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Elogios a ‘Sara, Livro 1’

Um autor escreve:

"Sara é um romance comovente sobre uma menina que descobre os segredos para criar
uma vida feliz. E como Sara descobre como criar uma carta de vida para si mesma,
começando exatamente onde ela mora , o leitor também aprende as mesmas lições.
Magicamente, ambos são transformados.

“A leitura desse livro revigorante e inspirador pode despertar em todos os leitores o


poder interior que eles já têm para criar o tipo de vida que eles sempre desejaram.

“Sara é um livro que você quererá dar à sua família e amigos porque ele transmite
poderosas mensagens sobre a vida de uma maneira que é de fácil compreensão e
assimilação.

“A escrita inspirada pelos autores tece uma magia encantadora que pode mudar vidas
somente pela leitura. E embora não seja especificamente um livro para crianças, Sara é
uma historia de transformação de vida para a criança em cada um de nós.

“Poderoso. Mágico. Capacitador. Leia-o.”

Um contador escreve:

“Sara é maravilhoso. Estou em minha terceira leitura! Há bastante coisa a aprender com
ele. Me proporciona uma maravilhosa alavancagem!”

Uma criança de dez anos de idade escreve:


“Acabei de ler seu livro... é o melhor livro que já li em toda minha vida. Apenas queria
lhe agradecer por tê-lo escrito, pois ele fez a maior das mudanças de toda minha vida.”

Uma avó diz:

“Estou sentindo uma avalanche de alegria e apreciação. Minha neta agora continua
lendo partes dele para nós e para seus amigos...tão claro e delicioso!”

“Esse pequeno maravilhoso livro é uma gema, elegante em sua clareza de mensagem.
Seus ensinamentos voam direto ao coração, conectando-nos à Sara em cada um de nós!
Uma história delicada encantadora, por vezes engraçada, muitas vezes pungentes, e na
maior parte, maravilhosamente alegre. Certamente ele será uma cartilha para os
estudantes do bem-estar.”

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(Audrey Harbur Bershen, Psicoterapeuta)

E os Abraham dizem:
Este livro lhe ajudará a se lembrar de que você é um ser eterno...e ele lhe ajudará a
descobrir a ligação eterna que conecta os amados uns aos outros.

Sara recebe o Prêmio Excelência

A revista „Corpo, Mente, Espírito‟, uma das maiores editoras de materiais da Nova Era,
recentemente nos informou que nosso amado livro „Sara‟ recebeu o „Prêmio
Excelência‟ como um dos mais excelentes livros publicados no ano passado. E, como
tal, foi incluído como um dos 46 livros reconhecidos pela seção da revista „Livros
Vivos‟.

Esther e eu estamos muito contentes por saber que nosso querido amigo da Hay House
Publication, de nossa querida amiga Louise Hay, Alan Cohen, também recebeu o
reconhecimento por seu livro „A Deep Breath of Life‟.

“Caros Sr. e Sra. Hicks, é meu prazer informar-lhes que esse livro recebeu o Prêmio
Excelência de 1997 da Revista Corpo, Mente, Espírito como um dos melhores livros
impressos em 1996.
Escolhido entre centenas de livros excelentes publicados na área de espiritualidade, cura
natural, relacionamento e criatividade...cada livro é responsável pela valiosa
contribuição relativa a nosso autoconhecimento e autotransformação...Felicitamos os
autores por esse trabalho vanguardista...”

Esther e eu apreciamos e somos abençoados pelo reconhecimento de nosso Sara.

Jerry Hicks

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SARA, Livro 1

Sara Aprende o Segredo sobre


a Lei da Atração

Este livro é dedicado a todos aqueles que, em seu desejo de iluminação e Bem-estar,
fizeram as perguntas que este livro responde...e para as quatro crianças encantadoras
de nossas crianças, que são exemplos do que este livro ensina...que ainda não estão
perguntando porque ainda não esqueceram.

Prefácio
Eis um livro inspirador e inspirado sobre a experiência da jornada de uma criança rumo
à alegria ilimitada. Sara é uma tímida garota de dez anos de idade, que não é muito feliz.
Ela tem um irmão detestável que a provoca constantemente, colegas de classe cruéis e
insensíveis, e uma atitude apática em relação a sua escola. Em resumo, ela representa
várias crianças em nossa sociedade atualmente. Quando comecei a ler esse livro fiquei
impressionada com as semelhanças entre Sara e eu mesma com dez anos de idade. Sara
é realmente um composto de todas as crianças.

Sara quer se sentir bem, e feliz e amada, mas quando ela olha ao redor, ela não encontra
muita coisa com a qual se sentir bem. Tudo isso muda quando ela conhece Salomão,
uma velha coruja sábia, que lhe mostra como ver as coisas de modo diferente através
dos olhos da liberdade incondicional. Salomão mostra a Sara como estar sempre numa
atmosfera de pura energia positiva. Ela vê pela primeira vez quem ela realmente é e seus
potenciais ilimitados. Você, como o leitor, perceberá que essa é muito mais que uma
história para crianças. É um plano para alcançar a alegria e felicidade que são seus por
direito.

Toda minha família leu esse livro, e nunca mais fomos os mesmos desde então. Meu
marido, talvez, foi o mais tocado por ele. Ele na verdade disse que esse livro teve um
impacto tão grande sobre ele que o faz olhar a vida com novos olhos. É como ter sido
míope a vida inteira e, então, finalmente, começar a usar óculos. Tudo se torna claro
como cristal.

Não consigo dizer coisas boas o suficiente sobre esse livro transformador de vidas.
Você participará dos altos e baixos de Sara no caminho para níveis mais altos de
satisfação e saberá que há uma Sara em todos nós. Se você tiver que comprar um livro,
esteja certo de ser este (ele é para todas as idades). Você não se arrependerá!

- Denise Tarsitano, na Série „Rising Star‟

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Introdução

"As pessoas preferem se divertir do que informar." Essa foi, creio, uma observação do
eminente editor William Randolph Hearst. Se sim, então, informar de uma forma
divertida parece ser o modo mais eficaz de transmitir uma informação, até mesmo
informações de grande valor pessoal.

„Sara descobre o segredo sobre a Lei da Atração‟ tanto entretém e informa enquanto flui
para você – como por um estado de atração – através do processo da tradução do
pensamento universal de Esther e de seu processador de texto. Fluxos de impecável
sabedoria e amor incondicional – gentilmente ensinado pelo muito divertido mentor de
penas de Sara – misturados com as experiências atuais esclarecedoras de Sara com sua
família, colegas, vizinhos e professores para lhe alavancar a uma nova consciência de
seu estado natural de bem-estar, e de seu conhecimento de que tudo está realmente bem.

Considere quem você é e o motivo pelo qual você está aqui enquanto considera estudar
esse livro e, então, após a conclusão de sua primeira leitura por lazer, tome notas de
quão longe e quão rápido você progrediu em direção a tudo o que é importante para
você.

Como resultado das perspectivas mais claras que você obterá desse simples, breve,
instigador romance, espere vivenciar um novo nível de alegre realização.

Jerry Hicks

Parte 1,
Sara Aprende o Segredo sobre a Lei da Atração

CAPÍTULO 1

Sara franziu a testa enquanto estava deitada em sua cama quentinha, decepcionada por
encontrar-se acordada. Ainda estava escuro lá fora, mas ela sabia que era hora de
levantar. Odeio estes dias curtos de inverno, Sara pensou. Eu gostaria de ficar aqui até
que o sol viesse.

Sara sabia que tinha sonhado. Foi algo muito prazeroso, embora ela não tivesse idéia
agora sobre com o que sonhara. Eu não quero acordar ainda, Sara pensou, enquanto
tentava se ajustar do sonho prazeroso para a fria manhã de inverno não tão agradável.
Sara se aconchegou bem fundo em sua cama quentinha e apurou os ouvidos para ouvir

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se sua mãe estava acordada e andando pela casa. Ela puxou o cobertor sobre sua cabeça
e fechou seus olhos tentando se lembrar de um pouquinho do sonho agradável do qual
tinha acordado. Tinha sido tão delicioso que Sara queria mais.

Poxa. Eu realmente preciso ir ao banheiro. Vou ficar quieta e relaxar, e talvez eu não
perceba. Sara mudou de posição tentando adiar o inevitável. Não está funcionando. Está
bem. Desisto. Outro dia. Grande coisa.
Sara saiu na ponta dos pés pelo corredor para o banheiro, pisando com cuidado sobre a
mancha no chão, que sempre rangia, e calmamente fechou a porta. Ela decidiu não dar a
descarga do vaso sanitário para que pudesse desfrutar do luxo de estar realmente
desperta e sozinha. Apenas mais cinco minutos de paz e tranquilidade, Sara pensou.

“Sara? Você já levantou? Venha aqui e me ajude!”


“É melhor dar a descarga”, Sara murmurou.
“Ok, já estou indo!”, ela respondeu à mãe.

Ela nunca conseguiria entender como sua mãe sempre parecia saber o que todos na casa
estavam fazendo. Ela devia ter escutas escondidas em cada cômodo, Sara concluiu
amargamente. Ela sabia que não era verdade, mas sua agitação mental negativa estava
bem no caminho, e parecia que não havia como detê-la.
Vou parar de beber qualquer coisa antes de ir pra cama. Melhor ainda, a partir do meio-
dia não vou beber mais nada. Assim, quando eu acordar, posso ficar na cama e pensar,
só para mim e ninguém vai saber que estou acordada.
Fico pensando, quantos anos a gente tem quando para de curtir os próprios
pensamentos? Sei que isso acontece porque ninguém é sempre tranquilo. Eles não
podem escutar aos próprios pensamentos porque sempre estão falando ou assistindo
televisão, quando entram no carro, a primeira coisa que fazem é ligar o rádio. Ninguém
parece gostar de estar sozinho. Eles sempre querem estar com alguém. Eles querem ir a
uma reunião, ou a um cinema, ou a uma danceteria, ou a um jogo de bola. Eu gostaria
de colocar um manto de silencio sobre tudo que eu pudesse, só por um pouquinho, me
ouvir pensar. Imagino se é possível estar acordada e não ser bombardeada com os
barulhos das outras pessoas.

Vou organizar um clube. Pessoas contra OPN. Os requisitos dos membros incluem:
você pode ser como os outros, mas não precisa falar com eles. Você pode gostar de ver
os outros, mas não precisa explicar aos outros o que você viu. Você tem que gostar de
estar sozinho às vezes só para pensar seus próprios pensamentos. Tudo bem querer
ajudar os outros, mas você deve estar disposto a manter isso no mínimo, pois isso é uma
armadilha que com certeza lhe estragará. Se você for muito útil, está acabado. Eles lhe
consumirão com as idéias deles e você não terá tempo para si mesmo. Você deve estar
disposto a ficar tranquilo e olhar os outros sem eles estarem cientes de você.

Fico imaginando se todo mundo gostaria de se unir ao meu clube. Não, isso o
arruinaria! Meu clube tem a ver com não precisar de clubes! Tem a ver com a vida ser
importante o bastante, interessante o bastante, divertida o bastante, que eu não precise
de mais ninguém.

“Sara!”

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Assustada, Sara piscou enquanto retomava a consciência de que estava de pé em frente
à pia do banheiro, olhando o vazio no espelho, com sua escova de dentes movendo-se
sem entusiasmo em sua boca.

“Você vai ficar aí o dia todo? Mexa-se. Temos muitas coisas a fazer!”

~~~~~~

CAPÍTULO 2

"Sara, você queria dizer algo?”

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Sara pulou, tornando-se ciente quando o Sr.Jorgensen disse seu nome.

“Sim, senhor. Quero dizer, sobre o que, senhor?”


Sara gaguejou enquanto os outros 27 alunos da sala de aula riam.

Sara nunca tinha entendido o motivo pelo qual eles tinham tal prazer com o
constrangimento de alguém, mas eles nunca falhavam em fazer isso, rindo ruidosamente
como se algo realmente divertido houvesse acontecido. O que há de engraçado em
alguém se sentir mal? Sara simplesmente não conseguia adivinhar a resposta a isso,
mas, de qualquer forma, agora não era a hora de pensar sobre isso, pois o Sr.Jorgensen
ainda estava mantendo-a no inacreditável centro do desconforto enquanto seus colegas
de escola observavam com exagerada alegria.

“Você pode responder à pergunta, Sara?”

Mais gargalhadas.

“Levante-se, Sara, e nos dê sua resposta.”

Por que ele é tão rude? Isso é realmente tão importante?

Cinco ou seis mãos ansiosas se levantaram na sala, como se mostrando que os alunos
tivessem prazer em fazer Sara parecer mal.

“Não, senhor”, Sara murmurou, afundando em sua cadeira.

“O que você disse, Sara?”, o professor vociferou.

“Eu disse, não, senhor, eu não sei a resposta à pergunta”, Sara disse, um pouco mais
alto. Mas o Sr.Jorgensen ainda não tinha terminado com Sara – não ainda.

“Você sabe a pergunta, Sara?”

O rosto de Sara ficou vermelha de vergonha. Ela não tinha a menor idéia de qual era a
pergunta. Ela tinha estado aprofundada em seus próprios pensamentos, na verdade em
seu próprio mundo.

“Sara, posso lhe dar uma sugestão?”

Sara não olhou para cima, pois sabia que dar ou não sua permissão não faria o
Sr.Jorgensen parar.

“Sugiro, minha jovem, que você gaste mais tempo pensando sobre as coisas importantes
que são discutidas aqui nessa sala, e menos tempo olhando para fora da janela perdendo
seu tempo no ócio, com pensamentos inúteis. Tente colocar algo nesta sua cabeça
vazia”.

Mais gargalhadas.

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Essa aula não vai terminar nunca?

E então o sino, finalmente o sino.

Sara caminhou lentamente para casa, olhando suas botas vermelhas afundando na
branca neva. Grata pela queda da neve. Grata pela calma. Grata pela oportunidade de se
retirar para a privacidade de sua própria mente conforme começava sua caminhada de
duas milhas para casa.

Ela percebeu que a água embaixo da ponte da Rua Principal estava quase que
completamente coberta com gelo, e ela pensou em correr pela margem do rio para ver a
espessura do gelo, mas decidiu fazer isso em outro dia. Elas era capaz de ver a água
fluindo embaixo do gelo, e sorriu conforme considerava quantos rostos diferentes esse
rio mostrava durante o ano. Essa ponte, cruzando esse rio, era sua parte favorita em seu
caminho para casa. Sempre havia algo interessante acontecendo aqui.

Depois de atravessar a ponte, Sara olhou para cima pela primeira vez desde que deixou
o pátio da escola, e ela sentiu uma pontada de tristeza quando percebeu que sua calma
caminhada solitária estava há apenas dois blocos de terminar. Ela diminuiu o ritmo para
saborear a paz que tinha redescoberto, e então se virou e andou um pouco para trás,
olhando para a ponte.

“Oh, bem”, ela suspirou baixinho enquanto entrava na estrada baixa para sua casa. Ela
fez uma pausa nos degraus para chutar um grande monte de folhas de gelo, soltando-o
com suas botas e chutando-o para um banco de neve. Então ela tirou suas botas
molhadas e entrou em casa.

Silenciosamente, fechando a porta e pendurando seu pesado casaco molhado no gancho,


Sara fez o mínimo de barulho possível.

Ela não era nada parecida aos outros membros de sua família que normalmente
chegavam falando algo “estou em casa!” ao entrar. Eu gostaria de ser um eremita, ela
concluiu, atravessando a sala para a cozinha. Um ermitão calmo, feliz, pensador, falante
ou não falante, escolhendo tudo em relação ao meu dia. Sim!

~~~~~

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CAPÍTULO 3

Sua única consciência – quando ela se estatelou em frente ao seu armário de escola, no
chão riscadinho – foi que seu cotovelo estava doendo, doendo muito.

Cair é sempre um choque. Acontece tão rápido. Num momento você está de pé, se
movendo rapidamente adiante com alguma intenção bastante deliberada de sentar-se em
sua cadeira quando o sino final tocar, e no próximo minuto você está deitado de costas,
imobilizado, atordoado e ferido. E a pior coisa em todo mundo é cair na escola, onde
todo mundo pode ver você.

Sara olhou para um mar de rostos alegres rindo, dando risinhos furtivos, ou rindo bem
alto. Eles agem como se nada igual tivesse acontecido a eles alguma vez.

Quando eles perceberam que não aconteceu nada tão excitante como um osso quebrado
ou um machucado, ou uma vítima se contorcendo de dor, a multidão se dissolveu e seus
macabro colegas de escola seguiram suas próprias vidas, voltando para suas salas de
aula.

Um braço vestido num casaco azul estendeu a mão e tomou a mão dela, puxando-a para
uma posição sentada, e uma voz de garota disse “Você está bem? Você quer se
levantar?”

Não, Sara pensou, eu quero desaparecer, mas já que já que a multidão já havia quase
desaparecido Sara sorriu fracamente e Ellen a ajudou a se levantar.

Sara nunca havia falado com Ellen antes, mas ela a tinha visto nos corredores. Ellen
estava a duas séries à frente de Sara e ela estava na escola há cerca de um ano.

Sara realmente não sabia muito sobre Ellen, mas isso não era incomum. Crianças mais
velhas nunca interagem com as mais novas. Havia um tipo de código não escrito contra
isso. Mas Ellen sempre sorria facilmente, e muito embora ela não parecesse ter muitos
amigos e se virar por si mesma, ela parecia perfeitamente feliz. Talvez por causa disso
Sara tinha percebido Ellen. Sara era uma solitária também. Ela preferia assim.

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“Estes pisos ficam tão escorregadios quando está molhado lá fora”, Ellen disse. “Estou
surpresa por mais pessoas não caírem aqui”.

Ainda um pouco atordoada e constrangida no torpor, Sara não estava conscientemente


focada nas palavras que Ellen estava falando, mas algo na oferta de Ellen fazia Sara se
sentir bem melhor.

Era um pouco perturbador para Sara se pegar tão tocada por outra pessoa. Era realmente
uma rara ocasião para ela preferir as palavras faladas de outra pessoa ao calmo retiro de
seus próprios pensamentos. Parecia estranho.

“Obrigada”, Sara murmurou conforme tentava tirar um pouco da sujeira de sua saia.

“Acho que não vai ficar tão ruim quando secar um pouco”, Ellen disse.

E, novamente, não eram as palavras que Ellen falava. Elas eram normais, palavras
comuns, mas era algo mais. Algo sobre o jeito como ela falava.

A calma de Ellen, sua voz clara parecia aliviar a sensação de tragédia e drama que Sara
estava sentindo, e seu enorme constrangimento acabou desaparecendo, deixando Sara se
sentindo mais forte e melhor.

“Oh, realmente não importa”, Sara respondeu. “É melhor a gente se apressar ou vamos
chegar tarde”.
E quando ela se sentou – cotovelos latejantes, roupas enlameadas, cadarços
desamarrados, e seus cabelos castanhos caindo nos olhos – ela se sentia melhor do que
já jamais se sentira sentada nessa cadeira. Não era lógico, mas era verdade.

A caminhada a pé de Sara da escola para casa foi diferente naquele dia. Ao invés de se
retirar para seus próprios calmos pensamentos, percebendo não muito mais que o
estreito caminho na neve diante dela, Sara se sentia viva e alerta. Ela sentia vontade de
cantar. Então foi o que fez. Cantarolando uma melodia familiar, ela se moveu
alegremente por seu caminho, olhando os outros em seus caminhos pela pequena
cidade.

Enquanto passava pelo único restaurante da cidade, Sara pensou em parar para um
lanche após a escola. Normalmente uma rosquinha de geléia e creme, ou um cone de
sorvete de creme, ou uma pequena cesta de batatas fritas, eram as coisas que a distraiam
temporariamente do longo e cansativo dia que ela havia passado na escola.
Eu ainda tenho todas as licenças da semana, Sara pensou, de pé na calçada em frente ao
pequeno café. Mas ela decidiu não gastá-las quando se lembrava das constantes palavras
da mãe: “Não estrague seu jantar”.

Sara nunca tinha entendido estas palavras porque ela estava sempre pronta a comer se o
que era oferecido fosse bom. Era só quando o jantar não parecia bom, ou, mais
importante, quando não cheirava tão bem, que ela achava desculpas para não jantar, ou
pelo menos para comer com moderação. A mim parece que todo mundo é que estraga o
jantar. Sara riu para si mesma enquanto continuava caminhando para casa. Ela
realmente não precisava de nada hoje, de qualquer modo, afinal, hoje, tudo deu
realmente certo no mundo de Sara.

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CAPÍTULO 4

Sara parou no topo da Ponte da Rua Principal, olhando para o gelo embaixo para ver se
ele parecia grosso o bastante para atravessar sobre ele. Ela viu que algumas aves
estavam em pé sobre o gelo e percebeu algumas pegadas de cães grandes na neve sobre
o gelo, mas ela não achou que o gelo estivesse bem pronto para todo o seu peso,
inclusive seu casado pesado, suas botas e uma sacola cheia de livros. Melhor esperar um
pouco, Sara pensou, conforme olhava para baixo, para o rio gelado.

Ao debruçar-se sobre o gelo, apoiada pelos trilhos enferrujados, que Sara acreditava
estarem ali só para seu próprio prazer pessoal, e sentindo-se melhor do que já havia se
sentido há tanto tempo, ela decidiu ficar por um pouco para olhar para seu maravilhoso
rio. Ela deixou cair sua bolsa de livros a seus pés e se encostou na grade de metal, seu
lugar favorito em todo o mundo.

Descansando e se inclinando, e apreciando seu lugar, Sara sorria enquanto se lembrava


do dia em que este velho gradeamento se transformou no poleiro perfeito pelo caminhão
do Sr.Jackson quando ele pisou no freio na estrada molhada de gelo para evitar bater em
Harvey, o cão bassê da Sra.Peterson. Todos na cidade falaram sobre meses a respeito da
sorte que o caminhão teve de não ir direto para dentro do rio. Sara estava surpresa como
as pessoas sempre estavam especulando as coisas fazendo-as parecer maior e piro do
que elas realmente eram. Se o caminhão do Sr.Jackson tivesse caído no rio, bom, seria
bastante diferente. Isso justificaria a grande confusão que todo mundo fazia. Ou se ele
tivesse caído no rio e tivesse se afogado, isso seria mais uma razão para falarem. Mas
ele não caiu no rio.

Tanto quanto Sara podia entender, nenhum dano tinha vindo dele. Seu caminhão não foi
danificado. O Sr.Jackson não tinha se machucado. Harvey ficou amedrontado e ficou
em casa por vários dias, mas ele não estava machucado de nenhum modo. As pessoas
simplesmente gostam de se preocupar, Sara concluiu. Mas Sara ficou exultante quando
descobriu seu novo poleiro inclinado. Grandes postes de aço com bitolas pesadas

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estavam agora dobradas sobre a água. Tão perfeitas, era como se tivessem sido feitas
especialmente para agradar e encantar Sara.

Debruçando-se sobre o rio e olhando para o fluxo abaixo, Sara podia ver o grande toco
esticado ao longo do rio, e isso a fazia sorrir também. Aquele era outro “acidente” que
lhe convinha perfeitamente.

Uma das grandes árvores que cobriam as margens do rio havia sido seriamente
danificada por uma tempestade de vendo. Então o fazendeiro que era dono da terra
reuniu alguns voluntários da cidade e eles apararam todos os ramos da árvore,
preparando-se para cortá-los. Sara não estava certa do motivo pelo qual havia tanta
excitação em torno disso. Era apenas uma grande árvore antiga.

O pai de Sara não a deixava chegar perto o bastante para ouvir muito do que estavam
falando, mas Sara ouviu alguém dizer que estavam preocupados porque as linhas de
energia poderiam estar muito próximas. Mas então as grandes serram começaram a se
movimentar novamente e Sara não conseguiu escutar nada mais, então ela ficou
distante, como a maioria de todo mundo da cidade, para ver o grande evento.

De repente, as serras ficaram quietas e Sara ouviu alguém gritar “Oh, não!”. Sara se
lembrou de cobrir as orelhas e apertar os olhos fechados. Parecia que toda a cidade
tremeu quando o imenso toco caiu livre, mas quando Sara abriu seus olhos, ela gritou
com prazer quando teve seu primeiro vislumbre de sua perfeita ponte de toco ligando os
caminhos de terra em cada lado do rio.

Enquanto Sara se deliciava em seu ninho mental, saindo por cima do rio, ela respirava
profundamente, querendo sorver daquele bom cheiro do rio. Era hipnótico. As
fragrâncias, o constante som da água. Eu amo esse velho rio, Sara pensou, ainda
olhando para seu grande toco, que cruzava a passagem do fluxo do rio.

Sara amava esticar as mãos buscando equilíbrio e ver quão rápido ela podia fugir
através do toco. Ela nunca tinha medo, mas sempre estava consciente de que o menor
deslize podia fazer com que ela caísse no rio. E Sara nunca cruzava o toco sem ouvir as
palavras cautelosamente desconfortáveis de sua mãe soar em sua mente, “Sara, fique
longe daquele rio! Você pode se afogar!”

Mas Sara não prestava muita atenção a essas palavras, não mais, de qualquer maneira, porque
ela sabia algo que a mãe não sabia. Sara sabia que não tinha como se afogar.

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Relaxada, e em harmonia com o mundo, Sara estava em seu poleiro e se lembrava do
que tinha acontecido àquele toco há apenas dois verões atrás. Foi no final da tarde, e
todas as tarefas de Sara tinham sido feitas, então ela desceu para o rio. Ela tinha
encostado-se em seu poleiro de metal por um pouco e então seguiu o caminho até o
toco. O rio, cheio pelo derretimento da neve derretida, mais alto que o normal, e água
estava na verdade lambendo o toco. Ela tinha se perguntado se era ou não uma boa idéia
atravessar. Mas então, com um estranho entusiasmo lunático, ela decidiu atravessar a
precária ponte de toco. Assim que ela chegou perto do meio, ela pausou por um
momento e virou-se lateralmente no tronco com os dois pés virados para o fluxo,
oscilando para frente e para trás bem suavemente, assim ganhou seu equilíbrio e
coragem. E, então, do nada, apareceu o sarnento vira-lata Fuzzy, de Pittsfield, pulando
na ponte, reconhecendo Sara com alegria, e pulando nela com força suficiente para
derrubá-la no rio veloz.

Bom, é isso, Sara pensou. Como minha mãe avisou, vou me afogar! Mas as coisas
aconteceram tão rápidas para Sara que nem deu tempo de ela pensar muito nisso. Pois
Sara se viu numa corrida tão maravilhosa e surpreendente conforme flutuava
rapidamente fluxo abaixo, de costas, com os olhos olhando para cima, tendo uma das
mais bonitas vistas que já tinha presenciado.

Ela havia caminhado nestas margens centenas de vezes, essa visão era bastante diferente
da que ela tinha percebido antes. Gentilmente carregada nesse surpreendente curso
incrível de água ela podia ver o céu azul lá em cima, emoldurado por árvores de formas
perfeitas, mais densas e esparsas, mais grossas e mais finas. Tantos tons belos de verde.

Sara não estava ciente de que a água estava muito fria, ao invés disso ela sentia como se
estivesse flutuando num tapete mágico, suave e silenciosamente, e com segurança.

Por um momento lhe pareceu estar ficando mais escuro. Enquanto Sara flutuava num
bosque espesso de árvores ladeando o rio, ela quase não podia ver o céu.

“Uau, estas árvores são lindas!”, Sara disse bem alto. Ela nunca tinha andado tão longe
pelo fluxo. As árvores eram exuberantes e encantadoras, e alguns de seus ramos
estavam mergulhados dentro do rio.

E então, um longo e amigável ramo pareceu alcançá-la na água para lhe dar a mão.

“Obrigada, árvore”, Sara disse docemente, saindo do rio. “Isso foi muito gentil de sua
parte.”

Ela ficou na beira do rio, tonta mas alegre, e tentou se orientar.

Uau! Sara murmurou quando avisou o grande celeiro vermelho dos Petersons. Ela mal
podia acreditar no que estava vendo. Ao que parecia para Sara apenas um ou dois
minutos, ela tinha flutuado por cinco milhas pelas pastagens e áreas agrícolas. Mas Sara
não se importava nem um pouco com a longa caminhada para casa. Com delicioso
entusiasmo pela vida, Sara se pôs a caminho de casa.

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Assim que pode, ela tirou as roupas sujas e molhadas e as colocou na máquina de lavar,
e rapidamente correu para um bom banho morno. Nada de dar à mãe mais uma coisa
com a qual se preocupar, ela pensou. Isso não a faria se sentir mais segura.

Sara deitou-se na água morna, sorrindo, com todos os tipos de folhas, e lama, e
bichinhos do rio, fora de seu cabelo castanho encaracolado, sabendo com certeza que
sua mãe estivera errada.

Sara sabia que nunca se afogaria.

CAPÍTULO 5

"Sara, espere!" Sara parou no centro do cruzamento e esperou que seu irmão mais novo
corresse a toda velocidade em sua direção.

"Você tem que vir, Sara, é muito bacana!"

Vou deixar que seja, Sara pensou, refletindo sobre as últimas coisas “realmente
bacanas” que Jason jogara sobre ela. Lá estava o rato de celeiro que ele havia prendido
em sua própria armadilha manual, que “realmente estava vivo da última vez em que o
vi”, Jason tinha jurado. Por duas vezes ele a havia pego desprevenida, enganando-a ao
colocar na própria bolsa de escola algum pássaro inocente ou um ratinho que tinha caído
presa de Jason e de seus pequenos amigos sujinhos, animados e ansiosos para usar as
novas armas de brinquedos do natal.

O que há com os meninos?, Sara ponderou enquanto Jason, cansado, tinha agora
diminuído seu passo, vendo que Sara realmente estava esperando por ele. Como eles
podem realmente ter prazer em ferir os pobres e indefesos animaizinhos? Eu gostaria de
pegá-los numa armadilha e ver se eles gostariam disso, Sara pensou. Lembro-me
quando suas brincadeiras eram menos cruéis e até divertidas às vezes, mas Jason
simplesmente parecia mais e mais desprezível.

Sara ficou no meio da tranqüila estrada à espera que seu irmão a alcançasse. Ela
reprimiu um sorrio quando se lembrou da brincadeira esperta que Jason tinha feito ao
deitar a própria cabeça sobre a mesa, escondendo seu vomito de borracha brilhante e
então olhando com seus grandes olhos castanhos, expondo seu premio doentio enquanto
sua professora olhava para ele. A Sra.Johnson correu da sala para falar com o zelador
para limpar a sujeira, mas quando voltou Jason anunciou que tinha cuidado daquilo e a
Sra.Johnson ficou tão aliviada que nem mesmo fez perguntas. Jason foi dispensado para
ir para casa.

Sara ficou espantada com quão ingênua a Sra.Johnson tinha sido, nem mesmo
imaginando como aquele vômito que parecia fresco e escorrido conseguiu ficar de pé
como uma pequena poça na mesa com aquela inclinação. Mas daí a Sra.Johnson nem
tinha muita experiência com Jason como Sara tinha e, ela admitia, ele tinha enganado-a

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mais que uma vez em seus dias mais ingênuos, mas não mai. Sara estava de olho no
irmão.

“Sara!”, Jason gritou, sem fôlego e animado.

Sara deu um passo atrás, “Jason, você não precisa gritar, estou há apenas pouca
distancia de você.”

“Desculpe”. Jason engoliu em seco enquanto tentava recuperar sua respiração. “Você
tem que vir! Salomão voltou!”

"Quem é Salomão?", Sara perguntou, lamentando ter perguntado assim que verbalizou a
pergunta; ela não queria mostrar nem um pingo de interesse no que quer que Jason
estivesse tagarelando.

“Salomão! Você sabe, Salomão. O pássaro gigante da Trilha Thacker.

“Eu nunca ouvi nada sobre um pássaro gigante na Trilha Thacker”, Sara disse, reunindo
o máximo de tédio que conseguiu diante de tal notícia. “Jason, não estou interessada em
mais nenhum de seus estúpidos pássaros.”

"Este pássaro não é estúpido, Sara, é gigantesco! Você deveria ver isso. Billy disse que
é maior do que o carro do pai dele. Sara, você tem que vir, por favor."

"Jason, um pássaro não pode ser maior do que um carro."

"Sim, pode! Você pode perguntar ao pai do Billy! Um dia, quando ele estava dirigindo
pra casa, ele disse que viu uma sombra tão grande que pensou que era um avião
passando em cima dele. A sombria cobria todo o carro. Mas não era um avião, Sara, era
Salomão!”.

Sara teve que admitir que o entusiasmo de Jason com Salomão estava atingindo-a um
pouco.

“Eu irei em outra ocasião, Jason. Tenho que ir pra casa”.

"Oh, Sara, por favor, venha! Salomão poderia não aparecer novamente. Você tem que
vir, Sara, você tem que vir!"

A persistência de Jason estava começando a deixar Sara preocupada. Normalmente ele


não era tão intenso. Normalmente, quando ele sentia que Sara não estava dando
importância, ele simplesmente desistia e esperava por outra oportunidade de pegá-la
desprevenida. Ele tinha aprendido, através de muita experiência, que quanto mais ele a
pressionasse a fazer algo que ela não queria, mais resistente ela ficava. Mas havia algo
diferente aqui. Jason parecia impulsionado de um modo que Sara nunca havia visto
antes, e então, para grande surpresa e prazer de Jason, Sara concordou.

“Oh, está bem, Jason. Onde está esse pássaro gigante?”

“O nome dele é Salomão.”

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“Como você sabe o nome dele?”

“O pai de Billy deu esse nome a ele. Ele disse que é uma coruja. E corujas são sábias.
Então seu nome só podia ser Salomão.”

Sara ajustou o ritmo para tentar acompanhar Jason. Ele realmente estava entusiasmado
por causa desse pássaro, ela pensou. Isso é estranhou.

"Ele está aqui, em algum lugar", disse Jason. "Ele vive aqui".

Muitas vezes Sara via com diversão a assumida confiança de Jason quando sabia que ele
sabia que realmente não sabia do que estava falando. Mas, muito frequentemente, Sara
continuava, fingindo que não tinha percebido. Era mais fácil desse modo.

Eles olhavam para o mato escasso, agora coberto com neve. Eles andavam ao longo de
uma fila de cerca velha, seguindo um caminho estreito na neve, esculpido por um cão
solitário que aparentemente tinha caminhado ali não muito antes deles...

Sara quase nunca andava por esse caminho no inverno. Era fora de seu caminho
habitual entre a escola e a casa. Este era, no entanto, um lugar onde Sara tinha gasto
incontáveis horas deliciosas no verão. Sara caminhava, observando todos os cantos
familiares, sentindo-se bem por estar revisitando seu velho caminho. O melhor desse
caminho, Sara pensou, é que eu o tinha na maior parte para mim mesma. Nenhum carro
passando, nem vizinhos. Este é um caminho tranquilo. Eu deveria andar por aqui mais
vezes.

“Salomão!” A voz de Jason soou, surpreendendo Sara. Ela não estava esperando que ele
gritasse.

“Jason, não grite para Salomão. Se ele estiver aqui, não vai continuar se você ficar
gritando.”

“Ele está aqui, Sara. Eu te disse, ele vive aqui. E se ele tivesse ido embora, nós o
veríamos. Ele é realmente grande, Sara, realmente grande!”

Sara e Jason entraram mais e mais profundamente no matagal, esquivando-se sob um


abrigo de arame enferrujado, um dos últimos remanescentes da cerca velha e quebrada.
Eles andavam lentamente, sentindo o caminho com cuidado, sem certeza do que
pudesse estar enterrado nesta neve que dava até os joelhos.

"Jason, eu estou ficando com frio."

"Só um pouco mais, Sara, por favor."

Foi mais por curiosidade do que pelo estímulo de Jason, mas Sara concordou. “Está
bem, Jason, mais cinco minutos!”
Sara gritou quando pisou numa vala, até a cintura, de irrigação camuflada pela neve. A
neve, fria e úmida, tocou a pele de Sara por baixo do casaco d da blusa. “Bom, Jason, é
isso! Vou pra casa”!

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Jason ficou desapontado por não ter encontrado Salomão, mas a irritação de Sara o
distraiu disso. Não havia muito que o agradasse mais do que a irritação da irmã. Jason
riu gostosamente quando Sara sacudiu a neve fria e molhada de sob sua roupa.

“Oh, você acha divertido, não é Jason? Você provavelmente fez essa coisa toda de
Salomão só pra me molhar e me deixar maluca!”

Jason riu quando correu na frente de Sara. Embora ele gostasse de ver a irritação dela,
sabiamente tinha aprendido a manter uma distancia segura. “Não, Sara, Salomão é real.
Você vai ver.”

“Sim, certo!” Sara retrucou.

Mas, por alguma razão, Sara sabia que Jason estava certo.

CAPÍTULO 6
Sara não conseguia se lembrar de um tempo em que tivesse sido fácil para ela se
concentrar no que estava acontecendo na sala de aula. A escola realmente era o lugar
mais chato na terra, ela tinha concluído isso há muito tempo. Mas hoje, sem exceção,
era o dia mais duro que ela tinha vivenciado. Ela não conseguia manter na mente o que
o professor estava dizendo. A mente dela ficava voltando para o mato. E assim que o
último sino tocou, ela colocou sua sacola de livros no armário de escola e foi
diretamente para lá.

“Provavelmente estou louca”, Sara murmurou para si mesma, conforme entrava mais e
mais para dentro da floresta, fazendo uma trilha conforme andava. “Estou procurando
por um pássaro bobo que provavelmente nem é real. Bom, se eu não o vir logo, vou
embora. Não quero que Jason saiba que estou aqui, nem que estou interessada nesse
pássaro.”

Sara parou para escutar. Ficou tão quieta que conseguiu ouvir a própria respiração. Ela
não conseguia ver nenhuma outra viva criatura. Nem um pássaro, nem um esquilo.

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Nada. De fato, se não fosse pelas pistas que Sara e Jason e o cão solitário tinham
deixado ali ontem, ela poderia pensar que era, realmente, o único ser vivo do planeta.

Esse era realmente um lindo dia de inverno. O sol tinha brilhado toda a tarde, e a crosta
superior da neve estava derretendo lentamente. Tudo estava brilhando. Normalmente,
um dia como esse faria o coração de Sara cantar. O que poderia ser melhor do que estar
sozinha, com seus próprios pensamentos num lindo dia como esse? Mas Sara se sentia
irritada. Ela tinha esperado que fosse fácil ver Salomão. De alguma forma, pensar sobre
o mato e a possibilidade de descobrir este pássaro misterioso despertou o interesse de
Sara, mas agora, ali sozinha, com a neve até os joelhos, Sara começou a se sentir tola.
“Onde está esse pássaro? Oh, esqueça isso! Vou pra casa!”

Em sua frustração, Sara ficou no meio do mato, sentindo-se irritada e oprimida, e de


alguma forma confusa. Ela começou a recuar para fora do mato, pelo caminho que tinha
entrado, mas então parou para considerar atravessar o pasto que tantas vezes usara como
um atalho nos meses de verão. Estou certa de que o rio está congelado por agora. Talvez
eu possa atravessá-lo aqui de algum lugar onde ele é estreito, Sara pensou enquanto se
abaixava sob a cerca de único fio.

Sara estava surpresa sobre quão desorientada ela ficava aqui no inverno. Ela tinha
passado por estas pastagens centenas de vezes. Essa era a pastagem onde seu tio
mantinha o próprio cavalo durante os meses de verão, mas tudo parecia bem diferente
com todas essas referencias familiares enterradas sob a neve. O rio estava
completamente congelado ali, e estava coberto por vários centímetros de neve. Sara
parou, tentando lembrar onde era o ponto mais estreito. E então ela sentiu o gelo ceder
sob seus pés e, antes que percebesse, ela estava deitada de costas no gelo com água fria
tentando encharcar suas roupas. Sara se lembrou do surpreendente passeio que esse rio
havia dado a ela antes, e, por um momento, sentiu verdadeiro pânico, imaginando uma
repetição daquele passeio, mas nessa água gelada, sendo carregada fluxo abaixo para
uma morte congelada.

Você se esqueceu que não pode se afogar? Um tipo de voz falou de algum lugar sobre a
cabeça de Sara.

“Quem está ai?” Sara perguntou, olhando ao redor, para as árvores nuas, apertando os
olhos diante do brilho do sol que iluminava e refletia tudo coberto de neve ao redor
dela.
Seja quem for, por que você não me ajuda aqui? Sara pensou enquanto estava deitada
sobre o gelo rachado, amedrontada de que qualquer movimento pudesse fazer com que
o gelo cedesse a seus pés.

O gelo vai segurar você. Basta rolar sobre seus joelhos e rastejar por aqui, seu
misterioso amigo disse.

Então, sem olhar para cima, Sara rolou sobre sua barriga e muito lentamente se puxou
para cima dos joelhos.

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E, então, devagar, ela começou a engatinhar na direção da voz.

Sara não estava com disposição para conversar. Agora não. Ela estava
molhada e com muito frio, e realmente furiosa consigo mesma por ter feito
algo tão estúpido. Agora ela estava mais interessada em chegar em casa e
trocar de roupa antes que alguém viesse para casa e a pegasse em suas roupas
reveladoras.

O que ela estava mais interessada, agora, era chegar em casa e mudar antes que alguém
chegou em casa e pegou em suas roupas reveladoras.

"Eu tenho que ir", disse Sara, olhando para o sol na direção de quem tinha falado.

Ela começou a pegar o caminho de volta através de sua própria trilha, e irritada pela
decisão de tentar atravessar o rio bobo. E então ela ficou surpresa. “Ei, como você sabe
que eu nunca me afogaria?”
Nenhuma resposta chegou até ela.

“Aonde você vai? Ei, aonde você está?”, Sara chamou.

E então o maior pássaro que Sara já tinha visto voou da copa da árvore, subiu bem alto
no céu, circulou o mato e as pastagens abaixo e desapareceu no sol.

Sara ficou espantada, olhando para o sol. Salomão!

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CAPÍTULO 7

Sara despertou na manhã seguinte e, como de costume, abaixou-se para trás sob as
cobertas, preparando-se para o começo de outro dia. Então se lembrou de Salomão.

Salomão, Sara pensou, eu realmente o vi ou sonhei?

Mas assim que Sara despertou mais, ela se lembrou de ter ido à floresta após a escola
para procurar por Salomão e do gelo cedendo sob seus pés. Não, Salomão, você não era
um sonho e Jason estava certo. Você é real.

Sara estremeceu quando pensou em Jason e Billy gritando no caminho pela floresta,
olhando para Salomão. E então aquele sentimento pesado perturbando-a, que Sara
sempre sentia quando pensava em Jason entrando como um tufão em sua vida tomou
conta dela.

Não direi a Jason nem a ninguém que eu vi Salomão. Esse é meu segredo.

Sara lutou durante todo o dia para dar atenção a seu professor. Sua mente continuava
voltando para o bosque cintilante e esse pássaro gigante, mágico. Salomão realmente
havia falado comigo? Sara ponderou. Ou eu apenas imaginei? Talvez eu estivesse
inconsciente e tenha sonhado. Ou aconteceu mesmo?

Sara mal podia esperar para ir para a floresta novamente para descobrir se Salomão era
real.

Quando o último sino tocou Sara parou perto de seu armário para guardar seus livros e
então empurrou sua bolsa com eles. Era o segundo dia já que ela não levava todos os
seus livros para casa. Ela tinha descoberto que uma braçada de livros parecia protegê-la
de seus colegas intrusivos. De alguma forma eles lhe davam uma barreira que mantinha
os frívolos intrusos, brincalhões, fora de seu caminho. Mas hoje Sara não queria que
nada a atrasasse. Ela bateu as portas como um tiro, indo direto para a Trilha Thacker.

Assim que Sara deixou a rua pavimentada e começou a descer a trilha, ela viu uma
coruja muito grande sentada visivelmente numa parte do muro aberto. Quase parecia
como se a coruja estivesse esperando por ela. Sara ficou surpresa por encontrar Salomão
tão facilmente. Ela tinha passado muito tempo procurando esse misterioso pássaro

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ilusório e agora cá estava ele, sentado ali como se sempre houvesse estado exatamente
ali.

Sara não sabia exatamente como abordar Salomão. O que eu devo fazer? Sara pensou.
Parece estranho simplesmente ir até uma grande coruja e dizer “Oi, como vai?”

Oi, como vai?, a grande coruja disse a Sara.

Sara saltou para trás. Salomão riu amorosamente. Eu não quis assustá-la, Sara. Como
vai?

“Estou bem, obrigada. Só não estou acostumada a falar com corujas, isso é tudo”.

“Oh, isso é muito ruim”, disse Salomão. “Alguns de meus melhores amigos são
corujas.”

Sara riu. “Salomão, você é divertido.”

“Salomão, hummmmm”, a coruja disse. “Salomão é um bom nome. Sim, acho que
gosto.”

Sara corou de vergonha. Ela tinha se esquecido de que eles nunca foram realmente
apresentados. Jason tinha dito a Sara que a coruja se chamava Salomão. Mas o pai de
Billy tinha escolhido esse nome. “Oh, me desculpe”, Sara disse. “Eu deveria ter
perguntado seu nome a você.”

“Bom, eu realmente nunca pensei sobre isso”, a coruja disse. “De qualquer forma,
Salomão é um bom nome. Eu gosto mesmo.”

“O que você quer dizer, você nunca pensou sobre isso? Você não tem um nome?”

“Não, não realmente”, a coruja respondeu.

Sara não podia acreditar no que ouvia. “Como é que você pode não ter um nome?”

“Bom, Sara, você sabe, apenas as pessoas precisam de rótulos para identificar as coisas.
O resto de nós simplesmente parece saber quem são, e os rótulos não são assim
importantes para nós. Mas eu gosto do nome Salomão. E já que você está acostumada a
chamar os outros pelo nome, esse nome será bom para mim. Sim, eu gosto desse nome.
Salomão, assim é.

Salomão parecia tão contente com seu nome que o constrangimento de Sara foi embora.
Com nome ou sem nome, esse pássaro certamente era alguém agradável com quem
conversar.

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“Salomão, você acha que eu deveria contar a todo mundo sobre você?"

“Talvez. Com o tempo.”

“Mas você acha que eu devo manter você como um segredo por agora, certo?”

“Isso é o melhor por enquanto. Até que você descubra o que diria”.

“Oh, sim, eu acho que soaria muito boba. Eu tenho esse amigo coruja que fala comigo
sem mover seus lábios”.

“E devo lhe dizer sabiamente, Sara, que corujas não têm lábios.”
Sara riu. Esse pássaro era muito divertido. “Oh, Salomão, você sabe o que quero dizer.
Como você fala sem usar sua boca? E como eu nunca ouvi ninguém por aqui falando
sobre você?”

“Ninguém aqui já me escutou. Não é o som de minha voz que você está escutando,
Sara. Você está recebendo meus pensamentos.”

“Não entendo. Eu posso escutar você!”

“Bom, parece como se você estivesse me escutando, e, sinceramente, você está, mas não
com seus ouvidos. Não do modo como você escuta algumas outras coisas.”

Sara puxou o lenço ao redor de seu pescoço e puxou seu gorro para baixo, sobre suas
orelhas, já que uma rajada de vento frio girou em torno dela.

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Estará escuro logo, Sara. Podemos nos encontrar amanhã. Pense sobre o que
falamos. Enquanto você estiver dormindo essa noite, perceba que você pode
ver. Mesmo que seus olhos estejam fechados, você verá em seus sonhos.
Então, se você não precisa de seus olhos para ver, você também não precisa de
seus ouvidos para escutar.

Antes que Sara pudesse sinalizar que os sonhos são diferentes da vida real,
Salomão disse „Adeus, Sara. Não está um dia adorável?”

E com isso Salomão saltou para o ar, e puxando suas asas poderosas ele subiu sobre o
bosque e sobre seu poste na grade, deixando sua pequena amiga abaixo.

Salomão, Sara pensou, você é gigantesco!

Sara se lembrou das palavras de Jason: "Ele é gigantesco, Sara, você tem vir vê-lo!"
Enquanto ela fazia seu caminho para casa através da neve, ela se lembrou como ele
quase a arrastou para a floresta, literalmente correndo com entusiasmo, tornado difícil
Sara acompanhá-lo.

Estranho! Sara ponderou, ele estava tão convicto para que Sara visse o pássaro gigante,
e agora, passados três dias, ele não tinha dito uma palavra a respeito. Estou surpresa por
ele e Billy não terem ido lá todos os dias à procura de Salomão. Era como se ele tivesse
se esquecido de tudo. Terei que lembrar-me de perguntar a Salomão a respeito disso
amanhã.

Nos próximos dias Sara se pegou diversas vezes dizendo a si mesma “Tenho que
perguntar a Salomão sobre isso”. Na verdade, ela começou a carregar um pequeno
caderno no bolso de maneira a tomar notas sobre os temas dos quais queria falar.

Parecia que nunca havia tempo suficiente para falar com Salomão sobre todas as coisas
que ela queria perguntar a ele. A estreita janela do tempo entre o fim da aula na escola e
a necessidade de Sara de estar em casa para terminar seus trabalhos escolares antes de
sua mãe vir do trabalho para casa era pouco mais que 30 minutos.

~~~~~

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Não é justo, Sara começou a pensar. Eu gasto todo o dia com professores chatos que
não são um décimo de inteligência quanto Salomão e misera meia hora com o mais
inteligente dos professores que já tive. Hummm, professor. Tenho uma coruja como
professor.
Isso fez Sara rir bem alto.
“Tenho que falar com Salomão sobre isso.”

CAPÍTULO 8

"Salomão, você é um professor?"

Sim, de fato, Sara.

"Mas você não fala sobre coisas que os professores “de verdade” falam, desculpe-me,
que os “outros” professores falam. Quero dizer, você fala sobre coisas nas quais estou
interessa. Você fala sobre coisas legais”.

Na verdade, Sara, eu falo apenas sobre o que você fala. Só quando você faz uma
pergunta é que a informação que eu posso oferecer é de valor para você. Todas estas
respostas que são oferecidas sem que uma pergunta tenha sido feita são na verdade um
desperdício de tempo para todo mundo. Nem o aluno, nem o professor, se divertem
muito com isso.

Sara pensou sobre o que Salomão tinha dito e percebeu que a menos que ela
perguntasse, Salomão não falava muito sobre nada. “Mas, espere, Salomão. Eu me
lembro de algo que você disse sem que eu perguntasse.”

E o que foi, Sara?

“Você disse “você esqueceu que não pode se afogar?” Foi a primeira coisa que você me
disse, Salomão, sem eu lhe dizer nada. Eu estava deitada ali no gelo, mas não estava
fazendo uma pergunta.”

Ah, parece que Salomão não é o único aqui que fala sem mover seus lábios.

“O que você quer dizer?”

Você estava perguntando, Sara, mas sem palavras. Perguntas são sempre perguntadas
com palavras.

“Isso é estranho, Salomão. Como você pode perguntar algo se não está falando?”

Pensando sua pergunta. Muitos seres e criaturas se comunicam através do pensamento.


De fato, a maioria se comunica mais desse modo do que com palavras. As pessoas são

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as únicas que usam palavras. Mas mesmo eles fazem muito mais de suas comunicações
com pensamentos do que com palavras. Pense sobre isso.

Você vê, Sara, sou um velho professor sábioooooooo queeeeeeeeeee aprendeu há muito
tempo que dar ao estudante a informação que ele não está perguntando é uma perda de
tempo.

Sara riu da ênfase exagerada que Salomão deu à palavra „sábio‟ e ao „que‟. Eu amo esse
pássaro doido, Sara pensou.

Eu também amo você, Sara, Salomão respondeu.

Sara corou, já tendo esquecido que Salomão podia ouvir seus pensamentos.

E então, sem mais palavras, Salomão se ergueu poderosamente para o céu e sumiu da
vista de Sara.

CAPÍTULO 9

"Eu gostaria de poder voar como você, Salomão".

Ora, Sara? Por que você gostaria de voar?

"Oh, Salomão, é tão chato ter que andar aqui embaixo no chão todo o tempo. É tão
lento. Leva uma eternidade para chegar aos lugares, e você não pode ver muita coisa
também. Só essas coisas daqui de baixo com você. Coisas chatas”.

Bem, Sara, parece que você realmente não respondeu à minha pergunta.

"Sim, eu respondi, Salomão. Eu disse que quero voar porque..."

Porque você não gosta de andar aqui embaixo na terra chata. Você vê, Sara, você não
me disse por que quer voar. Você me disse o motivo pelo qual você não quer, não do
voar.

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“Há uma diferença?”

Oh, sim, Sara. Uma grande diferença. Tente novamente.

Um pouco surpresa com a nova decisão de Salomão de ser detalhista, Sara começou
novamente. “Está bem. Eu quero voar porque andar não é muito divertido, e leva muito
tempo para andar por aqui embaixo no chão.”

Sara, você não consegue ver que ainda está falando sobre o que você não quer e o
motivo pelo qual não quer? Tente novamente.

“Está bem. Eu quero voar porque....eu não consigo, Salomão. O que você quer que eu
diga?”

Eu quero que você fale sobre o que você quer, Sara.

“Eu quero voar!”, Sara gritou, sentindo-se irritada com a incapacidade de Salomão
entende-la.

Agora, Sara, diga-me por que você quer voar. Como seria? Como você se sentiria? Faça
isso parecer real para mim, Sara. Descreva para mim, como seria poder voar? eu não
quero que você me diga como é aqui no chão, ou como é não voar. eu quero que você
me diga como é voar.

Sara fechou seus olhos, agora pegando o espírito do que Salomão estava mostrando, e
começou a falar. “Voar parece ser algo de muita liberdade, Salomão. É como flutuar,
mas mais rápido”.

Diga-me, como você veria se estivesse voando?

“Eu veria toda a cidade lá embaixo, do alto. Eu veria a Rua Principal e os carros se
movendo, e as pessoas andando. Eu veria o rio. Eu veria minha escola.”

Como você sentiria voando, Sara? Descreva como se faria sentir o voar.

Sara pausou com seus olhos fechados e fingiu que estava voando bem acima de sua
cidade. “Seria muito divertido, Salomão! Voar tem que ser simplesmente muito
divertido. Eu subiria tão rápido quanto o vento. Eu me sentiria tão livre. Eu me sentiria
tão bem, Salomão”. Sara continuou, agora completamente absorta em sua visão
imaginada.

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E de repente, então, com o mesmo senso de poder que ela tinha sentido nas asas de
Salomão quando ela o via elevar as asas da cerca dia após dia, Sara sentiu uma lufada
dentro dela que a fez perder o fôlego. Seu corpo sentiu, por um momento, com se
pesasse cinco mil quilos e, então, instantaneamente, ela se sentiu absolutamente leve.
Sara estava voando.

"Salomão", Sara gritou com prazer, “olhe para mim, estou voando!”

Salomão estava voando à direita dela, junto com ela, e juntos eles subiram muito acima
da cidade de Sara, a cidade onde Sara havia nascido, a cidade pela qual Sara andava
quase todo metro quadrado, a cidade que agora Sara estava descobrindo sob um ponto
vantajoso que ela nunca sonhou ser possível

“Uau! Salomão, isso é ótimo! Oh, Salomão, eu amo isso!”

Salomão sorria e desfrutava do extraordinário entusiasmo de Sara.

“Onde estamos indo, Salomão?”

Podemos ir a qualquer lugar que você queira ir.

“Oh, uau! Sara deixou escapar, olhando para sua pacata cidade. Ela nunca tinha
parecido tão linda antes.

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Sara tinha visto sua cidade do ar uma vez quando seu tio a levou, e à sua família, em seu
pequeno avião, mas ela realmente não foi capaz de ver tanta coisa. As janelas do avião
eram tão altas, e toda vez que ela ficava sobre os joelhos para encostar o rosto à janela
para ver melhor, seu pai lhe dizia para se sentar e fechar seu cinto de segurança. Ela
realmente não teve muita diversão naquele dia.

Mas isso agora era muito diferente. Ela podia ver tudo. Ela podia ver todas as ruas e
prédios de sua cidade. Ela podia ver os pequenos comércios esparramados ao longo da
Rua Principal...o armazém do Hoyt e a farmácia de Pete e o Correio...ela podia ver seu
lindo rio sinuoso através da cidade. E alguns carros estavam se movendo, e um punhado
de pessoas estava andando ali e ali.

“Oh, Salomão”, Sara disse ofegante, “essa é melhor coisa que já aconteceu pra mim.
Vamos à minha escola, Salomão. Vou lhe mostrar onde passo meus dias...” A voz de
Sara sumiu enquanto ela saiu em disparada em direção à sua escola.

“A escola parece diferente daqui!”, Sara estava surpresa com quão grande a escola
parecia. O teto parecia que nunca terminava. “Uau!”, Sara exclamou. “Podemos chegar
mais perto ou temos que ficar aqui no alto?”

Você pode ir aonde quer ir, Sara.

Sara gritou mais uma vez e desceu sobre o campinho, e lentamente passou pela janela
de sua sala de aula. “Isso é ótimo! Olhe, Salomão! Você pode ver minha mesa e ali o
Sr.Jorgensen.”

Sara e Salomão subiram de um dos extremos da cidade até o outro, descendo próximo
ao chão e depois subindo, quase tocando as nuvens. “Olhe, Salomão, lá estão Jason e
Billy.”

“Ei, Jason, olhe para mim, estou voando!”, Sara gritou. Mas Jason não a escutou. “Ei,
Jason!”, Sara gritou novamente, mais alto. “Olhe para mim! Estou voando!”

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Jason não pode ouvir você, Sara.

“Mas, por que não? Eu posso ouvi-lo.”

É muito cedo para Jason, Sara. Ele não está pedindo ainda. Mas ele irá. Com o tempo.

Agora Sara entendia mais claramente por que Jason e Billy não tinham visto Salomão
ainda. “Eles não podem ver você também, não é Salomão?”

Sara estava contente por Jason e Billy não poderem ver Salomão. Eles se colocariam no
caminho se pudessem, ela pensou.

Sara não conseguia se lembrar de ter tido um dia mais maravilhoso. Ela subiu bem alto
no céu, tão alto que os carros na Rua Principal pareciam como pequeninas formigas
andando. E, então, com o que pareceu nenhum esforço, ela desceu rapidamente para
baixo, bem próxima do chão, gritando enquanto ficava surpresa com a velocidade de
seu vôo. Ela desceu exatamente sobre o rio, com seu rosto tão perto da água que podia
sentir o doce cheiro do musgo, logo abaixo, sobre a Ponte da Rua Principal, e o foco do
outro lado. Salomão manteve o ritmo perfeito com ela, como se eles tivessem praticado
esse vôo centenas de vezes.

Eles subiram ao que pareceu horas, e então, com o mesmo entusiasmo que fez Sara voar
para cima, ela voltou para seu corpo e, de volta, ao chão.

Sara estava tão animada que mal podia respirar. Essa tinha sido realmente uma
experiência excepcional em sua vida. “Oh, Salomão, isso foi maravilhoso!”, Sara gritou.
Parecia a ela como se eles tivessem voado por horas.

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“Que horas são?”, Sara deixou escapar, olhando seu relógio, certamente estaria em
apuros por estar tão atrasada hoje, mas seu relógio mostrava que apenas alguns poucos
segundos haviam passado.

“Salomão, você vive uma vida estranha, sabia? Nada é como supostamente deveria ser.”

O que você quer dizer, Sara?

“Bom, isso, como podermos voar toda a cidade e o tempo não passar. Você não acha
isso estranho? E como eu ser capaz de ver e falar com você, mas Jason e Billy não
poder lhe ver ou falar com você. Você não acha isso estranho?”

Se o desejo deles fosse forte o suficiente, eles poderiam Sara, ou se meu desejo fosse
forte o bastante, eu poderia influenciar o desejo deles.

“O que você quer dizer?”

Foi o entusiasmo deles por algo que eles na verdade não viram que trouxe você ao meu
bosque. Eles foram um elo muito importante no desenrolar de nosso encontro.

“Sim, eu acho.” Sara realmente não queria dar nem um pouco de crédito a seu irmão por
essa experiência extraordinária. Ela ficava mais confortável deixando-o manter a
própria posição incomoda. Mas uma chave para sua feliz iluminação? Isso era muito por
enquanto.

Bom, Sara, diga-me, o que você aprendeu hoje? Salomão sorria.

“Aprendi que posso voar por toda a cidade que o tempo não passa?”, Sara colocou de
maneira questionadora, pensando se era aquilo que Salomão queria ouvir. “Aprendi que
Jason e Billy não podem me ver ou escutar quando eu vôo, pois eles são muito jovens,
ou por não estarem prontos? Aprendi que não é frio lá em cima quando você voa?”

Tudo isso é muito bom, e podemos falar sobre isso depois; mas, Sara, você percebeu
que enquanto continuava falando sobre o que não queria, você não pode fazer o que
queria? Mas quando você começou a falar sobre o que queria – ainda mais importante,
quando você foi capaz de começar a sentir o que queria – então aquilo aconteceu
instantaneamente?

Sara estava quieta, tentando se lembrar. Mas não era fácil pensar sobre algo que ela
estava pensando ou sentindo antes de estar voando. Ela preferiria pensar sobre a parte
do vôo.

Sara, pondere nisso tanto quanto puder, e pratique isso tanto quanto puder.

“Você quer que eu pratique voar? Tudo bem!”

Não apenas voar, Sara. eu quero que você pratique pensar sobre o que você quer e
pensar sobre o motivo pelo qual você quer o que quer – até que você seja capaz de
realmente sentir isso. Essa é a coisa mais importante que você aprenderá de mim, Sara.
Divirta-se com isso.

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E com isso, Salomão estava no alto e longe.

Esse é o melhor dia de minha vida!, Sara penou. Hoje eu aprendi a voar.

CAPÍTULO 10

"Ei, querida, você ainda faz xixi na cama?"

Sara sentiu raiva, enquanto observava os colegas zombando de Donald. Tímida demais
para interferir, ela tentou desviar o olhar para não perceber o que estava acontecendo.

"Eles acham que são tão espertos", Sara murmurou baixinho. "Eles estão apenas sendo
maus."

Um grupo de garotos “muito legais para estarem vivos” da sala de aula de Sara, que
quase sempre eram vistos juntos, estavam fazendo troça de Donald, um garoto novo,
que estava na sala há apenas alguns dias. A família dele tinha acabado de se mudar para
a cidade e tinham alugado a velha casa no final da rua onde Sara vivia. A casa estava
vazia há meses, e a mãe de Sara estava feliz por ver que alguém finalmente se mudara
para lá. Sara tinha percebido o velho caminhão deteriorado sendo descarregado e tinha
imaginado se o pouco mobiliário quebrado era realmente tudo o que eles possuíam.

Já era difícil o bastante ser novo na cidade e não conhecer ninguém, mas ter esses
provocadores mexendo com ele, bom, isso era demais. Parada ali no corredor, olhando
Lynn e Tommy deliberadamente fazendo Donald se sentir mal, os olhos de Sara se
encheram de lágrimas. Ela se lembrava da explosão de gargalhadas na sala de aula
ontem, quando foi pedido a Donald para ficar de pé e se apresentar para seus novos
colegas de classe, e quando ele se levantou ele estava segurando uma brilhante caixa
plástica vermelha de lápis. Sara admitia que não era a coisa mais legal para fazer – mais
apropriado para crianças da idade de seu irmão, mas ela certamente não acreditava que
isso merecesse esse tipo de humilhação.

Sara percebeu que aquele tinha sido o ponto crítico da virada para Donald. Se ele tivesse
sido capaz de lidar com aquele primeiro momento de um jeito diferente, talvez ficando
em pé bravamente e sorrindo de volta, não se importando com o que a podre classe
pensasse sobre ele, talvez as coisas tivessem começado com um pé diferente. Mas não
era para ser. Pois Donaldo, constrangido e verdadeiramente assustado, caiu em sua
cadeira, mordendo seus próprios lábios.

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O professor de Sara repreendeu a classe, mas não fez nenhuma diferença. A classe não
parecia se importar com o que o Sr.Jorgensen pensava sobre eles, mas Donald
certamente se importava com o que a classe pensava sobre ele.

Quando ele saiu da sala de aula ontem, Sara o viu derrubar seu porta-lápis brilhante no
cesto de lixo perto da porta. Assim que Donald estava fora de vista, Sara recuperou seu
estojo e o colocou na própria bolsa de escola.

Sara olhou quando Tommy e Lynn desceram o corredor. Ela os escutou descendo as
escadas. Ela podia ver Donald em frente de seu armário, parado ali, olhando para
dentro, como se devesse haver algo ali que não faria as coisas melhores de nenhuma
forma, ou como se ele quisesse rastejar para o armário para evitar o que estava ali fora.
Sara sentiu o estomago doer. Ela não sabia o que fazer, mas queria fazer algo para fazer
Donald se sentir melhor. Após olhar para baixo, para o corredor, para ter certeza que os
valentões tinham realmente ido embora, ela puxou a caixa vermelha de sua bolsa e
correu até Donald, que agora estava fazendo um estardalhaço em torno de seus livros,
numa tentativa constrangida de recuperar a compostura.

“Ei, Donald, eu vi você deixar cair isso essa manhã”, Sara disse com simplicidade.
“Acho isso legal. Acho que você deveria continuar com ele.”

“Não, eu não quero!”, Donald retrucou.

Chocada, Sara recuou e mentalmente tentou recuperar seu equilíbrio.

“Se você acha tão legal, fique com ele!”, Donald gritou para Sara.

Rapidamente ela colocou o estojo na própria bolsa, esperando que ninguém tivesse visto
ou ouvido essa troca embaraçosa; Sara se apressou para o pátio da escola e foi para
casa.

“Por que não posso ficar fora das coisas?”, Sara se repreendeu. “Por que eu não
aprendo?”

32
CAPÍTULO 11

Salomão, porque são pessoas são tão más? ", Sara perguntou.

Todas as pessoas são más, Sara? Eu não tinha percebido.

“Bom, não todas elas, mas várias são e eu não entendo a razão. Quando eu sou má, eu
me sinto horrível.”

Quando você é má, Sara?

"Na maioria das vezes quando alguém é mau primeiro, eu acho que fico tipo má para
me vingar delas.”

Isso ajuda?

“Sim”, Sara disse defensivamente.

Como assim, Sara? Se vingar dos outros faz você se sentir melhor? Isso muda as coisas
ou faz a maldade retroceder?

“Bom, não, acho que não.”

É verdade, Sara, o que eu tenho visto é que só adiciona mais maldade ao mundo. É um
pouco como se juntar à cadeia dos pares. Eles estão sofrendo e então você está sofrendo,
e então você ajuda alguém a sofrer, e por aí vai.

33
“Mas, Salomão, quem começou essa cadeia de dor terrível?”

Realmente não importa onde começou, Sara. Mas é importante o que você faz com isso
se isso vem pra você. O que tem a ver, Sara? O que lhe contundiu para que você se
juntasse a essa cadeia de pares?

Sara, sentindo seu estomago doer bastante, contou a Salomão sobre o novo garoto,
Donald, e sobre o primeiro dia dele na sala. Ela contou a Salomão sobre os
provocadores que parecem achar intermináveis coisas para chatear Donald. Contou a
Salomão sobre o incidente alarmante que tinha acabo de acontecer no corredor. E
enquanto revivia o que tinha acontecido, conforme contava a Salomão, ela sentiu sua
raiva dolorosa crescer novamente e uma lagrima rolou de seus olhos até sua bochecha.
Ela limpou a lágrima furiosamente com as costas de sua luva, verdadeiramente irritada
pois ao invés de sua habitual tagarelice feliz com Salomão, agora ela estava fungando e
chorando. Este não era o modo como as coisas deveriam ser com Salomão.

Salomão ficou quieto por um longo tempo como se disperso, como se os pensamentos
não estivessem ligados à mente de Sara. Sara podia sentir Salomão olhando-a com seus
grandes e amorosos olhos, mas ela não se sentia constrangida. Quase parecia como se
Salomão estivesse puxando algo dela.

Bom, está muito claro o que eu não quero, Sara pensou. Eu não quero me sentir assim.
Especialmente quando estou falando com Salomão.

Isso é muito bom, Sara. Você, conscientemente, deu o primeiro passo para terminar a
corrente da dor. Você, conscientemente, reconheceu o que você não quer.
“E isso é bom?”, Sara questionou. “Não me faz sentir tão bem”.

É apenas porque você apenas deu o primeiro passo, Sara. Há três mais.

“Qual é o próximo passo, Salomão?”

Bem, Sara, não é difícil entender o que você não quer. Você concorda com isso?

“Sim, acho que sim. Quer dizer, acho que normalmente eu sei disso.”

Como você sabe que você está pensando sobre o que não quer?

“Eu simplesmente posso dizer isso.”

Você pode dizer pelo modo como você se sente, Sara. quando você está pensando nisso,
ou falando nisso, em algo que você não quer – você sempre sente emoção negativa.
Você sente raiva, ou decepção, ou vergonha, ou culpa, ou medo. Você sempre se sente
mal quando está pensando em algo que você não quer.

Sara pensou sobre os últimos dias, durante os quais tinha experienciado mais emoção
negativa do que o normal. “Você está certo, Salomão”, Sara anunciou. “Tenho sentido
mais disso nessa última semana, olhando aqueles garotos com Donald. Eu tenho sido
tão feliz desde que me encontrei com você, Salomão, e então fiquei tão chateada com

34
aqueles meninos troçando do Donald. Posso ver como o modo como me sinto tem a ver
com o que estou pensando.”

Bom, Sara. Agora, vamos falar sobre o passo dois. Sempre que você sabe o que você
não quer, é mais fácil compreender sobre o que você quer.

“Bom....” Sara parou, querendo entender, mas ainda insegura.

Quando você está doente, o que é que você quer?

“Eu quero me sentir melhor”, Sara replicou facilmente.

Quando você não tem dinheiro o suficiente para comprar algo que você quer, então o
que você quer?

“Eu quero mais dinheiro”, Sara respondeu.

Você vê, Sara, esse é o passo dois para quebrar a corrente da dor. O passo um é alguém
reconhecer o que não quer. O passo dois é então decidir o que quer.

“Bem, isso é bastante fácil”. Sara estava começando a se sentir melhor.

O passo três é o passo mais importante, Sara, e é o passo no qual a maioria das pessoas
perde completamente. O passo três é esse: uma vez que você tenha identificado o que é
que você quer, você tem que fazer isso se sentir real. Você tem que falar sobre o motivo
pelo qual quer, descrever como seria ter aquilo, explicar aquilo, fingir aquilo, ou
lembrar de outro tempo como aquele – mas manter-se pensando sobre aquilo até que
você encontre aquele estado de sentimento. Continuar falando consigo mesmo sobre o
que é que você quer até que você se sinta bem.

Conforme Sara escutava Salomão, na verdade encorajando-a a gastar tempo no


propósito, imaginando as coisas em sua própria mente, ela mal podia acreditar em seus
ouvidos. Ela tinha entrado em sérios problemas pela mesma coisa em mais que uma
vez. Parecia que o que Salomão estava lhe dizendo era exatamente o oposto do que seus
professores na escolha lhe diziam. Mas ela tinha que acreditar em Salomão. E
certamente estar disposta a tentar algo diferente. O modo deles, obviamente, não
funcionava.

“Por que o passo três é o passo mais importante, Salomão?”

Porque até que você mude o modo como se sente, você realmente não mudou nada.
Você ainda é parte da corrente de dor. Mas quando você muda o modo como se sente,
você é parte de uma corrente diferente. Você se junta então à corrente de Salomão, por
assim dizer.

“O que você chama de sua corrente, Salomão?”

Bem, eu realmente não chamo de nada. Isso tem mais a ver com sentir. Mas você pode
chamar isso de Corrente-do-Contentamento, ou Corrente-do-Bem-Estar. A Corrente-do-
Sentir-Se-Bem. É a corrente, natural, Sara. É verdadeiramente quem nós todos somos.

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“Bem, se é natural, se é quem realmente todos somos, por que a maioria de nós não se
sente bem na maior parte do tempo?”

As pessoas realmente querem se sentir bem, e a maioria das pessoas querem bastante se
sentir bem. E essa é uma grande parte do problema.

“O que você quer dizer? Como querer se sentir bem pode ser um problema?”

Bom, Sara, as pessoas querem se sentir bem, então elas olham ao próprio redor para o
modo como os outros estão vivendo de maneira a decidir o que é bom. Elas olham as
condições que as cercam, e elas vêem coisas que acreditam serem boas, e elas vêem
coisas que acreditam serem ruins.

“E o que é ruim? Eu não vejo o que é ruim em relação a isso, Salomão.”

O que percebo, Sara, é que quando elas olham para as condições, boas e más, a maioria
das pessoas não estão cientes de como estão se sentindo. E é isso o que é errado para a
maioria delas. Ao invés de estarem cientes de que o que estão olhando as estão afetando
no pedido delas por sentirem-se bem, elas se mantém procurando o que é ruim e
tentando se debater para fora daquilo. O problema com isso, Sara, é que o tempo todo
em que elas estão tentando se debater para longe daquilo que pensam que é ruim – elas
estão se juntando à corrente de dor. As pessoas estão muito mais interessadas em olhar
para aquilo e analisar e comparar condições do que estão cientes de como estão se
sentindo. E frequentemente a condição as puxa para a corrente de dor.

Sara, pense sobre os últimos dias e tente se lembrar de alguns dos fortes sentimentos
que você teve. O que estava acontecendo quando você estava se sentindo mal nessa
semana, Sara?

“Eu me senti horrível quando Tommy e Lynn estavam chateando Donald. Eu me senti
horrível quando as crianças riram de Donald na sala, e eu me senti pior ainda quando
Donald gritou comigo. Tudo o que eu estava tentando era ajudá-lo, Salomão.”

Bom, Sara. Vamos falar sobre isso. Durante aquele tempo em que você estava se
sentindo tão mal, o que você estava fazendo?

“Eu não sei, Salomão. Eu realmente não estava fazendo nada. Eu estava apenas
assistindo, eu acho.”

Isso é absolutamente correto, Sara. Você estava observando as condições – mas as


condições que você estava escolhendo observar eram do tipo que faz você se juntar à
corrente de dor.

“Mas, Salomão”, Sara retrucou, “como você pode ver algo que está errado e não se
sentir mal quando vê aquilo?”

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Essa é uma questão muito boa, Sara, e lhe prometo que, com o tempo, eu a responderei
completamente para você. e a razão pela qual é difícil entender no começo é porque
vocês têm sido treinados a observar condições, mas vocês não têm sido treinados a
prestar atenção a como se sentem quando estão observando – e, assim, as condições
parecem controlar suas vidas. Se você está observando algo bom, você tem uma
resposta de bom sentimento, e se está observando algo ruim, você tem uma resposta de
sentimento ruim. Quando as condições parecem controlar suas vidas, isso é frustrante
para a maioria de vocês, e é isso que faz com que tantas pessoas continuem a se juntar à
cadeia da dor.

"Então, como posso ficar de fora da cadeia da dor para que eu possa ajudar alguém se a
pessoa estiver nela?"

Bem, Sara, há muitos modos de fazer isso. Mas o meu modo favorito – o que funcionar
mais rápido de todos – é esse: Tenha pensamentos de apreciação.

“Apreciação?”

Sim, Sara, se foque em algo, ou em alguém, e tente encontrar pensamentos que façam
você se sentir o máximo. Aprecie tanto quanto você puder. Esse é o melhor modo de se
juntar à Cadeia-do-Contentamento.

Lembre-se, o passo um é?
"Saber o que eu não quero", Sara respondeu orgulhosamente. Ela tinha entendido aquele
passo perfeitamente.

E o passo dois é?

“Saber o que eu não quero.”

Muito bom, Sara. E o passo três é?

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“Oh, Salomão, eu esqueci”, Sara lamentou, desapontada consigo mesmo por esquecer
tão cedo.

O passo três é encontrar o estado do sentimento do que você quer. Falar sobre o que
você quer até que você sinta que já está ali.

“Salomão, você nunca me disse qual é o passo quatro”, Sara se lembrou animadamente.

Divertir-se com isso, Sara. Não tentar se lembrar tão arduamente disso tudo.
Simplesmente pratique a apreciação. Essa é a chave. Seria bom você ir agora, Sara.
Podemos falar mais sobre isso amanhã.

Apreciação, Sara pensou. Eu tentarei pensar em coisas para apreciar. Seu pequeno
irmão, Jason, foi a primeira imagem que veio à mente dela. “Rapaz, isso vai ser difícil”,
Sara pensou quando começou a sair do bosque de Salomão.

Comece com algo mais fácil! – Salomão alertou enquanto se levantava de seu posto.

“Certo, está bem.” Sara riu. “Eu amo você, Salomão”, ela pensou.

Eu amo você também, Sara.


Sara escutou a voz de Salomão claramente, muito embora ele já tivesse voado para
longe de sua visão.

~~~~

CAPÍTULO 12

Algo fácil, Sara pensou, eu quero apreciar algo fácil.

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De longe, Sara podia ver podia o cachorro do vizinho brincando na neve. Ele estava
pulando, e correndo, indo e voltando, obviamente feliz por estar vivo.

“Brownie, você é um cachorro feliz! Aprecio você”, Sara pensava, há mais de 100
metros de distancia. Naquele momento, Brownie começou a correr em direção a Sara
como se ela fosse seu dono e tivesse chamado seu nome. Balançando o rabo, ele deu
duas voltas completas em torno de Sara e, em seguida, com as patas nos ombros dela, o
grande cão sarnento de pelos compridos empurrou Sara para uma posição sentada numa
pilha de neve que foi deixada pela máquina de limpar neve naquela semana – e ele
lambeu o rosto de Sara com sua língua quente e úmida. Sara estava rindo tanto que mal
podia se levantar. “Oh, você me ama também, não é Brownie?”

Naquela noite Sara se deitou em sua cama pensando em tudo o que tinha acontecido
naquela semana. Eu me sinto como se estivesse numa montanha russa. Eu me senti
melhor do que já havia me sentido e pior do que já havia me sentido, tudo numa curta
semana. Adoro minhas conversas com Salomão e, oh, como eu amo aprender a voar,
mas eu fiquei muito maluca nessa semana também. Isto é tudo muito estranho.

Ter pensamentos de apreciação. Sara podia jurar que ouvira a voz de Salomão em seu
quarto.

“Não, não pode ser”, Sara concluiu. “Estou apenas me lembrando do que Salomão
disse”. E com isso Sara se virou para o lado, pensando. Aprecio essa boa cama
quentinha, isso com certeza, Sara pensou, enquanto puxa os cobertores por cima dos
ombros. E meu travesseiro. Meu travesseiro macio, amassado. Aprecio isso, Sara
pensou, envolvendo seus braços ao redor do travesseiro e enterrando o rosto nele.
Aprecio minha mãe e meu pai. E Jas...e Jason também.

Não sei, Sara pensou. Não acho que estou encontrando aquele estado de sentimento.
Talvez eu esteja muito cansada. Trabalharei nisso amanhã. E com esse ultimo
pensamento consciente, Sara adormeceu.

“Estou voando de novo! Estou voando de novo!”, Sara gritou enquanto subia para o alto
de sua casa. Voar não é exatamente a melhor palavra para isso, ela pensou. Mais
parecido a flutuar. Posso ir a qualquer lugar que eu quiser ir!
Sem nenhum esforço, só identificando aonde queria ir, Sara se moveu facilmente pelo
céu, fazendo uma pausa aqui e ali para observar algo que não tinha percebido antes, de
vez em quando descendo bem próxima ao chão e, então, subindo novamente. Opa! Opa!
Opa! Ela descobriu que se quisesse descer, tudo o que tinha afazer era estender um dedo
do pé em direção ao chão, e desceria. Quando ela estava pronto para voltar, ela
simplesmente olhava para cima e para cima ela ia.

Eu quero voar para todo o sempre!, Sara concluiu.

Vamos ver, Sara se confundiu, aonde eu deveria ir agora? Sara se moveu adiante, sobre
sua pequena cidade, vendo as luzes piscando aqui e ali conforme família a família, casa
a casa, se preparavam para dormir. Estava começando a nevar muito levemente e Sara
estava entusiasmada com quão quente e segura ela se sentia flutuando sobre o meio da
noite com seus pés descalços e em camisola de flanela. Não está frio, Sara percebeu.

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Quase todas as casas estavam escuras agora, e apenas algumas luzes da cidade, na rua,
estavam brilhando, mas do outro lado da cidade Sara conseguiu ver uma casa ainda
iluminada. E, então, ela decidiu ir até ali para ver quem ainda estava acordado.
Provavelmente alguém que não tinha que acordar logo cedo, Sara pensou, se
aproximando e esticando o dedo de seu pé para baixo, provocando uma descida rápida e
perfeita.

Ela caiu em uma janela pequena da cozinha, feliz pelas cortinas estarem tão
abertas para que ela pudesse espiar por dentro. E ali, sentado à mesa da
cozinha, com papeis espalhados por todo lugar, estava o Sr.Jorgensen, o
professor de Sara. Metodicamente, o Sr. Jorgensen pegava um papel após
outro, lendo-o, e passando a outro. Sara ficou paralisada ao vê-lo. Ele parecia
tão sério no que estava fazendo.

Sara começou a sentir-se um pouco culpada por estar espiando seu professor
assim. Mas, ao menos, essa é a janela da cozinha, Sara percebeu, não o
banheiro ou o quarto, ou algo privativo assim.

Agora o Sr.Jorgensen estava sorrindo, parecendo realmente estar gostando do que quer
que estava lendo. Agora ele estava escrevendo algo no papel. E, então, de repente, Sara
percebeu o que o Sr.Jorgensen estava fazendo. Ele estava lendo os trabalhos que a
classe de Sara tinha feito no final daquele dia. Ele estava lendo cada um deles.

Muitas vezes Sara via algo escrito na parte superior ou na parte de trás dos papeis que
ele devolvia para ela, e ela nunca apreciava muito isso. Você simplesmente não
consegue agradá-lo, Sara tinha pensado muitas vezes quando lia as notas dele nos papeis
dela.

40
Mas olhando esse homem, lendo e, depois, escrevendo, lendo e depois escrevendo,
enquanto quase todo mundo na cidade agora estivesse dormindo, deixou Sara com uma
sensação muito estranha. Ela quase se sentia tonta enquanto sua antiga perspectiva sobre
o Sr.Jorgensen e sua nova perspectiva sobre ele estavam como que colidindo dentro de
sua cabeça. “Uau!”, Sara disse enquanto olhava para cima, fazendo com que seu
pequeno corpo subisse por sobre a casa de seu professor.

Uma quente rajada de vento parecia vir de dentro de Sara, envolvendo todo seu corpo e
lhe dando pancadas em sua pele. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração deu
uma batida feliz, e ela disparou tão alto no céu, olhando sua bela e adormecida, ou
quase adormecida, cidade.

Sinto apreciação por você, Sr.Jorgensen, Sara pensou enquanto fazia uma última
disparada sobre a casa dele e voltava para casa. E quando Sara olhou de volta, para a
janela da cozinha do Sr.Jorgensen, ela teve certeza de que o viu ali parado, olhando para
fora.

CAPÍTULO 13

"Olá, Sr. Matson'', Sara ouviu sua própria voz dizer enquanto cruzava a ponte da Rua
Principal em seu caminho para a escola. O Sr.Matson olhou de cima do capô do carro
no qual ele estava trabalhando. Durante os anos em que ele trabalhara no único posto de
combustível da cidade, na esquina da Rua Principal com a Rua Central, por centenas de
vezes ele havia visto Sara em seu caminho para a escola, mas ela nunca havia falado
com ele daquele modo antes. Ele realmente não sabia bem como responder, então ele
fez um tipo de aceno em sua surpresa. Na verdade, a maioria das pessoas que conhecia
Sara estava começando a perceber surpreendentes diferenças no comportamento dela,
normalmente introvertido. Ao invés de olhar para baixo, observando seus pés e imersa

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profundamente em seus próprios pensamentos, Sara estava estranhamento interessada
em sua cidade montanhosa, excepcionalmente atenta e surpreendentemente interativa.

“Há tantas coisas para apreciar!”, Sara reconhecia discretamente, meio à própria
respiração. A máquina de limpar neve já tinha limpado a maior parte das ruas. Isso é
uma coisa muito boa, Sara pensou. Eu aprecio isso.

Ela viu um caminhão utilitário em frente da Loja do Bergman com a extensão de sua
escada para fora. Um homem estava no topo da escada, trabalhando num mastro de
energia, enquanto outro homem olhava atentamente de baixo. Sara pensou no que eles
estavam fazendo, e concluiu que provavelmente estavam consertando uma das linhas de
energia que tinha ficado muito pesada com os pingentes pendurados nela. Isso é
realmente bom, Sara pensou. É tão maravilhoso que estes homens estejam aptos a
manter nossa eletricidade funcionando. Eu aprecio isso.

Um ônibus escolar cheio de crianças dobrou a esquina quando Sala caminhava para o
pátio da escola. Sara não conseguiu ver o rosto de nenhuma delas, pois as janelas
estavam todas embaçadas, mas Sara estava bem familiarizada com a rotina: o motorista
do ônibus, que havia reunido sua carga indisposta desde antes do amanhecer por todo o
município, agora estava liberando cerca de metade dela na escola de Sara. Ele
descarregaria a outra metade na antiga escola de Sara, na Rua Principal. Isso é uma
coisa boa que o motorista do onibus faz, Sara pensou. Eu realmente aprecio isso.

Sara tirou o casaco pesado enquanto caminhava no interior da escola, percebendo quão
confortavelmente quente a escola estava por dentro. Eu aprecio esse prédio, a fornalha
que o mantém quentinho, e o zelador que cuida da fornalha. Ela se lembrou de tê-lo
visto alimentando a fornalha com a pá que carregava pedaços de carvão para a parte que
alimentava o fogo por mais algumas horas, e ela o tinha visto remover as grandes brasas
vermelhas da fornalha. Eu aprecio esse zelador que faz seu trabalho para nos manter
aquecidos.

Sara estava se sentindo maravilhosa. Realmente estou pegando esse bem esse negócio
de apreciação, ela pensou. Fico pensando por que não tinha imaginado isso antes. Isso é
ótimo!

“Ei, Bebezão”, Sara ouviu uma voz chorosa artificial provocando alguém. As palavras
lhe soaram tão terríveis que Sara estremeceu quando as ouviu. Era chocante vir de um
estado de sentimento tãooooooo maravilhoso para a percepção doentia de que alguém
estava chateando alguém.

Oh, não – Sara pensou. Não Donald de novo. Mas com certeza, os dois agressores
estavam naquilo novamente. Eles tinham encurralado Donald no corredor. O corpo de
Donald estava pressionado contra o próprio armário e Sara podia ver os rostos
sorridentes de Lynn e de Tom há apenas alguns centímetros do de Donald.

De repente Sara já não estava mais tímida. “Por que vocês não vão procurar alguém do
tamanho de vocês para zoarem? Bom, isso não era exatamente o que Sara queria dizer,
já que Donald na verdade era um pouco mais alto do que os dois outros, mas a
confiança que eles pareciam ter por estar sempre em bandos deixava Donald, ou
qualquer outro escolhido no momento, em aparente desvantagem.

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“Oh, Donald tem uma namorada, Donald tem uma namorada”, os meninos gritaram em
uníssono. O rosto de Sara ficou vermelho de vergonha e, depois, mais vermelho de
raiva.

Os garotos riram e saíram pelo corredor, deixando Sara parada ali, corada e se sentindo
muito quente e desconfortável.

"Eu não preciso de você para ficar me defendendo”, Donald gritou, novamente fazendo
Sara esconder suas lágrimas de vergonha.

Bem feito, Sara pensou, estou fazendo isso de novo. Eu simplesmente não aprendo.

Bom, Donald, Sara pensou, eu aprecio você também. Você está, mais uma vez, me
ajudando a perceber que sou uma idiota. Uma idiota que não aprende

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CAPÍTULO 14

"Oi, Salomão”, Sara falou categoricamente, pendurando sua bolsa de livros perto do
poste da coruja.

Um bom dia, Sara. Está um dia lindo. Não concorda?

''Sim, acho que sim", Sara respondeu inexpressivamente, sem realmente perceber, ou
sem se importar pelo sol estar brilhando novamente. Sara soltou o lenço de seu pescoço
e o puxou colocando-o em seu bolso.

Salomão esperou tranquilamente que Sara reunisse seus pensamentos e começasse seu
habitual dique de perguntas, mas Sara estava incomumente mal-humorada hoje.

“Salomão”, Sara começou, “eu não entendo”.

O que você não entende, Sara?

“Eu não entendo que bem alguém faz para mim para eu sair apreciando as coisas. Quero
dizer, eu realmente não vejo que bem isto está fazendo.

O que você quer dizer, Sara?

“Bom, quero dizer, eu estava indo bastante bem nisso. Pratiquei durante toda a semana.
Primeiro foi bastante difícil, mas então ficou mais fácil. E hoje eu estava apreciando
exatemente tudo até que eu entrei na escola e escutei Lynn e Tommy chateando o pobre
Donald novamente.

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Entao o que aconteceu?

“Entao eu fiquei doida. Eu fiquei tão doida que gritei com eles. Eu só queria que eles
deixassem o Donald em paz para ele ficar feliz. Mas eu fiz isso novamente, Salomão.
Eu me juntei à corrente de dor deles. Eu não aprendi nada. Eu simplesmente odeio
aqueles meninos, Salomão. Eu os acho horríveis.

Por que você os odeia?

“Porque eles arruinaram meu dia perfeito. Hoje eu ia apreciar as coisas. Quando acordei
de manhã eu apreciei minha cama e depois meu café da manhã, e minha mãe e pai, e até
Jason. E ao longo de todo o caminho para a escola eu encontrei tantas coisas para
apreciar, e então eles arruinaram o dia, Salomão. Eles me fizeram me sentir horrível
novamente. Como antes. Exatamente como antes de eu aprender como apreciar.”

Não admira que você esteja doida com eles, Sara, pois você está numa armadilha
terrível. Na verdade, esta é simplesmente a pior armadilha do mundo.

Sara não gostou muito de como aquilo soou. Ela tinha visto o suficiente das armadilhas
caseiras de Jason e Billy, e tinha libertado muitos ratinhos, esquilos e pássaros que,
contentes, eles tinham capturado. A idéia de alguém colocá-la em uma armadilha fez
Sara se sentir terrível. “O que você quer dizer, Salomão? Que armadilha?”

Bom, Sara, quando sua felicidade depende do que os outros fazem ou não fazem, você
está numa armadilha, pois você não pode controlar o que eles pensam, ou o que eles
fazem. Mas, Sara, você descobrirá a verdade liberdade – uma liberdade além de seus
sonhos mais selvagens – quando você descobrir que seu contentamento não depende de
ninguém. Seu contentamento depende do que você escolhe para dar sua atenção.

Sara escutou em silêncio, com lágrimas escorrendo por suas bochechas rosadas.

Você se sente numa armadilha agora porque você não vê como pode responder de
maneira diferente ao que você viu acontecer. Quando você testemunha algo que faz
você se sentir desconfortável, você está respondendo a estas condições. E você pensa
que o único modo de se sentir melhor é se as condições ficarem melhores. E já que você
não pode controlar as condições, você se sente numa armadilha.

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Sara limpou o rosto com a manga da roupa. Ela se sentia muito desconfortável. Salomão
estava certo. Ela se sentia numa armadilha. E ela queria estar livre da armadilha.

Sara, só trabalhe na apreciação – e você começará a se sentir melhor. Bom, vamos


resolver isso um pouco de cada vez. Você verá. Isso não será difícil para você entender.
Continue se divertindo. Falaremos mais sobre isso amanhã. Durma bem.

CAPÍTULO 15

Salomão estava certo. As coisas simplesmente parecem ficar melhores e melhores. Na


verdade, as próximas semanas foram as melhores de que Sara podia se lembrar. Tudo
parecia estar indo bem. Os dias na escola pareciam ficar mais e mais curtos, e para a
surpresa de Sara, ela estava realmente começando a gostar da escola. Mas Salomão
continuava sendo o melhor do coração do dia de Sara.

“Salomão”, Sara disse, “Estou tão contente por ter encontrado você aqui nesse bosque.
Você é meu melhor amigo.”

Estou contente também, Sara. Somos pássaros de uma mesma pena, você sabia?

“Bom, você está meio certo de qualquer maneira, Sara riu, olhando para o belo casado
de penas de Salomão e sentindo o vento quente da apreciação fluindo através dele. Ela
tinha escutado sua mãe dizer “Pássaros de mesma pena voam juntos”, mas ela nunca
tinha pensado muito sobre o que aquilo significava e ela certamente nunca esperava que
fosse estar com pássaros.

“O que significa isso, Salomão?”

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As pessoas usam esta expressão para assinalar a consciencia delas de que as coisas
similares se juntam. Aquilo que é similar se atrai.

“Você quer dizer, como os tordos que ficam juntos, e corvos que ficam juntos, e
esquilos que ficam juntos?”

Bom, sim, desse jeito. Mas na verdade todas as coisas que são similares, Sara. mas a
similaridade não é sempre o que você pensa que é. Não é normalmente algo óbvio que
você possa ver.

“Eu não entendo, Salomão. Se você não pode ver, como você sabe que eles são iguais
ou diferentes?”

Você pode sentir, Sara. Mas é necessário prática, e antes que você possa praticar você
tem que saber o que você está procurando, e já que a maioria das pessoas não entende as
regras básicas, elas não sabem o que estão procurando.

“Regras, como nas regras de um jogo, Salomão?”

Sim, algo assim. Na verdade, um nome melhor seria “A Lei da Atração”. A Lei da
Atração diz: semelhantes se atraem.

“Oh, entendo”. Sara se iluminou. “Como pássaros de mesma plumagem voarem juntos.”

É isso, Sara. E todo mundo e todas as coisas em todo o Universo é afetado por essa Lei.

“Eu ainda não entendo realmente isso, Salomão. Fale-me mais, por favor.”

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Amanhã, conforme você estiver se movendo através de seu dia, olhe por evidencias
dessa lei. Mantenha seus olhos e ouvidos abertos e, mais importante, preste atenção ao
modo como você se sente quando observa as coisas, pessoas, animais e situações ao seu
redor. Divirta-se com isso, Sara. Falaremos mais sobre isso amanhã.

Hummm, pássaros de mesma pena voam juntos, Sara considerou. E enquanto estas
palavras rolavam por sua mente, um grande bando de gansos saíram em debandada do
pasto e voaram sobre a cabeça de Sara. Sara sempre amou olhar estes gansos no
inverno, e ela sempre ficava surpresa com os padrões que eles faziam quando voavam
pelo céu. Sara riu com a aparente coincidência de ter falado sobre pássaros reunidos e
então imediatamente encontrar o céu cheio deles.

Hummmm....a Lei da Atração.”

CAPÍTULO 16

O brilhante Buick antigo do Sr.Pack abrandou quando passou por Sara. Ela acenou para
o Sr. e Sra.Pack e eles sorriram e acenaram de volta.

Sara se lembrou dos comentários de seu pai a respeito dos vizinhos idosos. “Estes
velhotes são muito parecidos.”

“Eles até parecem ser iguais”, sua mãe acrescentou.

Hum..., Sara ponderou, eles são muito parecidos. Sara pensou sobre o tempo que
conhecia estes vizinhos. “Eles são tão ordenadozinhos como botões”, sua mãe tinha
percebido desde o começo. O carro do Sr.Pack sempre era o mais brilhante da cidade.
“Ele deve lavá-lo todo dia”, o pai de Sara suspirou, não apreciando o contraste entre o
carro do Sr. Pack, sempre limpo, com o dele normalmente sempre sujo. O gramado e o
jardim do Sr.Pack sempre estavam aparados no verão, e plantados à perfeição, e a
Sra.Pack era tão arrumadinha quanto o seu marido. Sara não tinha muita oportunidade
de estar dentro da casa deles, mas na rara ocasião que ela tinha entrado lá para dar um
recado para sua mãe que estava lá, Sara sempre ficava impressionada com a casa,

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sempre arrumada e limpa, nunca estando uma única coisa fora de lugar. Ah, a Lei da
Atração, Sara concluiu.

O irmão de Sara, Jason, e seu amigo indisciplinado, Billy, aceleraram suas bicicletas,
cada um chegando tão perto de Sara quanto possível, sem na verdade baterem nela. “Ei,
Sara, é melhor olhar por onde está andando”, Jason a censurou. Sara pode escutá-los
rindo enquanto eles desciam pela rua.

“Chatos”, Sara pensou enquanto recuperava seu lugar de volta na rua, irritada por ter
sido forçada a sair do caminho deles.
''Eles foram feitos um para o outro'', resmungou Sara. "Eles têm prazer em criar
confusão.” Sara parou seus passos em sua trilha. “Pássaros de uma mesma plumagem.”
Sara se iluminou.
“Eles são pássaros de mesma pena! Essa é a Lei da Atração!”

E todo mundo e tudo no Universo é afetado por ela! Sara se lembrou das palavras de
Salomão.

No dia seguinte Sara passou tanto tempo quanto possível buscando por evidencias da
Lei da Atração.

Ela está em todo lugar!, Sara concluiu conforme observava os adultos, as crianças e os
adolescentes se deslocando por sua cidade.

Sara parou na Loja do Hoyt, um tipo de loja de armazém geral no meio da cidade e um
pouco fora do caminho de Sara para a escola. Ela comprou uma borracha nova para
substituir a que alguém havia tomado emprestado no dia anterior e não tinha devolvido,
e uma barrinha de doce para comer após o almoço.

Sara sempre gostava de vir a essa loja. Ela sempre fazia Sara se sentir bem. A loja era
de três homens alegres que sempre estavam prontos e dispostos a entreter quem entrasse
nela. Era um lugar sempre muito movimentado, já que era a única mercearia na cidade,
mas mesmo quando as filas eram longas, estes três homens conseguiam fazer piadas e
brincar com as crianças de qualquer um que estivesse disposto a brincar junto.

“Como vai, garota?”, o mais lato dos três cumprimentou Sara.

O entusiasmo dele surpreendeu Sara um pouquinho. Eles nunca tinham brincado muito
com Sara, o que para ela sempre se ajustou muito bem, mas hoje eles tinham a intenção
clara de fazer Sara tomar parte da diversão deles.

“Tudo bem”, Sara respondeu corajosamente.

“Bom, é isso o que eu gosto de ouvir! O que vamos comer primeiro, a barrinha de doce
ou a borracha?”

Sara disse, rindo de volta: “Acho que vou comer a barrinha de doce primeiro. Vou
guardar a borracha para a sobremesa!”

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O Sr.Hoyt riu alto. Sara realmente tinha sido pega desprevenida com o próprio senso de
humor. A resposta esperta de Sara também a pegou de surpresa.

“Bom, tenha um ótimo dia, querida! Continue se divertindo.”

Sara se sentia maravilhosa conforme caminhava de volta para a Rua Principal. Pássaros
de mesma plumagem, Sara considerou. A Lei da Atração. Está em todo lugar!

Que dia lindo! Sara apreciou, voltando-se para o ponto de inclinação: olhando para
cima, para o céu azul brilhante desse dia de inverno excepcionalmente morno. As ruas
normalmente geladas e as calçadas estavam brilhantemente úmidas, e pequenos fluxos
de água escorriam no caminho de Sara, formando pequenas poças aqui e ali.

“Vruuummmmm!”, Jason e Billy gritaram em uníssono quando passaram por Sara,


correndo em suas bicicletas, tão rápidos e próximos a ela quanto podiam sem bater nela.
A água suja espirrou nas pernas de Sara.

“Monstros!”, Sara gritou, respingada de água suja e fervendo de raiva. Isso


simplesmente não faz sentido. Eu tenho que perguntar a Salomão a respeito disso.

Suas roupas molhadas secaram e a maior parte das marcas de lama foi afastada, mas
pelo fim do dia Sara ainda estava confusa e com raiva. Ela estava louca com Jason, mas
afinal não havia nada de novo nisso, Sara se sentia com raiva de Salomão também, e da
Lei da Atração, e dos Pássaros de Mesma Pena, e das pessoas más. Na verdade, Sara
estava muito brava com todo mundo.

Como sempre, Salomão estava empoleirado em seu poste, esperando pacientemente


pela visita de Sara.

Você parece extraordinariamente animada hoje, Sara. Sobre o que você gostaria de
falar?

“Salomão!”, Sara deixou escapar, “Algo está realmente errado com essa coisa de Lei da
Atração!”

Sara aguardou, esperando que Salomão a corrigisse.

Continue, Sara.

“Bem, você não disse que a Lei da Atração diz que os semelhantes se atraem? E Jason e
Billy são realmente podres, Salomão. Eles passam todo o dia, na maior parte do tempo,
buscando por jeitos de fazer as pessoas se sentirem mal”. Sara fez uma pequena pausa,
ainda esperando que Salomão a interrompesse.

Prossiga.

“Bom, Salomão, eu não sou podre. Quero dizer, eu não jogo lama nas pessoas nem as
ameaço com minha bicicleta. Eu não prendo ou mato os animaizinhos ou tiro o ar dos
pneus dos carros das pessoas, então como pode Jason e Billy continuar comigo? Nós
não somos pássaros de mesma pena, Salomão. Nós somos diferentes!”

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Você acha que Jason e Billy são realmente podres, Sara?

''Sim Salomão, eu acho.''

Eles são malandros, eu concordo com você aqui, Salomão assentiu com a cabeça. Mas
eles são muito parecidos com todo mundo e com tudo no Universo. Eles têm o que é
desejado, e a falta também, tudo misturado. Você já percebeu seu irmão fazendo algo
bom?

“Bom, sim, eu acho. Mas raramente.”, Sara gaguejou. “Eu teria que pensar sobre isso.
Mas, Salomão, eu ainda não entendo. Por que eles continuam me incomodando? Eu não
os incomodo!”

Bem, Sara, esse é o modo como isso funciona. Em cada momento você tem a opção de
olhar para algo que você que, ou para a falta daquilo. Quando você está olhando para
algo que você quer – só por observar aquilo – você começa a vibrar como se fosse.
Você se torna o mesmo que aquilo tem, Sara. Você entende?

“Você quer dizer que só por olhar alguém que é podre, eu sou podre também?”

Bom, não exatamente, mas você está começando a entender. Imagine uma tabua
iluminada, mais ou menos do tamanho de sua cama.

“Uma tabua iluminada?”

Sim, Sara. Uma tabua com milhares de pequenas luzes, como as luzes da árvore de
natal, projetando-se da tabua. Um mar de luzes. Milhares delas, e você é uma destas
luzes. Quando você dá atenção a algo, só por dar sua atenção àquilo, sua luz na tabua se
acende e, naquele momento, todas as outras luzes na tabua – que estão em harmonia
vibracional com sua luz – se acendem também. E aquelas luzes representam seu mundo.
Estas são as pessoas e experiências a que agora você acessa vibracionalmente.

Pense sobre isso, Sara. Em todas as pessoas que você conhece, quem seu irmão Jason
chateia e incomoda mais?

Sara respondeu instantaneamente. “A mim, Salomão. Ele está sempre me chateando.”

E de todas as pessoas que você conhece quem você acha que é mais incomodado pelas
chateações de seu irmão Jason? Quem você acha que acende suas lâmpadas em suas
tabuas de luz em harmonia vibracional com estes malandros, Sara?

Sara riu, agora começando a entender. “Sou eu, Salomão, eu sou a mais incomodada. Eu
continuo acendendo minha tabua iluminada observando Jason e ficando maluca com
ele.”

Então você vê, Sara, quando você vê algo de que não gosta, e fica percebendo e se
debatendo contra aquilo e pensando sobre aquilo – você acende sua luz na tabua, então
você continua obtendo mais daquilo. Frequentemente você está vibrando ali mesmo
quando Jason não está nem aí. Você fica só se lembrando da última coisa que

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aconteceu quando ele estava por perto. A boa coisa sobre tudo isso, Sara, é essa: você
sempre pode dizer, pelo modo como está se sentindo, com o que você está alcançando
harmonia vibracional.

''O que você quer dizer? "

Sempre que você está feliz, sempre que está sentindo gratidão, sempre que está
percebendo os aspectos positivos de algo ou alguém, você está vibrando em harmonia
com o que você quer. Mas sempre que você sentir raiva ou medo, sempre que se sentir
culpada ou decepcionada você está em - naquele exato momento – alcançando a
harmonia com o que você não quer.

''Toda vez, Salomão?''

Sim. Toda vez. Você sempre pode confiar no modo como se sente. É o seu Sistema de
Orientação. Reflita sobre isso, Sara. Nos próximos dias, quando você estiver
observando os que estão ao seu redor, preste atenção particular à maneira como você
está se sentindo. Mostre a si mesma, Sara, com o que você está alcançando harmonia
vibracional.

“Está bem, Salomão. Vou tentar. Mas isso é muito complicado, você sabe. Tem que ter
muita prática.”

Concordo. É bom que haja muitos outros ao seu redor para lhe dar uma oportunidade de
praticar. Divirta-se com isso.

E, com isso, Salomão subiu e foi embora.

“Fácil para você dizer, Salomão”, Sara pensou. Você pode escolher com quem você
passa o tempo. Você não está preso com Lynn e Tommy. Você não tem que viver com
Jason.

Então, tão claramente como se Salomão estivesse sentado exatamente ali,


falando diretamente aos ouvidos de Sara, ela escutou: Quando sua felicidade
depende no que os outros fazem ou não fazem, você está numa armadilha,
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pois você não pode controlar o que eles pensam ou o que fazem. Você
descobrirá uma verdadeira liberação, uma felicidade além de seus sonhos
mais selvagens, quando você descobrir que seu contentamento não depende
de ninguém. Seu contentamento depende apenas daquilo para o
qual você escolhe dar sua atenção

CAPÍTULO 17

"Que dia!", Sara pensou enquanto caminhava em direção ao bosque de Salomão.

“Eu odeio a escola”, Sara deixou escapar em voz alta enquanto deslizava de volta para o
sentimento de raiva que tinha começado no mesmo momento em que ela caminhava
para o terreno da escola. Ela continuou caminhando, na maior parte das vezes olhando
para seus pés, lembrando-se dos detalhes desse dia miserável.

Ela tinha chegado ao portão da frente no mesmo momento em que o ônibus escolar
chegava, e quando o motorista do ônibus abriu as portas, um rebanho de meninos
desordeiros quase a fez cair, chocando-se com ela de todas as direções, fazendo com
que ela derrubasse os livros, derrubando todas as coisas de sua bolsa. E, pior de tudo,
seus papeis com o trabalho para o Sr.Jorgensen literalmente foram pisoteados. Sara
juntou os papeis amassados, enlameados, numa pilha e os enfiou em sua bolsa. “É isso o
que ganho por cuidar da aparencia desses papeis idiotas”, Sara resmungou, agora se
arrependendo de ter gasto tempo reescrevendo antes de arrumá-los cuidadosamente e
colocá-los em sua bolsa.

Ainda tentando arrumar as coisas juntas conforme atravessava os grandes portões da


frente, Sara não estava indo rápido o bastante para a Srta.Webster. “Ande logo, Sara, eu
não tenho o dia todo!”, a elegante, e bastante odiada, professora da terceira série
apressou Sara.

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“Desculpe-me por estar viva!”, Sara murmurou baixinho. “Que lástima!”

Sara deve ter olhado para seu relógio umas cem vezes durante o dia, contando os
minutos para se libertar daquela avalanche de maldades.

E então, finalmente, o último sino tocou e Sara estava livre.

“Eu odeio a escola. Eu realmente odeio a escola. Como algo tão terrível pode ser de
valor para alguém?”

Por força do hábito, Sara fez seu caminho até o bosque de Salomão e conforme fez a
última volta para a Trilha Thacker, Sara pensou “esse é pior estado de humor que já
tive. Particularmente desde que conheci Salomão.

''Salomão'', Sara queixou-se, “eu odeio a escola. Eu acho que ela é uma perda de
tempo”.

Salomão ficou bastante quieto.

“É como uma gaiola da qual você não pode sair, e as pessoas na gaiola são más e vivem
procurando jeitos de ferir você durante todo o dia.”

Ainda sem comentários por parte de Salomão.

“É muito ruim quando as crianças são más umas com as outras, mas os professores
também são maus, Salomão. Acho que eles também não gostam de estar lá.”

Salomão ficou lá sentado, olhando. Apenas o ocasional piscar de seus grandes olhos
amarelos deixavam Sara saber que ele não estava dormindo.

Uma lágrima deslizou pelo rosto de Sara enquanto sua frustração brotava de dentro dela.
“Salomão, eu só quero ser feliz. E eu acho que nunca serei feliz na escola”.

Bem, então, Sara, eu acho que seria melhor você sair da cidade também.

Sara olhou para cima, espantada com o comentário repentino de Salomão.

“O que você disse, Salomão? Sair da cidade também?”

Sim, Sara, se você está deixando a escola porque há algumas coisas negativas lá, então
eu acho que você deveria sair da cidade também, e sair desse estado e também sair
desse país e sair da face dessa Terra, até mesmo sair desse Universo. E, agora, Sara, eu
não sei para onde mandar você.

Sara estava confusa. Esta não parecia ser a solução encontrada pelo Salomão que ela
conhecia e amava.

“Salomão, o que você está dizendo?”

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Bem, Sara, descobri que em cada partícula do Universo há o que é desejado e a falta do
que é desejado. Em cada pessoa, em cada situação, em cada lugar, em cada momento –
estas escolhas estão sempre ali. Sempre presentes. Então você vê, Sara, se você deixar
uma situação ou uma circunstancia porque há negatividade nela, o próximo lugar para
onde você for praticamente será a mesma coisa.

“Você não está me fazendo sentir melhor, Salomão. Isso me faz sentir sem esperanças.”

Sara, seu trabalho não é buscar pelo lugar perfeito onde só existam as coisas que você
quer que existam. Seu trabalho é procurar pelas coisas que você quer em todo lugar.

“Mas, por quê? Que bem isso faz?”

Bem, por um lado, você se sentiria melhor e, por outro lado, quando você começa a
perceber mais coisas que você deseja ver, mais destas coisas começam a se tornar
parte de sua experiência. Fica mais e mais fácil, Sara.

“Mas, Salomão, alguns lugares não são bastante piores do que outros? Quero dizer, a
escola é simplesmente o pior lugar do mundo para estar.”

Bem, Sara, é mais fácil encontrar coisas positivas em alguns lugares do que outros, mas
isso pode vir a ser uma armadilha muito grande.

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''O que você quer dizer? "

Quando você vê algo de que você não gosta e você decide ir para outro lugar para ficar
longe daquele, você normalmente se leva consigo.

“Mas, Salomão, eu não levaria aqueles professores ruins ou aquelas crianças podres
comigo.

Bem, talvez não exatamente aquelas, Sara, mas você encontraria outras, muito parecidas
a elas, em todos os lugares por onde você fosse. Sara, lembre-se, “Pássaros de Mesma
Plumagem”.
Lembre-se da “Tabua Iluminada”. Quando você vê coisas que não gosta e pensa nelas e
fala sobre elas, você se torna como elas e, então, para todos os lugares aonde você vai,
elas estão ali também.

“Salomão, eu continuo me esquecendo de tudo isso”.

Bom, Sara, é natural esquecer isso porque você é como a maioria das pessoas que
aprenderam a responder às condições. Se as boas condições estão à sua volta, você
responde sentindo-se bem, mas se as condições ruins estão ao seu redor, você responde
se sentindo mal.

A maioria das pessoas pensa que deve primeiro encontrar as condições perfeitas e, uma
vez que elas tenham encontrado estas condições perfeitas, então elas podem responder
sendo felizes. Mas isso é muito frustrante para as pessoas, pois elas descobrem, bem
cedo, que não podem controlar as condições.

O que você está aprendendo, Sara, é que você não está aqui para encontrar as condições
perfeitas. Você está aqui para escolher coisas para apreciar – o que faz com que você
vibre como as condições perfeitas, assim você pode então atrair as condições perfeitas.

“Entendo”, Sara suspirou. Tudo isso parecia muito grande para entender.

Sara, realmente não é tão complicado quanto parece. Na verdade, as pessoas fazem isso
mais complicado quando tentam dar sentido a todas as condições que as cercam. Pode
ficar muito confuso se você tentar entender como cada condição é criada, ou quais
condições são as certas e quais são as erradas. Você pode ficar maluca se tentar
organizar tudo isso. Mas se você simplesmente prestar atenção à sua válvula estar aberta
ou fechada, então sua vida será muito mais simples e muito mais feliz.

“Minha válvula? O que você quer dizer?”

Sara, a todo o momento, um fluxo de pura energia positiva está fluindo para você. Você
pode dizer que é um pouco como a pressão da água em sua casa. Essa pressão da água
está sempre ali, contra sua válvula. E quando você quer água em sua água, você abre a
válvula e deixa a água fluir. Mas quando a válvula está fechada, a água não flui. É seu

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trabalho manter essa válvula aberta para o Bem-Estar. Ele está sempre ali para você,
mas você tem que permiti-lo.

“Mas, Salomão”, Sara protestou, “que bem me faz manter minha válvula aberta numa
escola onde todo mundo está com raiva e é mau?”

Primeiro, quando sua válvula está aberta, você não percebe tanta mesquinharia e um
pouco dela mudará diante de seus olhos. Há muitas pessoas que são do tipo oscilante à
beira de uma válvula aberta ou fechada, e quando elas entram em contato com você e
sua válvula está bastante aberta, elas se juntam a você facilmente num sorriso, ou num
bom intercambio. Além disso, é preciso se lembrar que uma válvula aberta não apenas
afeta o que está acontecendo agora. Afeta o amanhã e o dia seguinte. Então, quanto mais
hojes você tiver se sentindo bem, mais as condições de amanhãs e de próximos dias lhe
agradarão.

Pratique isso, Sara.

Tome uma decisão de que nenhuma condição, não importa quão ruim possa parecer a
você naquele momento, vale você fechar sua válvula. Decida que manter sua válvula
aberta é a coisa mais importante.

Eis algumas palavras a se lembrar, Sara, e para dizer, tanto quanto você puder: manterei
minha válvula aberta de qualquer forma.

“Bem, está bem, Salomão”, Sara disse humildemente, sentindo-se hesitante sobre tudo
aquilo, mas lembrando-se quantas coisas melhores, no geral, estava acontecendo desde
que ela tinha tentado algumas das outras técnicas que Salomão havia oferecido.

“Vou praticar isso. Espero que funcione”, Sara falou por cima do ombro enquanto
deixava o bosque de Salomão. Certamente seria bom ser capaz de se sentir bem
independente do que acontecesse. Isso é realmente o que eu quero.

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CAPÍTULO 18

O carro da mãe de Sara estava na garagem. Aquilo era estranho, Sara pensou. Ela não
deveria estar em casa tão cedo.

“Oi, cheguei”, Sara gritou enquanto abria a porta da frente, surpresa com esta forma
incomum de anunciar a própria chegada. Mas nenhuma resposta veio. Sara colocou seus
livros na mesa da sala de jantar e chamou novamente, andando através da cozinha para
o corredor que levava aos quartos. “Alguém em casa?”

“Estou aqui, querida”, Sara ouviu a voz tranqüila de sua mãe. As cortinas no quarto de
sua mãe estavam fechadas e a mãe estava deitada na cama com uma toalha rosa sobre os
olhos e a testa.

“O que está acontecendo, mãe?”, Sara perguntou.

“Oh, só uma dor de cabeça, querida. Minha cabeça está doendo durante todo o dia, e
finalmente decidir que não conseguiria ficar no trabalho mais um minuto e então vim
para casa.”

“Está melhor agora?”

“Fica melhor com os olhos fechados. Ficarei aqui mais um pouquinho. Mais tarde
sairei. Feche a porta para mim e quando seu irmão chegar diga a ele que logo me
levantarei. Se eu conseguir dormir um pouco talvez me sinta melhor.”

Sara saiu na ponta dos pés e fechou a porta devagarzinho. Ela parou no corredor escuro
por um pouco tentando decidir o que fazer em seguida. Ela sabia que tarefas fazer, já
que fazia estas mesmas tarefas todos os dias tanto quanto podia se lembrar, mas tudo
parecia diferente de algum modo.

Sara não conseguia se lembrar da última vez em que sua mãe tinha ficado em casa,
doente, e havia algo muito perturbador nisso tudo. Sara tinha um nó em seu estomago e
se sentia desorientada. Ela não tinha percebido como a estabilidade habitual e o bom
humor de sua mãe tinha uma influencia estabilizadora em seu próprio dia.

“Não gosto disso”, Sara disse em voz alta. “Espero que mamãe se sinta melhor, rápido.”

Sara. Sara escutou a voz de Salomão. Sua felicidade depende das condições ao seu
redor? Esta pode ser uma boa oportunidade para praticar.

“Está bem, Salomão. Mas como pratico? O que devo fazer?”

Apenas abra sua válvula, Sara. Quando você se sente mal, sua válvula está fechada.
Então tente ter pensamentos que a façam se sentir melhor até que você sinta sua válvula
aberta novamente.

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Sara foi para a cozinha, mas seus pensamentos, em sua maioria, estavam ainda em sua
mãe deitada na cama no quarto ao lado. A bolsa de sua mãe estava na mesa da cozinha,
então Sara não conseguia parar de pensar nela.

Tome uma decisão de fazer algo, Sara. Pense sobre suas tarefas, e decida fazê-las em
tempo recorde essa noite. Pense sobre fazer algo extra, algo além de suas tarefas
normais.

E com essa idéia, Sara foi inspira à ação imediata. Ela se moveu certeira e rapidamente,
pegando as coisas pela casa, que tinham sido tiradas do lugar aos poucos por vários
membros da família durante muitas horas na noite anterior antes de irem dormir. Ela
juntou e empilhou os jornais que pareciam cobrir a maior parte do chão da sala e depois
limpou o tampo da mesa da sala de estar. Ela limou a pia e a banheira no único banheiro
da família. Esvaziou os cestos de lixo da cozinha e do banheiro. Arrumou os papeis
espalhados na mesa de carvalho do pai, que estranhamente estavam amontoados no
canto da sala de visitas, tomando cuidado para não mudar muito nada do lugar onde seu
pai tinha colocado.

Ela nunca tinha certeza se havia uma ordem para a desordem dele, mas ela não queria
causar nenhum problema. Seu pai realmente gastava pouco tempo naquela mesa e
muitas vezes Saara ficava pensando o motivo pelo qual um grande pedaço da sala tinha
que ser dedicada a isso. Mas isso parecia dar a seu pai um lugar para pensar e, mais
importante, um lugar para guardar as coisas nas quais ele não queria pensar naquele
momento.

Ela estava se movimentando rapidamente, com forte determinação e propósito, e, até


que tomasse a decisão de não usar o aspirador de pó no carpete da sala, pois não queria
incomodar sua mãe, percebeu quão bem estava se sentindo num curto espaço de tempo.
Mas, ao decidir não usar o aspirador de pó e talvez perturbar sua mãe, sua atenção foi
puxada para a condição negativa; e aquele sentimento desagradável, triste, voltou para
seu estomago.

Uau!, Sara considerou. Isso é surpreendente. Eu posso realmente ver que o modo como
me sinto tem a ver apenas com aquilo par ao qual estou dando minha atenção. As
condições não mudaram, mas minha atenção sim!

Sara se sentiu jubilosa. Ela percebeu algo muito importante. Ela tinha descoberto que
seu contentamento realmente não dependia de alguém ou de alguma coisa.

Então Sara ouvir a porta do quarto de sua mãe se abrir e sua mãe apareceu vindo do
corredor para a cozinha. “Oh, Sara, tudo parece ótimo!”, sua mãe exclamou, obviamente
se sentindo muito melhor.

“Sua dor de cabeça foi embora, mãe?”, Sara perguntou ternamente.

“Estou muito melhor agora, Sara. Consegui descansar um pouco porque sabia que você
estava aqui cuidando das coisas. Obrigada, querida.”

Sara se sentiu maravilhosa. Ela sabia que não tinha realmente feito muito mais do que
fazia todo dia após a escola. Sua mãe não estava apreciando Sara por sua ação. Sua mãe

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estava sensibilizada por Sara estar com a válvula aberta. Eu posso fazer isso, Sara
concluiu. Eu posso manter minha válvula aberta não importando as condições.

Sara se lembrou da afirmação de Salomão: Manterei minha válvula aberta de qualquer


maneira!

CAPÍTULO 19

"Muito bom, Sara – uma nota A".

Sara leu as palavras no topo de seu trabalho de ontem, recém devolvido a ela pelo
Sr.Jorgensen.

Sara tentou reprimir um sorriso de orelha a orelha enquanto lia as palavras escritas em
brilhantes letras vermelhas. O Sr. Jorgensen olhou para Sara quando deu à menina o
papel com a frente voltada para ela, e quando os olhos de Sara se encontraram com os
ele, ele deu uma piscadinha para ela.

Sara sentiu seu coração saltar. Ela se sentia muito orgulhosa de si mesma. Este era um
sentimento novo para Sara e um sentimento, ela percebeu, do qual ela gostava muito.

Sara mal conseguia esperar para ir ao bosque para falar com Salomão.

“Salomão, o que aconteceu com o Sr.Jorgensen?”, ela perguntou. “Ele parece um


homem diferente.”

Ele é o mesmo homem, Sara; você é que está percebendo as coisas de modo diferente.

“Não acho que eu esteja percebendo as coisas de modo diferente; acho que ele está
fazendo coisas diferentes.”

Como o que, Sara?

“Bom, como sorrir mais do que costumava fazer. E às vezes ele assovia antes de o sino
tocar. Ele nunca fez isso. Ele até piscou pra mim! E ele tem contado melhores estórias

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em sala de aula, fazendo a classe rir mais. Salomão, ele simplesmente parece bastante
mais feliz do que costumava ser.”

Bem, Sara. Parece que seu professor pode amar se juntar à sua cadeia-de-
contentamento.

Sara estava atordoada. Salomão estava realmente tentando dar crédito à Sara pela
mudança de comportamento do Sr. Jorgensen?

“Salomão, você está dizendo que eu fiz o Sr.Jorgensen mais feliz?”

Bem, não é apenas você, Sara, pois o Sr.Jorgensen realmente quer ser feliz. Mas você o
ajudou a se lembrar que ele quer ser feliz. E, para começar, você o ajudou a se lembrar
do motivo pelo qual ele decidiu se tornar um professor.

“Mas, Salomão, eu não falei com o Sr.Jorgensen de nada disso. Como eu posso tê-lo
ajudado a se lembrar disso?”

Você fez tudo isso, Sara, com sua apreciação ao Sr.Jorgensen. Você vê, toda vez que
você mantém alguém, ou algo, como seu objeto de atenção, e ao mesmo tempo você
sente este maravilhoso sentimento de apreciação – você soma ao estado deles de Bem-
Estar. Você os lava com sua apreciação.

“Como borrifá-los com a mangueira do jardim?”, Sara riu, satisfeita com sua própria
analogia tola.

Sim, Sara, é bem similar a isso. Mas antes de você realmente poder borrifá-los, você
tem que colocar sua mangueira na torneira e virá-la. E é isso o que a apreciação faz.
Sempre que você estiver sentindo apreciação ou amor, sempre que você estiver vendo
algo positivo sobre alguém ou algo, você está se ligando à torneira.

“Quem coloca a apreciação na torneira, Salomão? De onde ela vem?”

Ela sempre está ali, mocinha. Ela simplesmente está ali, naturalmente.

“Bem, então porque não há mais pessoas borrifando por aí?”

Bom, porque a maioria das pessoas se desconecta da torneira, Sara. Não


intencionalmente, mas elas simplesmente não entendem como permanecer conectadas.

“Está bem, então, Salomão, você está dizendo que eu posso me ligar à torneira a
qualquer hora que eu quiser e que eu posso borrifar por aí, em qualquer lugar, a
qualquer hora, em qualquer coisa que eu quiser?”

Certo, Sara. E sempre que você borrifar sua mangueira de apreciação, você começará a
perceber mudanças muito óbvias.

“Uau!”, Sara sussurrou, mentalmente tentando dimensionar a magnitude do que ela


tinha acabado de aprender. “Salomão, isso é como mágica!”

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Inicialmente parece mágica, Sara, mas com o tempo começa a parecer muito natural.
Sentir-se bem – e então começar a ser um catalisador para ajudar os outros a se sentir
bem – é a coisa mais natural que você aprenderá a fazer!

Sara pegou sua bolsa de livros e sua jaqueta, se aprontando para se despedir de Salomão
naquele dia.

Lembre-se apenas, Sara, seu trabalho é se manter grudada à torneira.

Sara parou e se voltou para Salomão, percebendo repentinamente que aquilo poderia
não ser tão fácil ou tão mágico quanto Salomão fez parecer no começo.

“Há um truque para isso, Salomão, para estar grudada na torneira?”

Pode precisar de um pouco de prática no início. Você ficará melhor e melhor nisso.
Pelos próximos dias, simplesmente pense sobre algo e então preste atenção a como você
se sente. Você perceberá, Sara, que quando você está apreciando, ou desfrutando, ou
aplaudindo, ou vendo aspectos positivos, você se sentirá maravilhosa, e isso significa
que você está grudada na torneira. Mas quando você estiver culpando, ou criticando, ou
buscando defeitos, você não se sentirá bem. E isso significa que você não está grudada
na torneira, ao menos enquanto estiver se sentindo mal. Divirta-se com isso, Sara.

E com estas últimas palavras, Salomão se foi.

Sara se sentiu tão entusiasmada conforme voltava para casa naquele dia. Ela já tinha
gostado do jogo de apreciação de Salomão, mas a idéia de apreciar com a intenção de se
manter ligada a essa maravilhosa torneira a deixou mais entusiasmada ainda. De algum
modo isso deu a Sara mais uma razão para apreciar.

Sara virou a esquina para o último trecho de sua caminhada para casa e viu a
idosa tia Zoie andando bem devagar. Durante todo o inverso Sara não a havia
visto e estava surpresa por vê-la fora. A tia Zoie não viu Sara, então Sara não

62
pode chamá-la, não querendo assustá-la e também não querendo se
envolver na longa conversa que provavelmente se seguiria. A tia Zoie falava
muito devagar e durante os anos Sara havia aprendido evitar a frustração de
vê-la procurando palavras para expressar pensamentos. Era como se a mente
dela trabalhasse tão mais rápido que sua boca que ela misturava tudo o que
estava dentro do pensamento.
Quando Sara tentava ajudá-la com uma palavra aqui e outra ali, isso apenas irritava a tia
Zoie. Então Sara havia decidido que evitá-la era a melhor solução – embora aquilo
nunca a fizesse se sentir bem também. Sara se sentia triste quando olhava essa pobre
idosa mancando subindo as escadas. Ela estava segurando o corrimão com toda a força,
dando um passo por vez, muito devagar, um conjunto de quatro ou cinco degraus em
frente à varanda.

Espero que eu não fique assim quando estiver velha, Sara pensou. E então Sara se
lembrou de sua última conversa com Salomão. As torneiras! Vou borrifá-la com a
torneira! Primeiro eu me grudo à torneira e então eu espirro na tia Zoie. Mas o
sentimento não estava ali. Está bem, tentarei novamente. Contudo, nenhum sentimento
de estar grudada. Sara sentiu uma frustração instantânea. “Mas, Salomão”, ela implorou,
“isso é realmente importante. A tia Zoie precisa ser borrifada”. Nenhuma resposta de
Salomão. “Salomão, aonde você está?” Sara gritou alto, sem nem mesmo perceber que a
tia Zoie agora tinha percebido-a e estava parada no pé da escada olhando para ela.

“Com quem você está falando?”, a tia Zoie gritou.

Sara ficou assustada e constrangida. “Ah, com ninguém”, ela respondeu. E saiu
correndo rapidamente pelo caminho, passando pelo jardim da tia Zoie, agora apenas um
campo enlameado esperando pelo novo plantio da primavera. Com os rosto vermelho e
irritada Sara foi para casa.

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CAPÍTULO 20
"Salomão, onde você estava ontem?", Sara lamentou quando o encontrou em seu poste.
“Eu precisava que você me ajudasse a me grudar na torneira para eu poder ajudar a tia
Zoie a se sentir melhor.”

Você entende porque estava tendo problemas para se grudar, Sara?

“Não, Salomão. Por que eu não pude me grudar? Eu realmente queria.”

Por quê?

“Eu realmente queria ajudar a tia Zoie. Ela é tão idosa e tão confusa. A vida dela não
pode ser divertida.”

E então você queria se ligar ao fluxo, para banhar a tia Zoie, para consertar o que está
errado com ela, para que ela possa ser feliz?

“Sim, Salomão. Você me ajudá?”

Bem, Sara, eu gostaria de lhe ajudar, mas temo que isso seja impossível.

“Por que não, Salomão? O que você quer dizer? Ela realmente é uma senhora boa. Você
gostaria dela, eu acho. Estou certa de que ela nunca fez nada de errado...”

Sara, estou certo de que você está correta. A tia Zoie é uma mulher maravilhosa. A
razão pela qual nós não podemos ajudá-la, sob estas condições, não tem nada a ver com
ela; é com você, Sara.

“Comigo?! O que eu fiz, Salomão? Eu só estou tentando ajudá-la!”

Sim, com certeza, Sara. É o que você está querendo. É só que você está querendo fazer
algo de um modo que não funciona. Lembre-se, Sara, seu trabalho é se conectar à
torneira.

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“Eu sei disso, Salomão. É por isso que eu precisava de você. Para me ajudar a me
conectar.”

Mas, veja, Sara, eu não poderia lhe ajudar também. Você tem que encontrar aquele
estado de sentimento.

“Salomão, eu não entendo.”

Lembre-se, Sara, você não pode ser parte da cadeira de dor e se ligar à torneira do Bem-
Estar ao mesmo tempo. Ou é um ou é outro. Quando você está observando uma
condição indesejada que faz com que você não se sinta bem, esse sentimento ruim é
como você sabe que está desconectada. E quando você não está conectada ao fluxo
natural de Bem-Estar, você não tem nada para dar ao outro.

“Que lástima, Salomão, isso parece impossível. Se eu vejo alguém que precisa de ajuda,
basta vê-los precisando de ajuda para me fazer vibrar de um jeito que eu não possa
ajudá-los. Isso é simplesmente horrível. Como eu poderei ajudar alguém?”

Você tem que se lembrar que a coisa mais importante é se manter conectada à torneira
do Bem-Estar, então você tem que manter seus pensamentos numa posição que lhe
mantenha se sentindo bem. Em outras palavras, Sara, você tem que estar mais ciente de
sua conexão à torneira do Bem-Estar do que ciente das condições temporais. Essa é a
chave.

Sara, pense sobre o que aconteceu ontem. Diga-me o que aconteceu com a tia Zoie.

“Está bem. Eu estava andando da escola para casa e eu vi a tia Zoie mancando em sua
calçada da frente de casa. Ela é toda aleijada, Salomão. Ela mal pode andar. Ela tem
aquela velha bengala feita de madeira de verdade que ela usa para se apoiar.”

E então o que aconteceu?

“Bom, nada aconteceu realmente. Eu apenas fiquei pensando como é triste ela ser tão
aleijada...”

E entao o que aconteceu?

“Bem, não aconteceu nada, Salomão...”

Como você estava se sentindo entao, Sara?

“Bom, Salomão, eu me senti realmente mal. Eu senti muita pena da tia Zoie. Ela mal
conseguia se puxar para cima dos degraus. E então eu me senti amedrontada por ficar
como ela quando eu ficar velha também.”

Agora, eis o ponto mais importante de toda essa coisa, Sara. Quando você percebe que
está se sentindo mal é assim que você sabe que você está olhando para uma condição
que lhe desconecta da torneira. Você vê, Sara, na verdade, você está naturalmente ligada
à torneira. Você não tem que trabalhar para ficar ligada à ela. Mas é importante prestar

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atenção a como você está se sentindo para saber quando está desconectada. É isso o que
a emoção negativa é.

“Mas, o que eu deveria ter feito para continuar ligada, Salomão?”

Eu percebo, Sara, que quando é prioridade de vocês permanecerem conectados, vocês


encontram mais e mais pensamentos para se manterem conectados. Mas até que
verdadeiramente vocês entendam que isso é o que é mais importante, a maioria de vocês
se desconectará diante de todos os tipos de questões infrutíferas.

Vou lhe oferecer uma série de pensamentos, ou declarações, e quando você os escutar,
preste atenção ao modo como se sente. Diga se as declarações lhe conectam ou lhe
desconectam da torneira.

“Certo”.

Olhe aquela pobre velha mulher. Ela mal pode andar.

“Bom, isso me faz sentir mal, Salomão.

Eu não sei o que vai acontecer com a tia Zoie. Ela mal pode subir as escadas agora. O
que ela fará quando ficar pior?

“Isso me desconecta, Salomão. Essa é fácil.”

Fico pensando onde seus filhos podres estão. Por que eles não vêm aqui e cuidam dela?

“Eu pensei isso, Salomão. E você está certo. Isso me desconecta também.”

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A tia Zoie é uma senhora forte. Acho que ela gosta de sua independência.

“Hummm...Esse pensamento me faz sentir melhor.”

Mesmo que alguém tentasse cuidar dela, ela provavelmente não gostaria disso.

“Sim. Esse pensamento me faz sentir melhor também. E isso provavelmente é verdade,
Salomão. Ela fica maluca comigo quando eu tento fazer as coisas por ela”. Sara se
lembrou de quão chateada a tia Zoie ficou quando Sara tentava impacientemente
terminar as sentenças por ela.

Essa maravilhosa senhora tem vivido uma vida longa, completa. Eu não tenho como
saber se ela é infeliz.

“Isso me faz sentir bem.”

Ela pode muito bem estar vivendo exatamente como quer viver.

“Isso me faz sentir bem também.”

Aposto que ela tem um monte de boas historias para contar sobre as coisas que ela tem
visto. Vou parar e visitá-la de vez em quando e descobrir isso.

“Isso me faz sentir bem, Salomão. Eu acho que a tia Zoie gostaria disso.”

Você vê, Sara, você pode olhar para o mesmo tema, nesse caso o tema da tia Zoie, e
encontrar muitas condições diferentes nas quais se focar. E você pode dizer pelo modo
como você se sente se você está escolhendo uma condição que é de ajuda ou uma que
não é.

Sara se sentia muito melhor. “Acho que estou começando a entender isso, Salomão.”

Sim, Sara, acredito que você está. Agora você está querendo conscientemente entender
isso, é minha expectativa que você terá muitas oportunidades para entender isso.
Divirta-se com isso, Sara.

CAPÍTULO 21

As coisas simplesmente pareciam estar ficando melhores e melhores. Cada dia parecia
ter mais coisas boas em si do que coisas ruins.

Estou tão contente por ter encontrado Salomão. Ou por Salomão ter me encontrado,
Sara considerou, conforme caminhava para casa vinda de um dia de escola que não
tinha incluído nenhum incidente negativo. A vida realmente está ficando melhor para
mim.

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Sara parou em sua cerca inclinada sobre a ponte da Rua Principal e, pendurando-se
sobre o rio em rápido movimento, sorriu largamente. Seu coração estava realmente
cantando, e tudo estava vem no mundo de Sara nesse dia.

Ouvindo os altos gritos dos meninos, Sara olhou e viu Jason e Billy correndo tão rápido
quanto ela nunca vira antes. Eles estavam se movendo muito rápido, quando passaram
por ela, que ela concluiu que eles não perceberam que ela estava ali. E ela os viu
segurando seus chapéus, rodando em alta velocidade, passando pela loja do Hoyt. Algo
no jeito que eles estavam correndo fez Sara rir um pouco. Eles realmente pareciam
tolos, correndo tão rápido que tinham que segurar os próprios chapéus. Aqueles dois
sempre estavam tentando quebrar a barreira do som, Sara sorriu, mas ela percebeu que
eles não a estavam chateando mais como costumavam fazer. Eles não tinham mudado
muito, ou na verdade não tinham mudado nada, mas não a enervavam mais. Não como
antes.

Sara acenou para o Sr.Matson, que, como sempre, tinha sua cabeça sob o capô do carro
de alguém, e então retomou seu ritmo em direção ao bosque de Salomão. “Que dia
lindo!”, Sara falou em alto som, olhando para cima, para um belo céu azul vespertino e
respirando o fresco ar da primavera. Ela normalmente ficava com o espírito elevado
assim que a última neve se derretia e a grama da primavera e as flores começavam a
crescer. O inverno ficou bastante tempo aqui, mas não era a passagem do inverno que
alegrava Sara assim, mas a passagem da escola. Três meses de liberdade, se revelando
no futuro imediato, sempre era uma razão para Sara ficar contente. Mas de algum modo
Sara sabia que esse coração feliz não tinha a ver com a escola trazer outro final de ano.
Tinha a ver com a descoberta dela sobre sua válvula. Ela tinha aprendido a mantê-la
aberta a qualquer maneira.

Era tão bom ser livre, Sara pensou. É tão bom se sentir bem. É tão bom não ter medo de
nada.

“Êêêêêêêê”, Sara gritou


quando se viu saltando alto no ar para evitar pisar direto na maior cobra que ela já tinha
visto, estendida em sua extensão completa, que parecia interminável, ao longo da
estrada.

Descendo bem do outro lado da cobra, Sara se viu correndo numa corrida cega, a uma
quadra completa, sem parar, ao menos até que estivesse certa que tinha deixado aquela
cobra bem longe atrás de si.

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“Bom, talvez eu não seja tão corajosa como pensei que fosse”, Sara riu para si mesma.
E então ela começou a rir ainda mais alto quando percebeu o que fez Jason e Billy
explodir em velocidade sem parar para importuná-la. Sara ainda estava rindo e ofegando
quando caminhou para o bosque de Salomão.

Salomão estava esperando, com expectativa e paciência, por Sara.

Bem, Sara, você está plena de um entusiasmo recém-descoberto hoje?

“Salomão, coisas estranhas estão me acontecendo esses dias. Acho que eu realmente
entendo que algumas coisas acontecem para me fazer perceber que eu não entendo tudo
afinal. Assim que eu decido que sou verdadeiramente corajosa e sem medo de nada,
algo aparece e me amedronta até a morte. As coisas são muito estranhas, Salomão.”

Você não precisa ficar amedrontada até a morte, Sara.

“Bom, eu exagerei um pouco, Salomão, pois, como você pode ver, não estou morta....”

O que eu quero dizer é que você não parece estar amedrontada. Você parece estar indo
mais do que tudo.

“Bem, eu estava rindo agora, Salomão, mas eu não estava quando uma grande cobra
estava deitada no meu caminho, só esperando para me morder. Eu tinha acabado de me
sinalizar quão corajosa e sem medo eu era agora e então, no próximo momento, eu
comecei a correr pela minha vida.”

Oh, eu vejo, Salomão respondeu. Sara, não seja tão dura consigo. É perfeitamente
normal ter como resposta um forte sentimento quando você se vê em uma condição que
não lhe agrada de alguma forma. Não é sua resposta inicial a algo que estabelece o
tom de sua vibração – ou de seu ponto de atração – é o que você faz com isso depois
que tem um efeito duradouro.

“O que você quer dizer?”

Por que você acha que a cobra amedrontou tanto você, Sara?

“Porque é uma cobra, Salomão. Cobras são amedrontadoras. Cobras lhe mordem e lhe
deixam doente. Elas até podem matar você. Algumas delas lhe envolvem e quebram
suas costelas, e sufocam tanto você que você não consegue respirar”, Sara relatou
orgulhosamente, lembrando os detalhes do filme sobre a natureza amedrontadora, que
ela tinha visto na escola.

Sara parou para tomar fôlego e tentou se acalmar um pouco. Seus olhos estavam
brilhando e seu coração estava batendo.

Sara, você acha que estas palavras que você está dizendo aqui estão fazendo você se
sentir melhor ou pior?

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Sara teve que parar e pensar por um momento, pois ela não estava nem pensando sobre
como suas palavras a estavam afetando. Ela só estava animada para explicar como ela
se sentia sobre as cobras.

Você vê, Sara, é isso o que eu quis dizer quando disse que é o que você faz em seguida
que é mais importante. Quando você está falando e falando sobre essa cobra e outras
cobras e todas as coisas ruins que as cobras podem fazer, você está se mantendo naquela
vibração – e é cada vez mais provável que você atraia outras experiências
desconfortáveis com cobras.

“Mas, Salomão, o que eu deveria fazer? Quero dizer, aquela grande cobra velha estava
exatamente deitada ali. E então eu a vi. Eu quase pisei nela. E então não tem nem como
dizer o que ela faria comigo...”

Lá vem você de novo, Sara, você ainda está imaginando – e mantendo como sua
imagem de pensamento – algo que você não quer.

Sara se aquietou. Ela sabia o que Salomão queria dizer, mas ela não sabia o que fazer
sobre aquilo. O fato de a cobra ser tãooooo grande e estar tãooooo perto e ser tãooooo
amedrontadora fazia com que ela não encontrasse outro modo de abordar o tema. “Está
bem, Salomão, me diga o que você faria se fosse uma garotinha que quase pisou numa
grande cobra.”

Bem, antes de tudo, Sara, você tem que se lembrar que seu objetivo é, primeiro e antes
de tudo, encontrar um estado de melhor sentimento. Se você tiver outros objetivos você
sairá da trilha. Se você tentar descobrir onde todas as cobras estão, você se sentirá pior.
Se você decidir ficar tão alerta a ponto de nunca mais ver outra cobra tão perto, você se
sentirá sobrecarregada. Se você tentar aprender a identificar todas as cobrar de maneira
a rotulá-las como boas ou más, você sentirá como é impossível a tarefa de classificar
todas elas. Selecionar através das condições apenas fará as coisas piores. Seu único
objetivo é tentar abordar esse tema de um modo que lhe faça se sentir melhor do que se
sentia quando estava pulando e fugindo da cobrar.

“Como eu faria isso, Salomão?”

Você poderia dizer algo a si mesma, como “Essa grande cobra velha está lá deitada se
divertindo. Ela está feliz pelo inverno ter acabado e está se sentindo bem por causa do
sol nela, assim como comigo”.

“Eu ainda não me sinto melhor, no entanto.”

Você poderia dizer algo como: “Essa grande cobra velha não está nem um pouco
interessada em mim. Ela nem me olhou quando eu corri. Ela tem muitas outras coisas
para fazer do que ficar mordendo garotinhas.”

“Bom, isso me faz sentir um pouquinho melhor. O que mais?”

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“Com certeza estou alerta”, Salomão continuou, “é bom que eu tenha visto a cobra, ou
percebido-a, e tenha pulado sobre ela, assim eu não a chateio. A cobra faria a mesma
coisa por mim”.

“Mas ela faria mesmo, Salomão? Como você sabe disso?”

As cobras vivem ao ar livre, por perto, Sara. Elas estão no rio. Elas estão na grama por
onde você anda. Quando você passa por elas, elas saem de seu caminho. Elas entendem
que há espaço o suficiente para todo mundo. Elas entendem o perfeito equilíbrio de seu
planeta físico. Elas amam as próprias válvulas abertas, Sara.

“As cobras têm válvulas?!”

Com certeza elas têm. Todos os animais de seu planeta têm suas válvulas. E as válvulas
deles estão amplamente abertas na maior parte do tempo.

“Hummm”, Sara considerou. Ela estava se sentindo muito melhor agora.

Você vê, Sara, quão melhor você sente? Nada mudou. A cobrar ainda está deitada onde
você a viu. A condição não mudou. Mas o modo como você se sente certamente mudou.

Sara sabia que Salomão estava certo.

Sara, de agora em diante, quando você pensar em cobrar, você sentirá emoção positiva.
Sua válvula estará aberta, a válvula das cobras estarão abertas. E você continuará a viver
em harmonia.

Os olhos de Sara brilhavam iluminadamente com sua nova compreensão. “Está bem,
Salomão. É melhor eu ir. Vejo você amanhã.”

Salomão sorriu enquanto Sara saltava para seu caminho. Então Sara parou e gritou por
cima do ombro: “Salomão, você acha que eu ficarei com medo de cobras novamente?”

Bom, talvez, Sara. Mas se você ficar com medo, você sabe o que fazer a respeito disso.

“Sim”, Sara riu, “eu sei”.

E, finalmente, Salomão acrescentou: seu medo desaparecerá completamente. Não


apenas de cobras, mas de todo o resto.

71
Conforme Sara voltava para casa, saindo do
bosque, ela olhava para a nova grama de primavera ao longo da estrada, e ela ficou
imaginando quantas cobras estavam escondidas por ali.

No começo ela tremeu um pouco com o pensamento amedrontador de que cobras


estavam escondidas nos arbustos ao longo de todas as trilhas privadas de Sara, mas
então ela pensou sobre quão bom era elas todas estarem escondidas e fora do caminho
de Sara. quão bom era que elas todas não pulassem de uma vez e amedrontassem Sara
como Jason e Billy tão constantemente faziam.

Sara sorria enquanto caminhava até sua garagem e seu jardim. Ela se sentia triunfante e
forte. Era bom deixar os medos para trás. Ela se sentia muito, muito bem.

CAPÍTULO 22
"Sara! Sara! Uau, Sara! Adivinha! Encontramos Salomão!''

“Oh, não, não pode ser!”, Sara pensou, ficando gelada, parada na rua aonde Jason e
Billy vinham correndo em suas bicicletas em direção a ela.

“O que vocês querem dizer, vocês encontraram Salomão? Encontraram-no onde?”

“Nós o encontramos na Trilha Thacker, Sara. E adivinha o que mais?”, Jason anunciou
orgulhosamente. “Nós atiramos nele”.

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Sara se sentiu tão fraca que pensou que cairia. Seus joelhos quase se dobraram sob ela.

“Ele estava sentando ali, naquele poste, Sara. Então nós o espantamos para o céu e então
Billy atirou nele com sua arma de chumbinho. Foi lindo, Sara! Mas ele não é tão grande
quanto a gente pensou que era. Ele é praticamente penas.”

Sara não podia acreditar em seus ouvidos. O impacto do que estava escutando era tão
intenso, tão importante, e Jason estava tagarelando sobre Salomão não ser tão grande
quanto ele achava que era? Sara sentiu que sua cabeça ia explodir. Sua bolsa de livros
caiu no chão e ela começou a correr tão rápido quanto já tinha corrido em sua vida, para
o bosque de Salomão.

“Salomão! Salomão! Onde você está, Salomão?!”, Sara gritava freneticamente.

Aqui, Sara, estou aqui. Não se assuste.

E ali, deitado numa moita retorcida, estava Salomão.

“Oh, Salomão!”, Sara chorava, caindo com os joelhos na neve. “Olhe para você! O que
eles fizeram com você!”
Salomão estava realmente maltratado. Suas penas sempre bem ordenadas estavam
amassadas e parecia que iam correr para todas as direções, e a neve puramente branca
ao redor de Salomão estava vermelha de sangue.

“Salomão, Salomão, o que eu devo fazer?”

Sara, isso não é grande coisa, sério.

“Mas, Salomão, você está sangrando. Olhe para todo esse sangue. Você vai ficar bem?”

Claro, Sara. tudo está sempre bem.

“Oh, Salomão, por favor, não me dê mais desse lixo de “tudo-está-bem”. Posso ver,
muito bem, com meus próprios olhos, que tudo não está bem!”

Sara, venha aqui comigo - Salomão disse.


Sara se arrastou para bem perto de Salomão e colocou a própria mão nas costas dele,
acariciando as penas sob o queixo dele.
Na verdade aquela era a primeira vez que Sara tocava Salomão, e ele parecia tão macio e
vulnerável. Lágrimas rolavam pelo rosto de Sara.

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Sara, não confunda essa pilha de
ossos e penas bagunçadas com quem Salomão realmente é. Esse corpo é apenas um
ponto focal – ou uma pintura da perspectiva – para que algo muito maior veja através
dele.

Seu corpo é a mesma coisa, Sara. ele não é realmente quem você é. É apenas a
perspectiva que você usa, por agora, para permitir a quem você realmente é brincar e
crescer e se alegrar.

“Mas, Salomão, eu amo você. O que eu vou fazer sem você?”

Sara, de onde você tira essas coisas? Salomão não vai a lugar nenhum. Salomão é
eterno!

“Mas, Salomão, você está morrendo!”, Sara deixou escapar, provocando mais dor do
que podia se lembrar de ter provocado.
Sara, me escute. Não estou morrendo porque não há tal coisa como a morte. É verdade,
eu não usarei esse corpo, por agora, mas ele estava ficando velho e um pouco duro de
qualquer maneira. Eu tenho tido um torcicolo de verdade em meu pescoço desde o dia
em que tentei virar toda minha cabeça para agradar os netos dos Thackers.

Sara riu por entre lágrimas. Salomão sempre conseguia fazê-la rir, mesmo na pior das
situações.

Sara, nosso amizade é eterna. E isso significa que a qualquer hora que você quiser
conversar com Salomão, tudo o que você tem que fazer é identificar o que você quer
falar, se focar nisso, trazer-se para um estado de muito bom sentimento – e eu estarei
aqui com você.

“Mas eu verei você, Salomão? Eu serei capaz de ver você e de tocar você?”

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Bom, provavelmente não, Sara. Não por um momento, de qualquer forma, mas, Sara,
nossa relação não tem a ver com isso de qualquer modo.
Somos amigos mentais, eu e você.

E com estas últimas palavras, o corpo amassado de Salomão relaxou na neve e seus
grandes olhos se agitaram, fechando-se.

“Não!!!!!”, a voz de Sara ecoou pelo pasto.

“Salomão, não me deixe!”

Mas Salomão estava tranquilo.

Sara se levantou, olhando para o corpo de Salomão. Ele parecia tão pequenino, deitado
ali na neve, suas penas se movendo suavemente ao vento.
Sara tirou seu casado e o colocou na neve, perto de Salomão. Ela o levantou e o colocou
gentilmente sobre o casaco, enrolando o casado em volta de Salomão. E então, sem
perceber que estava realmente muito frio, Sara carregou Salomão para baixo da trilha
Thacker.

Sara, nossa amizade é eterna. E isso significa que a qualquer hora que você quiser
conversar com Salomão, tudo o que você tem que fazer é identificar o que você quer
falar, se focar nisso, trazer-se para um estado de muito bom sentimento – e eu estarei
aqui com você; Salomão disse novamente.
Mas Sara não conseguia ouvir.

CAPÍTULO 23
Sara não sabia o que fazer ou por onde começar para explicar a seus pais quem era
Salomão, ou quão importante amigo ele tinha vindo a se tornar para ela. Sua mente
estava girando, e ela estava cheia de pesar por não ter dito à sua família mais sobre sua
amiga coruja, pois agora ela não tinha como explicar a tragédia que tinha se abatido
sobre ela. Ela tinha se virado inteiramente para Salomão por orientação e conforto e
tinha cortado todos os tipos de laços com sua própria família, e agora ela se encontrava
diante da perda de Salomão. Ela realmente se sentia sozinha, sem ter para onde se
voltar.

Ela não sabia o que fazer com Salomão. O chão estava tão Geraldo e duro que ela não
sabia como cavar uma sepultura para ele. O pensamento de jogá-lo numa fornalha fria,
na sala da fornalha, como ela havia visto seu pai fazer com pássaros mortos ou com os
ratos, era simplesmente horrível demais para sequer pensar.

Sara ainda estava sentada nos degraus da frente de casa, segurando Salomão em seus
braços, com as lágrimas inundando sua face, quando o carro de seu pai derrapou numa
rápida parada na entrada de cascalhos. Ele saiu correndo do carro carregando a bolsa de
livros molhada de Sara com a pilha amassada de livros.

Sara tinha esquecido tudo de suas coisas, tinha deixado tudo ao lado da estrada.

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“Sara, a Sr.Matson me telefonou no trabalho.
Ela encontrou sua bolsa e seus livros ao lado da estrada. Pensamos que tinha acontecido
algo com você! Você está bem?”

Sara limpou o rosto molhado, envergonhada por seu pai vê-la daquele jeito. Ela queria
de alguma forma esconder Salomão, continuar mantendo-o em segredo, e ao mesmo
tempo ela queria muito, de algum modo, encontrar algum conforto ao contar tudo a seu
pai.

“Sara, o que aconteceu? O que há de errado, querida?”

“Oh, papai!”, Sara desabafou. “Jason e Billy mataram Salomão.”

“Salomão?”, seu pai questionou, enquanto Sara abria seu caso para deixá-lo ver o amigo
morto.

“Oh, Sara, sinto muito.” Ele não tinha idéia do porque essa coruja morta era tão
importante para ela, mas estava claro que Sara estava vivenciando um trauma real. Ele
nunca tinha visto sua filha assim antes. Ele queria carregá-la em seus braços, e beijá-la,
levando a dor para longe, mas ele sabia que o que quer que tivesse acontecido era muito
grande para isso. “Sara, dê Salomão pra mim. Eu cavarei uma sepultura para ele atrás do
galinheiro. Entre em casa e se aqueça.

Só então Sara percebeu quão gelada ela estava. Relutantemente ela liberou seu precioso
pacote e colocou Salomão nos braços do pai. Sara sentia-se fraca, tão triste e tão
cansada. Ela ficou sentada na escada enquanto observava seu pai pegar cuidadosamente
seu lindo Salomão para levá-lo dali. Ela sorriu frouxamente meio às lágrimas quando
percebeu quão séria e delicadamente seu pai carregava esse pacote de pensa, de alguma
forma parecendo compreender quão valioso ele era.

Sara se afundou em sua cama, ainda vestida. Chutou seus sapatos para o chão e chorou
em seu travesseiro, e então adormeceu.

76
CAPÍTULO 24
Sara viu-se parada em um estranho bosque, cercada por lindas flores de primavera, com
pássaros coloridos e borboletas voando ao seu redor.

Bom, Sara, parece que você tem bastante coisa a falar hoje, Salomão brincou.

“Salomão!”, Sara gritou com alegria. “Salomão, você não está morto, você não está
morto! Oh, Salomão, estou tão contente por você ver!”

Sara, por que você está tão surpresa? Eu lhe disse que não existe morte.

Agora, Sara, sobre o que você quer falar? Salomão falou calmamente, como se nada de
extraordinário houvesse acontecido.

“Salomão, eu sei que você disse que não há tal coisa como a morte, mas você parecia
morto. Você estava sem energia e pesado, seus olhos estavam fechados e você não
estava respirando.”

Bom, Sara, você apenas se acostumou a ver o Salomão de um único modo. Mas agora
você tem uma oportunidade, por seu desejo ser muito maior do que antes, de ver o
Salomão de um modo mais amplo. Um modo mais universal.

“O que você quer dizer?”

Bem, a maioria das pessoas vê as coisas somente através de seus olhos físicos, mas
agora você tem a oportunidade de ver as coisas através de olhos mais amplos - mais
através dos olhos da verdadeira Sara, que viver dentro da Sara física.

''Quer dizer que há uma outra Sara vivendo dentro de mim, como você é o Salomão que
vive dentro de meu Salomão?''

Sim, Sara, é isso. E essa Sara Interior vive para todo o sempre. A Sara Interior nunca
morrerá, assim como esse Salomão Interior que você vê nunca morrerá.

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“Bem, isso soa muito bom para mim,
Salomão. Eu o verei na trilha Thacker amanhã?”

Não, Sara, eu não vou estar lá.

Sara franziu o cenho.

Mas pense bem, Sara! Sempre que você quiser conversar com Salomão, você pode. Não
importa onde você esteja. Você não tem mais que caminhar até o bosque. Você só tem
que pensar no Salomão - e lembrar-se como é visitar o Salomão - e eu vou estar aqui
para conversar com você.

"Bem, isso soa bem, Salomão. Mas eu amava nossos encontros no bosque. Tem certeza
de que você não voltará para lá logo, como antes?”'

Sara, você vai gostar de nosso novo modo de interagir, ainda mais do que amava nossa
diversão no bosque. Não há nenhuma limitação em nosso novo modo de interagira.
Você verá. Vamos nos divertir bastante.

“Está bem, Salomão. Eu


acredito em você.”

Boa noite, Sara.

"Salomão" Sara gritou, não querendo deixar Salomão tão cedo.

Sim, Sara?

“Obrigada por não estar morto.”

Boa noite, Sara. Tudo está bem.

78
Parte II

O Final Feliz Pós Vida de Sara e Salomão

CAPÍTULO 25

"Salomão, você não está bravo com Jason e Billy por terem atirado em você?"

Por que, Sara? Por que eu estaria com raiva deles?

''Bem, Salomão, eles atiraram em você!", Sara respondeu com espanto. Como Salomão
podia não entender sua pergunta e como ele não podia estar com raiva deles por terem
feito algo tão terrível?

Não, Sara. Sempre que penso em Jason e Billy, eu só os aprecio por terem trazido você
a mim.

“Mas, Salomão, você não acha que atirar em você é mais significativo do que isso?”

Sara, a única coisa que é importante é que eu me sinto bem. E eu não consigo sentir
raiva deles e me sentir bem ao mesmo tempo. Manter minha válvula aberta é mais
significativo, Sara – então, eu sempre escolho pensamentos que me façam sentir-me
bem.

“Salomão, espere um minuto. Você está dizendo que não importa o quão ruim alguém é,
e não importa que tipo de coisas horríveis eles façam, você não pensa sobre estas
coisas? Que ninguém nunca faz algo suficientemente ruim o bastante para deixar você
com raiva deles?”

Sara, todos eles têm boa intenção.

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“Oh, Salomão, por favor. Eles atiraram em você! Quão ruim tem que ficar antes de você
entender quão ruim isso é?”

Sara, me deixe fazer algumas perguntas. Você acha que se eu realmente estivesse com
raiva de Jason e Billy por atirarem em mim, eles parariam de atirar nas coisas?

Sara estava em silencio. Ela não achava que a raiva de Salomão fizesse qualquer
diferença. Ela tinha estado com raiva dos meninos por incontáveis vezes por atirarem
nas coisas e aquilo nunca os tinha sequer abrandado.

“Não, Salomão. Acho que não.”

Você pode pensar em algum propósito ao qual minha raiva serviria?

Sara pensou sobre isso também.

Se eu ficar com raiva deles isso pode fazer você se sentir mais justificada em sua raiva,
Sara, mas então eu estaria apenas me juntando à sua cadeia de dor e nenhum bem viria
disso.

“Mas, Salomão”, Sara protestou, “isso parece como...”

Sara, Salomão interrompeu, poderíamos falar por dias e noites sobre quais açoes são
certas e quais são as erradas. Você poderia gastar o resto de sua vida tentando definir
quais os comportamentos são os apropriados e quais não são, e sob que condições eles
são apropriadas e sob quais condições eles não são apropriados. Mas o que eu aprendi é
que qualquer momento gasto, mesmo que seja um minuto, tentando se justificar por que
eu me sinto mal, é um desperdício de vida. E eu também aprendi que quanto mais
rápido eu entro num estado de bom sentimento, melhor minha vida é – e mais eu tenho
a oferecer aos outros.

Então, através de muitas vidas e muitas experiências eu comecei a saber que eu posso
escolher os pensamentos que fecham minha válvula ou eu posso escolher os
pensamentos que abrem minha válvula – mas em todo caso, isso é escolha minha. E,
assim, eu parei de culpar os Jasons e os Billys há muito tempo, pois isso não me ajuda –
e isso não os ajuda.

Sara estava em silencio. Ela teria que pensar sobre esse. Ela já tinha decidido que nunca
perdoaria Jason por esse crime terrível, e cá estava Salomão, indisposto a juntar-se a ela,
mesmo que fosse um pouquinho, em sua censura.

Lembre-se, Sara, se você deixar as condições que lhe cercam controlar o modo
como você se sente, você sempre estará numa armadilha. Mas quando você é capaz
de controlar o modo como se sente – pois você controla os pensamentos que emite –
então, você realmente está livre.

Sara se lembrou de ter escutado algo como aquilo de Salomão antes, mas nada tão
grande os estava desafiando. De alguma forma isso parecia muito grande para perdoar.

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Sara, nesse grande mundo onde tantas pessoas têm idéias diferentes do que é certo e
errado, muitas vezes você será confrontada como testemunha de um comportamento que
você pode sentir como inapropriado. Você exigirá que todas estas pessoas mudem seus
modos só para lhe agradar? Você gostaria de fazer isso mesmo se pudesse?

A idéia de todo mundo se comportando de um modo que lhe agradasse soou como um
apelo para Sara, mas ela realmente não queria pensar que aquilo fosse algo provável.
“Bom, não, acho que não.”

Então qual é a alternativa? Você se esconderá, protegendo-se de testemunhar o


comportamento diverso deles, se fazendo prisioneira nesse lindo mundo?

Bem, aquela opção realmente não era do seu agrado, mas Sara reconheceu
remanescentes daquele comportamento em seu passado não tão distante quando ela,
muitas vezes, mentalmente, tinha se retirado dos outros, rastejando em sua própria
mente, mantendo todos fora, ou a maioria deles. Aqueles foram tempos infelizes, Sara
se lembrou.

Sara, você vivenciará o contentamento quando você for capaz de manter sua válvula
aberta, de qualquer maneira. Quando você for capaz de reconhecer que muitas pessoas
estão escolhendo coisas diferentes, acreditando em coisas diferentes, querendo coisas
diferentes, agindo diferente, e quando você entender que tudo isso acrescenta a um todo
perfeito, no qual nada disso ameaça você – pois a única coisa que afeta você é o que
você está fazendo com sua própria válvula –, então você se moverá livremente com
alegria.

“Mas, Salomão, Jason e Billy fizeram mais do que lhe ameaçar. Eles atiraram em você.
Eles mataram você!”

Sara, você ainda não superou isso, superou? Você não pode ver que eu não estou morto?
Sara, eu estou muito vivo. Você acha que eu iria querer viver naquele corpo de coruja
cansado, velho, para sempre? Sara sabia que Salomão estava brincando com ela, pois
ele não estava aparentemente cansado ou velho.

É com grande alegria que eu liberei aquele corpo físico, sabendo que sempre que eu
quiser, eu posso emanar minha Energia em outro corpo, mais jovem, mais forte, mais
rápido.

“Você quer dizer, você queria que eles atirassem em você?”

Isso é co-criação, Sara. É por isso que eu deixei que eles me vissem. Assim eles podiam
co-criar essa mesma experiência importante. Não apenas por mim, mas por você
também, Sara.

Sara estava tão sobrecarregada com tudo o que tinha acontecido desde que tinham
atirado em Salomão que ela não tinha tido tempo par apensar como era para Jason e
Billy terem sido capazes de ver Salomão.

Sara, o importante a ser entendido, em primeiro lugar, é: Tudo está


verdadeiramente bem, não importa como possa parecer a você a partir de sua

81
perspectiva física. E, segundo, sempre que sua válvula está aberta, apenas coisas
boas podem vir para você.

Sara, tente apreciar Jason e Billy, assim como eu. Você vai se sentir muito melhor.

Quando os porcos voarem, Sara pensou. E então ela riu de sua própria resposta
negativa. “Vou pensar nisso por você. Mas isso é diferente de tudo que eu já tenha
pensado antes. Eu sempre fui ensinada que quando alguém faz algo errado, a pessoa
deve ser punida.”

O problema com isso, Sara, é que todos vocês têm um tempo difícil decidindo quem
tem que decidir o que é errado. A maioria de vocês acredita que você está certo, e que
então os outros devem estar errados. Os seres físicos têm matado uns aos outros por
anos argumentando sobre qual está certo. E com guerras e matanças que têm acontecido
em seu planeta por milhares de anos, vocês ainda não chegaram a nenhum acordo.

Vocês todos fariam muito melhor se apenas prestassem atenção às suas próprias
válvulas. A vida seria muito melhor, exatamente agora.

“Você acha que as pessoas serão capazes de aprender sobre suas válvulas? Você acha
que todo mundo vai aprender isso?”, Sara se sentia oprimida com a enormidade desse
esforço.

Isso não importa, Sara. Pois a única coisa que importa para você é que você aprenda
isso.

Bem, isso não parece tão grande. “Está bem, Salomão, eu vou trabalhar nisso um pouco
mais”.

Boa noite, Sara. Eu gostei imensamente de nosso encontro.

“Eu também, Salomão. Boa noite.”

CAPÍTULO 26
Jason e Billy passaram correndo por Sara em suas bicicletas, gritando algo desagradável
e inaudível. Sara sorriu quando eles passaram por ela, e então se sentiu um pouco
surpresa quando percebeu que eles a desapontariam se falhassem em serem tão maus
quanto pudessem ser e nisso, de um modo estranho, eles três não eram co-criadores
nesse jogo que sempre jogavam juntos. O jogo era “eu sou seu pequeno irmão podre e
este é meu pequeno amigo podre, desagradável, e é nossa tarefa fazer sua vida miserável
de todo modo que pudermos, e seu trabalho é nos responder de maneira miserável”.

Isso é estranho, Sara pensou. Não estou destinada a gostar deles. O que poderia estar
acontecer aqui?

Enquanto Sara continuava a caminhar para casa, por força do hábito ela quase virou na
esquina para ir até o bosque de Salomão, esquecendo-se temporariamente que aquele

82
não era mais o lugar onde eles se encontravam. Aquele pensamento lembrou Sara de
que haviam atirado em Salomão, e aquele pensamento a lembrou da resposta de
Salomão por ter levado um tiro desses dois pequenos garotos podres. E, então, uma
consciência muito forte se apossou de Sara.

Jason e Billy atiraram em Salomão, e Salomão ainda os ama. Salomão é capaz de


manter a própria válvula aberta mesmo sob aquelas condições, então talvez eu esteja
aprendendo a manter minha válvula aberta também. Talvez minha vida seja finalmente
importante o bastante para mim de maneira que eu não estou mais chateada pelo que os
outros fazem ou dizem.

Um arrepio passou por todo o corpo de Sara. ela se sentia leve e seu corpo formigava
inteiro – e ela soube que tinha entendido algo que era muito significativo.

Isso é bom, Sara. Eu concordo com você plenamente. Sara ouviu a voz de Salomão.

“Oi, Salomão. Onde você está?”, Sara perguntou, ainda com o anseio de um Salomão
visual para contemplar enquanto falava.

Estou aqui, Sara - Salomão respondeu, mudando de assunto rapidamente, e entrando


num assunto mais importante. Sara, você acabou de declarar o segredo mais importante
da vida. Você está começando a entender o que realmente é o amor incondicional.

“Amor incondicional?”

Sim, Sara, você está começando a entender que você é uma amante, você é uma
extensão física de pura Energia Não-Física positiva, ou amor. E quando você é capaz de
permitir que esta pura Energia de amor aconteça, não importa no que, a despeito das
condições que lhe cercam – então você alcançou o amor incondicional. Você é
verdadeiramente então, e só então, a extensão de quem você realmente é e de quem
você veio aqui para ser. Você está verdadeiramente então, e somente então, cumprindo
seu propósito de ser. Sara, isso é muito bom.

Sara se sentiu lisonjeada. Ela não tinha entendido completamente a magnitude do que
Salomão estava dizendo, mas ela podia dizer, pelo entusiasmo com que ele estava
dizendo aquilo, que aquilo devia ser realmente importante, e ela estava certa de que
Salomão estava muito satisfeito com ela.

Bem, Sara, eu sei que isso soa um


pouco estranho para você no início. É uma orientação inteiramente nova para a maioria

83
das pessoas, mas até que você entenda isso, você nunca será verdadeiramente feliz. Não
por muito tempo de qualquer maneira.

Sente-se aqui e escute um pouco, e eu lhe explicarei como isso tudo funciona.
Sara encontrou um local seco, onde batia sol, e se estatelou para escutar Salomão. Ela
amava escutar o som da voz dele.
Há um Fluxo de pura Energia positiva que flui para você todo o tempo. Alguns podem
chamá-lo de Força de Vida. Ele é chamado de muitas coisas diferentes, mas, para
começar, ele é o Fluxo de Energia que criou seu planeta. E é o Fluxo de Energia que
continua a suster seu lindo planeta. Esse fluxo de Energia mantém seu planeta girando
em sua órbita em perfeita proximidade com os outros planetas. Esse Fluxo mantém o
perfeito equilíbrio de sua microbiologia. Esse Fluxo mantém o perfeito equilíbrio da
água em seu planeta. Esse é o Fluxo que mantém seu coração batendo, mesmo quando
você está dormindo.

Esse é um Fluxo maravilhoso, poderoso, de Bem-Estar, Sara, e esse Fluxo flui para cada
um de vocês a cada minuto de seu dia e noite.

''Uau'', Sara suspirou enquanto tentava entender esse maravilhoso, poderoso Fluxo.

Como uma pessoa vivendo em seu planeta, Sara, a qualquer momento você pode
permitir ou resistir a esse maravilhoso Fluxo. Você pode deixá-lo fluir para você e
através de você, ou você pode não permitir o Fluxo.

“Por que ninguém quer esse Fluxo?”

Oh, todo mundo o quer, Sara, se eles o entendessem.

E ninguém resiste a ele de propósito. As pessoas simplesmente têm hábito que


aprenderem uns dos outros que fazem com que resistam a esse Fluxo de Bem-Estar.

“Como o que, Salomão?”

Bem, Sara, o principal que faz com que as pessoas sejam resistentes ao Fluxo do
Bem-Estar é elas buscarem a evidencia do que foi criado pelas outras que têm sido
resistentes ao Fluxo do Bem-Estar.

84
Sara parecia confusa. Ela não estava
realmente entendendo isso ainda.

Você vê, Sara, sempre que você dá sua atenção a algo, apenas pela observação daquilo,
você começa a vibrar como aquilo é – enquanto você está observando. Então, se você
está olhando para a doença, por exemplo, no momento em que você está olhando ou
falando a respeito, ou pensando a respeito da doença, você não está permitindo o Fluxo
do Bem-Estar. Você tem que olhar para o Bem-Estar para permitir o Bem-Estar.

Sara começou a ter mais clareza. “Ah! Isso é como a coisa dos pássaros de mesma
plumagem que nós falamos antes, não é?”
Certo, Sara. Isso é sobre a Lei da Atração. Se você quer atrair o bem-estar, você tem que
vibrar com bem-estar. Mas se você dá sua atenção à doença de alguém, você não pode
permitir o bem-estar ao mesmo tempo.

Sara começou a enrugar a testa enquanto pensava sobre o que Salomão estava dizendo.
“Mas, Salomão, eu pensei que eu devia ajudar as pessoas que estão doentes. E como eu
posso ajudá-las se eu não olhar para elas?”

Você pode olhar para elas, Sara, mas não vê-las como doentes. Veja-as ficando
melhores. Melhor ainda, veja-as como boas, ou lembre-se delas como quando elas
estavam bem. Desse modo você não as usa como sua razão para parar o Fluxo de tempo
de fluir para você.

Não é fácil para as pessoas escutar isso, Sara, pois elas são muito condicionadas a
observar tudo ao próprio redor. Se elas apenas soubessem que quando estão olhando
para as coisas que as fazem sentir emoção negativa, que aquele sentimento que sentem é
o sinal delas de que acabaram de desabilitar o Fluxo do Bem-Estar, eu acho que muitas
delas não estariam tão dispostas a olhar para muitas coisas que as fazem se sentir mal.

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Sara, só por um momento aqui, não tente entender o que a maioria está fazendo. Apenas
escute isso. Há um Fluxo de Bem-Estar constante, estável, e ele está fluindo para você
todo o tempo. Quando você se sente bem você está permitindo o Fluxo e, quando você
se sente mal, você não está permitindo o Fluxo. Agora, quando você entende isso, o que
é que você mais quer fazer?

“Bem, eu quero me sentir bem tanto quanto eu puder.”

Bom. Agora, digamos que você está assistindo a televisão e você vê algo que faz você
se sentir mal.

“Sim, como quando alguém atira ou mata ou fere num acidente?”

Sim, como isso. Quando você vê isso, Sara, e você se sente mal, você entende o que
está acontecendo?

Sara sorriu brilhantemente. “Sim, Salomão, eu estou resistindo ao Fluxo.”

Você entendeu, Sara! Sempre que você está se sentindo mal, você está resistindo ao
Fluxo. Sempre que você está dizendo „não‟, você está se debatendo contra aquilo e,
consequentemente, resistindo ao Fluxo.

Sara, quando alguém diz „não‟ ao câncer, a pessoa na verdade não está permitindo o
Fluxo de Bem-Estar. Quando alguém diz „não‟ aos assassinos, a pessoa na verdade está
desabilitando o Fluxo do Bem-Estar. Quando alguém diz „não‟ à pobreza, ele está na
verdade resistindo ao Fluxo de Bem-estar, pois quando você está dando sua atenção ao
que você não quer, você está vibrando com aquilo, o que significa que você está
resistindo ao que você quer. Então, a chave é identificar o que você não quer,
brevemente, mas então se virar para o q eu você quer e dizer „sim‟.

“É isso?! É só isso que temos que fazer? Só dizer „sim‟ ao invés de „não!”, Sara não
conseguia acreditar quão simples soava tudo isso. Ela se sentia encantada. “Salomão,
isso é tão fácil! Eu posso fazer isso! Eu acho que todo mundo poderia fazer isso!”

Salomão desfrutava do entusiasmo de Sara sobre esse novo conhecimento. Sim, Sara,
você pode fazer isso. E é isso para o qual você veio a fim de ensinar aos outros. Pratique
isso por alguns dias. Preste atenção a si mesma e aos outros ao seu redor e perceba quão
habituados vocês estão em dizer „não‟ às coisas muito mais frequentemente do que
„sim‟. Conforme você observar, por um pouco de tempo, você começará a entender os
tipos de coisas que as pessoas fazem para resistir ao Bem-estar que é natural. Divirta-se
com isso, Sara.

86
CAPÍTULO 27
Durante todo o dia seguinte os pensamentos de Sara se voltaram para o que ela e
Salomão tinham conversado. Sara estava realmente animada para começar a entender
algo que Salomão parecia pensar ser muito importante, mas quanto mais o tempo
passava desde a conversa com Salomão, mais ela fica incerta sobre tudo o que tinha
entendido do que Salomão estava tentando ensiná-la. Sara se lembrava, no entanto, que
Salomão a encorajara a observar os outros para ver a constancia com a qual eles diziam
„não‟ ao invés de „sim‟, então Sara decidiu prestar mais atenção a isso.

“Sara,e u não quero que você se atrase essa noite”, sua mãe avisou. “Vamos ter visita
para o jantar e vou precisar de você. não queremos receber nossas visitas numa casa
bagunçada agora, queremos?”

“Está bem”, Sara suspirou relutantemente. A visita não era a coisa favorita de Sara.
Nem de perto.

“Agora, Sara, eu estou falando sério. Não se atrase!”

Sara parou na porta, em feliz surpresa por ter encontrado alguma evidencia, e logo de
manhã, que reafirmava o que Salomão tinha dito. Ela se moveu lentamente, meio que
olhando para longe como se estivesse revisado o que podia se lembrar das palavras de
Salomão, inadvertidamente deixando o ar frio entrar na sala enquanto ficava parada na
porta de entrada.

“Sara! Não fique aí deixando o frio entrar! Por favo, Sara, entre. Você vai se atrasar
para a escola.”

“Uau!”, Sara observou. Era incrível. Sua mãe tiinha acabado, nos dois últimos minutos,
de emitir cinco declarações claras do que ela não queria, e Sara não conseguia se
lembrar nem mesmo de uma única declaração sobre o que sua mãe queria. E o
interessante era que sua mãe nem ao menos havia percebido o que estava fazendo.

O pai de Sara tinha acabado de empurrar a neve da calçada da frente quando Sara saltou
os degraus da escada. “Cuidado, Sara. A calçada está escorregadia. Você não quer cair.”

Sara riu de orelha a orelha. Isso é incrível!

87
“Sara, você me escutou? Eu disse para prestar atenção ou você vai cair.”

Sara na verdade havia escutado seu pai dizer „não‟ a nada, mas suas palavras certamente
apontavam para algo que ele não queria.

A mente de Sara estava girando. Ela queria falar sobre o que ela queria. “Está bem,
papai”, ela disse. “Eu não vou cair”.
“Ops”, Sara pensou. Isso não era dizer exatamente „sim‟.

Querendo ser o melhor exemplo que poderia ser para seu pai, Sara parou e se virou
diretamente para o pai e disse “Obrigada, papai, por manter a calçada limpa para nós.
Isso faz com que fique fácil eu não cair.”

Sara riu tão alto quando se escutou, mesmo quando estava deliberadamente tentando
dizer „sim‟, ainda falou sobre não cair. “Rapaz”, Sara pensou, “isso não vai ser fácil”. E
então, novamente, ela riu e disse alto, surpresa consigo mesma, “Não vai ser fácil? Que
lástima, Salomão, eu percebo o que você quis dizer.”

Sara estava apenas a cerca de 200 metros da garagem quando ouviu a porta da frente de
sua casa bater e se fechar, e ela se virou para ver Jason correndo em alta velocidade
segurando sua bolsa de livros numa mão e seu chapéu com a outra, aproximando-se
rapidamente dela. Sara conseguiu ver, pela movimento rápido e pelo brilho nos olhos de
Jason , que ele estava prestes a chocar-se com ela a partir de trás como havia visto
dezenas de vezes antes, só o suficiente para fazê-la perder o equilíbrio e deixá-la com
raiva. E, antecipadamente, Sara gritou: “Jason, não ouse...” Jason, não, seu danado,
Jason, não faça isso!!!”
Sara gritou com toda sua força.

“Que lástima”, Sara pensou. Estou fazendo isso novamente. O “não” continua vindo de
mim, mesmo quando não quero. “Não” queria? Cá estou novamente. Sara se sentia
quase frenética. Ela não conseguia controlar suas próprias palavras.

Jason esbarrou em Sara e continuou correndo, e como ele agora estava há um bloco na
frente dela, ela começou a relaxar em sua própria caminhada tranqüila para a escola e a
refletir sobre os surpreendentes acontecimentos que havia observado nos últimos dez
minutos.

Sara tinha decidido fazer uma lista de “nãos” que tinha escutado de maneira a falar
sobre isso com Salomão mais tarde. Tirando seu pequeno caderno de notas da bolsa de
livros, Sara escreveu:

NÃO SE ATRASE.
NÃO QUERO UMA CASA BAGUNÇADA.
NÃO DEIXE O FRIO ENTRAR.
NÃO SE ATRASE PARA A ESCOLA.
NÃO VÁ CAIR.
NÃO VÁ TÃO DEVAGAR.
JASON, NÃO OUSE.

88
Sara ouvi o Sr.Jorgensen gritando com dois garotos na sala de aula. “Não corra no
corredor!”, Sara escreveu em seu caderno. Ela estava encostada em seu armário quando
outro professor, de outra classe, passou por ela e disse “Ande logo; você vai se atrasar”.
Sara escreveu isso também.

Sara sentou-se em sua cadeira, tentando se adequar em outro longo dia escolar quando
viu o sinal mais surpreendente postado na frente da sala de aula. O sinal havia estado ali
por todo esse ano escola, mas Sara não o havia percebido antes. Não como estava
percebendo agora. Ela mal podia acreditar em seus olhos. Ela tirou seu caderninho da
bolsa e começou a escrever o que estava lendo:

NÃO FALE NA SALA DE AULA.


NÃO MASQUE CHICLETE.
NÃO COMA OU BEBA NA SALA DE AULA.
NÃO É PERMITIDO BRINQUEDOS.
NÃO USE BOTAS DE NEVE NA SALA DE AULA.
NÃO FIQUE NA JANELA.
NÃO É PERMITIDO ENTREGAR TRABALHOS ATRASADOS.
NÃO É PERMITIDO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA SALA DE AULA.
NÃO É PERMITIDO ATRASOS.

Sara estava atordoada. Salomão estava certo. A maioria de nós resiste a nosso Bem-
estar.

Sara estava ávida para escutar e observar tanto quanto podia naquele dia. Durante o
horário do lanche ela se sentou distante das outras crianças, escutando às conversas que
dois professores estando tendo na mesa ao lado dela. Ela não os podia ver, mas podia
escutá-los claramente.

“Oh, eu não sei”, um professor disse. “O que você acha?”

“Bem, eu não faria isso se fosse você”, o outro professor respondeu. “Você nunca sabe.
Você poderia terminar pior do que está agora”.

“Uau”, Sara pensou. Ela não fazia idéia do que eles estavam conversando, mas uma
coisa estava absolutamente clara, o aviso era „não‟ para o que quer que fosse.

Sara acrescentou à sua lista:


EU NÃO SEI.
EU NÃO FARIA ISSO SE FOSSE VOCÊ.

89
Sara não estava nem no
meio de seu dia na escola e já tinha duas páginas de “nãos” para discutir com Salomão.

A tarde de Sara se provou tão frutífera quanto sua manhã enquanto ela somava à sua
lista:
NÃO JOGUE ISSO!
PARE COM ISSO!
EU DISSE NÃO!
VOCÊ NÃO ME ESCUTOU?
NÃO ESTOU SENDO CLARO?
NÃO PRESSIONE!
NÃO VOU FALAR DE NOVO!

Pelo fim do dia Sara estava absolutamente exausta. Parecia para Sara que o mundo todo
estava resistindo ao próprio Bem-estar.

“Rapaz, Salomão, você está sempre certo. A maioria das pessoas diz „não‟ ao invés de
„sim‟. Até eu, Salomão. Eu sei que o que eu devia fazer, mas até eu faço isso.”

“EU NÃO POSSO FAZER ISSO”, Sara escreveu em sua lista.

Que dia tinha sido esse!

Olha que boa lista você tem aí, Sara. Você deve ter tido um dia ocupado.

“Oh, Salomão, você não sabe nem a metade dela. Isso é apenas o que eu ouvi hoje. A
maioria das pessoas diz “não”, Salomão. E elas nem percebem isso! E eu também,
Salomão. Isso é difícil.”

90
Bem, Sara, na verdade não é tão difícil uma vez que você saiba pelo que buscar e uma
vez que você perceba qual é sua meta. Sara, leia algo de sua lista para mim, e eu lhe
mostrarei o que quero dizer.

“NÃO SE ATRASE.”
Esteja no horário.

“NÃO QUERO UMA CASA BAGUNÇADA.”


Queremos uma casa confortável para nossas visitas.

“NÃO DEIXE O FRIO ENTRAR.”


Mantenhamos nossa casa agradável e quentinha.

“NÃO SE ATRASE PARA A ESCOLA.”


Estar no horário é realmente melhor.

“NÃO VÁ CAIR.”
Permanece focada e coordenada.

“NÃO VAI SER FÁCIL.”


Vou conseguir isso.

“NÃO CORRA NO CORREDOR.”


Seja atenciosa com os outros.

“NÃO CORRA NO CORREDOR.”


Seja atenciosa com os outros.

“NÃO FALE NA SALA DE AULA.”


Vamos estudar e aprender juntos.

“NÃO FIQUE NA JANELA.”


Sua completa atenção com certeza será de grande benefício para você.

“NÃO É PERMITIDO ENTREGAR TRABALHOS ATRASADOS.”


Vamos nos manter em dia e trabalhar juntos.

“NÃO É PERMITIDO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA SALA DE AULA.”


Seus bichinhos são muito mais felizes em casa.

“Caramba, Salomão, você é realmente bom nisso!”

Sara, você ficará boa nisso também. Tem apenas que praticar. E, Sara, as palavras que
você usa não são tão importantes. É o sentimento de se „empurrar contra‟ que é
prejudicial. Quando sua mãe disse „não deixe a porta aberta‟, ela estava certamente se
„empurrando contra‟ o que ela não queria. Mas mesmo que ela dissesse „feche a porta‟
ela ainda estaria mais ciente do que ela não queria e, consequentemente, ainda, a
vibração dela teria sido uma de se debater contra as coisas.

91
Eu gostaria de chegar à idéia do relaxamento em direção do que você quer, ao invés de
se debater contra o que você não quer.

Certamente suas palavras são um indicador de sua direção, mas o modo como você se
sente é ainda uma indicação mais clara de sua permissão ou resistencia.

Apenas divirta-se com isso, Sara. quando você se debate contra dizendo „não‟, você
ainda está se empurrando contra. A idéia é apenas falar mais e mais sobre o que você
quer. E quando você faz isso, as coisas simplesmente ficam melhores e melhores. Você
vai ver.

CAPÍTULO 28
Sara voltou para casa neste último dia de escola desse ano com uma estranha
combinação de sentimentos. Normalmente essa era a época mais feliz de seu ano, tendo
um verão completo de solidão à sua frente, não sendo obrigada a ter que se misturar
numa sala cheia de alunos diferentes e muitas vezes não agradáveis. Mas esse ano, o
último dia, parecia muito diferente para Sara. Ela tinha mudado tanto nesse curto ano.

Sara caminhava a passos largos, respirando o maravilhoso ar da primavera, olhando


para frente e, então, dando alguns passinhos para trás. Ela estava ávida para ver tudo e
todo mundo. O céu estava mais bonito do que ela se lembrava de ter visto antes. Mais
azul. Mais profundo em termos de cor. E as brancas nuvens fofas com um contraste
absolutamente deslumbrante. Sara podia ouvir a doces e claras canções dos pássaros que
estavam tão distante que ela não os podia ver, mas suas canções perfeitas alcançavam os
ouvidos de Sara de qualquer forma. A sensação do ar maravilhoso sobre sua pele era
realmente deliciosa. Sara estava andando em estado de puro êxtase.

Você vê, Sara, o Bem-estar realmente abunda.

“Salomão, é você!”

Está em todo o lugar. As claras palavras de Salomão continuavam na cabeça de Sara.

“Está em todo lugar, Salomão. Eu posso ver e sentir!”

De fato, está em todo o lugar que é permitido. Um constante Fluxo de Bem-estar,


estável, flui para você a todo o momento e a qualquer momento você está permitindo ou

92
resistindo a ele. E você é a única pessoa que pode permitir ou resistir a esse constante,
estável, Fluxo de Bem-estar.

Em todo tempo que estivemos juntos, a coisa mais importante que eu queria que você
aprendesse é o processo de reduzir, ou eliminar, os padrões de resistencia que você
aprendeu de outras pessoas físicas. Pois, se não fosse pela resistencia que você
assimilou ao longo dessa jornada física, o Bem-estar, que é natural a você, certamente o
Bem-estar que você merece fluiria naturalmente para você. Para todos vocês.

Sara pensou em todas aquelas maravilhosas conversas que havia tido com Salomão.
Que interações maravilhosas haviam sido! E Sara percebeu que em cada caso, em cada
conversa singular que eles tinham vivenciado juntos, Salomão havia estado ajudando
Sara a diminuir a resistencia.

Ela pensou nas técnicas, ou jogos, que Salomão tinha lhe passado dia após dia e, agora,
a partir de sua perspectiva mais clara, ela percebia que, durante todo o tempo, Salomão
havia ensinado a ela processos para diminuir a resistencia.

Pouco
a pouco Sara havia aprendido a deixar a resistencia para trás.

Você também é uma professora, Sara.

Os olhos de Sara se arregalaram e ela se sentiu quase sem ar quando seu professor
favorito de todos os tempos lhe disse que ela, como ele, era uma professora. Sara sentiu
aquele sentimento agradável de apreciação varrer-se por ela e ao redor dela.

93
E o que você ensina, Sara, é que tudo realmente está bem. Através da clareza de seu
exemplo muitos outros começarão a entender que realmente não há nada contra o qual
se empurrar. E isso, na verdade, o empurrar-se contra algo, é a razão para a não
permissão do Bem-estar.
Sara podia sentir uma intensidade especial nas palavras de Salomão. As palavras dele
emocionaram Sara. ela não sabia o que dizer.

Ela caminhou até a garagem de cascalhos e para a frente do jardim se sentindo tão
maravilhosa que tinha vontade de saltar no ar. Então, ela subiu a escada da frente e
entrou em casa.

“Olá, estou em casa!”, Sara gritou para qualquer um que pudesse estar dentro da casa.

CAPÍTULO 29
Sara foi cedo para a cama, ansiosa para voltar à sua conversa com Salomão. Ela fechou
seus olhos e respirou profundamente enquanto tentava encontrar aquele estado
maravilhoso onde ela e Salomão tinham parado. “Tudo realmente está bem”, Sara disse
alto, com uma voz clara, calma, de absoluta compreensão.

E então ela abriu seus olhos com surpresa.

Salomão, a quem Sara não


havia visto por semanas, estava agora pairando um pouco acima de sua cama. Mas suas
asas não estavam se movendo. Era como se ele estivesse suspenso no ar, sem esforço,
pendurado logo acima da cabeça de Sara. “Salomão!”, Sara gritou de alegria. “Estou
tãooooo feliz por ver você!”

Salomão sorriu e acenou.

“Salomão, você está tão bonito!”


As penas de Salomão agora estavam brancas como a neve e brilhavam como se cada
uma fosse um pequeno projetor. Ele parecia tão maior e tão mais brilhante, mas era o
Salomão de Sara. Ela podia dizer pelo profundo olhar nos olhos dele.

Venha voar comigo, Sara! Há tanta coisa que eu quero que você veja!

94
E mesmo antes de Sara poder concordar, ela sentiu aquela alegria incrível que havia
sentido antes quando tinha voado com Salomão, e eles voaram, mas dessa vez eles
estavam no alto, sobre a pequena cidade de Sara. na verdade, eles estavam tão alto sobre
a cidade que ela não reconhecia nada do que via.

Os sentidos de Sara estavam dramaticamente ampliados. Tudo que ela viu era
surpreendentemente bonito. As cores eram mais profundas e mais maravilhosas do que
ela tinha visto alguma vez. O cheiro no ar era inebriante, Sara nunca tinha sentido essas
fragrâncias maravilhosas. Sara podia ouvir lindos sons de pássaros cantando e água
fluindo e o vento assoviando. Os sons do vento e as vozes felizes das crianças
flutuavam ao redor dela. A sensação do ar em sua pele era suave, reconfortante e
estimulante. Tudo parecia, cheirava, soava e tinha a sensação de delícias.

“Salomão”, Sara disse, “isso é tudo tão lindo!”

Sara, quero que você conheça o máximo Bem-estar de seu planeta.

Sara não podia imaginar o que Salomão tinha reservado para ela, mas ela estava pronta
e disposta a ir a qualquer lugar que ele quisesse que ela fosse. ''Estou pronta!'', Sara
exclamou.

E num piscar de olhos, Sara e Salomão voaram para longe do plano Terreno, além,
além, além da lua, além dos planetas, e até além das estrelas. Num instante, eles tinham
viajado o que deveria ser anos-luz, para onde Sara podia ver seu lindo planeta girando e
brilhando distantemente, movendo-se num tipo de ritmo perfeito com a lua e os outros
planetas e as estrelas e o sol.

Quando Sara olhou para o planeta Terra, uma sensação de Bem-estar total preencheu
seu pequenino corpo. Ela olhava com um sentimento de orgulho pela Terra girar
constantemente e, certamente, em seu eixo, como se a Terra estivesse dançando com
outros parceiros, todos que sabiam exatamente suas partes na dança magnífica.

Sara engasgou com espanto.

Olhe para isso, Sara. E saiba que tudo está bem.

Sara sorriu e sentiu o vento quente da apreciação envolvê-la.

Para começar, a mesma Energia que criou seu planeta ainda flui para seu planeta para
sustentá-lo. Um fluxo interminável de pura Energia positiva está fluindo para todos
vocês em todos os momentos.

Sara olhou para seu planeta com total compreensão de que isso era verdade.

Vamos dar uma olhada mais próxima agora, Salomão disse.

Agora Sara não conseguia ver nenhum dos outros planetas, só o planeta Terra brilhando
radiantemente em seu campo de visão.

95
Ela podia ver claramente a definição dramática entre a terra e o mar. As linhas costeiras
pareciam como se tivessem sido enfatizadas com uma caneta marca-texto gigante, e a
água reluzia como se não houvessem milhões de luzes sob ela, iluminando o mar só
para que ela visse a partir de sua perspectiva celestial.

Você sabe, Sara, que a água que vem alimentando o seu planeta há milhões de anos é a
mesma água que alimenta o seu planeta hoje? Isso, Sara, é o Bem-estar de imensa
proporção.

Pense sobre isso, Sara. Nada novo está sendo transportado ou indo para seu planeta. Os
imensuráveis recursos que existem continuam a ser redescoberto por geração após
geração. O potencial para a gloriosa vida permanece constante. E os seres físicos
descobrem, em vários graus, essa perfeição.

Vamos dar uma olhada mais de perto.

Salomão e Sara desceram sobre o mar. Sara podia sentir o cheiro maravilhoso do ar
marítimo e ela sabia que tudo estava bem. Eles subiram mais rápido que o vento sobre o
grande Grand Canyon – uma grande abertura, muito irregular, na crosta da Terra.

“O que é isso?!”, Sara engasgou em espanto.

Isso é a evidencia da constante habilidade de sua Terra em manter seu equilíbrio. Sua
Terra está buscando equilíbrio continuamente. Isto é a prova disso.

Agora, voando na mesma distancia da Terra que os aviões voavam, Sara desfrutava da
incrível paisagem abaixo deles. Tanto verde, tanta beleza, tanto Bem-estar.

96
“O que é
aquilo?”, Sara questionou, apontando para um pequeno cone protuberante na superfície
da Terra que soprava grandes nuvens de fumaça cinza e preta.

Aquilo é um vulcão, Salomão respondeu. Vamos dar uma olhada mais de perto.

E antes que Sara pudesse dizer algo, lá foram eles, mergulhando mais próximos da
Terra, voando pela fumaça e poeira.

“Uau!”, Sara gritou. Ela estava admirada com a sensação de absoluto Bem-estar, muito
embora a fumaça fosse tão densa que ela não podia ver nada à sua frente. Eles voaram
por cima e para fora da fumaça, e Sara olhou para baixo para ver esse surpreendente
vulcão cuspindo e vomitando lavas.
Esta é mais uma evidencia de Bem-estar, Sara. este é outro sinal de que sua Terra está
conseguindo manter o perfeito equilíbrio.

E então, eles voaram, alto, alto, alto, novamente, e para outra visão surpreendente. Era
um incêndio. Um grande incêndio. Sara podia ver o que parecia quilômetros de chamas
vermelhas e amarelas, às vezes escondidas pelas nuvens de fumaça. O vento soprava
forte e a fumaça às vezes ficava clara, deixando uma visão bastante boa das chamas, e
depois tão densas que Sara não conseguia ver as chamas momentaneamente. Aqui e ali,
Sara tinha um vislumbre de um animal correndo muito rápido para longe do incêndio e
ela se sentia triste pelo fogo estar destruindo a linda floresta e as casas de tantos
animais.

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“Oh, Salomão isso é terrível”, Sara murmurou, respondendo às condições que estava
testemunhando.
Isso é apenas mais evidencia do Bem-estar, Sara. isto é mais evidencia de que sua Terra
está buscando o equilíbrio. Se pudéssemos ficar aqui por bastante tempo você veria
como o fogo irá acrescentar bastante nutrição necessária ao solo. Você veria novas
sementes germinando e prosperando e, com o tempo, você veria o valor precioso desse
fogo, que é parte do equilíbrio geral de seu planeta.

“Eu só fico triste pelos animais que estão perdendo suas casas, eu acho.”

Não fique triste por eles, Sara. eles estão

''Eu só estou triste para os animais que estão perdendo suas casas, eu acho. "

Não fique triste por eles, Sara. Eles são guiados até novas casas. Eles não sentem a falta.
Eles são extensões de pura Energia positiva.

''Mas, alguns deles vão morrer, Salomão'', Sara protestou.

Salomão apenas sorriu e, em seguida, Sara sorriu também.

É difícil superar essa "coisa da morte", não é? Tudo está muito bem aqui, Sara. Vamos
explorar um pouco mais.

Sara adorava a sensação de Bem-estar que a estava envolvendo. Ela sempre pensou no
mar como traiçoeiro, com tubarões e naufrágios. As reportagens da televisão que ela
tinha visto sobre vulcões vomitando fogo sempre a assustaram. As notícias eram sempre
cheias de incêndios florestais e desastres, e Sara percebia agora que ela havia estado se
empurrando contra todas elas.

Este novo ponto de vista parecia muito melhor. Estas coisas que Sara sempre assumiu
como terríveis, tragédias, agora assumiam um novo significado completamente
diferente quando ela via através do fresco olhar que Salomão lhe proporcionava.

Sara e Salomão voaram a noite toda, parando para observar o incrível Bem-estar do
planeta de Sara. Eles viram um bezerrinho bebê nascendo e os bebezinhos das galinhas
quicando de seus ovos. E eles viram milhares de pessoas dirigindo seus carros e apenas
algumas delas batendo umas nas outras. Eles viram milhares de aves se deslocando para
climas mais quentes e alguns animais de fazenda com seus pelos crescendo para o
inverno. Eles viram jardins sendo colhidos e outros sendo plantados. Eles viram novos
lagos e novos desertos se formando. Eles viram pessoas e animais nascendo, e eles
viram pessoas e animais morrendo – e em cada coisa de cada coisa de tudo isso, Sara
sabia que tudo estava realmente bem.

“Salomão, como explicarei isso para alguém? Como eles conseguirão entender tudo
isso?”

Sara, esse não é seu trabalho. É o bastante, querida, que você compreenda.

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Sara suspirou num grande sinal de alívio e, então, ela sentiu sua mãe balançando-a.
“Sara, levante-se! Temos muita coisa a fazer.”

Sara abriu seus olhos e viu sua mãe curvada sobre ela, e enquanto ela despertava para a
vigília, ela puxava as cobertas sobre sua própria cabeça, querendo se esconder desse dia.

Tudo realmente está bem, Sara. Sara ouvia as palavras de Salomão. Lembre-se de nossa
jornada.

Sara puxou as cobertas para baixo de sua cabeça e deu o sorriso mais bonito para sua
mãe.

''Obrigada, mamãe!'', Sara exclamou. “Serei tão rápida quanto o vento. Tudo estará bem.
Você vai ver. estarei pronta num piscar de olhos”.

Sua mãe ficou espantada enquanto observava Sara em sua cama se mover com destreza
e clareza e, mais obviamente, com alegria.

Sara abriu as cortinas, levantou a janela e estendeu os braços com um grande sorriso no
rosto. ''Que dia lindo!'', exclamou, com tal entusiasmo que sua mãe ficou perplexa
coçando a cabeça.

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''Sara, você está bem, querida? "

''Eu estou perfeito!'', Sara falou com clareza. ''Tudo está realmente bem!''

“Bem, se você diz que sim, querida...”, a mãe de Sara disse timidamente.

''E eu digo", disse Sara, correndo para o banheiro e sorrindo de orelha a orelha. ''Eu digo
que sim! "

FIM

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