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100} Inés siononini icas propr 4 associada ao surgimento de identidades sociais no- das, como aponta Jacquemet (2005} e que, segundo ta convencional, na medida pode mais ser identificado com uma dimensao puramente terri {que encontra sua expressdo nos idiomas mistos, crioulizados do pol tismo* (2005: 263) & através das préticas transidiométicas que tanto os grupos em dids- pora quanto os grupos locais “recombinam suas identidades estando pre- sentes simultaneamente numa multiplicidade de lugares e participando de redes eletivas espalhadas por te! jionais" (2005: 266). A esse respeito, é interessante 0 conceito de cultura lus6fona apre- sentado pela cantora angolana Aline Frazdo, numa entrevista publicada ‘mas que podem comunicar entre si através da lingua portuguesa, lusofonia as vezes acontece, quando eu encontro alguém do Rio de Janciro ‘em Buenos Aires e comegamos a conversar sobre os nossos lag0s ¢ as nos: sas diferengas de sotaque, ou quando viajas a Cabo Verde e encontras um imaginério da tua ‘das mornas que ouviam os kotas lé em Luanda. ‘A lusofonia é um pr sera em que alguns acredi tamos, em que algum dia a lingua poder servir de abraco entre todos esses lugares tdo ricos e diferentes, sem preferéncia e assumindo a nossa Historia, snsando juntos (cf. Buala, Cultura contemporanea E ao referir-se a proposta do escritor angolano Pepetela de se usar 0 termo “Galeguia’, ao invés de “Lusofonia’, como uma forma de se apa- gar a referéncia a colonizagdo, Frazio acrescenta: “Galeguia’ remete para a origem da lingua, o galego-portugués, e inclu essa terra que pode ser a peca-chave no puzzle, por gozar de um estatuto de new tralidade dentro da lusofonia, fora da polari2apdo viciosa de Brasil-Portugal (idem, ibidem; énfase minha). 17, Disponivel_ em. http://www buala.org/ptcara-a-caralo mundo esta chelode-estorias basta estar ‘stent entrevi anno acess em 02 abe 2013. Capitulo 3 COMO E POR QUE TEORIZAR O PORTUGUES: RECURSO COMUNICATIVO EM SOCIEDADES POROSAS E EM TEMPOS HIBRIDOS DE GLOBALIZACAO CULTURAL! Acero ing. plang) reckonente ocelebo; da end ro proceso Globo ane isis ons des bs. ene mundolac"egtaengo dos kus for mosneni soci, © uno ofl ee ios de qu cao es elon "pez do cn edo moncinganjr noel (Mgrl, 200: 250. ‘Anode lnc un an coda vez mas Snifetio nok nis sc. cata oma cone ua #0 0 ue esd ur otz0g0 ap end stud ne apr do skeulo 1. Em vez de ola de etureza humana cog universal ou ext inguin foce mudou rao loca. sued, parler (Pnnycook 20101). iz. nguts eto se ceservtendoe se epahando ‘oda vez menos como sistemas inguseos une coerenes (Coupland 2010.11). 1.Introdugao Pouco antes de comecar a escrever este capi ; J , ouvi no noticisrio dda manha que o ntimero de pedidos de vistos de trabalho para europeus (portugueses, franceses, gregos, espanhéis etc.| e estadunidenses no Bra- 1. Sou gato ao CNPq pela olen de produtividade em pesquisa 302201/200%0 ¢& PAPER] (E 26/11 0.0682012}e por uma série de suis & pesquisa que pesibtaram se ocr Pesquisa que possibiitaram a realizado do trabalho al 2 Linguajar€ um termo que Mignolo (2000: 26) 24 usa para se refer o conceito de ecrever falar vessando linguas diferentes. O conceto quer desconatai a ideia de qu «ngua € wm fat cone, ‘tudo por regasinitias, fatticas etc} cenatnar 4 odo de que flare eacrver€ umn moo de ‘sar estates pra apr a vida soa te as 101 02 LUIZ PAULO DA MOITA LOPES. sil esta aumentando vertiginosamente. Claro, deve-se incluir também a quantidade cada vez maior de imigrantes do continente africano, do Haiti, da América do Sul e da Asia que continua chegando ao Brasil, igualmente a procura de uma vida melhor. Da mesma forma, os jornais tém noticiado que a diéspora brasileira estd retornando ao lar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat {IBGE}, conso- dos com base no Censo de 2010, houve um aumento de 86,7% de antes internacionais" (brasileiros e estrangeiros) para o Brasil em relagio aos mesmos dados de 2000, o que é explicado pelo desempenho da economia brasileira e pela crise econémica na Europa e nos Estados Unidos. Tal mobilidade de pessoas. significa que. linguajar_{ausode linguas diferentes na fala e.na escrita, misturando linguas para agit no ‘mundo social — cf. nota 1} por entre as fronteiras tende, portanto, a aur mentar no Bras Por outro lado, na internet e nas Tvs a cabo (ou nas lan houses na peri- feria brasileira), as pessoas cada vez mais tém acesso a repert6rios de cursos e artefatos culturais construidos em outras Iinguas que nos che- gam de varias partes do mundo, e até mesmo do préprio Brasil. Quando fazia sua etnografia em uma lan house na periferia do Rio de Janeiro re~ centemente, uma orientanda minha conheceu um adolescente que usava alguma variedade de *portinglés’ para se comunicar com estrangeiros no MSN, sendo que ele tinha um conhecimento minimo de inglés, apren- dido em uma escola pablica brasileira. Provavelmente, usava também 0 recurso de tradugao disponibilizado no Google. Outro relato é o de um amigo portugués, professor de engenharia da Universidade de Lisboa, {que se preparou para fazer uma palestra em inglés no Peru recentemente e, a pedido da plateia, acabou falando em um mistura do que se entende por portugues, inglés e espanhol (‘esportinglés") Uso esses dados anedéticos da vida social contemporanea para situar a questo que desejo discutir: como explicar ¢ teorizar 0 que entende- mos por portugués diante desse cendrio linguistico-discursive.cample- x0, que também 6 verdadeiro em outras partes do mundo, onde. que “chamamos de portugués € usado, por razées sociolingufsticas diversas, “como resultado dos processos de superdiversidade? (Vertovec, 2007} em ‘COMO E POR QUE TEORIZAR O PORTUGUES relagdo a linguas, nacionalidades, etnias e religides? Tal superdiversidade € causada tanto pelas migragdes como. também pelos avangos recentes ‘das tecnologias © que tende a ser ampliado, em consequéncia ddas relacSes globais ¢ locais. Na esteira da globalizacao, esses processos tém efeitos lingufstico-discursivos locais em nossas vidas sociais, que precisamos avaliar. Para abordar @ questa ignificado de teorias € argumentando na diregao de uta teorizacdo de lingua como rizoma para dar conta de um mundo de fluxos, diferentemente de teorizagdes da estrutura interior de uma Iingua como um sistema autdnomo, nas quais es is so apagadas. Tis teorizagdes nao fazem sentido quando as pessoas passam a ser entendidas como vivendo em “zonas de contato" ou “de fronteira’(A seguid) discuto como essa visio de lingua esta associada a uma linguistica modernista e seu ideal de uma igua pura, colaborando na construgo de um estado-nagdo. Esse sen- a foi e € usado para sedimentar desigualdades enero, raciais etc. A segui, discuto como e por que uma série de construtos te6rico- -linguisticos tradicionais vem sendo reconfigurada com base em uma cri- tica a essa linguistica modernista, levando em consideragdo as mutacdes, comunicativas que presenciamos em um mundo desterritorializado. Tal ‘mundo faz surgir usos trafsidiomaticos do portugués em meio a frontel- ras fisicas e cibernéticas, nas quais linguas, textos e pessoas esto em mo- yimento. Gara finaliza? defendo a necessidade da construgdo de peque- nas teorizagées situadas do portugués e da relevancia de compreender as ideologias linguisticas dos falantes, escritores etc., indo ao encontro de, _abordagens epistemologicas pés-estruturalistas, p6s-modernistas e inter- “pretativistas. Empreendo, assim, um esforgo para compreender o que as novas geracGes de falantes, escritores etc. estdo fazendo com essa lingua 0 usé-la transidiomaticamente nas préticas linguisticas como um recur- ‘50 comunicativo (Ao concluir)ilustro meu argumento com usos transidio- méticos do portugués 10 mundo da comunicacdo digital, na construgdo de artefatos culturais como o rap e a propaganda na periferia brasileira e discuto, brevemente, possiveis ideologias linguisticas que parecem sub- jazer a tais usos, assim como as performances identitérias mobil Esses usos so indicadares do que tem sido chamado de refl metapragmiticaFinalizo) avaliando os ganhos epistémicos, politicos éticos de tal posicionamento. 103 104 LUIZ PAULO DA MOITA LOPES 2. Uma visdo de lingua como rizoma: teorizagdo como invengdio Keating (2009), se apoiando em Deleuze e Guattari (1987: 8), usa a ‘metafora do rizoma para se referir ao que é uma lingua: ‘Uma lingua tem a forma de uma cebola. Desenvolve-se por meio de ratzes subterraneas ¢ fluxos, entre vales com rios ou trilhos de trem; espalha-se Como éleo. B sempre possivel desmontar uma lingua em termos de seus ‘elementos estruturais internos, um empreendimento que nao é diferente de fuma procura por raizes. Ha sempre algo genealdgico sob uma drvore. Tss0 hd é um método para dar conta de pessoas. Um método do tipo do rizoma, ‘20 contrario, pode analisar uma lingua, somente ao descentré-la em outras ddimensdes ¢ outros registros. Uma lingua nunca esta fechada sobre si pr6- pria, exceto de uma forma impotente (Deleuze ¢ Guattari, 1987; 8. ‘A metéfora do rizoma parece ser muito mais adequada para pensar as linguas, ndo como sistemas autnomos fechados que apagam as pessoas © 08 usos que elas fazem das linguas, mas como trama instavel de fluxos {que 86 ganha vida quando as pessoas e suas subjetividades € hist6rias sio consideradas nas praticas sociais méltiplas e situadas de construgio de significado em que atuam. Essa visio ¢ especialmente iluminadora em tempos de globalizacdo cultural, caracterizados por sociedades porosas e em permanente pro- cesso de vir a ser (Appadurai, 2001) em que tanto as linguas como os textos e as pessoas estio em movimento, muitas vezes sem que saiam de casa, nas redes sociais digitais. Vou teorizar o que chamamos de por- tugués dessa forma, de modo a contemplar as novas geragbes de falan- tes, escritores etc. dessa Iingua no mundo, que operam, cada vez mais, nas praticas linguisticas nas “zonas de contato” (Pratt, 1992/1999) ou nas “fronteiras" (Mignolo, 2000) em que estdo lox [As teorizagées linguisticas sfo, claro, invengdes ou construcdes so- ciais derivadas de ideologias particulares, como outros discursos quais- quer, com os quais agimos no mundo social (Moita Lopes, 2012). Isso € interessante principalmente se considerarmos a famosa frase de Foucault (1979: 12): ‘As verdades {teéricas, no caso em tela] so deste mundo’. Isso quer dizer que tais teorias néo iconicizam manifestagSes linguisticas que existam naturalmente no mundo, As linguas so invengSes disciplinares _e politicas — perspectiva tedrica orientadora que aqui jimplemento em relacdo ao portugués, com base em meus interesses politicos e episté- s particulares. Mas o que me parece relevante é avaliar os ganhos politicos, epistémicos e éticos de tais teorizagées para as pragmaticas de ‘COMO E POR QUE TEORIZAR © PoRTUGUES nossas vi jd que como Boaventura Santos (2001: 9) aponta: *U; s jonta: “Uma transformagio profunda nos modos de conhecer deveria estar relacio- nada, de uma maneira ou doutra, com uma transformagio igualmente profunda nos modos de organizar [ou pensar] a sociedade", Especificamente em relagio a tes ; uistica, € crucial discu- tir se vamos continuar encarando as linguas como sistemas auténomos, apagando 0 sujeito social, suas marcas s6cio-histéricas e ideol6gicas em seu corpo — e 0s sofrimentos ou vantagens que acarretam. Seguiremos preterindo as ideologias linguisticas dos falantes,escritores etc., ou seja as crengas, ou sentimentos, sobre as Iinguas do modo como so usadas ‘em seus mundos sociais" (Kroskrity, 2004: 498]? Manteremos a ideia de que uma lingua corresponde a um estado-nago™ A resposta positiva a cessas perguntas faz parte de uma tradi¢do convencionalmente chama- da de estudos linguisticos modernistas, cujo ideal sustentador é fabricar sgias lingufsticas ou de como as linguas so entendidas nas priticas locais. 3.Modernidade e o ideal de lingua pura Os antropélogos Richard Bauman e Charles Briggs, no livro Voices of ‘Modernity, de 2003, sustentam, com base em suas leituras de 300 anos de filosofia, teoria politica, antropologia, historia ete., que a teorizacao Jinguistica modernista historicamente subjaz a ‘concepgdes sobre socie- dade, politica, natureza e ciéncia’ (2003: xiii), as quais funcionaram e funcionam para manter as desigualdades de classe social, de raga, de género etc. em seus devidos lugares por meio do ideal da lingua pura neutra, autOnoma, transparente e representacional. Ou, como indicam Bauman e Briggs (2003: 17): *Modos de falar e escrever fazem com que as classes sociais, o género, as racas e as nagées parecam reais e os tor- nem capazes de... justificar relagdes de poder, possibilitando que os su- balternos parecam falar de modos que clamem pela subordinagio deles Proprios’. Essa é a légica que permitiu a “purificagao" da lingua ou sua separacio de questées sociais e das praticas sociais, Nao ¢ surpreendente que essa 6tica da lingua pura ainda impere na formacdo de professores 4 Segundo Peamook O10: 9) iso lo que lo quer diser que devramos igor tooo trabalho realizado fo ngs air pre do ul XX ob pe do tural, ma oe mull deal 30 fem papa a pessoas, que nto parece se posal spar" at de flr do ue fala

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