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A Ética de Spinoza

Livro 3:

A origem e a natureza dos afetos


O lugar dos afetos na ética de Spinoza
Ao tratar dos afetos, Spinoza estabelece um confronto com a tradição em que eram
interpretados como vícios e, portanto, objetos indignos de um estudo racional:

“Os filósofos concebem os afetos com que nos batemos como vícios em
que os homens caem por culpa própria. Por esse motivo, costumam rir-se
deles, lamentá-los, maltratá-los […] detestá-los. Acreditam, assim, fazer
coisa divina e alcançar o cume da sabedoria, ao louvar de muitas maneiras
uma natureza humana que em lugar nenhum existe e fustigar com suas
sentenças aquela que deveras existe. Com efeito, concebem os homens
não como são, mas como gostariam que fossem.

[…] Assim, não encarei os afetos humanos, como são o amor, o ódio, a ira,
a inveja […] como vícios da natureza humana, mas como propriedades que
lhe pertencem, tanto como o calor, o frio, a tempestade e outros fenômenos
do mesmo gênero pertencem à natureza do ar.” (Spinoza, Tratado Político,
apud Chauí, 2011)
O lugar dos afetos na ética de Spinoza
Distanciando-se dessa tradição, Spinoza empreende, em sua obra, não somente uma
exposição dos afetos como algo que pertence ao ser humano, mas uma busca pela
compreensão científica de como funcionam as afecções do ser humano, o que faz
segundo o método geométrico.

“[…] parecerá, sem dúvida, surpreendente que eu me


disponha a tratar dos defeitos e das tolices dos homens
segundo o método geométrico, e que queira demonstrar, por
um procedimento exato, aquilo que eles não param de
proclamar como algo que, além de vão, absurdo e horrendo,
opõe-se à razão. Mas eis aqui o meu método” (Ética, p. 97)
Afecção e Afeto
A Ética de Spinoza dá margem para o estabelecimento de uma
distinção entre Afecção e Afeto:

“O corpo humano pode ser afetado de muitas maneiras, pelas quais sua
potência de agir é aumentada ou diminuída, enquanto outras tantas não
tornam sua potência de agir nem maior nem menor” (post. 1, P. 3)
“Por Afeto compreendo as afecções do corpo, pelas quais sua potência de
agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou refreada, e, ao mesmo tempo,
as ideias dessas afecções” (def. 3, P. 3)
Ação e Paixão
A partir da noção de Afeto, Spinoza desenvolve dois outros conceitos: Ação e Paixão.
Para compreendê-los, contudo, é preciso entender dois outros conceitos da Ética:
“causa adequada” e “causa parcial” (inadequada).
Causa adequada: é a causa “cujo efeito pode ser percebido clara e distintamente por ela mesma”
(Ética, p. 98)
Causa parcial (inadequada): é a causa “cujo efeito não pode ser compreendido por ela só”.
(Ética, p. 98)

1)Ação: o afeto constitui uma Ação quando podemos ser a


causa adequada da afecção que lhe deu origem.

2)Paixão: o afeto constitui uma Paixão quando somos apenas


uma causa parcial (inadequada) da afecção que lhe deu origem.
Conatus
Conatus: palavra do latim que significa “esforço”.
O Conatus, ou esforço, adquire um caráter conceitual na ética de Spinoza para designar o
esforço pelo qual cada coisa se esforça para perseverar em seu ser.
Spinoza atribui ao Conatus o estatuto de essência das coisas singulares.

“Proposição 4: nenhuma coisa pode ser destruída senão por uma causa
exterior.
Definição: Esta proposição é evidente por si mesma. Pois a definição de
uma coisa qualquer afirma a sua essência; ela não a nega. Ou seja,
ela põe a sua essência; ela não a retira. Assim, à medida que
consideramos apenas a própria coisa e não as causas exteriores, não
poderemos encontrar nela nada que possa destruí-la”. (Ética, p. 104)
Conatus
Vontade: é o esforço do conatus à medida que ele está referido apenas à mente
Apetite: é o esforço do conatus à medida que ele está referido simultaneamente à mente e
ao corpo.
Desejo: o desejo diz respeito aos homens à medida que eles estão conscientes de seu
apetite. Assim, o desejo abrange tanto o apetite quanto a vontade. O desejo é, portanto, o
próprio Conatus.

“O desejo é a própria essência do homem, enquanto esta é concebida


como determinada, em virtude de uma dada afecção qualquer de si
própria, a agir de alguma maneira. (Ética, p. 140)
Afetos primários e suas derivações
Afetos primários:
1)Alegria: “paixão pela qual a mente passa a uma perfeição maior”
2)Tristeza: “paixão pela qual a mente passa a uma perfeição menor”
3)Desejo: é a essência do homem, essência que se constitui por uma variabilidade (para mais
ou para menos) do esforço do homem de perseverar em sua própria existência e de sua
potência de agir e de pensar.

Exemplos de derivações:

“Excitação” X “Dor”: quando o afeto da alegria/tristeza está referido


simultaneamente à mente e ao corpo, sendo das partes do homem mais
afetadas do que a outra.
“Contentamento” X “Melancolia”: quando o afeto da alegria/tristeza está
referido simultaneamente à mente e ao corpo, sendo todas as partes do
homem igualmente afetadas.
O que pode um corpo?
A ruptura estabelecida por Spinoza em relação à tradição – em especial à tradição platônica e
cartesiana – se dá também na forma de se conceber a relação entre corpo e mente.
Tese do paralelismo: negação da relação causal entre mente e corpo e recusa de uma
hierarquização entre os dois.
Inversão do princípio tradicional em que se fundava a Moral
Estabelecimento do corpo como modelo: desvalorização da consciência (efeito X causas)

Procuramos adquirir um conhecimento das potências do corpo para


descobrir paralelamente,as potências do espírito que escapam à
consciência, e poder compará-los. Em suma, o modelo do corpo,
segundo Espinosa, não implica uma desvalorização do pensamento em
relação à extensão, mas […] uma desvalorização da consciência em
relação ao pensamento: uma descoberta do inconsciente do pensamento
não menos profundo que o desconhecido do corpo. (DELEUZE, 2002)
Bibliografia
CHUAÍ, M. Desejo, paixão e ação na Ética de Espinosa. São Paulo: Companhia
das Letras, 2011.
DELEUZE, G. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002.
SPINOZA, B. Ética. Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

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