Вы находитесь на странице: 1из 104

1

2
Ao meu Senhor Jesus Cristo,
por registrar o seu amor
no coração dos homens
que lhe obedecem.

3
Agradecemos aos representantes João Batista Vianna (OMB), Victor Neto (SindMusi), João
Guilherme Ripper (UFRJ), Jaury N. de Oliveira (EDA), Glauceni (AMAR), Márcio de Oliveira Fernandes
(ECAD), Jacqueline Rosa Reis (ABRAC), Maria Isabel Ceperuelo e Conceição(UBC) Carlos José e
Joaquim Antônio Candeias Jr. (SOCINPRO), Dr. Ivo (SBACEM), Sodré (SICAM), Luiz Anchieta (ANACIM),
Haroldo Bastos (SADEMBRA) Francisco Ribeiro (ABRAMUS) e funcionários de outros órgãos por nos
terem fornecido material para que a pesquisa fosse realizada, como boletins, jornais, folhetos, revistas e
quaisquer outros informes que colhemos nas instituições.
Um agradecimento especial à Orientadora do nosso trabalho, Professora Maria Teresa Mattos de
Moraes, que, mesmo sendo especialista na área do Cinema, soube conciliar a orientação com o
aprendizado, pois a música e as artes audiovisuais são praticamente "parentes", e andam bem juntas!
Lembramo-nos com gratidão da banca examinadora, formada pela Orientadora e pelos
professores Alfredo Dolcino Motta e Francisco Frias, por terem tido a paciência de ler todas as páginas do
guia e avaliar da melhor maneira, já que são profundos conhecedores do meio, visto que o primeiro é
professor de Seminários Experimentais em Produção Cultural, lecionando o Direito Autoral na área
musical, e o outro, músico.
Não podemos deixar de citar os familiares, que patrocinaram a realização desse guia: Drª Angela
Dornelles, mãe do aluno Marcos Alexandre, e o "paitrocinador" Roberto Luiz Rego da Silva. Curiosamente,
a primeira é advogada e o outro, músico percussionista do grupo de samba Sanhaço, ramos semelhantes
às especialidades dos dois professores que fizeram parte da banca examinadora.
Não entendemos como coincidência ou obra do acaso, mas atribuímos o sucesso desse trabalho
à mão de Deus, que na verdade é o dono dele e nos usou como instrumento para que colaborássemos
com sua grandiosa obra. Ele, o autor de toda a criação.

4
INTRODUÇÃO/9
ABORDAGEM HISTÓRICA/11
Capítulo I
PROFISSIONALIZAÇÃO DO MÚSICO
I. 1 – Ordem dos Músicos do Brasil (OMB)
I. 2 – Sindicato dos Músicos Profissionais do Rio de Janeiro (SindMusi)
Capítulo II
REGISTRO DE OBRAS/33
II. 1 – Escritório de Direitos Autorais (EDA)
II. 2 – Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
II. 3 – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI)
Capítulo III
SISTEMA DE ARRECADAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
III. 1 – Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD)
III. 2 – Sociedades de Gestão ou de Administração Coletiva de Direitos do Autor
III. 2. 1 –Associação Brasileira de Autores, Compositores, Intérpretes e Músicos (ABRAC)
III. 2. 2 – Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR)
III. 2. 3 – Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (SOCINPRO)
III. 2. 4 – União Brasileira de Compositores (UBC)
III. 2. 5 – Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (SICAM)
III. 2. 6 – Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música (SBACEM)
III. 2. 7 – Associação Nacional de Autores, Compositores e Intérpretes (ANACIM)
III. 2. 8 – Associação Brasileira de Regentes, Arranjadores e Músicos (ABRAMUS)
CONCLUSÃO
APÊNDICE
Glossário

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

5
É impossível o registro de idéias. Entretanto, quando uma pessoa consegue representá-las num
suporte material, tal feito se torna a comprovação de que ela foi capaz de externar algo que proveio do
intelecto. Logo, poderá registrar a representação da idéia como sua e angariar, com isso, o
reconhecimento da anterioridade do registro. Mas será que a sociedade costuma reconhecer a autoria dos
criadores? Será que a sociedade tem, de fato, interesse em remunerar como devia a criação alheia?
Vejamos os seguintes exemplos. Millet e Strauss. Após a morte do primeiro, viu-se que suas obras foram
vendidas por cifras astronômicas, engordando os bolsos dos leiloeiros e enchendo de prestígio os
colecionadores, enquanto seus filhos assistiam ao mesmo leilão bem maltrapilhos, tamanha era a pobreza
em que se encontravam. E a filha de Strauss, que morria de fome enquanto uma opereta de autoria dele
rendia milhões aos empresários. Há vários exemplos bem perto de nós, como o de um famoso
personagem do cenário da música que, se aproveitando da ingenuidade de um compositor, comprou a
música "A Praça", dando a ela uns retoques e a registrou como sua, tentando praticar o impossível – a
transferência dos direitos morais. Portanto, percebemos que já há uma dificuldade por parte da sociedade
de reconhecer a obra. Sendo assim, mecanismos institucionais de defesa devem ser utilizados, não só os
concernentes à questão autoral, mas a profissionalização e sindicalização.
O desconhecimento musical vai além da simples ignorância em relação à leitura de uma partitura
musical. Especificamente no caso de alguns compositores brasileiros, é notória a falta de conhecimento
dos direitos que possuem. É preciso que o profissional da música esteja informado sobre os trâmites
legais que regularizam sua situação perante a lei, mesmo que não se interesse pelo saber jurídico. Por
isso que o guia traz, numa linguagem acessível, esse conhecimento, ensinando os primeiros passos do
Direito Autoral, especificando à parte musical.
Não se trata de um sistemático método hermenêutico quanto à lei 9.610/98, que é a lei do Direito
Autoral. Decerto que esta será constantemente abordada, mas não enfatizada como um fator precípuo de
orientação ao músico que estudar este guia. Há um compromisso de nossa parte em informar sobre as
seguintes fases: profissionalização (Ordem dos Músicos do Brasil), sindicalização (Sindicato dos Músicos
do Brasil), registro de obras e nome de banda (Escritório dos Direitos Autorais, Escola de Música da

6
Universidade do Federal do Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) e filiação ao
sistema de arrecadação e distribuição (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição e Sociedades de
Gestão ou de Administração Coletiva de Direito do Autor). Com exceção da Sadembra (Sociedade
Administradora de Direitos de Execução Musical no Brasil), que estava envolvida em problemas com o
ECAD na ocasião em que foi feito esse guia, todas as sociedades que atuam no Rio de Janeiro foram
citadas.
Encetando o guia, optamos por fazer uma breve abordagem histórica sobre o direito autoral, e,
como encerramento do trabalho, o leitor encontrará um glossário contendo expressões técnicas. Elas
estarão grifadas, no decorrer do texto, em negrito.
Quem estiver lendo-o deve tomar ciência de que ele foi feito respeitando a ordem cronológica do
caminho da regularização do músico em relação aos meandros burocráticos.
A maioria dos capítulos contém entrevistas de diretores, presidentes, supervisores, ou qualquer
outro representante de cargos de importância nos órgãos. Alguns capítulos trazem, ao término, formulários
de registro, tabelas e modelos de documento de filiação. Os formulários poderão servir de modelo para
que enviem os dados para os respectivos escritórios e registrem suas obras. O guia tem a utilidade única
da consulta, mas serve também como ferramenta de trabalho.
A exemplo do governo Lula, que escolheu um compositor, músico e intérprete para ser o Ministro da
Cultura, todas as áreas que burocratizam a arte e a cultura também procuram artistas, para que estes
estejam envolvidos na chefia de departamentos similares. E só ocuparão essas funções os conhecedores
do ramo musical capacitados. Nestes conhecimentos gerais, estão englobados o direito autoral, a
categoria profissional e a união da classe para pleitear por seus direitos. O próprio ministro Gilberto Gil já
foi vice-presidente da SICAM (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais). Esse guia é
um bom começo para se conhecer esse universo.

7
No Brasil, a primeira agremiação responsável pela arrecadação de direitos autorais, criada em
1917, era responsável pelo direito autoral da área teatral e seus congêneres. Chamava-se Sociedade
Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Em torno dela, muitos músicos também pleiteavam um cuidado
melhor pelo pequeno direito (ou direito não dramático, no qual estava incluído o da área musical que não
estivesse atrelada a uma peça teatral). Até que resolveram fundar outra Sociedade, a Associação
Brasileira de Compositores e Autores (ABCA), para que olhassem para a música como um todo, e não
apenas como parte complementar de uma obra teatral.
Entretanto, no livro Aquarela do Direito Autoral, de Oswaldo Santiago (um dos fundadores da
ABCA), no capitulo que versa sobre as sociedades de Autores, vemos que existiram os “Calabares”, isto é,
traidores da nova concepção autoral da área musical, e retornaram à SBAT. Contudo, na própria SBAT
houve a consciência por parte dos que ficaram que era necessária a criação de um Departamento de
Compositores que, a exemplo da ABCA, acabou se emancipando da SBAT e se transformando em UBC
(União Brasileira de Compositores), que acabou se entendendo com a ABCA e formando, assim, a
primeira Sociedade de Autores do Brasil. Oswaldo Santiago nos ensina em seu livro que autor teatral e
compositor, apesar de parentes, “são de famílias distintas”.
Seria justo perguntar qual o direito mais importante? O menor ou o maior? Não. Mas o direito
considerado menor é o atribuído à área musical. Todavia, é o que arrecada mais! Observe os saltos das
cifras arrecadas por esse direito considerado “menor”, pautando-nos na “Societé des Auteurs,
Compositeurs et Editeurs de Musique”, na França, um dos berços do Direito Autoral, ao obter rendimentos
maiores que os teatrólogos. Em 1851, foi de 14.403,40 francos, dando um salto para 3.500.000,00 de
francos em 1907.
A história de arrecadação de Direitos Autorais nos remete, de fato, à Europa e, para ser mais
exato, à Revolução Francesa. Mas foi a rainha Ana da Inglaterra que baixou a primeira lei do direito do
autor, entrando em vigor em 1710. Entretanto, foi a França que proclamou de fato o direito do autor,
reconhecendo-o como forma de propriedade. Em 1791 foi fundado o primeiro escritório de arrecadação

8
dos Direitos Autorais, sob o nome de “Bureau Dramatique”. Ele não restringia os autores de cobrar seus
direitos individualmente. Todavia, sugeriu a idéia de fazer a cobrança coletivamente, criando também
tabelas para a padronização de preços, com o cuidado de não estarem agindo como um trust ou
monopólio. Ele estava sendo acusado pelos diretores e donos de teatro insatisfeitos com a cobrança
justamente de monopolizador. Por isso, deixou bem claro que não existia nenhuma corporação, e que os
autores estavam livres para agir como quisessem. Com o passar do tempo, os autores começaram a
ocupar o Bureau Dramatique, pois ele era conduzido por um agente de nome Framery, que os orientava a
partir da lei de 19 de julho de 1793. Quando se tornaram experts no assunto, assumiram a gerência do
Bureau. Com a legitimização do referido órgão, surgiria uma contenda que iria se repetir em vários países.
Junto com criação dos escritórios de arrecadação, eram formadas as sociedades de autores. No início, as
sociedades cuidavam das obras em geral, mas priorizando o teatro. A divergência entre o grande direito
(isto é, nas peças de teatro, ballet, coreografias, óperas e operetas, etc.) e o pequeno direito ocorria
porque os autores teatrais tratavam a música como apenas uma parte do direito da área teatral, enquanto
os músicos, editores e compositores reivindicavam mais desvelo para com suas obras musicais.
Em princípio, a arrecadação se dava sem problemas, mas depois, os autores teatrais se achavam
donos da Sociedade, e os músicos acabavam querendo se emancipar da sociedade original, como
ocorreu no Brasil. No caso da França, só uma sociedade, a “Société dês Auteurs et Compositeurs
Dramatiques”, que amparava e disciplinava os interesses dos dramaturgos e musicistas que compunham
para o teatro. Os músicos compositores de cançonetas, fantasias, ouvertures e músicas de danças,
sentindo necessidade de mais atenção para o direito autoral da área musical, criaram a SACEM (“Société
dês Auteurs, Compositeurs et Editeurs de Musique”). Havia dois motivos motivadores de problemas na
arrecadação: a clientela antiga (donos de teatro) já habituados a pagar à primeira, não concordaram com a
“mudança de hábito; e os novos clientes (donos de cabarés, cafés cantantes, hotéis e estabelecimentos
musicais), não acostumados a pagar ninguém, não concordaram com o “hábito”. O problema se amenizou
quando cada uma sociedade traçou as fronteiras nas zonas de influência, ou seja, a primeira ficava
responsável só pelo pequeno direito, enquanto a segunda, pelo grande direito.
No Brasil não foi diferente. Em 1945, UBC com a SBAT, trabalharam juntas, deixando contendas
de lado, arrecadando para o “pequeno direito” 66,6% e, para o “grande direito, 33,3% de tudo o que foi

9
arrecadado. Percebemos que, atualmente, não deveria se referir ao direito da área musical de "pequeno",
já que atualmente ele representa uma arrecadação de considerável monta pecuniária.
A história da criação das primeiras sociedades foi semelhante à da França. Mas a eficácia,
infelizmente, não foi copiada. Talvez pelo excesso de dissidências que o nosso direito autoral da área
musical tenha enfrentado. Não só a França, mas Alemanha, Argentina, Áustria, Romênia e Chile também
tiveram problemas em termos de unidade em relação a agremiações autorais. Todavia, cada país tem
duas ou três sociedades, no máximo. No Brasil, só na área musical, temos dez, fora algumas menores que
não têm mais vínculo com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição que passa às sociedades o
dinheiro arrecadado na cobrança dos direitos autorais, e estas repassam aos autores.
Os EUA, como não podia deixar de ser, se destacam em termos de arrecadação do Direito
Autoral, porque, além de terem sistemas superavançados em termo de tecnologia para o registro de
Direito Autoral, como é o caso do Copyright, contam com sua peculiar intervenção cultural, através dos
cinemas, comerciais de TV que sempre são veiculados atrelados à música norte-americana. Entretanto,
não deixou de ter os seus populares problemas com o direito autoral, mas, não fugindo à regra, acaba por
prejudicar mais os países subdesenvolvidos do que a si próprio. Para exemplificar, podemos citar a
ASCAP (American Society of Composers), sociedade fundada em 1914 por Victor Herbert e a APRS
(American Performing Right Society), dirigida pelo Sr. Ralph Peer. A primeira possuía, em 1950, uma
arrecadação de 12 milhões de dólares anuais, enquanto que a segunda visa justamente essa fatura, que
se entende na seguinte explicação: as emissoras filiadas à Broadcasting Music Corparation, para fugirem
do pagamento à ASCAP, dão o dinheiro à Mr. Peer, que contrata editores, funda sociedades-fantoches em
países, dando um “jeitinho americano” para que se ache brechas no arrecadação do direito autoral em
nível mundial. Há indícios que existem sociedades brasileiras segundo o modelo inventado por Sr. Ralph
Peer. Mas é melhor não nos aprofundarmos nesse assunto. Cremos que a continuidade dessa história,
ainda que tenha havido muita polêmica, é o que os autores, intérpretes e músicos executantes realizem,
e já realizam, ações que visem a resguardar seus direitos, e elas estão descritas nesse guia que nada
mais é que um manual de ação.

10
11
O QUE É?
Ordem é um órgão de caráter autárquico, destinado à seleção, à defesa, à disciplina e à
fiscalização de uma categoria profissional em toda a República, dividido em secções com sede na capital
de cada Estado, e onde eles, respectivamente, são obrigados a inscrever-se, para que possam exercer a
profissão. Os diversos ramos artísticos, ao se tornarem o meio de sobrevivência de um artista, tendem a
assumir caráter profissional. Sendo assim, é inevitável a formação de Sindicatos, Ordens e Associações.
Tratando-se de músicos, é necessário saber, dentre outras coisas, quais aqueles a serem classificados
como tal, já que os músicos só poderão exercer a profissão depois de regularmente registrados no órgão
competente do Ministério da Educação e Cultura e no Conselho Regional dos Músicos sob cuja jurisdição
estiver compreendido o local de sua atividade. As garantias que os músicos têm quando se tornam
profissionais ao pagarem a anuidade do Sindicato, após terem feito carteira da OMB, e os campos de
atuação da profissão estão respaldados pela lei n° 3.857 de 22 de dezembro de 1960 que cria a Ordem
dos Músicos do Brasil (OMB) e dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão do músico e dá
outras providências.
Segundo a lei, músico profissional (leia-se "indivíduo com livre exercício da profissão de músico")
são: os diplomados pela Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, ou por estabelecimentos
equiparados ou reconhecidos; os diplomados pelo Conservatório Nacional de Canto Orfeônico; os
diplomados por conservatórios, escolas ou institutos estrangeiros de ensino superior de música,
legalmente reconhecidos (desde que tenham revalidados os seus diplomas no país na forma da lei); os
professores catedráticos e os maestros de renome internacional que dirijam ou tenham dirigido orquestras
ou coros oficiais; os alunos dos dois últimos anos dos cursos de composição, regência ou de qualquer
instrumento da Escola Nacional de Música ou estabelecimentos equiparados ou reconhecidos; os músicos
de qualquer gênero ou especialidade que estejam em atividade profissional devidamente comprovada, na
data da publicação da presente lei; e os músicos que foram aprovados em exame prestado perante banca
examinadora, constituída de três especialistas, no mínimo, indicados pela OMB e pelos sindicatos de
músicos do local e nomeados pela autoridade competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social.

12
O mercado de trabalho é um dos mais exigentes. Entrar nele é sempre um desafio. Para melhor
esclarecer o que consiste a carreira do músico, entendemos que a pessoa com aptidões para a criação,
composição, interpretação e execução de melodias pode se tornar um profissional. O músico popular pode
atuar como instrumentista, arranjador, em atividades diversas. Ele deve estar capacitado a avaliar tanto os
aspectos práticos quanto teóricos da atividade musical. O músico erudito atua nas áreas de composição,
regência e instrumento. Poderá compor e interpretar música com variadas funções, dirigir ou executar
música coral e/ou orquestral; estudar música em seu aspecto teórico e histórico, assim como sua
aplicação aos meios tecnológicos de comunicação. O músico com formação popular pode trabalhar em
rádio, televisão, cinema, shows e espetáculos e agências de publicidade. A área de jingles para
publicidade e trilhas sonoras para o cinema é a que mais cresceu nos últimos anos. O músico erudito atua
na regência de orquestras e/ou coros; na composição instrumental ou vocal, camerística e orquestral; na
elaboração de trilhas sonoras. Também pode lecionar em escolas de música ou instituição de ensino
superior. Um campo em expansão é a pesquisa da linguagem musical por meio de computadores. O
salário inicial, segundo a OMB, está em torno de R$750.
Em virtude dessa classificação tão vasta e abrangente é que se tornou imprescindível criação da
OMB.
Os Conselhos da OMB são de caráter Regional e Federal. O Federal administra os demais
conselhos, e possui várias atribuições, como, por exemplo, promover quaisquer diligências ou verificações,
relativas ao funcionamento dos Conselhos Regionais dos Músicos, nos Estados ou Territórios e Distrito
Federal e adotar, quando necessárias, providências convenientes a bem da sua eficiência e regularidade,
inclusive a designação da diretoria provisória; propor ao Governo Federal a emenda ou alteração do
regulamento desta lei; expedir as instruções necessárias do bom funcionamento dos Conselhos Regionais;
fixar a anuidade a vigorar em cada Conselho Regional, por proposta deste; aprovar o orçamento; etc..
Vamos nos ater especificamente aos Conselhos Regionais.
Observe as atribuições de um Conselho Regional :
 deliberar sobre a inscrição e cancelamento no quadro do Conselho, cabendo recurso, no
prazo de 30 (trinta dias), contados, da ciência, para o Conselho Federal;
 manter um registro dos músicos, legalmente habilitados, com exercício na respectiva região;

13
 fiscalizar o exercício da profissão de músicos;
 conhecer, apreciar e decidir sobre os assuntos atinentes à ética profissional, impondo as
penalidades que couberem;
 elaborar a proposta do seu regimento interno submetendo-a à aprovação do Conselho
Federal;
 aprovar o orçamento anual;
 expedir carteira profissional;
 velar pela conservação da honra e da independência do Conselho e pelo livre exercício legal
dos direitos dos músicos;
 publicar os relatórios anuais de seus trabalhos e as relações dos profissionais registrados;
 exercer os atos de jurisdição que por lei lhes sejam cometidos; e
 admitir a colaboração dos sindicatos e associações profissionais, nas matérias previstas nas
letras anteriores.
O patrimônio dos Conselhos Regionais será constituído de: taxa de inscrição; 2/3 (dois terços) da
taxa de expedição de carteiras; 2/3 (dois terços) das anuidades pagas pelos músicos inscritos no
Conselho Regional; 2/3 (dois terços) das multas aplicadas; doações e legados; subvenções oficiais, bens e
valores adquiridos.

COMO SE TORNAR UM MEMBRO


Quando o músico está a fim de tornar-se um profissional dentro dos termos da lei, prepara-se para
uma prova, que consiste na execução de um instrumento musical perante uma banca examinadora. Além
disso, o candidato deve estar munido dos seguintes documentos:
 certidão de nascimento ou casamento;
 cadastro de Pessoa Física (CPF);
 carteira de identidade;
 certificado de reservista;
 título de eleitor; e
 duas fotos 3x4 e comprovante de residência.

14
A carteira da OMB valerá como documento de identidade e terá fé pública. Se o músico exerce
temporariamente a sua profissão em outro Estado deve apresentar a carteira profissional para ser visada
pelo Presidente do Conselho Regional desta jurisdição. Mas se o músico inscrito no Conselho Regional de
um Estado passar a exercer por mais de 90 (noventa) dias atividades em outro Estado, deverá requerer
inscrição no Conselho Regional da jurisdição deste. Todo aquele que, mediante anúncios, cartazes,
placas, cartões comerciais ou quaisquer outros meios de propaganda se propuser ao exercício da
profissão de músico, em qualquer de seus gêneros e especialidades, fica sujeito, segundo a lei n° 3.857de
1960, às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão, se não estiver devidamente registrado. A
taxa de exame custa R$10,00, e, após o exame, uma anuidade de R$201,00.
COMENTÁRIO ADICIONAL
Se parece caro a atitude de se tornar um profissional, se você é um músico que está querendo
uma carreira sem a preocupação de ter que enfrentar a fiscalização dos funcionários da OMB que estão
espalhados pelo país, todos esses procedimentos e custas podem sair barato. Os funcionários da OMB de
outros Estados já apreenderam carteira dos músicos que não mantiveram a mensalidade em dia. A OMB
pode multar os músicos que não estão regularizados, estejam eles fazendo shows ou dando aula.
É preciso esclarecer que a OMB não foi criada com o sentido estrito de fiscalizar a ação dos
músicos de maneira rígida. Ela serve para coibir a desvalorização do músico nacional em relação aos
músicos estrangeiros. Consultando a Coletânea de Legislação da Comunicação Social de Marcos Alberto
Sant'Anna Bitelli, observamos a lei n° 3.857 de 1960, no art. 52:
"Os músicos devidamente registrados no país só trabalharão nas orquestras
estrangeiras, em caráter provisório e em caso de força maior ou de enfermidade
comprovada de qualquer dos componentes das mesmas, não podendo o substituto
em nenhuma hipótese, perceber proventos inferiores ao do substituído". 1
Encontramos, também, na mesma lei toda a gama de prerrogativas que asseguram ao músico o
direito à previdência e pensões, sendo o músico de vínculo empregatício ou não, além das indenizações
que o contratante está sujeito a dar decorrentes das leis de proteção ao trabalho, das taxas de seguro

1
BITELLI, Marcos Alberto Sant'anna. Coletânea de legislação Cultural/Constituição Federal. São Paulo, Ed. Revista dos
Tribunais, 2002.p. 220

15
sobre acidentes do trabalho, das contribuições da previdência social e de outras estabelecidas por lei.
Ainda descreve o depósito bancário no Banco do Brasil quando houver envio de importância pecuniária "à
ordem da autoridade competente do Ministério do Trabalho e Previdência Social, da importância igual a
uma semana dos ordenados de todos os profissionais contratados" para que consolide a aquisição do
espetáculo de um músico dentro dos termos da lei.
Os músicos devem ficar atentos às notas contratuais, que são formulários que todos os grupos
musicais precisam preencher, pois para se apresentarem publicamente, devem informar o nome dos
integrantes e o número de inscrição na Ordem. Os fiscais só autorizam o espetáculo se os músicos
estiverem em dia com as anuidades. Caso contrário, o show não pode acontecer e, se ocorrer, a casa
promotora do evento é multada. A nota contratual é obtida na OMB, custando R$2,50, num jogo de cinco
vias. A nota é coletiva.

ENTREVISTA COM PRESIDENTE DA OMB


JOÃO BATISTA VIANNA

O que é a OMB?
É Ordem dos Músicos, que foi criada pela lei 3.857 com a finalidade disciplinar de regulamentar e
fiscalizar. É o órgão fiscalizador da profissão. É formado por um Conselho Federal em Brasília e os
Conselhos nos Estados. É ao conselho estadual que o músico paga anuidade. Para entrar para a OMB, o
músico tem que fazer um teste a nível profissional prático ou fazer o exame completo. Este é feito com
uma prova por escrito sobre teoria, solfejo, tonalidade, acorde, enfim, tudo que se precisa saber para que
o músico tenha carteira profissional. Antes, existia a carteira temporária, criada em Brasília. Eu batalhei
para que o músico tivesse a carteira definitiva para o músico, com a mesma validade. O músico vem à
Ordem, faz um teste com seu próprio instrumento musical. Se for trombonista, tocará seu trombone. Terá
que tocar três músicas. Se tocar a primeira muito bem, a banca o dispensa de executar as outras duas.
Eu, a professora de música Aracy e a cantora Célia que compomos a banca examinadora.
E no caso de instrumentos maiores, como o de instrumentos de percussão?

16
Nós temos instrumentos de percussão, mas se o músico quiser trazer o seu, que fique à vontade! Até o
pessoal de Escola de Samba vem aqui e traz cuíca, tamborim...São bons músicos que vêm aqui. Vê-se
que a música está no sangue. E toda orquestra também tem seus ritmistas. Baterista, tocadores de bongô,
tímpano e outros instrumentos percussivos. Se for bom músico, pode pegar imediatamente a carteira,
pode pagar INPS e se aposentar tranqüilamente. Faz a inscrição no INPS e, mesmo se o músico estiver
contribuindo com o INPS mensalmente, quando chega a hora de se aposentar, ele deve apresentar uma
certidão comprovando que ele é músico, que ele é da OMB e está em dia com a Ordem. Se você tem uma
inscrição no INPS, mas, no momento de se aposentar, estiver devendo ao INPS, a OMB chega com uma
ajuda e parcela o débito dele para que o músico possa se aposentar. Ele se aposenta, mas continua
pagando. Ele se aposenta como músico autônomo.

Como é feita a fiscalização? São funcionários da OMB espalhados em locais de execução pública?
Nós temos nossos fiscais e inspetores em todo o Estado do Rio de Janeiro. Os Conselhos têm suas
delegacias no interior do Estado. Nela, o Delegado dispõe de inspetores fiscais para correr as casas
noturnas. Todas as delegacias têm seus fiscais inspetores. Os de Rezende, fiscalizam a área de Rezende,
e assim sucessivamente. Aqui no Rio, estou mandando fiscalizar fazendo blitz. Sai um carro da Ordem
com três ou quatro fiscais inspetores. Chegando na casa, se encontra um músico inadimplente, a primeira
punição a se aplicar é uma advertência, pedindo para que ele compareça à Ordem para regularizar sua
situação para que possa continuar exercendo sua profissão de músico. Se não puder pagar à vista a
anuidade, permitimos que ele pague à prestação.
Existe apreensão de carteira?
A meu ver, não temos esse direito. O Conselho, por erro de administração, apreende até instrumento de músico,

mas nós imediatamente tomamos providências. Fui a Brasília, conversar com o Presidente da OMB do
Conselho Federal, dizer que ele, como órgão federativo, não podia apreender instrumento de músico. É a
ferramenta de trabalho dele. Eu tenho, aqui no Rio, uma relação com o músico de total camaradagem. Se
não pode pagar, vai pagando em prestações. Eu criei uma grande amizade com a classe musical.
A anuidade é um fundo em prol da OMB. A que é destinado esse fundo?

17
Um terço da anuidade tem que ir para o Conselho Federal. Os outros dois terços, para manter os
funcionários e toda a vida da Ordem. Eu tenho uma arrecadação muito pequena, porque o músico não tem
tido trabalho. Você como músico, tem muita dificuldade para arranjar trabalho. Mesmo assim, com o pouco
que eu recebo, criei, para a OMB, um patrimônio "monstro". Vou te dar a relação do que eu criei, para o
bem estar do músico. Estou muito tempo na presidência, mas não devo nada a ninguém. Sou militar do
Exército, ganho para viver com a minha família. O meu cargo é honorífico e tenho que procurar pessoas
que queiram trabalhar comigo e não procurem depender da OMB. Quero concluir meu último projeto: vinte
casas para os músicos que estão passando fome. O recanto dos músicos.
A Lei nos mostra que caso um músico venha trabalhar aqui no Rio que seja de outra jurisdição,
poderá ele permanecer apenas durante 90 dias, mas, se passar disso, deve pedir transferência.
Como se dá esse processo?
Aqui no Rio, tem gente trabalhando há cinco anos. Eu não sigo estritamente o que reza a lei nesse sentido
(sic). Se ele está morando no Rio, ele pode fazer transferência a hora que ele quiser, mas eu não vou
obrigar. Se ele está pagando tudo direitinho no Conselho do Estado que ele veio, e morando aqui,
considero-o dentro da lei. Entretanto, outros Estados são mais rígidos e não permitem que ele continue
trabalhando se não fizer logo a transferência, como é o caso de Pernambuco. Só o tento convencer
dizendo que aqui no Rio, o patrimônio é grande, e ele terá grande benefício em se transferir para cá.
Como é o tratamento da OMB para com os outros músicos considerados pela Lei como
profissionais especificando os diplomados pela Escola Nacional de Música da Universidade do
Brasil, os diplomados pelo Conservatório de Canto Orfeônico, os diplomados por conservatórios,
universidades e institutos nacionais e estrangeiros de ensino superior de música, professores
catedráticos e maestros, sejam eles civis ou militares?
O músico formado traz o diploma aqui e já sai com a carteira da OMB sem fazer prova. O músico militar foi
criado pela resolução 314 pelo presidente do Conselho Federal chamado Mozart em reconhecimento do
militar chegado à banda do Exército. Para ficar em permanência na banda até ir para a reserva, têm que
saber teoria musical. É um músico completo. O músico militar não toca de ouvido. Toca lendo partitura e
aquilo que já aprendeu e decorou. Qualquer ensaio tem partitura. Eu sei, porque eu tinha um ensaio das
sete às onze horas, pois sou músico militar. Inclusive ensaiando músicas de peças teatrais, como o

18
Barbeiro de Sevilha, que encenamos no Exército. Em suma, esses músicos devem fazer exame por quê?
Estão dispensados da prova, mas devem trazer o documento do comando militar, o diploma, certificado do
mestre da banda etc. para tirar a carteira da OMB.
Qual é a participação da OMB em relações contratuais?
Nós não temos relações contratuais. Muitos dos músicos trazem o contrato apenas para carimbar na
Ordem. Nós temos sim, a obrigação de zelar por esse contrato. Se vier à tona algo que venha prejudicar o
músico, nós temos juristas que entram em ação para poder não deixar o músico ficar no prejuízo. Tudo
gratuito, pago pela anuidade dele.
Já que se tratou de cargo honorífico, quais foram seus méritos que fizeram com que você
ocupasse seu cargo de presidente da OMB?
Quando eu servi o exército, fui convidado para ser conselheiro da Ordem aqui no Rio de Janeiro. Depois,
houve a fusão do Rio como Estado da Guanabara. De conselheiro, fui escolhido para ser tesoureiro. O
embaixador era o Vicente Paulo, Presidente da OMB. E, numa reunião, foi decidido que eu seria o
Presidente. Quando eu era o tesoureiro, eu resolvia vários casos para os músicos. Você vai se
acostumando, gostando do que você faz, conhecendo mais ainda uma área que você gosta que, no meu
caso é a música, recebendo medalha, diploma... Até que se estabelece pelo próprio reconhecimento da
classe. A grande amizade não permite nem que você saia. Já fui eleito inclusive vice-presidente do
Conselho Federal, justamente por tudo isso que eu realizei no Rio.

OMB
Av. Almirante Barroso, 72, 7ºandar, Centro.
Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20.031-001
Tel.: (021) 2240-3073

19
O QUE É?
Sindicato é um conjunto de trabalhadores que se organizam para promover seus próprios
interesses em relações a empregadores, sobretudo em torno das questões de salário, promoção,
condições de trabalho e segurança no emprego. Um profissional brasileiro qualquer tem parte de seu
salário descontado para contribuição sindical, de acordo com Constituição e com a Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), no artigo 579. Mesmo que não fosse obrigatório por lei, é mister enfatizar que a união
de uma categoria em Sindicato fortalece o respeito para com uma determinada classe e arregimenta para
si recursos para fornecer aos seus sócios e contribuintes diversos serviços. Em se tratando da área da
Música, podemos perceber que o Sindicato dos Músicos do Estado do Rio de Janeiro (SindMusi) tem
alcançado o seu principal objetivo, que é o de regular o mercado de trabalho do músico carioca, dando-lhe
total orientação quanto às assessorias jurídica e previdenciária, auxílio-funeral e tabela de cachês, além de
manter convênio com outras empresas, tais como lojas de instrumentos musicais, cursos, estúdios de
gravação e até mesmo serviço de saúde. Tudo isso para valorizar o trabalho do músico que,
parafraseando o Boletim Musical do SindMusi, "trabalha para o lazer dos outros".
O SindMusi também presta auxílio jurídico aos sócios. Os seus advogados prestam assessoria
aos contribuintes em causas trabalhistas, de 2ª a 6ª feira, somente com hora marcada. Os sócios também
contam com atendimento na área cível (causas jurídicas que dizem respeito às relações civis dos cidadãos
entre si) e na área autoral.
No SindMusi encontraremos esclarecimento sobre os requisitos legais para a representação da
categoria dos músicos do Estado, perante a sociedade, enquanto classe trabalhista. A questão do INSS
também é muito abordada, já que muitos acham que, por estar em dia com a contribuição social, estão em
dia com a contribuição previdenciária, quando na verdade o músico deve recorrer ao Posto do Seguro

20
Social de seu bairro para pagar uma quantia equivalente a 20% do salário mínimo nacional para obterem
sua aposentadoria como músico.
COMO SE TORNAR UM MEMBRO
Como já vimos anteriormente, no capítulo que versa sobre a OMB, assim que o músico faz sua
carteira que o coloca no patamar de um profissional regularizado pela Ordem, ele está apto a se
sindicalizar. Esta é uma opção, não uma obrigação. Como já foi dito, a contribuição sindical (ou social) é
compulsória, e eqüivale a quantia de R$79,20 a ser paga na sede do SindMusi, até o dia 28 de fevereiro
de cada ano. A sindicalização não é obrigatória, mas dá ao músico alguns benefícios, como consultas
médicas e odontológicas gratuitas, auxílio funeral, divulgação em veículos de comunicação, descontos em
estúdios, escolas, lojas, alem da utilização dos serviços jurídicos alguns dos nossos serviços. Entretanto, o
mais importante do ato da sindicalização é a participação ativa do músico nas decisões que são tomadas
em prol da categoria profissional. Ele ainda pode ser votado nas eleições da entidade para ocupar cargos
de diretoria, tesouraria, etc. O valor da anuidade é de R$ 46,20.

COMENTÁRIO ADICIONAL
Atualmente, o SindMusi busca aumentar o mercado de trabalho, participando de projetos culturais
relacionados diretamente com o desenvolvimento da profissão.
Em anexo, a tabela de cachês mínimos.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
Para registrar-se no SindMusi, o músico deve estar munido com os seguintes documentos:
 a carteira da OMB;
 Carteira de identidade; e
 CPF.

21
ENTREVISTA COM PRESIDENTE DO SINDMUSI
VICTOR NETO
Qual é o papel do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro no cenário
musical?
Existem na categoria de músico duas entidades que regulamentam situação profissional do músico. A
OMB, cujo papel é habilitá-lo a exercer a profissão, e o SindMusi, que cuida da parte trabalhista, de
contrato, de carteira, sendo que o Sindicato do Rio, de umas duas Diretorias para cá, tem sua parte
jurídica atendendo em todas as áreas. O não sócio é atendido como manda a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT). Ele tem apenas o considerado primeiro atendimento, isto é, alguns esclarecimentos
sobre como proceder. A gente convida este músico a se associar. As causas, muitas vezes, são pagas
pelo próprio Sindicato. As taxas da parte judiciária dão muita despesa. A situação do SindMusi na parte
financeira, hoje, não está muito boa. O dinheiro que o Sindicato sobrevive, ou sobreviveu até hoje, foi
proveniente do art. 53 da lei 3.857, que é a lei que cria a OMB. É um artigo de proteção ao mercado.
Então, todo estrangeiro que vem ao Brasil, e ao Rio de Janeiro, 5% de seu cachê tem que ser pago ao
SindMusi, e 5%, à OMB. Ou seja, todo músico estrangeiro tem que depositar 10% do seu cachê nos cofre
da OMB e do Sindicato regionais. Esse dinheiro é que tem sustentado o Sindicato por vários anos.
Quando acontece o Rock in Rio, por exemplo, o dinheiro arrecadado nesse festival faz com que o
Sindicato sobreviva uns dois ou três anos. Na verdade, de anuidade e contribuição sindical, o SindMusi
não vive. Há um ano que não tem vindo músicos estrangeiros de peso ao Brasil. Principalmente ao Rio,
devido à violência. Então, a receita do Sindicato foi acabando. Hoje, a situação é periclitante. Temos que
achar uma solução para não sobreviver apenas de art. 53. É algo engraçado: músico brasileiro
sobrevivendo às custas de músico estrangeiro. Agora, somos obrigados a reduzir vários benefícios que
nós tínhamos para o sócio. Até mesmo o quadro de funcionários tivemos que reduzir. Para que o SindMusi
não venha a fechar, tivemos que tomar essas medidas de prevenção. Pelo o que eu vi em jornais, os
músicos estrangeiros devem vir ao Brasil, e isso vai nos ajudar.
O SindMusi fiscaliza os músicos?
Quem fiscaliza é a OMB, mas o Sindicato usa outro artifício que ele tem que é pedir a fiscalização do
Ministério do Trabalho. A gente não usava muito isso porque o quadro de fiscais do MT também era fraco,

22
era pouco e era difícil o SindMusi ficar pedindo toda hora isso. Mas, na atual conjuntura, nós verificamos
que os fiscais estão a fim de trabalhar mesmo. Então, nós estamos enviando esses fiscais para
conscientizar os músicos de que isso é uma profissão, não meramente um dom divino. Eu não pago
minhas contas com dom divino. Quando nós enviamos os fiscais do MT, é para verificar se o músico está
em dia com a Ordem e com a contribuição sindical. É uma proteção ao músico. O medo todo dos donos da
casa é que o músico venha a criar um vínculo empregatício. Eu até entendo os donos da casa. Por
exemplo, na Lapa tem rodízio de músico semanal. Têm mais de setenta músicos tocando na casa. Lógico
que o dono da casa não vai assinar carteira de trabalho de setenta músicos. Mas os músicos tem que
estar em dia com a obrigação profissional. O nosso papel é conscientizá-los. Certa vez, eu conheci um ex-
engenheiro da Petrobrás que foi demitido e, para ganhar um dinheiro, resolveu viver de happy hour. Disse-
me que não queria saber de outra vida. Falei para ele o seguinte: ".vem cá, e a sua carteira?" Ele me disse
que não tinha e eu mandei ele primeiro regularizar a situação dele como músico profissional, tirar a
carteira da OMB, etc. que depois eu conversava com ele, para mostrar que ele estava errado.
Existe um artigo da OMB que diz que quando um músico nacional substitui um estrangeiro, quando
acontece algum imprevisto na vinda dos mesmos ao Brasil, em hipótese alguma ele pode ganhar
menos que o músico substituído. Quais as medidas de proteção ao músico nacional em relação a
supremacia estrangeira que o sindicato costuma a dar, já que se trata de uma entidade protetora da
categoria?
Com esse dinheiro do art.53, a gente investe em shows de músicas instrumental, em lonas culturais, em
casas de shows, para reaplicar na proteção ao músico nacional. Existia aqui um auxílio funeral. Tive que
cancelá-lo, pois não pudemos sustentá-lo. Antigamente, o auxílio eqüivalia a uma ajuda de R$200,00.
Quando eu vim para a presidência, é que passamos a dar total auxílio funeral. Hoje, cancelamos, e
retornamos a mesma ajuda que dávamos antigamente.
E o auxílio jurídico? É somente nas áreas cível e trabalhista ou também engloba o Direito Autoral?
Também atua na área autoral. Mas só para o sócio.
E sobre as notas contratuais?
A nota contratual conjunta não deixa nenhuma via com o músico. Essa nota não é reconhecida pelo MT
por isso. Nós aqui do Sindicato fizemos um modelo individual que, aí sim, uma via fica com o músico. Nós

23
temos ele num disquete para que os produtores a adquirissem. Instalariam em seus escritórios, sem
precisar vir aqui para buscar a nota. O SindMusi já é informatizado. Eles, sabendo o dia da nota ser
liberada, vêm aqui e pegam-na sem problemas. Existe um contrato de trabalho por tempo determinado ou
indeterminado. O músico ao trabalhar sete dias, consecutivos ou não, após esses sete dias, não pode ser
contratado pelo mesmo contratante. Só depois de trinta dias. Isso está sendo um problema para gente.
Você não pode tirar essa nota contratual uma vez por semana, pois você estaria contrariando a atual lei.
Por isso é que a gente está em reunião com o MT para vê se agente modifica essa situação. Talvez com
uma nova portaria.
Quais são os quesitos para que um sócio ocupe cargos de diretoria do SindMusi?
No Sindicato, para você se candidatar, você tem que ser sócio. Você tem que ter um ano de sócio para
participar de uma chapa eletiva. No estatuto existem algumas exigências para você formar uma chapa.
Tem que ser brasileiro, está em dia com seus deveres cívicos, etc.
Em relação ao convênio. Como é a aproximação das empresas, as que oferecem vantagens para o
associado, com o SindMusi?
Os estúdios de gravação normalmente nos procuram e oferecem vantagens aos associados. Para o
Sindicato não tem retorno nenhum. Trata-se apenas de um serviço praticado aos músicos. Temos
convênio com escolas, institutos médicos, etc. Sempre somos procurados. Nós temos, sim, que checar
para que seja sempre legal esse convênio, senão nós cancelamos. A oferta do convênio é sempre uma
constante.
Quais os projetos culturais que o SindMusi está envolvido?
No ano passado o SindMusi apoiou um projeto em Valença chamado "Música na Escola". Esse projeto
não é estritamente criador de músicos. Também pretende criar platéia. Ele visa a colocar os garotos para
se sensibilizarem com a música brasileira, erudita e folclórica. Criar um coral é uma das metas. Ou
também construir instrumentos musicais. Ali, o garoto já começa com uma profissão. Quem quisesse ser
músico, a gente já direcionaria. As bandas militares já absorvem esse mercado, quando um jovem entra
como soldado e sai como músico militar. O projeto funcionava assim: o ônibus pegava os garotos em
Valença e ia com eles ao Teatro Noel Rosa. Antes, eles ouviram a história de Noel e quando chegaram ao
Teatro, comentaram e ouviram a obra desse compositor. Esse ano será a vez de Chico Buarque. Também

24
estivemos envolvidos no Projeto de Música Instrumental nas lonas culturais e nas boates. Compramos uns
instrumentos de percussão para tirar meninos de rua no Senac de Irajá. À medida do possível, quando se
tem dinheiro, a gente entra com dinheiro. Quando não tem, a gente entra só com criatividade mesmo.
Damos aula, palestras, etc. Temos o site que divulga tudo isso. Se o sócio quiser fazer pesquisa aqui,
pode vir. Não temos mais dinheiro para fazer o jornal, mas ele ainda existe dentro do site.
A tabela do cachê mínimo é um piso salarial?
Ela não é um piso porque não é oficial. O salário do músico não é obrigatoriamente baseado nessa tabela.
Isso é uma sugestão dada pelo sindicato e muitos profissionais se baseiam nela. Quando existe, por
exemplo, uma causa a ser defendida pelo sindicato, os próprios juizes, normalmente, usam a tabela.
Ela é feita por músicos?
Não só por músicos, mas também em assembléia.
Comentários finais:
Quem quer ser um profissional, entenda a carreira de músico como profissão. Quem me levou a vários
lugares foi a profissão, pois sou saxofonista. Temos que ter a consciência. Temos que lutar. Se algum
músico discorda da forma que a diretoria conduz o SindMusi, monte sua chapa, ganhe a eleição e faça da
forma que tem que ser. Não fique em cima do muro. Regularize sua situação, tire a carteira da OMB e
junte-se ao Sindicato para unir forças. Se quiser saber em que é gasto o dinheiro arrecadado, o Sindicato
está aberto. É só chegar aqui, que daremos as informações. É só falar com a diretoria. Toda a diretoria é
formada de músicos atuantes e não tem ninguém impedido de sindicalismo. Muitas vezes, nós tiramos
dinheiro do próprio bolso para ajudar os músicos.

SindMusi
R. Alvaro Alvim, 24 / 405 - CEP 20031-010
Centro - Rio de Janeiro / RJ
Tel. (21) 532-1219 / Fax (21) 240-1473

25
26
O QUE É?
É o setor pertencente à Fundação Biblioteca Nacional onde se faz o expediente relativo às obras
intelectuais.
COMO REGISTRAR AS OBRAS
Para que se dê início à garantia de que temos registros de nossas obras, para que no futuro
possamos reivindicar nossos direitos autorais, o autor deve escrever as letras de músicas e suas
respectivas partituras de modo legível e enviá-las ao Escritório dos Direitos Autorais (EDA). Há varias
maneiras de fazê-lo, optando por considerar se as músicas serão reunidas em obra, registradas de forma
avulsa, em co-autoria ou individual, pessoa jurídica ou pessoa física, somente a partitura ou em letra e/ou
se estarão as letras anexadas às partituras ou não. Com a documentação necessária e seguindo os
procedimentos que serão descritos a seguir, o músico terá em suas mãos o Certificado de Registro ou
Averbação que dá ao músico a garantia presumida da anterioridade de sua obra.
Em princípio, após terem composto sua obra musical, os autores devem escrever as letras em
folhas de papel, numerando-as, rubricando-as e assinando seus respectivos nomes por extenso em cada
folha, e preencher o Formulário de Requerimento para Registro, que podemos obtê-lo no EDA ou na
página da FBN para download, porque todos os pedidos de registro deverão ser solicitados através de tal
formulário.
Este contém um item designado por "gênero". Existe uma tabela que descreve o código de
gêneros. Observe-a abaixo:
CÓDIGO DESCRIÇÃO
01 POESIA
02 ROMANCES
03 DIDÁTICO/PEDAGÓGICO
04 MÚSICA (LETRAS E PARTITURAS)

27
05 TEATRO (PEÇAS)
06 TÉCNICO/CIENTÍFICO
07 TESES/MONOGRÁFICAS
08 CONTOS/CRÔNICAS
09 HISTÓRIA EM QUADRINHOS
10 CINEMA/TV (ROTEIROS/ARGUMENTOS)
11 MÍSTICO. ESOTÉRICO
12 RELIGIOSO
13 POLÍTICO/FILOSÓFICO
14 PERSONAGENS/DESENHOS
15 BIOGRAFIAS
16 PUBLICIDADE
17 PERIÓDICOS (REVISTAS E JORNAIS)
99 OUTROS
Como pudemos observar, o código 04 é o que deve ser preenchido no item descrito
anteriormente. Entretanto, quando a letra de música é registrada isoladamente, sem partituras, o código a
ser utilizado deve ser o 01. É cediço que ritmos que tem um segmento melódico repetitivo (rap, repente
nordestino, embolada etc.) não têm uma particularidade melódica, que os diferenciem, em melodia, de
outras composições. Registrar a melodia de um Rap seria querer monopolizar o estilo, e não a obra. Por
isso que, para esses estilos, é mais prudente registrar essas letras no gênero "poesia".
Todavia, há os que, mesmo que sejam compositores de outros estilos musicais, seguem o mesmo
método de registro dos compositores de músicas menos variáveis melodicamente, talvez por não saber
ler e/ou escrever partitura musical. É recomendável que procure algum maestro para fazê-lo, ou os
seguintes programas de computador: Encore, Finale e Cakewalk Pro Audio etc. Estes, ao serem
acoplados a um teclado, formatam a partitura musical. As partituras também podem ser registradas
individualmente (código 04).
Em se tratando de registro de várias músicas, a autor pode registrar todas em uma só pasta e
colocar no título o "nome da música preferida" e "outras" (por exemplo, Meu Par e outras) ou registrar uma
a uma. No primeiro exemplo, o autor terá o custo de R$17,00 (ou R$34,00 quando o pedido for requerido
por Pessoa Jurídica (Cessionário) e/ou por Procurador). Caso opte por essa forma de registro, o autor

28
não pode deixar de especificar na primeira página da obra o índice, contendo os títulos de todas as letras
contidas na pasta. Os títulos das músicas especificadas no índice devem ser escritos um embaixo do
outro. O autor receberá o Certificado constando apenas o título geral escolhido, mas todas as letras
existentes na pasta estarão registradas e protegidas No segundo exemplo, o custo do autor será de
R$17,00 vezes o número de músicas registradas. Na entrevista com o Dr. Jaury N. de Oliveira chefe
substituto do EDA, ao final desse capítulo, veremos as vantagens e desvantagens das duas maneiras de
se registrar, no que concerne à quantidade de letras existente em uma pasta.
Se houver mais de dois autores, o requerimento deverá ser fotocopiado, anexados tantos quantos
forem necessários, para que os outros autores também possam preenchê-lo e assiná-lo (Ex: Se forem 10
autores, deverá anexar 05 Formulários para constar os dados dos 10, já que cada formulário de
requerimento comporta dois autores).
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
Com todas as providências em termos de preenchimento de dados tomadas, o autor dever se
dirigir ao EDA já com o comprovante de depósito bancário em favor da conta da Fundação Biblioteca
Nacional; Banco do Brasil – Agência: 3602-1 – Conta Corrente: 170500-8 Código-dv: 344042 34209- 101-
4. Coloque as letras em uma pasta e, se tiver partitura, anexe-as às respectivas letras. Junto com a pasta,
o músico deve entregar uma fotocópia da Carteira de Identidade e do CPF (se for pessoa física) ou CNPJ
(se for pessoa jurídica). O autor receberá o certificado de Registro ou Averbação pelo correio. Autores
menores de idade (entre 16 e 18 anos) deverão apresentar o seu próprio CIC e RG e um dos responsáveis
(pai ou mãe) deverá assinar atrás do formulário de requerimento. Trazer fotocópia do RG e CIC do
responsável que assinou.

ENTREVISTA COM VICE-CHEFE DO EDA


Dr. JAURY N. DE OLIVEIRA
Qual a função do Escritório dos Direitos Autorais?
O EDA tem suas funções previstas na lei de registro das obras intelectuais (9.610/98 no art. 19) onde fica
claro o papel de registro. Esse registro de obras funciona no Brasil desde 1898 ininterruptamente. Tem
uma longa tradição e ele tem função básica de configurar uma anterioridade de uma autoria,

29
principalmente de obras inéditas. O cidadão cria a obra e, antes de circular com ela, deposita-a para
registro. Ele não é constitutivo de Direitos na medida em que o cidadão já os tem no momento em que
cria a obra, independente de registro ou não. Mas, em se tratando de obra inédita e considerando a crise
ética em que o país vive mergulhado, ninguém se aventura muito a entregar para terceiros uma obra que
só quem sabe que foi feita pelo próprio autor é o próprio. Então, evitando isso, o sujeito vem ao EDA e
deposita para registro, recebe um certificado que diz que ele é o autor da obra. O certificado é expedido a
partir duma função declaratória do registro de obras que é emitida quando você se apresenta como autor
da mesma. Rigorosamente, é essa a função do registro de obras. O direito autoral é um segmento do
direito que regulamenta a propriedade intelectual. Você tem também a propriedade industrial, mas aquela
teve um crescimento quando se consolida o suporte em meio digital para fixação das obras intelectuais.
Tradicionalmente, a proteção para o direito do autor se dá para as obras artísticas literárias ou científicas,
fixadas em suportes tradicionais, como papel, óleo, película cinematográfica, partitura, escultura, etc. Com
a criação do suporte digital, este aparece junto com a comunicação remota, à distância, que é a Internet.
Esse suporte traz um dado muito inovador que é a capacidade da multiplicação da obra intelectual. Coisa
que ali então você não tinha, ou você tinha com extremas limitações. Se você olhar para os quinhentos
anos de história do Direito Autoral, que vai de Gutemberg* até as primeiras convenções internacionais,
como a de Berna, a reprodução da Obra é contada a dedo, com grandes dificuldades e imperfeições. Com
o mundo digital, você cria uma cópia absolutamente perfeita e idêntica em questão de segundos. Mas
você não cria uma. Você cria centenas, se você quiser. E as envia à distância. Aí, aparece um terceiro
elemento que é problemático para o direito do autor que é a modificação da obra. Esse aspecto de
modificação e reprodução é essencial no direito do autor, de modo que com o resultado e a consolidação
nacional tecnológica, fez com que o meio ficasse de cabeça para o ar. A lei de regência 9.610/98, no meu
modesto entender, dá conta da realidade à medida que eu subentendo a Internet como mais uma mídia a
servir de suporte para obra. O suporte digital é mais um suporte. Inclusive, a própria lei 9.610 prevê. No
âmbito disso, as pessoas acordam para a realidade digital. No mundo digital, qualquer criação intelectual
pode ser propriedade intelectual. O nível tecnológico desenvolveu os softwares, que eliminou os meios
intermediários tradicionais entre o criador e o consumidor. Por exemplo, o fotógrafo levava o filme ao
revelador, tinha um exemplar e a matriz original do cromo. A câmera digital elimina a necessidade de

*O Dr. Jaury N. de Oliveira não citou as corporações de ofício, que vêm antes de Gutemberg. 30
revelador. Se por uma lado isso afeta a integridade da obra, em termos de modificação, sendo isso um
exclusivo monopólio do autor, pode ser transportada com facilidade e dinamismo. Tudo isso funciona a
favor e contra o autor ao mesmo tempo. A realidade digital veio para ficar. Creio que daqui a cinqüenta
anos, isso que estamos vivendo estará potenciado em lei e chegaremos a coisas nunca antes imaginadas
em termos de acesso à informação. Por quê? Quando digo que tudo no mundo digital é uma propriedade
intelectual, eu também estou dizendo que TUDO é uma informação. Toda informação é um arquivo. Todo
arquivo é uma propriedade intelectual. No computador, qualquer coisa vai virar um arquivo comum com
uma terminação específica. Ali dentro estarão imagens, textos, enfim, qualquer tipo de criação intelectual
oriunda de um ser humano. Portanto, com direitos reservados, seja na propriedade intelectual, seja na
propriedade industrial. Isso faz com que as pessoas acordem. Com a miniaturização, qualquer um pode
criar ou publicar sem passar pelo editor, distribuidor, livreiro... No hemisfério Norte, já baixaram as horas
semanais de carga horária. O homem tende a estar ocioso e em contato direto com a cultura. O Direito
Autoral deve se adequar a essa nova realidade.
Qual a relação do nosso registro com o sistema Copyright?
Os EUA aderiram à convenção de Berna, que segue o mesmo modelo que o nosso Direito Autoral. O
direito de autor perdura em, no mínimo, setenta anos após a morte do autor. Os americanos, pressionados
pela contingência da revolução tecnológica, estão buscando o registro on line, o registro digital, no qual
você faz um registro na posse de um arquivo. Ao entrar no Copyright Office do Library of Congress, que
é a biblioteca de Washington, você vai ver um programa chamado Cords, que é todo registro on line. Com
isso, eu quero mostrar que a tendência do registro, não só de obras de arte, mas também qualquer
registro cartorial, será a informatização. Alguns cartórios brasileiros já estão nesse caminho. A própria
justiça aceita petições on line. O registro de obras, há dez anos, girava em torno de setenta mil obras
registradas, desde 1898. Só hoje, temos trezentas mil obras. Quase o dobro, em termos de taxa de
crescimento. Donde vem isso? Não é de propaganda. Não é de marketing direto. Isso vem da necessidade
que as pessoas têm de se protegerem. Se você combina esses elementos num país que vive numa crise
ética profunda, onde houve um presidente expurgado, os senadores são ladrões e todo mundo dá golpe,
porque então um Zé Povinho há de acreditar que a música que ele fez e entregou à gravadora para ser
analisada vai ter segurança que vão dizer que a música é dele, se todo mundo rouba, mete a mão...Se a

31
crise ética é tão violenta nesse ponto, ele tem que recorrer a alguma coisa, e ele recorre exatamente a um
aparelho do Estado que ainda mantém essa integridade psicossocial que é o caso da Biblioteca Nacional,
esse órgão de registro que funciona há cem anos. Quem emite um certificado comprovando que a obra é
do Zé Povinho é esse órgão do Estado que é incólume a essa crise ética aí (sic).
Quando ele registra músicas, ele tem a opção de registrar uma letra de música
individualmente ou registrar um conjunto de músicas, colocando como título neste caso, o "nome
da música" e "outras". Quais são as vantagens e desvantagens de ambos os casos?
Não há vantagem ou desvantagem. Todas as letras existentes na pasta estarão registradas e protegidas.
Se ele chegar com o certificado de registro, ele pode verificar a obra, caso haja algum problema em
relação duvidarem se a obra registrada de fato é aquela que ele, o autor, está dizendo que é sua?
Nada disso. O registro é declaratório. Você diz que a obra é sua, eu emito um certificado declarando que
a obra é sua e a depositou para registro. Não entro no mérito da obra. O confronto de obras cabe ao
perito, não a mim. Eu sou apenas um depositário de obras. Se você quiser fazer um confronto, vá se
entender com o juiz, e ele que mande pagar um perito para ver se a partitura está correta. Eu sou um
órgão que recebe
obras (sic).
Escritório de Direitos Autorais
R. da Imprensa, 16, sl. 1205/ 12º andar
Castelo - Rio de Janeiro – CEP20030-120
Tels. (21) 2220-0039 / 2240-9179

32
REQUERIMENTO
PARA
REGISTRO E/OU AVERBAÇÃO
REGISTRO Nº LIVRO FOLHA

DADOS DA OBRA
TÍTULO

GÊNERO (VIDE A TABELA) Nº DE PÁGINAS

SOMENTE PARA OBRA NÃO PUBLICADA


TIPO DE APRESENTAÇÃO
( ) MANUSCRITO ( ) DATILOGRAFADO ( ) MIMEOGRAFADO ( ) COMPUTADOR ( ) OUTROS

SOMENTE PARA OBRA PUBLICADA


EDIÇÃO ANO DE EDIÇÃO MUNICÍPIO PUBLICAÇÃO UF PUBLICAÇÃO

EDITOR (A)

GRÁFICA

DADOS PESSOAIS DO REQUERENTE


NOME

NACIONALIDADE VINCULO COM A OBRA CIC/CNPJ

PSEUDÔNIMO PROFISSÃO DATA DE UF


NASCIMENTO NASCIMENTO

IDENTIDADE ÓRGÃO EMISSOR LOCAL DE EMISSÃO

ENDEREÇO (AVENIDA, RUA, TRAVESSA, ETC)

BAIRRO MUNICÍPIO UF

CEP TELEFONE E-MAIL

33
DADOS PESSOAIS (DE UMA OUTRA PESSOA VINCULADA)
NOME

NACIONALIDADE VINCULO COM A OBRA CIC/CNPJ

PSEUDÔNIMO PROFISSÃO DATA DE UF


NASCIMENTO NASCIMENTO

IDENTIDADE ÓRGÃO EMISSOR LOCAL DE EMISSÃO

ENDEREÇO (AVENIDA, RUA, TRAVESSA, ETC)

BAIRRO MUNICÍPIO UF

CEP TELEFONE E-MAIL

Ilmo.(a) Sr.(a) Chefe de Direitos Autorais da Fundação BIBLIOTECA NACIONAL


De acordo com os termos da lei nº 9.610 de 19/02/98, o(s) supracitado(s) requer(em) o registro e/ou
averbação da obra citada acima caracterizada, para o que entrega(m)___________exemplares da mesma, por
serem suas declarações fiel expressão da verdade, sob pena de lei, pede deferimento.

DECLARAÇÃO:

Declaro para os devidos fins, que me responsabilizo inteiramente pelo eventua esmaecimento (total ou
parcial) das cópias reprográficas (xerox) do texto que se consubstancia a obra de minha autoria, entregue
para registro, intitulada

_____________________________________________________________________________________________
__

____________________________ ____/____/_____
_____________________________________
LOCAL DATA ASSINATURA

RESPONSÁVEL PELO AUTOR MENOR QUE 18 ANOS


NOME

ASSINATURA Nº IDENTIDADE ÓRGÃO UF

ATENDIMENTO A CARGO DO SERVIDOR:

____/____/_____
_______________________________________
DATA ASSINATURA

BUSCA DE ANTERIORIDADE, TÍTULO E AUTOR:


( ) NADA CONSTA DA PRESENTE OBRA ( ) TRATA-SE DE AVERBAÇÃO AO REGISTRO Lº

34

OBSERVAÇÕES:

REGISTRE-SE, EM: INDEFERIDO EM:

____/____/_____ ____/____/_____
DATA DATA

____________________________________________ ______________________________________________
___ ___
CHEFE DO EDA/BN CHEFE DO EDA/BN

RESPONSÁVEL PELO REGISTRO:

___________________ ____/____/_____
________________________________________
LOCAL DATA ASSINATURA

ATENÇÃO

ENVIAR OU ENTREGAR ESTE REQUERIMENTO (ANEXO À OBRA)


AO ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS (EDA/BN) PALÁCIO
GUSTAVO CAPANEMA – RUA DA IMPRENSA, 16 SALAS 1205 – 12º
ANDAR – CASTELO
CEP 20030-120 – RIO DE JANEIRO – RJ
Fone: (21) 2220-0039 Fax: (21) 2240-9179

35
O QUE É?
É a organização acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro responsável pela iniciação,
graduação e pós-graduação do músico. De acordo com a lei no 9.610 de 19/02/1998 e demais normas que
regulamentam a matéria, o registro de autoria ou de propriedade sobre obras musicais produzidas em
todo o País deverá ser feito na ESCOLA DE MÚSICA DA UFRJ.

COMO REGISTRAR AS MÚSICAS


O ato de registro de músicas realizado na Escola de Música da UFRJ tem um processo
semelhante ao efetuado no Escritório de Direitos Autorais. Só há uma diferença: é dirigido e coordenado
somente por músicos. Como se estivéssemos pensando em Sociedade Brasileira de Atores
Teatrais(SBAT) e União Brasileira de Compositores (UBC). Aquela cuidava do direito autoral da música
como um dos direitos, pois tinha profissionais tanto do teatro como da área da música, ao passo que esta
fora criada e administrada exclusivamente por musicistas.
A Escola de Música da UFRJ, que também é basicamente formada departamentos coordenados
por musicistas (deptº de Instrumento de Teclado e Percussão, deptº de Composição, deptº de
Instrumento de Arco e Cordas Dedilhadas, deptº de Musicologia e Educação Musical, deptº Vocal, deptº
de Sopro e deptº de Música e Conjunto), tem uma seção de Direito Autoral. Cada departamento é
responsável por uma área específica da organização acadêmica da Escola de Música, e seus professores
atuam nos cursos desde a iniciação musical até a pós-graduação.
Por essas razões que o registro enviado para a Escola terá um cuidado especial, pois é preciso
que haja um conhecimento musical para receber obras que sejam decodificadas na linguagem da
partitura. Na área da música, o banco de dados deve ser acionado constantemente. Vejamos um exemplo
hipotético: se houver dois autores que, antes de entrar em litígio judicial, quiserem resolver a questão de

36
forma amigável, podem recorrer diretamente à partitura da obra musical para confronto da titularidade,
optando por acessar diretamente a obra na Escola de Música da UFRJ, por agilidade e economia, ao invés
de nomear perito. Como o serviço prestado pela UFRJ, o Escritório de Direitos Autorais é eficiente,
oferecendo inclusive a vantagem de o autor ter a possibilidade de registrar várias obras musicais em uma
só remessa, correspondente a um só registro. Entretanto, em termos específicos, o serviço da Escola de
Música da UFRJ não se restringe em ser apenas um órgão depositário, mas também um órgão de
pesquisa das obras. Esse tipo de desvelo é natural, já que na UFRJ estaremos lidando com profissionais
que sabem se relacionar com a música em suas diversas modalidades, não somente em termos técnicos,
mas também no que tange aos meandros do Direito Autoral.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
Para realizar o registro na Escola Nacional de Música da UFRJ, o autor da obra musical deve
proceder de acordo com os procedimentos abaixo:
 Estar munidos de dois formulários (como o modelo anexo e este capítulo) preenchidos ou em letras de
fôrma ou datilografadas. Cada via deve conter assinatura do(s) autor(es).
 Junto, o autor deve entregar uma cópia da letra e uma da partitura musical assinada por todos as
pessoas responsáveis pela autoria da obra.
 Ter consigo o comprovante de pagamento da taxa no valor de R$10,00 para cada música registrada e
entregá-lo no ato do registro. Caso seja feito pelo correio, é preciso enviar também o comprovante de
depósito (original) em favor da seguinte conta bancária: Banco do Brasil, 0287-9, conta corrente 7333-
4. Se for através de cheque nominal, depositar com destino à Fundação Universitária José Bonifácio.
Código de identificação bancária : (5842-4).
Atenção para os devidos cuidados:
 Quando se tratar de cessão de direitos patrimoniais para que uma pessoa física ou jurídica
possa deter estes mesmos direitos do autor para explorá-lo segundo os termos da lei (como
editor, por exemplo), o cessionário deverá anexar ao formulário o contrato de cessão
assinado tanto pelo autor como por ele e por 02 (duas) testemunhas. Deve haver também o
reconhecimento de firma dos autores.

37
 Quando o formulário for assinado por procurador, deve estar anexa a cópia da procuração
reconhecida em cartório.
 Tratando-se de requerente menor de 18 anos, o seu responsável legal deverá anexar cópia da
identidade e CPF e assinar os formulários.
No ato do registro o requerente receberá um protocolo. Diferente do o que ocorre no EDA, que só
aceita o registro com comprovante de depósito feito somente no Banco, o pagamento também pode ser
efetuado direto na própria Escola de Música da UFRJ. O certificado será remetido via postal para o
endereço indicado pelo requerente. O horário de atendimento ao público para registro de música é das
oito às quinze horas.

ENTREVISTA DIRETOR DA ESCOLA DE MÚSICA DA UFRJ


JOÃO GUILHERME RIPPER

Como procede a seção autoral da Escola de Música da UFRJ?


É um serviço que a Escola de Música da UFRJ presta há alguns anos e ele visa a proteger o autor e
fornecer de certa forma um comprovante de que a obra foi escrita por determinado criador. Ela não é uma
prova definitiva, não se constitui como prova definitiva, mas se constitui num instrumento legal
importantíssimo. Por exemplo, a gente não tem condição de, quando o autor chega aqui, saber se foi ele
ou não que compôs a música. Mas, se houver qualquer conflito na área de Direito Autoral, daquela obra
especificamente, nós temos condição de fornecer ao perito, ou ao juiz que seja, o instrumental
interessante no sentido de comprovar que a pessoa registrou a obra nas condições necessárias.
Na Escola de Música existe a possibilidade de registrar somente a letra da música?
Nós não registramos somente o texto. Nós só registramos sempre com a partitura.
O EDA é meramente um depositário de obras, isto é, se houver um problema judicial, não tem
como o músico recorrer à sua obra inserida no banco de dados do EDA, até mesmo se um outro
autor quiser averiguar se uma obra em questão é de fato aquela correspondente ao certificado de

38
registro ou averbação. Na Escola de Música da UFRJ o músico pode recorrer às suas obras para
examiná-las?
Você pode solicitar uma pesquisa e a gente está informatizando o acervo. Então, a idéia é que, a médio-
prazo, o seu registro sem a partitura esteja disposto como uma coleção dentro da nossa biblioteca. E
mais tarde, a partitura poderá estar disponível em imagem que não sejam submetidas ou passíveis de
modificações na tela. Esta consulta será feita on line.
O direito patrimonial, que é relativo a usufruto pecuniário, é feito através de um contrato de cessão,
para que uma pessoa física ou jurídica que detenha esse direito sobre a obra de um determinado
autor possa explorá-lo. Como é feito esse contrato?
Qualquer tipo de cessão, que só pode ser patrimonial, por que moral não há como, tem que ser lavrado
em cartório e ter a documentação de acordo que a gente possa registrar.
E sobre o registro de músicas avulsas ou em conjunto. Existe esse tipo de opção na Escola de
Música da UFRJ, como no EDA?
Só registramos a música avulsa.
Qual é a vantagem que o autor tem ao registrar suas obras aqui?
A Escola Nacional de Música tem mais de setenta anos nesse tipo de serviço e nós temos condições
técnicas de avaliação. Em termos de qualidade, ela tem todos os predicados de se fazer um serviço
melhor. Nós somos uma escola de música. Um dos objetivos de se colocar essa conexão na Internet e
porque nós temos grandes nomes da música popular, como um Cartola, registrados aqui. Os grandes
nomes, tanto do passado como do presente, já registraram e registram as suas obras na nossa divisão de
Direitos Autorais. A Escola de Música não tem nenhum tipo de agente fora do Rio. Todos os compositores
fora do Rio que quiser registrar obras aqui podem fazer através do correio sem necessidade de recorrer
nem pagar nenhum extra. Quem paga, de repente não sabe disso. Pois que fique claro. A permanência
dentro do mercado, a credibilidade que a Escola tem tido todo esse tempo, tranqüilamente nos coloca
numa posição de dizer que nós temos um serviço prestado bem disponibilizado para a comunidade dos
músicos.
O papel sempre foi o suporte tradicional de registro. Há na Escola de Música da UFRJ mudanças
devido à tecnologia em relação ao suporte da obra registrada?

39
Muita coisa está mudando. As partituras, por exemplo, já recebemos em programas de editoração
eletrônica, como ENCORE ou FINALE. Nós estamos começando a registrar obras eletroacústicas e de
D.J.'s. Só não conseguimos registrar o escrito desse tipo de obra. Por isso, aceitamos o próprio CD.

Escola de Música da UFRJ


R. do Passeio, 98 – Centro
Rio de Janeiro - CEP 20521-180
Tel. (21) 240-1491 / 523-4649

40
41
42
43
O QUE É?
Os grupos musicais que desejam ter a propriedade do nome e/ou da marca que utilizam devem requerer o
seu registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que é uma Autarquia Federal, criada em 1970,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Tem por finalidade principal, segundo a
Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade
industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica. É também sua atribuição pronunciar-se
quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre
propriedade industrial.
Marca, segundo a lei brasileira, é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue
produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos
com determinadas normas ou especificações técnicas. Nome de banda é um tipo de marca nominativa, que é
constituída por uma ou mais palavras no sentido amplo do alfabeto romano, compreendendo, também, os
neologismos e as combinações de letras e/ou algarismos romanos e/ou arábicos

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
O representante da banda (pessoa física) deve comparecer ao instituto munido dos seguintes documentos:
 CPF; e
 Outro documento que comprove o exercício da profissão de músico (carteira da OMB ou do SindMusi
ou a autonomia do INSS).
Se o representante for pessoa jurídica, deverá levar Contrato Social e CGC. Devem ser apresentados
documentos originais e cópias autenticadas. A taxa da busca, que serve para verificar se já existe algum nome igual
ou semelhante ao que se pretende registrar, é de R$ 20,00. O registro fica em R$ 98,50 (valores em abril de 2002).

44
A marca passa a ser propriedade do requerente. Se todos os integrantes da banda quiserem ter a propriedade do
nome, deverão fazer um contrato particular e registrá-lo em cartório.

Instituto Nacional de Propriedade Industrial


Praça Mauá, 7 - Térreo – Centro
Rio de Janeiro / RJ - CEP 20081-240
Tel. (21) 2206-3000

45
46
47
48
49
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) é uma sociedade civil de caráter
privado citado na lei 9610/98, que é a lei da propriedade intelectual. Seu corpo administrativo é formado
por membros das Sociedades de Autores. Ele possui um banco de dados com 600.000 obras musicais e
800.000 fonogramas. De tudo que ele arrecada na cobrança, ele retém 18,75% para suas despesas
operacionais. As Sociedades de Gestão e Administração Coletiva de Direito do Autor se encarregam de repassar os
valores recebidos do ECAD aos titulares, retendo 6,25% para suas despesas operacionais.
Depois de realizado o ato de registro das músicas, o músico que tiver o privilégio de ter a
execução de suas obras através de meios radiofônicos ou fonomecânicos (através de suportes tais como
discos, fitas, CD, etc.) em locais considerados públicos, até mesmo quando as composições são
veiculadas como trilhas sonoras de filmes e programas de televisão, o autor poderá contar com um órgão
que é responsabilizado pela cobrança dos direitos autorais e pela distribuição do dinheiro arrecadado para
as Sociedades de Autores. Esse órgão é o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD).
Mesmo que não respeitem na íntegra aquilo que reza a lei 9610/98, o órgão deixa claro que ao sair do
recesso familiar, o uso da música num recinto que seja considerado público, como bares, clubes, boates,
salões de beleza, pessoas físicas ou jurídicas que disponibilizam músicas na Internet, empresas
prestadoras de serviço de espera telefônica, academias de ginástica, hotéis, consultórios e, pasmem os
leitores, em festas de aniversário, o direito autoral deve ser pago. Atenção: os direitos fonomecânicos não
são arrecadados pelo ECAD. Quem faz essa arrecadação é a ADDAF e as Editoras Musicais

50
Há alguns entraves que impedem que a arrecadação seja feita como deveria ser, tal como
dificuldade em se cobrar os direitos autorais em locais de difícil acesso, como festas em locais
considerados violentos e espaços muito discretos, como sociedades secretas. Por isso que esse capítulo
tem, a priori, o intuito de conscientizar o profissional da música. Este, mesmo que esteja em início de
carreira, deve saber que, no futuro, poderá contar com esse dinheiro arrecadado.
Devido à pirataria, a média de discos vendidos para um grupo que esteja despontando para o
sucesso é de cento e cinqüenta mil cópias vendidas, quando outrora, um grupo considerado como popular
vendia em média quinhentas mil cópias, no início de carreira. Os shows realmente têm sido a fonte de
renda dos grupos e intérpretes, mas esse fator, na maioria dos casos, está sujeito às nuanças
relacionadas à fidelidade do público, que pode ser bom em uma determinada época e ruim em outra.
O livre acesso de obras tende a legitimar o comércio desenfreado dos fonogramas. Em se
tratando da arrecadação pautada na utilização da obra alheia, que é a arrecadação autoral, fica sempre
caracterizado com obviedade que é outro a utilizar determinada obra, ao contrário da reprodutibilidade
técnica que tem colocado, no mercado clandestino, cópias com 100% de fidelidade, pondo em dúvida se o
responsável pela confecção daquela obra foi um falsificador ou os próprios titulares, produtores e
editores. As campanhas contra a pirataria têm visado apenas à destruição superficial dos suportes
falsificados e à coibição do mercado clandestino das obras. Ao invés de enveredar por esse caminho de
destruição, o profissional da música deveria pensar em re-construir o antigo meio de sustento: a
arrecadação dos direitos autorais.
Ao perceber isto, o artista da música deveria sempre aconselhar ao dono do recinto no qual ele
estiver se apresentando que vá a uma sucursal do ECAD e solicite uma guia para que esteja em regular
situação perante a lei. Com a boleta bancária que o responsável pela realização do evento, seja o dono da
casa ou produtor, adquirir, poderá contribui com ECAD com o pagamento. Deve ficar caracterizado o
critério de cobrança, que poderá ser com base na bilheteria, caso o espetáculo seja caracterizado por
cobrança de ingresso, ou na análise da região sócio-econômica, área sonorizada e nível populacional
quando não existir a cobrança de ingresso. A avaliação também é feita em cinemas, festas juninas, etc. A
iniciativa dos donos de casa de show e produtores só será estimulada se essa ação emanar dos artistas
da música, principalmente os que também compõe suas obras.

51
O ECAD arrecada a retribuição autoral devida aos titulares de direitos autorais e direitos
conexos das obras musicais, lítero-musicais e dos fonogramas executados publicamente,
representando-os judicialmente e extrajudicialmente, nos termos do art.99 da lei 9.610/98. Esses titulares
são os autores, os editores musicais, os intérpretes, os músicos executantes e os produtores
fonográficos. Os titulares de direitos de autor ou de direitos conexos não podem se associar diretamente
ao ECAD. Eles só se relacionam com o Escritório Central através das seguintes Sociedades de Autores:
ABRAMUS, AMAR, SOCINPRO, UBC, SICAM, SBACEM, ANACIM, ATIDA, ABRAC e ASSIM. O ECAD
atua também como mandatário dos representados estrangeiros das sociedades, praticando em nome
próprio os atos de administração e defesa dos direitos de execução pública.
Os estabelecimentos que utilizam as obras musicais e os fonogramas são cadastrados. A partir
desse cadastramento e da fixação do valor da retribuição autoral, o responsável pelo local recebe um guia
de pagamento de direitos autorais emitida por instituição bancária. Ao ser quitada, automaticamente é
autorizada a utilização da música durante todo o mês ou para um determinado evento. Se o executante
utilizar apenas obras que tenham caído em domínio público, não são passíveis de cobrança.
Os compositores e editores musicais que, nos casos dos shows e espetáculos ao vivo, quiserem
autorizar diretamente o uso das músicas, deverão notificar de imediato a Associação a qual estiverem
filiados e ao ECAD. Só se admitirá esse tipo de autorização se ela for anterior à realização do evento e se
ela compreender a participação de todos os titulares da obra musical.
Há os usuários que utilizam a música ordinariamente, e os que fazem uso das mesmas
esporadicamente. O ECAD os classifica como usuários permanentes e usuários eventuais,
respectivamente. Estes são os responsáveis pelos espetáculos musicais de feitio festival, e pagam a
retribuição por evento. As emissoras de rádio, hotéis, bares, etc. são os denominados permanentes, que
pagam a retribuição autoral por mês.
Com base nos critérios internacionais, existem os usuários que utilizam a música de modo
indispensável, como é o caso das emissoras de radiodifusão, tv's por assinatura, cinemas, espetáculos
musicais; de modo necessário, que são as casas de diversões em geral, como por exemplo os circos; ou
de modo secundário, isto é, casas que utilizem música por meio de sonorização ambiental. No primeiro
caso, o critério de cobrança é o de percentual incidente sobre a receita. Para os usuários de música

52
secundária, aplica-se o critério que leva em consideração a área sonorizada (parâmetro físico). Já os
usuários de música necessária podem ter a retribuição autoral calculada com base em qualquer um dos
dois critérios.
Seguindo, pois, as orientações internacionais emanadas da Confederação Internacional das
Sociedades de Autores e Compositores - CISAC, bem como de seu Comitê Ibero-Americano, o ECAD
aplica esses critérios, que norteiam os valores aprovados e constantes de seu Regulamento de
Arrecadação e respectiva Tabela de Preços.
O dinheiro, segundo a superintendente geral do ECAD Glória Braga em entrevista dada ao
Informativo Socinpro Notícias, é arrecadado da seguinte maneira:
"O ECAD arrecadando, hipoteticamente, R$100, 20% destes ficam para os custos
operacionais do Escritório. Esse percentual é equiparado aos valores por outros
escritórios em outros países, sendo que em alguns deles os custos se elevam em até
35% pois têm o que chamam de custo social que, além do percentual para custos
operacionais, até 5% são repassados para assistência social, revestidos a apoiar os
artistas em suas necessidades como saúde, auxílio-natalidade, auxílio-funeral, entre
outros. E 5% são destinados aos seus custos de manutenção. O restante é dividido
da seguinte maneira: 2/3 é para a parte autoral da música que corresponde aos
compositores e aos editores; e 1/3 vai para a área conexa, abrangendo os
intérpretes, os produtores de fonograma e os músicos. Deste 1/3, os intérpretes
ficam com 41,7%, os produtores com o mesmo percentual (41,7%) e os músicos com
16,6%, aponta a superintendente". 2
Veja a tabela:
100%
20% 5%
ECAD SOCIEDADES
75%

2
Texto e tabela extraída do Informativo Socinpro Notícias, Edição nº4

53
2/3 1/3
AUTORAL CONEXA
autores 41,7% Intérpretes
e 41,7% prod.fonogr.
editores 16,6% músicos

2
Quanto ao sistema de dinheiro arrecadado, o ECAD regulamenta os seguintes parâmetros:
Texto e tabela extraídos do Informativo Socinpro Notícias, Edição nº4, Janeiro, 2000.
 distribuição direta (shows, circo, micaretas/festejos populares, cinema, obras audiovisuais-televisão);
 indireta (direitos gerais, rádio, televisão-direta e indireta); e
 indireta especial (carnaval e músico acompanhante).
O ECAD faz uso de planilhas de gravação e/ou roteiros musicais para arrecadação dos valores
provenientes da utilização musical a partir de shows/eventos, carnaval, reveillon, espetáculos circenses,
obras audiovisuais exibidas em TV aberta e, exibição cinematográfica. Estas são distribuídas diretamente,
ou seja, o montante arrecadado para cada show, por exemplo, só é distribuído pelas músicas tocadas no
evento, com base no roteiro musical fornecido pelo promotor do show ou resultante de gravação efetuada
in loco pelo ECAD.
Quando se trata de distribuição indireta, o Escritório Central faz uso das amostragens. Esse tipo
de avaliação é utilizado para as distribuições das rubricas "Rádio" e "Direitos Gerais". Já que existem
muitos ouvintes e usuários, o ECAD utiliza o critério da amostragem estatística das execuções musicais,
se valendo de amostras coletadas mensalmente nos pólos de gravação que mantém em todo o Brasil. A
captação e a identificação eletrônica automática das obras musicais executadas nos estados do Rio de
janeiro e São Paulo são realizadas por uma empresa terceirizada, a Crowley and Broadcast. Nos outros
estados, as músicas são gravadas nos pólos de gravação do ECAD, localizados em 13 capitais do país,
por meio de sistema informatizado que será esclarecido na entrevista com o supervisor de arrecadação do
ECAD Márcio de Oliveira Fernandes.
O ECAD, na proporção do montante arrecadado, também colhe amostras de planilhas
provenientes de emissoras de rádio AM/FM localizadas nas principais cidades de cada estado, no que
concerne a arrecadação de direitos autorais. As referidas amostras compõem a totalidade geral, que

54
define a distribuição dos valores arrecadados das emissoras. No caso da televisão de sinal aberto, a
distribuição é dividida. Metade do valor arrecadado é feita com base em planilhas recebidas das
emissoras, relativamente aos programas de auditório, shows etc. A outra metade, com base nas fichas
técnicas dos filmes nacionais e estrangeiros exibidos e, ainda, nas gravações de novelas e seriados
nacionais.
São classificados como usuários de direitos gerais os locais onde são executadas músicas ao
vivo e os estabelecimentos como bares, restaurantes, casas de diversões, hotéis, motéis, lojas comerciais
etc. nos quais se executam obras musicais com a sintonização de aparelhos de rádio e televisão. Estes
são distribuídos com base numa amostragem composta por amostras provenientes de rádios e televisão.
Os funcionários do ECAD são especializados na gravação de música ao vivo. Eles percorrem as casas
noturnas, pianos-bar etc. e gravam o repertório executado para compor a amostragem específica de
música ao vivo. Os valores arrecadados desses usuários são distribuídos com base nas amostras
coletadas de acordo com esse procedimento e ainda com base em amostras provenientes de shows de
pequeno valor, cuja verba arrecadada e as amostras integram a distribuição de direitos gerais de música
ao vivo.
Nos bailes carnavalescos e nas festas juninas, a distribuição é feita com base na gravação da
maior quantidade possível de bailes e festejos populares. Trata-se de amostragem especial, por isso essa
é uma distribuição chamada de indireta especial. O mesmo critério é utilizado em relação à distribuição
destinada aos músicos acompanhantes. Ela se baseia nos 650 fonogramas mais executados no trimestre
e coletados pela amostragem de rádio.
É preciso alertar aos usuários de música que, ao sintonizarem uma rádio ou ao utilizarem um
aparelho de CD na intenção de transmitir música num local público, estão sujeitos a pagar direitos
autorais. As rádios pagam o direito para transmitir música, e não para sonorizar ambientes. E o valor do
CD inclui direitos fonomecânicos, e não direitos autorais.
Outro tipo de cobrança polêmica é a realizada sobre, formaturas, batizados, casamento e festas
de aniversário. Mesmo que estas reuniões comemorativas não sejam objetos de lucro, os direitos autorais
das músicas executadas devem ser arrecadados. Eles serão calculados levando em conta o nível
populacional, a região sócio-econômica e o tipo de utilização da música (se é ao vivo ou mecânica). Se

55
houver somente sonorização ambiental, o cálculo terá base no aluguel do salão. Parece um absurdo esse
tipo de cobrança, mas ela se justifica no seguinte texto:

A música é um dos itens primordiais para que uma festa aconteça, e assim como é
feito com as bebidas, comidas, ornamentação, convite e tudo mais, a música também
contribui para o sucesso da festa, e nada mais justo que pagar a quem criou e está
executando. E como os autores, intérpretes e músicos não podem ir a cada festa
para arrecadar seus direitos autorais, delegaram essa tarefa às suas respectivas
sociedades, que por sua vez criaram o ECAD para centralizar toda a arrecadação e
distribuição destes direitos de execução pública. 3
Quando o usuário não paga os direitos autorais, fica sujeito à lavratura de um “Termo de
Verificação”. Isso significa que o local pode ser interditado e a execução pública musical suspensa. O
responsável também pode vir a sofre sanções cabíveis nas responsabilidades cível e criminal.

ENTREVISTA COM SUPERVISOR DE ARRECADAÇÃO DO ECAD


MÁRCIO DE OLIVEIRA FERNANDES
Como é feita a fiscalização das músicas em execução pública?
Não é fiscalização da música. É fiscalização dos usuários. A gente trata as pessoas que fazem utilização
da música como usuário. Nós temos um corpo de funcionários externos. Nós temos evitado o termo fiscal,
pois esse termo passa um pouco de preocupação para as pessoas, então nós temos inspetores
cadastradores. Os usuários permanentes pagam uma mensalidade do direito autoral de execução
pública. É importante a gente discernir os direitos. As pessoas fazem muita confusão. Dentro do Direito
Autoral, há o Direito de Sintonização e o Direito Fonomecânico, mas o ECAD cuida basicamente do
Direito Autoral de execução pública, como por exemplo, o happy hour, um show, uma música mecânica

3
Texto extraído da revista "Perguntas e Respostas", do ECAD, p. 8.

56
no restaurante, na difusão através de rádio em local público, na espera telefônica, enfim, a música
executada publicamente é atividade da gente. Então nós temos esse pessoal externo, os inspetores
cadastradores. No interior dos estados também temos agentes. Estamos em todos os estados do Brasil.
Temos vinte unidades de arrecadação, unidades próprias, e o trabalho desse pessoal consiste em ir aos
usuários. Previamente, eles que deveriam vir ao ECAD, mas não fazem por desinformação ou por falta de
cultura. O nosso inspetor vai ao usuário explicando que o cadastramento é uma exigência legal, é um
mandamento jurídico. Fazemos então o cadastro do usuário. Se ele for permanente, fará o pagamento
mensal. Verificamos algumas nuanças. Se for boate, será um tipo de pagamento, se não houver cobrança
de ingresso, verifica-se a área sonorizada. Neste caso, o agente mede o local. Com base em todas as
informações do cadastro vai se obter o valor da mensalidade daquela pessoa, que passa a receber um
boleto bancário. Todo o pagamento é feito em banco, não é feito diretamente ao nosso pessoal.
Há lugares considerados inacessíveis, devido à violência ou aos próprios dogmas de algumas
agremiações, como por exemplo, bailes em favelas e sociedades secretas. Embora sejam
reservados, não deixam de ser usuários. Como os agentes do ECAD fazem para adentrar nesses
locais?
Nós dividimos a cidade em áreas. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, dividimos em zona sul, zona
oeste, zona norte...O funcionário então vai ficando especialista em uma determinada região. Nós temos
um sistema de captação nas unidades, através de rádio, folders, jornal, informações de pessoas que nos
comunicam que está sendo realizado um determinado evento através do próprio material de divulgação da
equipe de produção, etc. Por um grupo de agentes estarem trabalhando em uma determinada área, eles
passam a conhecer aquela comunidade. Não posso dizer que é impossível um evento deixar de passar na
fiscalização, como é o caso das favelas e sociedades secretas. Mas a tendência é não passar, pelo fato
daquele pessoal trabalhar na região e já conhecer a programação cultural dela. De tempos em tempos,
nós trocamos esse pessoal, para não haver o vício em uma região. Essa é forma de evitarmos as barreiras
na fiscalização.
Em períodos de festas populares tradicionais, como carnaval e festa junina, fica mais evidente os
nichos de execução pública. Também podemos dizer que nas comunidades carentes, eventos

57
musicais são constantes. Creio que a tecnologia informatizada veio para captar ambientes
sonorizados independente de tempo ou região. Como funciona o cadastramento informatizado?
O ECAD já é informatizado há muitos anos. Em 2000 o ECAD reestruturou o sistema de informatização
dele com uma sistematização mais segura e mais ágil. E ele é dividido em três situações: uma é a
administrativa e financeira, as outras é o modo de arrecadação e modo de distribuição, que são coisas
distintas. No modo de arrecadação, ele mantém informações seguras sobre o usuário. Existe uma
hierarquia de senhas para qualquer alteração dele. O funcionário às vezes está em determinados lugares
e não tem como inserir ou retirar uma informação se a senha dele não permite. A hierarquia funciona
assim: o gerente da unidade tem uma senha que lhe dá mais condições do que um funcionário para a
gente ter uma segurança na informação do sistema. Todo o controle é informatizado. Nós temos a
distribuição direta e a indireta. Vejamos: um show arrecadado, a distribuição é direta. O valor arrecadado
naquele show é distribuído diretamente para os titulares daquela música que são executadas. Num
pagamento de mensalidade num barzinho, por exemplo, não tem como ser distribuição direta, pois nós
não teríamos idéia de quantas músicas foram executadas. Na integração dos dois modos informatizados,
no de arrecadação e distribuição, já se faz essa separação. Então quando é enquadrado um pagamento
de uma mensalidade de uma atividade eventual, o próprio sistema já vai separar os valores e relacioná-
los, automaticamente, com o modo em que foi avaliada a distribuição. É complexo para o leigo, mas é
assim que funciona o nosso sistema informatizado.
Em que consiste a tabela de preços? E a avaliação das regiões?
Na verdade chama-se regulamento de arrecadação. A constituição, no inciso 28 do art. 5º, diz que cabe
autor o usufruto dos seus direitos. O ECAD é regido por uma assembléia geral formada pelos membros
das sociedades de autores. Os membros são os representantes dos titulares de direito que estão filiados
às sociedades. Quase todos os titulares de direito são filiados a sociedades. Os representantes eleitos lá,
vão representá-los aqui no ECAD, formando a assembléia geral que decide a questão dos preços. Ela um
dia se reuniu e definiu um regulamento de arrecadação. Por exemplo: música ao vivo, corresponde a uma
arrecadação de 10% da receita; se não houver cobrança, é 1,09% UDA (Unidade de Direito Autoral para
cada dez metros quadrados); etc. São uma série de valores previstos nesse regulamento. Esse
regulamento é muito complexo, trata de vários assuntos. O direito autoral é cobrado de acordo com a

58
importância da música para o negócio (se ela é indispensável, se ela é secundária ou se ela é eventual),
levando em consideração vários fatores. Normalmente, a gente procede da seguinte maneira: se a pessoa
faz uma consulta, para obter informações sobre como se faz para cobrar direito autoral em um
determinado evento, como uma festa junina, ou música ambiente numa loja de shopping, a gente informa,
baseado nos dados da tabela.
Quando um artista se apresenta num espaço aberto, sem vínculo com donos de casas e que ficar
dentro dos termos da lei e respeitar os direitos autorais quando realizar o seu happy hour. Quais
são as condições para que o músico recorra a essa boleta bancária? É necessário que ele, sendo
responsável por seu próprio evento em área livre, contribua com a arrecadação do direito autoral,
quando cantar músicas de outros autores?
O responsável pelo pagamento é o organizador do espetáculo. Que está organizando o espetáculo é o
proprietário do espaço. Não é o músico que tem que fazer o pagamento. É o proprietário do
estabelecimento, quem está organizando o evento. Existem casos que existem co-responsabilidades.
Festa de terceiro com aluguel de estabelecimentos, como um teatro, por exemplo, sendo alugado para um
evento musical. Então, o ECAD cobra o pagamento desse terceiro, ou seja, que está organizado o evento.
O local responde solidariamente. Se o dono dele não controlar que a pessoa tenha feito o pagamento, ele
pode responder quanto a isso. O músico não é responsável por isso. Há casos que o próprio músico, que
nem sempre é titular de direito autoral, como os intérpretes, está organizando o evento. Ele negocia com
o donos do estabelecimento, dizendo que quer receber o couvert artístico, passando assim a ser o
organizador do seu evento. Aí, seria responsabilidade dele. Mas se ele é contratado para tocar ali, se
cobra ao dono e/ou responsável pelo local, não do artista.
Quais são os requisitos para se trabalhar no ECAD? Existem músicos compondo o quadro de
funcionários?
O ECAD é divididos nas seguintes áreas: de marketing de distribuição, de arrecadação, de informática,
operacional e administrativa financeira. Nessas áreas, a gente tem funcionários das mais diversas
qualificações, de acordo com o que a função exige. Se hoje o ECAD é uma empresa, ela contrata igual a
toda empresa. Temos o setor de recursos humanos que faz entrevistas, testes e dinâmicas para fazer a
contratação. Depende da pessoa ter habilidade para ocupar uma determinada área. Nós temos a função

59

ECAD
Sede: Rua Guilhermina Guinle, 207 – Botafogo - RJ
CEP: 22.270-060 Tel.: (021) 2537-8830
Av. Almirante Barroso, 22, 22º andar – Centro – RJ
CEP: 20031-000Tel: (021) 2554-3400
de coleta de dados que uma função ocupada por músicos. Para o trabalho feito com planilhas
provenientes das chamadas operações de gravação externa, no qual grava-se o que está sendo tocado ao
vivo nos locais do Brasil todo, nós temos uma vaga determinada para um maestro. Se for pessoal da
distribuição, poderá fazer verificação das obras musicais. Portanto, deverá ter conhecimentos na área da
música.

Essas sociedades são formadas por autores e outros titulares de direitos de autor e têm a função
de proteger e administrar os direitos individuais dos associados. O controle da utilização de obras feita
pelo próprio autor seria algo impossível e impraticável, já que elas podem ser exploradas ao mesmo tempo
por várias pessoas, em vários lugares ao mesmo tempo, de inúmeras formas. É óbvio que, tratando-se de
um tipo de direito individual, o melhor seria que os autores negociassem diretamente com os usuários,
lidando diretamente com a retribuição pecuniária. Isso acarretaria em eficácia ao reconhecimento de seus
direitos morais e patrimoniais.
Mas o autor deseja que sua obra seja usufruída para que assim haja divulgação. Todo o artista,
como os músicos e os compositores, devem estar na vitrine para que haja o reconhecimento desejado.
Percebe-se que a verdadeira meta a ser atingida pela prática do direito autoral da área musical é a
garantia que será dada ao compositor de que a obra será explorada, sim, mas de acordo com o interesse
do titular. Por isso que as sociedades foram criadas.
O desenvolvimento tecnológico faz com que música seja executada publicamente com tamanha
celeridade que ratifica mais uma vez a impossibilidade do controle individual (leia-se "sem pertencer a
uma sociedade").
No dizer de Cesar Costa Filho,

60
"os titulares passaram a unir seus esforços e recursos frente a uma legião de
usuários para a concessão de autorizações para utilização de suas obras, para
arrecadação dos proventos pecuniários resultantes dessas utilizações e para
distribuição dos mesmos entre seus titulares, identificando e prevenindo as
possíveis infrações". 4

Mas elas oferecem vantagens aos próprios usuários, já que elas concedem autorizações prévias
das quais eles necessitam para suas atividades de forma veloz, para todo o repertório sob sua proteção, o
que lhes oferece a vantagem de poder usar qualquer obra sem a preocupação de estar realizando um ato
irregular, em geral por custos menores.
Para proteger e administrar coletivamente os direitos dos titulares de direitos conexos, que
são os artistas intérpretes e executantes e os produtores de fonogramas, foram criadas as sociedades
do direito conexo, também devido à impossibilidade dos referidos titulares de administrarem
individualmente a cobrança de seus direitos. Outra função das sociedades é a divulgação do direito de
autor, através dos seguintes veículos: Jornal da AMAR, revista Pauta da UBC, informativo Socinpro
Notícias, e nos sites das sociedades . Isso permite que o grande público, os usuários, e os próprios
autores entendam os mecanismos da proteção do direito autoral, estimulando-os a contribuírem com a ela
que é simplesmente um ato de obediência à Lei. As orientações também são transmitidas em reuniões,
seminários, cursos e congressos divulgadas nos citados veículos de informação. No que se refere a
caráter social de promoções culturais, as associações utilizam meios de comunicação de caráter técnico,
para manter a sociedade atualizada sobre os avanços tecnológicos e assistenciais, possibilitando aos
seus sócios maior integração, e promovendo, solidariamente, benefícios médicos a toda uma comunidade.
Nas legislações modernas encontramos os regulamentos das atividades dessas sociedades,
estabelecendo como critério sua importância econômica e o interesse social. No Brasil, a lei n.º 5988/73
estabeleceu pela primeira vez em nosso sistema normas para a criação e o funcionamento dessas
sociedades, cabendo destacar uma delas, enumeradas por Cesar Costa Filho:

4
FILHO, Cesar Costa. Guia Prático do Direito Autoral na Área Musical. Rio de Janeiro, UBC. P. 19.

61
 "As sociedades não têm fins lucrativos.
 Com o ato de filiação as sociedades se tornam mandatárias de seus associados para
praticar todos os atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial de seus direitos, bem
como para sua cobrança.
 As associações com sede no exterior far-se-ão representar no Brasil por sociedade
nacional.
 O Titular não pode pertencer a mais de uma sociedade da mesma natureza.
 Os estrangeiros domiciliados no exterior não podem ser sócios, mas podem outorgar
poderes para a administração de seus repertórios.
 Os associados têm direito a escolher, por meio de escrutínio, a diretoria da sociedade
à qual pertencer.
 Independentemente do fato de ser membro de uma sociedade, a lei faculta ao autor o
exercício pessoal do seu direito, ou seja, o mesmo sendo sócio de uma entidade de
gestão coletiva, à qual outorgou um mandato para administração do seu repertório, o
autor é livre para atuar junto aos usuários pessoalmente. Ao utilizar essa faculdade que
a lei permite, é preciso no entanto que o autor não perca de vista o necessário respeito
aos direitos dos parceiros e editores, se for o caso".5
Há sociedades que administram os direitos de reprodução e sincronização, ou seja, os
direitos fonomecânicos. A ADDAF (Associação Defensora de Direitos Autorais Fonomecânicos) 6não é a
única especializada nesses direitos, embora a AMAR e a SICAM, que veremos a seguir com mais
detalhes, também cuidem dessa área.
Como já foi dito, a mais antiga sociedade brasileira é a sociedade brasileira de autores Teatrais –
SBAT, fundada em 1917, criada para administrar o denominado grande direito, mantendo na época um
convênio com o ECAD, incumbida de cobrar, os direitos dos autores musicais cujas obras foram incluídas
em peças teatrais. Todavia, ficou apenas cuidando do direito dramático.

5
FILHO, Cesar Costa. Guia Prático do Direito Autoral na Área Musical. Rio de Janeiro, UBC. Ps. 20 e 21.

6
A ADDAF é uma associação que trata das questões da pirataria na música. Porque ela cuida do direito
fonomecânico, optamos por não inseri-la neste guia.

62
Ante de abordarmos as Sociedades de Gestão ou de Administração Coletiva de Direitos de Autor
propriamente ditas, não se pode deixar de mencionar algumas associações de classe, que não têm as
mesmas funções das sociedades de gestão coletiva, mesmo que participem de forma indireta da
administração dos direitos, ao estabelecer convênios e tabelas de preços, criadas no intuito de estabelecer
autorizações na área da reprodução mecânica e gráfica das obras e da sincronização. São convênios
corroborados por gravadoras, produtores cinematográficos e fonográficos, editores e emissoras de TV.
Citaremos as mais importantes: ABEM (Associação Brasileira de Editores de Música); ABPD (Associação
Brasileira de Produtores de Discos); e ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
Quem pode integrar as sociedades são
 "Autores" e "Compositores"( os autores de obras intelectuais);
 "Artista-Intérprete" (ator, locutor, narrador, declamador, cantor, bailarino, músico, ou outro qualquer
intérprete ou executante de obra literária ou artística, que tenha fixações publicadas de suas
interpretações, com a menção de seu nome ou pseudônimo indicado em fonograma e demais
fixações sonoras e/ou audiovisuais);
 Músicos Acompanhantes;
 "Editores" ou "Editores-Cessionários" (pessoas físicas ou jurídicas, que, dedicadas ao ramo editorial,
sejam cessionárias ou administradora de obras literárias, musicais ou lítero-musicais);
 "Produtores Fonográficos"(as pessoas físicas ou jurídicas que fixem pela primeira vez os sons de uma
execução ou outros sons, e os publiquem em fonogramas, ou ainda que se dediquem à publicação
de fixações de terceiros dos quais tenham a devida concessão, sempre que o façam para utilizações
comerciais)
 "Produtores de Obras Audiovisuais (películas cinematográficas, videofonográficas, obras multimídias e
semelhantes), (pessoas físicas ou jurídicas que fixem pela primeira vez sons e imagens e os
publiquem para utilização ou exibição comercial.
Este guia orientará, a priori, somente as três primeiras categorias de sócios.

63
BREVE PANORAMA
Se você é um titular de obras musicais que está começando e sabe que o primeiro passo é dado
com cautela, em caminhadas mais cuidadosas, a Associação Brasileira de Autores, Compositores,
Intérpretes e Músicos (ABRAC) é o melhor caminho para se associar. Ela é uma sociedade considerada a
mais nova, criada em 1999. Ela não é uma dissidência de uma sociedade maior, e sim o início
propriamente dito. Ela é formada por pessoas que se reuniram para enveredar pelo caminho do direito
autoral com poucos recursos, mais com boa visão. Quando o autor, o intérpretes e o músico optam por
crescer junto com os colaboradores de seu trabalho, ao entrar para ABRAC perceberá que o
envolvimento com diretores ensejará em uma participação melhor nos trâmites do repasse do dinheiro
arrecadado, sem necessariamente ser da diretoria da referida associação.

COMENTÁRIO ADICIONAL
É notório que, empiricamente falando, o titular encontrará falhas naturais de quem está
começando, mas para saná-las, esse guia será imprescindível, assim como foi indispensável a nossa
visita à ABRAC, pois lá vimos o que é realmente "tirar água da pedra", pois com o pouco que eles têm, já
fazem muito. Por isso que concluímos que essa sociedade dá possibilidade de o autor crescer junto com
ela e, com certeza, resultará em futura gratidão mútua.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
 CPF;
 Carteira de Identidade;
 Três fotos 3X4 para a o documento de proposta para admissão;
 As músicas;
 O CD junto com o encarte ou uma fita gravada; e

64
 R$30,00 para fazer a carteira e R$15,00 para renovar por ano.

ENTREVISTA COM A PRESIDENTE DA ABRAC


JACQUELINE ROSA REIS
O que levou vocês a se reunirem para entrar nesse sistema de repasse do dinheiro arrecadado pelo
ECAD?
O meu pai, José Souza Reis, faz parte do meio musical a mais de trinta anos. Ele foi o fundador da
ANACIM. Meu pai abriu uma sociedade com a visão de ajudar o novo artista que está precisando de
oportunidade. A gente faz o cadastro do pessoal, orientando-o a registrar suas músicas e a se filiarem ao
ECAD. Nós corremos atrás do direito autoral para que ele receba, damos as informações o máximo
possível, pois a nossa sociedade trabalha com o iniciante. Ele precisa de incentivo. Eu até estou buscando
outras fontes para incentivar as pessoas que estão iniciando.
A ABRAC cobra alguma taxa para o autor, o intérprete ou o músico se associar?
A taxa que a gente cobra aqui é carteirinha, para se filiar. Nós cobramos a taxa de R$30,00 para
carteirinha e a renovação de ano em ano, de R$15,00. Isso é para gente pagar luz, para gente pagar as
despesas, pois para manter um escritório aberto existem despesas, por exemplo, um funcionário que
trabalha com a gente. Nós temos uma estrutura. Mas hoje, estou tentando buscar patrocínio. Pessoas que
queiram investir para ajudar quem está começando no mercado. Entretanto, as pessoas que estão
iniciando com gravação de CD, a gente percebe que tem um padrão de vida bom, porque para fazer hoje
um CD bom, fica em torno de 6 ou 7mil reais. Para ele colocar um CD à mostra ele tem que ter, no
mínimo, alguma condição financeira, e existe gente que tem esta condição, mas tem talento.
O que é a proposta de admissão?
A gente pega os dados do associado, ou seja, o nome real, o nome artístico, endereço, telefone etc.
Pegamos as letras de música, se for autor. Quando é intérprete, ele vem com uma fita gravada ou com
um CD. Quando ele é músico ele mostra também o trabalho que ele tenha feito. Aí nós o filiamos.
Informamos o ECAD que esse músico existe, que ele tem as composições e damos as dicas nos lugares

65
que ele pode ir, shows que ele pode começar, rádios que ele pode colocar o CD dele para tocar... E
fazemos a questão de informar ao ECAD.
Ao operar o módulo de distribuição (que é um software que todas as sociedades possuem para
detectar todos os dados da obra, do compositor, do intérprete, ou crédito retido, que é uma quantia
referida a autores não associados, ou obras que, por um erro, não apontam eficazmente os seus
titulares) a gente percebe que há um tipo do registro que o ECAD dá para um determinado titular,
mas ele aparece na tela do módulo mesmo que ele não seja de sociedade nenhuma. O que
consiste, então, esse registro?
Existe o CPF. É o cadastro nacional de pessoa física. Só para fazer uma comparação. Você se dá a
conhecer com um número correspondente ao teu nome. O ECAD fez a mesma coisa, ao criar um código
interno. Por exemplo, uma pessoa que eu cadastrei há pouco tempo, se eu digitar o nome dele no módulo
operacional de distribuição, o nome dele vai aparecer mesmo que ele não seja de sociedade, devido a
esse cadastro interno do ECAD. É um número de matrícula, mas não ensejará em repasse, pois ele ainda
não pertence a uma sociedade.
Quais sãos a dificuldades enfrentadas por uma sociedade considerada pequena, como a ABRAC?
Por exemplo. Houve um show de fulano de tal. Para um fiscal, ele é um desconhecido. Ele não sabe o
nome do autor e às vezes o próprio intérprete que está cantando a música não sabe quem é, por se tratar
de uma pessoa desconhecida e o próprio fiscal não tem como detectar quem é. Eu soube hoje, no ECAD,
que os fiscais estão se aprimorando cada vez mais a conhecer o meio musical. Existem especialistas em
rock, forró, etc. para saber detectar. Mas que é pequeno e está começando tem que se dá a conhecer.
Tem que alertar à sociedade. "Informa ao ECAD que eu fiz tal obra"! Informa ao ECAD que eu sou fulano"!
Por exemplo, eu tive como associado o rock bolado, que de fato iniciou a onda do "popozão", que hoje
todo mundo sabe o que é "popozão". Mas esse slogan, quem começou foi ele, e ele não tinha orientação
para poder segurar o nome. Então o outro foi e gravou pela Furacão 2000, e ficou com o nome. Quando
ele chegou aqui, o mal já tinha acontecido. Ele tinha que ter fixado o direito autoral da criação do
"popozão" para ele. Quem usasse, teria que pagar a ele. Existe no meio muito desconhecimento. O ECAD
está se informatizando há pouco tempo. É um campo muito vasto. A cultura do nosso país precisa de
investimento, como a nossa sociedade aqui.

66
Quando a sondagem do ECAD se especializa num determinado ritmo, os fiscais acabam tendo
mais capacidade para detectar todo tipo de música executada em um determinado local e, por
conseguinte, quem são de fato os respectivos titulares. Já que quem administra o ECAD são as
próprias sociedades, isso acarreta de fato em qualidade do sistema de arrecadação, nos
mostrando que não importa o tamanho da sociedade, pois sempre haverá fiel distribuição?
Entenda bem. A administração são os membros da sociedade sim. Mas a ABRAC hoje não participa das
reuniões, pois somos uma sociedade pequena. Só as maiores que participam das reuniões e que decidem
por meio de votação. Só que o trabalho de escuta é feito pelo ECAD. A sociedade não faz o trabalho de
escuta. Hoje no ECAD foram contratadas empresas terceirizadas para poder fazer o trabalho de escuta.
Há então uma desvinculação da ABRAC em relação ao ECAD?
Não. Nós somos vinculados ao ECAD. Nós estamos no caminho para participar das reuniões.
De acordo com as variedades de estilo, existem caminhos variados a serem trilhados.
Hipoteticamente, como é o auxílio direcionado que ABRAC dá ao associado?
O compositor, o intérprete ou o músico executante tem que fazer uma pesquisa junto às editoras. Por
exemplo, no funk, existe a editora Furacão 2000. São pessoas especialistas. Eles têm que ter também
oportunidade de fazer o trabalho dele acontecer. Porque hoje o mercado é assim. Existe uma mídia.
Existem pessoas que detêm esse poder de lançar o cara no mercado. A pessoa que quer ter um sucesso,
ser reconhecida, ela tem que buscar isso. A gente dá os primeiros passos. Nós fazemos, às vezes, o
contato, se o trabalho dele for bom e vermos que ele tem condição.

ABRAC
Endereço: Rua Evaristo da Veiga, 35-1816-Centro
Rio de Janeiro/RJ – CEP: 20031-200 – Tel.:31851665

67
Se há uma sociedade que os músicos executantes têm que ser grato, essa sociedade é a AMAR
(Associação de Músicos Arranjadores e Regentes). Criada em 1980, foi a responsável pela elaboração de
um plano de Distribuição dos Direitos dos Músicos executantes. O Brasil, devido à criatividade dos
membros da AMAR, é o único país a inserir nos direitos conexos os músicos que executam uma obra
fonográfica. Mesmo que a SOCINPRO tenha inovado com o cuidado dos direitos conexos pertencentes a
INtérpretes e PROdutores, jogou para OMB, na ocasião, a responsabilidade da prática da eqüidade dos
direitos do músico acompanhante. Como já vimos, a OMB é um órgão criado para regularizar a situação
do músico como profissional. A verba usada pela OMB, na época em que ela ficou erroneamente
encarregada de fazer o papel que deveria ser feito por uma sociedade, era usada para fazer filantropia. De
acordo com os Sindicatos, não era a OMB que deveria fazer esse tipo de arrecadação, e sim uma
sociedade especializada para tal serviço. Foi então criada a AMAR que, podemos dizer, em parte, foi
criada com esse dinheiro arrecadado.
Além desse atributo, AMAR é a única sociedade criada e administrada exclusivamente por
criadores musicais, autores e compositores. Ela também preconiza a idéia de autonomia do autor para
cuidar de seu destino. Herdeira da SOMBRÁS , um movimento pioneiro que lutou pela autonomia do Autor
e denunciou o controle do sistema autoral brasileiro pelos grandes conglomerados fonográficos nos anos
70, essa sociedade se destaca por lutar pela defesa integral dos direitos do Autor e por uma gestão
autoral sem interferência dos usuários de suas obras, dos agentes econômicos e do próprio Estado.
Seu sistema de Informática integra o CIS (Common Information System), sistema que unificará a
gestão cultural em nível planetário funcionando da seguinte maneira: quando uma música é executada, a
leitura do código ISRC (explicado no capítulo referente à Socinpro) permite reconhecer os titulares e as

68
percentagens correspondentes de seus direitos. Essa leitura se realiza por meio dos equipamentos de
hardware, facilitando o controle.
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
Para se associar a AMAR, é preciso estar munido dos seguintes documentos:
 CPF;
 Carteira de Identidade;
 Comprovante de Residência; e
 Conta Bancária.
O valor da inscrição é de R$20,00. A anuidade corresponde ao mesmo valor, descontada
automaticamente da conta do músico associado. O desconto é efetuado quando o músico completa um
ano na AMAR. Para se associar, ele deve ter a sua obra sendo executada nas rádios ou em outro veículo
de comunicação (pelo menos uma). Se optar por se cadastrar como compositor, só preenche o formulário.
Na categoria de músico executante ou intérprete, deve levar o encarte do CD que tenha participado.

AMAR
Av. Rio Branco, 18 / 19º and, Rio de Janeiro – RJ
CEP 200-90000
Tels. (21) 263-0920 / 263-0921

69
BREVE PANORAMA
Podemos afirmar que o autor e/ou o produtor independente, ao optar por escolher a Sociedade
Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (SOCINPRO), vão ser tratados da melhor
maneira e contando com alta tecnologia. Ela foi fundada em 1960 e começando a funcionar efetivamente
em 1962 com a função de cuidar dos direitos de Intérpretes e Produtores, considerados direitos
conexos. Com o tempo passou abranger o direito autoral da música em todas as suas modalidades. Hoje,
é responsável por 13 mil profissionais no Brasil, que recebem da SOCINPRO assistência social e
orientação para questões relacionadas ao cotidiano artístico.

COMENTÁRIOS ADICIONAIS
Quando nos referimos ao privilégio que o músico considerado independente angaria ao se filiar à
SOCINPRO, não sendo ele integrado a uma gravadora de peso, estamos tomando como critério a
aquisição de um documento conhecido como "GRA". Ele foi, durante muito tempo a identidade de uma
música na esfera nacional, pois comprova legalmente a relação de músicos participantes da gravação, do
arranjador e do produtor fonográfico, indicando qual será a percentagem para exploração do direito
patrimonial que pertencerá aos produtores, em se tratando de direitos conexos. Depois do trabalho
pronto, isto é, impresso num fonograma, o produtor responsável deverá anotar o nome completo, CPF e
OMB de todos os músicos que fizeram parte da gravação, detalhando essas informações por faixa, pois
serão úteis para o preenchimento do formulário, na finalidade de adquirir o GRA da música, que
representava estritamente a gravação (não a obra, nem o suporte). O GRA era obtido através de uma
sociedade autoral, que encaminhava, como hoje, uma cópia ao ECAD, que o fornece mediante proposta
das editoras. Houve um período que a SOCINPRO era a única a fornecer GRA para gravações realizadas
por um produtor independente (pessoa física), enquanto as demais sociedades trabalhavam somente com

70
produtor fonográfico que fosse "pessoa jurídica" (informação obtida no site
http://www.panoramampb.com.br/dicas/cd_independente.asp), sendo a SOCINPRO pioneira nessa idéia. .
Atualmente, há uma outra modalidade de identificação, que é o International Security Recording
Code (ISRC). 7O surgimento desse sistema contribui para o sucesso da campanha pela numeração de
CD, que tem o mesmo efeito do GRA, só que na esfera mundial (atualmente, ele é visto como a evolução
do GRA). Esse sistema foi desenvolvido pela Organização Internacional de Normatização (ISO) para
identificar as gravações sonoras e audiovisuais. O ISRC foi criado para atender uma gestão autoral
planetária, pertencente a um banco de dados mundial para atender a amostragem informatizada que
utiliza o programa CIS, citado no capítulo do ECAD.

Exemplo de International Security Recording Code (ISRC)


BR-UFF – 03-00214
BR-Dois primeiros dígitos UFF –O Código do 03-Ano de referência em que 00214-Código de Gravação.
representam as iniciais do Registrador identifica o se completou o processo de Constituído pelo titular ou
país. produtor de fonogramas ao masterização do fonograma. produtor. Trata-se de uma
ser fixado o ISRC. numeração que não pode ser
utilizada novamente durante o
mesmo ano de referência.

O cuidado que o artista independente deve ter, ao criar o encarte do CD, é o de não esquecer de
inserir o nome dos autores é de estampar a seguinte expressão: "direto ao autor". E o ISRC obtido na
SOCINPRO.
Atenção: quando se convida um músico para participar de seu CD, e ele pertença a uma
gravadora, você ou ele deverá pagar royalties a ela
A SOCINPRO foi a pioneira na criação de um cartão magnético que possibilita ao associado ter
seu pagamento proveniente do direito autoral através da rede bancária. Depois, criou junto com o Banco
do Brasil um cartão magnético com o qual o músico pode receber seu dinheiro sem precisar ir até a sede
da sociedade em qualquer caixa 24 horas. No site da SOCINPRO, o sócio pode acessar, com login e

7
A explicação sobre o ISRC é dada no capítulo referente à SOCINPRO porque essas informações foram colhidas no
site dessa Sociedade de Autores (www.socinpro.org.br)

71
senha pessoal, o banco de dados com toda a informação a respeito da arrecadação e pagamento de seus
direitos. O mesmo tratamento é dado às Sociedades Estrangeiras que tenham assinado o contrato de
representação com ela.
A SOCINPRO participa junto aos Poderes Legislativo e Executivo, atuando nas comissões de
trabalho e apresentando sugestões e planos de ação. Ela age com o intuito de aprovar leis que introduzam
proteção à propriedade intelectual, prezando direitos dos compositores, autores, artistas, músicos,
editores, produtores e demais titulares. Podemos citar, para exemplificar, a harmonização da legislação
autoral no âmbito dos países do Mercosul e as leis de incentivo fiscal à cultura.
A SOCINPRO faz parte do Conselho Nacional do Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura,
que tem um fundo financeiro conhecido pelos produtores culturais: O FNC (Fundo Nacional da Cultura).
Esse fundo é destinado também a instrumentos musicais e outros tipos de ajuda a titulares de direitos
autorais. O Conselho aprova projetos de apresentação de shows, produção de discos, encenação de
peças teatrais e produções audiovisuais, com o Mecenato, a renúncia fiscal e incentivo fiscal, através da
Lei 8.313/91. Há também um setor que presta atendimento social a seus associados, auxiliando os
compositores, artistas, músicos e outros titulares nas situações emergenciais, além de fornecer
orientação jurídica.
Quem quiser se associar a SOCINPRO deve apresentar a seguinte documentação:
 Carteira de Identidade;
 CPF (No caso de Pessoa Jurídica, CNPJ);
 Xerox do Encarte do CD; e
 Solicitar o GRA( ou ficha 158), junto à gravadora (ou editora)no caso de obra numerada (ou editada).

SOCINPRO
Av. Beira Mar, 406 / 205-1206
Rio de Janeiro - RJ - CEP 20021-060
Tels. (21) 2220-8957 / 2220-3580 Fax (21) 262-7625

72
73
BREVE PANORAMA
A UBC, União Brasileira de Compositores é sociedade de gestão ou de administração coletiva de
direitos autorais mais tradicional. Ela foi a pioneira, fundada em 22 de junho de 1942. Os compositores,
autores editores musicais, intérpretes, músicos e produtores fonográficos (gravadoras) compõem o seu
quadro de associados. Por isso, trata das questões jurídicas no plano geral, pois, no plano individual,
colocaria em litígio judicial duas categorias de associados, como por exemplo, gravadora versus
compositor. Os sócios efetivos participam das assembléias gerais, com poder de voto para a eleição dos
sete membros da diretoria para uma mandato de 4 anos. Atualmente, sua diretoria é composta de cinco
autores e dois representantes de editoras. A assembléia geral também vota a aprovação do balanço de
contas anual da sociedade.
O repertório da UBC, atualmente, está protegido no exterior através de mais de cinqüenta
contratos de representação, assinados com as sociedades estrangeiras membros da CISAC
(Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores), no mundo inteiro. A UBC é
responsável pela administração majoritária do repertório musical estrangeiro que é executado no Brasil.
Ela também administra os direitos conexos de intérpretes, músicos e produtores fonográficos. Apesar
de participarem das assembléias gerais, os titulares de direito conexo não tem direito a voto, nem
podem candidatar-se ao corpo diretivo, pois são apenas sócios administrados.
Hoje, a UBC administra os direitos de execução pública musical e os que lhe são conexos de
aproximadamente 6.000 titulares, entre eles os mais famosos autores brasileiros. A administração
profissional da UBC fornece aos seus associados os seguintes serviços:
 SCOE – SISTEMA DE CADASTRO ELETRÔNICO DE OBRAS software desenvolvido pela UBC para
atender pequenos e médios editores, que não dispõem de sistema próprio, para cadastro de titulares
e obras musicais.
 SISTEMA ISRC (CÓDIGO UNIVERSAL DE GRAVAÇÃO) – Software fornecido a produtores
fonográficos para a designação de códigos padrão ISRC aos seus fonogramas.

74
 RELATÓRIO ELETRÔNICO DE OBRAS MUSICAIS – Consiste em um formato de intercâmbio que
permite aos associados cadastrarem eletronicamente o seu repertório musical na UBC.
 RELATÓRIOS ELETRÔNICOS DE DISTRIBUIÇÃO – Os associados podem escolher se desejam
receber seus relatórios de distribuição em papel ou de forma eletrônica por e-mail.
 LISTAS DE OBRAS NÃO IDENTIFICADAS PARA CONSULTA DISPONÍVEL NA INTERNET – Os
associados podem consultar e adquirir por download direto da página da UBC, mediante identificação
e senha individual, as listas de obras não identificadas, as quais são atualizadas a cada trimestre,
após o processamento das distribuições.
 CONSULTAS AO EXTERIOR – Permite aos associados consultar a situação de seu repertório no
exterior, incluindo a documentação e execução de suas obras, em qualquer uma das 50 sociedades
com as quais a UBC mantém contratos de representação no exterior.
 ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO – A UBC é a única sociedade brasileira a oferecer um estúdio profissional
de gravação para os seus associados, sem qualquer custo.
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
 CD gravado com o encarte;
 CPF,
 Carteira de identidade;
 Comprovante de conta bancária; e
 Indicação de um sócio daqui.

ENTREVISTA COORDENADORA DO DEPARTAMENTO


DE CADASTRO EFETIVO E DOCUMENTAÇÃO
MARIA ISABEL CEPERUELO
Como se dá a entrada do músico para o quadro de associados? Ele só consegue se associar com
proposta da editora?
Não necessariamente através de uma editora. Aqui a gente pede que seja indicado, mas não
obrigatoriamente por uma editora. Tem muito autor que não edita e nem tem uma gravadora, os ditos
independentes. Mas ele tem que ter uma produtora. A gente não filia é pessoa física como produtor. Tem

75
que ser pessoa jurídica representando uma produtora. Mas não é necessário que seja uma gravadora
multinacional. Pode ser selo independente, mas que tenha uma produtora.
Como é feita o contrato de representação de músicos e compositores estrangeiros, para que eles
sejam representados no nosso país?
Não existe intercâmbio de músicos executantes. Somente de autores. Não pagamos direitos conexos
de músicos nem eles pagam para nos nossos executantes lá fora. O mesmo ocorre com os intérpretes.
Só o autor que é o privilegiado nesse intercâmbio.
Qual a relação do ISRC com o produtor e com o editor fonográficos?
O ISRC é relacionado apenas com produtor fonográfico. Não tem nada a ver com editor. Esse ISRC,
quando o produtor filia-se a uma sociedade, nós fazemos o cadastro desse produtor dentro do ECAD, e
ele gera um IFPI. Aí o ECAD nos fornece um programa que repassamos para o produtor que instala no
computador e ele faz toda a ficha técnica de cada faixa que ele vai gravar. Ele preenche essa ficha que já
vem com o IFPI, que é o código da própria produtora e mais o número. Cada ficha que você preenche, o
próprio programa te dá o número. Aí o produtor imprime e manda para o ECAD. Por essa ficha técnica que
o ECAD paga os músicos, os intérpretes e a própria produtora. Por aí que são pagos os direitos
conexos. Por essa ficha técnica que é o IRSC.
Nessa ficha vem discriminada a quantia que cabe ao próprio produtor?
Sim. Mas não é quantia, pois esta é de acordo com a arrecadação do ECAD. É por percentagem, que está
de acordo com o valor do ponto de cada obra.
Como é a diferenciação do cadastro de autores, intérpretes e músicos acompanhantes?
Para você entrar como autor, você tem que ter música gravada como autor. Não quer dizer que você
gravou suas músicas. Pode ter sido gravada por outros artistas. Muitos autores hoje são intérpretes, mas
antigamente, a maioria dos autores era somente autores. Eles não eram intérpretes. Para entrar como
autor, tem que comprovar que as músicas são gravadas e comercializadas. Como intérprete, tem que ter
disco gravado para receber os direitos de execução. Comprova-se que é intérprete pela gravação. E o
músico acompanhante comprova pelo mesmo processo do intérprete. Mesmo que você faça coro, você é
considerado músico acompanhante.
Como o corre a relação entre editor, sociedade e ECAD?

76
O editor informa para a gente que tem a sua obra, informando o nome dela e dos autores, os percentuais
que cada um tem através de contrato, e isso a gente já joga direto dentro do ECAD. A gente cadastra-o no
ECAD. Nós alimentamos o ECAD com essas informações que nos dão. Agora, se você grava um CD
independente, você é um editor. Nesse caso, é você que tem que trazer o CD aqui, e eu pego os dados do
CD e jogo dentro do ECAD.
Quais são as vantagens de ser um associado da maior sociedade de gestão ou de administração
coletiva de direitos autorais do Brasil?
Nós termos a maioria de votos dentro da Assembléia do ECAD. A diretoria da UBC está sempre visando
ao melhor para os autores. Até juridicamente, quando as TV's não querem pagar. A parte jurídica da UBC
contribui com a parte jurídica do ECAD.

UBC
R. Visconde de Inhaúma, 107
Rio de Janeiro - RJ – CEP:20091-000
Tels. (21) 223-3233/ 233-9027
Fax (21) 263-2884 / 516-8198
Centro - Rio de Janeiro - CEP 20031-000

77
BREVE PANORAMA
Criada em 1960 por um grupo de autores e compositores paulistas, a Sociedade Independente de
Compositores e Autores Musicais (SICAM) foi tão eficiente em seus primórdios que obrigou às demais a
se unirem em torno do SDDA (Serviço de Defesa dos Direitos autorais), uma coligação criada para fazer
uma espécie de frente rival à eficiência da SICAM. Ela tem sido a sociedade de titulares mais popular do
Brasil, com aproximadamente trinta e oito mil filiados, congregando autores, compositores, intérpretes,
maestros, arranjadores, editores e produtores fonográficos.

COMENTÁRIO ADICIONAL
Seu estatuto é bem elaborado e tipifica os das demais sociedades, ajudando-nos a entender como
é o vínculo entre elas e os associados. Fizemos comentário dos 21 artigos que encetam o referido estatuto
para esclarecer ao sócio da SICAM ou de outra sociedade sobre os direitos e deveres das sociedades e
dos associados.
SOBRE O ESTATUTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
(CAPÍTULO I)
Nas informações propedêuticas, destacamos partes importantes que tipificam características das
sociedades. Na constituição de 1988 no artigo 5º, inciso XVII, divisamos que é permitida a liberdade de
associação para fins lícitos, e no inciso XVIII, tomamos ciência de que é vedada a interferência estatal em
seu funcionamento. O estatuto da SICAM, em seu art. 2º, parágrafo único, nos alerta para uma condição
sine qua non da existência lícita de uma sociedade: ela não pode objetivar lucro.
Podemos realçar as alíneas do art. 5º que clarifica aos sócios sobre determinadas incumbências
da SICAM, servindo também para entender o procedimento administrativo de outras sociedades, como por
exemplo, defender, no âmbito moral, fiscalizar, arrecadar e distribuir, no âmbito patrimonial, os direitos
autorais e conexos de seus associados administrados e efetivos, incentivando e propalando as obras
sobre seu controle.

78
Quando o art. 6º enfatiza que "a sociedade se torna mandatária e substituta processual de seus
sócios para a prática de todos os atos necessários à defesa judicial e extrajudicial de seus direitos, bem
com para sua cobrança", confirma que a responsabilidade de tutelar a obra é uma obrigação das
sociedades, não podendo ela se esquivar nem dos litígios levados aos tribunais, nem os de acordo
pacífico. O mandatário defende o direito alheio em nome alheio. O substituto processual defende o direito
alheio em nome próprio.
DOS SÓCIOS EFETIVOS/ DOS SÓCIOS ADMINISTRADOS
(CAPÍTULOS II E III)
Para a SICAM, sócio efetivo é a pessoa física titular de direito autoral ou que lhe é conexo, sendo
titular de , no mínimo, 5 obras como objeto de execução pública com resultado econômico, não sendo
ele sócio de nenhuma outra sociedade apresentando, por escrito, a proposta de filiação e mandato,
acompanhada de duas fotografias. Já o sócio administrado pode ser pessoa física ou jurídica que seja
titular de obra, mas que não atinja o número de 5 e/ou não esteja ainda em expressiva execução
pública. Quando for atendida essas exigências, eles passam imediatamente a sócio efetivo. Além disso,
podem ser sócios administrados autores de obras de outros gêneros, como obras audiovisuais, obras
fotográficas, obras plásticas, etc.
DA INCLUSÃO DE OBRAS
(CAPÍTULO IV)
Pelo fato de a SICAM e outras sociedades aceitarem como sócio administrado pessoas que
ainda não tenham uma execução pública satisfatória, alguns autores pensam que sua simples inclusão
no rol de membros acarretar-lhes-á algum tipo de remuneração. No art. 18 desse capítulo vemos que não
basta apenas incluir para receber alguma importância pecuniária. O mesmo artigo ainda alerta que a
SICAM não enquadra obras sem comprovação satisfatória da titularidade da mesma e, "para efeito de
controle e cadastramento na sociedade, necessários aos serviços de proteção e pagamento, o sócio,
diretamente ou por intermédio de co-titular deverá manifestar, por escrito, a existência de suas obras,
assim como denunciar todas as formas de comunicação pública de que a mesma for objeto".
DOS DIREITOS DOS SÓCIOS
(CAPÍTULO V)

79
O art. 19 enumera os deveres dos sócios. Dentre os mais importantes, destacamos as alíneas a,
c, d, e, f, e g. São direitos dos sócios efetivos: a participação das assembléias gerais, tomando parte nas
discussões, votando e sendo votado; a participação das liquidações de direitos promovidos pela
sociedade; receber o que lhe é devido dentro do sistema previsto por esse estatuto; a apresentação de
sugestões, reivindicações e revisões. O associado pode votar por carta, mas não por procuração. Os
sócios administrados também podem gozar das vantagens dos efetivos, todavia, não podem votar nem ser
votado.
DOS DEVERES DOS SÓCIOS
(CAPÍTULO V)
Os sócios têm, como deveres: a observância das disposições estatutárias e as deliberações da
diretoria e assembléia geral; não se envolver em campanha que vise prejuízo moral ou material para a
sociedade; a não autorização da utilização da sua obra, sem que formule aviso prévio por escrito à
SICAM; manter a sociedade informada da comunicação pública de obra de sua autoria; e a participação
com percentual equivalente ao seu recebimento, das despesas de manutenção da sociedade.
Se não observar esses preceitos, o sócio fica sujeito a advertência, que será por escrito, e
exclusão, que será aplicada também por escrito comunicando a renúncia do mandato.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
 Carteira de Identidade;
 CPF;
 ISRC;
 Taxa de R$42,00, sem anuidade. (Se o autor já estiver no crédito retido, não cobra a filiação); e
 O CD com o encarte.

SICAM
R. Álvaro Alvim, 31 / 1802
Rio de Janeiro - RJ - CEP 20031-010
Tel. (21) 2240-5210 / Fax (21) 2220-8909
80
81
BREVE PANORAMA
A SBACEM foi fundada em 9 de abril de 1946 por um grupo de autores insatisfeito com o
tratamento que era dado à UBC. Estes autores que saíram da UBC, como Ary Barroso, Erivelton Martins e
muitos outros, formaram a SBACEM, que era uma sociedade que se dedicava principalmente ao
incremento da Música Popular Brasileira. Ela desenvolveu um intenso trabalho de repertório nacional.
Devido a ela que a música brasileira é bem representada por sociedades estrangeiras.
No ato de filiação à SBACEM, só é cobrada a autoria, não execução dela na rádio. O associado
deve ser, comprovadamente, autor e/ou compositor de, no mínimo, três músicas gravadas
comercialmente. Segundo o consultor jurídico da SBACEM Dr. Ivo, atualmente, o titular da obra vai à
sociedade, leva toda a documentação necessária e é submetido diretamente à diretoria para que seja
aceito como membro, pois o novo sócio não necessita mais de proposta de editores e de outros
associados para se integrar ao Quadro Social, como está descrito no estatuto da sociedade.
Somente pessoas físicas são admitidas como associados.
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
A SBACEM não cobra nenhuma anuidade para filiação.
Não é necessária a apresentação do CPF e da Carteira de Identidade. O autores, compositores ou
intérpretes devem estar munidos do ISRC, que já vem discriminando o código numerado da respectiva
documentação de Identidade e Cadastro de Pessoa Física.

SBACEM
Pça. Mahatma Gandhi, 02 / 709
Rio de Janeiro - RJ - CEP 20031-100
Tel. (21) 220-5685 / Fax (21) 262-3141

82
BREVE PANORAMA
A Associação Nacional de Autores, Compositores e Intérpretes do Rio de Janeiro é uma
representação atrelada a sua sede que fica em Brasília. Fundada em 15 de abril de 1980, dá um
tratamento todo especial às obras de compositores inéditos.

COMENTÁRIO ADICIONAL
Quando se trata de sociedades com sede no Rio de Janeiro, o compositor que atua no estado do
Rio encontra logo uma estrutura administrativa evidente. Entretanto, vai se pasmar ao notar o tratamento
dado por uma representação que é sucursal de uma sede que fica em uma outra unidade federativa.
Apesar de não ser músico, o representante Luiz Anchieta passa muita tranqüilidade para o autor que quer
se associar, visto que a orientação, em termos de direito autoral, é dada de forma digerida, isto é,
vulgarmente chamada de "mastigada". O leitor perceberá ao ler a entrevista.
Podemos mencionar também o tratamento diferenciado às diversidades de profissionais e autores
de músicas. Retiramos, pois, do site da ANACIM (www.anacim.hpg.ig.br) os requisitos de um versionista,
de um intérprete e de um compositor, para que se tornem associados:
VERSIONISTAS : Serão admitidos na categoria de Versionistas todos aqueles candidatos que
comprovarem através de Autorização do Editor Musical original, a composição da versão, incluída em
discos de qualquer natureza.
INTÉRPRETE : Serão admitidos na categoria de Intérpretes, os candidatos que comprovarem a
realização de gravação em discos, no mínimo de 01 (uma) obra musical, podendo ser em "Fita Demo",
quando estiver veiculada em programação de rádio.
COMPOSITOR :Terá que apresentar gravação em discos, pelo menos de uma obra de sua autoria ou em
parceria, podendo a referida gravação ter sido realizada "INDEPENDENTE". Aos candidatos que

83
possuírem "Fita Demo", caso a música esteja sendo veiculada em rádio, terá que proceder a Edição da
obra.
Poderão também se filiar a ANACIM os Compositores que não possuirem obras gravadas,
bastando para tanto, proceder a Edição de no mínimo 02 (duas) músicas, as quais terão que se
acompanhar da respectiva letra e gravação em Fita Cassete , com acompanhamento Harmônico, Violão,
Teclados, etc. .
Observação: A ANACIM aceitará em seu quadro social aqueles autores que tiverem suas obras
registradas na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, através de partituras,
devendo os candidatos no ato de filiação, comprovar o registro acima mencionado.
Com a experiência que tivemos com a forma de tratamento da ANACIM, garantimos que lá o
associado se sentirá à vontade, tanto em relação a aprender como para ensinar. Troca de experiências
esta que é bastante profícua ao entendermos que, para que a área do direito autoral não seja um
entendimento hermético possível apenas para o saber jurídico, é preciso que haja uma simbiose entre o
titular e quem cuida das obras dele.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
 CPF;
 Carteira de Identidade;
 Repertório cadastrado no ECAD (ISRC);
 Registro de Música na UFRJ;
 Fotos para fazer a carteira;
 Encarte do CD para visualizar ISRC; e
 R$20,00 para taxa de inscrição.

ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DA ANACIM NO RIO DE JANEIRO


LUIZ ANCHIETA
É indispensável, na ANACIM, a carteira da OMB?
Não. Lá é Ordem dos Músicos. Nem todo mundo que é compositor é músico.

84
Na ANACIM o associado paga anuidade?
Na ANACIM não paga anuidade.
Como é o cadastro no ISRC? A ANACIM o fornece para o compositor?
O ISRC é um sistema novo, pois o GRA foi extinto. Antigamente, o GRA era fornecido pela Sociedade. Era
um formulário preenchido numa papelada e tanto. No caso do ISRC está meio confuso, por que é um
programa, o cara tem que se registrar como produtor. Mas são as sociedades que fazem essa ponte com
o ECAD. Se partir da gravadora ou do compositor, fatalmente tem que passar pela sociedade que ela que
faz a ponte. Gravadoras e editoras também têm que ser associadas.
Por que as gravadores estão sendo associadas quando quem deveria compor as sociedades como
membros seriam exclusivamente autores, intérpretes e músicos executantes?
A maioria delas tem editora. A Sony, a Warner, etc. E a editora tem que receber pelo ECAD o direito
autoral das obras. Além de ela ser gravadora, ela também edita as obras do compositor.
Qual a relação da ANACIM com os músicos independentes?
Tem casos e casos. Edição é uma coisa meio louca. Você, se for um compositor inédito, todo mundo vai
querer editar sua música, por que, automaticamente, vinte e cinco por cento passa para o editor. Às vezes
não é jogo você fazer isso. Mas, se um editor vai investir no teu trabalho, te dar um amparo e proteger sua
obra, vale a pena. É um percentual significativo, pois tem casos que fica em torno de trinta e três por
cento. O que a gente aconselha é para editar, mas com cautela, pois é necessário que a editora invista no
autor. Senão, é melhor ele continuar independente por aí.
Quando o compositor, o intérprete ou o músico se aprofunda na burocracia relacionada ao direito
autoral, será benéfico para ele, mesmo antes de ele fazer sucesso?
Não tem outra saída. Para ele receber dinheiro de execução pública, ele tem que ser ligado ao ECAD.
Para isso, ele tem que ser de uma sociedade. Não é questão de ser vantajoso ou não. Se ele não se
associar, ele não recebe.
Ao entrevistar um presidente de uma determinada sociedade, colhi informações que a mesma
havia sido desvinculada do ECAD, só que agora está retornando para o Escritório, ainda que esteja
agora ocupando a parte administrativa, e não a de direção. Que diferenciação de ocupação de
funções é esta, que acarreta em vínculo ou desvinculação de algumas sociedades do ECAD?

85
São doze presidentes que ditam as regras e procedimentos do ECAD. Numa certa época, no ano de 2000,
houve uma rebelião. Já que trata-se de uma obrigação a filiação dos autores nas sociedades, isso
provocou disparidades. O ECAD só aceitou a reintegração da Sociedade junto ao ECAD se os rebelados
abrissem mão da presidência da sociedade que você se referiu. Um rebelado não abriu mão, por isso ele é
mau visto pelo ECAD. No caso da ANACIM, que também esteve envolvida nesse problema, teve que
reformular toda a diretoria para poder voltar ao ECAD.
Essa desvinculação teve a ver com aquela porcentagem que tem que deixar para o ECAD?
Não. Os rebeldes queriam criar outra arrecadadora, outro ECAD, digamos assim.
Os músicos tem como fazer parte da diretoria da ANACIM?
Claro. De dois em dois anos tem eleição, na sede de Brasília.
Qual seria uma vantagem para se associar a ANACIM?
Aqui, nós damos prioridade ao compositor também inédito, o que em algumas sociedades existe uma
dificuldade. O cara às vezes não gravou nada, mas é compositor. Está correndo atrás.
É verdade que o músico executante só recebe se as músicas nas quais ele tenha participado na
gravação esteja entre as 650 músicas mais tocadas?
É verdade. Isso é novo. Parece que é assim no mundo todo.
Há privilégios aos associados de sociedades consideradas maiores por parte do sistema de
arrecadação?
Não, é tudo igual. Se você recebe aqui cinqüenta reais de direito autoral, pode ir para outra que vai
receber os mesmos cinqüenta reais. Você pode ter diferença de atendimento. Mas quanto à arrecadação,
não. O compositor pode ser de uma sociedade reles que terá o mesmo tratamento do ECAD.
A ANACIM orienta sobre registro de obras, quando nota que se trata de um compositor iniciante?
Claro. A gente clareia a mente do compositor. Você vê o caso de pessoas famosas que, no passado,
assinaram contrato, e o problema vem à tona agora, em simultaneidade com o sucesso. A gente orienta-
os a irem aos lugares certos a fazerem tudo documentado.
Como é o auxílio judicial da ANACIM?
Nós temos advogados aqui no Rio de Janeiro atuando junto à ANACIM. Deu problema com o associado, o
advogado entra logo em ação.

ANACIM 86
Rua Erasmo Braga, 277/709, Centro
Rio de Janeiro – RJ – CEP.: 20.020-000
Tel.: (21) 3286-5152 FAX: 2532-5887
BREVE PANORAMA
A Associação Brasileira de Regentes, Arranjadores e Músicos tem vinte anos de existência e
possui sede em São Paulo. Apesar disso, sua sucursal do Estado do Rio de Janeiro não deixa a desejar
quanto à administração do repertório de seus associados, sejam eles autores, intérpretes, músicos,
editoras ou produtores fonográficos. Tivemos o privilégio de, na ABRAMUS, ter acesso ao módulo
operacional do ECAD, um sistema que possibilita a pesquisa sobre todos os artistas cadastrados, com o
fim de estar ciente de qual a sociedade ele pertence (se é que ele está associado em alguma), quais
foram os intérpretes que gravaram determinada composição, o valor arrecadado para a distribuição e até
mesmo detectar os créditos retidos de um determinado titular que, por uma falha qualquer, não tenha sido
distribuído com regularidade. Por isso que pode se dizer que, além de arrojada, a ABRAMUS demonstra
ser uma sociedade que age com lisura.
A representação do Rio de Janeiro fica próximo à sede do ECAD – no bairro de Botafogo,
permitindo mobilidade imediata dos membros da ABRAMUS que ocupam cargo de diretoria no Escritório
Central de Distribuição e Arrecadação. Ela é altamente informatizada, permitindo que o titular se cadastre
em sistema on line, sendo a pioneira nesse mister.
A ABRAMUS está constantemente enviando comunicado sobre as novidades sobre o Direito
Autoral, alertando o sócio para novas armadilhas que ele pode cair ao ignorar detalhes, como por
exemplo, quando num show o autor/intérprete, ao considerar que cantando somente músicas que sejam
suas, atender, no calor de sua performance, um pedido do público para que ele cante uma música que
não seja de sua autoria, fatalmente ele será multado. A sociedade também avisa aos membros com
freqüência sobre a reestruturação de seus serviços. Resolvemos reproduzir um comunicado da ABRAMUS
aos seus associados sobre essa restruturação:

87
Prezado Sócio
Tradicionalmente, a ABRAMUS recebe da editora o modelo 158 (modelo padrão do ECAD de
título "Formulário de Dados de Titularidade de Direito de Autor de Obra Musical" devidamente preenchida.
Como temos o sistema "on line", imediatamente a obra é cadastrada no ECAD. Nós também estamos
viabilizando para a editora filiada. Para melhor atender ao nosso sócio, que tenha obras sendo executadas
no exterior, firmamos contratos com as sociedades autorais dos seguintes países, autorizado-as coletar
direitos autorais-execução pública em nosso nome: Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Espanha, Portugal,
Canadá, Austrália, e todos os países da América Latina, dentre outros.
Ainda este mês novos contratos estarão sendo fechados.
Em termos gerais de operação, podemos destacar ainda os seguintes itens que foram
desenvolvidos e/ou concebidos para trazer reflexos positivos junto a todos os associados. (autores,
intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos):
1. Documentação: o cadastro de fichas 158, cue-sheets e ISRC's já são feitos on line,
diretamente no sistema do ECAD. Com isso, os titulares filiados à ABRAMUS são
beneficiados, pois outras sociedades enviam a documentação em papel para que a equipe do
ECAD faça o registro, causando atraso e aumento dos créditos retidos.
2. Integração editoras + gravadoras: a ABRAMUS possui hoje 70% da informação proveniente
das editoras e 85 dos dados que vêm das gravadoras. Com isso, todos os associados estão
sendo beneficiados pois quando cadastramos o fonograma (parte do produtor fonográfico)
é possível vinculá-lo à obra (parte autoral), evitando assim que os créditos permaneçam
pendentes de identificação. Da mesma forma, uma obra já sairá da ABRAMUS, vinculada à(s)
sua(s) interpretações.
3. Na ABRAMUS, os sócios têm a opção de não enviar fichas 158, podem remeter os cue-
sheets originais e os ISRC's podem ser enviados por e-mail. Existem algumas exceções,
como nos casos de duplicidades, mas nada muito volumoso. Outro ponto favorável é a não
obrigatoriedade de envio dos contratos de edição. Somente estamos exigindo esta
documentação no caso de versões de obras estrangeiras.

88
4. Transferência de repertório: pela primeira vez uma sociedade está fazendo a transferência
automática de repertório quando um catálogo é comprado por outra editora. Antigamente, era
necessário o reenvio de toda a documentação pertinente.
5. Sistema para editora: as editoras que necessitam de um sistema poderão utilizar um excelente
software terceirizado que permite desde a emissão de relatórios até o controle de autorizações
fonomecânicas e de sincronização. Tudo isso sem custo para o titular.
6. Pagamento: os sócios terão boas opções para receberem seus pagamentos. Destaque para
aqueles que receberem valores menores e poderão sacar o dinheiro através de cartão
magnético nos caixas do BRADESCO.

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA
 Cópia da carteira de Identidade;
 Cópia do CPF;
 Cópia de um documento que comprove a residência;
 Cópia de um documento que comprove o domicílio bancário (xerox do cartão ou de talão do cheque); e
 Se quiser carteirinha, dois retratos 3X4.
Obs.: Não há anuidade nem taxa de inscrição.
ENTREVISTA COM O SUPERVISOR DE ARTISTAS E REPERTÓRIOS
FRANCISCO RIBEIRO
Como as sociedades auxiliam o titular na autorização de shows junto ao ECAD?
O ECAD tem vários critérios para a cobrança dos shows. O mais freqüente é a cobrança dos 10% da
bilheteria e dá uma dedução de 5% para atender a convites e ingressos grátis. Têm outra formas, mas
vamos falar da maioria dos casos. A distribuição de show ele classifica como distribuição direta. O que
tocar, o autor pode ficar tranqüilo que ele vai ganhar. De semelhante modo, o que toca nos programas
musicais de televisão. A distribuição indireta é basicamente a execução do rádio, incluindo também a
execução mecânica de bares, restaurantes, enfim, utilização da música como forma de atrair consumidor.
Chegou-se a conclusão que o músico recebe cachê, assim como o intérprete. O autor é o único que não
recebeu nada e utilizaram a obra dele. Por isso que somente a parte autoral é contemplada nesse

89
pagamento de show. Tem exceções. A exceção é quando o autor pede ao ECAD que não cobre os
direitos autorais na bilheteria, nos casos em que o próprio artista é o autor. Ele vai fazer um show, em que
o contratante pagaria o ECAD para depois o ECAD pagar ao próprio autor contratado pelo contratante.
Então eles resolveram fazer dessa forma: quando o próprio autor for também o artista ele pode pedir a
liberação do pagamento dos seus direitos autorais de bilheteria. Como é feito isso? O autor tem que
mandar uma carta para a sociedade dele. Se ele tiver editado, ele tem que mandar uma carta para editora
dizendo que tais músicas serão interpretadas no show e pede para editora também liberar a parte dele. A
editora também tem que mandar uma carta à sociedade, dizendo se concorda ou não. Tudo é feito
através da sociedade. A sociedade do autor e a sociedade da editora é que tem que mandar uma carta
para o ECAD pedindo que ele libere aquelas obras da arrecadação de bilheteria. Um detalhe interessante
é que o ECAD só faz esse tipo de liberação se tiver 100% de autorização. Se, digamos, o roteiro do show
tiver vinte músicas, se uma música não tiver autorização do autor, nada é liberado. Ou libera 100%, ou não
libera nada. A única exceção será quando for de domínio público. Se no show, tiver 20% de obras de
domínio público, ele só pagará 80%. É o único caso que o ECAD libera proporcional. Na carta, tem a
relação de todo repertório. O ECAD só libera as obras cadastradas, pois ele não consegue liberar obras
que não estejam cadastradas. Se alguma música não tiver cadastrada, nós orientamos o autor a cadastrar
a obra. Depois que estiver 100% cadastrada, nós mandamos o processo para o ECAD, que defere o
nosso pedido dizendo que o show está liberado. Se por acaso ele cantar músicas que não foram
liberadas, ele pagará uma multa igual a vinte vezes o valor que seria originariamente pago.
Então o músico tem que ficar atento para o famoso BIS do público?
Se o fiscal do ECAD estiver lá, o show será embargado e será emitido um laudo obrigando o
compositor/intérprete a pagar o valor integral mais a multa. Ele têm que se limitar ao que foi liberado pelo
ECAD. Ele é que manda no show dele e ele canta o que ele quiser. Não tem essa explicação de "Ah, o
povo pediu..."
Qual a relação da sede de São Paulo com a filial carioca?
A gente não considera muito isso não. Se a gente for considerar, a filial é maior que a sede. Nós temos,
sim, um escritório no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Na realidade, é aqui no Rio que ficam todos os
departamentos, como de cadastramento on line, toda a parte de servidor, informática...Até a colocação da

90
ABRAMUS em Botafogo foi estratégica, porque o ECAD também é em Botafogo. Não existe essa
classificação em sucursal ou filial, sede... É escritório do Rio e escritório em São Paulo.
Como é feito o cadastramento on line?
Todo sistema é em função de um cadastramento que o ECAD tem. O ECAD basicamente tem três
cadastramentos: de titular, que é o sócio que pode ser pessoa física (autor, intérprete, músico
acompanhante ou produtor fonográfico), pessoa jurídica (gravadora ou produtor fonográfico ou editor
musical). São as possibilidades de pessoa física ou uma empresa serem associadas ao ECAD. Tudo o
que eu precisar eu tenho um cadastro de titular que me dá todas as informações possíveis. Se por acaso
o titular não tiver cadastrado e tiver direito a algum crédito, vai entrar como crédito retido. Segundo
cadastro: o de obras. Toda obra que é criada é cadastrada no sistema do ECAD. Quem faz esse cadastro
é ou a editora, que manda a ficha para a gente, ou próprio autor que não quis editar a obra que pode
cadastrá-la diretamente no cadastro do ECAD através da sua sociedade. Veja: tudo tem que ser feito via
sociedade. O ECAD não fala com nenhum desses sócios de forma alguma. Só fala com as sociedades.
Depois, temos os cadastros de fonogramas. Os responsáveis por esse cadastro são os produtores
fonográficos, tanto pessoa física como pessoa jurídica. Ele tem que mandar o formulário do ISRC para sua
sociedade, e ela providencia o cadastramento. Temos junto do ECAD a arrecadação de todos os usuários
que utilizaram música. Na distribuição é que vêm os problemas. Nem tudo que foi arrecadado está
cadastrado no ECAD. Se, por acaso, na hora de fazer a distribuição, não se encontra o cadastro no ECAD,
esse dinheiro entra no crédito retido. Então, o crédito retido é um problema muito sério principalmente para
as editoras, produtoras e sócios que não estão cadastrados no ECAD.
A ABRAMUS resolveu inovar nesse sistema pelo seguinte: a editora mandava o cadastramento da obra
através da ficha 0158. A gravadora mandava o cadastramento do ISRC, e cancelou o formulário do GRA.
Chegava na sociedade, a sociedade carimbava e mandava para o ECAD dar entrada, e o ECAD deixava
numa fila de espera. Chegou uma ocasião que tinha 500.000 fichas 158 para entrar no cadastro da obra e,
talvez, 500.000 ISRC's para serem cadastrados. Isso iria demorar. Se nesse ínterim a obra fosse captada,
não tinha efetuado o cadastro. O cadastro ia demorar um seis ou oito meses para chegar a vez daquela
obra. Resultado: crédito retido. Esse problema crescia muito devido a essa defasagem entre o tempo que
a música era executada e o tempo que a obra e o fonograma eram cadastrados. Aí as gravadoras e as

91
editoras resolveram questionar: "qual seria a forma de acabar com esse problema"? A primeira idéia:
"basta a gente conseguir fazer on line". Chegou o formulário da editora (ficha 158) ou formulário da
gravadora (ISRC), ao invés de a sociedade carimbar e mandar para o ECAD, vamos tentar conseguir uma
linha direta com o ECAD para cadastrar na hora. Por que para o ECAD conseguir colocar mais gente
depende da autorização de todas as sociedades, de lotação de verba, de aprovação em reunião...É meio
complicado. Uma sociedade é muito mais independente nesse aspecto. Então as gravadoras e editoras
se reuniram e resolveram fazer uma sociedade que cadastre on line sem ter que mandar as fichas para o
ECAD. A ABRAMUS nasceu dessa idéia. Já conversamos com todas as gravadoras e editoras, com
exceção da editora EMI, que continua na UBC, para fazer esse trabalho. Aí começamos. Chegamos a
uma determinada ocasião que o prazo que a gente se deu para cadastrar uma obra estava passando.
Resultado: contratamos um agente. Nosso departamento de cadastro começou com cinco e hoje já tem
nove pessoas. Para nós é muito mais simples. Chegamos a conclusão que temos um nível de segurança
de tempo. Tá passando de três semanas, a obra que chegou não foi cadastrada porque tem muito volume,
contratamos mais gente para fazer o cadastro. A gente não pode passar daquele período.
As infrações dos músicos tem algum efeito para as sociedades?
O nosso recebimento é proveniente do percentual que foi recolhido. Nós alertamos tanto o artista para ele
não tocar músicas que não estejam no rol liberado... nunca nós tivemos conhecimento de alguém que
tenha sido multado em algum tipo de infração. Ela é relativamente muito alta, para coibir mesmo! Não é
"oba, oba" para receber mais dinheiro. Isso não existe.
Há tratamento diferenciado para músicos que não sejam filiados às gravadoras multinacionais?
Houve uma época, no passado, nos idos dos anos 60 e 70, que algumas gravadoras tinham corpos de
músico. Por exemplo, era muito normal contratar músico de cordas, que sempre foi um músico
relativamente caro, pois eles pediam a formação completa: oito-quatro-dois (oito violinos, quatro violas e
dois violoncelos). Era um número considerável de músicos. Eles fizeram cálculo, que se pagasse quase
como se fosse um salário ao músico ficaria mais barato do que pagar período. Então no início se cogitou.
Normalmente os cordistas eram de orquestra sinfônica. Na hora que tinha gravação, eles tinham ensaio ou
espetáculo. Então ficou meio complicado você conseguir cadenciar horário de gravação com horário de
disponibilidade do músico. E aí eles começaram, por medida de economia, ter músicos contratados. Hoje,

92
a maioria dos músicos são considerados independentes. Não existe nenhum tipo de gravadora com o
músico. O que existe são as ligações dos músicos com determinados produtores. Então todo lugar que ele
vá, ele leve aqueles músicos. Isso para gravadora, é indiferente, pois ele paga o mesmo valor. Com
relação à parte do autor, nós temos três tipos de autores. O autor que é exclusivo de uma editora, o autor
que edita na editora obra por obra e o autor que não edita suas obras. Mas esse é o critério do próprio
autor. Ele pode mudar de classificação. Por exemplo, acabou o contrato dele como exclusivo. Se ele
quiser abrir sua própria editora, ou editar obra por obra ou não editar mais suas obras, é problema dele.
Para as sociedades, não interfere em absolutamente nada! O ganho nosso é mesmo. Nós ganhamos um
percentual de execução da obra. Independente se ela tá editada ou não, se ele é exclusivo ou não...
Sabemos que o músico executante ganha em cima das 650 músicas que estão sendo executadas
na rádio. Onde ele pode visualizar as 650 músicas? Com o intérprete também é assim?
Quem dá as normas e regras para o ECAD funcionar são as sociedades. As sociedades chegaram a
conclusão de que, se fossem pagos todos os fonogramas, iria pagar a quase todos os músicos que estão
no ECAD uma quantia ínfima. Isso não iria satisfazer, pois o ECAD iria pagar muita gente, mas iria pagar
muito pouco. Seria um trabalho muito grande e não teria nenhum efeito prático. Deve ter partido de um
critério qualquer, até que chegaram ao número de 650. Porque não 700, porque não 654? Não sei. Foi o
número que eles chegaram a conclusão, "se nós pagarmos 650, nós vamos dar um tratamento digno ao
músico acompanhante". Até hoje, ninguém reclamou. Da mesma forma que, na distribuição indireta, ela é
indireta porque ela não paga a todos a quem devia, pois há peneiras. A primeira peneira é porque nem
todas as rádios são ouvidas, nem todas as cidades, nem todos os horários. Então você já tem aí a primeira
peneira. Depois, de todos os fonogramas que são escutados, o ECAD pega apenas 400.000 fonogramas
por trimestre. É a segunda peneira. É um critério que ele estabeleceu da mesma forma que estabeleceu a
questão dos 650. É um critério que pode se identificado na hora que ele achar conveniente. Qual seria o
ideal? Pegar todas as rádios, horários e cidades, efetuando o pagamento quase que como uma
distribuição direta, de 100%. Mas ainda não temos essa condição. Respondendo a segunda pergunta,
com intérprete funciona da mesma forma. A única diferença é na hora de pagar o conexo do músico.
E no caso de o próprio intérprete ser o músico executante?

93
Aí, o ECAD entende que não teve a necessidade de músico. Essa distribuição é feita, na parte conexa, em
50% para o intérprete e 50% para produtor fonográfico. 0% para músico porque não teve músico. Se
esse músico estiver dentro dos 650, ele é retirado, pois não tem músico para pagar. Então ele pega 650
fonogramas que tenha havido participação de músico. Aí, ele vai distribuir a parte conexa.

ABRAMUS
Endereço : Rua da Passagem, 123/10º andar -
Botafogo Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-030
Telefone : (21) 2541-3887 FAX: (21) 2541-3883

94
Ao obtermos o resultado final do Guia dos Órgãos Responsáveis pelo Direito Autoral na Área
Musical, constatamos que a ordem cronológica e as entrevistas foram dois tipos de estratégia de ação
indispensáveis ao êxito da pesquisa. Quando foi estabelecido que o primeiro local a ser investigado seria a
Ordem dos Músicos do Brasil, entendemos que a comprovação de a pessoa ser legitimada como
profissional já possibilita para um cidadão uma gama de prerrogativas ante a todos os óbices que ele irá
enfrentar no caminho do sucesso. Logo após, perscrutamos os outros órgãos com uma visão bem mais
clara, como se os próximos presidentes dos referidos órgãos dessem a entender que o caminho
cronológico a ser realizado foi justamente o que foi feito. Quanto às entrevistas, foram de extrema
utilidade, visto que uma fazia aflorar determinada dúvida que viria a ser dirimida na seguinte entrevista, e
assim sucessivamente.
Apostamos também num método que poderá servir de referencial para próximas pesquisas
semelhantes a esta, que foi o de captar o ponto positivo de cada órgão, colocando em segundo plano o
negativo, já que devemos olhar que uma sociedade jamais deixará de ter falhas por ser justamente
composta por homens, falhos por natureza. No momento que adentramos às referidas instituições, os
entrevistados (presidentes, diretores, supervisores, etc.) pediam para que, ao finalizarmos o produto,
deixássemos uma cópia nos próprios órgãos. Acreditamos, então, que cada um pegará o que há de
melhor em cada escritório, ordem, sindicato e sociedade e assimilará os acertos descritos, e não erros,
pois estes devem ter o mínimo de proeminência, pois para assimilá-los, eles não precisam estar descritos
em guias. Há os que digam que, para evitá-los, é necessário conhecê-los. Mas também há um jeito melhor
de não cometê-los que é copiando a virtude alheia.
Quanto ao profissional da música, acreditamos que, para ele, abrirá um leque de opções. Ele verá
nesse guia que o caminho de um músico vai além de reconhecimento do público. Ele terá como meta mais
do que apenas conhecimento musical. Qualquer que seja a área, saber mais nunca é demais. Quando se
domina um determinado ofício, é justamente o momento de procurar se especializar em outro ramo. O
meio cultural, por si só, é uma verdadeira pesquisa. Só assim, a criatividade se torna mais viva e eclética.

95
96
Autor – É a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica.
Autarquia – Entidade auxiliar de administração pública dotada de autonomia. Seu patrimônio é constituído
por recursos próprios, mas recebe também dotações orçamentárias do Executivo. Sua finalidade é a
realização de serviços de interesse da coletividade. Está sujeita à fiscalização do Estado.
Adaptador – É um autor que realiza modificações ou variações criativas em uma obra original,
transformando-a de maneira a elaborar uma obra autônoma.
Certificado de Registro ou Averbação – Documento que comprova a anterioridade da autoria de uma
obra e protege a literalidade do trabalho, não as idéias.
Cessão de direitos patrimoniais – É a transferência das faculdades de direito patrimonial feita pelo autor
ou cedente a um terceiro ou cessionário (adquirente). A cessão pode ser, segundo a legislação brasileira,
total(transferência de todas as faculdades patrimoniais) ou parcial(usufruída por um tempo através de um
instrumento jurídico que normalmente é um contrato).
Cessionário – Pessoa a quem se transfere um direito ou um crédito.
Co-autor – É aquele que participou da criação da obra. Quando uma obra tem mais de um autor, aqueles
que a criaram em conjunto são os seus co-autores, e exercerão os direitos sobre ela de comum acordo,
salvo se houverem estabelecido entre eles um pacto diferente. Se a contribuição de cada co-autor
pertencer a gênero diverso, qualquer deles poderá explorá-la separadamente, desde que não haja
prejuízo para utilização econômica da obra comum
Colaborador – O colaborador é aquele que somente auxilia o autor na produção da obra intelectual,
revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando-a, aconselhando sua edição ou sua apresentação pelo
teatro, fotografia, cinematografia, radiodifusão sonora ou audiovisual. Portanto não se confunde com o
conceito de co-autor. Ele não é um co-autor da obra intelectual.
Compositor – autor de obras musicais, seja em forma de partitura musical, seja em forma de letra, ou
ambos os casos simultaneamente.
Contrato – Existem contratos de exclusividade, de licenciamento, de distribuição, e em cada um deles há
várias possibilidades. Os principais itens devem ser combinados antes com o contratante (quem paga pelo

97
serviço de outrem) e devem ser, basicamente: objeto de contrato (do que se trata, se é prestação de
serviços com cessão de direitos, se é de licenciamento para utilização da obra ou de administração de
direitos). Se for cessão direitos, tem que ver se é para uma forma de utilização ou mais de uma, e se é de
caráter irrevogável; saber em qual território vai utilizar a obra (nacional ou internacionalmente) e se vai
disponibilizá-la na Internet; qual será o prazo; o que cada parte está comprometida de fazer; a forma de
pagamento; e as conseqüências se houver um conflito, como por exemplo, multas. Os contratos mais
comuns em música, variam quanto à forma e espécie, podendo ser: de cessão; de edição; de
representação; de produção; de execução; de encomenda ou comissão; ou de obra futura.
Copyright – Termo utilizado para designar a titularidade exclusiva do direito de reproduzir as criações
intelectuais por qualquer meio, ou de executá-las publicamente. Nos países de tradição anglo-americana é
usado como sinônimo de direito do autor. A utilização do símbolo © seguido do ano da publicação da obra
é suficiente para que ela seja considerada protegida, segundo a Convenção Internacional de Direito do
Autor.
Cue-sheets – É uma tabela com indicação de todas as músicas (fonogramas) contidas numa obra
audiovisual (TV, Cinema, etc.). Deve conter time-code de entrada e saída dos fonogramas ou trechos
destes, títulos dos fonogramas utilizados, compositor, editora, músicos, record label e número do
fonograma, a forma de utilização, e a duração do trecho.
Direito do Autor – É o direito que os criadores intelectuais têm em relação às suas obras.
Direitos Conexos – São os direitos relativos aos intérpretes, atores, músicos, executantes, como também
os produtores fonográficos e empresas de radiodifusão.
Direitos de reprodução – É o direito exclusivo do autor de autorizar ou proibir que sua obra seja fixada ou
gravada em um suporte material. Essa fixação permite a reprodução e comercialização da obra através da
confecção de exemplares da mesma ou de cópias desses exemplares, por processo gráfico ou mecânico.
Direitos fonomecânicos – É o direito gerado pela reprodução mecânica da obra, a partir de sua fixação
em um suporte material denominado "fonograma", que é colocado em circulação no mercado sob a forma
de um disco, de uma fita-cassete, de um CD, ou em qualquer outro formato de cópias obtidas através de
um processo mecânico.

98
Direitos morais – Regulamenta os direitos dos autores com relação às suas obras, como direito de ter
seu nome vinculado à obra e de não autorizar modificações , por exemplo. Esses direitos são inalienáveis
e intransferíveis.
Direitos Patrimoniais – Diz respeito às diversas formas de exploração econômica da obra, como
gravação, reprodução em exemplares, adaptação para outro tipo de obra, ou seja, toda e qualquer forma
de utilização visando a exploração econômica da obra.
Domínio Público – As obras intelectuais possuem proteção pelo direito de autor por um prazo previsto em
lei, caindo em domínio público após o vencimento deste. A idéia é que a cultura possa, depois de
assegurar a subsistência do autor de pelo menos uma geração de herdeiros, ser usufruída pela
humanidade. A proteção limitada restringe-se aos direitos patrimoniais, pois os direitos morais são
intermináveis. Atualmente, a legislação brasileira determina que as obras serão protegidas por um prazo
de setenta anos a contar de 1º de janeiro do ano subseqüente ao da morte do último autor.
Editoras Musicais – Uma obra lítero-musical (provida de letra e música) pode passar a vida inteira sendo
administrada pelos autores e compositores. Nesse caso, entende-se que a obra não foi editada, ou seja,
não foram cedidos os direitos de autor para uma editora. Uma vez que não é editada, a utilização da obra
dependerá exclusivamente da autorização do autor. Por causa da dificuldade que o autor tem de
administrar a sua obra por causa da extensão territorial de um país como nosso, o autor opta pela cessão
de direitos patrimoniais às editoras, que não só são hábeis na impressão gráfica de uma obra, como
também em administrar a obra. Em troca, as editoras recebem uma percentagem que varia entre 20 e
25%. Então, a autorização para usufruir obras editoras devem ser obtidas junto com as editoras.
Execução Pública – É toda e qualquer utilização da obra musical ao vivo ou por meios mecânicos,
realizada por um usuário, em locais como danceterias, casas de espetáculos, clubes, hotéis, meios de
transporte, etc., ou ainda por meio de um sistema de radiodifusão (emissoras de rádio e TV).
Fonograma – É a fixação, exclusivamente sonora, em quaisquer tipos de suporte material, de uma
interpretação humana ou de outros sons, que podem ser canto de pássaros, das ondas do mar, etc.
GRA – um número de registro de identificação da gravação da obra musical. Se refere à gravação, e não à
própria música. É como um RG da gravação. Assim, uma mesma música pode ter vários RG's, pois pode

99
ser regravada. A função do GRA (que agora é o ISRC) é facilitar a identificação da gravação para
arrecadação dos direitos de autor e conexos.
IFPI – Código instituído pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (que é o que significa a
referida sigla) que o insere numa gestão autoral planetária.
Intérprete – É o ator, locutor, narrador, declamador, cantor, músico, bailarino, ou qualquer que represente
uma obra literária, artística ou científica.
Jingles – São as peças publicitárias nas quais se utilizam geralmente temas musicais, que podem ter sido
encomendados para esse fim, ou compostos anteriormente com outra finalidade, tais como temas já
consagrados pelo público que são adaptados para divulgar um produto. No caso da obra composta
especialmente, via de regra é considerada como considerada como "obra de encomenda".
Musicista – Apreciador ou amador de música. Especialista em música
Músico Executante (músico acompanhante) – É aquele que atua no acompanhamento de uma
interpretação musical, executando breves solos ou fazendo harmonias.
Obra inédita – Obras cuja divulgação ou publicação ainda não tenha sido autorizada.
Obra intelectual – Criação que venha do espírito representada em um suporte qualquer (livro, CD,
escultura, etc.)
Produtor fonográfico –É o indivíduo ou empresa que financia a gravação e a fabricação do produto
fonográfico e detém os direitos patrimoniais sobre o fonograma, ou seja, na maior parte dos casos é a
gravadora, mas em uma produção independente pode ser o próprio artista. Diferentemente da execução
pública, os direitos decorrentes da reprodução mecânica, conhecidos como "direitos fonomecânicos",
serão pagos diretamente ao titular pelo produtor fonográfico nos termos e condições estabelecidos em
uma autorização ou contrato, caso a obra não tenha sido editada ou o titular não pertença a uma
sociedade de direitos fonomecânicos. Em se tratando de uma obra editada, geralmente cabe ao editor o
direito e a responsabilidade de autorizar a sua utilização, e receber do produtor os direitos apurados.
Propriedade industrial – É o nome genérico que inclui a propriedade sobre invenções, marcas de
comércio e indústria, desenhos e modelos industriais. Os nomes de banda são marcas nominativas.
Propriedade intelectual – É o ramo do direito que tutela os bens intelectuais, ou seja, aqueles que são
frutos da chamada "criação do espírito". Estão aí incluídos a propriedade industrial e os direitos autorais.

100
Publicação - - Publicação é o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do
público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor (herdeiros,
sucessores, titulares etc.)
Registro – Ato de caráter administrativo, realizado pelo EDA e pela Escola Nacional de Música, pois foram
eles os definidos pela lei 5.988/73. Não é um ato obrigatório, tendo apenas efeito declaratório e não
constitutivo de direito. Garante a anterioridade da obra.
Royalties – Para efeito de exemplo, analisaremos aqui o pagamento de royalties por uma gravadora
qualquer. A maioria dos contratos prevê que o pagamento será calculado sobre 90% do preço médio de
venda no atacado. As gravadoras possuem uma tabela de preços e subdividem os discos de seu catálogo
em econômico, médio, médio especial, ouro e superouro, por exemplo. Se pegamos, hipoteticamente, um
disco da classificação média que tenha estipulado em seu contrato um roiyalty de dez por cento.
Entretanto, há lojas pequenas que, por adquirir poucos exemplares, vende pelo preço do atacado, e lojas
grandes que, por adquirir um maior número de cópias, tem um desconto na hora da venda. O royalty é
calculado sobre 90% da venda. Exemplificando:
 R$13,00 (venda a preço de atacado) + R$7,00 (preço com desconto) = R$20,00
 90% de R$20,00 = R$18,00
 10% de R$18,00 = R$1,80
Portanto, o este suposto artista médio obterá, por disco vendido, R$1,80 de royalties.
Sincronização – É a exploração da obra associada a uma imagem, como num caso de um filme ou
programa de TV.
Suporte – Termo utilizado para designar o veículo, ou a mídia, que comunica a obra ou a mensagem.
Titular – É a pessoa física ou jurídica que detém os direitos de autor sobre a obra e que pode ser o próprio
autor ou aquele a quem ele transferiu seus direitos. Nos casos dos direitos conexos, os titulares são os
intérpretes, os músicos, os produtores de fonogramas e as emissoras de radiodifusão.
Usuários – São as pessoas físicas ou as empresas que utilizam música em suas atividades, desde que
não seja estritamente no âmbito doméstico ou privado.
Versionista – É um autor que traduz ou adapta a letra da obra musical para outro idioma, realizando um
trabalho criativo que é protegido pelo direito do autor.

101
102
BENASSE, Paulo Roberto. Dicionário Jurídico de Bolso. Campinas, Ed. Bookseller, 2000.

BITELLI, Marcos Alberto Sant'anna. Coletânea de legislação Cultural/Constituição Federal. São Paulo, Ed.
Revista dos Tribunais, 2002.

COELHO, Teixeira . Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo. Ed. Iluminuras LTDA., 1997.

FILHO, Cesar Costa. Guia Prático do Direito Autoral na Área Musical. Rio de Janeiro, UBC.

GUEIROS JR., Nehemias. O Direito Autoral no Show Business. Rio de Janeiro, Ed. Gryphus, 1999.

JOHNSON, Allan G.. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

MORELLI, Rita de Cássia Lahoz. Arrogantes, Anônimos, Subversivos – Interpretando o Acordo e a


Discórdia na Tradição Autoral Brasileira. São Paulo, Mercado das Letras, 2000.

NATALE, Edson. Guia Brasileiro de Produção Cultural 2001. São Paulo. Natale M.P.ª 2001

SANTIAGO, Oswaldo. Aquarela do Direito Autoral/ Três acórdãos do Supremo. Rio de Janeiro, UBC,
1985.

WILLINGTON, João; e OLIVEIRA, Dr. Jaury N. de . A Nova Lei Brasileira de Direitos Autorais Rio de
Janeiro Ed. Lúmen Júris 2. ª edição, revista e atualizada . 2002.

103
Jornais: AMAR (Junho e Julho – 2002 –nº 1), “Musical" – SindMusi (Dez/2002 e Jan/2003 – nº 21).
Revistas: "Pauta" – UBC (Janeiro/Março de 2001 – nº 5./ ano 3 e Abril/Junho de 2001 – nº 6/ ano 3),
"Perguntas e Respostas" – ECAD(Edição única).
Informes: SICAM (Dezembro/1999, nº1, ano 1), Socinpro Notícias (Jan/2000 – Edição nº 4).
Observação. : O material descrito anteriormente fora colhido em suas respectivas instituições.

Material de pesquisa disponibilizado em:


http://www.sindimusi.com.br
http://www.ecad.com.br
http://www.amar.art.br
http://www.sicam.com.br
http://www.ecad.com.br
http://www.socinpro.org.br
http://www.inpi.gov.br
http://www.sbacem.org.br
http://www.anacim.hpg.ig.com.br
http://www.addaf.org.br/faq/saiba.htm
http://jbonline.terra.com.br/jb/online/musicalidade/destaque/2001/12/onlmusdes20011212024.html
http://www.atbstudio.hpg.ig.com.br/texto_gravadora.htm
http:// www.colapso.com.br/utilidades/quer.htm
http://www.bn.br/Script/FbnMontaFrame.asp?pStrCodSessao=B5482049-E39E-40D6-9C5B-
4780A12D1635

Niterói, 18 de agosto de 2004

104

Вам также может понравиться