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O ciberespaço (que também chamarei de rede) é o novo meio de comunicação que surge da
interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela
abriga assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao
neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente
com o crescimento do ciberespaço. (17)
De fato, também vemos surgir na órbita das redes digitais interativas diversos tipos de formas
novas...
Além disso, nos casos em que processos de inteligência coletiva desenvolvem-se de forma eficaz
graças ao ciberespaço, um de seus principais efeitos é o de acelerar cada vez mais o ritmo da
alteração tecnossocial, o que torna ainda mais necessária a participação ativa na cibercultura,
se não quisermos ficar para trás, e tende a excluir de maneira mais radical ainda aqueles que
não entraram no ciclo positivo da alteração, de sua compreensão e apropriação. (30)
Pensando na mesma direção, o movimento californiano Computers for the People quis colocar
a potência de cálculo dos computadores nas mãos dos indivíduos, liberando-os ao mesmo
tempo da tutela dos informatas. Como resultado prático desse movimento “utópico”, a partir
do fim dos anos 70 o preço dos computadores estava ao alcance das pessoas físicas, e neófitos
podiam aprender a usá-los sem especialização técnica. O significado social da informática foi
completamente transformado. Não há dúvida de que a aspiração original do movimento foi
recuperada e usada pela indústria. Mas é preciso reconhecer que a indústria também realizou,
à sua maneira, os objetivos do movimento. Ressaltamos que a informática pessoal não foi
decidida, e muito menos prevista, por qualquer governo ou multinacional visado a
reapropriação em favor dos indivíduos de uma potência técnica que até então havia sido
monopolizada por grandes instituições burocráticas. (127)
A interconexão diz respeito a tendência dos computadores estarem interligados, uma vez que
todos possuem um endereço de internet e por ele se conectam à outras pessoas.
O desenvolvimento das comunidades virtuais se apoia na interconexão. Uma comunidade
virtual é construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos
mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das
proximidades geográficas e das filiações institucionais. (130)
Para aqueles que não as praticara, esclarecemos eu, longe de serem frias, as relações on-line
não excluem emoções fortes. Além disso, nem a responsabilidade individual nem a opinião
pública e seu julgamento desaparecem no ciberespaço. Enfim, é raro que a comunicação por
meio de redes de computadores substitua pura e simplesmente os encontros físicos: na maior
parte do tempo, é um complemento ou um adicional. (130)
(...) Afinidades, alianças intelectuais, até mesmo amizades podem desenvolver-se nos grupos de
discussão, exatamente como entre pessoas que se encontram regularmente para conversar.
Para seus participantes, os outros membros das comunidades virtuais são o mais humanos
possível, pois seu estilo de escrita, suas zonas de competências, sus eventuais tomadas de
posição obviamente deixam transparecer suas personalidades. (131)
As comunidades exploram novas formas de opinião pública. Sabemos que o destino da opinião
pública encontra-se intimamente ligado ao da democracia moderna. No século XX, o rádio
(sobretudo nos anos 30 e 40) e a televisão (a partir dos anos 60) ao mesmo tempo deslocaram,
amplificaram e confiscaram o exercício da opinião pública. Não seria permitido, então, entrever
hoje uma nova metamorfose, uma nova complicação da própria noção de público, já que as
comunidades virtuais do ciberespaço oferecem, para debate coletivo, um campo de prática mais
aberto, mais participativo, mais distribuído que aquele das mídias clássicas? (131)
Quanto às relações “virtuais”, não substituem pura e simplesmente os encontros físicos, nem as
viagens, que muitas vezes ajudam a preparar. Em geral é um erro pensar as relações entre
antigos e novos dispositivos de comunicação em termos de substituição. (...) O cinema não
eliminou o teatro, deslocou-o. As pessoas continuam falando-se após a escrita, mas de outra
forma. As cartas de amor não impedem os amantes de se beijar. As pessoas que ais se
comunicam via telefone são aquelas que mais encontram outras pessoas. O desenvolvimento
das comunidades virtuais acompanha, em geral, contatos e interações de todos os tipos.
(131/132)
Os amantes da cozinha mexicana, os loucos pelo gato angorá, os fanáticos por alguma linguagem
de programação ou os intérpretes apaixonados de Heidegger, antes dispersos pelo planeta,
muitas vezes isolados ou ao menos sem contatos regulares entre si, dispõem agora de um lugar
familiar de encontro e troca. Podemos, portanto, sustentar que as assim chamadas
“comunidades virtuais” realizam de fato uma verdadeira atualização (no sentido da criação de
um contado efetivo) de grupos humanos que eram apenas potenciais antes do surgimento do
ciberespaço. A expressão “comunidade atual” seria, no fundo, muito mais adequada para
descrever os fenômenos de comunicação coletiva no ciberespaço do que “comunidade virtual”.
(132)
A cibercultura é a expressão da aspiração de construção de um laço social, que não seria fundado
nem sobre links territoriais, nem sobre relações institucionais, nem sobre as relações de poder,
mas sobre a reunião em torno de centros de interesse comuns, sobre o jogo, sobre o
compartilhamento do saber, sobre a aprendizagem cooperativa, sobre processos abertos de
colaboração. O apetite para as comunidades virtuais encontra um ideal de relação humana
desterritorializada, transversal, livre. As comunidades virtuais são os motores, os atores, a vida
diversa e suspreendente do universal por contato. (132/133)
A inteligência coletiva constitui mais um campo de problemas do que uma solução. Todos
reconhecem que o melhor uso que podemos fazer do ciberespaço é colocar em sinergia os
saberes, as imaginações, as energias espirituais daquelas que estão conectadas a ele. (133)
MOVIMENTO SOCIAL QUE O CIBERESPAÇO PROPAGA É “sobre uma forma de comunicação não
midiática, interativa, comunitária, transversal e rizomática.” (134)
Numa abordagem mais acadêmica, William Mitchell foi convincente ao afirmar que estão
emergindo on-line novas formas de sociabilidade e novas formas de vida urbana, adaptadas ao
nosso novo meio ambiente tecnológico. (443)
Wellman nos lembra que as “comunidades virtuais” não precisam opor-se às “comunidades
físicas”: são formas diferentes de comunidades, com leis e dinâmicas específicas, que interagem
com outras formas de comunidade. (...) ´”A rede social do indivíduo de laços interpessoais
informais, que vão de meia dúzia de amigos íntimos a centenas de laços mais fracos.(444)
A Rede é especialmente apropriada para a geração de laços fracos múltiplos. Os laços fracos são
úteis no fornecimento de informações e na abertura de novas oportunidades a baixo custo. A
vantagem da Rede é que ela permite a criação de laços fracos com desconhecidos, num modelo
igualitário de interação, no qual as características sociais são menos influentes na estruturação,
ou mesmo no bloqueio, da comunicação. De fato, tanto off-line quanto on-line, os laços fracos
facilitam a ligação de pessoas com diversas características sociais, expandindo assim a
sociabilidade para além dos limites socialmente definidos do auto-reconhecimento. Nesse
sentido, a Internet pode contribuir para a expansão dos vínculos sociais numa sociedade que
parece estar passando por uma rápida individualização e uma ruptura cívica. Parece que as
comunidades virtuais são mais fortes do que os observadores em geral acreditam. (445)
Assim, no fim das contas, as comunidades virtuais são comunidades reais? Sim e não. São
comunidades, porém não são comunidades físicas, e não seguem os mesmos modelos de
comunicação e interação das comunidades físicas. Porém não são “irreais”, funcionam em outro
plano da realidade. São redes sociais interpessoais, em sua maioria baseadas em laços fracos,
diversificadíssimas e especializadíssimas, também capazes de gerar reciprocidade e apoio por
intermédio da dinâmica da interação sustentada. (446)
Os atores são o primeiro elemento da rede social, representados pelos nós (ou nodos). Trata-se
das pessoas envolvidas na rede que se analisa. Como partes do sistema, os atores atuam de
forma a moldar as estruturas sociais, através da interação e da constituição de laços sociais.
(RECUERO, 2014, p.25)
Web blog, fotolog, orku, Facebook – São espaços de interação, lugares de fala construídos pelos
atores de forma a expressar elementos de sua personalidade e individualidade. (RECUERO,
2014, p. 26)
Um dos aspectos mais populares para a compreensão das redes sociais na Internet é o estudo
dos sites das redes sociais (SRSs). Esses sites, defenderemos, não são exatamente um elemento
novo, mas uma consequência da apropriação das ferramentas de comunicação mediada pelo
computador pelos atores sociais. Assim, embora sejam frequentemente referenciados como
exemplos, o Orkut, Facebook etc. não são os únicos tipos de sites de redes sociais. (102)
Sites de redes sociais foram definidos por Boyd &Ellison (2007) como aqueles sistemas que
permitem: i) a construção de uma persona através de um perfil ou página pessoal; ii) a interação
através de comentários; e iii) a exposição pública da rede social de cada ator. Os sites de redes
sociais seriam uma categoria do grupo de softwares sociais, que seriam softwares com aplicação
direta para a comunicação mediada por computador. (102)
O que é diferencial nos sites de redes sociais é que eles são capazes de construir e facilitar a
emergência de tipos de capital social que não são facilmente acessíveis aos atores sociais no
espaço off-line. Por exemplo, no Orkut um determinado ator pode ter rapidamente 300 ou 400
amigos. Essa quantidade de conexões, que dificilmente o ator terá na vida off-line, influencia
várias coisas. Pode, assim torná-lo mais visível na rede social, pode tornar as informações mais
acessíveis a esse ator, Pode, inclusive, auxiliar a construir impressões de popularidade que
transpassem ao espaço off-line. (107)
Os sites de redes sociais permitem aos atores sociais estar mais conectados. Isso significa que
há um aumento da visibilidade social desses nós. A visibilidade é constituída enquanto um valor
porque proporciona que os nós sejam mais visíveis na rede. Com isso, um determinado nó pode
amplificar os valores que são obtidos através dessas conexões, tais como o suporte social e as
informações. (108)