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Primavera 2017
grátis R$0
Uma pausa
café
para o
Conheça a delicadeza
das cafeterias com
toque oriental
Feira da
Liberdade
Negócios em
família carregam
as tradições da
comida de rua
LADO B DA
CULINÁRIA
JAPONESA
O resgate da
cozinha popular
do Japão
+ RECEITA: GELATO DE MATCHA + A ARQUITETURA DE NAOKI OTAKE
3
A
nova edição da ! chega com uma pro-
#APERITIVO posta de refletir sobre a culinária e as suas origens.
Na pausa para o café, um resgate à história da imi-
gração japonesa no Brasil lembra a importância do
café na cultura oriental. Com doces de vitrine irresistíveis e
grãos especiais, os cafés estão muito além da xícara. Para esta
reportagem, visitamos o Imi Café e o Moti Moti Cake Shop.
Não deixe de conferir também a reportagem de Jo Takahashi
sobre a onda do “bikyu ryori” no Japão, no resgate ao “bom
e barato”. São delícias que representam a culinária japonesa
popular e que conquistam cada vez mais adeptos.
O tema da comida de rua também aparece na reportagem so-
bre a Feira da Liberdade e as barracas que dão continuidade
aos negócios de família no bairro oriental de São Paulo.
Por falar em negócios, vamos falar sobre oportunidades que
Fale com a gente, surgem longe dos grandes centros gastronômicos. A demanda
a ! quer ouvir você: por restaurantes orientais em Águas de Lindóia, por exemplo,
!" @hashitag :
expediente
FUNDADOR: Masakazu Shoji ADMINISTRATIVO COMUNICAÇÃO E MARKETING
DIRETORA-PRESIDENTE: Luzia Shoji Gerente: Patricia Tsuruta Gerente: Edi Carlos Rodrigues
SUPERINTENDENTE: Marina Shoji Supervisor: Felipe Malaspina Assistentes: Rodrigo Pelaes, Letícia
PUBLISHER: Júlio Moreno Assistentes: Giliarde Oliveira Hashimoto e Fernando Sena
GERENTE DE CONTEÚDO: Cassius Medauar e Alysson Andrade COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
SUPERVISOR DE CONTEÚDO: Motorista de entrega: Marcos Santos Consultor de Conteúdo: Jo Takahashi
Marcelo Del Greco Ajudante Geral: Caio Souza Fotografia: Rafael Salvador (Nikko Fotografia)
PRODUÇÃO EDITORIAL COMERCIAL Textos e Revisão de Texto:
Projeto Gráfico e Arte: Jefferson Ono Gerente: Leandro Carvalho Henrique Minatogawa
Texto: Karin Kimura e Heila Lima Supervisora: Daniele Moura
Assistentes: Daílson Almeida, Carolina % é uma publicação da Editora JBC
OPERAÇÕES
Fidelis, Natalia Santos e Lucas Nascimento R. Loefgreen, 1.291 - 7º andar,
Coordenadora de Processos Vila Mariana, São Paulo - SP, CEP 04040-031.
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e Maíra Ferreira Tel.: (11) 5904-9286
Gerente de Projetos: Alex Rossi
www.editorajbc.com.br
Assistente: Lucas Malaspina
!
4
#MENUDAEDIÇÃO
CAFETERIAS ORIENTAIS 26
10 38 BARRAQUINHAS
O LADO B DA DE FAMÍLIA
GASTRONOMIA JAPONESA NA FEIRA DA LIBERDADE
LUIS YSCAVA 05
JOJOSCOPE 06
DOIS PALITOS 08
42 PALESTRAS DO ASIAN
& SEA FOOD SHOW 16
PRIMEIROS PASSOS
NO GELATO NAOKI OTAKE:
ARQUITETURA DE
COMER 18
ADMINISTRANDO UM
RESTAURANTE
NO INTERIOR 22
46 PAPO COM ADEGÃO 33
WAGYU NO BRASIL CASAL MASTERCHEF 34
CAÇA AOS
MORANGOS
por Luis Yscava
O
Japão é um país cheio de sur-
presas, que muitas vezes acaba
trazendo modas ou costumes
que nos fazem refletir, por mais
Arquivo pessoal
simples ou complexa que seja a ideia. Uma
que aprendi num restaurante onde trabalhei
foi a proximidade e confiança que o chef de
cozinha pode ter com o produtor. Em mui- e dedicação que são depositados dia após dia
tos casos, era o próprio produtor quem fazia nelas, você pode comer à vontade! Sim, isso
!
CONEXÃO www.jojoscope.com
BRASIL-JAPÃO
S
melhoradas, e a qualidade da dieta da popula-
ushi, tempurá, soba, udon e enguia ção se eleva a padrões jamais vistos.
grelhada (unagui) são alguns dos pra- O livro traz uma análise sobre os ingredientes
tos que já existiam na era Edo (1603 e as características das cozinhas regionais, es-
– 1868), no florescer da época pré- pecialmente nas três metrópoles: Edo, Kyoto
-moderna do Japão. A antiga capital japonesa, e Osaka. Aqui a introdução das potencialida-
Edo, hoje Tokyo, vivia um momento histórico des sazonais dos ingredientes começa a mar-
inédito de paz e prosperidade, após séculos de car presença. Paralelamente, as festividades
guerras entre feudos. Foi uma paz duradoura e eventos anuais ganham contornos gastro-
que consolidou o comércio e os serviços. A nômicos, com comidas e bebidas típicas para
abertura de vias de acesso entre Edo, Kyoto cada ocasião. O desenvolvimento dos tempe-
e Osaka favoreceu o transporte de produtos ros, da logística de transporte dos insumos e
locais. Também nessa época surgiu a indús- a popularização dos métodos de preparo dos
tria dos fermentados. As primeiras destilarias alimentos, tudo colabora para que a era Edo
de saquê, as fábricas de shoyu, missô e mirim se transforme num grande marco da gastro-
começam a operar em várias cidades. O povo nomia japonesa.
Um dos capítulos de grande interesse é sobre
o surgimento dos “homens de negócios”, co-
merciantes e prestadores de serviços que co-
meçam a trafegar com intensidade pelo eixo
Kyoto-Edo e que invariavelmente recorrem
a botecos e hospedarias para se alimentar,
dando origem aos primeiros restaurantes no
Japão. Também merece destaque o fenôme-
no dos fast foods da época: barracas de sushi,
tempurá, oden e soba espalhadas a céu aberto O Japão no Brasil. JoJoScope
pela cidade. centra o foco nessa relação de
mais de cem anos. E também o
O livro passeia por pesquisas históricas, com Brasil no Japão, uma nova moda.
Com uma visão cinemascope, sua
fartas ilustrações de época, feitas em gravu- lente pode captar as artes, como a
ras ukiyo-e, verdadeiras preciosidades de re- dança, a música, as artes visuais e
até a gastronomia. Panorâmica, ela
gistro de costumes de uma época antes do ad- transita por todas as artes e por
isso já nasce admitindo seu olhar
vento da fotografia, o que torna o livro menos híbrido. JoJoScope pode mudar
de lente e analisar determinados
acadêmico e mais divertido. temas com uma visão microscópica.
Em outros momentos, com o uso
de um telescópio, JoJoScope
pode até tentar captar um fato
Gravuras de Utagawa Kuniyoshi novo no horizonte e virar um
observatório de tendências.
AGENDA DE
#LIVRO EVENTOS
Guia Prático do Saquê CASE
O livro “Guia Prático do Saquê”, de Celso Ishiy, CASE é a Conferência Anual de
Startups e Empreendedorismo,
apresenta dicas importantes para quem ainda está o maior evento para startups
aprendendo os segredos da apreciação do saquê. de toda América Latina.
DATA 26 e 27 de
Ishiy apresenta a bebida que está se popularizando cada vez
outubro de 2017
mais com os consumidores, o saquê premium. Quebrando LOCAL Centro de Eventos
tabus sobre a degustação e também do consumo, o livro Pro Magno, São Paulo
MAIS INFORMAÇÕES case.
fala das origens e vai até a harmonização, abstartups.com.br
com sugestões de pratos.
Publicado pela Editora JBC, “Guia Prático CIHAT
do Saquê” é um bom companheiro Congresso Internacional de gas-
tronomia, Hospitalidade e Turis-
para quem está iniciando uma aventura Conheça mais
mo.
detalhes sobre o DATA 06 a 08 novembro 2017
pelo sabor da bebida japonesa. livro no link:
2palit.us/ LOCAL Centro de Convenções
guiasake Rebouças, São Paulo
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abresi.com.br/cihat
#VÍDEO
Como é a cozinha de um
restaurante de lámen?
Essa pergunta ganha resposta na forma de
vídeo produzido pelo canal Life Where I’m
From. A cozinha do restaurante Mengokoto
Kunimoto não para desde o amanhecer.
O trabalho de Kunimoto, dono do restaurante,
começa por volta das 8 da manhã e se estende
até o anoitecer, praticamente sem pausa. Entre
a montagem de um bowl e o preparo de mais
ingredientes, a cozinha funciona initerruptamente.
A cozinha do restaurante exige muito Leia mais sobre
a série no link:
mais do que aqueles poucos minutos 2palit.us/
que levam até o lámen ser servido. casalamem
!
O lado B
da gastronomia japonesa
& Jo Takahashi
:
O
que se convencionou como wa- chamadas yatai) e as de estabelecimentos es-
shoku, a tradicional culinária pecializados: os yakitori-ya (espetinhos de
japonesa, indicada como Patri- frango), oden-ya (cozido de legumes, massa
mônio Cultural Intangível da de peixe, tofu e outras especiarias), horumon-
Humanidade em 2013, é normalmente atribu- -ya (grelhados de miúdos de vaca e de porco),
ído ao estilo kaiseki, uma sequência de pratos okonomiyaki-ya (a chamada pizza japone-
inspirados nas estações do ano, preparados sa, feita de massa de farinha, frutos do mar
com os ingredientes da época, valorizando e legumes e grelhada numa chapa). Devido
especialmente o frescor e apresentação visu- às lanternas vermelhas de papel que muitos
al. Ou mesmo um sofisticado omakasê, aque- estabelecimentos instalavam na entrada, eles
les banquetes de vários tempos, em que o também eram chamados de “aka-chochin”,
chef parece narrar uma história, como em um ou, literalmente, lanternas vermelhas, uma
filme cheio de detalhes para serem desven- forma carinhosa de denominar os izakayas e
dados. Enfim, no subconsciente das pessoas, casas de petiscos.
washoku virou sinônimo de refeição sofisti-
cada, para ocasiões especiais. “Lado B” pode soar pejorativo, mas inclui-se
nessa categoria também a comida trivial do
Como nenhum mortal pode se deliciar com dia a dia preparada em casa, como o omu-
um kaiseki todos os dias, e nem todo dia é raisu (arroz com omelete, temperado com ca-
uma ocasião especial, a saída é apelar para o tchup), o karê (curry, de origem indiana, que
que é popularmente conhecido como o lado chegou ao Japão através de navios mercantes
B da culinária japonesa, ou bikyu ryori, como ingleses), o spaghetti naporitan (uma macar-
os japoneses nomeiam. Nesta categoria se en- ronada simplificada com molho à base de ca-
quadram as comidas de botecos (os izakaya), tchup e nada a ver com o tradicional spaghetti
as comidas de rua (vendidas em carrocinhas à la napolitana). Apesar do ecletismo, essas
comidas remetem à infância dos japoneses ques do dia, que são anunciados num painel
na faixa de 50 e 60 anos, e aguça a memó- luminoso que destoa do conjunto, mas é cha-
ria afetiva. O único estabelecimento em São mativo. Sua asinha de frango já foi contem-
Paulo que serve o verdadeiro spaghetti na- plada com o prêmio Comer e Beber da revista
poritan à moda japonesa é o Izakaya Matsu, “Veja São Paulo” como o melhor petisco do
em Pinheiros. Não está no cardápio fixo e é ano. Faz sucesso também o guioza, recheado
servido somente no almoço como acompa- com bastante verdura, o que confere muita le-
nhamento de alguns teishokus. O chef Toshi veza ao pastelzinho. No Matsu eles recebem
Akuta revela o segredo do molho: “É catchup um acabamento com farinha e água sobre a
com um pouco de aceto balsâmico”. O spa- frigideira. Assim, os guiozas saem todos uni-
ghetti japonês passa ainda por uma frigideira dos por uma folha crocante e rendada.
antes de ser montado. São procedimentos que
deixariam qualquer italiano assustado. Mas o Uma receita que é campeã de pedidos em bo-
resultado é surpreendente. tecos é o buta no kakuni, a barriga de porco,
ou pancetta, em pedaços quadrados, cozidos
Aliás, o Matsu é o templo da gastronomia por longas horas, até se retirar boa parte de
japonesa popular por excelência e pode ser sua gordura. Vários izakayas oferecem-no,
facilmente considerado o rei do lado B. O mas um notabilizou-se pela sua pancetta ma-
cardápio está todo pendurado sobre o balcão, cia, que literalmente desmancha na boca. É
em forma de bandeirinhas, além dos desta- o Bueno, originalmente fundado pelo jovem
!
13
lutador de sumô Fernando Kuroda, e que fi- festivais. Na Takeshita Dôri, em Harajuku, a
cava no coração do bairro da Liberdade, na rua preferida das lolitas do mundo inteio, há
rua Galvão Bueno (daí o nome) e agora, em uma loja que vende o Takoyaki do Amor, o
instalações mais clean, na alameda Santos, Koi Takoyaki, e faz um sucesso monumen-
nos Jardins. tal. Esse street food de primeira tem quase
um século de história. São bolinhos de massa
As receitas do lado B geralmente são mais crocante por fora e úmida por dentro, reche-
carregadas no tempero, para combinar com ada de pedaços de polvo (takô). A massa é
os acompanhamentos etílicos, como cerve- feita de farinha e ovo, temperada com sal e
ja, sake, shochu e até whisky. Para suavizar extrato do peixe bonito desidratado e recebe
a degustação, uma boa parceria é o onigui- na cobertura, um molho agridoce. Há versões
ri, o famoso bolinho de arroz. Nos botecos, ocidentalizadas com maionese. Mas não po-
eles podem ser servidos com recheios como dem faltar tiras de alga nori por cima.
ameixa curtida (umeboshi) ou peixes cozidos
e temperados com shoyu, como o atum e sal- O takoyaki foi criado por Endo Tomekichi,
mão, de carnes menos fibrosas. Nas casas que um vendedor de comida de rua na periferia
possuem grelha de carvão, uma boa pedida é da cidade de Osaka, em 1935. O Mar Inte-
solicitá-las tostadas e levemente temperadas. rior de Seto abastecia a região com grande
quantidade de frutos do mar, e o polvo era
Takoyaki muito apreciado por sua carne macia. Endo
É considerado o petisco magistral. No Japão, fundou a Aiduya, que ainda hoje é tocada por
é um dos mais populares e é vendido em bar- seus descendentes. É uma lojinha pequena
racas de rua, é item que não pode faltar em especializada no takoyaki à moda original,
com massa temperada e sem coberturas. A to nas refeições caseiras como nos botecos.
panela para assar o takoyaki é muito peculiar. Elas estão presentes nas lancheiras das crian-
Trata-se de uma frigideira de ferro fundido ças, nas caixinhas de lanches vendidas em
e antiaderente, pesada, contendo cavidades lojas de conveniência e supermercados e até
em forma de meia-bola. Existem também as nos balcões de sushi. Uma das qualidades da
frigideiras elétricas que podem ser colocadas omelete japonesa é que ela se mantém macia
diretamente à mesa e as mecanizadas, utili- e aerada por causa da adição de líquido em
zadas em vendas de takoyaki, que vibram e seu preparo. A medida de líquido indicada
rolam as bolinhas automaticamente. para cada ovo é de 10 mL. Quanto mais li-
quefeita a omelete, porém, mais difícil ela se
O takoyaki chegou a São Paulo recentemen- torna para ser manuseada durante a fritura. O
te, e sua procura foi impulsionada por uma segredo do sucesso está na temperatura certa
legião de fãs de cultura pop e desenhos ani- da chapa. Os japoneses testam a temperatu-
mados japoneses. Personagens de um dos ra pingando um pouco da mistura do ovo na
mangás mais populares, Sakura Card Captors, chapa quente. Se o pingo inflar, produzindo
vivem comendo takoyaki e isto despertou a um chiado, a chapa estará no ponto certo.
curiosidade dos jovens sobre este petisco.
No bairro da Liberdade, em São Paulo, o A omelete com caldo dashi é chamada de
takoyaki pode ser encontrado até em merca- dashimaki tamago, ou ovo com caldo dashi
dinhos, que logo à entrada, instalaram uma enrolado. Essa é uma das receitas mais repre-
máquina de fazer takoyaki. sentativas do comfort food japonês.
!
Longe de frequentar as mais sofisticadas
mesas da gastronomia japonesa, esses pra-
tos são, contudo, representativos da alma
do povo. Descompromissados de rituais e
regras de etiqueta, correm soltos em bo-
tecos informais e até na rua e preenchem,
com dignidade, o estômago de trabalhado-
res e estudantes de orçamento apertado e,
por que não, de turistas estrangeiros prati-
cando viagens econômicas.
& Heila Lima
:
!
17
01 DE OUTUBRO DE 2017
HORÁRIO TEMA PALESTRANTE
10h30 Gestão de crise aplicada a restaurantes e bares asiáticos Prof. Celso dos Santos Silva
11h30 Harmonização de vinhos com gastronomia asiática tendo- Prof. Daniel Ravetta
se a dinâmica de degustação técnica de vinhos
02 DE OUTUBRO DE 2017
HORÁRIO TEMA PALESTRANTE
03 DE OUTUBRO DE 2017
HORÁRIO TEMA PALESTRANTE
!
Naoki Otake:
foto: Lufe Gomes
arquitetura de comer
V
Arquiteto conhecido pelos isitamos o atelier do arquiteto Naoki
Otake logo após seu retorno de Milão,
projetos de restaurantes na Itália, onde foi receber o prêmio
sofisticados revela seu internacional A’ Design Award, na ca-
processo criativo em entrevista tegoria Espaço Interior e Design de Exposição.
exclusiva para a Hashitag
Primeiro, perguntamos como foi a solenida-
de. “Era tudo muito glamuroso, diferente das
& Jo Takahashi
:
!
Quais foram as características que levaram o
projeto à premiação? “É difícil saber, porque
o corpo de jurados não divulga seus comen-
tários”, pondera Naoki. “Talvez eles se sur-
preendam porque estamos num país tropical,
propondo uma arquitetura com elementos ja-
poneses”, suspeita o arquiteto.
!
21
de projeto, sempre indicamos laminado, por miuçado. O balcão, o jardim, a sala de tatami,
conta da consciência ecológica”, revela o ar- a escada. Deu um enorme trabalho, mas foi
quiteto. “Não só em projetos de arquitetura extremamente gratificante. Um trabalho de
mas em tudo. A preocupação com o coleti- artesanato, diria”.
vo, novas maneiras de trabalhar, como o co-
-working, estão na pauta do momento”. Mas talvez o trabalho épico mesmo tenha
sido o Clos, que em sua origem se chamava
Um fator que chama a atenção nos projetos Clos de Tapas. Também iniciativa de Fernan-
de Naoki é a luz. Há sempre muita luz natural, des e situado a poucos metros do Kinoshita,
como é o caso do projeto do Clos. Mas tam- a proposta de um restaurante espanhol con-
bém iluminação cênica, com o jogo de claro e temporâneo foi precedida de uma viagem de
escuro, bem na linha da estética wabisabi da pesquisa pela Espanha, onde foram incluídas
arquitetura japonesa. visitas técnicas a grandes templos da gastro-
nomia como o El Bulli de Ferran Adrià. “Os
Por fim, já que cada obra realizada é como dias eram intensos na viagem. Almoços, jan-
um filho para o arquiteto, pedimos que ele tares e muita pesquisa de arquitetura”, lem-
escolhesse o seu filho predileto. “O meu pro- bra Naoki. E compensou. O restaurante Clos
jeto completo é o Kinoshita”, revela. “Foi o foi eleito pela Revista Época em 2012, um
primeiro grande trabalho que fizemos com o dos cinco mais belos estabelecimentos da ci-
empresário e restaurateur Marcelo Fernandes. dade de São Paulo.
Houve um respeito muito grande por parte
do cliente, em valorizar nossas propostas e Apesar da conjuntura brasileira, com o merca-
opiniões. Foi aprovado na primeira reunião do retraído, Naoki é realista: o momento real-
de apresentação do projeto. Aliás, isso tem mente não é o ideal para grandes vôos arquite-
sido praxe. Quase todos os nossos projetos tônicos. Mas, sua esperança por dias melhores
comerciais são aprovados na primeira reu- está à flor da pele. Ressalta como exemplo, o
nião”, comenta Naoki, não escondendo sua restaurante Toro, também em São Paulo, de-
satisfação. “O Kinoshita é uma caixinha de senvolvido a baixo custo e com resultado sa-
joias. Cada canto do espaço foi detalhado, es- tisfatório no conjunto.
foto: Lufe Gomes
Águas de Lindóia - SP
Á
Como é administrar guas de Lindóia é um município lo-
calizado a cerca de 180 km de São
um restaurante Paulo, capital, na divisa com o esta-
japonês no interior do de Minas Gerais. A cidade é co-
nhecida por fazer parte do Circuito das Águas
& ' Henrique Minatogawa Paulista, com suas termas e balneários, e por
sediar encontros de aficionados por carros an-
tigos; conta com grande rede hoteleira e ampla
variedade de comércio varejista. Naturalmen-
te, há muitos restaurantes, mas a gastronomia
oriental ainda é difícil de encontrar.
Lucas, 23, e Daniela, 24, são os
responsáveis pela administração Surge, então, uma oportunidade. “O mercado
e operação do restaurante
da cidade e de toda a região é muito carente
deste tipo de restaurante. É uma cidade alta-
mente turística e em crescimento. [Esses fato-
res] Ofereceram oportunidades para montar o
negócio em Águas de Lindóia, ao invés de em
uma cidade com o mercado já formado”, con-
ta Lucas Osawa, 23 anos, sócio e gerente do
Sushi Osawa, inaugurado em janeiro de 2017.
!
Município tem forte apelo turístico; culinária
japonesa, entretanto, é pouco conhecida na região
do em conta as experiências tanto dos sócios São Paulo, 30% em Atibaia por termos for-
como dos funcionários. Buscamos nos adaptar necedores de confiança, e 20% em Águas de
ao mercado local e também arriscar trazer algo Lindóia, principalmente verduras e carnes”.
inédito para a região, que é a cozinha tradicio-
nal japonesa”, explica Lucas. Lucas destaca um problema comum de quem
trabalha com gastronomia oriental em geral.
Onde obter ingredientes “A maior dificuldade hoje é em relação aos
O fato de a cidade não ter um “mercado produtos importados, com a variação do dó-
oriental” acarreta algumas dificuldades para lar e a falta de alguns insumos, como o nori”.
o empreendedor, especialmente no que se re-
fere aos insumos e mão de obra. “A logística Já em relação à mão de obra, Lucas revela um
requer mais tempo para a obtenção dos ingre- fato curioso. “Duas pessoas importantíssimas
dientes. Fazemos 50% de nossas compras em vieram de São Paulo: um sushiman e um chef Foto: Victor Lima
Compra de ingredientes
é feita em São Paulo,
Atibaia e localmente
Fotos: Victor Lima
‘Clientes estão curiosos para
conhecer pratos como o tempurá
feito da forma tradicional’
de cozinha, ambos com a intenção de morar imigração japonesa no Brasil. Entre seus ci-
em uma cidade mais pacífica e de custo de dadãos, há poucos descendentes de japoneses
vida mais acessível. Por ser uma cidade que e orientais em geral. “Estar em uma cidade
vive da hotelaria, encontrar garçons capacita- sem comunidade de japoneses nos mostrou
dos foi uma tarefa mais simples. Porém, para que o brasileiro é um povo que absorveu a
se ter conhecimento dos pratos japoneses, foi culinária oriental de uma forma impressio-
necessário um treinamento prático e escrito nante; faz parecer natural existir um restau-
que desenvolvi no restaurante”. rante de uma cozinha tão específica em um
local onde a comunidade japonesa não é ex-
Em sua formação em Gastronomia, Lucas pressiva”, afirma Lucas.
realizou estágios em restaurantes da capital.
Alguns dos aprendizados, pelo menos por en- “Por outro lado, há a falta de conhecimento
quanto, não podem ser aplicados no seu res- sobre o quanto é ampla e variada a cozinha
taurante. “É o caso de produtos voltados para japonesa. Felizmente, ao que tudo indica, nos-
uma clientela mais específica, como ostras, sos clientes estão curiosos por novidades, para
uni (carne do ouriço do mar), ovas de peixe e conhecer e provar pratos que não não se veem
toro (parte mais nobre do atum). Já outros pra- em restaurantes da região, como lamen, udon,
tos não têm muita aceitação, como o sukiyaki, yakimeshi e tempurá feitos da forma tradicio-
que é mais adocicado, e o nattô, a soja fermen- nal”, avalia.
tada de sabor intenso. A clientela nativa ainda
é pouco acostumada a pratos orientais, então o Esse mesmo fato permite algumas experiências.
embasamento foi mais no sentido de procurar “A clientela é bem aberta a novas possibilidades,
agradar ao paladar local e pelo que os turistas desde que sejam condizentes ao paladar local.
buscam encontrar fora de suas cidades”. Uma de nossas receitas mais bem-sucedidas é o
misoshiru. Ao invés de tofu, usamos queijo mi-
Sem comunidade oriental nas frescal produzido na região, que tem agra-
Águas de Lindóia não fez parte da rota da dado muito ao paladar local.”
!
25
Restaurante também
tem opções de pratos
quentes, como o gyudon
O café brasileiro e as
cafeterias
orientais
Que o café brasileiro faz sucesso no
mundo todo, não é novidade. Mas
você sabia que um dos maiores
mercados consumidores do nosso
café está do outro lado do mundo?
& Karin Kimura
:
' Rafael Salvador
:
27
N
o primeiro semestre de 2017, o sidade grande de produtores, de cafeterias e
Japão destacou-se como o quarto de gente querendo entrar no mercado de cafés
maior importador do café brasilei- especiais”, comentou Júlia, que ministra os
ro, ficando atrás apenas dos Esta- cursos de formação profissional na Academia
dos Unidos, Alemanha e Itália. Além disso, do Café, nos espaços de treinamento em Belo
Coreia do Sul e Taiwan apresentaram um Horizonte (MG) e São Paulo (SP).
crescimento significativo em consumo e im-
portação dos grãos. Ainda de acordo com a especialista, antigamen-
te, nosso café era visto como exclusivo para fa-
Nos últimos cinco anos, a Ásia e a Oceania zer misturas, mas hoje esse cenário vem mudan-
apresentaram a maior taxa de crescimento no do também por conta da exigência do mercado.
consumo de café no mundo, subindo 4,5% en- “As pessoas estão buscando mais qualidade e
quanto a média mundial cresceu em 1,9%, se- mais informação sobre o que consomem”, con-
gundo relatório da Organização Internacional tinua, “e isso incentiva mais pessoas a conhe-
do Café (ICO). cerem os cafés especiais, por isso, acredito que
quanto mais cafeterias surgirem, melhor”.
Todo esse mercado é abastecido principal-
mente pelo Brasil, que é o maior produtor Qualidade e preço
de grãos arábica do mundo. De acordo com Se tem mais gente querendo falar de qualida-
o relatório do Conselho dos Exportadores de, a tendência é que se pague um preço justo
de Café do Brasil (Cecafé), no último ano pelo produto. Quando o assunto é café espe-
(entre setembro de 2016 e agosto de 2017) o cial, é importante lembrar de tudo o que vem
Brasil chegou a exportar mais de 32 milhões por trás daquela xícara de café, que envolve
de sacas de café, convertidas em uma receita muita gente e muito trabalho.
de US$ 5,5 bilhões.
Nesse sentido, a sócia da Academia do Café,
Num mercado cada vez mais exigente, não Débora Souza, observa que uma das carac-
é só a quantidade que chama a atenção. Os terísticas do mercado japonês é o alto nível
produtores brasileiros foram se desenvolven- de exigência ao avaliar a qualidade do café
do ao longo dos anos e melhorando a quali- para importação. “O japonês só compra o filé
dade dos grãos. Não é à toa que os selos de do filé, ele consegue vir e tirar a nata do café
grãos premiados e reconhecidos no mercado brasileiro e paga muito bem”, explica Débora.
internacional só crescem no Brasil. Para a es- “O nível de exigência em relação a agrotóxi-
pecialista em cafés Júlia Souza, o nosso grão co e qualidade é muito alto. Quando o café
tem sido mais valorizado porque o Brasil tem chega no Japão ele é todo examinado, é clas-
uma grande variedade de microclimas e, com sificado em níveis de aceitação em relação a
o trabalho dos microprodutores, é possível ob- agrotóxicos e, se não estiver de acordo com
ter diversos sabores. “Antes tínhamos um café os padrões, ele não entra no país, é rejeitado
mais padronizado, mas hoje temos uma diver- e volta ao país de origem”, completa.
!
Cafés especiais Chocolate roll cake
(chiffon de chocolate
A classificação dos cafés especiais é determina- com mousse de chocolate
da por uma série de avaliações definidas pela 54%) do Imi Cafe
Specialty Coffee Association of America (SCAA).
Para ser chamado de especial, ele precisa ter
nota acima de 80 pontos, de acordo com pa-
drões técnicos como corpo, doçura, acidez, re-
trogosto e outras características.
A primeira vez que se falou em “café especial”
foi em 1974. A especialista americana Erna
Knutsen percebeu que alguns cafés se desta-
cavam com notas sensoriais acima do padrão.
Eles tinham corpo, acidez e doçura balancea-
dos e apresentavam os melhores sabores. Logo,
aqueles grãos deveriam estar dentro de uma
categoria diferente, especial.
29
O café e o Japão
A relação dos japoneses com o café brasileiro
é de longa data e pode inclusive ser conside-
rado ponto inicial da história da imigração ja-
ponesa no Brasil. Foi por causa do café e da
possibilidade de empreender que Ryu Mizuno
veio para cá. Como primeiro “senhor do café”
japonês, Mizuno teve papel fundamental no
incentivo à vinda dos japoneses ao Brasil para
trabalhar em fazendas de café onde havia a tal
da “árvore que dava dinheiro” (o café).
!
30
O café na Ásia
O modelo de cafeterias e confeitarias japone-
sas teve grande influência nos países vizinhos
como Coreia do Sul e Taiwan, que incorpora-
!
31
!
32
O masu
é Embaixador do
Sake no Brasil. É
Leia mais artigos de
um kikisake-shi Alexandre Iida no site!
certificado pelo SSI 2palit.us/
e proprietário da papocomadegao
Adega de Sake.
Como sal e pimenta
Lucio e Helena Manosso na chegou à final da competição, apresentando
falam sobre MasterChef um prato com grande inspiração oriental, mais
precisamente, na culinária tailandesa.
BR, culinária oriental
e projetos atuais Para falar sobre MasterChef, comida orien-
tal e projetos atuais, o casal Lucio e Helena
& Henrique Minatogawa
:
O
deste especial.
MasterChef é o programa culi-
nário mais bem sucedido na TV Culinária como profissão
brasileira na atualidade. A pri- Atualmente, o casal trabalha em um projeto
meira temporada, exibida em próprio. A empresa oferece serviço de chef em
2014 pela Bandeirantes, apresentou partici- casa, aulas, consultoria e eventos corporativos.
pantes competentes e carismáticos que con- “A Salt & Pepper foi criada depois que saímos
tribuíram para consolidar a versão nacional do programa, em razão da vontade de continuar
da atração. Entre os participantes, dois se em contato com a gastronomia. Um dos nos-
destacaram logo na seletiva inicial, gravada sos principais produtos é o serviço de personal
na Praça Charles Miller, em São Paulo: o ca- chef, em que preparamos almoço ou jantar na
sal Lucio e Helena Manosso. casa das pessoas; também damos aulas de gas-
tronomia e estamos trabalhando com desenvol-
Lucio teve que sair do programa no oitavo epi- vimento de cardápios e treinamento de brigada
sódio em razão de problemas de saúde. Hele- em cozinhas profissionais”, conta Lucio.
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PORCO AGRIDOCE À MODA TAILANDESA
Ingredientes ( 4 porções
• 350 g de carne de porco (ex.: copa lombo) ) Fácil
2 colheres de sopa de óleo de soja * 45 min
• 4 dentes de alho em lâminas
• 1 cebola roxa pequena fatiada
Modo de Preparo
• 1 colher de sopa de gengibre picado
# Aqueça o óleo em uma wok, adicione
• 1 colher de sopa de talo de
o alho, o gengibre e os talos de
coentro picado 2 colheres de sopa
coentro e frite por 30 segundos.
de molho de peixe (Nam pla)
• 1 colher de sopa de açúcar mascavo $ Junte a carne de porco e
• ½ pimentão vermelho picado cozinhe de 4 a 5 minutos.
• ½ pepino japonês sem sementes fatiado % Adicione a cebola e mexa bem. Tempere
• 8 tomates cerejas cortados ao meio com o molho de peixe, o açúcar e a pimenta
• ½ xícara de abacaxi em pedaços do reino. Cozinhe por mais 4 a 5 minutos.
• ½ xícara de cogumelos & Acrescente os cogumelos, o
shitake fresco em lâminas pimentão, o pepino e as cebolinha.
• 2 cebolinhas em pedaços pequenos Salteie por mais 3 a 4 minutos.
• Suco de ½ limão taiti ' Junte o suco de limão e desligue
• Pimenta do reino moída na hora a gosto o fogo. Transfira para um bowl e
• Folhas de coentro fresco para guarnecer guarneça com a cebolinha.
foto: Lufe Gomes
Barraquinhas de família
na feira da Liberdade
C
onhecidas por quem frequenta a
As comidas de rua Feira da Liberdade nos fins de
populares no Japão abrem semana, as barracas de comida
japonesa oferecem pratos que
espaço para negócios são típicas “comidas de rua” no bairro mais
familiares em São Paulo oriental de São Paulo. Lá tem petiscos di-
versos para quem gosta de salgados ou do-
ces e servem como alimentação rápida para
& Heila Lima
:
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gelato
passos no
T
alvez você estava esperando a palavra
Conheça a preparação “sobremesa” no subtítulo desta matéria.
deste alimento Por que, então, “alimento”?
!
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mente quando a base for de frutas. Portanto, aprender e clareza no como como vai aplicar
uma porção de gelato artesanal de 120 g já é em seu empreendimento”, diz Tina.
suficientemente capaz de dar o aporte nutri-
cional de uma refeição”, afirma a chef. “Comparando com o sorvete industrial, o ge-
lato é muito mais caro. É caro porque utiliza
“Na maioria das vezes, nas minhas criações, ingredientes de qualidade, que fazem bem
acrescento um ou dois itens orientais. Matcha para a saúde. Ainda está restrito a uma ca-
[tipo de chá verde] já está bem popular. Tam- mada social que conhece esse assunto, haja
bém desenvolvi gelatos à base de sake e vista que há muitas gelaterias em locais de
umeshu [licor de ameixa japonesa]. As pes- elite. Precisamos ir um pouco mais além para
soas buscam esse tipo de novidade. A arte da passar essas informações”, defende a chef.
gelateria permite a criação de várias coisas,
pois é questão de formulação. Com uma for- Máquinas
mulação bem equilibrada, é possível introdu- A produção do gelato requer o uso de uma
zir esses sabores orientais. Estou agora em máquina. Há modelos industriais e domésti-
um projeto de desenvolvimento de um gelato cos. “Existem dois tipos de máquinas domés-
de chocolate com missô, por exemplo”, conta. ticas. Uma que já vem com termostato conse-
gue gelar o cilindro interno. Os modelos mais
Oportunidade de negócios simples requerem que se deixe o cilindro
Nos últimos anos, São Paulo observou a gelando no freezer por 24 horas no mínimo”,
inauguração de várias gelaterias. Paralela- explica a chef. Na máquina doméstica, o ge-
mente, empresários do ramo de restaurantes
também demonstraram interesse em ofere-
SOBRE A CHEF Tina Eguchi
cer o produto em seus estabelecimentos. “O Chef especializada em confeitaria italiana e
cliente chega com dúvidas sobre a viabilida- japonesa (wagashi). Formada em Nutrição,
também é mestre gelateira e ministra
de do negócio. Então precisamos explicar os aulas, consultorias e workshops.
resultados dos projetos anteriores e mostrar o
que está dando certo e o que não está”, expli-
ca Tina, que atualmente trabalha em parceria
com a Carpigiani, empresa fabricante de má-
quinas de gelato, em que são oferecidas aulas
da parte da técnica culinária e também sobre
o empreendimento.
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PASSO A PASSO
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AGRADECIMENTO:
Carpigiani Gelato University
Alameda Franca, 447 - Jardim Paulista, São Paulo - SP
www.gelatouniversity.com/br
& Karin Kimura
:
A
carne do boi japonês wagyu é conhe- ao interior de São Paulo. Desde então, o per-
cida mundialmente pelo seu sabor e fil do consumidor brasileiro foi mudando, e o
suculência únicos. Por ter bastante grau de exigência por carnes de melhor qua-
gordura entremeada entre as fibras lidade foi aumentando.
musculares, a carne fica extremamente macia e
agrada ao paladar de quem o experimenta. George Gottheiner, que administra as Es-
tâncias Bosque Belo, uma das pioneiras em
A qualidade da carne é definida não só pelos criação do boi japonês no Brasil, observa que
traços genéticos, mas também pela criação, houve um aumento exponencial da procura
que resulta em um marmoreio característico pela carne nos últimos três anos, principal-
do wagyu. Quando colocada sobre a brasa, mente na Grande São Paulo, mas também em
a gordura derrete sem fundir as fibras, ga- grandes polos do interior, e outros estados, do
rantindo uma peça mais suculenta. Engana- Rio Grande do Sul até o Acre e a região nor-
-se quem pensa que a carne faz mal à saúde. deste.
Por ser uma gordura do tipo insaturada, ela é
comparada ao azeite de oliva, que tem o co- “O wagyu está se tornando cada vez mais co-
lesterol considerado bom. nhecido graças à incrível qualidade de carne
e seu alto grau de marmoreio. Todos que ex-
Para que o gado cresça saudável, ele precisa perimentam percebem a diferença”, destaca
de uma alimentação balanceada e condições Gottheiner ao lembrar que a procura tem se
de confinamento controladas e isso acaba se tornado até maior que a produção nacional.
refletindo no preço final do produto.
Segundo o especialista, os principais entra-
Mudanças no mercado ves do mercado dessa carne é que o wagyu
Há 25 anos chegavam os primeiros wagyus leva tempo para crescer e as criações do Bra-
sil ainda são pequenas. “Por que então muitos no de 30 associados atuantes, mas nem todos
pecuaristas não entram no mercado? Muitos, possuem marca própria. “Alguns vendem para
por falta de conhecimento da qualidade da outros criadores e frigoríficos”, explica.
raça e outros, pelo tempo que o animal exige
para atingir a marmorização desejada”. Para Para garantir a procedência do animal, a
se ter uma ideia, eles são abatidos depois de Confederação da Agricultura e Pecuária do
240 a 300 dias de confinamento, que é o está- Brasil (CNA) fica responsável por auditar os
gio mais oneroso do processo. abates e desossas e por verificar o controle
de certificação.
Sombra e água fresca
Outro ponto a ser levado em consideração é Wagyu à mesa
que a genética por si só não garante qualida- Quando se fala em wagyu ou kobe beef, é na-
de. “A suplementação intensa desde a mamada tural que se associe às cifras altas, mas o que
controlada até o confinamento é tão essencial poucos exploram é a variedade de cortes que
quanto a origem do boi”, ressalta Gottheiner. o mercado oferece.
A criação do wagyu da Bosque Belo, por Gottheiner explica que “não há carne de se-
exemplo, inclui ração sem antibióticos e ali- gunda, a diferença, na realidade, está no ma-
mentação com óleos funcionais para garan- nejo. Há manejo de primeira e de segunda.
tir o crescimento saudável. Além disso, tem Quando falamos em cortes de wagyu, não
música clássica 24 horas para tranquilizar os podemos levar em consideração apenas o que
animais e o ambiente arborizado os protege conhecemos sobre ‘carne comum’ encontra-
do estresse ao sol. da nos mercados”.
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O chef explica que o abate é feito sob enco- ça a derreter e aos poucos o excesso de sal
menda em lotes especiais direto para o restau- é retirado, deixando uma crosta em volta da
rante. “Eu prezo pela carne fresca e, no caso carne. Depois, ela é deixada para descansar
do wagyu, a maciez e o sabor são incompará- para manter a umidade da carne, é laminada
veis. Ela não precisa nem passar pelo proces- em tiras finas e finalizada com azeite e servi-
so de maturação, que muitas vezes é usado da com vegetais confitados.
como forma de mascarar a qualidade da car-
ne”, observa Ribeiro. No caso do hambúrguer, a carne é temperada
só com sal e apenas de um dos lados. São
No preparo da cozinha do Seen, o chef dá 170g de carne moldados no aro, guardados
preferência à grelha. “Assim que o pedido é cuidadosamente com papel manteiga. O ham-
feito, a carne é retirada da geladeira e é tem- búrguer sai da geladeira direto para a grelha,
perada com sal grosso levemente triturado para que ele não desmonte e para manter o
com ervas (alecrim, sálvia, tomilho e salsi- centro rosado.
nha). Ao levar a carne para a grelha, ela já
está em temperatura ambiente e é selada em “Como a carne é nobre, prefiro evitar os
todos os lados. Entre 7 e 10 minutos são sufi- condimentos mais fortes para ressaltar as
cientes para deixá-la ao ponto em tom rosado características próprias dela”, comenta o
para o mal passado. A gordura interna come- chef Ribeiro.
Hambúrguer de wagyu
do restaurante Seen.
foto: Leo Feltran
Sistema multimídia
Toyota play com Transmissão CvT2
Carregador sem fio tv digital(b), DvD(b), e seletor de
para smartphones(a) GpS1(C) e câmera de ré modo de condução
capa protetora ou com capa protetora própria para carregamento de bateria sem fio (wireless). Consulte as especificações técnicas de
seu aparelho no manual do usuário. (b)Por questões de segurança, as imagens da TV digital e do DVD player não serão exibidas enquanto o
veículo estiver em movimento. (c)O funcionamento do GPS depende da disponibilidade de sinal da região, visão desobstruída do céu etc.
A recepção do sinal pode ser interrompida facilmente por películas protetoras nos vidros, telefones móveis ou dispositivos eletrônicos,
rastreadores próximos ao GPS, existência de árvores, edifícios ou fiação elétrica. Área de cobertura do mapa limitada. Recomenda-se
que, ao deixar o veículo, o condutor mantenha o SD Card em local não visível a fim de evitar que seja roubado. 1GPS: Global Positioning
System (Sistema Global de Posicionamento). 2CVT: Continuously Variable Transmission (Transmissão Continuamente Variável). O Toyota
Prius possui nota A no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro (www.inmetro.gov.br). O período de garantia contra
defeitos de fabricação ou montagem do sistema híbrido é de oito anos sem limite de quilometragem para veículos cuja nota fiscal tenha
sido emitida em nome de pessoa física e, para veículos cuja nota fiscal tenha sido emitida em nome de pessoa jurídica, o período é de oito
anos com limite de 200.000 quilômetros, o que primeiro ocorrer. A Toyota oferece três anos de garantia para toda a linha sem limite
de quilometragem para uso particular e três anos ou 100 mil km (prevalecendo o que ocorrer primeiro) para uso comercial. Consulte
o manual do proprietário ou o site www.toyota.com.br para mais informações. O Toyota Prius vem com tapetes genuínos de fábrica.