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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

FABIAN RANGEL SCHROTER NEUHAUS

EFLUENTES HOSPITALARES: UMA ANÁLISE SOBRE A LEGISLAÇÃO


E ANÁLISE DIMENSIONAL DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
APLICÁVEL AO HOSPITAL DE CARIDADE DE TRÊS PASSOS.

Ijuí
2016
FABIAN RANGEL SCHROTER NEUHAUS

EFLUENTES HOSPITALARES: UMA ANÁLISE SOBRE A LEGISLAÇÃO


E ANÁLISE DIMENSIONAL DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
APLICÁVEL AO HOSPITAL DE CARIDADE DE TRÊS PASSOS.

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia


Civil apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientadora: Prof. Dr.ª Fernanda da Cunha Pereira

Ijuí
FABIAN RANGEL SCHROTER NEUHAUS

EFLUENTES HOSPITALARES: UMA ANÁLISE SOBRE A LEGISLAÇÃO


E ANÁLISE DIMENSIONAL DO TRATAMENTO DE EFLUENTES
APLICÁVEL AO HOSPITAL DE CARIDADE DE TRÊS PASSOS.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro
da banca examinadora.

Ijuí, 15 de dezembro de 2016

Prof. Fernanda da Cunha Pereira

Doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Orientador

Prof. Lia Geovana Sala Costa

Coordenador do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Giuliano Crauss Daronco

Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Aos meus pais, Lissandro e Elisabete, compartilho
com vocês está conquista.
AGRADECIMENTOS

A eles que renunciaram seus sonhos para me acompanhar nesta caminhada que agora se
finda, palavras não são suficientes para expressar a gratidão que sinto em poder compartilhar com
vocês esta conquista. Pai e mãe, só vocês sabem o quão árduo foi esta jornada, sem o incentivo de
vocês nada seria possível.

A minha namorada Alana, que me acompanhou durante esta caminhada, obrigado por
compreender minha ausência, sempre me apoiando nos momentos difíceis. Está conquista
também é dedicada a você.

A minha orientadora, Professora Fernanda da Cunha Pereira, que aceitou dividir comigo
este desafio, sendo incansável em suas orientações, sem seus ensinamentos este trabalho nada
seria.

A Direção e colaboradores do Hospital da Unimed Ijuí, que permitiu conhecer suas


instalações, possibilitando obter dados que pudessem balizar este trabalho. Sem a colaboração
desta instituição não seria possível a realização desta pesquisa.

Ao Hospital de Caridade de Três Passos, na pessoa do Presidente Ademir Dreher, que


disponibilizou os dados para realização deste trabalho. Espero que possa contribuir para o
crescimento desta instituição tão importante para nossa cidade.

Aos professores e colegas da engenharia que participaram da minha vida acadêmica,


agradeço a todos pelo conhecimento compartilhado nestes anos.

A todos que de alguma forma contribuíram durante a realização deste trabalho.


O rio atinge seus objetivos,

porque aprendeu a contornar obstáculos.

Lao-Tsé
RESUMO

NEUHAUS, F. R N.. Efluentes Líquidos Hospitalares: uma análise sobre a legislação e análise
dimensional do tratamento de efluentes aplicável ao Hospital de Caridade de Três Passos. 2016.
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional
do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2016.

O destino do esgoto sanitário vem se tornando uma preocupação constante, sendo conhecido
como um importante veículo de proliferação de doenças. O crescimento populacional trouxe à
necessidade de ampliação do sistema de atendimento a saúde da população. Este crescimento
trouxe um aumento na produção de efluente pelos hospitais, criando uma problemática para as
instituições, que devem dar destino adequado ao efluente gerado. A maioria dos hospitais de
pequenas cidades são organizações filantrópicas, mantidas com recursos públicos e doações,
tendo dificuldade para fazer grandes investimentos no tratamento dos efluentes. O trabalho
proposto abordará um estudo de caso, buscando sugerir uma solução para o tratamento do
efluente gerado pelo Hospital de Caridade de Três Passos/RS. A metodologia a ser utilizada
consistirá em fazer um apanhado da legislação que regulamenta o tratamento do efluente
hospitalar, conhecendo alguma solução já aplicada por hospitais de mesmo porte, buscando
subsídios para apontar a solução ao problema. Com este estudo visa-se trazer uma solução ao
tratamento do efluente gerado pelo Hospital analisado.

Palavras-chave: Efluente. Hospital. Saneamento.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplos de valores típicos de DBO de alguns efluentes ................................. 18


Figura 2: Modelo de tratamento preliminar ....................................................................... 20
Figura 3: Modelo de lagoa facultativa ............................................................................... 21
Figura 4: Modelo de lagoa anaeróbia - lagoa facultativa .................................................. 22
Figura 5: Modelo de lagoa aerada facultativa ................................................................... 23
Figura 6: Padrões de DBO5, DQO e Sólidos Sedimentáveis por vazão. .......................... 26
Figura 7: Padrões de lançamento de efluentes por vazão – Resolução CONSEMA nº
128/2006 ....................................................................................................................................... 27
Figura 8: Parâmetros orgânicos admissíveis no lançamento de efluentes – comparativo
entre legislação federal e estadual................................................................................................ 27
Figura 9: Delineamento de pesquisa .................................................................................. 29
Figura 10: Modelo esquemático da entrada da ETE .......................................................... 32
Figura 11: Abertura da garganta (W) do medidor Parshall ............................................... 33
Figura 12: Seção de barra .................................................................................................. 34
Figura 13: Modelo de tanque de equalização .................................................................... 38
Figura 14: Valores típicos de Y e Kd ................................................................................. 42
Figura 15: Sequência de tratamento .................................................................................. 47
Figura 16: Gradeamento do efluente ................................................................................. 48
Figura 17: Medidor de vazão ............................................................................................. 48
Figura 18: Vista dos tanques de equalização ..................................................................... 49
Figura 19: Vista do tanque anaeróbio ................................................................................ 50
Figura 20: Vista do tanque de lodo ativado ....................................................................... 50
Figura 21: Tanque de sedimentação com escuma superficial ........................................... 51
Figura 22: Tanque de filtração........................................................................................... 52
Figura 23: Tanque reservatório.......................................................................................... 53
Figura 24: Reator com lâmpadas UV ................................................................................ 53
Figura 25: Saída para rede pluvial e válvula de emergência ............................................. 54
Figura 26: Vazões máxima, média e mínima total ............................................................ 55
Figura 27: Vazões máxima, média e mínima - doméstico ................................................ 55
Figura 28: Vazões máxima, média e mínima – lavanderia e cozinha ............................... 55
Figura 29: Abertura da garganta (W) do medidor Parshall ............................................... 56
Figura 30: Altura da lâmina líquida máxima, média e mínima - lavanderia e cozinha ..... 57
Figura 31: Altura da lâmina líquida máxima, média e mínima - doméstico ..................... 57
Figura 32: Altura da lâmina líquida de água antes do rebaixo - lavanderia ...................... 57
Figura 33: Altura da lâmina líquida de água antes do rebaixo - doméstico ...................... 57
Figura 34: Barra escolhida para gradeamento ................................................................... 58
Figura 35: Verificação de velocidades - lavanderia .......................................................... 58
Figura 36: Verificação de velocidades - doméstico........................................................... 58
Figura 37: Desenho técnico da grade adotada ................................................................... 59
Figura 38: Verificação de velocidades de acordo com largura do canal ........................... 60
Figura 39: Modelo esquemático da entrada da ETE .......................................................... 60
Figura 40: Modelo esquemático do tanque de equalização ............................................... 61
Figura 41: Corte esquemático do tanque de equalização .................................................. 62
Figura 42: Modelo esquemático da lagoa anaeróbia ......................................................... 63
Figura 43: Corte esquemático da lagoa anaeróbia ............................................................. 64
Figura 44: Valores típicos de Y e Kd ................................................................................. 65
Figura 45: Modelo esquemático da lagoa aerada de mistura completa ............................. 67
Figura 46: Corte esquemático da lagoa aerada de mistura completa ................................ 67
Figura 47: Modelo esquemático da lagoa decantação ....................................................... 68
Figura 48: Planta esquemática da lagoa decantação .......................................................... 69
Figura 49: Modelo esquemático do filtro .......................................................................... 70
Figura 50: Corte esquemático do filtro .............................................................................. 70
Figura 51: Padrão de DBO requerida e obtida para faixa de vazão .................................. 71
Figura 51: Padrão de SS requerida e obtida para faixa de vazão ...................................... 71
Figura 53: Planta esquemática da ETE .............................................................................. 72
Figura 54: Corte esquemático da ETE ............................................................................... 72
LISTA DE SIGLAS

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

ECTE Estação Compacta de Tratamento de Esgoto

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler - RS

HCTP Hospital de Caridade de Três Passos

HU Hospital da Unimed

OD Oxigênio dissolvido

SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente

SS Sólidos sedimentáveis

SUS Sistema Único de Saúde

UNIJUI Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

UTI Unidade de Tratamento Intensivo

UV Ultravioleta
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA ..................................................................................................... 13

1.1.1 Questões de Pesquisa ....................................................................................... 13

1.1.2 Objetivos de Pesquisa...................................................................................... 14

1.1.3 Estrutura .......................................................................................................... 14

2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 15

2.1 EFLUENTE ....................................................................................................... 15

2.1.1 Efluente Doméstico .......................................................................................... 15

2.1.2 Efluente Industrial .......................................................................................... 16

2.1.3 Efluente Hospitalar ......................................................................................... 16

2.1.4 DBO5 ................................................................................................................. 17

2.2 ETE – ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO ................................. 19

2.2.1 Tratamento Preliminar ................................................................................... 19

2.2.2 Tratamento Primário ...................................................................................... 20

2.2.3 Tratamento Secundário .................................................................................. 20

2.2.4 Tratamento Terciário ..................................................................................... 23

2.3 LEGISLAÇÃO .................................................................................................. 23

2.3.1 Legislação Federal ........................................................................................... 24

2.3.2 Legislação Estadual ......................................................................................... 25

2.3.3 Padrões Para Lançamento De Efluentes ....................................................... 26

3 MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................. 28

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ........................................................................ 28

3.2 DELINEAMENTO ........................................................................................... 28


3.3 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................... 29

3.3.1 Três Passos ....................................................................................................... 29

3.3.2 FEPAM............................................................................................................. 30

3.4 METÓDO DE DIMENSIONAMENTO ........................................................... 31

3.4.1 Gradeamento e desarenador .......................................................................... 31

3.4.1.1 Desarenador ...................................................................................................... 36

3.4.2 Tanque de equalização .................................................................................... 37

3.4.3 Lagoa anaeróbia .............................................................................................. 38

3.4.4 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação ......... 40

3.4.4.1 Lagoa aerada de mistura completa ................................................................... 41

3.4.4.2 Lagoa de decantação ........................................................................................ 43

3.4.5 Filtro ................................................................................................................. 44

3.4.6 Radiação ultravioleta ...................................................................................... 45

4 RESULTADOS ................................................................................................ 47

4.1 VISITA TÉCNICA ........................................................................................... 47

4.2 DADOS COLETADOS .................................................................................... 54

4.2.1 Hospital de Caridade de Três Passos............................................................. 54

4.2.2 Vazão ................................................................................................................ 54

4.2.3 DBO .................................................................................................................. 56

4.2.4 Gradeamento ................................................................................................... 56

4.2.4.1 Desarenador ...................................................................................................... 59

4.2.5 Tanque de equalização .................................................................................... 60

4.2.6 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação ......... 62

4.2.6.1 Lagoa anaeróbia ............................................................................................... 62

4.2.7 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação ......... 64


4.2.7.1 Lagoa aerada de mistura completa ................................................................... 64

4.2.7.2 Lagoa de decantação ........................................................................................ 68

4.2.8 Filtro biológico ................................................................................................. 69

4.2.9 Radiação ultravioleta ...................................................................................... 70

4.2.10 Comparação do padrão de lançamento ......................................................... 71

4.2.11 Representação do fluxo do tratamento de efluentes do HCTP ................... 71

5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 73

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 75
12

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem como objetivo analisar o legislação, quanto ao tratamento de efluentes
hospitalares, buscando subsídios para poder sugerir uma alternativa viável para o tratamento e
destino do efluente gerado pelo Hospital de Caridade de Três Passos (HCTP). Nele será realizada
uma verificação da legislação vigente, buscando conhecer alguma solução adotada que pode ser
aplicada ao HCTP.

Segundo Nuvolari (2003), quando começaram a formarem-se os aglomerados


populacionais, as águas servidas, hoje comumente chamadas de esgoto sanitário, transformaram-
se uma preocupação. A água que não recebe tratamento adequado, é um veículo de proliferação
de parasitas e microrganismos causadores de doenças, trazendo grande risco à saúde da
população que a consome (MOURA, et al., 2009).

Augustinho e Ferreira (2004) afirmam que com o desenvolver da sociedade, cresceram as


casa de saúde, responsáveis pelo tratamento das mais variadas enfermidades. Ainda segundo os
autores, isto está aumentando a produção de efluentes a serem descartados e se não houver o
correto tratamento antes do despejo nos corpos hídricos, esse efluente contaminará o mesmo.
Atualmente a preocupação com relação à problemática dos resíduos líquidos está crescendo,
porém constata-se que a bibliografia que aborda o tratamento e destino de efluentes está focada
nos efluentes de origem doméstica e industrial (MARQUES, 1993).

De acordo com a Resolução do CONAMA n. 430 de 2011, devem ser lançados direta ou
indiretamente nos corpos d´água os resíduos líquidos somente após tratamento prévio
obedecendo os padrões previstos (BRASIL, 2011). Neste sentido Arend e Henkes (2014)
afirmam que o tratamento de efluentes hospitalares deve ser realizado buscando qualidade e
padrão definido por normativa, usando os níveis de tratamento e eficiência necessários.

Vieira (2013) considera o efluente hospitalar um impacto silencioso, que carece de


fiscalização, onde são necessárias medidas de gestão para reduzir seus efeitos. O autor ainda
sinaliza que, o estímulo à pesquisa de instrumentos que minimizem esse impacto, tem grande

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Fabian Rangel Schroter Neuhaus (fabian.neuhaus@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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importância para desenvolvimento do bem-estar social que provém com o tratamento prévio
destes resíduos.

1.1 PROBLEMA

Devido a grande produção de efluente líquido gerado diariamente no HCTP, seu sistema,
projetado na década de 70, não consegue atender a demanda atual. Assim o mesmo se vê
obrigado a contratar uma empresa especializada para dar destino ao efluente ali gerado. Esse
serviço acaba onerando o já comprometido orçamento da entidade que é beneficente, mantida
com recursos públicos e doações.

Nos estabelecimentos de assistência à saúde, e gerado grande quantidade de resíduos e


ainda consumida muita água, o que traz grande problema para com o descarte desses efluentes
que necessitam de descarte (PRADO, 2007).

Em seu estudo Teixeira et al. (2014) aponta que houve uma média de 13.449 óbitos
relacionados a doenças causadas por saneamento inadequado no período de 2001 a 2009. O autor
ainda aponta um gasto de 2,141 bilhões de reais no período de estudo, relativo a consultas e
internações hospitalares pagos pelo SUS no Brasil.

1.1.1 Questões de Pesquisa

A partir do problema identificado, foi elaborada a questão geral de pesquisa:

 Qual a solução para o efluente líquido gerado no HCTP?

A partir daí, outras questões secundarias surgem:

 O que são efluentes hospitalares?


 O que a legislação vigente impõe ao tratamento de efluentes líquidos hospitalares?
 Como se dá o tratamento dos efluentes?
 Quais foram os modelos já implementados no Rio Grande do Sul?

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Efluentes Hospitalares: uma análise sobre a legislação e análise dimensional do tratamento de efluentes aplicável ao
Hospital De Caridade De Três Passos.
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1.1.2 Objetivos de Pesquisa

O objetivo geral deste trabalho é sugerir uma alternativa que seja viável para o tratamento
do efluente líquido gerado no HCTP.

Como objetivos específicos, busca-se:

 Conhecer a legislação ambiental vigente, que trata dos efluentes líquidos


hospitalares;
 Elaborar uma proposta dimensional de um tratamento de efluentes para HCTP

1.1.3 Estrutura

Este trabalho será desenvolvido em cinco capítulos:

O capítulo 1, Introdução, contemplará, uma contextualização acerca do tema estudado, os


objetivos e a estrutura.

O capítulo 2, Revisão Bibliográfica, aborda o contexto do efluente hospitalar. Os assuntos


revisados são: definição de efluentes líquidos e efluentes líquidos hospitalares, legislação que
trata de efluentes hospitalares em âmbito estadual e nacional, DBO, e ainda definir Estações
Compactas de Efluentes.

O capítulo 3, Metodologia, descreve a estratégia de pesquisa, o seu delineamento, expõe


as fontes utilizadas para pesquisa, define a estratégia para qualificar o procedimento adequado ao
tratamento do efluente líquido produzido no caso estudado.

O capítulo 4, Análise e Resultados, traz o resultado obtido com a utilização da


metodologia proposta.

No capítulo 5, Conclusões, trará uma síntese dos resultados obtidos, trazendo sugestões
para trabalhos futuros.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo será realizada a conceituação de tópicos que serão relevantes ao


desenvolvimento do estudo. Os tópicos a serem abordados são os efluentes, efluentes domésticos,
industriais e hospitalares, método de tratamento, parâmetros de lançamento e definição de ECTE
e ETE.

2.1 EFLUENTE

Metcalf e Eddy (2013) afirma que o efluente pode ser definido como sendo a água de
abastecimento doméstico ou industrial que após seu uso, é imprópria para a maioria dos usos
devido à presença organismos patogênicos prejudiciais à saúde pública. Devido ao grande perigo
a saúde humana, os esgotos devem ter como destino o tratamento e posterior reuso ou disposição
final, garantindo proteção à saúde da população. As principais constituintes dos esgotos,
originados de fonte doméstica, municipal e industrial são, as excreções humanas, águas de banho,
de processamento de alimentos e de produtos de manutenção pessoal e domésticos, junto com
traços de outros compostos orgânicos e inorgânicos (METCALF & EDDY, 2013).

Von Sperling (2005) afirma que os esgotos contêm aproximadamente 99,9% de água. A
fração restante constitui-se de sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem
como microrganismos, sendo devido a esse 0,1% que se faz necessário o tratamento dos esgotos.

No século XX o foco do tratamento de efluentes foi à remoção de constituintes


considerados prejudiciais a saúde humana (METCALF & EDDY, 2013). Os autores ainda
afirmam que a partir do século XXI entra uma nova visão, a qual considera o esgoto uma fonte
renovável de energia, recursos e água, trazendo perspectivas de em futuro próximo as ETE’s
passarem a ser exportadoras de energia.

2.1.1 EFLUENTE DOMÉSTICO

O esgoto doméstico é oriundo de residências e instalações comerciais, institucionais e


públicas, também sendo conhecido como esgoto sanitário (METCALF & EDDY, 2013). Ele é
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Efluentes Hospitalares: uma análise sobre a legislação e análise dimensional do tratamento de efluentes aplicável ao
Hospital De Caridade De Três Passos.
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composto de resíduos gerados pelo homem (fezes e urina), restos de comida, sabão e águas de
lavagem, podendo conter sólidos grandes (plásticos, pedaços de pano) e pequenos (grãos), tendo
coloração cinza, turvo e com leve odor desagradável (JORDÃO e PESSÔA, 1995).

2.1.2 EFLUENTE INDUSTRIAL

Conforme a NBR 9.800 de 1987 o efluente líquido industrial pode ser caracterizado como
sendo o despejo liquido proveniente de estabelecimentos industriais, oriundo dos processos
inerentes à indústria, águas de refrigeração poluída, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico,
ou seja, todo líquido que apresenta poluição por produtos utilizados ou produzidos no
estabelecimento industrial. O efluente industrial predomina produtos específicos da indústria
produtora, sendo particular de cada fonte geradora (METCALF & EDDY, 2013).

2.1.3 EFLUENTE HOSPITALAR

A água consumida por hospitais é de volume considerável, sendo estimado entre 400 a
1200 L/Leito/dia, enquanto o consumo doméstico é de 100L/pessoa/dia, significando grande
volume de esgoto a ser tratado (EMMANUEL et al, 2005; GAUTAM et al, 2006).

Segundo Vieira (2013) os resíduos líquidos provenientes de hospitais são possíveis


veículos de disseminação de organismos patogênicos, além de grandes concentrações de
antibióticos e medicamentos excretados. Ainda o mesmo autor afirma que estes agentes
contaminantes podem trazer sérios riscos a saúde publica se atingirem o sistema de abastecimento
de água.

Conforme Guedes e Von Sperling (2005) outros fatores, além dos contaminantes, ocorrem
nos despejos dos serviços de saúde, que podem conter águas de lavagem de vestimentas, de
objetos de uso pessoal e outros, de funcionários de saúde, bem como visitantes, objetos que
podem estar ou não contaminados. Os autores ainda citam que, as casas de saúde, geram águas
utilizadas nos refeitórios, de higienização de áreas administrativas e instalações sanitárias de
colaboradores, as quais se assemelham aos esgotos domésticos e tem menor teor de agentes
contaminantes.

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Fabian Rangel Schroter Neuhaus (fabian.neuhaus@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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Guedes e Von Sperling (2005) relatam em seu estudo a similaridade das características
físicas, químicas e bacteriológicas entre esgotos hospitalares e domésticos típicos, bem como a
elevada diluição que sofre o efluente hospitalar quando lançada na rede publica de coleta,
afirmando não ser necessário tratamento prévio antes do lançamento na rede pública. LA ROSA,
TOLFO e MONTEGGIA (2000) também concluíram que o efluente hospitalar tem características
semelhantes às encontradas em esgotos domésticos, no entanto, apontam que alguns parâmetros
são diferenciados, necessitando mais pesquisas na área. Apesar de certas localidades serem
servidas de rede pública de coleta de esgotos, o tratamento prévio destes efluentes, buscando
minimizar a carga poluidora na rede pública, pode reduzir o custo final do tratamento (PRADO,
2007). GUEDES e VON SPERLING (2005) afirmam que, caso o efluente seja lançado
diretamente em corpos receptores, é necessário o tratamento.

Conforme o consta no Art. 11 da RESOLUÇÃO CONAMA n° 358, de 29/04/2005, os


efluentes líquidos provenientes de instituições hospitalares, devem atender a critérios
estabelecidos pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento
competentes, para poderem ser lançados à rede pública de esgoto ou a um corpo receptor.

O Brasil apresenta grande deficiência quanto ao tratamento de esgotos na rede pública


urbana e, desta forma, os efluentes hospitalares estão em situação semelhante (GUEDES E VON
SPERLING, 2005). Os autores ainda citam, que o tratamento destas águas residuais hospitalares
irão gerar ônus aos serviços públicos ou privados.

2.1.4 DBO5

A demanda bioquímica de oxigênio conhecida pela sigla DBO5 é definida como a


quantidade de oxigênio requerida por micro-organismos para estabilizar a matéria orgânica
presente no esgoto, o que causa um grande problema ambiental (VON SPERLING, 2005;
SANT’ANNA JR, 2013). O estudo de Von Sperling (2005) aponta que os sistemas de tratamento
de esgotos por processos aeróbios devem atentar ao adequado fornecimento de oxigênio para que

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Efluentes Hospitalares: uma análise sobre a legislação e análise dimensional do tratamento de efluentes aplicável ao
Hospital De Caridade De Três Passos.
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o processo metabólico realizado por organismos biológicos não prejudique a estabilização da


matéria orgânica.

A determinação da DBO é realizada através da medição laboratorial do consumo de


oxigênio em um volume padrão em um período de tempo pré-fixado. O líquido coletado passa
primeiramente por uma analise de concentração de oxigênio dissolvido (OD) na amostra. Esta
amostra será mantida em frasco fechado e incubada a 20°C por 5 dias, para então ser novamente
medido a concentração de OD que já estará reduzida devido ao consumo durante o período. A
diferença entre o teor de OD do dia zero e o dia cinco representará o oxigênio consumido para a
oxidação da matéria, sendo, portanto, a DBO5 (VON SPERLING, 2005; SANT’ANNA JR, 2013;
NUVOLARI, 2003).

Segundo Von Sperling (2005) algumas vantagens referentes ao teste da DBO podem ser
elencadas, entre elas: indicação aproximada da fração biodegradável do despejo; indicação da
taxa de degradação do despejo; taxa de consumo de oxigênio em função do tempo e a indicação
aproximada da quantidade de oxigênio requerido para estabilização da matéria orgânica presente.
O autor ainda afirma haver algumas limitações, podendo ser citadas as seguintes: demora de 5
dias dificultando monitoramento na ETE; metais e substâncias tóxicas podem afetar a
confiabilidade do teste; baixos valores de DBO para caso em que os organismos que decompõe a
matéria não estão adaptados ao despejo.

Von Sperling (2005) cita que pesquisas têm sido realizadas visando substituir o teste da
DBO por outros parâmetros. Porém não há ainda uma universalidade quanto aos parâmetros e
métodos que tenham eficiência satisfatória para serem utilizados. Assim a DBO ainda se constitui
no principal parâmetro para dimensionamento de sistemas de tratamento de esgotos. A Figura 1
traz alguns exemplos de valores típicos de DBO de alguns efluentes.

Figura 1: Exemplos de valores típicos de DBO de alguns efluentes


Procedência do efluente Faixa de DBO (mg/l)
Doméstico (esgoto) 120 - 500
Refinaria de petróleo 300 - 800
Industria de celulose e papel 300 - 800
Cervejarias 300 - 800
Vinhoto (produção de etanol) 5000 - 15000

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Fabian Rangel Schroter Neuhaus (fabian.neuhaus@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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Pescado em conserva 2000 - 4000


Laticínios 800 - 2000
Fonte: Sant’Anna Junior (2013).

2.2 ETE – ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Segundo a NBR 12.290 de 1992, que trata dos Projetos de Estações de Tratamento de
Esgoto, define como sendo um conjunto de unidades de tratamento, equipamentos, órgãos
auxiliares, acessórios e sistemas de utilidades cuja finalidade é a redução de cargas poluidoras do
esgoto sanitário e condicionamento da material residual resultante do tratamento.

Von Sperling (2005) traz em seu estudo alguns aspectos que devem ser considerados para
seleção do sistema de tratamento de esgoto mais adequado, são eles: eficiência, confiabilidade,
disposição do lodo, requisitos de área, impactos ambientais, custos de operação, custos de
implantação, sustentabilidade e simplicidade. O autor ainda afirma que cada sistema deve ser
analisado individualmente, devido às especificidades da região onde será implantado o mesmo,
evidenciando ainda que, países em desenvolvimento tem dificuldade em fazer grandes
investimentos e aplicação de novas técnicas. O sistema de tratamento de efluente pode ser
composto de vários níveis, podendo ser classificado da seguinte maneira: preliminar, primário,
secundário e eventualmente terciário.

2.2.1 TRATAMENTO PRELIMINAR

O tratamento preliminar objetiva remover sólidos grosseiros e areia, usando mecanismos


de ordem física (VON SPERLING, 2005; METCALF & EDDY, 2013). Os autores afirmam que
a retirada dos sólidos grosseiros é feita através de grades onde o material de grandes dimensões
fica retido, protegendo dispositivos de transporte dos esgotos (bombas e tubulações) e proteção
dos níveis de tratamento subsequentes (Figura 2). Ainda no nível preliminar encontra-se uma
unidade para medição de vazão (VON SPERLING, 2005).

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Hospital De Caridade De Três Passos.
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Figura 2: Modelo de tratamento preliminar

Fonte: Von Sperling (2005).

2.2.2 TRATAMENTO PRIMÁRIO

No tratamento primário ocorre a remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica do


esgoto (METCALF & EDDY, 2013). Esses sólidos não grosseiros podem ser removidos em
unidades de sedimentação, as quais fluem o líquido vagarosamente através de decantadores,
permitindo que os sólidos suspensos, sedimentem gradualmente (VON SPERLING, 2005). O
autor ainda afirma que a eficiência do tratamento primário pode ser aumentada adicionando
agentes coagulantes ao líquido, fazendo assim um tratamento primário avançado, com uma maior
remoção de sólidos suspensos, que reduz a carga DBO a ser removida no tratamento secundário.
Von Sperling (2005) cita que os coagulantes mais usados são sulfato de alumínio e cloreto
férrico. No momento em que se adiciona o coagulante a etapa primária, há uma maior geração de
lodo primário, que é encaminhado para digestores que irão digerir a matéria, ou ainda podem ser
feita a estabilização alcalina (adição de cal).

2.2.3 TRATAMENTO SECUNDÁRIO

O tratamento secundário tem por objetivo a remoção da matéria orgânica biodegradável,


que não é removida por processos físicos, e matéria orgânica em suspensão, que é o material de
sedimentação mais lenta (VON SPERLING, 2005; METCALF & EDDY, 2013). Segundo os
autores, essa etapa do tratamento é biológica, sendo a remoção da matéria orgânica efetuada por
reações de microrganismos. Nesse processo os microrganismos convertem a matéria orgânica em
gás carbônico, água e material celular (VON SPERLING, 2005).
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Entre os possíveis métodos de tratamento secundário por lagoas de estabilização, alguns


são citados por Von Sperling (2005) com sendo os mais usuais atualmente:

a) Lagoa facultativa

Dentre os sistemas de lagoas de estabilização, é a mais simples, onde o esgoto afluente


entra continuamente por uma extremidade e sai continuamente por outra, sendo um processo
essencialmente natural, não tendo uso de equipamentos. A matéria orgânica em suspensão
sedimenta-se, constituindo um lodo que sofre decomposição por microrganismos anaeróbios,
restando apenas uma fração não biodegradável no fundo da lagoa. A decomposição é através de
bactérias facultativas, que sobrevivem com presença e sem presença de oxigênio. O tratamento
por lagoa facultativa tem grande simplicidade operacional, porém demanda grandes áreas
ocupadas pelas lagoas, já que tem um período de detenção em torno de 20 dias. Na Figura 3 está
demonstrado o modelo de lagoa facultativa.

Figura 3: Modelo de lagoa facultativa

Fonte: Von Sperling (2005).

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b) Sistema de lagoa anaeróbia – lagoa facultativa

Como as lagoas facultativas necessitam grandes áreas, buscam-se métodos que resultem
em menor área requerida. Uma possível solução é a um sistema de lagoas anaeróbias seguido de
lagoas facultativas. Essas lagoas anaeróbias são menores e profundas, tendo pouca fotossíntese, o
que traz um consumo maior de oxigênio. A taxa de permanência na lagoa é de apenas 2 a 5 dias,
reduzindo em 30 % a 50 % a carga de esgoto para a lagoa facultativa, assim trazendo uma
economia de 1/3 de área ocupada por lagoa facultativa única. A Figura 4 mostra um modelo do
sistema lagoa anaeróbia – lagoa facultativa.

Figura 4: Modelo de lagoa anaeróbia - lagoa facultativa

Fonte: Von Sperling (2005).

c) Lagoa aerada facultativa

Para uma maior redução de área pode-se optar pelas lagoas aeradas facultativas, onde
predomina o sistema aeróbio. Nesse sistema são instalados aeradores que inserem oxigênio ao
efluente através de turbilhonamento da superfície, mantendo a tendência de sedimentação dos
sólidos, formando a camada de lodo de fundo a ser decomposta anaerobiamente. O
comportamento da lagoa é como de uma lagoa facultativa convencional, tendo apenas grande
redução de área ocupada, porém com introdução de equipamentos mecânicos para aeração, que
podem gerar dificuldades para manutenção e operação, além de consumo de energia elétrica. O
tempo de detenção pode ser reduzido para 5 a 10 dias. A Figura 5 apresenta o modelo de lagoa
aerada facultativa.

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Fabian Rangel Schroter Neuhaus (fabian.neuhaus@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
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Figura 5: Modelo de lagoa aerada facultativa

Fonte: Von Sperling (2005).

2.2.4 TRATAMENTO TERCIÁRIO

Von Sperling (2005) e Metcalf & Eddy (2013) afirmam que se a remoção de nutrientes
como nitrogênio e fósforo não forem realizadas na etapa secundária, esta remoção deve ser
realizada em um novo nível de tratamento, chamado terciário. Pode ainda ocorrer nesta etapa à
remoção de organismos patogênicos, onde é feita a eliminação de microrganismos nocivos à
saúde humana (VON SPERLING, 2005; METCALF e EDDY, 2013). Porém essa desinfecção
leva em conta os custos envolvidos, a eficácia em relação à remoção efetiva dos organismos, a
possível geração de compostos tóxicos e outros aspectos (VON SPERLING, 2005).

Segundo Rohloff (2011), no tratamento de efluentes hospitalares é necessário o


tratamento terciário, devido a grande concentração microbiana presente. O autor ainda afirma que
este nível, responsável pelo controle dos patogênicos, se faz necessário devido a pouca eficiência
dos outros níveis de tratamento na retirada destes microrganismos.

2.3 LEGISLAÇÃO

Von Sperling (2005) afirma que cada país define seus padrões, tem redação e
característica especifica, havendo ainda padrões regionais, para cada estado ou forma de divisão
politica do país. O autor ainda afirma que podem existir diretrizes ou recomendações propostas
por entidades em nível mundial, mas que não tem força de lei, tendo como objetivo apenas a
proteção da saúde e meio ambiente mundial.

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Segundo Von Sperling (2005), o efluente será tratado respeitando requisitos impostos pela
legislação específica, buscando os padrões de qualidade para o efluente e para o corpo receptor.
Ainda o Autor afirma que a remoção dos poluentes, buscando adequar ao padrão de qualidade
desejada está diretamente associada aos níveis do tratamento e a eficiência do tratamento.

A legislação Estadual quanto a Federal não traz nenhuma distinção quanto ao efluente
hospitalar e o efluentes em geral (ROHLOFF, 2011). Os resíduos líquidos são norteados pela
normatização do CONSEMA (estadual) e CONAMA (federal).

2.3.1 LEGISLAÇÃO FEDERAL

A resolução n° 283, de 12 de julho de 2001, do CONAMA, a qual dispõe sobre o


tratamento e destinação final de resíduos de saúde, traz em Parágrafo Único que o efluente
líquido proveniente de estabelecimentos de saúde deverá atender a diretrizes estabelecidas pelos
órgãos ambientais competentes (BRASIL, 2001).

A redação que dispõe sobre os efluentes é a Resolução CONAMA n° 357/2005, que


estabelece condições e padrões de lançamento de efluentes, sendo complementada pela
Resolução 430/2011, do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA.

O artigo 4 da Resolução CONAMA 430/2011 traz a definição de alguns termos o, abaixo


estão enumerados alguns considerados importantes ao estudo:

 V- Efluente: é o termo usado para caracterizar os despejos líquidos provenientes


de diversas atividades ou processos;
 VII - Esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos
residenciais, comerciais, águas de infiltração na rede coletora, os quais podem
conter parcela de efluentes industriais e efluentes não domésticos;

 IX - Lançamento direto: quando ocorre a condução direta do efluente ao corpo


receptor;

 X - Lançamento indireto: quando ocorre a condução do efluente, submetido ou


não a tratamento, por meio de rede coletora que recebe outras contribuições antes
de atingir o corpo receptor;

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O artigo 5 define que os efluentes lançados no corpo receptor não poderão alterar
características de qualidade obrigatórias.

A Resolução n° 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico


para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde, prevê no seu item 7.3.1que deve existir uma unidade para tratamento do
esgoto quando este for lançado em rios ou lagos.

2.3.2 LEGISLAÇÃO ESTADUAL

Em 03 de agosto de 2000 foi editada, no Estado do Rio Grande do Sul, a Lei n° 11.520,
que institui o Código Estadual de Meio Ambiente, o qual baliza todas as atividades ligadas ao
meio ambiente em território estadual. Em seu artigo 69 estabelece:

Caberá aos municípios o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades


consideradas como de impacto local, bem como aquelas que lhe forem delegadas pelo
Estado por instrumento legal ou convênio.

A padronização do lançamento de efluentes é feito de acordo com legislação da FEPAM.


Os empreendimentos que tem impactos considerados não local, não ficam sob responsabilidade
dos municípios, necessitando de licença de operação emitido pelo órgão estadual para o
funcionamento ser autorizado (ROHLOFF, 2011). Ainda a autora enfatiza que, licença é o
documento que autoriza, pelo prazo pré-definido, se viável, a instalação e funcionamento da
atividade.

Entende-se por Licença Prévia (LP):

A licença que deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou


ampliação do empreendimento. O prazo de validade de uma Licença Prévia é de 2 (dois)
anos, exceto para empreendimentos com localização definida para distritos industriais já
licenciados, que terá validade de 5 (cinco) anos. Não será renovada após o término do
seu prazo de validade, exceto para Licenças Prévias antecedidas por Estudo Prévio de
Impacto Ambiental, que poderão ser renovadas uma vez, desde que não haja mudanças
ambientais que indiquem a necessidade de novo Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a
critério do órgão ambiental (ROHLOFF, 2011, p. 17).

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Já a Licença de Instalação (LI):

A licença que deve ser solicitada na fase anterior à execução das obras referentes ao
empreendimento/atividade; nesta fase, são analisados os projetos e, somente após a
emissão deste documento, poderão ser iniciadas as obras do empreendimento/atividade.
A Licença de Instalação tem o seu prazo de validade fixado entre 1 (um) e 5 (cinco) anos
com base no cronograma proposto para execução do empreendimento, podendo ser
renovada (ROHLOFF, 2011, p. 17).

A Licença de Operação (LO):

A licença que deve ser solicitada antes do início do funcionamento do


empreendimento/obra. É concedida depois de atendidas as condições da Licença de
Instalação. A Licença de Operação tem o seu prazo de validade fixado em 4 (quatro)
anos, podendo ser renovada (ROHLOFF, 2011, p. 17).

2.3.3 PADRÕES PARA LANÇAMENTO DE EFLUENTES

Segundo Rohloff (2011), ainda não há uma legislação que trata especificamente dos
padrões de lançamento de efluente hospitalar, sendo utilizados os padrões anteriormente
definidos pelo CONAMA, e em nível estadual pela Resolução 128/2006 do CONSEMA.

Na sequência são apresentadas as figuras 6,7 e 8, que demonstram os padrões de


lançamento por faixa de vazão.

Figura 6: Padrões de DBO5, DQO e Sólidos Sedimentáveis por vazão.

Faixa de vazão (m3/d) DBO5 (mgO2/L) DQO (mgO2/L) SS (mg/L)


Q < 20 180 400 180
20 ≤ Q < 100 150 360 155
100 ≤ Q < 500 110 330 125
500 ≤ Q < 1000 80 300 100
1000 ≤ Q < 3000 70 260 80
3000 ≤ Q < 7000 60 200 70
7000 ≤ Q < 10000 50 180 60
10000 ≤ Q 40 150 50
Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

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Figura 7: Padrões de lançamento de efluentes por vazão – Resolução CONSEMA nº 128/2006

Nitrogênio Total Kjeldahl Fósforo Coliforme Termo tolerante


Faixa de vazão Nitrogênio Máximo
(m3/d) Concentração Concentração Eficiência Eficiência
Eficiência NTK(%) Amoniacal permissível
(mg NTK/L) (mg P/L) (%) (%)
(mgNam./L) (NMP/100mL)

Q < 100 20 75 20 4 75 10⁵ 95


100 ≤ Q < 1000 20 75 20 3 75 10⁴ 95
1000 ≤ Q <
10000 15 75 20 2 75 10⁴ 95
10000 ≤ Q 10 75 20 1 75 10³ 99
Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

Figura 8: Parâmetros orgânicos admissíveis no lançamento de efluentes – comparativo entre legislação


federal e estadual

Resolução CONAMA Resolução CONSEMA


n° 357/2005 N° 128/2006
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Clorofórmio 1,0 mg/L -
Dicloroetano 1,0 mg/L -
Fenóis Totais (substancias que 0,05 mg/L C6H5OH 1,0 mg/L C6H5OH
reagem com aminoantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L -
Tricloroetano 1,0 mg/L -
Fonte: FEPAM

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3 MÉTODO DE PESQUISA

Neste item será abordada a metodologia de pesquisa utilizada, onde serão apresentadas as
estratégias para o desenvolvimento da pesquisa e por fim o cronograma de realização do estudo.

3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

O trabalho a ser realizado pode ser classificado da seguinte forma:

 Do ponto de vista de sua natureza será APLICADA


 Do ponto de visto de abordagem do problema será QUALITATIVA
 Do ponto de vista de objetivos será EXPLORATÓRIA

Gil (2002) afirma que a pesquisa exploratória visa familiarizar o autor ao problema,
deixando-o mais explicito e ou constituir hipóteses sobre o assunto.

 Do ponto de vista dos procedimentos técnicos será BIBLIOGRÁFICA e ESTUDO


DE CASO

Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é caracterizada pela pesquisa utilizando


como base material já existente, sendo os mais usados livros e artigos científicos. O autor ainda
traz que o estudo de caso busca conhecer o contexto em que está sendo feito a pesquisa para
então formular hipóteses para solução do problema.

3.2 DELINEAMENTO

O delineamento da pesquisa está dividido em três etapas principais, que podem ser
visualizadas na Figura 9:

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Figura 9: Delineamento de pesquisa

Fonte: Autoria própria

A etapa de fundamentação teórica tem por objetivo conhecer o assunto, os tópicos que
serão abordados no estudo, fazendo uma preparação para o trabalho a ser realizado e levando a
uma contextualização acerca da viabilidade do estudo. Posteriormente, será realizado um
levantamento da legislação vigente, trazendo um panorama dos hospitais licenciados pela
FEPAM, buscando vislumbrar soluções já aplicadas. Conhecidas as soluções já implantadas pelos
licenciados, será definida a ECTE e a possibilidade de sua utilização. De posse dos dados será
possível fazer uma análise da melhor opção de tratamento de efluente a ser sugerida ao HCTP.

3.3 CARACTERIZAÇÃO

3.3.1 Três Passos

Segundo a Prefeitura Municipal de Três Passos (2016) o atual município de Três Passos
originou-se a partir da criação da Colônia Militar do Alto Uruguai, em 1879. O primeiro núcleo
habitacional, em meio à mata densa predominante na Região Noroeste do Estado do Rio Grande

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do Sul, fora criado com o objetivo de garantir a predominância do Império brasileiro em terras
sempre disputadas com a vizinha nação Argentina (TRÊS PASSOS, 2009).

Conforme a Prefeitura Municipal de Três Passos (2016) a região Noroeste foi uma região
vasta, com abundancia de madeiras, terras férteis e pouca população, configurando-se uma nova
fronteira agrícola a ser explorada no Rio Grande do Sul. As três primeiras décadas do século XX,
foi o auge do desenvolvimento da população, grande parte era imigrante que buscavam a
atividade agrícola, produção de alimentos e desenvolvimento cultural (TRÊS PASSOS, 2009).

Segundo o IBGE (2015) a população é de 24.647 pessoas e sua economia é baseada na


produção agrícola e industrial. Ainda segundo referida fonte, a área total do município é de
268,396 km².

3.3.2 FEPAM

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - FEPAM, é a


instituição responsável pelo licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul. Desde 1999, a
FEPAM é vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA.

Segundo a FEPAM (2016) além da operação do Licenciamento Ambiental das atividades


de impacto supralocal, as principais atividades da instituição são:

 Aplicação da Legislação Ambiental e fiscalização em conjunto com os demais


órgãos da SEMA, Municípios e Batalhão Ambiental da Brigada Militar;
 Avaliação, monitoramento e divulgação de informação sobre a qualidade
ambiental. Este trabalho é a base para a priorização e avaliação da efetividade das
ações desenvolvidas (como o próprio licenciamento ambiental);
 Diagnóstico e Planejamento, para que a ação do SISEPRA, a avaliação das
mudanças ambientais e o licenciamento ambiental de atividades individuais sejam
vistos dentro do marco de diretrizes regionais e da capacidade suporte do ambiente;
Apoio, informação, orientação técnica e mobilização de outros atores importantes
como os Municípios, os Comitês de Bacia e organizações da sociedade civil;

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3.4 METÓDO DE DIMENSIONAMENTO

O planejamento de novas estações de tratamento de esgotos, não pode ser vista apenas
como uma instalação física com finalidade de tratar o efluente, deve também ser vista sob a ótica
de minimizar custos operacionais de mão de obra, energia, estabilização de subprodutos e a
disposição final (METCALF e EDDY, 2013). Desse ponto de vista partiremos em busca de uma
estação de tratamento que seja adequada a realidade encontrada no HCTP.

3.4.1 Gradeamento e desarenador

Primeiramente o efluente passará por um processo de gradeamento, chamado tratamento


preliminar, buscando reter os sólidos grosseiros que possam prejudicar as etapas posteriores. Os
sólidos grosseiros são constituídos de madeira, tecidos, metais e outros materiais que possam
estar presentes no efluente. O gradeamento pode ser simples ou mecanizado, variando apenas o
método de limpeza das mesmas, podendo ser de forma manual ou de forma mecânica,
respectivamente (NUNES, 2001). Nuvolari (2003) recomenda que em ETEs de pequeno porte,
classificadas pela vazão até 250L/s, sejam adotadas grades médias, podendo a limpeza ser feita
manualmente. O material retido no gradeamento deverá ser removido evitando acumulo que
poderá gerar odores indesejados. Na retirada do material, deverá ser aplicado óxido de cálcio,
evitando mau cheiro e a proliferação de insetos indesejados (METCALF e EDDY, 2013). Este
resíduo deverá ser destinado a um local apropriado, regulamentado pela autoridade competente.

De acordo com Nunes (2001), a remoção de areias e minerais sedimentáveis é feita


através de uma caixa de areia, conhecida como desarenador. Esta remoção é feita através da
sedimentação, sendo os grãos de maior dimensão e densidade acumulados no fundo do tanque,
enquanto a matéria orgânica, que continua em suspensão, segue para a etapa seguinte (VON
SPERLIN, 1996). Nunes (2001) ainda sugere que seja utilizado desarenador com câmara dupla,
modelo este que permite a operação contínua, facilitando a limpeza, já que uma câmara ficará em
funcionamento, enquanto outra será limpa.

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Nuvolari (2003) e Nunes (2001) trazem em seus trabalhos a sugestão de que o efluente
inicie o processo de tratamento passando pelo gradeamento, seguido pela caixa de areia e
posteriormente o efluente passará pelo medidor de vazão do modelo Parshall. Nunes (2001)
sustenta que a velocidade na caixa de areia deve ser controlada pela unidade de medição de
vazão, a qual evitará velocidades muito baixas, que podem ocasionar a deposição de matéria
orgânica, e velocidades grandes, que podem levar grãos de areia para unidades de tratamento
seguintes, prejudicando a eficácia do processo. A Figura 10 demonstra em planta esquemática a
entrada da ETE sugerida por Nunes (2001).

Figura 10: Modelo esquemático da entrada da ETE

Fonte: NUNES (2001)

Para iniciar o dimensionamento do sistema seleciona-se o tamanho da abertura da


garganta (W) do medidor de acordo com a Figura 11, fornecida por Nunes (2001), obtendo-se os
dados n e k, referentes ao modelo adotado pelo projetista. A altura da lâmina líquida (H) medida
a 2/3 da seção convergente da calha Parshall é dada pela equação 01, sendo n e k valores
tabelados e Q a vazão volumétrica.

1
𝑄 𝑛
𝐻: (𝐾) = [𝑚] Eq. (01)

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Figura 11: Abertura da garganta (W) do medidor Parshall

Fonte: Nunes (2001)

O rebaixo (Z) do medidor Parshall, em relação à soleira do vertedor da caixa de areia,


obtido através da equação 02, adota às vazões máximas e mínimas obtidas no local analisado
(NUNES, 2001). A altura da lâmina (h) de água antes do rebaixo é obtida através da equação 03,
utilizando os valores de H máximo, médio e mínimo já calculados com a equação 01.

(𝑄𝑚á𝑥.𝐻𝑚í𝑛 −𝑄𝑚í𝑛 .𝐻𝑚á𝑥)


𝑍: = [𝑚] Eq. (02)
𝑄𝑚á𝑥−𝑄𝑚í𝑛

ℎ: 𝐻 − 𝑍 = [m] Eq. (03)

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Após determinado o rebaixo (Z) e a altura da lâmina (h), Nunes (2001) sugere selecionar
um modelo de barra de acordo com a Figura 12, a qual fornece a seção da barra e ainda o
intervalo de espaçamento entre as barras.

Figura 12: Seção de barra


Seção da barra Espaçamento entre
Tipo de Grade
(pol.) barras (cm)
3/8x2
3/8x2.1/2
Grosseira 4,0 a 10,0
1/2x1.1/2
1/2x2
5/16x2
Média 3/8x1.1/2 2,0 a 4,0
3/8x2
1/4x1.1/2
Fina 5/16x1.1/2 1,0 a 2,0
3/8x1.1/2

Fonte: NUNES (2001)

A partir dados das barras selecionadas para projeto, procede-se a verificação da eficiência
(E) através da equação 04, onde a é o espaço entre barras e t a espessura das barras. A área útil
(Au), é calculada através da equação 05, que utiliza a vazão máxima (Qmáx) e uma velocidade (V)
do líquido aproximando-se do canal com valores entre 0,3 m/s e 0,6m/s, conforme sugere Metcalf
e Eddy (2013). Calculados a eficiência (E) e a área útil (Au), pode-se calcular a área total (At)
através da equação 06 e a largura do canal (b) através da equação 07.

𝑎
𝐸: 𝑎+𝑡 Eq. (04)

𝑄𝑚á𝑥
𝐴𝑢 : = [𝑚2 ] Eq. (05)
𝑉

𝐴𝑢
𝐴𝑡 : = [𝑚2 ] Eq. (06)
𝐸

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𝐴𝑡
𝑏: 𝐻 = [𝑚] Eq. (07)
𝑚á𝑥

Após o dimensionamento do canal, deve-se realizar a verificação das vazões no canal


dimensionado, buscando descobrir se está dentro do limite de velocidade o qual o canal suporta.
Realizada verificação dos limites de velocidade, observa-se a perda de carga (hf), calculada
através da equação 08, que conforme Nunes (2001), pode considerar uma obstrução máxima da
grade de 50%. Logo a velocidade (V0), obtida na verificação da vazão máxima, passa a ser o
dobro da inicial, conforme se pode observar na equação 09. Já a velocidade a montante (v), será
dada pela equação 10, que é proveniente da velocidade (V0) multiplicada pela eficiência (E).

𝑉 2 −𝑣 2
ℎ𝑓 : 1,43. 2𝑔 = [𝑚] Eq. (08)

𝑚
𝑉: 2 . 𝑉˳ = [ 𝑠 ] Eq. (09)

𝑚
𝑣: 𝑉˳ . 𝐸 = [ ] Eq. (10)
𝑠

Após o dimensionamento do canal, busca-se conhecer o comprimento da grade (x), dado


pela equação 11. O comprimento da grade (x) dá-se pela divisão da altura de chegada do liquido
(hv), calculado através da equação 12, pelo seno do ângulo de inclinação das barras. Já o número
de barras, que é calculado pela equação 13, utiliza a largura do canal (b) dividida pela espessura
da barra utilizada acrescida da abertura entre as barras (a). O espaçamento das paredes do canal
(e), obtido através da equação 14, busca conhecer o espaçamento que terá a primeira barra em
relação à parede do canal.

ℎ𝑣
𝑥: 𝑠𝑒𝑛 𝛳° = [𝑚] Eq. (11)

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ℎ𝑣 : ℎ𝑓 + ℎ𝑚á𝑥 + 𝐷 + 0,10 = [𝑚] Eq. (12)

𝑏
𝑛: 𝑡+𝑎 = [𝑢𝑛𝑖𝑑] Eq. (13)

𝑒: 𝑏 − [𝑛. 𝑡 + (𝑛 − 1). 𝑎] = [𝑚𝑚] Eq. (14)

3.4.1.1 Desarenador

Após o dimensionamento do gradeamento e do medidor de vazão tipo Parshall,


determina-se as dimensões da caixa de areia. O procedimento de cálculo adotado por Nunes
(2001) é dado da seguinte forma: primeiramente dimensiona-se a largura (b) do canal, através da
equação 15, que divide a vazão máxima (Qmáx) pela multiplicação entre a altura da lâmina
máxima (hmáx) e a velocidade (V) a ser mantida no canal. Depois de dimensionado a largura (b)
do canal, procede-se a verificação das velocidades que as vazões máxima, média e mínima irão
“escoar” quando passarem pelo canal, devendo manterem-se próximas a velocidade (V) adotada
no canal. Estando as velocidades dentro do limite suportado, determina-se a largura do canal,
obtida pela equação 16. Por último faz-se a verificação da taxa de escoamento superficial (I),
dada pela equação 17, a qual divide a vazão média (Qméd) diária pelo produto entre o
comprimento e a largura do canal, observando-se que a taxa deve estar no intervalo entre
600 m³/m².d e 1200 m³/m².d.

Qmáx
𝑏: ℎ = [𝑚] Eq. (15)
𝑚á𝑥 .𝑉

𝐿: 22,5 . ℎ𝑚á𝑥 = [𝑚] Eq. (16)

Qméd 𝑚3
𝐼: = [𝑚2 . 𝑑] Eq. (17)
𝐿. 𝑏

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37

3.4.2 Tanque de equalização

Segundo Von Sperling (2005), a inclusão de um tanque de equalização após o tratamento


preliminar se faz necessária para reduzir a variação da vazão ao longo do dia, já que a produção
de esgotos não é constante, devido à picos que podem ocorrer em determinados períodos do dia.
Essa equalização busca manter a vazão próxima a média diária, facilitando os processos nas
unidades a jusante. O tanque de equalização pode contar com um sistema de aeração, que busca
homogeneizar o efluente, tornando uniformes parâmetros como temperatura, Ph, turbidez,
sólidos, DBO, DQO (NUNES, 2001). O autor ainda sugere que tanques com nível variável,
devem ter um nível mínimo de efluente, evitando que a bomba localizada no fundo do tanque
funcione a seco causando avarias.

O dimensionamento do tanque de equalização utilizado neste trabalho será conforme


método sugerido por Nunes (2001). A marcha de cálculo inicia-se com a determinação do volume
de equalização (Veq), dado pela equação 15, que multiplica a vazão média (Qméd) pelo tempo de
detenção (t). De posse do volume de equalização (Veq), o próximo passo a determinar são as
dimensões do tanque, que é dado pela equação 16, onde se encontra o comprimento (L) do
tanque, adotando uma altura do volume de equalização (H). O volume total (Vt) que terá o tanque
dá-se pela equação 17, que soma o volume de equalização (V eq) com o volume mínimo (Vmin),
sendo o volume mínimo dado pela equação 18. Em seguida determina-se a potência do agitador
(P) do efluente, obtido através da equação 19, que utiliza uma densidade de potência (Dp), que é a
energia necessária para manter os sólidos em suspensão.

𝑉𝑒𝑞 : 𝑄𝑚é𝑑 . 𝑡 = [𝑚3 ] Eq. (19)

𝑉
𝐿: √ 𝐻𝑒𝑞 = [𝑚] Eq. (19)

𝑉𝑡 : 𝑉𝑒𝑞 + 𝑉𝑚í𝑛 = [𝑚³] Eq. (20)

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38

𝑉𝑚í𝑛 : 𝐿2 . 𝐻 = [𝑚³] Eq. (21)

𝐷𝑝 .𝑉𝑡
𝑃: = [Hp] Eq. (22)
745

Figura 13: Modelo de tanque de equalização

Fonte: NUNES (2001)

3.4.3 Lagoa anaeróbia

Devido a lagoas facultativas, que fazem o processo de decomposição da matéria através


de bactérias que consomem oxigênio, exigirem grandes áreas, torna-se inviável o uso isolado
destas lagoas. Buscando a redução da área requerida por estas, parte-se para uma alternativa que
possa reduzir a área das mesmas. Uma das alternativas mais usuais é a adoção de lagoas
anaeróbias, antes de o efluente chegar à lagoa facultativa (VON SPERLING, 2005).
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39

Lagoas anaeróbias são comumente utilizadas para tratamento de esgotos domésticos e de


despejos industriais predominantemente orgânicos, com altas cargas de DBO (VON SPERLING,
2009). O autor ainda afirma que em condições anaeróbias a matéria orgânica converte-se
lentamente, devido às bactérias anaeróbias reproduzirem-se lentamente. Estas lagoas são
usualmente profundas, variando entre 3m e 5m, evitando acesso de oxigênio nas camadas
inferiores, tendo assim áreas menores.

O dimensionamento da lagoa anaeróbia pode ser realizado por vários métodos, sendo
escolhido para este trabalho o método sugerido por Von Sperling (2009). Este método utiliza
como dados iniciais de projeto a vazão máxima (Qmáx) afluente, a carga de DBO (C) afluente, e
temperatura mínima média anual (T) do local do estudo. Primeiramente determina-se a taxa de
aplicação volumétrica (Lv), conforme a equação 20, onde Von Sperling (2009) sugere utilizar a
temperatura média do ar no mês mais frio do ano. De posse de Lv, calcula-se o volume requerido
(Lr) na lagoa com a equação 21, a qual relaciona a carga de DBO (C) afluente com a taxa de
aplicação volumétrica (Lv).

𝐷𝐵𝑂
𝐿𝑣 : 0,02. 𝑇 − 0,10 = [𝑘𝑔. . 𝑑] Eq. (23)
𝑚3

𝐶
𝐿𝑟 : 𝐿 = [𝑚3 ] Eq. (24)
𝑣

O tempo de detenção (t), que relaciona o volume requerido (Lr) com a vazão máxima
(Qmáx) afluente, conforme demonstrado na equação 22, tem grande importância para o sistema, já
que este não deve ser no intervalo entre 3,0 a 6,0 dias. Caso esteja fora deste intervalo, a lagoa
poderá ter sua eficiência reduzida, ocorrendo desequilíbrio no processo devido ao acumulo de
ácidos que geram maus odores (VON SPERLING, 2009).

𝐿𝑟
𝑡: 𝑄 = [𝑑𝑖𝑎𝑠] Eq. (25)
𝑚á𝑥

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40

A área da lagoa (A) é determinada pela equação 23, que divide o volume requerido (L r)
pela profundidade (H) da lagoa. O parâmetro de profundidade (H) da lagoa anaeróbia deve ser
alto, para garantir que a lagoa não funcione como facultativa, porém não exagerado. Von
Sperling (2009) ainda indica que usualmente são adotados valores entre 3,5 m a 5,0 m, evitando
assim altos custos nas escavações.

𝐿
𝐴: 𝐻𝑟 = [𝑚2 ] Eq. (26)

De posse das dimensões da lagoa anaeróbia, pode-se medir a eficiência (E) da remoção da
DBO, a partir da equação 24, a qual tem como variável principal a temperatura mínima média (T)
no mês mais frio do ano. Calculado a eficiência do sistema, verifica-se a concentração de DBO
efluente, através da equação 25. Está concentração de DBO efluente será o afluente da próxima
lagoa. Portanto, a próxima etapa do processo utilizará este dado como base.

𝐸: 2. 𝑇 + 20 = [%] Eq. (27)

𝐸 𝑚𝑔
𝐷𝐵𝑂𝑒𝑓𝑙 : (1 − ) . 𝑆𝑜 =[ ] Eq. (28)
100 𝑙

3.4.4 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação

Conforme já citado por Von Sperling (2005), as lagoas facultativas necessitam de grandes
áreas para fazer a decomposição da matéria orgânica presente nos esgotos. Frente a este
problema, projetistas lançam mão de alternativas que possam reduzir a área ocupada pelas lagoas.
Uma maneira de se reduzir este volume é utilizar o sistema de lagoa aerada de mistura completa
seguida por lagoa de decantação (VON SPERLING, 2005).

A lagoa aerada tem por característica principal o grande nível de aeração, causando forte
turbulência no líquido, garantindo assim oxigenação e a manutenção dos sólidos em suspenção
no meio líquido. Com a grande mistura que ocorre no seu interior, há uma maior concentração de
bactérias no meio líquido, além de um maior contato entre a matéria orgânica e as bactérias. O
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fato de trazer grande eficiência faz com que o tempo de detenção seja da ordem de 2 a 4 dias
(VON SPERLING, 2009).

Com a eficiência aumentada pela manutenção dos sólidos em suspensão, surgiu outro
problema. A biomassa, que está suspensa no meio líquido, passa a sair da lagoa como efluente.
Assim torna-se necessário que se tenha a jusante uma unidade que permita estes sólidos
sedimentarem-se. Tais unidades são chamadas lagoas de decantação (VON SPERLING, 2009).

3.4.4.1 Lagoa aerada de mistura completa

O dimensionamento das lagoas aeradas tem como principal critério o tempo de detenção
(t). Von Sperling (2009) sugere adotar períodos entre 2 e 4 dias, evitando assim o possível
aparecimento de algas na lagoa. Outro critério adotado pelo projetista é a profundidade das lagoas
(H), que segundo Von Sperling (2009) é usual adotar entre 2,5 e 4 metros. De posse destes dados
é possível iniciar-se a marcha de cálculos que busca dimensionar o sistema.

Inicialmente é necessário que se determine o volume requerido (V), obtido através da


equação 26, que multiplica o tempo de detenção (t) pela vazão (Q) diária de efluente. Conhecido
o volume requerido (V), adota-se a equação 27 para determinação da área requerida (A), que
relaciona o volume (V) com a profundidade (H). A partir da área podem-se adotar as medidas de
comprimento da lagoa, que reflitam a área calculada.

𝑉: 𝑡. 𝑄 = [𝑚²] Eq. (29)

𝑉
𝐴: 𝐴 = [𝑚²] Eq. (30)

Determinada a geometria da lagoa, calcula-se a concentração de sólidos em suspensão


voláteis (SSV). Primeiramente necessita-se definir o coeficiente de produção celular (Y) e o
coeficiente de decaimento bacteriano (Kd) obtidos através de valores típicos fornecidos por
Metcalf & Eddy (1991) na Figura 14. Outra variável a ser adotada pelo projetista é a

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concentração de DBO solúvel efluente (S). Com estes dados é possível calcular a concentração de
sólidos em suspensão voláteis (Xv), determinado pela equação 28.

Figura 14: Valores típicos de Y e Kd


Coeficiente Unidade Faixa Valor Típico
Y mgSSV/mgDBO 0,4 - 0,8 0,6
Kd d-1 0,03 - 0,08 0,06
Fonte: Metcalf & Eddy (1991)

𝑌.(𝑆𝑜 −𝑆)
𝑋𝑣 : = [𝑚𝑔/𝑙] Eq. (31)
1+𝐾𝑑 .𝑡

Calculado a concentração de sólidos em suspensão voláteis (Xv), calcula-se uma


estimativa da DBO solúvel efluente (Sest), através da equação 29. Está estimativa, deve ser
comparada com a estimativa inicial (S), observando-se que havendo grande diferença entre elas,
deve-se usar corrigir Kv, objetivando pequena variação. A estimativa da DBO particulada efluente
(DBOpart) é de que esteja entre 40 e 60% de Xv.

𝑆
𝑆𝑒𝑠𝑡 : 1+𝐾′𝑜.𝑋 = [𝑚𝑔/𝑙] Eq. (29)
𝑣 .𝑡

A quantidade de oxigênio a ser fornecida pelos aeradores para a estabilização aeróbia, é


determinada pela equação 30, que determina os requisitos de oxigênio (RO). Conhecido este RO,
pode-se determinar a potência (Pot) do aerador, através da equação 31, utilizando a eficiência de
oxigenação de campo (EOcampo) de 1,1 kgO2/kwh.

𝑅𝑂: 1,2. 𝑄. (𝑆𝑜 − 𝑆) = [𝑘𝑔𝑂2 /𝑑] Eq. (32)

𝑅𝑂
𝑃𝑜𝑡: = [𝑘𝑤] Eq. (33)
𝐸𝑂𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜

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Para fins de verificação da eficiência dos aeradores, deve-se calcular a densidade de


potência, através da equação 32, relacionando a potência com o volume da lagoa, sendo indicados
por Von Sperling (2009) valores ideais acima de 3 W/m³.

𝑃𝑜𝑡 𝑊
𝜙: = [𝑚³] Eq. (34)
𝑉

3.4.4.2 Lagoa de decantação

Para fins de dimensionamento da lagoa de decantação, Von Sperling (2009) sugere definir
a zona de clarificação, a qual é destinada ao líquido. Este dimensionamento inicia com a adoção
do tempo de detenção (t) na lagoa, sendo usualmente utilizado por projetistas tempos maior ou
igual a 1 dia. Conhecido t, é possível determinar-se o volume a ser clarificado (Vclarif), obtido
através da equação 33, que multiplica o tempo de detenção (t) pela vazão (Q). O projetista deve
adotar uma profundidade de clarificação (Hclarif), que o autor sugere ser igual ou maior a 1,5m,
para poder determinar a área requerida (Areq), que se obtém pela equação 34.

𝑉𝑐𝑙𝑎𝑟𝑖𝑓 : 𝑡. 𝑄 = [𝑚³] Eq. (35)

𝑉𝑐𝑙𝑎𝑟𝑖𝑓
𝐴: = [𝑚²] Eq. (36)
𝐻𝑐𝑙𝑎𝑟𝑖𝑓

Calculada a área requerida (Areq), deve-se adotar uma profundidade adicional de 1,5 m,
que será utilizada para o armazenamento e digestão do lodo, assim tendo a altura total (H) sendo
formada pela soma de Hclarif com a profundidade adicional de 1,5m. Definido H, pode-se calcular
o volume total (Vtotal), que é obtido pela equação 35. Com o volume conhecido, o projetista
definirá a geometria da lagoa, de acordo com a disponibilidade de área. Finalmente verifica-se o
tempo de detenção final (tf) com a lagoa limpa, dada pela equação 36, que relaciona V total com a
vazão Q. Para tf, Von Sperling (2009) indica que os tempos seja inferiores há 2 dias, evitando
problemas com a proliferação de algas.

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𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 : 𝐴. 𝐻 = [𝑚³] Eq. (37)

𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑡𝑓 : = [𝑑] Eq. (38)
𝑄

3.4.5 Filtro

Popularmente conhecidos por filtros biológicos, os leitos percoladores, consistem de um


leito de percolação em um material altamente permeável, onde o esgoto a ser tratado percola
verticalmente de cima para baixo. No material de enchimento forma-se uma película gelatinosa,
composta de microrganismos, que reterão a matéria orgânica a ser decomposta (NUVOLARI,
2003).

A eficiência do tratamento está diretamente relacionada com a superfície de exposição do


material de enchimento. Entre os materiais usados para o enchimento Nuvolari (2003) cita a
pedra britada de n° 4 ou material sintético como módulos plásticos. O autor afirma que os
módulos plásticos tendem a ser mais vantajosos em relação a pedra devido ao baixo peso
especifico e a alta superfície especifica.

Para dimensionamento dos filtros biológicos devem-se coletar os dados de vazão (Q0) e
DBO do efluente (S0) a ser tratado. Nuvolari (2003) ainda traz em seu estudo que se deve admitir
que a DBO solúvel no líquido recirculado (Se) deve estar no intervalo entre 10 a 30mg/l. Já a
DBO aplicada ao filtro (Si), após a mistura do esgoto afluente com o líquido recirculado deverá
ficar na faixa de 50 a 150mg/l. O cálculo da taxa de recirculação (R), determinado pela equação
37, inicia-se com a determinação da vazão de recirculação (Qr), dada pela equação 38. A vazão
de aplicação (Qaplic) é calculada pela soma entre Qr e Q0.

𝑅: 𝑄𝑟 . 𝑄0 Eq. (39)

(𝑄0 .𝑆0 )−(𝑄0 .𝑆𝑖 )


𝑄𝑟 : = [𝑚3 /𝑑] Eq. (40)
𝑆𝑖 −𝑆𝑒

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Calculado Qaplic , pode-se determinar a área superficial (Asf) do filtro biológico, pela
equação 39, que necessita de uma taxa de aplicação hidráulica (T h), normalmente no intervalo de
10 a 60m³/m²d. Para cálculo da área efetiva total (A fb), deve-se adotar um diâmetro (d) ao filtro,
para aplicação na equação 40. Outro dado a ser adotado pelo projetista é a altura (H) do filtro
entre 1 e 3 metros, que permitira calcular o volume total (Vf) do filtro, que será dado pela
equação 41.

𝑄𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐
𝐴𝑠𝑓 : = [𝑚2 ] Eq. (41)
𝑇ℎ

𝐴𝑓𝑏 : (𝜋. 𝑑2 ) = [𝑚²] Eq. (42)

𝑉𝑓 : 𝐴𝑓𝑏 . 𝐻 = [𝑚³] Eq. (43)

3.4.6 Radiação ultravioleta

A radiação ultravioleta (UV) é um processo de inativação dos microrganismos presentes


no esgoto através de absorção de luz. Neste processo não há envolvido nenhuma interação
química, sendo o nível de desinfecção variável de acordo com o nível da dosagem de energia. A
grande vantagem na utilização de UV é que não há formação de subprodutos tóxicos
(NUVOLARI, 2003; METCALF e EDDY, 2013).

A dosagem de UV a ser aplicada, para uma completa inativação dos microrganismos é


determinada por dados específicos locais, relativos a qualidade do efluente e a remoção exigida.
Dentre alguns parâmetros que podem causar problemas na efetividade do sistema podemos citar a
dureza, que pode dificultar a limpeza e manutenção das lâmpadas; materiais dissolvidos ou em
suspenção podem proteger os microrganismos (NUVOLARI, 2003).

A radiação UV, produzida por lâmpadas UV especiais, são parecidas com as lâmpadas
fluorescentes. Estas lâmpadas UV produzem a radiação quando um fluxo de elétrons atravessa
vapor de mercúrio ionizado. Na utilização do sistema, devem-se utilizar estabilizadores, que
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controlam a potência das lâmpadas, evitando temperaturas operacionais altas e acarretam em


menor consumo de energia (NUVOLARI, 2003).

Os reatores são divididos em dois tipos: vaso fechado e canal aberto. Nuvolari (2003)
afirma que o tipo vaso fechado é amplamente utilizado devido a exigir pouco espaço, diminuir a
exposição de pessoas a radiação e ainda a instalação não ser complexa. Já o sistema de canal
aberto, onde as lâmpadas ficam expostas, necessita de um adequado controle do nível do líquido,
mantendo as lâmpadas submersas, evitando curto-circuito e ainda passagem do efluente por local
onde as lâmpadas não estejam funcionando (NUVOLARI, 2003; METCALF e EDDY, 2013).

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4 RESULTADOS

4.1 VISITA TÉCNICA

Para concepção do sistema de tratamento do efluente do HCTP foi necessário tomar


conhecimento de modelos de ETE já licenciados e em funcionamento, priorizando hospitais na
região celeiro, próximo de onde se localiza o hospital objeto de estudo.

Assim, realizou-se visita técnica na ao Hospital da Unimed (HU) na cidade de Ijuí, o qual
possui ETE em funcionamento. Implantado no ano de 2005, o HU conta com 112 leitos divido
em unidades de internação, exames, tratamento intensivo e serviços de quimioterapia.

A ETE do hospital é dimensionada para receber 70 m³/dia. O efluente chega à estação


através de tubulação subterrânea, sendo dividido em lavanderia e doméstico. O efluente
proveniente da lavanderia passa pelo processo anaeróbio, enquanto o restante do efluente vai
direto para o tanque do processo de lodo ativado. Na Figura 15 está demonstrado sequência de
tratamento da ETE do Hospital da Unimed.

Figura 15: Sequência de tratamento

Fonte: Autoria própria

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Primeiramente quando os efluentes chegam à estação, passam por uma grade que faz a
retenção do material grosseiro. Está grade tem limpeza manual, realizada pelo funcionário
responsável pela operação da ETE. Após o gradeamento o efluente passa pela calha Parshall,
onde é possível verificar a vazão que está chegando à estação. Nas Figuras 16 e 17 estão
demonstrados o gradeamento e o medidor de vazão.
Figura 16: Gradeamento do efluente

Fonte: autoria própria

Figura 17: Medidor de vazão

Fonte: autoria própria

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Passado o medidor de vazão, o efluente chega a um tanque de equalização, utilizado para


regular a variação que a vazão sofre em determinados períodos do dia. Nesta etapa o efluente
ainda é mantido separado, sendo dali o efluente da lavanderia bombeado até o tanque anaeróbio,
que acumula o lodo proveniente do processo no fundo do tanque. Passado o processo anaeróbio,
este efluente passa para o tanque de lodo ativado, onde se encontra com o efluente doméstico e
passam a serem tratados da mesma forma, formando lodo no fundo do tanque. Nesta etapa é
adicionado Bio Bacilos, que são cepas de bactérias, importantes para aceleração do processo de
remoção de DBO. A retirada do lodo formado no fundo destes tanques dá-se através de
extravasores. A Figura 18 demonstra os tanques de equalização com suas respectivas bombas, já
a Figura 19 mostra o tanque anaeróbio e a Figura 20 o tanque de lodo ativado.

Figura 18: Vista dos tanques de equalização

Fonte: autoria própria

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Figura 19: Vista do tanque anaeróbio

Fonte: autoria própria

Figura 20: Vista do tanque de lodo ativado

Fonte: autoria própria

Após a passagem pelo tanque de lodo ativado, o efluente é conduzido por gravidade até
um tanque sedimentador. Neste tanque o efluente passa a por um processo de sedimentação, que
busca retirar o restante dos sólidos em suspensão. Há a formação de lodo no seu interior, que é
reconduzido ao tanque anaeróbio, passando novamente pelos processos anteriores. Ainda na
superfície também forma-se uma pequena porção de escuma no decorrer do processo, a qual é

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coletada de forma manual e inserida no tanque anaeróbio. Na Figura 21 pode-se observar o


tanque de sedimentação com a formação de escuma na superfície.

Figura 21: Tanque de sedimentação com escuma superficial

Fonte: autoria própria

Feita a sedimentação, o efluente novamente é conduzido por gravidade a um filtro, onde o


líquido passa por uma porção de areia que tem função de reter pequenas partículas que ainda
estão em suspenção. A estrutura visitada é composta por dois filtros, ficando um em operação
enquanto é feita a limpeza do outro. A limpeza destes filtros é feita através de retro lavagem,
onde através de bombas é empurrado líquido no sentido contrario a filtragem, para que ocorra a
movimentação da areia e as partículas ali retidas sejam removidas. Esse líquido proveniente da
retro lavagem é reinserido no tanque anaeróbio, passando novamente pelo processo de
tratamento. O tanque onde é realizada a filtragem é demonstrado na figura 22.

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Figura 22: Tanque de filtração

Fonte: autoria própria

O líquido filtrado, é transferido para um reservatório, que tem finalidade de acomodar o


efluente antes da etapa final do processo. Esta etapa consiste em passar o efluente por um reator
com lâmpadas UV, que visa eliminar organismos patogênicos que não removidos nas etapas
anteriores. Após o efluente passar pelo reator segue para a drenagem pluvial da rua. Junto à saída
para a rede pluvial, existe uma válvula que permite a liberação do efluente da estação,
funcionando como uma válvula de escape em caso de pane na estação. Na imagem 23 pode-se
visualizar o tanque reservatório, já na imagem 24 observa-se o filtro UV e na imagem 25 a saída
para a rede pluvial.

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Figura 23: Tanque reservatório

Fonte: autoria própria

Figura 24: Reator com lâmpadas UV

Fonte: autoria própria

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Figura 25: Saída para rede pluvial e válvula de emergência

Fonte: autoria própria

4.2 DADOS COLETADOS

4.2.1 Hospital de Caridade de Três Passos

O Hospital de Caridade de Três Passos (HCTP) foi fundado em 1945, está localizado na
Rua Mario Totta, 157, na cidade de Três Passos/RS. Atualmente possui 114 leitos, sendo 10 deles
de UTI adulta, e faz atendimentos de baixa e média complexidade pelo SUS, convênios e
particular.

4.2.2 Vazão

A vazão total de efluente apresentada pelo setor de manutenção do HCTP é de


aproximadamente 43,5 m³/dia, ou seja, 0,504 L/s. Sendo dividida em efluente doméstico
(sanitários) com uma vazão de aproximadamente 13,5 m³/dia e efluente proveniente da
lavanderia e cozinha aproximadamente 30 m³/dia. O Hospital possui 114 leitos, o que gera uma
vazão média de 380 l/dia/leito de efluente a ser tratado, ficando próxima à média indicada por
autores anteriormente citados. O efluente será mantido separado durante o processo de
gradeamento, desarenação e medição da vazão, sendo unificado no tanque de equalização.

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Para o dimensionamento serão utilizados três volumes diferentes, que conforme Von
Sperling (2005), é a vazão máxima, média e mínima. Está separação se dá devido ao consumo de
água e geração de esgoto variar ao longo do dia, da semana e ao longo do ano. Neste estudo será
adotada a vazão fornecida pelo HCTP como sendo a média. Como coeficiente de variação
máxima será utilizado 1,2 e coeficiente de variação mínima será utilizado 0,8. Dessa maneira , a
Figura 26 demonstra a vazão máxima, média e mínima total. Já a Figura 27 mostra a vazão
máxima, média e mínima do efluente doméstico e a Figura 28 traz vazão máxima, média e
mínima referente a lavanderia e cozinha.

Figura 26: Vazões máxima, média e mínima total


Q máx 0,605159 L/s

Q méd 0,5043 L/s

Q mín 0,403439 L/s

Fonte: autoria própria

Figura 27: Vazões máxima, média e mínima - doméstico

Qmáx 0,188492 L/s

Qméd 0,1571 L/s

Qmín 0,125661 L/s


Fonte: autoria própria

Figura 28: Vazões máxima, média e mínima – lavanderia e cozinha


Q máx 0,416667 L/s

Q méd 0,3472 L/s

Q mín 0,277778 L/s


Fonte: autoria própria

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4.2.3 DBO

Para viabilizar a realização do dimensionamento da ETE, tornou-se necessário conhecer a


carga orgânica presente no esgoto proveniente do HCTP. Para tanto, uma amostra do efluente foi
submetida à análise pela Central Analítica da Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul (UNIJUI). O resultado obtido na análise foi uma DBO5 de 277,19 mg/l. Este
parâmetro constitui-se juntamente com a vazão os principais dados a serem usados no
desenvolvimento deste trabalho.

4.2.4 Gradeamento

Seguindo a sugestão de Nunes (2001), o método de gradeamento será composto de uma


unidade de medição de vazão do tipo Parshall e controle da velocidade do efluente para a caixa
de areia. O medidor selecionado para dimensionamento, de acordo com Figura 29 será o modelo
com garganta W: 3"(7,6 cm), n: 1,547 e k: 633,60, cuja vazão mínima é 0,8 l/s e vazão máxima é
51 l/s. Após procede-se a determinação da altura da lâmina líquida (H) medida a 2/3 da seção
convergente da calha Parshall calculada através da equação 01. Os resultados obtidos foram estão
demonstrados na Figura 30 e 31:
Figura 29: Abertura da garganta (W) do medidor Parshall

Fonte: Nunes (2001)

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Figura 30: Altura da lâmina líquida máxima, média e mínima - lavanderia e cozinha
Hmáx 0,020 m
Hméd 0,018 m
Hmin 0,015 m
Fonte: autoria própria

Figura 31: Altura da lâmina líquida máxima, média e mínima - doméstico


Hmáx 0,012 m
Hméd 0,011 m
Hmin 0,009 m
Fonte: autoria própria

O rebaixo (Z) do medidor Parshall, em relação à soleira do vertedor da caixa de areia,


obtido através da equação 02, foi de 0,0062 m para a vazão da lavanderia e 0,0037 m para a
vazão doméstica. Já a altura (h) da lâmina de água antes do rebaixo foi obtida através da equação
03, utilizando H máximo, médio e mínimo, sendo obtidos os resultados demonstrados nas Figuras
32 e 33.

Figura 32: Altura da lâmina líquida de água antes do rebaixo - lavanderia


hmáx: 0,014 m
hméd: 0,012 m
hmin: 0,009 m
Fonte: autoria própria

Figura 33: Altura da lâmina líquida de água antes do rebaixo - doméstico


hmáx: 0,008 m
hméd: 0,007 m

hmin: 0,006 m
Fonte: autoria própria

A Figura 34 demonstra o modelo de seção da barra escolhida que foi de 3/8x1.1/2


(10x40mm), diâmetro (t) de10mm, abertura entre barras (a) de 15mm e inclinação de 45°, estas
foram feitas através de tabela fornecida por Nunes (2001). A velocidade (V) do líquido
aproximando-se do canal adotada foi 0,35 m/s conforme sugere Metcalf e Eddy (2013). A
eficiência (E) calculada foi 0,60 para ambos os efluentes, sendo a área útil (Au) 0,00119 m² e a
área total (At) é 0,0020 m² para o efluente proveniente da lavanderia e a área útil (Au) 0,00054 m²
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e a área total (At) é 0,0009 m² para o efluente doméstico. Já a largura do canal (b) calculada é
0,14 m para o efluente proveniente da lavanderia e 0,11 m para o efluente doméstico. Após o
dimensionamento do canal, foi realizada a verificação das vazões no canal dimensionado,
buscando descobrir se está dentro do limite de velocidade do canal. As verificações estão
demonstradas nas figuras 35 e 36.

Figura 34: Barra escolhida para gradeamento

Fonte: NUNES (2001)

Figura 35: Verificação de velocidades - lavanderia


V:Q/Au
Q (m³/s) h At: b.h Au:At.E verificação
(m/s)
0,000417 0,014 0,001984 0,00119 0,35 ok
0,000347 0,012 0,001665 0,000999 0,348 ok
0,000278 0,009 0,001323 0,000794 0,35 ok
Fonte: autoria própria

Figura 36: Verificação de velocidades - doméstico


V:Q/Au
Q (m³/s) h At: b.h Au: At.E Verificação
(m/s)
0,000188 0,008 0,000898 0,000539 0,35 Ok
0,000157 0,007 0,000753 0,000452 0,348 Ok
0,000126 0,006 0,000598 0,000359 0,35 Ok
Fonte: autoria própria

Posterior às verificações, foi realizado cálculo da perda de carga (h f), através da equação
08, o qual resultou em 0,033m para as duas vazões. Foi considerada obstrução máxima da grade
de 50%, V˳ é a velocidade na vazão máxima, onde V foi calculado através da equação 09 e v

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obtido através da equação 10. O comprimento da grade (x), obtido pela equação 11, foi de 0,49 m
para o efluente proveniente da lavanderia e 0,48 m para o efluente doméstico. O hv, calculado
através da equação 12, é 0,35 m, onde D que é o diâmetro da tubulação de chegada do efluente é
0,20 m e a profundidade é 0,10 m. O número de barras, calculado pela equação 13, é 6 unidades
para o efluente proveniente da lavanderia e 4 unidades para o efluente doméstico. O espaçamento
entre as barras, obtido através da equação 14, é de 15 mm. Com objetivo de padronização, pode
ser utilizada as dimensões encontradas na vazão do efluente proveniente da lavanderia. A Figura
37 traz o desenho técnico da grade dimensionada.

Figura 37: Desenho técnico da grade adotada

Fonte: Autoria própria

4.2.4.1 Desarenador

Para da caixa de areia, responsável por reter os grãos em suspensão no efluente,


adotaram-se valores da vazão do efluente proveniente da lavanderia, anteriormente já
determinados, são eles: Qmáx: 0,000417 m³/s:, hmáx: 0,014 m e V: 0,35 m/s. Através da equação 15
obteve-se largura (b) do canal de 0,09m.
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De posse do dimensionamento da largura (b) do canal, procedeu-se a verificação das


velocidades que as vazões máxima, média e mínima irão “escoar” quando passarem pelo canal,
devendo manterem-se próximas à velocidade (V) adotada no canal. Estando esta análise
demonstrada na Figura 38, com todas as velocidades atendendo ao critério. Depois de atendida a
verificação das velocidades, determinou-se o comprimento do canal (L), conforme a equação 16,
sendo obtido um comprimento de aproximadamente 0,32m. Por último foi analisado a taxa de
escoamento superficial (I), dada pela equação 17, a qual obteve uma taxa de 1120 m3/m².d,
dentro do intervalo de 600m³/m².d e 1200 m³/m².d, conforme recomendado por Nunes (2001).

Figura 38: Verificação de velocidades de acordo com largura do canal


Q (m³/s) h(m) A=h.b V=Q/A verif.
0,000417 0,014 0,00119 0,35 ok
0,000347 0,012 0,000999 0,3475 ok
0,000278 0,009 0,000794 0,350 ok
Fonte: autoria própria

Figura 39: Modelo esquemático da entrada da ETE

Fonte: NUNES (2001)

4.2.5 Tanque de equalização

Seguindo a sequência de cálculos sugerida por Nunes (2001), foi determinando o volume
de equalização (Veq), dado pela equação 15, encontrando-se um volume a ser equalizado de 43,58
m³, obtida da multiplicação vazão média (Qméd) pelo tempo de detenção (t), neste caso
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considerado 24 h. De posse do volume de equalização (Veq), determina-se o comprimento (L) do


tanque, dado pela equação 16, onde se adotou uma altura do volume de equalização (H) de 3,00
m de altura, o comprimento do tanque (L) é de 3,81 m, adotando-se 3,85 m. O volume total (Vt)
do tanque obtido pela equação 17, foi de 55,19 m³. Em seguida determinou-se a potência do
agitador (P) do efluente, através da equação 19, obtendo-se um agitador com motor de
aproximadamente 0,75 Hp, utilizando-se a densidade de potência (Dp) de 10 w/m³ conforme
sugerido Nunes (2001). Logo as dimensões do tanque de equalização serão: altura H: 3,00m,
comprimento L: 3,85m, profundidade mínima do líquido no tanque é de 0,80m. A Figura 40
demonstra o modelo esquemático do tanque de equalização, já na Figura 41 está demonstrado o
corte esquemático do tanque de equalização.

Figura 40: Modelo esquemático do tanque de equalização

Fonte: Autoria própria

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Figura 41: Corte esquemático do tanque de equalização

Fonte: Autoria própria

4.2.6 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação

4.2.6.1 Lagoa anaeróbia

O método de dimensionamento iniciou com os seguintes dados iniciais: a vazão máxima


(Qmáx) afluente de 52,29 m³/d, a DBO (So) do local analisado é 277,19mg/l e transformada para
um dia a carga de DBO (C) afluente é de 14,49 kgDBO/d. A temperatura mínima média anual (T)
de 14°C é da cidade de Três de Maio/RS, dado este fornecido pelo INMET. Primeiramente
determinou-se a taxa de aplicação volumétrica (Lv), conforme a equação 20, obtendo-se 0,18
kg.DBO/m³.d. De posse de Lv, calculou-se o volume requerido (Lr) na lagoa com a equação 21,
obtendo-se o resultado de 80,52 m³.

O tempo de detenção (t), que relaciona o volume requerido (Lr) com a vazão máxima
(Qmáx) afluente, conforme demonstrado na equação 22, é de 1,54 dia. Como está fora do intervalo
entre 3 e 6 dias, a lagoa pode ter sua eficiência reduzida, no entanto Von Sperling (2009) sugere
que o efluente seja distribuído do afluente pelo fundo da lagoa, garantindo contato da biomassa
com o esgoto. Está medida evitará possíveis problemas com odores indesejados.

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A área da lagoa (A) foi determinada pela equação 23, que divide o volume requerido (Lr)
pela profundidade (H) da lagoa, obtendo-se uma área de 16,10 m². O parâmetro de profundidade
(H) da lagoa anaeróbia utilizado foi de 5 metros, para garantir que a lagoa não funcione como
facultativa, estado dentro do intervalo entre 3,5 m a 5,0 m sugerido por Von Sperling (2009).

Calculada a área da lagoa (A), pode-se então adotar a geometria da lagoa. A profundidade
da lagoa (H) será de 5 metros, enquanto a largura (a) de 4 metros e o comprimento (b) de 4,10
metros, formando assim uma lagoa com área efetiva de 16,40 m².

De posse das dimensões da lagoa anaeróbia, pode-se medir a eficiência (E) da remoção da
DBO, a partir da equação 24, a qual é de 48%. Calculado a eficiência do sistema, verificou-se a
concentração de DBO efluente, através da equação 25, obtendo-se aproximadamente 144,14 mg/l
Está concentração de DBO efluente será o afluente da próxima lagoa. Portanto, a próxima etapa
utilizará este dado como base. A Figura 42 demonstra o modelo esquemático da lagoa anaeróbia
e a Figura 43 o corte esquemático da lagoa anaeróbia.

Figura 42: Modelo esquemático da lagoa anaeróbia

Fonte: Autoria própria

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Figura 43: Corte esquemático da lagoa anaeróbia

Fonte: Autoria própria

4.2.7 Lagoa aerada de mistura completa seguida de lagoa de decantação

4.2.7.1 Lagoa aerada de mistura completa

O dimensionamento da lagoa aerada iniciou com a definição do tempo de detenção (t) de


2 dias, ficando no intervalo entre 2 e 4 dias sugerido por Von Sperling (2009). Já a profundidade
da lagoa (H) foi adotada 3,5 metros, também ficando dentro do intervalo entre 2,5 e 4 metros que
sugere Von Sperling (2009). De posse destes dados iniciou-se a marcha de cálculos para
dimensionamento da lagoa.

Inicialmente foi determinado o volume requerido (V) de aproximadamente 105 m³, obtido
através da equação 26, que multiplica o tempo de detenção (t) pela vazão máxima (Q) diária de
efluente. Conhecido o volume requerido (V), adotou-se a equação 27 para determinação da área
requerida (A) pela lagoa, obtendo-se uma área de aproximadamente 30 m². A partir da área

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requerida (A), definiu-se a geometria da lagoa, sendo escolhida a dimensão de 5,50 metros de
comprimento por 5,50 metros de largura, tendo uma área efetiva de 30,25 m².

Determinada a geometria da lagoa, calcula-se a concentração de sólidos em suspensão


voláteis (SSV). Primeiramente definiu-se o coeficiente de produção celular (Y) de 0,6 e o
coeficiente de decaimento bacteriano (Kd) de 0,06, utilizando os valores típicos fornecidos por
Metcalf & Eddy (1991) na Figura 44. Outra variável adotada pelo projetista é a concentração de
DBO solúvel efluente (S) de 50 mg/l. Com estes dados foi possível calcular a concentração de
sólidos em suspensão voláteis (Xv), determinado pela equação 28.

Figura 44: Valores típicos de Y e Kd


Coeficiente Unidade Faixa Valor Típico
Y mgSSV/mgDBO 0,4 - 0,8 0,6
Kd d-1 0,03 - 0,08 0,06
Fonte: Metcalf & Eddy (1991)

𝑌.(𝑆𝑜 −𝑆)
𝑋𝑣 : = [𝑚𝑔/𝑙] Eq. (31)
1+𝐾𝑑 .𝑡

No cálculo da concentração de sólidos em suspensão voláteis (X v) foi obtido 50,43 mg/l,


calculando-se uma estimativa da DBO solúvel efluente (S est), através da equação 29, foi
encontrado 53,10 mg/l. A variável K’ adotada foi de 0,017(mg/l)-1(d)-1. O Sest, deve ser
comparado com a estimativa inicial (S), observando-se que havendo grande diferença entre elas,
deve-se corrigir Kv, com o novo valor de Sest, objetivando convergir em uma pequena variação.
Como houve pouca variação, será mantido Xv de 50,43mg/l. A estimativa da DBO particulada do
efluente (DBOpart) foi adotada como 60% dos sólidos em suspensão voláteis (Xv), respeitando o
intervalo entre 40% e 80% indicado por Von Sperling (2009), obtendo-se DBOpart de 30,26
mgDBO/l.

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A DBOpart no efluente final é função dos teores de sólidos sedimentáveis no efluente da


lagoa de sedimentação. Von Sperling (2009) cita em seu estudo que não há modelos de ampla
aceitação quanto à estimativa desta concentração. O autor indica que é usual admitir-se uma
eficiência de remoção de SS na lagoa de sedimentação em torno de 80 a 85%. Logo, adotando-se
a equação 37, que determina os sólidos sedimentáveis voláteis (SSV e) no final do sistema, foi
encontrado 7,56 mg/l considerando uma eficiência de 85%.

(100−𝐸)
𝑆𝑆𝑉𝑒 : . 𝑋𝑣 = [𝑚𝑔/𝑙] Eq. (37)
100

Obtido SSVe, novamente determina-se a DBOpart no efluente final, considerando 60% de


SSVe. O valor de DBOpart será de 4,54 mgDBO/l. Já DBO total após a passagem pela lagoa de
sedimentação foi obtida pela soma entre a DBOpart no efluente final e a DBO solúvel efluente
(Sest), obtendo-se uma concentração de 57,64 mg/l.

A quantidade de oxigênio a ser fornecida pelos aeradores para a estabilização aeróbia é de


5,71 kgO2/h, determinada pela equação 30, que determina os requisitos de oxigênio (RO).
Conhecido este RO, determinou-se a potência (Pot) do aerador de 5,29 kw, através da equação
31, utilizando a eficiência de oxigenação de campo (EO campo) de 1,1 kgO2/kwh.

Para fins de verificação da eficiência dos aeradores, calculou-se a densidade de potência,


através da equação 32, relacionando a potência com o volume da lagoa, onde foi obtido 50,58
w/m³, ficando acima de 3 W/m³ como indicado por Von Sperling (2009). A Figura 45 demonstra
o modelo esquemático da lagoa aerada de mistura completa e a Figura 46 demonstra o corte
esquemático da lagoa de mistura completa.

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Figura 45: Modelo esquemático da lagoa aerada de mistura completa

Fonte: Autoria própria

Figura 46: Corte esquemático da lagoa aerada de mistura completa

Fonte: Autoria própria


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4.2.7.2 Lagoa de decantação

O dimensionamento da lagoa de decantação iniciou com a adoção do tempo de detenção


(t) de 1 dia na lagoa, respeitando a recomendação de Von Sperling (2009), com tempos maior ou
igual a 1 dia. Conhecido t, determinou-se o volume a ser clarificado (Vclarif), obtido através da
equação 33, que multiplicou o tempo de detenção (t) pela vazão (Q), resultando em 52,29m³. Foi
adotada uma profundidade de clarificação (Hclarif) de 1,5m, conforme determinado pelo autor,
determinando-se a área requerida (Areq) de 34,86m², obtido através da equação 34.

Calculada a área requerida (Areq), adotou-se uma profundidade adicional de 1,5 m, que
será utilizada para o armazenamento e digestão do lodo, assim tendo a altura total (H) de 3m,
formada pela soma de Hclarif com a profundidade adicional de 1,5m. Definido H, calculou-se o
volume total (Vtotal) de 104,6m³ na lagoa, que é obtido pela equação 35. Com o volume
conhecido, definiu-se a geometria da lagoa, optando-se por uma lagoa de 6m de largura por 6 m
de comprimento. Finalmente verificou-se o tempo de detenção final (t f) de 2 dias, dada pela
equação 36, que relaciona Vtotal com a vazão Q. O tf determinado respeita a recomendação de Von
Sperling (2009), que sugere tempos inferiores há 2 dias, evitando problemas com a proliferação
de algas. A Figura 47 e 48 demonstra modelo e corte esquemáticos da lagoa de decantação.

Figura 47: Modelo esquemático da lagoa decantação

Fonte: Autoria própria

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Figura 48: Planta esquemática da lagoa decantação

Fonte: Autoria própria

4.2.8 Filtro biológico

O filtro biológico adotado para a ETE analisada será com enchimento de pedra britada de
n°4 devido à facilidade de ser encontrado na região.

O dimensionamento do filtro biológico iniciou-se à partir da vazão Q0: 52,29 m³/d e S0:
57,64 mg/l . Admitiu-se que a DBO solúvel no líquido recirculado (Se) é 10mg/l, respeitando o
intervalo entre 10 a 30 mg/l sugerido por Nuvolari (2003). Já a DBO aplicada ao filtro (Si),
adotou-se 50 mg/l, também respeitando o intervalo determinado pelo autor. O cálculo da taxa de
recirculação (R), determinado pela equação 37, obteve como resultado 0,19, que usou a vazão de
recirculação (Qr) de 9,98 m³/d, dada pela equação 38. A vazão de aplicação (Qaplic) é calculada
pela soma entre Qr e Q0 obteve o resultado de 62,27 m³/d.

Calculado Qaplic , determinou-se a área superficial (Asf) do filtro biológico de 1,78 m², pela
equação 39, onde se adotou uma taxa de aplicação hidráulica (Th) de 35 m³/d, dentro do intervalo
de 10 a 60 m³/m²d. A área efetiva total (Afb) é de 2,10 m², após adotar-se um diâmetro (d) de
0,8m ao filtro. Outro dado a ser adotado é a altura (H) de 2 m, que permitiu calcular o volume
total (Vf) do filtro de 4,02 m³, dado pela equação 41. Nas Figuras 49 e 50 está demonstrada a
modelo e o corte esquemáticos do filtro.

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Figura 49: Modelo esquemático do filtro

Fonte: Autoria própria

Figura 50: Corte esquemático do filtro

Fonte: Autoria própria

4.2.9 Radiação ultravioleta

Para o processo de radiação ultravioleta, será adotado o sistema de vaso fechado,


objetivando ocupar pouco espaço e evitar contato do operador da ETE com a radiação. Neste
sistema deverá ser utilizado um estabilizador de potência, que visa aumentar a durabilidade das
lâmpadas utilizadas. Para definição da dosagem UV deverá ser feita uma análise do efluente,
objetivando conhecer o nível de bactérias, vírus e protozoários.

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4.2.10 Comparação do padrão de lançamento

Para fins de lançamento o efluente deve atingir o padrão determinado pela legislação
vigente. Estes padrões foram expressos na Figura 6, de acordo com a resolução do CONSEMA
n° 128/2006, a qual demonstra padrões de DBO, DQO e SS que devem ser obedecidos. Na
Figura 51 está demonstrada a comparação entre o a DBO requerida pela resolução com a DBO
que deverá ser obtida pelo tratamento. Na figura 52 é feita uma comparação entre o SS que a
legislação exige e o SS que é obtido com os níveis de tratamento propostos.

Figura 51: Padrão de DBO requerida e obtida para faixa de vazão

DBO5 DBO5
Faixa de vazão (m3/d) (mgO2/L) (mgO2/L)
Requerido Tratado
20 ≤ Q < 100 150 57,64
Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

Figura 52: Padrão de SS requerida e obtida para faixa de vazão

SS (mg/L) SS (mg/L)
Faixa de vazão (m3/d)
Requerido Tratado
20 ≤ Q < 100 155 7,56
Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

4.2.11 Representação do fluxo do tratamento de efluentes do HCTP

A seguir é apresentada a representação do fluxo desenvolvido pelo efluente na ETE


através da Figura 53 que demonstra em planta esquemática e a Figura 54 que demonstra em corte
esquemático o fluxo proposto.

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Figura 53: Planta esquemática da ETE

Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

Figura 54: Corte esquemático da ETE

Fonte: Resolução CONSEMA nº 128/2006

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5 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou realizar uma análise dimensional visando adequar o efluente
produzido no Hospital de Caridade de Três Passos/RS para lançamento em corpo receptor. Para
tanto, foi necessário conhecer a legislação que rege o tratamento de efluentes, bem como uma
estação de tratamento de efluentes.

O tratamento de efluentes é balizado pelo CONSEMA em nível estadual, e pelo


CONAMA em nível federal. Estas normas não trazem nenhuma distinção entre o efluente
doméstico e o efluente produzido no âmbito dos hospitais e clínicas médicas, sendo considerado
para tratamento como sendo de origem doméstica.

O tratamento dos efluentes ocorre seguindo uma sequência de processos, iniciando por
uma etapa preliminar, posteriormente uma etapa primária, outra secundária e em casos que se
necessite atingir algum padrão especial o efluente passa pela etapa terciária.

Para realizar a análise dimensional foi necessário conhecer a DBO 5 do efluente hospitalar.
Uma amostra do efluente foi analisada pela Central Analítica da UNIJUI, apontando uma DBO5
de 277,19 mg/L. Outro dado de extrema importância para o trabalho foi à vazão de 52,29 m³/d,
está fornecida pela equipe de manutenção do hospital.

A ETE dimensionada para o HCTP receberá o esgoto para o tratamento preliminar que
passará por um gradeamento, buscando reter os sólidos presentes. Posteriormente o líquido passa
pelo medidor de vazão do tipo Parshall e na sequência o tratamento primário composto por um
desarenador, que objetiva sedimentar areia e minerais sedimentáveis.

Após o desarenador, o efluente é acomodado em um tanque de equalização, que tem


objetivo de amortecer picos de vazão. Do tanque de equalização o líquido segue para o
tratamento secundário composto por uma lagoa anaeróbia, uma lagoa aerada de mistura completa
e uma lagoa de sedimentação e por fim um filtro de brita n° 4. Esta etapa visa à remoção da carga
biológica presente no efluente. Para finalizar o processo, o efluente passará por um processo de

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Efluentes Hospitalares: uma análise sobre a legislação e análise dimensional do tratamento de efluentes aplicável ao
Hospital De Caridade De Três Passos.
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desinfecção por radiação UV, compondo a etapa do tratamento terciário, que fará a inativação de
microrganismos ainda presentes no líquido.

De acordo com a análise dimensional realizada, utilizando a DBO como parâmetro


principal, o processo de tratamento do efluente irá atingir o padrão de lançamento indicado pela
legislação vigente. Isto mostra que o trabalho atingiu seu objetivo maior, que é colocar o efluente
do Hospital de Caridade de Três Passos/RS dentro dos padrões exigidos para lançamento no
corpo receptor.

Como sugestão a trabalhos futuros podemos sugerir alguns tópicos que não foram
contemplados neste trabalho como o dimensionamento das bombas necessárias ao recalque do
efluente no tanque de equalização a lagoa anaeróbia; o dimensionamento da tubulação de ligação
entre os tanques e ainda a determinação da dosagem de radiação UV através de uma análise
bacteriológica do efluente do local.

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Fabian Rangel Schroter Neuhaus (fabian.neuhaus@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí
DCEENG/UNIJUÍ, 2016
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