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A Paridade de gênero e os Consensos de Quito e Brasília

José Eustáquio Diniz Alves1

O povo brasileiro deu um passo à frente na luta por uma maior igualdade de gênero ao eleger a
primeira mulher Presidenta do Brasil. Não deixa de ser surpreendente que, mesmo sendo um
país com tão poucas mulheres na política, o Brasil terá, a partir de 2011, uma mulher no cargo
máximo do Executivo, se adiantando em relação aos Estados Unidos (que fez sua
independência em 1776), à França (que fez uma revolução em 1789) e a outros países
democráticos e com melhores indicadores de gênero.

Contudo, este grande passo à frente tem que ser acompanhado de outros passos rumo à maior
equidade de gênero nas diversas instâncias da democracia. Uma medida imprescindível é a
adoção do princípio de paridade de gênero nos espaços de poder. Medidas concretas que
avancem neste sentido só dependem da presidenta e dos/as governadores/as eleitos/as.

Na Europa e no resto do mundo existe a campanha 50/50 (fifty/fifty) pela democracia. Já na


América Latina foi aprovado, em 2007, o chamado “Consenso de Quito” que foi um acordo
que o Brasil assinou na X Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do
Caribe, ocorrida no Equador. Nesta Conferência regional foi reforçada a idéia de que a
paridade de gênero é essencial para o desenvolvimento e a democracia:

“Reconociendo que la paridad es uno de los propulsores determinantes de la democracia, cuyo


fin es alcanzar la igualdad en el ejercicio del poder, en la toma de decisiones, en los
mecanismos de participación y representación social y política, y en las relaciones familiares
al interior de los diversos tipos de familias, las relaciones sociales, económicas, políticas y
culturales, y que constituye una meta para erradicar la exclusión estructural de las mujeres”
(CEPAL, 2007, pág. 3).

A partir deste reconhecimento, o Consenso de Quito recomendou aos países da região:

“Adoptar todas las medidas de acción positiva y todos los mecanismos necesarios, incluidas
las reformas legislativas necesarias y las asignaciones presupuestarias, para garantizar la
plena participación de las mujeres en cargos públicos y de representación política con el fin
de alcanzar la paridad en la institucionalidad estatal (poderes ejecutivo, legislativo, judicial y
regímenes especiales y autónomos) y en los ámbitos nacional y local, como objetivo de las
democracias latinoamericanas y caribeñas” (CEPAL, 2007, pág. 4).

Estas posições foram reafirmadas e ampliadas na XI Conferência Regional sobre a Mulher da


América Latina e do Caribe, realizada em Brasília, de 13 a 16 de julho de 2010. O chamado
Consenso de Brasília recomendou aos países da região:

1
Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Expressa seus pontos de vista em
caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br. Artigo publicado em 09/11/2010.
“Promover a criação de mecanismos e apoiar os que já existem para assegurar a participação
político-partidária das mulheres que, além da paridade nos registros das candidaturas,
assegurem a paridade nos resultados, garantam o acesso igualitário ao financiamento de
campanhas e à propaganda eleitoral, assim como sua inserção nos espaços de decisão nas
estruturas dos partidos políticos. Da mesma forma, criar mecanismos para sancionar o
descumprimento das leis neste sentido” (Cepal, 2010, p. 8)

Em seu discurso de vitória, na noite do dia 31 de outubro, Dilma Rousseff disse que vai
“honrar as mulheres brasileiras” e vai lutar pela “igualdade de oportundidades”. As palavras
da nova Presidenta do Brasil são uma esperança de que a equidade de gênero se torne uma
realidade no país. Porém, para que se passe da intenção à ação, Dilma Rousseff, o PT e os
demais particos da coligação “Para o Brasil seguir mudando”, precisam incentivar duas
medidas imediatas:

1) promover o estabelecimento de “gabinetes paritários” (metade homem e metade


mulher) nos espaços de poder, ao nível do ministério federal, das secretarias estaduais e
das empresas públicas;
2) garantir paridade de gênero na disputa aos cargos de vereadores nas eleições municipais
de 2012, quando o Brasil vai comemorar 80 anos do direito de voto feminino.

O Brasil já assinou os Consensos de Quito e Brasília. Falta colocá-los em prática. Aliás, é bom
lembrar o que já disse o grande revolucionário e idealista Charles Fourrier, há mais de 200
anos: "O grau de emancipação das mulheres em uma sociedade é o termômetro geral através
do qual se mede à emancipação geral".

Referências:
CEPAL, X Conferencia Regional sobre la Mujer de América Latina y el Caribe, Quito, 6-9
agosto de 2007
http://www.eclac.cl/mujer/noticias/noticias/3/27753/InformeFinalXConferencia.pdf
Consenso de Quito
http://www.eclac.cl/publicaciones/xml/9/29489/dsc1e.pdf
CEPAL, XI Conferencia Regional sobre la Mujer de América Latina y el Caribe, Brasilia del
13 al 16 de julio de 2010.
http://www.eclac.cl/mujer/conferencia/default.asp
Consenso de Brasilia
http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/publicacoes/consenso-de-brasilia/view
European Women’s Lobby 50/50 Campaign for Democracy
http://5050campaign.wordpress.com/

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