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NO CONHECIMENTO HISTÓRICO
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O reconhecimentoda imprensa como fonte e objeto de pesquisa histórica tem
como marco inicial a década de 1970. Segundo a historiadora Tania Regina de Luca
(2005), este períodoapresenta um número escasso de trabalhos que tinham como
fonte jornais e revistas para o conhecimento da história do Brasil. Embora houvesse
um reconhecimento da importância dos impressos, devido a sua introdução e
difusão no país desde o século XIX, houve resistência por grande parte dos
historiadores em escrever a História por meio da imprensa1.
De Luca (2005, p. 112.) ressalta que
1
Para Tânia Regina de Luca, a crítica feita pela Escola dos Annales a Escola Metódica sobre a
concepção de documento na década 30, não significou o reconhecimento dos jornais como fonte
histórica.
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renovação marxista e principalmente as contribuições de Michel Focault, a
historiografia abre-se a proposta de novos objetos, problemas e abordagens.
O diálogo com outras disciplinas das ciências humanas e o processo de
alargamento do campo de preocupação dos historiadores com a renovação
temática, segundo de Luca, trouxeram contribuições metodológicas importantes para
a História, além de forçar o historiador a repensar as fronteiras de sua própria
disciplina, assim como a própria concepção e análise crítica dos documentos. O
historiador inglês Peter Burke (1992), afirmou quese os historiadores estão mais
preocupados do que seus antecessores com uma maior variedade de atividades
humanas, devem examinar uma variedade maior de evidências.Esta ampliação das
temáticas e abordagens contribuiu para a proliferação do universo das fontes, e a
imprensa que antes era tida como fonte suspeita e sem credibilidade, passou a ser
considerada como um material de pesquisa valioso e uma das principais fontes de
informação e pesquisa histórica. O estudo da fonte jornalística permitiu ampliar os
horizontes para novas reflexões e problemáticas nos conhecimentos sobre as
sociedades do passado. Segundo Capelato (1988, p.21),
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Com o avanço e a diversificação do uso da imprensa periódica nos campos
de pesquisa e ensino, tornou-se necessário um aprofundamento teórico-
metodológico por parte dos pesquisadores para o tratamento destas fontes. Em suas
análises acerca sobre a História e a Imprensa, as historiadoras Heloisa Cruz e Maria
Peixoto (2007), destacam que pouco se tem avançado em uma formação específica
que prepare os profissionais para uma analise critica destes materiais.
A falta de uma metodologia específica levam os pesquisadores e professores
a análises descontextualizadas e superficiais. Dentre os problemas destacados por
Cruz e Peixoto, a imprensa muitas vezes aparece como “objeto morto”, analisados e
estudados fora de seu contexto e historicidade, ou como fonte secundária, utilizadas
meramente como fontes de informação.
As questões iniciais que se propõem a análise do periódico são
fundamentais para o direcionamento da pesquisa. Quem são os seus proprietários?
Quando foi produzido? A qual público é direcionado? Quais seus objetivos e
intenções? Como se constitui enquanto força ativa no seu período de circulação?
Como se constitui enquanto sujeito? Qual sua relação com as conjunturas de seu
tempo e campos de atuação? Quais seus aliados e opositores? As respostas a
esses questionamentos guiam o historiador para a metodologia de análise do jornal
em suas diferentes partes, como os editoriais, as colunas sociais, classificados e
propagandas, levando em consideração que a imprensa, não é o espelho da
realidade, mas uma representação do real, de momentos particulares da realidade.
(CAPELATO, 1988, p.24).
O pesquisador ao analisar o periódico enquanto fonte deve buscar em um
primeiro momento, identificar no periódico seu título, data de publicação,
periodicidade, projeto gráfico, processo de produção, tiragem, preço, circulação e
distribuição, além dos atores envolvidos em sua constituição como proprietários,
produtores, diretores, e redatores.
Como fonte de análise, o jornal pode ser estudado desde o ponto de vista dos
editoriais até o das colunas sociais, passando pela diversidade de outros espaços
que o compõem (CAPELATO, 1988, p. 20)
Referêncais bibliográficas
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