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AULAS 11 - 17
Considerações introdutórias:
Lógica proposicional:
Operadores lógicos:
Há muitos operadores de formação de frases, dos quais alguns são verofuncionais (como é o caso dos
5 operadores estudados pela lógica clássica).
o Os operadores verofuncionais são aqueles que, dado o valor de verdade da frase à qual eles se
aplicam, é possível inferir o valor de verdade da frase que resulta da aplicação.
o Exemplo de operador não-verofuncional: a crença (x pensa que).
Se eu sei o valor de verdade da frase “Jesus nasceu em Belém”, isso não me permite
saber o valor de verdade da frase “João pensa que Jesus nasceu em Belém”.
5 operadores da lógica clássica:
¬p NEGAÇÃO Não-p, ~ p
p˄q CONJUNÇÃO q e q, p • q , p & q
p˅q DISJUNÇÃO p ou q, p + q , p ǀǀ q
p→q CONDICIONAL se p, então q, p q, p ⇒ q
p↔q BICONDICIONAL p se e somente se q, p sse q, p iff q, p ≡ q, p ⇔ q
Essas operações são expressas de diversas maneiras na linguagem natural. Por exemplo:
o Negação:
O conhecimento dos mistérios da fé não é possível.
Não é verdade que o conhecimento dos mistérios da fé seja possível.
O conhecimento dos mistérios da fé é impossível.
Negar uma negação equivale à afirmação inicial (¬ ¬ p é equivalente a p).
Sendo assim temos:
o (1) O conhecimento dos mistérios da fé é possível.
o (2) O conhecimento dos mistérios da fé não é possível. [Negação]
o (3) Não é o caso que o conhecimento da fé não é possível. [Negação da
negação = Afirmação].
o Condicional:
Se Deus existe, então a vida faz sentido.
Se Deus existe, a vida faz sentido.
A vida faz sentido se Deus existir.
A vida faz sentido caso Deus exista.
A existência de Deus é uma condição suficiente para que a vida faça sentido.
Negação da condicional: A afirmação do antecedente e a negação do
conseqüente (p ˄ ¬ q)
o Ex: p, entretanto não q, ou p mas não q.
o A negação de ‘Se Deus existe, a vida faz sentido’ é ‘Deus existe, mas a
vida não faz sentido’.
o Bicondicional:
Uma obra é arte se, e somente se, for a criação de um artista.
Se uma obra for arte, é a criação de um artista e vice-versa.
Uma condição necessária e suficiente para algo ser uma obra de arte é ser a criação de
um artista.
Negação da bicondicional:
o Uma bicondicional é verdadeira quando p e q tem o mesmo valor de
verdade. Para negar p se e somente se q (p ↔ q), afirmamos p ou q,
mas não ambos.
Algumas observações:
o Lógica clássica: ferramenta que funciona em um grande número de casos (mas não em todos).
A análise dos conectivos sentenciais como funções de verdade não corresponde
exatamente ao modo pelo qual eles são usados na linguagem coloquial. Por outro lado,
ainda assim, a lógica sentencial é uma ferramenta poderosa para analisar argumentos.
Lembre-se que o objetivo da lógica, o problema que a lógica se propõe resolver, não é
elaborar uma teoria do significado mas sim estabelecer um critério e métodos para
determinar quando uma conclusão é conseqüência lógica de um conjunto de
premissas.
o Sobre a disjunção:
É preciso distinguir a disjunção inclusiva (e/ou, ˅) da disjunção exclusiva (ou...ou, w,
v). Ambas são expressas em português pela palavra “ou”.
Ex 1: Não podemos ter as duas coisas: Deus e o mal. Ou é Deus que existe ou
é o mal. (disjunção exclusiva)
Ex 2: Permitir o aborto ou a eutanásia é legalizar o assassínio. (disjunção
inclusiva)
Definição da disjunção exclusiva: (p ˅ q) ˄ ¬(p ˄ q)
Na lógica clássica, toma-se a disjunção inclusiva como primitiva e a exclusiva como
derivada.
A introdução da disjunção (˅-introdução) é permitida na lógica clássica, o que permite
da verdade de p, afirmar p ˅ q. Essa possibilidade, contudo, contraria uma máxima de
franqueza conversacional (segundo Grice), pois não se deve fazer uma asserção mais
fraca quando se pode fazer uma mais forte (isso faz crer que não sabemos se p ou q é
verdadeiro).
o Sobre a condicional:
Condicional = implicação material.
Em uma condicional se p, então q, dizemos que p é condição suficiente para q
e q é condição necessária para p.
o Dizemos que X é condição necessária para Y se X é uma circunstância
cuja ausência implica a ausência de Y.
o Dizemos que X é condição suficiente para Y se basta a ocorrência de X
para que tenhamos também Y.
o Bicondicional: quando, simultaneamente, duas sentenças são condição
suficiente e condição necessária uma da outra, i.e. se A, então B e se B,
então A são ambas verdadeiras.
Há uma ambiguidade no termo implicação, que pode se referir (1) a uma
determinada relação entre frases declarativas ou (2) a um determinado tipo de
frase declarativa (as frases condicionais).
o (1) A relação de implicação entre duas frases declarativas pode ser (do
sentido mais fraco ao mais forte):
Implicação material: P implica materialmente (p → q) no caso
de p ser falsa e/ou q verdadeira.
O valor de verdade de uma implicação material não
exige nenhum tipo de conexão causal entre os conteúdos
das frases. Daí os exemplos contraintuitivos, como a
sentença ‘Brasília é a capital do Brasil’ implicar
materialmente que ‘A neve é branca’ ou ainda que
‘Buenos Aires é a capital do Brasil’ implicar
materialmente que ‘o universo é infinito’ ou que ‘o
universo não é infinito’.
Implicação estrita: p implica estritamente q (p ⊢> q, p ⥽ q)
quando é impossível que p seja verdadeira e q falsa: □ (p → q).
Assim, a frase ‘Brasília é a capital do Brasil’ não
implica estritamente que ‘A neve é branca’.
Alguns paradoxos da implicação material levaram
Lewis a propor esse condicional mais forte (a
implicação estrita).
Implicação lógica: p implica logicamente q quando p funciona
como premissa da qual se conclui q. (pode-se dizer que q é uma
consequência semântica de p: p╞ q).
A sentença ‘Esta mesa é agora totalmente vermelha’ não
implica logicamente que ‘Esta mesa não é agora
totalmente verde’ (embora implique estritamente), mas
implica logicamente que ‘alguma mesa é vermelha’.
o (2) A implicação é usada para nomear um tipo de frase declarativa, a
condicional (se... então...), que é representada pelo operador lógico →,
que representa uma implicação material.
A implicação formal não é uma condicional (como ‘se Jesus era
judeu, não era egípcio’), mas antes um argumento (como Jesus
era judeu; logo, não era egípcio).
Tabelas de verdade:
p q p˄q
V V V
V F F
F V F
F F F
p q pvq
V V F
V F V
F V V
F F F
p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
Ex:
(1) Todo mineiro é brasileiro.
(2) Se Tancredo é mineiro, Tancredo é brasileiro.
(3) Se Lula é mineiro, Lula é brasileiro.
(4) Se Obama é mineiro, Obama é brasileiro.
A interpretação do uso dos condicionais na lógica clássica é, por vezes, contra-
intuitiva.
Por exemplo, é verdadeira qualquer condicional com uma antecedente falsa.
Por exemplo: “Se Jesus era carioca, era francês” é verdadeira para a lógica
clássica (dado que o antecedente é falso), embora seja intuitivamente tomada
por falsa.
o Isso ocorre porque, intuitivamente, tendemos a interpretar a
condicional, equivocadamente, como um caso particular de uma
condicional geral (por exemplo, “se alguém é carioca, é francês”, o que
é efetivamente falso).
A forma mais intuitiva de explicar a tabela de verdade da condicional material
(→) é tomar esse operador como equivalente à forma (¬ p ˅ q).
Aqui, cabe mais uma vez lembrar que o objetivo da lógica não é esclarecer
significado das expressões da linguagem coloquial mas sim determinar se um
dado argumento é válido.
p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Valorações:
o O valor de uma fórmula molecular pode ser obtido a partir do valor de seus componentes. E é
justamente isso que uma valoração é: uma atribuição de valor de verdade a todas as fórmulas
atômicas. As valorações, são, pois, interpretações simples, no nível proposicional.
o Ex:
o
Quando temos duas fórmulas atômicas (e.g. A e B), o número de combinações
possíveis é 4:
Quando temos três fórmulas atômicas (e.g. A, B e C), o número de combinações
possíveis é 8:
A partir daí, fica fácil calcular o resto, bastando acrescentar cada subfórmula na tabela
e seu valor de verdade até podermos determinar o valor da fórmula molecular em cada
valoração possível.
o Ex1: Vejamos então como avaliar a fórmula (¬A ˄ B) → ¬A
o Precisamos fazer a lista de todas as subfórmulas de (¬A ˄ B) → ¬A, pois, para calcular o valor
de qualquer fórmula, precisamos, obviamente, do valor de suas subfórmulas imediatas. Ora, a
lista das subfórmulas é:
Devemos simplesmente colocar essas subfórmulas em uma tabela (com 4 linhas, pois
temos duas fórmulas atômicas: A e B) e colocar, ao final, a fórmula molecular que
queremos avaliar:
o Ex2: Vejamos agora um exemplo com 3 fórmulas atômicas: (¬A ∨ C) ↔ ¬B
A lista das subfórmulas é a seguinte:
A verdade da fórmula tautológica é independente dos valores de verdade de seus
componentes mais elementares (as fórmulas atômicas). Ou seja, ela é logicamente
verdadeira (sempre verdadeira em razão unicamente do significado dos operadores).
o Contradição: falsidade lógica. Fórmulas que obtêm F em todas as linhas de sua tabela.
Ex: A ˄ ¬A, como “Jesus era judeu e não era judeu” (é diferente da falsidade da frase
“Jesus era egípcio”, que não é logicamente falsa).
o Temos assim uma contradição ou uma fórmula logicamente falsa.
o Contingência: são fórmulas que, dependendo do valor de verdade de suas fórmulas atômicas,
podem ser V ou F (sendo assim, sua verdade ou falsidade não pode ser determinada apenas
por meio lógicos).
o
o As tautologias são as leis lógicas. Abaixo, algumas das tautologias mais conhecidas:
Conseqüência lógica:
o
o
Vamos tentar formalizar argumentos da linguagem ordinária, segundo a linguagem do CPC, e avaliar
sua validade fazendo uso de tabelas de verdade.
o Ex1: “É evidente que a vida faz sentido, dado que Deus existe. Se por acaso Deus não
existisse, a vida não faria sentido”.
Formulação canônica do argumento: Se Deus não existir, a vida não faz
sentido.
Mas Deus existe.
` Logo, a vida faz sentido.
Formalização: ¬p→¬q
p
∴q
Formalização: ¬p→¬q
q
∴p
Como não há linha alguma na tabela na qual as premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa, o argumento é válido.
o Vejamos agora um exemplo de uma forma inválida, P → Q, ¬ P ⊨ ¬ Q (negação do
antecedente):
Repare que na linha da tabela, marcada com * todas as premissas são verdadeiras mas
a conclusão é falsa. Por essa razão, é uma forma inválida.
Ainda que simples, as valorações já nos possibilitaram definir validade e conseqüência lógica, o
que nos permite testar a validade de muitos argumentos, ainda que isso não seja suficiente para
o CQC todo.
Bibliografia básica:
o MARGUTTI PINTO, Paulo Roberto. Introdução à lógica simbólica. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 2006. (Cap. 2: As principais conectivas intersentenciais, p. 49-88).
o MORTARI, Cezar. Introdução à lógica. São Paulo: Ed. UNESP, 2001. (Cap. 9: Valorações, p.
129-154; Cap. 13: Sistemas axiomáticos e sistemas formais, p. 226-234; Cap. 14: Dedução
natural (I), p. 235-262; Cap. 15: Dedução natural (II), p. 263-267 - trecho).
o MURCHO, Desidério. O lugar da lógica na filosofia. Lisboa: Plátano, 2003 (cap. 4: Forma
lógica, p. 39-65; cap. 5: Lógica Clássica, trecho - p. 66-77).
o MURCHO, Desidério. “Regras de dedução natural”. In: BRANQUINHO, João; MURCHO,
Desidério; GOMES, Nelson Gonçalves (ed.). Enciclopédia de termos lógico-filosóficos. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.
o RODRIGUES, Abílio. Lógica. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. (cap. 2: A lógica
clássica, p. 26-47).
o RODRIGUES, Abílio. Verdade e validade II – lógica sentencial. (Manuscrito).
Bibliografia complementar:
o BERGMANN, Merrie; MOOR, James; NELSON, Jack. The logic book. 3ª ed. McGraw-Hill,
1998. (cap. 2-6: Sentential logic, p. 25-245).
o BRANQUINHO, João; MURCHO, Desidério; GOMES, Nelson Gonçalves (ed.).
Enciclopédia de termos lógico-filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
o DA COSTA, Newton; CARRION, Rejane. Introdução à lógica elementar. Porto Alegre: Ed.
da Universidade / UFRGS, 1988.
o DA COSTA, Newton; KRAUSE, Décio. Notas de lógica. Florianópolis: Núcleo de
Epistemologia e Lógica UFSC, 2004. (Cap. 2: Os alicerces da lógica proposicional clássica,
p. 21-48; Cap. 3: O cálculo proposicional clássico, p. 49-70).
o HURLEY, Patrick J. A Concise Introduction to Logic. 11ª ed. Wadsworth, 2012. (Cap. 6:
Propositional logic, p. 310-379; Cap. 7: Natural deduction in propositional logic, p. 380-441).
o LEMMON, E. J. Beginning logic. Indianapolis/Cambridge: Hackett Publishing, 1998. (Cap.
1-2: The propositional calculus, p. 1-91).
o MARGUTTI PINTO, Paulo Roberto. Introdução à lógica simbólica. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 2006. (Cap. 3: As principais expressões da lógica intersentencial, p. 89-138; Cap. 4:
Avaliação de argumentos intersentenciais simples, p. 139-172; Cap. 5: Avaliação de
argumentos intersentenciais complexos, p. 173-204).
o RAUTENBERG, Wolfgang. A concise introduction to mathematical logic. Springer, 2009.
(Cap. 1: Propositional logic, p. 1-40).