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PROGRAMA DE SAÚDE VOCAL PARA EDUCADORES:


AÇÕES E RESULTADOS

Vocal health program for educators: actions and results


Maria Lúcia Oliveira Suzigan Dragone (1)

RESUMO

Tema: a voz do professor tem sido foco de estudos nas últimas duas décadas devido à alta ocorrên-
cia de alterações vocais nesta classe profissional, assim, reforçou-se a necessidade dos professores
participarem de ações para garantir saúde vocal. Poucos são os estudos na literatura que descrevem
programas e seus resultados. Procedimentos: Descrever um Programa de Saúde Vocal desenvol-
vido no período 2002 a 2005, para educadores de ensino público (infantil e fundamental) do interior do
Estado de São Paulo, composto por grupos básicos de voz oferecendo conhecimento teórico prático
de cuidados vocais, com triagem da qualidade da voz dos participantes; grupos avançados buscando
reorganização dos processos de fonação e do uso vocal em sala de aula. Resultados: em média
56% dos educadores inscritos frequentaram as ações; 62,9% das vozes apresentavam distúrbios na
triagem vocal com maioria em grau discreto; no início dos grupos avançados 100% dos educadores
participantes referiram mais de 3 sintomas associados ao uso vocal, e após, somente 45% deles
ainda de 4 a 13 sintomas; os dados de autopercepção vocal revelaram baixos escores de impacto da
voz nas atividades profissionais. Conclusão: a descrição revelou a necessidade de ajustes constan-
tes do programa para alcançar seus objetivos. A baixa participação às ações pode estar relacionada
à presença de impacto discreto da voz nas atividades profissionais, fato a ser mais bem investigado
no futuro, e o benefício constatado objetivamente da participação dos educadores nos grupos avan-
çados de voz foi a diminuição na quantidade de sintomas vocais.

DESCRITORES: Saúde do Trabalhador; Voz; Educação

„„ INTRODUÇÃO e dos distúrbios vocais, sob o foco do uso diário,


em jornadas semanais, falando em diferentes situ-
É inegável que na época atual, vista como a ações. Algumas conclusões já podem ser consi-
era da informação, a voz assume uma importância deradas como válidas como aquelas relacionadas
enorme na maior parte das funções profissionais e ao uso vocal em fala com alta intensidade e por
possui riscos ocupacionais diferenciados segundo longo tempo como fator desencadeante de um
cada contexto laboral e cultural. Um dos profis- efeito negativo para a saúde vocal dos professores,
sionais apontado consistentemente como de risco e sobre a necessidade de treinar os professores
vocal é o professor, seguido por cantores, advo- para garantir boa saúde vocal. Sabe-se também
gados e religiosos 1, 2. que mesmo tendo conhecimento de como cuidar de
Uma extensa revisão bibliográfica sobre voz suas vozes os professores podem não conseguir
profissional 3 destaca as prioridades de Prevenção preservar suas vozes ao se defrontarem com os
e Saúde Ocupacional (OSH – Occupational Safety eventos inesperados da sala de aula, que algumas
and Health) relata que as pesquisas com a voz do
vezes tornam impossível o controle de seu compor-
professor enfocam principalmente a tentativa de
tamento vocal. Ao correlacionar-se estes dados, o
entender melhor a relação da demanda de trabalho
autor sugere que cooperações entre sistemas de
saúde ocupacional, de formação de professores e
(1)
Fonoaudióloga; Docente do Ensino Superior do Centro Uni-
das instituições nas quais ocorre o trabalho docente
versitário de Araraquara, UNIARA, Araraquara, SP; Dou-
tora em Educação pela Universidade Estadual Paulista – seriam de crucial importância para o desenvol-
UNESP, Araraquara,SP. vimento de programas de saúde vocal para esta
Conflito de interesses: inexistente classe profissional.

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Aspectos epidemiológicos de saúde vocal dos Horizonte 11 56% dos professores referiram piora da
professores foram estudados por um grupo de voz no decorrer do exercício profissional. A cons-
pesquisadores americanos 4 cujos dados apon- tatação de que a voz do professor sofre desgaste
taram que os professores representavam 2% da com o exercício profissional pode ser encontrada
população americana empregada e representavam em um estudo longitudinal 12 que avaliou vozes de
também 16,4% dos pacientes que buscavam ajuda professores de diferentes graus de ensino por duas
por problemas de voz no centro de Medicina de Iowa vezes, num intervalo de dois anos, cujos resultados
e de Salt Lake City. Este mesmo grupo avançou a revelaram que 65,2% das vozes pioraram.
pesquisa com diversos profissionais investigando Percebeu-se que os professores têm necessidade
por intermédio de questionários seus aspectos de participar de programas de prevenção para
vocais. Os resultados destes estudos mostraram cuidar de suas vozes, impedindo que rouquidões
que os professores referiram mais problemas de em decorrência do exercício profissional limitem sua
voz do que não professores (67% contra 33%), participação no trabalho, os afastassem das aulas
marcadamente conduzindo a profissão a ser de por meio de licenças muitas vezes dispendiosas
risco para a presença de rouquidão. Outro grupo de aos mantenedores das escolas, ou, cheguem a
pesquisadores americanos comparou professores impedimento do exercício profissional. Desta forma,
e não professores 5, e evidenciaram que os profes- passou-se a entender que se os professores conhe-
sores têm maior quantidade de sintomas vocais, cessem melhor a produção vocal, as possibilidades
percebem mudanças na qualidade vocal após uso de seu uso em sala de aula, a viabilidade de modi-
da voz, e limitação profissionais por causa da voz ficá-la, de maximizá-la e principalmente as formas
do que o grupo de não professores. Na Irlanda, de cuidarem da voz traria aos professores menos
244 professoras responderam a um questionário problemas vocais no decorrer da carreira. Assim,
de autopercepção vocal 6 contribuindo para a muitos programas foram tomando forma, e sendo
obtenção dos seguintes dados: 27% sentiam alte- executados em benefício dos professores e de suas
ração vocal, 53% referiram problemas intermitentes vozes.
de voz e somente 20% não apontaram esta alte- Em alguns países como no Chile, a estruturação
ração. A importância destes dados está na compre- de programa de saúde vocal é favorecida pelo
ensão de que um problema intermitente pode se reconhecimento da disfonia como uma enfermi-
tornar crônico, e expõe a necessidade de inter- dade profissional 13. Os programas descritos pelos
venções preventivas nesta população. Os autores gestores de saúde ocupacional ampliaram as ações
deste texto consideram a implantação de medidas para espaços de discussão nas instituições de
que minimizem os fatores de risco vocal entre os ensino, para realização de cursos que apresentem
professores, como: diminuição de carga horária e técnicas vocais para o bom uso da voz e interven-
mais oportunidades de períodos de repouso vocal. ções primárias no meio ambiente, adequando-o a
Porcentagens e recomendações semelhantes preservação da saúde vocal. Existindo essa ampli-
foram encontradas também na Itália 7 quando 48% tude de ação, ocorre uma visão integral do indivíduo
dos professores pesquisados apresentaram altera- e consequentemente um atendimento mais eficaz.
ções vocais frequentes na voz e 42% raras altera- Exemplos de ações desenvolvidas em
ções, porém existentes. programas de saúde vocal e o relato dos benefí-
Há mais de uma década as pesquisas brasi- cios obtidos constam na literatura ilustrando as
leiras também foram gradualmente aprofundadas diversas ações já desenvolvidas com grupos de
na tentativa de compreender melhor a problemática professores. Um deles comparou um treinamento
vocal do professor, suas causas e consequências 8. com utilização de amplificação sonora com aborda-
Estudos sobre a ocorrência de alterações de voz gens envolvendo conhecimento de procedimentos
entre professores brasileiros trazem números de cuidados vocais e de realização de técnicas de
bastante expressivos, como os dados obtidos entre ressonância e de respiração, realizado por pesqui-
professores de ensino fundamental 9, com 52% sadores americanos que revelaram benefícios
dos participantes referindo alterações vocais que significantes entre os professores treinados para
foram comprovadas por análise perceptivo-auditiva utilizar amplificação sonora, e benefícios consta-
feita por profissionais fonoaudiólogos. Presença tados nas medidas de função vocal e de impacto da
de queixas vocais, incômodos presentes durantes voz na qualidade de vida nos grupos que utilizaram
a fala, e de autopercepção de professores sobre técnicas de ressonância e respiração 14,15. Em outro
a presença de rouquidão foram referidas por 75% estudo, pesquisadores irlandeses relataram a parti-
dos professores de ensino infantil e fundamental cipação de alunos de pós-graduação em educação
da rede Municipal de Ensino de São Paulo 10, e em um treinamento com dois tipos de abordagem:
em estudo da rede Municipal de Ensino de Belo grupos com abordagem direta com melhores

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resultados nas medidas acústicas e sem mudanças se a adesão fosse maior, pois, um terço dos
no que diz respeito à autopercepção do impacto da participantes de um dos grupos não completou o
voz, e grupo com abordagem indireta que não apre- programa de treinamento 15. Dificuldades seme-
sentou deterioração da voz ao final do treinamento lhantes foram detectadas em um estudo brasileiro
(como o constatado no grupo controle), mas teve no qual houve dificuldade em conseguir a partici-
modificações na autopercepção de impacto vocal pação de professores em um curso de aprimora-
talvez associado ao conhecimento adquirido que mento vocal 19. Evidenciar a estrutura, os resul-
aumentou a percepção das dificuldades vocais 16. tados e as dificuldades da realização de Programas
Semelhantes abordagens, uma com objetivo direto Saúde Vocal na literatura oferece subsídios para
de mudar a função vocal por meio de técnicas para que se compreenda melhor os acertos e as falhas
melhorar a produção vocal mais eficiente, e a outra destas intervenções.
oferecendo aos professores conhecimento sobre Por esta razão, estruturou-se este texto que tem
uso e cuidados vocais, mas incluindo o desenvol- por objetivo descrever as ações realizadas e os
vimento de estratégias de minimizar riscos vocais resultados obtidos durante o Programa de Saúde
obtiveram semelhantes resultados: os professores Vocal de Educadores de uma rede municipal de
que receberam o treinamento vocal direto foram ensino.
os que obtiveram melhores medidas de função
vocal ao término dos programas 17. Os resultados „„ APRESENTAÇÃO DO CASO
de um treinamento com exercícios de função vocal
e conceitos de higiene vocal foram descrito por Trata-se de um estudo descritivo analítico,
pesquisadores do Reino Unido apontando aumento estruturado no formato de relato de caso autorizado
do conhecimento sobre voz entre os participantes pela Secretaria Municipal de Educação de Arara-
e diminuição na escala de severidade de sintomas quara-SP que em parceria com o Curso de Fono-
vocal, mas, não houve melhora significante quanto audiologia do Centro Universitário de Araraquara –
aos índices de qualidade de vida e voz 18. Uma UNIARA promovem um Programa de Saúde Vocal
descrição completa de um curso de aprimoramento do Educador.
vocal para professores universitários brasileiros, A base de dados foi composta por: relatórios
incluindo o uso de um manual sobre processos anuais do Programa de Saúde Vocal do Educador
de emissão vocal e orientações sobre cuidados do período 2002 a 2005, cujo conteúdo aborda as
vocais, destaca a valorização pelos professores diversas fases do projeto, as ações desenvolvidas
dos conteúdos e estratégias de preparo vocal, mas e os resultados obtidos; e por dados provindos dos
com preferência para aquelas de fácil execução, prontuários da Clínica UNIARA de Fonoaudiologia
mais breves e com resultados imediatos na quali- com a devida autorização da responsável pela
dade vocal 19. Após 12 meses da realização de um instituição.
curso para professores italianos do ensino infantil, Todos os educadores que participaram das
abordando normas de ergonomia e exercícios de ações envolvendo algum tipo de avaliação indivi-
eficiência vocal segundo necessidades individuais, dual sempre o fizeram após assinatura de Termo
foi observado que eles ainda mantinham os exercí- de Consentimento Livre e Esclarecido. O Teste de
cios, apresentavam boa ressonância e redução de Igualdade de duas Proporções foi utilizado para
tensão muscular, sem que fosse possível comprovar comparar a proporção de respostas de duas deter-
que não houve desgaste vocal 20. A participação em minadas variáveis e os seus níveis de significância,
um programa teórico-prático abordando uso vocal com p-valor igual a 0,05.
profissional entre professores brasileiros 21 trouxe O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê
benefícios restritos de diminuição do uso da voz de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de
fora da atividade profissional e do uso de tons muito Araraquara (no 540/2006).
graves ou muito agudos durante as aulas, o que A Estruturação do Programa de Saúde Vocal
conduziu as pesquisadoras a sugerirem que inter- A estruturação do programa foi realizada pela
venções outras mereceriam ampliação do foco das professora do Centro Universitário responsável
intervenções para esta classe profissional. pela disciplina de Voz e pelo estágio de Saúde
Estudos que abordaram a participação e a Coletiva, houve sempre a colaboração das fonoau-
aderência dos professores nas ações propostas diólogas e dos gestores da Secretaria de Educação
aparecem em menor ocorrência entre as publica- do Município de Araraquara para atender as regras
ções. Sobre esta questão, Roy e seus colabora- administrativas e as prioridades da instituição; e,
dores 14, referiram que os resultados do trabalho a execução das ações foi realizada pelos alunos
com professores que participavam de orientações de últimos períodos do Curso de Fonoaudiologia.
sobre cuidados vocais poderiam ter sido melhores A solicitação desta parceria fundamentava-se nos

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dados de risco vocal entre professores usuários da qualidade vocal segundo Escala GRBASI estru-
de voz no exercício profissional 1,2,4,6,10,11; e a estru- turada inicialmente por Hirano em 1981, conforme
turação gradual do programa seguiu orientações descrito na literatura 22, na qual se avalia o grau de
difundidas na literatura 3,14,15 sobre prevenção de rugosidade, soprosidade, astenia, tensão e irregu-
saúde ocupacional em geral e vocal de professores. laridade da voz, compondo o grau geral de alte-
Nesta Rede Municipal de Ensino todos os envol- ração vocal (G) em 4 graus de severidade: voz
vidos nas ações educativas do ensino infantil e sem alteração quando o grau geral de rouquidão
fundamental são denominados por educadores, é igual a zero (G0); voz com alteração discreta
e compuseram o foco das ações do Programa quando seu grau geral é igual a um (G1); alteração
de Saúde Vocal sob solicitação da Secretaria de moderada quando o grau geral é igual a dois (G2); e
Educação de não priorizar somente os professores, severa quando igual a três (G3). Em 2004 iniciou-
pois todos educadores utilizavam a voz no contato se o processo de estruturação dos Grupos Avan-
educativo. çados de Voz, que envolveu um estudo detalhado
de como viabilizar as ações. Como os educadores
A saber, os educadores eram subdivididos
com vozes qualificadas como roucas moderadas
em: gestores responsáveis pelas orientações do
(G2) ou severas (G3), durante a triagem, provavel-
processo educativo realizadas com seus pares
mente encontravam-se em situação de dificuldade
e pelo funcionamento da escola; professores
para utilizar suas vozes no exercício profissional,
atuantes no processo educativo formal de ensino
e provavelmente precisavam de uma atenção um
infantil e fundamental; recreacionistas com atuação
pouco mais dirigida para as especificidades de seu
em atividades lúdicas em horários diferentes aos da
problema vocal, foram privilegiados na convocação
educação formal; e berçaristas responsáveis pelo
para participar dos primeiros Grupos Avançados de
cuidado e estimulação de bebês até 2 anos.
Voz. Posteriormente seriam chamadas também as
As ações propostas foram divididas em dois educadoras com rouquidão discreta (G1).
tipos: grupos básicos e grupos avançados de voz.
Assim, estas educadoras foram convocadas
Os educadores foram convidados a participar
a participar de reuniões com a fonoaudióloga do
das ações, realizavam inscrições confirmando a
Centro Universitário, responsável pelo programa,
presença, recebiam um certificado de participação
com a finalidade de compreenderem os objetivos da
e tinham suas presenças controladas por serem
nova ação e de declararem interesse em participar.
ações consecutivas e a participação no grupo
Novamente, não houve possibilidade de liberação,
avançado dependia da participação prévia no grupo
das educadoras para esta atividade, em horários
básico. Antes de iniciar os convites para os grupos
de atividade profissional. O local escolhido foi a
avançados foram realizadas reuniões com os educa-
Clínica Escola de Fonoaudiologia do Centro Univer-
dores indicados pela constatação de alteração vocal
sitário, pela viabilidade de horários, pós-trabalho
na triagem realizada durante o grupo básico, com
das educadoras, e espaço físico condizente com as
explicações sobre as próximas atividades e solici-
necessidades da ação.
tação de manifestação de interesse por escrito. As
atividades ocorreram fora do horário de trabalho dos A estruturação do Grupo Avançado previa um
educadores segundo solicitações administrativas. total de 10 horas de treinamento em grupo, subdi-
O conteúdo teórico dos Grupos Básicos envolvia o vididas em cinco encontros de duas horas com no
conhecimento sobre comportamentos vocais espe- máximo cinco integrantes, e assim foi realizado o
cíficos ao trabalho docente, informações sobre primeiro Grupo formado por educadoras com vozes
produção e cuidados vocais; e, o conteúdo prático classificadas em G3.
abordava treinamento de tarefas fonatórias básicas Todos participantes foram encaminhados para
para aumento de resistência vocal e diminuição de avaliação otorrinolaringológica, com médicos de
tensão, conforme sugerido pela literatura 13,14. Os seus convênios de saúde, e faziam avaliação
grupos eram compostos por no máximo 50 educa- completa no setor de Voz da Clínica Escola no
dores, que participavam de dois encontros de três início e no final das atividades. Nos encontros propi-
horas, perfazendo uma carga horária total de seis ciava-se uma discussão aprofundada sobre o uso
horas. As vozes dos participantes foram registradas vocal em sala de aula na busca de estratégias que
por gravador digital MD Sony MZ em duas amos- minimizassem o esforço durante a comunicação
tras: emissão de vogal [a] prolongada e contagem oral, e os exercícios escolhidos para treinamento
de 1 a 20, configurando amostras para triagem abordavam tarefas fonatórias que favorecessem
vocal como critério de seleção para a formação conforto vocal segundo o grau de distúrbio de voz
dos Grupos Avançados de Voz. A análise desta do grupo, principalmente com exercícios de coor-
amostra foi realizada por fonoaudióloga especia- denação respiração x facilitação de fonação e
lista em voz utilizando avaliação perceptivo-auditiva ressonância. Orientações sobre busca de cuidados

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médicos e de indicação de terapia fonoaudiológica sintomas. A lista continha os seguintes sintomas:
individual foram realizadas formalmente quando cansaço vocal, rouquidão, falhas na voz, perda da
necessário. Formas semelhantes a esta proposição voz no final das frases, perda da voz no começo das
de abordagem da saúde vocal do professor podem frases, sensação de secura na garganta, incomodo
ser encontradas nas publicações sobre programas na garganta, esforço para falar, sensação de aperto
de saúde vocal 16-18,20 que, embora com confi- na garganta, necessidade de limpar a garganta
gurações diferenciadas, buscavam uma melhor (de pigarrear), sensação de corpo estranho na
produção vocal e a diminuição de riscos de piora garganta, respiração curta enquanto fala, sensação
vocal durante o exercício profissional. de ardência ou queimação na garganta; dor na
No primeiro encontro dos grupos avançados foi garganta, sensação de raspar na garganta.
respondido pelos educadores o Protocolo VAPP
(Voice Activity and Participation Profile 23) para que „„ RESULTADOS
se conhecesse a autopercepção da severidade do
problema de voz e a interferência da voz em ativi- Sobre a participação nos Grupos Básicos
dades profissionais e sociais, segundo a avaliação No período de 2002 a 2005 foram realizados 14
dos próprios educadores. Utilizou-se uma tradução grupos básicos com um total de 387 educadores
para o português disponibilizada no Grupo RAAC– distribuídos em grupos contendo em média 30
CEV-SP 24. Este protocolo é composto por 28 ques- educadores, menores do que previsto por causa de
tões para auto-avaliação sobre qualidade da voz, ausências não justificadas de professores inscritos
impacto no trabalho, impacto na comunicação diária em alguns grupos, ou por inscrições abaixo do
e profissional, impacto na emoção, impacto na limi- número de vagas. Os professores compuseram
tação da atividade profissional e impacto na restrição a maioria com 39,8% dos participantes (Tabela
trabalho. Os escores são obtidos por marcações 1), seguidos por berçaristas (30,7%), recreacio-
em linha horizontal não graduada nas quais o limite nistas (14,5%), agentes educacionais (12,9%) e
à esquerda significa pior qualidade vocal (somente gestores (2,1%). Embora o controle de inscritos
para a questão um sobre alteração de voz) ou e reais participantes não tenha sido realizado,
nunca ocorre (em todas as demais questões envol- segundo a percepção da equipe da Secretaria de
vendo questionamento sobre a interferência da voz Educação houve sempre defasagem entre números
nas mais diversas situações), e o limite da direita é de inscritos e números de participantes, estimando-
considerado o extremo oposto (pior qualidade vocal se em aproximadamente 40% de ausências. Esta
e sempre). O texto original do protocolo23 contém observação resultou em inúmeros ajustes quanto ao
uma data base de escores obtidos por respostas critério de divulgação das ações, forma de convites
de sujeitos com vozes normais e de sujeitos com e de inscrição, na busca de melhorar o índice de
vozes disfônicas, que embora sejam de cultura dife- participação dos educadores.
rente oferece um apoio para uma avaliação qualita-
tiva dos escores. Resultados da triagem vocal realizada no início
Os educadores, tanto no primeiro como no dos Grupos Básicos
último encontro do Grupo Avançado, sinalizaram os As vozes de 372 educadores, 96% dos partici-
sintomas vocais sentidos nos 15 dias anteriores, a pantes dos grupos básicos, foram registradas com
partir de uma lista baseada em um estudo sobre sucesso (vogal /a/ prolongada e contagem de 1 a
sintomas presentes durante a fala que podem sina- 20). A análise perceptivo-auditiva destas amostras
lizar problemas na fonação 25, e que estabelece a foi realizada por fonoaudióloga especialista em
presença de atrito vocal na presença três ou mais voz utilizando escala GRBASI 22. A Tabela 2 traz

Tabela 1 – Participantes dos grupos básicos

EDUCADORES N %
professores 154 39,79
berçaristas 119 30,75
recreacionistas 56 14,47
agentes educadionais 50 12,92
gestores 8 2,07
total 387 100

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Tabela 2 – Grau de alteração vocal dos educadores em triagem vocal

Escala GRBASI
Total
Educadores G0 G1 G2 G3
N % N % N % N % N %
Gestores 4 1,0 2 0,5 2 0,5 0 0,0 8 2,2
Professores 42 11,0* 68 18,3 30 8,1 8 2,2 148 39,8
Recreacionistas 42 11,0* 39 10,5 16 4,3 5 1,3 102 27,4
Berçaristas 50 13,0* 46 12,4 16 4,3 2 0,5 114 30,6
Total 138 37,0 155 41,7 64 17,2 15 4,0 372 100,0
Teste Igualdade de duas proporções; p-valor = 0,05

Tabela 3 – Dados sobre a participação nos grupos avançados de voz por educadores com vozes
roucas severas (G3)

Educadoras Presença na avaliação Frequência ao grupo


Situação sobre convocadas sim não parcial plena
participação
N % N % N % N % N %
Aposentada 1 11,1 - - - - - - - -
Desistência da vaga 1 11,1 - - - - - - - -
Incompatibilidade de horário 1 11,1 - - - - - - - -
Aceite da convocação 6 66,7* 4 66,6 2 33,4 3 75 1 25
Total (N=9) 9 100 4 44,4 2 22,2 3 33,3 1 11,1
Teste Igualdade de duas proporções; p-valor = 0,05

os dados relacionados ao grau geral de alteração entre o local de trabalho das educadoras e a Clínica
(G): 62,9% dos educadores apresentaram vozes Escola, frequência semanal em cinco encontros de
consideradas como alteradas, a maioria delas com duas horas, motivos particulares de saúde, tempo
rouquidão discreta, e somente 4% com rouquidão decorrido entre a triagem e a convocação (exemplo:
considerada severa. Na comparação entre os tipos caso da professora que já havia se aposentado);
de funções dos educadores somente entre profes- e falta de motivação dos educadores para parti-
sores, recreacionistas e berçaristas houve seme- cipar da ação. Em comum acordo decidiu-se pela
lhança significativa de ocorrência de vozes sem convocação de uma reunião com as educadoras
alteração. dentro do horário de trabalho delas, com objetivo
de explicar novamente a importância dos grupos
Sobre a participação dos educadores no Grupo avançados, motivando-as para o valor da voz nas
Avançado relações com os alunos, e manteve-se a neces-
O primeiro grupo de educadores foram aqueles sidade de que ao final da reunião as educadoras
com vozes rouco-severas. Importante ressaltar que confirmassem o interesse na participação dos
até o momento da convocação havia somente nove grupos. Decidiu-se também que a duração de cada
educadoras com grau de alteração severa. Destas encontro do Grupo Avançado seria reduzido para
nove educadoras somente quatro (representando 90 minutos, mantendo-se os 5 encontros.
44,4% das convidadas) iniciaram a participação no Em 2005 foram convocadas para esta reunião 54
grupo avançado realizando a avaliação completa educadoras cujas vozes foram classificadas como
de voz, três delas tiveram participação parcial nas rouco-moderadas (G2) nas triagens realizadas até
ações, e uma educadora somente teve aderência aquela data. Conforme exposto na Tabela 4, houve
plena com 100% de freqüência (Tabela 3). declaração de interesse por 28 educadoras (51%
Novamente a baixa adesão e a real partici- das convocadas para a reunião inicial) formando-
pação dos educadores foram analisadas tanto pela se quatro grupos avançados de voz, sendo que 22
responsável pelo programa como pelos gestores da das educadoras inscritas iniciaram os grupos avan-
Secretaria de Educação e as seguintes possíveis çados realizando a avaliação completa de voz, mas,
causas foram delineadas: dificuldade pela distância somente 17 (31% das inicialmente convocadas)

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Tabela 4 – Participação das educadoras com grau de alteração vocal moderada (G2) nos grupos
avançados de voz – 2005

Educadoras
Especificação do envolvimento/participação
N %
Convocadas para reunião inicial – G2 54 100
Presentes na reunião inicial 33 61
Pontuaram interesse nos Grupos avançados 28 51
Compareceram na Avaliação Global da Voz 22 40
Participaram dos Grupos (+75% de presença) 17 31
Teste Igualdade de duas proporções; p-valor = 0,05

Tabela 5 – Laudos otorrinolaringológicos dos educadores dos grupos avançados

Educadores
Exame Otorrinolaringológico
N %
Sem exame 3 17,7
Sem alterações 5 29,4
Nódulos 2 11,7
Nódulos ou cisto 2 11,7
Fenda fusiforme 1 5,9#
Fenda posterior 1 5,9#
Fenda paralela 1 5,9#
Hiperemia 1 5,9#
Somente imagem sem laudo 1 5,9#
Total 17 100
Teste Igualdade de duas proporções; p-valor = 0,05

participaram efetivamente o grupo avançado com classificadas na triagem roucas moderadas havia,
frequência superior a 75% dos encontros. Estes na sua maioria envolvimento de alterações funcio-
dados sugerem que apesar da baixa participação nais, carentes de modificações do padrão fonatório
entre os educadores com voz G2, o grupo avançado para garantir saúde vocal.
ficou configurado em um formato viável para a parti- Uma análise detalhada dos laudos otorrinolarin-
cipação de educadores interessados. A convocação gológicos (Tabela 5) revela que 29,4% das educa-
dos educadores com grau discreto de rouquidão doras que participaram dos grupos avançados não
ficou prevista para ser realizada em 2006, fora do tinham alterações laríngeas. Observou-se, em 47%
período descrito neste estudo. dos laudos otorrinolaringológicos a ocorrência de
nódulos, cistos ou fendas.
Sobre os dados otorrinolaringológicos
Todas as educadoras que compareceram à Sobre a avaliação do impacto da voz nas
avaliação completa de voz no início dos grupos atividades profissionais durante os Grupos
avançados foram encaminhadas para exame otorri- Avançados
nolaringológico. Entre as efetivas participantes dos Os educadores do programa, ora descrito,
grupos avançados somente 13 apresentaram laudo responderam ao protocolo VAPP ao iniciarem os
otorrinolaringológico, uma apresentou somente a grupos avançados. As respostas das 17 educa-
imagem gravada em vídeo, e as demais não conse- doras participantes ofereceram dados intrigantes
guiram agendar consulta médica antes do final do quando comparados com os valores médios encon-
grupo. Os dados obtidos consolidaram a importância trados pelos autores do protocolo entre disfônicos
da participação destas educadoras no programa de e não disfônicos (Tabela 6). A média dos escores
saúde vocal e demonstraram que entre as vozes obtidos pelos educadores revela interferência

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Tabela 6 – Escores VAAP obtidos durante os grupos avançados comparados com padrões entre
vozes normais e entre vozes disfônicas 23

Escore Escores Escores médios


Escores entre
máximo Categoria para vozes entre educadores
disfônicos
possível normais N=17
10 Percepção de alteração vocal 0,98 2,69 6,23
Interferência comunicação no
40 1,72 9,0 17,22
trabalho
120 Interferência comunicação diária 6,97 31,26 50,88
40 Interferência comunicação social 1,25 6,2 12,47
Interferência manifestação das
70 2,57 16,36 27,33
emoções
240 Escore total 13,49 65,51 114,13
Limitação no trabalho por causa da
30 2,12 8,5 13,82
voz
Restrição no trabalho por causa da
30 1,19 4,47 13,03
voz

Tabela 7 – Número de sintomas vocais pré e pós-grupo avançado (n=14)

Número de Pré Pós


p-valor
Sintomas N % N %
0 0 0,0 2 14,3 0,142
De 1 a 3 0 0,0 5 35,7 0,018*
De 4 a 6 3 21,4 4 28,6 0,684
De 7a 9 7 50,0 2 14,3 0,066#
De 10 a 13 4 28,6 1 7,1 0,157
Teste Igualdade de duas proporções; p-valor = 0,05

discreta da voz nas suas atividades: classificam (Tabela 7) revelam que houve sensível diminuição
suas vozes como discretamente alteradas (2,69 de da presença de sintomas vocais entre os partici-
escore máximo em 10,0), sentem a voz interferindo pantes. Antes da participação nos grupos avan-
de forma discreta em todas situações de comuni- çados não houve referência de três sintomas ou
cação analisadas com escores atingindo de 15,5% menos, somente a partir de 4 e até 13 sintomas
a 26% dos escores máximos possíveis, da mesma apareceram nas respostas dos educadores. Ao
forma se comportaram os dados relacionados à limi- final do Grupo avançado 55,5% dos participantes
tação ou restrição de participação nas suas ações referiram de 0 a 3 sintomas. Ou seja, antes todos
profissionais com escores entre 14,9% a 28% dos os educadores estavam com sinais da síndrome de
máximos possíveis. atrito vocal (mais de três sintomas) e no após os
grupos, somente 45% deles ainda apresentavam
Sobre a avaliação da presença de sintomas mais de três sintomas vocais, porém, com dimi-
vocais pré e pós-grupo avançados nuição significativa representativa da quantidade
Fez-se a opção de analisar somente a quanti- de sintomas.
ficação de sintomas apontados pelos educadores,
ao início e no final dos grupos avançados, com a „„ DISCUSSÃO
finalidade de observar se ocorreriam modificações
do quadro de atrito vocal (Tabela 7). Referências sobre dificuldades em conseguir
Foi possível obter respostas sobre sintomas total adesão de professores a programas de saúde
vocais de 14 educadores para a análise pré e pós- vocal ou a processos de formação em voz e comu-
participação dos grupos avançados. Os dados nicação são relatadas na literatura internacional 14,15

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Programa de saúde vocal: descrição  1141
e nacional 19, tal qual observado no desenvolvi- A diminuição significativa da quantidade de
mento do programa ora descrito, sem que se tenha sintomas vocais consolidou que a participação dos
conseguido chegar a uma definição precisa sobre o educadores no programa, especificamente nos
que os conduz a isso, e, carecem de estudos mais grupos avançados, gerou benefício importante
aprofundados na compreensão dos fatores causais para a preservação das vozes dos educadores:
desta situação. menos sintomas, menor atrito e maior saúde vocal;
A ocorrência de 62,9% de alteração vocal entre assim como foram percebidos outros benefícios em
os educadores constatada por análise percep- estudos descritos na literatura, como: diminuição de
tivo auditiva (Tabela 2), é semelhantes aos dados uso intenso da voz fora da atividade profissional e
encontrados por Dragone et al 12 e aos dados de utilização de tons mais neutros durante as aulas 21,
Roy et al 5 obtidos pela referência de alterações melhoria de ressonância e de tensão muscular com
vocais em estudo abordando a autopercepção dos diminuição de desgaste vocal 20, melhora da função
professores; porém, encontram-se superiores aos vocal 17, entre outros.
dados de outros estudos com o mesmo foco 7,9.
Segundo laudos otorrinolaringológicos (Tabela
„„ CONCLUSÃO
5), a ausência de alterações laríngeas em parte das
educadoras participantes dos grupos avançados,
cujas vozes alteradas estariam então relacionadas O Programa de Saúde Vocal direcionado aos
à disfonia funcional justificou totalmente um trei- educadores da rede municipal de ensino de Arara-
namento para adequar as formas de emitir a voz quara-SP, no período de 2002 a 2005, foi uma ação
com a finalidade de impedir a evolução do caso. de prevenção e de aprimoramento vocal comprova-
Da mesma forma, a presença de nódulos, cistos damente necessária pelos dados que evidenciaram
e fendas associados a provável disfonia organo- algum grau de distúrbio vocal na maioria das vozes
funcional sinalizam uso incorreto da fonação22, triadas. Mesmo sendo a maioria das vozes com
configuraram-se como casos passíveis de serem alterações discretas eram merecedoras de atenção
minimizados ou revertidos com fonoterapia 22 e para não piorarem frente à demanda vocal exigida
com a participação em programas de saúde vocal pela profissão. As ações em grupos terapêuticos
envolvendo cuidados vocais e conhecimento sobre trouxeram benefícios com a diminuição da quan-
uso vocal em sala de aula tal qual foi realizado tidade sintomas associados ao uso vocal, o que
nos grupos avançados. Na verdade, reforçaram significa diminuição de atrito vocal e piora futura. A
também correlações entre avaliação preceptivo- avaliação da voz nas atividades de vida, segundo
auditiva e exames laringológicos, nas quais graus a autopercepção dos educadores participantes
de alteração moderados podem sugerir presença dos grupos avançados revelou índices baixos de
de alterações laríngicas. impacto, sem limitação e restrição significantes às
Os dados do Protocolo VAPP revelaram que os atividades profissionais. Em especial, este dado
educadores permaneceram numa posição interme- merece atenção, pois favorece a compreensão dos
diária entre os dados obtidos com disfônicos e não problemas de adesão e de participação dos educa-
disfônicos pelos autores do protocolo 23. Tal fato dores nas ações propostas pelo programa de saúde
pode sugerir a baixa percepção de alteração vocal vocal: eles não sentem limitações, logo, não se inte-
e da interferência da voz nas atividades profissio- ressam em aprimorar estes aspectos. Fatores múlti-
nais entre estes educadores como um fator contri-
plos podem mascarar a percepção dos educadores
buinte para a baixa adesão ao programa. Desta
sobre a relevância da voz no trabalho docente, e
forma, ao não sentirem limitações nem restrições
merecem ser mais bem investigados.
nas atividades profissionais por causa da voz e
sequer percebem vozes alteradas, não sentem A descrição realizada ressalta a necessidade
necessidade de melhorar seus padrões de voz constante de reavaliação das ações contidas em
para o trabalho, consequentemente, sem moti- um programa de saúde vocal, nos quais, os resul-
vação para participar das atividades do Programa tados objetivados somente se consolidarão com a
de Saúde Vocal. A auto-percepção sobre limitações participação ativa dos educadores, que por sua vez
de participação e restrições no trabalho por causa ocorre a partir da percepção de que o investimento
da voz merecem ser melhor investigada em futuras de tempo e atenção irá gerar benefícios imediatos
abordagens envolvendo esta classe profissional. no contexto profissional.

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ABSTRACT

Background: in the last two decades teacher’s voice has been the target of many researches due
to the high incidence of voice disturbances in this professional class; therefore, the need for these
professionals to take part in actions that ensure the vocal health has been reinforced. Few papers
in the literature describe vocal health programs and their results. Procedures: describe a Vocal
Health Program of Educators from public schools (kinder garden and elementary schools) from the
countryside of São Paulo inland, developed from 2002 to 2005, that was made up by basic voice group
to offer essential theoretical and practical knowledge about vocal care, including the participants’ vocal
screening; advanced voice group to reorganize the phonation process and the voice use in classroom.
Results: the average of 56% of total enrolment participated in the actions; 62.9% of voice disturbance
is the result of vocal screening, most of it with discreet vocal deviation; 100% of participants referred 3
or more voice symptoms at the beginning of advanced voice group, and after the group had finished,
45% still had 4 to 13 symptoms; data about vocal self-perception show low scores in vocal impact in
professional activities. Conclusion: the description showed the need for constant regulation of the
program in order to reach its goals. The low participation in actions might be related to the discreet
impact of voice in professional activities, although this fact requires further investigation. The highest
measured benefit of the participation in the advanced vocal groups was the reduction in the volume e
of vocal symptoms.

KEYWORDS: Occupational Health; Voice; Education

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http://dx.doi.org/10.1590/S1516-18462010005000059
RECEBIDO EM: 15/11/2009
ACEITO EM: 05/01/2010

Endereço para correspondência:


Maria Lúcia Oliveira Suzigan Dragone
Av. Prof. Augusto César, 902
Araraquara – SP
CEP: 14801-240
E-mail: mldragone@uol.com.br

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