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© Copyright Maria Alice Ximenes Dirssio editorial: Kathia Castilho Revisdo de texte: Adriano Messias de Oliveira e Jorge Luis Antonio Capa: Carlos Eduardo Nascimento Foto da capa: Brana La Serra fotografuda por Maria Alice Ximenes Diagramapdo: Just Layout Conselbo pera a drea de Mode: Peo® Dit Ana Paula de Miranda; Prof Drt Cristiane ‘Mesquits; Prof Ms, Dorotéia Baduy Pires; Prof* Ms Maria Carolina Garcia; Prof Dit ‘Maria de Fatima Mattos, Prof Dit Mara Rébia Sant’ Anna; Prof Drt Rosane Preciosa; Proft Det Suzana Barreto Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) Ximenes, Maria Alice ‘Moa eaten reinveno do capo feminine do sEculo XIX / Mara Alice Xie, ‘Sto Paulo: Estado das Leas e Cores, 200, Bibliograla ISBN. 978-85-60166-23-7 1. Ante- Histri -Séulo 19.2, Moda -Histfria ‘Século 19.3. Malheres~ Europa -Histra - Séeulo 19, 4, Steulo 19.1. Titulo DD 305-4094 391.009034 ‘T9034 90QRI [Nenhuma parte dest publicesso deve ser reproduida, guardads em um sis- ‘tema no qual a informagto poss ser ecupernda, nem trnsmitda sob quai quer formas ou utlizando quaisquer meios sejam eles mecdnicos, elteoni- os, otocSplae, gravapio ou outros, sem a previa aurorizasto por cerita do editor, sob as penas dal 2009 ‘Todos os direitos da edigao reservados & EstagHo das Letras e Cores Editora Ltda. Calpada das Acécias, 73 Centro Comercial de Alphaville 6453-054 - Barueri - SP Telefax (41) 4191-8183 E-mail: vndas@estacaoletras.com.br ‘worwestacaoletess.com.be MARIA ALICE XIMENES MODAEARTE NA REINVENGAO DO CORPO FEMININO DO SECULO XIX tediga0 Gas Letra e © Cores 20 Este livro é o resultado de minha dissertago de mestrado con- cluida na Universidade Estadual de Campinas —Unicamp, sob orien- taso do Prof. Dr. Exnesto Giovanni Boccara. A escolha por estudar 0 corpo no século XIX ocorreu a par~ tir de uma visita feita ao Museé de la Mode et du Textile, em Paris, em margo de 2001, quando me deparei com vitrnas que exbiam stio- tes, andguas, corpetes ¢ espartilhos usados no decorrer da Hist6ria, especialmente no século XIX, além dos engenhosos vestidos corzes~ pondentes, A indagaco que me surgiu foi: quem mais influenciou a construgio da estética da forma do corpo vestido? Esta foi a per- gunta que fiz.a mim mesma e, a partir desse momento, percebi que ali estava meu objeto de estudo, que se cristalizara por meio de uma inquietacdo e dava inicio 4 minha pesquisa. ‘A rigor, 0 nascimento da moda se dé apenas no Renasci- mento, com 0 advento dos burgos emergindo financeiramente, Neste ‘momento, os burgueses passam a copiar as roupas da nobreza, dando inicio ao fendmeno ciclico que Pierre Bourdieu caracteriza como a pretensio e distingao: “ p a dialética da pretensio e da distingio, principio da transformagio permanente dos gostos. Nesse jogo de recusas recusando outras recusas, de superagdes superando outras superagées Constitui-se, assim, a caracteristica que mais adequadamente representa a moda: a efemeridade. Estes fenémenos acabam por impor ciclos de mudangas cada vez mais curtos, e é justamente no JOURDIEU, Pierre. A Distingta. Orta wi jpounpi se, Cia sce do julgamento Sao Paulo: Edusp; Port Alege: século XIX que explode a disseminagio e popularizagio da moda. Este periodo marca também 2 revolugio tecnolégica trazida pela Revolugio Industrial, implementando as maquinas téxteis e © ver- dadeiro furor da maquina de costura, que permitiam agora a confec- do de roupas, dando inicio ao processo da industralizagao da mods, ‘Além disso, surge 0 espago publico dos grandes magasins que, eram 0 paraiso de variedade ¢ consumo, contrapondo-se maison, espaco restrito as classes superiores. “Trata-se ainda do século da alta costura e da criagio dos novos espagos de sociabilidade burguesa como, a 6pera, 0 teatro, os baile dentre outros. Tudo isto eumentou vertiginosamente 0 acesso & moda As possbilidades de aparigdes pablicas (principalmente da mulher burguesa). Outra especificidade que este periodo traz € 0 uso da foto~ agafia e das pranchas de moda para ilustrar as tendéncias da époce, as quais eram demonstragées fiéis do que ocorria (pois, até entio 0 “énico sinalizador eram as obras de arte, como as telas dos pintores) Podia-se, entdo, valer desses artificios visuais verossimeis ¢ também de crdnicas de jornal, estudos de moda, romances ¢ relatos como os de Balzac, Proust, Baudelaire e outros literatos da época. Isto nos revela o porque da especificidade deste século. Em meio a este cenatio de fil disseminagio da moda, 0 vestui- rio se revelava, portanto, um incrivel sinalizador de posigao sociale dife- renciago de sexo, mostrando que a moda opera sobre um tripe de face- tas: social, psicolégica e estética. Todas estas diferencas posicionavam as tarefus de cada um dos sexos na sociedade. “A mulher era sempre dona de um traje sebuscado ¢ sem mobi- lidade, que acentuava sua fragilidade e vida ociosa, enquanto a s6bria ¢ simplificada vestimenta masculina permitia que ele circulasse livremente pela vida urbana sem restriges. Vale ainda acrescen- a 2 tar que o casamento era a carreira ideal feminina, e, para tanto, a mulher se utilizava da vestimenta como forma de “marketing pes soal”, pois sua imagem era um dos poucos artificios de que ela se valia para a conquista, visto que suas aparig6es piblicas eram ainda restritas (no caso da mulher burguesa). Outro fator interes- sante a se mostrar neste contexto € 0 jogo de “dar-se negando”, que Gilda de MELO E SOUZA® cita, pois, apesar da dréstica moral vigente repressora, que colocava as mulheres enclausuradas na missio de administradoras do lar e mies, elas apareciam simul- taneamente com uma forma erotizada em determinadas roupas. Utilizando artificios como o decote, o xale, a sombrinha, o leque, a mulher estabelecia o jogo de insinuar e recuar. A forma do corpo feminino, no decosrer da Histéria, pas- sou por diversas mudangas, que proporcionaram redesenhos que reformularam sua verdadeira anatomia. Suas reais proporgdes foram substitufdas por uma construgio vestimentaria bizarra, de cunho ficcional: vestidos arquiteténicos que ocultaram a mulher. O século XIX ¢ um paleo de oscilagées em varios setores, desde regimes politicos aos comportamentos da cultura e da sociedade, que mesclaram formas de pensar paradoxais. A silhueta do corpo femi- nino vestido trouxe, nesse periodo, formas varidveis nas quais sua estrutura, desde aquelas que lembram a Antiguidade Clissica até o desenho de uma ampulheta, me instigaram a desenvolver um estudo sobre a elaboragio das mesmas. A forma do corpo vestido, como objeto no espago € em movimento, é obtida por meio de sua estética tridimensional: relevos, depressdes, concavidades e convexidades que, entre curvas virtuais, se movimentaram em vérias partes do corpo da TMBLOE SOUZA, Gite. O wpe drone mde ae eee So Pe: Ca das ia 1987 be elaptemtedioniedeseriopheeretiatrcoieiemnereen — mulher, produzindo ora quadris imensos, ora traseiros protuberantes, contornos sinuosos e cinturas estranguladas. século XIX foi particularmente escolhido nao apenas para descrever sua indumentéria dominante - pois outros perfodos foram até mais extravagantes em termos de ostentacio no vestir -, mas para entender as oscilagdes dos volumes das formas das roupas fantastica- mente erdticas criadas para criaturas tao frageis. Com o advento da Revolugio Francesa, 0 universo participa- tivo feminino foi de extrema coesdo com os interesses do sentimento que ganhava as ruas. A mulher se fez presente em manifestagdes publicas ¢, junto aos sans-culottes, reivindicou mudangas, quando a mistura de sexos, idades e roupas foi percebida nas multiddes. Porém, as mudangas nas vestes possuiam apenas um significado politico, ¢ © corpo da mulher logo vestiu a forma neoclassica da Nova Repti- blica francesa, Apesar de desprovidas de qualquer diteito politico, as mulheres foram convertidas em emblemas. A conduta ¢ comportamento feminino exibiram as virtudes da obediéncia ¢ submissio. O século da devassidao elitizada ficou para tris, muito embora o século XIX tenha sido conhecido como o século das infidelidades. As figuras e 03 papéis, tendo como pano de fundo uma sociedade extremamente patriarcal, passaram a denotar novos desenhos para o corpo femninino vestido. Na vivéncia do cotidiano e de sua pequena atividade social, ou como consequéncia de sua ociosidade, havia muito tempo livre para a mulher idealizar o decoro. Seus dotes fisicos deveriam ser eviden- ciados, pois as roupas constitufam o elemento que platonicamente a 3 Sansculotes foi 0 nome dado 1oerevolcioniios que revindicavam ab mudangas governames insu sentiment gunhava srs Els fram ain chamnados porque nfo waves os legs “alge (ets) que os aristocntas usavam, apertados até os joelho. Em ses hig portavarn wna casa de algodso grote (0 panto),

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