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Eduardo Rabenhorst1
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Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB. Doutor e Mestre em Filosofia do
direito pela Universidade de Strasbourg II- França. Professor de Filosofia e Teoria do
direito da UFPB.
sobretudo aquelas advindas do processo de globalização econômica. O último
capítulo, certamente o mais original, tenta discernir as crenças e
representações que os membros do Ministério Público brasileiro fazem do
regime democrático, tomando por base a análise das “teses” escritas pelos
mesmos por ocasião da realização de Congressos nacionais da classe.
O texto é claro e a leitura prazerosa. Apresenta conteúdo atual, relevante
e rigoroso do ponto de vista epistemológico. Está visivelmente sintonizado
com o debate em curso nos mais importantes centros universitários nacionais
e internacionais. Acredito, pois, que o autor atingiu seus principais objetivos,
apontando uma conclusão original com relação ao argumento que lhe serviu
de fio condutor: que o Ministério Público, enquanto instituição, apesar dos
notáveis avanços históricos e políticos, permanece não somente atrelado a um
paradigma repressivo-seletivo em matéria de políticas penais, mas também
preso a um paradigma formal no que diz respeito ao seu papel constitucional
de guardião do Estado democrático de direito.
Ressalto, ademais, todo o esforço do autor no sentido de examinar uma
vertiginosa bibliografia produzida sobre o tema nos últimos anos. Registro
ainda sua disposição corajosa de ler as 454 comunicações produzidas pelos
seus colegas membros do Ministério Público nos diversos conclaves nacionais
ocorridos a partir de 1988. Digo corajosa no duplo sentido da palavra, já que
além do aspecto quantitativo, a leitura por ele empreendida certamente
incomodará alguns membros mais conservadores do parquet brasileiro.
Oportuno e atual, o texto inaugural do Professor Cláudio Alberto Gabriel
Guimarães terá seu lugar assegurado na bibliografia nacional. Trata-se de um
livro que deve ser lido e consultado por todos que desejam oferecer uma
contribuição ao processo de aperfeiçoamento das instituições públicas
brasileiras.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................12
CONCLUSÃO ................................................................................................................312
REFERÊNCIAS .............................................................................................................321
APÊNDICES .................................................................................................................352
ANEXOS ......................................................................................................................386
1. INTRODUÇÃO
promulgação da Magna Carta, em 5 outubro de 1988, vez que foi o documento que
sede das políticas públicas praticadas no Brasil, com reflexos claros e diretos nas
Federal, pela via do artigo 127, e tendo por norte uma visão ampla ou substancial
Justiça.
Essa a razão pela qual deve ser provocado o debate sobre o alcance de
tão nobre missão, posto que tal instituição ocupa dois lugares privilegiados em sede
constitucional e que tem correlação direta com a questão da democracia, quais
sejam: a defesa do regime democrático e a de detentora exclusiva da ação penal
pública.
Em suma, como harmonizar o discurso punitivo com o discurso
democrático, quando se sabe que as deficiências da democracia nos dias atuais, via
de regra, estão a ser enfrentadas através do sistema penal, com a imprescindível
atuação do Ministério Público?