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CAMBUCI
RESUMO:
ABSTRACT:
1 – Introdução
2 – Desenvolvimento
Com esse breve resumo histórico a respeito da cidade, onde pôde-se analisar seu
caráter escravista e conjeturando ao racismo estrutural presenciado na formação da
sociedade moderna brasileira, temos uma possível explicação para o o sucesso e as
particularidades do discurso preconceituoso dominante. O fato de ela também ser uma
cidade isolada e de difícil acesso permite que não haja contestação da ordem comum.
Cambuci se torna campo fértil para discursos conservadores florescerem de maneira
frondosa.
2.2 O racismo religioso e as religiões afro-brasileiras
Deste modo, é possível perceber que a religião foi um dos pilares nas lutas de
resistência negra durante o período da escravidão. Porém, até mesmo nesses movimentos,
existem particularidades. Uma delas, que explica de maneira concisa e objetiva o porquê
de cidades do interior - mesmo sendo os pólos de irradiação da sociedade moderna - são
extremamente reativas a manifestações religiosas de matriz africana. Segundo Carneiro
“O culto organizado não podia, sob a escravidão, florescer no quadro rural - ou seja, a
fazenda ou a cata. Para mantê-lo, o negro precisava de dinheiro e de liberdade, que só
viria a ter nos centros urbanos”. (CARNEIRO, 2008, p.11). Com isso, é possível perceber
que as religiões tiveram um crescimento mais forte e consolidado nas cidades, enquanto
que no interior, a igreja católica permaneceu forte e dominante - e se mantem até os dias
de hoje.
Há um outro aspecto nos centros urbanos - principalmente na região Sudeste do
país - que propicia a assimilação das religiões e consequentemente, a redução dos
preconceito a elas direcionado. Transportar signos religiosos para o cotidiano é uma
estratégia já utilizada no senso comum, mas ao subverter essa ordem ao trazer
simbologias e cultos que antes eram criminalizados, é de certa maneira, ato de resistência.
Desse modo
“As formas lúdicas, estendendo a novos setores da população as crenças
e práticas básicas dos cultos de origem africana, se contribuem para a
desagregação deles como unidades religiosas relativamente compactas,
também reforçam, tornando-os mais compreensíveis e aceitáveis, a
predisposição geral que ajuda a sua manutenção e multiplicação na
região dada”. (CARNEIRO, 2008, p.27)
Por esse viés é então possível analisar o racismo religioso nas cidades do interior,
e no caso específico, Cambuci, pois, para além de não haver o fomento a essas práticas,
devido as condições sócio-econômicas dos indivíduos escravizados e um domínio muito
forte da Igreja sobre o Estado, não havia também práticas de assimilação que pudessem
promover o desconhecido em conhecido, e desse modo, ainda são utilizados mecanismos
de medo e vigilância para que este permanecesse no campo do obscuro. Demonizado.
Quando Fischmann (1998) teoriza a respeito de identidades, tradições e símbolos, é
exatamente esse ponto que o racismo religioso em Cambuci habita. O desconhecimento
da simbologia, tradições e identidades negras permite com que um discurso
majoritariamente eurocêntrico seja consolidado e perpetuado. A história oral, um dos
pilares da resistência das religiões afro-brasileiras é reduzida a relatos estigmatizados.
3 – Conclusão
4 – Referências bibliográficas.
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