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20/06/2019 Revista Espírita 1863 » Janeiro » Bibliografia » A pluralidade dos mundos habitados

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Revista Espírita 1863 » Janeiro » Bibliografia » A pluralidade dos mundos habitados

Estudos onde são expostas as condições de habitabilidade das terras celestes, discutidas do ponto de vista da
Astronomia e da Fisiologia, por Camille Flammarion, calculador do Observatório Imperial de Paris, ligado ao Bureau des
Longitudes, etc.[1]

Posto não se trate de Espiritismo nessa obra, o assunto é daqueles que entram no quadro de nossas observações
e dos princípios da doutrina, e nossos leitores ficarão gratos por lhes havermos chamado a atenção para ela,
persuadido, antes de tudo, do enorme interesse que terão por essa leitura duplamente atrativa, pelo fundo e pela forma.
Eles nela encontrarão, confirmada pela Ciência, uma das revelações capitais feitas pelos Espíritos.

O Sr. Flammarion é um dos membros da Sociedade Espírita de Paris, e seu nome figura como médium nas
notáveis dissertações assinadas por Galileu, que publicamos em setembro último, sob o título de Estudos
Uranográficos. Por esse duplo motivo, sentimo-nos felizes ao lhe fazer menção especial, que será ratificada, não temos
a menor dúvida.

O autor buscou coligir todos os elementos da Natureza para apoiar a opinião da pluralidade dos mundos habitados,
ao mesmo tempo que combate a opinião contrária. Depois de o haver lido, a gente se pergunta como é possível ter
dúvidas sobre o assunto.

Acrescentemos que as considerações da mais alta ordem científica não excluem a graça nem a poesia do estilo.
Isto pode ser julgado pela passagem seguinte, onde ele fala da intuição que a maioria dos homens, em contemplação
ante a abóbada celeste, tem da habitabilidade dos mundos:

“...Mas, a admiração que excita em nós a cena mais comovente do espetáculo da Natureza logo se transforma num
sentimento de indescritível tristeza, porque somos estranhos àqueles mundos, onde reina uma solidão aparente, e que
não podem originar a impressão imediata pela qual a vida nos liga à Terra.

“Sentimos em nós a necessidade de povoar esse globos aparentemente esquecidos pela vida, e sobre aquelas
plagas eternamente desertas e silenciosas procuramos olhares que respondam aos nossos, assim como um ousado
navegador explorou em sonhos, por muito tempo, os desertos do oceano, buscando a terra que lhe fora revelada,
varando com seu olhar de águia as mais vastas distâncias, e transpondo cuidadosamente os limites do mundo
conhecido, para se perder enfim nas imensas planícies nas quais o Novo Mundo se assentava desde períodos
seculares.

“Seu sonho se realizou.

“Que o nosso se desembarace do mistério que ainda o envolve e, sobre o barco do pensamento, subiremos aos
céus, em busca de outras terras.”

A obra é dividida em três partes. Na primeira, sob o título de Estudo Histórico, o autor passa em revista a imensa
lista de sábios e filósofos antigos e modernos, religiosos e profanos, que professaram a doutrina da pluralidade dos
mundos, desde Orfeu até Herschel e Laplace.

“A maioria das seitas gregas, diz ele, a ensinaram, quer aberta e indistintamente a todos os discípulos, quer em
segredo, aos iniciados da Filosofia. Se as poesias atribuídas a Orfeu são mesmo dele, podemos considerá-lo como o
primeiro a ensinar a pluralidade dos mundos. Ela está implicitamente encerrada nos versos órficos, onde se diz que
cada estrela é um mundo, e sobretudo nas seguintes palavras, conservadas por Proclus: ‘Deus construiu uma terra
imensa que os imortais chamaram Selene, e que os homens chamam Lua, na qual se eleva um grande número de
habitações, de montanhas e de cidades.’

“Pitágoras, o primeiro dos gregos que teve o nome de filósofo, ensinava em público a imobilidade da Terra e o
movimento dos astros em redor dela, como um centro único da criação, ao passo que declarava aos adeptos
adiantados de sua doutrina, sua crença no movimento da Terra, como planeta, e na pluralidade dos mundos.

“Mais tarde, Demócrito, Heráclito e Metrodoro de Quios, os mais ilustres de seus discípulos, propagaram, do alto da
cátedra, a opinião de seu mestre, que se tornou a de todos os pitagóricos e da maior parte dos filósofos gregos.

“Filolaus, Nicetas e Heráclides foram dos mais ardentes defensores dessa crença. Este último chegou até a
pretender que cada estrela é um mundo que, como o nosso, tem uma terra, uma atmosfera e uma imensa extensão de
matéria etérea”.

Mais adiante ele acrescenta:

“A ação benéfica do Sol, diz Laplace, faz nascerem os animais e plantas que cobrem a terra, e a analogia nos leva
a crer que ela produza efeitos semelhantes em outros planetas, pois não é natural pensar que a matéria, cuja
fecundidade vemos desenvolver-se de tantas maneiras, seja estéril num planeta tão grande como Júpiter que, como o
globo terrestre, tem seus dias, suas noites, seus anos, e sobre o qual as observações indicam mudanças que
pressupõem forças muito ativas...

Feito para a temperatura que suporta na Terra, não poderia o homem, segundo todas as aparências, viver em
outros planetas. Mas não deve haver aí uma infinidade de organizações relativas às diversas temperaturas dos globos e
dos universos? Se apenas a diferença dos elementos e dos climas cria tantas variedades nas produções terrestres,
quanto mais devem diferir as dos planetas e dos satélites.”

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A segunda parte é consagrada ao estudo astronômico da constituição dos diversos globos celestes, segundo os
dados mais positivos da Ciência, e do qual resulta que a Terra não está, nem pela posição, nem pelo volume, nem pelos
elementos de que se compõe, em situação excepcional que lhe tenha podido valer o privilégio de ser habitada com
exclusão de todos os outros mundos mais favorecidos sob vários aspectos. A primeira parte é de erudição. A segunda é
de Ciência.

A terceira parte trata a questão do ponto de vista fisiológico. As observações astronômicas dão a conhecer o
movimento das estações, as flutuações atmosféricas e a variabilidade da temperatura na maioria dos mundos que
compõem o nosso turbilhão solar. Daí ressalta que a Terra se acha numa das condições menos favorecidas, um mundo
cujos habitantes devem sofrer mais vicissitudes e onde a vida deve ser mais penosa, donde o autor conclui não ser
racional admitir tenha Deus reservado para morada do homem um dos mundos menos favorecidos, ao passo que os
melhor dotados teriam sido condenados a não abrigar nenhum ser vivo. Tudo isto é estabelecido não sobre uma ideia
sistemática, mas sobre dados positivos, para os quais todas as ciências contribuíram: Astronomia, Física, Química,
Meteorologia, Geologia, Fisiologia, Mecânica etc.

“Mas, acrescenta ele, de todos os planetas, o mais favorecido, sob todos os aspectos, é o magnífico Júpiter, cujas
estações, pouco distintas, têm ainda a vantagem de durar doze vezes mais que as nossas. Esse gigante planetário
parece planar nos céus como um desafio aos fracos habitantes da Terra, dando-lhes a entrever os pomposos quadros
de uma longa e suave existência.

“Nós, que estamos presos à bolinha terrestre por cadeias que não podemos romper, vemos extinguirem-se
sucessivamente nossos dias com um tempo tão rápido que os consome, com os caprichosos períodos que os dividem,
com essas estações disparatadas cujo antagonismo se perpetua na contínua desigualdade do dia e da noite e na
instabilidade da temperatura.”

Após um eloquente quadro das lutas que o homem deve sustentar contra a Natureza, a fim de prover a
subsistência, e das revoluções geológicas que transformam a superfície do globo e ameaçam aniquilá-lo, ele
acrescenta:

“Após tais considerações, pode-se ainda pretender seja este globo, mesmo para o homem, o melhor dos mundos
possíveis, e que muitos outros corpos celestes não lhe possam ser infinitamente superiores e melhor que ele reunirem
as condições favoráveis ao desenvolvimento e à longa duração da existência humana?”

Depois, conduzindo o leitor através dos mundos, no infinito do espaço, faz com que ele veja um panorama de tal
imensidade, que não podemos deixar de achar ridícula e indigna do poder de Deus a suposição de que entre tantos
milhares o nosso pequeno globo, desconhecido até de uma grande parte do nosso sistema planetário, seja a única terra
habitada, e nos identificarmos com o pensamento do autor, quando ele diz, ao terminar:

“Ah! Se nossa vista fosse bastante penetrante para descobrir, lá onde apenas distinguimos pontos brilhantes sobre
o fundo negro do céu, os sóis resplandecentes que gravitam na amplidão, e os mundos habitados que acompanham o
seu curso! Se nos fosse dado abarcar de um golpe de vista essas miríades de sistemas solidários e se, avançando com
a velocidade da luz, atravessássemos durante séculos e séculos esse número ilimitado de sóis e esferas, sem jamais
encontrar os limites dessa imensidade prodigiosa, onde Deus fez germinar os mundos e os seres; e se, voltando o olhar
para trás, mas sem saber em que ponto do infinito encontrar de novo esse grão de poeira que se chama Terra,
estacaríamos fascinados e confusos por tal espetáculo e, unindo nossas vozes ao concerto da natureza universal,
diríamos, do fundo de nossa alma: Deus poderoso! Como fomos insensatos em pensar que nada havia além da Terra, e
que nossa pobre morada tinha, ela só, o privilégio de refletir tua grandeza e teu poder!”

Terminaremos, de nossa parte, com uma observação: Vendo a soma de ideias contidas nessa pequena obra, a
gente se admira que um jovem, na idade em que os outros ainda estão nos bancos escolares, tenha tido tempo de se
apropriar delas e, com mais forte razão, aprofundá-las. É para nós uma prova evidente de que seu Espírito não se acha
no início, ou que, malgrado seu, ele é assistido por outro Espírito.

[1] Brochura grande in-8. Preço: 2 francos; pelo correio 2,10 francos. Bachelier, impressor e livreiro, Quai des
Grands-Augustins, 55, no Observatoire.

TEXTOS RELACIONADOS:

O Livro dos Espíritos » Parte Primeira - Das causas primárias » Capítulo III - Da criação » Pluralidade dos mundos

55. São habitados todos os globos que se movem no espaço?

“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição.
Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o
privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo.”

Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência.
Acreditar que só os haja no planeta que habitamos seria duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil.
Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há,
nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que apenas ela
goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos semelhantes.

56. É a mesma a constituição física dos diferentes globos?

“Não; de modo algum se assemelham.”

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57. Não sendo uma só para todos a constituição física dos mundos, seguir-se-á tenham organizações diferentes
os seres que os habitam?

“Sem dúvida, do mesmo modo que no vosso os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”

58. Os mundos mais afastados do Sol estarão privados de luz e calor, por motivo de esse astro se lhes mostrar
apenas com a aparência de uma estrela?

“Pensais então que não há outras fontes de luz e calor além do Sol e em nenhuma conta tendes a eletricidade
que, em certos mundos, desempenha um papel que desconheceis e bem mais importante do que o que lhe cabe
desempenhar na Terra? Ademais, não dissemos que todos os seres são feitos de igual matéria que vós outros e com
órgãos de conformação idêntica à dos vossos.”

As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos hão de ser adequadas ao meio em que
lhes cumpre viver. Se jamais houvéramos visto peixes, não compreenderíamos pudesse haver seres que vivessem
dentro d’água. Assim acontece com relação aos outros mundos, que sem dúvida contêm elementos que
desconhecemos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que
há de impossível em ser a eletricidade, nalguns mundos, mais abundante do que na Terra e desempenhar neles uma
função de ordem geral, cujos efeitos não podemos compreender? Bem pode suceder, portanto, que esses mundos
tragam em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias a seus habitantes.

O Livro dos Espíritos » Parte Terceira - Das leis morais » Capítulo I - Da lei divina ou natural » Conhecimento da lei
natural

619. A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem sua lei?


“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-
la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o
progresso se efetue.”
A justiça das diversas encarnações do homem é uma conseqüência desse princípio, visto que em cada nova
existência sua inteligência se acha mais desenvolvida, e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se numa
só existência tudo lhe devesse ficar ultimado, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no
embrutecimento da selvageria, ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o se esclarecerem? (171-
222)
620. Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada?
“Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao
corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça.”
621. Onde está escrita a lei de Deus?
“Na consciência.”
a) – Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?
“Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”
622. Confiou Deus a certos homens a missão de revelarem a sua lei?
“Indubitavelmente. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que
encarnam com o fim de fazer progredir a Humanidade.”
623. Os que têm pretendido instruir os homens na lei de Deus não se enganaram algumas vezes, fazendo-os
freqüentemente transviar-se por meio de falsos princípios?
“Certamente podem ter dado causa a que os homens se transviassem aqueles que não eram inspirados por Deus
e que, por ambição, atribuíram-se uma missão que lhes não fora confiada. Todavia, como eram, afinal, homens de
gênio, mesmo entre os erros que ensinaram grandes verdades muitas vezes se encontram.”
624. Qual o caráter do verdadeiro profeta?
“O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos
seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.”
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?
“Jesus.”
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo
oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque o
espírito divino o animava, e porque foi o ser mais puro de quantos têm aparecido na Terra.
Quanto aos que, tendo pretendido instruir o homem na lei de Deus, transviaram-no por meio de falsos princípios,
isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos, e por terem confundido as
leis que regulam as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos apresentaram como leis
divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.
626. Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas
leis só por intuição os homens o tiveram?
“Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que
meditaram sobre a sabedoria têm podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que
espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza,
possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde
todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem
que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos que já saíram da barbárie.”
627. Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão?
Terão que nos ensinar mais alguma coisa?
“Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os
tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que
aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as
praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando
os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos
tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância, e para que todos o possam julgar e
apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que
a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de
amor e de caridade.”
628. Por que a verdade não foi sempre posta ao alcance de toda gente?

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20/06/2019 Revista Espírita 1863 » Janeiro » Bibliografia » A pluralidade dos mundos habitados

“Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela pouco a
pouco; do contrário, fica deslumbrado.
“Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe
são dadas. Havia, como sabeis, na Antigüidade alguns indivíduos possuidores do que eles próprios consideravam uma
ciência sagrada e da qual faziam mistério para os que, aos seus olhos, eram tidos por profanos. Pelo que conheceis das
leis que regem estes fenômenos, deveis compreender que esses indivíduos apenas recebiam algumas verdades
esparsas, dentro de um conjunto equívoco e, na maioria dos casos, emblemático. Entretanto, para o estudioso, não há
nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião que seja desprezível, pois em tudo há germens
de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem
fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade
de coisas que até agora se vos afiguraram sem razão alguma, e cuja realidade está hoje irrecusavelmente
demonstrada. Não desprezeis, portanto, os objetos de estudo que esses materiais oferecem; são muito ricos e podem
contribuir grandemente para vossa instrução.”

O Livro dos Espíritos » Parte Terceira - Das leis morais » Capítulo I - Da lei divina ou natural » Conhecimento da lei
natural » 628

Revista Espírita 1863 » Abril » Os Espíritos e o Espiritismo - Pelo Sr. Flammarion


(EXTRAÍDO DA REVUE FRANÇAISE)

Sob esse título, o Sr. Flammarion, autor da brochura sobre a Pluralidade dos mundos habitados, da qual demos
notícia em nosso número de janeiro último, acaba de publicar na Revue Française de fevereiro de 1863[1], um primeiro
artigo muito interessante, do qual a seguir damos o começo. O trabalho, que lhe foi pedido pela direção do jornal,
resumo literário importante e muito difundido, é uma exposição da história e dos princípios do Espiritismo. Sua extensão
lhe dá, quase, a importância de uma obra especial, pois o primeiro artigo não tem menos de 23 páginas grandes in-8º.
Até certo ponto, o autor achou que deveria fazer abstração de sua opinião pessoal sobre o assunto e ficar num terreno
de certo modo neutro, limitando-se a uma exposição imparcial dos fatos, de maneira a deixar ao leitor a inteira liberdade
de apreciação.

Ele assim começa:

“Num século em que a Metafísica caiu de seu alto pedestal; no qual a ideia religiosa quis libertar-se de todo dogma
e de todo culto especial; no qual a própria Filosofia mudou seu modo de raciocinar para ligar-se ao positivismo da
ciência experimental, uma doutrina espiritualista veio se oferecer aos homens, e estes a receberam. Ela lhes propôs um
símbolo de crença e eles o adotaram. Ela lhes mostrou uma nova via que conduz a regiões inexploradas e eles a ela se
engajaram, e eis que essa doutrina, baseada nas manifestações dos seres invisíveis, elevou-se, apenas saída do berço,
acima das nuanças ordinárias da vida, e propagou-se universalmente entre os povos do antigo e do novo mundo. O que
é, pois, esse sopro potente, sob cujo impulso tantas cabeças pensantes olharam o mesmo ponto do céu?

“Vã utopia ou ciência real; engodo fantástico ou verdade profunda, o acontecimento lá está aos nossos olhos e nos
mostra o estandarte do Espiritismo reunindo ao seu redor grande número de campeões, contando hoje defensores aos
milhões. E esse número prodigioso formou-se no curto lapso de dez anos.

“Temos, pois, um evento novo sob os nossos olhos: é um fato incontestável. Ora, seja qual for, aliás, a frivolidade ou
a importância desse fato, não será inútil estudá-lo em si mesmo, a fim de saber se tem direito de nascimento entre os
filhos do progresso; se sua marcha é paralela ao movimento das ideias progressivas, ou se não tenderia, como
pretendem alguns, a nos fazer retroceder para crenças caducas, pouco dignas de consideração.

“E como para raciocinar sobre um assunto qualquer importa, antes de tudo, conhecê-lo bem, a fim de não nos
expormos a apreciações errôneas, vamos examinar sucessivamente sobre quais fatos repousa o Espiritismo; sobre que
base foi construída a teoria de seu ensino, e em que consiste sumariamente essa ciência.

Observemos que se trata aqui de fatos e não de sistemas especulativos, de opiniões aventuradas, porque, por mais
maravilhosa que seja a questão que nos ocupa, o Espiritismo nem por isso deixa de basear-se pura e simplesmente na
observação dos fatos. Se assim não fosse, se não se tratasse senão de uma nova seita religiosa, de uma nova escola
de filosofia, temos como certo que o acontecimento perderia muito de sua importância e que os homens sérios da época
presente, na maioria discípulos do método baconiano, não teriam passado o tempo a examinar uma pura questão de
teoria. Muitas utopias se inscreveram no livro da fraqueza humana, para que não se queira mais recolher os sonhos que
cérebros exaltados concebem e proclamam diariamente.

“Vamos agora, francamente e sem segunda intenção, abordar esta ciência doutrinária, da qual se disse muito bem e
muito mal, talvez sem havê-la estudado suficientemente. Nesta exposição começaremos pela origem de sua história
moderna ─ porque o Espiritismo tem sua história antiga ─ e daremos a conhecer os fenômenos sucessivos que a
estabeleceram definitivamente. Seguindo a ordem natural das coisas, examinaremos o efeito antes de remontar à
causa.”

Segue o histórico das primeiras manifestações na América, sua introdução na Europa, sua conversão em doutrina
filosófica.

[1] Revue française, Rua d'Amsterdam, 35 - 20 fr. Assinatura mensal, 120 francos por ano.

Revista Espírita 1864 » Agosto » Notícias bibliográficas » A pluralidade dos mundos habitados
Estudo onde são expostas as condições de habitabilidade das terras celestes, discutidas do ponto de vista da
Astronomia, da Fisiologia e da Filosofia natural, por Camille Flammarion, adido ao Observatório de Paris. Um grande
volume in-12, com lâminas astronômicas. Preço: 4 francos. ─ Edição de biblioteca, in-8, 7 francos. ─ Livraria acadêmica
de Didier & Cia., Quai des Augustins, 35.

A falta de espaço obriga-nos a adiar para o próximo número o relato dessa obra importante.

Para saber as condições das obras acima, vide a lista das Obras diversas sobre o Espiritismo.

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20/06/2019 Revista Espírita 1863 » Janeiro » Bibliografia » A pluralidade dos mundos habitados

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Revista Espírita 1864 » Setembro » Notícias bibliográficas » A pluralidade dos mundos habitados
PELO SR. CAMILLE FLAMMARION

Nossos leitores se lembram de uma brochura, sob o mesmo título, publicada pelo Sr. Flammarion, da qual demos
notícia, com o merecido elogio, na Revista Espírita de janeiro de 1863. O sucesso do opúsculo levou o autor a
desenvolver a mesma tese em obra mais completa, na qual a questão é tratada em todos os desenvolvimentos que
comporta, do ponto de vista da Astronomia, da Física e da Filosofia natural.

Nessa obra é feita abstração do Espiritismo, do qual não se fala, e, por isto mesmo, tanto ele se dirige aos
incrédulos quanto aos crentes. Mas, como a teoria da pluralidade dos mundos habitados se liga intimamente à Doutrina
Espírita, é muito importante vê-la consagrada pela Ciência e pela Filosofia. Sob tal aspecto, a notável obra de ciência
tem seu lugar garantido na biblioteca dos espíritas.

É sob o mesmo ponto de vista, a saber, fora da revelação dos Espíritos, que será tratada a importante questão da
pluralidade das existências, numa obra ora no prelo, editada pelos senhores Didier & Cia. O nome do autor, conhecido
no mundo científico, é uma garantia de que o seu livro estará à altura do assunto.

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