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gentrificação e a produção
social do espaço fragmentado
City postmodern gentrification and the social
production of fragmented space
Luís Mendes
Resumo
É indubitável que as últimas décadas têm assistido Abstract
à formação de um novo tipo de cidade a que, por A new type of city has undoubtedly been taken
comodidade e na falta de melhor expressão, se de- shape in latest decades which, by convenience
signa de pós-moderna. A cidade compacta, de zo- and lack of better wording, we call postmodern
namento social estanque e de limites precisos, cujo city. The compact city, of sealed social zoning
centro evidencia uma relativa homogeneidade so- and precise limits, whose centre shows a
cial, estilhaça-se num conjunto de fragmentos dis- relative social homogeneity is torn in a group of
tintos onde os efeitos de coesão, de continuidade e distinct fragments where the effects of cohesion,
de legibilidade urbanística dão lugar a formações continuity and urban readability give way to more
territoriais mais complexas, territorialmente des- complex and discontinuous territorial formations,
contínuas e sócio e espacialmente enclavadas. Da- which are socially and spatially enclaved. We will
remos particular atenção às formulações teóricas focus on theoretical formulations whose claims
que defendem que essa tendência de gentrificação, are that the gentrification tendency, as a specific
enquanto processo específico de recentralização process of socially selective recentring in the city’s
socialmente seletiva nas áreas centrais da cidade, central areas, has contributed to a social and
tem contribuído para a fragmentação social e resi- residential fragmentation of contemporary urban
dencial do espaço urbano contemporâneo. space.
Palavras-chave: gentrificação; fragmentação ur- Keywords: gentrification; urban fragmentation;
bana; cidade pós-moderna; cultura de consumo; postmodern city; culture of consumption;
esteticização da vida social. aestheticisation of social life.
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nova tipologia e vocabulário social, de que é nível dos padrões de escolha, de (p)referência
exemplo o constante emprego de termos como ao habitat (Ley, 1996).
os yuppies (young urban profissionalpeople) Como já foi referido anteriormente, o
e os dinks (famílias com double income, no processo de gentrificação contextualiza-se no
kids).Ao fim ao cabo, a reestruturação urbana, seio de uma ampla recomposição sociodemo-
na qual se insere o processo de gentrificação, gráfica, traduzindo-se na constituição de uma
contribui para produzir uma cidade extraordi- suposta “nova classe média” que se diferencia
nariamente volátil, segmentada, fragmentada, da classe média tradicional (Ley, 1994, 1996;
descentralizada, amorfa e impressionantemen- Butler, 1997). Os seus membros ocupam luga-
te heterogênea nas práticas socioculturais, nos res em profissões tradicionais que tendem a
modos e estilos de vida e na organização espa- crescer e em novas profissões no nível de ativi-
cial e na gestão de como o território é afetado dades ligadas ao que Bourdieu (1989) apelidou
para cumprir uma diversidade funcional cada de “produção simbólica”. São os intermediá-
vez maior. rios culturais, ligados às indústrias culturais, às
A reestruturação da base econômica es- artes, à publicidade, ao design, à moda, à cultu-
tá associada a uma progressiva desindustria- ra, imagem e marketing, arquitetura e decora-
lização dos espaços urbanos e ao incremento ção, entre outras.
da presença de atividades terciárias, fatores
que influenciam decisivamente a estrutura
funcional das cidades e que redefinem a sua
funcionalidade interna, já que se acelera o pro-
A gentrificação enquanto
cesso de substituição dos espaços de produção estratégia urbana global
pelos de serviços e de lazer. De fato, assiste-se e os novos eufemismos
a uma profunda transformação da funcionali- da regeneração urbana:
dade da cidade moderna, a qual assentava na
preliminares a uma
componente da produção. A transição da so-
ciedade moderna para a sociedade pós-moder-
fragmentação socioespacial
na é caracterizada, entre muitos outros aspec-
tos, por importantes alterações nos domínios Voltando aos paradoxos inerentes à condição
demográfico e sociocultural – alterações na urbana pós-moderna. O princípio da incerteza
estrutura e composição da família (crescimen- revê-se na cidade pós-moderna, composta por
to do número de isolados, aumento das uniões movimentos simultâneos antagônicos de des-
de fato e de casais sem filhos), crescente parti- concentração e de recentralização, evidentes
cipação da mulher na esfera produtiva, acesso também na mobilidade residencial intrametro-
ao ensino, democratização da educação, entre politana, com os processos de suburbanização
outros. Todos esses fatores vêm igualmente e de gentrificação, respectivamente. Existem
contribuir para a profunda alteração da estru- áreas urbanas, entretanto, que atraem os in-
tura social e dos padrões, condutas e estilos teresses dos grupos de estatuto socioeconô-
de vida a estas associados, nomeadamente, ao mico mais elevado e se encontram em regiões
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à “cidade da maioria”, com particular gravi- tudo é adaptado aos movimentos históricos e
dade para as áreas mais carenciadas onde se cíclicos de investimento e desinvestimento de
concentram os mais desfavorecidos. É a emer- capital no ambiente construído em meio urba-
gência da cidade revanchista produzida pela no. Importando a tese de rent gap desse autor
ofensiva neoliberal e que Smith tem explorado ao raciocínio de expansão da gentrificação na
mais recentemente (1996, 2001, 2002, 2005). periferia urbana, quanto menores tiverem sido
O autor desvendou, dessa forma, a máscara so- os investimentos na periferia, menores serão
cial de compreensão e “bondade institucional” os desinvestimentos nos bairros abandonados
inerentes a estes recentes produtos imobiliários da cidade centro, e menor terá sido a difusão
da nova gestão urbana, argumentando como da gentrificação. Por isso mesmo, nas cidades
eles promovem uma lógica de controle social em que a maior parte da extensão espacial é
favorável à reprodução do capital e às classes mais recente, e nas quais as oportunidades de
dominantes. desinvestimentos prolongados foram mais cir-
Do ponto de vista da emergência de no- cunscritas, do mesmo modo a difusão da gen-
vos produtos imobiliários e de novos formatos trificação será limitada.
de alojamento no nível da gentrificação, com À semelhança de outras formas socioes-
consequências na organização espacial urbana, paciais como os centros comerciais regionais,
teremos de destacar os condomínios fechados parques de escritórios, outlets, parques temá-
(Barata Salgueiro, 1994; Raposo, 2002; Caldei- ticos, entre outros, os condomínios fechados
ra, 2008). A generalização dos condomínios devem ser percebidos como um dos produtos
privados sob a forma de enclaves urbanos, es- imobiliários que melhor preenche e caracteriza
pecialmente nos espaços periféricos, compro- de modo distintivo a produção social do espa-
vam a mudança de escala de produção social ço urbano da atualidade, estando associados
do espaço e de definição da gentrificação nas a uma nova organização territorial da cidade,
últimas décadas. Estamos longe dos primórdios frequentemente descrita como pós-moderna e
da gentrificação enquanto fenômeno urbano fragmentada.
anômalo, ligeiro e banal, circunscrito à cida-
de centro. Presencia-se, na atualidade, a uma
fronteira da gentrificação que transbordou os Fragmentação, apropriação
limites do perímetro central da cidade e se
estendeu a espaços e dinâmicas imobiliárias
pontual e reticular do espaço
mais amplas, incluindo as construções antigas
urbano e descentração
e ainda intatas, nos distritos mais afastados do gentrifier
que foram atingidos pelo fenômeno. Segundo
Smith (2002), o modelo de difusão varia bas- A gentrificação é sempre, por definição, um
tante e é influenciado por elementos relacio- processo de “filtragem social” da cidade. Vem
nados com a arquitetura, com condições/ame- despoletar um processo de recomposição so-
nidades ambientais únicas, tais como parques cial importante em bairros antigos das cidades,
verdes ou espelhos de água, mas acima de indiciando um processo que opera no mercado
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de habitação, de forma mais vincada e concre- cidade, quer na natureza cada vez mais polié-
ta nas habitações em estado de degradação drica e camaleônica da sua identidade, inerente
dos bairros tradicionalmente populares. Cor- à sua condição de indivíduo na cidade pós-
respondendo à recomposição (e substituição) -moderna, como desenvolve Cachinho (2006) a
social desses espaços e à sua transformação propósito do consumidor.
em bairros de classes média, média-alta, não se Por fragmentação do território deve
pode deixar de referir, por conhecimento des- entender-se “uma organização territorial mar-
te processo de “substituição social”, o reforço cada pela existência de enclaves territoriais
da segregação socioespacial na sua sequência, distintos e sem continuidade com a estrutura
aprofundando a divisão social do espaço urba- socioespacial que os cerca” (Barata Salgueiro,
no. A verdade é que a apropriação pontual do 1998, p. 225). A autora faz notar que o que de-
espaço, característica da gentrificação, introduz fine o enclave não é tanto a sua dimensão (que
mudanças na escala da segregação sociorre- se podia pressupor reduzida), mas o tipo de re-
sidencial produzida. Esta far-se-á, doravante, lação (ou melhor a não relação) com as áreas
e contrariamente ao que acontecia na cidade envolventes que lhe são contíguas em termos
moderna, a uma escala micro de maior com- territoriais, porém, desprovidas de continui-
plexidade, baralhando o primórdio da divisão dade social e funcional. O processo de gentri-
social da cidade em manchas homogêneas, ficação que ocorre na cidade centro de várias
inerente ao princípio de zonamento funcional metrópoles do mundo de capitalismo avançado
associado à cidade industrial. aparenta, assim, corroborar a tese, advogada
Assim, quando se assiste à emergência por Barata Salgueiro (1997, 1998, 1999, 2001),
de empreendimentos destinados à habitação da cidade pós-moderna, enquanto espaço frag-
de grupos de estatuto socioeconômico mais mentado. A cidade compacta, de limites preci-
elevado em bairros históricos de características sos, cujo centro evidencia uma relativa homo-
essencialmente populares, verdadeiros encla- geneidade social, estilhaça-se num conjunto de
ves de luxo no seio de áreas de residência de fragmentos distintos onde os efeitos de coesão,
classes baixas, facilmente se conclui que a gen- de continuidade e de legibilidade urbanística
trificação é um exemplo de uma nova organiza- dão lugar a formações territoriais mais com-
ção do espaço urbano, reforçando uma estrutu- plexas, territorialmente descontínuas e sócio e
ra fragmentada, típica da cidade pós-moderna. espacialmente enclavadas (Graham e Marvin,
Queremos, todavia, realçar que uma caracte- 2001). É, igualmente, nesse sentido que Sposito
rística central das geografias pós-modernas da (2011) defende que se devem ler as geografias
gentrificação é a fragmentação urbana, e que das áreas, dos eixos, das redes e dos fluxos não
deriva da recentralização seletiva inerente ao apenas como continuidades, mas também co-
processo. Essa fragmentação encontra-se pre- mo rupturas, não apenas como partes de uma
sente quer na implantação pontual dos novos totalidade, mas como fragmentos que podem
produtos imobiliários dirigidos aos potenciais não compor uma unidade coesa.
gentrifiers, quer na apropriação socioespacial As implantações dos projetos imobiliá-
descontínua que o gentrifier faz do bairro e da rios dirigidos aos gentrifiers apresentam um
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caráter pontual, introduzindo uma diferença relaçãoà ordem próxima e à ordem distante,
brusca em relação ao tecido social envolvente. num período em que as tecnologias da infor-
A estrutura urbana que promovem caracteriza- mação e da comunicação se combinam com as
-se pela emergência de enclaves que são dis- formas de deslocamento material de pessoas e
sonantes no seio de um tecido com uma certa mercadorias (Sposito, 2011).
homogeneidade socioespacial. Digamos que O território urbano apresenta, atualmen-
existe contiguidade espacial, mas não continui- te, novos moldes de organização espacial, uma
dade social e funcional, pelo que preodomina nova construção e funcionamento do espa-
a dessolidarização do entorno próximo, pois os ço, através daquilo a que Santos (1988, 1994,
novos moradores e as atividades em que par- 2006) designou por uma diferenciação entre o
ticipam produzem-se cada vez mais em redes peso das horizontalidades e verticalidades. En-
de relações. Cada gentrifier constrói assim uma quanto as horinzontalidades são os domínios
rede de ligações sociais transversal aos vários da contiguidade, dos lugares vizinhos reunidos
espaços de residência, pelo que os laços fortes por uma continuidade territorial, uma mesma
de solidariedade e de amizade tendem a ultra- realidade socioespacial – modo preferencial
passar a geografia do bairro. e dominante de organização do espaço na ci-
Na cidade pós-industrial assiste-se a dade dita industrial; as verticalidades são for-
uma gradual perda de importância do fator madas por pontos distantes uns dos outros,
“proximidade territorial” na estruturação das que apenas as práticas sociais unificam, isto é,
relações sociais. De fato, o “próximo” deixa de ligados por formas e processos sociais desen-
ser o “mesmo”. As relações sociais dos novos volvidos num espaço-rede. É a noção de rede
moradores estão cada vez menos focalizadas que constitui a realidade da nova organização
no espaço do bairro e nos vizinhos. Cada indi- espacial e na qual Santos constrói o conceito
víduo pode combinar à sua maneira a relação de verticalidades. Esse autor contraria, contu-
de proximidade e a relação de distância, numa do, a ideia de substituição simples do chamado
diversificação profusa de relações com os mais “espaço banal” pelo espaço em rede:
diversos círculos sociais (Remy, 2002; Navez- Mas além das redes, antes das redes,
-Bouchanine, 2002; Miguel do Carmo, 2006). apesar das redes, depois das redes, com
Isso graças, entre outros fatores, às melhorias as redes, há o espaço banal, o espaço de
nos transportes e comunicações, que reestru- todos, todo o espaço, porque as redes
constituem apenas uma parte do espa-
turam o padrão das acessibilidades individuais,
ço e espaço de alguns. O território, hoje,
libertando muitas localizações dos constran- pode ser formado de lugares contíguos
gimentos da proximidade (Barata Salgueiro, e de lugares em rede. São, todavia, os
1998; Poche, 1998). Não é possível ver a cidade mesmos lugares que formam redes e que
formam o espaço banal. São os mesmos
atual como unidade, pois não parece haver o
lugares, os mesmos pontos, mas con-
dentro e o fora, até porque não é possível mais
tendo simultaneamente funcionalizações
delimitá-la, já que mesmo que se procure de- diferentes, quiçá divergentes ou opostas.
limitar, as interações espaciais colocam em (Santos, 1994, p. 16).
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como evitar a fixação e manter as opções em pode ser entendida como o projeto de tornar
aberto. No contexto da cidade pós-industrial, a vida uma obra de arte, enquadra-se neste
as diferentes apropriações do espaço derivam contexto e empresta as figuras do dandy, do
da agregação temporária e fluída, estabelecida flâneur, personificações do estilo de vida boê-
entre as várias ligações sociais (Bauman, 1995, mio e blasé, que privilegia as sensações e as
2000, 2004) ou, dito de outro modo, decorrem experiências de vida na produçãodo entendi-
da agregação das várias escolhas e vontades mento da realidade social, ao perfil social do
interindividuais. As “velhas” identidades, que gentrifier (Bowlere Mcburney, 1991), bem co-
por tanto tempo estabilizaram o mundo social, mo, em geral, à vida mental das grandes me-
estão em declínio. Novas identidades surgiram, trópoles, tal como teorizado por Georg Simmel
entretanto, deixando o indivíduo moderno frag- (2009 [1903]).
mentado, subscrevendo trajetórias múltiplas e O discurso simmeliano foi profícuo e vi-
fluentes. A “crise de identidade” faz parte de sionário em analisar o papel da grande cidade
um processo amplo de mudanças que, segun- no decurso da fase madura da civilização indus-
do Hall (2005), está a deslocar as estruturas e trial de finais do século XIX e início do século
os processos centrais das sociedades moder- XX. Juntamente com o dinheiro e favorecendo
nas e a abalar os quadros de referência que um modo de vida mais heterogêneo, multipli-
davam aos indivíduos uma ancoragem estável cando e misturando as diferenças, fomentan-
no mundo social. A apropriação do espaço do a tolerância, acelera-se o tempo histórico,
particulariza-se em função das diferentes rami- cultiva-se a originalidade mesmo se expressa
ficações que estruturam a vivência quotidiana no exagero, alarga-se o espaço de ação, da
do indivíduo, doravante, cada vez mais frag- iniciativa e da concorrência, fazendo emergir
mentada (Miguel do Carmo, 2006). o comportamento blasé. Paradoxalmente, este,
Esses são os elementos centrais da ce- que vive em plena ebulição das diferenças e da
lebração pós-moderna das dimensões frag- novidade, arrastado pela crescente mobilidade
mentadas e multidimensionais da experiência social e pela multiplicação dos vínculos ocasio-
socioespacial do gentrifier, indo de encontro nais ou meramente formais, submerge cada vez
à obra de Deleuze e Guattari, e também à de mais na indiferença do meio urbano, assolado
Lyotard, onde se sublinha o fato de a experiên- pela racionalidade objetivante e instrumental.
cia contemporânea ser uma de fragmentação, Simmel (2009 [1903], pp. 84-87) escreve:
desordem e polivalência. Ora, esses atributos
Os mesmo fatores que, assim, na exati-
estendem-se da identidade social ao território
dão e na precisão de minutos da forma
urbano. As geografias pós-modernas da gen- de vida, convergem para uma formação
trificação atacam a ontologia unidimensional da mais alta impessoalidade, atuam, por
imposta pelo estruturalismo, nomeadamente outro lado, de um modo altamente pes-
soal. Talvez não haja nenhum fenômeno
o ímpeto de controlo e de certeza que tenta
anímico, que esteja reservado de modo
categorizar o sujeito gentrifier como unificado
tão incondicional à grande cidade, como
e o seu perfil como perfeitamente tipificado. o caráter blasé. [...] Nela culmina de certo
A tendência de estetização da vida social, que modo aquele resultado da concentração
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de homens e coisas que estimula o in- referências, mutável, além do mais, em função
divíduo à sua máxima atuação nervosa: dos ciclos de vida, confere uma componente
através da simples intensificação quan-
camaleônica ao modo de vida urbano típico do
titativa das mesmas condições, este re-
gentrifier, donde advém uma aparência caótica
sultado inverte-se no seu contrário, no
fenômeno peculiar de adaptação que é e uma dificuldade acrescida de operacionaliza-
o caráter blasé, em que os nervos desco- ção de categorias metodológicas capazes de
brem a sua derradeira possibilidade de se detectar as práticas (Beauregard, 1986).
ajustar aos conteúdos e à forma da vida
Nos trabalhos de Deleuze e Guattari
na grande cidade, renunciando a reagir a
(1995, 2004) essa permeabilidade e contin-
ela [...]. Simmel conclui, contudo, que o
que pode aparentar ao cientista do social gência espaciais são expressas pela metáfora
e urbano como uma dissociação na confi- do rizoma, uma concepção pós-estruturalista
guração da vida na grande cidade, é, na de estrutura, em que as ligações são sempre
realidade, apenas uma das suas formas
(des)construídas em níveis diferentes e den-
elementares de socialização.
tro de múltiplas ordens de escalas territoriais.
A tradicional e bem definida correspon- É nesse sentido que se afigura com bastante
dência entre dado estatuto socioeconômico e dificuldade construir um modelo genérico da
consumo e práticas sociais, com disposição ter- apropriação social do espaço segundo a con-
ritorial em mancha homogênea contínua (típica dição urbana pós-moderna, visto ser grande a
da cidade industrial moderna), desmembrou-se, heterogeneidade das formas de apropriação do
na medida em que a maior parte dos estatu- espaço e do tempo em diferentes e justapostos
tos culturais atuais se encontram localizados contextos societários (Barata Salgueiro, 2002).
em redes difusas, cuja pertença deriva menos O desenvolvimento da sociedade de con-
do local de residência, das relações familiares sumo disponibiliza um tal número de alternati-
ou do meio socioeconômico. Nesse contexto, vas identitárias que torna impossível de dedu-
Sposito (2011) frisa que não existe unidade zir ou relacionar determinado tipo de práticas
espacial na cidade atual, pois a ação sobre o culturais à espacialidade a que está implicita-
espaço e a sua apropriação são sempre par- mente associado determinado estatuto socioe-
celares. Diferentes pessoas movimentam-se e conômico do gentrifier. Pode-se dizer, no segui-
apropriam-se do espaço urbano de acordo com mento da proposta de Barata Salgueiro (1997),
diferentes modos que lhe são peculiares, se- que se tende para uma apropriação pontual do
gundo condições, interesses e escolhas que são território urbano, em detrimento da tradicional
individuais, mas que são, simultaneamente, de- apropriação extensiva e em mancha de uma
terminados historicamente, segundo diversas determinada zona. O território continua a par-
formas de segmentação: idade, perfil cultural, ticipar na identificação dos indivíduos, contu-
condições socioeconômicas, categoria socio- do, a apropriação é agora mais seletiva e feita
profissional, preferências de consumo de bens em um nível micro, quando interdependências
e serviços, bem como configuração dos estilos funcionais ou de interesses se sobrepõem à
de vida, etc. A multipertença simultânea de ca- solidariedade de vizinhança e às dependências
da indivíduo a diversos grupos com diferentes de proximidade, na base das relações sociais.
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Assume relevância o aumento da diversidade simultâneo por vários grupos sociais, segundo
social associada a novos padrões de consumo, apropriações sincrônicas, em que cada uma de-
à pluralidade de estilos de vida que produzem las lhe imprime uma lógica correspondente ao
novas e diversificadas procuras culturais. A seu modelo societário, mas em descontinuida-
gentrificação assiste, enquanto fenômeno de de com a presente na realidade socioespacial
reestruturação urbana, a um aprofundamento do grupo vizinho.
de especificidades e particularismos sociais, As novas formas territoriais nas quais se
que se refletem numa crescente diferenciação podem reconhecer fragmentação e diminuição
das práticas sociais e culturais. Estas, por sua ou mesmo desaparecimento da contiguidade
vez, espelham-se em espacialidades em rede, não podem ser lidas apenas como um mero
formando um tecido social complexo e difícil processo decorrente das novas tecnologias
de decifrar. O movimento teórico no sentido da comunicação, informação e mobilidade.
da teorização das questões de pequena esca- Deverão também ser percebidas como tradu-
la num contexto de forças mais amplas tem zindo um padrão espacial de organização do
desviado o movimento de estudo das forças território pelo indivíduo que é mais complexo
maiores produtoras da gentrificação. São os in- e heterogêneo, mas também camaleônico, cor-
dícios de um espaço urbano mais diferenciado, roborando a representação que aquele projeta
fragmentado e poliédrico, que anunciam uma de si através da adesão mais fugaz, efêmera e
condição pós-moderna da vida social. segmentada a hábitos, valores, comportamen-
Para Nicolas (1994), a fragmentação na tos e estilos de vida, de acordo com os gostos
apropriação social do espaço e do território ou preferências do momento. Essa vontade de
decorre em larga medida das transformações hiperescolha acarreta diversas consequências
recentes no nível da economia e das inovações que levam a uma reorganização importante
tecnológicas, das quais resulta um novo modo das relações sociais e do próprio território. Em
de articulação entre o espaço e o tempo, que o primeiro lugar, provocam uma rejeição, por par-
autor identifica como a “simultaneidade espa- te do novo morador, de tudo quanto é visto co-
ço-tempo”, isto é, a possibilidade de que em mo entrave ou simplesmente risco de entrave à
diferentes setores territoriais ocorram fenôme- liberdade de escolha e de comportamento pes-
nos interligados. A nova apropriação social do soal. Desse modo, verifica-se com frequência
espaço pelos vários grupos sociais passa a ser uma desvalorização das relações de vizinhan-
mediada pelo individualismo contemporâneo, ça, na medida em que o vizinho é considerado
o que a torna menos susceptível a tipologias como susceptível de interferir a qualquer mo-
de classificação e a correspondências socio- mento em todos os aspectos da vida quotidia-
espaciais. A fragmentação do espaço urbano na. A partir daí, manifesta-se uma vontade de
implica modificações nas leituras possíveis de distanciamento tanto mais forte quanto mais
uso do território. Este deixa de poder ser en- espacialmente próximo for o vizinho e quanto
tendido segundo uma leitura unidireccional e alguns espaços forem de uso comum.
linear, no sentindo de continuidade, para pas- Novamente recorrendo aos escritos de
sar a ser entendido como susceptível de uso Simmel (2009 [1903], pp. 88 e 89):
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O estádio mais antigo das formações pp. 89 e 94) defende ainda, a este propósito: “a
sociais, que se encontra tanto nas for- brevidade e a raridade dos encontros com os
mações históricas como naquelas que
outros, dispensados a cada indivíduo” condu-
hoje se instituem, é este: um círculo rela-
zem à definição da
tivamente pequeno, com um fechamento
forte perante círculos vizinhos, estranhos
[...] tentação de se apresentar de modo
ou de algum modo antagônicos, mas
mais notório, concentrado e, quanto pos-
com uma união tanto mais estreita em si
sível, característico [...] que parece ser o
mesmo, que faculta ao membro singular
motivo mais profundo pelo qual justa-
apenas um espaço restrito para o desdo-
mente a grande cidade sugere o impulso
bramento das suas qualidade peculiares
para uma existência pessoal mais indivi-
e de movimentos mais livres, de que ele
dualizada [...] que faz explodir o enqua-
próprio é responsável. [...] Na medida em
dramento do todo.
que o grupo cresce, numérica e espacial-
mente, em significado e em conteúdos de Sem dúvida que o espaço social urbano
vida [...], o indivíduo ganha liberdade de
da gentrificação se encontra, atualmente, in-
movimento, muito para lá da circunscri-
ção inicial, ciumenta, e uma peculiaridade tegrado em forma reticular, não dependendo
a que a divisão do trabalho proporciona tanto dos espaço vizinhos imediatos quanto de
oportunidade e urgência. lógicas extraterritoriais e não raramente extra-
nacionais, sendo que estas últimas represen-
Essa desvalorização das relações de vizi- tam justamente o avanço da integração da ci-
nhança é compensada por diversas tendências dade no movimento da globalização econômi-
que vêm, de algum modo, preencher as perdas ca e cultural (Butler e Robson, 2001a, 2001b).
que esse comportamento implica. Lembremos A sincronia na retícula não obriga, contudo, à
que nos colocamos aqui na perspectiva de uma uniformidade com outras redes, pelo que cada
classe média em trajetória social ascendente gentrifier poderá estabelecer ou reforçar a seu
em sociedades contemporâneas e que as ca- belo prazer as redes de sociabilidade que bem
racterísticas que evocamos são susceptíveis entender, independentemente da existência ou
de articulação, ou mesmo de contradição, para não de contiguidade territorial.
outras posições. Assim, em face dessa desvalo- Seria pouco consistente afirmar que a
rização das relações de vizinhança, essa classe lógica da apropriação social do espaço típica
média tende a desenvolver redes de relações da cidade fordista é uma etapa totalmente ul-
funcionais, isto é, relações que não implicam de trapassada e, por isso mesmo, que a sua lógi-
forma definitiva e global e que são escolhidas ca espaço-temporal baseada na contiguidade
em função da utilidade que se reconhece ne- territorial e na unidade funcional e social de
las. O projeto individual tornou-se a condição cada setor urbano houvesse desaparecido por
primeira da eficácia coletiva, na medida em completo. Pouco consistente parecem também
que permite valorizar a lógica das escolhas e as as perspectivas teóricas que negam a fragmen-
modalidades novas de sociabilidade, tendo-se tação espacial da cidade pós-fordista e a apre-
tornado, igualmente, no princípio máximo de sentação de novas articulações espaciais, em
fragmentação social e territorial. Simmel (ibid., que a apropriação social do espaço se processa
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por via de complexas redes de sociabilida- pontos distantes uns dos outros, ligados por
de parciais que permitem a integração, num práticas culturais e padrões de vida social. Essa
mesmo espaço, de um movimento sincrônico situação é a responsável pelo padrão espacial
de diversos modelos societais de acordo com difuso da rede de práticas e apropriação social
o diferencial de grupos sociais que daquele do espaço, deixando estas de assumir qualquer
usufruem. Esse reconhecimento da existência tipo de continuidade territorial.
e do funcionamento complexo e sincrônico de Aceita-se hoje que nas situações sociais
diferentes lógicas socioespaciais, mesmo em do seu quotidiano, os sujeitos atuam de acordo
espaços reduzidos no interior das áreas metro- com as suas competências identitárias que, ao
politanas, como seja o espaço-bairro coloca a contrário do que sucedia na modernidade, não
necessidade ao geógrafo de rever o conceito de são mais estáveis e rígidas, mas tornaram-se
espaço social e requer, necessariamente, o pri- transitórias, efêmeras e plurais. São objeto da
vilégio de estudos de escala micro. multiplicidade de escolhas e de possibilidades
e, como tal, não permitem o delimitar de um
padrão espacial bem definido. Eminentemente
relacional e interativa, a identidade mostra-
Considerações finais -se contingente e remete para uma estrutura
pessoal, afetiva, subjetiva que é progressiva e
O aumento da mobilidade pelo acesso gene- continuamente (re)construída pelos próprios
ralizado ao automóvel, a quantidade de infor- sujeitos (Fortuna, 1994).
mação recebida (importância dos mass media), A variedade, a justaposição e sobreposi-
o desenvolvimento das novas tecnologias de ção de narrativas e parâmetros interpretativos
comunicação, permitem uma maior diversida- sobre o mundo e a vida, sobre as identidades
de de contatos entre os indivíduos que se seg- sociais, revelam como estas últimas vão sendo
mentam e desmultiplicam em diversos papéis hoje destruídas de modo acelerado, cedendo
e identidades, mas também pertencem a diver- lugar a identidades mais ou menos momen-
sas redes de práticas socioculturais (algumas tâneas e desordenadas. Aquilo a que Fortuna
virtuaiscomo a Internet) que se traduzem em (ibid.) designou por a “destruição criadora”
espacialidades de consistência territorial frag- das identidades. Esse contínuo reajustamento
mentada e difusa, em práticas culturais parti- das matrizes identitárias dos sujeitos impõe a
lhadas por diversos lugares afastados entre si necessidade de revisão do significado atribuí-
e sem continuidade territorial. Para muitos in- do aos eixos primordiais em que assentam as
divíduos, a espacialidade de determinada prá- identidade típicas da modernidade: a classe
tica sociocultural já não é mais definida pela socioeconômica, o gênero, a condição labo-
continuidade territorial, mas pelo frequentar ral, o estatuto educativo e familiar. Assiste-
de uma série de lugares, pontos que apenas -se atualm ente ao descentramento dos su-
as práticas de cada um unificam e dão sentido jeitos e à problematização das identidades.
como conjunto. De fato, cada vez mais os espa- A tendência parece ser a da busca narcisista
ços de ação dos indivíduos são formados por da autossatisfação que se faz acompanhar da
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Luís Mendes
Mestre em Estudos Urbanos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É Investigador Per-
manente no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Lisboa,
Portugal.
luis.mendes@ceg.ul.pt
Nota
(1) Ver referências fundamentais da literatura científica dedicada à pós-modernidade e com
influência na Geografia: Harvey (1989, 1996); Dear, (2000); Dear e Flusty (2002); Soja (1989,
2001); Benko e Strohmayer (1997); entre outros.
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