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CAPES/PNVS/UFGD
1 Elias usa o termo configuração ou figuração na sua obra. Nos últimos textos publicaos, houve uma
tendência pela utilização de figuração. Num resumo dos princícios básicos da obra de Elias, Landini (2005)
traz elementos de entrevista realizada com Stephen Mennell, Eric Dunning e Johan Goudsblom e diz “o
ponto que incomodava Elias é que, no latim, o prefixo con significa exatamente “com”, ou seja, se figuração
(figuration) quer dizer padrão (em inglês, pattern), con-figuração (configuration) quereria dizer com padrão
(with pattern). Entretanto, como o objetivo do autor era entender o padrão em si, o prefixo con passou a ser
visto como redundante e ele passou a preferir o uso de figuração.
No texto usarei o termo figuração, a não ser quando for tradução integral de citações de Elias.
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Visão etnocêntrica
O ensino nas escolas ainda hoje transmite uma visão de índio com
características de passado, povos em extinção, como se eles não fizessem parte
da atualidade nacional. É uma ação que faz parte de um projeto maior do estado
de formação de um só povo sem reconhecimento da diversidade étnica e
cultural do país.
Políticas do estado –
2 http://www.funai.gov.br/quem/historia/spi.htm
3 Serviço de Proteção aos Índios foi um órgão público criado em 1910, durante o mandato do
Presidente da República Nilo Peçanha e organizado pelo Marechal Rondon (o 1o diretor). Foi extinto em
1967 e substituído pela FUNAI – Fundação Nacional do Índio.
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Por exemplo, cito o conflito entre o governo militar e os Waimiri Atroari4. Nos
anos de 1967 a 1977, o governo militar decidiu construir a estrada BR-174 entre
Manaus (Amazonas) e Boa Vista (Roraima). As informações do indigenista e ex-
missionário Egydio Schwade5 resumem o processo da interferência do governo.
De acordo com o autor6 – “em princípio, a estrada tinha a finalidade de ligar
essas duas cidades. Mas, ao construí-la, o governo tinha principalmente a
intenção de acessar uma rica mina de minérios estratégicos, localizada no alto
rio Uatumã, próximo ao rio Alalaú. Em seguida, o governo construiu a hidrelétrica
de Balbina buscando produzir energia para a Zona Franca de Manaus.
4 www.waimiriatroari.org.br
5 http://urubui.blogspot.com.br/2011/02/2000-waimiri-atroari-
desaparecidos-na.html
6 http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/508652-waimiri-atroari-
desaparecidos-politicos-entrevista-especial-com-egydio-schwade
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Esta é mais uma das histórias que envolve os povos indígenas e a Ditadura
Militar no Brasil. Casos semelhantes podem ser observados com os índios
Krenhakarore de Peixoto de Azevedo no Mato Grosso, os Kané (tapayuna ou
Beiços-de-pau) do rio Arinos no Mato Grosso, os Suruí e os Cinta Larga de
Rondônia e Mato Grosso e outros. No entanto, nenhum desses homens,
mulheres e crianças é citado nas relações dos desaparecidos da Ditadura.
(Schande, 2011)7
Fontes demográficas
7 http://urubui.blogspot.com.br
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diferentes figurações. Não podemos prever os fatos a longo prazo, mas sim
analisar a posteriori o processo. Notamos que desde a chegada dos
portugueses e outros povos na América dos Povos Nativos, o poder esteve na
maioria das vezes do lado dos colonizadores.
Ronald Niezen no livro sobre „The Originns of Indigenism. Human Rights and
the Politics of Identity‟ (2003) aponta que os movimentos indígenas do século
XX, refletem um fenômeno chamado de „encurtamento‟ global – „global
shrinking‟. Este fenômeno está associado a mobilidade das pessoas, aumento
da transmissão dos meios de comunicação, ideias e doenças. De acordo com o
autor, uma das consequências da globalização é uma „revolta contra as forças
de uma uniformidade cultural e contra a interferência das políticas do governo
nas sociedades indígenas‟. (ibidem 2003, p. 2).
Uma das primeiras iniciativas dos movimentos indígenas foi a dos pelos
índios Canadenses e os Maori de Nova Zelândia em meados do século XIX.
Entretanto os passos mais relevantes nos Estados Unidos, sobre o
entendimento de nações indígenas ocorre paralelo à elaboração dos direitos
humanos pós II Guerra Mundial (NIEZEN, 2003).
8 Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas. Relatório Final (Análise dos dados) n. 7.
Rio de Janeiro, 2009.
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9 http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=paginas&conteudo_id=5685&action=read
10 http://www.socioambiental.org/inst/leg/pib.shtm
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técnico do poder público. O lema dos Jogos “o importante não é ganhar, mas
celebrar” está inserido no ethos e política terena.(TERENA, 2003, 2007). As
relações de poder com o estado são difíceis e muitas vezes tensas. Os jogos
refletem as cosmologias indígenas no cenário urbano. A participação da platéia
não indígena representa uma diversidade de comportamentos, surpresa,
estranheza, vibração, reconhecimento identitário entre outros. Os exercícios de
alteridade, negação, aproximação nos jogos, propiciam condições importantes
para novos comportamentos e perspectivas (ROCHA FERREIRA, 2011).
Referências bibliográficas
CUNHA, M.C. Política indigenista no século XIX. In: História dos índios no Brazil.
Companhia das Letras, 1992, p. 133-154.
LIMA, A.C.S. O governo dos índios sob a gestão do SPI. In: História dos índios
no Brazil. Companhia das Letras, 1992, p. 155-172.
MCNEILL, W.H. Plagues and peoples. Anchor Books, Garden city, New York,
1976.
MOTA, C.N. Ser indígena no Brasil contemporâneo: novos rumos para um velho
dilema. Revista Ciência e Cultura. Ano 60, n. 4, out./dez., 2008, p. 22-24.
NIEZEN, R. The origins of indigenism. Human rights and the politics of identity.
University of Califórnia Press. Berkeley, 2003.