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2 BARBAGELATA, Héctor-Hugo, apud BARROS, Alice 4 BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e regulamentações
Monteiro de. Contratos e regulamentações especiais de trabalho: especiais de trabalho: peculiaridades, aspectos controvertidos e
peculiaridades, aspectos controvertidos e tendências. 3. ed. São tendências. 3. ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 98/99.
Paulo: LTr, 2008, p. 97.
3 Idem, p. 97/98.
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(com liberdade de prática, sem contrato formal apenas o futebol tem tratamento profissional
de trabalho, mas permitido o recebimento de e que o fato de a modalidade esportiva ser
incentivos materiais e patrocínio). individual ou coletiva não fazia diferença para
sua caracterização como profissional.
A partir daí temos a classificação do atleta
como profissional e não profissional ou amador. Atualmente o que se conclui da
Além disso, conforme o parágrafo 4º do artigo diferenciação entre esporte profissional ou
29 da lei 9.615/98, há o atleta não profissional não é que tal classificação é atinente ao atleta
em formação, que é o maior de 14 e menor e não à modalidade desportiva, razão pela
de 20 anos de idade, que pode receber auxílio qual toda modalidade poderá ser praticada
na forma profissional ou não, dependendo da
financeiro na forma de bolsa aprendizagem,
existência da relação de emprego. Justamente
estipulada em contrato formal, mas sem relação
por não haver um modelo único, chamado
de emprego.
pelo Professor Álvaro Melo Filho de “modelo
A Constituição da República Federativa legal estandardizado”7, é que nem sempre
haverá vínculo empregatício entre a entidade
do Brasil no artigo 217, III prevê a diferenciação
desportiva organizada na forma associativa
de tratamento para o desporto profissional
e um atleta a ela vinculado, mas não por um
e não profissional, bem como a autonomia
contrato especial de trabalho desportivo em
administrativa e a liberdade de associação
uma modalidade individual, por exemplo.
também ali previstas demonstram a
diferenciação na faculdade de adoção da forma Antes a diferenciação de esporte
jurídica de associação ou sociedade para as profissional e amador ocorria porque as
entidades desportivas, gerando assim direitos olimpíadas e jogos pan-americanos, por
diferenciados para cada uma delas. Disso emana exemplo, envolviam apenas esportes amadores,
o que Álvaro Melo Filho chama de Princípio da pelo caráter de competição e espirito
Diferenciação Desportiva.5 olímpico.8 Mas com o avanço da conceituação
de profissionalismo em relação ao atleta, a
Mas nem sempre foi assim. Antes do denominação esporte amador perdeu a razão
advento da Constituição de 1988 vigorava o de ser, classificando-se em profissional ou não,
Decreto Federal nº 80.228/77, cujo artigo 69 sendo este último autônomo, pois sem relação
dizia serem esportes profissionais não só o empregatícia.
futebol, mas também o tênis, motociclismo,
Na legislação brasileira o atleta
golfe e automobilismo, o que mostra o intuito profissional é regido pelas normas trabalhistas,
do legislador de sempre manter o tratamento mantendo vínculo trabalhista principal com
diferenciado entre profissionais e amadores. 6 a entidade de prática desportiva à qual é
7 Idem, ibidem.
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trabalhista. Assim, não há atleta profissional esportiva coletiva poderá ser profissional. Já o
autônomo para os efeitos da lei, uma vez que no atleta individual em regra será autônomo, salvo
artigo 28-A, parágrafos 1º e 2º está previsto que se a entidade de prática desportiva entender
o vínculo desportivo do atleta autônomo com que deve formalizar com ele um contrato
a entidade de prática desportiva está adstrito especial de trabalho desportivo.
a inscrição na competição, não implicando em
vínculo empregatício, o mesmo em relação Em síntese, atletas de futebol,
a delegações brasileiras em competições basquetebol, voleibol, por exemplo, que
internacionais. estão vinculados à entidades desportivas que
disputam competições profissionais devem ser
Ainda que o estádio esteja lotado vistos como profissionais e mantem vínculo
com público pagante de emprego com as
de ingresso, um
O esporte praticado respectivas entidades
campeonato de judô coletivamente exige uma empregadoras. Já
não é uma competição os atletas de tênis,
profissional e os atletas rotina de treinos similar ginástica, judô,
ali envolvidos também
não o são, a não ser
a subordinação jurídica exemplificativamente,
não são profissionais,
que tenham vínculo de exigida dos empregados, mas sim autônomos.
emprego reconhecido
com as respectivas principalmente porque é Naturalmente que
isso tem a sua razão de
entidades desportivas. avaliado o desempenho da ser. O esporte praticado
O que foi objeto equipe. coletivamente exige uma
de questionamento na rotina de treinos similar
Justiça do Trabalho eram a subordinação jurídica
atletas não profissionais pela definição da lei que exigida dos empregados, principalmente porque
vinham a Juízo pleitear o reconhecimento da é avaliado o desempenho da equipe. Todavia,
relação de emprego aduzindo o preenchimento devemos ressalvar que há esportes que podem
dos requisitos do artigo 3º da CLT. 12Porém, isso ser praticados individual ou coletivamente, e
ficou suplantado com a alteração introduzida neste segundo caso só não será considerado
pela lei 12.395/2011 quando caracterizou o profissional porque suas competições não tem
atleta autônomo. o objetivo de auferir renda. É o caso do remo,
por exemplo.
A classificação que impera na lei hoje é
de atleta profissional ou não profissional (que Entendida a classificação do atleta,
era chamado de amador) e este último será, temos que a Justiça do Trabalho será sempre
portanto, autônomo, salvo se for atleta em competente para dirimir as questões oriundas da
formação. E o atleta praticante de modalidade relação atleta profissional x entidade de prática
desportiva, pois esta será sua empregadora e
estar-se-á diante de uma relação de emprego.
12 Há várias sentenças de procedência reconhecendo relação de De outro lado, entendemos que apesar
emprego de atletas de basquetebol, futebol de salão (futsal); como da natureza civil, tendo a lei chamado o atleta
também há decisões de improcedência de judocas, nadadores e
outros. não profissional de autônomo, foi estabelecida
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uma relação de trabalho e, por isso, eventuais O artigo 35 da Lei nº 9.615/98 especifica
controvérsias surgidas entre entidade de prática as obrigações do atleta profissional.
desportiva e este atleta serão da competência
da Justiça do Trabalho, nos termos do artigo “Art. 35. São deveres do atleta profissional,
114 da Constituição da República, assim como em especial:
os questionamentos surgidos da relação atleta I - participar dos jogos, treinos, estágios
em formação e entidade desportiva formadora, e outras sessões preparatórias de
dada a natureza jurídica de contrato de competições com a aplicação e dedicação
aprendizagem. correspondentes às suas condições
ATLETA: DEVERES psicofísicas e técnicas;
14 Idem, p. 114.
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Por outro lado, a relação entre atleta e rendimento do grupo. É o caso, por exemplo,
clube não é exclusivamente bilateral, podendo das chamadas equipes fechadas nas quais a
repercutir nos demais atletas do elenco, já que ruptura do contrato de um integrante principal
não se trata de esporte individual, mas sim de pode levar os demais a optarem por romperem
desporto de rendimento de uma equipe ou seus contratos, ainda que por razões e formas
time. jurídicas diversas. 22
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