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LÁGRIMAS E HOLOCAUSTOS

Trabalho de História

Por Raquel de Freitas e Anthony Mattos

302 – Matutino

2017
1 INTRODUÇÃO

Em 20 de janeiro de 1942, após a Conferência de Wannsee, os nazistas deram


início ao massacre em larga escala de judeus, forçando-os a embarcarem em trens
que os levariam direto para a morte – Se já não estavam mortos àquela altura. O trem
superlotado mal deixava a estação e já se sabia que nunca iria trazê-los de volta.
Entre os diversos capítulos macabros da nossa história, um ocorreu na fria cidade de
Barbacena, Minas Gerais. De 1903 até meados da década de 1980, a cidade abrigou
um verdadeiro matadouro humano: o Hospital Colônia de Barbacena. Seus horrores
iniciavam dentro de vagões de um trem que chegava à estação Bias Fortes, chamado
“trem de doido”. A locomotiva os levava para uma viagem sem volta.

Em 2012 fora lançado o livro "O Colecionador de Lágrimas" do escritor Augusto


Cury, em que o professor Julio Verne, especialista em nazismo e II Guerra Mundial,
começa a ter insônia e pesadelos como se estive vivendo as atrocidades do Nazismo.
A obra de fantasia histórica foi construída como ficção em torno de grandes fatos
históricos, reunidos e abordados com sensos crítico e poético envolventes numa
narração explosiva, pois fala sobre a personalidade de Adolf Hitler - o homem que,
com apenas palavras, conseguiu destruir um país e matar milhares de pessoas.
Apenas um ano depois, em 2013, a jornalista Daniela Arbex lançou o livro "Holocausto
Brasileiro" que retrata os maus-tratos da história do Hospital Colônia de Barbacena
através do depoimento de ex-funcionários e pessoas ligadas diretamente ao dia-a-dia
do funcionamento do local. A organização assassinou 60 mil pessoas e chegou a
arrecadar pelo menos 600 mil reais com a venda de corpos.
2 DESENVOLVIMENTO

Barbárie e Barbacena

"Os loucos também têm algo para dizer"

- Augusto Cury

O Hospital Colônia foi inaugurado em 1903 e continua aberto até hoje, mas o
período de maior barbárie aconteceu entre 1930 e 1980, quando pessoas eram
internadas sem terem sintomas de loucura ou insanidade. "Quando eles chegavam,
os homens tinham a cabeça raspada, eram despidos e depois uniformizados”, explica
a autora Daniela. Segundo o livro-reportagem, cerca de 70% das pessoas não tinham
diagnóstico de doença mental. Bastava ser um adulto tímido, triste, epilético, ter
alguma fraqueza com bebidas, ser homossexual, prostituta, ter perdido seus
documentos, a virgindade ou ter sido uma mulher abandonada pelo marido. E as
crianças? Como iam parar ali? Elas também eram abandonadas por suas famílias
naquele lugar, após terem a certeza que eram portadoras de algum tipo de
deficiência. Na época, o (ex-presidente) Jânio Quadros estava no poder. Ele falou
que ia mandar dinheiro para a Colônia, falaram que ia fazer acontecer e nada. Não
foi feito nenhum tipo de intervenção que fizessem os absurdos cessarem. De 1961
até 1979, a situação continuou tão grave quanto. Foi o momento mais dramático. A
partir de 1930, os critérios médicos desapareceram. Em 1969, com a ditadura, o caso
foi blindado. Entre 1930 e 1980 foi um período negro. Era um lugar onde a sociedade
depositava todos que considerava inconvenientes e inadequados para o convívio
social. Os pacientes eram submetidos a: lobotomia, eletrochoque, espancamento,
afogamento e práticas diversas de tortura. Foram décadas de crimes de lesa-
humanidade sem que ninguém se comovesse. Havia uma omissão coletiva e quem
sabia dos atos violentos, ou participava deles, preferia fingir que aquilo não estava
acontecendo. A violência foi naturalizada e o sofrimento dos internos foi banalizado.
Enjaulados em pequenas celas, crianças, adultos e idosos dormiam no chão,
passavam fome, frio, sede e morriam aos montes. Sem acesso à alimentação
adequada, comiam ratos, comida estragada, fezes, ou seja, ingeriam tudo o que
podiam para saciar a fome e a sede, inclusive urina e água de esgoto. No auge dos
fatos, em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia visitou o hospício com a intenção
de tentar reverter o que ocorria no local. “Estive hoje num campo de concentração
nazista. Em nenhum lugar do mundo presenciei uma tragédia como essa” ele disse.
As páginas do livro de Daniela Arbex estão repletas de prateleiras colecionadoras de
lágrimas.

O Colecionador de Fatos

"Ei, trenzinho! Espere por mim!

Eu estava acorrentado, mas agora estou livre

Estou pendurado ali, não consegue ver

Neste processo de eliminação?"

- O'Children, Nick Cave

A cada história fictícia ou verídica que chega aos olhos do mundo, faz insistir
em acreditar que para ser livre, feliz e autêntico, é preciso ser louco. A loucura é sadia,
porque ela não escraviza as emoções e nem priva de viver nenhuma rara
oportunidade. Ela derruba bravamente os muros e abre as gaiolas que prendem vidas
que carregam o medo de chorar, de sofrer, de ser constrangido por coisas banais, de
perder direitos…. Esses sim, são doentes porque insistem durante muitas décadas
em não aceitar a cura que sempre os rodeia. Julio Verne comandou seus alunos como
livre pensador, e não como um líder supremo, expôs as barbaridades da Alemanha
nazista aula após aula, lutou em cada pesadelo e sonho para que a história não
voltasse a se repetir. O holocausto por sua vez, "foi uma prática de perseguição
política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista
de Adolf Hitler. Na ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos os entraves
que impediam a formação de uma nação composta por seres superiores. Segundo
essa mesma ideia, o povo legitimamente alemão era descendente dos arianos, um
antigo povo que – segundo os etnólogos europeus do século XIX – tinham pele branca
e deram origem à civilização européia". Temos mais uma vez, como a sociedade
define quem é louco e normal, aceito ou rejeitado, respeitado ou descartado. Assim
como no Holocausto Brasileiro, temos como mudos os que mais deveriam se atrever
a falar. "Nos campos de concentração, os concentrados eram obrigados a trabalhar
nas indústrias vitais para a sustentação da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.
Além disso, os ocupantes dos campos viviam em condições insalubres, tinham
péssima alimentação, sofriam torturas e eram utilizados como cobaias em
experimentos científicos". No Colônia, os internos eram levados por funcionários para
ajudar em obras e prestar serviços. Nos campos de concentração eles mal se
alimentavam, mal conseguiam se manter de pé, mal conseguiam viver. No Colônia,
em seu pátio, só o que cobria os ossos dos internos era a nudez. O que dá nome à
analogia entre as duas histórias é a fala do sociólogo Michel Foucault, quando
descreveu sobre a situação das prisões e hospícios de Paris em 1818, o que vem a
calhar perfeitamente entre os dois holocaustos, e nos infere que não há sobras de
dúvidas que ambos se confundem: "Eles são mais mal tratados que os criminosos;
eu os vi nus, ou vestidos de trapos, estirados no chão, defendidos da umidade do
pavimento apenas por um pouco de palha. Eu os vi privados de ar para respirar, de
água para matar a sede, e das coisas indispensáveis à vida. Eu os vi entregues às
mãos de verdadeiros carcereiros, abandonados à vigilância brutal destes. Eu os vi em
ambientes estreitos, sujos, com falta de ar, de luz, acorrentados em lugares nos quais
se hesitaria até em guardar bestas ferozes, que os governos, por luxo e com grandes
despesas, mantêm nas capitais". Em qual dos holocaustos se sofreu menos? Não há
como dizer, pois tudo o que fora noticiado é sofrimento.
3 CONCLUSÃO

Diante de duas obras delineadas com suas semelhanças pertinentes - uma de


caráter jornalístico ainda que formentado em uma narrativa quase fantasiosa, e outra
de caráter fictício construído entorno de fatos históricos - resta saber: O que vem
agora? É completamente viável que, ao analisar o Holocausto Brasileiro de Daniela
Arbex em comparação com O Colecionador de Lágrimas de Augusto Cury, tenhamos
em mente que um não é o outro, mas pode vir a ser. Cada um está repleto de lágrimas,
e cada história contada deu voz aos esconderijos mentais de Hitler, e aos
sobreviventes e mortos do Hospital Colônia de Barbacena. Conhecer e discutir as
duas obras, traz à tona a frase de Prefácio de O Colecionador de Lágrimas: "uma
sociedade que não conhece sua história está condenada a repetir seus erros no
presente e expandi-los no futuro". E a razão disso tudo? Uma pergunta que nos
remete à fala da jornalista Daniela Arbex: "Porque "em nome da razão" é que essas
pessoas eram confinadas. Em nome da razão, se matava, se drogava, praticamente
se torturava. Como se as pessoas destituídas de razão pudessem sofrer tudo aquilo.
Queria dar um sentido dúbio. É como se, em nome da razão, se cometessem todos
aqueles crimes e, em nome da razão, era fundamental que se parasse de cometer.
Trinta e um anos se passaram, mas aquilo continua tão vivo". A conclusão consiste
na reflexão e não repetição dos erros do passado, é importante que fique claro na
memória, que se tenha consciência das brutalidades que ocorreram.

“A temporalidade interior e a política da memória do Holocausto, no entanto, mesmo quando


ela fala do passado, devem ser orientadas em direção ao futuro. O futuro não nos julgará
pelo esquecimento, e sim pela rememoração ampla de tudo, e ainda por não agirmos de
acordo com essas memórias.”
- Andreas Huyssen

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