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ARTIGO ARTICLE
Do direito incondicional à condicionalidade do direito:
as contrapartidas do Programa Bolsa Família
Abstract This paper analyzes the concepts and Resumo Este artigo analisa a concepção e desa-
challenges of the counterpart contributions de- fios em torno da exigência de contrapartidas do
manded by Brazil’s Family Allowance Program, Programa Bolsa Família (PBF). A obrigatorie-
which requires mandatory school attendance for dade de inserção de crianças e adolescentes na
children and adolescents, and healthcare for chil- escola e de crianças, gestantes e nutrizes nos ser-
dren, pregnant women and breast-feeding moth- viços de saúde é central no desenho do PBF e, à
ers. These issues are prompting much discussion semelhança do que ocorre em outros países, tem
in Brazil and elsewhere in the world. This study sido alvo de intensa polêmica. Busca-se, assim,
charts theoretical aspects that underpin argu- mapear a discussão teórica que embasa os argu-
ments for and against conditional cash transfer mentos favoráveis e contrários aos programas de
programs, through a review and systematization transferência monetária condicionada, utilizan-
of the literature and a study of the related legisla- do como estratégia metodológica a sistematiza-
tion. This analysis demonstrates that the oppo- ção bibliográfica e estudo da legislação do PBF. A
nents of counterpart obligations claim they breach análise demonstra que, se de um lado, estão aque-
unconditional rights to citizenship. Some sup- les que rejeitam as contrapartidas sob alegação de
porters of these conditional transfers believe that que estas feririam o direito incondicional de ci-
1
Departamento de Política a return is required for these benefits, while oth- dadania, de outro, situam-se os que defendem as
Social, Faculdade de Serviço
ers see such requirements as a strategy for ensur- condicionalidades sob argumentos distintos. Aqui
Social, UERJ. Rua São
Francisco Xavier 524/ 829, ing easier access to social welfare services, thereby estão tanto concepções que entendem que é preci-
Maracanã. 20550-900 Rio breaking away from the cycle of poverty. Although so dar algo em troca do recebimento do benefício
de Janeiro RJ.
latter view is present in Brazil’s original Family quanto aquelas que vêem tais exigências como
glmonnerat@yahoo.com.br
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Programa de Estudos Pós- Allowance Program, the manner in which sup- estratégia para favorecer o acesso aos serviços so-
graduados em Política plementary legislation defines the application of ciais e romper o ciclo da pobreza. Esta última
Social, Escola de Serviço
the conditions is coercive and remote from the visão está presente nos documentos oficiais do
Social, UFF.
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Federação de Órgãos para concept of social insertion. programa. Porém, na legislação complementar, a
Assistência Social e Key words Social policy, Conditional income operacionalização das condicionalidades é defi-
Educacional (FASE).
4
transfers, Social welfare nida de forma coercitiva, distanciando-se da con-
Departamento de Ciências
Sociais, Escola Nacional de cepção de inserção social.
Saúde Pública, FIOCRUZ. Palavras-chave Política social, Transferência
5
Departamento de Nutrição
condicionada de renda, Assistência social
Social, Faculdade de
Nutrição, UFF.
1454
Monnerat, G. L. et al.
em para aprofundar os direitos de cidadania, ou, Também na Europa, desde os anos 1930, di-
ao contrário, concorrem para sua negação e re- versos países introduziram programas de trans-
gressão. A sistematização dessa polêmica não é ferência de renda nas formas de benefícios desti-
tarefa fácil, dado que as análises sobre o tema nados a crianças, idosos, deficientes, inválidos, aos
são variadas, assim como também são diversas com baixos rendimentos e os relativos ao seguro
as propostas e experiências de programas de desemprego. O primeiro país a implementar este
transferência monetária. tipo de programa foi a Dinamarca em 1933, se-
No século XX, notadamente após a Primeira guida da Inglaterra em 1948, Alemanha em 1961,
Guerra Mundial, amplia-se a defesa em torno Holanda em 1963, Bélgica em 1974, Irlanda em
dos programas de transferência monetária como 1974, Luxemburgo em 1986 e mais recentemente
solução para o problema do desemprego. As pro- a França em 1988, apresentando cada qual dife-
postas de implementação destes programas as- rentes padrões e nomenclaturas. Interessa salien-
sumem, em diferentes contextos, denominações tar que, diferentemente dos Estados Unidos, a ins-
e perspectivas diversas. tituição destes programas na Europa se deu sob a
Nos Estados Unidos, as propostas de implan- influência do debate sobre a Seguridade Social
tação de programas de transferência monetária inaugurado, nos anos 1940, por Beveridge4,5,7,8.
emergem em 1935 com o Programa de Auxílio às É efetivamente após a Segunda Guerra Mun-
Famílias com Crianças Dependentes (Aid for fa- dial, com a consolidação dos Welfare States, que
milies with dependent children – AFDC), que pa- acontecem mudanças importantes no padrão de
gava um complemento às famílias com renda intervenção social nas economias capitalistas
abaixo de um determinado valor. Nos anos 1960, avançadas, notadamente na Europa. Neste cená-
os programas de transferência monetária foram rio, uma outra perspectiva de justiça social acom-
bastante tematizados, tendo sido aprovado, em panha a ação social do Estado, onde a figura do
1974, o Crédito Fiscal por Remuneração Recebi- pobre merecedor dá lugar ao indivíduo porta-
da (Earned Income Tax Credit - EITC), que era dor de direitos.
um complemento monetário às famílias, com Nos países europeus, sobretudo, desenvolve-
crianças, inseridas no mercado de trabalho. A se um forte debate acerca da inadequação do
formatação de tais programas nos Estados Uni- Welfare State diante dos dilemas da sociedade sa-
dos está associada à concepção de imposto ne- larial e do pleno emprego. É, portanto, nessa cir-
gativo e a processos de focalização e critérios rí- cunstância que as proposições em torno dos pro-
gidos de inserção no mercado de trabalho1,2. gramas de transferência monetária são retoma-
Milton Friedman é identificado como o idea- das como parte da reflexão sobre o futuro do
lizador do imposto negativo. Representando a Welfare State e do questionamento da centralida-
corrente liberal, essa proposta apóia-se na idéia de do trabalho como meio privilegiado de acesso
de minimização do Estado interventor por consi- à renda.
derar que grande parte dos problemas de ordem Nesta conjuntura, o debate sobre os progra-
fiscal deve-se justamente ao alargamento das ações mas de transferência monetária é intensificado e
estatais. Uma das preocupações centrais do impos- surgem propostas que se diferenciam, principal-
to negativo é a promoção de uma estratégia de mente, pela forma de conceber a relação entre
transferência monetária que não seja capaz de cri- renda e trabalho (se vinculada ou desvinculada),
ar um estímulo ao ócio. Para tanto, é fixada uma se a favor da condicionalidade ou incondiciona-
linha de pobreza, através de um rigoroso teste de lidade, focalizado ou universal ou ainda se adota
meios, acima da qual a pessoa paga o imposto e a perspectiva da substituição ou complementa-
abaixo recebe um determinado valor complemen- riedade ao sistema de proteção existente.
tar à renda auferida através do trabalho1. A Renda Básica Incondicional (RBI) de Van
Dessa forma, o imposto negativo apresenta Parijs9,10,11 se referencia na perspectiva de que o
componentes fortemente baseados no individu- Welfare State não se sustenta mais e, por isso,
alismo, no mercado auto-regulador e na con- uma renda universal, incondicional, independen-
cepção de que o pobre precisa ser constantemen- te do trabalho e dos testes de meios e de qualquer
te estimulado ao trabalho, criando fortes pro- contrapartida é fundamental para conferir cida-
cessos de estigmatização social. Grande parte dania aos excluídos. Para o autor, a combinação
das críticas ao imposto negativo, conforme mos- desses critérios se configura numa resposta ao
tra Branco4, relaciona-se à perspectiva de mone- desafio conjunto de enfrentar a pobreza e o de-
tarização do apoio social, além de desconsiderar semprego, a partir de um novo paradigma no
o aspecto multidimensional da pobreza, já que qual a renda é desvinculada do trabalho.
elimina a prestação dos demais serviços sociais. Com base nas transformações contemporâ-
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No entanto, quando este autor compara as serem feitos de forma individual e vir se traduzin-
políticas de inserção social promovidas nos Esta- do em um tipo de inserção cada vez mais precária
dos Unidos e na Europa, a partir principalmente dos beneficiários do programa1.
dos anos 1990, demonstra que existem importan- Também na América Latina, os programas
tes clivagens entre as duas experiências que se origi- de transferência monetária estão bastante disse-
nam, fundamentalmente, dos diferentes tipos de minados e as principais experiências têm sido
Estado de Bem-Estar erigidos nestas regiões. Nos acompanhadas da exigência de contrapartidas por
Estados Unidos , se consolidou um modelo de parte dos beneficiários. Na maioria dos progra-
welfare residual, cuja lógica liberal de não interven- mas desenvolvidos nos países latino-americanos,
ção estatal produziu um tipo de política de inser- a questão da contrapartida/condicionalidade as-
ção estrita. Os conservadores liberais temiam que sume recortes um pouco diferentes quando com-
essa perspectiva de política social viesse a ampliar parados com a perspectiva de inserção social de-
ou recolocar a questão da intervenção do Estado, senvolvida, por exemplo, na França. Em nosso
especificamente na geração de mais empregos continente, predomina a lógica de cobrança de
públicos. Na Europa, ao contrário, a experiência contrapartidas no sentido da inserção nos servi-
dos programas de inserção social foi desenvolvi- ços de saúde e educação, cujo objetivo é ampliar o
da sob a cultura e tradição de um Welfare State acesso da população beneficiária aos direitos so-
universal – redistributivo – o que trouxe, na visão ciais, não se tratando, pois, de buscar (re) inserir
de Rosanvallon8, possibilidades mais fecundas o indivíduo no mercado de trabalho. Estas dife-
para se pensar o redimensionamento dos direitos rentes visões sobre a inserção social estão, certa-
sociais e da inserção no mundo do trabalho. mente, relacionadas às diferentes realidades do
Sobre a noção de inserção presente no dese- sistema de seguridade social presentes na Europa
nho do RMI, é preciso ressaltar dois pontos im- e América Latina.
portantes: o primeiro é que ao aderir ao progra- No Brasil, de igual modo, o Programa Bolsa
ma a pessoa assina um contrato com o Estado Família (PBF) caracteriza-se como um progra-
aceitando a sua participação nas diversas ações ma de transferência monetária que exige contra-
voltadas para a sua inserção social; o segundo é partidas relacionadas à inserção nos serviços de
que as ações devem ser definidas a partir da ne- educação e saúde.
cessidade e da capacidade de cada um, havendo,
portanto, a necessidade de um acompanhamen-
to individual através das instituições estatais1,8,16. Contrapartidas no Programa Bolsa Família
Além disso, o beneficiário do RMI tem a garantia
de acesso a um conjunto de serviços sociais. Ro- Não é nenhuma novidade demarcar que o pa-
sanvallon8 argumenta que este programa de in- drão de proteção social historicamente construí-
serção apresenta a qualidade de conjugar o direi- do no Brasil caracterizou-se pelo predomínio de
to social, à medida que é acessível a todos aqueles uma lógica corporativista e meritocrática, em que
que estão excluídos, a um contrato, visto que exi- os direitos sociais estavam vinculados à prote-
ge contrapartidas. Nesse caso, as contrapartidas ção de determinadas categorias profissionais con-
representam uma nova forma de relação entre tra riscos de perda da sua capacidade laboral e
indivíduo e sociedade que também se responsa- baseavam-se na contribuição prévia. Por outro
biliza pela inserção social. lado, aos excluídos do mercado formal de traba-
No entanto, há muitas polêmicas com rela- lho eram destinadas ações assistenciais pontuais.
ção ao RMI. A crítica mais severa se dirige a exi- Essa lógica de construção dos direitos sociais
gência de celebração de um contrato, visto que contribuiu enormemente para interditar as pos-
isso, na visão de muitos analistas, facilitaria o de- sibilidades de desenvolvimento de um sistema de
senvolvimento de controle rígido sobre os benefi- proteção social abrangente e universal entre nós.
ciários, sendo também uma forma de estigmati- A introdução do conceito de seguridade so-
zação social. cial no texto constitucional de 1988 buscou rom-
Chama atenção também a crítica à visão re- per com o padrão acima referido, consagrando
ducionista da inserção enquanto possibilidade de a universalidade dos direitos sociais e a respon-
empregar as pessoas em empresas e instituições sabilização do Estado em prover tais direitos
em detrimento de se pensar a inserção como pro- como princípios norteadores da organização do
cesso amplo e permanente de cada indivíduo. Sen- sistema de proteção social brasileiro. No entan-
do assim, a exclusão não é entendida como fenô- to, a institucionalização da noção de seguridade
meno coletivo e estrutural. Para alguns autores, social tem enfrentado enormes resistências, que
uma prova disto é o fato dos contratos do RMI põem em risco o próprio ideário constitucional.
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por exemplo, é a própria exigência de manter cri- do em vista a necessidade de reverter tal exigência
anças na escola que permitiria minimizar os efei- em oportunidade de inserção social. Desta for-
tos do trabalho infantil sobre as oportunidades ma, pode-se afirmar que a adoção de condicio-
de escolaridade de crianças e jovens. Logicamen- nalidades em programas de transferência de ren-
te que, dentro desta perspectiva, não cabe ne- da somente é válida quando entendida e imple-
nhum grau de punição às famílias. mentada como estratégia de ampliação do aces-
No entanto, quanto a este debate, é preciso, so aos serviços sociais e políticas de emprego e
em primeiro lugar, ter em mente que a contra- renda, não sendo, portanto, o mero reflexo de
partida exigida não se configura em termos de uma visão restritiva do direito social.
contribuição financeira tal como no passado Sobre essa perspectiva, interessa analisar o
meritocrático de nossa política social. Mas isso, conteúdo e a dimensão das ações de controle e
de fato, é insuficiente para descartar a reflexão acompanhamento das condicionalidades adota-
sobre a pertinência ou não desta exigência. As- das pelos formuladores do Programa e traduzi-
sim, permanece a questão: a contrapartida é uma das na legislação. Com efeito, conta-se hoje com
cobrança indevida, já que o direito é uma prer- uma base legal bastante detalhada para exercer
rogativa dos membros de uma sociedade? Ou é controles rigorosos sobre as famílias beneficiári-
aceitável, principalmente no caso brasileiro, por- as, na qual as punições vão desde o bloqueio do
que se trata de envolver as famílias num circuito benefício por trinta dias até seu cancelamento. O
virtuoso de direitos e deveres com potencial para conteúdo punitivo desta legislação é bastante
ultrapassar o assistencialismo e fomentar a cul- surpreendente porque, até então, o conjunto de
tura cívica e garantir o acesso a uma rede extensa dispositivos legais permitia imaginar que a con-
de proteção social? cepção em torno das condicionalidades tinha
Como demonstra a experiência internacio- caráter primordialmente estratégico, no sentido
nal, ao exigir uma contrapartida dos beneficiá- da ampliação do acesso dos beneficiários aos ser-
rios, os programas de transferência monetária viços sociais.
introduzem, ao mesmo tempo, a difícil escolha No entanto, uma questão crucial colocada
entre, de um lado, romper com a noção de direi- pelo Bolsa Família é a conhecida fragilidade da
to incondicional, à medida que os compromis- institucionalidade pública para acompanhar o
sos tornam os beneficiários co-responsáveis pela cumprimento das condicionalidades, o que per-
superação de suas dificuldades, e, de outro lado, mite que se questione a capacidade dos municí-
adotar a estratégia de exigir contrapartidas com pios para realizar esta tarefa a contento.
a perspectiva de atacar, de uma só vez, várias Diante do reconhecimento de que a imple-
dimensões da pobreza. Esta última vertente visa, mentação descentralizada de programas sociais
portanto, suprir uma deficiência de longa data, tende a produzir, no nível local, interpretações
atendendo a um conjunto de carências jamais singulares e muitas vezes diferentes dos objetivos
consideradas no rol de políticas e programas enunciados pelos formuladores do programa, o
sociais brasileiros. No entanto, tal perspectiva governo federal optou por adotar a estratégia de
torna-se bastante complexa quando a legislação incentivar financeiramente os municípios que
referente ao PBF se preocupa em detalhar o pro- mantiverem determinado nível de qualidade da
cesso de punição às famílias que não cumprirem gestão do programa. Para isso, foi criado o Índi-
as condicionalidades. ce de Gestão Descentralizada (IGD) que agrupa
Permanece, assim, na ordem do dia, a insti- quatro variáveis, sendo que uma delas mede o
gante questão condicionalidade versus incondicio- grau de controle das condicionalidades do PBF.
nalidade dos programas de transferência monetá- Decerto, é bastante provável que o Bolsa Fa-
ria. No caso brasileiro, para além dessa polariza- mília provoque efeitos positivos do ponto de vista
ção, a aposta dos idealizadores do PBF é de que tal da ampliação do acesso à educação e saúde, no-
exigência pode favorecer a cidadania pois a re- tadamente de uma fração da população que his-
laciona à ampliação do exercício do direito à saú- toricamente apresenta baixo poder de utilização
de e educação, ainda incompletos entre nós. Com destes serviços. É possível até que um contingen-
efeito, é de se notar que a condicionalidade é apre- te não desprezível de pessoas que nunca freqüen-
sentada, pelos formuladores do Programa, como tou os serviços de educação e saúde seja incluído,
sinônimo de inclusão social e emancipação. via o Bolsa Família, pela primeira vez neste cir-
Entretanto, não se pode deixar de pontuar cuito, mesmo que ainda limitado, de cidadania
que, uma vez exigidas condicionalidades, é pre- social.
ciso traçar mecanismos consistentes de acompa- Este certamente tende a ser um dos efeitos
nhamento social das famílias beneficiárias, ten- esperados da implementação das condicionali-
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dispõem para atender as requisições impostas, mediários virtuosos, tais como a esperada am-
tendo em vista as dificuldades cotidianas de so- pliação do acesso aos serviços sociais e a promo-
brevivência a que a maioria está exposta. ção da intersetorialidade, questões altamente re-
Do ponto de vista das possibilidades de re- levantes dentro do atual quadro de instituciona-
versão de algumas condições estruturais que ge- lidade das políticas sociais no país.
ram a pobreza, o Bolsa Família apresenta, com Como se vê, trata-se de um debate ainda em
certeza, inúmeras fragilidades. Ademais, é preci- curso, que envolve uma série de questões com-
so assinalar que as expectativas de superação da plexas, as quais merecem ser aprofundadas.
pobreza depositadas no programa são bastante
elevadas se considerarmos o grau de desigualda-
de social existente, o acúmulo de vulnerabilida-
des que a população pobre está submetida, a
debilidade do nosso sistema de proteção social e,
em geral, o baixo valor do benefício. Com efeito,
não se podem secundarizar os efeitos da históri- Colaboradores
ca lógica de submissão da política social à políti-
ca econômica. GL Monnerat, MCM Senna e V Schottz partici-
Ainda assim, é crucial compreender em que param da concepção, redação e revisão crítica do
medida as condicionalidades do programa ten- artigo. R Magalhães e L Burlandy participaram
dem a potencializar processos e resultados inter- da redação e revisão crítica do artigo.
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