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PoRTANTO: CONJUNCAO CONCLUSIVA OU ADVERBIO™ Erotilde Goreti Pezatti~ Resumo ste estudo limita-se ao exame do conector portanto no portugues falado culto do Brasil. O objetivo é fornecer uma descrigio deta- Ihada do comportamento sintético-semantico desse juntor e verifi ja se gramaticalizou como conjungao. car se ‘ma das areas menos precisas da gramética do portugués é a da classificagao de conjungées: a indicagao de categorias e subcategorias esbarra freqiien- temente na falta de critérios claros ¢ explicitos de delimitagio, sendo, por isso, um dominio a que melhor se aplica o conhecido principio da nao-biunivocida- de entre forma e fungao. Um problema a mais nesse Ambito especifico da relagio conclusiva é a es- cassez de trabalhos especializados. Geralmente os estudos sobre conjungées ou ope- radores argumentativos se restringem a ¢, 01 e mas ¢ aos operadores de causa/explica- cdo. Informagées mais especificas sobre as conclusivas obtém-se, ainda que rarefei- tas, nas gramaticas tradicionais, cujos critérios, sabe-se bem, nem sempre sio defini- tivos ¢, por isso mesmo, pouco operacionais. Este texto se organiza em trés partes. Na primeira, colocam-se os objetivos em face das hipéteses de trabalho; na segunda, apresentam-se 0s procedimentos metodolégicos e técnicas de investigagao; a terceira parte constitui uma descricio dos resultados do levantamento e, nas consideragées finais, resumem-se as principais conseqiiéncias que permitem 0s resultados para um equacionamento mais pre oO. da relagao de conclusio estabelecida pela forma portanto Este texto € uma adaptagio do trabalho de pesquisa desenvolvido para © Projeto de Gramitica do Portugués Falado (PGPF), jf concluido, intitulado Construcées conclusivas no portugués falado, a ser publicado no v. 8 da Gramética do Portugués Falado, organizado por Abaurre ¢ Rodrigues, 1999, * "Universidade Estadual Paulista, campus de Sao José do Rio Preto. 60 ‘SCRIPT, Belo Horizonte, 4, 0.7, p. 60-71, 2 sem. 2000, Erotilde Goreti Pesatti HIPOTESES E PROPOSTA DE TRABALHO, Neste estudo, consideraremos, como hipstese a ser investigada, a possibili- dade que a construcao conclusiva composta por portanto sustenta de, além de expri- mir o nexo semantico de causa-conseqiiéneia (dictum), estabelecer uma relagio de implicacio entre a proposicao antecedente ¢ a conseqiiente, ou seja, exprimir uma relagao de inferéncia entre proposicdes, em que a primeira é uma das premissas ¢ a segunda, a conclusio (modus). Outro aspecto que se deseja investigar é se o portugués conta realmente com uma conjungio portanto legitima. A esse propésito, Carone (1988, p. 58-59) afirma que as conjungoes sio geralmente expresses que deslizaram de um estatuto de advérbio para o de conjungio. Seu valor de origem perdura na mobilidade de que sio dotadas, mais caracterizadora do advérbio. Os marcadores que atuam como ele- mentos de coesao entre partes de um texto, como além disso, apesar disso, em ves disso, pelo contrério, ao contrario, ao mesmo tempo, desse modo, assim, entao, alids, situam-se na faixa de transigdo de advérbio para conjungao. Como termos hibridos, participam da natureza do advérbio ¢ da natureza da conjungao: exprimem circunstancias vari- as, mas comportam-se como elementos de coesio, a caminho de cristalizarem-se, ou, preferencialmente, gramaticalizarem-se como conjungées coordenativas.? E fun- damental percebermos que esse valor coesivo advém de seu carter anaférico, expli- cito ou implicito. Carone defende a idéia de que a conjungio coordenativa integra a segunda oracao coordenada, pois 0 proceso de coordenagio de oragdes corre de acordo com as seguintes etapas: a) um termo de valor adverbial, pertencente a estrutura da segunda oragio coordenada, reitera a primeira oragao como um todo; b)esse termo é, portanto, um representante da primeira oracio dentro da segunda; ) esse circunstante entra em processo de cristalizagio, no decorrer do qual se desvanece paulatinamente a nogio de que ele é uma anafora da oragio inicial; d)ao mesmo tempo ganha forga sua funcao “relacionadora”: € um lago que a segunda oragio estende para agarrar-se a oracio inicial; ¢) completando-se 0 processo, est criada mais uma conjungao coordenati- va, morfema que faz parte da segunda oragao coordenada. Esse programa est de acordo com o principio de unidirecionalidade das fases do processo de gramaticalizaao: segundo Hopper & Traugott (1993), no nivel ® Castiho (1997, p. 26) arrola trés processos constitutivos d discursivizacio. linguas: gramaticalizagio, semanticizagio ¢ SERIFTR is Hose hw Top TD 61 PORTANTO: CONIUNGAO CONCLUSIVA OU ADVEREIO? morfol6gico, as fases por que passa um item lexical antes de se transformar numa unidade funcional > tao rigidamente ordenadas que bloqueiam automaticamente © percurso inverso, conforme a ¢scala: ITEM LEXICAL > PALAVRA GRAMATICAL > CLETI- co > arixo Fi XIONAL. No caso de conjungées, especificamente das conclusivas, 0 que poderia ocorrer é um subtipo de gramaticalizaga io que Hopper & Traugott (op. cit.) denominam recategorizagio sintitica, processo mediante o qual um item lexical muda as propriedades gramaticais que o incluem numa determinada classe para integrar-se em outra, conforme a seqiiéncia: CATEGORIA Maton (Nome, Verbo, Prono- me) > CATEGORIA MEDIANA (Adjetivo, Advérbio) > CATEGORIA MENOR (Preposicio, Conjungao). O processo diacrdnico de recategorizagao sintatica € 0 que melhor ex- plica a transformagio a que alude Carone (op. cit.), mediante a qual locugdes adver- bis is passam a exercer a funcao de conjungao. Em suma, o propésito deste trabalho € verificar, por um lado, os niveis de atuagio da relagao semantica de conclusio, como subproduto da relagao de causa- conseqiiéncia, ¢, por outro, 0 grau de gramaticalizagio do operador portanto, na modalidade culta falada do portugués. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS FE UNIVERSO DE INVESTIGAGAO O universo de pesquisa é uma amostragem representativa do corpus mini- mo do Projeto de Gramatica do Portugués Falado, composto por trés tipos de inqué- rito: Elocugées Formais (EF), Didlogo entre Informante ¢ Documentador (DID) ¢ Didlogo entre dois Informantes (D2). O fato de logo ser considerada a conjungio conclusiva por exceléncia, le- vou-nos a estabelecer, como um fator, a possibilidade de 0 conector portanto alternar, na mesma posigio, com esse juntor prototipico, mantendo-se a identidade semanti- co-discursiva da relagao entre as oragdes. A prototipicidade de logo se explica em fangao de cinco parametros fundamentais que, juntos, demonstram estar completo 0 processo de gramaticalizacao de logo: i) Nao apresenta mobilidade no interior da sentenga que inicia: (01) a. O narciso é uma flor, logo pertence ao reino vegetal. b. *O narciso é uma flor, pertence, logo, ao reino vegetal. ii) Nao pode ser precedido de outra conjungao, como a aditiv: (Ol)c. *O narciso é uma flor, e logo pertence ao reino vegetal. Pode coordenar termos, como as demais conjungées coordenativas (¢, ‘ou e mas): (OL) d. Vocé esta sentindo a sua emogi mais verdadeiro. , dat ser mais ser mais fidedigno, logo 62 SGRIPIA Bao Hota nO sem 20

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