Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
O espaço litúrgico cristão, como nós o conhecemos hoje, sofreu uma grande evolução
ao longo da História, e em cada período foi expressão da própria compreensão do Ser Igreja.
Num primeiro momento, a ekklesia - tradução grega do hebraico Kahal, que quer dizer
“assembleia convocada”, evidencia a iniciativa de Deus como aquele que convoca – é a
comunidade reunida para Escutar a Palavra de Deus e celebrar os Sacramentos (inicialmente
o Batismo e a Eucaristia). Com o passar do tempo, a mudança das circunstâncias históricas
e o consequente aumento do número de cristãos, surgiu a necessidade de constituir um
espaço arquitetônico adequado às celebrações litúrgicas, e também chamaram este espaço
de ekklesia (igreja). Essa necessidade foi acompanhada do cuidado de imprimir na edificação
a imagem de seu Ser: o que molda e condiciona o espaço celebrativo cristão são a Fé
professada e a Liturgia celebrada.
Neste sentido, a Instrução geral sobre o Missal Romano (IGMR) e o Estudo 106 da
CNBB, oferecem as orientações para se pensar e projetar o edifício cristão, de forma a
evidenciar a sua simbologia e garantir a sua funcionalidade, apontando sempre para o Cristo,
que é presente neste lugar e nele age.
LUGARES DE CONVOCAÇÃO E ACOLHIDA
O CAMPANÁRIO. O convite à liturgia por meio de sinal ou som é algo presenta na
ação que antecede a mesma desde os tempos mais antigos. O Ritual de Bênçãos recorda em
sua fórmula registros bíblicos que prefiguram o ressoar dos sinos da Igreja e para estes o
Estudo 106 evidencia a importância da concepção de um lugar que favoreça a esta prática,
lugar este que contribua ainda para fácil identificação do edifício-igreja.
A PORTA. Sinal do próprio Cristo como citado por João em seu evangelho. Deve
exprimir tal significado por especial atenção à sua composição em diferenciação a outros
acessos técnicos e de segurança.
O ÁTRIO. Lugar de preparação e passagem, sinal do colo materno da Igreja que
recebe seus filhos. É o espaço onde se dá alguns ritos de acolhida ou celebrações
preparatórias, conforme orientações do Cerimonial dos Bispos. Além destas, é o lugar onde
pode-se dispor objetos e equipamentos de apoio pastoral, a pia batismal, a imagem do
padroeiro e, até mesmo, servir de isolamento acústico e barreira visual.
O LUGAR DA ASSEMBLEIA
O lugar da assembleia é parte estruturante no espaço litúrgico, é nele que o povo
sacerdotal, através da santa convocação, por meio de Cristo Jesus, celebra o Mistério Pascal.
A igreja entendida como corpo de Cristo, reunida para a adoração e comunhão deve encontrar
alento e conforto para o espírito. Neste sentido, faz-se necessário que o lugar da assembleia
propicie ao indivíduo o acolhimento necessário para o bom relacionamento dele com o
transcendente, além de conduzi-lo à adoração através da ação litúrgica. Deve-se atentar para
o conforto e ergonomia, para o bom dimensionamento dos espaços de trânsito e locomoção,
a fim de que seja garantida a manifestação gestual e os movimentos e procissões dos
diferentes ritos.
LUGAR DO BATISMO
Dentre os elementos que compõe o espaço litúrgico, se distingue o batistério, onde
está a fonte batismal, local este que deve ser realçada a dignidade do Sacramento do Batismo,
primeiro sacramento da vida cristã, porta de entrada da vida eclesial, ato solene de inserção
do neo catecúmeno no corpo místico. Para melhor evidenciar o sentido da Água Viva, que
lava o pecado e “matam a sede de vida eterna” (RB, n. 869) é aconselhável que haja água
corrente na fonte batismal.
LUGAR DA RECONCILIAÇÃO
O lugar específico na estrutura arquitetônica da Igreja para se manifestar a experiência
da misericórdia é o confessionário, onde o Sacramento da Reconciliação é efetivado. Este
lugar deve ser facilmente identificado na estrutura da Igreja. Deve possibilitar os gestos rituais,
a escuta da Palavra de Deus e a imposição das mãos, como também, a confissão face a face.
Referência Bibliográfica
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Orientações para projeto e construção de
Igrejas e disposição do Espaço Celebrativo. 2ª edição, Brasília: Edições CNBB,
2015.
BIANCHI, Enzo. in L’ambone: tavola della Parola di Dio. Magnano: Edizioni Qiqajon,
2006.