado de paz, profundidade, e mansidão no
coração...
(Sarah)

Fig 53

V. 14 – O Luminoso Serafim Alba Lucis... (Visão e desenho de Sarah, 12-06-1958)


http://amopax.org 265

Que a Meditação deste Volume, Carolei,


possa preparar sua Mente e seu Coração,
para receber o influxo do Ensinamento do
Muito Excelso Mestre, são os votos do
seu Amigo,

Sevânanda.

(10 de outubro de 1958)

EPITAFIOS(1)

- 3-

Heine! Dizem que cairei no mar;


Que bom! Quiçá possa, nesse esquife-mor,
Caber: a dor toda, e todo o amor,
Que não quis, ou pode na Terra derramar!

-2-

Corpo, porque desejavas com a morte,


Abreviar esforço que não t´esgotara?
Carregando, para novo avatara,
A comum cruz que nos tocará em sorte!

-1-

Corpo, alma, calma! Só vos pedi ação!


Se, de não agir se trata, essa parte,
Deixai, é minha essência e arte!
Vos pedi agir: morreste de reação.

(1)
 Esse “triptico epitáfico”, como certamente o denominaria o autor, foi escrito em previsão da “missão
mortal”... Consta, ainda, haver uma versão francesa, pelo menos do primeiro, isto é, do terceiro:
Heine! On Dit que je tomberai em Mer;
Três bien: car il tiendra, em ce geant cercucil,
Tout que répandre nái pu, ou voulu – orgueil?
Sur Terre, de mon Amour, ma Douleur, ou d´Amer.
(Novo Intermezzo – SSS.)
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ÍNDICE DO SEGUNDO VOLUME

(Nota: o I Volume traz o tipo de índice adotado pelo autor do


mesmo, Dr. Philippe ENCAUSSE, na França. Os três volumes
seguintes, de autoria de Sri Sevânanda Swami, seguem um
sistema que foi achado preferível, pela complexidade dos temas
e da ilustração.)

LONGA PALESTRA COM CAROLEI

SEGUNDA PALESTRA COM CAROLEI

VINDA E INFÂNCIA DO MESTRE: A Encarnação do Eleito  A Busca dos Pais  O lugar e o Nascimento 
Horóscopo  A Primeira Infância  LYON  (Com. 1 a 9)  Ilustrações: A Grande Montanha Branca 
O Anjo Amo-Pax  Casa natalícia do MEM  Seu “Tema Astrológico”

A JUVENTUDE: Diversas Ressurreições  Histórias: 1: A Primeira Ressurreição feita por Jesus  (Com. 10 a
23)  Ilustração: Símbolo dos Íntimos

A MOCIDADE: Curadores e Magnetizadores  Cromoterapia  Macrobiótica  Curar Perdoando...  Anos de


Faculdade e Diplomas de Médico  (Com. 24 a 34  Ilustração: M. PHILIPPE em 1877

O PAI DOS POBRES: Peregrinação a l’Arbresle  O Clos LANDAR  Os Íntimos do Mestre  Os Irmãos do
Mestre  Sua Esposa  Seus Filhos  Berthe MATHONET  Jean CHAPAS, o Sucessor direto 
Christian de MIOMANDRE  Marc HAVEN (Dr. Lalande)  A mística MARIE E. LALANDE  O Herdeiro
Direto: Philippe MARSHALL (Com. 35 a 59)  História: 2: As moedas de ouro, não contadas 
Ilustrações: 6 fotos de l’Arbresle e do Clos LANDAR; Terraço, Lago e O SORRISO DO MESTRE  Marc
Haven  Philippe MARSHALL e Marie Dosne  Louise Marshall  Christian de MIOMANDRE (fac-
símile de carta e endereços...)

O PROTETOR DOS GRANDES: O Passado Alheio  Outros Poderes Dele  Sua Vida Secreta  O MEM, os
Ocultistas e as Ordens  “AMO”  Essênios, Gnósticos, Templários e Rosa-cruzes  A Ordem
Kabbalística da Rosa-Cruz  A Corrente CRISTÃ  O MEM e o MARTINISMO  ... e o meu Mestre
CEDAIOR  Sua Morte  As Perseguições ao MEM  ... e PAPUS e o “seu” MARTINISMO  ... e
SÉDIR  Emile BESSON  Maurice de MIOMANDRE  CHAMUEL  Jean BRICAUD  BARLET 
(Com. 60 a 112)  Histórias: 3: O MEM intervém na minha vida...; 4: Duas Experiências na Loja
Hermanubis  Mudam um etérico do Monastério; 5: “Que Maior Poder!”: uma projeção de partes do
Poder do M. PHILIPPE; 6: Identificação Mental com os Mestres  Ilustrações: Quadro Geral da
TRADIÇÃO, de 84 séculos  O Cavalheiro Van PAAR  Mestres CEDAIOR, APOLÔNIO E PEREGRINA
 Três Lágrimas do M. CEDAIOR  Sarah e seu etérico  PAPUS  SEU TÚMULO  “O ANJO
CÓSMICO, disfarçado de Burguês!”  O MEM, Lalande, Sédir e Papus  Émile Besson  Ioga em 1924
 e Magia em 1931 (eu)

O MEM e... eu: Curas milagrosas  A A. M. O.  a Cruzada de Vida Espiritual  O Monastério AMO-PAX 
Premonições... do Cachorro  Monastério Essênio e de Sarva Ioga  A Via Mental de Sarva Ioga  A
Igreja Expectante  O Instituto Juvenil de Ioga  O MEM e a VIA ESSÊNIA no Monastério  Oração
para abrir o dia  O “ALBA LUCIS”  A “Última Oração” O Retiro Alba Lucis  (Com. 112 a 129) 
Histórias: 7: Consultas no GIDEE; 8: Câncer, Roleta e Ingratidão; 9: Parto pré-visto de “Myriam”-159; 10:
Bofetadas, Bifes e burla à polícia...; 11: Três casos de castigos físicos; 12: Fenômenos diversos e Testes;
13: Avisos sobre uma entrega fracassada; 14: Simbolismo vivo, Cavalos, Cachorros e Águias; 15:
Samsaradevi estuda para “cega”; 16: O Guia Árabe e sua Vidente; 17: A Viagem São Paulo  Resende
 Rio; 18: O Zen; 19: Visão do futuro Retiro ALBA LUCIS; 20: Resumo sobre o ALBA LUCIS (missões
político-sociais e outras...)  Ilustrações: Sevânanda, Patriarca da Igreja Expectante  Swami
Sarvânanda  A meditação do Buddha Cósmico  O Lama dos Três Sóis  Uma residente com sua
aura irada  Mãesinha Sádhanâ  A Capelinha do Muito Excelso Mestre  Jipe e Ermida, no Êxodo 
O Sorriso do MEM  O Escudo do Labor  O Coração do M. Cedaior e de Sádhanâ  Até os Gnomos
arrumam as malas!  Cerimônias de Fundação do Retiro Alba Lucis  Ilustrações a cores O Anjo Azul
da Ermida  Consagração Superior da Fundação do Retiro  O Luminoso SERAFIM ALBA LUCIS
http://amopax.org 267

Fig 54 - Contracapa

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